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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE GESTÃO PÚBLICA LUDMYLLA KELIA BASTOS MACHADO DE OLIVEIRA MARTHA ARAÚJO DA SILVA RESUMO DO LIVRO INTRODUÇÃO A ECONOMIA N. GREGORY MANKIW JOÃO PESSOA 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE GESTÃO PÚBLICA

LUDMYLLA KELIA BASTOS MACHADO DE OLIVEIRA

MARTHA ARAÚJO DA SILVA

RESUMO DO LIVRO

INTRODUÇÃO A ECONOMIA – N. GREGORY MANKIW

JOÃO PESSOA

2019

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Introdução à Economia – N. Gregory Mankiw

Resumo

Capitulo 1 – Dez princípios de economia

A palavra Economia vem do termo oikonomos e pode ser entendida como “aquele que

administra o lar”. Os lares e a economia têm muito em comum, assim como uma família, uma

sociedade deve tomar muitas decisões.

É importante a gestão dos recursos da sociedade porque estes são escassos. Escassez

significa que a sociedade tem recursos limitados e, portanto, não pode produzir todos os bens

e serviços que as pessoas desejam ter. É importante ressaltar que as necessidades humanas são

ilimitadas e os recursos são limitados, escassos.

A Economia é o estudo de como a sociedade administra seus recursos escassos. Os

economistas estudam como as pessoas tomam decisões: o quanto trabalham, o que compram,

quanto poupam e como investem suas economias. E também como as pessoas interagem umas

com as outras.

Vejamos agora os Dez Princípios de Economia, que nos fornecem uma noção mais

ampla sobre economia.

COMO AS PESSOAS TOMAM DECISÕES

Quando se abordam aspectos relacionados à economia, referem-se a um grupo de

pessoas que interagem umas com as outras, e como o comportamento de uma economia

reflete o comportamento das pessoas que a compõem, com isso os quatro primeiros princípios

abordarão tomadas de decisões individuais.

Princípio 1: As pessoas enfrentam tradeoffs

Antes de tudo é necessário compreender que, em economia, tradeoff é um termo que

define uma situação de escolha conflitante, isto é, quando uma ação econômica que visa a

resolução de determinado problema acarreta inevitavelmente, outros.

O provérbio “Nada é de graça” expressa uma grande verdade. Para se conseguir algo

que queremos, é preciso abrir mão de outra coisa que gostamos, é preciso escolher um

objetivo em detrimento de outro.

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Por exemplo, uma estudante que precise decidir como alocar seu tempo. Ela pode

passar seu tempo todo estudando uma matéria ou pode dividir seu tempo entre duas

disciplinas. E para cada hora que passa estudando, abre mão de uma hora que poderia gastar

cochilando, vendo TV ou trabalhando meio período para ganhar dinheiro para alguma despesa

extra.

A sociedade enfrenta um tradeoff entre eficiência e igualdade. Eficiência significa que

a sociedade está obtendo o máximo que pode de seus recursos escassos e igualdade que os

benefícios advindos desses recursos estão sendo distribuídos de maneira uniforme entre os

membros da sociedade. Ou seja, a eficiência se refere ao tamanho do bolo econômico e a

igualdade à maneira como o bolo é dividido em partes individuais.

Princípio 2: O custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la

Como as pessoas enfrentam tradeoffs, a tomada de decisões exige comparar os custos

e os benefícios de possibilidades alternativas de ação. Pode-se considerar a decisão de ir à

faculdade. Os benefícios principais são o enriquecimento intelectual e uma vida com melhores

oportunidades de emprego. Mas há um custo para isso, o tempo. Enquanto você passa um ano

assistindo às aulas, lendo livros e fazendo trabalhos, não pode dedicar esse tempo a um

emprego. Para a maioria dos alunos, os principais custos de sua educação são os salários que

deixam de ganhar enquanto estão na faculdade.

O custo de oportunidade de um item é aquilo de que você abre mão para obtê-lo. Os

tomadores de decisões quando decidem cursar uma faculdade precisam estar cientes dos

custos de oportunidade que acompanham cada ação possível.

Princípio 3: As pessoas racionais pensam na margem

Os economistas pressupõem que as pessoas são racionais. Uma pessoa racional é

aquela que faz o melhor para alcançar seus objetivos, sistemática e objetivamente, de acordo

com as oportunidades disponíveis. A mudança marginal se refere a um pequeno ajuste

incremental em um plano de ação existente. Margem pressupõe a existência de extremidades,

com isso, mudanças marginais são ajustes ao redor das extremidades daquilo que você está

fazendo. Uma pessoa racional, geralmente, toma decisões comparando esses benefícios

marginais com custos marginais. Um tomador de decisões racional só irá executar uma ação

se o benefício marginal superar o custo marginal.

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Um exemplo pode ser uma companhia aérea que tenha que decidir quanto cobrar dos

passageiros na lista de espera. Supondo que um voo de um avião de 200 lugares através do

país custe à empresa R$ 100 mil. Nesse caso o custo médio por assento será de R$ 100

mil/200, que é igual a R$ 500. Uma empresa racional consegue encontrar formas de aumentar

seus lucros pensando na margem. Imagine que tenha dez assentos vagos quando o avião

estiver prestes a decolar e um passageiro na lista de espera esteja disposto a pagar R$300 pela

passagem. A empresa deve vender por esse preço, pois se o avião está com assentos vagos o

custo de acrescentar mais um passageiro é mínimo. Mesmo que o custo médio por passageiro

seja R$ 500, o custo marginal é apenas o custo do saquinho de amendoins e do refrigerante

que o passageiro extra consumirá. Portanto, se o passageiro extra paga mais que o custo

marginal, vender a passagem para ele é lucrativo.

Princípio 4: As pessoas reagem a incentivos

Um incentivo é algo que leva uma pessoa a agir, tal como a perspectiva de uma

punição ou recompensa. Como as pessoas racionais tomam decisões comparando custo e

benefício, elas respondem a incentivos. Os incentivos são determinantes para analisar o

funcionamento do mercado. Por exemplo, se o preço da maçã aumenta, as pessoas optam por

reduzir o consumo de maçãs, por outro lado, os fazendeiros com pomares de macieiras

decidem contratar mais trabalhadores e colher mais maçãs. Ou seja, o preço mais alto do

mercado proporciona um incentivo para que os compradores reduzam o seu consumo e um

incentivo para que os vendedores passem a produzir mais. O preço tem um efeito sobre o

comportamento dos consumidores e produtores que é essencial para entender como a

economia de mercado aloca recursos escassos.

Formuladores de políticas públicas jamais devem se esquecer dos incentivos, muitas

políticas modificam os custos e benefícios para as pessoas e, portanto, alteram seu

comportamento. Quando esses formuladores deixam de considerar como suas políticas afetam

os incentivos, eles provocam consequências indesejadas.

COMO AS PESSOAS INTERAGEM

Os próximos três princípios dizem respeito a como as pessoas interagem umas com as

outras.

Princípio 5: O comércio pode ser bom para todos

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Os países competem no mercado. Agora, supondo que uma empresa de um país A

produz carros e uma empresa de um país B também produz carros, haveria uma competição

entre as duas empresas pelos clientes no mercado de carros. De início pode se pensar que seria

algo negativo, porém essa competição entre os dois países pode ser boa para ambas as partes.

Para entender essa afirmação, pode-se pensar em como o comércio afeta sua família.

Quando alguém de sua família procura por emprego ele está disputando com membros de

outras famílias que também querem estar empregadas. O comércio permite com que as

pessoas se especializem naquilo que são melhores. Ao comerciarem com os outros, as pessoas

podem comprar uma maior variedade de bens e serviços a um custo menor. Assim como as

famílias, os países beneficiam-se da possibilidade de comerciar uns com os outros. Isso faz

com que eles desfrutem de uma maior variedade de bens e serviços.

Princípio 6: Os mercados são geralmente uma boa maneira de organizar a atividade

econômica

Alguns países tiveram economias de planejamento central (apenas o governo poderia

organizar a atividade econômica de maneira que promovesse o bem-estar econômico de todo

país), e a maioria deles abandonou esse sistema para tentar desenvolver economias de

mercado. Em uma economia de mercado as decisões estão nas mãos de milhares de empresas

e famílias. As empresas decidem quem contratar e o que produzir, por outro lado as famílias

decidem em que empresas trabalharem e o que comprar com sua renda.

Adam Smith fez uma observação em um de seus livros, em que segundo ele as

famílias e empresas atuam como se fossem guiadas por uma “mão invisível”, que leva a

resultados de mercado desejáveis. A sua visão era de que os preços se ajustam para direcionar

a oferta e a demanda, de forma que alcançariam resultados que maximizam o bem-estar da

sociedade.

Princípio 7: Às vezes os governos podem melhorar os resultados dos mercados

Precisamos do governo porque a mão invisível só poderá fazer maravilhas se o

governo garantir o cumprimento das regras e mantiver as instituições principais da economia.

Essas instituições são necessárias para garantir o direito de propriedade, que é a habilidade de

um indivíduo para possuir e exercer controle sobre os recursos escassos. Por exemplo, os

restaurantes só servirão refeições se tiverem a garantia de que os clientes pagarão antes de ir

embora. E eles confiam no governo para providenciar polícia e tribunais a fim de fazer valer o

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direito sobre aquilo que produziram, e a mão invisível conta com sua habilidade para garantir

esses direitos, o mesmo vale para todos.

O governo também intervém na economia para promover a eficiência e a igualdade.

Considerando a eficiência, quando o mercado, por si só, não consegue alocar os recursos de

maneira eficiente os economistas usam a expressão falha de mercado. Uma possível causa

para essa falha é a externalidade, que é o impacto das ações de uma pessoa sobre o bem-estar

dos que estão próximos, temos como exemplo a poluição. Outra possível causa é o poder de

mercado, que é a capacidade de uma ou um grupo de pessoas de influenciar de forma indevida

os preços de mercado, isso ocorre quando há um monopólio, ou seja, quando alguém detém o

poder de mercado sobre algo sem que haja competidores. Considere agora a igualdade, que

mesmo quando a mão invisível produz resultados eficientes pode apresentar grandes

diversidades no bem-estar econômico. Uma economia de mercado recompensa as pessoas de

acordo com a capacidade delas de produzir coisas na qual outras pessoas estejam dispostas a

pagar. Por exemplo, o melhor jogador de futebol do mundo ganha mais do que o melhor

jogador de xadrez do mundo, porque as pessoas estão dispostas a pagar mais caro para assistir

uma partida de futebol do que um jogo de xadrez. Essa desigualdade pode, dependendo das

circunstâncias, exigir a intervenção do governo.

COMO A ECONOMIA FUNCIONA

Já foi discutido como as pessoas tomam decisões e como elas interagem umas com as

outras. Essas decisões e interações formam “a economia”. Os três últimos princípios são

referentes ao funcionamento da economia.

Princípio 8: O padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e

serviços

O padrão de vida se altera de país para país e também ao longo do tempo. E quase

todas essas variações se dão por conta de diferenças de produtividade, que é a quantidade de

bens e serviços produzidos por unidade de insumo de mão de obra. A relação entre

produtividade e padrão de vida traz implicações para a política pública. Quando se formula

uma política se pensa como afetará os padrões de vida, e como ela afetará a capacidade de

produzir bens e serviços. Para aumentar os padrões de vida, é necessário que os formuladores

de políticas tenham em mente a necessidade de elevar a produtividade, garantindo aos

trabalhadores uma boa educação, tenham a disposição as ferramenta necessárias para produzir

bens e serviços e tenham acesso à melhor tecnologia possível.

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Princípio 9: Os preços sobem quando o governo emite moeda demais

Quando há uma grande emissão de moeda em um país, o valor desta cai. Com essa

elevada quantidade de moeda circulando, isso gera uma inflação, que é um aumento no nível

geral de preços da economia. Como exemplo temos a Alemanha que no início da década de

1920, quando em média os preços estavam triplicando a cada mês, a quantidade de moeda

também triplicava mensalmente.

Princípio 10: A sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre inflação e

desemprego

A maioria dos economistas aceitam as ideias (o aumento da quantidade de moeda na

economia estimula o nível geral de consumo e a demanda por bens e serviços; o aumento da

demanda pode levar as empresas a elevar os preços, porém esse aumento também incentiva as

empresas a contratar mais mão de obra e aumentar a quantidade de bens e serviços

produzidos; e maior contratação significa menor desemprego) de que a sociedade enfrenta um

tradeoff de curto prazo entre inflação e desemprego. Isso quer dizer que em um período de um

ou dois anos, muitas políticas econômicas empurram a inflação em direções opostas. Esse

tradeoff de curto prazo é de muita importância para a análise de ciclo de negócios, que são as

flutuações irregulares e imprevisíveis na atividade econômica, medidas pela produção de bens

e serviços ou pelo número de pessoas empregadas.

Capítulo 2 – Pensando como um economista

Todos os campos de estudo possuem uma linguagem e maneira própria de pensar. Na

economia se fala de oferta, demanda, elasticidade, vantagem comparativa, excedente do

consumidor, peso morto e outros. Esses são alguns termos da linguagem dos economistas. De

primeira vista essa nova linguagem pode parecer enigmática, mas como veremos, tem valor

por proporcionar uma nova e útil maneira de pensar sobre o mundo em que vivemos.

O livro tem como objetivo ajudar você a pensar como um economista, porém isso leva

algum tempo. E antes de se aprofundar nos detalhes da teoria econômica, é importante ter

uma visão geral de como os economistas encaram o mundo. Para isso, será discutida agora a

metodologia utilizada no campo da economia.

O ECONOMISTA COMO CIENTISTA

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Como os cientistas, os economistas procuram abordar seu campo estudo com

objetividade. Eles desenvolvem teorias, colhem dados e os analisam na tentativa de confirmar

ou refutar suas teorias. De início pode parecer estranho afirmar que a economia é uma ciência,

porém a essência da ciência é o método cientifico (desenvolvimento e teste imparcial de

teorias sobre como funciona o mundo).

O MÉTODO CIENTÍFICO: OBSERVAÇÃO, TEORIA E MAIS OBSERVAÇÃO

Um economista poderia viver em um país que passa por rápidos aumentos de preços e

ser levado por essa observação a desenvolver uma teoria da inflação. Esta teoria poderia

afirmar que a elevada inflação surge quando o governo emite muita moeda. Para testar essa

teoria, poderia ser feito pelo economista uma coleta e análise de dados sobre preços e moedas

em países distintos. Caso o aumento não estivesse relacionado a taxa de crescimento dos

preços, ele começaria a duvidar da validade de sua teoria da inflação. Mas se o aumento na

quantidade de moeda e a inflação estivessem fortemente correlacionados nos dados

internacionais, como ocorre de fato, o economista passaria a acreditar mais em sua teoria.

Mesmo usando os mesmos métodos de outros cientistas, eles enfrentam um obstáculo

que é a tarefa de conduzir experimentos, que é difícil e, às vezes, impossível. Pois, mantendo

o exemplo da inflação, não há como os economistas manipularem a política monetária de um

país simplesmente para gerar dados úteis. Eles têm de se satisfazerem com quaisquer dados

que o mundo possa lhes dar. E para substituir os experimentos em laboratório, os economistas

prestam muita atenção aos experimentos naturais que a história oferece.

O PAPEL DAS HIPÓTESES

Os economistas adotam hipóteses pelo motivo de que elas podem simplificar o mundo

complexo em que vivemos e o tornar mais fácil de entender. Para estudar o comércio

internacional pode-se supor, por exemplo, que o mundo se constitui de apenas dois países e

que cada um deles produz somente dois tipos de bens. De certo o mundo real é composto de

vários países e cada um produz milhares de diferentes tipos de bens. Contudo, quando se

adota a hipótese de dois países e dois bens, é possível concentrar o pensamento mais na base

do problema. Tendo entendido o comércio internacional de um mundo imaginário com dois

países e dois bens, estaremos com melhores condições de entender o comercio internacional

no mundo complexo em que vivemos.

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São usadas pelos economistas diferentes hipóteses para responder a diferentes

questões. Vamos supor que queremos estudar o que acontece com a economia quando o

governo muda a quantidade de dólares em circulação. Uma parte importante dessa análise é a

maneira como os preços reagem. Isso pode nos levar a formular diferentes hipóteses ao

estudarmos os efeitos da mudança da política em diferentes horizontes de tempo. Pode ser

feita uma análise de curto e longo prazo dos efeitos de uma mudança na quantidade de moeda.

MODELOS ECONÔMICOS

Os economistas usam modelos para aprender sobre o mundo. Esses modelos

econômicos são compostos de diagramas e equações. Eles omitem muitos detalhes para

permitir que vejamos o que realmente importa, com isso os modelos dos economistas não

incluem todas as características da economia. Ao usar modelos para examinar diversas

questões econômicas, você verá que todos eles são construídos com hipóteses e simplificam a

realidade para que possamos compreendê-la melhor.

Nosso primeiro modelo: o diagrama do fluxo circular

Milhões de pessoas envolvidas em muitas atividades como comprar, vender, trabalhar,

contratar, fabricar etc, nisso consiste a economia. Para entender como ela funciona é preciso

encontrar alguma maneira de simplificar nosso pensamento sobre essas atividades. Ou seja,

precisamos de um modelo que explique, de maneira geral, como a economia está organizada e

como seus participantes interagem entre si.

O diagrama do fluxo circular é um modelo visual da economia que mostra como a

moeda circula pelos mercados entre as famílias e as empresas. Esse modelo simplifica a

economia para incluir apenas dois tipos de tomadores de decisões: famílias e empresas. As

empresas produzem bens e serviços usando insumos, como trabalho terra e capital, que são

chamados de fatores de produção. As famílias são proprietárias dos fatores de produção e

consomem todos os bens e serviços que as empresas produzem.

As empresas e as famílias interagem em dois tipos de mercado. Nos mercados de bens

e serviços, as famílias são compradoras e as empresas vendedoras, ou seja, as famílias

compram os bens e serviços que as empresas produzem. Nos mercados de fatores de

produção, as famílias são vendedoras e as empresas compradoras. As famílias fornecem os

insumos que as empresas usam para produzir bens e serviços. Esse diagrama oferece uma

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maneira simples de organizar todas as transações econômicas que ocorrem entre as famílias e

as empresas na economia.

Os dois conjuntos de flechas do diagrama são distintos, mas se relacionam. O conjunto

interno representa o fluxo de insumos e produtos. As famílias vendem o seu trabalho, terra e

capital para as empresas nos mercados de fatores de produção. As empresas utilizam esses

fatores para produzir bens e serviços que serão vendidos para as famílias nos mercados de

bens e serviços. O conjunto externo representa o fluxo de moedas. As famílias gastam seu

dinheiro para comprar bens e serviços das empresas e as empresas usam parte da receita

dessas vendas para pagar pelos fatores de produção, como por exemplo o salário de seus

trabalhadores. O que sobra é lucro dos proprietários.

Nosso segundo modelo: a fronteira de possibilidades de produção

A fronteira de possibilidades de produção é um gráfico que mostra as diversas

combinações de produção que a economia pode produzir dados os fatores de produção e a

tecnologia produtiva disponíveis que as empresas podem utilizar para transformar esses

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fatores em produtos. Em outras palavras, são as possibilidades que uma economia tem de

produzir, utilizando de forma eficiente os recursos e fatores de produção que ela possui.

Por exemplo, se uma economia emprega todos os seus recursos na indústria

automobilística, produz 1.000 carros, mas nenhum computador. Se ela emprega todos os

recursos na indústria de computadores, ela produz 3.000 computadores, mas nenhum carro.

Os dois pontos finais da fronteira representam essas possibilidades extremas. Mas ela pode

dividir seus recursos entre as duas indústrias, produzindo carros e computadores.

Nos pontos A, B, E e F, é possível observar que os recursos desta economia estão

sendo utilizados de maneira eficiente, ou seja, a economia consegue obter o máximo dos

escassos recursos disponíveis. O ponto C representa uma situação na qual a economia não

pode produzir essa quantidade de carros e computadores, pois como os recursos são escassos

nem todo resultado esperado é viável. E o ponto D representa um resultado ineficiente, a

economia está produzindo menos do que poderia com os recursos disponíveis.

A fronteira de possibilidade de produção mostra um tradeoff que a sociedade enfrenta.

Tendo atingido os pontos de eficiência da fronteira, a única maneira de produzir mais de um

bem é produzir menos de outro. Quando a economia, por exemplo, se move do ponto A para o

B, a sociedade produz mais 100 carros, à custa de uma produção menor de 200 computadores.

Isso também pode se entender por custo de oportunidade, que é o custo de uma coisa que você

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abre mão para obter outra. No ponto A o custo de oportunidade de 100 carros é de 200

computadores, deixa-se de produzir 200 computadores para produzir 100 carros adicionais.

A fronteira de possibilidade de produção mostra o tradeoff entre a saída de bens

diferentes em determinado período, mas ele pode se modificar com o tempo. Suponha que um

avanço tecnológico na indústria da informática aumente o número de computadores que um

trabalhador consegue produzir semanalmente. Esse avanço aumenta as oportunidades da

sociedade. Para um número determinado de carros, a economia pode produzir mais

computadores. Mesmo se não produzir nenhum computador, ainda é possível produzir 1.000

carros, então um ponto da fronteira permanece igual, o restante se altera.

A figura ilustra o crescimento econômico. É possível mover a produção de um ponto

da fronteira antiga para um ponto na nova. A fronteira de possibilidade de produção simplifica

uma economia complexa para destacar e esclarecer algumas ideias básicas como escassez,

eficiência, tradeoffs, custo de oportunidade e crescimento econômico.

MICROECONOMIA E MACROECONOMIA

A economia é estudada em diversos níveis. Podem ser estudadas as decisões tomadas

individualmente de famílias ou empresas. Ou a interação entre elas nos mercados dos bens e

serviços específicos. Ou ainda a operação da economia como um todo, a soma das atividades

de todos os tomadores de decisões em todos os mercados.

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O campo da economia divide-se em dois amplos subcampos. A microeconomia é o

estudo de como as famílias e empresas tomam decisões e de como elas interagem em

mercados específicos. A macroeconomia é o estudo de fenômenos que englobam toda a

economia, incluindo inflação, desemprego e crescimento econômico. A microeconomia e a

macroeconomia estão intimamente ligadas. Pelo fato de que as mudanças na economia como

um todo resultam das decisões de milhões de pessoas, com isso é impossível entender os

desdobramentos macroeconômicos sem considerar as decisões microeconômicas associadas a

eles. Por exemplo, um macroeconomista pode estudar os efeitos de um corte no imposto de

renda sobre a produção geral de bens e serviços e para analisar a questão ele precisa levar e

consideração de que maneira o core de impostos afeta as decisões das famílias sobre quanto

gastar em bens e serviços. Apesar da ligação entre elas, a microeconomia e a macroeconomia

são dois campos distintos. Tratam de questões diferentes, por isso cada um tem seu próprio

campo de atuação.

O ECONOMISTA COMO CONSELHEIRO DE POLÍTICAS

Muitas vezes pede-se que os economistas expliquem as causas de acontecimentos

econômicos. Às vezes solicita-se que os economistas recomendem políticas que melhorem os

resultados da economia. Quando tentam explicar o mundo, os economistas são cientistas.

Quando tentam ajudar a melhorar a situação, são conselheiros políticos.

Análise positiva versus análise normativa

As declarações positivas são descritivas e referem-se a como o mundo é. As

declarações normativas são prescritivas e referem-se a como o mundo deveria ser. Uma

diferença fundamental entre elas está em como se julgam sua validade. Para entender melhor

vejamos duas declarações. Uma declaração A (positiva) diz que as leis do salário mínimo

causam desemprego. Outra declaração B (normativa) diz que o governo deveria aumentar o

salário mínimo. Para confirmar ou refutar as afirmações positivas é necessário passar por um

exame de evidências. Um economista poderia avaliar a declaração A analisando dados sobre

as variações no salário mínimo e no desemprego ao longo do tempo. Por outro lado, avaliar

afirmações normativas envolve tanto valores quanto fatos. A declaração B não pode ser

julgada apenas com base em dados. Decidir o que é política boa ou ruim além de ser uma

questão de ciência, envolve também nossa visão sobre ética, religião e filosofia política.

Embora sejam declarações diferentes, estão interligadas no conjunto de crenças de um

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indivíduo. Uma visão política do mundo afeta a visão normativa sobre quais políticas são

necessárias.

Economistas em Washington

Os conselhos dos economistas nem sempre são diretos, sempre dizem “por um lado...

e por outro...”. Eles estão cientes de que tradeoffs estão incluídos na maioria das decisões

políticas. Uma política pode aumentar a eficiência ao custo da igualdade e pode ajudar

gerações futuras em detrimento das atuais.

