universidade federal da paraÍba centro de …paulorosa/tcc/mono_mauro.pdf · a distribuição dos...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Distribuição espacial das castanholas no Campus I da
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Distribuição espacial das castanholas no Campus I da UFPB
Mauro Barreto da Silva
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
Distribuição espacial das castanholas no Campus I da
3
Mauro Barreto da Silva
Distribuição espacial das castanholas no Campus I da UFPB
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação em Geografia da Universidade
Federal da Paraíba como requisito para a
obtenção grau de bacharel em Geografia.
Orientador: Professor Paulo Roberto de Oliveira Rosa
5
Mauro Barreto da Silva
Distribuição espacial das castanholas no Campus I da UFPB
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação em Geografia da Universidade
Federal da Paraíba como requisito para a
obtenção grau de bacharel em Geografia e
aprovada pela seguinte banca examinadora:
_______________________________________________
Professor Paulo Roberto de Oliveira Rosa - UFPB
(Orientador)
_______________________________________________
Maria José Vicente de Barros - COPAM
(Examinadora)
6
_______________________________________________
Maria Odete Teixeira do Nascimento - UVA
(Examinadora)
João Pessoa - PB,____/____/2006
7
Ao meu Deus, que me deu a vida como dom, fez-me livre e
dotado de capacidade para entender, pensar, descobrir, criar e
amar. Não há, pois definição para seu ato do que amor, outro
nome para chamá-lo, senão Pai. O meu regozijo por ter
tornado possível este momento.
A minha querida esposa pelo carinho, dedicação, compreensão
e paciência nos momentos tristes e alegres na minha vida.
8
Aos meus filhos, Fabianne, Cássia, Leonardo , Mayara , Aos
Netos ,Gabriel , Lucas e Rebekah, aos Genros, Wendel e
Rogério, que sempre me apoiaram pra que este momento fosse
possível.
Aos meus pais, por ter me dado a vida, mesmo distantes,
sempre torceram pela minha vitória.
9
Agradecimentos
Primeiramente quero agradecer ao meu Deus todo poderoso, por ter me ajudado até aqui, fazendo
cumprir assim a sua promessa.
A minha família, que abriram mão de momentos de convívio, reconhecendo o meu esforço com
paciência, me cercando de amor carinho e compreensão, muito obrigado.
Ao Professor Paulo Roberto de Oliveira Rosa, por ter aceitado ser o meu orientador na realização do
meu trabalho monográfico, passando os seus conhecimentos técnicos, científicos, sendo de
fundamental importância servindo de base para a conclusão do meu curso.
A todos os meus professores por terem passado um pouco dos seus conhecimentos que foram
indispensáveis para minha formação acadêmica.
Ao Cristiano RPB Saraiva que durante o trabalho de campo colaborou com afinco e dedicação.
A Geógrafa Mestranda Liése Carneiro por ter contribuído na área de mapeamento.
Ao Geógrafo Conrad Rodrigues por ter elaborado o mapa e disponibilizado com as coordenadas
métricas, bem como por ter explicado como fazer a localização.
À arquiteta Bruna da Prefeitura Universitária por ter ampliado o mapa.
10
SUMÁRIO
1 Introdução. 09
2 Arcabouço teórico-conceitual 10
2.1 Importância da vegetação para o homem 10
2.2 A utilização de árvores nos seguimentos econômicos 11
2.3 A arborização Urbana 13
2.4 A Mata Atlântica 14
3 Material e Métodos 18
3.1 Caracterização da área de estudo 18
3.2 Metodologia 21
4 Resultados e Discussão 23
4.1 Distribuição das Castanholas no Campus I da UFPB 23
4.1.1 A distribuição das castanholas no Setor 1 – Nordeste 25
4.1.2 A distribuição das castanholas no Setor 2 – Sudeste
26
4.1.3 A distribuição das castanholas no Setor 3 – Sudoeste
29
4.1.4 A distribuição das castanholas no Setor 4 – Noroeste 32
5 Considerações Finais 37
Referências Bibliográficas 38
Apêndices 40
11
Lista de Figuras
Figura 01: Remo indígena e Borduna, ferramentas feitas de madeira. 12
Figura 02: Móveis em madeira 13
Figura 03: Comparação entre a área original e os remanescentes de Mata
Atlântica em 2001.
15
Figura 04: Gráfico demonstrativo da diferença entre a área original e os
remanescentes de Mata Atlântica na Paraíba
16
Figura 05: Áreas de Proteção Ambientação do Campus I da UFPB. 18
Figura 06: Mapa do Campus I da UFPB. 19
Figura 07: Floresta de mata atlântica no Campus da UFPB 20
Figura 08: Castanholas (Terminallia Catappa L) próximo ao Departamento de
Comunicação.
