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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAINSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS E PROCESSOS INFORMACIONAIS
JOCIENE XAVIER DOS SANTOS
O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO E OS DESAFIOS DE UM AMBIENTE INSALUBRE
Salvador2007
JOCIENE XAVIER DOS SANTOS
O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO E OS DESAFIOS DE UM AMBIENTE INSALUBRE
Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia e Documentação, Instituto de Ciência da Informação, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia e Documentação.
ORIENTADORA: Profa. Carmélia Regina de Mattos
Salvador2007
“O primeiro e fundamental direito do homem,
consagrado em todas as declarações internacionais,
é o direito à vida, suporte para a existência e gozo
dos demais direitos”.
Sebastião Geraldo de Oliveira
RESUMO
O ambiente da biblioteca é constituído por uma diversidade de materiais
informacionais, entre eles figuram aqueles cuja composição é o papel, que muitas
vezes pela má conservação e falta de adoção de uma política de higienização
ambiental diária e constante torna-se meio de proliferação de agentes químicos e
biológicos que uma vez dispersos no ar podem causar danos seríssimos ao sistema
respiratório e à saúde em geral do profissional bibliotecário, que uma vez expostos à
esses agentes sem a devida proteção acabam por se expor em demasia tornando-
se alvo de ataques dos microorganismos. Propõe-se aqui uma maior
conscientização dos profissionais, para os riscos aos quais estão expostos em seu
ambiente de trabalho. Por isso fazem-se necessários a adoção e uso constante dos
equipamentos de proteção individual, e uma reflexão em torno da melhor maneira
poupar esse profissional dos riscos que se expõe diariamente, apresentando aqui
soluções viáveis de redução de jornada de trabalho diminuindo assim o tempo de
exposição, e descartando por sua vez a antiga prática do pagamento de adicional de
insalubridade. Por se tratar de um estudo de caso foi necessária uma exposição
teórica em torno das doenças ocupacionais, seu desenvolvimento e suas formas de
prevenção além da aplicação de questionários em profissionais bibliotecários, para
saber se a teoria realmente condiz com a realidade.
PALAVRAS-CHAVE: Bibliotecários–Doenças ocupacionais; Bibliotecários–Doenças
respiratórias; Insalubridade das Bibliotecas; Bibliotecas–Ambiente ocupacional.
ABSTRACT
The environment of the library is constituted by a diversity of informacionais
materials, between them they appear those whose composition is the paper, that
many times for the bad conservation and lack of adoption of one politics of daily and
constant ambient hygienic cleaning becomes half of proliferation of dispersed
chemical agents and biological who a time in air can cause damages we serious in
general to the respiratory system and the health of the professional librarian, that a
time displayed the these agents without the due protection finish for if displaying in
surplus becoming if target of attacks of the microorganisms. A bigger awareness of
the professionals is considered here, for the risks which are displayed in its
environment of work. Therefore the adoption and constant use of the equipment of
individual protection become necessary, and a reflection around the best way to save
this professional of the risks that if it displays daily, presenting here viable solutions
of reduction of hours of working thus diminishing the exposition time, and discarding
in turn old the practical one of the payment of additional of insalubrities. For if dealing
with a case study a theoretical exposition around the occupational illnesses was
necessary, its development and its forms of prevention beyond the application of
questionnaires in professional librarians, to know if the really conduit theory with the
reality.
KEYWORDS: Librarian-Occupational Illness; Librarian-Respiratory Illness; Insalubrities of the Libraries; Library -Occupational Environment
LISTA DE QUADRO E GRÁFICOS
Quadro 1 Percentual de insalubridade para cada tipo de exposição 55Gráfico 1 Possui alergias ou doenças respiratórias? 61Gráfico 2 Qual/quais desses problemas você possui? 62Gráfico 3 Quando surgiram os problemas? 63Gráfico 4 Os problemas se agravaram após o exercício da profissão? 64Gráfico 5 Já teve alguma doença infecciosa? 65Gráfico 6 Faz uso de algum EPI? 66Gráfico 7 Qual/quais desses EPIs você utiliza? 67Gráfico 8 Com que freqüência você utiliza os EPIs? 68Gráfico 9 Como você classifica sua profissão? 69Gráfico 10 Concorda com a obrigação por lei do adicional de insalubridade? 70Gráfico 11 Você recebe adicional de insalubridade? 71
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CLT Consolidação da Leis TrabalhistasDPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica EPI Equipamento de Proteção IndividualFUNDACENTRO Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do
TrabalhoMTE Ministério do Trabalho e EmpregoNR-6 Norma Reguladora n. 6NR-15 Norma Reguladora n. 15OIT Organização Internacional do TrabalhoOMS Organização Mundial de SaúdeTST Tribunal Superior do Trabalho
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
2 REVISÃO DE LITERATURA 17
2.1 HISTÓRICO 182.2 SEGURANÇA DO TRABALHO 202.3 HIGIENE DO TRABALHO 212.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL 222.4.1 Protegendo a cabeça 242.4.2 Protegendo o cabelo 242.4.3 Protegendo a visão 252.4.4 Protegendo o aparelho respiratório 252.4.5 Protegendo o tronco 262.4.6 Protegendo as mãos 27
3 AMBIENTE OCUPACIONAL 29
3.1 A SÍNDROME DOS EDIFICIOS DOENTES 303.2 DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL 323.3 DOENÇAS OCUPACIONAIS RESPIRATÓRIAS 333.3.1
Rinite ocupacional34
3.3.2Sinusite ocupacional
35
3.3.3Ulceração ou necrose e perfuração do septo nasal
36
3.3.4 Faringite aguda (angina aguda, dor de garganta) 363.3.5 Laringotraqueíte aguda e crônica 373.3.6 Alterações do olfato 373.3.7 Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas ocupacionais 37
4BIBLIOTECAS: BREVE ABORDAGEM CONCEITUAL
41
4.1 DETERIORAÇÃO DE ACERVOS E SEUS AGENTES CAUSADORES 424.1.1 Agentes físicos 424.1.2 Agentes químicos 434.1.3 Agentes biológicos 434.2 AÇÕES ADOTADAS CONTRA OS AGENTES DE DETERIORAÇÃO 45
5 PROTEÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR:ASPECTOS JURÍDICOS 48
5.1 CONVENÇÃO N. 155: BREVE ABORDAGEM 495.2 INSALUBRIDADE 51
5.2.1 Avaliação quantitativa dos agentes agressores 52
5.2.2 Avaliação qualitativa dos agentes agressores 525.2.3 Avaliação qualitativa de riscos inerentes à atividade 53
5.3 PERÍCIA EXTRAJUDICIAL E PERÍCIA JUDICIAL 535.4 LAUDO PERICIAL: CONSIDERAÇÕES 545.5 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE: QUESTÕES CONTROVERTIDAS 55
6 O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO E OS EFEITOS NOCIVOS DO AMBIENTE DE TRABALHO SOBRE SUA SAÚDE
59
6.1 MÉTODO 596.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS 60
7CONCLUSÃO
72
REFERÊNCIAS 74
APÊNDICES 77
ANEXOS
1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos observou-se a relação entre o desenvolvimento de
algumas doenças e as atividades profissionais, porém, é fato notório que os
trabalhadores não se acomodaram ou simplesmente aceitaram passivamente as
más condições de trabalho a que eram submetidos. Há na literatura diversas
passagens onde se relatam as constantes lutas dos trabalhadores por melhores
condições ambientais e de trabalho. A Revolução Industrial foi o marco inicial das
reivindicações dos trabalhadores para seus patrões pudessem olhar mais
humanamente por eles que muitas vezes chegavam a cumprir uma árdua jornada de
trabalho de mais de 16 horas diárias. Em conseqüência das más condições de
segurança e higiene ambientais esses trabalhadores começaram a manifestar
algumas enfermidades que além de comprometer seriamente sua saúde, muitas
vezes causavam o seu óbito.
Atualmente, o constante desenvolvimento tecnológico e conseqüentemente
as mudanças organizacionais, contribuem para que muitos trabalhadores acabem
por comprometer sua saúde e sua qualidade de vida. E nesse contexto encontram-
se os profissionais bibliotecários, cujo ambiente de trabalho é considerado insalubre,
já que é composto por muitos papéis, livros, revistas, jornais, além de outros
materiais onde há grande facilidade de atrair e acumular mofo, poeira, fungos,
bactérias, e diversos agentes agressores não só para os documentos, mas
principalmente para a saúde do profissional.
Há diversos estudos realizados objetivando estabelecer a relação causal
entre as atividades profissionais e as doenças ocupacionais, porém, no campo da
biblioteconomia, a escassez de literatura abordando essa temática dificulta um
reconhecimento maior dos riscos por parte das autoridades jurídicas.
Enquanto esse reconhecimento não ocorre os bibliotecários vão se expondo
cada vez mais aos riscos e conseqüentemente desenvolvendo diversos tipos de
doenças, e dentre elas as de origem respiratória.
A revisão de literatura inicia-se com uma abordagem conceitual em torno das
doenças ocupacionais, para em seguida contemplar fatores históricos que
motivaram empregados, patrões, médicos, engenheiros, sanitaristas, juristas e a
sociedade como um todo a se interessar pelas condições de segurança e higiene no
ambiente de trabalho e conseqüentemente a preservação da saúde do trabalhador.
São apresentados breves conceitos e considerações sobre segurança e higiene do
trabalho, destacando-se os principais equipamentos de proteção individual (EPIs) e
a importância do seu uso constante no desenvolvimento das atividades laborais. O
ambiente ocupacional é enfocado sob a luz do que na década de 70 foi denominado
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “Síndrome dos edifícios doentes”.
As principais doenças respiratórias adquiridas na atividade profissionais também
fazem parte da revisão de literatura que contempla também as bibliotecas e a
deterioração dos seus acervos, relacionando os diversos agentes responsáveis pela
deterioração dos documentos e por danos à saúde dos profissionais. A revisão de
literatura também contempla aspectos do Direito do trabalho, onde são considerados
conceitos de insalubridade, trazendo também questionamento de autores acerca do
adicional de insalubridade, que é denominado por alguns autores como
“monetarização da saúde”. Finalmente a revisão contempla a figura do bibliotecário
e os riscos aos quais se expõem.
Finalizada a revisão de literatura, os dados são apresentados e em seguida
analisados para então se chegar à conclusão da veracidade ou não da temática aqui
abordada.
O presente trabalho trata-se de um estudo de caso a respeito do
desenvolvimento de doenças respiratórias por parte do profissional bibliotecário.
Para isso, foi necessário averiguar os riscos aos quais os bibliotecários estão
expostos em seu ambiente de trabalho, sejam bibliotecas ou centros de
documentação. A constituição do trabalho se dá em primeiro momento de uma
revisão de literatura e logo após a apresentação e análise dos dados obtidos através
do método de investigação adotado.
Este estudo de caso pretende chamar a atenção dos profissionais
bibliotecários para os riscos à que estão expostos em seu ambiente de trabalho,
levando-os a uma reflexão sobre a sua valorização enquanto profissionais e pessoas
no sentido de defender a sua saúde, bem-estar e sua vida.
O estudo está centrado na insalubridade da profissão de bibliotecário. Tem
como objetivo geral despertar profissionais bibliotecários, e estudantes de
biblioteconomia, para os riscos a que estão suscetíveis ao trabalhar numa instituição
sem as periódicas práticas de higiene e sem o devido uso de equipamentos de
proteção individual (EPIs). Os objetivos específicos deste estudo buscam: Identificar
condições gerais ambientais da biblioteca; Difundir o uso constante dos EPIs,
mostrando sua importância na prevenção dos danos causados por agentes nocivos
presentes no ambiente da biblioteca; Alertar os profissionais bibliotecários para os
riscos da exposição contínua e desprotegida.
O universo da pesquisa, restringiu-se às bibliotecas, embora os arquivos
enfrentem os mesmos tipos de problemas (degradação do acervo, fungos, poeiras,
mofos, ácaros, etc.). A opção pelas bibliotecas justifica-se pelo fato da autora
pretender dar a oportunidade para que os arquivistas desenvolvam o mesmo tipo de
estudo em sua área de atuação. A população investigada restringiu-se aos
bibliotecários, não se estendendo aos auxiliares de bibliotecas nem aos estagiários
de biblioteconomia (embora sejam importantes e se exponham aos mesmos riscos
que os profissionais bibliotecários) por conta da escassez de tempo e para preservar
a homogeneidade da população investigada.
O problema abordado partiu do seguinte pressuposto: Sabendo que a
biblioteca é um ambiente composto por diversos materiais informacionais, dentre
eles livros, revistas, jornais, etc., que por diversos motivos – sejam pela sua própria
composição, pela ação do tempo, pela ação do homem ou até mesmo pelas
péssimas condições de preservação – acabam se deteriorando, transformando-se
muitas vezes em nincho para a proliferação de diversos agentes biológicos que
desencadeiam um processo de deterioração de acervos e conseqüentemente
podem acabar prejudicando a saúde dos profissionais que mantém contato com
estes materiais. Por este motivo a biblioteca é vista aqui como um ambiente
ocupacional. Portanto, o problema se dá ao levantar a seguinte questão: É possível
que a biblioteca possa contribuir para que seus profissionais desenvolvam
problemas respiratórios?
O interesse em abordar esse tema justifica-se devido a uma experiência
vivida pela autora do presente trabalho, que após estagiar durante 5 anos em
diversas bibliotecas ininterruptamente observou que a rinite alérgica que já possuía
foi se agravando, além de adquirir outros como faringite e laringite, e por fim, foi
acometida por um princípio de pneumonia.
Quando o fato ocorreu a autora prestava estágio na biblioteca de uma
instituição que disponibilizava de atendimento médico, pelo qual a autora foi
acompanhada e logo após a sua melhora foi aconselhada por esses mesmos
médicos a mudar de curso, pois na opinião deles o ambiente da biblioteca é
insalubre.
Passado o ocorrido, a autora em algumas conversas informais com alguns
profissionais bibliotecários já formados, percebeu que estes se queixavam de terem
desenvolvido alguns problemas de respiratórios, sendo que alguns se agravaram e
outros foram desencadeados no decorrer da exposição ambiental ocupacional.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Antes de discorrer sobre doenças ocupacionais, faz-se necessária uma breve
abordagem conceitual em torno dos acidentes do trabalho, pois, de acordo com a
Lei n. 8.212 de 24 de julho de 1991, doença profissional e doença do trabalho são
consideradas acidentes do trabalho.
Para João Salvador Menezes (2000, p. 29), acidente de trabalho é aquele
cuja ocorrência relaciona-se ao exercício do trabalho a serviço da empresa
ocasionando lesão corporal ou alteração funcional, que provoque a morte, a perda
ou a redução temporária ou permanente da capacidade para o trabalho.
Existe uma diferença conceitual entre doenças profissionais e doenças do
trabalho, apesar de ambas serem consideradas acidentes de trabalho pela
legislação.
Segundo René Mendes (1988, p. 314) “são doenças em que o trabalho é fator
contributivo, provocador ou agravador de distúrbios ou de doenças pré-existentes,
mais flexivelmente doenças relacionadas com o trabalho” (grifo do autor). Antônio
Lopes Monteiro (1998, p, 11), refere-se a doenças do trabalho como “mesopatias” ou
“moléstias profissionais atípicas”. Na definição de Sebastião Vieira (1995, v. 1, p.
