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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIENCIAS AGRARIAS DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E CIENCIAS AMBIENTAIS CURSO DE CIENCIAS BIOLÓGICAS ANDRÉ DOS SANTOS SOUZA STATUS DA VEGETAÇÃO DE CAATINGA APÓS A IMPLANTAÇÃO DAS OBRAS DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO COM BACIAS HIDROGRÁFICAS DO NORDESTE SETENTRIONAL AREIA-PB 2011

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIENCIAS AGRARIAS

DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA E CIENCIAS AMBIENTAIS

CURSO DE CIENCIAS BIOLÓGICAS

ANDRÉ DOS SANTOS SOUZA

STATUS DA VEGETAÇÃO DE CAATINGA APÓS A IMPLANTAÇÃO DAS

OBRAS DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO COM BACIAS

HIDROGRÁFICAS DO NORDESTE SETENTRIONAL

AREIA-PB

2011

2

ANDRÉ DOS SANTOS SOUZA

STATUS DA VEGETAÇÃO DE CAATINGA APÓS A IMPLANTAÇÃO DAS

OBRAS DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO COM BACIAS

HIDROGRÁFICAS DO NORDESTE SETENTRIONAL

Monografia apresentada à

Universidade Federal da Paraíba

(UFPB), Centro de Ciências

Agrárias (CCA), como parte das

exigências para a obtenção do

título de Bacharel em Ciências

Biológicas.

ORIENTADORES: PROF. Dr. MANOEL BANDEIRA DE ALBUQUERQUE

Dr. JULIANO RICARDO FABRICANTE

AREIA-PB

2011

3

ANDRÉ DOS SANTOS SOUZA

STATUS DA VEGETAÇÃO DE CAATINGA APÓS A IMPLANTAÇÃO DAS

OBRAS DE INTEGRAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO COM BACIAS

HIDROGRÁFICAS DO NORDESTE SETENTRIONAL

Monografia apresentada à Universidade

Federal da Paraíba (UFPB), Centro de

Ciências Agrárias (CCA), como parte das

exigências para a obtenção do título de

Bacharel em Ciências Biológicas.

Aprovada em 15 de dezembro de 2011

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Prof. Dr. Manoel Bandeira de Albuquerque

Orientador – DFCA/CCA/UFPB

________________________________________

Dr. Juliano Ricardo Fabricante

Orientador – CRAD/UNIVASF-PE

________________________________________

Prof. Dr. Dilma Maria de Brito Melo Trovão

Examinadora – CCBS-UEPB

________________________________________

Ms. Gabrielle Joanne Medeiros Araújo

Examinadora- Instituto de Botânica de São Paulo

AREIA-PB

2011

4

Aos meus pais:

José dos Santos Souza e Joselma dos Santos Souza

Que sempre acreditaram nos meus sonhos e nas minhas iniciativas.

Incentivando-me e apoiando-me

DEDICO.

5

Agradecimentos

o A Deus primeiramente, por ter me concedido o dom da vida, sempre me dando

forças e enchendo-me de perseverança pra vencer os desafios da vida;

o A Universidade Federal da Paraíba, em especial para o Centro de Ciências

Agrárias, local este que foi responsável por todo o meu conhecimento acadêmico

ao longo desses quatro anos;

o Aos professores, Juliano Ricardo Fabricante e Manoel Bandeira de Albuquerque

pela orientação, apoio e confiança na minha capacidade de desenvolver este

presente trabalho;

A todos aqueles que contribuíram para a viabilização deste trabalho:

o Ao meu grande amigo e irmão André Luiz pelo imenso apoio dedicado,

principalmente no trabalho de campo e na montagem das complicadas planilhas

que nos deu tanta dor de cabeça e preocupação;

o A minha amiga Larissa Cavalcante, que conseguiu mostrar trabalho de verdade, na

coleta dos dados, surpreendendo a todos pelo seu empenho;

o Ao meu amigo Leonildo “Pirrita” pelo inestimável auxílio na abertura dos

transectos e nas medições das parcelas;

o Ao Biólogo Vitor Gomes, mais conhecido como “Vitor Natureza” que com a sua

grande experiência de campo foi peça chave para a escolha da área como também

para a plotagem das parcelas;

o A minha amiga Wanessa Lima, “Wanessinha” que com toda sua pequenez, também

contribuiu muito na coleta de dados e medições;

o A minha amiga Wennia Figueiredo, que tanto me orientou e me apoiou nos

momentos de indecisão no qual passei sempre me mostrando que para tudo se tem

um jeito. Nossos momentos de desespero no msn sempre ficarão lembrados;

o Ao meu amigo Wylde, o famoso “Burrão” pela ajuda no trabalho de campo e coleta

dos dados;

o Aos mateiros “Louro” e “Branco”, em especial ao último, que tanto me ajudou na

identificação das espécies, como também nas medições;

o Ao motorista Batista que com sua grande experiência de estrada, soube nos

conduzir ao local de coleta sem nenhuma preocupação;

6

A todos vocês citados acima, meu muito obrigado! Garanto que sem vocês tudo se tornaria

mais difícil e bem mais complicado. Serei sempre grato ao apoio e dedicação e atenção

oferecidos a mim durante esse tempo. Valeu por tudo! Levarei vocês comigo pra sempre!

Agradeço pelo apoio, paciência e compreensão à minha namorada Rocelly Mota, que tanto

foi paciente comigo, compreendendo os momentos em que não pude proporcioná-la a

atenção que deveria;

Agradeço também a todos aqueles que conviveram comigo durante esses quatro anos,

compartilhando momentos bons, como também os ruins, (Cayo, Rafinha, Giba, Nayla,

Naysa, Mayana, Samara, Elaine, Tamara, Lieska). Nossas comemorações, nossas quintas

feiras sempre serão lembradas por mim.

Enfim a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste presente

trabalho.

7

“É importante se perceber que as caatingas não

são ecossistemas mais pobres, ou de terceira categoria,

porque se estabelecem em condições de semiaridez. A

caatinga não é uma mata que não deu certo, degradada

devido a desequilíbrios ambientais ou intervenções

humanas.

A caatinga é o ecossistema cuidadosamente

adaptado às condições de baixas e irregulares

precipitações e elevada evapotranspiração. É diferente

dos outros ecossistemas florestais mais úmidos, pois

teria de sê-lo, necessariamente. Essa diferença não é

um defeito, mas uma qualidade: é a expressão da

diversidade e da riqueza de possibilidades da Natureza.”

(Isabelle Meunier e José Ferraz).

8

“Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só

depende da nossa vontade e perseverança. Tudo o que o seu coração realmente quiser,

dará a alma força e capacidade para realizar.”

Albert Einstein & Tahyane Range

9

SUMÁRIO

RESUMO........................................................................................................................ 12

ABSTRACT.................................................................................................................... 14

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 16

2. OBJETIVOS....................................................................................................... 18

3. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................ 19

3.1. Caatinga............................................................................................................. 19

3.2. Semiárido Nordestino....................................................................................... 19

3.3. O Rio São Francisco.......................................................................................... 20

3.4. PISF- Projeto de Integração do Rio São Francisco....................................... 21

4. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 23

4.1. Área de Estudo.................................................................................................. 23

4.2. Metodologia....................................................................................................... 23

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 25

5.1. Florística............................................................................................................ 25

5.2. Estrato Regenerante......................................................................................... 28

5.3. Estrato Adulto................................................................................................... 37

6. CONCLUSÃO.................................................................................................... 44

7. RREFERENCIAS.............................................................................................. 45

ix

ix

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Espécies amostradas em relação às distâncias do canal do Projeto de

Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do

Nordeste Setentrional (PISF). Sertânia, PE...........................................

25

Tabela 2. Densidade das espécies do estrato regenerante em razão das

distâncias do canal da obra do PISF.......................................................

28

Tabela 3. Correlação entre o número de indivíduos e espécies do estrato

regenerante com a distância do canal da obra do PISF..........................

32

Tabela 4. Densidade das espécies do estrato adulto em razão das distâncias do

canal da obra do PISF. ..........................................................................

