universidade federal de goiÁs programa de pÓs ... · concentrações de cristal violeta(cv),...

109
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA RENAN NUNES LELES Isolamento e avaliação de patogenicidade de fungos em Aedes aegypti Goiânia 2013

Upload: lyminh

Post on 09-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL

E SAÚDE PÚBLICA

RENAN NUNES LELES

Isolamento e avaliação de patogenicidade de fungos em Aedes aegypti

Goiânia

2013

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

Termo de Ciência e de Autorização para Disponibilizar as Teses e Dissertações Eletrônicas

(TEDE) na Biblioteca Digital da UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás–UFG a

disponibilizar gratuitamente através da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações – BDTD/UFG, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ ] Dissertação [ x ] Tese 2. Identificação da Tese ou Dissertação Autor(a): RENAN NUNES LELES CPF: 002.539.981-07 E-mail: [email protected] Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ x ]Sim [ ] Não Vínculo Empregatício do autor

Aluno discente do Programa de Doutorado em Medicina Tropical e Saúde Pública – IPTSP/UFG

Agência de fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás Sigla: FAPEG País: Brasil UF: Go CNPJ: Título: Novas propostas de meio seletivo para isolamento e avaliação da patogenicidade de

fungos em Aedes aegypti Palavras-chave: Fungos entomopatogênicos; Metarhizium anisopliae; Leptolegnia chapmanii Título em outra língua: New propose of selective media for isolation and avaliation of the

pathogenicity of fungi for Aedes aegypti Palavras-chave em outra língua: Entomopathogenic fungi; Metarhizium anisopliae; Leptolegnia

chapmanii Área de concentração: Parasitologia Data defesa: (dd/mm/aaaa) 27/02/2013 Programa de Pós-Graduação: Doutorado em Medicina Tropical e Saúde Pública – IPTSP/UFG Orientador(a): Dr. Wolf Christian Luz CPF: E-mail: [email protected] Co-orientador(a): Nada Consta CPF: Nada Consta E-mail: Nada Consta

3. Informações de acesso ao documento: Liberação para disponibilização?1 [ x ] total [ ] parcial Em caso de disponibilização parcial, assinale as permissões: [ ] Capítulos. Especifique: __________________________________________________ [ ] Outras restrições: _____________________________________________________

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação. O Sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat. ________________________________________ Data: ____ / ____ / _____ Assinatura do(a) autor(a)

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

RENAN NUNES LELES

Isolamento e avaliação de patogenicidade de fungos em Aedes aegypti

Tese de Doutorado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Medicina

Tropical e Saúde Pública da Universidade

Federal de Goiás para obtenção do

título de doutor em Medicina Tropical

e Saúde Pública.

Orientador PROF. DR. WOLF CHRISTIAN LUZ

Goiânia

2013

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

ii

Dedicado a meus familiares, em

especial minha mãe Lúcia, meu pai

Ginaldo, meus irmãos Rodrigo e

Raphael e minha querida esposa

Clarissa

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Wolf Christian Luz pela orientação na

pesquisa e no meu desenvolvimento acadêmico.

À República Federativa do Brasil que, por meio da Universidade Federal de

Goiás/ Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, proporcionaram a mim o

presente estudo.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) pela concessão

da bolsa de doutorado; à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) e Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia pelo financiamento

do programa de doutorado sanduíche.

À “Universidad Nacional de La Plata”, docentes, técnicos e administrativos,

especialmente a Profa. Dra. Claudia López Lastra e do Prof. Dr. Juan Jose Garcia,

pela contribuição para a realização dos estudos na Argentina.

À toda a equipe do Laboratório de Patologia de Invertebrados, em especial ao

Prof. Dr. Éverton Kort Kamp Fernandes e ao companheiro de anos Walmirton

Bezerra D’Alessandro.

Ao “Agricultural Research Service Collection of Entomopathogenic Fungi”

(ARSEF), Embrapa – Recursos Genéticos e Biotecnologia e, a Profa. Dra. Lara

Stefania Netto de Oliveira Leão pelo fornecimento de fungos e bactérias para

bioensaios.

Ao Dr. Richard Humber pelo auxílio na identificação de fungos e revisão crítica

dos manuscritos e a Profa. Dra. Adelair Helena dos Santos pela contribuição em

experimentos.

À equipe do Programa de Pós Graduação em Medicina Tropical, professores,

diretoria e técnicos-administrativos, especialmente aos servidores José Clementino

de Oliveira Neto e Kariny Vieira Soares e Silva pela presteza nos trâmites

administrativos.

À equipe do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria

Municipal de Saúde de Goiânia, especialmente aos servidores Welington Tristão da

Rocha, Daniel e Donizete, pelo auxílio nas coletas de campo.

Aos integrantes do Laboratório de Biologia e Fisiologia de Insetos e

Xenodiagnóstico, nas pessoas do Prof. Dr. Ionizete Garcia da Silva e Profa. Dra.

Heloísa Helena Garcia da Silva, pelo fornecimento de mosquitos para a realização de

experimentos.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

iv

SUMÁRIO

TABELAS E FIGURAS.................................................................................................... vi

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS .................................................................... xi

RESUMO ......................................................................................................................... xii

ABSTRACT .................................................................................................................... xiii

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 2

2.1 Aedes aegypti ............................................................................................................. 2

2.1.1 Morfobiologia ................................................................................................... 2

2.1.2 Importância ....................................................................................................... 6

2.1.3 Principais métodos de controle .......................................................................... 8

2.2 Controle biológico de vetores .................................................................................. 10

2.2.1 Fungos e oomycetos entomopatogênicos...................................................... ....12

2.2.1.1 Mecanismos gerais de infecção ........................................................... 12

2.2.1.2 Métodos de isolamento ....................................................................... 14

2.2.1.3 Ocorrência e patogenicidade de fungos e oomycetos entomopatogênicos

em vetores ......................................................................................... 16

3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 19

4 OBJETIVOS ................................................................................................................. 20

4.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 20

4.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 20

5 MANUSCRITOS........................................................................................................... 21

5.1 Manuscrito 1:Patogenicidade de alguns fungos da ordem Hypocreales sobre adultos de

Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) ..................................................... 22

5.1.1 Abstract ........................................................................................................... 23

5.1.2 Introdução ....................................................................................................... 24

5.1.3 Material e métodos .......................................................................................... 24

5.1.4 Resultados e discussão ..................................................................................... 26

5.1.5 Agradecimentos ............................................................................................... 27

5.1.6 Referências bibliográficas ................................................................................ 27

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

v

5.2 Manuscrito 2:Efeitos de conídios de Metarhizium anisopliae misturados em solo

contra ovos de Aedes aegypti.............................................................. 31

5.2.1 Abstract ........................................................................................................... 32

5.2.2 Introdução ....................................................................................................... 33

5.2.3 Material e métodos .......................................................................................... 34

5.2.4 Resultados ....................................................................................................... 35

5.2.5 Discussão ........................................................................................................ 36

5.2.6 Agradecimentos ............................................................................................... 37

5.2.7 Referências bibliográficas ................................................................................ 38

5.3 Manuscrito 3:Desenvolvimento de um método para detecção de Metarhizium sp em

mosquitos infectados .......................................................................... 43

5.3.1 Abstract ........................................................................................................... 44

5.3.2 Introdução ....................................................................................................... 45

5.3.3 Material e métodos .......................................................................................... 46

5.3.4 Resultados ....................................................................................................... 51

5.3.5 Discussão ........................................................................................................ 52

5.3.6 Agradecimentos ............................................................................................... 54

5.3.7 Referências bibliográficas ................................................................................ 54

5.4 Manuscrito 4: Um método simples para detecção de Leptolegnia chapmanii em larvas

infectadas de Aedes aegypti ................................................................ 65

5.4.1 Abstract ........................................................................................................... 66

5.4.2 Introdução ....................................................................................................... 67

5.4.3 Material e métodos .......................................................................................... 69

5.4.4 Resultados ....................................................................................................... 71

5.4.5 Discussão ........................................................................................................ 72

5.4.6 Agradecimentos ............................................................................................... 74

5.4.7 Referências bibliográficas ................................................................................ 74

6 DISCUSSÃO ................................................................................................................. 81

7 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 84

8 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 85

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

vi

TABELAS E FIGURAS

Tabelas Título Página

Tabela 1 Sorotipos circulantes, características, áreas mais

acometidas e incidência de dengue nas epidemias

mais importantes da última década

7

Manuscrito

(Ms) 1

Tabela 1

Detalhes sobre os fungos entomopatogênicos

utilizados nos testes de patogenicidade em

adultos de Aedes aegypti

29

Ms. 1

Tabela 2

Atividade de fungos em adultos de Aedes aegypti

e o desenvolvimento dos fungos sobre os

mosquitos mortos.

30

Ms 2

Tabela 1

Dias até a emergência de micélio ou novos

conídios de Metarhizium anisopliae IP 46 sobre

ovos de Aedes aegypti ou solo, e dias até a

eclosão de larvas em solo após exposição de ovos

em solo tratado com conídios de IP 46 em

diferentes concentrações.

40

Ms 3

Tabela 1

Isolamento de fungos em larvas e adultos de

mosquitos, coletados na cidade de Goiânia e

mantidos em meio Leles por até 15 dias (25 ±

1°C; UR 70 ± 10%). Identificação das amostras,

bem como a data (DD/MM/AA), local de coleta e

tipo do criadouro, estágio do material coletado,

identificação do mosquito e do fungo isolado.

61

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

vii

Ms 4

Tabela 1

Infecção de larvas de Aedes aegypti (L4) por

Leptolegnia chapmanii, e o desenvolvimento do

patógeno em L4 mantidas em meio ágar–água

acrescido de aditivos ou, após a transferência, em

água, e subsequente infecção de novas L4 e

desenvolvimento em larvas mortas após

exposição a mesma água.

77

Figuras Título Página

Figura 01

Cabeça de culicídeo em vista superior: A: fêmea

de Culicinae, com destaque a antena pilosa e o

palpo menor que a probóscida; B: Culicinae,

macho, destacando a antena plumosa e o palpo

maior do que o aparelho bucal. a: Antena; Pa:

Palpo maxilar; Pr: Probóscida (Fonte: Eiras,

2005).

2

Figura 02

Esquema da probóscida de um Culicídeo (A, B e

C). lb: Labro; md: Mandíbulas; hf: Hipofaringe;

mx: Maxilas; l: Lábio; f: Palpo; ca: Canal

alimentar. D: Arranjo do aparelho bucal durante a

hematofagia, com destaque ao processo de

retração do lábio (l) e a penetração das demais

estruturas (a) no capilar (b) (Fonte: Eiras, 2005).

3

Figura 03 a: Culicídeo em vista lateral com destaque ao

escudo (Es) e ao escutelo (E); b: Mesonoto com

evidência do escudo e escutelo (Fonte: Consoli &

Oliveira, 1998); c: Aedes aegypti, com destaque

para a disposição das escamas prateadas, em forma

de lira, sobre o escudo.

4

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

viii

Figura 04 Esquema das fases evolutivas do Aedes aegypti

(http://www.prefeitura.unicamp.br/prefeitura/ca/DE

NGUE/3dengue_unicamp.html. Acessado em 12 de

Novembro de 2012)

5

Figura 05 Mapa de risco da transmissão de dengue no Brasil

em 2011 (www.dengue.org.br/dengue_mapas.

html. Acessado em 20/06/2012)

6

Figura 06 Distribuição de Aedes aegypti nas Américas em

1970 (esquerda) e em 2002 (direita) (http://www.

cdc.gov/ncidod/dvbid/dengue/index.htm. Acessa

do em 20/06/2012 ).

9

Figura 07 Aedes aegypti, adulto (A) e larva (B), mortos,

com o corpo colonizado externamente por

conídios do fungo Metarhizium anisopliae (A) e

zoosporângios do oomyceto Leptolegnia

chapmanii (B), repletos (seta 1) ou sem

zoosporângios (seta 2).

13

Ms 2

Figura 1

Número relativo de ovos de Aedes aegypti com

conídios após a exposição de ovos sobre solo

tratado com Metarhizium anisopliae IP 46 em

diferentes concentrações de conídios e incubação

a 25°C e umidade relativa >98% por 25 dias.

41

Ms 2

Figura 2

Eclosão relativa de larvas de Aedes aegypti após a

submersão de ovos previamente expostos em solo

tratado com Metarhizium anisopliae IP 46 em

diferentes concentrações de conídios e incubação

a 25°C por 5 dias.

42

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

ix

Ms 3

Figura 1

Esquema da preparação do meio Sabouraud

dextrose ágar com extrato de levedura (SDAL)

com diferentes ajustes de pH ou diferentes

concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina

(D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T).

57

Ms 3

Figura 2

Quantidade relativa de unidades formadoras de

colônia (UFC) de Metarhizium anisopliae IP 46

em meio SDAL modificado, em função do

número de UFC em SDAL com pH ajustado em

7, após 10 d a 25 ± 1°C e umidade relativa de 70

± 10%. O efeito da concentração foi avaliado para

cada químico por ANOVA (α ≤ 5%), seguido de

teste de Student Newman Keuls, letras diferentes

(A,B) evidenciam o efeito.

58

Ms 3

Figura 3

Adultos de Aedes aegypti mortos por

Metarhizium anisopliae IP 46 e posteriormente

expostos a outros fungos contaminantes,

destacando-se a porcetagem de mosquitos mortos

com conídios de M. anisopliae isoladamente, do

contaminante ou de ambos no mesmo mosquito,

após 10 dias de incubação a 25° ±1°C e umidade

próxima de saturação.

59

Ms 3

Figura 4

Adultos de Aedes aegypti mortos somente com

conídios de Metarhizium anisopliae sobre o corpo

(A), com conídios de M. anisopliae e Aspergillus

flavus (B), M. anisopliae e Mortierella isabellina

(C), Mucor plumbeus associado a M. anisopliae

(D e E) e, mosquitos mortos somente com

conídios de Rhizopus arrhizus (F).

60

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

x

Ms 4

Figura 1

Avalição do desenvolvimento de Leptolegnia

chapmanii e manutenção da virulência dos

zoósporos após a passagem das larvas, infectadas

(+) ou larvas controle (-), pelos meios: Ágar –

água (AA+ e AA-); AA + tiabendazol (AT+ e

AT-) AA + cloranfenicol (AC 1,0-0,1 g/l + e AC

1,0 - 0,1 g/l ); AA + deltametrina (AD+ e AD-) e

AA + tiabendadol e cloranfenicol (MR + e MR-).

78

Ms 4

Figura 2

Zoosporângios de Leptolegnia chapmanii repletos

de zoósporos (A seta 1) ou vazios (A seta 2) e

liberando zoósporos (B) após 48 h de incubação

de larva de quarto estádio de Aedes aegypti em

meio ágar- água (25 ± 1°C) seguido de exposição

em água destilada por 48 h a 25 ± 1°C. A: 100x;

B: 200x; Detalhe ampliado em B: 400x.

79

Ms 4

Figura 3

Oogônios (seta 1) e zoosporângios (seta 2) de

Leptolegnia chapmanii em larva de quarto estádio

de Aedes aegypti, 48 h após a incubação em meio

ágar-água acrescido de cloranfenicol (1000 mg/L)

e subsequente imersão em água destilada por 48 h

a 25 ± 1°C. Ampliação em 200x.

80

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

xi

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

AA Ágar–água

AC Ágar cloranfenicol

ACV Ágar cristal violeta

AD Ágar deltametrina

AT Ágar tiabendazol

BDA Batata, dextrose e ágar

BTI Bacillus thuringiensis var. israelensis

CDC Centers for Disease Controle and Prevention

Cl Cloranfenicol

CV Cristal violeta

D Deltametrina

DDT Dicloro – Difenil- Tricloroetano

DENV Dengue virus

EPA US Evironmental Protection Agency

FAS Febre amarela silvestre

FAU Febre amarela urbana

L4 Larva de quarto estádio

MS Ministério da Saúde do Brasil

TL50 Tempo Letal 50%

TL90 Tempo Letal 90%

PNCD Programa Nacional de Controle de Dengue

RPM Rotações por minuto

SDAL Sabouraud, Dextrose, Ágar com extrato de levedura

SES-Goiás Secretaria Estadual de Saúde de Goiás

T Tiabendazol

UBV Ultra Baixo Volume

UFC Unidade Formadora de Colônia

UR Umidade Relativa

WHO World Health Organization

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

xii

RESUMO

Aedes aegypti é o principal vetor da dengue em países de clima tropical e

subtropical. Em vista da ausência de vacina contra a dengue, o combate ao vetor é

fundamental para o controle da doença. A necessidade de políticas de controle

integrado de A. aegypti é cada vez mais evidente em vista do aumento da população

de mosquitos resistentes a inseticidas químicos comumente utilizados. Os Fungos

entomopatogênicos têm grande potencial para controle biológico de A. aegypti, no

entanto, apenas duas espécies, Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana, têm

sido estudadas para esse fim. Embora M. anisopliae tenha grande potencial para

combate de A. aegypti, é necessário conhecer qual o real impacto desse fungo em

ambiente natural e se existem outros fungos que são inimigos naturais desse

mosquito. Em vista disso, o presente estudo avalia a patogenicidade de dezenove

fungos da ordem Hypocreales em adultos de A. aegypti, novas formas de aplicação

de propágulos fúngicos para controle do mosquito e novas metodologias para

detecção e isolamento de fungos e oomycetos em larvas e adultos desse mosquito. Os

resultados obtidos evidenciaram o potencial de fungos, isolados de outros insetos e

de amostras de solo, especialmente do gênero Metarhizium, para combate de adultos

e de ovos do mosquito vetor da dengue. O presente trabalho também propõe uma

metodologia prática para detecção e isolamento de fungos entomopatogênicos a

partir de mosquitos potencialmente infectados, coletados em campo.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

xiii

ABSTRACT

Aedes aegypti is the main vector of dengue fever in tropical and subtropical

countries in the world. Due to the absence of a vaccine for dengue fever, the vector’s

combat is fundamental for the disease control. The spread of mosquito populations

resistant to chemical insecticides shows the necessity to establish integrate vector

control programs. Entomopathogenic fungi have potential for biological control of A.

aegypti; however, only two fungal species, Metarhizium anisopliae and Beauveria

bassiana, have been studied more intensely for this purpose. The present study

evaluated the pathogenicity of nineteen fungal species of the Hypocreales order

against A. aegypti adults, and investigated new methods for fungal application to

control these mosquitoes and for detection and isolation of fungi and oomycetes from

A. aegypti larvae and adults. The results clearly showed the potential of fungi,

especially from the Metarhizium genus, for the combat of eggs and adult mosquitoes.

The present study proposes a new practical method for the detection and isolation of

entomopathogenic fungi from infected mosquitoes collected in the field.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

1

1 INTRODUÇÃO

Aedes aegypti é um mosquito, considerado principal vetor da dengue em países de

clima tropical e subtropical (WHO 2009). A prevenção da doença até o momento

depende inteiramente do controle do vetor, visto que não há vacinas eficientes contra a

dengue (WHO 2009). O combate a A. aegypti, conforme preconizado pelo Ministério da

Saúde (MS), baseia-se na destruição dos criadouros do mosquito e uso de inseticidas para

combate de adultos e larvas (MS 2002, 2009; WHO 2009). Contudo, devido a grande

gama de potenciais criadouros, naturais ou artificiais, existe uma grande dificuldade para

a destruição destes (MS 2001, 2009; WHO 2009). Além disso, há uma crescente

preocupação por parte das autoridades de saúde frente ao aumento da população de A.

aegypti resistentes aos principais larvicidas e adulticidas utilizados no combate (Braga et

al. 2004; Braga & Valle 2007; Eisen et al. 2009). Embora existam propostas de controle

biológico, estas ainda são restritas ao uso de peixes, microcrustáceos predadores e, de

bactérias, especialmente BTI (MS 2009; WHO 2009).

Fungos entomopatogênicos são candidatos promissores a agentes de controle

biológico de mosquitos. Contudo, o conhecimento se mantém restrito a praticamente

duas espécies de fungos, Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana, ambos ativos

contra A. aegypti em condições de laboratório (Luz et al. 2007b; Scholte et al. 2007;

Paula et al. 2008). Entende-se que, fungos isolados de mosquitos, tendem a ter maior

virulência contra A. aegypti. Entretanto, apesar da grande biodiversidade de fungos

entomopatogênicos, inclusive em países da América Latina (Sosa-Gómez et al. 2010),

pouco se conhece sobre isolamento de fungos à partir de mosquitos naturalmente

infectados (Mohanty et al. 2008; Luz et al. 2010). Um fungo altamente virulento, bem

adaptado ao ambiente de uso e aplicado da maneira correta seria capaz de contornar

limitações encontradas nos métodos clássicos de controle de A. aegypti.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

2

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Aedes aegypti

2.1.1 Morfobiologia

Aedes aegypti é um artrópode pertencente à ordem Diptera, família Culicidae. Como

todos os dípteros, apresenta um par de asas funcionais e um par de asas reduzido,

chamadas balancins, importantes no equilíbrio do inseto durante o voo. Tem o corpo

delgado e pernas longas. As antenas têm 15 artículos cada, divididos em um escapo, um

pedicelo e o flagelo segmentado. O flagelo nos machos apresenta-se piloso e nas fêmeas,

plumoso.

A cabeça de A. aegypti (Figura 01), além das antenas, apresenta outras estruturas

importantes como os olhos compostos, a probóscida ou aparelho bucal e um par de

palpos maxilares. Os olhos são grandes e ocupam grande parte da porção ântero-lateral

da cabeça e são constituídos de pequenos omatídeos (unidades ópticas responsáveis pela

captação de luz). A probóscida é constituída por estruturas diversas (maxilas,

mandíbulas, labro, hipofaringe) recobertas pelo lábio que permite a formação de um

canal pungitivo sugador (Figura 02). Os palpos maxilares são estruturas penta-articuladas

que se situam lateralmente ao aparelho bucal dos mosquitos, sendo que nas fêmeas são

mais curtos do que a probóscida e nos machos são mais longos (Consoli & Oliverira,

1998).

Figura 01: Cabeça de culicídeo em vista superior: A: fêmea de Culicinae, com destaque a

antena pilosa e o palpo menor que a probóscida; B: Culicinae, macho, destacando a

antena plumosa e o palpo maior do que o aparelho bucal. a: Antena; Pa: Palpo maxilar;

Pr: Probóscida (Fonte: Eiras, 2005).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

3

Figura 02: Esquema da probóscida de um Culicídeo (A, B e C). lb: Labro; md:

Mandíbulas; hf: Hipofaringe; mx: Maxilas; l: Lábio; f: Palpo; ca: Canal alimentar. D:

Arranjo do aparelho bucal durante a hematofagia, com destaque ao processo de retração

do lábio (l) e a penetração das demais estruturas (a) no capilar (b) (Fonte: Eiras, 2005).

O tórax é dividido em protórax, mesotórax e metatórax, sendo grande parte tomada

pelo mesotórax, onde estão inseridas as asas funcionais. Os balancins encontram-se

inseridos no metatórax. O escudo é característico, apresenta um conjunto de escamas

prateadas em forma semelhante a uma lira, e juntamente com o escutelo compreendem o

mesonoto (Figura 03). O abdome é composto por oito segmentos evidentes e dois

segmentos modificados em ânus e genitália.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

4

Figura 03: a: Culicídeo em vista lateral com destaque ao escudo (Es) e ao escutelo (E); b:

Mesonoto com evidência do escudo e escutelo (Fonte: Consoli & Oliveira 1998); c:

Aedes aegypti, com destaque para a disposição das escamas prateadas, em forma de lira,

sobre o escudo.

A. aegypti tem desenvolvimento holometabólico, apresentando as fases de ovo,

larva, pupa e adulto. Os ovos são eliptiformes e recobertos por uma camada impermeável

chamada cório. São postos de forma isolada em superfícies próximas a localidades com

água represada. Mesmo necessitando de água para a eclosão, parte dos ovos de A.

aegypti permanece viável por mais de 450 dias em ambiente ressecado (Silva & Silva

1999; Luz et al. 2008). Esse fato contribui com o sucesso adaptativo do vetor, pois além

de permitir superação de condições climáticas adversas ainda auxilia na dispersão

passiva desses ovos para outras regiões através do transporte de criadouros contaminados

(Silva & Silva 1999).

Os criadouros de A. aegypti estão fortemente relacionados à ambientes urbanos.

Destacam-se materiais recicláveis capazes de armazenar água de chuvas como: latas,

vasos de plantas, pneus, garrafas, entre outros, bem como em solo ou vegetações

próximos à superfície de água (Kay et al. 2000; Reiter 2007; Luciana S Lobo & Christian

Luz, dados não publicados). Outros criadouros encontram-se ainda em locais de estoque

de água, por exemplo, as caixas d’água e cisternas. Estes, capazes de manter a população

dos mosquitos nas cidades mesmo em períodos de menor umidade.

O tempo médio de incubação dos ovos (período compreendido entre a postura e a

eclosão das larvas) de A. aegypti apresenta grande variação. Cepas goianas do mosquito,

criadas em laboratório, tiveram esse período variando entre 1 e 85 dias (Silva & Silva

1999). As larvas eclodem em blocos, contribuindo para a manutenção da população,

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

5

mesmo que em diferente densidade populacional, durante todo o ano (Camargo et al.,

1994; Rios-Velasquez et al. 2007) .

Após a eclosão, as larvas passam por quatro estádios e um período pupal, todos eles

aquáticos, para enfim chegarem à fase de adulto (Figura 04). A proporção de sexo dos

adultos emergidos é de cerca de um macho para cada fêmea. A longevidade desses

mosquitos foi considerada maior para as fêmeas quando comparado aos machos,

podendo chegar, em condições de laboratório, a até mais de 50 dias para as fêmeas (Silva

& Silva 1999). Estudos realizados em Singapura evidenciaram a capacidade de dispersão

ativa desse mosquito, chegando até cerca de 320 metros (Liew & Curtis 2004),

entretanto, no Rio de Janeiro, essa capacidade ultrapassou 800 metros (Honorio et al.