21
Figura 09: a) Suta artesanal, b) medição do diâmetro da castanhola 22
Figura 10: Medição da altura das castanholas com clinômetro. 22
Figura 11: Gráfico denotando a distribuição das castanholas no Campus I da
UFPB
23
Figura 12: Gráfico denotando a estatura das castanholas 24
Figura 13: Gráfico denotando o diâmetro das castanholas. 25
Figura 14: Distribuição das castanholas do Setor 1 25
Figura 15: Distribuição das castanholas do Setor 2 27
Figura 16: Distribuição das castanholas do Setor 3 30
Figura 17: Distribuição das castanholas do Setor 4 32
Figura 18: Castanhola dentro da reserva. 34
Figura 19: Castanholas novas dentro da reserva 34
Figura 20: semente da castanhola. 35
Figura 21: Parasitas na castanhola 35
Figura 22: Detalhe do parasita na Castanhola 35
Figura 23: Calçada quebrada por raiz 36
Figura 24: Banco quebrado pela árvore 36
12
LISTA DE QUADROS
Quadro 01: Inventário das castanholas no Setor 1 – Nordeste da UFPB 26
Quadro 02: Inventário das castanholas no Setor 2 – Sudeste da UFPB 28
Quadro 03: Inventário das castanholas no Setor 3 – Sudoeste da UFPB 31
Quadro 04: Inventário das castanholas no Setor 4 – Noroeste da UFPB 33
13
Resumo
Várias são as formas de fragilizar e ameaçar a unidade de preservação, sendo a mais comum as
ameaças oriundas de atividades humanas, posto que desde que o homem passa a organizar-se em
núcleos urbanos ele altera o meio natural em diversas escalas. O que não tem sido muito discutido
são os impactos e ameaças a ecossistemas naturais causados por introdução de indivíduos exóticos.
Isto posto, o objetivo do trabalho foi localizar e mapear todas as Castanholas (Terminalia catappa L)
no território do Campus I da Universidade Federal da Paraíba. Para tanto, dividimos o mapa da
universidade em setores, constituídos dos setores 1, 2, 3 e 4. Foram realizados trabalhos de campo
localizando os indivíduos, quando utilizamos trena, suta e clinômetro para medir altura e diâmetro
das castanholas. Ao todo foram contabilizadas 133 castanholas em todo o campus, entretanto o
setor que apresentou um maior número de castanholas foi o setor 02. Vale ressaltar que a
castanhola, além deste ser um indivíduo exótico à Mata Atlântica, é um grande hospedeiro de
parasitas, o que pode contaminar, e, por conseguinte, fragilizar as áreas de preservação de mata
nativa que podem ser encontrado dentro do Campus I da UFPB.
1 INTRODUÇÃO
As florestas de um modo geral trazem inúmeros benefícios para a humanidade. A
Floresta Atlântica que se estende dos estados sulinos até o Rio Grande do Norte foi
amplamente devastada em decorrência de uma série de fatores, dentre eles a ocupação da
faixa litorânea para fixação da população e a expansão agropecuária, efetivando a
fragmentação florestal que existe hoje.
Esses remanescentes de Mata Atlântica ainda são alvos de uma série de fatores
que influenciam em sua diversidade biológica, dentre eles a invasão de espécies exóticas que
através da competição, acabam afetando as espécies nativas.
A cidade de João Pessoa tem sido é um centro urbano uma cidade com elevada
densidade de vegetação, levando-se em conta que possui uma área florestal no interior do
14
perímetro urbano, referendo-se à Mata do Buraquinho. Ao lado da Mata do Buraquinho
encontra-se localizada a Universidade Federal da Paraíba – UFPB. O Campus I da UFPB foi
construído no ido da década de 1970 em área rural na época e que continha uma formação
vegetal muito densa de Mata Atlântica. Após a instalação das edificações, ou seja, lugar que
foram construídos os prédios, a Floresta ficou fragmentada, restando alguns núcleos com
vegetação florestal. Após as edificações iniciou-se um processo de paisagismo e, em alguns
lugares houve replantio vegetal e posteriormente foram plantadas espécies vegetais exóticas à
Mata Atlântica, dentre elas foram plantadas castanholas, cujo nome científico é Terminallia
Catappa L. Este vegetal é um espécime de origem asiática que quando estabelecida e quando
estabelecida torna-se uma árvore que compreende uma vasta área de sombra, isso ocorre por
conta do diâmetro de sua copa e o sistema de folhamento.
A distribuição dos indivíduos exóticos, como é o caso da castanhola no Campus I,
passou a ser o objetivo deste trabalho, cujo empenho pautou-se no inventário do indivíduo
castanhola e como meta o mapeamento dessa distribuição e de atributos característicos desses
indivíduos, como por exemplo, a estatura e diâmetro a altura do peito.
15
2 ARCABOUÇO TEÓRICO-CONCEITUAL
O fenômeno em observação desta pesquisa refere-se à espécie castanhola
(Terminallia Catappa L), em que se pode encontrar uma considerável população deste
indivíduo dentro do Campus I da UFPB. Entende-se aqui população como “qualquer grupo de
organismo da mesma espécie (ou outros grupos dentro dos quais os indivíduos podem
intercambiar a informação genética) que ocupa o mesmo espaço determinado e funciona
como uma parte de uma comunidade biótica”. (ODUM, pg. 187, 1986 )
O primeiro passo em um trabalho de cunho geográfico, como pode ser encontrado
em Dolfuss (1972), consiste em localizar e situar aquilo que constitui o objeto de sua
pesquisa, para em seguida descrevê-lo e definir suas formas, o que permite chegar à análise.
Entender o conceito de descrição e localização é de fundamental importância em
um trabalho que consiste na distribuição de um determinado fenômeno no espaço. Assim,
Dolfuss (1972, p. 18) pontua:
localizar consiste em indicar as coordenadas geográficas (latitude, longitude, altitude), mas
consiste, sobretudo em definir o sítio e a posição. (...) O sítio representa o receptáculo
territorial de um elemento do espaço. A posição depende do sistema de relações que o
elemento mantém com outros elementos, estejam estes próximos ou distantes.
