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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS SHELLA MARIA DOS SANTOS PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEL A PARTIR DE BIOMASSA POÇOS DE CALDAS/MG 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

SHELLA MARIA DOS SANTOS

PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEL A PARTIR DE BIOMASSA

POÇOS DE CALDAS/MG

2015

SHELLA MARIA DOS SANTOS

PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEL A PARTIR DE BIOMASSA

POÇOS DE CALDAS/MG

2015

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como parte dos requisitos

para conclusão do curso de

Engenharia Química na Universidade

Federal de Alfenas- campus Poços de

Caldas. Orientadora Melina Lopes

Savioli e co-orientadora Cinthia

Soares de Castro.

S237p Santos, Shella Maria dos. Produção de biocombustível a partir de biomassa./ Shella Maria dos Santos;

Orientação de Melina Lopes Savioli. Poços de Caldas: 2015. 40 fls.: il.; 30 cm.

Inclui bibliografias: fs. 35-40

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Química) –

Universidade Federal de Alfenas– Campus de Poços de Caldas, MG.

1. Biomassa. 2. Biocombustível. 3. Algas. I . Savioli, Melina Lopes (orient.).

II. Castro, Cinthia Soares de (co-orient.) III. Universidade Federal de Alfenas -

Unifal. IV. Título.

Dedico a Deus, meus pais, irmã e Leonardo

pelo incentivo dado durante este projeto.

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Alfenas pela oportunidade oferecida.

Às Professoras Dra. Melina Lopes Savioli, orientadora, e Dra. Cinthia Soares de

Castro, co-orientadora, pela atenção, auxílio e orientação dada durante este trabalho.

À minha família e Leonardo pela compreensão e apoio durante todo o estudo.

“We can get fuel from fruit, from that shrub by the roadside, or from apples, weeds, saw-

dust, almost anything! There is fuel in every bit of vegetable matter that can be fermented.

There is enough alcohol in one year’s yield of a hectare of potatoes to drive the machinery

necessary to cultivate the field for a hundred years. And it remains for someone to find out

how this fuel can be produced commercially—better fuel at a cheaper price than we know

now.”

Henry Ford, 1925

RESUMO

Umas das maiores preocupações políticas e ambientais nos dias de hoje corresponde à

dependência de combustíveis fósseis, recurso não renovável, e emissão de gases estufa na

atmosfera. Por isso, há um crescente desenvolvimento de pesquisas voltado para descobertas de

substâncias que gerem menos poluentes e renováveis, de forma a mitigar tais efeitos. A biomassa,

por ser um recurso renovável e disponível em qualquer localidade, é considerada uma potencial

alternativa para produção de combustíveis. Dessa forma, o elevado interesse em obter

biocombustíveis estimula estudos voltados para química, termoquímica, biologia de forma a

buscar novas técnicas de conversão de biomassa em energia de transporte. Assim, uma breve

revisão sobre tais técnicas, tipos de combustíveis e biomassa são apresentados. Porém um

enfoque maior será dado para o estudo da produção de biocombustíveis a partir de algas, tais

como bioetanol, biodíesel, biobutanol, biogás e biohidrogênio. O aprofundamento sobre os

processos e etapas de conversão de alga em biocombustível, mostrou-se ser uma alternativa em

potencial ao uso de combustíveis fósseis.

Palavras chave: Biomassa, biocombustível, biodíesel, bioetanol, biobutanol, biogás,

biohidrogênio, algas.

ABSTRACT

One of the greatest political and environmental concerns today is about dependence on fossil

fuels, non-renewable resource, and greenhouse gases emission in the atmosphere. Therefore,

there is a growing development of research geared towards less polluting and renewable

substances discovered in order to mitigate such concerns. Biomass, as a renewable resource and

available in any location, is considered a potential alternative fuel production. Thus, the high

interest in obtaining biofuel stimulates studies focused on chemical, thermochemical, biology to

seek new biomass conversion techniques in transportation activity. Thus, a brief review of such

techniques, types of fuel and biomass are presented. But a greater focus will be given to the study

of the production of biofuel from algae, such as bioethanol, biodiesel, biobutanol, biogas and

biohydrogen. The deepening of the processes and stages about algae, showed to be a potential

alternative to fossil fuel.

Keywords: Biomass, biofuel, biodiesel, bioethanol, biobutanol, biogas, biohydrogen, algae.

LISTA DE FIGURA

Figura 1 Demanda Mundial de tipos de Biocombustíveis (Editado)............................................. 14

Figura 2 Gaseificador – design (Editado) ...................................................................................... 20

Figura 3 Processos de conversão da biomassa alga em biocombustíveis...................................... 23

Figura 4 Processo de Produção de Biodíesel a partir de Algas ..................................................... 24

Figura 5 Equação Estequiométrica da Reação de Transesterificação ........................................... 31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1Reações durante a Gaseificação (Editado) ...................................................................... 20

Tabela 2 Rendimento de óleo de acordo com a biomassa ............................................................. 24

Tabela 3 Teor lipídico Presente em Diferentes Tipos de Algas .................................................... 25

Tabela 4 Comparação entre os Sistemas de Cultivo de Algas ...................................................... 28

Tabela 5 Rendimento de obtenção de Bioetanol de acordo com o tipo de Biomassa ................... 32

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 12

2.1. Objetivo Geral ........................................................................................................... 12

2.2. Objetivos Específicos.................................................................................................12

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 13

3.1. Petróleo e Biocombustível: Breve Histórico ............................................................. 13

3.2. Biocombustível .......................................................................................................... 14

3.2.1. Biodiesel .................................................................................................................... 16

3.2.2. Bioetanol .................................................................................................................... 16

3.2.3. Hidrogênio ................................................................................................................. 16

3.2.4. Metano ....................................................................................................................... 16

3.2.5. Butanol ...................................................................................................................... 17

3.2.6. Metanol ...................................................................................................................... 17

3.3. Biomassa .................................................................................................................... 18

3.4. Tecnologias de conversão .......................................................................................... 19

3.4.1. Combustão Direta ...................................................................................................... 19

3.4.2. Gaseificação............................................................................................................... 19

3.4.3. Pirólise ....................................................................................................................... 20

3.4.4. Digestão Anaeróbia ................................................................................................... 20

3.4.5. Fermentação............................................................................................................... 21

3.4.6. Transesterificação ...................................................................................................... 22

3.5. Produção De Biocombustível A Partir De Algas ...................................................... 22

3.5.1. Produção de Biodíesel ............................................................................................... 23

3.5.2. Produção de bioetanol ............................................................................................... 32

3.5.3. Produção de biobutanol ............................................................................................. 33

3.5.4. Produção de biogás .................................................................................................... 33

3.5.5. Produção de biohidrogênio ........................................................................................ 34

4. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 34

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 35

10

1. INTRODUÇÃO

As pessoas hoje, independente da nacionalidade e cultura, estão conscientes da

existência de importantes questões econômicas, industriais, políticas e ambientais que o mundo

está enfrentando. As raízes destas questões podem possuir várias ramificações, mas de acordo

com jornais e outros meios comunicativos, sabemos que o petróleo e efeito estufa estão

ocasionando muitas polêmicas e preocupações para as populações.

O mundo hoje possui grande dependência do petróleo que, por possuir mais de 300

componentes em sua composição, é matéria-prima de diversos produtos utilizados no mundo

atual. Partir do “ouro negro” pode-se obter combustíveis (diesel e gasolina), geração de energia

elétrica a partir da queima de derivados do petróleo, o querosene, o GLP, compostos presentes

em cosméticos e medicamentos, importantes polímeros (plásticos e borrachas sintéticas),

fertilizantes, fibras sintéticas, alguns produtos alimentícios e de higiene, calçados, tintas, fralda

descartável etc. (PETROBRAS, 2014). Além da questão da dependência do petróleo, tem-se a

preocupação de ele ser uma fonte não renovável e, com alta demanda, o esgotamento torna-se

cada vez mais próximo. Outro ponto consiste o fato do petróleo não ser um recurso bem

distribuído, já que é praticamente concentrada no Oriente Médio (possui 47.9 % das reservas no

mundo), tornando-se região de alto interesse político e econômico para muitos países (BP, 2014).

