universidade federal de mato grosso campus...

66
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA POLO BARRA DO GARÇAS ESTUDO DE ÓRBITAS PLANETÁRIAS UTILIZANDO SIMULAÇÕES NUMÉRICAS COM PYTHON DISCENTE: LUZINÊS NOVAIS DE ALMEIDA ORIENTADOR: GEORGE BARBOSA DA SILVA Barra do Garças 2016

Upload: nguyendien

Post on 09-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA POLO BARRA DO GARÇAS

ESTUDO DE ÓRBITAS PLANETÁRIAS UTILIZANDO SIMULAÇÕES NUMÉRICAS COM PYTHON

DISCENTE: LUZINÊS NOVAIS DE ALMEIDA

ORIENTADOR: GEORGE BARBOSA DA SILVA

Barra do Garças

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA POLO BARRA DO GARÇAS

ESTUDO DE ÓRBITAS PLANETÁRIAS UTILIZANDO SIMULAÇÕES NUMÉRICAS SIMPLES COM PYTHON

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação para obtenção do Grau de Mestre em Ensino de Física. Campus Universitário do Araguaia, Universidade Federal de Mato Grosso. Linha de Pesquisa: Ensino de Física Orientador: Dr. GEORGE BARBOSA DA SILVA

Barra do Garças

2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

N935e Novais de Almeida, Luzinês.

ESTUDO DE ÓRBITAS PLANETÁRIAS UTILIZANDO

SIMULAÇÕES NUMÉRICAS SIMPLES COM PYTHON /

Luzinês Novais de Almeida. -- 2016

65 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientador: George Barbosa da Silva. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato

Grosso, Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física em Rede Nacional PROFIS - Mestrado, Pontal do Araguaia, 2016. Inclui bibliografia.

1 . Leis de Kepler.. 2. Gravitação universal.. 3.

Aprendizagem significativa.. 4. Órbitas planetárias.. 5.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a)

autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os professores e profissionais da educação

que, lançando mão de novos recursos tecnológicos, tornarão o ensino de Física

mais significativo, contribuindo, de forma concreta, para a formação de jovens

motivados e preparados para o futuro.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus pela Vida, fonte inesgotável de aprendizado e oportunidades

de crescimento humano.

Agradeço, com estima, ao meu orientador GEORGE BARBOSA DA SILVA, pelo

profissionalismo e dedicação conferidos a mim nesse período de formação.

Agradeço aos demais professores que compartilharam conosco os saberes

teóricos e suas experiências profissionais e pessoais.

Agradeço aos colegas de pós, poucos, mas insubstituíveis.

Agradeço a minha mãe pelo exemplo de vida e aos meus filhos: Lucas, Júlia,

Luiza e Maria Carolina por compreenderem as minhas longas ausências.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

RESUMO

O uso de recursos tecnológicos aplicados à educação vem sendo

apontado como grande aliado ao processo didático de ensino-aprendizagem e,

nesse sentido, o uso de computadores em sala de aula vem corroborar para que

aconteça a aprendizagem significativa. Dentro deste contexto, realizamos

animações computacionais de órbitas keplerianas, isto é, simulações de

trajetórias de corpos sob a ação de uma força central, usando a linguagem de

programação Python. As soluções das trajetórias foram feitas com o método

numérico de Euler e as animações foram realizadas usando o módulo visual do

Python (Vpython). As simulações de movimentos de corpos em torno do Sol

facilitaram a compreensão das Leis de Kepler para os alunos. Além disso, com

os códigos, foi possível construir e discutir diversos conceitos importantes para

o entendimento de órbitas keplerinas, tais como momento angular, aceleração

gravitacional, e energia.

Palavras-chave: Leis de Kepler, gravitação universal, cálculo

numérico, Python, órbitas planetárias, aprendizagem

significativa.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 8

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................. 10

2.1. Aprendizagem Significativa: Um olhar crítico nas lacunas da educação .........................10

2.1.1 O uso de ferramentas computacionais como meio facilitador no processo Ensino-

Aprendizagem ........................................................................................................................... 14

2.2 Softwares de alto nível para o Ensino da Física ................................................................... 17

2.3 Linguagens de Programações ............................................................................................... 20

2.4 O uso de simulações como recursos na Transposição Didática ......................................... 22

2.5 Teorias físicas das órbitas planetárias .................................................................................. 23

2.5.1Osprimeiros modelos cósmicos....................................................................................23

2.5.2O modelo coperniano....................................................................................................24

2.5.3TychoBrahe e Johannes Kepler......................................................................................25

2.6Segunda Lei de epler..........................................................................................................30

2.7Solução analítica de órbitas clássicas.................................................................................31

2.8 Método de Euler...............................................................................................................33

3. METODOLOGIA ...................................................................................................................... 36

3.1 Rotinas de programação em Python .................................................................................... 36

3.2 Aplicação do produto........................................................................................................45

3.3 Plano de aula.....................................................................................................................46

4.RESULTADOS ........................................................................................................................... 48

4.1 Analise em Python (x,y) ........................................................................................................ 48

4.2Analise da animação em Vpython ......................................................................................... 51

4.3 Aplicação do produto na escola. .......................................................................................... 54

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 57

6.REFERÊNCIAS.........................................................................................................................58

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

9

INTRODUÇÃO

Trabalhar conteúdos de física com jovens estudantes do ensino médio

não é tarefa fácil, pois a parte teórica na disciplina de Física comporta muitos

conceitos, teorias e Leis que parecem fugir da lógica humana. É preciso criar

condições e meios para a construção de uma aprendizagem significativa logo no

primeiro ano de ensino dessa disciplina curricular.

Tais conteúdos, quando apresentados com o uso exclusivo de

metodologias tradicionais, podem gerar desmotivação e desinteresse por parte

dos alunos, bloqueando o processo cognitivo no ensino-aprendizado, e

prejudicando, dessa forma, a construção de novos conhecimentos. Portanto,

cabe ao professor, no papel de mediatizador, lançar mão de novos recursos

pedagógicos para tornar o ensino mais atrativo e interativo.

Dentre os diversos recursos de ensino, o computador vem se mostrando

uma ferramenta indispensável nas escolas, podendo ser utilizado no estudo de

inúmeros fenômenos da natureza por meio de simulações. Normalmente as

simulações voltadas para o ensino são inflexíveis e dão destaques somente a

um número limitado de detalhes do fenômeno estudado.

As simulações numéricas simples feitas em linguagem de alto nível, tal

como Python, merecem atenção especial dentro desse contexto por causa de

sua facilidade de aplicação, operação e modificação.

A proposta deste trabalho é construir códigos documentados em Python

que simulem trajetórias de corpos sob a ação da força gravitacional. Os códigos

e a documentação poderão ser utilizados por estudantes e educadores do ensino

médio conforme o interesse de investigação.

Ao longo do segundo capítulo são apresentadas e discutidas

problemáticas para possíveis soluções no ensino de Física em orbitas

planetárias, por meio do uso de programações e simulações gráficas, para

queajude professores a trabalhar e desenvolver conteúdos de física de modo

que estes ganhem significado para o estudante. As teorias físicas das órbitas

planetárias estão descritas e baseadas nos estudos das leis de Kepler e das

equações do movimento. O método de Euler, usado para resolver equações,

vem descrito e trabalhado na seção 2.8. É apresentada também a solução

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

10

analítica para o cálculo de trajetórias. No capítulo de metodologia são

apresentados os detalhes dos códigos de programação em Python, bem como

a explicação das rotinas com o módulo Vpython. Este módulo possibilitou a

animação das órbitas.

O capítulo quatro contém os resultados oriundos da interação entre

professores e estudantes no uso das simulações com o Python para órbitas

planetárias.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Aprendizagem Significativa: Um olhar crítico nas lacunas da educação

Quando, em meados dos anos 60, o psicólogo norte-americano David

Paul Ausubel, pensou no processo de ensino e aprendizagem, descobriu e

propôs um novo caminho para a construção do conhecimento. Suas propostas

para a aprendizagem revolucionaram os pensamentos e metodologias da época,

dentro e fora das escolas, causando, ainda hoje, discussões e debates no meio

acadêmico. Pode-se dizer que a suas formulações encontram-se, à mesmo

distância de décadas, entre as primeiras propostas psico-educativas que

procuram estudar a problemática da aprendizagem escolar. Como havia dito o

próprio Piaget.

Ausubel propôs um novo conceito na aprendizagem, saindo das velhas

concepções de ensino, em que o papel do aluno era descrever o que

memorizava durante as aulas ministradas e o papel do professor era ensinar o

que já existia pronto e acabado.

A Aprendizagem Significativa, como já dizia Moreira (2006), ocorre

quando […] “o novo conhecimento adquire significado para o aprendiz e o

conhecimento prévio fica mais rico [...] e adquire mais estabilidade”. É neste

processo que ocorre uma real aprendizagem e essa interação dá-se de forma

não arbitrária e não literal à estrutura cognitiva do indivíduo.

Partindo dessa concepção, é inútil a transmissão de um novo

conhecimento sem que esse baseia-se em um conhecimento prévio, pois

estaríamos tentando incorporar no sujeito algo que não faz parte de suas

experiências cotidianas ou que não desperte nele algum interesse e, portanto a

aquisição do “novo” será bloqueada por ele, mesmo que de forma inconsciente.

É por meio do arcabouço teórico-prático dos métodos intuitivos

e ativo que a concepção de ensino deixa de ser compreendida

como uma via de mão única, em que a transmissão de

conhecimentos navegava sem a necessidade da aprendizagem,

aqui entendida como polo que propicia a razão de ser do ensino.

(VEIGA, 2011, p. 22)

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

12

Se nós professores não repensarmos a nossa didática e metodologias de

ensino, estaremos fingindo que ensinamos e fracassaremos, é indiscutível. A

aprendizagem mecânica não pode mais ter vez em nossa linha de pensamento

enquanto mediatizador dos dias atuais. Pois:

O cérebro humano não aprende de uma única maneira, por esse

motivo o professor necessita empregar em todas as

oportunidades a aprendizagem significativa, eliminando

atividades que conduzam a uma aprendizagem mecânica.

(ANTUNES, 2013, p.29)

Para Ausubel é indispensável que os alunos estejam predispostos ao

novo conhecimento para que aconteça a aprendizagem significativa. Pois

somente se acontecer a aprendizagem com “significado” esse aluno será capaz

de construir novos subsunçores cada vez mais claros, estáveis e esses

passarão a fazer parte dele, sendo utilizados nas novas interações entre os

novos conhecimentos e o conhecimento prévio e assim avançar num

desenvolvimento cognitivo maduro e capaz de gerar novas “ideias-ancoras”,

citada pelo autor como um ponto de apoio para que o novo conhecimento se

encaixe aos já existentes e ambos ganhem novos significados e um

redimensionamento linguístico.

Façamos da preocupação de Ausubel a nossa, como despertar nesse

sujeito o desejo de predispor-se ao novo? Para Antunes (2013), se olhássemos

para o papel do professor a anos atrás diríamos que a este bastava a função de:

[…] “levar a seus alunos as informações especializadas de sua disciplina,

aprendida em seus estudos, e aos seus alunos cabia assimila-las de maneira

significativa ou mecânica”.

Ser professor é ser mediatizador entre o conhecimento e o sujeito ou,

como foi definido por Piaget (1973):

[...] “o professor, enquanto organizador, se faz

indispensável como criador de situações que introduzam

problemas significativos ao sujeito e fornecendo, a cada nova

experiência, contra exemplos que forcem a reflexão e a

reconsideração das soluções rápidas”.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

13

Vygotsky ao trabalhar a teoria do desenvolvimento enfatiza que a

intervenção pedagógica deve ocorrer numa perspectiva que conduz o sujeito a

ir além do obvio, ou seja, deve estimular nele o desejo de interagir com o objeto

de estudo para assim se posicionar criticamente sobre ele.