Localizado o fenômeno, parte-se então para a sua distribuição no espaço, visto a
importância desse evento exposto em Hagget in Harvey (1969, p. 132), em que temos que “a
finalidade primordial da geografia é descrever e explicar a distribuição dos fenômenos da
superfície da terra”.
2.1 A IMPORTÂNCIA DA VEGETAÇÃO PARA O HOMEM
A vegetação de um modo geral possui papel fundamental na existência da vida no
planeta, pois é a base da cadeia alimentar, constituindo-se como produtores, tendo em vista
que os vegetais sintetizam o próprio alimento a partir do processo de fotossíntese. De acordo
com Odum (1986, p. 62) este autor define-se a produtividade de um sistema ecológico, de
uma comunidade como a taxa na qual a energia radiante é convertida, pela atividade
fotossintética e quimiossintética de organismos produtores (na maior parte plantas verdes), em
substâncias orgânicas. Assim sendo esses indivíduos vegetais como suas populações tornam-
se um dos principais suportes à vida.
16
A princípio o homem era nômade e sobrevivia da coleta e da caça, utilizando,
inevitavelmente os recursos vegetais para essa coleta. Entretanto, desde os primórdios da
civilização as árvores são utilizadas pelos homens em diversas atividades para a sua
sobrevivência, pois elas oferecem sombra, frutos, abrigo e lenha, além da fotossíntese que nos
permite ter ar puro.
Os habitantes da nossa costa marítima viviam dos recursos que a mata lhes
proporcionava e que era de uma variedade enorme em frutos como o caju, goiaba, abacaxi,
maracujá, mamão, mangaba, cajá entre outras. Tinham a sua disposição mandioca, milho,
batata-doce, cará, pinhão o que tornava sua gastronomia rica e farta.
Com o passar do tempo o homem passou a ter novas necessidades e então
aprimorou algumas idéias, passando a utilizar a madeira em diversos seguimentos
econômicos.
2.2 A UTILIZAÇÃO DE ÁRVORES NOS SEGUIMENTOS ECONÔMICOS
Com o passar do tempo o homem passou a ter necessidade de se defender de
predadores e de outras etnias que o ameaçavam, então a madeira passou a ter novas funções
como a fabricação de armas, flechas e lanças, de embarcações, de armadilhas de caça e foi
evoluindo até o aparecimento da roda (FIG 01).
Figura 01: Remo indígena e Borduna, ferramentas feitas de madeira. Fonte: www.iande.art.br
17
Com esses novos artefatos ampliou-se o poder de caça, o poder de guerrear e a
facilidade de locomoção tanto em terra como na água. A roda revolucionou o uso da madeira,
de imediato nos transportes, e posteriormente no uso industrial, em roldanas, moendas, rodas
d’água e vários outros usos.
Mais adiante seu uso estendeu-se a construção de casas e de móveis tornando-se
um produto de alto valor comercial o que despertou a cobiça que levou os homens a
desmatarem indiscriminadamente as florestas visando somente o lucro pessoal e imediato.
Sendo madeiras de lei e de grande porte, eram especiais para a confecção de móveis de alta
qualidade para o mercado europeu, principalmente a realeza que apreciava muito o pau-brasil,
o mogno, a peroba-rosa, o ipê, e o jacarandá para suas mesas enormes feitas de uma única
árvore, e que também podiam ser torneadas para ornamentar camas, armários, penteadeiras,
cristaleiras e outras peças do mobiliário (FIG 02).
Figura 02: Móveis em madeira Fonte: www.sosmoveisantigos.com.br
A utilização das plantas passou então a ganhar novas dimensões com o avanço de
pesquisas. Rizzini e Mors (1921) relatam a utilização das plantas nos seguimentos
econômicos, onde destacam as plantas produtoras de látex, plantas produtoras de óleos e
gorduras, plantas ceríferas, aromáticas, taníferas, medicinais, tóxicas, têxteis, produtoras de
celulose e papel, corticeiras, tintoriais, dentre outras com diversos aproveitamentos.
18
2.3 A ARBORIZAÇÃO URBANA
A arborização urbana é muito importante para as cidades porque influi no
microclima, fornece sombra, serve como ornamentação de praças, ruas e avenidas e servem
como abrigo para as aves e outros animais. O conceito de arborização urbana é trabalhado por
vários autores. De acordo com Lima (1994) citado por Dantas e Souza (2004) a arborização
enquanto expressão “refere-se aos elementos vegetais de porte arbóreo dentro da cidade, tais
como árvores e outras, plantadas, inclusive nas calçadas”. Já para Sanchotene, 1994; Silva
Júnior e Monico, 1994, citados por Dantas e Souza (2004)
Entende-se por arborização urbana, o conjunto de terras públicas e privadas, com
vegetação predominante arbórea que uma cidade apresenta, ou ainda, é um conjunto de
vegetação arbórea natural ou cultivada que uma cidade apresenta em áreas particulares,
praças, parques e vias públicas.
A arborização nas ruas, praças, avenidas, parques e bosques de uma cidade devem
obedecer a alguns critérios e planejamento, não sendo feita aleatoriamente. De acordo com os
autores, para se arborizar se faz necessário considerar a área e eleger as espécies mais
convenientes para cada local, levando em consideração os aspectos como a altura que a
espécie pode alcançar, tendo em vista o não comprometimento das fiações de rede elétrica do
local, o que pode causar prejuízos e pôr em risco a vida de funcionários das empresas de
eletricidade, que constantemente são chamados para fazer as podas. Um outro aspecto que
deve ser observado é o sistema radicular da espécie, verificando se as raízes são muito
profundas, visando não danificar as fiações subterrâneas e o calçamento de um modo geral,
que pode acarretar em prejuízo.
