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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA VALTER OLIVEIRA REBOUÇAS ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DA FORMAÇÃO AÇURUÁ, NAS PROXIMIDADES DE GUINÉ, CHAPADA DIAMANTINA - BAHIA Salvador 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GEOLOGIA

VALTER OLIVEIRA REBOUÇAS

ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DA FORMAÇÃO AÇURUÁ,

NAS PROXIMIDADES DE GUINÉ, CHAPADA DIAMANTINA - BAHIA

Salvador 2011

ii

VALTER OLIVEIRA REBOUÇAS

ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DA FORMAÇÃO AÇURUÁ NAS PROXIMIDADES DE GUINÉ, CHAPADA DIAMANTINA - BAHIA

Monografia apresentada ao Curso de Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia. Orientador: Msc. Antonio Jorge Campos Magalhães (PETROBRAS / UO-BA) Co-Orientador: Cícero da Paixão Pereira (Pesquisador Visitante do CPGG – UFBA)

Salvador 2011

iii

TERMO DE APROVAÇÃO

VALTER OLIVEIRA REBOUÇAS

Salvador, 05 de julho de 2011

ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DA FORMAÇÃO AÇURUÁ NAS PROXIMIDADES DE GUINÉ, CHAPADA DIAMANTINA - BAHIA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia Universidade Federal da Bahia

_________________________________________________________ Antonio Jorge Campos Magalhães (PETROBRAS / UO-BA) - Orientador Mestre em Sedimentologia e Petrologia Sedimentar pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP. _________________________________________________________ João de Deus Souto Filho (PETROBRAS / UO-BA) Metre em Geo-Engenharia de Reservatório de Petróleo pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP _________________________________________________________ Michael Holz (UFBA) Doutor em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFGRS _________________________________________________________ Roberto Rosa da Silva (PETROBRAS / UFBA) Mestre em Sedimentologia e Petrologia Sedimentar pela Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP.

iv

―O conhecimento é a única ferramenta que

nos retira da condição de servos do sistema

social e nos torna autores da história, pelo

menos da nossa história.‖

Augusto Cury

v

AGRADECIMENTOS

Num momento assim a única coisa que podemos fazer é agradecer por todas as

conquistas e objetivos alcançados. Agradecer a todos que participaram de alguma forma para

galgarmos os louros da vitória. Sermos gratos pelas dificuldades e alegrias, pois juntas

contribuíram na construção do conhecimento que hoje possuímos. Assim, agradeço a Deus

por tudo que passei nestes anos edificando minhas capacidades para ser um bom profissional.

Obviamente tenho que agradecer à UFBa, Instituição que me acolheu da melhor forma

possível e, mesmo com todas as dificuldades, proporcionou a minha chegada até aqui.

Agradeço à ANP pela bolsa de estudos e pelo financiamento das viagens de campo para a

aquisição de dados para a realização deste trabalho. Aos meus professores toda minha

gratidão pelos ensinamentos passados, em especial à professora Gisele que me deu a primeira

oportunidade de trabalhar de alguma forma com a Geologia e ao meu orientador, Magal, pela

amizade e por todos os ensinamentos. Da mesma forma agradeço aos meus colegas que, junto

comigo, chegaram ate aqui aos que passaram e aos que ainda passarão por tal experiência.

Expresso um agradecimento especial à Paulo, Pedro, Murilo, Danilo, Josafá, Caio, Asafe,

Alexandre, Acácio, Jaime, Gleice, Nelize, Ítala, Eula, André e todos os outros bolsistas da

ANP. À Seu Manoel e a Dona Gloria meu muito obrigado por Jussiara, a flor que me

acompanha e me apóia em todos os momentos. A toda minha família, meu Pai, Seu Valter,

minha Mãe, Dona Graça, minhas irmãs, Luisa e Luana, meu amor e agradecimento maior por

todo o apoio dado durante toda minha vida.

vi

RESUMO

O objetivo deste trabalho é realizar a análise estratigráfica de seções geológicas na

Formação Açuruá, a partir do reconhecimento e delimitação de padrões de empilhamento em

afloramentos, bem como da identificação de superfícies estratigráficas. A análise

estratigráfica das seções geológicas foi realizada com base nos conceitos da Estratigrafia de

Sequências, interpretando superfícies estratigráficas e tratos de sistemas em escala de

afloramentos. Foram caracterizados também conjuntos de parassequências e uma sequência

estratigráfica genética. A Formação Açuruá foi identificada como pertencente a um trato de

sistemas de nível alto. Levantamentos com esta abordagem e restrito a Formação Açuruá não

foram realizados até então devido ao fato destas rochas não conterem recursos minerais e

energéticos que justifiquem maior suporte e investimentos. Entretanto, o cunho científico

deste trabalho é válido, pois tais rochas podem ser consideradas análogas de reservatórios

para exploração e explotação de hidrocarbonetos, além de esclarecer mais sobre a

sedimentação no Supergrupo Espinhaço na região da Chapada Diamantina.

Palavras Chave: Superfícies Estratigráficas, Estratigrafia de Sequências, Formação Açuruá.

vii

ABSTRACT

This monography focus on the stratigraphic analysis in geological sections of Açuruá

Formation, based on the recognition of stacking patterns, and the identification of

stratigraphic surfaces in outcrops. The stratigraphic analysis of geological cross-sections was

based on the concepts of Sequence Stratigraphy, interpreting stratigraphic surfaces and

systems tracts. Sets of parasequences were also featured as well as a genetic stratigraphic

sequence. This portion of Açuruá Formation was interpreted as belonging to a highstand

system tract. Studies with this approach and restricted the Açuruá Formation have not been

performed previously due the fact that these rocks do not contain mineral and energetic

resources to justify such kind of investment. However, the scientific nature of this work is

valid, because these rocks can be considered analogous to reservoirs for exploration and

exploitation of hydrocarbons in addition to clarifying a little bit more about Espinhaço

Supergroup sedimentation in Chapada Diamantina.

Keywords: Stratigraphic Surfaces, Sequence stratigraphy, Açuruá Formation.

viii

LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Vias de acesso ao local de estudo, em destaque percurso feito de Salvador à

Guiné. Fonte: Google Maps, 2011............................................................................................ 15 Figura 1.2 - Coluna estratigráfica simplificada da Bacia Espinhaço – São Francisco a partir de

diversos autores ( Dandefer 1990, Dominguez 1993, Pedreira 1994, Misi & Silva 1996. apud

Filho, 2009). ............................................................................................................................. 16

Figura 2.1 - Área do Cráton do São Francisco no território brasileiro, destacando a região da

Chapada Diamantina (elaborado a partir de Almeida, 1977 apud Pereira, 2010). ................... 19 Figura 2.2 - Evolução tectônica da Chapada Diamantina (Pedreira & Bonfim, 2000). ........... 24 Figura 3.1 - Mapa de Localização da área de estudo feito com base na Carta Geológica da

Folha Seabra SD 24 - V - A da CPRM (1999). Escala 1:167.000. .......................................... 26

Figura 3.2 - a) Coluna estratigráfica da Formação Açuruá (Pedreira, 1994); b) Empilhamento

estratigráfico da Formação Açuruá, fácies de prodelta, transição prodelta – frente deltaica e da

fácies frente deltaica (Pedreira,1990 apud Aragão, 2009). ...................................................... 27

Figura 3.3 - Seção esquemática da Trilha do Beco (Santos, 2009). ......................................... 28 Figura 3.4 - Coluna estratigráfica da Formação Tombador. Pedreira (1994)........................... 29 Figura 4.1 - Comparação entre seções sísmicas (a) com sequências sísmicas (b) revela o

processo deposicional que criou o padrão de acamamento. Com a subida do nível do mar,

duas sequências deltaicas são encontradas (c) e (d). Press, 2006. ............................................ 31 Figura 4.2 - Controles alogênicos na sedimentação e sua relação com o fluxo de energia do

ambiente, aporte de sedimentos, acomodação e trends deposicionais. Catuneanu, 2006. ....... 32 Figura 4.3 - Relação entre fluxo de energia, aporte sedimentar, nível de base e acomodação

em um ambiente costeiro que não é afetado pela subsidência ou pela mudança do nível do

mar. Catuneanu, 2006. .............................................................................................................. 33 Figura 4.4 - Espaço para potencial acumulação de sedimentos gerado pela inter-relação entre

a eustasia e a tectônica. Ribeiro, 2001. ..................................................................................... 33

Figura 4.5 - O conceito de nível de base, definido como o mais baixo nível de denudação

continental. Catuneanu, 2006. .................................................................................................. 34 Figura 4.6 - Cenários de subida relativa do nível do mar. Catuneanu, 2006. ........................... 35

Figura 4.7 - Cenários de queda relativa do nível do mar. Catuneanu, 2006............................. 35

Figura 4.8 - Transgressões e regressões. Catuneanu, 2006. ..................................................... 36 Figura 4.9 - Empilhamento vertical de conjuntos de parasequências. Catuneanu, 2008. ....... 37 Figura 4.10 - Conceitos de transgressão, regressão normal e regressão forçada, definido como

a interação entre mudanças no nível de base e taxa de sedimentação. (RN=Regressão Normal;

RF=Regressão Forçada) Catuneanu, 2006. .............................................................................. 38

Figura 4.11 - Os padrões de empilhamento estratal definem os tipos genéticos de depósitos

que são os blocos construtores fundamentais da estratigrafia de sequências. (NRM=Nível

Relativo do Mar). Catuneanu et al., 2010................................................................................. 38

Figura 4.12 - Terminações estratais que podem ser observadas abaixo e acima de superfícies

estratigráficas em seções sísmicas e em afloramentos de larga escala. Catuneanu, 2008. ....... 40 Figura 4.13 - Tipos de terminações estratais. Catuneanu, 2006. .............................................. 40 Figura 4.14 - Relação entre as Superfícies Estratigráficas e os principais eventos do ciclo do

nível de base. Catuneanu, 2006. ............................................................................................... 41 Figura 4.15 - Acima, perfil demonstrando a discordância subaérea, abaixo a discordância

subaérea (linha vermelha) em uma seção sísmica numa orientação Dip. (TSMB=Trato de

Sistemas de Nível Baixo; TSEQ=Trato de Sistemas de Estágio de Queda; RN=Regressão

Normal; RF=Reg ressão Forçada). Catuneanu, 2006. .............................................................. 42 Figura 4.16 - A) Conformidade correlativa segundo Hunt & Tucker, 1992 (linha vermelha

tracejada); B) Conformidade Correlativa segundo Posamentier et al., 1988 (linha vermelha

pontilhada). Catuneanu, 2006. .................................................................................................. 43

ix

Figura 4.17 - Superfície estratigráfica que se forma em resposta a uma regressão forçada em

uma costa dominada por onda. Catuneanu, 2006. ................................................................... 44 Figura 4.18 - a) Depósito marinho raso onde não ocorre a SBRF, pois o ângulo de repouso das

clinoformas é maior do que o perfil de equilíbrio das ondas, portanto o fundo não é erodido;

b) perfil de equilíbrio das ondas maior do que o ângulo de repouso das clinoformas, causando

erosão do fundo. (TSMB=Trato de Sistemas de Nível Baixo; TSEQ=Trato de Sistemas de

Estágio de Queda; SBRF=Superfície Basal de Regressão Forçada). Catuneanu, 2006. .......... 45 Figura 4.19 - Evolução da Superfície Regressiva de Erosão Marinha em depósitos marinhos

rasos de estágio de queda em plataforma dominadas por ondas.(TSMA=Trato de Sistemas de

Nível Alto; HCS=Estratificação Cruzada Hummocky;SCS=Estratificação por Ondas;

FWB=Nível Médio das Ondas Normais; SWB=Nível Mèdio de Ondas de Tempestade)

Catuneanu, 2006. ...................................................................................................................... 46 Figura 4.20 – Superfície Regressiva Máxima (linha vermelha) numa orientação DIP.

