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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SOB AS ÓTICAS GROUPWARE E SISTEMA PRODUTIVO MARCUS SALERNO DE AQUINO CAMPINA GRANDE - PB MARÇO, 2002

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SOB AS ÓTICAS GROUPWARE E SISTEMA PRODUTIVO

MARCUS SALERNO DE AQUINO

CAMPINA GRANDE - PB MARÇO, 2002

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MARCUS SALERNO DE AQUINO

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SOB AS ÓTICAS GROUPWARE E SISTEMA PRODUTIVO

Monografia apresentada à Universidade Federal da Paraíba como requisito para a obtenção do Grau de Especialista em Engenharia de Produção.

Orientador: Marcos Antonio Gonçalves Brasileiro

Campina Grande - PB Março, 2002

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MARCUS SALERNO DE AQUINO

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SOB AS ÓTICAS DE GROUPWARE E SISTEMA PRODUTIVO

Monografia aprovada em, / /2002, como requisito para obtenção do Grau de Especialista em Engenharia de Produção.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Professor Marcos Antonio Gonçalves Brasileiro

Orientador

__________________________________________ Professora – Edna Gusmão de Góes Brennand

__________________________________________ Professor – Marcio Botelho da Fonseca Lima

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À minha esposa Dêlma e minhas filhas Camille e Caroline

Aos meus pais e meus sogros pelos ensinamentos de vida

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AGRADECIMENTOS

A Deus, Senhor e Criador dos homens e de todas as coisas em que

vivemos, que me concedeu forças para a realização deste trabalho, iluminando o

meu caminho e ajudando-me a vencer as barreiras encontradas.

A Dêlma, esposa talentosa e perspicaz, a quem agradeço pelo

incentivo à realização deste curso e por todos os momentos a mim dedicados;

certamente sem o seu apoio, esta monografia não teria sido realizada.

Ao professor Marcos Antonio Gonçalves Brasileiro, pela orientação

ministrada durante a realização destes estudos e pelas considerações precisas e

imprescindíveis na concepção deste trabalho, ampliando assim, os meus

conhecimentos e estimulando a avaliação crítica.

Aos professores Benedito Guimarães Aguiar Neto e Edimar Alves

Barbosa, diretor e vice-diretor do Centro de Ciências e Tecnologia da UFPB,

respectivamente, por conceberem este curso no âmbito do CCT e apoiarem-me

na sua realização.

À equipe do Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, e em

especial, aos professores Ricardo Miranda Barcia, Alejandro Martins e Andréa

Valeria Steil, pela atenção dispensada e pelas valiosas contribuições,

fundamentais para a conclusão deste trabalho.

A todos os queridos professores do Curso de Especialização em

Engenharia de Produção/CCT/UFPB, pelos seus ensinamentos.

E finalmente, agradeço às minhas filhas, Camille e Caroline, pelo

carinho e compreensão durante as noites e finais de semana que não pudemos

estar juntos.

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“A Internet foi concebida para fins militares, mas graças a

Deus, a sociedade soube utilizá-la para o bem da humanidade, sendo

aplicada em diversas áreas, principalmente na comunicação e

pesquisa. Espera-se que, em um futuro próximo, ela também possa ser

usada na educação de todos os povos, permitindo o acesso irrestrito de

cada indivíduo em qualquer lugar do mundo, tornando-se assim, um

real instrumento de cidadania”.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS E FIGURAS .......................................................viii

RESUMO ...............................................................................................ix

ABSTRACT ...........................................................................................x

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO .........................................................................11

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS..................................................................11

1.2 JUSTIFICATIVA......................................................................................13

1.3 OBJETIVOS............................................................................................13

1.3.1 Geral ................................................................................................14

1.3.2 Específicos.......................................................................................14

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...............................................14

1.4.1 Área de Atuação ..............................................................................14

1.4.2 Universo da Pesquisa ......................................................................15

1.4.3 Técnicas Metodológicas ..................................................................15

1.5 ORGANIZAÇÃO DA MONOGRAFIA ......................................................16

CAPÍTULO 2 - EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA.....................................................18

2.1 INTRODUÇÃO........................................................................................18

2.2 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ........................................20

2.3 A NOVA REALIDADE DA EAD...............................................................23

2.4 ASPECTOS DO SISTEMA EDUCACIONAL NO BRASIL.......................29

2.5 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL ................................................31

2.6 REGULAMENTAÇÃO DA EAD NO BRASIL...........................................33

CAPÍTULO 3 - TECNOLOGIAS GROUPWARE ..............................................36

3.1 O QUE SÃO TECNOLOGIAS GROUPWARE ........................................36

3.2 CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................39

3.2.1 Classificação Espaço/Tempo...........................................................40

3.2.2 Considerando a Previsibilidade........................................................41

3.2.3 Classificação Segundo a Funcionalidade das Aplicações ...............42

3.3 TIPOS DE APLICAÇÕES EXISTENTES ................................................42

3.3.1 Sistemas de Mensagens..................................................................42

3.3.2 Editores Cooperativos (autoria cooperativa) ....................................43

3.3.3 Agentes Inteligentes ........................................................................43

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3.3.4 Sistemas de Conferência Eletrônica ................................................44

3.3.5 Salas de Reuniões Eletrônicas e Sistemas de Tomada de Decisão45

3.3.6 Sistemas de Coordenação...............................................................45

3.4 TECNOLOGIAS ENVOLVIDAS NO SUPORTE À COOPERAÇÃO........46

3.4.1 Tecnologia de Comunicação ...........................................................46

3.4.2 Tecnologia de Banco de Dados .......................................................47

3.4.3 Tecnologia Hipermídia .....................................................................49

3.5 AS TECNOLOGIAS GROUPWARE NA EAD .........................................52

3.5.1 Ambientes Virtuais de Aprendizado .................................................55

CAPÍTULO 4 - EAD COMO UM SISTEMA DE PRODUÇÃO...........................57

4.1 VISÃO GERAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO ................................57

4.1.1 Classificação dos Sistemas de Produção ........................................57

4.1.2 Planejamento Estratégico da Produção...........................................59

4.1.3 Acompanhamento e Controle da Produção .....................................61

4.2 O AMBIENTE EAD COMO UM SISTEMA PRODUTIVO........................63

4.2.1 Classificação do Ambiente EAD ......................................................63

4.2.2 Planejamento Estratégico de um Ambiente EAD.............................64

CAPÍTULO 5 - ESTUDO DE CASO: A EXPERIÊNCIA DO LED/UFSC ..........68

5.1 A INTERATIVIDADE DO ENSINO A DISTÂNCIA NO PPGEP/UFSC ....68

5.2 O LABORATÓRIO DE ENSINO A DISTÂNCIA DA UFSC......................71

5.2.1 Histórico das Ações do LED ............................................................72

5.2.2 Proposta pedagógica dos cursos do LED........................................74

5.2.3 Sistema de Acompanhamento.........................................................75

5.2.4 Tecnologias de Ensino.....................................................................76

5.3 O LED COMO UM SISTEMA DE PRODUÇÃO ......................................81

5.3.1 Classificação do LED como um Sistema Produtivo .........................81

5.3.2 Missão .............................................................................................81

5.3.3 Estratégias do LED ..........................................................................82

5.3.4 Planejamento de um curso de EAD.................................................82

5.3.5 Acompanhamento e Controle de um Curso em EAD.......................85

5.4 AS TECNOLOGIAS GROUPWARE UTILIZADAS NO LED....................86

5.4.1 Tecnologias Groupware Utilizadas ..................................................87

5.4.2 Modelos para Sistemas Cooperativos .............................................88

5.4.3 Tecnologias Envolvidas no Suporte a Cooperação .........................89

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES ........................................................................91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................94

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LISTA DE QUADROS E FIGURAS

QUADRO 3.1 – Classificação Espaço/Tempo..................................................................40

QUADRO 3.2 – Classificação Considerando a Previsibilidade.........................................41

QUADRO 4.1 – Critérios de Desempenho .......................................................................61

FIGURA 5.1 – Estrutura de Videoconferência .................................................................79

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RESUMO

SALERNO, Marcus Salerno de Aquino. Educação a Distância sob as Óticas Groupware e Sistema Produtivo, 2001. 97f. Monografia (Curso de Especialização em Engenharia de Produção) – CCT/UFPB, Campina Grande.

Este trabalho objetiva representar um ambiente de Educação a Distância – EAD sob a ótica das tecnologias groupware e de sistemas de produção. Esta representação visa apresentar as contribuições advindas das tecnologias de informação e comunicação voltadas para o trabalho cooperativo, descrevendo as ferramentas e metodologias utilizadas no seu desenvolvimento e discutindo as tendências e os novos rumos da EAD. Um relato da EAD no Brasil e as respectivas regulamentações e portarias do Ministério da Educação também são apresentadas. Analisa-se, neste trabalho, a evolução do processo de ensino a distância a partir da incorporação de tecnologias groupware, tendo contribuído para a socialização na difusão da informação, aumento da aprendizagem colaborativa e construção de novos conhecimentos. Por sua vez, a representação da EAD na ótica de um sistema produtivo proporciona a identificação de características e utilização de técnicas dessa área de pesquisa na busca da otimização dos processos inerentes ao ambiente EAD, além de permitir a definição das estratégias a serem adotadas na implementação deste ambiente. Elegeu-se como estudo de caso o Laboratório de Ensino a Distância da Universidade Federal de Santa Catarina – LED/UFSC, que utiliza um grande número de tecnologias groupware e emprega conceitos de sistema de produção, proporcionando ganhos significativos na sua produtividade e na qualidade dos serviços oferecidos. Palavras-chave: EAD, groupware, sistema produtivo, Educação à Distância

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ABSTRACT

SALERNO, Marcus Salerno de Aquino. Educação a Distância sob as Óticas Groupware e Sistema Produtivo, 2001. 97f. Monografia (Curso de Especialização em Engenharia de Produção) – CCT/UFPB, Campina Grande.

This work aims at to represent an atmosphere of Distant Learning - EAD under the optics of the technologies groupware and of production systems. These representations seek to use, when appropriate, the contributions inherent to those information technologies and communication gone back to the cooperative work. Tools and methodologies used in its development and discussing the tendencies and the new directions of EAD are depicted. A report of EAD in Brazil and the respective regulations and entrances of Ministry of Education are also presented. It is analyzed, also, the evolution of EAD process starting from the incorporation of groupware technologies, that are contributing to the socialization in the diffusion of the information, which in turns increase the collaborative learning and construction of new knowledge. Representation of EAD in the optics of a productive system provides the identification of characteristics and use of techniques of that research area in the search of the optimization of the inherent processes to the atmosphere EAD, besides allowing the definition of the strategies to be adopted in the implementation of this EAD environment. It was chosen as case study the Laboratory of Distant Learning of the Federal University of Santa Catarina - LED/UFSC, where one can identify the use of a group of groupware technologies and of concepts of production system, providing significant improvements in its productivity and in the quality of the offered services. Key-words: EAD, Groupware, Productive System, Distant Learning

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CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A humanidade caminha a passos largos para a “era da informação”.

Conseqüentemente, a necessidade de aumentar a velocidade de aprendizagem e

aquisição de novos conhecimentos tornou imperativo que o homem criasse

formas e mecanismos capazes de transmitir informações de forma rápida e cada

vez mais eficiente. A Educação a Distância - EAD surgiu com o objetivo de

atender alunos distantes geograficamente e que não tinham disponibilidade de

tempo para a realização de cursos presenciais.

As primeiras iniciativas em EAD tiveram início no final do século XIX

com a elaboração de material impresso enviado pelo correio. O rádio e a televisão

contribuíram para a difusão e a ampliação do alcance desses cursos. Entretanto,

a metodologia empregada apenas reproduziu, na maioria dos casos, o modelo

das escolas tradicionais, onde o professor ensina (apresenta a teoria e os

conceitos de determinados assuntos) e os alunos realizam as tarefas que lhes

são apresentadas (respondem a questionários, realizam alguma pesquisa ou

resolvem problemas para serem avaliados).

Mais recentemente, com a difusão da Internet e o avanço das

tecnologias de informação e comunicação, os cursos de ensino a distância

passaram a ser repensados como um processo de ensino-aprendizado

cooperativo, onde a relação professor-aprendiz ganha uma dimensão mais

participativa, aumentando a troca de informações e de discussão durante o curso.

Deve-se destacar os avanços observados nas tecnologias

groupware que têm como objetivo precípuo a facilitação e a cooperação, mediada

por computador, entre indivíduos que estejam distantes e possam se comunicar

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de forma síncrona e assíncrona, possibilitando o compartilhamento das

informações geradas pelo grupo com a finalidade de aumentar a produtividade ou

funcionalidade dos processos entre pessoas.

Os sistemas de correio-eletrônico, teleconferências, suporte a

decisão e editores de texto colaborativos são exemplos de groupware, pois são

aplicações para o suporte ao trabalho cooperativo que incluem: mecanismos de

comunicação que permitem as pessoas verem, ouvirem e enviarem mensagens

umas às outras; mecanismos de compartilhamento de uma área de trabalho que

permitem às pessoas trabalharem ao mesmo tempo ou em momentos diferentes;

e mecanismos de compartilhamento de informações que permitem o trabalho de

várias pessoas sobre a mesma base de informações (Freitas, 1995a).

No atual estágio da EAD, as “salas eletrônicas”, usadas como salas

de aula, passam a introduzir novas propostas educacionais adequadas à

tecnologia disponível. Outras ferramentas de groupware tais como sistema de

suporte a decisão em grupo, sistema de co-autoria e sistema de conferência

também podem ser incorporadas como ferramentas de auxílio à educação a

distância (Barros, apud Freitas, 1995b).

Com a modernização das tecnologias de informação e de

comunicação, o modelo pedagógico passa a ser repensado na EAD, incluindo

novas práticas de ensino-aprendizagem e incorporando procedimentos educativos

compatíveis com essa nova modalidade de ensino. Neste novo paradigma

educacional, elementos motivacionais e interativos deverão ser introduzidos de

forma a aumentar a participação do aluno durante o curso.

Estas novas metodologias e tecnologias, incorporadas aos

processos de um ambiente EAD, têm que ser sistematizadas para que a

elaboração e implantação de cursos em EAD possam obter o êxito pretendido.

Sob esta ótica, o processo de geração de cursos pode ser representado como um

sistema produtivo, fazendo-se, portanto, necessária a identificação de suas

características e vantagens.

Para a análise do ambiente EAD como um sistema de produção e de

groupware, foi realizado um estudo de caso no Laboratório de Ensino a Distância

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da Universidade Federal de Santa Catarina – LED/UFSC, tendo em vista que este

laboratório é um centro de excelência na geração e difusão de cursos em EAD.

1.2 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos, houve uma evolução nas tecnologias voltadas

para o ambiente EAD, bem como no estudo de novas metodologias para a

aprendizagem on-line. A proliferação de cursos à distância, através da Internet,

vem demonstrando o potencial existente nessa área e as novas oportunidades de

geração e difusão do conhecimento.

Neste sentido, pretende-se estudar o ambiente de Educação a

Distância sob a ótica de um ambiente groupware e de um sistema produtivo.

A abordagem groupware em EAD visa identificar os diversos

elementos que permitam o trabalho em equipe e a interação aluno-professor e

aluno-aluno, possibilitando dessa forma, buscar um maior ganho no processo de

ensino-aprendizagem e a otimização, de forma sistemática, na transmissão do

conhecimento.

A representação da EAD como um sistema produtivo permite

caracterizar os requisitos necessários para a elaboração e produção de um curso,

bem como a sua implantação e execução. Estes requisitos conduzem à

otimização dos processos inerentes a EAD na geração do conhecimento e no

desempenho de entrega, obtendo-se menor custo, maior qualidade e flexibilidade.

1.3 OBJETIVOS

Apresentam-se, a seguir, os objetivos geral e específicos desta

monografia.

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1.3.1 Geral

Representar um ambiente EAD nas óticas de groupware e sistema

produtivo objetivando a utilização dos avanços atingidos nestas áreas de

pesquisa como instrumentos de otimização dos processos inerentes a EAD.

1.3.2 Específicos

• Identificar as tecnologias groupware que podem ser utilizadas nos

processos de um ambiente EAD;

• Verificar o uso das tecnologias groupware em um curso com ambiente

EAD;

• Identificar as propriedades existentes em um ambiente EAD,

caracterizando-o como um sistema produtivo;

• Realizar estudo de caso em um centro de excelência de EAD, abordando

as característica de groupware e de sistema produtivo.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho objetiva a representação de um ambiente de EAD nas

óticas das tecnologias groupware e de sistemas de produção. A metodologia

empregada estabeleceu variáveis de investigação para o levantamento dos dados

necessários ao estudo e consecução dos objetivos propostos. Para tanto, foram

estabelecidos: a Área de Atuação da Pesquisa, o Universo Pesquisado e as

Técnicas Metodológicas.

1.4.1 Área de Atuação

Este trabalho realizou um estudo sobre as tecnologias groupware

em um ambiente de Educação à Distância, a situação atual no Brasil e o emprego

de metodologias de ensino-aprendizagem para cursos on-line.

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1.4.2 Universo da Pesquisa

O universo a ser pesquisado foi delimitado para ambientes de EAD

que realizam cursos à distância através da Internet e de vídeo-conferência.

1.4.3 Técnicas Metodológicas

Para a realização deste trabalho, foi utilizado o método de

Levantamento de Dados via Documentação Indireta e Pesquisa de Campo.

• Levantamento de Dados via Documentação Indireta

Neste estudo, foram consultados periódicos, artigos publicados em

congressos e revistas científicas, dissertações e monografias, livros e sites na

Internet, com enfoque voltado para a educação a distância, tecnologias

groupware e sistemas de produção. Também foram consultadas portarias do

MEC sobre a regulamentação da EAD no Brasil. As fontes de pesquisa estão

descritas na bibliografia constante das Referências Bibliográficas.

• Pesquisa de Campo

A pesquisa de campo foi realizada através de uma visita ao

Laboratório de Ensino a Distância – LED/UFSC, onde foi feito o levantamento das

variáveis de investigação necessárias à consolidação do trabalho. O

levantamento foi estruturado com base nos seguintes tópicos:

a) Estrutura Groupware do LED/UFSC

Variáveis de Investigação: tecnologias utilizadas (sistemas de mensagens,

editores cooperativos, agentes inteligentes, sistemas de conferência

eletrônica síncrona e assíncrona, salas de reuniões eletrônicas e

sistemas de coordenação); modelos para Sistemas Cooperativos (de

dados, de comunicação e de interface); tecnologias envolvidas no suporte

à cooperação (de comunicação, banco de dados e hipermídia); cultura

groupware existente.

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b) Sistema Produtivo existente no LED/UFSC

Variáveis de Investigação: missão; estratégia corporativa, competitiva e de

produção; critérios de desempenho (custo, qualidade, desempenho de

entrega, flexibilidade, inovação e impacto social).

c) Planejamento, acompanhamento e controle de um curso de EAD

Variáveis de Investigação: identificação da demanda e necessidades do cliente;

identificação das competências internas; definição de metas; aplicação,

avaliação e conclusão de um curso; execução das atividades;

identificação dos desvios; ações corretivas.

Após a coleta de dados, realizada de acordo com os procedimentos

indicados, estes receberam tratamento e foram classificados de forma

sistemática.