A arborização também deve considerar os aspectos de harmonia e embelezamento
da paisagem cor das flores, tamanho de cada espécie, tornando o ambiente com um visual
agradável. Para isso se faz necessário a implantação de cada espécie em local apropriado às
mesmas. Entretanto, é de fundamental importância dá preferência às espécies nativas da
região, haja vista, que já estão adaptadas ao clima do local. Assim, procedendo dessa forma,
teremos um melhor microclima com mais sombras e mais saúde para os habitantes do local
19
2.4 A MATA ATLÂNTICA
A Mata Atlântica está localizada na faixa litorânea e se estende desde o Rio
Grande do Norte até o Rio Grande do Sul engloba diversas formações vegetacionais
(BARROS, 2005). Tomando como base as estimativas do Dossiê Mata Atlântica (2001)
citado por Barros (2005), na ocasião das estimativas, restavam apenas 7% da área original do
bioma (FIG 03).
Figura 03: Comparação entre a área original e os remanescentes de Mata Atlântica em 2001. Fonte: Barros (2002), adaptado de Dossiê Mata Atlântica (2001)
O Decreto Federal nº 750 define em seu artigo 3º quais os ecossistemas e as
formações florestais são contemplados pelo bioma da Mata Atlântica. Assim diz:
Para os efeitos deste Decreto, considera-se Mata Atlântica as formações florestais e
ecossistemas associados inseridos no domínio Mata Atlântica, com as respectivas
delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil, IBGE 1988: Floresta
Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta
Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, manguezais, restingas, campos de
altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste.
20
A fragmentação da Mata Atlântica é muito alta. Barros (2002, p. 21) ressalta que
esta “encontra-se bastante reduzida, sendo representada por pequenos núcleos que se
encontram de alguma forma protegidos, constituindo-se em resquícios de uma paisagem de
riquíssima heterogeneidade”.
Ainda Barros (2005, p. 13) afirma que:
O Bioma sofreu devastações em índices diferenciados de acordo com as regiões as quais vivenciaram processos econômicos de ordens diferentes no que se refere à ampliação da fronteira agrícola. Em decorrência desse fato, o que restou dessa vegetação apresenta-se de forma fragmentada em pequenas porções rodeadas por culturas diversas.
Segundo Metzger et al (1999) citados por Barros (2002) a fragmentação pode
aumentar o risco de extinção de espécies e empobrece a diversidade biológica. Assim, com
base nesses autores, a autora corrobora:
Os estudos apontam como medida mitigadora para o problema, a circulação e disseminação através de corredores florestais que funcionam ligando fragmentos uns a outros, isso permite que haja circulação biológica entre eles. (BARROS, 2002, p. 23)
Com relação à Paraíba, de acordo com a autora, as proporções da devastação da
Mata Atlântica foram bem significativas, pois cita, com base em dados publicados pelo
Dossiê Mata Atlântica do Instituto socioambiental que restavam em 2001 apenas 1,03% da
área original do bioma no Estado (FIG 04), apontando a expansão agrária, principalmente, o
plantio da cana-de-açúcar como responsáveis pela supressão da vegetação.
Figura 04: Gráfico demonstrativo da diferença entre a área original e os remanescentes de Mata Atlântica na Paraíba Fonte: Barros, 2002.
21
Em João Pessoa há uma grande reserva florestal que consiste na Mata do
Buraquinho. Além dessa existem os remanescentes que ficam no território da UFPB, que são
pequenos fragmentos. Barbosa (1999) realizou uma comparação da vegetação do território da
UFPB em 04 períodos: 1969, 1976, 1985 e 1998. O autor verificou que houve um recuo da
paisagem florestal de 1969 para 1976, enquanto que deste ano para 1985 houve uma
recuperação da floresta. Entretanto de 1985 para 1998 houve um novo recuo da paisagem
florestal.
22
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O Campus I da Universidade Federal da Paraíba – UFPB está situado na cidade de
João Pessoa. A localização da cidade na proximidade equatorial torna-se indicativo de clima
quente e úmido cuja precipitação está bem distribuída ao longo do ano juntamente com essa
situação surge a questão da cobertura geológica que é constituída por sedimentos pertencentes
a estrutura denominada de Barreiras (FIG. 05).
Figura 05 – A mancha urbana da cidade João Pessoa com destaque o Campus I da UFPB Fonte: NASCIMENTO, m. Odete T. do. Monografia de graduação - DGEOC
O Campus I da UFPB é composto por 12 Áreas de preservação Ambiental – APA,
definidas na proposta de plano diretor da cidade universitária, constituídas por remanescentes
da Mata Atlântica. (FIG 06)
23
Na área em observação é predominante a vegetação de Mata Atlântica (FIG 07),
mas também podem ser encontradas espécies exóticas à mata nativa, em que estas foram
inseridas por questão de embelezamento ou porque são de crescimento rápido para gerar
sombra nos estacionamentos e áreas de
lazer.
