universidade estadual de santa cruz prÓ-reitoria de...

100
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA CAROLINE SANTOS SANTANA Avaliação da aplicação do Método de Parâmetros Fundamentais para a correção de efeito matriz na determinação de Ni e Pb em fibras vegetais por Espectrometria de Fluorescência de Raios X por Dispersão de Energia ILHÉUS BAHIA 2018

Upload: others

Post on 12-Jun-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

CAROLINE SANTOS SANTANA

Avaliação da aplicação do Método de Parâmetros Fundamentais

para a correção de efeito matriz na determinação de Ni e Pb em

fibras vegetais por Espectrometria de Fluorescência de Raios X por

Dispersão de Energia

ILHÉUS – BAHIA

2018

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

CAROLINE SANTOS SANTANA

Avaliação da aplicação do Método de Parâmetros Fundamentais

para a correção de efeito matriz na determinação de Ni e Pb em

fibras vegetais por Espectrometria de Fluorescência de Raios X por

Dispersão de Energia

Dissertação apresentada para obtenção de título de Mestra em Química pelo Programa de Pós-Graduação em Química, da Universidade Estadual de Santa Cruz, com área de concentração em Química Analítica.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Heriberto Martinez Luzardo

ILHÉUS - BAHIA

2018

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

S232 Santana, Caroline Santos. Avaliação da aplicação do método de parâmetros fundamentais

para a correção de efeito matriz na determinação de Ni e Pb em fibras vegetais por espectrometria de fluorescência de raios X

por dispersão de energia / Caroline Santos Santana. – Ilhéus : UESC, 2018. 83f. : il. Orientador : Francisco Heriberto Martinez Luzardo. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em Química. Inclui referências e apêndices.

1. Fibras – Bahia, Sul. 2. Energia – Dispersão. 3. Algoritmo. I. Luzardo, Francisco Heriberto Martinez. II. Título. CDD – 620.197

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho
Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

“Só sei que nada sei, e este fato, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem coisa alguma”.

(Sócrates)

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a DEUS, pois se aqui estou é certamente por um

propósito muito maior.

Agradeço a todos os meus familiares, especialmente aos meus pais Paulo

Sérgio e Maria José juntamente com as minhas irmãs Pauline Santana, Catarine

Santana e Flavine Santana, pois estes seres humanos foram a razão da minha

chegada até aqui.

Ao Prof. Dr. Francisco Heriberto Martinez Luzardo, pela excelente

orientação, pela amizade, pelo apoio, pelo aparato emocional, pela paciência e

companheirismo.

Agradeço aos meus amigos do peito e irmãos de coração que a vida me

presenteou, à minha amiga e irmã de alma Edielen França, ao meu amor Vinnícius

Henrique que tanto me incentivou, meus irmãos e companheiros de Cpq CTR,

Ohana Nadine, Ívea Correia e Pitágoras Fonseca, oque seria dos meus dias sem

vocês? O que seria da minha pesquisa? Aos amigos Keilinha, Maria, Gesser, Aline,

Amanda e Liomaria, pelo convívio, pelo apoio, pelo carinho e por tornar meus dias

mais alegres. A meus companheiros e amigos que fiz durante este mestrado que

tanto me estenderam a mão quando precisei, à Clissiane em especial, agradeço de

todo o meu coração por toda assistência.

À Universidade Estadual de Santa Cruz por conceder a infraestrutura para o

desenvolvimento da pesquisa.

Ao Programa de Pós-Graduação em Química pela oportunidade de cursar o

mestrado.

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pela

concessão da bolsa de estudo.

À banca avaliadora, pelos ensinamentos e pelo apoio recebido.

E a todos vocês que contribuíram para que eu chegasse até aqui, deixo-lhes

o meu muito obrigado.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

RESUMO

A distribuição de elementos metálicos tóxicos na natureza como resultado

das atividades humanas na biosfera tem constituído um enorme problema

socioambiental, tornando cada vez mais necessária a determinação da concentração

destes metais nos diferentes compartimentos ambientais e, dentre estes,

particularmente, nas matrizes vegetais, devido à capacidade de agirem tão

eficientemente como bioacumuladoras. Neste contexto, o presente trabalho teve

como objetivo avaliar a aplicação do algoritmo linear do método de parâmetros

fundamentais para a determinação de Pb e Ni em fibras vegetais por Espectrometria

de Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia. Para isso fez-se necessária

a caracterização das amostras de fibras de coco, baronesa, piaçava e eucalipto,

comumente encontradas na região sul da Bahia, e também do padrão certificado de

folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho (IV) e a Difratometria

de Fluorescência de Raios X (DRX). Foram avaliados os possíveis interferentes

espectrais através da análise qualitativa de cada uma das fibras, seguido da

construção das curvas de análise direta destas fibras para os metais tóxicos Ni e Pb

num intervalo de concentração de 0 à 200 mg kg-1, escolhido de acordo com o limite

de detecção do EDXRF para amostras sólidas. Estas curvas foram corrigidas pelo

algoritmo linear do MPF e validadas segundo os critérios da IUPAC e do INMETRO.

Para as curvas corrigidas, foi realizado o teste Kolmogorov-Smirnov, com o auxílio

do pacote estatístico STARTGRAPHICS plus, e os resultados obtidos indicaram que

para cada uma das curvas corrigidas das fibras de vegetais de Ni e Pb, com exceção

da baronesa contaminada com Ni, não havia diferença significativa entre a

distribuição dos pontos da curva da fibra quando comparadas com os pontos da

curva da matriz de referência de folha de pinheiro, com 95% de confiança. A

metodologia desenvolvida obteve êxito especialmente para a fibra de coco onde os

valores de intervalos de concentração confiáveis para análise foram ≤ 20 mg kg-1,

considerando a precisão e exatidão do modelo matemático de correção de efeito

matriz desenvolvido.

Palavras chave: Fibras vegetais, Efeito matriz, Espectrometria de Fluorescência

de Raios-X por Dispersão de Energia, Algoritmo Linear do Método de Parâmetros

Fundamentais.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

ABSTRACT

The distribution of toxic metallic elements in nature as a result of human

activities in the biosphere has constituted a huge socio-environmental problem,

making it increasingly necessary to determine the concentration of these metals in

the different environmental compartments and particularly in the plant matrices, due

to the ability to act as efficiently as bioaccumulators. In this context, the present work

had as objective to evaluate the application of the linear algorithm of the fundamental

parameters method for the determination of Pb and Ni in plant fibers by Energy

Dispersion X-Ray Fluorescence Spectrometry. In order to do this, it was necessary to

characterize the samples of coconut, baronase, piaçava and eucalyptus fibers,

commonly found in the southern region of Bahia, as well as the certified pine leaf

pattern, using Infrared Spectroscopy (IV) and Difratometry of X-Ray Fluorescence

(XRD). The possible spectral interferences were evaluated through the qualitative

analysis of each of the fibers, followed by the construction of the direct analysis

curves of these fibers for toxic metals Ni and Pb in a concentration range of 0 to 200

mg kg-1, chosen according to the EDXRF detection limit for solid samples. These

curves were corrected by the MPF linear algorithm and validated according to IUPAC

and INMETRO criteria. For the corrected curves, the Kolmogorov-Smirnov test was

performed with the statistical package STARTGRAPHICS plus, and the results

indicated that for each of the corrected curves of the Ni and Pb vegetable fibers,

except for the baronase contaminated with Ni , there was no significant difference

between the distribution of the fiber curve points when compared to the points of the

reference curve of the pine leaf with 95% confidence. The developed methodology

was especially successful for coconut fiber where the values of reliable concentration

ranges for analysis were ≤ 20 mg kg-1, considering the precision and accuracy of the

mathematical model of matrix effect correction developed.

Keywords: Plant Fibers, Matrix Effect, Energy Dispersive X ray Fluorescence,

Linear Algorithm of the Fundamental Parameters Method

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURA

FAAS Espectrometria de absorção atômica com chama (Flame Atomic Absorption Spectroscopy)

MPF Método de Parâmetros Fundamentais

EDXRF Espectrometria de Fluorescência de Raios X por Dispersão de Energia (Energy Dispersive X ray Fluorescence)

ICP OES Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Indutivamente Acoplado (Inductively Coupled Plasma Optical Emission Spectrometry)

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IV Espectroscopia de Infra Vermelho

IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry

LD Limite de Detecção

LQ Limite de Quantificação

MIP OES Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Induzido por Micro- ondas (Microwave Induced Plasma Optical Emission Spectrometry)

NIST Instituto Nacional de Tecnologia e Padrões (National Institute of Standards and Technology)

RM Material de Referência (Reference Material)

DRX Difratometria de Raios X (X Ray Diffractometry)

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama esquemático dos principais componentes estruturais da

parede celular das matrizes vegetais (MUSSIG, 2010)………………… 6

Figura 2 - Estruturas químicas da hemicelulose, celulose e lignina (GIANETTI, 2012)………………………………………………………………….……… 6

Figura 3 - Representação dos raios-X (MANUAL ARL 9900 Intellipower Series, 2007)…………………………………………………………………………. 11

Figura 4 - Esquema da Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia (BROWER, 2010)…………………………………………………………... 11

Figura 5 - Tempo de análise do material de referência certificado (SEM 1575a – Pine Needles – NIST) com desvio padrão……………….................. 30

Figura 6 - Espectros de infravermelho das fibras de coco, eucalipto, baronesa, piaçava e folha de pinheiro………………………………………………. 33

Figura 7 - Difratometria de raios X e índice de cristalinidade das fibras de coco, eucalipto, baronesa, piaçava e folha de pinheiro…………………………………………………………………...… 36

Figura 8 - Espectro qualitativo da fibra de coco in natura, com filtro <Cl-V> de alumino fino, 12 kV, 550 µA………………………………………...……. 38

Figura 9 - Espectro qualitativo da fibra de coco in natura, com filtro <Ni-Ag>, 30 kV, 300 µA ….……………………………………………………………………...……. 39

Figura 10 - Espectro qualitativo da fibra de eucalipto in natura, com filtro <Cl-V> de alumino fino, 12 kV, 550 µA………………………………………….. 40

Figura 11 - Espectro qualitativo da fibra de eucalipto in natura, com filtro <Ni-Ag>, 30 kV, 300 µA……………………………………………………….. 40

Figura 12 - Espectro qualitativo da fibra de baronesa in natura, com filtro <Ni-Ag>, 30 kV, 300 µA ………………………...…………………………….. 41

Figura 13 - Espectro qualitativo da fibra de baronesa in natura, com filtro <Cl-V> de alumino fino, 12 kV, 550 µA………………………………………….. 42

Figura 14 - Espectro qualitativo da fibra de piaçava in natura, com filtro <Ni-Ag>, 30 kV, 300 µA……………………………………………………………………………

42

Figura 15 - Espectro qualitativo da fibra de piaçava in natura, com filtro <Cl-V> de alumino fino, 12 kV, 550 µA………………………………………...... 43

Figura 16 - Espectro qualitativo do Material de Referência Certificado – NIST de

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

folha de pinheiro, com filtro <Ni-Ag>, 30 kV, 300 µA………………….. 43

Figura 17 - Efeito matriz nas curvas de análise direta de Pb e Ni das fibras de coco (A e B, vermelha), eucalipto (C e D, laranja), baronesa (E e F, verde) e piaçava (G e H, marrom)………………………………………. 49

Figura 18 - Resultado da correção do efeito matriz nas curvas de análise direta do Pb e Ni para as fibras de coco de cor vermelha (A e J, B e L), eucalipto de cor laranja (C e N, D e P), baronesa de cor verde (E e R, F e T) e piaçava de cor marrom (G e V, H e Z)…………………….. 60

Figura 19 - Curva de calibração do Ni na fibra de coco……………………...…….. 78

Figura 20 - Curva de calibração do Pb na fibra de coco………………...…………. 78

Figura 21 - Curva de calibração do Ni na fibra de eucalipto……………………….. 78

Figura 22 - Curva de calibração do Pb na fibra de eucalipto………………………. 79

Figura 23 - Curva de calibração do Ni na fibra de baronesa………………………. 79

Figura 24 - Curva de calibração do Pb na fibra de baronesa…………………....... 79

Figura 25 - Curva de calibração do Pb na fibra de piaçava………………………... 80

Figura 26 - Curva de calibração do Ni na fibra de piaçava……………………....... 80

Figura 27 - Curva de calibração do Pb na matriz de referência de folha de pinheiro……………………………………………………………………... 80

Figura 28 - Curva de calibração do Ni na matriz de referência de folha de pinheiro…………………………………………………………...………… 81

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição química das fibras vegetais utilizadas no estudo (% de material seco) …………………………………………………………….. 7

Tabela 2 - Composição do material de referência certificado NIST – Trace elements in Pine Needles 1575a, fração em massa (mg kg-1) ……... 23

Tabela 3 - Teor de umidade e massa específica das matrizes vegetais ……..... 28

Tabela 4 - Dados relativos às frequências vibracionais observadas e suas respectivas atribuições feitas para o espectro de infravermelho das amostras de fibras vegetais e folha de pinheiro …………………..….. 34

Tabela 5 - Figuras de mérito da análise direta da fibra de coco ……………..…. 44

Tabela 6 - Figuras de mérito da análise direta da fibra de eucalipto ………….... 45

Tabela 7 - Figuras de mérito da análise direta da fibra de baronesa ………..…. 46

Tabela 8 - Figuras de mérito da análise direta da fibra de piaçava ………..…… 47

Tabela 9 - Figuras de mérito da matriz de referência de folha de pinheiro ……. 47

Tabela 10 - Valores de inclinação das curvas de calibração da matriz de referência e da análise direta das fibras vegetais ………………….… 51

Tabela 11 - Valores críticos de comprimento de onda e de energia de absorção para possíveis interferentes de Pb e Ni ……………………………….. 52

Tabela 12 - Fatores de calibração (K) encontrados para as curvas de Pb e Ni das fibras vegetais e matriz de referência …………………………..… 54

Tabela 13 - Intensidades líquidas das fibras vegetais e da matriz de referência de folha de pinheiro correspondentes às curvas de calibração e análise direta, realizadas no espectrômetro de EDXRF ………….…. 54

