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DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL -
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA
MESTRADO PROFISSIONAL GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS
AMBIENTAIS NO PROCESSO
ESTU
ORGÂ
GASO
AANNGGEELLAA MMAARRT TIINNSS DDEE SSOOUUZZAA
DO DE EMISSÕES DE VAPORES
NICOS NO CARREGAMENTO DE
LINA EM CAMINHÕES -TANQUE
SALVADOR2004
ANGELA MARTINS DE SOUZA
ESTUDO DE EMISSÕES DE VAPORES ORGÂNICOS NO CARREGAMENTO DE GASOLINA EM
CAMINHÕES -TANQUE
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. José Geraldo Pacheco Filho
Salvador
2004
S7293e Souza, Ângela Martins de Estudo de emissões de vapores orgânicos no carregamento
de gasolina em caminhões -tanque / Ângela Martins de Souza --- Salvador-Ba, 2004.
163p. il.
Orientador: Prof. Dr. José Geraldo Pacheco Filho Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias
Ambientais no Processo Produtivo) – Departamento de Engenharia Ambiental, Universidade Federal da Bahia, 2004.
Referências e Apêndice. 1.Compostos orgânicos voláteis – Aspectos ambientais
2.Gasolina (Composição) 3.Hidrocarbonetos 4.Impactos ambientais I.Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II.Pacheco Filho, José Geraldo III. Título.
CDD 665.0528
Agradecimentos Angela Martins de Souza
AGRADECIMENTOS
Ao professor José Geraldo Pacheco, pela orientação, apoio e compreensão
sempre demonstrados durante toda essa trajetória.
Ao TECLIM, por ter me apresentado o universo da gestão ambiental.
Aos pesquisadores, cujos trabalhos serviram-me de consulta.
À Petrobrás, pelo apoio financeiro.
À equipe da FUNDACENTRO, pelo apoio técnico e profissional.
À UNIFACS, pelo apoio técnico e profissional.
Aos amigos pela amizade, carinho e compreensão.
Aos meus pais, que me ensinaram as primeiras letras.
Ao meu marido, com quem sempre posso contar em todos os momentos da
minha vida.
A todos que me apoiaram, pessoal e tecnicamente ao longo de todo o
desenvolvimento deste trabalho.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
i
Agradecimentos Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
ii
Mensagem Angela Martins de Souza
“Tentamos
viver. Hoje
natureza. D
podem cria
maioria não
as pessoas
maioria das
As pessoas
morrer. As
e as árvore
água suja, s
Estu
viver do modo como o homem vivia antigamente. É o modo natural de
em dia, as pessoas se esquecem de que elas são só uma parte da
estroem a natureza da qual nossa vida depende. Acham que sempre
r algo melhor. Sobretudo os estudiosos. Eles podem ser inteligentes, mas a
entende o coração da natureza. Eles criam coisas que acabam tornando
infelizes. Mesmo assim orgulham-se de suas invenções. E o que é pior, a
pessoas também se orgulha. Elas as vêem como milagres. Idolatram-nas.
não sabem, mas estão perdendo a natureza. Não percebem que vão
coisas mais importantes para os seres humanos são ar limpo e água limpa,
s e plantas nos dão isso. Tudo está sendo poluído para sempre. Ar sujo,
ujando o coração dos homens.”
Akira Kurosawa
(Filme “Sonhos – Vila dos Moinhos de Água”)
do de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
iii
Mensagem Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
iv
Sumário Angela Martins de Souza
SUMÁRIO
Agradecimentos iMensagem iiiSumário vLista de símbolos e abreviaturas ixLista de figuras xiLista de Tabelas xvResumo xviiAbstract xix CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 01 CAPÍTULO II – FUNDAMENTOS TEÓRICOS 05
2.1 Introdução 05 2.2 Compostos Orgânicos Voláteis 05 2.2.1 Definição e Classificação 05 2.2.2 Compostos Orgânicos Voláteis da Gasolina 09 2.3 Efeitos dos Compostos Orgânicos Voláteis 11 2.3.1 Efeitos sobre a vegetação 12 2.3.2 Efeitos à saúde 14 2.3.2.1 Limites de exposição 15 2.4 Química da gasolina 19 2.4.1 Componentes da gasolina 19 2.4.1.1 Hidrocarbonetos 19 2.4.1.2 Oxigenados 21 2.4.1.3 Aditivos 22 2.4.2 Classificação da gasolina 22 2.4.3 Especificação da gasolina 23 2.4.4 Volatilidade 25 2.4.5 Pressão de vapor 28 2.4.6 Curvas de destilação ASTM 31 2.5 Legislação 32 2.5.1 Legislação internacional 33 2.5.2 Legislação brasileira 34 2.6 Tecnologias para recuperação de compostos orgânicos voláteis
37
2.6.1 Adsorção 38 2.6.2 Absorção 40 2.6.3 Condensação 41 2.6.4 Separação por Membrana 42
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
v
Sumário Angela Martins de Souza
2.6.5 Comparação entre as tecnologias 43 CAPÍTULO III – PROCESSO DE CARREGAMENTO DA GASOLINA
47
3.1 Introdução 47 3.2 Descrição do processo 47 3.3 Descrição do processo no Terminal de Mataripe 52 3.4 Estimativa das emissões de VOC 54 CAPÍTULO IV – METODOLOGIA 59
4.1 Introdução 59 4.2 Estimativa da Emissão 59 4.2.1 Método Analítico de Referência 60 4.2.2 Considerações Conceituais 61 4.2.2.1 Dispositivos de Amostragem 62 4.2.2.1.1 Amostradores para Amostragem Direta 62 4.2.2.1.2 Amostradores para Amostragem Indireta 65 4.2.2.2 Adsorção 65 4.2.2.3 Substrato de Coleta 66 4.2.2.4 Dispositivos de Adsorção 66 4.2.2.5 Bomba 67 4.2.2.6 Competitividade na adsorção 68 4.2.2.7 Fatores que influenciam a adsorção 68 4.2.2.8 Parâmetros de Saturação 69 4.2.2.9 Conservação das Amostras 71 4.2.2.10 Ocorrência de Possíveis Erros 72 4.2.3 Local de Coleta das Amostras 72 4.3 Procedimentos analíticos adotados 73 4.3.1 Método Indireto 73 4.3.2 Método Direto 79 4.4 Planejamento de experimentos 81 4.4.1 Fatores que influenciam a emissão 81 4.4.2 Registro de Dados 83 4.5 Análise da Gasolina Líquida carregada 84 4.6 Cálculo da Emissão de VOC 84 CAPÍTULO V – RESULTADOS 87
5.1 Introdução 87 5.2 Emissões de VOC 87 5.2.1 Método Indireto 87 5.2.2 Método Direto 93 5.2.3 Análise dos Resultados 96 5.2.3.1 Método Indireto 96 5.2.3.2 Método Direto 96
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
vi
Sumário Angela Martins de Souza
5.3 Gasolina Líquida 98 5.3.1 Simulação do equilíbrio líquido-vapor da gasolina no carregamento
99
5.3.2 Cálculo da Emissão de VOC segundo o modelo EPA 109 5.3.3 Comparação entre os dados experimentais e os dados obtidos com o modelo EPA
111
5.3.4 Análise da influência do PVR e da Temperatura sobre as Emissões de VOC
113
CAPÍTULO VI – PLANO DE PREVENÇÃO DE EMISSÕES NO CARREGAMENTO DE GASOLINA
115
6.1 Introdução 115 6.2 Prevenção à Poluição (P2) 116 6.3 Medidas Propostas 117 6.3.1 Captação dos Vapores nos Tanques dos Caminhões 117 6.3.2 Padrão de Emissão 118 6.3.3 Tecnologias de Recuperação de Vapores 119 6.3.3.1 Condensação 119 6.3.3.2 Adsorção por Carvão Ativo 119 6.3.4 Sistema de Balanço de Vapor 120 6.3.5 Controle de PVR 120 6.4 Propostas Adicionais 120 CAPÍTULO VII – CONCLUSÕES 123 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 127 APÊNDICE 137
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
vii
Sumário Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
viii
Símbolos e Abreviaturas Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ACGIH “American Conference of Governmental Industrial Hygienists” ANP Agência Nacional de Petróleo ASTM “American Standard Testing Methods” CAAA “Clean Air Act Amendments” CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente EPA Agência de Proteção Ambiental Americana (“Environmental
Protection Agency”); ETBE Etil Tert Butil Éter; MTBE Metil Tert Butil Éter; NAAQS “National Ambient Air Quality Standards” NPA Nitrato de Peroxiacetila OSHA “Occupational Safety and Health Administration” PFE Ponto Final de Ebulição PVR Pressão de Vapor Reid; TAME Tert Amil Metil Éter; TBA Álcool Tert Butílico; TLV Limites de Exposição (“Threshold Limit Values”) TLV-C Limite de Exposição – Valor Teto (“Threshold Limit Values –
Ceiling”) TLV-STEL Limite de Exposição – Exposição de Curta Duração (“Threshold
Limit Values – Short Term Exposure Limit”) TLV-TWA Limite de Exposição – Média Ponderada pelo Tempo (“Threshold
Limit Values – Time Weighted Average”) TPH-GRO Total de hidrocarbonetos de petróleo – faixa de orgânicos de
gasolina (“Total Petroleum Hydrocarbons – Gasoline Range Organics”)
TVOC Compostos Orgânicos Voláteis Totais (“Total Volatile Organic Compounds”)
URV Unidade de Recuperação de Vapores VOC Compostos Orgânicos Voláteis (“Volatile Organic Compounds”);
ix
Símbolos e Abreviaturas Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
x
Lista de Figuras Angela Martins de Souza
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Efeito da concentração de oxigenados no PVR da
gasolina
26
Figura 2.2 - Dados de pressão de vapor da gasolina à 37,8oC 27
Figura 2.3 - Efeito do teor de etanol e da temperatura na pressão
de vapor da mistura gasolina / etanol
27
Figura 2.4 - Pressão de vapor verdadeira de gasolinas e outros
derivados de petróleo
30
Figura 2.5 - Diagrama esquemático do sistema de recuperação de
VOC por adsorção em carvão ativo
39
Figura 2.6 - Diagrama esquemático do sistema de recuperação de
VOC por absorção
41
Figura 2.7 - Diagrama esquemático do sistema de recuperação de
VOC por condensação
42
Figura 2.8 - Diagrama esquemático do sistema de recuperação de
VOC por membrana
43
Figura 2.9 - Faixa de concentrações para várias tecnologias de
tratamento de VOC
44
Figura 2.10 - Faixa de vazões da corrente gasosa para várias
tecnologias de tratamento de VOC
44
Figura 3.1 - Carregamento sem o bico de enchimento submerso 48
Figura 3.2 - Carregamento com o bico de enchimento submerso 49
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xi
Lista de Figuras Angela Martins de Souza
Figura 3.3 - Carregamento por baixo (“bottom loading”) 49
Figura 3.4 - Descarregamento do caminhão-tanque em tanque
subterrâneo com sistema de balanço de vapor para
controle de emissões
50
Figura 3.5 - Perfil típico de concentração de vapores de VOC
emitidos durante o carregamento de gasolina em
navios-tanque
51
Figura 3.6 - Plataforma de carregamento de caminhões-tanque do
Terminal de Mataripe
52
Figura 3.7 - Operação de carregamento de caminhão-tanque 53
Figura 4.1 - Amostradores de volume fixo 63
Figura 4.2 - Amostrador de volume variável 63
Figura 4.3 - Tubos de Carvão Ativo modelo 226-09, da SKC Corp. 74
Figura 4.4 - Bombas de amostragem modelo 224 PCX, da SKC
Corp.
74
Figura 4.5 - Bolhômetro usado na calibração das bombas de
amostragem
75
Figura 4.6 - Macrosseringa de 500 ml 79
Figura 5.1 - Perfil de composição da emissão de VOC e da gasolina
líquida
97
Figura 5.2 - Perfil de composição de VOC da simulação e dos
dados analíticos
105
Figura 5.3 - Análise comparativa dos resultados de simulação –
Gasolina 1
109
Figura 5.4 - Ajuste dos fatores de saturação 113
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xii
Lista de Figuras Angela Martins de Souza
Figura 5.5 - Análise da variação do PVR e da temperatura sobre as
emissões de VOC
114
Figura 6.1 - Captação de vapores em carregamento por cima 117
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xiii
Lista de Figuras Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xiv
Lista de Tabelas Angela Martins de Souza
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Principais Classes de Compostos Orgânicos Voláteis 7
Tabela 2.2 - Substâncias Excluídas da Definição de VOC 7
Tabela 2.3 - Fontes de Emissões Atmosféricas 8
Tabela 2.4 - Composição da Gasolina Emitida e Recuperada na
URV
10
Tabela 2.5 - Limites de Exposição Ocupacional para Gasolina 17
Tabela 2.6 - Especificação da Gasolina no Brasil 23
Tabela 3.1 - Fatores de Saturação para Cálculo das Perdas no
Carregamento de Caminhões-Tanques
55
Tabela 4.1 - Fatores que podem influenciar na coleta de vapores
em tubos de carvão
69
Tabela 4.2 - Parâmetros de Amostragem por ampola com 100 mg
de Carvão Ativo
70
Tabela 4.3 - Características do Tubo de Carvão Ativo Modelo 226-
09, da SKC Corp.
73
Tabela 4.4 - Determinação da vazão de amostragem 77
Tabela 4.5 - Planejamento de experimentos – Amostragem Indireta 83
Tabela 4.6 - Planejamento de experimentos – Amostragem Direta 83
Tabela 5.1 - Dados registrados na coleta de amostras de vapores
de VOC durante o carregamento de gasolina
90
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xv
Lista de Tabelas Angela Martins de Souza
Tabela 5.2 - Resultados de análise das amostras e determinação
da concentração de VOC nas emissões
91
Tabela 5.3 - Resultados de análise das amostras de vapores
residuais dos tanques de carregamento
92
Tabela 5.4 - Resultados analíticos das amostras de vapor 94
Tabela 5.5 - Resultados analíticos das gasolinas líquidas 98
Tabela 5.6 - Composição da Gasolina líquida para simulação 100
Tabela 5.7 - Composição e concentração de VOC calculado pela
simulação
103
Tabela 5.8 - Perfil de Composição de VOC da simulação e dos
dados analíticos
104
Tabela 5.9 - Resultados de simulação para gasolina com etanol 107
Tabela 5.10 - Resultados de simulação para gasolina sem etanol 108
Tabela 5.11 - Cálculo da emissão de VOC pela AP-42 (EPA) 110
Tabela 5.12 - Comparação entre os dados calculados pela AP-42
(EPA) e os dados experimentais de vapor
112
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xvi
Resumo Angela Martins de Souza
RESUMO
Essa dissertação tem por finalidade estudar a emissão de compostos
orgânicos voláteis (VOC) durante o carregamento de caminhões-tanque com
gasolina automotiva brasileira em um terminal de distribuição de combustíveis,
para determinar as diferenças entre o fator de saturação do modelo da EPA
(AP-42), que considera a gasolina pura, e o fator de saturação da gasolina
brasileira, que possui 25%v/v de etanol em sua composição. Embora a
presença de etanol na composição da gasolina aumente sua pressão de vapor
e, conseqüentemente, a tendência a perdas por evaporação, o curto tempo de
carregamento faz com que o fator de saturação se mantenha baixo,
minimizando as emissões de VOC. Verificou-se que o fator de saturação de
0,60, adotado pela EPA para carregamentos de gasolina por cima, com bico
submerso, é muito elevado e aplicável somente após o término do
carregamento, quando o nível do líquido está próximo ao bocal de enchimento.
Observou-se que ao longo do carregamento, o fator de saturação médio é de
0,175 e que a variação da taxa de emissão não é linear com o tempo,
ocorrendo um aumento maior na fase final do processo de carregamento.
Portanto, a taxa de emissão média de VOC encontrada para a gasolina que
contém 25%v/v etanol é, em média, de 200 g VOC/m3 de gasolina carregada.
Palavras-chave: emissão; hidrocarbonetos; compostos orgânicos voláteis;
COV; gasolina; etanol; terminal; distribuição; carregamento.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xvii
Resumo Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xviii
Abstract Angela Martins de Souza
ABSTRACT
The purpose of this paper is to study the volatile organic compounds
(VOC) emissions from loading tank trucks with the brazilian automotive gasoline
in a distribution terminal. The EPA saturation factors were established to pure
gasoline, but the brazilian gasoline contains 25%vol ethanol in its composition.
The addition of ethanol to the gasoline increases its vapor pressure and, in
consequence, increases the evaporation losses. However, the short period of
loading keeps the saturation factor low, minimizing the VOC emissions. It was
concluded that the saturation factor 0,60 adopted by EPA to submerged loading
is too high to represent to brazilian gasoline and can be applied only at the end
of loading, when the tank truck is full. It was observed that the concentration of
VOC in the emissions varies in a nonlinear way and it increases more at the
end of operation. Therefore, the medium saturation factor calculated to brazilian
gasoline is 0,17 and the medium emission of the gasoline containing 25%vol
ethanol is 0,20 Kg VOC/m3 of loaded gasoline.
Keywords: emissions; hydrocarbons; volatile organic compounds; VOC;
gasoline; ethanol; terminal; distribution; loading.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xix
Abstract Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
xx
Capítulo I - Introdução Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
Após a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
Humano, realizada em Estocolmo, em 1972, os países industrializados e em
industrialização passaram a adotar padrões de qualidade para o ar e para as
águas e padrões de emissão para os efluentes industriais líquidos e gasosos.
Para atender a essas exigências, as indústrias adotavam o controle no final do
processo (“fim de tubo”), o que resultava em altos investimentos e aumento do
custo final dos produtos, gerando uma atitude empresarial reativa em relação
ao meio ambiente.
Este pensamento começou a mudar quando as indústrias entenderam
que valia mais a pena investir na modificação dos seus processos de produção,
dando ênfase à minimização da geração de resíduos. Ao adotarem tecnologias
mais limpas, as indústrias melhoram seu desempenho ambiental, reduzem
seus custos de produção e tornam-se mais competitivas.
Atualmente, as empresas do ramo de petróleo têm voltado suas
preocupações para as perdas de combustíveis e derivados de petróleo por
evaporação, que representam não só prejuízo econômico, mas também
impacto negativo sobre o meio ambiente, uma vez que toneladas de produtos
são lançadas na atmosfera.
1
Capítulo I - Introdução Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
Na última década, mudanças foram observadas na Europa quanto à
composição da gasolina e à introdução de controles para recuperação de
vapores e minimização de perdas de hidrocarbonetos voláteis durante a
distribuição e uso da gasolina (CONCAWE, 2000a).
Os Estados Unidos, através de seu órgão ambiental EPA
(“Environmental Protection Agency”), regulamentaram os padrões de
desempenho de terminais de distribuição de gasolina, limitando emissões de
poluentes. A EPA também realizou extensos estudos sobre emissões gasosas
de petróleo e seus derivados, estabelecendo modelos para os processos
industriais e de distribuição do petróleo e derivados comercializados nos
Estados Unidos (EPA, 1995).
No Brasil, os estudos sobre esse tipo de emissão são incipientes e o
controle industrial é escasso. A legislação vigente está direcionada apenas ao
monitoramento da qualidade do ar, e às emissões geradas na queima de
combustíveis. Não existe ainda uma legislação voltada para o controle de
emissões nos processos de distribuição de combustíveis.
É importante que os órgãos governamentais e empresas nacionais
comecem a concentrar esforços sobre o controle mais efetivo das emissões de
compostos orgânicos voláteis (VOC), que causam diariamente a contaminação
do ar em todo o país. Para viabilizar esse controle, é necessário que se
conheça com maior precisão a quantidade de vapores que está sendo lançada
na atmosfera.
Por outro lado, a gasolina comercializada no Brasil é bastante
diferenciada da gasolina de outros países, em virtude da adição de 20 a 25%
de etanol. Esse teor de álcool é bem superior ao máximo permitido nos
Estados Unidos (10%) e Europa (5%). Portanto, faz-se necessário um melhor
entendimento do comportamento da gasolina brasileira com relação à geração
de emissões atmosféricas.
Essa dissertação tem por finalidade estudar a emissão de compostos
orgânicos voláteis (VOC) durante o carregamento de caminhões-tanque com
gasolina automotiva utilizada no Brasil. As medições de campo foram
2
Capítulo I - Introdução Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
realizadas no Terminal de Distribuição de combustíveis da Petrobrás
Distribuidora, localizado em São Francisco do Conde, Bahia.
O estudo permitiu responder às seguintes questões:
a) Quais as diferenças entre as estimativas de emissão de gasolina
segundo o modelo da EPA (AP-42), que considera a gasolina pura,
isenta de compostos oxigenados, e os valores experimentais medidos
com a gasolina brasileira?
b) Qual a estimativa de compostos orgânicos voláteis (VOC) lançados na
atmosfera no Brasil e suas conseqüências em relação a perdas
econômicas e poluição ambiental?
As respostas a essas questões permitirão o estabelecimento de
parâmetros para o controle e monitoramento das emissões gasosas da
gasolina, adequados à realidade brasileira.
A estrutura dessa dissertação está organizada como segue:
1. O capítulo II descreve os fundamentos teóricos, apresentando a
descrição, características e fontes de emissão dos compostos
orgânicos voláteis e os efeitos dos vapores emitidos pela gasolina à
saúde humana, ao meio ambiente, bem como sua toxicologia. Em
seguida descreve a química da gasolina, incluindo-se sua
composição básica e seus aditivos, suas propriedades típicas e, em
destaque, a volatilidade, que caracteriza sua emissão de vapores.
Também é feita uma breve análise da legislação ambiental nacional e
internacional referente à qualidade do ar e aos limites de emissão,
mostrando a evolução histórica da legislação e a comparação relativa
entre as normas internacionais sobre o tema. Ao final, são
apresentadas algumas das tecnologias de recuperação de vapores
de VOC com suas principais características;
2. O capítulo III apresenta o processo operacional de carregamento de
gasolina, base para este estudo de dissertação, descrevendo os
3
Capítulo I - Introdução Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
parâmetros que caracterizam a emissão de vapores;
3. O capítulo IV mostra a metodologia experimental para levantamento
dos dados de campo, descrevendo as variáveis de controle e os
parâmetros a serem avaliados, conforme o planejamento de
experimentos proposto;
4. O capítulo V avalia os resultados experimentais obtidos, as
dificuldades e limitações dos métodos analíticos adotados. A partir
dos resultados analíticos da gasolina carregada, mostra-se seu perfil
de composição e sua influência nas emissões. Apresenta-se,
também, a simulação do equilíbrio líquido-vapor, baseado no modelo
UNIFAC/Dortmund para previsão da composição da emissão na
saturação. A partir dos resultados analíticos do vapor e dos
resultados de simulação, calcula-se o fator de saturação, que é
comparado com o fator do modelo AP-42, da EPA;
5. O capítulo VI apresenta um plano de prevenção de emissões como
uma proposta para adequação do processo de carregamento de
gasolina em um terminal de distribuição;
6. O capítulo VII mostra as conclusões gerais do trabalho.
4
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
CAPÍTULO II
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
2.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta a descrição, características e fontes de emissão
de compostos orgânicos voláteis, bem como os efeitos dos vapores emitidos
pela gasolina ao meio ambiente e à saúde humana. A seguir, é feita uma
descrição da química da gasolina, mostrando sua composição básica, seus
aditivos, suas propriedades típicas, dentre as quais destaca-se a volatilidade,
que caracteriza sua emissão de vapores. É também apresentada uma análise
da legislação ambiental nacional e internacional referente à qualidade do ar e
aos limites de emissão, mostrando a evolução histórica e uma comparação
relativa entre as normas internacionais sobre o tema. Ao final é feita uma breve
exposição de algumas das principais tecnologias de recuperação de vapores e
suas características.
2.2 COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS
2.2.1 Definição e Classificação
Os compostos orgânicos voláteis, comumente denominados VOC (do
inglês, volatile organic compounds), constituem uma faixa abrangente de
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
5
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
substâncias tóxicas, que incluem hidrocarbonetos olefínicos e aromáticos e
substâncias que contêm átomos de oxigênio, nitrogênio, enxofre e halogênios.
São produtos que facilmente formam vapores à pressão e temperatura
ambientes. Seu efeito poluidor deve-se ao potencial desses compostos
participarem de reações fotoquímicas, quando a corrente de gás é emitida para
o ambiente, catalisando a formação de ozônio e de outros oxidantes
fotoquímicos, causando também a formação do “smog” fotoquímico nas
camadas inferiores da atmosfera, onde tem um efeito oxidante altamente
prejudicial à vida animal e vegetal.
Os VOCs representam um sério problema para a poluição do ar, uma
vez que são emitidos por quase todas as fontes industriais, sob diversas
formas. Sua minimização é recomendável também por motivos de segurança.
Vapores mais densos que o ar podem se concentrar em áreas mais baixas,
conduzindo a uma explosão quando encontram uma fonte de ignição ou
eletricidade estática.
Os compostos orgânicos voláteis podem ser definidos como substâncias
orgânicas, cujas pressões de vapor à temperatura ambiente são maiores que
0,01 psia (70 Pa, 0,5 mmHg) e os pontos de ebulição são inferiores a 260oC.
Quando emitidos para a atmosfera participam de reações fotoquímicas com
óxidos de nitrogênio, produzindo ozônio, oxidante cujos efeitos são bastante
danosos aos animais e vegetais (HUNTER ET AL., 2000a). Essa definição está
de acordo com a EPA, que define como VOC qualquer composto de carbono
que participa de reações fotoquímicas na atmosfera.
