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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA PEDRO SOUZA ROCHA AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIO DE ALTERNATIVAS DE INTEGRAÇÃO PARA MELHORIA DA EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE TRENS DE SUBÚRBIO DA CIDADE DO SALVADOR Salvador 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITCNICA

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

PEDRO SOUZA ROCHA

AVALIAO MULTICRITRIO DE ALTERNATIVAS DE

INTEGRAO PARA MELHORIA DA EFICINCIA DO SISTEMA DE

TRENS DE SUBRBIO DA CIDADE DO SALVADOR

Salvador

2011

PEDRO SOUZA ROCHA

AVALIAO MULTICRITRIO DE ALTERNATIVAS DE

INTEGRAO PARA MELHORIA DA EFICINCIA DO SISTEMA DE

TRENS DE SUBRBIO DA CIDADE DO SALVADOR

Dissertao apresentada ao Mestrado em Engenharia

Ambiental Urbana, Escola Politcnica da Universidade Federal

Da Bahia, como requisito parcial para obteno do grau de

Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.

Orientadora: Prof. Dra. Ilce Marlia Dantas Pinto de Freitas

Salvador

2011

R672 Rocha, Pedro Souza

Avaliao multicritrio de alternativas de integrao para melhoria da eficincia do sistema de trens de subrbio da cidade do Salvador / Pedro Souza Rocha. Salvador, 2011.

174f. : il. color.

Orientador: Profa. Dra. Ilce Marilia Dantas Pinto de Freitas

Dissertao (mestrado) Universidade Federal da Bahia. Escola Politcnica, 2011.

1. Transporte ferrovirio - Salvador (BA). 2. Viagens de trem - Salvador (BA). 3. Transportes - Transito de passageiros. 4. Transporte Avaliao. I. Freitas, Ilce Marlia Dantas Pinto de. II. Universidade Federal da Bahia. III. Ttulo.

CDD.: 629.04

AGRADECIMENTOS

A Deus, Senhor da Vida, que por sua bondade me motiva e permite o desafio de reaprender e

viver coisas novas.

A meus pais (in memorian) Damares referncia de equilbrio entre o cuidado e a valorizao da

liberdade e por ter desde cedo, de forma sbia, incentivado os filhos a estudarem, e Jos Otvio

pela sua luta por justia para os trabalhadores operrios.

A Leandro, Naiara e Danilo, filhos queridos, pelos incentivos para a realizao desse desafio.

A meus irmos Stella, Jos, Iraildes e Judice, e aos meus cunhados Raimundo e Maria Jos pelo

apoio e incentivo de todas as horas.

Professora Ilce Marlia, por sua orientao, fundamental para realizao desse trabalho e pelo

seu jeito de me desafiar na busca de aprofundar sempre mais no objeto da pesquisa.

Ao Professor Juan Pedro, e aos demais professores do MEAU pela disponibilidade e valiosas

contribuies no aprendizado da busca do conhecimento.

A Sandra e aos demais colegas do MEAU pelo bom convvio e cooperao mutua.

Aos especialistas Denise, Ana Bezerra, Moiss, Marisa, Al Mello, Osny, Gildsio, Lzaro,

Carlos Quirino, Jorge Frum, George, Alejandra, Edgar Porto, Claudio, Rosevania, Marcelo e

Kalil que gentilmente responderam aos questionrios da pesquisa.

Ao amigo Eduardo Abreu pelas sugestes no projeto inicial.

A Letcia, Amauri, Maia, Rosa, , Marta e demais amigos pelo companheirismo e incentivo para

a concluso deste trabalho.

A Fernanda Viana pelo apoio profissional para a manuteno da minha sade nessa caminhada.

A Alice pelo trabalho na Secretaria do MEAU

RESUMO

Este trabalho tem como principal objetivo avaliar alternativas de integrao intermodal para a

melhoria da eficincia do trem de subrbio da Cidade do Salvador. A metodologia utilizada no

trabalho teve por base o uso da avaliao multicritrio para auxlio tomada de deciso e foi

desenvolvida a partir das seguintes etapas: seleo dos critrios, identificao das alternativas de

integrao; seleo das alternativas e anlise das alternativas selecionadas. Na etapa de

avaliao das alternativas foi utilizado o Mtodo de Anlise Hierrquica (MAH) e o software

Expert Choice. Os resultados obtidos no estudo de caso demonstraram que existem alternativas

viveis de integrao intermodal que podem contribuir para a melhoria da eficincia do

transporte metroferrovirio de passageiros.

Palavras-chave: Eficincia, Transporte Metroferrovirio de Passageiros, Integrao

Intermodal, Avaliao Multicritrios.

ABSTRACT

This work aims to evaluate alternative multimodal integration to improve the efficiency of the

suburban train from the city of Salvador. The methodology used in this study was based on the

use of multicriteria evaluation to support decision-making and was developed from the

following steps: identification of integration alternatives, selecting alternatives and analysis of

selected alternatives. In the evaluation phase of the alternatives we used the Hierarchical

Analysis Method (HAM) and Expert Choice software. The results obtained in the case study

demonstrated viable alternatives of intermodal integration that can contribute to the

improvement of transport efficiency of metro-rail passenger transport.

Keywords: Efficiency, metro-rail passenger transport, Intermodal Integration, Multicriteria

Evaluation.

LISTA DE ILUSTRAES

Figura 1. Atores no processo decisrio .................................................................................. 55

Figura 2. Estrutura genrica de matriz de comparao .......................................................... 59

Figura 3. Escala Fundamental de Saaty .................................................................................. 59

Figura 4. Salvador, Mapa das Regies Administrativas ........................................................ 65

Figura 5. Mapa sistema virio de Salvador ............................................................................ 67

Figura 6. Mapa topogrfico da regio do Lobato. .................................................................. 70

Figura 7. Estao da Calada atualmente ............................................................................... 76

Figura 8. Estao da Calada vista a partir da plataforma de embarque ................................ 76

Figura 9. Mapa do Sistema de trens de Salvador. ................................................................... 79

Figura 10. Vista da via frrea na Estao de Periperi .............................................................. 80

Figura 11. Trecho da Via no bairro do Lobato ........................................................................ 81

Figura 12. Trens na plataforma da Estao da Calada ........................................................... 81

Figura 13. Sistema de Trens de Salvador, total anual de passageiros entre os anos de

1987 a 2010 ............................................................................................................................. 82

Figura 14. Estao de Paripe ................................................................................................... 84

Figura 15. Estrutura genrica da matriz de comparao de critrios ....................................... 87

Figura 16. Estrutura genrica da matriz de comparao das alternativas ................................ 88

Figura 17. Cenrio I ................................................................................................................ 98

Figura 18. Cenrio II ............................................................................................................... 99

Figura 19. Cenrio III .............................................................................................................. 101

Figura 20. Estrutura Hierrquica do Problema ........................................................................ 103

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Mtodos utilizados para medir eficincia econmica ............................................. 24

Tabela 2. Consumo energtico (terico) dos modos de transportes ...................................... 38

Tabela 3. Consumo anual de energia por modo ..................................................................... 39

Tabela 4. Custos Implantao VLT Projeto Subrbio ............................................................ 48

Tabela 5. Caractersticas de Alguns Sistemas Tpicos de Transportes ................................... 49

Tabela 6. Brasil Populao Residente nas Regies Metropolitanas - 2009............................ 64

Tabela 7. Subrbio Ferrovirio de Salvador: Populao Residente por rea de

ponderao ............................................................................................................................... 70

Tabela 9. Caractersticas do Sistema de Trens de Salvador ................................................... 80

Tabela 10. Arrecadao e custos dos sistemas metroferrovirios 2009 ................................ 83

Tabela 11. Peso de ponderao dos aspectos econmicos, ambientais e scio-espaciais ....... 93

Tabela 12. Indicadores de eficincia identificados ................................................................. 93

Tabela 13. Indicadores de eficincia ordenados ..................................................................... 94

Tabela 14. Indicadores de eficincia seleo inicial ............................................................... 95

Tabela 15. Custo de implantao de sistemas de transportes ................................................. 105

Tabela 16. Custo de implantao das alternativas .................................................................. 105

Tabela 17. Custo operacional .................................................................................................. 106

Tabela 18. Custo total de sistema de transportes (Operao, depreciao, e juros de

capital) ..................................................................................................................................... 111

10

Tabela 19. Tarifas de integrao.............................................................................................. 111

Tabela 20. Caractersticas operacionais dos sistemas de transportes para a demanda

estimada na Av. Barros Reis ................................................................................................... 114

Tabela 21. Impactos ambientais dos sistemas de transportes. ................................................. 114

Tabela 22. Resultado da Avaliao das Alternativas de Integrao. ....................................... 116

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AHP Analytic Hierarchy Process

ANTP Associao Nacional de Transportes Pblicos

AED Anlise Envoltria de Dados

AUC rea Urbana Consolidada

CBTU Companhia Brasileira de Trens Urbanos

CIA Centro Industrial de Aratu

CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia

COPEC Complexo Petroqumico de Camaari

CPTM Companhia Paulista de Trens Metropolitanos

CTS Companhia de Transporte de Salvador

DEA Data Envelopment Analysis

EBTU Empresa Brasileira de Transporte Urbano

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Servio

FMLF Fundao Mario Leal Ferreira

GEIPOT Grupo Executivo de Integrao da Poltica de Transportes

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

IPEA Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

12

MAUT Multi-Attribute Utility Theory

METROREC Companhia Brasileira de Trens Urbanos - Recife

Metr Companhia do Metropolitano de So Paulo

OD Pesquisa Origem Destino

PIB Produto Interno Bruto

PIT Plano Integrado de Transporte

PND Plano Nacional de Desestatizao

RA Regio Administrativa

RFFSA Rede Ferroviria Federal S/A

RMS Regio Metropolitana de Salvador

RMSP Regio Metropolitana de So Paulo

SEDHAM Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano Habitao e Meio

Ambiente

SEI Superintendncia de Estudos e Informaes da Bahia

SETIN Secretaria Municipal de Transportes e Infra-Estrutura

STP Superintendncia de Transportes Pblicos

SUPERVIA Concessionria de Transporte Ferrovirio S/A

TPU Transporte Pblico Urbano

Transalvador Superintendncia de Transito e Transporte do Salvador

TRANSCOL Transporte Coletivo de Salvador

Trensurb Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre

13

VLT Veculo Leve Sobre Trilhos

ZT Zona de Trfego

14

SUMRIO

1 INTRODUO .................................................................................................................. 18