Outra preocupação relevante corresponde ao efeito estufa com o aumento da

temperatura e mudança de clima na Terra. Sabe-se que o efeito estufa é ocasionado pela emissão

de determinados gases na atmosfera que retêm a energia emitida pelo sol, o calor, na Terra. Os

gases estufas são identificados como dióxido de carbono e metano que são liberados na atmosfera

principalmente pela queima de combustíveis fósseis para obtenção de energia elétrica ou de

transporte.

O transporte representa o grau de desenvolvimento da economia e riqueza de um país,

dessa forma quanto melhor a economia, maior tal atividade. Consequentemente aumenta-se a

poluição atmosférica e a dependência de petróleo, visto que o transporte é responsável por 23%

de emissão de gases estufas e 95% dos combustíveis fósseis usados são de origem deste óleo

(IPCC, 2007).

Dessa forma, pesquisadores e governantes perceberam a importância da busca de

alternativas de fontes de energia como uma necessidade frente à possibilidade de esgotamento do

11

petróleo, viabilizando-o para usos mais nobres e consequentemente minimizando a emissão de

poluentes na atmosfera (NASCIMENTO e MORO, 2011).

Como potencial alternativa ao petróleo, tem-se a utilização de biomassa como fonte de

energia, visto que é uma matéria-prima renovável, de alta eficiência energética, alta variabilidade

e disponibilidade de acordo com o clima e geografia da localidade. Além dessas vantagens a

biomassa é considerada um tipo de green technology, visto que no processo de geração de

energia - biocombustíveis não há produção de dióxido de carbono (NASCIMENTO e MORO,

2011).

A biomassa é um material heterogêneo, diversificado e com muitos componentes que a

torna desejada. Porém, para identificar tipos de biomassa mais viáveis e tipo de processo

utilizado para conversão desta em produto desejado, é importante conhecer as propriedades dos

componentes presentes e tecidos das plantas. Além do conhecimento nas áreas da Biologia, tem-

se a necessidade de aplicar conhecimentos de Termoquímica e Química. Além disso, a

infraestrutura e maiores investimentos são essenciais para “mover” a idéia de produzir

biocombustível a partir de biomassa. Dessa forma cada vez mais se produz biocombustível de

maneiras mais viáveis e competitivas com o petróleo.

12

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Obter conhecimentos gerais de biomassa e biocombustíveis para posterior

aprofundamento de uma única rota química e técnica de conversão de um tipo de biomassa em

determinado biocombustível.

2.2. Objetivos Específicos

• Identificar os tipos de biocombustíveis que podem ser obtidos através da biomassa.

• Identificar os tipos de biomassa que podem ser utilizados como fonte de

biocombustível.

• Aprender sobre estrutura biológica da biomassa.

• Identificar as tecnologias de conversão de biomassa em biocombustível existentes.

• Definir um tipo de biomassa e biocombustível de forma a focar em determinado

processo.

13

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Petróleo e Biocombustível: Breve Histórico

Desde as antigas civilizações, o homem utilizava biomassa (carvão vegetal e madeira)

como fonte de energia, que foi substituída por combustíveis fósseis que passou a ser utilizados

em larga escala mundialmente. Porém, na década de 70, o preço do petróleo aumentou

drasticamente, promovendo dois períodos conhecidos como choque do petróleo. Em 1973

aconteceu o primeiro choque devido à descoberta de que esta substância era um recurso não

renovável gerando conflitos políticos (alguns países ocidentais apoiaram Israel na Guerra do

Yom Kippur), fazendo com que os produtores do Oriente Médio (Arábia Saudita, Irã, Iraque e

Kuwait) diminuíssem a produção e aumentasse o preço do barril de US$ 2.90 para US$ 11,65

(FOLHA ONLINE, 2000). O segundo choque ocorreu em 1979, quando devido à Revolução

Islâmica, a produção de petróleo iraniana parou, elevando mais o preço do combustível fóssil de

US$ 14.02 para US$ 31.61.

Com o choque do petróleo e barateamento do açúcar, o Brasil em 1975, que importava

aproximadamente 80% do petróleo, começou-se a investir na produção de biocombustível,

iniciando-se o Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), decreto 76.593. Este programa

impulsionou tanto a produção de álcool a partir da cana, que já existia no Brasil desde 1920

quanto a produção de carros com motor movido a álcool, criado pelos engenheiros brasileiros

Jose Walter Bautista Vidal e Urbano Ernesto Stumpf (LEITE e LEAL, 2007). A história da cana-

de-açúcar no Brasil iniciou-se na época da colonização brasileira onde o valor do açúcar

correspondia ao do ouro. Portugal trouxe a cana-de-açúcar para ser cultiva na nova terra, visto

que a eficiência do cultivo é maior em áreas tropicais (UDOP, 2012).

Já os Estados Unidos passaram a investir na produção de álcool a partir do milho e os

países europeus e o Japão, não apostaram na produção de biocombustíveis (LEITE e LEAL,

2007).Porém devido a menor eficiência energética do álcool em relação a gasolina, aumento do

preço do açúcar para exportação (diminuindo a produção do álcool no Brasil) e a queda de preço

do petróleo em 1986, a utilização do álcool tornou-se desinteressante. Além disso, a partir de

2006 o Brasil torna-se auto-sustentável na produção de petróleo, diminuindo drasticamente o

interesse em bioetanol(KOHLHEPP, 2010).

Porém nos anos 90, houve grande preocupação com o meio ambiente, havendo a

obrigatoriedade brasileira de adição de substâncias oxigenadas na gasolina de forma a diminuir a

14

produção e emissão de monóxido de carbono e hidrocarbonetos. Dessa forma, surgiram

tecnologias que minimizavam a emissão de gases do efeito estufa. Além disso, com a consciência

do efeito estufa e a assinatura do Protocolo de Quieto no Japão, os países passaram a criar metas

de diminuição de emissão de dióxido de carbono, de modo que a demanda de biocombustíveis

reiniciasse (LEITE e LEAL, 2007).

Os Estados Unidos, na década de 90,desenvolveu a tecnologia flexfuel, onde o carro

utiliza álcool e ou gasolina, diminuindo a emissão de gases poluentes, que chegou ao Brasil em

2003 (IPEA, 2010).Porém, a queima de combustível fóssil, e consequentemente emissão de gases

estufas, ainda cresce exponencialmente devido à demanda ligada ao crescimento de frota de

veículos, indústrias e energia no mundo. Em 2011, a queima de combustível fóssil utilizado em

transporte, como gasolina e diesel, foi responsável por 22% da emissão de gás estufas no mundo

(IEA, 2013).

Embora a demanda de bioetanol seja a maior que os demais biocombustíveis, conforme a

Figura 1, e em comparação com o biodiesel, atualmente já existe outros biocombustíveis

produzidos a partir de diferentes biomassas que serão abordados neste trabalho. Dessa maneira, é

importante a pesquisa e investimento em novas técnicas de conversão e fonte de biomassa, a fim

de obter melhores e mais eficientes substituintes do petróleo para geração de combustíveis.

Figura 1 Demanda Mundial de tipos de Biocombustíveis (editado) (RESEARCH RECAP, 2008)

3.2. Biocombustível

O biocombustível é definido como material biológico gasoso ou líquido que quando

queimado gera energia, como por exemplo, biodiesel, etanol, hidrogênio, metano, butanol e

metanol(SUN GRANT BIOWEB , 2007). Os biocombustíveis gasosos são formados pela

decomposição de matéria orgânica, como tratamento de efluentes e aterros com resíduos sólidos,

que são degradados anaerobicamente. Os biocombustíveis podem ser classificados em primeira,

segunda e terceira geração, conforme a o tipo de biomassa (MARTINS, 2004).

