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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ENFERMAGEM LÁZARO SOUZA DA SILVA CONTRIBUIÇÃO DA RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM PARA AS ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES SALVADOR 2016

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ......Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, como

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA DE ENFERMAGEM

LÁZARO SOUZA DA SILVA

CONTRIBUIÇÃO DA RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM PARA AS

ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES

SALVADOR

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ......Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, como

LÁZARO SOUZA DA SILVA

CONTRIBUIÇÃO DA RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM PARA AS

ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Mestre, área de concentração “Gênero, Cuidado e Administração em Saúde”, Linha da Pesquisa “Organização e Avaliação dos Sistemas de Cuidados à Saúde”. Orientadora: Profª Drª Josicelia Dumêt Fernandes Co-orientadora: Profª Drª Rosana Maria de Oliveira Silva

SALVADOR

2016

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Processamento Técnico, Biblioteca Universitária de Saúde,

Sistema de Bibliotecas da UFBA S586 Silva, Lázaro Souza da.

Contribuição da residência em enfermagem para as organizações hospitalares / Lázaro Souza da Silva. - Salvador, 2016.

81 f. : il.

Orientadora: Profa. Dra. Josicelia Dumêt Fernandes. Coorientadora: Profa. Dra. Rosana Maria de Oliveira Silva.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Escola de Enfermagem, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 2016.

1. Internato e residência. 2. Capacitação de pós-graduação em enfermagem - Internato não médico. 3. Enfermagem - Especialização. 4. Hospitais de ensino. 5. Capacitação profissional. 6. Capacitação em serviço. 7. Qualidade da assistência à saúde. I. Fernandes, Josicelia Dumêt. II. Silva, Rosana Maria de Oliveira. III. Universidade Federal da Bahia. Escola de Enfermagem. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. IV. Título.

CDU: 616-083

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LÁZARO SOUZA DA SILVA

CONTRIBUIÇÃO DA RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM PARA AS

ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de

Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de

Mestra, área de concentração “Gênero, Cuidado e Administração em Saúde”. Linha de

pesquisa “Organização e Avaliação dos Sistemas de Cuidados à Saúde”.

Aprovado em: 25 de fevereiro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Josicélia Dumêt Fernandes _______________________________________________

Doutora em Enfermagem e Professora da Universidade Federal da Bahia

Giselle Alves da Silva Teixeira ____________________________________________

Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia

Gilberto Tadeu Reis da Silva _____________________________________________

Doutor em Ciências e Professor da Universidade Federal da Bahia

Larissa Chaves Pedreira _________________________________________________

Doutora em Enfermagem e Professora da Universidade Federal da Bahia

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ......Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, como

DEDICATÓRIA

Aos meus Pais, Marialina e Erivan, ao meu irmão Paulo Ícaro e a minha noiva Jaqueline,

pelo incentivo, compreensão e apoio incondicional.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ......Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, como

AGRADECIMENTOS

A Deus pela minha vida e por guiar meus passos auxiliando-me a transformar dificuldades em

lições.

Aos meus familiares, em especial ao meu Pai Erivan, minha Mãe Marialina e meu irmão

Paulo Ícaro, pelo apoio, amor, carinho e força durante toda a minha vida.

Ao amor da minha vida, Jaqueline, por entender e apoiar cada passo e cada ausência nesse

caminho, dando-me força com suas palavras e colaborando com um grande poder de

resolutividade diante das dificuldades enfrentadas no dia a dia.

À minha orientadora, Profª Drª Josicélia Dumêt Fernandes, pela orientação, aprendizado e

confiança depositada em mim e na conclusão desse trabalho.

À minha co-orientadora, Profª Drª Rosana Maria de Oliveira Silva, pela virtude da paciência,

da sabedoria e do conhecimento, conduzindo a co-orientação como a arte de ensinar.

Aos membros da Banca examinadora pela disponibilidade de tempo e conhecimento ao

contribuírem para o enriquecimento deste estudo: Profº Drº Gilberto Tadeu, Profª Drª Larissa

Chaves Pedreira e Drª Giselle Teixeira.

Aos Grupos de Pesquisa EXERCE e GEPASE pelas discussões e trocas de experiência,

aprendizado, amizades e oportunidades de crescimento como pessoa e como profissional.

Às Gestoras e aos Gestores das Organizações Hospitalares, que disponibilizaram seu tempo

para realização das entrevistas desse estudo, sem vocês esse estudo não seria possível.

Às Organizações Hospitalares, parceiras desse estudo, pelo acolhimento.

Aos amigos e amigas do mestrado, pelas palavras de incentivo ao vivenciar a experiência no

primeiro ano do curso. Ao corpo docente e secretários do Programa de Pós-Graduação em

Enfermagem da Universidade Federal da Bahia pela experiência e apoio.

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AGRADECIMENTO ESPECIAL

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo

compromisso firmado em minha qualificação profissional e pelo apoio financeiro por meio da

bolsa concedida.

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SILVA, Lázaro Souza da. Contribuição da Residência em Enfermagem para as Organizações Hospitalares. 2016. 81 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Escola de Enfermagem, Universidade Federal da Bahia. 2016.

RESUMO

O estudo enfoca a contribuição do programa de residência multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as organizações hospitalares. O objetivo geral consiste em analisar as contribuições do programa de residência multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as organizações hospitalares. Como objetivos específicos, tem-se: caracterizar as organizações hospitalares que são cenários de treinamento em serviço para enfermeiras do curso residência multiprofissional e em área profissional da saúde; e identificar as contribuições dos programas de residência multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as organizações hospitalares. Trata-se de um estudo exploratório, com abordagem qualitativa, cujo método utilizado foi a entrevista semiestruturada. O estudo foi realizado em quatro organizações hospitalares que são cenários de treinamento em serviço para as residentes no município de Salvador, no estado da Bahia. Constituíram-se participantes dessa pesquisa quatro gestores responsáveis institucionalmente pela concessão dos cenários de prática para o treinamento em serviço do programa. Utilizou-se como instrumento de coleta das informações um roteiro, que foi aplicado na entrevista semiestruturada, gravada e submetida à Análise de Conteúdo de Bardin. As contribuições do programa de residência multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as organizações hospitalares na perspectiva do gestor, identificadas nesse estudo, revelam que ela promove mudanças nos cenários de treinamento em serviço pois mobiliza as enfermeiras dos cenários para o aperfeiçoamento profissional, melhora a qualidade da assistência, e forma profissionais qualificados para a organização hospitalar formadora e para o mercado de trabalho. Concluo que a melhoria da qualidade da assistência prestada e a formação de profissionais qualificado foram as contribuições mais significativas para as organizações hospitalares. Ademais, os dois maiores objetivos do programa de residência para o Sistema Único de Saúde (SUS) foram alcançados, pois o programa de formação para profissionais da saúde contribui significativamente para que ocorram mudanças positivas no cenário da assistência em saúde. Justifica-se, portanto, o investimento dos ministérios e das organizações conveniadas. Palavras-Chave: Internado não Médico. Especialização. Enfermagem.

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SILVA, Lázaro Souza da. Residency Program's contribution and Nursing for Hospital Organizations. 2016. 81 f. Dissertação (Master's degree in nursing). Nursing School of the Federal University of Bahia. 2016.

ABSTRACT The study focuses on the contribution of multidisciplinary residency program and professional health nursing for the hospital organizations. The general objective is to analyze the contributions of the multidisciplinary residency program and professional health nursing for the hospital organizations. The specific objectives are: to characterize the hospital organizations that are training scenarios in service for nurses of multi-residence course and the health and professional; and identify the contribution of multidisciplinary residency programs and occupational health nursing for the hospital organizations. It is an exploratory study, with a qualitative approach, and the method used was semi-structured interview. The study was conducted in four hospital organizations that are training scenarios in service for residents in the city of Salvador, in the state of Bahia. It is constituted as participants of this research four institutional managers responsible for granting the practice scenarios for the program. It was used as a tool for collecting information a road map, which was applied to the semi-structured interview, recorded and submitted to Bardin Content Analysis. The contributions of the multidisciplinary residency program and professional health nursing for the hospital organizations in the perspective of the manager, identified in this study, reveal that it promotes changes in training scenarios in service, by mobilizing nurses’ scenarios for professional development, improves the quality of care, and so qualified for forming hospital organization and the labor market. I conclude that the improvement of care quality and training of skilled professionals were the most significant contributions to the hospital organizations. Otherwise, the two major goals of the residency program for the Brazil's Unified Public Health System (SUS) have been achieved, because the training program contributes significantly to occur positive changes in the health care setting. That justifies therefore the ministries and the partner organizations investment. Key-words: Internship, Nonmedical. Specialization. Nursing.

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SILVA, Lázaro Souza da. La contribución de la Residencia en Enfermería para las Organizaciones Hospitalarias. 2016. 81 f. Dissertação (Maestría en Enfermería). Escuela de Enfermería de La Universidade Federal de Bahia. 2016.

RESUMEN

El estudio se centra en la contribución del programa de residencia multidisciplinar y enfermería de salud profesional para las organizaciones hospitalarias. Tiene como objetivo general analizar las contribuciones del programa de residencia multidisciplinar y enfermería de salud profesional para las organizaciones hospitalarias. Los objetivos específicos son: para caracterizar las organizaciones hospitalarias que están entrenando escenarios en el servicio para las enfermeras, por supuesto, múltiples residencia y el de la salud y profesional; identificar la contribución de los programas de residencia multidisciplinarios y enfermería de salud ocupacional para las organizaciones hospitalarias. Se trata de un estudio exploratorio con abordaje cualitativo, el método utilizado fue la entrevista semi-estructurada. El estudio se realizó en cuatro organizaciones hospitalarias que están entrenando escenarios en el servicio para residentes en la ciudad de Salvador, en Bahía. Constituían los participantes de esta investigación cuatro gerentes institucionales responsables de la concesión de los escenarios de práctica para el programa. Fue utilizado como una herramienta, para la recopilación de información, de una hoja de ruta, que se aplicó a la entrevista semiestructurada, grabado y presentado a Bardin Análisis de Contenido. Las contribuciones del programa de residencia multidisciplinar y de enfermería profesional de la salud para las organizaciones hospitalarias en la perspectiva del gerente, identificado en este estudio revelan que: promueve cambios en los escenarios de formación en servicio desde moviliza enfermeras escenarios para el desarrollo profesional y mejora la calidad de la atención, por lo que se clasificó para la formación de la organización hospitalaria y el mercado laboral. Mi conclusión es que la mejora de la calidad asistencial y la formación de profesionales cualificados fueron los aportes más significativos a las organizaciones hospitalarias. Además, los dos principales objetivos del programa de residencia para el Sistema Único de Salud (SUS) se han alcanzado, porque el programa de formación contribuye significativamente a ocurrir cambios positivos en el ámbito de la atención de la salud. Justifica, por lo tanto, la inversión de los ministerios y de las organizaciones asociadas. Palabras-Clave: Internado no Médico. Especialización. Enfermería.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Caracterização das Organizações Hospitalares, quanto a esfera

administrativa, número de leitos por especialidades, cenários de

prática do programa de residência e tempo que participa do

programa de residência Salvador, Bahia, 2016.

39

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Categoria I – Mudanças no cenário de prática e as subcategorias,

segundo as participantes. Salvador, Bahia, 2016

36

Figura 2 – Categoria II – Mudanças no cenário de prática e as subcategorias,

segundo as participantes. Salvador, Bahia, 2016

37

Figura 3 – Síntese das categorias e subcategorias relacionadas à

contribuição do programa de residência multiprofissional e em

área profissional da saúde em enfermagem para as organizações

hospitalares, segundo os gestores. Salvador, Bahia, 2016

41

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABEN Associação Brasileira de Enfermagem

ABRASCO Associação Brasileira de Saúde Coletiva

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CNRMS Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde

CNS Conferência Nacional de Saúde

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

CONARENF Comissão Nacional de Residência em Enfermagem

COREMU Comissão de Residência Multiprofissional e Área Profissional da

Saúde

COREN Conselho Regional de Enfermagem

DEGES Departamento de Gestão da Educação na Saúde

EXERCE Grupo de Estudos e Pesquisa em Ética/Bioética, Educação e

Exercício da Enfermagem

GEPASE Grupo de Estudo e Pesquisa em Administração dos Serviços de

Enfermagem

INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social

MEC Ministério da Educação e Cultura

MS Ministério da Saúde

LBA Legião Brasileira de Assistência

PPREPS Programa de Preparação Estratégica de Pessoal de Saúde

RMS Residência Multiprofissional em Saúde

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RH Recursos Humanos

RHS Recursos Humanos em Saúde

SisCNRMS Sistema da Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde

II SNRMS II Seminário Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde

SNRMS Sistema Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 16

2 O PROGRAMA DE RESIDÊNCIA COMO MODALIDADE DE

FORMAÇÃO DE ENFERMEIRAS PARA O SUS

20

2.1 POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA O SUS 20

2.2 PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E EM ÁREA

PROFISSIONAL DA SAÚDE EM ENFERMAGEM

22

2.3 CONTRIBUIÇÕES DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E EM

ÁREA PROFISSIONAL DA SAÚDE EM ENFERMAGEM

27

3 METODOLOGIA 29

3.1 TIPO DO ESTUDO 29

3.2 LOCAL DO ESTUDO 30

3.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO 30

3.4 COLETA DAS INFORMAÇÕES 30

3.4.1 Instrumento da coleta 30

3.4.2 Procedimento de coleta 32

3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA 33

3.6 FINANCIAMENTO DA PESQUISA 34

3.7 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES 34

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA EMPÍRICA 38

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES 38

4.2 CATEGORIAS EMPÍRICAS 41

4.2.1 Categoria I - Promove mudanças nos cenários de treinamento em serviço 41

4.2.1.1 Subcategoria I - Melhora a qualidade da assistência 42

4.2.1.2 Subcategoria II - Mobiliza enfermeiras dos cenários para o aperfeiçoamento

profissional

43

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4.2.2 Categoria II - Formação de profissionais qualificados 45

4.2.2.1 Subcategoria I - Para a organização hospitalar formadora 45

4.2.2.2Subcategoria II - Para o mercado de trabalho 47

CONSIDERAÇÕES FINAIS 49

REFERÊNCIAS 52

APÊNDICE A - REVISÃO DA LITERATURA - ARTIGO DE REVISÃO

SISTEMÁTICA

58

APÊNDICE B - MATRIZ PARA CARACTERIZAÇÃO DAS

ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES

71

APÊNDICE C - INSTRUMENTO DE COLETA DAS INFORMAÇÕES 72

APÊNDICE D - CARTA CONVITE 73

APÊNDICE E - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

75

ANEXO I - Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa 77

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1 INTRODUÇÃO

Primeiramente, cumpre apresentar que esse estudo tem como objetivo analisar as

contribuições do Programa de Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde

em Enfermagem para as organizações hospitalares.

