universidade estadual do oeste do paraná …cac-php.unioeste.br/cursos/toledo/servico_social/...4...

86
Universidade Estadual do Oeste do Paraná SERVIÇO SOCIAL __________________________________________________________________________ SUZAMAR STEFANI JANDREY DORFSCHMIDT O PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA BPC: BAIRRO JARDIM PANORAMA, USUÁRIOS DO CRAS IV NO MUNICÍPIO DE TOLEDO PR __________________________________________________________________________ TOLEDO - PR 2012

Upload: truonghanh

Post on 01-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

0

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

SERVIÇO SOCIAL

__________________________________________________________________________

SUZAMAR STEFANI JANDREY DORFSCHMIDT

O PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO

CONTINUADA – BPC: BAIRRO JARDIM PANORAMA, USUÁRIOS DO CRAS IV

NO MUNICÍPIO DE TOLEDO – PR

__________________________________________________________________________

TOLEDO - PR

2012

1

SUZAMAR STEFANI JANDREY DORFSCHMIDT

O PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO

CONTINUADA – BPC: BAIRRO JARDIM PANORAMA, USUÁRIOS DO CRAS IV

NO MUNICÍPIO DE TOLEDO – PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Serviço Social, Centro de Ciências

Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná, como requisito parcial à obtenção

do grau de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profa. Ms. Cristiane Carla Konno

TOLEDO - PR

2012

2

SUZAMAR STEFANI JANDREY DORFSCHMIDT

O PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS DO BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO

CONTINUADA – BPC: BAIRRO JARDIM PANORAMA, USUÁRIOS DO CRAS IV

NO MUNICÍPIO DE TOLEDO – PR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Serviço Social, Centro de Ciências

Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do

Oeste do Paraná - Campus de Toledo, como

requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em

Serviço Social.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________

Profa. Ms. Cristiane Carla Konno

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_________________________________

Profa. Ms. Carmen Pardo Salata

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

_________________________________

Profa. Dra. Vera Lucia Martins

Universidade Estadual do Oeste do Paraná

Toledo, 22 de novembro de 2012.

3

Dedico esta conquista às pessoas que

eu mais Amo: a minha família! Meu

esposo “Ademar”, meu filho

“Denyter”, minha mãe “Maria

Dalva”, meu pai “Erceu”, minha irmã

“Suzane” e meu irmão “Johnata” e

sobrinho “Higor”. Sem dúvida cada

um teve sua colaboração para a

concretização deste trabalho, cada um

com seu jeitinho, mas imprescindível

para mim. A todos vocês de coração

muito, muito obrigado!

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente esta “Vitória” a Deus, por ter me dado forças em todos os

momentos durante o percurso de aprendizagem deste curso. Foram 6 anos e somente eu e

minha família sabemos das dificuldades que passei. Por isso eu digo: “Obrigado Senhor pela

fé fortalecida, por me fazer acreditar sempre, e que, eu tenho um propósito sim para minha

vida, mas somente com sua permissão é que elas acontecem”.

Tantos momentos difíceis e desafiadores, tristes e felizes. Iniciando esta caminhada

incentivada pelo pedido de meu esposo “Ademar” para realizar um vestibular, pedido este que

acreditava que não iria conseguir, mas fui aprovada para este curso: Serviço Social. Momento

este de muita alegria para mim, meu esposo e meus pais, “sonho de quase todos os pais: ver

um filho passar no vestibular e se formar”.

Com bastante entusiasmo iniciei o primeiro ano do curso com êxito. No final de 2008

a partir de um desejo meu e de meu esposo resolvemos ter um filho. Portanto, tendo a clareza

que não seria fácil, no segundo ano do curso tive minha gestação. Dificuldades vieram

principalmente em minha gestação, com antecipação do parto, pois o meu filho “Denyter”

queria nascer “antes da hora” (acreditamos normalmente nisso, mas é permissão divina). Foi

um parto tranquilo, e o momento tão esperado chegou: um menino lindo, grande e forte, e sem

dúvida de forma alguma chegaria até o prazo previsto. Presente maravilhoso de Deus.

É claro que a partir daí era alegria extrema, mas preocupação também, pois na

universidade se aproximava do final do ano e tinha que apurar com os trabalhos e realizações

de provas, a qual fiquei em uma única disciplina por 0,5 pontos faltando, disciplina esta pré-

requisito, motivo de um ano a mais na universidade. E no ano seguinte por 0,1 pontos na

mesma disciplina. Ano este difícil, onde busquei ainda mais em Deus força para “ficar de pé”

ao ver meu filho muito doente, foram 5 meses de tratamento, muita correria, mas superado. E

anos se passaram, dificuldades diversas, mas muitas vitórias. Destaco a primeira candidatura

de meu esposo “Ademar” em 2008 para Vereador, ano do nascimento do meu filho, o qual

venceu com a permissão de Deus. E este momento de campanha se repetiu para reeleição este

ano (2012), com uma grande vitória, uma votação expressiva, em pontuações o 2º mais bem

votado deste município. Se eu fosse escrever todo o caminho percorrido em minha vida

somente neste período de formação, acho que iria limitar no mínimo a quantidade máxima de

páginas deste TCC (...).

5

Quero muito agradecer ao meu esposo “Ademar” em especial por ter me fortalecido

em palavras, conselhos, apontamentos e gestos de compreensão neste período final de curso e

pesquisa aqui desenvolvida. O pouco tempo que possíveis o lazer com a família era

indispensável para dar fôlego para a conclusão deste. “Ademar Te Amo muito ...”.

E ao meu filho “Denyter” parte da mamãe, te adoro meu gatinho, nunca vou esquecer

nos momentos de maior pressão e nervosismo é você que me acalmava, com suas mãos

meigas e quentinhas, dizendo mamãe eu te amo e repetia você sabe que eu te amo? E daí

perguntava você me ama? Impossível não derreter com tanto carinho e inocência desse ser.

“Te amo filho”.

Aos meus pais pela compreensão, pelo carinho, principalmente nos momentos de

apuro, não recusavam me auxiliar, por mais difícil fosse a situação eu podia contar com

vocês. E aos meus irmãos “Suzane e Johnata” um abraço bem apertado e tenho que dizer:

obrigado pelo apoio em todos os momentos. E meu sobrinho “Higor” tão sapeca, e que a tia

“pega no pé”, meu fofuxo e a tia te adora.

O que dizer diante de amigas que já passaram e que estão nesta reta final de curso e

que fazem parte da minha história, quero agradecer de coração a amizade sincera que tivemos

a: Lauana, a Salete, a Patrícia, a Evelyn, a Taís, a Luciléia, a Nilia e em especial a Adriana,

que nos últimos meses quem mais me aturou em sala de aula, com tantos obstáculos para esta

formação, mas com vitória (pela permissão de Deus), e a todos que de alguma forma fizeram

parte desta vitória, pois são muitos amigos, que me viram em momentos felizes, tristes, de

choro e nervosismo, mas valeu a pena, o sabor é bem diferente.

A minha supervisora de estágio acadêmico “Ane” que pelo pouco que nos conhecemos

já admiro muito, e a minha supervisora de estágio de campo “Maria Nilda” que por ter me

auxiliado em meu conhecimento, e principalmente por ter me compreendido em diversas

situações, e ainda pelos conselhos, obrigada!

É muito difícil dizer algo de alguém com tantas qualidades, a minha orientadora de

TCC “Cris”, abreviação carinhosa, OBRIGADA! A compreensão e auxílio para a conclusão

desta pesquisa, em todos os momentos foram fundamentais. Um abraço a esta mulher

guerreira e que nunca vou esquecer.

Obrigado Deus por esta VITÓRIA em minha vida.

6

RESUMO

DORFSCHMIDT, Suzamar Stéfani Jandrey. O perfil dos beneficiários do Benefício de

Prestação Continuada – BPC: bairro Jardim Panorama, usuários do CRAS IV no

município de Toledo – PR. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Serviço

Social). Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

Campus – Toledo, 2012.

O presente Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, tem como tema O perfil dos beneficiários

do Benefício de Prestação Continuada – BPC: bairro Jardim Panorama, usuários do CRAS IV

no município de Toledo – PR, e como problema “Quem são os usuários/beneficiários do BPC

atendidos pelo CRAS IV do Município de Toledo”. Sendo assim, foi necessário estabelecer

como objetivo geral “Construir o perfil dos beneficiários do Benefício de Prestação

Continuada – BPC, usuários do CRAS IV, no Jardim Panorama município de Toledo”, e para

sua concretização foi indispensável constituir os seguintes objetivos específicos: Identificar os

beneficiários do BPC no território do CRAS IV no município de Toledo – PR; Levantar o

número de beneficiários do BPC no bairro Jardim Panorama; Analisar o cadastro geral destes

beneficiários. Consiste numa pesquisa exploratória de natureza qualitativa e quantitativa,

tendo como instrumento de coleta de dados o uso de formulário com questões fechadas, e a

análise destas foram por meio da análise documental, tendo como fonte dos dados o

documento “cadastro geral” dos beneficiários atendidos pelo CRAS IV. Trazendo como

sujeitos desta pesquisa a amostra de 17 beneficiários, delimitado de um universo de 158

beneficiários pertencentes ao CRAS IV, optando pelo do bairro Jardim Panorama, o qual

contém 44 beneficiários. Destes foi considerado somente os beneficiários que possuem

cadastro geral junto ao CRAS IV. Na apresentação e análise dos dados, além do embasamento

teórico necessário para a sua interpretação, utilizamos a representação gráfica para sua

demonstração, para uma melhor compreensão do leitor. Nas Considerações Finais, consta

uma resposta aproximativa ao problema e aos objetivos desta pesquisa, bem como sua

contribuição para o campo pesquisado: CRAS IV, e para o direcionamento dos serviços

sociais destinados ao público estudado.

Palavras chave: Política Social; Assistência Social; Beneficiários.

7

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

GRÁFICO 1 Tipo de BPC 41

GRÁFICO 2 Sexo dos Beneficiários 45

GRÁFICO 3 Idade do Beneficiário: Idoso 46

GRÁFICO 4 Idade do Beneficiário: Pessoa com Deficiência 47

GRÁFICO 5

GRÁFICO 6

GRÁFICO 7

GRÁFICO 8

GRÁFICO 9

GRÁFICO 10

GRÁFICO 11

GRÁFICO 12

GRÁFICO 13

Estado Civil

Número de Moradores da Residência

Composição Familiar

Situação Habitacional

Escolaridade dos Beneficiários

Renda Familiar

Capacidade para o Trabalho

Gastos Mensais

Recebe outro Benefício/Auxílio além do BPC

48

49

50

51

52

53

56

57

58

8

LISTA DE SIGLAS

BPC Benefício de Prestação Continuada

CNAS Conselho Nacional de Assistência Social

CRAS Centro de Referência de Assistência Social

CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social

FNAS

IBGE

Fundo Nacional de Assistência Social

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INSS Instituto Nacional de Seguridade Social

LOAS Lei Orgânica de Assistência Social

MDS Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome

NOB/ SUAS Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social

PAIF Programa de Atenção Integral a Família

PNAS Política Nacional de Assistência Social

SNAS Secretaria Nacional de Assistência Social

SUAS Sistema Único de Assistência Social

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................. 10

1 ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO DIREITO NO BRASIL.........................................14

2 O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC ......................................28

2.1 O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CRAS IV:

JARDIM PANORAMA DO MUNICÍPIO DE TOLEDO – PR.......................................

2.2 O CAMINHO PERCORRIDO: OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA

PESQUISA.........................................................................................................................

2.3 O PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS/USUÁRIOS DO CRAS IV- JARDIM

PANORAMA DO MUNICÍPIO DE TOLEDO/PR...........................................................

2.3.1 Quanto ao Tipo do Benefício.....................................................................................

2.3.2 Quanto ao Sexo dos Beneficiários.............................................................................

2.3.3 Quanto à Idade : BPC Idoso......................................................................................

2.3.4 Quanto à Idade : BPC Pessoa com Deficiência........................................................

2.3.5 Quanto ao Estado Civil dos Beneficiários.................................................................

2.3.6 Quanto ao Número de Moradores da Residência......................................................

2.3.7 Quanto a Composição Familiar.................................................................................

2.3.8 Quanto a Situação Habitacional................................................................................

2.3.9 Quanto a Escolaridade dos Beneficiários..................................................................

2.3.10 Quanto a Renda familiar..........................................................................................

2.3.11 Quanto ao Grau de Capacidade do Beneficiário para o Trabalho...........................

2.3.12 Quanto aos Gastos Mensais.....................................................................................

2.3.13 Quanto ao Recebimento de outro Benefício/Auxílio além do BPC.........................

34

38

41

41

44

45

46

48

48

49

50

52

52

54

56

57

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 60

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 64

APÊNDICES..................................................................................................................... 69

ANEXOS............................................................................................................................. 78

10

INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como titulo “O perfil dos

beneficiários do Benefício de Prestação Continuada - BPC: bairro Jardim Panorama, usuários

do CRAS IV no município de Toledo - PR.”.

O interesse pelo tema teve sua origem por meio da experiência de estágio

supervisionado I e II em Serviço Social, realizado no Centro de Referência de Assistência

Social - CRAS IV do município de Toledo – PR, nos anos de 2011 e 2012, que proporcionou

nos um amplo conhecimento e um grande interesse no que envolve o Benefício de Prestação

Continuada - BPC. Esta aproximação se deu por meio da realização de visitas domiciliares

com a finalidade de inserção dos beneficiários do BPC no Cadastro Único, a pedido do

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, a partir da Portaria

Conjunta MDS/INSS nº 01 de 24 de maio de 2011.

Nesse sentido, estabelecemos como questão norteadora da pesquisa: Quem são os

usuários/beneficiários do BPC atendidos pelo CRAS IV do Município de Toledo?

Para responder a este problema foi necessário estabelecer um objetivo geral:

“Construir o perfil dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada - BPC, usuários do

CRAS IV, no bairro Jardim Panorama no município de Toledo”. E ainda determinar alguns

objetivos específicos, portanto são: Identificar os beneficiários do BPC no território do CRAS

IV no município de Toledo - PR; Levantar o numero de beneficiários do Benefício de

Prestação Continuada no bairro Jardim Panorama; Analisar o cadastro geral destes

beneficiários.

Sendo assim, para a realização e compreensão desta pesquisa buscou se um método de

pesquisa que respondesse a problemática da pesquisa e seus objetivos, citados anteriormente,

utilizando se por uma pesquisa de tipo exploratória, com abordagem qualitativa e quantitativa.

Deste modo, a pesquisa exploratória para Gil (1999) tem como objetivo proporcionar

uma visão ampliada, aproximada de determinado fato, tem por característica a flexibilidade

acerca do fato estudado, a qual possibilita uma familiaridade entre o pesquisador e a real

importância do problema.

Para tanto, utilizou se para levantamento das informações a Análise Documental, cujo

documento para exploração dos dados da pesquisa foi Cadastro Geral dos usuários do CRAS

IV – neste caso, em específico, os cadastros dos usuários que são beneficiários do BPC. A

análise documental busca identificar informações a partir dos fatos fundamentados em

11

documentos partindo de questões de interesse, tendo como facilitador no processo, o fato do

mesmo poder ser consultado várias vezes, neste caso informações registradas no cadastro

geral a partir de atendimentos, visitas domiciliares, enfim, dados/elementos pertinentes ao

usuário.

Para Lüdke e André (1986) a análise documental é um importante instrumento na

coleta de dados em uma pesquisa na abordagem qualitativa como no complemento das

informações obtidas por outras técnicas, ou desvendando novos aspectos de um tema ou

problema.

Neste sentido, a pesquisa aqui desenvolvida é de natureza quantitativa, visto que a

mesma faz um levantamento de dados numéricos contidos nos cadastros dos beneficiários, e

de acordo com as questões abordadas no formulário de coleta de dados (Apêndice A), é

também de natureza qualitativa, pois se refere à análise e interpretação dos dados coletados.

A pesquisa, conforme Gil (1999), abrange um universo de elementos que na maioria

das vezes são tão grandes tornando se impraticáveis os considerá-los em sua totalidade,

normalmente se trabalha com uma amostra deste universo.