(RN=Regressão Normal; RF=Regressão Forçada) Catuneanu, 2006. ..................................... 48

Figura 4.21 - Acima, perfil demonstrando a superfície de inundação máxima. Abaixo,

expressão sísmica de uma SIM em uma costa com depósitos marinhos rasos.(A – linhas

sísmicas não interpretadas e B – interpretadas). (TST=Trato de Sistemas Transgressivo;

TSMA=Trato de Sistemas de Nível Alto; TSMB=Trato de Sistema de Nível Baixo;

SIM=Superfície de Inundação Máxima) Catuneanu, 2006. ..................................................... 49 Figura 4.22 - Superfícies de ravinamento por onda e por maré em um estuário dominado por

onda. (SRM=Superfície de Ravinamento por Maré; SRO=Superfície de Ravinamento por

Onda) Catuneanu, 2006. ........................................................................................................... 51 Figura 4.23 - Superfícies de ravinamento por onda e por maré em um estuário dominado por

maré. (SRM=Superfície de Ravinamento por Maré; SRO=Superfície de Ravinamento por

Onda) Catuneanu, 2006. ........................................................................................................... 51

Figura 4.24 - Conceito de parassequência e superfícies de inundação exemplificado em uma

sucessão de fácies progradantes de uma Frente Deltaica / shoreface, onde é possivel observar

o padrão progradante das parassequências no perfil de gama ray (Catuneanu, 2006). ............ 53 Figura 4.25 - Trato de Sistemas e Superfícies Estratigráficas englobadas pela Sequência

Estratigráfica Genética. (TSR=Trato de Sistemas Regressivo; TST=Trato de Sistemas

Transgressivo; TSMA=Trato de Sistemas de Nível Alto; TSMB=Trato de Sistema de Nível

Baixo; SIM=Superfície de Inundação Máxima; SBRF=Superfícies Basal de Regressão

Forçada; SEM=Superfície Regressiva Máxima;C.C.=Conformidade Correlativa;

G.D.=Granodecrescência Ascendente;G.C.=Granocrescência Ascendente; RN=Regressão

Normal; RF=Regressão Forçada ) Catuneanu, 2006. ............................................................... 55 Figura 4.26 - Arquitetura regional de sistemas deposicionais, tratos de sistemas e superfícies

estratigráficas. (i-RF=início da Regressão Forçada; f-RF=final da Regressão Forçada; i-

T=início da Transgressão; f-T=final da Transgressão). Catuneanu, 2006. .............................. 56 Figura 4.27 - Acima, detalhe da arquitetura do trato de sistemas de mar alto, abaixo, processo

deposicional e produtos do TSMA. (TSMA=Trato de Sistema de Nível Alto; TST=Trato de

Sistema Transgressivo; TSEQ=Trato de Sistema de Estágio de Queda; TSMB=Trato de

Sistema de Nível Baixo). Catuneanu, 2006. ............................................................................. 57 Figura 4.28 - Detalhe da arquitetura do trato de sistemas de estágio de queda. (TSEQ=Trato

de Sistema de Estágio de Queda). Catuneanu, 2006. ............................................................... 58 Figura 4.29 - Processos deposicionais e produtos do trato de sistemas de estágio de queda

inicial (acima) e final (abaixo). Catuneanu, 2006. ................................................................... 59 Figura 4.30 - Acima, detalhe da arquitetura do trato de sistemas de mar baixo. Abaixo,

processo deposicional e produtos do TSMB. (TSMB=Trato de Sistemas de Nível

Baixo;TSEQ=Trato de Sistemas de Estágio de Queda). Catuneanu, 2006. ............................. 61

x

Figura 4.31 - Detalhe da arquitetura do trato de sistemas transgressivo. (TST=Trato de

Sistemas Transgressivo; TSEQ=Trato de Sistemas de Estágio de Queda; TSMB=Trato de

Sistema de Nível Baixo). Catuneanu, 2006. ............................................................................. 62 Figura 4.32 - Processos deposicionais e produtos do trato de sistema transgressivo inicial

(acima) e final (abaixo). Catuneanu, 2006. .............................................................................. 63 Figura 4.33 - Secção transversal ilustrando um cenário mais geral para a arquitetura de

depósitos regressivo forçado, regressivo normal e transgressivo numa configuração fluvial

para marinho raso (Catuneanu, 2006)....................................................................................... 64 Figura 5.1 - Legenda das estruturas sedimentares reconhecidas durante o empilhamento do

perfil nas proximidades de Guiné. ............................................................................................ 70 Figura 5.2 - Porção basal do perfil empilhado, com profundidade de 1775m até 1610m,

englobando a Formação Açuruá, com seus elementos arquiteturais da planície deltaica. Setas

mostrando o padrão progradacional. ........................................................................................ 71

Figura 5.3 - Porção intermediária do perfil empilhado, com profundidade de1610 m até a

1445m, englobando a Formação Açuruá, com seus elementos arquiteturais da planície

deltaica, do prodelta e barra de desembocadura. Seta mostrando o padrão progradacional. ... 72 Figura 5.4 - Porção superior do perfil empilhado, com profundidade de 1445m até 1290m,

englobando a Formação Açuruá, com seu elemento arquitetural da barra de desembocadura, o

dique máfico e a base da Formação Tombador. Seta mostrando o padrão progradacional. ... 73 Figura 5.5 - Perfil completo empilhado, com profundidade de 1775m até 1290m, englobando

a Formação Açuruá, com indicação dos conjuntos de parassequências, sequência genética e

sequência deposicional. (SI=Superfície de Inundação Marinha; SIM=Superfície de Inundação

Máxima; SRM=Superfície Regressiva Máxima; TSMA=Trato de Sistemas de Nível alto;

TSMB=Trato de Sistemas de Nível Baixo). ............................................................................. 74

xi

LISTA DE FOTOS Foto 4.1-Foto de afloramento com uma discordância subaérea (seta amarela). Contato entre

estratos cruzados por onda de ambiente marinho raso abaixo e estratos fluviais acima.

Catuneanu, 2006. ...................................................................................................................... 42 Foto 4.2 - Superfície Regressiva de Erosão Marinha (linha vermelha) separando depósitos

arenosos de regressão forçada – acima – de depósitos argilosos da plataforma externa –

abaixo. Catuneanu, 2006. ......................................................................................................... 47 Foto 4.3 - Superfície Regressiva Máxima (seta amarela). A - estratos fluviais de regressão

forçada. B – depósitos de praia. Catuneanu, 2006. .................................................................. 48 Foto 4.4 - Exemplo de afloramentos com sucessões de parassequências formadas em

ambientes marinhos rasos, onde é possivel ver o padrão progradante das fácies limitadas por

superficies de inundação (setas vermelhas). Catuneanu, 2006. ................................................ 53

Foto 4.5 - Afloramento que expressa o Trato de Sistemas de Nível Baixo. Canais fluviais

amalgamados (acima) e depósitos de shoreface de TSEQ (abaixo) separados por uma

discordância Subaérea (linha vermelha). Catuneanu, 2006. ..................................................... 61 Foto 5.1 - Fm. Açuruá. Detalhe do clasto lamoso em arenito grosso pertencente ao elemento

arquitetural crevasse. Prof. 1770,4m. ....................................................................................... 67

Foto 5.2 - Fm. Açuruá. Arenito grosso com cruzada acanalada e em fining up para siltito

pertencente ao elemento arquitetural crevasse. Prof. 1750,9m. ............................................... 68 Foto 5.3 - Fm. Açuruá. Panorâmica de depósitos de crevasse: arenitos médio a muito fino, em

fining up. Prof. 1677m. ............................................................................................................. 68 Foto 5.4 - Fm. Açuruá. Siltito cinza avermelhado pertencente ao elemento arquitetural da

planície lamosa. Prof. 1562m. .................................................................................................. 68 Foto 5.5 - Fm. Açuruá. Detalhe da ´lanície lamosa com gretas de contração formadas devia à

exposição subaérea. Prof. 1561,8m. ......................................................................................... 69

Foto 5.6 - Passagem da planície lamosa – siltito avermelhado e roxo – para o prodelta –

folhelho cinza amarelado, indicada pela linha verde acompanhando o acamamento. Prof.

1520m. ...................................................................................................................................... 69 Foto 5.7 - Detalhe do siltito avermelhado e roxo com gretas de contração pertencente à

planície lamosa. Prof. 1541m. .................................................................................................. 69

Foto 5.8 - Detalhe do folhelho laminado com uma coloração cinza amarelada pertencentes aos

depósitos de prodelta. Prof. 1517,4m. ...................................................................................... 70 Foto 5.9 - Dique de rochas vulcânicas máficas instalado na passagem da Formação Açuruá

para a Formação Tombador. Prof. 1340m. ............................................................................... 70 Foto 5.10 - Fm. Tombador. Detalhe da laminação sub-horizontal com gradação normal

(Indidada pelas setas vermelhas) e grânulos dos depósitos fluviais efêmeros. Prof. 1301,4m. 75 Foto 5.11 - Fm. Tombador. Geometria externa de barras arenosas fluviais efêmeras: canais

amplos e rasos e barras tabulares. Falésia em profundidade equivalente a 1316m. ................. 76

xii

LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 - Interpretação das terminações estratais em termos de mudanças sin-deposicionais

da linha de costa e mudanças do nível de base. (RF=Regressão Forçada; T=Transgressão;

R=Regressão; RN=Regressão Normal). Catuneanu, 2006. ...................................................... 40 Tabela 4.2 - Diagnóstico do significado das superfícies estratigráficas. (RN=Regressão

Normal; RF=Regressão Forçada;T=Transgressão) Catuneanu, 2006. ..................................... 52

xiii

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. v

RESUMO.................................................................................................................................. vi

ABSTRACT ............................................................................................................................ vii

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ viii

LISTA DE FOTOS .................................................................................................................. xi

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................ xii

SUMÁRIO .............................................................................................................................. xiii

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................................. 17

1.1.1 Objetivos Específicos ........................................................................................... 17

1.2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 17

1.3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 18

2 GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................................. 19

2.1 CRÁTON DO SÃO FRANCISCO ............................................................................... 19

2.2 CHAPADA DIAMANTINA ........................................................................................ 20

2.3 SUPERGRUPO ESPINHAÇO ..................................................................................... 20

2.3.1 Grupo Paraguaçu .................................................................................................. 21

2.3.2 Grupo Chapada Diamantina ................................................................................. 21

2.4 EVOLUÇÃO TECTÔNICA ......................................................................................... 21

3 GEOLOGIA LOCAL ..................................................................................................... 25

3.1 FORMAÇÃO AÇURUÁ .............................................................................................. 25

3.2 FORMAÇÃO TOMBADOR ........................................................................................ 29

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 30

4.1 O QUE É ESTRATIGRAFIA? ..................................................................................... 30

4.2 O QUE É ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS? .................................................... 30

4.3 CONTROLES ALOGÊNICOS DA SEDIMENTAÇÃO ............................................. 32

4.4 APORTE SEDIMENTAR E FLUXO DE ENERGIA ................................................. 32

4.5 ACOMODAÇÃO SEDIMENTAR .............................................................................. 33

4.6 NÍVEL DE BASE ......................................................................................................... 34

4.7 TRAJETÓRIAS DA LINHA DE COSTA ................................................................... 36

4.8 SUPERFÍCIES ESTRATIGRÁFICAS ........................................................................ 39

4.9 TIPOS DE TERMINAÇÕES ESTRATAIS ................................................................. 39

xiv

4.10 SUPERFÍCIES DA ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS ...................................... 41

4.10.1 Discordância Subaérea ..................................................................................... 41

4.10.2 Conformidade Correlativa ................................................................................ 43

4.10.3 Superfície Basal de Regressão Forçada ............................................................ 43

4.10.4 Superfície Regressiva de Erosão Marinha ........................................................ 45

4.10.5 Superfície Regressiva Máxima ......................................................................... 47

4.10.6 Superfície de Inundação Máxima ..................................................................... 48

4.10.7 Superfície de Ravinamento Transgressivo ....................................................... 50

4.11 PARASSEQUÊNCIAS ................................................................................................. 52

4.12 SEQUÊNCIAS GENÉTICAS ...................................................................................... 54

4.13 TRATOS DE SISTEMAS ............................................................................................ 55

4.13.1 Trato de Sistema de Nível Alto ........................................................................ 56

4.13.2 Trato de Sistema de Estágio de Queda ............................................................. 58

4.13.3 Trato de Sistemas de Nível Baixo .................................................................... 60

4.13.4 Trato de Sistemas Transgressivo ...................................................................... 62

5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................ 65

5.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 65

5.2 PERFIL DA TRILHA DO BECO (BASE – 226.682/8.587.686; TOPO –

227.801/8.588.440) ............................................................................................................... 65

5.2.1 Sequência Deposicional ........................................................................................ 76

6 CONCLUSÕES............................................................................................................... 78

7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 79

15

1 INTRODUÇÃO

O domínio fisiográfico da Chapada Diamantina constitui um sítio de grande beleza

paisagística devido ao modelado de suas serras, que expõem vales profundos de encostas

íngremes e amplas chapadas (Pedreira, 2002). O padrão estrutural na porção oriental da Serra

do Sincorá apresenta baixa a sutil magnitude de deformação, com dobras suaves em formas

sinclinais e anticlinais conjugadas (Danderfer, 1990). O baixo grau do metamorfismo

favoreceu a preservação de estruturas sedimentares nas Formações Açuruá e Tombador. O

contato entre essas formações, a primeira de ambiente marinho (Pedreira, 1995), e a segunda

de ambiente continental, é interpretado como um limite de sequência (Pedreira, 1994). Este

trabalho estuda a estratigrafia de sequências da Formação Açuruá nas proximidades da

localidade de Guiné no município de Mucugê, distante cerca de 465 km da cidade de Salvador

(Figura 1.1).

Figura 1.1 - Vias de acesso ao local de estudo, em destaque percurso feito de Salvador à Guiné. Fonte: Google

Maps, 2011.

A Formação Açuruá foi denominada por Montes em 1977 como Formação Guiné e

recebeu a denominação de Formação Açuruá em 1978 por Inda & Barbosa. Esta Formação é

composta na base por sedimentos finos, principalmente siltitos. Seu topo é composto por

arenitos médios com matriz argilosa, apresentando estratificações plano-paralelas, cruzadas de

baixo ângulo, fendas de ressecamento e marcas onduladas. Ainda no topo desta Formação

ocorrem camadas de arenito médio organizados em tidal – bundles. A sua sedimentação é

interpretada como tendo ocorrido em ambiente transicional – estuarino; deltaico – e marinho

(Savini & Raja Gabaglia, 1997).

16

A Formação Açuruá está inserida no Grupo Paraguaçu, que representa uma

cobertura Mesoproterozóica do Cráton do São Francisco (Figura 1.2). A Bacia Chapada

Diamantina, que armazena uma sedimentação continental e marinha rasa do tipo QPC

(quartzito, pelito, carbonato), foi gerada por processos de subsidência flexural derivada de

eventos relacionados a alterações nas condições físicas da crosta (Guimarães, 2005).