A Residência em Enfermagem pode ser Multiprofissional ou em Área Profissional da

Saúde, regulamentada em 2005 com a publicação da Lei nº 11.129 (BRASIL 2005),

apresenta-se como uma estratégia de formação de recursos humanos em saúde, que visa o

treinamento em serviço para aquisição de domínio técnico e científico de uma determinada

área de conhecimento, bem como atender às necessidades de recursos humanos para o

Sistema Único de Saúde (SUS) (CARGOBIM, et al, 2010; GOULART, et al, 2012).

O curso de residência em enfermagem surgiu no Brasil, na década de 70, visando

complementar a formação da enfermeira recém-graduada, para responder às demandas do

mercado de trabalho (SILVA, 2013), expandindo primeiro na região sudeste e, logo após, em

todo país.

A expansão dos cursos de residência, desencadeou uma série de conferências, oficinas

e seminários, promovidos pela Associação Brasileira de Enfermagem e pelo Conselho Federal

de Enfermagem sobre a temática, a partir da percepção de que muitos cursos estavam sendo

estruturados com equívocos, de forma que dificilmente confeririam título de especialista às

enfermeiras (CARBOGIM, et al, 2010).

A preocupação em discutir os programas de residência em enfermagem ocorreu ao se

perceber que muitas enfermeiras eram absorvidas pelas organizações de saúde como mão-de-

obra menos custosa por auferir baixa renda, do que como profissionais que necessitavam

aperfeiçoar suas práticas. Fator este, de certo, prejudicial à qualidade da formação.

Nesse sentido, o programa de residência em enfermagem habilita a enfermeira por

meio da articulação entre o conhecimento teórico e prático, pela formação em serviço em

organizações de saúde com vistas ao desenvolvimento e funcionamento do SUS, por abranger

áreas de conhecimento voltadas à produção da atenção integral ao usuário e considerar o

perfil epidemiológico de cada região brasileira (CECCIM, 2009).

Sob tal ótica, os cursos de especialização na modalidade residência para enfermeiras

devem priorizar conteúdos, estratégias e cenários de aprendizagem, inseridos nas Redes de

Atenção à Saúde, bem como os princípios do SUS, para possibilitar transformações nas

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práticas de saúde com o envolvimento da gestão, atenção, formação, descentralização e

participação social (GOULART, 2012).

Nessa perspectiva, Silva (2010) adverte que o SUS tem como desafios garantir acesso

com qualidade em tempo oportuno a todos os cidadãos brasileiros; proporcionar a distribuição

de profissionais em diversas regiões, atendendo assim ao princípio da descentralização;

estimular abertura de novos cursos e programas de residência; e eliminar a desarticulação do

trabalho multiprofissional nos serviços de saúde.

A Política de Recursos Humanos proposta pelo SUS, em 2005, regulamentou os

programas de residência multiprofissional e em área profissional da saúde, ampliando o

número de vagas e bolsas.

Segundo o Sistema da Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde

(SisCNRMS) (BRASIL 2012a), existem atualmente no Brasil, um total de 273 programas,

desses, 179 são de residência multiprofissionais e 94 de residência em área profissional. O

Estado da Bahia, especificamente, oferece 10 programas (BRASIL, 2014).

Ainda com base nos dados do SisCNRMS, em relação ao número de cursos, existem

no Brasil, 973 cursos de Residência multiprofissional e em área profissional de saúde. Na

Bahia, esse número é de 36 cursos. Em se tratando do número de bolsas, existem 1.480 bolsas

disponíveis para enfermeiras em todo Brasil e disponibilizadas 110 para o Estado da Bahia

(BRASIL, 2014).

Contudo, fazendo uma análise dos editais nº 17 e nº 18 de 2011, nº 28 de 2013 e nº 32

de 2014, percebemos que o número de programas de residência para enfermeiras em 2011 era

de 145 Programas; em 2013, subiu para 286 programas; e, em 2014, caiu para 273 programas.

Todavia, houve ampliação no número de bolsas de 1.118 para 1.480. No Estado da Bahia, por

sua vez, a quantidade de programas aumentou de 07 para 10 e o número de bolsas seguiu o

mesmo acréscimo: partindo de 82 para 110 bolsas. (BRASIL, 2014).

Pode-se inferir, através dos dados do último edital analisado em nível nacional, que,

mesmo com o investimento constante do governo e da parceria interministerial do Ministério

da Educação e Ministério da Saúde, houve ampliação do número de bolsas para os cursos de

residência, porém retração no número de programas de residência. Fato que nos suscita a

pensar quais as razões que poderiam levar as instituições formadoras a não mais oferecerem o

curso, partindo do pressuposto da valiosa contribuição do mesmo para os residentes, egressos

e serviços.

As contribuições dos programas de residência se conectam, ademais, ao papel dos

gestores responsáveis pelo gerenciamento de recursos humanos das organizações hospitalares,

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no sentido de articular a oferta de campos de práticas – para a formação de recursos humanos

para o SUS – e a qualificação de profissionais.

Lemos e Rocha (2011) afirmam que a gestão dos cursos de residência para

enfermeiras possui papel fundamental, cabendo-lhes a melhoria contínua da qualidade por

meio da captação de recursos e incentivos à formação especializada de profissionais.

Objetiva-se, assim, atender às necessidades de sua organização e do SUS ao qualificar

profissionais em saúde, sendo esta uma contribuição intrínseca dos cursos de residência.

Diante da expressiva importância que se faz um Programa de Residência, o qual

envolve diversas parcerias para sua realização, dentre as quais tem-se o Ministério da

Educação e da Saúde, as Instituições de Ensino Superior e Organizações de Saúde, as

enfermeiras residentes, por sua vez, têm o papel de prestar uma atenção assistencial

qualificada e integral, contribuindo para qualidade dos serviços de saúde.

Partindo desse panorama que revela a importância do Curso de Residência em

Enfermagem, o estudo se justifica pelo fato de apresentar uma realidade ainda pouco

conhecida e examinada.

Para tanto, foi realizada uma revisão sistemática da literatura (APÊNDICE A), que

resultou em 20 (vinte) artigos. Os estudos de Carbogim, et al (2010) e Maxwell (2011)

revelam conhecimentos já construídos sobre a visão do residente e seu ingresso no mercado

de trabalho, evidenciando as contribuições dos cursos de residência, na vida profissional das

egressas em enfermagem. Relatam estas que os cursos de residência foram fundamentais para

a qualificação profissional e para aquisição de empregos mais valorados no mercado de

trabalho.

Goulart (2012) e Anderson, Hair e Todero (2012) trazem à tona a percepção das

enfermeiras como preceptoras nos cenários de prática que relatam o aprendizado profissional

proporcionado através da atualização de novas técnicas e estudos pelo programa de residência

e também contribuições relacionadas ao reconhecimento profissional.

São evidenciadas ainda as contribuições no saber profissional das enfermeiras egressas

do curso de residência, no aprofundamento do conhecimento técnico/científico, no

desenvolvimento de maior segurança na realização das técnicas assistenciais, que leva a uma

prestação da assistência de forma integral, humanizada e à formação de um profissional mais

capacitado para atuar nos processos de trabalho em saúde (SILVA, et al, 2014; CHEADE, et

al, 2013).

Observamos que os estudos existentes não avançam com objetividade em relação às

contribuições do curso de residência multiprofissional e em área profissional da saúde em

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enfermagem para as organizações hospitalares. Nesse sentido, podemos afirmar que não há

estudos que revelem essas contribuições.

Dessa forma, entende-se que a falta de informações sobre as contribuições do curso de

residência para as organizações hospitalares, relacionada à necessidade no aumento no

número de programas e vagas, dificulta a continuação desse programa de formação de

recursos humanos para o SUS, de forma eficaz e com maiores impactos acadêmicos e sociais.

Através da elucidação desse problema, foi levantada a seguinte questão de pesquisa:

Quais as contribuições do Programa de Residência Multiprofissional e em área profissional da

saúde em enfermagem para as organizações hospitalares?

Para alcance de respostas a esse questionamento, foram traçados os seguintes

objetivos.

Objetivo Geral:

Analisar as contribuições do programa de residência multiprofissional e em área

profissional da saúde em enfermagem para as organizações hospitalares.

Objetivos Específicos:

- Caracterizar as organizações hospitalares que disponibilizam cenários de treinamento

em serviço para enfermeiras do curso de residência multiprofissional e em área profissional da

saúde.

- Identificar as contribuições dos programas de residência multiprofissional e em área

profissional da saúde em enfermagem para as organizações hospitalares.

- Descrever as contribuições dos programas de residência multiprofissional e em área

profissional da saúde em enfermagem para as organizações hospitalares.

Espera-se, com este estudo, evidenciar as contribuições do programa de residência

multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as organizações

hospitalares, a fim de fortalecer estratégias que visem a ampliação, com qualidade, do número

de programas de Residência.

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20

2 O PROGRAMA DE RESIDÊNCIA COMO MODALIDADE DE FORMAÇÃO DE

ENFERMEIRAS PARA O SUS

2.1 POLÍTICA DE FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA O SUS

Na década de 1980, com o processo nacional de redemocratização, surgem mudanças

conjunturais que refletiram no campo da educação e da saúde, atingindo consequentemente a

enfermagem.

A criação do SUS, nesta mesma década, gerou enorme impacto em todo cenário

político-social do país e, com isso, começou a vir à tona a discussão sobre a formação de

recursos humanos para saúde.

Segundo Gonçalves (1993), Recursos Humanos é tudo aquilo que se refere aos

trabalhadores da saúde em sua relação com o processo histórico de construção do SUS. Posto

isso, a noção de recursos humanos será definida, no presente trabalho, como todas as

atividades associadas à capacitação de profissionais – em formação ou não – dentro da

organização hospitalar (MORICI, 2011). Correlaciona-se, também, com Gestão de Pessoas1,

já que a área de Recursos Humanos deixou de ser um simples departamento de pessoal para

funcionar como um agente de transformação em uma organização (SOVIENSKI; STIGAR,

2008).

Em consonância com Paim (1994), a noção de Recursos Humanos em Saúde (RHS)

começou a ser estudada a partir dos anos 1960 e, apenas na metade da década de 1970, é

possível identificar o progressivo processo de institucionalização da área. Nessa década,

destaca-se a experiência obtida no Programa de Preparação Estratégica de Pessoal de Saúde

(Ppreps), que teve como propósitos centrais a capacitação de pessoal de nível médio

elementar e o apoio à criação de sistemas de desenvolvimento de recursos humanos para a

saúde nos estados.

1“A Gestão de Pessoas é caracterizada pela participação, capacitação, envolvimento e

desenvolvimento do bem mais precioso de uma organização, que nada mais é do que as pessoas que a

compõe, cabendo-lhe a nobre função de humanizar as empresas” (SOVIENSKI, STIGAR, 2008, pág.

54).

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21

A área de RHS teve pequena relevância no período anterior à formação do SUS,

aparecendo como questão de menor repercussão no sistema de saúde nacional. No entanto, é

possível afirmar que a área passa a adquirir maior nitidez com a organização da VIII

Conferência Nacional de Saúde (VIII CNS) e que a estruturação da área de RHS seguiu as

recomendações expostas na VIII CNS (FIOCRUZ, 2005).

A VIII CNS, realizada em 1986, foi um marco na história das conferências nacionais

de saúde, principalmente pela criação do SUS e construção dos seus princípios, consagrados,

posteriormente, com a Constituição Federal de 1988.

Em 1990, são aprovadas as leis nº 8.080/90 e 8.142/90 que definem os objetivos e

atribuições do SUS. Dentre os principais objetivos dos SUS, está a ordenação da formação de

recursos humanos na área da saúde. Permitiu-se daí indagar o efeito dos novos requisitos

propostos sobre as exigências de formação/qualificação profissional dos trabalhadores da

saúde.

Cumpre destacar que o movimento da Reforma Sanitária trouxe a urgência de se

pensar a força de trabalho em saúde tanto no seu aspecto de gestão como sobre a formação

dos trabalhadores. Com esse entendimento, a VIII CNS apontou como desdobramento a

necessidade de um fórum que discutisse e engendrasse propostas e demandas relativas aos

RHS. Foi encaminhada, então, a realização de uma conferência em nível nacional sobre os

recursos humanos em saúde.

A I Conferência Nacional de Recursos Humanos em Saúde ocorreu no mesmo ano da

VIII CNS seguindo suas recomendações. Como pautas principais foram discutidas a falta de

incentivos para a qualificação profissional, a própria visão burocrática da área de RH, a baixa

remuneração dos trabalhadores e as desfavoráveis condições de trabalho (BRASIL, 1993).

Por sua vez, a II Conferência Nacional de Recursos Humanos para a Saúde, realizada

em 1993, apresentou como principal pauta a ausência de uma política de RH que

contemplasse um plano de cargos, carreira e salário no sentido de favorecer a implantação do

SUS (FIOCRUZ, 2005).

