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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE SAÚDE DÉBORA SILVA DA SILVA ARQUITETURA DOS ESTABELECIMENTOS DE SAUDE MENTAL: O CAPSad. SALVADOR-BAHIA 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA

ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE

SAÚDE

DÉBORA SILVA DA SILVA

ARQUITETURA DOS ESTABELECIMENTOS DE SAUDE MENTAL: O CAPSad.

SALVADOR-BAHIA

2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA

ESPECIALIZAÇÃO DE ARQUITETURA EM SISTEMAS DE

SAÚDE

DÉBORA SILVA DA SILVA

ARQUITETURA DOS ESTABELECIMENTOS DE SAUDE MENTAL: O CAPSad.

Monografia apresentada ao Curso de Especialização da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista em Arquitetura em Sistemas de Saúde. Orientador (a): Antônio Pedro Alves de Carvalho

SALVADOR-BAHIA 2010

3

000:000 SILVA, Débora Silva X000

Arquitetura dos Estabelecimentos de Saúde Mental: O CAPSad / Débora Silva da Silva

- Salvador: Débora Silva da Silva, 2010. 58f.: il.

Monografia (Especialização) – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura, 2010.

1. Arquitetura Hospitalar 2. Arquitetura e Saúde I. Título II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Arquitetura III. Monografia.

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DÉBORA SILVA DA SILVA

ARQUITETURA DOS ESTABELECIMENTOS DE SAUDE MENTAL: O CAPSad.

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de

ESPECIALISTA EM ARQUITETURA DE SISTEMAS DE SAÚDE

à Câmara de Ensino de Pós-Graduação e Pesquisa

da Universidade Federal da Bahia

Aprovado: Comissão Examinadora ........................................................... ........................................................... ........................................................... Data da Aprovação: ......./......./......... Conceito:

5

RESUMO

Os CAPSad são instituições de atendimento aos dependentes de álcool e drogas,

que faz parte da nova rede atenção a saúde mental pós reforma psiquiátrica. Muitas

dessas instituições estão sendo implantadas em residências adaptadas sem parâmetros

ou diretrizes que definam o espaço físico ideal para as atividades específicas desses

serviços. Nesse trabalho foi analisada a estrutura física do CAPSad, através do estudo

referências, legislações e visitas técnicas a unidades implantadas. Constatou-se a

influência dos espaços no funcionamento do CAPSad e, através das visitas selecionadas

foram captadas impressões sobre o espaço utilizados e sobre o espaço ideal desses

estabelecimentos. Como resultado obteve-se um acervo de informações e

recomendações projetuais na composição dos CAPSad.

Palavra-chave: Saúde Mental, Arquitetura em Sistema de Saúde.

6

ABSTRACT

The CAPSad are institutions that care for alcohol and drugs, part of the new

network mental health care after psychiatric reform. Many of these institutions are being

deployed in homes available with no parameters or guidelines that define the ideal space

for specific activities such services. In this study we analyzed the physical structure of

CAPSad through study references, laws and technical visits to units deployed. It was

found to influence the functioning of CAPSad spaces, and through selected visits were

gathered impressions of the space used and the ideal of these establishments, resulting

in a design specification of the composition of CAPSad.

KEYWORD: Mental Health, Health System in Architecture

7

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS ........................................................................................................08

LISTA DE QUADROS ..................................................................................................09

LISTA DE FIGURAS .. .................................................................................................09

LISTA DE FOTOS .........................................................................................................09

1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................10

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Evolução das Políticas de Saúde Mental e suas

Instituições...........................................................................................................12

2.2 Centro de Atenção Psicossocial.....................................................................16

2.3 Ambientação dos Estabelecimentos de Saúde Mental ..................................18

2.4 Humanização ................................................................................................19

2.5 As Drogas... ..................................................................................................23

3.0 O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL AOS DEPENDENTES DE

ÁLCOOL E DROGAS....................................................................................................27

4.0. VISISTAS E ANÁLISES ........................................................................................33

4.1. CAPSad-A....................................................................................................34

4.2. CAPSad-B.....................................................................................................44

5.0. RECOMENDAÇÕES...............................................................................................51

6.0 CONCLUSÃO...........................................................................................................56

REFERÊNCIAS..............................................................................................................57

8

LISTA DE SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CAPS – Centro de Atenção Psicossocial

CAPSad – Centro de Atenção Psicossocial aos usuários de Álcool e Drogas

COMAD – Conselho Municipal Antidrogas

COMENS – Conselho Municipal de Entorpecentes

CONENS - Conselho Estadual de Entorpecentes

FUNAD – Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência

NAPS – Núcleo de Atenção Psicossocial

PSF- Posto de Saúde da Família

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

SAMU- Serviço de Atendimento Móvel e Urgência/Emergência

SENAD – Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas

SOMASUS – Sistema de Apoio à Elaboração de Projetos de Investimentos em Saúde

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Quadro Síntese de Legislações.....................................................................33

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Planta esquemática – CAPSad-A...................................................................34

Figura 02: Planta esquemática – 1º Bloco - CAPSad-A..................................................38

Figura 03: Planta esquemática – 1º Bloco – Pav. Superior - CAPSad-A........................39

Figura 04: Planta esquemática – 2º Bloco - CAPSad-A..................................................40

Figura 05: Planta esquemática – 3º Bloco - CAPSad-A..................................................41

Figura 06: Planta esquemática – Pav. Térreo - CAPSad-B.............................................49

Figura 07: Planta esquemática – Pav. Superior - CAPSad-B..........................................50

Figura 08: Fluxograma....................................................................................................55

LISTA DE FOTOS

Foto 01: Sala de reunião de grupo – CAPSad-A.............................................................36

Foto 02: Farmácia – armazenamento – CAPSad-A.........................................................37

Foto 03: Sala dos Técnicos/Estudo – CAPSad-A............................................................38

Foto 04: Coordenação – CAPSad-A................................................................................38

Foto 05: Oficina – CAPSad-A.........................................................................................40

Foto 06: Auditório – CAPSad-A.....................................................................................40

Foto 07: Enfermaria – CAPSad-A...................................................................................41

Foto 08: Sala de atenimento clínico – CAPSad-A..........................................................41

Foto 09: Escada de acesso a Administração – CAPSad-A..............................................42

Foto 10: Rampa de acesso ao refeitório – CAPSad-A.....................................................42

Foto 11: Recepção – CAPSad-B.....................................................................................45

Foto 12: Observação – CAPSad-B..................................................................................45

Foto 13: Consultório – CAPSad-B..................................................................................45

Foto 14: Sanitário Masculino – CAPSad-B.....................................................................45

Foto 15: Refeitório – CAPSad-B.....................................................................................46

Foto 16: Salão das oficinas – CAPSad-B........................................................................46

Foto 17: Rampa - entrada – CAPSad-B...........................................................................47

Foto 18: Rampa – Sanitário Funcionário – CAPSad-B...................................................47

10

1. INTRODUÇÃO

Os CAPS são elementos estratégicos da reforma psiquiátrica brasileira. Foram

criados com a finalidade de compor a nova rede organizacional da saúde mental, de

forma a acolher e atender a população com transtornos mentais preservando e

fortalecendo os laços sociais dos usuários, em substituição a assistência psiquiátrica

hospitalar.

O Ministério da Saúde, através do Plano Emergencial de Ampliação do Acesso

do Tratamento para usuários de Álcool e Drogas (PEAD) (BRASIL, 2009), prevê a

ampliação da rede de atenção aos usuários de drogas, com a implantação de cento e

trinta e seis CAPSad até o final de 2011 e de novos dispositivos em complementação à

rede existente, são eles: o Consultório de Rua, as Casas de Passagem e os Pontos de

Acolhimento (BRASIL, 2010a).

A complexidade da vida moderna, agravada pelas condições sociais e culturais

atuais; o desemprego, o aumento da criminalidade, a banalização da miséria, dentre

outros, tem influência direta no aumento do consumo de drogas lícitas e ilícitas no

Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, somente 23% dos dependentes de drogas

procuram tratamento e muitos não procuram por falta de recursos financeiros. Com isso,

observa-se a importância da ampliação dos serviços voltados ao tratamento dos

dependentes de drogas psicoativas e incentiva-se o entendimento da estruturação desses

serviços (CEBRID, 2009).

Primeiramente, o olhar sobre o usuário como um doente a ser tratado. Ao se

ampliar o acesso a programas efetivos de tratamento para os dependentes,

haveria uma redução dos índices de consumo, impactando sobre o tráfico.

(CEBRID, 2009, p.01)

No entanto, em sua maioria, os Centros de Atenção Psicossocial estão sendo

instalados em residências, adaptando os espaços existentes. Estas adaptações estão

ocorrendo de maneira diferenciada em cada instituição. Poucas são as informações

sobre a configuração dessas unidades. A legislação de referência para o tema não se

reporta à estrutura física, dimensões ou disposição dos ambientes, fundamental para a

instalação das atividades desses serviços.

11

O presente estudo sobre o espaço físico dos Centros de Atenção Psicossocial aos

usuários de Álcool e Drogas teve como proposta de investigação, a configuração dos

ambientes necessários a implantação do CAPSad, diante da nova rede de Saúde Mental.

Para contextualizar esse processo de mudança da assistência na saúde mental, a

revisão de literatura, traz um panorama geral da evolução das políticas de saúde mental

e suas instituições ao longo dos anos. Como o estudo se propôs a dar ênfase aos

estabelecimentos destinados aos usuários de Álcool e Drogas, fez-se uma abordagem

sobre as drogas, suas características, tratamento e ações de prevenção.

Neste contexto definiu-se como objetivo principal a análises das soluções

arquitetônicas dos CAPSad. Para isso foram estabelecidas as seguintes estratégias:

identificar as atividades e os fluxos dos CAPSad; levantar as características do espaço

físico dos CAPSad; e definir diretrizes projetuais para elaboração de projetos da rede de

atenção a saúde mental.

Objetivando viabilizar o estudo, desenvolve-se, na primeira etapa, uma pesquisa do

tipo exploratória, com ênfase nas referências bibliográficas relativas ao processo de

desinstitucionalização, as novas políticas de saúde mental, a estruturação dos serviços

de atenção aos dependentes de álcool e outra drogas e ao estudo das relações homem e

ambiente.

Na segunda etapa, foi realizado um estudo da estruturação dos estabelecimentos

destinados aos dependentes de álcool e drogas, embasado nas legislações existentes.

E na terceira etapa foram elaboradas análises das visitas técnicas realizadas em duas

unidades de CAPSad. As análises foram feitas a partir da observação direta dos espaços

e suas relações com os usuários e funcionários, do registro fotográfico dos ambientes, e

de entrevistas não-estruturada com os funcionários das unidades.

Concluindo a pesquisa, foram descritas recomendações para elaborações de projetos

na área da saúde mental.

12

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 – Evolução das Políticas de Saúde Mental e suas Instituições

Durante muito tempo a loucura foi considerada como algo incurável e que

pertencia a um mundo mítico. Segundo Foucault, na renascença o objetivo era afastar

das cidades esses possíveis perturbadores. Então muitos considerados loucos foram

lançados ao mar em embarcações, denominadas “Nau dos Loucos”, e tinham como

destino o próprio mar ou as terras estrangeiras. A partir do momento em que as cidades

se responsabilizaram por seus doentes mentais é que começa a história da atenção à

saúde mental.