282), “doença do trabalho é [...] aquela adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona
diretamente [...]”. A opinião de diversos autores consultados é uniforme.
Podemos então afirmar que doença do trabalho é aquela de caráter
inespecifico, que se contrai e se desenvolve em decorrência das particularidades e
atribuições da realização do trabalho e sua causa está diretamente relacionada com
o ambiente de trabalho.
“Já por doença específica ou profissional entende-se uma doença definida,
cuja causa é diretamente identificável num dos fatores do ambiente de trabalho”.
(ODDONE, 1986, p. 30). Na opinião de Menezes (2000, p. 29) “doença profissional é
aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade [...]”. As doenças profissionais, também chamadas por
Monteiro (1998, p. 11) de “ergopatias”, “tecnopatias” ou ”doenças profissionais
típicas” são definidas por ele como doenças cuja tipicidade não dependem de
comprovação do nexo causal com o trabalho. Ou seja, as doenças profissionais são
doenças definidas, originadas ou provocadas pelo exercício profissional
característico a determinada atividade. Sendo assim, doenças ocupacionais são
aquelas que se manifestam de forma específica ou inespecifica, cuja causa pode
estar direta ou indiretamente ligada à fatores ambientais ou a especificidades de
uma determinada atividade profissional.
2.1 HISTÓRICO
Segundo Sebastião Vieira (1998, v. 3, p. 21) até cerca de 250 anos atrás
aparecimento de doenças relacionadas à atividade profissional era um fato ignorado.
De forma dispersa, surgiram a partir do século XVI, algumas observações que
demonstravam a possibilidade de estar no trabalho a causa de algumas doenças.
De acordo com Begatin e Kitamura (2006, p. 12) a primeira publicação relatando a
associação entre o trabalho de mineração e o desenvolvimento de doenças
respiratórias data de 15561.
Na Itália, no ano de 1700, foi publicado por Bernardino Ramazzini –
considerado pai da medicina do trabalho – o livro De morbis artificum diatriba, onde
apresenta e descreve 54 doenças relacionadas à atividade ocupacional. Esta obra,
segundo Begatin e Kitamura (2006, p. 12), fez despertar os profissionais de saúde
para uma simples pergunta na anamnese clínica: “Qual é a sua ocupação?”.
(RAMAZZINI, apud BEGATIN; KATAMURA, 2006, p. 12).
Desde então, diversos estudos foram realizados no intuito de evidenciar o
nexo causal entre as doenças desenvolvidas pelos trabalhadores e sua atividade
profissional.
Entre 1760 e 1830, ocorreu na Inglaterra “[...] a Revolução Industrial, marco
inicial da industrialização, que teve sua origem com o aparecimento da primeira
máquina de fiar [...] surgindo assim as primeiras fábricas de tecido e, com elas o
Capital e o trabalho”. (VIEIRA, Sebastião, 1998, v. 3, p. 22-23).
A mão de obra dessas fábricas (improvisadas em ambientes fechados e sem
a menor ventilação) era constituída em sua maioria por mulheres e crianças, que
tinham uma rotina de trabalho exaustiva e sem a menor segurança e higiene, o que
1 Trata-se da obra De Re metállica de George Bauer.
resultou, segundo Sebastião Vieira (1998, v. 3, p. 23), em uma série de doenças de
origem ocupacional e não-ocupacional, que levavam muitas vezes à morte do
trabalhador. O autor descreve a situação dramática vivida pelos trabalhadores que
mobilizou a opinião pública da época, no sentido de criar uma Comissão de Inquérito
para em 1802 conseguir a aprovação da “Lei da Saúde Moral dos Aprendizes”,
primeira Lei de Proteção aos Trabalhadores.
Em 1830, Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, procurou o Dr.
Robert Baker, famoso médico inglês, para se aconselhar a respeito da melhor
maneira de proteger a saúde de seus operários já que estes “[...] não dispunham de
nenhum cuidado médico, a não ser aquele propiciado por instituições filantrópicas
[...]” (MENDES; DIAS, 1991, p. 341).
Em 1831, Michael Sadler chefiou uma Comissão Parlamentar de Inquérito
que elaborou um relatório onde defendia com bastante veemência a causa dos
trabalhadores acometidos por diversas enfermidades e logo após eram
abandonados à própria sorte por seus patrões. “O impacto deste relatório sobre a
opinião pública foi tremendo, e assim, em 1833, foi baixado o ‘Factory Act, 1833’,
que deve ser considerado como a primeira legislação realmente eficiente no campo
da proteção ao trabalhador”. (VIEIRA, Sebastião, 1998, v. 3, p. 24).
Não pararam por aí as lutas e os movimentos dos trabalhadores, cientistas e
juristas que ansiavam por mudanças e melhorias das condições de saúde,
segurança e higiene do trabalho.
O primeiro Decreto de proteção ao trabalho surgiu no Brasil, em 1919, sob o
n. 3.724 e contempla a assistência médica e a indenização. Após a Revolução de
1930, acentuaram-se as reivindicações trabalhistas e foi criada uma legislação social
ordinária atingindo seu apogeu a partir de 1943 com a criação da Consolidação das
Leis Trabalhistas (CLT) e conseqüentemente a Lei n. 6.514/77 e a portaria 3.214/78
que versa exclusivamente sobre a Segurança e a Medicina do Trabalho.
2.2 SEGURANÇA DO TRABALHO
Diversos acontecimentos históricos que resultaram na industrialização
acelerada em todos os países do mundo, aliados as exigências econômicas das
empresas, foram determinantes para o surgimento da saúde ocupacional.
Segurança do trabalho resume-se em uma única frase na concepção de
Marcelo Webster (1996, p. 258): “É a prevenção de perdas”. Porém, o autor tem
uma definição conceitual mais ampla a respeito de segurança do trabalho afirmando
ser esta o ramo da Engenharia que se preocupa com o reconhecimento, avaliação e
controle das “condições, atos e fatores humanos de insegurança nos ambientes de
trabalho no intuito de evitar acidentes com danos materiais e [...] a saúde do
trabalhador”. (WEBSTER, 1996, p. 268).
Quando o autor refere-se a perdas, são todos os tipos de prejuízos
decorrentes de ação técnica ou humana que possam ter como conseqüência a
redução dos desempenhos laborais produtivos e humanos.
Já Sebastião Vieira define a segurança do trabalho como:
Uma série de medidas técnicas médicas e psicológicas, destinadas a prevenir os acidentes profissionais, educando os trabalhadores nos meios de evita-los, como também procedimentos capazes de eliminar as condições inseguras do ambiente de trabalho. (VIEIRA, Sebastião, 1998, v. 3, p. 28).
Estar seguro é uma condição que se fundamenta na confiança. Ou seja, é a
sensação de proteção que vai dar ao trabalhador a confiança e os cuidados
necessários para a execução do trabalho sem que este possa causar perdas e
danos de origem material e principalmente no que concerne à saúde do trabalhador.
Marcelo Webster (1996, p. 268) ilustra a complexidade de se pensar em
segurança sem planejamento, organização e intercâmbio intersetorial. O autor é
enfático ao ponderar que o sucesso e eficácia da implantação de um programa de
segurança e prevenção a riscos ambientais depende fundamentalmente da
participação e integração absoluta de todos os setores da empresa.
2.3 HIGIENE DO TRABALHO
De acordo com Webster (1996, p. 265), a Associação Norte-Americana de
Higienistas Industriais define esta como uma ciência e uma arte que tem por
finalidade o reconhecimento, a avaliação e o controle de alguns fatores ambientais
ou tensões desenvolvidas nos locais de trabalho, capaz de provocar doenças e
comprometer a saúde e o bem-estar dos trabalhadores e da comunidade.
Sebastião Vieira classifica a higiene do trabalho como sendo:
[...] ciência e arte devotada ao reconhecimento, avaliação e controle dos riscos profissionais capazes de ocasionar alterações na saúde do trabalhador ou afetar o seu conforto e eficiência, é, portanto, um campo de especialização multiprofissional, onde os profissionais deverão exercer suas atividades em equipe e dentro de um espírito de cooperação mútua para que o objetivo comum seja alcançado. (VIEIRA, Sebastião, 1998, v. 3, p. 28).
A higiene do trabalho, aqui vista como ciência e arte ao mesmo tempo, é
quem na verdade vai se encarregar de monitorar o nível de exposição ambiental a
que está sujeito o trabalhador, através do reconhecimento, cujo objetivo é identificar
quais os riscos potenciais presentes nos ambientes de trabalho; controle, eliminando
ou reduzindo os agentes ambientais prejudiciais à saúde do trabalhador; e por fim a
avaliação cuja função é definir e reconhecer a existência e a extensão dos riscos ou
possíveis danos à saúde do trabalhador.
Webster (1996, p. 265) prossegue afirmando que a palavra que define a
higiene do trabalho, assim como a segurança do trabalho, é a prevenção. E mais
uma vez lembra que é preciso, assim como na área da segurança do trabalho,
desenvolver uma perfeita integração interprofissional, exigindo mútua cooperação
entre as áreas de engenharia, medicina do trabalho, estatística, ergonomia,
toxicologia, psicologia, serviço social, etc.
O autor destaca os principais agentes nocivos, presentes nos ambientes de
trabalho:
Riscos físicos: frio, calor, ruído, umidade, pressões normais, radiações ionizantes e não ionizantes, etc.Riscos químicos: gases, vapores, poeiras, fumos, névoas, produtos químicos em geral, etc.
Riscos biológicos: vírus, bactérias, fungos, parasitas, protozoários, bacilos, etc.Riscos ergonômicos: postura, esforço físico, ritmo de trabalho, transporte de peso, etc. (WEBSTER, 1996, p. 265-266, grifo do autor).
Após o reconhecimento e a identificação dos riscos presentes no ambiente,
os higienistas partirão para a avaliação dos possíveis danos que os agentes nocivos
possam causar ao ambiente e conseqüentemente aos trabalhadores, para então
controlar, no sentido de minimizar ou eliminar ao máximo a presença desses
agentes protegendo desta forma, a saúde do trabalhador e facilitando o bom
andamento da produção dos serviços.
2.4 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs)
A definição que a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e
Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO) dá para os Equipamentos de proteção
individual (EPIs) é que são instrumentos “[...] de uso pessoal, cuja finalidade é
neutralizar a ação de certos acidentes que poderiam causar lesões ao trabalhador, e
protege-lo contra possíveis danos à saúde, causados pelas condições de trabalho”.
(FUNDACETRO, 1980, p. 111).
Carlos Roberto Miranda, por sua vez, define o EPI como “[...] todo dispositivo
de uso individual destinado a proteger a integridade física do trabalhador”.
(MIRANDA, 1998, p. 38).
Esses equipamentos constituem-se de importante e essencial medida de
segurança no sentido de evitar determinados acidentes do trabalho. Seu uso está
regulamentado pela Norma Reguladora n. 6 (NR-6) da Portaria n. 3.214/78. De
acordo com Miranda:
Todas as empresas são obrigadas a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamentos de proteção individual (EPI) adequados ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, em conformidade com a NR-6 da Portaria n. 3.214/78. (MIRANDA, 1998, p. 38)
O autor destaca que o fornecimento do EPI só será feito após o empregador
constatar a ineficiência ou insuficiência técnica das medidas de proteção coletiva2,
ou quando estas encontrarem-se em fase de planejamento ou implantação, ou até
mesmo em caráter emergencial ou complementar.
No que concerne à seleção do EPI, recomenda a FUNDACENTRO:
[...] deve ser feita por pessoal competente, conhecedor não só do equipamento, como também das condições em que o trabalho é executado. É preciso conhecer as características, qualidades técnicas e, principalmente, o grau de proteção que o equipamento deverá proporcionar. (FUNDACENTRO, 1980, p. 111).
A escolha do equipamento é uma tarefa muito criteriosa, pois é imprescindível
que haja aí uma combinação muito importante entre proteção e conforto, ou seja, se
o equipamento for eficiente e não oferecer conforto, ou ainda, se o equipamento for
confortável e não proporcionar segurança, poderá haver uma rejeição por parte do
funcionário e conseqüentemente aumentará as chances deste de sofrer um dano
físico.
Sobre a não aceitação do EPI por parte do trabalhador, recomenda a
FUNDACENTRO (1980, p. 111): “[...] deve-se procurar a causa e tentar a solução
mais adequada. [...] sempre que for indicado o uso do EPI pelo trabalhador, [...] é
necessário conscientiza-lo do porque desta medida de segurança”.
Palestras, filmes, slides, fotografias, entrevistas e outros, são alguns dos
recursos informacionais recomendados pela FUNDACENTRO (1980, p. 111) para
que as empresas utilizem no intuito de conscientizar e convencer o trabalhador
sobre a importância e uso dos EPIs.
Destaca Miranda que o uso do EPI no recinto empresarial é obedece a
normas legais e administrativas em vigor, considerando no mínimo:
a) seleção do EPI adequado tecnicamente ao risco a que o trabalhador está exposto e à atividade exercida, considerando a eficiência necessária para o controle da exposição ao risco e o conforto oferecido segundo a avaliação do trabalhador usuário;
b) programa de treinamento dos trabalhadores quanto à sua correta utilização e orientação sobre as limitações de proteção que o EPI oferece;
c) Estabelecimento de normas ou procedimentos para promover o fornecimento, o uso, a guarda, a higienização, a conservação, a
2 São os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), utilizados para o controle de riscos do ambiente em geral: exaustores, extintores de incêndio, paredes corta-fogo, etc.
manutenção e a reposição do EPI, visando garantir as condições de proteção originalmente estabelecidas;
d) Caracterização das funções ou atividades dos trabalhadores com a respectiva identificação dos EPIs utilizados para os riscos ambientais. (MIRANDA, 1998, p. 38)
É de fundamental importância obedecer a todas essas premissas. Além disso,
é indispensável observar e atender as particularidades de cada atividade profissional
no momento em que o empregador fornecer o EPI.
De acordo com Webster (1996, p. 259), os EPIs são classificados e
agrupados de acordo com a parte do corpo que necessita de proteção. A esse
respeito informa Miranda (1998, p. 38) “[...] o empregador deve fornecer aos
trabalhadores EPI para proteção da cabeça (crânio), face, visão, audição,
respiração, membros superiores, tronco, membros inferiores, e do corpo inteiro.[...]”.
2.4.1 Protegendo a cabeça
A cabeça deve ser adequadamente protegida por capacetes, pois
dependendo da função desempenhada pelo trabalhador, há grandes chances deste
sofrer vários tipos de acidentes. Os Capacetes, segundo Miranda (1998, p. 38), tem
a finalidade de proteger o crânio contra impactos decorrentes de quedas, arremesso
de objetos, agentes meteorológicos, queimaduras e até mesmo choque elétrico.
2.4.2 Protegendo o cabelo
A FUNDACENTRO (1985, p. 4) recomenda que o uso de equipamentos de
proteção para o cabelo seja obrigatório tanto para homens quanto para mulheres
que possuam cabelos longos e executem tarefas próximo à máquinas e outros
mecanismos giratórios, para evitar o risco de ser arrastado por essas máquinas.
