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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS RAYFF MOISÉS PROJETO DE EXTRUSORAS PELA TEORIA DE REATORES QUÍMICOS Poços de Caldas / MG 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

RAYFF MOISÉS

PROJETO DE EXTRUSORAS PELA TEORIA DE

REATORES QUÍMICOS

Poços de Caldas / MG

2014

RAYFF MOISÉS

PROJETO DE EXTRUSORAS PELA TEORIA DE

REATORES QUÍMICOS

Trabalho de conclusão de curso

apresentado para obtenção de grau em

Engenharia Química (Bacharelado) pela

Universidade Federal de Alfenas.

Orientador: Prof. Dr. Leandro Lodi

Poços de Caldas / MG

2014

Dedico aos meus pais, aos

meus familiares e a todos que

me apoiaram na realização

deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar à Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-

MG, pela oportunidade de aprendizado através da realização do curso de Engenharia

Química, que possibilitou e me capacitou tecnicamente para a realização deste

trabalho.

Agradeço à General Cable Brasil em Poços de Caldas, por ter me

apresentado o tema deste trabalho e me ajudado a entender mais sobre o assunto

através de sua infraestrutura e de seus profissionais.

Especificamente falando, agradeço ao professor Dr. Leandro Lodi pelo

prazer de sua companhia, orientação e pelo acompanhamento durante todo o tempo

de desenvolvimento deste trabalho.

Além destes, agradeço ainda a todos aqueles que contribuíram de uma

forma menos direta, porém não menos importante, com sua atenção em todas as

vezes que a consulta à experiência de cada um sobre o tema deste trabalho se fez

necessária.

Muito obrigado a todos.

RESUMO

A utilização de polímeros tem crescido muito nos últimos tempos, principalmente de

polietileno (PE) em sua condição natural e reticulado (XLPE). Em virtude de

necessidades de mercado, tem-se buscado cada vez mais alternativas para produção

de XLPE, dentre estas, a extrusão reacional (REX) vem se tornando cada vez mais

comum. A aplicação de iniciadores e catalisadores de reticulação, no interior de

extrusoras utilizadas como reatores químicos possibilita a redução de custos e de

etapas de produção de XLPE. Por meio da teoria de reatores químicos é possível a

otimização do processo REX no que diz respeito aos parâmetros mínimos necessários

para que uma extrusora possa ser utilizada como um reator químico. Para o projeto

da extrusora a partir da teoria dos reatores químicos é necessário que se tenha as

informações acerca da cinética da reação de grafitização envolvida no processo,

assim como deve ser considerado que a comparação entre os dois equipamentos

requer ajustes aos modelos matemáticos para equilibrar as diferenças nos modos de

funcionamento de ambas as partes. Neste trabalho foi avaliada a possibilidade de

determinação do volume de uma extrusora para operar em uma REX a partir da

teoria para projeto de reatores de fluxo pistonado (PFR), assim como foram

estimados o tempo de residência e outras variáveis de processo em função da

conversão desejada para a reação de grafitização de PE, através de um estudo da

cinética da reação química de grafitização de um polietileno linear de baixa

densidade (LLDPE) via ácido acrílico (AA).

Palavras-chave: LLDPE; XLPE; extrusão reacional; reator PFR; grafitização.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 7

2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................................. 8

3 OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 9

3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................................... 9

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................................... 9

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................................... 10

4.1 A QUÍMICA DO POLIETILENO ......................................................................................... 10

4.2 PROCESSO DE GRAFITIZAÇÃO E RETICULAÇÃO ...................................................... 13

4.3 PROJETO DE EXTRUSORAS .............................................................................................. 15

4.4 PROJETO DE REATORES PFR ............................................................................................ 18

5 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................................ 20

6 DESENVOLVIMENTO................................................................................................................... 21

6.1 MECANISMO REACIONAL EM PROCESSOS DE GRAFITIZAÇÃO ......................... 21

6.2 CINÉTICA DA REAÇÃO DE GRAFITIZAÇÃO ................................................................. 21

6.3 GRAFITIZAÇÃO DE LLDPE COM ÁCIDO ACRÍLICO (AA) ......................................... 23

6.4 REATOR PFR APLICADO À REAÇÃO DE GRAFITIZAÇÃO ........................................ 24

6.5 DETERMINAÇÃO DE 𝑘𝑔′ PARA O REATOR PFR ......................................................... 26

7 CONCLUSÃO .................................................................................................................................. 28

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................... 29

7

1 INTRODUÇÃO

A utilização de polímeros em algumas aplicações onde antes eram

empregados materiais como metais, madeiras e cerâmicas tem crescido muito nos

últimos tempos. Essa substituição se dá pela maior facilidade de processamento dos

polímeros se comparado ao demais materiais, bem como pela maior versatilidade

dos mesmos na produção de artefatos em geral (ISAC, 2001).