Os primeiros abrigos surgiram por conta do esvaziamento dos antigos

leprosários, com o desaparecimento da doença. Com o novo uso, e nome asilo, foram

confinados não só os loucos, mas todos os excluídos. Diz Foucault:

[...] pobres, vagabundo, presidiários e cabeças alienadas assumirão o papel

de abandonado pelo lazarento, [...] (Foucault, apud NOGUEIRA, 2001,

p.37)

Assim como na evolução histórica do edifício hospitalar, os espaços destinados a

saúde mental se constituíam em edifícios secundários nos conjuntos arquitetônicos das

ordens religiosas. Elas tinham o papel de dar assistência aos pobres e enfermos. As

construções eram adaptadas à função de segregar e excluir e não tinham função

terapêutica.

A denominação de hospício surgiu na Europa do século XVII. Assim como os

asilos, os hospícios eram edificações com longos corredores de poucas janelas e muito

elevadas em relação ao piso. Os quartos ou enfermarias eram pequenos espaços, em que

o leito era o próprio piso e os doentes permaneciam trancados. Tudo era muito tosco,

maciço e resistente. A única evolução que o hospício trouxe com relação ao asilo foi a

separação dos loucos de outros doentes marginalizados, além da melhora nas condições

sanitárias (ventilação, luminosidade e umidade).

Somente no final do século XVIII é que o conceito de unidade de tratamento

surge, o hospício deixa de ser uma simples composição arquitetônica para abrigar os

loucos. O estabelecimento entra no estudo da medicina, transforma-se em um

13

instrumento terapêutico. É nesse momento que a medicina torna-se hospitalar e o

hospital é o lugar de formação e prática médica. Nasce nesta mesma época a psiquiatria

como clinica especializada, e o edifício agora idealizado é instrumento de cura,

chamando-se Manicômio (NOGUEIRA,2001).

Os manicômios absorverão as características físicas do modelo hospitalar

pavilhonar - modelo muito defendido pelos estudiosos da contaminação hospitalar da

época. Eles preconizavam o afastamento dos pacientes com enfermidades contagiosas

em pavilhões específicos - Conceito também defendido pela enfermeira Florence

Nightingale, que através de suas idéias revolucionárias marcou a história da edificação

hospitalar com a “enfermaria Nightingale”, segundo Miquelin:

[...] um salão longo e estreito com leitos dispostos perpendicularmente em

relação às paredes perimetrais, um pé direito generoso e janelas altas entre os

leitos de ambos os lados do salão garantiam ventilação cruzada e iluminação

natural. (Miquelin, apud TOLEDO, 2006, p.22)

Para Pinel e Esquirol, estudiosos da psiquiatria, as instituições psiquiátricas

deveriam garantir a segurança dos doentes e da família, libertando-os da influência

externa, justificando a exclusão. A arquitetura dos manicômios deveria ser um conjunto

de edifícios térreos, separados em pavilhões. O pavimento térreo, segundo Esquirol,

tornaria o conjunto de pavilhões em uma aldeia, cujas circulações seriam as ruas, praças

ou caminhos para atividade física dos doentes. A questão de segurança da equipe

também era facilitada no plano térreo, evitando o risco de queda e facilitando o controle

dos pacientes. Cada pavilhão era destinado a um tipo de patologia (os furiosos, os maus,

os melancólicos etc). Ainda ressalta a preocupação com as necessidades de cada grupo

de patologia, apontando a necessidade de prever características especificas na

construção dos pavilhões (NOGUEIRA, 2001).

Outra contribuição importante foi a de Samuel Tuke, membro das comunidades

dos Quacres (seita religiosa, que atuava como sociedade filantrópica nas casas voltadas

para o tratamento dos loucos). Para ele, a internação dos loucos deveria funcionar como

retiro, numa casa de campo onde a paisagem fosse muito agradável, cheia de bosques,

proporcionando aos doentes locais de passeio, exercícios ao ar livre e o cultivo agrícola

(NOGUEIRA, 2001).

14

No final do século XIX, houve uma crise nas instituições psiquiátricas. Vários

são os problemas enfrentados: os custos de manutenção desses estabelecimentos para os

cofres públicos eram muito altos, as unidades estavam superlotadas e em condições

precárias de atendimento. Aliado a isso, a visão organicista ganha força com o

progresso da anatomia patológica. A defesa pelo fim das práticas de isolamento,

punição, repressão deixam de ser relevantes, quando se passa a ver a loucura como uma

lesão fisiológica (NOGUEIRA, 2001).

Durante o período de crise, diversas foram as tentativas de mudança do modelo

manicomial de tratar a psiquiatria pelo mundo. É processo de reforma das políticas de

saúde mental aplicadas até o momento.

Os ingleses, por exemplo, apesar de conseguirem modificações importantes na

estrutura organizacional e nas práticas psiquiátricas utilizadas dentro dos hospitais, não

avançaram na reforma. Eles não atacaram a raiz do problema, a exclusão. Assim como

os ingleses, os franceses não conseguiram ir além do hospital. A experiência francesa

conciliava o tratamento em hospitais e serviços de atendimento externo aos doentes

mentais. Ampliaram a rede, mas não traziam uma reforma cultural à psiquiatria

(AMARANTE, 1994).

Somente mais tardiamente, nos anos sessenta, diante dos fracassos destas e

outras tentativas de reforma psiquiátrica pelo mundo, os italianos marcaram o período

com suas discussões sobre o “saber” psiquiátrico. Diferente das outras experiências, que

buscavam colocar em questão as práticas psiquiátricas dentro do hospital, e experiência

italiana põe como foco a discussão sobre as instituições psiquiátricas e o “saber”

psiquiátrico de exclusão e segregação das pessoas. Foi o primeiro passo para o trabalho

de substituição dos manicômios por serviços alternativos de atenção a saúde mental; a

desinstitucionalização.

Muitas foram as barreiras enfrentadas pelo movimento antimanicomial em busca

desses objetivos; desde a avaliação para determinar os usuários que ficariam fora da

instituição e os que permaneceriam, as barreiras sociais da família e da sociedade em

geral para receber esses doentes, até os riscos que eles trariam para os outros e para eles

mesmos.

De outro lado, a evolução da psiquiatria e a descoberta de diversas terapias

contribuíram para fortalecer esse movimento de deshospitalização da saúde mental

(AMARANTE, 1994).

15

No Brasil, o movimento antimanicomial, com base nas experiências

internacionais, toma força somente na década de noventa, quando, na Segunda

Conferência Nacional de Saúde Mental, representantes governamentais, pacientes e

familiares discutem a reestruturação do sistema de atenção à saúde mental, com o

objetivo de devolver aos usuários sua cidadania e reinseri-los na sociedade

(AMARANTE, 2008).

Muitas estratégias foram e continuam sendo implantadas no processo da reforma

psiquiátrica no Brasil; a lei 10.216/01 (BRASIL, 2001b), que asseguram direitos e

proteção aos portadores de transtornos metais; a atuação do Ministério Público na

fiscalização dos serviços de assistência a saúde mental e proteção no combate a

violência e maus tratos desses pacientes; o Programa de reestruturação da Assistência

Psiquiátrica Hospitalar; a implantação dos serviços de atenção psicossocial, centros de

convivência, cooperativas e residências terapêuticas, regulamentadas pela Portaria

nº106 (BRASIL, 2000), destinada aos internos que viveram décadas nos hospitais

psiquiátricos e foram retirados no processo de desinstitucionalização; além de

programas assistenciais do governo federal, na tentativa de reintegrar esses pacientes ao

convívio da família, e projetos de inclusão através do trabalho, como o De Volta pra

Casa (BRASIL, 2010a).

A reforma psiquiátrica, no Brasil, resultará na desativação de alguns hospitais

psiquiátricos, com muitos tornando-se sede de outros serviços de saúde. Nesse processo,

em 2004, o Ministério da Saúde, através da Portaria nº52/04 (BRASIL, 2004 a), lançou

o Programa de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no SUS, com

objetivo de oferecer melhores condições aos usuários do serviço através da redução

progressiva de leitos (com mínimos e máximos) dos hospitais psiquiátricos existentes.

Com isso, um dos desafios atuais é a reestruturação de um espaço projetado para

atender um modelo de assistência ultrapassado, adequando as novas políticas de

assistência aos conceitos de humanização dos serviços de saúde.

Em seu estudo sobre a requalificação das instituições psiquiátricas, Fontes

(2003) aborda os novos conceitos e parâmetros da nova arquitetura da saúde mental

frente a reforma psiquiátrica. Traz contribuições importantes coletadas em entrevistas e

observações dos pacientes e funcionários sobre a percepção dos espaços do manicômio.

Contribuições como está que podem auxiliar os profissionais da área, inclusive

arquitetos, na reestruturação, humanização e socialização dos edifícios psiquiátricos

16

existentes e na elaboração de novos ambientes para o atendimento a saúde mental. As

sugestões são as seguintes:

• O convívio, com espaços mais convidativos e acolhedores;

• Integração com o exterior, integração com a comunidade;

• A liberdade - “lugar livre, sem ninguém perturbar” (FONTES, 2003,

p.129) e flexibilidade dos espaços para o convívio ou isolamento;

• Privacidade, como área para guarda de pertences, apartamentos, trazendo

a proximidade com o lar;

• Possibilidade de personalização do espaço - “as cores das paredes pisos

deveriam ser alegres” (FONTES, 2003, p.134)

• Segurança dos pacientes - “existem muitas quinas a que se provocar

muitos acidentes”; (FONTES, 2003, p.139)

• Recomposição da imagem buscando extinguir a memória dos

manicômios - evitando elementos como grades, cobogós, mobiliário em

concreto ou alvenaria.

• Condições ambientais; iluminação natural, presença de jardins - “o

hospital deveria ter flor”, pátios, áreas para descanso e lazer. (FONTES,

2003, p.124)

2.2 – OS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)

Os CAPS são unidades de atendimento a saúde mental, extra-hospitalar, e fazem

parte de um sistema de saúde integrado a outros serviços locais; de atenção básica

(PSF), serviços ambulatoriais, hospitais gerais, atendimentos pré-hospitalares (SAMU-

Serviço de Atendimento Móvel e Urgência/Emergência), e também outros serviços da

rede de atenção à saúde mental (as residências terapêuticas, os centros de convivência e

as cooperativas de trabalho).

O CAPS Professor Luis da Rocha Cerqueira foi o primeiro implantado no Brasil,

em 1986, em São Paulo. Ocupando o edifício da Divisão de Ambulatório de Saúde

Mental, as instalações se destinaram a acolher os pacientes vindos dos hospitais

psiquiátricos, dentro de uma nova filosofia de atendimento. Dentro dessa nova política

de atendimento, outras unidades foram implantadas, movidos pela marca de insatisfação

que o antigo modelo manicomial trazia. Desde então, o objetivo dessas unidades é

17

abolir as práticas de alienação e exclusão social e restabelecer a integração social do

indivíduo portador de transtorno mental (MENEZES, 2008).

O CAPS, no entanto, só viria ser regulamentado em 1992, através da

Portaria nº 224/92 (BRASIL, 1992). Nela foram instituídas unidades de saúde a nível

local/regional para assistência intermediária, entre o regime ambulatorial e internação

hospitalar - NAPS/CAPS. Desde 2002, a portaria nº336/GM (BRASIL,2002 a) define

cinco modalidades do CAPS (I,II,III , i e ad) e determina os parâmetros técnicos de

classificação, credenciamento e implantação (define o número de funcionários, máximo

de pacientes/dia, turnos de atendimento, refeições). Sobre a estrutura física, a legislação

só menciona a implantação, que deve ser independente da estrutura hospitalar.

As cinco modalidades de CAPS diferenciam quanto ao tamanho do

equipamento, abrangência populacional e especificidade de atendimento. São elas:

• CAPS I é o serviço de atendimento diário, para adultos com transtornos

mentais, nos municípios com população de vinte a setenta mil habitantes.