Em meio às discussões ocorridas na década de 1990 sobre Recursos Humanos para o

SUS, a publicação da Política Nacional de Recursos Humanos para o SUS só veio a ocorrer

no ano de 2002 (FIOCRUZ, 2005).

A Política de Recursos Humanos para SUS representa escolhas sobre cursos de ação e

procedimentos que interessam à razão pública e a determinadas noções de bem estar público –

social e econômico – e de boa convivência. Tais questões se relacionam com a regulação da

distribuição de diversos bens.

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Esses referidos bens são descritos como o conjunto de perfil de Recursos Humanos

oferecidos aos usuários dos serviços de saúde: empregos, salários, remunerações, incentivos,

oportunidades de carreira e formação avançada oferecidos pelo sistema de utilização;

oportunidades educacionais e de acesso ao sistema das profissões, tanto no sentido individual,

quanto no coletivo (BRASIL, 2003).

Em seu bojo, a política ainda traz estratégias de intervenções para formação e

preparação para o trabalho em saúde ao citar, os pólos de capacitação para saúde da família, a

formação de nível superior com o programa de incentivos a mudanças curriculares, a

capacitação para gestão e gerência e a educação continuada.

Descreve, ademais, o incentivo à construção de novos programas concernentes à

especialização de profissional.

No próximo capítulo trazemos o aspecto histórico da criação do Programa de

Residência Multiprofissional em saúde e sua conformação atual.

2.2 PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E EM ÁREA

PROFISSIONAL DA SAÚDE EM ENFERMAGEM

A Residência em Enfermagem, de acordo com o Art. 2º da Resolução COFEN nº

259/2001, configura-se na modalidade de pós-graduação Lato Sensu destinada a enfermeiras e

caracterizada por desenvolver competências técnico-científica e ética decorrentes do

treinamento em serviço (BRASIL, 2001).

O primeiro Programa de Residência na área da Enfermagem surgiu na década de 1970

e, diferente da Residência Médica, teve uma evolução mais lenta, expandindo-se com maior

ênfase somente nos meados desta década (CARBOGIM, et al, 2010).

Nesse movimento de acompanhar as novas tendências do mercado de trabalho, junto à

expansão industrial e à grande expansão da Residência Médica, na década de 1970, foram

criados sete cursos de Residência de Enfermagem nas seguintes instituições: Universidade

Federal de Pernambuco (1974); Universidade Federal Fluminense (1975); Instituto Nacional

de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) (1976); Escola Nacional de Saúde

Pública da Fundação Oswaldo Cruz; Hospital Barros Barreto, no Pará (1977); Universidade

Federal da Paraíba; e Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1978) (LOPES, 1999).

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Diante do aumento expressivo dos cursos, junto à inexistência de legislação e/ou

critérios normatizadores, no ano de 1978, a Associação Brasileira de Enfermagem (seção Rio

de Janeiro) realizou o primeiro seminário sobre residência em enfermagem, com o objetivo de

aprimorar a prática profissional na área de especialização prevista e elevar o padrão da

assistência prestada (JUSTINO, et al, 2010).

Na década de 1990, surgiram outras residências em Enfermagem, particularmente, em

São Paulo que era considerada grande centro de referência para especialidades. Desse modo,

com a expansão dos cursos de residência, no ano de 1994, em Salvador, foi realizada, pela

Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), uma Oficina de Trabalho com tema:

“Residência de Enfermagem no Brasil”. Não obstante, houve posicionamentos céticos por

parte dos participantes que achavam que a residência serviria para suprir déficits da graduação

e de pessoal do hospital, não causando mudanças que impactassem na saúde dos indivíduos

(CARBOGIM, et al, 2010).

Contudo, nesta oficina, foi elaborado um documento com propostas e diretrizes e, no

mesmo ano de 1994, no Seminário Nacional do Sistema COFEN/CORENs, foi redigido um

projeto de lei para regulamentar a residência, o qual foi encaminhado ao Congresso Nacional

para apreciação (AGUIAR; MOURA; SÓRIA, 2004; CARGOBIM, 2010).

Até então não havia uma Lei que regulamentasse o Programa de Residência em

Enfermagem no Brasil. Existia sim o Projeto nº. 2.264 de 1996 que estabeleceu a residência

de enfermagem como um programa específico que seja capaz de abranger a assistência, a

educação em saúde, a administração e investigação científica.

No ano de 2001, o COFEN publicou a Resolução nº 259/2001, a partir da qual fica

concedido o título de especialista às profissionais enfermeiras egressas dos Programas de

Residência em Enfermagem que cumpram as determinações de seu texto: realização de cursos

com duração mínima de 18 meses, correspondendo a um total mínimo de 2.960 (duas mil

novecentos e sessenta) horas, em regime não inferior a 40 horas semanais, assegurando 20%

da carga horária total semanal para atividades teóricas.

Ainda com a intenção de melhorar a regulamentação dos Programas de Residência

Nacional, o COFEN, em 2003, aprovou o Regimento Interno da Comissão Nacional de

Residência em Enfermagem (CONARENF) por meio da decisão nº 064/2003 que tem por

finalidade orientar e estabelecer normas para o efetivo cumprimento da Resolução do COFEN

(CARBOGIM, 2010).

Frente às discussões para regulamentação dos Programas de Residência, à publicação

da política nacional de recursos humanos para o SUS em 2002, e diante da notável

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contribuição já sensíveis nas experiências que ocorriam, houve expansão e melhoria dos

programas de residências para a área da Enfermagem em 2005.

Nesse ano, foi criada a Residência em Multiprofissional e em Área Profissional da

Saúde pela publicação da Lei nº 11.129 que instituiu a Comissão Nacional de Residência

Multiprofissional em Saúde (CNRMS), dando início ao processo de regulamentação da

Residência Multiprofissional em Saúde (RMS).

Foram elaboradas, então, pelo Ministério da Saúde (MS) e por meio do Departamento

de Gestão da Educação na Saúde (Deges), as portarias que regulamentam a Lei e que

subsidiam o financiamento das RMS.

A RMS foi instituída, em novembro de 2005, pela Portaria Interministerial MEC/MS

nº 2.117; e a Portaria Interministerial nº 2.118 formalizou a ação articulada entre o Ministério

da Educação e o Ministério da Saúde, com vistas a criar estratégias para formar profissionais

aptos para trabalhar e comprometidos com o Sistema Único de Saúde (SUS), na busca da

integralidade. Ela instituiu a cooperação técnica entre os dois ministérios para a formação e

para o desenvolvimento de RHS. (BRASIL, 2006; CHEADE, et al, 2013).

Concomitante à regulamentação da Lei, o Deges intensificou também um processo de

socialização e ampla discussão sobre o tema com a participação do Ministério da Educação

(MEC) e do Conselho Nacional de Saúde (CNS).

O I Seminário Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde, realizado em

dezembro de 2005, teve como escopo iniciar o processo de reflexão e debate, partindo do

relato das experiências dos programas já financiados pelo Ministério da Saúde, a fim de

avançar na obtenção de subsídios. Aduziu os seguintes temas: estratégias para a construção da

multidisciplinaridade; construção de diretrizes nacionais para a residência multiprofissional

em saúde; composição da Comissão Nacional de RMS (CNRMS) com representações,

número de integrantes, acompanhamento e avaliação; e criação do Sistema Nacional de

Residência Multiprofissional em Saúde (SNRMS), que permitirá o registro das instituições,

dos programas e dos profissionais residentes, bem como a gestão do sistema (BRASIL 2006).

Este movimento teve continuidade em 2006, quando o Deges, em parceria com o CNS

e com o Fórum de Residentes Multiprofissionais em Saúde, iniciou a realização de seminários

regionais para discutir a RMS e dar seguimento ao seu processo de regulamentação.

O tema principal dos seminários regionais foi a definição da composição e das

atribuições da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS).

Baseou-se, como ponto de partida das discussões, no relatório produzido pelo I Seminário

Nacional (BRASIL, 2006).

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Todos esses seminários serviram de preparatória para o II Seminário Nacional de

Residência Multiprofissional em Saúde (II SNRMS), em que foi apresentado como produto

de longos debates, a composição da CNRMS.

A dimensão político-institucional desse movimento é dada a partir da implantação da

Comissão Nacional de Residências Multiprofissionais, o que, por um lado, aprofundaria a

relação com o MEC e, por outro, consolidaria o campo da gestão da educação como estratégia

fundamental em busca de alternativas que levassem à consolidação do SUS. Paralelo a isso o

Deges se reorganizava no sentido de dar conta da ampliação do número de projetos

pleiteantes de apoio do MS. Este esforço objetivou manter e estabelecer novas parcerias com

as instituições de ensino e as secretarias de saúde interessadas em formar profissionais

habilitados para o trabalho em equipe (BRASIL, 2006).

A ampliação do número de projetos de RMS, construídos pelas várias regiões do País,

apresentava significativas diferenças no valor residente por programa, financiado pelo MS.

Para estabelecer um padrão de análise dos programas afinados com a Política Nacional

de Educação para o SUS, o Deges elaborou critérios de análise a serem observados na

acreditação destes projetos com base na legislação vigente. Com os novos critérios de análise,

tendo como base as peculiaridades dos sistemas de saúde locorregionais, pretendeu-se

valorizar a estratégia pedagógica com foco na qualidade do processo de aprendizagem dos

residentes inseridos nos serviços, além de racionalizar a construção dos projetos por meio da

definição mais clara das funções de cada um dos parceiros quanto ao desenvolvimento e

financiamento (BRASIL 2006).

Nesse sentido, os Programas de RMS existentes no Brasil, regulamentados como Pós-

Graduação Latu Sensu, intentam o rompimento com os paradigmas da formação de

profissionais para o SUS, bem como auxiliam na qualificação dos serviços de saúde ofertados

às comunidades.

Seguindo por essa perspectiva, é possível aduzir que ela se apresentou como uma

estratégia do Estado com vistas a instituir um arsenal de profissionais com perfil para

modificar práticas atuais e para criar uma nova cultura de intervenção e de entendimento da

saúde, no âmbito da implantação do SUS, por meio da formação em serviço (GOULART, et

al, 2012).

Esses programas externam uma variedade de desenhos metodológicos, mas todos, em

uníssono, defendem a utilização de metodologias ativas e participativas e a educação

permanente como eixo pedagógico (BRASIL, 2006).

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A especialização em formato de Residência foi regida pela publicação da Portaria

Interministerial nº 45, de 12 de janeiro de 2007, que foi revogada pela Portaria

Interministerial nº 1077, de 12 de novembro de 2009. Esta, por sua vez, foi alterada pela

Portaria Interministerial nº 1.224, de 03 de outubro de 2012 (BRASIL, 2007, 2009, 2012b).

Em 2010, a CNRMS lançou duas resoluções definindo carga horária, duração das

residências, organização, funcionamento e atribuições da Comissão de Residência

Multiprofissional e Área Profissional da Saúde (COREMU). Atualmente os Programas de

Residência Multiprofissional em Saúde e em Área Profissional da Saúde têm a duração

mínima de dois anos, equivalente a uma carga horária mínima total de 5760 (cinco mil,

setecentos e sessenta) horas, desenvolvidas com 80% da carga horária total, sob a forma de

atividades práticas e com a mesma remuneração de bolsa independente da área profissional

(BRASIL, 2010a, 2010b, 2012b).

Somado a isso, a intrínseca característica da interdisciplinaridade confere caráter

inovador aos programas, demonstrado, principalmente, por meio da inclusão de catorze

categorias profissionais da saúde. Este modo de operar a formação intercategorias visa a

formação coletiva inserida no mesmo campo de trabalho sem deixar de priorizar e respeitar os

núcleos específicos de saberes de cada profissão (ROSA; LOPES, 2010).

Com tal iniciativa, a atenção multiprofissional se fortalece no que concerne à atenção

integral à saúde, já que o ser humano é um ser completo que necessita de assistência de forma

geral e contextualizada com os diversos conhecimentos específicos de cada profissão.

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2.3 CONTRIBUIÇÕES DA RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E EM ÁREA

PROFISSIONAL DA SAÚDE EM ENFERMAGEM

O Programa de Residência Multiprofissional e em área profissional da saúde, inserido

na Política Nacional de Recursos Humanos para o SUS e disposta na Constituição Federal,

traz contribuições relevantes e necessárias para a efetiva implementação do SUS ao capacitar

profissionais requeridos pelo novo sistema de saúde.

Nesse sentido, a criação de novos cursos de residência multiprofissional e em área

profissional da saúde em enfermagem, contribui por disponibilizar profissionais qualificados

para os serviços de saúde.

Em um estudo realizado por Silva et al (2014), foi revelado que o curso de

especialização para enfermeiras, ao aprofundar o conhecimento técnico/científico, e

embasamento teórico na realização das práticas, aumenta a segurança no desenvolvimento de

técnicas assistenciais inerentes ao seu trabalho, favorece a prestação da assistência com visão

para além do biológico, e forma profissionais proficientes para atuarem no processo de

trabalho assistencial.

Olson-Sitki, Wendler e Forbes (2012) do mesmo modo relataram contribuições

voltadas a melhorar a comunicação com os médicos, pacientes e familiares no que concerne

ao apoio por outras enfermeiras na unidade; à gestão do tempo; ao preparo para completar as

responsabilidades do trabalho; ao saber o que fazer para com pacientes terminais; à delegação

de tarefas priorizando o atendimento ao paciente; e ao crescimento das oportunidades de

praticar habilidades.

Foi relatado o retorno dos residentes para as organizações hospitalares que foram

cenários de treinamento e um aumento do pensamento crítico, da socialização, da capacidade

de gerir o stress e das habilidades para resolver problemas. Com efeito, desenvolve a

qualidade dos cuidados de enfermagem (HERDRICH; LINDSAY, 2006; JOHNSON, et al.,

2013).

É importante reconhecer, o papel de destaque assumido pelos cursos de residência em

enfermagem como processos de formação de RHS para o SUS, que se deve principalmente à

grande quantidade de mão de obra requerida para a execução das atividades assistenciais e

gerenciais, considerando que a assistência se organiza em torno do trabalho de profissionais

especializados (MORICI, 2011).