15

Os biocombustíveis de primeira geração são formados por biomassas produzidas

diretamente pela fotossíntese, possuindo geralmente uso alimentício, como por exemplo, cana-de-

açúcar, trigo, batata, beterraba e milho. Devido a isso, há uma preocupação na produção de

biocombustíveis originados por tais tipos de biomassa, por substituir e competir com a produção

alimentícia, causar desmatamento da vegetação local, exigir alta demanda de água e ainda por

influenciar na economia, elevando o preço dos alimentos. Os biocombustíveis de primeira

geração podem ser o biodiesel, biogás, bioetanol e syngas. O bioetanol é o mais comum

combustível produzido principalmente pelos Estados Unidos e Brasil, utilizando milho e cana-de-

açúcar respectivamente. O segundo combustível mais produzido corresponde ao biodiesel,

produzido principalmente pela Alemanha. Com exceção da cana-de-açúcar, (bagaço utilizado

como co-produto é queimado para geração de calor e energia) biocombustíveis de primeira

geração podem ainda não ter benefícios sustentáveis devido ao modo como foram cultivados. O

processo de conversão corresponde à tecnologia de fermentação basicamente (LARSON, 2007)

(SIMS, TAYLOR, et al., 2008).

Já os biocombustíveis de segunda geração são etanóis considerados avançados e que são

originados a partir da lignocelulose possuindo duas rotas de conversão, sendo uma biológica- via

hidrólise enzimática e a outra rota por tratamento termoquímico (LARSON, 2007). A matéria-

prima para essa geração corresponde a resíduos agrícolas, como palha, resíduo industrial, como

licor de indústrias de papel, resíduo municipal e algumas gramíneas. A produção de

biocombustível de segunda geração pode ser maior que de primeira geração devido à maior oferta

e ainda possui maior potencial de não emissão de gases estufa do que os combustíveis de

primeira geração. Além disso, o custo do biocombustível de segunda geração é mais competitivo

ambientalmente comparando-se aos combustíveis fósseis. Porém, o custo pode ser atenuado com

mais investimentos, visto que o processo ainda não está maduro, podendo ser aperfeiçoado

(SIMS, TAYLOR, et al., 2008). Para que ocorra a conversão de lignocelulose em bioetanol, o

processo consiste em duas tecnologias, conversão termoquímica através da gaseificação,

posterior pirólise e torrefação e conversão Bioquímica através da fermentação.

Quanto aos biocombustíveis de terceira geração são produzidos por resíduos pós

consumo, incluindo gordura e ácidos graxos de seres vivos, basicamente produzidos por algas.

Estas eram a princípio classificadas como biomassa de segunda geração, porém após perceber

que o rendimento utilizando algas era muito maior mesmo em menor quantidade de recursos,

16

criou-se um grupo exclusivo. As algas produzem facilmente um óleo que pode ser utilizado n

obtenção de biodiesel e até mesmo alguns componentes da gasolina, e também, se modificada

geneticamente, metano, butanol e combustíveis para aviões (BIOFUEL, 2010).

Em suma, há inúmeros tipos de biocombustíveis obtidos por diferentes fontes de

biomassa e tecnologias de conversão aplicadas. Os biocombustíveis líquidos utilizados como

fonte de energia para transporte são o biodiesel, o bioetanol (primeira e segunda geração), o

biobutanol e o metanol. O hidrogênio e metano também são biocombustíveis, porém gasosos a

pressão e temperatura ambiente.

3.2.1. Biodiesel

O Biodiesel, ou éter metílico é um combustível renovável e biodegradável originado a

partir da transesterificação de lipídios, óleo animal ou vegetal, que pode ser usado puro nos

veículos movidos a motores de ignição de compressão ou mesmo em mistura com

diesel(BIOFUEL, 2010).

3.2.2. Bioetanol

O Etanol é um líquido inflamável usado como solvente, combustível e em bebidas

alcoólicas, e possui fórmula química C2H5OH. O bioetanol é produzido a partir da fermentação

de biomassa do tipo milho, cana-de-açúcar, beterraba, cereais, etc. O Bioetanol pode ser do tipo

primeira, segunda e terceira geração (BIOFUEL, 2010).

3.2.3. Hidrogênio

O hidrogênio é considerado uma alternativa limpa, por ser de fonte renovável, ao ser

queimado produz água e assim não emite poluentes, além de possui densidade energética

(122KJ/g) 2.7 vezes maior que combustíveis fósseis. A produção de hidrogênio pode ocorrer de

quatro maneiras: eletrólise da água, processo biológico (fotossintético ou fermentativo),

termoquímico e radioalítico (PEIXOTO, 2011).

3.2.4. Metano

O metano é um gás em pressão atmosférica e temperatura ambiente, que possui fórmula

química, CH4. Este hidrocarboneto é a principal substância encontrada no gás natural e que pode

ser produzido pela decomposição de matéria orgânica na ausência de oxigênio, via digestão

anaeróbica. A conversão anaeróbia da biomassa forma o metano, dióxido de carbono e água. O

co-produto formado por conter minerais, pode ser aplicado como fertilizante (MEIJDEN,

17

VERINGA, et al., 2009). A produção do biogás (metano e dióxido de carbono) pode ocorrer em

escala doméstica, como na Índia e China, assim como em escala industrial, na Alemanha, para

obtenção de energia elétrica. Porém, na Europa já se utiliza como combustível para veículos

(NANOU, 2013).

3.2.5. Butanol

Butanol corresponde a um álcool com quatro carbonos, C4H10O,com extremo grau de

inflamabilidade na presença de faísca que possui baixo ponto de ebulição. Pode ser produzido a

partir de lignocelulose e fermentação de açúcares. O interesse nessa substância ocorre devido ao

fato do biobutanol possuir características semelhantes à da gasolina em relação ao potencial

energético e por não haver necessidade de modificação do tipo de estrutura de armazenagem,

transporte e equipamentos caso o automóvel seja movido à gasolina, motores de ciclo Otto,

devido à semelhança de combustão para ambas as substâncias. Uma importante similaridade

corresponde à densidade energética, onde o da gasolina corresponde a 32MJ/L, o butanol possui

29,2 MJ/L e o etanol 19.6 MJ/L. Além disso, o butanol tem baixo calor de vaporização, assim

como a gasolina, o que favorece a partida no carro em ambientes frios. Há estudos que indicam o

biobutanol como alternativa ao etanol e a gasolina, já que possui 25% maior octanagem em

relação à gasolina, não corrói o motor e diminui a emissão de hidrocarbonetos na atmosfera

(LEMES e SOUZA, 2013). Porém a produção de biobutanol no Brasil é baixa e ainda o

biobutanol é considerado tóxico para microorganismos fermentativos. Assim, alguns

pesquisadores acreditam que essa substância não compete com o etanol na substituição da

gasolina, mas pode atuar como aditivo para melhorar a eficiências de outros combustíveis

(GUIMARAES, 2011).

3.2.6. Metanol

O metanol é uma substância líquida, volátil, transparente e de fórmula química CH3OH.

Usualmente ele é produzido sinteticamente de produtos fósseis, mas pode ser obtido através da

biomassa. O Metanol pode substituir a gasolina ou pode ser usado como mistura, como o M85

(85% metanol e 15% gasolina). Esse biocombustível pode ser produzido a partir de resíduos

agrícolas, como árvores, galhos, resíduo sólido industrial e municipal e gramíneas tornando-se

uma potencial fonte renovável. Além disso, o CH3OH possui octanagem maior que a gasolina e

assim maior eficiência, reduz a emissão de gases estufa e NOx, porém quando usado puro nos

veículos, há a necessidade de modificar os equipamentos para facilitar a partida quando em

18

ambiente frio e para evitar a corrosão pelo metanol e ou M85. (U.S DEPARTMENT OF

ENERGY, 1995)

3.3. Biomassa

Biomassa corresponde à matéria orgânica originada por material vegetal e resíduos (de

animais, municipais, excrementos, de madeira, de aterro) e é considerada um recurso renovável

por ser formada em curto espaço de tempo (MARTINS, 2004).