• CAPS II, também é um serviço de atendimento diário, para adultos com

transtornos mentais, nos municípios com população de setenta a duzentos

mil habitantes.

• CAPS III é um serviço de atendimento initerrupto, durante vinte e quarto

horas, para adultos com transtornos mentais, nos municípios com

população acima de duzentos mil habitantes.

• CAPSi é um serviço de atendimento para infância e adolescência, com

transtornos mentais, nos municípios com população acima de duzentos

mil habitantes.

• CAPSad é um serviço de atendimento de pacientes com transtornos

decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, nos

municípios com população acima de setenta mil habitantes

(BRASIL,2002a).

A proposta do serviço é de ter um atendimento diário, por uma equipe

multidisciplinar, onde o usuário possa buscar auxilio quando necessitar, além das

consultas ambulatoriais e atividades terapêuticas diversificadas. O atendimento poderá

acontecer em sessões individuais ou em grupo. Dentre as atividades estão a psicoterapia,

18

oficinas terapêuticas, atividades comunitárias, artísticas, orientação e acompanhamento

de medicações, atendimento domiciliar a pacientes e familiares.

O Ministério da Saúde prevê como ambientes mínimos para a implantação dos

CAPS: consultórios, sala de atividades em grupo, espaço de convivência, oficinas,

refeitório, sanitários e área externa para recreação e esportes, sem esquecer os ambientes

de apoio: almoxarifado, DML, vestiários e copa.

A recomendação é que além do atendimento acolhedor, os ambientes dos

Centros sejam hospitaleiros e atrativos, de forma a motivar o indivíduo a estabelecer

uma relação de confiança com o serviço (CARVALHO, 2010).

2.3 – AMBIENTAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE MENTAL

Já se tem conhecimento da complexidade que envolve a elaboração dos edifícios

destinados a serviços de saúde. Muitas são as variáveis - tecnológicas, físico-funcionais,

de controle de infecção, condições de salubridade - além das demandas projetuais de

estética e conforto. No processo de humanização dos ambientes de saúde, que vem

acontecendo nos últimos anos, uma variável se destaca: o cuidado com o usuário e a

busca de um ambiente mais acolhedor. Diversos são os fatores que influenciam

diretamente na sensação de conforto do usuário e que devem ser considerados nos

projetos. Bitencourt descreve alguns deles: fatores físicos e objetivos (temperatura,

umidade, qualidade do ar); físicos pessoais (vestuário, metabolismo) e subjetivos

(condição mental) (Bitencourt, apud BURSZTYN; SANTOS, 2004, s.p).

O papel do arquiteto esta em contribuir com a busca de elementos que

proporcionem o bem estar dos usuários, nos estabelecimentos de saúde. E essa

contribuição se transforma num desafio maior, nos serviços de atenção básica a saúde

mental, por conta da segurança e controle dos pacientes.

Os cuidados ao projetar esses espaços podem adotar medidas simples, como a

ventilação, aeração e iluminação natural dos ambientes através de amplas aberturas,

jardins internos e adoção de elementos que transmitam paz, tranqüilidade e bem-estar.

Outro elemento que pode contribuir e propiciar sensações de bem estar, são as

cores. Elas têm efeito terapêutico e influenciam no humor das pessoas. Mas é preciso

estar atento as cores utilizadas nos serviços de pessoas com transtornos mentais,

algumas podem não causar boas sensações aos usuários.

19

• Verde: cor mais harmoniosa e tranqüilizante. Auxilia no tratamento a

insônia.

• Vermelho: é a cor mais quente, ativa e estimulante. Se usada em excesso

torna as pessoas agressivas.

• Amarelo: cor quente, da vivacidade, alegria, desprendimento, leveza.

Diminui a ansiedade e as preocupações

• Azul: ajuda a acalmar. Produz tranqüilidade e afetuosidade. Reduz o

estresse e a ansiedade, trás paz e calma. Favorece as atividades

intelectuais e a meditação (CARVALHO; SOARES, 2009, p.40).

Em Saúde e Arquitetura, Costeira (Costeira, apud BURSZTYN; SANTOS,

2004), descreve algumas bases conceituais para a conformação dos estabelecimentos de

saúde. São elas:

• Acolher, no sentido de fácil acesso a informação e conforto nas áreas de

atendimento;

• Informatizar, tecnologia associada a agilidade e eficiência no

atendimento;

• Flexibilizar, arquitetura com previsão de ampliação, incorporação de

novas tecnologias, reformas e readequações;

• Humanizar, implementação de medidas que afastam os fatores

estressantes do ambiente, integrem a natureza e respeitem a

individualidade dos usuários;

• Compatibilizar, tecnologia, conforto ambiental, agilidade de fluxos com

materiais construtivos e de acabamento duráveis, de segurança e fácil

manutenção. (Costeira, apud BURSZTYN; SANTOS, 2004)

2.4 – HUMANIZAÇÃO

O conceito de humanização fica facilmente entendido quando se focaliza a

questão no ser humano, buscando atender às suas necessidades e anseios. Por isso,

humanizar ambientes é a prática de promover o homem no espaço que irá utilizar, o

bem estar, conforto físico e psicológico na realização de suas atividades (FONTES,

2003).

20

Segundo Toledo (2005), as questões relativas à humanização em

estabelecimentos de saúde iniciaram no século XVIII, com o nascimento do hospital

terapêutico. Para o autor, a transformação do hospital em instrumento de cura foi “uma

das primeiras iniciativas da humanização”.

Com a implementação das Políticas Nacionais de Humanização no SUS, no

Brasil, em 2004, a discussão ganhou força e estabeleceu como critério fundamental nos

projetos dos estabelecimentos de saúde (TOLEDO, 2005).

Um elemento de participação fundamental inserido na prática da humanização

dos estabelecimentos de saúde é o acolhimento. Tem como ator principal o profissional

ou profissionais, se considerarmos a necessidade de uma equipe multidisciplinar

articulada. Dessa equipe fazem parte desde a recepcionista, que terá o primeiro contato

com o usuário, aos médicos psiquiatras, psicólogos, assistente social, que realizarão as

consultas e/ou terapias. É certo que cada profissional, a partir de suas vivências, irá

imprimir características próprias nesse atendimento, no entanto alguns elementos são

imprescindíveis para se estreitar a relação do serviço com o usuário:

• A unidade deve ser acessível a todos, tanto pela sua localização, quanto a

resposta a sua necessidade, pois ela é uma referência, no serviço de saúde

mental (COIMBRA, 2003).

• O cuidado com o usuário deve ser priorizado, a valorização do indivíduo,

pois esse é o momento de escuta, de entender suas necessidades e

encaminhá-lo para o tratamento. É um momento único, quando pode ser

criado um vínculo com o usuário. Disso surge a necessidade de uma

equipe capacitada e organizada que esteja sempre repensando os

processos de trabalho a fim de melhor atender quem busca o serviço

(COIMBRA, 2003).

O acolhimento não irá refletir somente nos usuários, mas em toda equipe e na

organização do serviço. Em seu estudo de caso, sobre o acolhimento, Coimbra (2003)

descreve declarações de funcionários do CAPS estudado, satisfeitos com a prática do

acolhimento na reorganização dos processos de trabalho, na divisão do trabalho

intelectual e manual e na agilidade e resolutividade impressa ao atendimento.

21

Como parte do conjunto de aspectos necessários ao resultado positivo do

acolhimento, não se pode esquecer da estrutura física; afinal o espaço precisa esta

preparado para receber esse usuário, um ambiente apresentável, agradável, onde possa

ser ouvido sem interrupções, e locais que proporcione a integração.

O acesso que o acolhimento oferece deve ser interno e externo ao CAPS, ou

seja, o acolhimento não é apenas receber bem, ela passa pela estrutura

adequada e agradável da unidade, pelo acesso geográfico e pela

resolutividade dos problemas. (COIMBRA, 2003, s.p)

Outro aspecto importante, nas discussões sobre humanização, é a questão do

estresse nos usuários dos estabelecimentos de saúde. Sejam médicos, funcionários,

visitantes e familiares, o estresse pode causar alterações negativas no indivíduo de

caráter psicológico, fisiológico e comportamental. Ulrich, em suas pesquisas, faz a

relação de alguns fatores que podem reduzir o estresse e propiciar o bem estar dos

pacientes (Ulrich, apud VASCONCELOS, 2004, p.35):

Controle do ambiente - a sensação de controle do ambiente permite ao paciente

imprimir personalização ao ambiente e ter a sensação de autonomia e segurança.

Para isso, algumas soluções arquitetônicas podem ser adotadas, como descreve

Vasconcelos (2004):

[...] - oferecer privacidade visual para pacientes vestirem-se em salas de

imagens;

- permitir o controle do canal e do volume da televisão tanto em quartos de

pacientes quanto em salas de visitas;

- permitir o controle da temperatura e da iluminação do quarto,

principalmente por pacientes de hemodiálise ou que sofreram intervenção

cirúrgica, pois geralmente sentem frio;

- incluir jardins ou pátios acessíveis a pacientes, possibilitando-lhes o uso;

- dar aos pacientes a possibilidade de escolha no contato com visitantes ou

outros pacientes;

- criar um local onde os pacientes possam dedicar-se a coisas de seu

interesse, algum hobby específico, por exemplo;

- criar áreas de “escape” e descanso para a equipe médica e de enfermagem.

(VASCONCELOS, 2004, p 38)

22

Suporte social possibilitado pelo ambiente - alguns estudos apontam para os

benefícios que os pacientes obtém na recuperação quando possuem contato e apoio da

família e amigos. E o ambiente pode motivar essa interação social nos serviços de

saúde. Vasconcelos (2004) descreve algumas estratégias para esses espaços:

[...] - acomodações confortáveis para familiares passarem a noite

-áreas de espera para visitantes com assentos móveis que permitam familiares

e amigos de pacientes a se reunirem em grupo;

-jardins externos ou locais de encontro que estimulem a interação social entre

pacientes/visitantes e pacientes/pacientes;

-ambientes menores, com mobília confortável e arranjos flexíveis para as

salas de visita e os quartos dos pacientes, evitando cadeiras lado a lado,

encostadas às paredes ou fixas, pois elas reduzem a interação social.

(VASCONCELOS, 2004, p 42)

Distrações positivas do ambiente - é poder que tem certos elementos de

provocar sentimentos positivos nos pacientes, retirando a tensão ou estresse

causado pela doença ou outros fatores. Vasconcelos (2004) traz alguns exemplos

de elementos que podem servir como distração positiva nos estabelecimentos de

saúde:

- presença de átrios, jardins internos ou espaços abertos ao exterior;

- uso de elementos como água e fogo, incluindo fontes, lareiras e aquários,

sempre que possível;

- janelas baixas permitem ao paciente a visão exterior a partir do seu leito;

- iluminação e uso de cores adequadas;

- integração com a natureza, que apresenta todos os elementos necessários

para estimular o usuário e prender sua atenção através dos sentimentos

positivos que causa. (VASCONCELOS, 2004, p.44/45)

Diante disso, percebe-se a importância do arquiteto no papel de proporcionar

condições funcionais e ambientais de conforto aos espaços de saúde.

23

2.5 – AS DROGAS

As drogas acompanham a evolução da sociedade, “Não existe sociedade sem

drogas...” (BUCHER, 1992). Elas aparecem participando em diferentes contextos

sociais, a depender do estilo de convivência dessa população. A sua presença marcante

é causa de diversos conflitos sociais, atingindo não só a cultura dessa comunidade, mas,

também, a estrutura socioeconômica, penalizando, principalmente, a parcela mais

desfavorecida da população.

