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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO EM GEOGRAFIA DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NA RESERVA ECOLÓGICA ESTADUAL DA MATA DO PAU FERRO – AREIA/PB MARIVALDO CAVALCANTE DA SILVA JOÃO PESSOA – PB 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA MESTRADO EM GEOGRAFIA

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NA RESERVA

ECOLÓGICA ESTADUAL DA MATA DO

PAU FERRO – AREIA/PB

MARIVALDO CAVALCANTE DA SILVA

JOÃO PESSOA – PB

2007

MARIVALDO CAVALCANTE DA SILVA

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NA RESERVA

ECOLÓGICA ESTADUAL DA MATA DO

PAU FERRO – AREIA/PB

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia do Centro de Ciências Exatas e da Natureza, da Universidade Federal da Paraíba, para obtenção do título de Mestre em Geografia na linha de pesquisa de Gestão do Território e Análise Geo-ambiental.

Orientador: Dr. Eduardo Rodrigues Viana de Lima

JOÃO PESSOA/PB

2007

S586d Silva, Marivaldo Cavalcante da

Degradação ambiental na reserva ecológica estadual da

mata do pau ferro-Areia(Pb) / Marivaldo Cavalcante da

Silva. João Pessoa, 2007.

121p.: il

Orientador: Eduardo Rodrigues Viana de Lima

Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCEN

1. Degradação ambiental 2. Legislação ambiental

3. Pressão antrópica 4. Unidades de conservação

UFPB/BC CDU: 504.05(043)

Dedicatória

Para meus pais, Gentil Trajano da Silva e Janira Cavalcante da

Silva, pela vida dedicada a nossa família.

A minha companheira Luciana Nunes dos Santos por nossas

dificuldades superadas e compreensão.

Aos meus irmãos Osvaldo, Derivaldo, Derivalda, Genivaldo e

Marinalda, por acreditarem neste trabalho.

Aos meus filhos Michelle, Luiz Fellipe e Beatriz.

Aos meus padrinhos Tereza Motta Peixe e Fernando Motta

Peixe (In memorian).

Aos meus cunhados e cunhadas, meus sobrinhos e minhas

sobrinhas.

AGRADECIMENTOS

À DEUS, por sempre estar presente em todos os momentos de minha vida e por ter

tornado possível a realização deste trabalho.

Agradeço a todos, que de alguma forma contribuíram para a realização deste

trabalho, e em especial:

Ao professor Orientador Dr. Eduardo Rodrigues Viana de Lima, pelas orientações

acadêmicas, sugestões e correções até a confecção do produto final deste trabalho;

Ao professor Dr. Pedro Costa Guedes Vianna por todo apoio que recebi no

transcorrer deste verdadeiro desafio além de contribuir como examinador da dissertação,

assim como os demais Professores (as) do CCEN/UFPB, pelos ensinamentos grandiosos, para

minha formação profissional e em especial aos do Curso de Pós-Graduação em Geografia;

Aos professores Belarmino Mariano Neto pela e Loreley Gomes Garcia pela

aceitação como examinadores e as valiosas dicas para melhoria do trabalho final;

Ao professor Eduardo Pazera Jr. por se dispor e contribuir com a tradução do

resumo e pré-disposição para qualquer outra correção;

A colega de curso Pavla Goulart Hunka (MSc), por toda contribuição dada ao

desenvolvimento deste trabalho, obrigado por tudo. Você demonstrou ser uma verdadeira,

solidária e grande amiga;

Aos demais colegas de curso pela interação e novas amizades que o curso

proporcionou;

Ao Departamento do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) por

possibilitar a execução deste trabalho em conjunto com a Coordenação do Curso de Pós-

Graduação em Geografia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB);

A Srª Sônia Maria do Nascimento secretária do Curso de Pós-Graduação, pelos

trabalhos desenvolvidos;

A todos os meus familiares pela confiança, apoio e incentivo.

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” vii

LISTA DE FIGURAS

Pág.

FIGURA 01 - Mapa de localização do município de Areia-PB.................................... 16

FIGURA 02 - Mapa de localização da Reserva Ecológica Estadual da Mata do Pau

Ferro (REEMPF) Areia-PB...................................................................

17

FIGURA 03 - Domínio da Mata Atlântica, Remanescentes Florestais em

1990.......................................................................................................

23

FIGURA 04 - Grupo de Vegetação do Domínio da Mata Atlântica, 1993................... 23

FIGURA 05 - Mapa de climas do Estado da Paraíba destacando a ocorrência

climática no município de Areia, adaptado pelo autor...........................

35

FIGURA 06 - Mapa de pluviosidade do Estado da Paraíba enfocando a ocorrência

de chuvas no município de Areia, adaptado pelo autor.........................

37

FIGURA 07 - Mapa de temperaturas médias do Estado da Paraíba com destaque

para o município de Areia, adaptado pelo autor....................................

38

FIGURA 08 - Mapa de solos do Estado da Paraíba com destaque para o município

de Areia, adaptado pelo autor.................................................................

42

FIGURA 09 - Mapa de relevo do Estado da Paraíba com destaque para o município

de Areia, adaptado pelo autor................................................................

43

FIGURA 10 - Cultivo de subsistência na sub-bacia hidrográfica do Riacho do

Cunha nas proximidades da REEMPF..................................................

45

FIGURA 11 –

(a, b, c e d)

Habitações no interior da área de

estudo....................................................................................................

104

FIGURA 12 - Referente aos registros fotográficos dos principais problemas de

gestão ambiental da área......................................................................

106

FIGURA 13 - Descarte de lixo na periferia e interior da reserva: (a) tentativa

infrutífera de coleta seletiva; (b) lixo inorgânico descartado a céu

aberto por habitantes do interior da reserva e recipientes plásticos

descartados no interior da reserva por visitantes..................................

107

FIGURA 14 - Amontoado de madeira resultante da derrubada de árvores no

interior da área de estudo. (Foto: Marivaldo,

2001)....................................................................................................

108

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” viii

FIGURA 15 –

(a, b, c e d)

Culturas de subsistência registradas no interior da área de estudo: (a)

cana-de-açúcar; (b) mandioca e (c) banana e canteiro de coentro e (d)

área desmatada para cultivo de subsistência........................................

110

FIGURA 16 - Arapuca para Captura de animais (Foto: Marivaldo,

2001).....................................................................................................

111

FIGURA 17 –

(a e b)

Pastagem de animais ás margens do reservatório de Vaca

Brava..................................................................................................

111

FIGURA 18 –

(a e b)

Reservatório de Vaca Brava: (a) em dezembro de 1999; e (b) em

fevereiro de 2001..................................................................................

112

FIGURA 19 - Referente aos dados coletados via GPS do quadro 05......................... 115

FIGURA 20 –

(a, b e c)

Estado físico dos abrigos destinado para descanso na área de

estudo...................................................................................................

116

FIGURA 21 –

(a, b e c)

Estado físico das guaritas que deveriam ser utilizadas como suporte

para vigilantes da área..........................................................................

117

FIGURA 22 - Localização das guaritas e descansos na REEMPF.............................. 119

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” ix

LISTA DE QUADROS

Pág.

QUADRO 1 - Número de entrevistados, número de habitantes residentes no

interior e no entorno da REEMPF classificados por sexo.................

33

QUADRO 2 - Algumas espécies de vegetação encontradas na Reserva Ecológica

Estadual da Mata do Pau Ferro-Areia-PB..........................................

47

QUADRO 3 - Síntese de alguns dos dispositivos legais mais

importantes........................................................................................

50

QUADRO 4 - Unidades de Conservação (UC) Federal no Brasil, classificadas

por categorias de uso em: 31/01/2003...............................................

61

QUADRO 5 -

Caracterização, coordenadas geográficas e perímetro(km) das

áreas desmatadas cobertas pelo mapeamento de campo, realizado

com o auxílio do GPS e representadas na figura 25 ........................

114

QUADRO 6 - Localização das guaritas e descansos no interior da REEMPF........ 118

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” x

LISTA DE GRÁFICOS

Pág.

GRÁFICO 1 - Sexo dos residentes no interior da

REEMPF.........................................................................................

86

GRÁFICO 2 - Faixa etária dos entrevistados que residem no interior da

REEMPF .......................................................................................

87

GRÁFICO 3 - Situação atual do domicílio dos residentes no interior da

REEMPF.........................................................................................

88

GRÁFICO 4 - Forma de abastecimento de água dos residentes do interior da

REEMPF .......................................................................................

89

GRÁFICO 5 - Escoadouro ou sanitário das residências do interior da

REEMPF........................................................................................

89

GRÁFICO 6 - Processamento do lixo por parte dos residentes do interior da

REEMPF........................................................................................

90

GRÁFICO 7 - Principal fonte de renda dos residentes do interior da REEMPF... 91

GRÁFICO 8 - Faixa de renda familiar dos residentes do interior da REEMPF.... 91

GRÁFICO 9 - Retirada de madeira ....................................................................... 92

GRÁFICO 10 - Presença de queimadas por parte dos residentes no interior da

REEMPF........................................................................................

93

GRÁFICO 11 - Presença de atividade de pesca por parte dos residentes no

interior da REEMPF ......................................................................

94

GRÁFICO 12 - Presença de atividade de caça por parte dos residentes no interior

da REEMPF ...................................................................................

94

GRÁFICO 13 - Sexo dos residentes do entorno da

REEMPF.........................................................................................

95

GRÁFICO 14 - Faixa etária dos entrevistados que residem no entorno da

REEMPF .......................................................................................

96

GRÁFICO 15 - Situação atual do domicílio dos residentes do entorno da

REEMPF.........................................................................................

97

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” xi

GRÁFICO 16 - Escoadouro ou sanitário das residências do entorno da

REEMPF........................................................................................

97

GRÁFICO 17 - Forma de abastecimento de água dos residentes do entorno da

REEMPF .......................................................................................

98

GRÁFICO 18 - Processamento do lixo originado por moradores do entorno da

REEMPF........................................................................................

99

GRÁFICO 19 - Principal fonte de renda dos residentes do entorno da

REEMPF.......................................................................................

99

GRÁFICO 20 - Uso de madeira por parte dos residentes do entorno da REEMPF 100

GRÁFICO 21 - Focos de queimadas presenciadas por entrevistados do entorno

da REEMPF....................................................................................

101

GRÁFICO 22 - Pescaria presenciada por entrevistados do entorno da

REEMPF........................................................................................

101

GRÁFICO 23 - Atividade de caça presenciada por entrevistados do entorno da

REEMPF........................................................................................

102

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” xii

LISTA DE SIGLAS

APA's - Áreas de Proteção Ambiental

ARIE - Áreas de Relevante Interesse Ecológico

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

CAGEPA - Companhia de Água e Esgoto da Paraíba

CNRBMA – Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

CNPT - Centro Nacional Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais

EA – Educação Ambiental

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ESEC – Estação Ecológica

FANATURA - Fundação Pró-Natureza

FLONA – Florestas Nacionais

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

ISA – Instituto Sócio-ambiental

IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza

MAB – O Homem e a Biosfera

MMA – Ministério do Meio Ambiente

ONG – Organização Não-Governamental

PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

REBIO – Reservas Biológicas

REDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável

REEMPF - Reserva Ecológica Estadual da Mata do Pau Ferro

REFAU – Reservas da Fauna

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” xiii

RESEX – Reserva Extrativista

RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

RPPN - Reservas Particulares do Patrimônio Natural

SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente

SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SUDEMA - Superintendência de Administração do Meio Ambiente

UC - Unidade de Conservação

UCs – Unidades de Conservação

UEC – Unidades Estaduais de Conservação

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura

ZEE – Zoneamento Ecológico-Econômico

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” xiv

SILVA, Marivaldo Cavalcante da. Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual

da Mata do Pau-Ferro Areia/PB. Dissertação (Mestrado em Geografia) – UFPB, João

Pessoa, 2007.

RESUMO

As alterações nas relações do modo de produção capitalista proporcionaram uma nova

dinâmica nas relações sociais, fazendo com que o cumprimento da legislação ambiental passe

a ser um instrumento importante para o desenvolvimento sustentável, pois possibilita ações

que resguardam áreas essenciais à manutenção de ambientes naturais. Entre essas áreas estão

as unidades de conservação, a exemplo da Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau-Ferro,

objeto de estudo deste trabalho, que está localizada no Município de Areia – PB, e procura

preservar uma área de mata atlântica, com importância na manutenção de um reservatório de

água que abastece uma grande quantidade de pessoas. O presente trabalho teve por objetivo

analisar a degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual da Mata do Pau Ferro com

base na legislação ambiental, a partir da identificação da pressão antrópica exercida na

unidade por moradores do interior e da periferia da reserva. O estudo apoiou-se na análise de

dados adquiridos com a aplicação de questionários aos moradores da periferia da área de

estudo, e em observações em campo, registros fotográficos de ações antrópicas e

levantamento cartográfico. Os resultados obtidos permitem concluir que a reserva apresenta

inúmeros contrastes no que se refere à preservação e intervenção humana; a ausência de

vigilância implica na falta de controle do órgão ambiental gestor da área sobre a entrada

freqüente de visitantes na reserva; foram registradas atividades de caça, pesca, culturas de

subsistência, pastagens, extração de lenha e descarte de lixo das habitações existentes no

interior e entorno da reserva.

Palavras-chave: Degradação ambiental, pressão antrópica, legislação ambiental e unidade de

conservação.

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” xv

SILVA, Marivaldo Cavalcante da. Environmental degradation in the State Ecological

Reserve of Mata do Pau-Ferro, Areia/PB. Master Thesis (Geography) - UFPB, João

Pessoa, 2007.

ABSTRACT

The changes in the relations of the capitalist means of production had provided a new

dynamics in the social relationships. Therefore, the fulfillments of the environmental laws

pass to be an important instrument for the sustainable development, because it enables actions

that protect essential areas to the natural environment maintenance. As example of these areas

there are the units of conservation, as the State Ecological Reserve of “Mata do Pau-Ferro”,

object of study of this study, which is located in the municipality of Areia PB, and aims to

preserve an area of Atlantic forest, which is important in the maintenance of a water reservoir

that supplies a great amount of people. This purpose of this research is to analyze the

environmental degradation in the State Ecological Reserve of Mata do Pau-Ferro according to

the environmental legislation, beginning with the identification of the anthropic pressure in

the reserve done by inhabitants of the interior and the periphery of the reserve. The study was

supported by the analysis of data acquired with the application of questionnaires to the

inhabitants of the periphery of the study area, and in field observations, photographic registers

of anthropic actions and cartographic survey. The obtained results allow to conclude that the

reserve has innumerable contrasts concerning to the preservation and human intervention. The

lack of monitoring implies in the lack of control of the environmental agency of the area on

the frequent entrance of visitors in the reserve. There had been registered activities of hunting,

fishing, subsistence agriculture, pastures, extraction of firewood and garbage discarding from

the houses in the interior and in the outskirts of the reserve.

Key-words: Environmental degradation, anthropic pressure, environmental legislation, unit

of conservation

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” xvi

S U M Á R I O

Pág. LISTA DE FIGURAS vii LISTA DE QUADROS ix LISTA DE GRÁFICOS x LISTA DE SIGLAS Xii RESUMO xiv ABSTRACT xv INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 14 - Localização da área. ...................................................................................................... 15

Objetivos ...................................................................................................................... 18 Geral ............................................................................................................................ 18 Específicos ................................................................................................................... 18

1.1. Procedimentos metodológicos .................................................................................. 18 1.1.1. Bases teóricas ......................................................................................................... 18 1.1.2. Procedimentos técnicos da pesquisa ...................................................................... 31 CAPÍTULO II - CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE AREIA-PB .............. 34 2.1 – Características físicas ........................................................................................... 34 2.1.1. Clima ..................................................................................................................... 34 2.1.2. Solos ........................................................................................................................ 39 2.1.3. Relevo e Hidrografia.............................................................................................. 40 2.1.4. Vegetação............................................................................................................... 45 2.2 – Aspectos históricos ................................................................................................ 48 CAPÍTULO III – REVISÃO DA LITERATURA ...................................................... 50 3.1. Histórica do Sistema Nacional de Unidades de Conservação no Brasil ............ 50 3.2. Breve Histórica das Áreas Protegidas e Unidades de Conservação .................. 57 3.3 Desenvolvimento Sustentável ................................................................................. 62 3.4. Gestão de Unidades de Conservação (UCs) e o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação (SNUC) .......................................................................................

65 3.5. Degradação ambiental............................................................................................ 69 3.6. Educação Ambiental............................................................................................... 73 3.7. Populações tradicionais ......................................................................................... 76 3.8. Aspectos da política e gestão ambiental no Brasil ............................................... 77 3.8.1. Bacia hidrográfica: planejamento, gestão e sua importância............................... 80 3.8.2. Importância da vegetação como função reguladora dos recursos hídricos.......... 83 CAPÍTULO IV - RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................... 86 4.1 – Resultados obtidos com a aplicação do questionário ………………................. 86 4.1.1 Resultados da aplicação de questionários aos moradores no interior da REEMPF..........................................................................................................................

87

4.1.2 Resultados da aplicação de questionários aos moradores do entorno daa REEMPF ................................................................................................................

95

4.2. Resultados das observações de campo ................................................................. 103 4.3. Resultados da coleta via receptor GPS ................................................................ 112 CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ............................. 120 REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 122 APÊNDICE .................................................................................................................... 128

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB” xvii

ANEXOS ........................................................................................................................ 133 Anexo 01 - DECRETO Nº 14.832, DE 19 DE OUTUBRO DE 1992. Cria a Reserva Ecológica da “Mata do Pau Ferro” e dá outras providências.........................................................................

134

Anexo 02 - Dados relativos à precipitação pluviométrica em mm para a série 1983-2005, da Estação de Meteorologia do DSER/CCA/UFPB – Campus II, Areia-PB.....................................

135

Anexo 03 – SUDEMA – Informações referente a REEMPF - http://www.sudema.pb.gov.br/uc.shtml

136

Anexo 04 - LEI Nº 6.002, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1994. Institui o Código Florestal do Estado da Paraíba, e dá outras providências................................................................................

138

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas constatou-se uma crescente preocupação com questões

ambientais globais decorrentes principalmente da degradação do meio ambiente e de práticas

não-sustentáveis de uso dos recursos naturais, acarretando a perda acelerada da diversidade

biológica. No Brasil, em relação a esse aspecto, há uma especial preocupação com as áreas

remanescentes de Mata Atlântica que se concentram em alguns trechos de serras das regiões

Sul, Sudeste e Nordeste. A existência desses remanescentes se dá, entre outros aspectos,

devido às dificuldades de ocupação impostas pelo relevo, onde foram mantidas áreas

contínuas dessa cobertura vegetal.

A exploração da vegetação natural para a obtenção de madeira, usada pelas fábricas de

móveis, pelas indústrias de papel e celulose ou para exportação, favorece o uso das áreas para

fins agrícolas, para a formação de pastos, a criação de animais e ainda, a exploração pelas

indústrias mineradoras.

Com a exploração descontrolada, as florestas vão desaparecendo. Os recursos naturais

que poderiam ser utilizadas para fins científicos desaparecem em virtude da degradação, os

solos são compactados ou degradados pela erosão e os rios sofrem assoreamento devido à

retirada da mata ciliar. Portanto, a preservação da Mata Atlântica é de suma importância para

o equilíbrio dos ecossistemas, a conservação da biodiversidade faunística, assim como a

regulação de fluxos dos recursos hídricos, possibilitando a estabilidade de escarpas e encostas.

Na Paraíba se encontra um dos poucos remanescentes de Mata Atlântica na

Mesorregião do Agreste Paraibano, situado no município de Areia. Trata-se da Reserva

Ecológica Estadual da Mata do Pau Ferro (REEMPF), instituída pelo decreto Lei nº 14.832,

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

15

datado de 19/10/1992. Atualmente, estima-se que menos de 2% das áreas remanescentes de

Mata Atlântica estão protegidas em unidades de conservação oficiais. A Lei nº 14.832 se

encontra no (ANEXO 01).

Embora legalmente instituída, Silva e Queiroz (2001) constataram que ali ocorre uma

falta de controle por parte do órgão ambiental sobre as visitas, o cultivo de culturas de

subsistência em seu interior, a extração de lenha e o descarte de lixo. Portanto, verificaram-se

diferentes níveis de intervenção humana no interior da reserva.

É neste cenário que se realiza uma análise da degradação ambiental da REEMPF, a

partir de informações obtidas sobre as formas de utilização de seus recursos, e também como

está sendo exercida a pressão sobre esses recursos naturais pelas comunidades que ocupam o

seu entorno.

• Localização

O município de Areia-PB está localizado na microrregião do Brejo paraibano entre as

coordenadas geográficas 6º 51’47” e 7º 02’04” de Latitude Sul e 35º 34’13” e 35º 48’28” de

Longitude Oeste, com superfície territorial de 269 km2 segundo o IBGE (2006). Para Barros

(2005), a área do município de Areia se estende desde o piemonte do Planalto da Borborema

até as áreas do topo do planalto, ocupando o Setor Oriental Úmido e Subúmido do Estado da

Paraíba.

No que se refere à (REEMPF), esta constitui uma Unidade de Conservação (UC) de

domínio estadual no município, situando-se entre as coordenadas geográficas 6º 57’48” e 6º

59’43” de Latitude Sul e 35º 44’03” e 35º 45’59” de Longitude Oeste, com área aproximada

de 608 ha (SILVA e QUEIROZ, 2001). A área que se refere ao mapa de localização do

município de Areia e da REEMPF estão representadas nas figuras 01 e 02.

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

16

Figura 01 – Mapa de Localização do Município de Areia-PB.

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

17

FONTE: SUDEMA/SETGEO,2006

Figura 02 – Mapa de Localização da Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau-Ferro no Município de Areia-PB

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

18

O trabalho de dissertação em questão, teve como objetivo geral analisar o processo de

degradação ambiental que a Reserva Ecológica Estadual da Mata do Pau Ferro (REEMPF),

situada no município de Areia-PB, assim como, identificar as diversas formas de intervenção

humana sobre essa unidade pelas comunidades residentes no seu interior e no seu entorno. Já

no que diz respeito aos objetivos específicos que foram propostos e executados na realização

da dissertação temos:

• Obter informações sócio-econômicas e ambientais que poderão ser empregadas

na tomada de decisão relativa à conservação da área de estudo;

• Caracterizar os aspectos físicos e sócio-econômicos da área de estudo e do

entorno;

• Identificar as formas de intervenção humana por parte dos residentes no interior e

no entorno da área de estudo;

• Apresentar mapa das áreas com uso agrícola, das áreas degradadas e dos pontos

com infra-estrutura de apoio aos visitantes e de segurança.

1.1 Procedimentos metodológicos

1.1.1 Bases teóricas

O arcabouço teórico-metodológico adotado neste trabalho, baseou-se em bibliografias

diversas referentes à Mata Atlântica, Brejo Paraibano e adaptações voltadas para a análise da

gestão/degradação ambiental.

A Mata Atlântica é a segunda maior extensão original de floresta tropical úmida do

Brasil, compreendendo ampla variedade de ecossistemas, alguns dos quais chegam a conciliar

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

19

os processos ecológicos litorâneos, juntamente com os ecossistemas de floresta tropical,

restando apenas cerca de 7% de toda sua extensão original, conforme estima o DOSSIÊ

MATA ATLÂNTICA (2001).

A Mata Atlântica que é composta por vários tipos de vegetações, existia ao longo da

costa do Estado do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, se estendia por centenas de

quilômetros adentro do continente principalmente nas regiões sul e sudeste, tendo sido

devastada em grandes proporções. Foi declarada pela Constituição de 1988 como Patrimônios

Nacional, passando-se a denominar Domínio da Mata Atlântica. Segundo Dias, (1993, p. 162)

ainda assim, “essas áreas restantes, muitas delas transformadas em Unidades de

Conservação (UCs), continuam expostas à exploração devastadora do homem, com suas

moto-serras e seus incêndios criminosos”.

De acordo com Braga et al. (1993), a Mata Atlântica é um dos biomas de maior

biodiversidade do mundo e, ao mesmo tempo, um dos mais ameaçados. O Bioma da

vegetação de Mata Atlântica sofreu devastações em proporções diferenciadas de acordo com

as regiões as quais vivenciaram processos econômicos de ordens diferentes no que se refere à

ampliação da fronteira agrícola. Em decorrência desse fato, o que restou dessa vegetação

apresenta-se de forma fragmentada em pequenas porções rodeadas por diversas culturas.

Enquanto que na região Sul do Brasil, a área de ocupação da Mata Atlântica se

estendia para o continente por uma ampla faixa, na região Nordeste, a Mata Atlântica

abrangia uma faixa mais estreita daquela que possuía uma umidade maior devido à

proximidade com o oceano, apresentando ainda alguns encraves no interior, devido a algumas

condições naturais locais. No Estado da Paraíba o bioma também foi devastado em grandes

proporções, em decorrência dos ciclos econômicos que o Estado passou.

Ao longo desses cinco séculos, o processo de ocupação e degradação dos seus espaços

se deu principalmente pela exploração madeireira, uso energético, substituição por florestas

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homogêneas a partir de reflorestamentos como, por exemplo, o eucalipto (Eucalyptus

Globulus) para produção de celulose, expansão urbana e ampliação das áreas agrícolas. O

efeito da degradação devido a este último foi particularmente dramático no caso da

monocultura da cana-de-açúcar no Nordeste, com o advento do Pró-álcool.

