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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ (UENP) FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE JACAREZINHO. MARLENE JASSEK DE OLIVEIRA A MANDIOCA SEUS DERIVADOS E A QUÍMICA Jacarezinho – PR 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ

(UENP) FACULDADE ESTADUAL DE FILOSOFIA,

CIÊNCIAS E LETRAS DE JACAREZINHO.

MARLENE JASSEK DE OLIVEIRA

A MANDIOCA SEUS DERIVADOS E A QUÍMICA

Jacarezinho – PR

2008

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MARLENE JASSEK DE OLIVEIRA

A MANDIOCA SEUS DERIVADOS E A QUÍMICA

Monografia apresentada ao Programa de Desenvolvimento da Educação do Estado do Paraná (PDE) – junto à Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), como requisito parcial para obtenção de elevação na carreira do Magistério, sob orientação da professoraMaria das Graças Neves Correa.

Jacarezinho – PR

2008

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MARLENE JASSEK DE OLIVEIRA

A MANDIOCA SEUS DERIVADOS E A QUÍMICA

Orientadora: Maria das Graças Neves CorreaConceito: ______________________________Aprovada em _____ de ___________de 2008

Jacarezinho – PR

2008

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DEDICATÓRIA

Ao meu esposo Adnilson Gusmão de Oliveira, aos meus filhos, Bronislau José Jassek de Oliveira e Bruno Jassek de Oliveira, a Luiz Ribeiro de Castro Carvalho e a professora Maria das Graças Neves Correa, sou grata a vocês que contribuíram, de alguma forma, para que ampliasse meus caminhos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus,

Concedei-nos serenidades necessárias para compreender e repassar que a educação é um dos caminhos para se obter uma vida digna, dê-nos sabedoria para distinguir as coisas que não podemos mudar, mas separar uma das outras.

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OLIVEIRA, M. J. A mandioca seus derivados e a Química.

RESUMO.

O trabalho comenta a cultura local a partir da matéria mandioca em alguns conteúdos da disciplina de Química, sua conceituação, sua importância e sua valorização partindo da área científica. Entra em um contexto rural e industrial que mostra o desprezo por esta lavoura no município de Jaboti nos dias atuais. Chegando à caracterização do Município de Jaboti.

Palavras chaves: Mandioca – Aprender – Química - Indústria.

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OLIVEIRA, M. J. A mandioca seus derivados e a Química.

ABSTRACT

The work comments the local culture starting from the matter cassava in

some contents of the discipline of Chemistry, its conceituação, its importance and its

valorização leaving of the scientific area. He/she enters in a rural and industrial

context that shows the scorn for this lavoura in the municipal district of Jaboti in the

current days. Arriving to the characterization of the Municipal district of Jaboti.

Key words: Cassava - he/she Learns - Chemistry - Industry.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Tabela Periódica dos Elementos Químicos................................................12

Figura 2: Máquina Desenvolvida Por Luiz Para Preparar Ramas de Mandioca para o Plantio.........................................................................................................................18

Figura 3 - 4 - 5: Máquina inventada por Luis para triturar o polvilho após a decantação, transformando-o em pó. Luiz manuseando a máquina.........................19

Figura 6 - 7 - 8 Ambientes do Parque Ecológico de Jaboti, mantido por Luiz R.C. Carvalho junto à fabrica de Polvilho Tradição e escritório.........................................20

Figura 9 -10: Lavoura de mandioca mantida por Luiz R.C.Carvalho.........................20

Figura 11 - 12 -13: Tanque receptor de mandioca, lavador/descascador e processador de mandioca da fábrica de Polvilho Tradição........................................20

Figura 14 - 15: Jirau para secar o polvilho da fábrica de Polvilho Tradição e embalado, pronto para consumo................................................................................21

Figura 16 - 17 - 18: Mandioca no receptor, pré-moagem e tanque de decantação da fábrica de Polvilho Jaboti............................................................................................22

Figura 19 - 20 - 21: Tanque de decantação, jirau para secagem sendo abastecido e o proprietário Francisco junto ao polvilho pronto para o consumo.............................22

Figura 22: Mapa do Município de jaboti.....................................................................24

Figura 23: Localização do Município de Jaboti no Norte Pioneiro do Estado do Paraná........................................................................................................................25

Figura 24: Monumento da Entrada da Cidade de Jaboti............................................26

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................9

1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO....................................................................101.1Identificação da mandioca como substância pura ou mistura...............................101.2 Identificando os elementos químicos presente na mandioca...............................121.3 Toxicidade da mandioca.......................................................................................141.4 Mandioca X Biocombustível.................................................................................16

2. A MANDIOCA NO MUNICÍPIO DE JABOTI..........................................................182.1Entrevistas.............................................................................................................19

3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JABOTI...............................................24

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................28

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INTRODUÇÃO

Os conteúdos disciplinares é um assunto bastante polêmico. Permitindo

pesquisar a metodologia que melhor se adapta ao aprendizado por parte dos

educandos, lembrando que o conteúdo nunca é esgotado e sim renovado,

aprimorado. Observa-se também a tentativa de contribuir para a conscientização e

valorização da cultura local.