O presidente dos Estados Unidos é orientado pelo Conselho de Assessores

Econômicos, que consiste de três membros e uma equipe composta de dezenas de

economistas. Ele também recebe insumos de economistas de muitos departamentos

administrativos. A influência dos economistas sobre a política não se limita ao seu papel de

assessores, as pesquisas e os textos produzidos por eles afetam indiretamente a política.

Porque nem sempre os conselhos dos economistas são seguidos

Os economistas que atuam como conselheiros de presidentes ou outros líderes sabem

que nem sempre suas recomendações serão ouvidas. É fácil entender o motivo, pois o

processo em que a política econômica é feita é diferente do processo político idealizado, como

apresentado nos livros de economia.

Depois de ouvir as ideias dos conselheiros econômicos sobre as melhores políticas,

também ouve outros consultores, como conselheiros de comunicação, conselheiros de

imprensa, conselheiros sobre assuntos legislativos e conselheiros políticos. Depois de ter

analisado todas as informações ele decide como proceder. Os economistas apresentam

informações cruciais ao processo, porém suas decisões são apenas um dos ingredientes de

uma receita completa.

Por que os economistas divergem

Existem dois motivos básicos para explicar porque os economistas aparecem de modo

frequente dando conselhos conflitantes aos formuladores de políticas. Primeiro que os

economistas podem discordar quanto à validade de teorias positivas alternativas sobre o

funcionamento do mundo. Segundo, os economistas podem ter valores diferentes e, portanto,

visões normativas diferentes sobre que políticas devem ser realizadas.

Divergências quanto ao julgamento científico

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A ciência é a busca pela compreensão do mundo que nos cerca. A medida que a busca

continua, os cientistas podem divergir quanto à direção em que a verdade se encontra. Os

economistas divergem, com frequência, pelo mesmo motivo. As vezes divergem porque tem

palpites sobre a validade de teorias alternativas ou sobre o tamanho de parâmetros

importantes, que avaliam como as variáveis econômicas estão relacionadas.

Um exemplo são os economistas que divergem, sobre se o governo deveria cobrar

impostos sobre a renda das famílias sobre o seu consume. Cada grupo defende suas opiniões e

ressalta os pontos positivos. Esses dois grupos de economistas têm diferentes opiniões

normativas sobre o sistema tributário porquê tem diferentes opiniões positivas a respeito do

grau de resposta da poupança aos incentivos tributários.

Divergências quanto a valores

Vejamos um exemplo em que duas pessoas retiram a mesma quantidade de água de

um poço. Para a manutenção do poço é cobrado imposto aos moradores da cidade. Uma

pessoa tem uma renda de R$ 100.000 e é taxado em R$ 10.000, ou 10% de sua renda. Outra

tem uma renda de R$ 20.000 e é taxado em R$ 4.000, ou 2% de sua renda. Pode se questionar

se essa política é justa. As pessoas provavelmente irão discordar sobre isso. Se fossem

contratados dois especialistas para estudar como os moradores deveriam ser taxados para

pagar pelo poço, não seria surpreendente que eles oferecessem conselhos diferentes. Isso

mostra porque os economistas as vezes divergem a respeito de políticas públicas. As políticas

não podem ser julgadas somente com base na ciência, algumas vezes eles podem dar

conselhos conflitantes porque tem valores diferentes.

Percepção e realidade

É inevitável que haja divergência entre os economistas, pois como se sabe existem

diferenças de julgamento científico e de valores. Porém não se deve exagerar o grau dessa

divergência. Os economistas concordam entre si com muito mais frequência do que se

imagina.

Capítulo 4 – As forças de mercado da oferta e da demanda

As palavras que os economistas usam mais frequentemente são oferta e demanda, elas

são as forças que fazem as economias de mercado funcionar. São elas que determinam a

quantidade produzida de cada bem e o preço que o bem será vendido.

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MERCADOS E COMPETIÇÃO

Os termos oferta e demanda referem-se ao comportamento das pessoas à medida que

interagem entre si em mercados competitivos. É importante aprofundarmos a análise dos

termos mercado e competição.

O que é mercado?

Mercado é um grupo de compradores e vendedores de determinado bem ou serviço.

Os compradores determinam a demanda pelo produto e os vendedores a oferta do produto. Os

mercados constituem-se de diferentes formas. Podem ser altamente organizados, como os

mercados de muitas mercadorias agrícolas, onde compradores e vendedores encontram-se em

horários e lugares determinados, no qual um leiloeiro ajuda a estabelecer os preços e a

organizar as vendas.

Os mercados são mais frequentemente menos organizados. Considere, por exemplo, o

mercado de sorvete em uma determinada cidade. Os compradores não se reúnem em um

horário determinado. Os vendedores se localizam em diferentes pontos da cidade e oferecem

diversos produtos. O preço é estabelecido pelo vendedor e cada comprador decide quanto de

sorvete quer comprar e em qual sorveteria. Os compradores decidem qual dos vendedores

mais lhes satisfazem e os vendedores fazem o possível para atrair os compradores e fazer com

que seu negócio tenha sucesso.

O que é competição?

A expressão mercado competitivo (concorrência de mercado) foi empregada pelos

economistas para descrever um mercado onde há tantos compradores e vendedores que cada

um deles têm impacto insignificante sobre o preço do mercado. Um vendedor não seria

inteligente se vendesse abaixo do preço vigente e se cobrar mais do que isso os compradores

optarão por comprar em outro lugar. Do mesmo modo que um comprador não pode

influenciar no preço do sorvete, pois cada um deles compra uma pequena quantidade em

relação ao total de sorvete comercializado no mercado.

Os mercados podem ser perfeitamente competitivos (concorrência perfeita). Para

alcançar essa forma de competição, o mercado deve possuir os bens que são oferecidos para

venda todos iguais e os compradores e vendedores serem tão numerosos que nenhum deles é

capaz de, individualmente, influenciar o preço de mercado. Por terem de aceitar os preços que

o mercado determina, os compradores e vendedores são chamados de tomadores de preços.

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Os compradores podem adquirir tudo o que desejam e os vendedores podem vender tudo o

que querem, porém devem respeitar o preço do mercado.

Existem mercados que a competição perfeita é aplicada totalmente. Um exemplo é o

mercado de trigo, em que há milhares de agricultores que vendem trigo e milhões de

consumidores que utilizam o grão e seus derivados. Por não existir um comprador ou

vendedor específico que seja capaz de influenciar o preço do trigo, cada um aceita o preço

como estabelecido.

Mas, nem todos os bens e serviços são negociados em mercados perfeitamente

competitivos. Tem mercados que possuem um só vendedor, que determina o preço. Isso é

chamado monopólio. Pode ser que a empresa de TV a cabo que presta serviços para sua casa

seja um monopólio, isso se os moradores da sua cidade só possam comprar os serviços de

uma única empresa. Existem alguns mercados, mais complexos, que se situam entre os

extremos da competição perfeita e monopólio.

DEMANDA

Demanda é o desejo de consumir um determinado bem. Iniciaremos o estudo dos

mercados examinando os compradores.

A curva de demanda: a relação entre preço e quantidade demandada

A quantidade demandada de um bem é a quantidade desse bem que os compradores

desejam e podem comprar. São muitas coisas que determinam a quantidade demandada de um

bem. Quando se analisa o funcionamento dos mercados, um determinante central é o preço do

bem. Considerando como exemplo o sorvete. Se o preço do sorvete aumentar para R$ 10,00 a

bola, você comprará menos sorvete. Você poderá comprar picolé (bem substituto) em vez de

sorvete. Se o preço do sorvete diminuir para R$ 0,20 você comprará mais sorvete. Isso se

aplica a maioria dos bens existentes na economia, e é tão universal que os economistas o

chamam de lei da demanda, na qual, quando tudo o mais é mantido constante, quando o preço

do bem aumenta, a quantidade demandada diminui e quando o preço diminui, a quantidade

demandada do bem aumenta. O preço e a quantidade demandada são inversamente

proporcionais.

A tabela da figura a seguir mostra quantos sorvetes uma menina compra por mês, com

as alterações de preços. Sendo o sorvete gratuito ela consumirá 12 casquinhas por mês. Se for

R$ 0,50 por casquinha, ela comprará 10 casquinhas por mês. Cada vez que aumentar o preço,

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ela comprará menos sorvete. Quando atingir R$ 3,00 ela não comprará nenhum sorvete. Isso é

chamado de escala de demanda, a qual mostra a relação entre o preço de um bem e sua

quantidade demandada, mantidas constantes todas demais coisas que influenciam a

quantidade do bem que os consumidores desejam comprar.

O gráfico usa os números da tabela para ilustrar a lei da demanda. O preço do sorvete

está representado no eixo vertical, e a quantidade demandada no eixo horizontal, a linha

inclinada para baixo relaciona o preço e a quantidade demandada é chamada curva de

demanda.

Demanda de mercado versus demanda individual

A curva de demanda representa a demanda de uma pessoa por um produto. Para

analisar como funcionam os mercados, é preciso determinar a demanda de mercado, que

compreende a soma de todas as demandas individuais por determinado bem ou serviço.

A próxima figura mostra as escalas de demanda por sorvete de duas pessoas, Catarina

e Nicolau. As suas escalas nos dizem quanto de sorvete cada um deles compra a cada

alteração no preço. A demanda de mercado a cada preço é a soma das duas demandas

individuais.

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O gráfico mostra as curvas de demanda que correspondem a essas escalas de demanda.

Soma-se as curvas de demanda individuais horizontalmente para obter a curva de demanda de

mercado. Para encontrar a quantidade demandada total para qualquer preço, são somadas as

quantidades encontradas no eixo horizontal das curvas de demanda individuais. A curva de

demanda de mercado mostra como a quantidade total demandada de um bem varia conforme

o seu preço varia, sendo que todos os demais fatores que afetam o desejo dos consumidores de

comprar se mantenham constantes.

Deslocamentos da curva de demanda

A curva de demanda de mercado não precisa ser estável ao longo do tempo. Se

acontecer algo que altere a quantidade demandada a cada preço dado, a curva de demanda se

deslocará. Como ilustra o gráfico a seguir, qualquer mudança que aumente a quantidade

demandada a cada preço desloca a curva de demanda para a direita e é chamada aumento da

demanda. E qualquer mudança que reduza a quantidade demandada a cada preço desloca a

curva para a esquerda e se chama redução da demanda.

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As variáveis mais importantes que podem deslocar a curva de demanda são:

Renda – Uma renda menor fará com que você gaste menos com alguns bens, ou todos. Se a

demanda por um bem diminui quando a renda cai, este bem é chamado bem normal. Por

exemplo, a demanda por arroz. Por outro lado, se a demanda por um bem aumenta quando a

renda diminui, este bem é chamado bem inferior. Um exemplo seria o consumo de miojo, que

se há uma diminuição na renda de uma pessoa, ela optará por consumir miojo ao invés de

macarrão. Temos ainda o bem de consumo saciado, que são aqueles bens que independente de

alterações na renda não afetará a demanda, que sempre estará constante, por exemplo o papel

higiênico. E os bens de luxo, que tendo um aumento da renda mais que proporcional, a

quantidade demandada aumenta, por exemplo um diamante.

Preços de bens relacionados – Se uma diminuição no preço de um bem reduz a demanda por

outro bem, são eles bens substitutos. Um bem substitui o outro e gera o mesmo grau de

satisfação. Como tênis e sapatos, cachorros-quentes e hambúrgueres, Guaraná e Coca-Cola.

Quando a queda do preço de um bem aumenta a demanda de outro, os dois bens são

chamados complementares. Suponhamos que o preço do tênis diminua, a demanda por tênis

consequentemente irá aumentar, com isso a demanda por meia também terá um aumento,

tendo em vista que esses bens são usados juntos, ou seja, um complementa o outo. Os bens

complementares são pares de bens que são frequentemente usados em conjunto.

Gostos – Um importante determinante da demanda são seus gostos. Se você gosta de

chocolate, comprará mais chocolate. Os economistas normalmente não tentam explicar os

gostos pois eles se baseiam em forças históricas e psicológicas que estão além do campo de

estudo da economia, eles apenas examinam o que acontece quando os gostos mudam.

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Expectativas – As expectativas quanto ao futuro podem afetar a demanda por um bem ou

serviço hoje. Por exemplo, se você tem a expectativa de que o preço do sorvete diminua

amanhã, pode estar menos disposto a comprar sorvete ao preço de hoje.

Número de compradores – Além dos fatores já mencionados, que influenciam o

comportamento de compradores individuais, a demanda de mercado depende do número

desses compradores. Se Pedro se juntasse a Catarina e Nicolau, como outro consumidor de

sorvete, a quantidade demandada de mercado seria maior a cada preço e a curva de demanda

aumentaria, deslocaria para a direita.

OFERTA

Voltando-se agora para o outro lado do mercado, para examinar o comportamento dos

vendedores.

A curva de oferta: a relação entre preço e quantidade ofertada

A quantidade ofertada de qualquer bem ou serviço é a quantidade que os vendedores

querem e podem vender. Existem vários determinantes da quantidade ofertada, mas o preço

representa papel central nessa análise, mais uma vez. Quando o preço do sorvete aumenta, é

lucrativo vender sorvete, por isso a quantidade ofertada é grande. Quando o preço do bem está

baixo, o negócio é menos lucrativo para os vendedores e eles produzem menos bens e

serviços. A relação entre preço e quantidade ofertada é chamada lei da oferta. Tudo o mais

constante, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem aumenta, e

quando o preço de um bem diminui, a quantidade ofertada desse bem também diminui.

A tabela a seguir mostra a quantidade ofertada por um vendedor de sorvete, a cada

preço. A qualquer preço abaixo de R$ 1,00 ele não oferece nenhuma quantidade de sorvete. À

medida que o preço aumenta, ele oferece uma quantidade cada vez maior. Essa é a escala de

oferta, a relação entre o preço e a quantidade ofertada de um bem, sendo mantido constantes

as demais coisas que influenciam o quanto os produtores do bem desejam vende-lo. O gráfico

usa os dados da tabela para ilustrar a lei da oferta. A curva que relaciona o preço e a

quantidade ofertada se chama curva de oferta, ela se inclina para cima pois, tudo o mais

constante, um preço maior resulta numa quantidade ofertada maior.

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Oferta de mercado versus oferta individual

A oferta de mercado é a soma das ofertas de todos os vendedores. Então, vejamos uma

tabela na qual nos mostra as escalas de oferta de dois produtores de sorvete. A escala

individual diz o quanto de sorvete foi ofertada por cada um deles. A oferta de mercado é a

soma dessas suas ofertas individuais. O gráfico mostra as curvas de oferta que correspondem

às escalas de oferta. Da mesma forma das curvas de demanda, soma-se horizontalmente as

curvas de oferta individuais para obter a curva de oferta de mercado. Essa curva mostra como

a quantidade ofertada total varia de acordo com a variação do preço do bem, mantendo

constante os outros fatores que afetam a oferta.

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Deslocamento da curva de oferta

A curva de oferta se desloca quando um dos fatores se modifica. Considere, por

exemplo, uma queda no preço do açúcar. O açúcar é um insumo utilizado na produção do

sorvete, com a queda no preço do açúcar se torna mais lucrativa a venda de sorvete. Isso

aumenta a oferta de sorvete, que levará os vendedores a produzir uma quantidade maior.

Assim, a curva de oferta de sorvete se desloca para a direita. Como ilustra o gráfico a seguir,

qualquer mudança que aumente a quantidade ofertada a cada preço desloca a curva de oferta

para a direita e é chamada aumento da oferta. E qualquer mudança que reduza a quantidade

ofertada a cada preço desloca a curva para a esquerda e se chama redução da oferta.

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As variáveis, mais importantes, que podem deslocar a curva de oferta são:

Preço dos insumos (fatores de produção) – Quando aumenta o preço de um ou mais dos

insumos necessários a produção de um bem, esta se torna menos lucrativa e as empresas

tendem a ofertar menos desse bem. Por exemplo, para a produção de sorvete os vendedores

necessitam de vários insumos, como leite, açúcar, aromatizantes, máquinas de fabricar

sorvete, as fábricas onde o sorvete é produzido e os trabalhadores para misturar os

ingredientes. Com o aumento de um ou mais desses insumos, a oferta desse bem irá diminuir.

A oferta de um bem está negativamente relacionada com o preço dos insumos utilizados na

sua produção.

Bens substitutos – O aumento do preço de outro bem substituto na produção, causa uma

redução na oferta do bem, e vice-versa. Por exemplo, um aumento no preço do refrigerante irá

reduzir a oferta de suco, pois, como o refrigerante está mais caro o vendedor lucrará mais

vendendo refrigerante, do que vendendo suco.

Tecnologia – Um aumento na tecnologia aumenta a oferta do bem. A tecnologia que é

utilizada para transformar os insumos em sorvete é um determinante da oferta. A invenção de

máquinas de produzir sorvete reduziu a quantidade de trabalho necessária para a produção de

sorvete. Reduzindo os custos das empresas, os avanços na tecnologia aumentam a oferta de

sorvete.

Expectativas – A quantidade de um bem que a empresa oferta hoje pode depender de suas

expectativas em relação ao futuro. Por exemplo, se uma empresa tiver a expectativa de que o

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preço do sorvete aumente no futuro, ela estocará uma parte de sua produção atual e ofertará

menos hoje.

Número de vendedores – A oferta de mercado, além dos fatores já mencionados, também

depende do número de vendedores. Se Ben e Jerry (vendedores de sorvete) saíssem do ramo

de sorvete, a oferta no mercado diminuiria.

Oferta e demanda reunidas

Após analisar separadamente a oferta e a demanda, vamos combina-las para ver como

determinam a quantidade de um bem vendido no mercado e seu preço.

Equilíbrio

Vejamos um gráfico que mostra a curva de oferta de mercado e a de demanda de

mercado juntas. Observe que há um ponto em que ocorre o encontro das curvas de oferta e

demanda, o que é chamado equilíbrio do mercado. O preço onde ocorre esse encontro é

chamado preço de equilíbrio (o preço que iguala a quantidade ofertada e a quantidade

demandada) e a quantidade é denominada quantidade de equilíbrio. Neste gráfico o preço de

equilíbrio é R$ 2,00 por sorvete e a quantidade de equilíbrio é de 7 sorvetes. Quando acontece

o equilíbrio o mercado está satisfeito pois, os compradores compraram tudo o que desejavam

comprar e os vendedores venderam tudo o que desejavam vender.

Quando o preço de mercado não é igual ao preço de equilíbrio podem gerar dois

efeitos, excesso de oferta e excesso de demanda. Excesso de oferta é uma situação em que a

quantidade ofertada é maior que a quantidade demandada, ou seja, os fornecedores não

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conseguem vender tudo que querem ao preço vigente. Com isso, os vendedores percebem que

seus estoques estão ficando cheios e eles não conseguem vender seu produto, a solução para

isso é reduzir os preços, resultando no aumento da quantidade demandada e diminuição da

quantidade ofertada, isso ocasionará movimentos ao longo das curvas e não o deslocamento

delas. Os preços continuam a cair até que o mercado atinja seu equilíbrio.

Excesso de demanda é uma situação em que a quantidade demandada é maior que a

quantidade ofertada, ou seja, os compradores não conseguem comprar tudo o que querem ao

preço vigente. Isso determina que existem muitos compradores em busca de poucos bens,

fazendo com que os vendedores possivelmente aumentem os preços. Esses aumentos fazem

com que a quantidade demandada caia e a ofertada suba. Novamente essas mudanças

representam movimentos ao longo das curvas, levando o mercado em direção ao equilíbrio.

Independentemente de o preço começar muito alto ou muito baixo, as atividades dos

compradores e vendedores conduzem automaticamente o mercado ao preço de equilíbrio. O

preço de qualquer bem se ajusta para trazer a quantidade ofertada e a quantidade demandada

do bem para o equilíbrio, isso se chama lei da oferta e da demanda.

Três passos para analisar mudanças de equilíbrio

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Quando algum acontecimento desloca a curva de oferta ou de demanda, o equilíbrio de

mercado muda, resultando em um novo preço e uma nova quantidade trocada entre

compradores e vendedores. Ao analisar como algum fato afeta um mercado, se faz em três

etapas. Primeiro, analisar se o fato desloca a curva de oferta, a curva de demanda ou, em

alguns casos, ambas as curvas. Segundo, decidir se a curva se desloca para a direita ou para a

esquerda. Terceiro, usar o diagrama de oferta e demanda para comparar o equilíbrio inicial

com o novo equilíbrio, para ver como o deslocamento afeta o preço e a quantidade de

equilíbrio.

Exemplo: Uma mudança no equilíbrio do mercado em virtude de um deslocamento da

demanda

Suponhamos que o tempo fique muito quente em um determinado verão. Como isso

afeta o mercado de sorvete? Três etapas:

1. O tempo quente faz com que o desejo das pessoas por sorvete aumente afetando a

curva de demanda.

2. A curva de demanda desloca‐ se para a direita, aumentando a quantidade

demandada independente do preço.

3. Preço de equilíbrio elevado; quantidade de equilíbrio elevada

Deslocamento das curvas versus movimento ao longo delas

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Quando a demanda por um bem aumenta, consequentemente seu preço também irá

aumentar, com isso haverá um aumento da quantidade ofertada, mas não da oferta. Oferta

refere-se à posição da curva de oferta, já a quantidade ofertada tem a ver com a quantidade

que os fornecedores desejam vender. O aumento da quantidade ofertada é representado pelo

movimento ao longo da curva de oferta.

Um deslocamento da curva de oferta é chamado mudança de oferta e um

deslocamento da curva de demanda é chamado mudança da demanda. Um movimento ao

longo de uma curva de curva de oferta fixa é chamado mudança na quantidade ofertada e um

movimento ao longo de uma curva de demanda fixa é denominado mudança na quantidade

demandada.

Exemplo: uma mudança no equilíbrio do mercado em virtude de uma mudança na oferta

Suponhamos que, em um outro verão, um furacão destrua parte da safra de cana‐ de-

açúcar e que isso aumente o preço do açúcar. Como esse fato afeta o mercado de sorvete?

Três etapas:

1. A mudança do preço do açúcar afeta a curva de oferta.

2. A curva de oferta desloca‐ se para a esquerda.

3. Preço de equilíbrio elevado; quantidade de equilíbrio reduzida.

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Exemplo: deslocamentos tanto da oferta quanto da demanda

Suponhamos agora que a onda de calor e o furacão aconteçam no mesmo verão. Três

etapas:

1. As duas curvas se deslocam. O calor afeta a curva de demanda e o furacão desloca a

curva de oferta.

2. A curva de demanda desloca‐ se para a direita e a curva de oferta, para a esquerda.

3. O preço de equilíbrio aumenta, porém, a quantidade pode aumentar ou diminuir.

Pode haver um aumento substancial na demanda, enquanto que a oferta é um pouco reduzida.

E também pode a oferta se reduzida substancialmente, enquanto a demanda aumenta um

pouco

Capítulo 6 – Oferta, demanda e políticas do governo

Os economistas desempenham duas funções. Desenvolvem e testam teorias para

explicar o mundo que nos cerca e usam suas teorias para ajudar a transformar o mundo em um

lugar melhor. Vamos analisar agora diversos tipos de política governamental usando apenas

as ferramentas de oferta e demanda.

CONTROLE DE PREÇOS

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Existem políticas que controlam diretamente os preços. Por exemplo, as leis de

controle do aluguel determinam um preço máximo que os proprietários podem cobrar de seus

inquilinos. O preço máximo é um limite máximo legal para o preço a qual um bem pode ser

vendido. Outro exemplo são as leis de salário mínimo que determinam o menor salário que as

empresas podem pagar aos trabalhadores, isso se chama preço mínimo. O preço mínimo é um

limite mínimo legal para o preço a qual um bem pode ser vendido. Isso ocorre quando nem

todos estão felizes com o resultado do processo de livre mercado. Os compradores de

qualquer bem sempre querem preços menores, já os vendedores querem preços maiores, com

isso os interesses dos dois grupos entram em conflito, fazendo com que o governo

implemente uma política de controle de preços.

Como os preços máximos afetam os resultados do mercado

Vejamos como exemplo o mercado de sorvete. Quando o governo impõe um preço

máximo a esse mercado, pode obter dois resultados. Sendo o preço de equilíbrio R$ 3,00 o

governo pode impor um preço máximo de R$ 4,00 por casquina. Como, neste caso, o preço de

equilíbrio está abaixo do máximo, o preço máximo não é obrigatório. Com isso a economia se

move naturalmente em direção ao equilíbrio e o preço máximo não exerce efeito sobre o

preço ou a quantidade vendida.