As florestas, ou o pouco do que resta dela, são responsáveis por uma rica fauna e flora

de patrimônio genético cuja conservação e preservação são de suma importância. Por

corresponder a uma área geograficamente extensa e com formações vegetais naturais, é

também considerado um bioma. Para o MMA (2001a, p. 192) “a importância da Mata

Atlântica não é só devido a sua enorme diversidade de vegetação; ecossistemas1 como as

restingas e os manguezais dependem de sua preservação”.

Reis et al. (1992), afirmam que a ação para uma nova visão da Floresta Tropical

Atlântica, está centrada em três linhas de ação distintas: (i) a mudança da mentalidade dos

empresários e proprietários de terras; (ii) a geração de tecnologias alternativas que garantam a

conservação e a economicidade e (iii) a formação de recursos humanos dentro desta nova

visão.

As áreas com maior concentração populacional no país se encontram onde antes

predominava a vegetação de Mata Atlântica. Esta, por sua vez, se apresenta atualmente em

grande parte fragmentada e ainda sob ameaça de destruição em várias regiões, representando

uma das mais importantes florestas tropicais do planeta. Possui imenso valor paisagístico,

científico, turístico e cultural, além disso, presta inúmeros serviços ambientais, como a

conservação da biodiversidade, proteção de solos, das águas e encostas, dentre outros, e

contribui significativamente para a economia brasileira tanto em nível local, quanto nacional e

internacional (LINO, 2002). 1“É uma unidade que abrange todos os organismos que funcionam em conjunto (a comunidade biótica) numa área, interagindo com o ambiente físico (abiótico – componente sem vida de um ecossistema) claramente definida e uma ciclagem de materiais entre as partes de tal forma que um fluxo de energia produz estrutura biótica não-viva (abiótica). Os ecossistemas são sistemas abertos” (ODUM, 1985, 434 p)

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De acordo com o Dossiê Mata Atlântica (2001, p. 24)

Na Mata Atlântica nascem diversos rios que abastecem as cidades e metrópoles brasileiras, beneficiando mais de 100 milhões de pessoas. Além de milhares de pequenos cursos d'água que afloram em seus remanescentes, sua região é cortada por rios grandes como o Paraná, o Tietê, o São Francisco, o Doce, o Paraíba do Sul, o Paranapanema e o Ribeira de Iguape, importantíssimos na agricultura, na pecuária e em todo o processo de urbanização do país.

No Brasil, depara-se com duas grandes dificuldades para a conservação das florestas

remanescentes: (i) a quase totalidade da região está submetida ao regime da propriedade

privada; e (ii) os habitantes locais não suportam restrições deste referido direito e, mesmo

com a existência de leis para protegê-las, não há praticamente ninguém para aplicá-la e fazê-la

respeitar.

A Mata Atlântica do Nordeste foi a primeira floresta brasileira a ser explorada

intensamente a partir do período colonial. Salgado et. al., (1991) destacam a presença em

obras literárias quinhentistas referentes à extração e comércio de Pau-Brasil na Paraíba e em

Pernambuco. Para Lins e Medeiros (1994), no Estado da Paraíba restam pequenas manchas de

Mata Atlântica, sendo que não há fragmentos com mais de 1.500 ha. de forma contínua.

Atualmente, dentre vários fatores, é possível mencionar que a presença de porções da

Mata Atlântica no Brejo paraibano também está relacionada com as condições da elevada

altitude, mostrando-se de forma mais expressiva na escarpa oriental do Planalto da Borborema

em decorrência de sua posição a barlavento, que favorece uma maior umidade através das

constantes chuvas orográficas. O Município de Areia, localizado nessa microrregião, possui

vários fragmentos da mata em sua extensão que recobria grande parte de seu território. Na

relação clima, relevo e solo podem ser denotados pelo perfil aparente das espécies de vegetal,

que se caracteriza pela presença efetiva de formações de grande porte, a exemplo das florestas

(BARROS, 2005).

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No tocante aos aspectos legais de proteção à Mata Atlântica, praticamente a legislação

se restringe ao estabelecido no Código Florestal (Lei Federal nº 4.771/65) cuja legislação não

oferece mecanismos suficientes e específicos para a efetiva proteção da biodiversidade de um

determinado bioma, sendo aplicado a toda e qualquer forma de vegetação natural conforme

(CAPOBIANCO; LIMA, 1997).

A Constituição Federal de 1988 trouxe uma abordagem mais específica para a Mata

Atlântica, atribuindo-lhe importância ambiental e social e determinando que sua utilização

somente aconteça dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, na

forma de lei. Este bioma, de acordo com o Artigo 225 da Constituição Federal de 1988, no §

4º, declara, dentre outros biomas, a Mata Atlântica como patrimônio nacional (RINALDI;

LIMA, 2003).

A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)

em 1990, com parceria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA), realizaram o mapeamento dos remanescentes florestais de parte deste

bioma abrangendo desde o Estado da Bahia até o Rio Grande do Sul (BARROS, 2005).

As preocupações com a Mata Atlântica foram intensificadas, a partir da década de 90.

Essas preocupações foram registradas por alguns marcos importantes como: criação do

Parque Estadual da Serra do Mar, o primeiro grande corredor de proteção da Mata Atlântica,

envolvendo 14 Estados (do Ceará ao Rio Grande do Sul) e a criação de legislação específica

para a Mata Atlântica, o Decreto 750/93, que normatizou, de fato, pela primeira vez, a

conservação e o uso do bioma. A situação dos remanescentes florestais de domínio da Mata

Atlântica no ano de 1990 e a representação da fitofisionomia do domínio da Mata Atlântica

em conformidade com o Mapa de Vegetação do IBGE (1993) são apresentadas,

respectivamente, nas figuras 03 e 04.

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Remanescentes florestais (Mata primária e secundária em estágio avançado de regeneração)

1:20.000.000 Instituto Socioambiental – ISA Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Sociedade Nordestina de Ecologia

200 0 200 400 Km

Instituto Socioambiental – ISA Fonte: Mapa de Vegetação do IBGE, 1993.

Figura 03 – Domínio da Mata Atlântica, Remanescentes Florestais em 1990. Figura 04 – Grupo de Vegetação do Domínio da Mata Atlântica, 1993.

Grupos de Vegetação no Domínio da Mata Atlântica Formações pioneiras (restingas, manguezais, campos sulinos e vegetação com influência fluvial ou lacuste Encraves de cerrado e estepe e zonas de tensão ecológica Floresta Ombrófila Densa Floresta Ombrófila Aberta Floresta Ombrófila Mista Floresta Estacional Semidecidual Floresta Estacional Decidual

SP SP

RJ

BA

SE

AL

PE

PB

ES

CE RN

DF

PI

MG

GO

MS

PR

SC

RS

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Em 1992, após muitas discussões, o Conselho Nacional do Meio ambiente

(CONAMA) estabeleceu o conceito de Domínio de Mata Atlântica abrangendo as áreas que

primitivamente eram ocupadas por formações vegetais que formavam uma cobertura florestal

praticamente contínua nas regiões Sul, Sudeste e parcialmente nas regiões Nordeste e Centro

–Oeste. Já em 1993, esse conceito foi incorporado ao Decreto Federal nº 750 que tem como

definição, no Artigo 3º, as formações florestais e ecossistemas associados que fazem parte do

Domínio da Mata Atlântica:

Art. 3º - Para efeitos deste Decreto, considera-se Mata Atlântica, as formações florestais e ecossistemas associados inseridos no Domínio Mata Atlântica, com as respectivas delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil, IBGE (1988): Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófia Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, manguezais, restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste.

Emprega-se frequentemente o termo "Domínio Atlântico" A’B Saber (1970) para

designar todas as formas de vegetação mencionadas no decreto 750/93, que foram

mencionadas acima, entendendo-se como domínio morfoclimático uma região com

associação peculiar de padrões paisagísticos, definidos por aspectos vegetacionais,

geomórficos, climáticos e pedológicos, sendo a vegetação a melhor expressão dos fatores que

definem a delimitação do domínio. Neste sentido, onde fica implícita a conotação de variação

nos fatores condicionantes constituintes de um dado "domínio", o termo "Floresta Atlântica"

com uma concepção mais genérica, pode ser entendido, e assim será tratado neste texto.

Um reflexo da heterogeneidade contida em tal definição pode ser observado nas

regulamentações posteriores ao decreto 750/93, elaboradas com o intuito de definir os

critérios definidores dos tipos vegetacionais para cada estado da União, e, portanto com

abrangência regional, onde a variedade de critérios empregados dificulta comparações entre

os diferentes instrumentos legais para a conservação. Uma boa síntese destes instrumentos

[MCS1] Comentário: Pesquisar mapa na NT

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pode ser encontrada em Lima e Capobianco (1997), nos quais são ainda avaliadas as

perspectivas legais atuais de conservação da "Mata Atlântica".

No que tange as discussões referentes ao Brejo Paraibano, Mayo e Fevereiro (1982)

descreveram a Microrregião do Brejo Paraibano como área com matas bem desenvolvidas,

conhecidas como brejos2, palavra substituída pelo termo pântanos em outras partes do Brasil.

No entanto, brejo também pode significar uma região arborizada, fria e situada em terrenos

altos. Provavelmente, o uso desta palavra tenha sido originado pelo fato de que nestas áreas

podem ser encontrados cursos permanentes de água, quando na caatinga os rios encontram-se

secos, devido à longa estação seca.

Luetzelburg (1992) afirma ser o Brejo Paraibano uma zona fértil que se estende sobre

a Serra da Borborema, onde se cultivava fumo, mandioca, café e, nos baixios, a cana-de-

açúcar. Em diversas partes existem ricas fontes d’água, inclusive próximo a Areia, onde se

efetua a irrigação permanente das culturas, minimizando os efeitos das secas, durante as quais

o brejo atua como uma zona fornecedora de água para alguns municípios do interior do

Estado.

A vegetação representa um importante papel na estabilização do ciclo da água e na

preservação do solo. As florestas acumulam, armazenam e distribuem água às áreas

circundantes durante períodos secos. Para Mayo e Fevereiro (1982), o Brejo Paraibano era

coberto por uma floresta bem desenvolvida, graças às condições climáticas locais.

Classificada como Mata Latifoliada de Altitude, constituía uma formação arbórea densa, com

árvores de grande porte apresentando semelhança fisionômica e florística com as matas

2 “Literalmente, o termo Brejo se aplica a áreas baixas, depressivas, mal drenadas e que permanecem encharcadas por longos períodos. No Nordeste do Brasil, a expressão assumiu uma conotação diferente, sendo aplicada para definir as regiões serranas, especialmente, aquelas áreas expostas aos ventos úmidos que propiciam, por efeito orográfico, precipitações pluviométricas muito acima da média regional e que possuem cobertura vegetal exuberante, com dossel em torno de 30 metros de altura” (ANDRADE-LIMA, 1982 apud SOUSA, 2003 p. 8).

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costeiras. A contínua derrubada dessa mata tem ampliado a área de expansão das chamadas

caatingas brejadas (ATLAS GEOGRÁFICO DO ESTADO DA PARAÍBA, 1985).

Em áreas de Brejo de Altitude3, no interior de Pernambuco e Paraíba, onde, por razões

orográficas, existem formações florestais em região de caatinga, verifica-se que nestas

formações disjuntas da Mata Atlântica Litorânea têm marcante dependência de água e ao

mesmo tempo influenciam os ciclos hidrológicos. Em estudo realizado no Parque Ecológico

Municipal Vasconcelos Sobrinho, na localidade de Brejo dos Cavalos (Caruaru-PE), foi

evidenciada forte concentração de chuvas na área, comparada com a do entorno (CABRAL et.

al, 1999). Considerando a pluviosidade em cinco municípios vizinhos e em áreas do

município de Caruaru, no período de agosto/98 a julho/99, observou-se que neste Brejo de

Altitude a precipitação foi cerca de quatro vezes superior. Apesar da importância da

constatação dos autores é necessário frisar que o período de análise histórico não deve servir

de referencial, pois, para se obter informações concisas é necessário realizar análises com

séries históricas do índice pluviométrico ao menos superior a 20 anos.

Andrade-Lima (2004) se refere à existência de algumas disjunções de Mata Atlântica

isoladas nos topos de chapadas sedimentares e no cume de serras interioranas do Nordeste,

denominadas de Brejos de Altitude. Moreira e Jatobá apud Oliveira (2004) afirmam que as

florestas se encontram sobre blocos residuais do cristalino (complexo de serras) que tiveram

sua forma modelada por sucessivos aplanamentos elaborados a partir do Cenozóico. Tais

formações florestais podem ser encontradas geralmente, na região do Nordeste do Brasil,

principalmente na porção oriental.

Na Paraíba, a ocorrência dos brejos se dá principalmente a leste do Planalto da

Borborema com ocorrência marcante também a nordeste, cruzando a parte central e leste do 3 Para a Resolução /CONAMA/nº 003, de julho de 1993, Art. 5, define o Brejo Interiorano “é uma mancha de floresta que ocorre no Nordeste do País, em elevações e platôs onde ventos úmidos condensam o excesso de vapor e criam um ambiente de maior umidade; tais ambientes são também conhecidos como brejos de altitude (Oliveira, 2004 p.3)”.

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Estado. A formação florestal dessa região se apresentava bem desenvolvida graças a

peculiaridade das condições climáticas do local. Na maior parte do ano, os ventos úmidos do

sudeste provenientes do Atlântico passam sobre a costa leste, provocando chuvas sobre a zona

de mata costeira e depois avançam para o interior (OLIVEIRA, 2004).

De acordo com Rodal e Sales (2002) nas florestas de brejo a flora presente parece

resultar de um longo período de perda de diversidade devido ao intenso processo de

fragmentação e do seu isolamento, independentemente de serem apenas áreas com porções

menores de fragmentos de vegetação ou de corpos florestais maiores como a Amazônia e a

Floresta Atlântica.

Em alguns fragmentos de brejos interioranos, o isolamento da vegetação higrófila4 que

progredia para o interior apresenta forte relação com a intervenção humana e suas

características naturais. O xerofismo5 teria sido acentuado devido o desbravamento das áreas

circunvizinhas, isolando relíquias de matas em pontos menos apropriados ao desenvolvimento

de culturas (CORREIA, 1996).

Drew (1998, p. 1) diz que o “homem não é uma criatura racional, embora haja quem,

pense o contrário. Suas atividades para com a terra e suas reações ao ambiente têm variado

através do tempo e ainda variam entre regiões e culturas”.

Com o desenvolvimento da civilização humana, alguns países tiveram um processo

desenvolvimentista mais acelerado, principalmente devido à sua posição em relação a outras

nações, bem como sobre os recursos existentes nesses países dominados. Neste contexto,

Zahler, (1988) apud Silva (2001, p.19) diz que:

4 “Diz-se da planta que só vegeta em lugares úmidos e que se caracteriza por grandes folhas delgadas, moles e terminadas em ponta afilada”. FERREIRA, Aurélio B. H, Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI. 1999. Pesquisa em 25/08/2006. 5 Relacionado a xerofilia. “Preferência por lugares secos, como a caatinga e os desertos” FERREIRA, Aurélio B. H, Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI. 1999. Eletrônico. Pesquisado em 25/08/2006.

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Desde a sua colonização pelos portugueses até o início deste século, não houve muita preocupação com a proteção ambiental no Brasil, pois acredita-se que seus recursos naturais eram inesgotáveis. Enquanto a Europa, incluindo Portugal, se ressentia com problemas ambientais, devido à exploração predatória da flora e da fauna, e tratava de protegê-la da melhor forma possível através de alguns instrumentos legais, no Brasil a legislação portuguesa não era cumprida.

Nesse sentido, Sposito (1988) apud Silva (2001, p. 6) afirma que foi

a partir da intensificação da revolução industrial tornada viável tanto graças ao capital acumulado, como pelo desenvolvimento técnico-científico a que se denomina Revolução Industrial, a urbanização tomou ritmos muito acentuado.

Notadamente a industrialização e a urbanização, proporcionaram a alteração de

aspectos do ambiente, como a vegetação, o relevo, o uso da terra, a hidrografia e o clima.

Tomando como exemplo as alterações hídricas, Drew (1998) comenta que quando as

alterações hídricas são iniciadas em áreas urbanizadas de uma bacia hidrográfica poderiam

reduzir o efeito a montante da corrente e ainda mais a jusante, possivelmente modificando o

funcionamento de toda a bacia.

Diegues (1996) ressalta a importância da criação de áreas protegidas como espaços

territoriais prevalecendo a necessidade harmoniosa entre homem e natureza, com vistas ao

beneficiamento das populações existentes.

A partir do enunciado são importantes alguns conceitos de preservação da natureza e

de seus recursos como sendo

um movimento de ordem social, cuja filosofia se funda na preocupação urgente de se preservar os ambientes naturais e artificiais..., mantendo-se os seus recursos renováveis um constante ciclo de autoperpetuação, com vistas ao bem-estar humano na atualidade e no futuro, bem como a restauração de ecossistemas artificialmente alterados, dentro do possível e onde for mais necessário, para a formação de áreas adequadas à vivência humana condigna (SILVA, 2001, p. 7).

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Belart (1976) apud Silva (2001, p. 7) utiliza a definição de Conservação da Natureza

como sendo a

aplicação prática de conceitos da ecologia. Estabelece uma ética de uso correto da natureza e de seus conceitos segundo a qual estes são utilizados de modo a perpetuar os renováveis e tirar o máximo proveito dos não renováveis, reduzindo ao mínimo o desperdício, a degradação e a poluição. Trata-se de uma atuação tipicamente econômica mas que leva na devida conta os aspectos positivos e negativos, os fatores mensuráveis, os efeitos diretos e indiretos a curto, médio e longo prazo. A conservação, além de ciência aplicada, é um movimento social (o conservacionismo) e um modo de vida sadio.

Quanto à preservação, Silveira (1970, p. 45-70) define que:

preservar a Natureza é restaurar, dentro do possível e onde é mais necessário, o que foi alterado e destruído por interferência humana e conservar o equilíbrio biológico nos ambientes naturais. Através destas medidas assegura-se a imediata utilização dos recursos naturais renováveis, pois explorados hoje com inteligência e devido controle, continuarão servindo como fonte de subsistência, também, às gerações vindouras.

Segundo Silva (2001) todos os autores ao conceituarem sobre conservação, discorrem

sobre o uso racional dos recursos naturais, evitando a destruição e o desperdício destes.

Quanto a preservação, percebe-se a preocupação com a proteção integral das propriedades

naturais de um ou mais ecossistemas, assim como a recuperação de ecossistemas alterados

pelo homem. Tanto a conservação quanto a preservação dos recursos naturais, objetivam a

melhoria das qualidades de vida vegetal, animal e humana.

Em estudo realizado sobre a importância das Unidades de Conservação no Brasil,

(HASSLER, 2005) afirma que ao longo do século XX várias preocupações e a sensível

modificação da percepção dos problemas ambientais, assim como da utilização dos recursos

naturais, permitiram a necessidade da criação de espaços especiais para a manutenção do

meio natural, conservação da biodiversidade, manutenção do patrimônio genético e proteção

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de ecossistemas naturais, ou pelo menos parte deles. Tais espaços passam a ser denominados

Unidades de Conservação e passam a ter uma importância cada vez maior, principalmente a

partir da década de 1990, período de maior globalização dos problemas ambientais e

consequentemente maior preocupação com as mesmas (HASSLER, 2005).

Através da Coordenadoria de Planejamento Ambiental (CPLA), vinculado a Secretaria

do Meio Ambiente (SMA), Soares-Gross (1995) se referem ao desenvolvimento de projetos

relativos às APA’s no Estado de São Paulo. Tais projetos visam à avaliação de quadros

ambientais assim como a formulação de diretrizes que disciplinam o uso e ocupação do solo

incorporando preocupação fundamental com o processo de gestão ambiental de Áreas de

Proteção Ambiental (SOARES- GROSS, 1995).

Barcelos e Landim (1995, p. 107) alertam para a importância da formação de recursos

humanos voltados para a análise ambiental ao mencionar que:

... A questão é essencialmente cultural, da formação do indivíduo e de posicionamento político-social. A visão de uma criança da classe média paulista, quanto a questão homem-ambiente, é totalmente diferente da de uma outra residente em qualquer cidade de pequeno porte do interior paulista, e muito diferente daquelas residentes em pequenas cidades do interior brasileiro...

Soares-Gross (1995) ao avaliarem o quadro ambiental da APA Corumbataí

constataram que seu território vem sendo submetido a intensos processos de degradação

ambiental e simplificação biológica, sob pressão contínua das monoculturas e agroindústrias

associadas e da homogeneidade ambiental decorrente. A partir de então, nesta fase do

trabalho, foi adotada uma conduta envolvendo os agentes intervenientes no processo de

ocupação, para promover melhores condições técnicas de manejo adequado à conservação dos

recursos naturais e à organização de programas de ação voltados para a recuperação de áreas

degradadas.

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1.1.2 Procedimentos técnicos da pesquisa

No desenvolvimento deste trabalho, foi realizada uma série de procedimentos e

técnicas para atingir os objetivos pretendidos através de um planejamento sistematizado de

atividades para obtenção das informações desejadas. Tais informações foram elementos

importantes para analisar e conduzir os estudos tanto de características físicas e bióticas

quanto sócio-econômicas da área.

Primeiramente, foi realizado um levantamento de material bibliográfico referente ao

contexto deste trabalho através de pesquisas em bibliotecas, assim como em instituições de

ensino e pesquisa; informações em órgãos públicos em nível federal, estadual e municipal;

visitas a páginas da internet; pesquisas em fontes próprias e aquisição de livros para subsidiar

a leitura no transcorrer da execução do trabalho, que permitiram realizar os seguintes

levantamentos:

• Levantamento geoambiental: foi realizado um levantamento de dados do meio

físico (clima, vegetação, hidrografia, solos, geomorfologia e geologia) com

finalidade de conhecer os recursos naturais da área de estudo.

• Levantamento sócio-econômico: para a execução deste estudo foi realizado um

levantamento de dados dos aspectos histórico-culturais da região, assim como, dos

principais ciclos das atividades econômicas e sociais da área.

• Levantamento cartográfico: foram utilizadas informações cartográficas da área de

estudo na escala 1:1000 desenvolvidas por Silva e Queiroz (2001).

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Quanto à legislação utilizada, foram feitas consultas a leis nas esferas federal e

estadual condizentes com o contexto do tema de estudo. Dentre as quais podem ser citadas: a

Constituição Federal, a PNMA, a institucionalização das UC, o SNUC, CONAMA, Código

Florestal do Estado da Paraíba, Recursos Hídricos, entre outras.

Foram aplicados questionários junto aos moradores residentes no interior e no entorno

da área de estudo, para coleta de dados de natureza diversa, a saber: i) dados sócio-

econômicos e de característica domiciliar; estes dados contribuíram para traçar o perfil dos

respondentes e residentes assim como sua infra-estrutura domiciliar e, ii) coleta de dados que

caracterizam a relação entre o morador e a reserva; identifica a relação que se estabelece entre

o morador e o uso dos recursos naturais da reserva. A aplicação dos questionários teve como

propósito coletar informações para atingir os objetivos de execução deste trabalho.

A amostragem desta pesquisa se deu com a aplicação de 22 questionários com

finalidade de obter informações sócio-econômicas e da relação estabelecida entre os

respondentes e o uso dos recursos naturais disponíveis na área de estudo, sendo: 12

questionários referentes á coleta de dados da população residente no interior e,

consequentemente 10 questionários foram aplicados junto á residentes no entorno da

REEMPF. A análise dos resultados obtidos com a aplicação dos questionários será

apresentada em dois grupos. I) dados referentes aos residentes no interior da área e II) dados

adquiridos junto aos respondentes que habitam o entorno da área. No entanto, se fez

necessário apresentar o número total de entrevistados e habitantes resultantes da aplicação dos

questionários assim como seus respectivos sexos (Quadro 1).

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QUADRO 1

Número de entrevistados, número de habitantes residentes no interior e no entorno da REEMPF classificados por sexo.

SEXO DOS

ENTREVISTADOS INTERIOR ENTORNO SUB-TOTAL

Masculinos 6 7 13

Feminino 6 3 9

TOTAL DE ENTREVISTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

NÚMERO DE HABITANTES

SEXO INTERIOR ENTORNO SUB-TOTAL

Masculino 25 25 50

Feminino 28 17 45

TOTAL DE HABITANTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Outras informações e complementações foram obtidas em pesquisa de campo. As

complementações de dados de natureza sócio-econômica e geoambiental foram realizadas

com auxílio de um receptor denominado Sistema de Posicionamento Global (GPS). Realizou-

se também, um levantamento fotográfico, foram aplicados questionários junto à população

residente no interior e entorno da REEMPF, para averiguar a pressão antrópica que estaria

sendo exercida sobre a área, assim como obter informações sobre a opinião dessa população

em relação ao uso dos recursos naturais disponíveis e sobre a visitação turística à área,

conforme pode ser visto no APÊNDICE.