Inúmeras propostas e subsídios estão disponíveis para que os

professores consigam transpor a barreira do desinteresse dos alunos. Por esse

motivo não podemos desprezar nenhum recurso didático, pois desde que bem

empregados, estes conseguissem despertar nos alunos o interesse e propiciam

uma pré-disposição ao novo conhecimento, ampliando, como dito acima, a sua

visão sobre o conteúdo ministrado em sala.

[…] a mudança corajosa e ousada dos repetitivos planejamentos

pedagógicos que nada dizem, embora muito fale por outros

“vivos”, atentados com a verdadeira construção do

conhecimento, estabelecimento de princípios para a

aprendizagem significativa, claras normas disciplinares,

exploração das habilidades operatórias, aberturas para

desenvolvimento de todas as inteligências as centenas de

linguagens com que o saber pode se manifestar e a escola o

explorar. (ANTUNES, 2012, p.235)

Do escrito por Antunes, devemos nos ater ao fato claro de que a escola,

na perspectiva humana, é chamada a abrir-se e explorar todas as manifestações

de linguagens e de diversificados saberes que os alunos trazem consigo e que

dissemina - se por todo o complexo escolar fazendo acontecer um conhecimento

não sistematizado dado pela interação social e trocas de experiências, tão

debatida por Vygotsky e outros estudiosos da educação, fazendo-se, essa

interação, presente em sala de aula quando se dará o conhecimento sistemático.

Negar que o professor seja sujeito nesse processo é absurdo

[…] transferir a condição de sujeito apenas ao aluno, como

pretendem as formas mais exacerbadas do chamado “ensino

ativo”, é outro absurdo. Creio que a saída seja o “ensino

participativo”, em que professor e aluno são sujeitos de um

processo que envolve ambos. (VEIGA, 2011, p. 24)

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

14

Quando a escola é concebida como espaço social, onde todos os

indivíduos que ali estão se fazem partícipes desse processo, tão intrínseco na

construção do sujeito enquanto um ser social, o mundo do conhecimento se

abre… E a nós professores cabe o papel de mediar esse processo e de despertar

esse aluno para que ele mesmo se torne o protagonista dessa aprendizagem e

que ao conhecer o “novo” esse o transforme ao ponto de torná-lo crítico e capaz

de avançar nas suas percepções de mundo.

Agora, se redimensionarmos a nossa discussão para o componente

curricular de Física, veremos quão se faz necessária uma mudança urgente de

direção no processo de ensino-aprendizagem.

Estudos e estatísticas apresentam que o fracasso escolar no ensino de

física é apontado pelos estudantes como fator de grande reprovação no ensino

médio. Não é difícil, para nós, professores dessa área, descobrirmos que muitos

alunos “se chocam” com os conteúdos apresentados nessa área do

conhecimento. É aqui que se encontra um dos pontos fracos de nosso sistema

educacional: a falta de multidisciplinaridade entre as diversas áreas de

conhecimento.

Talvez esse novo olhar esteja voltado para o uso das tecnologias

disponíveis no mercado e que podem ser aplicadas à educação para torná-la

capaz de construir de um novo conhecimento didático, ou seja, um novo jeito de

ensinar usando as ferramentas computacionais. Dentre todas as opções

podemos citar o uso das simulações prontas e também daquelas que permitem

ao professor programa-las. Exemplo a ser citado é a linguagem Python, a qual

permite ao professor programar as suas próprias simulações tornando-as

compreensíveis aos seus alunos.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

15

2.1.1 O uso de ferramentas computacionais como meio facilitador no

processo de Ensino e Aprendizagem

O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação vem sendo

apontado como grande aliado no processo de ensino-aprendizagem e, mais

importante, vem corroborar para uma verdadeira aprendizagem significativa.

Para Tajra (2007), a tecnologia computacional na área educacional é necessária,

seja no sentido pedagógico, seja no sentido social.

O uso do computador como recurso didático, apresentado inclusive nos

PCNs(Brasil, 2002), é descrito como um instrumento de aprendizagem escolar,

tornando-se indispensável para o processo de ensino-aprendizagem.

É indiscutível a necessidade crescente do uso de computadores

pelos alunos como instrumento de aprendizagem escolar, para

que possam estar atualizados em relação às novas tecnologias

da informação e se instrumentalizarem para as demandas

sociais presentes e futuras. (BRASIL, PCN+ 2002)

Um aluno que passa o final de semana conectado ao computador,

smartphone e videogame, mandando e recebendo mensagens, certamente não

se sentirá atraído, quando, na segunda-feira, estiver sentado na cadeira da

escola entre cadernos e livros, copiando da lousa conteúdos desconexos da sua

realidade. Essa insistência no uso de uma metodologia não funcional, como se

fosse o único recurso disponível para o ensino aprendizagem daquele

conhecimento, precisa dar espaço à novos recursos didáticos.

Tomemos como base o pensamento:

[…] “O rádio, a televisão, os vídeos, porém ainda muito mais

expressivamente a internet, fizeram com que as informações

ganhassem uma nova dimensão e incomensurável volume,

alterando de forma substancial o papel da escola e a função do

professor”. (ANTUNES, 2013, p.27)

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

16

Questionamos: para esse aluno ir à escola não será um enorme desafio?

Não se criará dentro dele um sentimento de estar amarrado em um lugar alheio

à sua realidade?

Pensar em estratégias de implementação de projetos multi, inter

e transdisciplinares com o apoio de computadores tem sido uma

das alternativas mais viáveis, práticas e com melhores

resultados para atrair e motivar os alunos em ambientes

educativos. (TAJRA, 2007, p.12)

Portanto, se não mudarmos o nosso modo de conceber e dar aulas, a

visão, para esse aluno, seria como se ele tivesse dois mundos dissociados: um

mundo interessante, dinâmico, cheio de novidades e coisas a apreender; e o

mundo da escola onde ele é obrigado a estar por longas horas, de tédio e

inutilidades.

Aqui não se condena o giz e o apagador. Devemos, tão somente, dar

sentido real a esses recursos didáticos. Como diz Tajra (2007) […] sabemos que

mudanças dessa ordem são complexas, lentas e acima de tudo não existe uma

receita a ser aplicada com uma resposta pré-definida”. É preciso, então, que

lancemos mão do que nos é oferecido em termos de tecnologias e apliquemos

esses recursos como meios didáticos para despertar em nossos alunos a

vontade de estar na escola e se sentir parte integrante desse espaço de

crescimento intelectual e humano.

Para os dias de hoje, esse papel do pronto e acabado não serve mais. É

necessária uma mudança de paradigmas. Ou ainda, são necessárias a

construção de novos paradigmas e a conscientização da popularização de

informações, as quais ocorrem de maneira contínua e de várias formas. Em

outros termos, é importante atingir a massa da juventude, com informações e

novas ideias.

Ainda sobre a interação entre alunos e computadores, podemos citar:

Quando o aluno usa o computador para construir o seu

conhecimento, o computador passa a ser uma máquina para ser

ensinada, propiciando condições para o aluno descrever a

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

17

resolução de problemas, usando linguagem de programação,

refletir sobre os resultados obtidos e depurar suas ideias por

intermédio da busca de novos conteúdos e novas estratégias.

(VALENTE, 1999, p. 02)

Esse Interagir constante de novas ideias e descobertas colocam nossos alunos

em patamares mais altos, transformando-os em sujeitos com uma carga de

conhecimento prévio amplo, porém não sistematizados.

O extraordinário avanço dos meios de comunicação e

popularização dos saberes, associados ao que hoje se sabe

sobre como a mente humana aprende, reclamam por um novo

professor que oriente seus alunos sobre como colher

informações, de que forma organiza-las mentalmente, como

definir sua hierarquia e, sobretudo, de que maneira transformá-

la em conhecimento e, dessa maneira, ampliar suas

inteligências. (ANTUNES, 2013, p. 28)

Nesse mundo contemporâneo, onde as notícias são instantâneas e a

internet está ao alcance de todos, nós professores nos deparamos com um aluno

sedento de novos conhecimentos, porém ele não consegue ficar quieto e não

ser protagonista da sua construção de conhecimento. E é aí que entram as novas

tecnologias, as quais terão um papel fundamental nessa nova educação,

levando o processo ensino-aprendizagem a um nível mais satisfatório. Alguns

pontos nesse processo devem ser tomados em consideração:

[…] a necessidade de formação e atualização dos educadores,

a tecnologia atrai mais a atenção dos alunos, o computador torna

mais fácil o aprendizado de disciplinas consideradas difíceis,

como a física e a química, e aumenta o desempenho escolar.

(TAJRA 2007, p. 52)

É importante argumentar sobre a necessidade da preparação dos

educadores para trabalhar as novas tecnologias como recursos pedagógicos.

Como esclarece a autora Tajra (2007)[…] “Promover condições para que os

docentes possam ser capacitados nos aspectos que irão afetar diretamente a

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

18

implantação da informática na área educacional”. Essa capacitação dever ter

participação ativa, tanto da escola quanto do próprio professor que deverá

buscar ampliar seu mundo de conhecimentos tecnológicos, rompendo, também

ele, a resistência ao “novo”.

O professor deve estar aberto para às mudanças, principalmente

em relação à sua nova postura: o de facilitador e coordenador

do processo de ensino-aprendizagem; ele precisa aprender a

aprender, a lidar com as rápidas mudanças, ser dinâmico e

flexível […]. (TAJRA 2007, p.114)

Um professor comprometido com seu papel de formador social sabe que

passar por uma turma e não propiciar aos alunos a oportunidade de ampliar seus

conhecimentos é o mesmo que contribuir para um futuro de jovens incapazes de

transformar a própria sociedade, é assumir para si a responsabilidade de ver seu

país sem perspectiva de crescimento humano, cultural, social e tecnológico.

2.2 Softwares de alto nível para o Ensino da Física

Para Valente(1999), a introdução da informática na educação, de acordo

com as propostas de mudança pedagógica, exige uma formação bastante ampla

e profunda do professor, não somente criando condições para que ele domine o

computador ou o software, mas auxiliando-o no desenvolvimento do conteúdo

que será aplicado aos alunos com o auxílio do computador.

Dentre os diversos recursos tecnológicos, o computador vem se

destacando nas escolas como um valioso aliado para o ensino de várias

disciplinas, principalmente na área das ciências, onde a Física encontra um

respaldo significativo, pois muitos programas e softwares vêm como facilitador

levando o aluno à compreensão de conteúdo específicos e que aparentemente

não pertencem ao seu cotidiano.

A Tecnologia Educacional fundamenta-se em uma opção

filosófica, centrada no desenvolvimento integral do homem,

inserido na dinâmica da transformação social; concretizam-se

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

19

pela aplicação de novas teorias, princípios, conceitos e técnicas

num esforço permanente de renovação da educação. (LEITE,

2014, p. 9)

Façamos uma ressalva: estudar fenômenos da natureza como, por

exemplo, trajetórias de partículas em um campo de força utilizando um programa

que permita ao aluno uma visão real do que está acontecendo é

indiscutivelmente um meio de levar para a sala de aula um universo de

descobertas e possibilidades, onde o conhecimento se dará de forma

significativa e interessante.

É necessário citar e comentar sobre alguns softwares e programas, que

são de grande valia para o professor concretizar teorias apresentadas na

disciplina de Física e que muitas vezes foge da realidade do aluno.

Atualmente no mercado existe uma grande variedade de Softwares,

inclusive software educacional. O professor que decide lançar mão desse

recurso poderá optar por softwares gratuitos desenvolvidos em especial para o

uso no ensino de física. Cito como exemplo: Modellus, PhET, PHUN, Show

atômico, e Profi-1. Poderá também utilizar programas mais comuns como, por

exemplo, Editores de Texto, Planilha Eletrônica, entre outros, para assim, atingir

os resultados esperados para um conteúdo especifico.

