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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE ENGENHARIA ENGENHARIA ELÉTRICA PROJETO BÁSICO DE UM PARQUE EÓLICO E ESTUDOS DE CONEXÃO KARINA LINO MIRANDA DE OLIVEIRA Orientadora: Débora Rosana Ribeiro Penido Araujo JUIZ DE FORA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

ENGENHARIA ELÉTRICA

PROJETO BÁSICO DE UM PARQUE EÓLICO E

ESTUDOS DE CONEXÃO

KARINA LINO MIRANDA DE

OLIVEIRA

Orientadora: Débora Rosana Ribeiro

Penido Araujo

JUIZ DE FORA

2014

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KARINA LINO MIRANDA DE OLIVEIRA

PROJETO BÁSICO DE UM PARQUE EÓLICO E

ESTUDOS DE CONEXÃO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito à obtenção do título de

Engenheiro Eletricista na Faculdade de Engenharia

da Universidade Federal de Juiz de Fora.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Prof. Dr. Débora Rosana Ribeiro Penido Araujo (orientadora)

UFJF

__________________________________________________

Prof. Dr. Leandro Ramos de Araujo

UFJF

__________________________________________________

Prof. Dr. Vander Menengoy da Costa

UFJF

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DEDICATÓRIA

Aos meus amados pais, Ana Lucia e Antônio, e a minha

irmã, Raquel, pelo apoio incondicional sem o qual não seria

contemplada com mais uma vitória.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela presença constante em minha vida, pelo dom do

discernimento concedido ao longo dessa jornada e por renovar a cada momento a minha força

e a minha fé.

Aos meus pais por estarem ao meu lado me incentivando em todos os momentos e por

não me deixarem desistir. Mãe, Deus não poderia ter me proporcionado presente maior nessa

vida. Obrigada por todo amor, por compreender e incentivar minhas escolhas e meus sonhos,

por ser meu braço direito e por todos os sacrifícios para fazer de mim quem eu sou hoje. Te

amo incondicionalmente. Pai, meu herói, essa vitória também é sua. Dói muito não tê- lo

presente neste momento ainda mais porque faltava tão pouco tempo, mas sei que sempre

estará olhando por mim, guiando meus passos e vibrando a cada conquista. Não tenho como

agradecer tudo o que fez por mim, apenas gostaria de dizer que todos os seus ensinamentos eu

levarei por toda minha vida e que não existe orgulho maior nesse mundo do que ouvir que

“sou a sua cara”. “E no meu coração, aonde quer que eu vá, sempre levarei o teu sorriso em

meu olhar.” Te amo para todo sempre.

À minha avó Geny meu eterno agradecimento pelas orações constantes, por todas as

palavras de carinho e incentivo dadas ao longo de toda essa longa e difícil caminhada. Raquel,

minha irmã, saiba que você é o meu espelho, minha verdadeira fonte de inspiração. Espero

profundamente ser um dia a profissional dedicada, séria e competente que você é.

Minha gratidão especial aos amigos da faculdade, em especial João Paulo e Bráulio,

pelo companheirismo ao longo desses 5 anos de luta. Aos meus amigos de Tabuleiro meu

agradecimento por fazerem parte dessa história. Valter, Letícia, Mariane e Juninho, obrigado

pelo ombro amigo, pelos conselhos e por fazerem minha vida mais especial com suas

presenças. Que Deus fortaleça mais e mais esse laço que nos une.

Agradeço por fim à Universidade Federal de Juiz de Fora, ao PRH-PB214 (Programa

de Formação de Recursos Humanos da Petrobras) e, sobretudo, aos professores Leandro e

Débora por todos os ensinamentos e pela dedicação à minha formação.

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iv

RESUMO

A energia eólica é uma fonte promissora, especialmente por ser abundante, renovável,

limpa e não emissora de gases causadores do efeito estufa. O Brasil destaca-se no cenário

mundial por possuir um imenso potencial eólico ainda não explorado e, somado a tal fato,

ressalta-se também o progressivo declínio nos custos de implantação de unidades geradoras

eólicas e a consequente queda do preço do kWh nos últimos leilões de energia. Esses fatores

têm impulsionado cada vez mais o desenvolvimento de estudos relativos ao tema.

Neste trabalho serão apresentados alguns dos principais aspectos a serem considerados

nos estudos e projetos de parques eólicos, tais como: características gerais da geração eólica,

características intrínsecas dos locais potencialmente viáveis à geração, critérios para alocação

dos aerogeradores e equipamentos essenciais para o funcionamento da usina. Também serão

realizados, mesmo que considerando algumas simplificações, o projeto básico de um parque

eólico e alguns estudos de conexão, onde serão analisados aspectos como

especificações/dimensionamento de equipamentos, estudos de fluxo de potência e curto-

circuito, projeto básico da subestação para conexão das unidades geradoras e os pontos mais

relevantes da conexão do parque eólico à rede de concessionária de distribuição ou ao sistema

interligado nacional. As principais etapas, análises e constatações do projeto serão descritas

ao longo deste trabalho.

Palavras chave: Energia Eólica, Equipamentos, Projeto Básico, Estudos de Conexão.

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v

ABSTRACT

The wind energy is a promising source, especially for being abundant, renewable,

clean and not emitting greenhouse gases. The Brazil stands out on the world stage by having a

huge untapped wind potential, and coupled with that fact, also stand out the progressive

decline in deployment costs of generation units and the consequent fall in the price of kWh in

recent energy auctions. These factors have driven increasingly the development of studies on

the subject.

In this work are presented some of the main aspects to be considered in studies of

wind farms and projects such as: general characteristics of wind generation, intrinsic

characteristics of potentially viable local generation, criteria for allocation of wind turbines

and equipment essential to the operation of plant. Will also be conducted, even considering

some simplifications, the basic design of a wind farm and some connection studies, where

aspects like equipment specifications, load flow studies, short circuit, basic design of

substation will be analyzed to connections of generating units. Also the most relevant points

of connection of the wind farm in the distribution system or in the national grid will be

analyzed. The main steps, analyzes and findings of the project will be described throughout

this work.

Key-words: Wind Power, Equipment, Basic Design and Connection Studies.

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13

1.1. Considerações iniciais e relevância do tema................................................... 13

1.2. História............................................................................................................ 14

1.3. Objetivos ......................................................................................................... 18

1.4. Publicações decorrentes do trabalho ............................................................... 19

1.5. Estrutura do trabalho ....................................................................................... 19

CAPÍTULO 2 – ENERGIA EÓLICA: PRINCIPAIS CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS

.................................................................................................................................................. 20

2.1. Introdução ....................................................................................................... 20

2.2. O mecanismo de formação dos ventos e o estudo do seu comportamento

através de séries temporais .................................................................................................... 20

2.3. Potência extraída do vento e a curva de rendimento de um aerogerador típico

24

2.4. Estimativas de geração.................................................................................... 28

2.5. Vantagens e desvantagens da utilização da energia eólica ............................. 29

2.6. Parques eólicos e os fatores que influenciam no regime do vento – Escolha da

localidade 31

2.6.1. Curiosidade: Parque eólico off-shore ........................................................ 34

2.7. Potencial eólico e capacidade de geração do Brasil........................................ 35

2.8. Aplicações do sistema eólico .......................................................................... 39

2.9. Leilões de Energia de Reserva: Energia eólica ............................................... 40

2.10. Conclusão do capítulo ..................................................................................... 41

CAPÍTULO 3 – PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS DE UM PARQUE EÓLICO E

DEFINIÇÕES INICIAIS DO PROJETO ................................................................................. 43

3.1. Introdução ....................................................................................................... 43

3.2. Aerogeradores ................................................................................................. 43

3.2.1. Classificação dos aerogeradores ................................................................ 43

3.2.1.1. Aerogeradores síncronos .............................................................. 45

3.2.1.2. Aerogeradores assíncronos ou de indução ................................... 46

3.2.2. Principais topologias utilizadas ................................................................. 46

3.2.2.1. Configurações que utilizam geradores de indução ....................... 46

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3.2.2.2. Configurações que utilizam geradores síncronos ......................... 48

3.2.3. Principais componentes ............................................................................. 49

3.2.4. Definições do parque e posicionamento das unidades geradoras.............. 53

3.3. Transformadores ............................................................................................. 56

3.4. Painéis elétricos............................................................................................... 59

3.4.1. Estrutura dos painéis elétricos presentes no parque eólico ....................... 60

3.5. Cabos............................................................................................................... 63

3.6. Conclusão do capítulo ..................................................................................... 65

CAPÍTULO 4 – PROJETO BÁSICO DE UM PARQUE EÓLICO ........................................ 66

4.1. Introdução ....................................................................................................... 66

4.2. Definição de projeto básico............................................................................. 66

4.3. Metodologia adotada....................................................................................... 67

4.4. Premissas utilizadas no projeto ....................................................................... 67

4.5. Topologia do parque eólico............................................................................. 68

4.6. Projeto básico da subestação para conexão das unidades geradoras .............. 70

4.6.1. Topologias consideradas como alternativas no projeto ............................. 70

4.6.1.1. Barra Simples ............................................................................... 70

4.6.1.2. Barra Simples Seccionada ............................................................ 71

4.6.1.3. Principal e Transferência .............................................................. 72

4.6.2. Análise comparativa entre as topologias de subestações consideradas ..... 75

4.7. Dimensionamento dos condutores .................................................................. 76

4.8. Etap Power Station Simulator (Versão estudante) ......................................... 77

4.8.1. Parâmetros editados no Etap ..................................................................... 78

4.9. Estudos de fluxo de potência .......................................................................... 80

4.10. Estudos de curto-circuito ................................................................................ 83

4.11. Dimensionamento dos principais equipamentos............................................. 84

4.12. Conclusão do capítulo ..................................................................................... 90

CAPÍTULO 5 – ESTUDOS DE CONEXÃO........................................................................... 92

5.1. Introdução ....................................................................................................... 92

5.2. Qualidade da energia e a importância dos estudos de conexão dos sistemas de

geração 92

5.3. Regulamentação e normas da conexão no sistema de transmissão ................. 93

5.3.1. Requisitos técnicos mínimos para a conexão de centrais eólicas na rede

básica 96

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5.4. Regulamentação e normas da conexão no sistema de distribuição ................. 99

5.5. ANAREDE – Programa de Análise de Redes (versão estudante) .................. 99

5.6. Estudo de caso............................................................................................... 100

5.7. Simulações .................................................................................................... 100

5.7.1. Perfil de tensão nas barras ....................................................................... 101

5.7.2. Fluxo de potência nas linhas.................................................................... 104

5.7.3. Análise de contingências ......................................................................... 107

5.8. Conclusão do capítulo ................................................................................... 107

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES ........................................................................................... 108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 110

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Histórico do desenvolvimento da energia eólica (Parte 1) [1]. ............................... 14

Figura 2 – Aerogerador desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial [22]. .................... 15

Figura 3 – Histórico do desenvolvimento da energia eólica (Parte 2) [1]. ............................... 16

Figura 4 – PROINFA no território nacional [21]. .................................................................... 17

Figura 5 – Evolução do diâmetro/potência dos aerogeradores com o passar dos anos [1]. ..... 18

Figura 6 – Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar [13]. ................... 20

Figura 7 – Série temporal de velocidade de vento – semana 04 a 11/09/2002 – Sítio Nordeste

[4].............................................................................................................................................. 21

Figura 8 – Histograma da velocidade de vento do Sítio Nordeste I [4]. .................................. 22

Figura 9 – Formas que a Função de Weibull pode assumir para valores distintos de k e c=1

[4].............................................................................................................................................. 23

Figura 10 – Curva de rendimento de um aerogerador típico [2]. ............................................. 25

Figura 11 – Forma típica de uma curva de potência de um aerogerador que possui controle

Estol [1]. ................................................................................................................................... 26

Figura 12 – Forma típica de uma curva de potência de um aerogerador com controle do tipo

Passo [1].................................................................................................................................... 27

Figura 13 – Curva de Potência de um aerogerador típico [2]. .................................................. 28

Figura 14 – Geração anual de uma turbina eólica [4]. .............................................................. 29

Figura 15 – Complementariedade dos sistemas eólico e hídrico da região nordeste do Brasil

(bacia do São Francisco) [34]. .................................................................................................. 30

Figura 16 – Variação da velocidade do vento com a altura [4]. ............................................... 32

Figura 17 – Variação da velocidade do vento de acordo com a classe de rugosidade e altura

[4].............................................................................................................................................. 33

Figura 18 – Efeito de sombreamento observado em uma usina eólica [4]. .............................. 33

Figura 19 – Maior parque eólico off-shore do mundo localizado na costa sudeste da Inglaterra.

"Thanet Off-Shore Wind Farm". .............................................................................................. 34

Figura 20 – Potencial eólico do Brasil por regiões [13]. .......................................................... 36

Figura 21 – Potencial eólico do Brasil [11]. ............................................................................. 37

Figura 22 – Imagem ilustrativa de um sistema isolado, onde baterias são utilizadas para o

armazenamento de energia [1]. ................................................................................................. 39

Figura 23 – Resultado do leilão de energia eólica [33]. ........................................................... 41

Figura 24 – Imagem de um aerogerador de eixo vertical [1]. .................................................. 44

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x

Figura 25 – Imagem de um aerogerador de eixo horizontal [1]. .............................................. 44

Figura 26 – Classificação dos aerogeradores quanto à potência. ............................................. 44

Figura 27 – Configurações de aerogeradores, utilizando geradores assíncronos, mais

utilizados comercialmente [3]. .................................................................................................. 46

Figura 28 – Principais configurações de aerogeradores utilizando geradores síncronos [3]. ... 48

Figura 29 – Componentes de uma turbina típica [11]. ............................................................. 50

Figura 30 – Imagem ilustrativa da nacele de um aerogerador [1]. ........................................... 51

Figura 31 – Imagem ilustrativa de um cubo de uma turbina. ................................................... 51

Figura 32 – Imagem ilustrativa de um gerador conectado à caixa de engrenagens [1]. ........... 52

Figura 33 – Torre em montagem. ............................................................................................. 53

Figura 34 – Aerogerador da Mitsubishi adotado como padrão no parque eólico do projeto

[27]............................................................................................................................................ 54

Figura 35 – Distâncias mínimas a serem respeitadas para a alocação dos aerogeradores –

Critério 1 [18]. .......................................................................................................................... 54

Figura 36 – Distâncias mínimas a serem respeitadas para a alocação dos aerogeradores –

Critério 2 [8]. ............................................................................................................................ 55

Figura 37 – Imagem ilustrativa da disposição dos sessenta aerogeradores no parque eólico. . 55

Figura 38 – Disposição dos aerogeradores no parque eólico Alegria I [29]. ........................... 56

Figura 39 – Exemplo de um Transformador a Seco da WEG [28]. ......................................... 57

Figura 40 - Esquema ilustrando um transformador do tipo delta-estrela aterrado. .................. 58

Figura 41 – Exemplo ilustrativo de um painel elétrico. ............................................................ 60

Figura 42 – Estrutura Inicial do Painel. .................................................................................... 61

Figura 43 – Estrutura final do painel elétrico e exemplo de ligação entre dois painéis. .......... 63

Figura 44 – Ficha Técnica do cabo Eprotenax Compact 105 [26]. .......................................... 64

Figura 45 - Simbologia utilizada para o método de instalação "diretamente enterrado" e para

as disposições dos condutores de modo "trifólio" e "planar", respectivamente. ...................... 65

Figura 46 – Disposição adotada para os aerogeradores, painéis e transformadores no parque

eólico......................................................................................................................................... 69

Figura 47 - Topologia: Barra Simples ...................................................................................... 71

Figura 48 - Topologia: Barra Simples Seccionada ................................................................... 72

Figura 49 - Topologia: Principal e Transferência ..................................................................... 74

Figura 50 – Configuração que mescla as topologias barra “Simples Seccionada” e “Principal

e Transferência”. ....................................................................................................................... 75

Figura 51 – Fluxograma do processo de determinação da seção dos condutores. ................... 77

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xi

Figura 52 – Alguns dos parâmetros de um motor de indução do Etap. .................................... 78

Figura 53 – Alguns dos parâmetros de um transformador de dois enrolamentos do Etap Power

Station. ...................................................................................................................................... 79

Figura 54 – Alguns dos parâmetros do cabo do Etap. .............................................................. 79

Figura 55 – Alguns dos parâmetros de uma subestação do Etap Power Station. ..................... 80

Figura 56 – Resultado das tensões em todos os pontos elétricos do parque eólico para a

alternativa considerando a tensão de 24,0 kV. ......................................................................... 81

Figura 57 – Resultado das tensões em todos os pontos elétricos do parque eólico para a

alternativa considerando a tensão de 34,5 kV. ......................................................................... 82

Figura 58 – Análise da corrente de curto-circuito para o nível de tensão de 24 kV para todos

os pontos elétricos do parque eólico. ........................................................................................ 83