Tabela 14 - Fatores de correção do efeito matriz (Mis) calculados para a curva de análise direta de Pb e Ni da fibra de coco considerando os valores de K da matriz de referência (padrão) e de K das curvas da fibra de coco …………………………………………………………..….. 55

Tabela 15 - Fatores de correção do efeito matriz (Mis) calculados para a curva de análise direta de Pb e Ni da fibra de eucalipto considerando os valores de K da matriz de referência (padrão) e de K das curvas da fibra de eucalipto …………………………………….…………………... 55

Tabela 16 - Fatores de correção do efeito matriz (Mis) calculados para a curva de análise direta de Pb e Ni da fibra de baronesa considerando os valores de K da matriz de referência (padrão) e de K das curvas da fibra de baronesa

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

………………………………………………..………………………….. 56

Tabela 17 - Fatores de correção do efeito matriz (Mis) calculados para a curva de análise direta de Pb e Ni da fibra de piaçava considerando os valores de K da matriz de referência (padrão) e de K das curvas da fibra de piaçava …………………………………………………..………. 56

Tabela 18 - Valores de Y calculados para Mis considerando o fator K da curva da matriz de referência de folha de pinheiro e o fator K da curva da fibra de coco ………………………………………………..…………….. 57

Tabela 19 - Valores de Y calculados para Mis considerando o fator K da curva da matriz de referência de folha de pinheiro e o fator K da curva da fibra de eucalipto …………………………………………….…………… 57

Tabela 20 - Valores de Y calculados para Mis considerando o fator K da curva da matriz de referência de folha de pinheiro e o fator K da curva da fibra de baronesa ……………………………………………………..….. 57

Tabela 21 - Valores de Y calculados para Mis considerando o fator K da curva da matriz de referência de folha de pinheiro e o fator K da curva da fibra de piaçava …………………………………………………..………. 58

Tabela 22 - Valores de “mi” (inclinação da reta) calculados para cada ponto das curvas de análise direta de Pb e Ni das fibras vegetais baseados nos valores de Y calculados considerando o fator de correção do efeito de matriz “Mis” quando usado o fator “K” da curva de calibração da matriz de referência de folha de pinheiro …………….. 58

Tabela 23 - Valores de concentração (mg kg-1) dos metais Ni e Pb em cada ponto das curvas das fibras vegetais corrigidas pelo algoritmo linear ………………………………………………………………......….……… 59

Tabela 24 - Resultados do teste estatístico Kolmogorov-Smirnov realizado com o pacote STARTGRAPHICS plus ……..……………………………….. 65

Tabela 25 - Concentrações de Ni correspondentes aos pontos 20, 100 e 180 mg kg-1 das amostras de fibra de coco obtidas pela análise direta com EDXRF, corrigida pelo algoritmo linear do MPF com EDXRF e MIP OES ………………………………………….………………………. 66

Tabela 26 - Concentrações de Pb correspondentes aos pontos 20, 100 e 180 mg kg-1 das amostras de fibra de coco obtidas pela análise direta com EDXRF, corrigida pelo algoritmo linear do MPF com EDXRF e MIP OES ………………………………………………….………………. 66

Tabela 27 - Resultados da validação do modelo matemático do algoritmo linear do MPF comparando com o valor experimental com 95% de confiabilidade ………………………………………………..……………

67

Tabela 28 - Teor de umidade da fibra de coco …………………………………… 81

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

Tabela 29 - Teor de umidade da fibra de eucalipto ………………………………… 81

Tabela 30 - Teor de umidade da fibra de baronesa ……...………………………… 81

Tabela 31 - Teor de umidade da fibra de piaçava ………………………………….. 82

Tabela 32 - Massa específica da fibra de coco …………………………………….. 82

Tabela 33 - Massa específica da fibra de baronesa ……………………………….. 82

Tabela 34 - Massa específica da fibra de eucalipto ………………………………... 82

Tabela 35 - Massa específica da fibra de piaçava …………………………………. 83

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

1.1 Problema Científico ............................................................................3

1.2 Hipótese ............................................................................................. 4

1.3 Objetivo Geral .................................................................................... 4

1.3.1 Objetivos Específicos ........................................................... 4

2. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................. 5

2.1 Matrizes vegetais ............................................................................... 5

2.2 Metais associados a matrizes vegetais ............................................. 8

2.3 Fluorescência de raios-X por Dispersão de Energia ....................... 10

2.4 Método de Parâmetros Fundamentais .............................................. 13

3. METODOLOGIA ................................................................................................ 17

3.1 Preparação das amostras vegetais ................................................... 17

3.1.1 Determinação de teor de umidade das fibras vegetais ..... 18

3.1.2 Determinação da massa específica das fibras vegetais .... 18

3.2 Determinação do tamanho de partícula e massa para análise ...... 19

3.3 Caracterização das fibras vegetais ................................................... 20

3.3.1 Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de

Fourier................................................................................................. 20

3.3.2 Difratometria de Raios X ………………................................. 20

3.4 Espesctrômetro de Fluorescência de Raios-X por Dispersão de

Energia....................................................................................................... 21

3.5 Tempo de Análise .............................................................................. 21

3.6 Análise Qualitativa ............................................................................. 22

3.7 Análise Quantitativa ........................................................................... 22

3.7.1 Curvas de análise direta para Ni e Pb construídas com as

fibras vegetais em estudo e com matriz de referência de folha de

pinheiro............................................................................................... 22

3.7.2 Limite de detecção e quantificação para EDXRF ..................... 24

3.8 Correção do efeito matriz com a equação de calibração baseada no

algoritmo linear do Método de Parâmetros

Fundamentais.............................................................................................. 24

3.8.1 Calibração com um único padrão ......................................... 24

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

3.9 Avaliação da metodologia com base no comportamento do modelo de

correção do efeito

matriz........................................................................................................... 27

3.9.1 Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Induzido por

Micro-ondas (MIP OES) ......................................................................28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 28

4.1 Preparação das fibras vegetais para análise direta por espectrometria

de EDXRF .................................................................................................. 28

4.1.1 Propriedades físicas das matrizes vegetais: teor de umidade e

massa específica ............................................................................... 28

4.1.2 Determinação do tempo de análise (incidência da

radiação)............................................................................................. 30

4.1.3 Tamanho de partícula e massa das fibras vegetais ............. 31

4.2 Caracterização das fibras vegetais .................................................... 32

4.2.1 Análise por Infravermelho (IV) .............................................. 32

4.2.2 Difratometria de Raios X (DRX) ............................................ 35

4.3 Análise Qualitativa ............................................................................. 37

4.3.1 Fibra de coco in natura ........................................................ 38

4.3.2 Fibra de eucalipto in natura ................................................. 39

4.3.3 Fibra de baronesa in natura ................................................ 41

4.3.4 Fibra de piaçava in natura ................................................... 42

4.3.5 Material de referência certificado – NIST – folha de

pinheiro............................................................................................... 43

4.4 Análise Quantitativa direta das fibras vegetais .................................. 44

4.4.1 Curva de calibração para Pb e Ni na fibra de coco .............. 44

4.4.2 Curva de calibração para Pb e Ni na fibra de eucalipto ….. 45

4.4.3 Curva de calibração para Pb e Ni na fibra de baronesa …. 45

4.4.4 Curva de calibração para Pb e Ni na fibra de piaçava ........ 46

4.4.5 Curva de calibração para Pb e Ni na matriz de referência.. 47

4.5 Efeito matriz nas fibras vegetais ....................................................... 48

4.6 Correção do efeito matriz nas fibras vegetais: aplicação do algoritmo

linear do Método de Parâmetros Fundamentais

(PF)............................................................................................................. 53

4.7 Avalidação do modelo matemático de correção do efeito matriz ..... 66

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

5. METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DE Pb e Ni EM FIBRAS VEGETAIS

POR EDXRF APLICANDO O ALGORITMO LINEAR DO

MPF.................................................................................................................. 68

6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 70

7. RECOMENDAÇÕES FUTURAS ....................................................................... 71

8. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 72

9. APÊNDICE ........................................................................................................ 78

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

1

1.0 INTRODUÇÃO

Com a revolução industrial muitos metais tóxicos estão amplamente distribuídos

na Terra, solo, água e o ar, pela utilização de produtos como tinta, desodorante,

agrotóxicos, entre outros e, nos últimos 50 anos a exposição humana a estes

cresceu vertiginosamente. A distribuição destes metais acomete na grande maioria

das vezes diretamente o homem, gerando uma série de sintomatologias sendo os

sistemas mais sensíveis à contaminação o sistema nervoso (central e periférico),

sistema gastrintestinal, cardiovascular, sistema renal e sistema hematopoiético

(PASCALICCHO, 2002).

Considerando a distribuição de alguns elementos metálicos tóxicos na natureza,

resultado das atividades humanas na biosfera, é de suma importância determinar a

concentração destes metais presentes em diversos tipos de matrizes,

particularmente nas matrizes vegetais, devido à capacidade destas matrizes de

agirem tão eficientemente como bioacumuladoras. Espécies vegetais são

ironicamente consideradas monitoras passivas em áreas contaminadas por metais

pesados. No caso de metais tóxicos, determinar suas concentrações nestas

matrizes é de grande importância para que seja possível estudar os níveis de

poluição advindos de diversas atividades humanas e também para admitir ou não o

uso destas espécies vegetais para o consumo humano, em caso de contaminações

em fontes alimentares (CONTI, 2001). Na região da Bahia em especial, uma das

atividades humanas mais próximas e de grande destaque é a mineração de chumbo

(Pb) em Santo Amaro e de niquel (Ni) em Itagibá, que sem dúvida trazem uma série

de preocupações de cunho sócio-ambiental, por isso este motivo, é de grande

importância o desenvolvimento de estratégias para a quantificação destas espécies,

principalmente utilizando matrizes vegetais, por serem biomarcadoras de poluição.

Além disso, nos últimos anos tem-se intensificando as pesquisas na utilização de

resíduos vegetais para remover metais tóxicos de águas que depois de saturadas

também devem ser investigadas. Dentre as várias tecnologias de tratamento de

água disponíveis, o processo de adsorção é considerado o mais vantajoso em

termos econômicos e ambientais (ALI; ASIM; KHAN, 2012). Este processo pode

remover/minimizar tipos diferentes de poluentes e, portanto, tem uma vasta

aplicação em controle da poluição da água, portanto torna-se necessário a

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

2

quantificação destes poluentes nos resíduos vegetais utilizados na remoção destes

contaminantes ambientais.

Muitas das técnicas analíticas utilizadas para a quantificação de elementos

químicos tais como a espectrometria de absorção atômica e espectrometria de

emissão óptica, são de alto custo operacional e necessitam de morosos processos

de preparação de amostra (SKOOG et. al., 2002).

Diferente de muitas outras técnicas, inúmeras vantagens são encontradas na

técnica de Espectrometria de Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia,

uma vez que esta possibilita a análise direta de uma vasta gama de amostras

(requerendo apenas o mínimo de preparo de amostra), um baixo custo de análise,

preserva a integridade da amostra (não destrutiva), é uma técnica simples e rápida,

permitindo ainda a análise multi-elementar do sódio ao urânio, possui alta exatidão e

precisão e por fim, tem a capacidade de realizar tanto uma análise qualitativa

quanto quantitativa dos elementos presentes na amostra (BROUWER, 2010).

Na EDXRF o sinal analítico é a intensidade de medição da radiação

característica de determinado elemento (em contagens/segundo), a qual é

proporcional a fração de massa do elemento presente na amostra analisada.

Entretanto, esta relação não é geralmente linear, devido aos efeitos físicos e

químicos da matriz. Os efeitos físicos das matrizes resultam de variações nas

características físicas da amostra, incluindo o tamanho das partículas, uniformidade,

homogeneidade e as condições da sua superfície. Já os efeitos químicos de matriz

estão diretamente relacionados com as concentrações de elementos químicos

interferentes presentes na amostra que comprometem a quantificação de outros

elementos. Isto pode ocorrer quando elementos presentes na maioria das matrizes

vegetais, a exemplo do enxofre (S), cloro (Cl), ferro (Fe), cálcio (Ca) e potássio (K),

absorvem a radiação X emitida por outro elemento, interferindo na quantificação

deste mesmo elemento. Para avaliar a extensão da auto absorção na amostra e o

tipo de correção de atenuação do sinal a ser considerado, o estudo dos parâmetros

fundamentais envolvidos no processo de excitação da amostra e fluorescência de

elementos na mesma são de crucial importância (MARGUÍ et. al., 2009).

De acordo com Nagada e colaboradores (2001), em decorrência do efeito

de matriz presente em análises de amostras sólidas por EDXRF, a intensidade do

sinal analítico não está relacionado linearmente com a concentração do analito de

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

3

interesse; por isso, inúmeras metodologias foram desenvolvidas buscando driblar

estes efeitos, sendo propostas desde a década de 50. Dentre as mais importantes,

se destacam o método de parâmetros fundamentais, juntamente com outros

métodos matemáticos de correção, tais como coeficientes de influência, calibração

multivariada e redes neurais.

O método de parâmetros fundamentais (MPF) é um método matemático de

correção de efeito matriz que calcula a composição analítica de uma amostra,

através de um conjunto de equações que levam em consideração a medida da

intensidade da linha de emissão do analito e os valores Tabelados dos parâmetros

como distribuição espectral primária (fonte), coeficiente de absorção (fotoelétrico e

de massa) e rendimento de fluorescência (KITOV, 2001; SHERMAN, 1955). Na

ausência destes parâmetros, em especial os geométricos da fonte, necessários para

os cálculos, uma alternativa pode ser a realização da quantificação de amostras

utilizando o algoritmo linear, em que um padrão de calibração semelhante à matriz

da amostra desconhecida é utilizado para os cálculos que relacionam suas

intensidades líquidas recolhidas pelo equipamento onde a análise foi efetuada. Esta

pode ser uma alternativa para minimizar o efeito matriz, entretanto em matrizes

complexas como as fibras vegetais o uso deste algoritmo para a correção ainda não

foi reportado na literatura. A maioria dos estudos utilizando os parâmetros

fundamentais para os quais várias equações foram desenvolvidas estão

direcionadas à matrizes simples como ligas metálicas bi ou trielementares

(ROUSSEAU, 2013; WEGRZYNEK, 1998).