Vejamos de forma sucinta algumas características positivas e negativas

de alguns dos programas acima citados.

Modellus é um software fabricado pela Faculdade de Ciências e

Tecnologia da Universidade de Lisboa, Portugal. Tem classificação livre, é

gratuito e é disponibilizado em três idiomas, incluindo o Português. Os sistemas

operacionais para esse software são Windows XP, Windows Vista e Linux. Esse

software possibilita o estudo, por meio de simulações, de vários conceitos da

física como por exemplo: movimento uniforme e uniformemente variado,

problemas de dinâmica e outros conceitos e problemas de cinemática. Os

fenômenos podem ser facilmente exemplificados por meio de uma expressão ou

equação.

Modellus é uma ferramenta cognitiva para auxiliar a

internalização de conhecimento simbólico, preferencialmente

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

20

em contexto de atividades de grupo e de classe, em que a

discussão, a conjetura e o teste de ideias são atividades

dominantes, em oposição ao ensino direto por parte do

professor. (VEIT & TEODORO, 2002, p. 90)

Phun, criado pela empresa Vrlab, é um programa que trabalha a física de

forma lúdica, oferecendo a possibilidade para o aluno criar suas próprias

experiências. É um software simples e fácil para ser usado no ensino da

mecânica, pois simula vários fenômenos físicos. O professor pode usá-lo no

ensino dos seguintes conteúdos: as três leis de Newton, gravidade, colisões,

movimentação de fluidos e resistência ao ar. É um programa de classificação

livre, é gratuito e disponibilizado em português. É compatível com Windows

95,98 e 2000, XP e 7. De acordo com Souza (2012, p. 16) “Com relação ao

conteúdo, o software disponibiliza os seguintes tópicos: gravidade, colisões,

resistência do ar, movimentação de fluidos e as três leis de Newton. Onde todos

podem ser trabalhados de maneira dinâmica e prática”.

Criado nos EUA pela University of Colorado AT Boulder, o PhET é um

interativo gratuito de simulações, disponível em 7 línguas, incluindo o português.

Esse software é compatível com qualquer sistema operacional desde que o

computador tenha instalado Java ou flash. O PhET tem várias simulações, umas

fáceis e outras difíceis que devem ser executadas sob a orientação do

professor.Segundo Souza (2012, p.7)“O objetivo desse programa é despertar o

interesse nos alunos de tal forma que eles venham a interagir em sala de aula”.

O software show atômico foi desenvolvido por Labvirt-USP, é de

classificação livre e gratuito, o idioma é o português e os sistemas operacionais

são: Windows 2000 e Windows7, Vista, XP, Server 2003 e 2008. Ainda, segundo

Souza (2012, p.18), “O show atômico é um software que simula uma descrição

dos modelos atômicos de: Demócrito, Dalton, Thompson, Rutherford e Niels

Bohr.

Os softwares prontos, no entanto, apresentam algumas desvantagens.

Por exemplo, os códigos não podem ser alterados com tanta facilidade, limitando

as situações-problemas que podem ser exploradas tanto pelo professor

mediador quanto pelo aluno. Um fator dessa limitação dá-se pelo fato que tais

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

21

softwaresnão são apoiados por uma comunidade que os melhorem com

aperfeiçoamentos e atualizações. Além disso, a biblioteca é limitada e restrita.

Entendemos que o código livre facilita a adaptação para as práticas

pedagógicas. Os softwares livres permitem que os professores desenvolvam

cada modelagem correspondente para cada situação problema. O software

pronto, por outro lado, não tem essa mesma flexibilidade.

Nesse aspecto, é importante que os professores adquiram a formação

adequada para utilização desses softwares, pois:

[…] este domínio se traduz em uma percepção global do papel

das tecnologias na organização do mundo atual e na capacidade

do professor em lidar com as novas tecnologias, interpretando

sua linguagem e criando novas formas de expressão, além de

distinguir como, quando e por que são importantes e devem ser

utilizadas no processo educativo. (SAMPAIO & LEITE,1999

p.25)

2.3 Linguagens de Programações

Dentre as linguagens de programação mais usadas hoje em dia está a

linguagem JAVA. Essa, como todas as linguagens, facilita a programação, ou

seja, cria meios de comunicar aos computadores uma tarefa a executar,

cumprindo sua missão com os algoritmos.

A linguagem JAVA foi criada dentro de um projeto chamado GREEN

PROJECT em 1991. Um dos membros, Patrick Naughton, acreditava em uma

convergência entre computadores e eletrodomésticos. No entanto, com o

advento da internet, a linguagem JAVA foi incorporada pelos computadores para

o desenvolvimento de softwares. Em 1995, foi lançada a plataforma JAVA, e a

partir daí a comunidade vem desenvolvendo e atualizando esta linguagem que

está sendo usada amplamente nos computadores, Smartphone, Tablets.

Python é outra linguagem de programação bastante interessante. A

linguagem Python foi criada em 1989 no Centrumvoor Wiskunde en Informática

(CWI), em Amsterdã, Holanda, por Guido Van Rossum. Novas versões foram

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

22

aprimoradas. A primeira deu-se em 26 de janeiro de 1994 – versão 1.0. Novas

versões dessa linguagem já foram desenvolvidas.

A linguagem Python tem uma programação de alto nível. Seus conceitos

fundamentais são apresentados de forma simples em um código curto. Se o

mesmo código fosse realizado em JAVA, seriam necessárias muitas linhas de

programação, isto é, um código fonte mais extenso. Como a linguagem JAVA,

Python tem uma vasta comunidade, a qual realiza e desenvolve a linguagem,

atuando em diversas áreas. Usando sua biblioteca Pylab, por exemplo, o

professor de física terá muitas vantagens na modelagem de problemas.

Na educação, a programação em Python vem tendo um avanço

significativo no desenvolvimento de simulações. Para o aluno, essa linguagem

apresenta um entendimento fácil, o que nos permite trabalhar em sala de aula.

A vantagem de dispor dessa linguagem na educação é que ela é

extremamente portável, podendo ser usada em Linux, Windows, Mac-OS,

Palmus, WindowsCE, Riscos, Vxworks, Qnx, Os/2 e outros.

Lançando mão desse recurso didático, é possível haver mais interação do

aluno com os problemas estudados, e o professor assume o papel de mediador

entre o conhecimento e o aluno. Por exemplo, no estudo de cinemática, o aluno

interage com o problema, mudando apenas os parâmetros iniciais para verificar

o que acontece com algumas grandezas física tais como energia, velocidade e

momento angular. Quando o aluno altera os dados iniciais, percebe que a

trajetória da partícula também pode ser alterada, e o professor pode associar

cada situação distinta de acordo com o que se deseja trabalhar.

Nessa interação do aluno, ao objeto de estudo dá-se a aprendizagem

significativa, pois o mesmo interage de forma concreta com o conhecimento

tornando-se sujeito critico capaz de construir novos conceitos e de modificar a

realidade preexistente.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

23

2.4 O uso de simulações como recursos na Transposição

Didática

As simulações contribuem para a modelagem dos sistemas físicos,

facilitando a compreensão do aluno e possibilitando a construção do processo

de ensinoeaprendizagem. Se essa simulação é usada para representar um

sistema físico não observável em um laboratório da escola, como, por exemplo,

a órbita de um planeta, então ela poderá destruir conceitos prévios que foram

construídos de forma errônea.

Segundo Leite (2014),“a presença inegável da tecnologia em nossa

sociedade constitui a justificativa para que haja necessidade de sua presença na

escola”. O uso de tais recursos possibilita ao jovem estudante preencher as

lacunas entre a teoria e o concreto-visual, pois apresenta um conceito com

significado lógico. Os fenômenos físicos ganham, com o uso dos simuladores,

sentido e desmistificam alguns conceitos errôneos que o aluno traz consigo.

É notório que entre as disciplinas curriculares, a física sempre foi a de

maior reprovação entre os alunos do ensino médio com uma variável muito

ampla de motivos. O principal motivo sempre foi o distanciamento entre a

realidade do aluno e a teoria, pois a física trabalha com inúmeros conceitos, em

sua grande maioria, marcados por uma dose de abstração que escapam dos

sentidos do ser humano tais como a lei da gravitação universal.

Fica assim evidente que os saberes não se acumulam, não

constitui estoque que se agrega à mente, e sim a interação,

modificação, estabelecimento de relações e coordenação entre

esquemas de conhecimento que já possuímos em novos

vínculos e relações a cada nova aprendizagem conquistada.

(ANTUNES, 2012, p. 295)

Segundo Leite (2014)“assim como a tecnologia para o uso do homem

expande suas capacidades, a presença dela na sala de aula amplia seus

horizontes e seu alcance em direção à realidade”. Não por acaso muitos

estudiosos defendem que o uso do computador e seus benefícios no ensino são

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

24

inquestionáveis, em todas as áreas da educação, e mais ainda se faz útil para o

desenvolvimento do pensamento lógico da Física.

Na problemática da sala de aula podemos citar, por exemplo, quão útil

seria se todos os alunos tivessem a seu dispor um programa de simulação para

entender melhor como ocorre realmente a lei da gravitação newtoniana, pois

algumas gravuras, presentes em livros, dão a impressão que os planetas giram

na forma circular ao redor do sol, outros livros trazem um movimento em elipse

mas, com excentricidades exageradas. Dando a entender que quanto maior o

tamanho da órbita maior seria sua excentricidade, no entanto, temos mercúrio

com a maior excentricidade dentre todos os planetas no sistema solar.

Com o auxílio de simulações, como as produzidasemPython, por

exemplo, o professor poderá apresentar como realmente se dá esse movimento,

sendo possível entender as situações que as excentricidades são aumentas,

contribuindo assim, para reconfigurar possíveis imagens errôneas que o aluno

adquiriu no Ensino Fundamental, ou do censo comum.

2.5 Teorias físicas das órbitas planetárias

O estudo das órbitas planetárias, por parte de Kepler,muda

definitivamente o conceito do geocentrismo, pois o mesmo perceber, após

longas observações, que o trabalho deTychoBrahe, não condizia com o modelo

geocêntrico. Foi então que ele mudou a base para a forma elíptica, colocando o

sol em um dos seus focos. Kleper não tinha os dogmas religiosos dos seus

antecessores, isso facilitou a sua visão heliocêntrica.

2.5.1 Os primeiros modelos cosmológicos.

O homem desde da antiguidade mostrou grande interesse pelo céu,

conseguintemente pelos astros e ao observa-los notavam um certo padrão e

repetição, como, por exemploo nascer e o pôr do sol, os eclipses, as estações

do ano e vários outros fenômenos. Desta forma, a humanidade começava a

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

25

observar o céu e fazer anotações, nascendo assim a cosmologia (do grego

Kórmos, “ordem do universo”.)

Foram os gregos os primeiros a elaborar os modelos cosmológicos,

dentre eles, Aristóteles, que afirmava que a terra estaria completamente imóvel,

no centro do universo, por esse motivo o modelo foi chamado de geocêntrico.

Ptolomeu é responsável pelo modelo geocêntrico mais bem sucedido. Ele

acrescentou os epiciclos e um ponto chamado de deferente, os planetas giravam

em torno desse ponto, pois para ele a terra ainda estaria fixa.

Moysés (2002, p. 189):

Ptolomeu ainda teve de introduzir outras modificações

nesse esquema para explicar anomalias adicionais em alguns

casos: a velocidade angular do centro do epiciclo em torno da

Terra sofre pequenas variações, e o movimento retrógrado não

tem sempre o mesmo aspecto e duração.

2.5.2 O modelo copernicano.

O modelo de Aristóteles e sua concepção de universo perdurou por mais

de 16 séculos, porém vários astrônomos da idade média acrescentaram

observações. A separação do divino e do mundo terreno agradou muito a igreja

católica e com isto o modelo ganhou vida longa.