1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 20

1.1.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 20

1.1.2 Objetivos Especficos ..................................................................................................... 20

1.3 ESTRUTURAS DO TRABALHO ................................................................................... 21

2 REVISO TERICA ........................................................................................................ 22

2.1 EFICINCIA e EFICCIA ............................................................................................... 22

2.2 FORMAS DE AVALIAO DE EFICINCIA .............................................................. 23

2.2.1 Eficincia Econmica ......................................................................................................... 23

2.2.2 Eficincia e Sustentabilidade ............................................................................................. 24

2.3 EFICINCIA NO TRANSPORTE PBLICO .................................................................. 26

2.3.1 Fatores que Afetam a Eficincia no Transporte Pblico ............................................... 27

2.3.1.1 Fatores econmicos.............................................................................................................. 27

2.3.1.2 Fatores scio-espaciais ......................................................................................................... 30

2.3.1.3 Fatores ambientais ................................................................................................................ 31

2.3.1.4 Qualidade de servios .......................................................................................................... 32

2.3.1.5 Integrao multimodal .......................................................................................................... 35

2.3.2 Eficincia No Transporte Metroferrovirio .................................................................... 36

2.3.2.1 Tipos, Abordagens e Fatores De Avaliao ........................................................................ 36

2.3.2.2 Energia Motriz: Tipo de Fonte e Consumo ......................................................................... 37

2.3.2.3 Capacidade na Oferta ........................................................................................................... 39

2.3.2.4 Centralidade das estaes ..................................................................................................... 39

2.3.2.5 Fatores externos .................................................................................................................... 41

15

2.4 INDICADORES DE EFICINCIA NO TRANSPORTE PBLICO ................................ 42

2.4.1 Indicadores .......................................................................................................................... 42

2.4.2 Indicadores de Eficincia no Transporte Pblico .......................................................... 43

2.5 PROCESSO DECISRIO ................................................................................................... 51

2.5.1 A Metodologia Multicritrio ............................................................................................. 53

2.5.1.1 Consideraes iniciais .......................................................................................................... 53

2.5.1.2 Relaes de preferncia ........................................................................................................ 56

2.5.2 Mtodo de Analise Hierrquica AHP.............................................................................. 58

3 O SISTEMA DE TRENS DE SALVADOR .................................................................... 63

3.1 A CIDADE DO SALVADOR ............................................................................................. 63

3.1.1 Populao e Renda ............................................................................................................. 63

3.1.2 Localizao, Relevo e Diviso Territorial ........................................................................ 64

3.1.2.1 Localizao e relevo ............................................................................................................ 64

3.1.2.2 Diviso territorial .................................................................................................................. 64

3.1.3 Transportes e Mobilidade .................................................................................................. 65

3.1.3.1 O planejamento de transporte em Salvador ......................................................................... 66

3.2 O SUBRBIO FERROVIRIO ......................................................................................... 67

3.2.1 Expanso e Evoluo Espacial .......................................................................................... 68

3.2.2 Localizao e Aspectos do Relevo ..................................................................................... 69

3.2.3 Populao e Classes de Rendimento................................................................................. 70

3.2.4 Transportes e Mobilidade .................................................................................................. 72

3.3 A FERROVIA, HISTRICO E CARACTERSTICAS .................................................... 73

16

3.3.1 Histrico ............................................................................................................................... 73

3.3.1.1 A origem nos Planos Nacionais de Viao Histrico .......................................................... 73

3.3.1.2 Da San Francisco Railway aos dias atuais ........................................................................... 75

3.3.2 Localizao e Caractersticas ............................................................................................ 79

3.3.2.1 Localizao ........................................................................................................................... 79

3.3.2.2 Caractersticas ....................................................................................................................... 80

3.3.3 Dados Operacionais e Perfil da Demanda ....................................................................... 82

3.3.3.1 Dados operacionais ............................................................................................................... 82

3.3.3.2 Perfil da demanda ................................................................................................................. 83

4. METODOLOGIA .......................................................................................................... 85

4.1 SELEO DOS ESPECIALISTAS ................................................................................... 86

4.2 IDENTIFICAO DOS INDICADORES DE EFICINCIA ........................................... 86

4.3 SELEO DOS CRITRIOS ............................................................................................. 86

4.4 ELABORAO DE CENRIOS DE INTEGRAO .................................................... 86

4.5 AVALIAO DAS ALTERNATIVAS DE INTEGRAO ........................................... 87

4.5.1 Estruturao Hierrquica do Problema .......................................................................... 87

4.5.2 Definio da Importncia Relativa dos Critrios Selecionados ................................... 87

4.5.3 Avaliao das alternativas ................................................................................................. 88

5. APLICAO DA METODOLOGIA .............................................................................. 89

5.1 SELEO DOS ESPECIALISTAS .................................................................................... 90

17

5.2 IDENTIFICAO DOS INDICADORES DE EFICINCIA ........................................... 91

5.3. SELEO DOS CRITRIOS DE AVALIAO ............................................................. 92

5.4. CENRIOS DECISRIOS ................................................................................................ 97

5.4.1 Cenrio I .............................................................................................................................. 97

5.4.2 Cenrio II............................................................................................................................. 99

5.4.3 Cenrio III .......................................................................................................................... 100

5.5 AVALIAO ...................................................................................................................... 101

5.5.1 Estruturao Hierrquica do Problema .......................................................................... 102

5.5.2 Atribuio Da Importncia Relativa Dos Critrios De Avaliao ............................... 104

5. 5.3 Avaliao Das Alternativas De Integrao ...................................................................... 104

5.5.3.1 Custo de implantao ........................................................................................................... 105

5.5.3.2 Custo Operacional ................................................................................................................ 106

5.5.3.3 Tempo de Viagem ................................................................................................................ 107

5.5.3.4 Relao Renda Tarifa ........................................................................................................... 110

5.5.3.5 Acrscimo Na Demanda....................................................................................................... 112

5.5.3.6 Uso de Energia Limpa .......................................................................................................... 114

5.5.3.7 Reduo de Acidentes .......................................................................................................... 115

5.6 CONSIDERAES FINAIS ............................................................................................... 116

6 CONCLUSES E RECOMENDAES ....................................................................... 117

6.1 CONCLUSES .................................................................................................................... 117

6.2 RECOMENDAES ............................................................................................................. 118

REFERNCIAS ............................................................................................................................ 119

ANEXOS .......................................................................................................................................... 124

18

1. INTRODUO

O desejo de deslocamentos est associado realizao de atividades sociais, culturais, de

trabalho, de lazer e polticas. Entende-se por mobilidade urbana a locomoo de pessoas

ou mercadorias no espao da cidade, utilizando uma ou mais formas de deslocamento em

funo de um motivo de viagem (PDDU, 2008). A possibilidade de deslocamento para o

atendimento dessas necessidades, a mobilidade, varia de pessoa para pessoa.

Segundo Vasconcelos (2005), fatores de natureza pessoal, familiar e externa interferem na

capacidade de mobilidade.

No aspecto pessoal, a mobilidade varia em funo da renda, da faixa etria, da

escolaridade e do gnero de cada pessoa. Por outro lado, cabe ao poder pblico ofertar e

gerir os servios de transportes garantindo ao cidado o atendimento das suas

necessidades de deslocamento e seu direito de acesso cidade, com solues eficientes e

capazes de atender s crescentes necessidades das suas populaes.

Para as grandes cidades, o transporte pblico, especialmente os modos de grande

capacidade, devido s suas vantagens econmicas e ambientais so apontados como

alternativas eficientes para a soluo dos problemas da mobilidade urbana. Entretanto em

cidades brasileiras, como Salvador, a situao mostrada pela realidade contrasta com o

potencial dessas alternativas.

Dados do Relatrio Geral de Mobilidade Urbana de 2008, da Associao Nacional de

Transportes Pblicos (ANTP), indicam que, nos municpios com populao acima de um

milho de habitantes, do total das viagens realizadas, 29,4 % so feitas utilizando o

servio de transportes pblicos, enquanto 37,9% so feitas pelo modo a p (ANTP 2009).

Em Salvador, cidade com 2,68 milhes/habitantes, inserida na quinta regio

metropolitana e terceira capital do pas em populao (IBGE, 2011), dados da

Superintendncia de Transportes Pblicos (STP, 2004) mostram que, no ano de 2004, do

total das viagens realizadas com o uso do transporte pblico, as realizadas por nibus

representaram 95,35% enquanto as viagens por trem representaram apenas 1% (STP

2004).

19

O sistema de trens de passageiros de Salvador remanescente de uma ferrovia inaugurada

no ano de 1860, construda para o transporte de cargas e de passageiros entre os portos de

Salvador e de Juazeiro - cidade localizada nas margens direita do So Francisco.