A partir daí, desenvolver uma monografia que trate da cultura local incutida

nos conteúdos de química. Justifica-se, assim, o desenvolvimento de uma pesquisa

neste sentido para demonstrar a relevância dos conteúdos diante de um processo

de aprendizagem envolvendo a cultura local.

Para delimitar o tema, elege-se a posição da matéria mandioca dentro de

alguns conteúdos desenvolvidos na disciplina de Química. A partir dessas seleções,

este trabalho tem por meta fazer uma reflexão referente às aplicabilidades dos

conteúdos vistos em sala de aula no dia a dia dos educandos.

Para tanto, divide-se em três momentos interligados.

O primeiro apresenta uma correlação da mandioca como uma substância

pura ou mistura, a porcentagem dos elementos químicos da mandioca e a tabela

periódica, a toxicidade da mandioca e o etanol obtido a partir da mandioca. Para

essas análises, fundamenta-se nas obras de Bianchi, Santos & Souza, Tito e Canto,

Ximenes, Cereda, Manual para produtor de mandioca, Camargo e textos da internet.

O segundo capítulo apresenta a situação da cultura da mandioca no

município de Jaboti. Ainda faz algumas considerações sobre a produção de polvilho.

Num terceiro momento apresenta a caracterização do município de Jaboti.

Aqui mostra sua localização, sua área, seus acidentes geográficos e principal fonte

econômica.

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1 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

1.1 IDENTIFICAÇÃO DA MANDIOCA COMO SUBSTÂNCIA PURA OU MISTURA

Antes de abordar o tema é interessantes apresentar o que a vasta literatura

traz do conceito de substância pura e mistura.

Substância pura e mistura na visão de Bianchi, Albrecht e Maia (2005), “o

material é o termo utilizado para designar qualquer espécie de matéria, podendo ser

homogênea ou heterogênea. Matéria homogênea é aquela cujas propriedades são

iguais em qualquer de suas partes ou porções e na matéria heterogênea não se

registra a igualdade das propriedades”. 1 Santos & Souza (2005), também comunga

com essa afirmação, propriedades constantes só nos puros. 2 Para Tito & Canto as

substâncias puras vão apresentar as propriedades físicas específicas da matéria

sempre constante, isto é, as propriedades ponto de fusão, ponto de ebulição e

densidade constante para as substâncias puras, enquanto que na maioria das

misturas, não apresentam ponto de fusão nem ponto de ebulição definidos. 3

Portanto, um copo que contém apenas água é um exemplo de matéria

homogênea ou simplesmente substância pura. Em um dicionário da Língua

Portuguesa uma das definições de substância é “a parte real, a essência (de algo);

matéria”, e para puro “sem mistura; não alterado”. 4

É evidente que, como já se observa, existem inúmeras obras, estudos,

documentos, experimentos sobre essa conceituação, existem mais de trinta

propriedades específicas, o químico utiliza com mais freqüência a densidade, as

temperaturas de ebulição e de fusão e a solubilidade.

_____________________________1 BIANCHI, J. C. A.; ALBRECHT, C. H.; MAIA, D. J. Universo da Química: ensino médio.volume único. São Paulo: FTD, 2005. p. 142 SANTOS, W. L. P; SOUZA, G (coord.). Química e Sociedade: volume único, ensino médio. São Paulo: Nova Geração, 2005. p. 453 PERUZZO, T. M.; CANTO, E. L. Química: volume único. São Paulo, Moderna, 2003. p. 11 – 124 XIMENES, S. Minidicionário da Língua Português. São Paulo: Ediouro, 2000. ed. 2. p. 770-878

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Além das propriedades físicas, as propriedades químicas também são

utilizadas para identificar as substâncias. Como forma de comprovação dessa

informação, podemos ter como base a mandioca, analisada de formas diferentes e

em partes diferentes.

Tabela 1 – Alguns componentes da matéria mandioca 5

Folhas /

raízes

Raízes Casca

Marrom

/entrecasca

Farelo ou

bagaço

Resíduo de

industrialização

manipueira

Cinza da

raiz

Água

Ac.ascórbico

Carboidrato

Caroteno

Cálcio

Ferro

Fibra

Fósforo

Nitrogênio

[...]