Figura 1.2 - Coluna estratigráfica simplificada da Bacia Espinhaço – São Francisco a partir de diversos autores

( Dandefer 1990, Dominguez 1993, Pedreira 1994, Misi & Silva 1996. apud Filho, 2009).

17

1.1 OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho foi realizar a análise estratigráfica de seções geológicas na

Formação Açuruá, a partir do reconhecimento e delimitação de padrões de empilhamento em

afloramentos, bem como a identificação das superfícies estratigráficas. O trabalho de campo

consistiu no levantamento de seções geológicas em afloramentos para a análise de elementos

arquiteturais – através de identificação e associações de fácies – reconhecimento dos sistemas

deposicionais, estudo do padrão de empilhamento, identificação dos tipos e hierarquização de

superfícies estratigráficas.

1.1.1 Objetivos Específicos

Desenvolver metodologia prática de abordagem preditiva da ciclicidade de rochas

siliciclásticas Pré-Cambrianas, nas diversas ordens de ocorrência o que constitui temática

bastante promissora, ainda que carente em dados. Desenvolver capacitação em análise vertical

de fácies sedimentares e em análise estratigráfica de afloramentos. O aperfeiçoamento do

conhecimento de Sedimentologia e Estratigrafia de Sequências foi aprofundado durante a

realização do projeto de pesquisa através de aulas complementares em sala de aula e campo,

ministradas pelo Orientador. Especificamente objetivou-se a compreensão da estratigrafia da

porção superior da Formação Açuruá, contribuindo para melhor compreensão das mudanças

nas tendências deposicionais ocorridas no Supergrupo Espinhaço.

1.2 JUSTIFICATIVA

A Estratigrafia de Sequências é o mais recente e revolucionário paradigma no

campo da geologia sedimentar. Os conceitos incorporados por esta disciplina resultaram em

uma mudança fundamental no pensamento geológico e, em particular, nos métodos de

análises faciológica e estratigráfica (Catuneanu, 2006). Esta técnica tem grande importância

para a compreensão da dinâmica dos ambientes de sedimentação, e consequentemente da

história geológica evolutiva, pois permite a elaboração de modelos preditivos com base nas

análises de fatores que condicionaram a sedimentação (tectônica, eustasia, clima).

A execução deste trabalho, baseado em dados litoestratigráficos de afloramentos,

justificou-se por contribuir para o desenvolvimento de metodologia prática de abordagem

preditiva da ciclicidade de rochas siliciclásticas Pré-Cambrianas, nas diversas ordens de

ocorrência. Além disso, esta metodologia é utilizada na indústria do petróleo, bem como na

18

exploração de outros bens minerais como, por exemplo, água subterrânea, mineralizações

metálicas e não metálicas, depósitos de pláceres e carvão.

1.3 METODOLOGIA

O trabalho baseou-se no levantamento de seções geológicas, identificação de fácies,

estabelecimento de associações de fácies, definição de elementos arquiteturais,

reconhecimento de sistemas deposicionais, culminando na aplicação dos conceitos da

estratigrafia de sequências.

A interpretação dos perfis estratigráficos levantados nas missões de campo baseou-

se no método da estratigrafia de alta resolução adotado no curso da PETROBRAS (Savini &

Raja Gabaglia, 1997) que é construído a partir de um modelo de associação de fácies e

elementos arquiteturais (Miall, 1985), para interpretar o ambiente deposicional. Este trabalho

foi dividido nas etapas descritas a seguir:

pesquisa bibliográfica;

missões de campo objetivando a descrição de afloramentos com a confecção de

perfis estratigráficos;

identificação das principais superfícies estratigráficas;

digitalização dos perfis;

tratamento dos dados.

19

2 GEOLOGIA REGIONAL

Neste capítulo é feito uma breve apresentação dos compartimentos regionais em

que está inserida a área de estudo, a partir de uma pequena descrição do Cráton do São

Francisco, Chapada Diamantina e seus principais compartimentos. Por fim é apresentado um

resumo da evolução tectônica da região.

2.1 CRÁTON DO SÃO FRANCISCO

O Cráton do São Francisco é definido como uma porção da plataforma Sul-

Americana que foi delimitado na orogenia Brasiliana no Neoproterozóico (Almeida, 1977).

Com exceção da margem do Atlântico, o Cráton do São Francisco tem seus limites definidos

pelos cinturões de dobramentos Neoproterozóicos Brasília a sul e oeste, Rio Preto a noroeste,

Riacho do Pontal e Sergipano a norte, Araçuaí a sudeste e Rio Grande ao Sul (Figura 2.1). A

leste, o cráton vai de encontro à margem continental que hospeda as bacias do Jequitinhonha,

Almada, Camamú e Jacuípe (Alkmim, 2004).

Figura 2.1 - Área do Cráton do São Francisco no território brasileiro, destacando a região da Chapada

Diamantina (elaborado a partir de Almeida, 1977 apud Pereira, 2010).

Local de Trabalho: Guiné

20

O Cráton do São Francisco é quase inteiramente coberto por sucessões pré-

Cambrianas e Fanerozóicas. Os domínios abrangidos no interior do cráton compreendem três

unidades morfotectônicas distintas: Aulacógeno do Paramirim, ao norte, a Bacia São

Francisco, ao sul (Cruz & Alkmim, 2005) e a Bacia da Chapada Diamantina que encontra-se

à NE do Cráton (Figura 2.1).

2.2 CHAPADA DIAMANTINA

A região estudada situa-se no domínio fisiográfico da Chapada Diamantina, centro

do Estado da Bahia, da Província São Francisco (Melo, 2003). É dividida nos domínios

ocidental e oriental (Jardim de Sá et al., 1976), separados pelo lineamento Barra do Mendes –

João Correia. No Domínio Ocidental os dobramentos são apertados e o vulcanismo intenso;

no Oriental, as dobras são suaves e o magmatismo restrito principalmente a intrusões básicas

(Guimarães et al., 2008).

As rochas mais antigas da área integram o embasamento arqueano, constituído por

gnaisses migmatíticos (complexos Paramirim e Gavião) e sequências supracrustais

(complexos Brumado e Ibiajara) (Guimarães et al., 2008). Sobre esse embasamento

implantaram-se, a partir de ca 1,75Ga, duas bacias sedimentares ensiálicas, superpostas e

diacrônicas, repositórias do Supergrupo Espinhaço: uma, do tipo rifte-sag, de idade

Estateriana – Bacia Espinhaço Oriental, e outra, do tipo sinéclise, atribuída ao Calimiano

(Mesoproterozoico) entre 1,6 e 1,5Ga – Bacia Chapada Diamantina (Guimarães et al., 2008).

A Sinéclise Chapada Diamantina corresponde a uma depressão ampla e rasa

instalada sobre as unidades do rifte-sag Espinhaço Oriental e do embasamento, preenchida

com depósitos do Supergrupo Espinhaço. Tem uma área preservada aproximada de

68.000km2, localizada na região central do estado da Bahia e uma geometria triangular aberta

para norte (Loureiro, et al., 2009).

2.3 SUPERGRUPO ESPINHAÇO

O Supergrupo Espinhaço aflora nos estados da Bahia e Minas Gerais e consiste em

uma megassequência implantada sobre riftes Estaterianos, segmentados nos ramos Espinhaço

Setentrional e Chapada Diamantina. O Espinhaço Setentrional é constituído pelas Formações

Pajeú, Bom Retiro, Fazendinha e Serra da Vereda que integram o Grupo Oliveira dos

Brejinhos (Paleoproterozóico) e pelo Grupo Santo Onofre (Neoproterozóico). A Chapada

21

Diamantina é uma bacia do tipo rifte-sinéclise, com o estágio rifte representado pelo

vulcanismo Rio dos Remédios (Figura 1.2) e o estágio sinéclise pelos depósitos continentais e

marinhos dos Grupos Paraguaçu e Chapada Diamantina (Santana, 2009).

2.3.1 Grupo Paraguaçu

Este Grupo é representado pelas Formações Mangabeira (Schobbenhaus & Kaul,

1971 apud Guimarães et al, 2005) e Açuruá (Inda & Barbosa, 1978 apud Guimarães et al,

2005) e é datado entre 1,6 e 1,7 Ga. A Formação Mangabeira possui na base arenitos finos a

médios e níveis de arenitos conglomeráticos, e seu topo consiste de arenitos finos a médios,

bimodais, intercalados a camadas decimétricas de argilitos. É interpretado como depositado

em um paleoambiente fluvial e eólico (Pedreira, 1994). A Formação Açuruá é composta por

sedimentos finos, principalmente siltitos na base, e por arenitos médios com matriz argilosa

em sua parte superior. É interpretada como tendo sido depositada em ambiente transicional e

marinho (Pedreira, 1994; Guimarães et al, 2005).

2.3.2 Grupo Chapada Diamantina

O Grupo Chapada Diamantina compreende as sequências deposicionais da

Formação Tombador e Formação Caboclo e é datado entre 1,6 e 1,5 Ga (Guimarães et al.,

2005). A Formação Tombador é essencialmente constituída por arenitos intercalados com

fácies argilosas, por conglomerados sustentados por matriz e seixos. Sua deposição teria

ocorrido em ambientes continentais (leque aluvial, fluvial e eólico) e transicionais marcando

períodos transgressivos (Savini & Raja Gabaglia, 1997). A Formação Tombador possui

paleocorrentes predominantes para NW e SW (Pedreira, 1994). Por toda a sua área de

ocorrência, a formação Tombador, principalmente na região entre Lençóis e Mucugê,

apresenta níveis conglomeráticos diamantíferos. A Formação Caboclo é constituida por

arenitos finos a médios, bem selecionados, conglomerados com estratificações tabulares e por

pelitos intercalados. Seu paleoambiente é interpretado como ambiente marinho (Guimarães et

al, 2005).

2.4 EVOLUÇÃO TECTÔNICA

A tafrogênese Estateriana ocorreu em torno de 1,75 Ga, conforme idades obtidas de

vulcânicas dos Grupos Rio dos Remédios, base do Supergrupo Espinhaço (Cruz et al., 2007;

Arcanjo et al., 2000; Guimarães et al., 2008; Loureiro et al., 2009). O Aulacógeno do

22

Paramirim instalou-se propiciando a deposição das rochas supracrustais do Supergrupo

Espinhaço nas bacias do Espinhaço Setentrional, situada a oeste, e Chapada Diamantina,

localizada a leste, separadas pelo alto do Paramirim (Alkmim, 2004). Estas bacias evoluíram

segundo regime rift-sag com a deposição de sedimentos eólicos, fluviais, lacustres e

marinhos, depositados entre 1,75 e 1,6Ga, e posterior instalação de bacias de sinéclise, entre

1,6 e 1,5Ga, correspondentes aos sedimentos dos Grupos Santo Onofre no Espinhaço e

Chapada Dimantina na região de mesmo nome (Loureiro et al., 2009; Guimarães et al., 2008).

Uma posterior tafrogênese afetou o Cráton do São Francisco no Toniano (0,95Ga),

culminando no desenvolvimento de uma margem passiva e delineação do rift Macaúbas a

oeste, acompanhada de uma glaciação (Alkmim, 2004). Sob estas condições depositaram os

sedimentos basais glaciogênicos do Supergrupo São Francisco representados pelas Formações

Bebedouro na Chapada Diamantina e Jequitaí na Bacia do São Francisco. O desenvolvimento

de uma sinéclise veio em sequência, sob a qual se instalaram mares epicontinentais nos quais

se depositaram os sedimentos pelito-carbonáticos dos Grupos Una e Bambuí (Loureiro et al.,

2009; Guimarães et al., 2008) em Minas Gerais, correspondentes ao Grupo São Francisco na

Chapada Diamantina. No final do Neoproterozóico (entre 0,6 e 0,5Ga) processou-se a

orogênese Brasiliana que culminou na formação do Gondwana e foi responsável pela inversão

dos sedimentos dos Supergrupo Espinhaço e Supergrupo São Francisco, registros de bacias

policíclicas acumuladas durante todo o Proterozóico, com a formação das faixas móveis que

bordejam o Cráton do São Francisco (Alkmim, 2004).

Nas rochas da Chapada Diamantina a baixa intensidade do tectonismo evitou a

destruição das estruturas sedimentares e assim os sistemas deposicionais descritos a seguir

estão claramente identificados (Pedreira, 1997 apud Delgado et al., 2003).

O estágio rifte – Estateriano – se inicia com a deposição do Grupo Rio dos

Remédios (arenitos bimodais com estratificações cruzadas de grande porte, interpretados

como eólicos) e por rochas vulcânicas félsicas. Estas rochas são dacitos e riodacitos

peraluminosos e calcialcalinos de alto K, relacionados a fusões crustais, com ou sem

influência de material mantélico (Teixeira, 2000 apud Delgado et al., 2003), associados a

rifteamento (McReath et al., 1981 apud Delgado et al., 2003). Também fazem parte do

estágio rifte os conglomerados polimíticos da Formação Ouricuri do Ouro (Schobbenhaus &

Kaul, 1971 apud Delgado et al., 2003), do Grupo Paraguaçu que são interpretados como

leques aluviais.