Embora bastante utilizados em sua condição natural, para algumas

aplicações é mais interessante que os polímeros sejam modificados ao longo de seu

processamento, de modo que adquiram melhores propriedades térmicas, mecânicas

e elétricas. Estas modificações são obtidas por meio de processos de grafitização e

reticulação das cadeias do polímero, realizados através de métodos químicos ou por

radiação (ISAC, 2001).

Os métodos de processamento mais comuns para polímeros são extrusão

e injeção. Ambos os métodos consistem basicamente em amolecer o material bruto

por meio de aquecimento e direcioná-lo a uma extremidade onde ele adquire sua

forma final e se solidifica por meio de resfriamento (ISAC, 2001).

A utilização de polietileno reticulado (XLPE) pela indústria também tem

crescido bastante, principalmente para a produção de tubulações de água quente,

filmes e isolamentos de fios e cabos de energia (CHONG, 2005).

Em função da necessidade de promover modificações na estrutura dos

materiais poliméricos, surgiram diversas técnicas comerciais destinadas a esse fim,

como a modificação do material bruto durante a sua produção em reatores químicos.

No entanto, devido ao custo elevado destes produtos, esta alternativa vem sendo

abandonada e substituída pela chamada extrusão reacional (REX), que consiste em

utilizar as próprias extrusoras como reatores químicos. A REX faz com que o processo

sirva para dar forma ao produto final e, simultaneamente, para desencadear as

reações químicas necessárias para modificar a estrutura do material produzido

(GASPAR-CUNHA et al., 2011).

8

2 JUSTIFICATIVA

A descoberta da possibilidade da utilização de extrusoras como reatores

químicos tem feito com que cada vez mais empresas migrem de seu sistema de

extrusão convencional para a REX, com isso, mais dúvidas acerca das configurações

necessárias para os equipamentos também surgem, sendo assim, a especificação de

parâmetros para extrusoras baseada nas teorias de reatores químicos será de grande

utilidade a curto prazo. A observação desta tendência de migração, do sistema

convencional para o sistema REX na produção de XLPE, se deu ao longo da realização

de estágio obrigatório na empresa General Cable Brasil, em Poços de Caldas.

Um dos principais fatores que influenciam o processamento do material

pela extrusora é o tempo de residência dos reagentes no interior do equipamento,

devido à semelhança entre uma extrusora utilizada para REX e um reator químico

tipo PFR (Plug Flow Reactor – Reator de Fluxo Pistonado), pode-se determinar este

parâmetro para uma extrusora a partir das equações utilizadas para reatores

químicos do tipo PFR.

Outro parâmetro importante para o processamento de polímeros em

linhas de extrusão é o controle da temperatura da mistura no interior do

equipamento, que também pode ser determinado a partir da análise da cinética da

reação química envolvida por meio da teoria aplicada a reatores PFR.

Além dos parâmetros intrínsecos ao processo de extrusão, a partir da

especificação de extrusoras por meio da teoria de reatores químicos é possível,

também, projetar o funcionamento das utilidades periféricas envolvidas no processo.

9

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o funcionamento de extrusoras empregadas em processos de

extrusão de XLPE por meio de grafitização por silano, baseando-se nas teorias de

reatores químicos tipo PFR.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Encontrar um modelo matemático que relacione o volume de um reator

PFR com o volume de uma extrusora capaz de operar com o processo de

extrusão de XLPE.

Encontrar um modelo matemático para o tempo de residência do material

no interior da extrusora, a partir do volume determinado.

10

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 A QUÍMICA DO POLIETILENO

A classificação mais generalista para os polímeros divide esta classe de

materiais em dois grupos, os termoplásticos e os termofixos. Os polímeros

termoplásticos podem ser amolecidos por aquecimento e solidificados por

resfriamento inúmeras vezes sem perdas significativas de suas qualidades, já os

termofixos, quando amolecidos por aquecimento, iniciam reações químicas de

reticulação das cadeias, fazendo com que esses não possam ser reprocessados após

a solidificação por resfriamento (GILES, 2005).

O polietileno (PE) é classificado como um polímero termoplástico, sendo

produzido a partir do gás etileno, proveniente do craqueamento do gás natural em

refinarias de petróleo. Dependendo do tipo de reator utilizado durante a

polimerização e do tipo de catalisador empregado no processo, podem ser obtidos

diferentes tipos de PE, sendo eles:

Polietileno de baixa densidade (LDPE): normalmente é produzido sob

alta pressão e temperatura, em reatores ou autoclaves, na presença de

catalisadores do tipo peróxido, que provocam a quebra das ligações

duplas da molécula de etileno, as quais ficam livres e aptas a receber

outras moléculas do mesmo monômero. Neste caso, a polimerização não

ocorre de forma linear, havendo a formação de várias ramificações que

inibem a conformação do polímero de forma cristalina, conforme ilustrado

pela Figura 1. O LDPE possui temperatura de fusão entre 102 °C e 112 °C

(EQUISTAR, 2006).

11

Figura 1 – Estrutura das cadeias de LDPE.

Fonte: SOCIETY OF PLASTICS ENGINEERS (2012, p. 1).