2003).

Machos e fêmeas alimentam-se de seiva, entretanto, a fêmea necessita de repastos

sanguíneos para a maturação dos ovos, sendo apenas as fêmeas hematófagas. A. aegypti

apresenta hábitos diurnos. A hematofagia, as atividades de cópula e a alimentação dos

machos ocorrem durante o dia. Embora a fêmea não se alimente em um animal

específico, a principal vítima do ectoparasitismo é o homem. As picadas geralmente são

rápidas e consecutivas, e a mesma fêmea alimenta-se diversas vezes no mesmo

hospedeiro ou em hospedeiros diferentes, em especial nas regiões baixas do corpo como

os pés e a parte baixa das pernas.

Figura 04: Esquema das fases evolutivas do mosquito Aedes aegypti (Disponível em:

http://www.prefeitura.unicamp.br/prefeitura/ca/DENGUE/3dengue_unicamp.html.

Acessado em 12 de Novembro de 2012).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

6

2.1.2 Importância

Além dos incômodos gerados pela picada, A. aegypti é o principal vetor da febre

amarela em seu ciclo urbano e também dos quatro sorotipos distintos dos vírus dengue.

A transmissão de ambas as doenças para os humanos se dá a partir da picada do

mosquito infectado. O vetor pode se infectar via repasto em um indivíduo previamente

infectado ou ainda por transmissão transovariana (Consoli & Oliveira 1998).

A dengue é caracterizada como uma das principais arboviroses de repercussão

mundial. Casos da doença já foram notificados em mais de 100 países (CDC, 2008). Nos

anos de 2001 e 2002, o número de casos de dengue foi de cerca de 50 milhões por ano

em todo o mundo, sendo pelo menos 500 mil casos de dengue hemorrágica e mais de 12

mil mortes, principalmente entre crianças (WHO, 2002).

O primeiro caso de dengue, confirmado por exames laboratoriais, ocorrido no Brasil

foi no ano de 1981 no estado de Roraima. A partir desse momento até o ano de 1993 a

doença seguiu em ondas epidêmicas em áreas isoladas do país. De 1994 em diante o

dengue vírus passou a gerar epidemías e endemias em praticamente todo o Brasil, com

exceção dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Siqueira et al. 2005) e assim

vem se mantendo (Figura 05).

Figura 05: Mapa de risco da transmissão de dengue no Brasil em 2011

(Disponível em: www.dengue.org.br/dengue_mapas.html. Acessado em 20/06/2012)

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

7

Os primeiros casos de dengue hemorrágica confirmados no Brasil datam do ano de

1990, após a introdução do sorotipo 2 (DENV 2) no país. Estima-se em quatro milhões o

número de casos suspeitos de dengue entre os anos de 2002 e 2010, no Brasil. Dentre

esses casos, cerca de 2383 óbitos por dengue com complicações e por febre hemorrágica,

foram registrados (Siqueira et al. 2011). Até o ano de 2009, no Brasil, havia a circulação

de três sorotipos virais, DENV-1, DENV-2 e DENV-3. O histórico de epidemias

relacionadas a esses três sorotipos na última década, iniciou-se em 2002 com uma

epidemia provocada pela introdução de DENV-3 no Brasil. Essa epidemia caracterizou-

se basicamente pelo aumento no número de formas graves. O ano de 2008 foi marcado

pela recirculação do sorotipo 2 do dengue vírus e o aumento no número de casos graves

entre crianças e jovens com menos de 15 anos de idade. Em 2010, uma nova epidemia

com predomínio de DENV-1 foi a de maior proporção, com mais de um milhão de

prováveis casos e com o maior número de óbitos por dengue em um único ano (Tabela

1).

Tabela 1: Sorotipos circulantes, características, áreas mais acometidas e incidência de

dengue nas epidemias mais importante da última década (Extraído de: Siqueira et al.

2011)

Até o ano de 2010, o sorotipo 4 do dengue vírus esteve considerado fora de

circulação do Brasil desde 1981, ano em que foi notificado o último caso autóctone por

DENV-4 no país. Porém, no segundo semestre de 2010 foi identificado DENV-4 no

estado de Roraima e em dezembro do mesmo ano, confirmados casos autóctones no

estado do Amazonas, seguido dos estados do Pará, Piauí, Ceará, Bahia, Rio de Janeiro e

São Paulo já no primeiro semestre de 2011 e no estado de Goiás em 2013 (SES-Goiás

2011, 2013; Siqueira et al. 2011)

A febre amarela é considerada uma das doenças viróticas febris de maior gravidade,

isso devido às complicações hepáticas características da doença, o que gera altos índices

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

8

de mortalidade. A doença é dividida epidemiologicamente em Febre Amarela Urbana

(FAU) e Febre Amarela Silvestre (FAS). Embora se trate da mesma doença, a

transmissão ocorre em locais distintos e por mosquitos de espécies diferentes.

Casos de FAU não são descritos no Brasil desde o ano de 1942. Entretanto, casos de

FAS são de difícil erradicação devido à dificuldade de controle dos vetores em ambientes

silvestres. Além disso, há à manutenção do ciclo por macacos infectados presentes nesse

meio e a falta de cobertura vacinal nesses locais. No ano de 2007 e início de 2008 foram

confirmados 226 casos de macacos mortos por febre amarela, sendo 138 desses casos no

estado de Goiás (MS 2008). Vinte casos da doença em humanos foram notificados no

mesmo período no Brasil, dentre os quais, 15 desses casos ocorreram no estado de Goiás.

Neste período foram notificados 10 casos de óbito por febre amarela, todos no estado de

Goiás (MS 2008). À partir da preocupante epidemia de 2007/2008, foi intensificado o

monitoramento de FAS no Brasil durante os anos de 2008 e 2009, verificando-se a

circulação viral, em macacos, em 67 municípios diferentes do estado do Rio Grande do

Sul e a confirmação de 20 casos (45% de letalidade) da doença em humanos neste

estado. No mesmo período, no estado de São Paulo, foram confirmados 28 casos em

humanos (34% de letalidade) (MS 2009).

Acredita-se que a presença de ciclos epidêmicos de dengue associados aos casos

constantes de febre amarela silvestre em municípios brasileiros e ao descuido da

população em relação à vacinação contra a febre amarela, tornam real o risco de novos

casos de FAU, já que ambas (febre amarela e dengue) são vetoriadas pela mesma espécie

de mosquito (Massad et al. 2001).

2.1.3 Principais métodos de controle.

No Brasil, A. aegypti tem sido alvo de campanhas de combate populacional desde

meados de 1900 através de políticas sanitaristas idealizadas por Oswaldo Cruz para

erradicação da febre amarela no Rio de Janeiro. Foi erradicado no Brasil e em mais 17

países do continente americano entre as décadas de 1950 e 1960. Eram políticas

verticalizadas de ataque aos focos do mosquito baseadas em rígidas estruturas militares e

hierárquicas e que não contavam com a participação voluntária da população (Tauil

2002). Entretanto, devido ao crescimento desordenado das cidades, essas políticas

tornaram-se ineficazes, sendo que em 1976 houve a reintrodução definitiva de A. aegypti

no país, inicialmente no estado do Pará (Tauil 2002) (Figura 06).

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

9

Figura 06: Distribuição de Aedes aegypti nas Américas em 1970 (esquerda) e em

2002 (direita) (Disponível em: http://www.cdc.gov/ncidod/dvbid/dengue/index.htm

Acessado em 20/06/2012 ).

Atualmente o controle de A. aegypti no Brasil encontra-se vinculado às “Diretrizes

Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue” e ao “Programa

Nacional de Controle de Dengue” (PNCD). Ambos têm como principais medidas a

redução dos danos gerados pela dengue baseados em quatro frentes de ação. A primeira

delas é a assistência ao paciente, a fim de reduzir a mortalidade e a quantidade de casos

graves de dengue. As outras três medidas estão associadas à prevenção de epidemias por

meio da vigilância epidemiológica, conscientização e mobilização da população e

controle do mosquito transmissor (MS 2009).

Dentre as medidas propostas para controle vetorial pelo PNCD, destacam-se

medidas de controle físico, químico e em casos de resistências aos inseticidas químicos,

controle biológico. O controle físico se baseia em evitar a formação de novos criadouros

e a destruição de criadouros existentes, quando possível. O controle químico e o controle

biológico, quando utilizado, tem por base normas técnicas e operacionais propostas pela

Organização Mundial de Saúde. Para o combate de larvas propõe-se o organofosforado

temefós (Abate®). Em municípios ou estados com populações resistentes a esse

organofosforado, propõe-se a substituição por inibidores de síntese de quitina

(Diflubenzuron® ou Novaluron®) ou análogos sintéticos de hormônio juvenis

(Pyriproxifen®). Tais compostos impedem a muda da larva para adulto. Porém, a

aplicação de inibidores de síntese de quitina não é permitida em água potável (MS 2005).

O controle biológico proposto pelo PNCD é restrito ao uso de larvicidas à base de

Bacillus thuringiensis israelensis (BTI), na maioria das vezes em forma de rodízio com

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

10

temefós a fim de evitar a seleção de populações resistentes (MS, 2001; 2002; 2009). O

controle de adultos é realizado somente em períodos epidêmicos com piretróides,

aplicados por ultra baixo volume (UBV) (MS 2009; Braga & Valle 2007). Entretanto,

segundo estudos realizados na cidade de Salvador, a prática proposta pelo PNCD, além

de muito onerosa, tem se mostrado ineficaz para a minimização dos casos de dengue

nesta cidade (Teixeira et al. 2002) e acredita-se que o mesmo quadro se repita no restante

do país.

Diversas são as dificuldades para a erradicação de A. aegypti, dentre elas a queda da

susceptibilidade do mosquito aos inseticidas propostos pelo PNCD. Resistência de A.

aegypti ao temefós já foi notificada nos Estados da Paraíba (Beserra et al. 2007), Sergipe

(Braga et al. 2004), Alagoas (Braga et al. 2004), Ceará (Lima et al. 2006), São Paulo

(Macoris et al. 2003), Espírito Santo (Lima et al. 2003), Rio de Janeiro (Braga et al.

2004; Lima et al. 2003) e no Distrito Federal (Carvalho et al. 2004). Quanto à

cipermetrina já foram notificados casos de resistência nos estados do Rio de Janeiro,

Alagoas (Cunha et al. 2005) e no Paraná (Luna et al. 2004). O mesmo quadro de

resistência a piretróides e organofosforados também se repete em outros países da

América Latina como em Cuba (Rodriguez et al. 2002) e também no Peru (Chávez et al.

2005).

2.2 Controle biológico de vetores

O controle biológico de insetos baseia-se na manipulação de predadores ou

patógenos naturais de determinado inseto a fim de controlar e manter a população do

mesmo abaixo dos níveis geradores de prejuízos para a saúde (Pedigo 2002).

O ideal seria o alcance de uma relação de equilíbrio entre o inseto e

patógeno/predador, portanto duradoura (auto-sustentável) e de ação específica ao inseto

alvo.

A observação do potencial uso de seres vivos para controle de pragas agrícolas já é

antigo. Desde o ano 300 a.C. os chineses já utilizavam formigas a fim de diminuir a

infestação de pragas nos laranjais (Pedigo 2002). Tal conhecimento, entretanto, foi

negligenciado durante muitos anos devido ao uso do controle químico. Inicialmente, o

emprego do enxofre e arsênico seguido pelo uso de plantas inseticidas e finalmente, com

o advento do DDT, os inseticidas químicos sintéticos passaram a ser amplamente

utilizados. O lançamento do livro “Silent Spring” no ano de 1962 (Carson 1962) foi um

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

11

marco sobre o questionamento do uso indiscriminado do DDT. O livro contribuiu para o

surgimento de novas teorias acerca da necessidade de formas alternativas, mais eficazes,

específicas e menos poluentes para o controle de artrópodes (Pedigo 2002). Neste

contexto, o controle biológico torna-se uma ferramenta indispensável devido à

sustentabilidade, especificidade e aos baixos danos ambientais que pode apresentar.

Um pequeno vilarejo no Vietnã conseguiu alcançar a erradicação de A. aegypti com

base na união de políticas de controle biológico e de conscientização populacional. Nesse

vilarejo, com cerca de 400 habitações, foram utilizados microcrustáceos do gênero

Mesocyclops nos principais poços e locais de armazenamento de água. A população era

responsável pela manutenção do microcrustáceo nesses locais e ainda pela eliminação

dos criadouros nos quais o uso do Mesocyclops era inviável (garrafas, pneus, etc). Ainda

no mesmo programa de ação, a população de A. aegypti no vilarejo foi monitorada

durante dois anos após a eliminação do mosquito. Neste período não apareceram mais

larvas ou adultos de A. aegypti (Vu et al. 1998).

Larvas de A. aegypti apresentaram grande letalidade quando expostos ao

microsporídeo Edhazardia aedis, um patógeno específico de A. aegypti. O contágio se dá

através da ingestão de esporos pela larva e pode ser mantida também por via

transovariana, caso a larva sobreviva à infecção. O patógeno matou 100% das larvas em

aplicação inundativa. Contudo, as altas letalidades não foram mantidas sem uma nova

aplicação inundativa, provavelmente devido ao baixo tempo de sobrevivência dos

esporos na água (Becnel & Johson, 2000).

Estados como o Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte empregaram o BTI como

forma de controle de larvas de A. aegypti em substituição ao temefós no ano de 2001,

sem resultados claros para o controle do vetor (Braga & Valle 2007). Esporos de BTI

apresentam em sua estrutura, proteínas tóxicas para os mosquitos, recobertas por corpos

paraesporais, semelhantes a cristais. Esses cristais, ao serem ingeridos pelas larvas,

provocam o rompimento dos corpos paraesporais, devido ao meio ácido no intestino

médio do inseto, liberando as protoxinas. Essas, em contato com as proteases intestinais,

formam proteínas menores e tóxicas que se ligam à matriz peritrófica da larva por meio

de receptores específicos. Após a ligação das proteínas, formam-se poros na matriz, a

evolução do processo gera a lise do epitélio do mesêntero e à morte da larva. A bactéria,

em condições de laboratório, matou mais de 95% de larvas de A. aegypti e permaneceu

com essa mesma atividade larvicida por 100 dias. No entanto, em condições de campo,

com exposição à luz solar, a eficácia do produto foi mantida por apenas 13 dias e o efeito

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

12

residual (mortalidade > 70%) foi de duas a cinco semanas. A ação das toxinas

bacterianas variaram de acordo com os criadouros artificiais utilizados. Em recipientes

de ferro, a mortalidade não ultrapassou 80% a partir do sétimo dia pós-aplicação.

Acredita-se que a oxidação desses recipientes pode ter minimizado a eficácia das toxinas

(Lima et al. 2005). Outro estudo, também realizado no Rio de Janeiro, demonstrou que,

em condições de sombra, o efeito residual variou entre 45 e 50 dias e sob luz solar

perdurou por 13 a 35 dias (Melo-Santos et al. 2001).

2.2.1 Fungos e oomycetos entomopatogênicos

2.2.1.1 Mecanismos gerais de infecção

Os primeiros estudos sobre fungos patogênicos em insetos foram feitos a partir de

1834 quando o cientista italiano Agostino Bassi infectou lagartas de Bombyx mori com

um fungo, hoje conhecido por Beauveria bassiana (Alves 1998).

O principal mecanismo de infecção de insetos por esse e muitos outros fungos e

oomycetos é através da cutícula e, quando infectam ovos, do cório. Diferentemente de

outros patógenos que têm o mecanismo de infecção por via oral (Alves 1998), a invasão

parenteral garante a esse grupo de entomopatógenos a possibilidade de infectar diversos

estágios dos insetos que não são mastigadores e não se infectam com patógenos por via

oral, como ovos e pupas, ou infectar larvas e adultos somente por contato.

Além dos fungos propriamente ditos um outro grupo destaca-se com mecanismo de

infecção em insetos muito similar. Os oomycetos, por muitos anos também foram

considerados fungos, porém devido diferenças da parede celular, não quitinosa nos

oomycetos e pela produção de esporos biflagelados móveis por reprodução assexuada,

foram retirados do Reino Fungi (Dick 2001). Os oomycetos têm esporos móveis,

chamados zoósporos, produzidos por um prolongamento terminal das hifas, chamado

zoosporângio. Os zoósporos são liberados e rapidamente se encistam. Em seguida

produzem zoósporos secudários capazes de nadar ativamente até um hospedeiro, que

pode ser uma larva de mosquito (Zattau & McInnis 1987).

Os processos de invasão do inseto pelo patógeno se dão basicamente em quatro

etapas, seja por conídios fúngicos ou por zoósporos de oomycetos: adesão, germinação,

penetração e colonização. A adesão dos conídios ou zoósporos à cutícula é fundamental

para o sucesso da infecção. De forma geral, conídios presentes no habitat dos insetos

fixam-se passivamente à cutícula. Alguns fungos têm uma camada de muco sobre os

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

13

conídios, que protege contra a dessecação e reforça a adesão sobre a cutícula (Alves

1998). No caso dos oomycetos o contato entre inseto e patógeno se dá de forma ativa,

pelo nado dos zoósporos (Zattau & McInnis 1987). Em condições favoráveis,

principalmente umidade alta, os conídios aderidos começam a germinar; desenvolvem

um tubo germinativo e, em alguns fungos, um apressório, que auxilia a penetração das

hifas pela cutícula. A penetração acontece por mecanismos distintos de acordo com a

espécie do fungo, do inseto hospedeiro, das condições ambientais e da presença de

nutrientes, bem como da microbiota presente sobre a cutícula. Esse processo envolve

fatores físicos de pressão da hifa terminal sobre a cutícula associado a mecanismos

enzimáticos de degradação da quitina (Arruda et al. 2005; Zattau & McInnis 1987). Os

principais locais para penetração são as membranas intersegmentares, e além dessas, o

aparelho bucal, espiráculos, ânus, sifão respiratório e tarsos. A invasão pode também

ocorrer por via oral, nesse caso a infecção inicia-se no mesêntero do inseto (Zattau &

McInnis 1987).

Hifas que chegam à hemocele colonizam o inseto inteiro ramificando-se e

produzindo brotamento de corpos hifais. A morte do inseto ao final da infecção está

relacionada, dentre outros fatores, com a ação de micotoxinas, atividades histolíticas e

bloqueios mecânicos no canal digestivo e espiráculos por hifas fúngicas. Após a morte,

hifas começam a emergir sobre o corpo e conídios são formados. Esses podem infectar

outros insetos dando continuidade ao ciclo de vida do patógeno (Figura 07)

Figura 07: Aedes aegypti, adulto (A) e larva (B), mortos, com o corpo colonizado

externamente por conídios do fungo Metarhizium anisopliae (A) e zoosporângios do

oomyceto Leptolegnia chapmanii (B), com (seta 1) ou sem zoósporos (seta 2).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

14

2.2.1.2 Métodos de isolamento

Conídios de fungos e esporos de oomycetos entomopatogênicos, em ambiente

natural, extra-hospedeiro, estão misturados, no solo ou na água, à matéria orgânica e

expostos à uma grande gama de outros microrganismos, como bactérias, outros fungos

não entomopatogênicos e nematódeos, que podem sobrepor-se ao fungo patogênico

sobre o corpo de um inseto morto (Tsao 1970). Os ciclos naturais de infecção e

esporulação de fungos entomopatogênicos são dificilmente visíveis, devido à competição

com os microrganismos não patogênicos, presentes no mesmo habitat, bem como às

condições de umidade ou exposição à radiação ultravioleta que dificultam o processo de

esporulação dos entomopatógenos (Roy & Pell 2000; Arthurs & Thomas 2001).

Diante da dificuldade em encontrar insetos mortos em campo, sobretudo com fungo

esporulado, estudos de diversidade e distribuição de fungos entomopatogênicos são

realizados, normalmente, a partir da coleta de insetos ou substratos como solo ou água.

Existem basicamente duas técnicas descritas para o isolamento de fungos/oomycetos a

partir de substratos: o uso de insetos como “iscas” para patógenos ou cultivo em meios

nutritivos seletivos, enriquecidos com antibióticos e antifúngicos que reduzem o

crescimento de bactérias e fungos não patogênicos.

Um método de “isca” foi descrito por Zimmermann (1986). O autor detectou os

fungos Metarhizium anisopliae, Beauveria bassiana e Isaria fumosorosea, a partir de

amostras de solo utilizando como “isca” a lagarta Galleria mellonella e propôs esse

método para detecção e isolamento de fungos entomopatogênicos. Como sugere o nome

da metodologia, o inseto é mantido em contato com o substrato coletado e serve como

uma “isca”. Na presença de conídios, no substrato, será infectado e morrerá. O inseto

morto é colocado em câmara úmida para que ocorra a conidiogênese, possibilitando o

isolamento e posterior identificação do fungo. A seletividade é determinada pelo próprio

inseto que naturalmente indica a presença de fungos que sejam entomopatogênicos.

Medidas como a esterilização externa do corpo da isca com hipoclorito de sódio (1%) em

determinados casos é recomendada, a fim de evitar a proliferação de outros fungos

contaminantes ou bactérias, presentes na superfície corporal da isca e que eventualmente

podem crescer de maneira saprobiótica (Meyling 2007). Embora G. mellonella seja mais

utilizada como isca por sua facilidade de criação e por ser altamente susceptível a fungos

entomopatogênicos, outras iscas que sejam mais adaptadas ao substrato devem ser

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

15

testadas, já que o isolamento de fungos presente na amostra pode depender da espécie de

artrópode utilizada como isca (Klingen et al. 2002; Luz et al. 2003; Meyling 2007).

Meios semi-seletivos para isolamento de fungos entomopatogênicos são meios de

cultivo padronizados, acrescido de produtos que permitam o desenvolvimento de fungos

ou oomycetos entomopatogênicos e excluam ou minimizam o crescimento de outros

microrganismos que estejam presentes no substrato coletado. Os produtos mais comuns

são antibióticos e fungicidas, utilizados para a inibição de bactérias e fungos não

entomopatogênicos. Esses produtos devem interferir o mínimo possível no

desenvolvimento dos fungos a serem isolados (Tsao 1970). Diferentes fungos, ou mesmo

diferentes linhagens de uma mesma espécie, podem apresentar suscetibilidade distinta a

antibióticos e antifúngicos em um determinado meio seletivo (Tsao 1970; Rocha & Luz

2009; Fernandes et al. 2010; Rangel et al. 2010), o que deve ser considerado para a

escolha do meio. Trabalhos de levantamento de espécies devem avaliar a possibilidade

de inibição de determinados fungos, ou grupo de fungos, pelos componente do meio que

são utilizados para isolamento (Fernandes et al. 2010).

Muitos são os meios seletivos para isolamento de fungos entomopatogênicos, e

grande parte deles desenvolvidos para isolamento de espécies do gênero Metarhizium e

Beauveria. Veen & Ferron (1966) desenvolveram um meio seletivo que utiliza bile

bovina, cloranfenicol e ciclohexamida para isolamento de Beauveria brongniartii e M.

anisopliae, sendo, a bile desidratada, inibidor de bactérias Gram positivas. O

cloranfenicol, é um antimicrobiano termoestável de largo espectro, ativo contra bactérias

Gram positivas e negativas e a ciclohexamida um antimicrobiano que inibe a síntese

proteica em indivíduos eucariotos, sendo tóxico tanto para bactérias como para fungos

(Tsao 1970).

No ano de 1982, Beilharz introduziu o antifúngico dodine ao meio proposto por

Veen e Ferron para isolamento de M. anisopliae em amostras de solo (Beilharz et al.

1982). Outros meios, inclusive o meio Chase, largamente utilizado para isolamento de

fungos entomopatogênicos de solo, têm sido propostos com algumas adaptações,

contudo, mantendo o dodine para a inibição de fungos saprobiontes contaminantes

(Chase et al. 1986; Liu et al. 1993; Keller et al. 2003; Hughes et al. 2004; Luz et al.

2004; Rangel et al. 2010). No entanto, dodine tem se mostrado um antifúngico de acesso

restrito e produção limitada, além de ter toxicidade aguda de intensidade moderada pelas

vias oral, inalatória e dérmica para mamíferos (EPA 2005).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

16

Outros meios semi–seletivos, livres de dodine, têm sido desenvolvidos para o

isolamento de Culicinomyces clavisporus (Panter & Frances 2003) e também para

Beauveria spp. e Metarhizium spp. (Luz et al. 2007a; Fernandes et al. 2010), utilizando

tiabendazol para inibição de fungos saprobiontes. Tiabendazol é um fungicida de fácil

obtenção, com baixa toxicidade oral, dérmica e inalatória (EPA 2002) e tem potencial de

inibição para fungos saprobiontes maior do que para fungos entomopatogênicos dos

gêneros Metarhizium, Beauveria, Isaria, Paecilomyces, Tolypocladium e Evlachovaea

(Luz et al. 2007a; Rocha & Luz 2009; Fernandes et al. 2010).

Em um estudo de levantamento de fungos entomopatogênicos, a partir de amostras

de solo, realizado na Suiça, foi feito uma comparação entre duas metodologias. O

isolamento de fungos foi realizado pela metodologia de isca com G. mellonella ou com

meio seletivo enriquecido com estreptomicina, tetraciclina, ciclohexamida e dodine

(Keller et al. 2003), sendo que ambas as metodologias mostraram alta positividade para

M. anisopliae. (Keller et al. 2003).

2.2.1.3 Ocorrência e patogenicidade de fungos e oomycetos entomopatogênicos

em vetores

A ocorrência e patogenicidade de fungos têm sido estudadas para diversos tipos de

artrópodes, vetores e veiculadores, de patógenos causadores de doenças em humanos.