Um dos desafios encontrados perante os efeitos químicos de matriz consiste no

desenvolvimento de uma metodologia que possibilite a determinação de elementos

metálicos tóxicos em fibras vegetais. Até então, poucos são os estudos direcionados

para a determinação da composição elementar de amostras de matrizes vegetais

utilizando o método de parâmetros fundamentais.

1.1 Problema Científico

Como quantificar de forma direta, Pb e Ni em fibras vegetais por

Espectrometria de Fluorescência de Raios X por Dispersão de Energia aplicando o

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

4

algoritmo linear do método de parâmetros fundamentais para a correção do efeito

matriz nestas amostras?

1.2 Hipótese

A quantificação confiável de metais tóxicos como Pb e Ni em matrizes

vegetais é possível desde que as amostras sejam preparadas com tamanhos de

partícula e homogeneidade que permita uma melhor sensibilidade na leitura do

Espectrômetro de EDXRF, sejam determinadas também as interferências espectrais

dos elementos nas amostras para posteriormente corrigir o efeito de matriz através

da aplicação do algoritmo linear correspondente ao Método de Parâmetros

Fundamentais, por meio das intensidades líquidas da linha de emissão do padrão e

das amostras correspondentes às curvas de análise direta realizadas.

1.3 Objetivo Geral

Avaliar a aplicação do algoritmo linear do método de parâmetros

fundamentais para a determinação de Pb e Ni em fibras vegetais por

Espectrometria de Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia.

1.3.1 Objetivos Específicos

a. Determinar as condições de preparação de amostras de matrizes vegetais,

para a garantia de uma aceitável sensibilidade da leitura do Espectrômetro

de EDXRF e realizar a caracterização das amostras de fibras vegetais;

b. Analisar as interferências espectrais através da análise qualitativa das

matrizes vegetais e realizar curvas de calibração para análise direta de Pb

e Ni nas fibras vegetais sólidas por Fluorescência de Raios-X por

Dispersão de Energia;

c. Aplicar o algoritmo linear para as correções do efeito matriz nas curvas de

análise direta dos metais Pb e Ni nas fibras vegetais utilizando como

padrão a curva de calibração para Pb e Ni da matriz de referência de folha

de pinheiro;

d. Avaliar a metodologia desenvolvida com base no comportamento do

modelo de correção do efeito matriz e através da validação;

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

5

2.0 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Matrizes Vegetais

As células vegetais, em sua grande maioria, são delimitadas por

paredes celulares que desempenha um importante papel de resistência

mecânica. Estas paredes consistem de uma mistura de polissacarídeos e

outros polímeros, que por meio de ligações covalentes e não-covalentes, são

responsáveis pela organização destas estruturas em uma rede de ligações

químicas. Além disso, as paredes celulares também são constituídas de

polímeros fenólicos, proteínas estruturais e enzimas que lhe confere

diferentes características físicas e químicas (TAIZ; ZEIGER, 2006).

As paredes celulares são, portanto, compostas por microfibrilas de

celulose inseridas em uma matriz de polissacarídeos sendo estes

conhecidos como, hemicelulose e pectina, e esta matriz, pode ainda variar

de acordo com o tipo de célula e com a espécie vegetal, devido à variedade

de polímeros que pode constituí-la. As hemiceluloses, por exemplo, são

polissacarídeos que se ligam a superfície das microfibrilas de celulose,

reunindo-as em uma rede coesa e impedindo que ambas microfibrilas entrem

em contato direto, funcionando também como um revestimento deslizante e

flexível. Estas, abrangem vários tipos diferentes de polissacarídeos, sendo

estes o Xiloglucano, Xilano, Glucomanano, Arabinoxilano, Calose β-(1→3)D-

glucano e β-(1→3, 1→4) D-glucano (apenas em gramíneas). Já as pectinas,

formam uma fase gel hidratada na qual estão inseridas a rede celulose-

hemicelulose. A função das pectinas são atuar no preenchimento hidrofílico,

impedindo que a rede de celulose se agregue e colapse. Sua presença

confere certa porosidade às paredes celulares e, assim como na

hemicelulose, a pectina possui diferentes tipos de polissacarídeos, sendo

estes conhecidos como, Homogalacturonano, Ramnogalacturonano,

Arabinano e Galactano (MUSSIG, 2010).

A Figura 1 apresenta um diagrama esquemático dos principais

componentes estruturais da parede celular e seus arranjos.

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

6

Figura 1 - Diagrama esquemático dos principais componentes estruturais da parede celular das matrizes vegetais

Fonte: MUSSIG, 2010.

A celulose é uma microfibrila de estrutura rígida e firmemente

empacotada que contribui para a resistência estrutural das paredes celulares.

Em sua estrutura, os glucanos, polissacarídeos que a constitui, estão alinhados

e ligados firmemente entre si, além de organizados de forma altamente

ordenada (cristalina). Seu polissacarídeo presente nas microfibrilas é

conhecido como β-(1→4) D-glucano (NELSON; COX, 2000). Na Figura 2

estão presentes algumas das estruturas químicas da hemicelulose, celulose e

lignina presentes na grande maioria das matrizes vegetais.

Figura 2 - Estruturas químicas da hemicelulose, celulose e lignina

Fonte: GIANETTI, 2012.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

7

Além da hemicelulose, celulose e pectina, a lignina desempenha um

importante papel nas paredes celulares das matrizes vegetais que são

geralmente o de aumentar a rigidez mecânica fortalecendo assim os tecidos

de sustentação e vasculares das paredes celulares. A estrutura da lignina

ainda é pouco conhecida, muito embora esta seja composta por três

diferentes tipos de álcoois fenilpropanólicos, estes são o coniferil, cumaril e

sinapil, sendo estes utilizados por enzimas para a formação de polímeros

(HATFIELD; VERMERRIS, 2001).

Paredes celulares são constituídas essencialmente por celulose,

hemicelulose e lignina. Dentre estes constituintes estruturais a celulose e a

lignina são polímeros reconhecidamente associado com a remoção de metais

tóxicos (BAILEY et al., 1999; PINO et al., 2006). A disponibilidade desses

grupos promove a boa capacidade de adsorção de íons metálicos (SOUSA

NETO, 2012). Os grupos funcionais presentes nestes constituintes estruturais

auxiliam no processo de remoção dos metais, tais como grupos carboxílicos,

ácidos fenólicos, hidroxila, e sulfidrila, pois formam complexos metálicos ou

quelatos (AMUDA; GIWA; BELLO, 2007; FAROOQ et al., 2010; SUD;

MAHAJAN; KAUR, 2008).

As fibras vegetais em estudo, tais como a baronesa, a piaçava, a

casca de coco e eucalipto, foram espécies vegetais utilizadas neste estudo

por serem abundantes na região da Bahia. Uma algumas destas fibras, a

piaçava, é uma espécie vegetal endêmicada da região. Além disso, estas

fibras tem sido alvo de estudos voltados para a adsorção de metais e

poderiam ser usadas como indicadores de contaminação ambiental em

pesquisas de monitoramento ambiental. A composição vegetal destas fibras

estão apresentadas na Tabela 1 (D´ALMEIDA; AQUINO; MONTEIRO, 2006;

MIRANDA et. al., 2014, YAN et. al., 2015).

Tabela 1 - Composição química das fibras vegetais utilizadas no estudo (% de material seco).

Fibras em estudo Celulose Hemicelulose Lignina

Casca de cocoa

28,60 – 36,70 14,80 – 18,40 32,50 – 34,00

Casca de eucaliptob

32,68 15,50 19,64

Piaçavac

31,60 – 52,20 3,400 43,10 – 48,40

Baronesad

15,60 – 32,00 15,10 – 28,00 3,300 - 19,10 Fonte:

a,dMiranda (2014),

bYan (2015);

cD’Almeida, Aquino e Monteiro (2006).

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

8

2.2 Metais associados às matrizes vegetais

Grande parte das matrizes vegetais são organismos autótrofos que

podem sintetizar seus componentes orgânicos a partir de nutrientes

inorgânicos obtidos do meio natural. Para grande parte dos nutrientes

minerais, ocorre um processo que envolve a absorção de compostos

inorgânicos pelas raízes e sua incorporação em compostos orgânicos,

essenciais ao crescimento e desenvolvimento da matriz vegetal. Esta

incorporação é conhecida como assimilação de nutrientes e estes nutrientes

vão dos nitratos aos sulfatos, considerando também os macronutrientes e

micronutrientes catiônicos metálicos. Os vegetais geralmente assimilam

macronutrientes catiônicos como o potássio, magnésio e cálcio, e

micronutrientes como o cobre, ferro, manganês, cobalto, sódio e zinco. Estes,

ao serem assimilados formam imediatamente complexos com compostos

orgânicos presentes nos compartimentos vegetais da matriz, no caso do Ca2+,

por exemplo, este está associado à pectatos na parede celular dos vegetais;

já o Mg2+, geralmente está associado ao pigmento clorofila. Estes e outros

complexos são altamente estáveis e garantem as funcionalidades dos

compartimentos vegetais aos quais estão associados (TAIZ; ZEIGER, 2006).

A facilidade na associação de metais dàs matrizes vegetais tornam

estas verdadeiras marcadoras de poluição ambiental, graças à existência de

grupos funcionais ativos, tais como carboxilas, hidroxilas, carbonilas, entre

outros, presentes em toda a extensão de sua superfície. Estas matrizes

possuem uma grande capacidade de associação a compostos inorgânicos,

em especial, metais, devido ao seu elevado teor de matéria orgânica

composta principalmente por lignina (GUO; ZHANG; SHAN, 2008) e celulose.

Estes são conhecidos como os polímeros essenciais nos processos

relacionados à remoção de metais pesados de ambientes contaminados

(CRESPILHO; SANTANA; REZENDE, 2004; AZEVEDO et; al., 2008).

Em seus estudos, Rodrigues e colaboradores (2006) chegaram à

conclusão de que diversos tipos de biomassa em especial cascas, bagaços e

sementes vegetais, possuíam uma elevada capacidade de reter íons

metálicos por adsorção. No caso deste estudo, esta biomassa pode se

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

9

resumir à casca de coco e eucalipto, à baronesa e à piaçava. A baronesa em

especial se destaca por ser um exímio marcador biológico de poluição, pois

sua presença em rios e lagos, na grande maioria das vezes indica existência

de degradação do ecossistema aquático ao qual esta se encontra.

Algumas questões ambientais, tais como a presença de metais

pesados em efluentes industriais, principalmente, reduzem significativamente

a capacidade autodepurativa das águas, resultando no aumento da demanda

bioquímica de oxigênio nestes ecossistemas aquáticos, e assim, graças à

ação tóxica dos metais presentes neste meio, ocorre o processo conhecido

como eutrofização (FELLENBERG, 1980).

Metais como chumbo (Pb) e níquel (Ni), são considerados tóxicos

quando encontrados em quantidades elevadas na natureza, produto de

atividades humanas, principalmente as industriais (WHO, 2005). Entretanto,

segundo Aguiar e Novaes (2002), mesmo em concentrações baixas, os

cátions de metais pesados uma vez lançados em rios, por exemplo, ao

atingirem estuários, podem sofrer a chamada amplificação biológica, que é o

aumento de sua concentração nos tecidos dos seres vivos que estiverem

presentes naquele ecossistema, por estes resíduos metálicos não fazerem

parte do ciclo metabólico dos organismos ali presentes.

As contaminações por chumbo e níquel, objetos de estudo deste

trabalho, trazem uma série de problemas à saúde humana em especial, além

do meio ambiente. São elementos estes altamente carcinogênicos e com

tendência acumulativa nos ossos, rins, fígado, cérebro etc, hemorragias,

lesões renais etc. De acordo com a Organização Mundial de saúde, o ser

humano pode ingerir 25 µg kg-1 por semana de chumbo, já de níquel, seria

cerca de 10 µg (WHO, 2010).

Ao contrário do chumbo, o níquel é facilmente encontrado em

sementes, nozes, cacau, em concentrações entre 1 e 6 ppm. Em áreas

urbanas, cerca de 5 a 35 ng m-3 de níquel são encontrados no ar. Entretanto,

a exposição do ser humano à quantidades de níquel acima das registradas

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

10

anteriormente acarretam numa série de problemas de saúde, podendo até

mesmo levar o paciente a óbito (WHO, 2005).

2.3 Fluorescência de raios-X por Dispersão de Energia

O princípio da fluorescência de raios-X é a emissão de radiação

característica por parte dos elementos presentes numa amostra quando esta é

irradiada com um feixe de raios-X de comprimento de onda suficientemente

curto e atinge as camadas mais internas dos átomos dos elementos presentes

nesta amostra. Os raios-X emitidos pela fonte se originam em transições

eletrônicas que envolvem os mais profundos níveis energéticos e são

produzidos geralmente num tubo de raios-X onde ocorre o bombardeamento de

um alvo metálico com elétrons de alta velocidade (energia) (SKOOG; HOLLER;

NIEMAN, 2002).

O tubo de raios-X é um tubo evacuado, composto por um alvo metálico

com elevado ponto de fusão resfriado à água (ânodo), um filamento de

tungstênio (cátodo) e uma janela de berílio por onde a radiação é emitida. No

tubo, quando aquecido, os elétrons emitidos pelo cátodo são acelerados em

direção ao ânodo em alto potencial positivo (30 a 40 quilovolts). Assim, os

raios-X que são produzidos ao longo deste processo são propagados através

de uma janela de berílio (BROUWER, 2010; SKOOG; HOLLER; NIEMAN,

2002).

Quando os átomos de uma amostra recebem uma descarga de raios-X,

seus fótons atingem um elétron, este elétron é retirado da camada atômica de

menor energia, deixando uma vacância que é preenchida por um elétron de

maior energia. No processo ocorre a fluorescência expressa na forma de fótons

de raios-X (MANUAL ARL 9900 Intellipower Series, 2007). A Figura 3 ilustra

este processo.

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

11

Figura 3 - Representação dos raios-X

Fonte: MANUAL ARL 9900 Intellipower Series, 2007.