No Brasil, nos últimos quarenta anos, as drogas estiveram presentes em

diferentes contextos sociais. No movimento hippie, ela era combustível de um grupo

que buscava por novas percepções do universo, da vida e todo tipo de novas sensações.

Após esse período, a conjuntura econômica e suas crises irão desencadear o uso das

drogas com a intenção de fuga, por uma necessidade de liberação do sofrimento e

depressão, contribuindo com a propagação da violência e autodestruição dos usuários e

os que estão a sua volta.

Hoje, as drogas estão em diferentes contextos sociais. Em sua maioria são

utilizadas como fuga dos problemas sociais, que atinge a população marginalizada das

periferias brasileiras. De outro lado, estão os usuários “recreativos”. São, normalmente,

pessoas de alto padrão socioeconômico e, por algum motivo, usam as drogas como

escape de problemas emocionais, mas que conseguem conciliar o uso das drogas com a

vida profissional e social.

Outra face das drogas na sociedade moderna é o uso abusivo de medicamentos,

controlados ou não – que cresce a mercê da fragilidade das classes de profissionais –

médicos, farmacêuticos, dentre outros – frente às tentações oferecidas pela indústria

farmacêutica.

Enfim, a situação que se encontra hoje a população diante das drogas é difícil de

resolver, principalmente porque o consumo é incentivado pelo próprio sistema social,

com os apelos da mídia e pelas condições socioeconômicas desiguais da sociedade. Por

isso eliminá-la é quase utopia; resta atuar na redução dos estragos com recuperação dos

usuários e programas de prevenção.

No estudo sobre o tratamento do abuso de álcool e drogas é de fundamental

importância o entendimento das características da doença, suas definições e causas. Na

24

tentativa de conceituação da dependência, encontram-se diferentes correntes no

desenvolvimento de suas definições.

Para a medicina, o alcoolismo só foi declarado como doença (pela AMA –

Associação Médica Americana) em 1986 e as outras drogas em 1988, numa resolução

que dizia; “toda a dependência à droga, incluindo o alcoolismo, são doenças e que seu

tratamento é parte legítima da prática médica.” (EDWARS; LADER, 1994). Definição

com o intuito de conscientizar a classe médica e todos profissionais da área de saúde da

necessidade de atuação nos cuidados com os indivíduos acometidos com esses

problemas. Na época, essa definição foi muito criticada por sociólogos, que consideram

como fatores motivadores do uso de álcool e drogas, os aspectos socioeconômicos.

Já as definições psicológicas sobre a dependência a atribuem a um conceito

comportamental, de origem ambiental e fisiológica, intitulando de transtorno mental, de

personalidade mista.

Não existe uma definição universal do que é a dependência de álcool e drogas,

doença, desvio de comportamento, transtorno mental, no geral, o abuso dessas

substâncias é definido quando o seu consumo se torna repetitivo ou que, de alguma

forma, cause intoxicação e prejuízo. Este pode ser de alcance patológico e fisiológico,

de forma a desencadear muitas doenças por conta da fragilidade do organismo desses

usuários; ou da vida social e profissional, causada pela perda de controle decorrente da

dependência (EDWARS; LADER, 1994).

A droga é, hoje, um dos problemas mais sérios de saúde pública no mundo,

segundo a Organização Mundial de Saúde. Durante muito tempo, as ações de prevenção

às drogas no Brasil não eram estruturadas para atuarem de forma eficaz. Os conselhos,

por exemplo, estaduais (CONENS) e municipais (COMENS), normalmente dotados de

infra-estrutura administrativa, não possuíam pessoal capacitado e programas de ação

efetivos, por serem órgãos que se destinavam a ocupação dos cargos por membros das

coligações políticas, sem nenhum envolvimento com a causa.

Após a criação da SENAD (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas)

muitos são os estudos e ações no combate ao uso de indevido de drogas. Com apoio da

FUNAD (Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência) e da OBID

(Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas) e de outras instituições, a

SENAD tem a função de articular o coordenar atividades de prevenção ao uso de drogas

atenção e reinserção social de usuários e dependentes (BRASIL, 2009).

25

Em 2006, foi promulgada a lei 11.343 (BRASIL, 2006), que institui o Sistema

Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, que em um dos seus artigos determina que

o indivíduo flagrado com drogas para o consumo pessoal, deverá ser encaminhado a

tratamento em local especializado.

Em 2009, em parceria com o Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública

com Cidadania, do Ministério da Justiça), o SENAD lançou o programa “Ações

Integradas na Prevenção ao Uso de Drogas e Violência” com o objetivo de implementar

ações voltadas a prevenção, tratamento e reinserção social. Na prevenção atuando na

capacitação de profissionais para se tornarem multiplicadores de informações, na

tentativa de alcançar o maior número de pessoas. Assim como nas ações de tratamento,

que prevê a ampliação da rede de atendimento aos usuários e, também, capacitar os

profissionais desses serviços (BRASIL, 2010b).

Ainda hoje, as ações de prevenção, em sua maioria são realizadas por

instituições particulares com ou sem fins lucrativos. Elas atuam, cada qual com suas

ideologias, sem praticamente nenhum controle das autoridades que deveriam exercer a

fiscalização. As instituições particulares com fins lucrativos são as clínicas psiquiátricas

ou médico - psicológicas especializadas, que oferecem atendimento ambulatorial e

internação de curto e longo prazo para os dependentes. O serviço é de “luxo” e só

contempla minoria da população, pelo seu alto custo. As instituições sem fins

lucrativos, como as filantrópicas (ou que recebem verbas governamentais), atuam, em

sua maioria, conforme a ideologia do patrocinador, sendo que algumas seguem padrões

cientificamente comprovados. Já as religiosas são a maioria nessa área, e atendem a

grande parte da população que carece desse tipo de serviço, auxiliando nas ações de

prevenção do uso de drogas. É difícil avaliar seus métodos de tratamento, pois se

baseiam em ideologias religiosas. No entanto, não se pode negar os resultados positivos

alcançados por muitas, excetuando os casos de fanatismo desenvolvido nesse processo.

Com relação aos métodos terapêuticos usados na recuperação dos dependentes

de drogas, Bucher (1992) acredita que a condição fundamental para obtenção de

resultados satisfatórios é a motivação. O drogadito tem que querer participar do

processo. Outro ponto importante na discussão sobre os métodos é a busca pela

identificação das causas da dependência, que está relacionada com a conjunção de três

fatores: a droga, o próprio indivíduo e o contexto sócio-cultural em que vive. Na

26

evolução dos métodos terapêuticos, diversas foram as correntes que atuaram nas

questões relacionadas à dependência (BUCHER, 1992).

O modelo psiquiátrico, por exemplo, dá ênfase ao processo de desintoxicação,

normalmente forçada, deixando em segundo plano as psicoterapias, que trabalham com

as questões reais do envolvimento dos usuários de drogas.

A linha dos métodos comportamentais é voltada a libertação através da

disciplina e capacidade de autocontrole do drogadito. Uma vertente desse método são as

instituições religiosas que trabalham na recuperação de dependentes químicos. Essa

corrente comportamental consiste na substituição da dependência, em que o usuário

tenta preencher a lacuna que era ocupada pela droga por outro comportamento - no caso

do religioso, uma re-intoxicação ideológica (BUCHER, 1992).

Já o modelo psicodinâmico ou relacional não é o ideal, mas trabalha com a

subjetividade do individuo, sua história e o contexto social que vive, sendo um modelo

mais alternativo e eclético. Desenvolve terapias corporais, grupais, familiares e

comunitárias, tentando atuar na origem das experiências dos usuários.

Dentro das diversas linhas terapêuticas, Bucher (1992), lista como principais

atividades aplicadas no tratamento dos dependentes químicos: a psicoterapia, terapia

ocupacional, educação física, assistência clínica, grupos terapêuticos, atendimento a

família e assistência social.

A psicoterapia – aplicada por profissionais especializados - trabalha com bases

psicanalíticas, na aplicação de técnicas comportamentais, psicodrama, gestalt e outras.

A terapia ocupacional – é a atividade de grande destaque no tratamento da saúde

mental. Através de oficinas, atua não só ocupando os usuários, mas integrando os

colegas e profissionais, assim como estimulando a criatividade mental e manual. As

oficinas podem ser: artísticas, de artesanato, na organização de festas e eventos, na

geração de renda ou simplesmente de relaxamento.

Educação física – desenvolve a participação grupal, o espírito de equipe, o

encontro com as regras, além de promover a recuperação física e o relaxamento.

Assistência clínica – são os atendimentos de avaliação física dos pacientes,

necessário principalmente no processo de desintoxicação, e nos usuários de drogas

injetáveis.

Trabalho de grupo – podem ser atividades dos grupos terapêuticos, que

trabalham a problemática das drogas através de dramatização, verbalizações, exercícios

27

e treinamentos, ou dos grupos operativos, que discutem as funções, as expectativas, as

frustrações, os limites no serviço.

Atendimento a família – é de fundamental importância. A família pode auxiliar

ou prejudicar o processo de recuperação do paciente, por isso o serviço tem que tê-la

como aliada. Para isso o acolhimento pode ser na própria instituição, através dos grupos

informativos, aconselhamentos, ou em visitas domiciliares.

O autor chama atenção que, para realização dessas atividades, é de fundamental

importância a previsão de espaços amplos e equipados com o suporte necessário. Ele

cita uma residência com área verde como o local ideal, que diferencie do ambiente

medicalizado dos hospitais psiquiátricos (BUCHER, 1992).

3.0 – O CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL AOS DEPENDENTES DE

ALCOOL OU DROGAS (CAPSad)

A partir da década de setenta, foi crescente a implantação de serviços de atenção

a pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas, as

chamadas Comunidades Terapêuticas. Com o objetivo de regular esses

estabelecimentos, que funcionavam, em sua maioria, sem mínimas condições de

segurança e qualidade, a ANVISA, através da Resolução Nº101/01(BRASIL, 2001a),

normatiza o funcionamento dessas unidades.

Os estabelecimentos de atendimento aos usuários e dependentes de álcool e

drogas trabalham com a recuperação através de terapias de convivência dos pares

(pessoas com problemas parecidos), na busca pelo resgate de cidadania, reinserção

social, reabilitação física e psicológica. Entretanto, algumas instituições fazem uso de

medicamentos entorpecentes e psicotrópicos, controlados e regulamentados pela

Portaria SVS/MS 344/98 (BRASIL, 2002b). Esses estabelecimentos devem ser

cadastrados nos Conselhos Estaduais de Entorpecentes (CONENS) e Conselhos

Municipais Antidrogas (COMAD), pois é exigência legal para liberação de recursos

financeiros do Governo Federal; assim como o não cumprimento do programa mínimo

da RDC nº101/01 (BRASIL, 2001a), que constitui infração sanitária (BRASIL, 2002b).

A legislação prevê que as Comunidades Terapêuticas tenham uma equipe

mínima para trinta residentes (as comunidades devem ter no máximo dois alojamentos

28

de trinta residentes). Deve ser composta por profissionais da área de saúde ou serviço

social, administrativos e agentes comunitários.

Os ambientes mínimos exigidos estão agrupados nos setores de hospedagem,

com máximo de trinta leitos (área de 5,5m² para cada quarto individual e quartos

coletivos com no máximo seis leitos) e quarto para agente comunitário de plantão.