Atualmente, devido s mudanas institucionais ocorridas na ferrovia e expanso e

transformao ocorridas na cidade, o sistema possui 10 estaes e uma extenso de 13,5

km de via. Subsidiado com recursos pblicos, esse sistema tem na populao de baixa

renda do Subrbio Ferrovirio a maioria dos seus usurios. Sem dispor de qualquer forma

de integrao, o trem de subrbio de Salvador encontra-se isolado espacialmente dos

principais centros de atrao da cidade. Ele opera com demanda abaixo da sua

capacidade, atendendo parcialmente ao desejo de deslocamento dos seus usurios,

evidenciando, assim, sua ineficincia. Este o problema objeto deste trabalho de

pesquisa.

Pela rigidez dos sistemas ferrovirios, a integrao com outros modos melhora a oferta,

gera e atrai novas viagens, e aumenta sua eficincia. Por essa razo, esta pesquisa tem

como objetivo avaliar alternativas de integrao com outros modos de transporte que

possam melhorar a eficincia dos trens de subrbio de Salvador.

So vrias as abordagens do conceito de eficincia. Ferraz & Torres (2004) conceituam

eficincia na perspectiva econmica e social. Azambuja (2002) na perspectiva produtiva.

Por sua vez, os problemas de transportes podem ser abordados tanto no nvel produtivo

(tcnico e econmico) como tambm ser avaliado do ponto de vista social e sociolgico.

O transporte pblico tanto beneficia como impacta negativamente o ambiente fsico e

social das cidades. Portanto, na avaliao da sua eficincia, devem ser considerados os

aspectos sociais e ambientais, alm do aspecto econmico.

A limitao do espao urbano, o consumo de energia e de recursos naturais, a emisso de

poluentes, as ocorrncias de acidentes, rudos, tempo de viagem, interferncia visual,

impactos, o tempo gasto nos deslocamentos, os custos da sua produo e o poder

aquisitivo da populao so exemplos de fatores que necessitam ser considerados na

avaliao de alternativas para solues eficazes e eficientes para o transporte urbano de

passageiros.

20

Para uma cidade sustentvel, a abordagem da mobilidade necessita ser feita a partir dos

atributos do desenvolvimento socialmente justo, ambientalmente equilibrado e

economicamente vivel. Considerando que a integrao intermodal contribui para a

melhoria da eficincia do transporte ferrovirio de passageiros, esta pesquisa busca

avaliar medidas de integrao adequadas a essa finalidade, considerando no conceito de

eficincia, alm dos aspectos econmicos, os aspectos scio-espaciais e ambientais.

Os vrios critrios envolvidos na avaliao - a existncia de diferentes relaes de poder

entre os grupos de interesses envolvidos no processo decisrio, e a diversidade de

opinies sobre um mesmo aspecto, a exemplo do que, de acordo com os jornais, ocorre

atualmente em Salvador com relao implantao de um sistema de transportes de alta

capacidade visando a Copa do Mundo de Futebol de 2014 (Anexo D) - tornam a avaliao

de alternativas de integrao de sistemas de transportes uma situao de deciso complexa

(CHURCHILL, 1990 apud ENSSLIN et al., 2001) e inadequado o uso de mtodos

tradicionais para a sua soluo.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Esta pesquisa tem como principal objetivo avaliar alternativas de integrao intermodal

para a melhoria da eficincia do trem de subrbio da Cidade do Salvador.

1.2.2 Objetivos Especficos

Na consecuo do objetivo principal, este trabalho objetiva tambm, considerando o

contexto espacial e social do Subrbio Ferrovirio e da Cidade do Salvador:

- identificar as alternativas de integrao;

- selecionar as alternativas adequadas;

- analisar as alternativas selecionadas.

Nessa avaliao, alm dos aspectos tcnicos da mobilidade, esto implcitos e sero

considerados fatores de natureza econmica, social, e poltica.

21

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho foi dividido em seis captulos:

- No Capitulo 1 feita a caracterizao do problema e so apresentados os objetivos

da pesquisa.

- No Capitulo 2 apresentada uma reviso terica dos conceitos de eficincia,

fatores que influenciam a eficincia nos transportes, do mtodo AHP, alm de

outros aspectos considerados fundamentais no desenvolvimento do estudo.

- No Capitulo 3 apresentado o contexto decisrio com um histrico do sistema

ferrovirio de Salvador, as caractersticas do Subrbio Ferrovirio e sua

contextualizao na Cidade.

- O Capitulo 4 apresenta a metodologia proposta para a realizao da pesquisa.

- No Capitulo 5 feita a aplicao da metodologia proposta com e a apresentao

dos resultados.

- O Capitulo 6 apresenta as concluses e recomendaes para continuidade dos

estudos.

22

2. REVISO TERICA

2.1 EFICINCIA e EFICCIA

O conceito de eficincia adquire significados diversos, confundindo-se muitas vezes com

o conceito de eficcia ou produtividade. Segundo Lovell (1993, apud AZAMBUJA,

2002), a eficincia definida como uma comparao entre o produto observado e o

mximo produto potencial alcanvel, para os insumos utilizados. A eficincia pode ser

aferida do ponto de vista produtivo (tcnico e econmico), social e sociolgico. Ferraz &

Torres (2004) conceituam eficincia na perspectiva econmica e social, enquanto que

Azambuja (2002) conceitua o termo na perspectiva produtiva.

Do ponto de vista econmico, Ferraz e Torres (2004, p. 116) afirmam que a eficincia na

produo de um bem ou servio diz respeito produtividade expressa pela relao entre o

produto obtido e os insumos gastos na produo. Este autor aborda tambm a eficincia

social que inclui, na sua avaliao, fatores relacionados aos impactos negativos e

positivos, causados ao ambiente e qualidade de vida da populao.

Para Farrell (1957, apud AZAMBUJA, 2002, p. 59), a eficincia avaliada pelo grau de

sucesso em gerar determinada quantidade de produto a partir de um dado conjunto de

insumos. Na perspectiva produtiva, para Berechman (1993, apud AZAMBUJA, 2002), a

eficincia tem duas componentes: a tcnica que a habilidade de, evitando desperdcio,

produzir tanto produto quanto o uso dos insumos permite; e a alocativa que quando,

alm de tecnicamente eficiente na seleo da combinao de insumos, h uma

minimizao dos custos totais. Quando, alm de tecnicamente eficiente, a empresa na

seleo entre a combinao de insumos tambm minimiza os custos totais, ela

alocativamente eficiente.

De acordo Azambuja (2002, p. 59), a eficincia tcnica tambm obtida quando dado o

nvel de produto desejado, que restrito ao nvel de demanda do mercado, a empresa usa

o mnimo de insumos suficientes e necessrios para produzir aquele nvel de produto.

23

Falavigna (2009), referindo-se a modelos conceituais de desempenho de sistemas de

transportes, utiliza as definies da Real Academia Espanhola para diferenciar os

conceitos de eficincia do de eficcia, respectivamente, capacidade de dispor de algum

ou de algo para conseguir um efeito determinado e capacidade de se obter o efeito

que se deseja ou se espera. O autor destaca que enquanto o conceito de eficincia no

considera o objetivo desejado, o de eficcia no considera os recursos consumidos.

Segundo Fielding (1978 apud FALAVIGNA 2009), as medidas de eficcia referem-se ao

grau de correspondncia entre o servio prestado e as metas e objetivos preestabelecidos

pelo poder pblico em funo das necessidades dos cidados.

Com base nesses conceitos, ocorrem nos sistemas de transportes pblicos servios que

considerando os insumos utilizados so produzidos de forma eficiente, apesar disso, por

problemas relacionados espacializao, por exemplo, no so efetivos nos resultados

esperados, e pela ineficcia so avaliados como de baixo desempenho.

Neste trabalho a definio eficincia adotada para avaliao das alternativas de integrao

no pretende distinguir esses conceitos.

2.2 FORMAS DE AVALIAO DA EFICINCIA

2.2.1 Eficincia Econmica

Uma atividade produtiva que reduza os custos minimizando os insumos e apresente

melhores resultados com menores impactos negativos pode ser comparada e servir de

referncia de eficincia para outras atividades similares. No caso dessa atividade ser no

servio pblico, a melhor eficincia possibilita a melhor alocao de investimentos e a

formulao de polticas mais adequadas. Para que essa avaliao seja feita necessrio

que a aferio da eficincia seja de alguma forma mensurada.

Segundo Azambuja (2002, p. 59), a medio da eficincia econmica feita comparando

custos, receitas e lucros observados, em relao a padres timos. As tcnicas utilizadas

na obteno de medidas de eficincia adotam a abordagem economtrica ou a abordagem

de programao matemtica.

A abordagem economtrica categorizada de acordo com o tipo de dados (um ou vrios

perodos) e com o tipo de variveis (somente quantidade ou quantidade e preo). A

abordagem economtrica de avaliao de eficincia paramtrica e permite confundir os

24

efeitos de m especificao da forma funcional com a ineficincia gerencial. As tcnicas

paramtricas para medir ineficincia so descritas atravs de funes de custos ou de

produo (AZAMBUJA 2002).

A abordagem de programao matemtica para a construo de fronteiras de produo e

construo de medidas de eficincia relativas fronteira de produo especificada

atravs da Anlise Envoltria de Dados AED ou DEA (Data Envelopment Analysis).

A abordagem EAD no-paramtrica e utiliza o mtodo de programao matemtica para

estimar modelos de fronteira de produo. A determinao da forma da fronteira do

conjunto produtivo feita considerando que o conjunto de produo deve satisfazer

determinadas propriedades (SAMPAIO, 2007). As formas de abordagens e a definio

dos tipos de mtodos utilizados na avaliao de eficincia econmica esto resumidas no

quadro da Tabela 1

Tabela 1 - Mtodos utilizados para medir eficincia econmica - Fonte: (AZAMBUJA, 2002)

TIP

O D

E A

BO

RD

AG

EM

No-

paramtricas

NMERO-

NDICES

Comparam-se as relaes (de quantidades e/ou custos)

entre insumos ou produtos entre duas unidades ou dois

perodos de tempo.