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CAPÍTULO II - CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE AREIA-PB

2.1 Características físicas

2.1.1. Clima

Segundo Nimer (1977) o clima é o resultado de muitas e intrincadas relações entre a

superfície da terra e a atmosfera, relações efetuadas entre diversos fatores conhecidos como

fatores do clima.

De acordo com a classificação de Köppen, o clima do município de Areia é do tipo

As’, com chuvas no período outono-inverno (BRASIL, 1972). Apresenta uma precipitação

anual que oscila entre 800 e 1.600 mm, com concentração nos meses de junho a agosto. As

temperaturas anuais apresentam máximas de 26 oC e mínimas de 18 oC (BRASIL, 1972).

É possível perceber com clareza a localização do município de Areia e sua

característica climática na figura 05.

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Figura 05 – Mapa de climas do Estado da Paraíba destacando a ocorrência climática no município de Areia, adaptado pelo autor.

FONTE: ATLAS-PB, SEPLAN/IDEME, 2003.

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As chuvas abundantes e bem distribuídas ao longo período de março a julho, são

resultantes do efeito orográfico do Planalto da Borborema sobre as massas úmidas vindas do

Atlântico Sul, conforme os dados de pluviosidade adquiridos junto a estação meteorológica da

Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Campus II no município de Areia, sob

monitoramento do Centro de Ciências Agrárias (CCA), no período compreendido de 1983 a

2005, totalizando uma série de 22 anos (Anexo 2).

De acordo com Lima (2003) a precipitação média é de 1.400 mm/ano, com máxima de

2.197,0 mm ocorrida no ano de 1985 e a mínima de 816,9 mm em 1993. De uma forma geral,

ocorrem anualmente 03 meses seco, proporcionando, de acordo com o tipo de solo, déficit

hidro-edáfico. Já no verão, ocorrem chuvas com mais intensidade, propiciando os maiores

riscos de erosão (LIMA, 2003). As figuras 06 e 07 apresentam os índices pluviométricos do

Estado da Paraíba e das temperaturas médias anuais destacando a localização do município de

Areia onde está inserida a REEMPF foco da realização deste estudo.

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Figura 06 – Mapa de pluviosidade do Estado da Paraíba enfocando a ocorrência de chuvas no município de Areia, adaptado pelo autor.

FONTE: ATLAS-PB, SEPLAN/IDEME, 2003.

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Figura 07 – Mapa de temperaturas médias do Estado da Paraíba com destaque para o município de Areia, adaptado pelo autor.

FONTE: ATLAS-PB, SEPLAN/IDEME, 2003.

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2.1.2. Solos

Quatro unidades de solo ocorrem no território do município de Areia. Na parte central,

mais úmida, os solos são mais espessos favorecendo um maior desenvolvimento da

vegetação. Nas porções de menor altitude, a vegetação é menos exuberante por serem os solos

mais secos. Na parte leste, predominam as pastagens (antes cana-de-açúcar) e, finalmente, na

porção oeste, os solos permitem a exploração de culturas diversificadas (CEPA, 1977).

A descrição dos solos de maior ocorrência na área de estudo, está distribuída da

seguinte maneira conforme EMBRAPA (1999):

• Associação de: Argissolo vermelho amarelo equivalente eutrófico com horizonte

A proeminente textura argilosa fase floresta subperenifólia relevo fortemente

ondulado e solos litólicos eutróficos com horizonte A proeminente textura média

fase pedregosa e rocha floresta subperenifólia relevo forte ondulado e

montanhoso substrato gnaisse e granito.

• Associação de: Argissolo vermelho amarelo equivalente eutrófico com horizonte

A proeminente textura argilosa fase floresta subperenifólia relevo ondulado e forte

ondulado e solos litólicos eutróficos com horizonte A proeminente textura média

fase pedregosa e rochosa floresta subperenifólia relevo forte ondulado e

montanhoso substrato gnaisse e granito.

• Associação de: Argissolo vermelho amarelo equivalente eutrófico abrupto

plinthicco textura média fase floresta caducifólia relevo plano e suave ondulado e

solos litólicos eutróficos com horizonte A fraco textura arenosa e/ou média fase

pedregosa caatinga hipoxerófila relevo ondulado substrato gnaisse e granito.

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• Associação de: Neossolos fluvicos eutróficos com horizonte A fraco textura

arenosa e/ou média fase pedregosa e rochosa caatinga hiperxerófila relevo

ondulado substrato gnaisse e granito e afloramento de rocha.

2.1.3. Relevo e hidrografia

Para Gondim (1999), a Microrregião do Brejo Paraibano corresponde a uma faixa da

frente oriental do Planalto da Borborema, compreendida entre a depressão Sublitorânea e a

Superfície dos Cariris. A passagem da depressão para o Planalto nessa área ocorre de forma

abrupta. As altitudes passam de um patamar aproximado de 200m e atingem cerca de 600m

em poucos quilômetros. O Brejo com cerca de 62 Km de comprimento e 40 km de largura

máxima, compreende uma faixa de terra alongada no sentido Norte-Sul.

O município de Areia possui formas de relevo bastante diversificadas e em diferentes

posições altimétricas. Apresenta relevo bastante rugoso com intensas sinuosidades, cujo

modelado se encontra sobre um conjunto geológico de base estrutural cristalina. Segundo

Barros (2005) nas porções Sul, Sudeste e Leste que se localiza a barlavento, o relevo se

apresenta bastante movimentado com configurações semelhantes a Mares de Morros, sendo

comparados por Valverde (1955) apud Barros (2005, p.25) com a “Cadeia dos Apalaches,

que tomou com base sua tectônica”. Segundo o mesmo autor, esse relevo vem sofrendo

dissecamento pelo intemperismo mecânico tendo como agente modelador do relevo a ação do

processo erosivo. Nesta área, encontram-se declives bastante acentuados e em vários locais

supera a angulação de 25º, o que proporciona uma drenagem com processos erosivos intensos,

dada a diferença no gradiente altimétrico entre a cimeira na borda do Planalto da Borborema e

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o sopé, que é o piemonte6 em direção Leste, para onde segue o escoamento superficial

seguindo níveis de menor energia. Em determinadas porções do terreno, o relevo aparece um

pouco mais suavizado, se apresentando em algumas partes colinoso, já em outras partes, mais

aplainado, constituindo o que é denominado de chã (ANDRADE, 1998; BARROS, 2005).

O relevo7 é classificado como ondulado (com declives de 8 a 20%) a forte ondulado

(com declives de 20 a 45%), de acordo com Brasil (1972), exigindo uso intensivo de mão-de-

obra na agricultura e tornando as terras mais suscetíveis à erosão hídrica (CHAVES et. al.

2000 apud LIMA, 2003). Desse modo, verifica-se grande variação de altitude, indo desde o

nível de 100 m até mais de 500 m (BRASIL, 1972), e ocorrendo, a partir da porção central do

município, um decréscimo da altitude em direção a todos os quadrantes (LIMA, 2003).

Localizado na parte oriental mais elevada do maciço do Planalto da Borborema,

atingindo cotas superiores a 600 m acima do nível do mar, o município de Areia ao apresentar

uma topografia acidentada, configura-se com um relevo rico em vales, encostas abruptas e

morros8 escarpados, podendo alcançar desníveis superiores a 100 m (LIMA, 2003).

As características do solo e do relevo do Estado da Paraíba se fazem presentes nas

figuras 08 e 09, evidenciando o município de Areia local do desenvolvimento da pesquisa

atual.

6 “Depósito sedimentar que, formado no sopé das montanhas, passa gradualmente aos depósitos aluviais, e se constitui, em geral, de blocos não arredondados e mal selecionados, de mistura com partículas mais finas.” FERREIRA, Aurélio B. H, Dicionário Aurélio Eletrônico – Século XXI. 1999. pesquisado em: 05-09-2006. 7 “Corresponde ao conjunto de reentrâncias e saliências observadas na superfície do planeta, formado por inúmeros processos. Esses processos podem ser provenientes do interior da Terra (endógenos), englobando os movimentos tectônicos e as manifestações vulcânicas, e das forças externas à litosfera, mediante as interferências dos fenômenos climáticos, da gravidade e da cobertura vegetal” (JATOBÁ, Lucivânio. & LINS, Rachel C., 2001, p. 11) 8 De acordo com a Resolução CONAMA 303/02 define “morro” como sendo “uma elevação do terreno com altura entre 50 e 300m em relação à sua base e cujas encostas tenham declividade maior que 30%; “topo de morro” é a área delimitada a partir da curva de nível localizada a 2/3 da altura de elevação em relação à base”. (AHRENS, Sérgio. 2002, p. 17).

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Figura 08 – Mapa de solos do Estado da Paraíba com destaque para o município de Areia, adaptado pelo autor.

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Figura 09 – Mapa de relevo do Estado da Paraíba com destaque para o município de Areia, adaptado pelo autor.

FONTE: ATLAS-PB, SEPLAN/IDEME, 2003.

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O município de Areia apresenta uma rede de drenagem com menor densidade na parte

ocidental do território, onde predominam as áreas de chãs. Um fator importante diz respeito a

participação como contribuinte para dois rios importantes da região, servindo como divisor de

águas e tributário dos rios Araçagi e Mamanguape, sendo que o primeiro ocupa a porção

Norte do Município e o outro ocupa a porção Sul.

A bacia hidrográfica da barragem de Vaca Brava apresenta uma área

consideravelmente pequena, com aproximadamente 1.560 hectares, e uma área de bacia

hidráulica de 36 hectares. É um patrimônio público histórico da Microrregião do Brejo

Paraibano. Além de toda a população abastecida com a água da barragem, administrada pela

Companhia de Águas e Esgoto da Paraíba (CAGEPA), a área da bacia hidrográfica da

barragem Vaca Brava abriga um contingente de 755 habitantes que vivem em 143 imóveis

rurais (CHAVES et. al., 2000). Na área da bacia encontra-se localizada a REEMPF. Esta se

constitui em área de proteção do manancial, com 604 ha, que foi formada pela desapropriação

de quatro engenhos de cana-de-açúcar, na década de trinta do século passado.

Segundo Lima (2003) a sub-bacia hidrográfica do Riacho do Cunha que se localiza na

divisa dos Municípios de Areia e Remígio, no Estado da Paraíba, posicionando-se na porção

centro-oeste, é de suma importância para a bacia hidrográfica da barragem Vaca Brava,

ocupando uma área de 213,3 ha, o que representa 13,7 % da área total.

Em virtude da densidade demográfica que esta sub-bacia apresenta, a área vem

sofrendo ao longo dos anos uma forte pressão antrópica, principalmente com cultivos anuais

de subsistência em áreas declivosas, como pode ser observado na figura 10. Algumas destas

áreas encontram-se abandonadas, formando capoeiras em diferentes estágios sucessionais.

Para Lima (2003) as matas de proteção das cabeceiras de drenagem e dos leitos dos riachos

praticamente não existem na sub-bacia, o que pode representar um maior risco de produção de

sedimentos, contribuindo para a diminuição da vida útil da barragem Vaca-Brava.

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Figura 10 – Cultivo de subsistência na sub-bacia hidrográfica do Riacho do Cunha nas proximidades da REEMPF. Foto do arquivo de Lima, 2003.

2.1.4. Vegetação

Diversos fatores condicionaram o desenvolvimento de um solo profundo e fértil assim

como também de uma vegetação exuberante nos chamados contrafortes do Planalto da

Borborema, classificada segundo o IBGE, como Floresta Ombrófila Aberta. No entanto, na

porção mais Ocidental e a noroeste do município, as condições de umidade e pedogênese são

diferenciadas e isso propiciou a existência de uma cobertura vegetal menos exuberante, que

sobrevive às intempéries da escassez de chuvas e do solo pouco profundo. A vegetação nesta

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área apresenta uma tipologia denominada pelo IBGE de Savana Estépica e regionalmente

conhecida como caatinga (MANUAL TÉCNICO DA VEGETAÇÃO BRASILEIRA, 1992

apud BARROS, 2005).

Segundo BORBOREMA (2006), da vertente oriental até a metade do topo, a

vegetação apresenta características de área úmida, formando, em determinados locais, os

brejos de altitude. À partir da metade do topo, descendo pela vertente ocidental, existe

vegetação com características de áreas secas. As matas úmidas denominadas de brejos de

altitude se restringem ao topo e parte da vertente oriental.

A área apresenta solos bastante férteis e uma umidade consideravelmente satisfatória para

a agricultura. A Floresta Ombrófila Aberta foi sendo substituída aos poucos por atividades

agrícolas que se instalaram na área. Pode ser destacado como atividade principal o cultivo da

cana-de-açúcar, originando uma fragmentação das florestas que recobriram toda a área de maior

umidade. Para Barros (2005) o relevo movimentado do lugar como um dos fatores que permitiram

a existência de alguns fragmentos da vegetação, pois, em decorrência dos vales profundos e

estreitos, suas encostas íngremes e com divisores de água locais em pequenos e altos espigões,

impossibilitaram o uso da mecanização para a prática agrícola.

Para Duarte (2003), na vegetação cuja composição seja de formação florestal

latifoliada de altitude, são freqüentes as trepadeiras (lianas) e nas partes altas é grande o

número de epífitas, principalmente a bromélia. O quadro 02 mostra o exemplo de algumas

espécies mais comuns encontradas na Reserva Ecológica Estadual da Mata do Pau Ferro

(REEMPF) que podem ser citadas conforme (NASCIMENTO, 2002).

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QUADRO 02

Algumas espécies de vegetação encontradas na Reserva Ecológica Estadual da Mata do Pau Ferro-Areia-PB.

Família e/ou Espécie Nome vulgar

Anacardiaceae/Anarcadiaceae 1 Sete casca

Anacardiaceae/Tapira guianensis Aubl. Cupiúba

Arecaceae/acrocomia intrumenscens Drude Macaíba

Bignoniáceas/Tabebuia serratifolia Pau d’arco-amarelo

Bombacaceae/Ceiba glaziovii Kuntze Barriguda

Burseraceae/Protium heptaphyllum (aubl.) March. Almécega

Caesalpiniaceae/Hymenaea courbaril L. Jatobá

Celastráceas/Goupia glabra Cupiúba

Fabaceae/Bowdichia virgilioides Kunth. Sucupira

Lecythidaceae/Escheweilera ovata (Cambess.) Mart. Imbiriba

Malpighiáceae/Byrsonima sericea DC. Murici

Mimosaceae/ Inga bahiensis Benth. Ingá

Mimosaceae/Acácia cf langsdorffii Benth. Espinheiro preto

Mimosaceae/Albizia polycephala (benth.) killip Camunzé

Mimosaceae/Piptadenia Cf. viridiflora (Kunth) Benth. Amorosa

Myrtaceae/Myrcia Sylvatica (Mey.) DC. Goiabinha

Myrtaceae/Myrcia tomentosa (Berg) Legrand Araçá bravo

Myrtaceae/Myrtaceae 1. Guabiraba

Rubiaceae/Coutarea hexandra (Jacq.) Reitz Quina-Quina

Rhammaceae/Ziziphus cotinifolia Reissek Juazeiro

Sapindaceae/Allophylus laevigatus Radilk. Estraladeira

Rubiaceae/Genipa americana L. Jenipapo

Fabaceae/Diplotropis purpúrea (Rich.) amshoff. Sucupira preta

Pithecolobium diversifolium Jurema branca

Caesalpinia ferrea Pau-ferro

Atualmente, os poucos fragmentos de vegetação natural que restam, encontram-se

distribuídos no território ilhados pelas várias formas de uso do solo.

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2.2 Aspectos históricos

A ocupação do território onde hoje se encontra o Município de Areia começou com o

desbravamento da zona do Brejo por volta de 1625, época em que o adentramento do

território paraibano estava se dando de forma mais efetiva, conforme Almeida (1980, p. 2)

afirma que:

Já antes da dominação holandesa, os moradores de Mamanguape haviam feito uma entrada até a zona do Brejo, no Sertão de Bruxaxá. Seguiram a montante do Mamanguape e, adiante, já depois da Lagoa do Pão, subiram por um de seus afluentes, o Mandaú, que nasce ao sopé da esplanada, onde mais tarde surgiu o núcleo inicial que deu origem à cidade de Areia. Os expedicionários eram capitaneados por. Manoel Rodrigues, que empreendera em 1625, pela primeira vez, essa escalada à Borborema. Na subida tiveram a atenção despertada por estranho ruído, que ecoava no meio da mata virgem. Era o Mandaú que se lançava do alto da serra, no salto da Pitombeira, entre Areia e Alagoa Grande. Os desbravadores, impressionados pela exuberância da natureza, amenidade do clima, fertilidade do solo, cortado de regatos por todos os lados voltaram a Mamanguape com o propósito de atrair algumas famílias de Pernambuco para a zona do Brejo, que acabavam de descobrir, mas a invasão holandesa teria transformado por completo esse plano de colonização.

Na Microrregião do Brejo paraibano, tanto no município de Areia quanto em vários

outros municípios, a ocupação com finalidade agrícola se tornou uma das principais fontes de

renda, assim como também foram marcados pelos diversos ciclos econômicos, tendo ascensão

e declínio nas diversas atividades econômicas desenvolvidas em busca de solução na

substituição de um produto por outro. Dentre as culturas com maior relevância nos ciclos

econômicos podem ser citadas as seguintes: café, algodão, cana-de-açúcar, agave e

posteriormente a pecuária.

Para Valverde (1955) apud Barros (2005, p. 20) a economia rural da região tinha no

engenho a sua maior importância, pois era do engenho que se exportava a fibra do agave

(Algave sisalana), rapadura e aguardente, no entanto, o açúcar só era produzido no Brejo pela

Usina Santa Maria no município de Areia. Para o autor, existiam 91 engenhos em Areia,

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sendo 28 que produziam rapadura, 12 que fabricavam apenas aguardente e 51 que produziam

simultaneamente aguardente e rapadura, cuja produção atingiu em 1953, 8.660.000

quilogramas de rapadura e 2.435.000 litros de aguardente.

A oscilação nos ciclos econômicos foi bastante forte, cujo reflexo do declínio em

alguns momentos da agricultura era percebido diretamente no setor do comércio. Barros

(2005) menciona um dos momentos de declínio nas lavouras referentes ao período de 1970 a

1975, quando a região do Brejo paraibano sofreu queda na área plantada em vários

municípios, dentre os quais, o Município de Areia que apresentou uma queda na ordem de

18,1%, sendo retomada posteriormente, através da implantação do Pró-álcool na década de

setenta, com a intensificação do plantio de cana-de-açúcar, atingindo inclusive as encostas e

os topos.

No que se refere à fase inicial das culturas de subsistência no Brejo paraibano,

Andrade (1998, p. 146-147) diz que as culturas da:

mandioca, cereais e o cultivo da cana em pequena escala para ser moída em engenhos de moenda de pau, verticais e movidos a boi – havia sido substituída pela algodoeira, já em 1815, a ponto de haver na primeira metade do século XIX, só na vila de Areia, quatro bolandeiras, além das localizadas em outros povoados e sítios.

Andrade (1998, p. 147) destaca a importância da cultura do algodão que, apesar de

enfrentar problemas de ordem climática, o autor trata como “os inconvenientes das chuvas

excessivas, da friagem assim como também das pragas”, que tanto prejudicavam as safras,

proporcionou maior rentabilidade do que a cana-de-açúcar até meados do século XIX. A

partir de então, se iniciou outro ciclo econômico no Brejo paraibano – o da cana-de-açúcar –

sucessor ao algodão, da mesma maneira que este sucedera ao das lavouras de subsistência

(ANDRADE, 1998).

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CAPÍTULO III - REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Histórico do Sistema Nacional de Unidades de Conservação no Brasil

A gestão das áreas protegidas no território brasileiro antes do Sistema de Unidades de

Conservação (SNUC) era regulamentada por diversas Leis, Decretos, Resoluções, que

associadas confusamente a outras tantas legislações estaduais e municipais, deliberavam sobre

vários assuntos concernentes a conservação de áreas protegidas. Nestas áreas incluem-se as

Unidades de Conservação (UCs) com suas categorias e as Áreas de Preservação Permanente

(APP).

Quadro 03

Síntese de alguns dos dispositivos legais mais importantes.

Instrumento legal

Descrição

Lei Federal nº 4.771/65 Código Florestal

Lei Federal nº 5.197/67 Proteção à fauna e prevê a categoria de manejo de Reserva Biológica no Art. 6º, o qual foi revogado pela Lei Federal nº 9.985/00 – SNUC

Lei Federal nº 6.902/81 Categorias de manejo de Estação Ecológica e Área de Proteção Ambiental

Lei Federal nº 6.938/81 Política Nacional do Meio Ambiente

Decreto Federal nº 89.336/84 Categoria de manejo de Área de Relevante Interesse Ecológico

Lei Federal nº 7.804/89 Categoria de manejo de Reserva Extrativista

Decreto Federal nº. 98.914/90 Revogado pelo Decreto nº 1.922/96, que atualmente estabelece o regulamento das RPPN's.

Decreto Federal nº. 99.274/90 Regulamentação PNMA; ESEC e APA: resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA nºs 04/85 e 11/87

Lei Federal nº 4.771/65

Delibera em seus artigos 2º e 5º - Art. 5º revogado pela Lei Federal nº 9.985/00 – SNUC – considerações respectivamente sobre (APP) e categorias de Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Reservas Biológicas e Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais.

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De acordo com a Lei Federal nº 4.771/65 (BRASIL, 2001a), as Áreas de Proteção

Permanente (APP) são consideradas áreas de “florestas e demais formas de vegetação natural

situada” em margens de rios com metragens que variam entre 30m e 500m; em nascentes e

olhos d’água; em volta de lagoas, lagos, reservatórios que contenham águas naturais ou

artificiais; topo de morros, montes, montanhas, serras; encostas na declividade de 45º;

restingas, dunas, mangues; tabuleiros e chapadas; altitudes de 1.800m independente da

vegetação. Em parágrafo único o Art.2º da Lei Federal nº 4.771/65 - alterada pela Lei Federal

nº 7.803/89 - estabelece ainda que:

no caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo (BRASIL, 2001a, p.1-3).

No que se refere à Lei Federal nº 6.938/81 da Política Nacional de Meio Ambiente

(PNMA), no Art.18 – também revogado pela Lei Federal nº 9.985/00 – estabelecia que:

são transformadas em reservas e estações ecológicas sob a responsabilidade da Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), as florestas e as demais formas de vegetação natural de preservação permanente, relacionadas no art.2º da Lei Federal nº 4771/65 – Código Florestal, e os pousos de aves de arribação protegidas por convênios, acordos ou tratados assinados pelo Brasil com outras nações (BRASIL, 2001b, p.10).

A resolução do CONAMA nº 04 de 18 de setembro de 1985 em seus artigos 2º e 3º,

considera que: as Áreas de Preservação Permanente (APP´s) estabelecidas no art.18º da Lei

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Federal nº 6.938/81 são reservas Ecológicas. Em seu art.5º conforme o IBAMA (1992, p.35)

estabelece que:

os Estados e Municípios, através de seus órgãos ambientais responsáveis, terão competência para estabelecer normas e procedimentos mais restritivos que os contidos nesta Resolução, com vistas a adequá-las às peculiaridades regionais e locais.

A resolução do CONAMA nº 11 de 03 de dezembro de 1987 em seu art.1º declara

categorias de Sítios Ecológicos e Relevância Cultural, em Unidades de Conservação, sendo,

entre estas: Estações Ecológicas; Reservas Ecológicas; Áreas de Proteção Ambiental; Parques

Nacionais, Estaduais e Municipais; Reservas Biológicas; Florestas Nacionais, Estaduais e

Municipais; Monumentos Naturais, etc., sendo consideradas as áreas criadas por ato do Poder

Público (IBAMA, 1992).

As preocupações com relação à conservação da natureza são mundiais. Uma rápida

devastação das florestas, perda de biodiversidade, fundos internacionais disponíveis para

gestão e possibilidade dos parques gerarem turismo e renda, fez a transformação das políticas

de preservação e conservação.

Com relação ao Brasil, a criação de órgãos para atender a realidade das necessidades

de ações ambientais, ocorreu no início da década de 1970. A criação da Secretaria Especial do

Meio Ambiente (SEMA) ocorreu pouco depois da Conferência de Estocolmo na Suécia, em

1972 (JACINTHO, 2003).

Em 1981, a Lei Federal nº 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA),

já considerava a conciliação entre desenvolvimento econômico e preservação do meio

ambiente. Esta Lei também criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA),

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integrado pelos órgãos públicos ambientais Federais, Estaduais e Municipais; Conselhos e

Fundos (JACINTHO, 2003).

Já em 1989, com a criação do IBAMA, foi solicitado à Fundação Pró-Natureza

(FUNATURA), uma Organização Não Governamental (ONG), um relatório para reavaliar o

Plano do Sistema de Unidades de Conservação já elaborado em 1979. A proposta era

chamada de Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Segundo Diegues (1993, p. 38)

este documento “parte dos mesmos princípios que nortearam o estabelecimento de unidades

de conservação, nos países industrializados, sem atentar para a especificidade existente em

países do terceiro mundo como o Brasil”.