23

O estágio sinéclise – Mesoproterozóico – começa com os ritmitos com alternância

de níveis arenosos e lamosos, estratificação wavy e linsen e hummocky, interpretados como

turbiditos oscilatórios (Souza, 1996 apud Delgado et al., 2003). Grande parte das rochas

sedimentares componentes deste estágio pertencem à Formação Mangabeira (Schobbenhaus

& Kaul, 1971 apud Delgado et al., 2003). Uma subida relativa do nível do mar depositou a

Formação Açuruá, composta por argilitos e siltitos, com corpos arenosos. A Formação

Mangabeira é interpretada como depósito de um ambiente desértico costeiro e a Formação

Açuruá como um delta dominado por rios (Pedreira, 1995 apud Delgado et al., 2003).

As paleocorrentes medidas tanto na Formação Açuruá, como nas Formações do

Grupo Chapada Diamantina que lhe são superpostas, indicam um basculamento, desde

quando as áreas de proveniência dos sedimentos mudam bruscamente de oeste para leste. Isto

caracteriza um limite de sequência (Pedreira, 1994).

Sobre este limite de sequência foi depositada a Formação Tombador, composta por

conglomerados polimíticos e arenitos, depositados por leques aluviais e rios entrelaçados.

Uma nova elevação do nível relativo do mar depositou a Formação Caboclo, cuja base

consiste em calcários silicificados com vestígios de estromatólitos. Durante a deposição desta

Formação, oscilações do nível do mar foram responsáveis pela deposição de arenitos fluviais

em vales incisos. Uma última queda do nível relativo do mar provocou uma renovação do

influxo terrígeno representado pela Formação Morro do Chapéu, inicialmente como um

sistema fluvial entrelaçado e então como planícies de maré siliciclásticas, seguidas por

sistema deltaico caracterizado por sigmóides (Delgado et al., 2003). A Figura 2.2 mostra a

evolução tectônica da Chapada Diamantina segundo Pedreira & Bomfim (2000).

24

Figura 2.2 - Evolução tectônica da Chapada Diamantina (Pedreira & Bonfim, 2000).

25

3 GEOLOGIA LOCAL

Neste capítulo são apresentadas as informações referentes à Formação Açuruá

pertencente ao Grupo Paraguaçu e informações referentes à Formação Tombador pertencente

ao Grupo Chapada Diamantina do Supergrupo Espinhaço, onde suas ocorrências são vistas na

Figura 3.1. A área de estudo localiza-se próximo à Vila de Guiné, localizada a oeste da Serra

do Esbarrancado que se situa no flanco leste do anticlinal de Seabra e à oeste do anticlinal do

Pai Inácio. As litologias inseridas na região encontram-se no Domínio da Chapada

Diamantina Oriental e datam do Mesoproterozóico (1,0 a 1,8Ga).

3.1 FORMAÇÃO AÇURUÁ

Os depósitos marinhos rasos da Formação Açuruá estão inseridos na fase pós-rifte

(sag) da bacia do Espinhaço Oriental e são representantes de uma transgressão marinha sobre

os depósitos continentais da Formação Mangabeira (Guimarães et al, 2005). É constituída por

quartzitos médios a grossos geralmente mal classificados, com níveis conglomeráticos de

pequenos seixos de quartzo leitoso e quartzitos. A parte superior da unidade passa

lateralmente, em muitos locais, para ardósias e metassiltitos coloridos muito bem laminados

(Inda & Barbosa, 1978). As paleocorrentes nesta unidade (Figura 3.2 a) indicam um fluxo de

corrente no sentido ENE (Pedreira, 1994), enquanto que na Formação Tombador as

paleocorrentes são predominantemente para W.

A Formação Açuruá é caracterizada pela presença de fácies típicas de sistemas

deltaicos (Pedreira, 1994). Bonfim & Pedreira (1990) atribuem os siltitos arenosos a pequenas

barras provenientes de zonas mais rasas, costeiras, retrabalhadas por tempestades. Corpos

arenosos com geometria sigmoidal representam a frente deltaica (Figura 3.2 b).

Santos (2009), em seu trabalho realizado na mesma área, identificou uma

associação de fácies representada por depósitos de planície deltaica predominantemente

constituídos por sedimentos finos. Esta interpretação baseou-se na presença de gretas de

sinerese e lentes de areia fina, consideradas por ele como pertencentes a depósitos de

extravasamento (Figura 3.3).

26

Figura 3.1 - Mapa de Localização da área de estudo feito com base na Carta Geológica da Folha Seabra SD 24 - V - A da

CPRM (1999). Escala 1:167.000.

27

(a) (b)

Figura 3.2 - a) Coluna estratigráfica da Formação Açuruá (Pedreira, 1994); b) Empilhamento estratigráfico da Formação Açuruá,

fácies de prodelta, transição prodelta – frente deltaica e da fácies frente deltaica (Pedreira,1990 apud Aragão, 2009).

28

Figura 3.3 - Seção esquemática da Trilha do Beco (Santos, 2009).

29

3.2 FORMAÇÃO TOMBADOR

A Formação Tombador marca o princípio do preenchimento da sinéclise da

Chapada Diamantina (Guimarães et al., 2005). Ela foi descrita inicialmente por Branner

(1910) na serra homônima. Pedreira (1994) descreveu esta Formação dividindo-a em

litofácies flúvio-eólica, fluvial, eólica e de leques aluviais. Apresenta uma associação de

ambientes estuarinos, eólico costeiro, de leques aluviais com retrabalhamento eólico e de

ambientes fluviais (Schobbenhaus, 1996; Pedreira, 1999; Savini & Raja Gabaglia, 1997 apud

Santana et al., 2008).

Castro (2003) identificou fácies correspondentes a sistemas deposicionais de leque

aluvial, fan-delta, leque sub-aquoso, fluvial torrencial, fluvial, eólico, estuarino, deltaico,

litorâneo, marinho e shoreface. As paleocorrentes observadas nesta Formação apontam

predominantemente para SW (Figura 3.4; Pedreira, 1994).

Figura 3.4 - Coluna estratigráfica da Formação Tombador. Pedreira (1994).

30

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 O QUE É ESTRATIGRAFIA?

Estratigrafia é a descrição, correlação e classificação dos estratos das rochas

sedimentares e sua distribuição no tempo e espaço. Os conceitos básicos da estratigrafia,

derivada das palavras latina stratum (estrato ou camada) e grega graphein (descrição) foram,

inicialmente, estabelecidos a partir de estudos em bacias sedimentares relativamente calmas

com sedimentação contínua (Suguio, 2003). A estratigrafia objetiva organizar o conhecimento

geológico através da caracterização de unidades estratigráficas com suas abrangências

verticais e laterais, estabelecer correlações geológicas entre regiões diferentes e servir de

fundamento para a reconstituição da história da evolução geológica local, regional e mundial.

4.2 O QUE É ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS?

Nas últimas três décadas, foi desenvolvida uma nova visão de estratigrafia, que foi

originalmente conhecida como estratigrafia sísmica (Figura 4.1), pois considerou os avanços

trazidos pelos grandes aperfeiçoamentos na sísmica de reflexão aplicada na exploração de

petróleo que permitiram aos geólogos observarem desde camadas individuais até espessos

pacotes sedimentares numa seção sísmica ou transversal (Press, 2006). A palavra sequência

refere-se, em geral, a uma sucessão ordenada de eventos delimitada por interrupções (ou

quebras). Em estratigrafia, a sequência serve para designar uma sucessão de camadas

separadas por discordâncias no topo e na base, cujo estudo conduz à estratigrafia de

sequências (Suguio, 2003). Estratigrafia de sequências é uma metodologia de trabalho que

enfatiza a importância das quebras no registro estratigráfico, salientando mudanças nos

padrões de empilhamento em resposta a variações na acomodação sedimentar durante o

tempo (Catuneanu, 2010).

A estratigrafia de sequências marca a terceira e mais recente revolução na geologia

sedimentar – juntamente com os conceitos de regime de fluxo e da tectônica de

placas/geodinâmica através da análise dos processos sedimentares em escala regional –

começando no final dos anos 1970 com a publicação do AAPG Memoir 26 (Payton, 1977),

embora suas raízes possam ser traçadas muito antes. A estratigrafia de sequências se

desenvolveu como um método interdisciplinar que junta processos autogênicos (de dentro do

sistema) e alogênicos (de fora do sistema) através de um modelo unificado para explicar a

evolução e a arquitetura estratigráfica de bacias sedimentares (Miall, 1995).

31

Figura 4.1 - Comparação entre seções sísmicas (a) com sequências sísmicas (b) revela o processo deposicional

que criou o padrão de acamamento. Com a subida do nível do mar, duas sequências deltaicas são encontradas (c)

e (d). Press, 2006.

O sucesso e a popularidade da estratigrafia de sequências vem de sua generalizada

aplicabilidade em bacias maduras e novas fronteiras, onde os modelos que prevêem mudanças

laterais e verticais de fácies podem ser formulados. Estes modelos tem provado serem

particularmente eficientes na redução de riscos na exploração de hidrocarbonetos, embora

haja também um aumento na demanda para aplicar a metodologia de estratigrafia de

sequências na exploração de carvão e recursos minerais (Catuneanu, 2006).

Na área técnica/industrial é hoje o paradigma máximo para a exploração e

explotação de petróleo. Na fase de exploração constitui-se na base conceitual para

interpretação e descoberta de campos petrolíferos. Na fase de explotação é fundamental no

zoneamento dos reservatórios produtores (Ribeiro, 2001).

32

4.3 CONTROLES ALOGÊNICOS DA SEDIMENTAÇÃO

A sedimentação é comumente controlada por uma combinação de processos

alogênicos e autogênicos, que determinam a distribuição dos elementos deposicionais dentro

de um sistema deposicional (Catuneanu, 2006). Os processos autogênicos atuam dentro do

sistema deposicional e são comumente estudados usando os métodos convencionais da

sedimentologia e da análise de fácies. Já os processos alogênicos são diretamente relevantes

para estratigrafia de sequências, pois controlam, em larga escala, a arquitetura de

preenchimento da bacia.

Os principais processos alogênicos são controlados pela Tectônica (que consiste em

qualquer processo geológico em que se tem movimentação ou deslocamento de massas

rochosas, construindo ou reorganizando a estrutura terrestre devido a tensões crustais), pela

Eustasia (que é a variação do nível do mar em relação a um datum, em função do

aquecimento e resfriamento do clima terrestre) e pelo Clima (Figura 4.2). A Tectônica e a

Eustasia controlam diretamente a quantidade de espaço disponível para a acumulação dos

sedimentos – acomodação. O clima afeta a acomodação através da eustasia, por exemplo,

durante as glaciações e através de mudanças no nível de energia nos ambientes continentais e

marinhos, causando mudanças no aporte sedimentar, na erosão, nos processos de transporte de

sedimentos e no intemperismo (Catuneanu, 2006).

Figura 4.2 - Controles alogênicos na sedimentação e sua relação com o fluxo de energia do ambiente, aporte de

sedimentos, acomodação e trends deposicionais. Catuneanu, 2006.

4.4 APORTE SEDIMENTAR E FLUXO DE ENERGIA

O aporte sedimentar é uma importante variável nas análises da estratigrafia de

sequências, referindo-se à quantidade e ao tipo de sedimentos que são fornecidos a partir de

áreas fonte para áreas de deposição por vários agentes de transporte, incluindo a gravidade, a

33

água e o vento. O fornecimento de sedimentos é primariamente um subproduto do clima e do

tectonismo. Um clima úmido aumenta a quantidade de sedimentos através do aumento da

eficácia do intemperismo, da erosão e, através de processos de elevação tectônica, há um

rejuvenescimento das áreas fonte (Catuneanu, 2006).

Variações no aporte sedimentar podem também serem úteis na manifestação de

processos deposicionais de agradação ou erosão, mas a importância de tais variações é

relativa ao fluxo de energia de cada ambiente em particular. Nas bacias marinhas os

sedimentos são transportados por uma variedade de correntes sub-aquosas, onde o balanço

entre a energia (capacidade de transporte) e os sedimentos carregados pelas correntes ditam a

acomodação sedimentar e a erosão (Figura 4.3). Ou seja, uma corrente marinha que tem mais

energia do que a necessária para transportar um tipo de sedimento acaba erodindo o assoalho

marinho; consequentemente uma corrente com menos energia do que a requerida para

transportar um sedimento resulta numa agradação. O mesmo princípio é aplicado para

sistemas fluviais e eólicos (Catuneanu, 2006).

Figura 4.3 - Relação entre fluxo de energia, aporte sedimentar, nível de base e acomodação em um ambiente

costeiro que não é afetado pela subsidência ou pela mudança do nível do mar. Catuneanu, 2006.

4.5 ACOMODAÇÃO SEDIMENTAR O conceito de acomodação sedimentar descreve a quantidade de espaço que está

disponível para os sedimentos depositarem-se e é mensurado pela distância entre o nível de

base e a superfície deposicional (Jervey, 1988 apud Catuneanu, 2006). A acomodação é

função das flutuações eustáticas e da subsidência (Figura 4.4) (Ribeiro, 2001).

Figura 4.4 - Espaço para potencial acumulação de sedimentos gerado pela inter-relação entre a eustasia e a

tectônica. Ribeiro, 2001.

34

4.6 NÍVEL DE BASE

É o limite topográfico, abaixo do qual uma drenagem não consegue erodir o

substrato no continente, representando o estado de equilíbrio num dado momento entre a

deposição e a erosão. Abaixo desse nível não ocorre erosão pelas águas superficiais (Barrell,

1917 apud Suguio, 2003).