A Tabela 2.1 mostra as principais classes de compostos orgânicos
voláteis:
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
6
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Tabela 2.1: Principais Classes de Compostos Orgânicos Voláteis Fonte: Hunter et al. (2000a)
HIDROCARBONETOS OUTROS COMPOSTOS ORGÂNICOS
Parafinas (Propano, butano, octano)
Álcoois (metanol, etanol)
Olefinas (Eteno, butadieno) Aldeídos (formaldeído)
Acetileno Cetonas (metil etil cetona)
Aromáticos (Benzeno, Tolueno, benzopireno)
Ácidos (ácido fórmico)
Hidroperóxidos (peroxiacilnitrito – PAN)
Haletos (cloreto de vinila,
bromobenzeno)
Compostos de enxofre (dimetil sulfeto)
Compostos de nitrogênio (trimetilamina)
A maioria dos compostos orgânicos com menos de 12 átomos de
carbono é VOC, e isso inclui a maioria dos compostos orgânicos que poluem
o ar (“HAP - Harzadous Air Pollution”). Os VOCs não incluem material
particulado. Entretanto, alguns aerossóis são formados a partir de gotículas de
VOCs, cujo método de tratamento pode ser similar ao aplicado aos VOCs em
geral (HUNTER ET AL., 2000a).
Segundo a atual concepção, muitas substâncias saíram da lista original
de substâncias consideradas VOC, devido a sua baixa reatividade fotoquímica.
Essas substâncias estão mostradas a seguir na Tabela 2.2.
Tabela 2.2: Substâncias Excluídas da Definição de VOC Fonte: Hunter et al. (2000a)
Metano, etano Acetato de tert-butila
Acetona Cloreto de metileno (diclorometano)
1,1,1-Tricloroetano (metil clorofórmio) Triclorofluorometano (CFC-11)
Diclorodifluorometano (CFC-12) Clorodifluorometano (CFC-22)
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
7
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
1,1,1-Tricloro-2,2,2-trifluoroetano
(CFC-113)
Trifluorometano (CFC-23)
1,2-Dicloro-1,1,2,2-tetrafluoroetano
(CFC-114)
Cloropentafluoroetano (CFC-115)
1,1,1-Trifluoro-2,2-dicloroetano
(HCFC-123)
1,1,1,2-Tetrafluoroetano (HFC-134a)
1,1-Dicloro-1-fluoroetano (HCFC-141b) 1-Cloro-1,1-difluoroetano (HCFC-
142b)
2-Cloro-1,1,1,2-tetrafluoroetano
(HCFC-124)
Pentafluoroetano (HFC-125)
1,1,2,2-Tetrafluoroetano (HFC-134) 1,1,1-Trifluoroetano (HFC-143a)
1,1-Difluoroetano (HFC-152a) Metilsiloxanos voláteis
Paraclorobenzotrifluoreto
Nota: Também estão excluídos os perfluorocarbonos que se enquadram nas classes: (1) alcanos cíclicos, ramificados ou lineares totalmente fluorados; (2) éteres cíclicos, ramificados ou lineares totalmente fluorados sem insaturações; (3) aminas terciárias cíclicas, ramificadas ou lineares fluoradas sem insaturações; e (4) perfluorocarbonos sulfurados sem insaturações, com ligações do enxofre apenas ao carbono ou flúor.
Mudanças consideráveis ocorreram ao longo dos anos nos tipos e
quantidades de VOC emitidos. O aumento na utilização de combustíveis
fósseis, aliado ao desenvolvimento industrial na Europa e nas Américas no
século XX, contribuiu fortemente para o aumento da poluição atmosférica.
As emissões de VOC nos processos industriais variam com as
atividades de produção, estocagem e manuseio. A Tabela 2.3 apresenta
algumas fontes de emissões atmosféricas:
Tabela 2.3: Fontes de Emissões Atmosféricas Fonte: API (1997)
CLASSE EXEMPLO
Fontes de Combustão Estacionárias Caldeiras, fornos, turbinas, tochas, etc.
Fontes de Combustão Móveis Embarcações, veículos pesados,
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Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
aeronaves
Fontes Pontuais Vents de Processo, emissões
evaporativas das atividades de carga e
descarga de produtos
Fontes Não Pontuais Emissões Fugitivas, Tratamento de
Efluentes
Outras Atividades Manutenção de equipamentos,
operações de emergência (abertura de
válvulas de segurança, paradas de
emergência)
O problema de emissão de compostos orgânicos voláteis é bastante
sério. Apesar do sucesso obtido no controle de emissões em algumas áreas
industriais, as quantidades de VOCs emitidos ainda são bastante significativas.
Existem também muitas fontes de diferentes tipos de poluentes em
atividades não industriais, que incluem fumaça de cigarros, emissões de
correntes da construção civil e aplicação de pinturas, combustão de produtos,
queimadas naturais e intencionais, que podem ser classificados como fontes de
VOCs. Como essas fontes abrangem grande número de compostos individuais,
é comum caracterizar o teor orgânico por um indicador conhecido por
compostos orgânicos voláteis totais (TVOCs) (HUNTER ET AL., 2000a).
2.2.2 Compostos Orgânicos Voláteis da Gasolina
A gasolina é um produto complexo, cuja composição depende do
petróleo de origem, dos processos de refino ou petroquímicos e das
especificações de desempenho. Em sua composição há componentes de
volatilidades diferentes, cobrindo toda a sua faixa de destilação. Durante a
produção, estocagem e transporte ocorre emissão da fração volátil, constituída,
principalmente, por componentes de baixo ponto de ebulição (CONCAWE,
2000b).
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
9
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Em estudo conduzido na Europa para determinação da toxicidade de
vapores de gasolina, considerou-se para os testes experimentais a composição
de uma amostra do vapor coletado em uma Unidade de Recuperação de
Vapores (URV) de um terminal de distribuição na Holanda, para representar a
fração volátil emitida nos processos de carregamento de gasolina (CONCAWE,
2000b). Para efeitos comparativos, a Tabela 2.4 apresenta um resumo dos
dados analíticos da fase vapor da gasolina coletada no terminal e da amostra
coletada na URV.
Tabela 2.4 Composição da Gasolina Emitida e Recuperada na URV Fonte: CONCAWE(2000b)
Componente Vapor emitido no carregamento
Gasolina recuperada na URV
C3 (%mol) 0,3 1,0
C4 (%mol) 40,5 51,7
C5 (%mol) 42,4 37,2
C6 (%mol) 13,8 8,3
C7 (%mol) 1,5 0,4
C8 (%mol) 0,3 0,2
C9 (%mol) - -
C9+ (%mol) - -
Conforme se pode observar na Tabela 2.4, a composição do vapor
emitido é diferente do produto coletado na URV, pois a recuperação de produto
depende da eficiência do sistema.
Embora a gasolina utilizada no experimento seja mais leve que a
gasolina brasileira, devido à presença dos componentes mais voláteis C3 e C4,
os dados são uma referência para o desenvolvimento do presente trabalho.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
10
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
2.3 EFEITOS DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS
VOLÁTEIS
O nível de poluição atmosférica é medido pela quantidade de
substâncias poluentes presentes no ar. Em virtude da grande variedade de
substâncias, os poluentes foram classificados em duas categorias:
Poluentes primários – aqueles emitidos diretamente pelas fontes de
emissão, como, por exemplo, dióxido de enxofre (SO2), óxidos de
nitrogênio (NOx) e monóxido de carbono (CO) ;
Poluentes secundários – aqueles formados na atmosfera através da
reação química entre poluentes primários e componentes naturais
da atmosfera, como, por exemplo, o ozônio que é formado pela
reação fotoquímica entre hidrocarbonetos voláteis (VOC) e óxidos de
nitrogênio (NOx).
A interação entre as fontes de poluição e a atmosfera vai definir o nível
de qualidade do ar, que por sua vez determina o surgimento de efeitos
adversos da poluição do ar sobre os receptores, que podem ser o homem, os
animais, as plantas e os materiais (CETESB, 2003).
Existem inúmeros estudos que relacionam enfermidades humanas com
a exposição a poluentes. As características toxicológicas dos poluentes mais
conhecidos e estudados são estabelecidas através de estudos de causa e
efeito e conceituação de critérios de dose permissível. Os efeitos toxicológicos
dos poluentes menos estudados são estabelecidos a partir de estudos com a
antecipação de efeitos obtidos de exposição ocupacional a estes agentes.
Diversos hidrocarbonetos presentes na gasolina apresentam
propriedades tóxicas, como por exemplo, o benzeno, e outros compostos
secundários produzidos a partir de compostos orgânicos voláteis, como o
ozônio.
O ozônio é um poluente secundário e um dos mais presentes na névoa
fotoquímica observada em grandes cidades como São Paulo, Tóquio e Los Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
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Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Angeles. Para sua formação há necessidade de dois grupos de precursores: os
óxidos de nitrogênio (NOx) e compostos orgânicos voláteis (VOC). A radiação
solar é requerida como reagente para iniciar e manter o ciclo fotoquímico de
produção de ozônio. Segundo o químico alemão Dieter Klockow, pode-se dizer,
genericamente, que a formação de ozônio é favorecida pelos sistemas
climáticos de alta pressão com deslocamento lento, criando pronunciadas
inversões, forte insolação e razões VOC / NOx suficientemente altas (IEA,
2003).
Nas áreas urbanas, é comum a formação de uma névoa densa, de cor
avermelhada/marrom, denominada “smog” fotoquímico, que contém diversos
poluentes, destacando-se o ozônio e o nitrato de peroxiacetila (NPA). Essa
forma de poluição ocorre com maior freqüência nos meses de verão, devido a
maior incidência de luz solar. A presença do ozônio na estratosfera protege a
superfície da Terra da exposição de radiação ultravioleta. Entretanto, no nível
do solo, o ozônio representa um sério problema, pois é um poluente muito
prejudicial para os seres vivos (MANUAL GLOBAL DE ECOLOGIA, 2002).
2.3.1 Efeitos sobre a vegetação
As plantas são sensíveis à exposição de poluentes e, geralmente,
sofrem danos mais significativos em concentrações mais baixas do que os
limites de exposição estabelecidos à saúde humana.
O estímulo proveniente de um poluente provoca reações nos vegetais,
causando alterações em seu funcionamento. Segundo LIMA (2002), nos
métodos da bioindicação, o comportamento do organismo frente a um agente
estressor é utilizado na avaliação da qualidade do local onde esse organismo
ocorre. O reconhecimento da reação do indicador ocorre somente após o
aparecimento de certos danos visíveis, como clorose e necrose. Alterações
morfológicas em plantas superiores são sintomas usados na bioindicação,
devido à facilidade de identificação e avaliação das alterações. Diferentes
indicadores morfológicos para diferentes fatores de estresse já foram testados, Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
12
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
possibilitando a realização de indicações de curto ou longo prazo, com
concentrações baixas ou elevadas de poluentes. Muitos trabalhos já foram
realizados visando a padronização de bioindicadores. Na Califórnia, em 1955,
foi desenvolvido um programa que avaliou danos causados por “smog”
fotoquímico em pomares, árvores frutíferas e ervas daninhas.
Lima (2002) também descreve as seguintes alterações morfológicas
vegetais, provocadas pelo ozônio formado em reações fotoquímicas e
utilizadas na bioindicação:
Clorose – a descoloração de folhas é considerada como reação não-
específica a diferentes estressores; a coloração prateada nas folhas
é facilmente atribuída à presença de ozônio.
Necrose – a avaliação quantitativa da necrose é feita estimando-se o
percentual da área foliar atingida. Às vezes a necrose é bem
específica a um determinado poluente.
Queda foliar – geralmente ocorre após a ocorrência de clorose e
necrose.
As pesquisas na área de bioindicadores são recentes e ainda são
poucos os estudos sobre o efeito dos compostos orgânicos voláteis gerados no
carregamento de combustíveis sobre vegetais.
Já sobre o ozônio, existe maior quantidade de estudos. Pesquisas sobre
a ação do ozônio sobre vegetais determinaram que hidroperóxidos são
produzidos na superfície das folhas expostas ao ozônio, através da sua reação
com os lipídios presentes nas folhas. Os danos causados pelos hidroperóxidos
são mais severos que aqueles resultantes da reação direta do ozônio
(HUNTER ET AL, 2000b).
As concentrações médias de ozônio nas cidades industrializadas da
Europa e da América do Norte são três vezes maiores que a concentração
mínima para causar danos às plantações. O ozônio ameaça a vegetação,
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13
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
danificando os tecidos das plantas, inibindo a fotossíntese e aumentando a
susceptibilidade a doenças (MANUAL GLOBAL DE ECOLOGIA, 2002).
2.3.2 Efeitos à saúde
A gasolina é um produto altamente volátil e pode produzir quantidades
significativas de vapor à temperatura ambiente. O vapor da gasolina é mais
pesado que o ar e a altas concentrações pode acumular em espaços
confinados, provocando prejuízos tanto à saúde quanto à segurança.
Quando a exposição aos vapores é baixa, de curta duração e não
freqüente, há baixa probabilidade de efeitos adversos à saúde causados por
hidrocarbonetos. Em situações de acidentes ou derrames, em que a exposição
aos vapores de gasolina é potencialmente mais alta, deve ser dada maior
atenção aos efeitos tóxicos potenciais dos hidrocarbonetos em geral e de
componentes específicos. Diversos hidrocarbonetos, como, por exemplo, o
benzeno, são cancerígenos e mutagênicos, não havendo uma concentração
ambiental totalmente segura. A exposição a concentrações de vapores de
gasolina na faixa de 500 a 1000 ppm pode causar irritação nas mucosas do
trato respiratório e, se continuado, causará efeito narcótico com sintomas como
dor de cabeça, mal-estar, náusea e confusão mental, com eventual perda de
consciência. Esses efeitos no sistema nervoso central podem ocorrer
rapidamente, com súbita perda de consciência mesmo após breve exposição a
concentrações muito altas. Irregularidades cardíacas também já foram
relatadas após exposição a altas concentrações de vapor (CONCAWE, 1992).
Em um estudo conduzido pelo CONCAWE, para determinar os efeitos
tóxicos dos vapores da gasolina sobre o aparelho reprodutor, não foram
observados efeitos adversos sobre ratos, os quais foram submetidos a
concentrações máximas de 20.000mg/m3 da fração volátil da gasolina
(CONCAWE, 2000b).
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14
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Com relação ao ozônio formado em reações fotoquímicas com as
substâncias presentes nos vapores de gasolina, os efeitos biológicos
observados na faixa de concentração de 0,1 a 1 ppm de ozônio são dor de
cabeça, garganta seca e danos nas mucosas. Concentrações de 1 a 100 ppm,
por sua vez, podem causar sintomas de asma, incluindo cansaço e falta de
apetite. Concentrações superiores a 100 ppm podem provocar irritações na
garganta, hemorragias, edema pulmonar e até mesmo a morte (HUNTER ET
AL., 2000b).
2.3.2.1 Limites de Exposição
Os limites de exposição (TLV) referem-se às concentrações das
substâncias químicas dispersas no ar e representam condições sob as quais
acredita-se que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta,
repetidamente, dia após dia, sem sofrer efeitos adversos à sua saúde.
Existem três categorias de limites de exposição (ACGIH, 2003):
a) Limite de Exposição – Média Ponderada pelo Tempo (TLV-TWA) –
é a concentração média ponderada pelo tempo para uma jornada
normal de 8 horas diárias e 40 horas semanais, para a qual a
maioria dos trabalhadores pode estar repetidamente exposta, dia
após dia, sem sofrer efeitos adversos à saúde;
b) Limite de Exposição – Exposição de Curta Duração (TLV-STEL) –
é a concentração a que os trabalhadores podem estar expostos
continuamente por um período curto sem sofrer irritação, lesão
crônica / irreversível de tecido ou narcose em grau suficiente para
aumentar a predisposição a acidentes. O STEL é um limite
suplementar ao limite de exposição – média ponderada (TLV-
TWA), nos casos em que são reconhecidos efeitos tóxicos agudos
para substâncias cujos efeitos tóxicos são de natureza crônica. Um
TLV-STEL é definido como uma exposição média ponderada pelo
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15
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
tempo durante 15 minutos que não pode ser excedida em nenhum
momento da jornada de trabalho, mesmo que a concentração
média ponderada para 8 horas esteja dentro do TLV-TWA.
c) Limite de Exposição – Valor Teto (TLV-C) – é a concentração que
não pode ser excedida durante nenhum momento da exposição do
trabalhador.
Os TLVs para gases e vapores são normalmente apresentados em
partes por milhão da substância no ar por volume (ppm). A conversão de ppm
para mg/m3 pode ser feita considerando a pressão atmosférica de 760 mmHg e
a temperatura ambiente de 25oC:
=3 ( )(/24,45
TLV em ppm massa molecular dasubstânciaem gramasTLV em mg m )
A equação de conversão dos TLVs de mg/m3 para ppm é:
=3( / )(24,45)
( )TLV em mg mTLV em ppm
massa molecular dasubstânciaem gramas
em que 24,45 corresponde ao volume molar em litros à 760 mmHg e 25oC.
Devido à complexa e variada composição da gasolina, não há um
consenso na definição do limite de exposição aos vapores de gasolina. Dentre
os limites já estabelecidos, estão:
• Nos Estados Unidos, a Conferência Americana de Higienistas
Industriais Governamentais (ACGIH) adotou um valor limite de
exposição média de 8 horas diárias e 40 horas semanais (TLV-TWA)
de 890 mg/m3 (300 ppm) e um limite curto de exposição (TLV-STEL)
de 1480 mg/m3 (500 ppm) para um período de 15 minutos. Esses
limites são baseados na composição típica da gasolina americana
(CONCAWE, 1992).
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16
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
• Na Suécia e na Holanda, foram estabelecidos TLV-TWA para 8 horas
de 200 mg/m3 (cerca de 64 ppm) e 240 mg/m3 (cerca de 77ppm),
respectivamente (CONCAWE, 2000a).
Os limites de exposição ocupacional foram publicados para diversos
componentes individuais da gasolina pela Comissão Européia, pelo ACGIH e
vários países europeus. Esses componentes incluem benzeno, tolueno,
xilenos, butano, n-hexano e 1,3-butadieno. A seguir é mostrada a Tabela 2.5
com os limites desses componentes (CONCAWE, 2000a):
Tabela 2.5: Limites de exposição ocupacional para gasolina e alguns de seus
componentes Fonte: CONCAWE (2000a)
Limite de Exposição Ocupacional TWA para 8 horas (mg/m3)
Substância Comissão Européia
ACGIH(1) França Alemanha Holanda Suécia Inglaterra
Gasolina - 890 - - 240 200 -
Benzeno 3,25 1,6 16 3,2 – 8(2) 3,2 1,5 16
1,3-
Butadieno
- 4,4 - 11 – 34(2) 46 1 22
n-Butano - 1950 1900 2400 - - -
n-Hexano 72 175 170 180 90 90 72
Tolueno 188 190 375 190 150 200 191
Xileno 221 440 435 440 210 200 441
Notas:
(1) Valores estabelecidos para vapores em ppm; conversão para mg/m3 poder gerar pequenas variações, dependendo da pressão e temperatura.
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17
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
(2) Valores variam com a natureza da operação.
Os componentes da gasolina mostrados na Tabela 2.5 apresentam
diferentes graus de toxicidade. Os mais tóxicos, segundo a ACGIH, são o 1,3-
butadieno e o benzeno, que são cancerígenos. O n-hexano, tolueno e xileno
causam irritação e têm efeitos críticos sobre o sistema nervoso central (SNC), e
o n-butano provoca narcose. Seus teores na fase vapor devem ser bem
controlados, pois, devido a sua volatilidade relativa, tendem a estar mais
concentrados no vapor do que na fase líquida.
Devido à toxicidade do ozônio, a OSHA (Occupational Safety and Health
Administration), nos Estados Unidos, estabeleceu o limite de exposição
humana máximo permitido para um período de 8 h deve ser de 0,08 ppm
(HUNTER ET AL., 2000b). Cabe destacar que estes limites de concentração de
ozônio são maiores do que as concentrações nas quais podem tipicamente ser
sentidas pelo olfato. Geralmente, um indivíduo pode detectar o ozônio dentro
de faixas que esteja de 0,02 a 0,1 mg/m3 (0,01 a 0,05 ppm em volume)
(OZONTECHNIK, 2003).
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Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
2.4 QUÍMICA DA GASOLINA
A gasolina é um produto complexo, cuja composição e características
dependem basicamente da natureza do petróleo que o gerou, dos processos
de refino e das especificações de desempenho. O desempenho da gasolina é
em princípio determinado por sua volatilidade, por sua qualidade de combustão
e sua estabilidade. A gasolina contém componentes de volatilidades diferentes,
cobrindo larga faixa de destilação. Essas substâncias são basicamente
hidrocarbonetos de 4 a 12 carbonos e sua faixa de destilação costuma variar
de 30 a 220oC à pressão atmosférica. Existem também compostos sulfurados e
nitrogenados e traços de metais (CPS, 2001).
Uma outra classe de substâncias que tem sido bastante usada nos
processos atuais de produção da gasolina é a dos compostos oxigenados,
como álcoois e éteres. Seu uso na gasolina foi favorecido pelas qualidades de
combustão e volatilidade, e por apresentar pontos de ebulição dentro da faixa
da gasolina. Suas propriedades anti-detonantes conferem melhoria na
octanagem da gasolina, servindo como substituto de chumbo tetraetila,
substância proibida há anos pelas legislações nacionais e internacionais. Além
disso, reduz a formação de poluentes dos gases de queima de gasolina nos
veículos, tais como monóxido de carbono (CPS, 2001).
2.4.1 Componentes da Gasolina
2.4.1.1 Hidrocarbonetos
A composição da gasolina é variável e depende da faixa de
componentes que pode ser usada. As gasolinas automotivas são geralmente
misturas de correntes provenientes de processos de destilação direta do
petróleo, craqueamento catalítico e/ou térmico, reforma catalítica, alquilação e
hidrocraqueamento (craqueamento em presença de hidrogênio). Os tipos de
hidrocarbonetos encontrados na gasolina automotiva comercial são parafinas,
cicloparafinas (naftênicos), olefinas e aromáticos.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
19
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
As parafinas e cicloparafinas são hidrocarbonetos saturados, de cadeia
linear e cíclica, respectivamente. Já as olefinas são hidrocarbonetos com dupla
ligação carbono-carbono. Altos teores de olefinas são responsáveis pela
instabilidade química da gasolina, pois apresentam a tendência de reagirem
entre si e com outros hidrocarbonetos na presença de oxigênio, luz ou calor,
gerando polímeros (goma). Além disso, altas concentrações de olefinas
contribuem para maior nível de emissão de óxidos de nitrogênio. Os compostos
aromáticos, substâncias que possuem o anel benzênico em sua estrutura
molecular, conferem à gasolina uma boa resistência à detonação. Por outro
lado, os aromáticos possuem a tendência de gerar mais fumaça e depósitos de
carbono durante a queima no motor do que o verificado para compostos
saturados e olefínicos (PETROBRAS, 1996).
No ano 2000, a legislação européia restringiu os teores de aromáticos e
de benzeno na gasolina. O teor de aromáticos foi limitado a no máximo 42%vol
e a partir de 2005 deverá ser inferior a 35%vol. O benzeno foi especificado em
1,0%vol máx. a partir de 2000 (GAUTAM et al., 1999).
Nos Estados Unidos, a especificação da gasolina é definida pela ASTM
D-4814, que não estabelece limites para teores de aromáticos e olefinas
(CHEVRON, 2003). As regulamentações adicionais da EPA sobre a gasolina
também não fornecem esses limites.
No Brasil, a Portaria ANP no 309, de 27/12/2001, estabeleceu as
especificações para a comercialização de gasolinas automotivas através do
Regulamento Técnico ANP no5/2001, em que os teores máximos de olefinas e
aromáticos foram definidos em 30%vol e 45%vol, respectivamente, na gasolina
disponível ao consumidor final (gasolina C). O teor de benzeno máximo
permitido pelo Regulamento na gasolina comum tipo C é de 1,0%vol. Já a
gasolina Premium tipo C têve seu teor de benzeno especificado pela ANP em
1,5%vol máximo.
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20
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
2.4.1.2 Oxigenados
Os compostos oxigenados são adicionados à gasolina com o objetivo de
elevar a octanagem, propriedade fundamental para o bom desempenho do
motor. Sua utilização promove também a redução da emissão do monóxido de
carbono (CO) e de óxidos de nitrogênio (NOx), contribuindo, desta forma, para
a melhoria da qualidade do ar.
Dos compostos oxigenados utilizados na gasolina, o mais conhecido é o
metil terc butil éter (MTBE), que pode ser produzido tanto em refinarias como
em indústrias químicas. Nos Estados Unidos, onde a adição de oxigenados à
gasolina é regulamentado pela EPA, o teor de MTBE máximo é de 15% v/v.
Esse composto apresenta alta qualidade de combustão e alta volatilidade, o
que torna sua adição à gasolina atrativa em alguns países. Outros compostos
oxigenados, também podem ser adicionados à gasolina, respeitando-se os
limites máximos estabelecidos pela EPA, tais como terc amil metil éter – TAME
(16,6%vol), etil terc butil éter – ETBE (17,1%vol), etanol (10%vol) (CHEVRON,
2003).
