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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ RONALDO COSTA ARGÔLO FILHO IDENTIFICAÇÃO, SOROTIPAGEM E DIFERENCIAÇÃO PELA PCR-DGGE DE SOROTIPOS DE SALMONELLA ISOLADOS DE TEIÚS CRIADOS EM CATIVEIRO ILHÉUS – BAHIA – BRASIL Fevereiro de 2007

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

RONALDO COSTA ARGÔLO FILHO

IDENTIFICAÇÃO, SOROTIPAGEM E DIFERENCIAÇÃO PELA PCR-DGGE DE SOROTIPOS DE SALMONELLA ISOLADOS DE TEIÚS CRIADOS EM CATIVEIRO

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL Fevereiro de 2007

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RONALDO COSTA ARGÔLO FILHO

IDENTIFICAÇÃO, SOROTIPAGEM E DIFERENCIAÇÃO PELA PCR-DGGE DE SOROTIPOS DE SALMONELLA ISOLADOS DE TEIÚS CRIADOS EM CATIVEIRO

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz como parte das exigêcias para a obtenção do título de mestre em Genética e Biologia Molecular. Área de Concentração: Microbiologia Aplicada

Genética Molecular Orientadora: Prof.ª Rachel Passos Rezende

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL Fevereiro de 2007

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RONALDO COSTA ARGÔLO FILHO

IDENTIFICAÇÃO, SOROTIPAGEM E DIFERENCIAÇÃO PELA PCR-DGGE DE SOROTIPOS DE SALMONELLA ISOLADOS DE TEIÚS CRIADOS EM CATIVEIRO

Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Santa Cruz como parte das exigêcias para a obtenção do título de mestre em Genética e Biologia Molecular. Área de Concentração: Microbiologia Aplicada

Genética Molecular Orientadora: Prof.ª Rachel Passos Rezende

Ilhéus – BA, 27 de fevereiro de 2007

João Carlos Teixeira Dias – D.S. João Luciano Andrioli – D.S. UESC/DCB UESC/DCB

Mara Lúcia Albuquerque Pereira – D.S. Rachel Passos Rezende – D.S. UESB/DEBI UESC/DCB

(Orientadora)

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DEDICATÓRIA

À minha família que, com muito carinho e apoio, estiveram presentes nos bons e

maus momentos não medindo esforços para que eu vencesse

mais esta etapa na minha vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me iluminado em mais uma jornada e me dado forças para chegar até aqui.

Aos meus pais, Ronaldo e Marinez, que por muitas vezes renunciaram seus desejos e sonhos para me proporcionarem mais esta vitória. Minha eterna gratidão.

Aos meus irmãos, Rogério, Lizziane e Ramon, pela compreenção e amor dedicados. Muito obrigado.

À minha noiva Katiane pelo carinho, compreensão, paciência e por estar ao meu lado durante todos os momentos dessa caminhada. Com amor, obrigado.

Ao Programa de Pós Graduação em Genética e Biologia Molecular. A todos os professores que participaram desta jornada, sempre solícitos, até mesmo fora do horário do curso, porque sem eles não haveria enriquecedoras idéias. Meus sinceros agradecimentos.

À minha orientadora, que se portou como só o fazem os mestres. Acreditando no meu trabalho, deu-me a liberdade necessária dividindo comigo as expectativas, conduziu-me a maiores reflexões que ajudaram a transformar idéias em palavras. Minha especial admiração e gratidão.

A Bianca e João que sempre estavam por perto quando eu precisava de um conselho ou uma palavra amiga de incentivo. Com respeito, admiração e carinho, muito obrigado.

Aos meus colegas do Mestrado em Genética e Biologia Molecular, pelos momentos de convívio, estresses e alegrias. Obrigado.

Aos amigos do laboratório de Monitoramento Ambiental, pelo companherismo, ajuda, carinho e dedicação. Com saudades, obrigado.

À profª Selene e a Teti que contribuiram e incentivaram a realização deste trabalho. Obrigado.

À Fiocruz na pessoa da Dr.ª Eliane Falavina dos Reis que contribuiu com a identificação das amostras. Meus sinceros agradecimentos.

À Universidade Estadual de Santa Cruz e ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular pela oportunidade e auxílio na execução deste trabalho. Obrigado.

Finalmente, a todos que, de uma forma ou de outra, me ajudaram. Meu muito obrigada.

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IDENTIFICAÇÃO, SOROTIPAGEM E DIFERENCIAÇÃO PELA PCR-DGGE DE SOROTIPOS DE SALMONELLA ISOLADOS DE TEIÚS CRIADOS EM CATIVEIRO

RESUMO

A Salmonella é um bacilo Gram-negativo, flagelado, anaeróbio facultativo, causadora da salmonelose. Esse gênero compreende duas espécies: S. enterica e S. bongori, sendo a primeira subdividida em seis subespécies (enterica, salamae, arizonae, diarizonae, houtenae e indica). De acordo com fatores antigênicos, essas subespécies foram divididas em mais de 2.500 sorotipos. A maioria das infecções por Salmonella é causada pela ingestão de alimentos contaminados, principalmente os de origem animal. Os répteis merecem destaque, pois a Salmonella é considerada pertencente a sua microbiota intestinal normal. O Teiú (Tupinambis sp.) é um dos maiores lagartos do Brasil, sendo importante devido ao alto valor de sua pele, sua utilização na alimentação e como animal de estimação. Com o aumento da popularidade dos animais exóticos, aumenta-se o risco de infecções devido ao contato inadequado com esses animais. Assim, o objetivo deste trabalho foi estudar a prevalência de Salmonella nesses animais, identificar os níveis de resistência dos isolados a antibióticos e diferenciar os sorotipos por meio da PCR-DGGE. Para isso, foram coletadas amostras fecais de teiús (Tupinambis merianae) criados em cativeiro em dois períodos. No primeiro período, 86,67% dos animais foram positivos para Salmonella. Todos os isolados foram sensíveis a Gentamicina e Ampicilina. A S. Carrau, S. Rubislaw e S. Infantes foram os sorotipos que apresentaram maior resistência aos antibióticos testados. No segundo período, após a introdução de limpeza semanal das baias, verificou-se a presença de 81,48% de positividade para Salmonella. Devido a intermitência na liberação de Salmonella nas fezes pelos répteis, quatro animais negativos no primeiro período foram considerados positivos no segundo. Podemos assim considerar que 100% dos teiús eram portadores dessa bactéria. A PCR-DGGE tem sido amplamente utilizada por permitir o estudo filogenético de comunidades microbianas. Doze sorotipos isolados dos Teiús e mais sete isolados de serpentes foram submetidos à PCR-DGGE. Quando amplificados com o par de iniciadores ST11-ST15, somente as cepas rugosas de Salmonella apresentaram um padrão eletroforético diferente dos demais, demonstrando um alto grau de conservação desta região. A região V3 do 16S RNAr mostrou-se também bastante conservada não diferenciando a maioria dos sorotipos. Quanto a região V6-V8 do 16S RNAr, esta também não diferenciou eficientemente os diferentes sorotipos, mas foi possível formar grupos de similaridade. Este é o primeiro estudo a aplicar esta técnica na análise da variedade genética de Salmonella e nosso estudo revelou o grande risco do contato com répteis. Torna-se imperativo o desenvolvimento de novos métodos de diagnóstico e tipagem mais rápidos e eficazes, que sejam capazes de identificar cepas novas ou que não são classificadas pelos métodos tradicionais e que também sirvam para análises evolutivas. Palavras-chave: Salmonelose; Réptil; Tupinambis sp.; PCR; DGGE.

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IDENTIFICATION, SEROTYPING AND DIFFERENTIATION BY PCR-DGGE OF SALMONELLA SEROTYPES ISOLATES FROM CAPTIVITY TEGUS

ABSTRACT

Salmonella is a Gram-negative bacillus, flagellate, facultative anaerobe and etiologic agent of salmonellosis. This genus encloses two species: S. enterica and S. bongori, being the first one subdivided in six subspecies (enterica, salamae, arizonae, diarizonae, houtenae and indica). In accordance with antigenic factors, these subspecies has been subdivided in more than 2.500 serotypes. The majority of the Salmonella infections are caused by the contaminated food ingestion, mainly of animal origin. The reptiles deserve prominence, because the Salmonella is considered pertaining to its normal enteric microbiota. The Tegu (Tupinambis sp.) is one of the biggest brazilian lizards, being important because to the high value of its skin, use in the feeding and as pet animal. With the increase of the exotic animals popularity, the risk of infections have grown due to the inadequate contact with these animals. Thus, the aim of this work was to study the Salmonella prevalence in these animals, to identify the antibiotic resistance levels exhibited by the isolates and to differentiate the serotypes by PCR-DGGE. For this, fecal samples of the captivity tegus (Tupinambis merianae), in two periods, were collected. In the first period, 86.67% of the animals were positive for Salmonella. All the strains were sensible the Gentamicin and Ampicilin. The S. Carrau, S. Rubislaw and S. Infants were the serotypes that had presented greater resistance to the tested antibiotics. In the second period, after the introduction of weekly cleanness in the cages, it verified presence of 81.48% Salmonella. Four negative animals in the first period had been considered positive in second, by the intermittent release of Salmonella in the reptile’s feces. Thus, we can consider that 100% of tegus were carrying of this bacterium. The PCR-DGGE has been widely used for filogenetic studies of microbial communities. Twelve Tegu’s isolates serotypes and seven serpent’s isolates serotypes were submitted to the PCR-DGGE. With the pair of primers ST11-ST15, only Salmonella rough strains had presented a different eletrophorretic profile from others, demonstrating a high degree of region conservation. The region V3 of 16S rRNA also revealed very conserved, it did not differentiate the majority of the sorotypes. Also the region V6-V8 of 16S rRNA did not differentiate efficiently the Salmonella serotypes. But, it was possible group the strains in clusters of similarity. This is the first study to apply this technique in the analysis of the genetic variety of Salmonella, and our study showed the great risk of the contact with reptiles. It’s imperative the development of faster methods of diagnosis and typing, that they are capable to identify new strains or unclassified strains by the traditional methods and that also serve for evolutionary analysis.

Keywords: Salmonellosis; Reptile; Tupinambis sp.; PCR; DGGE.

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LISTA DE TABELAS

1. Exemplos de Salmonella e seus hospedeiros....................................................6

2. Aparência da Salmonella nos meios seletivos mais comumente usados........18

3. Reações bioquímicas típicas de Salmonella spp.............................................19

4. Sorotipos de Salmonella isolados de serpentes...............................................49 5. Correlação entre os sorotipos de Salmonella enterica encontrados e a idade e

baias dos animais analisados...........................................................................54

6. Padrões de resistência a antibióticos dos sorotipos de Salmonella enterica isoladas de 30 teiús..........................................................................................60

7. Grupos de similaridade gerados a partir da DGGE da região V6-V8 do 16S RNAr.................................................................................................................66

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LISTA DE FIGURAS

1. Prevalência da S. Enteretidis, Typhimurium e outros sorotipos na Europa de 1998-2003..........................................................................................................7

2. Esquema da infecção por Salmonella por diferentes vias de administração (oral, intraperitoneal e intravenosa)...................................................................11

3. Invasão da mucosa intestinal pela Salmonella (setas pretas). Notar a destruição da mucosa após a invasão (setas vermelhas).................................12

4. Demonstração esquemática do desenvolvimento da diarréia...........................13

5. Princípio da Reação da Polimerase em Cadeia. Pequenas seqüências específicas de DNA (iniciadores) são utilizados para se ligarem às fitas de DNA desnaturado pelo aquecimento. Uma enzima termoestável (DNA polimerase) extende os iniciadores para formar a nova fita complementar...........................23

6. Sequência da região JEO402-1 isolado do cromossomo da S. Typhimurium LT2. A sequência sublinhada destaca a região utilizada para o desenho dos iniciadores..........................................................................................................25

7. Estrutura secundária do RNAr 16S. As regiões conservadas estão representadas pelas linhas em negrito e as variáveis (V1-V9) pelas linhas finas ...................................................................................................................27

8. Figura representativa do teiú (Tupinambis merianae)........................................42

9. Realização da coleta da amostra utilizando swab estéril...................................43

10. Aspecto das culturas de Salmonella em Agar XLT4 (esquerda) e SS (direita) e aspectos das colônias (detalhe).........................................................................44

11. Esquema representativo das principais provas bioquímicas para identificação de Salmonella.....................................................................................................46

12. Representação dos halos de inibição de crescimento pelo método de disco-difusão.......................................................................................................48

13. Esquema de preparação do gel de poliacrilamida com gradiente desnaturante utilizando um “gradient maker”, sistema para produção do gradiente linear...................................................................................................52

14. Prevalência dos Sorotipos de Salmonella enterica encontrados nos 26 animais positivos da 1° análise................................................................................56

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15. Eletroforese em gel de agarose dos produtos da PCR das amostras dos teiús e serpentes, (A) utilizando os iniciadores ST11GC-ST15 (469 pb); (B) iniciadores F357GC-R518 (200 pb) e (C) iniciadores F984GC-R1378 (473 pb); 1, Marcador de peso molecular pGEM® (Promega); 2, Salmonella Carrau; 3, S. Rubislaw; 4, S. Agona; 5, S. Infantis; 6, S. Saintpaul; 7, S. Panama; 8, S. Brandenburg; 9, S. I (O:6,14,24); 10, S. I (O:6,7:-:1,5); 11, S. I (O:6,14,24:y:-); 12, Salmonella sp. ‘Rugosa’; 13, Salmonella sp. ‘Rugosa’; 14, S. Gaminara ; 15, S. Newport; 16, S. IV (O:61:c:1,5); 17, S. IIIb (O:47); 18, S. I (O:4,5:b:-); 19, S. I (O:4,5); 20, S. I (O:11:r:-).............................................................................................................62

16. DGGE dos produtos da PCR, (A) utilizando os iniciadores ST11GC-ST15; (B) iniciadores F357GC-R518 e (C) iniciadores F984GC-R1378; 1, Salmonella sp. ‘Rugosa’; 2, S. I (O:6,14,24:y:-); 3, S. Rubislaw; 4, S. Panama; S. I (O:6,7:-:1,5); 6, S. Infantis; 7, S. Agona; 8, S. Brandenburg; 9, S. I (O:6,14,24); 10, S. Carrau; 11, S. Saintpaul; 12, Salmonella sp. ‘Rugosa’; 13, S. Newport; 14, S. I (O:11:r:-); 15, S. IV (O:61:c:1,5); 16, S. Gaminara ; 17, S. I (O:4,5:b:-); 18, S. IIIb (O:47); 19, S. I (O:4,5)..........................................................................................................65