Aspergillus flavus e Penicillium corylophilum, apesar de não serem largamente estudados

como entomopatogênicos, mataram adultos de Musca domestica (Senna-Nunes et al.

2002). Outros fungos, especialmente relacionados ao gênero Metarhizium, são

patogênicos também contra ootecas, ninfas e adultos da barata Periplaneta americana,

veiculador sinantrópico e comumente relacionado a esgoto, ambiente doméstico e

hospitalar (Hubner–Campos et al. 2010, 2011a, 2011b).

Muitos isolados de fungos já foram obtidos a partir de carrapatos, especialmente

Rhipicephalus (Boophilus) microplus e Amblyomma cajennense. O primeiro deles, de

grande importância veterinária, é comumente encontrado em bovinos e o segundo,

menos específico, sobretudo na forma larvária, é considerado principal vetor da febre

maculosa no Brasil (Battesti et al. 2006). Mais de 40 isolados de B. bassiana e de 20

isolados de M. anisopliae foram encontrados em R. microplus coletados em zona rural do

estado do Rio de Janeiro (Costa et al. 2002; Fernandes & Bittencourt 2008) e em A.

cajennense no estado de Goiás (D'Alessandro et al. 2012). Ainda em A. cajennense

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

17

também foi isolado Purpureocillium lilacinum (D'Alessandro et al. 2012). Estudos em

laboratório e de campo confirmaram a patogenicidade de B. bassiana e M. anisopliae por

meio da mortalidade de adultos, redução de eclosão e taxa de ecdise de larvas, nos

carrapatos R. microplus, Rhipicephalus sanguineus, A. cajennense e Dermacentor nitens

(Fernandes & Bittencourt 2008).

Os fungos Evlachovaea sp. e P. lilacinum foram isolados a partir de Triatoma

sordida e Triatoma infestans, respectivamente, encontrados em Goiás, Brasil e Santiago

del Estero, Argentina (Luz et al. 2003; Marti et al. 2006). T. infestans e outros

triatomíneos do gênero Rhodnius foram altamente suscetíveis a infecção por diversos

isolados de B. bassiana, M. anisopliae, Lecanicillium psalliotae, P. lilacinum e Pochonia

chlamydosporia, em condições de laboratório; algumas linhagens com alta virulência

inclusive em baixa umidade relativa (Luz et al. 1998; Rocha et al. 2011). Em estudos de

campo e semi-campo, B. bassiana, em formulação oleosa e formulação seca, apresentou

potencial no controle de T. sordida e T. infestans no Brasil e na Argentina (Luz et al.

2004; Pedrini et al. 2009).

Mudanças na formulação de conídios ou no meio de cultivo podem aumentar a

virulência de fungos. O uso de terra diatomácea, que incita maior irritabilidade e

transpiração aos triatomíneos, combinado com conídios de M. anisopliae e óleo vegetal,

maximiza a virulência do fungo contra T. infestans (Luz et al. 2012). Outro exemplo é o

cultivo de B. bassiana em meio completo modificado, incluindo fontes de carbono

derivadas de hidrocarbonetos extraídos da cutícula de T. infestans, que igualmente

potencializou a virulência fúngica contra T. infestans (Pedrini et al. 2009).

Fungos entomopatogênicos têm sido estudados e demonstram potencial para o

controle de mosquitos (Scholte et al. 2004a). Podem causar a morte de larvas (Alves et

al., 2002; Silva et al., 2004), bem como de adultos (Blanford et al. 2005; Scholte et al.

2005, 2007) e ainda dos ovos desses insetos (Luz et al. 2007b, 2008).

Perspectivas para o manejo de adultos de Anopheles gambiae foram apresentadas

com B. bassiana (Blanford et al. 2005) e M. anisopliae (Scholte et al. 2003; 2005). Os

resultados indicaram que o impacto gerado pelo uso desses fungos seria de mais de 80%

de redução nos níveis de transmissão vetorial da malária por esse mosquito. Estudos

apontam ainda a possibilidade de transmissão de conídios de M. anisopliae da fêmea

para o macho de A. gambiae durante a cópula, evidenciando uma forma de disseminação

do patógeno entre os mosquitos dessa espécie e a possibilidade de ocorrência de

epizootias do fungo (Scholte et al. 2004b). M. anisopliae também causou altas taxas de

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

18

mortalidade de larvas e adultos de Culex quinquefasciatus em ensaios laboratoriais

(Alves et al. 2002; Scholte et al. 2003).

Isolados de M. anisopliae, originados do cerrado brasileiro causaram até 100% de

mortalidade de larvas de segundo estádio de A. aegypti, em laboratório (Silva et al.,

2004). Adultos de A. aegypti e Aedes albopictus foram expostos a conídios de M.

anisopliae e tiveram mais de 80% dos seus indivíduos infectados pelo fungo. Os

mosquitos infectados sofreram redução significativa no tempo de sobrevivência (TL50)

quando comparados aos do grupo controle (Scholte et al. 2007).

Diversos fungos hifomicetos foram capazes de matar larvas de A. aegypti ainda

dentro dos ovos após 25 dias de incubação dos ovos contaminados em estufa com

umidade saturada (Luz et al. 2007b). Esse fato é muito significativo, já que, os químicos

mais utilizados para controle do vetor não são eficazes contra ovos de aedíneos (Perez et

al. 2007). A redução da eclodibilidade das larvas de A. aegypti com fungos variou de

acordo com a espécie do patógeno. Em tratamentos com B. bassiana a redução da

eclodibilidade foi maior que 60% enquanto Paecilomyces marquandii causou redução

acima de 70% e Isaria farinosa; Isaria fumosorosea; M. anisopliae; Paecilomyces

carneus; Purporeocillium lilacinum e Penicillium sp determinaram uma redução de mais

de 80% (Luz et al. 2007b).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

19

3 JUSTIFICATIVA

A dificuldade de controle de A. aegypti é notória, seja pela adaptação do mosquito às

diferentes situações urbanas, seja pela redução da eficiência dos químicos mais utilizados

nos programas de controle. Embora haja estudos no sentido de desenvolver novas

tecnologias com o uso de fungos para combate de A. aegypti, pouco se conhece sobre

quais fungos infectam naturalmente esse vetor e de que maneira o controle com fungos

poderia ser utilizado. O presente estudo se justifica pela necessidade da busca por fungos

mais virulentos ao mosquito; de desenvolvimento de metodologias que tornem o

isolamento de fungos em mosquitos mais simples e eficientes e, de novos métodos de

aplicação desses entomopatógenos para controle de A. aegypti.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

20

4 OBJETIVOS

4.1 Objetivo geral

Ampliar o conhecimento referente as possibilidades de controle de A. aegypti,

principalmente às formas alternativas, ainda pouco utilizadas, como o controle biológico.

4.2 Objetivos específicos

1. Testar a patogenicidade de fungos isolados de outros insetos para A. aegypti

2. Avaliar um método de aplicação de conídios que se relacione mais diretamente com os hábitos e habitats de ovipostura A. aegypti

3. Desenvolvimento de um método que torne a detecção e isolamento de fungos entomopatogênicos em larvas e adultos mais simples e sensível;

4. Procurar por fungos associados a A. aegypti em ambiente natural na cidade de Goiânia

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

21

5 MANUSCRITOS

Manuscrito 1: Patogenicidade de alguns fungos da ordem Hypocreales sobre adultos de

Aedes aegypti (Diptera: Culicidae)

Autores: Renan Nunes Leles; Nathalia Almeida Sousa, Luiz Fernando Nunes Rocha,

Adelair Helena Santos, Heloisa Helena Garcia Silva, Christian Luz

“Leles RN, Sousa NA, Rocha LF, Santos AH, Luz C 2010. Pathogenicity of some

hypocrealean fungi to adult Aedes aegypti (Diptera: Culicidae). Parasitol Res

107 (5):1271-1274. doi: 10.1007/s00436-010-1991-y.”

Manuscrito 2: Efeitos de conídios de Metarhizium anisopliae misturados em solo contra

ovos de Aedes aegypti

Autores: Renan Nunes Leles; Walmirton Bezerra D’Alessandro, Wolf Christian Luz

“Leles RN, D’Alessandro WB, Luz C 2012. Effects of Metarhizium anisopliae conidia

mixed with soil against the eggs of Aedes aegypti. Parasitol Res 110 (4):

1579-1582. doi: 10.1007/s00436-011-2666-z.”

Manuscrito 3: Desenvolvimento de um método para detecção de Metarhizium sp em

mosquitos infectados

Autores: Renan Nunes Leles; Wolf Christian Luz

Manuscrito 4: Um método simples para detecção de Leptolegnia chapmanii em larvas

infectadas de Aedes aegypti

Autores: Renan Nunes Leles, Wolf Christian Luz

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

22

Manuscrito 1

Título resumido: Patogenicidade de fungos em Aedes aegypti

Título: Patogenicidade de alguns fungos da ordem Hypocreales sobre adultos de Aedes

aegypti (Diptera: Culicidae)

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

23

Abstract

The pathogenicity of 19 hypocrealean entomopathogenic fungi from seven different

genera in adult Aedes aegypti was tested. All fungi proved to be pathogenic, and Isaria

fumosorosea, Lecanicillium muscarium, Lecanicillium psalliotae, Metarhizium

anisopliae, Metarhizium lepidiotae, Metarhizium majus, Metarhizium frigidum,

Paecilomyces carneus, and Purpureocillium lilacinum caused total mortality within 15

days of exposure of mosquitoes to the fungal culture. All fungi developed on dead

individuals. The high susceptibility of adults to most tested strains underlines the interest

of entomopathogenic fungi — especially those of the genera Metarhizium, Isaria,

Paecilomyces and Lecanicillium — for biological control of A. aegypti.

Key words: Hypocrealen fungi; Metarhizium anisopliae; Biological control;

Entomopathogenic fungi

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

24

1 Introdução

Epidemias de dengue que assolam países tropicais e subtropicais evidenciam que o

controle de vetores continua sendo uma necessidade primária em saúde pública.

Autoridades de saúde estão em consenso em relação à importância do aumento na

população de Aedes aegypti resistentes a inseticidas químicos sintéticos (Eisen et al.

2009).

Fungos entomopatogênicos são candidatos promissores para controle biológico de

mosquitos. Contudo, o conhecimento sobre o potencial contra A. aegypti esta restrito

basicamente a duas espécies de fungos, Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana.

Ambos fungos foram ativos contra A. aegypti em condições de laboratório (Luz et al.

2007; Scholte et al. 2007; Paula et al. 2008). Apesar da grande diversidade de fungos

entomopatogênicos já identificados em países da América do Sul (Sosa-Gómez et al.

2010), tem-se pouca informação sobre a ocorrência de mosquitos adultos naturalmente

infectados por fungos (Mohanty et al. 2008; Luz et al. 2010), e nenhum inseticida à base

de fungos se encontra disponível comercialmente contra A. aegypti ou outros mosquitos

(Scholte et al. 2004; Alves & Lopes 2008). Fungos patogênicos podem ajudar a

ultrapassar algumas das limitações clássicas do controle de vetores do dengue, como a

resistência a inseticidas e o combate a estágios do vetor ainda não alcançadas pelos

químicos, por exemplo ovos (Luz et al. 2007). Foi estudada a patogenicidade de 19

fungos da ordem Hypocreales, particularmente relacionadas ao gênero Metarhizium em

adultos de A. aegypti.

2 Material e Métodos

2.1 Preparo do BDA: Batatas (170 g) foram descascadas, cortadas em pequenos

pedaços e autoclavadas em 1.000 ml de água deionizada. Após resfriamento, a infusão de

batata foi filtrada por peneira e o volume do filtrado foi completado para 1.000 ml. Em

seguida foi novamente aquecido até 60°C e mantido em constante agitação a 500 rpm.

Com o filtrado em agitação foram acrescentadas 20 g de dextrose e 18 g de ágar. O pH

do meio foi ajustado em 7 por adição balanceada de soluções de hidróxido de sódio e/ou

ácido clorídrico. O meio foi então autoclavado por 20 min.

2.2 Origem e manutenção de mosquitos: A criação de mosquitos originou-se a

partir de larvas livres de vírus coletadas em 1991 em Goiânia, Brasil (Silva et al. 1998).

Todo processo ocorreu em câmara biológica devidamente climatizada a 28ºC, umidade

de 80% e fotofase de 12 horas. Papéis filtro branco, úmidos, foram colocados dentro das

gaiolas, sobre um copo de vidro, recobrindo toda a superfície interna do copo, para a

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

25

oviposição das fêmeas. Os ovos aderidos em papéis filtro, foram incubados em bacias

brancas (30 x 7 cm) contendo 1,5 litros de água de torneira, com temperatura média de

25ºC. As larvas eclodidas foram transferidas para bacias limpas e alimentadas com ração

para gato, triturada (Silva et al. 1998). Em seguida, as pupas foram separadas e colocadas

em tubos com água, outro tubo de igual tamanho foi aderido a “boca” do tubo, para

conter os adultos emergidos. Após a emergência, os adultos foram sexados e colocados

nas gaiolas de cópula e mantidos sobres às mesmas condições de temperatura e umidade.

A alimentação dos adultos foi constante por meio de um absorvente íntimo (Ob®),

encharcado com água açucarada e preso ao teto da gaiola com o auxílio de um clip de

papel. A hematofagia das fêmeas foi realizada em dias alternados, em camundongos

imobilizados, durante um período de 6 horas (Silva et al. 1998).

2.3 Origem e manutenção de fungos: Dezenove isolados fúngicos, sendo oito do

gênero Metarhizium, três Lecanicillium, três Purpureocillium, dois Isaria e um

Beauveria brongniartii, Gliocadium sp e Pochonia chlamydosporia foram utilizados.

Todas as espécies, bem como, detalhes sobre a origem, ano de isolamento e substrato de

origem estão detalhadamente explicitados na tabela 1. Todos os fungos foram repicados

em meio BDA, à partir de coleção própria, mantida (-8°C) no Laboratório de Patologia

de Invertebrados e, incubados a 25 ± 1°C durante 10 a 15 dias.

2.4 Bioensaios: Os bioensaios foram realizados em béqueres de vidro de 400 ml. No

fundo de cada béquer foi fixado, com uma fita adesiva dupla face, um pequeno frasco de

vidro, semelhante a uma ampola de penicilina, contendo 10 ml de solução açucarada (6%

de sacarose). Dentro da ampola, em contato constante com a solução açucarada, foi

colocado um papel filtro circular (diâmetro de 5,5 cm) enrolado, formando um cilindro, e

o orifício superior do cilindro de papel tampado com um pequeno chumaço de algodão.

Foram cuidadosamente colocados 40 ml de meio BDA em cada béquer, evitando a perda

da ampola. Em seguida, o béquer com todo o conteúdo descrito, foi autoclavado e, os

fungos, um em cada béquer, foram semeados. Depois de semeados nos béqueres os

fungos foram mantidos a 25 ± 1°C e UR de 70 ± 10% durante 15 dias. Após esse período

os béqueres, onde estavam os fungos, foram cobertos com duas gazes, presas com uma

liga elástica. Na gaze inferior foi feito um orifício, grande o suficiente para permitir a

passagem da ponta de um capturador de Castro e a segunda gaze foi mantida íntegra.

Dentro de cada béquer foram colocados dez mosquitos adultos, entre 1 e 3 dias de idade,

por meio de um capturador de Castro. Para tal retirava-se a gaze superior e colocava-se o

capturador dentro do béquer passando pela gaze inferior, sendo em seguida recolocada a

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

26

gaze íntegra por cima de todo o conjunto, evitando o escape dos mosquitos. Os

mosquitos foram mantidos nos béqueres por até 15 dias a 25 ± 1°C e umidade ≥ 98% e a

mortalidade avaliada diariamente. Mosquitos do grupo controle foram mantidos sobre as

mesmas condições, porém em meio BDA sem inoculação de fungos. Mosquitos mortos

foram retirados de cima da cultura fúngica, com o auxílio de uma alça de platina, através

do orifício feito na gaze inferior, colocados em placas de Petri com papel filtro e

mantidos em umidade saturada por até 15 dias. A infecção pelo fungo foi comprovada

pelo surgimento de conídios sobre o mosquito morto e a presença de fungos nos

mosquitos foi avaliada diariamente. Os testes foram realizados em quatro repetições

independentes, cada uma com culturas fúngicas diferentes. A viabilidade dos conídios

(germinação > 95%) após 24 h em meio Sabouraud Dextrose Ágar acrescido de extrato

de levedura foi confirmada para cada fungo e repetição.

2.5 Análises estatísticas: Cálculos referentes a média e erro padrão da média foram

realizados manualmente. Os valores de tempos letais 50 e 90% (TL50 e TL90) foram

calculados por análise de probit com os softwares Mathematica (Wolfram Research® v.

7.0 - 2008) e Throne et al. (1995).

3 Resultados e discussão

Os fungos testados provaram ser patogênicos para adultos de A. aegypti. Os

primeiros mosquitos mortos foram observados 3 – 5 dias após a exposição às culturas de

fungos independentemente da espécie do fungo. M. anisopliae IP 46, Metarhizium

lepidiotae ARSEF 7453 e Metarhizium majus ARSEF 1914 causaram 100% de

mortalidade dos mosquitos depois de 10 dias e outros seis fungos também causaram

mortalidade de todos os adultos em até 15 dias pós-tratamento (Tabela 2). A mortalidade

acumulativa no grupo controle foi menor que 15% no mesmo período de tempo. Os

valores de TL50 variaram entre 4 dias (M. lepidiotae ARSEF 7453) até 17,9 dias

(Metarhizium flavoviride “type E” ARSEF 2948), e os valores de TL90 entre 5,3 dias

(ARSEF 7453) até 28,7 dias (Beauveria brongniartii CG 619) (Tabela 2). Todos os

fungos inoculados se desenvolveram sobre os mosquitos mortos em câmara úmida e 70%

dos fungos testados produziram conídios em mais de 90% dos adultos mortos em até 15

dias.

A alta suscetibilidade dos adultos à maioria dos isolados testados evidenciou o

potencial de fungos entomopatogênicos, especialmente dos gêneros Metarhizium, Isaria,

Purpureocillium e Lecanicillium, para o controle biológico de A. aegypti. Este estudo

descreveu pela primeira vez um efeito adulticida de M. anisopliae IP 46, fungo com ação

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

27

já conhecida contra ovos e larvas deste mosquito (Silva et al. 2004; Albernaz et al. 2009;

Santos et al. 2009) e contra adultos de anofelínos (Mnyone et al. 2009). Um fungo, capaz

de atacar todos os diferentes estágios de desenvolvimento do mosquito vetor da dengue

se apresenta como forte candidato a integrar um programa sustentável de controle desse

importante vetor.

4 Agradecimentos

Agradecemos ao Laboratório de Biologia e Fisiologia de Insetos e Xenodiagnóstico

pela criação de mosquitos, Richard A. Humber pela revisão crítica do manuscrito,

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasilia, DF, Brasil), ao USDA – ARS

(Biological Integrated Pest Management Research Unit, Ithaca, USA) pelo fornecimento

de fungos entomopatogênicos e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq – Brasil) e Fundação De Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás

(FAPEG, 201010267000250) pelo financiamento.

5 Referências bibliográficas

Albernaz DAS, Tai MHH, Luz C 2009. Enhanced ovicidal activity of an oil formulation

of the fungus Metarhizium anisopliae on the mosquito Aedes aegypti. Med Vet

Entomol 23:141 – 147

Alves SB, Lopes RB 2008. Controle microbiano de pragas na América Latina: Avanços

e desafios. FAELQ, Piracicaba, Brasil, 414 pp.

Eisen L, Beaty BJ, Morrison AC, Scott TW 2009. Proactive vector control strategies and

improved monitoring and evaluation practices for Dengue prevention. J Med

Entomol 46:1245 – 1255.

Luz C, Tai MHH, Santos AH, Rocha LFN, Albernaz DAS, Silva HHG 2007. Ovicidal

activity of entomopathogenic Hyphomycetes on Aedes aegypti (Diptera: Culicidae)

under laboratory conditions. J Med Entomol 44:799 – 804.

Luz C, Mnyone LL, Sangusangu R, Lyimo IN, Rocha LFN, Humber RA, Russell TL

2010. A new resting trap to sample fungus - infected mosquitoes, and the

pathogenicity of Lecanicillium muscarium to culicid adults. Acta Trop 116: 105 -

107.

Mnyone LL, Russell TL, Lyimo IN, Lwetoijera DW, Kirby MJ, Luz C 2009. First report

of Metarhizium anisopliae IP 46 pathogenicity in adult Anopheles gambiae s.s. and

An. arabiensis (Diptera; Culicidae). Parasite Vector 2:59.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

28

Mohanty SS, Raghavendra K, Rai U, Dash AP 2008. Efficacy of female Culex

quinquefasciatus with entomopathogenic fungus Fusarium pallidoroseum. Parasitol

Res 103:171 – 174.

Paula AR, Brito ES, Pereira CR, Carrera MP, Samuels RI 2008. Susceptibility of adult

Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) toinfection by Metarhizium anisopliae and

Beauveria bassiana: prospects for Dengue vector control. Biocont Sci Technol

18:1017 – 1025.

Santos AH, Tai MHH, Rocha LFN, Silva HHG, Luz C 2009. Dependence of

Metarhizium anisopliae on high humidity for ovicidal activity on Aedes aegypti. Biol

Cont 50:37 – 42.

Scholte EJ, Knols BGJ, Samson RA, Takken W 2004. Entomopathogenic fungi for

mosquito control: a review. J Insect Sci 19:1 – 24.

Scholte EJ, Takken W, Knols BGJ 2007. Infection of adult Aedes aegypti and Ae.

albopictus mosquitoes with the entomopathogenic fungus Metarhizium anisopliae.

Acta Trop 102:151 – 158.

Silva HHG, Silva IG, Lira KS 1998. Metodologia de criação, manutenção de adultos e

estocagem de ovos de Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) em laboratório. Rev Pat Trop

27:53 – 63

Silva RO, Silva HHG, Luz C 2004. Effect of Metarhizium anisopliae isolated from soil

of the central Brazilian cerrado against Aedes aegypti larvae under laboratory

conditions. Rev Pat Trop 33:207 – 216

Sosa-Gómez DR, López Lastra CL, Humber RA 2010. An overview of arthropod-

associated fungi from Argentina and Brazil. Mycopathologia 170: 61 - 76.

Throne JE, Weaker DK, Chew V, Baker JE 1995. Probit analysis of correlated data:

Multiple observations over time at one concentration. J Econ Entomol 88:1510 –

1512.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

29

Tabela 1: Detalhes sobre os fungos entomopatogênicos utilizados nos testes de patogenicidade em

adultos de Aedes aegypti Fungo Id de Acesso País Ano Substrato

Beauveria brongniartii CG 619ª Brasil 1998 Thelosia camina (Lepdóptera)

Gliocadium sp. IP 290b Brasil 2006 Sedimento

Isaria farinosa CG 195ª Brasil 1983 Chlosynea lacinia (Lepdóptera)

I. fumosorosea ARSEF 2198C Filipinas 1985 Nilaparvata lugens (Hemíptera)

Lecanicillium lecanii ARSEF 2149C Indonésia 1986 Coccus viridis (Hemíptera)

L. muscarium ARSEF 5128C Inglaterra 1979 Trialeurodes vaporariorum (Hemiptera)

L. psalliotae IP 301b Brasil 2006 Sedimento

Metarhizium acridum ARSEF 3391C Tanzânia 1991 Zonocerus elegans (Orthóptera)

M. album ARSEF 1941C Filipinas 1985 Nephotettix virescens (Hemíptera)

M. anisopliae IP 46b Brasil 2001 Solo

M. lepidiotae ARSEF 7453C Austrália 1994 Dermolepida albohirtum (Coleóptera)

M. majus ARSEF 1914C Filipinas 1985 Oryctes sp (Coleóptera)

M. flavoviride var. pemphigi ARSEF 7491C Inglaterra 1994 Penphigus sp (Hemíptera)

M. flavoviride “type E” ARSEF 2948C Brasil 1989 Hemíptera

M. frigidum ARSEF 4561C Austrália 1989 Solo

Paecilomyces marquandii CG 190ª Brasil 1990 Solo

P. carneus CG 525ª Brasil 1995 Solo

Purpureocillium lilacinum CG 362a Brasil 1991 Solo

Pochonia chlamydosporia IP 315b Brasil 2006 Lama

a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, Brasil

b Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, IPTSP-UFG, Goiânia, Brasil

c USDA – ARS Robert W Holley Center for Agriculture and Healthy, Ithaca, EUA.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

30

Tabela 2: Atividade de fungos em adultos de Aedes aegypti e o desenvolvimento dos fungos sobre os mosquitos

mortos. Fungo Mortalidade (% ± EM)a Tempos Letais (días; IC)b Desenvolvimento

de fungo em

mosquitos mortos

(% ± EM)c

10 dias 15 dias TL 50 TL90 Slope ± EM

Beauveria brongniartii 45 ± 36,9 80 ± 14,1 11 (3,4–21,8) 28,7 (14,1-58,7) 0,13 ± 0,02 100

Gliocadium sp. 47,5 ± 14,1 70 ± 14,1 11,3 (6,4-17,5) 21 (15,6-39) 0,13 ± 0,02 30 ± 26,5

Isaria farinosa 66,8 ± 31,6 92,5 ± 9,6 8,7 (4,9-12,3) 13,9 (10,8-23,3) 0,24 ± 0,03 93 ± 5,3

I. fumosorosea 62,5 ± 18,9 100 9,1 (8,1-10,3) 13 (11,5-15,5) 0,33 ± 0,05 88 ± 12,6

Lecanicillium lecanii 45 ± 23,8 87,5 ± 15 9,7 (8,2-11,4) 15,6 (13,7-18,7) 0,22 ± 0,03 32 ± 30

L. muscarium 90 ± 20 100 6,9 (4,5-9,3) 11,7 (9,3-16,8) 0,26 ± 0,03 96 ± 5,8

L. psalliotae 77,5 ± 17 100 8,1 (5,2-11) 12,3 (9,8-19,8) 0,31 ± 0,04 100

Metarhizium acridum 82,5 ± 22,1 95 ± 10 8,2 (2-13,6) 12,9 (9,4-33,4) 0,27 ± 0,04 91 ± 14,4

M. album 27,5 ± 17,1 60 ± 8,2 13,8 (11,8-16,2) 21 (18,2-26,2) 0,17 ± 0,03 38 ± 20,2

M. anisopliae 100 100 4,4 (4,1-4,8) 5,7 (5,4-6,3) 0,99 ± 0,13 93 ± 11,5

M. lepidiotae 100 100 4 (3,6-4,3) 5,3 (4,8-6,0) 0,98 ± 0,15 100

M. majus 100 100 5,8 (3,8-8,4) 7,5 (6,2-16,3) 0,75 ± 0,10 100

M. flavoviride var. pemphigi 87,5 ± 25 97,5 ± 5 8 (0,1-14,8) 13 (9,2-62,4) 0,26 ± 0,04 100

M. flavoviride “type E” 17,5 ± 12,6 40± 8,1 17,9 (14,6-24,2) 28,6 (22,8-43) 0,12 ± 0,02 70 ± 26,5

M. frigidum 89,2 ± 12,5 100 6,4 (3,1-9,3) 9,9 (7,6-18,6) 0,36 ± 0,05 100

Purpureocillium carneu 97,5 ± 5 100 5,7 (1,4-10) 10,9 (7,5-23,7) 0,25 ± 0,03 100

P. lilacinum 92 ± 9,8 100 7,5 (6,8-8,1) 9,9 (9,1-11) 0,52 ± 0,07 93± 5,8

P. marquandii 22,5 ± 26,3 64 ± 4,9 12,9 (11,5-14,6) 18,3 (16,5-22) 0,23 ± 0,03 55 ± 8,6

Pochonia chlamydosporia 40 ± 21,6 85 ± 10 10,7 (9-12,6) 17,5 (15,2-21,2) 0,19 ± 0,02 95 ± 5,7

Fungos foram testados a 25°C, umidade relativa > 98% e fotofase de 12 h. Todos os valores foram baseados em

quatro repetições independentes, cada uma com 10 adultos expostos a culturas de fungos esporulados. As

mortalidades nos grupos controle não foram maiores que 15% durante os testes.

a Mortalidade relativa acumulada ± erro padrão da média (EM)

b Tempo letal para matar 50 ou 90% (TL 50/90 e seus respectivos intervalos de confiança 95% e slopes ± EM)

c Número relativo de mosquitos mortos com desenvolvimento externo de fungo (± EM) após 15 dias de exposição.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

31

Manuscrito 2

Título resumido: Efeito ovicida de M. anisopliae em solo

Título: Efeitos de conídios de Metarhizium anisopliae misturados em solo contra ovos

de Aedes aegypti

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

32

Abstract

The effectiveness of Metarhizium anisopliae IP 46 conidia mixed with soil was

tested against Aedes aegypti eggs. Mycelium and new conidia developed first on eggs

between 4.8 and 15 days respectively after incubation of eggs on fungus-treated soils at

3.3×103 up to 3.3×105 conidia/g soil at 25°C and relative humidities close to saturation.