37

Tabela 5. Correlação entre o número de indivíduos e espécies do estrato adulto

com a distância do canal da obra do PISF.............................................

40

x

11

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.

Desenho esquemático da distribuição dos transectos e parcelas No

lote 12 do PISF, localizado no município de Sertânia,

PE......................................................................................................

23

Figura 2.

Número médio de espécies e indivíduos do estrato regenerante me

razão das distancias do canal da obra do PISF..................................

31

Figura 3. Indice de Jaccard para as amostras do estrato regenerante............... 33

Figura 4. Distância de Bray-Curtis para as amostras do estrato regenerante... 34

Figura 5. Diversidade e equitabilidade do estrato regenerante em razão das

distâncias do canal da obra do PISF. ................................................

35

Figura 6. Número médio de espécies e indivíduos do estrato adulto em razão

das distâncias do canal da obra do PISF. .........................................

39

Figura 7 Indice de Jaccard para as amostras do estrato adulto. Sendo: D =

distância do canal da obra do PISF...................................................

41

Figura 8. Distância de Bray-Curtis para as amostras do estrato adulto............ 42

Figura 9. Diversidade e equitabilidade do estrato adulto em razão das

distâncias do canal da obra do PISF..................................................

43

12

RESUMO

SOUZA, André dos Santos. Status da Vegetação de Caatinga Após a Implantação das

Obras de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste

Setentrional.

O Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) corresponde a um

empreendimento que tem como objetivo integrar bacias hidrográficas levando água para os

locais do semiárido nordestino que sofrem com a seca. A ideia da presente pesquisa surgiu

em razão da baixa ou total ausência de informações geradas pelos órgãos públicos sobre a

real situação que se encontram as obras do PISF, principalmente no que diz respeito às

alterações sofridas pela vegetação da Caatinga. O estudo foi realizado no município de

Sertânia-PE, situado na microrregião conhecida como Moxotó Pernambucano

(08°04’14’’S; 37°15’37’’W, altitude média de 558 m). Em uma das margens do canal do

PISF, foram dispostos de maneira aleatória, cinco transectos perpendiculares (sentido

canal-vegetação). Em cada um destes, foram plotadas 10 parcelas de 20 m x 10 m (sendo a

menor dimensão paralela ao canal), perfazendo uma área amostral total de 1 ha. No interior

das 50 unidades amostrais, todos os indivíduos foram contabilizados e tiveram aferidos seu

diâmetro no nível do solo (DNS). Indivíduos que apresentavam DNS ≤ 3 cm foram

considerados regenerantes, enquanto aqueles que apresentavam DNS > 3 cm, adultos. Para

cada estádio ontogenético foi calculada a densidade, o índice de diversidade de Shannon-

Weaver, a equitabilidade pelo índice de Pielou. Número de indivíduos e número de

espécies foram comparados em relação às distâncias do canal por meio do teste de

Kruskall-Wallis, diferenças de diversidade pelo teste T, coeficiente de correlação de

Pearson, índice de similaridade de Jaccard e coeficiente de distancia de Bray Curtis. No

levantamento foram amostrados 3.685 indivíduos, dos quais 2.288 foram regenerantes e

1.397 adultos, pertencentes a 32 espécies, 30 gêneros e 15 famílias. As famílias mais

representativas foram Fabaceae e Euphorbiaceae e as espécies Sida cordifolia, Croton

blanchetianus e Mimosa ophtalmocentra foram as taxa mais representativas. As espécies

Nicotiana glauca, Calotropis procera, Urena lobata, Sida cordifolia, Herisssantia tiubae e

Cleome spinosa tendem a diminuir em importância na medida em que a vegetação

converge para os estágios serais mais avançados, visto que estas espécies colonizavam as

áreas degradadas da borda. Observou-se a formação de dois grandes grupos, uns com

individuos situados a uma distância aproximada de 0-100m, correspondida quase

13

totalmente por formas regenerantes, e o outro inserido dos 100m aos 225m e representado

em grande quantidade por indivíduos adultos. Neste último grupo foi possível observar

uma considerável elevação em relação ao numero médio de espécies e indivíduos. Com

esses parâmetros fica evidenciado que as obras do PISF estão provocando impactos além

daqueles já esperados como, por exemplo, a redução local da fitodiversidade, ocorrendo a

formação de nichos vagos e o estabelecimento de espécies exóticas.

Palavras-chave: Degradação ambiental; Invasão Biológica; Savana Estépica; Transposição

do Rio São Francisco.

14

ABSTRACT

SOUZA, André dos Santos. Status of Caatinga Vegetation After Implantation of

Integration Works of the São Francisco River with Northeastern Northern Watershed.

The Project of the San Francisco River Integration- PISF corresponds to a venture

that aims to integrate watersheds carrying water for the local semi-arid northeastern

suffering from drought. The idea of this research arose because of the low or total absence

of information generated by government agencies about the real situation that we find the

works of PISF, especially with regard to the changes experienced by the vegetation of the

Caatinga. The study was conducted in the municipality of Sertânia-PE, located in the

microrregion known as Moxotó Pernambucano (08 ° 04'14''S, 37 ° 15'37''W, average

elevation of 558 m). On the banks of a canal PISF were arranged at random, five transects

perpendicular to it (direction channel-vegetation). In each of these, were plotted 10 plots

of 20 m x 10 m (the smallest dimension being parallel to the channel), making a total

sample area of 1 ha. Within the sampling units, all individuals were counted and their

diameters were measured at ground level. Individuals, who had DNS ≤ 3 cm were

considered regenerating, while those who had DNS> 3 cm in adults. For each ontogenetic

stage were calculated density, diversity index and Shannon-Weaver evenness by Pielou's

index. Numbers of individuals and species were compared between the distances of the

channel through the Kruskal-Wallis, diversity differences by t test, Pearson correlation

coefficient, the Jaccard similarity index and coefficient of Bray-Curtis distance. In the

survey 3.685 individuals were sampled, being 2.288 regenerating and 1.397 adults,

belonging to 32 species, 30 genera and 15 families. The most representative families were

Fabaceae and Euphorbiaceae and the species Sida cordifolia, Croton blanchetianus and

Mimosa ophtalmocentra were the most representative. The species Nicotiana glauca,

Calotropis procera, Urena lobata, Sida cordifolia, Herisssantia tiubae and Cleome

spinosa tend to diminish their importance somemk extent to vegetation converge to the

most advanced seral stages, since these species colonize degraded areas of the border. We

observed the formation of two large groups, which were located at a distance of

approximately 0-100m, almost completely matched the regenerating individuals, and the

other was inserted in the 100m to 225m which was represented in large quantities by

adults. In this last group we observed a considerable increase over the average number of

species and individuals. With these parameters it is evident that the works of the PISF are

15

causing impacts beyond those already anticipated such as the local reduction of

phytodiversity, place the formation of vacant niches and establishment of exotic species.

Keywords: Environmental degradation, biological invasion, Savannah steep; Rio Sao

Francisco river transposition.

16

1. INTRODUÇÃO

A caatinga Nordestina corresponde a uma formação savânica exclusivamente

brasileira, cujo patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do

planeta. Rica em biodiversidade e espécies endêmicas, a Caatinga abriga animais e plantas

adaptados às condições de semiaridez, típicas na região (CAVALCANTE, 2009). Seus

domínios abrangem cerca de 900 mil Km², correspondendo a 54% da região Nordeste e

11% do território brasileiro. Está compreendida entre os paralelos 2° 54’ S e 17° 21’ S e

envolve áreas dos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,

Sergipe, Piauí, Bahia e norte de Minas Gerais (ANDRADE et al 2005).

O processo de degradação das caatingas teve inicio ainda no Brasil colônia

juntamente com a expansão da pecuária no século XVII. De acordo com o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007), até o ano de 1993, 201.786 km² das

caatingas já tinham sido transformados em pastagens, terras agricultáveis e outros tipos de

uso intensivo do solo.