Recentemente, o uso do MTBE foi questionado, devido a sua
solubilidade em água e elevada toxicidade (causa problemas nos rins e no
aparelho reprodutivo). Assim, quando a gasolina entra em contato com água no
caso de ocorrência de derrame ou vazamento, por exemplo, há o risco de
contaminação de águas superficiais ou lençol freático (CPS, 2001). O etanol
apresenta toxicidade menor que o MTBE. Entretanto, sua presença na gasolina
aumenta a solubilidade de hidrocarbonetos monoaromáticos denominados
BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno, xilenos), atuando como co-solvente
desses compostos nos casos de contaminação de águas subterrâneas por
derrame de gasolina (CORSEUIL ET AL., 1996).
Na Europa, o uso de oxigenados em gasolinas é coberto por uma
Diretiva da Comunidade Européia, que estabelece as concentrações máximas
que os países da Comunidade podem permitir. Os limites máximos
estabelecidos para adição de compostos oxigenados incluem metanol (3%vol),
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21
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etanol (5%vol), álcool terc butílico - TBA (7%vol) e MTBE (15%vol)
(CONCAWE, 1992).
No Brasil, o composto oxigenado mais utilizado na gasolina é o etanol
anidro, cujos teores variam de 20 a 25%vol, conforme os períodos de safra e
entressafra da cana-de-açúcar, matéria-prima do seu processo de produção (o
MTBE foi utilizado no Rio Grande do Sul até a década de 90). A utilização do
álcool etílico mostra-se ambientalmente vantajosa por ser produzido a partir de
uma fonte renovável. No que diz respeito à poluição atmosférica, as emissões
da combustão do etanol são, em geral, menores e menos agressivas. Uma
desvantagem do uso do etanol é o aumento na emissão de aldeídos.
Entretanto, o acetaldeído proveniente do uso do álcool é menos agressivo à
saúde humana e ao meio ambiente que o formaldeído produzido pela
combustão de gasolina (SZWARC, 1995).
Nos Estados Unidos, o etanol também é largamente usado. Entretanto,
nesse país o teor máximo permitido é de 10%vol. Na Europa, devido à baixa
disponibilidade desse produto, sua utilização é bem menor, sendo o teor
máximo permitido de 5%vol. (CPS, 2001)
2.4.1.3 Aditivos
Os aditivos utilizados em gasolinas são agentes anti-detonantes, anti-
oxidantes, inibidores de corrosão, desativadores metálicos, detergentes e
marcadores corantes. Em geral, sua concentração é inferior a 0,1%m/m.
A composição desses aditivos é de propriedade exclusiva do fabricante,
que fornece apenas os dados de segurança e manuseio dos produtos
comercializados.
2.4.2 Classificação da Gasolina
No Brasil, as gasolinas automotivas classificam-se em:
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
22
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
• Gasolina A: é a gasolina básica, produzida em refinarias ou por
processos petroquímicos, e isenta de componentes oxigenados;
• Gasolina C: é a gasolina resultante da mistura de gasolina A e
etanol anidro.
2.4.3 Especificação da Gasolina Comum
No Brasil, as propriedades da gasolina automotiva devem atender aos
critérios estabelecidos pelos regulamentos técnicos da Agência Nacional do
Petróleo (ANP). O Regulamento Técnico 05/2001 da Portaria ANP no 309, de
27 de dezembro de 2001, estabelece as especificações mostradas na Tabela
2.6:
Tabela 2.6: Especificação da Gasolina no Brasil Fonte: Portaria ANP no309, de 27/12/2001
ESPECIFICAÇÃO GASOLINA COMUM MÉTODO
CARACTERÍSTICA UNIDADE
Tipo A Tipo C ABNT ASTM
Cor - (1) (2)
Aspecto - (3) (3)
Visual
Álcool Etílico Anidro – AEAC
%vol 1 máx. 20 a 25 NBR 13992
Massa Específica a 20oC
kg/m3 - - NBR 7148
NBR 14065
D 1298
D 4052
Destilação: NBR 9619 D 86
10% evaporado, máx.
oC 65,0 65,0
50% evaporado, máx.
oC 120,0 80,0
90% evaporado, máx. (5)
oC 190,0 190,0
Ponto Final de Ebulição (PFE), máx.
oC 220,0 220,0
Residuo, máx. %vol 2,0 2,0
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
23
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Pressão de Vapor a 37,8oC (6)
kPa 45,0 a 62,0
69,0 máx. NBR 4149
NBR 14156
D 4953
D 5190
D 5191
D 5482
Enxofre, máx. (7) %massa 0,12 0,10 NBR 6563
NBR 14533
D 1266
D 2622
D 3120
D 4294
D 5453
Benzeno, máx. (7) %vol 1,2 1,0 - D 3606
D 5443
D 6277
Chumbo, máx. (4) g/L 0,005 0,005 - D 3237
Hidrocarbonetos: (7)(8) MB 424 D 1319
Aromáticos, máx. %vol 57 45
Olefínicos, máx. %vol 38 30
Notas:
(1) De incolor a amarelada, isenta de corante.
(2) De incolor a amarelada, se isenta de corante, cuja utilização é permitida no teor de 50 ppm.
(3) Límpido e isento de impurezas.
(4) Proibida a adição. Deve ser medido quando houver dúvida quanto à ocorrência de contaminação.
(5) No intuito de coibir eventual presença de contaminantes, o valor da temperatura para 90% de produto evaporado não poderá ser inferior à 155oC para gasolina A e 145oC para gasolina C.
(6) Para os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins, bem como para o Distrito Federal, admite-se, nos meses de abril a novembro, um acréscimo de 7,0 kPa ao valor máximo especificado para a pressão de vapor.
(7) Os teores máximos de enxofre, benzeno, hidrocarbonetos aromáticos e hidrocarbonetos olefínicos permitidos para a gasolina A referem-se àquela que transformar-se-á em gasolina C através da adição de etanol anidro. No caso de alteração legal do teor de álcool na gasolina, os teores máximos permitidos para os componentes acima referidos serão automaticamente corrigidos proporcionalmente ao novo teor de álcool regulamentado.
(8) Fica permitida alternativamente a determinação dos hidrocarbonetos aromáticos e olefínicos por cromatografia gasosa. Em caso de desacordo entre resultados, prevalecerão os valores determinados pelos ensaios MB 424 e D 1319.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
24
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Cabe destacar que as especificações relativas ao desempenho da
gasolina em motores foram suprimidas da Tabela 2.6 por não fazerem parte do
escopo deste trabalho.
2.4.4 Volatilidade
Volatilidade é a propriedade que indica a tendência do produto a passar
ao estado gasoso, influenciando suas emissões evaporativas. A volatilidade da
gasolina é controlada pelas especificações de destilação e pressão de vapor,
sendo definida por dois testes:
◊ PVR (ASTM D-323)
◊ Destilação ASTM (ASTM D-86)
O PVR, Pressão de Vapor Reid, é um método que mede a pressão de
vapor da gasolina à 37,8oC (100oF), sob condições padrões.
A Destilação ASTM D-86 é um teste mais apurado, que determina a
curva de destilação da gasolina. Os pontos de especificação normalmente
usados são:
◊ T 10% = Temperatura alcançada quando se obtém 10%
volume evaporado
◊ T 50% = Temperatura alcançada quando se obtém 50%
volume evaporado
◊ T 90% = Temperatura alcançada quando se obtém 90%
volume evaporado
◊ PFE = Ponto Final de Ebulição
Outra maneira de se realizar o teste é através da medida do percentual
evaporado às temperaturas de 70oC, 100oC, 150oC, 180oC e no ponto final de
ebulição.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
25
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Os compostos oxigenados adicionados à gasolina alteram sua
volatilidade de forma diferenciada, conforme se pode observar na Figura 2.1:
60
65
70
75
80
85
90
0 5 10 15 20
%vol Oxigenado na Gasolina
PVR
(kPa
) METANOL
METANOL/TBA
ETANOL
MTBE
TBA
Figura 2.1: Efeito da concentração de oxigenados no PVR da gasolina Fonte: CPS (2001)
Observa-se que, dos compostos oxigenados avaliados, o metanol é o
que tem maior impacto sobre o PVR. O TBA misturado ao metanol como co-
solvente reduz esse efeito. A adição de MTBE à gasolina aumenta o PVR até o
teor de 5%v/v. A partir desse valor, esse efeito é reduzido e a partir de 15% v/v
é insignificante. O TBA praticamente não exerce efeito sobre o PVR. O etanol
aumenta o PVR da gasolina, principalmente quando presente em percentuais
mais baixos (5%v/v), reduzindo esse efeito à medida que seu teor é
aumentado. Um aumento no PVR significa um aumento na tendência do
produto passar ao estado vapor, e, conseqüentemente, maior geração de vapor
(CPS, 2001).
Na Figura 2.2 são comparados os dados experimentais de pressão de
vapor obtidos por Pumphrey et al. (2000) e Cruz et al. (2003), a partir de
misturas de gasolina e etanol abrangendo uma ampla faixa de teores de álcool.
As curvas apresentam notadamente o mesmo perfil. Para baixos teores de
etanol, até 10%vol, observou-se um aumento na pressão de vapor. À medida
que se aumentou o teor de etanol na composição da gasolina, a pressão de
vapor diminuiu gradativamente. Os valores mais elevados encontrados por
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
26
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Pumphrey são atribuídos às diferentes características das gasolinas utilizadas
nos experimentos. A gasolina usada por Pumphrey et al. (2000), produzida nos
Estados Unidos, era constituída por uma quantidade maior de frações leves
que a gasolina brasileira, empregada por Cruz et al. (2003).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Teor de Etanol (%vol)
Pres
são
de V
apor
(kPa
)
Dados de Cruz et al.
Dados de Pumphrey et al.
Figura 2.2: Dados de pressão de vapor da gasolina à 37,8oC (100oF) Fonte: Cruz et al. (2003)
Cruz et al. (2003) mostrou também que o efeito da presença do etanol
sobre a pressão de vapor torna-se mais pronunciado à medida que aumenta a
temperatura, conforme indicado na Figura 2.3:
0
50
100
150
200
250
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Teor de Etanol (%vol)
Pres
são
de V
apor
(kPa
) 80oC70oC
60oC50oC
40oC
37,8oC30oC20oC
Figura 2.3: Efeito do teor de etanol e da temperatura na pressão de
vapor da mistura gasolina / etanol
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
27
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Fonte: Cruz et al. (2003)
A presença de 25%v/v de etanol na gasolina aumenta em
aproximadamente 10% as emissões de compostos orgânicos voláteis. Explica-
se esse fenômeno pela alteração das ligações intermoleculares da gasolina
causada pela presença do etanol. Para pequenas quantidades de etanol, até
10%v/v, adicionadas à gasolina A, todas as moléculas de etanol estão
cercadas de moléculas de hidrocarbonetos. A presença do etanol provoca o
rompimento das ligações intermoleculares dos hidrocarbonetos, facilitando sua
evaporação. Conseqüentemente ocorre o aumento da pressão de vapor da
mistura. Para teores maiores de etanol, as moléculas do álcool estão mais
próximas e interagem. Essas interações são mais fortes do que as interações
entre as moléculas dos hidrocarbonetos, devido à maior polaridade do etanol,
ocorrendo, portanto, uma diminuição na pressão de vapor da mistura (CRUZ,
2003).
2.4.5 Pressão de Vapor
Pressão de vapor é a pressão na qual a fase vapor de uma substância
está em equilíbrio com a fase líquida a uma temperatura especificada. Embora
o termo pressão de vapor tenha sido definido para substâncias puras, sua
utilização para misturas é aceita, se for considerada a pressão de equilíbrio na
temperatura de bolha do líquido. Nestes casos, não só a temperatura, mas
também a composição influenciará na pressão de equilíbrio (API, 1992).
A pressão de vapor de substâncias puras pode ser estimada através de
métodos analíticos, tais como método de Antoine, método de Wagner e método
de Lee e Kesler (API, 1992).
O parâmetro de especificação da gasolina é a pressão de vapor Reid,
que é a pressão de vapor obtida à 100oF (37,8oC). Freqüentemente a pressão
de vapor Reid, comumente denominada PVR, é usada para caracterizar a
volatilidade de gasolinas e de petróleos crus. Para estimar a PVR de uma
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28
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
mistura de componentes puros, gasolinas ou petróleos, utiliza-se a equação 2.1
abaixo (API, 1992):
( ) αα= ∑1
*mistura i iiPVR v PVR (2.1)
em que:
=misturaPVR Pressão de Vapor Reid (psi) da mistura
α = 1,2
iv = Fração volumétrica da corrente i
iPVR = Pressão de Vapor Reid da corrente i (psi)
Cabe destacar que o uso desta equação é recomendável somente para
componentes ou correntes similares.
Para se obter a estimativa da pressão de vapor verdadeira da gasolina a
outras temperaturas, pode-se utilizar a Figura 2.4, onde S é dado pela
inclinação da curva de destilação ASTM à 10% de destilado, em oF por %:
−=
−15% 5%
15 5T TS
Em linguagem matemática, S é o coeficiente angular da curva de
destilação ASTM no ponto de 10% destilado, considerando que o eixo x indica
os percentuais de destilado e o eixo y representa as temperaturas obtidas no
ensaio de destilação. Na ausência de dados de destilação, adota-se S=3 para
gasolina automotiva.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
29
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Figura 2.4: Pressão de vapor verdadeira de gasolinas e outros derivados de
petróleo Fonte: API (1983a)
A partir da Figura 2.4, foi feita uma regressão dos pontos sobre uma
ampla faixa de dados de pressão de vapor Reid, inclinações da curva de
destilação ASTM a 10% evaporado e temperaturas do produto, obtendo-se a
equação 2.2 (API, 1983b):
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
30
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
( )⎧⎡ ⎤ ⎡⎛ ⎞ ⎛ ⎞= − − −⎨ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎢ ⎥ ⎢+ +⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎣ ⎦ ⎣⎩0,5 0,5
10413,0 1042exp 0,7553 log 1,854
459,6 459,6P S PVR
T T⎤
+⎥⎦S
( )⎡ ⎤⎛ ⎞ ⎛ ⎞ ⎫+ − − + ⎬⎜ ⎟ ⎜ ⎟⎢ ⎥+ + ⎭⎝ ⎠ ⎝ ⎠⎣ ⎦10
2416 87422,013 log 15,64459,6 459,6
PVRT T
(2.2)
em que:
P = Pressão de vapor verdadeira, em psia
T = Temperatura do produto, em oF
PVR = Pressão de vapor Reid, em psi
S = Inclinação da curva de destilação ASTM a 10% evaporado, em oF / %
2.4.6 Curvas de Destilação ASTM
No levantamento da curva de destilação ASTM, registra-se
progressivamente o volume de destilado, sob a forma de condensado
acumulado, bem como a temperatura correspondente. No final da destilação,
poderá ocorrer a formação de um resíduo líquido no frasco, normalmente por
condensação de vapores que permaneceram dentro do equipamento, no caso
de frações leves, ou por impossibilidade de destilar líquidos remanescentes no
frasco sob o perigo de degradá-los a altas temperaturas, no caso de frações
pesadas (API, 1992).
As curvas de destilação ASTM possuem a abscissa correspondente a
percentagem evaporada em volume que é a soma de recuperado e
incondensáveis, e a ordenada referente à temperatura para qual ocorreu esta
vaporização.
A utilização mais importante das curvas ASTM está no controle de
qualidade de produtos de petróleo. Para a gasolina, os métodos padronizados
mais utilizados são D-86 e D-216, que são realizados a pressão atmosférica.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
31
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
2.5 LEGISLAÇÃO
No Brasil, uma das primeiras regulamentações sobre o meio ambiente
foi a Lei Federal 6.938, de 31/08/81, que instituiu a Política Nacional do Meio
Ambiente e estabeleceu o Sistema Nacional do Meio Ambiente, no qual se
integra o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, que tem em sua
composição representantes do governo e da sociedade. A partir da aprovação
dessa Lei, o meio ambiente passou a ser tratado como um sistema integrado,
tendo sua defesa e proteção organizados na forma de padrões (ROCCO,
2002).
A legislação ambiental brasileira ganhou mais força com a vigência da
Constituição Federal de 1988, que dispõe de um capítulo específico sobre o
meio ambiente - Capítulo VI - iniciado conforme abaixo:
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado por se tratar de um bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
Em 1998, foi promulgada a Lei Federal no 9.605, Lei dos Crimes
Ambientais, que estabelece responsabilidades e impõe penas restritivas de
direito para os crimes cometidos contra o meio ambiente, embora prevaleça a
aplicação de penas alternativas, que desestimulam a prática do delito, ao
mesmo tempo em que busca ressocializar o indivíduo infrator (ROCCO, 2002).
Entretanto, a legislação brasileira ainda se mostra incipiente nas
matérias relacionadas com emissões atmosféricas na indústria. Os estudos
sobre esse tema estão baseados em legislações internacionais, principalmente
Europa e Estados Unidos, que consideram parâmetros adequados às suas
realidades regionais.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
32
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
2.5.1 Legislação Internacional
Em 1970, os Estados Unidos criou sua Agência de Proteção Ambiental
(EPA) com a finalidade de regulamentar e controlar a poluição atmosférica.
Foram estabelecidos os índices de qualidade do ar (“National Ambient Air
Quality Standards – NAAQS”) para substâncias consideradas nocivas à
população. Inicialmente os NAAQS estabeleceram limites para os seguintes
poluentes: material particulado, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio,
monóxido de carbono, ozônio, hidrocarbonetos e chumbo.
Também em 1970 foram definidas metas para redução de emissões de
óxidos de nitrogênio, monóxido de carbono e hidrocarbonetos, provenientes de
fontes estacionárias e automóveis, o que obrigou as indústrias a adequarem
suas tecnologias para controle dessas emissões.
Com essas medidas, os Estados Unidos estabeleceram a estratégia
nacional para gerenciamento da poluição do ar. A responsabilidade do
monitoramento dos poluentes foi dividida pelos Estados, tendo esses a
responsabilidade primária sobre as regulamentações de meio ambiente.
Em 1990, através de emendas de lei (“Clean Air Act Amendments –
CAAA”), o governo norte-americano deu ênfase ao controle de poluentes
causadores de chuva ácida e à redução de ozônio na atmosfera. Desta forma,
os Estados Unidos passou a dar maior atenção à geração de poluentes,
objetivando a prevenção ou a redução da poluição na fonte, dando assim um
novo enfoque à questão ambiental.
Na Europa, em 1995, a Comunidade Européia aprovou a Diretiva
94/63/EC, cuja proposição básica era estabelecer o controle de emissões da
gasolina automotiva na cadeia de suprimento, desde a refinaria até a
estocagem final do produto, passando pelos terminais de distribuição e o
transporte do produto aos postos de abastecimento.
A Diretiva estabeleceu um cronograma de ações a serem desenvolvidas,
cujo período de implementação foi dividido em três fases, de três anos cada,
tendo sido iniciado em 1996. Dentre essas ações, foi determinada a
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
33
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
modificação da forma de carregamento para “bottom loading” (carregamento
pelo fundo) em caminhões-tanque e a instalação de Unidades de Recuperação
de Vapores (URV) nos terminais de distribuição de movimentação superior a
150.000 t/a na Fase 1 (1996 a 1998), acima de 25.000 t/a na Fase 2 (1999 a
2001) e maior que 10.000 t/a na Fase 3 (2002 a 2004). Para terminais com
movimentação inferior a 25.000 t/a, foi permitida a instalação de sistemas de
balanço de vapor interligados aos tanques de armazenamento em lugar das
URVs. No sistema de balanço de vapor, os próprios tanques de
armazenamento de gasolina recuperam os vapores emitidos para dentro do
próprio tanque durante a descarga do produto, evitando, assim, que os vapores
sejam lançados na atmosfera. Para a estocagem de gasolina, foi exigida a
instalação de selos flutuantes internos ou externos (tetos flutuantes) nos
tanques de armazenamento, com eficiência de 90 a 95% para a redução da
emissão de vapores. Até a Fase 3, todos os tanques de gasolina deverão
atender a essas exigências, independente da capacidade dos tanques. As
medidas de controle também incluem os postos de abastecimento, que
deverão se adequar através da instalação de sistemas de balanço de vapor
interligados a seus tanques de armazenamento (SMITHERS, 1995).
O limite de emissão de gasolina na Europa, estabelecido pela Diretiva
Européia para as Unidades de Recuperação de Vapores foi de 35g de VOC
total por m3 de gasolina carregada. A Alemanha adotou padrões de regulação
de emissões bem mais rigorosos que os da Diretiva Européia, sendo o limite
máximo permitido de 0,15g de VOC por m3 de gasolina carregada.
Similarmente, a EPA, nos Estados Unidos, estabeleceu um limite de emissão
de 10g de VOC total por m3 carregado (PEZOLT, 1997).
Constata-se, portanto, um aumento do controle, tanto na Europa como
nos Estados Unidos, quanto aos níveis de emissões de VOC nas instalações
de armazenagem e distribuição.
2.5.2 Legislação brasileira
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
34
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
No Brasil, as regulamentações sobre o controle da poluição atmosférica
são recentes. Uma das primeiras medidas foi a criação do Programa Nacional
de Controle da Qualidade do Ar – PRONAR através da publicação da
Resolução CONAMA 05/89, de 15/06/89, “como um dos instrumentos básicos
da gestão ambiental para proteção da saúde e bem estar das populações e
melhoria da qualidade de vida, com o objetivo de permitir o desenvolvimento
econômico e social do país, de forma ambientalmente segura, pela limitação
dos níveis de emissão de poluentes por fontes de poluição atmosférica com
vistas a uma melhoria na qualidade do ar, ao atendimento aos padrões
estabelecidos e ao não comprometimento da qualidade do ar em áreas
consideradas não degradadas.”
Os padrões nacionais de qualidade do ar foram estabelecidos pela
Portaria Normativa IBAMA no 348, de 14/03/90, que se transformou na
Resolução CONAMA no 03/90, definindo limites máximos para a concentração
de um poluente na atmosfera, que garantissem a proteção da saúde e o bem
estar das pessoas. Os parâmetros regulamentados por essa Resolução são:
partículas totais em suspensão, fumaça, partículas inaláveis, dióxido de
enxofre, monóxido de carbono, ozônio e dióxido de nitrogênio. Os compostos
orgânicos voláteis não estão inseridos nessa padronização.
O padrão de qualidade do ar para o ozônio é de 160 µg/m3. Para as
situações de condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão de
poluentes, foram estabelecidos os níveis de atenção (200 µg/m3), alerta (800
µg/m3), emergência (1000 µg/m3) e crítico (1200 µg/m3), quando então deve ser
acionado um plano de emergência, com o objetivo de prevenir o risco à saúde
da população.
A Resolução CONAMA no 08/90 estabeleceu os limites máximos de
emissão de poluentes do ar (padrões de emissão) para processos de
combustão externa em fontes fixas e a Resolução CONAMA no 16/95 definiu
limites de emissão para gases de escapamento de veículos automotores.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
35
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Nenhuma das duas Resoluções abordou emissões de compostos orgânicos
voláteis.
O Decreto 7.967/01, de 05/06/2001, que regulamenta a Lei Ambiental da
Bahia, no 7.799/01, embora apresente uma seção específica sobre emissões
atmosféricas (Seção III), não trata de emissões de VOC e não estabelece
limites de emissão para esses poluentes.
No entanto, algumas iniciativas isoladas já começam a ser observadas
no sentido de haver um maior controle das emissões de compostos orgânicos
voláteis.
O Art. 225 da Constituição Federal, através do princípio da precaução,
permite aos órgãos ambientais estabelecerem condicionantes relacionadas ao
controle de emissões de hidrocarbonetos.
No nível estadual, Rio Grande do Sul e São Paulo já estão adotando
esse princípio. A Lei Estadual 11.591/01, em vigor no Rio Grande do Sul,
dispõe sobre a obrigatoriedade de adequação ao Sistema de Carga e
Descarga Fechado para combustíveis automotivos. Entretanto, ainda não há
regulamentação dessa Lei. Em São Paulo, Com base no princípio da
precaução, a CETESB tem exigido a instalação de sistemas de controle de
emissões de compostos orgânicos voláteis.
No nível federal, há o Projeto de Lei no 247/99, do Deputado Fernando
Gabeira, que obriga a implantação de sistemas de retenção de compostos
orgânicos voláteis nas unidades que operam com combustíveis. Este projeto de
lei foi desarquivado em 21 de março de 2003.
Apesar das emissões de VOC ainda não estarem regulamentadas pela
legislação brasileira, a tendência futura para o Brasil será a exigência de
instalação de sistemas de controle com comprovação de eficiência. É
importante, porém, que em paralelo haja uma definição dos padrões de
emissões nacionais, para que as empresas possam priorizar os investimentos
necessários à adequação dos processos aos padrões exigidos.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
36
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
2.6 TECNOLOGIAS PARA RECUPERAÇÃO DE
COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS
Existem muitas estratégias para o controle de emissão dos compostos
orgânicos voláteis. A mais recomendável é o combate da emissão na fonte,
através de modificações de processo ou de tecnologias que evitem a perda de
produto na forma de emissões. Entretanto, quando as opções de minimização
na fonte forem esgotadas, é necessário agir sobre a emissão, buscando
recuperar os produtos lançados na atmosfera com a aplicação de tecnologias
de recuperação de vapores.
Muitas tecnologias de recuperação de vapores já são consagradas e
utilizadas atualmente em várias partes do mundo e outras estão em fase de
desenvolvimento. A seleção da tecnologia a ser adotada para o controle de
emissão de VOC depende da natureza dos VOCs, dos níveis de concentração
e das condições de temperatura, pressão e vazão (HUNTER et al., 2000a). A
forma mais simples e menos ambientalmente adequada é o controle da
emissão por combustão dos vapores por incineração, queima na tocha ou
oxidação catalítica. Esses métodos são indicados quando as características
operacionais, não viabilizam a aplicação de uma tecnologia de recuperação,
como por exemplo, em correntes de baixa concentração de hidrocarbonetos
(CONCAWE, 2002b). No caso da operação de carregamento de gasolina,
existem diversas tecnologias de recuperação de vapores bem conhecidas e
implantadas, cuja eficiência atende às expectativas econômicas e ambientais.