O setor de terapia e recuperação deve ter: salas de atendimento (social,

individual e coletivo), sala de televisão/música, salas de oficinas, quadra de esportes,

sala para exercícios físicos, horta, área para criação de animais, área externa de

deambulação. Algumas atividades podem ser compartilhadas no mesmo ambiente, a

depender do funcionamento da instituição.

O setor administrativo é composto pela recepção, administração, arquivo

(prontuário), reunião, sanitário de funcionários.

O setor de apoio logístico contempla a cozinha, lavanderia, almoxarifado,

limpeza e zeladoria, sendo que alguns destes serviços podem ser terceirizados ou

realizados em outra instituição.

As instalações prediais devem atender as exigências do código de obras e

postura local. As portas dos ambientes de uso dos pacientes devem ser instaladas com

travas simples sem uso de chaves (BRASIL, 2001a).

A legislação ainda estabelece sobre rotinas que devem ser implentadas na

unidade:

• Horário do despertar;

• Atividade física desportiva variada diária;

• Atividade lúdico-terapêutica variada diária (por ex.: tecelagem,

pintura, teatro, música, dança, modelagem, etc.);

• Atendimento em grupo e/ou individual coordenado por profissional de

nível superior habilitado em dependência de SPA, ao menos uma vez por

semana;

• Atividade didático-científica para o aumento de conscientização;

• Atividade que vise estimular o desenvolvimento interior (por ex.:

yoga, meditação, prática de silêncio, cantos e outros textos filosóficos

reflexivos). Essa atividade é opcional para o residente, respeitando-se suas

convicções e credos pessoais e oferecendo, em substituição, atividades

alternativas;

• Atendimento médico psiquiátrico pelo menos uma vez ao mês, nos

casos de co-morbidade;

29

• Atendimento em grupo por membro da equipe técnica responsável

pelo programa terapêutico pelo menos três vezes por semana. Todas as

evoluções e prescrições devem estar carimbadas e assinadas;

• Participação diária, efetiva e rotativa da rotina de limpeza,

organização, cozinha, horta, etc.;

• Atendimento à família durante o período de tratamento. (BRASIL,

2001a s.p)

Somente em 2002, a portaria nº336/GM (BRASIL, 2002a) institui o serviço de

atenção aos dependentes de álcool e drogas, como uma das cinco modalidades dos

Centros de Atenção Psicossocial. O CAPSad como é chamado, deve ter capacidade para

atender a municípios com mais de setenta mil habitantes. Suas atividades prevêem:

� atendimento ambulatorial diário;

� organizar a demanda e a rede de instituições de atenção a usuários de álcool

e drogas;

� regular a porta de entrada da rede assistencial local no âmbito de seu

território;

� coordenar as atividades de supervisão de serviços de atenção a usuários de

drogas, em articulação com o Conselho Municipal de Entorpecentes;

� supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas

de saúde mental local no âmbito do seu território;

� realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam

medicamentos específicos e/ou excepcionais a saúde mental. (BRASIL,

2002a)

O seu funcionamento deverá ser em dois turnos, de oito às dezoito horas,

podendo se estender ao terceiro turno, funcionado até as vinte e uma horas. O

atendimento pode ocorrer de forma individual, através de medicamentos; e psicoterapias

em grupo, e de oficinas terapêuticas. Os profissionais também realizam visitas

domiciliares e atendimento à família do usuário, assim como atividades de integração

com a comunidade. O CAPSad deverá manter dois a quatro leitos para desintoxicação e

repouso.

O primeiro atendimento acontece mediante triagem ou entrevista inicial, onde o

individuo é avaliado sobre a gravidade do seu problema através de critérios pré-

30

estabelecidos (comprometimento biológico, psicológico, situação social, familiar, legal

etc). A partir daí, o usuário será encaminhado a consultas ou terapias nas comunidades

ou para um serviço de alta complexidade.

O limite de atendimento da unidade é de quarenta e cinco pacientes/dia. A

equipe deve ser composta de: um médico psiquiatra, um enfermeiro com formação em

saúde mental, um médico clínico, além de profissionais como psicólogo, assistente

social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao

projeto terapêutico (no mínimo quatro profissionais) e técnicos e/ou auxiliares de

enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão (no mínimo seis

profissionais) (BRASIL, 2002 a).

A Portaria MS nº305/02 (BRASIL, 2002c), recomenda que os ambientes do

CAPSad sejam adequados as atividades e convenientemente iluminados e ventilados.

Nela estão listados os seguintes ambientes que a unidade deve contar:

• Sala de espera e recepção;

• Área de apoio administrativo;

• Consultórios;

• Área para atividades em grupo;

• Dois a quatro leitos para desintoxicação e repouso;

• Refeitório;

• Posto de Enfermagem (BRASIL, 2002a).

A RDC nº50/02 (BRASIL, 2002d) é outra legislação que deve ser observada na

elaboração de projetos das unidades de saúde. Apesar de não se referir as condições e

instalações especificas para os estabelecimentos de assistência a saúde mental, alguns

dos ambientes do CAPS são comuns. Portanto pode servir de parâmetro para o

dimensionamento de consultórios, circulações, sala de espera, posto de enfermagem etc.

A sala de espera e recepção é o ambiente onde os usuários, familiares e

comunidade devem ser acolhidos. Recomenda-se que a área tenha no mínimo 1,50m²

por pessoa (BRASIL, 2010c). Deve ser um ambiente amplo, aconchegante, e condições

ambientais de conforto durante a permanência dos usuários e acompanhantes

(CARVALHO, 2010).

A administração é destinada ao registro e controle dos atendimentos, e demais

atividades administrativas da unidade. É também o local de arquivamento dos

31

documentos relativos aos pacientes ou a própria unidade. Recomenda-se uma área de

5,5m² por pessoa. O ambiente é composto por mobiliários e equipamentos de escritório,

como mesas e cadeiras, arquivos ou armários, computador, fax etc. (BRASIL, 2010c).

Consultório é o local onde são realizadas as consultas individuais e o

acompanhamento do desenvolvimento clínico – físico e psicológico – dos usuários. A

RDC nº50/02 (BRASIL, 2002d) prevê uma área mínima de 7,50m². O mobiliário se

resume a mesa, cadeiras, armário ou arquivo, nos consultórios de atendimento

psicológico. Pode-se prever que pelo menos um dos consultórios, seja equipado com

mesa para exames, biombo, e outros equipamentos para atendimento clínico. Em todos

os casos deve-se instalar pia para lavagem das mãos.

As áreas para atividades em grupo são os ambientes multiuso. No geral as

atividades nela realizadas são: reuniões em grupo com os usuários e/ou familiares ou

reuniões técnicas com a equipe, e as oficinas. O SOMASUS (BRASIL, 2010c)

recomenda para salas de atendimento em grupo uma área de 0,80m² por pessoa. Nas

oficinas terapêuticas são realizadas de trabalhos manuais, como pintura, música,

costura, artesanato, culinária, entre outros. O mobiliário destas salas irá depender do

tipo de oficina realizada. No entanto devem ter no mínimo: bancada com pia, armários

ou estantes para armazenamento de materiais, mesas, cadeiras ou banquetas.

Refeitório é o local de distribuição das refeições dos usuários e/ou funcionários.

Também pode ser utilizado como área de convivência, entre as refeições. O ambiente

deve oferecer todas as refeições durante a permanência dos usuários, recomenda-se a

área mínima de 1,0m² por pessoa (CARVALHO; RIBEIRO, 2010). O mobiliário

necessário é composto de mesas e cadeiras e deve haver instalação de pia para lavagem

das mãos. É importante ter uma copa de apoio ao refeitório, para o recebimento e

armazenamento das refeições fornecidas pelo serviço terceirizado. Caso as refeições

sejam preparadas na unidade, deverão seguir as exigências mínimas da unidade de

nutrição da RDC nº50/02 (BRASIL, 2002d).

Posto de enfermagem é local onde são realizadas as atividades técnicas e

administrativas pela equipe de enfermagem e médicos, como, por exemplo, a

preparação de medicamentos e prescrição. Deve ter como instalações mínimas; bancada

com pia, lavatório, mesa, cadeiras, balcão, armários, arquivos gaveta, entre outros. A

RDC nº50/02 (BRASIL, 2002d), prevê uma área mínima de 6,0m².

32

Além desses ambientes a unidade deve ter os alguns ambientes de apoio, como:

almoxarifado, farmácia, vestiários, DML, copa.

O almoxarifado é a sala destinada ao armazenamento de suprimentos

administrativos, de limpeza ou materiais no geral. A sala deve ter como mobiliário:

estantes e/ou armários, pode ter também, mesa e cadeira, computador, para o controle

de entrada e saída de materiais, a depender do tipo de controle do serviço.

A farmácia é um ambiente importante na unidade. Ela deve ter uma área de

armazenamento, uma área de dispensação e uma área de atendimento farmacêutico. O

armazenamento é composto por estantes e/ou armários. A sala deve ter condições

ambientais adequadas ao armazenamento dos medicamentos, protegidos de isolação

direta e umidade. Outra questão é o acesso, que deve ser restrito, aos funcionários da

farmácia, na sala de armazenamento e dispensação. A dispensação pode ser realizada a

equipe e aos usuários, deve ser prever um guichê e/ou balcão para atendimento,

evitando o acesso destes aos medicamentos. A área ou sala de atendimento é um

ambiente onde o farmacêutico possa dar instruções aos usuários sobre o uso dos

medicamentos (NASCIMENTO, 2006).

O vestiário é o local para guarda de pertence, troca de roupa e higiene pessoal

dos funcionários. Deve ser separado por sexo, com instalações de lavatório, bacia e

chuveiro em quantidade suficiente ao número de funcionários.

O DML é a sala destinada a guarda dos equipamentos e materiais de limpeza das

instalações físicas da unidade. Deve ter no mínimo 2,0m².

A copa, como dito anteriormente, pode servir de apoio ao refeitório. É também o

local onde os funcionários fazem suas refeições. Deve ser equipada com no mínimo

bancada com pia, refrigerador, microondas, filtro de água, mesa, cadeiras, entre outros.

Diante da falta de regulamentação que especifique os ambientes,

dimensionamento, dos projetos dos CAPSad, cabe aos projetistas buscar informações

em legislações de serviços semelhantes, com profissionais de área de saúde mental e

realizando visitas a unidades existentes.

A partir dos dados apresentados nesse item da pesquisa, foi elaborado um quadro

síntese das principais informações sobre a estrutura física e funcionamento, obtidas nas

legislações existentes.

33

Quadro 01: Quadro síntese legislações

Fonte: Autora, 2010

4 - VISITAS E ANÁLISES

Com o objetivo de ilustrar as soluções arquitetônicas e caracterização dos

Centros de Atenção Psicossocial implantados até o momento, e como parte da

metodologia de pesquisa, foram definidas visitas a unidades do CAPSad. A escolha

dessas unidades se definiu, primeiro, por instituições pertencentes ao SUS; segundo,

pela localidade, capital e região metropolitana. A partir desses critérios foram

encontradas somente duas unidades, que serão caracterizadas a seguir. Como não serão

identificadas as unidades, serão denominadas CAPSad-A e CAPSad –B.

Nas visitas foi adotado o método exploratório de observação, registro fotográfico

e levantamento dos aspectos estruturais da edificação. A partir dos dados coletados foi

feita uma análise dos aspectos positivos e negativos de cada unidade.

RDC nº101/01 (BRASIL, 2001a) - Regulação das Comunidades Terapêuticas - Ambientes:

• Recepção, • Administração, • Arquivo, • Reunião, • Sanitário de funcionários, • Cozinha, • Lavanderia, • Almoxarifado, • Limpeza, • Zeladoria, • Sala de atendimento individual e

coletivo, • Sala de televisão/música, • Sala de oficinas, • Quadra de esportes, • Sala para exercícios físicos, • Horta, área para criação de animais

e área de deambulação, • Quartos individuais ou coletivos, • Quarto de plantão.