Através da fotossíntese, a biomassa vegetal é formada em um curto espaço de tempo e

absorve CO� da atmosfera de acordo com seu metabolismo, produzindo oxigênio e água. A

biomassa quando queimada libera energia (armazenada nas ligações químicas estruturais), água e

dióxido de carbono. Dessa forma, tem-se um ciclo que permite considerar a biomassa como um

recurso renovável que pode ser limitada pela eficiência da conversão fotossintética, clima e

geografia. (MARTINS, 2004).

As fontes de biomassa utilizada para obter bioenergia são vastas, como por exemplo,

plantações de milho usado na produção de etanol, canola ou colza como matéria-prima para

biodiesel, sorgo para produção de etanol, soja para produzir biodiesel, cana-de-açúcar para obter

etanol, cultivo de microalgas para obter biodiesel e cultivo de switchgrass para obter bioenergia a

partir das tecnologias de conversão que serão abordadas.

Ao realizar a fotossíntese, as plantas convertem a energia solar em energia química,

convertendo dióxido de carbono para formas reduzidas de carbono que fornecem energia para o

metabolismo vegetal. Tais substâncias, carboidratos e lipídios são fontes de energia utilizadas na

produção de biocombustíveis. O lipídio é um tecido de armazenamento de energia composto por

triglicerídeo com um glicerol e três ácidos graxos encontrados na membrana celular. Já os

carboidratos são constituintes de polissacarídeos incorporados pela parede celular também

composta por lignina e pectina (heteropolissacarídeo estrutural) (HODGE, 2014).

Os carboidratos correspondem à sacarose (dissacarídeo) encontrada, por exemplo, na cana-

de-açúcar e beterraba, amido, polissacarídeo encontrado nos cereais, milho, trigo e arroz,

celulose1�(C�H��O�)��, hemicelulose2�(C�H�O�)�, polissacarídeos presentes em bagaço de

cana, palha de trigo, palha de milho, fibra de estrume, palha de arroz (HODGE, 2014).

1Celulose é um polissacarídeo linear cristalino com monômeros de glicose conectados pela ligação glicosídica do tipo β-1,4 (CHEMMÉS, SILVA, et al., 2013).

19

Já a lignina� (CH��O�(OCH�)�� é um polímero aromático que protege o carboidrato de

patógenos (fungos, insetos), fornece estabilidade vascular e barreira contra perda de água, que

pode ser de três tipos, monolignóis (monômeros): MH, MG e MS. A lignina possui ligações

resistentes e possui vários tipos de ligações entre os monolignóis, dificultando a quebra da lignina

em formas de carbono reduzidas (HODGE, 2014).

As substâncias mencionadas acima são encontradas em diferentes proporções de acordo

com o tipo de biomassa, método de colheita, condições ambientais. Assim, quanto maior a

composição lignocelulósica, maior a recalcitrância, dificultando a ação de enzimas degradadoras

de polissacarídeos (FARINAS, 2011). De acordo com a composição química da biomassa, têm-se

técnicas específicas para remover a lignina, obter o monômero de glicose e consequentemente

sintetizar o biocombustível.

3.4. Tecnologias de conversão

Para converter a biomassa em energia, há diferentes tecnologias de conversão que podem

ser utilizados em conjunto ou separadamente, dependendo da matéria-prima e tipo de

biocombustível desejado. Os tipos de tecnologias podem do tipo rota bioquímica, físico-química

e termoquímica. A fermentação e a digestão anaeróbia correspondem à tecnologia de conversão

bioquímica, já a combustão direta, gaseificação e pirólise correspondem à conversão

termoquímica e a compressão-extração e transesterificação como tecnologia físico-química

(FILHO, 2009). As principais tecnologias de conversão de biomassa em bioenergia são descritas

a seguir.

3.4.1. Combustão Direta

A biomassa é queimada para geração de calor, porém a eficiência é baixa devido a

umidade presente na biomassa. Assim o composto obtido tem baixa densidade energética

(ANEEL, 2011).

3.4.2. Gaseificação

O sólido é convertido em gás de síntese, monóxido de carbono e hidrogênio, além de

metano, nitrogênio e dióxido de carbono, carvão e alcatrão em um ambiente com temperaturas de

600 a 1000°C e com presença de oxigênio limitada (SAFFRON, 2014). Nesse processo, a

2Hemicelulose é um polímero formado por diferentes monômeros, e é uma molécula curta e ramificada por pentoses, hexoses e ácido glucurônico e manurônico. No vegetal, a hemicelulose conecta a lignina e fibras de celulose (CHEMMÉS, SILVA, et al., 2013).

eficiência é maior que na combustão direta

fluidizado ou leito fixo (ANEEL, 2011)

A técnica de gaseificação é uma combinação

onde cada processo térmico pode ocorrer simultaneame

conforme a Figura 2. Nesta técnica a biomassa é convertida em gás de síntese através de oxidação

parcial e outras reações também ocorrem, como reforma do metano do gás de síntese, reação de

shift que consiste na conversão de monóxido de carbono

purificação com a remoção de gases inertes como CO2 e nitrogênio

2006), conforme a Tabela 1

Figura 2 Gaseificador –

Fonte: (SAFFRON, 2014)

3.4.3. Pirólise

A pirólise lenta acontece quando a biomassa é queimada

(praticamente) ausência de ar

além de 15% de gases como óxido de carbono e hidrogênio

(SAFFRON, 2014). Existe também a pirólise rápida que obtém hidrogênio, 10% de carvão e 60%

de CO a temperaturas de 800 a 900°

3.4.4. Digestão Anaeróbia

Processo biológico onde a matéria orgânica

umidade e calor (temperatura

eficiência é maior que na combustão direta e os gaseificadores podem ser reatores de leito

(ANEEL, 2011).

A técnica de gaseificação é uma combinação da combustão, com pirólise e gaseificação

onde cada processo térmico pode ocorrer simultaneamente ou não dentro de um gaseificador

Nesta técnica a biomassa é convertida em gás de síntese através de oxidação

parcial e outras reações também ocorrem, como reforma do metano do gás de síntese, reação de

que consiste na conversão de monóxido de carbono e água em hidrogênio e posteriormente a

purificação com a remoção de gases inertes como CO2 e nitrogênio

, conforme a Tabela 1.

design Editado

(SAFFRON, 2014)

Tabela 1Reações durante a Gaseificação (Editado)

Secagem Biomassa+ calor

Pirólise biomassa seca + calor

+ CO + H

+ insaturados + oxigenados Gaseificação C + H

Água-gás

shift

Fonte: (SAFFRON, 2014)

Pirólise

lise lenta acontece quando a biomassa é queimada

) ausência de ar, obtendo se 15% de carvão que possui alta densidade energética

15% de gases como óxido de carbono e hidrogênio e 70% de óleo combustível

. Existe também a pirólise rápida que obtém hidrogênio, 10% de carvão e 60%

a temperaturas de 800 a 900° (ANEEL, 2011).

Digestão Anaeróbia

biológico onde a matéria orgânica, dejetos como esterco e resíduos,

(temperatura em torno de 35 °C) é decomposta na ausência de ar,

20

e os gaseificadores podem ser reatores de leito

da combustão, com pirólise e gaseificação

nte ou não dentro de um gaseificador,

Nesta técnica a biomassa é convertida em gás de síntese através de oxidação

parcial e outras reações também ocorrem, como reforma do metano do gás de síntese, reação de

em hidrogênio e posteriormente a

(SORDI, SILVA, et al.,

Reações durante a Gaseificação

Reações

Biomassa+ calor→ biomassa

seca +vapor

biomassa seca + calor → C + CO2

+ CO + H2 + CH4 + CnHm

+ insaturados + oxigenados

C + H2O + calor→ CO + H2

C + CO2 → CO

CO + H2O → H2 + CO2

(SAFFRON, 2014)

lise lenta acontece quando a biomassa é queimada de 400 a 600 °C na

carvão que possui alta densidade energética,

70% de óleo combustível

. Existe também a pirólise rápida que obtém hidrogênio, 10% de carvão e 60%

, dejetos como esterco e resíduos, com a

na ausência de ar, havendo

21

formação de biogás (50 a 75% de metano e dióxido de carbono) e de efluentes que podem ser

utilizados na agricultura como fertilizantes. (ANEEL, 2011).