Sendo assim, o universo desta pesquisa abrange um total de 158 beneficiários para o

território do CRAS IV, de acordo com documento encaminhado pelo INSS ao CRAS IV para

visita domiciliar, conforme solicitação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome – MDS.

De acordo com a região geográfica de abrangência, o território do CRAS IV é

constituído pelas seguintes áreas: Jardim Panorama, Cerâmica Prata, Bressan, Parizotto,

Jardim Pancera (Leste), Belo Horizonte, Croma, Santa Clara II, Loteamento das Torres,

Loteamento Schio, Canaã, Cezar Park, São Francisco e Vila Rural.

Para definição dos sujeitos da pesquisa recorremos à amostragem. Como critérios,

elencamos: proximidade geográfica em relação à solicitação de visita domiciliar – o qual

obtivemos 44 beneficiários; beneficiário que tenha sido pelo menos uma vez atendido no

CRAS IV e, portanto, possui o cadastro geral – documento utilizado para levantamento e

análise dos dados. Sendo assim, a amostra totalizou 20 beneficiários. Utilizando se de

critérios de exclusão nos deparamos com: 1 beneficiário que foi a óbito e 2 beneficiários que,

ao serem contemplados com o benefício da aposentadoria, tiveram o BPC automaticamente

cancelado. Sendo assim, nossa amostra assume o total de 17 sujeitos.

12

Deste modo, no primeiro capítulo desta pesquisa, discorremos sobre a Assistência

Social como direito no Brasil. Tratamos inicialmente sobre a assistência social vista pelo

poder público de forma clientelista e bem distante da universalização de direitos sociais.

A proteção social no Brasil, para Silva (2004) teve seu marco inicial entre 1930 e

1943, ocorrendo no Estado um profundo reordenamento das funções do Estado Nacional, o

qual passa a assumir a regulação ou provisão direta no campo da educação, previdência,

saúde, habitação popular, programas de alimentação e nutrição, saneamento e transporte

coletivo. Portanto, o direito da proteção social não era universal, consolidava se na

meritocracia.

A partir da década de 1980 por meio de reivindicações da classe trabalhadora buscava

se melhores condições de vida e de trabalho, é promulgada em 1988 a nova Constituição

Federal, estabelecendo mudanças em relação às políticas de proteção social, oferecendo

cobertura e atendimento universal a todos, garantindo assim os direitos sociais. Destaca se, a

partir desta regulamentação, o tripé da seguridade social, o qual consiste: a saúde, a

previdência social e a assistência social.

No segundo capítulo abordamos sobre o Benefício de Prestação Continuada – BPC,

que consiste num direito tanto para a pessoa idosa como para a pessoa com deficiência,

regulamentado na Constituição Federal (artigos 203 e 204), na Lei Orgânica da Assistência

Social - LOAS e na Política Nacional de Assistência Social - PNAS.

A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS regulamenta e garante a assistência

social no Brasil e se posiciona contrariamente ao assistencialismo, tendo como compromisso

lutar pela defesa dos direitos sociais e supressão das formas de exclusão social. Compromisso

este evidenciado quando o artigo 203, inciso V, é regulamentado pelo artigo 20 da LOAS, o

qual regulamenta o benefício assistencial chamado de Benefício de Prestação Continuada -

BPC que independentemente exige a contribuição à seguridade social, garantindo um salário

mínimo a pessoa com deficiência e ao idoso que comprovarem não possuir meios de prover a

própria manutenção ou tê-la provida por sua família.

Na demonstração da pesquisa, tratamos neste momento de conteúdos como: O Centro

de Referência de Assistência Social - CRAS IV: Jardim Panorama do município de Toledo –

PR, trazendo informações acerca do CRAS pesquisado; O Caminho Percorrido: Os

Procedimentos Metodológicos da Pesquisa, demonstrando a sistematização metodológica da

pesquisa proposta para análise; e O Perfil dos Beneficiários/Usuários do CRAS IV- Jardim

Panorama do município de Toledo – PR. Demonstramos nossa análise e interpretação dos

13

dados coletados, a qual resulta na construção do perfil almejado por esta pesquisa, a partir de

alguns elementos referenciados ao: tipo de benefício, sexo, idade, composição familiar,

situação habitacional, entre outros.

Em seguida apresentamos nossas considerações finais com a intenção de que seja um

documento que contribua tanto para a profissão de Serviço Social - na aproximação da

realidade vivenciada pelos seus usuários - bem como ao poder público na definição e

implementação de ações voltadas a esse público.

14

1 ASSISTÊNCIA SOCIAL COMO DIREITO NO BRASIL

Para construir o perfil dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada – BPC

no bairro Jardim Panorama, usuários do CRAS IV no município de Toledo – PR foi

necessário, inicialmente, resgatar historicamente a assistência social no Brasil.

Ao longo da história, a assistência social foi constituída de ações desenvolvidas pelo

poder público de forma clientelista e paternalista, de maneira que o favor sobressaía à

condição de direito diante do serviço ofertado ao usuário. A Assistência Social era

reconhecida como assistencialista, sendo assistidos somente os pobres que estavam

mentalmente e fisicamente incapacitados para o trabalho. Práticas filantrópicas, espaço de

reprodução da exclusão e privilégios e não próximas da universalização de direitos sociais.

Portanto

[...] o que observa-se historicamente é que a assistência social brasileira se

estruturou acoplada aos conjuntos de iniciativas benemerentes e filantrópicos

da sociedade civil, e não só isso, mas que assistência social brasileira

desenvolveu-se mediada por entidades do setor filantrópico. (YAZBEK,

2004, p.16)

No Brasil até 1930 a assistência social era vista somente como assistencialista, ainda

como ajuda particular sem a intervenção do Estado. No entanto, na sua origem apresentava se

com caráter conservador e de controle social. Na medida em que os problemas sociais,

resultantes da exploração capitalista foram se tornando mais significativos, a sociedade civil

por meio de órgãos representativos, como a igreja, respondiam a demandas nas quais

imediatas e coercitivas.

O sistema de proteção social no Brasil, segundo Silva (2004), teve seu marco inicial

entre 1930 e 1943, onde ocorreu no Estado um profundo reordenamento - tendo em vista as

funções do Estado Nacional - onde este passa assumir mais extensivamente, a regulação ou

provisão direta no campo da educação, previdência, saúde, habitação popular, programas de

alimentação e nutrição, saneamento e transporte coletivo.

O direito da proteção social não era universal e, sim firmado na meritocracia, onde só

considerava “cidadão” aquele que se encontrava inserido no processo produtivo, mas para

aqueles que encontravam se em situação de exclusão do mercado de trabalho, restava à

15

assistência mediante comprovação do “atestado de pobreza”. Sendo assim, os mesmos

dependiam das práticas fragmentadas por benesse e assistencialismo.

Para Escorsim apud Sposati (2008) desde o século XVIII, a filantropia e a assistência

social associavam se densamente às práticas de caridade no Brasil, acoplada de iniciativas

voluntárias e isoladas de subsídio - aos pobres e abandonados pela “sorte”. Essas iniciativas

partiam de instituições religiosas que ofereciam abrigos, roupas e alimentos, em especial às

crianças abandonadas, aos velhos e doentes em geral. É mais do que reconhecido o papel

dessas organizações, como: as Santas Casas de Misericórdia como também ações

desenvolvidas por várias ordens religiosas.

Somente no governo de Getúlio Vargas que instituiu o Conselho Nacional de Serviço

Social - CNSS, órgão consultivo da área de Serviço Social efetivado pelo Decreto – Lei Nº

525/1938. E em 1942, foi criada a Legião Brasileira de Assistência – LBA, a partir de

iniciativas das primeiras damas1 dando raízes à assistência social em todo o território

nacional. (ESCORSIM apud SPOSATI, 2008). Sendo assim, a pobreza deixa de ser “caso de

polícia” e torna se filantropia.

O modelo conservador trata o Estado como uma grande família, na qual as

esposas de governantes, as primeiras damas, é que cuidam dos “coitados”. É

o paradigma do não direito, da reiteração da subalternidade, assentado no

modelo de Estado patrimonial. [... Assim] a assistência social é entendida

como espaço de reconhecimento dos necessitados, e não de necessidades

sociais. (SPOSATI, 2001, p.76).

As instituições assistenciais eleitas deveriam prestar serviços sociais na esfera da

assistência social, de saúde, de educação e cultura, registradas no Conselho Nacional de

Serviço Social – CNSS

[...] órgão estatal que atribuía parecer quanto à concessão de recursos

estatais, sob a forma de subvenções, para entidades sem fins lucrativos, uma

vez que o estado passou a regular a cooperação financeira da União com

entidades privadas, por intermédio do Ministério da Educação e Saúde

(GOMES, 1999, p.93).

1 “a Sra. Darcy Vargas foi sua primeira presidenta”.

16

Diversas regulamentações se constituíram posteriormente, as quais previam a isenção

previdenciária2, para as entidades determinadas como filantrópicas, decorrente da Lei

n.3.577/59 efetivada pelo Decreto n.1.117/62.

Segundo Silva (2004), ainda nas décadas de 1970 a 1980, por meio do autoritarismo

da ditadura militar - onde o funcionamento dos programas e serviços sociais eram pela

compensação à repressão e ao arbítrio, em conjunto à demanda, a proteção social - funcionava

somente em benesse e filantropia.

O envolvimento dos trabalhadores e dos patrões com a questão da proteção

social no Brasil não se inicia nos anos 80. Ela remonta aos primórdios da

formação do proletariado urbano [...]. No entanto, são os modos e as formas

utilizadas pelo capital para enfrentar as lutas operárias pela regulamentação

das condições de trabalho, salário e proteção social que marcam o

desenvolvimento desse processo. Por isso mesmo, observamos formas

diferenciadas de atuação do patronato e dos trabalhadores no processo de

constituição dos mecanismos de proteção social, em consonância com seus

interesses e necessidades de classe. (MOTA, 1995, p.128).

Foram por meio de reivindicações da classe trabalhadora na busca de melhores

condições de vida e trabalho, que a classe burguesa começa atender a classe operariado, mas

somente por entender que as melhorias seriam para se sustentar como reprodução ampliada da

força de trabalho, e ainda estaria evitando possíveis revoltas.

Devido à pressão organizada pelos trabalhadores, em 1988 é promulgada a nova

Constituição Federal, contida de muitas mudanças em relação às políticas de proteção social,

proporcionando cobertura e atendimento universal aos cidadãos, garantindo os direitos

sociais, instituído no artigo 194 “A seguridade social compreende um conjunto integrado de

ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos

relativos à saúde, à previdência e à assistência social.” (BRASIL, 2007, p.83a).

Com a promulgação da Constituição Federal, a Assistência Social, junto a Saúde e a

Previdência Social, formam o tripé da Seguridade social brasileira, expresso no artigo 194/CF.

A partir desta regulamentação, a Assistência Social torna se uma maneira/estratégia de

Governo para intervenção e reconhecimento legal da Assistência Social como política social

de direito do cidadão que dela precisar, expresso no artigo 203 da Constituição Federal de

2 “Aparecem pela primeira vez como utilidade pública pela Lei Nº 3.577/59, regulamentas pelo Decreto Nº

1.117/62”.

17

1988, “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de

contribuição à seguridade social, [...]”. (BRASIL, 2007, p.89a).

Partindo desta fundamentação firmada na constituinte, a assistência social passa a ser

vista como direito do cidadão, e elemento da Seguridade Social3, ficando claro que é de

responsabilidade pública. Portanto, a assistência social deixa de ser vista como filantropia e

caridade, tornando se um direito de quem dela necessitar, sem precisar de contrapartida. De

acordo com o artigo 203 da Constituição Federal a assistência social deverá ser proporcionada

independemente de haver contribuição à seguridade social, tendo como objetivos:

I- a proteção social à família, à maternidade, à infância, à adolescência e a

velhice; II – o amparo a crianças e adolescentes carentes; III – a promoção

da integração ao mercado de trabalho; IV – a habilitação e reabilitação das

pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida

comunitária; V – a garantia de um salário mínimo de beneficio mensal à

pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir

meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família,

conforme dispuser a lei. (BRASIL, 2007, p.90a).

No entanto, a seguridade social enquanto universalidade dos direitos não ocorreu

integralmente como estava na forma escrita, ou seja, como foi implementado, sendo um dos

motivos o critério empregado para a demanda da proteção social, utilizando se como

mecanismo à seletividade dos cidadãos conforme as necessidades sociais. Direitos estes,

conquistado por meio de lutas sociais e democráticas, consolidada na Constituição Federal de

1988, os quais acabam sofrendo um retrocesso bem considerável em sua prática.

De tal modo que durante a efetivação dos direitos, ocorre a exclusão social de

cidadãos que não “entram” nos critérios construídos pelos programas, projetos, políticas e

benefícios, tendo como objetivo escolher e focar esse público. Contexto este para Vianna

(1998), contrário à universalização contida em lei como concepção, pois na prática ela está

sendo seletiva. E, de acordo com Soares tem

[...] ocorrido alterações na cobertura, na universalidade e na equidade de

importantes políticas da Seguridade Social brasileira [...]. Além disso, o

sistema previdenciário brasileiro incorpora, desde a sua conformação, um

corpo de benefícios sociais de natureza assistencial muito importante para

uma parcela relevante da população brasileira não assegurada. É o caso da

3 “Terminação posta no Relatório de Beveridge ‘[...] Willian Beveridge, deputado liberal inglês [...]. Beveridge

elabora suas propostas de Seguridade Social sob os princípios da universalidade, unificação dos sistemas e

uniformidade das prestações – princípios que ainda hoje são consagrados’. (CABRAL, 2000, p.119).”

18

proteção social dirigida à velhice, alternativa para diminuir a precariedade da

inserção deste segmento da população através da incorporação dos chamados

circuitos de cidadania materializados em direitos sociais. Estes circuitos são

absolutamente essenciais em países como o nosso, já que deles depende o

segmento da população que não tem outras alternativas de incorporação.

(2002, p.85).

Para que os direitos constituídos nos artigos 203 e 204 saíssem do papel, era

indispensável uma lei complementar. Em 1990, a primeira redação da Lei Orgânica da

Assistência Social – LOAS é apresentada pela Câmara Federal, com o auxílio da Comissão

Técnica do IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, mas foi vetado. No dia 07

de dezembro de 1993 foi aprovada a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº

8.742 promulgada pelo presidente Itamar Franco após cinco anos de tramitação e discussão no

Congresso Nacional. (BRASIL, 2007, p.470v).

De acordo com o autor Simões “A LOAS foi aprovada sob influência do CFESS,

faculdades de serviço social, lideranças profissionais e gestores públicos de assistência social”

(2008, p.287). Sendo assim, afirmamos que este documento foi conquistado por um

movimento de luta, de reivindicações da sociedade civil, tendo como protagonistas os

assistentes sociais, inseridos nas unidades de ensino e em instituições de assistência social.

Historicamente com a promulgação e implantação da LOAS, marcada pelo progresso e

hegemonia do projeto neoliberal4, implicou se também num retrocesso às conquistas sociais

presentes na Constituição Federal de 1988, de acordo com Fávero a LOAS “[...] baseia-se na

lógica da cidadania, em defesa dos mínimos sociais como um padrão básico de inclusão, o

que o torna compatível com a lógica de mercado, que na conjuntura, orienta a intervenção do

Estado.” (2004, p.228).

Durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, período este onde a

LOAS foi implementada, foram oito anos marcados por medidas privatizantes e de

desmoronamento das políticas públicas, e no redimensionamento do Estado, afirma Cabral

(2000). Sendo assim, tal política de governo resultou de forma seletiva e focalizada no âmbito

do conjunto da política social. Percebe se que na realidade brasileira, o que estava

acontecendo era é um

4 “O que se pode denominar ideologia neoliberal compreende uma concepção de homem (considerado

atomisticamente como possessivo, competitivo e calculista), uma concepção de sociedade (tomada como um

agregado fortuito, meio de o indivíduo realizar seus propósitos privados) fundada na idéia da natural e

necessária desigualdade entre os homens e uma noção rasteira da liberdade (vista como função da liberdade de

mercado).” (NETTO; BRAZ, 2006, p.226).