Figura 59 – Análise da corrente de curto-circuito para o nível de tensão de 34,5 kV para todos

os pontos elétricos do parque eólico. ........................................................................................ 84

Figura 60 – Localização do transformador e do painel a ser dimensionado. ........................... 85

Figura 61 – Elementos que serão dimensionados. .................................................................... 86

Figura 62 – Etapas previstas para a aprovação da conexão da geração na rede de

transmissão [23]. ....................................................................................................................... 95

Figura 63 – Tensão suportada de acordo com a duração da falta. ............................................ 98

Figura 64 – Sistema simulado................................................................................................. 101

Figura 65 – Comportamento da tensão das barras do sistema IEEE14 quando da inclusão de

uma nova geração a carga leve e pesada. ............................................................................... 103

Figura 66 – Comportamento da potência ativa para as três configurações analisadas. .......... 105

Figura 67 – Comportamento da potência reativa para as três configurações analisadas. ....... 106

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xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classe de rugosidade de acordo com a paisagem [4]. ............................................. 32

Tabela 2 - Classificação das nações com maiores potências instaladas off-shore [15]. ........... 35

Tabela 3 – Empreendimentos em operação, construção e outorgados [21]. ............................ 38

Tabela 4 – Leilão de Energia de Reserva/2011 [14]. ................................................................ 41

Tabela 5 - Cálculos das distâncias entre os aerogeradores e da área ocupada pelos mesmos no

parque eólico............................................................................................................................. 56

Tabela 6 – Dados técnicos de um transformador seco da WEG cuja classe de tensão é 15 kV e

frequência de 60 Hz [28]. ......................................................................................................... 59

Tabela 7 – Tabela comparativa topologia da subestação x número de equipamentos ............. 76

Tabela 8 - Análises dos custos envolvidos com as perdas ôhmicas ao longo de 30 anos. ....... 82

Tabela 9 – Dados técnicos mínimos para a especificação do transformador de potência. ....... 86

Tabela 10 – Dados técnicos mínimos para a especificação do disjuntor de alta tensão. .......... 87

Tabela 11 – Dados técnicos mínimos para a especificação da chave seccionadora. ................ 88

Tabela 12 - Dados técnicos mínimos para a especificação da mufla ou terminação. ............... 88

Tabela 13 - Dados técnicos mínimos para a especificação do para-raios................................. 89

Tabela 14 - Dados técnicos mínimos para a especificação do painel. ...................................... 90

Tabela 15 – Distúrbios causados por aerogeradores à rede elétrica [1]. .................................. 93

Tabela 16 – Requisitos técnicos gerais para centrais eólicas [23]. ........................................... 97

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1. Considerações iniciais e relevância do tema

A energia eólica é uma fonte promissora, especialmente por ser abundante, renovável,

limpa e não emissora dos gases de efeito estufa. Por estes e outros motivos, diversos trabalhos

relacionados a este tipo de geração têm sido publicados [1 – 9].

O Brasil destaca-se neste cenário por possuir um imenso potencial eólico ainda não

explorado. Apesar do crescente aumento da oferta de energia provida por fontes eólicas nos

últimos leilões de energia, ainda há muito que ser analisado e explorado [10 – 15].

Sabe-se que o custo das turbinas eólicas ainda é muito alto no Brasil e, dependendo da

tecnologia utilizada, o preço estimado de um aerogerador de 2,5 MW, por exemplo, pode

variar entre US$2.5000.000,00 a US$5.000.000,00. Sendo assim, ao se desenvolver um

projeto de uma planta eólica deve-se visar também à redução de custos para que seja possível

e viável a execução do empreendimento. É importante ressaltar que em uma usina eólica,

dentre outros fatores, a receita da geração líquida será determinada considerando-se o fator de

capacidade da usina (proporção entre a produção efetiva da usina e a capacidade total

instalada, em um determinado período de tempo), enquanto que o custo da instalação é

determinado pela capacidade instalada.

Existem outros fatores que devem ser considerados no planejamento do projeto, pois

podem impactar fortemente os custos finais envolvidos no mesmo:

o Necessidade de construção ou de reforço da infraestrutura de transmissão ou de

distribuição de energia elétrica;

o Construção de obras civis na região, como estradas para o transporte dos

equipamentos.

Portanto, apesar de existir um enorme potencial eólico a ser explorado, inúmeros são

os fatores que afetam os projetos de parques eólicos e que, devido a grande importância,

motivam a realização de diversos estudos e análises de forma a evitar o máximo possível que

algum equívoco possa vir a acontecer, resultando no comprometimento dos resultados

esperados ou até na inviabilização do projeto.

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1.2. História

A utilização do vento como recurso para a substituição da tração humana data de cerca

de 2000 anos A.C. na China, onde rudimentares moinhos foram criados, principalmente, para

moagem de grãos e bombeamento de água.

Após o movimento das cruzadas (século XI) ocorreu o desenvolvimento dos moinhos

de vento e sua diversificação intensificou-se em toda a Europa, destacando-se a Holanda. No

entanto, com o advento da Revolução Industrial e a criação em larga escala da máquina a

vapor e, posteriormente, das máquinas movidas a carvão, houve o seu declínio, como pode ser

observado na Figura 1 [1] [22].

Figura 1 – Histórico do desenvolvimento da energia eólica (Parte 1) [1].

Em meados do século XIX o americano Brush destacou-se no cenário mundial ao criar

o primeiro cata-vento destinado à geração de energia elétrica. Outro fato histórico que, direta

ou indiretamente, auxiliou no desenvolvimento de estudos nessa área de fontes renováveis foi

a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, pois as grandes potências envolvidas no conflito

necessitavam economizar combustíveis fósseis para outros fins e, por isso, financiaram

grandes projetos, tais como de aerogeradores. A Figura 2 mostra um aerogerador

desenvolvido durante o conflito.

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15

Figura 2 – Aerogerador desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial [22].

A partir da década de 70, diversos fatores, como os expostos a seguir e ilustrados na

Figura 3, foram responsáveis para que o cenário energético mundial, até então dominado

plenamente pelas fontes não renováveis, iniciasse um processo de mudança:

o Aumento da demanda de energia decorrente do aumento populacional e do setor

industrial;

o As “Crises do Petróleo”;

o Conflitos pela posse de regiões ricas em petróleo;

o A repercussão de grandes acidentes ecológicos como o de Chernobyl, o

surgimento do conceito de “Desenvolvimento Sustentável” e a maior preocupação

ecológica (criação de leis ambientais).

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Figura 3 – Histórico do desenvolvimento da energia eólica (Parte 2) [1].

Em meio a esse cenário de “Crise Energética” e de maior conscientização da

população como um todo, incentivos fiscais do governo para o desenvolvimento de tecnologia

em fontes renováveis começaram a ocorrer em diferentes nações.

Um marco ocorrido no Brasil foi a criação em 2002 do PROINFA (Programa de

Incentivo às Fontes Alternativas de Energia) [21] que dentre os principais objetivos traçados,

destacam-se:

o Diversificação da matriz energética nacional;

o Redução das emissões de gases estufa, como o CO2;

o Criação de milhares de empregos;

o Capacitação de muitos profissionais, entre outros.

Neste programa estava prevista a instalação de 144 projetos que abrangem 19 estados

brasileiros, divididos entre pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s), biomassa e eólica. Tais

empreendimentos encontram-se, sobretudo, na região nordeste, como pode ser observado na

Figura 4.

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Figura 4 – PROINFA no território nacional [21].

Um fator muito positivo para o desenvolvimento de novos empreendimentos de

geração a partir do vento foi a expansão dos aerogeradores. Todo o cenário de incentivos

governamentais resultou no barateamento das turbinas e, com isso, no aumento da

comercialização das mesmas que evoluíram tanto em tecnologia quanto em suas

dimensões/potência.

A evolução da dimensão do rotor das turbinas desde 1985 até 2005 e a expectativa

para 2010 podem ser observadas na figura abaixo. Atualmente, turbinas com capacidade de

geração em torno de 7 MW já são comercializadas, validando as projeções realizadas.

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Figura 5 – Evolução do diâmetro/potência dos aerogeradores com o passar dos anos [1].

1.3. Objetivos

A realização deste trabalho visa auxiliar estudantes e, até mesmo, profissionais que

estão iniciando estudos nessa área de geração de energia, permitindo um embasamento teórico

dos principais assuntos relacionados ao tema que devem ser analisados para que a posterior

realização do projeto básico do parque eólico possa ser realizada e concluída procurando

garantir a eficácia do projeto.

Apesar da ampliação dos empreendimentos eólicos e do maior interesse nesta fonte de

energia, certo esforço é exigido ao se procurar documentos que tenham grande abrangência na

área de conceitos e de projeto. A dificuldade mencionada é um dos fatores que impulsionou a

realização do presente estudo que, além de concentrar os mais diversos conhecimentos

relacionados à energia eólica, realizará um projeto básico e também alguns estudos de

conexão.

Além disso, cabe destacar que muitos dos tópicos aprendidos ao longo deste trabalho

podem ser estendidos para projetos que não estejam ligados somente à geração eólica, mas

também no planejamento de outras instalações de geração através das análises de fluxo de

potência e curto-circuito, dimensionamento de condutores e estudos de conexão. Assim, neste

projeto, teve-se como objetivo também o aprendizado para a realização e a aplicação destes

vários estudos.

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1.4. Publicações decorrentes do trabalho

o OLIVEIRA, K. L. M., ARAUJO, D. R. R. P., ARAUJO, L. R. “Projeto Básico de um

Parque Eólico e Estudos de Conexão”. 7° PDPETRO - Congresso Brasileiro de

Pesquisa e Desenvolvimento em Petróleo e Gás. Aracaju/SE. Outubro de 2013.

o OLIVEIRA, K. L. M., ARAUJO, D. R. R. P., ARAUJO, L. R., FILHO, M. C.,

BENETELI, T. A. P. “Aplicação de Métodos Computacionais para a Elaboração de

um Projeto Básico de um Parque Eólico e Estudos de Conexão”. 11° CAIP -

Congreso Interamericano de Computación Aplicada a La Industria de Procesos.

Lima/Peru. Outubro de 2013.

1.5. Estrutura do trabalho

O presente trabalho está dividido em seis capítulos, dos quais esta introdução é o

primeiro. No Capítulo 2 basicamente é realizada uma revisão dos principais conceitos e

características relacionados à energia eólica, tais como: o mecanismo de formação dos ventos

e a importância do estudo do seu comportamento através de séries temporais, a estimativa da

potência extraída do vento e da geração, as principais vantagens e desvantagens da utilização

dessa fonte de energia, parques eólicos e os fatores que interferem no regime do vento, entre

outros tópicos. O enfoque principal do Capítulo 3 é a abordagem dos principais equipamentos

presentes no parque eólico como os aerogeradores, transformadores, painéis e cabos. Os

critérios envolvidos na alocação das turbinas serão também discutidos nesse capítulo. O

objetivo do quarto capítulo é apresentar a definição de projeto básico bem como as premissas

adotadas para a realização desse trabalho. Os resultados dos estudos internos ao parque eólico,

como dimensionamento dos condutores, fluxo de potência e curto-circuito são apresentados e

discutidos. O Capítulo 5 é destinado aos estudos relacionados à conexão do parque eólico na

rede de concessionária ou no Sistema Interligado Nacional (SIN). Tal conteúdo pode ser

encontrado em dois documentos denominados “Procedimentos de Rede” e “Procedimentos de

Distribuição” que tratam, respectivamente, de toda regulamentação e das normas que

envolvem a conexão da geração na transmissão e na distribuição. No Capítulo 6 é feita uma

conclusão de todos os estudos realizados ao longo desse projeto e, por fim, é apresentada a

bibliografia utilizada.

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CAPÍTULO 2 – ENERGIA EÓLICA: PRINCIPAIS

CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS

2.1. Introdução

Neste capítulo serão apresentados conceitos e características importantes para o

entendimento do assunto e posterior aplicação em projetos de parques eólicos.

2.2. O mecanismo de formação dos ventos e o estudo do seu

comportamento através de séries temporais

A energia proveniente dos ventos é indiretamente uma forma de energia resultante do

aquecimento desigual da superfície da terra, já que de tal processo resulta a formação de

zonas de alta e baixa pressão responsáveis pelo deslocamento das massas de ar [1]. Este

processo é representado na Figura 6.

Figura 6 – Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar [13].

O conhecimento do comportamento do vento não é importante apenas para que seja

possível estimar a geração do parque eólico e seus rendimentos, mas também é fundamental

para que os fabricantes possam aperfeiçoar suas turbinas de acordo com o local onde serão

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dispostos os aerogeradores, visando dotar o sistema de maior eficiência no aproveitamento da

energia contida no vento.

Sendo assim, uma extensa coleta de dados sobre a velocidade do vento em

determinada região é primordial para que se criem as chamadas “Séries Temporais” (conjunto

de observações realizadas em momentos diferentes de tempo, estando sujeitas a variações

aleatórias), como é exemplificado na Figura 7, que objetivam explicar o comportamento

aleatório do vento.

Figura 7 – Série temporal de velocidade de vento – semana 04 a 11/09/2002 – Sítio Nordeste [4].

O vento apresenta variações no decorrer do tempo que podem ser de rápida duração,

diárias, sazonais e anuais e o conhecimento de cada uma delas é essencial para a realização de

diversas análises que abrangem desde a viabilidade da implantação de usinas naquela região à

verificação das estimativas de geração, como é destacado em [4]:

“As variações diárias e sazonais são importantes para uma estimativa do suprimento

da demanda de um sistema elétrico. Como exemplo, sabendo-se que na maioria das vezes a

velocidade do vento é maior durante o dia que durante a noite, se o pico de carga do sistema

ocorrer durante o dia, ele pode ser suprido tanto pelas usinas convencionais, desempenhando

o papel de geração de base, quanto pelas usinas eólicas existentes, desempenhando o papel

de geração de ponta. Por outro lado, se os ventos não são tão fortes durante o dia, a

implantação de uma usina eólica neste sistema não seria interessante. A variação anual de

velocidade de vento também é importante para estudos de viabilidade de implantação de

usinas eólicas porque fornece um conhecimento do regime local dos ventos, embora a

variação encontrada neste caso seja bem menor do que a variação sazonal.”

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À medida que se torna necessário um grande banco de dados, o manuseio também é

dificultado levando à utilização de modelos probabilísticos que representem tal fenômeno da

maneira mais fiel possível. Por ter um comportamento aleatório, a melhor forma de descrever

o comportamento de tal variável é por meio de métodos estatísticos, onde a incerteza é

modelada a fim de que fenômenos futuros possam ser previstos ou estimados [2].

Sabe-se que para utilizar essa ferramenta matemática, estudos de medidas estatísticas

(média, mediana, variância e desvio padrão) são necessários e, para grandes conjuntos de

medidas, como neste caso, outra ferramenta de comum utilização é o agrupamento de dados

em intervalos, que permite a visualização da frequência de ocorrência das medidas.

Portanto, o regime de vento de qualquer sítio pode ser representado por uma função de

distribuição, como a ilustrada na Figura 8.

Figura 8 – Histograma da velocidade de vento do Sítio Nordeste I [4].

Existem diversas funções de densidade de probabilidade que podem representar esse

comportamento aleatório do vento, porém a que apresenta melhores resultados é a Função de

Weibull, definida da seguinte maneira [4]:

Onde é a velocidade para qual se deseja calcular a probabilidade, e são,

respectivamente, os parâmetros de escala e de forma. Para a determinação de tais parâmetros

existem vários métodos, dependendo da escolha dos dados disponíveis e da precisão desejada.

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Como pode ser observado na Figura 9, quanto maior o valor de mais estreita é a curva de

Weibull.

Figura 9 – Formas que a Função de Weibull pode assumir para valores distintos de k e c=1 [4].

A dependência da geração eólica das condições atmosféricas torna essa fonte de

energia extremamente vulnerável e de difícil previsão, já que não se consegue prever ao certo

se haverá ou não ventos fortes que possibilitem o funcionamento do parque eólico.

Visando considerar esse cenário, diversos programas que aproximam os valores

previstos daqueles realmente verificados (medidos) têm sido desenvolvidos, tais como: Redes

Neurais Artificiais (RNA) e Lógica Nebulosa (Lógica “Fuzzy”). Alguns desses modelos

computacionais e matemáticos, além de fornecerem estimativas de produção de energia, ainda

calculam indicadores de desempenho, parâmetros extremamente importantes para a

verificação da eficiência da usina em estudo [4]. É importante frisar que, além do

comportamento estocástico do vento, o desempenho operativo (taxas de falha e reparo) dos

aerogeradores também é importante e deve ser levado em consideração, a fim de que curvas

de potência mais próximas da realidade sejam geradas.

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2.3. Potência extraída do vento e a curva de rendimento de um

aerogerador típico

Conforme citado anteriormente, antes que qualquer parque eólico seja instalado é

fundamental uma longa análise da região de implantação, a fim de que se verifique se as

condições de vento do local são apropriadas para a geração de energia.