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LISTA DE SIGLAS

A Adenosina

AMP Monofosfato de Adenosina

C Citosina

Clֿ Íon cloreto

DCB Departamento de Ciências Biológicas

DGGE Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante

DNA Ácido Desoxirribonucleico

GM-CSF Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos e Macrófagos

G Guanina

HCO3ֿ Íon hidrogenocarbonato

IL Interleucina

IFN Iterferon

K+ Potássio

MCP Proteína Quimiotactante de Monócitos

Na+ Sódio

pb Pares de Base

PCR Reação da Polimerase em Cadeia

pH Potencial Hidrogeniônico

RNA Ácido Ribonucleico

rpm Rotações por minuto

UESC Universidade Estadual de Santa Cruz

TAE Tris-Base, Ácido Acético e EDTA

T Timina

TNF Fator de Necrose Tumoral

V Volts

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SUMÁRIO

RESUMO.....................................................................................................VI ABSTRACT.................................................................................................VII

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................1

1.1. Objetivos ................................................................................................3

2. A SALMONELLA........................................................................................4

2.1. Morfologia e Taxonomia........................................................................4

2.2. Importância Epidemiológica.................................................................6

2.3. Patogênese da Infecção por Salmonella.............................................9

2.4. Imunidade dos Animais à Salmonella.................................................14

2.5. Detecção de Salmonella.......................................................................15

2.5.1. Detecção Microbiológica.........................................................................16

2.5.1.1. Identificação Bioquímica....................................................................19

2.5.1.2. Detecção sorológica...........................................................................20

2.5.2. Detecção Molecular.................................................................................21

2.5.2.1. Reação da Polimerase em Cadeia.....................................................21

2.5.2.2. Caracterização Molecular...................................................................26

2.6. Prevenção da Salmonelose...................................................................31

2.7. Tratamento da Salmonelose.................................................................32

2.7.1. Sensibilidade a Antibióticos.....................................................................33

2.8. Salmonella em Répteis..........................................................................35

2.8.1. O Teiú......................................................................................................40

3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................42

3.1. Amostragem...........................................................................................42

3.2. Cultivo e Identificação da Salmonella..................................................43

3.3. Teste de Sensibilidade a Antibióticos..................................................47

3.4. Análise Estatística.................................................................................48

3.5. Reação da Polimerase em Cadeia (PCR).............................................48

3.5.1. Extração do DNA.....................................................................................48

3.5.2. Iniciadores................................................................................................49

3.5.3. Amplificação ............................................................................................50

3.5.4. Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante (DGGE)....................51

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4. RESULTADOS E DISCUSSÂO..................................................................53

4.1. Análise Bacteriológica..........................................................................53

4.2. Sorotipagem......................................................................................55

4.3. Antibiograma..........................................................................................58

4.4. Caracterização Molecular......................................................................61

5. CONCLUSÕES............................................................................................68

REFERÊNCIAS...........................................................................................69

ANEXO........................................................................................................83

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1. INTRODUÇÃO

O Teiú é um dos maiores lagartos encontrados em território brasileiro, sendo

economicamente importante devido ao alto valor de sua pele. Além disso, a

população do interior do país, assim como os povos indígenas, utilizam a carne

deste animal como fonte de proteína em sua dieta, e sua gordura para fins

medicinais.

A salmonelose é um dos mais importantes problemas de saúde pública,

afetando mais pessoas e animais que qualquer outra simples doença. O habitat

natural dos membros do gênero Salmonella é o intestino de vertebrados de sangue

quente e sangue frio, de onde os microrganismos são disseminados em ambientes

podendo prontamente sobreviver e se multiplicar. É normalmente difícil avaliar a

situação da salmonelose em países em desenvolvimento devido à escassez de

estudos e da falta sistemática da vigilância epidemiológica.

Répteis de vida livre bem como domesticados têm sido demonstrados como

reservatórios de Salmonella. Estes animais podem portar o agente sem demonstrar

qualquer sinal clínico. Estima-se que 60 a 90% de todos os répteis portam e

disseminam Salmonella continuamente, porque ela faz parte de sua microbiota

intestinal normal.

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No Brasil, poucos estudos epidemiológicos têm sido realizados demonstrando

a prevalência de Salmonella spp. em répteis. Essas informações são de grande

importância, visto que no Brasil grande parte da população vive no meio rural e em

tribos indígenas, consumindo a carne de animais silvestres, assim como os répteis,

sem saber sobre o grande risco de contrair infecções por Salmonella, caso a carne

não seja devidamente preparada e cozida. A carência de pesquisas sobre a

prevalência de Salmonella em répteis no município de Ilhéus/BA, como também em

todo país, motivou-nos a estudá-la, a fim de verificar quais são os sorotipos mais

freqüentes isolados de teiús nessa região.

O uso crescente de antibióticos por criadores e vendedores no tratamento

profilático de animais pode contribuir para o desenvolvimento de cepas de

Salmonella resistentes a antibióticos, que podem causar infecções que não

respondam a antibioticoterapia. O monitoramento da susceptibilidade a

antimicrobianos da Salmonella é importante para substanciar a escolha de

antimicrobianos para o tratamento da salmonelose clínica e para avaliar o risco de

transferência de Salmonella para o homem.

Em microbiologia clínica, a identificação rápida e correta dos agentes

infecciosos é um requisito essencial para o diagnóstico e a posterior aplicação de

um tratamento adequado. Assim, técnicas moleculares têm sido desenvolvidas com

o intuito de aumentar a especificidade e sensibilidade dos diagnósticos, reduzindo

tempo, custos e a subjetividade de protocolos microbiológicos.

As atividades de elucidação de agentes de enfermidades transmitidas por

répteis devem ser sistematizadas pela notificação destes eventos. As informações

de expostos/afetados, período de incubação e sinais e sintomas prevalentes são de

importância para que programas de controle sejam mais específicos e eficazes.

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Assim, a ameaça imposta por zoonoses de répteis merece mais consideração e

estudos, pois o contato com estes animais consiste em uma grande ameaça a saúde

pública.

1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo Geral

• Estimar a prevalência de infecções por Salmonella em Teiús (Tupinambis

merianae) criados em cativeiros e diferenciar os sorotipos utilizando a técnica da

PCR-DGGE.

1.1.2. Objetivos Específicos

• Identificar os sorotipos;

• Verificar a sensibilidade dos isolados à uma seleção de antibióticos;

• Analisar os riscos do consumo e manipulação desses animais;

• Verificar a capacidade dos iniciadores ST11-ST15, F357-R518 e F984-R1378 em

diferenciar sorotipos de Salmonella pela PCR-DGGE.

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2. A SALMONELLA

2.1. Morfologia e Taxonomia

O gênero Salmonella, pertencente à família Enterobacteriaceae, é composta

por bactérias anaeróbias facultativas, gram-negativas em forma de bacilos, que

possuem tipicamente 0,7 à 1,5µm de lagura e 2 à 5µm de comprimento, embora

longos filamentos possam ser formados (Pelczar, 1997).

A classificação atual do gênero Salmonella é baseada em características

bioquímicas e homologia de DNA (Aabo, 1993) que divide o gênero Salmonella em

duas espécies: Salmonella enterica, que está dividida em seis subespécies, e

Salmonella bongori. A sorotipagem é usada para identificar esse microrganismo

além do nível de subespécie, a partir de um esquema desenvolvido por Kauffman e

White (Brenner et al., 2000), que divide o gênero em tipos sorológicos (sorotipos ou

sorovares), tendo por base a composição antigênica das Salmonellas com relação

aos seus antígenos “O” (somático), “Vi” (capsular – presente em alguns sorotipos) e

“H” (flagelar), estando o antígeno “O” relacionado com a virulência da Salmonella

(Brenner et al., 2000; Tindall et al., 2005). Quando uma cepa não expressa o

antígeno O, esta é designada como variante “Rugosa” no lugar do antígeno O na

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sua fórmula antigênica. Uma outra variante que impede a sorotipagem da

Salmonella é a “Mucoide” que expressa uma cápsula, impedindo a detecção

também do antígeno O, sendo também designada no local do antígeno O em sua

fórmula antigênica (CDC, 2005).

A caracterização antigênica da Salmonella é uma poderosa ferramenta

epidemiológica. Entretanto, não é amplamente utilizada por laboratórios de

diagnóstico de processos infecciosos, o que restringe um melhor conhecimento da

dinâmica de circulação deste patógeno. Atualmente, o gênero é composto por cerca

de 2.541 (CDC, 2005) sorotipos diferentes, sendo aproximadamente 60%

pertencentes a Salmonella enterica subespécie enterica (I), que coloniza o trato

entérico de animais de sangue quente, sendo responsáveis por 99% das infecções

humanas, enquanto que os outros 40% pertencem às outras subespécies salamae

(II), arizonae (IIIa), diarizonae (IIIb), houtenae (IV), indica (VI) e à espécie S. bongori,

estas comumente encontradas em animais de sangue frio e no ambiente (Brenner et

al., 2000; Solari et al., 2003). Os sorotipos de Salmonella podem estar estritamente

adaptados a um hospedeiro ou podem ser encontrados em um grande número de

espécies animais (Tabela 1) (Baumler, 1998; Campos, 1999).

Para pesquisa veterinária e humana as cepas mais importantes pertencem a

S. enterica subsp. enterica como habitantes de animais sangue-quente. A

nomenclatura da Salmonella é complexa, com cientistas que usam muitos sistemas

diferentes. Anteriormente a cepa descrita, por exemplo, como Salmonella enterica

subsp. enterica serovar Typhimurium é atualmente chamada de Salmonella

Typhimurium, utilizando uma nova designação do CDC que encurta os nomes

(Brenner et al., 2000).

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Tabela 1. Exemplos de Salmonella e seus hospedeiros

Hospedeiro Sorotipos

Humano S. Typhi, S. Paratyphi, S. Sendai, S.

Schottmuelleri, S. Hirschfeldii

Bovino S. Dublin

Suino S. Choleraesuis, S. Typhisuis

Frango S. Pullorum, S. Gallinarum

Ovino S. Abortusovis

Equino S. Abortusequi

Fonte: (Baumler, 1998)

Entretanto existem sorotipos que, embora não sejam adaptados a alguma

espécie hospedeira, pode causar a doença tanto em humanos como em outros

animais. As mais importantes são S. Typhimurium e S. Enteretidis, que têm sido

envolvidas em muitos surtos de salmonelose (CDC, 2005).

2.2. Importância Epidemiológica

A Salmonella tem sido recuperada a partir do intestino de um grande número

de animais incluindo peixes, répteis, aves, e mamíferos (Wray; Sojka, 1977; Cox et

al., 1999). A sua excreção com as fezes pode comtaminar água, solo, outros

animais e alimentos. Os animais são infectados pelo contato direto, pelo contato

com as fezes de animais infectados ou com água e alimentos contaminados. Um

estudo americano indicou que a grande maioria (95%) dos casos de salmonelose

em humanos foram transmitidos por alimentos, e que crianças, idosos, gestantes e

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pessoas imunodeprimidas fazem parte do grupo de risco à infecção (Olsen et al.,

2001). A figura 1 mostra o número de casos de salmonelose humana reportados em

24 países da Europa de 1998 a 2003, onde mais de 80% dos casos foram causados

pela S. Enteretidis e S. Typhimurium (Fisher, 2004).

Perdas financeiras resultantes de infecções por Salmonella são

consideráveis. Em 1996 o Serviço de Recursos Econômicos dos Estados Unidos

(ERS) estimou que infecções por Salmonella, veiculadas por alimentos, em

humanos causaram um custo total de $0.6 a $3,5 bilhões de dólares anualmente em

despesas médicas e perdas na produtividade (Dargatz et al., 1998).

Atualmente, cerca de 1,4 milhão de casos de salmonelose ocorre a cada ano

nos EUA, resultando em cerca de 600 mortes. Apenas 2,5% desses casos são

isolados e sorotipados (Brenner et al., 2000). No Brasil, entre os anos de 1999 e

2003 foram notificados 724 surtos de salmonelose, onde 654 foram por Salmonella

spp., 55 S. Enteretidis, 10 S. Typhi e 5 por S. Paratyphi (Salmonella spp., 2007).

Uma grande variedade de alimentos tem sido implicada como veículo de

020000

400006000080000

100000

120000140000160000180000

200000220000

1998 1999 2000 2001 2002 2003

Anos

Nº.

de

Cas

os

No

tifi

cad

os

Enteretidis

Typhimurium

Outras

Figura 1. Prevalência da S. Enteretidis, Typhimurium e outros sorotipos na Europa de 1998-2003.

Fonte: (Adaptado de Fisher, 2004)

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transmissão da salmonelose, incluindo carne, ovos, leite, frutas, sucos e vegetais. A

contaminação pode ocorrer ao longo da cadeia produtiva do alimento incluindo

produção, beneficiamento, distribuição, venda em mercados, manuseio e preparo

(Olsen et al., 2001; Zhao et al., 2003).

A resistência das Salmonellas às adversidades ambientais é um ponto de

destaque na epidemiologia das toxinfecções alimentares, pois esta se mantém

virulenta por 89 dias em água de tanques, 120 dias em solo seco, 280 dias em

gramados, 28 meses em fezes de aves, 30 meses em fezes de vaca e de répteis

(Grespan, 2001; Vasconcellos, 2001; Laidlaw, 2003).

Registra-se em todo mundo aumento da incidência de salmonelose humana

causada por S. Enteritidis, principalmente por ser veiculada por aves e ovos. Este

sorotipo também é importante por também causar infecções extra-intestinais muitas

vezes fatais (Lírio et al., 1998; Hamada et al., 2003). Em São Paulo ocorreu um

aumento no número de casos de salmonelose de 1992 a 1996 de aproximadamente

5% para mais de 50%. Alimentos de origem animal continuam sendo os principais

responsáveis pelas infecções por Salmonella, demonstrando o risco que este

alimento representa à saúde pública, se consumidos mal cozidos, indevidamente

manipulados ou deteriorados (Lírio et al., 1998).

A produção industrial de alimentos de origem animal e o intercâmbio

comercial intensivo de animais e produtos destinados ao consumo humano têm

favorecido a introdução e disseminação de novos sorotipos de Salmonella na cadeia

alimentar. Alguns estão associados a diferentes fontes específicas de contaminação,

e são isolados em uma área específica, outros podem ser freqüentemente isolados

em diferentes países, a exemplo da S. Typhimurium e S. Enteritidis (Almeida et al.,

2000).

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2.3. Patogênese da Infecção por Salmonella

A salmonelose caracteriza-se por uma enfermidade aguda, apresentando

variações geográficas na freqüência dos sorotipos, atingindo a sua maior incidência

em populações com baixa qualidade de higiene que não contam com medidas de

saúde públicas satisfatórias (Gutiérrez-Cogco et al., 2000).