O equipamento emite sua resposta analítica em contagem por

segundo, ou seja, a medida de intensidade baseada no número de fótons de

raios-X que alcançam o detector em um determinado tempo. O sistema de

detecção que geralmente é utilizado na fluorescência de raios-X por dispersão

de energia (EDXRF) são de Si(Li), Ge(Li) ou Ge hiperpuro, sendo considerados

detectores de alta resolução por possuírem alta habilidade de separação direta

dos raios-X característicos (POTTS, 1992). Um esquema do equipamento de

fluorescência de raios-x por dispersão de energia é apresentado na Figura 4.

Figura 4 - Esquema da Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia

Fonte: BROWER, 2010.

O equipamento de EDXRF é composto por uma fonte, um dispositivo

de seleção de comprimento de onda da radiação incidente, um compartimento

para a amostra, um sistema de detecção e um dispositivo de saída. O tubo de

raios-X deve estar em alto vácuo e deve possuir um ânodo volumoso (bloco

pesado de cobre com alvos metálicos como tungstênio, crômio, cobre,

molibdênio, ródio, escândio, prata, ferro etc). Além disso, o EDXRF possuem

filtros e monocromadores que tem a função de estreitar uma faixa de

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

12

comprimento de onda. Seus monocromadores são compostos por dois

colimadores de feixe e de um monocristal sobre um goniômetro, que permite a

variação e medição precisa do ângulo entre a face do cristal e do feixe

colimado incidido (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002).

O sistema de detecção captura três tipos diferentes de radiações, a

que passa pela janela de berílio, a que é filtrada por um dos cinco filtros

programáveis, e a que entra em contato com a amostra e o detector recebe a

radiação característica emitida pela amostra. Parte da radiação antes de

passar pelo filtro é dispersa causando sinais de background indesejáveis e a

radiação que também não passa pelo filtro pode ser difratada causando picos

de difração (BROUWER, 2010; TURQUETTI, 2011).

A Fluorescência de Raios-X é uma técnica que traz muitas vantagens,

permitindo a análise direta de amostras com o mínimo de pré-tratamento,

(MELLO, 2012) além disso, é uma técnica simples, rápida, de baixo custo de

análise, não destrutiva, e seus espectros são de simples interpretação. A

técnica permite a análise multielementar do sódio ao urânio, possibilita análise

qualitativa e quantitativa, pode operar com amostras líquidas ou sólidas, e

possui alta precisão e alta exatidão (NAGATA et. al, 2001). Um dos

inconvenientes desta análise é o alto limite de detecção, o efeito matriz e as

interferências espectrais. Estes últimos foram contornados com correções

matemáticas utilizando padrão para calibração, e foi feita a escolha de uma

linha espectral alternativa para os analitos de interesse, com o intuito de

contornas as interferências espectrais (SKOOG; HOLLER; NIEMAN, 2002;

NAGATA et. al., 2001).

Muitos trabalhos reportados na literatura têm utilizado a técnica da

Fluorescência de Raios X (XRF) para realizar determinações em amostras de

plantas e vegetais. Queralt (2005) dirigiu seus estudos para a determinação

quantitativa de elementos essenciais e traços presentes em plantas medicinais

utilizando uma combinação das técnicas de Fluorescência de Raios X (XRF) e

Plasma Indutivamente Acoplado (ICP), sendo possível determinar

quantitativamente a presença de 17 elementos (Na, Mg, Al, Si, P, S, K, Ca, Ti,

Mn, Fe, Cu, Zn, As, Rb, Sr e Pb).

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

13

Gupta (2011) investigou a absorção elementar em couve-flor através

da técnica de Fluorescência de Raios X por Dispersão de Energia (EDXRF).

Em seu estudo a técnica EDXRF foi induzida por radioisótopos de 109Cd em

amostras de couve-flor que consistem na flor, nas folhas e no solo radicular

associado. Os resultados sugeriram que se comparadas as concentrações

elementares nos solos radiculares e nas folhas das amostras de Cu, Zn e Pb,

independentemente do tipo de solo as concentrações destes elementos seriam

similares na parte da flor comestível de todas as amostras. Além destes, muitos

outros trabalhos vêm sendo desenvolvidos com o intuito de investigar a

composição de amostras vegetais utilizando a Fluorescência de Raios X,

entretanto, observa-se um número ínfimo de trabalhos que reportam a

aplicação de métodos matemáticos como o método de Parâmetros

Fundamentais para correção do efeito de matriz existente em amostras

vegetais utilizando a técnica de EDXRF, e esta foi uma das motivações para o

desenvolvimento desta pesquisa.

2.4 Método de Parâmetros Fundamentais

Em decorrência dos efeitos de absorção e intensificação do sinal

analítico conhecidos como efeito matriz, a medida da intensidade de emissão

dos raios-X característicos do elemento de interesse geralmente não se

correlaciona linearmente com sua concentração. Sendo assim, como os efeitos

interelementares são inevitáveis quando amostras complexas são analisadas

por FRX, vários métodos de correção deste efeito foram propostos. Dentre os

métodos de correção matemática mais importantes, considerando os

coeficientes de influência e a calibração multivariada, se encontra o método de

parâmetros fundamentais, escolhido à priori para este estudo por dispensar a

necessidade de realização de curvas de calibração.

O método de parâmetros fundamentais (MPF) é um método

matemático de correção de efeito matriz que permite calcular a composição

analítica de uma amostra, a partir da medida da intensidade da linha de

emissão do analito e de valores Tabelados de três parâmetros fundamentais:

distribuição espectral primária (fonte), coeficiente de absorção (fotoelétrico e de

massa), e rendimento de fluorescência. Sua metodologia consiste em resolver

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

14

um conjunto de equações para o cálculo das intensidades fluorescentes como

função das frações de massa dos elementos amostrais; dos parâmetros

geométricos, tal como a distribuição espectral do feixe excitante envolvido e

dos parâmetros fundamentais, à exemplo da excitação do tubo de raios-X, tidos

como elementos chaves do método (KITOV, 2001; SHERMAN, 1955).

A Equação 1 mostra a expressão matemática necessária para

aplicação do MPF, considerando-se a excitação da amostra através de uma

radiação monocromática. Utilizando-se fonte policromática na análise de

amostras multicomponentes, a expressão torna-se bastante complexa, o que

leva à utilização de recursos computacionais (NAGADA; BUENO, 2001).

(1)

Na Equação 1 estão presentes os seguintes termos:

IL - Intensidade da linha do analito A;

IO - Intensidade do feixe primário em efetivo comprimento de onda lprim;

λprim - Efetivo comprimento de onda dos raios-X primário;

λL - Comprimento de onda da linha do analito A;

ωA - Rendimento de fluorescência do elemento A;

gL - Valor fracional da linha L do analito em sua série;

rA - Razão do borda de absorção do elemento A;

dΩ/4π - Valor fracional do raio-X fluorescente dirigido ao detector;

CA - Concentração do elemento A;

µA (λprim) - Coeficiente de absorção de massa de A para λprim;

µM (λprim.) - Coeficiente de absorção de massa da matriz para λprim;

µM (λL) - Coeficiente de absorção de massa da matriz para λL;

φ - Ângulo de incidência do feixe primário;

Ψ - Ângulo de saída do feixe fluorescente;

O método de parâmetros fundamentais assume que a amostra é

homogênea, apresenta espessura infinita e tem uma superfície razoavelmente

plana. Em seus cálculos para que a radiação policromática fosse considerada,

Shiraiwa e Fujino (1966) derivaram fórmulas para o cálculo das intensidades de

fluorescência primária, secundária e terciária e realizaram cálculos utilizando as

fórmulas por eles derivadas e experimentos para ligas binárias de Ni-Fe e Fe-

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

15

Cr, à fim de confirmarem seus cálculos. A fim de conhecerem também a

magnitude relativa dos raios-X fluorescentes primários, secundários e

terciários; eles realizaram cálculos para algumas ligas de Ni-Fe-Cr e, nestes

cálculos, levaram também em conta a distribuição de intensidade contínua dos

raios X excitante. Por fim, os resultados apontaram para a concordância de

seus resultados teóricos e experimentais. Assim, eles concluíram que a

estimativa teórica da intensidade dos raios-X fluorescentes emitidos a partir de

amostras de várias composições é possível.

Shiraiwa e Fujino (1996) avaliaram ainda em sua teoria os efeitos de

matriz, tais como os efeitos de absorção e intensificação do sinal analítico e

confirmaram ainda que os raios X fluorescentes secundários eram significantes

e assim não podiam ser negligenciados nos cálculos (KATAOKA, 1989).

A aplicação do método de Parâmetros Fundamentais envolve duas

etapas fundamentais: a calibração e a quantificação. Na calibração, a Equação

é utilizada para previsão da intensidade das linhas característica do padrão de

calibração para o espectrômetro em que as medidas estão sendo realizadas.

As intensidades teóricas calculadas são relacionadas com as intensidades

medidas, sendo que as intensidades medidas são corrigidas para cada linha

característica. Já na etapa da quantificação, estima-se primeiramente uma

composição aproximada da amostra considerando-se a intensidade relativa das

linhas de emissão detectadas para cada elemento presentes na matriz e

estimando que a intensidade total emitida corresponde a uma composição de

100% ou qualquer outra próxima deste valor se os constituintes secundários

forem ignorados (CRISS; BIRKS, 1968). Assim um programa calcula as

intensidades que deveriam ser observadas para a composição assumida,

comparando-as com os valores medidos, faz o ajuste da composição estimada

e calcula o novo conjunto de intensidades esperadas. Este processo é

conhecido como processo iterativo e este é repetido até que a suposta

composição dê um conjunto de valores muito próximos em relação às

intensidades dos raios-X calculados e medidos com apenas uma pequena

margem de erros. Deste modo a composição aceita é aquela que contém o

último conjunto de valores que mais se aproximam das intensidades medidas

(CHRISTENSEN; PIND, 1981; SITKO, 2008; 2009).

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

16

Criss e Birks (1968) demonstraram a viabilidade da determinação

quantitativa de ligas de Fe-Ni-Cr através da metodologia de coeficientes de

influência empírico. Os algoritmos que deram origem aos coeficientes

empíricos derivam do algoritmo linear que também deu origem ao algoritmo

fundamental dos parâmetros fundamentais. Para os coeficientes empíricos, as

equações 2 à 5 mostram os principais algoritmos envolvidos em sua

formulação e também para a formulação dos parâmetros fundamentais.

Algoritmo Linear:

Ci = Ki • Ii =

• Ii = Ri (2)

Algoritmo Lachance-Traill:

Ci = Ri (3)

Algoritmo Claisse-Quintin:

Ci = Ri (4)

Algoritmo Fundamental (Proposto por Rousseau):

Ci = Ri

(5)

Estes coeficientes empíricos são definidos experimentalmente (análise

de regressão) e são derivados de aproximações das equações fundamentais.

Neste sentido, foi escolhido para a correção do efeito matriz, neste estudo, o

algoritmo linear, devido à ausência dos parâmetros instrumentais (geométricos,

em especial) necessários para os cálculos dos parâmetros fundamentais. Esta

fora uma alternativa encontrada para a realização da quantificação de

amostras, onde um padrão de calibração semelhante à matriz da amostra

desconhecida deve ser utilizado para os cálculos que relacionam suas

intensidades líquidas recolhidas pelo equipamento onde a análise foi efetuada.

Esta pode ser uma alternativa para minimizar o efeito matriz em fibras vegetais,

que possuem uma alta complexidade estrutural e tendência à heterogeneidade,

sendo este um grande desafio para a análise direta por EDXRF destas

amostras em estado sólido. Esta limitação justifica a importância da aplicação

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

17

do algoritmo linear derivado do Método de Parâmetros Fundamentais para a

correção do efeito matriz, já que este efeito se faz presente nas amostras

sólidas analisadas diretamente por EDXRF. Além disso, até então, ainda não

foram encontrados trabalhos reportados na literatura sobre a utilização deste

algoritmo para correção de efeito matriz em amostras complexas utilizando os

coeficientes empíricos. A maioria dos trabalhos se baseiam nestes estudos

para ligas metálicas bi ou trielementares considerando o mínimo de

complexidade da matriz (ROUSSEAU, 2013; WEGRZYNEK, 1998;

(NAGADA;BUENO, 2001).

3.0 METODOLOGIA

Todas as análises foram realizadas no Laboratório de Pesquisas

Ambientais (LPA) no Centro de Pesquisas em Ciências e Tecnologias das

Radiações (CPq CTR). Para a análise das concentrações de Pb e Ni nas

amostras de fibras vegetais, fez-se necessária uma etapa de preparação

adequada das amostras para posterior leitura no Espectrômetro de EDXRF,

uma segunda etapa de análise dos espectros qualitativos das fibras vegetais

para avaliar as possíveis interferências espectrais. E, posteriormente,

construir as curvas de calibração de análise direta à fim de evidenciar o efeito

de matriz nestas fibras a fim de, realizar as correções do efeito de matriz

através do algoritmo linear do método de parâmetros fundamentais. Por fim,

foi avaliado o comportamento do modelo de correção do efeito matriz com

base nos resultados obtidos experimentalmente por MIP OES e previstos pelo

modelo do algoritmo linear do MPF.

3.1 Preparação das amostras de fibras vegetais

As matrizes vegetais coletadas para a pesquisa foram escolhidas por

serem abundantes na região Sul da Bahia, e algumas até endêmicas, como é

o caso da fibra de piaçava. Além desta, as demais fibras selecionadas foram

as fibras de coco, eucalipto e baronesa. A coleta foi realizada na região Sul

da Bahia devido à maior disponibilidade destas espécies.

Inicialmente, estas amostras foram levadas à estufa com temperatura

já programada em (100 ± 2) ºC, onde estas permaneceram por 3h. Após a

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

18

secagem prévia, as amostras foram armazenadas para posterior moagem

(MARGUÍ, 2009).

A moagem das amostras foi realizada num moinho de facas com

peneiramento inicial de 2,0 mm.