Portaria nº336/02 GM (BRASIL, 2002a) - Institui as modalidades de CAPS e seu funcionamento. - horário de funcionamento- oito as dezoito ou podendo se estender até as vinte uma horas. - define dois a quatro leitos de desintoxicação e repouso. - limite de atendimento – 45 pacientes/dia.

Portaria MS nº305/02 (BRASIL, 2002c) - Normatiza o funcionamentos dos CAPSad. - Ambientes:

• Sala de espera e recepção, • Apoio administrativo, • Consultórios, • Área para atividades em grupo, • Dois a quatro leitos de

desintoxicação e repouso. • Refeitório • Posto de enfermagem

34

4.1 – CAPSad-A

A visita foi realizada no dia 31 de agosto de 2010 no período matutino sob

acompanhamento de uma Administradora e uma enfermeira da unidade.

A unidade A, em funcionamento desde 11 de agosto de 2010, situada no estado

da Bahia. Seu atendimento pretende assistir crianças e adolescentes usuários de álcool e

drogas no regime de vinte quatro horas.

A implantação da unidade se deu a partir de uma reforma e ampliação de uma

edificação existente. A edificação é dividida em três blocos: o bloco principal de

atendimento, administração e apoio (1ºbloco); o bloco de oficinas (2ºbloco) e

enfermarias (3º bloco).

Figura 01:Planta esquemática – Capsad-A

Fonte: Autora, 2010

O corpo técnico é composto por cinco médicos, dois psiquiatras, um

neurologista, um neurologista pediatra e um clínico, um antropólogo, uma farmacêutica,

psicólogo, um nutricionista, vinte técnicos de enfermagem, três enfermeiras, dois

oficineiros, quatro administrativos, dois assistentes sociais e dois seguranças.

Como todos os CAPS, as oficinas terapêuticas são os principais métodos de

tratamento. A unidade foi recentemente inaugurada e por isso ainda estão sendo

3ºBLOCO

1ºBLOCO

2ºBLOCO

35

definidas as programações de atividades a serem implantados. Inicialmente estão

previstas atividades em grupo de pintura, desenho, artesanato e teatro.

Como parte do processo de integração da equipe, e uniformização do

atendimento aos usuários, a programação esta sendo discutida nas reuniões semanais de

educação permanente.

A entrada do serviço é marcada por um muro alto e único portão em chapa

metálica, com dimensões para acesso de veículos. Ao decorrer da rampa de acesso no

lado esquerdo está situada uma área com pavimentação de brita utilizada como

estacionamento. Do lado direito está uma área de convivência convidativa com grama

arvores frutíferas, bancos de concreto e poste de iluminação. A área externa é ampla.

Todo o muro ao redor da unidade é telado.

A primeira edificação avistada é o bloco principal de atendimento. Uma

construção de dois pavimentos com varanda em ambos. Uma escada externa lateral dá

acesso ao pavimento superior. A fachada é simples, não possui nenhum elemento de

destaque. A pintura é em tinta acrílica de cor neutra (bege), as esquadrias são de

madeira com veneziana e vidro, todas protegidas por grade externa. O acesso pode ser

feito pela escada a frente da porta principal ou pela rampa na varanda lateral. A varanda

do pavimento superior é protegida por guarda-corpo metálico, assim como a escada. O

telhado de telha de fibrocimento é escondido pela platibanda.

Ao lado esquerdo da edificação principal, em edificação distinta, está o bloco de

internação. Também de estrutura simples de alvenaria e mesmos materiais de

acabamento, com esquadrias de alumínio e vidro canelado, protegidas por grade.

Atrás do bloco principal é o bloco das oficinas. De estrutura semelhante aos

demais. Logo atrás dela está um campo de futebol gramado e cercado com alvenaria. No

final do terreno, após o campo, tem uma área destinada a ampliação da unidade. Nela

será construído um abrigo aos que não tiverem condições de moradia, será a “Casa do

Meio”.

A seguir será feita uma descrição abordando os aspectos físicos e funcionais dos

ambientes nos três blocos que compõe o serviço.

36

1º BLOCO

Composto pela recepção, consultórios, refeitório, conforto e administração e

farmácia.

A recepção é a sala do primeiro atendimento (acolhimento) dos usuários que

chegam ao serviço. No momento possui um balcão de alvenaria com tampo de granito e

as cadeiras de PVC, na espera. A sala também é utilizada para reuniões da equipe no

período em que não há atendimento. Voltados para a recepção estão as portas que dão

acesso aos consultórios. A localização do balcão em nada privilegia o fluxo de

atendimento, pois está após os consultórios. A sala é pouco iluminada, com iluminação

natural somente através da porta principal. A iluminação artificial é feita através de

lâmpadas tipo calha de sobrepor. A porta de acesso é larga com quatro folhas de

madeira, com vão total de 2m. Como apoio o ambiente conta com um único sanitário de

público para ambos os sexos, não adaptado a deficientes físicos.

Os consultórios são em número de cinco, sendo um com sanitário e maca. As

suas dimensões atendem as exigências mínimas da RDC nº50/02 (BRASIL, 2002d). A

iluminação e ventilação natural ocorrem apenas por uma esquadria de duas folhas de

alumínio e vidro canelado. Todos são equipados com ar condicionado.

Além dos consultórios para atendimento individual, há uma sala para

atendimento em grupo, utilizada para atendimento de usuários e familiares (foto 01). A

sala é ampla, com dimensões compatíveis às atividades que se destina. O mobiliário

encontrado foi uma mesa retangular de reunião com seis lugares, estante e armário de

alumínio.

Foto 01: Sala de reunião de grupo - CAPSas-A

Fonte: Autora, 2010

37

Adentrando pela circulação da recepção do lado direito esta o conforto da equipe

e do lado esquerdo a copa seguida do refeitório. O conforto possui sanitário, dois

beliches e ar condicionado. Na copa são armazenadas as refeições recebidas da empresa

fornecedora para distribuição. Conta com uma geladeira, fogão, mesa de apoio e

armário. O refeitório possui dois acessos; um vindo da recepção e outro externo, para os

usuários, voltado para o bloco de internação. Com capacidade aproximada para trinta

pessoas, atende as necessidades do serviço. De mobiliário possui somente mesas e

cadeiras de PVC e bebedouro. A iluminação natural é satisfatória. Vale lembrar a falta

de uma pia para lavagem das mãos.

Com acesso externo, após o refeitório, estão vestiários/sanitários dos

funcionários. Sem nenhuma iluminação ou ventilação natural, não são adaptados a

deficientes e contam com um boxe de chuveiro e dois vasos sanitários e uma pia. Logo

após, esta situada a farmácia com dois ambientes; o primeiro para o atendimento aos

usuários, conta com mesa e cadeiras, e o segundo para o armazenamento e controle

administrativo (foto 02). Percebe-se a falta de um guichê para dispensação rápida de

medicamentos, o que iria proporcionar mais privacidade no atendimento individual.

Foto 02: Farmácia – armazenamento – CAPSad-A

Fonte: Autora, 2010

Nesse pavimento todos os materiais de acabamento são claros; a paredes de

alvenaria são pintadas com tinta PVA branca, exceto da copa, que recebeu revestimento

cerâmico branco. O forro é de PVC branco e o piso cerâmico num tom de bege claro.

38

Figura02: Planta esquemática - 1ºbloco – CAPSad-A

Fonte: Autora, 2010

No pavimento superior esta a área restrita a funcionários. Contempla sala da

administração, almoxarifado, copa, DML, sanitário, sala de estudo, sala dos técnicos

(foto 03), coordenação (foto 04) e espera. Ao chegar no pavimento superior,

avarandado, tem-se acesso pela porta principal ao hall de espera. O Hall é um ambiente

amplo, aparentemente sem muita utilidade, para onde estão voltadas as salas

administrativas. O mobiliário é somente uma mesa de escritório com duas cadeiras.

Foto 03: Sala dos Técnicos/Estudo-CAPSad-A Foto 04: Coordenação – CAPSad-A

Fonte: Autora, 2010. Fonte: Autora, 2010

FARMÁCIA

VESTIÁRIO

VESTIÁRIO

REFEITÓRIO

ESPERA/ RECEPÇÃO

CONSULT.

CONSULT.

CONSULT.

CONSULT.

CONSULT.

SALA DE GRUPO

COPA CONFORTO

SANIT.

SANIT.

39

A sala da administração, prevista para quatro funcionários, conta com mobiliário

de escritório, mesas, cadeiras e armários. Ao lado esta a sala de estudo, com uma mesa

retangular para oito lugares. Do outro lado estão: a sala dos técnicos, almoxarifado e

coordenação. Do lado de fora estão o sanitário, DML e copa.

No pavimento superior os materiais de acabamento encontrados foram; o piso

cerâmico, paredes e laje com tinta PVA branca, exceto no hall de espera onde foi

instalado forro de madeira.

Figura03: Planta esquemática - 1ºbloco – Pav. Superior - CAPSad-A

Fonte: Autora, 2010

2º BLOCO

Composto por duas salas de oficinas e um auditório/teatro.

As oficinas são salas amplas bem iluminadas e ventiladas. Contam com

sanitários (feminino e masculino), bancadas com pia de inox. O piso é de alta

resistência, as paredes com tinta PVA branca e forro de PVC branco. Possui, ainda, dois

ventiladores de parede cada. Uma das salas é utilizada para recreação, com

equipamentos de jogos (mesa de pingue-pongue, totó) e colchonetes. A outra para

oficina de pintura, possui uma mesa retangular grande e cadeiras de PVC (foto 05).

SALA DOS TÉCNICOS

ADM

VESTIÁRIO

SALA DE ESTUDO

VESTIÁRIO

ALMOX.

COORDENAÇÃO

HALL ESPERA

COPA

SANIT.

DML

40

Foto 05: Oficina- CAPSad-A Foto 06: Auditório-CAPSad-A

Fonte: Autora, 2010. Fonte: Autora, 2010

O terceiro ambiente é o teatro/auditório (foto 06), para as atividades de

exposição (teatro e música), reuniões e apresentações diversas. O grande salão tem

capacidade aproximadamente para cem pessoas. Possui duas portas de acesso; uma pela

circulação interna do bloco e outra para área externa. O palco é de madeira e atrás dele

estão os camarins, masculino e feminino, com seus respectivos sanitários. O ambiente é

bem iluminado o que pode atrapalhar algumas atividades de projeção. Não possui

nenhum dispositivo de controle dessa iluminação, como cortinas, por exemplo. O

ambiente é climatizado, dotado de piso de alta resistência, forro de PVC e parede com

tinta PVA branca.

Figura04: Planta esquemática - 2ºbloco – CAPSad-A

Fonte: Autora, 2010

CAMPO DE FUTEBOL

AUDITÓRIO

SALA DE OFICINA

SAL DE OFICINA

CAMARIM F.

CAMARIM M.

SANIT.

41

3º BLOCO

É o bloco da internação, composto pelas enfermarias, sanitários, quarto de

isolamento, posto de enfermagem, sala de atendimento e sala de estar.

São duas enfermarias, masculina e feminina, cada uma com oito leitos. As

enfermarias têm acessos independentes e a comunicação entre elas pode ser feita pelo

posto de enfermagem, centralizado. Cada enfermaria conta com sanitários e banheiro.