A patologia de infecções por Salmonella é extremamente variável. Sua

severidade é influenciada pelo sorotipo, virulência, resistência natural ou adquirida

do hospedeiro, rota e quantidade da dose infectante (Reed et al., 1986). Embora a

Salmonella possa entrar no corpo através da faringe, trato respiratório ou

conjuntivas, a bactéria usualmente infecta o hospedeiro por via oral e se deposita no

intestino, onde invadem os enterócitos (Wray; Sojka, 1977). A maior parte das

infecções por Salmonella está confinada a região gastrintestinal, e são geralmente

erradicadas por mecanismos de defesa natural dos hospedeiros. Estas defesas são

importantes na resistência à colonização e invasão intestinal. Em indivíduos

saudáveis, o número de Salmonella ingerido é reduzido no estômago, que tem uma

acidez normal de pH menor que 3,5, sendo letal para ela. A motilidade intestinal

também protege o intestino por arrastar a Salmonella ingerida. A microflora normal,

provavelmente protege o intestino por meio de microrganismos anaeróbios que

liberam cadeias de peptídeos (lactoferrina e lisozima) que são nocivos à Salmonella,

e a secreção de anticorpos de mucosa (IgA) também protege o intestino contra esse

patógeno (Giannella, 2000; Laidlaw, 2003).

Como em outros bacilos Gram-negativos, o envelope celular da Salmonella

contém um complexo de lipopolissacarídeos (LPS) estrutura que é liberada na lise

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dos microrganismos. O LPS funciona como uma endotoxina, e é importante na

determinação da virulência dos organismos, além de ser responsável pela

especificidade do antígeno O. Eles provocam febre, ativam o sistema complemento,

sistemas de coagulação, depressão na função do miocárdio, e altera a função

linfocítica (Giannella, 2000).

Para ser completamente patogênica, a Salmonella deve possuir uma

variedade de atributos chamados fatores de virulência. Estes incluem a habilidade

de invadir células, uma camada completa de lipopolissacarídeos, habilidade de se

replicar intracelularmente, e possibilidade de produzirem toxinas (Giannella, 2000).

Pesquisas indicam que o locus inv, encontrado em várias espécies de Salmonella e

está relacionado com a aderência e invasão de células, sendo homólogo a fatores

de virulência em outros patógenos (Finlay, 1994).

A estratégia de virulência comum a Salmonella é invadir a mucosa intestinal,

onde os tecidos linfóides associados ao intestino (Placas de Peyer’s) tentam limitar a

multiplicação da bactéria. Se este mecanismo de defesa não obter sucesso, a

Salmonella é drenada dos tecidos intestinais infectados para linfonodos regionais,

onde entram em contato com os macrófagos que revestem os ductos linfáticos. Se

esses mecanismos de defesa limitarem com sucesso a expansão bacteriana, a

infecção permanece localizada no intestino e as bactérias são incapazes de se

propagar. Caso contrário, a Salmonella pode causar bacteremia. A figura 2 mostra

um esquema de três diferentes caminhos da infecção por Salmonella; infecções por

via oral, intravenosa e intraperitoneal. Depois de uma infecção localizada, os

patógenos se disseminam pelo corpo a partir do tecido linfóide associado ao

intestino via ductos linfáticos eferentes e torácico até a veia cava (Baumler et al.,

2000).

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Figura 2. Esquema da infecção por Salmonella por diferentes vias de administração (oral, intraperitoneal e intravenosa).

Fonte: (Baumler, 2000).

A figura 3 mostra que após a invasão do intestino, a maioria das Salmonellas

induz uma resposta inflamatória aguda, que pode causar destruição do epitélio e

ulcerações. A invasão na mucosa intestinal leva as células epiteliais a sintetizar e

liberar várias citocinas pré-inflamatórias incluindo: IL-1; IL-6; IL-8; TNF-2; IFN-U;

MCP-1 e GM-CSF. Esta resposta inflamatória aguda causa sintomas como febre,

apatia, dor abdominal, e diarréia (Giannella, 2000; Laidlaw, 2003).

Infecção

sistêmica

Infecção

localizada

Infecção oral

Colonização do intestino delgado

Invasão dos enterócitos e entrada nas

Placas de Peyer

Drenagem para linfonodos

mesentéricos

Infecção

intraperitoneal

Drenagem para

linfonodos

mediastinais

Disseminação via ducto torácico até

grandes vasos

Sobrevivência e multiplicação em

macrófagos de fígado e baço

Sangue Infecção

intra venosa

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A invasão da mucosa intestinal é seguida pela ativação da adenilciclase (AC),

resultando no aumento dos níveis de AMP-cíclico e induzindo secreção de fluidos

devido ao desequilíbrio hidroeletrolítico (H2O, Na+, Clֿ, K+, HCO3ֿ) (Figura 4). O

mecanismo pelo qual adenilciclase é estimulada não é bem conhecido, podendo

envolver o local de síntese de prostaglandinas ou outros componentes da reação

inflamatória. Em adição, cepas de Salmonella elaboram uma ou mais enterotoxinas

como substâncias que podem estimular secreção intestinal, agravando ainda mais a

diarréia (Giannella, 2003).

Durante a infecção de ratos com S. Enteretidis, aproximadamnete 80% das

bactérias que sobreviveram a passagem através do estômago são liberadas com as

fezes dentro de 6 a 10 horas após a infecção. Aproximadamente 15% permanecem

localizadas no lúmen do ceco e intestino grosso, e somente 5% conseguem penetrar

na parede do intestino delgado (Carter; Collins, 1974).

Figura 3. Invasão da mucosa intestinal pela Salmonella (setas pretas). Notar a destruição da mucosa após a invasão (setas vermelhas).

Fonte: (Gianella, 2000)

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Em mamíferos, folículos linfáticos do intestino delgado estão agrupados nas

Placas de Peyer. Estes funcionam como principal porta de entrada para a

Salmonella, e sua colonização contribui com o desenvolvimento da doença durante

as infecções localizadas e sistêmicas. O fígado e o baço geralmente se encontram

aumentados durante a infecção sistêmica (Baumler et al., 2000). Se a resposta

imune local nos tecidos associados ao intestino é eficiente, uma distribuição

equilibrada pode aparecer conduzindo a colonização ou até mesmo comensalismo

das bactérias. Isto significa que os microrganismos sobrevivem no animal sem

causar uma resposta imune específica ou uma infecção (Casadevall; Pirofski, 2000).

De acordo com a patogênese, a salmonelose pode apresentar-se de várias

formas, como febre entérica, gastroenterite, septicemia (infecção generalizada),

infecções focais, e até mesmo um estado assintomático (Giannella, 2000;

Casadevall; Pirofski, 2000; Baumler et al., 2000). É uma doença aguda de variável

Figura 4. Demonstração esquemática do desenvolvimento da diarréia em uma infeção por Salmonella.

Fonte: Elaborado a partir de Gianella (2000).

Citocinas

Enterotoxinas

ATP ATP

AMPc AMPc

AC AC

INATIVA ATIVA

AC AC

H O2 Na+

CL-K+

HCO3

H O2

HCO3

K+

Na+

Cl-

ENTERÒCITO

MEMBRANACELULAR

LUZ INTESTINAL

INFLAMAÇÃO

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severidade comumente manifestada por náuseas, vômitos, dores abdominais e

diarréia (com ou sem sangue), geralmente é autolimitante, mialgia, cefaléia, febre

(38º a 39ºC) e calafrios são comuns, no entanto, o sintoma patognomônico é a

diarréia. Outros sintomas são sonolência e prostração (Meehan, 1996; Woodward et

al., 1997; Giannella, 2000; Mermin, 2004). A Salmonella pode ser transportada

pelos ductos linfáticos dos linfonodos regionais e migrar para os vasos sanguíneos

eferentes, caindo na circulação sanguínea, causando septicemia, meningite,

encefalite e osteomielite, podendo levar à morte (Woodward et al., 1997; Mermin,

2004). O período de incubação da Salmonella é de 12 a 72 horas, mas pode se

extender por até uma semana. Em alguns surtos, onde um grande número de

microrganismos são ingeridos, períodos de incubação tão curtos quanto 02 horas e

30 minutos têm sido reportados (DDTHA/CVE, 2005).

2.4. Imunidade dos Animais à Salmonella

O sistema imune consiste em duas grandes categorias, imunidade natural e

específica. Imunidade natural ou não-específica inclui as barreiras físicas e

químicas, componentes do soro, assim como sistema complemento, células de

defesa não-específicas, como neutrófilos polimorfonucleares, macrófagos e células

natural killer (Portnoy, 1992). A imunidade específica ou adquirida está dividida em

dois tipos, imunidade humoral e celular. Os anticorpos, produzidos pelos linfócitos B,

provêm a função efetora ativa para a imunidade humoral. Esses anticorpos

protegem o hospedeiro contra infecções pela ligação à superfície do organismo

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infectante impedindo a invasão das células hospedeiras (Michetti et al., 1992), e

aumentando sua fagocitose (Johnson et al., 1985). A imunidade celular é mediada

por Linfócitos T e estas células podem também possuir função efetora (Linfócitos T

citolíticos) ou função reguladora (células T auxiliares e supressores) pela

modificação e ativação das células B ou outras células T. Este componente da

resposta imunológica é importante na proteção contra patógenos intracelulares,

como os vírus, parasitas e algumas espécies bacterianas, e atua pela eliminação

direta da célula hospedeira infectada ou pela ativação de células fagocíticas de

defesa (Schat, 1993). Ambas imunidades humoral e celular parecem atuar na

proteção contra a infecção por Salmonella, embora ainda seja controversa a

importância de cada uma delas em proteger o hospedeiro (Mastroein, 1993).

2.5. Detecção de Salmonella

A confirmação do diagnóstico faz-se pelo isolamento do agente etiológico das

matérias fecais do paciente ou do alimento suspeito através de provas bioquímicas e

sorológicas, ou ainda através de alguns métodos de detecção rápida, como enzyme-

liked immunoassay (ELISA), imunodifusão, hibridização de DNA, hemoaglutinação e

imunoflorescência, mas muitos destes métodos falham na especificidade (Rahn et

al., 1992; Aabo et al., 1993; Burkhalter et al., 1995). Todos estes sistemas de rápida

detecção requerem pré-enriquecimento seguido por enriquecimento seletivo e um

pós-enriquecimento (Rahn et al., 1992).

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O método de cultivo tradicional para Salmonella envolve um mínimo de três

dias para amostras negativas e cinco dias para confirmação de amostras positivas

desde o pré-enriquecimento até a confirmação bioquímica (Bailey et al., 1994; Lantz

et al., 1994; Trkov; Avgustin, 2003). Para uma análise bacteriológica, as condições

em que as amostras são transportadas e a escolha dos meios de cultivo podem

drasticamente afetar os níveis de recuperação de Salmonella. Os protocolos

rotineiros podem, certamente, subestimar a real prevalência de alguns biotipos tais

como, lactose positivos e S. enterica subsp. IIIa e IIIb, que requerem meios

especiais para não serem confundidos com coliformes (Tang et al., 1998; Corrente

et al., 2004). Assim para controlar uma infecção com eficiência, a utilização de um

rápido e preciso teste de diagnóstico é necessário .

A Salmonella pode ser isolada a partir de fezes, pele, cavidade oral, vísceras

e qualquer superfície que o hospedeiro tenha tido contato (Martino, 1999; Fegan et

al., 2005).

2.5.1 Detecção Microbiológica

O isolamento por meio da cultura de Salmonella é muito comum na produção

animal e indústrias de alimentos. A maioria dos métodos microbiológicos foi

desenvolvida para o diagnóstico clínico de salmonelose em humanos e animais

(Flowers et al., 1992).

Salmonella pode crescer a uma temperatura que varia de 2 a 54°C. Embora

cresça abaixo de 7°C, essa propriedade tem sido amplamente observada somente

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quando cultivada em meios bacteriológicos, não em alimentos. Enquanto que, o

crescimento acima de 48°C é confinada a cepas mutantes. A ótima temperatura para

seu crescimento é 37°C. A ecologia natural de muitas cepas de Salmonella que

preocupam a saúde pública é o trato grastrointestinal de animais de sangue-quente

(Cox et al., 1999; Brenner et al., 2000). O pH ótimo para o crescimento da

Salmonella está entre 6,5-7,5, mas podem crescer em pH que varie de 4,05-9,5

(limites máximos) em meio líquido (Cox et al., 1999).

Um grande número de meios para pré-enriquecimento tem sido proposto. O

Caldo Lactosado (LB) foi, talvez, o primeiro a ser amplamente utilizado. Mas este foi

alvo de críticas, pois a fermentação da lactose acaba por acidificar o meio a níveis

inibitórios ou letais a Salmonella (Hiker, 1975). A Água Peptonada Tamponada

(APT) tem sido usada por não possuir um açúcar fermentável. Fricker (1987) propôs

que a APT é mais apropriada que o LB para o isolamento da Salmonella.

Meios de enriquecimento seletivo são formulados para inibir seletivamente

outras bactérias enquanto permite que a Salmonella se multiplique a níveis

detectáveis. Atualmente existem três principais tipos de caldos para enriquecimento

seletivo: Tetrationato, Selenito-Cistina e Rappaport-Vassiliadis (RV) (Nascimento et

al., 2000). Alguns pesquisadores preferem utilizar o Selenito (Cox et al., 1972),

enquanto outros preferem o Tetrationato (Cherrington et al.,1993) ou o RV (Bager;

Petersen, 1991). A superioridade de um caldo sobre outro é variável. Segundo

alguns autores, melhor que os resultados apresentados por um caldo sobre outro,

seria a utilização combinada dos mesmos (Nascimento et al., 2000).

Meios para plaqueamento não podem ser julgados somente por sua

capacidade seletiva, mas também por sua habilidade em diferenciar colônias de

Salmonella de outras bactérias. Diferentes tipos de meios foram desenvolvidos para

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o isolamento de Salmonella, de onde as colônias suspeitas podem ser utilizadas

para futuras investigações (Nascimento et al., 2000). A Tabela 2 resume a aparência

das colônias de Salmonella em uma variedade dos mais frequentemente meios de

cultivo utilizados.

O ágar Xilose Lisina Tergitol 4 (XLT4) tem sido apontado como um dos mais

específicos na identificação da Salmonella, e com uma sensibilidade equivalente ao

Agar Entérico Hektoen (HE) (Dusch; M Altwegg, 1995). Nascimento et al. (2000)

relatou que o ágar Salmonella-Shigella (SS), o ágar Xilose Lisina Desoxilato (XLD) e

o HE quando associados entre si aumentam a sensibilidade na detecção de

Salmonella.