O trabalho consistiu no
mapeamento da distribuição espacial das
árvores Terminallia Catappa L.
conhecidas popularmente como
Castanholas (FIG 08) que estão no
Campus I. Quando essas espécies foram
plantadas, não foi observado na escolha
das árvores se essa espécie seria agressiva
à mata nativa. De acordo com Poorter e
Ziller (2004) citados por Sanches, Magro e
Silva (2007) “as invasões biológicas constituem uma das maiores ameaças para a conservação
Figura 06: Áreas de Proteção Ambientação do Campus I da UFPB. Fonte: Minuta de Plano Diretor da Cidade Universitária, 2007.
Figura 07: Floresta de Mata Atlântica no Campus I da UFPB –
24
da biodiversidade, devido que os indivíduos invasores têm quase sempre maior força que as
espécies nativas, a não ser quando estas estão distribuídas de maneira muito densa.
Esse indivíduo também conhecido como amendoeira de praia é uma árvore que
pode chegar a grandes alturas, pois como é típica de regiões tropicais sendo uma árvore que
necessita de calor para o seu desenvolvimento sendo assim uma árvore que possui grandes
dimensões. Não se tem conhecimento efetivo de sua origem, sendo em muitos caso
argumentos controversos, há hipóteses que apontam a Índia ou a Nova Guiné como locais
prováveis de sua origem.
Uma situação que nos chamou muito a atenção foi que a árvore no período
referente ao final do inverno e já bem próximo à primavera, perde muito as folhas, deixando
muito material sob a copa da árvore, formando uma forte presença das folhas caídas no chão
(FIG. 8.1) e, em certos lugares que pode gerar transtorno à gestão universitária, haja vista que
as galerias pluviais estão repletas dessas folhas (FIG. 82.).
Figura 08: Castanholas (Terminallia Catappa L) próximo ao Departamento de Comunicação Data: Setembro/2008
Figura 8.1 – Grande quantidade folhas caída da Castanhola Data: Setembro/2008
Figura 8.2 – Folhas das Castanholas nas galerias pluviais Data: Setembro/2008
3.2 METODOLOGIA
Para efetuar o trabalho de mapeamento e plotagem de árvores Castanhola no
Campus I da UFPB procurando obter o máximo em precisão, primeiramente foi feito
reconhecimento geral do Campus I. Após o reconhecimento in loco da área em observação,
25
foi percebido que devido ao tamanho da área seria necessário subdividi-la em 4 setores
designados de maneira elementar em setor 1 Nordeste, setor 2 Sudeste, setor 3 Sudoeste e
setor 4 Noroeste, bem demarcados por ruas e cercas, facilitando a visualização, a localização
e também o caminhamento (FIG. 09). A consideração elementar se deve à situação em relação
aos pontos colaterais do Campus I não coincidirem de forma precisa com o Norte, tomou-se
como referência a direção sem preocupação efetiva com a exatidão.
26
FIG. 09 – Planta do Campus I da UFPB seccionada em quatro setores para melhor se elaborar o inventário
SETOR 1 - Nordeste
SETOR 2 - Sudeste
SETOR 3 - Sudoeste
SETOR 4 - Noroeste
27
Foi utilizado um instrumento feito artesanalmente pelo colaborador Christiano
chamado “suta” (FIG 09), que é um paquímetro de grande porte para se obter o diâmetro de
árvores, uma trena de 30m e um clinômetro (FIG 10) para lermos a altura das árvores.
Também foi utilizada uma planta do Campus I da UFPB em escala de 1:2500 da UFPB que
foi elaborado pelo geógrafo Conrad R. Rosa o que permitiu endereçar cada árvore com
coordenadas horizontais e verticais, tendo sido ampliado pela gerente de projetos da Prefeitura
da Universidade, arquiteta Bruna, o que facilitou o nosso trabalho. Elaboramos ainda um
formulário para fazer as anotações (Apêndice A).
Figura 09: a) Suta artesanal, b) medição do diâmetro da castanhola com o instrumento Data: Agosto/2008
Figura 10: Medição da altura das castanholas com clinômetro Data: Agosto / 2008
De posse desse instrumental fomos ao campo para realizar o mapeamento, ou seja,
localizar os indivíduos, fazer as medições e as respectivas anotações e inserir sua localização
28
no mapa. Esse trabalho foi feito em várias etapas, tendo em vista toda a área do campo e a
quantidade de castanholas existentes. De posse do material, em gabinete os dados foram
trabalhados em planilha eletrônica e foram localização transferida para o mapa em meio
digital. Para elaboração do mapa foram utilizados os programa CAD e CorelDRAW. As
castanholas foram simbolizadas no mapa através de pequenas bolas vermelhas, tendo em vista
a dimensão da figura para facilitar a identificação.
Os dados também foram trabalhados em planilha Excel para montagem dos
gráficos.
29
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 A DISTRIBUIÇÃO DAS CASTANHOLAS NO CAMPUS I DA UFPB
Foram inventariadas 133 castanholas de diversas alturas e diâmetros, identificadas
nos quatro setores em que dividimos o Campus I. O setor que apresentou o maior número de
castanholas foi o setor 2- Sudeste com 62 indivíduos, seguido do setor 4 – Noroeste com 32
indivíduos, setor 3 – Sudoeste com 27 e finalmente o setor 1 – Nordeste com 22 indivíduos,
conforme pode ser observado na Figura 11.