19

[...] verdadeiro desmonte do Sistema de Proteção Social que parecia apontar,

a partir dos anos de 1980, em direção a universalização dos direitos sociais

básicos, evidenciando retrocessos nas ofertas de serviço, mesmos nas áreas

sociais básicas. Nesse contexto, o movimento rumo à universalização dos

direitos sociais cede lugar ao que passou a ser considerado como um

movimento de focalização, todavia longe de significar uma discriminação

positiva em direção aos segmentos mais pobres da população brasileira.

(SILVA, 2004, p.25).

Da mesma forma que acontece o desmonte da Seguridade Social por meio da

Constituição Federal de 1988, na área da assistência social ganha seletividade funcional ao

programa neoliberal5 da década de 1990.

A assistência social prevista na atual Constituição Federal sem a LOAS, para Pereira

(1996), seria letra morta, visto que não é um direito automaticamente aplicável. E, somente

ser reconhecido não basta, para o direito ser executado, é necessário que ele seja assegurado

por uma lei complementar ou ordinária, na qual foi o caso da LOAS, que vem regulamentar e

organizar a assistência social no Brasil.

[...] de acordo com as exigências normativas da juridicidade, um direito

social consignado na Constituição requer a retradução, em lei complementar,

das pré-condições necessárias a sua efetivação. É o caso, portanto, da

assistência social. (PAIVA, 1993, p. 167).

Pela primeira vez, o cidadão aparece como titular de direito e sujeito do processo

político

[...] em um texto legal brasileiro, os assistidos aparecem como cidadãos,

destinatários da norma, titulares de direitos e sujeitos do processo jurídico-

político. [...] A população em risco ou vulnerabilidade social deixou de ser

assistida ou favorecida para se tornar usuária e beneficiária. Uma instituição,

cujo serviço propicia a universalização dos direitos sociais; ao contrário do

clientelismo, que apenas conserva os privilégios e reproduzia os processos

sociais de risco e vulnerabilidade social. Um serviço que, portanto, não é

uma simples prática, mas uma ação orientada institucionalmente e

fundamentada numa concepção teórica que a transforma em uma ação

política. (SIMÕES, 2008, p.288).

A proteção social brasileira não somente exigiu a

5 “Princípios neoliberais: Redução nos gastos do Estado - básicos para a redução tributária; Privatização –

empresas privadas de alguma forma subsidiadas pelo Estado; Seletividade – alocação de recursos para os mais

necessitados; e Tributação e Bem Estar – redução dos impostos.” (SCHONS, 1999).

20

[...] alteração de paradigmas, concepções, legislação e diretrizes

operacionais, mas o rompimento com a antiga cultura conservadora que

baseava em arraigados mecanismos viciosos de atenção à pobreza como:

paternalismo, clientelismo, fisiologismo, dentre outros. (PEREIRA, 2008,

p.219-220).

Expresso na LOAS a assistência social é um conjunto associado a ações de iniciativa

pública, conforme o artigo 1º da LOAS,

A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de

Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada

através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da

sociedade, para garantir o atendimento de necessidades básicas. (BRASIL,

2007, p.210n).

Compreendemos a assistência social como uma política que prevê em sua efetivação o

atendimento de todas as necessidades sociais, no entanto outras políticas atentem

setorialmente. Logo, a LOAS garante a universalização dos direitos sociais, porém, em sua

execução são encontrados obstáculos, como o estabelecimento de critérios a população alvo

específico em relação ao conceito dos mínimos sociais6, visto que a seguridade social é

compreendida como direito de garantia de mínimos de proteção, os quais são previstos para

todos os cidadãos, dentre outros fatores.

A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS está estruturada da seguinte forma,

Capítulo I, “Das Definições e dos Objetivos”; no Capítulo II está exposto “Dos Princípios das

Diretrizes; no Capítulo III estão definidas as formas “Da Organização e da Gestão”; no

Capítulo IV estão estabelecidos “Dos benefícios, do Serviços, dos Programas e dos Projetos

de Assistência Social; Capítulo V trata “Do Financiamento da Assistência Social, enquanto no

Capítulo VI são fixadas “Das Disposições Gerais e Transitórias. (BRASIL, 2012n).

Conforme a Lei n.12.435 de 06 de julho de 2011, a qual altera a Lei no 8.742, de 7 de

dezembro de 1993, a assistência social em seu artigo 2º tem como objetivos:

I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à

prevenção da incidência de riscos, especialmente: a) a proteção à família, à

maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; b) o amparo às crianças e

aos adolescentes carentes; c) a promoção da integração ao mercado de

trabalho; d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a

6 “Ver Carvalho 2000, p.146”.

21

promoção de sua integração à vida comunitária; e) a garantia de 1 (um)

salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que

comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la

provida por sua família; II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar

territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de

vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; III - a defesa de

direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das

provisões socioassistenciais. Parágrafo único. Para o enfrentamento da

pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas

setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para

atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos

sociais. (BRASIL, 2012m, s.p.).

A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS Lei 8.742/93 em seu Capítulo II artigo

4º estabelece como princípios democráticos para assistência social:

I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as

exigências de rentabilidade econômica; II - universalização dos

direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial

alcançável pelas demais políticas públicas; III - respeito à dignidade

do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de

qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-

se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV - igualdade de

direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer

natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V

- divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos

assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e

dos critérios para sua concessão. (BRASIL, 2012, p. 210-211n).

Deste modo, conforme a NOB/SUAS a assistência social como política pública é

regida pelos princípios democráticos citados anteriormente, visando a universalização dos

direitos sociais, assegurando os mínimos sociais, partindo do objetivo de tornar o destinatário

da ação assistencial alcançável pelas demais políticas; prover serviços, programas, projetos e

benefícios de proteção social básica e/ou especial par quem deles necessitarem; igualdade de

direitos no acesso ao atendimento; promoção da equidade no sentido da redução das

desigualdades sociais e ainda, ações que garantam a convivência familiar e comunitária.

(BRASIL, 2007v).

Sendo assim, a LOAS prevê a concessão de benefícios monetários em caráter de

prestação continuada para idosos e pessoas com deficiência incapacitadas para prover sua

própria subsistência ou tê-la provida por sua família, ofertado pelo Governo Federal, o qual

integra se na Política Nacional de Assistência Social e no Sistema Único de Assistência Social

22

como um direito assistencial de Atenção Básica - como um dos benefícios eventuais7 -

chamado Benefício de Prestação Continuada – BPC.

O benefício de proteção social, conforme a LOAS artigo 20 da Lei nº 12.435 de 2011,

é o Benefício de Prestação continuada, o qual proporciona

[...] a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao

idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem não possuir

meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.

(BRASIL, 2012m, s.p.).

Para Sposati (2004) o BPC é um grande avanço, por ser o primeiro mínimo social não

contributivo garantido pela Constituição Federal, benefício este que será melhor aprofundado

no Capítulo 2.

Portanto, a LOAS iniciou

[...] o processo de construção da gestão pública e participativa da Assistência

Social, por meio dos Conselhos deliberativos e paritários nos âmbitos

nacional, estaduais, do Distrito Federal e municipais, bem como a realização

das conferências municipais, do Distrito Federal, estaduais e nacional de

Assistência Social. (BRASIL, 2007, p. 470v).

De acordo com Simões (2008) foi com a implementação da Constituição Federal de

1988 que instituiu politicamente a assistência social, LOAS, e a mesma deu organicidade , por

meio do Conselho Nacional de Assistência Social – CNSS (órgão deliberativo) e da

Secretaria Nacional de Assistência Social – SNAS (órgão de coordenação, normatização e

articulação das ações governamentais e não governamentais), como política pública.

A LOAS ao definir diretrizes para a política de Assistência Social trouxe consigo a

necessidade de novas bases e diretrizes debatidos nos espaços de participação e deliberação

das mesmas, buscando a sua concretização. Processo este desencadeado em setembro de 2004

com a Política nacional da Assistência Social – PNAS.

A Política Nacional de Assistência Social – PNAS foi aprovada pelo Ministério do

Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, por meio da SNAS e do CNSS, os quais

7 “Conforme a Lei nº 12.435 de 06 de julho de 2011, artigo 22 – ‘Entendem-se por benefícios eventuais as

provisões suplementares e provisórias que integram organicamente as garantias do Suas e são prestadas aos

cidadãos e às famílias em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade

pública’.” (BRASIL, 2012m, s.p.).

23

elaboram, aprovam e tornam a pública. Construída com o objetivo de materializar as diretrizes

propostas pela LOAS, expressas no Capítulo II artigo5º:

I - descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de

governo; II - participação da população, por meio de organizações

representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos

os níveis; III - primazia da responsabilidade do Estado na condução da

política de assistência social em cada esfera de governo. (BRASIL, 2007, p.

211n).

A primeira versão foi apresentada ao CNAS no dia 23 de junho de 2004, a qual foi

divulgada e levada em discussão com todos os estados brasileiros, sendo aprovada de forma

unânime na Reunião Descentralizada e Participativa do CNAS realizada nos dias 20 à 22 de

setembro de 2004. Além das diretrizes, está em consonância com os princípios da LOAS

artigo 4º, citados anteriormente.

Segundo a Política Nacional de Assistência Social, afirma Simões (2008), cabe ao

Poder Público conferir unidade aos esforços sociais, com a finalidade de composição de uma

rede nacional, rompendo com a prática parcial e fragmentada, propondo assegurar direitos de

forma integral, padronizando a qualidade, e passíveis de avaliação.

Desta forma, impõem se a PNAS em âmbito nacional e não somente federal,

ocorrendo à descentralização político-administrativa, estruturando se hierarquicamente em

Estados, Municípios e Distrito Federal.

A descentralização contribui para o reconhecimento das particularidades e

interesses próprios do município e como possibilidade de levar os serviços

para mais perto da população [... e] a municipalização aproxima o Estado do

cotidiano de sua população, possibilitando-lhe uma ação fiscalizatória mais

efetiva, permite maior racionalidade nas ações, economia de recursos e

maior possibilidade de ação intersetorial e interinstitucional. (YAZBEK,

2004, p. 16).

Segundo a PNAS (2004) a descentralização ligada à ideia de territorialização permitiria a

redistribuição do poder, e a tomada de decisões de forma mais próxima da população,

considerando as demandas desta.

A PNAS tem como objetivo realizar se

24

de forma integrada às políticas setoriais, considerando as desigualdades

sócio-territoriais, visando seu enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais,

ao provimento de condições para atender contingências sociais e à

universalização dos direitos sociais. Sob essa perspectiva, objetiva: Prover

serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e, ou,

especial para famílias, indivíduos e grupos que deles necessitarem;

Contribuir com a inclusão e a eqüidade dos usuários e grupos específicos,

ampliando o acesso aos bens e serviços socioassistenciais básicos e

especiais, em áreas urbana e rural; Assegurar que as ações no âmbito da

assistência social tenham centralidade na família, e que garantam a

convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2007, p. 588w).

Para a consolidação da Política Nacional enquanto proteção social, a vigilância social

e a defesa dos direitos socioassistenciais, foi necessário um sistema que operacionalizasse a

defesa dos direitos socioassistenciais, resultando assim no Sistema Único de Assistência

Social – SUAS, caracterizando se em um modelo de gestão pública, descentralizado e

participativo8.

O “SUAS é um sistema público não-contributivo, descentralizado e participativo que

tem por função a gestão do conteúdo específico da Assistência Social no campo da proteção

social brasileira.” (BRASIL, 2007, p.475v). Podendo ser resumida por três funções

assistenciais: a proteção social (proteção básica e especial), a vigilância social (diagnóstico e

gestão) e a defesa dos direitos socioassistenciais (SUAS).

O marco inicial da implantação do SUAS ocorreu com regulamentação da Norma

Operacional Básica NOB/SUAS, aprovada pelo CNAS por meio da Resolução nº 130 de

15/07/05. O SUAS possui caráter descentralizado entre as instâncias: Municipal, Distrito

Federal, Estadual e a União. Portanto, classifica os municípios em três níveis de gestão: a

inicial, a básica e a plena. Sendo diferenciados por sua capacidade de executar e co-financiar

os serviços assistenciais, e ainda os fundos assistenciais. (SIMÕES, 2008).

Segundo a NOB/SUAS, a

[...] proteção social de Assistência Social se ocupa das vitimizações,

fragilidades, contingências, vulnerabilidades e riscos que o cidadão, a cidadã

e suas famílias enfrentam na trajetória de seu ciclo de vida, individual e

familiar, por decorrência de imposições sociais, econômicas, políticas e de

ofensas à dignidade humana. A proteção social de Assistência Social, em

suas ações produz aquisições materiais, sociais, socioeducativas ao cidadão e

cidadã e suas famílias para suprir suas necessidades de reprodução social de

vida individual e familiar, desenvolver suas capacidades e talentos para a

convivência social, protagonismo e autonomia. (BRASIL, 2007, p.479v).

8 “Ver Resolução nº 145 de 15 de outubro de 2004.”

25

Em síntese, a implantação do SUAS tem como fundamentais pressupostos: a

territorialização, a descentralização e a intersetorialidade. O SUAS tem como princípios

organizativos:

[a] descentralização político-administrativa, com competências específicas e

comando único, em cada esfera de governo; [o] comando único, por esfera

de gestão; [o] sistema democrático de gestão e controle social; com relação à

proteção social de assistência social: matricialidade sociofamiliar,

territorialização, proteção pro-ativa, integração à seguridade social;

integração às políticas sociais e econômicas; [e] com relação às garantias de

proteção social, a segurança de acolhimento, segurança social de renda,

segurança de convívio comunitário e social, segurança de desenvolvimento

da autonomia individual, familiar e social e segurança de sobrevivência a

riscos circunstanciais. (SIMÕES, 2008, p.315-316).

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS

foi deliberado pela IV Conferência Nacional de Assistência Social, em 2003, a reorganização

das ações e serviços assistenciais, onde foi pactuado pelos gestores públicos federais,

estaduais e municipais e as organizações da sociedade civil, foram de âmbito nacional.

Com a NOB/SUAS a Política de Assistência Social, além de organizar a política em

território nacional (entes federativos), está em consonância com a Constituição Federal de

1988, a LOAS e as legislações complementares, tendo em seu conteúdo estabelecido:

a) Caráter do SUAS; b) funções da política pública de Assistência Social

para extensão da proteção social brasileira; c) níveis de gestão do SUAS; d)

instâncias de articulação, pactuação e deliberação que compõem o processo

democrático de gestão do SUAS; e) financiamento; f) regras de transição.

(BRASIL, 2007, p.474-475v).

O SUAS institui se em dois níveis, ou seja, duas modalidades de atuação: a Proteção

Social Básica e a Proteção Social Especial (subdividida em Média Complexidade e Alta

Complexidade). Por ser um sistema de descentralização habilita se em três níveis de gestão:

inicial, básica e plena.

A gestão básica e gestão plena assumem a gestão da Proteção Social Básica na

Assistência Social, exigindo dos municípios a disposição de Centros de Referência de

Assistência social – CRAS, cabendo ao gestor a responsabilidade da organização da proteção

básica em seu município, a qual deverá prevenir as situações de risco e disponibilizando ações

26

para o desenvolvimento das potencialidades e mecanismos de superação da condição que a

originou. Desta maneira, o município deve ter a responsabilidade de ofertar programas,

projetos e serviços socioassistenciais que fortaleçam os vínculos familiares e comunitários, na

promoção dos beneficiários do BPC e os demais. (BRASIL, 2007w).

Para a PNAS a Proteção Social Básica tem suas ações voltadas para fortalecer o

vínculo familiar, promovendo o seu desenvolvimento com a comunidade onde vive, visando

integrar as ações socioassistenciais, por exemplo, a área da saúde e da educação. Conforme a

NOB/SUAS essas famílias são consideradas “famílias referenciadas”9 nas quais se encontram

em situação de vulnerabilidade social de acordo com seus parâmetros recomendados aos entes

federativos.10

Esta medida abrange também as famílias beneficiárias do BPC, e de demais

programas.

De acordo a NOB/SUAS fica sob a responsabilidade do CRAS em ofertar serviços e

por desenvolver programas designados a “família referenciada”11

como também o

mapeamento, a organização do mesmo e a inserção nos serviços de retaguarda da assistência e

das demais políticas públicas e sociais. Dispondo de um serviço de informação e orientação,

realização de encaminhamentos e respectivos acompanhamentos. (BRASIL, 2007w).