1.5 ORGANIZAÇÃO DA MONOGRAFIA

Esta monografia foi organizada de forma a identificar as tecnologias

groupware existentes em um ambiente EAD e caracterizar este ambiente como

um sistema produtivo, com o objetivo de buscar a otimização obtida na produção

de cursos em EAD. O sucesso na aplicação desses conceitos foi evidenciado no

estudo de caso realizado.

Este documento está estruturado da seguinte forma:

O Capítulo 2 apresenta a conceituação de um ambiente EAD, a sua

evolução e as modificações que estão sendo exigidas com a evolução das

tecnologias de informação. A regulamentação da EAD no Brasil por parte do

governo federal também é apresentada neste capítulo.

O Capítulo 3 analisa as tecnologias groupware, suas características

e aplicações. Também é discutido neste capítulo, o uso destas tecnologias na

realização do trabalho cooperativo na educação e apresentado alguns ambientes

virtuais de aprendizagem.

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O Capítulo 4 descreve o ambiente EAD como um sistema produtivo,

abordando todas as característica e vantagens na produção de cursos que

obedeçam aos conceitos de sistemas de produção.

Um estudo de caso é apresentado no Capítulo 5, com o objetivo de

identificar na estrutura do LED/UFSC, o ambiente EAD nas óticas de um sistema

de produção e de groupware.

O Capítulo 6 apresenta as conclusões obtidas neste trabalho, onde

se destacam as contribuições trazidas pela representação dos processos de um

ambiente EAD nas óticas de groupware e sistemas de produção. Finalmente, os

aspectos relacionados a pesquisas futuras são destacados.

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CAPÍTULO 2 - EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Neste capítulo serão abordados os conceitos de Educação a

Distância e sua aplicação no ensino brasileiro, as perspectivas futuras de

aplicação deste modelo utilizando novas tecnologias via Internet, bem como a

legislação que regulamenta os cursos de EAD no Brasil.

2.1 INTRODUÇÃO

A educação é o elemento-chave na construção de uma sociedade

baseada na informação, no conhecimento e no aprendizado. Parte considerável

do desnível entre indivíduos, organizações, regiões e países deve-se à

desigualdade de oportunidades relativas ao desenvolvimento da capacidade de

aprender e concretizar inovações. Por outro lado, educar em uma sociedade da

informação significa muito mais que treinar as pessoas para o uso das tecnologias

de informação e comunicação: trata-se de investir na criação de competências

suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva na produção

de bens e serviços, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, operar com

fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar

criativamente as novas mídias, seja em usos simples e rotineiros, seja em

aplicações mais sofisticadas. Trata-se também de formar os indivíduos para

"aprender a aprender", de modo a serem capazes de lidar positivamente com a

contínua e acelerada transformação da base tecnológica (Livro Verde, 2000).

O processo de educação a distância existe, pelo menos, desde o

século passado. Ele se iniciou com a elaboração de material impresso enviado

por correio. Os cursos por correspondência foram largamente usados até a

metade deste século, sendo caracterizados por uma comunicação mínima entre

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aluno-professor, realizada de forma lenta e ineficiente através do sistema postal

tradicional. Como exemplos, pode-se citar a Open University na Inglaterra e o

Instituto Universal Brasileiro no Brasil.

Com a popularização do rádio e da televisão, as informações

passaram a chegar mais rapidamente à casa do aluno, diminuindo, assim, a

barreira da distância. A Fundação Roquette Pinto, por exemplo, que teve sua

origem na década de 20, muito contribuiu para os programas de rádio educativos.

Durante o período compreendido entre 1920 e 1990, a difusão do

sistema de ensino a distância foi intensificada, inicialmente através do rádio,

devido ao seu longo alcance, e na segunda metade do século, pelo uso intensivo

da televisão, que agregava à imagem um maior poder de comunicação.

A partir da década de 90, com a introdução de novas mídias de

comunicação, iniciativas em educação a distância principiaram a utilizar material

instrucional na forma de vídeos (distribuídos em cartuchos ou transmitidos via

sinal aberto ou fechado de TV) e de software (distribuído via disquetes ou CD-

ROM’s). O modelo de ensino a distância baseado em vídeo prosperou em vários

países, permitindo a geração de grande quantidade de material de alta qualidade,

com um amplo potencial de aproveitamento futuro (Livro Verde, 2000).

Atualmente, com a geração de novas tecnologias de informação e

comunicação, surgem diversas oportunidades para integrar, enriquecer e expandir

os materiais instrucionais, além de propiciar novas formas de interação e

comunicação entre professores e alunos.

O acesso à Internet e a disseminação do uso do computador está

possibilitando mudar a forma de produzir, armazenar e disseminar a informação.

As fontes de pesquisa aberta aos alunos pela Internet, as bibliotecas digitais,

aliadas às publicações impressas e os cursos à distância, vêm crescendo

gradativamente. Diante disso, escolas e universidades estão iniciando o repensar

suas funções no processo de ensino-aprendizagem.

Este repensar recai sobre as tecnologias e metodologias de

aprendizagem, na perspectiva de que elas devem proporcionar a transmissão da

informação, a aprendizagem colaborativa e a estratégia de tomada de decisões e

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a resolução de problemas. O conhecimento do conteúdo, da tecnologia e a sua

análise são complementados pela aplicação da informação, ou seja, o aluno deve

ser capaz de ir além da informação, estabelecendo relações e construindo novos

conhecimentos (Barros, 2000).

2.2 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Educação a Distância (EAD) é o processo de ensino-aprendizagem,

mediado por tecnologias, no qual professores e alunos estão separados espacial

e/ou temporalmente. Os atores envolvidos neste processo, apesar de não

estarem juntos, de maneira presencial, podem estar conectados ou interligados

virtualmente utilizando meios de comunicação disponíveis para realizarem esta

interação (Moran, 2000).

Existem diversas ferramentas capazes de intermediarem a educação

a distância tais como o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o

telefone e o fax. Com o advento da Internet, surgem as tecnologias de acesso on-

line e em tempo real, permitindo a troca de idéias, informações e conhecimentos

de forma rápida e eficiente. Além disso, através da Internet hoje, se tem acesso a

um imenso repositório de informações sobre os mais diversos assuntos, que

podem ser acessadas quando e onde forem necessárias.

Atualmente, a educação a distância vem se tornando uma prática

freqüente em muitos tipos de organizações. As mudanças nas estruturas de tais

organizações em busca de mais competitividade, o aprimoramento de tecnologias

e a necessidade crescente do trabalho à distância para economia de tempo e

dinheiro são fatores que incentivaram a adoção deste paradigma.

Devido às grandes transformações que vêm ocorrendo nas

tecnologias e na evolução do conhecimento, o ambiente EAD poderá

desempenhar um papel muito importante no processo de atualização, educação

continuada e capacitação, devido a sua capacidade de adaptação, em curto

espaço de tempo, a essas novas necessidades.

A educação a distância pode ser feita nos mesmos níveis que o

ensino regular, seja no Ensino Fundamental, Médio, Superior e na Pós-

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graduação. É mais adequada para a educação de adultos, principalmente para

aqueles que já têm experiência consolidada de aprendizagem individual e de

pesquisa, como acontece no ensino de graduação e principalmente no de pós-

graduação (Moran, 2000).

Há modelos exclusivos de instituições de educação a distância, que

só oferecem programas nessa modalidade, como a Open University da Inglaterra,

a Universidade Nacional a Distância da Espanha ou a National Technological

University dos Estados Unidos. A maior parte das instituições que oferecem

cursos a distância também o faz no ensino presencial. Esse é o modelo

predominante no Brasil, como verificado, por exemplo, no Laboratório de Ensino a

Distância da UFSC1, no Núcleo de Ensino a Distância da UFMG, no Núcleo de

Educação à Distância do CEAD/UNB2, no Núcleo de Educação Aberta e a

Distância da UFMT, entre outros.

Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual

(que conectam pessoas que estão distantes em termos presenciais) - como a

Internet, telecomunicações, videoconferência, redes de alta velocidade - o

conceito de presencialidade também se altera. Poder-se-á ter professores

externos compartilhando determinadas aulas, participando, com sua imagem e

voz, na aula de outro professor. Haverá, assim, um intercâmbio maior de

experiências, possibilitando que cada professor colabore, com seus

conhecimentos específicos, no processo de construção do conhecimento, muitas

vezes à distância.

O conceito de curso e de aula também muda. Hoje, ainda entende-

se por aula um processo de ensino-aprendizagem realizado em um tempo e

espaço determinados. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez mais, serão

flexíveis. O professor continuará "ministrando aula", e enriquecerá esse processo

com as possibilidades que as tecnologias interativas proporcionam: para receber

e responder mensagens dos alunos, criar listas de discussão e alimentar

continuamente os debates e pesquisas com textos, páginas da Internet, até

mesmo fora do horário específico da aula. Há uma possibilidade cada vez mais

1 www.led.ufsc.br 2 www.ned.unb.br

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acentuada de todos estarem presentes em muitos tempos e espaços diferentes.

Assim, tanto professores quanto alunos estarão motivados, fomentando ainda

mais a pesquisa e o intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor vem

sendo redesenhado e cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador,

um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento.

Educação a distância não é um fast-food em que o aluno se serve

de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessidades e

habilidades individuais e as do grupo - de forma presencial e virtual. Nessa

perspectiva, é possível avançar rapidamente, trocar experiências, esclarecer

dúvidas e inferir resultados. As práticas educativas atuais apontam, cada vez

mais, para um avanço substancial de cursos semipresenciais, ou seja, que

combinem espaços virtuais e presenciais. Sendo assim, parte dos cursos a

distância será feita de forma presencial ou virtual-presencial, intercalando

períodos de pesquisa individual com outros de pesquisa e comunicação

conjuntas. O aluno poderá fazer alguns cursos sozinho, com a orientação virtual

de um tutor, mas em outros será importante compartilhar vivências, experiências

e idéias.

A Internet está caminhando para ser audiovisual, para transmissão

em tempo real de som e imagem (tecnologias streaming, que permitem ver o

professor numa tela, acompanhar o resumo do que fala e fazer perguntas ou

comentários). Cada vez será mais fácil fazer integrações mais profundas entre TV

e WEB3. Enquanto assiste a determinado programa, o telespectador poderá obter

simultaneamente as informações que achar interessantes sobre o programa,

acessando ao site da programadora na Internet ou outros bancos de dados

(Moran, 2000).

A disseminação da Internet nos anos recentes tem feito ressurgir

com novo ímpeto o interesse em Educação a Distância como mecanismo

complementar, substitutivo ou integrante de ensino presencial. Tal interesse se

explica pelo fato de possibilitar (Livro Verde, 2000):

3 também conhecido como WWW (Word Wide Web), surgiu em 1989 como um integrador de informações, dentro do qual a grande maioria das informações disponíveis na Internet pode ser acessada de forma simples e consistente em diferentes plataformas.

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i. O aumento considerável da audiência de um curso ou palestra, tanto no tempo

como no espaço, através do concurso intensivo de meios eletrônicos para o

registro e a transmissão de conteúdos. Isto permite, por exemplo, oferecer

boas oportunidades de educação para os interessados, mesmo que em áreas

remotas e desprovidas de boas oportunidades locais de educação. Outro

benefício é o compartilhamento de recursos de ensino entre instituições com

interesses e quadros complementares, mesmo que situadas em locais

afastados entre si.

ii. A oferta de oportunidades de aprendizado para estudo em casa ou no

trabalho, em qualquer horário, ampliando as possibilidades de oferta de

educação continuada.

iii. A individualização do processo educativo, mesmo em esquemas de grande

escala, devido à maior interatividade propiciada pela Internet.

iv. A organização do trabalho em equipe de intensa cooperação, mesmo

envolvendo pessoas geograficamente dispersas e trabalhando em horários

distintos.

2.3 A NOVA REALIDADE DA EAD

O fenômeno da globalização e da informatização está criando

modificações de tal profundidade na sociedade que ainda é difícil avaliar todos os

aspectos da questão.

Tal realidade vem apontando a necessidade de reorganização em

todas as dimensões da sociedade, do econômico ao político; do educacional ao

familiar. Percebe-se que os valores estão mudando e que os referenciais teóricos

utilizados até então já não conseguem dar explicações satisfatórias como antes

(Barros, 2000).

A sociedade vem passando por inúmeras mudanças pela presença

extraordinária das tecnologias da informação e comunicação que, invadindo

nossas vidas, estão possibilitando a criação e recriação de novas visões de

mundo. A informática é um agente oxigenador, fertilizador de mudanças e

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modernização. Está presente em qualquer ambiente e, nunca, na história da

humanidade, se verificou tal fenômeno, com tamanha intensidade de difusão na

sociedade. Não existe nenhum setor em que sua presença não seja requerida ou

pretendida, na tentativa de fomentar e dinamizar os processos. Países ou

ambientes que ainda não incorporaram os computadores no seu cotidiano, podem

ser considerados atrasados ou subdesenvolvidos perante a comunidade, bem

como pessoas que não possuam nenhum tipo de conhecimento nesta área,

poderão ser marginalizadas profissionalmente.

Em síntese, pode-se afirmar que a informática, particularmente o

computador e mais recentemente as redes eletrônicas, tem provocado uma

revolução nas formas tradicionais dos setores sociais, econômicos, políticos e

culturais, mudando relações tais como: de aprendizagem, de comunicação entre

as pessoas, de configuração do ambiente das empresas e, por vezes, alterado

todos os processos gerados pelas relações humanas.

No mundo inteiro as instituições de ensino estão procurando se

informar e acompanhar esta verdadeira revolução educacional que está

acontecendo, inclusive e especialmente as mais tradicionais instituições de

educação a distância. A chamada educação on-line está desafiando estas

instituições a repensarem seus modelos pedagógicos ao mesmo tempo em que

oferece soluções para problemas com que estas mesmas instituições vêm se

confrontando cada vez mais, à medida que se evolui de uma sociedade industrial

para uma sociedade da informação (Azevedo, 2000).

Hoje, a informação "envelhece" mais rapidamente. O tempo de vida

dos saberes é cada vez menor. Material didático escrito e reproduzido para ser

utilizado por 5 ou 10 anos torna-se obsoleto em muito menos tempo. Produzir,

reproduzir e distribuir material didático para a educação a distância convencional

é algo relativamente caro. Em geral trata-se de investimento a ser recuperado no

longo prazo. No entanto, em algumas áreas, como Informática ou Medicina, um

curso por correspondência ou em vídeo, que leve 1 ano para ser produzido, pode

tornar-se totalmente obsoleto 2 ou 3 anos após começar a ser distribuído. Cada

vez mais se torna caro e trabalhoso fazer Educação a Distância baseada no

desenvolvimento de material impresso ou em vídeo. Educação a Distância via

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Internet passa a ser vista por algumas destas instituições como uma alternativa

para reduzir custos ou permitir a rápida atualização de conteúdos sem os altos

custos de reimpressão e distribuição do material impresso, por exemplo.

Do ponto de vista educacional, as novas tecnologias da

comunicação e informação, colocam à disposição do professor um ambiente

interativo, moderno, desafiador e inovador e podem transformar o processo de

ensino-aprendizagem numa aventura dinâmica. Isto tanto é válido para o ensino

presencial mediado por novas tecnologias, quanto para a Educação a Distância, a

qual vem tomando grande impulso neste final de século (Barros, 2000).

O desenvolvimento científico e tecnológico vem criando nos

educadores a necessidade de adotar modelos de ensino que atendam às

profundas modificações que a sociedade do início deste novo século passam a

exigir, onde a crescente perspectiva de diversificar os espaços educacionais

revela um aprendizado sem fronteiras.

Na verdade, assim como a Educação a Distância convencional

exigiu o desenvolvimento de uma pedagogia específica, a educação on-line exige

o desenvolvimento de modelos pedagógicos específicos para a sua aplicação. É a

construção deste modelo que se assiste hoje. Ainda há muito a se criar,

experimentar e corrigir neste campo desafiador de constituição de uma pedagogia

on-line. Mas hoje há razoável consenso em torno do fato de que esta pedagogia

deve estar atenta aos seguintes aspectos (Azevedo, 2000):

a) Cada vez mais são exigidos profissionais e cidadãos capazes de trabalhar em

grupo, interagindo em equipes reais ou virtuais.

b) Trabalhar e aprender se tornam uma só coisa, e como trabalhar se é algo que

se faz em equipe, aprender trabalhando se faz cada vez mais em grupo.

c) Mais do que o sujeito "autônomo" e "autodidata", a sociedade hoje requer um

sujeito que saiba contribuir para o aprendizado do grupo de pessoas do qual

ele faz parte, quer ensinando, quer mobilizando, respondendo ou perguntando.

É a inteligência coletiva4 do grupo que se deseja pôr em funcionamento, ou

4 Inteligência coletiva, "é uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das competências"(Lévy, 1998, p. 28); a esta

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seja, a combinação de competências distribuídas entre seus integrantes, mais

do que a genialidade de um só.

d) Aprender a aprender colaborativamente é mais importante do que aprender a

aprender sozinho, por conta própria. Colaborar, mais do que simplesmente

laborar.

e) Os papéis de professor e aluno se modificam profundamente. O aluno deixa

de ser visto como mero receptor de informações ou assimilador de conteúdos

a serem reproduzidos em testes ou exercícios. O professor deixa de ser um

provedor de informações ou um organizador de atividades para a

aprendizagem do aluno. Aluno e professor passam a ser companheiros de

comunidade de aprendizagem: o professor com uma função de liderança, de

"animação" no sentido mais literal da palavra, de despertar a "alma" da

comunidade; este trabalho é apoiado e acompanhado por seus alunos, que

passam a ter uma participação mais ativa, estimulante e de forma coletiva,

procurando o crescimento de todos os participantes do grupo.

Reorganizar a educação num sistema baseado em novas

tecnologias se coloca como uma questão fundamental. Para a eficácia da

educação a distância é necessário, incorporar procedimentos educativos

compatíveis com essa nova modalidade de ensino, bem como introduzir

elementos motivacionais no período em que o aluno estiver realizando atividades

à distância (Barros, 2000).

Segundo Nunes (1996), os materiais devem ser preparados por

equipes multidisciplinares que estejam interagindo com outras instituições, a fim

de pesquisarem novas metodologias e linguagens e de incorporarem no material

pedagógico as técnicas mais adaptadas para auto-aprendizagem, tendo em vista

que o foco do processo de ensino-aprendizagem passa a ser o aluno e a sua

motivação para engajar-se efetivamente durante todo o processo de educação a

distância.

definição deve-se considerar que a base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas.

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Convém ressaltar também, a importância do ensino presencial

mediado por novas tecnologias tais como os sistemas de hipertexto5 e multimídia,

inclusive como etapa de preparação e construção de um novo saber técnico-

pedagógico para EAD. Estes sistemas são formas não lineares de apresentação

de conteúdos que uma pessoa pode acessar, usando uma variedade de

estratégias para buscar a informação desejada, através de uma seqüência que

realmente faça sentido para o educando, e que o leve a uma aprendizagem

contextualizada e significativa.

A pluralidade funcional das mídias permite que se trabalhe a

perspectiva de múltiplas habilidades do indivíduo dentro do grupo, incentivando o

desenvolvimento individual e coletivo. "A poderosa contribuição das novas

tecnologias no aumento da aprendizagem é a criação de mídia pessoal capaz de

apoiar uma ampla possibilidade de capacidades intelectuais” (Papert, 1994).