Alumínio

Cálcio

Carboidrato

Ferro

Fibra

Fósforo

Nitrogênio

Potássio

Proteína

[...]

Amido

Carboidratos

Cianeto

Ferro

Fibra

Fósforo

Nitrogênio

Potássio

Umidade

[...]

Ac. acético

Amido

Carboidrato

Cálcio

Ferro

Fibra

Fósforo

Nitrogênio

Umidade

[...]

Carboidratos

Cálcio

Enxofre

Ferro

Fibra

Fósforo

Nitrogênio

Potássio

Proteína

Umidade

[...]

Alumínio

Cálcio

Ferro

Fósforo

Nitrogênio

[...]

Quando se trabalha a mandioca, provocam-se modificações nas condições

naturais desta, mas como se observa na tabela acima, há uma constante repetição

de componentes nas partes da matéria mandioca e mesmo após sua manipulação,

auxiliando desta forma para afirmarmos que a matéria mandioca pode ser

considerada uma substância pura.

_____________________________5 CEREDA, Marney Pascoli. Resíduos da industrialização da mandioca no Brasil. São Paulo: Paulicéia, 1994. p. 13-14-25-27-33-115

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1.2 IDENTIFICANDO OS ELEMENTOS QUÍMICOS PRESENTE NA MANDIOCA

Na vasta literatura encontra-se registro da história dos elementos químicos,

suas descobertas e propriedades que tiveram várias tentativas de organização,

sendo uma das primeiras propostas de classificação dos elementos químicos

apresentada em 1808. Atualmente e didaticamente a organização dos elementos

químicos na chamada “Tabela Periódica dos Elementos Químicos” é a mais

utilizada.

Figura 1: Tabela Periódica dos Elementos Químicos

6

Segundo John Dalton, o elemento químico era um conjunto de átomos com

massas iguais. Sabe-se que hoje, no conceito moderno, elemento químico é o

conjunto de átomos com o mesmo número atômico. Estes elementos são

encontrados na formação das matérias, isto é, em tudo que existe. Sendo assim, as

substâncias são classificadas em simples e compostas. As simples constituídas pelo

conjunto de elementos iguais, já as compostas pelo conjunto de elementos

diferentes.

_____________________________6 Imagem de scanner – retirado do livro - PERUZZO, T. M.; CANTO, E. L. Química: volume único. São Paulo, Moderna, 2003. p. 45

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Como define o manual para produtor de mandioca publicado pelo Instituto

Centro de Ensino Tecnológico (2004, p.54) “Macroelementos: são elementos

químicos que têm uma maior participação na constituição dos vegetais.

Microelementos: são elementos químicos que tem participação mínima na

constituição dos vegetais”. 7 Com isso comenta o prejuízo que ocorre na mandioca

com a deficiência de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, zinco,

ferro, cobre, manganês e boro.

As fontes obtidas por CEREDA (1994) trazem nas análises da composição da

mandioca em suas partes como a raiz, as folhas, a casca, além dos elementos já

citados no parágrafo anterior, o sódio, o molibdênio e o alumínio. Cita o carbono na

característica físico-química da manipueira (suco leitoso da mandioca ralada).

Comparando-se a quantidade de elementos químicos que compõem a tabela

periódica e o que foi detectado na literatura a mandioca contém aproximadamente

13% de elementos químicos em sua composição.

114__________100%

15___________x 1500/114 = 13,157

_____________________________7BRASIL. Instituto Centro de Ensino Tecnológico. Produtor de mandioca. 2ª ed. Fortaleza: Demócrito Rocha – Ministério da Ciência e Tecnologia, 2004.

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1.3 TOXICIDADE DA MANDIOCA

Foi detectado em algumas obras que registram a origem da mandioca, sendo

esta originária do Brasil Central, que os índios já cultivavam a mandioca quando os

portugueses aqui chegaram. Os índios já tinham conhecimento do veneno da

mandioca e, portanto já sabiam classificar qual a melhor mandioca para o consumo.

Atualmente sabe-se que todas as espécies de mandioca são tóxicas e,

dependendo do grau de toxidez a mandioca se classifica em mansa, intermediária,

brava ou tóxica. Todas elas têm seu valor comercial, sendo a mandioca brava a

mais utilizada na indústria, o rendimento é maior.