Já a Proteção Social Especial é subdividida em média e alta complexidade, sob

responsabilidade do Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, o

qual presta serviços “junto as famílias, seus membros e indivíduos, em contexto comunitário,

tendo por finalidade a orientação e o convívio sociofamiliar e comunitário, em atendimento

especificamente provocado pela violação de direitos.” (SIMÕES, 2007, p.321-322). Portanto,

a proteção social especial destina se as famílias e indivíduos que se encontram em condições

de risco pessoal quanto social, por diversos fatores12

.

De acordo com o PNAS a proteção social dispõem de serviços que requer

acompanhamento individual e flexibilidade referentes às soluções protetivas, devendo haver a

realização de encaminhamentos seguindo de monitoramento, visando a qualidade da atenção

protetiva e eficácia da reinserção objetivada.

9 “[...] o conceito de referência, adotado na denominação dos CRAS e dos CREAS, [...] significa o serviço de

proteção básica e o especial de média complexidade, porque tem por pressuposto que e os vínculos familiares

não foram rompidos, de modo que a família, seus membros e indivíduos a eles ainda podem se referir, como

unidade espiritual de sua inserção social. Na alta complexidade inexiste. (SIMÕES, 2008, p.317) 10

“Pacto estabelecido entre os gestores públicos federais, estaduais e municipais e as organizações da sociedade

civil.” 11

“Os CRAS são estruturados de acordo com seu porte do município, em áreas de maior vulnerabilidade social,

para gerenciar e executar ações de proteção básica no território referenciado”. 12

“[...] por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias

psicoativas, cumprimento de medidas sócio-educativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre

outras.” (BRASIL, 2007, p.593w).

27

Sendo assim, a proteção social de média complexidade envolve as famílias e

indivíduos quando seus direitos já foram violados, porém, quando os vínculos familiares e

comunitários não foram rompidos. Ao contrário a de alta complexidade é quando garantem a

proteção integral, estando em situação de ameaça, necessitando ser retirados de sua vida

familiar, sendo prestados diretamente pelo Poder Público (envolvendo o Poder Judiciário,

Ministério Público e outros órgãos e ações do Executivo). (BRASIL, 2007w).

Portanto é dentro da proteção social básica que estabelece diversos serviços, projetos,

programas e benefícios, a qual analisaremos o Benefício de Prestação Continuada – BPC a

seguir no Capítulo 2.

28

2 O BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – BPC

A LOAS (1993) previa em seu artigo 21 parágrafo quarto “A cessação do benefício de

prestação continuada concedido à pessoa com deficiência, inclusive em razão do seu ingresso

no mercado de trabalho, não impede nova concessão do benefício, desde os requisitos

definidos em regulamento”. (BRASIL, 2012c, s.p.). A partir do Decreto nº. 1.744 de 08 de

dezembro de 1995, “regulamenta o benefício de prestação devido à pessoa portadora de

deficiência e ao idoso”, entrando em vigor em 1996.

O Benefício de Prestação Continuada - BPC veio substituir a Renda Mensal Vitalícia –

RMV13

, concedida do ano de 1975 até 1996 – derivado da Previdência Social - e por meio da

Medida Provisória nº 1.259 de 12 de janeiro de 1996, alterou se a LOAS, implementando o

BPC e sua transferência da previdência social para a assistência social, ou seja, a criação do

BPC significou a inserção da Assistência Social como política pública dentro da Seguridade

Social brasileira.

Em 1997 o governo de Fernando Henrique Cardoso ao verificar gastos apresentados

além do previsto com o BPC, utilizou se de arranjos para contenção destes, estabelecendo

critérios adicionais, por meio de Medidas Provisórias reeditadas alusivas à assistência social.

Nesse sentido, adotou-se o conceito de família previdenciária, ficando a seleção dos

beneficiários sob a responsabilidade do médico perito do INSS14

e estabelecendo a revisão

dos benefícios no prazo de dois anos, depois do início da concessão - previsto no artigo 21 da

LOAS “O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para

avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem”. (BRASIL, 2007, p. 216n).

Em novembro de 1997 as Medidas Provisórias se tornaram mecanismos para redução

da abrangência do BPC, onde o governo tentou interromper o pagamento do mesmo,

propondo por meio da realização de uma auditoria e fixando à idade do idoso em 70 anos,

recusando a progressiva redução colocada em lei anterior. De modo, que causou grande

repercussão esta mudança, fazendo com que o governo recuasse a suspensão do pagamento,

13

“[...] chamado amparo social destinava se aos trabalhadores idosos e inválidos, inscritos ou não no regime

previdenciário, independentemente de critério de renda per capita familiar.” (GOMES, 2001, p.116). 14

“Decreto nº 1.744 de 08 de dezembro de 1995: Art. 14. A deficiência será comprovada mediante avaliação e

laudo expedido por serviço que conte com equipe multiprofissional do Sistema Único de Saúde - SUS ou do

Instituto Nacional do Seguro Social - INSS.” (BRASIL, 2012c, s.p.).

29

implantando a idade em 67 anos15

em 1998, e posteriormente baixando para 6516

anos, a partir

de 2000.

Portanto, inicialmente o benefício era destinado ao idoso com setenta anos ou mais, e a

pessoa portadora de deficiência que seja incapacitada para a vida independente e para o

trabalho17

. Somente com a Lei nº 12.435 de 06 de julho de 2011, foi alterado o artigo 20 da

LOAS: “O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal à

pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que comprovem

não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família.”

(BRASIL, 2012m, s.p.). Associada a idade, apresenta se o critério de renda familiar inferior à

¼ de salário mínimo, sendo necessário a comprovação da idade e/ou deficiência por meio de

avaliação, conforme prevê na Constituição Federal e pela LOAS, citados anteriormente.

No dia 30 de novembro de 1998, ocorreram modificações na LOAS, em específico, no

artigo 21, Lei nº 9.720, sendo:

§ 1º Para efeitos do disposto no caput, entende-se como família o conjunto

de pessoas elencadas no art.16 da Lei nº 8.21318

, de 24 de julho de 1991,

desde que vivam sob o mesmo teto. § 6º A concessão do benefício ficará

sujeita a exames médico pericial e laudo realizados pelos serviços de perícia

médica do Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS. § 7º Na hipótese

de não existirem serviços no município de residência do beneficiário, fica

assegurado, na forma prevista em regulamento, o seu encaminhamento ao

município mais próximo que contar com tal estrutura. § 8º A renda familiar

mensal que se refere o § 3º deverá ser declarada pelo requerente ou seu

representante legal, sujeitando-se aos demais procedimentos previstos no

regulamento para o deferimento do pedido. (BRASIL, 2012i, s.p).

Em 1999 foi implementada a revisão do BPC, ocorrendo a sua primeira etapa com os

benefícios concedidos de 02 de fevereiro de 1996 a 30 de abril de 1997, sucedendo assim,

outras etapas de revisão para os períodos posteriores ao mencionado.

15

“Art. 38. A idade prevista no art. 20 desta Lei reduzir-se-á para sessenta e sete anos a partir de 1o de janeiro de

1998. (BRASIL, 2012o, s.p.). 16

Art. 38. A idade prevista no art. 20 desta Lei reduzir-se-á, respectivamente, para 67 (sessenta e sete) e 65

(sessenta e cinco) anos após 24 (vinte e quatro) e 48 (quarenta e oito) meses do início da concessão. 17

“Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa

portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover

a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família”. (BRASIL, 2012o, s.p.). 18

“O artigo 16 da Lei nº 8.213/91 retrata que ‘São beneficiários do Regime Geral da Previdência Social, na

condição de dependentes do segurado: I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho, de qualquer

condição, menor de 21 anos ou inválido; II – os pais; III – o irmão, de qualquer condição, menor de 21 anos ou

maior de 60 anos ou inválido’.”

30

A revisão proposta na Lei Orgânica da Assistência Social não visa necessariamente a

invalidação do benefício, mas sim a comprovação de que as condições que originaram a

concessão do BPC continuam as mesmas.

Operacionalmente a Assistência Social constituiu-se na garantia de um

direito gratuito não contributivo, tendo como suporte ético o atendimento às

necessidades sociais de segmentos populacionais excluídos das políticas

sociais básicas, do circulo da produção e circulação dos bens produzidos e

que tenham esgotado as formas de sociabilidade familiar e comunitária.

(NOGUEIRA, 2001, p.112).

A assistência social como uma política social, impõe ao Estado a responsabilidade de

assegurar os direitos que a mesma define, ou seja, é papel do Estado a garantia do

financiamento, coordenação e execução das ações visando a qualidade e existência destas.

[...] Desde 1996, o pagamento do BPC a idosos e portadores de deficiência,

cuja responsabilidade de custeio é da União, vem sendo garantido, com alta

incidência sobre o financiamento da seguridade social e sobre a capacidade

de alcance da política de assistência social, no que atinge cerca de um

milhão e meio de cidadãos. (PAIVA, 2003, p.58).

Quando se instituiu o BPC, benefício de transferência de renda (monetária) exigiu se

destes beneficiários uma necessidade de atenção na conjuntura das ações assistenciais. O

artigo 24, parágrafo 2º da LOAS afirma que, os “programas voltados para o idoso e à

integração da ‘pessoa portadora de deficiência’19

serão devidamente articulados com o

benefício de prestação continuada estabelecido no art. 20 desta Lei.” (BRASIL, 2007, p.

218n).

Para Sposati (2004), apesar de apresentar critérios excludentes, o BPC também

significou um grande avanço por ser o primeiro mínimo social de forma não contributiva

garantido constitucionalmente para todo cidadão, independentemente da sua condição de

trabalho, sendo dependente de uma condição de renda.

O acesso ao BPC é destinado para duas modalidades, ou seja, atende a dois grupos

sociais: o primeiro destina se a pessoa idosa com idade igual a 65 anos ou mais, que não tenha

outro benefício previdenciário, e com renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo em

19

“Redação alterada pela Lei nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993 ‘Os programas voltados para o idoso e a

integração da pessoa com deficiência serão devidamente articulados com o benefício de prestação continuada

estabelecido no art. 20 desta Lei.’.” (BRASIL, 2012k, s.p.).

31

vigor; e o segundo grupo, atende à pessoa com deficiência, que comprove renda per capita

inferior a ¼ do salário mínimo vigente e, sua incapacidade para a vida independente e para o

trabalho por meio de perícia médica junto ao INSS. Ressalta se que o BPC é um benefício

individual, não vitalício e intransferível.

O Benefício de Prestação Continuada apresenta critérios para o seu recebimento,

expressos na LOAS, artigo 20 artigo que reafirma o pressuposto constitucional:

§ 1º Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo

requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a

madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e

os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. § 2º Para efeito de

concessão deste benefício, considera-se: I - pessoa com deficiência: aquela

que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou

sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua

participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas; II -

impedimentos de longo prazo: aqueles que incapacitam a pessoa com

deficiência para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de

2 (dois) anos. § 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa

com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior

a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. § 4º O benefício de que trata este artigo

não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da

seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da

pensão especial de natureza indenizatória. § 5º A condição de acolhimento

em instituições de longa permanência não prejudica o direito do idoso ou da

pessoa com deficiência ao benefício de prestação continuada. § 6º A

concessão do benefício ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de

incapacidade, composta por avaliação médica e avaliação social realizadas

por médicos peritos e por assistentes sociais do Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS). (BRASIL, 2007, p. 216n).

Sendo assim, o Benefício de Prestação Continuada, conforme Gomes (2001) entende

se como o repasse de um salário mínimo mensal às pessoas idosas e às pessoas com

deficiência física ou psíquica que não tenham condições de sobrevivência, e ainda atendam

aos limites de idade e situação de invalidez, tendo como elemento principal de elegibilidade a

incapacidade para o trabalho. Benefício este individual, não vitalício e intransferível.

Para tanto, a Portaria Conjunta – MDS/INSS nº 1 de 25/05/2011 “estabelece os

critérios, procedimentos e instrumentos para a avaliação social e médico-pericial da

deficiência e do grau da incapacidade das pessoas com deficiência requerentes do Benefício

de Prestação Continuada da Assistência Social”, revogando assim a de 29/05/2009. (BRASIL,

2012q, s.p.).

Definiu se em 1995 a coordenação do Benefício de Prestação Continuada, por meio do

Decreto nº 1.744 que regulamenta o Benefício de Prestação Continuada - BPC, coordenação

32

esta de competência do Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS, via Secretaria

de Estado e Assistência Social - SEAS, e a operacionalização a cargo do Instituto Nacional de

Seguridade Social - INSS. De acordo com o MDS a gestão do benefício é

realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

(MDS), por intermédio da Secretaria Nacional de Assistência Social

(SNAS), que é responsável pela implementação, coordenação, regulação,

financiamento, monitoramento e avaliação do Benefício. A

operacionalização é realizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social

(INSS). [...] Os recursos para o custeio do BPC provêm da Seguridade

Social, sendo administrado pelo MDS e repassado ao INSS, por meio do

Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). (2012q, s.p.).

Tem direito ao Benefício de Prestação Continuada de forma assegurada à pessoa com

deficiência, incapacitada para a vida independente e para o trabalho, em razão de anomalias

ou lesões irreversíveis, de natureza hereditária, congênitas ou adquiridas, que impeçam o

desempenho das atividades do cotidiano e do trabalho, conforme critérios estabelecidos pela

Portaria Conjunta, citada anteriormente, e também aos indígenas e estrangeiros naturalizados

e residentes no Brasil, sendo idosos ou com deficiência.

Para Araujo o que define a pessoa com deficiência

[...] não é falta de um membro nem a visão ou audição reduzidas. O que

caracteriza a pessoa portadora de deficiência é a dificuldade de se relacionar,

de se integrar na sociedade. O grau de dificuldade de se relacionar, de se

integrar na sociedade. O grau de dificuldade para a integração social é que

definirá [... se a pessoa tem ou não deficiência]. (1997, p.12).

No Decreto nº 7.617 de 17 de novembro de 2011 estabelece no artigo 16: “A

concessão do benefício à pessoa com deficiência ficará sujeita à avaliação20 da deficiência e

do grau de impedimento” (BRASIL, 2012g, s.p.). E ainda, coloca se no inciso 1º a realização

da avaliação social e médica para constatação de deficiência e de seu grau de impedimento.

No inciso 2º considera se “os fatores ambientais, sociais e pessoais, a avaliação médica

considerará as deficiências nas funções e nas estruturas do corpo, e ambas considerarão a

limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas

20

“§ 5º A avaliação da deficiência e do grau de impedimento tem por objetivo: I - comprovar a existência de

impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial; e II - aferir o grau de restrição

para a participação plena e efetiva da pessoa com deficiência na sociedade, decorrente da interação dos

impedimentos a que se refere o inciso I com barreiras diversas. (BRASIL, 2012g, s.p.)”.

33

especificidades”. (BRASIL, 2012g, s.p.). E no inciso 3º estabelece a realização das avaliações

pelo profissional Assistente Social e pelo Perito Médico do quadro do INSS, providos de

condições garantidas pelo MDS e o INSS, inciso 4º21

.

Para à comprovação da renda familiar “per capita”, ou seja, a soma total da renda

bruta daqueles que compõem a família, dividida pelo numero de integrantes, de acordo com o

Decreto nº 7.617 de 17 de novembro de 2011, considera se “família” para o cálculo da renda

per capita coforme artigo 4º inciso V, e como parte desta renda o inciso VI:

V - família para cálculo da renda per capita: conjunto de pessoas composto

pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na

ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos

e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo

teto; e VI - renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos

auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários,

proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública

ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos

do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo,

rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de

Prestação Continuada [...]. (BRASIL, 2012g, s.p.).