A grande importância pedagógica do acesso a ciberespaços6 é que

nestes espaços os indivíduos podem aprender fazendo coisas, em vez de

aprenderem ouvindo dizer como é que as coisas devem ser feitas. Podem, assim,

colaborar com outras pessoas e aprender a construir o seu saber num processo

cumulativo de ajuda mútua e de percepção partilhada de problemas e

necessidades.

Contudo, Bates (1997) afirma que não há uma metodologia

consensual, pois as pessoas têm perspectivas diferentes. Reduzir custos sem

perder a qualidade é primordial e a pesquisa sobre custos é real para trabalhar

com os interesses e as necessidades do aluno.

Apesar da inexistência de consenso metodológico, as propostas

para EAD parecem concordar com a importância da interatividade como recurso

metodológico. A interatividade, dentro do processo educativo à distância, será

5 Hipertexto – conjunto de informações textuais, podendo estar combinadas com imagens (animadas ou fixas) e sons, organizadas de forma a permitir uma lietura (ou navegação) não linear, baseada em indexações e associações de idéis e conceitos, sob a forma de links. Os links agem como portas virtuais que abrem caminhos para outras informações. 6 Ciberespaço - conjunto das redes de computadores interligadas e de toda a atividade nelas existentes. E' uma espécie de planeta virtual, onde as pessoas (a sociedade da informação) se relacionam virtualmente, por meios eletrônicos. Termo inventado por William Gibson no seu romance Neuromancer, em que descreve um espaço virtual por onde trafegam infinitos bits de informação.

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entendida aqui como o grau de comunicação entre seres humanos, intermediado

por equipamentos que permitem não só a transmissão de informações, mas a

construção de conhecimentos.

Na perspectiva da "teoria dialógica" de Paulo Freire, a interatividade

implica na comunicação de dupla-via, numa relação pautada no "Diálogo" que,

segundo Moura (1978), somente através deste, o processo formativo se

consolidará.

Do ponto de vista educacional, esta relação dialógica ocorre na

interação professor-aluno. Embora na educação mediada por novas tecnologias

esta relação nem sempre ocorra face a face, é importante frisar que a

interatividade, possibilitada pelos recursos tecnológicos, precisa da intermediação

do professor/tutor, sem o qual tais recursos não são colocados a serviço de uma

prática pedagógica.

O conceito de interatividade pode ser usado, portanto, para

classificar o ensino a distância tomando como parâmetro a capacidade dos

ambientes virtuais de aprendizagem de proporcionarem um determinado grau de

interação entre os participantes. Esse suporte vai influenciar tanto na

reconstrução do conteúdo como na forma na qual se configura cada modalidade

de ensino a distância. Pensada desta maneira, os ambientes virtuais de educação

a distância precisam ser planejados para atender às necessidades e às

possibilidades de cada usuário, seja ele uma instituição de ensino, governamental

ou do setor empresarial, bem como serem mais adequados às necessidades do

aluno, considerando o seu contexto sócio-cultural, suas experiências e estilos

cognitivos.

Por outro lado, todas estas vantagens só poderão ser desfrutadas

por indivíduos automotivados, que sejam responsáveis pelo seu próprio processo

de construção de conhecimento. Precisam também ser “indivíduos com

capacidade de saber acessar, selecionar, aplicar adequadamente as informações

necessárias e úteis na construção do saber, como atividade socialmente

integrada e significativa” (Barros, 1999).

O papel do professor deve ser repensado quando confrontado com

as novas tecnologias disponíveis para o ambiente educacional. A interatividade

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proporcionada por ambientes virtuais de aprendizagem, baseados em hipermídia,

coloca o educador em posição de ruptura com o paradigma educativo pautado na

comunicação virtual. As novas gerações nascidas dentro deste contexto

tecnológico e digital, interagem melhor com este tipo de ambiente de

aprendizagem, onde o hipertexto é elemento de leitura e compreensão da

realidade. Assim, eles serão capazes de redirecionar a conectividade das

diversas redes de comunicação e informação, melhorando sua interação com

diversos elementos.

O Ensino a Distância “on-line” deve investir muito mais em recursos

humanos. Os custos de reprodução e distribuição de material digital são menores

que os do material impresso. Mas os custos com recursos humanos são

crescentes, pois EAD, ao contrário do que muitos pensam, não prescinde

somente do professor. Simplesmente não é possível fazer EAD com uma

pequena equipe de tutores cobrando exercícios e tarefas de milhares de

estudantes e confiando na automatização de rotinas didáticas via software. Isto

seria apenas uma inadequada e equivocada transposição do modelo

convencional de EAD para o novo meio, ignorando justamente a novidade deste

meio. Educação on-line de qualidade requer muitas horas/aula de educadores on-

line capazes e especializados em animação de comunidades virtuais de

aprendizagem colaborativa (Azevedo, 2000).

Portanto, vive-se um momento fecundo da História, de mudança de

paradigmas, inclusive na educação. Estas mudanças são mais profundas que

uma simples troca do vídeo pelo CD-ROM ou da página impressa pela home-

page. O momento atual exige clareza nesta percepção. A Educação a Distância

via Internet não pode ser utilizada com modelos que estão em crise aqui e em

todo o mundo; tem que ser concebida em um novo paradigma educacional aberto

para uma nova sociedade, uma nova economia, uma nova cultura.

2.4 ASPECTOS DO SISTEMA EDUCACIONAL NO BRASIL

O Brasil, por ser um país de grandes dimensões, com desníveis

sociais acentuados e concentração do conhecimento e da tecnologia em pólos de

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excelência, principalmente localizados na região sul e sudeste, ainda encontra

dificuldades na socialização do conhecimento e formação acadêmica da sua

população. Por isso, a educação a distância via Internet poderá ser muito útil para

resolver alguns dos problemas existentes no ensino brasileiro, principalmente pelo

seu alcance a longas distâncias, tais como: alfabetização de adultos,

alfabetização digital, formação profissional e de pesquisa, oferta de serviços, etc.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais (INEP), o setor público brasileiro gasta 4,8% do PIB com educação.

Os gastos públicos com educação, reunindo todos os programas de governo,

somaram R$43,3 bilhões em 1997. A despeito da sensível redução observada

nas últimas décadas, o Brasil ainda apresenta uma elevada taxa de

analfabetismo. De fato, o índice de analfabetos entre a população com 15 anos ou

mais de idade era de 20,1% em 1991 e caiu para 14,1% em 1996, data do último

levantamento censitário. O Brasil tinha, em 1999, 52,4 milhões de alunos

matriculados na escola, incluindo todos os níveis e modalidades de ensino, exceto

o superior. Incluindo os cursos de graduação, os seqüenciais e os de pós-

graduação, o Brasil possui 2,5 milhões de alunos no ensino superior (Livro Verde,

2000).

A maioria das escolas brasileiras não está ainda conectada à

Internet. De acordo com o último censo escolar do MEC, em 1999, apenas 7.695

escolas (3,5% do total de escolas de educação básica) possuíam acesso à rede

mundial de computadores, das quais 67,2% eram particulares. Ou seja, há

conexão com a Internet para alunos de apenas 2.527 das 187.811 escolas

públicas brasileiras. O censo revela ainda que cerca de 64 mil escolas do País

não têm energia elétrica – 29,6% do total – e que menos de 11 em cada 100

estabelecimentos dispõem de equipamentos para atividades pedagógicas, como

laboratórios de ciência ou de informática7.

7 Recentemente, o projeto Amigos da Escola, desenvolvido pelo Projeto Brasil 500 Anos em conjunto com o Comunidade Solidária, vem realizando um trabalho de difusão e instalação de microcomputadores nas escolas públicas de ensino fundamental e médio, de forma a aumentar consideravelmente o uso da informática no ensino público.

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Neste contexto, verifica-se que, apesar de tímido, o avanço

tecnológico nas escolas brasileiras vem se fazendo presente, o que nos permite

prever um leque de oportunidades para EAD em um futuro próximo.

2.5 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL

Uma das iniciativas de educação a distância em operação no País é

provavelmente a do Programa TV Escola, da Secretaria de Educação a Distância

do MEC, implantado a partir de março de 1996 e baseado na disseminação de

material didático via TV, complementado por atividades presenciais ou de

interação à distância. O TV Escola hoje, além de um rico acervo de vídeos

nacionais e internacionais, tem quatro programas (Ensino Fundamental, Salto

para o Futuro, Ensino Médio e Escola Aberta), uma revista, uma grade de

programação, um guia anual dos programas e cadernos com os conteúdos dos

programas especialmente feitos para o TV Escola.

Dentre seus programas, deve-se destacar o Salto para o Futuro, um

programa diário, com duração de uma hora que apresenta séries, em geral

semanais, de conversas sobre um determinado tema de interesse dos

professores brasileiros. Este programa pode ter recepção organizada, ou seja, o

professor recebe os textos antes dos programas, estuda-os, assiste aos

programas junto com os colegas, em telesalas, participa da interatividade com

questões levantadas pelo grupo, e depois conversa sobre o que assistiu. Outro

programa interessante é o Escola Aberta, que tem a participação de toda

comunidade e é voltado para o lazer inteligente, para entreter sem desrespeitar e

para ajudar o espectador a melhorar sua qualidade de vida. O programa Ensino

Fundamental é voltado para professores do ensino fundamental com orientação

dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN. São principalmente documentários

e programas educacionais. O Ensino Médio, programa com carga pedagógica

muito profunda, mas também prática, leve e televisiva, tem como enfase ensinar

professores a desenvolverem projetos interdisciplinares a partir de um tema

exibido em vídeo (Sadek, 2000).

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Entretanto, apesar do programa TV Escola já ter distribuído uma

antena parabólica, um aparelho de TV e um videocassete para cada uma das

56.770 escolas públicas de ensino básico, atingindo quase 29 milhões de alunos,

ainda não é um sucesso absoluto: estudo feito em 1999 mostrou que somente

cerca de 60,0% das escolas envolvidas gravavam regularmente os programas

transmitidos. Por outro lado, a tecnologia subjacente de transmissão/recepção de

TV da iniciativa é hoje obsoleta. Esses comentários não devem, contudo,

obscurecer o fato de que, como um todo, o TV Escola obteve resultados

significativos em diversas regiões do País e deve ser consolidado (Livro Verde,

2000).

Uma outra iniciativa de destaque é o Telecurso 2000, a partir do qual

tem sido realizado o projeto Telesalas 2000. Dirigido a cerca de 75 mil

trabalhadores brasileiros que, por algum motivo, interromperam seus estudos, o

projeto, lançado em 1998, tem como objetivo a implantação de 3 mil novas salas

de aula igualmente distribuídas na Amazônia Legal e nos estados do Rio de

Janeiro e São Paulo, onde os trabalhadores poderão concluir o primeiro e o

segundo graus pelo método de ensino a distância do Telecurso 2000. O projeto

Telesalas é desenvolvido com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador

(FAT), em parceria entre o Ministério do Trabalho e Emprego, através da

Secretaria de Formação e Desenvolvimento Profissional (Sefor), a Confederação

Nacional da Indústria (CNI), através do Serviço Social da Indústria (Sesi), a

Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o Canal Futura e a

Fundação Roberto Marinho. Em sua primeira fase, o projeto Telesalas 2000

logrou o seguinte: a implantação de 200 telesalas no Rio, 108 no Amazonas, 200

em São Paulo e 92 na Amazônia Legal; o lançamento do Telecurso 2000 –

Edições Legendadas que transmite aulas do primeiro grau para a população de

surdos no País, estimada em 3 milhões de pessoas; e a edição do Prêmio Paulo

Freire – Valorizando o Saber e o Fazer, que premiou as melhores iniciativas de

educação e profissionalização do trabalhador desenvolvidas no Brasil.

Quanto ao uso de tecnologias de informação e comunicação em

educação a distância, existem no país algumas iniciativas notórias. O Laboratório

de Ensino a Distância do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de

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Produção da Universidade Federal de Santa Catarina (LED/PPGEP/UFSC), por

exemplo, criado em 1995, oferece cursos de pós-graduação – lato e stricto sensu

– e cursos de capacitação em todas as áreas da Engenharia de Produção e áreas

afins em diversas cidades do estado de Santa Catarina e em vários estados do

Brasil, como Paraná, São Paulo e Brasília, com aulas ministradas a distância,

através do uso de videoconferência que permite a interatividade direta nos dois

sentidos.

Finalmente, uma outra grande iniciativa a ressaltar, pelo seu

potencial de organização e alavancagem de atividades de educação a distância

no País, é a do Consórcio Unirede – Universidade Virtual Pública do Brasil.

Formalizado em janeiro deste ano, o consórcio é presentemente composto por 62

universidades públicas brasileiras e visa colocar o status quo de ensino a

distância nacional em outro patamar, tanto em qualidade como quantidade de

cursos e atividades ofertadas.

2.6 REGULAMENTAÇÃO DA EAD NO BRASIL

A regulamentação de cursos de EAD foi originada pela Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (no 9.394/96), promulgada em 20 de

dezembro de 1996, contendo as disposições sobre o Ensino/Educação a

Distância, que estabelecia em seu art. 80, no Título VIII: Das Disposições Gerais

(Neves, 2000) e (Lobo, 2000):

“O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de

programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e

de educação continuada”.

Possuindo os seguintes parágrafos:

§1o- A educação a distância, organizada com abertura e regime especiais, será

oferecida por instituições especificamente credenciadas pela União.

§2o- A União regulamentará os requisitos para a realização de exames e registro

de diploma relativos a cursos de educação a distância.

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§3o- As normas para produção, controle e avaliação de programas de educação

a distância e a autorização para sua implementação caberão aos

respectivos sistemas de ensino, podendo haver cooperação e integração

entre os diferentes sistemas.

§4o- A educação a distância gozará de tratamento diferenciado, que incluirá:

I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de radiodifusão

sonora e de sons e imagens”;

II - concessão de canais com finalidades exclusivamente educativas;

III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público, pelos

concessionários de canais comerciais.

A legislação complementar a Lei n. 9.394/96 foi regulamentada pelos

seguintes instrumentos:

• Decreto n. 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta a art. 80 da Lei

n0 9.394/96. Sua publicação já define alguns pontos bastante claros e de

imediata aplicação:

a) Conceituação de educação a distância como: “uma forma de ensino que

possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos

sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de

informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos

diversos meios de comunicação” (art. 1o);

b) Regime especial é expresso como “flexibilidade de requisitos para

admissão, horário e duração, sem prejuízo, quando for o caso, dos

objetivos e das diretrizes curriculares fixadas nacionalmente” (art. 1o,

Parágrafo único);

c) Somente “instituições públicas ou privadas especificamente credenciadas

para esse fim” (art. 2o) podem oferecer cursos a distância que conferem

certificado ou diploma de conclusão.

• Decreto no 2.561, de 27 de abril de 1998, que altera a redação dos artigos 11

e 12 do Decreto no 2.494/98;

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• Portaria n. 301, de 7 de abril de 1998, que trata do credenciamento de novos

cursos.

Após a publicação dessa legislação pelo Ministério da Educação, as

Instituições de Ensino públicas e privadas têm procurado se adequar às suas

exigências, regulamentando seus programas de Ensino a Distância e

encaminhando os respectivos processos de credenciamento junto ao MEC.

Recentemente, a Portaria no. 2.253, do Ministério da Educação e

Cultura, datada de 18/10/2001, regulamentou a oferta de disciplinas não

presenciais em cursos presenciais de Instituições de Ensino Superior. A referida

portaria regulamenta a introdução, na organização pedagógica e curricular dos

cursos superiores, de disciplinas que, em seu todo ou em parte, utilizem método

não presencial. Entretanto, estas disciplinas não poderão exceder a 20% do

tempo previsto para integralização do respectivo currículo.

A única restrição exigida pelo MEC é que os exames finais de todas

as disciplinas ofertadas para integralização de cursos superiores serão sempre

presenciais, sejam elas à distância ou não. Mesmo assim, com esta portaria,

abre-se um leque de oportunidades para a EAD, pois as disciplinas dos cursos

superiores poderão ser concebidas com métodos e práticas de ensino-

aprendizagem que incorporem o uso integrado de tecnologias de informação e

comunicação para a realização dos objetivos pedagógicos.

No próximo capítulo, será abordado o uso de tecnologias groupware

em Educação a Distância e suas contribuições nesse processo.

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CAPÍTULO 3 - TECNOLOGIAS GROUPWARE

Neste capítulo serão definidas as tecnologias groupware, suas

características e aplicações. Um enfoque especial é dado às tecnologias

groupware utilizadas na educação a distância e aos ambientes virtuais de

aprendizado.

3.1 O QUE SÃO TECNOLOGIAS GROUPWARE

Groupware é um termo amplo que descreve as tecnologias

eletrônicas que dão suporte aos esforços de equipes e outros paradigmas que

necessitam de pessoas para trabalharem conjuntamente, mesmo que elas não

possam estar juntas em tempo ou em espaço. Groupware maximiza a interação

humana enquanto minimiza a interferência tecnológica (Coleman, 1997).

Groupware é um termo relativamente novo, tendo sido utilizado pela

primeira vez em 1978. As definições mais usualmente utilizadas são

apresentadas a seguir:

• Processos intencionais de grupo, mais software para suportá-los (Eter

and Trudy Johnson-Lenz, 1978);

• Um sistema co-envolvendo homens e ferramentas (Doug Englebart, 1988);

• Colaboração mediada por computador que aumenta a produtividade ou

funcionalidade dos processos entre pessoas (David Coleman, 1992).

Durante muito tempo, o modelo básico de computação enfatizou o

fato do usuário enxergar o equipamento como se fosse seu, garantindo seu

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espaço de trabalho, sua fatia de CPU, enfim, preservando seu isolamento dos

demais usuários. O resultado desse modelo gerou uma infra-estrutura inadequada

para construir sistemas que suportem o trabalho cooperativo (Raabe, 1998). Este

conceito, entretanto, tem sido significativamente modificado com o crescimento de

um campo de pesquisa denominado CSCW (Computer Supported Cooperative

Work ou Trabalho Cooperativo Suportado por Computador).

Nesta monografia, o conceito de groupware será definido como o

processo de utilização de tecnologias geradas pela pesquisa em CSCW para o

trabalho cooperativo. Entende-se que um grupo de pessoas está cooperando

quando ele age de forma integrada para realizar uma tarefa comum. Para que

exista cooperação, é imprescindível que exista: comunicação, colaboração e

coordenação. As ferramentas de groupware vêm para apoiar, justamente, estas

três características essenciais. Estas ferramentas devem permitir que pessoas

distribuídas geograficamente possam se comunicar (síncrona e

assincronamente), além disso devem prover meios para que estas pessoas

compartilhem informações. Outro ponto importante para que a comunicação e

colaboração sejam eficientes, é que as atividades do grupo sejam coordenadas

para que não se tornem repetitivas ou conflitantes.

Hoje, existem um grande número de ferramentas de groupware no

mercado, mas são poucas as que conseguem suportar adequadamente todas as

atividades de grupo. Por isso, é importante entender a proposta de cada uma para

que se possa escolher a solução mais adequada ao problema de cada instituição.

(Raabe, 1998).

Um dos requisitos fundamentais de sistemas groupware é que tais

sistemas sejam altamente configuráveis para se adaptarem às necessidades dos

usuários. Na área de suporte ao trabalho cooperativo, o modelo de aplicações

genéricas deve ser substituído pelo modelo de aplicações virtuais (Brooke, 1993)

que podem ser moldadas de acordo com um contexto particular de usuários,

tarefas e ambientes. E, pelo potencial deste contexto de sofrer contínuas

mudanças, estas aplicações virtuais devem ainda ter um caráter evolutivo, de

modo a permanecerem apropriadas ao seu contexto.