Os riscos a que o trabalhador pode se expor ao não utilizar o equipamento de
proteção capilar são: “Impactos, penetrações, choque elétrico, queimaduras,
arrancamento dos cabelos ou couro cabeludo, etc.”.
Bonés, gorros, redes e capacetes de segurança, são alguns dos principais
elementos de proteção capilar utilizados por trabalhadores que desempenham
certas funções que o levem a se expor aos riscos mencionados anteriormente.
Segundo a FUNDACENTRO (1985, p. 7), o gorro é o tipo de protetor mais
apropriado para atividades que contenham poeiras em suspensão.
2.4.3 Protegendo a visão
Os protetores oculares evitam lesões provocadas “[...] por partículas,
respingos e vapores de produtos químicos e radiações luminosas intensas”.
(MIRANDA, 1998, p. 39).
Existem alguns tipos de óculos e protetores visuais: Óculos contra gases e
vapores; Óculos contra ofuscamento e radiações lesivas; Máscaras para soldar.
Para quem executa atividades que contenham aerodispersóides3 a proteção dos
olhos deve ser feita com uso de óculos de ampla visão, constituídos por lentes
inteiriças, em vidro, plástico, acrílico ou acetato, cuja tonalidade varia de acordo com
a necessidade. Esses óculos recebem a denominação de Óculos contra
aerodispersóides, e “[...] devem proporcionar perfeita vedação contra esses agentes,
com o mínimo de embaçamento”. (FUNDACENTRO, 1985, p. 13).
2.4.4 Protegendo o aparelho respiratório
Respirar é uma necessidade vital de todos nós. Nos ambientes de trabalho,
ao exercer suas atividades, o trabalhador muitas vezes se expõe a alguns riscos, por
isso “[...] torna-se necessária a proteção respiratória”. (FUNDACENTRO, 1985, p.
24). É extremamente importante a proteção contínua das vias respiratórias, devido a
exposição a vapores e partículas de poeiras e o risco de inalação destas. De acordo
com a Miranda (1998, p. 40), deficiência de oxigênio no ambiente e a presença de
3 Material particulado suspenso no ar, chamado também de aerosóis, ou seja, dispersão de partículas sólidas ou líquidas, de tamanho bastante reduzido. Classificados como: Poeiras, fumos, fumaças e névoas.
contaminantes ambientais nocivos (gases, vapores e aerodispersóides) demandam
proteção respiratória.
Segundo a FUNDACENTRO (1985, p. 24), os equipamentos de proteção
respiratória variam de acordo com a classificação dos riscos: Os equipamentos
independentes são “[...] aqueles que isolam o usuário do ar circundante, vindo o ar
respirável de outras fontes”. (MIRANDA, 1998, p. 40). O autor informa que esses
equipamentos podem ser, autônomos, (cujo oxigênio emana de cilindro de ar ou
oxigênio comprimido) ou de dedução de ar, onde o ar respirável provém de uma
tubulação ou linha de ar, e pode ser ar aspirado ou ar insuflado. Já os aparelhos
purificadores, mais conhecidos como respiradores ou máscaras a filtro “são
independentes do ambiente [...]. Fornecem ao usuário o ar próprio para ser
respirado, purificando o ar ambiente antes de ser inalado. Constitui-se de uma
estrutura facial [...] dotada de um ou mais filtros”. (MIRANDA, 1998, p. 40). A
FUNDACENTRO (1985, p. 32) lembra que esse tipo de máscara é indicado para os
casos onde há poeiras, gases ou vapores nocivos.
A FUNDACENTRO (1985, p. 28) destaca que alguns fatores deverão ser
considerados ao selecionar o tipo de protetor respiratório mais adequado: Quanto ao
risco é necessário observar a porcentagem de oxigênio no ambiente e existência de
contaminantes; No que concerne ao ambiente verifica-se confinamento, posição
deste em relação a atmosferas seguras (distância e ecessibilidade), o arranjo físico
e limitações de mobilidade; Em relação à atividade analisam-se as características da
operação (mobilidade necessária/ freqüência) e da atividade respiratória do operador
(atividade física); No item que trata do uso pretendido da proteção averigua-se a
necessidade de uso contínuo, uso em emergências, uso intermitente, ou seja, uso
somente durante a operação.
2.4.5 Protegendo o tronco
A proteção do tronco é um fator fundamentalmente importante na prevenção
de acidentes, pois muitas vezes o trabalhador ao executar suas tarefas acaba se
expondo a uma série de agentes agressores. Considera-se EPI específica para o
tronco: “jaquetas ou conjunto de jaqueta e calça, e capas”. (FUNDACENTRO, 1985,
p. 51).
Segundo a FUNDACENTRO (1985, p. 51) alguns requisitos básicos deverão
ser observados no momento da escolha de uma roupa de proteção adequada:
1. A roupa deve ser razoavelmente confortável na temperatura em que deve ser usada.
2. O ajuste deve ser perfeito para que as roupas não interfiram com os movimentos do trabalhador.
3. Deve proporcionar proteção adequada ao risco implicado.4. Deve ser durável. (FUNDACENTRO, 1985, p. 51).
Cortes, atritos, projeção de partículas, golpes, abrasão, calor radiante,
respingos de ácidos, substâncias nocivas e umidades, são alguns dos fatores de
riscos citados pela FUNDACENTRO (1985, p. 51). A entidade demonstra uma série
de materiais para confecção dessas roupas: couro, pvc, neoprene, amianto, amianto
aluminizado, tecido, borracha, plástico e malha de aço. Há uma variedade de tipos e
modelos de roupas de proteção, para fazer a escolha correta, é imprescindível
analisar tecnicamente as motivações e a necessidade de uso desse EPI por parte do
trabalhador no desempenho de suas funções.
2.4.6 Protegendo as mãos
As mãos são a parte do corpo que executam o maior número de atividades.
Conseqüentemente, mantém o contato direto com uma variedade de agentes
nocivos e suas diversas ações, o que as tornam vulneráveis podendo sofrer uma
série de acidentes. “Apesar de toda a técnica desenvolvida para substituir o homem
pela máquina e de mecanizar ao máximo as operações manuais, o homem e suas
mãos continuarão [...] sendo indispensáveis, expondo-se, portanto a inúmeros
riscos”. (FUNDACENTRO, 1985, p. 57). O risco de acidente é grande, porém,
existem formas de evita-los, e uma dessas formas é a utilização de luvas de
proteção.
Há uma diversidade de tipos de luvas protetoras, assim como o material que a
compõe. Segundo a Fundacentro (1985, p. 57) o tipo de luva varia de acordo com a
função que o trabalhador desempenha e o grau de risco a que se expõe. No
momento de verificar e comprovar a necessidade de uso das luvas de proteção, é
indispensável considerar alguns fatores como: “Grau de proteção oferecido;
Eficiência; Durabilidade e comodidade [...]” (FUNDACENTRO, 1985, p. 57).
3 AMBIENTE OCUPACIONAL
Os ambientes fechados, principalmente as organizações empresariais,
apresentam uma ampla diversidade de fontes poluentes. São ambientes
multifacetados, pois contém elementos como temperatura, iluminação e ruído. “A
qualidade do ambiente envolve todos esses fatores. Devido à interação dos mesmos
[...] é difícil definir a qualidade ambiental em termos precisos”. (SANTOS e outros,
1992). De acordo com Luis Fernando Siqueira:
A forma de ocupação destes ambientes favorece os processos de poluição, impondo freqüentemente o acúmulo de grandes quantidades de papéis além de outras características culturais que estão transformando estes ambientes de trabalho em locais insalubres, os quais vêm proporcionando a seus usuários uma qualidade de vida insatisfatória. (SIQUEIRA, v. 5, 1996, p. 244).
Para Santos e outros (1992) a qualidade do meio interfere direta e
indiretamente o bem-estar, o temperamento e o rendimento das pessoas no
desempenho de suas atividades. Há também algumas teorias afirmando que “as
próprias pessoas e suas respectivas atividades ocupacionais são um dos maiores
contribuintes para a poluição do ar em ambientes fechados”. (BRICKUS; AQUINO
NETO, 1999, p. 66). Os autores elucidam que isso ocorre devido a liberação de
dióxido de carbono por meio da respiração, ou de substancias químicas através da
transpiração e até mesmo pela condução de microorganismos (bactérias, fungos,
vírus, ácaros). A grande multiplicidade de agentes nocivos (quer seja na forma de
gases e vapores ou na forma de partículas) concentrados e emitidos de diferentes
formas nos ambientes de trabalho, podem muitas vezes provocar ou desencadear
algumas doenças. Segundo a Fernando Guimarães (1981, v. 3, p. 585) “estas
partículas quando dispersas na atmosfera, possuindo uma certa estabilidade de
suspensão, são chamadas de aerosóis ou aerodispersóides, líquidos ou sólidos [...]”.
De acordo com o Fernando Guimarães sua classificação varia de acordo com o seu
processo de formação:
Poeiras: aerosóis sólidos, formados por degradação mecânica de corpos sólidos.
Fumos: aerosóis sólidos formados por condensação de vapores, geralmente metálicos.
Névoas: aerosóis líquidos, formados por degradação mecânica dos corpos líquidos.
Neblinas: aerosóis líquidos, formados por condensação de vapores.Fumaças: aerosóis sólidos e líquidos, formados pela queima de
combustíveis. (GUIMARÃES, 1981, v. 3, p. 585, grifo do autor).
Além desses agentes há também os de origem biológica, cuja ação pode
provocar sérios danos à saúde. São agentes biológicos: fungos, bactérias,
protozoários, vírus, etc. De acordo com conteúdo publicado no site da Fundacentro
(2007), a exposição ocupacional a esses agentes biológicos podem trazer graves
conseqüências para a saúde do trabalhador, incluindo aí infecções agudas e
crônicas, parasitoses e reações alérgicas e tóxicas. Para entender melhor o que se
passa no ambiente ocupacional é imperioso buscar a origem das possíveis causas
de doenças relacionadas às condições físicas do ambiente interno.
3.1 A SÍDROME DOS EDIFÍCIOS DOENTES
“A baixa qualidade do ar de interiores tem sido relacionada a um número de
efeitos adversos à saúde humana, levando a Organização Mundial da Saúde (OMS)
a classificar a Síndrome do Edifício Doente como um problema de saúde pública”.
(BRICKUS; AQUINO NETO, 1999, p. 70). Para os autores este termo é empregado
para delinear circunstâncias em que os ocupantes de um edifício são acometidos
por um simples desconforto e até mesmo por alguns efeitos adversos à saúde.
Desde a década de 1930 ambientes artificialmente condicionados fazem parte
do cotidiano das pessoas. “Nesta época, a conceituação de poluição interior,
considerava os seus ocupantes como os únicos poluentes existentes em um
ambiente interno”. (SIQUEIRA, v. 5, 1996, p. 241). Alguns anos mais tarde essa
concepção foi se modificando, e um dos fatores responsáveis por isso foram as
inovações arquitetônicas, que segundo Luis Fernando Siqueira (1996, v. 5, p. 241),
contribuíram muito para o comprometimento da ‘qualidade do ar interior’, através de
projetos enclausurados, materiais usados no acabamento de interiores e os
mobiliários.
Trata-se do nexo entre causa e efeito a partir das observações das condições
ambientais de áreas internas, um deles é a redução de renovação de ar e os
diversos fatores ofensivos à saúde de seus ocupantes. Essa “síndrome” descoberta
em meados da década de 70 recebeu essa denominação no início da década de 80
através da OMS. Para Siqueira (1996, v. 5, p. 242), “o termo “síndrome, em sua
etimologia, traduz perfeitamente o mecanismo de ação deste desequilíbrio
ambiental”. De acordo com o autor, um estado sindromático é aquele cuja causa se
atribui a diversos fatores e origens, podendo estar associadas ou isoladas
desencadeando sintomas dos mais variados, para isso, depende particularmente do
hospedeiro e suas característica.
Cabe ressaltar que a idade dos edifícios, assim como a existência ou não de
sistemas de ar condicionado não influenciam no processo de adoecimento de seus
ocupantes. De acordo com Siqueira (1996, v. 5, p. 242), “a ‘Síndrome dos Edifícios
doentes pode ocorrer em edifícios novos ou velhos, com ou sem sistema de ar
condicionado. [...] Basta que haja um desequilíbrio na interação harmônica de suas
principais variáveis de funcionamento4 [...]”. Brickus e Aquino Neto (1999, p. 70)
afirmam que esse desequilíbrio pode estar associado em apenas uma determinada
área ou sala, ou pode estar difundido por todo o edifício. Este desequilíbrio também
pode estar associado à “má conservação dos prédios, principalmente dos sistemas
de ar condicionado, pode gerar exposição a fungos, agentes infecciosos, insetos e
más condições de ventilação e desumidificação em geral”. (VIEIRA, Sebastião,
1996, v. 5, p. 290).
Sterling, Collet e Rumel (1991, p. 57) destacam erupção, irritação e secura da
pele, náusea, vertigem e problemas respiratórios como os principais sintomas
relacionados à Doença do Ambiente Interno. Sendo que os sintomas de maior
predominância destacados pelos autores são: Chiado, falta de ar e sensação de
opressão. Já Ubiratan Santos e outros (1992) vão mais além na descrição do
conjunto de sintomas associados ao ambiente ocupacional: dor de cabeça, fadiga,
letargia, prurido e ardor nos olhos, irritação de nariz e garganta; anormalidades na
pele e falta de concentração. Os autores destacam ainda que esta síndrome está
associada às inovações tecnológicas dos sistemas de ventilação e climatização
mecânicos e paralelo a isso, o interesse econômico no uso total dos terrenos
situados nos grandes centros urbanos. Além disso, há outro fator importante
destacado por Luis Fernando Siqueira:4 Equipamentos e ductos livres de contaminantes químicos e biológicos, percentual de renovação e exaustão de ar, adequação no sistema de filtragem de barreira e mobiliários ou peças que funcionem como poluentes de origem química e biológica.
A forma de ocupação desses ambientes favorece os processos de poluição,
impondo freqüentemente o acúmulo de grandes quantidades de papéis [...]
transformando estes ambientes de trabalho em locais insalubres [...]
proporcionando aos seus usuários uma qualidade de vida insatisfatória.
(SIQUEIRA, v. 5, 1996, p. 244).
Diante dessa multiplicidade de fatores é notória a responsabilidade dos
ambientes fechados ao contribuir para o desencadeamento de uma série de
problemas e danos à saúde dos seus ocupantes.
3.2 DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL
Como o próprio nome já denota a exposição “é o contato da substância ou
agente tóxico com as barreiras representadas pelas vias de introdução, podendo ou
não ser absorvido”. (VIEIRA, Sérgio, 1998, v. 3, p. 83). O autor destaca ainda que o
comitê de toxicologia da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos aponta
cinco principais vias de introdução:
1. VIA DIGESTIVA (oral ou intestinal)2. VIA CUTÂNEA (ou dérmica)3. VIA PULMONAR (ou respiratória)4. VIA PARENTERAL5. VIA OCULAR (VIEIRA, Sérgio, v. 3. p. 86, grifo do autor).
O aparelho respiratório é uma das principais vias de acesso de substâncias
estranhas no organismo, pois é sabido que “depois da pele, o trato respiratório é o
sistema orgânico em maior contato com o meio ambiente”. (FERNANDES;
STELMACH E; ALGRANTI, 2006, p. 27). E Por ser de grande interesse para a
composição deste trabalho, a via respiratória será a única aqui abordada.