Segundo CAMARGO (1987, p. 24) “O tóxico está presente em todas as partes

do vegetal, sendo que nas folhas em maior porcentagem. Nas raízes concentram-se

no córtex (casca marrom).” Salienta ainda que quanto mais amarga for a mandioca

crua, maior a quantidade de veneno. A manipulação da mandioca (descascar,

cortar...) faz com que o veneno evapore. 8

Cereda então colige (1994), cita a autora que:

COOK (1979) descreve dois glicosídios tóxicos presentes na mandioca, a lotaustralina e a linamarina, ambos capazes de gerar ácido cianídrico. Embora a toxicidade do radical livre esteja bem estabelecida, a dos glico-cianetos é ainda desconhecida [...] Sua ação tóxica nos animais superiores explica-se pela afinidade com ferro, combinando-se com a hemoglobina para formar a ciano-hemoglobina [...] (CEREDA, 1994, p. 17 aput COOK, 1979.)

Por outro lado, uma vasta literatura relata o sabor azedo como uma das

características dos ácidos e, entre outras, que os ácidos reagem com alguns metais,

tais como zinco e ferro, liberando gás hidrogênio.

_____________________________8 CAMARGO, C. E. D. Mandioca “O pão Caboclo”: de alimento a Combustível. São Paulo: Ed. Ícone, 1987. 2ª ed.

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A caracterização do ácido cianídrico diz que se trata de um veneno muito

potente que interfere na condução do oxigênio às células do organismo. Conhecido

também por cianeto de hidrogênio ou ácido prússico, é um gás ou líquido incolor.

A formula molecular do ácido cianídrico é HCN. É uma substância venenosa

que se forma pela ação de ácidos sobre cianetos metálicos. O cianeto de hidrogênio

é um ácido fraco, pois se ioniza muito pouco quando dissolvido na água. O ácido

cianídrico é um gás incolor que mata imediatamente se inalado numa concentração

superior a 300mg/m3 de ar. 9 O odor desse gás é de amêndoas amargas.

Por se tratar de um veneno poderoso é usado na câmara de gás, mata por

asfixia. Sendo assim esta explicada a causa da morte de animais, e até humanos,

ao ingerir a mandioca brava. Mas tem tratamento que só é possível se a quantidade

inalada não atingir a concentração fatal. O Na2S2O3 aplicado por via intravenosa

reage com o cianeto, formando sulfocianeto, que é tóxico e eliminado pela urina.

Outros produtos podem ser usados, como 4-dimetilaminofenol, piruvato de sódio e

oxigenoterapia. 10

Uma das reações químicas usada para obter o gás cianídrico é ácido sulfúrico

concentrado e cianeto de potássio:

H2SO4 + 2KCN K2SO4 + 2HCN

_____________________________9 <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cian%C3%ADdrico> Acessado em 07/11/2008.10 <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cian%C3%ADdrico> Acessado em 07/11/2008.

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1.4 MANDIOCA X BIOCOMBUSTÍVEL

CAMARGO (1987) comenta que a produção de etanol (álcool carburante) a

partir da mandioca não constitui novidade no Brasil. Registra que em Divinópolis

(MG) de 1932 a 1942 havia uma destilação de 5000 litros diários, claro que em fase

experimental, chegando a produzir 198 litros por tonelada. Atualmente o

biocombustível mais divulgado e utilizado é o etanol obtido a partir da cana-de-

açúcar. Mas estudos mostram que o etanol obtido da mandioca pode diminuir a

ociosidade das destilarias.

A utilização de raspas de mandioca na produção do etanol tem mostrado

bons resultados. Mesmo sabendo que a mandioca esta longe de competir com a

cana-de-açúcar como matéria-prima para a produção de etanol, especialistas

desenvolve uma nova variedade de mandioca que dispensa a hidrólise (processo

necessário para produzir o açúcar, que é fermentado para a fabricação do álcool),

em vês de amido ela possui açúcar na raiz. 11 O Brasil é considerado a Pátria dos

combustíveis renováveis, projetos de 1970 estão prestes a serem ressuscitados,

É claro que não se pensa em fazer a mandioca desbancar a cana, mas simplesmente em recolocá-la também no foco de análise econômica alternativa para produtores de pequeno porte. Ou até mesmo como uma opção complementar à ociosidade industrial das usinas de cana durante a longa entressafra da cana (até 6 meses). Além do que, o álcool da mandioca é de superior qualidade ao da cana, por ser totalmente puro, o que o indica com vantagem para a destilação de álcoois finos para perfumaria e bebidas etílicas. Vale a pena repensar, nos tempos atuais, o álcool de mandioca!