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Em resumo, os principais requisitos das ferramentas de groupware

são:

• facilitar a cooperação entre indivíduos, ao invés de impor práticas que causem

mudanças radicais na forma de trabalho;

• todos os participantes de um grupo conectados à rede de computadores

devem possuir acesso aos dados independente de sua localização;

• os participantes devem ser capazes de recuperar qualquer informação

armazenada na base de dados;

• gerenciar o controle de acesso quando vários participantes tentam modificar

os mesmos dados ao mesmo tempo;

• reconhecer que mudanças são frequentes neste contexto, e que, por isso,

devem ser capazes de permitir a redefinição de procedimentos e processos,

além de disseminar estas mudanças entre os participantes;

• a construção de aplicações menores e inter-relacionadas é preferível ao

desenvolvimento de aplicações monolíticas que incluem o conjunto completo

de tarefas;

• as informações que serão usadas no trabalho cooperativo precisam estar fora

do domínio de um só indivíduo.

Pode-se identificar em um sistema cooperativo três modelos

essenciais:

• modelo de dados, que descreve conceitualmente as informações necessárias

para representar a tarefa a ser executada;

• modelo de comunicação ou interação, que descreve como, quando e quais

informações serão trocadas ou tornadas disponíveis aos membros do grupo;

• o modelo de interface, que descreve como as informações serão apresentadas

a cada indivíduo.

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39

Para definir cada um desses modelos são necessárias análises e

suposições sobre o processo de cooperação, tendo sempre em mente que

cooperação e entendimento comum são questões muito mais sociais do que

técnicas. A não observância desse aspecto pode levar a insucessos.

Grudin (1988) relaciona três fatores importantes para o insucesso de

groupware:

• a disparidade entre aqueles que se beneficiarão da aplicação e os que devem

realizar o trabalho adicional para suportá-la;

• a tendência de gerentes em favorecer aplicações que venham beneficiá-los

em detrimento dos outros membros da equipe;

• a grande dificuldade de avaliar os benefícios coletivos e custos advindos

dessas aplicações.

Para melhor se prevenir contra esses problemas e melhor

representar os modelos, principalmente o de interação, vários autores

recomendam um enfoque etnográfico. Este enfoque sugere que se realizem

observações "in loco" da atividade a ser suportada antes de efetivamente

construir um sistema de groupware. Algumas experiências reportam o estudo dos

ambientes por vários meses antes de partir para definir o modelo de interação

(Hughes, 1992).

3.2 CLASSIFICAÇÃO

Existem diversas tentativas de classificação de groupware, num

esforço de entendimento de como a tecnologia pode se encaixar nesta

complexidade de contextos social, organizacional e cultural do homem (Raabe,

1998).

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40

3.2.1 Classificação Espaço/Tempo

Uma primeira classificação de groupware apresentada em 1987 por

DeSanctis e Gallupe (apud Raabe, 1998), se refere às noções de tempo e espaço

sob as quais as interações são realizadas. Interações face a face são exemplos

de cooperação realizada no mesmo ambiente físico e no mesmo espaço de

tempo. Já uma troca de mensagens por correio eletrônico se dá em diferentes

períodos de tempo e com as partes estando em diferentes ambientes. As quatro

categorias possíveis são ilustradas no Quadro 3.1.

QUADRO 3.1 – Classificação Espaço/Tempo

Mesmo Local

Locais Diferentes

Mesmo Tempo

Interação Face à Face

Interação Síncrona

Distribuída Momentos Diferentes

Interação Assíncrona

Interação Assíncrona Distribuída

É importante refletir sobre as implicações do ponto de vista social e

técnico que estão implícitas nessa classificação. No aspecto social há uma

enorme diferença entre o encontro físico das pessoas, como numa reunião, e uma

simulação dessa interação num ambiente virtual, mesmo que esse encontro se dê

em tempo real. Esta inclusive é uma das preocupações relacionadas com as

implicações sociais da implantação de sistemas groupware.

No enfoque técnico há os aspectos relacionados com a transmissão

de grandes volumes de dados (por exemplo, dados multimídia) e a coordenação

das atividades realizadas pelos participantes de uma forma consistente e

eficiente. Como, por exemplo, tornar público e visível a um componente do grupo

em sua estação, o trabalho realizado pelos demais membros do grupo, sem

sobrecarregar demasiadamente a sua interface visual?

Esta classificação pode não ser adequada quando os usuários

requererem sistemas que satisfaçam aos quatro quadrantes de tempo/espaço,

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isto é, o sistema deve ser flexível o suficiente para atender comunicações

síncronas e assíncronas, entre usuários remotamente distribuídos ou não.

3.2.2 Considerando a Previsibilidade

Em Grudin (1994) é proposta uma nova classificação Espaço/Tempo

como mostra a Quadro 3.2, dividindo em duas a coluna que representa diferentes

momentos e a linha que representa diferentes lugares. Passa-se a levar em conta

se o lugar ou momento são previsíveis ou não. Isto é, pode-se prever ou não se

uma atividade ocorrerá dentro de um dado intervalo de tempo ou em dado local.

Por exemplo, ao enviar uma correspondência eletrônica, em geral aguarda-se

uma resposta dentro de um tempo razoável, sendo esta uma atividade previsível

em relação aos fatores tempo e espaço. Por outro lado, a atividade de escrita

colaborativa envolve lugares diferentes e previsíveis, e momentos diferentes e

totalmente imprevisíveis. Por exemplo, dois escritores podem realizar a atividade

de escrita em locais diferentes, mas cada um em seu local provável, enquanto

que escolhem momentos totalmente aleatórios para realizar a tarefa.

QUADRO 3.2 – Classificação Considerando a Previsibilidade

Mesmo Tempo

Momentos Diferentes mas

Previsíveis

Momentos Diferentes e

Imprevisíveis Mesmo Local

Auxílio a Reuniões

Deslocamento de Tarefas

Salas de Grupos

Diferentes mas

Previsíveis

Tele/Vídeo Conferências

Correio Eletrônico

Edição Colaborativa

Diferentes e Imprevisíveis

Seminários de Interação Multicast

Bulletin Boards Eletrônicos

Workflow8

8 Verificar definição em 3.3.6 Sistemas de Coordenação

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3.2.3 Classificação Segundo a Funcionalidade das Aplicações

Uma outra classificação procura refletir o tipo de aplicações para as

quais os sistemas groupware estão sendo construídos. Uma lista não exaustiva e

com alguma interseção foi apresentada por Ellis et al. (1991):

• Sistemas de Mensagens

• Editores Multi-usuários (autoria cooperativa)

• Suporte à Decisão

• Salas de Reuniões Eletrônicas

• Conferências por Computador

� tempo real

� teleconferência

� desktop

• Agentes Inteligentes

• Sistemas de Coordenação

À medida que a área evolui, outras aplicações serão incluídas.

Aplicações que hoje se destinam ao trabalho individual, em breve ganharão uma

versão para o trabalho em equipe.

3.3 TIPOS DE APLICAÇÕES EXISTENTES

Em geral, as ferramentas de groupware, de acordo com a sua

funcionalidade, podem ter as seguintes aplicações:

3.3.1 Sistemas de Mensagens

Neste tipo de sistema os indivíduos trocam mensagens textuais de

forma não simultânea, permitindo desta forma que os usuários apresentem suas

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idéias ao grupo (Behar, 1996a). Permitem a troca assíncrona de mensagens e

arquivos. Normalmente possuem filtros para que se possa redirecionar as

mensagens para um repositório específico. Além disso devem tentar garantir que

as mensagens que chegam são exatamente das pessoas que as enviaram

(conceito de assinatura eletrônica). É, sem sombra de dúvida, a ferramenta de

groupware mais utilizada dentro das corporações.

São os sistemas de groupware mais utilizados, pois com o

surgimento da Internet houve uma grande proliferação dos mesmos entre os

usuários. Pertencem a esta categoria os sistemas de correio eletrônico, as listas

de interesse (News) e os sistemas de quadros de aviso (BBS).

3.3.2 Editores Cooperativos (autoria cooperativa)

Os editores cooperativos são sistemas que permitem a edição de

documentos ou gráficos por várias pessoas, utilizando, para tal, uma área

compartilhada.

A edição pode ocorrer de forma síncrona ou assíncrona. Na

primeira, o trabalho de um co-autor é imediatamente visível pelos outros. Já na

edição assíncrona os co-autores trabalham sobre um mesmo objeto em tempos

diferentes, podendo trocar anotações entre si. Em ambas as formas o sistema

deve garantir que todos os co-autores possuam conhecimento da participação e

das atividades que estão sendo realizadas pelos outros, mesmo que estes

estejam em locais geograficamente distribuídos (Dietrich, 1996), isto é, os co-

autores podem estar em uma mesma sala ou em locais dispersos.

Entre os sistemas de autoria cooperativa pode-se citar Grove (Ellis,

1991), CoMEdiA (Santos, 1993), SERPIA (Haake, 1992) e Shared Books (Lewis,

1988).

3.3.3 Agentes Inteligentes

São sistemas que utilizam a noção de agentes inteligentes, isto é,

mecanismos automatizados responsáveis por um conjunto de tarefas específicas.

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Tais tarefas envolvem, por exemplo, avisos de chegada de mensagens, respostas

de forma automática a questões não compreendidas pelos indivíduos e sugestões

de ações a serem tomadas.

Segundo Ellis et al. (1991), muitos jogos computacionais podem

gerar participantes automaticamente (agentes inteligentes) se o número de

pessoas for insuficiente para a execução do jogo.

Alguns exemplos de sistema que utilizam agentes inteligentes são

Information Lens e Object Lens (Crowston, 1988).

3.3.4 Sistemas de Conferência Eletrônica

Os sistemas de conferência eletrônica podem ser classificados em:

sistemas de conferência em tempo real (síncronos), sistemas de conferência

assíncrona e sistemas de teleconferência.

Os sistemas de conferência em tempo real permitem que um grupo

de pessoas interaja sincronamente através de terminais ou estações conectadas

em rede, estando ou não no mesmo espaço físico. O RICAL (Read Time

Calendar) (Sarin, 1985) é um exemplo deste tipo de sistema.

Os sistemas de conferência assíncrona permitem que os integrantes

do grupo participem de reuniões no tempo que melhor lhes convir. Neste sentido,

os participantes apresentam suas contribuições e o sistema as armazena,

possibilitando o acesso e análise pelos demais integrantes. O USENET

(newsgroups) é exemplo deste tipo de sistema.

Os sistemas de teleconferência necessitam de algum suporte de

telecomunicação como transmissão de vídeo e áudio para a troca de mensagens

em tempo real entre os participantes.

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3.3.5 Salas de Reuniões Eletrônicas e Sistemas de Tomada de Decisão

As salas de reuniões eletrônicas (EMS9) oferecem várias estações

de trabalho interligadas em rede para apoiar reuniões face a face. Também são

utilizados telões computadorizados (Whiteboard) e equipamentos de áudio e

vídeo (Borges, 1995). Estes sistemas trabalham com mecanismos para a geração

e organização de idéias e preparação de pautas de reuniões, a fim de possibilitar

a facilidade para a tomada de decisão. Estas salas eletrônicas são utilizadas

pelos sistemas de suporte à decisão em grupo (GDSS10), os quais tomam a

resolução de problemas mais ágil, acarretando, assim, um aumento de qualidade

e produtividade. Isto se deve principalmente às vantagens advindas do uso de tais

sistemas como: facilidade e agilidade no processo de tomada de decisões (uma

vez que as idéias encontram-se organizadas) e a facilidade na visualização do

problema e das possíveis soluções por parte do grupo em um ambiente

compartilhado (Dietrich, 1996).

3.3.6 Sistemas de Coordenação

Os sistemas de coordenação gerenciam e organizam trabalhos

complexos juntamente com as ações inter-relacionadas dos participantes. Aos

indivíduos é possibilitada a visualização de suas ações, bem como, as dos outros

membros, as quais sejam consideradas relevantes para atingir o objetivo final do

trabalho cooperativo.

Para solucionar os problemas de coordenação do grupo, Borges

(1995) destacou alguns tipos de abordagens utilizadas por este tipo de sistema,

entre elas encontram-se os formulários e a conversação.

Os sistemas que trabalham com o conceito de formulário são

conhecidos como Workflow. Tais sistemas são considerados os mais importantes

entre os sistemas de coordenação. Eles visam direcionar os documentos em

forma de formulários eletrônicos dentro de uma organização, controlando a

coordenação das atividades realizadas pelas pessoas e as relacionadas com o

9 Electronics Meting Systems 10 Group Decision Support System

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processo. Com isto, eles aumentam a produtividade e a qualidade, diminuindo os

custos. Por sua vez, os sistemas orientados à conversação realizam a

monitoração das correspondências eletrônicas das pessoas, controlando pedidos

e compromissos.

3.4 TECNOLOGIAS ENVOLVIDAS NO SUPORTE À COOPERAÇÃO

O reconhecimento e aplicação de conceitos de áreas das ciências

do comportamento (psicologia e sociologia, dentre outras) não são suficientes

para garantirem o desenvolvimento de ferramentas de suporte ao trabalho

cooperativo eficazes. A complexidade do desenvolvimento destas ferramentas

envolve conceitos e tecnologias de diversas áreas da ciência da computação. A

área de Interação Homem-Máquina apresenta soluções para o projeto de

interfaces com o usuário. As áreas de Redes e Comunicações contribuem com o

suporte a sistemas distribuídos, e a de Sistemas Operacionais fornecem os

modelos de controle de concorrência. A tecnologia de Banco de Dados é chave

no suporte ao compartilhamento de informações, enquanto as tecnologias de

Hipermídia e Multimídia apresentam soluções para a associação do tratamento de

informações multimídia. Conceitos de Inteligência Artificial são fundamentais para

a construção de agentes inteligentes em ferramentas de groupware. Alguns

aspectos destas tecnologias e sua interação com CSCW são discutidos em mais

detalhes a seguir (Raabe, 1997).

3.4.1 Tecnologia de Comunicação

Da mesma forma que a diversidade e sofisticação dos computadores

sofreram uma considerável expansão em um período bastante curto, também a

tecnologia de redes e comunicação propiciou um espantoso aumento no volume e

tipo de interações entre estes computadores.

Pode-se imaginar um número arbitrário de programas rodando em

um número arbitrário de computadores que precisam se comunicar entre si um

número arbitrário de vezes. Para atender às necessidades de tal interação a

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tecnologia de redes deve facilitar a troca de informações entre diversos

computadores diferentes concorrentemente. De fato, a mudança da necessidade

de suportar um simples acesso interativo a um computador remoto, para a tarefa

mais difícil de suportar a interação entre máquinas, tem influenciado

profundamente o desenvolvimento em tecnologia de redes.

Com o surgimento de redes mais rápidas, mais conexões entre

redes e maior diversidade de serviços disponíveis, torna-se viável toda uma gama

de novas aplicações, que vem mudar definitivamente a forma como a informação

é usada. De fato, todos os tipos de tecnologias - passando por cabos de fibra

ótica, linhas ISDN (Integrated Services Digital Networks) ou o ATM (Asyncronous

Transfer Mode) - estão sendo considerados como os novos meios para esta

revolução da era da informação.

As novas tecnologias na área de comunicações tendem a viabilizar o

acesso aos mais diversos serviços externos através, por exemplo, de um simples

PC11: correio-eletrônico, fax, videoconferências, chamadas telefônicas, etc. Assim,

novas tecnologias já estão permitindo, ou irão permitir em breve, a transmissão

remota de dados juntamente com novas formas de processamento de voz e

imagens, viabilizando a realização de conferências à longa distância. Avanços

nesta área tem caminhado a passos largos nos últimos anos e devem, dentro em

breve, popularizar serviços que ainda são pouco usados por causa das restrições

impostas pelos meios de comunicação hoje disponíveis.

3.4.2 Tecnologia de Banco de Dados

O suporte a um espaço de informações compartilhadas é um dos

problemas críticos do trabalho cooperativo tendo em vista que cooperar envolve

vários processos de comunicação, negociação, coordenação, co-realização e

compartilhamento. Um sistema de Banco de Dados fornece os mecanismos

necessários para o suporte destes processos, assumindo não só o papel de

repositório de informações para a memória do grupo, mas também o de

intermediário no armazenamento de informações compartilhadas pelos diferentes

11 PC - Personal Computer = Microcomputador

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processos. Essencialmente o Banco de Dados deve prover serviços que

garantam o acesso eficiente e concorrente às informações, permitam notificação e

conhecimento das atividades de outros membros do grupo e realizem o

acompanhamento da evolução das atividades e informações do grupo, dentre

outros.

Um conjunto básico de características onde o suporte de Banco de

Dados se faz necessário compreende:

• controle de concorrência aos objetos utilizados;

• controle de versões dos diversos objetos compartilhados;

• manutenção da história de uso dos diversos objetos do sistema;

• acesso estruturado e não-estruturado aos objetos armazenados;

• gerenciamento de informações sobre o grupo e seus membros, incluindo seus

privilégios e papéis;

• gerenciamento das interações entre os membros.

Os objetos comumente compartilhados pelo grupo compreendem os

mais variados tipos: texto, som, imagens, vídeos, programas e dados estruturados

de diversos formatos. Além disso, a natureza extremamente dinâmica dos

processos num ambiente de cooperação impõe novos requisitos no tratamento e

armazenamento destes objetos, como por exemplo, a necessidade de considerar

aspectos temporais. Assim, um desenho pode estar sendo construído por vários

membros, um texto pode estar sofrendo alterações por vários autores. O fato

destas ações se darem síncrona ou assincronamente também traz importantes

implicações quanto aos requisitos de suporte do banco de dados.

Sob o ponto de vista das transações que atuam sob o Banco de

Dados, o ambiente multi-usuário das aplicações de groupware é caracterizado por

(Kim, 1995).

• longa duração - as atividades de acesso podem durar de minutos até horas,

tornando algumas vezes inaceitáveis as operações de rollback (rolagem

inversa);

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• controle interativo - os usuários escolhem suas ações ao longo de suas

atividades, sendo, em geral, inconveniente planejar um escalonamento de

transações "a priori" e impraticável o redo (retrocesso) de atividades;

• compartilhamento dinâmico - os usuários compartilham resultados parciais de

suas atividades enquanto estas ainda estão em andamento, tornando a

serialização muitas vezes incompatível com consistência;

Outros modelos de transações estendidos para suportar ambientes

multi-usuários cooperativos consideram grupos de transações, de forma que

transações dentro de um grupo podem cooperar de maneiras não permitidas a

transações fora do grupo ou entre grupos (Kim, 1995).

3.4.3 Tecnologia Hipermídia

Hipertextos/Hipermídia e Suporte Computacional ao Trabalho

Cooperativo são áreas cujos resultados se complementam naturalmente. Por um

lado, o enfoque de hipertextos que permite a criação e a interligação de

fragmentos de informação combina bem com as necessidades do suporte ao

trabalho cooperativo. Por outro, os problemas de interação existentes no trabalho

em grupo representam uma importante vertente da utilização e adaptação dos

conceitos de hipertextos a sistemas de groupware (IRISH, 1989) (Streitz, 1991).