No ar que respiramos, seja ele ambiental ou ocupacional existe uma grande
diversidade de agentes causadores de sintomas e doenças respiratórias. Micróbios,
bactérias, insetos, poluição, poeiras, fumos, mofo, são alguns dos agentes nocivos
muitas vezes presentes no ambiente de trabalho.
Algumas doenças ocupacionais podem ser desenvolvidas ou agravadas pela
exposição a esses agentes.
3.3 DOENÇAS OCUPACIONAIS RESPIRATÓRIAS
A poluição ambiental e ocupacional constituem importantes fatores de risco
para o trato respiratório e “em conjunto com fatores genéticos, doenças respiratórias
na infância e tabagismo, constituem-se nos principais determinantes da função
pulmonar na idade adulta”. (FERNANDES; STELMACH; ALGRANTI, 2006, p. 27).
De acordo com o Ministério da Saúde (2001, p. 307), uma diversidade de doenças
do sistema respiratório podem se desenvolver e agredir órgãos como o nariz, até a
cavidade pleural.
Conhecidas como rinussinusopatias essas doenças costumam atingir as vias
aéreas superiores (nariz, laringe, faringe, garganta, etc.). Já as doenças que
acometem as vias aéreas inferiores são classificadas como pneumoconioses e “são
freqüentemente assintomáticas nas fases iniciais”. (BRASIL, 2001, p. 307).
O modo de prevenir as doenças ocupacionais respiratória requer
procedimentos de vigilância sanitária dos ambientes e condições de trabalho, assim
como a utilização de alguns procedimentos definidos pelo Ministério da Saúde:
• reconhecimento prévio das atividades e locais de trabalho onde existam substâncias químicas, agentes físicos e biológicos e fatores de risco decorrentes da organização do trabalho potencialmente causadores de doença;
• identificação dos problemas ou danos potenciais para a saúde decorrentes da exposição aos fatores de risco identificados;
• identificação d proposição de medidas de controle que devem ser adotadas para eliminação ou controle da exposição aos fatores de risco e para proteção dos trabalhadores;
• educação e informação aos trabalhadores e empregadores. (BRASIL, 2001, p. 308).
De acordo com a Portaria n. 1.339/99 do Ministério da Saúde há uma lista de
doenças do sistema respiratório que estão relacionadas ao trabalho:
• Faringite aguda não especificada (angina aguda, dor de garganta) • Laringotraqueíte aguda e laringotraqueíte crônica• Outras rinites alérgicas• Rinite crônica• Sinusite crônica• Ulceração e necrose do septo nasal e perfuração do septo nasal• Outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas (inclui asma obstrutiva,
bronquite crônica, bronquite asmática, bronquite obstrutiva crônica)• Asma
• Pneumoconiose dos trabalhadores do carvão• Pneumoconiose devida ao asbesto (asbestose) e outras fibras minerais.• Pneumoconiose devida à poeira de sílica• Pneumoconiose devida a outras poeiras inorgânicas: berilose, siderose
e estanhose• Doenças da vias aéreas devidas a poeira orgânica: bissinose• Pneumonite por hipersensibilidade à poeira orgânica• Afecções respiratórias devidas à inalação de produtos químicos, gases,
fumaças e vapores: bronquite e pneumonite; edema pulmonar agudo; síndrome da disfunção reativa das vias aéreas e afecções respiratórias crônicas
• Derrame pleural e placas pleurais• Enfisema Intersticial• Transtornos respiratórios em outras doenças sistêmicas do tecido
conjuntivo classificadas em outra parte: síndrome de Caplan. (BRASIL, 2001, p. 310).
Somente algumas doenças serão abordadas neste trabalho, já que uma
grande parte dessas doenças são desenvolvidas por trabalhadores de áreas muito
específicas, como por exemplo os trabalhadores de indústria química e da
agricultura.
3.3.1 Rinite Ocupacional
As fossas nasais são responsáveis pelo primeiro contato com agentes
nocivos inalados. Seus principais mecanismos de defesa são: “filtração,
condicionamento do ar, sensação de odores e de irritantes”. (BEGATIN; COSTA,
2006, p. 18). Os autores ponderam que por conta de sua localização as fossas
nasais se expõem demasiadamente aos agentes nocivos que podem causar desde
ações de desconforto, irritação e alergias, até corrosão.
Portanto rinite é definida pelo Ministério da Saúde como “[...] uma doença
inflamatória das mucosas nasais, caracterizada por paroxismos de espirros, prurido
do nariz, congestão nasal, com obstrução total ou parcial do fluxo de ar e corrimento
nasal claro“. (BRASIL, 2001 p. 315). No campo ocupacional, afirmam Begatin e
Costa (2006, p. 19) que a depender das condições de trabalho ela pode ser
desenvolvida ou agravada. Os autores fazem ainda a seguinte afirmação:
Se ela for produzida por alérgenos do ambiente de trabalho ou, mesmo sendo pré-existente, se seus sintomas forem desencadeados por agentes
do ambiente do trabalho, ainda que não alergênicos, é caracterizada como rinite alérgica ocupacional. (BEGATIN; COSTA, 2006, p. 19).
De acordo com o Ministério da Saúde (2001, p. 316), “do ponto de vista
clínico as principais rinites são a rinite alérgica, a rinite vasomotora, a rinite atrófica,
a rinite eosinofílica não-alérgica (NARES), a rinite medicamentosa e a rinite
metabólica”. Begatin e Costa (2006, p. 20) esclarecem que associações da rinite
alérgica com outras afecções como, sinusites, conjuntivites, dermatoses e
principalmente asma ocupacional são corriqueiras. Os autores revelam que na
maioria dos casos, os portadores de rinite ocupacional evoluem para a asma
ocupacional, que segundo eles, é uma afecção de maior agravamento.
3.3.2 Sinusite ocupacional
O Ministério da Saúde classifica a Sinusite como sendo a “[...] inflamação dos
seios paranasais devido a infecções causadas por vírus bactérias ou fungos, ou
ainda por reações alérgicas, de curso agudo ou crônico”. (BRASIL, 2001, p. 322).
Begatin e Costa (2006, p. 22) esclarecem que esse tipo de inflamação é classificado
como doença ocupacional quando o exercício profissional do portador contribui ou
acrescenta seu desenvolvimento. A esse respeito comenta o Ministério da Saúde:
Excluídos outros diagnósticos diferenciais e analisados os fatores de risco não ocupacionais a sinusite crônica relacionada ao trabalho poderá ser enquadrada como doença relacionada ao trabalho [...] no qual o trabalho pode desempenhar o papel de fator de risco contributivo ou adicional, na etiologia multicausal da sinusite crônica. (BRASIL, 2001, p. 322).
Sobre as causas da sinusite crônica, o Ministério da Saúde (2001, p. 322)
informa que estão associadas à exposição a agentes irritantes (gases, vapores,
névoas, poeiras).
3.3.3 Ulceração ou necrose e perfuração do septo nasal
Na definição dada pelo Ministério da Saúde (2001, p. 324) diz que a ulceração
ou necrose é um processo inflamatório crônico, que causa ardência e dor nas fossas
nasais cuja secreção pode estar acompanhada por sangue, freqüentemente pode se
desenvolver de forma assintomática. A perfuração do septo nasal é o estágio
avançado da doença. Begatin e Costa (2006, p. 23) elucidam que a ocorrência de
perfurações do septo nasal, originárias da ocupação, são causadas por ações locais
de aerodispersóides irritantes em altas concentrações.
3.3.4 Faringite aguda (angina aguda, dor de garganta)
“Faringite aguda é qualquer inflamação aguda da faringe”. (BRASIL, 2001, p.
310). Sobre o ponto de vista clínico da faringite comenta o Ministério da Saúde:
[...] constitui um grupo de doenças que podem ser classificadas como amigdalite (quando somente a amígdala palatina está afetada); faringite (quando apenas a parte posterior da faringe encontra-se comprometida); adenóide (quando apenas a amigdala faríngea está envolvida) e angina (quando o processo é global, atingindo as amígdalas palatinas, a faríngea e a parede posterior da faringe). (BRASIL, 2001, p. 310).
Vírus, bactérias e fungos, são os principais agentes causadores da faringite
aguda.
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde (2001, p. 310) em relação ao
trabalho são considerados a concentração ambiental e o tempo de exposição, que
determinarão a intensidade dos sintomas onde a queixa mais comum é a dor de
garganta. Porém, sintomas como sensação de ressecamento, calor e dor na faringe,
prurido, queimação e crises de tosse podem estar presentes no quadro de faringite.
3.3.5 Laringotraqueíte aguda e crônica
Para o Ministério da Saúde (2001, p. 313) laringotraqueíte é um termo geral
para designar os processos inflamatórios agudos da laringe e da traquéia,
geralmente de origem viral ou bacteriana. “Na forma aguda, manifesta-se com
disfonia, dor na laringe e crises de tosse seca que se agravam à noite. (BRASIL,
2001, p. 313).
Os fatores de riscos de natureza ocupacional mais conhecidos são dores de
garganta muito intensa, angina aguda ou faringite aguda.
3.3.6 Alterações do olfato
Além dos problemas já citados, existem também outras complicações
relacionadas à ocupação e que afetam diretamente o olfato. Segundo Begatin e
Costa (2006, p. 24) quantitativamente as disosmias são assim denominadas:
hiposmias, cuja capacidade olfatória sofre reduções parciais; anosmias, que
consistem nas incapacidades totais do olfato, podendo ser permanentes ou
temporárias. Qualitativamente são descritas a “agnosia olfatória (dificuldades para
identificar odores), aliosmias (sensações desagradáveis para odores agradáveis) e
parosmias (sensação de odores fantasmas)”. (BEGATIN; COSTA, 2006, p. 24). Há
também as cacosmias que são definidas pelos autores como as sensações
subjetivas de odores desagradáveis pela própria pessoa ou por pessoas próximas,
sendo estas objetivas.
3.3.7 Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas ocupacionais
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um termo utilizado para
definir doenças respiratórias crônicas “caracterizadas por limitação crônica ao fluxo
aéreo e, eventualmente com produção de escarro, dispnéia e broncoespasmo.
(BRASIL, 2001, p. 327). Bagatin, Jardim e Stirbulov (2006, p. 36-37) definem a
DPOC como uma enfermidade respiratória cujas manifestações se dão de forma
sistemáticas, principalmente por obstrução crônica do fluxo aéreo, onde sua
reversão não ocorre na totalidade, e muitas vezes está relacionada a um processo
inflamatório devido a inalação de fumaça de cigarro e outras partículas, além de
gases tóxicos.
Para o Ministério da Saúde (2001, p. 327), a exposição contínua a agentes
irritantes do aparelho respiratório ocasiona a ampliação das glândulas mucosas,
hipertrofia das fibras musculares e à inflamação da parede brônquica, levando a
uma redução do fluxo aéreo.
Segundo Bagatin, Jardim e Stirbulov (2006, p. 37) a inter-relação entre esses
agentes e a resposta individual, são fatores contributivos para o desencadeamento
da DPOC que se manifesta num processo inflamatório responsável pelo quadro
clínico e evolução da doença.
Os autores informam que a DPOC é manifestada na apresentação de alguns
sintomas respiratórios crônicos, associados à história de exposição ao cigarro, a
fumaça ou a poeira ocupacional. Em outras palavras, a inalação de fumaça de
cigarro, exposições ocupacionais a poeira e outros agentes irritantes, são os fatores
de riscos mais conhecidos para o desenvolvimento da DPOC.
Segundo o Ministério da Saúde (2001, p. 328), os sintomas crônicos
respiratórios consistem em tosse crônica, expectoração, chieira e dispnéia
progressiva.
Sobre a prevenção das DPOC relacionadas ao trabalho o Ministério da Saúde
alerta para a necessidade de se adotar “procedimentos de vigilância dos ambientes,
das condições de trabalho e dos efeitos ou danos à saúde [...]”. (BRASIL, 2001, p.
328).
As principais DPOC relacionadas pelo Ministério da Saúde (2001, p. 327) são:
asma obstrutiva, bronquite crônica, bronquite asmática e bronquite obstrutiva
crônica.
Para entender o que é e como ocorre a asma ocupacional, antes faz-se
necessária uma breve abordagem em torno do que vem a ser a asma propriamente
dita. Deste modo a asma é assim definida pelo Portal da Saúde5 (2007): “uma
5 Página da internet: <http://www.portaldasaude.pt/Portal/printversion?ContentGUID={CF06F1C3-A305-4987}>
doença inflamatória crônica das vias aéreas que, em indivíduos susceptíveis, origina
episódios recorrentes de pieira, dispnéia (dificuldade na respiração), aperto torácico
e tosse particularmente noturna ou no início da manhã”.
A asma relacionada ao trabalho (ART) não é o mesmo que asma ocupacional,
porém, Fernandes, Stelmach e Algranti, (2006, p. 28) elucidam que a ART engloba a
asma ocupacional e a asma agravada pelo trabalho. Os autores conceituam asma
ocupacional como sendo uma doença ocupacional propriamente dita onde se tem a
“obstrução reversível ao fluxo aéreo e/ou hiperrreatividade brônquica devida a
causas e condições atribuíveis a um determinado ambiente de trabalho e não a
estímulos externos”. (FERNANDES, STELMACH E ALGRANTI, 2006, p. 28). Já a
asma agravada pelo trabalho ou asma agravada pelas condições de trabalho é
aquela “previamente existente, assintomática ou não, que se agravou devido a uma
exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos”. (FERNANDES, STELMACH
E ALGRANTI, 2006, p. 28). Porém, alertam os autores que essas definições estão
sujeitas a alterações. Há também autores que definem asma ocupacional como
“obstrução variável das vias aéreas, induzida por agentes inaláveis, na forma de
poeira, gases, vapores ou fumos, que estejam presentes no ambiente de trabalho”.
(SILVA; NOBRE, 2002, p. 119).
O Ministério da Saúde classifica a asma ocupacional em duas categorias:
Asma ocupacional propriamente dita, caracterizada por limitação variável do fluxo de ar e/ou hiper-responsividade brônquica, desencadeadas no local de trabalho não por estímulos externos, e asma agravada pelo trabalho, que ocorre em indivíduos previamente asmáticos, que é agravada por irritantes e/ou sensibilizantes presentes no local de trabalho. (grifo do autor). (BRASIL, 2001, p. 330).
De acordo com o exposto pelo Ministério da Saúde (2001, p. 130), “a asma
pode ocorrer em indivíduos com asma preexistente ou asma concorrente, após
exposição ocupacional”. Para Sônia da Silva e Letícia Nobre (2002, p. 119), a asma
brônquica agravada pelo ambiente de trabalho é aquela cujos sintomas são
agravados pela exposição ocupacional. As autoras classificam os agentes
desencadeantes da asma como:
• Agentes de alto peso molecular – [...] compostos de origem animal vegetal, bactérias e fungos.
• Agentes de baixo peso molécula – [...] poeiras inorgânicas e agentes químicos. (SILVA; NOBRE, 2002, p. 119).