ANLISE

ENVOLTRIA

DE DADOS

um processo de fronteira em que se constri

empiricamente uma funo linear, por partes que se apiam

sobre as observaes que ficam no topo, atravs de

insumos e produtos observados.

Paramtricas

FUNO DE

PRODUO

Define-se uma relao tcnica existente entre insumos e

produto em um processo de produo, durante um perodo

de tempo.

FUNO DE

CUSTO

Tenta-se definir uma relao funcional entre produtos e

insumos atravs de seus respectivos preos

2.2.2 Eficincia e Sustentabilidade

Alm da abordagem econmica, a mais freqente, a avaliao de eficincia pode ser

realizada considerando os impactos conseqentes da atividade produtiva no ambiente

fsico e social onde ela se insere.

25

Ferraz e Torres (2004) conceituam a eficincia social como a que avalia, alm dos custos

monetrios da produo do bem ou servio, o custo social - custo dos impactos desejveis

e indesejveis (positivos e negativos) sobre a qualidade de vida da populao.

Nos anos 60, por mobilizao dos movimentos Ambientalistas, implantada nos Estados

Unidos a National Enviroment Policy Act (NEPA), influenciando para que, a partir da

metade da dcada de 1970, a comunidade cientifica mundial e a populao dos pases

desenvolvidos comeassem a exercer presso sobre as agncias internacionais de

financiamento. Como conseqncia, organismos de cooperao internacional passaram a

considerar o Estudo de Impacto Ambiental (da expresso surgida na Europa nessa mesma

dcada Enviroment Impact Assessment - EIA) para a soluo de problemas ambientais

surgidos por projetos financiados por esses pases (FREITAS,1999).

Entretanto, junto com o surgimento de novos modelos conceituais de planejamento,

surgiram tambm as crticas ao modelo racionalista, e questionamentos ao planejamento e

avaliao de polticas pblicas realizados de forma fragmentada e sem a garantia da

participao dos diversos interesses implicados, apontando para a necessidade de

superao do conceito de desenvolvimento que considere apenas os aspectos tcnicos e

econmicos. Alm de outras, uma crtica feita a de se obter uma opo final unicritrial

baseada em realidades estveis nas quais se pressupem solues timas (DUARTE,

1989 apud FREITAS 1999).

A Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Naes Unidas

publicou em 1987 o relatrio The Brundtland Report (Nosso Futuro Comum), resultado

da conferencia realizada em Estocolmo, e em 1992 a Agenda 21, aprovada na conferncia

realizada no Rio de Janeiro, estes eventos foram marcos fundamentais no conceito de

desenvolvimento sustentvel e na influencia das polticas pblicas (CELES, 2009, p. 9). O

conceito de sustentabilidade, embora adquirindo variados significados, pretende sempre

associar as dimenses econmicas, ambientais e de equidade, na forma de

desenvolvimento e uso de recursos e bens, para atual e futuras geraes.

Apresentados indicadores das principais questes ambientais no Brasil, o Instituto de

Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA) aborda a eficincia econmica, tanto no aspecto

alocativo, relacionado ao uso dos recursos, como no aspecto equitativo relacionado

26

distribuio dos custos e dos benefcios do uso dos recursos, alm dos aspectos

relacionados aos impactos da sua degradao e exausto (MOTTA,1996).

Para Ferraz e Torres (2004), a avaliao de projetos de natureza pblica deve ser realizada

com base em anlises multiobjetivas com atributos mltiplos, ou seja, avaliada com base

em mltiplos critrios. Para o autor, no caso do transporte, alm da poluio atmosfrica e

sonora, por exemplo, os efeitos sobre o uso do solo, como desapropriao e valor da terra,

tambm necessitam ser considerados.

2.3 EFICINCIA NO TRANSPORTE PBLICO

No atendimento s suas necessidades de trabalho, lazer, buscar servios, compras, ou

outras atividades, as pessoas se deslocam na cidade caminhando, usando o transporte

particular ou o servio do transporte pblico. As possibilidades, a qualidade, e a eficincia

desses deslocamentos variam de cidade para cidade, e para cada pessoa. Para a eficincia

do transporte, necessrio o planejamento que considere de forma integrada alm do

aspecto econmico outros dos aspectos de polticas urbanas. Essa necessidade

reconhecida por tcnicos, governos e outros agentes, como os organismos de

financiamento.

Segundo Vasconcellos(2001), os movimentos entre as estruturas de produo variam com

respeito aos fatores de capacidade, velocidade, segurana, conforto e custo. Essas

caractersticas combinam-se de vrias formas em situaes especificas. O tipo especifico

do ambiente de circulao influencia a qualidade e eficincia do movimento de pessoas e

mercadorias (VASCONCELLOS 2001, p.34).

Segundo Sampaio e outros (2007), a expanso urbana desordenada obriga a rede de

transporte pblico a ir se formando de forma desordenada e irracional. Em conseqncia

disso, os servios de transporte pblico passam a ser ofertados com pssimo nvel e baixa

freqncia.

No Brasil, foi estabelecido no ano de 2001 um novo marco legal para a poltica urbana

com a sano da Lei 10.257, o Estatuto da Cidade, que regulamentou os artigos 182 e 183

da Constituio Federal de 1988. O estatuto estabelece, no seu Art. 2, as diretrizes gerais

da poltica urbana, dentre as quais foram destacadas as estabelecidas nos incisos I, II, IV,

V, VII, IX (destaque nosso) relativas gesto, ao transporte e ao meio ambiente urbano.

27

I garantia do direito a cidades sustentveis, entendido como o direito terra

urbana, moradia, ao saneamento ambiental, infra-estrutura urbana, ao

transporte e aos servios pblicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e

futuras geraes; II gesto democrtica por meio da participao da

populao e de associaes representativas dos vrios segmentos da

comunidade na formulao, execuo e acompanhamento de planos, programas

e projetos de desenvolvimento urbano; IV planejamento do desenvolvimento

das cidades, da distribuio espacial da populao e das atividades econmicas

do Municpio e do territrio sob sua rea de influncia, de modo a evitar e

corrigir a distores do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o

meio ambiente. V oferta de equipamentos urbanos e comunitrios, transporte

e servios pblicos adequados aos interesses e necessidades da populao e s

caractersticas locais [...] VIII adoo de padres de produo e consumo de

bens e servios e de expanso urbana compatveis com os limites da

sustentabilidade ambiental, social e econmica do Municpio e do territrio sob

sua rea de influncia [...]. IX justa distribuio dos benefcios e nus

decorrentes do processo de urbanizao (ESTATUTO DA CIDADE, 2001).

Avaliando alternativas de sistemas de transportes para corredores de transportes da

Cidade do Rio de Janeiro, Freitas (1999) analisa as metodologias de planejamento de

transportes da Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU), Banco Mundial

(BIRD), US Departamento of Transport (DOT), American Association of State Higway

and Transportation Officiais (AASTHO), e Transport and Road Research Laboratory

(TRRL) - as cinco comumente utilizadas at a dcada de 80 - e faz uma crtica aos

mtodos de planejamento de transportes que, na escolha de alternativas, consideravam

apenas o aspecto econmico.

Referindo-se aos sistemas de transporte nas cidades de Hong Kong e Singapura,

Gonalves conclui que (...) uma caracterstica importante no sucesso administrativo

destas cidades uma boa integrao do transporte ferrovirio com a urbanizao

(GONALVES, et al., 2009, p. 6).

2.3.1 Fatores que Afetam a Eficincia no Transporte Pblico

2.3.1.1 Fatores econmicos

Do ponto de vista econmico, estabelecido um padro de qualidade, a produo de um

bem ou servio a um menor custo, significa uma maior eficincia (FERRAZ & TORRES,

28

2004, p. 117). No transporte pblico coletivo, uma vez fixado o nvel do servio, a

eficincia avaliada pelo custo do passageiro transportado (idem).

Segundo Azambuja (2002), a reviso aplicada rea de transportes mostra que a maioria

dos estudos neste setor adota as funes de custos para estimar a relao insumos

produtos (AZAMBUJA, 2002, p. 92). Afirma ainda: A maioria dos estudos define custos

totais como custos de operao totais, excluindo juros, depreciaes e outras despesas no

operacionais (idem). Vrios fatores afetam os custos do transporte como, por exemplo,

tamanho e capacidade dos veculos, conservao das vias e demais infra-estrutura,

distncia entre paradas, qualidade de manuteno, possibilidade de integrao.

Sampaio e outros(2007, p. 9) apresentam uma retrospectiva histrica de estudos na qual,

na avaliao da eficincia de transportes pblicos, utilizaram o mtodo AED. No mtodo,

a eficincia avaliada pela relao insumo e produtos (impute/outputs). Segundo esse

autor, nesses estudos, os sistemas urbanos de transporte so considerados unidades de

tomada de deciso, Decision Making Units (DMUs); unidades que so avaliadas por

suas eficincias relativas s unidades identificadas como eficientes e que compem a

fronteira tecnolgica.

Na AED, as unidades de deciso realizam tarefas similares e se diferenciam pelas

quantidades dos insumos que consomem e dos produtos que resultam. Os produtos so as

viagens ofertadas e os insumos so frota de veculos, combustvel ou energia de trao,

peas sobressalentes, lubrificantes, etc.

Segundo Ferraz (2004), no planejamento de transporte, para que os custos sejam

minimizados e contribuam para uma maior eficincia, uma vez definido o modo a ser

utilizado, a origem e o destino, e conhecida a demanda por intervalo de tempo, deve-se a

princpio minimizar a quilometragem percorrida e a frota utilizada, conseqentemente

minimizando os gastos com energia motriz, peas, pessoal e encargos; e minimizar

tambm o tempo de viagem utilizando a mxima velocidade operacional possvel,

possibilitando a diminuio da frota a ser utilizada e dos gastos correspondentes.