Regulamentado ainda no Decreto nº 7.617 de 17 de novembro de 2011, no artigo 19

parágrafo único, o valor do BPC “concedido a idoso não será computado no cálculo da renda

mensal bruta familiar a que se refere o inciso VI do art. 4o, para fins de concessão do

Benefício de Prestação Continuada a outro idoso da mesma família.” É também assegurado

pelo Estatuto do Idoso Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003 em seu artigo 34 parágrafo

único22

. (BRASIL, 2012l, s.p.). E ainda, no artigo 4º, estabelece:

§ 1º Para fins de reconhecimento do direito ao Benefício de Prestação

Continuada às crianças e adolescentes menores de dezesseis anos de idade,

deve ser avaliada a existência da deficiência e o seu impacto na limitação do

desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com

a idade. § 2º Para fins do disposto no inciso VI do caput, não serão

computados como renda mensal bruta familiar: I - benefícios e auxílios

assistenciais de natureza eventual e temporária; II - valores oriundos de

programas sociais de transferência de renda; III - bolsas de estágio

curricular; IV - pensão especial de natureza indenizatória e benefícios de

assistência médica, conforme disposto no art. 5º; V - rendas de natureza

eventual ou sazonal, a serem regulamentadas em ato conjunto do Ministério

21

“Estabelecido pela Portaria Conjunta – MDS/INSS nº 1 de 24/05/2011, revogando a Portaria Conjunta nº 01,

de 29 de maio de 2009. (BRASIL, 2012g, s.p.)”. 22

“O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será computado para os fins

do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.”

34

do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e do INSS; e VI -

remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz. (BRASIL,

2012g, s.p.).

Em relação ao pedido do BPC, para a pessoa idosa ou pessoa com deficiência, deverá

o mesmo procurar: a SMAS, o CRAS ou órgão responsável pela assistência social no

município do mesmo, para informações e apoio necessário para requerer o benefício. Também

poderá fazê-lo, por meio de ligação telefônica junto à agência de Previdência Social e solicitar

o agendamento do atendimento, ou ainda ir diretamente ao INSS. Assim, o solicitante deverá

encaixar se nos critérios já mencionados anteriormente, estabelecidos em portarias, decretos, e

leis mediante preenchimento do Formulário de Declaração de Renda (Anexo B) e do

Formulário para Requerimento do BPC (Anexo C), documentos de solicitação do benefício.

(BRASIL, 2012).

De acordo com o MDS “Atualmente são 3,6 milhões (dados de março de 2012)

beneficiários do BPC em todo o Brasil, sendo 1,9 milhões pessoas com deficiência e 1,7

idosos.” (BRASIL, 2012q, s.p.).

Partindo destes dados, a pesquisa aqui abordada irá analisar o Benefício de Prestação

Continuada - BPC no CRAS IV no município de Toledo, com a finalidade de construir o

perfil o perfil dos beneficiários do bairro Jardim Panorama. Posteriormente, irá abordar a

caracterização do ambiente desta pesquisa..

2.1 O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CRAS IV: JARDIM

PANORAMA DO MUNICÍPIO DE TOLEDO - PR

O CRAS é uma unidade pública estatal descentralizada da Política de Assistência

Social, com a responsabilidade de organização e prestação de serviços da Proteção Social

Básica do SUAS nas áreas de vulnerabilidade social, visando a prevenção das situações de

risco, buscando desenvolver potencialidades e aquisições. Unidade esta que atua no território

municipal, tendo em vista a orientação e o convívio sócio familiar e comunitário, procurando

fortalecer vínculos familiares e comunitários, segundo a PNAS (2004).

O CRAS assume como fatores identitários dos grandes eixos estruturantes do SUAS:

matricialidade sócio familiar e a territorialização. A primeira se refere à centralidade da

família como núcleo social central para efetivar todas as ações e serviços da Política de

Assistência Social. Segundo a PNAS (2004), a família é o conjunto de pessoas ligadas por

35

laços consanguíneos, efetivos ou de solidariedade, cuja sobrevivência e reprodução social

implicam obrigações mútuas e o compartilhamento de renda ou dependência econômica. E a

segunda refere se à centralidade do território como fator para compreender e enfrentar as

situações de vulnerabilidade. Portanto, com a oferta de serviços socioassistenciais perto dos

usuários amplia se a efetividade das ações preventivas.

Segundo Fidelis (2004) no município de Toledo, a organização da área da assistência

social, mediante implementação da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS – se deu a

partir de 1995 com a Primeira Conferência Municipal de Assistência Social. Antes disso as

entidades sociais existentes no município eram mantidas pela Prefeitura Municipal, através de

subvensões e/ou pela instituição mantenedora. Portanto, a antiga Secretaria Municipal da

Ação Social e Cidadania passou a ser denominada, a partir de 1997, de Secretaria Municipal

de Assistência Social (SMAS). Devido à efetivação da estrutura da Prefeitura (Lei 1.800/97) a

SMAS tornou-se o órgão gestor da política de assistência social.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS

nos municípios de médio e grande porte, bem como nas metrópoles, o CRAS deve situar-se

nos territórios de maior vulnerabilidade. (BRASIL, 2012u) Conforme a NOB/SUAS o CRAS

deve ser instalado prioritariamente em territórios com maior concentração de famílias com

renda per capita mensal de até meio salário mínimo. A Política Nacional de Assistência

Social considera o município de Toledo de grande porte por ter população de 119.313

habitantes (IBGE, 2010).

O número de CRAS é definido pelo Plano Municipal de Assistência Social, sendo

criado no ano de 2010 o quarto CRAS para atender a população usuária da Política Nacional

de Assistência Social, somando assim a capacidade de referenciar cerca de 20.000 famílias

conforme Normativa da NOB/SUAS/2005.

As regiões onde se encontram os CRAS em Toledo são: Vila Pioneiro, Jardim Europa,

Jardim Coopagro e Jardim Panorama. O Centro de Referência de Assistência Social - CRAS

IV (Região 4) é localizado na Rua Acyoli Filho, número 2545, anexo a biblioteca pública, no

bairro Jardim Panorama. Portanto, aqui encontra o ambiente onde desenvolvemos a pesquisa

aqui apresentada.

Conforme o artigo 24 da LOAS “Os programas de assistência social compreendem

ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para

qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais”. Nesse sentido, em

cumprimento à legislação, o CRAS IV desenvolve os seguintes programas assistenciais: o

36

Programa Bem Toledo; o Projovem Adolescente e o Programa de Atendimento Integral à

Família – PAIF. (BRASIL, 2012k, s.p.). Além dos projetos já mencionados, o CRAS IV

desenvolve o Projeto Cidadania e o Projeto Cegonha Feliz.

Ressalta se como projetos de enfrentamento à pobreza, segundo a PNAS (2004),

aqueles que compreendem a instituição de investimento econômico-social nos grupos

populares, buscando subsidiar, financeiramente e tecnicamente, iniciativas que garantam

meios, capacidade produtiva e de gestão para melhoria das condições gerais de subsistência,

elevação do padrão de qualidade de vida, a preservação do meio ambiente e sua organização

social, articuladamente com as demais políticas públicas. Estes projetos integram o nível de

proteção social básica, mas pode atender famílias e pessoas em situação de risco, público-alvo

da proteção social especial.

Conforme o artigo 23 da LOAS23

, “Entendem-se por serviços socioassistenciais as

atividades continuadas que visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas

para as necessidades básicas.” A Política Nacional de Assistência Social prevê seu

ordenamento em rede, de acordo com os níveis de proteção social: básica e especial, de média

e alta complexidade. E como benefícios oferecem os: de Transferência de Renda, o Auxílio

Maternidade, o Auxílio Funeral, o Auxílio Material e o Benefício de Prestação Continuada.

São ofertados aos usuários que possuem Cadastro Único, sendo seu objetivo principal a

capacitação profissional possibilitando ao público-alvo, oportunidades de geração de trabalho

e renda, resultando em melhorias nas suas condições de acesso e/ou permanência no mercado

de trabalho formal e informal.

Segundo o Protocolo de Gestão dos Centros de Referência da Assistência Social

(2009) são ações que visam superar as vulnerabilidades e promover novas aquisições na vida

das famílias abrangidas. Tais aquisições não se restringem somente a questões materiais e de

renda, também estabelecem relações com o mundo do trabalho, com a família e a

comunidade, por meio da descoberta de potencialidades, acesso a informações e participação.

O acesso ao CRAS se processa por meio das seguintes formas: a Procura Espontânea:

quando a família, grupo ou indivíduo vai até o CRAS de livre vontade para receber o

atendimento; a Busca Ativa: estratégia para o conhecimento das condições de vida das

famílias no território de abrangência, bem como para localizá-las e contatá-las, por meio de

visitas domiciliares e/ou entrevistas agendadas no CRAS. Esta forma propicia o atendimento

a famílias que muitas vezes, por apresentarem alta vulnerabilidade, não acessam o serviço

23

Nova redação conforme Lei nº 12.435, de 06 de julho de 2011.

37

espontaneamente. São prioritárias na Busca Ativa aquelas famílias beneficiárias dos

programas de transferência de renda que não acessam o CRAS; aquelas que não estão

cumprindo as condicionalidades definidas pelos programas, ou outras situações a serem

identificadas após definição de indicador; e o Acesso por Encaminhamento: realizado pela

rede socioassistencial e demais políticas públicas. Os encaminhamentos são acolhidos no

CRAS para cadastro e atendimento de pessoas e famílias.

Ainda, de acordo com o Protocolo de Gestão dos Centros de Referência da Assistência

Social (2009) é necessária à realização de visita domiciliar - uma estratégia importante na

busca das famílias, implicando num momento de observação técnica na unidade domiciliar,

que visa: Intensificar o vínculo entre o técnico de referência da família e a própria família;

Conhecer os membros da família que não estiveram no CRAS na entrevista ou reunião de

acolhida; Compreender, registrar e analisar os dados sobre a dinâmica da vida familiar, suas

vulnerabilidades e, especialmente, suas potencialidades; Prover estímulo e orientação á

família na busca de soluções e na construção de um projeto de superação de suas

vulnerabilidades; Identificar necessidades e realizar encaminhamentos para a rede de

atendimentos; Acompanhar os encaminhamentos realizados; Estimular e mobilizar a família

para participação no serviço; Orientar a família sobre o Cadastro Único e atualização de seus

dados.

No primeiro contato da família ou indivíduo com o CRAS são ouvidas suas

necessidades, focalizando sua solicitação, demanda principal e o preenchimento do Cadastro

Individual do CRAS. Se for o caso de atendimento por outro CRAS, é feito o

encaminhamento àquele de referência. Quando a demanda não for por serviços de Assistência

Social, são realizados orientações e encaminhamentos a outros serviços. Quando for por

serviços de proteção social básica e/ou especial, é verificado se estão cadastrados no Cadastro

Único do Governo Federal, se já estiver cadastrado, procede se a conferência de dados para a

atualização do cadastro e, em seguida, agenda se para a participação da família na reunião de

acolhida24

.

24

“Conforme Protocolo de Gestão dos Centros de Referência da Assistência Social ‘'reunião de acolhida é a

estratégia essencial para a criação e o fortalecimento do vínculo entre o CRAS, família e comunidade. É o

espaço onde as novas famílias, grupos e indivíduos recebem as informações necessárias para obter o acesso aos

direitos e serviços ofertados pelo CRAS e outras unidades da rede socioassistencial. Privilegia-se a disseminação

de informações na perspectiva dos direitos de cidadania. Ao término da reunião é orientada para organização da

documentação necessária para fazer o Cadastro Único e quando reunida a documentação é agendado no CRAS

para o seu preenchimento’.” ( TOLEDO, 2009, s. p.).

38

Todas as orientações são realizadas conforme a necessidade e a demanda que é posta

pelo usuário. A partir desta é feito os encaminhamentos pelo CRAS e se necessário à rede

socioassistencial, informando aos mesmos que o acesso aos serviços ofertados pelo CRAS são

direitos garantidos por lei e que a Assistência Social é dever do Estado e direito do cidadão

enquanto Política de Seguridade Social não contributiva.

Destaca-se para a realização desta pesquisa, como campo de análise, o CRAS IV,

abordando o âmbito do Benefício de Prestação Continuada – BPC, no bairro Jardim

Panorama, a seguir será apresentada a metodologia da mesma.

2.2 O CAMINHO PERCORRIDO: OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA

PESQUISA

A pesquisa aqui desenvolvida foi realizada no Centro de Referência de Assistência

Social - CRAS IV município de Toledo – PR visando responder ao problema desta pesquisa:

Quem são os usuários/beneficiários do BPC atendidos pelo CRAS IV do Município de

Toledo, no intuito de efetivar o objetivo geral estabelecido “Construir o perfil dos

beneficiários do Benefício de Prestação Continuada - BPC, usuários do CRAS IV, no Jardim

Panorama município de Toledo”.

Sendo assim, para a realização e compreensão desta pesquisa buscou se um método de

pesquisa que respondesse a problemática da pesquisa e seu objetivo geral, citados

anteriormente, utilizando se por uma pesquisa de tipo exploratória, com abordagem

qualitativa e quantitativa, e de análise documental.

O tipo da pesquisa é exploratória e, de acordo com Gil (1999), tem como objetivo:

proporcionar uma visão ampliada, aproximada de determinado fato, por isso sua característica

é a flexibilidade acerca do fato estudado, além disso, deve possibilitar uma familiaridade entre

o pesquisador e a real importância do problema.

Para que se procedesse a coleta das informações, utilizou-se como técnica a Análise

Documental, cujo documento para exploração dos dados da pesquisa foi Cadastro Geral dos

usuários do CRAS IV – neste caso, em específico, os cadastros dos usuários que são

beneficiários do BPC. Esta aproximação, por meio da análise documental é possível uma vez

que esta busca identificar informações a partir dos fatos fundamentados em documentos,

partindo de questões ou hipóteses de interesse, tendo como facilitador no processo, o fato do

mesmo poder ser consultado várias vezes.

39

Para Lüdke e André (1986) a análise documental é um importante instrumento na

coleta de dados em uma pesquisa na abordagem qualitativa como no complemento das

informações obtidas por outras técnicas, ou desvendando novos aspectos de um tema ou

problema.

A pesquisa qualitativa envolve um “universo de significados, motivos, aspirações,

crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos

processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.

(MINAYO, 2002, p.22).

E como pesquisa quantitativa, de acordo com Richardson (2008) caracteriza se pelo

uso da quantificação tanto nas formas de coleta de informações, quanto no tratamento delas

por meio de técnicas estatísticas. Portanto, a pesquisa qualitativa deve caminhar junto com a

pesquisa quantitativa, visto como uma complementa a outra.

A pesquisa aqui desenvolvida é de natureza quantitativa, visto que a mesma faz um

levantamento de dados numéricos contidos nos cadastros dos beneficiários e de acordo com as

questões abordadas no formulário de coleta de dados (Apêndice A), é também de natureza

qualitativa, pois se refere à análise e interpretação dos dados coletados.

De acordo com Gil (1999), a pesquisa abrange um universo de elementos que na

maioria das vezes são tão grandes tornando impossível considerá-los em sua totalidade,

normalmente se trabalha com uma amostra deste universo.

Sendo assim, o universo desta pesquisa abrange um total de 158 beneficiários para o

território do CRAS IV, de acordo com documento encaminhado pelo INSS ao CRAS IV para

visita domiciliar, conforme solicitação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome – MDS. Esse procedimento o consta na Portaria nº 706 de 17.09.2010 que “Dispõe

sobre o cadastramento dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada da Assistência

Social e de suas famílias no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal”.

(BRASIL, 2012y, s.p.).

De acordo com a região geográfica de abrangência, o território do CRAS IV é

constituído pelas seguintes áreas: Jardim Panorama, São Francisco, Cerâmica Prata, Bressan,

Parizotto, Jardim Pancera (Leste), Belo Horizonte, Croma, Santa clara II, Loteamento das

Torres, Loteamento Schio, Canaã, Cezar Park e Vila Rural.

Para definição dos sujeitos da pesquisa recorremos à amostragem. Como critérios para

a constituição da mesma, elencamos:

40

1) Proximidade geográfica em relação à solicitação de visita domiciliar pelo INSS: o bairro

Jardim Panorama, o qual obtivemos 44 beneficiários;

2) Beneficiário que tenha sido pelo menos uma vez atendido no CRAS IV e, portanto,

possui o cadastro geral – documento utilizado para levantamento e análise dos dados.

Sendo assim, a amostra totalizou 20 beneficiários;

3) Utilizando se de critérios de exclusão nos deparamos com: 1 beneficiário que foi a óbito e

2 beneficiários que, ao serem contemplados com o benefício da aposentadoria, tiveram o

BPC automaticamente cancelado.