Outra possibilidade é o governo impor um preço máximo de R$ 2,00 por casquinha.

Como o preço de equilíbrio de R$ 3,00 está acima do preço máximo, age como uma restrição

obrigatória sobre o mercado. A oferta e demanda tendem a mover o preço em direção ao

equilíbrio, mas quando o preço de mercado atinge o preço máximo, não pode, por lei,

aumentar mais. Isso acarreta uma escassez ou também chamada excesso de demanda, pois a

oferta não consegue superar a demanda.

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Esse exemplo do sorvete mostra um resultado geral: “quando o governo impõe um

preço máximo obrigatório a um mercado competitivo surge uma escassez do produto e os

produtores são obrigados a racionar os bens escassos entre um grande número de compradores

em potencial”.

Como os preços mínimos afetam os resultados de mercado

Novamente analisando o mercado de sorvete, examinaremos agora outro tipo de

controle de preços exercidos pelo governo. O governo pode impor um preço mínimo. Os

preços mínimos, como os máximos, são uma tentativa do governo para manter os preços em

níveis diferentes do de equilíbrio. Um preço máximo estabelece um teto legal, e um preço

mínimo e um mínimo legal.

Quando o governo impõe um preço mínimo há dois resultados possíveis. Se ele impor

um preço mínimo de R$ 2,00 por casquinha, sendo o preço de equilíbrio de R$ 3,00, como o

preço de equilíbrio está acima do preço mínimo, este não é obrigatório. A economia se move

naturalmente para o equilíbrio e o preço mínimo não surte nenhum efeito.

O outro resultado possível é quando o governo institui um preço mínimo de R$ 4,00

por casquinha. Agora, como o preço de equilíbrio é inferior ao mínimo legal, o preço mínimo

torna-se obrigatório, passando a ser uma restrição no mercado. A oferta e a demanda tendem a

mover o preço em direção ao equilíbrio, mas quando o preço de mercado atinge o mínimo

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legal, não pode continuar a cair. Nesse caso, um preço mínimo acarreta um excedente, pois a

quantidade ofertada supera a quantidade demandada.

Avaliação do controle de preço

Os formuladores de políticas adotam controles de preços porque consideram injustos

os resultados de mercados. Esses controles geralmente visam ajudar os pobres. Por exemplos,

as leis de controles dos alugueis procuram tornar a moradia acessível para todos, e as leis de

salário mínimo tentam ajudar os pobres a escapar da pobreza. Porém, muitas vezes os

controles de preços prejudicam as pessoas no qual estão tentando ajudar. O controle dos

alugueis podem manter os alugueis baixos, mas também desencoraja os proprietários de

manter seus prédios e torna difícil encontrar moradia. As leis de salário mínimo podem elevar

a renda de alguns trabalhadores, mas outros de certo ficarão desempregados.

As pessoas que precisam podem receber ajuda sem a utilização do controle de preços.

Por exemplo, o governo tornaria a moradia mais acessível se arcasse com uma parte do

aluguel que as famílias pagam, com isso não reduziria a quantidade ofertada de imóveis,

evitando a escassez. Porém isso custaria dinheiro para o governo e faria com que os impostos

aumentassem.

IMPOSTOS

Todos os governos usam impostos para levantar receita para projetos públicos como

estradas, escolas e defesa nacional. Por isso é importante estudar como impostos afetam a

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economia. As pessoas buscam compreender que arca com os impostos cobrados pelo governo.

A expressão incidência tributária se refere a como o ônus tributário é distribuído entre as

várias pessoas que formam a economia.

Como os impostos cobrados dos vendedores afetam os resultados de mercado

Primeiro considere um imposto que passa a ser cobrado dos vendedores de

determinado bem. Suponhamos que uma lei é aprovada pelo governo local para que os

vendedores de sorvete de casquinha lhe repassem R$ 0,50 por sorvete vendido. Para saber

como essa lei afetaria os compradores e vendedores, podemos seguir as três etapas vistas

anteriormente para a análise de oferta e da demanda: Primeiro, analisar se o fato desloca a

curva de oferta, a curva de demanda ou, em alguns casos, ambas as curvas. Segundo, decidir

se a curva se desloca para a direita ou para a esquerda. Terceiro, usar o diagrama de oferta e

demanda para comparar o equilíbrio inicial com o novo equilíbrio, para ver como o

deslocamento afeta o preço e a quantidade de equilíbrio.

Primeira etapa – O impacto imediato do imposto é sobre os vendedores de sorvete.

Não haverá deslocamento da curva de demanda, mas provoca um deslocamento na curva de

oferta.

Segunda etapa – Como o imposto aumenta o custo de produzir e vender sorvete, isso

reduz a quantidade ofertada em todos os preços. A curva de oferta se desloca para a esquerda

e para cima.

Terceira etapa – O preço de equilíbrio aumenta e a quantidade de equilíbrio cai.

Implicações – Embora os vendedores repassem o imposto para o governo,

compradores e vendedores dividem o ônus (obrigação, dever). O imposto também prejudica

os vendedores, porém os compradores ficam em pior situação.

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Como os impostos cobrados dos compradores afetam os resultados de mercado

Agora vamos considerar o imposto cobrado dos compradores de um bem.

Suponhamos que o governo local aprove uma lei que exija que os compradores de sorvete de

casquinha repassem R$ 0,50 para sorvete comprado. Para saber quais serão os efeitos dessa

lei, novamente vamos aplicar as três etapas.

Primeira etapa – O impacto inicial do imposto recai sobre a demanda por sorvete. A

curva de oferta não será afetada, o imposto desloca a curva de demanda.

Segunda etapa – Como o imposto sobre os compradores torna a compra de sorvete

menos atraente, os compradores demandam menor quantidade dele a qualquer preço. A curva

de demanda e desloca para a esquerda e para baixo.

Terceira etapa – O preço de equilíbrio cai e a quantidade de equilíbrio também cai.

Implicações – Comparando os dois casos se chegará a conclusão que impostos

cobrados de compradores e impostos cobrados de vendedores são equivalentes. Compradores

e vendedores compartilharam o ônus independentemente da forma como o imposto é cobrado.

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ELASTICIDADE E INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA

Quando há a tributação de um bem os seus compradores e vendedores compartilham o

ônus dos impostos. Mas essa divisão raramente é igualitária. Para ver como esse ônus é

divido, vejamos o impacto da tributação sobre dois mercados ilustrados nos gráficos a seguir.

Nos dois casos ele mostra a curva de demanda inicial, a curva de oferta inicial e um imposto

que introduz uma cunha entre o valor pago pelos compradores e o recebido pelos vendedores.

A diferença entre eles está na elasticidade relativa da oferta e da demanda.

No gráfico (a) a oferta é mais elástica do que a demanda, ou seja, os vendedores

reagem muito a mudanças o preço do bem e os compradores não respondem muito a mudança

de preços. Em um mercado como esse quando o imposto incide sore ele, o preço recebido

pelos vendedores não cai muito e eles arcam apenas com uma pequena parte do ônus. Por

outro lado, o preço pago pelos compradores sobe substancialmente, eles arcam com a maior

parte do ônus do imposto.

No gráfico (b) a demanda é mais elástica do que a oferta. Agora os vendedores não

respondem muito a mudança de preço, e os compradores respondem muito. Com isso, quando

m imposto é aprovado o preço pago pelos compradores não sobe muito, e consequentemente o

preço recebido pelos vendedores cai substancialmente. Assim, os vendedores arcam com a

maior parte do ônus do imposto.

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Nesses dois mercados, pode se perceber de uma forma geral, sobre a divisão do ônus

de um imposto, que ele recai mais pesadamente sobre o lado menos elástico do mercado. A

elasticidade mede a disposição dos compradores ou vendedores para sair do mercado quando

as condições se tornam desfavoráveis. Uma elasticidade pequena da demanda significa que os

compradores não têm boas alternativas ao consumo do bem em questão. Uma elasticidade

pequena da oferta significa que os vendedores não têm boas alternativas à produção do bem

em questão. Quando o bem é tributado, o lado com menos alternativas boas têm menor

condição de deixar o mercado e precisa, portanto, arcar com uma parcela maior do ônus do

imposto.

Capítulo 7 – Consumidores, produtores e eficiência dos mercados

Os compradores sempre querem pagar menos e os vendedores sempre querem ganhar

mais. Veremos agora sobre a economia do bem-estar, o estudo de como a alocação de

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recursos afeta o bem-estar econômico. Começando pelos benefícios que compradores e

vendedores recebem por participar do mercado. Posteriormente como a sociedade pode fazer

com que esses benefícios sejam os maiores possíveis. O equilíbrio de oferta e demanda em

um mercado maximiza os benefícios totais recebidos por compradores e vendedores.

EXCEDENTE DO CONSUMIDOR

Disposição para pagar

A disposição para pagar se refere a quantia máxima que um comprador pagará por um

bem, e mede quanto aquele comprador valoriza o produto. Quando um comprador consegue

comprar um produto abaixo do preço que ele estava disposto a pagar ele consegue um

excedente do consumidor, que é a quantia que um comprador está disposto a pagar por um

bem menos a quantia que realmente paga por ele.

Usando a curva de demanda para medir o excedente do consumidor

O excedente do consumidor está associado a curva de demanda de um produto. A área

abaixo da curva de demanda e acima do preço mede o excedente do consumidor em um

mercado, pois a altura da curva de demanda mede o valor que os compradores atribuem ao

bem, como medida de sua disposição para pagar. A diferença entre essa disposição para pagar

e o preço de mercado é o excedente do consumidor de cada comprador. Portanto, a área total

abaixo da curva de demanda e acima do preço é a soma dos excedentes do consumidor de

todos os compradores no mercado de um bem ou serviço. Os gráficos a seguir mostram a

curva de demanda correspondente a essa escala e o cálculo do excedente do consumidor com

a curva de demanda.

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Como um preço baixo eleva o excedente do consumidor

Os compradores sempre gostariam de pagar menos pelos bens que compram, com isso

um preço menor faz os compradores de um bem ficarem em uma situação melhor. No

exemplo, um aumento do excedente do consumidor tem dois componentes. Primeiro, os

compradores que já compravam do bem ao preço mais elevado estão em melhor situação

porque pagam menos. O aumento do excedente do consumidor dos compradores já existentes

é a redução da quantia paga por eles. Segundo, alguns novos compradores entram no mercado

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porque agora estão dispostos a comprar o bem por um preço menor. Assim, a quantidade

demandada no mercado aumenta. A figura 3 mostra uma típica curva de demanda.

O que o excedente do consumidor mede?

O excedente do consumidor mede o benefício que os compradores obtêm de um bem

tal como percebido pelos próprios compradores. Isso representa que o excedente do

consumidor é uma boa medida do bem-estar econômico se os formuladores de políticas

desejam respeitar as preferências dos compradores. No entanto, na maioria dos mercados, o

excedente do consumidor efetivamente reflete o bem-estar econômico. Normalmente os

economistas acreditam que os compradores são racionais na tomada de decisão e que suas

preferências devem ser respeitadas.

EXCEDENTE DO PRODUTOR

Custo e disposição para vender

O custo é o valor de tudo aquilo que um vendedor precisa abrir mão para produzir um

bem. O excedente do produtor é a quantia que um vendedor recebe por um bem menos o seu

custo de produção.

Uso da curva de oferta para medir o excedente do produtor

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O excedente do produto está associado a curva de oferta. A área abaixo do preço e

acima da curva de oferta representa o excedente do produtor em um mercado. A altura da

curva de oferta mede os custos dos vendedores, e a diferença entre o preço e o custo de

produção é o excedente do produtor de cada vendedor. Com isso, a área é a soma dos

excedentes do produtor de todos os vendedores. As figuras a seguir vão exemplificar uma

escala e a curva de oferta e o cálculo do excedente do produtor com a curva de oferta.

Como um preço mais alto aumenta o excedente do produtor

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Pode se observar na figura a seguir uma curva de oferta típica com inclinação

ascendente que resultaria em um mercado com muitos vendedores. Mesmo a curva de oferta

sendo diferente da vista anteriormente, o excedente do produtor é medido da mesma forma. O

excedente do produtor é usado para medir o bem estar dos vendedores, da mesma forma que o

excedente do consumidor é usado para medir o bem estar dos consumidores.

EFICIÊNCIA DE MERCADO

O planejador social benevolente

O planejador social benevolente é um ditador onisciente, o inipotente e bem-

intencionado que deseja maximizar o bem-estar econômico de todos os membros da

sociedade. O planejador precisa decidir como medir o bem-estar econômico de uma

sociedade. Uma medida possível é a soma dos excedentes do consumidor e do produtor, que é

chamado excedente total. Para entender melhor essa medida precisamos ter em mente que:

Excedente do consumidor = Valor para os consumidores – Quantia paga pelos compradores

Excedente do produtor = Quantia recebida pelo vendedor – Custo para os vendedores

Somando esses excedentes se obtêm

Excedente total = (Valor para os consumidores – Quantia paga pelos compradores)

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+ (Quantia recebida pelos vendedores – Custo para os vendedores)

Excedente total = Valor para os consumidores – Custo para os vendedores

O excedente total de um mercado é o valor total atribuído pelos compradores dos bens,

medido pela disposição para pagar, menos o custo total dos vendedores que fornecem esses

bens. Quando a alocação de recursos maximiza o excedente total se diz que há eficiência.

Além da eficiência, o planejador social também pode se preocupar com a igualdade, que é a

propriedade de distribuir prosperidade econômica de maneira uniforme entre os membros da

sociedade.

Avaliação do equilíbrio de mercado

A figura a seguir mostra os excedentes do consumidor e do produtor quando um

mercado atinge o equilíbrio entre oferta e demanda. Pode se concluir que os mercados livres

alocam a oferta de bens aos compradores que atribuem maior valor a eles, tal como medido

por sua disposição para pagar; que os mercados livres alocam a demanda por bens aos

vendedores que podem produzi-los ao menor custo; e que os mercados livres produzem a

quantidade de bens que maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Ou

seja, o resultado de equilíbrio é uma alocação eficiente de recursos.

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Capítulo 13 – Os custos de produção

Examinaremos a partir de agora o comportamento da empresa, para um melhor

entendimento das decisões que estão por trás da curva de oferta em um mercado.

O QUE SÃO CUSTOS?

Receita total, custo total e lucro

Os economistas normalmente assumem que o objetivo de uma empresa é maximizar o

lucro e essa hipótese funciona na maioria dos casos. O lucro de uma empresa é a receita total

da empresa menos seu custo total. A receita total é o montante que a empresa recebe pela

venda de sua produção. O custo total é o valor de mercado dos insumos que uma empresa usa

na produção. Ou seja:

Lucro = Receita total – Custo total

O objetivo dos vendedores é fazer com que o lucro de sua empresa seja o maior

possível. Para entender melhor como uma empresa maximiza o lucro é preciso saber como se

calcula a receita total e o custo total. A receita total é fácil, é a quantidade que a empresa

produz multiplicada pelo preço pelo qual vende sua produção. Em comparação, a medição do

custo total de uma empresa é bem mais sutil.

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Custos como custos de oportunidade

Quando se medem os custos de qualquer empresa é importante ter em mente um dos

Dez Princípios de Economia: o custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste de algo

para obtê-la. Quando se fala no custo de produção de uma empresa, inclui todos os custos de

oportunidade da produção dos bens e serviços. Alguns custos de oportunidade de uma

empresa são óbvios, outros não são. Os custos dos insumos que exigem desembolso de

dinheiro por parte da empresa são os custos explícitos. Já os custos dos insumos que não

exigem desembolso de dinheiro por parte da empresa são os custos implícitos. Ao calcularem

o custo das empresas, os economistas incluem os custos explícitos e implícitos, pois as

decisões das empresas se baseiam em ambos os custos, já os contadores tem a função de

acompanhar o fluxo do dinheiro que entra e sai da empresa, medindo os custos explícitos e

usualmente ignorando os custos implícitos.

O custo do capital como custo de oportunidade

Quando alguém decide abrir uma empresa ou comprar, ao invés de, por exemplo,

guardar o seu capital em uma poupança onde teria o retorno de um juro, esse é um dos custos

de oportunidade implícitos de uma empresa. Como se sabe os economistas e contadores

tratam os custos de formas diferentes. Para um economista esses juros de que o empresário

abre mão é um custo para empresa, porém um custo implícito. No entanto, o contador não

lançará esse dinheiro como custo pois não sai dinheiro da empresa para pagar por eles.

Lucro econômico versus lucro contábil

Como os economistas e contadores medem custos de maneira diferente, eles também

medem o lucro de maneira diferente. Um economista mede o lucro econômico da empresa

que é a receita total menos o custo total, incluindo tanto os custos explícitos quanto os custos

implícitos da produção dos bens e serviços vendidos. Um contador mede o lucro contábil da

empresa, a receita total menos custo explícito total. Como o contador ignora os custos

implícitos o lucro contábil costuma ser maior que o econômico.

PRODUÇÃO E CUSTOS

Examinaremos o elo entre o processo de produção de uma empresa e seu custo total.

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A função de produção

A relação entre quantidade de insumos usada para produzir um bem e a quantidade

produzida desse bem é chamada função de produção. O produto marginal de qualquer insumo

no processo de produção é o aumento da produção que resulta de uma unidade adicional de

insumo. Porém, em alguns casos esse produto marginal tende a diminuir. A propriedade

segundo a qual o produto marginal de um insumo diminui à medida que a quantidade do

insumo aumenta, chama-se produto marginal decrescente. Vejamos um exemplo na figura a

seguir:

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Da função de produção à curva de custo total

A curva de custo total e a função de produção são os lados opostos da mesma moeda.

A inclinação da curva de custo total aumenta com a quantidade produzida, enquanto a

inclinação da função de produção diminui. Essas mudanças de inclinação ocorrem pelas

mesmas razões.

AS DIVERSAS MEDIDAS DE CUSTO

Custos fixos e variáveis

Os custos fixos de uma empresa são aqueles que não variam com a quantidade

produzida, independentemente, se a produção aumentar ou diminuir esses custos continuarão

os mesmos. Por exemplo, o aluguel que a empresa paga. Outros custos mudam à medida que

a quantidade produzida varia, estes são denominados custos variáveis. Que são os custos com

os insumos utilizados para a produção de bens e serviços. O custo total de uma empresa é a

soma dos custos fixos e variáveis.

Custos médio e integral

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O proprietário da empresa precisa decidir quanto vai produzir. Uma parte dessa

decisão se refere a saber como os custos variarão de acordo com o nível de produção. Para

isso ele precisa saber quanto custará a produção do produto em questão e quanto custa para

aumenta a produção. Para isso é necessário conhecer o custo total médio, que é o custo total

dividido pela quantidade produzida. Como o custo total é conhecido pela soma dos custos

fixos e variáveis, o custo total médio pode ser expresso como a soma do custo fixo médio e do

custo variável médio. O custo fixo médio é custo fixo dividido pela quantidade produzida e o

custo variável médio é o custo variável dividido pela quantidade produzida.

Custo total médio = Custo total/Quantidade

CTM = CT/Q

Embora o custo total médio nos diga o custo da unidade típica, não nos diz quanto o

custo total mudará se a empresa alterar seu nível de produção. Por isso temos o custo

marginal, que é o aumento no custo total decorrente da produção de uma unidade adicional.

Custo marginal = Variação do custo total/Variação da quantidade

CMg = ΔCT/ΔQ

Curvas de custos e suas formas

Os gráficos de custo médio e marginal são uteis para analisar o comportamento das

empresas. A figura a seguir representa os custos de uma empresa. O gráfico apresenta as

curvas de custo total médio (CTM), custo médio fixo (CMF), custo variável médio (CVM) e

custo marginal (CMg).

Custo marginal ascendente – O custo marginal da empresa aumenta com a quantidade

produzida, refletindo a propriedade do produto marginal descendente. Quando a empresa está

produzindo uma quantidade pequena do seu bem, ela tem poucos trabalhadores e grande parte

de seu equipamento não está sendo utilizado. Quando ela está produzindo uma grande

quantidade de bens, estará lotada de empregados e a maior parte de seu equipamento está

sendo utilizada. Quando a quantidade dos bens produzidos já é elevada, o produto marginal de

um trabalhador adicional é baixo e o custo marginal de um bem adicional é elevado.

Curva de custo total médio em forma de U – A empresa representada na figura tem

curva de custo médio em forma de U. O custo total médio reflete o formato das curvas de

custo fixo médio e de custo variável médio. A luta entre o custo fixo médio e o custo variável

médio provoca o formato em U no custo total médio. A parte mais baixa da curva em U

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ocorre na quantidade que minimiza o custo total médio, e essa quantidade é chamada de

escala eficiente.

A relação entre custo marginal e custo total médio – Sempre que o custo marginal for

menor que o custo total médio, o custo total médio estará em queda. E sempre que o custo

marginal for maior que o custo total médio, ele estará aumentando. A curva de custo marginal

cruza a curva de custo total médio em seu ponto mínimo.

Curvas de custos típicas

Em muitas empresas, o produto marginal decrescente não começa a ocorrer

imediatamente após a contratação do primeiro trabalhador. Dependendo do processo de

produção, o segundo ou o terceiro trabalhadores podem ter um produto marginal maior do que

o primeiro porque uma equipe de trabalhadores pode dividir as tarefas e trabalhar com maior

produtividade que um único trabalhador. Assim, teriam um aumento no produto marginal

durante algum tempo, até que aparecesse o produto marginal decrescente.

As curvas de custo típicas de uma empresa são, custo total médio (CTM), custo fixo

médio (CFM), custo variável médio (CVM) e o custo marginal (CMg). As três propriedades

que sempre devem ser lembradas: a partir de determinado nível de produção, o custo marginal

aumenta com o aumento da quantidade produzida; a curva de custo médio total tem a forma

de U; e a curva de custo marginal cruza com a curva de custo total médio no ponto em que o

custo médio mínimo.

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CUSTOS NO CURTO E NO LONGO PRAZO

A relação entre custo total médio no curto e no longo prazo

Muitas decisões são fixas no curto prazo, mas variáveis no longo prazo, as curvas de

custos de longo prazo das empresas diferem de suas curvas de custos de curto prazo. As

empresas diferem nas suas maneiras de chegar ao longo prazo. Uma grande empresa, como

uma montadora de carros, pode levar um ano ou mais para construir uma fábrica maior. Por

outro lado, uma pessoa que tenha uma cafeteria pode comprar outra máquina em poucos dias.

Economias e deseconomias de escala

O formato da curva de custo total médio de longo prazo transmite informações

importantes sobre a tecnologia da produção de um bem. Quando a curva de custo total médio

de longo prazo decresce com o aumento da produção, dizemos que há economias de escala.

Quando ela se eleva com o aumento da produção, dizemos que há deseconomias de escala. E

quando o custo total médio de longo prazo não varia com o nível de produção, dizemos que

há retornos constantes de escala. As economias de escala geralmente surgem porque os

maiores níveis de produção possibilitam especialização entre os trabalhadores, o que permite

que cada trabalhador se torne melhor em uma tarefa especifica. As deseconomias de escala

podem surgir por causa de problemas de coordenação inerentes a qualquer grande

organização.

Capítulo 14 – Empresas em mercados competitivos

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Vejamos o mercado de gasolina e de água de determinado bairro. Um aumento no

preço do combustível de um posto fará com que ocorra uma queda na quantidade vendida de

gasolina. Por outro lado, se a empresa que fornece água aumentasse o preço, isso poderia

fazer com que as pessoas reduzissem seu consumo, e seria improvável encontrar outro

fornecedor. A diferença entre esses mercados é obvia, há várias empresas fornecendo

gasolina, mas apenas uma empresa de abastecimento de água.

O QUE É UM MERCADO COMPETITIVO?

Vamos examinar como as empresas tomam decisões nos mercados competitivos,

considerando incialmente o que é um mercado competitivo.

O significado de competição

Um mercado competitivo é um mercado com muitos compradores e vendedores

negociando produtos idênticos, de modo que cada comprador e vendedor é um tomador de

preço. Por vezes chamado mercado perfeitamente competitivo, ele tem duas características: há

muitos compradores e vendedores no mercado; e os bens oferecidos pelos diversos

vendedores são os mesmos. Os compradores e vendedores dos mercados competitivos

precisam aceitar o preço que o mercado determina e, com isso, são chamados tomadores de

preços. O mercado de leite por exemplo, por existir um grande número de vendedores e

compradores, eles individualmente não conseguem influenciar o preço. Como cada vendedor

pode vender quanto quiser ao preço vigente, não tem motivo para cobrar menos do que esse

preço, e se cobrar mais os compradores vão procurar outro fornecedor.