Fifteen days after incubation 53.3% of the eggs exposed to soil with 3.3×105 conidia/g

showed external development of mycelium and conidia. Fungus-inoculated soils (but not

untreated controls) showed some mycelial growth and sporulation apart from the eggs.

Some eggs on treated soils hatched; those larvae died and eventually showed fungal

development on their bodies. The cumulative relative eclosion of larvae after submersion

of treated eggs in water decreased from 52.2% at 3.3×103 conidia/g to 25.3% at 3.3×105

conidia/g. These findings clearly showed that A. aegypti eggs can be infected by M.

anisopliae when deposited on fungus-contaminated soil. The effectiveness of M.

anisopliae against gravid females, larvae, and also eggs of A. aegypti underscored the

possible usefulness of this fungus as a mycoinsecticide, whether naturally occurring or

artificially applied, in the breeding sites of this mosquito.

Key words: Metarhizium anisopliae; Entomopathogenic fungi; Ovicidal effect; Soil

fungi

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

33

1. Introdução

Aedes aegypti é um mosquito presente em países tropicais e subtropicais e é o

principal vetor da dengue, considerada a doença viral transmitida por mosquito que tem

se espalhado mais rapidamente pelo mundo (WHO 2009). Esta espécie ovipõe em

substratos como solos ou vegetações próximas à uma superfície de água (Kay et al. 2000;

Reiter 2007; Luciana S Lobo e Christian Luz comunicação pessoal). Os ovos de aedíneos

de maneira geral não são afetados pelos principais inseticidas, químicos ou biológicos,

que são utilizados (Pérez et al. 2007). Metarhizium anisopliae é um fungo

entomopatogênico largamente conhecido que ocorre com frequência em amostras de

solo. M. anisopliae IP 46, isolado de solo do centro–oeste do Brasil, em condições de

laboratório é patogênico para todos os estágios de A. aegypti, inclusive ovos (Silva et al.

2004; Luz et al. 2007; Santos et al. 2009; Leles et al. 2010). Este fungo é um agente

promissor para controle integrado de mosquitos (Mnyone et al. 2009; Leles et al. 2010;

Luz et al. 2011), e é necessário uma maior compreensão de sua efetividade e

aplicabilidade a fim de se desenvolver micoinseticidas específicos para o vetor.

Criadouros, artificiais ou naturais, com grande densidade de fêmeas, ovos e larvas

parecem ser locais adequados para a aplicação de um micoinseticida. Enquanto a

atividade larvicida e adulticida de M. anisopliae é bem conhecida (Scholte et al. 2004a),

ainda pouco se sabe sobre a atividade ovicida deste e de outros fungos contra A. aegypti.

Os ovos deste vetor foram altamente suscetíveis à infecção por IP 46 em condições de

laboratório, quando os conídios foram aplicados diretamente sobre os ovos. Esses ovos

foram colocados sobre papel filtro e incubados em umidade próxima à saturação (Luz et

al. 2007, 2008; Albernaz et al. 2009; Santos et al. 2009). O papel filtro que é utilizado

para oviposição em laboratório tem se mostrado útil como substrato para teste de

atividade ovicida com diversos fungos entomopatogênicos em laboratório (Luz et al.

2007). Contudo, este papel, parece menos adequado para aplicações em condições de

campo, já que por atividade de microrganismos se decompõem rapidamente e podem

comprometer a viabilidade dos conídios mantidos sobre ele. Solo com pouca quantidade

de matéria orgânica, que pode ser um substrato natural para ambos, conídios de M.

anisopliae e ovos de A. aegypti parece mais apropriado e estável para aplicação de

conídios que papéis filtro em campo. Este estudo avaliou a susceptibilidade de ovos de A.

aegypti à mistura de solo e conídios de M. anisopliae IP 46 em condições de laboratório.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

34

2 Material e Métodos

2.1 Origem das amostras de solo: Quinhentos gramas de amostras de latossolo

vermelho foram coletadas aleatoriamente, em Terezópolis de Goiás. As amostras foram

misturadas, formando um pool de amostras. A mistura, foi peneirada com peneira de

0,59 mm de diâmetro de poro, a fim de reduzir a quantidade de matéria orgânica e, em

seguida seca em estufa de secagem a 60°C durante 6 h e autoclavada.

2.2 Origem e manutenção de mosquitos e fungos: Ovos de A. aegypti foram

obtidos à partir de criação do mosquito em laboratório segundo descrito por Silva et al.

(1998).

M. anisopliae s.l. IP 46 foi originalmente isolado de amostra de solo coletada na

região central do Brasil em 2001 e foi depositado na coleção de cultura de fungos

entomopatogênicos do IPTSP (Rocha et al. 2012). Teve sua virulência estimulada pela

infecção em adultos de A. aegypti realizada antes dos testes reportados e então reisolado

e cultivado em meio Batata Dextrose Ágar (BDA) a 25 ± 1°C, 75 ± 10% de umidade

relativa (UR) e 12 h de fotofase por 15 dias (cultura estoque). Culturas de IP 46

utilizadas nos testes foram sempre repicadas a partir da cultura estoque, cultura essa que

era renovada a cada seis meses.

2.3 Preparo das suspensões fungicas: Culturas de M. anisopliae IP 46 tiveram a

superfície raspada com o auxílio de uma espátula. O raspado foi colocado em um tubo de

vidro (30 ml), previamente autoclavado, com 10 ml de Tween 80® 0,1% e pérolas de

vidro. O tubo foi mantido em agitação por vórtex durante dois minutos e o conteúdo, em

seguida, filtrado por um chumaço de algodão adaptado em um funil de vidro, para outro

frasco, também estéril, de iguais proporções e sem conteúdo prévio. O filtrado foi diluído

em água destilada nas concentrações de 10-1, 10-2 e 10-3 e quantificado o número de

conídios em câmara de Neubauer.

2.4 Bioensaios: Seis gramas de solo foram separadas em placas de Petri, sendo, em

seguida, inoculadas com suspensão de conídios de M. anisopliae IP 46 e água destilada

nas concentrações de 3,3x103; 104; 3,3x104; 105 ou 3,3x105 conídios/g de solo e com

uma hidratação padronizada de 1,5 ml (25 % do peso seco de solo). Em seguida, o solo

tratado foi colocado em um tubo de vidro, vortexado e vigorosamente homogeneizado,

transferido novamente para uma placa de Petri e compactado com o auxílio de uma

espátula e com o fundo de um béquer de vidro (250 ml), formando uma superfície plana

e compacta. Amostras de solo do grupo controle foram tratadas com 1,5 ml de água

destilada (sem conídios) e igualmente vortexadas e compactadas. Vinte e cinco ovos de

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

35

A. aegypti, entre 48 – 72 h de idade foram colocados sobre a superfície plana do solo

tratado e mantido a 25 ± 1°C e umidade ≥ 98% durante 25 dias. A presença de micélio

ou de conídios, sobre os ovos ou sobre o solo, bem como a eclosão de larvas sobre o solo

foram avaliadas diariamente durante 25 dias. Após esse período os ovos foram

submersos em 20 ml de água de torneira estéril em copos plásticos descartáveis (50 ml) e

mantidos a 25 ± 1°C e umidade relativa de 70 ± 10% durante 5 dias. Para estimulação da

eclosão, os copos com os ovos foram incubados diariamente em banho maria a 37°C

durante 20 minutos e a eclosão avaliada 2 horas após a exposição dos ovos a essa

temperatura (Luz et al. 2007). As larvas eclodidas foram retiradas dos copos de teste. Em

dias alternados a água dos copos foi reposta e uma pequena porção de ração triturada

para gato (Alisul Alimento S.A., Brasil) foi polvilhada nos copos com ovos.

2.5 Análise estatísticas: Seis repetições independentes, cada uma com uma cultura

de fungo diferente, foram feitas. Dados percentuais foram transformados em arco – seno

e testados com Análise de Variância (ANOVA) seguido de teste de comparação de

Student Newman Keuls. Médias foram consideradas estatisticamente diferentes quando P

< 0,05.

3 Resultados

A emergência de micélio sobre os ovos em amostras de solo tratadas com fungo

variou entre 4,8 dias (105 conídios/g) a 7,3 dias (3,3x103 conídios/g) de incubação

(Tabela 1). A conidiogênese sobre os ovos iniciou após 9,5 dias de incubação em

amostras de solo tratadas com 105 ou 3,3x105 conídios/grama de solo. O grupo de maior

retardo na condiogênese foi o de solo tratado a 104 conídios/g, 15 dias após a incubação

(Tabela 1). O número relativo de ovos com conídios, após 15 dias de incubação, variou

entre 26% (104 conídios/g) e 53,3% (3,3x105 conídios/g). Não houve efeito significativo

da concentração de conídios sobre o número de ovos com novos conídios após 25 dias de

incubação (F4,25=1,5; p=0,24; Figura 1). Não houve desenvolvimento de micélio ou

conídios sobre ovos do grupo controle.

M. anisopliae, em crescimento vegetativo e esporulado, foi encontrado sobre a

superfície das amostras de solo em todas as concentrações, com exceção da concentração

de 104 conídios/ml. O surgimento mais rápido foi em 3,3x104 conídios/g, após 6 dias de

exposição e, o mais tardio na concentração de 3,3x103 conídios/g, após 21 dias (Tabela

1).

Não houve eclosão de larvas sobre a superfície do solo em amostras de solo do

grupo controle em até 25 dias, porém, em solos tratados com fungo, independentemente

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

36

da concentração, pelo menos 25% das larvas eclodiram ainda sobre o solo. As larvas

moviam sobre a superfície, morriam em algumas horas e, eventualmente, apresentavam

crescimento de conídios sobre seu corpo. Esse tipo de eclosão ocorreu entre 7,2 dias

(3,3x105 conídios/g) e 13,3 dias (3,3x103 conídios/g) (Tabela 1).

Após a submersão dos ovos em água a eclosão iniciou imediatamente, e após 5 dias,

a eclosão acumulativa foi maior no grupo controle (68,6%) e significativamente diferente

da eclosão observada nos grupos tratados com fungo (F4,30= 4,1; p=0,005; Figura 2),

independentemente da concentração de conídios. A eclosão acumulativa para os ovos

mantidos em solos tratados com conídios decresceu de 52,2% (3,3x103 conídios/g) até

25,3% (3,3x105 conídios/g), sem efeito significativo da concentração de conídios na

eclosão quantitativa (F4,25=0,5; p=0,75; Figura 2).

4 Discussão

Os resultados mostraram que os ovos de A. aegypti podem ser infectados por M.

anisopliae IP 46 quando colocados em solo contendo conídios. Solo, principalmente

quando úmido, próximos a criadouros, é um substrato atrativo à oviposição por fêmeas

de A. aegypti e outros mosquitos (Huang et al. 2005; Luciana S Lobo & Christian Luz,

comunicação pessoal). A concentração de conídios no solo parece não interferir no efeito

ovicida, o que possivelmente ocorreu devido a esporulação do fungo sobre o solo, que

aumentou o número de conídios para além do que foi aplicado, especialmente na

superfície, onde os ovos foram colocados. As amostras de solo foram esterilizadas antes

dos testes para eliminar a interferência da microbiota existente sobre o efeito de M.

anisopliae. Este e outros fungos entomopatogênicos são eventualmente afetados por

outros microrganismos que estão no mesmo habitat quando se desenvolvem como

saprobiontes em matéria orgânica. Em condições normais de campo, com toda a

microbiota íntegra, um efeito da concentração de conídios presentes no solo sobre a

redução da eclosão de larvas viáveis de A. aegypti é esperado. O efeito ovicida de M.

anisopliae contra A. aegypti, quando os conídios foram misturados em solo foi

aparentemente menor que o efeitio com tratamento direto de ovos com suspensão de

conídios do mesmo fungo (Luz et al. 2007, 2008; Albernaz et al. 2009; Santos et al.

2009). Como no presente estudo os conídios foram aplicados e uniformemente

misturados em solo, a real dose à qual os ovos foram expostos, de maneira indireta, foi

bem menor do que com a aplicação direta do fungo sobre os ovos, conforme estudos

anteriores avaliaram. A compactação mecânica do solo e o arranjo dos ovos sobre a

superfície lisa provavelmente impediu o desenvolvimento dos conídios que estavam

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

37

abaixo da linha superficial, possivelmente devido a falta de aeração, que reduziu ainda

mais exposição efetiva dos ovos ao fungo. A ação ovicida de M. anisopliae pode ser

ainda maior quando os ovos forem depositados em solo não compactado.

Não se sabe ao certo como a presença do fungo estimula a eclosão de larvas sobre o

solo tratado, antes da submersão dos ovos na água. É possível que larvas dentro dos ovos

possam ser afetadas pelo desenvolvimento fúngico na superfície dos ovos e, o fungo,

pode de alguma forma adiantar a eclosão das larvas.

M. anisopliae é um fungo que ocorre naturalmente em solo, onde pode

eventualmente contaminar e infectar ovos e adultos de mosquitos em contato com esse

solo (Rocha et al. 2012). Este e outros fungos entomopatogênicos presentes em solo

possivelmente são antagonistas naturais de A. aegypti e outros mosquitos. Ovos com

fungo ou adultos infectados que possam disseminar conídios a locais onde os mesmos

possam eventualmente morrer, irão aumentar o inóculo de conídios em locais que sejam

atrativos às fêmeas. O contato físico com os conídios é essencial para a infecção por

fungo; os ovos que continham larvas viáveis e que eclodiram rapidamente após a

submersão em água provavelmente não foram infectados. Espera-se que maiores

concentrações de conídios no solo aumentem a atividade do fungo. Fêmeas contaminadas

ou infectadas podem ainda disseminar conídios aos machos durante a cópula, conforme

já observado em anofelíneos com M. anisopliae (Scholte et al. 2004b). Testes recentes

corroboram a ideia de que fêmeas de A. aegypti não são repelidas pela presença de

conídios de M. anisopliae, tanto em laboratório quanto em campo (Luciana S Lobo &

Christian Luz, comunicação pessoal).

O presente estudo pode ser considerado o primeiro passo na caracterização da

interação entre ovos de aedíneos e conídios de M. anisopliae nas complexas relações de

campo e sinaliza o potencial de micoinseticidas como agentes de controle integrado de A.

aegypti.

5 Agradecimentos

Os autores agradecem ao Laboratório de Biologia e Fisiologia de Insetos e

Xenodiagnóstico pela criação de A. aegypti e Richard Humber (USDA-ARS, Ithaca, NY,

USA) pela revisão crítica do manuscrito. O trabalho foi financiado pela Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG, 201010267000250).

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

38

6 Referências bibliográficas

Albernaz DAS, Tai MHH, Luz C 2009. Enhanced ovicidal activity of an oil formulation

of the fungus Metarhizium anisopliae on the mosquito Aedes aegypti. Med Vet

Entomol 23:141 – 147.

Huang J, Walker ED, Giroux PY, Vulule J, Miller JR 2005. Ovipositional site selection

by Anopheles gambiae: influences of substrate moisture and texture. Med Vet

Entomol 19:442 – 450.

Kay BH, Ryan PA, Russel BM, Holt JS, Lyons SA, Foley PN 2000. The importance of

subterranean mosquito habitat to arbovirus vector control strategies in North

Queensland, Australia. J Med Entomol 37:846 – 853.

Leles RN, Sousa NA, Rocha LFN, Santos AH, Silva HHG, Luz C 2010. Pathogenicity of

some hypocrealean fungi to adult Aedes aegypti (Diptera: Culicidae). Parasitol Res

107:1271 – 1274.

Luz C, Tai MHH, Santos AH, Rocha LFN, Albernaz DAS, Silva HHG 2007. Ovicidal

activity of entomopathogenic Hyphomycetes on Aedes aegypti (Diptera: Culicidae)

under laboratory conditions. J Med Entomol 44:799 – 804.

Luz C, Tai MHH, Santos AH, Silva HHG 2008. Impact of moisture on survival of Aedes

aegypti eggs and ovicidal activity of Metarhizium anisopliae under laboratory

conditions. Mem Inst Oswaldo Cruz 103:214 – 215.

Luz C, Mnyone LL, Russell TL 2011. Survival of anopheline eggs and their

susceptibility to infection with Metarhizium anisopliae and Beauveria bassiana

under laboratory conditions. Parasitol Res 109:151 - 158.

Mnyone LL, Russell TL, Lyimo IN, Lwetoijera DW, Kirby MJ, Luz C 2009. First report

of Metarhizium anisopliae IP 46 pathogenicity in adult Anopheles gambiae s.s. and

An. arabiensis (Diptera; Culicidae). Parasite Vector 2:59.

Pérez CM, Marina CF, Bond JG, Rojas JC, Valle J, Williams T 2007. Spinosad, a

naturally derived insecticide for control of Aedes aegypti (Diptera: Culicidae):

efficacy, persistence and elicited oviposition response. J Med Entomol 44:631 – 638.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

39

Reiter P 2007. Oviposition, dispersal, and survival in Aedes aegypti: implications for the

efficacy of control strategies. Vector Borne Zoonotic 7:261 – 273.

Rocha LFN, Inglis PW, Humber RA, Kipnis A, Luz C 2012. Occurrence of Metarhizium

spp. in Central Brazilian soils. J Basic Microb 52: 1 − 10.

Santos AH, Tai MHH, Rocha LFN, Silva HHG, Luz C 2009. Dependence of

Metarhizium anisopliae on high humidity for ovicidal activity on Aedes aegypti. Biol

Control 50:37 – 42.

Scholte EJ, Knols BGJ, Samson RA, Takken W 2004a. Entomopathogenic fungi for

mosquito control: a review. J Insect Sci 19:1 – 24.

Scholte EJ, Knols BGJ, Samson RA, Takken W 2004b. Autodissemination of the

entomopathogenic fungus Metarhizium anisopliae amongst adults of the malaria

vector Anopheles gambiae s.s. Malar J 3:45.

Silva HHG, Silva IG, Lira KS 1998. Metodologia de criação, manutenção de adultos e

estocagem de ovos de Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) em laboratório. Ver Pat Trop

27: 53 - 63

Silva RO, Silva HHG, Luz C 2004. Effect of Metarhizium anisopliae isolated from soil

of the central brazilian cerrado against Aedes aegypti larvae under laboratory

conditions. Rev Pat Trop 33:207 – 216

WHO - World Health Organization (2009) Dengue: guidelines for diagnosis, treatment,

prevention and control — new edition. WHO, France

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

40

Tabela 1: Dias até a emergência de micélio ou novos conídios de Metarhizium anisopliae IP 46 sobre ovos

de Aedes aegypti ou solo, e dias até a eclosão de larvas em solo após exposição de ovos em solo tratado com

conídios de IP 46 em diferentes concentrações.

Inóculo

(conídios/g)

Ovos com novos Solo com novo micélio

ou conídio

Eclosão prematura na

superfície do solo

Micélio Conídios

(Dias de incubação após inoculação)

0 - - - -

3,3x103 7,3±0,8 14,6±1,3 21±4 13,3±5,3

104 7±0,7 15±1,6 - 10

3,3x104 5,5±0,8 11,2±2,3 6±1 9,6±2

105 4,8±0,5 9,5±1,4 6,5±0,5 11,2±1,5

3,3x105 5±0,4 9,5±1,3 11±6 7,2±0,4

Médias baseadas em seis repetições com 25 ovos em cada concentração. Os testes foram realizados a 25° C e

umidade relativa >98%.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

41

Figura 1: Número relativo de ovos de Aedes aegypti com conídios

após a exposição de ovos sobre solo tratado com Metarhizium

anisopliae IP 46 em diferentes concentrações de conídios e

incubação a 25°C e umidade relativa >98% por 25 dias.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

42

Figura 2: Eclosão relativa de larvas de Aedes aegypti após a submersão

de ovos previamente expostos em solo tratado com Metarhizium

anisopliae IP 46 em diferentes concentrações de conídios e incubação a

25°C por 5 dias.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

43

Manuscrito 3

Título resumido: Método para detecção de Metarhizium sp em mosquitos

Título: Desenvolvimento de um método para detecção de Metarhizium sp em mosquitos

infectados

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

44

Abstract

A method for isolation of Metarhizium sp from infected arthropods is proposed. The

effect of cloramphenicol, thiabendazole, deltamethrin, cristal violet and varied pH

associated with SDAY media in Metarhizium anisopliae development was evaluated.

Thiabendazole and cristal violet, respectively, in concentrations higher than 12 and 15

mg/l had an inhibition in Metarhizium anisopliae colony forming units (CFU) effect. The

medium proposed was named as Leles media and was manufactured by 1% water agar

amended with 1000 mg/l of cloramphenicol, thiabendazole 8 mg/l, deltamethrin 50 mg/l,

violet cristal 10 mg/l and pH adjusted to 5.5. Dead A. aegypti mosquitoes, killed by M.

anisopliae infection, and contaminated with Aspergillus flavus, Mucor plumbeus and

Mortierella isabellina kept on Leles media did not avoid the isolation of the

entomopathogenic fungus, but the presence of Rhizopus arrhizus made the M. anisopliae

isolation impossible, even on the media. There was no bacteria contamination by

Klebsiella pneumonia ATCC 700603; Staphylococcus aureus ATCC 25923 or

Escherichia coli ATCC 25922 and ATCC 35218 in SDAY amended with the same

adjuvants of Leles media in the same concentrations. Fifty nine fungi, including three

isolates of the entomopathogenic fungus Metarhizium sp, were isolated from 212 alive

culicid larvae and adults collected in Goiania, Brazil and kept on Leles media surface.

Besides of the Metarhizium, another 56 saprobiontic fungi, especially from the genera

Mucor, Aspergillus, Penicillium and Cladosporium were isolated as well. There were

only four fungal cultures, isolated from mosquito captured in the field, contaminated by

bacteria.

Key words: Semi selective media; Entomopathogenic fungus isolation; Metarhizium

anisopliae; Contaminant

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

45

1. Introdução

Aedes aegypti é o principal vetor da dengue em países de clima tropical e subtropical

e, considerado pela Organização Mundial de Saúde como o mosquito vetor de mais

rápida expansão no mundo (WHO 2009). Pela falta de vacina contra a dengue, o combate

à doença é centralizado no controle do vetor. Contudo, a expansão de populações desse

mosquito resistentes aos inseticidas mais usados no combate é notória (Eisen et al. 2009).