A utilização de qualquer uma delas possibilita a recuperação e a reutilização do
produto que poderia ter sido perdido na forma de vapores.
As tecnologias de recuperação de vapor envolvem dois processos:
separação de hidrocarbonetos e liquefação dos vapores de hidrocarbonetos
separados (CONCAWE, 2002b).
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
37
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
As técnicas de recuperação de hidrocarbonetos emitidos em processos
de carregamento de gasolina mais comumente usadas baseiam-se nos
seguintes princípios básicos de separação:
• Adsorção
• Absorção
• Condensação
• Separação por membrana seletiva
As tecnologias baseadas nesses princípios estão brevemente descritas
a seguir.
2.6.1 Adsorção
No processo de adsorção, as moléculas das substâncias contaminantes
aderem à superfície externa ou interna do sólido adsorvente. Para
hidrocarbonetos, o adsorvente indicado é o carvão ativado, que possui grande
área de superfície específica. Essa tecnologia possibilita a obtenção de uma
eficiência de recuperação de 99%. Como a capacidade de adsorção do carvão
é limitada, é preciso que se instale pelo menos dois leitos de carvão ativo,
permanecendo um em operação enquanto o outro regenera, de modo que o
processo de recuperação de vapores seja contínuo. A regeneração é feita
através da introdução no leito de carvão de uma corrente de vapor ou pela
aplicação de vácuo ao sistema para remoção dos poluentes adsorvidos. A
utilização de vácuo é mais vantajosa, pois evita a instalação de um sistema de
geração de vapor e uma separação posterior de orgânicos da fase aquosa. A
corrente de gás gerada no processo de dessorção é encaminhada a um
condensador para a condensação dos compostos orgânicos, que então são
retornados ao tanque de armazenamento (CONCAWE, 2002b).
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
38
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Essa tecnologia é a mais utilizada atualmente no mundo para
recuperação de vapores de gasolina e sua aceitação se deve a muitas
vantagens, dentre as quais a alta eficiência de adsorção de uma ampla
quantidade de substâncias e faixa de concentrações, além de não haver
formação de outros compostos.
Como desvantagens, podem ser citados a necessidade de freqüente
regeneração do carvão ativo e o tratamento da água residual, quando for
utilizado vapor na dessorção dos contaminantes.
Figura 2.5: Diagrama esquemático do sistema de recuperação de VOC por
adsorção em carvão ativo (adaptado de Jonh Zink Company., 1998)
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
39
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
2.6.2 Absorção
No processo de absorção, a corrente gasosa contendo os contaminantes
é introduzida numa câmara onde é intimamente misturada com um líquido
absorvedor. Os contaminantes, então, passam da corrente gasosa para o
líquido. A quantidade remanescente de contaminantes na corrente de gás
segue a lei de Henry, que estabelece as quantidades de um componente no
equilíbrio gás-líquido para misturas diluídas. Os fluxos de líquido e de gás em
contracorrente maximizam a transferência de massa entre as fases líquida e
vapor. A força motriz para a transferência de massa é a diferença entre a
pressão parcial do contaminante presente na fase gasosa e a pressão de vapor
deste mesmo contaminante na corrente líquida. Assim, quanto maior a pressão
parcial do poluente emitido e quanto menor a pressão de vapor do poluente na
corrente líquida, maior a eficiência do processo de absorção. Embora existam
processos em que o líquido reage com as substâncias poluentes (absorção
química), para o caso das emissões de VOC no carregamento de
combustíveis, é recomendável a adoção do processo de absorção física, que
permite uma posterior recuperação e reutilização do produto (HUNTER et al.,
2000a). Para a absorção de vapores de gasolina utiliza-se querosene entre
–25oC e –30oC, o qual é aquecido após a absorção, seguido de reabsorção dos
vapores recuperados na corrente de gasolina (CONCAWE, 1999).
A técnica de absorção tem como desvantagem o alto custo de
manutenção do sistema. Além disso, não é um processo adequado para
correntes de vapor que contenham grande variedade de constituintes, pois
dificilmente se encontra um solvente líquido eficiente para muitas substâncias
diferentes (HUNTER et al., 2000a).
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
40
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Figura 2.6: Diagrama esquemático do sistema de recuperação de VOC por
absorção
2.6.3 Condensação
Condensação é uma técnica que promove a liquefação de
contaminantes condensáveis através do resfriamento da corrente gasosa a
baixas temperaturas. O processo de resfriamento pode ocorrer em duas
etapas: inicialmente na Unidade de Refrigeração Mecânica, onde os compostos
voláteis são parcialmente condensados, e em seguida na Unidade de
Nitrogênio Líquido, onde o processo de condensação é concluído. Da Unidade
de Refrigeração por Nitrogênio Líquido sai pelo topo o nitrogênio na forma de
gás e ar. A eficiência de recuperação na primeira etapa, de refrigeração
mecânica, é da ordem de 80 – 90% (CONCAWE, 2002b). Para alcançar
eficiências superiores a 90%, é necessário haver a segunda etapa do
processo, em que utiliza um fluido de refrigeração como o nitrogênio líquido.
Pelo fundo da Unidade sai o produto líquido recuperado, que é enviado ao
tanque de mistura e depois para o tanque de armazenamento do terminal.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
41
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
As principais desvantagens desta tecnologia são o alto custo operacional
e de manutenção e a necessidade de dois estágios de refrigeração, além do
consumo de nitrogênio líquido. A Unidade tem que ser descongelada
periodicamente, obrigando a paralisação da Unidade e requerendo
eventualmente a instalação de uma outra Unidade completa de refrigeração
(CONCAWE, 2002b). O descongelamento freqüente pode requerer o uso de
agentes anti-congelantes, em geral tóxicos, que podem colocar em risco a
saúde das pessoas e causar problemas no meio ambiente.
Figura 2.7: Diagrama esquemático do sistema de recuperação de VOC por
condensação
2.6.4 Separação por Membrana
É uma das mais promissoras dentre as novas tecnologias para
separação das moléculas de ar e hidrocarbonetos.
O processo de separação por membrana baseia-se na difusão
preferencial de VOCs através de finas camadas de polímero que envolvem um
tubo. A força motriz é a pressão diferencial entre as porções interna e externa
do tubo (HUNTER et al., 2000a). O método é efetivo para a recuperação de
VOCs de alta volatilidade, além de permitir que se trabalhe com largas faixas
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
42
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
de concentração. A eficiência de recuperação dessa tecnologia é de 99% ou
superior para emissões de vapores de gasolina nas operações de carga e
descarga (CONCAWE, 2002b). Algumas aplicações típicas e potenciais de
sistemas de membrana são: recuperação de vapores na carga e descarga de
gasolina, esterilização de vents de hospitais, indústria farmacêutica, produção
de polímeros, remoção de hidrocarbonetos de maior massa molecular do gás
natural. A desvantagem dessa tecnologia é seu alto custo energético, pois
necessita do uso de compressor para a obtenção do diferencial de pressão
(HUNTER, 2000c).
Figura 2.8: Diagrama esquemático do sistema de recuperação de VOC por
membrana (adaptado de Vapor Systems Technologies Inc., 2004)
2.6.5 Comparação entre as Tecnologias
Todas as tecnologias de recuperação ou de eliminação de compostos
orgânicos voláteis são aplicáveis, dependendo das características do processo
operacional. A seleção da tecnologia adequada para uma determinada situação
deve considerar variáveis como a eficiência requerida de controle,
disponibilidade de recursos financeiros e materiais, custos de manutenção do
sistema, concentração de VOCs, condições operacionais, dentre outras
(HUNTER et al, 2000a). A Figura 2.9 ilustra as faixas de concentração que
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
43
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
geralmente são adequadas para as diferentes tecnologias e a Figura 2.10
mostra as faixas de vazão.
Figura 2.9: Faixa de concentrações para várias tecnologias de tratamento de
VOC (adaptado de Hunter et al., 2000)
Figura 2.10: Faixa de vazões da corrente gasosa para várias tecnologias de
tratamento de VOC (adaptado de Hunter et al., 2000)
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
44
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Normalmente, quando o controle de VOC é requerido, uma solução fácil
e imediata é a incineração, que é uma técnica muito eficaz e flexível,
permitindo que se trabalhe com ampla faixa de concentração e vazão de
corrente gasosa e com diferentes tipos de poluentes. Porém, é uma técnica
destrutiva e deve ser selecionada somente quando as condições operacionais
não viabilizam a recuperação dos compostos voláteis.
A técnica de adsorção é reconhecida como uma das tecnologias de
maior eficiência, podendo ser superior a 99%, além de possibilitar a
recuperação e a reutilização dos VOCs. Entretanto, quando não se dispõe de
um sistema de vácuo, é necessária uma fonte de calor ou vapor para o sistema
de regeneração do carvão ativado. Sistemas não regenerativos resultam em
geração adicional de resíduo sólido, o que não é ambientalmente
recomendável (HUNTER et al, 2000a).
A absorção trabalha numa faixa de concentração de VOCs na corrente
gasosa mais estreita e mais alta que a adsorção. Também não é adequada
para correntes de vapor que contenham grande variedade de componentes. É
um processo de custo mais alto que a adsorção, pois a fase líquida é
consumida.
A tecnologia de condensação é geralmente considerada menos eficaz
que as outras tecnologias, mas pode alcançar uma eficiência de recuperação
superior a 90%, quando refrigerantes como nitrogênio são usados para resfriar
a corrente gasosa.
A separação por membrana apresenta eficiência de 99% ou mais na
recuperação de vapores de gasolina. Os sistemas de membrana são
normalmente competitivos em custo com sistemas de adsorção em carvão,
quando a concentração de VOC é de aproximadamente 1000 ppm. Também
são aplicáveis em situações em que os contaminantes têm baixa massa
molecular ou que polimerizam no leito de carvão (HUNTER, 2000c). A
separação por membrana é atualmente uma das tecnologias de recuperação
mais promissoras.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
45
Capítulo II – Fundamentos Teóricos Angela Martins de Souza
Apesar do desenvolvimento intenso que vem ocorrendo nas tecnologias
de recuperação, a melhor opção, em longo prazo, é a mudança no processo
operacional para reduzir ou eliminar na fonte a emissão de compostos
orgânicos voláteis. Mudanças operacionais podem acarretar em custos iniciais
maiores que aqueles associados ao controle de equipamentos. No entanto,
esses custos podem ser pagos pelas mudanças em um intervalo de tempo
relativamente curto. Se, por exemplo, um novo equipamento é necessário, um
equipamento mais moderno pode conferir um maior controle de processo
melhorando qualidade e eficiência, bem como proporcionar a redução de
emissões. Portanto, mudanças operacionais devem ser consideradas
seriamente como um controle estratégico de processo (HUNTER et al, 2000a).
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
46
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
CAPÍTULO III
PROCESSO DE CARREGAMENTO DA GASOLINA
3.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta o processo operacional de carregamento de
gasolina, mostrando as diversas formas de carregamento e suas implicações
ambientais. Os aspectos operacionais do Terminal de distribuição em estudo
são descritos. Por fim, são mostrados os parâmetros que caracterizam a
emissão de vapores, bem como o modelo da EPA que faz a estimativa da
emissão de vapores durante a operação de carregamento.
3.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO
Diariamente milhões de litros de gasolina são movimentados no país. As
perdas no carregamento em operações com caminhões-tanque, vagões-tanque
e navios-tanque são fontes primárias de emissões evaporativas. Essas perdas
ocorrem à medida que vapores orgânicos são lançados para a atmosfera,
quando o combustível líquido é carregado nos tanques. Os vapores orgânicos
são formados pela evaporação do produto residual de cargas anteriores e pelo
líquido que está sendo carregado. A quantidade de vapor perdido na emissão
é, portanto, função dos seguintes parâmetros:
• Características físico-químicas da carga anterior;
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
47
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
• Método de descarregamento da carga anterior;
• Método de carregamento da nova carga;
• Características físico-químicas da nova carga;
• Temperatura ambiente.
As principais formas de carregamento são três:
a) Carregamento por cima, com o bico de enchimento não submerso
Nesse tipo de enchimento, o produto é lançado acima do nível de
líquido, causando grande turbulência e formação de vapores e sua
conseqüente perda. Se a turbulência for muito alta, gotas de líquido do produto
podem ser carreadas pelo vapor, gerando perdas ainda maiores. A Figura 3.1
ilustra esse tipo de operação:
Figura 3.1: Carregamento sem o bico de enchimento submerso (adaptado da
EPA (1995))
b) Carregamento por cima, com o bico de enchimento submerso
Nesta forma de carregamento, o bico de enchimento é inserido até
quase o fundo do tanque de carga e fica mergulhado ao longo do processo de
carregamento. Assim, a turbulência é reduzida sensivelmente em relação ao
método de carregamento anteriormente descrito, gerando uma quantidade bem
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
48
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
menor de vapores e, conseqüentemente, de perdas por emissões. A Figura 3.2
mostra essa forma de operação:
Figura 3.2: Carregamento com o bico de enchimento submerso (adaptado da
EPA,1995)
c) Carregamento por baixo (“bottom loading”)
Neste método, o tubo está instalado no fundo do tanque de carga, por
onde entrará o produto. A turbulência é minimizada significativamente,
reduzindo ainda mais a formação de vapores de emissões, comparado aos
outros métodos de carregamento anteriormente descritos. A Figura 3.3
apresenta o esquema desse método de carregamento:
Figura 3.3: Carregamento por baixo (“bottom loading”) (adaptado da EPA
(1995))
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
49
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
A história recente do veículo é um fator tão importante quanto o método
de enchimento. Se o tanque do caminhão acabou de ser limpo, não há vapores
remanescentes. Se a carga anterior foi gasolina e o vapor não foi removido, o
ar estará rico em vapores orgânicos, que serão expulsos na operação do novo
carregamento, junto com os novos vapores gerados pela nova carga.
Uma medida de controle para vapores liberados durante o processo de
carregamento é denominado “serviço de balanço de vapor”, no qual o tanque
de carga recupera os vapores emitidos durante a descarga do produto para
dentro do próprio tanque, e o transporta de volta ao terminal de distribuição.
Nesses casos, o tanque de carga retorna contendo vapores orgânicos
saturados. Se um novo carregamento for iniciado em um terminal que não
possua o “serviço de balanço de vapor” ou sistema de recuperação de vapor,
as emissões para a atmosfera serão elevadas. A Figura 3.4 esquematiza o
sistema:
Figura 3.4: Descarregamento do caminhão-tanque em tanque subterrâneo
com sistema de balanço de vapor para controle de emissões
(adaptado da EPA(1995))
Embora os terminais marítimos apresentem uma operação mais
complexa, pois os volumes envolvidos são bem mais altos que os
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
50
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
movimentados em terminais rodoviários, algumas características de processo
são comparáveis. Um estudo do CONCAWE (2002b) avaliou a concentração
das emissões ao longo do processo de carregamento de gasolina de navios-
tanque. Quando um navio chega ao terminal, normalmente o tanque contém
vapores residuais do carregamento anterior, cuja concentração é o resultado
da mistura do vapor deixado no tanque pela carga prévia com o ar que entrou
no tanque quando o produto foi descarregado. O carregamento anterior de
gasolina, por exemplo, resultará numa concentração média de 3%v/v de VOC.
Quando é feito um carregamento de gasolina num tanque de navio, a
concentração do vapor emitido muda ao longo do tempo, conforme mostra a
Figura 3.5:
Figura 3.5: Perfil típico de concentração de vapores de VOC emitidos durante
o carregamento de gasolina em navios-tanque (adaptado do
CONCAWE(2002b))
Os vapores de gasolina formados pelo produto carregado ficam
concentrados em uma camada localizada sobre a superfície da gasolina líquida
carregada, cuja espessura depende da vazão de carregamento e da
turbulência. Durante cerca de 2/3 do período de carregamento, os vapores
emitidos são similares aos vapores existentes no pré-carregamento. Isso
ocorre porque efetivamente não ocorre mistura entre os vapores da nova carga
de gasolina e os vapores existentes no topo e na seção intermediária do Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
51
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
espaço de vapor do tanque. Cabe ressaltar que os vapores estão dentro da
faixa de explosividade durante este período. Ao final do carregamento, a
concentração dos vapores emitidos aumenta até quase a saturação quando a
camada de vapor formada pelo novo carregamento é emitida pelo vent.
3.3 DESCRIÇÃO DO PROCESSO NO TERMINAL DE
MATARIPE
O processo de carregamento no Terminal de Mataripe, local em que
foram efetuadas as medições para avaliação das emissões no carregamento, é
feito por gravidade, pois, devido à geografia do terreno, o parque de tancagem
de produtos está localizado a cerca de 20 m acima no nível da plataforma de
enchimento, não sendo necessário, portanto, o bombeamento dos produtos
para a plataforma.
A plataforma de carregamento de caminhões-tanque é constituída por 12
ilhas de carregamento, com 21 conjuntos de braços de carregamento, das
quais 4 ilhas carregam gasolina. O tipo de enchimento é por cima, com o bico
submerso, e não existe sistema de balanço de vapor, ou seja, não há
recuperação dos vapores emitidos no carregamento para o tanque de carga.
Figura 3.6: Plataforma de carregamento de caminhões-tanque do Terminal de
Mataripe
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
52
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
Os tanques dos caminhões podem ser inteiriços ou divididos em
compartimentos, sendo esse último caso o mais encontrado. Os
compartimentos podem apresentar diferentes volumes, de 5 m3 a 30 m3. A
divisão em compartimentos é feita para permitir o carregamento de diferentes
tipos de combustível em um só caminhão, que é enviado para o mesmo
destino.
Na rotina diária, os caminhões carregam produtos no terminal com os
compartimentos contaminados por vapores residuais de carregamentos
anteriores. Somente nos casos em que o caminhão é novo ou que tenha sido
submetido à manutenção do tanque, os compartimentos são carregados
isentos de vapores. Entretanto, essa não é uma situação freqüente.
Os caminhões-tanque são carregados por cima, utilizando braços de
carregamento que são introduzidos nos compartimentos dos tanques através
dos bocais de enchimento. O volume a ser carregado é digitado manualmente
no pré-determinador dos medidores. Durante o carregamento dos caminhões, a
pessoa responsável pelo carregamento segura a válvula de fechamento rápido
do braço de carregamento para garantir que não ocorra nenhum
transbordamento de produto, no caso de falha no medidor. O tempo de
carregamento varia conforme o volume a ser carregado e o nível do tanque de
origem do produto, uma vez que o carregamento é realizado por gravidade. Em
média, para cada 5000 litros de produto corresponde um tempo de 3 minutos
de carregamento.
Figura 3.7: Operação de carregamento de caminhão-tanque
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
53
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
Assim, os bocais de carregamento atuam como fonte de emissão de
vapores orgânicos, pois não existe sistema de recuperação de vapores no
terminal. A taxa da emissão de VOCs dependerá das condições operacionais
no momento do carregamento, tais como temperatura ambiente, pressão de
vapor da gasolina, etc.
3.4 ESTIMATIVA DAS EMISSÕES DE VOC
A EPA, através do documento AP-42, desenvolveu um modelo empírico
para estimativa das emissões de VOC durante o carregamento de derivados de
petróleo, cuja expressão é:
12,46 * * *L
S P MLT
= (3.1)
Onde:
LL: perda de produto na fase vapor durante o carregamento
(“loading loss”), em lb/103 gal líquido carregado;
S: fator de saturação;
P: pressão de vapor verdadeira do produto carregado, em psia;
M: massa molecular média dos vapores, em lb/lbmol;
T: temperatura do líquido carregado, em oR.
A imprecisão da expressão 3.1 é de aproximadamente ±30%.
O fator de saturação, S, representa uma aproximação para a saturação
da fração de vapor expelida, e considera as variações observadas nas taxas de
emissão nos diferentes métodos de carregamento e descarregamento,
conforme mostrado nas Figuras 3.1 a 3.3.
A Tabela 3.1 apresenta os fatores de saturação determinados pela EPA
(1995) para o cálculo de emissões de VOC nas operações de carregamento de
derivados líquidos de petróleo em caminhões-tanque: Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
54
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
Tabela 3.1: Fatores de Saturação para Cálculo das Perdas no
Carregamento de Caminhões-Tanque Fonte: AP-42, EPA(1995)
Tipo de Carregamento Fator S
Tubo submerso em tanque limpo 0,50
Tubo submerso em tanque em operação
normal (sem balanço de vapor)
0,60
Tubo submerso em tanque em operação
normal (com balanço de vapor)
1,00
Tubo não submerso em tanque limpo 1,45
Tubo não submerso em tanque em
operação normal (sem balanço de vapor)
1,45
Tubo não submerso em tanque em
operação normal (com balanço de vapor)
1,00
Em terminais onde existe um sistema de recuperação de vapores nas
operações de carregamento, a expressão 3.1 é multiplicada pelo termo:
η⎛ ⎞−⎜ ⎟⎝ ⎠1
100
em que η é a eficiência do sistema de recuperação de vapores, em %. No caso
em estudo, este termo não será considerado, pois não existe sistema de
recuperação de vapores no terminal de distribuição onde foram efetuadas as
medições de campo.
É importante destacar que a expressão 3.1 é originada da Lei dos Gases
Ideais. A EPA introduziu na equação um fator de correção empírico de não
idealidade, que representaremos por F na sua dedução, apresentada a seguir:
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
55
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
=* *
* L
L
L
gasosatgaso
gaso
m RP V
M
T ⇒ =
*
*L L
satgaso gaso gasom P M
V R TL
=*
*L L
satgaso gaso gasom P M
FV T
L (3.2)
em que:
Lgasom : massa de gasolina na fase vapor;
V: volume de ar + vapor deslocados durante o carregamento
(equivalente ao volume de gasolina líquida carregada);
F: fator de correção empírico da não idealidade do sistema
(abrange a constante dos gases ideais R);
L
satgasoP : pressão de saturação da gasolina carregada (equivalente à
pressão de vapor na temperatura de carregamento);
LgasoM : massa molecular média dos vapores;
T: temperatura absoluta de carregamento da gasolina.
Fazendo-se uma comparação entre as expressões 3.1 e 3.2, encontra-
se:
12,46 * * *L
S P MLT
= (3.1)
=*
*L L
satgaso gaso gasom P M
FV T
L (3.2)
LL= Lgasom
V = perda de produto por emissão gasosa no carregamento;
F = 12,46 * S = fator empírico;
P = = pressão de vapor da gasolina carregada; L
satgasoP
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
56
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
M = = massa molecular média dos vapores; LgasoM
T = T = temperatura absoluta de carregamento da gasolina.
A equação 3.1, proposta pela EPA para estimativa de emissões permite
uma avaliação básica da perda de produto durante o processo de
carregamento. Entretanto, o modelo foi estabelecido para a gasolina
americana, cujas características de composição e volatilidade diferem das
características da gasolina brasileira. Desta forma, faz-se necessário
determinar um fator de saturação adequado à gasolina brasileira, possibilitando
assim, uma estimativa de emissão mais precisa.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
57
Capítulo III – Processo de Carregamento Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
58
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
CAPÍTULO IV
METODOLOGIA
4.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo mostra a metodologia experimental para levantamento dos
dados de campo, descrevendo as variáveis de controle e os parâmetros a
serem avaliados, conforme o planejamento de experimentos proposto.
A metodologia de análise foi selecionada considerando uma abordagem
exploratória do problema. Inicialmente foram feitas considerações sobre a
metodologia de análise, a partir de métodos encontrados na literatura. O
procedimento experimental adotado é então apresentado, mostrando as
adequações necessárias para a realização prática do trabalho, bem como as
dificuldades e limitações encontradas.
4.2 ESTIMATIVA DA EMISSÃO
Para a determinação da concentração do vapor e da quantidade de
gasolina emitida, foi necessário definir em primeiro lugar a técnica de
amostragem e o método análise a serem adotados. Para isso foi feita uma
pesquisa na literatura dos métodos existentes para análise de vapores de
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
59
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
gasolina. Foi selecionado como referência o Método revisado 8/86
(CONCAWE, 2002a), descrito resumidamente no item 4.2.1.
4.2.1 Método Analítico de Referência
O CONCAWE desenvolveu e publicou em 1986 um método detalhado
para análise de exposição a vapores de gasolina, incluindo identificação e
quantificação dos componentes. Nos anos seguintes, foram desenvolvidos
novos procedimentos e técnicas relativas ao método, que conduziram a uma
revisão do mesmo em 2002.
O procedimento do método 8/86 para monitoramento de exposição
ocupacional a vapores de gasolina consiste em coletar o ar através de dois
diferentes adsorventes, seguido de dessorção térmica e análise por
cromatografia gasosa de até 150 componentes da gasolina. Comprovou-se que
o método 8/86 era confiável e ganhou respeito na comunidade científica.
Devido à larga faixa de hidrocarbonetos que constituem a gasolina, o
método 8/86 especifica dois tipos de adsorventes para cobrir a faixa total de
componentes. Estes adsorventes consistem em polímero poroso Chromosorb
106 (C106) 80-100 mesh para coletar os componentes nC5 a nC11, e carvão
ativo Carbosieve S-III (CS-III) 60-80 mesh para coletar os componentes mais
leves nC3 a nC5. O sistema de amostragem pode utilizar um tubo com os dois
leitos de adsorventes em seqüência ou em dois tubos separados interligados.
