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0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS FRANCISCO RENAN ARAGÃO LINHARES EFEITO DE DIFERENTES TAXAS DE DILUIÇÃO E PROTOCOLOS DE CONGELAÇÃO SOBRE A CINÉTICA E MORFOLOGIA DE ESPERMATOZOIDES DE CARPA COMUM (Cyprinus carpio) CRIOPRESERVADOS EM ÁGUA DE COCO EM PÓ (ACP-104) FORTALEZA 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

FRANCISCO RENAN ARAGÃO LINHARES

EFEITO DE DIFERENTES TAXAS DE DILUIÇÃO E PROTOCOLOS

DE CONGELAÇÃO SOBRE A CINÉTICA E MORFOLOGIA DE

ESPERMATOZOIDES DE CARPA COMUM (Cyprinus carpio)

CRIOPRESERVADOS EM ÁGUA DE COCO EM PÓ (ACP-104)

FORTALEZA

2012

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FRANCISCO RENAN ARAGÃO LINHARES

EFEITO DE DIFERENTES TAXAS DE DILUIÇÃO E PROTOCOLOS DE

CONGELAÇÃO SOBRE A CINÉTICA E MORFOLOGIA DE

ESPERMATOZOIDES DE CARPA COMUM (Cyprinus carpio)

CRIOPRESERVADOS EM ÁGUA DE COCO EM PÓ (ACP-104)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da

Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias.

Área de Concentração: Reprodução e Sanidade Animal.

Linha de Pesquisa: Reprodução de Carnívoros, Onívoros,

Herbívoros e Aves.

Orientador: Prof. Dr José Ferreira Nunes

Co-Orientadora: Profa. Dra. Carminda Sandra Brito Salmito-

Vanderley

FORTALEZA

2012

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecário(a) Responsável – Giordana Nascimento de Freitas CRB-3 / 1070

L728e Linhares, Francisco Renan Aragão

Efeito de diferentes taxas de diluição e protocolos de congelação sobre a cinética e morfologia de espermatozoides de carpa comum (Cyprinus carpio) criopreservados em água de coco em pó (ACP – 104) / Francisco Renan Aragão Linhares. — 2012.

CD-ROM. 80f. il. (algumas color); 4 ¾ pol. ―CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico,

acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)‖. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Faculdade

de Veterinária, Mestrado Acadêmico em Ciências Veterinárias, Fortaleza, 2012.

Área de Concentração: Reprodução e Sanidade Animal. Orientação: Prof. Dr. José Ferreira Nunes. Co-orientação: Profa. Dra. Carminda Sandra Brito Salmito Vanderley. 1. Cyprinus carpio. 2. Criopreservação seminal. 3. Motilidade

espermática. Título. CDD: 636.089

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Dedico,

A minha avó materna, Francisca Aragão

Aos meus pais, José Vytal e Dina Aragão

A minha noiva, Liliane Pascoal

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AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias - PPGCV, da Faculdade de

Veterinária, da Universidade Estadual do Ceará, pela oportunidade de fazer parte do corpo

discente.

Ao Núcleo Integrado de Biotecnologia (NIB), da Universidade Estadual do Ceará

(UECE) que através do uso de suas instalações e equipamentos, tornou possível a conclusão

do experimento.

Ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), pelo apoio de

laboratórios e estruturas de pesquisa para realização do experimento.

Ao CNPq pela bolsa de estudo durante o período de mestrado.

A Deus por toda a oportunidade que me foi concedida durante minha vida.

Aos meus pais pelo exemplo de determinação para cumprir com eficiência minhas

tarefas diárias.

Ao Professor Dr José Ferreira Nunes, por toda a orientação que me foi passada e

confiança de fazer parte de sua equipe do Núcleo Integrado de Biotecnologia desde o início de

minha vida acadêmica.

A Dra Cristiane Clemente de Mello Salgueiro, pelo meu acompanhamento durante o

início de minha iniciação científica no Laboratório de Tecnologia de Sêmen de Caprinos e

Ovinos e pela sua disponibilidade em sempre estar me ajudando nas horas que mais preciso.

A Dra Carminda Sandra Brito Salmito Vanderley por ter acreditado no meu trabalho

desde o início da graduação, me acolhendo na monitoria e iniciação científica durante um

período de desmotivação do curso. Além disso, pela sua co-orientação durante todo esse

período.

Ao Professor Paulo César de Almeida, pela realização da estatística.

Ao Dr. Marcelo José Ascensão Feitosa Vieira pelos ensinamentos práticos durante a

realização dos experimentos e José Agenor Galvão pelo total apoio a minha pesquisa

científica no DNOCS.

As mestrandas Fátima de Cássia Evangelista de Oliveira por não ter me negado uma

viagem mesmo durante sua pré-defesa sempre me ajudando a cumprir com perfeição a missão

―Cyprinus carpio‖ durante minhas viagens a Pentecoste e Mônica Aline Parente Melo por me

fazer entender o meu próprio experimento diante do desespero no DNCOS além do papel

fundamental na lembrança da mistura.

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Ao Doutorando Francisco José Lopes Cajado pelo apoio fornecido durante as viagens

a pentecoste para a realização dos experimentos.

À doutoranda Maria Audália Marques de Carvalho pelo apoio intelectual durante o

período de desenvolvimento da pesquisa e pelos ensinamentos de suas experiências em

campo.

Aos alunos de iniciação científica Júlia Trugilio Lopes, João Paulo Pinheiro, Jordana

Leite Sampaio, Mayara Setubal Oliveira, Rômulo Roberto Ribeiro Pinheiro, Larissa Teixeira

Nunes, Maria Eduarda Magalhães de Souza e Priscila Silva pela disponibilidade e disposição

para cumprir com eficiência suas tarefas.

Aos integrantes do Núcleo Integrado de Biotecnologia, em especial a Iraci Clemente

de Melo, Bárbara Mara Santas, Gyselle Viana Aguiar, Henna Roberta Quito.

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RESUMO

A carpa comum, Cyprinus carpio, é considerada uma das espécies domesticadas com grande

tolerância e resistência a uma ampla variedade de habitats aquáticos, tendo sida introduzida

no nordeste do Brasil pelo Departamento Nacional de Obras Contras às Secas (DNOCS) no

ano de 1977. A carpa comum é uma espécie de alto valor comercial, forte apelo culinário e

esportivo, sendo uma das espécies mais cultivadas em todo o mundo. O objetivo desse

trabalho foi avaliar um protocolo de criopreservação de sêmen de carpa comum em ACP-104

e CCSE2 (NaCl e sacarose) utilizando dois métodos de congelação. A partir do sêmen

coletado de 30 machos maduros foram determinadas as características seminais. Para a

avaliação da concentração espermática, o sêmen fresco foi diluído na proporção de 1:4000 em

solução de citrato-formol 4%. Para verificar o efeito dos diluentes e métodos de congelação

foram formados onze pools e diluídos em ACP-104 + DMSO 10% ou CCSE2 + DMSO 10%,

na taxa de diluição de 1:3 e envasados em palhetas de 0,25 mL. Para cada tratamento

resultante foram congeladas quatro palhetas em vapores de nitrogênio líquido em dry shipper

ou caixa térmica de poliestireno, sendo depois transferidas e armazenadas em botijões

criogênicos. Para verificar o efeito das taxas de diluição os pools também foram diluídos em

ACP-104 + DMSO 10% e submetido às diluições de 1:1 e 1:3. As amostras foram envasadas

em palhetas de mesmo volume e número de replicatas, sendo congeladas em vapores de

nitrogênio líquido em caixa térmica de poliestireno e depois transferidas e armazenadas em

botijões criogênicos. O sêmen foi descongelado em banho Maria a 25°C por 30 segundos e os

parâmetros de motilidade e velocidade seminal foram avaliados com uso do Sperm Class

Analyser (SCA). A análise das patologias espermáticas do sêmen fresco, diluído em 1:500, e

pós-descongelado, diluído em 1:250 em citrato- formol 4%, foram realizados utilizando o

corante azul de bromofenol. Os dados foram agrupados como média ± desvio padrão e

comparados utilizando ANOVA e teste de Games-Howell, adotando um nível de significância

de 0,05. Não houve diferença significativa (p<0,05) entre os diluentes, os métodos de

congelação e as taxas de diluição empregadas sobre os parâmetros espermáticos e

morfológicos de sêmen pós-descongelação de carpa comum. Embora todos os parâmetros

espermáticos e morfológicos analisados entre os tratamentos tenham apresentado diferença

significativa (p<0,05) em relação ao sêmen fresco (controle), os resultados foram favoráveis

para a criopreservação do sêmen de Cyprinus carpio.

Palavras-chave: Sêmen. Cyprinus carpio. Criopreservação seminal. Motilidade espermática.

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ABSTRACT

The common carp, Cyprinus carpio, is considered one of domesticated species with high

tolerance and resistance to a wide variety of aquatic habitats, being introduced in northeastern

Brazil by the National Department of Works Cons Drought (DNOCS) in 1977. The common

carp is a species of high commercial value, strong appeal culinary and sports, one of the most

cultivated species in the world. The aim of this study was to evaluate a protocol for semen

cryopreservation of common carp in ACP-104 and CCSE2 using two freezing methods. The

semen collected from 30 sexually mature males were analysed seminal characteristics.The

fresh semen was diluted 1:4000 in solution in the proportion of citrate-formaldehyde 4% for

the evaluation of sperm concentration. Eleven pools were diluted in 10% DMSO combined

with ACP-104®

or CCSE2 the dilution rate of 1:3 using 0.25 ml straws to determine the effect

of diluent and freezing methods. For each treatment resulting four straws were frozen in liquid

nitrogen vapors in dry shipper or styrofoam cooler, and later transferred to cryogenic

cylinders. The pools were also diluted in 10% DMSO and ACP-104®

at dilutions of 1:1 and

1:3 to check the effect of dilution rates. These samples were packaged into straws same

volume and number of replicates, and frozen in liquid nitrogen vapors in styrofoam cooler and

then transferred to cryogenic cylinders. The semen was thawed in a water bath at 25 °C for 30

seconds and evaluated parameters of motility and velocity through the seminal program

computerized semen analysis (SCA). The analysis of sperm pathologies of fresh semen,

diluted 1:500, and post-thawed, diluted 1:250 in citrate-formaldehyde 4%, were performed

using the bromophenol blue dye. All data were expressed as mean ± standard deviation and

compared using ANOVA and Games-Howell test, considered at 5% of significance level. No

significant difference (p<0.05) between the two extenders, two freezing methods and the two

dilution rates on sperm and morphological parameters post-thawed semen of common carp.

Although all sperm and morphological parameters analyzed between treatments showed

significant differences (p<0.05) compared to fresh semen (control), they were favorable

results for the cryopreservation of semen of Cyprinus carpio.

Keywords: Sperm. Cyprinus carpio. Sperm cryopreservation. Sperm motility.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Carpa comum (Cyprinus carpio) 15

Capítulo 1

Figura 1 – Morfologia observada no sêmen fresco e pós-descongelação de Cyrinus carpio 43

após ser submetido a diferentes taxas de diluição.

Capítulo 2

Figura 1 – Morfologia do sêmen fresco e pós-descongelação de Cyrinus carpio 57

após ser submetido a quatro tratamentos.

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LISTA DE TABELAS

Capítulo 1

Tabela 1 – Efeito de diferentes taxas de diluição sobre os parâmetros espermáticos de 40

sêmen descongelado de Cyprinus carpio.

Tabela 2 - Efeito de diferentes taxas de diluição sobre os parâmetros morfológicos de 41

sêmen descongelado de Cyprinus carpio.

Capítulo 2

Tabela 1 – Efeito de diferentes criosoluções e métodos de congelação sobre os 56

parâmetros espermáticos de sêmen descongelado de Cyprinus carpio.

Tabela 2 - Efeito de diferentes criosoluções e métodos de congelação sobre os 56

parâmetros morfológicos de sêmen descongelado de Cyprinus carpio.

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LISTA DE ABREVIATURAS

DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra às Secas

EHC - Extrato hipofisário de carpa

DMSO – Dimetilsulfóxido

CASA - Análise espermática auxiliada por computador

ACP - Água de coco em pó

CCSE2 – Solução a base de sais e açucares (0,3427g NaCl e 3,4314g sacarose)

mOsm – Miliosmole

hCG – Gonadotrofina coriônica humana

GnRHa – Análago do hormônio liberador de gonadotrofinas

sptz – Espermatozoide

SCA - Sperm Class Analyser

VCL – Velocidade do percurso curvilinear

VSL – Velocidade em linha reta

VAP – Velocidade média do percurso

LIN – Linearidade

WOB – Oscilação

STR – Retilinearidade

BCF - Frequência de batimento cruzado

ALH - Deslocamento lateral da cabeça

ATP – Adenosina trifosfato

CEUA - Comitê de Ética para o Uso de Animais

CPAq - Centro de Pesquisas em Aquicultura

NIB - Núcleo Integrado de Biotecnologia

LBRP - Laboratório de Biotecnologia da Reprodução de Peixes

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UECE – Universidade Estadual do Ceará

N – Espermatozoide normal

Mc - Macrocefalia

Cd - Cauda dobrada

Ce - Cauda enrolada

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................14

2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................15

2.1 Espécie................................................................................................................................15

2.2 Taxonomia..........................................................................................................................16

2.3 Reprodução.........................................................................................................................16

2. 3.1 Regulação hormonal.......................................................................................................16

2.4 O sêmen dos teleósteos.......................................................................................................17

2.5 Criopreservação..................................................................................................................18

2.5.1 O processo de congelação................................................................................................19

2.5.2 Diluentes seminais...........................................................................................................21

2.5.3 Diluentes à base de água de coco.....................................................................................22

2.6 Avaliação seminal...............................................................................................................23

2.6.1 Características seminais...................................................................................................23

2.6.2 Concentração espermática................................................................................................24

2.6.3 Morfologia espermática...................................................................................................26

2.6.4 Avaliação subjetiva da motilidade espermática...............................................................27

2.6.5 Avaliação da cinética espermática através de análise seminal auxiliada por computador

(CASA).....................................................................................................................................27

3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................................29

4 HIPÓTESES CIENTÍFICAS..............................................................................................30

5 OBJETIVOS.........................................................................................................................31

5.1 Objetivos gerais...................................................................................................................31

5.2 Objetivos específicos..........................................................................................................31

6 CAPÍTULO 1........................................................................................................................32

7 CAPÍTULO 2........................................................................................................................47

8 CONCLUSÕES....................................................................................................................68

9 PERSPECTIVAS.................................................................................................................69

10 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GERAL..................................................................70

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1 INTRODUÇÃO

A exploração de espécies aquáticas através da aquicultura vem desempenhando papel

importante para a conservação das espécies, sendo responsável pela produção de 43 milhões

de toneladas de pescado por ano (FAO, 2007). Nesse contexto, o uso de rações balanceadas,

associadas ao profundo conhecimento da biologia das espécies e o estudo do meio ambiente

onde vivem têm contribuído sobremaneira para aumentar a produção de pescado, permitindo

o crescimento deste setor mundialmente.