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Fica evidente a importância e o significado que os programas de residência trazem

para o desenvolvimento profissional a fim de prestarem uma assistência integral, humanizada

e pautada nos princípios do SUS.

Todas essas contribuições são frutos e essência do programa de residência e não

seriam viáveis sem a inserção e a participação de uma rede de serviços que se configuram

como centros formadores. Eles são cenários de treinamento em serviço onde são empregados

esforços para que se desenvolvam, por diferentes tipos de profissionais, atividades técnicas,

de pesquisa, de formação e de gestão, concomitantes com a prestação de serviço aos usuários

da rede de serviços.

A consolidação do SUS tem exigido, dos cursos de residência em comento, a

identificação e a definição de estratégias para a resolução dos problemas de recursos humanos

(RH), junto às organizações de saúde, indicando também a necessidade de fortalecimento das

práticas e de buscar novas estratégias para melhor qualificação dos profissionais da saúde.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 TIPO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo exploratório com abordagem qualitativa. A pesquisa qualitativa

é capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos,

às relações e às estruturas sociais – essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua

transformação. “Além de permitir desvelar processos sociais ainda pouco conhecidos

referentes a grupos particulares, propicia a construção de novas abordagens, revisão e criação

de novos conceitos e categorias durante a investigação” (MINAYO, 2013, p.24).

A escolha em adotar a pesquisa qualitativa originou-se do fato de que o significado das

contribuições do curso de residência multiprofissional e em área profissional da saúde em

enfermagem para as organizações hospitalares não pode ser reduzido a uma operacionalização

de variáveis.

Segundo Triviños (2009); Marconni e Lakatos (2010), os estudos exploratórios

proporcionam uma familiaridade do pesquisador com o problema. Eles têm como finalidade

esclarecer conceitos e ideias e proporcionam ao pesquisador uma visão geral de determinados

fatos. Contrariamente aos aspectos desvirtuadores da percepção do pesquisador, permitem que

a realidade seja percebida tal como ela é, e não como o pesquisador pensa que seja.

A pesquisa exploratória, de acordo as concepções tradicionais, tem por fim o

refinamento dos dados da pesquisa, sendo realizada com a finalidade precípua de corrigir o

viés do pesquisador, aumentando o grau de objetividade da própria pesquisa e tornando-a

mais consentânea com a realidade.

Utiliza-se tal tipo de pesquisa para estudar fenômenos que nunca foram investigados

ou foram pouco estudados (TRIVINOS, 2009). Nesse sentido, ao analisar as contribuições do

curso de residência, o estudo exploratório proporcionará maior familiaridade com o objeto de

estudo, com vistas a torná-lo explícito.

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3.2 LOCAL DO ESTUDO

O estudo foi realizado nas quatro organizações hospitalares que são cenários de

treinamento em serviço do curso de residência multiprofissional e em área profissional da

saúde em enfermagem no município de Salvador-Bahia.

A Organização 1 é uma organização de esfera privada, a Organização 2 é uma

organização filantrópica e as Organizações 3 e 4 são organizações públicas.

3.3 PARTICIPANTES DO ESTUDO

Constituíram-se participantes dessa pesquisa quatro gestores de organizações

hospitalares, responsáveis institucionalmente, por um período mínimo de um ano, pela

concessão dos cenários do treinamento em serviço para o curso de residência

multiprofissional e em área profissional da saúde. Não houve exclusão de nenhum gestor.

Todos os quatro gestores são graduados há mais de 10 anos na área de saúde com pós-

graduação lato e stricto sensu, dentre eles uma é enfermeira, e são responsáveis

institucionalmente pelo programa de residência há mais de dois anos.

3.4 COLETA DAS INFORMAÇÕES

3.4.1 Instrumento da coleta

Foram utilizados como instrumentos para a coleta das informações dois instrumentos:

um formulário e um roteiro.

O formulário foi utilizado para caracterização das Organizações Hospitalares, a saber:

esfera administrativa, número de leitos por especialidade, especialidades contempladas com o

programa de residência e o período total da parceria com o programa de residência

(APÊNDICE B).

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O roteiro, por sua vez, foi utilizado como guia da entrevista semiestruturada com três

questões norteadoras inerentes ao objeto do estudo: Como o(a) Senhor(a) percebe a formação

do programa de residência para Enfermeiras? Como o programa de residência é desenvolvido

nesta organização de saúde? A partir de sua experiência como gestor desta organização, relate

as contribuições do programa de residência para as organizações hospitalares? (APÊNDICE

C).

Elegeu-se a entrevista semiestruturada por considerá-la parte de questionamentos

básicos apoiados em teorias e pressupostos que interessam à pesquisa. Em seguida, elas

oferecem amplo campo de interrogativas, frutos de novas questões que vão surgindo à medida

que se recebe a resposta do informante. Nela, o entrevistado tem a possibilidade de discorrer

sobre o tema proposto, sem se prender a uma indagação previamente formulada (MINAYO,

2013).

Outrossim, a entrevista semiestruturada estimula a fala dos participantes e permite a

aquisição de respostas com conteúdo que realmente reflete o objeto investigado, consistindo

em um procedimento com maior flexibilidade para possíveis intervenções. Possibilita, então,

uma investigação mais ampla sobre o objeto de estudo (BARDIN, 2011; GIL, 2008).

Segundo Minayo (2013), as informações oriundas das entrevistas tratam da reflexão

do participante entrevistado sobre a realidade que vivencia, representando ideias, crenças,

maneiras de pensar, opiniões, sentimentos, maneiras de atuar, condutas profissionais e

pessoais, razões conscientes ou inconscientes de determinadas atitudes e comportamento.

Assim, a entrevista semiestruturada se adequa ao objeto de estudo pelo fato de

proporcionar ao participante uma fala livre sobre o tema, sendo apenas guiado por um roteiro

de questões que o pesquisador deseja abordar, as quais estão fundamentadas nos objetivos da

pesquisa.

A técnica de entrevista deu-se com o auxílio instrumental do gravador digital. As falas

gravadas foram, a partir de então, transcritas, com aquiescência dos participantes.

Desse modo, viabilizou-se a análise das informações sobre as contribuições da

residência em enfermagem para as organizações hospitalares, proporcionada pela riqueza dos

relatos.

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3.4.2 Procedimento de coleta

O procedimento de coleta se deu, primeiramente, com o pedido, feito através de uma

carta convite enviada aos participantes, para que eles contribuíssem com o estudo,

contemplando o objetivo do estudo, sua justificativa, a relevância e a metodologia

(APÊNDICE D).

A coleta das informações foi realizada após o encaminhamento do projeto para o

comitê de ética para apreciação e posterior aprovação. Com a resposta positiva da entidade,

houve a aproximação com os participantes da pesquisa. Não houve a necessidade de

reformulação do instrumento.

Tal aproximação ocorreu através de visita às organizações hospitalares que foram

cenários de treinamento dos cursos de residência para enfermeiras. Para identificação dos

gestores, me direcionei primeiramente à coordenação dos programas de residência e à

diretoria geral das organizações hospitalares. Nestes locais, me informaram quais seriam tais

profissionais.

Com a identificação dos profissionais responsáveis, realizei uma breve apresentação

do projeto com diálogo formado no momento da abordagem e entrega da carta convite.

Após aceite na participação, as entrevistas foram marcadas e a coleta das informações

ocorreu entre os dias 19 de novembro e 07 de dezembro do ano de 2015.

O local para as entrevistas foi escolhido por cada participante, assegurado o critério de

privacidade e o horário de disponibilidade para a sua realização, evitando a possibilidade de

interrupção por terceiros. Aconteceram no próprio ambiente de trabalho, em local reservado,

mediante a sua prévia autorização por escrito.

Na entrevista, utilizei uma abordagem que englobou o respeito à individualidade e à

autonomia dos participantes, bem como o acesso a informações acerca não apenas da sua

participação como também a respeito da avaliação de benefícios, da relevância da pesquisa e

da possibilidade de interrupção a qualquer momento.

No momento inicial, foi lido o roteiro da entrevista, explicado seus objetivos e sua

natureza, sendo garantido aos participantes que os seus nomes e os locais da entrevista

ficariam em sigilo.

Após os esclarecimentos, solicitei aquiescência para a gravação por meio de um

gravador digital, visando o registro de todas as informações da narrativa e de toda a

subjetividade possível.

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Muito embora as gravações tenham sofrido algumas interrupções por ruídos, não

houve prejuízo na sua qualidade. Ao término da entrevista, solicitei aos participantes que

ouvissem as gravações para que pudessem verificar e concordar com o que fora dito.

A duração total das entrevistas foi de aproximadamente 60 minutos, havendo

necessidade, em algumas, de minha intervenção para a continuidade da narrativa. Apenas uma

precisou ser remarcada por impossibilidade do participante no dia agendado.

3.5 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

Por se tratar de um estudo envolvendo seres humanos, a pesquisa foi realizada

atendendo às diretrizes e respeitando a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde

(CNS) que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos. Assim, previamente solicitei a

autorização às Organizações Hospitalares para realização do estudo. O desenvolvimento deu-

se com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sendo o estudo apreciado e aprovado

sob o protocolo CAAE 47743915.0.0000.0049 (ANEXO I).

Os participantes foram entrevistados após apresentação, assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido e anuência para gravação da entrevista. Os benefícios da

pesquisa foram relatados e o anonimato dos participantes foi garantido, sendo assegurados,

ainda, os princípios bioéticos da Resolução 466/12 da autonomia, da beneficência, da não

maleficência e da justiça.

No intuito de adotar tais princípios, a aplicação do instrumento de coleta de dados teve

os seguintes procedimentos: 1. A emissão do parecer de autorização pelo Comitê de Ética em

Pesquisa; 2. A prestação de todas as informações necessárias aos participantes da pesquisa,

retirando quaisquer dúvidas em relação à natureza do estudo, seus objetivos, métodos,

benefícios e a possibilidade de desistência em qualquer momento; 3. A assinatura do Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE E) pelos participantes, permitindo sua

participação voluntária na pesquisa, documento que possuiu duas vias, uma para o

participante e a outra com o pesquisador.

Segundo a Resolução 466/12 o Consentimento Livre e Esclarecido é:

A anuência do sujeito da pesquisa e / ou de seu representante legal, livre de vícios

(simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação, ou intimidação, após

explicação completa e pormenorizada sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos,

métodos, benefícios previstos, potenciais de riscos e o incômodo que esta possa

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acarretar, formulada em um termo de consentimento, autorizando sua participação

voluntária na pesquisa (BRASIL, 2012c, p. 2).

As entrevistas e os dados serão guardados por cinco (05) anos, nos arquivos virtuais

do Grupo de Estudo e Pesquisa em Administração dos Serviços de Enfermagem (GEPASE) e

do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ética/Bioética, Educação e Exercício de Enfermagem

(EXERCE), e poderão ser utilizadas para outros estudos vinculados ao grupo.

Os participantes foram identificados pela letra “G”, referente a “Gestor”,

acompanhados de uma letra de “A” a “D”, para preservação do anonimato. Não houve

beneficiários financeiros diretos ou indiretos.

3.6 FINANCIAMENTO DA PESQUISA

A pesquisa foi financiada com recursos de bolsa concedida pela Coordenação de

Pessoal de Nível Superior (CAPES) no período de março de 2014 a fevereiro de 2016.

3.7 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

Para organização e análise das informações, foram concluídas 06 horas e 25 minutos

de transcrição das entrevistas, com a utilização do software profissional Windows Media

Player®, para controle de playback de áudio. O software possui a função de adequar o tempo

da narrativa com o tempo do entendimento e da digitação, o que facilitou a audição das falas

gravadas e a correção de erros, com vistas em manter fidelidade das narrativas.

Posteriormente, foram seguidas as fases/passos para a análise do conteúdo e das

informações extraídas.

Para a análise das informações, utilizamos a técnica de Análise de Conteúdo do tipo

categorial. Para classificar os elementos em categorias, é preciso identificar o que eles têm em

comum, permitindo seu agrupamento. Esse tipo de classificação, chamada de análise

categorial, propicia a redução da complexidade de um conjunto de textos, podendo ser

aplicada no exame de documentos escritos ou discursos, em transcrições de entrevistas e em

questionários (BARDIN, 2011).

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Nesta investigação, a análise de conteúdo nos possibilitou a apropriação dos núcleos

de sentido e significados, a fim de analisar as contribuições do curso de residência

multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as organizações

hospitalares.

Com isso, após a coleta, deu-se a fase de organização, análise e interpretação.

A análise constituiu-se de três fases de acordo com Bardin (2011). Na primeira fase, a

de pré-análise, foi feita uma leitura flutuante do conteúdo das entrevistas transcritas, com o

intuito de averiguar se todas guardariam relação com o objetivo da pesquisa. Na sequência,

destacou-se das entrevistas, baseando-se nos objetivos do estudo, as prováveis unidades de

contexto identificando quais os temas que foram abordados, no sentido de constituir um

corpus que represente a organização do material coletado.

Na segunda fase ou fase de codificação/exploração do material, as entrevistas foram

sistematicamente trabalhadas com a identificação das unidades de contexto, o que permitiu

uma descrição exata das características pertinentes do conteúdo. A promoção da melhoria da

qualidade da assistência foi a unidade de contexto mais significativa. Posteriormente, fez-se a

codificação e a definição das categorias e subcategorias, organizando, assim, as unidades de

contexto definidas.

Nesta fase foi realizada releituras exaustivas de todo o conteúdo do corpus da

pesquisa, buscando suas similaridades, representatividades e significados. Iniciou-se com a

identificação e a apreensão das unidades de contexto, ou seja, parágrafos do corpus que

representarão as contribuições do curso de residência multiprofissional e em área profissional

da saúde em enfermagem para as organizações hospitalares. Paralelamente, identificamos os

temas que emergiram.