Segundo Begatin e Costa (2006, p. 20), as reações independem da
concentração desses agentes no ambiente. Os autores estimam que em 40 horas
trabalhadas circulem 14.000 litros de ar pelas vias aéreas.
Sobre o estabelecimento do nexo causal e as medidas de proteção do
trabalhador, o Ministério da Saúde faz a seguinte recomendação:
Após o diagnóstico de asma ocupacional, o trabalhador deve ser imediatamente afastado da exposição suspeita, lembrando que se o mecanismo desencadeador for imunológico, mesmo diminutas concentrações do agente podem gerar sintomas. Caso a recolocação seja possível [...] medidas de proteção respiratória podem auxiliar no retorno à atividade. (BRASIL, 2001, p. 333).
Em todas as doenças relacionadas neste capítulo todos os autores citados
compartilham da mesma opinião, ou seja, todos eles afirmam que é necessário
estabelecer o nexo causal, pra se ter certeza do que está causando os problemas de
saúde dos trabalhadores. Para estabelecer o nexo causal “é importante anotar se há
melhoras com o afastamento ou pioras com a permanência no ambiente de trabalho,
períodos e tempos de exposição e, se possível, fazer uma listagem de todos os
produtos de contato direto”. (BEGATIN; COSTA, 2006, p. 20).
Para a prevenção de todas essas doenças os autores recomendam o uso de
máscaras respiratórias protetoras além de adotar procedimentos que visem a
vigilância dos ambientes, condições de trabalho e efeitos ou danos que este possa
causar à saúde do trabalhador.
4 BIBLIOTECAS: BREVE ABORDAGEM CONCEITUAL
Ao longo dos anos as concepções de bibliotecas expressas na literatura
foram se delineando de formas diferentes, muitas vezes considerando a sua
finalidade e o papel representado para a sociedade. A principal característica da
evolução conceitual das bibliotecas para Wilson Martins (1998, p. 323), é o fato
destas não serem mais consideradas apenas como um simples depósito de livros.
Para o autor, o processo de transformação das bibliotecas deve-se a quatro fatores
principais: laicização, democratização, especialização e socialização.
Maria das Graças Targino (1984, p. 31) conceitua bibliotecas como
instituições seculares cujo processo evolutivo é contínuo, pois visa acompanhar e
satisfazer as necessidades e desenvolvimento social, utilizando como suporte
diversos materiais que em outras épocas não faziam parte de sua composição.
Assim a biblioteca é conceituada pela Encyclopaedia Britannica (1970, apud
Targino 1984, p. 33): “uma coleção de material impresso ou manuscrito ordenado e organizado com o propósito de estudo e pesquisa ou de leitura geral de ambos” (grifo da autora). Porém, é do conhecimento de todos que nos
tempos atuais a composição de uma biblioteca não se restringe apenas a
manuscritos e materiais impressos. Há também filmes, microfilmes, slides, CDs,
DVDs, CD-ROM, disquetes, computadores e outras mídias, utilizadas como fontes
de informação e conhecimento.
Nesse ínterim é imperioso ressaltar que não foram somente as bibliotecas
que passaram por transformações. Como afirma Wilson Martins (1998, p. 323), os
livros tiveram também as suas mudanças, pois perderam o caráter de objeto
sagrado, passando a ser visto como um instrumento de trabalho colocado à
disposição de todos.
Quanto às finalidades básicas das bibliotecas, Maria das Graças Targino
(1984, p.35) esclarece que estas podem ter cunho pessoal ou social. Referindo-se à
sua tipologia, a autora informa que as bibliotecas podem ser: públicas, infanto-
juvenis, ambulantes, escolares, universitárias, especializadas, especiais,
particulares.
Após essa breve exposição da evolução conceitual das bibliotecas, faz-se
necessário agora abordar os diversos problemas (visíveis e invisíveis) enfrentados
pelas bibliotecas e principalmente pelos seus bibliotecários: Agentes causadores de
deterioração de acervos e principalmente de doenças que acometem os
profissionais bibliotecários e demais colaboradores da biblioteca, que ao executarem
atividades rotineiras acabam se expondo à esses agentes nocivos.
4.1 DETERIORAÇÃO DE ACERVOS E SEUS AGENTES CAUSADORES:
Diversos materiais provenientes do reino mineral, animal e vegetal, já foram
empregados pelo homem para registrar seus conhecimentos. Segundo Corujeira :
Todos esses materiais usados para escrever, com exceção da pedra, eram vulneráveis : argila, aos vermes; papiro aos insetos, à umidade e dissecação; cortiça madeira e folhas de palmeiras à térmitas; peles e linho ao caruncho, baratas, bezouros e vespas de barro [...]. (CORUJEIRA, 1971, p. 2)
Segundo a autora, a invenção do papel e depois da imprensa ocasionou o
aumento da produção de livros, aumentando assim os problemas da conservação.
“O papel, mesmo que possua todas as propriedades físicas e químicas que o façam
durar séculos sofre a influência de condições ambientais que podem prejudica-los”.
(CORUJEIRA, 1971, p. 13).
A autora atribui as causas da deterioração de documentos a três fatores: “1)
Físicos – umidade, temperatura e luz; 2) Químicos – acidez do papel e tintas de
escrever; 3) Biológicos – insetos, microorganismo, homem”. (CORUJEIRA, 1971, p.
13).
4.1.1 Agentes físicos
De acordo com a autora umidade é o fator físico que causa maior estrago aos
documentos, pois ao penetrar no papel desencadeia a formação de colônias de
fungos, cuja nutrição se efetiva através dos componentes do próprio papel. Podem
aparecer também mofo e bolor, estes por sua vez, são provenientes do excesso de
umidade existente na biblioteca. “As esporas de mofo6 e fungo sempre presentes no
ar, aumentam seu desenvolvimento quando a umidade é excessiva”. (CORUJEIRA,
1971, p. 14). Essas esporas, segundo a autora, debilitam e descolorem o papel,
fazendo com que estes muitas vezes se agarrem uns aos outros. É importante
ressaltar que existem vários tipos de mofo, porém Corujeira (1971, p. 14) destaca o
“foxing” tipo que ataca alternadamente o documento causando pontos escuros e
ocres.
Outro fator físico relevante é a temperatura. O calor deteriora o papel com
maior rapidez e segundo a autora, atrai insetos e roedores.
A acidez do papel consiste em um fator químico que contribui para a
danificação dos documentos. Corujeira (1971, p. 15) destaca também que as
impurezas do ar são causas de decomposição dos documentos.
4.1.2 Agentes químicos
A poeira e os gases ácidos estão entre os poluentes mais agressivos. “A
poeira não só constitui um mal estar para quem cuida dos documentos, como
também é um agente destruidor pela ação cortante de suas pequenas partículas
minerais”. (CORUJEIRA, 1971, p. 16). A autora esclarece que a poeira é composta
por substâncias orgânicas e inorgânicas, muitas vezes contendo agentes biológicos
(microorganismos), suspensos ou movimentados pelo ar.
4.1.3 Agentes biológicos
Os insetos, os fungos, os roedores e o próprio homem, estão entre os
agentes biológicos responsáveis pela degradação dos docuementos.
É numerosa a quantidade de agentes biológicos que vivem entre os livros e
estantes de madeira e se alimentam da matéria constituída por eles. Esses agentes
constituem a entomofauna ou fauna entomológica. Corujeira (1971, p. 19) atribui aos
6 Microorganismos dos fungos saprófitos, isto é aclorofilados, necessitando de matéria orgânica para se nutrirem.
insetos7 o importante papel de agente destruidor dos documentos. A autora informa
que não é possível determinar com precisão os defeitos ambientais e construtivos ou
ainda as condições higiênicas que beneficiam a proliferação de animais da fauna
entomológica que vive em bibliotecas e arquivos e se nutrem das matérias que as
constituem: madeira do mobiliário, papel, cola, peles, couro, pergaminho, etc. A
autora lembra ainda que os danos provocados por esses agentes divergem no grau
e na intensidade.
Renata Grün e Jussara Santos (2003, p. 8) subdivide os agentes de
deterioração em duas categorias:
Superfície: são insetos roedores, que atacam documentos externamente: baratas, traças e o piolho de livro são os mais comuns.Internos: são insetos roedores que atacam o interior dos volumes: Os cupins e brocas são típicos desta categoria. (GRÜN; SANTOS, 2003, p. 8).
As baratas têm hábitos noturnos, não gostam da luz do sol e por isso se
escondem em lugares onde não há penetração da luz solar. De acordo com as
autoras existem aproximadamente 3.500 espécies de baratas. Nas bibliotecas
atacam papéis gomados e capas de publicações encadernadas com tecido. A
dedetização é uma das medidas de combate e prevenção da infestação de baratas.
Porém as autoras advertem que é necessária muita cautela, pois os produtos
químicos utilizados podem causar estragos irreversíveis. Sem contar que “os
resíduos podem, ainda, atacar a saúde das pessoas que mantém contato direto com
os documentos”. (GRÜN; SANTOS, 2003, p. 8).
Segundo as autoras as traças abrigam-se no interior de papéis velhos
enrolados, mapas, arquivos de documentos, jornais ou sobre a superfície de papéis
gomados, geralmente em ambientes úmidos e aquecidos. Segundo as autoras seu
alimento favorito é a celulose do papel ou amido da cola da lombada dos livros ou
das etiquetas.
O piolho do livro é um inseto que mede de 1 a 3 milímetros de comprimento.
Renata Grün e Jussara Santos (2003, p. 9), informam que este inseto se alimenta do
fungo existente no papel e corrói toda a superfície em busca deste tipo de
organismo.
7 São conhecidos também como insetos bibliófagos.
As autoras descrevem os cupins como insetos sociais organizados em
colônias numerosas, formados muitas vezes por milhares de indivíduos, a depender
da espécie. Em bibliotecas, atacam livros e madeiras formando galerias invisíveis.
As brocas são pequenos besouros que medem cerca de 2,5 a 3,5 milímetros
de comprimento. De acordo com Renata Grün e Jussara Santos (2003, p. 10) “as
brocas colocam cerca de quinze ovos em cada postura procurando sempre os
orifícios da superfície da encadernação ou borda das folhas. Após a eclosão dos
ovos as larvas penetram no interior dos livros”. As autoras alertam que os livros são
o principal material de ataque das brocas, porém não se alimentam somente da
celulose, são atraídas também pelo couro.
Os fungos também chamados de mofos ou bolores, “atacam todos os tipos de
acervos independentemente dos seus materiais constitutivos” (GRÜN; SANTOS,
2003, p. 10). As autoras explicam que por serem incapazes de realizar fotossíntese
os fungos instalam-se sobre matérias que lhe forneçam nutrientes numa forma de
fácil assimilação. Seu desenvolvimento acontece devido a “diversos fatores como a
luz, o PH do papel, natureza do material constitutivo dos documentos e a presença
de outros microorganismos”. (GRÜN; SANTOS, 2003, p. 10).
Os roedores presentes no acervo atacam documentos e “o revestimento
isolante dos condutores elétricos, favorecendo a instalação de sinistros”. (GRÜN;
SANTOS, 2003, p. 10).
Há também um fator relevante considerado pelas autoras como contributivo
para a degradação dos documentos. Trata-se da ação do homem, que através do
manuseio e acondicionamento inadequado prejudicam o livro colaborando para a
sua degradação.
4.2 AÇÕES ADOTADAS CONTRA OS AGENTES DE DETERIORAÇÃO
Após a identificação da natureza dos agentes de deterioração de
documentos, “a primeira providência consiste em criar condições ambientais nas
quais eles não posam viver. Isso inclui controle de temperatura e umidade e
remoção de gases nocivos, provenientes do ar poluído”. (CORUJEIRA, 1971, p. 29).
Na opinião da autora considera-se também como elementos de combate desses
agentes: iluminação, condições de armazenamento, controle de insetos, uso de
fungicidas e inseticidas, ventilação e demais cuidados rotineiros. Para Lindaura
Corujeira (1971, p. 29-30) a maneira de evitar os danos causados por desequilíbrios
térmicos e higrométricos, é controlando o clima, regulando a temperatura, a
ventilação e a umidade. Nesse caso recorre-se ao sistema de ar condicionado,
umidificadores e desumidificadores. A autora enfatiza as seguintes medidas de
prevenção da infecção e infestação de agentes nas bibliotecas:
a) limpeza periódica dos documentos, das estantes e dos locais. A limpeza [...] da poeira é uma medida preventiva de fundamental importância. É conhecido que o pó atmosférico que se deposita [...] sobre os livros, tem uma composição química muito heterogênea e um elevado conteúdo de esporas bacterianas e fungicidas, algumas delas nocivas ao papel, ao pergaminho e à pele.
b) Realizar [...] controle sistemático dos valores termoigrométricos ambientais. Os fatores ambientais (luz, temperatura, umidade, aeração) favorecem o desenvolvimento de microorganismos [...].
c) Empregar na fabricação e na restauração dos livros materiais [...] inócuos ao papel, pele, tintas, etc., e que resistam ao ataque dos insetos. [...]. (CORUJEIRA, 1971, p. 38).
Tais medidas preventivas mencionadas pela autora muitas vezes impedem o
desenvolvimento dos agentes de deterioração, porém, a depender da profundidade
do ataque desses agentes será necessária a utilização de fumigantes e fungicidas
gasosos como: Formalceído (CH 2O), ativo fungicida e bactericida, resultante da
mistura da formalina com o pemaganato de potássio; Óxido de etileno (CH 2-O-CH2),
inseticida, fungicida e bactericida de ação eficaz. É um gás inflamével; Brometo de
metila (CH3BR), Inseticida de moderada ação fungicida. “É altamente tóxico para o
homem”. (CORUJEIRA, 1971, p. 41); Ácido cianídrico (HCN), inceticida de altíssima
atividade. Segundo a autora, por se tratar de um gás, após o tratamento é
necessária uma aeração prolongada para eliminar todos os resíduos. Além desses,
a autora destaca outros métodos de desinfecção e desinfestação, um deles se
baseia no uso de “nebulização com soluções alcoólicas a 5% de
laurildimetilcarbonetossimetilammonio, na razão de 5cc por metro cúbico”. (FLIEDER
apud CORUJEIRA, 1971, p. 42). Porém, a autora adverte sobre o risco de irritação
causado por este produto, aconselhando o uso de máscaras durante sua
manipulação. Já Shri R. C. Gupta (apud CORUJEIRA, 1971, p. 42) “[...] ensina o
fumigar com cristais de para-dicloro-benzeno e cristais de Kiloptera”.
Segundo a autora, ultimamente os recursos mais adotados para extinguir
insetos e microorganismos limitam-se aos fungicidas, bactericidas e inseticidas.
Há também quem afirme que “a preservação é mais simples e exige menos
esforços quando o acervo está abrigado em edifício adequado. [...]. A construção
deve prever proteção contra chuvas fortes, umidade, altas temperaturas, luz
incidente, poeira, etc.”. (LANE; VAL, 1996, p. 2).
5 PROTEÇÃO À SAÚDE DO TRABALHADOR: ASPECTOS JURÍDICOS
De acordo com o jurista Sebastião Geraldo de Oliveira (2002, p. 53)
atualmente o princípio da proteção tem enfrentado diversos obstáculos por conta do
desejo de flexibilização das normas trabalhistas por parte de alguns empregadores
chegando até mesmo a causar uma vasta desregulamentação. Entretanto, é
imprescindível expor que na esfera da segurança, higiene e saúde do trabalhador
“não há espaço para reduzir a proteção legal, porquanto são garantias
complementares do direito à vida e este definitivamente não pode ser objeto de
negociação”. (OLIVEIRA, 2002. p. 53).