Tabela 2. Aparência da Salmonella nos meios seletivos mais comumente usados

Meio de Cultura Aparência das colônias de Salmonella

Agar Sulfito de Bismuto Preta metálica brilhante

Agar Verde Brilhante Vermelha

Agar Entérico Hektoen (HE) Azul-esverdeado com centro negro

Agar MacConkey Clara

Agar Rambach Vermelho com bordas pálidas

Agar Salmonella-Shigella (SS) Clara com centro negro

Agar Xilose Lisina Desoxilato (XLD) Vermelha

Agar Xilose Lisina Tergitol 4 (XLT4) Vermelha com centro negro

Fonte: Elaborado a partir de Littell (1977).

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2.5.1.1. Identificação Bioquímica

Colônias típicas de Salmonella encontradas em ágar seletivo devem ser

confirmadas por testes bioquímicos. Os principais testes para a identificação de

Salmonella estão listados na Tabela 3. Testar todas estas reações requer

consideráveis recursos. Consequentemente, é frequente o uso de meios compostos

como o ágar de três açúcares e ferro (TSI), que contém glicose, lactose e sacarose,

um sistema para detecção de H2S (sulfeto) e um indicador de pH (Koneman et al.,

2001).

Tabela 3. Reações bioquímicas típicas de Salmonella spp.

Teste Reação Teste Reação

Fermentação de: Redução do Nitrato + Glicose + Oxidase - Manitol + Oxidação/Fermetação F Maltose + Hidrólise da Uréia - Lactose - Indol - Sacarose - Produção de H2S + Salicina - Utilização do Citrato + Adonitol - Malonato de Sódio - Duleitol + Crescimeto em KCN - Lisina Descarboxilase + MR + Arginina Dihidrolase + VP - Ornitina Decarboxilase + Liquefação de Gelatina - Deaminação da

Fenilalanina -

KCN- Cianeto de Potássio; MR- Vermelho de Metila; VP- Voges-Proskauer; F-Fermenta Fonte: (Koneman et al., 2001).

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2.5.1.2. Detecção Sorológica

Estruturas antigênicas presentes na superfície de bactérias podem ser

identificadas pela utilização de soro poli ou monovalente. Os antígenos Somático

(O), Flagelar (H) e Capsular (Vi) da Salmonella causam aglutinação das colônias no

soro e os sorotipos podem então ser identificados (Brenner et al., 2000). A

sorotipagem é mundialmente utilizada na classificação das salmonelas, mas este

método tem um limitado poder discriminatório e não revela relações filogenéticas

das cepas de mesmo sorotipo ou entre sorotipos diferentes (Sukhnanand et al.,

2005), além de estar sendo implicado como caro, laborioso e requerente de mais de

150 soros específicos, o que a torna indisponível para a maioria dos laboratórios,

justificando a pouca notificação dos casos e surtos (Baudart et al., 2000; Sonne-

Hansen; Jenabian, 2005).

A habilidade da Salmonella em transferir, adquirir e recombinar os genes da

flagelina fase 1 (fliC) e para o antígeno O (rfb) pode explicar a existência de tão

grande número de sorotipos, mas este é apenas mais uma das limitações da

sorotipagem. De fato, estudos revelam que cepas de mesmo sorotipo podem estar

distantemente relacionadas (Lagatolla et al., 1996). As mudanças epidemiológicas

das infecções por Salmonella e a emergência de novas cepas (ex. S. Typhymurium

DT104 e S. Newport resistentes a múltiplas drogas) torna imperativo o

desenvolvimento de novos métodos de subtipagem, que não apenas discriminem os

subtipos mas que também possa ser usado em análises evolutivas (Sukhnanand et

al, 2005).

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2.5.2 Detecção Molecular

As provas moleculares apresentam as vantagens de serem altamente

específicas e usadas em condições adversas para detectar um gene ou seqüências

de ácidos nucléicos de um organismo particular ou de um grupo de organismos;

serem usadas para detectar e identificar organismos sem a necessidade de cultivo e

isolamento em cultura pura, descartando a subjetividade dos testes microbiológicos;

serem designadas e usadas para detectar organismos específicos ou grupos

taxonômicos amplificados como é o caso de provas de regiões alvo da molécula de

RNA ribossômico (RNAr) com diferentes níveis de variabilidade (Coutinho et al.,

1999). Durante muito tempo as técnicas moleculares eram caras e laboriosas para

serem executadas de forma rotineira, mas este quadro tem mudado

consideravelmente nos últimos anos (Sonne-Hansen; Jenabian, 2005).

2.5.2.1. Reação da Polimerase em Cadeia

A extraordinária habilidade da Reação da Polimerase em Cadeia (PCR) de

replicar exponencialmente uma determinada sequência de DNA, a tornou uma

poderosa ferramenta para a epidemiologia, medicina e biologia molecular. A PCR é

baseada na capacidade que iniciadores específicos, para determinada região do

DNA de um organismo, tem em anelar somente com a sequência desejada através

da complementariedade de bases. A Taq DNA polimerase, uma enzima responsável

pela extensão do DNA alvo, reconhece o complexo formado pelo iniciador e a fita do

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DNA molde, que resulta na cópia simultânea de ambos os sentidos do segmento do

DNA entre os dois iniciadores anelados. Os passos de desnaturação, anelamento e

extenção ocorrem de forma cíclica, graças a termoestabilidade da Taq DNA

polimerase, até que a sequência alvo se encontre em quantidades detectáveis

(Oste, 1988; Aabo et al., 1993; Van der Zee; Huis, 1997). O princípio da PCR é

explicado na Figura 5. Antes de iniciar o primeiro ciclo no termociclador, o DNA, os

iniciadores, a polimerase, os desoxirribonucleotideos trifosfatados (dATP, dTTP,

dCTP, dGTP), cloreto de magnésio (MgCl2) e um tampão são misturados em um

tubo. Então a sequência alvo do genoma da Salmonella é amplificada pela repetição

de três passos (Kreuzer; Massey, 2002):

I. Desnaturação do DNA fita-dupla em fita-simples por aquecimento;

II. Anelamento específico por complementariedade dos iniciadores ao DNA

fita-simples pelo resfriamento;

III. Extensão enzimática dos iniciadores para produzir uma cópia exata da

sequência alvo fita-dupla.

Este processo do I ao III é usualmente repetido em 30 a 40 ciclos. Depois a

amplificação é confirmada realizando-se uma eletroforese em gel de agarose.

Stone 1994 aperfeiçoou os métodos de detecção de DNA bacteriano através

do PCR em combinação com o enriquecimento das culturas. Antes da PCR é

necessário extrair e purificar o DNA do material testado, pois a amplificação é inibida

por um extenso número de substâncias químicas como componentes alimentares e

ambientais, ácido húmico, urina, sais biliares, meios seletivos usados no isolamento

dos patógenos. A remoção de substâncias inibitórias é um passo importante na

preparação das amostras para a PCR (Rahn et al., 1992; Aabo et al., 1993; Lantz et

al., 1994; Jeníková et al., 2000; Sibley et al., 2003). A PCR tem sido frequentemente

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usada para identificar Salmonella em amostras clínicas e alimentos (Cohen et al.,

1993; Rahn et al., 1992).

Figura 5. Princípio da Reação da Polimerase em Cadeia. Pequenas sequências específicas de DNA (iniciadores) são utilizados para se ligarem às fitas de DNA desnaturado pelo aquecimento. Uma enzima termoestável (DNA polimerase) estende os iniciadores para formar a nova fita complementar

Fonte: (Kreuzer; Massey, 2002).

As principais vantagens da PCR como método de diagnóstico são: a

velocidade e facilidade de utilização; a sua sensibilidade, pois é capaz de amplificar

seqüências a partir de discretas quantidades do DNA-alvo e até mesmo do DNA de

1

2

DNA

DNA polimerase

Desoxirribonucleotídeos

MgCl2

Tampão

Primeiro Ciclo

Desnaturação

+

Anelamento dos

Iniciadores

1

2

Anelamento + Extensão

1

2

2

Segundo Ciclo

1

2

Reação

1

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24

uma única célula (Li et al., 1988); e por sua robustez, ou seja, por permitir a

amplificação de seqüências específicas a partir de material no qual está gravemente

degradado em um meio onde o isolamento de DNA é problemático. Como

desvantagens desta técnica, nota-se a necessidade de informação sobre as

seqüências-alvo de DNA e a infidelidade na replicação do DNA (Strachan; Read,

2002).

Muitos iniciadores têm sido usados na identificação da Salmonella. Alguns

destes foram selecionados a partir de genes associados com a virulência do

microrganismo, como o invA e fimA. O gene invA está relacionado com a

capacidade da Salmonella invadir as células hospedeiras (Rahn et al., 1992; Aabo et

al., 1993; Burkhalter et al., 1995; Cohen et al., 1996) e tem sido considerado como

um dos iniciadores mais específicos para este gênero (Malorny et al., 2003), e o

gene fimA que é encontrado na unidade fimbrial da bactéria (Cohen et al., 1996). Os

iniciadores ST11 e ST15 (Aabo et al., 1993) foram selecionados de uma região,

específica do cromossomo da S. Typhimurium LT2, denominada JEO402-1 de 2,3

kilobases (Figura 6) obtida pela utilização da endonuclease de restrição Sau 3A

(Olsen et al., 1999). Esta região demonstrou ser altamente sensível e específica

para todo o gênero Salmonella, identificando 185 cepas de 93 sorotipos diferentes

através de testes de hibridização cruzada (Olsen et al., 1999). Aabo et al. (1993)

demonstraram que o par de iniciadores ST11-ST15 também é altamente sensível e

específico, não apresentando nenhum resultado falso-positivo quando utilizado com

outras enterobactérias e somente dois sorotipos da Salmonella arizonae (subespécie

IIIa) não foram identificadas, o que não invalida a eficiência dos iniciadores já que

esta subespécie é raramente encontrada em associação a casos humanos.

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Figura 6. Sequência da região JEO402-1 isolado do cromossomo da S. Typhimurium LT2. A sequência sublinhada destaca a região utilizada para o desenho dos iniciadores. Fonte: (Olsen et al., 1999)

ST11 -

ST15 -

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2.5.2.2. Caracterização Molecular

O Sequenciamento de genes e de fragmentos cromossomais ou ribossomais

(16S, 23S e 16S-23S), RFLP (Restriction Fragment Length Polimorphism), MLST

(Multilocus Sequence Typing), PCR Ribotyping, IS200 Fingerprinting, têm sido

utilizados para tentar diferenciar a Salmonella ao nível molecular (Pelkonen et al.,

1994; Sonne-Hansen; Jenaiban, 2005; Sukhnanand et al., 2005). Entretanto, muito

destes métodos tem sido descritos como caros e laboriosos ou pouco sensíveis e

específicos, não diferenciando cepas estreitamente relacionadas. O par de

iniciadores ST11-ST15 tem sido utilizado na identificação de Salmonella,

demonstrando ser altamente conservado dentro deste gênero (Aabo et al., 1993;

Gouws et al., 1998; Maciorowski et al., 2005). Devido a esta característica estes

iniciadores podem ser utilizados, por exemplo, em análises genéticas de filogenia ou

caracterização molecular. Mas, pouco se sabe sobre o real poder destes iniciadores

em diferenciar a Salmonella aos níveis de espécie, subespécie ou sorotipo.

Os RNArs são bastante conservados tanto funcionalmente como em sua

sequência e está associado com regiões de moderada variação (Ward, 2002,

Woese, 1987). Assim, a comparação de sequências de RNAr se tornou uma

poderosa ferramenta para deduzir relações filogenéticas e evolutivas de organismos

(Weisburg et al., 1991), assim como, sua própria identificação (Rodício; Mendoza,

2004).

A molécula amplamente utilizada para análises filogenéticas em procariontes

é a 16S, subunidade menor do RNAr. É um polirribonucleotídeo de

aproximadamente 1500 nucleotídeos, codificado pelo gene rrs (DNAr). Como

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qualquer sequência de cadeia simples, o RNAr 16S se dobra em uma estrutura

secundária que intercala cadeias simples e cadeias duplas (Figura 7) (Rodício;

Mendoza, 2004). O número de cópias do operon ribossômico no genoma bacteriano

varia de 1 a 15, sendo relativamente constante a nível de gênero e espécie (Luz et

al., 1998; Rodício; Mendoza, 2004). Contudo, na maioria dos casos, todas as cópias

do DNAr 16S de um organismo são idênticas ou quase idênticas. O DNAr 16S é a

molécula preferida pelo seu tamanho e por ser melhor manejável experimentalmente

(Rodício; Mendoza, 2004).

Figura 7. Estrutura secundária do RNAr 16S. As regiões conservadas estão representadas pelas linhas em negrito e as variáveis (V1-V9) pelas linhas finas.

Fonte: (Rodício; Mendoza, 2004)

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Por meio da análise do RNAr 16S, Woese (1987) percebeu que o Reino

Procaryota era inválido pelo fato das Eubactérias e Archeobactérias serem tão

distantes entre si como são dos Eucariotos. Assim, introduziu-se o termo Domínio

para substituir o Reino e dividiram-se os organismos celulares em três domínios:

Bacteria, Archea e Eucarya. Desde então, a análise do RNAr 16S tem sido utilizada

para estabelecer relações filogenéticas, causando um grande impacto na

classificação e identificação bacterianas (Rodício; Mendoza, 2004).

Os principais problemas com a identificação e nomenclatura de bactérias são

(Clarridge III, 2004):

1. Bactérias com mesmo genótipo mas fenótipos diferentes (Mycobacterium

tuberculosis ATCC 27294 e M. bovis ATCC 19210);

2. Bactérias com genótipos similares mas fenótipos diferentes (E. coli ATCC

11775 e Shigella dysenteriae ATCC 13313);

3. Bactérias com fenótipos similares mas genótipos diferentes (Nocardia

asteroides ATCC 19247 e N. farcinica ATCC3318);

4. Bactérias muito distantes para pertencerem à mesma espécie

(Enterobacter (Pantoea) agglomerans (bg1) e E. (Pantoea) agglomerans

(bg2));

5. Bactérias muito distantes para pertencerem ao mesmo gênero (Clostridium

tetani ATCC 19406 e C. Innocuum ATCC14501);

6. Bactérias muito próximas para serem de diferentes gêneros (Enterobacter

cloacae ATCC 13047 e Citrobacter werkmanii).

Diversas técnicas têm sido criadas para a análise do RNAr 16S (Leblond-

Bourget et al., 1996; Espejo et al.,1998; Rodício; Mendoza, 2004; McAuliffe et al.,

2005), mas poucas têm sido usadas na caracterização e diferenciação da

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Salmonella em nível molecular. As mais comumente utilizadas para este fim é o

sequenciamento (Woo et al., 2001) e RFLP (Restriction Fragment Length

Polymorphism) (Pelkonen et al.,1994). Contudo, várias pesquisas indicam que a

região RNAr 16S não é adequada para grupos bacterianos proximamente

relacionados (Leblond-Bourget et al., 1996; Cilia et al., 1996). Entretanto, Van Beek

e Priest (2002) otimizaram a separação de Lactobacillus por intermédio da DGGE,

utilizando a região variada V6-V8 do RNAr 16S.