Com a conclusão do relatório final da FANATURA/IBAMA em 1992, originou-se o

Projeto de Lei Federal nº 2.892/92 que foi alterado por diversas vezes até ser aprovada a Lei

Federal nº 9.985 de 19 de julho de 2000 que instituindo desta forma, o SNUC estabelece as

diretrizes de gestão, grupos e categorias de unidades de conservação, normas etc.

Em julho de 2000 foi aprovado pelo legislativo Federal e sancionado pelo Executivo,

após mais de oito anos de tramitação no Congresso Nacional, o novo SNUC. O SNUC

regulamentou o Art.225 do Capítulo VI - Do Meio Ambiente, da Constituição da República

Federativa do Brasil de 1988, em seu parágrafo primeiro, incisos I, II, III e VII, que determina

a todos os cidadãos o direito ao meio ambiente equilibrado, sendo um bem de uso comum

necessário para a qualidade de vida, e que o poder público com a coletividade tem o dever de

preservar e defender para as presentes e futuras gerações.

O mesmo artigo se refere a preservação e proteção de espécies através de manejo

ecológico dos ecossistemas, do patrimônio genético e da fiscalização; definição de espaços

para proteção em todas as unidades Federativas; exigir conforme lei, autorização para

instalação de obra que cause degradação ao meio ambiente, com respectiva publicidade do

prévio estudo de impacto ambiental; controlar produção, comércio de substâncias que causem

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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riscos para a vida e qualidade de vida e promoção de educação ambiental aos cidadãos

(BRASIL, 1988).

O SNUC visa a definição, uniformização e consolidação dos critérios de

estabelecimento da gestão de UCs. Os instrumentos que se dispõe, são de fundamental

importância para o planejamento e implementação das políticas de preservação e conservação.

Sua constituição abrange o conjunto das UCs Federais, Estaduais e Municipais, estabelecidas

pelos instrumentos legais adequados, que planejado, manejado e gerenciado como um todo, é

capaz de colaborar de forma eficaz para viabilização dos objetivos nacionais de preservação e

conservação (MMA, 2000).

Com a classificação das diversas categorias de unidades de conservação de forma

unificada no território Nacional, esta lei trouxe inovação com a motivação para a criatividade

em diversos aspectos, sendo as mais importantes questões como: a participação da sociedade

na criação e gestão de UCs, um justo tratamento às populações tradicionais que habitam áreas

protegidas; garantir alocação de recursos financeiros para gestão das UCs; regularização

fundiária considerando as políticas de terras e águas circundantes e as necessidades sociais e

econômicas locais (MMA, 2000).

A divisão do SNUC se dá em sete capítulos e sessenta artigos, sendo: o Capítulo I –

Das disposições preliminares; o Capítulo II – Do Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza – SNUC; o Capítulo III – Das categorias de Unidades de

Conservação; o Capítulo IV – Da criação, implantação e gestão das unidades de conservação;

o Capítulo V – Dos incentivos, isenções e penalidades; o Capítulo VI – Das Reservas da

Biosfera; o Capítulo VII – Das disposições gerais e transitórias.

O SNUC estabelece alguns critérios e normas para criação, implantação e gestão de

UCs. Sendo consideradas e definidas, as questões de entendimento sobre UCs; conservação

da natureza; diversidade biológica ou biodiversidade; recurso ambiental; preservação;

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conservação in situ; zona de amortecimento; extrativismo; recuperação; restauração; proteção

integral e uso indireto, uso sustentável e uso direto; manejo; zoneamento; plano de manejo e

corredores ecológicos (MMA, 2000).

O SNUC considera a conservação da natureza, como sendo a manutenção sustentável

do ambiente natural. Envolve o manejo do uso humano da natureza voltado à preservação,

manutenção, restauração e recuperação, para satisfazer as necessidades atuais e as aspirações

futuras das gerações e garantir a sobrevivência das espécies. A preservação para SNUC

(MMA, 2000, p.7) é o “conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem à proteção

em longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos

ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais”.

No que tange ao extrativismo, considera o uso sustentável dos recursos naturais

renováveis, em sistema de exploração com extração e coleta. Os recursos ambientais segundo

o SNUC (MMA, 2000, p.8) são “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e

subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a

fauna e a flora”. O SNUC referencia a restauração e recuperação como a restituição de

ecossistema ou população silvestre degradada, sendo que na restauração a condição original é

mantida o mais próximo possível, já na recuperação a condição original pode ser diferente.

As zonas de amortecimento são relatadas no SNUC, como o entorno de uma UC,

considerando as atividades humanas com normas e restrições, para a proposição de minimizar

impactos na unidade. Estabelece ainda o SNUC, no entendimento da Lei Federal nº 9.985/00,

através do Art.2º, alíneas VIII, XVI, XVII e XIX que:

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VIII – manejo – todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas; XVI – zoneamento – definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicas, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz; XVII – plano de manejo – documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade, e; XIX – corredores ecológicos – porções de ecossistemas naturais ou seminaturais ligando unidades de conservação, que possibilitam entre ela o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais (MMA, 2000, p 7 - 9).

Na oportunidade, é indispensável mencionar os aspectos legais no que diz respeito à

legislação de crimes ambientais. Na ação ou omissão de pessoas físicas e/ou jurídicas que não

observarem, o que determina a lei com relação aos danos da flora, da fauna e de outros

atributos naturais das UCs, estes serão regidos pela Lei Federal nº 9.605 - Lei de Crimes

Ambientais – de 12 de fevereiro de 1998, sendo consideradas também de acordo com a lei os

danos às espécies em extinção (MMA, 2000).

O SNUC prevê na Lei de Crimes Ambientais, em seu Capítulo V - Dos incentivos,

isenções e penalidades com seus respectivos artigos 38, 39 e 40. Esta, por sua vez é também

chamada de Lei da Vida, pois é um dos instrumentos de preservação e conservação da

natureza eficaz. É uma ferramenta fundamental, que restringe a prática de ações nocivas ao

meio ambiente. Esta Lei foi regulamentada em 21 de setembro de 1999 através do Decreto

Federal nº 3.179.

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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Brito e Câmara (1998, p. 79) ressalta que:

a conservação ambiental é condição básica para o progresso do Brasil no novo milênio que se inicia. A proteção e conservação ambiental não serão de forma isolada, será com parceria e gestão compartilhada, para soluções conjuntas dos problemas ambientais. A União, através do seu Órgão executor da Política Nacional de Meio Ambiente (atualmente o IBAMA) terá um papel preponderante no apoio e subsídio às iniciativas dos Municípios e dos Estados tanto para criar novas Unidades de Conservação (UCs) como para formular projetos para captação de recursos financeiros e a sua implementação.

É tarefa de todo cidadão e da sociedade como um todo conhecer a legislação, para que

sejam exercidos os mecanismos de cidadania com os deveres e direitos e as condições de bem

estar da natureza. Tendo o cidadão a consideração para a sustentabilidade do desenvolvimento

e a conservação e preservação do meio ambiente para elevação da qualidade de vida.

3.2 Breve histórico das Áreas Protegidas e Unidades de Conservação

As áreas protegidas existem no mundo desde o ano 250 a.C. nesta época na Índia já

eram protegidos certos animais, peixes e áreas florestadas (IBAMA, 1998). Em 1872, devido

à preocupação com relação ao meio ambiente e recursos naturais foi criado o primeiro parque

nacional do Mundo o Yelloswstone National Park, nos Estados Unidos, para a finalidade e o

objetivo de beneficiar o lazer da população em conjunto com a preservação e conservação da

natureza e contra a interferência da exploração da madeira, de depósitos naturais e de recursos

naturais muito característicos da área (MMA, 2001b). No decorrer dos anos em nível mundial

o conceito de UC foi, aos poucos, tomando forma.

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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No Brasil, a questão da exploração de recursos naturais teve início desde seu

descobrimento, e foi acentuado com a extração e exploração do Pau Brasil. A idéia de

conservação teve início com José Bonifácio preocupado, no começo do século XIX, com a

destruição das matas. Ele combatia a derrubada de florestas por haver estudado a fertilidade

do solo em Portugal e propunha em 1821 a criação de um setor administrativo responsável

pela conservação de florestas. Em 1876, André Rebouças influenciado pelo modelo dos

parques americanos, teve idéia de criar os Parques Ilha do Bananal e Sete Quedas, o que não

aconteceu (DIEGUES, 1993).

Em 1937, foi criada no Brasil a primeira UC Federal que foi o Parque Nacional de

Itatiaia no Rio de Janeiro. Foi lenta a criação de novos parques no Brasil (IBAMA, 1998). Em

1948, criou-se o Parque Nacional de Paulo Afonso. Com a expansão da ocupação Amazônica,

houve propostas de criação de algumas UCs, esta preocupação era de cientistas e

ambientalistas devido ao desmatamento (DIEGUES, 1993). No ano de 1974, foi criado o

Parque Nacional da Amazônia em Itaituba e em 1979, os Parques do Pico da Neblina, Pacas

Novas e Serra da Capivara. Ainda em 1979, houve a criação do Instituto Brasileiro de

Desenvolvimento Florestal (IBDF), que elaborou o Plano de Sistema de Unidades de

Conservação no Brasil, cujo objetivo era a implantação prioritária de novas UCs, e a partir daí

deu-se um impulso nas ações neste sentido (DIEGUES, 1993).

Na Bahia em 1983, foi criado o primeiro Parque Nacional Marinho, o de Abrolhos.

Posteriores a este exemplo foram criadas outras UCs no Brasil. Ainda em 1983 foram criados

oito Parques e seis Reservas Biológicas. A partir deste marco, passaram a ser criadas

inúmeras outras UCs, abrangendo distintas categorias de manejo como: Florestas Nacionais

(FLONA), Reservas Biológicas (REBIO), Estações Ecológicas (ESEC), Áreas de Proteção

Ambiental (APA), Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) e Reservas Extrativistas

(RESEX) (IBAMA, 1993).

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Nas décadas de 1970 e 1980 com o regime militar havia pouca mobilidade social para

a criação de unidades de conservação. O governo, para implantação de projetos de

desenvolvimento, dependia do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o que

resultava muitas vezes na exigência da conservação ambiental mundial e a ação de cientistas,

para proposição de criação de novas unidades de conservação.

A responsabilidade de implantação e administração das unidades de conservação era

do IBDF, o qual era comprometido com o desmatamento de grandes áreas de florestas

naturais para projetos de reflorestamento, o que é contraditório (DIEGUES, 1993). Com a

criação do IBAMA em 1989, uma nova realidade se estabelece com relação à conservação e

preservação de áreas naturais no Brasil (JACINTHO, 2003).

As UCs buscam conquistar a proteção integral dos atributos naturais; a proteção total e

integral dos atributos em caráter provisório; a proteção parcial dos atributos naturais; além da

preservação e também da conservação, previstas na PNMA e nas políticas ambientais

estaduais e municipais (JACINTHO, 2003).

As Unidades de Conservação - UCs são áreas legalmente protegidas, que possuem

toda a riqueza da natureza, isto é, a biodiversidade dos ecossistemas. A Lei nº 9.985, de 18 de

Julho de 2000, que institui o SNUC caracteriza as Unidade de Conservação em:

espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (SANTOS, 2005, p. 84).

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Esta lei estabelece também critérios e normas para a criação, implantação e gestão das

unidades de conservação no Brasil, sendo que o sistema passa a ser constituído pelo conjunto

das unidades de conservação federais estaduais e municipais.

A comunidade científica pode desenvolver pesquisas nas UCs junto às populações

tradicionais, desde que não comprometam a sobrevivência dos ecossistemas. Para a realização

das pesquisas deverão solicitar autorização ao órgão responsável pela unidade.

O SNUC classifica as unidades de conservação em dois grupos:

• Unidades de Proteção Integral tem como objetivo básico a preservação da

natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. (Estação

Ecológica, Parque Nacional, Reserva Biológica, Monumento Natural e Refúgio de

Vida Silvestre).

• Unidades de Uso Sustentado tem por objetivo, compatibilizar a conservação da

natureza, com o uso sustentado dos recursos naturais. (Áreas de Proteção

Ambiental, Reserva de Fauna, Floresta Nacional, Áreas de Relevante Interesse

Ecológico, Reserva Extrativista, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e

Reserva Particular do Patrimônio Natural).

No que se referem as reservas ecológicas como a REEMPF, é considerada uma UC

enquadrada na categoria de Proteção Integral de uso indireto conforme instrumento do decreto

nº 89.336 datado de 31.01.1984 no seu Art. 1º da ementa que trata das Áreas de Preservação

permanente citadas no art. 18 da Lei n.º 6.938 de 31.08.81 IBAMA (2003).

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De acordo com dados do IBAMA, 6,23% do território Nacional encontra-se protegido

por algum tipo de unidade de conservação federal, num total de 53.217.332,87 há. Uma

quantificação dessas UCS por categoria pode ser constatada no Quadro 04.

QUADRO 04 Unidades de Conservação (UC) Federal no Brasil, classificadas

por categorias de uso em: 31/01/2003

Categoria (SNUC) Área (há) Classificação(SNUC)

%

do Território

Nacional

Área de Proteção Ambiental 6.593.09679, Uso sustentável 0,77

Área de Relev. Int. Ecológico 32.371,24 Uso sustentável 0,00

Floresta Nacional 17.915.893,76 Uso sustentável 2,10

Reserva Extrativista 4.986.699,26 Uso sustentável 0,58

Estação Ecológica 3.717.660,93 Proteção ambiental 0,44

Parque Nacional 16.496.965,20 Proteção ambiental 1,93

Ref. de Vida Silvestre 128.521,23 Proteção ambiental 0,02

Reserva Biológica 3.346.124,47 Proteção ambiental 0,39

Fonte: IBAMA, 2003.

Podem ser citadas ainda as REBIO que constituem outra importante categoria

internacional de áreas protegidas. Criadas no âmbito do programa “O Homem e a Biosfera

(MAB)”, da Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura

(UNESCO) em 1972, tais reservas se configuram num modelo de gestão integrada,

participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da

diversidade biológica, desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento

ambiental, educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de

vida das populações, segundo definição presente na Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000 do

SNUC.

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3.3 Desenvolvimento sustentável

Com o avanço tecnológico desenvolvido pelo homem durante o século XX, tem-se

acompanhado mudanças significativas no meio natural, gerando preocupações relativas à

qualidade do ambiente. A perda da biodiversidade, com a extinção de inúmeras espécies; as

mudanças climáticas e a escassez dos recursos hídricos são alguns exemplos dos efeitos

provocados pela intervenção humana.

Por este motivo, a preocupação com a qualidade ambiental tornou-se objeto de

inúmeras reuniões internacionais, como a conferência das Nações Unidas para o Meio

Ambiente em Estocolmo, na Suécia, no ano de 1972, quando foi elaborado o relatório

Brundtland. Este relatório, determinado pelo discurso sobre questões ambientais e

desequilíbrio sócio-econômico, adotou o conceito de desenvolvimento sustentável.

O conceito de desenvolvimento sustentável tem como autor do termo Ignacy Sachs,

que surgiu inicialmente com o nome de ecodesenvolvimento no início da década de 70. Ele

surgiu num contexto de controvérsias sobre as relações entre o crescimento econômico e meio

ambiente, fortalecida principalmente pela edição do relatório do Clube de Roma, que na

oportunidade pregava o crescimento zero como forma de evitar a catástrofe ambiental.

O Desenvolvimento Sustentável é citado por solicitação do PNUMA no documento

World Conservation Stragegy fund (atualmente, World Wide Fund for Nature – WWF). O

presente documento é uma estratégia mundial para a conservação da natureza e deve alcançar

os seguintes objetivos: (i) manter os processos ecológicos essenciais e os sistemas naturais

vitais necessários a sobrevivência e ao desenvolvimento do Ser Humano; (ii) preservar à

diversidade genética; e (iii) assegurar o aproveitamento sustentável das espécies e dos

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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ecossistemas que constituem a base da vida humana. Entende-se que o objetivo da

conservação é o de manter a capacidade do planeta para sustentar o desenvolvimento, e este

deve, por sua vez, respeitar a capacidade dos ecossistemas e as necessidades das futuras

gerações.

Ocorreram ainda outras conferências como a do Rio de Janeiro em 1992 e mais

recentemente, a Rio + 10, em Johanesburgo no ano de 2002. O documento Agenda 21

conforme a UNEP (1992), aprovado durante a reunião do Rio de Janeiro, trata desta

preocupação. O capítulo 10 (Abordagem integrada para o planejamento e gestão de recursos

terrestres) salienta que:

a expansão das demandas para sustentação da população humana e das atividades econômicas determina um aumento da pressão sobre os recursos terrestres. Com o objetivo de atender ás demandas das futuras gerações, é essencial que tais conflitos sejam resolvidos agora, o que somente será possível com a gestão integrada do uso da terra.

Na concepção do conceito adotado pela CMMAD, conhecida inclusive como

Comissão Brudtland, desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do

presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias

necessidades (BARBOSA: BARACUHY, 2004, p. 25). A Comissão foi presidida pro Gro

Harlenm Brudtland em 1982, e em 1987 apresentou o relatório cognominado de Nosso Futuro

Comum, no qual contém em seu cerne a formulação dos princípios do desenvolvimento

sustentável.

Em conformidade com o relatório, o desenvolvimento sustentável é um processo no

qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, as orientações do

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desenvolvimento tecnológico assim como a mudança institucional se harmonizam e reforçam

o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações da humanidade.

Entre os objetivos dessa política dizem que se deve: retomar o crescimento como

condição necessária para erradicar a pobreza; mudar a qualidade de crescimento para torná-lo

mais justo, eqüitativo e menos intensivo em matérias-primas e energia; atender às

necessidades humanas essenciais de emprego, energia, alimentação, água e saneamento;

manter um nível populacional sustentável. Conservar e melhorar a base de recursos; reorientar

a tecnologia a administrar riscos; incluir o meio ambiente e a economia no processo decisório;

e, ainda, modificar as relações econômicas internacionais e de estimular a cooperação

internacional para reduzir os desequilíbrios entre os países.

Outras propostas elencadas para o alcance do desenvolvimento sustentável listam-se

diversas medidas de ação. Estas envolveram os assuntos concernentes em nível global,

declinando limitações quanto: ao crescimento da população; aos suprimentos alimentícios de

longo prazo; à preservação da biodiversidade e ecossistemas; ao uso de tecnologias limpas

e/ou renováveis e recicláveis bem como uso racional da energia; à maior produção em países

não-industrializados com tecnologias limpas adaptáveis; à expansão urbana e migração

ambiente rural/urbano controlável; ao atendimento das necessidades básicas.

Segundo Cavalcanti (1995, p. 33), desenvolvimento sustentável é o “desenvolvimento

que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras

gerações satisfazerem as suas próprias necessidades”. O relatório Brundtland parte de uma

complexa visão das causas dos problemas socioeconômicos e ecológicos, delineando a

interligação entre economia, tecnologia, sociedade e política aliada à ética inerente às

gerações e todas as espécies de seres vivos. Aborda problemas de pobreza e exclusão social e

de modelo de desenvolvimento baseado em crescimento econômico, sendo os problemas

ambientais conseqüência dos dois primeiros.

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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Dentre as proposições das metas a serem realizadas ficou estabelecido que as

organizações tomassem as seguintes iniciativas: adotassem medidas de desenvolvimento

sustentável; protegessem os ecossistemas em nível internacional; banissem as guerras e que a

Organização das Nações Unidas (ONU) implantasse um programa de desenvolvimento

sustentável (CAVALCANTI, 1995).

3.4 Gestão de Unidades de Conservação (UCs) e o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (SNUC)

Na Gestão de UCs, o SNUC define critérios para criação e implantação. No que diz

respeito à criação determina que as UCs sejam criadas por ato do poder público e que devem

ser precedidos estudos técnicos e consulta pública. Estes procedimentos são para que sejam

identificados a localização, a dimensão e os limites devidamente adequados para a unidade.

Neste processo o poder público é obrigado a informar a população local e outras partes

interessadas de modo que todos entendam a finalidade da criação da UC. São excluídas deste

procedimento as categorias de Estação Ecológica e Reserva Biológica (MMA, 2000).

As áreas das categorias de UCs do grupo de Proteção Integral são consideradas áreas

rurais pelo SNUC.

As áreas do grupo das UCs de uso sustentável podem ser transformadas total ou

parcialmente por partes de unidades de proteção integral desde que seja a população local

informada. Este procedimento será efetivado através de ato normativo, pelo órgão que criou a

unidade. O mesmo tratamento será dado para a ampliação dos limites de uma UC, não sendo

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permitido a supressão destes limites. Somente com Lei específica será possível haver

diminuição ou acréscimo dessas áreas.

Na posse e uso de áreas de RESEX e Reserva de REDS estas serão reguladas por

contrato. As populações tradicionais que ocupam estas áreas têm obrigação de participar na

preservação, recuperação, manutenção e defesa da unidade. No uso dos recursos naturais estas

populações devem seguir as seguintes diretrizes: normas do Plano de Manejo e do contrato;

proibição do uso de espécies em extinção e as atividades que impeçam a regeneração natural

(MMA, 2000).

As populações tradicionais residentes em UCs que não puderem permanecer nas áreas

das UCs devido aos objetivos definidos serão devidamente indenizadas. São excluídas de

indenização quanto à regularização fundiária as UCs que derivarem ou não de desapropriação.

Cabe ao poder público efetuar levantamento de terras devolutas, para que sejam definidas

com destino à criação de UCs.

No que tange a zonas de amortecimento e corredores ecológicos, estes deverão ser

criados através de normas pelos órgãos gestores que estabelecerão o uso das áreas e seus

limites. Quando tratar-se de um conjunto de UCs, mesmo que sobreposta com outras áreas

protegidas, tanto públicas quanto privadas poderá ser constituído um mosaico de áreas com a

finalidade de proporcionar a gestão integrada e participativa, sendo considerados os diversos

objetivos de manejo para a compatibilização da conservação da biodiversidade, a valorização

social e cultural com e para a sustentabilidade da região (MMA, 2000).

O plano de manejo é o documento indispensável para a eficaz gestão de uma UC,

devem abranger a área total, inclusive a zona de amortecimento e corredores ecológicos, e ser

elaborado no prazo de cinco anos contando-se a data de criação da UC. Deve ser considerado

neste documento a participação sinérgica dos cidadãos, setor privado e órgãos públicos. O

SNUC estabelece também que o plano de manejo das categorias de RESEX, REDS, APA,

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FLONA, ARIE, devem ter a participação da população na elaboração, atualização e

implementação (MMA, 2000). São proibidas alterações de atividades ou modalidades nas

UCs quanto a utilização, em desacordo aos objetivos, ao plano de manejo e ao regulamento

das unidades. Até que seja elaborado o plano de manejo, as atividades ou obras nas UCs do

grupo de proteção integral deverão ser limitadas às garantias dos objetivos estabelecidos nas

categorias.

Os conselhos consultivos serão instituídos em todas as categorias do grupo de proteção

integral, sendo composto por representantes dos órgãos públicos, organizações da sociedade

civil, populações residentes e presididos pelo órgão gestor da UC.

No grupo de uso sustentável nas categorias de APA, RESEX e REDS serão instituídos

Conselhos Deliberativos e na categoria de FLONA, Conselho Consultivo, com as mesmas

representações acima referenciadas no grupo de proteção integral. As categorias de REFAU,

ARIE e RPPN apresentam regulamentos e normas específicas de uso, sendo que as REFAU

devem obedecer ao disposto nas leis sobre fauna.

A gestão de UCs pode ser efetivada por organizações da sociedade civil, sendo

registrado em documento com o órgão responsável pela área (MMA, 2000). A comunidade

científica pode desenvolver pesquisas nas UCs junto às populações tradicionais, desde que

não comprometam a sobrevivência dos ecossistemas. Para a realização das pesquisas deverão

solicitar autorização ao órgão responsável pela unidade.

No que se refere aos recursos financeiros das UCs podem ser efetivados através dos

órgãos responsáveis, da cobrança de taxa de visitação, de doação de pessoas físicas e/ou

jurídicas, bem como de organizações nacionais e internacionais. No Art.33 do SNUC no que

tange ao uso comercial de produtos de UCs, estabelece que:

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a exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, dependerá de prévia autorização e sujeitará o explorador a pagamento, conforme disposto em regulamento (MMA, 2000).

Na ocorrência de obra com fundamento em Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e

Relatório de Impacto do Meio Ambiente (RIMA) pelo órgão ambiental competente, o

empreendedor fica obrigado a apoiar implantação e manutenção de UC do grupo de Proteção

Integral, sendo inclusos neste critério as zonas de amortecimento e os corredores ecológicos

(MMA, 2000).

Caberá ao MMA, manter um cadastro das UCs existentes em todo o território

Nacional, havendo colaboração para a elaboração do mesmo do IBAMA e dos órgãos

ambientais estaduais e municipais. A presidência da república a cada dois anos, através de um

relatório avaliativo das UCs, levará ao congresso para apreciação a situação das UCs no

Brasil. Para as UCs e áreas protegidas que não pertençam aos grupos e categorias definidas no

SNUC serão efetuadas uma reavaliação pelo MMA (MMA, 2000).