Somente o monge polonês, Nicolau Copérnico (1473 – 1543), ousou a

contrapor a ideia de geocentrismo, retomando uma ideia do grego Aristarcoque,

conforme citadopor Moysés (2002, p. 190), descreve: [...] “a rotação diurna

aparente da esfera celeste em torno da Terra se explicará pela rotação da Terra

em sentido oposto, em torno de seu eixo”.Com essa afirmação ele colocava o

sol no centro do universo, esse modelo foi chamado de heliocêntrico. Tirando a

terra do centro do universo, agora era o sol o centro do universo. Isso contrariou

muito a igreja. O modelo de Copérnico era muito parecido com o de Ptolomeu,

embora a terra não ocupasse o centro, Copérnico considerou alguns epiciclos e

definiu planetas dentro da órbita da terra, chamando-os de planetas interiores e

os planetas fora da órbita da terra de planetas exteriores.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

26

Depois da morte de Copérnico se passaram quase cem anos para o seu

modelo começar a triunfar sobre a visão geocêntrica. Galileu Galilei(1564-1642),

italiano nascido em Pisa, publicou em 1610, Siderusnuncius (“mensageiro das

estrelas”), nesta publicação Galilei contraria várias concepções aristotélicas,

dando razão ao modelo heliocêntrico, mais tarde chamado de revolução

copernicana. Mesmo com o aval de Galileu Galilei, as ideias de Nicolau

Copérnico não foram aceitas na época.

2.5.3 TychoBrahe e Johannes Kepler

Como pontuado por Moysés (2002, p. 190). “A obra de Copérnico, que se

havia baseado em dados obtidos na antiguidade, trouxe novo impulso à

astronomia de observação[...]”.Abrindo caminho para novas possibilidades e

também um jeito novo de olhar o universo.

O dinamarquês Tychobrahe(1546-1601),fez estudos e observações do

céu durante anos, no observatório construído por ele, mas 1600 chamou o jovem

Johanneskleper, o qual tinha fama de um bom matemático, para se juntar a ele,

em seus estudos. Essa parceria durou pouco,TychoBrahe morreu em 1601,

deixando um conjunto de dados astronômicos precisos, com isso kleper começar

a trabalhar na órbita de marte.

Kepler não tinha convicções religiosas como as de Copérnico, logo

percebeu que órbitas circulares não condiziam com os dados de TychoBrahe,

por isso adotou órbitas elípticas. Colocando o sol em um dos focos.

Somente com a matemática precisa de kleper, as quais estão baseadas

nos dados de TychoBrahe e nas ideias de Copérnico, o modelo heliocêntrico

suplanta o modelo geocêntrico. A posteriori Newton introduz a ideia de força.

De acordo com Moysés (2002 p. 194)

Depois de quase dois anos de trabalho, o resultado

obtido foi uma órbita oval em lugar de circular; com o sol no eixo,

mas não no centro. Após inúmeras tentativas infrutíferas de

identificação da curva, Kepler acabou descobrindo que a órbita

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

27

de Marte era elíptica, com o Sol situado num dos focos – e o

mesmo valia para os demais planetas.

Assim Johanneskeplerformulou as suas três leis:

1. Lei das órbitas elípticas: os planetas viajam em órbitas elípticas com foco

no centro de massa do sistema formado pelo planeta e pelo Sol.

2. Lei das áreas: o raio vetor do Sol até o planeta varre áreas iguais em

tempos iguais.

3. Lei harmônica ou lei dos períodos: o quadrado do período da órbita é

proporcional ao cubo do comprimento do semieixo maior da órbita elíptica.

Ou simplesmente, o período T e o semieixo principal da órbita estão

relacionados pela equação:

𝑇2 = (4𝜋2

𝐺𝑀) 𝑎3

Em que, G é a constante gravitacional, M é a massa do sol e 𝑎 é o semieixo

maior da elipse que representa a orbita do planeta.

Em termos mais gerais, um corpo que orbita o Sol possui uma trajetória

que tem o formato de uma seção cônica com um foco próximo do Sol. Objetos

que seguem órbitas fechadas formam uma elipse na sua trajetória. Enquanto

que nas órbitas abertas, as trajetórias formam hipérboles ou parábolas, e o

planeta em questão escaparia da força gravitacional do Sol.

Classificação das orbitas: Se E < 0, o sistema é ligado e a orbita

é elíptica (ou um círculo, que é um caso particular de elipse). Se

E ≥ 0, o sistema não é ligado e a orbita é uma hipérbole (ou uma

parábola para E = 0). (TIPLER, 2004, p.413)

Newton explica e introduz a ideia de força, com sua Lei da Gravitação

Universal, a qual está baseada nas leis formuladas por ele mesmo, cujas raízes

(1)

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

28

encontram-se nos trabalhos de Galileu e Kepler. As leis do movimento

elaboradas por Newton sustentaram a aceitação das ideias de Galileu.

As Leis de Newton para o movimento são:

1. Princípio da inércia: Todo corpo continua em seu estado de repouso

ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja

forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele.

2. Princípio da dinâmica: A força é sempre diretamente proporcional ao

produto da aceleração de um corpo pela sua massa.

3. Princípio da ação e reação: A toda ação há sempre uma reação oposta

de igual intensidade, provenientes de ações mutuas de dois corpos,

um sobre o outro, são sempre iguais e dirigidas em sentidos opostos.

Com base nessas leis, Newton conseguiu substituir a formulação

geométrica de Kepler pela formulação física da lei da gravitação universal.

A teoria da gravitação mostra que os corpos se atraem mutuamente, isto

é, um corpo cria em torno de si um campo gravitacional que é sentido por todos

os outros corpos. A força gravitacional é mais intensa quanto maior a massa dos

corpos, sendo inversamente proporcional ao quadrado da distância. A força de

atração entre os corpos é definida como:

𝑭 = −𝐺𝑀𝑚

𝑟2�̂� (2)

Onde, M é a massa do Sol, m a massa do planeta, r a distância entre o planeta

e o Sol, G é a constante gravitacional e �̂� é o vetor radial unitário. O sinal negativo

indica que a força é atrativa. Essa lei é considerada universal porque explica o

movimento de um planeta em torno do Sol, da Lua ou de um satélite artificial em

torno da Terra ou a queda de uma maçã. Implícito nas leis de Newton está o fato

de que o movimento de um corpo é medido em um sistema de coordenadas

desacelerado ou inercial.

Uma das observações fundamentais da física newtoniana é o fato de que

as propriedades físicas dos objetos são as mesmas quando são medidas em um

sistema de coordenadas inercial.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

29

A força de atração gravitacional entre um planeta e seu astro é central.

Como os vetores F e r são paralelos, o torque da força gravitacional, 𝝉 = 𝑭 × 𝒓,

é sempre nulo. Quando aplicamos a segunda lei de Newton para o torque, isto

é, 𝝉 =𝑑𝑳

𝑑𝑡 = 0, onde L é momento angular, encontramos que este precisa ser

conservado (HALLIDAY, 1996, pag. 276).

O momento angular L de um corpo é o vetor resultado do produto vetorial

r x mv, cuja direção é perpendicular ao plano determinado pelo vetor posição r

e o vetor velocidade v. No caso do movimento devido a ação da força

gravitacional, o momento angular L é constante, assim o plano formado pela

trajetória do planeta também não se altera. A implicação direta deste resultado

é a possibilidade de escrever a trajetória do planeta em um sistema de apenas

duas coordenadas. Um caso muito especial ocorre quando os vetores r e v são

paralelos, pois o momento angular L = 0, e a direção do movimento passa pela

origem. Nesse caso, o corpo descreve um movimento retilíneo, cuja aceleração

não é constante (HALLIDAY 1996, pag. 279).

As equações de movimento, aqui representadas em coordenadas

polares, são, segundo SYMON (1986), as que regem o movimento dos planetas.

�̈� =𝐿2

𝑚2𝑟3−

𝐺𝑀

𝑟2 (3)

�̇� =𝐿

𝑚𝑟2 (4)

Onde, r e são, respectivamente, as posições radial e angular do planeta

e L é o módulo do momento angular. Ressaltamos que, em estudos de dois

corpos, o centro de coordenadas é normalmente colocado no centro de massa

do sistema. Porém, no presente estudo, e em boa aproximação, o centro de

massa do sistema é muito próximo ao da estrela, cuja massa é bem maior do

que a de outros corpos. Dentro do nosso propósito, não há problema algum em

fixar a origem do sistema na estrela.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

30

Sabemos do estudo de mecânica (NUSSENZVEIG 2002) que a força

central é conservativa e dessa maneira pode ser derivada de um potencial. Isso

ocorre porque o trabalho realizado pela força gravitacional, entre dois pontos

quaisquer, por qualquer caminho, deve ser igual à variação de energia potencial

entre estes pontos. De acordo com o teorema do trabalho e energia cinética, o

trabalho realizado sobre uma partícula é igual à variação da energia cinética da

partícula entre as posições inicial e final. Assim, temos também a conservação

de energia mecânica.

A energia mecânica do sistema é dada por:

𝐸 = 1

2𝑚�̇�2 +

𝐿2

2𝑚𝑟2−

𝐺𝑀𝑚

𝑟 (5)

O primeiro e o segundo termo referem-se à energia cinética, enquanto

que o terceiro termo é a energia potencial. A energia cinética está associada ao

corpo em movimento, já a energia potencial está relacionada com

armazenamento de energia, que poderá se transformar em energia cinética, ou

vice-versa.

Como já descrito, a energia cinética é dada pela soma do primeiro com o

segundo termo da Eq.(5). Contudo, o segundo termo, apesar de fazer parte da

energia cinética, não é uma função explícita das velocidades �̇� ou�̇�. Na verdade,

a velocidade angular�̇� está implícita no segundo termo por causa do momento

angular, conforme mostra a Eq. 3. Assim sendo, convém definir um potencial

efetivo dado por:

O primeiro termo do potencial efetivo é comumente associado à energia

potencial centrífuga, ou seja, o potencial de uma força fictícia.Aenergia potencial

centrífuga é pequena para distâncias grandes, porém cresce rapidamente

𝑉𝑒𝑓𝑓 =𝐿2

2𝑚𝑟2−

𝐺𝑀𝑚

𝑟

(6)

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

31

quando os corpos se aproximam entre si, tornando-se predominante em relação

ao potencial gravitacional em curtas distâncias.

2.6A Segunda Lei de Kepler em termos do momento angular

De acordo com a Fig. 1, a segunda lei de Kepler, como é conhecida,

afirma que o raio vetor varre áreas iguais em tempos iguais, ou em outros termos

𝑑𝐴

𝑑𝑡 é constante, onde 𝑑𝐴 é o elemento de área varrido por 𝑟. O elemento 𝑑𝐴

pode ser calculado como:

𝑑𝐴 =𝑟𝑑𝑠

2,

onde 𝑑𝑠, é o comprimento de arco percorrido por um intervalo de tempo 𝑑𝑡. O

comprimento de arco ds, por sua vez, é dado por 𝑟𝑑𝜃, de modo que o

elemento 𝑑𝐴 passa a ser:

𝑑𝐴 = 𝑟2 𝑑𝜃21

Fig.1: Representação da área 𝑑𝐴, a qual varrida por 𝑟 pelo vetor em um intervalo de

tempo 𝑑𝑡. O elemento de área em questão está demarcado com a cor vermelha.

(7)

(8)

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

32

Assim, a segunda lei de Kepler simplesmente estabelece que:

𝑑𝐴

𝑑𝑡=

1

2𝑟2𝜔,

a qual é uma constante, onde ω é a velocidade angular 𝑑𝜃

𝑑𝑡. De um modo

equivalente, o momento angular (mr2) é constante em um campo de força

central. Vemos então que a segunda Lei de Kepler contempla a conservação de

momento angular. Evidentemente Kepler não utilizou este conceito, porém o

usaremos para explorar o problema de órbitas clássicas.