Sabendo-se a velocidade do vento no instante considerado é possível calcular a energia

disponível no vento [2] [8]:

Onde:

Energia cinética.

– Velocidade do vento.

Massa do ar.

A partir da relação mostrada anteriormente, calcula-se a correspondente potência

máxima disponível:

Onde:

Potência disponível no vento [W].

– Massa específica do ar [kg/m³].

– Área da seção transversal ( ), em que é o diâmetro do rotor [m²].

– Velocidade do vento [m/s].

Porém, sabe-se que nem toda potência disponível no vento pode ser extraída pelo

aerogerador devido, entre outros fatores, às características operativas da turbina (limitações do

sistema mecânico). Portanto, um fator chamado de coeficiente de aproveitamento

aerodinâmico ou coeficiente de potência ( ) é introduzido.

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Portanto, associando as duas últimas equações, chega-se à seguinte relação da potência

da turbina eólica:

Onde:

– Potência da turbina eólica [W].

– Coeficiente de aproveitamento aerodinâmico.

– Massa específica do ar [kg/m³].

– Área da seção transversal ( ), em que é o diâmetro do rotor [m²].

– Velocidade cinética do vento [m/s].

A curva que relaciona o coeficiente de aproveitamento aerodinâmico de acordo com a

velocidade do vento é chamada de “curva de rendimento” e pode ser visualizada na Figura 10.

Figura 10 – Curva de rendimento de um aerogerador típico [2].

Como pode ser constatado na Figura 10, o coeficiente de potência cresce até que a

velocidade nominal da turbina seja atingida, reduzindo seu valor à medida que a velocidade

aumenta. Ele varia a magnitude a fim de manter a potência de saída da turbina constante

(como a potência é proporcional ao cubo da velocidade do vento, quaisquer mudanças nesta

provocariam grandes variações de geração) e essa limitação da geração é feita através dos

mecanismos de controles. Seu valor máximo típico gira em torno de 44% [2].

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Os aerogeradores modernos contam com diversos mecanismos de controle (mecânico,

aerodinâmico ou eletrônico) que destinam-se à orientação do rotor, controle de velocidade,

controle de carga, entre outros. Se considerarmos a potência gerada pela turbina, temos dois

tipos principais: Controle Estol (Stall) e Passo (Pitch). O primeiro foi durante muito tempo o

mais utilizado, no entanto, por apresentar maior flexibilidade na operação e melhor

desempenho, atualmente o controle Passo tem sido mais frequentemente adotado. O

mecanismo básico de funcionamento de cada um desses controles será apresentado na

sequência.

Controle do Tipo Estol (Stall)

É um sistema dito “passivo”, pois reage à velocidade do vento. O ângulo de passo é

escolhido no projeto do aerogerador, de modo que quando a velocidade do vento ultrapassa a

velocidade nominal, as forças de arrasto aumentam e as de sustentação diminuem, através do

“descolamento aerodinâmico do vento” [1]. Nestas condições, tais forças agem contra o

aumento da potência do rotor. A curva típica de um aerogerador que possui controle de

potência ativa do tipo passo é ilustrada na Figura 11.

Quando comparado ao controle de passo que será relatado a seguir, este apresenta as

seguintes vantagens:

I. Número menor de peças móveis o que faz com que o sistema tenha menor

manutenção;

II. Estrutura simples do cubo do rotor.

Figura 11 – Forma típica de uma curva de potência de um aerogerador que possui controle Estol

[1].

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Controle do Tipo Passo (Pitch)

Constitui-se de um mecanismo ativo de controle da potência das turbinas eólicas

através da variação do ângulo de passo. Quando a potência nominal é ultrapassada as pás

giram ao redor do seu eixo longitudinal e mudam o ângulo de ataque a fim de diminuir as

forças aerodinâmicas e, consequentemente, permitir que a potência gerada pela turbina seja

constante no valor nominal projetado. Devido à variação do ângulo de passo, essa técnica é

mais sofisticada e eficiente do que o controle estol. O comportamento da potência de acordo

com a velocidade do vento para aerogeradores que utilizam esse mecanismo de controle de

potência ativa pode ser visualizado na Figura 12.

Principais vantagens em relação ao controle do tipo estol:

I. Controle da potência ativa sob todas as condições de vento;

II. Alcançam potência nominal mesmo sob condições de baixa massa específica do ar;

III. Maior produção de energia sob as mesmas condições;

IV. Não é necessária a utilização de fortes freios para paradas de emergência;

V. Partida simples do rotor pela mudança do passo, entre outras.

Figura 12 – Forma típica de uma curva de potência de um aerogerador com controle do tipo

Passo [1].

As turbinas eólicas são projetadas para gerar máxima potência em uma determinada

velocidade do vento (velocidade nominal), geralmente em torno de 12 a 15 m/s.

O gráfico presente na Figura 13 correlaciona a velocidade do vento com a potência de

saída do aerogerador, além de mostrar as velocidades de acionamento (cut-in) e de corte (cut-

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out) típicas, abaixo e acima das quais, respectivamente, a máquina não consegue produzir

energia.

Figura 13 – Curva de Potência de um aerogerador típico [2].

As turbinas eólicas iniciam a geração a partir da velocidade de acionamento projetada

que normalmente se encontra em torno de 2 a 3 m/s. No entanto, há uma velocidade limite

(chamada de velocidade de corte) acima da qual a máquina é retirada de operação a fim de

prevenir possíveis acidentes e danos materiais.

2.4. Estimativas de geração

Para um cálculo preciso da geração é necessário conhecer as características do regime

local do vento (histograma de velocidade do vento ou Distribuição de Weibull) e a curva de

potência da turbina eólica. Para cada valor de velocidade possível de ocorrer, o número de

horas em que o vento permanece nesta velocidade é multiplicado pela potência gerada pela

turbina, através da curva de potência. Estes valores são somados a fim de que a energia anual

produzida seja encontrada. Segue uma imagem ilustrativa de tal processo.

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Figura 14 – Geração anual de uma turbina eólica [4].

2.5. Vantagens e desvantagens da utilização da energia eólica

Neste tópico serão destacadas as principais vantagens e desvantagens dessa fonte de

energia.

VANTAGENS

I. É uma fonte de energia inesgotável e limpa, ou seja, quanto mais parques eólios forem

construídos em detrimento das fontes baseadas no consumo de combustíveis fósseis

ou, até mesmo, grandes hidrelétricas com reservatórios, menos gases de efeito estufa

como o CO2 serão emitidos para a atmosfera.

II. É uma fonte de energia que não possui gastos com o combustível.

III. Possui um tempo de implantação pequeno, se comparado ao tempo de construção de

uma usina hidrelétrica, por exemplo.

IV. Não há limitação do uso das áreas destinadas a abrigarem os aerogeradores, já que

estas podem ser utilizadas, paralelamente à geração eólica, para outros fins, como:

cultivos agrícolas e prática da pecuária.

V. A geração de energia eólica no Brasil possui uma particularidade interessante advinda

da complementaridade que existe dos sistemas hídrico e eólico : a época do ano em que

as usinas hidroelétricas estão com os seus reservatórios mais vazios coincide com o

período de ventos com maiores velocidades. Essa característica é observada, por

exemplo, na bacia do rio São Francisco, como pode ser observado na Figura 15.

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Figura 15 – Complementariedade dos sistemas eólico e hídrico da região nordeste do Brasil

(bacia do São Francisco) [34].

Outra característica muito interessante ainda não mencionada é o fato de cerca de 70%

da população brasileira (consumidores) encontrar-se na faixa litorânea do país, região de

maior potencial eólico [1 – 9].

DESVANTAGENS

I. Emissão de ruídos: apesar do nível de ruído emitido pelas turbinas ter diminuído

sensivelmente à medida que tais máquinas foram aperfeiçoadas, ainda há

pesquisadores que defendem a ideia de que tal barulho pode ser prejudicial aos seres

humanos e perturbar animais que nessas regiões habitam.

II. Alteração visual: parques eólicos com dezenas de aerogeradores provocam alteração

no visual devido às enormes pás dessas turbinas, motivo pelo qual estas estão sendo

pintadas de azul ou branco em busca de impactar menos a paisagem.

III. Mortalidade de aves: para que tais projetos sejam aprovados, são necessários estudos

ambientais para verificar se a região de implantação do parque não é rota migratória

de pássaros, já que a mortalidade desses é um dos grandes imbróglios para a

efetivação do projeto. Em virtude dos frequentes choques envolvendo as aves nas pás

das turbinas, as extremidades destas estão sendo pintadas de vermelho a fim de que as

aves consigam perceber a presença dos aerogeradores e desviar.

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IV. A circulação do ar é modificada pelas turbinas o que pode vir a afetar o clima local e

gerar micro-climas.

V. Reflexão de ondas magnéticas: a possível ocorrência de interferência em sistemas de

telecomunicação implica na necessidade de grande distanciamento entre parques

eólicos e qualquer sistema que dependa de pouquíssima interferência em seus sistemas

de comunicação de dados, como os aeroportos.

VI. Equipamentos ainda relativamente caros.

VII. Imprevisibilidade: a geração de energia através dos ventos é de difícil previsão, sendo

necessário um extenso trabalho de coleta de dados para que uma análise probabilística

possa ser feita com certa margem de erro aceitável, de modo a representar

adequadamente o comportamento do vento em tal região (séries temporais de vento).

2.6. Parques eólicos e os fatores que influenciam no regime do

vento – Escolha da localidade

Por definição, parque eólico (também chamado de central eólica) é um espaço,

terrestre ou marinho, onde aerogeradores são dispostos, destinando-se à geração de energia a

partir do aproveitamento da velocidade do vento. Portanto, é necessário um estudo criterioso

das condições de vento, bem como da topologia da região, pois uma escolha inadequada da

localização desses parques pode resultar na criação de usinas eólicas ineficientes e

economicamente inviáveis.

Serão descritos a seguir os principais fatores que influenciam no regime do vento e

que por isso merecem toda a atenção:

o Altura – como pode ser observado na Figura 16, a velocidade do vento varia com a

altura, motivo pelo qual as torres que sustentam os aerogeradores são elevadas e

devem ser devidamente escolhidas de acordo com as condições da localidade.

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Figura 16 – Variação da velocidade do vento com a altura [4].

o Rugosidade - Não menos importante que a altura, destaca-se também a variação da

velocidade do vento de acordo com características do terreno (obstáculos e relevo). O

fato da classe de rugosidade ser menor em superfícies marítimas tem motivado

projetos de parques eólicos off-shore, como será mostrado ainda neste capítulo. A

Tabela 1 mostra a classe de rugosidade do terreno de acordo com suas características.

Tabela 1 – Classe de rugosidade de acordo com a paisagem [4].

Em [4], através da Figura 17, ilustrou-se a influência desses dois fatores em conjunto

no comportamento do vento.

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Figura 17 – Variação da velocidade do vento de acordo com a classe de rugosidade e altura [4].

o Sombreamento da Torre e Efeito Esteira – Ao passar por uma turbina, o vento sai

com uma velocidade menor e uma direção diferente, possuindo uma turbulência muito

forte que pode comprometer a geração e a integridade física das máquinas se

posicionadas muito próximas umas das outras. Os fatores mencionados explicam o

distanciamento entre as turbinas que deve ser respeitado e que será abordado no

Capítulo 4 mais detalhadamente. Na Figura 18 é possível termos uma noção da

turbulência do vento ao sair das pás de um aerogerador.

Figura 18 – Efeito de sombreamento observado em uma usina eólica [4].

Ao pensar conjuntamente em tudo o que foi mencionado até então, lista-se um

conjunto de características que a região deve possuir para que seja considerada

potencialmente viável a instalação de uma planta eólica.

Presença de pouca rugosidade;

Presença de ventos constantes e com elevada velocidade média;

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Ventos com mínima turbulência e variação da direção.

2.6.1. Curiosidade: Parque eólico off-shore

Devido à sua característica de pouquíssima rugosidade e grandes rajadas de vento, o

mar tem sido o destino de alguns parques eólicos. Essas instalações off-shore possibilitam o

que é denominado “eficácia de potência unitária”, ou seja, maior potência com menor número

de aerogeradores. No entanto, a instalação dos aerogeradores é bem mais complicada devido à

necessidade de profundos conhecimentos, por exemplo, em fundações. Na Figura 19

apresenta-se uma foto do maior parque off-shore do mundo.

Figura 19 – Maior parque eólico off-shore do mundo localizado na costa sudeste da Inglaterra.

"Thanet Off-Shore Wind Farm".

A Tabela 2 mostra o ranking realizado em 2010 das maiores nações do mundo em

relação à potência off-shore instalada em MW.

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Tabela 2 - Classificação das nações com maiores potê ncias instaladas off-shore [15].

2.7. Potencial eólico e capacidade de geração do B rasil

As Figuras 20 e 21 visam ilustrar o potencial eólico do território brasileiro bem como

sua capacidade de geração.

Como pode ser observado na Figura 20, mais da metade do potencial eólico do Brasil

concentra-se na região nordeste do país (aproximadamente 52,3%), seguida pelas regiões

sudeste e sul.

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Figura 20 – Potencial eólico do Brasil por regiões [13].

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Figura 21 – Potencial eólico do Brasil [11].

A imagem apresentada na Figura 21 faz uma análise da capacidade de geração do

território nacional com relação à velocidade média do vento (em m/s). É possível constatar a

predominância de ventos mais fortes no litoral, justificando a maior concentração dos

empreendimentos eólicos em tais regiões do país.

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A Tabela 3 objetiva traçar um paralelo entre os diversos tipos de geração presentes na

matriz energética brasileira (hidrelétricas, termelétricas, eolielétricas, entre outras), assim

como mostrar a evolução da participação dessas fontes ao analisarmos os empreendimentos

em construção e os outorgados.

Tabela 3 – Empreendimentos em operação, construção e outorgados [21].

Dos 172 projetos em construção, 52 são parques eólicos que constituem 4,39% da

potência total dos empreendimentos. Observando agora os projetos que ainda não iniciaram

sua construção, a porcentagem de usinas eólicas é mais expressiva, constituindo cerca de

30%, ou 23,33% do total da potência outorgada. Todos esses fatores mostram que a parcela de

energia resultante da geração através dos ventos vem crescendo no cenário brasileiro.

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2.8. Aplicações do sistema eólico

O sistema eólico pode ser utilizado basicamente em quatro tipos distintos de

aplicações:

o Sistemas Isolados: normalmente são sistemas de pequeno porte, caracterizados pela

necessidade de utilização de dispositivos para o armazenamento da energia gerada,

como é ilustrado na Figura 22.

Figura 22 – Imagem ilustrativa de um sistema isolado, onde baterias são utilizadas para o

armazenamento de energia [1].

o Sistema Híbrido: geralmente são sistemas de médio porte, não conectados à rede,

caracterizados por terem mais de uma fonte de geração de energia, tais como

geradores a diesel e sistemas fotovoltaicos.

o Sistema Interligado à Rede: são complementares ao sistema elétrico de grande porte,

já que toda energia que produzem é injetada na rede.

o Sistemas Off-Shore: parques eólicos instalados no mar são uma alternativa muitas

vezes onerosa (possuem elevados custos de transporte, instalação e operação), mas já

são encontrados, sobretudo, na Europa.

O estudo de conexão da usina eólica ao sistema elétrico é fundamental e será discutido

com mais detalhes no Capítulo 5. A disponibilidade de ponto de conexão na região é,

normalmente, variável decisiva para a viabilidade do projeto, uma vez que a necessidade de

construção de grandes extensões de linhas de transmissão e de subestações encarece o projeto

e impacta no custo final.

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40

2.9. Leilões de Energia de Reserva: Energia eólica

A contratação de energia de reserva foi regulamentada pelo Decreto n°. 6.353, de

16 de Janeiro de 2008. “Para efeitos deste Decreto, entende-se por energia de reserva aquela

destinada a aumentar a segurança no fornecimento de energia elétrica ao Sistema

Interligado Nacional – SIN, proveniente de usinas especialmente contratadas para este fim”

[36].

O decreto define também a forma como tal energia de reserva deverá ser contratada -

mediante leilões de energia a serem promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL), conforme diretrizes do Ministério de Minas e Energia (MME). Ao MME ficará

incumbida a função de definir o montante de energia de reserva a ser contratada, baseando-se

nos estudos realizados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

A Figura 23 e a Tabela 4 ilustram a evolução do preço da energia eólica nos Leilões de

Energia de Reserva realizados em 2009 e 2011 em que, neste último, foi possível notar que o

preço médio da energia figurou-se pela primeira vez abaixo da casa dos três dígitos (Preço

Médio em R$/ MWh = 99,54). Essa diminuição do preço do MWh, neste caso específico em

torno de 32,92%, é fruto da concorrência promovida pelos leilões e tem sido fundamental para

tornar a energia eólica competitiva no mercado nacional, estimulando, desta forma, a criação

de mais projetos.