Polietileno de alta densidade (HDPE): normalmente é produzido em

condições mais brandas de pressão e temperatura se comparado ao LDPE,

a partir de reações heterogêneas catalisadas por metais de transição em

reatores de fase gasosa ou de leito de lama. Neste caso, a polimerização

ocorre de forma bastante linear e as moléculas são ligadas umas às outras

em longas cadeias, conforme ilustrado pela Figura 2. A temperatura de

fusão do HDPE está entre 125 °C e 135 °C (EQUISTAR, 2006).

Figura 2 – Estrutura das cadeias de HDPE.

Fonte: SOCIETY OF PLASTICS ENGINEERS (2012, p. 1).

Polietileno linear de alta densidade (LLDPE): normalmente é produzido

sob as mesmas condições do que o LDPE, por meio de reações

heterogêneas como no caso do HDPE, resultando em cadeias longas com

ramificações mais curtas, conforme ilustrado pela Figura 3. Neste caso

utiliza-se a adição de outros comonômeros, como buteno, hexeno e

octeno. O LLDPE possui temperatura de fusão intermediária entre um

LDPE e um HDPE, ficando em entre 120 °C e 130 °C (EQUISTAR, 2006).

12

Figura 3 – Estrutura das cadeias de LLDPE.

Fonte: SOCIETY OF PLASTICS ENGINEERS (2012, p. 1).

Em meados de 1950 foi introduzido no mercado o XLPE, trazendo

propriedades elétricas e térmicas mais interessantes para aplicação em isolamentos

de cabos de energia em relação ao PE tradicional. Enquanto o PE tradicional trabalha

com uma temperatura do condutor de 75 °C, o XLPE trabalha a uma temperatura de

90 °C. O aumento da temperatura de operação dos isolamentos permite diminuir as

bitolas dos cabos para uma mesma corrente elétrica, ou aumentar essa corrente para

um mesmo diâmetro de cabo (EQUISTAR, 2006). A Figura 4 mostra a estrutura das

cadeias de XLPE.

Figura 4 – Estrutura das cadeias de XLPE.

Fonte: SOCIETY OF PLASTICS ENGINEERS (2012, p. 1).

Em termos de influência nas propriedades do material, as principais

características consideradas são massa molecular média e densidade. A massa

molecular média exerce influência direta no índice de fusão do PE, geralmente,

quanto maior a massa molecular média mais baixo é o índice de fusão, para aplicação

em cabos de energia, este índice fica entre 0,2g/10min e 3,0g/10min. A densidade,

por sua vez, se relaciona tanto com as propriedades físicas quanto com as

propriedades de processamento do PE, geralmente, quanto mais alta a densidade,

mais baixos são a tensão de ruptura, o alongamento sob tração e a flexibilidade do

13

material, assim como mais alto são suas propriedades elétricas, a tendência de

empenamento e a retração (EQUISTAR, 2006).

Os principais métodos de grafitização e reticulação empregados

atualmente se assemelham ao processo de vulcanização de borracha tradicional, no

entanto, utilizam catalisadores distintos para promover a formação de ligações

cruzadas entre as cadeias poliméricas. Dentre as formas de reticulação mais

empregadas na indústria, destacam-se a reticulação promovida por peróxidos, por

feixe de elétrons e o método de reticulação por silanos na presença de umidade

(EQUISTAR, 2006).

4.2 PROCESSO DE GRAFITIZAÇÃO E RETICULAÇÃO

O termo grafitização é empregado para descrever o processo de

funcionalização das cadeias do polímero com compostos capazes de desencadear o

processo de reticulação na sequência (BHATTACHARYA; RAWLINS; RAY, 2009).

Um dos reagentes mais utilizados na indústria para a grafitização de PE é o

silano, que consiste em um composto do tipo (𝑋)3𝑆𝑖 − 𝑌, onde 𝑋 representa radicais

orgânicos hidrolisáveis, do tipo metil ou etil, e Y representa um radical orgânico

insaturado do tipo alcóxialquilo, alquil, hidrocarbil, entre outros (MORSHEDIAN,

2009).

Uma das vantagens da utilização de silano para promover a reticulação de

PE é que ele é capaz de estabilizar misturas (blendas) compostas por polímeros de

polaridades distintas por serem compostos anfifílicos (MORSHEDIAN, 2009). Dentre

os vários tipos de silanos disponíveis, o mais utilizado para grafitizar PE é o

viniltrimetoxisilano (VTMS), na presença do iniciador peróxido de dicumila (DCP)

(BHATTACHARYA; RAWLINS; RAY, 2009).

O mecanismo de reticulação inicia-se com a grafitização das moléculas de

PE com o composto silano e completa-se com a etapa de cura, que consiste em

submeter o material grafitizado a uma certa umidade relativa e temperaturas

14

elevadas, em torno de 90 °C, para que ocorra a hidrólise dos radicais orgânicos e a

subsequente reação de condensação entre as moléculas de silano para a formação

das ligações cruzadas entre as moléculas de PE. A Figura 5 mostra as etapas

reacionais para a obtenção de XLPE por meio da grafitização via VTMS na presença

de DCP e reticulação na presença de umidade (MORSHEDIAN, 2009).