3.4.5. Fermentação

A fermentação também ocorre por ação biológica, onde microrganismos convertem a

glicose da biomassa em alcoóis utilizando-se o metabolismo celular das enzimas de levedura

saccharomy cescerevisae (do pão) para obter etanol, conforme a Equação 1(ANEEL, 2011).

C�H��O�

Glicose fora da célula

Metabolısmo dentro

da célula

��������������������������������������������� 2CO� + 2C�H�OH

Etanol fora da célula (1)

Quando a matéria-prima tem alto teor lignocelulósico, diferentemente da biomassa de

primeira geração, é necessário a etapa de pré-tratamento para facilitar a atuação de enzimas que

hidrolisam os polissacarídeos para formação de monômeros de glicose, para posterior

fermentação destes para produção de etanol celulósico (E2G)3 (HODGE, 2014).

O pré-tratamento é uma das mais importantes etapas na produção de E2G, visto que

influencia na eficiência de obtenção de açúcar e posterior maior produção de álcool pela

fermentação. Basicamente, essa etapa é necessária, para diminuir a resistência estrutural do

vegetal em alcançar os monômeros energéticos. Com o pré-tratamento, separa-se a lignina da

matriz, solubiliza a hemicelulose e reduz a cristalinidade da celulose, de forma expor os

carboidratos para a ação das enzimas. Essa etapa engloba processos físicos (moagem, tratamento

hidrotermal, emissão de radiação), químicos (adição de ácidos, bases ou solventes orgânicos) ou

físico-químico, como a explosão de vapor, explosão com dióxido de carbono, tratamento com

água quente (CHEMMÉS, SILVA, et al., 2013), AFEX, entre outros) (BALAN, BALS, et al.,

2009).

A tecnologia de explosão de vapor separa os principais componentes da biomassa,

celulose, hemicelulose e lignina, através da aplicação de vapor de água saturado à alta pressão

sobre a biomassa em um reator (CHEMMÉS, SILVA, et al., 2013).

Já a tecnologia de explosão com CO2 consiste na aplicação de dióxido de carbono

em condições supercríticas de forma a modificar a estrutura da lignocelulose (CHEMMÉS,

3 Em setembro de 2014, o Brasil iniciou-se a produção de bioetanol de segunda geração em Alagoas, a partir do bagaço da cana e palha. Porém o custo ainda é superior ao etanol de primeira geração, que se espera ser barateado quando atingir-se capacidade total da usina. (FREITAS, 2014)

22

SILVA, et al., 2013). Quanto a tecnologia com aplicação de água quente desintegra a estrutura

lignocelulósica (CHEMMÉS, SILVA, et al., 2013).

AFEX é uma das tecnologias consideradas mais eficiente atualmente e consiste na

combinação de alta temperatura e pressão com a adição de amônia, que atua de forma a

descristalizar a celulose, hidrolisar a hemicelulose e reduzir a quantidade de lignina (BALAN,

BALS, et al., 2009).Há muitas pesquisas sobre desenvolvimento de novas técnicas promissoras

de forma a não só separar os três componentes, mas também aproveitá-los. Por exemplo, da

celulose pode-se aproveitar a glicose e a xilose da hemicelulose, além da lignina (TOMÉ, 2013).

Após o pré-tratamento, a biomassa composta por polissacarídeos (amido4, celulose e

hemicelulose) devem ser degradadas de forma a obter monômeros de glicose. A Hidrólise pode

ser do tipo enzimática ou química ao adicionar ácido (HODGE, 2014).

3.4.6. Transesterificação

Transesterificação é a conversão do óleo, obtido após prensagem da biomassa e extração

por solvente, com álcool (metanol ou etanol) e uma base (NaOH ou K) em glicerina e ésteres,

formando o biodiesel (ANEEL, 2011).

3.5. Produção De Biocombustível A Partir De Algas

Através de estudos, descobriu-se que algas, organismos autótrofos presentes em locais

úmidos-água doce ou salgada, podem ser aplicadas em processos industriais para produção de

biodiesel, a partir de lipídios acumulados nas células, produção de bioetanol a partir da

fermentação dos carboidratos nas algas (MCTI, 2015), assim como biogás, biohidrogênio e

biobutanol através de métodos termoquímicos, químicos e bioquímicos, conforme a Figura 3 que

serão detalhados a seguir (DRAGONE, FERNANDES e VICENTE, 2010).

4 O amido pode ser do tipo amilose (ligações entre os monômeros do tipo α (1,4)), sendo necessário a aplicação da enzima α amilase, ou o amido pode ser do tipo amilopectina (possui ligações α (1,4) e α (1,6) entre os monômeros), sendo necessário a aplicação da glucoamilase na etapa antes da fermentação (HODGE, 2014).

23

Figura 3 Processos de conversão da biomassa alga em biocombustíveis

Fonte: (DRAGONE, FERNANDES e VICENTE, 2010) Editado

3.5.1. Produção de Biodíesel

Algumas algas armazenam elevadas concentrações de lipídios, que podem ser

convertidos em biocombustíveis. Plantas oleaginosas, como a soja já são usadas como fonte de

produção de biodiesel, porém a produtividade deste combustível pelas algas se apresenta mais

elevada ao compara-se com tais plantas. A quantidade de lipídio a ser encontrada nas algas pode

ser otimizada, dependendo-se da espécie, condições ambientais, fonte de alimento, intensidade de

luz, temperatura, quantidade de sais presentes na água, CO2 e tipo de cultivo e colheita a ser

aplicado (J. F. RECALCATTI, 2014).

Quanto à característica fisco-química do biocombustível das algas, este apresenta alta

semelhança com o biodiesel de oleaginosas. Como ponto de fulgor de aproximadamente 115°C e

acidez baixa (J. F. RECALCATTI, 2014). Além disso, a aplicação das algas nestes processos

contribui na redução de dióxido de carbono da atmosfera, atua como tratamento de efluentes ao

usar resíduos como meio de cultivo, gera resíduos para nutrição animal sem necessidade de

ocupar grandes áreas para produção, tem crescimento mais rápido que outras biomassas (cana-de-

açúcar, soja etc.), podem possuir até quase três vezes a quantidade de óleo que a soja e não

compete com o cultivo de alimentos (MCTI, 2014). Devido às microalgas obterem 60 a 80% do

Alga como

biomassa

Conversão

bioquímica

Produção direta e

indireta de hidrogênio

Hidrogênio

FermentaçãoBioetanol e

Biobutanol

Digestão

AnaeróbiaMetano

Conversão

Termoquímica

Gaseificação Syngas

Pirólise Syngas

Combustão diretaGeração de

eletricidade

Reação química Transesterificação Biodíesel

24

peso em lipídios, em um hectare pode se produzir aproximadamente 100 litros de biocombustível,

quantidade superior se comparado com plantas oleaginosas (BARROS, 200?).

Os Estados Unidos, país com produção do biodiesel para o exército, a China, Japão e

Índia são atualmente responsáveis por 90% da produção de biocombustível a partir de alga no

mundo. Já o Brasil possui algumas universidades que desenvolvem estudos multidisciplinares na

área, como UFPR, UFBA, UFRJ, UFRN, UFG e FURG. Há também a Petrobrás, a pioneira a

iniciar pesquisas com algas no Brasil e a Embrapa (CANAL BIOENERGIA, 2015).

A situação atual da produção de biocombustível a partir de algas ainda não é satisfatória,

visto que não há produção em larga escala. Embora haja elevado rendimento na extração de óleo,

se comparado as plantas oleaginosas, conforme a Tabela 2, a produção de biocombustível a partir

de microalgas ainda requer mais pesquisa, devido a fatores como, diversidade de microalgas,

manipulação de fatores que influenciam na produção, técnicas de extração, cultivo de microalgas

e produção do biocombustível.