Na avaliação do presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, os leilões de energia

realizados em 2011 possibilitaram a quebra de dois paradigmas importantes. Um deles é a

viabilidade da competição de mercado entre as fontes eólicas e gás natural, algo inédito em

termos nacionais.

Outro ponto a ser destacado, segundo Tolmasquim, é a redução contínua dos preços

dos projetos eólicos. “O fato de as eólicas terem sido contratadas a um preço médio final de

dois dígitos, inferiores a R$ 100 o MWh, é a materialização de algo impensável até pouco

tempo atrás. Isso é fruto da competição promovida pelos leilões”, observou o presidente da

EPE [14].

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Figura 23 – Resultado do leilão de energia eólica [33].

Tabela 4 – Leilão de Energia de Reserva/2011 [14].

2.10. Conclusão do capítulo

Ao longo de todo capítulo ficou evidente a necessidade de se se realizar um estudo

minucioso do comportamento do vento, assim como examinar as características do local onde

se planeja implementar um projeto de uma central eólica. Somente a partir de tais

considerações será possível estimar a geração da usina e, com isso, verificar se o projeto

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atende às expectativas. As vantagens oferecidas por essa fonte de energia alternativa, os

incentivos recebidos e o enorme potencial verificado no território brasileiro são alguns dos

fatores que tem impulsionado o crescimento da sua participação nos leilões de energia, a

preços cada vez mais acessíveis e competitivos.

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43

CAPÍTULO 3 – PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS

DE UM PARQUE EÓLICO E DEFINIÇÕES

INICIAIS DO PROJETO

3.1. Introdução

Neste capítulo serão apresentados os principais equipamentos de um parque eólico.

Inicialmente suas principais características serão descritas e, ao final de cada seção de

determinado equipamento, serão apresentadas as definições específicas consideradas para o

projeto do parque eólico deste trabalho.

3.2. Aerogeradores

Os aerogeradores constituem os principais equipamentos presentes no parque eólico.

São os responsáveis pela transformação da energia cinética presente no vento para energia

elétrica entregue, na maioria das vezes, à rede da concessionária ou ao Sistema Interligado

Nacional (SIN).

Nas próximas seções serão abordadas as classificações existentes para essas turbinas,

as topologias mais comuns de conexão na rede, os principais componentes e, por fim, os

critérios que devem ser respeitados para a disposição desses equipamentos no parque, de

modo a não comprometer a integridade física dos mesmos e a eficiência da usina.

3.2.1. Classificação dos aerogeradores

Considerando a posição do eixo, podem ser encontrados no mercado dois tipos de

aerogeradores: de eixo vertical (Figura 24) e de eixo horizontal (Figura 25). O primeiro tipo

possui elevada aplicação nos parques eólicos, enquanto que a segunda configuração é mais

empregada em residências, para pequenas gerações.

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Figura 24 – Imagem de um aerogerador de eixo vertical [1].

Figura 25 – Imagem de um aerogerador de eixo horizontal [1].

Outra classificação de aerogeradores encontrada é quanto a sua potência. Neste caso

eles podem ser: aerogeradores pequenos, médios e grandes.

Figura 26 – Classificação dos aerogeradores quanto à potência.

Pequenos

<500 kW

Médios

Entre 500 e 1000 kW

Grandes

>1 MW

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Ao visualizarmos os diversos tipos de aerogeradores em catálogos de fabricantes, nos

deparamos com a seguinte classificação: turbinas síncronas e assíncronas, as quais serão

abordadas a seguir.

3.2.1.1. Aerogeradores síncronos

Máquinas síncronas são aquelas que utilizam uma fonte de corrente contínua (CC)

independente para alimentar o campo magnético. Nesta máquina há um sincronismo entre a

frequência da tensão alternada aplicada nos terminais da máquina e a velocidade de rotação

mecânica. Tais fatores se relacionam através do número de polos presentes na máquina,

conforme equação a seguir.

Existem duas configurações de máquinas síncronas que se distinguem justamente pelo

método de excitação do campo através de corrente contínua:

Máquinas síncronas com sistema de excitação com escovas

Nesta configuração existe um gerador CC conectado ao eixo do rotor que tem a função

de gerar corrente contínua, através dos anéis coletores e escovas, para a excitação dos

enrolamentos de campo da máquina principal. O desgaste dos anéis coletores e escovas faz

com que esta configuração tenha necessidade de manutenção cuidadosa e frequente.

Máquinas síncronas com sistema de excitação sem escovas

Nesta configuração existe um gerador CA no eixo do rotor seguido por retificadores

que são responsáveis por fornecerem corrente contínua ao circuito de campo da máquina

principal. Como não há contato entre o rotor e o estator da máquina, esta configuração não

requer manutenção tão frequente quando comparada às maquinas síncronas com escovas.

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Apesar de existir a classificação, ao visualizar os diversos catálogos de fabricantes de

aerogeradores, no entanto, não foi encontrado nenhum modelo de turbinas que utilizassem

máquinas síncronas [37 – 41].

3.2.1.2. Aerogeradores assíncronos ou de indução

Nas máquinas assíncronas (ou também conhecidas como máquinas de indução) o

campo magnético é criado por indução eletromagnética. O termo “assíncrono” deriva do fato

da velocidade do campo girante no estator ser diferente da velocidade mecânica do rotor.

Por não ter problemas com sincronismo e produzir eletricidade na tensão e na

frequência especificada, se tornaram atrativas para geração em parques eólicos e atualmente

fazem parte da grande maioria dos projetos de aerogeradores [37 – 41].

3.2.2. Principais topologias utilizadas

Os geradores podem ser conectados de diversas formas à rede. As principais

características dessas topologias serão descritas a seguir e foram baseadas em [3].

3.2.2.1. Configurações que utilizam geradores de indução

A Figura 27 ilustra as quatro topologias de geradores de indução que são mais

encontradas no mercado e na sequência encontram-se maiores detalhes de cada uma.

Figura 27 – Configurações de aerogeradores, utilizando geradores assíncronos, mais utilizados

comercialmente [3].

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a) A utilização dessa topologia foi muito difundida nas décadas de 80 e 90 pelos

fabricantes dinamarqueses. Caracteriza-se por possuir uma máquina de indução de

rotor em gaiola que controla a potência mecânica através do mecanismo stall.

Inicialmente eram conectadas diretamente na rede, no entanto, nos anos 80 esse

modelo passou por algumas modificações, dentre as quais destacam-se: inclusão de

banco de capacitores por estágios (para compensação da potência reativa) e de um

soft-starter (para suavização da conexão do gerador à rede elétrica).

b) Nesta configuração, o banco de capacitores e o soft-starter foram substituídos por um

conversor de frequência para a totalidade de potência (neste caso o conversor de

frequência normalmente é dimensionado para 120% da potência nominal do

aerogerador, permitindo que este opere com rotação variável para todas as velocidades

de vento) ou por um conversor de frequência de potência reduzida (o conversor é

dimensionado de 20 a 30% da potência nominal do aerogerador). Nesta última

configuração, o conversor de frequência é utilizado somente quando o aerogerador

opera com ventos reduzidos. Quando o aerogerador aproxima-se da sua potência

nominal o conversor de frequência sofre um by-pass por um controlador sendo

utilizado, agora, para o controle da potência reativa.

c) Esta configuração, utilizando-se de um gerador assíncrono do rotor bobinado, passou a

ser utilizada a partir da década de 90. Seu princípio de funcionamento resume-se,

basicamente, no controle da resistência do rotor do gerador (através de uma resistência

externa variável) através de um conversor eletrônico de potência. Utilizando o

conversor montado diretamente no eixo do rotor do gerador é possível controlar o

escorregamento do gerador em até 10%. O contro le do escorregamento implica no

controle da potência gerada pelo sistema.

d) Nesta esta última configuração de aerogerador, o conversor eletrônico (dimensionado

para 20 a 30% da potência nominal do gerador) controla diretamente a corrente nos

enrolamentos do rotor permitindo o controle completo da potência a ser

disponibilizada. Esta nova topologia introduziu algumas vantagens quando comparada

à configuração da letra anterior:

I. Permite maior faixa de variação de rotação quando comparada com o sistema

baseado na tecnologia (c) (30% abaixo e acima da velocidade nominal);

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II. É uma alternativa que apresenta menor custo em relação à configuração que

utiliza um conversor de frequência dimensionado para a totalidade da potência

do gerador.

Esta topologia é largamente conhecida como “Double Feed Generator” ou “Gerador

Assíncrono Duplamente Alimentado”. Em [8] afirma-se que “a melhor configuração a ser

usada em uma central eólica moderna, econômica e de grande porte, sem dúvida, é o Gerador

Assíncrono Duplamente Alimentado”.

3.2.2.2. Configurações que utilizam geradores síncronos

A Figura 28 ilustra as quatro topologias de geradores síncronos que são mais

encontradas no mercado, e na sequência estão descrias suas principais características.

Figura 28 – Principais configurações de aerogeradores utilizando geradores síncronos [3].

e) Este tipo de configuração é geralmente utilizado em aplicações isoladas da rede

elétrica ou em sistemas residenciais ou híbridos com potência entre 1 kW e 20 kW.

As turbinas eólicas são conectadas diretamente a um gerador síncrono com imãs

permanentes de baixa potência (inferior a 1 kW) que é utilizado para carregar um

banco de baterias através de um retificador. Um conceito futuro está sendo estudado

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pela empresa ABB visando a utilização em seus sistemas de transmissão em corrente

contínua (HVDC-light): gerador síncrono com imãs permanentes multipolar com

3,5 MW de potência, conectado a um retificador com diodos produzindo tensão de

21 kV em corrente contínua.

f) Esta configuração não é largamente utilizada em aerogeradores devido a algumas

razões, tais como:

I. Necessidade de um circuito de excitação;

II. Necessidade de utilização de anéis coletores e escovas;

III. Estratégia mais complexa de proteção do aerogerador.

g) Assim como a topologia da letra (f), esta configuração raramente é utilizada na prática,

no entanto, diferencia-se de (f) por permitir a operação da turbina eólica com rotação

variável.

h) Esta configuração utiliza-se de um gerador síncrono com um grande número de polos,

de modo a permitir sua operação em elevadas velocidades, dispensando assim o

multiplicador mecânico entre a turbina eólica e o gerador. O enrolamento do estator é

conectado à rede elétrica através de um conversor de frequência, o qual é normalmente

dimensionado para 120% da potência nominal do gerador. A etapa do conversor que é

conectada ao estator do gerador controla o torque eletromagnético, enquanto que a

etapa do conversor que é conectada à rede elétrica controla as potências ativa e reativa

entregues pelo sistema à rede. O campo do gerador síncrono é alimentado por um

retificador que controla a excitação do gerador.

3.2.3. Principais componentes

Este tópico destina-se à descrição sucinta dos principais componentes de um

aerogerador típico, de eixo horizontal. Estes estão representados na Figura 29 e serão

explicados na sequencia.

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Figura 29 – Componentes de uma turbina típica [11].

NACELE

Pode-se dizer que a nacele constitui na carcaça montada sobre a torre onde são

comportados diversos equipamentos, tais como: gerador, caixa de engrenagens (quando

existente), sistema de controle e medição do vento, motores para rotação do sistema para o

melhor posicionamento em relação ao vento, entre outros. Na Figura 30 ilustra-se uma nacele.

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Figura 30 – Imagem ilustrativa da nacele de um aerogerador [1].

PÁS, CUBOS E EIXOS

As pás são componentes ocos feitos de materiais como fibras de carbono ou vidro e

têm a função da captação da energia do vento. São dispostas em outra estrutura denominada

cubo. O conjunto (pás, cubo e eixo) é o responsável direto pela transformação da energia

cinética em mecânica. Na Figura 31 ilustra-se um cubo.

Figura 31 – Imagem ilustrativa de um cubo de uma turbina.

TRANSMISSÃO E CAIXA MULTIPLICADORA

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A finalidade desses dispositivos é transmitir energia mecânica até o gerador. É

composta por eixos, mancais, engrenagens de transmissão e acoplamento, responsáveis pela

entrega da energia mecânica ao gerador na rotação e torque corretos [3].

GERADOR

Responsável por transformar a energia mecânica rotacional em energia elétrica. Na

Figura 32 ilustra-se um gerador conectado a um sistema de transmissão composto por

engrenagens.

Figura 32 – Imagem ilustrativa de um gerador conectado à caixa de engrenagens [1].

TORRE

É uma estrutura de elevado porte e custo cuja função primordial é promover a

sustentação da nacele. No entanto, ela também é a responsável pelo posicionamento do rotor a

uma altura conveniente onde seja possível desfrutar de ventos com maior velocidade. Essas

torres chegam a atingir 100 metros e podem pesar mais de 800 toneladas. Na Figura 33 tem-se

um exemplo da montagem de uma torre.

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Figura 33 – Torre em montagem.

3.2.4. Definições do parque e posicionamento das unidades geradoras

Conforme citado no início deste capítulo, após apresentar as características principais

dos aerogeradores, pretende-se nesta seção expor as definições específicas relacionadas a tais

máquinas consideradas para o projeto do parque eólico deste trabalho.

O parque eólico do projeto em questão irá constar de sessenta aerogeradores da

Mitsubishi do tipo MWT 92/2.3 cuja especificação pode ser vista na Figura 34. O fator de

potência da turbina a ser considerado nas análises é FP = 0,90 indutivo e, com isso, cada

máquina poderá gerar uma potência ativa de aproximadamente 2,25 MW.

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Figura 34 – Aerogerador da Mitsubishi adotado como padrão no parque eólico do projeto [27].

Sabe-se que distâncias mínimas entre as máquinas têm que ser respeitadas, porém não

há um consenso que estabeleça tais condições. Ao pesquisar nas bibliografias sobre o assunto

são encontrados diversos critérios para se fazer tal distanciamento, como pode ser observado

nas Figuras 35 e 36.

Figura 35 – Distâncias mínimas a serem respeitadas para a alocação dos aerogeradores –

Critério 1 [18].

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Figura 36 – Distâncias mínimas a serem respeitadas para a alocação dos aerogeradores –

Critério 2 [8].

Uma observação a ser feita é que tais critérios são válidos apenas para locais ditos

“livres de obstáculos” (rugosidade nula). Caso a região destinada à instalação da fazenda

eólica não se enquadre neste requisito, outros fatores como a altura ideal da torre são levados

em consideração, em busca da obtenção de condições propícias à melhor geração.

Neste trabalho, o distanciamento adotado entre as turbinas se enquadra no que foi

recomendado por [18] (Figura 35).

Assim, como já se sabe o diâmetro da turbina, definem-se os distanciamentos entre as

unidades, conforme representado na Figura 37 e é possível estimar a área que a central eólica

irá ocupar, como mostrado na Tabela 5.

Y

X

SUBESTAÇÃO

Figura 37 – Imagem ilustrativa da disposição dos sessenta aerogeradores no parque eólico.

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Tabela 5 - Cálculos das distâncias entre os aerogeradores e da área ocupada pelos mesmos no

parque eólico.

Distância “Y”(m) Distância “X” (m) Área Total (km²)

Y = 2,5 x D = 2,5 x 92 = 230 X = 9,0 x D = 9,0 x 92 = 828 A ≈ 15

O cálculo da área efetuado é aproximado e foi realizado apenas para se ter uma

dimensão da área ocupada pelos aerogeradores. Ainda no que se refere ao posicionamento das

unidades geradoras, cabe destacar que tal disposição adotada não é a ideal (existem mais

parâmetros a serem considerados) e foi escolhida meramente para se iniciar o

dimensionamento dos condutores. Há softwares no mercado que foram desenvolvidos

justamente para fornecer o melhor posicionamento para os aerogeradores de acordo com as

condições atmosféricas (vento, umidade, etc.), tipo de relevo, entre outras.

Como ilustração do posicionamento adotado por um parque eólico real, destaca-se na

Figura 38 o complexo Alegria I localizado no Rio Grande do Norte.

Figura 38 – Disposição dos aerogeradores no parque eólico Alegria I [29].

3.3. Transformadores

Na base de cada torre do aerogerador, prevê-se a instalação de transformadores de

potência “secos” visando à elevação do nível de tensão para se trabalhar com correntes

menores e, consequentemente, cabos mais finos. A redução do nível da corrente circulante

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pode possibilitar também que haja menores perdas Joule no sistema, tendo em vista a variação

das perdas com o quadrado da corrente.

Transformadores “secos” são selecionados devido a fatores como os listados pelo

fabricante WEG na referência [28]:

o Segurança: sem risco de explosão e tão logo seja suprimida a fonte de calor, a resina

não propaga o fogo e comporta a propriedade de autoextinção;

o Ecologicamente correto: não contamina o meio ambiente e não libera gases tóxicos;

o Custos de manutenção e instalação minimizados: construção simples, dispensando

parede corta- fogo e tanque de recolhimento de óleo, havendo a possibilidade de

instalação junto ao centro de carga;

o Otimização de espaço: dimensões reduzidas (na área ocupada por um transformador

a óleo pode ser colocado um seco com o dobro da potência).