Em seu Art. 58 o SNUC referencia que o poder executivo regulamentará a Lei Federal

nº 9.985/00 no que for necessário, no prazo de 180 dias, a contar da data de publicação. Em

05 de junho de 2001 através do Decreto Federal nº 3.834 foi regulamentado o Art. 55 que

trata do prazo para reclassificação e adequação ao novo SNUC que será de dois anos, cabendo

ao MMA esta responsabilidade (MMA, 2000).

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3.5 Degradação ambiental

No que se refere à degradação ambiental, a mesma não deve ser analisada apenas sob

o ponto de vista físico. Na realidade, para que o problema seja entendido de forma global,

integrada, holística, deve-se levar em conta as relações existentes entre a degradação

ambiental e a sociedade causadora dessa degradação, que ao mesmo tempo, sofre os efeitos e

procura recuperar as áreas degradadas. A análise básica da degradação requer levantamentos

sistemáticos que são feitos muitas vezes através do monitoramento de várias formas de

degradação (GUERRA; CUNHA, 1996).

As próprias condições naturais podem, junto com o manejo inadequado, acelerar a

degradação. Apesar das causas naturais, por si só, desencadearem processos de degradação

ambiental, a ocupação desordenada pela sociedade, aliada às condições naturais de risco,

podem provocar desastres que envolvem, de modo geral, prejuízos materiais e perdas

humanas.

Há um grande leque de causas que pode ser dividido em duas grandes áreas: urbana e

rural. Na primeira o descalçamento e o corte das encostas são uma das principais causas da

degradação. Em áreas rurais, o uso incorreto de técnicas de preparo da terra pode provocar

erosão laminar, ravinas e voçorocas (GUERRA; CUNHA, 1996).

Na REEMPF são perceptíveis várias formas de degradação ao meio ambiente. Dentre

elas, podem ser citadas algumas formas de degradação ambiental que são consideradas mais

importantes e ocorrem com maior freqüência na área de estudo:

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• Forma de utilização dos solos, água, combustíveis e energia e outros recursos

naturais e matérias-primas;

• Resíduos sólidos e outros, em especial os resíduos perigosos;

• Efluentes líquidos, descargas de água e esgoto;

• Contaminação dos solos, águas subterrâneas e superficiais;

• Impacto nas comunidades.

As atividades desempenhadas pelo homem como ser racional e como agente gerador

de riquezas, geralmente, ao intervir no ambiente natural, afeta de imediato a cobertura vegetal,

retirando-a toda ou parcialmente e inclusive na maior parte das vezes eliminando-a através de

queimadas (ROSS, 2000).

Segundo Drew (1998), o desmatamento altera as condições do solo e da vegetação em

breve espaço de tempo, pois provoca a lixiviação dos nutrientes do solo e, conseqüentemente,

a sua acidificação e infertilidade. Além disso, ocasiona um rápido acúmulo de sedimentos nos

lagos e nas planícies de inundação dos rios em virtude da erosão do solo nas vertentes.

O ambiente alterado pelas atividades humanas e o grau de alteração de um espaço,

relacionado a outro, é avaliado pelos seus diversos modos de produção e/ou diferentes

estágios de desenvolvimento da tecnologia. Para Santos (1997), o processo histórico de

ocupação desse espaço, bem como suas transformações, em uma determinada época e

sociedade, faz com que esse meio ambiente tenha um caráter dinâmico.

Os impactos do desmatamento de uma floresta traduzem-se em: aumento do

escoamento hídrico superficial; redução da infiltração da água no solo; redução da

evapotranspiração; aumento da incidência do vento sobre o solo; aumento da temperatura;

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redução da fotossíntese; ocupação do solo para múltiplos usos; e redução da flora e fauna

nativas (BRAGA, 1999).

Desta forma, como efeitos principais neste cenário ambiental de degradação, podem

ser identificados facilmente: alteração na qualidade da água, através do aumento da turbidez,

da eutrofização e do assoreamento dos corpos d’água; alteração do deflúvio, com enchentes

nos períodos de chuva e redução na vazão de base quando das estiagens; mudanças micro e

mesoclimáticas, esta última quando em grandes extensões de florestas; mudança na qualidade

do ar, em função da redução da fotossíntese e do aumento da erosão eólica; redução da

biodiversidade, em decorrência da supressão da flora e fauna local; e poluição hídrica, em

função da substituição da floresta por ocupação, em geral inadequada, com atividades

agropastoris, urbanas e industriais.

Vários estudos evidenciam a dinâmica da água na floresta tropical úmida. Enfocam,

sobretudo, a relação entre a floresta e o clima, as vazões dos rios e os processos erosivos

decorrentes do desmatamento. Na Amazônia brasileira, uma pesquisa realizada aplicando-se o

método isotópico para evidenciar a recirculação do vapor d’água na região (SALATI, 1992),

indica que o balanço hídrico de uma bacia hidrográfica nas proximidades de Manaus (área

coberta com floresta densa) demonstrou que 25% da chuva (que totaliza 2.200 mm/ano)

jamais atingem o solo, ficando retidos nas folhas e voltando à atmosfera por evaporação

direta; enquanto 50% da precipitação são utilizados pelas plantas, sendo devolvidos à

atmosfera, na forma de vapor, por transpiração. Os igarapés, que drenam a bacia hidrográfica,

removem os outros 25% da água da chuva.

Conforme a disposição dos dados acima, indica que, naquele tipo de floresta densa,

75% da água de precipitação retornam à atmosfera, resultado da influência direta do tipo de

cobertura vegetal. Os estudos da bacia amazônica como um todo, incluindo vegetações

distintas de cerrado e de regiões montanhosas, indicam que, do total da água precipitada,

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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cerca de 50% saem pelo rio Amazonas e cerca de 50% voltam à atmosfera na forma de vapor,

através da evapotranspiração.

De acordo com o contexto apresentado pelo autor, se faz necessário e oportuno

questionar os resultados aqui apresentados. Tal questionamento se dá principalmente pela

omissão de dados referentes à infiltração, percolação e acumulação de água no subsolo da

região em estudo comprometendo desta forma todo processo que se dá no ciclo hidrológico e,

consequentemente o balanço hídrico.

O autor conclui ainda, que a floresta não é uma simples conseqüência do clima. Ao

contrário, o equilíbrio hoje existente, depende da atual cobertura vegetal. Portanto, o

desmatamento ou a colonização intensiva, ao substituir a floresta por outros tipos de cobertura

(pastagem, agricultura anual) acarretam modificações climáticas, porque introduzem

alterações no balanço hídrico da região amazônica. Isto evidencia que mesmo não sendo Mata

Atlântica, a recuperação de matas ciliares, em processo de regeneração para uma floresta

diversificada e bem estruturada, cumpre equivalentemente o papel de proteção do solo,

amenização climática e regularização do regime hídrico.

Além de afetar o regime hídrico, refletindo no clima e na vazão dos cursos d’água, a

floresta tropical úmida tem relevante papel no controle da erosão. Azevedo (1995) salienta

que solos em bom estado de agregação, com elevadas quantidades de matéria orgânica e

umidade, além de elevado conteúdo microbiano ativo, são mais resistentes à erosão. Esta

condição se dá justamente em solos sob a cobertura de uma floresta bem estruturada. O efeito

da proteção vegetal sobre o escoamento superficial.

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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3.6 Educação ambiental

A Educação Ambiental é uma ferramenta de Gestão Ambiental de caráter

participativo, constituindo-se num processo ininterrupto em que os cidadãos exercem uma

função de cidadania, agregando conhecimento através da capacitação. A EA para o IBAMA

(1993, p. 2)

É um processo permanente no quais os indivíduos e a comunidade toma consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros.

Dentre suas características essenciais podem ser citados: focalizar e orientar soluções

de problemas existentes em comunidades; enfocar os problemas ambientais de maneira

interdisciplinar; efetivar ações participativas das comunidades e cidadãos com permanente

ação orientada para o futuro.

A Conferência de Tbilisi em 1977 na Geórgia foi a primeira conferência sobre EA

organizada pela UNESCO com a colaboração do PNUMA. É considerado um prolongamento

da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente de 1972, em Estocolmo na Suécia e

ponto de partida para as questões do Programa Internacional de Educação Ambiental

deflagrado em 1975 pela UNESCO e PNUMA em Belgrado na antiga Iugoslávia (DIAS,

1993).

Na Legislação Federal Brasileira a EA está prevista na Lei nº 9.795/99 de 27 de abril

de 1999 (BRASIL, 2001b). O Art. 2º, da Lei 6.938/81 da política nacional do meio ambiente

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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tem como um dos seus princípios a “educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive

a educação da comunidade objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio

ambiente” (BRITO; CÂMARA, 1998).

Dentre as principais finalidades da EA estão a compreensão da complexa natureza do

meio ambiente interagindo com aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais, com a

participação responsável e eficaz da população no criar e agir em tomada de decisões sobre a

qualidade do meio natural, social e cultural. O desenvolvimento da responsabilidade social

com a solidariedade entre as populações e povos busca uma ordem internacional de garantia

da conservação e melhoria do meio humano, para adquirir e promover as atitudes e valores

que facilitem a compreensão e resolução dos problemas ambientais. As questões relacionadas

à interdisciplinaridade e à multidisciplinaridade são requisitos fundamentais para o

desenvolvimento de ações para mudanças.

A EA pode ser caracterizada em educação ambiental formal e não formal. Na EA

formal o conhecimento é pluralizado através dos currículos escolares com a transversalidade

das disciplinas existentes. Quanto a EA não formal integram os diversos conhecimentos,

inclusive os de populações tradicionais. É chamada de extra-escolar, pois é direcionada a

todas as faixas etárias, inclusive aos alunos que já desempenham atividade escolar formal.

Envolve os cidadãos que desempenham atividades de desenvolvimento social, econômico e

político, os quais exercem atividade social específica e imediatamente aplicam seus

conhecimentos para soluções ambientais. Entre a EA formal e não formal, existe uma inter-

relação real entre as características de ambas, pois uma complementa a outra e convergem a

um mesmo ponto, à sustentabilidade ambiental com conscientização e sensibilização dos

cidadãos.

Na capacitação com a EA não formal se deve proporcionar a oportunidade da

participação e colaboração de todos, inclusive de multiplicadores do conhecimento sobre

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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meio ambiente. Para serem desenvolvidas ações de EA neste sentido, estas devem estar

voltadas à resolução dos conflitos de problemas ambientais existentes, tendo sempre em

mente uma visão crítica das questões que envolvem e interferem na qualidade de vida de uma

comunidade (IBAMA, 1993). A sustentabilidade do ambiente que busca novos modelos de

equilíbrio e desenvolvimento deve objetivar e promover o respeito da dignidade humana e o

acesso ao bem estar social.

Além das questões acima mencionadas existem algumas proposições que norteiam as

ações de EA, como reconhecer a pluralidade e diversidade de culturas das comunidades, no

que tange ao modo e condições de vida fundamentada em valores e identidades cultural

muitas vezes única. As identidades são viáveis quando empreendem para a cooperação

participativa nas ações sociais, econômicas e políticas. A participação fortalece a identidade

cultural através da revelação de vivências e motivações dos capacitados. A

interdisciplinaridade é exigida pela necessidade de compreensão de questões ambientais

impulsionando desta maneira a contribuição das várias ciências.

Na realização dos trabalhos de EA a busca de diferentes conceitos e conteúdos permite

análises de problemas como um todo, havendo uma conciliação de unidade, diversidade,

especialidade e universalidade. Os cidadãos têm importância fundamental no processo de

capacitação, seja para adquirir a informação, seja para multiplicar a informação.

No processo de desenvolvimento das etapas do trabalho de EA os atores sociais

interessados devem se comprometer com a capacitação para que sejam conquistadas as ações

necessárias à mudança de atitudes. A ocorrência de participação influi desta maneira

decisivamente na transformação da realidade, de forma mais efetiva e direta derivando uma

ação organizada de resolução de conflitos ambientais (IBAMA, 1993).

Na EA há um respeito pelos diversos ecossistemas e culturas humanas, que reconhece

as similaridades em nível global e que interagem com especificidades locais. Conforme

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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afirma Dias (1993, p. 139) isto se resume no lema de EA “pense globalmente, aja

localmente”.

3.7 Populações tradicionais

As populações tradicionais são alguns dos agentes sociais envolvidos com a gestão

participativa, se fazendo necessário participarem das tomadas de decisão em prol de melhoria

da área e da qualidade de vida das populações residentes. Estes habitam áreas em que foram

ou serão criadas as UCs. A estes habitantes, se não houver participação dos mesmos na

gestão, deve-se dar atenção especial para que não venham a sofrer com desapropriações das

áreas a partir de uma mudança radical de vida, afetando-os culturalmente e ecologicamente. O

ideal é viabilizar dentro de áreas de UCs criadas, a manutenção destes cidadãos (DIEGUES,

1993).

Desde 1995 o IBAMA desenvolve projetos voltados ao desenvolvimento sustentável

entre estes com relação às populações tradicionais está o Centro Nacional de

Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais (CNPT). Dentre as finalidades do

CNPT podem ser citadas a promoção, elaboração, implantação e implementação do

planejamento de projetos e ações junto às populações tradicionais. As ações são geralmente

realizadas através das associações das populações tradicionais e/ou ONGs.

Quanto às atribuições do CNPT referentes às populações tradicionais temos: promoção

de desenvolvimento econômico que vise uma melhor qualidade de vida destas, com base no

conhecimento por estas acumulado tendo como parâmetros a sustentabilidade e cultura;

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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criação, implantação, consolidação, gerenciamento e desenvolvimento de Reservas

Extrativistas em conjunto com as populações que já ocupam as áreas de RESEX;

assessoramento, elaboração, coordenação, execução, supervisão e monitoramento do

desenvolvimento e implantação dos projetos e ações nas UCs; articulações junto aos órgãos

públicos Federais, Estaduais e Municipais, visando apoio político, técnico e financeiro para

implantar projetos e ações junto às ONGs e associações; subsídios para definição de políticas

a serem adotas assim como, criação de um Centro Nacional de Informação Ambiental, sendo

um subsistema com informações para referência dos projetos.

A institucionalização do CNPT deflagrou um importante avanço na participação dos

cidadãos na tentativa de solucionar algumas questões ambientais, pois a reivindicação advém

da sociedade, constituindo prova de que questões ambientais e sociais andam juntas. Portanto,

o CNPT proporciona espaços para o diálogo e cooperação entre sociedade e governo e a

certeza de que a solução dos problemas ambientais exige um modelo dinâmico capaz de

responder de forma eficaz.

3.8 Aspectos da política e gestão ambiental no Brasil

No Brasil, foi no séc. XX que as preocupações com o meio ambiente resultaram na

elaboração e implementação de políticas públicas direcionadas as questões ambientais,

principalmente à partir da década de 1970, com o aumento da percepção de que a degradação

do planeta pode ter efeitos irreversíveis e catastróficos.

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Um marco histórico foi a Revolução de 30 e a Constituição de 1934 que marcam a

transição de um país dominante pelas elites rurais para um Brasil que começa a industrializar-

se e urbanizar-se, particularmente na Região Sudeste. Foi através do Decreto nº 23.793, de 23

de janeiro de 1934, que previa a criação de parques nacionais e de áreas florestais protegidas

na região Nordeste, Sul e Sudeste conforme (CUNHA; COELHO, 2003). Nesse período,

marcaram ainda, a adoção de mecanismos legais de regulação dos usos dos recursos naturais,

com a promulgação, em 1934, dos códigos florestais, das águas e das minas.

A legislação ambiental brasileira teve sua estruturação com o marco da Lei Federal nº

6.938, de 31/08/81, instituindo a PNMA, que, dentre outros méritos, estabeleceu o princípio

segundo o qual os responsáveis por danos causados ao ambiente devem ser responsabilizados

e obrigados a indenizá-los ou repará-los, independente da existência de culpa, prevendo uma

Ação Judicial específica para este tipo de responsabilidade, qual seja: Ação Civil Pública, que

veio a ser regulamentada em 27/07/85 pela Lei Federal nº 7.437 (ARAÚJO, 2003).

A Constituição Federal de 1988 deu grande impulso à questão ambiental no Brasil, já

que o combate a qualquer processo de degradação do ambiente tornou-se dever de todos os

cidadãos e não apenas do Estado. A Legislação prega a garantia do ambiente ecologicamente

equilibrado para as gerações presentes e futuras (art. 225, caput, Constituição Federal).

Conforme Barbosa e Neto (2004), o artigo 26 na Constituição Federal são incluídos

entre os bens dos Estados: I – as águas superficiais ou subterrânea, fluentes, emergentes e em

depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; (...). Para

o autor, este inciso, abrange todo o ciclo hidrológico terrestre incluindo as águas subterrâneas

e as águas nascentes (emergentes) assim como as fluentes (rios e córregos) e dormentes (em

depósito: lagos, lagoas e represas). È necessário esclarecer que exclui apenas as represas

decorrentes de obras da União.

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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No que se refere à questão dos recursos hídricos, a necessidade de mudança nos

mecanismos de regulação deu origem ao Projeto de Lei 2.249, encaminhado pelo governo

federal ao Congresso Nacional em 1991. Este projeto foi transformado na Lei 9.433/97

(conhecida como Lei das Águas), estabeleceu os princípios básicos para a gestão dos recursos

hídricos no país que são: a) a adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento, b)

o reconhecimento de que a água é um bem econômico, c) a necessidade de serem

contemplados os usos múltiplos existentes e potenciais do recurso e d) a implementação de

um modelo de gestão descentralizada e participativa conforme (BARBOSA; NETO, 2004).

Na ocasião, torna-se indispensável mencionar que a Política Nacional dos Recursos

Hídricos tem por base os seguintes fundamentos conforme o MMA (2006, p. 1)

I - a água é um bem de domínio público; II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Segundo Lanna (1995), para que o gerenciamento de bacia hidrográfica seja um

instrumento de aplicação dinâmica, deve-se considerar que as teorias e metodologias de

gestão ambiental tenham como base um conceito superior, integrador do sistema como um

todo, para que à análise detalhada de cada parte faça sentido: isto é, o tratamento detalhado de

cada parte pode ser realizado coerentemente, apenas se isto não resultar na perda da visão

integradora da totalidade.

O mesmo autor conclui que os problemas gerenciais de uma bacia hidrográfica

englobam uma multiplicidade de fatores (sociais, econômicos e ecológicos), que poderão ser

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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avaliados adequadamente, mediante uma abordagem sistêmica, onde o todo é considerado

referencial fundamental para a consideração as partes (LANNA, 1995).

3.8.1 Bacia hidrográfica: planejamento, gestão e sua importância

Foi através da Instrução Normativa 4/2000, art. 2º, que defini o termo bacia

hidrográfica como área de drenagem de um curso d’água ou lago. Assim, a bacia hidrográfica

de um rio é formada pelo território do qual pode afluir água para esse rio. Para Barbosa

(2004), é importantíssima a compreensão da definição de bacia hidrográfica, haja vista a Lei

nº 9.433/97 definiu que a “bacia hidrográfica é uma unidade territorial” na Política Nacional

de Recursos Hídricos e do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

No que se refere ao contexto do planejamento ambiental (BARTH, 1987) apud

(SETTI 2001, p.60) afirma que na ciência econômica o planejamento é:

bastante empregado, é a forma de conciliar recursos escassos e necessidades abundantes. Em recursos hídricos, o planejamento pode ser definido como conjunto de procedimentos organizados que visam o atendimento das demandas de água, considerada a disponibilidade restrita desse recurso.

(BARTH, 1987) apud Setti (2001, p. 60) afirma ser a gestão de recursos hídricos “á

forma pela qual se pretende equacionar e resolver as questões de escassez relativa dos

recursos hídricos, bem como fazer o uso adequado, visando a otimização dos recursos em

benefícios da sociedade”.

Quanto ao planejamento dos recursos hídricos, este,

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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visa à avaliação prospectiva das demandas e das disponibilidades desses recursos e a sua locação entre usos múltiplos de forma a obter os máximos benefícios econômicos e sociais, com a mínima degradação ambiental (BARTH, 1987) apud (SETTI, 2001 p.60-61).

Para isso, é necessário o planejamento ao longo prazo, em função do tempo de

maturação das obras hidráulicas, assim como pela própria vida útil destas obras e pela

repercussão das tomadas de decisões, que podem vir a atingir várias gerações, sendo

geralmente irreversíveis.

Lanna (1995) define o gerenciamento de bacia hidrográfica como instrumento que

orienta o poder público e a sociedade, na utilização e monitoramento dos recursos ambientais

– naturais econômicos e sócio-culturais -, na área de abrangência de uma bacia hidrográfica,

com objetivo de promover a sustentabilidade.

O conceito de bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gerenciamento de

recursos hídricos (TUNDISI, 2003), tem certas características essenciais que a torna uma

unidade muito bem caracterizada permitindo a integração multidisciplinar entre diferentes

sistemas de gerenciamento, estudo e atividade ambiental.

A bacia hidrográfica é entendida como célula básica da análise ambiental, pois,

permite conhecer e avaliar seus diversos componentes e os processos e interações que nela

ocorrem. A abordagem sistêmica e integrada do ambiente está implícita na adoção desta

unidade fundamental.

Quando distinguirmos o estado dos elementos que compõem o sistema hidrológico tais

como: (solo, água, ar, vegetação etc.) e os processos a que se relacionam (infiltração,

escoamento, erosão, inundação, assoreamento, contaminação etc.) permitem-nos avaliar o

equilíbrio do sistema, assim como a qualidade ambiental predominante.

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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Falta pagina Horberry, 1984 apud (BOTELHO; SILVA, 2000 p. 153), afirma que “a

qualidade ambiental é o estado do ar, da água, do solo e dos ecossistemas, em relação aos

efeitos da ação humana”.

Em ambientes florestados ou mesmo com atividades agrárias, a bacia hidrográfica

apresenta funcionamento diferente das áreas urbanas. As precipitações no ambiente das

florestas podem ser interceptadas pelos vegetais que constituem os diversos estratos do

ambiente florestal (arbóreo, arbustivo, herbáceo e litter ou serrapilheira).

A chuva que chega ao solo ultrapassa a copa das árvores ou escoa diretamente pelo

tronco. A partir de então, a água segue duas direções: uma parte escoa pela superfície e a

outra infiltra no solo. Evidentemente que, para infiltrar, a água depende das características da

vertente, da estrutura e da textura do solo. Então, em subsuperfície, a água alimenta os rios e

os lençóis subterrâneos. Dentro do solo, a água é absorvida pelas raízes dos vegetais, e retorna

à atmosfera pela evapotranspiração (BOTELHO; SILVA, 2004).

Em relação ao escoamento superficial, ou a quantidade de água que irá infiltrar,

dependerá de vários fatores como: volume e intensidade da chuva, características das encostas

e as propriedades dos solos. Quanto mais intensas e duradouras, as chuvas apresentam maior

capacidade de causar erosão. Muitas vezes, as chuvas excedem a capacidade de infiltração dos

solos ou então saturam o solo rapidamente, gerando o escoamento superficial.

A erosão mais comum e de maior distribuição espacial na superfície terrestre, é a

erosão causada pela ação da água. Esse tipo de erosão possui duas fases básicas: a remoção

(detachment), de partículas que pode formar crostas no topo do solo e a outra é o transporte

destas partículas na superfície. Mas, este material pode também ser transportado em

subsuperfície, por meio da formação de dutos (pipes) com diâmetros que podem variar de

centímetros até vários metros. Vale salientar que o material que está acima desses dutos pode

sofrer o colapso do teto, originando as voçorocas (GUERRA, 2003).

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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Após as considerações supra mencionada, deve-se considerar a bacia hidrográfica

numa visão integrada, deve ser á unidade de caracterização, diagnóstico, planejamento e

gestão ambiental, com vistas ao desenvolvimento regional sustentável, já que os impactos

ambientais podem ser corrigidos e mensurados mais facilmente.

3.8.2 Importância da vegetação como função reguladora dos recursos hídricos

Para os recursos hídricos, a conservação da cobertura vegetal apropriada, de

preferência florestal, é essencial para sua conservação. É necessário manter a cobertura

vegetal florestal ou então restituí-la o mais rapidamente possível, toda vez que a mesma for

destruída. É indispensável mencionar que as matas constituem um fator de grande importância

para a estabilização das bacias de drenagem e para seu regime hidrológico. As matas são úteis

tanto para local de recreação como pelo seu valor econômico.

A destruição da vegetação nativa provoca vários danos ao meio ambiente, tais como:

alteração climática, extinção de fauna e flora, promove e acentua o processo erosivo, causa

prejuízos para a agricultura, etc. Quando à cobertura florestal se mantêm intacta a infiltração da

água da chuva no solo é maior que em florestas com índice de desflorestamento acentuado.

No interior de qualquer floresta a copa das árvores, e a camada de matéria orgânica que se

encontra depositada sobre o solo, desempenham papel importante na manutenção das condições

ideais no processo de infiltração da água. Para (VILLIERS, 2002) a chuva quando cai na

superfície terrestre, infiltra-se no solo e atravessa o material orgânico, as raízes, as folhas em

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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decomposição e o húmus. Ao passar, dissolvem minerais das rochas e do solo e reage com

organismos vivos, desde os micróbios e bactérias até os seres humanos.