Em nosso trabalho, usamos as constantes iniciais para determinar o

momento angular e a energia mecânica, isto é, as duas constantes de

movimento para definir as órbitas.

2.7 Solução analítica de órbitas clássicas

A solução analítica é encontrada, com abordagens diferentes, em

diversos livros de mecânica clássica. Alguns autores dão ênfase nas equações

diferencias da cinemática, enquanto outros priorizam a abordagem vetorial. Ao

se resolver analiticamente obtém-se o seguinte resultado:

𝑟(𝜃) =

𝐿2

𝑘𝑚

1 + 𝜀𝑐𝑜𝑠𝜃

onde𝜀 representa a excentricidade da seção cônica. Dependendo de seu valor,

a seção cônica é uma hipérbole, parábola, elipse, ou círculo. Por exemplo: uma

(9)

(10)

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

33

trajetória com 𝜀 = 0 representa um círculo. A excentricidade é facilmente

determinada em termos da constante de movimento:

𝜀 = [1 +2𝐿𝐸

𝑚𝑘2]

1

2

onde E é a energia mecânica.

Em princípio, poderíamos ter optado pela solução analítica, mas optamos

pelo método numérico que é descrito na próxima seção. A pergunta que se faz

então é: por que não usar a solução analítica invés da numérica para traçar as

trajetórias clássicas? A opção pelo método numérico se apoia em um conjunto

de justificativas que são listadas a seguir:

Primeiro

O método numérico de Euler pode ser aplicado em muitos problemas de

cinemática e com muita boa aproximação. Uma vez que entendemos o método,

basta replica-lo em outros sistemas reconsiderando apenas as forças

envolvidas.

Segundo

As equações cinemáticas de primeira ordem, as quais são aplicadas no

método de Euler, estão diretamente relacionadas com as equações que os

alunos comumente aprendem no estudo de movimentos simples, tal como o

movimento retilíneo uniformemente variado.

Terceiro

Em nenhum momento houve a preocupação de mostrar a eficácia do

método numérico, comparando-o com a solução analítica. O objetivo do trabalho

é puramente didático, isto é, o trabalho envolve aplicação de uma ferramenta

computacional para criar animações numéricas para explorar alguns conceitos

de Física juntamente com os alunos.

(11)

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

34

Quarto

A solução analítica é muito útil para mostrar as seções cônicas, mas para

as animações de movimento é necessário considerar a seguinte parametrização:

𝜃(𝑡) = ∫ 𝜔(𝑡)𝑡

0

𝑑𝑡 + 𝜃(0)

o que requer um tratamento numérico.

Sobre o quarto argumento apresentado acima, é interessante notar

novamente a importância do momento angular, dada pela Eq. 4, que poderia ser

usada na parametrização, pois:

𝜔(𝑡) = [𝐿

𝑚𝑟2](13)

Como já discutido anteriormente, a equação acima é uma aplicação direta

da segunda lei de Kepler. A velocidade angular ω é inversamente proporcional

ao quadrado da distância r.

2.8 Método de Euler

O método de Euler, desenvolvido no ano de 1768, é fácil de ser utilizado

por sua simplicidade. É um procedimento numérico de primeira ordem para

solucionar equações diferenciais.

Para o cálculo das trajetórias, é necessário resolver as equações da

cinemática, velocidade e aceleração. No presente trabalho resolvemos as Eq. 3

e 4 para encontrarmos r(t) e (t). Contudo, para entendermos o método, vamos

utilizar o caso simples em uma dimensão.

Em uma dimensão, as equações de velocidade e aceleração precisam ser

resolvidas para encontrarmos a posição em função do tempo. Consideremos

então que a velocidade e aceleração sejam dadas por:

(12)

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

35

𝑣(𝑡) =𝑑𝑥(𝑡)

𝑑𝑡= lim

∆𝑡→0

𝑥(𝑡 + ∆𝑡) − 𝑥(𝑡)

∆𝑡

(14)

O método de Euler é usado para resolver as equações acima, isto é, para

encontrar as funções x(t) e v(t), que definem a trajetória de uma partícula. O

processo consiste em expandir a função x(t)ev(t) em série de Taylor, em torno

de um instante t0, considerando somente a primeira ordem da expansão.

Devemos tão somente assumir que t é pequeno o suficiente para garantir uma

boa aproximação, ou seja:

𝑣(𝑡0 + ∆𝑡) = 𝑣(𝑡0) + 𝑎(𝑡0)∆𝑡

(16)

𝑥(𝑡0 + ∆𝑡) = 𝑥(𝑡0) + 𝑣(𝑡0)∆𝑡 (17)

Numericamente, a trajetória é obtida fazendo sucessivas expansões,

ponto a ponto, a partir do instante t0 = 0. Nesse método, a aceleração deve ser

conhecida previamente em qualquer instante. Dada a aceleração e a velocidade

em um dado instante t0, a velocidade no instante t0+t pode ser estimada usando

a Eq. 16. Em seguida, partindo da posição x(t0), podemos estimar x(t0 + t)

usando a Eq. 17. A aceleração a(t0 + t) é facilmente obtida mesmo quando a

força é uma função da posição ou velocidade. Dessa forma, repete-se o ciclo

para o instante t0 + 2T, e assim sucessivamente. Temos então uma recorrência

de sucessivas aproximações de primeira ordem.

𝑎(𝑡) =𝑑𝑣(𝑡)

𝑑𝑡= lim

∆𝑡→0

𝑣(𝑡 + ∆𝑡) − 𝑣(𝑡)

∆𝑡

(15)

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

36

Em se tratando do cálculo das trajetórias de planetas, pode-se aplicar o

método para cada uma das coordenadas r(t) e (t) separadamente. No caso da

função (t), o método é ainda mais simples por causa da relação direta entre a

velocidade angular e o momento angular.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

37

3. METODOLOGIA

Os estudos iniciaram-se com as soluções numéricas das Eq. 3 e 4 que

regem o movimento do planeta sob a ação da força gravitacional. As soluções

numéricas foram obtidas com o método de Euler usando rotinas de programação

em Python(x,y) e Vpython.

O método escolhido para desenvolver o nosso trabalho foi o método

numérico de primeira ordem. Resolvemos as equações e fizemos uma análise

relacionando diversas grandezas físicas: posição, velocidade, aceleração,

energia cinética, energia potencial, energia mecânica e momento angular. Nosso

estudo está relacionado à cinemática, todavia, fizemos um balanço energético e

um estudo com potencial gravitacional.

Colocamos para nossos alunos alguns conceitos físicos e algumas

definições matemáticas sobre trajetória e representações contidos em livros

didáticos de Ensino Médio. Isso foi feito para fundamentar as discussões

posteriores com gráficos em Python. Foram feitas também animações de

trajetórias de planetas em torno do Sol com o módulo Vpython. Ambas as

representações, gráficos e animações, facilitaram a compreensão do modelo

planetário.

3.1 Rotinas de programação em Python

Construímos códigos em Python para resolver a cinemática dos planetas

com o objetivo de ajudar a compreensão dos alunos nos estudos de órbitas

planetárias. Além disso, com os códigos, foi possível construir e discutir alguns

conceitos, tais como: momento angular, aceleração gravitacional, interação entre

os corpos, energia cinética e potencial gravitacional. Algumas linhas do código

foram explicitadas para os estudantes daEscola Estadual Major Otávio Pitaluga,

em Rondonópolis-MT, para que pudessem ter uma compreensão, mesmo que

elementar, sobre o funcionamento das rotinas de programação. Basicamente, os

alunos eram motivados a alterar as posições e velocidades iniciais e verificar

como as trajetórias eram alteradas.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

38

A seguir, são mostradas as instruções em Python que usamos para o

nosso cálculo. Os códigos completos de programação em Python referente ao

estudo estão no Apêndice A.

A programação começa com as seguintes linhas:

>>>frompylabimportplot, show, ylim, xlim, xlabel, ylabel, grid, scatter,

legend

>>>frommathimportcos, sin, pi

As duas linhas acima são comandos para importar os módulos das

bibliotecas pylab e math. A biblioteca pylab contém os módulos essenciais para

a construção de gráficos, enquanto que a biblioteca math contém os módulos

essenciais de cálculos científicos, tais como seno, cosseno, tangente, etc. Na

Tabela 1 mostramos a aplicação de cada um dos módulos da biblioteca pylab

usados no programa.

Tabela 1 – Módulos da biblioteca pylab usados na programação.

Módulos Aplicação Linha de comando

Python

Plot Esboça gráficos na figura a partir de duas listas de números de mesmo tamanho

plot(x,y, label = "Energia A")

Show Mostra a figura do gráfico em tela

show()

ylim, xlim Estabelece limite nos eixos y e x

ylim(-2.1, 2.1) xlim(-2.1, 2.1)

xlabel, ylabel

Estabelece a nomeclatura dos eixos

xlabel("x (UA)") ylabel("y (UA)")

Grid

Cria uma grade de linhas horizontais e verticais na figura para facilitar a leitura dos gráficos

grid()

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

39

Scatter Esboça pontos na figura scatter(0,0, s = 200, c = 'yellow', alpha = 0.8)

Legend Escreve a legenda dos gráficos na figura em uma posição determinada

legend(loc = 2)

Para o cálculo de trajetórias, usamos a constante gravitacional

heliocêntrica, que é produto da constante gravitacional universal pela massa do

Sol. Esta constante foi colocada em termos da constante gravitacional de Gauss

(k), sendo que GM = k2 ou k**2, como se escreve em linguagem de

programação.

>>>k= 0.01720209395

>>>GM = k**2

Usamos a unidade astronômica (UA) para distâncias, e dias para a

unidade de tempo. Uma unidade astronômica é a distância média entre a Terra

e Sol, isto é, aproximadamente 150 milhões de Km.

Em seguida atribuímos valores às posições inicias, isto é, no instante t =

0. As posições iniciais r(0), (0),�̇�(0)e �̇�(0), são representas nesta parte do

código por r, theta, v e omega, como é mostrado a seguir:

>>>r = 1.0

>>>theta = -pi/2

>>>v = 0.008

>>>omega= 2*pi/365.25

No código, as posições angulares são dadas em radianos. O valor acima

que foi atribuído para para �̇�(0) correponde ao valor médio da velocidade angular

da Terra, que gasta em torno de 365,25 dias para dar uma volta completa em

torno do Sol. Como a elipcidade da órbita da Terra é muito pequena, as

mudanças na velocidade angular são sutis.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

40

Em seguida definimos as constantes do momento angular e energia

mecânica:

>>>L= omega*r*r

>>>Energia = 0.5*(v**2 + (L/r)**2) - GM/r

No cálculo, consideramos o momento angular e a energia mecânica como

constantes do movimento.

Para o gráfico em coordenadas cartesianas, criamos as listas:

>>>x= [ ]

>>>y= [ ]

Semelhantemente ao MATLAB, as listas x[ ] e y[ ], ou vetores na

linguagem de programação, são necessárias para criar os pares ordenados e

para esboçar os gráficos em coordenadas cartesianas. Elas são inicialmente,

criadas sem elementos, isto é, vazias. Apenas dentro do laço ocorrerá o seu

preenchimento, o que ocorrerá ponto a ponto. É bom lembrar que os cálculos

são feitos em coordenadas polares (r, theta), contudo, dentro do próprio laço,

que será explicado mais a frente, fizemos a transformação das coordenadas

para as cartesianas (x,y).

O intervalo de tempo precisa ser pequeno para que as aproximações pelo

método númerico de Euler sejam válidas. Assim atribuímos para t o valor de

0,01 dias.

>>>dt= 0.01

Valores menores que 0,01 dias poderiam dar maior precisão ao cálculo,

porém exigiria mais tempo de computação.

Limitamos o cálculo para a trajetória do planeta em uma volta completa.