Novas formas de controle do vetor são necessárias, e, o uso de fungos

entomopatogênicos tem sido estudado e demonstra potencial (Scholte et al, 2004). Os

fungos podem causar a morte das larvas (Alves et al., 2002; Silva et al., 2004), bem

como dos adultos (Blanford et al., 2005; Scholte et al., 2005, 2007; Leles et al. 2010) e

dos ovos desses insetos (Luz et al., 2007a, 2008; Leles et al. 2012). Espécies ou cepas de

fungos ainda mais virulentas podem estar presentes no meio ambiente, infectando

naturalmente insetos, com propágulos misturados à matéria orgânica ou ao solo, sem

ainda serem isolados e identificados. O isolamento de fungos a partir de amostras do

campo, normalmente é realizado por duas técnicas, meios semi–seletivos (Tsao 1970) ou

o uso de “insetos isca” em laboratório (Zimmermann 1986), ambas com alta detecção

para Metarhizium anisopliae (Keller et al. 2003). Meios semi–seletivos foram descritos

para isolamento de fungos entomopatogênicos a partir de solo, muitos deles com dodine

em sua composição (Chase et al. 1986; Liu et al. 1993; Keller et al. 2003; Hughes et al.

2004; Luz et al. 2004; Rangel et al. 2010) contudo, o dodine é hoje um fungicida de

difícil acesso e de toxicidade aguda elevada (EPA 2005). Outros meios semi–seletivos,

com adição de tiabendazol como fungicida, em substituição ao dodine, têm sido

propostos para o isolamento de Culicinomyces clavisporus (Panter & Frances 2003) e

também para Beauveria spp e Metarhizium spp (Luz et al. 2007b; Fernandes et al. 2010).

O tiabendazol é considerado por Luz et al. (2007b) o fungicida mais indicado para meios

semi-seletivos, com alta inibição de contaminantes e boa tolerância por parte de muitos

fungos entomopatogênicos. Apesar do uso de fungicidas e antibióticos, a inoculação de

amostras de solo, que estão associadas a diversos propágulos de fungos não patogênicos

e de bactérias em geral, associada à presença de nutrientes no meio, leva ao crescimento

de um grande número de contaminantes tornando difícil o isolamento de

entomopatógenos. O presente trabalho propõe o desenvolvimento de um método de

detecção de fungos entomopatogênicos em insetos infectados, mantidos em meio ágar-

água enriquecido com antibiótico, fungicida e inseticida, o que diminue a interferência de

contaminantes e maximiza o isolamento de entomopatógenos.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

46

2. Material e métodos

2.1 Origem e obtenção dos microrganismos: O fungo entomopatogênico usado

nos testes para desenvolvimento do meio foi M. anisopliae s.l. IP 46, isolado de solo no

estado de Goiás, Brasil (Rocha et al. 2012), cultivado em meio de batata, dextrose e ágar

(BDA). Outros fungos, considerados não entomopatogênicos, utilizados em testes de

inibição com o meio foram: Aspergillus flavus IP 237; Mortierella isabelina IP248;

Mucor plumbeus IP 250 e Rhizopus arrhizus IP 251, todos isolados a partir de substrato

presente em ocos de árvores, prováveis criadouros de mosquitos em ambiente

extradomiciliar e, mantidos em BDA. Para os testes de inibição de bactérias

contaminantes foram utilizadas as bactérias Klebsiella pneumonia ATCC 700603;

Staphylococcus aureus ATCC 25923 e duas cepas diferentes de Escherichia coli ATCC

25922 e ATCC 35218, todas bacterias de referência internacional e comercialmente

disponíveis (www.atcc.org), mantidas em meio Sabouraud dextrose ágar acrescido de

extrato de levedura (SDAL).

2.2 Origem e obtenção dos mosquitos: A. aegypti adultos, entre 2–3 d de vida,

foram obtidos a partir de criação, com metodologia já descrita e padronizada por Silva et

al. (1998). Amostras coletadas no campo para avaliação do meio em desenvolvimento

foram obtidas a partir da coleta ativa de larvas e adultos de culicídeos em casas e parques

em diferentes localidades urbanizadas da cidade de Goiânia, Brasil.

2.3 Preparo dos meios:

2.3.1 Meio Batata Dextrose Ágar (BDA): Batatas (170 g) foram descascadas,

cortadas em pequenos pedaços e autoclavadas em 1.000 ml de água deionizada. Após

resfriamento, a infusão de batata foi filtrada por peneira e o volume do filtrado foi

completado para 1.000 ml. Em seguida foi novamente aquecido até 60°C e mantido em

constante agitação a 500 rpm. Com o filtrado em agitação foi acrescentado 20 g de

dextrose e 18 g de ágar. O pH do meio foi ajustado em 7 por adição balanceada de

soluções de hidróxido de sódio e/ou ácido clorídrico. O meio foi então autoclavado por

20 min e distribuídos em placas de Petri (90x15 mm).

2.3.2.1 Meio Sabouraud Dextrose Ágar + Extrato de Levedura (SDAL): Um

litro de água destilada foi aquecido até 60°C e mantido em constante agitação em

agitador magnético a 500 rpm. Em seguida, foi adicionada à água 10 g de peptona, 40 g

de dextrose, 2 g de extrato de levedura, 15 g de ágar, e o pH ajustado em 7. O meio foi

autoclavado por 20 min e distribuído em placas de Petri (90 x 15 mm).

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

47

2.3.2.2 Meio SDAL modificado: Meios SDAL também foram preparados, com

diferentes índices de pH, ou com incremento de cristal violeta, cloranfenicol,

deltametrina ou tiabendazol (Figura 1). Para a variação de pH, o meio foi preparado

exatamente como segue o protocolo acima, aliquotado em 100 ml e diferentes ajustes do

pH foram feitos em cada alíquota, variando entre 4,5; 5,0; 5,5; 6,0 e 6,5 (Figura 1).

Meios SDAL + cristal violeta ou SDAL + deltametrina foram preparados da mesma

maneira como citado anteriormente, porém, antes do ajuste de pH e da esterilização,

foram aliquotados em 100 ml. Em cada alíquota foi acrescido, separadamente e sob

constante agitação do meio, cristal violeta (Cloreto de Hexametilpararosalina, Cromato

Produtos Químicos, Brasil) até as concentrações de 2,5; 5; 10; 15 e 20 mg/l; ou

deltametrina (k-othrine CE 25, Bayer CropScience, Brasil) até as concentrações de 15;

25; 35; 50 e 75 mg/l. Feito isso o pH de cada alíquota foi ajustado em 7 e o meio

autoclavado (Figura 1).

Para o meio SDAL + cloranfenicol (Oficinal, Brasil), uma solução do antibiótico foi

previamente preparada em etanol absoluto, para melhor diluição. A solução etanólica de

cloranfenicol foi adicionada nas alíquotas de SDAL, em constante agitação, até as

concentrações de 250; 500; 1000; 1500 e 2000 mg/l e em seguida o pH ajustado em 7 e o

meio autoclavado.

O SDAL + tiabendazol (Nortec Química, Brasil), foi preparado semelhante ao de

cloranfenicol, também previamente diluído em etanol, seguido pelo incremento da

solução etanólica de tiabendazol até as concentrações de 8; 10; 12; 14 e 16 mg/l e então

feito o ajuste do pH em 7 e a esterilização (Figura 1).

2.3.3 Ágar–água acrescido de cloranfenicol, cristal violeta, tiabendazol e

deltametrina (meio Leles): O meio Leles foi preparado em água destilada a 60°C

mantida em constante agitação em um agitador magnético a 500 rpm. Foram

acrescentados à água, cristal violeta e deltametrina nas concentrações de 10 mg e 50

mg/l, respectivamente. Soluções etanólicas de tiabendazol e cloranfenicol foram

preparadas separadamente e acrescentadas ao meio em preparo nas concentrações

respectivas de 8 mg e 1000 mg por litro de meio. Em seguida foi acrescentado ágar na

concentração de 10 g/l de meio, o pH foi ajustado em 5,5 e então, o meio, foi

autoclavado e plaqueado.

2.4 Preparo de suspensões fúngicas e bacterianas: Culturas dos fungos utilizados,

independente da espécie, tiveram a superfície raspada com o auxílio de uma espátula. O

raspado foi colocado em um tubo de vidro (30 ml), previamente autoclavado, com 10 ml

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

48

de Tween 80® 0,1% e pérolas de vidro (5 mm de diâmetro). O tubo foi mantido em

agitação por vórtex durante dois minutos e o conteúdo, em seguida, filtrado por um

chumaço de algodão adaptado em um funil de vidro, para outro frasco, também estéril,

de iguais proporções e sem conteúdo prévio. O filtrado foi diluído em água destilada nas

concentrações de 10-1, 10-2 e 10-3 e quantificado o número de conídios em câmara de

Neubauer.

As suspensões de bactérias foram preparadas de maneira similar a de fungos. Em

uma câmara de fluxo laminar previamente limpa e mantida sob luz ultravioleta por 30

minutos, foi coletado do meio de cultivo um raspado da colônia de cada bactéria.

Separadamente, esses raspados foram colocados em tubos de vidro com 10 ml de solução

fisiológica, previamente autoclavada, e vortexado por dois minutos. Dessas suspensões

foram preparadas três diluições, nas concentrações de 10-1; 10-2 e 10-3 para a

quantificação de bactérias na suspensão. Após quantificado, foi preparado suspensões de

cada bactéria a 2,6x103 bactérias/ml, à partir de diluição da suspensão mãe com solução

salina.

2.5 Teste de susceptibilidade de IP 46 aos aditivos químicos: Cem microlitros de

suspensão de conídios de M. anisopliae IP 46 a 2,6x103 conídios/ml foram aplicados,

com uma micropipeta, sobre a superfície de meios de cultura previamente preparados:

SDAL; SDAL + cloranfenicol (500; 1000; 1500; 2000 e 2500 mg/l); SDAL +

tiabendazol (8; 10; 12; 14 e 16 mg/l); SDAL + cristal violeta (2,5; 5; 10; 15; 20 mg/l);

SDAL + deltametrina (15; 25; 35; 50 e 75 mg/l) todos com pH 7 e SDAL sem aditivos

com pH 4,5; 5; 5,5; 6 e 6,5. Depois de aplicada, a suspensão foi espalhada pela superfície

do meio com o auxílio de uma alça de “Drigalski” seguido de movimentos circulares,

totalizando dez conídios por cm2. As placas foram incubadas a 25 ±1°C; UR 70 ± 10% e

12 h de fotofase e, as “unidades formadoras de colônias” (UFC) quantificadas

diariamente durante 10 dias. O número de UFC’s contadas nos meios SDAL +

cloranfenicol; SDAL + tiabendazol; SDAL + cristal violeta; SDAL + deltametrina e

SDAL com pH variável foi comparado (conforme a fórmula abaixo representada) à

quantidade de UFC’s no meio SDAL sem aditivos e com pH 7 (controle), e expresso de

maneira relativa, podendo inclusive ultrapassar o valor de 100% em caso de um possível

estímulo de desenvolvimento, comparado ao meio de referência. Os testes tiveram seis

repetições independentes, cada um utilizando meios preparados em dias diferentes e com

diferentes culturas de fungo.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

49

2.6 Inibição de bactérias sobre o meio SDAL modificado: Cem microlitros de

cada uma dessas suspensões foram aplicados na superfície das placas com meio SDAL

acrescido de 10 mg/l de cristal violeta; 1000 mg/l de cloranfenicol; 8 mg/l de

tiabendazol, 50 mg/l de deltametrina e pH ajustado em 5,5. As suspensões foram

espalhadas homogeneamente, com uma alça de “Drigalski” associado a movimentos

manuais circulares com a placa, atingindo a concentração de 10 bactérias/cm2. O grupo

controle foi realizado com a aplicação de solução fisiológica estéril sobre meio SDAL

modificado, iguais ao preparado para o grupo teste. As placas de referência continham o

meio SDAL sem modificações, inoculados com as suspensões de bactérias. As placas

foram mantidas a 25 ±1°C; UR 70 ± 10% e 12 h de fotofase, o número de UFC’s foi

contado diariamente, durante 10 dias. O resultado foi expresso em valores relativos da

quantidade de UFCs no SDAL modificado em função do número de UFCs em meio de

referência.

2.7 Desenvolvimento de IP 46 sobre larvas e adultos mortos de A. aegypti

infectados, mantidos sobre o meio Leles: Dez larvas de quarto estádio de A. aegypti,

com 24 h de jejum, foram colocadas em 10 ml de suspensão de conídios de IP 46 a 107

conídios/ml, preparada em Tween 80® 0,01%. As larvas foram mantidas em suspensão

até que morressem ou por até 48 h. Cinqüenta adultos do mosquito foram colocados em

copos de polietileno (V= 500 cm3; A =353,3 cm2) previamente tratados com conídios

secos de IP 46 a 107 conídios/ cm2. Os adultos foram mantidos nos copos tratados,

alimentados com água açucarada (6% de sacarose) ad libitum, até a morte ou por até 48

h. Para o grupo controle, as larvas foram mantidas em Tween 80® 0,01% e os adultos em

copos de polietileno sem tratamento e com igual oferta de água açucarada, durante 48 h.

Larvas e adultos após serem submetidos ao tratamento com os conídios, ou oriundos do

grupo controle, foram sacrificados a -4°C e, em seguida, colocados sobre a superfície do

meio Leles e mantidos em câmara úmida a 25 ± 1°C durante 10 d. A observação de

presença de conídios de IP 46 sobre os mosquitos mortos foi realizada visualmente em

microscópio esteroscópico diariamente. Os resultados foram avaliados em quatro

repetições independentes, de maneira relativa, pela porcentagem de mosquitos mortos

com conídios.

2.8 Avaliação na redução de fungos contaminantes em mosquitos infectados

com IP 46, mantidos em meio Leles: Mosquitos foram infectados experimentalmente

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

50

com M. anisopliae IP 46 e mortos. Para tal, um copo plástico teve sua superfície interna

(353,3 cm2, incluindo a superfície interna da tampa) tratada com 3,6 x 109 conídios secos

de IP 46 (107 conídios/cm2). Pequenos furos foram feitos na parede do copo para

circulação de ar e um orifício maior na tampa. Cinquenta A. aegypti adultos, entre 24 e

48 h de vida, não sexados, foram colocados dentro do copo, com a ajuda de um

capturador de “Castro”, através do orifício feito na tampa. O orificío foi mantido fechado

por um chumaço de algodão umido com solução açucarada (6% de sacarose). O copo

com os mosquitos foi mantido a 25 ± 1°C; UR 70 ± 10% e 12 h de fotoperíodo até a

morte de todos os mosquitos, sendo que o algodão com água açucarada foi trocado

diariamente. Mosquitos do grupo controle foram mantidos em copo de iguais

características, porém sem conídios.

Após a morte de todos os mosquitos tratados com fungo, os mosquitos do grupo

controle foram sacrificados a – 4°C. Os mosquitos foram descontaminados, primeiro

mosquitos do grupo controle e depois os do grupo tratado, por submersão sequencial em

etanol 70°GL, solução de hipoclorito de sódio 1% e em três béqueres, sequencialmente,

com água destilada, 30 segundos em cada. Em seguida, os mosquitos mortos, foram

divididos em 4 grupos, com 25 mosquitos cada. Os grupos foram submersos nas

suspensões de conídios dos fungos: A. flavus (IP 237), ou M. isabellina (IP 248), ou M.

plumbeus (IP 250), ou R. arrhizus (IP 251) nas concentrações de 107; 106; 105; 104 ou

103 conídios/ml. Foram imersos cinco mosquitos mortos em cada concentração, de uma

espécie de fungo, durante 30 segundos. Depois de imersos, os mosquitos foram

transferidos para a superfície do meio Leles. Mosquitos do grupo controle não foram

expostos a nenhum fungo contaminante e foram colocados diretamente sobre o meio

Leles. Todos os mosquitos mortos, tratados com fungo ou controle, foram mantidos a 25

±1°C; UR 70 ± 10% e 12 h de fotoperíodo. O desenvolvimento de fungo sobre os

mosquitos foi avaliado diariamente em microscópio esteroscípico, durante 10 dias. Foi

contado o número relativo de mosquitos mortos que apresentaram desenvolvimento

somente do fungo contaminante ou do fungo infectante (IP 46) ou desenvolvimento de

ambos os fungos, bem como o tempo para o aparecimento dos conídios dos fungos

contaminantes e infectantes.

2.9 Isolamento de fungos entomopatogênicos em larvas e adultos de culicídeos

coletados em campo: Foram coletados semanalmente, entre os meses de fevereiro e

dezembro do ano de 2011, larvas e adultos de culicídeos, totalizando 212 amostras. Os

locais de coleta foram parques, lixões, ferro velho, domicílios e peridomicílios, em

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

51

diversas regiões da cidade de Goiânia. Os habitats de coleta mais frequentes para larvas

foram água empoçada no chão, latas e plásticos descartáveis, lona, assoalho de carro e

em subsolo de prédios em construção, normalmente misturados com substrato de solo.

Adultos foram coletados em intradomicílios e em campo aberto de ferro velho, lixões,

parques ou em subsolo de construções. Para a coleta de larvas foram utilizadas pipetas

descartáveis ou redes de malha, feitas de uma tela de filó e os adultos foram coletados

com capturador de Castro ou puçá. As amostras foram colocadas em tubos plásticos, tipo

eppendorf, previamente autoclavados, as larvas na água coletada no criadouro e os

adultos individualmente. Em seguida, as larvas foram lavadas em água destilada e os

adultos adormecidos em baixa tempetura (-4°C) por 20 minutos. Foram então colocados,

ainda vivos, sobre a superfície do meio Leles e mantidos, por até 15 d, a 25 ±1 °C e

umidade saturada. A inspeção da presença de fungos sobre os insetos foi feita

diariamente e o repique dos fungos realizados em BDA.

3 Resultados

3.1 Susceptibilidade de IP 46 aos aditivos químicos: M. anisopliae IP 46 teve uma

relação de UFC, comparada ao grupo controle, maior que 80% quando exposto a

cloranfenicol e a deltametrina em qualquer concentração testada, e a SDAL preparado

em qualquer pH entre 4,5 e 6,5 (Figura 2). Houve redução considerável de IP 46 no

número de UFC quando cultivado em meio com tiabendazol, acima de 12 mg/l e a cristal

violeta acima de 15 mg/l (Figura 2).

3.2 Inibição de bactérias sobre o meio SDAL modificado: K. pneumonia; S.

aureus e E. coli desenvolveram colônias em SDAL ajustado em pH 7 contudo, não

tiveram desenvolvimento de nenhuma unidade formadora de colônia em SDAL na

presença de cloranfenicol, tiabendazol, cristal violeta, deltametrina e em pH 5,5.

3.3 Desenvolvimento de IP 46 em larvas e adultos de A. aegypti infectados,

mantidos em meio Leles e avaliação na redução de fungos contaminantes: Todos os

mosquitos, adultos e larvas, que foram tratados com M. anisopliae IP 46, e em seguida

colocados sobre o meio Leles tiveram desenvolvimento de conídios do entomopatógeno

sobre o inseto morto. Mosquitos que foram mortos com conídios de IP 46 e, em seguida

tratados com conídios dos fungos A. flavus IP 237, M. isabellina IP 248, M. plumbeus IP

250 ou R. arrhizus IP 251, tiveram padrões variados de desenvolvimento de IP 46 e de

conídios de não entomopatogênicos (Figura 3). Em tratamento misto de IP 46 e M.

isabellina, em praticamente todas as concentrações 80% ou mais dos mosquitos mortos

tiveram conídios apenas de M. anisopliae sobre o corpo, com exceção do tratamento na

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

52

concentração de 104 conídios/ml de M. isabellina, na qual cerca de 60% tinham conídios

apenas de M. anisopliae (Figura 4A) e os demais, conídios de ambos fungos IP 46 e IP

248 (Figura 3; Figura 4C). Mais de 80% dos mosquitos mortos por IP 46 tratados em

seguida com A. flavus, na menor concentração tiveram apenas conídios de M. anisopliae.

Nas demais concentrações entre 40 e 50% dos mosquitos mortos apresentaram apenas

conídios de IP 46, entre 30 e 40% tinham condíos dos dois fungos (Figura 4B) e

eventualmente (entre 5 e 15%) apenas conídios de A. flavus (Figura 3). Nos tratamentos

combinados de IP 46 e M. plumbeus, entre 40 e 50% dos mosquitos mortos tinham

conídios de ambos os fungos (Figura 4D e 4E), exceto na concentração mais alta do

tratamento com M. plumbeus (107 conídios/ml) onde cerca de 70% dos mosquitos tinham

apenas conídios do fungo contaminante (Figura 3). Ainda no tratamento combinado de

IP 46 e IP 250 foram observados mosquitos mortos apenas com conídios de M.

anisopliae somente nas três menores concentrações de M. plumbeus, variando

percentualmente entre 60% do total de mosquitos mortos na menor concentração de IP

250 (103 conídios/ml) e 20% do total dos mosquitos mortos, quando tratados a 105

conídios/ml (Figura 3). Os mosquitos mortos por IP 46 e tratados com R. arrhizus,

tiveram entre 40 e 80% dos mosquitos mortos apenas com conídios de R. arrhizus,

crescente de acordo com a concentração do tratamento com contaminante (Figura 3).

Não houve, neste tratamento, mosquitos mortos apenas com conídios de M. anisopliae

(Figura 3), sendo, R. arrhizus, o único dos fungos contaminantes que inviabilizou o

isolamento de M. anisopliae. (Figura 4F).

3.4 Isolamento de fungos em larvas e adultos coletados em campo: Dentre as 212

amostras coletadas, foram isolados 57 fungos, três deles do gênero Metarhizium. Em 8

amostras ocorreram contaminação por bactérias (Tabela 1). Os gêneros de fungos

contaminantes mais encontrados foram Mucor, Penicillium, Aspergillus e Cladosporium

e, eventualmente Rhizopus e Fusarium (Tabela 1). Os três isolados de Metarhizium

foram obtidos de larvas coletadas em amostras de solo alagadiço.

4 Discussão

Dentre os adjuvantes propostos para uso em um ambiente seletivo para isolamento

de fungos entomopatogênicos, conforme já esperado, o tiabendazol foi o de maior

inibição para M. anisopliae em concentrações acima de 12 mg/l. Contudo, de acordo com

estudos anteriores, o tiabendazol na concentração de 4 mg/l é capaz de inibir uma grande

gama de fungos contaminantes em meios semi-seletivos (Luz et al. 2007b). Outro

químico que demonstrou redução no desenvolvimento de IP 46 foi o cristal violeta, que

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

53

sabidamente tem efeito de redução no crescimento de fungos (Stewart et al. 1977), teve

influência sobre IP 46 principalmente em concentrações acima de 15 mg/l. Já o

antibiótico cloranfenicol, sobretudo em suas mais altas concentrações, não interferiu no

número de UFCs de IP 46, inclusive no grupo tratado foi observado maior quantidade de

unidades formadoras de colônia do que no grupo controle, embora a diferença não tenha

significado estatístico (Figura 2). A presença de deltametrina, bem como diferentes

variações no pH em meio SDAL, não influenciaram de maneira significativa o

desenvolvimento de M. anisopliae. O meio Leles foi proposto com estes adjuvantes em

concentrações que não comprometeram de modo significativo o desenvolvimento de IP

46, embora as dosagens, especialmente de cloranfenicol e tiabendazol, possam ser

ajustadas de acordo com a necessidade da pesquisa. As altas concentrações de

tiabendazol e cloranfenicol se justificam especialmente pela diferença da forma de

exposição dos contaminantes ao meio. No meio proposto pelo presente estudo, a

exposição dos prováveis contaminantes é indireta, visto que não necessariamente

estariam em contato direto com a superfície do meio, exigindo maiores concentrações do

fungicida, antibiótico ou inseticida. A deltametrina seria um adjuvante de escolha que

não se mostrou tóxico a IP 46 e, outros trabalhos evidenciaram ação de sinergismo entre

M. anisopliae e B. bassiana com a deltametrina (Bahiense et al. 2004; Bahiense et al.

2006). O acaricida pode ser utilizado, em meio seletivo ou em meio de cultura para a

inibição de ácaros, que por sua vez, geram grandes danos às coleções de fungos. O meio

se mostrou compatível com o desenvolvimento de M. anisopliae, quando há infecção

pelo fungo, e determinou, em laboratório, a redução de possíveis fungos e bactérias

contaminantes que podem estar presentes nas amostras. Em atividade de campo foi

observado o surgimento de outros fungos não entomopatogênicos nas amostras

coletadas, contudo, todos os mosquitos se encontravam vivos e ativos no momento da

coleta e provavelmente a minoria deles estaria com alguma infecção fúngica e, mesmo

assim foram isoladas amostras de Metarhizium sobre larvas de mosquitos e foi observado

uma baixa taxa de contaminação por bactérias nos isolamentos. Dentre tantos meios

semi–seletivos propostos, o meio Leles vem com a idéia de praticidade e aplicação direta

em campo, com a possibilidade de uso no momento da coleta, sem maiores necessidades

de transporte e acondicionamento das amostras, podendo ser levado ao campo e utilizado

de maneira prática para facilitar o isolamento de fungos entomopatogênicos.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

54

5 Agradecimentos

Agradecimentos ao Laboratório de Biologia e Fisiologia de Insetos e

Xenodiagnóstico pela criação dos mosquitos, ao Departamento de Vigilância em Saúde

Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia por viabilizar as coletas em

campo e ao apoio financeiro proporcionado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do

Estado de Goiás (FAPEG, 201010267000250).

6 Referência Bibliográficas

Alves SB; Alves LFA, Lopes RB; Pereira RM; Vieira AS 2002. Potential of some

Metarhizium anisopliae isolates for control of Culex quinquefasciatus (Dipt:

Culicidae). J Appl Entomol 126: 504-509.

Bahiense TC, Bittencourt VREP 2004. Laboratory evaluation of the compatibility and

the synergism between the entomopathogenic fungus Beauveria bassiana and

deltamethrin to resistant strains of Boophilus microplus. Ann N Y Acad Sci 1026:

319-322.