De acordo com Bastos e Freitas (1999), ao remover-se à cobertura florestal de uma

determinada área, instantaneamente reduz-se à transferência de nutrientes minerais do solo para a

biomassa, assim como o volume acumulado de biomassa. Segundo os autores, ao passar, a água

remove nutrientes do solo por lixiviação e escoamento, enquanto o aporte de águas pluviais sofre

um aumento devido à ausência de obstáculos que as copas das árvores proporcionavam,

amenizando seu impacto com o solo.

(DREW, 1998 p. 92) afirma que “a bacia de drenagem com lavoura reage

prontamente à precipitação pluviométrica e produz um fluxo maior de água no rio”. Tal

processo dá-se de forma diferente em bacia com floresta natural com a mesma entrada de

água, já que a descarga do rio aumenta lentamente após o aguaceiro e atinge um fluxo

máximo em nível muito inferior. Quanto à bacia parcialmente florestada, esta apresenta uma

forma intermediária entre os dois extremos.

Para Martins (2001), uma das causas da degradação das matas ciliares é a intensa

utilização das margens dos rios para fins de agricultura, desmatamento, queimadas, uso

inadequado do solo dentre outros. Daí verifica-se o atulhamento da calha dos rios, o

assoreamento e o desbarrancamento das margens que constituem os principais problemas

advindos da ausência da mata ciliar.

Lima (1989) comenta sobre a importância da existência de florestas ao longo dos rios

e ao redor de lagos e reservatórios fundamentam-se no amplo benefício que este tipo de

vegetação traz ao ecossistema, exercendo função protetora sobre os recursos naturais bióticos

e/ou abióticos.

Molion (1983) complementa mencionando que as superfícies desmatadas para uso

agrícola contribuem para inundações, sobretudo quando a agricultura é mecanizada. Segundo

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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o autor, as plantações não amortecem o impacto das chuvas com a mesma eficácia com que

fazem as matas, os solos geralmente se apresentam compactados com cerca de 30 cm abaixo

da superfície, devido ao peso das máquinas agrícolas. Com isso, há diminuição da infiltração

e, consequentemente, escoamento muito rápido das águas para os rios. A deposição desses

sedimentos (assoreamento) reduz geralmente a profundidade dos canais fluviais, fazendo com

que nas cheias, as águas atinjam níveis que normalmente não atingiriam.

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo divide-se em três partes: a primeira apresenta resultados obtidos com a

aplicação dos questionários junto a moradores residentes no interior e no entorno da

REEMPF; a segunda apresenta resultados das visitas de campo, onde foram realizadas várias

sessões fotográficas e foram obtidas informações a partir de observações diretas da área,

assim como do estudo da relação entre os moradores com o uso da reserva e seus recursos

naturais; a terceira e última apresenta resultados que foram obtidos com receptor GPS sobre

aspectos geográficos da área de estudo.

4.1.1 Resultados da aplicação de questionários aos moradores no interior da REEMPF

Quanto ao sexo dos entrevistados no interior da REEMPF, os questionários revelaram

que 50% dos respondentes são do sexo masculino e 50% do sexo feminino. Quanto ao

número de habitantes no interior, há predominância por parte do sexo feminino (gráfico 1).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Sexo dos Residentes no Interior

47%

53%

Masculino

Feminino

GRÁFICO 1

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

87

No que se refere a faixa etária, dos respondentes, os questionários mostram que 67%

dos indivíduos entrevistados que residem no interior da reserva possuem idade acima de 50

anos. 17% correspondem a faixa etária entre 20 e 30 anos de idade, 8% pertence a faixa etária

entre 31 e 40 anos possuindo também 8% dos entrevistados com faixa etária entre 31 e 40

anos de idade. Atribui-se o alto índice de entrevistados com faixa etária acima de 50 anos

principalmente pela prática da agricultura de subsistência, por parte dos entrevistados e a

busca de grandes pólos de desenvolvimento (emprego) por parte dos jovens da área de estudo

Não foi entrevistada nenhuma pessoa com idade inferior a 20 anos conforme mostra o

(gráfico 2).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Em se tratando da situação do domicílio em que os respondentes do interior residem

entre os entrevistados, 58% são habitações cedidas. 25% residem em casas próprias, e 17%

em outra condição. Para os que residem em habitação cedida, justifica-se o fato do órgão

ambiental gestor e o governo do Estado terem construído residências para os moradores que

habitam a reserva. E, quanto à outra condição, é justificado através de herança familiar

existente antes mesmo da institucionalização da área (gráfico, 3).

Faixa Etária dos Entrevistados

17%

8%

8%

67% De 20 a 30

De 31 a40De 41 a 50

Acima de 50

GRÁFICO 2

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

88

Situação Atual do Domicílio

25%

17%58%

Próprio/Pago

Cedido de outraforma

Outra Condição

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Em relação a infra-estrutura domiciliar, foi constatado através dos respondentes que

todas as residências dentro da área de estudo, seja por herança familiar, domicílios próprios

ou cedidos pelo governo do Estado da Paraíba, possuem banheiros ou sanitários. Quanto a

forma de abastecimento de água, 59% dos domicílios são abastecidos com água de cacimba, 25% caminhão pipa,

sendo de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Areia, 8% para abastecimento de água da

rede geral e 8% dos domicílios utilizam água de cisterna (gráfico 4). Os respondentes foram

unânimes em responderem que a água para o consumo doméstico é doce e de boa qualidade.

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

GRÁFICO 3

Forma de Abastecimento de Água

59%

25%

8%

8%

Cacimba

Cisterna

Caminhão Pipa

Rede Geral

GRÁFICO 4

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

89

Apesar da localidade em que foi realizado o estudo, é visível a condição de

saneamento existente na área. Na amostragem realizada, foi possível constatar que nos 12

domicílios onde foram coletados dados das residências do interior da reserva todos possuem

banheiros ou sanitários, sendo que, 75% destacam-se por possuírem construção de fossa

séptica, em 8% foi construída fossa rudimentar, e em 17% dos domicílios os dejetos dos

banheiros escoam diretamente em valas a céu aberto dentro da REEMPF (gráfico 5).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Atribui-se esse número bastante expressivo de domicílios com fossa séptica às

residências construídas pelo governo do Estado, cujo projeto de retirada dos moradores do

interior da reserva, objetivava dar melhores condições de vida como (e.g., infra-estrutura,

iluminação, casas de alvenaria) aos seus moradores.

Os respondentes que residem no interior da área, ao serem indagados sobre o que

fazem com relação ao descarte do lixo, 76% responderam que queimam o lixo na própria

localidade, 8% jogam o lixo em terreno baldio fora da reserva, 8% descarta o lixo a céu aberto

na própria reserva ecológica e 8% afirmou que deposita o lixo no subsolo

dentro da própria área no interior da REEMPF (gráfico 6).

Escoadouro do banheiro ou Sanitário

75%

8%

17%

Fossa Séptica

Fossa Rudimentar

vala

GRÁFICO 5

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

90

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

A maior parte dos respondentes que residem dentro da REEMPF é de agricultores,

como mostram os dados obtidos. 6 dos respondentes, que equivale a 50% do universo

amostral, afirmaram ter a agricultura como principal fonte de renda; 5 dos respondentes, que

corresponde a 42% do universo amostral, afirmaram que os vencimentos são provenientes da

aposentadoria ou pensão; e apenas 1 dos entrevistados, que corresponde a 8% do universo

amostral, encontra-se desempregado, sobrevivendo com ajuda de familiares e quando possível

trabalha na agricultura em roçados como diarista para terceiros (gráfico 7).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Processamento do Lixo

8%

8%

8%

76% Queima

Depósito no subsolo dapropriedadeDescarte em terrenobaldioDescarte dentro daReserva

GRÁFICO 6

Principal Fonde de Renda

42%

50%8%

Agricultura

Aposentadoria/Pensão

Desempregado

GRÁFICO 7

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

91

Outro fator importante constatado através da aplicação dos questionários se refere à

falta de qualificação por parte dos respondentes, haja vista que a grande maioria mora na

localidade desde que nasceram. Tal fato implica diretamente no poder aquisitivo por parte dos

entrevistados que residem dentro da reserva. De acordo com os dados obtidos constatou-se

que a renda familiar da população é muito baixa, 66% dos entrevistados possuem renda

familiar entre 1–2 salários mínimos, 17% com renda acima de 4 salários e 17% percebem

renda inferior a um salário mínimo (gráfico 8).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

De modo geral, a oferta de empregos é muito pouco principalmente para pessoas com

baixo grau de instrução e falta de qualificação profissional para atender o mercado em áreas

específicas. Percebe-se que os respondentes em geral não possuem conhecimento e

habilidades específicas para desenvolver outro tipo de atividade a não ser a própria

agricultura, tendo em vista terem nascido e permanecido no local até os dias atuais. Esta

situação poderá ser modificada com o passar do tempo, haja vista, a maioria dos filhos dos

agricultores freqüenta escola regularmente podendo vir a ter formação específica em diversas

Faixa de Renda Familiar

17%

66%17%

Abaixo de 01De 01 a 02

Acima de 04

GRÁFICO 8

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

92

áreas e abandonar o local em busca de novas oportunidades de emprego que não seja o

trabalho na agricultura de subsistência e com melhor remuneração.

Indagados sobre o cultivo de culturas de subsistência na reserva ecológica, 6

respondentes (50% do universo amostral) afirmaram exercer a prática de cultivo de

subsistência no interior da reserva. Os demais respondentes 6 (50% do universo amostral)

afirmaram não plantar no interior da reserva. As culturas de subsistências mais freqüentes

citadas foram: feijão, mandioca, milho e batata doce. Além das culturas de subsistência foram

citadas também algumas hortaliças como: pimentão, coentro e quiabo. Quanto a presença de

culturas permanente alguns dos entrevistados afirmaram plantar caju, banana e cana de açúcar

no interior da reserva.

O uso de madeira retirada de dentro da REEMPF por parte dos entrevistados que

residem no interior da área é bastante comum. Segundo os respondentes, 67% responderam

usar lenha paralelamente ao uso do gás de cozinha em virtude do alto preço do gás e baixo

poder aquisitivo da população. Destes que utilizam à lenha para cozinhar, 50% afirmaram que

retiram a madeira enquanto 17% apenas coletam a lenha que já se encontram caídas no chão

enquanto que, 33% não retiram nem coletam a madeira da reserva para quaisquer finalidades

(gráfico 9).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Retira Madeira

17% 50%

33%

Retira

Não Retira

Lenha do Chão

GRÁFICO 9

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

93

A presença de queimadas na reserva, de acordo com os dados obtidos junto aos

respondentes que residem em seu interior é fato bastante comum, 83% responderam ter

presenciado algum foco de incêndio no local, enquanto que apenas 17% afirmaram não ter

presenciado nenhuma atividade relativa a queimadas na reserva ecológica. Outra atividade

corriqueira constatada se refere às atividades de pesca dentro da REEMPF. 75% dos

entrevistados que residem dentro da área afirmaram ter presenciado indivíduos pescando com

freqüência (gráficos 10 e 11).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Presença de Queimadas

17% 83%SIM

NÃO

GRÁFICO 10

Atividade de Pesca

25% 75%

sim

não

GRÁFICO 11

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

94

Os registros de atividade de caça também foram evidenciados através da realização

das entrevistas. Segundo os respondentes, na REEMPF não se encontra mais animais

silvestres com tanta freqüência como há décadas atrás. Mesmo assim dentre os animais mais

comuns que são vistos com maior facilidade estão: pássaros, gato do mato, sagüis e raposa.

Quanto aos animais que são caçados dentro da reserva e utilizados como complemento

alimentar mais citados é: peba, inhambus, e pássaros. A captura de pássaros através do uso de

chamarizes em gaiolas tanto para alimentar-se como para criar e ou vendê-los é prática comum

por parte dos habitantes da região, mesmo algumas espécies já estando praticamente extintas. Dos

entrevistados apenas de 33% dos afirmaram ter presenciado atividade de caça dentro da

reserva enquanto 67% disseram não ter presenciado o ato da caça na área (gráfico 12).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Pode-se atribuir o índice baixo quanto às atividades de caça, pesca e presença de focos

de queimadas dentro da área pela falta de veracidade por parte dos respondentes temendo a

divulgação dos dados e consequentemente, algum tipo de punição que viesse comprometer

sua situação enquanto habitante do interior da área em estudo por se tratar de uma Reserva

Ecológica.

Atividade de Caça

33%

67%

sim

não

GRÁFICO 12

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

95

4.1.2 Resultados da aplicação de questionários aos moradores do entorno da REEMPF

Os dados obtidos referente ao sexo dos entrevistados do entorno da REEMPF denota a

predominância do sexo masculino com 70% dos entrevistados e 30% consequentemente do

universo de amostra são do sexo feminino. Quanto ao número da população que habita o

entorno da REEMPF, segundo a amostragem, 60% são do sexo masculino e 40% do sexo

feminino, predominando o sexo masculino diferentemente da população do interior cuja

predominância é do sexo feminino como já foi visto anteriormente. Os dados sobre o sexo dos

residentes no entorno da área estão expressos no (gráfico 13).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Com relação à faixa etária dos respondentes que moram no entorno da REEMPF os

dados revelam que 60% estão com idade entre 31 e 40 anos, 30% acima de 50 anos e apenas

10% dos entrevistados possuem idade de 20 a 30 anos. Na oportunidade em que estavam

sendo coletadas as informações não foram entrevistados nenhuma pessoa com idade abaixo de

20 anos. Os entrevistados independentemente do seu sexo, geralmente eram os chefes de suas

Sexo dos residentes do entorno da REEMPF

60%40%

Masculino

Feminino

GRÁFICO 13

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

96

famílias casados ou concubinatos (esposo ou esposa) indicando que não há atualmente relação

matrimonial entre pessoas com faixa de idade inferior a 20 anos conforme (gráfico 14).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

A situação dos domicílios em que os respondentes que residem no entorno da reserva

revela que 70% são habitações próprias já pagas, 20% moram em residências cedidas por

empregador e apenas 10% habita residência cedida de outra forma (herança familiar) gráfico

15. Estes dados divergem bastante da situação dos habitantes que residem no interior da

REEMPF uma vez que a maior parte utiliza residência cedida pelo governo do estado da

Paraíba.

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Faixa etária dos entrevistados do entorno da REEMPF

60%

10%

30%

De 20 a 30

De 31 a40

Acima de 50

GRÁFICO 14

Situação atual dos domicílios dos respondentes do entorno da REEMPF

70%

10%

20%Próprio/Pago

Cedido de outra forma

Cedido porEmpregador

GRÁFICO 15

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

97

Apesar de residirem na zona rural, foi constatado através dos respondentes que nas

residências do entorno da área de estudo, nenhuma delas deixa de possuir banheiro ou

sanitário, demonstrando certa preocupação com as condições sanitárias. Porém, quanto ao

destino dos dejetos fecais da população, os dados revelam que 60% dos dejetos dos banheiros

ou sanitários escoam a céu aberto aos arredores de suas casas proporcionando forte odor

podendo contaminar principalmente as crianças que passam boa parte descalças brincando nos

terreiros de suas casas, 30% construíram fossa rudimentar e apenas 10% das residências

possuem fossa séptica.

Quanto a forma de abastecimento de água para consumo humano a aplicação de

questionário nos apresenta maior índice no uso de cisternas com presença de 60% nos

domicílios, 30% são abastecidos com água de cacimba e 10% utiliza água de abastecimento

da rede geral que abastece o município de Areia. Os entrevistados foram enfáticos quanto à

qualidade da água e afirmaram que a água para o consumo doméstico é doce e de boa

qualidade para o consumo geral. As informações referente a presença dos banheiros ou

sanitários e da forma de abastecimento de água estão representadas nos gráficos (16 e 17).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Escoadouro dos banheiros ou sanitários das residências do entorno da REEMPF

60%30%

10%

Fossa Séptica

Fossa Rudimentar

vala

GRÁFICO 16

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

98

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Quando perguntado aos entrevistados que residem no entorno da área o que fazem

com relação ao descarte do lixo, 50% responderam que queimam o lixo na própria

propriedade, 40% jogam o lixo em terreno baldio nas proximidades de suas residências e 10%

afirmou descartar dentro da reserva ecológica para manter as proximidades de sua residência

limpa (gráfico 18).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Forma de abastecimento de água nas residências do entorno da REEMPF

10%

60%30%

Cacimba

Cisterna

Rede Geral

GRÁFICO 17

Processamento do lixo originado por moradores do entorno da REEMPF

10%

40%

50%Queima

Descarte em terrenobaldioDescarte dentro daReserva

GRÁFICO 18

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

99

A prática da queima é comum entre os agricultores tanto para a limpa do terreno

quanto para acabar com entulhos e o lixo descartado. Os entrevistados que deixam o lixo a

céu aberto nas proximidades de casa comentaram que esse material servirá de adubo para

plantações posteriores. No entanto, não há menor preocupação quanto ao tipo de material

descartado seja de curto período de decomposição (exemplo. papel e resto de comidas) ou

décadas (exemplo. plástico, vidro entre outros).

Os moradores do entorno da REEMPF declaram que 50% sobrevivem com renda

inferior a um (1) salário mínimo enquanto que os demais, ou seja, 50% dos entrevistados

afirmaram possuir renda entre um (1) e dois (2) salários. Estes números indicam baixo nível

salarial cuja renda provém principalmente do excedente da cultura de subsistência para os que

percebem menos de um salário e da aposentadoria e suas plantações para os que recebem

entre um e dois salários. 70 % dos entrevistados são agricultores, 20% dependem de

aposentadoria ou pensão e 10% declararam possuir renda proveniente de um pequeno

comércio em sua própria residência que comercializa alguns alimentos básicos (óleo, arroz,

feijão, sal, açúcar, pinga ou cachaça, fósforo, macarrão etc...). A origem da fonte de renda dos

entrevistados está representada abaixo no (gráfico 19).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Principal fonte de renda dos respondentes do entorno da REEMPF

10% 70%

20%

Agricultura

Aposentadoria/Pensão

Comércio

GRÁFICO 19

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

100

Dos entrevistados que moram no entorno da reserva ecológica 60% disseram não

cultivar no seu interior enquanto que os demais, 40% exercem atividades da agricultura de

subsistência e culturas permanente dentro da área. Os plantios mais comuns são: mandioca,

feijão, milho, batata doce, banana e cana de açúcar.

A utilização de madeira por parte dos entrevistados que moram no entorno da área de

estudo é hábito bastante comum, 60% dos entrevistados afirmaram retirar e/ou coletar lenha

da reserva para cozinhar seus alimentos em fornos movidos à lenha paralelamente ao gás de

cozinha, 30% dos entrevistados apenas coletam a madeira que se encontra no chão dentro da

área fazendo uso de lenha para queima e apenas 10% dos entrevistados informaram que não

retiram madeira nem coletam do chão a lenha da REEMPF. Não foi constatado em nenhum

dos entrevistados, dados referente a comercialização de madeira existente no interior da

reserva (gráfico 20).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

Uso de madeira por parte dos residentes do entorno da REEMPF

60%30%

10%

Retira

Não Retira

Lenha do Chão

GRÁFICO 20

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

101

Ao contrário dos entrevistados que residem no interior da área ao serem perguntados

quanto à presença de queimadas na reserva, dos entrevistados que residem no entorno 90%

afirmaram que nunca presenciaram focos de queimadas dentro da área, enquanto que apenas

10% responderam que haviam presenciado queimadas dentro da área. A presença de pessoas

pescando segundo os dados dos entrevistados mostra que 60% já tinham presenciado pessoas

pescando enquanto que 40% dos respondentes disseram nunca haver presenciado atividade de

pesca dentro da reserva. Os dados estão representados respectivamente nos gráficos (21 e 22).

Fonte: Arquivos do autor, 2004.

Focos de queimadas presenciada por entrevistados do entorno da

REEMPF

10% 90%

sim

não

GRÁFICO 21

Pescaria presenciada por entrevistados do entorno da REEMPF

60%40%

sim

não

GRÁFICO 22

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

102

Os entrevistados que residem no entorno da REEMPF em sua grande maioria não

exitaram em afirmar que praticam a caça dentro da reserva. Segundo os dados 70% dos

responderam que já presenciaram a presença de caçadores. Os caçadores costumam colocar

armadilhas e gaiolas para caçar e capturara animais silvestres e pássaros que são consumidos

e/ou vendidos a terceiros. A captura de pássaros se dá principalmente para serem criados em

casa devido gostarem de seus cântigos ou então vendê-los. Dos entrevistados apenas 30%

resonderam que não praticam nem presenciaram a caça dentro da reserva conforme ilustra o

(gráfico 23).

Fonte: Arquivo do autor, 2004.

O que se pode percebere com muita evidência é que os dados referente aos moradores

do entorno e do interior da REEMPF, é que houve omissão por parte de alguns respondentes

principalmente nas respostas que trata de focos de incêndio, atividade de pesca e caça. O

trabalho de campo denuncia o descaso quanto a ineficácia da fiscalização ou inexistência da

mesma por períodos longos por parte do órgão gestor. Os registros fotográficos da próxima

sessão demonstram e confirmam o descaso existente nesta área de grande importância para a

microrregião do brejo paraibano em termos de preservação ambiental e qualidade de vida.

Atividade de caça presenciada por entrevistados do entorno da

REEMPF

30% 70%

sim

não

GRÁFICO 23

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

103

Todas estas informações adquiridas junto aos respondentes denotam o

descumprimento da legislação ambiental como costa a Lei Federal nº 9.985/ de 18 de julho de

2000 que trata da institucionalização do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza (SNUC) onde ficam evidenciadas as diretrizes de gestão, grupos e categorias de

unidades de conservação (UC), as normas etc. Esta Lei regulamentou o Art. 225 do Capítulo

VI – Do Meio ambiente, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu

parágrafo I, II, III e VII, que determina dentre outros critérios a garantia a todos os cidadãos o

direito ao meio ambiente equilibrado.

4.2 Resultados das observações de campo

Segundo a SUDEMA (2006) que é o órgão gestor, atualmente a UC está sobre a chefia

do professor aposentado Carlos Barreto Alcoforado, que realiza este trabalho de forma

voluntária. A UC de conservação dispõe em tempo integral de 1 (um) técnico da Prefeitura

Municipal, assim como de técnicos da coordenação de EA do órgão gestor, que completam o

quadro de recursos humanos atuantes na área conforme a SUDEMA (2006). No entanto, em

nenhum das visitas realizada no trabalho de campo, não foi constatado a presença de qualquer

pessoa que faça parte ou que venha a contribuir com a gestão da REEMPF. As informações

referente a chefia e quadro de recursos humanos podem ser constatadas no ANEXO 03.

A realização das sessões fotográficas ilustra vários níveis da presença humana em

locais diversos da área estudada, a saber: (i) habitações no interior da reserva; (ii) descarte de

lixo inorgânico no interior da reserva; (iii) coleta seletiva de lixo por parte de moradores; (iv)

registros de atividades de desmatamento; (v) práticas de cultivo de subsistência, cultivo de

frutíferas, pasto; (vi) animais domésticos pastando às margens do açude Vaca Brava bem

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

104

como em outras localidades do interior da reserva; (vii) construção de arapucas e utilização de

gaiolas para captura de animais silvestres na área estudada.

Figura 11 (a, b, c e d) – habitações no interior da área de estudo. Arquivo do autor, Outubro, 2003.

Uma das discrepâncias registradas no trabalho de campo diz respeito às regras

impostas quanto às habitações no interior de unidades de conservação e à falta de controle do

órgão gestor da área de estudo sobre as construções feitas em seu interior. O conjunto de fotos

referentes às residências no interior da (REEMPF) representa os diferentes tipos de habitações

existentes na área de estudo.

A figura 11(a) refere-se a uma residência construída no início do século XIX,

comumente conhecida como casa grande, a qual manteve sua estrutura até os dias atuais. Uma

vez que se trata de uma habitação já edificada quando da instituição do decreto nº 14.832, de

B

D C

A

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

105

19 de outubro de 1992, além de ser um monumento histórico, a permanência desta habitação

no interior da reserva é plenamente justificada.

Por outro lado, as habitações ilustradas nas figuras 11(b) e 11(c), originalmente

construídas em taipa e chão batido, não houve autorização para demolição e foram

reconstruídas em alvenaria, porém a edificação que consta da figura 11(c), é servida de

energia elétrica, dispõe de geladeira, tv em cores, antena parabólica e videocassete, e manteve

sua estrutura original. Por outro lado, a habitação retratada na figura 11(b), também

originalmente em taipa, foi demolida e reconstruída em alvenaria, contrariando as

determinações do órgão ambiental gestor.

Após a instituição do decreto de Lei nº 14.832, de 19 de outubro de 1992, o governo

estadual construiu uma série de habitações populares na entrada da reserva conforme mostra

figura 11(d), com o propósito de transferir grande parte dos habitantes do interior da reserva

para o entorno da área. Mesmo assim, alguns habitantes recusaram a transferência,

permanecendo no interior da reserva, conforme já mencionado anteriormente. Aqueles que se

transferiram para o conjunto de habitações populares, construído na área próxima a PB079,

recebeu de professores e alunos do Campus II da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

uma série de instruções sobre coleta seletiva de lixo. Atualmente, algumas destas habitações

se encontram ocupadas por familiares que não residiam anteriormente no interior da Reserva

Ecológica Estadual Mata do Pau-Ferro (REEMPF).