Os dois principais modos de dessorção normalmente disponíveis são por
solvente e térmico. A técnica estabelecida de dessorção térmica é
recomendada pelo método 8/86 como a opção preferencial.
Embora o método tenha sido desenvolvido para exposição ocupacional a
vapores, foi entendido que ele também poderia ser utilizado para uma
avaliação ambiental de emissões. Entretanto, algumas limitações de ordem
prática foram enfrentadas para a adoção definitiva deste método:
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
60
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Os tipos de adsorventes recomendados pelo método 8/86 não foram
encontrados nos fornecedores que trabalham no Brasil com esse
material;
Os laboratórios consultados para a execução da análise dos tubos
adsorventes utilizam o método de dessorção com solvente. Não se
encontrou disponibilidade de equipamento e método desenvolvido
para dessorção térmica.
Portanto, diante dessas dificuldades e da impossibilidade prática de se
montar um sistema de análise exclusivo e adequado para essa pesquisa, foi
adotado, na primeira etapa do estudo, o método de adsorção com carvão ativo,
utilizando somente um tipo de adsorvente disponível no mercado, seguido de
dessorção química com solvente (diclorometano) e análise de TPH-GRO (“total
petroleum hydrocarbons – gasoline range organics”) . Numa segunda etapa, foi
feita uma amostragem direta do vapor durante o carregamento, o qual foi
analisado por cromatografia gasosa para determinação de sua composição.
Embora essa forma de amostragem para vapores de gasolina não tenha sido
encontrada na literatura, ela foi adotada por se considerar que a concentração
de VOC num determinado instante do processo estaria dentro dos limites de
detecção do método analítico de cromatografia.
Para melhor compreensão dos métodos direto e indireto de amostragem,
serão apresentados em seguida alguns aspectos conceituais sobre o tema.
4.2.2 Considerações Conceituais
A determinação quantitativa das substâncias contaminantes presentes
no ar ambiente ocorre em duas etapas:
coleta de uma amostra de ar contendo os contaminantes;
análise dos contaminantes da amostra.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
61
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
A amostragem constitui a primeira fase do procedimento analítico, cuja
execução apropriada e correta é condição indispensável para obtenção dos
resultados analíticos significativos, uma vez que a amostra de ar coletada e dos
contaminantes capturados devem ser representativos da situação que se quer
examinar.
A amostragem pode ser realizada por método direto ou indireto. A
amostragem direta segrega um certo volume de ar ambiente, que é introduzido
sem nenhum tratamento em um recipiente que pode ser de vidro, metal ou
plástico. Esse recipiente é enviado ao laboratório, onde o ar é extraído em
parte ou na totalidade para ser analisado. Em geral, a amostragem é executada
em um intervalo de tempo curto, e por isso o método permite a avaliação do
contaminante em um dado instante.
Na amostragem indireta, um volume medido de ar é introduzido num
sistema de captação (substrato), que retém e concentra os contaminantes
presentes. O substrato, que deve ser selecionado em relação às características
das substâncias contaminantes, podendo ser um filtro, um líquido absorvente
ou um sólido adsorvente. O substrato, ao final da amostragem, é encaminhado
para análise. Considerando que na amostragem indireta o tempo de
amostragem pode ser elevado (dependendo da capacidade de captação do
substrato), conclui-se que os métodos indiretos se prestam à obtenção de
valores médios de concentração no tempo (MAUGERI, 1986).
4.2.2.1 Dispositivos de Amostragem
Os dispositivos de amostragem necessários para uma coleta de amostra
de ar variam conforme o método seja direto ou indireto.
4.2.2.1.1 Amostradores para Amostragem Direta
Os recipientes empregados na amostragem direta podem ser
amostradores de volume fixo e amostradores de volume variável.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
62
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Os amostradores de volume fixo são em geral de vidro ou metal, de
volume compreendido entre 500 ml e 3 L, de forma esférica ou cilíndrica,
dotados de torneiras ou válvulas. A Figura 4.1 mostra alguns exemplos desses
amostradores:
A: Balão para amostragem sob vácuo, por deslocamento de líquido
B: Proveta
C: Balão para amostragem sob vácuo
Figura 4.1: Amostradores de volume fixo (adaptado de MAUGERI(1986))
Os amostradores de volume variável são as seringas de gás e os sacos
de plástico (também chamados “bags”). Esses amostradores permitem efetuar
coletas de amostras de ar por tempos relativamente longos e, portanto,
permitem a obtenção de valores da concentração média dos contaminantes. As
seringas de gás, conforme mostra a Figura 4.2, podem ter um volumes que
variam de alguns cm3 a alguns litros. Apresentam um contato muito estreito
entre o pistão e o cilindro, de modo a assegurar uma vedação adequada. A
coleta da amostra de ar é feita simplesmente puxando o pistão da seringa
(MAUGERI, 1986).
Figura 4.2: Amostrador de volume variável (adaptado de MAUGERI(1986))
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
63
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
O pistão das seringas de gás de grandes dimensões é geralmente
munido de uma guarnição anular, do tipo o-ring. Nas seringas menores se usa
um pistão com a extremidade em teflon. Em geral, entretanto, o tempo de
conservação das amostras é limitado, e por isso as seringas são empregadas
em condições que permitam a análise da amostra coletada em um intervalo de
tempo curto. Deste modo se evitam muitos inconvenientes, alguns dos quais
são relativos à perda da substância através da válvula ou torneira, da vedação
do pistão ou a adsorção dos contaminantes pelas próprias paredes do cilindro,
dependendo da natureza das substâncias. As seringas de gás em geral são
empregadas em laboratório, para transferir a amostra gasosa para o
instrumento de análise (MAUGERI, 1986).
Os sacos plásticos (“bags”) podem apresentar volumes de até 300 litros
e são produzidos com vários tipos de filmes plásticos: polietileno, teflon, mylar,
etc. Os mais usados são os sacos constituídos por dois filmes plásticos com
uma folha de alumínio intermediária. A coleta da amostra de ar nos sacos é
feita por compressão, mediante uma bomba de acionamento manual ou de
alimentação elétrica, que insufla o ar ambiente para o seu interior. Se a vazão
da bomba for baixa e se o volume do saco for elevado, a coleta pode ser
executada por um tempo relativamente longo. O problema principal que se
apresenta no emprego dos sacos de plástico se refere à compatibilidade entre
um dado contaminante e o material do qual o saco é constituído. Podem
ocorrer reações químicas, processos de adsorção (fixação do contaminante na
superfície do saco) ou de absorção (dissolução do contaminante no material
plástico) e fenômemos de permeação (difusão do contaminante através das
paredes do saco). O uso de sacos multiestrato aluminizados são os mais
indicados, pois minimizam as perdas através dos fenômenos acima
apresentados (MAUGERI, 1986).
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
64
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
4.2.2.1.2 Amostradores para Amostragem Indireta
Na amostragem indireta um volume medido de ar é introduzido num
sistema contendo substrato, que retém e concentra os contaminantes
presentes. O sistema de coleta é constituído basicamente de um substrato de
coleta dos contaminantes, bomba de aspiração e contador volumétrico
(MAUGERI, 1986).
Os substratos empregados para a captação das substâncias
contaminantes presentes no ar ambiente devem ser selecionados com base
nas características físico-químicas das próprias substâncias. A quantidade de
contaminante a coletar deve estar compreendida entre um valor mínimo e valor
máximo. O valor mínimo é dado pelo limite de detecção do método analítico
adotado e o valor máximo é dado pela eficiência de captação do substrato. No
caso de compostos orgânicos voláteis apolares, o substrato indicado é o
carvão ativo, o qual pode ser acondicionado em ampolas de vidro. A técnica
usada para captar contaminantes na superfície do carvão ativo é a adsorção
(MAUGERI, 1986).
4.2.2.2 Adsorção
O processo de adsorção é um processo de separação no qual
participam um adsorvente e um adsorvido. O adsorvente é um sólido que
captura em sua superfície substâncias denominadas adsorvidos. O processo
de adsorção pode ser do tipo físico ou químico. A adsorção física é reversível e
é causada por forças de Van de Waals que existem entre as moléculas, não
ocorrendo reação. Desta forma, na recuperação das substâncias adsorvidas
(dessorção) há o retorno ao estado original das substâncias adsorvidas para
análise. Já a adsorção química pode ser irreversível, pois ocorre reação
química entre o adsorvente e o adsorvido. Neste caso, deve-se aplicar outras
técnicas de recuperação do adsorvido, normalmente através de outras reações
químicas, para sua determinação indireta. Na adsorção física, as forças de Van
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
65
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
der Waals atuam de maneira similar às forças gravitacionais. A distância entre
a superfície do adsorvente e a molécula da substância adsorvida é fundamental
no processo de adsorção. As forças também são aditivas, ou seja, a força de
adsorção é a soma de todas as interações entre todos os átomos da
substância adsorvida. Esse tipo de adsorção sem reação química é o que mais
interessa na amostragem de contaminantes presentes no ar ambiente
(MAUGERI, 1986).
4.2.2.3 Substrato de Coleta
Os carvões ativos são apropriados para a captura das substâncias
contaminantes de natureza orgânica apolar (hidrocarbonetos, ésteres
orgânicos) ou levemente polares (cetonas, derivados clorados). Forma-se entre
o carvão ativo (adsorvente) e a substância contaminante (adsorvido) uma
ligação de natureza elétrica, cuja intensidade será proporcional à capacidade
de polarização das moléculas da substância (MAUGERI, 1986).
4.2.2.4 Dispositivos de Adsorção
Os dispositivos normalmente empregados no processo de adsorção são
representados por ampolas de vidro de diversos tamanhos contendo carvão
ativo ou outro substrato granulado. As ampolas de carvão ativo são
constituídas por um tubo de vidro soldado à chama nas extremidades,
contendo internamente carvão ativo granulado 20/40 mesh. O tipo de carvão
depende dos fabricantes das ampolas. O carvão ativo vem compactado nos
tubos em duas seções, geralmente de volume e peso na relação 2:1,
separadas por um septo de espuma de poliuretano de 2 mm de espessura. A
seção maior, considerada a seção analítica, é efetivamente usada para a
adsorção do produto. Se o volume coletado for grande demais ou se a
concentração das substâncias analisadas exceder a capacidade do
adsorvente, saturando-o, haverá passagem das substâncias da seção analítica
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
66
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
para a seção menor, de “backup”. Quando isso ocorre, não há garantia de que
não tenha havido perda de produto e, conseqüentemente, a qualidade da
amostragem é comprometida. Portanto, a seção de “backup”, serve para
identificar se houve alguma perda da amostra, funcionando como controle de
eficiência da coleta de amostra, não devendo conter nenhuma substância
adsorvida. Nas duas extremidades do tubo, o carvão é bloqueado por dois
tampões de lã de vidro. Durante a coleta da amostra de ar, o carvão contido no
tubo se enriquece da substância contaminante, à medida que a adsorção
ocorre. Após um período de tempo especificado, a coleta é finalizada e o tubo é
enviado para um laboratório para proceder à análise específica dos
contaminantes (MAUGERI, 1986).
4.2.2.5 Bomba
A bomba tem a função de aspirar o ar ambiente através do substrato de
coleta e a vazão deve ser constante durante todo o tempo de amostragem.
Podem ser utilizadas bombas dinâmicas ou volumétricas. Entretanto, as
volumétricas são as mais indicadas por manterem uma vazão de ar mais
adequada (MAUGERI, 1986).
A bomba utilizada na amostragem deve ser de fácil manuseio e
calibração, além de ser apropriada para áreas classificadas (intrisecamente
segura). Para a amostragem de gases e vapores, as bombas de baixa vazão
são as mais indicadas. Na amostragem contínua é fundamental que a duração
e a vazão de coleta sejam adequadas ao objetivo da amostragem, à
sensibilidade do método analítico e à concentração esperada do contaminante
de interesse (CHAVES, 2003).
Existem calibradores eletrônicos, cuja orientação para calibração é
fornecida pelo próprio fabricante no manual do equipamento, e calibradores
que utilizam o método da bolha de sabão, normatizado pela Fundacentro.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
67
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
4.2.2.6 Competitividade na Adsorção
As substâncias contaminantes são adsorvidas sobre o carvão ativo em
proporções diversas. Em geral, as substâncias de alta massa molecular são
mais firmemente fixadas sobre o carvão que aquelas com baixa massa
molecular. Quando existem duas ou mais substâncias contaminantes presentes
no ar, elas se tornam competitivas na ocupação dos sítios de adsorção
disponíveis sobre a superfície do carvão ativo no momento da amostragem
(MAUGERI, 1986).
A água também pode assumir a função de competidora e deslocar as
substâncias já adsorvidas. A água é uma substância polar e, portanto, de
pouca afinidade com carvão ativo, mas quando está presente em elevado
percentual na amostra de ar, pode influenciar fortemente os mecanismos de
captura das substâncias orgânicas aerodispersas, especialmente quando estão
presentes em baixa concentração. O valor limite abaixo do qual não há
interferência é em torno de 50% de umidade relativa. Com 50-60% ocorre um
intervalo de transição e pode haver interferências evidentes somente se as
substâncias contaminantes estão presentes em baixas concentrações. Acima
de 60% de umidade, certamente ocorre interferência e há inclusive o risco
antecipado de saturação. Portanto, em condições de umidade alta, como
normalmente ocorre na cidade de Salvador e arredores, é necessário
estabelecer condições de coleta de análise para que não se atinja a saturação.
A determinação da vazão de bombeamento e a seleção do tubo adequado são
parâmetros que deverão ser bem definidos. A análise química de ambas as
seções dos tubos dão a garantia final sobre a ocorrência de saturação do
carvão (MAUGERI, 1986).
4.2.2.7 Fatores que influenciam a Adsorção
Muitos fatores influenciam o processo de adsorção de contaminantes
durante a coleta de amostras, tendo sido alguns já citados anteriormente. A
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68
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Tabela 4.1 mostra de forma resumida os principais fatores que afetam a
amostragem:
Tabela 4.1: Fatores que podem influenciar na coleta de vapores em tubos de carvão Fonte: (Chaves, 2003)
FATOR OBSERVAÇÃO
Temperatura Como o processo de adsorção é exotérmico, a eficiência de adsorção pode ser prejudicada com a presença de altas temperaturas.
Umidade Como o vapor d’água também é adsorvido no material adsorvente, a capacidade de adsorção para o contaminante de interesse pode diminuir. Esse efeito é bastante acentuado quando o carvão ativo é o material adsorvente.
Vazão de Coleta A utilização de vazão elevada reduz a eficiência de coleta do carvão.
Outros contaminantes
A presença de uma quantidade significativa de contaminantes diferentes do contaminante de interesse pode reduzir a capacidade de adsorção.
Saturação do carvão
Os tubos mais utilizados possuem duas camadas de material adsorvente separadas por uma espuma. Nos tubos de carvão ativo, a segunda seção é 1/3 do peso total do carvão. Estas duas seções são analisadas separadamente no laboratório. Caso 25% ou menos da quantidade de contaminante coletada na primeira seção for encontrada na segunda seção, pode ser considerado que não houve perda de contaminante, devido à saturação do carvão. Caso este valor seja maior que 25%, o relatório final dos resultados das amostragens deve conter o aviso que pode ter ocorrido perda de contaminante.
4.2.2.8 Parâmetros de Saturação
A publicação NIOSH n. 77-185 “Documentação do Teste de Validação”
apresenta o tempo de saturação e o percentual de saturação, que são os
parâmetros indispensáveis que se deve respeitar para executar uma
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
69
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
amostragem correta de ar para o tubo contendo 100mg de carvão ativo
derivado do coco. Na Tabela 4.2 estão reportados os parâmetros de
amostragem para diversas substâncias de uso corrente (MAUGERI, 1986):
Tabela 4.2: Parâmetros de Amostragem por tubo com 100 mg de carvão ativo Fonte: (Maugeri, 1986)
SUBSTÂNCIA CONC. NA CORRENTE
(mg/m3)
VAZÃO DE AMOSTRAGEM
(L/min)
TEMPO DE SATURAÇÃO
(min)
QUANTIDADE ADSORVIDA
(mg)
Pentano 5640 0,190 16,5 18,0
Hexano 3679 0,190 31 21,7
Heptano 4060 0,190 32 24,7
Ciclohexano 1650 0,190 40 12,5
Benzeno 149,1 0,190 240 6,8
Tolueno 2294 0,190 62,6 27,2
Xileno 810 0,200 172,6 27,9
Estireno 1710 0,190 111 36,0
Etilbenzeno 917 0,190 186 32,4
Álcool Etílico 3770 0,200 8 6,0
Vale destacar que o tempo de saturação varia significativamente com a
substância, resultando em quantidades adsorvidas diferentes. Os valores
indicados na Tabela 4.2 servem como referência para a amostragem indireta,
pois essas substâncias fazem parte da composição da gasolina. Entretanto, os
vapores de gasolina contêm outras substâncias, cujos tempos de saturação
podem ser diferentes dos apresentados na Tabela 4.2.
A concentração da substância que é adsorvida muda à medida que a
substância passa pelo leito. No início do processo de adsorção, o leito
imediatamente começa a adsorver o poluente e a concentração da substância
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
70
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
diminui rapidamente numa porção bem estreita do leito. Quando as camadas
superiores se tornam saturadas, a concentração da substância nas camadas
saturadas se torna igual à concentração da corrente gasosa. Assim, as
camadas de carvão posteriores começam a atuar sobre a substância
adsorvendo-a. Por esse processo, a zona de transferência de massa, que é
uma pequena área onde efetivamente ocorre o processo de adsorção, vai
atravessando o leito de carvão até que todo o leito se torna saturado. Neste
ponto ocorre o chamado breakthrough, que é o ponto em que a zona de
transferência de massa chega ao final do leito. É recomendável que se evite
saturar totalmente o leito, atingindo o breakthrough, considerando para o
processo de adsorção de amostras uma concentração inferior ao valor de
saturação.
4.2.2.9 Conservação das Amostras
Após a amostragem, é aconselhável conservar as amostras a baixas
temperaturas, para evitar a perda de substâncias adsorvidas por dessorção
térmica ou difusão, preservando, assim, as características da amostras até o
momento da análise em laboratório. Desta forma, é recomendável que todo
material necessário ao armazenamento e transporte das amostras seja
preparado previamente: bolsa de gel térmico, isopor, fita teflon para envolver as
extremidades dos tubos lacrando-os, etiquetas de identificação, sacos
plásticos, etc. O tempo de conservação nestas condições pode ser de duas ou
três semanas, para substâncias de médio e alto pontos de ebulição
(MAUGERI, 1986). No caso das substâncias mais voláteis, essa forma de
conservação das amostras é apenas suficiente para encaminhá-las ao
laboratório para análise.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
71
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
4.2.2.10 Ocorrência de Possíveis Erros
É importante destacar a possibilidade de ocorrer erros aleatórios em
equipamentos, procedimentos e análises de laboratório. As bombas de
amostragem, por exemplo, podem apresentar variações de vazão devido a
defeitos ou ausência de dispositivo de correção de vazão. Outra possibilidade
de erro pode ocorrer devido às condições meteorológicas no momento da
amostragem. Variações de temperatura, ventilação do local e umidade relativa
do ar alteram os resultados da coleta de contaminantes. Também podem
ocorrer erros sistemáticos comuns a todas as medições, tais como calibrações
incorretas, procedimentos incorretos para coletar as amostras, posição
incorreta do instrumento de coleta da amostra, etc (CHAVES, 2003).
É de fundamental importância chamar a atenção para esses erros, para
que no momento das medições todos os cuidados sejam tomados, evitando
assim sua ocorrência e o prejuízo dos resultados.
4.2.3 Local de Coleta das Amostras
O local definido para a coleta de amostras foi o bocal de carregamento
do caminhão-tanque. O foco principal da coleta de amostras foi o aspecto
ambiental da emissão de vapores durante o carregamento de gasolina. O
aspecto relativo à saúde ocupacional, embora relevante, foi considerado de
importância secundária neste trabalho. Cabe destacar que a posição do tubo
de carvão no bocal do compartimento de carregamento, durante a coleta de
amostras, pode influenciar os resultados da amostragem da emissão de
vapores. Essas variações nos resultados podem ser causadas, por exemplo,
por correntes de ar no local (CHAVES, 2003).
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
72
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
4.3 PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS ADOTADOS
4.3.1 Método Indireto
Na primeira etapa da pesquisa, a amostragem do vapor no ato do
carregamento de gasolina em caminhões foi realizado pelo método indireto,
utilizando-se tubos de carvão ativo para a adsorção dos contaminantes
gasosos. O carvão ativo foi selecionado como substrato de coleta,
considerando as características físico-químicas das substâncias a serem
adsorvidas, que no caso foram hidrocarbonetos. Após a amostragem, os tubos
utilizados foram analisados em laboratório. Existem várias dimensões de
ampolas de amostragem. Para o trabalho em questão, foi escolhido o modelo 226-09, da SKC Corp., cujas características construtivas estão mostradas na
Tabela 4.3:
Tabela 4.3: Características do Tubo de Carvão Ativo modelo 226-09, da SKC Corp.
Fonte: SKC Corp.
REFERÊNCIA 226-09
ADSORVENTE Carvão Ativo (Origem: coco)
TAMANHO (mm) DIÂM. EXT. x COMPRIMENTO (mm)
8 x 110
SEÇÕES 2
ADSORVENTE (mg) 200 / 400
ACABAMENTO Vidro Selado
Na Figura 4.3 são mostrados os tubos utilizados na amostragem:
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
73
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Figura 4.3: Tubos de Carvão Ativo modelo 226-09, da SKC Corp.
Para a coleta de amostra foram usadas bombas SKC modelo 224 PCX,
ilustrada na Figura 4.4:
Figura 4.4: Bombas de amostragem modelo 224 PCX, da SKC Corp.
As bombas foram calibradas pelo método da bolha de sabão, com a
utilização do redutor de vazão, conforme mostrado na Figura 4.5:
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
74
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Figura 4.5: Bolhômetro usado na calibração das bombas de amostragem
Para efetuar a calibração da bomba, pressiona-se a borracha instalada
na parte inferior do tubo do bolhômetro para produzir uma bolha. A bolha
formada passa por um sensor eletrônico, que mede sua velocidade. Como a
área de passagem da bolha possui um valor padrão, o bolhômetro calcula a
vazão de sucção da bomba e a apresenta no visor. Caso a vazão encontrada
seja diferente da vazão desejada, ajusta-se um parafuso no redutor de vazão e
repete-se o procedimento de formação de bolha. Quando a vazão desejada for
atingida, a bomba está calibrada.
Para a determinação preliminar da vazão da bomba de amostragem, foi
feita inicialmente uma estimativa da emissão adotando-se o modelo de gás
ideal o modelo de equilíbrio líquido-vapor do sistema:
Lei dos Gases Ideais: =PV nRT
=* *
* L
L
L
gasosatgaso
gaso
m RP V
M
T ⇒ =
*
*L L
satgaso gaso gasom P M
V R TL
em que:
Lgasom : massa de gasolina na fase vapor;
V: volume de ar + vapor deslocados durante o carregamento
(equivalente ao volume de gasolina líquida carregada);
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
75
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
L
satgasoP : pressão de saturação da gasolina carregada (equivalente à
pressão de vapor na temperatura de carregamento);
LgasoM : massa molecular média dos vapores;
T: temperatura absoluta de carregamento da gasolina.
Adotando-se uma estimativa conservativa, foi desprezada a não
idealidade e a não saturação do sistema. Para o cálculo da massa de gasolina
na fase vapor, foram considerados os seguintes valores:
V = 5000 L;
L
satgasoP = 4,7463 psia = 0,3230 atm (conforme equação 2.2)
LgasoM = 70 g/gmol (valor médio estimado);
T = 25oC = 298 K;
R = 0,082054 atm.L/(gmol.K)
a partir dos quais encontrou-se:
Lgasom = 4623 g
gasoconc = Lgasom
V = 4623g / 5000L = 0,925 ≈ 1,0 g/L
Portanto, a concentração estimada do vapor é de 1,0 g/L.
Com base na Tabela 4.2, assumiu-se uma capacidade de adsorção
máxima do carvão ativo de 35 mg de hidrocarbonetos em 100 mg carvão.
Desta forma, encontrou-se que a quantidade máxima adsorvida na seção
analítica do tubo de carvão seria:
=35 * 400
100Hc adsorvidomg Hcm m
mg carvãog carvão
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
76
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
= 140Hc adsorvidom mg Hc
g Hc
Adotando-se, por segurança, para evitar o ponto de breakthrough, 50%
da capacidade de adsorção:
=, 70Hc adsorvidom m
Então, o volume de vapor que poderia passar pelo carvão seria:
=1000 * 70
1000vapormLV m
mg Hcg Hc
= 70vaporV mL
Assim, para um tempo estimado de amostragem de 3 minutos (tempo
médio de carregamento de 01 compartimento de 5000 L) a vazão calculada
para a bomba de amostragem seria:
= = =70 23 /min 30 /min3min
Volume de carregamento mLQ mTempo médio de carregamento
≈L mL
Observa-se que o valor calculado é bem menor que as vazões
apresentadas na Tabela 4.2.