Na maioria dos casos, estas atividades econômicas são acompanhadas de

desmatamentos indiscriminados que associados à fragilidade natural dessa formação

savânica trazem sérias consequências para os geótopos e para as biocenoses, como o

comprometimento dos recursos hídricos, erosão, salinização e compactação dos solos,

redução da diversidade biológica e da produção primária, entre outros (ALVES et al 2008).

O Rio São Francisco, que nasce na Serra da Canastra em Minas Gerais e deságua

entre Sergipe e Alagoas, possui 2,7 mil km de extensão e representa o principal rio do

Nordeste (MOREIRA, 2008). Percorrendo os locais mais secos dessa região, visto que a

maior parte do seu curso está localizado na região semiárida e subúmida nordestina e serve

como meio de subsistência para a população ali existente, que sofre diretamente com a

seca e a falta de água (AB'SABER, 2005).

Neste contexto que leva em consideração a sua importância para a população,

surgem muitos projetos que visam melhorar a qualidade de vida dos habitantes daquela

região, dentre eles, o mais imponente é o Projeto de Integração do Rio São Francisco

(PISF) com bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional, o qual contará com dois grandes

eixos de integração, o Eixo Leste e o Eixo Norte. Embora tenha o intuito de garantir água

às regiões que sofrem com a seca, este projeto poderá acarretar muitos impactos negativos,

17

refletindo na biota aquática e terrestre presentes nestes sítios e também nas populações

locais (FERREIRA, 2008). Ainda levando em consideração o cenário do imediatismo,

caracterizado pela ânsia de fazer chegar água, a todo custo, sem haver, no entanto, a

preocupação com as consequências impostas ao ambiente, existe uma previsão de que

essas alterações causem um desequilíbrio em todo curso do Rio São Francisco

(SUASSUNA, 2007).

A ideia da presente pesquisa surgiu em razão da baixa ou total ausência de

informações geradas pelos órgãos públicos sobre a real situação que se encontram as obras

do PISF. Principalmente no que diz respeito às alterações sofridas pela vegetação da

Caatinga. Assim o objetivo maior deste trabalho foi gerar informações básicas para o

conhecimento de causa dos diversos setores da sociedade, assim como sua imperativa

participação na quebra de mitos e transformação de comportamentos.

Diante desse cenário foi realizado um levantamento fitossociológico em uma área

de caatinga no município de Sertânia, PE, sob a influência direta do canal do Eixo Leste do

PISF. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a composição florística e diversidade

daquele sítio, buscando inferir sobre os impactos causados pela obra, de modo que se

ofereçam subsídios importantes para o entendimento da situação e instrumentos para a

recuperação de áreas adjacentes afetadas.

18

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Avaliar os impactos causados pela construção dos canais do Projeto de Integração

do Rio São Francisco (PISF) sobre a vegetação da caatinga, de modo que se ofereçam

subsídios importantes para o entendimento da situação e instrumentos para a recuperação

de áreas adjacentes afetadas.

2.2. Objetivos Específicos

. Avaliar a composição florística e diversidade da área;

. Comparar esses parâmetros entre os sítios da área;

. Subsidiar meios que proporcionem o entendimento da situação e a recuperação das áreas

degradadas.

19

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Semiárido Nordestino

O Semiárido brasileiro tem 1.142.000 km² de extensão e reúne cerca de 1.500

municípios dos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas

Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Sua população é de

26,4 milhões de habitantes, o que corresponde a 15,5% do contingente populacional

brasileiro, representando um retrato da diversidade brasileira (UNICEF, 2005).

Em 2004, o Ministério da Integração Nacional (MI), em conjunto com o Ministério

do Meio Ambiente (MMA), montou grupos de trabalhos com o objetivo de pesquisar e

elaborar um estudo visando redefinir aquela região, ansiando a melhor distribuição de

políticas públicas. Para isso, o Grupo de Trabalhos Interministerial – GTI tomou por base

três critérios técnicos. (1) precipitação pluviométrica média anual inferior a 800

milímetros; (2) Índice de aridez de até 0,5, calculado pelo balanço hídrico que relaciona as

precipitações e a evapotranspiração potencial no período entre 1961 e 1990; (3) e risco de

seca maior que 60%, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990. Assim, a região

compreendida pelo semiárido sofreu um acréscimo de 102 municípios e de 9% de sua área,

que totalizou 1.113 municípios, e 982.563,3 km².

Um dos motivos do aceleramento dos impactos ambientais na região semiárida do

Nordeste está relacionado ao crescente processo de desertificação das áreas suscetíveis. O

avanço do processo de degradação ambiental na região deve-se a vários fatores, entre os

quais destacam-se: as práticas agrícolas inadequadas, o desmatamento, a infertilidade e a

compactação do solo, os processos erosivos e a salinização de algumas áreas

(BRASILEIRO, 2009).

2.1. 3.2. A Caatinga

2.2.

O domínio da caatinga abrange cerca de 900 mil Km², correspondendo

aproximadamente a 54% da região nordeste e 11% do território brasileiro, envolvendo

áreas dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe,

20

o sudoeste do Piauí, partes do interior da Bahia e o norte de Minas Gerais (ANDRADE et

al. 2005), possuindo precipitações médias variando de 400 a 1200mm anuais. (PRADO,

2003).

Segundo ANDRADE-LIMA (1981), caatinga é uma vegetação que recebe um

conjunto de paisagens, onde, na quase totalidade das espécies predomina a caducifólia

sobre as demais formas de resistência à seca. Nela também ocorrem associações

vegetacionais simples a extremamente complexas em função da composição florística,

abundância das espécies, altura e espécies características, salientando ainda que inúmeros

tipos vegetacionais são frequentemente encontrados em áreas bastante pequenas, criando

uma espécie de mosaico vegetacional (STREILEIN, 1982). De acordo com o Ministério do

Meio Ambiente (2002), a diversidade florística da Caatinga é muito grande, estimando-se

que existam pelo menos 932 espécies vegetais, das quais 318 são endêmicas.

Nas regiões semiáridas, crescem os índices de alteração da vegetação nativa e de

degradação dos recursos naturais, elevando os riscos de desertificação (BRASIL, 1991;

DREGNE,1986; JAPAN, 1990). Mediante estudos realizados, 68% da área correspondente

à caatinga estão submetidas ao antropismo em algum grau e as áreas com extremo

antropismo abrangem em torno de 35% do bioma, conferindo-a a condição de ecossistema

menos preservado e um dos mais degradados (KILL,2005; MMA,2002).

As estimativas de perda de habitat mostram que os remanescentes da caatinga não

se constituem em um único e grande bloco, mas estão distribuídos em muitos fragmentos

de diferentes tamanhos (CASTELLETTI et al., 2003).

3.3. O Rio São Francisco

O Rio São Francisco, popularmente conhecido como “Velho Chico”, é um rio

brasileiro que nasce no município de São Roque de Minas na Serra da Canastra, estado de

Minas Gerais, a uma altitude 1200m. Ele atravessa os estados de Minas Gerais, Bahia, faz

divisa com Pernambuco e constitui de divisa natural entre os Estados de Sergipe e Alagoas,

desaguando por fim no Oceano Atlântico. O Rio São Francisco já era conhecido pelos

índios antes mesmo da colonização, fazendo parte da história do Brasil. O descobrimento

deste rio é atribuído a Américo Vespúcio que navegou em suas águas por volta do ano de

1501 (CODEVASF, 2006).

21

A bacia hidrográfica do Rio São Francisco possui uma área de aproximadamente

640.000 km² que corresponde a 7,4% do território brasileiro, abrangendo parte dos estados

de Minas Gerais, Goiás, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, além do Distrito Federal.

É, portanto considerado um rio de integração nacional (CODEVASF, 2006).

A Bacia do São Francisco possui 36 afluentes mais importantes, dentre os quais

apenas 19 são perenes. Destacam- se, pela margem direita, os rios Pará, Paraopeba, Velhas

e Verde Grande e, pela margem esquerda, os rios Abaeté, Paracatu, Urucuia, Pandeiros,

Carinhanha, Corrente e Grande. As áreas de drenagem desses afluentes, com exceção do

Rio Verde Grande, se situam na região não abrangida pelo Polígono das Secas,

representando cerca de 50% da área total da bacia (ANEEL, 1998).