O RNAr 23S tem ganhado destaque por possuir maior número de regiões

variáveis, o que permite análises filogenéticas ao nível de espécie e subespécie. O

estudo desta região pode, portanto, ser usado de forma complementar ao RNAr 16S

(Christensen et al., 1998).

O espaço entre os genes 16S e 23S do DNAr é chamado de ITS (Internal

Transcribed Spacer). Este espaço contém um maior grau de variabilidade do que as

regiões 16S e 23S. Estas variações têm sido utilizadas na diferenciação de espécies

bacterianas e análises filogenéticas (Leblond-Bourget et al., 1996). O estudo desta

região tem sido amplamente realizado para a análise da diversidade de cepas de

Salmonella, encontrando resultados bastante promissores (Baudart et al., 2000;

Christensen et al., 2000).

A Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante (DGGE) tem sido

amplamente utilizada por permitir o estudo filogenético de comunidades microbianas

(Muyzer et al., 1993). A DGGE é baseada na eletroforese dos fragmentos de DNA,

previamente amplificados pela PCR, em gel com gradiente desnaturante. Esses

fragmentos ficam sujeitos a um ambiente com crescentes níveis de desnaturação,

que acabam por promover mudanças conformacionais na molécula, reduzindo sua

migração (Sigler et al., 2004; Ercolini, 2004). Assim, fragmentos com mesmo

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tamanho mas com composição de bases diferentes irão apresentar diferentes

padrões eletroforéticos, diferenciando cada microrganismo (Coutinho et al., 1999;

Ercolini, 2004). Fischer e Lerman (1983) relataram que esta técnica é capaz de

detectar uma simples mudança de base no DNA.

A adição de um grampo contendo 30 a 40 pb GC a um dos iniciadores da

PCR garante que o fragmento de DNA irá permanecer parcialmente como fita-dupla,

impedindo sua completa desnaturação, o que acarretaria a perda da definição dos

padrões eletroforéticos (Sheffield et al., 1989; Ercolini, 2004). Segundo Sheffield

(1989), a adição deste grampo aumentou a capacidade da DGGE em detectar

mudanças em uma única base no DNA.

Em microbiologia ambiental a DGGE tem sido amplamente empregada como

ferramenta para obtenção do perfil de populações microbianas complexas sem a

necessidade de cultivá-las, sendo superior a clonagem com subsequente

sequenciamento (Muyzer; Smalla, 1998). Mas, ainda é muito pouca sua utilização na

identificação e diferenciação de bactérias patogênicas. A região RNAr 16S tem sido

a mais utilizada na DGGE, tanto na microbiologia ambiental quanto na clínica. No

entanto, alguns pesquisadores tem proposto o uso de outros iniciadores mais

específicos quando a análise envolver microrganismos estreitamente relacionados,

pois tem sido demonstrado que outras regiões do genoma bacteriano podem

oferecer melhores resultados na diferenciação de organismos de mesma espécie do

que o 16S RNAr (Ercolini, 2004; Yergeau et al., 2005; Tacão et al.,2005;). Tacão et

al. (2005) conseguiram melhores resultados com a DGGE quando utilizaram uma

região específica para desenhar os iniciadores e, assim, conseguiram diferenciar a

maioria das espécies de Aeromonas. Visto que, a utilização de iniciadores universais

requerem o passo de cultivo das amostras para que somente a espécie alvo seja

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amplificada, com o desenvolvimento de iniciadores específicos, a DGGE pode ser

aplicada diretamente do material clínico, diminuindo custos e o tempo de

processamento.

Uma grande vantagem da DGGE é a possibilidade de comparar múltiplas

amostras em um único gel (Davies et al., 2004). A maior limitação desta técnica é

que seqüências muito grandes podem não ser eficientemente separadas. O produto

do PCR não deve ultrapassar 500 pb, o que acaba limitando as informações para

inferências filogenéticas (Muyzer; Smalla, 1998). Entretanto, Clarridge III (2004)

relatou que sequências de no mínimo 500 pb já são suficientes para análise

filogenéticas.

2.6. Prevenção da Salmonelose

As medidas de controle são de fundamental importância devido ao interesse

do consumidor, cada vez mais exigente, sobre as doenças transmitidas por

alimentos. O controle da Salmonella se apresenta como um desafio a toda indústria

de alimentos. É importante ressaltar que este controle está baseado no

conhecimento detalhado da epidemiologia da infecção e em um programa de

controle específico para cada empresa.

Existe no mercado uma vacina bastante efetiva contra febre tifóide. Mas, ela

não é eficaz para o restante das espécies não-tifoidais. Todo alimento deve ser

tratado contra a SalmoneIla antes da distribuição, realizar práticas para reduzir

contaminação cruzada de carcaças de animais (Cordano; Virgilio, 1996),

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providenciar treinamento em práticas de higiene para todos os manipuladores de

alimentos, restaurantes, e matadouros e expandir programas de vigilância sanitária.

O correto cozimento e refrigeração dos alimentos também são efetivos no controle

da salmonelose (Giannella, 2000). A exemplo disso, foi observada uma baixa

prevalência de Salmonella em abatedouros que empregam programas rigorosos de

higiene (Rheault; Quessy, 1999). Manipuladores de répteis devem lavar suas mãos

imediatamente após contato direto ou indireto. Os aquários e as jaulas dos répteis

devem ser devidamente limpos em locais onde não ocorra preparação de alimentos

para consumo humano. Os répteis devem ficar confinados em seus aquários ou

jaulas e não terem livre acesso para áreas ocupadas por pessoas, principalmente

crianças (Woodward et al. 1997).

2.7. Tratamento da Salmonelose

O tratamento geral para salmonelose é a reposição de fluidos via oral ou

intravenosa, controle da dor, náuseas e vômitos. A terapia específica consiste na

administração de antibióticos (Giannella, 2000). Os antibióticos geralmente não são

recomendados para a terapia de gastroenterites não invasivas causadas por

Salmonella não tifoidal, porque a terapia não restringe a doença, a menos que

meningite ou infecções complicadas ocorram. Além disso, a antibioticoterapia pode

prolongar a liberação de bactérias pelas fezes (Campos, 1999; James, 2000; Wooley

et al., 2001; Giannella, 2000), sendo somente indicada, principalmente, em casos de

crianças menores de 3 anos de idade, idosos, pessoas imunocomprometidas ou

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com hemoglobinopatias, devendo sempre ser baseada no antibiograma (Campos,

1999; Giannella, 2000).

2.7.1 Sensibilidade a Antibióticos

A distribuição mundial da resistência antimicrobiana é uma realidade. A

crescente taxa de emergência de novos fenótipos resistentes, as oportunidades para

cepas semelhantes se disseminarem de pessoa a pessoa, e entre pessoas e

animais são altamente reconhecidos. A disseminação de microrganismos resistentes

ocorre mais freqüentemente em países em desenvolvimento do que em países

desenvolvidos, pois este último apresenta programas mais adequados de higiene. A

resistência antimicrobiana é um problema mundial que requer respostas locais,

regionais, nacionais e mundiais. A vigilância é a chave para entender a dimensão e

a tendência da resistência antimicrobiana, sendo importante também para avaliar os

impactos das intervenções de controle (Williams, 2001).

Um fator que contribuiu para o desenvolvimento de resistência foi o uso

indevido de antibióticos na medicina humana e veterinária, pecuária, agricultura e

aqüicultura. (Woodward et al., 1997; Laidlaw, 2003). Na pecuária, antibióticos são

usados no tratamento e prevenção de doenças bem como na promoção de

crescimento. Esta rotina de práticas tem levado a emergência de bactérias

resistentes a diversos tipos de antibióticos, causando um sério problema de saúde

pública, primariamente pelo crescente risco de falhas em tratamentos, impondo

limitações na escolha de drogas para terapia (Velonakis et al. 2001; Zhao et al.,

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2003; Woodward et al., 1997). Como exemplo disto a S. Typhimurium DT 104,

apareceu em 1988 como um grande problema mundial, porque se apresentou

resistente a múltiplos antibióticos, ampicilina, cloranfenicol, estreptomicina,

sulfonamidas, tetraciclina, e em alguns casos a trimetropima (Threlfall et al., 1996;

James, 2000). Estudos moleculares mostraram que na DT 104 multiresistente, todos

os genes de resistência estão localizados no DNA cromossomal, que é um

fenômeno raro para S. Typhimurium (Threlfall et al., 1996; Williams, 2001).

Avanços recentes na caracterização molecular dos mecanismos de

resistência a antibióticos destacam a existência de estruturas genéticas, chamadas

integrons, envolvidas na aquisição de genes de resistência. Os integrons promovem

a captura de um ou mais conjuntos de genes com o mesmo sítio de ligação,

formando assim “clusters” (grupos) compostos de genes de resistência a

antibióticos. Vários estudos têm demonstrado que os integrons estão amplamente

distribuídos em cepas de S. enterica (Threlfall et al., 1994). Estes genes de

resistência a drogas são transferidos entre as espécies de Salmonella junto com os

integrons classe 1 presente em transposons e plasmídios conjugativos. (Taddei et

al., 1997; Chopra et al., 2003; Hamada et al., 2003). Em condições intestinais, o

material genético que confere resistência a antibióticos é prontamente transmitido

entre as enterobactérias (Blake et al., 2003).

A resistência a antibióticos também foi relatada em animais exóticos. Em

1998 foi encontrada, em cepas de Salmonella isoladas de cobras, resistência a três

antibióticos, a estreptomicina, tetraciclina e o ácido nalidixico. No mesmo ano foi

encontrada, em cepas isoladas de lagartos, resistência a oito antibióticos diferentes,

ampicilina, kanamicina, sulfamethoxazole, tetraciclina,

trimethoprim/sulfamethoxazole, estreptomicina e ácido nalidixico (Headrick et al.,

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2001). A prevalência de resistência adquirida por cepas isoladas de répteis é baixa,

mas o contato cada vez maior destes animais com o homem tem contribuído para

aumentar esta taxa (Pasmans et al., 2005).

O monitoramento da susceptibilidade a antimicrobianos da Salmonella é

importante, pois além de auxiliar na escolha do antibiótico correto é uma ferramenta

importante na documentação epidemiológica de cepas de Salmonella resistentes

(Wall et al., 1995; Van der Wolf, 1999).

2.8. Salmonella em Répteis

É um fato que os répteis assumem cada vez mais uma maios importância

mundial. Os animais exóticos têm sido introduzidos em áreas geográficas

específicas com finalidades distintas: produção de alimentos, modelo biológico para

investigações científicas, educação e preservação (zoológicos e similares),

participação em feiras ou exposições, atividades de lazer (circos), esportivas

(competições) e inclusive como animais de companhia ou adorno (Vasconcellos,

2001). Além disso, é comum a população do interior do país, assim como povos

indígenas, utilizarem a carne destes animais como fonte de proteína em sua dieta,

mas de todas estas possibilidades o animal de companhia ou adorno é o que

estabelece o grau máximo de proximidade com os seres humanos e, com isto, cria o

maior risco para a introdução de zoonoses no próprio domicílio (Vasconcellos,

2001).

Cada espécie de réptil possui seus próprios requerimentos biológicos e

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comportamentais que devem ser satisfeitos para que se alcance a homeostase, um

equilíbrio do estado fisiológico com seu ambiente. A biologia natural de várias

espécies de répteis ainda não é completamente entendida e muitos répteis em

cativeiro vivem em condições que se assemelham apenas superficialmente ao seu

habitat natural. Portanto, sua biologia e comportamentos específicos precisam

rotineiramente permanecer inalterados. Esta situação cria numerosos estressores

que prejudicam a homeostase. Como os outros animais, os répteis respondem ao

estresse tipicamente envolvendo uma crescente atividade endócrina,

particularmente da glândula adrenal. Longo tempo de cativeiro e estresse, associado

a crescente produção de adrenalina e outros hormônios podem resultar em um

desequilíbrio das funções normais do organismo (Laidlaw, 2003). A incapacidade de

resistir satisfatoriamente ao estresse crônico pode resultar em deteriorações gerais

da saúde, bem como emergência de doenças diretamente relacionadas com a

dificuldade de adaptação ao cativeiro (Grespan, 2001; Laidlaw, 2003). Esta é

usualmente referida como a "Síndrome da má adaptação" e pode também envolver

um decréscimo na capacidade de resistir aos parasitas, mesmo àqueles que fazem

parte da microbiota normal, por ter sido quebrada a relação de simbiose entre o

parasita e o hospedeiro (Laidlaw, 2003).

Uma grande variedade de patógenos pode ser transmitida por répteis para

humanos por contato direto ou contato indireto, como superfícies contaminadas com

fezes ou por partículas de material fecal na pele ou garras e água contaminada

(CDC, 1995, 1999; Laidlaw, 2003). Algumas das zoonoses mais comumente

relatadas são por Campilobacter, E. coli, Mycobacterium e Streptococcus, mas a

mais freqüente é por Salmonella (Laidlaw, 2003).

A gravidade dessas doenças em algumas pessoas é elevada, por isso elas

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devem evitar entrar em contato com répteis. As crianças menores de 5 anos de

idade, pessoas imunodeprimidas, recém operadas, usando drogas

imunodepressoras, que estejam recebendo radioterapia, mulheres grávidas,

pessoas com deficiência nutricional, com infecções crônicas e que recentemente

receberam antibioticoterapia (Laidlaw, 2003).

Os répteis tomam-se infectados por Salmonella via transmissão

transovariana, contato direto com outro réptil ou contato com as fezes de outro réptil

direta ou indiretamente. Os animais jovens de algumas espécies de répteis ingerem

as fezes dos adultos adquirindo a bactéria (Mitchell; Shane, 2000).

A infecção por Salmonella spp. em répteis foi primeiramente descrita em

cobras no ano 1944 e em tartarugas e lagartos em 1946. Até 1960, casos de

salmonelose associado a répteis eram raros. Répteis em cativeiro são

rotineiramente identificados como portadores de Salmonella. Durante a década de

70 cerca de 4% das famílias americanas possuíam tartarugas como animais de

estimação e estes animais foram responsáveis por 14% (300.000) de todos os

casos de salmonelose em crianças menores de dez anos de idade nos Estados

Unidos. Em 1975, a Administração de Alimentos e Drogas (FDA) proibiu a

distribuição e venda de tartarugas menores que 10 cm, e muitos estados proibiram a

venda de qualquer tartaruga. Esta ação resultou na prevenção de estimados

100.000 casos de salmonelose por ano. Contudo, desde 1986, a popularidade de

outros répteis, como as iguanas, aumentou e com ela a incidência de infecções

causadas por sorotipos associados a répteis (CDC, 1995).