Com relao frota recomenda utilizar veculos com capacidade adequada demanda e

compatvel com a infra-estrutura com a finalidade de reduzir o numero de veculos

necessrios e a quilometragem rodada (FERRAZ & TORRES, 2004). No servio de

29

transporte pblico por nibus, o tamanho dos veculos, o estado de conservao das vias,

a distncia entre as paradas, a configurao da rede, o tipo de prioridade na via,

programao da operao, traado das linhas, sistema de bilhetagem, morfologia e

topografia da cidade, etc. so os principais fatores que afetam a eficincia econmica.

Embora a AED no seja o mtodo que utilizaremos neste trabalho, fazemos referncia a

estes estudos objetivando identificar os parmetros contidos nos indicadores de eficincia

utilizados nos mesmos.

Viton (1997, apud SAMPAIO, et al., 2007) - utilizando como produtos os indicadores:

veculos/distncia percorrida (milhas), passageiros transportados; e como insumos:

velocidade mdia; idade mdia da frota; milhas percorridas; combustvel utilizado (gal.);

mo-de-obra de transporte, do capital, de manuteno e administrativa; custos de

servios, seguros e outros custos estudou a eficincia do sistema de nibus americano

com amostra de 217 empresas pblicas e privadas, utilizando o mtodo AED. Chu e

outros(1992) e Viton (1998) usaram DEA para desenvolver uma nica medida de

performance[...]. Notaram, ainda, que, em geral, eficincia e eficcia so negativamente

correlacionadas (SAMPAIO et al. 2007, p. 8).

Nolan (1996, apud SAMPAIO, et al., 2007 ), por sua vez, utilizou a AED e os

indicadores de insumos: nmero de nibus da frota ativa, nmero de empregados, e a

quantidade de combustvel consumida. Como produto, o autor utilizou veculos por

milhas percorridas (idem p.8).

Kariaftis & McCarthy (1997) concluram que sistemas de transporte com altos escores em

atributos como eficincia, eficcia ou desempenho global em geral tambm obtm bons

resultados nos demais indicadores, resultado que contradiz a Chu e outros (1992)

(SAMPAIO et al. 2007) .

Tambm usando AED, Husain et al. (2000) avaliaram a eficincia do setor pblico de

transporte da Malsia. Concluram que as empresas mais eficientes correspondiam s de

altas receitas (idem).

Pina e Torres (2001), usando AED, compararam a eficincia do setor publico e privado na

Espanha. Utilizaram, como insumos, os indicadores: combustvel/km, custo/km, e

subsdio passageiro. Como produtos, utilizaram os indicadores: nibus km/ empregado,

30

nmero de nibus km/ano, nibus km habitantes (este indicador da oferta pblica de

transporte).

No Brasil, muitos dos rgos de gerenciamento do transporte urbano por nibus utilizam

uma planilha elaborada pela j extinta Empresa Brasileira de Transporte Urbano (EBTU)

como base dos clculos tarifrios, que estabelece o custo do passageiro por quilmetro

rodado. Nos clculos tarifrios, a planilha considera os custos fixo e os de capital, tais

como frota, instalaes, depreciao, custos com tributos e taxas. Nos custos variveis,

considera consumo de combustveis e lubrificantes, pneus, mo de obra utilizada, peas

sobressalentes, quilometragem rodada na operao e quantidade de passageiros

transportados em um perodo mensal. Os parmetros de custo base para a remunerao

dos servios so considerados com base em parmetros padronizados, possibilitando o

retorno econmico da atividade varivel em funo da eficincia operacional.

2.3.1.2 Fatores scio-espaciais

Alm dos fatores de ordem econmica, outros fatores que esto alm da governabilidade

gerencial tambm interferem na eficincia dos transportes. A distncia dos bairros aos

principais centros de atividades na cidade, o relevo e o padro de ocupao do solo, e o

nvel de renda da populao usuria so exemplos dessas interferncias.

A regulao dos servios e outras aes que extrapolam a governabilidade gerencial

tambm interferem na eficincia do transporte. Problemas de natureza poltico-

institucional como a competncia de regulao sob a responsabilidade de diversos entes

governamentais (rgos estaduais e diversos rgos municipais); no caso do transporte

metropolitano, por exemplo, o tipo (caractersticas) do sistema operacional, a qualidade

da infra-estrutura urbana e a qualidade dos servios so fatores determinantes na

eficincia do transporte urbano de passageiros.

Baseados na hiptese de que a ineficincia tcnica pode ser no somente devido s falhas

na gerncia, mas tambm devido ao ambiente institucional enfrentado pela empresa,

Gathon & Pestieau (1992, apud AZAMBUJA, 2002 ) realizaram um estudo para

ferrovias europias onde estimaram uma funo de produo. Esses autores trabalharam

com dados da International Railway Statistics entre os anos de 1961 e 1988 para 19 pases

da Europa.

31

Nesse estudo, foram utilizados dois produtos toneladas-quilmetros brutas carregadas por

trens de carga e toneladasquilmetros brutas carregadas por trens de passageiros e quatro

insumos: nmero de mquinas e carros ferrovirios; fora de trabalho - staff ferrovirio

mdio anual usado na operao ferroviria; comprimento de linhas eletrificadas; e

comprimento de linhas no eletrificadas por ano. O estudo mostrou que, quando se

realizam mudanas nos fatores que escapam ao controle e responsabilidade da gerncia,

os nveis de eficincia sofrem uma variao, ou seja, a eficincia afetada tambm por

mudanas no nvel institucional.

Cervero (2008) realizou um estudo de reas planejadas de acordo com os princpios do

Desenvolvimento Orientado ao Transporte de Alta Capacidade (TOD)- uma estratgia

de planejamento urbano baseada nos princpios bsicos da concentrao de residncias e

atividades no entorno da estao de um modo de transporte de alta capacidade, e do

incentivo ao uso dos modos de transporte no motorizados, a p e bicicleta (CEVERO,

2008, apud GONALVES, et al., 2009, p. 3).

Segundo Gonalves (2009), a nfase das operadoras metroferrovirias, quando projetam

aumentar a demanda, direcionada ao veculo e sua operao, apesar da posio de Brons

e outros (2008, apud GONALVES, 2009) de que a escolha do modo de transporte

metroferrovirio para realizar os deslocamentos cotidianos pode estar relacionada com a

qualidade e a facilidade de acesso da populao ao servio.

2.3.1.3 Fatores ambientais

Contextualizando a proposta da Poltica Nacional de Mobilidade, um trecho do caderno

Mobilidade Urbana Sustentvel" critica a forma tradicional de formulao da poltica de

transporte de maneira pontual dissociada de outras polticas:

Ressalta-se que no fim dos anos 80, devido crise fiscal e promulgao da

Constituio Brasileira, que determinou a competncia do tratamento dos

transportes urbanos aos executivos locais, o governo federal extinguiu a EBTU

e, desde ento, os transportes vm sendo tratados de maneira pontual e

dissociada das polticas de habitao e saneamento, assim como sem dialogar

com as polticas energtica, tecnolgica, ambiental, regional, econmica e

social (BRASIL, 2004).

Este tambm tem sido o enfoque dos organismos bilaterais e agentes de financiamento. O

Banco Mundial, em um estudo com o objetivo de readequar as estratgias de transportes

para a questo da pobreza, no capitulo que trata do transporte urbano e desenvolvimento

32

das cidades, aponta como uma das concluses A integrao e a coordenao de polticas

setoriais so fundamentais abordagem de desenvolvimento mais integrada (THOMAS,

2003, p. 27).

O programa do Ministrio das Cidades para financiamento da infra-estrutura para o

transporte estabelece como abrangncia e objetivo dos seus investimentos:

[...] a melhoria qualitativa do transporte coletivo, atravs do conseqente

aumento da velocidade operacional, melhoria de conforto e segurana,

inclusive nos terminais e pontos de parada e melhoria da acessibilidade ao

sistema, alm da integrao entre os diversos modos, principalmente com os

no-motorizados (BRASIL, 2002).

2.3.1.4 Qualidade dos servios

Embora seja um tema distinto, a qualidade no transporte pblico urbano de passageiros

est relacionada avaliao da eficincia. Nos estudos dos problemas de transporte,

existem abordagens tradicionais que privilegiam o enfoque meramente tcnico e

econmico e abordagens que, alm dos aspectos tcnicos e econmicos, consideram

outros de natureza subjetiva como valores, ponto de vistas etc, ampliando essas

abordagens para enfoques sociais e sociolgicos. Assim ocorre com o problema da

qualidade do transporte pblico urbano.

Vasconcelos (2001) exemplifica, na analise do problema da qualidade do transporte

pblico, as diferenas prticas na abordagem em cada um dos enfoques: tcnico, social e

sociolgico. No exemplo citado, o enfoque tcnico aborda as condies de circulao dos

veculos; o enfoque social aborda as condies de circulao dos veculos com anlise da

quantidade de pessoas por modo de transporte; e o enfoque sociolgico aborda as

condies de circulao dos veculos e das pessoas frente s suas caractersticas sociais e

econmicas, e ao acesso s tecnologias de transporte.

Segundo Ferraz e Torres (2004), a qualidade no transporte pblico deve considerar o nvel

de satisfao de todos os atores envolvidos: usurios, governo, trabalhadores,

comunidade, trabalhadores do setor, operadores.

Para um transporte publico urbano de qualidade fundamental que todos esses atores

conheam e exeram seus direitos e deveres e conheam tambm os direitos e obrigaes

33

dos demais. Tambm fundamental que haja, de forma democrtica, a participao de

todos os atores na gesto do sistema.