O nível de base (de deposição ou erosão) é geralmente considerado como uma

superfície global de referência onde tende a ocorrer, durante o tempo, o processo de

denudação continental e agradação marinha (Figura 4.5). Esta superfície é dinâmica,

movendo-se para cima e para baixo através do tempo em relação ao centro da Terra em

paralelo com as subidas e descidas eustáticas do nível do mar (Catuneanu, 2006). Esta

relação espacial entre o nível do mar e o nível de base é também suportada pelo fato de que

nos locais de encontro de rios com o mar, a erosão ocorre abaixo do nível do mar, no nível de

base (Schumm, 1993 apud Catunenu, 2006). Portanto, o nível de base é uma superfície

dinâmica imaginária 4D de equilíbrio entre deposição e erosão, largamente dependente das

flutuações da energia do ambiente e do aporte sedimentar (Catuneanu, 2006). Por exemplo, a

construção de barragens para reservatórios hidrelétricos, ou outros fins, ocasiona o

levantamento do nível de base, com consequente redução da velocidade das águas e, portanto,

da competência e capacidade do rio (Suguio, 2003). Para simplificar, o nível de base é muitas

vezes aproximado do nível do mar (Jervey, 1988; Schumm, 1993 apud Catunenu, 2006). Na

realidade, o nível de base é usualmente abaixo do nível do mar devido à ação erosiva das

ondas e das correntes marinhas (Figura 4.3). Em ambientes eólicos o nível de base é a

superfície do topo do lençol freático, pois quando esse nível é atingido os ventos não

conseguem mobilizar os sedimentos disponíveis (Catuneanu, 2006).

Figura 4.5 - O conceito de nível de base, definido como o mais baixo nível de denudação continental.

Catuneanu, 2006.

35

O maior interesse nas mudanças relativas do nível do mar reflete-se no quanto de

acomodação é criada ou perdida durante um período de tempo, ao invés do valor real do nível

relativo do mar a qualquer momento (Catuneanu, 2006). Diferentes cenários de subida e

descida do nível relativo do mar são ilustrados na Figura 4.6 e na Figura 4.7.

Figura 4.6 - Cenários de subida relativa do nível do mar. Catuneanu, 2006.

Figura 4.7 - Cenários de queda relativa do nível do mar. Catuneanu, 2006.

36

4.7 TRAJETÓRIAS DA LINHA DE COSTA

A interação entre o nível de base e a sedimentação controla as oscilações na

profundidade da água, bem como as mudanças transgressivas e regressivas da linha de costa

(Catuneanu, 2006). Uma transgressão é definida como a migração da linha de costa em

direção ao continente. Essa migração causa mudanças nos sistemas deposicionais devido à

subida do nível do mar. Transgressões resultam em padrões de empilhamento

retrogradacionais, com fácies marinhas sobre fácies não marinhas. Uma regressão é definida

como a migração da linha de costa em direção ao mar – bacia. Essa migração causa mudanças

nos sistemas deposicionais devido à descida do nível do mar. Regressões resultam em padrões

de empilhamento progradacionais, com fácies não marinhas sobre fácies marinhas (Figura

4.8) (Catuneanu, 2006). Portanto uma transgressão ocorre quando espaço – acomodação – é

criado mais rapidamente do que é preenchido pela sedimentação e, a regressão ocorre quando

a taxa de sedimentação é mais rápida do que a taxa de criação de espaço. A agradação ocorre

quando as taxas de aporte sedimentar e de criação de espaço de acomodação se equivalem

(Figura 4.9) (Catuneanu, 2006).

Figura 4.8 - Transgressões e regressões. Catuneanu, 2006.

Durante o estágio de queda do nível de base, a acomodação é reduzida por

controles externos (interação de subsidência e mudança do nível do mar) e a linha de costa é

forçada a regredir independentemente do fator sedimentação (Figura 4.10). Este tipo de

37

regressão controlada pela queda do nível de base é conhecido como regressão forçada

(Posamentier et al., 1992).

Figura 4.9 - Empilhamento vertical de conjuntos de parasequências. Catuneanu, 2008.

Segundo Catuneanu (2006) nos estágios iniciais da subida do nível de base, quando

as taxas de subida são baixas, com acréscimo a partir do zero, as taxas de sedimentação são

mais prováveis a ultrapassar as taxas de criação de espaço, conduzindo para uma regressão

normal da linha de costa, continuando deste modo com um trend regressivo durante o período

de mar baixo. Uma vez que as taxas de acréscimo do nível de base ultrapassam as taxas de

sedimentação, a transgressão da linha de costa começa. Nos estágios finais da subida do nível

de base, quando as taxas de subida são progressivamente reduzidas e tendendo para o zero, a

taxa de sedimentação volta a ser predominante, provocando uma segunda regressão normal

desta vez no período de mar alto. Ou seja, a regressão normal ocorre nos estágios, inicial e

final de subida do nível de base quando as taxas de sedimentação são maiores do que as taxas

de subida do nível de base. A sucessão de mudanças transgressivas e regressivas da linha de

costa (Figura 4.10) representa o mais completo cenário da ciclicidade estratigráfica, onde uma

regressão forçada, duas regressões normais e uma transgressão (Figura 4.11) manifestam-se

durante um ciclo completo de mudanças do nível de base (Catuneanu, 2006; Catuneanu et

al.,2010).

38

Figura 4.10 - Conceitos de transgressão, regressão normal e regressão forçada, definido como a interação entre

mudanças no nível de base e taxa de sedimentação. (RN=Regressão Normal; RF=Regressão Forçada)

Catuneanu, 2006.

Figura 4.11 - Os padrões de empilhamento estratal definem os tipos genéticos de depósitos que são os blocos

construtores fundamentais da estratigrafia de sequências. (NRM=Nível Relativo do Mar). Catuneanu et al., 2010.

39

4.8 SUPERFÍCIES ESTRATIGRÁFICAS

As superfícies na estratigrafia de sequências são descontinuidades que podem

servir, ao menos em parte, como limites de tratos de sistemas – conjunto de sistemas

deposicionais contíguos e contemporâneos (Brown & Fisher, 1977 apud Catuneanu, 2006).

Segundo Catuneanu et al. (2010), são 07 (sete) as superfícies estratigráficas:

Discordância Subaérea;

Conformidade Correlativa, segundo Hunt & Tucker (1992);

Superfície Basal de Regressão Forçada ou Conformidade Correlativa, segundo

Posamentier et al. (1988);

Superfície de Inundação Máxima;

Superfície Regressiva Máxima;

Superfície de Ravinamento Transgressivo; e

Superfície Regressiva de Erosão Marinha.

As superfícies estratigráficas marcam mudanças através do tempo dos regimes

deposicionais – mudanças no ambiente deposicional, carga de sedimento e/ou fluxo de

energia do ambiente – e são criadas pelas mudanças do nível de base e pela sedimentação. A

correta identificação dos vários tipos de superfícies é a chave do sucesso da abordagem da

estratigrafia de sequências (Catuneanu, 2006).

As superfícies estratigráficas podem ser identificadas através de vários critérios,

incluindo a natureza do contato – concordante ou discordante – a natureza das fácies que estão

em contato através de uma superfície, registros dos trends deposicionais dos estratos abaixo e

acima do contato – regressivo forçado, normal ou transgressivo – características icnológicas

da superfície ou das fácies que estão em contato através da superfície e a associação de

terminações estratais com cada superfície em particular (Catuneanu, 2006).

4.9 TIPOS DE TERMINAÇÕES ESTRATAIS

As terminações estratais foram originalmente definidas por Mitchum et al. (1977)

na interpretação de seções sísmicas de reflexão, embora também possam ser observados em

grandes afloramentos. As terminações estratais são definidas pela relação geométrica entre

estratos e as superfícies contra as quais elas terminam, sendo melhor observadas em larga

escala, particularmente em linhas sísmicas 2D (Catuneanu, 2006).

Quatro terminações estratais podem ser usadas para identificar superfícies na

estratigrafia de sequências (Figura 4.12), duas que ocorrem acima da superfície (onlap e

downlap) e duas que ocorrem abaixo da superfície (toplap e truncamento). Além disso, a

40

terminação offlap (Figura 4.13) possibilita o reconhecimento de regressões forçadas e a

delimitação de discordâncias subaéreas e suas conformidades correlativas (Catuneanu, 2008).

Figura 4.12 - Terminações estratais que podem ser observadas abaixo e acima de superfícies estratigráficas em

seções sísmicas e em afloramentos de larga escala. Catuneanu, 2008.

Figura 4.13 - Tipos de terminações estratais. Catuneanu, 2006.

As terminações estratais tem uma relação específica com os trends deposicionais e,

portanto, permitem a inferência de tipos sin-deposicionais de mudanças da linha de costa e

implicitamente reconstitui a história de mudanças do nível de base e da linha de costa (Tabela

4.1) (Catuneanu, 2006).

Tabela 4.1 - Interpretação das terminações estratais em termos de mudanças sin-deposicionais da linha de costa e

mudanças do nível de base. (RF=Regressão Forçada; T=Transgressão; R=Regressão; RN=Regressão Normal).

Catuneanu, 2006.

41

4.10 SUPERFÍCIES DA ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS

De acordo com a interação entre sedimentação e as mudanças do nível de base, os

eventos de regressão e transgressão delimitam superfícies que caracterizam eventos

específicos ou estágios do ciclo de mudança do nível de base (Figura 4.14).

Figura 4.14 - Relação entre as Superfícies Estratigráficas e os principais eventos do ciclo do nível de base.

Catuneanu, 2006.

4.10.1 Discordância Subaérea

Uma discordância é definida por Van Wagoner et al. (1987) como uma superfície

que separa estratos mais novos de mais antigos, ao longo da qual existem evidências de

truncamento erosivo subaéreo (até mesmo erosão submarina correlata) ou exposição subaérea,

indicando um hiato significativo. Entretanto, Sloss et al. (1949) já haviam enfatizado a

importância da discordância subaérea como uma superfície de limite de sequência. Helland –

Hansen & Martinsen (1996) dizem que a discordância subaérea é uma superfície de erosão ou

não deposição criada por processos subaéreos, tais como incisão fluvial, degradação pelo

vento, dissolução, ou pedogênese, geralmente durante a queda do nível de base. Durante a

regressão forçada de linha de costa, a discordância subaérea se estende para dentro da bacia

atingindo sua extensão máxima no fim da regressão forçada (Catuneanu, 2006) (Figura 4.15 e

Foto 4.1).

42

Figura 4.15 - Acima, perfil demonstrando a discordância subaérea, abaixo a discordância subaérea (linha

vermelha) em uma seção sísmica numa orientação Dip. (TSMB=Trato de Sistemas de Nível Baixo; TSEQ=Trato

de Sistemas de Estágio de Queda; RN=Regressão Normal; RF=Reg ressão Forçada). Catuneanu, 2006.

Foto 4.1-Foto de afloramento com uma discordância subaérea (seta amarela). Contato entre estratos cruzados

por onda de ambiente marinho raso abaixo e estratos fluviais acima. Catuneanu, 2006.

43

4.10.2 Conformidade Correlativa

A Conformidade Correlativa é formada em ambiente marinho no final da queda do

nível de base (Hunt & Tucker, 1992). Esta superfície se aproxima do paleo-fundo do mar no

fim da regressão forçada, que é representada pela clinoforma mais jovem associada com

offlap e se correlaciona com terminações em direção ao mar da discordância subaérea. Já

Posamentier et al. (1988) definiram como Conformidade Correlativa o paleo-fundo do mar no

início da queda do nível de base, ou seja, início da regressão forçada. Esta superfície é tratada

como sinônimo do termo ―Superfície Basal de Regressão Forçada‖. A distinção entre estes

dois tipos de conformidades correlativas é necessária, pois eles são fisicamente separados

pelos depósitos progradantes e em offlap da regressão forçada (Figura 4.16).

Figura 4.16 - A) Conformidade correlativa segundo Hunt & Tucker, 1992 (linha vermelha tracejada); B)

Conformidade Correlativa segundo Posamentier et al., 1988 (linha vermelha pontilhada). Catuneanu, 2006.

4.10.3 Superfície Basal de Regressão Forçada

O termo Superfície Basal de Regressão Forçada foi introduzido por Hunt & Tucker

(1992) para definir a base de todos os depósitos que se acumularam num ambiente marinho

44

durante a regressão forçada da linha de costa. Este termo corresponde à Conformidade

Correlativa de Posamentier et al. (1988) e representa o paleo-fundo do mar no início da queda

do nível de base. A superfície basal de regressão forçada se inicia na base da mais antiga

clinoforma associada com offlap. Este início de queda da superfície marinha é posicionado

abaixo da discordância subaérea dentro da área da regressão forçada da linha de costa e, desde

que haja uma boa preservação dos primeiros depósitos de regressão forçada, as duas

superfícies se encontram num ponto que marca a posição da linha de costa no início da

regressão forçada (Figura 4.17) (Catuneanu, 2006).

Figura 4.17 - Superfície estratigráfica que se forma em resposta a uma regressão forçada em uma costa dominada

por onda. Catuneanu, 2006.

Em ambientes de água profunda, a superfície basal de regressão forçada é marcada

na base de um complexo de leque submarino progradante (Hunt & Tucker, 1992), originados

por erosão e/ou por fluxos de gravidade associados com a regressão forçada da linha de costa.