Assim, determinamos que os ângulos variassem de 0 a 2𝜋 rad, dando limites às

posições angulares da seguinte forma:

>>>theta_inicial= theta

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

41

>>>theta_final= theta_inicial + 2*pi

Como desejamos fazer o cálculo somente de órbitas fechadas,

condicionamos a execução do cálculo à energia negativa da seguinte maneira:

>>>if(Energia < 0):

A função if impõe a condição para executar um comando posterior. O

bloco de comando que se encontra logo após o sinal de dois pontos será

executado somente se a energia mecânica for negativa. Esse critério é suficiente

para termos órbitas fechadas. É importante observar que os blocos de comandos

são marcados pela indentação.

Se a energia for negativa, então o cálculo de alguns pontos discretos de

r(t) e (t) ao longo da trajetória são realizados pelo seguinte laço de

programação:

>>> while(theta < theta_final):

>>> a= (L**2)/(r**3) - GM/(r**2)

>>> v= v + a*dt

>>> r= r + v*dt

>>> omega = L/r**2

>>> theta = theta + omega*dt

O laço serve para executar um conjunto de instruções, e continuará se

repetindo enquanto a condição dentro do comando while for verdadeira. Como

se observa, o cálculo por ele feito é o da trajetória do planeta em torno do Sol,

segundo o método de Euler, em aproximações sucessivas de primeira ordem.

Em instantes multiplos de t, isto é, para cada repetição do laço, o programa

realizará o cálculo de �̈�, �̇�, 𝑟, �̇�, e , os quais são representados pelas variáveis

a, v, r, omega e theta.

Ainda dentro do laço, preenchemos as listas x[ ] e y[ ] com o comando

append à medida que r e são calculados.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

42

>>> x.append(r*cos(theta))

>>> y.append(r*sin(theta))

As transformações do par ordenado (r,) para as coordenadas

cartesianas são feitas diretamente dentro do comando append. Ao final de todas

as repetições do laço, isto é, quando a condição da função while deixar de ser

verdadeira, teremos os conjuntos de dados para as coordenadas x e y ao longo

de toda órbita do planeta.

As listas de dados x e y podem ser colocadas em forma de tabela que

pode ser armazenada em um arquivo. Assim o arquivo poderia ser utilizado por

qualquer outro programa especializado em gráficos científicos para a

representação da trajetória do planeta. No entanto, optamos por usar os recursos

do próprio Python por meio da biblioteca pylab para a confecção do gráfico. A

configuração do gráfico foi feita de acordo com os módulos apresentados na

Tabela 1. Uma vez configurados os limites do gráficos e legendas, o gráfico final

é obtido da seguinte maneira:

>>>plot(x,y,label = "Energia A")

>>>show()

O nosso primeiro estudo, a título de exemplo, envolveu a comparação de

trajetórias em duas energias diferentes, denominadas por energia A e B, porém

mantendo o mesmo potencial efetivo. Para aumentar a energia mecânica do

sistema, sem alterar o potecial efetivo, deve-se alterar somente a velocidade

radial no instante inicial.

Mostraremos algumas instruções em Vpython usadas para a nossa

animação. Não detalharemos todo o código, uma vez que isso já foi feito no

código A, apenas mostraremos a detalhes entre os códigos em python (x,y) e

Vpython. Os códigos completos de programação em Vpython referente ao

estudo estão no Apêndice B. Em Vpython iniciamos assim:

>>>fromvisual.graphimport*

>>>fromvisual import*

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

43

Para iniciarmos a programação em Vpython, faz-se necessário

importar da biblioteca visual os objetos e assim fazer rodar as animações.

Já para desenhar os gráficos, importamos a biblioteca Visual Graph.

Em Vpython é necessário definir os objetos. Na animação temos duas

esferas representando o Sol e a Terra (ou qualquer outro corpo celeste que

possui uma órbita kepleriana). Estabelecemos as posições, as cores, os raios e

a emissividade do material como segue:

>>>Sun = sphere (pos= (0,0,0), color = color.yellow, radius = 0.3, material =

materials.emissive)

>>>Earth = sphere (pos=(r*cos (theta), r*sin (theta), 0), color = color.black, radius

= 0.1, make_trail = True)

Definimos o afélio, isto é, o ponto mais longe possível do planeta em

relação ao Sol, cuidando para que a animação não saia do campo visual e nem

aconteça um auto zoom. Isso por sua vez pode diminuir o tamanho proporcional

da imagem do Sol em nossa animação.

>>>defafelio(E, L):

>>> delta = GM*GM + 2*E*L*L

>>>return (-sqrt(delta) - GM)/(2*E)

Uma vez definido o afélio, é possível definir os limites do quadro que irá

contemplar a animação da órbita. Nesta animação, o Sol é colocado no centro

do quadro. Tanto o tamanho vertical do quadro, quanto o horizontal, são

determinados pelo afélio.

>>>if(Energia < 0):

r_max = afelio(Energia, L)

Earth.pos.x = r_max

Earth.pos.x = -r_max

Earth.pos.y = r_max

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

44

Earth.pos.y = -r_max

>>>else:

print()

exit ()

Assim que o tamanho do quadro é estabelecido, é necessário que a

função de auto escala seja desligada para que possamos visualizar toda a

animação nas proporções definidas.

>>>scene.autoscale = False

Definimos também a cor do planeta Terra e de seu rastro.

>>>Earth.color = color.blue

>>>Earth.trail = curve(color = color.green)

Em seguida, definimos os vetores força e velocidade. O vetor força estará

na direção radial, apontando sempre para o Sol. A sua intensidade varia em

proporção a aceleração do planeta.

>>>Force = arrow(pos = Earth.pos, axis = (-0.6*Earth.pos/(r*r)), color =

color.red)

O vetor velocidade será sempre tangente à trajetória.

>>>vx = v* cos (theta) – ômega * r * sin (theta)

>>>vy = v* sin (theta) + ômega * r * cos (theta)

>>>Velocidade = arrow( pos = Earth.pos, axis = ( 50* vy, 0) , color = color.white)

O vetor velocidade é colocada sobre o planeta e é atualizado ao longo da

trajetória, ou seja, o vetor é atualizado dentro do laço de programação em que

se calcula a trajetória. Este cálculo é feito com muita semelhança ao que foi feito

anteriormente. Por se tratar de uma animação, o cálculo não é limitado à

trajetória de uma volta apenas.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

45

>>>while 1:

rate(10000)

a= (L**2)/(r**3) - GM/(r**2)

v = v + a*dt

r = r + v*dt

omega= L/r**2

theta = theta + omega*dt

O rastro do planeta é definido com a seguinte função:

>>> Earth.trail.append(pos=Earth.pos)

Para o estudo da energia mecânica, construímos os gráficos de energia

total, cinética e potencial em função do tempo. Os atributos das linhas foram

definidas antes do laço.

>>> t+= dt

>>> K = 0.5*(v*v + r*r*omega*omega)

>>> U = Energia - K

>>> f1.plot(pos = (t, K), label = "Cinetica")

>>> f2.plot(pos = (t, U), label = "Potencial")

>>> f3.plot(pos = (t, Energia), label = "Total")

Há muito outros detalhes que podem ser contemplados no código completo que

se encontra no apêndice B.

3.2 APLICAÇÃO DO PRODUTO

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

46

Nosso trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Major Otavio Pitaluga

e foram ofertadas vagas aos alunos do segundo ano do ensino médio para que

participassem. Fizemos o trabalho em dois momentos: o primeiro na sala de

informática e o segundo nas salas de aula. Na sala de informática tivemos

somente alunos do segundo ano, mas de turmas diferentes. Para eles colocamos

a ideia do projeto, a qual era debater órbitas planetárias com o auxílio de uma

ferramenta computacional.Explicamos os conceitos físicos envolvidos e como as

simulação numérica em Python e animação em Vpython poderiam ajudar na

compreensão das órbitas planetárias, a qual foidiscutida na seção 2.5.

No laboratório de informática trabalhamos com um computador por aluno.

Trabalhamos inicialmente com dezenove alunos, que receberam o código fonte

já pronto, como objetivo de aprender a rodar o programa e, em seguida, realizar

mudanças nas variáveis de velocidade inicial e posição. Com essas alterações

foi possível órbitas des diferentes elipticidades, além de visualizar as trajetórias

em Python (x,y).

As animações em Vpython foram usadas em um segundo momento, em

sala de aula, envolvendo as turmas B, C, E e F do segundo ano, totalizando 115

alunos. Com esses,usamos as animações e explicamos os conceitos físicos

envolvidos. O foco principal do nosso trabalho foia mudança na velocidade do

planeta relacionada com a energia cinética e a potencial gravitacional,

mostrando como os pontos do periélio e afélio estão associadas com energia

potencial mínima e máxima, respectivamente.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

47

3.3Plano de Aula

Órbitas Planetárias

A seguir é apresentado o planejamento das aulas ministradas. As mesmas

foram realizadas na Escola Estadual Major Otávio Pitaluga com os alunos do 2º

ano do ensino médio.

Objetivos

Conceituar órbitas planetárias;

Definir os pontos afélio e periélio;

Enunciar as leis de Kepler;

Relacionar as Leis de Kepler com a Lei da Gravitação Universal;

Mostrar balanço energético ao longo da trajetória do planeta;

Mostrar o comportamento de velocidade ao longo da trajetória do planeta,

partindo de análises no simulador em VPython.

Recursos Didáticos

Computador

Rotinas de programa em Python

Desenvolvimento

As aulas realizadas em sala retomarão os conteúdos de movimentos de

translação, indagando sobre questões como: O que é órbita de um planeta?

Como um computar poderia nos auxiliar? Satélites artificiais possibilitam as

comunicações e seus benefícios são claros no nosso dia a dia? Além da nossa

Lua quem tem sua órbita atendendo a lei da gravitação universal? Relacionando

a Leis de Kepler mostraremos que as órbitas planetárias descrevem uma elipse.

As aulas realizadas no laboratório de informática mostrarão os benefícios do

simulador para explicar os pontos afélio e periélio.Utilizaremos a programação

em Python que permite observar as órbitas e as velocidades, bem como

relacionar a energia cinética (velocidade) com o potencial gravitacional. Na

programação testaremos as velocidades na órbita mudando apenas a

velocidade inicial levando-os a observar o que acontecerá com as trajetórias.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

48

Durante as aulas os alunos serão estimulados com perguntas e repostas que

agucem a curiosidade deles. Por exemplo: a mudança da velocidade inicial

influencia na trajetória? Qual é a relação entre energia cinética e potencial

gravitacional? Como podemos explicar isso observando a Lei da Gravitação

Universal?

Explicaremos que há um ponto na órbita chamado de afélio e outro de

periélio.Iremos relacionar alguns destes detalhes com os estudos de Kepler.

Discutiremos essas questões com os alunos enquanto exploramos as

animações emVPython.

Avaliação

A avaliação terá caráter diagnóstico e formativo, pois com o auxílio de

questionários e conversas será possível compreender os subsunçores

(conhecimento prévio) que cada aluno possui sobre o conteúdo e, no decorrer

de cada aula, através da participação dos alunos e dos relatos escritos, avaliar

o que foi de fato assimilado durante as aulas. Outro indicador de conhecimento

adquirido será o desempenho de cada um nas olimpíadas de astronomia OBA

Referênciasbibliográficas

PYTHON. Disponível em: https://www.python.org/> Consultado em 2015. STEFANOVTS, Angelo. Ser protagonista: Física:1° ano ensino médio. 2. ed. São Paulo: Edições SM, 2013. VPYTHON Disponível em: http://vpython.org/contents/download_windows.html> consultado 2014.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

49

4 . RESULTADOS

Os resultados apresentados a seguir são dedois momentos distintos. O

primeiro refere-se à parte em quetrabalhamos com as trajetórias em duas

energias, A e B, usando os gráficos feitos com Python(x,y). O segundo momento

refere-se aos encontros em que utilizamos animaçãoem Vpython. Optamos por

uma única energia para mostrar e configurar os pontos do afélio e periélio, bem

como as energias cinética e potencial ao longo da trajetória.