Estudos de biologia molecular aliadas à biotécnicas como a reprodução artificial em

cativeiro a partir da indução hormonal e a criopreservação seminal vêm proporcionando a

recuperação de espécies ameaçadas ou em vias de extinção. Durante a elaboração de

protocolos de criopreservação de sêmen, pesquisas específicas relacionadas às taxas de

diluição e volume de sêmen por palheta são de grande importância para a realização de

programas de fertilização, uma vez que os danos causados pelo frio influenciam a

sobrevivência espermática através da redução do número de células viáveis. Para tanto, a

determinação da dose inseminante ideal, ou seja, a proporção mínima de espermatozoides por

ovócito capaz de produzir a máxima sobrevivência em termos de larvas eclodidas vem sendo

estudada (LINHART et al., 2000).

A carpa comum (Cyprinus carpio) é uma espécie de alto valor comercial,

representando cerca de 6,14% (3.172.488 toneladas) do total da produção mundial aquícola

(FAO, 2008). Entretanto, após sua introdução no ano de 1977 no nordeste do Brasil, a

renovação do plantel nesta região não foi devidamente realizada nos últimos 25 anos,

elevando-se o grau de endocruzamentos do estoque reprodutor. A introdução de novos

gametas no plantel, via transporte e criopreservação, possibilitará renovação e aumento da

variabilidade genética, favorecendo o bem estar, a saúde e o crescimento dos estoques

nordestinos em cativeiro. Além disso, o desenvolvimento e aplicação da criopreservação

seminal associada à fertilização assistida nesta espécie possibilitará rapidez e eficiência na

reversão deste quadro.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Espécie

A carpa comum (Cyprinus carpio) é considerada uma das espécies de peixes de água

doce domesticadas mais antigas, cultivadas há mais de 2000 anos na China (BALON, 1995)

(Fig. 1). Devido a sua tolerância e resistência a uma ampla variedade de habitats aquáticos

(PAGE; BURR, 1991; FROESE; PAULY, 2002), estes animais foram introduzidos

largamente, sendo encontrados em todo o mundo, exceto nos polos e norte da Ásia

(NELSON, 1976).

São animais que vivem em grupo, apresentando hábito alimentar onívoro, com

tendência à iliofagia (FROESE; PAULY, 2007). É uma espécie típica de ambientes lênticos,

capaz de suportar baixos níveis de oxigênio dissolvido (3,2 mg/L) (MACÊDO et al., 2007). A

temperatura ideal para seu bom desenvolvimento varia de 24 a 28 °C, porém, apresenta uma

faixa tolerável de 8 a 30 °C, sendo assim, um peixe rústico e de fácil adaptação (GRAEFF;

PRUNER, 1999). As carpas geralmente apresentam um comprimento variando entre 30 e 60

cm e pesam entre 0,5 e 4 kg (TOMELLERI; EBERLE, 1990).

No Brasil, a carpa comum foi introduzida no final do século XIX com a chegada dos

primeiros imigrantes. No Nordeste do Brasil, a carpa foi introduzida através do Departamento

Nacional de Obras Contras às Secas (DNOCS), no ano de 1977 (DNOCS, 2009). A carpa

comum é uma espécie de alto valor comercial, forte apelo culinário e esportivo, sendo uma

das espécies mais cultivadas em todo o mundo. A produção de carpa no mundo cresceu de

7.490.870 toneladas em 1993 para 16.692.147 toneladas em 2002. Já no Brasil, a produção é

de 45.170 toneladas, principalmente no Sul e Sudeste, que correspondem a 76,7% da

produção nacional (ECHEVENGUÁ, 2006).

Figura 1 – Carpa comum (Cyprinus carpio)

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2.2 Taxonomia

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Actinopterygii

Ordem: Cypriniformes

Família: Cyprinidae

Gênero: Cyprinus

Espécie: Cyprinus carpio

2.3 Reprodução

A carpa comum não necessita migrar para se reproduzir (CASTAGNOLLI, 1992). Nas

regiões temperadas, a reprodução da espécie se restringe às estações mais adequadas para sua

sobrevivência (primavera e início do verão). Quando as fêmeas são mantidas sob uma

temperatura constante de 20 a 24 °C, a desova pode ocorrer até cinco vezes por ano

(LINHART et al., 1995). Porém, quando induzidas hormonalmente com extrato de hipófise de

carpa, a espécie Cyprinus carpio se reproduz durante todo o ano nas regiões temperadas e

tropicais (CHRIST et al., 1996). A maturação sexual dos peixes depende de vários fatores

dentre eles a temperatura, a disponibilidade de alimento adequado, o ambiente, a idade e o

tamanho. Em áreas tropicais, a carpa comum atinge maturação sexual após o primeiro ano de

vida. No ambiente natural, as fêmeas desovam em águas paradas com a presença de

macrófitas, liberando cerca de 100 a 230 g de ovócitos por quilograma de peso corporal, uma

média de 100.000 a 300.000 ovócitos.Kg-1

(LINHART et al., 1995). Sem o cuidado parental,

os ovócitos são colocados sobre plantas aquáticas que, ao entrarem em contato com a água,

adquirem adesividade e aumentam de três a quatro vezes seu volume. A fertilização ocorre

externamente e os ovócitos eclodem de dois a três dias pós-fertilização. Os alevinos recém-

eclodidos tornam-se capazes de se alimentar de minúsculos animais aquáticos após o

desaparecimento do saco vitelínico (WOYNAROVICH, 1993).

2.3.1 Regulação hormonal

Como nos mamíferos, o eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal controla de forma

dinâmica o ciclo hormonal reprodutivo dos peixes. Além disso, fatores ambientais como o

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fotoperíodo, temperatura, salinidade, precipitação pluviométrica e vários aspectos

relacionados a estímulos envolvidos na interação entre machos e fêmeas, como sinais táteis,

visuais, auditivos e elétricos, interferem nos hormônios reprodutivos dos peixes teleósteos

(VAN WEERD et al., 1990; CHAUDHURI, 1994).

A aquicultura, cujo meio de produção baseia-se na água, tornou-se a melhor

alternativa para manter a oferta dos alimentos de origem aquática. Porém muitas espécies de

peixes, incluídas as de piracema, apresentam disfunção reprodutiva, impedindo a desova e

impossibilitando a produção de alevinos em cativeiro (MOON et al., 2003). O problema foi

superado a partir do desenvolvimento de trabalhos de indução à desova de peixes reofílicos

conhecida como ―hipofisação‖, obtendo-se resultados positivos de indução à maturação final

dos gametas a partir da aplicação de hormônios naturais presentes na hipófise de peixes

maduros (ZANIBONI; WEINGARTNER, 2007).

Alguns dos hormônios empregados para a reprodução artificial utilizam hipófises

extraídas de peixes maduros, para a coleta de alta concentração de gonadotrofina. Li et al.

(2010) utilizaram 1 mg de extrato hipofisário de carpa (EHC) por Kg de peso vivo para

induzir a espermiação de machos e 2,5 mg/kg de EHC para induzir a desova de fêmeas de

carpa comum (Cyprinus carpio), enquanto Alvarez et al. (2003) utilizaram 2 mg/kg de EHC

para induzir a espermiação e desova de carpas prateadas (Hypophthalmichthys molitrix). Os

procedimentos usuais para administração dos hormônios podem ser por via intramuscular ou

intraperitoneal e o veículo pode ser aquoso (água ou solução salina 0,6% NaCl) ou ―pellet‖ de

colesterol ou celulose com liberação gradual do hormônio (GOREN et al., 1995). A indução

hormonal pode ser empregada para aumentar o volume de sêmen liberado por reprodutor,

facilitando assim a formação de diversos grupos durante pesquisas experimentais.

2.4 O sêmen de teleósteos

Os testículos dos peixes teleósteos consistem de um par de estruturas alongadas

compostas de túbulos seminíferos ramificados, onde se encontram células da linhagem

germinativa em diferentes fases de diferenciação. Em um número limitado de espécies as

glândulas acessórias reprodutivas, geralmente chamadas de vesículas seminais, são

responsáveis pelo armazenamento de sêmen ou produção de derivados de andrógeno, que

atuam como feromônios durante a reprodução (FISHELSON, 1991). Após completar o

processo de espermatogênese, os espermatozoides, imóveis e protegidos pelo plasma seminal

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durante seu armazenamento nos testículos (STOSS, 1983; COSSON et al., 1999), serão

lançados nos ductos testiculares onde serão capacitados pela ação hormonal para adquirir

motilidade (MIURA, 1995).

Na maioria dos peixes, esses gametas não possuem estrutura acrossomal, portanto a

fertilização ocorre por meio da entrada dos gametas masculinos diretamente na micrópila dos

ovócitos (MORALES, 1986). Após liberados no meio, os espermatozoides têm pouco tempo

de mobilidade para alcançar o ovócito, visto que produção de energia é muito mais lenta do

que o consumo (PERCHEC et al., 1995). Os espermatozoides dos peixes de água doce são

quiescentes na osmolaridade do plasma seminal (aproximadamente 300 mOsmol/kg) e

iniciam sua movimentação em solução hipotônica (<300 mOsml/kg), enquanto os

espermatozoides dos peixes de água salgada começam a se movimentar em solução

hipertônica (>300 mOsmol/kg) (MORISAWA; SUZUKI, 1980).

A aquisição de motilidade varia entre as espécies de peixes, influenciando no

percentual de motilidade dos gametas durante a estação reprodutiva. No robalo europeu, por

exemplo, a motilidade dos espermatozoides diminuiu mais de 95% no meio da época

reprodutiva para 40% no final (RAINIS et al., 2003). Além disso, a redução da motilidade

pode ser resultado do envelhecimento dos espermatozoides e redução da esteroidogênese

testicular no final da época reprodutiva (NAGAHAMA, 1994). Contudo, Mylonas et al.

(2003) observaram que a motilidade espermática no pargo permaneceu alta até o final do

período reprodutivo, enquanto Christ et al. (1996) verificaram em carpa comum que o

percentual de células móveis foi significativamente maior nos meses de verão (maio, junho e

julho) quando comparado a primavera (março).

2.5 Criopreservação

A criobiologia é a ciência que estuda o comportamento dos sistemas celulares vivos

sobre as mudanças de temperaturas abaixo de 0 ºC (PETRUNKINA, 2007). Desde que Polge

(1949) descobriu que o glicerol era capaz de preservar a motilidade dos espermatozoides

congelados de frango, Blaxter (1953) realizou os primeiros estudos de criopreservação de

gametas de peixes, eliminando a assincronia reprodutiva entre duas espécies de arenque

(Clupea harengu) separadas geograficamente. Posteriormente, muitas pesquisas têm sido

voltadas para a criopreservação do sêmen de várias espécies de peixes como: matrinxã,

Brycon orthotaenia (SILVEIRA, 2000); curimbatá, Prochilodus lineatus (CRUZ, 2001);

tilápia-nilótica, Oreochromis niloticus (AMORIM, 2002) e carpa comum, Cyprinus carpio

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(IRAWAN et al., 2010). Desde então, esta técnica tem sido de grande importância para a

aquicultura, apresentando vários benefícios como a criação de bancos de germoplasma e sua

utilização para elaboração de programas de melhoramento genético, repovoamento de

espécies ameaçadas ou em vias de extinção, redução de custos com a manutenção de

reprodutores, introdução de novas linhagens genéticas com risco reduzido de transmissão de

patógenos desconhecidos para os peixes cultivados e facilidade de transporte do material

genético a longas distâncias (LUBZENS et al., 1997).

2.5.1 O processo de congelação

O desenvolvimento de protocolos de criopreservação de sêmen podem variar devido

às diferenças espécie-específicas do volume, composição seminal e suas características

bioquímicas (YANG; TIERSCH, 2009). Durante a coleta de sêmen, deve-se levar em

consideração a maturação intra testicular, o envelhecimento dos espermatozoides e a

contaminação do sêmen com fezes, urina ou sangue, pois estes fatores podem reduzir a

qualidade da amostra, comprometendo a conservação dos gametas (SUQUET et al., 2000).

Os espermatozoides, quando submetidos às alterações rigorosas de temperaturas, estão

sujeitos à danos ocasionados pelo frio, denominados crionjúrias. Estas são representadas por

danos morfológicos e funcionais às células associadas a mudanças osmóticas, ou seja, durante

a congelação e solidificação da água, as altas concentrações de sais presentes na solução

provocarão desidratação celular, e durante a descongelação, o re-equilíbrio osmótico,

decorrente da fusão da água, submeterá as células ao estresse hipotônico, prejudicando a

permeabilidade celular. Além disso, a rápida transição da fase de água para o gelo favorecerá

a formação de cristais de gelo nos ambientes intra e extracelular, danificando a maquinaria

celular (JUN et al., 2006). Estes danos podem levar a um decréscimo nas características

espermáticas, como a velocidade, motilidade, capacidade de fertilização e subsequente

redução das taxas de eclosão (LI et al., 2010).