Neste caso, a superfície basal de regressão forçada separa sedimentos pelágicos, em baixo, de

depósitos de fluxo de gravidade, em cima. O potencial de preservação da superfície basal de

regressão forçada dentro de sucessões marinha rasas é muito maior na frente de deltas

dominados por rios, onde o ângulo de reposição das clinoformas progradantes é mais íngreme

do que o perfil de equilíbrio da onda não propiciando a erosão desta superfície pela ação das

ondas (Figura 4.18; Catuneanu, 2006).

45

Figura 4.18 - a) Depósito marinho raso onde não ocorre a SBRF, pois o ângulo de repouso das clinoformas é

maior do que o perfil de equilíbrio das ondas, portanto o fundo não é erodido; b) perfil de equilíbrio das ondas

maior do que o ângulo de repouso das clinoformas, causando erosão do fundo. (TSMB=Trato de Sistemas de

Nível Baixo; TSEQ=Trato de Sistemas de Estágio de Queda; SBRF=Superfície Basal de Regressão Forçada).

Catuneanu, 2006.

4.10.4 Superfície Regressiva de Erosão Marinha

Esta superfície de ravinamento é formada durante a queda do nível de base quando

o perfil de equilíbrio das ondas atinge e erode o substrato marinho. As fácies abaixo da

superfície são representantes da plataforma continental e acima da mesma são da shoreface

(Figura 4.19 e Foto 4.2), ambas em granocrescência ascendente geradas durante a regressão

forçada. O processo de erosão por ondas só é possível onde o gradiente da plataforma é menor

do que o gradiente do perfil de equilíbrio por onda (Catuneanu, 2006).

(a) (b)

46

Figura 4.19 - Evolução da Superfície Regressiva de Erosão Marinha em depósitos marinhos rasos de estágio de

queda em plataforma dominadas por ondas.(TSMA=Trato de Sistemas de Nível Alto; HCS=Estratificação

Cruzada Hummocky;SCS=Estratificação por Ondas; FWB=Nível Médio das Ondas Normais; SWB=Nível

Mèdio de Ondas de Tempestade) Catuneanu, 2006.

47

Foto 4.2 - Superfície Regressiva de Erosão Marinha (linha vermelha) separando depósitos arenosos de regressão

forçada – acima – de depósitos argilosos da plataforma externa – abaixo. Catuneanu, 2006.

4.10.5 Superfície Regressiva Máxima

A superfície regressiva máxima (Catuneanu 1996; Helland-Hansen & Martinsen,

1996 apud Catuneanu, 2006) é definida como a superfície que marca o final da regressão

normal do trato de nível baixo. Com a consequente subida do nível de base, depósitos

transgressivos serão depositados. Portanto, esta superfície separa estratos progradantes, em

baixo, de estratos retrogradantes, em cima (Figura 4.20).

O fim do evento de regressão normal da linha de costa no final do trato de mar

baixo marca uma mudança nos regimes de sedimentação, como o reflexo no balanço entre

aporte sedimentar e energia do ambiente, em todos os sistemas deposicionais afetados pela

variação da linha de costa. (Foto 4.3) (Catuneanu, 2006).

48

Figura 4.20 – Superfície Regressiva Máxima (linha vermelha) numa orientação DIP. (RN=Regressão Normal;

RF=Regressão Forçada) Catuneanu, 2006.

Foto 4.3 - Superfície Regressiva Máxima (seta amarela). A - estratos fluviais de regressão forçada. B – depósitos

de praia. Catuneanu, 2006.

4.10.6 Superfície de Inundação Máxima

A superfície de inundação máxima (Frazier, 1974; Posamentier et al., 1988; Van

Wagoner et al., 1988; Galloway, 1989 apud Catuneanu, 2006) é definida também como a

superfície que relaciona transgressão e regressão, marcando o fim da transgressão da linha de

costa. Portanto, esta superfície separa estratos retrogradantes transgressivos, em baixo, de

49

estratos progradantes de regressão normal de mar alto, em cima. A presença de estratos

progradantes acima identifica a superfície de inundação máxima como uma superfície de

downlap nas seções sísmicas (Figura 4.21). A mudança de um padrão de empilhamento

retrogradacional para um padrão de empilhamento progradacional sobrejacente ocorre durante

a subida do nível de base na linha de costa, quando as taxas de sedimentação começam a

ultrapassar as taxas de subida do nível de base.

Figura 4.21 - Acima, perfil demonstrando a superfície de inundação máxima. Abaixo, expressão sísmica de uma

SIM em uma costa com depósitos marinhos rasos.(A – linhas sísmicas não interpretadas e B – interpretadas).

(TST=Trato de Sistemas Transgressivo; TSMA=Trato de Sistemas de Nível Alto; TSMB=Trato de Sistema de

Nível Baixo; SIM=Superfície de Inundação Máxima) Catuneanu, 2006.

Quando os depósitos transgressivos são ausentes, a superfície de inundação máxima

é associada a um contraste litológico, separando duas sucessões de granocrescência

ascendente (Catuneanu, 2006).

A superfície de inundação máxima é também conhecida como Superfície

Transgressiva Máxima (Helland-Hansen & Martinsen, 1996) ou por Superfície Final de

Transgressão (Nummedal et al., 1993 apud Catuneanu, 2006). As superfícies de inundação

50

máxima são indiscutivelmente as mais fáceis marcas estratigráficas pra se usar na subdivisão

de sucessões estratigráficas, em características marinhas para planícies costeiras, pois estão

em extensas áreas de seções condensadas que se formam quando a linha de costa atinge sua

posição máxima no continente (Galloway, 1989; Posamentier & Allen, 1999 apud Catuneau,

2006).

4.10.7 Superfície de Ravinamento Transgressivo

Superfícies de ravinamento transgressivo são formadas por marés e/ou ondas

durante mudanças da linha de costa em direção ao continente. Na maioria dos casos, dois

tipos de superfícies de ravinamento transgressivo – gerada por ondas e gerada por marés – são

superimpostas formando onlap pela antepraia transgressiva (onlap costeiro – quando a

terminação mergulho acima ocorre em ambiente costeiro ou fluvial) (Catuneanu, 2006). Tais

amalgamamentos transgressivos formam-se comumente em características de linha de costa

aberta e onde todas as fácies retrogradacionais são preservadas. Dependendo da intensidade

do ravinamento que ocorre durante a transgressão, as fácies transgressivas de praia e fluvial

subjacentes podem não se preservar e, neste caso a superfície de ravinamento transgressivo

pode truncar um estrato mais velho. Por essa razão, as fácies que são encontradas em baixo de

uma superfície de ravinamento transgressivo são variáveis – fluviais, costeiras ou marinho

raso – entretanto as fácies acima desta superfície são sempre marinho raso.

Num estuário, os dois tipos de superfícies de ravinamento transgressivo – dominado

por onda ou dominado por maré – podem ser preservados com diferentes contatos erosivos,

separados por complexos depósitos de areia na boca do estuário (Figura 4.22 e Figura 4.23)

(Catuneanu, 2006). Em cada caso, a erosão por marés e por ondas durante a transgressão da

linha de costa ocorre ao mesmo tempo, mas em diferentes áreas, dentro do estuário e acima da

antepraia, respectivamente.

Um diagnóstico de todas as superfícies estratigráficas é apresentado na Tabela 4.2,

onde são identificadas a natureza do contato, as fácies, os trends deposicionais e as

terminações estratais.

51

Figura 4.22 - Superfícies de ravinamento por onda e por maré em um estuário dominado por onda.

(SRM=Superfície de Ravinamento por Maré; SRO=Superfície de Ravinamento por Onda) Catuneanu, 2006.

Figura 4.23 - Superfícies de ravinamento por onda e por maré em um estuário dominado por maré.

(SRM=Superfície de Ravinamento por Maré; SRO=Superfície de Ravinamento por Onda) Catuneanu, 2006.

52

Tabela 4.2 - Diagnóstico do significado das superfícies estratigráficas. (RN=Regressão Normal; RF=Regressão

Forçada;T=Transgressão) Catuneanu, 2006.

4.11 PARASSEQUÊNCIAS

Segundo Van Wagoner (1995) uma parassequência é uma sucessão relativamente

concordante de camadas geneticamente relacionadas ou limitadas por superfícies de

inundação (Figura 4.24). As parassequências são identificadas em lobos progradantes, com

granocrescência ascendente, em ambientes que vão de costeiros a marinhos rasos (Foto 4.4).

A deposição de cada lobo é determinada por eventos de inundação abruptos que levam a

formação de superfícies de inundação marinha.

O principal problema com o conceito de parassequências recai sobre suas

superfícies limítrofes, ou seja, as superfícies de inundação. Superfície de inundação é um

termo mal definido que permite múltiplos significados, tais como superfícicie de ravinamento

transgressivo, superfície regressiva máxima e superfície de inundação máxima (Catuneanu,

2006). Dependendo da superfície estratigráfica que a superfície de inundação realmente é, a

parassequência pode ser qualquer coisa a partir de sequências transgressivas e regressivas, por

exemplo, onde há um corte abrupto do fornecimento de sedimentos no início da transgressão,

a superfície de inundação é uma superfície regressiva máxima (Catuneanu, 2006).

53

Portanto, Catuneanu (2006) recomenda que o termo parassequência deva ser usado,

de forma restrita, em sucessões progradantes litorâneas a marinhas rasas, onde as evidências

de mudanças bruscas na profundidade da água (superfícies de inundação) possam ser

produzidas.

Figura 4.24 - Conceito de parassequência e superfícies de inundação exemplificado em uma sucessão de fácies

progradantes de uma Frente Deltaica / shoreface, onde é possivel observar o padrão progradante das

parassequências no perfil de gama ray (Catuneanu, 2006).

Foto 4.4 - Exemplo de afloramentos com sucessões de parassequências formadas em ambientes marinhos rasos,

onde é possivel ver o padrão progradante das fácies limitadas por superficies de inundação (setas vermelhas).

Catuneanu, 2006.

54

4.12 SEQUÊNCIAS GENÉTICAS

Galloway (1989) definiu Sequência Genética a partir da constatação de que as

margens de bacias marinhas atuais são caracterizadas por episódios repetitivos de

progradação, pontuados por períodos de transgressão e inundação. Assim a sequência

estratigráfica genética refere-se às sequências limitadas por estes episódios. Desta forma, uma

sequência estratigráfica genética é o produto sedimentar de um episódio deposicional,

limitada por superfícies de inundação máxima (Galloway, 1989 apud Savini & Raja Gabaglia,

1997).

Um dos principais argumentos para a escolha desta superfície delimitadora

é que as mudanças principais na paleogeográfia dos sistemas deposicionais e depocentros

ocorrem em épocas de transgressão máxima da costa (Galloway, 1989 apud Catunenu, 2006).

Por sua vez, essas mudanças na distribuição de sistemas deposicionais e depocentros marcam

mudanças significativas nos padrões de dispersão de sedimentos ao longo da superfície de

inundação máxima, que é comumente identificada como uma ―superfície downlap‖ em termos

geométricos (Schlager, 1991; Galloway, 2004 apud Catuneanu, 2006).

Este modelo supera os problemas relacionados com o reconhecimento do limite de

sequência deposicional da conformidade correlativa (superfície formada no início e no final

da queda do nível básico) em sucessões marinhas rasas e tem o mérito de que as superfícies

de inundação máxima são relativamente fáceis de mapear em uma bacia (Catuneanu, 2006).

A crítica que este modelo tem recebido é dupla. Em primeiro lugar, a sequência

estratigráfica genética inclui a discordância subaérea dentro da sequência (Figura 4.25), o que

contraria a noção geralmente aceita de que sequências consistem em pacotes geneticamente

relacionados dos estratos. Assim, a presença da discordância subaérea dentro de sequências

estratigráficas genéticas permite a possibilidade de que os estratos relacionados geneticamente

possam ser colocados juntos no mesmo pacote "genético"(Catuneanu, 2006). Em segundo

lugar, o tempo de instalação das superfícies de inundação máxima depende da interação entre

mudanças de nível de base e sedimentação e, portanto, estas superfícies podem ser diacrônicas

(Posamentier & Allen, 1999 apud Catuneanu, 2006). Apesar dessas limitações, a sequência

estratigráfica genética mantém a vantagem de ser limitada por uma superfície estratigráfica de

sequência única e facilmente identificável (Catuneanu, 2006).

55

Figura 4.25 - Trato de Sistemas e Superfícies Estratigráficas englobadas pela Sequência Estratigráfica Genética.

(TSR=Trato de Sistemas Regressivo; TST=Trato de Sistemas Transgressivo; TSMA=Trato de Sistemas de

Nível Alto; TSMB=Trato de Sistema de Nível Baixo; SIM=Superfície de Inundação Máxima;

SBRF=Superfícies Basal de Regressão Forçada; SEM=Superfície Regressiva Máxima;C.C.=Conformidade

Correlativa; G.D.=Granodecrescência Ascendente;G.C.=Granocrescência Ascendente; RN=Regressão Normal;

RF=Regressão Forçada ) Catuneanu, 2006.