Tabela 2 Rendimento de óleo de acordo com a biomassa

Biomassa Rendimento de óleo t/ha.ano Mamona 0,5-1,0

Soja 0,2-0,6 Girassol 0,5-1,5 Canola 0,5-0,9

Pinhão Manso 2,0-3,0 Óleo de Palma (Dendê) 3,0-6,0

Microalgas 50-100 Fonte: (PEQUENO, SOARES, et al., 2012)

Além disso, o custo envolvido é elevado devido às tecnologias empregadas, que pode ser

menor caso empreguem-se resíduos como meio de cultivo, inovação nos sistemas de cultivo e

extração e reaproveitamento total da biomassa e resíduos, como por exemplo, reuso e aplicação

destes como fonte de alimento animal, biofertilizantes, extração de biopolímero, pigmentos etc.

(MCTI, 2014). Em geral, a produção de biodiesel a partir de algas compreende importantes

etapas representadas na Figura 4.

Figura 4 Processo de Produção de Biodíesel a partir de Algas

Seleção de Algas

Cultivo ColheitaExtração de Óleo

Síntese do

Biodíesel

25

i. Seleção de algas

As algas são potenciais fontes de produção de biodiesel por possuírem a capacidade de

armazenar altos teores de óleo como fonte de energia, como por exemplo, triacilglicerol. Porém,

o primeiro passo a ser seguido, corresponde à seleção da alga, visto que a quantidade de

compostos oleosos de algas varia de espécie para espécie, influenciando na eficiência e

viabilidade do processo de produção de biocombustível. A Tabela 3 mostra a relação entre alga e

quantidade de lipídio(OLIVEIRA, SCHAFFNER, et al., 2014). Entretanto, a alga ideal deve ser

aquela que apresenta não apenas alto teor de lipídio, mas também elevada taxa de crescimento,

facilidade de separação da biomassa, que gere subprodutos que agregam valor industrial e

resistência a intempéries dependendo do meio de cultivo escolhido. Muitas algas podem ser

utilizadas na obtenção de lipídios em escala comercial, porém alguns fatores já citados (como

modo de cultivo, condições de crescimento que serão comentados no tópico 4.3.2, etc.)

influenciam tanto na composição do produto quanto quantidade. Assim, como não há espécie

específica de alga que se adéqüe a todas as condições, atualmente aplica-se do conhecimento em

engenharia genética como uma das ferramentas para otimizar a produção de biocombustível a

partir de algas (ARAUJO, PAZ, et al., 2012).

Tabela 3 Teor lipídico Presente em Diferentes Tipos de Algas

Alga Teor lipídico(%) Botryococcus braunii 25-75 Chlorella sp 28-32 Cohnii Crypthecodinium 20 Cylindrotheca sp 16-37 Dunaliella primolecta 23 Isochrysis sp. 25-33 Monallanthus salina > 20 Nannochloris sp 20-35 Nannochloropsis sp. 31-68 Neochloris oleoabundans 35-54 Nitzschia sp 45-47 Phaeodactylum tricornutum 20-30 Schizochytrium sp. 50-77 Tetraselmis sueica 15-23

Fonte: (OLIVEIRA, SCHAFFNER, et al., 2014)

26

ii. Meio de Cultivo

O Cultivo de algas ocorre de maneira simples, visto que o meio de cultura pode ser água

salgada ou doce com matéria orgânica residual (resíduos agrícolas, agropecuários e águas

residuais) em um reator ou tanques abertos. Durante o cultivo não há necessidade de adição de

adubos químicos, em regiões com alta taxa de incidência solar e a colheita pode ser realizada a

cada dois dias, visto que esse é o tempo hábil para que o tamanho das microalgas duplique

(BARROS, 200?).

a. Modalidades de cultivo

A modalidade de cultivo de algas dependerá se a alga é autotrófica, heterotrófica ou ambos

modos, mixotrófico, o que implica no tipo de fonte de alimentação de carbono e energia para o

crescimento (FRANCO, LÔBO, et al., 2013).

Quando a alga é autotrófica ocorre a reação de fotossíntese, onde a energia luminosa, água

e o dióxido de carbono absorvido são convertidos em moléculas de oxigênio, água e

biomoléculas, conforme a Equação 2 como polissacarídeos, lipídios, ácidos nucléicos e proteínas

necessárias para o desenvolvimento biológico (FRANCO, LÔBO, et al., 2013).

6��� + 12��� ������

��������� ���������

����������������

� 6�� + ������� + 6��� (2)

Se o cultivo corresponde ao heterotrófico, a alga sintetiza tais biomoléculas a partir de

compostos orgânicos disponíveis no meio. Já se o meio for mixotrófico a energia é obtida pela

absorção de luz, compostos orgânicos e ��� (FRANCO, LÔBO, et al., 2013).

b. Parâmetros para o Desenvolvimento Biológico

A cinética do crescimento de algas corresponde basicamente à cinética microbiana, exceto

pela capacidade de realizar fotossíntese. Assim a taxa de crescimento das algas é referente à

intensidade da luz (quanto maior melhor, porém se muito elevada, pode prejudicar a alga. Além

disso, esse parâmetro depende da localização geográfica do meio de cultivo), I, temperatura

(depende da espécie da alga, mas geralmente é ideal em torno de 20 a 30°C), T, concentração de

substrato, S, pH e tipo de espécie. A taxa de crescimento da alga, μ, pode ser definida pela

concentração de biomassa, X e a variação da mesma ao longo do tempo, conforme a Equação 3

abaixo (CHEN, 2014):

μ =1

X

dX

dt ⇒

dX

dT= μX (3)

27

Dessa forma o balanço de massa no estado estacionário para a alga, tem como resultado a

Equação 4 (CHEN, 2014):

Entrada − Saída + Geração = Acúmulo

0 − FX + μXV =dX

dt ⇒ 0 − FX + μXV = 0

μ = F

V �4�

Onde:

F = Vazão Volumétrica (��/s)

X = Concentração de biomassa (g/��)

μ= taxa de crescimento da alga ( ��)

V= volume do reator (��)

Com o balanço de massa do substrato limitante no estado estacionário tem que a

concentração de substrato será dado pela Equação 5 (CHEN, 2014):

FS� − FS + (μXV)Y�� = �

!V ⇒ FS� − FS + (μXV)Y�� = 0

X =(S� − S)

Y�� (5)

Onde:

S = concentração do substrato limitante (g/L)

Y�� = concentração da biomassa em porcentagem.

Já a produtividade da alga pode ser expressa pela Equação 6 (CHEN, 2014):

P =dX

dt V

A= μX

V

A = μXd (6)

Onde:

P = produtividade da alga (g/m2. dia)

V = volume do reator ( m3)

A = área superficial do reator (m2)

d = profundidade do reator (m).

Considerando por fim que a taxa de crescimento da alga depende da intensidade luminosa,

temperatura e fonte de nutrientes, tem-se a Equação 7 e 8 (CHEN, 2014):

� = ���"

�� + �

� + �# (7)

28

���" = ����

� (8)

Onde:

S = concentração de substrato

I = energia luminosa incidente (cal/cm2.dia)

X = a concentração de biomassa (M/L3)

T temperatura em Kelvin

a = constante de temperatura

E = energia de ativação (kJ)

K= constante de Substrato (MG/L)

Ik = intensidade com taxa de crescimento máximo(cal/cm2.dia)

c. Sistema de Cultivo

O sistema de cultivos de algas para produção de bicombustível pode ser do tipo fechado ou

aberto. O sistema aberto pode ainda ter algumas variações, podendo ser do tipo raceway e lagoas,

já para sistema fechado tem-se os fotobiorreatores (FRANCO, LÔBO, et al., 2013).

Os parâmetros de crescimento das algas estão diretamente ligados ao meio de cultivo e

consequentemente a produtividade de algas, conforme a Tabela 4.