Dessa forma, após a coleta, o sêmen é submetido à etapa de diluição resultante da

adição de soluções protetoras capazes de minimizar os danos causados pelas crioinjúrias.

Estas soluções são chamadas de crioprotetores, atuando na diminuição do ponto de

congelação da água, reduzindo o estresse osmótico e os efeitos da cristalização sobre a

estrutura celular. Além disso, os diluentes seminais devem: controlar as condições físico-

químicas do meio durante o armazenamento; serem isotônicos, para que não haja ativação

prévia da motilidade espermática; tenham condutividade térmica elevada, permitindo a rápida

transferência de temperatura do meio externo para os espermatozoides; serem estéreis; e

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servirem de carreadores de crioprotetores (BILLARD; LEGENDRE, 1982). Na literatura,

Irawan et al. (2010) testaram seis diluentes (CCSE1 a CCSE6 combinados ao DMSO 10%)

resultantes da combinação de sais e açucares para a criopreservação seminal de carpa comum.

Durante a adição de diluentes, o sêmen pode ser submetido à diferentes taxas de

diluição para verificação da melhor proporção entre as quantidades de diluente e sêmen.

Sultana et al. (2010) testaram oito taxas de diluição (1:1, 1:2, 1:4, 1:5, 1:7, 1:9, 1:12 e 1:15)

para a criopreservação de sêmen de carpa comum, obtendo melhores taxas de motilidade

espermática nas proporções 1:7 e 1:9. Os resultados dos mesmos autores citados

anteriormente ainda revelam que as baixas e altas concentrações de DMSO (5% e 15%) são

prejudiciais a viabilidade espermática para a espécie estudada, demonstrando que as etapas de

diluição seminal são fundamentais para a sobrevivência dos gametas. Além disso, o ajuste de

altas concentrações espermáticas podem garantir um maior número de espermatozoides

viáveis após a criopreservação (BOZKURT et al., 2005).

Para o armazenamento em nitrogênio líquido essa mistura deve ser envasada em

recipientes padronizados para uniformizar o processo de resfrigeração e evitar variações de

transferência de calor. Para tal finalidade, podem ser utilizados os criotubos (2,0 mL) e as

palhetas (0,25 mL, 0,5 mL, 1,8 mL, 2,5 mL e 4,0 mL) (SANTAMARÍA et al., 2006;

IRAWAN et al., 2010). As palhetas de 0,5 ml, disponíveis em menor custo, são comumente

utilizadas industrialmente para a criopreservação de sêmen de bovinos. Além disso, a maioria

dos experimentos utilizam palhetas de 0,5 ml para realizar muitas repetições, pois o volume

de sêmen é frequentemente pequeno. Em seguida, o sêmen é submetido a uma queda gradual

de temperatura que influenciará o equilíbrio osmótico e o pH de soluções intra e

extracelulares durante a congelação. O ideal é que a taxa de resfrigeração seja rápida o

suficiente para minimizar o tempo de exposição às soluções concentradas e lenta o suficiente

para minimizar a quantidade de formação de gelo intracelular (YANG; TIERSCH, 2009).

Os equipamentos utilizados para congelar as amostras de sêmen são as caixas térmicas

de poliestireno, dry shippers, freezers reguláveis e botijões criogênicos. A caixa térmica de

isopor é formada por poliestireno, dentro da qual é adaptada uma bandeja metálica distante do

fundo alguns centímetros acima da superfície do nitrogênio líquido. A temperatura na caixa

dependente da quantidade de nitrogênio líquido despejado. As amostras são suspensas na

bandeja e congeladas por um período específico em vapor de nitrogênio líquido. O método de

congelação de sêmen em caixa térmica de poliestireno é tão eficaz quanto a utilização de um

refrigerador programável (IRAWAN et al., 2010). Entretanto, a altura ideal para a congelação

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de sêmen acima da superfície do nitrogênio líquido varia entre as espécies de peixes e os tipos

de diluentes utilizados. Irawan et al. (2010) obtiveram melhores taxas de motilidade

espermática (91,7±7,8%) quando o sêmen de carpa comum foi diluído em CCSE2 com

dimetilsulfóxido (DMSO) e mantido por 10 min. a 2 cm da superfície no nitrogênio líquido.

Porém, Horváth et al. (2003) observaram que o sêmen da mesma espécie diluído em glicose e

metilglicol obteve taxas de motilidade (63 ± 9%), fertilização (74 ± 15%) e eclosão (67±17%)

satisfatórias quando mantidos por 3 min. a 3 cm da superfície do nitrogênio líquido.

O dry shipper é um contêiner para transportar com segurança amostras em

temperaturas criogênicas. Trata-se de um botijão em alumínio, cujo interior está recoberto por

um material de absorção de nitrogênio líquido responsável pela congelação a vapor de

amostras de sêmen a uma taxa de resfrigeração de aproximadamente 25–40 °C min-1

com

estabilização gradual de -181 °C em 3 min (TAITSON et al., 2007). O equipamento já foi

utilizado com sucesso para as espécies nativas brasileiras tais como Brycon insignis e Brycon

opalinus obtendo boas taxas de motilidade, fertilização e eclosão (VIVEIROS et al., 2012a,b).

Após o equilíbrio térmico, o sêmen congelado é transferido para um botijão de nitrogênio

líquido, onde pode ser conservado durante anos à -196 °C sem efeitos deletérios

(ASHWOOD-SMITH, 1980).

O sucesso do protocolo de criopreservação é verificado através da descongelação do

sêmen em banho-Maria e avaliação da qualidade espermática em microscopia ótica ou

eletrônica. Após a descongelação, a avaliação dos parâmetros seminais podem ser realizadas

de forma subjetiva, ou seja, por meio de critérios arbitrários impostos pelo homem

(CHAMBEYRON; ZOHAR, 1990) ou avaliação mais objetiva e detalhada das características

gerais dos espermatozoides (RURANGWA et al., 2001). Dentre os equipamentos utilizados

para estas análises, destaca-se o sistema de análise espermática auxiliado por computador, o

CASA.

2.5.2 Diluentes seminais

Segundo Maisse et al. (1998), os meios diluentes ideais compõem-se de uma

substância orgânica que atue como crioprotetor externo (gema de ovo ou leite desnatado),

protegendo as células contra o choque térmico produzido ao se resfrigerar o sêmen desde os

20 ºC aos 5 ºC, uma fonte de energia (glicose ou frutose), um componente com capacidade

tamponante (citrato de sódio ou tris-hidroximetil-aminometano) e um crioprotetor interno que

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proteja os espermatozoides durante a congelação (glicerol, DMSO ou etilenoglicol). A

eficiência crioprotetora varia entres as espécies já que eles atuam de modo específico na

célula espermática. Sultana et al. (2010) utilizaram os diluentes Alsever ou gema de ovo ou

NaCl 0,9% combinados com os crioprotetores internos etanol ou metanol ou DMSO para a

criopreservação de sêmen de carpa comum, enquanto Viveiros et al. (2010) utilizaram os

diluentes ACP-104 ou solução comercial de glicose 5% combinados com o crioprotetor

metilglicol para a criopreservação do sêmen de curimba (Prochilodus lineatus).

2.5.3 Diluentes à base de água de coco

Pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará desenvolveram uma tecnologia

capaz de liofilizar a água de coco para produzir a água de coco em pó (ACP), um produto

estável e padronizado composto de sais, proteínas, açúcares, vitaminas, gorduras neutras

(MELO et al., 2010), indutores da divisão celular e eletrólitos diversos, que conferem

densidade e pH compatíveis com o plasma sanguíneo, proporcionando os nutrientes

necessários para a manutenção da sobrevivência e viabilidade de gametas masculinos e

femininos criopreservados (BLUME; MARQUES, 1994). Além disso, a suplementação

alimentar com vitaminas, também presentes na composição do ACP, aumenta a produção de

anti-oxidantes no plasma seminal, evitando a degradação do material genético pelos radicais

livres (METWALLY; FOUAD, 2009). Estudos com a água de coco têm sido realizados com

sucesso em mamíferos (BARROS; TONIOLLI, 2011).

Estudos iniciais em peixes mostraram resultados satisfatórios na combinação do ACP-

104®

com DMSO ou metilglicol para a criopreservação seminal (VELASQUEZ-MEDINA,

2008; VIVEIROS et al., 2008; VIEIRA, 2010). A água de coco (Cocos nucifera L.) também

obteve melhores resultados para o prolongamento da motilidade espermática de sêmen de

carpa (Cyprinus carpio L.) quando comparada a solução de Alsever modificada (cloreto de

sódio 4,2 g; citrato sódio 5%; ácido cítrico 0,5 g; dextrose 20,50 g; água destilada 1000 ml),

ambos com a osmolaridade média de 150 mOsm/Kg (CARVALHO et al., 2002). Farias et al.

(1999) verificaram em tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) que as

osmolaridades 125 e 150 mOsm/Kg da água de coco ―in natura‖ aumentaram a motilidade e

sobrevivência espermática de sêmen fresco diluído em comparação com água ―in natura‖

(água do tanque). Estes resultados demonstram que o ACP-104 pode ser utilizado com

sucesso como diluente para o sêmen de peixes.

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2.6 Avaliação seminal

O método ideal para predizer a fertilidade dos machos reprodutores é pelo exame das

características seminais à campo. Portanto, a qualidade espermática torna-se um pré-requisito

para a seleção dos animais em programas de reprodução artificial. A avaliação do ejaculado

deve ser rápida e eficiente, preservando a qualidade inicial e a capacidade fertilizante.

Amostras seminais são avaliadas tendo em vista várias características físicas como o aspecto,

a cor, o volume, o pH, a osmolaridade, a concentração, a morfologia e a motilidade

espermática. A partir desses resultados qualquer desvio para os padrões de uma determinada

espécie pode ser correlacionado com a fertilidade (HAFEZ, 1995).

2.6.1 Características seminais

O aspecto seminal pode ser facilmente classificado de forma subjetiva, porém este

parâmetro varia de acordo com os critérios adotados pelos pesquisadores. Segundo Suquet et

al. (1992) o aspecto seminal de turbot (Scophthalmus maximus) foi classificado em viscoso,

líquido e indeterminado, enquanto para Andrade-Talmelli et al. (2001) o sêmen da piabanha

(Brycon insignis) foi analisado macroscopicamente quanto a coloração e fluidez. A cor do

sêmen indica uma maior ou menor quantidade de fluido seminal, que terá influência direta na

concentração de espermatozoides.

Viveiros e Godinho (2009) referem-se ao volume seminal como um fator importante

no processo reprodutivo e variável tanto em espécies migratórias na época de reprodução

quanto em animais induzidos com hormônio. Em muitas espécies de bagres a quantidade de

sêmen liberado por extrusão é mínima, necessitando do sacrifício do animal para obtenção de

um maior volume de sêmen (BIEGNIEWSKA et al., 2010). Na carpa comum, o volume de

sêmen produzido varia durante o ano, com produção de 2,88 ml em março e 6,5 ml em maio

(CHRIST et al., 1996). Andrade-Talmelli et al. (2001) encontraram em machos de piabanha

(Brycon insignis) uma produção média de 4,68 ml de volume seminal após 16 horas de

indução hormonal com hCG. De acordo com Kobayashi et al. (1986), o aumento da produção

de sêmen após aplicação de hCG elevou os níveis de gonadotropina (GtH) circulante e

induziu a espermiação e a hidratação seminal. Além disso, Moon et al. (2003) também

demonstraram a participação de progestágenos nestes processos, verificando em linguado

(Platichthys stellatus) uma correlação positiva entre a produção de volume seminal e os níveis

de 17-hidroxiprogesterona liberados no plasma sanguíneo em resposta a indução hormonal

com um análogo do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRHa).

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Segundo Tabares et al. (2005) o pH do sêmen de peixes de água doce varia de 6,5 a

8,5. Morisawa e Morisawa (1988) relataram que os espermatozoides de peixes adquirem

motilidade durante a transição do testículo ao ducto espermático, onde o pH é alto. Uma

relação linear positiva entre pH do plasma seminal e a porcentagem de espermatozoides

móveis foi mostrado em ciprinídeos (Alburnus alburnus) (LAHNSTEINER et al., 1996a).

Clearwater e Crim (1998) também verificaram um aumento tanto da motilidade espermática

quanto do pH do plasma seminal em linguado (Pleuronectes ferrugineus) submetidos ao

tratamento com GnRHa.

De acordo com Morisawa e Susuki (1980) a osmolaridade do sêmen de peixes

apresenta-se em torno de 300 mOsm/Kg. A variabilidade deste parâmetro está relacionada

com características individual e espécie-específicas, como os valores encontrados em

ciprinídeos (254 a 346 mOsm/Kg) e salmonídeos (232 a 322 mOsm/Kg) (ALAVI; COSSON,

2006). Nos peixes, a motilidade espermática inicia se quando os espermatozoides entram em

contato com meios hiposmóticos. Assim, o conhecimento deste parâmetro, é importante para

a padronização de criodiluentes que evitem a ativação dos gametas masculinos antes da

criopreservação.

Órfão et al. (2011), ao diluir o sêmen de Brycon opalinus, não observaram motilidade

espermática quando utilizaram diluentes ajustados a altas osmolaridades (325 e 365

mOsm/kg). Entretanto, os mesmos espermatozoides foram ativados quando diluídos a baixa

osmolaridade (245 mOsm/kg). Além disso, o aumento da osmolaridade dos criodiluentes

também pode resultar num choque hiperosmótico afetando a sobrevivência dos gametas

durante a criopresevação (URBÁNYI et al., 2006).