Figura 5 – Etapas reacionais para a obtenção de XLPE via grafitização por silano.

Fonte: MORSHEDIAN (2009, p. 108).

As etapas de grafitização e adição de catalisador para promover a hidrólise

do silano podem ser processadas tanto separadamente quanto simultaneamente,

através de processos Sioplas® e Monosil® respectivamente, os diagramas da Figura

6 mostram os detalhes de cada um destes processos (MORSHEDIAN, 2009).

15

Figura 6 – Detalhe das etapas dos processos Sioplas® e Monosil®.

Fonte: MORSHEDIAN (2009, p. 109).

Ambos os processos envolvem a adição de reagentes e o

desencadeamento de reações químicas ao longo do corpo de uma extrusora, o que

permite relacionar os parâmetros da extrusão com os parâmetros de um reator

químico do tipo PFR, conforme será descrito mais adiante.

4.3 PROJETO DE EXTRUSORAS

A função de uma extrusora é basicamente o processamento de polímeros

por meio da fusão, homogeneização e conformação final do material em um

processo de fluxo contínuo, com ou sem a adição de outros componentes

(EXTRUSION... 2014).

As principais partes de uma extrusora são: motor e sistema de transmissão,

funil de alimentação, sistema de aquecimento e refrigeração, rosca, tubo e

terminações. A Figura 7 mostra um diagrama simplificado das partes de uma

extrusora (EXTRUSION... 2014).

16

Figura 7 – Principais partes de uma extrusora.

Fonte: EXTRUSION... (2014, p. 2).

Dentre as partes principais, a rosca é o componente mais importante de

uma extrusora, é ao longo de sua extensão que as matérias-primas serão misturadas,

homogeneizadas, receberão o perfil de aquecimento necessário e serão

transportadas até as partes terminais. A Figura 8 mostra um diagrama com as partes

principais de uma rosca de extrusão (EXTRUSION... 2014).

Figura 8 – Partes principais de uma rosca.

Fonte: EXTRUSION... (2014, p. 3).

17

As roscas são geralmente classificadas em função da relação entre seu

comprimento e seu diâmetro (L/D), sendo os tamanhos mais comuns para extrusoras

o 24:1 e o 30:1 L/D (EXTRUSION... 2014).

O tipo de rosca para cada processo depende do material que será

processado, cada polímero exige uma determinada combinação de variáveis de

rosca, ou seja, uma combinação de espessura e profundidade do filete, razão de

compressão, passo e ângulo das hélices e comprimento das seções (EXTRUSION...

2014).

Existem também as roscas com mais de um estágio, que possuem um

ponto de ventilação entre duas seções de bombeamento, visando a eliminação de

possíveis subprodutos gasosos das reações que ocorrem no interior da extrusora

(WOMER, 2011).

As demais partes da extrusora trabalham em conjunto para garantir que os

parâmetros de processamento do material ao longo da rosca se mantenham

constantes. O tempo de residência e, indiretamente, a temperatura, dependem do

funcionamento do motor e do sistema de transmissão que controlam a velocidade de

rotação da rosca e, consequentemente, o transporte do material ao longo do

comprimento total da extrusora. Além do atrito com a rosca, os sistemas de

aquecimento e de refrigeração também controlam o perfil de temperatura para o

material. Para que o fluxo de material se mantenha constante ao longo do processo,

é fundamental que o funil de alimentação tenha capacidade suficiente para atender a

vazão mássica das matérias-primas para todas as velocidades de operação da

extrusora, principalmente se esse fluxo possuir algum tipo função auxiliar ao

processo, como o pré-aquecimento dos polímeros. Por fim, as terminações da

extrusora determinarão a conformação final do material extrudado, na forma de

tubos, fitas, pellets e outros, nesta etapa o cuidado com a conservação das

ferramentas utilizadas é o ponto mais crítico, já que o acabamento final do material

depende diretamente das condições das ferramentas.

18

4.4 PROJETO DE REATORES PFR

Reatores de fluxo pistonado (Plug Flow Reactors – PFR) consistem

basicamente em um reator tubular com área da seção transversal constante, onde os

reagentes preenchem completamente o leito do reator e fluem em direção à região

terminal do mesmo (LEVENSPIEL, 1999).

Como as variações das propriedades do fluxo de reagente dependem

unicamente do comprimento do reator, o balanço molar pode ser escrito da seguinte

forma, considerando um determinado reagente A, para um reator operando em

estado estacionário:

𝐹𝐴

𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎=(𝐹𝐴 + 𝑑𝐹𝐴)𝑠𝑎í𝑑𝑎

+(−𝑟𝐴)𝑑𝑉𝑔𝑒𝑟𝑎çã𝑜

+0

𝑎𝑐𝑢𝑚𝑢𝑙𝑜 ( 1)

onde 𝐹𝐴, −𝑟𝐴 e 𝑑𝑉 representam, respectivamente, o fluxo do reagente, a velocidade

da reação no interior do reator e a seção infinitesimal do volume considerado

(LEVENSPIEL, 1999).