Para tanto, obedecemos aos padrões de base que dão rigor à análise de conteúdo: a

exaustividade, ou seja, o alcance da saturação por meio da utilização de todo o conteúdo das

entrevistas até não haver mais nenhum tipo de informação nova; a representatividade do

conteúdo, que foi respeitado para expressar o universo escolhido; a homogeneidade, buscando

dentro da singularidade do conteúdo das entrevistas as similitudes que existiram e a

pertinência do seu conteúdo ao objeto e objetivos propostos, como orientação para atender a

imprevisibilidade do que foi encontrado.

As unidades de contexto foram, em seguida, organizadas, sendo colocadas em uma

tabela de análise constituída de três colunas. A primeira enumerando-as, a segunda com as

unidades de análise destacadas das narrativas e a terceira para identificar o tema que emergiu

para serem codificadas. Prosseguindo, agrupei essas unidades por similaridade de temas e,

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36

posteriormente, em unidades temáticas distribuídas em duas categorias e quatro subcategorias,

possibilitando a análise da pesquisa.

Consideramos na definição destas categorias os critérios de qualidade enunciados por

Bardin (2011): a excludência, ou seja, um mesmo elemento não compor mais de uma

categoria; a homogeneidade, por meio da utilização de elementos que guardaram similaridade

de sentidos; a pertinência ao objetivo do estudo; a objetividade, através da utilização de

códigos diferentes; a fidelidade ao conteúdo que foi narrado; e a produtividade.

Na primeira categoria – promove mudanças nos cenários de treinamento em serviço –

foram incluídas unidades temáticas nas quais os gestores narram as mudanças ocorridas nos

cenários de prática. Desta categoria emergiram 02 (duas) subcategorias, apresentadas na

figura 1 abaixo.

Figura 1 - Categoria I - Promove mudanças nos cenários de treinamento

em serviço e as subcategorias, segundo as participantes. Salvador, Bahia,

2016.

Fonte: dados da pesquisa empírica.

Na segunda categoria - Formação de profissionais qualificados - foram incluídas

unidades temáticas nas quais os gestores relataram a formação de profissionais qualificados

para as organizações hospitalares formadoras e para o mercado de trabalho. Desta categoria

emergiram 02 (duas) subcategorias, apresentadas na figura 2.

PROMOVE MUDANÇAS NOS CENÁRIOS DE TREINAMENTO

EM SERVIÇO (PMCTS)

Melhora a qualidade da

assistência (PMCTSmqa)

Mobiliza as enfermeiras dos

cenários para o

aperfeiçoamento profissional

(PMCTSmecap)

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Figura 2 - Categoria II - Formação de profissionais qualificados e as

subcategorias, segundo as participantes. Salvador, Bahia, 2016.

Fonte: dados da pesquisa empírica.

Por fim, na terceira fase, foi feito o tratamento dos resultados com inferência e

interpretação dos mesmos que, segundo Bardin (2011), refere-se ao procedimento analítico

propriamente dito, ou seja, à atribuição de sentidos e à análise qualitativa das categorias.

Esta etapa foi realizada mediante interpretação dos resultados, considerando a revisão

da literatura adotada nesta investigação, e inferências, fundamentadas na literatura adotada

neste estudo, em consonância com o objeto e com a experiência do pesquisador na área da

educação. A análise de conteúdo permite fazer inferências sobre informações encontradas,

permitindo que se ultrapassasse o caráter meramente descritivo e alcance o caráter analítico.

FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS QUALIFICADOS (FPQ)

Para a organização hospitalar

formadora

(FPQfpohf)

Para o mercado de trabalho

(FPQpmt)

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA EMPÍRICA

Apresentamos como resultado desse estudo as contribuições do programa de residência

multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as organizações

hospitalares, em duas categorias de análise e respectivas subcategorias: 1 - Promove

mudanças nos cenários de treinamento em serviço - melhora a qualidade da assistência e

mobiliza as enfermeiras dos cenários para o aperfeiçoamento profissional; 2 - Formação de

profissionais qualificados - para a organização hospitalar formadora e para o mercado de

trabalho.

Inicialmente, apresentamos a caraterização das organizações hospitalares para

possibilitar ao leitor uma visão geral das organizações hospitalares que oferecem cenários de

treinamento para o Programa de Residência.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES

Caracterizamos as organizações hospitalares de acordo com as variáveis: esfera

administrativa, cenários de treinamento para o programa de residência, e tempo em que é

participante do programa de residência, dispostas no Quadro 1.

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Quadro 1 – Caracterização das Organizações Hospitalares, quanto a esfera

administrativa, cenários de treinamento para programa de residência e tempo

em que é participante do programa de residência. Salvador, Bahia, 2016.

Nº Esfera Administrativa

Cenários de

treinamento para o

programa de

residência

Tempo em que é

participante do

programa de

residência

Organização 1 Privado Unidade de Cuidados

Intensivos

12 anos (Programa em

Área Profissional da

saúde)

Organização 2 Filantrópico

Oncologia

Unidade de Cuidados

Intensivos

3 anos (Programa

Multiprofissional)

Organização 3 Público

Unidade de Cuidados

Intensivos

Hemodinâmica

Acolhimento com

Classificação de Risco

7 anos (Programa

Multiprofissional)

Organização 4 Público

Psiquiatria

Pediátrico

Unidades

Ambulatoriais e

Clínica em Saúde do

Adulto, Criança e

Mental

5 anos (Programa

Multiprofissional)

Fonte: CNES/DATASUS, 2015 e Dados da Pesquisa.

Das organizações hospitalares que participaram dos Programas de Residência para

enfermeiros, segundo a esfera administrativa, duas são de natureza pública, uma privada e

uma filantrópica localizadas no município de Salvador, no estado da Bahia.

Segundo a Constituição Federal de 1988, em comunhão com os princípios e as

diretrizes do SUS, as organizações públicas de saúde têm a responsabilidade de formar

recursos humanos capacitados para atenderem a demanda assistencial dos usuários de sua

rede de atendimento.

Nesse sentido, a Residência é uma modalidade de formação profissional que objetiva

fortalecer e qualificar as redes de serviços para produção da atenção integral ao usuário

(CECCIM, 2005).

Orofino (2010), em seu estudo, identificou que os programas de residências são

oferecidos em organizações da rede pública, privada e filantrópica, em diversas estruturas de

ensino e relações com a rede de serviços de saúde.

Em relação ao número de leitos, as organizações que oferecem o treinamento em

serviço, a maioria são de grande porte e ofertam atendimento de média e alta complexidade e

as unidade que oferecem o maior número de vagas para a alocação de residentes são os

serviços de tratamento intensivos, seguido da área ambulatorial e clínica.

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Esse fato deve-se pelo campo de terapia intensiva ser um setor de elevada

complexidade, que exige mão de obra especializada, caracterizado pelo cuidado técnico, de

alta qualidade e complexidade, fundamentado no monitoramento permanente, na assistência

contínua e na incorporação de tecnologias – contexto que demanda contínua qualificação

(SANTANA; FERNANDES, 2008; AGUIAR et al, 2014).

Tal ambiente se caracteriza pela gravidade e instabilidade dos pacientes, pela

diversidade de processos, trabalho e rotinas, pela avançada estrutura física e tecnológica e

pela constante interação multiprofissional. Processo de trabalho este que demanda maior

competência técnico-científica para a tomada de decisão rápida e assertiva, bem como para

viabilizar a assistência multiprofissional. (AGUIAR et al, 2014).

Esse panorama pode justificar a demanda maior pelos cursos de residência em terapia

intensiva se comparados com a dos outros cursos. Achado tal que pode ser corroborado ao

estudo de Santos, Whitaker e Zanei (2007) que revelaram que uma das áreas de especialização

para enfermeiras de maior demanda foi a de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva

(UTI) de pacientes adultos. Busca-se, com isso, atender as exigências do mercado de trabalho,

em seu contexto constante inovação tecnológica; outrossim, reflete-se a expansão da rede de

serviços para usuários em situação crítica como uma das prioridades da estrutura

governamental.

A maioria das organizações participantes oferecem a residência na modalidade

multiprofissional há mais de cinco anos, o que permite acreditar que são programas

consolidados, que englobam residentes de diversas áreas de conhecimento com a finalidade de

atender aos princípios e diretrizes da integralidade da atenção e da intersetorialidade do SUS

(ARAUJO, 2010).

Ademais, com o intuito de evitar a fragmentação da assistência e de potencializar a

terapêutica, há uma tendência para a formação multiprofissional advinda de diferentes

modelos de organização de atenção à saúde, que teve seu valor reforçado seu valor, no Brasil,

a partir das diretrizes para o exercício no SUS (ARAUJO, 2010).

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4.2 CATEGORIAS EMPÍRICAS

Neste item, apresentamos e analisamos as categorias que emergiram do estudo, fruto

da análise de conteúdo, conforme síntese na figura 3.

Figura 3 – Síntese das categorias e subcategorias relacionadas à contribuição da

residência multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as

organizações hospitalares, segundo os gestores. Salvador, Bahia, 2016.

Fonte: dados da pesquisa empírica.

4.2.1 Categoria I – Promove mudanças nos cenários de treinamento em serviço

Nessa categoria, expomos, como contribuição a promoção de mudanças nos cenários

de treinamento em serviço, a melhora na qualidade da assistência prestada e a mobilização

dos enfermeiros dos cenários em busca de aperfeiçoamento profissional.

Tais resultados coadunam com os dois maiores objetivos do programa de residência

referidos por Martins, et al (2010), Ceccim e Pinto (2007): qualificar a formação de

profissionais da saúde e contribuir significativamente para que mudanças positivas

acontecessem no cenário da assistência em saúde no SUS, justificando o investimento

financeiro interministerial e das organizações associadas.

PROMOVE MUDANÇAS NOS

CENÁRIOS DE TREINAMENTO

EM SERVIÇO (MCTS)

Melhora a

qualidade da

assistência

(PMCTSmqa)

Mobiliza

enfermeiras dos

cenários para o

aperfeiçoamento

profissional

(PMCTSmecap)

FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS

QUALIFICADOS (FPQ)

Para a

organização

hospitalar

formadora

(FPQpohf)

Para o mercado

de trabalho

(FPQpmt)

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4.2.1.1 Subcategoria I – Melhora a qualidade da assistência

A melhoria da qualidade da assistência foi referida pelos gestores como mudança que

ocorreu no cenário de treinamento em serviço, em virtude do Programa de residência, como

pode ser exemplificado pelas falas:

“A gente percebe uma melhora na qualidade da assistência [...]”. (G-

A)

“[...] os programas de ensino são vetores de qualidade para a

instituição [...] a gente tem uma equipe na assistência mais

qualificada e isso acaba tendo reflexo na assistência direta pro

paciente”. (G-C)

“[...] para a qualidade da assistência ela é fundamental”. (G-B)

“[...]o residente ele vai ver situações que ele vai trazer pontos a

serem melhorados”. [...] ganho para o paciente porque ele está com

um profissional mais reflexivo, que ele não está com um profissional

que está só mecanizando o método”. (G-D)

Todos os gestores afirmaram que a presença do residente na equipe promove a

qualidade da assistência prestada. Tal fato, corroborado por Ceccim, et al, (2010), em seus

estudos conecta-se, ademais, ao desempenho dos profissionais, ao seu processo de trabalho e

à cultura organizacional que desenvolve toda a equipe, demanda comprometimento,

disciplina, esforço crescente e mantém o foco nas pessoas.

Além disso, com a residência, as organizações adquirem profissionais seguros para o

desenvolvimento das atividades, que se integram à equipe, proporcionando melhores

condições de trabalho (HADDAD, 2012). Elementos esses que são desenvolvidos ao longo do

curso com o objetivo de assegurar os cuidados de saúde.

Nesse sentido, a enfermeira qualificada pelo curso de residência mostra-se crítica,

fundamentada teoricamente, capaz de analisar as informações disponíveis e de liderar a

equipe com habilidade e segurança (RHODES, et al, 2013; WELDING, 2011; GOODE, et al,

2013; ANDERSON, 2009; PINE; TART, 2007; GOODE, et al, 2009; VARNER; LEEDS,

2012).

O Programa de residência promove a qualidade da assistência de enfermagem pelo

elevado grau de formação dos residentes, a fim de atenderem as exigências de grandes centros

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do país (FRANCO; BARROS; NOGUEIRA-MARTINS, 2005; HADDAD, 2012), ao

articularem o ensino e serviço.

O programa de residência, pautado na política de formação de recursos humanos,

trouxe contribuições ao SUS por elevar o número de profissionais qualificados e capacitados

para suprir necessidades da assistência em saúde (ALMEIDA, FERRAZ, 2008).

Fica evidente a importância e o significado que os programas de residência trazem

para formação de profissionais, a fim de prestarem uma assistência integral, humanizada e

pautada nos princípios do SUS.

Vale ressaltar, também, que o Programa de residência ao disponibilizar residentes

para a organização, amplia o contingente de profissionais no serviço, possibilita a divisão do

trabalho e, por conseguinte, a sua resolutividade, minimizando, muitas vezes, o impacto

causado pela escassez de funcionários na assistência.

O número insuficiente de pessoal no serviço tem levado o residente a aumentar seu

ritmo de trabalho para atender, de forma adequada, os usuários dos sistemas de saúde e,

mesmo se reconhecendo a relevância da sua força de trabalho, ainda há desequilíbrio na

distribuição dos profissionais de saúde nas organizações hospitalares e a utilização

inadequada dos profissionais residentes (NICOLA; ANSELMI, 2005).

Emerge, assim, a reflexão sobre a finalidade da residência em enfermagem que é

pensada para capacitar o enfermeiro, nos moldes de treinamento em serviço. Entretanto, faz-

se necessária a divulgação do papel dos residentes nas instituições, com ênfase na formação, e

não como força de trabalho, mesmo havendo benefícios diretos aos usuários do sistema de

saúde nas organizações hospitalares.