Criar hiperdocumentos complexos e com grande volume de dados

requer um trabalho de coordenação e acima de tudo, uma grande interação entre

os vários autores. Desafios semelhantes ocorrem nos editores cooperativos.

Armazenamento e apresentação de informações multimídia são problemas

comuns a sistemas de hipermídia e à interação assíncrona.

Alguns conceitos e características de sistemas de hipertextos

implicam em diversos requisitos de aplicações na área de trabalho cooperativo,

dentre eles:

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a) Facilidade para acrescentar módulos de informação

A facilidade oferecida por sistemas de hipertextos para criar novos

nós é uma característica das mais interessantes para o trabalho cooperativo. Esta

facilidade permite a criação da base de informações de uma forma incremental, o

que é desejável no trabalho em grupo, já que as descobertas e as interações

entre os membros do grupo são distribuídas ao longo do tempo e nem sempre

são previsíveis, isto é, nem sempre é possível prever uma estrutura conceitual

completa e perfeita para acomodar todo o tipo de interação.

b) Facilidade para estabelecer ligações entre os nós

Esta é a característica de hipertextos mais associada às

necessidades do trabalho cooperativo. As ligações possibilitam determinar,

através de um modo simples, a associação entre as informações geradas por

diferentes membros do grupo, estabelecendo assim um meio de comunicação no

grupo. Comentários e anotações podem ser feitos livremente dentro do contexto

da própria informação, o que facilita sobremaneira o entendimento comum.

Esse mecanismo, embora eficiente, pode ser estendido de vários

modos para comportar as necessidades de sistemas cooperativos. Uma delas se

refere à troca de opiniões sobre um determinado tema. Neste caso, os nós, ao

mesmo tempo em que estão ligados a um mesmo nó tema, se inter-relacionam

entre si através de uma seqüência temporal. Outro exemplo se refere a incorporar

mais semântica e formalismo às ligações do hiperdocumento, associando-as a

tipos e definindo restrições sobre origem, destino e conteúdo das mesmas.

c) Outros aspectos

O enfoque de hipertextos é voltado para comunicação assíncrona.

Até que ponto suas características podem ser adaptadas para suportar a

comunicação síncrona? Essa e outras questões relacionadas com o formalismo

do conteúdo dos nós e ligações, e meios complementares à navegação para

busca de informações são apresentadas no relato do painel ocorrido durante a

conferência Hypertext'91 (Streitz, 1991).

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O conceito de multimídia torna-se essencial quando se pensa em

usar hipertextos como forma de comunicação entre membros de um grupo, pois

as diferentes formas de mídia aumentam as possibilidades de expressão nas

diversas atividades humanas. Existe a necessidade das ferramentas de hipertexto

oferecerem as formas de comunicação com as quais se está habituado a

trabalhar: imagens, sons, vídeos, etc., pois a manipulação de objetos de várias

mídias dentro da rede de informações do hipertexto aumenta, ainda mais, a

flexibilidade de comunicação entre membros de um grupo (Poggio, 1995).

Em geral, para atender às necessidades do trabalho cooperativo, a

ferramenta de hipertexto deve possuir recursos adicionais tais como:

compartilhamento e proteção (controle de acesso às informações), acesso

concorrente, distinção entre dados privados e públicos, suporte à utilização de

aplicações específicas por cada usuário (editores, planilhas, etc.), mecanismos de

coordenação das atividades do grupo.

A World Wide Web trouxe os conceitos de hipertexto no âmbito da

Internet, sendo um dos responsáveis pela grande expansão do uso da Internet

nos últimos anos. A introdução de interfaces gráficas como o Netscape e o

Internet Explorer, facilitando o acesso e divulgação de informações multimídia,

fomentou o interesse dentre os desenvolvedores por explorar novas formas de

interação via Internet.

d) Aspectos de Interfaces

As diretrizes e práticas associadas ao projeto de boas interfaces

foram, em geral, formuladas considerando sistemas de um único usuário, onde o

indivíduo interage com o computador. No caso de sistemas de groupware, é

necessário que se leve em conta características da comunicação mediada por

computador, onde indivíduos interagem com outros indivíduos através do

computador. A transição de sistemas de um único usuário para sistemas voltados

para o trabalho de grupos requer, portanto, uma mudança de perspectiva. No

primeiro caso, o indivíduo está interagindo com a máquina, podendo estar no

controle das ações. Em sistemas groupware, no entanto, existem outros

elementos inteligentes (sejam eles humanos ou gerados pela máquina), e isto traz

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52

conseqüências para a interface, pois o usuário não está mais totalmente no

controle das ações. Do ponto de vista do usuário, a interface não é somente seu

caminho para o sistema, mas também o caminho para os outros membros do

grupo.

3.5 AS TECNOLOGIAS GROUPWARE NA EAD

Esta seção tem o objetivo de analisar as tecnologias groupware

presentes no ambiente EAD visando a execução de processos cooperativos,

inerentes hoje, a Educação a Distância e também de apresentar o

desenvolvimento de novas metodologias a serem empregadas neste ambiente.

O trabalho cooperativo na educação a distância é comumente

utilizado por alunos e professores, estimulando o trabalho em grupo e,

principalmente, substituindo a competição existente no processo tradicional de

ensino, pela cooperação e ajuda mútua. Dentro deste contexto, os estudantes

aprendem individualmente com sua própria forma de pensar e analisar. Já o

professor passa a coordenar e incentivar o processo de aprendizado, deixando de

ser o detentor único do conhecimento (Costa apud Raabe, 1997).

Neste sentido, segundo Behar et al. (1996b) quando se trata de um

ambiente educacional é possível definir os seguintes papéis dos diversos

integrantes: o grupo é formado por alunos, professores e desenvolvedores do

sistema; o aluno é a pessoa ou grupo de pessoas que utiliza o ambiente, ou seja,

é aquele que irá aprender, através da sua interação, com os outros integrantes. O

professor é quem domina o conteúdo a ser passado ao aluno, planejando

situações de ensino e fazendo com que o aluno participe das atividades propostas

por ele. A interação entre todos eles ocorre através da troca contínua de

informações e idéias.

Este processo, que visa encaminhar a educação para um

aprendizado em conjunto, é denominado de Aprendizagem Cooperativa (AC).

Assim sendo, a interação entre os membros do grupo, os quais compartilham

experiências, dúvidas e soluções, pode resultar em um aprendizado mais

consistente e permanente. Para isso, várias técnicas vêm se mostrando

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eficientes, tanto no domínio cognitivo, aumentando a capacidade de aprender,

quanto no afetivo, aumentando a autoconfiança pessoal e do grupo (Tornaghi,

1995).

No entanto, existem alguns aspectos a serem analisados para obter-

se o sucesso na aprendizagem cooperativa (Costa apud Raabe, 1997):

• o professor deve coordenar os trabalhos dos grupos, motivando os

participantes;

• os alunos devem ser estimulados a trabalhar em grupo;

• as questões propostas devem apresentar um nível de dificuldade, pois se o

indivíduo consegue resolvê-las sozinho, não estará motivado ao trabalho em

grupo.

A utilização de boas ferramentas para auxiliar o trabalho cooperativo

no processo de ensino-aprendizagem é um requisito importante para a obtenção

do sucesso desejado. Em Tornaghi (1995) e Marchezan (1996) encontra-se a

especificação de algumas características a serem satisfeitas pelos programas

direcionados a este fim:

• ser fácil de usar (como o caderno ou outro recurso de registro) não

constrangendo os alunos em função da dificuldade de uso;

• incentivar a cooperação e a interação entre os alunos/professores;

• relacionar as vantagens desta interação;

• incluir facilidades do registro da evolução, de modo a permitir que todos

avaliem o trabalho produzido, não só o professor;

• fornecer ferramentas que auxiliem o trabalho, como, por exemplo, um espaço

de informação compartilhado;

• permitir a troca de informações e conhecimentos entre os participantes;

• ser flexível, a fim de adaptar-se às necessidades do grupo;

• armazenar o trabalho dos alunos e as informações geradas para uso futuro

como fonte de pesquisa pelos próprios autores ou por outros estudantes;

• refletir o estágio de desenvolvimento de cada aluno para servir como forma de

avaliação do trabalho produzido.

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São vários os tipos de groupware que visam apoiar a educação. Os

sistemas de mensagens e a conferência síncrona e assíncrona, por exemplo, são

ferramentas muito utilizadas entre alunos e professores para esclarecer dúvidas,

distribuir e recolher exercícios, além de enviar trabalhos e avisos (Araújo, 1994).

As salas eletrônicas têm sido usadas como salas de aula em

experimentos que buscam obter uma maior satisfação de alunos/professores e

introduzir novas propostas educacionais adequadas à tecnologia disponível.

Neste caso, as aulas são ministradas sincronamente, estando alunos e professor

distribuídos geograficamente ou não. Há três cenários para uma aula eletrônica

síncrona (Barros, 1994):

• todos os alunos compartilham uma tela onde o professor faz a exposição do

assunto;

• o professor interage com os alunos através de mensagens, enviando-lhes

exercícios, recebendo e avaliando respostas, e esclarecendo dúvidas;

• o professor prepara um tutorial a ser seguido pelos alunos e coloca-se à

disposição para esclarecer as suas dúvidas através da troca de mensagens.

Uma aplicação interessante de um sistema de suporte à decisão em

grupo para apoiar os cursos de Gerência de Sistemas de Informação foi utilizada

por Aiken apud Araújo (1994), na Universidade de Mississipi. Os alunos deviam

desenvolver projetos em conjunto e usavam ferramentas de apoio para geração

de idéias (“Brainstorm”), para categorização de idéias enviadas (“Idea

Consolidator”) e para seleção de idéias através de mecanismos de votação.

Embora o sistema não usasse formas estruturadas de negociação, os alunos

discutiam através de sistemas de mensagens. Segundo Aiken, o grau de

envolvimento dos alunos, a sua satisfação e a qualidade dos trabalhos eram

superiores, comparados com resultados da modalidade convencional.

Os sistemas de co-autoria são usados por grupos de alunos, para

desenvolver um trabalho em conjunto. O compartilhamento do objeto em

desenvolvimento é importante para permitir a equalização da participação dos

membros do grupo sobre o trabalho. Assim, mesmo que ocorra uma divisão de

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tarefas, os alunos podem participar das tarefas dos outros, fazendo comentários.

Não se tem notícia de experimentos com sistemas de coordenação orientados a

procedimentos, no entanto estes poderiam ser usados para aplicar testes nos

alunos, possibilitando que o professor controle e monitore as ações dos alunos.

3.5.1 Ambientes Virtuais de Aprendizado

Ambientes Virtuais de Aprendizado foram especialmente

desenvolvidos para prover o ensino a distância, utilizando as tecnologias

groupware e os diversos recursos existentes nessa ferramentas.

Alguns desses ambientes são apresentados a seguir:

• HITE – Hypermedia Instrucional and Teaching environment

HITE pode ser definido como um ambiente de aprendizado via

internet baseado em instruções hipermídia. Neste contexto a hipermídia significa

a união de objetos multimídia, banco de dados associativos, interface gráfica e a

aplicação de metodologias pedagógicas eficazes para cursos interativos via mídia

eletrônica (http://curricula.mit.Edu/about/HITEmap.html).

• Web-CT – Welcome to the Sample WebCT Course

Web-CT é uma ferramenta que permite a criação de ambientes de

aprendizado na Web. Esta ferramenta requer pouco conhecimento técnico, tanto

por parte do desenvolvedor do material educacional quanto por parte do aluno. O

desenvolvedor do curso é o responsável por prover o seu conteúdo. A

interatividade, estrutura navegacional e as ferramentas educacionais são

fornecidas pelo ambiente, que também permite a incorporação de novas

ferramentas e a alteração do layout do curso. Web-CT foi desenvolvida pela

University of British Columbia para facilitar a criação de diversos cursos internos

(http://demo.webct.com/SCRIPT/cpsc315/scripts/student/serve_home).

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• Learning Space

O Lotus LearningSpace é produto de uma parceria voltada para

pesquisa e desenvolvimento entre a Lotus Education e a IBM. Trata-se de um

ambiente de geração de serviços de apoio a educação a distância desenvolvido

sobre o ambiente groupware Lotus Notes (http://Isdemo-

2.interlian.com/lotused/210demo/schedule.nsf).

• Aulanet

Aulanet é um ambiente baseado na Web desenvolvido pelo

Laboratório de Engenharia de Software do Departamento de Informática da PUC-

RJ, para criação e assistência de cursos à distância, enfocando a criação de

comunidades do conhecimento (http://ead.les.inf.puc-rio.br/aulanet).

• SCoope

SCoope (Marchezan, 1996) foi concebido para dar suporte ao

processo de ensino-aprendizagem, envolvendo pessoas que podem interagir de

diversas localidades, em vários momentos e de diferentes formas.

Como visto, as ferramentas groupware estão presentes nas

metodologias para o ensino a distância, o que permite maior participação de

alunos e professores de forma cooperativa, o compartilhamento das informações

geradas e o aumento na difusão do conhecimento, ao tempo em que promove, de

certa forma, o espírito de trabalho em grupo acompanhado do censo crítico dos

participantes.

Uma experiência de ensino a distância, onde se identificam as

tecnologias groupware, será apresentada no Capítulo 5, através de um estudo de

caso realizado no Laboratório de Ensino a Distância da Universidade Federal de

Santa Catarina – LED/UFSC.

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CAPÍTULO 4 - EAD COMO UM SISTEMA DE PRODUÇÃO

Este capítulo apresenta, inicialmente, os conceitos aplicados a

sistemas de produção, descrevendo as classificações que podem receber os

sistemas produtivos, com o intuito de identificar as características de cada

sistema e sua relação com o planejamento e controle da estrutura produtiva. O

planejamento estratégico da produção também é abordado, enfocando a missão e

as estratégias corporativa, competitiva e de produção. Em seguida, será descrito

o ambiente EAD como um sistema produtivo abordando todas as características e

vantagens anteriormente citadas.

4.1 VISÃO GERAL DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Nesta seção apresentam-se os conceitos relativos à classificação de

sistemas de produção, do planejamento estratégico da produção e do

acompanhamento e controle da produção.

4.1.1 Classificação dos Sistemas de Produção

Existem várias formas de classificar os sistemas de produção.

Tubino (1997, p. 27-31) apresenta três formas mais conhecidas: classificação pelo

grau de padronização dos produtos, pelo tipo de operação que sofrem os

produtos e pela natureza do produto. A classificação dos sistemas produtivos tem

por finalidade facilitar o entendimento das características inerentes a cada

sistema de produção e sua relação com a complexidade das atividades de

planejamento e controle desses sistemas.

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Segundo a ótica do grau de padronização dos produtos fabricados

pelos sistemas produtivos, pode-se classificá-los como sistemas que produzem

produtos padronizados e sistemas que produzem produtos sob medida.

Os sistemas de produção podem ser classificados também, segundo

seu tipo de operação, em dois grandes grupos: processos contínuos e processos

discretos. Essa classificação está associada ao grau de padronização dos

produtos e ao volume de produção demandada.

Em relação à classificação quanto à natureza do produto, os

sistemas de produção podem ser voltados para a geração de bens ou de

serviços. Quando o produto fabricado é algo tangível, como um carro, uma

geladeira ou uma bola, podendo ser tocado e visto, diz-se que o sistema de

produção é uma manufatura de bens. Por outro lado, quando o produto gerado é

intangível, podendo apenas ser sentido, como uma consulta médica, um filme ou

transporte de pessoas, diz-se que o sistema de produção é um prestador de

serviços.

Não obstante haja diferenças claras entre prestação de serviços e

manufatura de bens, na prática a maioria das empresas está situada entre esses

dois extremos, produzindo simultaneamente bens e serviços. A tendência mundial

é de considerar os sistemas produtivos geradores de um pacote composto de

bens e serviços, tendo predominância maior de um ou de outro fator.

As diferentes formas de classificação dos sistemas produtivos

ajudam a entender o nível de complexidade necessário para a execução do

planejamento e controle das atividades produtivas. O grau de padronização dos

produtos, o tipo de operações necessárias e a natureza dos produtos são fatores

determinantes para a definição das atividades do Planejamento e Controle da

Produção - PCP. O fato de o produto ser um bem ou um serviço também tem seu

reflexo na complexidade do sistema de planejamento e controle da produção. Na

produção de bens pode-se montar um sistema de planejamento e controle da

produção melhor, pois os produtos (bens) são mais padronizados e sujeitos a

controles. Já a produção de serviços envolve maior participação das pessoas, por

natureza mais difíceis de serem padronizadas, e a necessidade da presença dos

clientes no momento da produção, tornando a colocação de estoques

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59

amortecedores entre os processos uma tarefa complicada e de difícil

administração.

4.1.2 Planejamento Estratégico da Produção

O planejamento estratégico busca maximizar os resultados das

operações e minimizar os riscos nas tomadas de decisões das empresas. Os

impactos de suas decisões são de longo prazo e afetam a natureza e as

características das empresas no sentido de garantir o atendimento de sua missão.

A missão é a base de uma empresa, é a razão de sua existência.

Fazem parte dessa questão a definição clara de qual é seu negócio atual e qual

deverá ser no futuro, bem como a filosofia gerencial da empresa para administra-

la. Como a missão é uma meta a ser alcançada, ela deve ser operacionalizada

por meio da definição e implementação das estratégias corporativa, competitiva e

funcional.

A estratégia corporativa define as áreas de negócios em que a

empresa deverá atuar, e como ela deverá adquirir e priorizar os recursos

corporativos para atender às reivindicações de cada unidade de negócios. Dessa

forma, é a estratégia corporativa que faz com que os diversos negócios da

empresa tenham um sentido comum, e obtenham resultados superiores à mera

soma dos resultados individuais.

A estratégia competitiva, ou estratégia da unidade de negócios,

propõe a base na qual os diferentes negócios da empresa irão competir no

mercado, suas metas de desempenho, e as estratégias que serão formuladas

para as várias áreas funcionais do negócio, para suportar a competição e buscar

tais metas. Pode-se dizer que uma estratégia competitiva, em dado instante, é a

escolha de determinada posição competitiva.

Porter (1986) define três estratégias competitivas genéricas que

podem ser empregadas pelas empresas na competição pelo mercado: liderança

de custos, diferenciação e focalização. Na liderança de custos, a empresa deverá

buscar a produção ao menor custo possível, podendo com isto praticar os

menores preços do mercado e aumentar o volume de vendas. Na estratégia de

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diferenciação, busca-se a exclusividade em alguma característica do produto que

seja mais valorizada pelos clientes, Neste sentido, não desprezando as questões

referentes a custo, pode-se trabalhar considerando a qualidade do produto, a

imagem, a marca, assistência técnica, a entrega imediata e pontual, etc.,

procurando diferenciar seus produtos e com isso obter uma margem maior de

lucro. A terceira estratégia, a de focalização, a empresa deverá buscar caso não

consiga liderança de custos ou diferenciação da concorrência. Nessa estratégia, a

empresa deverá focar suas habilidades em determinado grupo de clientes e com

isso atende-los melhor do que os demais competidores do mercado.