SILVA. José Reynaldo Bastos da. 12

Afirmam que a produção de álcool carburante de mandioca é viável tanto do

ponto de vista técnico quanto em relação a custo. O álcool de mandioca perdeu

campo, pois os incentivos do governo foram para a cana e todo o apóio tecnológico

também.

_____________________________ 11<http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=010115071024> Acessado em 11/11/2008.12<http://www.abam.com.br/artigos/JR%20Jornal%20Artigo%20%C3%81LCOOL%20DE%20MANDIOCA.doc> Acessado em 11/11/2008.

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O álcool etílico ou etanol é produzido a partir da fermentação de carboidratos

(açúcares) encontrados não só na cana-de-açúcar e mandioca, mas na beterraba,

na cevada, na uva, no trigo, no arroz e no milho, dentre outros. Observe a equação

química abaixo que representa a produção do etanol.

C6H12O6 zimase 2C2H5OH + 2CO2

Glicose ou frutose etanol gás carbônico

A zimase é uma enzima que funciona como catalisador.

Como se observa o etanol é um produto viável e que vem como uma

alternativa importante como fonte de energia renovável. E a mandioca vem se

mostrando uma das soluções para as regiões do cerrado, Amazonas, entre outras.

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2 A MANDIOCA NO MUNICÍPIO DE JABOTI

Jaboti cidade situada na região do Norte Pioneiro do Estado do Paraná, teve

no final da década de 1970 e início de 1980, o título de maior produtora de mandioca

do Estado do Paraná, e, hoje as indústrias de polvilho de Jaboti são sustentadas

principalmente com mandiocas vindas do Estado de São Paulo. A falta de subsídio

por parte do governo vem desestimulando o plantio da mandioca na região, ou o

solo ficou infértil para essa cultura?

Em nível de Brasil e de mundo a tecnologia da mandioca foi desenvolvida

por Luiz Ribeiro de Castro Carvalho. Ele trouxe a mandioca para o Paraná, até então

só havia a mandioca vassourinha que não serve para fazer o polvilho.

Figura 2: Máquina desenvolvida por Luiz para preparar ramas de mandioca para o plantio.

Fonte: LUIZ RIBEIRO DE CASTRO CARVALHO

“As mandiocas daqui era só mandioca de mesa. Trouxe a maioria de Minas Gerais. Num total de 63 variedades testadas até agora. Neste contexto entra mandioca de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Acre, Ceará, Santa Catarina, Paraguai, São Paulo. O Instituto Agronômico de Campinas fazia e faz teste com essas variedades para se chegar a uma qualidade de melhor manejo e maior produtividade, para isso sempre entram em contato comigo. As variedades podem ser: mandioca de casca branca, mandioca de casca vermelha, mandioca com ciclo de 8 meses. Mandioca com ciclo de 1 ano, mandioca com rama de porte baixo, mandioca com rama de porte elevado, mandioca com raízes longas e poucas – essas têm manejo difícil. Mandioca com raízes curtas e concentradas no pé etc.”13

_____________________________13 CARVALHO, Luiz Ribeiro de Castro.

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Figura 3 - 4 - 5: Máquina inventada por Luis para triturar o polvilho após a decantação, transformando-o em pó. Luiz manuseando a máquina.

Fonte: OLIVEIRA 2008

O senhor Luiz Ribeiro de Castro Carvalho reside em Jaboti desde 1960, no

ano de 1983 chegou a plantar 253 alqueires de mandioca, parte em suas terras e

parte em terras arrendadas. Atualmente planta 20 alqueires.

2.1 Entrevistas:

Luiz Ribeiro de Castro Carvalho, ambientalista e proprietário da fábrica de

Polvilho Tradição, observa:

“A pastagem tira o homem do campo, cheguei a ter 336 funcionários entre temporários e registrados. Hoje com motorista e tratorista temos 12 funcionários, sendo um estudante. A Europa desenvolveu tecnologia para o trigo, os americanos para o milho, o Brasil para cana-de-açúcar, que é a melhor tecnologia do mundo, concentra terra e dinheiro, enquanto a mandioca sustenta o pequeno produtor.O governo não dá incentivos ao plantio da mandioca como alimento na mesa. Pelo menos aqui em Jaboti nunca vi um prefeito incentivando tal lavoura. E vejo isto até em programas televisivos de culinária, só apresentam alimentos à base de trigo. Onde está a mandioca?Na época do Presidente Getúlio Vargas, a mandioca era adicionada na farinha de trigo, ninguém notava a diferença, e se notasse veria que o pão fica mais crocante. Era adição de mandioca integral (fécula e raspa juntas) só perdia a rama. E o Brasil era o maior produtor de mandioca do mundo, hoje é a Tailândia. Num hectare com toda a tecnologia desenvolvida para o trigo, que é uma planta dengosa, produz 3 toneladas de trigo, penso que aplicar tecnologia e dar o mesmo dengo para a mandioca, um hectare produz de 25 a 30 toneladas de raiz, sendo a lavoura de trigo de 6 meses e mandioca de 10 meses.