Hoje em dia o reconhecimento dos direitos não é mais a grande preocupação
dos juristas, mas, a sua real aplicação, “para que a norma não seja observada como
promessa irrealizável, ou declaração de boas intenções para se tornar realidade
algum dia”. (OLIVEIRA, 2002, p. 55). A esse respeito comenta Luis Roberto Barroso
(apud OLIVEIRA, 2002, p. 56): “muitos direitos deixaram de se tornar efetivos por
omissão dos titulares ou de seus advogados [...]”. De acordo com Oliveira (2002, p.
55) um dos motivos da falta de efetividade da norma jurídica é a relutância ao
progresso por parte dos juristas que se prendem a interpretações centradas no
passado.
No capítulo dois desta revisão de literatura foi feita uma breve abordagem
histórica em torno da saúde do trabalhador, que se tornou objeto de estudo e
atenção de médicos e juristas após a Revolução Industrial e de lá para cá grandes
conquistas e avanços foram realizados. Todavia, faz-se relevante mencionar neste
capítulo que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) realizou algumas
convenções que tratam direta ou indiretamente da proteção jurídica à saúde dos
trabalhadores. Dentre todas a Convenção n. 155, em vigor no Brasil desde 18 de
maio de 1993 sob o decreto n. 1.254/94, foi escolhida para ser abordada neste
capítulo, pois estabelece normas e princípios de segurança e saúde dos
trabalhadores e o meio ambiente de trabalho.
5.1 CONVENÇÃO N. 155: BREVE ABORDAGEM
Esta convenção foi adotada em Genebra no ano de 1981, durante a 67ª
Conferência Internacional do trabalho. Segundo Oliveira (2002, p. 93) “até janeiro de
2002, havia sido ratificada por 37 países, destacando-se entre eles Espanha,
México, Noruega, Portugal, Suécia, Uruguai e Venezuela”. Como foi dito na seção
anterior, esta Convenção foi ratificada no Brasil, em 18 de maio de 1992, entrando
em vigor exatamente um ano depois, para ser promulgada pelo decreto n. 1.254/94.
O jurista destaca e classifica como objetivo o conceito de saúde formulado por
esta Convenção, que diz o seguinte: “A saúde, com relação ao trabalho, abrange
não só a ausência de afecções ou de doenças, mas também os elementos físicos e
mentais que afetam a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e a
higiene do trabalho”. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, apud
OLIVEIRA, 2002, p. 93).
Um das determinações da Convenção diz que “o país deve instituir uma
política nacional em matéria de segurança, saúde dos trabalhadores e o meio
ambiente de trabalho”. (OLIVEIRA, 2002, p. 93). Para que esta política venha
alcançar êxito, são feitas três exigências: Coerência; Prática; Reavaliação periódica.
Sobre a obrigatoriedade da prática exigida pela norma, e que à primeira vista
parece óbvia, mas não é, explica Sebastião Oliveira:
A luta dos dias atuais, no campo jurídico é pela efetividade do direito, havendo mesmo um certo cansaço diante de muito consenso e pouca ação. Assim a política nacional coerente sobre o assunto deverá constituir instituições aparelhadas para imediata aplicação das normas estabelecidas, com todos os instrumentos e recursos para lograr êxito. (OLIVEIRA, 2002, p. 93).
O autor esclarece ainda que além da exigência de “pôr em prática”, há
também a obrigatoriedade de adotar medidas para tornar o direito efetivo.
De acordo com Oliveira (2002, p. 94), a finalidade dessa política nacional é a
prevenção de acidentes e danos à saúde do trabalhador. E para que isso ocorra é
necessário minimizar ao máximo os agentes nocivos existentes no ambiente de
trabalho.
É importante destacar que houve uma mudança de postura em relação às
condições de trabalho, pois hoje em dia é o trabalho que se adapta ao homem no
ajuste de equipamentos, “duração do trabalho, formas de organização e processos
produtivos às capacidade físicas e mentais dos trabalhadores, diferentemente da
antiga postura em que era o homem que se adaptava às condições de trabalho
existentes”. (OLIVEIRA, 2002, p. 94).
Oliveira (2002, p. 94) destaca que um dos princípios da Convenção é o
reconhecimento do dinamismo da vida empresarial, por isso é necessário reavaliar
as normas e adapta-las continuamente, ponderando os principais problemas.
A Convenção também prevê a concepção dos efeitos combinados dos
agentes nocivos. De acordo com a OIT (apud OLIVEIRA, 2002, p. 95): “A presença
de vários agentes agressivos, pelo efeito sinérgico, em vez de apenas somar,
multiplica os malefícios”. Com essa declaração a OIT esclarece que os agentes
agressivos presentes no ambiente de trabalho quando avaliados isoladamente
podem ser considerados como toleráveis, porém, a exposição a diversos agentes
simultaneamente excede os limites de tolerância.
Para Oliveira (2002, p. 95), “partir da experiência do caso concreto para evitar
a repetição do evento danoso tem sido uma forma eficaz de prevenção”. Por esse
motivo a Convenção determina a realização de sindicância quando acontecer
acidente do trabalho, doença profissional ou qualquer dano à saúde de natureza
grave.
Segundo o autor é necessária uma maior atenção por parte dos
pesquisadores, já que estes estão comprometidos com o progresso da ciência, que
por sua vez deve atuar em benefício do próprio homem, e não contribuir para torna-
lo vítima.
A política de segurança e saúde dos trabalhadores deverá, também, introduzir ou desenvolver sistemas de pesquisa dos agentes químicos, físicos ou biológicos no que diz respeito aos riscos que eles representam para a saúde dos trabalhadores. (ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO, apud OLIVEIRA, 2002, p. 95).
O artigo 13 da Convenção confere direito ao empregado de “interromper uma
situação de trabalho por considerar, por motivos razoáveis que ela envolve um
perigo iminente e grave para sua vida ou sua saúde”. (ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL DO TRABALHO, apud OLIVEIRA, 2002 P. 96).
Sebastião Oliveira (2002, p. 97) avalia que o cidadão comum precisa estar
atento para a necessidade de preservação da vida, para isso, é necessário adquirir
uma maior consciência dos seus direitos.
5.2 INSALUBRIDADE
Insalubridade é a condição de insalubre. Para que haja um melhor
entendimento dessa condição, é necessário conhecer a etimologia da palavra
“insalubre”. O dicionário Aurélio define insalubre como “não salubre; mau para a
saúde”. (FERREIRA, 1993, p. 308). Já Tuffi Saliba e Márcia Corrêa (2000, p. 11),
vão mais além, e explicam que é uma palavra de origem latina e significa tudo aquilo
que ocasiona doenças. Entretanto, a palavra insalubre tem uma conotação legal
dada pelo artigo 189 da CLT:
Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. (BRASIL, apud MARTINS, 2000, p. 218).
Fundamentando-se nesses fatores estabeleceram-se limites de tolerância
para os agentes nocivos que “no entanto, representam um valor numérico abaixo do
qual se acredita que a maioria dos trabalhadores expostos a agentes agressivos,
durante a sua vida laboral, não contrairá doença profissional”. (SALIBA; CORRÊA,
2000, p. 12).
De acordo com o artigo 189 da CLT (apud, SALIBA; CORRÊA, 2000, p. 12), a
caracterização da insalubridade se dará somente quando o limite de tolerância for
excedido.
Os autores informam que, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é quem
tem a autonomia de regulamentar a norma que trata do aspecto da prevenção.
Sobre os critérios para caracterizar a insalubridade, os autores esclarecem
que a Norma Reguladora (NR-15) estabeleceu: avaliação quantitativa, qualitativa e
qualitativa dos riscos inerentes à atividade.
5.2.1 Avaliação quantitativa dos agentes agressores
Estão definidos na NR-15 os limites de tolerância para os agentes agressivos
fixados em razão da natureza, da intensidade e do tempo de exposição. Para isso é
necessário que o perito meça a intensidade do agente comparando-o com os
respectivos limites de tolerância. Neste caso “a insalubridade será caracterizada
somente quando o limite for ultrapassado”. (SALIBA; CORRÊA, 2000, p. 13).
5.2.2 Avaliação qualitativa dos agentes agressores
De acordo com a NR-15 a insalubridade será comprovada após a inspeção
realizada pelo perito no local de trabalho. “Assim, na caracterização da insalubridade
para avaliação quantitativa, o perito deverá analisar detalhadamente o posto de
trabalho e a função do trabalhador, utilizando os critérios técnicos da Higiene
Industrial”. (SALIBA; CORRÊA, 2000, p. 13).
De acordo com os autores, é indispensável considerar na avaliação (além de
outros fatores) o tempo de exposição, a forma de contato com o agente e o tipo de
proteção utilizada, levando em conta ainda os limites internacionais existentes.8
A Portaria n. 3.311, de 29 de novembro de 1989, fixada pelo MTE “estabelece
critérios para a avaliação qualitativa, definindo o contato permanente ou intermitente
e o eventual”. (SALIBA; CORRÊA, 2000, p. 14). Os autores advertem que os peritos
não devem se aproveitar do fato de o MTE não fixar limites de tolerância e acabar
por emitir pareceres pessoais sem prévio embasamento técnico.
Os autores esclarecem ainda que exposição eventual ou de curta duração é
aquela cujo tempo varia em torno de 25 a 30 minutos por dia, não determinando, por
isso a insalubridade. Já a exposição intermitente ou permanente é aquela cuja
jornada de trabalho exige de 300 a 400 minutos por dia, ou seja, mais de 6 horas
diárias de trabalho. “[...] cada caso deverá ser analisado, levando-se em conta
8 A maioria dos limites fixados foram baseados nos limites de tolerância estabelecidos em 1977, pela American Conference of Governamental Industrial Hygienists (ACGIH), corrigidos para a jornada de trabalho no Brasil, porém, permanecem inalterados em sua maioria.
especialmente a forma de contato (pele, via respiratória, ingestão) e o tipo de agente
agressivo”. (SALIBA; CORRÊA, 2000, p. 14).
5.2.3 Avaliação qualitativa de riscos inerentes à atividade
Saliba e Corrêa (2000, p. 13) informam que na ausência de meios que
eliminem ou neutralizem a insalubridade esta constitui-se como inerente à atividade.
De acordo com os autores o anexo 13 de NR-15, determina no seu
preâmbulo, que a certificação da insalubridade se dará por inspeção realizada por
perito no local de trabalho.
A lei confere ao Poder Executivo a autoridade para a realização da perícia;
“no entanto, na prática, dificilmente isso ocorre, pois, caso o MTE atendesse a todas
as solicitações de perícia,ficaria prejudicada sua função de fiscalização do
cumprimento das normas de Segurança e Medicina do Trabalho”. (SALIBA;
CORRÊA, 2000, p. 14).
Os autores salientam que a perícia mesmo sendo feita fora do âmbito judicial,
se faz imprescindível para determinar a insalubridade.
5.3 PERÍCIA EXTRAJUDICIAL E PERÍCIA JUDICIAL
De acordo com o artigo 195 da CLT (apud MARTINS, 2000, p. 228). “a
caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as
normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo do Médico do
Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, [...] registrados no Ministério do Trabalho”.
O autor informa que pelo fato de a lei não exigir que a perícia por
insalubridade seja realizada por médico e a de periculosidade feita por engenheiro,
ambos poderão desempenhar qualquer uma, sendo que o mais coerente, na visão
do autor, é que o médico realize a perícia por insalubridade enquanto o engenheiro
ficaria responsável pela perícia por periculosidade.
Com relação a solicitação de realização de perícia o inciso 1º do artigo 195 da
CLT diz o seguinte:
É facultado [...] às empresas e aos sindicatos das categorias profissionais interessadas requererem ao Ministério do Trabalho a realização da perícia em estabelecimento ou setor deste, com o objetivo de caracterizar e classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas. (BRASIL, apud MARTINS, 2000, p. 228-229).
Dessa forma entende-se que não é obrigação da empresa nem do sindicato
solicitar perícia ao Ministério do Trabalho. Na opinião do Sérgio Pinto Martins (2000,
p. 195), “trata-se de mera faculdade, pois o sindicato ou o trabalhador poderia
ajuizar diretamente a ação, postulando a insalubridade ou periculosidade que fosse
devida”.
Sobre a perícia judicial a Lei n. 5.584, de 26 de junho de 1970, em seu artigo
3º “estabelece que a perícia será realizada por perito único designado pelo juiz, que
fixará o prazo de entrega do laudo”. (SALIBA; CORRÊA, 2000, p. 22).
O autor ressalta que tanto o perito quanto seus assistentes técnicos deverão
desempenhar de maneira imparcial, responsável e ética o cargo que lhes foi
confiado. Para cumprir suas funções, ambos poderão servir-se de todos os recursos
necessários: ouvir testemunhas, obter informações, solicitar documentos que
estejam em poder de parte ou repartições públicas, instruir laudo com plantas,
desenhos, fotografias e diversos itens. “O fato de o assistente ser de confiança da
parte não significa que ele tenha de omitir ou mascarar a real situação,
especialmente na questão da insalubridade e periculosidade que está ligada
diretamente à segurança e saúde do trabalhador”. (SALIBA; CORRÊA, 2000, p. 23).
5.4 LAUDO PERICIAL: CONSIDERAÇÕES
Sobre os requisitos fundamentais para composição do laudo pericial,
comentam Tuffi Saliba e Márcia Corrêa (2000, p. 24): “O laudo pericial deve ser
claro, objetivo, fundamentado e conclusivo”. Para os autores é importante que
conste no laudo os dados e elementos que o perito julgar importante e que dêem
subsídios para o convencimento do juiz. A respeito dos itens que compõem o laudo
técnico de insalubridade e periculosidade, os autores ressaltam: Critério adotado;
Instrumentos utilizados; Metodologia de avaliação; Descrição da atividade e
condições de exposição; Dados obtidos; Grau de insalubridade; Resposta aos
quesitos formulados pelas partes; Conclusão pericial.
5.5 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE: QUESTÕES CONTROVERTIDAS
Como já foi devidamente esclarecido nesse mesmo capítulo o que vem a ser
uma atividade insalubre e quais os fatores determinantes da insalubridade,
trataremos agora de questões previstas por lei para “compensar” de alguma forma
os danos que a atividade ou o próprio ambiente ocupacional causam à saúde do
trabalhador. De acordo com o artigo 192 da CLT:
O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo [...] segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. (MARTINS, 2000, p. 222).
A respeito da execução do trabalho de forma intermitente em condições
insalubres o Enunciado 47 do Tribunal Superior de Justiça (TST) determina que o
pagamento do adicional é devido.
Segundo Sérgio Pinto Martins (2000, p. 222) “o pagamento do adicional de
insalubridade [...] não gera direito adquirido ao empregado, pois depende da
existência de trabalho com agente insalubre [...]”.
A Portaria n. 3.214 da NR-15, através da regulamentação do MTE é quem
determina o grau de insalubridade. Segue abaixo o quadro contendo o percentual de
insalubridade para cada tipo de exposição9.