2.6.2 Concentração espermática

A concentração espermática é uma das medidas quantitativas mais importantes

utilizadas na pesquisa e rotina de avaliação do sêmen de peixes (SILVEIRA et al., 1987). A

determinação da concentração espermática contribui para a padronização da taxa de diluição

sêmen:diluidor apropriada para a criopreservação seminal e posterior utilização em programas

de fertilização assistida. Lahnsteiner et al. (1996b) verificaram que a taxa de diluição não

poderia exceder o valor de 2,0–2,5x109 espermatozoides x ml

-1diluente para se obter uma boa

taxa de fertilização utilizando sêmen criopreservado de salmonídeos. Dessa forma, a avaliação

da produção espermática dos reprodutores permite maximizar a utilização de machos durante

os trabalhos de reprodução assistida.

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Este parâmetro pode ser determinado por meio da contagem dos espermatozoides em

câmara hematimétrica, que é considerado o método mais preciso, porém é mais demorado e

menos prático para uso no momento da criopreservação e fertilização assistida, que exige um

manejo rápido entre a coleta e a manipulação do sêmen (DONG et al., 2005; CRUZ-

CASALLAS et al., 2007). Para a contagem dos espermatozoides em câmara hematimétrica,

os gametas são submetidos à diluição em soluções fixadoras apropriadas.

Suquet et al. (1992) utilizaram a solução Triton X-100 (0,25%) para evitar a

aglutinação dos gametas durante a diluição do sêmen de turbot (Scophthalmus maximus),

enquanto Ciereszko e Dabrowski (1993) utilizaram a solução de NaCl (0,7%) para a diluição

do sêmen de truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) e Andrade-Talmelli et al. (2001) fixaram o

sêmen da piabanha (Brycon insignis) em formol salino. Após a diluição seminal em solução

fixadora a contagem dos gametas em câmara hematimétrica é auxiliada por um microscópio

óptico. Durante a leitura, a média das contagens feitas nos dois retículos da câmara é

multiplicada por um fator que varia de acordo com a diluição seminal utilizada. Para a

piabanha, Andrade-Talmelli et al. (2001) utilizaram o fator de 50000, porém Vieira (2010)

utilizou o fator de 200 x 106

para tambaqui (Colossoma macropomum).

Segundo Taitson e Godinho (2003) a concentração espermática nas diversas espécies

peixes é bastante variada. Biegniewska et al. (2010) encontraram 18,5 ± 1,8 x 109 sptz/ml em

bagre africano, enquanto Yaron (1995) encontrou, em regiões temperadas, uma produção

espermática anual em carpa comum (Cyprinus carpio) de 1,9 ± 0,2 x 1012

sptz/ml. A

concentração espermática pode variar entre indivíduos de uma mesma espécie (BABIAK et

al., 1997). Piironen (1985) verificou em salmão (Salmo salar sebago) um aumento da

densidade espermática no final da estação reprodutiva, enquanto Christ et al. (1996)

observaram em carpa comum (Cyprinus carpio) tratadas hormonalmente com E.H.C. um

aumento gradual até abril e maio (9,63 x 109 para 2,38 x 10

10 sptz/ml de sêmen), diminuição

em junho e julho (1,83 x 1010

sptz/ml de sêmen), seguido por um aumento considerável em

agosto (2,74 x 1010

sptz/ml de sêmen). A idade do animal também pode ser considerada um

fator relevante. Segundo Njiwa et al. (2004) a quantidade, a motilidade e o tempo de vida dos

espermatozoides de peixes zebrafish (Danio rerio) mais jovens foram superiores aos dos mais

velhos. Além disso, Rzemieniecki et al. (2004) observaram que o volume seminal, a

concentração e motilidade espermática de esturjão (Acipenser ruthenus) são influenciadas

pelos tipos de tratamentos hormonais utilizados. A produção espermática ainda pode ser

influenciada pela exposição dos machos às fêmeas, por meio dos feromônios

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(DEFRAIPONT; SORENSEN, 1993; POOLE; DILLANE, 1998) e pelo manejo aplicado à

coleta de sêmen. Kavamoto et al. (1997) concluíram que machos de curimbatá (Prochilodus

scrofa) com três anos de idade, podem ser utilizados até três vezes durante o período

reprodutivo, sem perda significativa da qualidade do sêmen produzido.

2.6.3 Morfologia espermática

A morfologia das células espermáticas é um fator importante na avaliação da

qualidade do sêmen descongelado, visto que estas patologias podem comprometer a função

dos espermatozoides. Galo et al. (2011) e Streit Jr. et al. (2009) relataram que o aumento das

patologias espermáticas reduziram a motilidade e o vigor espermático de sêmen descongelado

de piracanjuba (Brycon orbignyanus) e pacu (Piaractus mesopotamicus) respectivamente.

Fabbrocini et al. (2000) afirmam que o aparecimento de patologias espermáticas pós-

congelação está relacionada com a toxidez dos crioprotetores e a ineficiência no processo de

criopreservação como os principais responsáveis pelas crio-injúrias. Streit Jr. et al. (2009)

avaliaram as patologias seminais de Piaractus mesopotamicus em patologias primárias, que

compreendiam cauda quebrada, enrolada, curta, degenerada e corrugada; macrocefalia e

microcefalias, e patologias secundárias, que consistiam em cauda dobrada; cauda e cabeça

solta; gota citoplasmática proximal e distal. Estas patologias foram observadas a partir da

contagem de 100 a 130 espermatozoides, após a realização de esfregaços corados com Rosa

Bengala do sêmen fresco ou descongelado diluído em formol-salina tamponada (1:2000).

Em mamíferos, as anormalidades primárias são decorrentes de falhas da

espermatogênese, enquanto que as anormalidades secundárias ocorrem durante o percurso dos

espermatozoides através dos ductos testiculares (HAFEZ, 1995). O padrão normal

preconizado para anormalidades espermáticas em mamíferos domésticos é de 15%, visto que

o sêmen da maioria dos machos apresenta alguns espermatozoides defeituosos durante sua

formação (CBRA, 1998). Em peixes ainda não existe normatização quanto ao padrão

aceitável de anormalidades espermáticas, sendo provável que seja aceito um maior percentual.

Este parâmetro pode variar entre as espécies. Moraes et al. (2004) observaram a incidência de

espermatozoides com anormalidade primária de 13,8% em C. carpio, de 12,5% em L.

macrocephalus e 14,3% em P. lineatus, quando induzidos hormonalmente para a reprodução

com extrato de hipófise de carpa.

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2.6.4 Avaliação subjetiva da motilidade espermática

A qualidade espermática está diretamente relacionada com a motilidade dos gametas

masculinos, uma vez que esta característica constitui um pré-requisito para a fertilização dos

ovócitos (RURANGWA et al., 2004). A técnica convencional, baseada na observação através

de microscópio óptico, é utilizada pela maioria dos laboratórios para realizar análise seminal.

Embora sujeita a distintos graus de imprecisão, devido à subjetividade da avaliação a partir de

escalas arbitrárias (CHAMBEYRON; ZOHAR, 1990), este método é tão confiável quanto à

análise objetiva desde que realizada por um técnico treinado. De fato, Viveiros et al. (2010)

não obtiveram diferença estatística entre a motilidade em sêmen descongelado (78±11%;

72±13%) determinado subjetivamente por meio de microscópio de luz e objetivamente por

meio de análise seminal computadorizado (CASA) (85±12%; 75±10%) utilizando sêmen de

curimba (Prochilodus lineatus) criopreservado ACP-104 + metilglicol ou glicose 5% +

metilglicol, respectivamente.

2.6.5 Avaliação da cinética espermática através de análise seminal auxiliada por

computador (CASA)

O sistema de análise seminal auxiliado por computador consiste basicamente de um

microscópio de contraste de fase acoplado a uma câmera de vídeo. As imagens geradas são

reproduzidas e analisadas de forma eficiente e objetiva por meio do software Sperm Class

Analyser – SCA instalado no sistema operacional de um computador adaptado a estes

equipamentos. A automatização desta análise permite maior objetividade e rapidez, uma vez

que é realizada numa menor fração do tempo requerido pela avaliação subjetiva. A utilização

deste equipamento contribuiu para a produção de trabalhos mais detalhados sobre a atividade

dos espermatozoides, avaliando os parâmetros de rápidos, médios, lentos, estáticos,

velocidade do percurso curvilinear (VCL), velocidade do percurso médio (VAP), velocidade

em linha reta (VSL), retilinearidade (STR), linearidade (LIN), oscilação (WOB), frequência

de batimento cruzado (BCF), e deslocamento lateral da cabeça (ALH).

Os parâmetros de velocidade, VCL, VAP e VSL, descrevem o movimento do

espermatozoide, enquanto, os parâmetros LIN, STR e WOB representam as relações entre

estas velocidades VSL e VCL; VSL e VAP; VAP e VCL, respectivamente. Viveiros et al.

(2010) relataram uma correlação positiva entre as velocidades espermáticas (VCL, VSL e

VAP) e as taxas de fertilização de sêmen de curimba (Prochilodus lineatus), demonstrando

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que a velocidade espermática é um fator importante para as espécies de peixes de fecundação

externa. A velocidade dos espermatozoides pode variar dentro ou entre ejaculados e depende

da quantidade de ATP armazenado nas mitocôndrias antes da ejaculação (BURNESS et al.,

2004; HAUGLAND et al., 2009).

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3 JUSTIFICATIVA

O desenvolvimento e aplicação da criopreservação seminal na carpa comum

possibilitará rapidez e eficiência na renovação e no aumento da variabilidade genética,

eliminando o grau de endocruzamentos e favorecendo o bem estar, a saúde e o crescimento

dos estoques nordestinos em cativeiro. Além disso, a padronização da técnica de conservação

de gametas masculinos contribuirá para a implantação de um banco de sêmen de carpa

comum, visando à produção de alevinos durante todo o ano.

Cada processo de congelação é espécie-específico, por isso é preciso ter informações

sobre as particularidades do sêmen da espécie (aspecto, pH e osmolaridade seminal, volume

coletado de sêmen, concentração e motilidade espermática subjetiva e objetiva), o que permite

padronizar as técnicas, definir os componentes crioprotetores e os meios diluentes a testar,

bem como os procedimentos adequados para a congelação e posterior descongelação dos

espermatozoides (CARNEIRO, 2007). Também é importante conhecer as morfoanomalias do

sêmen antes e depois da criopreservação, já que estas representam o estado dos gametas no

momento da congelação e os criodanos causados após este processo.

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30

4 HIPÓTESES CIENTÍFICAS

O diluente à base de água de coco em pó (ACP-104) conserva as características

morfofisiológicas dos espermatozoides de carpa comum criopreservados em dry

shipper.

O diluente ACP-104 conserva a taxa de motilidade tanto quanto o meio CCSE2

após o processo de criopreservação em dry shipper.

O diluente ACP-104 na taxa de diluição de 1:3 conserva a motilidade após o

processo de criopreservação em caixa térmica de poliestireno.

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31

5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVO GERAL

Definir um protocolo de criopreservação de sêmen de carpa comum diluído em

água de coco em pó (ACP-104).

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Determinar as características seminais da carpa comum criadas em cativeiro no

Ceará como: aspecto, volume, pH seminal, concentração e osmolaridade

espermática;

Avaliar a cinética espermática em sêmen fresco e diluído em ACP-104 ou CCSE2

acrescido de dimetilsulfóxido (DMSO) pós-descongelação utilizando duas taxas de

diluição (1:1 e 1:3) nos métodos de congelação em caixa térmica de poliestireno e

dry shipper.

Observar as principais patologias do sêmen fresco e descongelado entre duas taxas

de diluição (1:1 e 1:3) nos métodos de congelação em caixa térmica de poliestireno

e dry shipper.

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6 CAPÍTULO 1

Efeito de diferentes taxas de diluição sobre a cinética e morfologia de espermatozoides

de carpa comum (Cyprinus carpio) criopreservados em meio à base água de coco em pó

(ACP-104)

[Effect of different rates of dilution and freezing protocols on the kinetics and morphology of

sperm of common carp (Cyprinus carpio) cryopreserved in powdered coconut water (ACP-

104)]

Periódico: Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (ABMVZ)

Submetido em 20/10/2012

Fator de impacto: 0.1305

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Efeito de diferentes taxas de diluição sobre a cinética e morfologia de espermatozoides

de carpa comum (Cyprinus carpio) criopreservados em meio à base água de coco em pó

(ACP-104)

[Effect of different rates of dilution and freezing protocols on the kinetics and morphology of

sperm of common carp (Cyprinus carpio) cryopreserved in powdered coconut water (ACP-

104)]

F. R. A. Linhares1, C. S. B. Salmito-Vanderley

2, M. A. M. Carvalho

3, R. R. R. Pinheiro

4, F.

C. E. Oliveira5, J. F. Nunes

6

Universidade Estadual do Ceará – UECE – Fortaleza, CE

Resumo

Avaliou-se um protocolo de criopreservação de sêmen de carpa comum em diferentes taxas de

diluição. Do sêmen fresco coletado de 20 machos sexualmente maduros, foram determinadas

as características seminais (aspecto, pH, osmolaridade, volume, morfologia, motilidade

subjetiva e objetiva e velocidade espermática) e a concentração espermática (diluído a 1:4000

em solução de citrato formaldeído 4%). Em seguida, nove pools seminais foram formados e

diluídos em ACP-104 + DMSO 10% nas taxas de diluições de 1:1 ou 1:3, envasados em

palhetas de 0,25 mL e congelados em vapores de nitrogênio líquido em caixa térmica de

poliestireno (-100°C) por 10 minutos, sendo então imersos em nitrogênio líquido (-196 °C) e

armazenados em botijões criogênicos. O sêmen descongelado foi avaliado para os parâmetros

motilidade e velocidade através do programa de análise seminal computadorizada (CASA). A

morfologia espermática do sêmen fresco e criopreservado foram avaliadas em microscopia

óptica usando esfregaços corados com azul de bromofenol. Os dados foram agrupados como

média ± desvio padrão e comparados utilizando ANOVA e teste de Games-Howell,

considerando um nível de significância de 5%. Não houve diferença entre as taxas de

diluições sobre os parâmetros espermáticos e morfológicos de sêmen descongelado de carpa

comum (p>0,05). Embora todos os parâmetros espermáticos e morfológicos analisados entre

as taxas de diluição avaliadas do sêmen criopreservado apresentaram diferença em relação ao

sêmen fresco (controle) (p<0,05), os mesmos são favoráveis para a criopreservação do sêmen

de Cyprinus carpio, apresentando resultados satisfatórios de motilidade total (59,8-67,8%),

velocidades espermáticas (VCL 42,6-46,5μm/s; VSL 33,2-37,1μm/s; VAP 38,9-43,2μm/s) e

baixos índices de anormalidades espermáticas (19,3-19,5%).