Tabela 4 Comparação entre os Sistemas de Cultivo de Algas

Tipo de Sistema de

Cultivo

Concentração de CO2 e O2

Tempera-tura

Agitação Produtivi-

dade Desvantagem Vantagem

Lagoa Varia de

acordo com o ambiente

Varia de acordo com o ambiente e profundi-

dade do meio

De acordo com o vento

Depende das condições

climáticas e localização geográfica

Sem controle das condições

de cultura, demanda

grande área operacional,

risco de contamina-ção, reação

lenta

Simplicida-de, baixo custo e

facilidade de construção e

operação Raceway

Varia de acordo com o

ambiente

Varia de acordo com o ambiente

Laminar ou

turbulen-to

Depende das condições

climáticas e localização geográfica

Fotobior-reator

Controle e aplicação de

exaustão

Controle por

serpentinas

Laminar ou

turbulen-to

Indepen-dente das condições

climáticas e localização geográfica

Gradiente de pH e

iluminação, acúmulo de

O2

Alta produtivida-

de de biomassa,

reação rápida

Fonte: (OLIVEIRA, SCHAFFNER, et al., 2014) e (CHEN, 2014)

29

iii. Coleta de algas - Colheita

Após o cultivo e crescimento das algas, é necessária a remoção destas do meio de cultivo,

para posterior extração do lipídio. A separação pode ocorrer principalmente por meio da

centrifugação e ou filtração e ainda flotação e floculação como métodos auxiliares (FRANCO,

LÔBO, et al., 2013).

A filtração é capaz de coletar algas de baixa densidade e pode ser aplicada a vácuo. Porém

a biomassa pode entupir o filtro eventualmente (CHEN, 2014).

Já, a floculação consiste na adição de substâncias que induzem a agregação das algas. Os

floculantes podem ser químicos, como sais de alumínio e ferro, assim como biofloculantes, como

quitosina. Além disso, a floculação pode ocorrer ao aplicar CO2 no sistema, causando auto

floculação das algas (CHEN, 2014).

Quanto a flotação, esta ocorre ao ajustar o pH e inserir ar no sistema de forma a criar

espuma na superfície do liquido. Esse processo é de alto custo em escala comercial (CHEN,

2014).

Por último, a centrifugação é um método eficiente, muito utilizado e coleta demais

partículas além das algas, porém demanda alto consumo de energia elétrica, além de danificar a

estrutura celular (CHEN, 2014).

iv. Extração do Lipídio

Esta etapa, assim como a colheita, é um processo de alta demanda energética, visto que se

deve eliminar a água da biomassa coletada do meio de cultivo (FRANCO, LÔBO, et al., 2013).

O processo de secagem pode ocorrer por spray, onde a amostra é posta em uma câmara com

corrente de calor, tambor de secagem, onde há transferência de calor interno, liofilização, onde a

amostra é congelada para posterior eliminação da água por sublimação e por último secagem por

exposição ao sol, modo economicamente mais viável (ARAUJO, PAZ, et al., 2012). Esta etapa

de extração do óleo é responsável por influenciar na produtividade do processo assim como a

qualidade do combustível (FRANCO, LÔBO, et al., 2013).

O lipídio de alga compreende fosfolipídeos, glicolipídeos, triacilglicerídeos etc., porém

somente o ultimo é facilmente convertido em biodiesel na transesterificação. Dessa forma, a

extração deve ser um método seletivo, capaz de obter apenas as substâncias desejadas para a

reação de síntese de biocombustível. Os métodos de extração de lipídios consistem na

combinação de prensagem da biomassa seca (extrai aproximadamente 75% de óleo) e extração

30

por solvente orgânico (benzeno, éter etílico e hexano), ou extração com CO2 ou água ou metanol

em estado supercrítico, choque osmótico, extração com enzimas juntamente com aplicação de

ultrassom e micro-ondas (CHEN, 2014) (FRANCO, LÔBO, et al., 2013) (ARAUJO, PAZ, et

al., 2012).

A extração de lipídio por solvente orgânico se dá por difusão das moléculas, podendo

ocorrer por Soxhlet e Método Bligh e Dyer, onde se aplica uma mistura de solvente orgânico,

metanol e clorofórmio, o lipídio desloca-se para a fase do clorofórmio, solvente mais denso, e a

água para a fase álcool (CHEN, 2014) (FRANCO, LÔBO, et al., 2013). A combinação de

prensagem com extração por solvente atinge-se 98% de eficiência na extração do óleo de algas

(ARAUJO, PAZ, et al., 2012).

A extração supercrítica exige equipamento de alta pressão encarecendo o processo. Já a

extração enzimática ocorre ao adicionar enzimas que degradam a parede celular da alga e o

solvente corresponde simplesmente à água, que fraciona o óleo facilmente. A eficiência desse

processo atinge 90%, porém o custo deste método é bem mais elevado que a de extração por

solvente orgânico. O choque osmótico ocorre com a rápida redução da pressão osmótica

causando a ruptura das células e conseqüente liberação do lipídio (OILGAE, 2015) (ARAUJO,

PAZ, et al., 2012).

As técnicas de ultrassom, floculação e fluídos supercríticos caracterizam métodos que a

quantidade de solvente seja reduzida assim como o tempo de extração, fatores importantes a

serem considerados, já que influencia diretamente na viabilidade do processo em escala

comercial e impactos ambientais (ARAUJO, PAZ, et al., 2012).

As demais substâncias residuais separadas do óleo, como proteínas e polissacarídeos,

podem ser reaproveitadas nas indústrias de fármacos, alimentos etc. de forma a aumentar a

viabilização do processo de produção de biocombustível (FRANCO, LÔBO, et al., 2013) l.

v. Síntese de biodíesel e subprodutos

O biodiesel pode ser originado a partir de óleos vegetais, tais como soja, mamona, dendê,

milho, amendoim e até por óleo de frituras. Porém atualmente este combustível pode também ser

produzido a partir de óleos de algas, despertando alto interesse por apresentar alto rendimento

energético comparado com o biodiesel de oleaginosas, aproximadamente trinta vezes maior por

acre de cultivo do grão (FRANCO, LÔBO, et al., 2013).

31

O biodiesel, após a extração de lipídios da biomassa, pode ser sintetizado principalmente

pela transesterificação, de acordo com as características físico-químicas do óleo aplicando base,

ácido ou enzima como catalisador homogêneo ou heterogêneo (FRANCO, LÔBO, et al., 2013).

A transesterificação ocorre quando o triglicerídio reagem com um álcool em excesso,

obtendo-se uma proporção de 1:3, resultando em ésteres mono-alquílicos, que corresponde-se ao

biodiesel e glicerol ou glicerina como subproduto, conforme a Figura 5 (OLIVEIRA,

SCHAFFNER, et al., 2014) :

Figura 5 Equação Estequiométrica da Reação de Transesterificação

O tipo mais comum de catalisador utilizado é uma base, hidróxido de sódio que possui

baixo custo e ainda gera menor emissão de poluente atmosférico por obter combustão completa

do biodiesel, que possui alta composição de oxigênio entre as moléculas (OLIVEIRA,

SCHAFFNER, et al., 2014). Porém, há estudos que mostram que a catálise alcalina influencia

negativamente a qualidade do biodiesel, já que o óleo de microalgas apresenta elevada acidez,

sendo assim a catálise ácida, com a utilização de ácido sulfúrico, mais adequada ao processo

(ARAUJO, PAZ, et al., 2012).

Outro importante componente da reação de transesterificação corresponde-se ao álcool.

Esse reagente pode ser o metanol ou etanol. O primeiro é mais amplamente utilizado por

apresentar baixo custo, porem o último é mais sustentável porem pouco usado devido ao custo

mais elevado (OLIVEIRA, SCHAFFNER, et al., 2014).

O glicerol é um dos subprodutos da reação de transesterificação, que deve ser separado do

biodiesel e que pode ser vendido, assim como os demais resíduos que podem ser usados como

alimentos para animais e também ir para o processo de digestão anaeróbica para obtenção de

biogás, que pode ser usado como fonte de energia. Assim tais usos dos resíduos são maneiras de

integrar o processo e liquidar o custo gerado no processo de biodiesel a partir de algas (CHISTI,

2007).