A Equação 1 também pode ser escrita em termos da conversão 𝑋𝐴

desejada para a reação em questão, da seguinte forma:

𝐹𝐴0𝑑𝑋𝐴 = (−𝑟𝐴)𝑑𝑉 ( 2)

A Figura 9 mostra um diagrama esquemático dos parâmetros envolvidos

em um reator PFR para um determinado reagente A (LEVENSPIEL, 1999).

Figura 9 – Diagrama para um reator PFR.

Fonte: LEVENSPIEL (1999, p. 101).

19

Em termos de projeto, os principais parâmetros a serem determinados

para um reator PFR são o volume e o tempo espacial (𝜏). Para reatores descontínuos,

o tempo de residência dos reagentes é definido diretamente em unidades de tempo,

já no caso de reatores contínuos, é mais interessante definir este tempo de residência

em termos do tempo necessário para processar um determinado volume de

alimentação (LEVENSPIEL, 1999).

O volume de um reator PFR em termos da conversão desejada para um

determinado reagente A é dado por:

𝑉

𝐹𝐴0= ∫

𝑑𝑋𝐴−𝑟𝐴

𝑋𝐴

0

( 3)

O tempo espacial para um reagente A em um reator PFR em função de

uma determinada conversão é dado por:

𝜏 = 𝐶𝐴0∫𝑑𝑋𝐴−𝑟𝐴

𝑋𝐴

0

=𝑉

𝑣0 ( 4)

A semelhança entre um reator PFR e uma extrusora de rosca simples que

trabalha com extrusão reacional é bastante evidente, isto faz com que as teorias

acerca deste tipo de reator talvez possam ser ajustadas para descrever as condições

de processos destas extrusoras.

20

5 MATERIAIS E MÉTODOS

A primeira etapa do trabalho foi dedicada à definição das relações entre o

funcionamento de reatores PFR e o funcionamento de extrusoras tipo REX para um

mesmo processo. Após a definição das relações, foram definidos os modelos

matemáticos que melhor descrevem o funcionamento de uma extrusora dedicada

para REX, de modo que fosse possível estimar o volume e o tempo de residência dos

materiais em função da conversão das matérias primas envolvidas no processo de

grafitização de LLDPE. Para ajustar os modelos matemáticos obtidos, foi calculado um

novo valor para a constante de velocidade da reação de grafitização, denominada 𝑘𝑔′ ,

visando eliminar as limitações em relação à capacidade de homogeneização dos

materiais processados pela extrusora quando aplicados ao reator PFR. Os dados

experimentais utilizados como base para a cinética da reação de grafitização

desempenhada pela extrusora foram obtidos do trabalho realizado por Shi et al.

(2007). O ajuste foi feito traçando-se um gráfico que relaciona o volume calculado

para o reator em função dos dados obtidos em uma extrusora, com isso, foi possível

determinar um valor de 𝑘𝑔′ correspondente ao volume do reator próximo ao volume

da extrusora utilizada.

21

6 DESENVOLVIMENTO

6.1 MECANISMO REACIONAL EM PROCESSOS DE GRAFITIZAÇÃO

As etapas e as reações envolvidas nos processos de grafitização, de forma

simplificada, ocorrem da seguinte forma:

Decomposição térmica do peróxido:

𝑃𝑂𝑂𝑃 → 2𝑃𝑂• ( 5)

onde 𝑂 representa um átomo de oxigênio e 𝑃 um radical orgânico.

Abstração do hidrogênio pelo peróxido:

𝑃𝑂• + 𝐻 − 𝑃 → 𝑃𝑂𝐻 + 𝑃• ( 6)

onde 𝐻 − 𝑃 representa o polímero envolvido no processo de grafitização.

Grafitização do polímero:

𝑃• +𝑀𝑘𝑔→ 𝑃𝑀• ( 7)

onde 𝑀 representa o polímero envolvido no processo de grafitização.

Término da grafitização:

𝑃𝑀• + 𝐻+ → 𝑃𝑀𝐻 ( 8)

Além das reações representadas nas etapas anteriores, outras rotas

também podem ser tomadas pelos reagentes envolvidos no processo de grafitização,

como no caso da ocorrência da homopolimerização, em que se tem a reação entre

peróxido e monômero, seguida da reação mutua entre monômeros.

6.2 CINÉTICA DA REAÇÃO DE GRAFITIZAÇÃO

Em seu trabalho, Shi et al. (2007) realizaram um procedimento para

determinar a taxa da reação de grafitização (−𝑟𝑔), a taxa da reação de

homopolimerização (−𝑟ℎ), a constante de velocidade de grafitização (𝑘𝑔) e a

22

constante de velocidade de homopolimerização (𝑘ℎ), para uma REX entre LLDPE e

outros três compostos: ácido acrílico (AA), ácido metacrílico (MAA) e ácido metil

metacrilato (MMA).