Palavras-chave: Cyprinus carpio, sêmen, criopreservação, motilidade espermática

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Abstract

The objective of this study was to evaluate a cryopreservation protocol of common carp

sperm at different dilution rates. Fresh semen from 20 sexually mature males, seminal

characteristics and concentration (diluted at 1:4000 in a solution of citrate-formaldehyde 4%)

were analysed. Then, nine pools were formed and diluted in ACP-104 or CCSE2 extenders

added of DMSO 10% as cryoprotectant at dilutions rates of 1:1 or 1:3, packed in 0.25 ml

straws and frozen in liquid nitrogen vapor in a styrofoam cooler (-100 °C) for 10 minutes and

then stored in liquid nitrogen (-196 °C). The sperm samples were thawed in water bath at

25°C for 30 seconds and the sperm motility and velocity were estimated using computer

assisted sperm analysis software (CASA). Spermatic abnormalities in fresh and cryopreserved

sperm were analyzed in optical microscopy using bromophenol blue dye. All data were

expressed as mean ± standard deviation and compared using ANOVA and Games-Howell

test, considered at 5% of significance level. There was no difference between the dilution

rates on spermatic and morphological parameters of post-thawed semen of common carp

(p<0.05). Although all spermatic and morphological parameters analyzed between the dilution

rates evaluated showed differences (p<0.05) compared to fresh semen (control) (p<0.05), they

were favorable for the cryopreservation of semen of Cyprinus carpio, yielding satisfactory

results of total motility (59.8-67.8%), sperm velocity (42.6-46.5μm/s VCL, 33.2-37.1μm/s

VSL e 38.9-43.2μm/s VAP) and low rates of sperm abnormalities (19.3-19.5%).

Keywords: Cyprinus carpio, sperm, cryopreservation, sperm motility

Introdução

A carpa comum é uma espécie de alto valor comercial, e com forte apelo culinário e

esportivo, sendo uma das espécies mais cultivadas em todo o mundo, representando 6,14% do

total da produção mundial aquícola (FAO, 2008) e 76,7% da produção de pescado do Brasil

(Echevenguá, 2006). Neste país, a carpa comum foi introduzida no final do século XIX com a

chegada dos primeiros imigrantes (Silva, 2005) e no Nordeste, através do Departamento

Nacional de Obras Contras às Secas (DNOCS) no ano de 1977 (DNOCS, 2009). Entretanto,

nesta região, a renovação do plantel não foi devidamente realizada, elevando-se o grau de

endocruzamentos do estoque reprodutor, comprometendo a saúde, o crescimento e o bem-

estar destes animais.

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35

Desde que Blaxter (1953) realizou os primeiros estudos de conservação de gametas de

peixes a baixas temperaturas, a criopreservação seminal vem sendo empregada como uma

ferramenta essencial para a reprodução artificial, possibilitando a preservação de espécies de

peixes ameaçadas de extinção (Viveiros et al., 2012), além da renovação e do aumento da

variabilidade genética de peixes comerciais. Assim, com o objetivo de elaborar protocolos

satisfatórios para a conservação da motilidade espermática de sêmen de carpa comum

(Cyprinus carpio), Irawan et al. (2010) testaram diferentes diluentes e métodos de

criopreservação seminal, obtendo resultados promissores com o diluente CCSE2 combinado

com DMSO 10% e criopreservado em caixa térmica de poliestireno. Já Sultana et al. (2010)

obtiveram melhores taxas de motilidade utilizando o diluente Alsever combinado com etanol

e criopreservado em congelador controlado por computador.

Carvalho et al. (2002) utilizaram com sucesso a água de coco (Cocos nucifera L.)

como diluente de sêmen de carpa (Cyprinus carpio) obtendo resultados satisfatórios na

duração da motilidade espermática quando comparada com a solução de Alsever. A partir

dessas observações, pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará desenvolveram uma

tecnologia para liofilizar a água de coco e produzir a água de coco em pó (ACP

Biotecnologia, Fortaleza, Ceará, Brasil), um produto estável e padronizado (Melo et al.,

2010).

Contudo, nenhuma pesquisa foi realizada para investigar o efeito do método de

criopreservação em caixa térmica de poliestireno associado ao diluente água de coco em pó

específico para sêmen de peixes (ACP-104) sobre a qualidade seminal de carpa comum.

Assim, o objetivo da pesquisa foi avaliar os parâmetros cinéticos e de morfologia espermática

em sêmen criopreservado em ACP-104 acrescido de dimetilsulfóxido (DMSO 10%) sob duas

taxas de diluição de 1:1 e 1:3 pós-descongelação utilizando o método de criopreservação em

caixa térmica de poliestireno.

Material e métodos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética para o Uso de Animais da Universidade

Estadual do Ceará (UECE) com a seguinte numeração 11516665-3/63. Vinte machos de carpa

comum (Cyprinus carpio), com idade média de três anos, foram selecionados e mantidos em

viveiros de 350 m2 do Centro de Pesquisas em Aquicultura (CPAq) do Departamento

Nacional de Obras Contra às Secas (DNOCS) no município de Pentecoste – Ceará, local onde

se deram as medições de temperatura da água dos viveiros, coletas de sêmen e as primeiras

avaliações seminais. Após os procedimentos iniciais de aferição do aspecto, pH, volume e

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motilidade subjetiva seminal, as análises subsequentes de osmolaridade, concentração,

morfologia, motilidade objetiva e velocidades espermáticas foram realizadas no Laboratório

de Biotecnologia da Reprodução de Peixes do Núcleo Integrado de Biotecnologia (LBRP-

NIB) da UECE (Fortaleza, Ceará, Brasil), durante o ano de 2012.

Os animais que liberaram sêmen a partir de uma leve massagem abdominal foram

selecionados, pesados e medidos para receber aplicação única de extrato de pituitária de carpa

(Danúbio Aquicultura Ltda., SC, Brasil) na proporção de 1 mg/Kg de peso vivo, por via

intracelomática, na base da nadadeira peitoral. Doze horas após a indução hormonal da

espermiação, os animais foram previamente anestesiados por meio de imersão de

aproximadamente dois minutos em solução contendo Eugenol (Eugenol, Cequímica Ltda.)

diluído em álcool absoluto e água (1:10:1000). Em seguida, cada animal foi mantido em

decúbito lateral sobre uma esponja (D33) e seu orifício urogenital foi enxuto com papel toalha

para evitar a contaminação do sêmen. O sêmen foi coletado em tubos graduados de

polietileno, realizando-se uma pressão abdominal no sentido ântero-posterior.

Durante as análises seminais, as amostras mantiveram-se conservadas sobre gelo em

escamas em caixas térmicas a uma temperatura de aproximadamente 5 °C. O volume seminal

foi aferido por meio dos tubos graduados. O aspecto seminal foi observado quanto à coloração

e viscosidade considerando-se satisfatórios branco-cremoso ou branco-leitoso (VIEIRA et al.,

2011). O pH foi obtido através da deposição de 20 µL de sêmen sobre as fitas de pH

(MERCK-Alemanha). A análise microscópica subjetiva da motilidade foi estimada utilizando

um microscópio óptico (Nikon Eclipse E200 – ampliação de x400) após a mistura de uma

alíquota de 2 µL de sêmen e 100 µL de água dos viveiros, considerando-se como 0% (zero)

nenhum espermatozoide móvel e 100% todos espermatozoides móveis. Somente as amostras

com o valor superior a 80% de motilidade foram utilizadas, enquanto aquelas contaminadas

com água, fezes, urina ou sangue foram descartadas.

Para cada três animais foram formados um pool, resultando no final em nove pools. Os

pools foram divididos em duas alíquotas e diluídos na proporção 1:1 ou 1:3 (sêmen:diluidor)

em meio à base de água de coco em pó específico para peixes (ACP-104; 300 mOsm.Kg-1

H2O; ACP Biotecnologia, Fortaleza, Ceará, Brasil) acrescido de DMSO 10%

(Dimetilsulfóxido, 315 mOsm.Kg-1

H2O, Cequímica Ltda., Brasil). Durante as diluições o

sêmen e os crioprotetores mantiveram-se em caixas térmicas a aproximadamente 5 °C.

Simultaneamente, três litros (5 cm de profundidade) de nitrogênio líquido foi despejado numa

caixa térmica feito de poliestireno com dimensões de 40 cm de comprimento, 24 cm de

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largura e 28 cm de altura. Após estabilização da temperatura em -100 °C, os dois tratamentos

foram envasados em seis palhetas francesas de 0,25 mL, resultando em doze palhetas por pool

de sêmen. Um total de 108 palhetas foram distribuídas nas raques e colocadas

horizontalmente sobre um suporte feito de malha de metal a 3 cm da superfície do nitrogênio

líquido. A caixa de poliestireno foi fechada com no máximo quatro raques no seu interior para

evitar variações bruscas de temperatura. Esta foi registrada a cada minuto utilizando um

termômetro de sonda (Headerterm 200, tipo Pt-100, Header Instrumentos Ltda.). A

temperatura média no interior da caixa térmica foi de -100 °C. Após dez minutos, as amostras

foram transferidas para um botijão de nitrogênio líquido (-196 °C). O material criopreservado

foi transportado do DNOCS - Pentecoste até o LBRP-NIB, onde foram estocados por uma

semana.

A osmolaridade (mOsm/Kg) dos nove pools conservados em caixa térmica foi

mensurado por meio de osmômetro digital de refrigeração Peltier (Roebling, Alemanha). Para

a determinação da concentração espermática, 1 µL de sêmen foi diluído em 4 mL de solução

citrato-formol e uma alíquota de 20 µL foram depositados em câmara de Neubauer sob

microscópio óptico em objetiva de 40x. As contagens foram realizadas em cinco quadrantes

nos dois retículos após 15 minutos de sedimentação da amostra, sendo realizadas quatro

repetições por amostra. Os valores que diferiam de 10% foram descartados e uma nova leitura

foi realizada. As médias do número de células contadas nos dois retículos foram

multiplicadas pelo fator 200 x 106, segundo Vieira et al. (2011).

Para a análise morfológica do sêmen foram realizados esfregaços com azul de

bromofenol (1 g azul de bromofenol; 4 g citrato de sódio; 100 mL água destilada; pH 8,0) a

partir da diluição do sêmen fresco (1:500) e descongelado (1:250) em solução citrato-formol a

4%. Em um tubo de polietileno foram misturadas uma alíquota de 6 μL da solução de fixação

com sêmen fresco ou descongelado com 6 μL de azul de bromofenol. Desta mistura foram

depositadas alíquotas de 4 μL em duas lâminas para a realização das leituras em microscópio

óptico (Nikon 102 Eclipse E200 - x400). Assim, para cada tratamento foram confeccionadas

duas lâminas. O exame consistiu na observação das morfoanomalias encontradas na cabeça,

peça intermediária e cauda de 100 espermatozoides por lâmina.

A avaliação do sêmen fresco, considerado grupo controle, foi realizada por meio do

CASA adicionando-se em câmara de contagem Makler®

uma alíquota de 2 µL de sêmen e 100

µL de solução ativadora de NaCl (100 mOsm). Uma semana depois do processo de

criopreservação o sêmen foi descongelado em banho-Maria a 25 °C por 30 segundos e

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alocado em tubos de polietileno de 2 mL a temperatura ambiente (26 ºC). Uma alíquota de 2

µL de sêmen descongelado foi homogeneizado com 100 µL de solução ativadora de NaCl

(100 mOsm) em câmara de contagem Makler®

e colocado sobre um microscópio de contraste

de fase (Nikon®

H550S, ECLIPSE 50i, Japan), numa ampliação de 400x, com o filtro verde e

posição em pH1.

O microscópio foi conectado a uma câmera de vídeo (Basler Vision Technologies®

A312FC, Ahrensburg, Alemanha) no qual gerou 25 imagens/s. A gravação do vídeo foi

iniciada de três a quatro segundos após a ativação. O vídeo foi analisado usando as

configurações padrões para peixes do software Sperm Class Analyzer®

(SCA®

, Microptics-

Barcelona - Espanha, versão 3.2). Espermatozoides com velocidade menor que 10 µm/s foram

considerados imóveis. O parâmetro para a análise da motilidade foi espermatozoides móveis

totais. Os parâmetros cinéticos avaliados foram: velocidade curvilinear (VCL - μm/s),

velocidade em linha reta (VSL - μm/s) e velocidade média do percurso (VAP - μm/s). Para

determinar essas velocidades, a trajetória de cada espermatozoide (pelo menos 500

espermatozoides/palheta) foi calculada ao longo das 25 imagens/s geradas.

Inicialmente os dados foram submetidos aos Testes de Kolmogorov-Smirnov e de

Levene para confirmação da distribuição normal e homogeneidade de variância entre

tratamentos, respectivamente. O parâmetro cauda enrolada só apresentou normalidade após

transformação logarítima. Confirmado o atendimento das exigências para realização da

Análise de Variância (ANOVA), esta foi executada por meio do software SPSS versão 14.0 e

o teste de Games-Howell foi empregado para comparação das médias. Os resultados foram

expressos como média ± desvio padrão e as diferenças foram consideradas significativas

quando p<0,05.