Esta bacia, que é fisiograficamente dividida em Alto, Médio, Submédio e Baixo

São Francisco, abrange uma grande diferença latitudinal, seus 2.800 km se estendem da

latitude 21° S, nascente, sudeste do Brasil; até 7° S, sua foz na região Nordeste, entre os

Estados Sergipe e Alagoas. No decorrer de seu curso, observam-se diferentes climas e

tipos geológicos traçam diferentes biomas, fisiografia do canal bastante distintas, e

características hidrológicas peculiares (SECTMA, 2006).

3.4. O PISF (Projeto de Integração do Rio São Francisco) com Bacias Hidrográficas

do Nordeste Setentrional

O histórico das propostas de transposição do rio São Francisco foi inicialmente

apresentado por Pessoa em 1989 (apud JUNQUEIRA¸ 2002), no entanto, o primeiro

registro desta ideia data do governo de Dom João VI, sendo que no ano de 1980 o projeto

de transposição ressurgiu (FERREIRA, 2008).

O Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do

Nordeste Setentrional é um empreendimento de infraestrutura hídrica. Dois sistemas

independentes, denominados eixo norte e eixo leste, captarão água no rio São Francisco

entre as barragens de Sobradinho e Itaparica, no Estado de Pernambuco. Compostos de

canais, estações de bombeamento de água, pequenos reservatórios e usinas hidrelétricas

para auto suprimento, esses sistemas atenderão as necessidades de abastecimento de

municípios do Semiárido, do Agreste Pernambucano e da Região Metropolitana de

Fortaleza (Projeto de Integração do Rio São Francisco – RIMA, 2004). O projeto pretende

22

transpor cerca de trezentos metros cúbicos para as bacias dos rios Jaguaribe, Apodi, e

Piranhas-Açu, podendo irrigar uma área superior a 600.000 hectares (CODEVASF, 2006).

Um dos principais objetivos da Transposição do Rio São Francisco é possibilitar a

segurança hídrica da região Nordeste. A ideia das autoridades consiste em abastecer esses

reservatórios com as águas do Velho Chico e dar-lhes possibilidade de manter os volumes

necessários ao pronto atendimento das demandas hídricas da região. Por outro lado, este

projeto pode ser considerado desnecessário, ambientalmente danoso e demasiadamente

caro diante das possibilidades existentes de acesso ao precioso líquido em cada um dos

estados nordestinos (SUASSUNA, 2007).

Segundo FERREIRA (2008), transpor um rio se torna um problema ecológico de

proporções grandes, levando em consideração que um rio é mais do que água deslocando-

se em uma vala no solo, é ainda um ecossistema de natureza complexa, formando um

conjunto vivo, onde o todo é mais do que a soma das partes. Conforme VIEIRA (2007), as

atividades humanas desenvolvidas no trecho de um rio podem alterar, de diferentes formas

e intensidade, a dinâmica desse equilíbrio, como através da construção de reservatórios e

canalizações, substituição de mata ciliar por terras cultivadas, urbanização e exploração de

alúvios, e modificação do comportamento da descarga e da carga sólida do rio.

Segundo FERREIRA (2008) a tentativa de regularização da vazão e a diminuição

da seca em certas áreas brasileiras através do projeto de transposição de águas do Rio São

Francisco podem gerar consequências negativas através de impactos ambientais que

precisarão de anos, décadas e séculos para serem reparados. De fato existem benefícios na

transposição das águas do Rio São Francisco, no entanto os malefícios e os impactos

ambientais decorrentes deste projeto são infinitamente maiores que as vantagens.

23

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Área de Estudo

A área de estudo localiza-se no município de Sertânia, PE, na microrregião

conhecida como Moxotó Pernambucano (08°04’14’’S; 37°15’37’’W, altitude média de

558 m). O clima local é classificado como Semiárido (BSh de acordo com Köppen),

caracterizado por baixo índice de pluviosidade e temperatura média de 35°C

(ALBUQUERQUE et. al., 2004). A vegetação é composta pela Caatinga Hiperxerófila

(RODAL et al., 1998).

Há um pouco menos de três anos, uma faixa de aproximadamente 200 m (100m de

cada lado do canal) foi totalmente removida para a construção do canal. Depois desse

evento, a área foi abandonada e encontra-se em processo natural de sucessão ecológica.

4.2. Metodologia

Em uma das margens do canal do PISF, foram dispostos, de maneira aleatória,

cinco transectos, perpendiculares ao mesmo (sentido canal-vegetação). Em cada um destes,

foram plotadas 10 parcelas de 20 m x 10 m (sendo a menor dimensão paralela ao canal),

perfazendo uma área amostral total de 1 ha (Figura 1).

Figura 1. Desenho esquemático da distribuição dos transectos e parcelas no lote 12 do

PISF, localizado no município de Sertânia,PE.

24

Essas unidades amostrais foram dispostas sistematicamente pelos transectos,

possibilitando a formação de pseudo-réplicas para a comparação dos parâmetros avaliados

entre as distâncias do canal. A primeira parcela de cada transecto foi plotada

imediatamente na borda do canal (0 m - D1), a segunda a 25 m (D2), a terceira a 50 m

(D3), a quarta a 75 m (D4), a quinta a 100 m (D5), a sexta a 125 m (D6), a sétima a 150 m

(D7), a oitava a 175 m (D8), a nona a 200 m (D9) e a décima parcela de cada transecto a

225 m do canal (D10).

No interior destas unidades amostrais, todos os indivíduos do estrato arbustivo

arbóreo foram contabilizados e tiveram aferidos seu diâmetro no nível do solo (DNS), para

posterior classificação quanto ao seu estádio ontogenético. Indivíduos que apresentavam

DNS ≤ 3 cm foram considerados regenerantes, enquanto aqueles que apresentavam DNS >

3 cm, adultos (RODAL et al.,1992).

Para cada estádio ontogenético foi calculada a densidade das espécies (Müller-

Dombois & Ellemberg,1974). Também foi avaliada a diversidade segundo o índice de

Diversidade de Shannon-Weaver (H’) (Shannon & Weaver, 1949), e a equitabilidade,

através do índice de Pielou (E) (Pielou, 1977).

O número de indivíduos e o número de espécies foram comparados entre as

distâncias do canal por meio do teste de Kruskal-Wallis (H) (p < 0,05), com as diferenças

entre os postos avaliada por Dunn (p < 0,05) (Zar, 1999). Diferenças entre as diversidades

foram verificadas pelo teste t (p ≤ 0,05) (Lehmann, 1997). A distância do canal ainda foi

correlacionada com o número de espécies e número de indivíduos por meio coeficiente de

correlação de Pearson (r) (Rodgers & Nicewander, 1988), sendo ele verificado por meio do

teste t (p < 0,05) (Lehmann, 1997).

Para avaliar a similaridade entre os ambientes foi utilizado o coeficiente binário de

Jaccard (Sj) (Müller-Dombois & Ellemberg, 1974) e o de distância de Bray-Curtis (DA-B)

(Bray & Curtis, 1957).

A classificação taxonômica foi elaborada de acordo com o Sistema APG II (2003),

disponível na base de dados Tropicos (2010) do Missouri Botanical Garden, Saint Louis,

Missouri, USA. As análises estatísticas foram executadas utilizando-se os softwares Past

1.12©

(Hammer et al., 2003), MVSP 3.1©

(Kovach, 2005) e BioEstat 5.0©

(Ayres et al.,

2007).