O procedimento consiste em utilizar uma extrusora dividida em zonas, que

permita o controle de temperatura e a retirada de amostras em cada zona, seguida

do congelamento das reações remanescentes após a retirada do material, através da

imersão dos corpos em nitrogênio líquido (Shi et al., 2007).

A medição das variáveis desejadas é feita a partir da separação dos

produtos da reação, sendo eles: LLDPE grafitizado, LLDPE não grafitizado, compostos

não consumidos (AA, MAA e MMA) e compostos homopolimerizados. Para esta

separação realiza-se a dissolução das amostras retiradas (aproximadamente 2

gramas) em heptano em ebulição, vertendo-se a solução em acetona, sob agitação,

para a precipitação do LLDPE grafitizado, que é filtrado e lavado com acetona por

cinco vezes. A massa de homopolímero e o LLDPE não grafitizado permanecem no

volume de solvente e são isolados através de destilação à pressão reduzida. A massa

de homopolímero é separada do LLDPE não grafitizado por meio da dissolução da

mistura em metanol, seguida de uma filtração à pressão reduzida (Shi et al., 2007).

Para a determinação da quantidade de AA, MAA e MMA convertida utiliza-

se um Espectrofotômetro de Infravermelho BIO-RAD FTS-135.

A concentração dos compostos envolvidos na reação de grafitização, na

forma de radicais livres, é obtida por meio de um Espectrômetro de Ressonância de

Spin Eletrônico (ESR) (Shi et al., 2007).

De acordo com o mecanismo de reação mostrado pela Equação 7, define-

se a taxa da reação de grafitização (−𝑟𝑔) da seguinte forma:

−𝑟𝑔 = 𝑘𝑔𝐶𝑃𝐶𝑀 ( 9)

onde 𝑘𝑔, 𝐶𝑃 e 𝐶𝑀 representam, respectivamente, a constante de velocidade de

grafitização e as concentrações de polímero e monômero que participam da reação

de grafitização, no forma de radicais livres (Shi et al., 2007).

23

6.3 GRAFITIZAÇÃO DE LLDPE COM ÁCIDO ACRÍLICO (AA)

Dentre os três monômeros analisados por Shi et al. (2007), o AA foi o que

apresentou maior valor de 𝑘𝑔, devido à sua maior reatividade para o mecanismo de

grafitização, a Tabela 1 mostra os valores obtidos por Shi et al. (2007) para os

parâmetros da reação de grafitização, entre as temperaturas de 160 °C e 200 °C.

Tabela 1 – Principais parâmetros da reação de grafitização.

𝑇 −𝑟𝑔 𝐶𝑃 𝐶𝑀 𝑘𝑔 °𝐶 10−5𝑚𝑜𝑙. 𝑔−1𝑠−1 10−9𝑚𝑜𝑙. 𝑔−1 10−6𝑚𝑜𝑙. 𝑔−1 108𝑔.𝑚𝑜𝑙−1𝑠−1

170 6,2 15,8 12,1 3,2

180 13,6 18,7 16,4 4,4

190 29,1 25,2 22,0 5,2

200 60,1 38,2 27,4 5,7

Fonte: SHI et al (2007, p. 1809).

O experimento foi realizado com uma vazão de alimentação de LLDPE de

3,13 𝑘𝑔. ℎ−1 e concentração de alimentação de AA de 7,5 𝑚𝑜𝑙. 𝑔−1 em relação à

massa de LLDPE (Shi et al., 2007).

Para a comparação entre o desempenho da extrusora utilizada e de um

reator PFR para o mesmo mecanismo de reação, os valores da Tabela 1 foram

convertidos para vazões e concentrações volumétricas, a partir das propriedades

físicas da Tabela 2, conforme mostrado pela Tabela 3, além disso, foram considerados

apenas os dados do processo realizado a 200 °C, por se tratar de uma temperatura

comum de processamento de XLPE em processos industriais.

Tabela 2 – Propriedades físicas e químicas do LLDPE e do AA.

composto MM ρ 𝑔.𝑚𝑜𝑙−1 𝑔. 𝑑𝑚−3

LLDPE 1,17x105 918

AA 72,06 1051

Fonte: SHI et al (2007, p. 1805).

Tabela 3 – Parâmetros da reação de grafitização em unidades de volume.