3.1.1 Determinação do teor de umidade das fibras vegetais

A determinação do teor de umidade das fibras vegetais é de extrema

relevância já que deve ser considerada a massa seca das amostras. Para

determinar o teor de umidade de cada uma das fibras estudadas, as amostras

de fibras vegetais, pré-tratadas e previamente moídas, de massa fixada em

(0,500 ± 0,001) g foram submetidas a uma temperatura de (103 ± 2) ºC, numa

estufa por pelo menos 3 h, temperatura ideal para a remoção de grande parte

da umidade presente nas amostras. Após a secagem na estufa, as fibras foram

encaminhadas para um dessecador, a fim de que houvesse um resfriamento

até a temperatura ambiente para que fosse possível realizar a medição de seu

peso. Este procedimento foi repetido até a massa da amostra chegar a um

peso constante. As análises foram realizadas em quintuplicata para cada uma

das fibras individualmente.

As fibras utilizadas foram às fibras de baronesa, coco, eucalipto e

piaçava.

Para o cálculo da porcentagem de umidade de cada fibra foi utilizada a

Equação 6, onde H simboliza o teor de umidade expresso em porcentagem, PAr

representa o peso das fibras secas ao ar em gramas (temperatura ambiente) e

PEstufa representa o peso da fibra após secagem na estufa em gramas

(MARHOL, 1982).

X 100 (Equação 6)

3.1.2 Determinação da massa específica das fibras vegetais

Neste experimento, a determinação da massa específica contribuiu

posteriormente para que fosse definida a massa das amostras que deveriam

ser utilizadas nas análises por EDXRF. As fibras utilizadas neste estudo foram

fibra de baronesa, coco, piaçava, eucalipto. Estas foram previamente secas

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

19

numa estufa à 103º C e acondicionadas num dessecador antes de realizar o

experimento, com a finalidade de controlar a umidade destas. Com o auxílio de

uma proveta de 10 mL foram colocadas na mesma água destilada até que sua

marca alcançasse a marca dos 5 mL.

De acordo com a fisiologia de cada fibra tal com a sua capacidade de

absorção do líquido presente na proveta, foram ajustadas então as respectivas

massas que deveriam ser pesadas de cada uma delas individualmente a fim de

que fosse possível observar variações razoáveis de volume na superfície.

Sendo assim, a partir da observação do comportamento destas fibras no

decorrer deste experimento foram definidos para a fibra de baronesa uma

massa de (0,200 ± 0,001) g, fibra de coco, (0,300 ± 0,001) g, fibra de eucalipto,

(0,400 ± 0,001) g e piaçava, ambos (0,500 ± 0,001) g. Esta massa foi

devidamente acrescida à proveta contendo 5 mL de água destilada e após um

período de 24h, a medida da variação do volume foi então possível. Este

experimento foi repetido em quintuplicata para cada fibra individualmente. O

cálculo da massa específica foi realizado através da Equação 7, onde “m”

representa a massa específica das fibras, mfibra é a massa pesada da fibra para

o estudo e variação do volume corresponde à variação do volume observado

com a adição da fibra à proveta contendo 5 mL de água destilada (MARHOL,

1982).

m (g cm-3)

(Equação 7)

3.2 Determinação do tamanho de partícula e massa para análise

Baseou-se tanto na literatura de Omote e colaboradores (1995) quanto

na de Marguí e colaboradores (2009) para definição do tamanho de partícula

mais apropriada para análise de matrizes vegetais. De acordo com seus

estudos realizados com amostras vegetais para este tipo de amostra, os efeitos

de segregação e tamanho de partícula são considerados relativamente

pequenos. Segundo estas referências, quando o tamanho de grão é ≤ 25 mesh

(0,71 mm de abertura, 710 µm), a intensidade de raios-X medida torna-se

constante, demonstrando assim que em tamanhos de partícula inferiores que

este ou iguais a este, não existe diferença significativa entre as respostas

encontradas. Sendo assim, utilizou-se uma peneira de malha de 325 mesh

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

20

(0,04 mm de abertura) disponível em laboratório, para a realização deste

experimento, considerando estas referências reportadas na literatura.

A quantidade em massa escolhida para a análise das fibras vegetais

baseou-se em suas respectivas massas específicas. Pois foi observado que,

devido às diferenças de densidade de cada fibra, algumas quantidades em

massa estabelecidas para análise de intensidade da radiação, extrapolavam os

limites do recipiente de análise do espectrômetro de EDXRF, inviabilizando a

análise para todas as fibras. Sendo assim, concluiu-se a partir das diferentes

quantidades em massa testadas no suporte de análise de EDXRF realizada

para cada uma das fibras, que a quantidade média de massa pesada mais

apropriada para a análise de cada tipo de fibra (coco, eucalipto, baronesa,

piaçava) seria (0,500 ± 0,001) g. Com esta quantidade, as fibras nem

alcançavam o máximo de altura do suporte de análise de EDXRF, nem

representariam um mínimo em sua porção. O suporte possui formato cilíndrico

com uma altura de 2,85 cm, diâmetros internos 2,78 cm e externo 3,44 cm,

possuindo em sua parte inferior uma película de polipropileno por onde os

raios-X atravessam alcançando a amostra e na parte superior uma tampa para

o isolamento da amostra do meio externo.

3.3 Caracterização das fibras vegetais

3.3.1 Espectroscopia de Infravermelho (IV)

O espectro infravermelho (IV) foi obtido a partir das fibras vegetais in

natura, onde se objetivava verificar os principais grupos funcionais presentes

sua estrutura. Para isso foram pesados 0,001 g das fibras in natura (massa

seca) e misturados com (0,100 ± 0,001) g de KBr e prensados em forma de

pastilha apropriada, para ser analisada pela Espectroscopia de Infravermelho

com Transformada de Fourier (FTIR), sendo o equipamento utilizado do

modelo i S10 da Thermo Scientific Nicolet.

3.3.2 Difratometria de raios X (DRX)

O objetivo do ensaio foi revelar a estrutura cristalina das fibras vegetais

e material de referência de folha de pinheiro a fim de caracterizá-los quanto ao

seu ordenamento estrutural, expresso através do índice de cristalinidade (IC),

cálculo desenvolvido por Segal e colaboradores (1959), onde o percentual de

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

21

celulose cristalina é determinado subtraindo a intensidade máxima da difração

(22º < 2θ < 23º) que representa o material cristalino (I002), da intensidade

mínima da difração (2θ = 18º) que representa o material amorfo (Iam), deste

resultado será extraída a razão pela intensidade máxima da difração do

material cristalino (I002) e por fim multiplicado por 100 para obtenção do

percentual. Esses ensaios foram realizados no equipamento MiniFlex 600 da

marca Rigaku numa faixa de ângulos (2θ) variando entre 5° a 65°. As

condições aplicadas ao tubo de raios X foram 40 kV de voltagem e 30 mA de

corrente, com fonte de radiação CuK – Beta.

3.4 Espectrômetro de Fluorescência de Raios-X por Dispersão de Energia (EDXRF)

O Espectrômetro utilizado nas análises foi o de Fluorescência de

Raios-X por Dispersão Energia, Minipal 4 da PANalitycal, equipado com 12

posições, um acessório de gás hélio para análises de líquidos, ânodo do tubo

de raios-X de ródio, janela de berílio com espessura de 13 µm e detector de Si

PIN, potência máxima de 9 W, corrente de 1 a 1000 µA e voltagem de 4 a 30

kV, filtros de Kapton (50 µm), Al fino (50 µm), Al (200 µm), Mo (100 µm) e Ag

(100 µm).

3.5 Tempo de análise

Para avaliar o tempo de incidência da radiação nas amostras de fibras

vegetais, utilizou-se o material de referência certificado de elementos traço em

folha de pinheiro (SRM 1575a - Pine Needles - NIST). Como esta amostra de

material certificado vegetal era de elementos traço, os elementos de interesse

Ni e Pb estavam presentes em concentrações traço, tão baixas que poderiam

inviabilizar a leitura no espectrômetro de EDXRF, uma vez que este

equipamento possui um alto limite de detecção. Entretanto, o manganês (Mn)

presente também no material de referência, se fazia presente numa

concentração bastante elevada e possivelmente detectável pelo equipamento.

De acordo com os dados certificados, havia na amostra de folha de pinheiro

(488 ± 28) mg kg-1 de manganês. Como o intuito era o de estudar o tempo de

incidência de radiação numa amostra vegetal a fim de que fosse alcançada a

melhor resposta analítica, utilizou-se a linha Kα de energia 5,849 keV,

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

22

majoritária e representativa do Mn (manganês) presente numa concentração

detectável e livre de interferentes, no material de referência certificado. Os

tempos de análise foram avaliados de 1 a 5 min e foram realizadas 10

replicatas instrumentais em cada tempo.

3.6 Análise Qualitativa

Com o intuito de investigar os elementos que fazem parte da

composição da amostra de fibra vegetal em toda sua magnitude foram

realizadas para cada uma das fibras estudadas análises qualitativas de seus

espectros. Para isso a amostra foi previamente seca, peneirada (325 mesh) e

pesada 0,5g e foi adicionada no suporte do instrumento para posterior

varredura dos elementos presentes. As análises foram realizadas utilizando

filtros de <Ni-Ag>, com energias 30 KV, 300 µA e ar atmosférico e filtros de

<Cl-V> de alumínio fino, com energias 12kV, 550 µA nas linhas principais para

cada elemento.

A análise de cada espectro foi realizada considerando as linhas

principais específicas dos elementos que poderiam interferir nos elementos de

interesse e suas contagens.

3.7 Análise Quantitativa

3.7.1 Curvas de análise direta para Ni e Pb construídas com as fibras

vegetais em estudo e com matriz de referência de folha de pinheiro

As curvas de calibração foram construídas para as fibras de coco,

baronesa, eucalipto, piaçava e para a matriz de referência de folha de

pinheiro. No caso das fibras vegetais, estas foram secas, moídas e

peneiradas. Posterior ao pré-tratamento das fibras foram pesados 0,5 g destas

amostras em béqueres de 50 mL, onde foram colocados previamente 5 mL de

água destilada para facilitar a distribuição dos metais pelas amostras quando

acrescida a solução padrão destes metais.

As curvas de calibração foram construídas nas concentrações dos

padrões de Ni e Pb de 0, 20, 40, 60, 80, 100, 120, 140, 160, 180 e 200 mgkg-1.

Posterior à esta etapa, os béqueres contendo as fibras pesadas e

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

23

contaminadas com Ni e Pb nas concentrações relatadas anteriormente, foram

encaminhadas para a estufa para secagem à 100 ºC, com o intuito de remover

toda a água à fim de que os metais Ni e Pb ficassem adsorvidos nas amostras

vegetais. A secagem foi realizada após as amostras terem sido deixadas em

contato com a solução bielementar (Pb e Ni) durante a noite, e foram deixadas

cerca de 1 hora na estufa. Após resfriamento, o material foi recolhido para o

suporte de análise de EDXRF. As medições foram realizadas em triplicata.

Os constituintes da matriz vegetal celulósica de referência e suas

respectivas composições certificadas pelo NIST são apresentados na Tabela

2.

Tabela 2 - Composição do material de referência certificado NIST – Trace elements in Pine Needles 1575a, fração em massa (mg kg-1).

Elementos Composição

(mg kg-1

) Método Elementos

Composição

(mg kg-1

) Método

Al 580 ± 30 INAA, ICP-AES K 0,417 ± 0,007 INAA, PGAA,

ICP-AES

As 0,039 ± 0,002 INNA Rb 16,5 ± 0,9 ICP-MS,

INAA

Ba 6,0 ± 0,2 INNA, ICP-MS Sc 0,0101 ± 0,0003 INNA

B 9,6 ± 0,2 PGAA Se 0,099 ± 0,004 INNA

Cd 0,233 ± 0,001 ICP-MS, RNAA Na 63 ± 1 INAA

Ca 0,25 ± 0,01 INNA, ICP-MS Zn 38 ± 2 INNA, ICP-

AES

Ce 0,11 INNA Cr 0,3 – 0,5 INNA, ICP-

MS, ICP-AES

Cs 0,283 ± 0,009 INAA Fe 46 ± 2 INAA, ICP-

AES

Cl 421 ± 7 PGAA, INAA Mn 488 ± 12 INAA

Co 0,061 ± 0,002 INAA Hg 0,0399 ± 0,0007 CV-ID-ICP-

MS

Cu 2,8 ± 0,2 RNAA, ICP-

AES Ni 1,47 ± 0,10 ICP-MS

Pb 0,167 ± 0,015 ICP-MS P 0,107 ± 0,008 RNAA, ICP-

AES

Mg 0,106 ± 0,017 INAA, ICP-AES - -

Fonte: Certificado de Análise, NIST, Standard Reference Material 1575a, onde os métodos utilizados foram a Espectrometria de Emissão Atômica com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-AES: Inductively coupled plasma atomic emission spectrometry), Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS: Inductively coupled plasma mass spectrometry), Análise de Ativação Instrumental de Nêutrons (INNA – Instrumental nêutron activation analysis), Espectrometria de Massas com Plasma Indutivamente Acoplado associado ao Vapor Frio e Diluição de Isótopos (CV ID-ICP-MS: Isotope dilution, cold vapor, inductively coupled plasma mass spectrometry), Análise de ativação rápida de raios-gama

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

24

(PGAA: Prompt gamma-ray activation analysis) e Ativação Radioquímica de nêutrons (RNAA: Radiochemical nêutron activation).

3.7.2 Limite de detecção e quantificação para EDXRF

Os limites de detecção e quantificação foram calculados de acordo com

as equações 8 e 9, onde foram considerados variáveis instrumentais utizadas

na correção do efeito matriz pelo MPF, sendo estas K que é a sensibilidade

expressa em cps/ppm; B o background (média dos valores dos brancos da

amostra) e t o tempo de incidência da radiação x na amostra (MELQUÍADES,

2007; PYTLAKOWSKA; SITKO, 2013).

Equação 8

Equação 9

3.8 Correção do efeito matriz com a equação de calibração baseada no algoritmo linear do Método de Parâmetros Fundamentais

3.8.1 Calibração com um único padrão

A correção do efeito matriz presente nas fibras vegetais in natura foi

feita com base no algoritmo linear que anos mais tarde deu origem ao

algoritmo fundamental (Parâmetros Fundamentais) descrito por Criss e Briks

em 1968. Este mesmo algoritmo linear pode ser também adaptado para

análises de rotina de acordo com Rousseau (2013), onde calibrações são

realizadas considerando um ou mais padrões com matrizes próximas da

amostra a ser corrigida, neste caso matrizes celulósicas, uma vez que para

este cálculo, espécimes do analito puro nem sempre se encontram disponíveis

(fibras vegetais contendo apenas o analito como constituinte).