25

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Florística

No total foram amostrados 3.685 indivíduos, nos quais 2.288 são regenerantes e

1.397 adultos, pertencem a 32 espécies, com 30 gêneros e 15 famílias diferentes. Na D1

(0m) foram encontradas 8 espécies (25%), na D2 (25m) 9 espécies (28,12%), na D3 (50m)

8 espécies (25%), na D4 (75m) 13 espécies (40,62%), na D5 (100m) 16 espécies (59%), na

D6 (125m) 15 espécies (46,87%), na D7 (150m) 16 espécies (50%), na D8 (175m) 20

espécies (62.5%), na D9 (200m) 15 espécies (46,87%) e na D10 (225m) 15 espécies

(46,87%) (Tabela 1).

Tabela 1. Espécies amostradas em relação às distâncias do canal do Projeto de Integração

do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF). Sertânia,

PE.

Família/ Espécie Distância do Canal (m)

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225

Anacardiaceae

Myracrodruon urundeuva Allemão

x

x x

Spondias tuberosa Arruda

x

x

Amaranthaceae

Amarantus sp. x

Apocinaceae

Aspidosperma pyrifolium Mart

x x x x x x

Calotropis procera (Aiton) W.T.Aiton x

Boraginaceae

Cordia leucocephala Moric

x x x x x x x

Burseraceae

Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillet

x x x x x x x

Cactaceae

Pilosocereus gounelei (F.A.C.Weber) Byles & Rowley

x

x x

Tacinga inamoena (K. Schum.) N.P. Taylor & Stuppy

x

x

x

D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10

D10

26

Cleomaceae

Cleome spinosa Jacq. x x x x

Curcubitaceae

Alsomitra brasiliensis Cogn.

x

x

sp1.

x

Euphorbiaceae

Croton rhamnifolioides Pax. & K. Hoffm.

x x x x x x x

Croton blanchetianus Müll. Arg.

x x x x x x x x x

Jatropha molissima (Pohl) Bail.

x

x x x x x x

Manihot dichotoma Ule.

x

x x x x

Sapium glandulosum (L.) Morong.

x

x

Fabaceae

Mimosa ophtalmocentra Mart. ex.Benth

x x x x x x x x

Mimosa tenuliflora (Willd.) Poir.

x

x x x

Pithecellobium diversifolium Benth.

x

Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz.

x x x x x x x x

Senna ocidentalis (L.) Link

x

Trischidium molle (Benth.) H.E.Ireland

x

x x

x

Indigofera suffrutcosa Mill. x

Bouchinia cheilanta (Bong) Stud.

x

x

Lauraceae

Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer

x x x x x x

Malvaceae

Herissantia tiubae (K. Schum.) Brizicky x x x x

x

x

Sida cordifolia L. x x x x x x x x x x

Urena lobata L. x x x x

x

Moraceae

Sorocea guilleminiana Gaudich.

x x

x x x

Myrtaceae

Psidium albinum Miq.

x

Solanaceae

Nicotiana glauca Graham. x x x

27

As famílias mais representativas foram Fabaceae com oito táxons (25%), seguida

por Euphorbiaceae com cinco táxons (15,62%). Estas famílias também são apontadas em

vários outros estudos no bioma caatinga como sendo as mais representativas (Rodal, 1992;

Camacho, 2001; Araújo et al., 1995; Pereira et.al., 2001).

De acordo com o documento de discussão, criado com o objetivo de constituir

estratégias para o uso sustentável da biodiversidade da Caatinga, as famílias mais

frequentes são Caesalpinaceae, Mimosaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae e Cactaceae, sendo

os gêneros Senna, Mimosa e Pithecellobium os com maior número de espécies. As

catingueiras (Poincianella pyramidalis Tul.), as juremas (Mimosa spp.) e os marmeleiros

(Croton spp.) são as plantas mais abundantes na maioria dos trabalhos de levantamento

realizados em área de Caatinga.

Segundo Prado (2003), ao contrário do postulado, a caatinga apresenta uma alta

taxa de diversidade e endemismo, fazendo-se necessário um melhor conhecimento de sua

flora para possíveis medidas de conservação de suas áreas. Este é o bioma menos estudado

entre as regiões fitogeográficas brasileiras e o menos protegido pelas unidades de

conservação e proteção ambiental (Leal et al., 2003).

Das espécies endêmicas da caatinga, citadas em um estudo realizado no município

de Mirandiba-PE, ficou constatado que Mimosa foi o gênero mais representativo,

totalizando, sete espécies, diferentemente do gênero Indigofera, que foi representado

apenas por duas espécies (Cordula et al., 2008). Estes resultados se equiparam com o

presente estudo, revelando que o gênero Mimosa, representado aqui pelas espécies Mimosa

ophtalmocentra e Mimosa tenuiflora, foi bem mais abundante o gênero Indigofera, aqui

representado pela espécie Indigofera suffructosa.

Das espécies amostradas, duas são exóticas na Caatinga: Calotropis procera

(Aiton) W.T.Aiton e Nicotiana glauca Graham.

Segundo (Schurmanm, 1895), C. procera é uma planta conhecida desde tempos

remotos, possuindo ampla distribuição geográfica, especialmente em regiões tropicais e

subtropicais de todo o mundo, desenvolvendo-se em solos pobres e locais com baixos

níveis de pluviosidade (Sharma, 1934). No Brasil, a espécie foi introduzida,

provavelmente, como ornamental, em época desconhecida (Corrêa, 1939). Posteriormente,

esta planta passou a se comportar como invasora em áreas de pastagens, sendo encontrada

28

principalmente na região Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste (Ferreira, 1973; Ferreira &

Gomes, 1974; 1976). Calotropis procera é mais comum no outro Eixo do PISF, o Norte,

onde formam populações semelhantes às observadas para N. glauca (Juliano R. Fabricante,

comunicação pessoal).

Existem evidências que esta outra espécie em particular (N. glauca), chegou a

região por meio de propágulos presos ao maquinário das empresas responsáveis pela

construção dos canais, podendo atualmente ser encontrada em toda a sua extensão (Juliano

R. Fabricante, comunicação pessoal). De acordo com Florentine et al. (2006), a presença

de N. glauca pode inibir a germinação de sementes de outras espécies, fato este observado

in loco no momento do trabalho de campo.

5.2. Estrato Regenerante

As 26 espécies amostradas no estrato regenerante geraram uma densidade media

total de 2.288 indivíduos/ha As espécies com maior densidade foram S. cordifolia com 781

indivíduos ha, C. sonderianus com 359 indivíduos ha, C. leucocephala com 240 indivíduos

ha e H. titubae com 238 indivíduos ha (Tabela 2). Juntas elas representaram 70,7% da

densidade do sítio estudado.

Tabela 2. Densidade (indivíduos/ha) das espécies do estrato regenerante em razão das

distâncias do canal da obra do PISF.

Espécies Distância do Canal (m) Total

D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225

S. cordifolia 800 2680 1730 2560 10 10 10 0 10 0 781

C. blanchetianus 0 320 330 440 230 620 470 490 400 290 359

C. leucocephala 0 0 0 70 710 270 440 610 80 220 240

H. titubae 470 930 410 520 0 20 0 0 0 30 238

N. glauca 1270 250 40 0 0 0 0 0 0 0 156

U. lobata 590 580 90 70 0 0 0 0 0 220 155

29

C. rhamnifolioides 0 0 0 30 160 340 250 130 70 160 114

A. pyrifolium 0 0 0 0 30 100 120 170 80 180 68

C. spinosa 10 560 30 0 0 0 0 0 0 0 60

J. molíssima 0 10 0 20 30 50 50 90 40 60 35

P. pyramidalis 0 0 100 30 10 30 10 30 40 20 27

M. ophtalmocentra 0 0 10 0 10 10 10 40 20 40 14

O. odorífera 0 0 0 0 20 20 60 0 0 20 12

C. leptophloeos 0 0 0 0 10 20 20 20 30 0 10

B. cheilantha 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 4

M. tenuiflora 0 0 0 10 0 20 0 0 0 0 3

T. inamoena 0 0 0 0 0 0 0 20 0 0 2

M. dichotoma 0 0 0 0 0 0 10 10 0 0 2

C. procera 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Amaranthus sp. 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

S. guilleminiana 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 1

A. brasiliensis 0 0 0 0 10 0 0 0 0 0 1

I. suffrotcosa 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

S. occidentalis 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 1

P. diversifolium 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 1

Sp1. 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 1

Total 3170 5340 2740 3750 1230 1520 1470 1650 770 1240 2288

Dentre os regenerantes destaca-se a exótica N. glauca. Observou-se que a mesma

ocorreu com grandes densidades nas parcelas mais próximas do canal, demonstrando que a

obra tem criado nichos que favorecem o estabelecimento e propagação de espécies

alóctones. Frisa-se que a situação constatada na área de estudo se repete por todo o Eixo

Leste do PISF.