Bahiense TC, Fernandes EKK, Bittencourt VREP 2006. Compatibility of the fungus

Metarhizium anisopliae and deltamethrin to control a resistant strain of Boophilus

microplus tick. Vet Parasitol 141: 319-324.

Blanford S; Chan BHK; Jenkins N; Sim D; Turner RJ; Read AF; Thomas MB 2005.

Fungal pathogen reduces potencial for malaria transmission. Science 308: 1638-

1641.

Chase AR, Osborne LS, Ferguson VM 1986. Selective isolation of the entomopathogenic

fungi Beauveria bassiana and Metarhizium anisopliae from an artificial potting

medium. Fla Entomol 69: 285-292.

Eisen L, Beaty BJ, Morrison AC, Scott TW 2009. Proactive vector control strategies and

improved monitoring and evaluation practices for Dengue prevention. J Med

Entomol 46: 1245 – 1255.

EPA - Environmental Protection Agency 2005. Reregistration eligibility decision for

Dodine. EPA, United States, 80 pp.

Fernandes ÉKK, Keyser CA, Rangel DEN, Foster RN, Roberts DW 2010. CTC medium:

A novel dodine-free selective medium for isolating entomopathogenic fungi,

especially Metarhizium acridum, from soil. Biol. Control 54: 197-205.

Hughes WOH, Thomsen L, Eilenberg J, Boomsma JJ 2004. Diversity of

entomopathogenic fungi near leaf-cutting ant nests in a neotropical forest, with

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

55

particular reference to Metarhizium anisopliae var. anisopliae. J. Invertebr. Pathol

85: 46-53.

Keller S, Kessler P, Schweizer C 2003. Distribution of insect pathogenic soil fungi in

Switzerland with special reference to Beauveria brongniartii and Metharhizium

anisopliae. Biocontrol 48: 307-319.

Leles RN, Sousa NA, Rocha LFN, Santos AH, Silva HHG, Luz C 2010. Pathogenicity of

some hipocrealean fungi to adult Aedes aegypti (Diptera: Culicidae). Parasitol Res

107: 1271-1274.

Leles RN, D’Alessandro WB, Luz C 2012. Effects of Metarhizium anisopliae conidia

mixed with soil against eggs of Aedes aegypti. Parasitol Res 110: 1579-1582.

Liu ZY, Milner RJ, McRae CF, Lutton GG 1993. The use of dodine in selective media

for the isolation of Metarhizium spp. from soil. J Invertebr Pathol 62: 248-251.

Luz C, Rocha LFN, Nery GV 2004. Detection of entomopathogenic fungi in

peridomestic triatomine-infested areas in central Brazil and fungal activity against

Triatoma infestans (Klug) (Hemiptera:Reduviidae). Netrop Entomol 33: 783-791.

Luz C; Tai MHH; Santos AH; Rocha LFN; Albernaz DAS; Silva HHG 2007a. Ovicidal

activity of entomopathogenic hyphomycetes on Aedes aegypti (Díptera:Culicidae)

under laboratory conditions. J Med Entomol 44(5):799-804.

Luz C, Netto MCB, Rocha LFN 2007b. In vitro susceptibility to fungicides by

invertebrate pathogenic and saprobic fungi. Mycopathologia 164: 39-47.

Luz C; Tai MHH; Santos AH; Silva HHG 2008. Impact of moisture on survival of Aedes

aegypti eggs and ovicidal activity of Metharizium anisopliae under laboratory

conditions. Mem Inst Oswaldo Cruz 103(2):214-215.

Panter C, Frances SP 2003. A more selective medium for Culicinomyces clavisporus. J.

Invertebr. Pathol 82: 198-200.

Rangel DEN, Dettenmaier SJ, Fernandes ÉKK, Roberts DW 2010. Susceptibility of

Metarhizium spp. and other entomopathogenic fungi to dodine-based selective

media. Biocontrol Sci. Techn 20: 375-389.

Rocha LFN, Inglis PW, Humber RA, Kipnis A, Luz C 2012. Occurrence of Metarhizium

spp. in Central Brazilian soils. J Basic Microb 52: 1-10.

Scholte EJ; Knols BGJ; Samson RA; Takken W 2004. Entomopathogenic fungi for

mosquito control: A review. J Insect Sci 4(19): 24pp.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

56

Scholte EJ; Ng’habi K; Kihonda J; Takken W; Paaijmans K; Abdulla S; Killeen GF;

Knols BGJ 2005. An entomopathoogenic fungus for control of adult african malaria

mosquitoes. Science 30:1641-1642.

Scholte EJ; Takken W, Knols BGJ 2007. Infection of adult Aedes aegypti and

Ae.albopictus mosquitoes with the entomopathogenic fungus Metarhizium

anisopliae. Acta Trop 102:151-158.

Silva HHG, Silva IG, Lira KS 1998. Metodologia de criação, manutenção de adultos e

estocagem de ovos de Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) em laboratório. Ver Pat Trop

27: 53-63.

Silva RO; Silva HHG; Luz C 2004. Effect of Metarhizium anisopliae isolated from soil

of the central brazilian cerrado against Aedes aegypti larvae under laboratory

conditions. Rev Pat Trop 33(2): 207-216.

Stewart RG, Wyatt RD, Ashmore MD 1977. The effect of various antifungal agents on

aflatoxin production and growth characteristics of Aspergillus parasiticus and

Aspergillus flavus in liquid medium. Poult Sci 56: 1630-1635.

Tsao 1970. Selective media for isolation of pathogenic fungi. Annu Rev Phytopathol 8:

157-186.

WHO - World Health Organization 2009. Dengue: guidelines for diagnosis, treatment,

prevention and control – new edition. – WHO, France, 160 pp.

Zimmermann G 1986. The Galleria bait method for detection of entomopathogenic fungi

in soil. J Appl Entomol 102: 213 - 215.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

57

Figura 1: Esquema da preparação do meio Sabouraud dextrose ágar com extrato de

levedura (SDAL) com diferentes ajustes de pH ou diferentes concentrações de cristal

violeta (CV), deltametrina (D), cloranfenicol (Cl) e tiabendazol (T).

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

58

Figura 2: Quantidade relativa de unidades

formadoras de colônia (UFC) de Metarhizium

anisopliae IP 46 em meio SDAL modificado,

em função do número de UFC em SDAL com

pH ajustado em 7, após 10 d a 25 ± 1°C e

umidade relativa de 70 ± 10%. O efeito da

concentração foi avaliado para cada químico

por ANOVA (α ≤ 5%), seguido de teste de

Student Newman Keuls, letras diferentes (A,B)

evidenciam o efeito.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

59

Figura 3: Adultos de Aedes aegypti mortos por Metarhizium anisopliae IP 46 e

posteriormente expostos a fungos contaminantes e examinados em microscópio

estereoscópico, destacando-se a porcentagem de mosquitos mortos com conídios de M.

anisopliae isoladamente, do contaminante ou de ambos no mesmo mosquito, após 10

dias de incubação a 25° ±1°C e umidade próxima de saturação.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

60

Figura 4: Adultos de Aedes aegypti mortos somente com conídios de Metarhizium

anisopliae sobre o corpo (A), com conídios de M. anisopliae e Aspergillus flavus (B), M.

anisopliae e Mortierella isabellina (C), Mucor plumbeus associado a M. anisopliae (D e

E) e, mosquitos mortos somente com conídios de Rhizopus arrhizus (F).

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

61

Tabela 1 Isolamento de fungos em larvas e adultos de mosquitos, coletados na cidade de Goiânia e mantidos em meio Leles* por até 15 dias

(25 ± 1°C; UR 70 ± 10%). Identificação das amostras, bem como a data (DD/MM/AA), local de coleta e tipo do criadouro, estágio do material

coletado, identificação do mosquito e do fungo isolado.

Amostra Data Local – Setor (lat;long) Criadouro Estágio Mosquito Identificação

R 3 18/02/11 Jardim (Jd.) Novo Mundo (-16.675086,-

49.21566)

Água de chuva Larva Culicidae Mucor sp.

R 4 I 18/02/11 Jd. Novo Mundo (-16.675086,-49.21566) Água de chuva Larva Culicidae Penicillium sp

R 4 II 18/02/11 Jd. Novo Mundo (-16.675086,-49.21566) Água de chuva Larva Culicidae Aspergillus sp

R 7 18/02/11 Jd. Novo Mundo (16.675086,-49.21566) Peridomicílio Adulto Aedes sp Aspergillus sp

R 8 18/02/11 Jd. Novo Mundo (-16.675086,-49.21566) Caixa de esgoto Larva Culicidae Mucor sp

R 9 18/02/11 Jd. Novo Mundo (-16.675086,-49.21566) Intradomicílio Adulto Culex sp Mucor sp

R 12 04/03/11 Pq. Industrial (-16.685158,-49.357581) Intradomicílio Adulto Aedes sp Cladosporium sp

R 15 04/03/11 Centro de Zoonoses (-16.728605,-49.160728) Intradomicílio Adulto Aedes sp Aspergillus sp

R 17 04/03/11 Pq. Industrial (-16.685158,-49.357581) Intradomicílio Adulto Aedes sp Penicillium sp

R 26 04/03/11 Pq. Industrial (-16.685158,-49.357581) Intradomicílio Adulto Aedes sp Contaminação bacteriana

R 30 04/03/11 Centro de Zoonoses (-16.728605,-49.160728) Intradomicílio Adulto Aedes sp Aspergillus sp

R 32 04/03/11 Pq. Industrial (-16.685158,-49.357581) Intradomicílio Adulto Aedes sp Contaminação Bacteriana

R 34 11/03/11 Vila Santa Rita (-16.680102,-49.321597) Descartáveis (latas e

plásticos)

Larva Culicidae Metarhizium sp

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

62

R 36 11/03/11 Vila Santa Rita (-16.680102,-49.321597) Descartáveis Larva Culicidae Mucor sp

R 37 11/03/11 Vila Santa Rita (-16.680102,-49.321597) Descartáveis Larva Culicidae Mucor sp

R 49 11/03/11 Vila Santa Rita (-16.680102,-49.321597) Patio de reciclagem Adulto Aedes sp Aspergillus sp

R 57 18/03/11 Jd. Goiás (-16.685693,-49.233513) Água empoçada com terra Larva Culicidae Contaminação Bacteriana

R 59 18/03/11 Jd. Goiás (-16.685693,-49.233513) Água empoçada com terra Larva Culicidae Aspergillus sp

R 61 18/03/11 Jd. Goiás (-16.685693,-49.233513) Água empoçada com terra Larva Culicidae Fusarium sp

R 63 18/03/11 Jd. Goiás (-16.685693,-49.233513) Água empoçada em lona Larva Culicidae Contaminação Bacteriana

R 64 18/03/11 Jd.Goiás (-16.685693,-49.233513) Ferro velho Adulto Aedes sp Aspergillus sp

R 67 I 25/03/11 Centro de Zoonoses (-16.728605,-49.160728) Lataria - carro enferrujado Larva Culicidae Penicillium sp

R 67 II 25/03/11 Centro de Zoonoses (-16.728605,-49.160728) Lataria - carro enferrujado Larva Culicidae Penicillium sp

R 69 25/03/11 Centro de Zoonoses (-16.728605,-49.160728) Lataria - carro enferrujado Larva Culicidae Cladosporium sp

R 70 25/03/11 Centro de Zoonoses (-16.728605,-49.160728) Lataria - carro enferrujado Larva Culicidae Aspergillus sp

R 75 25/03/11 Centro de Zoonoses (-16.728605,-49.160728) Lataria - carro enferrujado Larva Culicidae Contaminação bacteriana

R 81 25/03/11 Centro de Zoonoses (-16.728605,-49.160728) Lataria - carro enferrujado Larva Culicidae Aspergillus sp

R 91 25/03/11 Centro de Zoonoses (-16.728605,-49.160728) Lataria - carro enferrujado Larva Culicidae Contaminação bacteriana

R 95 31/03/11 Santo Antônio (-16.725975,-49.241581) Água parada em lona Larva Culicidae Contaminação bacteriana

R 96 31/03/11 Santo Antônio (-16.725975,-49.241581) Pátio de garagem Larva Culicidae Contaminação bacteriana

R 99 31/03/11 Santo Antônio (-16.725975,-49.241581) Água parada em lona Larva Culicidae Cladosporium sp

R 100 31/03/11 Santo Antônio (-16.725975,-49.241581) Água parada em lona Larva Culicidae Aspergillus sp

R 101 31/03/11 Santo Antônio (-16.725975,-49.241581) Água parada em lona Larva Culicidae Aspergillus sp

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

63

R 102 31/03/11 Santo Antônio (-16.725975,-49.241581) Água parada em lona Larva Culicidae Cladosporium sp

R 103 31/03/11 Santo Antônio (-16.725975,-49.241581) Água parada em lona Larva Culicidae Penicillium sp

R 104 07/04/11 Cidade Jd. (-16.673524,-49.307499) Assoalho de carro com

terra e ferrugem

Larva Culicidae Aspergillus sp

R 105 07/04/11 Cidade Jd. (-16.673524,-49.307499) Assoalho de carro com

terra e ferrugem

Larva Culicidae Rhizopus sp

R 106 07/04/11 Cidade Jd. (-16.673524,-49.307499) Campo de ferro velho Adulto Aedes sp Cladosporium sp

R 121 07/04/11 Cidade Jd. (-16.673524,-49.307499) Campo de ferro velho Adulto Aedes sp Cladosporium sp

R 122 07/04/11 Cidade Jd. (-16.673524,-49.307499) Campo de ferro velho Adulto Aedes sp Cladosporium sp

R 131 07/04/11 Cidade Jd. (-16.673524,-49.307499) Campo de ferro velho Adulto Aedes sp Fusarium sp

R 133 07/04/11 Cidade Jd. (-16.673524,-49.307499) Campo de ferro velho Adulto Aedes sp Cladosporium sp

R 141 28/04/11 Parque Flamboyant (-16.703862,-49.237912) Brejo Adulto Culicidae Aspergillus sp

R 143 05/05/11 Zamor Flora, Jd. Goiás (-16.700327,

-49.240723)

Caixa de papel em

floricultura

Adulto Culex sp Penicillium sp

R 144 05/05/11 Rua 115, Setor Sul (-16.698456,-49.248555) Bromélia Pupa Culicidae Rhizopus sp

R 145 I 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Subsolo de obra Larva Culicidae Cladosporium sp

R 145 II 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Subsolo de obra Larva Culicidae Penicillium sp

R 146 I 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Piscina descoberta Larva Culicidae Penicillium sp

R 146 II 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Piscina descoberta Larva Culicidae Penicillium sp

R 147 I 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Subsolo de obra Adulto Aedes sp Cladosporium sp

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

64

R 147 II 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Subsolo de obra Adulto Aedes sp Cladosporium sp

R 149 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Subsolo de obra Adulto Aedes sp Cladosporium sp

R 150 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Subsolo de obra Adulto Aedes sp Cladosporium sp

R 151 I 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Poça de água em chão

batido (construção)

Larva Culicidae Metarhizium sp

R 151 II 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Poça em chão (construção) Larva Culicidae Aspergillus sp

R 152 I 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Poça em chão (construção) Larva Culicidae Penicillium sp

R 152 II 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Poça em chão (construção) Larva Culicidae Penicillium sp

R 153 I 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Poça em chão (construção) Larva Culicidae Cladosporium sp

R 153 II 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Poça em chão (construção) Larva Culicidae Metarhizium sp

R 155 19/05/11 Rua 74, Jd. Goiás (-16.705958,-49.233491) Subsolo de obra Adulto Culex sp Aspergillus sp

R 157 13/10/11 Marginal Botafogo (-16.660779,-49.252954) Lixão Adulto Culex sp Cladosporium sp

R 175 20/10/11 Parque Mutirama (-16.664397,-49.253168) Poço com chão de cimento Adulto Aedes sp Penicillium sp

R 180 20/10/11 Parque Mutirama (-16.664397,-49.253168) Poço com chão de cimento Adulto Aedes sp Aspergillus sp

R 184 20/10/11 Parque Mutirama (-16.664397,-49.253168) Poço com chão de cimento Adulto Aedes sp Penicillium sp

R 218 01/12/11 Parque Amazônia (-16.73066,-49.279089) Descartáveis Larva Culicidae Mucor sp

*Meio Leles = Meio ágar-água com a adição de cristal violeta (10 mg/l), cloranfenicol (1000 mg/l), tiabendazol (8mg/ml) e deltametrina (50

mg/ml).

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

65

Manuscrito 4

Título resumido: Detecção de L. chapmanii em A. aegypti

Título: Um método simples para detecção de Leptolegnia chapmanii em larvas

infectadas de Aedes aegypti

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

66

Abstract

Reliable isolation of Leptolegnia chapmanii from field-collected mosquito larvae is

of high interest for the development of biological control of mosquitoes. Availability of

this entomopathogen for mycoinsecticides is still scarce, and the present study reports a

simple method to detect and isolate this oomycete from infected Aedes aegypti larvae.

Larvae served as selective substrate for specific development of L. chapmanii. Isolation

was most successful when alive previously-treated larvae were exposed to water agar

medium (WA) amended with chloramphenicol (500 - 1000 mg/l WA) and

thiabendazole (4 - 8 mg/l WA) for 48 h, and were then transferred to water for extra 48

h. The method permits processing large amount of A. aegypti and other culicid larvae,

and is useful for the prospection of new strains, but also monitoring effectiveness of L.

chapmanii during field tests.

Key words: Oomycetes; Straminipila; Chromista; Peronosporomycetes; Biological

control; mosquito.

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

67

1 Introdução

Leptolegnia chapmanii (Peronosoporomycetes: Saprolegniales) é um oomyceto que

infecta especificamente larvas de mosquitos. Por apresentar crescimento vegetativo com

desenvolvimento de hifas e pelas suas estruturas reprodutivas, foram por muito tempo

considerados fungos, contudo atualmente são classificados no Reino Straminipila

(Chromista) (Dick 2001), por apresentar zoósporos, células reprodutivas assexuadas,

móveis em água, com duplo flagelo diametralmente opostos. Além disso, outro fato que

diferencia L. chapmanii dos fungos é a ausência de quitina em sua parede celular.

O processo de infecção desse patógeno se dá pela fixação dos zoósporos na cutícula

e posterior penetração da hifa, de maneira semelhante aos conídios de quase todos os

fungos entomopatogênicos (Zattau & McInnis 1987; Pelizza et al. 2008). Além desse

mecanismo, L. chapmanii pode também infectar larvas pelo intestino médio após a

ingestão de zoósporos encistados (Zattau & McInnis 1987; Pelizza et al. 2008). Nos

dois casos os zoósporos encistados produzem um tubo germinativo, seguido pela

invasão da cavidade celomática por hifas e colonização fatal do corpo da larva (Zattau

& McInnis 1987). A morte da larva é seguida pela extrusão de micélio e formação dos

zoosporângios terminais. Zoósporos primários, com dois flagelos anteriores, são

lançados na água, encistam em algum substrato para então germinar e formar os

zoósporos secundários, com dois flagelos laterais e opostos, que nadam e infectam

larvas (Zattau & McInnis 1987). Além dos zoósporos ocorre a produção de estruturas

sexuadas, oogônios femininos e anterídios masculinos, que ao se fecundarem formam os

oósporos maduros, mais resistentes a condições ambientais adversas ao

desenvolvimento do entomopatógeno, porém, raramente observadas, aparentemente são

abortadas espontaneamente sem razões identificadas (Zattau & McInnis 1987; Pelizza et

al. 2010).

L. chapmanii pode ser facilmente mantido em meios sólidos e líquidos e zoósporos

produzidos em larvas de Aedes aegypti e mantidos em água a 25°C, permaneceram

viáveis por mais de 50 dias (Pelizza et al. 2008, 2011). Larvas sadias, expostas a

zoósporos foram infectadas rapidamente, cerca de dois minutos, e começaram a morrer

24 h após o tratamento (Scholte et al. 2004; Pelizza et al. 2008). A infecção se mostrou

dependente do número de zoósporos e foi inversamente proporcional a área da

superfície de água (Pelizza et al. 2007a). Larvas de A. aegypti e Culex pipiens, em

estádios mais jovens foram mais suscetíveis a infecção por L. chapmanii do que

estádios mais velhos e a temperatura ótima para infecção foi em torno de 25°C com um

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

68

intervalo permissivo para a infecção de 10 a 35°C para ambos os mosquitos (Pelizza et

al. 2007a). Ajustes de pH entre 4 – 10 e a salinidade da água não foram interferentes

para a infecção em A. aegypti, mas a infectividade foi reduzida em C. pipiens em ajuste

de pH menores ou maiores que 7 e foi inversamente proporcional a salinidade da água

(Pelizza et al. 2007b).

Outras espécies de Leptolegnia patogênicas a mosquitos têm recebido atenção

muito limitada (Scholte et al. 2004) e, muito pouco é sabido sobre a ocorrência dessas

espécies. L. chapmanii foi inicialmente isolado nos Estados Unidos em 1971 em uma

larva de Ochlerotatus triseriatus (Diptera: Culicidae). Até o momento são poucas as

publicações de isolamento natural de L. chapmanii ou de Aphanomyces sp

(Peronosoporomycetes: Saprolegniales) em mosquitos nos Estados Unidos e, apenas um

isolado na Argentina (Seymour 1984; Fukuda et al. 1997; López Lastra et al. 1999;

Scholte et al. 2004). A alta virulência de L. chapmanii (baseado na velocidade com que

morre a larva) faz deste patógeno um candidato atrativo para controle biológico de

importantes mosquitos vetores. Não há descrito nenhum meio seletivo que facilite o

isolamento de espécies de Leptolegnia em larvas de mosquitos infectados. Durante a

infecção e após a morte do hospedeiro os entomopatógenos devem superar dificuldades

impostas por outros microrganismos saprobiontes, como fungos e bactérias e,

eventualmente ácaros, presentes na superfície ou dentro do hospedeiro, que podem

reduzir ou até mesmo inibir a esporulação, se impor sobre o entomopatógeno e, assim

impedir a detecção e o isolamento (Tsao 1970; Roy & Pell 2000; Wraight et al. 2007).

Outras condições inóspitas como a falta de água, baixos índices de umidade relativa,

temperatura e excessiva exposição a raios ultravioleta também afetam o

desenvolvimento do entomopatógeno sobre o corpo do inseto e o isolamento do mesmo

à partir do hospedeiro (Luz & Fargues 1998; Arthurs & Thomas 2001).

Um meio de cultivo acrescido de antibiótico e fungicida que permita o

desenvolvimento de um entomopatógeno e iniba os contaminantes não desejados, é uma

ferramenta importante para o isolamento de um patógeno específico. Diversos meios de

cultura semi–seletivos foram descritos e são bem conhecidos para o isolamento de

fungos entomopatogênicos ou grupo de fungos específicos. Muitos desses meios,

contudo, utilizam o fungicida dodine, atualmente de difícil acesso e com toxicidade

aguda descrita (Chase et al. 1986; Liu et al. 1993; Keller et al. 2003; Hughes et al. 2004;

Luz et al. 2004; Kegley et al. 2010). Rocha & Luz (2009) avaliaram a inibição de

fungos saprobiontes quando expostos a uma série de fungicidas utilizados em meios

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

69

semi–seletivos e, sugeriram o uso de tiabendazol a 4 mg/l. Outros meios semi–seletivos,

livres de dodine, para isolamento de Culicinomyces clavisporus (Panter & Frances

2003), Beauveria spp e Metarhizium spp (Luz et al. 2007; Fernandes et al. 2010) foram

descritos, mas nenhum meio específico para a detecção de L. chapmanii foi descrito.

Esse patógeno é específico para estágios aquáticos e, a menos que cause eventos de

epizootia, acredita-se que seja mais difícil de ser detectado do que fungos

entomopatogênos terrestres mais comuns, dado a facilidade de contaminação presente

no meio aquático e a falta de meios semi-seletivos compatíveis para sua detecção.

Estudos mais atuais em desenvolvimento em nosso laboratório tem focado em

técnicas para a detecção de Metarhizium anisopliae diretamente em larvas de culicídeos

coletadas em campo, utilizando as amostras capturadas como substratos específicos

(Leles & Luz, dados não publicados). O objetivo desse estudo é propor um método mais

simples e efetivo para a detecção de L. chapmanii a partir de larvas de mosquitos

infectadas.

2. Material e métodos

2.1 Preparação dos meios

2.1.1 Ágar–Água (AA): foi preparado com 1% de ágar, sem a adição de outros

aditivos ou, com a adição de cloranfenicol (AA + C) (Oficinal, Brasil) nas

concentrações de 50, 100, 300, 500 ou 1000 mg/l; tiabendazol (AA + T) (Nortec

Química, Brasil) a 8 mg/l; (AA + Cv) cristal violeta (cloreto de hexametil-

pararosanilina, Cromato Produtos Químicos, Brasil) a 10 mg/l; (AA + D) deltametrina

(k-othrine® CE 25, Bayer CropScience, Brasil) a 50 mg/l ou combinando tiabendazol (8

mg/l) e cloranfenicol (500 mg/l) (AA + C + T). Para AA sem aditivos, a água destilada

foi mantida em agitação constante a 500 rpm e aquecida até 50 °C, com um agitador

magnético térmico, e então acrescido o ágar. O preparo de AA + cristal violeta ou AA +

deltametrina foi feito de maneira semelhante, sendo acrescido, junto com o ágar, o

cristal violeta ou a deltamentrina. Tiabendazol e cloranfenicol foram preparados em

solução etanólica, em 1 ml de etanol absoluto, sendo em seguida acrescido a água

aquecida, conforme descrito anteriormente. O pH do meio foi ajustado em 7 antes de ser

autoclavado e distribuído em placas de Petri (35 x 15 mm).