Logo, nossa amostra assume o total de 17 sujeitos, cujos cadastros gerais serão

analisados a seguir. Para ilustrar esse procedimento e facilitar a compreensão da coleta de

dados, organizamos o esquema abaixo:

A partir desta amostra foi realizada a coleta de dados, por meio do formulário

(Apêndice A), mediante a análise documental, técnica utilizada para o aprofundamento e

reflexão dos dados, com a finalidade de construir o perfil dos beneficiários do BPC no bairro

Jardim Panorama, município de Toledo - PR.

UNIVERSO DA PESQUISA

158 BENEFICIÁRIOS

CRAS IV

44 BENEFICIÁRIOS

JARDIM PANORAMA

AMOSTRA DA PESQUISA

17 BENEFICIÁRIOS

41

2.3 O PERFIL DOS BENEFICIÁRIOS/USUÁRIOS DO CRAS IV- JARDIM PANORAMA

DO MUNICÍPIO DE TOLEDO - PR

Para apresentação dos dados coletados, pretendemos responder ao problema e

aos objetivos desta pesquisa, elencamos como exploração do documento – cadastro geral dos

usuários do CRAS IV- as seguintes informações: tipo de benefício, sexo, idade, estado civil,

composição familiar, situação habitacional, escolaridade, renda e condição para o trabalho.

2.3.1 Quanto ao Tipo do Benefício

O Benefício de Prestação Continuada - BPC é um benefício assistencial de um salário

mínimo, pago mensalmente a pessoas idosas de 65 anos ou mais, e pessoas com deficiência,

incapacitadas para a vida independente e para o trabalho, com renda mensal inferior a ¼ do

salário mínimo por pessoa. Este benefício é um direito garantido pela Constituição Federal,

regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS e ainda integra a Política

Nacional de Assistência Social e o Sistema Único de Assistência Social como um direito

assistencial de Atenção Básica.

Deste modo, o gráfico a seguir refere se ao tipo de BPC, a partir da amostra

delimitada, dos 17 beneficiários do bairro Jardim Panorama, município de Toledo – PR, de

forma demonstrativa de sua quantidade neste território.

GRÁFICO 1 – TIPO DE BPC

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

42

Ao analisar o tipo de BPC nos deparamos com uma grande diferença de um para o

outro. Portanto, dos 17 beneficiários, 13 deles são BPC de pessoas com deficiência (soma se

um percentual de 76% da amostra delimitada) e somente 4 são de pessoas idosas (soma se

24% da amostra).

Segundo informações sobre o BPC, obtidas junto ao Ministério de Desenvolvimento

Social e Combate à Fome, em relação ao tipo de benefício, constatamos que “atualmente são

3,6 milhões (dados de março de 2012) beneficiários do BPC em todo o Brasil, sendo 1,9

milhões pessoas com deficiência e 1,7 idosos”. (BRASIL, 2012q, s.p.).

Nesse sentido, quando nossas informações apontam para a maioria dos beneficiários

serem pessoas com deficiência, verificamos que a realidade apresentada pelo ambiente da

pesquisa ora em estudo, acompanha as estatísticas nacionais.

Ao tratar os direitos pertinentes ao Idoso, o Estatuto do Idoso, em seu artigo 2º garante

que o

[...] idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana,

sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe,

por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para

preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,

intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

(BRASIL, 2012l, s.p.).

Em relação à proteção social, no Estatuto do Idoso Capítulo VIII da Assistência Social

artigo 33, destina se:

A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme

os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na

Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas

pertinentes. (BRASIL, 2012l, s.p.).

De modo que a assistência social, no artigo 34 do Estatuto do Idoso, assegura se aos

idosos “a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua

subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício25

mensal de 1

(um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas”. (BRASIL,

2012l, s.p.).

25

“Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será

computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas”. (BRASIL, 2012l, s.p.).

43

Em relação à proteção social destinada às pessoas com deficiência, em 2011 foi

instituído pela Presidência da República o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com

Deficiência, denominado – Plano Viver Sem Limites 26

– que aborda em seu artigo 1º

[...] a finalidade de promover, por meio da integração e articulação de

políticas, programas e ações, o exercício pleno e equitativo dos direitos das

pessoas com deficiência, nos termos da Convenção Internacional sobre os

Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, aprovados

por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008, com status de

emenda constitucional, e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de

agosto de 2009. (BRASIL, 2012f, s.p.)

Outra informação que o Plano Nacional institui, que deve contribuir na destinação de

políticas sociais, bem como na elaboração de planos, programas, projetos e ações, destinados

a esse público, é a compreensão de deficiência. Portanto, descreve-se legalmente esta

condição o artigo 2º

São consideradas pessoas com deficiência aquelas que têm impedimentos de

longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em

interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e

efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”.

(BRASIL, 2012f, s.p.).

O decreto acima citado garante ás pessoas com deficiências os direitos sociais

pertinentes à educação, à acessibilidade em vias públicas, prevenção e tratamento de saúde,

(habilitação e reabilitação), ao mercado de trabalho, habitação adequada à sua condição, bem

como aquelas que se encontram em situação precária de condições de vida, poder acessar a

Política Nacional de Assistência Social.

É nesse sentido que vislumbramos a importância da articulação das políticas sociais

nas três esferas de governo, uma vez que a adesão do município é voluntária, por meio do

estabelecimento de convênios, acordos de cooperação com órgãos e entidades da

administração pública federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com

consórcios públicos ou com entidades privadas. O financiamento desta política, conforme

consta no Decreto nº 7.612 de 11 de novembro de 2011, será subsidiado por dotações

orçamentárias da União, bem como de fontes de recursos destinados aos Estados e

Municípios, dentre outras fontes. Para tanto deverá ser instituído um Comitê Gestor nas três

26

“Ver Decreto nº 7.612 de 11 de novembro de 2011”.

44

esferas de governo com a participação dos órgãos gestores, entidades e sociedade civil

interessada.

De acordo com o Balanço do Plano Nacional Dos Direitos da Pessoa com Deficiência:

Plano Viver Sem Limites, no primeiro semestre de 2012, 2.023 municípios brasileiros

formalizaram a adesão ao BPC na Escola; 2.926 beneficiários do BPC foram visitados (a meta

para 2012 é 4.800).

O BPC na Escola é um programa, instituído pela Portaria Normativa Interministerial

nº 18, de 24 de abril de 2007, e tem como objetivo:

desenvolver ações intersetoriais, visando garantir o acesso e a permanência

na escola de crianças e adolescentes com deficiência, de 0 a 18 anos,

beneficiários do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social

(BPC), com a participação da União, dos estados, do Distrito Federal e dos

municípios. Tem como principal diretriz a identificação das barreiras que

impedem ou dificultam o acesso e a permanência de crianças e adolescentes

com deficiência na escola e o desenvolvimento de ações intersetoriais,

envolvendo as políticas de educação, de assistência social, de saúde e de

direitos humanos, com vistas à superação dessas barreiras”. (BRASIL,

2012r, s.p.).

Este benefício viabiliza identificar: os beneficiários que estão inseridos na educação

regular e os ausentes da política educacional; as barreiras erigidas no espaço escolar que

dificultam a permanência do beneficiário no mesmo, bem como estudos para a superação e

prevenção destas barreiras e propõe manter o acompanhamento sistemático, por parte dos

entes federados, das ações destinadas a esse público.

2.3.2 Quanto ao Sexo dos Beneficiários

Ao analisar a questão quanto ao sexo do beneficiário obtemos um resultado de maior

vantagem para o sexo masculino, veja no gráfico a seguir:

45

GRÁFICO 2 – SEXO DOS BENEFICIÁRIOS

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

Partindo do total de 17 beneficiários, verificamos que 10 destes são do sexo masculino

(somando se 59% da amostra estabelecida). Constata se ainda, conforme cadastros gerais

analisados, dos 10 beneficiários do sexo masculino 7 destes são pessoas com deficiência e 3

são idosos.

Deste modo, se dos 17 beneficiários 10 são do sexo masculino, então os 7

beneficiários restantes são do sexo feminino (correspondendo a 41% da amostra), conforme

gráfico 2. E destas 7 mulheres 6 delas é considerada pessoa com deficiência e 1 é idosa.

2.3.3 Quanto à Idade : BPC Idoso

Quando avaliado o benefício por idade, foi necessário analisar em questões separadas,

entre o BPC da pessoa idosa e o BPC da pessoa com deficiência. Tendo em vista que no

artigo 4º do Decreto nº 7.617 de 17 de novembro de 2011 no inciso primeiro diz que idoso é

“aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais”. (BRASIL, 2012, s.p.).

46

GRÁFICO 3 – IDADE DO BENEFICIÁRIO: IDOSO

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

De acordo com o gráfico 3, verificamos que todos os beneficiários idosos do bairro

Jardim Panorama, encontram se na faixa etária de 65 a 70 anos de idade (totalizando 100% da

amostra).

A assistência social é um dos direitos pertinentes ao idoso, assegurado pela LOAS,

PNAS, decretos, e ainda pelo Estatuto do Idoso, os quais visam a garantia ao idoso a partir de

65 anos um salário mínimo aqueles que não consigam assegurar sua subsistência, sendo um

benefício assistencial – BPC. No entanto, exige se ao requerente alguns critérios para sua

validação como a idade estabelecida de 65 anos ou mais, a renda do idoso deve ser inferior a

¼ do salário mínimo vigente, conforme Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007, artigo

4, inciso quarto “aquela cuja renda mensal bruta familiar dividida pelo número de seus

integrantes seja inferior a um quarto do salário mínimo”. (BRASIL, 2012e, s.p.).

2.3.4 Quanto à Idade : BPC Pessoa com Deficiência

A idade de reconhecimento do direito ao benefício do BPC para pessoa com

deficiência é diferente do BPC idoso. Sendo o BPC da pessoa com deficiência de longo prazo

mediante a comprovação das condições de vida27

, e ainda, de acordo com critérios28

27

“De acordo com o Decreto nº 7.617/2011, artigo 9º inciso primeiro ‘a existência de impedimentos de longo

prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, obstruam

sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas, na forma

prevista neste Regulamento’.” (BRASIL, 2012g, s.p.).

47

estabelecidos no Decreto nº 7.617 de 17 de novembro de 2011. A pessoa com deficiência,

conforme artigo 4º inciso segundo, é

[...] aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental,

intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,

podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade

de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2012g, s.p.).

Ao analisar o gráfico 4 percebe se que o BPC da pessoa com deficiência tem um

número maior de beneficiários em algumas faixas etárias.

GRÁFICO 4 - IDADE DO BENEFICIÁRIO: PESSOA COM DEFICIÊNCIA

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

Na faixa etária de 11 a 20, de 21 a 30 anos e de 61 anos ou mais são 3 beneficiários em

cada uma, totalizando 9 beneficiários (soma se 69% dos beneficiários da amostra), a partir da

faixa etária de 31 a 40 anos possui 2 beneficiários (15% da amostra), já de 41 a 50 e 51 a 60

anos tem 1 beneficiário em cada faixa etária (totalizando 15% da amostra), e de 0 a 10 anos

não possui nenhum beneficiário no bairro Jardim Panorama. Percebe se um número maior de

beneficiários na faixa etária menor, de 11 a 30 anos totalizou 6 beneficiários.

28

“Decreto nº 7.617/2011 artigo 4º - § 1º Para fins de reconhecimento do direito ao Benefício de Prestação

Continuada às crianças e adolescentes menores de dezesseis anos de idade, deve ser avaliada a existência da

deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social,

compatível com a idade.” (BRASIL, 2012g, s.p.).

48

2.3.5 Quanto ao Estado Civil dos Beneficiários

A pesquisa aqui abordada também indaga quanto ao estado civil dos beneficiários do

bairro Jardim Panorama do CRAS território IV, possibilitado seu resultado por meio do

gráfico 5 a seguir:

GRÁFICO 5 - ESTADO CIVIL

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

Tratando se deste eixo percebe se um número grande no quesito solteiro (a), por meio

de informações do cadastro geral este número justifica se pela idade dos beneficiários BPC

pessoa com deficiência, número considerável de beneficiários, estar numa faixa etária menor,

considerando que 3 beneficiários pertencem a faixa etária de 11 a 20 anos (dados

apresentados anteriormente no gráfico 4). Portanto, o gráfico 5 mostra que são 9 beneficiários

na condição de solteiro (a) (totalizando 53% da amostra desta pesquisa), 3 beneficiários são

casados, e 3 são separados e 2 viúvos, já no quesito divorciado (a) e união estável não aparece

nenhum beneficiário.

2.3.6 Quanto ao Número de Moradores da Residência

O gráfico 6 a seguir, trata do numero de moradores que residem na mesma casa, ou

seja, integrantes do mesmo ambiente familiar, incluindo o beneficiário.

49

GRÁFICO 6 – NÚMERO DE MORADORES DA RESIDÊNCIA

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

Verificamos que dos 17 beneficiários, 9 destes apontaram que moram entre 3 a 4 pessoas

na casa (totalizando 56% dos beneficiários da amostra) e 6 beneficiários apontaram que

moram entre 1 a 2 pessoas, resultado este quando analisado no cadastro geral origina se da

maior parte dos beneficiários serem idosos, os quais moram somente o requerente ou o casal

(somando se 35% da amostra), e somente 2 apontaram de 5 a 6 pessoas residindo o mesmo

ambiente (correspondendo a 12% da amostra).

2.3.7 Quanto a Composição Familiar

Quando o requerente faz o pedido do BPC, a composição familiar é um dos

fatores/critérios de análise, que posteriormente entram no cálculo da renda familiar per capita,

e de acordo com o artigo 20º Lei nº 12.435 de 06 de julho de 2011, considera como membro

da família,

§ 1

o Para os efeitos do disposto no caput, a família é composta pelo

requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a

madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e

os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. (BRASIL, 2012m,

s.p.).

No gráfico 7 vem mostrar a composição familiar dos beneficiários desta pesquisa.

50

GRÁFICO 7 – COMPOSIÇÃO FAMILIAR

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

Ressalta se que 29% dos beneficiários da amostra moram com o pai e/ou a mãe e 26%

moram com os irmãos, números considerados pelo cadastro geral dos beneficiários em análise

(amostra), resultantes do BPC da pessoa com deficiência. Verificou se também que 11%

correspodem a outros, ou seja, integrantes estes que não coincidem com os membros da

legenda do gráfico 7, sendo da família: nora, genro e cunhada (o) – informações estas junto

ao cadastro geral dos beneficiários desta pesquisa – variando a composição familiar. E, com

8% situam se netos (as) e também o esposo (a) como membros da família. Já com 5%

encontrou se como componentes familiares os filhos (as) e sobrinhos (as), no entanto, também

5% mora somente o requerente, dados este presentes no cadastro geral do beneficiário idoso.

Considera se 3%, junto aos cadastros gerais, que moram no mesmo ambiente como integrante

da família o tio (a).

Percebe se ainda neste item que dos 17 cadastros gerais nenhum deles apresentou se

como parte da composição familiar a pessoa avô/avó.

2.3.8 Quanto a Situação Habitacional

Considerando a situação habitacional dos beneficiários indagados nesta

pesquisa, verifica se no gráfico 8 que a maior parte dos beneficiários mora em casa própria.

51

GRÁFICO 8 – SITUAÇÃO HABITACIONAL

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

Num total de 17 beneficiários abordados, 10 moram em moradia própria

(representando 59% da amostra), e 3 beneficiários moram em casas cedidas (17% da

amostra), e na situação favor e moradia alugada, soma se 2 beneficiários (obtendo 12% do

total). Também, neste eixo de análise percebe se que 2 cadastros não possuem informações

(12% da amostra), dificultando uma análise completa da situação habitacional, mas tendo a

clareza que o maior percentual é dos beneficiários que possuem moradia própria (59% da

amostra - 10 beneficiários de um total de 17 beneficiários).

Todas as pessoas têm direito a um nível de vida condigno, sendo o acesso a uma

habitação essencial para se alcançar esse nível de vida e consequente realização da vida

humana para além da “simples sobrevivência”. A habitação preenche as necessidades físicas

ao proporcionar segurança e abrigo; as necessidades psicológicas ao permitir um sentido de

espaço pessoal e privado; as necessidades sociais, na medida em que proporciona uma área e

um espaço comum para a família humana, a unidade base da sociedade.