Além disso, também é característica dos mercados perfeitamente competitivos que as

empresas podem entrar e sair livremente no mercado. Porém essa não é uma condição

necessária para que as empresas sejam tomadoras de preços e grande parte da análise dos

mercados competitivos não depende da hipótese de livre entrada e saída. Entretanto, essa

liberdade de entrada e saída em um mercado competitivo é uma força poderosa que dá forma

ao equilíbrio de longo prazo.

A receita de uma empresa competitiva

Uma empresa que opera em um mercado competitivo, como a maioria das empresas

da economia, procura maximizar seu lucro. Por exemplo, uma fazenda que produz leite, e

vende uma determinada quantidade a um preço X. Como essa fazenda é pequena quando

comparada ao mercado mundial de leite, toma o preço como dado pelas condições de

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mercado. Isso significa que o preço do leite não depende da quantidade de litros que essa

fazenda produz ou vende. Se eles dobrarem a quantidade de leite que produzem, o preço se

manterá constante e a receita total dobra. Como resultado, a receita total é proporcional ao

volume de produção.

A receita média é a receita total dividida pela quantidade vendida. Ela nos diz a receita

que a empresa recebe por unidade típica vendida. Assim, para todas as empresas a receita

média é sempre igual ao preço do bem. A receita marginal é a variação da receita total

decorrente da venda de uma unidade adicional. Para as empresas competitivas a receita

marginal é igual ao preço do bem.

MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO E A CURVA DE OFERTA DE UMA EMPRESA

COMPETITIVA

Um exemplo simples de maximização do lucro

Se a receita marginal for maior que o custo marginal, os vendedores deverão aumentar

a produção do bem porque receberão mais (receita marginal) do que gastam (custo marginal).

Se a receita marginal for menor que o custo marginal os vendedores deverão diminuir a

produção. Se eles pensarem na margem e fizerem ajustes incrementais no nível de produção,

serão levados naturalmente a produzir a quantidade que maximiza o lucro.

A curva de custo marginal e a decisão de oferta da empresa

Uma empresa competitiva determina a quantidade do bem fornecerá ao mercado.

Como uma empresa competitiva é tomadora de preços, sua receita marginal é igual ao preço

de mercado. Para qualquer preço dado, a quantidade do produto que maximiza o lucro de uma

empresa competitiva está na intersecção do preço com a curva de custo marginal.

Como a curva de custo marginal das empresas determina a quantidade de produto que

estas estão dispostas a ofertar a qualquer preço, ela também é a curva de oferta das empresas

competitivas.

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A decisão da empresa de suspender as atividades no curto prazo

Vamos distinguir entre uma paralisação temporária das atividades e uma saída

permanente da empresa do mercado. Uma paralisação refere-se a uma decisão de curto prazo

de não produzir nada durante um determinado intervalo de tempo por causa das condições

atuais do mercado. Uma saída refere-se a uma decisão de longo prazo de deixar o mercado.

As decisões de curto e de longo prazo se distinguem porque a maioria das empresas não

consegue se livrar do custo fixo no curto prazo, mas pode conseguir no longo prazo. Portanto,

uma empresa ao paralisar as atividades por um tempo ainda tem de arcar com seus custos

fixos, enquanto que outra que sai do mercado deixa de pagar tanto os custos fixos quanto os

variáveis.

Usando como exemplo a decisão que um fazendeiro precisa tomar. Um dos seus

custos fixos é o custo da terra. Caso ele decida não plantar nada durante uma estação, a terra

fica ociosa e ele não consegue recuperar esse custo. Ao tomar essa decisão de curto prazo de

paralisar as atividades por uma estação, se diz que o custo fixo da terra é um custo irreparável.

Por outro lado, se ele decide abandonar definitivamente a agricultura, ele pode vender a terra.

Ao tomar uma decisão no longo prazo de sair ou não do mercado, o custo da terra não é

irreparável.

Uma empresa que decide paralisar as atividades, perde toda a receita de venda de seu

produto, mas ao mesmo tempo economiza os custos variáveis de produção. Assim, a empresa

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paralisa as atividades se a receita que obteria produzindo for menor do que seus custos

variáveis de produção. Se RT é a receita total e CV é o custo variável, a decisão da empresa

pode ser representada como

Paralisação se RT < CV

A empresa paralisa as atividades se a receita total é menos que o custo variável.

Dividindo os dois lados dessa desigualdade pela quantidade Q, pode se escrever

Paralisação se RT/Q < CV/Q

O lado esquerdo da inequação, RT/Q, é a receita total P x Q dividida pela quantidade,

Q, que é a receita média expressa simplesmente como o peço P do bem. O lado direito da

inequação, CV/Q, é o custo variável médio CVM. Assim, o critério para a paralisação de uma

empresa passa a ser

Paralisação se P < CVM

Uma empresa decide paralisar as atividades se o preço do bem é menor que o custo

variável médio de produção. Isso é algo intuitivo, que ao decidir produzir, a empresa compara

o preço que recebe pela unidade típica com o custo variável médio em que incorrerá para

produzir uma unidade típica. Se o preço não superar o custo variável médio, a empresa ficará

em uma situação melhor se suspender a produção. Ela poderá reabrir no futuro se o preço

exceder o custo variável médio. “A curva de oferta de curto prazo das empresas competitivas

é a parcela da curva de custo marginal delas que está acima do custo variável médio”.

Leite derramado e outros custos irrecuperáveis

Um custo irrecuperável é um custo que já ocorreu e que não pode ser recuperado.

Sabendo que não há nada a fazer sobre os custos irrecuperáveis, eles podem ser ignorados na

tomada de decisões a respeito de diversos aspectos da vida, inclusive na estratégia

empresarial. Tendo a hipótese de que a empresa não pode recuperar seus custos fixos ao

interromper temporariamente a produção, isso quer dizer que, independentemente da

quantidade de produtos ofertada, mesmo que seja zero, a empresa ainda precisa pagar seus

custos fixos. Portanto esses custos são irrecuperáveis no curto prazo e a empresa, ao decidir

quanto produzir, pode ignorá-los. A curva de oferta de curto prazo da empresa é a parte da

curva de custo marginal que está acima do custo variável médio, e a magnitude do custo fixo

não é importante para essa decisão de oferta.

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A decisão da empresa de entrar em um mercado ou sair dele no longo prazo

Essa decisão de sair do mercado no longo prazo é semelhante à decisão de paralisar as

atividades. A empresa sai do mercado se a receita que obteria com a produção for menor que

seus custos totais. Se RT é a receita total e CT é o custo total, o critério da empresa pode ser

descrito como

Saída se RT < CT

Se a receita total é menor que o custo total a empresa sai do mercado. Dividindo os

dois lados da desigualdade pela quantidade Q, temos

Saída se RT/Q < CT/Q

Observando que RT/Q é a receita média, que é igual ao preço P, e que CT/Q é o custo

total médio CTM, podemos simplificar mais isso. Assim, o critério de saída da empresa é

Saída se P < CTM

A empresa só entrará no mercado se isso for lucrativo, o que acontece quando o preço

do bem supera o custo total médio de produção. O critério de entrada é

Entrada se P > CTM

Se a empresa está no mercado, produz a quantidade na qual o custo marginal é igual

ao preço do bem, mas se o preço é inferior ao custo total médio para essa quantidade, a

empresa opta por sair do mercado, ou ainda, nem entrar nele. A curva de oferta de longo

prazo da empresa competitiva é a parte da sua curva de custo marginal que está acima do

custo total médio.

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Medindo o lucro da empresa competitiva por meio de um gráfico

Quando se estuda a saída e a entrada do mercado, é útil analisar o lucro da empresa em

maiores detalhes. O lucro é igual a receita total (RT) menos o custo total (CT):

Lucro = RT – CT

Essa definição pode ser reescrita multiplicando e dividindo o lado direito por Q:

Lucro = (RT/Q – CT/Q) x Q

Mas pode se perceber que RT/Q é a receita média, que é o preço P, e CT/Q é o custo

total médio CTM. Por isso,

Lucro = (P – CTM) x Q

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Essa maneira de expressar o lucro da empresa permite medir o lucro em gráficos. O

painel (a) mostra a empresa com lucro positivo e o painel (b) uma empresa com prejuízo (ou

lucro negativo)

A CURVA DE OFERTA EM UM MERCADO COMPETITIVO

O curto prazo: oferta do mercado com um número fixo de empresas

Inicialmente, considere um mercado com mil empresas idênticas. A qualquer preço

dado, cada empresa fornece uma quantidade de produto para qual o custo marginal é igual ao

preço. Enquanto o preço estiver acima do custo variável médio, a curva de custo marginal de

cada empresa será sua curva de oferta. A quantidade de produto ofertada no mercado é igual a

soma das quantidades que cada uma das mil empresas oferta. Para derivar a curva de oferta do

mercado, soma-se a quantidade que cada empresa oferta no mercado. Como as empresas são

idênticas a quantidade ofertada no mercado é mil vezes maior do que a quantidade que cada

empresa oferta.

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O longo prazo: oferta do mercado com entrada e saída de empresas

Agora, vejamos o que acontece se as empresas são capazes de entrar no mercado ou

sair dele. Suponha que todas tenham acesso à mesma tecnologia de produção dos bens e aos

mesmos mercados para comprar os insumos de produção. Com isso, todas as empresas

existentes e em potencial tem as mesmas curvas de custos. Nesse tipo de mercado, as decisões

de entrada e saída dependem dos incentivos que há para os proprietários das empresas

existentes e para os empreendedores que podem fundar novas empresas. Se as empresas que

já existem no mercado forem lucrativas, será um incentivo para novas empresas entrarem no

mercado. Coma essa entrada o número de empresas se expandirá, aumentará a quantidade

ofertada do bem e reduzirá os preços e os lucros. De maneira inversa, se as empresas do

mercado tiverem prejuízos, algumas das existentes sairão do mercado. Isso reduzirá o número

de empresas e a quantidade ofertada do produto e aumentará os preços e os lucros. Nesse

processo de entrada e saída, as empresas que ficaram no mercado, ao fim, deverão ter lucro

econômico igual a zero.

Uma empresa em atividade terá lucro zero somente se o preço do bem for igual ao

custo total médio da produção do bem em questão. Se o preço for superior ao custo total

médio, o lucro será positivo, fazendo com que novas empresas entrem no mercado. Se o preço

for inferior ao custo total médio, o lucro será negativo, o que encorajará a saída de algumas

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empresas. O processo de entrada e saída só termina quando o preço e o custo total médio se

igualam.

Porque as empresas competitivas se mantêm em atividade quando têm lucro

zero?

É importante lembrar que o lucro é igual à receita total menos o custo total e que esse

custo inclui todos os custos de oportunidade da empresa. Inclui o custo de oportunidade do

tempo e do dinheiro que o proprietário dedica à empresa. No equilíbrio de lucro zero, a receita

da empresa precisa compensar os proprietários pelos custos de oportunidade.

Para melhor entender, usemos o exemplo de um fazendeiro que tenha precisado

investir R$ 1 milhão para iniciar sua fazenda e que esse dinheiro pudesse, alternativamente,

ter sido depositado em um banco e render R$ 50 mil por ano em juros. E também para dar

início ao seu negócio, ele teve que abrir mão de um emprego que lhe renderia R$ 30 mil por

ano. O custo de oportunidade do fazendeiro inclui tanto os juros que poderia ter ganho, quanto

o salário que renunciou, que chegaria a um total de R$ 80 mil. Ainda que o lucro seja

reduzido a zero, sua receita como fazendeiro compensará por esses custos de oportunidade.

Os contadores e economistas medem custos de maneiras diferentes, os contadores

acompanham os custos explícitos e geralmente deixam de lado os implícitos. Medem os

custos que exigem saída de dinheiro da empresa, mas deixam de incluir os custos de

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oportunidade da produção que não envolvem desembolso de dinheiro. Por isso, no equilíbrio

de lucro zero, o lucro econômico é zero, mas o contábil é positivo.

A mudança na demanda no curto e no longo prazo

As empresas podem entrar e sair do mercado no longo prazo, mas não no curto prazo,

por isso a resposta do mercado a uma mudança da demanda depende do horizonte de tempo

que se considera. Para entender porque isso ocorre, deve-se acompanhar os efeitos de um

deslocamento da demanda.

Suponha que um mercado de leite comece em equilíbrio de longo prazo. As empresas

têm lucro zero, de modo que o preço é igual ao custo total médio mínimo. Agora, se os

cientistas descobrem que o leite tem efeitos miraculosos sobre a saúde. Como resultado, a

curva de demanda desloca-se para fora. O equilíbrio de curto prazo se desloca, como

resultado a quantidade aumenta e o preço sobe. Todas as empresas respondem ao preço mais

elevado aumentando a quantidade produzida. No novo equilíbrio de curto prazo, o preço do

leite é maior do que o custo total médio, fazendo com que as empresas tenham lucro positivo.

O lucro gerado nesse mercado encoraja a entrada de novas empresas. Alguns

fazendeiros podem deixar de produzir outras coisas e passar a produzir leite. Quanto mais o

número de empresas aumenta, a curva de oferta de curto prazo desloca-se para a direita, e esse

deslocamento faz com que o preço do leite caia. Por fim, o preço volta para o custo total

médio mínimo, os lucros passam a ser zero e as empresas param de entrar no mercado. Com

isso o mercado atinge um novo equilíbrio de longo prazo. O preço voltou ao inicial, mas a

quantidade produzida aumentou. Cada empresa está novamente operando na escala eficiente,

mas, como há mais empresas no setor, a quantidade de leite produzida e vendida é maior.

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Por que a curva de oferta no longo prazo pode ter inclinação ascendente

Há dois motivos pelos quais a curva de oferta de longo prazo do mercado pode ter

inclinação ascendente. O primeiro é que alguns recursos usados na produção podem estar

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disponíveis somente em quantidades limitadas. O segundo é que as empresas podem ter

custos diferentes.

Por esses dois motivos, pode ser necessário maior peço para introduzir um aumento na

quantidade ofertada. Nesse caso, a curva de oferta de longo prazo de um mercado pode ter

inclinação ascendente e não horizontal. Mesmo assim, a lição fundamental sobre entrada e

saída de empresas no mercado permanece verdadeira. Como as empresas são livres para

entrar e sair com mais facilidade no longo prazo que no curto prazo, a curva de oferta no

longo prazo é tipicamente mais elástica que a curva de oferta no curto prazo.

Capítulo 15 – Monopólio

Os monopólios, podem cobrar preços elevados por seus produtos, e seus clientes

parecem não ter outra escolha a não ser pagar o preço que o monopólio estiver cobrando. Os

monopólios podem controlar o preço de seus produtos, mas, como os preços elevados

reduzem a quantidade que os clientes compram, seus lucros não.

PORQUE SURGEM OS MONOPÓLIOS

Monopólio é uma empresa que é a única vendedora de um produto que não tem

substitutos próximos. As barreiras à entrada é a causa fundamental dos monopólios, porque

como as outras empresas não podem entrar no mercado e competir com ela, o monopólio se

mantém como o único vendedor de seu mercado. Existem três origens principais das barreiras

à entrada: recursos de monopólio; regulamentações do governo; e o processo de produção.

Recursos de monopólio

Um monopólio, de maneira bem simples, pode surgir quando uma empresa é

proprietária de um recurso chave. Por exemplo, se em uma pequena cidade do Velho Oeste

houver apenas um poço para fornecer água a toda cidade e não tiver nenhuma outra forma de

obter água, então o dono do poço terá um monopólio sobre a água. O monopolista tem muito

mais poder de mercado que qualquer empresa em um mercado competitivo. Mesmo que a

propriedade exclusiva de um recurso chave seja uma causa potencial de monopólios, eles

raramente surgem por esse motivo na prática. As economias atuais são grandes e os recursos

tem muitos proprietários. Como muitos bens são negociados internacionalmente, o alcance

natural de seus mercados muitas vezes é mundial. Com isso, há poucos exemplos de empresas

que são proprietárias de um recurso que não tem substitutos próximos.

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Monopólios criados pelo governo

Os monopólios surgem, em muitos casos, porque o governo concede a uma só pessoa

ou empresa o direito exclusivo de vender algum bem ou serviço. Pode decorrer, às vezes, da

influência política de quem deseja ser monopolista. Já em outros casos, o governo concede

um monopólio porque isso é visto como de interesse público.

Dois exemplos importantes são as leis de patentes e direitos autorais. Quando uma

companhia farmacêutica descobre um novo medicamento, pode requerer do governo uma

patente. Se o medicamento for considerado original, a patente é aprovada, e a empresa

consegue o direito exclusivo de fabricação e venda do produto por 20 anos. Quando um autor

termina de escrever um romance, pode requerer o direito autoral sobre ele. O direito autoral é

uma garantia do governo de que ninguém poderá imprimir e vender o livro sem a permissão

do autor. O direito autoral faz do autor um monopolista sobre a venda de seu livro.

Monopólios naturais

São monopólios que surgem porque uma só empresa consegue ofertar um bem ou

serviço a um mercado inteiro, a um custo menor do que ocorreria se existissem duas ou mais

empresas no mercado. Um exemplo está na distribuição de água. Para levar água aos

moradores de uma cidade, uma empresa precisa construir uma rede de tubulações. Se mais

empresas competissem na prestação desse serviço, cada empresa teria de pagar o custo fixo da

construção da rede. Por isso, o custo total médio da água é menor se uma só empresa suprir o

mercado.

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COMO OS MONOPÓLIOS DECIDEM PRODUZIR E COMO DETERMINAR O PREÇO

Monopólio versus competição

A principal diferença entre uma empresa competitiva e uma monopolista é a

capacidade que esta tem de influenciar o preço de seu produto. Uma empresa competitiva não

consegue influenciar o preço de seu produto, aceita o que é apresentado pelas condições do

mercado. Por outro lado, um monopólio pode alterar o preço de seu bem ajustando a

quantidade que oferta ao mercado, pois é a única produtora em seu mercado.

Pode se enxergar essa diferença entre uma empresa competitiva e uma monopolista

examinando a curva de demanda de cada uma. Uma empresa competitiva enfrenta uma curva

de demanda horizontal. A curva de demanda da empresa monopolista é a curva de demanda

do mercado, pois ela é a única ofertante do seu mercado.

A RECEITA DE UM MONOPÓLIO

Vamos imaginar uma cidade que só tenha um produtor de água. Veja na tabela como a

receita do monopólio poderia depender da quantidade de água produzida. As duas primeiras

colunas mostram a escala de demanda do monopólio. A terceira representa a receita total da

empresa monopolista, que é a quantidade vendida multiplicada pelo preço. A quarta coluna

traz a receita média da empresa, que é o quanto de receita que a empresa recebe por cada

unidade vendida. E a última coluna fornece o cálculo da receita marginal da empresa, que é a

receita que a empresa recebe pela venda de cada unidade adicional do produto.

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A receita marginal do monopolista é sempre menor que o preço do bem, porque ele se

depara com uma curva de demanda com inclinação descendente. Para aumentar a quantidade

vendida, uma empresa monopolista precisa reduzir o preço do bem que cobra de todos os

clientes. A receita marginal dos monopólios é muito diferente da receita marginal das

empresas competitivas. Quando um monopolista aumenta a quantidade vendida, afeta de duas

formas a receita total (P x Q):

O efeito quantidade – é vendida uma quantidade maior, de modo que Q é maior, o que

faz com que a receita total aumente.

O efeito preço – o preço cai, de modo que P é menor, o que tende a diminuir a receita

total.

As empresas competitivas podem vender tudo o que quiserem ao preço de mercado,

não existe para elas o efeito preço. Quando aumentam a produção em uma unidade, recebem o

preço de mercado por essa unidade e não recebem nada a menos pelas unidades que já

estavam vendendo.

Maximização do lucro

Suponha que a empresa esteja operando com um baixo nível de produção. Nesse caso,

o custo marginal é menor que a receita marginal. Se a empresa aumentar a produção em 1

unidade, a receita adicional excederá os custos adicionais, e o lucro aumentará. Assim,

quando o custo marginal for menor que a receita marginal, a empresa pode aumentar um

número maior de unidades. Isso também se aplica a níveis elevados de produção. Nesse caso,

o custo marginal é maior do que a receita marginal. Se a empresa reduzir a produção em 1

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unidade, os custos poupados serão maiores que a receita. Assim, se o custo marginal for maior

que a receita marginal, a empresa poderá aumentar o lucro reduzindo a produção.

A empresa ajusta seu nível de produção até que a quantidade atinja QMAX, na qual a

receita marginal é igual ao custo marginal. Assim, a quantidade produzida que maximiza o

lucro do monopolista é determinada pela intersecção da curva da receita marginal com a curva

do custo marginal. Essa intersecção está ilustrada no ponto A da figura 4.

A receita marginal das empresas competitivas é igual ao preço, e a receita marginal de

um monopolista é menor que o preço. Para empresas competitivas: P = RMg =CMg. Para

monopolistas: P > RMg = CMg. A igualdade da receita marginal e do custo marginal na

quantidade que maximiza o lucro é a mesma para ambas as empresas. O que os diferencia é a

relação entre o preço, a receita marginal e o custo marginal.

O lucro de um monopolista

O lucro é igual à receita total (RT) menos os custos totais (CT): Lucro = RT – CT

Pode essa expressão ser reescrita como: Lucro = (RT/Q – CT/Q) x Q, onde RT/Q é a

receita média, que é igual ao preço P, e CT/Q é o custo total médio CTM. Portanto, Lucro =

(P – CTM) x Q. Essa equação do lucro, a mesma das empresas competitivas, permite medir o

lucro do monopolista no gráfico.

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O CUSTO DO MONOPÓLIO EM RELAÇÃO AO BEM-ESTAR

O peso morto

Se a empresa monopolista fosse administrada por um planejador social benevolente,

que não se preocupa somente com o lucro obtido pelos proprietários da empresa, mas também

com os benefícios recebidos pelos consumidores dos produtos vendidos pela empresa. Ele

tenta maximizar o excedente total, que é igual ao valor do bem para os consumidores menos

os custos de produção do produtor monopolista.

A quantidade socialmente eficiente se encontra no ponto em que as curvas de demanda

e de custo marginal se cruzam. Abaixo dessa quantidade, o valor de uma unidade extra para

os consumidores excede o custo marginal de ofertá-la, de modo que aumentar a produção

aumentaria o excedente total. Acima dessa quantidade, o custo de produzir uma unidade extra

excede o valor daquela unidade para os consumidores, de modo que diminuir a produção

elevaria o excedente total. Na quantidade ideal, o valor de uma unidade extra para os

consumidores, de modo que diminuir a produção elevaria o excedente total. Na quantidade

ideal, o valor de uma unidade extra para os consumidores é exatamente igual ao custo

marginal de produção.

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A ineficiência do monopólio pode ser medida com um triângulo que representa o peso

morto. A curva de demanda reflete o valor para os consumidores e a curva de custo marginal

reflete o custo para o monopolista, a área do triângulo que representa o peso morto entre a

curva de demanda e a de custo marginal se iguala à perda do excedente total, por causa do

preço de monopólio. O peso morto causado pelo monopólio é semelhante ao causado por um

imposto.

O lucro do monopólio: um custo social?

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É certo que os monopólios obtêm altos lucros por seu poder de mercado, mas a análise

econômica do monopólio diz que não é necessariamente o lucro da empresa um problema

para a sociedade. O bem-estar de um mercado monopolizado, como em qualquer outro

mercado, inclui tanto o bem-estar dos consumidores quanto dos produtores. Caso um

consumidor pague um real a mais para um produtor por causa de um preço monopolista, sua

situação piora em um real e a do produtor melhora no mesmo valor. Isso não afeta o

excedente total do mercado, que é a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Ou

seja, o lucro monopolista não representa por si só não representa uma redução do tamanho do

bolo econômico, é apenas uma fatia maior para os produtores e uma fatia menor para os

consumidores. A menos que os consumidores sejam mais merecedores que os produtores, o

lucro do monopólio não é um problema social.

DISCRIMINAÇÃO DE PREÇO

Uma empresa monopolista cobra o mesmo de todos os clientes, porém em muitos

casos as empresas tentam vender o mesmo bem a diferentes clientes por preços diferentes,

com os mesmos custos de produção. Isso se chama discriminação de preços.

Uma parábola sobre a determinação dos preços

Vejamos um exemplo para entender porque um monopolista poderia praticar a

discriminação de preços. Caso você fosse presidente de uma editora, pagasse R$ 2 milhões

pelo direito de publicação de um livro e o custo de impressão fosse zero. O lucro seria a

receita obtida com a venda menos os R$ 2 milhões pagos à autora. Para saber quanto cobrar

pelo livro, é preciso primeiramente estimar uma possível demanda pelo livro. Sabe-se que o

livro atrairá dois tipos de leitores. Os 100 mil fãs incondicionais da autora poderão pagar até

R$30,00 pelo livro. E poderá atrair cerca de 400 mil leitores que só estarão dispostos a pagar

R$5,00 por ele.