Mais recentemente, relatos de répteis, que não as tartarugas, como

reservatórios têm ganhado atenção. O número de infecções por sorotipos raros de

Salmonella aumentou de 3,3% em 1987 para 7,3% em 1991 e teve uma pequena

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queda de 1,1 % em 1997 (Olsen et al., 2001), evidenciando a importância desses

animais para a saúde pública.

O número de proprietários de répteis é crescente assim como o número de

lojas e criadores, pois este além de ser exótico é de fácil criação. Durante os anos

de 1991-2001 o número de casas com répteis dobrou de 850.000 para 1,7milhão

(CDC, 2003). Estimam-se que nos Estados Unidos e Canadá 3 a 5% de todos os

casos de salmonelose estejam associados com contato com animais exóticos

(Headrick et al., 2001; Geue; Löschner, 2003). O Centro de Controle e Prevenção de

Doenças (CDC) relatou que aproximadamente 93.000 casos de salmonelose

ocorridos nos Estados Unidos em um ano resultaram do contato com répteis e

anfíbios. Isto representa aproximadamente 7% de todos os casos de salmonelose

ocorridos (Headrick et al., 2001).

Estudos demonstraram que no Brasil a maior prevalência de Salmonella é

encontrada em lagartos (62,5%), ficando em segundo lugar as cobras (53,3%) e

depois os quelônios (25,8%) (Sá; Solari, 2001).

Répteis são conhecidos como portadores de sorotipos raros de Salmonella

não comumente associados com infecções humanas, incluindo alguns da

subespécie arizonae que são particularmente associados a cobras. Com o

crescimento da popularidade dos répteis como animais de estimação, infecções por

estes sorotipos têm aumentado principalmente em crianças (Chishoin et al., 1999).

Devido a Salmonella fazer parte da microbiota normal de 60 a 90% dos répteis e ser

excretada intermitentemente, o risco de infecção é grande e imprevisível (James,

2000; Headrick et al., 2001). Apesar de a Salmonella fazer parte da microbiota

normal dos répteis, um estudo estimou que um terço dos répteis morrem por

complicações dessa doença (Weil et al., 2001). Tentativas de erradicar estas

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bactérias dos répteis com uso de antibióticos têm falhado, contribuindo apenas para

o desenvolvimento de cepas resistentes (Laidlaw, 2003).

Determinar se um animal é ou não infectado depende de uma série de

exames durante dias ou semanas, porque o microrganismo pode não ser detectado

em todas as vezes que as fezes são evacuadas. Um réptil pode ser negativo em um

exame, mas positivo em outro subseqüente (Weil et al., 2001;).

Uma grande variedade de sorotipos de Salmonella de todas as subespécies

tem sido isolada de répteis, algumas vezes mais de um sorotipo simultaneamente no

mesmo animal (Corrente et al., 2004; Pasmans et al., 2005), muitos destes

representam raros ou também chamados 'exóticos' sorotipos (Mitchell; Shane, 2000;

Geue; Löschner, 2003). Os sorotipos mais comumente encontrados em répteis e

relatados como causa de salmonelose humana são S. Java, S. Stanley, S. Marina,

S. Poona, e S. Pomona, enquanto que as cepas mais comumente encontradas em

animais domésticos e produtos alimentícios, causadoras de salmonelose em

humanos, são a S. Typhimurium e S. Enteretidis (Headrick et al., 2001; Laidlaw,

2003). Os sorotipos S. Flint, S. Kintambo, S. Ealing, S. Carrau e S. Abaetetuba

também estão relacionados com infecções transmitidas por répteis (Olsen et al.,

2001).

Médicos Veterinários desempenham um papel importante para a saúde

pública informando o grande risco que há do contato de humanos com animais

suspeitos de salmonelose. Eles devem acentuar a importância de um rigoroso

programa de saúde pública (Wall et al., 1995). É fundamental que as autoridades

empreguem controle sanitário e promovam campanhas informativas à população

(Sá; Solari, 2001). O recente declínio das infecções por S. Marina que começou em

1997 deve-se a crescente educação por veterinários, pediatras, e donos de lojas de

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animais sobre o risco da salmonelose associadas a répteis (Olsen et al., 2001).

Carne de répteis usadas para consumo humano também representam um

risco à saúde pública (Weil et al., 1995; Gonzáles et al., 1999). Existem relatos de

contaminação de carne de crocodilo, usada para o consumo humano, por

Salmonella na Austrália (Weil et al., 1995). A contaminação da carne pode ocorrer

nos matadouros pela excreção de animais assintomáticos, equipamentos do

matadouro e paredes contaminados. Contaminação cruzada de carcaças e produtos

cárnicos pode ocorrer durante subseqüente manipulação, processamento,

preparação e distribuição (Rhealt; Quessy, 1999; McEvoy et al., 2003; Molla et al.,

2003).

2.8.1 O Teiú

O teiú (Tupinambis sp.) é um lagarto de ampla distribuição geográfica em toda

América do Sul (Abe, 1983). Possui o corpo robusto e mandíbulas fortes, sendo um

apto caçador. Onívoro, inclui na sua dieta animais mortos, frutas, lesmas, insetos, e

pequenos vertebrados (Fitzgerald et al., 1991). As duas espécies deste lagarto (T.

merianae e T. teguixin) são altamente exploradas devido ao alto valor de sua pele.

Cada ano, mais de 1 milhão de peles são exportadas da Argentina para os Estados

Unidos, Canadá, México, China, Japão e vários países europeus. Centenas de

pessoas caçam os teiús, pois a venda de cada pele é equivalente ao salário de um

dia de um trabalhador rural na Argentina. Muitas famílias comem a sua carne e sua

gordura é de grande valor para propósitos medicinais (Fitzgerald et al., 1991;

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Gonzáles et al., 1999; Nogueira Filho; Nogueira, 1999; Flores, 2000). Os teiús

alcançam a maturidade sexual com 3 anos de idade, são animais ovíparos com o

tamanho da postura proporcional ao tamanho da fêmea, oscilando entre 20-50 ovos

(Noriega et al., 1996). Sua criação em cativeiro tem sido proposta para o seu

aproveitamento racional (Noriega et al., 1996; Nogueira Filho; Nogueira, 1999), e

tem demonstrado índices econômicos satisfatórios (Gonzáles et al., 1999).

A particular razão para o foco na Salmonella em répteis advém de estudos

indicando que ela é mais virulenta para humanos que cepas carreadas por outros

hospedeiros (Scott; Foster, 1997). A ameaça imposta por zoonoses de répteis

merece maior consideração e estudos, pois o contato com estes animais consiste

em uma grande ameaça a saúde pública.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Amostragem

Teiús (Tupinambis merianae), criados em cativeiro na fazenda Almada

pertencente à Universidade Estadual de Santa Cruz, localizada no município de

llhéus / BA, foram analisados neste estudo (Figura 8) Todos os teiús foram

utilizados, a fim de determinar a real prevalência de Salmonella nestes animais. Eles

estavam agrupados por tamanho e idade em dez baias, sendo dois aquários (baias I

e 2) e oito baias de concreto com pequenas áreas de vegetação e com tocas,

também de concreto, cobertas com telhas de amianto. A água era servida em

bebedouros coletivos por baia e a dieta era basicamente pedaços de frango cru.

Figura 8. Figura representativa do teiú (Tupinambis merianae).

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Swabs cloacais dos trinta animais existentes foram acondicionados e

processados, em no máximo seis horas após a coleta das fezes, no Laboratório de

Microbiologia da Universidade Estadual de Santa Cruz para identificação de

Salmonella spp. (Figura 9).

3.2. Cultivo e Identificação da Salmonella

O isolamento de bactérias das amostras fecais foi realizado de acordo com

APHA (Flowers et al. 1992), com algumas modificações. As amostras fecais foram

coletadas, inoculadas em 3 ml de Água Peptonada Tamponada (MERCK), para

recuperação das bactérias que são encontradas em pequenas quantidades nas

fezes, e incubadas em estufa bacteriológica a 43°C. Depois de 18-24h,

aproximadamente, 1ml de cada amostra foi transferido para tubos contendo 9 ml de

Caldo Tetrationato (MERCK) e outros com 9ml de Caldo Selenito-Cistina (Micromed)

e incubados a 43°C por 24 horas. Estes meios garantem condições ótimas para o

Figura 9. Realização da coleta da amostra utilizando swab estéril.

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crescimento da Salmonella enquanto inibe o crescimento de outras enterobactérias.

Utilizando a alça bacteriológica, uma alíquota de cada caldo de

enriquecimento seletivo foi plaqueada em ágar Xilose-Tergitol 4 (XLT4) (MERCK) e

ágar Salmonella-Shigella (SS) (MERCK) pelo método de esgotamento em quadrante

para o melhor isolamento das colônias. As placas foram incubadas a 43°C por 24

horas. Colônias de coloração vermelha, com ou sem precipitado negro no centro,

crescidas no ágar XLT4 e as colônias transparentes, com ou sem precipitado negro

no centro, crescidas no ágar SS foram consideradas como prováveis colônias de

Salmonella spp. (Figura 10).

Três colônias suspeitas para Salmonella foram repicadas de cada placa de

ágar XLT4 e SS para a realização dos testes bioquímicos complementares,

compreendendo o ágar Tríplice Açúcar e Ferro (TSI), prova do Vermelho de Metila

(VM), produção de urease, de H2S, de Indol, mobilidade e descarboxilação da lisina.

Primeiramente, as colônias suspeitas foram repicadas em tubos contendo ágar TSI

(MERCK) inclinado com o auxílio de uma agulha bacteriológica, a colônia foi

introduzida até a profundidade do ágar e estriada na superfície inclinada. O que

caracteriza a Salmonella neste meio é a fermentação da glicose e ausência de

Figura 10. Aspécto das culturas de Salmonella em ágar XLT4 (esquerda) e SS (direita) e aspéctos das colônias (detalhe).

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fermentação da lactose, acidificando somente a profundidade do meio tornando-o

amarelo. A superfície inclinada torna-se vermelha à medida que se formam aminas

alcalinas a partir da descarboxilação oxidativa de peptídeos na superfície (Figura 11)

(Koneman et al., 2001).

As amostras suspeitas no TSI foram repicadas para realização das demais

provas. A produção de urease foi medida inoculando as bactérias em meio líquido

contendo uréia e indicador de pH vermelho de fenol, que em pH ácido ou neutro

torna o meio amarelo e em pH neutro vermelho. Bactérias produtoras de urease

produzem amônia alcalinizando o meio que fica vermelho. A Samonella não produz

urease, por tanto a cor do meio permanece inalterada. As provas de mobilidade,

produção de Indol e de H2S foram mensuradas a partir do Agar Sulfeto-Indol-

Mobilidade (SIM) (MERCK). Como as bactérias do gênero Salmonella são

flageladas, portanto móveis, o teste de mobilidade é importante na identificação

deste patógeno. A mobilidade é caracterizada, ao exame macroscópico, pela

turvação do ágar a partir da linha de inoculação. O Indol é um dos produtos de

degradação do metabolismo do Triptofano. A Salmonella não possui a enzima

triptofanase, por isso não são produtoras de Indol. O Indol foi detectado a partir do

aparecimento da cor vermelha após a adição do reativo de Kovac (Mikrobiologie),

uma solução de p-dimetilaminabenzaldeído. A prova do Vermelho de Metila foi

realizada a partir da inoculação das bactérias suspeitas em Caldo VM-VP (MERCK),

sendo caracterizadas pela produção de ácidos fortes a partir da glicose, mantendo o

pH do meio abaixo de 4,4, desenvolvendo cor vermelha após a adição do VM

indicando prova positiva. A Salmonella é VM positiva. A descarboxilação da lisina

pela Salmonella foi detectada através da inoculação das bactérias em ágar Ferro-

Lisina (LIA) (DlFCO) com o mesmo procedimento realizado no ágar TSI. Ao

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descarboxilar a lisina, a Salmonella produz aminas que alcalinizam o meio tornando-

o vermelho, sendo assim detectado macroscopicamente (Figura 11) (Koneman et

al., 2001).

As amostras positivas foram repicadas para tubos contendo Tripticase Soy

Agar (TSA) (MERCK), incubadas a 43°C por 24 horas e enviadas ao Laboratório de

Enterobactérias da Fundação Oswaldo Cruz-RJ (Fiocruz) para sorotipagem, usando

antígenos específicos para cada sorogrupo.

Estes procedimentos foram repetidos com os mesmos animais após 4 meses,

depois de terem sido implantados procedimentos de limpeza das baias, utilizando

água sanitária (2-3% de hipoclorito de sódio), com a finalidade de diminuir a carga

bacteriana local e a contaminação cruzada entre os animais.

TSI

LIA

VM

SIM

Urease

Figura 11. Esquema representativo das principais provas bioquímicas para identificação de Salmonella. Fonte: Elaborado a partir de Koneman et al. (2001).

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3.3. Teste de Sensibilidade a Antibióticos

Os isolados de Salmonella foram testados quanto à sensibilidade a

antibióticos pelo método de disco-difusão em ágar. As bactérias foram inoculadas

em Tripticase Soy Broth (TSB) (MERCK) e incubadas a 43°C por 24 horas para o

desenvolvimento do inóculo. Uma alíquota de cada suspensão bacteriana foi

semeada em placa de ágar Mueller-Hinton (MERCK), estriando, com o auxílio de um

swab, a amostra três vezes sobre toda a superfície do ágar, girando a placa em 60°

antes da segunda e terceira vezes para assegurar uma distribuição uniforme do

inóculo. Os discos com antibióticos foram colocados com o auxílio de uma pinça

logo após o estriamento, sendo pressionados cuidadosamente contra o ágar para

melhor adesão do disco, e incubados a 37°C por 18 horas (Koneman et al., 2001).

Foram utilizados discos de Ampicilina (AMP 10mcg-CECON), Cloranfenicol (CLO

30mcg-CECON), Estreptomicina (EST 10mcg-CECON), Sulfonamida (SF 300mcg-

CECON), Tetraciclina (TET 30mcg-CECON) e Gentamicina (GEN 10mcg-CECON).

O diâmetro dos halos de inibição do crescimento foi mensurado, com o auxílio de

uma régua, e classificados em sensível, intermediário e resistente de acordo com a

tabela fornecida pelo fabricante dos discos de antibióticos (Figura 12).

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3.4. Análise Estatística

O modelo estatístico usado para a análise da prevalência foi o teste não

paramétrico de Wilcoxon. Significância estatística das diferenças entre os

tratamentos foi baseado no teste - t (p<0,01).

3.5. Reação da Polimerase em Cadeia (PCR)

3.5.1. Extração do DNA

Todos os sorotipos de Salmonella isolados a partir dos teiús e mais 7

diferentes sorotipos isolados de serpentes por Argôlo (2004) (Tabela 4) foram

Figura 12. Representação dos halos de inibição de crescimento pelo método de disco-difusão.