Para confirmação do valor de vazão da bomba de amostragem, foi
realizado um experimento com duas bombas de amostragem modelo SKC 224 PCX, calibradas a duas vazões diferentes: 30 mL/min (conforme calculado) e
100 mL/min. Os dados do experimentos estão na Tabela 4.4:
Tabela 4.4: Determinação da vazão de amostragem
ITEM AMOSTRA 1 AMOSTRA 2
Vazão de calibração da bomba (mL/min)
30,5 104
Tempo de amostragem 2 min 20 s 3 min 10 s
Volume amostrado (ml) 71,2 329
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Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Resultado de análise de TPH-GRO nas seções I (analítica) e II (“backup”) dos tubos de carvão (µg Hc)
7640 (I) / ND (II) 13100 (I) / 580 (II)
Conc. VOC na emissão (g/L) 0,107 0,041
Observa-se que na Amostra 2, parte dos hidrocarbonetos foram
adsorvidos na seção II (“backup”), indicando a saturação da seção I (analítica).
Portanto, a vazão de amostragem de 30 mL/min mostrou-se mais adequada
para a realização da coleta das amostras.
Os resultados analíticos tanto da Amostra 1 quanto da Amostra 2 foram
bem menores que os valores esperados. Inclusive, a saturação da seção I da
Amostra 2 não deveria ter ocorrido para a quantidade adsorvida de 13,1 mg de
hidrocarbonetos. Entretanto, algumas limitações foram observadas no método
indireto adotado com relação ao tratamento da amostra após a coleta, as quais
estão apresentadas no item 5.2.3.1 – Análise dos Resultados, do Capítulo V
deste estudo.
Após a coleta, os tubos foram colocados em um isopor, para mantê-los a
baixas temperaturas, evitando perda das substâncias adsorvidas, e
encaminhados ao laboratório de análises cromatográficas para análise de TPH-
GRO (“total petroleum hydrocarbons – gasoline range organics”) pelo método
adaptado do EPA 8015 e NIOSH 1500.
As amostras foram submetidas à dessorção química com diclorometano
e o extrato foi analisado em um cromatógrafo de gás acoplado a um
espectrômetro de massas. As seções analítica (400 mg) e backup (200 mg) de
carvão ativo dos tubos foram extraídas e analisadas separadamente,
totalizando 10 análises. O cromatógrafo apresentava as seguintes
características:
Coluna: 100% metil-silicone (Varian VF-1MS), comprimento de 30
m e diâmetro de 0,25mm;
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
78
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Injetor: 180oC, com split de 5:1;
Detector: Massas, tipo Íon Trap, Varian Saturn 2000, monitorando
de 50 a 200 u.m.a.;
Com base no padrão de gasolina automotiva típica, os picos
foram somados entre os tempos de 2,5 a 11 min.
4.3.2 Método Direto
Na segunda etapa da pesquisa, a amostragem do vapor foi realizada
pelo método direto, utilizando-se seringas de gás de 500 ml, constituídas de
acrílico, como mostra a Figura 4.6. Cabe ressaltar que foram feitos testes de
adsorção para o material da seringa, comparando-o com seringas de vidro e de
aço. Os resultados foram idênticos, comprovando a confiabilidade no material
para amostragem.
Figura 4.6: Macrosseringa de 500 ml
Foram analisadas 10 amostras, coletadas da seguinte forma:
Antes do início do carregamento (tanque vazio) : 1 amostra
Fase Intermediária (40 – 60% volume carregado) : 3 amostras
Fase final (80 – 100% volume carregado) : 4 amostras
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79
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Término do carregamento (tanque completo) : 1 amostra
Amostra corrida (coletada gradual ao longo do carregamento) : 1
amostra
O vapor foi coletado em poucos segundos, puxando o pistão. Desta
forma, a amostra indicou a concentração no instante em que foi coletada.
Para evitar perdas dos contaminantes da amostra, procurou-se
minimizar ao máximo o intervalo de tempo entre a coleta de amostras e a
análise em laboratório. Assim, as seringas foram encaminhadas ao laboratório
logo após a amostragem, onde eram imediatamente analisadas em
cromatógrafo de gás acoplado a um espectrômetro de massas.
A composição dos VOCs presentes no vapor foi determinada por um
método adaptado do ASTM D-5134. O cromatógrafo foi um HP 6890, que
apresentava as seguintes características:
Coluna: PONA, comprimento de 100 m e diâmetro de 0,25mm;
Injetor: 280oC;
Detector: Massas FID;
Tempo de análise: 2h 10min
Gás de arraste: Hidrogênio, com vazão de 2,0 ml/min
A análise de N2 e O2 na amostra de vapor foram realizadas em um
cromatógrafo CT 3800 VARIAN, sob as seguintes condições:
Colunas Haysep T e Haysep Q, ambas de 80 – 100 mesh,
comprimento de 0,5 m e diâmetro 1/8”, e coluna de peneira
molecular, de 80 – 100 mesh, comprimento de 1,5m e diâmetro
de 1/8”.
Detector de condutividade térmica
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
80
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Tempo de análise: 31,87 min
Gás de arraste: Hélio
4.4 PLANEJAMENTO DE EXPERIMENTOS
4.4.1 Fatores que influenciam a Emissão
A concentração de VOC nas emissões de gasolina é influenciada por
uma série de fatores, tais como temperatura ambiente, composição da
gasolina, volume carregado, umidade do ar e tempo de carregamento.
Portanto, esquematicamente, tem-se:
FATORES PROCESSO DE CARREGAMENTO RESULTADO
Temperatura Composição da Gasolina Volume de Gasolina Carregada Umidade do ar
Tempo de carregamento
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
⇒
Concentração de VOC
Temperatura
A temperatura ambiente, da gasolina e do compartimento do caminhão
variam conforme as condições climáticas do local no momento da amostragem.
A pressão de vapor da gasolina varia exponencialmente com a temperatura,
influenciando significativamente a quantidade de VOC emitida.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
81
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Composição da Gasolina
A composição da gasolina depende do petróleo que a originou e do
processo de produção. Os teores de seus componentes afetarão diretamente
sua volatilidade e, conseqüentemente, a emissão de vapores para a atmosfera
no processo de carregamento.
Volume carregado
O volume carregado é proporcional à perda de produto na emissão.
Quanto maior o carregamento, maior a quantidade emitida de produto para a
atmosfera.
Umidade do ar
Não se observou que a umidade do ar tenha influência sobre a emissão
de VOC, mas pode haver interferência na amostragem indireta. A umidade do
ar superior a 60% pode interferir na adsorção do carvão, mas não causa erro
de medição se não houver saturação da seção analítica do tubo de carvão
utilizado na coleta de amostra, o que pode ser verificado procedendo-se à
análise química de ambas as seções do tubo.
Tempo de carregamento
Essa variável depende da vazão de enchimento do compartimento do
caminhão. Neste estudo, observou-se que o tempo de carregamento exerce
forte influência sobre as emissões: quanto mais rápido o carregamento, menor
a saturação do ar e menor a concentração de VOC no ar emitido. Essa análise
será apresentada mais adiante, no Capítulo V - Resultados.
Cabe destacar que o processo de carregamento utilizado no terminal de
distribuição de combustíveis estudado é o de enchimento por cima, com o bico
de carregamento submerso. Portanto, não foi possível avaliar
experimentalmente as emissões de outro tipo de carregamento para efeito de
comparação de resultados.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
82
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
4.4.2 Registro de Dados
Para o registro dos dados amostrais, é recomendável que sejam
utilizados formulários para anotações gerais das condições ambientais no
momento da amostragem e de problemas que possam ocorrer durante as
medições. Todos os detalhes durante a amostragem devem ser observados e
registrados, para que os resultados sejam mais facilmente interpretados.
Assim, para a coleta de amostras foram utilizados os seguintes formulários,
mostrados nas Tabelas 4.5 e 4.6 para o registro de dados da amostragem:
Tabela 4.5: Planejamento de Experimentos – Amostragem Indireta
Amostra 1 2 3 n
Data ...
Tanque de Origem ...
Certificado de Análise no ...
Hora Inicial ...
Hora Final ...
Tempo de carregamento (min) ...
Temperatura ambiente (oC) ...
Temperatura da gasolina (oC) ...
No Compartimento ...
Ilha de Carregamento ...
Volume Carregado (L) ...
Bomba de amostragem no ...
Vazão da bomba de amostragem ...
Umidade do ar (%) ...
Tabela 4.6: Planejamento de Experimentos – Amostragem Direta
Amostra 1 2 3 n
Data ...
Tanque de Origem ...
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
83
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Certificado de Análise no ...
Temperatura ambiente (oC) ...
No Compartimento ...
Carregamento Anterior
Volume Carregado (L) ...
4.5 ANÁLISE DA GASOLINA LÍQUIDA CARREGADA
Para caracterização da gasolina líquida carregada, que originou os
vapores emitidos, foram coletadas amostras, cuja composição foi determinada
por cromatografia gasosa. O equipamento usado foi um cromatógrafo Varian
CP 3800 com auto amostrador CP-8400 e auto injetor CP-8410, acoplado a um
espectrômetro de massa. Utilizou-se uma coluna PONA de 100m e detector
FID. O cromatógrafo dispunha de um banco de dados contendo uma ampla
faixa de componentes, permitindo assim uma análise bastante completa da
composição. Os resultados de análise possibilitaram uma previsão da emissão
de VOC, a partir do conhecimento da composição e das propriedades físico-
químicas da gasolina carregada.
4.6 CÁLCULO DA EMISSÃO DE VOC
A emissão foi calculada utilizando o modelo da EPA (AP-42) e os
resultados foram comparados aos dados experimentais. Os fatores de
saturação foram calculados a partir dos resultados analíticos de composição do
vapor e da equação 3.1, apresentada no capítulo III, e comparados ao fator da
EPA.
Para determinação das concentrações de saturação das gasolinas,
foram feitas simulações com o modelo UNIFAC modificado de Dortmund, o
qual representa a não idealidade da fase líquida, devido à mistura de
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
84
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
hidrocarbonetos com etanol, possibilitando a avaliação do comportamento da
gasolina brasileira no equilíbrio líquido-vapor.
Existem diversos métodos para calcular o equilíbrio líquido-vapor de um
sistema. O modelo UNIFAC, de acordo com Fredenslund et al. (1977), se
baseia no conceito de composição local e calcula os coeficientes de atividade
da fase líquida através de um método de contribuição de grupos. O modelo
UNIFAC permite a predição de dados de coeficientes de atividade,
considerando que a mistura não é formada por moléculas, e sim por grupos
funcionais. A vantagem deste conceito de solução de grupos é que o número
de grupos funcionais é muito menor que o número de possíveis compostos, o
que significa que, com um número limitado de parâmetros de interação de
grupo, é possível avaliar o comportamento de um grande número de sistemas.
O modelo UNIFAC/Dortmund é resultante da modificação proposta por
Gmehling e sua equipe (Weilich e Gmehling, 1987; Gmehling et al., 1993), que
propõe mudanças na parte combinatorial a partir de regressões de grupos
alcano-alcano, alcano-álcool e álcool-álcool, e na forma da dependência da
temperatura dos parâmetros de interação dos grupos. Os parâmetros de área e
volume de Van der Waals foram modificados, ajustando-os junto com os
parâmetros de interação a valores experimentais. Também foram introduzidos
os grupos cíclicos CH2 e CH, que possibilitam uma melhor predição de
sistemas contendo cicloalcanos.
Desta forma, pretende-se obter uma predição do equilíbrio líquido-vapor
do processo de carregamento de gasolina mais adequado à gasolina brasileira,
que contém cerca de 25%v/v de etanol.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
85
Capítulo IV – Metodologia Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
86
Capítulo V - Resultados Angela Martins de Souza
CAPÍTULO V
RESULTADOS
5.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta os resultados de análise obtidos pelos métodos
direto e indireto de amostragem dos vapores de VOC e os resultados de
análise da gasolina líquida carregada, fonte das emissões de VOC. Os
resultados analíticos do vapor foram comparados com os valores calculados
pelo método AP-42 da EPA. Através dessa análise comparativa, foi
determinado o fator de saturação da gasolina no processo de carregamento de
caminhão-tanque. Para a determinação do ponto de saturação, foi calculado o
equilíbrio líquido-vapor utilizando modelo UNIFAC modificado de Dortmund.
Este modelo permite a predição da emissão de VOC no processo de
carregamento de gasolina mais adequado à realidade brasileira, devido à
presença de etanol.
5.2 EMISSÕES DE VOC
5.2.1 Método Indireto
As emissões geradas no carregamento de gasolina foram inicialmente
avaliadas através da técnica de adsorção em tubos de carvão ativo. Foram
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
87
Capítulo V - Resultados Angela Martins de Souza
coletadas 10 amostras de vapores, em 5 pares, durante o carregamento de
gasolina. A coleta foi realizada em 3 dias diferentes, permitindo que fossem
avaliadas emissões oriundas de gasolinas de bateladas diferentes.
Para cada dia de coleta, foi adotada a seguinte rotina de amostragem:
1. Calibração das bombas de amostragem;
2. Identificação dos tubos de carvão;
3. Coleta das amostras;
4. Lacração e acondicionamento adequado dos tubos de carvão
usados na amostragem em caixa refrigerada;
5. Entrega das amostras no laboratório para análise cromatográfica.
A coleta das amostras com tubos de carvão foi feita do início ao fim do
processo de carregamento, para se obter um valor médio de concentração de
VOC no tempo. Portanto, o tempo de amostragem registrado corresponde ao
tempo de carregamento.
Na Tabela 5.1 são mostrados os dados registrados durante a coleta de
amostras. As amostras foram analisadas quanto ao TPH-GRO (“total petroleum
hydrocarbons – gasoline range organics”), a partir do qual foi calculada a
concentração de hidrocarbonetos no vapor emitido. Na Tabela 5.2 são
mostrados os resultados analíticos compilados e as concentrações de VOC
correspondentes.
Para se avaliar a influência dos vapores residuais de carregamentos
anteriores sobre as emissões de VOC durante um carregamento de gasolina,
também foi feita a amostragem de alguns tanques de caminhões vazios, cujo
carregamento anterior foi de gasolina ou de diesel, pois os tanques podem
operar com ambos, sem comprometimento da qualidade do produto carregado.
Para cada tanque foram realizadas duas medições: uma na parte superior,
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
88
Capítulo V - Resultados Angela Martins de Souza
próxima ao bocal de carregamento (topo) e outra na parte interna, a cerca de
um metro do bocal de carregamento (fundo). Observou-se que o tanque cujo
carregamento anterior foi diesel não apresentou concentrações detectáveis de
VOC para o tempo de amostragem de 3 minutos. O tanque contendo vapores
residuais de gasolina apresentou uma pequena concentração de vapores
apenas no fundo, denotando que os vapores se acumulam no fundo. Este
comportamento é coerente, já que a massa molecular dos compostos
orgânicos voláteis é maior do que a massa molecular do ar, e, portanto, a
densidade do vapor é maior do que a densidade do ar. Os resultados de
análise estão mostrados na Tabela 5.3.
O relatório do CONCAWE (2002b) propõe a formação de um filme de
vapor (camada limite de transferência de massa por evaporação). À medida
que ocorre o carregamento, o nível de líquido sobe, elevando esta camada
limite para o bocal superior do compartimento. A espessura desta camada
limite depende da velocidade de carregamento, porque pode ocorrer
turbulência e formação de respingos que fazem aumentar a camada de
evaporação. Outro fator que pode influenciar a espessura da camada é a
velocidade do ar sobre a superfície do líquido. Quanto menor a espessura da
camada limite, maior a evaporação (INCROPERA, 1998).
Para a avaliação do ambiente onde se realizou a operação de
carregamento, foi feita uma amostragem na área próxima à plataforma usando
um tempo de amostragem de 10 minutos. Não foram detectados vapores de
VOC no ambiente, indicando não haver influência de contaminantes no
ambiente sobre os resultados analíticos de emissões.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
89
Capítulo V - Resultados Angela Martins de Souza
Tabela 5.1: Dados registrados na coleta de amostras de vapores de VOC durante o carregamento de gasolina
Amostra 3A 3B 4A 4B 5A 5B 7A 7B 11A 11B
Data 02/10/03 02/10/03 02/10/03 02/10/03 02/10/03 02/10/03 25/11/03 25/11/03 13/01/04 13/01/04
Tanque de origem 1901 1901 1901 1901 1901 1901 1901 1901 1902 1902
Certificado de análise 1469/1470 1469/1470 1469/1470 1469/1470 1469/1470 1469/1470 1791 1791 061/062 061/062
Hora inicial 11:55:10 11:55:10 12:19:45 12:19:45 13:12:55 13:12:55 12:23:40 12:23:40 12:06:30 12:06:30
Hora final 11:58:17 11:58:17 12:24:27 12:24:27 13:16:00 13:16:00 12:28:47 12:28:47 12:11:20 12:11:20
Tempo de carregamento 03 min 07s 03 min
07s 04 min
42s 04 min
42s 03 min
05s 03 min
05s 05 min 07
s 05 min 07
s 04 min 50
s 04 min 50
s
Temperatura ambiente (oC) 26,0 26,0 26,5 26,5 26,5 26,5 32,4 32,4 34,1 34,1
Temperatura gasolina (oC) 27,0 27,0 27,5 27,5 27,5 27,5 29,0 29,0 28,0 28,0
No. compartimento 3 3 3 3 5 5 2 2 1 1
Ilha de carregamento F F E E F F E E E E
Volume Carregado (L) 5000 5000 5000 5000 7000 7000 5000 5000 5000 5000
Bomba de amostragem 3 4 3 4 3 4 4 3 3 4
Vazão da bomba (ml/min) 30,14 30,28 30,14 30,28 30,14 30,28 30,28 30,14 29,95 30,70
Umidade relativa 70% 70% 70% 70% 70% 70% 44% 44% 56% 56%
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
90
Capítulo V - Resultados Angela Martins de Souza
Tabela 5.2: Resultados de análise das amostras e determinação da concentração de VOC nas emissões
AMOSTRA TPH-GRO (µg)
VOLUME CARREGADO
(litros)
TEMPO DE CARREGAMENTO BOMBA
VAZÃO DA BOMBA (ml/min)
VOLUME AMOSTRADO
(ml)
CONCENTRAÇÃO DE VOC (mg/L)
3A 3510 5000 03 min 07 s 3 30,14 93,94 37,36
3B (OBS) - 5000 - 4 30,28 - -
4A 4180 5000 04 min 42 s 3 30,14 141,66 29,51
4B 2930 5000 04 min 42 s 4 30,28 142,32 20,59
5A 2920 7000 03 min 05 s 3 30,14 92,93 31,42
5B 4280 7000 03 min 05 s 4 30,28 93,36 45,84
7A 3992 5000 05 min 07 s 4 30,00 153,50 26,00
7B 4985 5000 05 min 07 s 3 30,26 154,83 32,20
11A 3720 5000 04 min 50 s 3 29,95 144,76 25,70
11B 4080 5000 04 min 50 s 4 30,70 148,38 27,50
OBS: A amostra 3B foi perdida, porque a bomba não foi acionada adequadamente.
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91
Capítulo V - Resultados Angela Martins de Souza
Tabela 5.3: Resultados de análise das amostras de vapores residuais dos tanques de carregamento
AMOSTRA TPH-GRO (µg)
CARREGAMENTO ANTERIOR
PONTO DE AMOSTRAGEM
TEMPO DE AMOSTRAGEM BOMBA
VAZÃO DA
BOMBA (ml/min)
VOLUME AMOSTRADO
(ml)
CONCENTRAÇÃO DE VOC (mg/L)
6A ND Gasolina Topo 03 min 3 30,26 90,78 ND
6B 778 Gasolina Fundo 03 min 4 30,00 90,00 8,64
8A ND Diesel Topo 03 min 4 30,00 90,00 ND
8B ND Diesel Fundo 03 min 3 30,26 90,78 ND
Nota: ND = Não Detectável
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92
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
5.2.2 Método Direto
Na segunda etapa da pesquisa, a amostragem do vapor foi realizada
pelo método direto, utilizando macrosseringas de 500 ml. Neste método de
amostragem, o vapor é coletado em poucos segundos, puxando o pistão
rapidamente. Desta forma, a amostra indica a concentração no instante em que
foi coletada.
Foram coletadas 10 amostras em diferentes momentos do
carregamento, conforme descrito no item 4.3.2 do capítulo IV.
A última amostra foi coletada de forma corrida, para uma avaliação
analítica global das emissões no processo, pois todas as demais amostras
representavam a concentração de VOC em um determinado instante.
Na Tabela 5.4 são mostrados os resultados analíticos. Cabe ressaltar
que a composição de VOC está apresentada com base isenta de ar.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
93
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
Tabela 5.4: Resultados analíticos das amostras de vapor
COMPONENTES VAPORES RESIDUAIS
FASE INTERMEDIÁRIA DO CARREGAMENTO FASE FINAL DO CARREGAMENTO
APÓS TÉRMINO CARREG.
AMOSTRA CORRIDA
Vapor 6A
(%v/v)
Vapor 1A
(%v/v)
Vapor 2A
(%v/v)
Vapor 3A
(%v/v)
Vapor 1B
(%v/v)
Vapor 2B
(%v/v)
Vapor 3B
(%v/v)
Vapor 4A
(%v/v)
Vapor 4B
(%v/v)
Vapor 5A
(%v/v)
C3 0,075 0,195 0,417 0,897 0,249 0,334 0,820 0,558 0,897 0,573
C4 7,528 11,417 6,502 20,905 13,096 11,788 17,510 13,146 20,903 17,306
C5 41,297 53,836 66,780 56,708 59,665 58,493 53,115 63,589 57,109 59,341
C6 19,851 13,663 11,513 9,097 12,813 12,945 11,422 12,372 8,690 10,213
Subtotal C3-C6 68,751 79,111 85,212 87,607 85,823 83,560 82,867 89,665 87,599 87,433
C7 11,886 5,255 3,447 1,611 3,555 4,815 3,200 3,041 1,619 1,969
C8 4,521 1,758 0,420 0,218 0,746 0,603 0,706 0,466 0,219 0,201
C9 0,574 0,630 0,036 0,025 0,158 0,191 0,097 0,015 0,024 0,000
C10 0,000 0,105 0,000 0,000 0,008 0,009 0,000 0,000 0,000 0,000
C11 0,000 0,006 0,000 0,003 0,000 0,000 0,030 0,037 0,003 0,000
C12 0,133 0,001 0,000 0,002 0,005 0,000 0,000 0,175 0,002 0,049
C13 1,23 0,000 0,006 0,036 0,016 0,025 0,133 0,021 0,036 0,400
Subtotal C7-C14 18,344 7,755 3,908 1,895 4,488 5,643 4,166 3,755 1,903 2,619
Etanol 12,905 13,134 10,880 10,498 9,689 10,797 12,967 6,580 10,498 9,948
TOTAL 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
94
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
T (oC) 27,5 29,0 28,5 29,0 29,0 28,5 29,0 28,0 28,0 28,0
Carreg. Anterior Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina Gasolina
N2 +O2 97,189 92,324 94,968 94,664 82,718 87,0336 84,076 83,193 76,381 93,714
PM VOCs 76,169 69,483 70,083 67,013 69,747 70,104 67,948 70,334 66,958 68,423
%v/v VOC 2,813 7,676 4,962 5,336 17,282 12,966 15,924 16,807 23,619 6,286
Perda VOC (Kg/m3) 0,0868 0,2054 0,1406 0,1448 0,4867 0,3676 0,4382 0,4787 0,6404 0,1742
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
95
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
5.2.3 Análise dos Resultados
5.2.3.1 Método Indireto
As amostras obtidas pelo método indireto indicaram uma concentração
média de VOC nos vapores de 30,68 mg/L, valor muito baixo comparado ao
valor estimado de saturação de aproximadamente 1000 mg/L.
O método adotado para análise de TPH utiliza diclorometano para a
eluição do carvão ativo. Os dois principais modos de dessorção normalmente
utilizados são por solvente e térmico. A técnica estabelecida de dessorção
térmica é recomendada pelo método 8/86 como a opção preferencial. Os
valores encontrados indicam que a dessorção com diclorometano foi
inadequada para a análise de TPH. Estima-se que tenha havido grande perda
de hidrocarbonetos durante a manipulação das amostras, causando grandes
distorções nos resultados. Além disso, essa técnica não analisa o etanol
presente no vapor, prejudicando a análise global, uma vez que o etanol
também é considerado VOC.
Tendo em vista os problemas detectados, conclui-se que o método
indireto não foi adequado para a avaliação analítica das emissões e que os
resultados não foram representativos do processo.
5.2.3.2 Método Direto
No método direto, foram coletadas amostras utilizando macroseringas,
que coletam diretamente o vapor emitido, sendo possível injetá-lo diretamente
no cromatógrafo para sua análise. Este método evita interferências de
solventes usados no método indireto e minimiza erros decorrentes do
tratamento preliminar da amostra para a análise. O método também tem a
vantagem de medir a concentração de etanol no vapor, o que o método com
carvão ativo não permite.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
96
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
Pelos resultados obtidos conclui-se que a metodologia direta é mais
eficaz e confiável, uma vez que minimiza as interferências do método indireto,
tais como capacidade de adsorção dos componentes da gasolina, capacidade
de eluição do solvente de cada substância, perdas na manipulação da amostra
antes da análise.
A Tabela 5.4 mostra que o vapor formado durante o carregamento é
constituído principalmente por compostos C4, C5 e C6, que totalizam em média
85%v/v do total de VOC. Também o etanol vaporizado é bastante
representativo, contribuindo em média com 10%v/v do total de VOC. Portanto,
a pressão de vapor desses compostos, a temperatura de carregamento e a
interação dos compostos na fase líquida são fatores determinantes na emissão
de vapores para a atmosfera.
O perfil médio de composição da emissão de VOC está ilustrado na
Figura 5.1, em conjunto com o perfil médio de composição da gasolina líquida
estudada, cujos resultados analíticos serão mostrados na Tabela 5.5.