Sendo prensado e calculado que, se a empresa vender 100 mil cópias a R$30,00

lucrará mais do que vender 500 mil a R$5,00, ela opta por maximizar o lucro e abrir mão da

oportunidade de vender aos 400 mil leitores menos interessados. Essa decisão gera um peso

morto. Esse peso morto é a habitual influência que surge sempre que um monopolista cobra

um preço superior ao custo marginal.

A editora pode modificar sua estratégia de marketing e lucrar ainda mais. Pode cobrar

R$30,00 dos leitores mais interessados pelo livro e R$5,00 dos 400 mil menos interessados.

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Não seria surpreendente se a editora optasse por seguir a estratégia de discriminação de

preços.

A moral da história

A história da editora ensina algumas lições importantes e gerais. A primeira é que a

discriminação de preços é uma estratégia racional para a maximização dos lucros

monopolistas, ou seja, cobrando diferentes preços de diferentes clientes um monopolista pode

aumentar seu lucro. A segunda é que a discriminação exige separação dos compradores

segundo a sua disposição para pagar. A terceira lição é que a discriminação de preços pode

levar ao bem-estar econômico. Quando a editora cobra apenas um preço de R$30,00 surge um

peso morto, porém quando ela pratica a discriminação de preços todos os leitores compram o

livro e o resultado é eficiente.

Análise da discriminação de preços

Uma discriminação de preços perfeita descreve uma situação em que o monopolista

conhece exatamente a disposição que cada cliente tem para pagar e pode cobrar de cada

comprador um preço diferente.

A figura a seguir mostra os excedentes do produtor e do consumidor com e sem

discriminação de preços. Sem discriminação a empresa cobra um preço único, superior ao

custo marginal. Com discriminação, em alguns casos, o comprador atribui ao bem um valor

superior ao custo marginal, e o compra a um preço igual a sua disposição para pagar. Na

realidade a discriminação de preços não é perfeita. Os clientes não chegam nas lojas

anunciando sua disposição para pagar, ao invés disso, as empresas praticam a discriminação

de preços dividindo as pessoas em grupos, por faixa etária, dias da semana, região e assim por

diante.

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Exemplos de discriminação de preços

Ingressos de cinema – Muitos cinemas cobram preços mais baixos pelos ingressos de

crianças e idosos que dos demais frequentadores.

Preço das passagens aéreas – Os assentos em aviões são vendidos a muitos preços

diferentes.

Cupons de desconto – Muitas empresas fornecem cupons de desconto ao público por

meio de jornais e revistas.

Ajuda financeira – Muitas faculdades concedem ajuda financeira através de bolsas de

estudo a estudantes necessitados.

POLÍTICA PÚBLICA QUANTO AOS MONOPÓLIOS

Os formuladores de politicas do governo podem reagir ao problema dos monopólios

de quatro maneiras:

Tentando tornar as industrias monopolizadas mais competitivas.

Regulamentando o comportamento dos monopólios.

Transformando alguns monopólios privados em empresas públicas.

Não fazendo nada.

Aumento da competição com as leis antitruste

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Caso a Coca-Cola e a PepsiCo quisessem se fundir, essa transação seria analisada pelo

governo federal antes de ser realizada. Poderiam, os advogados e economistas do

Departamento de Justiça, concluir que a fusão dessas duas grandes empresas de bebidas

tornaria o mercado de refrigerantes menos competitivo e com isso reduziria o bem-estar

econômico do país como um todo. Nesse caso, o Departamento de Justiça contestaria a fusão

na corte e as duas empresas seriam impedidas de se fundir. A legislação antitruste proporciona

ao governo diversos meios para promover a competição.

Regulamentação

O governo pode lidar com o problema do monopólio regulamentado o comportamento

dos monopolistas. Isso é comum no caso dos monopólios naturais, como das empresas de

água e energia elétrica. Essas empresas não podem cobrar os preços que desejam, há agências

governamentais que regulamentam seus preços.

Propriedade pública

Nessa política, em vez de regulamentar um monopólio natural administrado por uma

empresa privada, o próprio governo pode administrar o monopólio. Isso é comum em muitos

países europeus, onde o governo é proprietário e operador de empresas de serviços públicos

como as de telefonia, água e energia elétrica.

Não fazer nada

As políticas anteriores destinadas a reduzir o problema do monopólio tem, cada uma,

suas desvantagens. Por esse motivo, alguns economistas defendem que, em muitos casos, o

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melhor para o governo é não tentar remediar as ineficiências de determinação de preços

monopolista.

Capítulo 16 – Competição monopolística

ENTRE O MONOPÓLIO E A COMPETIÇÃO PERFEITA

Mesmo que os casos de competição perfeita ilustrem ideias importantes sobre o

funcionamento dos mercados, a maior parte deles inclui elementos dos dois casos, e por isso

não é plenamente descrita por nenhum deles. Muitas empresas podem estar entre os dois

extremos de competição perfeita e monopólio. Essa situação é chamada de concorrência

imperfeita.

O oligopólio é um tipo de mercado que não é perfeitamente competitivo. É uma

estrutura de mercado em que apenas poucos vendedores oferecem produtos similares ou

idênticos. Outro tipo de mercado que não é perfeitamente competitivo é a competição

monopolística, que descreve uma estrutura de mercado em que muitas empresas vendem

produtos similares, mas não idênticos. A competição monopolística descreve um mercado

com os seguintes atributos: muitos vendedores, onde muitas empresas estão concorrendo pelo

mesmo grupo de clientes; diferenciação do produto, em que cada empresa oferece um produto

pelo menos um pouco diferente dos produtos das demais empresas; e livre entrada e saída, as

empresas podem entrar no mercado e sair dele sem restrições. Mercados com esses atributos

são, por exemplo, de livros, DVDs, restaurantes, biscoitos, entre outros.

A competição monopolística é uma estrutura de mercado que está entre os casos

extremos de competição e monopólio, há muitos vendedores, mas cada um é pequeno se

comparado ao mercado. Um mercado monopolisticamente competitivo parte do ideal

perfeitamente competitivo, pois cada um dos vendedores oferece um produto de certa forma

diferente. A figura a seguir resume os quatro tipos de estrutura de mercado.

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COMPETIÇÃO COM PRODUTOS DIFERENCIADOS

A empresa monopolisticamente competitiva no curto prazo

Uma empresa presente em um mercado monopolisticamente competitivo tem diversas

semelhanças com um monopólio. Seu produto se diferencia dos que são oferecidos por outras

empresas, a empresa monopolisticamente competitiva se defronta com uma curva de demanda

de inclinação descendente. Elas seguem as regras monopolistas de maximização de lucro,

escolhem a quantidade em que a receita marginal se iguala ao custo marginal e então usam a

curva de demanda para identificar qual preço condiz com essa quantidade. Na figura a seguir,

pode se observar as curvas de custo, demanda e receita marginal de duas empresas típicas,

cada uma em certo setor de competição monopolística diferente.

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Uma empresa monopolisticamente competitiva escolhe sua quantidade e seu preço da

mesma maneira que o monopólio. No curto prazo, esses dois tipos de estrutura de mercado

são semelhantes.

O equilíbrio no longo prazo

As duas características que descrevem o equilíbrio de longo prazo em um mercado

monopolisticamente competitivo são que como no mercado monopolista o preço é superior ao

custo marginal, isso porque a maximização do lucro requer que a receita marginal seja inferior

ao preço; e que como no mercado competitivo, o preço é igual ao custo total médio, pois as

livres entrada e saída levam o lucro econômico a zero. Como há livre entrada nos mercados

monopolisticamente competitivos, o lucro econômico das empresas nele existente é reduzido

para zero. Veja na figura 3 o equilíbrio no longo prazo.

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Competição monopolística versus competição perfeita

Na figura a seguir pode se observar a comparação do equilíbrio de longo prazo sob a

competição monopolística com o equilíbrio de longo prazo sob a competição perfeita.

Existem duas diferenças dignas de nota entre esses dois tipos de competição, a capacidade

ociosa e o markup.

Capacidade ociosa: As empresas perfeitamente competitivas, no longo prazo,

produzem na escala eficiente (quantidade que minimiza o custo total médio), já as

monopolisticamente competitivas produzem abaixo desse nível. Com isso se diz que na

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competição monopolística as empresas têm capacidade ociosa. Ou seja, as empresas

monopolisticamente competitivas poderiam aumentar a quantidade produzida e reduzir o

custo total médio da produção.

Markup sobre o custo marginal: Para uma empresa competitiva, como representada no

painel (b) da figura a seguir, o preço é igual ao custo marginal e para uma empresa

monopolisticamente competitiva, como a representada no painel (a), o preço supera o custo

marginal porque a empresa tem algum poder de mercado.

A competição monopolística e o bem-estar social

Uma fonte de ineficiência é o mark-up do preço sobre o custo marginal, por conta

disso, alguns consumidores que atribuem ao bem valor superior ao custo marginal de

produção serão impedidos de compra-lo. Outra provável ineficiência da competição

monopolística é o fato de que o número de empresas do mercado pode não ser o ideal. Pode

ser que haja entrada excessiva ou insuficiente. É possível enxergar esse problema em termos

das externalidades associadas à entrada, que são: a externalidade da variedade do produto,

pois como os consumidores obtêm algum excedente do consumidor a partir da introdução de

um novo produto, a entrada de uma nova empresa transfere-lhes uma externalidade positiva; e

a externalidade do roubo de negócios, em que as outras empresas perdem clientes e lucros

com a entrada de um novo concorrente, isso impõe às empresas existentes uma externalidade

negativa. Com isso, pode se observar que no mercado monopolisticamente competitivo há

externalidades tanto positivas quanto negativas ligadas a entrada de novas empresas.

Pode se concluir apenas que os mercados monopolisticamente competitivos não têm

todas as propriedades desejáveis ao bem-estar que existem nos mercados perfeitamente

competitivos. Porém, como as ineficiências são sutis, difíceis de medir e difíceis de

solucionar, não existe um caminho fácil para as políticas públicas melhorarem os resultados

de mercado.

PUBLICIDADE

A quantidade de publicidade varia substancialmente de produto para produto. O gasto

em publicidade, para a economia como um todo, representa cerca de 2% da receita total das

empresas. Essa despesa tem várias formas, como por exemplo comerciais para rádio e

televisão, espaço em jornais e revistas, anúncios em sites, outdoors.

O debate sobre publicidade

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A avaliação do valor social da publicidade é difícil e costuma gerar discussões entre

economistas.

A crítica à publicidade: Os críticos da publicidade defendem que a as empresas

anunciam para manipular as preferências das pessoas, a maioria dos anúncios é mais

psicológica do que informativa. Esses críticos afirmam também que a publicidade dificulta a

competição e ela muitas vezes tenta convencer os consumidores de que os produtos são mais

diferenciados do que realmente são.

A defesa da publicidade: Os defensores da publicidade afirmam que as empresas a

utilizam para disponibilizar informações aos clientes. Ela transmite os preços dos produtos

que estão à venda, a existência de novos produtos e a localização dos pontos de venda,

permitindo com que os clientes escolham melhor onde comprar. Eles também afirmam que a

publicidade promove a competição. Com o tempo, os formuladores de políticas aceitaram a

visão de que a publicidade pode tornar os mercados mais competitivos.

Publicidade como sinal de qualidade

Os defensores da publicidade argumentam que até anúncios que parecem conter

poucas informações concretas podem dizer ao consumidor algo sobre a qualidade do produto.

A disposição da empresa em gastar determinada quantia em publicidade pode ser um sinal

para os consumidores a respeito da qualidade do produto ofertado.

Marcas

A publicidade está muito ligada a existência de marcas. Vários mercados possuem

dois tis de empresa, as que vendem produtos de marcas mais fáceis de serem reconhecidas e

as que vendem substitutos genéricos. Na maior parte dos casos, a empresa dona da marca

gasta mais em publicidade e cobra mais por seu produto. Recentemente, alguns economistas

defenderam as marcas como um modo útil de os consumidores se assegurarem de que estão

comprando produtos de qualidade.

Os críticos as marcas afirmam que elas são resultado de uma reação irracional dos

consumidores à publicidade, já os defensores afirmam que os consumidores têm bons motivos

para pagar mais pelos produtos de marca pois podem confiar mais em sua qualidade.

Capítulo 17 – Oligopólio

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O oligopólio é uma estrutura de mercado em que apenas poucos vendedores oferecem

produtos similares ou idênticos. A análise do oligopólio para introduzir a teoria dos jogos, que

é o estudo de como as pessoas se comportam em situações estratégicas, ou seja, o indivíduo

quando precisa escolher entre determinadas alternativas deve considerar a reação das outras

pessoas à decisão tomada. A teoria dos jogos é útil para compreender os oligopólios e também

situações em que um pequeno número de jogadores interage.

MERCADOS COM POUCOS VENDEDORES

Um exemplo de duopólio

Um duopólio é um oligopólio com apenas dois membros, que é um tipo mais simples.

Vejamos um exemplo de uma cidade em que apenas dois habitantes – A e B – tem poços que

produzem água potável. Aos sábados eles decidem quantos galões de água vão bombear, levar

para a cidade e vender ao preço que o mercado puder pagar. E suponhamos que eles não têm

custos para bombear a água, seu custo marginal será zero. A receita total da venda de água é

igual a quantidade vendida vezes o preço. E por não ter custo para bombear a água, a receita

total dos produtores é igual ao lucro total.

Competição, monopólios e cartéis

Caso o mercado de água fosse perfeitamente competitivo, as decisões de produção de

cada empresa levariam a uma igualdade entre o preço e o custo marginal. Já no mercado

monopolista, como é seu padrão, o preço seria superior ao custo marginal, o resultado seria

ineficiente, já que a quantidade vendida e consumida de água seria inferior ao nível

socialmente eficiente. Os duopolistas poderiam se reunir e fazer um conluio, que é um acordo

entre as empresas de um mercado a respeito das quantidades a serem produzidas ou dos

preços a serem cobrados. Ou poderiam também fazer um cartel, que quando um grupo de

empresas age conforme um acordo.

O equilíbrio para um oligopólio

Se os oligopolistas cooperassem uns com os outros e atingissem o resultado de

monopólio estariam em melhor situação. Porém, cada um busca seu próprio interesse e

acabam não chegando ao resultado de monopólio e não maximizando o lucro conjunto. Cada

oligopolista deseja aumentar a produção e capturar uma parte maior do mercado, de modo que

eles vão fazendo isso, a produção total aumenta e o preço cai. O interesse próprio não leva o

mercado até o resultado competitivo, pois, como os monopolistas, os oligopolistas sabem que

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aumentos na quantidade produzida por eles provocam a queda do preço do produto, o que

afeta os lucros. Por esse motivo não chegam a seguir a regra das empresas competitivas de

produzir até o ponto que o preço se iguala ao custo marginal. O preço oligopolista é inferior

ao do monopolista, mas superior ao preço competitivo.

O ideal para esse mercado seria o equilíbrio de Nash, que é uma situação em que os

agentes econômicos que estão interagindo uns com os outros escolhem sua melhor estratégia,

dadas as estratégias escolhidas pelos demais agentes.

Como o tamanho de um oligopólio afeta o resultado de mercado

Pode se usar novamente o exemplo do duopólio, em que dois proprietários se unissem

aos dois já existentes no oligopólio de água. A demanda permanece a mesma, mas agora há

mais produtores disponíveis para atender a essa demanda. Os produtores poderiam tentar

formar um cartel para maximizar o lucro total, mas como o número de produtores aumentou,

isso passa a ser menos provável, fica mais difícil chegar um acordo e fazer que seja cumprido

quando o tamanho do grupo aumenta.

Se não fosse feito um acordo, cada oligopolista precisa decidir por si só quanta água

produzir. Cada proprietário tem a opção de aumentar a produção em um galão, a tomar essa

decisão o proprietário observa dois efeitos: o efeito quantidade, que como o preço é superior

ao custo marginal, vender mais um galão de água ao preço em vigor aumentará o lucro; e o

efeito preço, em que aumentar a produção aumentará a quantidade total vendida, o que

diminuirá o preço da água e o lucro dos demais galões vendidos.

Em suma, cada vez que o número de vendedores em um oligopólio aumenta, o

mercado oligopolista fica cada vez mais parecido com um mercado competitivo. Onde o

preço se aproxima do custo marginal e a quantidade produzida se aproxima do nível

socialmente eficiente.

POLÍTICA PÚBLICA QUANTO AOS OLIGOPÓLIOS

Restrição ao comércio e a legislação antitruste

Para desencorajar a cooperação pode se criar leis. A liberdade contratual é uma parte

essencial de uma economia de mercado, onde as empresas e famílias usam contratos para

organizar transações vantajosas. Porém, Sherman criou em 1980 a Lei Antitruste, que tornava

ilegal toda forma de restringir o intercâmbio ou comércios entre os diversos Estados.

Posteriormente a Lei Clayton, de 1914, que veio para reforçar as leis antitruste.

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Controvérsias sobre a política antitruste

A maioria dos comentaristas concorda que os acordos de fixação de preços entre

empresas concorrentes devem ser considerados ilegais. As leis antitruste foram utilizadas para

condenar algumas práticas empresariais. Alguns exemplos são:

Fixação do preço de revenda – Esse é um exemplo de pratica empresarial

controvertida. Imagine uma empresa que venda aparelhos de DVD às lojas de varejo por R$

300,00. Se ela exigir que os varejistas cobrem R$ 350,00 dos clientes, estará praticando

fixação de preço de revenda. Se algum varejista cobrar menos, terá violado o contrato com a

empresa. Isso impede que os varejistas concorram em preços, por esse motivo os tribunais

muitas vezes consideram a fixação de preço de revenda uma violação à legislação antitruste.

Alguns economistas defendem a manutenção do preço de revenda, pois negam que ela tem

objetivo de reduzir a competição e acreditam que tem um objetivo legitimo.

Determinação de preços predatória – São as empresas que tem poder de mercado e

costumam usá-lo para elevar os preços para além do nível competitivo. Até hoje os

economistas discutem se os formuladores de políticas devem se ocupar da determinação de

preços predatória.

Venda casada – Suponha que uma empresa de filmes produza dois novos filmes. Se

essa empresa oferece aos cinemas os dois filmes juntos por um só preço, e não

separadamente, diz-se que está se casando os dois produtos. Quando essa pratica foi

contestada nos tribunais, a Suprema Corte a proibiu. De acordo com o conhecimento

econômico, não está claro se a venda casada tem efeito sobre a sociedade.

Capítulo 19 – Ganhos e discriminação

O salário de um médico é superior ao de um policial comum, que é superior ao de um

trabalhador rural comum. Isso ilustra as diferenças de ganhos que são tão comuns em nossa

economia.

ALGUNS DETERMINANTES DOS SALÁRIOS DE EQUILÍBRIO

Os trabalhadores se diferenciam uns dos outros de muitas maneiras. Os empregos

também têm características distintas. Por isso, veremos como as características dos

trabalhadores e dos empregos afetam a oferta e demanda por mão de obra e os salários de

equilíbrio.

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Diferenciais compensatórios

A oferta de mão de obra para empregos considerados fáceis, divertidos e seguros é

maior do que a oferta para empregos difíceis, entediantes e perigosos. Com isso, os empregos

considerados bons tendem a oferecer salários de equilíbrio menores que os empregos

considerados ruins. A expressão diferencial compensatório para se referirem às diferenças nos

salários que surgem para compensar as características não monetárias de diferentes empregos.

Os diferenciais compensatórios existem em toda a economia.

Capital humano

A palavra capital normalmente se refere ao estoque de equipamentos e estrutura da

economia. Há outro tipo de capital que é igualmente importante para a produção da economia,

o capital humano, que é o acumulo dos investimentos feitos nas pessoas, como educação e

treinamento no emprego. Pode se perceber que os trabalhadores que tem mais capital humano

ganham, em média, mais que aqueles que tem menos.

Talento, esforço e sorte

O talento natural é importante para os trabalhadores de todas as ocupações. Por alguns

fatores as pessoas diferem em seus atributos físicos e mentais. Algumas são fortes, enquanto

outras são fracas. Algumas são inteligentes, já outras nem tanto. Essas e várias outras

características pessoais determinam a produtividade dos trabalhadores, isso ajuda a

estabelecer os salários que eles ganham. Outro aspecto é o esforço, no qual algumas pessoas

trabalham duramente enquanto outras são preguiçosas. Não é de surpreender que as pessoas

que trabalham arduamente são mais produtivas e ganham salários mais elevados. A sorte

também influencia na determinação dos salários, que é um fenômeno que os economistas

reconhecem, mas sobre o qual pouco esclarecem. Essas variáveis devem desempenhar uma

função importante.

Salários acima do equilíbrio: legislação do salário mínimo, sindicatos e salários de

eficiência

A maioria das análises de diferenças salariais entre trabalhadores se baseia no modelo

de equilíbrio do mercado de trabalho. Porém, para alguns trabalhadores, os salários são

mantidos acima do nível que equilibra a oferta e demanda. Um motivo para isso é a legislação

do salário mínimo. A maioria dos trabalhadores não afetada pois seus salários estão bem

acima do mínimo legal, porém para alguns que são menos qualificados e experientes, essa

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legislação traz os salários para um nível superior ao que eles ganhariam sem essa

regulamentação.

Um segundo motivo é o poder de mercado dos sindicatos. Um sindicato é uma

associação de trabalhadores que negocia salários e condições de trabalho com os

empregadores. Os sindicatos muitas vezes conseguem fazer que os salários fiquem acima do

nível que prevaleceria na ausência do sindicato. Um terceiro motivo seria a teoria dos salários

de eficiência. Para essa teoria, as empresas podem considerar lucrativo pagar salários

elevados porque isso aumenta a produtividade de seus trabalhadores.

Salários acima do equilíbrio, sejam eles causados pela legislação do salário mínimo,

sindicatos ou salários de eficiência, tem os mesmos efeitos sobre o mercado de trabalho.

A ECONOMIA DA DISCRIMINAÇÃO

A discriminação ocorre quando o mercado oferece oportunidades diferentes a

indivíduos semelhantes que diferem entre si apenas por raça, grupo étnico, sexo, idade ou

outras características pessoais.

Medindo a discriminação no mercado de trabalho

Diferentes grupos de trabalhadores recebem salários diferentes. Em alguns lugares, o

negro recebe menos que o branco, a mulher recebe menos que o homem. Mesmo em um

mercado de trabalho livre de discriminação, pessoas diferentes recebem salários diferentes. As

pessoas se diferenciam no capital humano que possuem e no tipo de trabalho que fazem. No

fim, o estudo das diferenças salariais entre grupos não estabelece nenhuma conclusão clara

sua.

Discriminação por parte dos empregadores

Alguns grupos de trabalhadores recebem salários menores do que deveriam, parece

que os responsáveis são os empregadores, porém muitos economistas não acreditam nisso,

mas que as economias competitivas e de mercado oferecem uma razão natural para a

discriminação por parte dos empregadores. Os proprietários das empresas que só se

preocupam em ganhar dinheiro estão em vantagem quando concorrem contra aqueles que

também se preocupam com a discriminação.

Discriminação por parte de clientes e governos

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A motivação do lucro é uma força que age para eliminar diferenciais salariais

discriminatórios, porém existem limites para sua capacidade de correção. Dois desses limites

são as preferências dos clientes e políticas governamentais.

Se os clientes tiverem preferências discriminatórias, um mercado competitivo é

consistente com um diferencial salarial discriminatório. E pode o governo criar uma lei que

faça discriminação, ou seja, impondo prática discriminatória. Os governos discriminatórios

aprovam esse tipo de lei para suprimir a força normalmente equalizadora dos mercados livres

e competitivos.

Capítulo 20 – Desigualdade de Renda e Pobreza

DISTRIBUIÇÃO DE RENDA

Um dos Dez princípios de Economia é que os governos às vezes podem melhorar os

resultados de mercado, portanto, essa possibilidade torna-se extremamente importante ao se

considerar a distribuição de renda. O mercado faz com que os recurso sejam alocados de

forma eficiente, porém, sem segurança alguma de ser do modo justo. A maioria dos

economistas acreditam na ideia de que o governo deveria redistribuir a renda para obter maior

igualdade. No entanto, ao tentar fazer isso o governo se depara com outro dos Dez Princípios

de Economia: os tradeoff’s que as pessoas enfrentam.

A TAXA DE POBREZA

A taxa de pobreza é uma medida comum para se verificar a distribuição de renda. Ela

representa o percentual da população cuja renda familiar está abaixo de um nível absoluto

denominado linha de pobreza, essa linha de pobreza é determinada pelo governo federal

abaixo do qual a família é considerada pobre.