Na enfermaria masculina (foto 07) ainda existe um quarto de isolamento com dois leitos

e uma sala de atendimento médico (foto 08), que servirá para as duas enfermarias. A

sala de estar com cadeiras e TV também está na enfermaria masculina.

Foto 07: Enfermaria-CAPSad-A Foto 08: Sala de atendimento clínico-CAPSad-A

Fonte: Autora, 2010. Fonte: Autora, 2010

Todo o bloco é bem iluminado com esquadrias em duas fachadas permitindo o

aproveitamento da ventilação cruzada. Apesar disso todas as salas têm ar condicionado.

Figura 05: Planta esquemática- 3ºbloco-CAPSad-A

Fonte: Autora, 2010.

ENFERMARIA FEMININA

ENFERMARIA MASCULINA

SALA DE ESTAR

ISOLAMENTO

SALA DE ATENDIMENTO

SANIT. SANIT.

SANIT.

ISOLAMENTO

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O local é bem ventilado. A incidência solar, aparentemente, deve prejudicar o

bloco de internação e das oficinas. Apesar de estar localizado numa via com fluxo um

pouco intenso de veículos, os ruídos não comprometem as atividades.

Alguns elementos podem ser apontados como comprometedor na convivência

dos pacientes. A área externa poderia ser melhor desenvolvida afim de criar um

ambiente mais acolhedor e atrativo a permanência dos usuários. Não possui uma área

coberta no pátio externo para atividades de lazer, livres das intempéries. Não existe

cobertura na circulação entre a edificação principal e os outros blocos.

Outra questão é o acesso ser concebido somente para veículos. Não existe um

acesso exclusivo de pedestre. O estacionamento e a área de manobras estão

praticamente conjugadas a área de lazer. Poderia haver uma barreira para proteção dos

visitantes e usuários.

A acessibilidade é um ponto crítico. A escada descoberta (ver foto09) é a única

circulação ao pavimento superior (administrativo), impossibilitando o acesso dos

portadores de deficiência física e a deslocamento da equipe em dias chuvosos. No bloco

da internação, assim como nos outros alguns problemas de execução da obra, geraram

dificuldade de acessibilidade. Por exemplo, no acesso ao quarto, consultórios. No

entanto, os acessos dos usuários aos principais blocos ambientes foram garantidos (ver

foto10).

Foto 09: Escada de acesso a Foto 10: Rampa de acesso ao refeitório- CAPSad-A

Administração – CAPSad-A

Fonte: Autora, 2010 Fonte: Autora, 2010

43

A cor utilizada tanto no interior e exterior, branco e bege, respectivamente, dão

sensação de monotonia ao ambiente. Em conversa com a equipe, foi dito que faz parte

da proposta terapêutica a utilização de algumas paredes como atividade da oficina de

pintura, para os usuários imprimirem sua identidade na unidade.

Algumas questões de segurança foram pensadas, como: grades em todas as

esquadrias, portão no acesso a escada do pavimento superior, travamento simples nas

portas, evitando o uso de chaves, extintores de incêndio em toda unidade.

Com relação ao atendimento, o usuário no primeiro momento, é acolhido por

profissional preparado (psicólogo, psiquiatra, etc). Após o acolhimento o prontuário é

analisado pela equipe a fim de definir o tratamento necessário que, além das oficinas,

reuniões em grupo, ou atendimento individual, podem incluir medicamentos. Caso seja

necessário, o usuário pode ser internado por um período máximo de sete dias corridos

ou dez alternados. Esses pacientes também participam das oficinas e demais atividades,

e terão acompanhamento clínico diário. Os usuários que não ficarem internados

receberão um “programa” com os dias e horários que deverão comparecer a unidade.

Vale ressaltar que estão previstas realizações atividades externas nos centros

comunitários e religiosos, praças e quadras do bairro; assim como o uso da área da

unidade para eventos da comunidade - aspecto importante no processo de reinserção

social dos usuários.

Na visita, foi possível perceber a setorização do serviço, que é bem marcada pela

estrutura em blocos, assim como os fluxos e suas relações. Apesar da unidade não estar

em pleno funcionamento, permitiu avaliar como a unidade estabelece suas relações com

os usuários e a comunidade da região.

Ressalta-se, aqui, também, a importância da unidade que ampliou a prestação

dos serviços oferecidos as crianças e adolescentes com transtornos decorrentes do uso

de drogas no Estado da Bahia, suprindo parte da carência da assistência a saúde mental.

44

4.2 – CAPSad-B

A visita foi realizada no dia 13 de setembro de 2010 no período vespertino sob

acompanhamento de um técnico administrativo e uma enfermeira da unidade.

A unidade do CAPSad-B, situada no estado da Bahia, este em funcionamento

desde 13 de outubro de 2009. Seu atendimento é destinado a usuários de álcool de

drogas, sem restrições de idade ou sexo. Seu horário de funcionamento é de oito horas

às dezesseis horas, de segunda a sexta-feira. A média de atendimento/ dia é de trinta

usuários, sendo o quantitativo maior do sexo masculino, segundo os funcionários.

O corpo técnico é composto por médicos, farmacêutica, psicólogo, nutricionista,

técnicos de enfermagem, enfermeiras, terapeutas ocupacionais, administrativos,

assistente social e segurança.

A unidade foi implantada numa residência com dois pavimentos, varanda no

térreo e área externa com piscina. A estrutura é simples, alvenaria revestida com tinta

PVA, na cor azul. As esquadrias são de madeira com veneziana e vidro e cobogós no

pavimento superior. A cobertura é de telha cerâmica, no pavimento superior e na

varanda.

O acesso pode ser feito por dois portões de madeira; um para pedestre e outro

para veículos. Logo na entrada tem uma pequena área utilizada como estacionamento,

comporta no máximo três veículos. Voltada para o muro de entrada está o abrigo de

resíduos, com área separada para resíduo comum e infectante, cada qual com seu portão

em chapa metálico, interno externo.

Na lateral esquerda da edificação está disposta a única área livre da unidade.

Composta por uma pequena área gramada e árvores frutíferas e uma piscina.

Na varanda que dá acesso principal ao serviço, estão dispostas cadeiras de

espera, destacando a insuficiência de área na recepção. Segundo os funcionários, nos

dias de atendimento individual, a duas áreas são não comportam o número de usuários.

Na recepção tem um balcão de madeira, arquivo, duas longarinas e um

bebedouro. (ver foto11) O único sanitário dessa área é do sexo feminino, com porta

sanfonada de PVC, não é adaptado aos deficientes e não possui dimensões suficientes

para tal. Da recepção tem-se acesso a dois pequenos consultórios, dotados apenas de

uma mesa, cadeiras e arquivo. Do lado oposto está o corredor para onde estão voltados

os demais ambientes do serviço.

45

Foto 11: Recepção-CAPSad-B Foto 12: Observação-CAPSad-B

Fonte: Autora, 2010 Fonte: Autora, 2010.

A primeira sala é utilizada como observação. (ver foto12) Nela estão locadas

duas macas, uma mesa de apoio, armário, pia, e cadeira de rodas. Logo após encontram-

se mais dois consultórios (ver foto 13), um pouco maior que os outros, com o mesmo

mobiliário. Mais adiante esta a sala da coordenação e administração, com mobiliário de

escritório para 3 funcionários( coordenador e dois apoios administrativos). A sua frente

está copa, utilizada para refeições dos funcionários e armazenamento das refeições

recebidas para alimentação dos usuários. Seguida a copa está o sanitário masculino dos

usuários. (foto 14) Já no final do corredor está a farmácia, uma única área onde são

realizadas as atividades de dispensação, armazenamento e controle. A porta é protegida

por grade, por questão de segurança e é por onde ocorre a dispensação dos

medicamentos e a atenção farmacêutica aos pacientes.

Foto 13: Consultório –CAPSad-B Foto 14: Sanitário Masculino-CAPSad-B

Fonte: Autora, 2010 Fonte: Autora, 2010

46

No fundo da residência, possui uma área aberta, porém coberta, com bancada pia

e mesa retangular e cadeiras, com capacidade para 14 lugares. (foto15) Esta área é

utilizada como refeitório e para terapia em grupo ou reuniões. Ainda no fundo estão

localizados; o sanitário dos funcionários para ambos os sexos, um depósito e o

almoxarifado.

Foto 15: Refeitório-CAPSad-B

Fonte: Autora, 2010.

No pavimento superior, acessado através de uma escada externa está o salão das

oficinas. Essa sala também é utilizada para palestras ou apresentações, atividades físicas

ou reuniões da equipe. (foto 16)

Foto 16: Salão das Oficinas-CAPSad-B

Fonte: Autora, 2010.

O salão além da acessibilidade, apresenta dificuldades com relação a acústica do

ambiente, por conta dos cobogós nas fachadas. Os cobogós também dificultam o uso do

ambiente nas atividades de apresentação com equipamento de projeção, devido a

iluminação. Outro ponto questionável foi com relação ao uso nos dias chuvosos, as

47

aberturas não impedem a entrada da chuva no salão. No entanto a área é bem ventilada,

e favorável a prática de atividades físicas, segundo equipe.

No geral a estrutura é revestida com piso cerâmico de diversos tipos, em alguns

locais, como refeitório e sanitário de funcionários, o piso é cimentado. A pintura das

paredes externas é em tinta PVA, na cor azul e as internas na cor verde. Nas paredes dos

sanitários foi aplicado revestimento cerâmico. No pavimento térreo há presença de laje

em todos ambientes, exceto no refeitório, sanitário de funcionários e almoxarifado,

cobertos com telha de fibrocimento.

A edificação manteve a estrutura e os materiais de acabamento originais. O

estado de conservação dos materiais de acabamento denota que a edificação, na

implantação do serviço, não foi realizada nenhuma obra de melhoria.

Com relação ao conforto percebe-se que alguns ambientes como a sala de

observação, consultórios e administração foram prejudicados pela fachada poente. A

circulação só tem iluminação artificial e precária. Todos os ambientes, exceto como

copa, refeitório, sanitários, recepção e almoxarifado possuem instalação de ar

condicionado.

Como o serviço tem como vizinho uma fábrica de esquadrias, em alguns

momentos do dia as atividades são prejudicadas, por conta do ruído.

A acessibilidade se mostra presente nas rampas de acesso dos portões, na entrada

principal da edificação e no acesso ao sanitário do fundo da unidade (ver fotos 17 e 18).

No entanto, ficou comprometida pelos sanitários, que não foram adaptados aos

deficientes. E também no acesso a sala das oficinas, através de escada descoberta.

Foto 17: Rampa – entrada-CAPSad-B Foto 18: Rampa - Sanitário Func.-

CAPSad-B

Fonte: Autora, 2010 Fonte: Autora, 2010.

48

Foi interessante observar as dificuldades de adaptação de um imóvel existente e

de função diversa, a ser implantado um serviço de saúde. A começar podemos destacar

a diminuta área de convivência, e também para realização das atividades terapêuticas.

Em conversa com a equipe, elas relatam que muitas vezes são realizadas atividades

externas, por falta de espaço. Elas também evidenciaram a necessidade de uma sala

fechada para realização das terapias de grupo, hoje realizada na área do refeitório, sem

privacidade. Outra dificuldade, apontada pela equipe, foi a necessidade de controle por

conta do fluxo comum de acesso as áreas restritas a funcionários e acesso ao sanitário e

refeitório.

Outro ponto importante é ambientação local, de uma residência com jardim e

piscina, que neutraliza a imagem de uma instituição de saúde (como os hospitais

psiquiátricos)

Na visita pode-se perceber o quanto o espaço, reflete no funcionamento e

qualidade do serviço. Mas não podemos deixar de ressaltar, que independente das

dificuldades estruturais da unidade, a importância da assistência prestada à comunidade.