4.13 TRATOS DE SISTEMAS

Tratos de sistemas correspondem a unidades estratigráficas genéticas que se

depositaram sincronicamente dentro de um sistema deposicional (Catuneanu, 2006). Cada

trato de sistemas é definido por um tipo específico de padrão de empilhamento estratal

juntamente associado com um tipo de mudança da linha de costa (regressão forçada, normal

ou transgressão) e representa uma resposta sedimentar específica da interação entre fluxo de

sedimentos, fisiografia, energia do ambiente e mudanças na acomodação (Posamentier &

Allen, 1999 apud Catuneanu, 2006).

Em associação à curva de variação do nível de base, é possível identificar quatro

distintos tratos de sistemas (Figura 4.26) (Catuneanu, 2006):

Trato de Sistemas de Nível alto;

Trato de Sistemas de Estágio de Queda,

Trato de sistemas de Nível Baixo e;

Trato de Sistemas Transgressivo.

56

Figura 4.26 - Arquitetura regional de sistemas deposicionais, tratos de sistemas e superfícies estratigráficas. (i-

RF=início da Regressão Forçada; f-RF=final da Regressão Forçada; i-T=início da Transgressão; f-T=final da

Transgressão). Catuneanu, 2006.

4.13.1 Trato de Sistema de Nível Alto

O trato de sistema de nível alto forma-se durante os estágios finais de subida do

nível de base, quando as taxas de acomodação são menores do que as taxas de sedimentação,

gerando uma regressão normal da linha de costa (Catuneanu, 2006). Consequentemente,

57

trends deposicionais e padrões de empilhamento são dominados por uma combinação de

processos agradacionais e progradacionais. O trato de sistema de nível alto é limitado por uma

Superfície de Inundação Máxima na base e por uma combinação de superfícies no topo que

inclui uma porção de Discordância Subaérea, da Superfície Basal de Regressão Forçada e a

porção mais velha da Superfície Regressiva de Erosão Marinha (Figura 4.27).

Figura 4.27 - Acima, detalhe da arquitetura do trato de sistemas de mar alto, abaixo, processo deposicional e

produtos do TSMA. (TSMA=Trato de Sistema de Nível Alto; TST=Trato de Sistema Transgressivo;

TSEQ=Trato de Sistema de Estágio de Queda; TSMB=Trato de Sistema de Nível Baixo). Catuneanu, 2006.

Com relação ao potencial econômico (plays de petróleo), os melhores reservatórios

do estágio de nível alto tendem estar associados com sistemas deposicionais de deltas e de

antepraia na linha de costa, o qual concentra largas quantidades de areia, com mais alta

relação areia/lama. Estes reservatórios tem usualmente espessura de metros a dezenas de

metros e podem mostrar muito boa continuidade lateral ao longo do strike da bacia

(Catuneanu, 2006). O risco maior na exploração em reservatórios relacionados ao trato de

58

sistemas de nível alto está no baixo potencial de carga devido ao desenvolvimento insuficiente

de fácies selantes. Com relação às reservas de carvão, todas as condições favoráveis para sua

acumulação são satisfeitas, o que envolve a interação de subsidência, crescimento da

vegetação e aporte sedimentar. As mais significantes jazidas de carvão tendem a estar

associadas com superfícies de inundação máxima (Hamilton and Tadros, 1994 apud

Catuneanu, 2006).

4.13.2 Trato de Sistema de Estágio de Queda

O trato de sistemas de estágio de queda inclui todos os estratos acumulados na

bacia sedimentar durante a regressão forçada da linha de costa. De acordo com os modelos da

estratigrafia de sequências, os depósitos de regressão forçada consistem principalmente de

fácies de água rasa e água profunda que se acumularam ao mesmo tempo da formação da

discordância subaérea na poção continental da bacia. O trato de sistema de estágio de queda é

limitado no topo por uma composição de superfícies que inclui a Discordância Subaérea, sua

Conformidade Correlativa (segundo Hunt & Tucker, 1992) e a porção mais jovem da

Superfície Regressiva de Erosão Marinha. Na base, o trato de sistema de estágio de queda é

limitado pela Superfície Basal de Regressão Forçada (conformidade correlativa de

Posamentier & Allen, 1999) e pela porção mais antiga da Superfície Regressiva de Erosão

Marinha (Figura 4.28) (Catuneanu, 2006).

Figura 4.28 - Detalhe da arquitetura do trato de sistemas de estágio de queda. (TSEQ=Trato de Sistema de

Estágio de Queda). Catuneanu, 2006.

Durante a queda do nível de base a linha de costa é forçada a avançar em direção a

bacia, ocorrendo migração dos depósitos fluviais que chegam à plataforma continental. A

queda do nível de base provoca incisão fluvial, expondo áreas antes marinhas (Catuneanu,

2006). A formação da discordância subaérea na porção não-marinha da bacia durante a fase

de queda do nível de base pode envolver a combinação de processos que incluem além da

59

incisão fluvial, by-pass de sedimentos, karstificação, pedogênese e deflação (Catuneanu,

2006). Com o início da queda do nível de base a linha de costa é forçada a avançar em direção

a bacia, juntamente com os depósitos fluviais que chegam à plataforma continental. Na região

que passa a ser dominada por ambientes não marinhos, há o desenvolvimento de canais

fluviais de alta energia (entrelaçados), pois o novo perfil de equilíbrio fluvial faz com que os

rios escavem seus leitos levando muitos sedimentos em direção ao oceano. É comum o

registro de paleo-linhas de costa que são deixadas para trás com a retração da linha de costa,

evidenciando assim o processo da regressão forçada (Figura 4.29) (Catuneanu, 2006).

Figura 4.29 - Processos deposicionais e produtos do trato de sistemas de estágio de queda inicial (acima) e final

(abaixo). Catuneanu, 2006.

60

Os principais reservatórios dos estágios iniciais da regressão forçada para

hidrocarbonetos são associados aos depósitos em offlap dos deltas de regressão forçada e a

arenitos formados na paleo-linha de costa. Todos esses depósitos apresentam boa extensão

lateral ao longo do strike da bacia. Outros depósitos em potencial são os turbiditos de alta

densidade (Catuneanu, 2006).

Os melhores plays de petróleo que podem se formar em relação aos estágios finais

de regressão forçada são dos depósitos associados com leques submarinos de água profunda.

Estes reservatórios formam a parte mais espessa do leque no assoalho da bacia e são

sobrepostos pela conformidade correlativa segundo Hunt & Tucker (1992).

Os processos erosivos durante o estágio de queda do ciclo do nível de base são

geralmente considerados como mais úteis na formação de depósitos de placeres. As

discordâncias subaéreas são as mais importantes superfícies estratigráficas formadoras de

placeres, por causa do extenso período de tempo que é disponível para a erosão e

retrabalhamento de depósitos de mar alto subjacentes (Catuneanu, 2006).

4.13.3 Trato de Sistemas de Nível Baixo

O Trato de Sistemas de Nível Baixo é limitado por uma discordância subaérea e sua

Conformidade Correlativa marinha na base e pela Superfície Regressiva Máxima no topo

(Foto 4.5 e Figura 4.30). O Trato de Sistemas de Nível Baixo forma-se durante os estágios

iniciais de subida do nível de base quando a taxa de subida é ultrapassada pela taxa de

sedimentação (Catuneanu, 2006).

Durante a subida do nível de base a regressão normal prevê acomodação de

ambientes fluviais e ambientes costeiros. O trapeamento de areia dentro de sistemas fluviais e

marinhos rasos no início da subida do nível de base resulta na diminuição do volume de

sedimentos disponíveis para fluxos de gravidade em águas profundas e também numa redução

da relação areia/lama em leques submarinos (Catuneanu, 2006).

61

Foto 4.5 - Afloramento que expressa o Trato de Sistemas de Nível Baixo. Canais fluviais amalgamados (acima)

e depósitos de shoreface de TSEQ (abaixo) separados por uma discordância Subaérea (linha vermelha).

Catuneanu, 2006.

Figura 4.30 - Acima, detalhe da arquitetura do trato de sistemas de mar baixo. Abaixo, processo deposicional e

produtos do TSMB. (TSMB=Trato de Sistemas de Nível Baixo;TSEQ=Trato de Sistemas de Estágio de Queda).

Catuneanu, 2006.

62

4.13.4 Trato de Sistemas Transgressivo

O Trato de Sistemas Transgressivo é limitado na base por uma Superfície

Regressiva Máxima e no topo por uma Superfície de Inundação Máxima. Este trato de

sistemas forma-se durante o estágio de subida do nível de base quando as taxas de subida

ultrapassam as taxas de sedimentação na linha de costa (Figura 4.31) (Catuneanu, 2006).

Figura 4.31 - Detalhe da arquitetura do trato de sistemas transgressivo. (TST=Trato de Sistemas Transgressivo;

TSEQ=Trato de Sistemas de Estágio de Queda; TSMB=Trato de Sistema de Nível Baixo). Catuneanu, 2006.

Este trato é caracterizado por um progressivo aumento da taxa de criação do espaço

de acomodação. Em sistemas fluviais resulta na diminuição da taxa de migração lateral e num

acréscimo na taxa de agradação vertical dos canais (Scherer, 2008).

O Trato de Sistemas Transgressivo tende a ser composto por duas ―cunhas‖

distintas separadas por uma área de não-deposição em torno da borda da plataforma: uma na

plataforma continental consistindo de depósitos fluviais e marinhos rasos e, uma consistindo

de características de águas profundas com depósitos de fluxos de gravidade e sedimentos

pelágicos (Figura 4.32) (Catuneanu, 2006).

63

Figura 4.32 - Processos deposicionais e produtos do trato de sistema transgressivo inicial (acima) e final

(abaixo). Catuneanu, 2006.

Os principais depósitos preservados no Trato de Sistemas Transgressivo são fluvial

transgressivo (onlap fluvial), costeiro transgressivo (onlap costeiro), estuário e fluxos de

gravidade (onlap marinho). É comum na sucessão vertical se observar a sobreposição de

ambientes marinhos sobre depósitos plataformais ou continentais, retrabalhados pela maré e/

ou por ondas. O ravinamento por ondas ou por maré possibilita o desenvolvimento de lags

transgressivos (Catuneanu, 2006).

64

Na plataforma continental, próximo a borda, os melhores reservatórios são

concentrados ao longo da linha de costa, sendo representados por praias (características de

linha de costa aberta), complexos de boca de estuário e deltas (Catuneanu, 2006). Em direção

ao continente, o potencial para exploração de petróleo no Trato de Sistemas Transgressivo é

geralmente moderado a pobre devido ao extenso desenvolvimento de fácies de granulometria

fina em resposta as rápidas taxas de subida do nível de base. Os plays de petróleo no final da

transgressão são concentrados em sistemas deposicionais fluviais e marinhos rasos. Os

melhores reservatórios transgressivos são comumente relacionados a características costeiras

(estuário e areias de praia), embora sua preservação no registro rochoso requeira um número

de condições a serem atendidas (Catuneanu, 2006).

Na Figura 4.33 é apresentado um resumo da relação ideal de todos os tratos de

sistemas na relação entre um ambiente fluvial (deltaico) e marinho raso.

Figura 4.33 - Secção transversal ilustrando um cenário mais geral para a arquitetura de depósitos regressivo

forçado, regressivo normal e transgressivo numa configuração fluvial para marinho raso (Catuneanu, 2006).

65

5 ANÁLISE DOS DADOS

5.1 INTRODUÇÃO

O perfil levantado neste trabalho corresponde à complementação do levantamento

feito por Santos (2009) na Trilha do Beco nas proximidades de Guiné na Chapada Diamantina

(Figura 3.3). No seu trabalho, Santos (2009) realizou um empilhamento de 91m abrangendo o

topo da Formação Açuruá e a base da Formação Tombador. O contato entre estas duas

Formações, neste local, é marcado por um dique de rochas vulcânicas máficas (Aragão,

2009), que se implantou aproveitando esta zona de fraqueza na discordância subaérea, que

marca a passagem da Formação Açuruá para a Formação Tombador (Santos, 2009).

As fácies foram descritas e agrupadas em elementos arquiteturais representantes de

um sistema deposicional deltaico influenciado por rio, onde foram reconhecidas estruturas

sedimentares características (Figura 5.1; Figura 5.2; Figura 5.3; Figura 5.4;). Comparando o

levantamento feito neste trabalho com o que foi feito por Santos (2009), é possível observar

que o referido autor também identificou uma planície deltaica pertencente à Formação

Açuruá. Entretanto, o grau de detalhamento não foi tão apurado. Neste trabalho, porém foi

implantado um nível mais avançado de detalhamento na Formação Açuruá, separando na

planície deltaica os elementos arquiteturais de crevasse e planície lamosa. Além disso, foram

identificados também os elementos de prodelta e de barras de desembocadura. No perfil

levantado percebe-se claramente o padrão de empilhamento progradacional compondo

parassequências. Com relação à sequência deposicional, a descrição feita caracteriza a

Formação Açuruá como um depósito de regressão normal de um trato de sistemas de nível

alto.

5.2 PERFIL DA TRILHA DO BECO (BASE – 226.682/8.587.686; TOPO –

227.801/8.588.440)

Este perfil perfaz 480m dos quais 150m corresponderam a intervalos onde não

haviam afloramentos disponíveis (gaps), 48m correspondem a um sill interestratal de rocha

máfica e 282m foram descritos e interpretados (Figura 5.5). Utilizou-se uma referência de

profundidade – topo a 1290m e base a 1770m – arbitrário para estabelecer uma referência

vertical no empilhamento. A seção geológica foi medida na superfície, porém com esse

sistema arbitrário de medida vertical, o perfil pode ser caracterizado como um ―poço fictício‖

perfurado na região.