PROBLEMAS NO CÁLCULO DA DESIGUALDADE

Por inúmeras razões os dados sobre distribuição de renda e taxa de pobreza oferecem

um panorama incompleto da desigualdade nos padrões de vida. Algumas dessas razões são:

Transferências em gêneros: As transferências aos pobres por meio de bens e serviços

são denominadas transferências em gêneros. As medidas padrão do grau de desigualdade não

consideram essas transferências. Como as transferências em gêneros são na maior parte das

vezes recebidas pelos membros mais pobres da sociedade, a falha de se incluir determinadas

transferências como parte da renda afeta bastante a taxa de pobreza medida. Através de um

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estudo feito pelo Censo, se as transferências em gêneros fossem acrescentadas à renda por seu

valor de mercado, o número de famílias pobres seria cerca de 10% menor do que o indicado

pelos cálculos convencionais.

Ciclo de vida econômico: As rendas variam de forma previsível ao longo da vida das

pessoas. O padrão normal do ciclo da vida provoca desigualdade na distribuição de renda

anual, mas não representa uma verdadeira desigualdade nos padrões de vida. Para medir essa

desigualdade, a distribuição de renda vitalícia é mais relevante do que a distribuição de renda

anual. Portanto, ao observar quaisquer dados relativos à desigualdade, é de relevante ter em

mente o ciclo da vida. Como a renda vitalícia ameniza os altos e baixos do ciclo da vida, as

rendas vitalícias são, sem dúvida, distribuídas de forma mais equânime na população do que

as rendas anuais.

Renda transitória e renda permanente: Não só de forma previsível se varia a renda ao

longo da vida das pessoas, mas também por fatores aleatórios e transitórios. Da mesma

maneira que as pessoas podem tomar empréstimo e poupar para amenizar a variação de renda

decorrente do ciclo da vida, elas também podem tomar empréstimos e emprestar para

amenizar variações de renda transitórias. Na medida em que uma família poupa ou toma

empréstimos para compensar variações transitórias de renda, essas atitudes não afetam seu

padrão de vida. A capacidade de compra de bens e serviços de uma família depende em boa

medida de sua renda permanente, que é sua renda normal, ou média.

A renda permanente é mais relevante do que a distribuição de renda anual quando se

vai aferir a desigualdade dos padrões de vida. Por mais que seja difícil medir a renda

permanente, o conceito é importante. Como a renda permanente exclui as alterações

transitórias, ela é distribuída mais igualmente do que a renda corrente.

MOBILIDADE ECONÔMICA

Os movimentos de Ascenso podem ser devidos à boa sorte ou ao trabalho árduo, e os

movimentos descendentes podem ser devidos à má sorte ou à indolência. Parte dessa

mobilidade se reflete numa variação transitória de renda, enquanto outra parte reflete

mudanças mais permanentes na renda. Como a mobilidade econômica é tão grande, muitos

dos que estão abaixo da linha da pobreza só permanecem de forma temporária. A pobreza é

um problema de longo prazo para um número relativamente pequeno de famílias. Uma outra

forma de aferir a mobilidade econômica é observar a permanência do sucesso econômico de

geração para geração.

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O que o governo deveria fazer em relação a desigualdade econômica? A análise

econômica não pode, de forma isolada, dizer se os formuladores de políticas deveriam tornar

a sociedade mais igualitária, mas sim, mostrar que em grande medida, esse problema está

relacionado a filosofia política. No entanto, como o papel do governo na redistribuição de

renda é em grande parte um ponto central dos debates relativos à política econômica, o debate

sairá da ciência econômica para a filosofia política.

UTILITARISMO

Seus fundadores foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham (1748-1832) e John

Stuart Mill (1806-1873). O grande objetivo dos utilitaristas é aplicar a lógica da decisão

individual às questões relativas à moralidade e às políticas públicas, utilitarismo é uma

filosofia política segundo a qual o governo deveria escolher políticas destinadas a maximizar

a utilidade total de todos na sociedade, e essa totalidade significa uma medida de felicidade e

satisfação que uma pessoa obtém a partir de suas circunstâncias, ela é uma medida de bem-

estar.

O governo utilitário deve equilibrar os ganhos de uma maior igualdade e as perdas

decorrentes da distorção de incentivos. Portanto, para maximizar a utilidade, o governo não

pode tornar a sociedade completamente igualitária.

LIBERALISMO

Desenvolvido por John Rawls em seu livro Uma Teoria da Justiça. Ele inicia seu

argumento afirmando que as instituições, as leis e as políticas da sociedade deveriam ser

justas, de tal maneira avaliadas por um observador imparcial oculto por um “véu de

ignorância”. Portanto, ao estabelecer políticas públicas, devemos procurar aumentar o bem-

estar das pessoas que estão em pior situação social, ou seja, em vez me maximizar a soma de

todas as utilidades, como faria o utilitarista, maximizaria a utilidade mínima. A regra de

Rawls é chamada de critério maximin, que é a afirmação de que o governo deveria ter por

objetivo maximizar o bem estar da pessoa em pior posição em uma sociedade. Rawls nos

permite considerar a redistribuição de renda como uma forma de seguro social.

LIBERTARISMO

Criada por Robert Nozick, diz que a igualdade de oportunidades é mais importante do

que a igualdade de rendas. Os libertaristas acreditam que o governo deveria garantir direitos

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individuais para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de usarem seus talentos

e obterem sucesso.

POLÍTICAS PARA A REDUÇÃO DA POBREZA

LEGISLAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO

Leis que estabelecem o pagamento mínimo aos trabalhadores das empresas são fonte

de permanente debate. Seus defensores as encaram como forma de auxiliar o pobre

trabalhador sem qualquer custo para o governo. Seus críticos a consideram prejudiciais para

aqueles a quem pretendem ajudar. Para trabalhadores com poucas habilidades e experiências,

um salário mínimo alto coloca o salário acima do nível em que oferta e demanda se igualam.

Então, aumenta o custo do trabalho para as empresas e reduz a quantidade de trabalho que

estas demandam. A dimensão desses efeitos depende crucialmente da elasticidade da

demanda.

BEM ESTAR SOCIAL

Uma das maneiras de aumentar o padrão de vida dos pobres é através de uma

suplementação de renda paga pelo governo. Esse auxílio é resultado do sistema de bem estar,

o welfare. Uma crítica comum aos programas de bem-estar social é que eles criam incentivos

para que as pessoas se tornem “necessitadas”.

IMPOSTO DE RENDA NEGATIVO

Quando o governo escolhe um sistema de coleta de impostos, afeta diretamente a

distribuição de renda. Muitos economistas deram a ideia de suplementar a renda dos pobres

por um imposto de renda negativo. Segundo essa política, todas as famílias declarariam sua

renda. As famílias de altas rendas pagariam um imposto sobre suas rendas. As famílias de

baixa renda receberiam um subsídio, ou seja, pagariam um imposto negativo. Com um

imposto de renda negativo as famílias pobres não necessitariam declarar necessidade para

receber assistência financeira, apenas exigiria auferir que se tem uma renda baixa. Esse

aspecto pode ser positivo ou negativo, dependendo do ponto de vista.

TRANSFERÊNCIA EM GÊNEROS

Outra maneira de ajudar os pobres é dando-lhes alguns dos bens e serviços necessários

para elevar seu padrão de vida. Os defensores da transferência em gêneros afirmas que estas

garantem que os pobres obtenham o que mais necessitam. Já os defensores dos pagamentos

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em dinheiro argumentam que as transferências em gêneros são ineficientes e desrespeitosas. O

governo não tem noção de quais bens e serviços os pobres necessitam mais.

PROGRAMAS DE COMBATE À POBREZA E INCENTIVOS AO TRABALHO

Boa parte das políticas com objetivos de ajudar os pobres podem ter o efeito não

intencional de desestimulá-los na busca autoral para uma saída daquela situação. O problema

que esses programas podem trazer é o aumento de custo dos programas de combate à pobreza.

Afinal, se os benefícios forem eliminados de forma gradual à medida que a renda das famílias

pobres aumenta, então as famílias no limite da linha de pobreza também são candidatas a

benefícios substanciais. Quanto mais gradual for a retirada dos benefícios, mais famílias serão

candidatas e maior será o custo do programa. Portanto, os formuladores de políticas

econômicas enfrentam um tradeoff entre onerar os pobres com elevadas alíquotas marginais

efetivas e onerar os contribuintes com programas de combate à pobreza dispendiosos. Outras

formas são a exigência de que qualquer pessoa que receba benefícios seja obrigada a aceitar

um emprego oferecido pelo governo e a outra é oferecer os benefícios apenas por um período

limitado.

Cap 22

QUANTIFICANDO A RENDA NACIONAL

A estatística pode medir a renda total gerada na economia (PIB), a taxa de aumento

dos preções (inflação), o percentual da força de trabalho que não encontra emprego

(desemprego), a despesa total das lojas (vendas no varejo) ou o desiquilíbrio do comércio

entre os Estados Unidos e o resto do mundo (déficit comercial). Todas essas são estatísticas

macroeconômicas, ou seja, a economia como um todo.

RENDA E DESPESA DA ECONOMIA

Para julgar-se o sucesso da economia nacional, é natural observar a renda total gerada

na economia. Essa é a tarefa do produto interno bruto (PIB). O PIB mensura duas coisas de

forma simultânea: a renda total gerada na economia e a despesa total com os bens e serviços

produzidos na economia. A razão do PIB poder medir as duas variáveis ao mesmo tempo é

porque elas são semelhantes, ou seja, para a economia como um todo, a renda deve ser igual à

despesa.

Outra forma de observar essa igualdade é através do diagrama do fluxo circular da

renda (apresentado no capítulo 2). Esse diagrama descreve todas as transações entre famílias e

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empresas em uma economia simples. Nessa economia as famílias compram bens e serviços

das empresas; essas despesas fluem através dos mercados de bens e serviços. As empresas

usam o dinheiro recebido das vendas para pagar os salários dos trabalhadores, a renda dos

donos de terra e os lucros dos proprietários das empresas; essa renda flui através dos

mercados de fatores de produção. Nessa economia, a moeda flui continuamente das famílias

para as empresas e das empresas para as famílias.

Pode-se de duas maneiras calcular o PIB: somando a despesa total das famílias ou

somando as rendas pagas pela empresa. As famílias não gastam toda a sua renda, elas pagam

parte de sua renda ao governo na forma de impostos e poupam e investem parte de sua renda

para uso futuro. E, também, as famílias não compram todos os bens e serviços produzidos na

economia. Qualquer que seja o comprador do serviço (família, governo ou empresa), a

transação tem um comprador e um vendedor. Portanto, para a macroeconomia, despesa e

renda são sempre iguais.

O CÁLCILO DO PRODUTO INTERNO BRUTO

O PIB soma vários tipos diferentes de bens em uma única medida de valor da

atividade econômica, ele inclui todos os itens produzidos na economia e vendidos legalmente

nos mercados, os valores de mercado de serviços de moradia proporcionados pelo estoque de

residências da economia. No entanto, há alguns produtos que são excluídos do cálculo do PIB

porque sua medição é intensamente difícil, como por exemplo, itens produzidos e vendidos

ilicitamente, como drogas ilegais. E, também, a maioria dos itens que são produzidos e

consumidos no lar, como hortas domésticas.

UM EXEMPLO NUMÉRICO

Existe uma distinção entre PIB nominal e PIB real que é, produção de bens e serviços

avaliada a preços correntes e produção de bens e serviços avaliada a preços constantes,

respectivamente. Ou seja, o PIB nominal reflete os preços e as quantidades de bens e serviços

que a economia produz, já o PIB real, ao manter os preços constantes no nível do ano base,

reflete apenas as quantidades produzidas.

O DEFLATOR DO PIB

A partir das duas medidas citadas anteriormente, pode-se citar uma terceira, chamada

de deflator do PIB, que significa os preços dos bens e serviços, mas não das suas quantidades.

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O deflator do PIB do ano-base é sempre igual a 100, medindo o nível corrente de preços em

relação aos preços do ano-base.

O PIB E BEM ESTAR ECONÔMICO

O PIB é considerado o melhor indicador do bem estar econômico de uma sociedade.

Como foi visto anteriormente, o PIB mede tanto a renda total da economia quanto a despesa

total com bens e serviços. Portanto, o PIB per capita registra a renda e a despesa médias da

economia. Por mais que alguns analistas discutam a validade do PIB como indicador de bem

estar, a nossa preocupação com o PIB resume-se na seguinte frase: que um grande PIB nos

ajuda de fato a ter uma vida próspera. Não que ele seja um indicador perfeito de bem estar,

afinal, algumas coisas que contribuem para uma vida satisfatória ficam fora do PIB, como por

exemplo, o lazer, a qualidade do meio ambiente e a distribuição de renda. Porque como o PIB

usa preços de mercado para valorar bens e serviços, exclui o valor de quase todas as

atividades que se dão fora dos mercados.

O PIB per capita mostra o que acontece com a pessoa média, porém, por trás dessa

média existe uma grande variedade de situações pessoais. Conclui-se que o PIB é um bom

indicador de bem estar para a maioria dos produtos, mas não para todos.

Capítulo 25 - Produção e crescimento

CRESCIMENTO ECONÔMICO AO REDOR DO MUNDO

PRODUTIVIDADE: SEU PAPEL E SEUS DETERMINANTES

Para explicar por que as rendas são tão mais altas em alguns países do que em outros,

temos que observar os variados fatores determinantes da produtividade de uma nação.

Por que a produtividade é tão importante?

Produtividade é um termo que remete à quantidade de bens e serviços que um

trabalhador pode produzir a cada hora de trabalho. A produtividade é o fator chave do padrão

de vida e que o aumento da produtividade é o fator chave para melhoria do seu padrão de

vida. Lembrando que o produto interno bruto (PIB) da economia mede duas coisas

simultaneamente: a renda total auferida na economia e a despesa total com os bens e serviços

produzidos na economia. Simplificando, a renda de uma economia é a produção da economia.

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COMO É DETERMINADA A PRODUTIVIDADE

Capital físico: Estoque de equipamentos e estruturas utilizados na produção de bens e

serviços.

Capital humano: Conhecimentos e habilidades adquiridos pelos trabalhadores através

do ensino, do treinamento e da experiência.

Recursos naturais: Insumos fornecidos pela natureza para a produção de bens e

serviços, como a terra, os rios e os jazidas naturais.

Conhecimento tecnológico: Entendimento, por parte da sociedade, das melhores

formas de produzir bens e serviços.

A IMPORTÂNCIA DA POUPANÇA E DO INVESTIMENTO

Como o capital é um fator de produção produzido, uma sociedade pode alterar a

quantidade de capital de que dispõe. Se atualmente a economia produz uma grande

quantidade de bens de capital novos, amanhã terá um estoque de capital maior e poderá

produzir maiores quantidades de todos os bens e serviços. Por isso que uma das formas de

aumentar a produtividade futura é investir mais recursos correntes na produção de capital.

Para que uma sociedade possa investir mais em capital, ela precisa consumir menos e poupar

mais de sua renda corrente. O crescimento que decorre da acumulação de capital não é de

graça: exige que a sociedade sacrifique o consumo presente de bens e serviços a fim de poder

desfrutar futuramente de mais consumo.

RENDIMENTOS DECRESCENTES E EFEITO DE ALCANCE

Quando a nação poupa mais, são necessários menos recursos para produzir bens de

consumo e há mais recursos disponíveis para a produção de bens de capital.

Consequentemente, aumenta-se o estoque de capital, provocando assim um aumento de

produtividade e um crescimento do PIB de forma mais rápida.

A visão tradicional do processo de produção é de que o capital está sujeito a

rendimentos decrescentes: à medida que o estoque de capital aumenta, a produção extra

avinda de uma unidade adicional de capital cai. Em consequências dos rendimentos

decrescentes, um aumento da taxa de poupança leva a um maior crescimento apenas durante

algum tempo. À medida que a maior taxa de poupança permite maior acumulação de capital,

os benefícios do capital adicional se tornam menores com o passar do tempo e o crescimento

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se desacelera. No longo prazo, uma maior taxa de poupança leva a um maior nível de

produtividade e renda, mas não a um maior crescimento dessas variáveis. Mas, para atingir

esse longo prazo, pode levar bastante tempo.

Os rendimentos decrescentes ao capital têm outras implicações importantes: com tudo

o mais permanecendo constante, é mais fácil para um país crescer rapidamente se ele for

relativamente pobre no início do processo. Esse efeito das condições iniciais sobre o

crescimento subsequente é por vezes chamado efeito de alcance.

INVESTIMENTO ESTRANGEIRO

Uma das maneiras a qual um país pode investir em capital novo é investimento

estrangeiro, esse investimento assume várias formas, uma delas é o investimento estrangeiro

direto que é um investimento de capital que é possuído e operado por uma entidade

estrangeira, já o investimento estrangeiro de portfólio é quando o investimento é financiado

com dinheiro estrangeiro, mas operado por residentes.

O PIB e o PNB são afetados de forma diferenciada pelo investimento estrangeiro, ou

seja, o investimento estrangeiro é uma maneira pela qual os países podem crescer, mesmo que

parte dos benefícios desse investimento retorne ao proprietário estrangeiro, o investimento

aumenta o estoque de capital da economia, propiciando maior produtividade e maiores

salários.

EDUCAÇÃO

A educação – o investimento em capital humano – é pelo menos tão importante quanto

o investimento em capital físico para o sucesso econômico de longo prazo de um país. Assim,

uma forma pela qual a política governamental pode elevar o padrão de vida é oferecer boas

escolas e incentivar a população a utilizá-las. O investimento em capital humano, assim o

investimento em capital físico, tem custo de oportunidade.

SAÚDE E NUTRIÇÃO

Quando se lê capital humano, geralmente se faz referência a educação, porém,

trabalhadores saudáveis são mais produtivos. Fazer os investimentos certos na saúde da

população é uma forma de aumentar a produtividade e melhorar o padrão de vida. A relação

de causa entre saúde e riqueza segue nas duas direções. Os países pobres são pobres, em parte,

porque a população não é saudável, e a população não tem saúde, em parte, porque é pobre e

não têm condições para ter nutrição e cuidados com a saúde adequados. Contudo, esse fato

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abre a possibilidade de um círculo virtuoso: políticas que levam a um crescimento econômico

mais rápido naturalmente melhorariam as condições de saúde, o que, por sua vez, promoveria

o crescimento econômico.

DIREITOS DE PROPRIEDADE E ESTABILIDADE POLÍTICA

Outra forma pela qual os formuladores de políticas públicas podem incentivas o

crescimento econômico é protegendo os direitos de propriedade e promovendo a estabilidade

política. A produção nas economias de mercado resulta das interações entre milhares de

indivíduos e empresas. A prosperidade econômica, depende, da prosperidade política.

LIVRE COMÉRCIO

A maioria dos economistas de hoje acreditam que os países pobres se dão melhor

quando adotam políticas voltadas para fora, que os integrem à economia mundial. O comércio

internacional de bens e serviços pode melhorar o bem-estar econômico dos cidadãos de um

país. Portanto, o país que eliminar as restrições ao comércio experimentará o mesmo tipo de

crescimento econômico que ocorreria após um grande avanço tecnológico.

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

Embora a maior parte dos avanços tecnológicos venha de pesquisas realizadas por

empresas provadas e inventores individuais, há também um interesse público em promover

esses esforços. Em grande medida, o conhecimento é um bem público. Da mesma maneira

que o governo tem um papel na oferta de bens públicos como a defesa nacional, também tem

um papel a desempenhar no incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias.

CRESCIMENTO POPULACIONAL

Os economistas e outros cientistas sociais há muito debatem sobre os efeitos do

crescimento populacional em uma sociedade. O efeito mais direto é o tamanho da força de

trabalho: uma grande população significa que há mais trabalhadores para produzir bens e

serviços. Mas, ao mesmo tempo, o grande número de habitantes demonstra que há mais

pessoas para consumir esses bens e serviços.

Capítulo 26 – Poupança, Investimento e Sistema Financeiro

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Na vida em sociedade econômica, existem pessoas que têm o costume de poupar

recursos e pessoas que não fazem isso, mas que uma hora ou outra necessitam de recursos a

fim de realizar um investimento, por exemplo. Tal investimento pode ser a montagem do

próprio negócio e os recursos seriam necessários para cobrir os custos substanciais que isso

envolve, também poderia ser a compra de um bem imóvel ou móvel, dentre outros exemplos.

Para financiar esses investimentos, aqueles que não poupam irão necessitar tomar

empréstimos (do banco ou de amigos ou parentes), ou seja, os investimentos serão

financiados pelas poupanças de outras pessoas e em troca os tomadores de empréstimos

pagam juros aos poupadores. Para fazer a mediação entre eles existe um sistema composto de

instituições da economia que promovem o encontro entre poupadores e tomadores e o

coordenam, esse é o sistema financeiro. Iremos abordar o funcionamento do sistema

financeiro e algumas políticas governamentais que afetam a taxa de juros (que é o preço dos

empréstimos).

Sabendo que a poupança e o investimento são importantes fatores do crescimento

econômico de um país no longo prazo, percebemos que quanto mais recursos disponíveis para

investir em capital, maior será a produtividade do país e consequentemente melhor será o

padrão de vida naquele país. O sistema financeiro é composto por instituições financeiras que

auxiliam a coordenação entre poupadores (aqueles que ofertam recursos no mercado) e

tomadores (aqueles que demandam recursos no mercado); essas instituições financeiras são

subdivididas em duas categorias: mercados financeiros e intermediários financeiros. Os

mercados financeiros podem ser mercados de ações ou mercados de títulos, já os

intermediários financeiros são bancos ou fundos mútuos.

As instituições financeiras que formam o sistema financeiro têm como função

coordenar a poupança e o investimento da economia. Tanto a poupança quanto o investimento

têm um papel importante no crescimento do PIB a longo prazo e na melhoria do padrão de

vida de um país, por esse motivo faz-se necessário o conhecimento da forma como os

mercados financeiros funcionam e de que forma eles são afetados por fatores externos e por

políticas governamentais. A contabilidade da renda nacional é feita somando a renda do país e

suas despesas, as regras da contabilidade nacional levam em conta várias identidades

importantes, iremos analisar algumas dessas identidades contábeis que influenciam o mercado

financeiro; como por exemplo a equação do PIB: Y=C+I+G+EL, na qual Y é o PIB, C o

consumo das famílias, I é investimento e EL quer dizer exportações líquidas (tudo o que o

país exportou, subtraindo o que o país importou). Para simplificar a análise vamos supor que a

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economia é fechada, ou seja, não engajada no comércio internacional, sem interação com

outras economias; então poderemos retirar as exportações líquidas da equação, ficando então:

Y=C+I+G. Quando o governo com sua renda nacional paga todo o seu consumo e todos os

seus gastos governamentais, o valor final restante dessa renda é chamado de poupança

nacional. Que é representada na equação por S, substituindo então Y – C – G. Assim a

equação restringe-se a S = I, que diz que a poupança nacional é igual ao investimento. Ao

considerar que no significado da poupança nacional, T é o valor final em que o governo

recolhe o dinheiro das famílias através dos impostos menos o valor que as restitui em forma

de serviços prestados as mesmas. Desta forma, têm-se duas fórmulas: S = Y – C – G ou S =

(Y – T – C) + (T – G). As duas fórmulas são iguais, visto que os Ts podem ser cancelados, se

pode avaliar a poupança nacional com outro olhar, pois na segunda equação, poupança

nacional se refere à poupança privada (Y – T – C), mais a poupança pública (T – G). A

poupança privada é o valor restante da renda das famílias após a quitação de impostos e de

suas despesas com consumo, já a poupança pública é o montante da receita tributária, após o

pagamento de seus gastos governamentais. Na poupança pública quando o montante da

receita tributária for maior que o gasto do governo ocorrerá um superávit orçamentário, pois o

governo está recebendo mais dinheiro do que está gastando. O oposto, sendo os gastos

governamentais maiores que o montante arrecadado, é quando o governo gasta mais do que

recebe, obtendo um déficit orçamentário, assim a poupança nacional terá um saldo negativo.

Mercado de fundos para empréstimos é aquele no qual os indivíduos que querem

poupar ofertam fundos e os que querem tomar empréstimos para investir demandam fundos.

Portanto, fundo de empréstimos refere-se a toda renda que as pessoas decidiram poupar e

emprestar, no lugar de usarem-na no próprio consumo, e ao montante que os investidores

decidiram tomar emprestado para financiar novos projetos de investimento. O preço do

empréstimo é a taxa de juros, ou seja, o montante que os tomadores pagam pelo empréstimo e

o montante que os que emprestam recebem por sua poupança.