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É uma pena, mas a mandioca é considerada uma lavoura inferior, que não necessita de muitos cuidados e muitos pensam, há se não der boa, vai para os porcos. Cana, trigo, soja, laranja etc. são lavouras de status, e a mandioca de submundo. Um certo gerente do banco do Brasil, na década de 1980comentou comigo que a única lavoura que não deu prejuízo para o banco era a mandioca.”

Figura 6 - 7 - 8: Ambientes do Parque Ecológico de Jaboti, mantido por Luiz R.C. Carvalho junto à fabrica de Polvilho Tradição e escritório.

Fonte: Oliveira 2008

Figura 9 - 10: Lavoura de mandioca mantida por Luiz R.C.Carvalho.

Fonte: Oliveira 2008

Figura 11 - 12 -13: Tanque receptor de mandioca, lavador/descascador e processador de mandioca da fábrica de Polvilho Tradição.

Fonte: Oliveira 2008

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Figura 14 - 15: Jirau para secar o polvilho da fábrica de Polvilho Tradição e embalado, pronto para consumo.

Fonte: Oliveira 2008

Roberto Gouveia da Silva, proprietário de terra, diz:

“Possuo 3 alqueires de terras e nunca plantei mandioca para negociar, tenho de 150 a 200 pés apenas para meu consumo. Para plantar mandioca tem que ter no mínimo 5 alqueires para compensar. Planto apenas morango e uva, que usa pouca mão de obra, já a mandioca envolve uma mão de obra maior.”

Francisco Roberto de Carvalho, um dos sócios do Polvilho Jaboti, comenta:

“Nós compramos mandioca do município de Jaboti, e outros, como Curiúva, Bandeirantes, Pinhalão. Um dos maiores produtores de mandioca de Jaboti é um arrendatário de terras. Veja bem, para arrendar a terra tem que pagar adiantado, a fábrica financia, dá dinheiro para pagar o arrendo. Temos um trator que foi comprado só para esse fim, preparar a terra para os produtores, dar incentivo, e o produtor paga com a própria mandioca.Se a mandioca na roça tem bom preço, o polvilho também. Se o preço da mandioca cai, nós perdemos dinheiro.Jaboti deixou de plantar mandioca. Para se ter uma idéia, no ano em que comecei a trabalhar aqui, que foi em 1989, havia mais de 100 produtores demandioca no município e região. Hoje aqui no município deve ter aproximadamente 6 produtores. Havia escala para os produtores arrancar a mandioca, era uma euforia. Hoje a fábrica incentiva os produtores.Continuamos a trabalhar com polvilho, porque a estrutura já esta montada, mas a produção caiu muito. No ano em a tonelada de mandioca chegou a R$200, 00, o polvilho vendeu muito bem. Já plantamos mandioca, mas a falta de mão de obra fez tornar-se inviável. A fábrica possui hoje 11 funcionários, sendo um estudante. Acho que há muita falta de incentivo por parte dos prefeitos para a lavoura de mandioca. Esta lavoura não tem risco, o risco é baixíssimo. Com a rotação da cultura a terra não fica degradada.Bom, aqui somos três sócios, são eles, Ademir de Siqueira e Sebastião Faustino da silva, e estamos ai, já a 36 anos.”

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Figura16 - 17 - 18: Mandioca no receptor, pré-moagem e tanque de decantação da fábrica de Polvilho Jaboti.

Fonte: Oliveira 2008

Figura19 - 20 - 21: Tanque de decantação, jirau para secagem sendo abastecido e o proprietário Francisco junto ao polvilho pronto para o consumo.