Uma estratégia de produção consiste na definição de um conjunto

de políticas, no âmbito da função de produção, que dá sustento à posição

competitiva da unidade de negócios da empresa. A estratégia produtiva deve

especificar como a produção suportará uma vantagem competitiva, e como

complementará e apoiará as demais estratégias funcionais. A definição de uma

estratégia produtiva baseia-se em dois pontos chaves: as prioridades relativas

dos critérios de desempenho, e a política para as diferentes áreas de decisões da

produção. Logo, uma estratégia de produção consiste em estabelecer o grau de

importância relativa entre os critérios de desempenho, e formular políticas

consistentes com esta priorização para as diversas áreas de decisão.

O objetivo da estratégia de produção é fornecer à empresa um

conjunto de características produtivas que dêem suporte à obtenção de

vantagens competitivas em longo prazo. O ponto de partida para isto consiste em

estabelecer quais critérios, ou parâmetros, de desempenho são relevantes para a

empresa e que prioridades relativas devem ser dadas a eles. Esses critérios

deverão refletir as necessidades dos clientes que se buscam atingir para um

determinado produto de maneira a mantê-los fiéis à empresa.

De forma geral, os principais critérios de desempenho nos quais a

produção deve agir são colocados em quatro grupos: custo, qualidade,

desempenho de entregas e flexibilidade. No Quadro 4.1 é dada uma rápida

descrição sobre cada um deles.

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61

QUADRO 4.1 – Critérios de Desempenho

Critérios Descrição Custo Produzir bens/serviços a um custo mais

baixo do que a concorrência Qualidade Produzir bens/serviços com

desempenho de qualidade melhor que a concorrência

Desempenho de Entrega

Ter confiabilidade e velocidade nos prazos de entrega dos bens/serviços melhores que a concorrência

Flexibilidade Ser capaz de reagir de forma rápida a eventos repentinos e inesperados

Atualmente, estão sendo considerados como critérios de

desempenho desejáveis nos sistemas de produção, além dos quatro básicos

citados, a inovatividade e a não agressão ao meio ambiente. A inovatividade

corresponde à capacidade do sistema produtivo introduzir de forma rápida em seu

processo produtivo nova gama de bens e/ou serviços. A não agressão ao meio

ambiente, como o próprio nome indica, consiste em se ter um sistema de

produção integrado ao meio ambiente.

4.1.3 Acompanhamento e Controle da Produção

O objetivo do acompanhamento e controle da produção é fornecer

uma ligação entre o planejamento e a execução das atividades operacionais,

identificando os desvios, sua magnitude e fornecendo subsídios para que os

responsáveis pelas ações corretivas possam agir. Apesar de teoricamente os

recursos necessários para a execução dos planos de produção terem sido

planejados e programados pelo PCP, na prática, infelizmente, a ocorrência de

desvios entre o programa de produção liberado e o executado é a situação mais

comum. Quanto mais rápido os problemas forem identificados, ou seja, quanto

mais eficientes forem as ações do acompanhamento e controle da produção,

menores serão os desvios a corrigir, menor o tempo e as despesas com ações

corretivas.

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A questão da velocidade com que se deve obter o feedback das

informações está associada ao tipo de processo produtivo. Em processos

contínuos, ou de produção em massa, o feedback das informações deve ser

rápido, com coleta de dados em tempo real e acompanhamento on-line, pois em

pouco tempo, devido à alta velocidade produtiva, os desvios serão grandes. No

outro extremo, nos processos por projeto, o feedback das informações produtivas

pode ser semanal ou maior, visto que os ritmos de alterações nas tarefas

produtivas são desta magnitude.

A coleta e o registro dos dados sobre o emprego de máquinas,

homens e materiais é o primeiro passo na ação do acompanhamento e controle

da produção. As informações devem estar disponíveis tão logo o programa de

produção seja liberado, acelerando a identificação de desvios entre o programado

e o executado. Tecnicamente, tudo sobre o que está ocorrendo dentro do

processo produtivo pode ser coletado e armazenado em bancos de dados, porém,

se nenhuma ação efetiva em benefício para a empresa resultar desta coleta, ela

deve ser revista e eliminada.

Tendo os dados oportunos em mãos, o PCP pode, então, compará-

los com o programa de produção emitido, buscando identificar possíveis desvios

que demandem ações corretivas (Tubino, 1997).

O sucesso da Educação a Distância não depende apenas da

metodologia a ser adotada ou dos recursos tecnológicos utilizados. O ambiente

EAD, sendo considerado como um sistema produtivo, deve definir suas

estratégias de produção e o respectivo controle e acompanhamento, para se

tornar eficiente e competitivo.

Na seção 4.2, o ambiente EAD é analisado sob a ótica de um

sistema produtivo, procurando classificá-lo segundo o tipo de processo produtivo,

identificando a sua missão e suas estratégias corporativa, competitiva e de

produção. Ainda nesta seção, são discutidas algumas vantagens do uso do

computador no ambiente EAD em relação aos métodos tradicionais (presencial ou

por correspondência).

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63

4.2 O AMBIENTE EAD COMO UM SISTEMA PRODUTIVO

A produção de um curso em um ambiente EAD apresenta

características diferentes dos sistemas produtivos típicos voltados para a

fabricação de bens. Este curso, apesar de ser um produto, possui características

muito mais associadas à área de serviços, pois envolve “recursos humanos como

insumos, clientes como parte do processo e atendimento diferenciado”.

Pode-se afirmar que as características principais de um ambiente

EAD, de acordo com as considerações apresentadas em Tubino (1997, p.16), é

atender de forma padronizada às necessidades de aprendizagem dos clientes.

Para atingir esse objetivo, além de produzir cursos, uma série de atividades

básicas devem ser executadas. Deve-se prever a demanda por tais cursos,

elaborar uma sequência viável de produção desses cursos, planejar e

acompanhar os estoques de matéria-prima (neste caso, o conhecimento, material

bibliográfico, notas de aulas), dimensionar a necessidade de máquinas

(computadores e recursos de mídia), tecnologias e mão-de-obra para cada nível

da demanda, bem como motivar e capacitar a mão-de-obra. Não se pode

esquecer da manutenção dos equipamentos e instalações, do planejamento dos

cursos, da etapa de execução (ministração dos cursos), da avaliação da

qualidade do serviço, etc.

4.2.1 Classificação do Ambiente EAD

Se for analisada a oferta de um curso em um ambiente EAD,

segundo o seu grau de padronização, constata-se que este curso pode ser

considerado como um produto elaborado sob medida e desenvolvido para um

cliente específico. Se for considerada a natureza do produto, verifica-se que quem

está oferecendo o ambiente EAD é um prestador de serviços e como tal, deve ser

orientado para a ação. Neste caso deve-se considerar algumas características,

tais como: orientação do produto, contato com o cliente, uniformidade dos fatores

produtivos e avaliação do sistema.

Outro tipo de classificação, e talvez o mais interessante para este

estudo, é a classificação segundo o tipo de operação, que neste caso caracteriza-

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se como um processo por projeto, tendo como finalidade o atendimento de uma

necessidade específica do cliente, com as suas atividades voltadas para essa

meta. Deve-se incluir neste caso, todas as etapas do processo, desde a

elaboração, concepção e desenvolvimento de um curso, até a sua aplicação,

avaliação e conclusão.

O produto a ser desenvolvido, no caso, um curso em um ambiente

EAD, tem uma data específica para ser concluído e, uma vez concluído, o sistema

produtivo se volta para um novo projeto. Os produtos são concebidos em estreita

ligação com os clientes, de modo que suas especificações impõem uma

organização dedicada ao projeto. Exige-se alta flexibilidade dos recursos

produtivos, normalmente à custa de certa ociosidade enquanto a demanda por

bens ou serviços não ocorrer.

4.2.2 Planejamento Estratégico de um Ambiente EAD

Analisando o planejamento estratégico de um ambiente EAD, pode-

se dizer que, de uma forma geral, sua missão é promover a desenvolvimento de

cursos para serem acessados por alunos em qualquer parte do mundo, difundindo

o conhecimento de maneira rápida e eficiente.

A estratégia coorporativa no ambiente EAD, como visão de

negócios, está focada principalmente na oferta de cursos de capacitação e

educação continuada para clientes que estejam fora do local de realização do

curso.

Como estratégia competitiva, a Educação a Distância atua

principalmente na diferenciação para competir no mercado, pelo fato de oferecer

cursos a pessoas que não podem fazê-lo de forma presencial e que não podem

se deslocar até a sede onde normalmente é realizado um curso tradicional. A

focalização também pode ser empregada como estratégia de competitividade

quando se elabora um curso de EAD direcionado para um cliente específico, seja

ele uma empresa, corporação ou um grupo de indivíduos que necessitam de uma

capacitação específica e direcionada para seus interesses.

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65

A estratégia de produção para um ambiente EAD deverá determinar

as ações a serem tomadas no âmbito da produção para que sejam alcançadas as

vantagens competitivas definidas anteriormente. A definição dessa estratégia está

baseada no estabelecimento de prioridades para os critérios de desempenho nos

quais a produção de um curso em EAD deve seguir: qualidade que obviamente

deve oferecer um serviço melhor; desempenho de entrega e índice de satisfação

do cliente que devem ser mais eficientes que os cursos presenciais, pois a

utilização da Internet e do sistema de Videoconferência tornam a comunicação

com o cliente muito rápida e de fácil acesso à documentação, haja vista que todas

as comunicações entre alunos e professores são registradas e catalogadas. A

flexibilidade em um ambiente EAD torna-se também uma vantagem competitiva,

pois eventos inesperados podem ocorrer tais como a impossibilidade do aluno

assistir aula em uma determinada data ou dúvidas durante o período de estudo,

que podem ser facilmente corrigidas com o uso da internet e o acesso às bases

de dados onde estão armazenadas as informações referentes aos conteúdos dos

cursos.

Outro critério de desempenho importante é a inovatividade, ou seja,

a capacidade do sistema introduzir rapidamente novos conteúdos em seus cursos

ou mesmo gerar novos produtos utilizando as ferramentas já existentes. Com o

avanço da tecnologia nas áreas de informática e de comunicação, os cursos à

distância oferecidos pela internet ou por outros meios eletrônicos (ex. CD-ROM)

estão gerando ferramentas de ensino mais poderosas, através da utilização de

novas mídias, jogos interativos e de realidade virtual, investindo na participação

do aluno e no desenvolvimento de trabalhos cooperativos.

Segundo Otsuka (1997), as principais características que têm feito

do uso do computador um meio bastante eficiente no ensino a distância, em

detrimento dos métodos tradicionais (presencial e ou por correspondência), são:

• rapidez e abrangência: por exemplo, uma página disponibilizada em um

servidor WWW, pode ser instantaneamente visualizada em qualquer parte do

mundo. Uma mensagem de correio eletrônico, em condições normais de

funcionamento da rede, pode chegar em qualquer parte do mundo em alguns

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segundos. Além disso, algumas ferramentas permitem a comunicação em

tempo real;

• maior interação: segundo Diane Oblinger apud Otsuka (1997), no ensino

tradicional em sala de aula, independentemente do número de alunos, as

interações entre aluno e professor são mínimas. Em uma sala de 40 alunos, 4

ou 5 dominam as interações e os demais permanecem relativamente passivos.

Enquanto isso, estudos em instituições educacionais que usam interações

baseadas em computadores demonstram um grande aumento nas interações.

Entre os principais fatores responsáveis por este aumento pode-se citar:

√√√√ eliminação da barreira da timidez;

√√√√ maior flexibilidade oferecida aos alunos que trabalham ou possuem

outras responsabilidades;

√√√√ participação dos alunos mais distribuída, ou seja, existem menos casos

de participações dominantes, e também poucos casos de alunos que

permanecem sem participar das discussões;

√√√√ maior flexibilidade de acesso oferecida pela independência do local de

trabalho e de horário, esta última apenas no caso das ferramentas de

comunicação assíncrona;

√√√√ no caso particular das ferramentas assíncronas, tem-se a vantagem dos

alunos disporem de um tempo maior para formular suas idéias e

consequentemente realizar uma contribuição mais rica;

√√√√ alunos relatam que trabalham mais e produzem um material de maior

qualidade principalmente porque seus trabalhos serão vistos por várias

pessoas.

• variedade das ferramentas disponíveis, as quais vão desde as ferramentas em

modo texto assíncronas, como é o caso do correio eletrônico, até as

ferramentas multimídia síncronas como as ferramentas de videoconferência,

garantindo uma maior flexibilidade na escolha da forma mais apropriada de

comunicação a cada caso particular de ensino;

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• eliminação nos atrasos de disponibilização do material instrucional: nos meios

tradicionais a distribuição de material impresso é realizada pelo sistema postal,

exigindo a impressão do número de cópias necessárias e postagem de cada

uma delas. Isto implica em gastos, esforços e na perda de um tempo

considerável. Através de ferramentas do tipo correio eletrônico, newsgroup e

WWW, é possível a disponibilização instantânea do material instrucional,

eliminando os atrasos de publicação e distribuição.

A representação de um ambiente EAD, na ótica de um sistema

produtivo, permitiu determinar as variáveis de investigação apresentadas no

capítulo 1, tais como missão; estratégia corporativa, competitiva e de produção;

critérios de desempenho; identificação da demanda e das competências internas;

definição de metas; avaliação e execução das atividades, etc.

Com esta representação, pôde-se utilizar os avanços e metodologias

desta área de pesquisa na busca da otimização dos processos inerentes à EAD,

além de permitir a definição das estratégias a serem adotadas na implantação de

um ambiente EAD.

Os critérios de desempenho apresentados, e a serem perseguidos

na elaboração/execução dos projetos em EAD, são fundamentais para o sucesso

de tais empreendimentos e para atingir a satisfação do cliente, objetivo fim da

filosofia dos sistemas de produção modernos.

No próximo capítulo, tendo como estudo de caso o LED/UFSC,

identifica-se as variáveis de representação deste laboratório como um sistema de

produção. Ao final, apresentam-se as suas características, vantagens e

resultados obtidos.

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CAPÍTULO 5 - ESTUDO DE CASO: A EXPERIÊNCIA DO LED/UFSC

Neste capítulo será apresentado, como estudo de caso, o

Laboratório de Ensino a Distância da Universidade Federal de Santa Catarina –

LED/UFSC que é considerado modelo de ensino a distância em nível nacional. O

objetivo é identificar as características existentes no LED, sua proposta

pedagógica e as tecnologias de ensino utilizadas. Em seguida, é feita uma análise

do ambiente do LED como um sistema de produção e as estruturas groupware

utilizadas.

5.1 A INTERATIVIDADE DO ENSINO A DISTÂNCIA NO PPGEP/UFSC

O ensino a distância no Programa de Pós Graduação em

Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina – PPGEP/

UFSC nasceu de um planejamento estratégico realizado em 1985, onde o

programa de Pós-Graduação concluiu que já havia condições para a implantação

do ensino a distância no Brasil. A concretização da implementação do ensino a

distância contribuiria para melhorar, decisivamente, a integração do meio

acadêmico com o parque industrial brasileiro. A interatividade foi considerada item

primordial para integrar a sala de aula tradicional com os recursos multimídia

possibilitados pela inovação tecnológica (Bolzan, 1998).

A modalidade de ensino a distância através de videoconferência foi

escolhida como a tecnologia básica para a Universidade Virtual do Programa de

Pós-Graduação em Engenharia de Produção da UFSC, pelo fato de permitir uma

passagem gradual da sala de aula presencial para o ensino a distância.

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A opção do PPGEP pela interatividade da videoconferência, como

base do ensino a distância, não impediu a utilização de outros meios, adequados

à situação e às necessidades das várias possibilidades educativas. O uso dos

vários instrumentos (vídeo-aulas, teleconferências, Internet e videoconferência) se

insere na tendência verificada em nível mundial de "multimídia interativa", na qual

a combinação dos vários meios otimiza o processo, complementando-se para

gerar um produto educativo mais eficaz.

Além disso, havia necessidade de uma estrutura de apoio

especificamente para o ensino a distância com o objetivo de produzir, transportar,

guardar e distribuir todo o material necessário. Uma das iniciativas para

possibilitar esse apoio foi desenvolvido com a criação do STELA por uma equipe

do PPGEP. O STELA consiste em uma secretaria, totalmente informatizada, que

possibilita a execução de todos os serviços burocráticos (matrícula, declarações,

consultas, caixa de mensagens entre professores/alunos/funcionários, etc.)

disponível para os alunos presenciais do programa e que pode ser acessada via

Internet para os alunos a distância.

Novaes (1994), afirmou que era preciso encontrar um meio termo

para não haver uma ruptura entre o modo tradicional, já conhecido por alunos e

professores, e o novo ensino a ser adotado. E apesar de já estarem sendo

utilizados meios mais flexíveis (fitas de áudio, vídeo e correio eletrônico) para

transmissão de informações, considerava necessária a presença dos alunos na

mesma sala com a transmissão ao vivo da aula a partir de um estúdio no campus,

evitando com isso, um afastamento radical e súbito da forma de ensino adotada

em outras universidades.

A videoconferência foi escolhida para servir de suporte para o ensino

a distância por uma série de razões práticas. De acordo com Cruz (apud Bolzan,

1998), a videoconferência possui uma qualidade de imagem correspondente a

uma taxa de 90% da gerada pela TV, opera em velocidades baixas (384 Kbps),

trafega em linha de alta qualidade, permite interatividade total entre

aluno/professor com alta qualidade, permite troca de arquivos, dispensa estúdio,

infra-estrutura e equipe de retaguarda, possibilita total liberdade do professor

contribuindo com a qualidade da aula e a prestação de serviços de atendimento

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extra-classe, além de ser um sistema completo e único, dispensando

composições para transmissão bilateral.

Outra circunstância favorável foi a existência do projeto de uma rede

estadual de comunicação que já estava sendo gerada desde a assinatura de um

convênio da UFSC com a FAPESP12 em 1989, reforçado com sua entrada na

RNP13 em 1991, e na Internet no ano seguinte. O projeto da Rede Catarinense de

Ciência e Tecnologia (RCT) foi concretizado em 1995, com a assinatura de um

protocolo de cooperação técnica entre as instituições de ensino superior de Santa

Catarina, o governo do Estado, a Telesc e mais uma série de entidades somando

um total de 23 participantes.

A RCT, um "backbone" de fibra ótica, inicialmente previsto para

integrar-se pela Internet a RNP, teve seu projeto ampliado com a entrada da

videoconferência. Pela necessidade de uma taxa de transmissão de 384 Kbps, a

velocidade da rede foi aumentada para 2Mbps. O investimento para aquisição de

equipamentos, recursos humanos, implantação e manutenção da rede

praticamente dobrou com a chegada dos recursos para a videoconferência.

Dessa forma, além da Internet, as instituições de ensino conveniadas também

iriam participar do ensino a distância em salas remotas especialmente preparadas

e equipadas para isso.

Em março de 1996, os equipamentos de videoconferência para o

ensino a distância começaram a ser instalados no Programa e a seguir, nas

outras universidades do interior catarinense que fazem parte da Rede

Catarinense de Ciência e Tecnologia. Além de montados em uma sala

especialmente preparada para transmissão e em dois auditórios na UFSC, os

equipamentos já estão instalados nas seguintes universidades do interior do

Estado: UDESC em Florianópolis, FURB em Blumenau, UNIVALI em Itajaí,

UNISUL, em Tubarão, UNOESC, em Chapecó, FEJ, em Joinville. Ao todo, são

oito salas interligadas ao mesmo tempo e de forma totalmente interativa, em

áudio, vídeo e via Internet.