Deste modo, o direito à habitação é reconhecido como um direito humano na

Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu artigo 25:

Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua

família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,

cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança

em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos

de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. (BRASIL, 2007b, p.

101).

52

Considera se assim um direito do ser humano, de todo cidadão, adquirir uma habitação

condigna onde possam viver em paz e com dignidade.

2.3.9 Quanto a Escolaridade dos Beneficiários

No gráfico 9 vai mostrar e possibilitar a visualização do quesito escolaridade dos

beneficiários.

GRÁFICO 9 – ESCOLARIDADE DOS BENEFICIÁRIOS

FONTE: Dados coletados na pequisa.

Indaga se neste eixo a escolaridade dos beneficiários, onde constata se na questão ter

estudado ou estuda numa instituição para pessoas especiais e obtenção completa/incompleta

do primário apresentam se com 5 beneficiários cada (juntos totalizando 58% da amostra),

aqueles que nunca estudaram totalizou se 3 beneficiários (18% da amostra), da amostra 2

beneficiários possuem ou estão cursando o ensino fundamental (soma se 12% da amostra). E

ainda 2 dos 17 cadastros não possibilitaram informações para a análise completa deste eixo,

porém concluindo a maior parte dos beneficiários (29% possuem o primário e 29% estudaram

em uma instituição para pessoas especiais) possuem uma determinada escolaridade.

2.3.10 Quanto a Renda Familiar

53

Ao analisar o elemento da renda familiar, faz se necessário a composição familiar,

citada no item 2.4.7, para cálculo da renda per capita, o qual identifica se o requerente poderá

receber o benefício ou o beneficiário do BPC continuará recebendo o benefício. Conforme

Decreto nº 7.617, de 17 de novembro de 2011 artigo 4º

V - família para cálculo da renda per capita: conjunto de pessoas composto

pelo requerente, o cônjuge, o companheiro, a companheira, os pais e, na

ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos

e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo

teto; e VI - renda mensal bruta familiar: a soma dos rendimentos brutos

auferidos mensalmente pelos membros da família composta por salários,

proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública

ou privada, seguro-desemprego, comissões, pro-labore, outros rendimentos

do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo,

rendimentos auferidos do patrimônio, Renda Mensal Vitalícia e Benefício de

Prestação Continuada, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 1929

.

(BRASIL, 2012g, s.p.).

No gráfico a seguir vem mostrar que os beneficiários em sua maioria se encaixam na

renda familiar de 1 a 2 salários mínimos, sendo 11 beneficiários (representa 65% da amostra),

e 6 beneficiários tem como renda familiar de 2 a 3 salários mínimos (correspondendo a 35%

da amostra).

GRÁFICO 10 – RENDA FAMILIAR

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

29

“Art. 19. O Benefício de Prestação Continuada será devido a mais de um membro da mesma família enquanto

atendidos os requisitos exigidos neste Regulamento. Parágrafo único. O valor do Benefício de Prestação

Continuada concedido a idoso não será computado no cálculo da renda mensal bruta familiar a que se refere o

inciso VI do art. 4o, para fins de concessão do Benefício de Prestação Continuada a outro idoso da mesma

família.” (BRASIL, 2012g, s.p.).

54

A renda é o critério inicial para análise de concessão do benefício BPC, conforme

artigo 20 na Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011 no parágrafo terceiro “Considera-se incapaz

de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per

capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo”. (BRASIL, 2012m, s.p.).

2.3.11 Quanto ao Grau de Capacidade do Beneficiário para o Trabalho

O direito ao trabalho está previsto no artigo 23 da Declaração Universal dos Direitos

Humanos:

1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a

condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego;

2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por

igual trabalho; 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração

justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma

existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se

necessário, outros meios de proteção social; 4. Toda pessoa tem direito a

organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.

(BRASIL, 2007b, p.101).

Portanto, para a inserção da pessoa com deficiência ao mercado de trabalho, está

prevista no Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999 regulamentada no artigo 2º

Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa

portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive

dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao

lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação

pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de

outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar

pessoal, social e econômico. (BRASIL, 2012d, s.p.)

O artigo 3º do Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999 deixa claro o que é e a

diferença do tipo de deficiência e da incapacidade30

, e no artigo 4º divide em categorias31

:

30

“Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, considera-se: I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma

estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade,

dentro do padrão considerado normal para o ser humano; II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se

estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se

altere, apesar de novos tratamentos; e III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de

integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa

55

deficiência física; deficiência auditiva; deficiência visual; deficiência mental e deficiência

múltipla. Já no artigo 5º trata dos princípios da Política Nacional para a integração da Pessoa

Portadora de deficiência32

I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de

modo a assegurar a plena integração da pessoa portadora de deficiência no

contexto sócio-econômico e cultural; II - estabelecimento de mecanismos e

instrumentos legais e operacionais que assegurem às pessoas portadoras de

deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, decorrentes da

Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e

econômico; e III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem

receber igualdade de oportunidades na sociedade por reconhecimento dos

direitos que lhes são assegurados, sem privilégios ou paternalismos.

(BRASIL, 2012d, s.p.).

Deste modo, pensar na inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho é

dever do Poder Público proporcionar mecanismos para sua concretização por meio de

instrumentos33

que os viabilizem, previstos pela Política Nacional para a sua integração.

Quando tratamos do idoso e sua inserção no mercado de trabalho, nos deparamos que

a quantidade de pessoas com mais de 60 anos no mercado de trabalho aumentou 65% desde

2000. O número pulou de 3,3 milhões para 5,4 milhões em 2010, segundo dados do Censo

2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (BRASIL, 2012z,

s.p.).

Tendo em vista o artigo 2º da Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011, o qual destina “a

garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso

que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por

sua família”, a inserção ao mercado de trabalho poderá implicar ao requerente do benefício o

seu recebimento, visto nesta pesquisa os critérios quanto a renda e a comprovação de suas

condições ao trabalho.

No gráfico a seguir percebe se que esta normativa, citada anteriormente, implica no

resultado, quanto ao quesito do grau de capacidade do beneficiário para o trabalho.

portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao

desempenho de função ou atividade a ser exercida.” (BRASIL, 2012d, s.p.). 31

“Ver artigo 4º do Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999”. 32

“O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência publicou no Diário Oficial da União [...] a

alteração do seu regimento interno para mudar a nomenclatura de alguns termos. De acordo com o texto, o termo

‘pessoas portadoras de deficiência’ será substituído por ‘pessoas com deficiência’ [publicado dia 22/02/11]”.

(BRASIL, 2012d, s.p.). 33

“Ver artigo 8 do Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999”.

56

GRÁFICO 11 – GRAU DE CAPACIDADE PARA O TRABALHO

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

Ressalta se neste gráfico que dos 17 beneficiários analisados 13 destes não possuem

capacidade para o trabalho, considerados em grau: sem capacidade para o trabalho

(totalizando 76% dos beneficiários desta pesquisa). E ainda, dos 17 cadastros gerais

analisados constataram se que esses dados – 13 beneficiários sem capacidade para o trabalho

– são correspondentes da maior parte do BPC pessoa com deficiência.

Portanto, os outros 4 beneficiários foram considerados em grau: com pouca

capacidade para o trabalho (correspondendo 24% da amostra).

2.3.12 Quanto aos Gastos Mensais

Neste eixo o gráfico a seguir vem mostrar os gastos mensais dos beneficiários desta

pesquisa,

57

GRÁFICO 12 – GASTOS MENSAIS

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

Compreende se por meio dos dados demonstrados no gráfico 12 que os gastos em

alimentação, água e gás correspondem o mesmo valor com 24% cada item, totalizando 72%

da amostra desta pesquisa. Quanto aos gastos com energia elétrica são 18%, considerando de

acordo com os cadastros da amostra aqui abordada, este ultimo item constatou se que alguns

beneficiários possuem a isenção deste, e 6% foram considerados gastos diversos. Tratando se

do gasto aluguel corresponde se a 2% da amostra, e ainda neste eixo 2% não possuem

informações nos cadastros.

Em síntese, ressalta se que a maior parte dos gastos detectados neste eixo foram com

alimentação, água e gás, posterior a luz.

2.3.13 Quanto ao Recebimento de outro Benefício/Auxílio além do BPC

No gráfico 13 possibilita se visualizar que uma parte dos beneficiários do BPC

recebem outro auxílio/benefício, além do mesmo em análise.

58

GRÁFICO 13 – RECEBE OUTRO BENEFÍCIO/AUXÍLIO ALÉM DO BPC

FONTE: Dados coletados na pesquisa.

No entanto, a maioria dos cadastros gerais dos beneficiários desta pesquisa não

contém esta informação, totalizando 8 cadastros da amostra. Dos 17 cadastros 5 deixa claro

que não recebem nenhum benefício/auxílio além do BPC, porém 2 beneficiários recebem do

Programa Bolsa Família e 1 beneficiário recebe o auxílio de fraldas e 1 beneficiário recebe

pensão alimentícia.

Ressalta se que os benefícios assistenciais são assegurados por lei, conforme artigo 23

da Lei nº 12.435 de 06 de julho de 2011 o idoso e a pessoa com deficiência tem direito de

participar dos programas assistenciais, no parágrafo 2º diz “Os programas voltados para o

idoso e a integração da pessoa com deficiência serão devidamente articulados com o benefício

de prestação continuada estabelecido no art. 20 desta Lei”, no parágrafo único mostra o papel

da assistência social na garantia dos mínimos sociais “Para o enfrentamento da pobreza, a

assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos

sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a

universalização dos direitos sociais.” (BRASIL, 2012m, s.p.).

O BPC visa auxiliar o beneficiário em suas particularidades como alimentação,

medicamentos, cuidados diversos pertinentes ao mesmo, no entanto encontrou se junto aos

cadastros gerais (100% da amostra) o benefício é utilizado como complemento da renda

familiar, beneficiando a família como um todo.

Destaca se que o benefício dos 17 cadastros analisados é destinado, conforme gráfico

12, como colaborador nas despesas da conta de energia elétrica (18%), na conta de água

(24%), para o gás (24%), e também para a alimentação (24%). E ainda muitas vezes o

59

benefício recebido é a única renda familiar, como no caso dos idosos - aqueles que moram

sozinho - sem contar que o recebimento do BPC para os beneficiários desta pesquisa

proporciona aos mesmos uma vida melhor no que se refere as condições de vida, em relação a

que tinham anteriormente ao recebimento do BPC (dados contidos nos cadastros delimitados

para esta pesquisa).

Se pensarmos a assistência como direito legalmente reconhecimento, destinados ao

cidadão e de quem dela necessitar, nos deparamos com a seletividade, no entanto direito dado

pelo Constituição Federal como universal, mas ao quesito principal para análise do benefício

se esbarra na renda, quando se exige como critério a renda da família de ¼ do salário mínimo

vigente por pessoa, e ainda a comprovação da condição de vulnerabilidade e risco social do

requerente.

Ainda assim, o BPC é o único benefício não contributivo - no sistema de seguridade

social brasileiro - presente na assistência social, mas ainda não consegue cobrir a demanda,

vemos ainda muito a conquistar para sua ampliação, e de fato, na prática atender/proporcionar

o acesso a quem dela necessitar.

60

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a conclusão desta pesquisa, temos como ponto de análise o que propomos para

sua elaboração, considerando o desejo de concretizar o seu objetivo geral “Construir o perfil

dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada - BPC, usuários do CRAS IV, no

Jardim Panorama município de Toledo”, portanto para a sua efetivação foi necessário buscar

algumas considerações acerca do direito deste benefício analisado.

Deste modo retomamos o marco da garantia dos direitos sociais, onde a assistência

social tornou se um direito dentro da política social. Destaca se essa conquista a partir da

Constituição Federal de 1988 com o tripé da seguridade social: saúde (direitos de todos e

dever do Estado), previdência social (dirigida aos trabalhadores) e assistência social

(direciona a todos os que necessitarem).

É no âmbito da assistência social que o benefício BPC está, benefício este assegurado

pela LOAS, decretos, portarias, PNAS e a NOB/SUAS quanto a operacionalização da mesma.

O benefício assistencial BPC é direcionado para o idoso e para a pessoa com deficiência que

se enquadram com a renda familiar de ¼ do salário mínimo vigente por pessoa, e ainda

correspondendo aos critérios já mencionados nesta pesquisa.

A pesquisa aqui abordada buscou conhecer o perfil dos beneficiários do BPC

atendidos pelo CRAS IV moradores do bairro Jardim Panorama, totalizando 17 beneficiários/

sujeitos da pesquisa.

A primeira indagação referente ao perfil do beneficiário desta pesquisa foi tratado

quanto ao Tipo do Benefício: no bairro Jardim Panorama constatou se que a maioria dos

beneficiários são BPC - pessoa com deficiência, correspondendo a um total de 76% da

amostra, sendo que 13 dos 17 beneficiários são BPC de Pessoa com Deficiência.

Quanto ao Sexo do Beneficiário obtivemos um resultado de maior vantagem para o

sexo masculino, sendo 10 beneficiários, considerando se assim 59% dos beneficiários da

amostra.

Quando verificamos sobre a idade dos beneficiários, obtivemos que, quanto ao BPC

Idoso, constatou- se que todos os beneficiários idosos do bairro Jardim Panorama, encontram

se na faixa etária de 65 a 70 anos de idade, totalizando 100% da amostra proposta.

Em relação a esta mesma questão, os beneficiários que recebem o BPC pessoa com

deficiência, alcançamos um resultado diversificado, em três faixas etária, de 11 a 20 anos, de

21 a 30 anos e 61 anos ou mais, totalizamos, em cada faixa citada, 3 beneficiários. No

61

entanto, a maior parte dos beneficiários possui idade entre 11 anos a 30 anos, totalizando 6

beneficiários, sendo 46% da amostra, no bairro Jardim Panorama.

Sobre o Estado Civil, verificou-se que dos 17 beneficiários, 9 destes estão na condição

de solteiro (a), segundo os cadastros avaliados, este resultado faz parte do BPC pessoa com

deficiência. Portanto 53% da amostra, quanto ao estado civil, são considerados solteiros (as).

Quando analisamos sobre o numero de pessoas que habitam a mesma residência,

verificamos que 9 cadastros apontaram que moram entre 3 a 4 pessoas na casa, totalizando

56% da amostra delimitada.

Nesse sentido, as pessoas que residem na mesma residência, apresentam a composição

familiar dos beneficiários. Logo, 29% dos beneficiários moram com o pai e/ou a mãe. Há de

se considerar este fato uma vez que, de acordo com a pesquisa , a maioria dos beneficiários

recebem o BPC pela deficiência, e, portanto, são considerados incapacitados para o trabalho,

apresentando dependência dos pais para a vida diária.

Quando avaliado sobre a Situação Habitacional dos beneficiários, temos como

resultado a maior parte dos beneficiários residindo em casa própria. A partir da amostra

delimitada (17 beneficiários), 10 beneficiários estão em moradia própria, representando 59%

da amostra.

Buscou se também conhecer a Escolaridade dos Beneficiários abordados nesta

pesquisa. Procurou conhecer se o beneficiário já estudou ou estuda em uma instituição para

pessoas especiais e obtenção completa/incompleta do ensino fundamental. Apresentou se 5

beneficiários em cada, totalizando 10 beneficiários com uma determinada escolaridade, sendo

este dado em percentual de 58% da amostra.

Quanto a Renda Familiar, identificamos que a maioria dos beneficiários apresentam

renda de 1 a 2 salários mínimos, sendo que dos 17 cadastros, 11 beneficiários se encontram

nessa faixa de renda, representado 65% do total da pesquisa estabelecida. A renda familiar é o

critério inicial para análise de concessão do BPC, com regulamentação no artigo 20 na Lei nº

12.435, de 6 de julho de 2011, no parágrafo terceiro “Considera-se incapaz de prover a

manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja

inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo. (BRASIL, 2012, s.p.).

Quanto às condições/grau de Capacidade para o Trabalho, dos 17 beneficiários

indagados, 13 destes não possuem capacidade para o trabalho, representando um percentual

de 76% dos beneficiários desta pesquisa. Tendo em vista que dos 17 cadastros gerais

analisados, a maioria dos sujeitos são pessoas com deficiência, ressaltamos que tal resultado

62

se comprova, principalmente em relação ao BPC – pessoa com deficiência, por ser este um

dos critérios para o recebimento do benefício.