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cultivados em Tripticase Soy Agar (TSA) para posterior extração do DNA. Foram

coletadas aproximadamente 10 colônias de cada placa e transferidas para tubos tipo

eppendorf de 200µL contendo 100µL de água Mili-Q estéril. A amostra foi

homogeneizada com o auxílio de um agitador para tubos tipo Vortex e colocada a

95°C por 10min para a lise das células. Após este passo, a amostra foi centrifugada

por 1min a 5.000rpm e coletado o sobrenadante (DNA) (Adaptado de Christensen et

al. 1998).

Tabela 4. Sorotipos de Salmonella isolados de serpentes Sorotipos

S. I (O 11:r:-) S. IV (O:61:c:1,5)

S. IIIb (O:47) S. I (O:4,5)

S. I (O:4,5:b:-) S. Newport

S. Gaminara Fonte: (Argôlo, 2004)

3.5.2. Iniciadores

Foram utilizados os iniciadores específicos para Salmonella, ST11-F com

grampo de GC (5’-CGCCCGCCGCGCCGCGCGGCGGGCGGGGCGGGGCACGG

GGAGCCAACCATTCTAAATTGGCGCA-3’) e ST15-R (5'-GGTAGAAATTCCCAGCG

GTACTG-3') (Invitrogen) (Aabo et al., 1993), e os iniciadores universais para as

regiões variáveis V3, F357 com grampo de GC (5’-CGCCCGCCGCGCCGCG

CGGCGGGCGGGGCGGGGCACGGGGTACGGGAGGCAGCAG-3’) e R518 (5’-

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ATTACCGCGGCTGC TGG-3’) (Promega) (Mcewan et al., 2005), e V6-V8 do 16S

DNAr, F984 com grampo de GC (5’-CGCCCGGGGCGCGCCCCGGGCGGG

GCGGGGGCAGGGGGGGAACGCGAAGAACCT-3’) e R1378 (5’-CGGTGTGTACA

AGGCCCGGGAACG-3’) (Invitrogen) (Heuer et al., 1997). A utilização do grampo de

GC acoplado a um dos iniciadores impede a completa separação das fitas do DNA,

aumentando a sensibilidade da Eletroforese em Gel com Gradiente de Desnaturação

(DGGE) (Sheffield et al., 1989). A escolha dos iniciadores foi baseada na

necessidade de acelerar o método de diagnóstico e identificação de sorotipos,

assegurando um eficiente combate e controle da doença.

3.5.3. Amplificação

Foram transferidos 2 µL do sobrenadante (DNA) para tubos tipo eppendorf de

200µL contendo 48 µL de uma mistura de 33,50 µL de Água Milli-Q autoclavada,

10mM do Tampão da Taq polimerase (Promega), 2,5mM de MgCl2 (Promega), 10

pmol de cada iniciador (Invitrogen), 200µM de cada dos dNTP (Promega), 1,25 U da

Taq DNA Polimerase (Promega) (Aabo et al., 1993).

A PCR para ambos pares de iniciadores, ST11GC-ST15 e F984GC-R1378, foi

realizada utilizando as seguintes condições: uma desnaturação inicial a 94ºC por 5

minutos seguida de 35 ciclos de desnaturação a 94ºC por 1 minuto, anelamento a

60ºC por 2 minutos e extensão a 72ºC por 1 minuto e uma extensão final de 10

minutos, adaptado de Aabo et al. (1993) e Heuer et al. (1997). Para o par de

iniciadores F357GC-R518 foi realizada uma PCR de 30 ciclos com as seguintes

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condições: uma desnaturação inicial a 94ºC por 4 minutos seguida de 35 ciclos de

desnaturação a 94ºC por 1 minuto, anelamento a 55ºC por 1 minutos e extensão a

72ºC por 1 minuto e uma extensão final de 5 minutos (Mcewan et al., 2005). O

produto da reação foi visualizado em um transiluminador de luz ultravioleta (UV)

após eletroforese em gel agarose a 1% (100V por 30min.) pré-corado com brometo

de etídio.

3.5.4. Eletroforese em Gel com Gradiente Desnaturante (DGGE)

A DGGE se baseia no padrão eletroforético dos fragmentos de DNA,

previamente amplificados pela PCR, que estaciona de acordo com a sua sequência

nucleotídica. A análise por DGGE foi realizada conforme Muyzer et al. (1993) e

Sigler et al. (2004). A DGGE foi realizada utilizando-se Sistema para análise de

mutações CDC 20x20cm (BioAgency Biotecnologia LTDA.). Dez microlitros dos

produtos de PCR foram colocados em um gel vertical de poliacrilamida a 6%

(acrilamida-bisacrilamida 37,5:1, Promega) com gradiente crescente e linear de

desnaturante de 40% a 50%, onde a solução 100% desnaturante contém 40% (v/v)

de formamida (VETEC) e 7M de Urea (Promega) e a solução 0% sem nenhum dos

agentes desnaturantes. O gel foi sujeito a eletroforese, primeiramente por 15min a

60V e em seguida por 5 horas a 200V (Sigler et al., 2004) em tampão TAE 1x, a uma

temperatura constante de 60ºC. Posteriormente, o gel foi corado durante 30min com

1x SYBR SafeTM DNA Gel Stain (Invitrogen) diluído a partir do estoque em tampão

TAE. As bandas foram observadas e fotografadas em um transiluminador ultravioleta

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(KODAK Electrophoresis Documentation and Analysis System 290). A Figura 13

mostra um esquema de como foi preparado o gel de DGGE para a eletroforese.

_

+

Menor

Gradiente

Maior Gradiente

Sob Agitação

Cuba de Eletroforese

Figura 13. Esquema de preparação do gel de poliacrilamida com gradiente desnaturante utilizando um “gradient maker”, sistema para produção do gradiente linear.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Análise Bacteriológica

O teiú (Tupinambis merianae), como qualquer outro réptil, é um potencial

reservatório de Salmonella spp. principalmente por ser, na maioria das vezes,

portador assintomático desta bactéria. Estima-se que 60 a 90% dos répteis são

portadores de Salmonella constituindo um grave problema para a saúde pública

(Almeida, 2000; Departament for..., 2000; James, 2000). Répteis de vida livre bem

como domesticados têm sido demonstrados como reservatórios de Salmonella.

Estes animais podem portar o agente sem demonstrar qualquer sinal clínico (Geue;

Löschner, 2003).

Na primeira análise para a detecção de Salmonella em teiús, 86,67% das

amostras analisadas foram consideradas positivas para Salmonella enterica subsp.

enterica, discordando de Brenner et al. (2000) que descreveu que a subespécie

enterica é comumente encontrada em animais de sangue-quente e que as demais

subespécies em animais de sangue-frio, como os répteis. Todas as baias

apresentaram pelo menos um animal positivo e todos os animais negativos estavam

em baias diferentes (Tabela 4).

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Tabela 5. Correlação entre os sorotipos de Salmonella enterica encontrados e a idade e baias dos animais analisados

1ª análise 2a análise Baia Idade(anos)

Positivas/Total de animais

Positivas/Total de animais

Sorotipos encontrados

1 2 1/1 0/1 S. Rubislaw e S. Infantis

2 2 2/2a 2/2 S. Rubislaw, S. I (O:6,7:-:1,5) e S. Infantis

3 2 4/5b 3/4 S. I (O:6,14,24:y:-) e S. Carrau

4 3 1/1 1/1 S. Rubislaw

5 3-5 6/6 6/6 S. Rubislaw e S. Agona

6 3-5 4/5 3/3

S. Carrau, S. Saintpaul, S. Brandenburg e Salmonella sp. (Rugosa)

7 5 2/3b 3/3

S. Rubislaw, Salmonella sp. (Rugosa) e S. Saintpaul

8 5 4/5 4/5 S. Rubislaw, S. I (O:6,14,24), S. Agona e S. Carrau

9 6 1/1c 0/1 S. Panama (02 cepas díferentes)

10 6 1/1d 0/1 S. Rubislaw (03 cepas diferentes)

Total positivo/ Total de animais

26/30 22/27 Total de Sorotipos: 09

aUm animal portador de dois sorotipos diferentes (S. I (O:6,7:-:1,5) e S.Rubislaw) e duas cepas diferentes do sorotipo Rubislaw; bUm animal portador de dois sorotipos diterentes, Baia 3- S. Carrau e S. I (O:6,14,24:y:-) e Baia 7- S. Saintpaul e Salmonella sp. 'Rugosa'; cAnimal portador de duas cepas diferentes do mesmo sorotipo; dAnimal portador de três cepas diferentes do mesmo sorotipo.

Na segunda coleta, foram repetidas as análises de amostras de 27 animais.

Mesmo com a introdução da limpeza semanal das baias, 81,48% foram

consideradas positivos para Salmonella enterica e os quatro animais negativos da

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primeira análise foram considerados positivos, enquanto que outros cinco

mostraram-se negativos, concordando com o estudo de Weil et aI. (1995), que

observaram o fato de que a Salmonella não é liberada em todas as coletas de fezes,

apesar de colonizar normalmente o trato intestinal destes animais, levando a um alto

número de diagnósticos falso-negativos e mascarando a real prevalência da

SalmoneIla nestes animais. Pode-se inferir portanto, que 100% dos teiús analisados

são portadores dessa bactéria, já que, foram isoladas de todos os animais em um

curto período de tempo. Apesar da limpeza semanal das baias não ter surtido o

efeito esperado, esta prática não deve ser descartada pois pode diminuir o risco de

infecção por parte dos tratadores.

Não houve diferença significativa entre a prevalência de Salmonella da

primeira para segunda análise (p>0,01).

4.2. Sorotipagem

É crescente o número de infecções humanas causadas por sorotipos raros de

Salmonella. A sorotipagem representa um importante instrumento epidemiológico

que permite avaliar a prevalência de determinados sorotipos, e auxiliar num possível

programa de controle de salmoneloses. As amostras positivas da primeira análise

foram enviadas a Fiocruz-RJ para a realização da sorotipagem. Um total de nove

diferentes sorotipos de Salmonella enterica foram encontrados, dos quais 23,33%

representam a Salmonella Rubislaw; 20% S. Carrau e S. Agona; 6,67% S. Infantis,

S. Saintpaul e a cepa rugosa e 3,33% S. Panama, S. Brandenburg, S. I (O:6,14,24),

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S. I (O:6,14,24:y:-) e S. I (O:6,7:-:1,5) (Figura 14). Estes resultados se opõem aos

resultados descritos por Sá e Solari (2001) que, em estudos realizados com répteis

no Brasil, não isolaram nenhum dos sorotipos encontrados no presente estudo. Aqui,

sugerimos fortemente a ocorrência de variação geográfica na distribuição dos

sorotipos de Salmonella spp (Gutiérrez-Cogco et al., 2000).

Figura 14 - Prevalência dos Sorotipos de Salmonella enterica encontrados nos 26 animais positivos da 1° análise.

Das 26 amostras positivas na primeira coleta, 30 cepas diferentes de

Salmonella foram encontradas, onde três animais apresentaram dois sorotipos

3% 3% 3%

3%

3%

7%

7%

7%20%

24%

20%

S. enterica (O:6,14,24) S. enterica (O:6,14,24:y:-) S. enterica (O:6,7:-:1,5)

S. Brandenburg

S. Panama

Salmonella. sp. - Rugosa

S. Saintpaul S. Infantis

S. Agona S. Carrau

S. Rubislaw

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diferentes (Tabela 4). Algumas vezes, mais de um sorotipo podem ser encontrados

simultaneamente no mesmo animal (Corrente et al., 2004; Pasmans et al.; 2005),

muitos destes são chamados raros ou exóticos. A maioria dos sorotipos de

Salmonella, isolados de répteis, associados com a salmonelose humana são da

subspécie enterica (Headrick et al., 2001; Olsen et al., 2001; Laidlaw, 2003). Estes

dados corroboram nossos resultados onde todos os sorotipos encontrados nos teiús

são da subespécie I (enterica), que é a que possui maior capacidade invasiva de

acordo com Pasmans et al. (2005), e todos eles têm sido isolados de fontes

humanas, alimentares e ambientais (Rheault; Quessy, 1999; Jakabi et al., 1999;

Gutiérrez-Cogco et al., 2000; Mitchel; Shane, 2000; Cox et al., 2002; Geue;

Löschner, 2002).

Dos 30 teiús analisados oito eram jovens, apresentando idade entre 0 e 2

anos (baias 1-3), onde sete (87,5%) foram considerados positivos para Salmonella.

Dos 19 animais maiores de 3 anos (baias 5-10), 16 (84,2%) foram considerados

positivos (Tabela 4).

O sorotipo mais frequente entre os animais jovens foi S. Carrau com 57,14%

e entre os animais adultos foi a S. Agona com 27,27% do total encontrado. O

sorotipo Rubislaw foi amplamente distribuído entre as idades (Tabela 4).

Os sorotipos Rubislaw e Carrau foram isolados de cães da região de Ilhéus

(Maciel et al., 2004), sugerindo que estes sorotipos devem ser endêmicos dessa

região. A S. Rubislaw também foi associada a infecções humanas associadas com

répteis no Canadá e nos Estados Unidos, ocorrendo casos de meningites fatais em

crianças (Van der Wolf, 1999; Epidemiology section, 1999; Fatal neonatal..., 2000). A

S. Infantis e S. Saintpaul estão entre os cinco sorotipos mais prevalentes no Japão e

Finlândia (Pelkonen et al., 1994; Hamada et al., 2003; Hata et al., 2003) e a S.

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Agona entre os cinco mais prevalentes sorotipos em São Paulo, Brasil (Tavechio et

al., 2002). A S. Saintpaul, S. Carrau e S. Panama também têm sido descritas como

causas de infecções humanas associadas com répteis (Weil et al., 1995; Olsen et

al., 2001; Geue; Löschner, 2002). Enquanto que, a S. Brandenburg tem sido

associada à ocorrência de abortos em pequenos ruminantes, causando prejuízos

econômicos aos criadores (Surveillance report, 2002).

Alimentos de origem animal constituem um dos principais responsáveis por

casos de salmonelose humana, entre eles ovos, carne e derivados (Lírio et al.,

1998). A carne de várias espécies de répteis são utilizadas para consumo humano, a

qual se não adequadamente manipulada e processada, traz grande risco a saúde

pública (Weil et al., 1995; Gonzales et al., 1999). A S. Saintpaul, S. Brandenburg e a

S. Infantis têm sido isoladas de matadouros e amostras de carne (Rheault; Quessy,

1999; James, 2000), demonstrando a necessidade de programas rigorosos de

higiene nos locais que lidam com esse tipo de alimento.