4.1 Analise de trajetórias usando Python (x,y)

Estudamos as trajetórias para energias diferentes, porém para o mesmo

potencial efetivo. Trabalhamos no código visando estabelecer uma relação entre

as energias e as trajetórias elípticas com excentricidades diferentes. O resultado

das trajetórias em energias distintas está representado na Fig. 2.

Fig. 2- Gráfico de trajetórias de planetas em duas condições de energias

distintas, porém com o mesmo potencial efetivo.

Para o cálculo das trajetórias desenhadas na Fig. 2, usamos as seguintes

velocidades iniciais: v = 0,0 UA/dia para a energia A e v = 0,008 UA/dia para a

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

50

energia B. Como se observa, a energia A é menor do que a energia B. Os demais

parâmetros iniciais foram os mesmos para as duas situações. Usamos r = 1.0

UA, theta = -/2 e omega = 2/365.25 rad/dia para ambas as energias.

Como observado na Fig. 2, a trajetória do planeta com energia menor

apresenta uma forma mais circular. Por outro lado, a trajetória do planeta com

energia B apresenta uma excentricidade que é fácil de ser notada. Isto foi

explicado aos alunos no final das aulas, deixando explícito que existe uma

relação direta entre energia e a trajetória do planeta.

O código fonte (em Python) está definido de modo que as mudanças dos

parâmetros possam ser feitas de acordo com a necessidade de investigação.

Essa característica da programação de ser única e ter sido feita para aquela aula

facilitou a discussão com os alunos de maneira que cada um, em seu

computador, pudesse ver trajetórias em situações diferentes, analisar seus

parâmetros e tirar as suas próprias conclusões.

Dentro dessa dinâmica de ensino houve muitas perguntas por parte dos

alunos e todas elas propiciaram uma maior interação professor-aluno nas aulas.

O fato de visualizarem os gráficos e as rotinas de programação permitiu a

construção de um conhecimento prévio.

Dando sequência ao nosso estudo, fizemos um gráfico do potencial

efetivo e marcamos no mesmo gráfico as duas energias A e B, conforme mostra

a Fig. 2. Veremos a seguir que é possível tirar muitas informações a partir deste

gráfico. As discussões foram feitas levando em conta o nível de formação dos

alunos, isto é, ancorar esse novo conhecimento em subsunçores já existentes.

Analisando as Eq. 3 e 4, vemos que �̇� deve ser igual a zero quando o

potencial efetivo e a energia mecânica são iguais. Assim, na Fig.2, os pontos

marcados pela intersecção entre o potencial efetivo e a energia mecânica

representam os pontos de retorno com�̇� = 0. Esses pontos especiais são

chamados de afélio e periélio. O afélio é o ponto mais distante do Sol, enquanto

que o periélio é o ponto em que o planeta mais se aproxima da estrela. Como a

energia potencial muda com a distância, especificamente a -1/r, temos que, ao

longo de toda a trajetória, a energia potencial atinge o valor máximo no afélio.

No periélio, ocorre justamente o contrário, ou seja, a energia potencial atinge o

seu menor valor. Podemos fazer uma análise semelhante à energia cinética,

levando em consideração a conservação da energia mecânica. Se em algum

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

51

ponto da trajetória, a energia potencial é máxima, tal como ocorre no afélio, então

energia cinética é mínima. Semelhantemente, no periélio, a energia cinética é

máxima. Isso também explica o aumento de velocidade dos corpos quando se

aproximam do Sol.

Considerando a situação de menor energia, vemos na Fig.2 que os pontos

de retorno são praticamente indistinguíveis e estão em torno de r = 1,0 UA. Esta

é uma característica de uma órbita circular, a qual é justamente obtida na

condição de energia mínima permitida para um poço de potencial efetivo. Para

um determinado potencial efetivo, a energia mínima permitida é aquela em que

a velocidade radial no instante inicial é igual a zero, exatamente como foi no

presente caso. Na situação de uma energia maior, conforme mostra o gráfico da

Fig. 3, os pontos de retorno são bem distintos. Vemos que o periélio é algo em

torno de 0,7 UA, enquanto que o afélio é aproximadamente 1,8 UA.

É fácil de ver que, para energias não negativas (E > 0), há apenas um

ponto de retorno, o que configura uma órbita aberta.

Fig. 3- Gráfico potencial efetivo, gerado pela junção potencial gravitacional e energia

centrípeta.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

52

4.2 Analise da animação em Vpython

O uso das animações, nas aulas de física, contribuiu para o professor

inserir a discussão sobre os pontos afélio e periélio, energia cinética, energia

potencial gravitacional, força e velocidade. Serviu também para discutir

grandezas escalares e vetoriais. As animações facilitaram a demonstração da

modelagem do sistema terra-sol.

Segundo os relatos dos alunos, é como se o uso da simulação trouxesse

significado a teoria. Para o professor, unir computação aos conceitos físicos

tornou o processo de ensino mais dinâmicos.

As Fig. 4 e 5 mostram fotos das animações em dois pontos importantes

de uma órbita planetária: afélio e periélio.

Fig. 4– Afigura a cima representa um corpo passado próximo ao periélio de sua órbita. A seta em vermelho (apontando para o Sol) representa a força, enquanto que a seta

em branco (tangente à trajetória) representa a velocidade do planeta.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

53

.

Fig.- 5 A figura acima representa um corpo passando próximo ao seu afélio

O gráficoda Fig. 6mostra o aumento da energia cinética contrapondo com

a energia potencial. Como temos uma animação, a visualização do fenômeno

estudado é facilitada. A energia total permanece sempre constante como

representado na linha amarela.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

54

Fig. 6 - Gráficos de energia cinética, potencial e mecânica. A linha na cor azul

corresponde à energia cinética. A linha na cor vermelha corresponde a energia potencial

e a linha na cor amarela, representa a energia total.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

55

4.3Relato da aplicação do produto na Escola

Aplicamos o produto na Escola Estadual Major Otávio Pitaluga para

dezenove alunos da 2ª série do ensino médio. Foram 30 horas de aplicação do

produto. O trabalho desenvolvido na escola teve como principal objetivo propor

aos alunos uma nova metodologia para o estudo da cinemática utilizando como

recurso didático o universo da programação em Python, escolhido por possuir

uma linguagem simples e de fácil acesso.

Trabalhamos o conteúdo de órbitas planetárias expondo as leis de Kepler

e a teoria da gravitação universal. Colocamos também alguns conhecimentos

prévios com o objetivo de organizar todos esses subsunçores. Como foi discutido

no capítulo de Fundamentação Teórica.

Realizamos um total de dez encontros no laboratório para tirar dúvidas

sobre o código e finalizar as aulas. Nas primeiras aulas, no laboratório de

informática, apresentamos a linguagem Python e seus benefícios. Mostramos

aos alunos a página na web em que seobtém o programa e, a partir daí,

efetuamos a instalação nos devidos computadores. Depois de instalados os

programas, apresentamos os editores de texto, Spyder e Vidle. Explicamos aos

alunos que nesse ambiente é o lugar onde usamos os códigos fontes. Levamos

alguns códigos prontos para ensinar como operar e criar possíveis gráficos.

Nas aulas seguintes, no laboratório, introduzimos todos os comandos que

iríamos usar, deixando claro que a linguagem era extensa e que o número de

comandos e funções não seriam discutidos e aprendidos naquele momento.

Nosso objetivo principal, para aquelas aulas, era os estudos de órbitas

planetárias e a compreensão do código fonte específico do cálculo. Neste

momento, discutimos as grandezas físicas que iriam variar com o tempo.

Esse foi um momento especialem que passamos do abstrato, teoria de

órbitas planetárias, para o concreto. Aqui colocamos as equações do movimento

no programa. Explicamos que cada vez que o programa fizesse um cálculo de

uma interação do laço do programa, nós encontraríamos uma nova posição, isto

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

56

é, uma nova posição radial, consequentemente uma nova velocidade radial, e o

processo se repetiria sucessivamente. Foi então colocado aos alunos que esse

processo é chamado método numérico de Euler(procedimento numérico de

primeira ordem para solucionar equações diferenciais). Fizemos um breve relato

sobre este método levando em conta o nível escolar da turma. Relacionamos as

equações do laço (loop) com uma função de primeiro grau simples, na qual, a

cada valor de x é encontro uma imagem em y, ficando fácil associar com a função

de primeiro grau, já vistas em matemática no primeiro ano do Ensino Médio, e

em cinemática com as equações horárias do movimento retilíneo uniformemente

variável (MRUV). O fato de relacionar as aproximações numérica de primeira

ordem com as equações de MRUV atendeu, em princípio, a nossa

fundamentação teórica.

Além de colocar as equações horárias do código, relacionamos o conceito

físico explicando que o momento angular é conservado, que temos uma força

central e que existe uma interdependência entre ambos. Explicamos que a

variação da posição radial implica também na variação da posição angular.

Neste momento a simulação em Python contribuiu e evidenciou o seu uso,

mostrando uma aplicação simples das equações da cinemática.

O gráfico da Fig.6 demonstra o aumento da energia cinética contrapondo

com a energia potencial. A energia total permanece sempre constante como

representado na linha amarela.Ao observarem o gráfico os alunos pontuaram

que a volta da Terra em tornodo sol não condizia com a órbita de um cometa, ou

seja, não é circular. Então explicamos que, de fato o movimento do objeto em

torno do sol ou planeta vistos nas animações do nosso programa Python é muito

elíptica, assimilando-se a trajetória de um cometa devido a sua excentricidade,

mas que o movimento real da Terra em volta do Sol é mais próximo ao

movimento circular.Neste momento debatemos que a velocidade de translação

do planeta ao redor do sol sofre mudanças, diminuindo à medida em que se

aproxima do afélio (ponto mais distante do sol)e aumenta à medida que se

aproxima do periélio (ponto mais próximo do sol),relacionamos esse evento à

segunda lei de Kepler. Foi gratificante perceber o espanto dos alunos ao

visualizarem o Python em movimento. Segundo um aluno: “A simulação

construiu para a melhor compreensão do conteúdo (sic), achei muito bom e ficou

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

57

mais nítido os pontos afélio e periélio”. Outro aluno comentou: “O uso do

computador sempre facilita a visualização dos fenômenos físicos”.

As aulas foram bastante dinâmicas e participativas. Entre uma aula e outra

observou-se que os alunos formavam grupinhos de conversas sobre o programa

Python e discutiam entre si.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

58

5.CONCLUSÃO

A aplicação da simulação ajudou na contextualização das órbitas

planetárias. O método didático usado mostrou que lançar mão de recursos da

computação nas aulas facilita a visualização do fenômeno em questão. No

entanto, enquanto educadores, precisamos evoluir no processo ensino e

aprendizagem e na construção dos conceitos físicos inerente a órbitas

planetárias. Porém cada professor é dono do seu método de ensino. Lógico que,

cada um poderá fazer as mudanças necessárias nesse produto para adapta-lo

a sua metodologia de ensino.

O ensino de física tem muitos desafios, um deles é introduzir a tecnologia

no processo ensino e aprendizagem. Esse trabalho teve como objetivo criar uma

ferramenta para auxiliar o professor no conteúdo de órbitas planetárias, uma vez

que a visualização e modelagem é facilitada com o uso animações.

Buscando uma nova metodologia para o estudo da cinemática,

direcionamos o olhar para o uso das tecnologias disponíveis no mercado.Dentre

todas as opções, incluindo os pacotes educacionais prontos, optamos por aquela

em que professor e aluno tivessem mais liberdade de trabalho. Especificamente,

escolhemos trabalhar com códigos abertos na linguagem Python, assim o

professor pode criar ou modificar os seus próprios códigos para estudo de

modelos de fenômenos físicos para que estes fiquem mais claros aos seus

alunos, atendendo a uma demanda específica e fornecendo soluções didáticas

próprias.