Figura 11Figura 11: Gráfico denotando a distribuição das castanholas no Campus I da UFPB
Com relação à altura, observou-se que a maioria das castanholas apresenta alturas
consideráveis, o que denota que foram plantadas a um bom tempo. Foram encontradas 22
castanholas com mais de 10 metros de altura, 68 com estatura de 7 a 10 metros, 38 com
estatura de 4 a 6.9 metros e 5 castanholas com até 3.9 metros de altura, conforme pode ser
visto na Figura 12.
0
10
20
30
40
50
60
Setor 1 - Nordeste Setor 2 - Sudeste setor 3 - Sudoeste Setor 4 - Noroeste
Distribuição das castanholas no Campus I da UFPB segundo os setores
30
.
Figura 12: Gráfico denotando a estatura das castanholas
No que se refere aos diâmetros medidos, a classificação também apresenta
comportamento semelhante ao gráfico das alturas. Contabilizou-se 6 castanholas com mais de
61 cm de diâmetro, 116 na classe de 21 a 60 cm, 10 na classe de 3.1 a 20 cm e apenas 01 na
classe até 3 cm, conforme pode ser observado na Figura 13.
Figura 13: Gráfico denotando o diâmetro das castanholas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Até 3,9m De 4 a 6.9m De 7 a 10m Mais de 10m
Castanholas na UFPB segundo as alturas
0
20
40
60
80
100
120
140
Até 3cm De 3.1 a 20 cm De 21 a 60 cm Mais de 61 cm
Castanholas na UFPB segundo os diâmetros
31
4.1.1 A distribuição das castanholas no Setor 1 – Nordeste
No dia 14/07/2008 iniciou-se o levantamento e a plotagem das árvores
castanholas no setor 1 – Nordeste. O setor 1 – Nordeste compreende a parte nordeste da
UFPB e tem a seguinte descrição: Inicia do lado direito do portão de entrada do Campus I ao
lado do Hospital Universitário, segue em linha reta passando em frente ao alojamento dos
estudantes indo até a secretaria do curso de Educação Física. Daí segue à direita e vai até o
local onde está sendo construída a nova portaria. Desse ponto segue à direita pela Rua
Tabelião Expedito Eloi margeando a mata, passando pelo estacionamento do Ginásio de
Esportes e a mata novamente até encontrar o ponto inicial, conforme pode ser observado na
figura 14.
Figura 14: Distribuição das castanholas do Setor 1
Observando a figura 14, note-se que os pontos vermelhos representam as
castanholas. Nessa gleba contabilizamos 22 árvores de porte diferente, conforme pode ser
verificado no quadro 01, o que denota que houve plantios em épocas distintas. Nessa área as
arvores estão dispersas, não tendo seguido um padrão no plantio. Encontramos entre os
fundos do Ginásio de Esportes, a mata e a cerca da rua uma árvore isolada de grande porte.
Notou-se também a ocorrência de árvores portadoras de parasitas.
32
Quadro 01: Inventário das castanholas no Setor 1 – Nordeste da UFPB
Setor 1 - Nordeste
Individuo Coord.
X Coord. Y Altura m Diam.
Cm Obs 1 35 35 12 23 2 36 37 8 31 3 37 37 8 30 4 39 37 12 35 5 40 37 3 30 Rebrota 6 41 37 6 25 7 44 37 10 50 8 45 37 8 25 9 40 40 6 25
10 40 40 10 60 11 40 40 12 25 12 40 41 6 25 13 39 42 10 40 14 43 50 5 31 15 43 50 5 45 16 43 49 5 32 17 43 49 6 33 18 48 50 11 30 Grande porte 19 47 44 2 0,7 Muda nova 20 48 39 16 100 21 54 38 10 44 22 57 38 12 40
4.1.2 A distribuição das castanholas no Setor 2 – Sudeste
No dia 16/07/2008 deu-se seqüência ao trabalho iniciando o setor 2 sudeste. O
Setor 2 compreende a parte sudeste da UFPB e tem a seguinte descrição: Tem inicio do lado
esquerdo do portão de entrada ao lado do Hospital Universitário segue pela rua Tabelião
Expedido Eloi passando pela lateral do estacionamento do hospital e segue contornando a
mata até a entrada das dependências da Odontologia, segue margeando a mata até o final.
Segue à direita ainda margeando a mata e segue pelos fundos dos prédios de Geografia,
Hialotécnica, Laboratório de Combustíveis e o Núcleo de Informática e Telecomunicações,
33
segue em frente pela lateral do Banco Santander indo até o prédio de Educação Física. Desse
ponto segue pela direita em linha reta até o ponto inicial (FIG 15).
Figura 15: Distribuição das castanholas do Setor 2
Nessa área foi onde pode ser verificada a maior concentração de árvores, ao todo
52 unidades (FIG 15) a maioria ao redor da Prefeitura e das dependências da Educação Física,
com árvores frondosas plantadas em seqüência margeando as ruas. O Quadro 02 representa o
inventário com as dimensões das castanholas do setor 2.
34
Quadro 02: Inventário das castanholas no Setor 2 – Sudeste da UFPB
Individuo Coord.
X Coord.