Considerou se nesta pesquisa a questão referente aos gastos mensais do beneficiário,

com resultados iguais em três gastos: alimentação, água e gás, correspondendo 24 % cada,

totalizando 72% da amostra. Visto que o BPC passa a ser, para muitas famílias, parte da renda

familiar, onde o uso do mesmo é utilizado em gastos que beneficiam toda a família , não

somente e individualmente o beneficiário.

Ao verificar se o beneficiário do BPC recebe outro benefício ou auxílio, constatou-se

que a maior parte dos cadastros gerais não possui essa informação, sendo 8 dos 17 cadastros,

dificultando assim uma análise completa, e o outro dado relevante a este eixo detectou que 5

beneficiários não recebem nenhum beneficio/auxílio. Podemos refletir que o fato de não

mencionarem esta informação no cadastro geral – de aposentadoria, pensão, bolsa família,

enfim, outros benefícios, pode demonstrar a preocupação de retirada do BPC se comprovada a

situação de superação da condição de renda que os levou a serem contemplados.

Podemos afirmar, as informações aqui abordadas permite com que o CRAS IV, bem

como outras secretarias em âmbito municipal possam planejar, elaborar e construir ações

direcionadas aos beneficiários – idosos e pessoas com deficiência - do bairro Jardim

Panorama do CRAS IV.

Salientamos, que, quanto aos direitos dos idosos, os serviços sociais públicos do

município de Toledo, têm se ampliado com a criação dos Centros de Revitalização da

Terceira Idade – CERTI’s: estes são compostos de serviços de saúde, sócio-educação,

atividades físicas e recreativas e assistência social, possibilitando a melhoria da qualidade de

vida por meio de atividades culturais, sociais, educacionais, lazer, esportes e atendimentos

especializados. Por outro lado, agora sendo identificados por meio desta pesquisa, que a

maioria dos beneficiários são pessoas com deficiência, o poder público e os conselhos

gestores de políticas sociais, devem estar atentos para esta realidade na definição de

programas/projetos e ações na garantia dos direitos deste público ora estudado.

Para além da formalidade acadêmica – obtenção do bacharelado em Serviço Social –

espero que esta pesquisa auxilie os profissionais para trabalhar projetos a partir deste perfil

criado, e também ao CRAS IV município de Toledo – PR, para instigar a busca do perfil dos

beneficiários do BPC no CRAS IV, em todo o seu território de abrangência, possibilitando

uma aproximação maior com a realidade dos usuários e dos serviços.

63

Neste sentido, ainda, propõe-se como desafio, uma reflexão pela busca de projetos, em

específico, destinados ao maior número de beneficiários constatados nesta pesquisa, o BPC -

pessoa com deficiência, de maneira que estes venham ampliar os seus direitos.

64

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Luiz Alberto David. A proteção constitucional das pessoas portadoras de

deficiência. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência, 1997, p. 12.

BEHRING, Elaine Rossetti; BOSCHETTI, Ivanete Salete. Política Social: fundamentos e

história. São Paulo: Cortez, 2006, p. 138. (Biblioteca Básica de Serviço Social: v. 2).

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Título VIII, Da Ordem

Social. In: CRESS-PR Conselho Regional de Serviço Social. Legislação Social: Cidadania,

políticas públicas e exercício profissional. 2 ed. Gráfica Capital. Curitiba: CRESS 11ª Região,

julho, 2007, p. 83-90a.

______. Declaração Universal dos Direitos Humanos - 1948. In: CRESS-PR Conselho

Regional de Serviço Social. Legislação Social: Cidadania, políticas públicas e exercício

profissional. 2 ed. Gráfica Capital. Curitiba: CRESS 11ª Região, julho, 2007, p.101b.

______. Decreto n° 1.744 de 8 de dezembro de 1995. Regulamenta o Beneficio de

Prestação Continuada a pessoa com deficiência e ao idoso. Disponível em:

<http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/1995/1744.htm> Acesso em: 10 Ago.

2012c.

______. Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de

outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm> Acesso em: 09

nov. 2012d.

______. Decreto nº 6.214 de 26 de setembro de 2007. Regulamenta o benefício de

prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência e ao idoso de

que trata a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e a Lei n

o 10.741, de 1

o de outubro de

2003, acresce parágrafo ao art. 162 do Decreto no 3.048, de 6 de maio de 1999, e dá

outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-

2010/2007/decreto/d6214.htm> Acesso em: 18 out. 2012e.

______. Decreto nº 7.612 de 11 de novembro de 2011. Institui o Plano Nacional dos

Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7612.htm> Acesso

em: 08 nov. 2012f.

______. Decreto nº 7617 de 17 de novembro de 2011. Altera o Regulamento do Benefício

de Prestação Continuada, aprovado pelo Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007.

Disponível em: <http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/2011/7617.htm> Acesso

em: 18 out. 2012g.

______. Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário. Disponível em:

<http://www.ibdp.org.br/noticias2.asp?id=526> Acesso em: 24 out. 2012h.

65

______. Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da

Previdência Social e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm> Acesso em: 18 out. 2012i.

______. Lei nº 8.742 de 7 de Dezembro de 1993. Dispõe sobre a Organização da

Assistência Social e dá outras providências. Brasília: Câmara do Senado Federal, Secretaria

Especial de Edição e Publicação, 2007j.

______. Lei nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993. Dispõe Sobre a Organização da

Assistência Social e dá outras providências. Disponível em:

<http://www81.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1993/8742.htm#L_8742_LOAS_CPIV_S%

C3%87I_ART_20> Acesso em: 18 out. 2012k.

______. Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá

outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm> Acesso em: 15 out. 2012l.

______. Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011. Altera a Lei no 8.742, de 7 de dezembro de

1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social. Disponível

em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12435.htm#art1>

Acesso em: 25 out. 2012m.

______. Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS. Lei nº. 8.742, de 07 de dezembro de

1993. In: CRESS-PR Conselho Regional de Serviço Social. Legislação Social: Cidadania,

políticas públicas e exercício profissional. 2 ed. Gráfica Capital. Curitiba: CRESS 11ª Região,

julho, 2007, p. 210-221n.

______. Lei nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da

Assistência Social e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8742.htm> Acesso em: 18 out. 2012o.

______. Portal Brasil. Governo muda termos para se referir a pessoas com deficiência.

Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/02/22/governo-muda-

termos-para-se-referir-a-pessoas-com-deficiencia> Acesso em: 09 nov. 2012p.

______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Benefício de Prestação

Continuada. Disponível em:

<http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc> Acesso em: 18 out.

2012q.

______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. BPC na Escola.

Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc/bpc-na-

escola> Acesso em: 09 nov. 2012r.

______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Como requerer o BPC.

Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/beneficiosassistenciais/bpc/como-

requerer-o-bpc> Acesso em: 15 out. 2012s.

66

______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política Nacional de

Assistência Social. Disponível em:<http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-

frequentes/assistencia-social/assistencia-social/usuario/pnas-politica-nacional-de-assistencia-

social-institucional> Acesso em: 15 out. 2012t.

______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Sistema Único de

Assistência Social - Suas. Disponível em:<http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/suas

18/10/12> Acesso em: 18 out. 2012u.

______. Norma Operacional Básica – NOB/SUAS. Resolução nº. 130, de 15 de julho de

2005. In: CRESS-PR Conselho Regional de Serviço Social. Legislação Social: Cidadania,

políticas públicas e exercício profissional. 2 ed. Gráfica Capital. Curitiba: CRESS 11ª Região,

julho, 2007, p. 470-479v.

______. Política Nacional de Assistência Social. Resolução nº. 145, de 15 de outubro de

2004. In: CRESS-PR Conselho Regional de Serviço Social. Legislação Social: Cidadania,

políticas públicas e exercício profissional. 2 ed. Gráfica Capital. Curitiba: CRESS 11ª Região,

julho, 2007, p. 585-594w.

______. Portaria Conjunta MDS/INSS nº 1, de 24 de maio de 2011. Estabelece os critérios,

procedimentos e instrumentos para avaliação social e médico-pericial da deficiência e do

grau de incapacidade das pessoas com deficiência requerentes do Benefício de Prestação

Continuada da Assistência Social, revoga com ressalva a Portaria Conjunta MDS/INSS

nº 01, de 29 de maio de 2009, e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.mds.gov.br/acesso-a

informacao/legislacao/assistenciasocial/portarias/2011/Portaria%20Conjunta%20MDS-

INSS%20no%201-%20de%2024.05.11.pdf/view> Acesso em: 13 ago. 2012x.

______. Portaria n° 706, de 17 de setembro de 2010. Dispõe sobre o cadastramento dos

beneficiários do Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social e de suas

famílias no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. Disponível em:

<http://www.mds.gov.br>. Acesso em: 04 jul. 2012y.

______. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE. Número de

idosos empregados aumenta 70% em 10 anos no PR. Disponível em:

<http://portal2.pr.sebrae.com.br/PortalInternet/Noticia/ci.N%C3%BAmero-de-idosos-

empregados-aumenta-70%25-em-10-anos-no-PR.print> Acesso em: 09 nov. 2012z.

CABRAL, Maria do Socorro. Previdência Social. In: Capacitação em Serviço Social e

Política Social. Módulo 3. Brasília: UnB, Centro de Educação Aberta, Continuada a

Distancia, 2000, p.118-135.

ESCORSIM, Silvana Maria. A filantropia no Brasil: entre a caridade e a política de

assistência social. Revista espaço acadêmico. Nº 86, 2008. Disponível em:

<http://www.espacoacademico.com.br/086/86escorsim.htm> Acesso em: 24 out. 2012.

FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga. Avanços que ainda se fazem necessário em relação ao

benefício assistencial de prestação continuada. In: Proteção Social de Cidadania: Inclusão

de idosos e pessoas com deficiência no Brasil, França e Portugal. São Paulo: Cortez, 2004.

67

FIDELIS, Solange Silva dos Santos. O processo histórico do Banco de Promoção

Humana/PROVOPAR no município de Toledo e suas adequações a Lei Orgânica de

Assistência Social (LOAS), Toledo, 2004.

GIL. Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GOMES, Ana Lígia. A nova regulamentação da filantropia e o marco legal do terceiro setor.

Revista Serviço Social & Sociedade. Nº 61. Ano XX. São Paulo: Cortez, 1999, p. 91-108.

GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, Maria Cecília de

Souza (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 2002.

IBGE, Instituto Nacional de Seguridade Social. Censo demográfico 2010. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acesso em: 18 out. 2012.

MOTA, Ana Elizabete. Cultura da crise e Seguridade Social. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1995.

NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica. São Paulo:

Cortez, 2006, p.226. (Biblioteca básica de serviços social; v.1).

NETTO, José Paulo. O materialismo histórico como instrumento de análise das políticas

sociais. In: NOGUEIRA, Francis Mary Guimarães; RIZZOTTO, Maria Lucia Frizon (Orgs).

Estado e Políticas Sociais: Brasil-Paraná. Cascavel, EDUNIOESTE, 2003.

PAIVA. Beatriz Augusto. A assistência como uma política social: uma contribuição ao

estudo da Lei Orgânica da Assistência Social. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) –

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1993, p. 167.

PEREIRA, Potyara Amazoneida Pereira. A Lei Orgânica da Assistência Social-LOAS:

sentido e novidade. In: A assistência social na perspectiva dos direitos – críticas aos

padrões dominantes de proteção aos pobres no Brasil. Brasília: Thesaurus, 1996, p. 65-70.

PEREIRA, Potyara Amazoneida Pereira; BRAVO, Maria Inês Souza (Orgs). Política Social e

Democracia. In: PEREIRA, Potyara Amazoneida Pereira. Sobre a Política de Assistência

Social no Brasil. 4 ed. São Paulo: Cortez; Rio de Janeiro: UERJ, 2008, p. 217-233.

RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.

SCHONS, Selma Maria. Assistência Social entre a ordem e a “des-ordem”. São Paulo:

Cortez, 1999.

SILVA, Maria Ozanira da e (org.). A política social brasileira no século XXI: a prevalência

dos programas de transferência de renda. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2004.

SIMÕES, Carlos. Curso de direito do serviço social. São Paulo: Cortez, 2007. (Biblioteca

básica de serviço social; v. 03).

SOARES, Laura Tavares Ribeiro. O que é o ajuste neoliberal. In: Proteção Social do ajuste

neoliberal na América Latina. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2002. (Coleções Questões da Nossa

Época, v.78).

68

SPOSATI, Aldaíza. Desafios para fazer avançar a política de Assistência Social no Brasil.

Revista Serviço Social e Sociedade. Nº 68. Ano XXII. São Paulo: Cortez, 2001, p. 54-82.

TOLEDO. Protocolo de Gestão dos Centros de Referência da Assistência Social. Toledo:

Secretaria de Assistência Social, 2009.

VIANNA, Maria Lucia Teixeira Werneck. A americanização (perversa) da seguridade

social no Brasil. Rio de Janeiro: Revan: UCAN, IUPERJ, 1998

YAZBEK, Maria Carmelita. As ambiguidades da Assistência Social Brasileira após 10 anos

de LOAS. Revista Serviço Social e Sociedade. Nº 77. Ano XXV. São Paulo: Cortez, 2004,

p. 11-29.

69

APÊNDICES

70

APÊNDICE A

FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS

71

FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS

1) SEXO

( ) Feminino

( )Masculino

2) TIPO DE BPC

( ) Idoso

( )Pessoa com Deficiência

3) IDADE DO BENEFICIÁRIO: IDOSO

( ) 65 a 70

( ) 71 a 75

( ) 76 ou mais

4) IDADE DO BENEFICIÁRIO: PESSOA COM DEFICIÊNCIA

( ) 0 a 10

( ) 11 a 20

( ) 21 a 30

( ) 31 a 40

( ) 41 a 50

( ) 51 a 60

( ) 61 ou mais

5) ESTADO CIVIL

( ) Solteiro (a)

( ) Casado (a)

( ) União Estável

( ) Viúvo (a)

( ) Separado (a)

( ) Divorciado (a)

6) QUANTAS PESSOAS MORAM NO DOMICÍLIO

( ) 1 a 2

( ) 3 a 4

( ) 5 a 6

( ) 7 ou mais.

72

7) COMPOSIÇÃO FAMILIAR

( ) Pai/Mãe

( ) Filho (a)

( ) Irmão (ã)

( ) Esposo (a)

( ) Neto (a)

( ) Sobrinho (a)

( ) Tio (a)

( ) Avô/Avó

( ) Somente Requerente

( ) Outros

8) SITUAÇÃO HABITACIONAL

( ) Própria

( ) Alugada

( ) Financiada

( ) Cedida

( ) Favor

( ) sem informação

9) ESCOLARIDADE

( ) Primário

( ) Ensino Fundamental

( ) Ensino Médio

( ) Graduação

( ) Instituição para pessoas especiais

( ) Nunca estudou

( ) Sem informação

10) RENDA FAMILIAR

( ) inferior a 1 salário

( ) 1 a 2 salários

( ) 2 a 3 salários

( ) mais de 3 salários

11) CAPACIDADE PARA O TRABALHO

( ) pouca capacidade

( ) sem capacidade

73

12) PRINCIPAIS GASTOS MENSAIS

( ) Aluguel

( ) Alimentação

( ) Água

( ) Luz

( ) Gás

( ) Medicamentos

( ) Telefone

( ) Educação/cursos

( ) Outros

( ) Sem informação

13) Recebe outro benefício/auxílio além do BPC

( ) Fraldas

( ) Bolsa Família

( ) Pensão Alimentícia

( ) Não recebe

( ) Sem informação

74

APÊNDICE B

TERMO DE COMPROMISSO PARA USO DE DADOS EM ARQUIVO

75

76

APÊNDICE C

TERMO DE CIÊNCIA DO RESPONSÁVEL PELO CAMPO DE ESTUDO

77

78

ANEXOS

79

ANEXO A

PARECER DE APROVAÇÃO DA PESQUISA

80

81

ANEXO B

FORMULÁRIO PARA DECLARAÇÃO DE RENDA

82

83

84

ANEXO C

FORMULÁRIO PARA REQUERIMENTO DO BPC

85