Como parte integrante da Poltica Nacional de Mobilidade, o Governo Federal implantou

no ano de 2003 atravs do Ministrio das Cidades, o Programa de Financiamento de

Infraestrutura para o Transporte Coletivo Urbano (Pr-Transporte ), criado no ano de

2002, para financiamento com recursos do FGTS, da infra-estrutura de transporte. O

programa estabelece como objetivo:

(...) a melhoria qualitativa do transporte coletivo, atravs do conseqente

aumento da velocidade operacional, melhoria de conforto e segurana,

inclusive nos terminais e pontos de parada e melhoria da acessibilidade ao

sistema, alm da integrao entre os diversos modos, principalmente com os

no-motorizados. (BRASIL, 2003)

dever do governo (setor pblico), para um transporte pblico urbano de qualidade,

disponibilizar um servio que atenda aos requisitos de segurana, comodidade, rapidez, a

um custo compatvel com a renda e acessvel a toda populao, bem como considerar a

minimizao dos impactos negativos ao ambiente.

A demanda e a qualidade do transporte pblico esto relacionadas com a forma de

ocupao e uso do solo. Por essa razo, para a qualidade do transporte pblico, o

planejamento do sistema e a implantao da sua infra-estrutura devem ser feito de forma

integrada com o planejamento geral da cidade. necessrio tambm que, na gesto do

sistema, outra responsabilidade do estado, o servio de transporte pblico disponha de

pessoal qualificado e estrutura tcnica e administrativa adequada (idem p. 98).

Tambm as condies e o ambiente de trabalho dos trabalhadores do setor influenciam

diretamente a qualidade dos servios. Jornada de trabalho, salrios compatveis com a

atividade, instalaes e locais de trabalho saudveis, e reconhecimento do seu trabalho

por parte da comunidade so fatores que contribuem para a satisfao do trabalhador e da

melhor prestao do servio com qualidade e eficincia (FERRAZ & TORRES, 2004, p.

99).

Por parte dos operadores, a qualidade dos servios est relacionada com os investimentos

feitos em pessoal, equipamentos e instalaes e, no caso do operador privado, o justo

retorno dos investimentos feitos.

34

Ainda segundo Ferraz & Torres (2004), do ponto de vista da qualidade, a comunidade

objetiva um sistema de transporte pblico que: produza um baixo nvel de poluio

atmosfrica, sonora e visual; impacte minimamente no trnsito; possua um baixo ndice

de acidentes; possibilite acessibilidade fsica e econmica para todos; tenha veculos e

equipamentos com aparncia agradvel; e contribua para o uso e ocupao racional do

solo urbano.

Santos (2009) exemplifica alguns fatores relacionados qualidade de um sistema de

transportes que, segundo Sampaio, pode servir para a aferio da sua eficincia e

qualidade (SAMPAIO, 2007, p. 7). Os fatores citados so: a distncia que os usurios

devem percorrer desde sua origem at o ponto de embarque e do ponto de desembarque

at seu destino final; tempo de viagem, determinado pela velocidade comercial dos

veculos; confiabilidade dos usurios sobre horrio; os horrios de sada e de chegada dos

veculos; freqncia de atendimento expressa pelo intervalo de tempo entre passagens

consecutivas do veculo nos pontos de paradas; lotao, que relaciona a quantidade de

passageiros nos horrios de lotao mxima com a capacidade do veiculo; caractersticas

dos veculos, estado de conservao e a sua tecnologia; facilidade de utilizao, parmetro

envolvendo aspectos como a sinalizao dos pontos de parada, divulgao de horrios e

distribuio de mapas; mobilidade ao utilizar o transporte pblico (SANTOS 2000, apud

SAMPAIO, et. al., 2007).

Ainda segundo Ferraz e Torres (2004), para os usurios do transporte pblico urbano de

passageiros, acessibilidade fsica, acessibilidade econmica, tempo de viagem, freqncia

de atendimento (oferta), lotao, confiabilidade, segurana, caractersticas do

equipamento (veculos), sistema de informaes, conectividade, caractersticas dos locais

de parada e estado das vias so fatores que influem na qualidade do transporte (FERRAZ

e TORRES, 2004).

A reviso terica realizada evidencia que atributos de natureza econmica, scio-espacial,

polticos e ambientais interferem na eficincia do transporte pblico urbano de

passageiros. O custo operacional, a receita operacional e de servios, a quantidade de

passageiros transportados, a capacidade do equipamento, distncia percorrida, a

mobilidade ofertada indicada pelas possibilidades quantidades e qualidade de

deslocamento, o consumo, o tipo de fonte de energia utilizada para trao, e a poluio

35

so fatores que interferem na eficincia dos transportes e devem ser considerados na sua

avaliao.

2.3.1.5 Integrao multimodal

Apenas investimento em melhoria de infra-estrutura e material rodante no atraem novos

passageiros. Segundo a ANTP (2004), os trens metropolitanos das principais cidades

brasileiras concebidos como sistemas troncais, cujas distncias entre as estaes so igual

ou superior a 1000 m dependem fortemente da integrao intermodal.

Segundo Vasconcellos (2004), o deslocamento na cidade realizado por pessoas feito

com a utilizao dos vrios modos e tipos de transportes, pblicos e privado, coletivo e

individual, motorizado ou no . Quando esse deslocamento feito com a utilizao do

transporte pblico coletivo, em geralmente implica em: uma viagem a p at a parada ou

estao de embarque; em um tempo de espera pelo transporte; a viagem no coletivo; e

uma viagem a p do ponto ou estao de parada at ao local do destino.

Outra possibilidade , para realizar o deslocamento por completo, a pessoa (usurio)

precisar utilizar um ou mais coletivos efetuando transferncias (transbordo) entre vrios

coletivos do mesmo modo (intramodal) ou de modo diferente (intermodal) (FERAZ e

TORRES 2004). Segundo a ANTP, a integrao uma das formas de reorganizar os

sistemas de transporte pblico com o objetivo de racionalizar os custos e o aumento da

mobilidade mediante a maior oferta de servios (ANTP, 2005). Essa integrao pode ser

feita na forma de articulao fsico-operacional, tarifaria, ou institucional.

A escolha do modo de transporte depende da atratividade relativa de um modo comparado

com a atratividade de todos os outros modos. O modo mais rpido e mais barato tem

maior probabilidade de escolha, ou seja, provavelmente ser o modo com maior

percentual de usurios (LAUTSO et al, 2004 apud CAMPOS, RAMOS 2005 p.3).

Abordando o problema das pessoas na Regio Metropolitana de So Paulo (RMSP) que

por falta de recursos fazem viagens a p, Gomide (2003), baseado em estudos do IPEA,

relata que muitos substituem viagens: em vez de pegarem dois nibus para o trabalho,

por exemplo, fazem um trecho a p e outro de transporte coletivo, para economizar

dinheiro [...].

36

O mesmo autor indicando a integrao do transporte pblico com bicicletas como

possvel soluo diz que, assim sendo, deveriam ser incentivados projetos de integrao

entre bicicletas e nibus, com a construo de ciclovias e de bicicletrios nas estaes ou

terminais de transporte pblico.

Na cidade, a integrao dos sistemas de transporte pblico possibilita que o usurio ao se

deslocar para um destino desejado efetue esse deslocamento combinando da melhor

forma possvel os modos e tipos de transporte disponvel para ser utilizado. A integrao

uma das diretrizes da Poltica Nacional de Mobilidade e tem sido uma soluo utilizada

em algumas cidades brasileiras. A integrao permite a racionalizao e a eficincia dos

sistemas de transportes pblico, pois possibilita a racionalizao dos itinerrios com a

eliminao de possveis concorrncia entre modos, ou a superposio de itinerrios, a

economia de energia motriz (combustvel), e o aumento da mobilidade.

Segundo Gomide (2003), os metrs, pelo preo da tarifa e reas servidas, usualmente

beneficia a classe mdia. A possibilidade de beneficiar os pobres estabelecendo tarifas

mdicas e proporcionando integrao fsica e tarifria com nibus e modos alternativos

para atingir os locais onde reside essa camada da populao.

O incentivo da integrao intermodal tambm objeto das polticas pblicas de

financiamento da infra-estrutura para melhoria do Transporte coletivo. O programa Pro

Transporte do Ministrio das Cidades estabelece como abrangncia e objetivo dos seus

investimentos (grifo nosso):

[...] a melhoria qualitativa do transporte coletivo, atravs do conseqente

aumento da velocidade operacional, melhoria de conforto e segurana,

inclusive nos terminais e pontos de parada e melhoria da acessibilidade ao

sistema, alm da integrao entre os diversos modos, principalmente com os

no-motorizados (MIN. CIDADES BRASIL, 2004).

2.3.2 Eficincia no Transporte Metroferrovirio

Destacaram-se os sistemas metrovirios nesta seo, em razo da avaliao da sua

eficincia ser feita considerando abordagens e indicadores especficos, alm das outras

comuns aos demais modos.

2.3.2.1 Tipos de abordagens e fatores de avaliao

37

A implantao desses sistemas requer elevados recursos para investimentos,

freqentemente financiados por agncias que condicionam os recursos a estudos de

viabilidade. Esses estudos, por sua vez, devido s condies determinadas por essas

agencias, abordam a eficincia considerando alm do econmico, fatores sociais e

ambientais.