Sendo assim, baseando-se em Rousseau (2013), utilizou-se o

seguinte algoritmo linear:

Ci = Ki • Ii • Mis (10)

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

25

Onde Ci representa a concentração do analito “i” na amostra (ppm), Ki o fator

de calibração da curva (cps-1), Ii a intensidade líquida medida do analito (cps),

e Mis o fator de correção do efeito matriz em dada intensidade do analito na

amostra (ppm).

Neste algoritmo, o fator K da Equação 10, pode ser substituído por:

Ki =

(11)

Onde I(i) representa a intensidade medida do analito “i” numa amostra pura em

contagens por segundo (cps).

Deste modo, a Equação 10 pode ser então reescrita como mostra a

Equação 12.

Ci =

• Mis (12)

Como dito anteriormente, numa situação ideal, a amostra considerada

o padrão deveria ser aquela que contivesse apenas o analito de interesse,

como por exemplo, amostras padrões de ligas metálicas, para o qual, grande

parte destes algoritmos foram testados à priori. Entretanto, como neste caso,

serão corrigidas amostras de fibras vegetais, com composição desconhecida e

complexa, não há disponibilidade de amostras de fibras vegetais contendo em

sua composição apenas o analito puro. Para solucionar este inconveniente,

são utilizados padrões semelhantes às amostras desconhecidas que se deseja

quantificar. Neste caso, utilizou-se o material de referência certificado de folha

de pinheiro NIST – Trace elements in Pine Needles 1575a, onde a composição

de seus constituintes se encontravam à nível traço reduzindo as ocorrências

de efeito matriz na mesma, e onde também foi possível considerar

semelhanças com as fibras escolhidas, por este ser um material celulósico.

Com o uso de um padrão semelhante à amostra desconhecida, a

Equação 12 pode ser reescrita da seguinte forma:

Ci =

• Mis (13)

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

26

Onde representa a intensidade líquida medida do analito

“i” num padrão selecionado semelhante à amostra desconhecida a ser

analisada.

A Equação 13 pode ainda ser reorganizada da seguinte forma:

• Mis =

• Ci (14)

A Equação 14 tem a forma geral da equação da reta:

Yi = mi • Xi (15)

Onde Yi é o mesmo que

• Mis , mi é

, não

possuindo unidade de medida e Xi é Ci.

O fator de correção do efeito matriz, Mis é calculado a partir da

composição do padrão escolhido, e neste caso, pode ser calculado como

mostrado na equação 16.

Mis =

(16)

O fator Mis é calculado para cada analito na amostra e necessita dos

fatores de calibração Ki que são obtidos a partir das curvas de calibração do

padrão dentro de uma dada faixa de trabalho escolhida, sua unidade de

medida depende da concentração e é dada em ppm, neste caso. Estes fatores

de calibração também são extraídos das curvas de análise direta das

amostras de fibras vegetais e são também são levadas em consideração nos

cálculos deste algoritmo.

Sendo assim, obtendo-se o valor da inclinação mi é possível rearranjar

a Equação 17, e cada concentração Ci das amostras de fibras vegetais é

calculada com:

Ci =

• Mis (17)

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

27

Como através dos espectros qualitativos das fibras in natura e do

material de referência certificado observou-se que o background se mostrou

constante, a correção da intensidade bruta para a radiação de fundo pôde ser

negligenciada. Segundo Grieken (2002), nestas circunstâncias a taxa de

contagem bruta (ou intensidade) pode ser utilizada com igual sucesso como a

intensidade líquida para a determinação da composição da amostra. Isso

geralmente é comum entre matrizes semelhantes, neste caso, matrizes

celulósicas.

Para avaliar se a distribuição dos pontos das curvas das amostras

corrigidas pelo algoritmo fundamental apresenta diferença significativa quando

comparada com a distribuição dos pontos das curvas do padrão para Ni e Pb,

foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov, com 95% de confiança, com o

auxílio do pacote estatístico STARTGRAPHICS plus.

3.9 Avaliação da metodologia com base no comportamento do modelo de correção do efeito matriz

Para a avaliação da correção do efeito matriz fez-se necessária à

escolha da curva de análise direta que apresentara melhores resultados com a

aplicação da correção do efeito matriz nas curvas para ambos os metais, Ni e

Pb.

A avaliação da metodologia de aplicação do método de correção do

efeito matriz foi realizada utilizando triplicatas de três diferentes concentrações

de Pb e Ni na fibra de coco, previamente contaminada com cerca de 20, 100 e

180 mg kg-1 destes metais, de acordo com a metodologia descrita na sessão

3.7.1. Posteriormente foram realizadas a análise direta destas amostras na

curva da fibra de coco e a correção do efeito matriz pelo algoritmo linear

baseando-se nas intensidades líquidas destas amostras, obtidas com a

EDXRF. As concentrações das amostras obtidas através da correção do efeito

matriz EDXRF foram comparadas com os resultados obtidos pela

Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Induzido por Micro-ondas (MIP

OES) utilizado o teste “t” estatístico, a fim investigar se haveria diferença

significativa entre os valores experimentais e previstos pelo algoritmo. A partir

da análise do teste t avaliou-se o quanto este resultado expressava o

comportamento gráfico do modelo de correção do efeito matriz.

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

28

3.9.1 Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma Induzido por Micro-

ondas (MIP AES)

O Espectrômetro utilizado nas análises foi o de Emissão Óptica com

Plasma Induzido por Micro-ondas, MP-AES 4200, Agilent Technologies,

equipado com um sistema de introdução de amostra multimodal (MSIS), o

software MP Expert realiza a otimização da pressão de nebulização e a altura

de vizualização do plasma automaticamente.

4.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Preparação das fibras vegetais para análise direta por espectrometria de EDXRF

4.1.1 Propriedades físicas das matrizes vegetais: teor de umidade e massa específica

Os resultados obtidos para cada uma das matrizes vegetais que

foram utilizados no cálculo do teor de umidade e na massa específica se

encontram no apêndice nas Tabelas enumeradas de 28 a 35. A Tabela 3

desta sessão traz apenas os valores já calculados.

Tabela 3 - Teor de umidade e massa específica das matrizes vegetais

Matrizes vegetais Teor de umidade (%) Massa específica (g cm-3

)

Fibra de eucalipto 8,0720 ± 0,5580 2,0000 ± 0,0002

Fibra de coco 7,0077 ± 0,3609 1,5000 ± 0,0003

Fibra de baronesa 7,5387 ± 0,3321 1,0005 ± 0,0003

Fibra de piaçava 10,1703 ± 0,2042 1,2500 ± 0,0001

A Tabela 3 traz as propriedades físicas das matrizes vegetais

estudadas, tal como a capacidade destas de absorver umidade do ambiente,

o que acarreta num cuidado ainda maior para o acondicionamento de

algumas destas amostras, e a massa específica (densidade) de cada uma

delas, a fim de que seja possível visualizar aspectos como o seu grau de

leveza, ou seja, a quantidade em massa que esta pode representar de acordo

com as características de sua composição química e seu arranjo estrutural.

O teor de umidade (%) destas matrizes varia de acordo com o tipo

de matriz, dentre todas as fibras, a que possui o teor de umidade mais

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

29

elevado é a fibra de piaçava com 10,17%. Em geral, todas as fibras vegetais

são muito semelhantes, pois os constituintes de sua composição química são

a celulose, polioses e a lignina, além de outras substâncias de menores

proporções (CARVALHO, 2005). A composição química das moléculas destes

constituintes em suas estruturas possibilitam interações com moléculas de

água, sendo assim, pode-se dizer que as fibras vegetais em sua grande

maioria são tanto higroscópicas quanto hidrofílicas, tendo afinidade por

moléculas de água presentes no meio em que elas se encontram,

principalmente quando expostas a ambientes úmidos, sendo necessário

então, acondiciona-las em locais onde seja possível controlar a umidade do

ambiente (SPINACÉ, 2009). Elevações indesejadas no teor de umidade da

matriz vegetal podem comprometer a integridade da mesma e

consequentemente acarretar em sérios problemas nas etapas experimentais

posteriores.

Quanto à massa específica das matrizes vegetais em estudo, pode-

se observar que de todas as matrizes, a fibra de eucalipto se destaca por

possuir a massa específica mais elevada, (2,0000 ± 0,0002) g cm-3. Ao

contrário desta, a fibra de baronesa possui a mais baixa massa específica de

todas as matrizes, (1,0005 ± 0,0003) g cm-3. As demais matrizes possuem

suas massas específicas variando entre 1,25 e 1,5 g cm-3.

A massa específica de todo e qualquer sólido é característica para

cada sólido, como foi possível observar na Tabela 3 através das variações de

massa específica entre as próprias fibras vegetais. Isto se deve a dois fatores,

que como dito anteriormente, são a composição química e o arranjo estrutural

dos seus componentes químicos. No caso de cada uma das matrizes

vegetais, presentes na Tabela 3, que possuem os mesmos constituintes

químicos, celulose, hemicelulose e lignina, ainda que pouco retratada na

literatura as variações entre suas massas específicas, a principal hipótese

seria que estas variações na massa específica de uma matriz pra outra se

devem muito provavelmente à porcentagem de cada um destes constituintes

na fibra, pois de acordo com a literatura, variações nas porcentagens de

celulose, hemicelulose, e lignina modificam uma série de características,

sendo estas, a resistência, tenacidade (absorção de energia até ruptura das

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

30

fibras), rigidez, densidade etc. A outra hipótese, ainda relacionada à anterior,

seria a variação do arranjo das fibrilas de um tipo de fibra pra outra,

resultando em fibras mais leves/pesadas que outras (MWAIKAMBO, 2006).

4.1.2 Determinação do tempo de análise (incidência da radiação)

De acordo com os resultados obtidos, representados na Figura 5,

nos tempos estudados de 1 a 5 min, foi possível observar que a resposta

variou dentro do intervalo de 1 a 3 min e de 3 a 5 min. Como era de se

esperar, com o aumento do tempo de incidência de radiação na amostra

houve um aumento da intensidade da resposta analítica. Entretanto, este

aumento não foi linear, oscilando ao decorrer do tempo de análise e tendendo

a ser constante a partir de 4 min. Foi realizado o teste Duncan de múltiplas

variáveis, utilizando o programa de estatística Statgraphics, para observar a

diferença entre as médias (experimento realizado contendo 10 replicatas), e

chegou-se a conclusão de que as diferenças entre as médias observadas no

gráfico em cada tempo de análise entre si, não foram significativas, ou seja,

as variações observadas não foram estatísticamente significativas . Sendo

assim, o tempo escolhido para análise fora o menor, 1 min, já que a diferença

entre as médias das intensidades (cps) no tempo de 1 a 5 min não foram

significativas.

Figura 5 - Tempo de análise do material de referência certificado (SEM 1575a

– Pine Needles – NIST) com desvio padrão, para a linha Kα do manganês

(Mn).

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0,350

0,400

0,450

0,500

0 1 2 3 4 5 6

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Tempo de incidência da radiação (mins)

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

31

A avaliação do tempo de incidência da radiação numa amostra de

material vegetal pode ser realizada com outras linhas representativas de

outros elementos na amostra, contanto que esta linha esteja livre de

interferências espectrais. Como dito anteriormente, a intensidade da resposta

analítica sempre tenderá à acompanhar o tempo de incidência da radiação, se

esta resposta aumentar será devido à um maior tempo de incidência da

radiação, entretanto, como estatísticamente as diferenças entre as médias

avaliadas não variaram significativamente, o menor tempo, para quaisquer

linha espectral livre de interferentes e representativa de quaisquer elementos

escolhidos para este tipo de avaliação, será priorizado (SKOOG; HOLLER,

2002).

4.1.3 Tamanho de partícula e massa das fibras vegetais

Para o tamanho de partícula e massa de pesagem para análise,

foram escolhidos respectivamente 325 mesh e (0,500 ± 0,001) g para as fibras

vegetais estudadas pois, de acordo com a literatura, para tamanhos de

partícula menores ou iguais a 25 mesh, as respostas analíticas são

constantes, como referencia Omote (1995) e Marguí (2009) em seus estudos.

No estudo da quantidade em massa de amostra que deve ser

pesada e utilizada na análise por EDXRF, como já se sabe que a intensidade

da resposta analítica tende a aumentar com o aumento da quantidade em

massa da fibra contaminada até certo limite, foi preciso apenas estabelecer

uma quantidade média em massa com a qual seria possível valorizar um

máximo de intensidade do sinal analítico sem extrapolar os limites do

recipiente, respeitando a massa específica de cada uma das fibras em estudo,

uma vez que fibras como baronesa (1,000 ± 0,001) g cm-3 são mais leves e

fibras de eucalipto (2,000 ± 0,001) g cm-3 mais pesadas observou-se

qualitativamente que se com (1,000 ± 0,001) g de amostra de fibra de

baronesa o suporte teria extrapolado, tomando como parâmetro a mesma,

devido a sua leveza, considerou-se apropriado a utilização de (0,500 ±

0,001)g para esta e as demais fibras. Sendo assim, estimou-se então uma

quantidade média de (0,500 ± 0,001) g de amostras de fibras vegetais que

deveriam ser pesadas e utilizadas para a análise.

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

32

4.2 Caracterização das fibras vegetais e da matriz de referência de folha de pinheiro

As técnicas escolhidas para a caracterização tinham por finalidade

fornecer informações acerca da natureza das estruturas das matrizes vegetais

estudadas, extraindo informações tais como o índice de cristalinidade de seus

arranjos celulósicos e os grupos funcionais presentes nos diferentes

compartimentos vegetais das fibras, considerando desde os extrativos aos

componentes lignocelulósicos. Além disso, a composição do material

certificado de folha de pinheiro (SEM 1575a – Pine Needles – NIST), utilizado

como padrão de calibração nas curvas e como padrão de correção de efeito

de matriz, foi comparado com a das fibras vegetais objetivando observar as

similaridades e divergências entre suas estruturas. As técnicas utiliadas foram

a Espectroscopia de Infravermelho (IV) e a Difratometria de Raios X (DRX).