Neste presente projeto o último fator listado acima (otimização de espaço) foi um dos

que mais pesaram para a escolha deste tipo de transformador.

Figura 39 – Exemplo de um Transformador a Seco da WEG [28].

Para a distribuição de energia no parque eólico deste trabalho serão propostas três

alternativas distintas e comumente encontradas para a tensão de distribuição (13,8 kV – 24 kV

– 34,5 kV), influenciando, desta forma, no dimensionamento dos transformadores, dos cabos

e de outros equipamentos. A análise comparativa das alternativas é muito empregada nos

projetos e visa analisar, entre outros fatores, as perdas, o nível de corrente e a seção dos cabos,

a fim de que a opção de melhor custo benefício seja a escolhida no projeto.

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Neste tipo de empreendimento transformadores do tipo delta-estrela são usualmente

empregados. O esquema das conexões do primário e do secundário do transformador pode ser

observado na Figura 40.

Figura 40 - Esquema ilustrando um transformador do tipo delta-estrela aterrado.

Ao observar os dados técnicos dos transformadores presentes em catálogos de

fabricantes, como o da WEG, verifica-se que o valor da impedância varia de acordo com dois

parâmetros: potência do transformador e nível de tensão dos seus enrolamentos. Para os níveis

de tensão e potência a serem adotados neste estudo (maiores informações quanto a estas

definições serão apresentadas em próximas seções do trabalho) a impedância dos

transformadores gira em torno de 6 a 7%, como pode ser verificado, por exemplo, na Tabela 6

referente a um transformador de classe de isolação de 15 kV.

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Tabela 6 – Dados técnicos de um transformador seco da WEG cuja classe de tensão é 15 kV e

frequência de 60 Hz [28].

Os fabricantes normalmente informam a impedância dos transformadores em Z% mas

negligenciam a relação X/R, impossibilitando a especificação do fator de potência. Levando

em consideração tal empecilho, os valores de impedância adotados nas simulações realizadas

no trabalho foram retirados a partir de dados semelhantes do programa Etap Power Station

(versão estudante).

3.4. Painéis elétricos

Pode-se dizer que os painéis elétricos são invólucros devidamente protegidos e

completamente montados, com todas as interconexões internas elétricas e mecânicas.

Abrigam uma combinação de equipamentos responsáveis por diversas funções, como por

exemplo: manobra, controle, medição, sinalização, proteção e regulação. Relés,

transformadores de corrente e de potencial, disjuntores, chaves seccionadoras, fus íveis,

barramentos, para-raios e muflas são alguns dos dispositivos encontrados nesses cubículos e

que serão discutidos na sequência, quando será mostrada uma estrutura de painel pensada para

a central eólica do projeto. Para ilustração, na Figura 41 apresenta-se uma foto de um painel.

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Figura 41 – Exemplo ilustrativo de um painel elétrico.

3.4.1. Estrutura dos painéis elétricos presentes no parque eólico

A estrutura inicialmente imaginada para os painéis presentes na base da torre de cada

aerogerador é mostrada na Figura 42. No entanto, ao se analisar melhor a estrutura, foi

possível perceber que a presença de alguns equipamentos era questionável e, com isso,

algumas mudanças foram propostas até se chegar à composição final ilustrada na Figura 43,

que também apresenta a ligação entre dois painéis. Na sequencia serão descritas

características dos equipamentos pensados originalmente e dos que permaneceram no projeto

final.

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DJ

DJ

Pára-Raios

Mufla

TA FusívelSeccionadora c

Intertravamento

Seccionadora b

Aerogerador

Transformador Elevador

Barramento

Cabos Subterrâneos

TP

Fusível

ReléTC

Pára-Raios

Seccionadora a

Figura 42 – Estrutura Inicial do Painel.

(1) Disjuntor na saída de cada aerogerador: normalmente é um equipamento de

responsabilidade do fabricante do aerogerador. Possui basicamente duas funções no

sistema:

o Proteção do aerogerador em caso de alguma falta no trecho que compreende o

disjuntor presente no painel e o aerogerador;

o Funciona como um dispositivo de retaguarda contra uma possível não atuação

do dispositivo de proteção presente no painel.

(1)

(2)

(3)

(4)

(4)

(5)

(6)

(7)

(8)

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(2) Para-raios na saída de cada aerogerador: são fundamentais para prevenir o sistema

contra possíveis sobretenções decorrentes do chaveamento da seccionadora e do

disjuntor presentes no painel. Apesar de conferirem proteção contra as sobretenções

advindas de descargas atmosféricas que possam vir a atingir o aerogerador ou a torre

de sustentação, destaca-se que a estrutura metálica da torre já proporciona uma

“blindagem” aos equipamentos presentes em seu interior.

(3) Para-raios na saída/entrada de cada painel: equipamentos extremamente

necessários para salvaguardar todo o painel contra possíveis sobretensões decorrentes

de descargas atmosféricas no terreno do parque eólico.

(4) Chaves Seccionadoras “a” e “b”: de início pensou-se na utilização das duas chaves

(“a” e “b”) para o seccionamento do sistema em caso de manutenção de algum

equipamento. No entanto, é questionável a presença da chave “a” já que a “b” por si só

poderia isolar o sistema em caso de falta ou necessidade de manutenção em algum

equipamento, considerando que para tal ação ser possível o aerogerador, deveria ser

primeiramente desligado. A chave “b” que permaneceu no esquema final possui

comando manual e não possui capacidade de abertura em caso de curto-circuito já que

isso demandaria um custo maior e também de maior espaço no painel em decorrência

da presença do meio extintor de arco.

(5) Disjuntor presente no painel: disjuntor de média tensão que utiliza o gás

hexafluoreto de enxofre (SF6) para extinção do arco elétrico e como meio isolante.

Está associado a um conjunto de dispositivos (TC, TP e Relés de Proteção)

responsáveis tanto para a detecção do curto e o posterior trip do disjuntor quanto para

o acionamento das molas de abertura e fechamento do mesmo ( transformador

auxiliar – TA). Pode ser comandado remotamente e possui um intertravamento com a

chave seccionadora “b”, de modo a não permitir que esta última atue (abertura ou

fechamento) quando o circuito estiver energizado.

(6) Transformadores de Corrente e Potencial associados a Relés de Proteção: os

transformadores de corrente e de potencial possuem como finalidades principais a

isolação dos equipamentos de medição, controle e relés do circuito de alta tensão e o

fornecimento no secundário de corrente e tensão, respectivamente, de dimensões

adequadas para serem utilizadas pelos mesmos. Os relés de proteção, por sua vez,

possuem a função de detectar uma anomalia (condição anormal) no sistema e

promover o acionamento de equipamentos de sinalização e/ou proteção, como alarmes

e disjuntores.

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63

(7) Chave Seccionadora “c”: chave seccionadora de comando manual para abertura e

fechamento sem carga. Sua presença aumenta a confiabilidade do sistema já que trás

uma maior vantagem operativa em caso de defeitos em algum dos trechos com cabos

enterrados.

(8) Mufla: terminação de cabos aplicada onde existe mudança de tipo de isolamento. São

responsáveis por fazer a impermeabilização no ponto de término do isolamento e

também por realizar uma transição suave entre os campos elétricos nessas regiões.

DJ

DJ

Pára-Raios

Mufla

TA

TP

Fusível

Fusível

Seccionadora

Relé

Intertravamento

Seccionadora

Aerogerador 1

Transformador Elevador

Barramento

DJ

DJ

Cabos Subterrâneos

Aerogerador 2

Cabos Subterrâneos

TC

Pára-Raios

Figura 43 – Estrutura final do painel elétrico e exemplo de ligação entre dois painéis.

3.5. Cabos

Na maioria dos projetos de centrais eólicas, os aerogeradores são distribuídos por uma

extensa área buscando maximizar o rendimento do empreendimento. Devido à considerável

quantidade de cabos necessários para concretização do projeto, especial atenção deve ser dada

à escolha dos mesmos, já que estes costumam impactar profundamente no custo total da parte

elétrica.

O dimensionamento dos cabos realizado neste trabalho levou em consideração os

parâmetros elétricos do cabo Eprotenax 105, da Prysmian (empresa fabricante de cabos [45]).

Este condutor pode ser utilizado em instalações elétricas onde a tensão seja de 6 kV até

35 kV. Sua ficha técnica está apresentada na Figura 44.

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64

Figura 44 – Ficha Técnica do cabo Eprotenax Compact 105 [26].

Além da escolha adequada do condutor, outras decisões que envolvem o tipo de

método de instalação e também a maneira como os cabos estão dispostos no parque têm que

ser definidas.

O tipo de linha elétrica escolhida para esse caso específico foi o “Diretamente

Enterrado”, o qual está representado por sua simbologia na Figura 45. A grande maioria dos

empreendimentos de geração eólica adota esse tipo de instalação que, se comparada às redes

aéreas, possui maior confiabilidade já que os condutores estão menos susceptíveis a

fenômenos da natureza (ventos, raios, entre outros) e a ação humana. No entanto, esse tipo de

instalação apresenta uma maior dificuldade de detecção de falhas nos condutores. O fato dos

cabos ocuparem uma área muito grande no parque eólico inviabiliza economicamente a

possibilidade destes serem instalados em canaletas ou bandejas. A profundidade pela qual

estes condutores devem estar enterrados é indicada pela norma ABNT NBR 14039:2005 [30]

e o valor mínimo de profundidade é 0,90 m. Quando não se conhece a resistividade térmica

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do solo normalmente adota-se o valor de 2,5 K.m/W, no entanto, dependendo do caso, há

fatores de correção tabelados para melhor adequação.

Outro fator muito importante é o modo como os condutores estão dispostos. Neste

caso, realizou-se o dimensionamento considerando que estes pudessem estar distribuídos de

duas formas: em trifólio e de modo planar, as quais têm suas simbologias representadas na

Figura 45. No entanto, ao dar seguimento aos estudos de fluxo de potência e curto-circuito,

que serão apresentados em próximos capítulos, decidiu-se adotar para os valores dos

parâmetros dos cabos aqueles que se referem à topologia em trifólio.

Figura 45 - Simbologia utilizada para o método de instalação "diretamente enterrado" e para as

disposições dos condutores de modo "trifólio" e "planar", respectivamente.

3.6. Conclusão do capítulo

A definição do modelo do aerogerador a ser utilizado varia tanto de acordo com o tipo

de aplicação da central eólica (sistema isolado, híbrido ou interligado à rede) quanto com a

característica física do terreno e o consequente comportamento do vento. A escolha

inadequada somada ao incorreto posicionamento das unidades geradoras podem comprometer

a eficiência da usina e também a integridade das máquinas devido à exposição a altas

velocidades e turbulência. Neste capítulo outros equipamentos tiveram seu emprego

justificado no parque eólico, tais como: transformadores e painéis. A composição destes

últimos foi discutida e chegou-se a uma configuração final que, apesar de ser básica, já ilustra

toda a complexidade envolvida na especificação dos cubículos.

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66

CAPÍTULO 4 – PROJETO BÁSICO DE UM

PARQUE EÓLICO

4.1. Introdução

Neste capítulo será apresentada a definição de projeto básico, assim como as

principais premissas assumidas para a realização deste trabalho. A topologia utilizada para o

posicionamento das unidades geradoras será apresentada e algumas configurações de

subestações serão discutidas visando escolher aquela que melhor se adapta às condições do

projeto.

Os estudos de dimensionamento dos condutores, fluxo de potência e curto-circuito

realizados para as três tensões de distribuição serão descritos e a uma simples análise das

perdas ilustrada. Por fim, serão mostrados os parâmetros mínimos necessários quando se

deseja fazer o pedido de um equipamento junto ao fabricante.

4.2. Definição de projeto básico

Um projeto básico, segundo a lei brasileira 8.666 de 21 de junho de 1993 [31], é o

“conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para

caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação,

elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a

viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que

possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução”.

O presente trabalho procurou abordar e desenvolver, mesmo que de forma simplória,

alguns dos elementos necessários para se fazer um projeto básico, com o intuito principal de

aprendizado e de orientação para futuros leitores. Portanto, o objetivo principal não é a

elaboração de um documento denso e descritivo de todos os requisitos que devem ser

cumpridos, mas sim mostrar as principais diretrizes do que deve ser feito quando se almeja a

realização de um projeto de tal dimensão.

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4.3. Metodologia adotada

Visando orientar os estudos para a realização do projeto, o trabalho foi dividido em

algumas etapas explicitadas a seguir:

1º. Etapa – Estudos conceituais de geração eólica.

2º. Etapa – Estudo das principais tecnologias de aerogeradores e os principais

fabricantes.

3º. Etapa – Estudos dos equipamentos elétricos necessários para a interligação dos

aerogeradores com a subestação principal.

4º. Etapa – Determinação do nível de tensão ideal e definições de topologias.

5º. Etapa – Especificação dos equipamentos elétricos e estudos elétricos.

6º. Etapa – Especificação da parte elétrica da subestação principal.

7º. Etapa – Análise dos pontos relevantes da conexão do parque eólico com a rede da

concessionária ou ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Cabe ressaltar que o processo de realização de tais etapas caracteriza-se por ser

dinâmico e, por isso, não necessariamente segue a ordem linear descrita acima. Destaca-se

também que estas etapas foram aqui colocadas apenas como possíveis orientações, mas não

necessariamente seriam todas realizadas em outro projeto exatamente como foram descritas. E

ainda, enfatiza-se que um projeto real caracteriza-se por possuir um maior número de fases

que não foram abordadas neste trabalho.

Alguns dos produtos e resultados obtidos durante o desenvolvimento das etapas

citadas já foram descritos neste documento, em seções anteriores. Neste capítulo serão

abordados os tópicos mais específicos considerados no projeto deste trabalho em si,

principalmente a partir da etapa 4.

4.4. Premissas utilizadas no projeto

Para a elaboração do projeto básico elétrico da usina eólica foram consideradas as

seguintes premissas:

o Utilização de sessenta aerogeradores de indução duplamente alimentados com

potência de 2,3 MW e tensão nominal de 690 V.

o As turbinas estão dispostas em uma área de aproximadamente 15 km².

o A conexão da usina eólica com a rede será feita em uma subestação de 230 kV. Como

já foi mencionada anteriormente, a conexão do parque poderia ser realizada com a

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rede de uma concessionária de energia, no entanto, neste caso em específico e

meramente ilustrativo, preferiu-se fazer a conexão com a rede básica.

o O cabeamento será subterrâneo.

o Serão realizados estudos com três níveis diferentes de tensão de distribuição: 13,8 kV;

24,0 kV e 34,5 kV.

o Serão utilizados dois transformadores para elevar a tensão de distribuição no nível de

transmissão e fazer a conexão do parque eólico à rede.

o Inicialmente, supôs-se a utilização de um painel com suportabilidade de corrente de

curto-circuito até 25 kA, tanto na saída de cada aerogerador quanto na subestação

principal.

o A redução de custo do empreendimento é a diretiva principal, mas sem ocasionar

redução da segurança e/ou dificuldades de operação da usina.

4.5. Topologia do parque eólico

A Figura 46 ilustra a topologia adotada para o parque eólico, ou seja, o modo como os

aerogeradores, painéis e os transformadores estão dispostos.

Nos próximos tópicos serão abordados os estudos de dimensionamento dos

condutores, bem como as análises internas (na rede de distribuição do parque) de fluxo de

potência e curto-circuito.

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Figura 46 – Disposição adotada para os aerogeradores, painéis e transformadores no parque eólico.

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70

4.6. Projeto básico da subestação para conexão das unidades

geradoras

Segundo a norma NBR 5460 [42], subestação “é parte de um sistema de potência,

concentrada em um dado local, compreendendo primordialmente as extremidades de linhas

de transmissão e/ou distribuição, com os respectivos dispositivos de manobra, controle e

proteção, incluindo as obras civis e estruturas de montagem, podendo incluir também

transformadores, equipamentos conversores e/ou outros equipamentos”.

Elementos como os listados a seguir normalmente são encontrados em subestações:

o Pára-Raios;

o Chaves Seccionadoras;

o Disjuntores;

o Fusíveis;

o Relés de Proteção;

o Transformadores de Potencial e de Corrente;

o Transformadores de Força;

o Barramento;

o Painéis;

o Entre outros.

4.6.1. Topologias consideradas como alternativas no projeto

Nos subtópicos a seguir serão discutidas as principais características de três arranjos

de subestações pensadas de serem implantadas nesse projeto: Barra Simples, Barra Simples

Seccionada e Principal e Transferência, e a decisão tomada no projeto.

4.6.1.1. Barra Simples

Este é o arranjo de subestação mais simples, de menor custo e de mais fácil manobra.

Como pode ser visualizado na Figura 47, nele todos os circuitos se conectam em uma única

barra e, sendo assim, a ocorrência de algum defeito ou a necessidade de manutenção de

qualquer dos disjuntores diretamente conectados à barra inevitavelmente provoca a

interrupção do suprimento do alimentador em questão. Neste tipo de esquema não é possível

fazer obras de ampliação sem deixar toda a subestação indisponível.