12 Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo 13 Rede Nacional de Pesquisa

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Vale ressaltar que, mesmo antes de implantar a rede de

videoconferência, o Programa de Pós-Graduação de Engenharia da Produção da

UFSC direcionou seu projeto de Ensino a Distância para providenciar suporte

pedagógico e tecnológico, objetivando a criação de produtos educativos para o

ensino a distância baseado em quatro características: auto-instrução, flexibilidade,

ensino de longo alcance e interatividade.

5.2 O LABORATÓRIO DE ENSINO A DISTÂNCIA DA UFSC

Em 1995, o Programa de Pós Graduação em Engenharia de

Produção - PPGEP/UFSC cria o Laboratório de Ensino a Distância (LED) que tem

por finalidade a pesquisa, planejamento e organização de sistemas educacionais

à distância. A partir de sua criação, o LED vem desenvolvendo estratégias para o

uso da Internet, videoconferência, teleconferência e vídeo-aulas, além de

desenvolver programas de capacitação e formação de professores e técnicos

para o planejamento e a produção de materiais instrucionais eletrônicos e

também de mídia impressa (Barcia et al. apud Gomes, 2000).

O Laboratório de Ensino a Distância - LED trabalha no

planejamento, formatação e implementação de cursos a distância e no uso de

tecnologias para a educação na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.

O trabalho de equipes multidisciplinares, especialistas em Educação

a Distância, atuando de forma integrada com professores doutores e/ou mestres

em diversos temas, permite a organização de cursos em várias áreas do

conhecimento acadêmico. O desenho instrucional destes cursos é formatado de

acordo com os diferentes tipos de certificação, possibilitando o atendimento mais

adequado aos seus parceiros.

O LED atua em parceria com diversas instituições de ensino no

Brasil e no exterior de forma integrada para o diagnóstico, planejamento,

produção, implementação e avaliação dos cursos e programas.

O LED, com a participação de professores, técnicos e alunos, realiza

diversas pesquisas em Ensino a Distância - EAD produzindo e publicando

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dissertações, teses, artigos científicos e participando de discussões em fóruns

nacionais e internacionais sobre o tema.

5.2.1 Histórico das Ações do LED

O LED vem produzindo cursos desde 1995. Neste mesmo ano,

realizou três cursos completos (vídeos, apostilas, manual do instrutor e avaliação

dos alunos) de educação continuada na área de Engenharia de Transportes, num

total de 66 vídeo-aulas para o SEST/SENAT. O modelo de ensino a distância

adotado foi o da teleducação, com transmissão de vídeo-aulas por satélite, com

recepção pelos alunos diretamente por antena parabólica nas empresas de

transporte rodoviário de carga e de passageiros, totalizando 1.280 organizações,

com uma estimativa de cinco mil alunos nos escalões gerenciais.

Em 1996, num convênio com o Instituto de Desenvolvimento da

Qualidade da Confederação Nacional dos Transportes, concretizou-se o

desenvolvimento de 15 cursos de Educação Aberta para o segmento de

transporte rodoviário de carga, também para produção de vídeo-aulas a serem

transmitidas por satélite, após distribuição prévia de apostilas e instrumentos de

acompanhamento para recepção dos alunos em 1.560 empresas de transporte de

cargas em todo o país.

No segundo semestre de 1996, o LED realizou o I Ciclo Catarinense

de Teleconferências sobre Tecnologia e Educação, em parceria com a Secretaria

da Educação e do Desporto do Estado de Santa Catarina para capacitação a

distância de professores da rede pública. Foram apresentadas dez

teleconferências sobre temas relacionados ao impacto das inovações

tecnológicas no ensino, transmitidas entre 02 de agosto e 01 de outubro, para

7.750 professores. Foi produzido, em parceria com o SEBRAE, o primeiro kit

pedagógico brasileiro para a Formação de Jovens Empreendedores, formatado

em fitas de vídeo e apostilas distribuídas para escolas técnicas e faculdades do

Estado de São Paulo.

Em 1997, num convênio com a Secretaria de Educação a Distância

do MEC, o Laboratório de Ensino a distância produziu 24 programas da série

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Vídeos de Pretexto, para utilização em atividades de sala de aula nas duas

primeiras séries do Ensino Fundamental, e um vídeo da série Bem-Te-Vi, sobre a

imigração alemã no Vale do Itajaí.

A videoconferência tem sido utilizada no LED/PPGEP para servir de

instrumento para os seguintes modos de interação: a) pesquisa e intercâmbio

acadêmico; b) pós-graduação; c) reuniões interativas em eventos, congressos e

seminários; e d) integração universidade-empresa (Bolzan, 1998).

Em termos de pesquisa e intercâmbio acadêmico pode-se citar a

parceria que estabeleceram a UFSC e a Universidade do Porto, em Portugal,

quando, em outubro/95, as duas universidades interligaram-se por

videoconferência para assinar um protocolo de intenções visando a organização

da primeira semana de integração virtual, ocorrida em 1996.

A característica principal da Pós-Graduação pela videoconferência é

que ela permite que universidades que tenham planos de capacitação profissional

de seus docentes não tenham que afastá-los de suas funções. Assistir às aulas

em sua própria universidade evita o custo da liberação em tempo integral e os

problemas decorrentes do remanejamento do quadro docente, como por exemplo,

a contratação de professores substitutos. Além disso, acelera a qualificação dos

departamentos, por permitir a formação de um número maior de professores num

tempo reduzido. Após a fase inicial de instalação do equipamento na RCT, o

Programa iniciou em 1997 a Pós-Graduação em Engenharia de Produção por

videoconferência para todo o Estado de Santa Catarina.

O uso da videoconferência propiciou à UFSC participar de vários

eventos a distância durante os anos de 95 e 96: foi realizada uma conversa "on

line" entre o governador do Estado, em Blumenau, na Coninfo 96 e o reitor da

UFSC, em Florianópolis. Possibilitou o contato virtual entre os docentes do

PPGEP e os participantes do Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino

(ENDIPE) realizado no Centro de Educação da UFSC; permitiu a interatividade na

palestra entre o coordenador do PPGEP e o Secretário de Ciência e Tecnologia

de Santa Catarina, presentes na UFSC e os participantes do Encontro

Internacional de Ensino a Distância, realizado na Fundação Getúlio Vargas, em

São Paulo, numa parceria com a PETROBRÁS; abriu espaço para o intercâmbio

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em São Paulo; palestra interativa para o EDUTEC/96 em Curitiba; o Seminário de

Ergonomia para o Mercosul, em ligação com a FURB, de Blumenau, além de

vários contatos interativos com empresas de telecomunicação de outros estados

do país.

Outro exemplo em andamento é o do primeiro Mestrado a Distância

em Engenharia de Produção do país, transmitido por videoconferência,

interligando o campus da UFSC com a planta industrial da Equitel em Curitiba,

Paraná, e preparado especialmente para os engenheiros da empresa, que, desde

setembro de 1996, assistem às aulas numa sala interativa. O curso segue a

estrutura do ensino presencial da Pós-Graduação em Engenharia de Produção da

UFSC e é ministrado pelos professores do programa. Além de resolver problemas

concretos dos alunos no dia-a-dia da empresa durante os trabalhos práticos das

disciplinas, o objetivo do curso é que, ao final dos créditos, os alunos dediquem-

se a uma pesquisa que leve à defesa de uma dissertação de Mestrado.

Entre 1996 e 2001, o Programa de Ensino a Distância do PPGEP,

em parceria com diversas Instituições, ofereceu, por intermédio do LED, utilizando

videoconferência, 1 doutorado e mais de 30 mestrados, com alunos em 20

estados da Federação, contabilizando mais de 800 matrículas.

Foram realizados, neste mesmo período, 16 cursos de

especialização, atingindo cerca de 800 alunos em quase todos os estados do

país. Em programas de capacitação, o LED estruturou em torno de 27 cursos,

atendendo cerca de 175 mil alunos entre junho de 1995 e outubro de 2001.

5.2.2 Proposta pedagógica dos cursos do LED

A proposta pedagógica deste modelo é gerar um ensino flexível,

basicamente realizado à distância, que possibilita atender alunos distribuídos

geograficamente, acompanhando o curso de suas casas, trabalho ou qualquer

outro lugar em que possam conectar-se à Internet. A estrutura adotada procura

desenvolver estratégias operacionais na perspectiva de estimular no aluno à

autonomia, aspecto fundamental para o estudo à distância. Assim, considera-se o

aluno como centro do processo - fazendo com que seus conhecimentos, suas

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experiências e sua cultura, sejam considerados nos materiais didáticos do curso e

nas diversas formas de interação, os processos cognitivos - que devem ocorrer na

relação pensamento e ação, por meio de conteúdos e atividades significativas

para o aluno, ou seja, que estejam diretamente ligadas à prática dos envolvidos e

o processo de avaliação - que acontece ao longo de todo o processo, buscando

acompanhar o progresso do aluno, bem como, detectar pontos a serem

modificados, primando pela melhoria continuada do curso e da aprendizagem dos

alunos.

Outro ponto a destacar é a preparação e o acompanhamento

permanente, pedagógico e técnico, dos professores para o desenvolvimento do

material didático e atuação nos diferentes modelos de cursos.

5.2.3 Sistema de Acompanhamento

Na Educação a Distância é necessário que o aluno tenha um

acompanhamento permanente, para garantir qualidade e fazer com que ele sinta-

se integrado à instituição promotora de sua formação. Dessa forma, o papel do

sistema de acompanhamento torna-se primordial para o sucesso de um curso,

uma vez que personaliza a modalidade mediante uma comunicação dinâmica e o

apoio organizado e sistemático que estimula e orienta o aluno, facilitando as

situações de aprendizagem no ambiente digital.

A equipe envolvida no acompanhamento para os cursos de

especialização por Internet do LED é composta de professores , monitores e

equipe de apoio.

• Professores

O atendimento realizado pelo professor ocorre em todo o período

planejado para a realização da disciplina e o aluno poderá se comunicar com o

professor pelas ferramentas síncronas e assíncronas do ambiente digital de

aprendizagem. Nesta interação o aluno poderá discutir todas as questões de

conteúdo.

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• Monitores

O atendimento realizado pela monitoria é executado durante todo o

período do curso e por meio dele são tiradas todas as dúvidas que não se referem

ao conteúdo, pelo ambiente digital de aprendizagem, telefone ou fax. A função

dos monitores é de acompanhar diariamente a atuação dos alunos no curso e

verificar se os professores estão respondendo às suas dúvidas em, no máximo,

24 horas. A monitoria também busca incentivar os estudos e auxiliar o professor

no acompanhamento do desempenho dos alunos.

• Equipe de Apoio

A equipe de apoio se constitui da Equipe Administrativa e Equipe

Pedagógica, que acompanha permanentemente o desenvolvimento do curso

como um todo, dando suporte ao professor e à monitoria, e sempre que

necessário atende diretamente aos alunos.

5.2.4 Tecnologias de Ensino

As tecnologias que estão sendo utilizadas pelo LED no

desenvolvimento e aplicação dos seus cursos à distância são:

• Vídeo-Aula

Este é o meio que permite menos interação com o professor. Por

este motivo é o que necessita de planejamento mais cuidadoso e identificação

mais detalhada do aluno. Não é possível, depois de pronto o vídeo, alterar ou

incluir temas seguindo indagações do público, como acontece na

videoconferência e na teleconferência.

Como nos outros meios, a utilização de material impresso

complementa as aulas. Neste caso, já que a auto-instrutividade é mais

necessária, os materiais devem estar intimamente relacionados, criando um

cenário multimídia que permita que o tema do vídeo seja facilmente relacionado

com o do material impresso, que expanda e detalhe o conteúdo audiovisual.

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A identificação do aluno, neste caso, é de extrema importância, pois

o vídeo deve ter um formato estético, uma linguagem e uma proposta pedagógica

que atenda às necessidades de conteúdo, prendam a atenção e motivem o aluno.

Uma vez identificado o perfil do aluno, é preciso definir uma estrutura que crie

envolvimento e facilite a transmissão das mensagens através de uma dinâmica

onde os apresentadores, o conteúdo, a linguagem, os recursos de computação

gráfica, os cenários, etc., serão definidos em função de um padrão que facilite a

aprendizagem.

Considerar o contexto sócio-cultural onde a vídeo-aula será utilizada,

dará a dimensão macro necessária para que o aprendizado seja efetivo.

Compensar a pouca flexibilidade deste meio inserindo o produto no cotidiano do

aluno cria uma identificação que é necessária para suprir a falta de participação

direta no processo.

• Teleconferência

A teleconferência consiste na geração, via satélite, da apresentação

de conferencistas/professores com a possibilidade de interação com a audiência

através de chamadas telefônicas, fax ou Internet. O(s) conferencista(s)/

professor(es) fica(m) em um estúdio de televisão e fala(m) "ao vivo" para a

audiência, que recebe a imagem em um aparelho de TV comum conectado a uma

antena parabólica sintonizada em um canal pré-determinado. É possível agregar

imagens pré-produzidas em vídeo, computador, etc., como se fosse um programa

de televisão.

É necessária a presença de um mediador e de uma estrutura de

atendimento para receber as perguntas que vão chegando no decorrer do

programa. Um modelo básico de teleconferência consiste da apresentação de

conferencista(s)/professor(es) seguindo-se de uma discussão dirigida pelas

perguntas que são enviadas pelos telespectadores. É importante destacar e

incentivar a participação do público para que haja real envolvimento.

A abrangência da teleconferência é praticamente ilimitada, basta ter

uma antena parabólica e sintonizar no canal pré-determinado. No caso específico

do Brasil, o satélite Brasil Sat 1 alcança da Venezuela até a Argentina, incluindo

todo o território nacional. A diferença de transmissão com a Videoconferência, é

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que esta atinge apenas pontos pré-determinados, onde esteja instalado o

equipamento básico. Por outro lado, a possibilidade de participação em nível

individual fica bem mais restrita, pois o feedback dos alunos é possível apenas

através do telefone e fax e também porque o grande número de telespectadores

participantes não permite que todos se expressem.

Um procedimento comum a este tipo de transmissão é o de gravar

em vídeo, no local de recepção, as aulas para registro e/ou uso e análise

posterior. O TV Escola do MEC, que atinge todas as escolas públicas do Brasil

que disponham de antena parabólica, recomenda a gravação dos programas para

uso posterior em sala de aula ou pelos professores.

• Videoconferência

Videoconferência é uma forma de comunicação interativa que

permite duas ou mais pessoas que estejam em locais diferentes, se encontrarem

face a face através de algum sistema que permita a comunicação visual em

tempo real, isso inclui transferência de áudio e vídeo. Com os recursos da

videoconferência, pode-se conversar com os participantes e ao mesmo tempo

visualizá-los na tela do monitor, trocando informações como se faria

pessoalmente. Apesar de não estarem juntos, de maneira presencial, eles podem

estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas,

como a Internet.

Este sistema é adequado para instituições que queiram criar

programas de formação de redes de ensino e pesquisa, implantar processos de

educação a distância para atividades de formação e capacitação. Integrando

periféricos projetados especialmente para auxiliar o professor na tarefa de

ministrar aula, a videoconferência é o meio que mais se aproxima da sala de aula

tradicional, permitindo a interação professor/aluno em tempo real.

Tecnicamente pode-se definir a videoconferência como uma

aplicação que transporta sinais de vídeo e áudio digitalizados, devidamente

tratados por softwares e algoritmos de compressão, multiplexados, através de

uma rede de transmissão de alta velocidade. A figura 5.1 mostra como pode ser

feita uma videoconferência.

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FIGURA 5.1 – Estrutura de Videoconferência

O exemplo da Figura 5.1 mostra um professor realizando sua aula a

qual é filmada e transmitida em tempo-real aos alunos geograficamente

distribuídos. A interatividade é bastante grande pois os alunos podem ver e ouvir

o professor e o professor pode ver e ouvir os alunos. Além disso, o professor

dispõe de um videocassete, uma câmera de documento e um PC para utilizá-los

durante a aula.

Com a Videoconferência pode-se facilmente reunir profissionais de

cidades ou países, como se todos estivessem em uma mesma sala. É um meio

prático de se realizar reuniões e convenções, fazer consultas, discutir projetos

com o auxílio de recursos gráficos e de textos, promover capacitação, cursos e

palestras ou qualquer outro tipo de troca de informações que exija agilidade e

dinamismo. Desta forma, torna-se possível evitar os deslocamentos freqüentes

que consomem grandes despesas e o tempo precioso da equipe de trabalho.

A Videoconferência implantada no Laboratório de Ensino à Distância

é baseada em Estúdio, ou seja, em salas especialmente preparadas com

modernos equipamentos de áudio, vídeo, microcomputadores, câmeras

documentos e interfaces de controles, como mostra a Figura 5.1. Há o

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acompanhamento técnico de todas as conexões, para fornecer videoconferências

de alta qualidade tanto no que diz respeito à transmissão e recepção dos sinais

gerados, quanto na variedade de recursos a serem utilizados para a realização

das reuniões, palestras, cursos etc.

Estudos realizados demonstram que a aplicação de diferentes tipos

de mídias como o compartilhamento interativo de documentos, a apresentação de

gráficos, o uso de recursos de áudio e vídeo em tempo real, fizeram com que

assuntos antes cansativos nas classes tradicionais se tornassem atraentes aos

alunos, aumentando a motivação dos estudantes no processo de aprendizagem.

• Internet

Organizações e usuários de todo o mundo estão utilizando a

tecnologia da informação como um instrumento para a obtenção de

competitividade no desenvolvimento de novos conhecimentos, produtos, serviços

e para o estabelecimento de novas relações produtivas, provocando inovações e

mudanças operacionais.

No Brasil, por contingências e barreiras tecnológicas que só

recentemente foram superadas, o acesso à Internet para usuários não

governamentais ou institucionais e também para provedores de acesso,

disponibilizadores de informação e provedores de serviços, foi liberado somente

em abril de 1995.

A Internet pode ser definida como uma modalidade de troca de

informações entre computadores heterogêneos situados em ambientes remotos,

interconectados através de modem, LAN’s e MAN’s, que se ligam aos backbones

existentes em cada país. O Correio Eletrônico ou E-mail é o serviço mais utilizado

na Internet. Via e-mail, pode-se enviar sons, imagens, vídeo ou qualquer tipo de

arquivo, dependendo da capacidade do equipamento utilizado.

O acesso à Internet é um caminho de baixo custo para abreviar o

acesso a mais recursos e oportunidades educacionais que fisicamente estariam

bloqueadas à grande maioria de alunos, professores, pesquisadores, cientistas e

instituições brasileiras. A Internet é uma rede que possui uma linguagem própria e

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um ritmo adequado para ser operado de forma ótima. Um dos aspectos mais

importantes é o fluxo da comunicação.

• Material Impresso

O material impresso é formatado em pastas arquivos por módulos,

tendo seu designer e sua diagramação personalizada de acordo com o curso. É

redigido numa linguagem dialogada facilitando a compreensão dos conteúdos.

Na próxima seção, o LED/UFSC é analisado segundo a ótica de um

sistema produtivo, com o objetivo de identificar a sua estrutura e as estratégias

utilizadas; e segundo a ótica de uma estrutura groupware, identificando os

recursos tecnológicos e modelos empregados. Com este enfoque, pretende-se

destacar a otimização alcançada na implantação dos projetos do LED utilizando

as estruturas acima citadas.