T −𝑟𝑔 𝐶𝑃 𝐶𝑀 𝑘𝑔 𝑣0 °𝐶 10−2. 𝑚𝑜𝑙. 𝑑𝑚−3𝑠−1 10−6. 𝑚𝑜𝑙. 𝑑𝑚−3 10−3. 𝑚𝑜𝑙. 𝑑𝑚−3 105. 𝑑𝑚3. 𝑚𝑜𝑙−1𝑠−1 10−4. 𝑑𝑚3𝑠−1

200 54,8 35,1 25,2 6,2 9,47

24

6.4 REATOR PFR APLICADO À REAÇÃO DE GRAFITIZAÇÃO

Adotando o mecanismo de reação mostrado pela Equação 7 como sendo

a única reação envolvida no processo de grafitização de LLDPE, via AA, tem-se que a

lei da taxa de reação é aquela mostrada pela Equação 9, sendo assim, a expressão

para o cálculo do volume do reator PFR, segundo a Equação 3, fica sendo:

𝑉 = 𝐹𝑃0 ∫𝑑𝑋𝑃

𝑘𝑔𝐶𝑃𝐶𝑀

𝑋𝑃

0

( 10)

Para resolver a integral dada na Equação 10, é preciso estabelecer a

relação entre as espécies químicas envolvidas e a conversão de LLDPE (𝑋𝑃),

lembrando que a relação entre o fluxo de LLDPE (𝐹𝑃) e de AA (𝐹𝑀) e suas

concentrações (𝐶𝑃 e 𝐶𝑀) é dada por:

𝐶 =𝐹

𝑣 ( 11)

onde 𝑣 representa a vazão volumétrica do material ao longo do reator, que neste

caso pode ser considerado como sendo igual a 𝑣0, pois não há expansão ou

contração significativa que deva ser considerada, fica-se com a seguinte tabela

estequiométrica para o processo:

Tabela 4 – Estequiometria da reação de grafitização em regime contínuo.

composto símbolo alimentação geração/consumo efluente

LLDPE 𝐹𝑃 𝐹𝑃0 −𝐹𝑃0𝑋 𝐹𝑃 = 𝐹𝑃0(1 − 𝑋)

AA 𝐹𝑀 𝐹𝑀0 = 𝐹𝑃0𝜃𝑀 −

𝑏

𝑎𝐹𝑃0𝑋 𝐹𝑀 = 𝐹𝑃0(𝜃𝑀 − 𝑋)

LLDPE grafitizado 𝐹𝑃𝑔

- +𝑐

𝑎𝐹𝑃0𝑋 𝐹𝑃𝑔 = 𝐹𝑃0(𝜃𝐴𝐴 + 𝑋)

onde 𝑎, 𝑏 e 𝑐 representam os coeficientes estequiométricos da reação de grafitização

dada pela Equação 7, sendo todos iguais a 1 (um), e 𝜃𝑀 representa a razão entre 𝐹𝑃0 e

𝐹𝑀0 , dado por:

𝜃𝑀 =𝐹𝑀0𝐹𝑃0

( 12)

25

Substituindo os termos 𝐶𝑃 e 𝐶𝑀, de acordo com a Equação 11, bem como

as expressões para 𝐹𝑃 e 𝐹𝑀, de acordo com a Tabela 4, na Equação 10, e efetuando a

integração, tem-se que a expressão para o cálculo do volume do reator PFR que se

compara à extrusora utilizada para a reação de grafitização em questão, é dada por:

𝑉 =𝑣02

𝐹𝑃0𝑘𝑔

1

(𝜃𝑀 − 1)ln [

𝜃𝑀 − 𝑋

𝜃𝑀(1 − 𝑋)] ( 13)

A Tabela 5 a seguir resume os valores das variáveis necessárias para o

cálculo do volume do reator PFR com base no trabalho realizados por Shi et al. (2007)

e na conversão obtida por Shi et al. (2006) em outro trabalho relacionado à

grafitização de LLDPE via AA.

Tabela 5 – Base de cálculo para o volume do reator PFR.

T 𝑣0 𝐹𝑃0 𝐹𝑀0 𝜃𝑀 𝑘𝑔 𝑋

°𝐶 10−4. 𝑑𝑚3𝑠−1 10−8. 𝑚𝑜𝑙𝑠. 𝑠−1 10−5. 𝑚𝑜𝑙𝑠. 𝑠−1 102 105. 𝑑𝑚3. 𝑚𝑜𝑙−1𝑠−1

200 9,47 3,32 2,38 7,17 6,2 0,0131

Sendo assim, o volume do reator PFR calculado, fica sendo de:

𝑉 = 8,00. 10−10𝑑𝑚3 ( 14)

e o tempo de residência do material no interior do reator, de acordo com a Equação

4, fica sendo de:

𝜏 = 8,44. 10−7𝑠 ( 15)

Os valores encontrados pelas equações 14 e 15 para um reator PFR, não

correspondem aos valores obtidos por Shi et al. (2007) para uma extrusão reacional,

divergindo em número e ordem de grandeza, sendo inclusive inconcebíveis em

termos práticos para um processo deste tipo.

O volume efetivo (𝑉𝐸) da extrusora, ou seja, o volume da extrusora que

corresponde à vazão volumétrica de material adotada por Shi et al. (2007), pode ser

calculado por meio da multiplicação de 𝑣0 pelo tempo de residência (𝜏𝐸) do material

no interior da extrusora, que fica sendo de:

26

𝑉𝐸 = 𝑣0 × 𝜏𝐸 = 9,47. 10−4 × 204 = 0,193𝑑𝑚3 ( 16)

sendo 𝜏𝐸 = 204 𝑠, de acordo com o trabalho de Shi et al. (2007).