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Devido à confiabilidade limitada e a baixa flexibilidade de manobras, este esquema é

utilizado em subestações de pequeno porte, que atendem cargas de pequeno porte e baixa

potência ou que tenham outra fonte de alimentação.

Tendo em vista todas essas características chega-se à conclusão de que este tipo de

arranjo de subestação não se adéqua ao projeto do parque eólico.

12 3 4 5 6 7 8 9 10

ALIMENTADOR 1 ALIMENTADOR 2

Figura 47 - Topologia: Barra Simples

4.6.1.2. Barra Simples Seccionada

O arranjo de Barramento Simples Seccionado, exemplificado na Figura 48, consiste

essencialmente em proporcionar o seccionamento da barra simples através de uma chave

seccionadora ou de um disjuntor (tie). A vantagem da colocação do disjuntor de

seccionamento é que, se houver defeito em uma barra, a proteção de barra isola esta barra,

sem perda da continuidade de serviço da barra sem defeito. Neste caso, a proteção de barra

abre todos os disjuntores conectados à barra com defeito, incluindo o disjuntor de

seccionamento.

Portanto, este novo esquema confere maior confiabilidade e flexibilidade de manobra

quando comparado ao esquema de Barra Simples. Subestações que adotam esse arranjo

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normalmente estão conectadas a cargas que possuem um maior grau de importância, mas que

não exigem alta confiabilidade.

Algumas das principais características desse arranjo são apresentadas a seguir:

o Apresenta um baixo custo de implantação, no entanto maior que o do esquema de

Barra Simples.

o Maior continuidade no fornecimento de energia e facilidade na execução de serviços

de manutenção se comparado a Barra Simples.

o O sistema pode funcionar com duas fontes diferentes de suprimento.

o No caso de defeitos nas barras, somente ficarão desligadas as saídas de carga

correspondentes à seção avariada.

o A ampliação do barramento é realizada desligando uma das barras enquanto a outra

permanece ligada.

o A manutenção de um equipamento diretamente conectado à barra deixa indisponível a

saída de carga correspondente.

o Os esquemas de proteção são mais complexos.

12 3 4 5 6 7 8 9 10

ALIMENTADOR 1 ALIMENTADOR 2

TIE

Figura 48 - Topologia: Barra Simples Seccionada

4.6.1.3. Principal e Transferência

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73

O arranjo Barra Principal e Transferência, ilustrado na Figura 49, é o mais complexo e

o que apresenta maior confiabilidade dos apresentados até então. Neste esquema o barramento

principal de subestação é conectado a um barramento auxiliar através de um disjuntor de

transferência cuja finalidade principal é garantir a execução de trabalhos de manutenção

corretiva, preventiva ou preditiva em qualquer disjuntor sem deixar fora de serviço qualquer

linha ou alimentador.

Em condições normais de funcionamento, o vão de entrada de linha supre a barra

principal através do disjuntor principal e de suas respectivas chaves seccionadoras, que se

encontram normalmente fechadas. Caso haja necessidade de retirada do disjuntor principal

para manutenção a entrada de linha é conectada a barra de transferência através do

fechamento da chave “by-pass” que se encontra normalmente aberta e do disjuntor de

transferência. Tal procedimento é realizado seguindo a rigor uma determinada ordem de

fechamento/abertura das chaves seccionadoras até que o disjuntor de transferência substitua o

principal.

Algumas das características mais destacadas desse tipo de arranjo são descritas a

seguir:

o Possui um custo de implantação relativamente baixo, no entanto é o esquema mais

oneroso dos três apresentados.

o Possibilita uma maior continuidade no suprimento de energia o que torna esse arranjo

o mais confiável dos três.

o A maior flexibilidade de manobras, no entanto, trás consigo uma maior dificuldade de

operação (manobras relativamente complicadas são necessárias quando se deseja

colocar um disjuntor em manutenção).

o A expansão da subestação é realizada sem afetar a alimentação dos circuitos.

o Qualquer disjuntor pode ser retirado de serviço para manutenção.

o O esquema de proteção é bastante complexo.

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1 2 3 4 5 6 7 8

Chave

By-Pass

DISJUNTOR DE

TRANSFERÊNCIA

ALIMENTADOR 1

BARRA

“TRANSFERÊNCIA”

BARRA

“PRINCIPAL”

ALIMENTADOR 2

9 10

Figura 49 - Topologia: Principal e Transferência

Devido ao fato de uma falha no barramento ou em algum dos disjuntores resultarem

no desligamento da subestação, indica-se a utilização de um disjuntor de seccionamento (TIE)

na barra principal onde, a princípio, os circuitos estão conectados. A inclusão desse

equipamento aumenta o custo dessa alternativa, mas levando em consideração as vantagens

operativas e a maior confiabilidade no fornecimento de energia indica-se a utilização dessa

configuração, que mescla as topologias de barra Simples Seccionada e Principal e

Transferência, como pode ser observado na Figura 50.

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75

1 2 3 4 5 6 7 8

Chave

By-Pass

DISJUNTOR DE

TRANSFERÊNCIA

ALIMENTADOR 1

BARRA

TRANSFERÊNCIA

BARRA

PRINCIPAL

ALIMENTADOR 2

9 10

TIE

Figura 50 – Configuração que mescla as topologias barra “Simples Seccionada” e “Principal e

Transferência”.

4.6.2. Análise comparativa entre as topologias de subestações consideradas

Devido a grande dificuldade de conseguir o valor real (custos de fabricantes) dos

equipamentos presentes na subestação, como disjuntores e chaves seccionadoras, a análise

econômica ficaria comprometida. Em meio a tal situação o que se propôs neste trabalho foi

fazer uma comparação quantitativa do número de equipamentos presentes em cada uma das

topologias descritas, como é mostrado na Tabela 7.

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Tabela 7 – Tabela comparativa topologia da subestação x número de equipamentos

Barra

Simples

Barra Simples

Seccionada

Principal e

Transferência

Barra Simples

Seccionada e

Principal e

Transferência

Número de

Chaves

Seccionadoras

24 26 38 40

Número de

Disjuntores 12 13 13 14

Como já foi mencionado, o arranjo Barra Simples não é o sistema mais adequado para

o parque eólico. Analisando os dados presentes na tabela, conclui-se que a grande diferença

em termos de quantidade de equipamentos entre os esquemas de Barra Simples Seccionada e

Principal e Transferência é em relação ao número de chaves seccionadoras, já que ambos

apresentam o mesmo número de disjuntores. O último arranjo proposto, que combina as

características da barra Simples Seccionada e Principal e Transferência, apresenta-se como o

mais oneroso, no entanto entende-se que tal fato é compensado pela maior confiabilidade,

flexibilidade e continuidade de serviço oferecida e, tendo em vista tais fatos, foi o esquema

escolhido neste projeto.

4.7. Dimensionamento dos condutores

Neste trabalho, foi desenvolvido em Matlab um algoritmo que calcula a corrente em

todos os condutores dos ramais dos aerogeradores, para cada um dos três níveis de tensão

pensados (13,8 kV – 24,0 kV e 34,5 kV), e após este cálculo indica automaticamente uma

seção adequada para os cabos. O fluxograma na sequência mostra basicamente o processo de

funcionamento do programa, ou seja, os passos realizados até a determinação da bitola dos

condutores. Salienta-se que no fluxograma já foram indicadas possíveis ligações do algoritmo

de determinação de parâmetros de condutores com rotinas de cálculo de fluxo de potência e

curto-circuito, para as quais estes parâmetros seriam dados de entrada.

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Declaração dos

parâmetros dos

equipamentos

Declaração dos

parâmetros dos

equipamentos

Tabelas de

Ampacidade x

Seção dos

Condutores

Tabelas de

Ampacidade x

Seção dos

Condutores

Tabelas de Seção dos

Condutores x

Parâmetros Elétricos

Tabelas de Seção dos

Condutores x

Parâmetros Elétricos

Nível de tensão de

distribuição adotado

Nível de tensão de

distribuição adotado

Cálculo

estimado da

corrente em

cada circuito

Cálculo

estimado da

corrente em

cada circuito

Determinação da

seção dos

condutores

Determinação da

seção dos

condutores

Determinação dos

parâmetros elétricos

dos condutores

Determinação dos

parâmetros elétricos

dos condutoresFimFim

Cálculo de

Curto

Circuito

Cálculo de

Curto

Circuito

Cálculo de

Fluxo de

Potência

Cálculo de

Fluxo de

Potência

Figura 51 – Fluxograma do processo de determinação da seção dos condutores.

Primeiramente foi montado um banco de dados com as seções e os parâmetros

elétricos dos condutores de acordo com a classe de tensão e máxima corrente suportada. Para

tal, como já foi mencionado, foram utilizados os dados da linha de cabos

Eprotenax Compact 105 da Prysmian. Na rotina desenvolvida, o usuário escolhe o nível de

tensão desejado e o algoritmo faz um cálculo aproximado da corrente que circula por cada

circuito, a partir da declaração de alguns parâmetros dos aerogeradores que serão utilizados

no parque eólico, tais como: potência e fator de potência. Ou seja, de posse dos mencionados

dados é possível fazer uma estimativa da corrente que passará em cada circuito. Tendo feito

isso, o próximo passo é a determinação da seção do condutor e dos seus respectivos

parâmetros elétricos através da checagem do banco de dados pelo critério de ampacidade.

Este processo de dimensionamento dos cabos é de suma importância em um projeto,

pois possibilita o conhecimento dos parâmetros elétricos dos condutores e, tornando possível

a posterior realização de outros estudos, como fluxo de potência e curto-circuito.

4.8. Etap Power Station Simulator (Versão estudante)

Etap Power Station Simulator é um programa voltado para engenharia elétrica que foi

desenvolvido pela OTI – Operation Technology Inc. e hoje é utilizado mundialmente nas

maiores empresas de consultoria, indústrias, concessionárias de energia, governos e

universidades. É a opção corporativa mais completa para o projeto, simulação, operação,

controle, otimização e automação de geração, transmissão, distribuição e sistemas de energia

industrial já que oferece um conjunto de soluções de software totalmente integrado, incluindo

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arco voltaico, fluxo de carga, curto-circuito, estabilidade transitória, coordenação de relés,

ampacidade de cabo, fluxo de potência ótimo, e muito mais [32].

Este software, em sua versão estudante, foi de muita utilidade neste trabalho, pois

serviu como plataforma para as simulações e análises de fluxo de potência e curto-circuito

realizadas na rede de distribuição interna do parque eólico proposto.

4.8.1. Parâmetros editados no Etap

Para realizar as simulações no Etap são necessários os modelos dos equipamentos e a

definição de suas conexões. Logo, ao se desenhar o escopo do projeto do parque eólico deve-

se editar da maneira planejada os parâmetros dos equipamentos presentes na planta.

A seguir serão ilustrados alguns dos principais parâmetros dos componentes da central

eólica projetada e algumas aproximações realizadas devido às limitações de modelos que a

versão apresentava.

o Gerador: primeiramente foi alterado seu modo de funcionamento de motor para

gerador. Outros parâmetros como potência, fator de potência, tensão e eficiência

foram editados, de modo a representar o aerogerador escolhido. Na Figura 52

apresenta-se, apenas como ilustração, uma tela com parâmetros de motor presente no

Etap.

Figura 52 – Alguns dos parâmetros de um motor de indução do Etap.

o Transformador: os principais termos a serem “setados” são: potência, tensão no

primário e secundário, impedância e relação X/R, como destacado na Figura 53.

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Figura 53 – Alguns dos parâmetros de um transformador de dois enrolamentos do Etap Power

Station.

o Cabos: campos como o de comprimento do cabo, temperatura e, principalmente,

impedância de sequência nula e positiva devem ser preenchidos, conforme Figura 54.

Figura 54 – Alguns dos parâmetros do cabo do Etap.

o Barramento: o campo principal que obrigatoriamente deve ser preenchido é a tensão

nominal.

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80

o Subestação: potência nominal, potência de curto-circuito trifásico e X/R são alguns

dos parâmetros que devem ser preenchidos, conforme se pode observar na Figura 55.

Figura 55 – Alguns dos parâmetros de uma subestação do Etap Power Station.

Diversos outros campos em todos esses equipamentos são passíveis de alterações,

porém não foram mencionados já que a descrição ficaria muito longa e, sobretudo, por este

não ser o propósito principal do trabalho.

4.9. Estudos de fluxo de potência

Os aerogeradores mais modernos podem produzir uma potência considerável. Para

melhor aproveitamento desta geração torna-se necessário realizar um estudo para definir a

tensão ótima da rede de interconexão dos aerogeradores e, com isto, minimizar o custo do

cabeamento elétrico e das perdas ôhmicas. Neste trabalho não era objetivo montar nenhum

estudo de otimização em si, no sentido de desenvolver modelagem e metodologia para buscar

pontos ótimos, porém, sabe-se que com alguns estudos é possível encontrar bons pontos de

operação, mesmo que não seja exatamente o ótimo. Tendo em vista tal fato, foi realizado um

estudo de fluxo de potência internamente ao parque eólico para três níveis de tensão de

distribuição (três alternativas). O objetivo de tal estudo é verificar os níveis de corrente que

circularão pelos cabos, as quedas de tensão e também a magnitude das perdas ôhmicas do

sistema para cada alternativa. Foram feitas várias simulações, sendo que algumas serão

apresentadas na sequência. Cabe destacar que o cálculo estimado da corrente em cada um dos

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81

trechos de circuito do parque eólico, mencionado na etapa de dimensionamento dos

condutores e ilustrado através do fluxograma da Figura 51, foi realizado meramente para que

fosse possível definir a seção dos cabos a serem utilizados, já que, a princípio, não eram

conhecidos os seus parâmetros elétricos.

Os gráficos a seguir (Figura 56 e Figura 57) ilustram os resultados das simulações para

os níveis de tensão de 24,0 kV e 34,5 kV. Percebe-se que, em ambos os casos, a tensão

permaneceu acima de 0,94 pu, valor tido como aceitável, porém os valores para o nível de

tensão maior são mais interessantes, pois a corrente circulante é menor. A queda de tensão

ocorrida se justifica também pelo fato de os geradores de indução necessitar consumir reativos

para seu funcionamento. Os pontos elétricos segundo os quais foram realizadas simulações e

obtidos os valores de tensão e corrente de curto-circuito correspondem às barras do sistema.

Esses nós podem ser mais bem visualizados na Figura 46, onde encontram-se em destaque na

cor vermelha.

Figura 56 – Resultado das tensões em todos os pontos elétricos do parque eólico para a

alternativa considerando a tensão de 24,0 kV.

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

100

1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100 109 118

Ten

são

(%

)

Pontos Elétricos

Resultado do fluxo de potência

24,0 kV

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82

Figura 57 – Resultado das tensões em todos os pontos elétricos do parque eólico para a

alternativa considerando a tensão de 34,5 kV.

Na próxima tabela é realizada uma estimativa dos custos das perdas ôhmicas de

acordo com a alternativa. O custo do MWh utilizado corresponde ao valor do último leilão de

energia de reserva, realizado em 2011 [14]. Tal análise foi realizada tendo em vista um

horizonte de 30 anos de contratação da usina e um fator de capacidade de 35% (valor

estimado para muitos empreendimentos no Brasil). É possível observar que, em longo prazo,

as perdas podem impactar muito no custo do empreendimento e por isso não podem ser

desprezadas nos estudos de viabilidade.

Tabela 8 - Análises dos custos envolvidos com as perdas ôhmicas ao longo de 30 anos.

Alternativa Perdas

(MW)

Horizonte

(anos)

Fator de

Capacidade

Custo

(R$/MWh)

Custo Perdas

(MR$)

24,0 kV 1,887 30 0,35 99,54 17

34,5 kV 1,4743 30 0,35 99,54 13,3

Fazendo um exame apenas do que foi analisado até então, conclui-se que a alternativa

de 34,5 kV seria a mais viável, no entanto, outros fatores, como o custo desses painéis, devem

ser contabilizados visando a escolha da melhor opção.

90

91

92

93

94

95

96

97

98

99

100

1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100 109 118

Ten

são

(%

)

Pontos Elétricos

Resultado de fluxo de potência

34,5 kV

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83

4.10. Estudos de curto-circuito

O estudo de curto-circuito é de grande importância no planejamento dos sistemas

elétricos, sobretudo em sistemas onde o dimensionamento dos equipamentos e do sistema de

proteção deve ser realizado. Estudos de curto-circuito para os níveis de tensão propostos

(alternativas) foram feitos internamente no parque eólico e alguns resultados podem ser

verificados nos gráficos na sequência (Figura 58 e Figura 59).