4.2.1 Análise por Infravermelho (IV)

Os espectros de infravermelho apresenta dos na Figura 6 embora

apresentem um perfil espectral semelhante para as matrizes vegetais, diferem

no pronunciamento de algumas de suas bandas principais, considerando a

transmitância. O perfil espectral da matriz de referência de folha de pinheiro e

das demais matrizes vegetais é semelhante e isso se deve especialmente aos

grupos funcionais presentes nas estruturas dos constituintes das amostras

vegetais, podendo estes corresponder à estrutura da celulose e hemicelulose.

Este foi um dos motivos pelo qual a folha de pinheiro pôde ser considerada

como padrão para a correção do efeito matriz existente nas fibras vegetais.

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

33

Figura 6 - Espectros de infravermelho das fibras de coco, eucalipto, baronesa,

piaçava e folha de pinheiro.

3500 3000 2500 2000 1500 1000

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1245

1315

1445

2924

Tra

nsm

itân

cia

(%

)

Numero de onda (cm-1)

Fibra de baronesa

Fibra de coco

Fibra de Eucalipto

Fibra de piaçava

Folha de pinheiro

3373

1733

1624

1510

1055

Nos espectros das fibras vegetais, o comportamento espectral das

fibras de baronesa e eucalipto são bastante próximos, assim como entre as

fibras de coco e piaçava, isto fica evidente ao observar o pronunciamento das

bandas em 3373 e 1055 cm-1. A interpretação para este comportamento está

também nos teores de celulose, hemicelulose e lignina. De acordo com a

Tabela 1, já apresentada, os teores de celulose em porcentagem nas fibras

de baronesa e eucalipto se encontram bastante próximos, estando estes em

torno de 32 %, o mesmo também é observado para os teores de hemicelulose

e lignina, que para a baronesa e o eucalipto giram em torno de 15% e 19%,

respectivamente. A mesma similaridade observada para as fibras de coco e

piaçava também está associada aos teores de celulose que se aproximam de

36%. Este aspecto percentual está diretamente associado à existência de

grupos funcionais em maior e menor quantidade dispostos estruturalmente

nestas fibras, em função do percentual destes constituintes aos quais os

grupos funcionais estão associados.

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

34

Os grupos funcionais identificados nas fibras vegetais e na folha de

pinheiro já destacados na Figura 6, estão identificados na Tabela 4, contendo

os dados relativos às frequências vibracionais observadas no espectro de

infravermelho destas amostras e suas respectivas atribuições.

Tabela 4 - Dados relativos às frequências vibracionais observadas e suas respectivas atribuições feitas para o espectro de infravermelho das amostras de fibras vegetais e folha de pinheiro

Intervalo de número de onda (cm

-1)

Atribuições

3373 Deformação axial de O-H

2934 Vibrações de ligações C-H

1733 Deformação do grupo carbonila C=O, vibrações de valência

1624 Vibrações de bandas C-C de núcleos aromáticos e vibrações do

grupo OH fora do plano

1510 Vibrações de ligações C=C de núcleos aromáticos

1445 Deformação angular de –(CH2)n-

1315 Deformação angular –CH3

1245 Grupos carbonilas (C=O) típicos de arilos OH ou arilos-O-CH2,

característicos de fenóis e ácidos carboxílicos

1055 Deformação simétrica de ligações C-O-C

Estes grupos funcionais identificados nos espectros estão presentes

nas estruturas moleculares da celulose, lignina e hemicelulose, onde

comumente são encontradas grupamentos carbonilas, carboxilas, éteres,

grupos aromáticos existentes na lignina, grupos -OH oriundos de álcoois

presentes principalmente nas estruturas da celulose e fenóis presentes

especialmente em muitas das estruturas da lignina (HERRERA-FRANCO e

VALADAREZ-GONZÁLEA, 2005), além da existência de grupos atrelados à

extrativos vegetais, à exemplo dos taninos, existentes nestas fibras, já que

estas foram utilizadas in natura (MERLINI, 2011). Neste caso, embora as

fibras apresentem espectros muito similares, as intensidades em termos de

transmitância são diferentes para estas e este fato está atrelado à diferentes

concentração destes grupos funcionais nas fibras. A lignina, especificamente,

possui diversas estruturas moleculares que variam para cada matriz vegetal e

esta é uma variável que pode também influenciar na correção do efeito matriz

das fibras estudadas.

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

35

4.2.2 Difratometria de raios X (DRX)

A caracterização por DRX das matrizes vegetais incluindo a folha de

pinheiro teve por finalidade estabelecer uma comparação entre estas

amostras vegetais quanto ao grau de cristalinidade de suas estruturas

celulósicas (grau de ordenamento estrutural). O grau de ordenamento

estrutural das moléculas que compõe toda a conjuntura matricial dessas

amostras foram calculados com base na presença de 2 planos cristalográficos

característicos da celulose tipo I (celulose in natura – sem modificação na

superfície), situados em 18° < 2θ < 19° (halo amorfo) cujos índices de Miller

são (101) e 22° < 2θ < 23° (pico cristalino) cujos índices de Miller são (002)

(LENGOWSKI, E.C.; MUNIZ, G.I.B.de; NISGOSKI, S., 2013).

Para a investigação da concentração de metais utilizando um

modelo de correção do efeito matriz é necessário compreender toda a estrutura

matricial da amostra, especialmente o seu ordenamento estrutural, já que parte

da dinâmica de incorporação de metais nas superfícies das matrizes vegetais

está relacionada à maneira como se dispõem o arranjo de moléculas ao longo

de toda a estrutura da amostra (BARNETTE, A.L.; LEE, C.; BRADLEY, L.C.,

2012). Na grande maioria dos casos, a disposição do arranjo de moléculas

(ordenamento estrutural) influencia diretamente na disponibilidade de grupos

funcionais existentes nas estruturas das matrizes vegetais, favorecendo a

interação ou ligação química destas com outras moléculas ou íons. Neste caso

especificamente, avalia-se a cristalinidade das matrizes vegetais objetivando

investigar se esta pode ser considerada uma variável no processo de correção

do efeito matriz das fibras vegetais.

Os espectros obtidos com a análise por DRX das fibras in natura e

da matriz de referência de folha de pinheiro junto com os respectivos índices de

cristalinidade calculados em percentual se fazem presentes na Figura 7.

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

36

Figura 7 - Difratometria de raios X e índice de cristalinidade das fibras de coco, eucalipto, baronesa, piaçava e folha de pinheiro.

10 15 20 25 30

10000

20000

30000

40000

10000

20000

30000

40000

10000

20000

30000

40000

10000

20000

30000

40000

10000

20000

30000

4000010 15 20 25 30

(040)

(040)

(040)

(002)

(002)

(002)

(002)

(002)

(101)

(101)

(101)

(101)

(101)

2 teta (°)

Baronesa

Eucalipto

Inte

nsi

da

de

(e

V)

Coco

IC=29,64%

IC=54,54%

IC=42,66%

IC=39,37%

Piaçava

IC=39,74%

Folha de Pinheiro

Em todos os espectros de DRX observados na Figura 7, foi possível

identificar os 2 principais planos cristalográficos (101) e (002), característicos

da celulose tipo I (in natura). De acordo com estes espectros, observou-se que

a folha de pinheiro apresentou o menor índice de cristalinidade, 29,64%, ao

ser comparada com as fibras vegetais, o que indica que a folha de pinheiro

apresenta pouco ordenamento estrutural em seus arranjos moleculares, ou

seja, a estrutura desta matriz vegetal é marcada pela forte presença da

celulose amorfa, conjuntamente com seus demais constituintes (hemicelulose

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

37

e lignina, além de extrativos) também amorfos. Sabendo que, nas estruturas

vegetais, o único constituinte que apresenta cristalinidade é a celulose,

considera-se então que neste caso, a fibra de eucalipto fora a fibra vegetal

com maior ordenamento estrutural celulósico dentre as demais fibras e

também se comparada com a matriz de referência de folha de pinheiro. O

índice de cristalinidade da fibra de eucalipto foi 54,54%.

Acompanhando a fibra de eucalipto, observou-se que a baronesa

também possui um significativo ordenamento estrutural, seu índice de

cristalinidade fora o segundo maior 42,66%. As demais fibras de coco e

piaçava, possuem índices de cristalinidade muito próximos, estando estes por

volta de 39% aproximadamente, neste caso, observa-se que o índice de

cristalinidade da matriz de referência de folha de pinheiro pouco se aproxima

do observado nestas fibras (baronesa e eucalipto), podendo esta ser uma

variável na correção do efeito matriz destas fibras, devido às diferenças

existentes em seus respectivos ordenamentos estruturais.

4.3 Análise Qualitativa

Cada uma das fibras vegetais in natura foram analisadas

qualitativamente por EDXRF a fim de que fosse possível identificar os

elementos majoritários que fazem parte de sua composição. A importância da

análise qualitativa deve-se principalmente à investigação dos possíveis

interferentes presentes na amostra, que possam influenciar na interpretação

da análise. Poucas referências são relatadas na literatura a respeito das

interferências espectrais existentes na espectrometria de EDXRF. Elas

ocorrem quando elementos emitem radiação com energia muito próxima da

linha de emissão de outro elemento e, deste modo, interferem na análise da

linha de emissão do elemento de interesse. No caso do Pb, por exemplo,

elemento de estudo deste trabalho, um dos principais interferentes é o As

(arsênio), pois a linha principal de emissão do chumbo, Lα, possui energia

10,550 keV e a linha principal do As (arsênio), Kα, possui energia 10,530 keV,

muito próxima da energia do chumbo (Pb) (NAGADA; BUENO, 2001). Para

este tipo de interferência, umas das mais usuais soluções é a escolha de outra

linha espectral alternativa. Para o Pb, por exemplo, a escolha da linha Lβ

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

38

poderia ser uma solução para a análise, uma vez que esta estaria livre da

interferência do As, por exemplo.

Os espectros qualitativos das fibras vegetais foram gerados nos três

tipos de filtros, <Ni-Ag>, <Cl-V> e <Na-S>, a fim de melhorar a percepção dos

elementos majoritários.

4.3.1 Fibra de coco in natura

No espectro da fibra de coco in natura, após realização da análise

qualitativa, pôde-se observar o pico majoritário correspondente tanto a linha

Lβ1, de energia 3,316 keV do cádmio (Cd) quanto a linha Kα de energia

próxima 3,312 keV do potássio (K) como mostra a Figura 8. Este é um fato

observado de sobreposição espectral, pois estes dois elementos emitem

radiação em linhas de energias muito próximas. Através do uso do filtro de

alumínio <Cl-V> é possível observar com mais clareza a representatividade da

intensidade das linhas Kα do potássio e Lβ1 do cádmio.

Figura 8 - Espectro qualitativo da fibra de coco in natura, com filtro <Cl-V> de

alumino fino, 12 kV, 550 µA.

Quando selecionado o filtro <Ni-Ag>, de 30 kV e 300µA, observa-se

a presença de um pico para Fe na linha Kα de energia 6,398 keV e para o Pb

Lα (energia = 10,550 keV) e Lβ (energia = 12,612 keV) com intensidades de

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

39

picos pouco representativas, muito embora, muito mais representativos que os

demais elementos marcados neste filtro, como mostra na Figura 9.

Figura 9 - Espectro qualitativo da fibra de coco in natura, com filtro <Ni-Ag>, 30

kV, 300 µA.

Ainda avaliando qualitativamente o gráfico da Figura 9, fica evidente

a necessidade de analisar as amostras contendo Pb na linha Lβ, uma linha

mais livre, já que quando comparada a linha principal do Pb em Lα, esta última

sofre com a sobreposição da linha de emissão principal do arsênio (Ar), Kα.

4.3.2 Fibra de eucalipto in natura

Para a fibra de eucalipto in natura, no espectro qualitativo com o

filtro de alumínio fino <Cl-V>, Figura 10, destaca-se o pico do cálcio, Ca, na

linha Kα, de energia 3,690 keV, com intensidade bastante representativa se

comparada aos demais elementos marcados neste filtro. O pico representativo

de Ca está associado à pectatos na parede celular dos vegetais.

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

40

Figura 10 - Espectro qualitativo da fibra de eucalipto in natura, com filtro <Cl-V>

de alumino fino, 12 kV, 550 µA.

A existência do ferro na amostra fica bastante evidenciada pelo

espectro da Figura 11 e se deve a micronutrientes assimilados pela maioria dos

vegetais. A intensidade da emissão de radiação na linha Kα do Fe (6,398 keV)

neste espectro é maior que a dos demais elementos também identificados

qualitativamente.

Figura 11 - Espectro qualitativo da fibra de eucalipto in natura, com filtro <Ni-

Ag>, 30 kV, 300 µA.

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

41

4.3.3 Fibra de baronesa in natura

Para a fibra de baronesa, assim como para as fibras de coco e

eucalipto, a linha Kα de emissão do ferro se destaca dentre os demais

elementos. No espectro da Figura 12, além do ferro, as linhas de emissão Kα

do Mn, de energia 5,894 keV, e Kβ, de energia 6,489 keV, também possuem

intensidades representativas no espectro. Entretanto suas linhas se

sobrepõem nas linhas espectrais Kβ do Cr, de energia 5,946 keV e Kα do Fe,

de energia 6,398 kev, respectivamente.

Figura 12 - Espectro qualitativo da fibra de baronesa in natura, com filtro <Ni-

Ag>, 30 kV, 300 µA.

A linha de emissão Kα do cálcio, de energia 3,690 keV, também

pôde ser observada para a fibra de baronesa, assim como também a linha do

Cd Lβ, de energia 3,316 keV, com sobreposição da linha Kα do K, de energia

3,312 keV, como mostra a Figura 13.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

42

Figura 13 - Espectro qualitativo da fibra de baronesa in natura, com filtro <Cl-

V> de alumino fino, 12 kV, 550 µA.

4.3.4 Fibra de piaçava in natura

Em ambos os espectros presentes nas Figuras 14 e 15, para a fibra

de piaçava, o pico de maior intensidade corresponde à linha de emissão Kα do

Fe, de energia 6,398 keV, indicando a presença majoritária deste elemento nas

fibras de piaçava in natura.