O estudo realizado com órbitas, usando a programação Python, mostrou

que podemos trabalhar com a cinemática de um modo diferenciado, contribuindo

para concretizar os conceitos descritos nos livros didáticos. Como professor de

física, observei que, utilizando tal recurso como ferramenta didática foi possível

fazer ponte entre as aulas expositivas e as práticas e dessa forma tornar as aulas

mais dinâmicas.

É interessante esclarecer que a programação em Python, poderá ser

aplicada no estudo de outros fenômenos como, por exemplo, força de arrasto,

lançamento oblíquo, queda livre, lançamento de foguetes, entre outros tantos

conteúdos presentes na grade curricular do Ensino Médio

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

59

6. REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Na sala de aula. 2. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. ______. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e tecnológica.

Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da

Educação, 2002.

DUARTE, Newton. Vygotsky e o “aprender a aprender”: crítica às

apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana. 2. ed.

Campinas: Autores Associados, 2001.

E, A. Veit.& V, D. Teodoro. Modelagem no Ensino/Aprendizagem de Física e

os Novos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Instituto

de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Revista Brasileira de

Ensino de Física, vol. 24, n. 2, p. 87-96, Junho 2002.

LABVIRT. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br> Consultado em 2015. LEITE, Lígia Silva et al. Tecnologia Educacional: Descubra suas

possibilidades na sala de aula. 8. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.

MEDEIROS, Alexandre. & MEDEIROS, C.F. Possibilidades e limitações das

simulações computacionais no ensino de física. Revista Brasileira de Ensino

de Física, Recife, v. 24, n. 2, p. 77-86, junho 2002.

MODELUS. Disponível em: http://modellus.fct.unl.pt/> Consultado em 2015. MOREIRA, M.A. A teoria da aprendizagem significativa e sua

implementação em sala de aula. Brasília: Editora Universidade de Brasília,

2006.

MOREIRA, M.A. & MASINI, E.A.F. Aprendizagem Significativa: a teoria de

David Ausubel. 2. ed. São Paulo: Centauro Editora, 2006.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

60

NUSSENZVEIG, H. M. Mecânica 1 Curso de física básica. 4.ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2002. PHUN. Disponível em: www.baixaki.com.br/download/phun.htm> Consultado em 2015. PYTHON. Disponível em: https://www.python.org/> Consultado em 2014. PYTHON(X,Y).Disponível em:https://python-xy.github.io/downloads.html> Consultado em 2014. SAMPAIO, M.N. & LEITE L.S. Alfabetização tecnológica do professor. 5. ed.

Petrópolis: Vozes, 2005.

SCHERER, Claudio. Métodos computacionais da Física. 1. ed. São Paulo:

Livraria da Física, 2005.

SOUZA, Fabrício Araújo de. Levantamento e análise de softwares livres de

Física para o Ensino Médio. Porto Velho, 2012.

SYMON, K. R. Mecânica. Rio de Janeiro: Campus,1982.

STEFANOVTS, Angelo. Ser protagonista: Física: 1° ano ensino médio. 2. ed. São Paulo: Edições SM, 2013. TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na educação. 7. ed. São Paulo: Érica, 2007. VALENTE, José Armando (org.) O computador na sociedade do conhecimento. São Paulo: Nied, 1999. VEIGA, Ilma. Passos Alencastro (org.) Técnicas de ensino: Novos tempos, Novas tecnologias. 3. ed. São Paulo: Papirus, 2011. VPYTHON Disponível em: http://vpython.org/contents/download_windows.html> consultado 2014.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

61

Apêndice A

#!/usr/bin/python # -*- coding: utf-8 -*- ##################################################################### # Nesta versão, o resultado final no gráfico # # será dado em coordenadas cartesianas (x,y). # # # # # # Note que o cálculo é feito em coordenadas polares, # # mas o resultado é transformado para coordenadas cartesianas. # ##################################################################### # Primeiro, precisamos carregar os módulos frompylabimportplot, show, ylim, xlim, xlabel, ylabel, grid, scatter, legend # Para converter os dados de coordenadas polares para cartesianas, # vamos precisar das funções seno e cosseno from math import cos, sin, pi # Vamos precisar da constante universal de gravitação. # Vamos usar a constante gravitacional heliocêntrica. k = 0.01720209395 GM = k**2 # Precisamos definir as condições iniciais. # As distâncias são dadas em UA e o tempo em dias. r = 1.0 theta = -pi/2 v = 0.008 omega = 2*pi/365.25 # O momento angular é uma constante de movimento L = omega*r*r # Podemos calcular também a energia mecânica total # Se E > 0, então a orbita será aberta # Se E < 0, a orbita será fechada Energia = 0.5*(v**2 + (L/r)**2) - GM/r # Para os gráficos em coordenadas cartesianas (x,y), # temos que preparar as listas x e y, # as quais são inicialmente vazias. x = [ ] y = [ ] # Definimos o passo de integração. dt = 0.01

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

62

# Para órbitas fechadas, basta percorrer uma volta. theta_inicial = theta theta_final = theta_inicial + 2*pi # Por enquanto, o cálculo é para órbitas fechadas. if (Energia< 0): while(theta <theta_final): a = (L**2)/(r**3) - GM/(r**2) v = v + a*dt r = r + v*dt omega = L/r**2 theta = theta + omega*dt # Transformamos (r, theta) para (x,y) # e preenchemos as listas x e y. x.append(r*cos(theta)) y.append(r*sin(theta)) #Preparativos para o gráficos lim_max = max([max(x), max(y)]) lim_max = 1.10*lim_max # Para que a curva não toque a borda lim_min = -1*lim_max # Para que os eixos x e y tenham o mesmo tamanho ylim(lim_min, lim_max) xlim(lim_min, lim_max) xlabel("x (UA)") ylabel("y (UA)") plot(x,y, label = "Energia B") # Calculo analítico x = [] y = [] theta = 0 A = 1.0 epsilon = 0.01 print epsilon if (Energia< 0): while (theta < 2*pi): r = A/(1 + epsilon*cos(theta)) theta += 0.01 x.append(r*cos(theta)) y.append(r*sin(theta)) plot(x,y) # Podemos repetir os cálculos acima, porém com outros parâmetros iniciais # Condições iniciais (distâncias em UA e tempo em dias) # Para preservar Veff, muda-se somente a velocidade radial inicial. r = 1.0

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

63

theta = -pi/2 v = 0.0 omega = 2*pi/365.25 # Devemos cálcular L novamente se Veff for modificado. L = omega*r*r # Calculamos a energia mecânica novamente. Energia = 0.5*(v**2 + (L/r)**2) - GM/r # Preparamos as listas inicialmente vazias para as coordenadas x e y. x = [] y = [] # Passo de integração dt = 0.01 # E repetimos o cálculo percorrendo a trajetória fechada theta_inicial = theta theta_final = theta_inicial + 2*pi # Precisamos verificar se a órbita é fechada antes do loop. if (Energia< 0): while(theta <theta_final): a = (L**2)/(r**3) - GM/(r**2) v = v + a*dt r = r + v*dt omega = L/r**2 theta = theta + omega*dt # A seguir, transfomamos os dados em coordenas cartesianas # e acrescentamos as novas posições em x e e y. x.append(r*cos(theta)) y.append(r*sin(theta)) plot(x,y, label = "Energia A") # Colocamos o Sol no posição x = 0 e y = 0. scatter(0,0, s = 200, c = 'yellow', alpha = 0.8) legend(loc = 2) grid() show()

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

64

Apêndice B

fromvisual.graphimport *

from visual import *

# Para converter os dados de coordenadas polares para cartesianas

from math import sqrt, cos, sin, pi

# Vamos precisar da constante universal de gravitacao

# Vamos usar a constante gravitacional heliocentrica.

GM = 0.000295912036265

# Importante para o tamanho da tela da animacao

# Se nao definir o tamanho da tela, poderah haver atuozoon

defafelio(E, L):

delta = GM*GM + 2*E*L*L

return (-sqrt(delta) - GM)/(2*E)

# Precisamos definir as condicoes iniciais.

# As distancias sao dadas em UA e o tempo em dias.

r = 1.0

theta = -pi/2

v = 0.012

omega = 2*pi/365.25

# O momento angular eh uma constante de movimento

L = omega*r*r

# Podemos calcular tambem a energia mecanica total

# Se E > 0, entao a orbita serah aberta

# Se E < 0, a orbita serah fechada

Energia = 0.5*(v**2 + (L/r)**2) - GM/r

scene.y = 450

scene.x = 20

#scene.width = 1024

#scene.width = 760

#scene.center = (0,0,0)

f1 = gcurve(color = color.cyan)

f2 = gcurve(color = color.red)

f3 = gcurve(color = color.orange)

myWindow1 = gdisplay(xtitle = "tempo (dias)", ytitle = "Energia")

scene.title = "Orbitas de planetas"

# Colocamos o Sol no posicao x =0, y =0, e z = 0.

Sun = sphere(pos=(0,0,0), color = color.yellow, radius = 0.3,

material = materials.emissive)

Earth = sphere(pos=(r*cos(theta), r*sin(theta), 0), color =

color.black, radius = 0.1, make_trail = True)

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

65

# Definimos o passo de integracao.

dt = 0.01

# Por enquanto, o calculoeh para orbitas fechadas.

# Se a orbita eh fechada, entao pode-se calcular o afelio

# r_maxeh usado para determinar o tamanho maximo da tela

# Evitando assim o autozoon

if (Energia < 0):

r_max = afelio(Energia, L)

# Vamos garantir que o tamanho da tela contenha a orbita

completa

Earth.pos.x = r_max

Earth.pos.x = -r_max

Earth.pos.y = r_max

Earth.pos.y = -r_max

else:

print "Verifique os valores iniciais para condicionar o calculo

para orbitas fechadas!"

exit()

scene.autoscaling = False

Earth.color = color.blue

Earth.trail = curve(color = color.green)

# O fator 0.6 que multiplica o tamanho do vetor eh arbitrario

Force = arrow(pos = Earth.pos, axis = (-0.6*Earth.pos/(r*r)), color

= color.red)

vx = v*cos(theta) - omega*r*sin(theta)

vy = v*sin(theta) + omega*r*cos(theta)

Velocidade = arrow(pos = Earth.pos, axis = (50*vx,50*vy,0), color =

color.white)

t = 0

while 1:

rate(1000)

a = (L**2)/(r**3) - GM/(r**2)

v = v + a*dt

r = r + v*dt

omega = L/r**2

theta = theta + omega*dt

#As posicoes do planeta sao atualizadas em cada iteracao

Earth.pos.x = r*cos(theta)

Earth.pos.y = r*sin(theta)

# O planeta deixa um rastro na animacao

Earth.trail.append(pos=Earth.pos)

# A seguir as coordenadas do vetor Force

Force.pos = Earth.pos

vx = v*cos(theta) - omega*r*sin(theta)

vy = v*sin(theta) + omega*r*cos(theta)

Velocidade.pos = Earth.pos

Velocidade.axis = (50*vx,50*vy,0)

Force.axis = -0.6*Earth.pos/(r*r)

#A seguir os graficos de energia sao atualizados

t += dt

K = 0.5*(v*v + r*r*omega*omega)

U = Energia - K

f1.plot(pos = (t, K), label = "Cinetica")

f2.plot(pos = (t, U), label = "Potencial")

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …pos.cua.ufmt.br/ppgprofis/file/2017/04/TextoDissertacao_Luzines... · INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA MESTRADO PROFISSIONAL

66

f3.plot(pos = (t, Energia), label = "Total")