Quadro 1
Anexo Atividades ou operações que exponham o trabalhador a Percentual10 Umidade considerada insalubre em decorrência de inspeção
realizada em local de trabalho.20%
13 Atividades ou operações envolvendo agentes químicos 10%, 20%
9 Trataremos aqui somente os itens pertinentes ao assunto abordado nesta revisão de literatura.
considerados insalubres em decorrência de inspeção realizada no local de trabalho
e 40%
14 Agentes biológicos 20% e 40%Fonte:MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO.
Ainda de acordo com a portaria n. 3.214 “o empregado exposto a dois
agentes insalubres de diferentes graus percebe somente sobre aquele de maior
grau. Para os agentes do mesmo grau, os adicionais não se somam”. (SALIBA;
CORRÊA, 2000, p. 18).
Há também quem discorde da regulamentação restritiva do pagamento do
adicional de insalubridade, mostrando ser esta uma solução não adequada para o
problema.
O jurista Sebastião Geraldo de Oliveira (2002, p. 178) avalia que as
discussões em torno do Direito do Trabalho limitam-se na maioria dos casos, ao
contexto do direito ao adicional de insalubridade, não dando a devida atenção ao
fator mais valioso para o trabalhador que é a sua saúde.
“[...] no caso do adicional de insalubridade, o valor pago é tão irrisório que o
empresário não tem o incentivo para melhorar o ambiente de trabalho, uma vez que
o custo é de apenas 10%, 20% ou 40% do salário mínimo por mês [...]”. (OLIVEIRA,
2002, p. 362).
Na opinião do autor o cálculo correto do adicional deveria considerar o salário
contratual, sem os acréscimos, como é verificado o adicional de periculosidade e
não o salário mínimo. Além disso o autor classifica como retrógrada a solução de
compensar a agressão por adicionais. Sob a bandeira coerente de que “Saúde não
se vende” o autor enfatiza que cada vez mais os trabalhadores estão repelindo a
política de remuneração devido às agressões à saúde, que aceleram o desgaste do
trabalhador e conseqüentemente, antecipa sua morte.
O autor destaca uma série de medidas adotadas por diversos países, que ao
invés de aceitar o adicional, propuseram outras medidas a fim de beneficiar a sua
saúde e preservar sua vida. ”No final dos anos 60, os italianos iniciaram o
movimento para a melhoria das condições de saúde nos ambientes de trabalho,
rejeitando a troca de saúde por dinheiro”. (INFORME SINDICAL, apud OLIVEIRA,
2002, p. 113).
O autor lembra que na década de 70, os sindicatos alemães promoveram um
movimento cujo lema era: “A saúde não pode ser vendida por preço algum”. Com
essas ações reivindicavam maior tempo de descanso e férias adicionais e não
adicionais em dinheiro.
Os argentinos, segundo o autor, também rejeitaram o adicional, propondo em
vez disso a redução da jornada de trabalho para 6 horas nos locais insalubres.
Idêntica solução, também foi adotada no Paraguai e na República Dominicana,
como informa o autor, destacando ainda Angola, Cuba, Iraque, Colômbia, Albânia e
Nicarágua como países que aderiram a redução da carga horária nos trabalhos
insalubres.
O Irã também contempla proteção mais extensa para os trabalhadores
insalubres: “limita a jornada a seis horas por dia ou 36 por semana, proíbe a
realização de horas extras em tais trabalhos e aumenta as férias anuais para cinco
semanas nessas atividades”. (OLIVEIRA, 2002, p. 114). Da mesma forma se
procede na Hungria.
Por esses e outros motivos o autor vê o adicional de insalubridade como um
equívoco, pois, na opinião dele tudo não passa de monetarização do risco, e indaga
que:
O ambiente de trabalho expõe o empregado à riscos, tanto aqueles mais visíveis que afetam a sua integridade física (agentes periculosos) quanto aqueles mais insidiosos que atuam a longo prazo minando paulatinamente sua saúde (agentes insalubres). Os primeiros provocam acidentes de trabalho, enquanto estes últimos acarretam doenças profissionais ou do trabalho. (OLIVEIRA, 2002, p. 138).
De acordo com o autor as estratégias adotadas pelo legislador no Direito do
Trabalho comparado, são: aumento da remuneração como forma de compensar o
desgaste maior do trabalhador10; proibição do trabalho; redução da jornada de
trabalho. “A primeira alternativa é mais cômoda e a menos inteligente; a segunda é a
hipótese ideal, mas nem sempre possível, e a terceira representa o ponto de
equilíbrio cada vez mais adotado”. (OLIVEIRA, 2002, p. 138).
O autor lamenta que o Brasil por um equívoco de perspectiva tenha adotado a
primeira opção desde 1940, mantendo-a até os dias atuais, quando a maioria dos
10 O autor refere-se a isso de monetarização do risco.
países adotou outras estratégias. A respeito desse “equívoco” comenta Diogo Pupo
Nogueira:
Esse pagamento teria duas utilidades: de um lado, aumentaria o salário dos trabalhadores, permitindo uma alimentação melhor, da qual resultariam melhores condições de defesa do organismo contra os agravos do trabalho; por outro lado, constituiria em ônus a mais ao empregador que, para evita-lo, procuraria melhorar as condições do ambiente de trabalho. (NOGUEIRA, 1984, apud OLIVEIRA, 2002, p. 139).
Por tudo o que foi abordado nessa revisão e de acordo com os argumentos do autor,
vê-se que os referidos pressupostos, na realidade não procedem.
6 O PROFISSIONAL BIBLIOTECÁRIO E OS EFEITOS NOCIVOS DO AMBIENTE DE TRABALHO SOBRE SUA SAÚDE
Uma vez destacados os agentes deterioradores dos documentos e as formas
de evita-los e combate-los, faz-se imprescindível neste contexto abordar a figura do
profissional bibliotecário, que convive diariamente com esses e outros tipos de
problemas em seu ambiente de trabalho e que muitas vezes em decorrência disso
está sujeito a comprometer sua saúde.
Em seu ambiente de trabalho o bibliotecário está cercado por milhares de
materiais informacionais (livros, teses, dissertações, microfichas, periódicos, fitas de
vídeo, CD’s, DVD’s, folhetos, mapas, cartazes, jornais, etc.), que na maioria das
vezes estão infestados de agentes nocivos causadores de degradação do acervo e
conseqüentemente desencadeadores ou provocadores de efeitos maléficos à sua
saúde.
Em suas atividades cotidianas de classificar, catalogar, indexar, restaurar e
até mesmo manusear o livro, o bibliotecário se expõe aos riscos de contrair doenças
dos mais variados tipos, principalmente àquelas que costumam acometer o sistema
respiratório.
Diante do conteúdo aqui exposto e no decorrer da revisão de literatura,
tornou-se fundamental, ir à campo a fim de corroborar a teoria exposta, com a
prática vivenciada pelos profissionais no seu dia-a-dia dentro das bibliotecas.
6.1 MÉTODO
Por se tratar de um estudo de caso, utilizou-se a revisão de literatura dos
assuntos até aqui expostos, cuja finalidade foi fundamentar os aspectos teóricos do
trabalho. Para a pesquisa de campo, utilizou-se o método hipotético dedutivo, que
de acordo com Marconi e Lakatos (2003, p. 221) “[...] caracteriza-se por uma
abordagem mais ampla em nível de abstração mais elevado dos fenômenos da
natureza e da sociedade. [...], engloba o indutivo, o dedutivo o hipotético-dedutivo e
o dialético”. Para tanto, a técnica utilizada foi a observação direta extensiva, que na
opinião de Marconi e Lakatos (2003, p. 201) “[...] realiza-se através do questionário,
do formulário, de medidas de opinião e atitudes e de técnicas mercadológicas”.
O instrumento de coleta de dados adotado foi o questionário, “[...] constituído
por uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem
a presença do entrevistador”. (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 201). O questionário
é composto por 17 (dezessete) perguntas (vide apêndices).
Foram distribuídos 30 (trinta) questionários entre 30 (trinta) bibliotecários.
Todos os questionários foram devidamente respondidos e devolvidos.
A escolha dos profissionais apara responder ao questionário foi motivada pela
facilidade de acesso da autora, cujo tempo para conclusão do trabalho estava
escasso. É conveniente informar que os profissionais escolhidos atuam em diversos
tipos de bibliotecas: Públicas, Escolares, Universitárias e Especializadas.
Os questionários foram aplicados entre os dias 15 e 25 de julho de 2007.
Não foi utilizado nenhum instrumento formal (carta, ofício, etc.) para solicitar
previamente que os profissionais respondessem ao questionário. Todos
concordaram imediatamente em responder, mostrando-se bastante satisfeitos com a
escolha do tema bordado pela autora.
6.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS
Após o recolhimento de todos os questionários devidamente respondidos,
partiu-se para o lançamento dos dados. O dados foram computados no Microsoft
Excel, onde primeiramente foram disponibilizados em tabela, para em seguida
serem representados na forma de gráficos.
As idades dos profissionais variam entre 27 (vinte e sete) anos e 64 (sessenta
e quatro) anos. O tempo exercício da profissão varia de 6 (seis) meses a 32 (trinta e
dois) anos.
Todos os valores demonstrados no gráfico estão representados em
percentagem.
Os dados representados pelo gráfico 1, correspondem à sexta pergunta do
questionário, e pretende saber se o bibliotecário possui alergia ou doença
respiratória.
Gráfico 1
66,67
33,33
100
-
20
40
60
80
100
POSSUI ALERGIAS OU DOENÇAS RESPIRATÓRIAS?
SimNãoTotal
Dos trinta profissionais que responderam ao questionário a maioria (66,67%)
possui algum tipo de doença ou alergia de ordem respiratória. Embora alguns
tenham respondido que não possuem alergias respiratórias, quatro deles afirmaram
ter sensibilidade a poeiras.
A esse respeito Fernandes, Stelmach e Algranti, (2006, p. 27) afirmam que o
por ser uma das principais vias de acesso, depois da pele, o aparelho respiratório é
o sistema orgânico que mantém um contato maior com o meio ambiente.
Sendo assim, estamos vulneráveis a adquirir uma série de doenças e alergias
respiratórias já que estão presentes no ar que respiramos uma série de agentes
agressores à saúde.
Conforme o Ministério da Saúde (2001, p. 307) “a poluição do ar nos
ambientes de trabalho associa-se a uma extensa gama de doenças do trato
respiratório que acometem, desde o nariz até o espaço pleural”.
Dentre essa extensa gama de doenças respiratórias foram escolhidas as mais
comuns (Rinite, Sinusite, Bronquite, Asma, Laringite, Faringite) para compor a
pergunta feita no sétimo quesito do questionário, onde os profissionais informaram
quais dessas doenças atingem seu sistema respiratório.
Como o gráfico 1 demonstrou nem todos possuem alergias, portanto, a
pergunta foi direcionada apenas aos 20 bibliotecários (66,67%) que responderam
“sim” na questão anterior.
Na página seguinte encontra-se o gráfico 2 com as respostas concedidas
pelos bibliotecários. Lembrando que os valores são em forma de percentagens.
Gráfico 2
55
35
1015 15 15 15
100
-10
203040
5060
708090
100
QUAL/QUAIS DESSES PROBLEMAS VOCÊ POSSUI?
RiniteSinusiteBronquiteAsmaLaringiteFaringiteOutrosTotal de pessoas
Observa-se que a doença que mais prevalece entre os profissionais é a rinite
(55%) “[...] uma doença inflamatória das mucosas nasais, caracterizada por
paroxismos de espirros, prurido do nariz, congestão nasal, com obstrução total ou
parcial do fluxo de ar e corrimento nasal claro“. (BRASIL, 2001 p. 315).
Porém, esses números elevados em relação a quantidade de profissionais (20
bibliotecários) que responderam a esta pergunta, se explicam da seguinte forma:
mais da metade dos profissionais, informaram que possuem mais de uma, dessas
doenças relacionadas, ou seja, seis deles possuem dois tipos de doenças, enquanto
três profissionais possuem três tipos diferentes de doenças.
A explicação para este fato é dada por Begatin e Costa (2006, p. 20) que
afirmam a existência de associações da rinite alérgica com outras afecções como,
sinusites, conjuntivites, dermatoses e principalmente asma ocupacional. Os autores
informam que na maioria dos casos, os portadores de rinite ocupacional evoluem
para a asma ocupacional, que segundo eles, é uma afecção de maior agravamento.
Os profissionais que marcaram o item do questionário classificado como
“outros” especificaram seus problemas como sendo: traqueíte, resfriados constantes
e sensibilidade à poeira.
Ainda sobre a rinite e relevante ressaltar que “se ela for produzida por
alérgenos do ambiente de trabalho ou, mesmo sendo preexistentes, se seus
sintomas forem desencadeados por agentes do ambiente se trabalho, ainda que não
alrgênicos é caracterizada como rinite ocupacional”. (BEGATIN; COSTA, 2006, p.
19).
Ao serem questionados sobre o período de surgimento desses problemas de
saúde, as respostas concedidas foram as seguintes: Como demonstra o gráfico 3
Gráfico 3
5545
100
-
20
40
60
80
100
QUANDO SURGIRAM OS PROBLEMAS
Antes da profissãoDepois da profissãoTotal
Lembrando que o número de pessoas que respondeu a essa pergunta foi o
mesmo da anterior. O resultado mostra que a maioria dos casos (55%) ocorreu
antes do exercício da profissão, porém há um número considerável de casos que se
desencadearam após o exercício da profissão. Nesse caso são doenças, cujo
desenvolvimento está diretamente ligado ao ambiente de trabalho, como explica
René Mendes (1988, p. 314): “são doenças em que o trabalho é fator contributivo,
provocador ou agravador de distúrbios ou de doenças pré-existentes, mais
flexivelmente doenças relacionadas com o trabalho”. (grifo do autor).
A nona questão foi direcionada para aqueles que cuja resposta foi “antes do
exercício da profissão” e visa saber se os problemas se agravaram após a
exposição ocupacional.
O gráfico 4 demonstra que há um alto índice de agravamento pelo exercício
profissional, pois dos 11 profissionais que responderam a essa pergunta, 8 deles
(72,73%) sentiram que a exposição ocupacional contribuiu para o agravamento dos
problemas de saúde.
Gráfico 4
72,73
27,27
100
-
20
40
60
80
100
OS PROBLEMAS SE AGRAVARAM?
SimNãoTotal
Isso ocorre devido a grande variedade de agentes nocivos concentrados e
emitidos de diferentes formas nos ambientes ocupacionais. Conforme Brickus e
Aquino Neto (1999, p. 66) “as próprias pessoas e suas respectivas atividades
ocupacionais são um dos maiores contribuintes para a poluição do ar em ambientes
fechados”. Os autores informam que isso ocorre devido a liberação de dióxido de
carbono por meio da respiração, ou de substancias químicas através da transpiração
e até mesmo pela condução de microorganismos (bactérias, fungos, vírus, ácaros).