66

No perfil levantado nas proximidades de Guiné foi identificado na sua base

depósitos de arenitos com granulometria variando de areia média a grossa com clastos

lamosos (Figura 5.2; Foto 5.1), com estratificações cruzadas acanaladas (Foto 5.2) e em fining

up para siltito, interpretados como depósitos de crevasse (Foto 5.3). Tais depósitos de

transbordamento são formados durante as cheias dos rios quando o fluxo extrapola suas

margens e deposita material arenoso ou siltoso na planície deltaica (Ergo, 2011).

Envelopando os depósitos de crevasse foram identificados depósitos

correspondentes a uma planície lamosa (Figura 5.2; Figura 5.3; Foto 5.4) com

aproximadamente 100m de espessura, com estruturas sedimentares do tipo gretas de

contração (Foto 5.5) além de linsens e waves. Sobre estes depósitos da planície interpreta-se

uma Superfície de Inundação, limitando o primeiro conjunto de parassequências (Figura 5.5).

Apesar da diminuição da granulometria na passagem do elemento arquitetural crevasse para a

planície lamosa, a presença de gretas de contração indicam uma exposição subaérea deste

último elemento, o que indica, portanto, a continuação do trend progradacional (Figura 5.5)

até a superfície de inundação.

Sobre a superfície de inundação inicia-se um novo conjunto de parassequências

com padrão progradacional típico (Figura 5.5). Este novo conjunto de parassequências inicia-

se com folhelhos interpretados como sendo candidatos ao elemento arquitetural prodelta

(Figura 5.3; Foto 5.6). A passagem da planície deltaica para o prodelta concentra a superfície

de inundação (Figura 5.5), correspondente à superfície limítrofe entre os dois conjuntos de

parassequências. A separação destes elementos arquiteturais – planície deltaica e prodelta –

baseou-se nas características faciológicas distintas entre estes dois conjuntos litológicos, como

sua coloração e granulometria, sendo a planície composta por um siltito avermelhado e roxo

(Foto 5.7) e o prodelta composto por folhelho laminado com uma coloração cinza amarelada

(Foto 5.8). Esta separação baseou-se também no fato de não terem sido encontradas gretas de

contração nos folhelhos do prodelta indicando a possível ocorrência de um evento de

inundação abrupto que levou a formação da superfície de inundação marinha.

Continuando o padrão progradante da segunda parassequência, sobre o prodelta

encontram-se depósitos com o elemento arquitetural de barras de desembocadura (Figura 5.3;

Figura 5.4) apresentando uma granulometria granocrescente ascendente variando de areia

muito fina a média. No topo das barras foi estimado o fim do segundo conjunto de

parasseqências (Figura 5.5), pois a essa altura do perfil, há a presença de um dique de rochas

67

vulcânicas máficas (Figura 5.4; Foto 5.9) que se encontra obliterando a passagem da

Formação Açuruá para a Formação Tombador, não sendo possível assim, neste local, a

observação do contato entre as duas Formações. Este dique aproveitou a superfície de

fraqueza que corresponde a Discordância Subaérea entre as duas Formações para instalar-se

(Aragão, 2009).

A delimitação dos conjuntos de parassequências partiu do que foi proposto por

Catuneanu (2006) que recomenda que o uso do termo parassequência deva ser usado, de

forma restrita, em sucessões progradantes litorâneas a marinhas rasas, onde há evidências de

mudanças bruscas na profundidade da água (superfícies de inundação) (Figura 5.5).

A idendificação da repetição destes episódios progradantes permite também a

caracterização do perfil empilhado como inserido em uma sequência genética segundo

Galloway (1989). Entretanto, a não identificação de Superfícies de Inundação Máxima no

início e no final do perfil, devido ao fato de não terem sido abrangidas no levantamento por

estarem encobertas ou erodidas, não permite a delimitação da base e do topo desta sequência

genética. O problema do uso da sequência estratigráfica genética está no englobamento de

uma Discordância Subaérea dentro da sequência, superfície que limita as Formações Açuruá e

Tombador (Figura 5.5) e que é reconhecida por outros autores como sendo regional e angular

(Pedreira, 1994; Guimarães, 2005) o que contraria a noção geralmente aceita de que

sequências consistem de pacotes distintos geneticamente relacionados de estratos. Assim, a

presença da discordância subaérea dentro da sequência estratigráfica genética não permite a

separação de estratos que não são relacionados geneticamente, colocado-os juntos no mesmo

pacote.

Foto 5.1 - Fm. Açuruá. Detalhe do clasto lamoso em arenito grosso pertencente ao elemento arquitetural

crevasse. Prof. 1770,4m.

68

Foto 5.2 - Fm. Açuruá. Arenito grosso com cruzada acanalada e em fining up para siltito pertencente ao elemento

arquitetural crevasse. Prof. 1750,9m.

Foto 5.3 - Fm. Açuruá. Panorâmica de depósitos de crevasse: arenitos médio a muito fino, em fining up. Prof.

1677m.

Foto 5.4 - Fm. Açuruá. Siltito cinza avermelhado pertencente ao elemento arquitetural da planície lamosa. Prof.

1562m.

69

Foto 5.5 - Fm. Açuruá. Detalhe da planície lamosa com gretas de contração formadas devia à exposição subaérea.

Prof. 1561,8m.

Foto 5.6 - Passagem da planície lamosa – siltito avermelhado e roxo – para o prodelta – folhelho cinza

amarelado, indicada pela linha verde acompanhando o acamamento. Prof. 1520m.

Foto 5.7 - Detalhe do siltito avermelhado e roxo com gretas de contração pertencente à planície lamosa. Prof.

1541m.

Prodelta

Planície Lamosa

70

Foto 5.8 - Detalhe do folhelho laminado com uma coloração cinza amarelada pertencentes aos depósitos de

prodelta. Prof. 1517,4m.

Foto 5.9 - Dique de rochas vulcânicas máficas instalado na passagem da Formação Açuruá para a Formação

Tombador. Prof. 1340m.

Figura 5.1 - Legenda das estruturas sedimentares reconhecidas durante o empilhamento do perfil nas

proximidades de Guiné.

71

Figura 5.2 - Porção basal do perfil empilhado, com profundidade de 1775m até 1610m, englobando a Formação

Açuruá, com seus elementos arquiteturais da planície deltaica. Setas mostrando o padrão progradacional.

72

Figura 5.3 - Porção intermediária do perfil empilhado, com profundidade de1610 m até a 1445m, englobando a

Formação Açuruá, com seus elementos arquiteturais da planície deltaica, do prodelta e barra de desembocadura.

Seta mostrando o padrão progradacional.

73

Figura 5.4 - Porção superior do perfil empilhado, com profundidade de 1445m até 1290m, englobando a

Formação Açuruá, com seu elemento arquitetural da barra de desembocadura, o dique máfico e a base da

Formação Tombador. Seta mostrando o padrão progradacional.

74

Figura 5.5 - Perfil completo empilhado, com profundidade de 1775m até 1290m, englobando a Formação

Açuruá, com indicação dos conjuntos de parassequências, sequência genética e sequência deposicional.

(SI=Superfície de Inundação Marinha; SIM=Superfície de Inundação Máxima; SRM=Superfície Regressiva

Máxima; TSMA=Trato de Sistemas de Nível alto; TSMB=Trato de Sistemas de Nível Baixo).

75

Na Formação Tombador, Santos (2009) interpretou elementos arquiteturais

relacionados a lençóis de areia pertencentes a um sistema deposicional eólico, a partir da

identificação de pacotes de arenitos com granulometria de areia média, com níveis de areia

grossa apresentando estruturas plano-paralelas e cruzadas tabulares, além de alguns corpos

maciços em tendência granocrescente ascendente (Figura 3.3).

Neste trabalho foi dada uma interpretação distinta à de Santos (2009). Na porção

basal da Formação Tombador foram identificados depósitos fluviais efêmeros (Figura 5.4) a

partir da identificação de pacotes com gradação normal, com a presença de grânulos,

laminação sub-horizontal (Foto 5.10) e canais amplos e rasos (Foto 5.11), caracterizando uma

geometria externa de barras arenosas fluviais efêmeras. Também foi identificada uma porção

eólica, porém menos representativa do que a anteriormente identificada.

Foto 5.10 - Fm. Tombador. Detalhe da laminação sub-horizontal com gradação normal (Indicada pelas setas

vermelhas) e grânulos dos depósitos fluviais efêmeros. Prof. 1301,4m.

76

Foto 5.11 - Fm. Tombador. Geometria externa de barras arenosas fluviais efêmeras: canais amplos e rasos e

barras tabulares. Falésia em profundidade equivalente a 1316m.

5.2.1 Sequência Deposicional

Santos (2009) a partir da correlação com outros perfis interpretou que os depósitos

deltaicos da Formação Açuruá ocorrem segundo uma regressão normal, caracterizando seu

empilhamento como pertencente a um trato de sistemas de mar alto, apesar de não ter

identificado em campo a superfície de inundação máxima que limita na base este trato de

sistemas.

As observações feitas por Santos (2009) com relação à sequência deposicional

foram confirmadas na realização deste trabalho. Foi realizado um levantamento mais extenso

na Formação Açuruá buscando a identificação da superfície de inundação máxima, para

delimitação da base do trato de sistemas de mar alto. Porém tal superfície não foi reconhecida

no empilhamento por não ter sido abrangida no perfil por estar encoberta ou ter sido erodida.

A identificação de pacotes progradantes – parassequências – serviu para a

identificação da subida do nível de base, porém com a taxa de sedimentação mais elevada,

correspondendo ao estágio final da elevação do nível de base (Figura 4.10), caracterizando

este depósito como de regressão normal, portanto de um trato de sistemas de mar alto. Em

uma seção, o trato de mar alto é limitado na base por uma superfície de inundação máxima e

no topo por uma combinação de superfícies, que inclui parte da discordância subaérea,

superfície basal de regressão forçada e a porção mais antiga da superfície regressiva de erosão

marinha (Figura 4.27). Neste perfil, o topo do trato de mar alto, que corresponde ao contato

com a Formação Tombador, é limitado pela discordância subaérea, que se encontra englobada

pelo dique de rochas máficas (Figura 5.5). Esta superfície é reconhecida por outros autores

(Pedreira, 1994; Guimarães, 2005), em outros locais, como sendo de caráter regional e

angular, evidenciando a existência de um truncamento erosivo subaéreo ou exposição

77

subaérea, indicando um hiato significativo, podendo ser correlacionada neste perfil a partir da

identificação da mudança das características faciológicas das litologias e consequentemente

da passagem da Formação Açuruá para a Formação Tombador.

Com relação à Formação Tombador, Santos (2009) caracterizou-a como inserida

em um trato de sistemas de mar baixo a partir das identificações faciológicas por ele feitas,

caracterizando lençóis de areia eólicos e devido ao fato deste conjunto litológico estar

limitado na base por uma discordância subaérea. Entretanto, não foi reconhecida a superfície

regressiva máxima que limita no topo este trato de sistemas.

Apesar do levantamento não ter se estendido muito na Formação Tombador,

também foram confirmadas neste trabalho as observações feitas por Santos (2009). Embora

haja discordância na identificação dos sistemas deposicionais, foi caracterizado este depósito

como de regressão normal do trato de mar baixo, quando a taxa de subida é ultrapassada pela

taxa de sedimentação (Figura 5.5). Embora a Superfície de Regressão Máxima não ter sido

vista em campo por estar fora do perfil, por estar encoberta ou ter sido erodida, a associação

faciológica de canais fluviais efêmeros e lençóis de areia eólica conduziram a conclusão de

que o nível de base encontrava-se em ascensão, porém com taxas pequenas de subida o que

provocou a formação de canais efêmeros e a preservação de lençóis de areia eólicos.

78

6 CONCLUSÕES

Os afloramentos descritos no empilhamento deste perfil (Figura 5.5) correspondem

a depósitos deltaicos da Formação Açuruá correspondentes a uma parte do trato de sistemas

de mar alto. Entretanto, a superfície de inundação máxima, que limita este trato na base não

foi identificada em campo por não ter sido abrangida no perfil, por estar encoberta ou ter sido

erodida. Porém a separação de pacotes progradantes serviu para a identificação do estágio

final da elevação do nível de base, caracterizando um depósito de regressão normal, portanto

de um trato de sistemas de mar alto.

A porção aflorante da Formação Tombador está inserida em um trato de sistemas

de mar baixo, caracterizada por depósitos fluviais efêmeros e eólicos.

A delimitação dos conjuntos de parassequências partiu da identificação de

sucessões progradantes. A Superfície de Inundação foi identificada na passagem da planície

deltaica para as lamas do prodelta.

Foi possível a inserção do perfil empilhado em uma sequência genética segundo

Galloway (1989). As superfícies de inundação máxima no início e no final do empilhamento

não foram reconhecidas por não terem sido abrangidas no perfil, por estarem encobertas ou

terem sido erodidas. Porém esta sequência estratigráfica genética engloba a Discordância

Subaérea entre as Formações Açuruá e Tombador.

Os conhecimentos obtidos possibilitam o reconhecimento de Superfícies

Estratigráficas e de Tratos de Sistemas que facilitam o reconhecimento de áreas potenciais

para ocorrências econômicas de hidrocarbonetos em sistemas petrolíferos análogos em bacias

sedimentares semelhantes.

79

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