Além destes, é possível perceber os principais problemas relacionados à gestão

ambiental da área em questão através da figura 12.

Dissertação/PPGG/UFPB - 2007 Marivaldo Cavalcante da Silva

“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

106

11b

21b

11d

14

11a

11c 13b

13a

15a

15b

15d

15c 17

17 18a/b

20b 20c

20a

21a/c

21a

21a

Figura 12 – Referente aos registros fotográficos dos principais problemas de gestão ambiental da área.

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

107

Os sacos plásticos, as garrafas descartáveis, o papelão e os restos de comida eram

queimados nos quintais dos moradores. Enquanto vigorou um convênio entre a Prefeitura

Municipal de Areia e o Campus II da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), os recipientes

de vidro e metal eram depositados em um coletor e transportados para fora da área, para

posterior reciclagem. Tendo em vista que nos dias atuais o referido convênio expirou, não

tendo sido renovado, amontoados de recipientes de vidro e metal são encontrados nas

proximidades de uma escola da rede municipal, localizada nas imediações da reserva

conforme ilustra os registros fotográficos representados na figura 13(a).

Figura 13 – Descarte de lixo na periferia e interior da reserva: (a) tentativa infrutífera de coleta seletiva; (b) lixo inorgânico descartado a céu aberto por habitantes do interior da reserva. Arquivo do autor, Novembro de 2001.

A falta de um programa destinado a Educação Ambiental contínuo, isto é, ininterrupto

implica mais uma vez no descumprimento da legislação ambiental em esfera federal e

particularmente estadual como estabelece o Art. 2º da Lei 14.832 que trata dos objetivos da

Reserva. A Educação Ambiental deveria ser utilizado como ferramenta de gestão da área para

minimizar diversas formas de poluição e degradação do meio ambiente.

Em relação ao lixo inorgânico (e.g. sacos plásticos, invólucros de polietileno em geral,

garrafas plásticas), parece não haver nenhuma preocupação com o descarte, uma vez que é

jogado a céu aberto nas imediações das residências e no interior da reserva, como retrata a

figura 13(b).

A B

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De modo geral, as atividades desenvolvidas na execução do trabalho de campo desta

pesquisa indicam que a Reserva Ecológica Estadual da Mata do Pau Ferro (REEMPF), vem

sofrendo forte intervenção humana e, desta forma a legislação pertinente tanto na esfera

Federal quanto na esfera Estadual não vem sendo cumprida. Tal fato pode ser percebido, por

exemplo, na contradição que foi constatada através do registro fotográfico da derrubada de

árvores no interior da área de estudo conforme ilustra a figura 14 e o CAPITULO III da Lei nº

6.002 que trata da PROTEÇÃO FLORESTAL no Art. 22 do Código Florestal do Estado da

Paraíba (ANEXO 04).

Enquanto grande parte dos respondentes do questionário declarou que a madeira

retirada da reserva restringia-se àquela coletada do solo, e.g., galhos secos e árvores

tombadas, uma análise mais detalhada mostra amontoados de madeira com quantidade,

aspecto, modo de empilhamento e forma do corte, mostrando que houve corte de árvores.

Assim como, cenas de corte de árvores presenciadas durante os trabalhos de campo

(infelizmente não registradas fotograficamente), atestam (i) a derrubada de árvores e (ii) o

transporte de madeira para comercialização.

Figura 14 – Amontoado de madeira resultante da derrubada de árvores no interior da área de estudo. (Foto: Marivaldo, Novembro, 2001)

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No tocante às áreas desmatadas, verifica-se que deram lugar ao cultivo de subsistência

ou são atualmente ocupadas por pasto. O cultivo realizado nos baixios se dá devido á

fertilidade, profundidade e umidade dos solos.

A aplicação dos questionários mostra que a grande maioria dos agricultores que

utilizam a área da reserva para o cultivo de subsistência possui uma renda inferior a dois

salários mínimos, montante insuficiente para o sustento familiar. No interior da reserva,

encontra-se principalmente às margens dos córregos que deságuam no reservatório Vaca

Brava, culturas de subsistência temporárias e permanentes, dentre as quais podem ser citadas:

milho, feijão, mandioca, coentro, pimentão, batata-doce, banana, cana-de-açúcar, caju e

manga. Enquanto foram constatados cultivos de culturas permanentes a SUDEMA (2006)

afirma que são plantados apenas culturas de curto ciclo.

Em algumas das áreas já desmatadas, é perceptível o processo de degradação

resultante da retirada de espécies nativas, para o cultivo de subsistência. A inexistência da

gestão compromete tanto os recursos da biota quanto a falta de proteção dos recursos hídricos

que são dentre outros objetivos de criação da REMPF conforme o Art. 2º do Decreto 14.832

que cria a Reserva. A figura 15(a, b, c e d) retrata a ocupação de áreas desmatadas com o

cultivo de diferentes culturas.

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110

Figura 15 – Culturas de subsistência registradas no interior da área de estudo: (a) cana-de-açúcar; (b) mandioca e (c) banana e canteiro de coentro e (d) área desmatada para cultivo de subsistência. Arquivo do autor, Novembro 2001.

Fica evidente que os objetivos da institucionalização da REEMPF não vêm sendo

alcançados em virtude principalmente da falta de comprometimento com a gestão da área,

haja vista, dentre os objetivos da criação presentes no Art. 2º consta que além de contribuir

para o monitoramento ambiental, o órgão gerenciador deveria fornecer parâmetros relativos

para uma área pouco ou nada afetada por “ações antrópicas” ou intervenção de degradação

humana.

Além do cultivo de subsistência, vários moradores da área de estudo declararam que a

caça e a pesca na reserva são práticas bastante comuns, pois lhes serve de complemento na

alimentação. Para a captura de pequenos animais, e.g. (preás, nhambus e rolas), são

empregadas arapucas construídas de forma artesanal pelos próprios moradores como se

percebe na figura 16. Além disso, também se constatou a captura de pássaros a partir de

chamarizes em gaiolas.

A

D C

B

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111

Figura 16 – Arapuca para Captura de animais. Arquivo do autor. Novembro, 2001.

Os moradores da reserva e entorno que possuem animais de grande e médio porte (e.g.

bovinos, eqüinos, asininos, caprinos) utilizam a reserva como área de pastagem para seus

animais, conforme exemplo na figura 17.

Figura 17 – Pastagem de animais ás margens do reservatório de Vaca Brava. Arquivo do autor. Novembro, 2001.

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112

As figuras 18(a) e 22(b) retratam, respectivamente, do mesmo ângulo de visão, o

reservatório Vaca Brava nos períodos de estiagem e de chuvas. É importante ressaltar que

esse reservatório abastece várias cidades e distritos da Microrregião do Brejo Paraibano.

Figura 18 (a e b) – Reservatório de Vaca Brava: Arquivo do autor. (a) dezembro de 1999; e (b) fevereiro de 2001.

No entanto, no período de estiagem nos anos de 1999/2000, cresceu a exploração da

água por terceiros para o abastecimento das cidades circunvizinhas, face à drástica redução do

volume de água do reservatório (figura 18(a)). Tal fato chegou a exigir a intervenção das

forças armadas (Exército) no sentido de cadastrar e controlar a venda de água retirada das

circunvizinhanças de Areia.

4.3 Resultados da coleta via receptor GPS.

Os resultados obtidos após a execução do trabalho de campo realizada através da

coleta de dados com receptor GPS, permitiram a geração de uma representação cartográfica

A B

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

113

da área estudada que apresenta os resultados de áreas em várias feições de mapeamento

conforme pode ser constatado no mapa de localização. Os diversos níveis básicos de

informações geoespaciais contidos nos mapas foram definidos por diferentes níveis de

intervenção humana.

Adicionalmente, a representação cartográfica mencionada conta também com

referenciais geográficos, a saber: (i) clareiras, resultantes de atividades de desmatamento,

áreas cultivadas com culturas de subsistência por habitantes do interior e do entorno da

reserva; (ii) trilhas, destinadas ao acesso de visitantes em diferentes pontos da reserva; (iii)

habitações no interior e entorno da reserva; (iv) postos de vigilância (guaritas); (v) barragem

Vaca Brava (manancial hídrico de abastecimento de vários municípios do brejo paraibano);

(vi) abrigos destinados ao descanso de visitantes durante o percurso das trilhas; (vii) estradas

asfaltadas e de leito natural, rodáveis ou carroçáveis.

Vale ressaltar a importância do uso das tecnologias em estudos dessa natureza, pois

possibilitará futuramente o auxilio em estudos futuros, para a gestão desta unidade assim

como permitirá identificar e ou fazer uma relação do avanço ou recuo dos diversos níveis de

intervenção humana constatados atualmente. Verificou-se que no interior da REEMPF

atualmente apresenta um total de 238.643,36 m2, com áreas desmatadas, pasto nativo, culturas

de subsistências dentre outras características presente, conforme dados obtidos durante

visitações e mapeamentos com o uso do GPS, que corresponde a 23,86 ha, aproximadamente

3,7% da REEMPF. Estas informações encontram-se detalhadas com suas respectivas

características, coordenadas geográficas e áreas no quadro 05.

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Quadro 05

Caracterização, coordenadas geográficas das áreas desmatadas cobertas pelo mapeamento de

campo, realizado com o auxílio do GPS e representadas na figura 25.

Coordenadas Geográficas Clareira Caracterização

Longitude Latitude

Área

(m2)

01 Pasto nativo, culturas de subsistência (milho, feijão, batata-doce, bananeira). -35º 44’56” -6º 58’07” 7.911,22

02 Culturas de subsistência (milho, feijão, batata-doce, bananeira). -35º 44’33” -6º 58’03” 5.572,96

03 Pasto nativo com córrego ao centro. -35º 44’44” -6º 58’14” 19.657,56

04 Pasto nativo, na confluência de córregos. -35º 45’10” -6º 58’31” 3.893,07

05 Pasto nativo, próximo a barragem, na borda da reserva.

-35º 44’45” -6º 59’10” 4.256,11

06

Pasto nativo, culturas de subsistência (milho, feijão, batata-doce, bananeira); fruteiras (jaqueiras, cajueiros, mamão, acerola, goiabeira); casa de taipa; córrego.

-35º 45’30” -6º 58’12” 23.763,53

07

Pasto nativo, culturas de subsistência (milho, feijão, mandioca, bananeira), fruteiras (jaqueiras, cajueiros), e casa de alvenaria.

-35º 45’31” -6º 58’34” 57.577,31

08

Pasto nativo, culturas de subsistência (milho, feijão, bananeira); fruteiras (mangueira, jaqueira) e cana-de-açúcar.

-35º 44’28” -6º 58’05” 2.053,92

09 Pasto nativo, culturas de subsistência (milho, feijão). -35º 45’27” -6º 59’02” 4.415,97

10

Pasto nativo culturas de subsistência (milho, feijão, batata-doce, mandioca), cana-de-açúcar e mangueiras.

-35º 45’30” -6º 58’44” 6.975,81

11 Pasto nativo, culturas de subsistência (feijão, batata-doce, mandioca). -35º 45’45” -6º 59’23” 25.170,78

12 Culturas de subsistência (milho, feijão, bananeira, mandioca) e mangueiras. -35º 45’25” -6º 58’59” 19.503,49

13

Pasto nativo, culturas de subsistência (bananeira e mandioca), residência de alvenaria, casa de máquinas, estação de tratamento do Guarim e casa de rádio.

-35º 45’39” -6º 59’35” 20.176,65

14

Pasto nativo, culturas de subsistência (milho, feijão, batata-doce) e residência de alvenaria.

-35º 44’56” -6º 59’28” 12.480,78

15 Pasto nativo. -35º 44’37” -6º 58’56” 12.306,79

16 Pasto nativo com córrego ao centro. -35º 44’54” -6º 58’26” 6.661,67

17 Pasto nativo com córrego ao centro. -35º 45’ 04” -6º 58’25” 6.265,74

ÁREA TOTAL (m2)........................................................................................................... 238.643,36

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08

03

05

01 02

04 16

15

17

11

06

07

12

13

10

14

09

Figura 19 – Referente aos dados coletados via GPS do quadro 05.

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Quanto às condições físicas dos descansos construídos no interior da área de estudo,

de um total de sete (9) apenas um (1) que se encontra no conjunto de residências9, se

apresenta em perfeito estado de conservação. Os demais, que se encontram distribuídos pelo

interior da área de estudo apresentam-se com alto grau de depredação ocasionado por

visitantes assim como também, pelos próprios moradores que retiraram os bancos de pedras e

utilizam nas suas residência e quando precisaram da pouca madeira e as telhas que serviam de

cobertura não mediram esforços para retirar.

Segundo a SUDEMA (2006) além das trilhas com placas indicativas que servem para

o deslocamento no interior da reserva, a área possui quiosques bem distribuídos

estrategicamente que servem de momentos de descanso e paradas para lanches por parte dos

visitantes em aulas práticas. Porém a situação real desses abrigos construídos para descansos

não permite que exerçam mais a função que lhe foi proposta conforme ilustra a situação

comparativa de um abrigo em perfeito estado de conservação e os demais que se encontram

total ou parcialmente destruídos figura 20 (a, b e c).

Figura 20(a, b e c) – Estado físico dos abrigos destinado para descanso na área de estudo. Arquivo do autor. Setembro, 2005.

9 Denominado de vila da Mata do Pau-Ferro pelos habitantes da área.

B C A

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Para SUDEMA (2006) a área possui um centro de visitações com infra-estrutura

adequada para receber visitantes sendo constituído por uma cozinha, biblioteca, um auditório

e wc`s, além de guaritas para auxiliar a fiscalização que também podem ser constatados no

ANEXO 03. No entanto, a situação em que as mesmas se encontram já evidencia o estado de

abandono das guaritas e consequentemente a falta de fiscalização proposta.

No que se refere ao estado físico das guaritas construídas para dar suporte à vigilância

da área, as mesmas se encontram em completo abandono. Em algumas delas, constatou-se a

falta de janelas, portas, parte da cobertura parcialmente destruída e descarte de lixo (Figura

21 b e c). Quanto à figura 21 (b), verifica-se um abrigo aparentemente em sua forma original

em bom estado de conservação, pois, em análise mais detalhada in loco foi possível perceber

rachaduras nas paredes, vidro das janelas que foram totalmente quebrados e telhado

parcialmente destruído.

Figura 21 (a, b e c) – Estado físico das guaritas que deveriam ser utilizadas como suporte para os vigilantes da área. Arquivo do autor. Setembro, 2005.

A

B C

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A identificação e localização de todas as guaritas e descansos dentro da REEMPF estão

apresentadas no quadro 06 e na figura 22.

QUADRO 06

Localização das guaritas e descansos no interior da REEMPF

Coordenadas Geográficas Descrição Caracterização

Longitude Latitude

G1 Guarita sem porta e janelas parcialmente destruída -35º 43’58” -6º 58’17”

G2 Guarita com janelas e telhado parcialmente destruído -35º 44’23” -6º 58’05”

G3 Guarita com janelas e telhado parcialmente destruído -35º 45’46” -6º 58’23”

G4 Guarita sem portas, janelas e telhado parcialmente destruído. -35º 45’32” -6º 58’48”

G5 Guarita com janelas e telhado parcialmente destruído -35º 45’28” -6º 59’02”

G6 Guarita em perfeito estado de conservação -35º 44’05” -6º 58’28”

D1 Descanso sem depredação localizado na vila -35º 44’55” -6º 57’56”

D2 Descanso sem a presença de bancos de pedra -35º 44’57” -6º 57’56”

D3 Descanso faltando bancos e parte do telhado -35º 45’01” -6º 57’57”

D4 Descanso com destruição total de bancos e parte do telhado -35º 45’00” -6º 58’02”

D5 Descanso com destruição parcial de bancos e da cobertura -35º 44’51” -6º 58’23”

D6 Descanso que apresenta apenas ferragens do mastro de sustentação de sua construção -35º 44’41” -6º 58’20”

D7 Descanso totalmente destruído restando apenas seus resquícios. -35º 44’26” -6º 58’12”

D8 Descanso com destruição parcial de bancos e da cobertura -35º 44’22” -6º 58’10”

D9 Descanso com destruição parcial de bancos -35º 44’23” -6º 58’05”

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Figura 22 – Localização das guaritas e descansos na REEMPF

G1

G4

G3

G2

G5

G6

D1

D5 D6

D7

D3

D2

D4

D9

D8

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CAPÍTULO VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

A institucionalização e consolidação das UC de proteção integral e de uso sustentável

não é a única estratégia de proteção da natureza, mas é a melhor forma de conservação in situ.

Entretanto, inúmeras áreas protegidas se encontram em situação de abandono, gerando um

descrédito da população na efetividade destas áreas. A adoção de mecanismos que facilitem e

estimulem não só a criação de Unidades de Conservação, mas principalmente a implantação e

a consolidação destas áreas podem reverter este quadro.

O estudo sobre a análise da degradação ambiental desenvolvido na Reserva Ecológica

Estadual da Mata do Pau-Ferro em Areia - PB apresenta vários contrastes quanto a

preservação e a intervenção humana nesta UC, no que diz respeito à legislação ambiental

vigente, que é exercida principalmente por moradores no interior e na periferia da área.

Para maior eficácia na gestão ambiental, é necessário que se leve em consideração a

legislação ambiental nas várias esferas (federal, estadual e municipal) no que diz respeito a

alguns pontos em destaque, como a observância da delimitação das Unidades de Conservação

(UCs), nos recursos hídricos e na preservação de nascentes, remanescentes de vegetação

nativa, poluição e fontes poluidoras e destinação de resíduos sólidos (lixo e entulhos).

Os resultados apresentados nesta pesquisa, principalmente no tocante a gestão da

Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau-Ferro e nas várias formas de pressão por parte das

intervenções humanas, são suficientes para que se possam fazer as seguintes recomendações:

• Formação de parcerias entre instituições públicas, organizações não-

governamentais, universidades e setor privado para estabelecer as bases para a

gestão ambiental;

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• Investimento em recursos humanos e financeiros para uma

fiscalização/monitoramento eficiente;

• Incentivo à pesquisa científica com vistas a suplantar a atual escassez de

informações a respeito das características e estado atual dos recursos naturais,

aspectos sócio-econômicos e potencialidades da região;

• Implantação de um programa de educação ambiental para conscientizar tanto a

população como os políticos locais a respeito da importância ambiental da região e

das alternativas de melhor gestão para a área;

• Desenvolver um plano de manejo integrado da bacia de Vaca Brava, utilizando

práticas de conservação de solo e água, reflorestamento das cabeceiras, do topo e

das áreas degradadas, dentre outras, contribuindo para redução do escoamento

superficial e erosão e consequentemente melhor recarga hídrica da barragem;

• Monitorar a área através da implantação de um modelo de gestão participativa da

Unidade de Conservação envolvendo a população local;

• Almeja-se que este estudo sirva de contribuição para a comunidade científica

continuar desenvolvendo trabalhos de pesquisa na área visando subsidiar a melhor

gestão da Unidade de Conservação.

Vale salientar que em termos de gestão de Unidades de Conservação precisa-se, em

muito, ser melhorado. Entretanto, é salutar destacar que as áreas protegidas pelo Estado são

patrimônios de toda sociedade e, como tal, é necessário propiciar mecanismos em que a

própria população possa participar e opinar, tanto na constituição de novas unidades como na

gestão das atuais.

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“Degradação ambiental na Reserva Ecológica Estadual Mata do Pau Ferro – Areia/PB”

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A P Ê N D I C E

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A N E X O S

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ANEXO 01

DECRETO Nº 14.832, DE 19 DE OUTUBRO DE 1992. Cria a Reserva Ecológica da "MATA DO PAU FERRO" e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA PARAÍBA, no uso das atribuições que lhe confere artigo 86, inciso IV, c/c o art. 227, Parágrafo Único, inciso VII, da Constituição do Estado, e nos termos do Decreto Federal nº 89.336, de 31 de janeiro de 1984, DECRETA: Art. 1º - Fica criada a Reserva Ecológica da "MATA DO PAU FERRO", em uma gleba de terra situada no sítio "VACA BRAVA", pertencente ao Estado da Paraíba. PARÁGRAFO ÚNICO - A área da Reserva Ecológica compreende 600ha (seis centos hectares) da mata denominada MATA DO PAU FERRO, localizada na Micro região do Brejo Paraibano, a 5 km (cinco quilômetros) a contar da sede do município de Areia-Pb., entre as Coordenadas geográficas: 6º 58’12"Latitude Sul e 35º 42’ 15" Longitude W de Greenwich. Art. 2º - A Reserva Ecológica da MATA DO PAU FERRO terá os seguintes objetivos:

• Preservar a Diversidade Biológica dos Ecossistemas no estado de evolução livre, com um mínimo de interferência direta ou indireta do homem;

• Incentivar a obtenção de conhecimentos, mediante pesquisas e estudos de caráter biológico ou ecológico;

• Proteger espécies raras, endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção; • Preservar os recursos da biota; • Contribuir para o monitoramento ambiental, fornecendo parâmetros relativos a uma

área pouco ou nada afetada por ações antrópicas; • Proteger a bacia e os recursos hídricos da área; • Promover a educação ambiental da comunidade local, a fim de compatibilizar o

manejo com as finalidades da Reserva. Art.3º - A Reserva Ecológica da MATA DO PAU FERRO será administrada pela SUPERINTENDÊNCIA DE ADMINISTRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE - SUDEMA, que promoverá as medidas necessárias à sua delimitação. Art.4º - Fica a SUDEMA, autorizada a promover as gestões necessárias ao cumprimento deste Decreto. Art.5º - As Terras, Flora, Fauna e Belezas Naturais das áreas constitutivas da Reserva ficam desde logo sujeitas à proteção das Normas Ambientais e Florestais prevista nas Constituições Federal e Estadual e no Código Florestal, bem como na Legislação Complementar e Regular em vigor. Art.6º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação, Revogadas as disposições em contrário. PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA, em João Pessoa, 19 de outubro de 1992, 104º da Proclamação da República.

RONALDO CUNHA LIMA Governador

INALDO ROCHA LEITÃO

Secretário Da Justiça, Cidadania E Meio Ambiente Publicado no Diário Oficial de 20/10/1992

FONTE: SCTMA/SUDEMA, 2005 OBS: Grifo do autor

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Anexo 2. Dados relativos à precipitação pluviométrica em mm para a série 1983-2005, da Estação de Meteorologia do DSER/CCA/UFPB – Campus II, Areia-PB.

MESES

ANOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Total Anual

1983 25,6 145,2 264,9 94,3 184,4 99,9 113,0 137,0 50,2 43,2 2,4 14,4 1.174,5 1984 39,6 18,0 182,2 223,7 220,8 112,0 179,2 168,2 55,2 92,1 35,8 5,0 1.331,8 1985 71,0 386,6 325,9 401,7 171,8 196,2 338,2 161,6 66,4 4,8 34,6 38,2 2.197,0 1986 122,6 206,2 249,4 293,8 159,0 179,0 240,1 165,8 102,2 48,8 157,6 48,8 1.972,3 1987 83,8 104,4 125,8 354,8 79,6 235,8 228,2 54,4 41,8 22,6 4,0 1,2 1.336,4 1988 42,4 50,4 276,7 225,8 174,0 160,6 251,0 117,6 74,2 20,6 49,2 48,6 1.491,1 1989 10,7 13,3 77,2 272,2 184,0 147,6 222,2 157,8 15,0 22,2 83,2 64,0 1.269,4 1990 55,7 51,8 54,7 252,7 208,1 103,8 166,4 175,6 69,5 27,0 7,4 8,1 1.180,8 1991 55,7 69,8 185,8 97,8 257,5 141,3 134,0 136,0 27,0 49,6 29,4 0,0 1.164,2 1992 132,4 251,2 342,2 146,7 102,9 263,7 180,6 132,2 76,1 17,8 32,8 3,2 1.681,8 1993 9,0 27,8 102,8 111,8 120,4 146,6 167,0 69,6 14,6 13,6 21,8 12,0 816,9 1994 91,8 52,6 298,3 140,0 214,3 399,1 315,7 104,8 109,2 8,0 5,2 73,0 1.812,0 1995 18,4 27,5 48,7 222,7 182,4 243,7 336,6 30,4 9,7 16,8 56,2 0,4 1.193,5 1996 266,6 48,0 186,7 237,9 104,5 173,6 173,6 152,4 120,6 28,4 141,1 43,3 1.676,7 1997 10,6 202,6 230,6 92,2 295,8 114,6 128,1 136,5 16,7 2,7 1,9 86,7 1.319,0 1998 42,4 42,5 146,5 28,7 117,5 107,9 173,1 207,8 21,1 32,6 7,5 22,5 950,1 1999 43,1 122,6 142,0 12,6 140,9 110,4 113,8 76,9 35,4 28,4 7,8 56,4 890,3 2000 110,0 155,3 119,8 269,4 120,5 349,7 323,5 308,1 219,9 19,9 25,0 45,1 2.066,2 2001 46,6 19,7 175,1 155,3 10,5 235,1 160,8 139,6 65,3 21,3 20,6 62,7 1.112,6 2002 123,4 23,6 209,0 69,7 148,1 296,9 122,8 118,6 5,6 40,8 58,9 20,6 1.338,0 2003 206,7 114,6 153,6 128,8 147,8 176,9 197,4 115,4 46,0 46,0 21,1 71,5 1.425,8 2004 457,9 267,0 151,4 200,8 283,2 283,7 253,0 71,1 51,1 14,6 13,5 14,3 2.061,6 2005 53,7 45,2 25,7 57,1 246,5 342,7 90,7 233,0 35,7 10,2 6,5 53,7 1.200,7

Médias 92,1 106,3 177,1 177,8 168,4 200,9 200,3 137,8 57,7 27,4 35,8 34,5 1.416,1

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ANEXO - 03 http://www.sudema.pb.gov.br/uc.shtml

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RESERVA ECOLÓGICA MATA DO PAU FERRO

CHEFE DA UC: Carlos Barreto Alcoforado

A Mata do Pau Ferro está localizada na microrregião do Brejo Paraibano mais precisamente a 5 Km a oeste do município de Areia, com uma superfície aproximada de 600 ha, caracteriza-se como mata de brejo de altitude, sob influência das chuvas de outono e inverno. A temperatura anual fica em torno dos 22ºC e as médias pluviométricas alcançam cerca de 1400 mm anuais. Apesar de muitofragmentada apresenta ainda uma paisagem exuberante, típica de mata ombrófila densa. Foi decretada como Unidade de Conservação em 19 de outubro de 1992 através do Decreto Estadual nº 14.832. SITUAÇÃO ATUAL DA ÁREA

? REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA. A área pertence ao governo do Estado desde a sua criação.