Ante a tal contexto, a consolidação do SUS tem exigido a identificação e a definição

de estratégias para a resolução dos problemas relacionados a formação de recursos humanos

junto às organizações de saúde, indicando também a necessidade de fortalecimento das

práticas e de buscar novas estratégias para melhor qualificação das práticas assistenciais dos

profissionais da saúde.

4.2.1.2 Subcategoria II – Mobiliza enfermeiras dos cenários para o aperfeiçoamento

profissional

O aperfeiçoamento dos profissionais do serviço foi revelado como outra contribuição

do programa de residência para as organizações hospitalares na óptica dos gestores,

exemplificadas nos recortes das falas a seguir:

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“[...] a gente tem todo um ganho acadêmico dentro do nosso serviço,

onde os profissionais voltam a ter contato com a ciência mesmo,

deixam de fazer o trabalho por fazer e passam a fazer parte desse

processo”. (G-A)

“[...] os profissionais que acompanham os residentes eles tornam-se

mais aperfeiçoados [...]eles buscam um suporte científico

constantemente para estarem com os residentes. [...] trazer o

aperfeiçoamento dos profissionais ligados e trazer o redesenho às

vezes dos protocolos que são feitos”. (G-D)

Foi expresso que a presença dos residentes nos cenários de treinamento causa ganho

acadêmico e mobiliza os profissionais a buscarem suporte cientifico e a se aperfeiçoarem.

Estes visam uma atitude crítica e reflexiva na sua prática para transformar modelos e modos

de cuidar em saúde.

De acordo com Oliveira (2009), em toda instituição de saúde, a motivação favorece o

desempenho de seus trabalhadores, encorajando o crescimento e a autorrealização. Como

consequência, há o enriquecimento de seu papel social e como participante nos processos de

melhoria da instituição em que trabalha, o que implica em refletir sobre o trabalho e a garantia

de lhes proporcionar condições para tal.

Esse movimento em busca de aperfeiçoamento dos profissionais dos serviços em

função da presença dos residentes não é fato novo. Em estudo realizado na década de 2000,

Barros e Michel constataram a contribuição efetiva dos residentes para a mudança de

comportamento das colegas de trabalho em relação às atividades assistenciais ali

desenvolvidas, que passaram a se interessar em atividades científicas como estudos de caso e

discussões clínicas.

Tal relação de troca e aprendizado proporcionada pelo programa demonstra a

importância do conhecimento vindo do contexto do trabalho das pessoas envolvidas na

realização do curso. Também possibilita a elaboração de diagnóstico situacional em saúde,

monitoramento da assistência hospitalar, promoção da organização da assistência com

elaboração de protocolos assistenciais (ANDERSON; HAIR; TODERO, 2012; ALMEIDA;

FERRAZ, 2008).

A procura pelo aperfeiçoamento é uma forma de educação pelo trabalho, tanto pela

presença contínua nos locais de produção dos atos e procedimentos, quanto pela formulação

de estratégias de aprendizagem multiprofissional. Deve ser compreendida como uma busca

contínua pelo aprender, uma das ações que possibilita o desenvolvimento do processo de

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mudança que visa à qualificação dos que ali atuam e consequentemente à realização de uma

prática competente, consciente e responsável (CECCIM, et al, 2010; JESUS, 2011).

Nesse sentido, a necessidade de aperfeiçoamento pela capacitação e qualificação é

como a concretização de estratégias e ações para o aproveitamento do potencial dos

profissionais, no sentido de encarar as transformações e os desafios gerados na realização das

atividades nos serviços de saúde e nos diferentes espaços do SUS (BATISTA;

GONÇALVES, 2011).

Notamos, com isso, que o programa de residência como formador de recursos

humanos de qualidade para o SUS atende aos princípios, ao revelar iniciativas de formação

dos profissionais dos cenário de treinamento em serviço que têm acumulado relevante

experiência educativa, podendo contribuir para os trabalhadores que atuam na área da Saúde.

4.2.2 Categoria II - Formação de profissionais qualificados

Nessa categoria o programa de residência contribuiu na óptica dos gestores ao formar

profissionais qualificados: para a própria organização formadora e para o mercado de

trabalho.

4.2.2.1 Subcategoria I - Para a organização hospitalar formadora

A formação de profissionais para a própria organização formadora foi umas das

contribuições do programa de residência, como referem os gestores nas assertivas:

“[...] eles retornaram pra casa, de onde eles participaram do

processo de aprendizagem, eles agora retribuem com toda sua

experiência, com toda sua bagagem [...]muitos já retornaram para a

instituição [...] o retorno desse profissional, ele volta também pra dá

o melhor de si”.(G-A)

“[...] a gente consegue um profissional que tem todo um

embasamento teórico-científico atual da sua profissão aliado ao

exercício dessa função no ambiente hospitalar”. (G-B)

“[...] fidelização dos profissionais com a instituição, então, para você

ter uma ideia, os nossos preceptores, praticamente na sua totalidade,

são ex-residentes do hospital [...] os preceptores são aproveitados,

eles passam a compor o corpo profissional”. (G-C)

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A inclusão, na equipe de enfermeiras, de egressas do programa de residência para

organizações de saúde foi justificado pelos gestores, pelo embasamento técnico-científico que

eles mostram possuir, bem como por terem o conhecimento sobre o serviço, sendo vistos

como os que retornam para “dar o melhor de si”. Desse modo, a instituição entende como

sendo a fidelização desses profissionais com o serviço.

Com esse mesmo entendimento, Peloso e Yanemoto (2010) afirmaram também que

ocorre tal regresso por serem profissionais diferenciados, com talento e capacidade de crescer

dentro do serviço, e trazer resultados para a organização. Somado a isso, Herdrich, Lindsay

(2006) e Johnson, et al (2013) justificaram a considerarem que eles possuem um maior

pensamento crítico, socialização, capacidade de gerir a unidade saúde hospitalar, habilidades

para resolver problemas.

Quando se pensa na absorção dos profissionais de saúde provenientes dos programas

de residência, se pensa em buscar o conhecimento, habilidade e técnicas que cada um possui.

As organizações de saúde, observando os seus perfis, buscam retê-los a fim de evitar a

rotatividade do serviço, a perda deste para o mercado, custos como processos seletivos além

do aproveitamento máximo do investimento que foi feito para ele se desenvolver e crescer no

serviço. Peloso e Yanemoto (2010) ressaltam que uma organização viável, é aquela que além

de captar e aplicar adequadamente seus profissionais imprime esforços para mantê-los na

organização.

A partir dessa visão, criou-se um desafio para os gestores, captarem e manterem em

suas organizações os melhores profissionais. As organizações responsabilizam-se pelos riscos

dos investimentos em qualificação e treinamento, visando desenvolver o potencial de cada

profissional. A partir desse ponto, adotam práticas que motivam os profissionais procedentes

dos programas de residência a permanecerem na organização (MONTEDO, 2014).

Reter o profissional é atrair, investir e recompensá-lo; é fazer com que ele se sinta uma

peça importante dentro do processo, hábil, estimulado e satisfeito para executar as atividades

atribuídas espontaneamente (BRÍGIDO; GALISNK, 2015).

O mercado de trabalho, inconstante e competitivo, é o maior incentivador para que as

organizações hospitalares possam realmente adotar um plano de fidelização dos profissionais

oriundos do programa de residência. Inclusive, as instituições ficam atentas aos egressos,

criando concorrência para assimilá-los.

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4.2.2.2 Subcategoria II - Para o mercado de trabalho

A formação de profissionais para o mercado de trabalho foi outra contribuição do

programa de residência, referida pelos gestores, exemplificada pelos recortes:

“[...] muitos egressos já estão inseridos em vários hospitais. Isso

demonstra a importância pras organizações ter esse profissional em

seu quadro”. (G-B)

“[...] a oportunidade de você formar pessoas para o mercado [...]

importância social, porque você tá preparando pessoas com alto nível

de qualificação para o mercado [...] e a oportunidade de você formar

para o mercado”. (G-C)

Os gestores salientam a importância social do Programa no preparo de profissionais de

elevado nível de qualificação para o mercado de trabalho. Advindas de diferentes modelos de

organização de atenção à saúde, a formação por meio do programa de residência reforça seu

valor a partir das diretrizes para o exercício profissional no SUS, indicada em diversas

discussões relativas ao aumento na qualidade do trabalho e formação de trabalhadores

(CECCIM, 2006).

Assim, a residência dispõe de investimento público e privado, a fim de promover o

desenvolvimento do residente e de toda equipe, contribuindo para a especificidade e para a

inovação organizacional, tanto para o mercado quanto no âmbito do SUS (ZANONI, et al,

2015).

Faz-se importante salientar que os programas de residência vêm atendendo as

expectativas da política de formação de recursos humanos, para o SUS, por contribuir para

seu desenvolvimento e consolidação.

A valorização pelo mercado de trabalho se faz mediante aprovação em seleção de

egressos pelas organizações hospitalares segundo aponta Simonetti, et al (2007). Fato

decorrente da oportunidade que o residente tem, no desenvolvimento do curso, para

aprofundar o conhecimento técnico-científico, treinar em cargos de liderança, acompanhar as

inovações tecnológicas e construir, dessa maneira, a sua empregabilidade (CARBOGIM,

2010; MAXWELL, 2011; SANTOS, WHITAKER, ZANEI, 2007).

Entretanto, diante do contexto sócio histórico de desemprego e precarização das

relações de trabalho, não se pode assegurar que todo egresso de um programa de residência

tenha seu acesso garantido ao mercado de trabalho.

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A busca pelos cursos de residência em enfermagem atenta para a importância da

formação qualificada, com o intuito de viabilizar o aprimoramento para a atuação consistente

no mercado de trabalho (SIMONETTI, et al, 2007), e por formar profissionais com condições

de atender a todos os grandes centros do país, onde a tecnologia exige maior conhecimento e

especialização (FRANCO, BARROS, NOGUEIRA-MARTINS, 2005).

Isso resulta, para o mercado de trabalho, uma gama de agentes transformadores de

paradigmas, que respeitam os preceitos éticos e morais, mais capacitados para atuarem em

equipe, para assumirem papéis de gerência, dentre outros setores importantes nos/para

serviços de saúde.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As contribuições do programa de residência multiprofissional e em área profissional

da saúde em enfermagem para as organizações hospitalares na perspectiva do gestor,

identificadas nesse estudo, revelam que o Curso: promove mudanças nos cenários de

treinamento em serviço, pois mobiliza os enfermeiros dos cenários para o aperfeiçoamento

profissional, melhora a qualidade da assistência, e forma profissionais qualificados para a

organização formadora e para o mercado de trabalho.

A mobilização dos enfermeiros dos cenários para o aperfeiçoamento profissional se dá

por meio da presença dos residentes nos cenários de treinamento, e estes são instigadores para

que busquem conhecimento e se atualizem, visando uma atitude crítica e reflexiva.

As estratégias dirigidas à transformação dos trabalhadores em profissionais

comprometidos passam pelos princípios de uma gestão qualificada, e para que essa

mobilização ocorra requer vontade, conhecimentos, capacidade criativa e habilidades, para

desenvolver serviços de saúde com qualidade.

Com isso, a eficácia das ações de capacitação nos cenários de treinamento em serviço

depende, fundamentalmente, de políticas de gestão que privilegiem essas ações, propiciando

condições para que elas ocorram e, efetivamente, provoquem mudanças nas práticas de saúde.

A melhoria da qualidade da assistência foi a contribuição mais expressiva relatada

pelos gestores ao ter um número maior de unidades de contexto para análise, e revelaram que

a presença do profissional residente em enfermagem é fundamental para uma assistência

prestada com qualidade ao usuário dos serviços de saúde, caracterizado, marcantemente pela

atuação profissional, ao ser mais crítico e reflexivo.

Esse desenvolvimento da qualidade se dá também pela ampliação do contingente da

equipe de enfermagem com a inserção do residente, pois, sendo um contingente extra na

unidade, os usuários dos serviços de saúde passam a contar com mais profissionais para a

prestação dos cuidados.

Ao promover a qualidade nos cenários de treinamento em serviço, a organização

hospitalar obtém um ganho à equipe assistencial ao ter uma profissional especializada em seu

quadro de trabalhadores e passa a ser uma referência na atenção em saúde.

A formação de profissionais para a própria organização hospitalar formadora se revela

como outra contribuição, pelo retorno dos egressos provenientes do programa de residência

pelas organizações hospitalares que fizeram parte dessa formação. Eles expuseram, no

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período em que vivenciaram os campos de práticas, seu embasamento técnico-científico e

dedicação na execução de suas atividades. Desse modo, a instituição busca fidelizar esses

profissionais para serviço.

O egresso da residência absorvido pela organização hospitalar mostra-se mais seguro

no desenvolvimento de suas atividades práticas, se conscientiza da necessidade do

aprendizado complementar elegendo prioridades, colabora com as orientações para a equipe

de enfermagem, proporcionando melhores condições de trabalho. Por conseguinte, eleva o

padrão de atendimento institucional.

A formação para o mercado de trabalho foi revelada como uma importância social da

organização hospitalar em preparar profissionais com maior nível de qualificação, e as

conquistas e experiências acumuladas têm possibilitado a formação de profissionais

diferenciados para o mercado de trabalho.

O estudo revelou ainda que as características dos profissionais provenientes dos

programas de residência em enfermagem culminam com um melhor acesso ao mercado de

trabalho, diante de suas qualidades para atuarem nos serviços de saúde.

Faz-se importante ressaltar que, apesar das diferenças estruturais e administrativas de

cada organização hospitalar por serem públicas e privadas, observamos que houve

homogeneidade nas contribuições do programa de residência para as organizações.

Reconhecemos a relevância dos programas de residência em enfermagem como um

importante programa de formação de recursos humanos para o SUS. Assim, o estudo

contribui ao fornecer importantes subsídios para que haja fortalecimento das estratégias que

visam a ampliação e a valorização desse programa de formação junto às organizações

hospitalares.