30

Nativa da Argentina e Bolívia, N. glauca é considerada uma importante espécie

invasora na Espanha (Sanz-Elorza et al., 2006), Austrália (Florentine & Westbrooke,

2005), Namíbia (Shapaka et al., 2008), assim como em zonas semiáridas e áridas da

América, África e Europa (Sanz-Elorza et al., 2010). A modelagem de nicho ecológico da

espécie demonstrou que N. glauca tem potencial para a ocorrência em praticamente todo o

Brasil, principalmente em regiões de clima semiárido e subúmido tropical e subtropical

(Juliano Ricardo Fabricante – informação pessoal).

As densidades das parcelas mais próximas do canal apresentaram valores superiores

aos obtidos em outros estudos na Caatinga, devido provavelmente ao estagio de sucessão

secundária inicial em que se encontra. Para as demais parcelas, a densidade foi semelhante

à maioria dos estudos desenvolvidos nessa formação savânica. Os resultados obtidos no

presente trabalho, para as parcelas em melhor estado de conservação, mostram-se bem

próximos aos registrados em outros trabalhos (Drummond et al., 1982; Gomes, 1979). Um

estudo realizado em uma área de caatinga em São José do Bonfim mostrou que para áreas

com melhor estado de conservação, a densidade apresentada foi de 1.284 indivíduos/ha

(SOUZA, 2009), no entanto, em outro estudo realizado em uma área de caatinga do

Seridó-RN, utilizando também o critério mais usado nos trabalhos em caatinga (≤ 3 cm

diâm. ao nível do solo, DNS), a densidade foi de 2.258 indivíduos/ha.

As discrepâncias observadas nas densidades foram confirmadas estatisticamente

pelo número médio de indivíduos em razão da distância do canal (Figura 2). Conforme a

Figura 3, a partir dos 100 m há uma redução significante no número médio de indivíduos

das parcelas em relação àquelas mais próximas do canal.

31

Figura 2. Número médio de espécies e indivíduos do estrato regenerante em razão das

distâncias do canal da obra do PISF. Letras iguais não diferem entre si segundo o teste de

Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05).

Essas diferenças vão diminuindo de forma constante, sentido da menor a maior

distância, fato este comprovado pela significância da correlação entre o número médio de

indivíduos e a distância do canal (Tabela 3). Assim, observou-se que à medida que se

distância do canal, a densidade de indivíduos do estrato regenerante tende a ser menor. Já

para o número médio de espécies, isso não foi constatado (Tabela 1), do mesmo modo

como não foram significativas as diferenças nesta variável entre as distâncias do canal

(Figura 2). Contudo, é importante destacar que houve uma sensível diferença entre as

parcelas mais e menos próximas do canal, sendo maiores naquelas a partir dos 100 m.

a

a

a a a

aa

a

aa

a

a

a a

bab ab ab

bb

0

20

40

60

80

100

120

0

1

2

3

4

5

6

7

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225

Méd

io d

e Ind

ivíd

uo

sN°

Méd

io d

e E

spéc

ies

Distância do Canal (m)

N° Médio de Espécies N° Médio de Indivíduos

32

Tabela 3. Correlação entre o número de indivíduos e espécies do estrato

regenerante com a distância do canal da obra do PISF. Sendo: n = número de pares; r =

índice de correlação linear de Pearson; IC = intervalo de confiança; R² = coeficiente de

determinação; t = teste t; GL = graus de liberdade; (p) = probabilidade da significância do

resultado.

N° de Indivíduos x Distância do Canal N° de Espécies x Distância do Canal

n (pares) 50 50

R -0,5835 0,1505

IC 95% -0,74 a -0,36 -0,13 a 0,41

IC 99% -0,78 a -0,28 -0,22 a 0,48

R² 0,3405 0,0226

T 4,9778 1,0547

GL 48 48

(p) < 0,0001 0,2968

Por meio do cluster (Figura 3), é possível compreender melhor as diferenças entre

as amostras. Em síntese, é possível notar a formação de dois grandes grupos: um formado

pelas parcelas mais próximas do canal (D1, D2, D3 e D4) e outro pelas demais parcelas.

Isso demonstra a existência de diferenças específicas importantes entre os mesmos.

33

Figura 3. Indice de Jaccard para as amostras do estrato regenerante. Sendo: D = distância do

canal da obra do PISF; R = pseudo réplica; D1 = 0 m; D2 = 25 m; D3 = 50 m; D4 = 75 m; D5 =

100 m; D6 = 125 m; D7 = 150 m; D8 = 175 m; D9 = 200 m; D10 = 225 m

Observando a Tabela 1, fica claro que esta divisão deve-se essencialmente a

ocorrência de espécies exclusivas nas maiores distâncias do canal, como por exemplo, A.

pyrifolium, M. tenuiflora, B. cheilantha, C. leptophloeos, M. ophtalmocentra e O.

odorifera. Estas espécies dependem de melhores condições de conservação para se

estabelecer. Segundo Freitas et al. (2007), em um estudo florístico e fitossociológico do

extrato arbustivo-arbóreo de dois ambientes, localizados entre a Paraíba e o Rio Grande do

Norte, ficou constatado que as espécies citadas acima, principalmente Aspidosperma

pyrifolium, e Mimosa tenuiflora, são espécies encontradas com maior abundância em

ambientes mais conservados.

Segundo Andrade et al. (2005) Commiphora leptophloeos é mais comumente

encontrada em áreas protegidas ou em matas conservadas e raramente em áreas fortemente

antropizadas. Essa espécie foi observada no presente estudo, o que pode indicar que a área

está em recuperação.

Os resultados ficam mais consistentes quando adicionada à avaliação, a abundância

de indivíduos. Aplicando o coeficiente de distância de Bray-Curtis, a separação destes dois

Jaccard

D7R2

D7R1

D10R1

D8R1

D6R2

D6R1

D9R2

D9R5

D10R5

D8R5

D9R1

D9R3

D8R4

D7R5

D7R3

D5R1

D8R3

D5R5

D7R4

D6R3

D6R4

D6R5

D10R2

D5R2

D5R4

D8R2

D5R3

D10R3

D9R4

D4R4

D4R1

D2R4

D2R1

D2R2

D1R4

D3R5

D3R2

D2R5

D3R4

D4R2

D3R1

D3R3

D4R3

D2R3

D1R2

D1R3

D1R1

D1R5

D10R4

D4R5

-20 0 20 40 60 80 100

D1

D2

D3

D4

D5

D6

D7

D8

D9

D10

34

grupos se torna ainda mais evidente (Figura 4). Os valores de explicação confirmam que é

alto o grau de generalização dos resultados, tornando-os confiáveis.

Figura 4. Distância de Bray-Curtis para as amostras do estrato regenerante. Sendo: D =

distância do canal da obra do PISF; D1 = 0 m; D2 = 25 m; D3 = 50 m; D4 = 75 m; D5 =

100 m; D6 = 125 m; D7 = 150 m; D8 = 175 m; D9 = 200 m; D10 = 225 m.

Devido às diferenças já apresentadas no que concerne às espécies e abundância de

indivíduos entre as distâncias do canal, houve diferenças significativas na diversidade entre

as parcelas, sendo estas, maiores nas unidades amostrais mais distantes do canal (Figura 5).