2.1.2 Emerson’s YPSS Agar: Um litro de água destilada foi aquecido até 50°C e

mantido em agitação constante em um agitador magnético a 500 rpm. Ainda em

agitação foram acrescidos 4 g de extrato de levedura, 1 g de dipotássio hidrogênio

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

70

fosfato, 0,5 g de sulfato de magnésico, 15 g de amido de milho e 20 g de ágar. Em

seguida o meio foi autoclavado e colocado em placas de Petri (90 x 15 mm).

2.2 Origem e cultura do oomyceto e produção de larvas infectadas: L.

chapmanii ARSEF 5499 foi isolado a partir de uma larva de quarto estádio (L4) de

Aedes albofasciatus na cidade de La Plata, Argentina, no ano de 1996 (López Lastra et

al. 1999). A linhagem foi cultivada em Emerson’s YPSS ágar, e sua virulência mantida

por sucessivas infecções em larvas de quarto estádio de A. aegypti, criadas em

laboratório. O patógeno, quando inoculado em L4, produz em média 105 zoósporos por

larva, 48 h após a inoculação a 25° C (Pelizza et al. 2008). Quinze L4 infectadas e

mortas foram transferidas para um copo plástico (260 cm3) com 100 ml de água

destilada. Em seguida, 50 larvas L4 de A. aegypti sadias obtidas de uma criação mantida

no “Centro de Estudios Parasitológicos y de Vectores” (CEPAVE, La Plata, Argentina)

foram colocadas no mesmo copo e expostas a infecção pelos zoósporos (concentração

final média de 1,5 x 103 zoósporos/ ml) durante 6 h.

2.3 Detecção de L. chapmani em AA: Quatro larvas infectadas, ainda vivas, foram

colocadas sobre a superfície de placas preparadas com meio AA; AA + C (50, 100, 300,

500 ou 1000 mg/l), AA + Cv; AA + T; AA + D e AA + C + T. As larvas foram

mantidas durante 48 h a 25 ±1°C, umidade saturada e 12 h de fotofase. Após esse

período foi avaliada a mortalidade das larvas e o desenvolvimento de micélio de L.

chapmanii sobre os insetos mortos. Em seguida, essas larvas foram individualmente

colocadas em um poço de uma placa de cultura de células, plástica e estéril (Cellstar®-

Greiner Bio-One) com 2 ml de água destilada estéril em cada um dos poços, e mantidas

em condições ambientes por 48 h. Após esse período, as larvas foram inspecionadas por

microscopia óptica com contraste de fase para a visualização de estruturas assexuadas

e/ou sexuadas, produzidas após a submersão em água. Para verificar a viabilidade dos

zoósporos produzidos, as larvas foram retiradas dos poços, porém a água tratada foi

mantida e, em seguida foi colocada uma nova larva saudável em cada um dos poços,

mantidas à temperatura ambiente. A leitura da mortalidade das novas larvas foi feita 48

h após a exposição, bem como a observação da formação de zoosporângios sobre essas

larvas. Grupos controle foram feitos mantendo larvas não infectadas com L. chapmanii

sobre os meios durante 48 h e em seguida fazendo o mesmo procedimento das demais

larvas. Em quatro poços de cada placa de cultivo celular foram colocadas uma larva,

sem infecção prévia, em água destilada, que funcionavam como controle de qualidade

das placas utilizadas (Figura 1).

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

71

2.4 Análise dos resultados: Quatro repetições independentes com 4 L4 foram

feitas para todos os testes, e para cada teste uma nova cultura de L. chapmanii foi

utilizada. Mortalidades percentuais foram transformadas em arco-seno e analisadas por

análise de variância (ANOVA) seguida de teste de Student-Newman-Keuls para

comparação das médias. As médias foram consideradas estatisticamente diferentes

quando P < 0,05.

3. Resultados

Larvas vivas, expostas ou não a L. chapmanii, quando colocadas sobre a superfície

de AA + deltametrina morreram rapidamente, entre 3 a 5 minutos. Nos demais meios,

quando expostas a L. chapmanii, a mortalidade teve início em até 24 h após o

tratamento. Após 48 h sobre o meio, quando expostas ao oomyceto, a mortalidade das

larvas variou entre 58% (Cristal violeta) até 100% (Cloranfenicol a 100 ou 300 mg/l e

tiabendazol combinado com cloranfenicol) (Tabela 1). Com exceção da deltametrina,

outros aditivos não tiveram efeito sobre a sobrevivência de larvas não infectadas,

pertencentes ao grupo controle, expostas aos diversos meios utilizados (F7,36 = 0,89; P =

0,54). Grande parte das larvas do grupo controle continuaram vivas, após 48 h de

exposição sobre a superfície dos meios sem aditivos (100%) ou dos meios acrescidos de

cristal violeta ou tiabendazol (100%), do meio combinado de tiabendazol e

cloranfenicol (93,8 ± 6,2%) ou apenas do meio com cloranfenicol (87,5 ± 12,5%).

Larvas expostas por 48 h a superfície de AA + cloranfenicol (500 e 1000 mg/l), estavam

mais esbranquiçadas do que as demais, tendo sido expostas a L. chapmanii ou não.

Algumas horas após a morte de larvas tratadas com L. chapmanii, ainda sobre a

superfície do meio AA sem aditivos foram obsevados sobre o corpo das larvas micélio e

zoosporângios do oomyceto. No caso dos meios AA + cloranfenicol, AA + tiabendazol

e AA + tiabendazol + cloranfenicol, essas estruturas e, eventualmente oogônios, só

foram observadas após a transferência das larvas para a água destilada. Foi observado

sobre essas larvas, zoosporângios repletos de zoósporos ou mesmo já vazios (Figura

2a). A figura 2B evidencia a liberação de zoósporos pelos zoosporângios. Larvas que

foram mantidas em AA sem adjuvantes produziram zoosporângios, sem formação de

oogônios. Em AA + cloranfenicol, houve a emergência de zoosporângios, independente

da concentração do cloranfenicol (50 – 1000 mg/l) e a porcentagem de larvas que foram

observados oogônios, 48 h pós tratamento, aumentou proporcionalmente de acordo com

a concentração, alcançando 100% das larvas mantidas sobre o meio de maior

concentração de cloranfenicol (Figura 3). Não houve formação de oogônios em larvas

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

72

mantidas em AA + cloranfenicol < 100 mg/l; em apenas 6,2% das larvas expostas a AA

+ tiabendazol foi observado oogônios. Todas as larvas mantidas em AA + tiabendazol +

cloranfenicol produziram zoosporângios e 50% tinham oogônios (Tabela 1). Micélio,

zoosporângios ou oogônio não foram produzidos em larvas mantidas em AA + cristal

violeta ou AA + deltametrina (Tabela 1).

Novas larvas L4 expostas a água destilada dos poços, após a retirada das larvas

infectadas, tiveram mortalidade elevada (≥ 66,7%) testando cloranfenicol, tiabendazol,

tiabendazol e cloranfenicol combinados, deltametrina e no AA sem aditivos. Apenas

quando utilizado cristal violeta a mortalidade foi reduzida (16,6%). Enquanto todas as

larvas mortas, com exceção do grupo deltametrina, tiveram desenvolvimento de

zoosporângios e zoósporos após 48 h de exposição das novas larvas, oogônios foram

observados em apenas 0 – 25% dessas larvas (Tabela 1). Larvas do grupo controle,

quando testados AA, AA + tiabendazol, AA + cloranfenicol, AA + cristal violeta e AA

+ tiabendazol + cristal violeta, permaneceram vivas nos poços de água destilada após

48h.

4. Discussão

Essa é a primeira descrição de uma metodologia simples para isolamento de L.

chapmanii a partir de larvas de culicídeos vivos infectados. A técnica acrescenta

condições favoráreis ao patógeno para desenvolver-se sobre larvas vivas potencialmente

infectadas, mantidas parcialmente imobilizadas em meio ágar-água, sem nutrientes mas,

acrescido de aditivos que minimizam o crescimento de bactérias e fungos

contaminantes. O método utiliza o próprio hospedeiro como substrato seletivo e,

permite o processamento individual de grande quantidade de larvas, mesmo em

condições de campo.

O estudo evidencia que a maioria das larvas que não foram expostas a L. chapmanii

(grupo controle), sobrevive por pelo menos 48 h sobre o filme de água mantido sobre a

superfície de um meio de ágar 1%. Cloranfenicol (50 – 1000 mg/l AA), tiabendazol

(8mg/l AA) ou tiabendazol (8 mg/l AA) combinado com cloranfenicol (500 mg/l AA) e

até mesmo cristal violeta (10 mg/l AA) não tiveram efeito tóxico em L4 de A. aegypti.

Deltametrina (50 mg/l AA) foi altamente tóxico para as larvas e, acredita-se que

nenhum inseticida que mate rapidamente as larvas de mosquitos possa ser utilizado em

meio para isolamento de oomycetos entomopatogênicos de larvas. A sobrevivência da

larva sobre a superfície do meio permite o desenvolvimento de L. chapmanii dentro da

larva, sem que tenha que ser imersa em água. O progresso da infecção pode ter sido

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

73

inclusive favorecido pelo estresse gerado a larva pela reduzida mobilidade sobre a

superfície do meio, diminuindo a resistência a infecção; uma suscetibilidade aumentada

poderia tornar a detecção mais sensível em casos de coletas com baixos índices de

infecção.

A maioria das L4 previamente expostas a L. chapmanii morreu pela infecção nas

primeiras 48 h de incubação no filme de água sobre a superfície do AA e L. chapmanii

produziu zoosporângios e zoósporos após a transferência de larvas infectadas para a

água.

De maneira interessante, a formação de oogônios (embora sem produção

subsequente de oosporângios ou oósporos) foi estimulada e acelerada pelas crescentes

concentrações de cloranfenicol e eventualmente relacionada à ação deste antibiótico

sobre a microbiota larval. O cloranfenicol é um antibiótico de largo espectro,

termoresistente, comumente utilizado em meios semi–seletivos para fungos

entomopatogênicos (Veen & Ferron 1966; Tsao 1970; Fernandes et al. 2010; Rangel et

al. 2010). Embora os fatores relacionados à reprodução sexuada de L. chapmanii ainda

não foram claramente compreendidos (Zattau & McInnis 1987; Pelizza et al. 2010),

Pelizza et al. (2010) descreveram o início da formação de oogônios apenas depois de 5

dias de incubação de larvas de A. aegypti infectadas a 25°C. Em todo o caso, a formação

de estruturas sexuadas não é necessária para a correta identificação ou isolamento deste

patógeno em larvas de culicídeos.

Cristal violeta é normalmente utilizado em meios semi–seletivos tanto pela sua

ação bactericida como pela sua intensa coloração que facilita a visualização de

patógenos em crescimento (Chase et al. 1986), mas como adjuvante inibiu

completamente o desenvolvimento de L. chapmanii.

Placas de Petri com ágar-água (1%) parecem muito adequadas para a acomodação

de amostras coletadas em campo e para a imobilização de grande número de larvas de

mosquitos, sem contudo, matá-las, permitindo a ação de L. chapmanii. Larvas que

permaneçam vivas após 24–48 h sobre o filme de água na superfície de AA,

provavelmente não estariam infectadas por L. chapmanii e poderiam ser excluídas dos

demais procedimentos. Por outro lado, indivíduos mortos, podem ser facilmente

transferidos do meio para a água para a formação das estruturas reprodutivas,

especialmente zooporângios e eventualmente oogônios. Micélio e outras estruturas

reprodutivas podem ser então diretamente repicados em meio de cultivo adequado

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

74

(Pelizza et al. 2011) ou utililizados para o tratamento de novas larvas saudáveis para

isolamento in vivo.

Baseado nos resultados encontrados, um meio ágar-água (1%) acrescido de

cloranfenicol (até 1000 mg/l) e/ou tiabendazol (até 8 mg/l), de acordo com o quão

contaminado estariam as amostras de campo, se mostrou o mais adequado para a

detecção de novas cepas naturais de L. chapmanii ou ainda para a avaliação da

efetividade em tratamentos de campo com o oomyceto.

5. Agradecimentos

Agradecemos o apoio de Evangelina Muttis e Manuel Enrique Rueda Páramo pelo

auxílio técnico e Richard A. Humber (United States Department of Agriculture,

Agriculture Research Service; Ithaca, NY) pela revisão crítica do manuscrito. A

pesquisa teve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES, Brasil, PPCP 016/2011), Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq, Brasil, 473141/2010-8) e a Fundação de Amparo a

Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG, 201010267000250).

6. Referência Bibliográficas

Arthurs S, Thomas MB 2001. Effects of temperature and relative humidity on

sporulation of Metarhizium anisopliae var. acridum in mycosed cadavers on

Schistocerca gregaria. J Invertebr Pathol 78:59-65.

Chase AR, Osborne LS, Ferguson VM 1986. Selective isolation of the

entomopathogenic fungi Beauveria bassiana and Metarhizium anisopliae from an

artificial potting medium. Fla Entomol 69:285-292.

Dick MW 2001. Straminipilous Fungi: systematics of the Peronosporomycetes

(including accounts of the marine straminipilous protists, the plasmodiophorids and

similar organisms. Kluwer Academic Publishers, Dordrecht.

Fernandes ÉKK, Keyser CA, Rangel DEN, Foster RN, Roberts DW 2010. CTC

medium: A novel dodine-free selective medium for isolating entomopathogenic

fungi, especially Metarhizium acridum, from soil. Biol Control 54:197-205.

Fukuda T, Willis OR, Bernard DR 1997. Parasites of the Asian tiger mosquito and other

container inhabiting mosquitoes (Diptera: Culicidae) in northcentral Florida. J Med

Entomol 84:226-233.

Hughes WOH, Thomsen L, Eilenberg J, Boomsma JJ 2004. Diversity of

entomopathogenic fungi near leaf-cutting ant nests in a neotropical forest, with

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

75

particular reference to Metarhizium anisopliae var. anisopliae. J Invertebr Pathol

85:46-53.

Kegley SE, Hill BR, Orme S, Choi AH 2010. In: PAN pesticide database [online].

Avaible from http://www.pesticideinfo.org/Detail_Chemical.jsp?Rec_Id=PC33273;

acessado em 25 de Novembro de 2012.

Keller S, Kessler P, Schweizer C 2003. Distribution of insect pathogenic soil fungi in

Switzerland with special reference to Beauveria brongniartii and Metarhizium

anisopliae. Biocontrol 48:307-319.

Liu ZY, Milner RJ, McRae CF, Lutton GG 1993. The use of dodine in selective media

for the isolation of Metarhizium spp. from soil. J Invertebr Pathol 62:248-251.

López Lastra CC, Steciow MM, García JJ 1999. Registro más austral del hongo

Leptolegnia chapmanii (Oomycetes: Saprolegniales) como patógeno de larvas de

mosquitos (Diptera: Culicidae). Rev Iberoam Micol 16:143-145.

Luz C, Fargues J 1998. Factors affecting conidial production of Beauveria bassiana

from fungus-killed cadavers of Rhodnius prolixus. J Invertebr Pathol 72:97-103.

Luz C, Rocha LFN, Nery GV, Magalhães BP, Tigano MS 2004. Activity of oil-

formulated Beauveria bassiana against Triatoma sordida in peridomestic areas in

Central Brazil. Mem I Oswaldo Cruz 99:211-218.

Luz C, Netto MCB, Rocha LFN 2007. In vitro susceptibility to fungicides by

invertebrate-pathogenic and saprobic fungi. Mycopathologia 164:39-47.

Panter C, Frances SP 2003. A more selective medium for Culicinomyces clavisporus. J

Invertebr Pathol 82:198-200.

Pelizza SA, López Lastra CC, Becnel JJ, Bisaro V, García JJ 2007a. Biotic and abiotic

factors affecting Leptolegnia chapmanii infection in Aedes aegypti. J Am Mosquito

Contr 23:177-181.

Pelizza SA, López Lastra CC, Becnel JJ, Bisaro V, García JJ 2007b. Effects of

temperature, pH and salinity on the infection of Leptolegnia chapmanii Seymour

(Peronosporomycetes) in mosquito larvae. J Invertebr Pathol 96:133-137.

Pelizza SA, López Lastra CC, Becnel JJ, Humber RA, García JJ 2008. Further research

on the production, longevity and infectivity of the zoopores of Leptolegnia

chapmanii Seymour (Oomycota: Peronosporomycetes). J Invertebr Pathol 98:314-

319.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

76

Pelizza SA, Scorsetti AC, López Lastra CC, García JJ 2010. Production of oogonia and

oospores Seymour (Straminipila: Peronosporomycetes) in Aedes aegypti (L.) larvae

at different temperatures. Mycopathologia 169:71-74.

Pelizza SA, Cabello MN, Tranchida MC, Scorsetti AC, Bisaro V 2011. Screening for a

culture medium yielding optimal colony growth, zoospore yield and infectivity of

different isolates of Leptolegnia chapmanii . Ann Micro 61:991-997.

Rangel DEN, Dettenmaier SJ, Fernandes ÉKK, Roberts DW 2010. Susceptibility of

Metarhizium spp. and other entomopathogenic fungi to dodine-based selective

media. Biocontrol Sci Techn 20:375-389.

Rocha LFN, Luz C 2009. Utility of six fungicides for selective isolation of Evlachovaea

sp. and Tolypocladium cylindrosporum. Mycopathologia 167:341-350.

Roy HE, Pell JK 2000. Interactions between entomopathogenic fungi and other natural

enemies: Implications for biological control. Biocontrol Sci Techn 10:737-752.

Scholte E, Knols BGJ, Samson RB, Takken W 2004. Entomopathogenic fungi for

mosquito control. A review. J Insect Sci 4:19-43.

Seymour RL 1984. Leptolegnia chapmanii, an oomycete pathogen of mosquito larvae.

Mycologia 76:670-674.

Tsao PH 1970. Selective media for isolation of pathogenic fungi. Ann Rev Phytopathol

8:157-186.

Veen KH, Ferron P 1966. A selective medium for the isolation of Beauveria tenella and

of Metarhizium anisopliae. J Invertebr Pathol 8:268-269.

Wraight SP, Inglis GD, Goettel MS 2007. Fungi. In: Lacey, L. A. & Kaya H. K. (eds).

Field manual of techniques in invertebrate pathology. Springer, Netherlands, second

edition: p. 223-249.

Zattau WC, Jr. McInnis T 1987. Life cycle of infection of Leptolegnia chapmanii

(Oomycetes) parasiting Aedes aegypti. J Invertebr Pathol 50:134-145.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

77

Tabela 1. Infecção de larvas de Aedes aegypti (L4) por Leptolegnia chapmanii, e o desenvolvimento do patógeno

em L4 mantidas em meio ágar – água acrescido de aditivos ou, após a transferência, em água, e subsequente

infecção de novas L4 e desenvolvimento em larvas mortas após exposição a mesma água.

1 Larvas vivas (quatro repetições com 4 L4 em cada) expostas a L. chapmanii (1,5 x 103 zoósporos/ml por 6 h)

foram mantidos sobre o meio e incubado a 25°C, 12 h fotofase e umidade saturada por 48 h e então transferidas

individualmente para dentro de poços com 2 ml de água destilada por mais 48 h 2 Exposição de novas larvas L4 a mesma água após a remoção das primeiras larvas tratadas, vivas ou mortas,

durante 48 h

Mortalidade acumulativa de larvas (% ± Erro padrão

da média (EPM)) com estruturas reprodutivas1

Mortalidade acumulativa de novas larvas (% ±

EPM) com estrturas reprodutivas2

Aditivo mg/l mortalidade zoosporângio zoosporângio e

oogônio

mortalidade zoosporângio zoosporângio e

oogônio

nenhum - 100 100 0 93,7 ± 5,4 93,7 ± 5,4 0

cloranfenicol 1000 87,5 ± 10,8 87,5 ± 10,8 87,5 ± 10,8 81,2 ± 10,4 81,2 ± 10,4 25

500 87,5 ± 6,2 87,5 ± 6,2 50 ± 22,8 87,5 ± 6,3 87,5 ± 6,3 12,5 ± 7,2

300 100 100 33,3 ± 27,2 100 100 16,6 ± 13,6

100 100 91,6 ± 6,8 0 91,7 ± 6,8 91,7 ± 6,8 16,6 ± 13,6

50 91,6 ± 6,7 88,3 ± 9,5 0 66,7 ± 13,6 66,7 ± 13,6 8,3 ± 6,8

tiabendazol 8 75 ± 8,9 75 ± 8,9 6,2 ± 2 87,5 ± 12,5 87,5 ± 12,5 16,6 ± 13,6

tiabendazol +

cloranfenicol

8

500

100 100 50 ± 19,8 93,7 ± 5,5 93,7 ± 5,5 0

cristal violeta 10 58,3 ± 18 0 0 16,6 ± 6,9 0 0

deltametrina 50 100 0 0 100 0 0

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

78

Figura 1: Avalição do desenvolvimento de Leptolegnia chapmanii e manutenção da

virulência dos zoósporos após a passagem das larvas, infectadas (+) ou larvas controle (-),

pelos meios: Ágar – água (AA+ e AA-); AA + tiabendazol (AT+ e AT-) AA + cloranfenicol

(AC 1,0-0,1 g/l + e AC 1,0 - 0,1 g/l ); AA + deltametrina (AD+ e AD-) e AA + tiabendadol

e cloranfenicol (MR + e MR-).

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

79

Figura 2: Zoosporângios de Leptolegnia chapmanii repletos de zoósporos

(A seta 1) ou vazios (A seta 2) e liberando zoósporos (B) após 48 h de

incubação de larva de quarto estádio de Aedes aegypti em meio ágar- água

(25 ± 1°C) seguido de exposição em água destilada por 48 h a 25 ± 1°C. A:

100x; B: 200x; Detalhe ampliado em B: 400x.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

80

Figura 3: Oogônios (seta 1) e zoosporângios (seta 2) de Leptolegnia chapmanii em larva

de quarto estádio de Aedes aegypti, 48 h após a incubação em meio ágar-água acrescido

de cloranfenicol (1000 mg/L) e subsequente imersão em água destilada por 48 h a 25 ±

1°C. Ampliação em 200x.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

81

6 DISCUSSÃO

Embora os fungos tenham grande potencial para o controle de mosquitos e das

doenças transmitidas por eles (Scholte et al. 2004a, 2005, 2007; Blandford et al. 2005;

Mnyone et al. 2009, 2010a, 2010b; 2011, Howard et al. 2010; Luz et al. 2010; Fang et

al. 2011) os estudos sobre controle biológico desses vetores com fungos

entomopatogênicos, especialmente contra mosquitos adultos de A. aegypti, ainda se

encontram restritos a M. anisopliae e B. bassiana. O presente trabalho apresenta uma

gama maior de fungos patogênicos da ordem contra adultos de A. aegypti. Além de M.

anisopliae, outros 5 fungos do gênero Metarhizium, 2 do gênero Isaria, 3 do gênero

Lecanicillium, além de Paecilomyces carneus, Purpureocillium lilacinum e B.

brongniartii.

Grande parte desses fungos testados, inclusive M. anisopliae Ip 46, tiveram

patogenicidade confirmada contra ovos de A. aegypti, com tratamento direto dos ovos

mantidos sobre um papel filtro (Luz et al. 2007b). No presente estudo foi observado

também que o mesmo fungo, IP 46, diminui a eclodibilidade de larvas de primeiro

estádio de A. aegypti, em tratamento indireto, com os ovos mantidos sobre solo umido

tratado com conídios de IP 46. O papel filtro como substrato de aplicação de fungos não

se mostrou muito eficiente para uso em campo, visto que rapidamente se desintegra

exposto a alta umidade e proporciona o desenvolvimento de bactérias que podem

influenciar na viabilidade dos fungos (Lobo & Luz, comunicação pessoal). O uso de

substratos inorgânicos ou mais resistentes em campo, têm sido estudados para o

controle de adultos de Anopheles gambiae, importante vetor de malária, com destaque

ao uso de blocos de tijolo e de panos de algodão para aplicação de conídios de B.

bassiana e M. anisopliae (Mnyone et al. 2010a). Sabe-se que solo, quando úmido, é um

potencial sítio para oviposição de ovos tanto por fêmeas de A. gambiae (Huang et al.

2005) como por fêmeas de A. aegypti (Lobo and Luz, comunicação pessoal). Conforme

demostrado no presente estudo, pode ser utilizado como um sítio de aplicação de M.

anisopliae em políticas para controle de A. aegypti, mais adequadas à campo, sobretudo

próximos a criadouros como bromélias e outros criadouros naturais importantes de A.

aegypti.

Diante da gama de fungos patogênicos que poderiam ser utilizados para controle de

A. aegypti, o conhecimento sobre quais espécies fúngicas infectam naturalmente esse

mosquito poderia sinalizar qual seria o patógeno mais adequado para este fim. Contudo,

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

82

o isolamento de fungos em mosquitos, ainda é escasso, dificultado pela constituição

física pequena e frágil do inseto, bem como pela facilidade de contaminação, sobretudo

de larvas. Em função dessa dificuldade foi proposto um novo método para isolamento

de fungos em mosquitos. Foi desenvolvido um meio ágar-água (1%) no qual o

mosquito, adulto ou larva, é mantido sobre ele, sem maiores manipulações, até a

extrusão de conídios sobre o corpo do mosquito morto, caso esteja infectado, seguido do

isolamento pelo repique em meio nutritivo. A baixa concentração de ágar no meio

permite a aderência do mosquito adulto e a sobrevivência da larva por mais de 48 horas

sobre a superfície, com um filme de água sobre o meio. Com os mosquitos mantidos

vivos o máximo possível sobre o meio, é possível que o estresse gerado pelo ambiente e

pela imobilização (no caso dos adultos), facilitem a atividade do fungo

entomopatogênico, caso os mosquitos estejam infectados. Foi adicionado ao ágar-água

antibiótico (cloranfenicol), fungicida (tiabendazol), acaricida (deltamentrina), além de

cristal violeta. A adição de todos os adjuvantes proporcionaram redução no nível de

contaminação por bactérias e por fungos não entomopatogênicos, facilitando o

isolamento de fungos entomopatogênicos.