Com isso, os programas devem também ser alvo de investimento em educação que

possibilitem novas compreensões do trabalho, devem contar com a participação de todos os

envolvidos na definição de prioridades e nos espaços de gestão e, desse modo, haver uma

forte articulação das organizações de saúde com as instituições de ensino de maneira que um

participe do processo de formação junto com o outro em que o aprendizado seja para ambos.

Acreditamos ainda que uma qualificação adequada tenha o potencial de integrar um

conjunto de estratégias para a formação de profissionais para o SUS, de forma a atuar como

coadjuvante na transformação das práticas em saúde. Consideramos este fato um avanço para

a formação de recursos humanos em saúde, pois o programa de residência deve buscar a

promoção de uma visão ampliada em saúde e conduta que estejam de acordo com os

princípios e diretrizes do SUS.

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51

Afirmamos, então, que as propostas da política de formação de recursos humanos para

o SUS vêm sendo atendidas ao formar profissionais qualificados para atuarem nos serviços de

saúde, promovendo mudanças na assistência prestada.

Sugerimos que sejam realizados novos estudos, investigando outros atores envolvidos

nos programas de residência de enfermagem para promover um melhor esclarecimento de

lacunas reveladas neste estudo e contribuir para a melhoria contínua dessa modalidade de

formação de recursos humanos para as organizações hospitalares/SUS.

Como limitações deste estudo, podemos referir que foi realizado com organizações

hospitalares da cidade de Salvador, Bahia, podendo ser ampliado a outras, e, no tocante aos

participantes, podendo ser ampliado a outros profissionais da organização hospitalar

envolvidos nos programas de residência.

Contudo, mesmo com presentes limitações, foram revelados que os dois maiores

objetivos do programa de residência para o SUS foram alcançados na perspectiva dos

gestores, pois o programa qualifica a formação de profissionais da saúde e contribui

significativamente para que ocorram mudanças positivas no cenário da assistência em saúde.

Justifica-se, portanto, o investimento dos ministérios e organizações conveniadas.

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APÊNDICE A

REVISÃO DA LITERATURA - ARTIGO DE REVISÃO SISTEMÁTICA

CONTRIBUIÇÕES DA RESIDÊNCIA EM ENFERMAGEM: UMA ANÁLISE

BASEADA EM EVIDÊNCIA

RESUMO

Objetivo: analisar as contribuições de cursos de residência para Enfermeiros. Método:

revisão sistemática realizada na Biblioteca Virtual de Saúde, em 18 de março de 2015. Foram

utilizados três descritores: “internato não médico”, “especialização” e “enfermagem” e o

protocolo PRISMA. Critérios de inclusão: artigos em inglês, português e espanhol, publicados

no período de 1996 a 2014, que abordassem o tema “residência e enfermagem”. Foram

selecionados 20 artigos. Resultados: as contribuições da residência foram: promovera

capacitação para o exercício profissional e tomada de decisão, melhorar a relação interpessoal

no trabalho, facilitar a inserção no mercado de trabalho, e possibilitar a ampliação do

conhecimento e pensamento crítico. Considerações Finais: o curso de residência

enfermagem é capaz de proporcionar autoconfiança, segurança e desenvolvimento de

habilidades práticas, além de ser um instrumento para o crescimento pessoal, com abertura do

mercado de trabalho e contribuição para formação teórico-prática.

Descritores: Internato não Médico; Especialização; Enfermagem.

Palabras-Clave: Internado no Médico. Especialización. Enfermería.

Key-Words: Internship, Nonmedical. Specialization. Nursing.

INTRODUÇÃO

Os cursos de residência em enfermagem surgiram pela necessidade de formação de

recursos humanos capacitados para atuarem nas diversas áreas de especialização em saúde,

caracterizando-se como uma modalidade de especialização centrada no treinamento em

serviço, que busca desenvolver habilidades técnico-científicas e valores éticos do exercício

profissional.

São cursos estruturados em parceria da academia e os serviços de saúde, em que a

experiência da pós-graduação se mostra projetada para o desenvolvimento de competências

inerentes à prática de enfermagem, visto que, estão diretamente em contato com o cotidiano

do trabalho em saúde(1,2)

.

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Uma peculiaridade desse tipo de especialização é a possibilidade do profissional

trabalhar e, no desenvolvimento desse trabalho, realizar atividades de pesquisa e produção de

conhecimentos de impacto para a área, realizando ações concretas na prática de enfermagem

(3).

A residência em enfermagem é pouco difundida se comparada com outras

modalidades de ensino de pós-graduação. No entanto, já existem diversos cursos nesse

formato de pós-graduação disseminadas pelo mundo. Eles têm como objetivos evidenciar

contribuições relacionadas ao aprimoramento das habilidades técnicas do enfermeiro;

desenvolver o raciocínio clínico e capacitar para a tomada de decisão; incentivar atitudes que

permitam valorizar a significação dos fatores somáticos, psicológicos e sociais que interferem

no processo de saúde e doença; valorizar as ações de saúde de caráter preventivo; promover a

integração do enfermeiro com a equipe multiprofissional para prestação de assistência aos

pacientes; estimular a capacidade de aprendizagem independente e de participação em

programas de educação permanente(4)

.

No entanto, apesar de sua expressiva importância, o número de residências em

enfermagem ainda se faz inferior para suprir a necessidade da busca por melhor preparo

profissional para inserção no mercado de trabalho atual. Apesar dessa carência, tem

aumentado a demanda de capacitação por meio de cursos de residências em enfermagem que

passam a ter cada vez mais importância e notoriedade para os profissionais, sendo requisito

quase que indispensável para gerar oportunidades de ingresso, manutenção e crescimento no

mercado de trabalho. Por outro lado, observa-se uma carência de estudos que apontem a

importância dos cursos de residência em enfermagem no país.

Fica evidente a necessidade de estudos sobre essa temática, com a finalidade de

evidenciar a contribuição desses cursos na capacitação de profissionais para a qualidade da

assistência à saúde da população, o que justifica a realização do presente estudo.

Diante dessas considerações, emergiu a seguinte questão norteadora da pesquisa: quais

as contribuições do curso de residência para enfermeiros?

OBJETIVO

Esta pesquisa teve por objetivo analisar as contribuições dos cursos de residência para

enfermeiros.

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MÉTODO

Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, de cunho exploratório-descritivo, a

qual “disponibiliza um resumo das evidências relacionadas a uma estratégia de intervenção

específica, mediante a aplicação de métodos explícitos e sistematizados de busca, apreciação

crítica e síntese da informação selecionada”(5)

.

Com a análise baseada em evidência é permitido o uso consciente, explicito e

criterioso da melhor e mais atual evidência de pesquisa na obtenção e inclusão de estudos

primários, através da extração de dados de qualidade sobre as contribuições evidenciadas nos

estudos encontrados. Nesse sentido, a revisão sistemática é um dos métodos mais adequados e

atuais para resumir e sintetizar evidências no processo de construção do conhecimento(4,5)

.

Este estudo é oriundo de uma dissertação de mestrando financiada pela Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) através de bolsa de estudo.

As etapas que possibilitaram a operacionalização da revisão foram: definição da

questão do estudo, identificação das bases de dados a serem utilizadas, estabelecimento de

critérios para seleção dos artigos (aplicação dos critérios de inclusão e exclusão), organização

da literatura encontrada, análise e avaliação dos estudos, apresentação do resumo crítico e

conclusões(5)

.

A presente revisão sistemática teve como base o protocolo internacional denominado

PRISMA(6)

. O protocolo PRISMA é uma diretriz de relatório destinada a melhorar a

integridade de revisões sistemáticas e metanálises. Nessa investigação, foram conferidos os 27

itens da lista de verificação (checklist) para elaboração do estudo(6,7)

.

O levantamento dos artigos foi realizado na base de dados da Biblioteca Virtual de

Saúde (BIREME).Para isso foram utilizados três descritores: “internato não médico”,

“especialização” e “enfermagem”.A estratégia de busca utilizada para assegurar a máxima

captura de artigos, foi: (“internato não médico” OR “residência não médica não odontológica”

OR “especialização” OR “áreas de especialidade” OR “especialista” OR “especialistas” OR

“especialidades” OR “especialidade”) AND “enfermagem”; (“internship” OR “nonmedical”

OR “specialization” OR “specialism” OR “specialties” OR “specialty” OR “residency

nonmedical”) AND “nursing”; e (“internado no médico” OR “especialización” OR

“residencia no médica” OR “áreas de especialidad" OR “especialismo” OR “especialista” OR

“especialistas” OR “especialidades” OR “especialidad”) AND “enfermeira”.

Foram adotados como critérios de inclusão: artigos nos idiomas inglês, português e

espanhol, publicados no período de 1996 a 2014, que abordassem o tema “residência e

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61

enfermagem”. Artigos de revisão de literatura, editorial, cartas ao editor, teses e dissertações

foram excluídos.

A busca foi realizada em 18 de março de 2015 e foram identificados 497 artigos. Após

a identificação dos artigos, com a busca realizada na base de dados, foi feita a leitura dos

títulos para verificar os artigos que guardavam relação com o tema proposto. Nessa etapa,

foram selecionados 51 artigos. Os demais artigos foram excluídos, já que não foi possível

identificar a relação com o tema proposto.

Com a seleção dos artigos pelos títulos, deu-se a realização da fase seguinte com a

leitura dos resumos dos artigos. Nessa etapa, foram selecionados 26 artigos. Os demais artigos

foram excluídos pelo fato de não guardarem relação com o objetivo desta investigação e por

serem revisões da literatura, editoriais, teses e dissertações.

Através da etapa final, com a leitura completa dos artigos, foram selecionados 20

artigos que corresponderam ao objetivo proposto, compondo a análise do estudo. Os artigos

foram analisados por dois revisores independentes.

Os princípios éticos foram respeitados, na medida em que as obras e os autores

utilizados foram devidamente referenciados no texto, em atenção às determinações da Lei dos

Direitos Autorais 9.610, de 19 de fevereiro de 1998(8)

.

A figura 1 apresenta a síntese da seleção de artigos da revisão sistemática.

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62

BASE - BIREME

(Artigos encontrado: 497)

NÃO SELECIONADOS

(Leitura do título)

(Artigos não selecionados:

446)

Motivos: não guardavam

relação com tema proposto

EXCLUSÃO

(Artigos excluídos: 25)

Motivos: não guardaram

relação ao objetivo

proposto, revisões de

literatura, editoriais, teses e

dissertações

SELEÇÃO (leitura dos resumos +

critérios de inclusão)

(Artigos selecionados: 26)

INCLUSÃO (artigos que compuseram

a revisão)

(Artigos incluídos: 20)

Figura 1 - Fluxograma dos critérios de seleção dos artigos

Fonte: Dados da Pesquisa.

RESULTADOS

Durante a análise dos conteúdos presentes nos artigos, a contribuição, a satisfação e a

importância das mudanças proporcionadas pelas residências para os profissionais enfermeiros,

assim como as melhorias nos programas, metodologias e estratégias de ensino prático e

teórico, e como estas refletiram nesses profissionais residentes, foram os itens que, em geral,

constituíram o objetivo de pesquisa.

As contribuições dos cursos de residência para Enfermeiros que foram evidenciadas

nessa revisão foram promover a capacitação profissional para o exercício profissional e para a

tomada de decisão, melhorar a relação interpessoal no trabalho, facilitara inserção no mercado

de trabalho, e possibilitar a ampliação do conhecimento e do pensamento crítico.

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A tabela 1 descreve os artigos segundo as varáveis, autoria, idioma, abordagem

metodológica e as contribuições dos cursos de residência para enfermeiros, conforme sua

homogeneidade.

Tabela 1 – Descrição dos artigos segundo as varáveis, autoria, idioma, abordagem metodológica

e as contribuições dos cursos de residência em enfermagem, Salvador, Brasil, 2015

Referência

do artigo

Ano de

publicaç

ão

Abordagem

metodológica

Contribuições dos cursos de residência para

Enfermeiros

Capacita

para o

exercício

profissional

Subsidia a

tomada de

decisão e

melhora

relação

interpessoal

no trabalho

Facilita

a

inserção

no

mercado

de

trabalho

Amplia o

conheciment

o e o

pensamento

crítico

Olson-Sitki

et al.(1)

2012 Descritivo não

experimental

x x - x

Carbogim

et al.(2)

2010 Relato de

experiência

x - - x

Aguiar et

al.(9)

2004 Documental e

qualitativo

x - - x

Simonetti et

al.(10)

2007 Retrospectivo

e documental

x - x x

Goode et

al.(11)

2013 Quantitativo x x

- -

Rhodes et

al.(12)

2013 Qualitativo x - - x

Welding(13)

2011 Qualitativo - - x x

Anderson et

al.(14)

2009 Qualitativo x x - -

Gooed et

al.(15)

2009 Qualitativo x - - x

Fink et 2008 Qualitativo x - x x

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64

al.(16)

Pine

eTart(17)

2007 Quantitativo x x x x

Santos et

al.(18)

2007 Quantitativo x - x x

Rosenfeld

et al(19)

2004 Qualitativo x - - x

Varner e

Leeds(20)

2012 Qualitativo x - x x

Barros e

Michel(21)

2000 Relato de

experiência

x - - x

Johnson et

al.(22)

2013 Quantitativo x x - x

Bérubé et

al.(23)

2012 Quantitativo x - - -

Herdrich e

Lindsay(24)

2006 Quanti-

qualitativo

- x x x

Olson et

al.(25)

2001 Descritivo

qualitativo

x x - -

Lopes e

Baptista(26)

1999 Histórico

documental

x - - -

Fonte: Dados da Pesquisa.

DISCUSSÃO

A residência oportuniza o aprofundamento do conhecimento e o desenvolvimento de

competências técnicas para a assistência de enfermagem, possibilitando crescimento e

melhores condições de empregabilidade (27)

.