A linha azul é relativa aos valores da corrente de curto-circuito nos principais pontos

elétricos do sistema (painéis) e a linha vermelha representa os valores de suportabilidade dos

painéis elétricos utilizados. Os resultados obtidos para o nível de tensão de 24,0 kV mostram

que em apenas um ponto elétrico o valor do curto-circuito ultrapassou o limite permitido do

painel, indicando a necessidade de troca do mesmo para outro com maior suportabilidade,

como o de 50 kA. No entanto, para 34,5 kV, não observamos nenhuma transgressão aos

limites dos painéis adotados, indicando que para o curto-circuito o dimensionamento está

correto.

Figura 58 – Análise da corrente de curto-circuito para o nível de tensão de 24 kV para todos os

pontos elétricos do parque eólico.

0

10

20

30

40

50

60

1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100 109 118

Co

rren

te (

kA

)

Pontos Elétricos

Resultado do curto-circuito

24,0 kV

Icc,3f

Limite

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84

Figura 59 – Análise da corrente de curto-circuito para o nível de tensão de 34,5 kV para todos os

pontos elétricos do parque eólico.

Cabe realçar que todas as análises ilustradas anteriormente foram também realizadas

para o nível de tensão de 13,8 kV. Para esta configuração, no entanto, os resultados não foram

muito positivos já que elevadas correntes circulariam pelos cabos, provocando o aumento das

perdas joule e a diminuição do custo-benefício. Somado a tal fato, destaca-se a utilização de

condutores de elevada seção, que aumentam consideravelmente o valor gasto no cabeamento

e reduz muito a praticidade de instalação e possíveis manutenções. Sendo assim, em uma

primeira análise, tal alternativa não seria idealmente a escolhida para ser adotada no parque

eólico.

4.11. Dimensionamento dos principais equipamentos

Uma etapa importante a ser realizada em qualquer projeto, sobretudo os de elevada

complexidade, é o dimensionamento dos equipamentos que serão adquiridos. Sua relevância

se dá tanto no âmbito operativo, já que a especificação equivocada de parâmetros e a

consequente escolha inadequada de equipamentos pode comprometer a funcionalidade de

todo sistema, quanto também no econômico, pois a determinação dos parâmetros dos

equipamentos afeta diretamente o custo de obtenção dos mesmos.

0

10

20

30

40

50

60

1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91 100 109 118

Co

rren

te (

kA

)

Pontos Elétricos

Resultado do curto-circuito

34,5 kV

Icc,3f

Limite

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85

Sendo assim, após a realização dos estudos elétricos (como por exemplo, fluxo de

potência, curto-circuito e análise transitória) é feito o dimensionamento de acordo com as

definições das normas técnicas. Depois de todas as etapas do projeto (onde vários ajustes são

normalmente feitos) os dimensionamentos serão utilizados para a compra dos equipamentos

junto aos fabricantes.

O objetivo principal desse tópico não é fazer o completo dimensionamento de alguns

dos equipamentos presentes na central eólica, até porque estudos mais complexos (como por

exemplo, análise transitória) teriam que ser realizados, mas reafirmar a sua importância dentro

do projeto e exemplificar para alguns casos os procedimentos básicos que devem ser

seguidos.

As tabelas a seguir, baseadas em [43] ilustrarão os dados mínimos necessários para a

formulação do dimensionamento de alguns equipamentos presentes no parque eólico, como

por exemplo: transformador de potência seco, disjuntor de alta tensão, chave seccionadora,

mufla ou terminação, para-raios e painel. Alguns dos dados que serão fornecidos foram

baseados nos estudos realizados para a alternativa de 34,5 kV. Na Figura 60 é possível

observar o transformador de potência e o painel cujos parâmetros serão explicitados nas

tabelas a seguir. Na Figura 60 são destacados os elementos que serão dimensionados.

Figura 60 – Localização do transformador e do painel a ser dimensionado.

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86

Figura 61 – Elementos que serão dimensionados.

Para o dimensionamento do transformador seco para elevação da tensão na saída de

cada aerogerador do parque indica-se a visualização das normas: ABNT NBR 10295:2011

(Transformadores Secos) [46] e ABNT NBR 5356-1 (Transformadores de Potência) [47]. Na

Tabela 9 são mostrados alguns dos dados presentes na especificação do equipamento e os

valores obtidos, seja através dos estudos feitos neste trabalho ou a partir de indicações

presentes nas normas citadas.

Tabela 9 – Dados técnicos mínimos para a especificação do transformador de potência.

TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA SECO

Tensão primária

Tensão secundária fase-fase e fase-neutro

Derivações (tapes)

Potência nominal

Frequência nominal

Número de fases

Deslocamento angular

Tensão máxima do equipamento

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87

Tensão suportável nominal de impulso

atmosférico

Tensão suportável nominal à frequência

industrial (Isolamento)

Impedância percentual

Para o estabelecimento dos dados dos disjuntores de alta tensão presentes nos painéis

sugere-se a checagem da norma NBR IEC 62271-200 2007 (“Conjunto de manobra e controle

de alta-tensão em invólucro metálico para tensão acima de 1 kV até e inclusive 52 kV”) [48]

assim como a leitura da referência [43].

Tabela 10 – Dados técnicos mínimos para a especificação do disjuntor de alta tensão.

DISJUNTOR DE ALTA TENSÃO

Tensão nominal ( ) e número de fases

Tensão suportável nominal de curta duração

à frequência industrial ( )

Tensão suportável nominal de impulso

atmosférico ( )

Frequência nominal ( )

Corrente nominal de regime contínuo ( )

Corrente suportável nominal de curta

duração ( )

Valor de crista da corrente suportável

nominal ( )

Duração de curto-circuito nominal ( )

Tipo de construção

Meio extintor de arco

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88

Os parâmetros que descrevem as chaves seccionadoras foram especificados baseando-

se, sobretudo, na ABNT NBR 62271-102 2006 (“Equipamentos de alta tensão Parte 102:

Seccionadores e chaves de aterramento”) [49].

Tabela 11 – Dados técnicos mínimos para a especificação da chave seccionadora.

CHAVE SECCIONADORA

Tensão nominal

Corrente nominal

Frequência nominal

Corrente nominal suportável de curta-

duração

Valor da crista nominal da corrente

suportável

Duração da corrente suportável de curto-

circuito

Tensão de operação dos circuitos auxiliares

Tipo de comando

Alguns dos dados necessários para a correta especificação de uma mufla podem ser

vistos na Tabela 12, e são baseados em [43]. No entanto, nem todos eles puderam ser

determinados, pois exigiam estudos específicos que não foram realizados no presente

trabalho.

Tabela 12 - Dados técnicos mínimos para a especificação da mufla ou terminação.

MUFLA OU TERMINAÇÃO

Tensão nominal

Tensão máxima de operação

Tensão suportável de impulso

Tensão suportável a seco durante 1 minuto ---

Tensão suportável sob chuva, durante 10

segundos ---

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Características técnicas e dimensionais do

cabo

Nível de isolamento: 100% para sistemas

com neutro ligado à terra e 133% para

sistemas com neutro isolado

Material do condutor: cobre ou alumínio

Tipo de encordoamento ---

Os para-raios constituídos por Óxido de Zinco, atualmente, constituem no tipo mais

utilizado, no entanto, neste trabalho a especificação foi feita considerando a utilização de

resistor não linear à base de Carboneto de Silício por questões de obtenção dos dados (Tabela

na referência [43] que auxiliou na determinação dos parâmetros presentes na Tabela 13 e

exigidos pelo fabricante). Na especificação de um para-raios é necessário que constem, no

mínimo, os dados apresentados na Tabela 13.

Tabela 13 - Dados técnicos mínimos para a especificação do para-raios.

PARA-RAIOS

Tensão nominal

Frequência nominal

Tensão disruptiva máxima de impulso

atmosférico

Tensão residual máxima sob corrente de

descarga nominal

Tensão disruptiva à frequência industrial

Tensão disruptiva máxima por surto de

manobra

Corrente de descarga nominal

Classe (A ou B) B

Tipo de resistor não linear

*** Valores não Normalizados

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90

Por fim, destaca-se a especificação do painel que, em muitos aspectos, seus

parâmetros assemelham-se ao do disjuntor de alta tensão. Alguns dos requisitos necessários

de serem apresentados na especificação do cubículo para a realização da compra são

visualizados na Tabela 14 através da consulta às normas: “Conjunto de manobra e controle de

alta-tensão em invólucro metálico para tensão acima de 1 kV até e inclusive 52 kV” (NBR

IEC 62271-200 2007) [50] e “Especificações comuns para normas de equipamentos de

manobra de alta tensão e mecanismos de comando” (NBR IEC 60694 – 2006) [51].

Tabela 14 - Dados técnicos mínimos para a especificação do painel.

PAINEL DE ALTA TENSÃO

Tensão nominal ( ) e número de fases

Tensão suportável nominal de curta duração

à frequência industrial ( )

Tensão suportável nominal de impulso

atmosférico ( )

Frequência nominal ( )

Corrente nominal de regime contínuo ( )

Corrente suportável nominal de curta

duração ( )

Valor de crista da corrente suportável

nominal ( )

Duração de curto-circuito nominal ( )

4.12. Conclusão do capítulo

Os estudos realizados neste capítulo são fundamentais para a realização de um projeto

que opere da melhor maneira possível. A definição do nível de tensão de distribuição impacta

diretamente na seção do condutor e também no nível de corrente que circula nos circuitos. As

perdas ao longo do tempo de contratação da usina muitas vezes são desprezadas, mas podem

significar grande impacto econômico. Apesar da obtenção de menores perdas ao se utilizar

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uma tensão maior, o nível de isolamento necessário para os equipamentos, no entanto, é

superior e tal fato impacta muito no preço dos mesmos. É através do processo de

dimensionamento dos equipamentos que estes são solicitados aos fabricantes. É devido a tais

fatores que esta etapa merece um cuidado especial.

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92

CAPÍTULO 5 – ESTUDOS DE CONEXÃO

5.1. Introdução

Este capítulo apresentará alguns dos principais distúrbios que podem decorrer da

presença de aerogeradores conectados na rede e as duas normas (Procedimentos de Rede e de

Distribuição) que regulam essa ação de conexão do parque eólico na rede básica ou na rede de

uma concessionária de distribuição, respectivamente. Encontram-se nesses procedimentos os

limites de variação permitidos para certas variáveis do sistema, tais como tensão e frequência,

tanto para as condições normais de operação quanto para situações de distúrbios.

Neste trabalho, buscou-se estudar o processo de conexão, os requisitos técnicos

associados e os estudos necessários. Para exemplificar um desses estudos, será realizada uma

análise do comportamento da tensão e do fluxo de potência nas linhas do sistema IEEE14

quando do acréscimo de uma geração na barra 9 (modelagem da usina eólica) para diferentes

situações. Esta modelagem da usina eólica citada foi realizada de maneira muito simplificada,

apenas utilizando um gerador com tensão especificada em 1 pu e geração de 138 MW

(simulando o funcionamento do parque eólico na sua capacidade máxima) e 41,4 MW

(funcionamento do parque eólico com apenas 30% da sua capacidade) conectado à barra 9 por

meio de uma linha cujos parâmetros serão explicitados na seção de simulação. Isto

representaria a conexão da usina projetada neste trabalho a um sistema de transmissão. A

simulação foi realizada no software ANAREDE, de propriedade do CEPEL (Centro de

Pesquisas de Energia Elétrica), que é o software atualmente utilizado para parte dos estudos

reais de conexão de usinas ao SIN. Suas principais funcionalidades serão, também,

brevemente descritas neste capítulo.

5.2. Qualidade da energia e a importância dos estudos de

conexão dos sistemas de geração

Os cuidados com a conexão à rede elétrica devem ser observados e avaliados ainda na

fase de planejamento do projeto. O desempenho elétrico do aerogerador deve satisfazer, tanto

em condições normais de funcionamento quanto em caso de distúrbios, o nível de exigência

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93

imposto pelo gerente de operações da rede, onde quaisquer perturbações sobre a rede elétrica

devem ser mantidas dentro de limites técnicos estabelecidos.

Na Tabela 15 são listados os principais distúrbios causados por aerogeradores na rede

elétrica e as respectivas causas, que podem ser decorrentes de condições meteorológicas, do

terreno, e especificamente sobre as características elétricas, aerodinâmicas e de controle

presente no aerogerador. [1]

Tabela 15 – Distúrbios causados por aerogeradores à rede elétrica [1].

Devido à possibilidade da conexão dos novos sistemas de geração comprometer o

desempenho da rede elétrica e de seus indicadores de qualidade é que surge a necessidade de

seu estudo. Os Procedimentos de Rede [23] e os Procedimentos de Distribuição de Energia

Elétrica (PRODIST) [24] foram criados justamente para regulamentar e unificar os limites

técnicos que devem ser respeitados. Parte do conteúdo de tais documentos será mais bem

detalhado a seguir.

5.3. Regulamentação e normas da conexão no sistema de

transmissão

A conexão de qualquer sistema de geração de energia elétrica deve ser feita, de modo

que não comprometa a confiabilidade, a qualidade da energia, a operação segura e com

eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN). É devido a tais motivos que [9] destaca que

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94

“todo sistema de geração que queira se conectar com o sistema elétrico nacional deve seguir

os procedimentos de rede fornecidos pela Aneel”. Estes podem ser encontrados no site do

Operador nacional do Sistema (ONS) [23] e são definidos da seguinte forma:

“Documentos de caráter normativo, elaborados pelo ONS, com participação dos

agentes, e aprovados pela ANEEL, que definem os procedimentos e os requisitos necessários

à realização das atividades de planejamento da operação eletroenergética, administração da

transmissão, programação e operação em tempo real no âmbito do SIN” [23].

Como o próprio documento enfatiza, o objetivo fundamental é a obtenção do “ótimo

sistêmico”, ou seja, a junção da “otimização energética com a segurança elétrica e com a

continuidade do suprimento energético”.

Tais documentos são de fundamental importância para o SIN, responsável pelo

suprimento de energia elétrica para todas as regiões do país interligadas eletricamente, e para

o ONS, responsável por toda a coordenação da operação da geração e transmissão de energia

elétrica.

O esquema da Figura 62 ilustra as etapas necessárias de serem concluídas desde a

solicitação de acesso a rede até a aprovação da conexão e liberação da operação:

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95

Figura 62 – Etapas previstas para a aprovação da conexão da geração na rede de

transmissão [23].

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96

Para o caso de parques eólicos, existem procedimentos específicos que devem ser

respeitados pelos planejadores e operadores deste tipo de usina. Eles são encontrados no

Módulo 3, Submódulo 3.6, Tópico 8 – “Requisitos técnicos mínimos para conexão de centrais

eólicas na rede básica.”, dos Procedimentos de Rede e serão resumidos na seção a seguir.

5.3.1. Requisitos técnicos mínimos para a conexão de centrais eólicas na

rede básica

O item 8 presente no Submódulo 3.6 dos Procedimentos de Rede é dedicado ao

estabelecimento dos requisitos mínimos necessários para a conexão de centrais eólicas na rede

básica. Primeiramente deve-se verificar qual a modalidade de operação da usina (Tipo I,

Tipo II ou Tipo III) e também em qual sistema se conectará (Rede Básica, Demais Instalações

de Transmissão – DIT ou Rede de Distribuição). Tendo tais informações é possível identificar

quais requisitos técnicos e indicadores de desempenho deverá atender.

É dever do acessante verificar qualquer efeito que o Sistema Interligado Nacional

(SIN) possa provocar sobre o parque eólico bem como realizar estudos dos possíveis impactos

que a central eólica possa vir a causar no SIN.

Um cuidado especial com o sistema de proteção e controle deve ser tomado, visando

não exceder a capacidade dos equipamentos e com isso comprometer a rede. Para tal, estudos

de curto-circuito, avaliações da capacidade dos disjuntores, barramentos, equipamentos

terminais e malhas de terra devem ser realizados, abrangendo não somente o ponto de

conexão, mas também toda a área de influência da central eólica [23]. A Tabela 16 informa os

requisitos técnicos gerais para a geração eólica.

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Tabela 16 – Requisitos técnicos gerais para centrais eólicas [23].

Além dos itens gerais descritos acima, outros requisitos devem ser verificados, tais

como:

I. Variação da tensão em regime permanente – A variação da tensão provocada pelas

centrais eólicas no ponto de conexão não deve ser superior a 5%.

II. Instabilidade de tensão – As centrais eólicas devem dispor de um mecanismo de

controle que evite o seu desligamento por instabilidade de tensão.

III. Flutuação de tensão – Todas as condições de operação que impliquem em flutuação

de tensão (flicker) devem ser consideradas na avaliação do desempenho da usina, de

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98

modo a identificar os índices de flutuação para que estes não excedam os limites dos

indicadores.

IV. Distorção harmônica – A operação dos equipamentos das centrais eólicas não devem

provocar distorções harmônicas no ponto de conexão, acima dos limites individuais

dos indicadores de distorção de tensão harmônica individual e total.

V. Requisitos específicos para o sistema de proteção do gerador – As unidades

geradoras devem possuir dois conjuntos de proteção, além do conjunto de proteção

intrínseca recomendados pelo fabricante: proteção unitária e de retaguarda.