O desenvolvimento dessa técnica teve como fungo modelo M. anisopliae s.l. IP46

durante os testes de laboratório. O meio também foi testado em campo, com coletas de

adultos e larvas na cidade de Goiânia. Dos mosquitos que foram coletados no campo,

foram isolados 3 fungos do gênero Metarhizium, todos isolados de larvas coletadas em

pequenas coleções de água formadas por poças d’água no solo. O fato de M. anisopliae

ter sido utilizado como fungo modelo para o desenvolvimento da técnica pode ter sido

determinante para o isolamento somente desse gênero. Contudo, outros fungos

entomopatogênicos também tolerantes a tiabendazol como I. farinosa, I. fumosorosea,

B. brongniartii, P. marquandii, P. lilacinum, entre outros, (Rocha & Luz 2009)

possivelmente seriam isolados, caso estivessem presentes. A mesma técnica foi testada

para o isolamento do oomyceto L. chapmanii, contudo, a presença de deltametrina e de

cristal violeta claramente inviabilizaram o desenvolvimento do patógeno. A mortalidade

da larva em contato com a deltametrina ocorre em poucos minutos, o que aparentemente

inibe o processo de infecção ou de desenvolvimento de L. chapmanii. O uso do meio

ágar-água com cloranfenicol e tiabendazol se mostrou útil para a detecção de L.

chapmanii em larvas de mosquitos, que carecia de metodologias mais eficientes de

detecção e isolamento. Portanto, para o estudo de isolamento de L. chapamanii a partir

de larvas não se recomenda a adição de deltametrina e de cristal violeta no meio

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

83

seletivo. O presente trabalho traz avanços na confirmação do potencial de fungos para

controle de A. aegypti, sobretudo do gênero Metarhizium. Evidencia a presença do

gênero nos mosquitos coletados na cidade de Goiânia e, além disso, propõe novas

ferramentas para uso em estudos de levantamento e detecção de fungos e oomycetos

entomopatogênicos em mosquitos.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

84

7 CONCLUSÕES

1. A linhagem M. anisopliae IP 46 se mostrou patogênica e virulenta, contra

adultos e ovos de A. aegypti, além de demonstrar potencial para aplicação em

campo e para o uso no desenvolvimento de controle integrado com fungos.

2. Solo umedecido apresentou potencial como substrato para ação de M.

anisopliae em ovos de A. aegypti, porém a microbiota do solo pode interagir com o

desenvolvimento do patógeno, portanto, o solo debe ser previamente autoclavado.

3. Cloranfenicol e tiabendazol reduziram o desenvolvimento de contaminantes

e, acrescidos com cristal violeta e deltametrina a meio ágar – água em pH 5,5,

favoreceram a detecção e o isolamento de M. anisopliae em adultos e larvas de A.

aegypti infectados. Para o isolamento de L. chapmanii cristal violeta e deltametrina

em A. aegypti sobre meio ágar – água não são aditivos adequados.

4. O meio Leles, proposto no presente trabalho, pode ser utilizado para a

detecção e isolamento de M. anisopliae em mosquitos, conforme mostrado em teste

de campo. Contudo, o meio precisa ser adaptado para isolamento de L. chapmanii.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

85

8 REFERÊNCIAS

Alves SB 1998. Controle microbiano de insetos, ESALQ, 1163 pp.

Alves, SB; Alves LFA; Lopes, RB; Pereira, RM; Vieira, AS 2002. Potential of some

Metarhizium anisopliae isolates for control of Culex quinquefasciatus

(Dipt.,Culicidae). J Appl Entomol 126: 504-509.

Arruda W, Lubeck I, Schrank A, Vainstein MH 2005. Morphological alterations of

Metarhizium anisopliae during penetration of Boophilus microplus ticks. Exp

Appl Acarol 37: 231-244.

Arthurs S, Thomas MB 2001. Effects of temperature and relative humidity on

sporulation of Metarhizium anisopliae var. acridum in mycosed cadavers of

Schistocerca gregaria. J Invert Pathol 78: 59-65.

Battesti DMB, Arzua M. Bechara GH 2006. Carrapatos de importância médico-

veterinária da região neotropical: um guia ilustrado para identificação de

espécies, Ed.Butatan, 223 pp.

Becnel JJ; Johnson MA 2000. Impact of Edhazardia aedis (Microsporidia:

Culicosporidae) on a Seminatural Population of Aedes aegypti (Diptera:

Culicidae). Biol Control 18: 39-48.

Beilharz VC, Beilharz DG, Parbery DG, Swart HJ 1982. Dodine: a selective agent

for certain soil fungi. T Brit Mycol Soc 79: 507–511.

Beserra EB, Fernandes CR, Queiroga MF, Castro FP, Jr. 2007. Resistance of Aedes

aegypti (L.) (Diptera: Culicidae) populations to organophosphates temephos in

the Paraiba State, Brazil. Neotropl Entomol 36: 303-307.

Blanford S, Chan BH, Jenkins N, Sim D, Turner RJ, Read AF, Thomas MB 2005.

Fungal pathogen reduces potential for malaria transmission. Science 308: 1638-

1641.

Braga IA, Lima JB, Soares SS, Valle D 2004. Aedes aegypti resistance to temephos

during 2001 in several municipalities in the states of Rio de Janeiro, Sergipe,

and Alagoas, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 99: 199-203.

Braga IA; Valle D 2007. Aedes aegypti: vigilância, monitoramento da resistência e

alternativas de controle no Brasil. Epidemiol Serv Saude 16: 295-302.

Camargo MF; Silva IG; Elias CN, Silva HHG; Irata Y; Lemos SPS, Antunes SM;

Fernandes FF 1994. Diversidade e flutuação da entomofauna de Diptera

Nematocera, na cidade de Goiânia, GO. Rev Pat Trop 23: 321.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

86

Carson, R 1962. Silent spring, Mariner Books, 400 pp.

Carvalho MS, Caldas ED, Degallier N, Vilarinhos PT, Souza LC, Yoshizawa MA,

Knox MB, Oliveira C 2004. Susceptibility of Aedes aegypti larvae to the

insecticide temephos in the Federal District, Brazil. Rev Saude Publica 38: 623-

629.

Centers for Disease Control and Prevention (CDC) [homepage on the internet].

Outbreak Notice: Update: Dengue, tropical and subtropical regions [acesso em

03 de Dezembro de 2008]. Disponível em: http://wwwn.cdc.gov/

travel/contentDengueTropicalSubTropical.aspx

Chase AR, Osborne LS, Ferguson VM 1986. Selective isolation of the

entomopathogenic fungi Beauveria bassiana and Metarhizium anisopliae from

an artificial potting medium. Fla Entomol 69: 285–292.

Chavez J; Vargas J; Vargas F 2005. Resistance to deltamethrine in two populations

of Aedes aegypti (Diptera,Culicidae) from Peru. Rev Peru Biol 12: 161-164.

Consoli RAGB; Oliveira RL 1998. Principais mosquitos de importância sanitária

no Brasil, Rio de Janeiro, Fiocruz 225pp.

Costa GL, Sarquis MI, Moraes AM, Bittencourt VR 2002. Isolation of Beauveria

bassiana and Metarhizium anisopliae var. anisopliae from Boophilus microplus

tick (Canestrini, 1887), in Rio de Janeiro State, Brazil. Mycopathologia 154:

207-209.

Cunha MP, Lima JB, Brogdon WG, Moya GE, Valle D 2005. Monitoring of

resistance to the pyrethroid cypermethrin in Brazilian Aedes aegypti (Diptera:

Culicidae) populations collected between 2001 and 2003. Mem Inst Oswaldo

Cruz 100: 441-444.

D'Alessandro WB, Humber RA, Luz C 2012. Occurrence of pathogenic fungi to

Amblyomma cajennense in a rural area of Central Brazil and their activities

against vectors of Rocky Mountain spotted fever. Vet Parasitol 188: 156-159.

Dick MW 2001. Straminipilous Fungi: systematics of the Peronosporomycetes

(including accounts of the marine straminipilous protists, the plasmodiophorids

and similar organisms. Kluwer Academic Publishers, Dordrecht.

Eiras AE 2005. Culicidae. In: Neves, DP; Melo, AL; Linardi, PM; Vitor, RWA.

Parasitologia humana, Atheneu, São Paulo, p. 355-367.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

87

Eisen L, Beaty BJ, Morrison AC, Scott TW 2009. Proactive vector control strategies

and improved monitoring and evaluation practices for Dengue prevention. J Med

Entomol 46:1245 –1255.

Environmental Protection Agency (EPA) 2002. Reregistration Eligibility Decision

(RED) THIABENDAZOLE. EPA, United States, 103 pp.

Environmental Protection Agency (EPA) 2005. Reregistration Eligibility Decision

for Dodine. EPA, United States, 80 pp.

Fang W, Vega-Rodríguez J, Ghosh AK, Jacobs-Lorena M, Kang A, St. Leger RJ

2011. Development of transgenic fungi that kill human malaria parasite in

mosquitoes. Science 331: 1074-1077

Fernandes EK, Bittencourt VR 2008. Entomopathogenic fungi against South

American tick species. Expe App Acarol 46: 71-93.

Fernandes EKK, Keyser CA, Rangel DEN, Foster RN, Roberts DW 2010. CTC

medium: A novel dodine-free selective medium for isolating entomopathogenic

fungi, especially Metarhizium acridum, from soil. Biol Control 54: 197-205.

Honorio NA, Silva WC, Leite PJ, Goncalves JM, Lounibos LP, Lourenco-de-

Oliveira R 2003. Dispersal of Aedes aegypti and Aedes albopictus (Diptera:

Culicidae) in an urban endemic dengue area in the State of Rio de Janeiro,

Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 98: 191-198.

Howard AFV, Koenraadt CJM; Farenhorst M, Knols BGJ, Takken W 2010.

Pyrethroid resistance in Anopheles gambiae leads increased susceptibility to the

entomopathogenic fungi Metarhizium anisopliae and Beauveria bassiana.

Malaria J 9: 168-177

Huang J, Walker ED, Giroux PY, Vulule J, Miller JR 2005. Ovipositional site

selection by Anopheles gambiae: influences of substrate moisture and texture.

Med Vet Entomol 19:442–450.

Hubner – Campos RF, Leles RN, Luz C 2010. Resultados preliminares sobre a

patogenicidade de fungos Hypocreales em Periplaneta americana. In: VIII

Seminário de Patologia Tropical e Saúde Pública, Goiânia. Rev Pat Trop 39: 47

– 47.

Hubner – Campos RF, Leles RN, Luz C 2011a. Efeito de Metarhizium spp em

ootecas de Periplaneta americana. In: Simpósio de Controle Biológico, São

Paulo. Anais do Sinconbiol.

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

88

Hubner – Campos RF, Leles RN, Luz C 2011b. Efeito de fungos entomopatogênicos

em ninfas de Periplaneta americana. In: 63ª Reunião Anual da SBPC, Goiânia.

Anais da 63ª SBPC.

Hughes WOH, Thomsem L, Eilenberg J, Boomsma JJ 2004. Diversity of

entomopathogenic fungi near leaf-cutting ant nests in a neotropical forest, with

particular reference to Metarhizium anisopliae var. anisopliae. J Invert Pathol

85: 46-53.

Kay BH, Ryan PA, Russell BM, Holt JS, Lyons SA, Foley PN 2000. The

importance of subterranean mosquito habitat to arbovirus vector control

strategies in north Queensland, Australia. J Med Entomol 37: 846-853.

Keller S, Kessler P, Schweizer C 2003. Distribution of insect pathogenic soil fungi

in Switzerland with special reference to Beauveria brongniartii and

Metharhizium anisopliae. BioControl 48: 307-319.

Klingen I. Eilenberg J, Meadow R. 2002. Effects of farming system, field margins

and bait insect on the occurrence of insect pathogenic fungi in soils. Agr

Ecosyst Environment 91, 191-198.

Liew C, Curtis CF 2004. Horizontal and vertical dispersal of dengue vector

mosquitoes, Aedes aegypti and Aedes albopictus, in Singapore. Med Vet

Entomol 18: 351-360.

Lima JB, Cunha MP, Silva RC, Galardo AK, Soares SS, Braga IA, Ramos RP, Valle

D 2003. Resistance of Aedes aegypti to organophosphates in several

municipalities in the State of Rio de Janeiro and Espirito Santo, Brazil. Am J

Tropl Med Hyg 68: 329-333.

Lima JB, de Melo NV, Valle D 2005. Residual effect of two Bacillus thuringiensis

var. israelensis products assayed against Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) in

laboratory and outdoors at Rio de Janeiro, Brazil. Rev Inst Med Trop Sao Paulo

47: 125-130.

Lima EP, Oliveira Filho AM, Oliveira Lima JW, Ramos Junior AN, Goes

Cavalcanti LP, Pontes RJ 2006. Aedes aegypti resistance to temefos in counties

of Ceara State. Rev Soc Bras Med Trop 39: 259-263.

Liu ZY, Milner RJ, McRae CF, Lutton GG 1993. The use of dodine in selective

media for the isolation of Metarhizium spp. from soil. J Invert Pathol 62: 248–

251.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

89

Luna JE, Martins MF, Anjos AF, Kuwabara EF, Navarro-Silva MA 2004.

Susceptibility of Aedes aegypti to temephos and cypermethrin insecticides,

Brazil. Rev Saude publica 38: 842-843.

Luz C, Tigano MS, Silva IG, Cordeiro CM, Aljanabi SM 1998. Selection of

Beauveria bassiana and Metarhizium anisopliae isolates to control Triatoma

infestans. Mem Inst Oswaldo Cruz 93: 839-846.

Luz C, Rocha LF, Humber RA 2003. Record of Evlachovaea sp. (Hyphomycetes)

on Triatoma sordida in the state of Goias, Brazil, and its activity against

Triatoma infestans (Reduviidae, Triatominae). J Med Entomol 40: 451-454.

Luz C, Rocha LF, Nery GV, Magalhaes BP, Tigano MS 2004. Activity of oil-

formulated Beauveria bassiana against Triatoma sordida in peridomestic areas

in Central Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 99: 211-218.

Luz C, Netto MC, Rocha LF 2007a. In vitro susceptibility to fungicides by

invertebrate-pathogenic and saprobic fungi. Mycopathologia 164: 39-47.

Luz C, Tai MH, Santos AH, Rocha LF, Albernaz DA, Silva HH 2007b. Ovicidal

activity of entomopathogenic hyphomycetes on Aedes aegypti (Diptera:

Culicidae) under laboratory conditions. J Medl Entomol 44: 799-804.

Luz C, Tai MH, Santos AH, Silva HH 2008. Impact of moisture on survival of

Aedes aegypti eggs and ovicidal activity of Metarhizium anisopliae under

laboratory conditions. Mem Inst Oswaldo Cruz 103: 214-215.

Luz C, Mnyone LL, Sangusangu R, Lyimo IN, Rocha LFN, Humber RA, Russell

TL 2010. A new resting trap to sample fungus-infected mosquitoes, and the

pathogenicity of Lecanicillium muscarium to culicid adults. Acta Trop 116: 105-

107.

Luz C, Rodrigues J, Rocha LF 2012. Diatomaceous earth and oil enhance

effectiveness of Metarhizium anisopliae against Triatoma infestans. Acta Trop

122: 29-35.

Macoris ML, Andrighetti MT, Takaku L, Glasser CM, Garbeloto VC, Bracco JE

2003. Resistance of Aedes aegypti from the state of Sao Paulo, Brazil, to

organophosphates insecticides. Mem Inst Oswaldo Cruz 98: 703-708.

Marti GA, Lastra CC, Pelizza SA, Garcia JJ 2006. Isolation of Paecilomyces

lilacinus (Thom) Samson (Ascomycota: Hypocreales) from the Chagas disease

vector, Triatoma infestans Klug (Hemiptera: Reduviidae) in an endemic area in

Argentina. Mycopathologia 162: 369-372.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

90

Massad E, Coutinho FA, Burattini MN, Lopez LF 2001. The risk of yellow fever in

a dengue-infested area. Trans R Soc of Trop Med Hyg 95: 370-374.

Melo-Santos MA, Sanches EG, Jesus FJ, Regis L 2001. Evaluation of a new tablet

formulation based on Bacillus thuringiensis var. israelensis for larvicidal control

of Aedes aegypti. Mem Inst Oswaldo Cruz 96: 859-860.

Meyling NV 2007. Methods for isolation of entomopathogenic fungi from the soil

environment – Laboratory manual. University of Copenhagen, Dinamarca, 18

pp.

Mnyone LL, Kirby MJ, Lwetoijera DW, Mpingwa MW, Knols BGJ, Takken W,

Russel TL 2009. Infectrion of the malaria mosquito, Anopheles gambiae, with

two species of entomopathogenic fungi: effects of concentration, co-formulation,

exposure time and persisntence. Malaria J 8: 309-411.

Mnyone LL, Kirby MJ, Lwetoijera DW, Mpingwa M, Simfukwe ET, Knols BGJ,

Takken W, Russel TL 2010a. Tools for delivering entomopathogenic fungi to

malaria mosquitoes: effects of delivery surfaces on fungal efficacy and

persistance. Malaria J 9: 246-253.

Mnyone LL, Koenraadt CJM, Lyimo IN, Mpingwa MW, Takken W, Russel TL

2010b. Anopheline and culicine mosquitoes are not repelled by surfaces treated

with the entomopathogenic fungi Meatarhizium anisopliae and Beauveria

bassiana. Parasit Vectors 3: 80-86

Mnyone LL, Kirby MJ, Mpingwa MW, Lwetoijera DW, Knols BGJ, Takken W,

Koenraadt CJM, Russel TL 2011. Infection of Anopheles gambiae mosquitoes

with entomopathogenic fungi: effect of host age and blood-feeding status.

Parasitol Res 108: 317-322

Mohanty SS, Raghavendra K, Rai U, Dash AP 2008. Efficacy of female Culex

quinquefasciatus with entomopathogenic fungus Fusarium pallidoroseum.

Parasitol Res 103:171 – 174.

MS 2001.Dengue: Instrução para pessoal de combate ao vetor – manual de normas

técnicas. Vol. I, Ministério da Saúde, Brasília, 75 pp.

MS 2002. Programa nacional de controle da dengue. Vol. I, Ministério da Saúde,

Brasília, 34 pp.

MS 2005. Avaliação da eficácia de análogos de hormônio juvenil e inibidores de

síntese de quitina no controle de Aedes aegypti. Vol. I, Ministério da Saúde,

Brasília, 44 pp.

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

91

MS 2008. Situação da febre amarela silvestre no Brasil, 2007 e 2008. Boletim

diário.

MS 2009. Diretrizes nacionais para a prevenção e controle de epidemias de

dengue. Série A – Normas e Manuais Técnicos, Ministério da Saúde, Brasília,

162 pp.

Panter C, Frances SP 2003. A more selective medium for Culicinomyces

clavisporus. J Invert Pathol 82: 198-200.

Paula AR, Brito ES, Pereira CR, Carrera MP, Samuels RI 2008. Susceptibility of

adult Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) to infection by Metarhizium anisopliae

and Beauveria bassiana: prospects for Dengue vector control. Biocont Sci

Technol 18:1017 – 1025.

Pedigo, LP 2002. Entomology & pest management, Prentice Hall, 784 pp.

Pedrini N, Mijailovsky SJ, Girotti JR, Stariolo R, Cardozo RM, Gentile A, Juarez

MP 2009. Control of pyrethroid-resistant Chagas disease vectors with

entomopathogenic fungi. PLoS Negle Trop Dis 3:34.

Perez CM, Marina CF, Bond JG, Rojas JC, Valle J, Williams T 2007. Spinosad, a

naturally derived insecticide, for control of Aedes aegypti (Diptera: Culicidae):

efficacy, persistence, and elicited oviposition response. J Med Entomol 44: 631-

638.

Rangel DEN, Dettenmaier SJ, Fernandes EKK, Roberts DW 2010. Susceptibility of

Metarhizium spp. and other entomopathogenic fungi to dodine-based selective

media. Biocontrol Sci Techn 20: 375–389.

Reiter P 2007. Oviposition, dispersal, and survival in Aedes aegypti: implications

for the efficacy of control strategies. Vector Borne Zoonotic Dis 7: 261-273.

Rios-Velasquez CM, Codeco CT, Honorio NA, Sabroza PS, Moresco M, Cunha IC,

Levino A, Toledo LM, Luz SL 2007. Distribution of dengue vectors in

neighborhoods with different urbanization types of Manaus, state of Amazonas,

Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz 102: 617-623.

Rocha LF, Luz C 2009. Utility of six fungicides for selective isolation of

Evlachovaea sp. and Tolypocladium cylindrosporum. Mycopathologia 167: 341-

350.

Rocha LF, Silva IG, Luz C 2011. Activity of some hypocrealean fungi collected in a

Cerrado ecosystem against Rhodnius spp. (Hemiptera: Reduviidae) under

laboratory conditions. Acta Trop 118: 63-66.

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

92

Rodriguez MM, Bisset J, Ruiz M, Soca A 2002. Cross-resistance to pyrethroid and

organophosphorus insecticides induced by selection with temephos in Aedes

aegypti (Diptera: Culicidae) from Cuba. J Med Entomol 39: 882-888.

Roy EH, Pell JK 2000. Interactions between entomopathogenic fungi and other

natural enemies: Implications for biological control. Biocontrol Sci Techn 10:

737-752.

Scholte EJ, Njiru BN, Smallegange RC, Takken W, Knols BG 2003. Infection of

malaria (Anopheles gambiae s.s.) and filariasis (Culex quinquefasciatus) vectors

with the entomopathogenic fungus Metarhizium anisopliae. Malaria J 2: 29.

Scholte EJ, Knols BG, Samson RA, Takken W 2004a. Entomopathogenic fungi for

mosquito control: a review. J Insect Sci 4: 19 pp.

Scholte EJ, Knols BG, Takken W 2004b. Autodissemination of the

entomopathogenic fungus Metarhizium anisopliae among adults of the malaria

vector Anopheles gambiae s.s. Malaria J 3: 45.

Scholte EJ, Ng'habi K, Kihonda J, Takken W, Paaijmans K, Abdulla S, Killeen GF,

Knols BG 2005. An entomopathogenic fungus for control of adult African

malaria mosquitoes. Science 308: 1641-1642.

Scholte EJ, Takken W, Knols BG 2007. Infection of adult Aedes aegypti and Ae.

albopictus mosquitoes with the entomopathogenic fungus Metarhizium

anisopliae. Acta Trop 102: 151-158.

Senna-Nunes M, da Costa GL, Bittencourt VREP, Souza EJ 2002. Avaliação in

vitro dos fungos Aspergillus flavus e Penicillium corylophilum em adultos de

Musca domestica (Diptera:Muscidae). Parasitol latinoam 57: 9-14.

SES-Goiás 2011. Nota técnica número 9/2011: Isolamento do DENV4 em estados

que fazem divisa com o estado de Goiás. Nota técnica, Secretaria de Saúde do

Estado de Goiás, 3 pp.

SES-Goiás 2013. Boletim Semanal de Dengue- Goiás 2013. Nota técnica, Secretaria

de Saúde do Estado de Goiás, 8 pp.

Silva HH, Silva IG 1999. The effect of the period of egg quiescence on the life cycle

of Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera, Culicidae) under laboratory

conditions. Rev Soc Bras Med Tropl, 32, 349-355.

Silva RO; Silva HHG; Luz C 2004. Effect of Metarhizium anisopliae isolated from

soil of the central brazilian cerrado against Aedes aegypti larvae under laboratory

conditions. Rev Pat Trop 33: 207-216.

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS ... · concentrações de cristal violeta(CV), deltametrina (D), cloranfenicol(Cl) e tiabendazol(T). 57 Ms 3 Figura 2 Quantidade relativa

93

Siqueira JB, Martelli CM, Coelho GE, Simplicio AC, Hatch DL 2005. Dengue and

dengue hemorrhagic fever, Brazil, 1981-2002. Emerg Infect Dis 11: 48-53.

Siqueira JB et al. 2011. Dengue no Brasil: tendências e mudanças na

epidemiologia, com ênfase nas epidemias de 2008 e 2010. Ministério da Saúde,

Brasília, 15 pp.

Sosa-Gómez DR, Lastra CL, Humber RA 2010. An overview of arthropod-

associated fungi from Argentina and Brazil. Mycopathologia 170: 61-76.

Tauil PL 2002. Critical aspects of dengue control in Brazil. Cad Saude 18: 867-871.

Teixeira MG; Barreto ML; Costa MCN; Ferreira LDA; Vasconcelos PFC 2002.

Avaliação de impacto de ações de combate ao Aedes aegypti na cidade de

Salvador, Bahia. Rev Bras Epidemiol 5.

Tsao PH 1970. Selective media for isolation of pathogenic fungi. Ann Rev

Phytopathol 8: 157–186.

Veen KH, Ferron P. 1966. A selective medium for the isolation of Beauveria tenella

and of Metarhizium anisopliae. J Invert Pathol 8: 268–269.

Vu SN, Nguyen TY, Kay BH, Marten GG, Reid JW 1998. Eradication of Aedes

aegypti from a village in Vietnam, using copepods and community participation.

Am J Trop Med Hyg 59: 657-660.

WHO 2002. DengueNet Implementation in the Americas. Report of a

WHO/PAHO/CDC meeting. San Juan, Puerto Rico.

WHO 2009. DENGUE: Guidelines for diagnosis,treatment, prevention and control.

Printed in France.

Zattau WC, McInnis T 1987. Life cycle and mode of infection of Leptolegnia

chapmanii (Oomycetes) parasitizing Aedes aegypti. J Invert Pathol 50: 134-145.

Zimmermann G 1986. The Galleria bait method for detection of entomopathogenic

fungi in soil. J Appl Entomol 102: 213-215.