05
1015202530354045505560
C3
C4
C5
C6
C7
C8
C9
C10
C11
C12
C13
Etan
ol
%v/
v Gasolina LíquidaEmissão de VOC
Figura 5.1: Perfil de composição da emissão de VOC e da gasolina líquida
Nota-se nitidamente, pela Figura 5.1, a diferença entre as composições
da gasolina líquida e dos vapores.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
97
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
Observa-se pela Tabela 5.4 que a temperatura ambiente não variou
significativamente nas amostragens, limitando a análise da variação da
concentração da emissão com a temperatura ambiente. Da mesma forma, as
temperaturas da gasolina e do compartimento não apresentaram variações que
influenciassem de forma expressiva o teor de VOC nos vapores emitidos.
Os vapores residuais estão em 2,8%v/v, valor semelhante ao relatado no
relatório do CONCAWE (2002b) sobre carregamento de navios.
De acordo com o CONCAWE(2002b), o tempo de carregamento exerce
uma influência expressiva sobre a concentração de VOC nas emissões.
Estima-se que quanto menor for o tempo de carregamento, mais fina será a
camada de vapores saturados sobre a gasolina líquida e maior a volatilização
do produto. Apesar disso, o curto tempo de carregamento não permite que
ocorra a saturação do vapor, o que minimiza as perdas de VOC na emissão de
vapores.
5.3 GASOLINA LÍQUIDA
As gasolinas líquidas que originaram os vapores também foram
analisadas. A Tabela 5.5 mostram o perfil de composição dessas gasolinas.
Tabela 5.5: Resultados analíticos das gasolinas líquidas
COMPONENTES Gasolina 1 (%v/v)
Gasolina 2 (%v/v)
Gasolina 3 (%v/v)
Gasolina 4 (%v/v)
Gasolina 5 (%v/v)
C3 0,005 0,003 0,011 0,009 0,005
C4 1,495 0,952 1,430 1,269 1,808
C5 14,974 16,361 15,565 15,979 15,796
C6 11,963 12,663 11,470 12,547 12,507
Subtotal C3-C6 28,437 29,979 28,476 29,804 30,116
C7 10,722 11,684 12,510 12,905 11,664
C8 12,599 10,848 10,846 11,267 11,080
C9 10,536 9,134 10,143 8,960 9,727
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
98
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
C10 7,810 5,399 6,229 5,400 6,074
C11 2,534 2,335 2,093 2,163 2,195
C12 2,283 1,255 2,085 2,100 2,471
C13 1,061 0,508 0,741 0,764 0,934
Subtotal C7-C14 47,545 41,163 44,647 43,559 44,145
Etanol 24,018 28,858 26,877 26,637 25,739
TOTAL 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
A Tabela 5.5 mostra que a composição da gasolina apresenta poucas
variações. A composição abrange hidrocarbonetos de C3 a C13, sendo
constituída em cerca de 29% por hidrocarbonetos C3 a C6, principais
componentes responsáveis pela volatilidade da gasolina e que influenciam
fortemente sua pressão de vapor e, conseqüentemente, as emissões de VOC
ao longo do carregamento.
5.3.1 Simulação do equilíbrio líquido-vapor da gasolina
no carregamento
A simulação teve por objetivo determinar os valores de saturação,
através do cálculo da temperatura de bolha, e avaliar o comportamento da
gasolina no processo de “flash”, que ocorre durante o carregamento. O modelo
de equilíbrio líquido-vapor utilizado foi UNIFAC modificado de Dortmund, que
prevê interações hidrocarboneto-álcool na fase líquida. A composição da
gasolina líquida obtida por análise cromatográfica serviu como base de dados
para a simulação.
Dada a grande quantidade de componentes, foram definidos os
seguintes critérios:
Os componentes mais voláteis (C3 a C6) foram representados da
forma mais realista possível, a partir da seleção de suas próprias
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
99
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
propriedades. Os componentes cujas propriedades não estavam
disponíveis foram representados por compostos semelhantes;
Os componentes de C7 a C13 foram representados por compostos
que tivessem o mesmo número de carbonos e a mesma classe (n-
parafinas, i-parafinas, naftênicos, olefinas, aromáticos);
Alguns componentes aromáticos mais relevantes, como benzeno,
tolueno, etilbenzeno e xilenos foram representados por eles
mesmos.
Os componentes selecionados e a composição da gasolina para a
simulação encontram-se na Tabela 5.6:
Tabela 5.6: Composição da Gasolina líquida para simulação
COMPONENTE Gaso 1
(%v/v)
Gaso 2
(%v/v)
Gaso 3
(%v/v)
Gaso 4
(%v/v)
Gaso 5
(%v/v)
PROPENO 0,005 0,003 0,011 0,009 0,005
ISOBUTANO 0,099 0,045 0,098 0,076 0,079
CICLOBUTANO 0,344 0,363 0,375 0,368 0,382
1-BUTENO 0,175 0,113 0,216 0,181 0,223
CIS-2-BUTENO 0,334 0,333 0,420 0,382 0,458
TRANS-2-BUTENO 0,289 0,251 0,359 0,320 0,393
1,3-BUTADIENO 0,000 0,004 0,008 0,005 0,006
N-BUTANO 0,254 0,206 0,329 0,305 0,267
2-METIL-1-BUTENO 1,550 1,848 1,793 1,759 1,652
1-PENTENO 0,710 0,829 0,847 0,804 0,815
2,2-DIMETIL-PROPANO 0,005 0,004 0,004 0,005 0,004
2-METIL-BUTANO 5,549 5,409 4,886 5,304 5,444
N-PENTANO 1,135 1,388 1,380 1,873 1,305
2-METIL-1,3-BUTADIENO 0,000 0,160 0,173 0,165 0,000
2-METIL-2-BUTENO 3,050 3,009 2,803 2,762 3,242
1-TRANS-3-PENTADIENO 0,000 0,000 0,003 0,000 0,000
CIS-1,3-PENTADIENO 0,103 0,137 0,142 0,000 0,133
TRANS-2-PENTENO 2,509 2,784 2,714 2,647 2,748
CICLOPENTENO 0,264 0,312 0,312 0,135 0,324
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
100
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
CICLOPENTANO 0,099 0,118 0,133 0,157 0,129
BENZENO 0,407 0,456 0,417 0,470 0,469
2-METIL-PENTANO 4,590 4,394 4,082 4,539 4,971
METILCYCLOPENTANO 1,046 1,047 1,138 1,337 1,164
TRANS-2-HEXENO 5,193 5,966 4,936 4,901 5,059
N-HEXANO 0,727 0,800 0,897 1,300 0,844
TOLUENO 2,473 2,406 2,168 2,210 2,439
2-METILHEXANO 2,361 2,556 2,488 2,832 2,719
CIS-1,3-DIMETILCICLOPENTANO 0,802 1,357 1,744 2,013 1,678
TRANS-3-HEPTENO 4,361 5,365 5,207 4,674 4,008
N-HEPTANO 0,725 0,000 0,903 1,176 0,820
ESTIRENO 0,080 0,071 0,076 0,069 0,073
ETILBENZENO 0,757 0,683 0,659 0,651 0,717
P-XILENO 0,941 0,814 0,739 0,718 0,857
O-XILENO 1,254 1,064 1,011 0,973 1,122
M-XILENO 2,519 2,150 2,000 1,952 2,235
2,2,3-TRIMETILPENTANO 2,209 2,136 2,276 2,353 2,274
CIS-1,3-DIMETILCICLOHEXANO 3,482 2,698 2,640 2,824 2,332
TRANS-2-OCTENO 0,675 0,581 0,644 0,739 0,766
N-OCTANO 0,682 0,651 0,801 0,988 0,704
1-METIL-3-ETILBENZENO 6,075 5,033 4,976 4,827 5,520
2,2-DIMETILHEPTANO 1,414 1,337 1,492 1,216 1,441
1-TRANS-3,5-TRIMETILCICLOHEXANO 2,250 1,927 2,437 2,027 2,109
1-NONENO 0,385 0,492 0,793 0,549 0,321
N-NONANO 0,412 0,345 0,445 0,341 0,336
1,2-DIMETIL-3-ETILBENZENO 5,673 3,186 3,625 3,276 3,941
3,3,5-TRIMETILHEPTANO 0,940 0,947 0,876 0,891 0,841
1,2,3,4-TETRAMETILCICLOHEXANO 0,936 1,036 1,489 1,034 1,078
N-DECANO 0,261 0,230 0,239 0,199 0,214
PENTAMETILBENZENO 1,379 1,542 1,344 1,669 1,714
N-UNDECANO 1,044 0,470 0,425 0,373 0,370
1-UNDECENO 0,111 0,323 0,324 0,121 0,111
1,2,4-TRIETILBENZENO 1,434 0,740 1,236 1,180 1,394
N-DODECANO 0,849 0,515 0,849 0,920 1,077
N-HEPTILBENZENO 1,061 0,508 0,741 0,764 0,934
ETANOL 24,018 28,858 26,877 26,637 25,739
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
101
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
TOTAL 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
As simulações foram feitas à temperatura das amostras coletadas e para
uma faixa de temperaturas que possibilitasse a avaliação da sensibilidade da
concentração de VOC no vapor versus variação de temperatura. A faixa de
temperatura escolhida para essa análise foi 25 a 45oC, que compreende a faixa
de temperatura de trabalho em terminais de distribuição localizados no
Nordeste. Apesar do terminal em estudo, localizado em Salvador, não operar
em uma faixa de trabalho tão ampla, buscou-se uma avaliação mais
abrangente para uma análise de sensibilidade.
A simulação calcula o ponto de bolha da corrente de gasolina à
temperatura de carregamento. A pressão de equilíbrio encontrada é
complementada até a pressão atmosférica através da adição de ar. A
concentração de VOC é calculada da seguinte forma:
+=
( ).( /
hc Et
total
m mConc VOCm dens)
em que:
Conc. VOC = Concentração de VOC (g/L)
mhc = Massa de hidrocarbonetos (g)
mEt = Massa de etanol (g)
mtotal = Massa total de vapor (g)
dens = Densidade do vapor (g/L)
A massa total de vapor abrange hidrocarbonetos, etanol e ar.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
102
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
Com base nos resultados de simulação, foram calculadas as
concentrações de saturação nas temperaturas em que foram feitos os
carregamentos, conforme mostrado na Tabela 5.7. A composição de cada
componente é fornecida na saída da simulação. As composições apresentadas
na Tabela 5.7 foram calculadas pela soma dos percentuais volumétricos dos
componentes de mesmo número de carbonos.
Tabela 5.7: Composição e concentração de VOC calculado pela simulação
COMPONENTES Gasolina 1 (%v/v)
Gasolina 2 (%v/v)
Gasolina 3 (%v/v)
Gasolina 4 (%v/v)
Gasolina 5 (%v/v)
C3 0,2513 0,2463 0,4796 0,494 0,2445
C4 15,8291 12,8079 17,9856 16,296 17,6039
C5 49,4975 52,2167 48,2014 49,383 48,8998
C6 11,0553 11,8227 10,3118 11,111 11,2469
C7 2,7638 3,4483 3,1175 3,704 3,1785
C8 0,7538 0,4926 0,4796 0,494 0,4890
C9 0,0000 0,0000 0,2398 0,000 0,0000
C10 0,0000 0,0000 0,0000 0,000 0,0000
C11 0,0000 0,0000 0,0000 0,000 0,0000
C12 0,0000 0,0000 0,0000 0,000 0,0000
C13 0,0000 0,0000 0,0000 0,000 0,0000
Etanol 19,8492 18,9655 19,1847 18,519 18,3374
TOTAL 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Conc. Sat. VOC (Kg/m3) 1,0921 1,1209 1,1418 1,1173 1,1236
Observa-se que as composições de simulação apresentam algumas
diferenças com relação aos resultados analíticos. Isso se explica, em parte,
pela diferença de grau de saturação dos resultados, uma vez que a simulação
calcula as condições de saturação do sistema, enquanto que as amostras
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
103
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
analisadas apresentam concentração de VOC abaixo da saturação. Além
disso, os teores de etanol apresentam acentuada diferença comparados aos
valores experimentais, indicando uma necessidade de ajuste nos parâmetros
de interação hidrocarboneto-etanol do modelo UNIFAC.
Na Tabela 5.8 e na Figura 5.2 são comparados os perfis de
concentração de VOC obtidos pela simulação e pela análise das amostras:
Tabela 5.8: Perfil Composição de VOC da simulação e dos dados analíticos
COMPONENTES Simulação(%v/v)
Dados Analíticos
(%v/v)
C3 0,343 0,549
C4 16,105 14,730
C5 49,640 58,737
C6 11,110 11,414
C7 3,242 3,168
C8 0,542 0,593
C9 0,048 0,131
C10 0,000 0,014
C11 0,000 0,009
C12 0,000 0,026
C13 0,000 0,075
Etanol 18,971 10,554
TOTAL 100,000 100,000
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
104
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
0,000
10,000
20,000
30,000
40,000
50,000
60,000
70,000
C3
C4
C5
C6
C7
C8
C9
C10
C11
C12
C13
Eta
nol
%v/
v SimulaçãoDados Analíticos
Figura 5.2: Perfil de composição de VOC da simulação e dos dados analíticos
Para avaliar o efeito do etanol no equilíbrio, também foram feitas
simulações considerando dois critérios: a gasolina como solução ideal e a
gasolina sem a adição de álcool.
Observa-se que há uma significativa diferença entre as concentrações
calculadas pelo modelo de equilíbrio líquido-vapor UNIFAC e pelo modelo de
solução ideal. No modelo UNIFAC as concentrações de VOC são mais maiores
que as calculadas pelo modelo de solução ideal. Atribui-se essa diferença
basicamente ao etanol, cuja pressão de vapor (cerca de 9,804 KPa) é mais
baixa que a da mistura dos hidrocarbonetos C3 a C6 (cerca de 39,238 KPa) à
temperatura do carregamento. O modelo ideal considera que não há interações
entre os componentes da mistura. Já o UNIFAC prevê essas interações e o
efeito de aumento da pressão de vapor da gasolina na mistura com etanol,
confirmando os resultados obtidos por Cruz (2003).
A simulação para a gasolina sem etanol mostra que os resultados pelos
modelos UNIFAC e de solução ideal se aproximam. Isso se explica pela
ausência do etanol, o que reduz bastante as interações intermoleculares na
mistura de componentes da gasolina e, conseqüentemente, no equilíbrio
líquido-vapor.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
105
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
Na Tabela 5.9 estão mostrados os resultados de simulação para os
modelos UNIFAC modificado e de solução ideal da gasolina com etanol.
Na Tabela 5.10 estão apresentados os resultados de ambos os modelos
para a gasolina sem álcool.
A comparação dos resultados obtidos pelas simulações e a variação de
concentração de VOC com a temperatura estão ilustradas na Figuras 5.3, que
representa a gasolina 1. Vale ressaltar que, dada a semelhança de composição
entre as gasolinas, todas as simulações apresentaram o mesmo perfil de
resultados.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
106
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
107
Tabela 5.9: Resultados de simulação para gasolina com etanol (concentração de VOC, em Kg/m3)
Gasolina 1 Gasolina 2 Gasolina 3 Gasolina 4 Gasolina 5 TEMP. (oC)
UNIFAC IDEAL UNIFAC IDEAL UNIFAC IDEAL UNIFAC IDEAL UNIFAC IDEAL
25 0,9488 0,5623 0,9939 0,5535 0,9928 0,5727 1,0052 0,5789 1,0115 0,5899
26 0,9831 0,5830 1,0300 0,5742 1,0285 0,5938 1,0415 0,6004 1,0478 0,6116
27 1,0184 0,6044 1,0671 0,5956 1,0652 0,6156 1,0789 0,6224 1,0851 0,6340
28 1,0547 0,6265 1,1053 0,6177 1,1029 0,6380 1,1173 0,6452 1,1236 0,6570
29 1,0921 0,6491 1,1446 0,6404 1,1418 0,6611 1,1568 0,6686 1,1631 0,6807
30 1,1305 0,6725 1,1850 0,6637 1,1818 0,6849 1,1974 0,6927 1,2037 0,7051
31 1,1700 0,6965 1,2266 0,6878 1,2228 0,7094 1,2392 0,7175 1,2455 0,7302
32 1,2107 0,7212 1,2693 0,7126 1,2651 0,7346 1,2821 0,7431 1,2885 0,7560
33 1,2524 0,7467 1,3133 0,7382 1,3085 0,7605 1,3263 0,7693 1,3326 0,7826
34 1,2954 0,7729 1,3584 0,7645 1,3531 0,7872 1,3717 0,7964 1,3780 0,8099
35 1,3395 0,7998 1,4048 0,7915 1,3989 0,8147 1,4183 0,8242 1,4246 0,8381
36 1,3848 0,8275 1,4525 0,8193 1,4460 0,8429 1,4662 0,8528 1,4725 0,8670
37 1,4314 0,8560 1,5015 0,8480 1,4944 0,8719 1,5154 0,8823 1,5216 0,8967
38 1,4792 0,8853 1,5517 0,8774 1,5440 0,9018 1,5659 0,9125 1,5721 0,9273
39 1,5284 0,9154 1,6034 0,9077 1,5950 0,9325 1,6178 0,9437 1,6239 0,9587
40 1,5788 0,9463 1,6564 0,9389 1,6474 0,9640 1,6711 0,9756 1,6771 0,9909
41 1,6306 0,9781 1,7108 0,9709 1,7011 0,9964 1,7258 1,0085 1,7317 1,0241
42 1,6837 1,0107 1,7667 1,0038 1,7563 1,0297 1,7819 1,0422 1,7878 1,0581
43 1,7383 1,0443 1,8240 1,0376 1,8129 1,0639 1,8395 1,0769 1,8452 1,0931
44 1,7942 1,0787 1,8828 1,0724 1,8709 1,0991 1,8985 1,1125 1,9042 1,1290
45 1,8517 1,1141 1,9432 1,1081 1,9305 1,1352 1,9591 1,1491 1,9647 1,1659
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
107
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
108
Tabela 5.10: Resultados de simulação para gasolina sem etanol (concentração de VOC, em Kg/m3)
Gasolina 1 Gasolina 2 Gasolina 3 Gasolina 4 Gasolina 5 TEMP. (oC)
UNIFAC IDEAL UNIFAC IDEAL UNIFAC IDEAL UNIFAC IDEAL UNIFAC IDEAL25 0,9198 0,8621 0,9786 0,9231 0,9783 0,9279 0,9855 0,9337 0,9931 0,936526 0,9511 0,8919 1,0123 0,9553 1,0115 0,9599 1,0192 0,9660 1,0269 0,968827 0,9832 0,9225 1,0468 0,9883 1,0456 0,9926 1,0537 0,9991 1,0615 1,001928 1,0162 0,9539 1,0823 1,0222 1,0805 1,0263 1,0891 1,0332 1,0970 1,035829 1,0500 0,9862 1,1187 1,0570 1,1163 1,0608 1,1254 1,0681 1,1334 1,070730 1,0846 1,0193 1,1560 1,0927 1,1531 1,0962 1,1627 1,1039 1,1707 1,106531 1,1202 1,0532 1,1942 1,1293 1,1907 1,1325 1,2009 1,1407 1,2090 1,143232 1,1566 1,0880 1,2335 1,1669 1,2294 1,1698 1,2400 1,1784 1,2482 1,180833 1,1940 1,1238 1,2737 1,2054 1,2689 1,2080 1,2802 1,2170 1,2884 1,219434 1,2322 1,1604 1,3149 1,2449 1,3095 1,2471 1,3213 1,2567 1,3296 1,259035 1,2714 1,1979 1,3572 1,2855 1,3510 1,2873 1,3634 1,2973 1,3718 1,299536 1,3116 1,2364 1,4004 1,3270 1,3935 1,3284 1,4066 1,3389 1,4150 1,341137 1,3527 1,2758 1,4448 1,3695 1,4371 1,3705 1,4508 1,3816 1,4593 1,383638 1,3948 1,3162 1,4902 1,4131 1,4816 1,4137 1,4961 1,4253 1,5046 1,427239 1,4379 1,3576 1,5367 1,4578 1,5273 1,4579 1,5424 1,4701 1,5509 1,471940 1,4820 1,3999 1,5842 1,5035 1,5740 1,5032 1,5899 1,5159 1,5984 1,517641 1,5271 1,4433 1,6330 1,5504 1,6218 1,5495 1,6384 1,5628 1,6470 1,564442 1,5733 1,4877 1,6828 1,5983 1,6707 1,5969 1,6881 1,6109 1,6966 1,612343 1,6205 1,5331 1,7338 1,6474 1,7207 1,6455 1,7389 1,6601 1,7474 1,661344 1,6688 1,5796 1,7860 1,6976 1,7718 1,6951 1,7909 1,7104 1,7994 1,711445 1,7182 1,6272 1,8393 1,7490 1,8241 1,7459 1,8441 1,7618 1,8525 1,7627
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
108
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
109
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
Gasolina 1
0,0000
0,2000
0,4000
0,6000
0,8000
1,0000
1,2000
1,4000
1,6000
1,8000
2,0000
25 30 35 40 45
Temperatura (oC)
Con
cent
raçã
o de
VO
C (g
/L)
UNIFAC C/ ETANOLUNIFAC S/ ETANOLIDEAL C/ ETANOLIDEAL S/ ETANOL
Figura 5.3: Análise comparativa dos resultados de simulação – Gasolina 1
Observa-se na Figuras 5.3 que a temperatura é um fator de grande
influência na emissão de VOC. Para uma diferença de 20oC (de 25 a 45oC), a
concentração de VOC na emissão aumentou em 2 vezes, ou seja, dobrou.
Embora a relação entre temperatura e concentração não seja linear, na faixa
de temperatura de 25oC a 45oC pode-se considerar que na condição de
saturação, a concentração de VOC na emissão aumenta 50% a cada aumento
de temperatura de 10oC.
5.3.2 Cálculo da Emissão de VOC segundo o modelo
EPA (AP-42)
Conforme já descrito no Capítulo III, item 3.2, as emissões de VOC no
processo de carregamento de gasolina em caminhão-tanque podem ser
estimadas utilizando a expressão:
12,46 * * *L
S P MLT
= (3.1)
109
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
110
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
em que:
LL : perda no carregamento, em lb/103 gal líquido carregado
S : fator de saturação, obtido empiricamente
P : pressão de vapor verdadeira do produto carregado, em psia
M : Massa molecular dos vapores, em lb/lbmol
T : temperatura do líquido carregado, em oR
O fator de saturação S para um carregamento de tubo submerso em
tanque em operação normal (sem balanço de vapor), segundo a EPA, é de
0,60, conforme foi mostrado na Tabela 3.1 do Capítulo III.
As massas moleculares dos vapores analisados estão mostradas na
Tabela 5.4.
A pressão de vapor foi determinada por simulação, usando o método
UNIFAC de Dortmund, baseado na composição da gasolina líquida.
Com base na equação 3.1 e nos valores de S, M e P indicados, foram
encontrados os valores de emissão mostrados na Tabela 5.11:
Tabela 5.11: Cálculo da emissão de VOC pela AP-42 (EPA)
Temperatura Pressão de
Vapor Verdadeira (P)
Massa Molecular (M)
Perda no carregamento (LL) AMOSTRA
(OC) (OF) (psia) (lb/lbmol) (lb/103gal) (Kg/m3)
1A 29 84,2 5,8443 69,483 5,5827 0,6690
2A 28,5 83,3 5,9301 70,083 5,7230 0,6858
3A 29 84,2 6,1391 67,013 5,6558 0,6777
1B 29 84,2 5,8443 69,747 5,6039 0,6715
2B 28,5 83,3 5,9301 70,104 5,7247 0,6860
110
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
111
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
3B 29 84,2 6,1391 67,948 5,7347 0,6872
4A 28 82,4 5,9361 70,334 5,7589 0,6901
4B 28 82,4 5,9361 66,958 5,4825 0,6569
5A 29 84,2 5,9946 68,423 5,6389 0,6757
5.3.3 Comparação entre os dados experimentais e os
dados obtidos com o modelo da EPA
Na Tabela 5.12 são comparados os valores de perda calculados pela
AP-42 (EPA) com os dados obtidos experimentalmente. Observa-se que os
dados experimentais são menores que os da EPA.
Rearranjando a equação 3.1, tem-se:
=*
12,46 * *LL TS
P M
em que S é o fator de saturação calculado a partir dos dados experimentais de
perda no carregamento (LL), temperatura de carregamento (T), pressão de
vapor (P), e massas moleculares dos vapores analisados (M). Todos os
parâmetros citados estão mostrados na Tabela 5.11.
A perda de carga dos vapores na saída do tanque de carga foi
considerada desprezível.
Na Tabela 5.12 são apresentados os fatores de saturação calculados,
conforme a equação 3.1 rearranjada.
111
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
112
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
Tabela 5.12: Comparação entre os dados calculados pela AP-42 (EPA) e os
dados experimentais de vapor
Fase da Amostragem Amostra
Modelo EPA (AP-42) (Kg/m3)
Dados experimentais
(Kg/m3)
Fator de Saturação calculado
1A 0,6690 0,2054 0,1842
2A 0,6858 0,1406 0,1230 40% - 60% do carregamento
3A 0,6777 0,1448 0,1282
1B 0,6715 0,4867 0,4349
2B 0,6860 0,3676 0,3215
3B 0,6872 0,4382 0,3826
80% - 100% do
carregamento
4A 0,6901 0,4787 0,4162
Após término do
carregamento 4B 0,6569 0,6404 0,5849
Amostra corrida 5A 0,6757 0,1742 0,1547
Observa-se que o fator de saturação aumenta ao longo do processo de
carregamento. As amostras 1A, 2A e 3A, coletadas na fase intermediária do
carregamento (40-60% do volume carregado), apresentam fatores de
saturação variando de 0,1 a 0,2. As amostras 1B, 2B, 3B e 4A, coletadas na
fase final (80-100%) têm o fator mais alto, variando de 0,3 a 0,4. Ao término do
carregamento, o fator é similar ao definido pela EPA, conforme demonstrado
pela amostra 4B, coletada logo após o final do carregamento (fator = 0,5849).