Na biblioteca não é diferente, pois existe uma série de agentes nocivos e
fontes poluentes. Os próprios livros são considerados como uma fonte natural que
tende a abrigar microorganismos, poeira mofo, e outros. “O papel, mesmo que
possua todas as propriedades físicas e químicas que o façam durar séculos sofre a
influência de condições ambientais que podem prejudica-los”. (CORUJEIRA, 1971,
p. 13). A autora ainda atribui as causas da deterioração de documentos à umidade,
temperatura, luz, acidez do papel, insetos e microorganismos. Há ainda questões de
outra ordem como poeiras e ar condicionado.
Se esses agentes são capazes de deteriorar acervos e muitas vezes ficam
dispersos no ar, permanecendo no ambiente por anos a fio, eles também podem
contribuir para deteriorar a saúde do profissional que trabalha com esse acervo.
Para o Ministério da Saúde (2001, p. 327), a exposição contínua a agentes
irritantes do aparelho respiratório ocasiona a ampliação das glândulas mucosas,
hipertrofia das fibras musculares e à inflamação da parede brônquica, levando a
uma redução do fluxo aéreo.
Segundo Bagatin, Jardim e Stirbulov (2006, p. 37) a inter-relação entre esses
agentes e a resposta individual, são fatores contributivos para o desencadeamento
de doenças respiratórias que se manifestam num processo inflamatório responsável
pelo quadro clínico e evolução da doença.
A décima questão foi respondida por todos os 30 profissionais bibliotecários.
Perguntados se já desenvolveram alguma das doenças infecciosas relacionadas no
questionário (pneumonite, bronquite, brocopneumonia, pneumonia, tuberculose),
obteve-se 8 respostas positivas e 22 negativas negativas. É o que mostra o gráfico a
seguir:
Gráfico 5
-
16,67
6,67 3,33 - -
100
-102030405060708090
100
JÁ TEVE ALGUMA DESSAS DOENÇASINFECCIOSAS?
PneumoniteBronquiteBroncopneumoniaPneumoniaTuberculoseOutrasTotal
Dos que responderam afirmativamente, 16,67% já desenvolveram bronquite,
6,67% já tiveram broncopneumonias e 3,33% contraíram pneumonia. E todos
alegam que foi por conta da exposição contínua e das más condições do acervo e
higienização do ambiente.
No item 11 do questionário, cuja pergunta foi: “Faz uso de algum
Equipamento de proteção individual?” e que representa os cuidados preventivos que
o bibliotecário deve ter, para não se expor demasiadamente aos agentes ambientais
nocivos. As respostas dadas foram as seguintes:
Gráfico 6
66,67
33,33
100
-
20
40
60
80
100
FAZ USO DE ALGUM EPI?
SimNãoTotal
A maioria (66,67%) afirmou que faz uso dos equipamentos de proteção
individual. Conforme a FUNDACENTRO EPIs são instrumentos “[...] de uso pessoal,
cuja finalidade é neutralizar a ação de certos acidentes que poderiam causar lesões
ao trabalhador, e protege-lo contra possíveis danos à saúde, causados pelas
condições de trabalho”. (FUNDACETRO, 1980, p. 111).
Porém, alguns profissionais informaram que a instituição em que trabalham
não fornece os EPIs e que, quando necessitam usar adquirem através do seu
próprio recurso financeiro. A esse respeito comenta Carlos Roberto Miranda:
Todas as empresas são obrigadas a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamentos de proteção individual (EPI) adequados ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, em conformidade com a NR-6 da Portaria n. 3.214/78. (MIRANDA, 1998, p. 38)
Já os que não são adeptos do EPI (33,33%), justificaram que apesar de a
instituição fornecer, não usam porque não gostam ou não se sentem à vontade.
Sobre a não aceitação do EPI por parte do trabalhador, recomenda a
FUNDACENTRO (1980, p. 111): “[...] deve-se procurar a causa e tentar a solução
mais adequada. [...] sempre que for indicado o uso do EPI pelo trabalhador, [...] é
necessário conscientiza-lo do porque desta medida de segurança”.
O gráfico 7 representa a pergunta de número 12 do questionário, e que foi
direcionada para os 66,67%, que responderam afirmativamente a questão anterior.
Dessa vez foi solicitado que o bibliotecário especificasse qual ou quais dos EPIs
fazem uso, diária ou esporadicamente.
Gráfico 7
90
75
45
-7,14
100
-102030405060708090
100
QUAL/QUAIS DESSES EPI'S VOCÊ UTILIZA?
MáscarasLuvasJalecoÓculosTodos elesTotal de Pessoas
É evidente que há uma prevalência maior do uso de máscaras, ou seja 90%
dos profissionais adotam a máscara como principal recurso de proteção.
Nos ambientes de trabalho, ao exercer suas atividades, o trabalhador muitas
vezes se expõe a alguns riscos, por isso “[...] torna-se necessária a proteção
respiratória”. (FUNDACENTRO, 1985, p. 24). É extremamente importante a proteção
contínua das vias respiratórias, devido a exposição a vapores e partículas de poeiras
e o risco de inalação destas.
Em segundo lugar estão as luvas, com 75% do fator de uso. Pois as mãos
são a parte do corpo que executam o maior número de atividades.
Conseqüentemente, mantém o contato direto com uma variedade de agentes
nocivos e suas diversas ações, o que as tornam vulneráveis. “Apesar de toda a
técnica desenvolvida para substituir o homem pela máquina e de mecanizar ao
máximo as operações manuais, o homem e suas mãos continuarão [...] sendo
indispensáveis, expondo-se, portanto a inúmeros riscos”. (FUNDACENTRO, 1985, p.
57).
O jaleco obteve um índice razoável de uso (45%), os óculos não aparecem
em nenhum momento como EPI adotado pelos bibliotecários, somente no item todos
eles, que corresponde a um baixíssimo índice de 7,14% é que está implícito o seu
uso.
Porém, é imperioso alertar que este ainda não é um resultado satisfatório,
haja vista que o essencial seria que todos fizessem uso de todos os equipamentos,
para alcançar um nível de proteção mais eficiente.
Questionados sobre a freqüência de uso dos EPIs, as respostas obtidas
foram díspares. Dos 20 profissionais (66,67%) que responderam à essa pergunta,
somente uma pequena parte (25%) afirma que utiliza o EPI diariamente. Os que
responderam esporadicamente (75%) justificaram que só utilizam quando há
atividade técnica. Porém, a maioria respondeu que só faz o uso em período de
inventário, mesmo tendo consciência de que estão correndo riscos com a exposição
desprotegida. É o que mostra o gráfico abaixo:
Gráfico 8
25
75
100
-102030405060708090
100
COM QUE FREQUÊNCIA VOCÊUTILIZA OS EPI'S?
DiariamenteEsporadicamenteTotal
A FUNDACENTRO (1980, p. 111) recomenda a utilização de recursos
informacionais como: palestras, filmes, slides, fotografias, entrevistas e outros, para
que as empresas possam conscientizar e convencer o trabalhador sobre a
importância e uso dos EPIs.
O quesito de número 14 quis saber como o bibliotecário classifica sua própria
profissão em relação à sua saúde. As respostas foram surpreendentes, conforme
mostra o gráfico 9:
Gráfico 9
3,33
96,67 100
-
20
40
60
80
100
COMO VOCÊ CLASSIFICA SUA PROFISSÃO?
SalubreInsalubreTotal
Há uma diferença exorbitante de opiniões, pois dos 30 bibliotecários que
responderam ao questionário 29 deles, ou seja, 96,67% revelam que classificam a
profissão como insalubre. Mesmo aqueles que afirmaram não possuir alergias nem
antes e nem depois do exercício da profissão comungam dessa opinião.
Com esse resultado, observa-se que não é necessário desenvolver doenças
ou alergias para ter consciência de que a profissão oferece riscos.
A biblioteca é considerada um ambiente insalubre porque apresenta uma
multiplicidade de agentes agressores à saúde dentre eles: poeira, mofo, fungos
bactérias e outros microorganismos.
Insalubridade significa a condição de insalubre. A conotação legal dada pelo
artigo 189 da CLT prevê que:
Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. (BRASIL, apud MARTINS, 2000, p. 218).
Por esse motivo a Fundacentro (2007) diz o seguinte: a exposição
ocupacional a esses agentes biológicos podem trazer graves conseqüências para a
saúde do trabalhador, incluindo aí infecções agudas e crônicas, parasitoses e
reações alérgicas e tóxicas.
Somente uma pessoa considerou a profissão insalubre justificando que “os
agentes nocivos são encontrados em qualquer lugar, e não apenas na biblioteca”.
A 16º pergunta do questionário solicitou a opinião de todos ante o pagamento
(obrigado por lei) do adicional de insalubridade ao profissional bibliotecário.
As respostas foram unânimes, ou seja, todos os 30 que responderam à
questão concordaram com a obrigatoriedade (por lei) do pagamento do adicional de
insalubridade para os profissionais da área.
Gráfico 10
100
-
100
-
20
40
60
80
100
CONCORDA COM A OBRIGAÇÃO PORLEI DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE
SimNãoTotal
De acordo com o artigo 192 da CLT:
O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de adicional respectivamente 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário mínimo [...] segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo. (MARTINS, 2000, p. 222).
A ultima pergunta do questionário procurou identificar quantos bibliotecários
recebem o adicional de insalubridade. Os resultados demonstram que dos 30
profissionais, um pouco mais de ¼ deles (26,67%) recebem o adicional de
insalubridade. É um índice bastante insatisfatório, pois não chegou a contemplar
nem a metade dos profissionais que se dispuseram a responder aos questionários.
Gráfico 11
26,67
73,33
100
-
20
40
60
80
100
VOCE RECEBE ADICIONAL DEINSALUBRIDADE
SimNãoTotal
De acordo com a NR-15 a insalubridade será comprovada após a inspeção
realizada pelo perito no local de trabalho. “Assim, na caracterização da insalubridade
para avaliação quantitativa, o perito deverá analisar detalhadamente o posto de
trabalho e a função do trabalhador, utilizando os critérios técnicos da Higiene
Industrial”. (SALIBA; CORRÊA, 2000, p. 13).
Um fator importante é que esses profissionais que recebem o adicional são
funcionários de instituições públicas, ou seja, dois funcionários de órgão vinculado
ao governo Federal e seis funcionários de dois órgãos ligados ao Estado da Bahia.
Porém um terceiro órgão também pertencente Estado foi escolhido para a aplicação
dos questionários junto aos seus bibliotecários, e lá verificou-se que os funcionários
não recebem o adicional por insalubridade. Nos órgãos privados constatou-se que
nenhum dos profissionais que responderam ao questionário recebe o adicional de
insalubridade.
A Portaria n. 3.311, de 29 de novembro de 1989, fixada pelo MTE “estabelece
critérios para a avaliação qualitativa, definindo o contato permanente ou intermitente
e o eventual”. (SALIBA; CORRÊA, 2000, p. 14).
7 CONCLUSÃO
Antes de iniciar as conclusões deste estudo de caso, é oportuno abrir um
parêntese registrar uma observação a respeito da dificuldade (ou impossibilidade) de
encontrar na literatura algo que abordasse a temática aqui desenvolvida. Foram dias
e dias de pesquisas, a fim de encontrar algo (já publicado nesse contexto), que
pudesse nortear o desenvolvimento deste estudo de caso, e por incrível que pareça,
nada foi encontrado. O que mais se vê na literatura é uma preocupação demasiada
com a preservação e conservação dos acervos, não é que seja considerada aqui
como irrelevante, pelo contrário, é de grande importância sim, mas, considera-se
aqui demasiada porque nota-se que há uma grande preocupação por parte de
diversos autores em tratar da preservação e conservação dos acervos, enquanto até
o presente momento poucos, (pra não cometer injustiças e afirmar ninguém) se
preocuparam em escrever sobre a conservação e preservação da saúde dos
profissionais que lidam direta e constantemente com esses acervos. Fecha
parêntese.
Diante de todo o conteúdo exposto no decorrer da revisão de literatura, e
através dos resultados obtidos pela aplicação dos questionários, este estudo de
caso conclui que o ambiente da biblioteca, constitui-se, em sua totalidade, de um
ambiente insalubre, mesmo que não venha obrigatoriamente a causar doenças. E os
seus profissionais, (como demonstraram os gráficos do capítulo anterior) apesar de
reconhecerem a profissão como insalubre, ainda não desenvolveram uma
consciência maior a respeito da preservação da sua saúde, do seu bem estar e de
sua vida.
Esse fato é constatado no momento em que os profissionais, ao serem
perguntados sobre o uso dos EPIs, mostram-se negligentes diante dos riscos,
assumindo uma postura de conformismo, não se esforçando em conscientizar seus
“patrões” dos riscos a que estão expostos ao executar suas tarefas de forma
completamente desprotegida.
Verifica-se então uma contradição, pois todos têm consciência dos riscos a
que estão expostos, mas, muitos optam por continuar a se expor.
Por outro lado, conclui-se que: se algumas instituições fornecem o adicional
de insalubridade aos seus bibliotecários é porque estas mesmas instituições
reconhecem que a biblioteca é um ambiente insalubre. Partindo do pressuposto que
a composição de todas as bibliotecas é mesma (pelo menos no que concerne aos
materiais mais comuns, livros, revistas jornais, etc.), então, se uma é considerada
insalubre as outras logicamente também teriam que ser assim consideradas. É certo
que é preciso levar em conta o estado de conservação do acervo, assim como o
ambiente físico. Mas, mesmo assim, é um ambiente multifacetado, pois é vulnerável
à proliferação de agentes agressores, não só de documentos, mas também da
saúde de seus profissionais, o que é bem pior.
Por esse motivo percebe-se que a questão levantada neste trabalho não é
improcedente, já que algumas instituições, após solicitar inspeção junto ao Ministério
do Trabalho chegaram a conclusão de que o ambiente da biblioteca é insalubre. O
que ainda não é suficientemente satisfatório, mas já é um primeiro passo.
A revisão de literatura, em seu capítulo 5 lançou um novo desafio não só para
os profissionais da Biblioteca, mas para toda a sociedade, quando um dos autores
citados é ferrenhamente contra o pagamento do adicional de insalubridade, pois
julga como monetarização da saúde, e todos sabem que saúde não se compra, nem
tão pouco se vende. Até porque houve muitas mudanças na CLT, e objetivo
principal, quando se instituiu o adicional de insalubridade não está sendo cumprido.
Hoje em dia não é mais interessante “brigar” pelo adicional, pois ele não
compensa os riscos aos quais os profissionais se submetem. Faz-se necessária e
urgente a adoção de uma nova postura, por parte dos trabalhadores em geral e
nesse contexto, dos bibliotecários também, enquanto classe trabalhadora.
No decorrer da revisão de literatura são apresentadas diversas formas de
extinguir ou minimizar os riscos do ambiente ocupacional: Adoção de medidas de
higiene e segurança do trabalho, higienização e conservação dos acervos, uso dos
EPIs conforme a necessidade e os riscos, além de, no âmbito do Direito do trabalho,
uma medida inovadora, também apresentada como forma de preservar a saúde do
trabalhador, que é a redução da jornada de trabalho, no intuito de evitar a exposição
demasiada, poupando assim a saúde dos profissionais
Pra finalizar as considerações, é preciso que bibliotecários, instituições,
médicos, juristas, estudantes de biblioteconomia e a sociedade como um todo,
desenvolvam uma consciência maior sobre e dos riscos aos quais os profissionais
se submetem no exercício da sua profissão.
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