Segundo pesquisa realizada pela Comisso Metroferroviria da ANTP entre as principais

operadoras do Pas, todos os estudos prvios de viabilidade tcnico-econmica realizados

com o objetivo de captao de financiamento de investimentos em sistemas

metroferrovirios prevem para a eficincia desses sistemas, alm dos fatores

econmicos, outros fatores associados s externalidades:

[...] partem de um patamar de demanda definido em conjunto com rgos

locais de planejamento e/ou gesto de transporte pblico e do princpio bsico

da reestruturao e racionalizao das redes locais de transporte, com a

conseqente reduo do consumo de combustvel, dos congestionamentos, dos

ndices de poluio ambiental, reduo dos acidentes de trnsito e dos gastos

com sade, da melhoria da qualidade de vida, da reduo dos tempos de

deslocamento e o atendimento das camadas mais desfavorecidas da populao.

Os benefcios sociais, ambientais e econmicos so quantificados e valorados

apontando a viabilidade dos sistemas metroferrovirios nos grandes centros

urbanos do Pas (ANTP, 2004, p. 2).

Esses investimentos normalmente so custeados com recursos dos Tesouros Federal e/ou

Estadual ou com financiamento de organismos, como o BNDS - Banco Nacional de

Desenvolvimento Social, BIRD (IBRD International Bank for Reconstruction and

Development) Banco Mundial, BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento, JBIC -

Japan Bank for International Cooperation (ANTP, 2004). A pesquisa foi feita, entre a

Companhia do Metropolitano de So Paulo Metr, Companhia Paulista de Trens

Metropolitanos CPTM, Opportrans Concesso Metroviria S/A Metr Rio, Supervia

Concessionria de Transporte Ferrovirio S/A, Companhia Brasileira de Trens Urbanos

de Recife Metrorec, Companhia Brasileira de Trens Urbanos de Belo Horizonte

Metrobh, Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre Trensurb.

2.3.2.2 Energia motriz: tipo de fonte e consumo

Por ser um dos principais insumos na produo do transporte, a energia motriz fator

importante na avaliao da eficincia. No Brasil, atrs apenas do setor industrial, o setor

de transporte o responsvel por 28,4% do consumo de energia. Nesse setor, no ano de

2009, petrleo e gs natural respondem por 81% das fontes utilizadas (BRASIL, 2010).

38

Segundo Junqueira (2003), no pas, o gasto com o consumo de petrleo para movimentar

os cerca de 30 milhes de veculos atinge a cifra de US$ 30bilhes/ano. Essa energia pode

ser de origem fssil (petrleo, gs), vegetal (etanol, biodiesel), ou de gerao hidrulica

(eltrica) (VASCONCELLOS, 2004).

Considerando teoricamente cada modo utilizando sua mxima capacidade, convertendo a

energia consumida em uma nica forma equivalente para todos os modos, e comparando

o consumo de energia para transportar um passageiro por uma determinada distncia, a

eficincia energtica do modo metrovirio se situa em uma posio intermediria entre o

nibus e o automvel. Adotando o consumo na forma de Gramas Equivalente de Petrleo

para transportar 1 (um) passageiro em uma distncia de 1 (um) quilmetro, o consumo

equivalente do metr de 4,3 enquanto o do nibus articulado de 3,2 e o do automvel

de 19,3 GEP/pass.km (ALQUURES & MARTINES, 1999, apud VASCONCELLOS,

2004).

O consumo terico de energia entre os diversos modos de transporte, expresso em grama

equivalente de petrleo, distribui-se de acordo com o demonstrado na Tabela 2.

Tabela 2 - Consumo energtico (terico) dos modos de transportes

Modo de transporte GEP/pass.-km

nibus articulado 3,2

nibus biarticulado 3,5

nibus comum 4,1

Metr 4,3

Motocicleta 11,0

Automvel 19,3

Fonte: ALQUURES & MARTINES, 1999, apud VASCONCELLOS, 2004

Entretanto, na prtica, no Brasil, a ocupao mdia ao longo do dia de 1,5 passageiros

para os automveis e 25 para os nibus e a maioria dos sistemas ferrovirios e

metrovirios utiliza para a trao a energia eltrica, sendo mais eficientes, considerando o

problema da poluio atmosfrica causada pela emisso resultante da combusto dos

motores.

Dos sistemas sobre trilhos em funcionamento atualmente nas regies metropolitanas no

Brasil, os de Macei, Joo Pessoa, Natal, o ramal Sul de Recife, Fortaleza e Teresina

utilizam a trao dieseleltrica. Os demais, Salvador (CTS), Recife

39

(CBTU/METROREC), Belo Horizonte (CBTU), Rio de Janeiro (SUPERVIA e Metr

Rio), So Paulo (CPTM e METR), Porto Alegre (TRENSURB), e Braslia, utilizam a

trao eltrica.

Dados da ANTP (2009), conforme Tabela 3, relativos ao consumo anual de energia,

comparado por cada um dos modos de transporte, evidencia a importncia da participao

do transporte pblico coletivo na melhoria da eficincia energtica se comparado ao

modo individual; a importncia se torna maior para o modo sobre trilhos pela

possibilidade do uso de energia eltrica gerada de fontes renovveis .

Tabela 3 Consumo anual de energia por modo Fonte: (ANTP, 2009)

Modo 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Municipal 1,6 1,7 1,8 1,7 1,8 1,8

Metropolitano 0,5 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6

Trilhos 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 0,5

Transporte coletivo total 2,6 2,7 2,8 2,8 2,9 2,9

Auto 7,6 7,8 8,1 8,3 8,6 8,8

Moto 0,2 0,2 0,3 0,3 0,3 0,4

Transporte individual Total 7,8 8 8,4 8,6 8,9 9,1

Total 10,4 10,8 11,2 11,4 11,8 12,1

2.3.2.3 Capacidade na oferta

Comparado com outros modos de transportes motorizados, o modo metroferrovrio se

caracteriza pela capacidade na oferta, considerada de mdia a alta, possuindo, entretanto,

maior custo financeiro na implantao e baixa flexibilidade no atendimento do

deslocamento desejado. Devido a essas caractersticas, a menos que estejam implantados

em reas altamente adensadas, os sistemas metroferrovirios tm como determinante para

a sua eficincia a integrao com outros modos (ANTP, 2004).

Considerando a capacidade nominal de cada um dos diversos modos de transportes

motorizados, e com base nos dados da NTU (2001) e do PDTU (2004) sobre taxa de

ocupao na cidade do Rio de Janeiro, segundo Nabais (2005), seria possvel uma nica

viagem de metr, no horrio de pico, retirar do trfego o equivalente a aproximadamente

1428 automveis, indicando esses nmeros a necessidade do uso racional da matriz dos

transportes pblicos com a utilizao da integrao intermodal.

2.3.2.4 Centralidade das estaes

40

Considerando que a integrao intermodal influencia na demanda de passageiros dos

sistemas metroferrovirios, a eficincia tambm tem sido estudada a partir da capacidade

das suas estaes gerarem e atrarem viagens. Utilizando conceitos da Teoria de Grafos e

da Centralidade em redes, estudos avaliam o poder de uma estao em relao a outras de

atrair outros modos de transportes para complemento de viagens ou atividades

econmicas ou sociais (NABAIS, 2005).

Gonalves e outros. (2003 apud GONALVES, et al., 2009), a partir de um estudo da

centralidade de um sistema virio no entorno de uma estao, verificaram que a estao

ferroviria tem como caracterstica agregar atividades no seu entorno que, por sua vez,

fortalecem essa centralidade conseqentemente atraindo novos empreendimentos que

aumentam as viagens por trem.

Indicando critrios utilizados na escolha das estaes para implantao dos projetos de

integrao de sistemas ferrovirios existentes no Brasil, Nabais (2005) cita a experincia

no ano de 2004 da SUPERVIA, concessionria de trens urbanos, juntamente com o

Sindicato das Empresas de nibus da Cidade do Rio de Janeiro RIONIBUS os quais

utilizaram na avaliao fatores considerados favorveis potencialidades e desfavorveis

resistividades. Foram considerados favorveis: populao residente, comrcio e

servios, tempo de viagem da SUPERVIA, relao entre a tarifa da concorrncia e do

trem, e possibilidade de servios locais. Foram considerados desfavorveis: renda da

populao, nvel de oferta do concorrente, presena dos pontos finais, fragmentao da

concorrncia e acesso estao.

Alm da SUPERVIA, o autor cita ainda o projeto que existiu em Salvador implantado no

ano de 1984 com integrao trem-nibus com uma linha Circular Campo Grande-

Calada, a integrao metr-nibus do Metr Rio em 1988, e o do Metr So Paulo

implantado a partir da dcada de 70. Segundo ele, no projeto de Salvador foram

considerados os aspectos tarifrios, minimizao do desconforto dos passageiros causados

pela transferncia, e intervenes fsicas necessrias a integrao. No do Metr Rio, a

preocupao predominante foi com a questo tarifria que, poca, em Razo da alta

inflao, sofria reajustes mensais com evidentes reflexos na demanda e no atendimento a

toda rea de influncia da estao. No Metr So Paulo, os critrios utilizados resultaram

da anlise da malha viria e da rede do sistema de nibus, priorizando aquelas que

41

possuam o maior nmero de linhas que cruzavam as proximidades do percurso do metr

(NABAIS, 2005).

2.3.2.5 Fatores externos

Apesar da evidente importncia para melhoria da sua eficincia e racionalizao, e

embora constante nos estudos de viabilidade, na realidade, a reestruturao das redes de

transporte pblico atravs da integrao dos sistemas metroferroviarios com os outros

modos no se verificou nas cidades Brasileiras. Apesar da existncia de alguma forma de

integrao, os sistemas de transportes por nibus e os metroferroviarios operam

concorrendo entre si ocorrendo corredores paralelos ao trajeto dos metrs e ferrovias.