Se a taxa de juros fosse menor que o nível de equilíbrio, a quantidade ofertada de

fundos para empréstimos seria menor que a quantidade demandada. A escassez de fundos

para empréstimos resultante incentivaria os que fazem empréstimos a aumentarem a taxa de

juros cobrada. Uma taxa de juros maior estimularia a poupança e desestimularia a tomada de

empréstimos para investimento. Ao contrário disso, se a taxa de juros fosse mais elevada que

o nível de equilíbrio, a quantidade ofertada de fundos para empréstimos seria maior que a

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quantidade demandada. Como os emprestadores competiriam pelos escassos tomadores de

empréstimos, a taxa de juros diminuiria. Dessa forma, a taxa de juros chega ao nível de

equilíbrio quando a oferta e demanda são iguais. Então, a oferta e a demanda de fundos para

empréstimos dependem da taxa de juros real, que é a taxa de juros nominal corrigida pela

inflação, porque ela reflete o retorno real da poupança e o custo real dos empréstimos.

Os mercados de fundos de empréstimos coordenam a poupança e o investimento

através do ajuste da taxa de juros real que é a taxa de juros nominal corrigida pela inflação,

assim a taxa de juros real transmite o retorno real da poupança e o custo real dos empréstimos

Desta forma, o mercado de fundos de empréstimos controla a correção dessa taxa de juros

para o equilíbrio entre oferta e demanda nesse mercado, coordenando o comportamento das

pessoas que querem poupar e das pessoas que querem investir, respectivamente, os ofertantes

de fundos de empréstimos e os demandantes de fundos de empréstimos.

As políticas governamentais afetam a poupança e o investimento na economia, em

uma relação de causa e efeito. Pois a implementação de determinadas políticas que possam

afetar poupança e investimento logo interfere indiretamente no PIB, assim como na taxa de

crescimento econômico. Dessa maneira, para examinar essas políticas governamentais, três

passos devem ser seguidos. O primeiro: analisar qual a curva a política deslocará, a de oferta

ou a de demanda. Em segundo lugar, determinar qual será a sua direção e por último, utilizar

o diagrama de oferta e demanda para examinar como o equilíbrio muda.

Uma das políticas governamentais que podem ser adotadas é a política de incentivos à

poupança, a qual faz modificações na legislação tributária a fim de fomentar a poupança,

dessa forma a poupança cresce e o PIB também, a oferta de fundos para empréstimos

aumenta, deslocando a sua curva para a direita; a taxa de juros cai o que faz com que os

investimentos aumentem, pois os empréstimos passariam a custar menos e as empresas e

famílias ficariam motivadas a realizar mais empréstimos a fim de que possa realizar maiores

investimentos. Essa política divide opiniões entre os economistas, alguns a defendem

argumentando que a mudança tributária com o objetivo de incentivar a poupança estimula o

investimento e consequentemente o crescimento econômico, mas outros não concordam com

mudanças tributárias nesse sentido, pois argumentam que na maioria dos casos os maiores

beneficiários dessas mudanças seriam os ricos que são justamente aqueles que não precisam

tanto desse alívio tributário.

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Outra política que modifica o mercado financeiro é a de incentivos ao investimento,

pela qual o congresso cria um crédito tributário para investimento, querendo torná-lo mais

atraente. Crédito tributário para investimento é uma vantagem tributária a qualquer empresa

que construa uma nova fábrica ou compre um novo equipamento. Os incentivos ao

investimento afetariam a demanda por fundo para empréstimos, aumentando-a, o que

consequentemente aumenta a taxa de juros de equilíbrio e a quantidade de equilíbrio de fundo

para empréstimos, portanto, a curva de oferta não seria alterada, afinal, o crédito tributário

não afeta o montante que as famílias poupam independentemente da taxa de juros.

Capítulo 28 – Desemprego e sua taxa natural

O problema do desemprego costuma ser dividido em duas categorias – o problema de

longo prazo e o de curto prazo. A taxa natural de desemprego da economia faz referências às

flutuações de ano para ano do desemprego em torno da sua taxa natural e está estreitamente

associado aos altos e baixos da atividade econômica de curto prazo. O desemprego cíclico tem

sua própria explicação.

IDENTIFICANDO O DESEMPREGO

Alguns conceitos são utilizados para medir o desemprego, tais como:

Força de trabalho: o número total de trabalhadores, incluindo tanto os empregados

quanto os desempregados.

Taxa de desemprego: o percentual da força de trabalho que está sem emprego.

Taxa de participação na força de trabalho: o percentual da população adulta que está

na força do trabalho.

Taxa natural de desemprego: que é a taxa normal de desemprego em torno da qual a

taxa de desemprego flutua.

Desemprego cíclico: é o desvio do desemprego em relação à sua taxa natural.

A taxa de desemprego mede o que queremos?

Como as pessoas entram na força de trabalho e saem dela com tanta frequência, as

estatísticas de desemprego são difíceis de interpretar. Por um lado, algumas das pessoas que

afirmam estar desempregadas podem não estar tentando encontrar um emprego com muita

insistência; por outro lado, existem alguns que informam estar fora da força de trabalho e

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realmente estão querendo um emprego. Essas pessoas podem ter tentado encontrar emprego e

desistido, depois de uma busca infrutífera. Essas pessoas, chamadas de trabalhadores

desalentados, não aparecem nas estatísticas de desemprego, muito embora sejam

trabalhadores sem empregos.

Por quanto tempo os desempregados ficam sem trabalho?

Quando se avalia a gravidade do problema do desemprego, uma questão a considerar é

se o desemprego é tipicamente uma situação de curto prazo ou de longo prazo. Se o

desemprego é de curto prazo, pode-se concluir que não é um problema muito importante. Os

economistas e formuladores de políticas devem ser cuidadosos ao interpretar dados sobre o

desemprego e ao conceber políticas para ajudar os desempregados. A maioria das pessoas que

ficam desempregas logo encontrarão um emprego. Porém, a maior parte do problema do

desemprego da economia é atribuível aos relativamente poucos trabalhadores que

permanecem desempregados por longos períodos.

Por que sempre há algumas pessoas desempregadas?

Em um mercado de trabalho ideal, os salários deveriam se ajustar para equilibrar a

quantidade ofertada e demandada de mão de obra. Esse ajuste dos salários garantiria que

todos os trabalhadores estivessem sempre plenamente empregados. Sempre existirá alguns

trabalhadores sem emprego, mesmo se a economia estiver indo bem. Ou seja, a taxa de

desemprego nunca cai para zero; em vez disso, ela flutua em torno da taxa natural de

desemprego.

Há quatro maneiras de explicar o desemprego de longo prazo. A primeira é que leva

algum tempo para os trabalhadores buscarem os empregos mais adequados. O desemprego

friccional, é o desemprego que surge porque leva algum tempo para que os trabalhadores

encontrem empregos que melhor se adaptem às suas preferências e habilidades. O

desemprego friccional é inevitável porque a economia está sempre mudando.

As outras três explicações que são utilizadas para o desemprego sugerem que o

número de desempregos disponíveis em alguns mercados de trabalho pode ser insuficiente

para empregar todas as pessoas que desejam trabalhar. Isso ocorre quando a quantidade de

mão de obra ofertada supera a quantidade demandada. Esse estilo de desempregado é o

desemprego estrutural, ou seja, o desemprego que surge porque o número de empregos

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disponíveis em alguns mercados de trabalho é insuficiente para proporcionar emprego a todos

que desejam.

A PROCURA DE EMPREGO

É o processo por meio do qual os trabalhadores encontram empregos apropriados,

dadas suas preferências e habilidades.

Política pública e procura de emprego

Por mais que um certo nível de desemprego friccional seja inevitável, seu nível exato

não é. Quanto mais rápida a disseminação da informação sobre abertura de vagas e

disponibilidade de trabalhadores, mais rapidamente a economia ajustará trabalhadores e

empresas. Os programas governamentais tentam facilitar a busca de emprego de diversas

maneiras.

Seguro desemprego é um programa governamental que protege parcialmente as rendas

dos trabalhadores quando eles ficam desempregados. Embora o seguro desemprego reduza as

dificuldades impostas pelo desemprego, ele também aumenta a quantidade de desempregados.

A explicação se baseia em um dos Dez princípios da Economia: as pessoas reagem a

incentivos. Como os benefícios do seguro desemprego cessam quando o trabalhador arruma

um novo emprego, os desempregados dedicam menos esforços à procura de emprego e têm

maior probabilidade de recusar ofertas de emprego pouco atraentes. Além disso, o seguro

desemprego torna o desemprego menos oneroso, é menos provável que os trabalhadores

procurem garantias de estabilidade no emprego ao negociar as condições de contratação com

os empregadores.

Muitos estudos realizados por economistas do trabalho examinaram os efeitos do

incentivo do seguro desemprego. Um dos estudos do seguro desemprego mostra que a taxa de

desemprego é uma medida imperfeita do nível de bem estar econômico geral de uma nação. A

maioria dos economistas concordam que eliminar o seguro desemprego reduziria o

desemprego na economia. Porém, não há acordo entre eles sobre se o bem estar econômico

seria aumentado ou diminuído por essa alteração na política.

LEGISLAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO

Para que se entenda o desemprego estrutural, é necessário saber como o desemprego

surge em decorrência da legislação do salário mínimo. Embora o salário mínimo não seja a

razão predominante do desemprego em nossa economia, ele tem um efeito importante sobre

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certos grupos em que taxas de desemprego são particularmente elevadas. Além disso a análise

do salário mínimo é um ponto de partida natural, porque, ela pode ser usada para entender

algumas das outras razões do desemprego estrutural.

A figura 4 revê a economia básica do salário mínimo. Quando a legislação do salário

mínimo força o salário a se manter acima do nível que equilibra a oferta e demanda, ela

aumenta a quantidade de mão de obra ofertada e reduz a quantidade de mão de obra

demandada em comparação com o nível de equilíbrio. Há um excesso de mão de obra. Como

há mais trabalhadores dispostos a trabalhar do que empregos, alguns trabalhadores ficam

desempregados.

Essa figura demonstra os efeitos da lei do salário mínimo e ilustra uma lição mais

geral: se o salário se mantiver acima do nível de equilíbrio por qualquer razão, o resultado

será o desemprego. A legislação do salário mínimo é apenas uma das razões pelas quais os

salários podem ficar “excessivamente alto”.

SINDICATOS E NEGOCIAÇÃO COLETIVA

Um sindicato é uma associação de trabalhadores que negociam salários e condições de

trabalho com os empregadores.

A economia dos sindicatos

O processo por meio do qual os sindicatos e as empresas chegam a um acordo em

relação às condições de emprego é chamado negociação coletiva. Caso eles não cheguem a

um acordo, o sindicato pode organizar uma paralização do trabalho na empresa, a qual

denominamos greve.

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Quando um sindicato eleva o salário do nível de equilíbrio, isso aumenta a quantidade

ofertada de mão de obra e diminui a quantidade demandada desta, resultando em desemprego.

Os trabalhadores que continuam empregados com salários mais altos ficam em melhor

situação, mas os que antes estavam empregados e ficaram sem emprego por causa dos salários

mais elevados acabam prejudicados.

A legislação que afeta o poder de mercado dos sindicatos é um tópico permanente no

debate político.

A TEORIA DOS SALÁRIOS DE EFICIÊNCIA

Uma quarta razão pela qual os economistas sempre apresentam algum desemprego –

além da busca de emprego, da legislação do salário mínimo e dos sindicatos – é sugerido pela

teoria dos salários de eficiência. São salários acima do nível de equilíbrio pago pelas empresas

para aumentar a produtividade dos trabalhadores.

Há diversos tipos de teoria dos salários de eficiência. Cada tipo sugere uma explicação

diferente do por que as empresas podem desejar pagar salários elevados. Vamos considerar

quatro desses tipos: Saúde do trabalhador, rotatividade do trabalhador, qualidade do

trabalhador e esforço do trabalhador.

Capítulo 29 – O Sistema Monetário

O SIGNIFICADO DA MOEDA

Moeda é o conjunto de ativos na economia que as pessoas usam regularmente para

comprar bens e serviços de outras pessoas, a moeda inclui apenas aqueles poucos tipos de

riqueza que são regularmente aceitos por vendedores em troca de bens e serviços.

As funções da moeda

Na economia, a moeda admite três funções: meio de troca, unidade de conta e reserva

de valor. Essas três funções distinguem a moeda dos demais ativos da economia, como ações,

títulos, bens imóveis, obras de arte e até figurinhas de beisebol.

Um meio de troca é algo que os compradores dão aos vendedores quando querem

comprar bens e serviços, a unidade de conta representa o padrão de medida que as pessoas

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usam para estabelecer preços e registrar dúvidas e a reserva de valor é algo que as pessoas

podem usar para transferir poder de compra do presente para o futuro.

Os economistas utilizam o termo liquidez para que a facilidade com que um ativo pode

ser convertido em meio de troca na economia seja descrevida. Como a moeda é o meio de

troca da economia, ela é o mais líquido dos ativos disponíveis. A liquidez dos demais ativos

varia muito. Quando os bens e serviços se tornam mais caros, cada dólar que você tem na

carteira pode comprar menos.

Tipos de moeda

Quando a moeda tem a forma de uma mercadoria com valor intrínseco, é chamada

moeda-mercadoria. A expressão valor intrínseco significa que o item teria valor mesmo que

não fosse usado como moeda. A moeda sem valor intrínseco é chamada moeda de curso

forçado, significando que o instrumento utilizado é moeda por decreto governamental.

Por mais que o governo seja a figura central para estabelecer e regular um sistema de

moeda de curso forçado, outros fatores também são necessários para o sucesso de um sistema

monetário desse tipo. Ou seja, a aceitação da moeda de curso forçado depende tanto das

expectativas e convenções sociais quanto do decreto governamental.

Inclusões da moeda

Moeda corrente é quando as cédulas em papel e as moedas de metal estão em poder do

público. E os depósitos à vista, são aqueles saldos em conta corrente aos quais os depositantes

têm acesso mediante a emissão de um cheque.

Sempre que uma economia usa moeda de curso forçado, deve haver um órgão

responsável pela regulação do sistema. Como por exemplo o Banco Central, que é uma

instituição planejada para supervisionar o sistema bancário e regular a quantidade de moeda

na economia.

Oferta de moeda é a quantidade de moeda disponível na economia. Política monetária

é o estabelecimento da oferta de moeda pelos formuladores de políticas do banco central.

OS BANCOS E AS OFERTAS DE MOEDA

Como os depósitos à vista são guardados em bancos, o comportamento dos bancos

pode influenciar a quantidade de depósitos à vista na economia e, portanto, a oferta de moeda;

os depósitos que os bancos recebem, porém não emprestam, são chamados reservas. Cada

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depósito no banco reduz a moeda corrente e aumenta os depósitos à vista exatamente na

mesma quantia, deixando inalterada a oferta de moeda. Portanto, se os bancos mantêm todos

os depósitos como reserva, não influenciam a oferta de moeda.

Criação de moeda por meio do sistema de reservas bancárias fracionárias

O sistema de reservas fracionárias é quando os bancos mantém apenas uma parte de

seus depósitos como reserva, e essa fração que o banco mantém como reserva é chamada de

razão de reserva; essa razão é determinada por uma combinação da regulamentação

governamental e da política do banco.

Quando o branco cria o ativo moeda, também cria um passivo correspondente para os

tomadores de empréstimos. Ao fim desse processo de criação de moeda, a economia fica mais

líquida, no sentido de que há mais meios de troca, mas a economia não está mais rica que

antes.

O multiplicador da moeda

É a quantidade de moeda que o sistema bancário gera com cada dólar de suas reservas.

Quanto maior a razão de reserva, menor a parcela de cada depósito que os bancos emprestam

e menor o multiplicador da moeda.

Capital bancário, alavancagem e a crise financeira de 2008-2009

A realidade do sistema bancário moderno é um pouco mais complexa em comparação

aos sistemas anteriores, e em consequência disso, desempenhou um papel importante na crise

financeira de 2008 e 2009. Antes de observar a crise, precisamos mostrar alguns conceitos

para entender como o banco funciona:

Capital bancário: os recursos que os proprietários do banco colocam na instituição.

Alavancagem: o uso do dinheiro emprestado para complementar os fundos existentes

para fins de investimento.

Grau de alavancagem: a razão dos ativos para o capital bancário.

Exigência de capital: um regulamento governamental que especifica uma quantidade

mínima de capital bancário.

Em 2008 e 2009, muitos bancos tinham pouquíssimo capital depois das perdas de

alguns de ser ativos – especificamente empréstimos hipotecários e títulos garantidos por

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empréstimos hipotecários. A escassez do capital obrigou os bancos a reduzirem seus

empréstimos (crise de crédito), que ocasionou uma recessão na atividade econômica. Como

resultado, os contribuintes norte-americanos tornaram-se, temporariamente, proprietários de

uma parte de muitos bancos. O objetivo dessa política incomum foi recapitalizar o sistema

bancário de modo que os empréstimos bancários pudesse voltar a um nível mais normal, o

que de fato ocorreu no final de 2009.

OS INSTRUMENTOS DE CONTROLE MONETÁRIO DO FED

Operações no mercado aberto: compra e venda de títulos do governo norte-americanos

pelo Fed.

Taxa de redesconto: taxa de juros sobre os empréstimos que o Fed concede aos

bancos.

Reservas exigidas: regulamentação que diz respeito ao montante mínimo de reservas

que os bancos devem manter sobre seus depósitos.

Pagamento de juros sobre as reservas: O Fed pagava juros sobre as reservas, isto é,

quando um banco mantém as reservas sobre os depósitos no Fed, este agora paga os juros

bancários sobre aqueles depósitos.

Capítulo 30 – Crescimento de Moeda e Inflação

A TEORIA CLÁSSICA DA INFLAÇÃO

O nível de preços e o valor da moeda

O primeiro entendimento sobre a inflação é de que ela tem mais a ver com o valor da

moda que com o valor dos bens. Quando o índice de preços ao consumidos e outras medidas

do nível de preços aumentam, os analistas muitas vezes sentem-se tentados a olhar os muitos

preços individuais que compõem esses índices de preço, ou seja, a inflação é um fenômeno

amplo da economia que diz respeito, em primeiro lugar, ao valor do meio de troca da

economia.

O nível geral de preços da economia pode ser visto de duas maneiras. Até agora,

olhamos o nível de preços como o preço de uma cesta de bens e serviços. Quando o nível de

preços aumentam, as pessoas precisam pagar mais pelos bens e serviços que compram.

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Alternativamente, podemos ver o nível de preços como uma medida do valor da moeda. Um

aumento no nível de preços significa uma redução no valor da moeda.

Oferta de moeda, demanda de moeda e equilíbrio monetário

O que determina o valor da moeda? A oferta e a demanda de moeda determinam o

valor da moeda. A oferta da moeda é uma variável de política controlada pelo sistema

bancário, já a demanda reflete quanta riqueza as pessoas desejam manter na forma líquida.

Embora a demanda de moeda seja afetada por muitas variáveis, uma delas é de especial

importância: o nível médio dos preços na economia.

Gráfico da oferta e demanda da moeda

As duas curvas da figura são as curvas de oferta e demanda de moeda. A curva de

oferta é vertical porque o foi-se fixado a quantidade de moeda disponível. A curva de

demanda de moeda tem inclinação negativa, indicando que, quando o valor da moeda é baixo

(e o nível de preços é alto), as pessoas demandam uma maior quantidade de moeda para

comprar bens e serviços. No equilíbrio, mostrado na figura como ponto A, a quantidade de

moeda demandada é igual à quantidade de moeda ofertada. Esse equilíbrio da oferta e da

demanda determina o valor da moeda e o nível de preços.

Os efeitos de uma injeção de moeda

Teoria quantitativa da moeda: teoria que afirma que a quantidade de moeda disponível

determina o nível de preços e que a taxa de crescimento na quantidade de moeda disponível

determina a taxa de inflação.

Gráfico da oferta da moeda

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Um breve olhar sobre o processo de ajuste

A maior demanda por bens e serviços faz com que os preços dos bens e serviços

aumentem. O aumento de um nível de preços, por sua vez, eleva a quantidade de moeda

demandada porque as pessoas necessitam de mais dinheiro para cada transação. Por fim, a

economia atinge um novo equilíbrio em que a quantidade de moeda demandada novamente é

igual à quantidade de moeda ofertada. Dessa forma, o nível geral de preço dos bens e serviços

ajusta-se para trazer a oferta e a demanda de moeda para o equilíbrio.

A dicotomia clássica e a neutralidade monetária

Existem duas variáveis, as variáveis nominais: que são as variáveis medidas em

unidades monetárias e, as variáveis reais: são as variáveis medidas em unidades fiscais. Essa

separação das variáveis em grupos é denominada hoje, dicotomia clássica, que é a separação

teórica entre variáveis nominais e variáveis reais. Quando as alterações na oferta de moeda

não afetam as variáveis reais, existe uma neutralidade monetária.

Velocidade e equação quantitativa

A velocidade da moeda, é a taxa pela qual a moeda troca de mãos. Para se calcular

existe uma equação quantitativa que é M x V = P x Y, que relaciona a quantidade de moeda, a

velocidade da moeda e o valor monetários da produção de bens e serviços da economia.

O imposto inflacionário

É a receita arrecadada pelo governo por meio da criação de moeda. Esse imposto não é

como os outros, porque ninguém recebe uma cobrança governamental para pagá-lo, em vez

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disso, o imposto inflacionário é mais sutil. Quando o governo emite moeda, o nível de preços

se eleva e os dólares em sua carteira perdem valor. Portanto, o imposto inflacionário é como

um imposto sobre todas as pessoas que têm moeda.

O efeito fisher

Vamos agora considerar como o crescimento da oferta de moeda afeta as taxas de

juros. No longo prazo, quando a moeda é neutra, uma alteração no crescimento da moeda não

deveria afetar a taxa de juros real. A taxa de juros real é, afinal, uma variável real. Para que a

taxa de juros real não seja afetada, a taxa de juros nominal deve se ajustar, na proporção de

um para um, às alterações na taxa de inflação. Portanto, quando o banco aumenta a taxa de

crescimento da moeda, o resultado, no longo prazo, é um aumento na taxa de inflação e uma

elevação na taxa de juros nominal. Esse ajuste da taxa de juros nominal à taxa de inflação é

chamado de efeito Fisher, em homenagem ao economista Irving Fisher (1867-1947), que foi o

primeiro a estudar o tema. Porém, esse efeito não se mantém no curto prazo na medida em

que a inflação não seja antecipada.

Os custos da inflação

A partir de um estudo, os economistas identificaram seis custos de inflação: custo de

sola de sapato associado à redução da moeda mantida, custos de menu associados a reajustes

mais frequentes dos preços, maior variabilidade dos preços relativos, alterações não

intencionadas das responsabilidades tributárias decorrentes da não indexação do código

tributário, confusão e inconveniência resultantes de uma mudança na unidade de conta, e

redistribuições arbitrárias de riqueza entre credores e devedores. Durante uma hiperinflação,

esses custos são elevados, porém a dimensão deles em tempos de inflação moderada não é tão

clara.

Capítulo 34 – A Influência das Políticas Monetária e Fiscal sobre a

Demanda Agregada

São muitos fatores que influenciam a demanda agregada, além das políticas monetária

e fiscal. Mais especificamente, a despesa desejada pelas famílias e empresas determina a

demanda global por bens e serviços. Quando muda a despesa desejada, a demanda agregada

se desloca. Se os formuladores de políticas deixarem de reagir, esses deslocamentos na

demanda agregada causarão flutuações de curto prazo na produção e no emprego. Como

resultado, os formuladores de política monetária e fiscal às vezes usam instrumentos de que

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dispõem para tentar contrabalançar esses deslocamentos na demanda agregada e, assim,

estabilizar a economia.

COMO A POLÍTICA MONETÁRIA INFLUENCIA A DEMANDA AGREGADA

A curva de demanda agregada mostra a quantidade total de bens e serviços demandada

na economia para qualquer nível de preços. A curva de demanda agregada tem inclinação

negativa por três motivos: o efeito riqueza, o efeito taxa de juros e o efeito taxa de câmbio.

Esse três efeitos ocorrem simultaneamente, aumentando a quantidade demandada de bens e

serviços quando o nível de preços cai e diminuindo a quantidade de bens e serviços quando o

nível de preços sobe. Embora os três efeitos operem juntos para explicar a inclinação negativa

da curva de demanda agregada, eles não são de igual importância.