32

3.5.2. Produção de bioetanol

As algas possuem alta eficiência na reação fotossintética e é capaz de sintetizar e acumular

altas quantidades de carboidrato. Alem disso as células das macroalgas, como as algas marrom,

verde e vermelha não possuem hemicelulose e lignina não sendo necessário pré-tratamento para

obter monômero de glicose, diferentemente das microalgas (CHAUDHARY, PRADHAN e

SONI, 2014).

As algas podem converter 6 % da radiação solar em biomassa, já a cana de açúcar, a mais

eficiente agricultura em termos de energia, converte em torno de 3,5 a 4%. Assim a alga tornou-

se um alvo cientifico para o estudo de produção de biomassa em biocombustivel. Além disso, as

algas não requerem terras cultiváveis para o desenvolvimento podendo ser cultivadas em águas

residuárias que já ocupam uma área que não compete com a agricultura alimentícia

(CHAUDHARY, PRADHAN e SONI, 2014).

a. Seleção de algas

Algumas algas podem produzir mais carboidratos do que lipídios, como por exemplo,

spirulina, porphyridium purpureum. Além disso, essas espécies possuem eficiência na produção

de álcool muito maior que plantas terrestres, conforme a Tabela 5 (CHAUDHARY, PRADHAN

e SONI, 2014):

Tabela 5 Rendimento de obtenção de Bioetanol de acordo com o tipo de Biomassa

Biomassa Rendimento – Etanol (gal/acre) Rendimento Etanol ( L/ha)

Palha de Milho 112-150 1050-1400

Trigo 277 2590

Mandioca 354 3310

Sorgo sacarino 326-435 3050-4070

Milho 370-430 3460-4020

Cana-de-açúcar5 695 6500 Beterraba 536-714 5010-6680

Switch grass 1150 10760

Microalga 5000-15000 46760-140290

Fonte (CHAUDHARY, PRADHAN e SONI, 2014)

5 Valor de rendimento extraído de (BRASKEM, 2015)

33

b. Meio de cultivo

As algas assim como no processo de produção de biodíesel, podem ser cultivadas em lagos

ou fotobiorreatores, posteriormente tem-se a colheita e extração da do amido para ser fermentado,

obtendo-se o álcool que deve ser destilado para se separar das demais substâncias

(CHAUDHARY, PRADHAN e SONI, 2014).

c. Extração de alga e síntese do bioetanol

A extração de carboidrato pode ser mecânica utilizando ferramentas mecânicas como

ultrassom ou por dissolução da parede celular aplicando-se enzimas. Posteriormente o amido é

removido por extração com água ou solvente orgânico. Depois leveduras são adicionadas para

iniciar a fermentação do açúcar para obter o álcool. Finalmente, o liquido é bombeado para um

tanque de destilação. Assim a produção de álcool por alga envolve algas fotossintéticas e

microorganismos anaeróbios (CHAUDHARY, PRADHAN e SONI, 2014).

3.5.3. Produção de biobutanol

O biobutanol é produzido comercialmente ao converte anaerobicamente carboidrato em

acetona, butanol e etanol pela bactéria Clostridium Acetobutylicum (MURRAY, GROOM, et al.,

2013).

Para produzir o biobutanol a partir de alga, os estágios existentes são os mesmos que para

produzir etanol. A diferença consiste que, na fermentação em geral há duas etapas. A primeira

consiste em transformar os açúcares em ácidos orgânicos, como ácido acético, láctico e burítico.

Assim, na segunda etapa da fermentação foca-se no ácido burítico e respectiva conversão em

butanol. A idéia em produzir o biobutanol seria isolar rapidamente este ácido dos demais para

continuar a conversão e assim obter este biocombustivel (HESTEKIN e MCGOWAN, 2011).

3.5.4. Produção de biogás

Após a extração do lipídio da alga, todo o resíduo pode ir para um tanque de digestão

anaeróbia. Essa etapa é uma das formas de obter outra forma de biocombustivel, biogás, e assim

aumentar a viabilidade do processo (MURRAY, GROOM, et al., 2013)

Com a digestão anaeróbia obtém metano e gás carbono. O primeiro gás pode ser queimado

por motores de veículos e o segundo gás pode ser redirecionado para as algas, como fonte de

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reagente para reação de fotossíntese. O lodo restante da digestão anaeróbia pode ser utilizado

como fertilizantes (MURRAY, GROOM, et al., 2013).

3.5.5. Produção de biohidrogênio

O biohidrogênio pode ser produzido a partir de alga por dois métodos, processo bioquímico

e termoquímico (SHAISHAV, R.N. e SATYENDRA, 2013).

No processo bioquímico, ocorre a produção de molécula de hidrogênio a partir da reação de

fotossíntese, havendo duas possibilidades disso ocorrer (SHAISHAV, R.N. e SATYENDRA,

2013).

A primeira é denominada biofotólise direta, onde a alga dissocia a molécula de água sob luz

solar, conforme a Equação 9 (SHAISHAV, R.N. e SATYENDRA, 2013).

��� + ��� ⇒ 2�� + �� (9)

A segunda maneira de conversão é denominada biofotólise indireta onde ocorre a

conversão de energia solar em energia bioquímica e redução de CO2 em componentes orgânicos

e posterior produção de hidrogênio a partir de água e glicose por microalga e cyanobactéria,

conforme a Equação 10 e 11 (SHAISHAV, R.N. e SATYENDRA, 2013).

12��� + 6��� + ��� ⇒ ������� + 6�� (10)

12��� + ������� + ��� ⇒ 12�� + 6��� (11)

Com a gaseificação e pirólise a biomassa- alga obtém uma mistura de monóxido de carbono

e hidrogênio, syngas, sob calor e baixa pressão na presença de vapor e baixa quantidade de

oxigênio. A biomassa é decomposta pelo calor, vapor e com reações químicas é convertida em

syngas ou gás de sínteses. O CO reage com o a água e obtém se CO2 e O2 (OILGAE, 2015)

4. CONCLUSÃO

Perante as condições ambientais e econômicas atuais correspondentes a poluição

atmosférica e diminuição e encarecimento de combustíveis fósseis, a necessidade de incentivos,

estudos e maior aproveitamento de recursos renováveis se faz necessário.

A biomassa por se tratar de um recurso renovável, possuir alta disponibilidade

geograficamente e absorver dióxido de carbono durante o metabolismo de fotossíntese, se revela

uma matéria-prima de alto potencial como fonte de energia. Atualmente já existem inúmeras

35

técnicas de conversão da biomassa em bioenergia e biocombustíveis, porém algumas se tornam

mais comuns dependendo do país e custo envolvido. Como exemplo tem se a conversão de cana-

de-açúcar em etanol que é uma técnica viável no Brasil, assim como o uso de milho nos Estados

Unidos.

Entretanto, utilizar biomassa de fonte de primeira geração, resulta em uma competição com

a produção de alimentos, além de ocupar vastas áreas para cultivo considerado menos nobre.

Dessa forma, utilizar a alga como fonte de biocombustivel é uma forma de sanar com tais

questões, já que esta é um recurso renovável, não competindo com produção alimentícia, possui

maior produtividade energética que plantas oleaginosas, possui elevada taxa de crescimento e não

demanda grandes áreas de agricultura para cultivo. A alga pode ainda ser uma forma de captura

de dióxido de carbono, geração de oxigênio para atmosfera e tratamento de efluentes.

Porém, atualmente, esta biomassa de terceira geração é viável tecnicamente, mas ainda não

economicamente. Para isso, a produção de biocombustíveis a partir de algas requer pesquisas

para torná-la uma produção viável economicamente e ambientalmente. Algumas ações seriam

transformações genéticas de forma a otimizar a produção de óleos e carboidratos pelas algas em

determinadas condições e maior aproveitamento dos subprodutos gerados.

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