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ANÁLISE GEOTÉCNICA DA VOÇOROCA DA SERRA DA FORTALEZA -CAMPOS GERAIS (MG)
ALESSANDRO EXPEDITO CABRAL1 e LINEO APARECIDO GASPAR JUNIOR2
[email protected], [email protected] Aluno do curso de Geografia – Unifal-MG
2 Professor do curso de Geografia – Unifal-MG
Palavras-chave: Análise Geotécnica, voçoroca, erosão.
Introdução
Os impactos ambientais são um grande problema presentes no mundo todo.
A desertificação, o uso indevido da agricultura, a extração mineral, a retirada de
cobertura vegetal, entre outros processos levam a impactos ambientais. A erosão do
solo também é um grave problema de escala mundial, o qual acarreta diversos
prejuízos à população e ao meio ambiente.
O processo de erosão em solos férteis é a principal forma de degradação dos
solos, o que pode resultar na formação de ravina que posteriormente evolui para
uma voçoroca. Essas voçorocas contribuem para o processo de erosão dos solos e
também para perca de solos férteis para a agricultura.
A área estudada em questão consiste em uma voçoroca que teve sua origem
devida à exploração cascalho para a construção de vias de transporte. Essa
voçoroca se localiza na Serra da Fortaleza, em uma área rural, a 8 km do município
de Campos Gerais – MG. Através das análises feitas do local foi possível observar
grande presença de quartzitos e micas-xisto, um solo muito arenoso e de pouca
plasticidade, além de baixo índice de matéria orgânica, o que contribui para o
aumento da erosão. Através da análise de fotos aéreas foi possível ver seu formato
e sua classificação geomorfológica.
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Aspectos fisiográficos da área de estudoLocalização
Campos Gerais esta localizada entre as coordenadas 21°14'06'' de latitude S
e 45°45'31'' de longitude W, na mesorregião sul/sudoeste de Minas Gerais e na
micro região de Varginha. Tem como limites municipais as cidades de Alfenas,
Campo do Meio, Boa Esperança, Fama, Paraguaçu, Santana da Vargem e Três
pontas, e esta inserida nas cidades do circuito dos lagos (localizadas ao entorno do
lago de furnas). Sua principal atividade econômica é a agricultura, onde se destaca a
produção de café. Segundo dados do IBGE, Campos Gerais é a terceira maior
produtora de café do sul de Minas Gerias. Na agricultura também pode se destacar
a pecuária, porém em menor quantidade.
Figura 1: Mapa de localização do município de Campos Gerais, MG.
Aspectos pedológicosOs solos do município de Campos Gerais variam conforme a altitude de cada
área. As áreas elevadas caracterizam-se por rochas mecanicamente resistentes ao
intemperismo, predominando o quartzito, encontradas na faixa central e na zona
norte da serra de Campos Gerais, e são cobertas por alissolos. Esses solos são
formados através da lavagem ácida sobre o material de origem arenoso de regiões
úmidas. A espessura do solo varia conforme o tipo de relevo, mas sua espessura é
muitas vezes inferior a 50 cm. Esse tipo de solo dificulta a agricultura. (UFMG 2007).
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Esses solos são definidos como não-hidromórficos, sendo moderado e latossolico,
de textura argilosa ou média, rico em sesquióxidos.
Geologia da áreaA geologia da região ocupada pelo Lago de Furnas se insere, em escala
regional, na Província Estrutural Tocantins, composta das Faixas de Dobramento
Uruaçu e Brasília, unidades estruturais encostadas na borda sul do Cráton do São
Francisco. (UFMG 2007).
Se tratando do aspecto estratigráfico geral, as rochas que afloram na região
são das unidades do Complexo Basal de Campos Gerais, (composto de granitos-
gnaisse) e do Grupo Araxá, composto por xistos verdes micaxistos e migmatitos do
Grupo Canastra, composto por filitos e quartzitos. (UFMG 2007).