Resultados e discussão

A temperatura da água dos tanques de manuseio oscilou entre 28 e 29 °C. Os 20

exemplares selecionados de carpa comum (Cyprinus carpio) apresentaram comprimento

médio de 60±2,2 cm e peso médio de 3,0±0,56 Kg. Quatorze horas após a aplicação hormonal

15 machos liberaram sêmen fluido e de coloração branco-leitosa, enquanto cinco machos

liberaram sêmen de coloração branco-cremoso. No presente trabalho a concentração

espermática média encontrada foi de 20,68±2,85x109

espermatozoides/mL, inferior à

concentração espermática de 24,5x109 espermatozoides/mL observado por Kaspar et al.

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(2007) em carpa comum. Este valor abaixo do encontrado na literatura pode estar relacionado

com a maior quantidade de animais que liberaram sêmen fluido-leitoso, pois quanto maior a

produção de plasma seminal menor será a proporção do número de espermatozoides no

ejaculado.

O valor médio do pH seminal 8,52 encontrado neste trabalho foi próximo ao pH 8,06

do sêmen de exemplares de carpa comum coletados por Akçay et al. (2004) e corrobora com

o pH do sêmen de peixes de água doce que pode variar de 6,5 a 8,5 (Tabares et al., 2005). A

osmolaridade seminal média encontrada foi de 277,6±21,2 mOsm/Kg, estando também de

acordo com os valores encontrados em ciprinídeos (254 a 346 mOsm/Kg) (Alavi e Cosson,

2006).

No presente trabalho o volume médio produzido foi de 28,45 mL, sendo superior aos

volumes 13,26 mL e 6,5 mL encontrados em Cyprinus carpio por Akçay et al. (2004) e Christ

et al. (1996) respectivamente. A maior produção seminal encontrado no estudo pode ter sido

influenciada pelas mudanças físico-químicas (pH, osmolaridade, temperatura, etc.) nas águas

dos viveiros oriundas do período chuvoso durante as coletas seminais (Chaudhuri, 1994). A

taxa média de motilidade subjetiva encontrada foi de 97%, sendo superior aos 88,3%

observados por Akçay et al. (2004) e considerado ótimo para a fertilização encontrada em

ciprinídeos por Kaspar et al. (2007).

Não houve diferença entre as taxas de diluições sobre os parâmetros espermáticos de

sêmen descongelado de carpa comum (p>0,05). No entanto, todos os parâmetros espermáticos

analisados entre as taxas de diluições apresentaram diferença (p<0,05) em relação ao controle

(Tab. 1). A taxa de diluição ideal pode variar dentro de uma mesma espécie conforme o

diluente utilizado para a criopreservação seminal. Irawan et al. (2010) obtiveram uma boa

motilidade espermática (91,7±7,8%) com sêmen descongelado de carpa comum diluído em

CCSE2 e DMSO 10% numa taxa de diluição de 1:1. Por outro lado, Sultana et al. (2010)

obtiveram bons resultados de motilidade espermática (76,67±4,5%) com sêmen descongelado

da mesma espécie diluído em gema de ovo, citrato e DMSO 10% numa taxa de diluição de

1:9. Linhart et al. (2000) também obteveram um valor médio de motilidade espermática

(69±14%) satisfatória utilizando os diluentes Kurokura e DMSO 10% numa taxa de diluição

de 1:5.

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Tabela 1. Efeito de diferentes taxas de diluição sobre os parâmetros espermáticos de

sêmen descongelado de Cyprinus carpio (n=20) diluído em ACP-104 e DMSO 10%.

Criosolução Diluições Parâmetros espermáticos (μm/s)

Motilidade Total VCL VSL VAP

ACP-104 +

DMSO

1:1 59,8±12,5b 42,6±10,7

b 33,2±9,5

a 38,9±10,6

b

1:3 67,8±10,1b 46,5±7,3

b 37,1±6,8

a 43,2±7,6

b

Controle Sem

diluição

97,1±2,0a 68,9±20,7

a 29,7±9,1

b 45,8±13,2

a

Letras minúsculas distintas, na mesma coluna, indicam diferença significativa entre os

tratamentos (p<0,05).

Além das taxas de diluições, a eficiência crioprotetora aumenta quando os

constituintes criopreservantes apresentam uma combinação de ação interna e externa à célula

espermática (Godinho et al., 2003). Em geral, os diluentes acrescidos de açucares são capazes

de melhorar a motilidade espermática após a descongelação seminal de algumas espécies de

ciprinídeos (Urbányi et al., 2006). O ACP, um produto também formado por açúcares (frutose

e glicose), obteve taxas de motilidade semelhantes aos diluentes padrões para a conservação

de sêmen das espécies curimba (Prochilodus lineatus), piapara (Leporinus obtusiden) e

piracanjuba (Brycon orbignyanus) (Viveiros et al., 2008). No presente estudo, o sêmen

descongelado da carpa obteve resultados próximos dos apresentados pela literatura, portanto

satisfatórios de motilidade espermática de 59,8±12,5% e 67,8±10,1% para as taxas de

diluições 1:1 e 1:3, respectivamente, utilizando o diluente ACP-104 + DMSO 10%.

As velocidades espermáticas para as diluições 1:1 e 1:3 foram, respectivamente de

42,6 e 46,5 μm/s para VCL; 33,2 e 37,1 μm/s para VSL; e 38,9 e 43,2 μm/s para VAP. Estes

valores foram abaixo dos encontrados por Christ et al. (1996) (142-193 μm/s em VCL, e 64-

129 μm/s em VSL) com sêmen fresco de carpa comum tratadas hormonalmente com extrato

hipofisário de carpa. No entanto, segundo Haugland et al. (2009), a velocidade dos

espermatozoides pode variar dentro ou entre ejaculados. Viveiros et al. (2010), utilizando o

ACP-104 para a conservação de sêmen de curimba (Prochilodus lineatus), obtiveram valores

médios de velocidade espermática (VCL 53,7±25,1 µm/s; VSL 23,6±8 µm/s; e VAP

36,8±14,8 µm/s) semelhantes aos valores encontrados na presente pesquisa. Além disso, o

ACP-104 equiparou-se ao diluidor padrão (glicose) utilizado na criopreservação seminal de

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curimba (Prochilodus lineatus) (49,1±19,3 µm/s; 24,3±7,4 µm/s; e 36,0±13,1 µm/s),

demonstrando que o mesmo é eficiente para a conservação de gametas de algumas espécies de

peixes.

Não houve diferença entre as taxas de diluição sobre os parâmetros morfológicos de

sêmen descongelado de carpa comum (p>0,05). No entanto, todos os parâmetros

morfológicos analisados entre as taxas de diluição apresentaram diferença (p<0,05) em

relação ao controle (Tab. 2). No presente estudo, observou-se um total de 4,7% de

anormalidades espermáticas com sêmen fresco e uma média de 19,4% de anormalidades

espermáticas entre as taxas de diluição com sêmen descongelado.

Tabela 2. Efeito de diferentes taxas de diluições sobre os parâmetros morfológicos

de sêmen descongelado de Cyprinus carpio (n=20) diluído em ACP-104 e DMSO

10%.

Criosolução

Diluições

Parâmetros morfológicos (%)

Normal Macrocefalia Cauda

Enrolada

Cauda

Dobrada

ACP-104 +

DMSO

1:1 80,4±4,7b 4,5±2,9

a 7,6±5,5

a 7,4±3,8

a

1:3 81,4±2,8b 4,6±4,2

a 6,2±6,3

a 8,5±4,1

a

Controle Sem

diluição

95,1±1,8a 0,03±0,1

b 2,2±1,5

b 2,5±1,6

b

Letras minúsculas distintas, na mesma coluna, indicam diferença significativa

entre os tratamentos (p<0,05).

As anormalidades mais frequentes encontradas no sêmen fresco e descongelado foram

macrocefalia, cauda enrolada e cauda dobrada (Fig. 1), não existindo a ocorrência das

anormalidades cabeça estourada, gota citoplasmática distal, gota citoplasmática proximal e

cauda quebrada. Este aumento de 14,7% de alterações morfológicas espermáticas entre o

sêmen fresco e o descongelado podem ter sido ocasionadas pelas crioinjúrias sofridas pelos

espermatozoides durante a conservação a baixas temperaturas. Segundo Fabbrocini et al.

(2000), as crioinjúrias são provocados pela ineficácia do processo de congelação e pela

toxicidade do crioprotetor.

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42

No presente trabalho, o DMSO foi escolhido por ser um crioprotetor comumente

utilizado para criopreservar sêmen de peixes (Routray et al., 2007). Porém, seus efeitos

nocivos ao sêmen de carpa, já relatado por Lubzens et al. (1997), podem ter contribuído para

o surgimento das alterações morfológicas espermáticas. Apesar disso, a ocorrência de 19,4%

de patologias espermáticas encontradas no sêmen descongelado de carpa comum poderá ter

pouca influência sobre o sucesso da fertilização, visto que ainda não existe uma definição do

número aceitável de anormalidades espermáticas para sua utilização em programas de

fertilização assistida. Além disso, este índice encontra-se abaixo do recomendado pelo

Congresso Brasileiro de Reprodução Animal que preconiza a utilização de sêmen com índices

de anormalidade de até 30%, em bovinos e equinos, e de 20%, em ovinos e suínos (CBRA,

1998).

Em conclusão, o diluente ACP-104 combinado ao DMSO 10% mostrou-se eficaz na

criopreservação de sêmen de carpa comum não havendo diferença significativa entre as taxas

de diluição 1:1 e 1:3 nos parâmetros avaliados, de modo que esta tecnologia poderá promover

futuramente o aumento da variabilidade genética destas espécies no estado do Ceará em

programas de fertilização assistida.

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43

Figura 1. Morfologia observada no sêmen fresco de Cyrinus carpio e descongelado em

diferentes taxas de diluição. N - espermatozoide normal; Mc - espermatozoides com

macrocefalia; Ce - espermatozoide com cauda enrolada; Cd - espermatozoide com cauda

dobrada. Corante azul de bromofenol. Aumento x400.

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7 CAPÍTULO 2

EFEITO DE DIFERENTES TAXAS DE DILUIÇÃO E PROTOCOLOS DE

CONGELAÇÃO SOBRE A CINÉTICA E MORFOLOGIA DE ESPERMATOZOIDES

DE CARPA COMUM (Cyprinus carpio) CRIOPRESERVADOS EM ÁGUA DE COCO

EM PÓ (ACP-104)

Periódico: Animal Reproduction Science

Será brevemente submetido

Fator de impacto: 1.750

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EFEITO DE DIFERENTES TAXAS DE DILUIÇÃO E PROTOCOLOS DE

CONGELAÇÃO SOBRE A CINÉTICA E MORFOLOGIA DE ESPERMATOZOIDES

DE CARPA COMUM (Cyprinus carpio) CRIOPRESERVADOS EM ÁGUA DE COCO

EM PÓ (ACP-104)

F. R. A. Linhares1, C. S. B. Salmito-Vanderley

2, C. C. M. S. Salgueiro

3, J. F. Nunes

4

Universidade Estadual do Ceará – UECE – Fortaleza, CE

Resumo

O objetivo desse trabalho foi avaliar um protocolo de criopreservação de sêmen de carpa

comum em meio à base de água de coco em pó específico para peixes (ACP-104) e solução à

base de NaCl e sacarose (CCSE2) utilizando dois métodos de congelação. Após a coleta do

sêmen fresco foram determinadas as características seminais e a concentração espermática.

Em seguida, onze pools seminais foram formados e diluídos em ACP-104 + DMSO 10% ou

CCSE2 + DMSO 10% na taxa de diluição de 1:3 usando palhetas de 0,25 mL. Os quatro

tratamentos resultantes foram duplicados e congelados em vapores de nitrogênio líquido em

dryshipper ou caixa térmica de poliestireno, sendo imersos em nitrogênio líquido após 10

minutos. O sêmen foi descongelado em banho-Maria a 25 °C por 30 segundos e avaliados os

parâmetros de motilidade e velocidade seminal utilizando o CASA. A análise das anomalias

espermáticas do sêmen fresco e descongelado foi realizada utilizando o corante azul de

bromofenol. Não houve diferença entre os quatro tratamentos envolvendo os dois diluidores

(ACP-104 e CCSE2) e os dois métodos de congelação (dry shipper ou caixa térmica de

poliestireno) sobre os parâmetros espermáticos e morfológicos de sêmen descongelado de

carpa comum (p>0,05). Embora todos os parâmetros espermáticos e morfológicos analisados

entre os quatro tratamentos apresentaram diferença (p<0,05) em relação ao controle, os

mesmos são favoráveis para a criopreservação do sêmen de Cyprinus carpio, apresentando

resultados satisfatórios de motilidade total (61,8-66,0%), velocidades espermáticas (39,5-

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50,1μm/s VCL; 30,2-40,6μm/s VSL; e 35,5-47,4μm/s VAP) e baixos índices de

anormalidades espermáticas (17,3-19,8%).

Palavras-chave: Cyprinus carpio. Sêmen. Criopreservação. Motilidade espermática. ACP-

104.

Introdução

A carpa comum, cultivada pelos chineses há mais de 2000 anos (Balon, 1995), é uma

espécie de alto valor comercial, forte apelo culinário e esportivo (FAO, 2008), sendo uma das

espécies mais cultivadas em todo o mundo devido a sua tolerância e resistência a uma ampla

variedade de habitats aquáticos (Page e Burr, 1991; Froese e Pauly, 2002). A carpa comum foi

introduzida no Brasil no final do século XIX (Silva, 2005) e atualmente sua produção já

representa 76,7% da produção nacional (Echevenguá, 2006). Entretanto, no nordeste do Brasil

a renovação do plantel não foi devidamente realizada, elevando-se o grau de endocruzamentos

do estoque reprodutor, comprometendo a saúde, o crescimento e o bem-estar destes animais.