Fonte: Oliveira 2008

Carlos César Barbosa, produtor de mandioca no município de Jaboti

comenta:

“Há 15 anos planto mandioca sozinho, éramos três sócios, dois desanimaram desse tipo de lavoura devido o preço ser muito baixo. Nesses 15 anos, acertei três vezes o preço bom, sempre que um ano é bom de preço, há uma seqüência de 4 a 5 anos com preço baixo, neste ano de 2008 o preço da tonelada esta saindo por R$140,00.A média que uso em área para o plantio é de 15 alqueires, sendo estes todos arrendados, não sou proprietário de terra. Levo mais prejuízo do que lucro, não pela qualidade da mandioca, é pelo preço mesmo. Como trabalho com nove camaradas (bóias-frias), quando a mandioca esta formada, com folhagens, nós vamos trabalhar no café, capinar para outros agricultores, porque quando a mandioca mostra a brota,isto é, aparece a planta fora da terra , a colheita esta garantida, ela suporta qualquer variação de clima, não há seca que atrapalhe seu desenvolvimento. Já tive lavoura que produziu 700 toneladas, esta desse ano esta dando 500 toneladas.A dificuldade é a falta de incentivos. Só para se ter uma idéia, a prefeitura sede o trator para apenas um alqueire e cobra R$40,00 a hora. Eu arrendo 5 alqueires e pago R$70,00 a hora, enquanto tenho uma despesa de R$6.000,00, a prefeitura poderia trabalhar nos 5 alqueires e minha despesa seria de aproximadamente R$2.500,00.Há três anos estou fazendo o empréstimo do PRONAF (programa Nacional

da Agricultura Familiar) na qual eu especifico que é para o plantio da

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mandioca, mas precisa de avalista e isto não me agrada muito. Aqui em Jaboti só eu e mais uma pessoa faz PRONAF direcionado para a mandioca.Gosto de plantar mandioca, este tipo de lavoura me conquistou, eu não me vejo trabalhando com outro tipo de lavoura mesmo sendo de um ciclo de 10 a 12 meses, e faz dez anos que não dá nenhum tipo de praga ou doença na lavoura, não tenho essa despesa. Dá pouco, mas pago minhas contas.”

José Porfírio Neto, proprietário de indústria de polvilho:

“O nome comercial da minha fábrica é Indústria de Polvilho União Ltda. E o de fantasia Polvilho União. Planto pouca mandioca, 5 alqueires este ano, esta difícil manter a fábrica com mandioca de Jaboti, ela esta sendo sustentada com mandioca vinda do Estado de São Paulo, percorremos uma média de 200 km para comprar mandioca, ai começa a encarecer demais o produto, e perdemos para a concorrência. O preço da tonelada de mandioca esta muito baixo, já faz de 3 a 4 anos, e isso tira o incentivo para este tipo de lavoura. Gosto de plantar mandioca, é o ramo de comércio da família, em outras industrias de polvilho trabalhei desde de muito jovem, e com a minha já tem 24 anos de funcionamento aqui em Jaboti. Se tivesse ajuda, seria mais fácil, moro aqui dede 1962, antes de ter minha fábrica, trabalhei com o Luizão, e que me lembro nunca teve incentivo do governo para plantar mandioca, só vi para o café, cana, soja. E da prefeitura, a ajuda é muito pouco, trator com R$40,00 a hora mais o óleo.Com meus filhos Paulo Mendes Porfírio e Marcos Mendes Porfírio temos mais 4 funcionários e um deles é aluno.”

José Raimundo Mendes Porfírio, um dos proprietários da indústria de polvilho

com nome fantasia JC Polvilho, relata:

“Este ano estamos vendo a necessidade de plantar mandioca e estamos iniciando o plantio. Nós compramos mandioca do Paraná e São Paulo, nos últimos anos o preço esta complicado, em torno de R$140,00 a tonelada é muito baixo, daí o agricultor prefere outras lavouras mais rendáveis. A terra tem que ser tratada, fazer o rodízio de lavouras para que ela não fique infértil, mas já observei agricultores que não fazem isso, mesmo sendo orientado, e é claro a lavoura se torna inviável. A falta de incentivo também desestimula o agricultor.Eu não consigo me ver fazendo outra coisa que não seja produzir polvilho, me especializei nisto e não tem jeito, gosto mesmo e vou plantar mandioca.”

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3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JABOTI

Jaboti situa-se na zona fisiográfica de Tomazina. Limita-se ao Norte com os

municípios de Jundiaí do Sul, e Joaquim Távora, ao Sul com Ibaiti e Pinhalão, ao

Leste com o de Tomazina e ao Oeste, ainda com Ibaiti, Congonhinhas e Ribeirão do

Pinhal.

A cidade de Jaboti está situada na posição geográfica de 23o 42’ de latitude

Sul e 50o 4’ de longitude Oeste de Greenwich.

Figura22: Mapa do município de Jaboti.

Fonte: MAPA E PLANO RODOVIÁRIO DO MUNICÍPIO DE JABOTI.

Estando a 611 metros de altitude, Jaboti situa-se numa região de clima

subtropical úmido mesotérmico com verões quentes e geadas pouco freqüentes,

com tendência de concentração de chuvas nos meses de verão, sem estação de

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seca definida, a média das temperaturas dos meses mais quentes é superior a 22o C

e dos meses mais frios é inferior a 18o C.