Eix

o 2

Eixo 1

D1

D2

D3

D4

D5

D6

D7D8

D9

D10 -0.1

-0.2

-0.3

-0.4

0.1

0.2

0.3

0.4

0.6

-0.1-0.2-0.3-0.4 0.1 0.2 0.3 0.4 0.6

Eixo 1 Eixo 2

Auto-valores 1,546 0,249

Explicação 72,7% 11,7%

Explicação acumulada 72.7% 84.4%

35

Figura 5. Diversidade e equitabilidade do estrato regenerante em razão das distâncias do

canal da obra do PISF. Sendo H’ = Índice de diversidade de Shannon; E = Equitabilidade

de Pielou. Letras iguais não diferem entre si segundo o teste t (p ≤ 0,05).

O Índice de Diversidade de Shannon-Weaver para as parcelas variou de 1,2 a 2,0,

sendo que o menor valor foi encontrado nas parcelas D4 (75 m) e o maior foi encontrado

nas parcelas D10 (225 m). Esses valores são inferiores ao encontrado por Lira (2003), 2,45

e 2,15, para ambientes de caatinga. Em outro trabalho, que teve como objetivo analisar

dois ambientes de Caatinga, o valor do Índice de Diversidade de Shannon-Weaver variou

de 0,19 a 1,44, sendo que o menor valor foi obtido de uma área em que 96,18% dos

indivíduos eram representados apenas por uma única espécie, Mimosa tenuiflora, e o

segundo valor foi extraído de uma área em que Aspidosperma pyrifolium e M. tenuiflora

representaram 77,48% das plantas amostradas (FREITAS et al.,2007). Levando estes

valores para o estudo em questão, percebemos que estes não são tão equivalentes para que

se possa estabelecer uma comparação entre os valores máximos e mínimos dos resultados

obtidos. No entanto, fica fácil compreender que onde o índice de diversidade foi menor

(75m), corresponde justamente ao final da área na qual foi realizado o desmatamento para

a instalação do canal de transposição, e o seu maior valor foi obtido nas parcelas de maior

distância em relação ao canal (225m), que corresponde justamente às últimas parcelas dos

transectos, e consequentemente as mais preservadas e com um maior número de espécies.

a a

b b

ab

c c c c

d

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

0

0.5

1

1.5

2

2.5

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225

Equitab

ilidad

e (E)D

iver

sidad

e (H

')

Distância do Canal (m)

Diversidade Equitabilidade

36

Chama-se a atenção para a formação de um possível “efeito de borda”, o que pode

ser mais um dos efeitos negativos da obra do PISF sobre as caatingas modificadas para a

construção dos canais. O efeito de borda é resultante da interação entre ecossistemas

adjacentes separados por uma transição abrupta (Murcia, 1995). São causados por

gradientes diferenciados de mudanças físicas e bióticas próximos às bordas florestais e,

portanto, são proporcionais à distância da borda mais próxima.

Os fatores físicos e químicos resultantes do efeito de borda podem afetar a

distribuição de espécies vegetais na borda, devido às diferenças entre espécies nos seus

limites de tolerâncias fisiológicas. Algumas espécies florestais mostram baixa densidade

ou não ocorrem próximo à borda, enquanto outras mostram altas densidades, ou nenhuma

mudança. As respostas diferentes entre espécies a mudanças no ambiente físico da borda

podem resultar em mudanças localizadas na composição de espécies (Murcia,1995). Os

efeitos de borda podem alterar as interações bióticas e os processos de regeneração natural

e aumentar os níveis de danos causados por patógenos e herbívoros nas comunidades de

plântulas, sendo a intensidade dessas perturbações determinante na velocidade de

regeneração na vegetação tropical. (Benitez-Malvido & Lemus-Albor, 2005).

Em um estudo realizado em área de caatinga, no município de Caraubais-RN, que

teve como objetivo analisar três sítios com diferentes fisionomias, decorrentes da

instalação de um oleoduto, constatou-se que a área que apresenta fisionomia de caatinga

arbustiva aberta possui uma maior probabilidade de sofrer com o efeito de borda, ao

contrário das duas fisionomias, que são caatinga arbustiva densa e caatinga arbustiva densa

ciliar (Cavalcanti & Rodal, 2010). De acordo com Harper et al. (2005) em ambientes mais

conservados, como por exemplo, as duas áreas citadas ultimamente, foi constatado que as

bordas tendem a apresentar uma estrutura dominante mais semelhante ao seu interior como

resultado da reestruturação do impacto causado, no caso dessas duas áreas a abertura do

oleoduto.

Levando estes resultados para o trabalho em questão, verificamos que o local de

estudo possui uma vegetação em um estado de conservação considerável, enquadrando-se

no perfil de caatinga arbustivo-arbórea densa, em que a borda apresenta uma fisionomia

semelhante ao interior. Neste caso, precisa-se de um tempo suficiente para que o efeito de

borda possa ser percebido estruturalmente, fato este que ainda não foi verificado com uma

intensidade considerável (Cavalcanti et al., 2010).

37

5.3. Estrato Adulto

As 28 espécies amostradas no estrato adulto geraram uma densidade total de 1.397

indivíduos/ha. As espécies com maior densidade foram C. blanchetianus com 467

indivíduos ha, M. ophtalmocentra com 268 indivíduos ha, P. pyramidalis com 164

indivíduos ha, A. pyrifolium com 150 indivíduos ha e C. rhamnifolioides com 124

indivíduos/ha (Tabela 4). Juntas elas representaram 83,96% da densidade do sítio estudado.

Em um estudo feito nos municípios de Floresta e Custódia em Pernambuco, Rodal (1992)

encontrou valores de densidade entre 1.076 e 2.172, considerando indivíduos vivos com

diâmetro ≥3 cm e altura superior a 1 m. Em outra análise fitossociológica feita na estação

ecológica do Seridó-RN, constatou-se que C. blanchetianus, P. pyramidalis e A.

pyrifolium responderam por 58,66% da densidade relativa e 51,85% do valor de

importância, evidenciando, portanto que são as mais importantes da comunidade estudada

(Santana & Souto, 2006).

Tabela 4. Densidade (indivíduos/ha) das espécies do estrato adulto em razão das distâncias

do canal da obra do PISF.

D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225

C. blanchetianus 0 0 90 100 800 810 640 600 860 770 467

M. ophtalmocentra 0 0 60 60 230 330 450 400 460 690 268

P. pyramidalis 0 0 0 40 310 160 230 400 350 150 164

A. pyrifolium 0 0 0 0 50 420 270 480 160 120 150

C. rhamnifolioides 0 0 0 10 190 280 290 140 150 180 124

N. glauca 370 40 10 0 0 0 0 0 0 0 42

C. leptophloeos 0 0 10 0 60 70 100 50 50 40 38

C. leucocephala 0 0 0 10 80 30 70 50 40 30 31

J. molíssima 0 20 0 0 70 80 30 60 30 20 31

Espécies Distância do Canal (m) Total

38

S. guilleminiana 0 0 0 10 10 0 10 70 70 0 17

O. odorífera 0 0 0 0 40 20 10 0 40 0 11

M. dichotoma 0 0 0 0 10 40 40 10 0 0 10

M. tenuiflora 0 0 0 0 0 30 20 10 10 0 7

H. tiubae 30 0 0 0 0 0 0 10 0 10 5

T. molle 0 0 0 0 0 0 10 20 0 10 4

P. gounelei 0 0 0 0 0 10 0 0 20 10 4

M. urendeuva 0 0 0 0 10 0 0 10 20 0 4

C. spinosa 10 20 0 0 0 0 0 0 0 0 3

T. inamoena 0 0 0 0 20 0 0 10 0 0 3

S. glandulosum 0 0 0 0 0 10 0 20 0 0 3

U. lobata 0 0 0 0 0 0 0 10 0 10 2

S. Tuberosa 0 0 0 0 0 0 10 0 10 0 2

B. cheilantha 0 0 0 0 0 0 0 0 0 20 2

S. cordifolia 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

A. brasiliensis 0 0 0 0 0 0 0 0 10 0 1

P. albinum 0 0 0 0 0 0 0 10 0 0 1

P. diversifolium 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 1

Cabeça de Nego 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 1

Total 420 80 170 230 1880 2300 2190 2360 2280 2060 1397

De acordo com o observado, as espécies que apresentaram uma maior densidade,

são aquelas que estão localizadas nas áreas mais preservadas do sitio, ou seja, a partir dos

100 m. Neste caso, observa-se uma considerável elevação no número médio de espécies e

número médio de indivíduos (Figura 6). Estes locais disponibilizam condições bem mais

favoráveis do que aqueles situados mais próximos ao canal, que na verdade foram as áreas

desmatadas para a implantação da obra e que se encontram em processo de regeneração

natural.