5.3 O LED COMO UM SISTEMA DE PRODUÇÃO

Nesta seção apresentam-se os conceitos relativos a classificação do

LED como um sistema produtivo, sua missão, estratégia, planejamento,

acompanhamento e controle de um curso EAD.

5.3.1 Classificação do LED como um Sistema Produtivo

O LED pode ser classificado, segundo o tipo de operação, como um

sistema voltado para um processo por projeto, atendendo a demandas

específicas de seus clientes.

5.3.2 Missão

A missão do LED consiste em “promover a criação e disseminação

do conhecimento entre a Universidade e os distintos segmentos da sociedade,

independente da localização geográfica, utilizando ambientes virtuais de

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aprendizagem, formados com a integração de referenciais pedagógicos

consistentes e tecnologias de informação e comunicação de última geração”.

5.3.3 Estratégias do LED

O Laboratório de Educação a Distância - LED é um centro de

excelência em EAD para pesquisa, desenvolvimento de soluções

tecnológicas e consultoria às instituições de ensino e empresas que buscam na

universidade apoio e parceria acadêmica na implantação de programas de

formação à distância.

O LED atua de forma diferenciada e cada solução representa uma

estratégia tecnológica e pedagógica específica, dimensionada e modelada a

partir das necessidades indicadas pelas instituições ou empresas com as quais

estabelece parcerias.

Modelos de aprendizagem teoricamente diferenciados e um suporte

tecnológico baseado em avançadas tecnologias de informação e comunicação,

aliados à competência do corpo de doutores, mestres e pesquisadores do LED

garantem a excelência de implantação das soluções que oferece em EAD.

O LED também trabalha na elaboração e produção de materiais

educativos para uso presencial. A estrutura e a experiência da equipe do

Laboratório permite criar e produzir Vídeos Educativos, CD-ROM’s e Softwares

Educacionais voltados para diversas faixas etárias e para usos diversos,

atendendo demandas específicas e com altos índices de personalização.

5.3.4 Planejamento de um curso de EAD

A elaboração, concepção e desenvolvimento de um curso de EAD,

sob a responsabilidade do Laboratório de Ensino a Distância, seguem as

seguintes etapas:

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• Identificação da demanda

Atualmente, os clientes (empresas ou corporações) interessados em

um curso específico procuram o LED para fazer a demanda. Não existe, por parte

do LED, a preocupação em identificar nichos específicos de mercado. A

competência do LED é ministrar cursos de capacitação e de pós-graduação à

distância, com infra-estrutura e metodologia de ensino adequada. O

conhecimento específico de um determinado curso é adaptado à metodologia em

função da necessidade dos clientes.

• Identificação das competências internas

Uma vez obtida uma demanda, a equipe do LED irá verificar o foco

das competências necessárias, a equipe que irá gerenciar o curso, a equipe de

apoio (instrutores, monitores, etc.) e a equipe de desenvolvimento da produção

(desenvolvimento instrucional, analistas de programação e desenvolvimento de

projetos) disponíveis na própria instituição. Eventualmente, e se necessário,

especialistas não pertencentes ao quadro da UFSC poderão ser contatados para

participar do programa.

• Definição de metas e elaboração de cronograma

As metas são definidas entre os clientes e os especialistas do LED

para que os objetivos do curso e as necessidades específicas dos clientes sejam

atingidos. Após esta etapa, o cronograma de realização do curso é elaborado.

Após as definições das metas e do cronograma de trabalho, inicia-se

a fase de elaboração e desenvolvimento do curso. As etapas correspondentes a

esta fase são:

• Elaboração e execução do curso

A principal ferramenta a ser utilizada em um curso de ensino a

distância é a Internet. Sendo assim, a primeira tarefa a ser realizada na

elaboração do curso é a padronização do site, definição das páginas de interação

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com o aluno e a preparação do material didático. Esta etapa é uma das mais

importantes, pois o aluno irá interagir com essa interface durante todo o curso.

Na execução do curso, uma equipe pedagógica e uma administrativa

fazem o acompanhamento da participação dos alunos, que pode ser através de

teleaulas ou atividades interativas no computador. Essas equipes verificam o

rendimento dos alunos no curso, o índice de satisfação obtido e a eficiência

alcançada.

A equipe Administrativa é composta de um supervisor e dois

auxiliares administrativos, além de dois editores (designers gráficos) e

prestadores de serviços. A equipe Pedagógica possui um supervisor pedagógico,

três gestores pedagógicos (especialistas de conteúdo) e três monitores.

• Metodologia Utilizada

No início do curso é realizado um workshop presencial onde são

apresentados a estrutura do LED e seus professores. Nesse workshop, todos os

alunos estão presentes, reunidos em um mesmo ambiente. Este encontro é

importante para que eles possam conhecer a metodologia do curso e aprender a

utilizar corretamente todos os recursos computacionais existentes.

A metodologia empregada nos cursos do LED, em especial os de

stricto e lato-senso, está baseada principalmente na utilização de teleaulas

através das quais o professor transmite os conhecimentos do curso e o aluno

participa fazendo perguntas e gerando discussões como em uma sala de aula

convencional. Atividades no computador, via Internet, são apresentadas ao aluno

como tarefas a serem respondidas e avaliadas pelo professor.

A proposta do LED para os cursos de capacitação e extensão é

realiza-los com turmas pequenas, tendo um número reduzido de alunos, para que

seja possível haver um acompanhamento individual e adequado para cada

participante.

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• Avaliação

Em geral, os cursos ministrados pelo LED são divididos em módulos

que contêm até três disciplinas. Alem da avaliação da disciplina pelos alunos, ao

final de cada módulo é realizada uma avaliação para verificar se as metas de

aprendizagem foram alcançadas; se as ferramentas de navegação estão

satisfatórias e adequadas; e se os mecanismos de suporte e acompanhamento

foram eficazes e eficientes.

5.3.5 Acompanhamento e Controle de um Curso em EAD

O acompanhamento de um curso pelo LED é realizado por uma

equipe composta de monitores, gerentes, supervisores e coordenadores de curso.

Essa equipe é responsável pelo acompanhamento de todas as atividades

realizadas durante o curso, desde a parte didática (apresentação de aulas pelos

professores, execução das atividades dos alunos, avaliação de disciplinas, etc.)

até a parte técnica e administrativa (matrícula, ferramentas de comunicação e

interação com o sistema, etc.).

Existem algumas ferramentas que os alunos podem interagir com o

sistema e que são utilizadas para se detectar eventuais problemas; como

exemplo, pode-se destacar a “Fale com o Professor” e “Fale com o Monitor”.

Estes mecanismos permitem a detecção de problemas ou dúvidas de operação

do sistema que os alunos tenham. Uma vez detectados tais problemas, sejam

eles acadêmicos ou administrativos, ações corretivas são tomadas para a sua

reparação.

Para que a organização e o controle do curso sejam dinâmicos e

eficientes, o LED instituiu um Coordenador Acadêmico local, responsável pela

coordenação do curso no local onde ele está sendo realizado. Tendo em vista que

os clientes do LED são empresas ou instituições que contratam tais cursos para

seus funcionários, os alunos estão parcialmente agrupados, sendo possível (e

necessário) um responsável local.

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O LED avalia, de forma sistemática e contínua, todos os aspectos

dos cursos. Estas avaliações permitem que se tenham dados precisos que são

utilizados para posteriores ajustes e refinamentos do modelo e para o

planejamento estratégico do LED.

O critério de desempenho adotado pelo LED é a qualidade de seus

cursos, medida pela taxa de finalização e pelo índice de satisfação dos seus

clientes.

Para os cursos de capacitação, aperfeiçoamento e especialização,

realizados predominantemente via Internet (com workshops presenciais,

dependendo da certificação), a taxa de finalização média está acima de 85%

(estes cursos possuem pelo menos 360 horas/aula, no caso das especializações).

Em muitos casos, a taxa de finalização é de 100%.

Em termos de satisfação, em uma escala de 4 pontos, tais cursos

obtiveram média superior a 3,5 em todos os quesitos avaliados. Além destes

pontos, um dos aspectos principais nesta análise, diz respeito à taxa de retenção

dos clientes corporativos que é cerca de 100%, ou seja, grande parte das

instituições para as quais são oferecidos cursos, solicitam novas turmas.

5.4 AS TECNOLOGIAS GROUPWARE UTILIZADAS NO LED

Para os cursos de ensino a distância do LED, foi desenvolvido um

Ambiente Digital de Aprendizagem – LED-K (PPGEP/UFSC, 2000) que se

configura na face inovadora do modelo de ensino a distância. O ambiente LED-K

permite ao aluno diversas possibilidades de interagir, tirar suas dúvidas, trocar

informações, enfim construir seu conhecimento.

Nesta estrutura, serão apresentadas as tecnologias groupware

utilizadas no ambiente, bem como os modelos para os sistemas cooperativos e as

tecnologias que dão suporte à cooperação.

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5.4.1 Tecnologias Groupware Utilizadas

a) Sistemas de Mensagens

Dentro da estrutura, é prevista a troca de mensagens por e-mail,

ICQ, e também por uma ferramenta de gerenciamento de projetos. Esta

ferramenta permite a troca de mensagens entre os diferentes grupos/gerências e

o acompanhamento integral dos processos. Além disso, todas as mensagens são

armazenadas no banco de dados, permitindo a recuperação dos mesmos num

momento posterior.

b) Editores cooperativos (autoria)

Atualmente o LED não utiliza softwares de autoria. Através da

plataforma LED-K, é possível formatar os diferentes cursos e aulas, executando a

função de um software de autoria.

c) Agentes inteligentes

A plataforma LED-K utiliza a tecnologia de Agentes Inteligentes para

executar o acompanhamento do processo ensino-aprendizagem dos alunos.

Alguns exemplos de utilização do mesmo na plataforma são: o aviso de

recebimento de novos e-mails; acompanhamentos do cronograma do aluno

(avisando, por exemplo, dos possíveis atrasos na execução de provas e

atividades didáticas); acompanhamento do fórum e mural da disciplina, etc.

d) Sistema de conferência eletrônica síncrona e assíncrona e salas de

reuniões eletrônicas de tomada de decisão

O LED-K permite discussão através de fórum (assíncrono), chat

(síncrono) e vídeo-chat (tecnologia que funciona de forma similar a

teleconferência, entretanto vai além, permitindo que os participantes possam

visualizar e interagir com o "palestrante" através do chat).

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e) Sistemas de coordenação

O LED Trabalha com um sistema de gerência que fornece as

principais estatísticas e acompanhamentos dos processos necessários para uma

melhor gerência e tomada de decisão. Esse sistema permite por exemplo, que um

coordenador pedagógico faça o acompanhamento de um aluno e verifique suas

dificuldades numa disciplina, no curso ou ainda no andamento do processo de

dissertação. O sistema pode verificar, também, se o professor ou o aluno estão

atingindo as expectativas.

5.4.2 Modelos para Sistemas Cooperativos

a) Modelo de Dados

A base de dados dos sistemas LED está documentada através de

IDEF1X e a implementação física varia de acordo com o sistema. Os sistemas

mais antigos utilizavam o Banco de Dados MySQl. Todo desenvolvimento recente

é feito em ORACLE 8i.

b) Modelo de comunicação ou interação

Nesse ponto, utiliza-se várias ferramentas síncronas e assíncronas

para permitir a melhor comunicação possível. As ferramentas de chat, instant

message, vídeo-chat, fórum e lista de discussão são utilizadas neste caso, como

também ferramentas próprias para comunicação e troca de mensagens entre

grupos e projetos.

c) Modelos de Interface

Atualmente a interface é desenvolvida visando a melhor relação

usabilidade/robustez. O grupo de desenvolvimento fornece os storyboards e o

grupo de design cria as interfaces a partir dos requisitos funcionais existentes.

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5.4.3 Tecnologias Envolvidas no Suporte a Cooperação

a) Tecnologia de comunicação

Todas as ferramentas de comunicação (síncrona e assíncrona)

foram concebidas pelo grupo de desenvolvimento tecnológico do LED, utilizando

JSP (Java Server Page).

b) Tecnologia de banco de Dados

É utilizado o banco de dados Oracle em sua versão intermídia,

permitindo uma busca textual de qualquer documento armazenado na base.

c) Tecnologias hipermídia

Utiliza-se o hipertexto, fotos e tecnologia de videostream REAL.

Neste capítulo, tendo apresentado o LED/UFSC como estudo de

caso, identificou-se as tecnologias groupware presentes em suas atividades e

apresentou-se a representação do LED/UFSC sob a ótica de um sistema

produtivo.

Constatou-se que o LED/UFSC utiliza inúmeras tecnologias

groupware em suas atividades, o que enfatiza o trabalho cooperativo

desenvolvido por sua equipe. No tocante a representação do LED/UFSC como

um sistema produtivo, identificam-se diversas variáveis de investigação, tais como

missão, estratégias competitivas e de produção, critérios de desempenho, entre

outras.

A estrutura hoje do LED (tomada de decisão, busca de excelência,

planejamento estratégico para realização de suas ações) está fundamentada

fortemente nos conceitos de sistema de produção, embora uma formatação

inicial, no que se pôde constatar a partir de conversas com seus dirigentes, não

teve a preocupação de vê-lo como um sistema produtivo. Percebe-se, entretanto,

que a representação de um ambiente de EAD em um sistema de produção foi

factível e vários ganhos puderam ser obtidos na representação desses processos,

conforme apresentados neste capítulo.

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Com a preocupação de estar sempre aperfeiçoando o seu sistema, a

equipe do LED desenvolveu uma nova plataforma de ensino para EAD,

aumentando a interatividade e a cooperação entre os alunos, professores e

monitores e permitindo incorporar, cada vez mais, as tecnologias groupware no

ambiente EAD.

Atualmente, o LED/UFSC encontra-se em processo de certificação

ISO 9001, tendo em vista o alto padrão de qualidade alcançado.

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CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES

Neste trabalho foram apresentadas, inicialmente, considerações

sobre os conceitos de Educação a Distância, enfocando principalmente o uso da

Internet e da Videoconferência. Verificou-se que com o uso destas tecnologias

houve (e está havendo) uma revolução nas formas tradicionais de comunicação e

aprendizagem, implicando na necessidade de reformulação dos modelos

pedagógicos existentes. Constata-se que a Educação a Distância via Internet

apresenta-se como um novo paradigma educacional.

Analisou-se também a situação da EAD no Brasil e os avanços

ocorridos para a sua regulamentação e implantação nas escolas brasileiras.

Contudo, percebe-se que o uso dessas tecnologias, com modelos pedagógicos

adequados, ainda são incipientes, principalmente nas escolas públicas. Por outro

lado, o Governo Federal tem procurado investir na infra-estrutura computacional e

em programas educacionais que visam difundir a cultura da Internet nas escolas,

dando um passo importantíssimo para a criação da cultura da Educação a

Distância.

Quanto às tecnologias groupware, foram apresentadas as diversas

ferramentas existentes (tais como sistemas de conferência eletrônica, sistemas de

mensagens, sistemas de coordenação, autoria cooperativa e agentes inteligentes)

e a necessidade de haver um ambiente cooperativo para o sucesso da sua

utilização. O ambiente cooperativo existente no ensino a distância tem contribuído

bastante para o incremento das tecnologias groupware. As novas metodologias

de ensino-aprendizagem que surgiram para este ambiente, associadas às

tecnologias groupware, têm estimulado o trabalho em equipe, em substituição à

existência da competição no processo tradicional de ensino. Ambientes virtuais de

aprendizado também têm sido desenvolvidos para aproveitar as potencialidades

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das tecnologias de trabalho de grupo, comunicação, hipermídia, etc.,

gerando/oferecendo cursos interativos via mídia eletrônica e ambientes de

aprendizagem através da WEB.

A incorporação de tecnologias groupware em um ambiente EAD

pode conduzir a otimização do processo de ensino à distância, gerando maior

interação entre professores e alunos, aumento no compartilhamento das

informações geradas e socialização na difusão do conhecimento.

Procurou-se neste trabalho representar o ambiente EAD como um

sistema de produção, analisando-o como um processo voltado para projeto,

atendendo às necessidades específicas do cliente. Analisou-se o planejamento

estratégico de um ambiente EAD, ressaltando a necessidade de se criar critérios

de desempenho para a produção de um curso. A EAD via Internet possui diversas

vantagens competitivas em relação aos modelos tradicionais, das quais

destacam-se: qualidade (maior eficiência), desempenho na entrega (comunicação

rápida e fácil acesso à documentação), flexibilidade (possibilidade de assistir aula

e realizar trabalhos em horário mais conveniente para o aluno) e inovação

(introdução de novos conteúdos associados à novas mídias, jogos interativos e de

realidade virtual).

A representação da EAD como um sistema produtivo proporciona o

emprego de técnicas e utilização de metodologias desta área de pesquisa,

capazes de otimizar os processos inerentes à EAD.

Um estudo de caso no LED/UFSC foi realizado com o objetivo de

identificar a experiência existente e os resultados obtidos no uso de tecnologias

groupware em um ambiente EAD. Verificou-se que o LED tem se destacado como

uma das melhores estruturas de elaboração e difusão da EAD, porque soube

aplicar as técnicas de sistema de produção, definindo sua missão e suas

estratégias (coorporativa, competitiva e de produção) corretamente e implantando

com eficiência o acompanhamento e controle na produção de seus cursos.

Inúmeras tecnologias groupware não foram concebidas inicialmente

com o conceito do sistema de produção, mas puderam ser bem empregados

como diferencial em busca da excelência, atento à missão, qualidade dos

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produtos, trabalho cooperativo e planejamento estratégico para realização de

todas as suas ações.

A inovação na utilização de tecnologias groupware, associada à

implantação de metodologias pedagógicas adequadas ao ambiente EAD, fez com

que o LED se tornasse referência em nível nacional.

Entretanto, os cursos oferecidos no LED ainda utilizam muito pouco

os trabalhos de co-autoria (editores cooperativos), ferramenta importante para o

desenvolvimento de trabalhos em grupo, envolvendo pessoas geograficamente

dispersas ou trabalhando em horários distintos. Além disso, não há um sistema de

acompanhamento após a execução dos cursos, deixando de avaliar a eficácia dos

cursos ministrados e o ganho na produtividade das pessoas com o conhecimento

adquirido.

É adequado no ambiente EAD, agregar maior número de tecnologias

groupware e representá-lo como um sistema de produção pois, a existência

dessas variáveis, conduz à otimização dos processos inerentes ao ambiente EAD.

Conclui-se a partir das observações feitas no corpo desta

monografia, que a elaboração de uma política de Educação a Distância para uma

Instituição que pretende ser expoente nessa área, poderia ser concebida

observando-se os requisitos da sua representação como um sistema de produção

e das tecnologias groupware existentes atualmente ou em desenvolvimento.

Tais aplicações para o ambiente EAD ainda são muito limitadas e as

pesquisas desenvolvidas para essa área estão apenas iniciando. Pesquisas

recentes têm estudado as diferentes teorias de aprendizagem e sua possibilidade

de aplicação no projeto instrucional (ambiente de aprendizagem em EAD).

Uma possível linha de pesquisa, dentro do tema abordado nesta

monografia, é a concepção de um modelo instrucional adaptável ao perfil do aluno

para um ambiente de Ensino a Distância. A construção desse modelo deverá

considerar a cultura digital do aluno (conhecimento adquirido do aluno em

informática), os recursos tecnológicos disponíveis e as tecnologias de

aprendizagem aplicadas em EAD (pedagogia digital).

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