Jaboti tem uma área de 138,2 Km2, sendo um dos menores municípios do

Estado do Paraná registrado no IBGE.

Jaboti tem como principal acidente geográfico o Rio das Cinzas, que corre na

direção sul-norte. O município é sulcado por vários rios e ribeirões dos quais se

destacam os rios Ribeirão dos Justos, Marimbondo, e os ribeirões da Pedra,

Vermelho, da Corredeira, do Patrimônio do Herval e do Lageado.

O relevo de Jaboti é considerado suave, apresenta apenas a Serra da Boa

vista, o Pico da Bela Vista e o Pico Agudo, este com 916 metros de altitude.

Jaboti faz parte da região do Norte Pioneiro Paranaense, esta região tem sua

história identificada como sendo a região pioneira do processo de expansão da

lavoura cafeeira. Sua ocupação territorial deu-se a partir de 1860, quando paulistas

e mineiros iniciaram a formação de fazendas de café e gado bovino.

Figura 23: Localização do Município de Jaboti no Norte Pioneiro do Estado do Paraná.

Fonte: ENCICLOPÉDIA BARSA, 1998, CD-ROM.

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Jaboti demonstra ser um dos mais belos municípios da região e ainda

apresenta uma reserva de proteção ecológica. Este município resiste ao

desenvolvimento, tendo como principal fonte econômica a agricultura.

Figura 24: Monumento na Entrada da Cidade de Jaboti.

Fonte: OLIVEIRA 2008

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A questão abordada neste trabalho – valorização da cultura local para

aprender química – é pouca questionada. Mas há sempre um empreendedor que se

aventura à realização de coisas novas, difíceis ou fora do comum. Na realidade essa

concepção de cultura local, e sua inclusão no currículo em si, deveriam fazer parte

da filosofia de vida de todas as pessoas envolvidas com a Educação.

No primeiro capítulo, ao apresentar alguns conteúdos da disciplina de química

intrínsecos à mandioca, mostra que o currículo escolar pode e deve valorizar a

cultura local, sua importância para a interação escola – aluno. Mas não fazer com

que o currículo local limite o currículo em si. Concluiu-se que esse currículo local

deva globalizar-se, não gerando assim, problemas com a descentralização.

O segundo capítulo relata a partir de entrevistas junto à industriais e

agricultores a situação da mandioca no município de Jaboti, surpreendendo a

constatação nas indústrias de polvilho, de praticamente não terem alunos (apenas

1), no quadro de funcionários. Ainda apresentou a preocupação dos produtores de

polvilho com a falta de incentivos por parte do governo para a lavoura de mandioca.

Vale a pena realçar que, há conceitos ainda não muito bem determinados, em

relação à cultura local incutida no currículo. É um assunto polêmico e por isso difícil

de chegar a uma conclusão real sobre qual a melhor forma de trabalhar a Educação

Local.

Em especial, o último capítulo mostra a caracterização do Município de Jaboti,

Assim, pode-se dizer que o trabalho cumpriu sua meta, que era apresentar a

inclusão da cultura local no currículo escolar da disciplina de química, numa visão de

exemplo de diversidade do currículo. É preciso cuidar do que se ensina nas escolas

e isso só acontece quando há professores e governos tendo em mente uma mesma

meta – melhorar a educação, dando subsídios para que isso aconteça.

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REFERÊNCIAS

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Combustível. 2ª ed. São Paulo: Ícone, 1987.

CARVALHO, F R. Francisco Roberto Carvalho: depoimento (nov. 2008)

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SC, 1986.

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____. Ambientes do Parque Ecológico de Jaboti, mantido por Luiz R.C. Carvalho

junto à fabrica de Polvilho Tradição e escritório. Máq. Digital.

____. Lavoura de mandioca mantida por Luiz R.C. Carvalho Máq. Digital.

____. Tanque receptor de mandioca, lavador/descascador e processador de

mandioca da fábrica de Polvilho Tradição. Máq. Digital.

____. Jirau para secar o polvilho da fábrica de Polvilho Tradição e embalado, pronto

para consumo. Máq. Digital.

____. Mandioca no receptor, pré-moagem e tanque de decantação da fábrica de

Polvilho Jaboti. Máq. Digital.

____. Tanque de decantação, jirau para secagem sendo abastecido e o proprietário

Francisco junto ao polvilho pronto para o consumo. Máq. Digital.

____. Monumento da Entrada da Cidade de Jaboti. Máq. Digital.

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