VI. Requisitos específicos para o sistema de registro de perturbação dos geradores –

Os aerogeradores devem possuir um sistema de registro de perturbações e tais

registros devem ser disponibilizados para o ONS.

VII. Requisitos de suportabilidade a subtensões decorrentes de faltas na rede básica

(falt ride-through) – Em caso de afundamento de tensão no ponto de conexão, a

central eólica deve permanecer funcionando se a tensão nos terminais dos

aerogeradores permanecer acima da curva mostrada na Figura 63.

Figura 63 – Tensão suportada de acordo com a duração da falta.

Cabe destacar, por fim, que dependendo da capacidade instalada da usina eólica,

alguns dos requisitos necessários não constam na Tabela 16 e serão analisados caso a caso

pelo Operador Nacional do Sistema (ONS).

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99

5.4. Regulamentação e normas da conexão no sistema de

distribuição

A Agência Nacional de Energia Elétrica elaborou documentos que possuem um

conjunto de regras que subsidiam os agentes e consumidores do Sistema Elétrico Nacional na

identificação e classificação de suas necessidades para o acesso ao sistema de distribuição,

disciplinando formas e condições. Tais documentos são denominados de “Procedimentos de

Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (PRODIST)” [24].

Ao contrário do que ocorre no sistema de transmissão, não existe ainda no Brasil

nenhuma seção específica no PRODIST que trate da conexão de centrais eólicas na rede de

distribuição e, sendo assim, os procedimentos requeridos para a conexão são comuns a todos

os sistemas de geração de energia. Em [16] é destacado que “a conexão é negociada com a

distribuidora da área em que a usina está localizada” sendo que cada distribuidora possui

requisitos técnicos específicos para o seu sistema em relação aos limites permitidos de

variação da tensão, frequência, fator de potência e harmônicos no ponto de conexão da usina

com a rede. Assim, para cada conexão, a concessionária local específica deverá ser

consultada.

5.5. ANAREDE – Programa de Análise de Redes (versão

estudante)

“O Anarede é o programa computacional mais utilizado no Brasil na área de

Sistemas Elétricos de Potência. É formado por um conjunto de aplicações integradas que

inclui Fluxo de Potência, Equivalente de Redes, Análise de Contingências, Análise de

Sensibilidade de Tensão e Fluxo e Análise de Segurança de Tensão. O programa dispõe

ainda de modelo de curva de carga, modelo de bancos de capacitores / reatores chaveados

para controle de tensão, modelos de equipamentos equivalentes e individualizados, algoritmo

para verificação de conflito de controles e facilidades para estudos de recomposição do

sistema. O programa destaca-se por sua robustez e confiabilidade” [35].

A utilização desse software (versão estudante) neste trabalho se resumiu às simulações

do comportamento de um sistema (sobretudo a verificação dos níveis de tensão e geração de

reativos nas barras e do fluxo de potência nas linhas) frente à conexão de um novo sistema de

geração (modelagem do parque eólico) em uma de suas barras.

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100

5.6. Estudo de caso

Os estudos foram realizadas no sistema IEEE 14 barras (IEEE14) onde foi conectada

uma nova geração na barra 9 e, a partir desta configuração, foram feitas diferentes análises do

comportamento do sistema:

o Condição normal de operação:

Carga Leve – Sistema de geração a ser conectado funcionando com 30% da

capacidade total.

Carga Pesada – Sistema de geração a ser conectado funcionando com 100% da

capacidade total.

o Contingência:

Carga Leve – Sistema de geração a ser conectado funcionando com 30% da

capacidade total.

Carga Pesada – Sistema de geração a ser conectado funcionando com 100% da

capacidade total.

5.7. Simulações

Para a modelagem da inclusão da central eólica na barra 9 supôs-se a existência de

uma linha de transmissão (conexão com a rede básica de 230 kV) de 20 km de comprimento ,

cujos parâmetros elétricos em pu podem ser observados a seguir. Devido à dificuldade de

obtenção de catálogos de cabos para transmissão de energia elétrica, os parâmetros na

sequência foram retirados de [44].

As bases utilizadas são:

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101

O sistema do IEEE14 acrescido da geração na barra 9 pode ser visualizado na Figura

64.

Figura 64 – Sistema simulado.

Nas seções a seguir será mostrado o comportamento da tensão nas barras e também o

fluxo de potência nas linhas para as quatro condições indicadas no item 5.6.

5.7.1. Perfil de tensão nas barras

Como pode ser observada na Figura 65, a inclusão da geração na barra 9 não afetou

consideravelmente o comportamento da tensão nas barras do sistema, quando comparado ao

caso original (IEEE14) sem a nova geração. Devido a maior necessidade de suprir o consumo

de reativos da central eólica modelada e também da necessidade imposta de manter a tensão

desta barra em 1 pu, ocorreu uma leve diminuição da tensão nas barras de carga do sistema e

também nas barras onde os compensadores síncronos atingiram o seu limite operacional e

perderam sua capacidade de controle. Ressalta-se que não era objetivo neste trabalho realizar

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102

ajustes nos casos, portanto, o resultado dos controles foram simplesmente verificados de

acordo com a solução do ANAREDE. No entanto, em todos os casos simulados a tensão

permaneceu dentro dos limites técnicos definidos nos Procedimentos de Rede, como pode ser

constatado na Figura 65.

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Figura 65 – Comportamento da tensão das barras do sistema IEEE14 quando da inclusão de uma nova geração a carga leve e pesada.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

IEEE14 1.06 1.045 1.01 1.0177 1.0195 1.07 1.0615 1.09 1.0559 1.051 1.0569 1.0552 1.0504 1.0355

IEEE14 + Geração a 30% 1.06 1.045 1.01 1.0141 1.0172 1.0559 1.0338 1.0732 1.0077 1.0087 1.0286 1.0379 1.0312 0.9992 1

IEEE14 + Geração a 100% 1.06 1.045 1.01 1.0234 1.0245 1.0437 1.0354 1.0747 1.007 1.0059 1.0209 1.0252 1.0205 0.9929 1

Limite Máximo 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1 1.1

Limite Mínimo 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9 0.9

0.89

0.94

0.99

1.04

1.09

Ten

são

[p

.u.]

Barras

Perfil de Tensão

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5.7.2. Fluxo de potência nas linhas

Ao se analisar o comportamento da potência ativa nas linhas foi possível notar que

quando a geração presente na barra 9 foi acrescentada houve um alívio das linhas mais

carregadas, já que a nova geração encontra-se nas proximidades de grande parte das barras de

carga. Nas demais linhas do sistema localizadas com maior distanciamento da nova barra de

geração não foram observadas alterações significativas no fluxo de potência ativa, como pode

ser observado na Figura 66.

Observando o perfil da potência reativa através da Figura 67 conclui-se que, de

maneira geral, houve a necessidade de aumento do fluxo, sobretudo em direção a barra 9,

visando compensar o nível de reativos demandado pela central eólica modelada. Se

analisássemos o comportamento da geração de reativos perceberíamos que grande parte desse

aumento verificado deveu-se ao maior fornecimento por parte dos compensadores síncronos

presentes nas barras 3,6 e 8 (nestas duas últimas barras a geração, inclusive, atingiu o limite) e

também à barra referência (barra 1).

Apesar das mudanças no fluxo de potência ativa e reativa no sistema, não houve

qualquer extrapolação dos limites das linhas que pudesse causar problemas ao sistema e, com

isso, inviabilizar a conexão.

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Figura 66 – Comportamento da potência ativa para as três configurações analisadas.

B1-B2 B1-B5 B2-B3 B2-B4 B2-B5 B3-B4 B4-B5 B4-B7 B4-B9 B5-B6 B6-B11 B6-B12 B6-B13 B7-B8 B7-B9 B9-B10 B9-B14 B10-B11

B12-B13

B13-B14

B9-B15

IEEE14 156.8829 75.5104 73.2376 56.1315 41.5162 -23.2857 -61.1583 28.0742 16.0798 44.0873 7.3533 7.7861 17.748 0 28.0741 5.2275 9.4264 -3.7853 1.6143 5.6438

IEEE14 + Geração a 30% 127.8223 59.8548 67.4228 43.5034 32.3621 -28.7505 -46.915 7.7958 4.4444 35.0759 1.5738 7.3291 14.9615 0 7.7962 11.2349 12.8439 2.1902 1.1546 2.3874 -41.331

IEEE14 + Geração a 100% 62.798 24.9688 53.7151 15.6017 11.1 -41.7526 -19.0884 -35.8118 -20.4168 8.8914 -14.4775 5.3906 6.7499 0 -35.8115 28.2195 23.6442 18.9575 -0.765 -7.6824 -137.577

-150

-100

-50

0

50

100

150

Po

tên

cia

Ati

va

[M

W]

Barra DE-PARA

Comportamento da potência ativa

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Figura 67 – Comportamento da potência reativa para as três configurações analisadas.

B1-B2 B1-B5 B2-B3 B2-B4 B2-B5 B3-B4 B4-B5 B4-B7 B4-B9 B5-B6 B6-B11 B6-B12 B6-B13 B7-B8 B7-B9 B9-B10 B9-B14 B10-B11

B12-B13

B13-B14

B9-B15

IEEE14 -20.4043 3.855 3.5602 -1.5504 1.171 4.4731 15.8236 -9.6811 -0.4276 12.4707 3.5605 2.5034 7.2166 -17.163 5.7787 4.2191 3.61 -1.6151 0.754 1.7472

IEEE14 + Geração a 30% -13.3554 6.5109 4.1645 3.5677 4.9475 9.0749 7.8559 1.5925 7.362 16.7544 13.7287 3.9325 12.4006 -23.1138 24.5835 -5.4042 -2.6162 -11.3346 2.1743 8.32 41.5987

IEEE14 + Geração a 100% 4.3122 8.5489 5.8521 5.9189 6.8285 9.5007 3.4712 6.79 10.4312 24.347 19.3765 4.9675 15.1097 -23.1171 27.3703 -8.8428 -4.9463 -15.3743 3.2433 12.1987 49.5492

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

Potê

nci

a R

eati

va [

Mvar]

Barra DE-PARA

Comportamento da potência reativa

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5.7.3. Análise de contingências

Ao realizar a análise de contingências no sistema, a fim de verificar o seu

comportamento com N-1 circuitos, percebeu-se a convergência de todos os casos, para ambas

as configurações (carga leve e pesada). Não houve violação dos limites de tensão em

nenhuma barra do sistema, assim como não foram encontradas infrações de fluxo entre os

circuitos monitorados (todos os ramos do sistema ilustrado na Figura 64). Portanto, levando

em consideração apenas os estudos feitos, seria possível concluir que a inclusão do novo

sistema de geração na barra 9 não implicaria na necessidade de instalação de banco de

capacitores (aporte de reativos) ou de transformadores LTC para controle de tensão nas barras

ou no redespacho do sistema.

5.8. Conclusão do capítulo

Ficou evidente neste capítulo a importância de se conhecer as normas técnicas que

regem a operação do sistema elétrico de potência, assim como de realizar os estudos previstos

nas mesmas. Neste caso específico, deve-se verificar se a inclusão do novo sistema de geração

de energia eólica não prejudicará os índices de qualidade de energia da rede e se não afetará a

capacidade dos equipamentos (o que tornaria necessária a substituição de muitos deles).

Como foram destacadas, muitas outras análises além das realizadas neste trabalho precisam

ser consideradas em estudos reais para, assim, receberem a permissão de conexão.

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CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES

É inegável que com o crescimento acentuado do Sistema Elétrico Brasileiro devido

aos mais diversos fatores, tais como crescimento demográfico e industrial, cada vez mais se

torna necessária a construção de novas centrais geradoras de energia elétrica.

O Brasil caracteriza-se por ser um país com predominância de geração hídrica. No

entanto, o cenário de blecautes ocorridos nos últimos anos somado à rígida exigência de

fornecimento de energia, com índices cada vez maiores de qualidade, trás à tona a

necessidade de diversificação da matriz energética brasileira. É neste contexto que a energia

eólica ganhou aceitação da população e apoio do governo que, através de iniciativas como a

criação do PROINFA e benefícios nos leilões de energia de reserva, permitiu a expansão

desses empreendimentos em todo o território nacional.

É consenso a necessidade de elaboração de várias alternativas de projeto, através das

quais são realizadas análises técnico econômicas, visando a escolha adequada daquela que

melhor atenda aos requisitos de qualidade do projeto e que caiba no orçamento. É nesse

sentido que foram analisadas neste trabalho algumas configurações distintas de nível de

tensão de distribuição do parque, tipos de barramento da subestação e equipamentos presentes

nos painéis.

A instalação do transformador elevador de tensão na saída de cada aerogerador é

fundamental, pois torna viável a ligação destas máquinas com a subestação da central eólica.

Neste projeto três propostas foram inicialmente pensadas estudadas com os níveis de tensão

de distribuição normalmente mais empregados: 13,8 kV – 23,0 kV – 34,5 kV. Levando-se em

conta apenas os estudos básicos realizados (fluxo de potência e curto-circuito), chega-se a

conclusão que os melhores resultados foram obtidos utilizando-se a terceira alternativa, de

34,5 kV. As menores correntes decorrentes da utilização desse nível de tensão proporcionam

maior praticidade à instalação dos cabos no parque, tendo em vista que suas seções não

ultrapassaram 120 mm². Destaca-se que para 13,8 kV, em determinados trechos de circuito do

parque eólico onde o nível da corrente extrapolou o limite de ampacidade do cabo, houve a

necessidade de implantar circuitos duplos. Outro fator importante que não deve ser

desprezado é a economia que a alternativa de 34,5 kV proporciona quando as perdas ao longo

do tempo de contrato são contabilizadas.

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Os estudos de curto-circuito mostraram também níveis de corrente de defeito menores

para esta configuração de 34,5 kV, possibilitando a utilização de painéis com menor

suportabilidade de corrente. No entanto, sabe-se que o valor de tais cubículos, entre outros

fatores, cresce muito de acordo com o isolamento necessário e, que neste caso, é o maior entre

as três alternativas.

A conexão do sistema de distribuição com a subestação principal também foi objeto de

estudos, visando a escolha da configuração de barramento que melhor atendesse às

necessidades. Levando em consideração o padrão de qualidade imaginado, optou-se pela

topologia que reúne as características da barra Simples Seccionada e da Principal e

Transferência, já que esta possibilita maior flexibilidade de operação e confiabilidade na

entrega de energia, se comparada às outras três ilustradas no trabalho.

Todas essas simples considerações e análises realizadas mostram a complexidade

envolvida na elaboração de um projeto dessa dimensão e a dificuldade de se escolher uma

alternativa que seja no mínimo boa.

Por fim, mas não menos importante, destacou-se alguns dos inúmeros estudos que a

empresa responsável pela central eólica deve apresentar à concessionária de distribuição ou ao

ONS de modo a conseguir a liberação para conectar-se na rede. As simulações no Sistema

IEEE14 com a inclusão da nova barra de geração (modelo simplificado da conexão do parque

eólico na rede) em duas situações, carga pesada e carga leve, mostraram que não houve

mudanças significativas no sistema a ponto dos limites de tensão especificados em normas e

os limites de fluxo de potência das linhas monitoradas serem ultrapassados. Ou seja, pelo

menos para esses poucos estudos realizados a conexão poderia ser feita sem prejuízos à rede.

Nas análises de contingências em todas as barras do sistema não foram encontradas violações

dos limites de tensão nas barras e nem de fluxo de potência nas linhas, convergindo, desta

maneira, para as duas condições de geração: sistema operando com a capacidade total (carga

pesada) e com apenas 30% desta (carga leve).

Por fim, foi possível notar que um projeto dessa magnitude envolve profissionais das

mais diversas áreas e que trabalham em estudos que vão desde as previsões de geração até as

análises de curto-circuito e fluxo de potência, etapas que antecedem o dimensionamento dos

equipamentos e a posterior compra dos mesmos. Como foi possível perceber, neste trabalho

algumas dessas áreas foram abordadas de maneira bem básica, no entanto, seu

aprofundamento através da realização de estudos mais detalhados pode ser realizado em

trabalhos futuros.

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de Curso. Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro – RJ. Março de

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Programas de Pós-Graduação de Engenharia (COPPE) – Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro – RJ. Fevereiro de 2001.

[8] SANSON, D. M. “Projeto Básico de um Sistema Aerogerador”. Trabalho de Conclusão

de Curso. Universidade Federal do Espírito Santo (UFSP), Vitória – ES. Agosto de 2006.

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do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro – RJ. Outubro de 2007.

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[17] LEITE, A. P.; BORGES, C. L. T.; FALCÃO, D. “Modelagem de Usinas Eólicas para

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[22] DUTRA, R. M. “Energia Eólica – Estado da Arte e Princípios Físicos”.

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[50] “Conjunto de manobra e controle de alta-tensão em invólucro metálico para tensão

acima de 1 kV até e inclusive 52 kV”. NBR IEC 62271-200 2007.

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