A divergência entre a ordem de grandeza de 𝑉 e 𝑉𝐸 revela a dificuldade de

homogeneização da mistura LLDPE e monômero para se alcançar uma conversão

satisfatória.

6.5 DETERMINAÇÃO DE 𝑘𝑔′ PARA O REATOR PFR

Tendo como referência novamente o trabalho feito por Shi et al. (2007), é

possível definir a magnitude de uma nova constante de velocidade de grafitização 𝑘𝑔′ ,

para que se obtenha um mesmo volume para extrusora e reator, a fim de conseguir

especificar o tempo de residência do material e as dimensões de uma extrusora que

opera uma REX, em função da vazão 𝑣0 e conversão 𝑋 desejadas, baseando-se na

equação do volume do reator.

A Figura 10 a seguir mostra o comportamento do volume do reator, dado

pela Equação 13, em função do valor da constante de velocidade de grafitização.

Figura 10 – Volume do reator PFR em função do valor de 𝑘𝑔′ .

Pelo gráfico da Figura 10 observa-se que, para um 𝑉 = 0,215 𝑑𝑚3, tem-se

um 𝑘𝑔′ = 2,31. 10−3. 𝑑𝑚3. 𝑚𝑜𝑙−1𝑠−1.

Utilizando na Equação 13 a constante obtida no gráfico da Figura 10, fica-

se com a seguinte expressão:

0,00

0,05

0,10

0,15

0,20

0,25

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16

V (

dm

3 )

k'g (dm3.mol-1.s-1)

27

𝑉 =𝑣02

𝐹𝑃0𝑘𝑔′

1

(𝜃𝑀 − 1)ln [

𝜃𝑀 − 𝑋

𝜃𝑀(1 − 𝑋)] ( 17)

a partir da qual é possível calcular o volume da extrusora para cada variação

desejada.

O novo tempo de residência é obtido por meio da Equação 4, a partir do

novo volume calculado.

É possível determinar o tempo de residência mínimo do material no

interior da extrusora para uma determinada conversão, substituindo a expressão do

volume da extrusora dada pela Equação 17 na expressão do tempo de residência

dada pela Equação 4, conforme segue:

𝜏 =𝑣0𝐹𝑃0𝑘𝑔

1

(𝜃𝑀 − 1)ln [

𝜃𝑀 − 𝑋

𝜃𝑀(1 − 𝑋)] ( 18)

De acordo com a Equação 17, o perfil do aumento do volume da

extrusora, em função da conversão desejada, é dado conforme mostrado no gráfico a

seguir:

Figura 11 – Volume da extrusora a partir da conversão desejada.

É possível observar que o perfil do aumento do volume da extrusora, em

função da conversão, segue o mesmo perfil de um reator PFR.

Vale lembrar que este perfil de aumento do volume da extrusora em

função da conversão é válido apenas para o processo de extrusão que envolve a

grafitização de LLDPE com AA realizado por Shi et al. (2007), sendo diferente para

outras misturas utilizadas em REX.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

V (

dm

3 )

X (%)

28

7 CONCLUSÃO

A utilização da teoria sobre reatores químicos para o projeto de extrusoras

mostrou que é possível especificar com maior propriedade as características da linha

de extrusão, além disso, com um projeto em mãos, fica mais fácil o controle, a

operação e a intervenção nas variáveis do processo de extrusão reacional.

O volume calculado para a extrusora por meio da equação do volume do

reator PFR apresentou uma diferença para o volume real do equipamento da ordem

de 1010𝑑𝑚3 para menos, essa diferença pode ser devido à capacidade de

homogeneização do material que, na prática, exige um volume muito maior e uma

forma de manipulação diferente do que é praticado por reatores PFR.

Para que o cálculo do volume do reator e do tempo de residência do

material em seu interior representem o que ocorre na prática para uma extrusora,

uma das formas pode ser calculando uma constante de velocidade da reação 𝑘𝑔′ que

ajuste os volumes calculados para a mesma ordem de grandeza dos volumes reais.

O cálculo da constante 𝑘𝑔′ depende da realização do processo em escala

laboratorial e da análise do desenvolvimento do processo para cada tipo de REX que

se deseja projetar. A partir do volume da extrusora utilizada em escala laboratorial e

dos resultados das análises é possível ajustar a equação do volume do reator PFR

para uma equação do volume de uma extrusora utilizada para uma REX, sendo que

cada mistura de compostos para extrusão de XLPE tem seu perfil de aumento do

volume do equipamento em função da conversão desejada.

Embora as informações sobre as dimensões da extrusora sejam muito

importantes, o modo de operação também interfere diretamente nas propriedades

finais do material produzido, por isso, o ajuste dos perfis de temperatura e das

vazões dos reagentes envolvidos no processo devem seguir as especificações, para

que a lei de velocidade definida para o reator PFR possa ser aplicada para a extrusora

projetada.

29

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