Neste âmbito, estudos de biologia molecular associado à biotécnicas como a

reprodução artificial em cativeiro a partir da indução hormonal e a criopreservação seminal

vêm contribuindo para maximizar a reprodução e o melhoramento genético de espécies

comerciais, prevenindo também a extinção destes animais (Viveiros et al., 2012). A

conservação de gametas masculinos a baixas temperaturas utiliza-se de protocolos específicos

para cada espécie.

Durante elaboração da biotécnica, pesquisas relacionadas aos equipamentos de

congelação e criodiluentes são de grande importância para a realização de programas de

fertilização, uma vez que os danos causados pelo frio influenciam a sobrevivência

espermática através da redução do número de células viáveis. Dentre os diluentes utilizados,

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destaca-se a água de coco em pó, um bioproduto desenvolvido por pesquisadores da

Universidade Estadual do Ceará (Melo et al., 2010). A água de coco (Cocos nucifera L.) foi

utilizada com sucesso como diluente de sêmen de carpa (Cyprinus carpio L.) obtendo

resultados satisfatórios na duração da motilidade espermática quando comparada com a

solução de Alsever (Carvalho et al., 2002).

O ACP-104, específico para peixes, também vem obtendo bons resultados de

motilidade espermática com espécies de peixes nativas brasileiras como o tambaqui (Vieira,

2010; Leite, 2011) e a pirapitinga (Velásquez-Medina, 2008; Pessoa, 2009). Contudo,

nenhuma pesquisa foi realizada para investigar o efeito dos diferentes métodos de

criopreservação utilizando o diluente seminal água de coco em pó (ACP-104) sobre a cinética

e morfologia de espermatozoides de carpa comum. O desenvolvimento de um protocolo de

criopreservação seminal de carpa comum (Cyprinus carpio) com água de coco em pó poderá

contribuir para a padronização de um protocolo simples e eficaz.

Assim, o objetivo da pesquisa foi avaliar os parâmetros cinéticos e de morfologia

espermática de sêmen fresco e diluído em ACP-104 e CCSE2 (Irawan et al., 2011) acrescido

de 10% dimetilsulfóxido (DMSO 10%) descongelado utilizando os métodos de

criopreservação em dry shipper e caixa térmica de poliestireno.

Materiais e métodos

Coleta dos gametas e início da avaliação seminal

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética para o Uso de Animais da Universidade

Estadual do Ceará (CEUA) com a seguinte numeração 11516665-3/63. As coletas de sêmen

foram realizados no Centro de Pesquisas em Aquicultura (CPAq) do Departamento Nacional

de Obras Contra as Secas (DNOCS) em Pentecoste - Ceará, local onde se deram as onde se

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deram as medições de temperatura da água dos viveiros, e as primeiras avaliações seminais.

Após os procedimentos iniciais de aferição do aspecto, pH, volume e motilidade subjetiva

seminal, as análises subsequentes de osmolaridade, concentração, morfologia, motilidade

objetiva e velocidades espermáticas foram realizadas no Laboratório de Biotecnologia da

Reprodução de Peixes do Núcleo Integrado de Biotecnologia (LBRP-NIB) da UECE

(Fortaleza, Ceará, Brasil), durante o ano de 2012.

Os 30 machos (Cyprinus carpio) sexualmente maduros foram mantidos em viveiros

(350 m2). Os animais selecionados foram pesados, medidos e receberam, por via intra

celomática na base da nadadeira peitoral, uma aplicação única de extrato de pituitária de carpa

(Danúbio Aquicultura Ltda., SC, Brasil) na proporção de 1 mg/Kg de peso vivo. Doze horas

após a indução hormonal, os animais foram mergulhados individualmente num tanque em

solução anestésica de Eugenol (Eugenol; Cequímica Ltda.) diluído em álcool absoluto e água

(1:10:1000) por aproximadamente dois minutos. Durante a coleta do sêmen, os animais foram

contidos em decúbito lateral sobre uma esponja (D33) e envolvidos com um pano úmido

sobre os olhos para minimizar o estresse. O orifício urogenital foi enxuto com papel toalha e o

sêmen foi coletado em tubos graduados de polietileno realizando-se uma pressão abdominal

no sentido ântero-posterior.

As amostras mantiveram-se conservadas sobre gelo em escamas em caixas térmicas a

uma temperatura de aproximadamente 5 °C durante as análises seminais. O volume (ml)

seminal foi aferido por meio de tubos graduados e o aspecto seminal a partir da observação

visual quanto à coloração e viscosidade considerando-se satisfatórios branco-cremoso ou

branco-leitoso (Vieira et al., 2011). O pH (0-14) foi obtido através da deposição de 2 µl de

sêmen sobre as fitas de pH (MERCK-Alemanha). A análise microscópica subjetiva da

motilidade foi estimada utilizando um microscópio óptico (Nikon Eclipse E200 – ampliação

de x400) após a mistura de uma alíquota de 2 µL de sêmen e 100 µL de água do tanque,

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considerando-se como 0% (zero) nenhum espermatozoide móvel e 100% (cem) todos

espermatozoides móveis. Somente as amostras com o valor superior a 80% de motilidade

foram utilizadas, enquanto aquelas contaminadas com água, fezes, urina ou sangue foram

descartadas.

Criopreservação seminal

Os ejaculados de cada três animais formaram um pool, resultando no final em 11

pools. Os pools foram diluídos na proporção 1:3 (sêmen:diluente) ao diluente à base de água

de coco em pó específico para peixes ACP-104 (ACP Biotecnologia, Fortaleza, Ceará, Brasil;

300 mOsm.Kg-1

H2O) ou CCSE2 (0,3427g NaCl, 3,4314g sacarose, 100 mL água destilada,

21 µL NaOH, 0,5 mL antibiótico, pH 7,7, osmolalidade 325 mmol/Kg; Irawan et al., 2010)

acrescidos de DMSO 10% (Cequímica Ltda.; 315 mOsm.Kg-1

H2O). Os dois criodiluentes,

juntamente com o sêmen, mantidos em caixas térmicas a aproximadamente 5 °C, foram

criopresevados nos métodos de dry shipper ou caixa térmica de poliestireno. Os quatro

tratamentos resultante da combinação diluente x método de congelação foram envasados em

seis palhetas francesas de 0,25 mL, totalizando 24 palhetas por pool de sêmen formado. Do

total de 264 palhetas para os 11 pools formados, 132 foram imediatamente congeladas em

dryshipper (Cryofarm) por 10 minutos numa taxa de refrigeração de aproximadamente 25–40

°C/min com estabilização gradual de -181 °C em 3 min (Taitson et al., 2007), e em seguida,

transferidas para um botijão de nitrogênio líquido a -196 °C.

Simultaneamente, foi despejado três litros (5 cm de profundidade) de nitrogênio

líquido numa caixa térmica de poliestireno com dimensões de 40 cm de comprimento, 24 cm

de largura e 28cm de altura. Após estabilização da temperatura em -100 °C, o restante das

palhetas foram distribuídas nas raques e colocadas horizontalmente sobre um suporte feito de

malha de metal a 3 cm da superfície do nitrogênio líquido. A caixa de poliestireno era fechada

com no máximo quatro raques no seu interior para evitar variações bruscas de temperatura.

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Esta foi registrada a cada minuto utilizando um termômetro de sonda (Headerterm 200, tipo

Pt-100, Header Instrumentos Ltda.). Após 10 minutos as amostras foram transferidas para um

botijão criogênico (-196 °C). O material criopreservado foi transportado do DNOCS -

Pentecoste até o LBRP-NIB, onde foram estocados por uma semana.

Concentração espermática e análise morfológica do sêmen

No LBRP-NIB os valores de osmolaridade (mOsm/Kg) dos 11 pools foram

mensurados por meio de osmômetro digital de refrigeração Peltier (Roebling, Alemanha). O

sêmen também foi diluído em solução citrato-formol a 4% na proporção de 1:4000 (1 µL

sêmen: 4 mL do diluente). Desta diluição, 20 µL foram depositados em câmara de Neubauer

sob microscópio óptico em objetiva de 40x. As contagens foram realizadas em cinco

quadrantes nos dois retículos após 15 minutos de sedimentação da amostra, sendo realizadas

quatro repetições por amostra. Os valores que diferiam de 10% foram descartados e uma nova

leitura foi realizada. As médias do número de células contadas nos dois retículos foram

multiplicadas pelo fator 200 x 106, segundo Vieira et al. (2011).

Para a análise morfológica do sêmen foram confeccionados esfregaços com azul de

bromofenol (1 g azul de bromofenol; 4 g citrato de sódio; 100 ml água destilada; pH 8,0) a

partir da diluição do sêmen fresco (1:500) e descongelado (1:250) em solução citrato-formol a

4%. Em um tubo de polietileno foram misturadas uma alíquota de 6 μL da solução de fixação

com sêmen fresco ou descongelado com 6 μL de azul de bromofenol. Desta mistura foram

depositadas alíquotas de 4 μl em duas lâminas para a realização das leituras em microscópio

óptico (Nikon 102 Eclipse E200 - x400). Assim, para cada tratamento foram confeccionadas

duas lâminas. O exame consistiu na observação das morfoanomalias encontradas na cabeça,

peça intermediária e cauda de 100 espermatozoides por lâmina focalizados em diversos

campos ao longo de toda a lâmina.

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Avaliação do sêmen auxiliada por computador (CASA)

A avaliação do sêmen fresco, considerado grupo controle, foi realizada por meio do

CASA adicionando-se em câmara de contagem Makler®

uma alíquota de 2 µL de sêmen e 100

µL de solução ativadora de NaCl (100 mOsm). Uma semana depois do processo de

criopreservação, o sêmen foi descongelado em banho-Maria a 25 °C por 30 segundos e

alocado em tubos de polietileno de 2 mL à temperatura ambiente de 26 ºC. Uma alíquota de 2

µL de sêmen descongelado foi homogeneizado com 100 µL de solução ativadora de NaCl

(100 mOsm) em câmara de contagem Makler®

e colocado sobre um microscópio de contraste

de fase (Nikon®

H550S, ECLIPSE 50i, Japan), numa ampliação de x400, com o filtro verde e

posição em pH1. O microscópio foi conectado a uma câmera de vídeo (Basler Vision

Technologies®

A312FC, Ahrensburg, Alemanha) no qual gerou 25 imagens/s. A gravação do

vídeo foi iniciada de três a quatro segundos após a ativação.

Cada imagem (n=25) foi analisada usando as configurações padrões para peixes do

software Sperm Class Analyzer®

(SCA®

, Microptics-Barcelona - Espanha, versão 3.2).

Espermatozoides com velocidade menor que 10 µm/s foram considerados imóveis. O

parâmetro para a análise da motilidade foi espermatozoides móveis totais. Dentre os

parâmetros espermáticos cinéticos foram avaliados: velocidade curvilinear (VCL - μm/s),

velocidade em linha reta (VSL - μm/s) e velocidade média do percurso (VAP - μm/s). Para

determinar essas velocidades, a trajetória de cada espermatozoide (pelo menos 500

espermatozoides/palheta) foi calculada ao longo das 25 imagens/s geradas.

Análise estatística

Inicialmente os dados foram submetidos aos Testes de Kolmogorov-Smirnov e de

Levene para confirmação da distribuição normal e homogeneidade de variância entre

tratamentos, respectivamente. O parâmetro cauda enrolada só apresentou normalidade após

transformação logarítima. Confirmado o atendimento das exigências para realização da

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55

Análise de Variância (ANOVA), esta foi executada por meio do software SPSS versão 14.0 e

o teste de Games-Howell foi empregado para comparação das médias, considerando um nível

de significância de 5%. Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão.

Resultados

Os 30 exemplares selecionados de carpa comum, Cyprinus carpio, apresentaram

comprimento médio de 60±2,2 cm e peso médio de 3,0±0,56 Kg. A temperatura da água dos

tanques de manuseio oscilou entre 28 e 29 °C. Quatorze horas após a aplicação hormonal 20

machos liberaram sêmen fluido e de coloração branco-leitosa, enquanto dez machos liberaram

sêmen de coloração branco-cremoso. O valor médio do pH foi de 8,48 e o volume seminal

encontrado foi de 25,14 mL. A taxa média de motilidade subjetiva encontrada foi de 96,45%,

enquanto a concentração espermática média foi 20,56±3,08x109

espermatozoides/mL e a

osmolaridade média foi 286,7±46,3 mOsm/Kg.

Não houve diferença entre os quatro tratamentos envolvendo os dois diluentes (ACP-

104 e CCSE2) e os dois métodos de congelação (dry shipper ou caixa térmica de poliestireno)

sobre os parâmetros espermáticos (Tab. 1) e morfológicos (Tab. 2) do sêmen descongelado de

carpa comum (p<0,05). No entanto, todos os parâmetros espermáticos e morfológicos

analisados entre os quatro tratamentos apresentaram diferença significativa (p<0,05) em

relação ao controle.

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Tabela 1. Efeito dos métodos de congelação dry shipper ou caixa de poliestireno sobre os parâmetros

espermáticos de sêmen descongelado de Cyprinus carpio (n=30) diluído em ACP-104 e DMSO 10%

ou CCSE2 e DMSO 10%.

Criosoluções

Métodos de

congelação

Parâmetros espermáticos

Motilidade

Total

VCL VSL VAP

ACP-104 +

DMSO 10%

Dry shipper 62,3±13,4b

50,1±12,4b

40,6±11,9a

47,4±13,8b

Caixa de

poliestireno

66,0±10,5b

47,0±6,9b

37,6±6,2a

43,7±7,2b

CCSE2 +

DMSO 10%

Dry shipper 64,4±15,6b

42,9±8,0b

32,6±7,3a

38,6±8,1b

Caixa de

poliestireno

61,8±10,7b

39,5±7,1b

30,2±6,5a

35,5±7,1b

Controle Nenhum 96,8±2,2a

66,8±19,1a

28,4±8,9b

43,9±12,6a

Letras minúsculas distintas, na mesma coluna, indicam diferença significativa entre os tratamentos

(p<0,05).