As relações entre estratigrafia e condições tecto-estruturais apontam para o
seguinte:
• o Complexo Basal teria idade Pré-cambriana Médio a Inferior e teria sido afetado
pelos ciclos tectônicos Transamazônicos ou Uruaçuano, com retrabalhamento pelo
Ciclo Brasiliano, no Proterozóico Superior;
• os grupos Araxá e Canastra teriam idade do Proterozóico Médio e impressões
tectônicas ligadas aos ciclos Uruaçuano e Brasiliano (UFMG 2007).
O complexo Basal situa-se nos municípios de Boa Esperança e Campos
Gerais, e se inserem na Zona Estrutural Guaxupé. Já os grupos Araxá e Canastra
situam-se alojados aos municípios de Ilicinia e Guapé (UFMG 2007).
Do ponto de vista da geologia regional, Campos Gerais tem seu território
sobre duas zonas estruturais regionais, e a sede se situa no limite dessas. Portanto
o município é composto por duas áreas de geologia bem diferenciadas. A área
meridional é constituída por rochas pertencentes ao Complexo Campos Gerais. A
área central é representada por quartzo-dioritos. A área setentrional esta inserida na
zona estrutural Araxá-Canastra, constituída de rochas metamórficas, onde se
destacam quartzitos puros, ou intercalados com xistos e filitos. E a região do distrito
de Córrego do Ouro é ocupada por duas faixas com largura menores, caracterizadas
por gonditos e anatexitos e rochas metabásicas e calcissilicáticas (UFMG 2007).
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FIGURA 2- Mapa geológico do município de Campos Gerais.
MetodologiaA execução desse trabalho constituiu de análises mineralógicas, químicas e
geotécnicas, dos diversos tipos de solo do local, no monitoramento através de
estacas colocadas próximas ao limite de erosão da voçoroca, onde foram retiradas
medidas para determinar o índice de crescimento da erosão durante um ano.
Para realização da análise geotécnica foram retiradas três amostras de solo
de pontos diferentes no interior da voçoroca, os quais foram denominados de P1, P2
e P3. Os ensaios foram realizados no laboratório de geologia da Universidade
Federal de Alfenas- UNIFAL-MG. As análises geotécnicas foram as seguintes:
Análise dos minerais em lupa, teor de umidade, teor de liquidez teor de
plasticidade e distribuição granulométrica.
ConclusõesEste estudo teve como propósito fazer uma análise dos solos da voçoroca da
serra da fortaleza, e acompanhar o crescimento da erosão. Vimos que os solos do
local são extremamente arenosos, e muito porosos, além de serem solos grossos.
Através de trabalhos de campo vimos uma possível falha geológica no local, onde
ocorre contato litológico de Quartzo com Xisto, o aumento da erosão pode estar
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também ligado a esse fato, pois possibilita o escoamento de água da chuva por essa
falha, o que leva a evolução do processo erosivo. Com as análises feitas em
laboratório entendemos melhor o solo da região, vimos que seu aspecto arenoso
aliado ao baixo teor de plasticidade faz com que o solo sofra degradação cada vez
mais. Por se tratar de uma local com alta declividade as águas da chuva aumentam
seu poder de escoamento que contribui para o processo de voçorocamento. Enfim,
aliando uma geologia propícia a erosão, o poder dos fenômenos físicos e um relevo
acidentado, a voçoroca da serra da fortaleza tem seu processo de evolução
constante.
Referencias BibliográficasAB’SABER, A. N. As boçorocas de Franca. Revista da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Franca, 1(2): 5-27, Franca.
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GASPAR JUNIOR, L. A. Apostila de Aula Pratica-Geologia Ambiental, Ensaios
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LOPES, S.L; GUERRA, A; J.T. Monitoramento de voçorocas por satélites GPS em
áreas de areia quartzosa podzolizada: Praia Mole, Florianópolis-SC. In. VII Simpósio
Nacional de Controle de Erosão, Goiânia-GO, 2001. V. 1, N. 1, p. 106.
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PEREIRA, R. V. Diagnóstico Físico-Ambiental do Município de Campos Gerais –
MG, A Partir da Elaboração de Mapas Temáticos. Relatório Final apresentado à Pró-
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HTTP://www.camposgerais.mg.gov.br/, acessado em 28 de outubro de 2010.
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