Segue nas figuras 06 e 07, a planta esquemática da configuração da unidade do

CAPSad-B.

49

Figura 06: Planta esquemática do CAPSad-B - Pav. Térreo

Fonte: Autora, 2010

ABRIGO RESÍDUO

ACESSO

PISCINA

CONSULT.

CONSULT.

CONSULT.

COORD./ ADM COORD./

ADM

SALA DE OBSERVAÇÃO

SANIT.

CONSULT.

ALMOX.

SANIT.

SANIT.

DML

FARMÁCIA

REFEITÓRIO

RECEPÇÃO

50

Figura 07: Planta esquemática do CAPSad-B - Pav.Superior

Fonte: Autora, 2010

ACESSO PAV. SUPERIOR

SALÃO DE OFICINAS

51

5.0 –RECOMENDAÇÕES ARQUITETÔNICAS PARA CAPSad

Com o objetivo de propiciar ambientes mais humanizados na assistência a saúde

mental dos usuários de álcool e drogas, foi elaborado um conjunto de diretrizes

projetuais destinados a uma melhor composição desses ambientes. Diante das

dificuldades inerentes a um número reduzido de informações sobre o tema, destaca-se a

importância das visitas aos serviços similares, assim como a opinião dos profissionais

da área, e suas vivências nesses espaços.

Portanto, as recomendações apresentadas a seguir estão relacionadas as

condições espaciais de conforto e segurança, dos usuários e funcionários dos CAPSad,

flexibilidade, plasticidade estruturação, programa, setorização e materiais de

acabamento dos CAPSad.

5.1 – FLEXIBILIDADE ESPACIAL

A configuração espacial dos ambientes destinados as atividades em grupo

(reuniões ou oficinas) devem ser espaços flexíveis. Essa flexibilidade se faz necessária

devido as diversas possibilidades de atividades realizadas nessas ambientes. Precisam

ser ambientes que permitam o uso de oficinas distintas, por exemplo, num momento de

costura e em outro momento torne-se sala multimídia. Por isso é importante a previsão

de instalações de hidráulica e elétrica, assim como as condições de conforto ambiental.

5.2 – MATERIAIS DE ACABAMENTO

O emprego de materiais resistentes, também esta relacionado a segurança dos

usuários, que nos momentos de crise podem tentar degradar. A escolha dos pisos, que

não devem ser escorregadios, está relacionada ao risco de acidentes. Para os outros

materiais de acabamento utilizados nos forros ou nos revestimentos das paredes, deve-se

considerar os aspectos relacionados a manutenção e seu custo para a Administração

Pública.

Outro aspecto importante é a estética. Não se pode deixar de lembrar da

humanização desses ambientes e tentar não repetir a imagem fria dos hospitais

52

psiquiátricos. A madeira, os pisos drenantes e materiais de revestimento laváveis são

algumas recomendações que podem ajudar atender esses requisitos.

5.3 – PLASTICIDADE

Assim como a escolha dos materiais, outro elemento pode contribuir na

ambientação dos CAPSad, as cores. O uso correto de cores ou painéis artísticos pode

estimular a criatividade ou proporcionar o relaxamento dos usuários.

Não se podem esquecer os cuidados a serem tomados com relação ao uso de

figuras, ou imagens abstratas ou até cores quentes, pois transmitir sensações

desagradáveis aos usuários a depender do seu distúrbio.

5.4 – INTEGRAÇÃO DO SERVIÇO

Um aspecto importante percebido durante as visitas foi a questão da integração

serviço X comunidade. Essa interação normalmente ocorre através do uso dos espaços

de convivência de ambos os lados. Então algo que tornaria mais produtiva essa

interação, seria que durante o projeto fosse discutido, dentro das possibilidades do

serviço, a implantação de áreas de interesse da população do bairro. Poderiam ser

praças, quadras, teatro, igrejas, etc.

Outra questão seria a previsão de ambientes onde os usuários pudessem

comercializar os trabalhos produzidos nas oficinas, seja de culinária, artesanato,

literatura, ou serviços como; sapateiro, chaveiro, etc.

5.5 – ATENÇÃO AOS FAMILIARES

Em conversa com profissionais da área, foi relatado que é cada vez maior o

número de crianças usuárias de álcool e outras drogas. A estrutura dos CAPSad deve

está preparada para essa demanda. Diante disso, deve-se observar as necessidades de

uma maior atenção com as mães que irão acompanhar seus filhos. A recomendação é

que sejam observadas as instalações destinadas a esses acompanhantes, lembrando da

humanização desse serviço. São ambientes como; instalações sanitárias, refeitório para

essa demanda, área no quarto de desintoxicação.

53

5.6 – ÁREAS LIVRES

Durante a pesquisa e as visitas ficou claro a importância das áreas de

convivência, o uso de áreas livres para as atividades terapêuticas. As recomendações são

que sejam espaços que proporcionem a integração, relaxamento. Que sejam flexíveis,

que de preferência possam ser exploradas por atividades distintas ao mesmo tempo.

Sabe-se que dificilmente o ambiente ideal será alcançado. Muitas instituições do

CAPSad são implantadas em edificações residenciais, sem estrutura e área livre

adequada. Faz-se necessário pensar na escolha desses locais, diante da importância dos

espaços livres no serviço.

5.7 – SETORIZAÇÃO E SEGURANÇA

A setorização das atividades é de fundamental importância para o controle e

segurança dos usuários. Algumas questões relacionadas a configuração espacial dos

ambientes na unidade podem contribuir para necessidade de aumento no número de

funcionários. A partir dos relatos, dos profissionais da área, observou-se a importância

da composição dos espaços livres, amplos utilizados pelos usuários nos momentos de

integração e recolhimento. No entanto a localização e organização desses espaços

devem ser avaliadas, de forma a não se tornarem ambientes totalmente isolados,

reclusos e que dificultem a observação dos usuários.

Outro ponto da configuração espacial dos serviços é tipo de edificação. O

pavimento térreo proporciona maior segurança e acessibilidade aos usuários.

Ainda com relação a segurança pode-se destacar alguns mecanismos como; os

sistemas simples de travamento das portas, sem uso de chave, e a possibilidade de

abertura das portas dos dois sentidos no caso de alguma intercorrência.

A seguir, desenvolve-se uma proposta de um programa e uma setorização para

os Centros de Atenção Psicossocial destinados aos usuários de Álcool e Drogas. A

proposta foi elaborada a partir dos dados fornecidos pela pesquisa, que serviram de

subsídio na caracterização dos espaços do CAPSad.

54

5.8 PROGRAMA E SETORIZAÇÃO

Para a elaboração do programa, a seguir, entre outros aspectos, levou-se em

consideração: as exigências mínimas do Ministério da Saúde, para implantação do

serviço, relacionada durante a pesquisa; a integração com a comunidade, através de

espaços que atraiam a comunidade para dentro da unidade; e a reinserção social, a partir

do desenvolvimento profissional dos usuários a serviço da comunidade. Segue a seguir

uma proposta de programa para implantação das unidades de CAPSad:

• Sala de espera e recepção;

• Sanitários para ambos os sexos, adaptados a deficientes físicos;

• Consultórios;

• Sala de grupo;

• Administração;

• Coordenação;

• Sala das Oficinas;

• Área de convivência e espaços alternativos (quadro de futebol, praça,

teatro ou anfiteatro, etc)

• Área para atividade comercial;

• Enfermaria ou quarto de desintoxicação;

• Sala de observação;

• Posto de Enfermagem;

• Farmácia;

• Refeitório;

• Copa;

• Almoxarifado;

• Vestiário/Sanitário funcionário;

• DML;

• Abrigo de resíduo;

Para o desenvolvimento do projeto arquitetônico, faz-se necessário a

compreensão dos setores e fluxos estabelecidos entre os diversos ambientes

55

contemplados no programa. A partir dos estudos e análises realizadas durante a

pesquisa, foi possível estabelecer uma setorização dividida em quatro blocos:

• O atendimento - setores onde ocorre o acolhimento do usuário;

• Atividades terapêuticas - os ambientes de convivência e realização de

atividades terapêuticas;

• A enfermaria – é o setor de assistência e internação;

• Apoio – engloba as atividades administrativas e apoio técnico.

E em seguida estabelecer suas relações como mostra o fluxograma abaixo.

FUNCIONÁRIO

RECEPCAO

CONSULTORIOSANITARIOPUBLICO

REFEITORIOAREA DE

CONVIVENCIA SALA DE OFICINAS

SALA DE GRUPO

USUÁRIO

FLUXOGRAMA GERAL

SANITARIOPUBLICO

CONSULTORIO SALA DE GRUPO

SALA DE OFICINAS

REFEITORIOAREA DE

CONVIVENCIA

RECEPCAO

FARMÁCIAFARMÁCIA

COPACOPAVEST/SANITFUNCIONÁRIO VEST/SANITFUNCIONÁRIO

DMLDMLADMINISTRAÇÃO/COORDENAÇÃO ADMINISTRAÇÃO/COORDENAÇÃO

ALMOXARIFADO ALMOXARIFADO ABRIGO DE RESIDUOS ABRIGO DE RESIDUOS

SALA DE OBSERVACAO

POSTO DE ENFERMAGEM

ENFERMARIA ENFERMARIA SALA DE

OBSERVACAOPOSTO DE

ENFERMAGEM

Figura 08: Fluxograma

Fonte: Autora, 2010

56

6.0 CONCLUSÃO

Esta pesquisa teve objetivo identificar o espaço arquitetônico dos CAPSad. Para

alcançar este objetivo, identificou como necessário um estudo teórico, a partir da

revisão de literatura e realização visitas técnicas.

Com a revisão de literatura foi possível levantar os aspectos relevantes em uma

breve evolução da saúde mental e seus espaços arquitetônicos. Além de uma breve

abordagem sobre os principais aspectos das drogas.

As visitas e análises das legislações pertinentes possibilitaram observar os espaços e

o funcionamento dos CAPSad implantados. Com isso, permitiu agrupar informações e

dados fundamentais a estrutura física desses serviços

Para obter as informações referentes aos objetivos específicos relativos ao

funcionamento, atividades e fluxo dos Centros de Atenção Psicossocial a usuários de

Álcool e Drogas, primeiramente foi necessário compreender o processo da reforma

psiquiátrica e suas interferências no modelo de assistência a saúde mental. Ainda como

parte desse estudo, destacou-se a ambientação dos serviços de saúde e as políticas de

humanização.

Num segundo momento, a pesquisa abordou as características das drogas,

tratamentos e ações de prevenção, o que serviu de base para o entendimento dos

serviços destinados aos dependentes químicos. Em outro momento, destacou-se o

serviço em si, as regulamentações existentes, os ambientes necessários e suas

necessidades.

As visitas também foram fundamentais no processo de coleta desses dados, e no

levantamento das diretrizes projetuais para elaboração de novas unidades de saúde

mental aos usuários de álcool e drogas, como parte do objetivo desse trabalho. A

definição dessas diretrizes baseou-se nas contribuições que a estrutura física pode trazer

aos serviços de atenção a saúde mental. Durante o estudo ficou clara a influência dos

espaços no funcionamento e qualidade desses serviços, e o estímulo que esses

ambientes podem proporcionar na reinserção social dos usuários.

Espera-se que esse estudo venha colaborar com arquitetos e demais projetistas na

elaboração de projetos e reformas, não só dos serviços destinados aos usuários de álcool

e drogas, mas aos serviços de saúde mental em geral, e que o trabalho sirva de estímulo

para novas investigações de temas afins.

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REFERÊNCIAS

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