4.3. Antibiograma

Cepas de Salmonella resistentes a múltiplas drogas têm emergido (Cordano;

Virgílio, 1996; Davis et al., 2002; Zhao et al., 2003). O teste de sensibilidade a

antibióticos realizado com as cepas de Salmonella isoladas dos teiús revelou a

Gentamicina e Ampicilina como sendo as drogas mais potentes in vitro, e a

sulfonamida foi o antibiótico com maior nível de resistência (83%) (Tabela 5),

concordando com os dados de Corrente et al. (2004). Entretanto, a Gentamicina não

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é comumente usado para tratamento de infecções intestinais. Dos sorotipos

encontrados a S. Carrau, S. Rubislaw e S. Infantes foram as que apresentaram

maior resistência aos antibióticos, onde a S. Carrau foi a única que apresentou

resistência a tetraciclina, e a S. Rubislaw e S. Infantes foram as únicas que

apresentaram resistência ao cloranfenicol (Tabela 5). Pasmans et al. (2005)

identificaram dois sorotipos isolados de répteis resistentes a Nitrofurantoin e dois

isolados de humanos, um resistente a Ampicilina e Espectiomicina, e outro a

Sulfonamida. Também relataram que existe uma tendência em isolados de humanos

possuírem maior resistência a antibióticos do que isolados de répteis. Assim, uma

possível causa da grande taxa de resistência encontrada em isolados de teiús é a

pressão antropogênica que estes animais sofrem no cativeiro

Foi observado que um animal da baia dois era portador de duas cepas

diferentes de S. Rubislaw, uma sensível e outra resistente ao cloranfenicol. O animal

da baia nove era portador de duas cepas diferentes de S. Panama, uma com

resistência à estreptomicina e com resistência intermediária à tetraciclina e outra

com resistência intermediária à estreptomicina e sensível à tetraciclina. O animal da

baia dez era portador de três cepas diferentes da S. Rubislaw, uma resistente à

estreptomicina e das outras duas, uma possuía resistência intermediária e a outra

era sensível à tetraciclina (Tabela 5). Esses resultados sugerem que genes de

resistência a antibióticos estejam sendo transferidos lateralmente entre as cepas, o

que representa um dado importante quanto à variabilidade genética entre

microrganismos de mesma sorotipagem e quanto à importância da realização do

antibiograma para um direcionamento específico de tratamentos. Ainda, concordam

com Blake et al. (2003) que notificaram a transferência de genes de resistência entre

enterobactérias em condições intestinais e com Hamada et al. (2002) que

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comprovaram esta transferência entre a S. Typhimurium e S. Infantis. A única forma

de limitar a transmissão de características de resistência é diminuir a prevalência de

bactérias resistentes e, mais diretamente, controlar a prescrição e utilização de

antibióticos. Como o tratamento de répteis com antibióticos não é viável para

eliminar a bactéria de seu intestino, boas práticas de higiene são recomendadas

para os donos de répteis e o pessoal envolvido em criações para diminuir o risco de

infecção.

Tabela 6. Padrões de resistência a antibióticos dos sorotipos de Salmonella enterica isoladas de 30 teiús

Antibiótico

Sorotipos

Gentamicina Estreptomicina Tetraciclina Ampicilina Sulfonamida Cloranfenicol

S. Infantis S I/R S/I S R S/R

S. I (O:6,14,24:y:-) S S S S R S

S. I (O:6,14,24) S S I S R S

S. I (O:6,7:-:1,5) S R I S S S

S. Agona S R S/I S R S

S. Carrau S S/R S/R S R S

S. Rubislaw S I/R S/I S S/R S/R

S. Saintpaul S R S S R S

S. Brandenburg S R S S R S

S. Panama S I/R S/I S R S Salmonella sp. (Rugosa)

S R S/I S R S

Percentual (%)

S (Sensível) 100 20 53 100 17 85

I (Intermedíário) - 20 41 - - -

R (Resistente) - 60 6 - 83 15

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4.4. Caracterização Molecular

Diversas características morfológicas, bioquímicas, sorológicas e genéticas

têm sido utilizadas na identificação e diferenciação da Salmonella. Intervenções

clínicas e de saúde pública dependem da rápida e apurada identificação de

bactérias patogênicas. A PCR, utilizando os iniciadores específicos ST11-ST15, tem

demonstrado ser mais sensível e específica do que os métodos tradicionais na

identificação de Salmonella (Argôlo, 2004). Antes da PCR é necessária a extração

do DNA, principalmente quando se trabalha com comunidades complexas. A PCR

realizada a partir de culturas puras com posterior utilização na DGGE atesta o grau

de pureza das linhagens além de possibilitar a distinção de linhagens com diferentes

sequências no DNA.

Todos os iniciadores, ST11GC-ST15, F357GC-R518 e F984GC-R1378,

anelaram eficientemente no cromossomo da Salmonella pela PCR, gerando

produtos compatíveis com a DGGE de 469 pb, 200pb e 473 pb, respectivamente

(Figura 15). Segundo Clarridge III (2004), fragmentos de DNA com 500 a 1500 pb

são comuns para sequenciamento e comparações em bancos de dados.

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469pb

473pb

Figura 15. Eletroforese em gel de agarose dos produtos da PCR das amostras dos teiús e serpentes, (A) utilizando os iniciadores ST11GC-ST15 (469 pb) ; (B) iniciadores F357GC-R518 (200 pb) e (C) iniciadores F984GC-R1378 (473 pb); 1, Marcador de peso molecular pGEM®

(Promega); Isolados dos Teiús: 2, Salmonella Carrau; 3, S. Rubislaw; 4, S. Agona; 5, S. Infantis; 6, S. Saintpaul; 7, S. Panama; 8, S. Brandenburg; 9, S. I (O:6,14,24); 10, S. I (O:6,7:-:1,5); 11, S. I (O:6,14,24:y:-); 12, Salmonella sp. ‘Rugosa’; 13, Salmonella sp. ‘Rugosa’; Isolados de serpentes: 14, S. Gaminara ; 15, S. Newport; 16, S. IV (O:61:c:1,5); 17, S. IIIb (O:47); 18, S. I (O:4,5:b:-); 19, S. I (O:4,5); 20, S. I (O:11:r:-).

C

A

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

200pb

B

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A DGGE talvez seja a técnica molecular mais comumente utilizada para

análise de comunidades microbianas sem a necessidade de cultivo, pois consegue

aliar a grande quantidade de informação contida no genoma microbiano com a

facilidade e baixo custo de uma eletroforese para obter o perfil de comunidades

complexas. Com a sua utilização foi possível identificar microrganismos não-

cultiváveis ou ainda as variações presentes entre organismos de mesma espécie

(Muyzer et al. 1993). A PCR-DGGE pode ser usada para detectar as diferenças

dentro dos genes de importância tecnológica, para monitoramento de espécies de

interesse alimentar e clínico e também para diferenciar cepas que pertencem à

mesma espécie. Neste caso, as principais áreas de atuação da PCR-DGGE são a

taxonomia e a aplicação tecnológica e clínica.

As bandas na DGGE podem ser reveladas por brometo de etídio ou SYBR

green. Entretanto, o procedimento mais sensível é com nitrato de prata, mas,

corados desta forma, os géis não podem ser usados para experimentos de

hibridização e DNA fita-simples também é corado dificultando a análise do perfil das

bandas (Ercollini, 2004). O SYBR safe, utilizado neste estudo, tem surgido como

uma nova alternativa para a visualização de géis de DGGE, obtendo melhores

resoluções que o brometo de etídio, além de não trazer riscos à saúde (MIT, 2006).

A DGGE demonstrou uma boa resolução com a utilização do protocolo

segundo Sigler et al. (2004), que identificaram o tempo de 5h a 200V como sendo o

melhor para a obtenção de uma melhor separação das bandas no gel. Estes

mesmos autores perceberam que longos períodos de eletroforese acabam por

instabilizar o gradiente desnaturante, causando a perda da capacidade em separar

as bandas no gel de acordo com sua sequência nucleotídica. Assim, um menor

tempo é indicado para a DGGE, aumentando seu poder de separação das bandas.

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A DGGE demonstrou pouca eficiência na separação das bandas dos produtos

de PCR gerados pelos três pares de iniciadores. Com os iniciadores ST11GC-ST15,

que amplificaram eficientemente parte da região JEO402-1 específica para

Salmonella, somente as cepas rugosas puderam ser diferenciadas das demais, mas

não entre si. Com os iniciadores F357GC-R518 somente uma cepa ‘Rugosa’ e o

sorogrupo (O:11:r:-) puderam ser diferenciados. Com os produtos de amplificação

dos iniciadores F984GC-R1378 também não foi possível diferenciar as salmonelas

em nível de sorotipo, mas podemos formar 4 grupos de similaridade (Figura 16;

Tabela 6). Também não foi possível a separação das subspécies encontradas,

ficando as subspécies diarizonae e houtenae em grupos onde a subespécie enterica

também faz parte (Tabela 6). Essa pouca diferenciação pode ser explicada pelo,

suposto, alto nível de similaridade das regiões amplificadas entre as diferentes

subespécies e sorotipos de Salmonella. Outro fator que pode ter causado isto é a

co-migração de fragmentos do DNA, mesmo possuindo diferentes sequências

alguns fragmentos se comportam de maneira similar no gel, o que é um problema

para a obtenção de bandas individuais (Muyzer; Smalla, 1998). Melhores

discriminações podem ser obtidas com a utilização de iniciadores para regiões mais

variáveis, como a região ITS ou 23S, que têm conseguido satisfatoriamente

distinguir espécies de Mycobcterium e Streptococcus (Clarridge III, 2004).

Apesar da pouca eficiência na separação das cepas de Salmonella, diversos

pesquisadores têm demonstrado a capacidade da DGGE em diferenciar bactérias

nos mais variados ecossistemas. Ercolini (2004) e McAuliffe et al. (2005)

descreveram a capacidade da PCR-DGGE em identificar bactérias ácido-láticas e

Mycoplasmas, respectivamente, por meio da amplificação da região V3 do DNAr

16S. Pepe et al. (2003) conseguiram identificar membros do gênero Bacillus ao nível

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de espécie e Cocolin et al. (2002) diferenciaram ao nível de sorotipo algumas

espécies de Listeria.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Figura 16. DGGE dos produtos da PCR, (A) utilizando os iniciadores ST11GC-; (B) iniciadores F357GC-R518 e (C) iniciadores F984GC-R1378; Isolados dos Teiús: 1, Salmonella sp. ‘Rugosa’; 2, S. I (O:6,14,24:y:-); 3, S. Rubislaw; 4, S. Panama; 5, S. I (O:6,7:-:1,5); 6, S. Infantis; 7, S. Agona; 8, S. Brandenburg; 9, S. I (O:6,14,24); 10, S. Carrau; 11, S. Saintpaul; 12, Salmonella sp. ‘Rugosa’; Isolados de serpentes: 13, S. Newport; 14, S. I (O:11:r:-); 15, S. IV (O:61:c:1,5); 16, S. Gaminara ; 17, S. I (O:4,5:b:-); 18, S. IIIb (O:47); 19, S. I (O:4,5).

A

C

4 1 4 3 4 3 2 2 3

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 B

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Tabela 7. Grupos de similaridade gerados a partir da DGGE da região V6-V8 do 16S RNAr

Grupo Sorotipos 1 S. Brandenburg

2 S. Gaminara

S. IIIb (O:47)

3

S. I (O:6,14,24)

S. Newport

S. IV (O:61:c:1,5)

S. I (O:4,5)

S. I (O:11:r:-)

4

Salmonella sp. ‘Rugosa’

Salmonella sp. ‘Rugosa’

S. I (O:6,14,24:y:-)

S. Carrau

S. Infantis

S. Saintpaul

S. Agona

S. Rubislaw

S. Panama

S. IV (O:61:c:1,5)

S. I (O:4,5:b:-)

A região ITS do DNAr tem sido utilizada associada à DGGE como uma opção

para se conseguir diferenciar microrganismos ao nível de subspécie e sorotipo, por

esta região possuir sequências tanto conservadas como hipervariáveis (Leblond-

Bourget et al., 1996). Buchana et al. (2001) identificaram a grande diversidade intra-

específica da E. coli utilizando esta região e Park e Kilbane II (2005) conseguiram

diferenciar variedades de Streptomyces mais eficientemente com a região ITS do

que com a 16S DNAr.

Contrariando a alta sensibilidade deste método, algumas espécies distintas

mostraram posição de bandas similar na DGGE, como relatado em outros estudos

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de PCR-DGGE (Tacão et al., 2005; Yergeau et al., 2005). Apesar de possuir

resolução máxima de 1 pb entre fragmentos de DNA (Fischer; Lerman, 1983), este

poder de separação depende do tamanho e da sequência dos produtos amplificados

pela PCR. Assim, fragmentos obtidos de espécies diferentes com diferentes

sequências entre si podem migrar de forma similar, tomando a mesma posição no

gel (Muyzer et al., 1993; McAuliffe et al., 2005). Esta limitação somente poderá ser

solucionada com a ecisão da banda para o sequenciamento.

Como relatado anteriormente, foram encontrados mais de um sorotipo em

alguns animais. Mas, este dado pode ter sido mascarado devido a subjetividade do

diagnóstico microbiológico. Além disso, algumas cepas de Salmonella não podem

ser identificadas pelos métodos tradicionais (Rugosa e Mucóide). A capacidade da

DGGE em diferenciar espécies poderia evitar estes tipos de problemas.

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5. CONCLUSÕES

• Os teiús representam um importante reservatório de sorotipos raros de

Salmonella e que ocorrem diferentes padrões de sensibilidade a antibióticos

entre eles.

• É fundamental que as autoridades sanitárias promovam campanhas educativas e

incentivem a notificação dos casos ocorridos para uma melhor atuação da

vigilância sanitária no controle dessa doença.

• Rápidos e sensíveis métodos diagnósticos se fazem necessários para assegurar

um eficiente combate à doença. A medida que os recursos técnicos aumentam,

os custos laboratoriais diminuem, tornando os preços destes tipos de

diagnósticos mais competitivos.

• A tipagem da Salmonella baseada na PCR-DGGE utilizando os iniciadores ST11-

ST15, F357-R518 e F984-R1378 não alcançou níveis de subspécie ou sorotipo.

Apesar disto, novas pesquisas devem ser realizadas com regiões mais variáveis

do cromossomo da Salmonella, pois esta técnica tem um grande poder

discriminatório, sendo uma poderosa e promissora ferramenta na identificação de

organismos, sem a necessidade de meios específicos e metodologias laboriosas

para a identificação.

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ANEXO

Anexo A – Artigo intitulado: “Prevalence, serotype and antibiotic sensitivity of Salmonella spp. isolated in a population of captive tegus (Tupinambis merianae)”. Submetido para publicação pelo periódico Research in Veterinary Science.