39

Para o estrato adulto, as diferenças na riqueza de espécies e abundância de

indivíduos foram mais evidentes, logicamente devido ao tempo de abandono após a

remoção da vegetação (por volta de 2-3 anos). A partir dos 100 m do canal o número

médio destes parâmetros foram significativamente superiores que para as menores

distâncias.

Figura 6. Número médio de espécies e indivíduos do estrato adulto em razão das

distâncias do canal da obra do PISF. Letras iguais não diferem entre sí segundo o teste de

Kruskal-Wallis (p ≤ 0,05).

Ambas as variáveis (número médio de indivíduos e de espécies) apresentaram

correlação positiva, perfeita e significativa com as distâncias do canal, ratificando os

resultados ora apresentados (Tabela 5).

aa a

a

b

b bb

b

b

aa a a

b

bb

b bb

0

10

20

30

40

50

0

2

4

6

8

10

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225

Méd

io d

e Indiv

íduosN

°M

édio

de

Esp

écie

s

Distância do Canal (m)

N° Médio de Espécies N° Médio de Indivíduos

40

Tabela 5. Correlação entre o número de indivíduos e espécies do estrato adulto com a

distância do canal da obra do PISF. Sendo: n = número de pares; r = índice de correlação

linear de Pearson; IC = intervalo de confiança; R² = coeficiente de determinação; t = teste

t; GL = graus de liberdade; (p) = probabilidade da significância do resultado.

N° de Indivíduos x Distância do Canal N° de Espécies x Distância do Canal

n (pares) 50 50

r 0,7314 0,7296

IC 95% 0,57 a 0,84 0,57 a 0,84

IC 99% 0,50 a 0,86 0,50 a 0,86

R² 0,535 0,5323

t 7,431 7,3907

GL 48 48

(p) < 0,0001 < 0,0001

O Índice de Jaccard, utilizado para comparar a similaridade florística entre as

parcelas, constatou a formação de um agrupamento distante dos outros como também a

formação de dois grandes grupos e dentro desses últimos, pequenos agrupamentos mais

consistentes (Figura 7). Em um trabalho realizado em três áreas no município de São João

do Cariri, confirmou que para a análise realizada com base no índice de similaridade

florística indicou que esta foi considerada alta, variando de 0,67 a 0,89. Para Mueller-

Dombois e Ellemberg (1974) e Ramalho et al. (2009), as áreas consideradas

floristicamente similares são as que apresentam índice de Jaccard superior a 0,25.

41

Figura 7. Indice de Jaccard para as amostras do estrato adulto. Sendo: D = distância do

canal da obra do PISF; R = pseudo réplica; D1 = 0 m; D2 = 25 m; D3 = 50 m; D4 = 75 m;

D5 = 100 m; D6 = 125 m; D7 = 150 m; D8 = 175 m; D9 = 200 m; D10 = 225 m.

A análise de Bray-Curtis além de separar os dois grandes grupos observados na

análise anterior, também distânciou as duas primeiras sequencias de parcelas (D1 e D2) das

duas seguintes (D3 e D4), sugerindo haver diferenças importantes entre estas (Figura 8).

Isso nos demosntra que D1 e D2 possuem uma similaridade entre as parcelas bastante

semelhantes, fato este que também é constatado para as parcelas D3 e D4. Para as demais

disstancias, (D5, D6, D7, D8, D9, D10) obtivemos valores de similaridade bastante

parecidos, refletindo no grafico de forma significativamente agregada.

Jaccard

D7R3

D9R3

D10R3

D9R1

D8R1

D7R2

D8R5

D5R3

D10R1

D6R2

D5R1

D9R5

D10R5

D6R1

D10R2

D7R1

D9R4

D6R3

D8R3

D5R4

D8R2

D5R5

D4R1

D3R3

D6R5

D9R2

D5R2

D7R5

D8R4

D7R4

D6R4

D4R2

D10R4

D3R4

D2R2

D2R5

D3R2

D1R4

D1R2

D1R5

D1R3

D1R1

D2R3

D2R1

D3R1

D4R3

D2R4

D3R5

D4R5

D4R4

-20 0 20 40 60 80 100

D1

D2

42

Figura 8. Distância de Bray-Curtis para as amostras do estrato adulto. Sendo: D =

distância do canal da obra do PISF; D1 = 0 m; D2 = 25 m; D3 = 50 m; D4 = 75 m; D5 =

100 m; D6 = 125 m; D7 = 150 m; D8 = 175 m; D9 = 200 m; D10 = 225 m.

De acordo com o Índice de Diversidade de Shannon-Weaver, houve diferenças

significativas na diversidade entre as parcelas de distancias menores do canal (0m, 25m,

50m e 75m), sendo a diversidade maior nas unidades amostrais mais distantes do canal

(100m, 125m, 150m, 175m, 200m e 225m) (Figura 9).

O Índice de Diversidade de Shannon-Weaver para as parcelas variou de 0,4 a 2,1,

sendo que o menor valor foi encontrado nas parcelas de distancias de 0m e o maior foi

encontrado nas parcelas de distancia de 175m em relação ao canal. Em relação ao estrato

adulto, esses valores ainda continuam sendo inferiores aos deparados por Lira (2003),

(2,45 e 2,15), para ambientes de Caatinga. Em outro estudo realizado na estação ecológica

do Seridó-RN, obteve-se valores que alcançaram 2,35 nats.individuo-1 (Santana & Souto

(2006), o que demonstra serem essas áreas bem mais ricas em espécies do que as estudadas

no presente trabalho.

Eix

o 2

Eixo 1

D1

D2

D3

D4

D5

D6D7

D8D9D10

-0.1

-0.2

-0.3

-0.4

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

-0.1-0.2-0.3-0.4 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

Eixo 1 Eixo 2

Auto-valores 1,319 0,752

Explicação 51,8% 29,6%

Explicação acumulada 51,8% 81,4%

43

Figura 9. Diversidade e equitabilidade do estrato adulto em razão das distâncias do canal

da obra do PISF. Sendo H’ = Índice de diversidade de Shannon; E = Equitabilidade de

Pielou. Letras iguais não diferem entre sí segundo o teste t (p ≤ 0,05).

a

b b

c

dd de e

d

d

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

0

0.5

1

1.5

2

2.5

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225

Equita

bilid

ade (E

)Div

ers

idade

(H')

Distância do Canal (m)

Diversidade Equitabilidade

44

6. CONCLUSÃO

Os resultados evidenciaram que as obras do PISF estão provocando impactos

além daqueles já esperados como, por exemplo, a redução local da fitodiversidade. A

construção dos canais está formando centenas de quilômetros de nichos vagos,

favorecendo o estabelecimento de espécies exóticas, que num futuro próximo, poderão

causar sérios danos ambientais e econômicos para a região semiárida.

Estes são apenas os impactos diretos e imediatos que podem ser facilmente

visualizados e aferidos, mas é importante frisar que essas modificações deverão ser bem

superiores a aqui apresentadas. É oportuno destacar que os Eixos do PISF somam algo

superior a 1.000 Km de extensão e que 100 m de ambos os lados dos canais foram ou

serão totalmente suprimidos. Se utilizarmos dessas razões, serão mais de 200 Km² de

devastação.

Desta forma, recomenda-se o enriquecimento das áreas subjacentes ao canal com

espécies da Caatinga e o controle das espécies exóticas. Essas ações deverão minimizar

no futuro os impactos causados pela obra.

45

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