? RECURSOS HUMANOS. A unidade de Conservação dispõe de 1(um) Técnico da Prefeitura Municipal á disposição em tempo integral, bem como os técnicos da Coordenação de Estudos Ambientais- SUDEMA. INFRA-ESTRUTURA. A UC possui um centro de visitação, constituído por um auditório, biblioteca, cozinha e WC`S. Possui ainda trilhas interpretativas, placas indicativas; quiosques distribuídos em locais estratégicos da reserva para ser utilizado em aulas práticas e momentos de descanso (lanches). Existem ainda guaritas de segurança facilitando a sua fiscalização. ? VISITANTES

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Atualmente recebe alunos de escolas para realização de atividades extra-classe em Educação Ambiental e pesquisadores interessados em diferentes aspectos naturais. ? OUTROS USOS DA ÁREA No interior da reserva existe posseiros que se utilizam a área para o cultivo de cultura de ciclo-curto e um reservatório dágua que abastece 6 (seis) municípios do Brejo Paraibano, fato que persiste como herança, antes da sua criação. Esta Unidade atualmente é administrada pelo professor aposentado e voluntário, Carlos Barreto. Recentemente aquele administrador promoveu uma oficina técnica no centro de ciências agrárias objetivando criar um plano emergencial de trabalho, com vistas a possibilitar uma melhor gestão daquela Unidade de Conservação. Na oportunidade os professores de ecologia da UFPB presentes ao evento demonstraram sensibilidade para desenvolver um trabalho de parceria envolvendo inclusive o corpo discente daquele centro de pesquisa e extensão. ? INFRA-ESTRUTURA. A UC possui um centro de visitação, constituído por um auditório, biblioteca, cozinha e WC`S. Possui ainda trilhas interpretativas, placas indicativas; quiosques distribuídos em locais estratégicos da reserva para ser utilizado em aulas práticas e momentos de descanso (lanches). Existem ainda guaritas de segurança facilitando a sua fiscalização. ? VISITANTES Atualmente recebe alunos de escolas para realização de atividades extra-classe em Educação Ambiental e pesquisadores interessados em diferentes aspectos naturais. ? OUTROS USOS DA ÁREA No interior da reserva existe posseiros que se utilizam a área para o cultivo de cultura de ciclo-curto e um reservatório dágua que abastece 6 (seis) municípios do Brejo Paraibano, fato que persiste como herança, antes da sua criação. Esta Unidade atualmente é administrada pelo professor aposentado e voluntário, Carlos Barreto. Recentemente aquele administrador promoveu uma oficina técnica no centro de ciências agrárias objetivando criar um plano emergencial de trabalho, com vistas a possibilitar uma melhor gestão daquela Unidade de Conservação. Na oportunidade os professores de ecologia da UFPB presentes ao evento demonstraram sensibilidade para desenvolver um trabalho de parceria envolvendo inclusive o corpo discente daquele centro de pesquisa e extensão.

Fonte: (SUDEMA, 2006) adaptado pelo autor.

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ANEXO - 04

LEI Nº 6.002, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1994. Institui o Código Florestal do Estado da Paraíba, e dá outras providências.

O GOVERNADOR DO ESTADO DA PARAÍBA, Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

CAPÍTULO I DA POLÍTICA FLORESTAL Art. 1º - As Florestas nativas e demais formas de vegetação natural existente no território estadual, reconhecidas de utilidade das serras que revestem, são consideradas bens de interesse comum a todos os habitantes do Estado, exercendo-se os direitos de propriedades com as limitações que a legislação em geral e, especialmente, esta lei estabelece. Art. 2º - A Política Florestal do Estado tem por fim o uso adequado e racional dos recursos florestais com base nos conhecimentos ecológicos, visando à melhoria da qualidade de vida da população e a compatibilização do desenvolvimento sócio-econômico com a preservação do ambiente e do equilíbrio ecológico. Art. 3º - São objetivos específicos da política florestal do Estado: I - Identificar, criar, implantar e manter um Sistema Estadual de Unidades de Conservação de forma a proteger comunidades biológicas representativas dos ecossistemas naturais existentes, em conformidade com o art.227 da Constituição do Estado; II - Facilitar e promover o desenvolvimento e difusão de pesquisas e tecnologia voltadas à atividade florestal; III - Incrementar a oferta de produtos específicos através de plantios florestais de uso múltiplo, de maneira que estas ações associem-se ao modelo produtivo atual; IV - Monitorar a cobertura florestal do Estado com a divulgação de dados de forma a permitir o planejamento e racionalização das atividades florestais; V - Exercer o Poder de Polícia florestal no território estadual, quer em áreas públicas ou privadas; VI - Instituir os programas de revegetação, de florestamento e reflorestamento considerando as características sócio-econômicas e ambientais das diferentes regiões do Estado; VII - Estabelecer programas de educação formal e informal, visando à formação da consciência ecológica quanto à necessidade do uso racional e conservação do patrimônio florestal; VIII - Facilitar e promover a proteção de recuperação dos recursos hídricos, edáficos e da diversidade biológica; IX - Promover a recuperação de áreas degradadas especialmente nas áreas de preservação permanente, reserva legal, entorno das unidades de conservação, bem como proteger as áreas ameaçadas de degradação; X - Instituir programas de proteção florestal que permitam prevenir e controlar pragas, doenças e incêndios florestais; XI - Identificar, monitorar as associações vegetais relevantes, espécies raras ou endêmicas e ameaçadas de extinção, objetivando sua proteção e perpetuação; XII - Implantar um banco de dados a que reúna todas as informações existentes na área florestal; XIII - Manter cadastro de produtos, comerciantes e consumidores de produtos florestais no Estado; XIV - Os consumidores da biomassa florestal para fins energéticos, exceto resíduos, deverão efetuar o plantio de quantidade de árvore ou outro vegetal que produza a equivalência ao volume consumido; XV - Planejar e implantar ações que permitam encontrar o equilíbrio dinâmico entre a oferta e a procura de matéria-prima florestal no âmbito estadual, com base no princípio do regime sustentado e uso múltiplo. Art. 4º - O Órgão Estadual do Meio Ambiente Poderá firmar convênios com pessoas jurídicas de direito público e privado visando a implantação e execução do programa de Desenvolvimento Florestal.

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Art. 5º - São instrumentos da política florestal: I - o órgão ambiental competente; II - a pesquisa florestal; III - a educação florestal; IV - o zoneamento ecológico/econômico florestal; V - o plano de produção florestal estadual; VI - o incentivo à produção florestal; VII - o incentivo à preservação florestal; VIII - o monitoramento e fiscalização dos recursos florestais; IX - o estabelecimento de percentuais mínimos de cobertura florestal; X - o estudo prévio de impacto ambiental; XI - o plantio de manejo florestal; XII - a autorização para exploração florestal; XIII - a obrigatoriedade da reposição florestal; XIV - as sanções administrativas e disciplinares do descumprimento da legislação florestal; XV - as unidades de conservação estadual; XVI - a polícia florestal estadual. CAPÍTULO II DA EXPLORAÇÃO E REPOSIÇÃO FLORESTAL Art. 6º - Toda exploração florestal no Estado dependerá de prévia autorização do órgão competente. Art. 7º - A autorização para exploração das florestas nativas primárias ou em estágio médio ou avançado de regeneração somente será concedida através de apresentação de um plano de manejo florestal, não sendo permitido o corte raso. § 1º - O plano de manejo florestal de que trata este artigo, será projetado e executado com o objetivo de promover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas locais e assegurar um meio ambiente ecologicamente equilibrado. § 2º - Nas florestas de que trata este artigo será proibida a destoca, sendo apenas em casos especiais, permitida mediante a aprovação do órgão competente. Art. 8º - As florestas nativas que apresentam, no inventário florestal, volume inferior ao valor médio deter minado, pelo órgão florestal competente para a formação florestal inventariada, não poderão ser exploradas. Art. 9º - Não poderão ser cortados indevidos representativos de espécies que apresentarem, no inventário florestal, abundância absoluta e freqüência absoluta inferiores aos valores médios determinados para a espécie na formação florestal inventariada. Art. 10 - O plano de manejo florestal deverá sempre indicar árvores adultas como matrizes e porta sementes a serem preservadas a título de banco genético. Art. 11 - Fica obrigado à reposição florestal a pessoa física ou jurídica que explore, utilize, transforme ou consuma matéria-prima florestal. Parágrafo Único - A reposição florestal de que trata o caput deste artigo será efetuada neste Estado, mediante o plantio de espécies florestais nativas, vedado o plantio de exóticas, cuja produção será no mínimo igual ao volume anual necessário à plena sustentação da atividade desenvolvida, cabendo ao órgão competente estabelecer os parâmetros para este fim. Art. 12 - As empresas industriais que, por sua natureza, consumirem grandes quantidades de matéria-prima florestal, serão obrigadas a manter, dentro do raio em que a exploração e o transporte sejam julgados econômicos, um serviço organizado, que assegure o plantio de novas áreas, em terras próprias ou pertencentes a terceiros, cuja produção, sob exploração racional, seja equivalente ao consumo para o seu abastecimento. Art. 13 - As empresas siderúrgicas de transporte e outras, a base de carvão vegetal, lenha ou outra matéria-prima vegetal, são obrigadas a manter florestas próprias para exploração racional ou a formar, diretamente ou por intermédio de empreendimentos dos quais participem, florestas destinadas ao seu suprimento. Art. 14 - Nas florestas plantadas, não vincula das, é livre a exploração, transportes e comercialização de matéria-prima florestal desde que acompanhada de documento fiscal expedido pelo órgão ambiental competente.

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Art. 15 - A comercialização ou venda de lenha e a produção de carvão vegetal só será permitida a partir de florestas plantadas ou provenientes de subprodutos oriundos de florestas nativas manejadas conforme estabelecida no artigo 7º desta Lei. Art. 16 - A autorização para utilização dos recursos florestais fica condicionada ao cumprimento desta Lei e à quitação de débitos oriundos de infrações florestais, comprovadas através de certidão negativa de dívidas florestais. CAPITULO III PROTEÇÃO FLORESTAL Art. 17 - O Estado estimulará a pesquisa de espécies nativas a serem utilizadas para projetos de proteção e recuperação ambiental. Art. 18 - O Poder Público Estadual, em projetos de manejos de bacias hidrográficas, deverá priorizar a proteção de cobertura vegetal dos mananciais de abastecimentos públicos. Art. 19 - É proibido o uso de fogo ou queimadas nas florestas e demais formas de vegetação florestal. Parágrafo Único - Se peculiaridades locais justificarem o emprego do fogo em práticas agrosilvopastoris, a permissão será estabelecida em ato do poder público, demarca das as áreas e estabelecendo normas de precaução. Art. 20 - Ficam proibidos a coleta, o comércio e o transporte de plantas ornamentais oriundas de florestas nativas. Parágrafo Único - será permitida a coleta de exemplares, fora das unidades de conservação, com finalidade científica, por pesquisadores autônomos ou entidades, mediante autorização especial do órgão ambiental competente. Art. 21 - Ficam proibidos a coleta, a industrialização, o comércio e o transporte do xaxim (dickisônia selwiana) provenientes de florestas nativas. Art. 22 - Ficam proibidos o corte a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançados e médio de regeneração da Mata Atlântica. Parágrafo Único - Excepcionalmente, a supressão da vegetação primária ou estágio de médio de regeneração da Mata Atlântica, poderá ser autorizado, mediante decisão motivada do órgão Estadual competente com anuência prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, informam-se ao Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, quando necessária a execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, mediante aprovação de estudo e relatório de impacto ambiental. CAPÍTULO IV DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 23 - O Estado entre outras atribuições, fiscalizará as florestas nativas e demais formações floristicas do Estado em colaboração com outras entidades de direito público ou privado. Art. 24 - O Poder Público Estadual através da integração de órgãos públicos e privados deverá promover, de forma permanente, programas de conscientização e educação ambiental nos ensinos de primeiro e segundo grau. Art. 25 - Nos mapas e cartas oficiais do Estado serão obrigatoriamente assinaladas as unidades estaduais públicas de conservação e áreas indígenas. Art. 26 - É criado o Fundo Estadual de Proteção ao Meio Ambiente, a fim de arrecadar recursos a executar a política ambiental do Estado com ênfase a proteção florestal. Art. 27 - Fica o Poder executivo autorizado a firmar convênios, termos de cooperação e ajustes com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e com outros órgãos públicos, visando dar fiel cumprimento às determinações desta Lei. Art. 28 - O Estado, diretamente, através do órgão ambiental competente, ou em convênio com outros órgãos estaduais ou municipais fiscalizará a aplicação deste Código, podendo para tanto, criar os serviços indispensáveis. Art. 29 - Constitui infração, para efeito desta Lei, qualquer ação ou omissão que importe na inobservância dos seus preceitos, bem como aos de regulamento e demais normas dela decorrentes. Art. 30 - Sem prejuízos das demais cominações estabelecidas em normas federais, estaduais e municipais, os infratores sujeitar-se-ão as seguintes sanções:

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I - multa II - apreensão III - interdição IV - embargo V - suspensão VI - cassação da licença.

Art. 31 - O Poder Executivo regulamentara a presente Lei, no que for necessário à sua execução, a contar da data da publicação.

Art. 32 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA, em João Pessoa, 29 de dezembro de 1994,106º da Proclamação da República.

CÍCERO DE LUCENA FILHO Governador

AFRÂNIO ATAÍDE BEZERRA CAVALCANTE Secretário da Justiça, Cidadania e Meio Ambiente

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UFPB – CCEN - DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA PESQUISA PARA ELABORAÇÃO DE DISSERTAÇÃO

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APÊNCICE - Questionário aplicado junto aos moradores da área de estudo

2 – ESTADO CIVIL

2.1. SOLTEIRO(A) 2.2. CASADO(A) 2.3. DESQUITADO(A) 2.4. DIVORCIADO(A) 2.5. VIÚVO(A)

CARACTERÍSTICAS DO RESPONDENTE 1

5 – SABE LER E ESCREVER? SIM NÃO

6 – FREQÜENTA ESCOLA OU CRECHE? 6.1. SIM, REDE PARTICULAR 6.2. SIM, REDE PÚBLICA 6.3. NÃO, JÁ FREQÜENTOU 6.4. NUNCA FREQÜENTOU

3 – QUAL É A RELAÇÃO COMA PESSOA RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO?

3.11. PARENTE DO(A) EMPREGADO(A) DOMÉSTICO(A)

3.10. EMPREGADO(A) DOMÉSTICO(A) 3.7. OUTRO PARENTE

3.5. NETO(A), BISNETO(A) 3.9. PENSIONISTA

3.6. IRMÃO, IRMÃ

3.1. PESSOA RESPONSÁVEL

3.2. CÔNJUGE, COMPANHEIRO(A)

3.3. FILHO(A), ENTEADO(A)

3.4. PAI, MÃE, SOGRO(A) 3.8. AGREGADO(A)

3 – QUAL É A RELAÇÃO COM A PESSOA RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO?

3 – QUAL É A RELAÇÃO COMA PESSOA RESPONSÁVEL PELO DOMICÍLIO?

4.11. PARENTE DO(A) EMPREGADO(A) DOMÉSTICO(A)

4.10. EMPREGADO(A) DOMÉSTICO(A) 4.7. OUTRO PARENTE

4.5. NETO(A), BISNETO(A) 4.9. PENSIONISTA

4.6. IRMÃO, IRMÃ

4.1. PESSOA RESPONSÁVEL

4.2. CÔNJUGE, COMPANHEIRO(A)

4.3. FILHO(A), ENTEADO(A)

4.4. PAI, MÃE, SOGRO(A) 4.8. AGREGADO(A)

4 – QUAL É A RELAÇÃO COM A PESSOA RESPONSÁVEL PELA FAMÍLIA?

7 – SE FREQÜENTA ESCOLA QUAL É O CURSO QUE FREQÜENTA?

7.1. CRECHE

7.2. PRÉ-ESCOLAR

7.3. CLASSE DE ALFABETIZAÇÃO

7.4. ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS

7.6. ENSINO FUNDAMENTAL/1º GRAU REGULAR NÃO-SERIADO

7.7. SUPLETIVO (ENSINO FUNDAMENTAL OU 1º GRAU)

7.8. ENSINO MÉDIO OU 2º GRAU – REGULAR SERIADO

7.9. ENSINO MÉDIO OU 2º GRAU – REGULAR NÃO SERIADO

7.10. SUPLETIVO (ENSINO MÉDIO OU 2º GRAU)

7.11. PRÉ-VESTIBULAR

7.12. SUPERIOR - GRADUAÇÃO

7.5. ENSINO FUNDAMENTAL/1º GRAU REGULAR SERIADO

1.1. NOME: 1 - IDENTIFICAÇÃO

1.3. PROFISSÃO

HOMENS MULHERES

1.5. Nº DE PESSOAS RESIDENTES

1.4. SEXO:

MASCULINO FEMININO

1.2. FAIXA ETÁRIA: ABAIXO DE 20 DE 20 A 30 DE 31 A 40 DE 41 A 50 ACIMA DE 50

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11.1. NOME:

11 – QUAL SUA PRINCIPAL FONTE DE RENDA?

11.2. FAIXA DA RENDA: ABAIXO DE 01 DE 01 A 02 DE 02 A 03 DE 03 A 04 ACIMA DE 04

12 – MORA NA RESERVA OU NAS REDONDEZAS DESDE QUE NASCEU? SIM NÃO

CARACTERÍSTICAS DOMICILIARES 2

1 – ESTE DOMICÍLIO É:

1.1. PRÓPRIO JÁ PAGO

1.2. PRÓPRIO AINDA PAGANDO 1.6. OUTRA CONDIÇÃO 1.4. CEDIDO POR EMPREGADOR

1.3. ALUGADO 1.5. CEDIDO DE OUTRA FORMA

2 – A FORMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA UTILIZADA NESTE DOMICÍLIO É:

2.1. REDE GERAL

2.2. CACIMBA 2.4. OUTRA FORMA DE ABASTECIMENTO (ESPECIFICAR)

2.3. POÇO ARTESIANO 2.5. CISTERNA

8 – QUAL É A SÉRIE QUE FREQÜENTA?

8.1. PRIMEIRA

8.2. SEGUNDA

8.3. TERCEIRA 8.9. CURSO NÃO SERIADO

8.8. OITAVA

8.6. SEXTA

8.4. QUARTA 8.7. SÉTIMA

8.5. QUINTA

10 – QUAL É A ÚLTIMA SÉRIE CONCLUÍDA COM APROVAÇÃO?

10.2. SEGUNDA 10.10. NENHUMA 10.6. SEXTA 10.4. QUARTA 10.8. OITAVA

10.1. PRIMEIRA 10.5. QUINTA 10.9. CURSO NÃO SERIADO 10.3. TERCEIRA 10.7. SÉTIMA

9 – QUAL É O CURSO MAIS ELEVADO QUE FREQÜENTOU, NO QUAL CONCLUIU PELO MENOS UMA SÉRIE?

9.9. NENHUM

9.8. MESTRADO OU DOUTORADO

9.6. ENSINO MÉDIO OU 2º GRAU

9.4. ANTIGO CLÁSSICO CIENTÍFICO, ETC. 9.7. SUPERIOR-GRADUAÇÃO

9.5. ENSINO FUNDAMENTAL OU 1º GRAU

9.1. ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS

9.2. ANTIGO PRIMÁRIO

9.3. ANTIGO GINÁSIO

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4 – EXISTE BANHEIRO OU SANITÁRIO:

4.1. SIM 4.2. NÃO

3 – QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO DOMÉSTICO É:

3.1. DOCE 3.2. SALGADA 3.3. SALOBRA

6 – O LIXO DESTE DOMICÍLIO:

6.1. É COLETADO POR SERVIÇO DE LIMPEZA

6.2. É COL. EM CAÇAMBA DE SERV. DE LIMPEZA

6.3. É QUEIMADO (Na propriedade)

6.4. É ENTERRADO (Na propriedade)

6.5. É JOGADO EM TERRENO BALDIO

6.6. É JOGADO EM RIO OU LAGO

6.7. É JOGADO NA RESERVA ECOLÓGICA

6.8. TEM OUTRO DESTINO

7 – ESTE DOMICÍLIO TEM ILUMINAÇÃO ELÉTRICA? SIM NÃO

9 – POSSUI AUTOMÓVEL PARA USO PARTICULAR? SIM NÃO

CARACTERÍSTICAS DA RELAÇÃO ENTRE O MORADOR E A RESERVA 3

1.1. ESPÉCIE DE CULTURA DE SUBSISTÊNCIA CULTIVADA:

1 – O(A) SENHOR(A) PLANTA ALGUMA CULTURA DE SUBSISTÊNCIA NA RESERVA:

SIM NÃO

3 – CITE AS PRINCIPAIS ÁRVORES QUE O(A) SENHOR(A) ENCONTRA NA RESERVA:

2 – QUE TIPO DE PASTO O(A) SENHOR(A) ENCONTRA NA RESERVA?

5 – O ESCOADOURO DESTE BANHEIRO OU SANITÁRIO É LIGADO A:

5.1. REDE GERAL DE ESGOTO OU PLUVIAL

5.2. FOSSA SÉPTICA

5.5. FOSSA RUDIMENTAR 5.3. VALA

5.4. RIO OU LAGO 5.6. OUTRO ESCOADOURO

8 – ELETRODOMÉSTICOS EXISTENTES:

8.1. RÁDIO

8.2. GELADEIRA OU FREEZER

8.3. VIDEOCASSETE

8.4. MÁQUINA DE LAVAR ROUPAS

8.5. FORNO DE MICROONDAS

8.6. LINHA TELEFÔNICA INSTALADA

8.7. FOGÃO A GÁS

8.8. ANTENA PARABÓLICA

8.9. TELEVISOR

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4 – O QUE O(A) SENHOR(A) RETIRA DA RESERVA?

4.1. QUE USO O(A) SENHOR(A) FAZ DESSE MATERIAL RETIRADO?

5 – QUAIS OS ANIMAIS SILVESTRES QUE O(A) SENHOR(A) ENCONTRA NA RESERVA?

5.1. O(A) SENHOR(A) CRIA ALGUM ANIMAL SILVESTRE? POR QUE?

6 – O(A) SENHOR(A) ACHA QUE A RESERVA É IMPORTANTE? POR QUE?

7 – O(A) SENHOR(A) JÁ PRESENCIOU QUEIMADAS NA RESERVA? SIM NÃO

8 – O(A) SENHOR(A) JÁ PRESENCIOU RETIRADA DE VEGETAIS NA RESERVA? SIM NÃO

9 – O(A) SENHOR(A) JÁ PRESENCIOU ALGUÉM CAÇANDO NA RESERVA? SIM NÃO

CARACTERÍSTICAS DO TURISMO NA ÁREA DE ESTUDO 4

10 – O(A) SENHOR(A) JÁ PRESENCIOU ALGUÉM PESCANDO NA RESERVA? SIM NÃO

2 – HÁ VIGILÂNCIA PERMANENTE NA RESERVA? SIM NÃO

4 – É FREQÜENTE A PRESENÇA DE TURISTAS NA RESERVA? SIM NÃO

5 – EM SUA OPINIÃO OS TURISTAS DEGRADAM A RESERVA? SIM NÃO

3 – A VISITAÇÃO NA RESERVA É CONTROLADA? SIM NÃO

1 – O(A) SENHOR(A) JÁ PRESENCIOU ALGUM VEÍCULO NA RESERVA? SIM NÃO

6 – DE QUE FORMA OS TURISTAS DEGRADAM A RESERVA?

7 – QUAIS OS PRINCIPAIS MATERIAIS DEIXADO NA RESERVA PELOS TURISTAS?

8 – QUAIS OS PRINCIPAIS MATERIAIS RETIRADOS DA RESERVA PELOS TURISTAS?