O fator obtida na amostra corrida, foi de 0,1547, indicando uma perda média de
produto inferior à calculada pelo modelo EPA.
Para se determinar o fator de saturação médio, foi feito um ajuste dos
dados, conforme mostrado na Figura 5.4. A equação de ajuste dos dados
também está apresentada na Figura 5.4. Fazendo-se a integração da equação,
112
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
113
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
obtém-se um fator de saturação médio de 0,1751, que é um valor próximo ao
obtido para a amostra corrida.
Apesar do efeito do etanol, aumentando a pressão de vapor da gasolina,
o curto tempo de carregamento faz com que o fator de saturação se mantenha
baixo, minimizando as emissões de VOC.
y = 0,00005086092x2 - 0,00007336667x + 0,00925374572
R2 = 0,93451432239
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0 20 40 60 80 100
% Carregamento
Fato
r de
Satu
raçã
o
FatorPolinômio (Fator)
Figura 5.4: Ajuste dos fatores de saturação
5.3.4 Análise da influência do PVR e da Temperatura
sobre as Emissões de VOC
Tendo em vista a avaliação do grau de influência do PVR e da
temperatura nas emissões de VOC, uma vez que nas amostragens não houve
grandes variações de temperatura e de composição da gasolina líquida que
possibilitassem uma análise mais apurada da influência dessas variáveis sobre
as emissões, foi feita uma simulação de gasolinas de diferentes PVR. As
gasolinas foram sintetizadas para efeito de simulação variando-se a proporção
de leves (C4 a C6) em relação aos compostos mais pesados (C7 a C13),
permanecendo fixo o teor de etanol. O PVR variou de 50,57 a 68,64 Kpa, para
uma faixa de temperatura de 25 a 45oC. Para cada par (PVR,T) foram
113
Capítulo V – Resultados Angela Martins de Souza
114
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
calculadas as emissões correspondentes. Os resultados obtidos estão
mostrados na Figura 5.5.
50
55
60
65
70
25
30
35
40
450.5
1
1.5
2
2.5
PVR (KPa)Temperatura (ºC)
VO
C (k
g/m
3)
Figura 5.5: Análise da variação do PVR e da temperatura sobre as emissões
de VOC
Os pontos de menor emissão estão em azul e os de maior emissão
estão em vermelho.
Nota-se que a influência da temperatura é mais acentuada que a
influência da composição da gasolina, que caracteriza o PVR. A área obtida é
suavemente curva, indicando uma tendência de aumento não linear de
emissão principalmente para temperaturas mais altas.
Portanto, mesmo para composições de gasolina com maior teor de
compostos C4 a C6, que conferem um PVR mais alto, a temperatura é um fator
preponderante na geração de emissões.
114
Capítulo VI – Plano de Prevenção de Emissões Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
CAPÍTULO VI
PLANO DE PREVENÇÃO DE EMISSÕES NO
CARREGAMENTO DE GASOLINA
6.1 INTRODUÇÃO
A Gestão Industrial estuda os métodos de aumento de produtividade em
toda cadeia industrial e de serviços associados, estando entre suas atividades:
a) A formulação dos objetivos estratégicos: intenções e diretrizes
globais formalmente expressas pela administração da empresa;
b) A gestão dos fatores críticos de sucesso: identificar, medir, analisar
e agir nas variáveis nas quais a empresa, necessariamente, deve
apresentar bom desempenho;
c) O controle através de indicadores de desempenho: desenvolvimento
um sistema de informações que permita medir os fatores críticos de
sucesso;
d) A identificação e redução das perdas no processo produtivo: uso de
ferramentas de diagnóstico de perdas e ataque às suas causas.
É nessa última atividade que se concentra o presente estudo, através da
identificação das perdas por evaporação no processo de carregamento de
115
Capítulo VI – Plano de Prevenção de Emissões Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
gasolina e de uma proposta de redução dessas perdas pela aplicação de
medidas de controle.
6.2 PREVENÇÃO À POLUIÇÃO (P2)
A abordagem de prevenção à poluição, também conhecida como P2, é
definida pela EPA como a utilização de processos, práticas, materiais, produtos
ou energia que evitem ou minimizem a geração de poluentes e resíduos na
fonte e reduzam os riscos globais para a saúde humana e para o meio
ambiente. Portanto, a prevenção à poluição é o conjunto de ações que
antecipam a poluição, ao invés de reagir à sua ocorrência. Seus principais
benefícios são:
Aumento na velocidade de redução e/ou eliminação de poluentes;
Minimização dos riscos à saúde;
Desenvolvimento das tecnologias de redução na fonte;
Uso de energia e materiais de forma mais eficiente;
Minimização da necessidade de ações de alto custo para
atendimento a padrões ou requisitos legais;
Minimização de custos de ações de “fim-de-tubo”.
No Brasil, ainda não existem padrões legais de emissão para compostos
orgânicos voláteis (VOC), mas sua emissão deve ser controlada devido à
contaminação da atmosfera com VOC e ao risco ocupacional representado à
saúde humana. Além disso, esses vapores promovem odores, que podem
causar incômodos à vizinhança, reclamações e conseqüente autuação por
parte do órgão ambiental.
O plano de prevenção das emissões apresentado a seguir é uma
proposta para adequação do processo de carregamento de gasolina em um
terminal de distribuição.
116
Capítulo VI – Plano de Prevenção de Emissões Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
6.3 MEDIDAS PROPOSTAS
6.3.1 Captação dos Vapores nos Tanques dos
Caminhões
A forma de carregamento dos caminhões é de fundamental importância
para a definição da minimização das perdas de produto durante o processo. O
carregamento por cima (“top loading”) é realizado com a utilização de um
medidor e sob a supervisão de um operador, que controla a operação. Desta
forma, o operador fica exposto aos vapores gerados, que são expulsos para a
atmosfera. Algumas empresas adotam o uso de vedações no espaço aberto no
bocal de carregamento. Neste caso, a vedação é colocada antes de iniciar o
carregamento e os vapores gerados são recolhidos através de um tubo que
atravessa a vedação. A principal dificuldade no uso de uma vedação se dá na
diversidade de formas e tamanhos de bocais dos caminhões-tanque que
transportam combustíveis. Outro inconveniente encontrado é a não eliminação
do contato do homem com vapores, que continua a ocorrer na retirada da
vedação e fechamento do bocal após o encerramento da operação, embora o
tempo de exposição seja reduzido.
Figura 6.1: Captação de vapores em carregamento por cima
117
Capítulo VI – Plano de Prevenção de Emissões Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
O carregamento por baixo (“bottom loading”), embora tenha um fator de
saturação igual ao do carregamento por cima com o bico submerso, permite
um controle mais efetivo sobre o risco ocupacional à saúde do trabalhador,
devido à sua reduzida interação com o produto. Vale destacar que o processo
normalmente é automatizado e o transbordamento do compartimento é evitado
através da instalação de sensores que interrompem o carregamento. Além
disso, o carregamento por baixo facilita a instalação de conexões para
captação e condução de vapores para o sistema de recuperação de vapores.
A grande dificuldade da mudança da forma de carregamento por cima
para o carregamento por baixo é a adaptação dos caminhões pelas
transportadoras. Cabe à empresa incluir no planejamento de redução de
emissões o esclarecimento e a negociação com os transportadores para o
ajuste da frota.
6.3.2 Padrão de Emissão
Considerando que na legislação brasileira não existem padrões
estabelecidos para emissões de compostos orgânicos voláteis, cabe à empresa
definir limites a partir de, por exemplo, um “benchmarking” em empresas
internacionais do ramo ou de legislação internacional.
O padrão de emissão adotado poderá ser gradativamente mais restritivo,
conforme um plano de prevenção de emissões implementado na empresa, até
atingir um valor estabelecido. Pode-se estabelecer um limite inicial, visando
atingir como meta, após a implementação de medidas, o valor de 35 mg/m3,
que é o padrão adotado pela legislação européia na saída de um sistema de
recuperação.
A partir da definição de um padrão, faz-se necessário buscar tecnologias
de controle e/ou recuperação de vapores, visando alcançar o limite
estabelecido.
118
Capítulo VI – Plano de Prevenção de Emissões Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
6.3.3 Tecnologias de Recuperação de Vapores
Alguns sistemas são considerados mais adequados para o sistema em
estudo, em função da sua viabilidade técnica e econômica.
6.3.3.1 Condensação
Consiste num sistema de refrigeração simples, com fluido de
refrigeração e condensador. Esse sistema somente não é suficiente para se
atingir os limites internacionais de emissão. Para isso, seriam necessários
fluidos refrigerantes mais poderosos, como o nitrogênio líquido, o que
encareceria demasiadamente o processo. Portanto, é recomendável utilizar o
sistema de refrigeração simples em conjunto com outros sistemas de
recuperação, como o de adsorção por carvão ativo.
6.3.3.2 Adsorção por Carvão Ativo
Essa tecnologia é a mais amplamente usada no controle de emissões de
gasolina. O ar, juntamente com os vapores orgânicos, passa pelo leito de
carvão ativado onde os hidrocarbonetos são retidos por adsorção no carvão. O
ar limpo é liberado para a atmosfera após a medição por analisador da
concentração dos vapores orgânicos. Quando o limite previamente
estabelecido de VOCs for atingido, significa que a capacidade de adsorção do
carvão está reduzida e o leito de carvão deve ser regenerado. Um outro leito
novo ou regenerado entra em operação enquanto o leito exaurido está em
processo de regeneração, que pode ser feito com vapor ou sob vácuo.
A instalação de Unidades de Recuperação de Vapor é recomendada em
terminais de grande movimentação de gasolina, cuja perda de produto para a
atmosfera justifique tanto economicamente quanto ambientalmente tal
investimento.
119
Capítulo VI – Plano de Prevenção de Emissões Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
6.3.4 Sistema de Balanço de Vapor
Instalação de um sistema de balanço de vapor permite a minimização
das perdas de vapores para a atmosfera durante a operação de carregamento,
recuperando os vapores emitidos para dentro de um tanque pulmão. Desta
forma, evita-se que os vapores sejam lançados na atmosfera.
6.3.5 Controle de PVR
O PVR da gasolina é uma propriedade diretamente relacionada à
volatilidade e, conseqüentemente, às emissões de compostos orgânicos
voláteis. Quanto maior o PVR, mais volátil é a gasolina e maior é a tendência a
perdas evaporativas. O controle de PVR é uma medida de difícil
implementação por um terminal de distribuição, uma vez que a gasolina é
recebida com características já definidas. Entretanto, uma discussão mais
ampla com fornecedores pode resultar em ganhos positivos. Em grande parte
da Europa e Estados Unidos, o PVR da gasolina é limitado a 7 – 8 psi (48,3 –
55,2 kPa), enquanto em muitos países desenvolvidos de clima quente ainda
apresentam limites de PVR em torno de 10 – 11 psi (68,9 – 75,8 kPa) (KOJIMA
et al., 1998).
6.4 PROPOSTAS ADICIONAIS
Embora as operações de estocagem de gasolina em tanques de
armazenamento não façam parte do escopo deste trabalho, propõe-se a
instalação de selos flutuantes internos ou externos (tetos flutuantes) nos
tanques de armazenamento, independente da capacidade dos tanques, com
eficiência de 90 a 95% para a redução da emissão de vapores. As medidas de
controle também podem ser extensivas aos postos de abastecimento, através
da instalação de sistemas de balanço de vapor interligados a seus tanques de
armazenamento (SMITHERS, 1995).
120
Capítulo VI – Plano de Prevenção de Emissões Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
Acredita-se que a implementação dessas medidas de controle
contribuirá para a minimização das emissões de VOC e, conseqüentemente,
para a melhoria da qualidade do ar.
121
Capítulo VI – Plano de Prevenção de Emissões Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
122
Capítulo VII – Conclusões Angela Martins de Souza
CAPÍTULO VII
CONCLUSÕES
As emissões de VOC ainda são pouco estudadas no Brasil. Apesar de
ocorrerem perdas significativas por emissão nos terminais de combustíveis,
poucas ações têm sido feitas para reduzi-las.
O presente trabalho teve caráter exploratório e visou à determinação do
fator de saturação da gasolina brasileira, de acordo com os parâmetros do
processo de carregamento do terminal usado como objeto de estudo. Para
essa determinação, foi feita a medição experimental das emissões originadas
no carregamento de gasolina, considerando sua mistura com 25%v/v etanol,
que altera suas características de volatilidade, comparadas às características
da gasolina de outros países, que não contém esse teor de álcool.
Embora a presença de etanol na composição da gasolina aumente sua
pressão de vapor e, conseqüentemente, a tendência a perdas por evaporação,
o curto tempo de carregamento faz com que o fator de saturação se mantenha
baixo, minimizando as emissões de VOC. Portanto, o tempo de carregamento
é um fator fundamental na minimização da geração de vapores, reduzindo as
perdas por evaporação.
Verificou-se também que os principais fatores que influenciam a geração
de emissões são temperatura, tempo de carregamento e composição da
gasolina.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
123
Capítulo VII – Conclusões Angela Martins de Souza
Observou-se que o método indireto para coleta de amostras, que utiliza
o solvente diclorometano para a dessorção dos hidrocarbonetos, foi impróprio,
confirmando a recomendação do método 8/86 de adotar a técnica de
dessorção térmica (CONAWE, 2002). O método direto de amostragem, embora
não tenha sido encontrado na literatura para a coleta de vapores de VOC no
carregamento de gasolina, mostrou-se bastante adequado, uma vez que as
concentrações de VOC estão na faixa de detecção no método analítico.
Verificou-se que o fator de saturação de 0,60, adotado pela EPA para
carregamentos de gasolina por cima, com bico submerso, é muito elevado e
aplicável somente após o término do carregamento, quando o nível do líquido
está próximo ao bocal de enchimento. Observou-se que ao longo do
carregamento, o fator de saturação médio foi de 0,175 e que a variação da taxa
da emissão não é linear com o tempo, ocorrendo um aumento mais acentuado
na fase final do processo de carregamento. A taxa de emissão média de VOC
encontrada para a gasolina que contém 25%v/v etanol é, em média, de 200 g
VOC/m3 de gasolina carregada.
É importante ressaltar que essa perda abrange o etanol, que também é
considerado VOC. A perda de etanol na emissão corresponde à cerca de
7%m/m das perdas de hidrocarbonetos. Estudos indicam que o etanol degrada
rapidamente na atmosfera. Além disso, a concentração de etanol decorrente
das emissões está bem abaixo do limite de exposição ocupacional de 1000
ppm e é menos prejudicial à saúde que os hidrocarbonetos (ARMSTRONG,
1999).
A simulação do processo de carregamento de gasolina mostrou-se uma
ferramenta útil na análise de influência de variáveis e previsão de emissões,
apesar de se admitir que seja necessário um estudo mais aprofundado do
modelo para melhoria dos parâmetros. A determinação da composição de
vapores em laboratório é um procedimento caro e trabalhoso, que pode ser
reduzido através do uso da simulação, com base na composição média da
gasolina.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
124
Capítulo VII – Conclusões Angela Martins de Souza
Considerando que o consumo anual de gasolina C no Brasil é de cerca
de 22.365 mil m3/ano (Fonte: Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo e do
Gás Natural 2003 - ANP), a quantidade anual emitida de VOC somente nos
terminais de distribuição, durante o processo de carregamento, é de
aproximadamente 4.473 t/ano. Para uma densidade de 600 Kg/m3(densidade
do vapor condensado), a perda anual no Brasil é de cerca de 7.455 m3 de
gasolina C, que corresponde a 248 caminhões de 30 m3 cada, o que é um valor
bastante expressivo tanto em termos ambientais quanto econômicos. Numa
análise mais ampla do processo de distribuição de combustíveis, é importante
destacar também que essas perdas também ocorrem na descarga de produto
nos postos de serviço e no abastecimento de veículos nesses postos. Portanto,
estima-se que a perda seja pelo menos o triplo desse valor, ou seja, 13.419
t/ano.
Acredita-se que esse número justifique para as empresas a implantação
de um plano de redução de emissões e a priorização de recursos para adequar
seus processos e, desta forma, minimizar suas perdas.
Sugere-se que trabalhos posteriores avaliem mais detalhadamente o
perfil de saturação da emissão, através de medições contínuas de VOC ao
longo de todo processo.
Apesar de não ter sido encontrado na literatura a utilização de método
direto de amostragem para análise de emissões de VOC, o método se mostrou
bastante apropriado. Sugere-se que seja feita a validação do método direto.
Observou-se no desenvolvimento do estudo que o tempo de
carregamento exerce uma forte influência sobre a taxa de emissão. Sugere-se
que seja investigado o efeito da variação do tempo de carregamento sobre as
emissões de VOC.
A EPA estabelece para carregamentos por baixo (“bottom loading”) o
mesmo fator de saturação adotado para o carregamento por cima com bico
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
125
Capítulo VII – Conclusões Angela Martins de Souza
submerso. Sugere-se uma avaliação das emissões do processo bottom loading
para determinação de fatores de saturação.
Sugere-se também que avaliações de emissões sejam realizadas em
carregamentos de vagões-tanque, cujas referências de emissão são
internacionais e que envolvem volumes muito maiores que caminhões-tanque
e, certamente, perdas mais elevadas.
Avaliações das emissões em postos de abastecimento são
recomendáveis, pois fazem parte do ciclo de distribuição de combustíveis e
completariam a análise das perdas por emissão no segmento de distribuição de
gasolina.
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
126
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Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
136
Apêndice Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
APÊNDICE
MODELO UNIFAC
As relações de equilíbrio líquido-vapor são definidas em termos do
coeficiente de distribuição, Ki = yi/xi. Se os componentes formam uma solução
ideal na fase líquida e se os vapores saturados dos componentes individuais
são gases perfeitos, o sistema pode ser considerado um sistema ideal. Sob
essas condições, aplicando-se as Leis de Raoult e de Dalton obtém-se:
*
i ii
i
y pKx P
= = (A.1)
em que:
Ki = constante de equilíbrio líquido-vapor do componente i a uma dada
temperatura e pressão
yi = fração molar do componente i na fase vapor
xi = fração molar do componente i na fase líquida
pi* = pressão de vapor do componente i
P = pressão total do sistema
Esta relação é válida somente para sistemas com comportamento ideal.
137
Apêndice Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
O conceito de fugacidade foi introduzido para representar qualquer
sistema. A fugacidade pode ser definida como uma função auxiliar que tem o
seu valor igualado à pressão, quando P tende a zero:
0lim 1P
fP→
⎛ ⎞ =⎜ ⎟⎝ ⎠
(A.2)
Quando as fases líquida e vapor estão em equilíbrio, a fugacidade de
cada componente na fase líquida é igual a sua fugacidade na fase vapor:
L Vi if f= (A.3)
A fugacidade da fase vapor é definida por:
V Vi i if y pφ= (A.4)
em que Viφ é o coeficiente de fugacidade na fase vapor.
O valor de Viφ se aproxima da unidade quando se está próximo da
idealidade, ou seja, P → 0. A fugacidade pode então medir o afastamento das
condições de comportamento de gás perfeito de uma mistura qualquer.
A grandeza que melhor se relaciona à fugacidade de uma mistura na
fase líquida, a baixas pressões, é a atividade do componente i (ai), expresso
por:
oi i ia f /f= (A.5)
em que fi e fio são respectivamente a fugacidade do componente i no estado em
estudo e a fugacidade do mesmo componente i no estado padrão à mesma
temperatura.
A partir do conceito de atividade, define-se coeficiente de atividade (γ)
como:
γ i i a / x= i (A.6)
138
Apêndice Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
Para uma solução líquida ideal, define-se γi = 1, de modo que ai = xi, ou
seja, o valor da atividade tende ao valor da concentração da fase em questão.
As relações para cálculo da fugacidade da fase vapor (fiV) e da fase líquida
(fiL) podem ser escritas, conforme as relações:
f xiL
i i io= γ f
P
(A.7)
f yiV
i i= ϕ (A.8)
Escreve-se, então, a equação básica para o equilíbrio líquido-vapor,
usando o critério de equilíbrio:
γ ϕi i io
i ix f y P= (A.9)
que envolve a igualdade das fugacidades das fases líquida e vapor.
Existem diversos métodos para calcular o equilíbrio líquido-vapor de um
sistema. O modelo UNIFAC, de acordo com Fredenslund et al. (1977), se
baseia no conceito de composição local e calcula os coeficientes de atividade
da fase líquida através de um método de contribuição de grupos. O modelo
UNIFAC permite a predição de dados de coeficientes de atividade,
considerando que a mistura é formada por moléculas, a partir de grupos
funcionais. A vantagem deste conceito de solução de grupos é que o número
de grupos funcionais é muito menor que o número de possíveis compostos, o
que significa que, com um número limitado de parâmetros de interação de
grupo, é possível avaliar o comportamento de um grande número de sistemas.
A equação original do modelo UNIFAC é constituída pelos termos
combinatório e residual:
γ γ= +ln ln lnci i γ r
i (A.10)
O termo combinatório é dado por:
(1
ln ln ln2
Nc i i ii i i
ji i i
z qx x
θγ=
⎛ ⎞ ⎛ ⎞Φ Φ= + + −⎜ ⎟ ⎜ ⎟Φ⎝ ⎠ ⎝ ⎠
∑ )j jx (A.11)
139
Apêndice Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
em que:
1
i ii N
i ii
x r
x r=
Φ =
∑ ,
1
i ii N
i ii
x q
x qθ
=
=
∑ , ( ) ( 1
2j j j jz r q r⎛ ⎞ )= − − −⎜ ⎟
⎝ ⎠
sendo N o número de componentes na mistura. O número de coordenação z é
estabelecido como 10. Os parâmetros ri e qi são o volume e a área superficial
molar de Van der Waals para as moléculas do tipo i e são calculados a partir do
volume do grupo e dos parâmetros de área:
NG
i kik
r Rν= ∑ k k e NG
i kik
q Qν= ∑
em que ν ki é o número de grupos do tipo k na molécula i, Rk e Qk são os
parâmetros de volume e área, respectivamente, para o grupo funcional do tipo
k, e NG é o número de grupos funcionais existentes na mistura.
O termo residual é definido por:
ln ln lnNG
ri ki k
kγ ν ki⎡ ⎤= Γ − Γ⎣ ⎦∑ (A.12)
em que é o coeficiente de atividade residual do grupo funcional k na mistura
líquida, e é o coeficiente de atividade residual do grupo funcional k na
mistura de grupos correspondentes ao componente i puro. Os parâmetros e
são definidos por:
Γk
kiΓ
Γk
kiΓ
ln lnNG NG
m mkk k m mk NG
m mn nm
n
Q θθθ
⎛ ⎞⎛ ⎞⎜ ⎟⎜ ⎟Ψ⎛ ⎞⎜ ⎟⎜ ⎟Γ = − Ψ −⎜ ⎟⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠ Ψ⎜ ⎟⎜ ⎟⎝ ⎠⎝ ⎠
∑ ∑∑
(A.13)
em que mθ e Xm são a fração de área e a fração molar, respectivamente, do
grupo m:
140
Apêndice Angela Martins de Souza
Estudo de Emissões de Vapores Orgânicos no Carregamento de Gasolina em Caminhões-Tanque
m mm NG
n nn
X Q
X Qθ =
∑ ,
N
mj jj
m N NG
mj jj n
xX
x
ν
ν=∑
∑∑ , exp mk
mkaT
⎛ ⎞Ψ = −⎜ ⎟⎝ ⎠
O parâmetro é o parâmetro de interação do grupo m com o grupo k
e mede a diferença entre a energia de interação de um grupo m com um grupo
k e a energia de interação de dois grupos m. É importante destacar que
e que no modelo UNIFAC original esses parâmetros independem da
temperatura.
mkΨ
≠mk kma a
O modelo UNIFAC/Dortmund é resultante da modificação proposta por
Gmehling e sua equipe (Weilich e Gmehling, 1987; Gmehling et al., 1993), que
propõe mudanças na parte combinatorial a partir de regressões de grupos
alcano-alcano, alcano-álcool e álcool-álcool, e na forma da dependência da
temperatura dos parâmetros de interação dos grupos. Os parâmetros de área e
volume de Van der Waals foram modificados, ajustando-os junto com os
parâmetros de interação a valores experimentais. Também foram introduzidos
os grupos cíclicos CH2 e CH, que possibilitam uma melhor predição de
sistemas contendo cicloalcanos.
Assim, no termo combinatório tem-se:
'
1ln ln ln
2
Nc i i ii i i
ji i i
z qx x
θγ=
⎛ ⎞ ⎛ ⎞Φ Φ= + + −⎜ ⎟ ⎜ ⎟Φ⎝ ⎠ ⎝ ⎠
∑ j jx (A.14)
em que:
34
'
34
1
i ii N
i ii
x r
x r=
Φ =
∑
No termo residual, o cálculo do parâmetro de interação de grupos passa
a ser definido por:
2,1exp mk mk mk
mk
a b T c TT
⎛ ⎞+ +Ψ = −⎜ ⎟⎜ ⎟
⎝ ⎠
141
UFBAUNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA
DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO
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