Y Altura
m Diam. Cm Obs 1 37 30 12 35 2 37 31 12 25 3 37 32 12 22 4 37 32 10 23 5 37 33 8 20 6 37 34 7 21 7 37 34 6 30 8 37 34 6 20 9 37 35 11 45
10 37 35 12 30 11 39 35 10 35 12 39 35 9 30 13 39 35 8 25 14 39 34 7 32 15 39 34 7 25 16 39 34 10 40 17 39 33 10 38 18 39 33 9 39 19 39 33 10 25 20 39 33 8 47 21 39 32 8 43 22 60 33 7 30 23 60 33 10 42 24 60 34 8 15 25 60 34 4 8 26 61 31 12 27 27 54 30 10 40 28 54 29 5 38 29 54 29 6 20 30 54 29 8 29 31 58 25 9 25 32 58 26 18 41 33 53 25 7 35 34 53 25 7 43 35 53 25 7 35 36 53 25 8 42 37 53 26 9 47 38 46 29 7 20 39 45 29 7 36 40 42 28 4 31 41 40 28 16 49 42 39 27 12 29 43 39 39 6 34 44 40 29 7 23 Bipartida 45 39 30 5 38 Bipartida 46 39 30 7 57 47 39 31 6 35 48 38 31 7 35
35
49 38 30 7 30 50 38 29 4 21 51 38 29 4 28 52 37 30 6 26
4.1.3 A distribuição das castanholas no Setor 3 – Sudoeste
Dia19/07/2008 foi iniciado e terminado o setor 3 sudoeste. O Setor 3 compreende
a parte sudoeste da UFPB e tem a seguinte descrição: tem início do lado direito do portão de
entrada ao lado do Centro de Tecnologia seguindo em direção a Biblioteca onde segue pela
direita até o girador de acesso ao bairro dos Bancários, segue pela direita margeando a cerca
até ao ponto inicial (FIG 16).
Figura 16: Distribuição das castanholas do Setor 3
Localizamos 27 árvores sendo que a maior concentração está ao redor do Centro
de Tecnologia. Este setor é o maior em área, mas apresenta densidade menor de indivíduos
que estão menos agrupados e por isso ficam menos visíveis, dificultando suas localizações. O
setor também possui árvores de altura e diâmetros consideráveis, conforme pode ser
observado no Quadro 03.
36
Quadro 03: Inventário das castanholas no Setor 3 – Sudoeste da UFPB
Setor 3 Sudoeste
Individuo Coord. X Coord. Y Altura m Diam. Cm Obs 1 36 27 8 50 Doente 2 34 19 8 75 3 33 22 6 37 4 33 22 8 40 5 28 18 3 17 6 28 18 6 15 7 27 18 6 35 8 27 18 6 21 9 27 19 6 26
10 25 19 8 42 11 21 15 8 37 12 15 20 9 32 13 18 20 10 33 14 13 19 4 25 15 18 22 15 70 16 9 26 9 55 17 11 16 13 65 18 12 16 12 52 19 9 16 13 37 20 7 16 7 30 21 11 10 10 45 22 11 10 10 46 23 11 10 13 74 24 10 10 10 58 25 10 10 10 50 26 8 10 9 30 27 21 10 7 25 Na mata
37
4.1.4 A distribuição das castanholas no Setor 4 – Noroeste
Dia 21/07/2008 iniciou-se o setor 4 noroeste. O Setor 4 compreende a parte
noroeste da UFPB e tem a seguinte descrição: tem inicio do lado esquerdo do portão de
entrada ao lado do Centro de Tecnologia seguindo em direção ao girador de acesso a BR
passando ao lado do Laboratório de Energia Solar e margeando a mata até a entrada nova que
está sendo construída próxima ao girador (FIG 17).
Figura 17: Distribuição das castanholas do Setor 4
O SETOR 4 apresentou 32 árvores concentradas nos fundos do Departamento de
Música e atrás da Caixa Econômica Federal, tendo ainda duas próximo à reitoria. Este setor
foi o mais rápido para ser feito porque possui grande parte de mata e uma área grande sem
vegetação pertencente ao Laboratório de Energia Solar. Nota-se pela altura e diâmetro
contidos no inventário apresentado no Quadro 04 que constituem-se de indivíduos adultos.
38
Quadro 04: Inventário das castanholas no Setor 4 – Noroeste da UFPB
Setor 4 Noroeste
Individuo Coord. X Coord. Y Altura m Diam. Cm Obs
1 20 38 12 40 2 21 39 10 25 3 21 39 10 35 4 20 39 8 21 5 19 39 7 30 6 19 39 5 24 7 19 39 5 33 8 18 39 5 22 9 18 39 5 25
10 17 39 5 24 11 16 39 7 36 12 32 34 5 31 13 32 34 6 30 14 16 36 6 46 15 15 36 6 30 16 15 36 7 35 17 16 36 6 29 18 14 36 3 12 19 14 36 6 62 20 14 35 7 38 21 14 35 7 48 22 14 35 10 52 23 14 34 7 20 24 14 34 6 28 25 14 34 8 44 26 14 33 10 30 27 14 33 7 42 28 15 32 8 52 29 15 32 6 29 30 15 32 7 51 31 15 32 6 26 32 12 30 12 43
39
Foi observada a presença de Castanholas dentro das áreas de preservação o que
nos mostra que a invasão por meios naturais já está em plena expansão (FIG 18 e 19), e que
essa espécie compete fortemente com as nativas, pois apesar de terem sido plantadas muito
depois da mata estar implantada, está com um porte quase similar ao das nativas, alcançando
até 18 metros de altura.