Tabela 2. Efeito dos métodos de congelação dry shipper ou caixa de poliestireno sobre os parâmetros

morfológicos de sêmen descongelado de Cyprinus carpio (n=30) diluído em ACP-104 e DMSO 10%

ou CCSE2 e DMSO 10%.

Criosoluções

Métodos de

congelação

Parâmetros morfológicos

Normal Macrocefalia Cauda

Enrolada

Cauda

Dobrada

ACP-104 +

DMSO 10%

Dry shipper 80,4±6,7

b 5,8±5,7

a 5,1±6,0

a 8,9±5,0

a

Caixa de

poliestireno 81,9±2,8b

4,1±4,0a

6,4±6,0a

8,1±3,8a

CCSE2 +

DMSO 10%

Dry shipper 82,3±6,1b

4,2±2,5a

6,1±6,0a

7,0±5,4a

Caixa de

poliestireno

82,3±6,3b

6,2±2,3a

4,5±3,1a

6,6±4,9a

Controle Nenhum 95,0±1,6a

0,02±0,09b

2,1±1,4b

2,5±1,5b

Letras minúsculas distintas, na mesma coluna, indicam diferença significativa entre os tratamentos

(p<0,05).

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A motilidade média total encontrada entre os tratamentos foi de 63,6% e as

velocidades espermáticas variaram de 39,5-50,1 μm/s em VCL; 30,2-40,6 μm/s em VSL; e

35,5-47,4 μm/s em VAP. No presente estudo, observou-se um total de 4,6% de anormalidades

espermáticas com sêmen fresco e uma média de 18,2% de anormalidades espermáticas entre

os quatro tratamentos com sêmen descongelado. As anormalidades mais frequentes

encontradas no sêmen fresco e descongelado foram macrocefalia, cauda enrolada e cauda

dobrada (Fig. 1), não existindo a ocorrência das anormalidades cabeça estourada, gota

citoplasmática distal, gota citoplasmática proximal e cauda quebrada.

Figura 1. Morfologia observada no sêmen fresco de Cyrinus carpio e descongelado após

submetido a quatro tratamentos. N - espermatozoide normal; Mc - espermatozoides com

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macrocefalia; Ce - espermatozoide com cauda enrolada; Cd - espermatozoide com cauda

dobrada. Corante azul de bromofenol. Ampliação x400.

Discussão

O valor médio do pH seminal 8,48 e mL e a concentração espermática média

encontrada 20,56±3,08x109

espermatozoides/mL foram semelhantes aos resultados de

Bozkurt et al. (2005) que encontraram também para a carpa comum um pH seminal de

7,9±0,21 e concentração seminal de 19,71±3,91x109 espermatozoides/ml. No entanto, a

concentração espermática na pesquisa foi inferior a concentração espermática 24,5x109

espermatozoides/mL observada por Kaspar et al. (2007) e pode estar relacionada a maior

quantidade de animais que liberaram sêmen fluido-leitoso diminuindo a proporção do número

de espermatozoides no ejaculado.

O volume seminal encontrado de 25,14 mL foi superior ao relatado por Bozkurt et al.

(2005) de 13,9±11,4 ml de sêmen e por Akçay et al. (2004) de 13,26 mL encontrados em

Cyprinus carpio. A maior quantidade de sêmen produzido durante o período das coletas

seminais pode ter sido pelas mudanças físico-químicas (pH, osmolaridade, temperatura, etc.)

nas águas dos viveiros oriundas do período chuvoso durante as coletas seminais (Chaudhuri,

1994). A osmolaridade média encontrada de 286,7±46,3 mOsm/Kg corrobora com os valores

encontrados em ciprinídeos (254 a 346 mOsm/Kg) (Alavi e Cosson, 2006).

Os quatro tratamentos não diferiram sobre os parâmetros espermáticos de sêmen

descongelado de carpa comum. Porém, todos os tratamentos obtiveram bons resultados de

motilidade total, demonstrando que os dois diluentes combinados com os dois métodos de

congelação podem ser utilizados para a criopreservação seminal de carpa comum. O sucesso

do procedimento de conservação de gametas pode ser atribuída a eficiência crioprotetora dos

constituintes criopreservantes que apresentam uma combinação de ação interna e externa à

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célula espermática (Godinho et al., 2003). Isto se deve provavelmente a sacarose presente na

composição do CCSE2 que atua como um crioprotetor não penetrante estabilizando a

membrana plasmática durante a congelação (Gwo, 2000).

O ACP-104, um composto também formado por açucares, obteve taxas de motilidade

semelhantes aos diluentes padrões para a conservação de sêmen das espécies curimba

(Prochilodus lineatus), piapara (Leporinus obtusiden) e piracanjuba (Brycon orbignyanus)

(Viveiros et al., 2008). No presente trabalho o DMSO foi escolhido como crioprotetor em

relação ao glicerol, metanol e dimetil-acetamida por apresentar boas taxas de motilidade e

fertilização em muitas pesquisas com ciprinídeos (Alvarez et al., 2003; Warnecke e Pluta,

2003).

As velocidades espermáticas VCL (39,5-50,1 μm/s) e VSL (30,2-40,6 μm/s) foram

abaixo dos valores encontrados por Christ et al. (1996) (142-193 μm/s em VCL e 64-129 μm/s

em VSL). Entretanto, este parâmetro pode variar dentro ou entre ejaculados, pois de acordo

com Haugland et al. (2009) a alta velocidade individual de alguns espermatozoides dentro de

um ejaculado podem ser suficientes para se obter boas taxas de fertilização. Essa diferença já

foi relatado por Li et al. (2010) que observou que as amostras de sêmen descongelado de

carpa comum separadas por um gradiente de percol obtiveram uma a proporção de

espermatozoides móveis (65,81±5,19%) e velocidade (77,58±31,07µm/seg)

significativamente superiores em relação a motilidade (23,36±2,98%) e velocidade

espermática (55,55±19,03µm/seg) das mesmas amostras não separadas pelo gradiente. Isto

demonstra que alguns espermatozoides são mais resistentes ao processo de criopreservação.

Assim, Billard et al. (2004) obteve 73% a 93% de taxas de fertilização com apenas 10% de

motilidade espermática de sêmen descongelo de esturjão, enquanto Menezes et al. (2008)

obteve 76% de taxas de fertilização com 20% de motilidade espermática de sêmen

criopreservado de Colossoma macropomum. Dessa forma, as baixas taxas de velocidades

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espermáticas encontradas no trabalho para a espécie Cyprinus carpio ainda podem

proporcionar resultados satisfatórias nas taxas de fertilização.

Além disso, os dois métodos de congelação seminal empregados também foram

eficientes. No presente estudo o sêmen de carpa comum diluído em ACP-104 ou CCSE2 e

congelado a 3 cm da superfície do nitrogênio líquido por 10 min. em caixa térmica de

poliestireno contribuiu para obtenção de bons resultados de motilidade total com média de

63,9%. Na literatura, Irawan et al. (2010) obteve as melhores taxas de motilidade espermática

(91,7%) quando o sêmen de carpa comum diluído em CCSE2 com DMSO foi mantido a 2cm

da superfície no nitrogênio líquido por 10 min. Os bons resultados de motilidade total com

média de 63,3% também se repetiram quando o sêmen da mesma espécie foi diluído em

qualquer um dos dois diluidores utilizados na pesquisa e congelado em dryshipper por 10

min. O mesmo fato ocorreu com Viveiros et al. (2012) que utilizou o equipamento dryshipper

com sucesso para a criopreservação de sêmen da espécie Brycon insignis obtendo boas taxas

de motilidade (67%) e velocidade espermática (122 µm/seg VCL, 87 µm/seg VSL e 103

µm/seg VAP).

No presente estudo observou-se um total de 4,6% de anormalidades espermáticas com

sêmen fresco e uma média de 18,2% de anormalidades espermáticas entre os quatro

tratamentos com sêmen descongelado. O aumento de 13,6% de alterações morfológicas

espermáticas entre o sêmen fresco e criopreservado devem ter sido ocasionadas pelas

crioinjúrias sofridas pelos espermatozoides durante a conservação a baixas temperaturas.

Streit Jr. et al. (2009) relatam que o processo de criopreservação e o tempo de exposição a

solução crioprotetora DMSO pode ter ocasionado choque osmótico, aumentando a ocorrência

de espermatozoides com anomalias. Fabbrocini et al. (2000) também afirmam que o

aparecimento de patologias espermáticas após a congelação pode estar relacionada com a

ineficiência no processo de criopreservação.

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Dessa forma, os métodos de congelação utilizados no presente trabalho assim como a

exposição dos gametas ao DMSO podem ter contribuído para o aumento do número de

alterações morfológicas espermáticas do sêmen descongelado de carpa comum. No entanto, o

Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (1998) recomenda não utilizar, na inseminação

artificial ou monta natural de mamíferos, sêmen com índices acima de 30% de

espermatozoides com anormalidades. Neste trabalho, os índices de espermatozoides com

anormalidades registrados em carpa comum atingiram valores em torno de 18,2%. Este valor

pode ser julgado baixo, se comparado ao considerado aceitável para mamíferos, porém, em

peixes, essas referências ainda não foram estabelecidas.

No presente trabalho ocorreu aglutinação gelatinosa de sêmen descongelado nos

tratamentos envolvendo os diluentes ACP-104 combinado com DMSO 10% e congelado em

dry shipper ou caixa térmica de poliestireno. Este fenômeno pode estar relacionado com o

efeito da interação da composição do diluente, crioprotetor e o método de cogelação, uma vez

que os tratamentos com sêmen diluídos em CCSE2 combinado com o mesmo crioprotetor e

congelados com os mesmos métodos de congelação não produziram aglutinação após a

descongelação. A aglutinação de sêmen descongelado de carpa já foi relatado por Irawan et

al. (2010) que encontraram o mesmo fenômeno com sêmen diluído em CCSE6 e DMSO ou

propilenoglicol. Horváth et al. (2003) também relataram uma aglutinação do sêmen

descongelado de carpa comum diluído em solução a base de açúcar (sacarose, glicose ou

frutose) independentemente dos crioprotetores (DMSO ou metilglicol) usados. Enquanto Gwo

e Arnold (1992) observaram uma aglutinação de sêmen de Micropogonias undulatus

criopreservado em solução de citrato acrescido de DMSO. Dessa forma, a presença de citrato

e açúcares na composição do ACP-104 pode ser responsável pela aglutinação do sêmen

descongelado ocorridos em alguns tratamentos. Entretanto, esse fenômeno observado por

Horváth et al. (2003) após a criopreservação do sêmen diluído em soluções a base de açucares

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não reduziram as taxas de fertilização e eclosão. Com base nestes resultados, as amostras de

sêmen de carpa criopreservadas que sofreram aglutinação podem ser utilizados para a

fertilização assistida.

A água de coco em pó (ACP-104) é uma substância estável, padronizada e facilmente

estocada favorecendo seu transporte e utilização durante os processos de diluição seminal

(Melo et al., 2010). O uso do diluente ACP-104 associado ao DMSO 10% para congelar o

sêmen de carpa comum em vapor de nitrogênio líquido utilizando o equipamento dry shipper

pode contribuir para o desenvolvimento de um protocolo simples de criopreservação seminal

objetivando a elaboração de programas de melhoramento genético para piscicultura,

repovoamento dos estoques nativos, preservação de material genético de espécies em risco de

extinção e na formação de bancos de genes no estado do Ceará. No entanto, o protocolo de

criopreservação seminal utilizando o equipamento caixa térmica de poliestireno é considerado

um método subjetivo e complexo para sua execução, descartando a possibilidade de utiliza-lo

para tal finalidade.

Agradecimentos

Ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), pelo apoio de

laboratórios e estruturas de pesquisa, e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico

e Tecnológico (CNPq), pelo apoio financeiro e a empresa ACP Biotecnologia, pela doação da

água de coco em pó (ACP-104).

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68

8 CONCLUSÕES

Em conclusão, o diluente ACP-104 combinado ao DMSO 10% mostrou-se eficaz na

criopreservação de sêmen de carpa comum não havendo diferença significativa entre as taxas

de diluição 1:1 e 1:3 nos parâmetros avaliados. Além disso, o sêmen desta espécie pode ser

preservado com sucesso utilizando os diluentes ACP-104 ou CCSE2 adicionado a DMSO

10% na taxa de diluição de 1:1 ou 1:3 e congelados em dry shipper ou caixa térmica de

poliestireno.

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9 PERSPECTIVAS

A água de coco em pó (ACP-104) é uma substância estável, padronizada e facilmente

estocada favorecendo seu transporte e utilização durante os processos de diluição seminal. O

uso do diluente ACP-104 associado ao DMSO para congelar o sêmen de carpa comum em

vapor de nitrogênio líquido utilizando caixa térmica pode contribuir para o desenvolvimento

de um protocolo simples de criopreservação seminal objetivando a elaboração de programas

de melhoramento genético para piscicultura, repovoamento dos estoques nativos, preservação

de material genético de espécies em risco de extinção e na formação de bancos de genes. Esta

tecnologia poderá auxiliar na produção de animais geneticamente melhorados, promovendo o

aumento da variabilidade genética das espécies de carpa comum no estado do Ceará. Serão

necessárias pesquisas sobre o uso dos protocolos atuais em programas de fertilização

assistida, visando a estocagem de espermatozoides e futuramente a criopreservação de óvulos

para a constituição de um banco de germoplasma.

Assim, o trabalho tem como perspectivas estudar a viabilidade do sêmen de carpa

comum, diluído em água de coco em pó (ACP-104) e DMSO 10% nas taxas de diluições 1:1 e

1:3 e congelados no método de dry shipper na fertilização assistida.

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