Relatando o resultado da pesquisa realizada por sua Comisso Metroferroviaria, j

anteriormente referida, a ANTP constata:

O que se pode constatar uma sensvel falta de planejamento integrado nos

transportes metropolitanos que se manifesta em todos os nveis, desde a prpria

concepo das infra-estruturas, que no favorecem a integrao entre os meios

de transporte, at a superposio de linhas de nibus com o metr ou trem

[...](ANTP, 2004, p. 3).

O modo sobre trilhos, devido a fatores externos sua governabilidade, sofreu ao longo de

um perodo um processo de decadncia e diminuio da sua participao na matriz de

transportes das cidades. Apresentando um quadro histrico da ruptura dos transportes

sobre trilho, bonde e trem, nos transportes urbanos, Silva (2005), citando vrios autores,

relaciona alguns fatores como causa dessa ruptura:

- O lobby a favor do rodoviarismo que comeou a se formar no Brasil na segunda

metade do sec. XX (BARAT 1991, apud SILVA 2005);

- Insuficincia dos investimentos estatais;

- Administrao incompetente e retrgada das ferrovias estatais;

- Crescimento poltico desmesurado do nmero de funcionrios comprometendo a

competitividade das tarifas em relao rede rodoviria e multiplicando a

ineficincia do sistema;

- Movimentos dos sindicatos ferrovirios por aumentos salariais e contra a presena

dos capitais estrangeiros;

- Preferncia dos investidores estrangeiros por outras atividades de suporte

industrializao, entre as quais o transporte rodovirio e a rede viria urbana;

42

- Baixa tendncia das taxas de rentabilidade da eletricidade e sua substituio pelo

petrleo que se organizou de forma oligopolista, no perodo, e passou a ser a

principal fonte de energia do setor de transporte;

- Inexistncia de uma efetiva rede ferroviria;

- Equipamento obsoleto, ou em vias em obsolescncia (KATINSKY 1994;

BRASILEIRO, et al., 2001, apud SILVA, 2005);

Avaliando a deteriorao operacional ocorrida no sistema de trens de Salvador, estudo

produzido pela Fundao Mario Leal Ferreira (FMLF) destaca duas causas:

[...] concorrncia com os nibus urbanos/ metropolitanos que no possuindo a

rigidez de um sistema ferrovirio, possibilitou seu significativo espraiamento

por toda a regio, e oferecendo, assim, uma constante melhoria na qualidade

dos servios ofertados, notadamente em termos de atendimento; localizao da

estao terminal central na Calada que distante quase quatro quilmetros do

Centro da Cidade (Praa da S /Mercado Modelo ),dificultava sobremaneira

seu uso sistemtico pela populao que se destinava ao Centro da Cidade

(FMLF, 2001).

2.4 INDICADORES DE EFICINCIA NO TRANSPORTE PBLICO

2.4.1 Indicadores

Um fenmeno do mundo real ou um objeto pode ser representado por valores de

caractersticas bem definidas, ou seja, por dados quantitativos ou qualitativos de um

determinado atributo (CORREIA, 2004, apud MAGALHES, 2004). No entanto, se o

nvel da anlise exigir a representao de uma grande e diversa quantidade de dados, a

tomada de deciso atravs dessa forma torna-se contraproducente. Com a finalidade de

sintetizar os atributos principais de um objeto ou fenmeno, os indicadores so

parmetros concisos, representativos e de fcil interpretao (CEROL, 2004, apud

MAGALHES 2004). Um indicador pode ser um parmetro de forma numrica

(percentual, intervalo, ordinal, escalar) ou verbal (escala semntica), ou seja, pode

representar uma caracterstica quantitativa ou qualitativa (CAMPOS, 2005). Por

permitirem aos decisores tomarem conhecimento de uma determinada realidade, os

indicadores so elementos fundamentais nos processos de planejamento

43

2.4.2 Indicadores de Eficincia no Transporte Pblico

Segundo Magalhes (2004), no Brasil, por no haver no setor pblico de transportes uma

sistemtica de planejamento de forma consolidada, ainda no existe um sistema de

indicadores coerente com as necessidades de planejamento e gesto. Apesar disso, os

indicadores so muitos e diversos. A quantidade de passageiros transportados em um

determinado percurso por um perodo especfico, o custo de passageiro transportado em

um sistema, o custo de implantao por uma unidade de comprimento de um tipo de via, e

o percentual de viagens efetivamente realizadas comparadas com as programadas etc. so

exemplos dos indicadores comumente utilizados na avaliao dos diversos modos de

transportes.

Na literatura, os indicadores de eficincia de transporte freqentemente representam os

custos dos insumos ou de qualidade e quantidade dos servios produzidos e utilizados. A

gesto dos transportes na Cidade do Salvador influenciada pela forma tradicional do

planejamento baseado no Modelo em Quatro Etapas, o Urban Transportation Planning

System (UTPS). Para Santos (2009) a gesto da mobilidade devido influncia desse

modelo, desenvolvido na dcada de 50 nos EUA com base nas etapas de gerao, atrao,

distribuio modal e alocao de viagens, amplamente utilizado no Brasil, os indicadores

a ela associados sempre tendem a enfocar principalmente o acesso fsico aos meios de

transportes.

Segundo Sampaio e outros (2007), comumente na modelagem de eficincia dos sistemas

de transportes so utilizados basicamente indicadores dos insumos trabalho (total de

empregados da operao, da manuteno, e da administrao ou custo da mo de obra),

combustvel (quantidade utilizada em um perodo) e capital (frota operacional).

Fielding e outros e Fensterseifer (1978, 1986 apud AZAMBUJA 2002) fazem referncia

s seguintes famlias de indicadores de eficincia dos transportes:

- Produtividade de trabalho:

Receita-veculo-milhas por emprego;

Veculos-milhas totais por emprego;

Receita-veculo-horas por emprego;

Medidas de Utilizao do Veculo;

44

Receita-veculo-milhas por veculo;

Veculo-milhas totais por veculo ;

Receita-veculo-horas por veculo.

- Medidas de Despesa por Unidade de Produto produzido:

Despesas de operao por assento-milhas;

Despesas de operao por receita-veculo-milhas ;

Despesas de vperao por Veculo-milhas-totais ;

Despesas de operao por receita-veculo-horas.

- Medidas de Eficincia de Energia:

Consumo de energia por receita-veculo-milhas;

Consumo de energia por veculo-milhas totais;

Consumo de energia por receita-veculo-horas [...].

Majoritariamente, as operadoras de nibus e os rgos municipais e metropolitanos de

gerenciamento do transporte adotam, na avaliao de eficincia, os indicadores listados a

seguir - alguns desses tambm so utilizados na planilha do calculo tarifrio desenvolvida

originalmente pela EBTU (STP, 2004):

- ndice de Passageiros por Quilmetro IPK: relaciona a quantidade de

passageiros equivalente ao total da receita operacional pelo percurso total

realizado em um mesmo perodo de operao;

- Fator de utilizao de mo de obra: razo entre o total de trabalhadores

operacionais mnimo necessrio para cumprimento do servio previamente

estabelecido pelo rgo gestor dividido pela frota operacional

(especificada para a operao);

- Passageiros transportados: total de passageiros transportados em um

determinado perodo (ms);

- Quilometragem percorrida: quilometragem total realizada na operao em

um perodo;

- ndice de desempenho operacional: relao entre a quantidade das viagens

efetivamente realizadas e as programadas para um mesmo perodo;

- ndice de Falhas/km: razo entre o nmero total de falhas ocorridas e o

total do percurso realizado para a operao em um certo perodo;

45

- Idade mdia da frota: mdia ponderada da idade da frota baseada no ano

de fabricao do chassi do veiculo;

- Custo/km: relao entre o custo total (fixo e varivel) e o percurso total

realizado para a operao em um determinado perodo.

Campos e Ramos (2005) propem vrios indicadores de mobilidade urbana sustentvel,

alguns relacionados ao transporte pblico inclusive sua infra-estrutura.

Populao residente com distncia mdia de caminhada inferior a

500 m das estaes/paradas de TPU - populao residente num raio

de 500 m de um ponto de acesso ao transporte pblico. Unidade:

Populao;

Extenso de ciclovias - razo entre a extenso de vias com

ciclovias e a extenso total de vias coletoras e arteriais. Unidade:

km/km (%);

Distncia mdia de caminhada s escolas - mdia das maiores

distncias entre os limites da regio e as escolas da mesma. Ou,

quando houver disponibilidade de informao, este indicador pode

ser medido pela distncia mdia de caminhada dos alunos at as

residncias. Unidade: Distncia mxima total a cada escola / num

de escolas;

Populao dentro de uma distncia de 500 m de vias com uso

predominante de comrcios e servios: mdia de populao

residente dentro de uma faixa de 500 m ao longo de vias com uso

predominante, acima de 50%, de comrcios e servios. Unidade:

Populao;

Renda mdia da populao/custo mensal do transporte pblico :

razo entre a renda mdia mensal da populao e o custo total

mensal no transporte pblico referente a duas viagens dirias (ida e

volta ao centro urbano). Unidade: $renda/ $tarifa (%);

Parcela de veculos (oferta de lugares) do Transporte Pblico

Urbano (TPU) utilizando energia limpa: razo entre a capacidade

de transporte pblico utilizando energia eltrica, ou a gs, e a

46

capacidade total de transportes pblicos. Unidade:

capacidade/capacidade Total (%);

Acidentes com pedestres ou ciclistas por 1000 hab.: mdia mensal

de acidentes envolvendo pedestres ou ciclistas com veculos para

cada mil habitantes. Unidade: nmero acidentes/1000 hab;

Oferta de TPU (oferta de lugares) - nmero de lugares ofertados no

transporte pblico em hora de pico. Unidade: capacidade;

Freqncia de TPU - freqncia horria de veculos de TPU, no

horrio de pico. Unidade: veculos/hora;

Tempo mdio de viagem no TPU para o ncleo central de

atividades