A teoria da preferência da liquidez, determina a taxa de juros e ajuda a explicar a

inclinação negativa da curva de demanda agregada e como as políticas monetária e fiscal

deslocam essa curva. A teoria de Keynes segundo a qual a taxa de juros se ajusta para

equilibrar a oferta de moeda e a demanda por moeda.

A primeira parte da teoria da preferência pela liquidez é a oferta de moeda. Ela

independe da taxa de juros, pois qualquer que seja a taxa de juros vigente, a moeda ofertada é

a mesma.

De acordo com a teoria da preferência pela liquidez, a taxa de juros se ajusta para

equilibrar a quantidade de moeda ofertada e a quantidade de moeda demandada.

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A segunda parte da teoria da preferência pela liquidez é a demanda por moeda. Um

aumento da taxa de juros eleva o custo de se reter moeda e, como consequência, reduz a

quantidade de moeda demandada. Uma queda na taxa de juros reduz o custo de se reter moeda

e aumenta a quantidade demandada.

De acordo com a teoria da preferência pela liquidez, a taxa de juros se ajusta para

equilibrar a oferta de moeda e a demanda por meda. Há uma taxa de juros, chamada taxa de

juros de equilíbrio, na qual a quantidade de moeda demandada equilibra exatamente a

quantidade de moeda ofertada.

A inclinação negativa da curva de demanda agregada

Como vimos no capítulo 30, o nível de preços é um determinante da quantidade de

moeda demandada. A preços mais elevados, mais moeda é trocada cada vez que um bem ou

serviço é vendido, Como resultado, as pessoas optam por reter maior quantidade de moeda.

Isto é, um nível de preços maior eleva a quantidade de moeda demandada para qualquer taxa

de juros dada. Dessa maneira, um aumento de nível de preços de P1 para P2 desloca a curva

de demanda de moeda para direita, de DM1 para DM2, como mostra o painel (a) da Figura 2.

Esse deslocamento na demanda por moeda afeta o equilíbrio no mercado de moeda.

Para uma oferta fixa de moeda, a taxa de juros precisa se elevar para equilibrar a oferta e a

demanda de moeda. O maior nível de preços aumentou a quantidade de moeda que as pessoas

desejam reter e deslocou a curva de demanda por moeda para a direita. Mas a quantidade de

moeda ofertada permanece a mesma, de modo que a taxa de juros precisa aumentar de r1 para

r2 a fim de desestimular a demanda adicional. Esse aumento na taxa de juros têm

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consequências não só para o mercado de moeda, mas também para a quantidade demandada

de bens e serviços.

Variações na oferta de moeda

Sempre que a quantidade demandada de bens e serviços muda para qualquer nível de

preço dado, a curva de demanda agregada se desloca. Uma variável importante que desloca a

curva da demanda agregada é a política monetária.

No painel (a), um aumento da oferta de moeda de OM1 para OM2 reduz a taxa de

juros de equilíbrio de r1 para r2. Como a taxa de juros é o custo dos empréstimos, a queda na

taxa de juros aumenta a quantidade demandada de bens e serviços a um nível de preços dado,

de Y1 para Y2. Portanto, o painel (b), a curva de demanda agregada desloca-se para a direita,

de DA1 para DA2.

COMO A POLÍTICA FISCAL INFLUENCIA A DEMANDA AGREGADA

O governo pode influenciar o comportamento da economia não só por meio da política

monetária, mas também como política fiscal. A política fiscal compreende as escolhas do

governo quanto ao nível geral de compras governamentais ou aos impostos. No curto prazo,

contudo, o principal efeito da política fiscal se dá sobre a demanda agregada de bens e

serviços.

Alterações nas compras do governo

Quando os formuladores de políticas alteram a oferta de moeda ou o nível dos

impostos, deslocam indiretamente a curva de demanda agregada, influenciando as decisões de

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despesas das famílias e das empresas. De outro ângulo, quando o governo altera suas próprias

compras de bens e serviços, desloca diretamente a curva da demanda agregada.

O efeito multiplicador

São os deslocamentos adicionais na demanda agregada que ocorrem quando uma

política fiscal expansionista aumenta a renda e, portanto, as despesas de consumo. A figura 4

demonstra o efeito multiplicador. O aumento de $20 bilhões nas compras do governo

inicialmente desloca a curva de demanda agregada para a direita, de DA1 para DA2, em

exatamente $20 bilhões. Mas, quando os consumidores reagem elevando suas despesas, a

curva de demanda agregada desloca-se, ainda mais, para DA3.

Outras aplicações do efeito multiplicador

A lógica do efeito multiplicador, contudo, não se restringe a variações nas compras do

governo. Mas também, aplica-se a qualquer evento que altere as despesas em qualquer

componente do PIB – consumo, investimento, compras do governo ou exportações líquidas.

O efeito deslocamento

É a queda da demanda agregada que ocorre quando uma política fiscal expansionista

eleva a taxa de juros e, portanto, reduz as despesas de investimento. Ou seja, quando o

governo eleva suas compras em $20 bilhões, a demanda agregada por bens e serviços pode

aumentar mais ou menos que $20 bilhões, dependendo do tamanho do efeito multiplicador e

do efeito deslocamento. O efeito multiplicador, sozinho, provoca um deslocamento na

demanda agregada maior que $20 bilhões. O efeito deslocamento empurra a curva da

demanda agregada para a direção oposta e, se for grande o bastante, pode resultar em um

deslocamento na demanda agregada de menos de $20 bilhões.

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Alteração nos impostos

Quando o governo reduz o imposto de renda das pessoas físicas, por exemplo, ele

aumenta a renda disponível das famílias. As famílias pouparão parte dessa renda adicional,

mas também gastarão parte dela em bens de consumo. Como o corte dos impostos aumentam

as despesas de consumo, deslocam a curva de demanda agregada para a direita. Similarmente,

um aumento nos impostos deprime as despesas de consumo e desloca a curva de demanda

agregada para a esquerda.

O tamanho do deslocamento na curva de demanda agregada decorrente de uma

alteração nos impostos também é afetado pelos efeitos multiplicador e deslocamento. Quando

o governo reduz impostos e estimula as despesas de consumo, os salários e lucros aumentam,

o que estimula ainda mais as despesas de consumo. Esse é o efeito multiplicador. Ao mesmo

tempo, uma renda mais elevada leva a uma maior demanda por moeda, o que tende a elevar as

taxas de juros. Taxas de juros mais elevadas aumentam os custos dos empréstimos, o que

reduz as despesas de investimento. Esse é o efeito deslocamento. Dependendo da magnitude

de cada um dos efeitos, o deslocamento na demanda agregada pode ser maior ou menor que a

variação nos impostos que os causou.

Há outro importante determinante do deslocamento na demanda agregada resultante de

uma variação nos impostos: a percepção das famílias quanto à duração na redução nos

impostos: se permanente ou temporária.

O USO DA POLÍTICA PARA ESTABILIZAR A ECONOMIA

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Estabilizadores automáticos: são alterações da política fiscal que estimulam a demanda

agregada quando a economia entra em recessão, sem que os formuladores de políticas tenham

de fazer qualquer ação deliberada.

Capítulo 35 – O Tradeoff entre Inflação e Desemprego no Curto Prazo.

A CURVA DE PHILLIPS: É a curva que mostra o tradeoff entre inflação e

desemprego no curto prazo.

Origem da curva de Phillips

O jornal britânico Economica, em 1958, publicou um artigo do economista A. W.

Phillips, que o tornaria famoso. O artigo era intitulado “A relação entre o desemprego e a taxa

de variação dos salários no Reino Unido, 1861-1957”. No artigo, Phillips mostrava a

existência de uma correlação negativa entre a taxa de desemprego e a taxa de inflação. Ou

seja, Phillips mostrou que anos com baixo desemprego tendem a apresentar inflação elevada e

anos com desemprego elevado tendem a apresentar baixa inflação. Ele concluiu que duas

importantes variáveis econômicas – inflação e desemprego – estavam ligadas de uma maneira

que ainda não havia sido percebida anteriormente pelos economistas. Embora sua descoberta

se baseasse em dados do Reino Unido, os pesquisadores logo estenderam sua descoberta a

outros países.

A curva de Phillips ilustra a relação negativa entre a taxa de inflação e a taxa de

desemprego. No ponto A, a inflação é baixa, e o desemprego, alto. No ponto B, a inflação é

alta, e o desemprego, baixo.

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Demanda agregada, oferta agregada e a curva de Phillips

O modelo de demanda agregada e de oferta agregada oferece uma explicação simples

para a gama de resultados possíveis descrita pela curva de Phillips. A curva de Phillips

simplesmente mostra as combinações de inflação e desemprego que surgem no curto prazo à

medida que deslocamentos na curva de demanda agregada movem a economia ao longo da

curva de oferta agregada de curto prazo. Como foi visto nos dois capítulos anteriores, um

aumento na demanda agregada por bens e serviços leva, no curto prazo, a uma maior

produção de bens e serviços e um nível de preços mais elevado. Maior produção significa

maior emprego e, portanto, uma taxa de desemprego menor. Além disso, quanto mais elevado

for o nível de preços, mais elevada será a taxa de inflação. Portanto, os deslocamentos na

demanda agregada pressionam a inflação e o desemprego em direções opostas no curto prazo

– uma relação que é ilustrada pela curva de Phillips.

Exemplo: Imagine que o nível de preço (como medido, por exemplo, pelo índice de

preços ao consumidor) seja igual a 100 no ano 2020. Os próximos gráficos mostram dois

possíveis resultados que podem ocorrer em 2021, dependendo da força da demanda agregada.

Um resultado ocorre se a demanda agregada é alta, e o outro ocorre se a demanda agregada é

baixa. O painel (a) mostra esses dois resultados usando o modelo de demanda agregada e

oferta agregada. O painel (b) ilustra os mesmos resultados usando a curva de Phillips.

DESLOCAMENTO NA CURVA DE PHILLIPS: O PAPEL DAS EXPECTATIVAS

A curva de Phillips no longo prazo

Em 1968, o economista Milton Friedman publicou, na American Economic Review,

um artigo com base em um pronunciamento que proferia recentemente como presidente da

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American Economic Association. O artigo intitulado “O papel da política monetária”,

continha seções sobre “O que a política monetária pode fazer” e “O que a política monetária

não pode fazer”. Friedman argumentava que uma coisa que a política monetária não podia

fazer, a não ser por um período curto, era diminuir o desemprego por meio do aumento

da inflação. Mais ou menos ao mento tempo, outro economista, Edmund Phelps, também

publicou um artigo negando a existência, no logo prazo, de um tradeoff entre inflação e

desemprego.

De acordo com Friedman e Phelps, não há tradeoff entre inflação e desemprego no

longo prazo. O crescimento na oferta de moeda determina a taxa de inflação.

Independentemente da taxa de inflação, a taxa de desemprego gravita em torno da sua taxa

natural. Como resultado, a curva de Phillips no longo prazo é vertical.

O significado de “natural”

O que há de tão “natural” na taxa natural de desemprego? Friedman e Phelps usaram

esse adjetivo para descrever a taxa de desemprego em direção à qual a economia tende a

gravitar no longo prazo. Todavia, a taxa natural de desemprego não é necessariamente a taxa

de desemprego socialmente desejável. Nem é constante ao longo do tempo.

Como a curva de Phillips no longo prazo se relaciona com o modelo de demanda

agregada e oferta agregada

O painel (a) mostra o modelo de demanda agregada e de oferta agregada com uma

curva de oferta agregada vertical. Quando a política monetária expansionista desloca a curva

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de demanda agregada para a direita, de DA1, para DA2, o equilíbrio move-se do ponto A para

o B. O nível de preço aumenta de P1 para P2 e a produção permanece a mesma. O painel (b)

mostra a curva de Phillips no longo prazo, que é vertical à taxa natural de desemprego. Uma

política monetária expansionista move a economia de uma inflação baixa (ponto A) para uma

inflação alta (ponto B) sem alterar a taxa de desemprego.

A curva de Phillips de curto prazo

A análise de Friedman e Phelps pode ser resumida na equação a seguir: Taxa de

desemprego = taxa natural de desemprego – a (inflação vigente – inflação esperada)

Como a inflação esperada desloca a curva de Phillips no curto prazo

Quanto mais elevada a taxa de inflação esperada, maior o tradeoff entre inflação e

desemprego no curto prazo. No ponto A, a inflação esperada e a inflação vigente são baixas, e

o desemprego está em sua taxa natural. Se o Fed adota uma política monetária expansionista,

a economia se move do ponto A para o B no curto prazo. No ponto B, a inflação esperada

ainda é baixa, mas a inflação vigente é alta. O desemprego está abaixo de sua taxa natural. No

longo prazo, a inflação esperada aumenta e a economia se move para o ponto C. No ponto C,

a inflação esperada e a inflação vigente são ambas elevadas, e o desemprego retorna à sua

taxa natural.

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Hipótese da taxa natural: a afirmação de que o desemprego retorna à sua taxa normal,

ou natural, independentemente da taxa de inflação.

Choque de oferta: um acontecimento que afeta diretamente os custos e os preços das

empresas, deslocando a curva de oferta agregada da economia e, portanto, a curva de Phillips.

Um choque adverso na oferta agregada

O painel (a) mostra o modelo de demanda agregada e de oferta agregada. Quando a

curva de oferta agregada se desloca para esquerda, de OA1, para OA2, o equilíbrio se move

do ponto A para o B. A produção se reduz de Y1 para Y2, e o nível de preços aumenta de P1

para P2. O painel (b) mostra o tradeoff entre inflação e o desemprego no curto prazo. O

deslocamento adverso na oferta agregada move a economia de um ponto com menor

desemprego e menor inflação (ponto A) para um ponto com maior desemprego e maior

inflação (ponto B). A curva de Phillips no curto prazo desloca-se para a direita, de CP1 para

CP2. Os formuladores de políticas agora deparam-se com um trade off pior entre inflação e

desemprego.

O CUSTO DE REDUZIR A INFLAÇÃO

Desinflação é uma redução na taxa de inflação e não deve ser confundida com

deflação, uma redução no nível do preço. Para fazer uma analogia ao movimento de um carro,

a desinflação é como a desaceleração da velocidade, ao passo que a deflação é como das a

marcha ré.

A taxa de sacrifício

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Para reduzir a taxa de inflação, o Fed precisava adotar uma política monetária

contracionista. Muitos estudos examinaram dados sobre inflação e desemprego a fim de

estimar o custo da redução da inflação. As conclusões desses estudos são frequentemente

sumarizadas numa estatística denominada taxa de sacrifício, que é a perda de produção anual,

em pontos percentuais, medida no processo de redução da inflação em 1 ponto percentual.

Uma estimativa típica da taxa de sacrifício é 5. Isto é, para cada ponto percentual de redução

da inflação, devem ser sacrificados 5 pontos percentuais da produção anual durante a

transição.

Política monetária desinflacionaria no curto e longo prazo

Quando o Fed adota uma política monetária contracionista para reduzir a inflação, a

economia se move ao longo da curva de Phillips no curto prazo, do ponto A para o ponto B.

Com o passar do tempo, a inflação esperada cai e a curva de Phillips no curto prazo se desloca

para baixo. Quando a economia atinge o ponto C, o desemprego volta à sua taxa natural.

A curva de Phillips durante a recessão de 2008-2009

Esta figura mostra dados anuais de 2006 a 2009 sobre a taxa de desemprego e a taxa

de inflação (medida pelo deflator do PIB). Uma crise financeira fez que a demanda agregada

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despencasse, levando a um desemprego muito mais alto e empurrando a inflação para baixo a

um nível bem mais baixo.

Capítulo 36 – Seis debates sobre a política macroeconômica

OS FORMULADORES DE POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL DEVERIAM

TENTAR ESTABILIZAR A ECONOMIA?

A favor: os formuladores de políticas deveriam tentar estabilizar a economia.

As razões para que a sociedade sofra com altos e baixos do ciclo econômico são

inexistentes. A partir do desenvolvimento da teoria macroeconômica mostrou-se aos

formuladores de políticas como reduzir a severidade das flutuações econômicas. Ao

“firmarem-se contra o vento” das mudanças econômicas, as políticas monetárias e fiscais

podem estabilizar a demanda agregada e, através disso, a produção e o emprego. Quando a

diminuição da demanda agregada é inadequada para garantir o pleno emprego, os

formuladores de políticas deveriam aumentar os gastos do governo, reduzindo impostos e

expandir a oferta de moeda. Quando a demanda agregada é excessiva, com riscos de aumentar

a inflação, os formuladores de políticas deveriam reduzir as despesas do governo, elevar os

impostos e reduzir a oferta de moeda. As ações políticas citadas expressam o melhor uso da

teoria macroeconômica ao levarem a economia para uma situação mais estável que beneficia a

todos.

Contra: os formuladores de políticas não deveriam estabilizar a economia

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Na teoria, as políticas monetária e fiscal podem ser utilizadas para estabilizar a

economia, contudo, na prática, há obstáculos substanciais ao uso dessas políticas. Com grande

frequência os formuladores de políticas que tentam estabilizar a economia fazem exatamente

o oposto. As condições econômicas, pode, facilmente, mudar entre o momento em que uma

ação política é concebida e o momento em que ela entra em vigor. Por essa razão, os

formuladores de políticas econômicas podem, por descuido, exacerbar, em vez de atenuar, a

magnitude das flutuações econômicas.

É desejável que os formuladores de políticas fossem capazes de eliminar todas as

flutuações econômicas, mas este não é um objeto realista, dado os limites do conhecimento

macroeconômico e a imprevisibilidade inerente aos eventos mundiais. Os formuladores de

políticas econômicas deveriam abster-se de intervir frequentemente com suas políticas

monetária e fiscal e dar-se por satisfeitos em não causar danos.

O GOVERNO DEVERIA COMBATER AS RECESSÕES MEDIANTE O

AUMENTO DOS GASTOS EM VEZ DE CORTE DOS IMPOSTOS?

A favor: o governo deveria combater as recessões mediante o aumento dos gastos

Os economistas entenderam que o problema fundamental em períodos de recessão é a

demanda agregada inadequada. Quando as empresas não conseguem vender uma quantidade

suficiente de bens e serviços, elas reduzem a produção e o emprego. A chave para acabar com

a recessão é restaurar a demanda agregada a um nível consistente com o pleno emprego da

força de trabalho da economia.

A política monetária é a primeira linha de defesa contra as crises econômicas. Ao

aumentar a oferta de moeda, o banco central reduz as taxas de juros. Taxas de juros mais

baixas, por sua vez, reduzem o custo dos empréstimos para financiar projetos de investimento,

como novas fábricas e novas moradias. O aumento dos gastos com investimento incrementa a

demanda agregada e ajusta a restaurar os níveis normais de produção e emprego.

Contra: o governo deveria combater as recessões mediante o corte dos impostos

Os cortes dos impostos têm importante influência na demanda agregada e na oferta

agregada. Eles aumentam a demanda agregada ao elevarem a renda disponível das famílias,

como enfatizado pela análise keynesiana tradicional. Mas eles também podem aumentar a

demanda agregada ao alterarem os incentivos. Por exemplo, se as reduções de impostos

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assumirem a forma de uma expansão do crédito fiscal do investimento, elas podem induzir o

aumento dos gastos com bens de investimento. Como as despesas com investimento são o

componente mais volátil do PIB no ciclo econômico, estimular o investimento é a chave para

acabar com as recessões. Os formuladores de políticas podem visa-los especificamente com a

política fiscal apropriadamente projetada.

A POLÍTICA MOETÁRIA DEVERIA SER FEITA POR REGRAS, E NÃO

DISCRICIONARIAMENTE?

A favor: a política monetária deve ser feita por regras

Argumentam que o arbítrio na condução da política monetária tem dois problemas: o

primeiro é a limitação da incompetência e o abuso de poder. O segundo: a política monetária

pode levar a uma inflação maior do que o desejado.

Uma maneira de evitar esses dois problemas da política discricionária é comprometer

o banco central com uma regra política. Outras regras podem ser aplicadas na política

monetária. Uma regra mais ativa poderia permitir algum feedback do estado da economia para

mudanças na política monetária.

Os defensores da política através de regras defendem que deve-se limitar a

incompetência, os abusos de poder e a inconsistência temporal na condução da política

monetária.

Contra: a política monetária não deveria ser feita por regras

Eles afirmam que podem existirem armadilhas na política monetária discricionária,

porém ela tem a vantagem de ser flexível no processo de transformação da economia.

O BANCO CENTRAL DEVERIA BUSCAR A INFLAÇÃO ZERO?

A favor: o banco central deveria buscar a inflação zero

Os benefícios da inflação zero precisam ser comparados com o custo de se alcançar

esse resultado. A redução da inflação geralmente exige um período de desemprego elevado e

produção baixa, como ilustra a curva de Phillips no curto prazo. Mas essa recessão

desinflacionaria é apenas temporária. Uma vez que as pessoas entendam que os formuladores

de políticas estão visando à inflação zero, as expectativas de inflação cairão e o tradeoff no

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curto prazo melhorará. Como as expectativas se ajustam, não há trade off entre inflação e

desemprego no longo prazo.

Reduzir a inflação é, portanto, uma política com custos temporários e benefícios

permanentes. Uma vez passada a recessão desinflacionaria, os benefícios da inflação zero

persistem no futuro. Se os formuladores de políticas forem perspicazes e tiverem uma visão

de longo prazo, estarão dispostos a incorrer nos custos temporários em troca dos benefícios

permanentes.

Contra: o banco central não deveria buscar a inflação zero

Por mais que a estabilidade de preços possa ser desejável, os benefícios da inflação

zero são pequenos, quando comparados ao da inflação moderada, ao passo que os custos de

atingir a inflação zero são grandes.

O GOVERNO DEVERIA EQUILIBRAR SEU ORÇAMENTO?

A favor: o governo deveria equilibrar seu orçamento

O efeito mais direto da dívida pública é impor um ônus às futuras gerações de

contribuintes. Quando essas dívidas e os juros se acumularem e chegarem ao vencimento, os

futuros contribuintes se verão diante de uma difícil escolha. Poderão escolher uma

combinação de impostos mais altos e menores gastos do governo para disponibilizar recursos

para pagar a dívida e o juros acumulados. Ou podem aprofundarem ainda mais as dívidas de

outras maneiras. De forma essencial, quando o governo incorre em um déficit orçamentário e

emite títulos públicos, permite que os contribuintes de hoje repassem parte dos pagamentos

das despesas correntes aos futuros contribuintes.

Além desse efeito direto, os déficits orçamentários também têm vários efeitos

macroeconômicos. Como os déficits orçamentários representam uma poupança pública

negativa, eles reduzem a poupança nacional. Existem outras situações que o déficit público é

justificável, como por exemplo, apoio a guerra e a recessão.

Contra: o governo não deveria equilibrar seu orçamento

Defende-se que o problema da dívida pública é frequentemente exagerado. Por mais

que a dívida pública represente uma carga tributária para as gerações mais jovens, não é

grande se comparada à renda média de uma pessoa no decorrer de sua vida. Além disso, é

enganoso enxergar isoladamente os efeitos dos déficits orçamentários. O déficit orçamentário

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é só uma parte de um grande quadro de como o governo opta por arrecadar e gastar o

dinheiro. Ao tomarem essas decisões de política fiscal, os formuladores de políticas públicas

afetam diferentes gerações de contribuintes de muitas maneiras. O déficit ou superávit

orçamentário do governo deveria ser considerado com as demais políticas.

A LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA DEVERIA SER REFORMADA PARA

ESTIMULAR A POUPANÇA?

A favor: a legislação tributária deveria ser reformada para estimular a poupança

Os defensores argumentam que a taxa de poupança de um país é um dos

determinantes-chave de sua prosperidade econômica ao longo do prazo. Quando a taxa de

poupança é elevada, há mais recursos disponíveis para investimento em novas fábricas e

equipamentos. Um maior estoque de fábricas e equipamentos, por sua vez, aumenta a

produtividade do trabalho, os salários e renda. Portanto, não é de surpreender que dados

internacionais mostrem uma forte correlação entre as taxas de poupança nacional e as medidas

de bem-estar econômico.

Contra: a legislação tributária não deveria ser alterada para estimular a

poupança

Pode até ser desejável aumentar a poupança, mas não pode se tornar o único objetivo

da política tributária. Os formuladores de políticas também devem ter a certeza de distribuir a

carga tributária de maneira justa. O problema das propostas de aumentar o incentivo à

poupança é que elas aumentam a carga das pessoas que menos podem arcar com ela. As

famílias de baixa rendam poupam uma parcela menor do que as famílias de alta renda. Como

resultado, qualquer mudança tributária que favoreça as pessoas que poupam também tenderá a

favorecer as pessoas com alta renda. Ou seja, essas políticas forçam o governo a elevar a

carga tributária do pobre.