Figura 18: Castanhola dentro da reserva. Figura 19: Castanholas novas dentro da
reserva
A Castanhola é uma espécie invasora já naturalizada em nosso solo, segundo
Sanches, Magro e Silva (2007). De acordo com os autores, a semente da Castanhola (FIG 20)
tem muita facilidade de germinação, pode ficar longo período em dormência e germina em
qualquer tipo de solo. Por isso, quando plantadas em solos
mais férteis seu desenvolvimento é muito rápido e muito
vigoroso, estabelecendo uma desigualdade com as
espécies nativas que precisam mais tempo e mais água
para seu crescimento.
A castanhola é de grande resistência a todo
tipo de adversidade suportando calor, frio, falta de chuva e
ventos fortes, e até terras salinizadas dando-lhe
características de sobrevivência muito fortes. Assim,
como foi exposto, o problema da castanhola é que, além
de ser uma espécie exótica à mata nativa, é uma grande
hospedeira de parasitas. Figura 20: semente da castanhola. Fonte: www.seabean.com
40
Figura 21: Parasitas na castanhola Figura 22: Detalhe do parasita na Castanhola
Além do perigo de transmissão de parasitas essas árvores podem destruir calçadas
e muros pelo crescimento de suas raízes (Fig. 23 e 24) e criarem interferência em redes
elétricas pela altura que atingem, mostrando claramente que não é uma árvore indicada para
arborização de áreas urbanas.
Figura 23: Calçada quebrada por raiz Figura 24: Banco quebrado pela árvore
Outro fato preocupante é a densidade que encontramos, 133 árvores numa área de
aproximadamente 20 ha. No estudo realizado por Sanches, Magro e Silva (2007) os
pesquisadores ficaram alarmados com a densidade que encontraram, que foi de 133 árvores
em 21 ha que proliferaram por vias naturais dentro de uma área de reserva. No Campus I elas
41
foram plantadas espaçadas e por toda parte, o que pode permitir uma infestação mais rápida e
generalizada na universidade, tendo em vista que já encontramos algumas dentro das áreas
dos fragmentos, tomando que sua distribuição está bem regular como pode ser vista na figura
25.
1PLANTA GERAL CIDADE UNIVERSITÁRIA
1:2500
LEGENDA
INDIVÍDUO VEGETAL - CASTANHOLA
42
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como já temos poucos remanescentes de matas nativas, devemos ficar atentos
para preservar as existentes e se possível ampliá-las. Estamos vendo a iniciativa da atual
administração da universidade que está plantando árvores nativas em todos os locais possíveis
dentro do Campus I, tentando minimizar o impacto que as construções de prédios têm trazido.
E ainda estão tendo o cuidado de além de colocarem plantas nativas, pensar no paisagismo
colocando ipês em seqüência ao redor do Campus I, o que dentro de alguns anos vai oferecer
um visual maravilhoso para todos nós.
Na biodiversidade brasileira temos vários espécies de árvores: as que oferecem
flores, frutos, madeira, seiva industrial, essências aromáticas, óleos vegetais, papel, celulose,
extratos medicinais, ácidos, taninos e outros produtos.
Por estas razões não temos porque plantar ou deixar plantadas árvores exóticas ao
ecossistema da Mata Atlântica, principalmente por não haver estudos suficientes que
indiquem os danos que árvores exóticas poderão acarretar à Mata Atlântica em decorrência da
proliferação de fungos e bactérias.
Sugere-se que a administração da UFPB aos poucos substitua as castanholas
existentes por espécies nativas da Mata Atlântica, de preferência as que dêem belas flores para
embelezar o Campus I e belos frutos para alimentar a fauna nativa.
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, José da Cunha. Avanços e recuos da paisagem florestal no território do
Campus I da UFPB. Monografia de graduação (37 f). UFPB, 1999.
BARROS, Maria José Vicente de. Estrutura das formações vegetais na Reserva Biológica
Guaribas – PB. Monografia de graduação (67 f). UFPB, 2002. Disponível em:
http://www.ccen.ufpb.br/paulorosa/Documentos/Monografias_grad/MonoMaria.pdf. Acesso
em agosto de 2008.
BARROS, Maria José Vicente de. Estudo da cobertura vegetal do município de Areia-PB:
subsídios para a gestão ambiental. Dissertação de mestrado (82 f). UFPB, 2005. Disponível
em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaPeriodicoForm.do. Acesso em
agosto de 2008
DANTAS, Ivan Coelho. SOUZA, Cinthia Maria Carlos de. Arborização urbana na cidade de
Campina Grande-PB: inventário e suas espécies. In: Revista de Biologia e Ciências da
Terra. Vol 04, Número 02, 2004
DOLFUSS, Olivier. A Análise Geográfica. Coleção Saber Atual. Ed: Difusão européia do
livro, 1972.
HARVEY, David. Teorias, leyes y modelos en geografía. Versión española: Gloria L.
Rodrigo. Alianza Editorial, 1969.
ODUM, Eugene Pleasants. Ecologia Trad. Christopher J. Tibre.Rio de Janeiro: Guanabara,
1986.
PREFEITURA MUNICIPAL DE JOÃO PESSOA. Cartilha de arborização urbana.
RIZZINI, Carlos T. MORS, Walter B. Botânica Econônica Brasileira. são Paulo: Epu; Ed.
Da universidade de São Paulo, 1976.
SANCHES, J.H. (et al). Distribuição espacial da Terminalia Catappa L em área restinga no
Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo Picinguaba, Ubatuba/ SP. Anais do XIII Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 2007.
www.iande.art.br
http://www.sosmoveisantigos.com.br