Os cursos de residência oferecem oportunidade para aprofundar o conhecimento

técnico-científico, possibilitando treinamento em cargos de liderança e chefia; ampliam as

oportunidades no mundo do trabalho; e acompanham as inovações tecnológicas. Esses cursos

ainda proporcionam maior inserção no mercado de trabalho, e são fundamentais para a

qualificação profissional e a aquisição de empregos mais valorados no marcado de

trabalho(2,28)

.

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65

Outros estudos evidenciaram melhor retenção dos residentes, aumento do pensamento

crítico, socialização, capacidade de gerir o estresse, habilidades para resolver problemas e,

consequentemente, aumento da qualidade dos cuidados de enfermagem(22,24)

.

Os enfermeiros residentes, egressos do curso e preceptores relataram aumento da

satisfação e competência após a participação no curso de residência em enfermagem, o que

revelou a interação proporcionada pelos cursos, não só entre residente/preceptor, mas também

satisfação envolvendo residente/paciente/trabalho em equipe.

Corroborando esse achado, a relação e a troca do aprendizado profissional,

proporcionado pela atualização de novas técnicas e estudos pelo programa de residência,

mostraram importante relação do conhecimento profissional proporcionado pelo trabalho em

equipe de todos os envolvidos no desenvolvimento do curso(3,4)

.

Houve também relato de uma melhora da comunicação com os médicos, pacientes e

familiares; desenvolvimento do conhecimento e da habilidade do saber fazer em situações

adversas; delegar tarefas priorizando o atendimento ao paciente; e o preparo para completar as

responsabilidades do trabalho(1)

.

Além disso, o curso de residência proporcionou aprofundamento do conhecimento

técnico/científico, desenvolvimento de maior segurança na realização das técnicas

assistenciais, prestação da assistência de forma mais integral e humanizada, e a formação de

um profissional mais capacitado para atuar nos processos de trabalho em saúde(27,29)

.

Nota-se que a análise baseada em evidência é um processo de descobertas, avaliação e

aplicação de evidências científicas para o gerenciamento e formação em saúde, ao serem

guiadas por meio de resultados de pesquisas, consenso de pesquisadores ou através da

homogeneidade entre ambos(30)

.

Além de não se dispor de um número significativo de cursos de residência, percebe-se

que a produção acadêmica, deles decorrente, ainda são tímidas, tanto em cunho nacional

quanto internacional. Isso, de certa forma, reflete na qualidade dos cursos prestados, visto que

um dos maiores temas de discussões sobre residência em enfermagem nas instituições

estrangeiras está relacionado a melhorar a metodologia e as estratégias acerca do curso,

buscando sempre a melhor qualificação desses profissionais. Nos artigos nacionais, ainda se

produz e discute pouco sobre isso, o que configura um reflexo da importância em diminuta

em razão dos cursos de especialização em enfermagem e de sua metodologia de ensino.

Parte dos artigos trata do assunto de forma qualitativa, discorrendo questões sobre os

cursos de residência ou sobre os residentes, trazendo diversas análises e discussões que se

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66

mostram relevantes num contexto ainda de poucas produções e um maior número de

pesquisas originais, o que indica um crescimento mesmo que seja de forma discreta.

Pode-se identificar que a enfermagem ainda não dispõe de quantidade de pesquisa

científica suficiente que retratem fortes evidências quanto à melhoria e avaliação de

metodologias e estratégias de formação nos cursos de residência em enfermagem.

Ainda que ocorrendo de forma lenta e gradual, o desenvolvimento científico na

Enfermagem auxilia na consolidação e no reconhecimento da profissão enquanto ciência,

legitimando-a entre as diversas profissões da saúde e, perante a sociedade, como uma classe

que se percebe como força de trabalho e produtora de conhecimento (31)

.

Os estudos analisados abordaram, também, temas relacionados a relatos de experiência

e desenvolveram pesquisas sobre os residentes recém-formados, trazendo suas práticas

profissionais ou análises a respeito dos cursos e sua relevância no contexto de qualificação

profissional.

Limitações do Estudo

As limitações do estudo se relacionam ao método proposto, com a adoção de critérios

de inclusão e exclusão, adotados pelo estudo

Contribuições para a área da enfermagem, saúde ou política pública

Subsidiar pesquisadores que trabalham com a temática e anunciar possíveis lacunas na

produção científica sobre as contribuições da residência em enfermagem como modalidade de

formação de recursos humanos em saúde, além de oferecer subsídios para a mudança

paradigmática na formação em enfermagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os profissionais enfermeiros dos cursos de residência em enfermagem se mostraram

cada vez mais interessados em cursos de residência e avaliaram o investimento como

importante para sua qualificação profissional, o que se reflete na forma positiva em seu

currículo, e oportuniza melhores chances de emprego, tornando-os profissionais mais

preparados e integrados na profissão.

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67

As evidencias científicas revelaram, também, resultados positivos no que se referiu ao

aprimoramento de conhecimentos técnico-científicos e das práticas necessárias à prestação da

assistência de enfermagem à saúde da população, de forma integral e humanizada, assim

como à formação de um profissional mais capacitado para atuar no processo de trabalho em

saúde.

Em sua totalidade, as evidências mostraram que cursos de residência em enfermagem

foram capazes de proporcionar autoconfiança, segurança e desenvolvimento de habilidades

práticas, além de ser um instrumento ativo para crescimento pessoal, abrindo portas para o

mercado de trabalho e contribuindo para formação teórico-prática.

Espera-se, que o presente estudo, possa subsidiar pesquisadores que trabalham com a

temática e anunciar possíveis lacunas na produção científica sobre as contribuições da

residência em enfermagem como modalidade de formação de recursos humanos em saúde.

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Portuguese.

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71

APÊNDICE B

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA ESCOLA DE ENFERMAGEM

MATRIZ PARA CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES

Nº Esfera

Administrativa

Cenários de

treinamento

para o

programa

de

residência

Tempo em que é

participante do programa

de residência

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APÊNDICE C

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA ESCOLA DE ENFERMAGEM

INSTRUMENTO DE COLETA DAS INFORMAÇÕES

Data:____/____/_______ Nº da Entrevista:________

Local da Entrevista:____________________ Início:______h. Término:______h.

Parte I: Caracterização dos Participantes

Dados de Identificação:

Idade:_______

Sexo: Fem. ( ) Mas. ( )

Dados Acadêmicos:

Formação:______________________

Tempo de formada(o): ______________

Cursos de Pós-Graduação realizado:

( ) Doutorado – especifique:____________________________________________

( ) Mestrado – especifique:_____________________________________________

( ) Especialização – especifique:________________________________________

Dados Profissionais:

Organização:_____________________________

Área de atuação:___________________________

Tempo de atuação profissional:__________________________

Parte II: Entrevista Semiestruturada - questões norteadoras

1. Como o(a) Senhor(a) percebe a formação do programa de residência para Enfermeiras?

2. Como o programa de residência é desenvolvido nesta organização de saúde?

3. A partir de sua experiência como gestor desta organização, relate as contribuições do

programa de residência para as organizações hospitalares?

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APÊNDICE D

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA ESCOLA DE ENFERMAGEM

CARTA CONVITE

Prezada(o) Gestora(or),

Estamos desenvolvendo uma pesquisa que tem como título “Contribuição do curso de

residência multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as

organizações hospitalares”. Tem como objetivo principal Analisar as contribuições do curso

de residência multiprofissional e em área profissional da saúde em enfermagem para as

organizações hospitalares. A referida pesquisa será desenvolvida sob a responsabilidade

do(as) Enfermeiro(as) pesquisador(a) Lázaro Souza da Silva, Rosana Maria de Oliveira Silva

e Josicélia Dumêt Fernandes, como atividade de conclusão do curso de mestrado da Escola de

Enfermagem da Universidade Federal da Bahia.

Entendemos que os resultados desse estudo possam, contribuir para fortalecer o

desenvolvimento de estratégias que visam a ampliação da Residência em Enfermagem, seja

ela multiprofissional ou em área profissional da saúde, evidenciando sua importância para o

Sistema Único de Saúde.

Entretanto, sabemos que diariamente temos pouco tempo disponível, mas garanto que

1 hora serão suficientes para nossa entrevista. Temos a certeza de que contaremos com você!

As informações fornecidas serão guardadas por nós durante cinco anos na Escola de

Enfermagem da UFBA e estará a sua disposição sempre que desejar. Afirmamos que

quaisquer informações referentes à metodologia e ao andamento da pesquisa lhe serão

fornecidas a qualquer momento caso seja solicitado. Garantimos, também, a liberdade de

recusar a participar desta pesquisa, bem como de retirar seu consentimento em qualquer

momento, sem nenhum prejuízo. Informamos que o seu anonimato será assegurado e os

riscos, constrangimentos e desconfortos durante a coleta dos dados, serão evitados, levando

em consideração os benefícios da pesquisa, cujos resultados serão divulgados através de

relatório, artigos para publicação, apresentação em congressos nocionais e internacionais. Os

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74

pesquisadores não terão benefícios financeiros diretos ou indiretos; e os custos correrão por

conta dos pesquisadores, ou seja, você também não terá despesas pessoais com a pesquisa.

Desta forma, torno claro o quanto é importante para nós a sua participação, e caso aceite

participar peço que assine o termo de consentimento livre e esclarecido que segue em duas

vias das quais uma fica com você e a outra com os pesquisadores.

Antecipadamente agradeço,

Lázaro Souza da Silva

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APÊNDICE E

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DA ESCOLA DE ENFERMAGEM

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O(a) senhor(a) está convidado(a) a participar como voluntário(a) da pesquisa que tem

como título “Contribuição do curso de residência multiprofissional e em área profissional da

saúde em enfermagem para as organizações hospitalares”. Tem como objetivo principal

Analisar as contribuições do curso de residência multiprofissional e em área profissional da

saúde em enfermagem para as organizações hospitalares. A referida pesquisa será

desenvolvida sob a responsabilidade do(as) Enfermeiro(as) pesquisador(a) Lázaro Souza da

Silva, Rosana Maria de Oliveira Silva e Josicélia Dumêt Fernandes, como atividade de

conclusão do curso de mestrado da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia.

Sua participação será importante, mas o (a) senhor (a) poderá participar ou não da

pesquisa, bem como desistir em qualquer fase da pesquisa sem qualquer prejuízo em sua

relação com o pesquisador, como também no local que trabalha. Caso o senhor (a) aceite,

todas as informações coletadas serão estritamente confidenciais, sendo que sua identificação

se dará pela palavra gestor(a), seguida por um número na ordem em que a entrevista foi

realizada com o objetivo de garantir o sigilo, o anonimato e assegurar a sua privacidade em

todas as etapas dessa pesquisa. Assim, seu nome não será citado e não será utilizado nada que

possa identificar o (a) senhor (a).

Para coletar as informações será realizado um diálogo, mantido durante uma entrevista

com perguntas sobre o assunto. Para tanto, solicitamos a sua autorização para gravar o diálogo

com um gravador digital para facilitar que as informações sejam escritas do modo que foram

faladas. A entrevista será realizada de acordo com sua disponibilidade e mediante a sua prévia

autorização por escrito, na própria instituição, na sua residência, ou em outro local o mais

confortável possível. Concordando em participar da entrevista, o (a) senhor (a) poderá ouvir a

gravação e retirar ou acrescentar quaisquer informações. Os dados coletados serão utilizados

apenas neste estudo, sua exatidão preservada, podendo os resultados ser divulgados em

eventos e/ou revistas científicas. Os dados serão guardados por cinco (05) nos arquivos

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virtuais do Grupo de Estudos e Pesquisa em Ética/Bioética, Educação e Exercício de

Enfermagem (EXERCE), podendo ser utilizado para estudos vinculados ao grupo, conforme

aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.

Sua participação na pesquisa não lhe trará riscos físicos, mas o (a) senhor (a) poderá se

sentir desconfortável ao compartilhar suas experiências profissionais e relatar informações

pessoais com o pesquisador. Caso isso aconteça, o (a) senhor (a) não será obrigado (a) a

responder a alguma pergunta que considere ser muito íntimo ou desconfortante. Para

minimizar possíveis efeitos ou condições adversas, me comprometo de realizar a entrevista no

máximo em uma hora, em ambiente reservado e confortável, providenciar uma água ou

interromper a entrevista caso o (a) senhor (a) prefira.

O senhor(a) não terá nenhum tipo de despesa para participar dessa pesquisa, bem

como nada será pago por sua participação. Sua participação na pesquisa também não terá

nenhum benefício direto. Entretanto, esperamos que este estudo possibilite contribuir para

melhoria da qualidade e incentivo da formação de enfermeiras residentes.

Este termo será assinado em duas vias, uma ficará de posse do pesquisador, e a outra

do senhor (a) para que possa solicitar esclarecimentos em qualquer momento da pesquisa ou

desistir, sem nenhuma penalidade. Os resultados deste estudo serão publicados na dissertação

e no formato de artigos científicos em periódicos nacionais e internacionais, divulgados em

eventos técnicos-científicos e nas instituições que fizeram parte da coleta de dados,

oportunidade em que todos (as) serão convidados (as).

Caso o(a) senhor(a) tenha qualquer dúvida sobre a pesquisa, podemos conversar sobre

a mesma neste momento, ou o (a) senhor (a) poderá entrar em contato comigo. Segue meu

nome, endereço, telefones e e-mail: Lázaro Souza da Silva, Escola de Enfermagem UFBA,

Campus Universitário do Canela, Avenida Dr. Augusto Viana, S/N, Canela. Salvador-BA.

CEP:40110-060. FONE: (71) 3283-7631. E-mail: [email protected] e

[email protected].

Após estes esclarecimentos, solicitamos o seu consentimento de forma livre para

participar da pesquisa.

Agradeço a sua atenção!

Salvador _____ de _________________ de _________.

______________________________________ _____________________________________

Assinatura do participante Lázaro Souza da Silva

Pesquisador

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ANEXO I – Carta de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

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