Figura 14 - Espectro qualitativo da fibra de piaçava in natura, com filtro <Ni-

Ag>, 30 kV, 300 µA.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

43

Figura 15 - Espectro qualitativo da fibra de piaçava in natura, com filtro <Cl-V>

de alumino fino, 12 kV, 550 µA.

4.3.5 Material de referência certificado – NIST – folha de pinheiro

Na Figura 16, se faz presente o espectro qualitativo do material de

referência certificado pelo NIST, de folha de pinheiro, neste espectro as

maiores intensidades observadas correspondiam às linhas de emissão Kα do

Mn, Zn e Fe, confirmando assim que suas concentrações majoritárias

certificadas também poderiam ser evidenciadas pela análise qualitativa,

validando assim este tipo de análise.

Figura 16 - Espectro qualitativo do Material de Referência Certificado – NIST de

folha de pinheiro, com filtro <Ni-Ag>, 30 kV, 300 µA.

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

44

4.4 Análise Quantitativa direta das fibras vegetais

Na análise quantitativa das fibras vegetais foram construídas curvas

de análise direta numa faixa de trabalho de 0 a 200 ppm, devido ao elevado

limite de detecção do equipamento EDXRF. As curvas de análise direta foram

validadas de acordo com as Figuras de mérito apresentadas em suas

respectivas tabelas, onde constam os limites de detecção, quantificação, a

correlação dos pontos das curvas, a sensibilidade instrumental de calibração

recomendada pelo INMETRO (DOQ-CGCRE-008, 2011) e IUPAC

(THOMPSON; ELLISON E WOOD, 2002) e o erro relativo (covariância).

4.4.1 Curva de calibração para Pb e Ni na fibra de coco

As curvas de calibração desenvolvidas para a fibra de coco possuíram

coeficientes de correlação muito satisfatórios, tanto para o Ni quanto paro o Pb.

Na curva do Pb, a correlação alcançada foi de 0,9963. Já na curva do Ni, a

correlação observada foi 0,9959. As Figuras 19 e 20, presentes no apêndice,

trazem as curvas de calibração realizadas com a fibra de coco para o Pb e Ni,

respectivamente.

As Figuras de mérito oriundas das curvas de calibração de Ni e Pb

com a fibra de coco podem ser visualizadas na Tabela 5.

Tabela 5 - Figuras de mérito da análise direta da fibra de coco

Ni Pb

Coeficiente de Correlação 0,9959 0,9963

LD (mg kg-1

) 3,08 0,39

LQ (mg kg-1

) 10,26 1,31

Sensibilidade (cps ppm-1

) 0,316 1,00

Faixa linear (ppm) 10,26 - 180 1,31 - 180

CV (%) 6,39 6,83

LD: Limite de detecção, LQ: Limite de quantificação

De acordo com os resultados apresentados pela Tabela 5, o Pb é

muito mais sensível à leitura no EDXRF que o Ni, considerando que a

sensibilidade instrumental para o Pb é 1,00 cps/ppm e para o Ni, é 0,316

cps/ppm.

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

45

Através da Tabela 5, observa-se também que a faixa linear de

trabalho para as curvas de ambos os metais, ainda considera-se ampla,

abrangendo quase todas as concentrações propostas pelas curvas de

calibração. Entretanto a curva do chumbo abrange uma faixa linear um pouco

maior se comparada ao níquel, esta vai de 1,31-180 ppm, já o níquel vai de

10,26 -180 ppm.

4.4.2 Curva de calibração para Pb e Ni na fibra de eucalipto

Nas Figuras 21 e 22 do apêndice, constam os gráficos das curvas de

calibração para Ni e Pb, realizadas com a fibra de eucalipto, respectivamente.

Nas curvas de calibração realizadas com a fibra de eucalipto, as

correlações foram boas considerando a complexidade da matriz, sendo estas

0,9940 para o Ni e para o Pb 0,9930, como mostrado na Tabela 6.

Tabela 6 - Figuras de mérito da análise direta da fibra de eucalipto

Ni Pb

Coeficiente de Correlação 0,9940 0,9930

LD (mg kg-1

) 3,60 0,69

LQ (mg kg-1

) 11,96 2,33

Sensibilidade (cps ppm-1

) 0,205 0,439

Faixa linear (ppm) 11,96 - 200 2,33 - 200

CV (%) 8,55 9,76

LD: Limite de detecção, LQ: Limite de quantificação

A faixa de trabalho destas duas curvas para a fibra de eucalipto

abrangeram mais pontos que nas curvas da fibra de coco. A faixa de trabalho

para a curva do níquel, segundo a Tabela 6, vai de 11,96-200 ppm enquanto

que a faixa para a curva de chumbo foi um pouco mais abrangente que a do

níquel, 2,33-200 ppm.

4.4.3 Curva de calibração para Pb e Ni na fibra de baronesa

Para a fibra de baronesa, as curvas de análise direta para Pb e Ni

obtiveram boas correlações entre seus pontos, entretanto a correlação entre os

pontos presentes na curva do níquel foi melhor se comparado à do chumbo,

como mostra a Tabela 7. As curvas de análise direta para Pb e Ni na fibra de

baronesa estão presentes nas Figuras 23 e 24 do apêndice.

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

46

Tabela 7 - Figuras de mérito da análise direta da fibra de baronesa

Ni Pb

Coeficiente de Correlação 0,9991 0,9941

LD (mg kg-1

) 3,68 1,03

LQ (mg kg-1

) 12,26 3,44

Sensibilidade (cps ppm-1

) 0,209 0,339

Faixa linear (ppm) 12,26 – 200 3,44 – 200

CV (%) 3,08 8,18

LD: Limite de detecção, LQ: Limite de quantificação

De acordo com os resultados da Tabela 7, é possível ainda observar

que a faixa linear de trabalho é reduzida para a curva do Ni, de 12,26-200 ppm,

se comparado à curva do Pb, onde a faixa linear é bem mais abrangente, de

3,44-200 ppm. Outra importante Figura de mérito é o limite de detecção, que

nesta curva varia bastante do Ni para o Pb; no caso do níquel o limite de

detecção se encontra mais alto se comparado ao do chumbo e é também

considerado o mais alto de todas as curvas das fibras para Ni. Neste caso, vale

ainda ressaltar que, como na maioria das curvas avaliadas nesta sessão os

resultados apontaram para uma menor sensibilidade instrumental para o Ni, o

elevado limite de detecção para o Ni na curva de análise direta da fibra de

baronesa é mais uma confirmação de sua dificuldade de detecção instrumental

e baixa sensibilidade no espectrômetro de EDXRF.

4.4.4 Curva de calibração para Pb e Ni na fibra de piaçava

No caso das curvas realizadas para a fibra de piaçava, apresentadas

nas Figuras 25 e 26 do apêndice observou-se também boas correlações para

as curvas de Pb e Ni, chamando atenção especialmente para a curva de Ni,

com uma melhor correlação, sendo esta 0,9967, como mostrado na Tabela 8.

Os valores dos limites de detecção e quantificação estão muito mais

baixos para as curvas da fibra de piaçava do que os valores encontrados para

as curvas da fibra de baronesa e eucalipto. O limite de detecção e

quantificação para o Ni e Pb na fibra de piaçava são apresentados na Tabela 8.

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

47

Tabela 8 - Figuras de mérito da análise direta da fibra de piaçava

Ni Pb

Coeficiente de Correlação 0,9967 0,9919

LD (mg kg-1

) 1,80 0,70

LQ (mg kg-1

) 5,99 2,32

Sensibilidade (cps ppm-1

) 0,435 0,525

Faixa linear (ppm) 5,99 - 200 2,32 – 200

CV (%) 5,71 9,26

LD: Limite de detecção, LQ: Limite de quantificação

Nestas e em todas as outras curvas de análise direta das fibras

vegetais, o coeficiente de variação se encontrou abaixo de 10%.

4.4.5 Curva de calibração para Pb e Ni na matriz de referência

As curvas de calibração para Pb e Ni na matriz de referência de

folha de pinheiro, considerado neste estudo o padrão para as correções do

efeito matriz das fibras vegetais, são mostradas nas Figuras 27 e 28

localizadas no apêndice.

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 9, onde se

fazem presentes as Figuras de mérito das curvas de Pb e Ni da matriz de

referência, observa-se uma boa correlação entre os pontos para ambas curvas

dos metais.

Tabela 9 - Figuras de mérito da matriz de referência de folha de pinheiro

Ni Pb

Coeficiente de Correlação 0,9951 0,9945

LD (mg kg-1

) 1,62 0,52

LQ (mg kg-1

) 5,39 1,72

Sensibilidade (cps ppm-1

) 0,404 0,565

Faixa linear (ppm) 5,39 – 200 1,72 – 200

CV (%) 7,59 7,70

LD: Limite de detecção, LQ: Limite de quantificação

Além disso, ainda de acordo com a Tabela 9 e assim como

demonstram os resultados apresentados pelas Tabelas anteriores

correspondentes às curvas das fibras vegetais, baixos valores de sensibilidade

são observados para o níquel se comparado aos valores encontrados para o

chumbo. Nesta curva, a sensibilidade instrumental para o Pb foi de 0,565 cps

ppm-1 e para o níquel, 0,404 cps ppm-1.

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

48

4.5 Efeito matriz nas fibras vegetais

O efeito de matriz presente nas fibras vegetais de coco, baronesa,

eucalipto e piaçava, é causado basicamente por fenômenos de absorção e

intensificação do sinal de emissão do elemento que se deseja quantificar,

neste caso Pb e Ni, por outros elementos que compõe a matriz amostral.

Estes, assim como também o Pb e Ni, possuem uma capacidade, que é

particular de cada elemento, de absorver determinada quantidade de

radiação, sendo esta capacidade conhecida como coeficiente de absorção de

massa (DE BOER, 1989).

Como já dito, cada um dos elementos que compõem a matriz

absorve os fótons provenientes da fonte primária de radiação. E, neste caso, a

relação entre a intensidade e o comprimento de onda dos fótons disponíveis

para a excitação do elemento de interesse pode ser modificada pela

competição com outros elementos presentes na matriz. Sendo assim, se o

coeficiente de absorção de massa de um determinado elemento presente na

matriz contiver um valor que lhe possibilite absorver a radiação emitida pela

espécie de interesse contendo determinado comprimento de onda de

emissão, ocorrerá um efeito de absorção na matriz, que inviabilizará a

quantificação da espécie de interesse, havendo a redução de seu sinal de

emissão. Já no caso de a espécie de interesse ser a espécie a absorver a

radiação emitida por um dado elemento presente na matriz com determinado

comprimento de onda de emissão, já que o elemento de interesse possui um

máximo de absorção com energia muito próxima à emissão do elemento

presente na matriz, neste caso, têm-se o efeito de intensificação do sinal

analítico da espécie de interesse (NAGADA, 2001). Sendo assim, levando-se

em consideração ambos os efeitos, de absorção e de intensificação do sinal,

foi possível evidenciar os efeitos de matriz nas amostras de fibras vegetais de

coco, baronesa, eucalipto e piaçava quando contaminadas com Pb e Ni para a

confecção das curvas de calibração para análise direta. Estas curvas foram

comparadas com a curva da matriz de referência de folha de pinheiro

construída para Pb e Ni, de composição conhecida e certificada, onde os

demais constituintes da matriz se encontravam à níveis traço, garantindo que

esta matriz fosse considerada um padrão (Pb e Ni puro), pois as

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

49

concentrações dos demais componentes provavelmente não promoveriam

interferências espectrais ou interelementos (efeito matriz) na matriz de

referência. Este tipo de matriz, de folha de pinheiro, foi escolhido devido à

difícil disponibilidade de padrões de amostras sólidas muito próximas das

matrizes das fibras vegetais utilizadas. Como a folha de pinheiro é constituída

essencialmente por celulose, hemicelulose e lignina, há grande proximidade

entre estas e outras fibras vegetais. Sendo assim, os resultados que

evidenciaram o efeito matriz para o Pb e Ni nas fibras vegetais são mostrados

nos gráficos das Figuras 17.

Figura 17 - Efeito matriz nas curvas de análise direta de Pb e Ni das fibras de coco (A e B, vermelha), eucalipto (C e D, laranja), baronesa (E e F, verde) e piaçava (G e H, marrom).

y = 0,561x - 1,6933

y = 1,0199x - 7,2159

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm) A

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,3128x + 8,9017

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm) B

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,4241x + 5,5418

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm) C

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,2048x + 3,3106 0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm) D

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

50

Para avaliação do efeito matriz nas curvas das fibras vegetais

estudadas leva-se em consideração fatores como a inclinação das curvas de

análise direta das fibras vegetais em relação ao comportamento do padrão

escolhido. Neste caso a curva do padrão escolhido é a expressão de como as

curvas das fibras contaminadas com Ni e Pb deveriam se comportar nas

mesmas concentrações que o padrão sem a expressão do efeito matriz. Sendo

assim, quanto mais distantes os valores das inclinações das curvas do padrão

estiverem dos valores das inclinações das fibras estudadas, significa que o

efeito matriz tem uma maior expressão na fibra avaliada. Outro fator avaliado é

a intersecção das curvas, que demonstram a proximidade dos valores de

intensidade e concentração das fibras em relação ao padrão escolhido, quando

há intersecção em algum ponto entre as curvas do padrão e da fibra avaliada, é

provável que o efeito matriz é pouco pronunciado neste ponto (MELO; SOUZA,

2015).

Na Tabela 10 se encontram presentes os valores associados às

inclinações das curvas de calibração do padrão e das curvas de análise direta

das fibras de coco, baronesa, piaçava e eucalipto.

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,3254x + 4,4897

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm) E

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,2103x + 3,1736 0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm) F

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,5024x + 6,986

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm) G

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,4065x + 10,354

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm) H

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

51

Tabela 10 - Valores de inclinação das curvas de calibração da matriz de referência e da análise direta das fibras vegetais

Matrizes Inclinação para curva de Ni Inclinação para curva de Pb

Matriz referência 0,4011 0,5610

Fibra de coco 0,3128 1,0199

Fibra de Baronesa 0,2103 0,3254

Fibra de Eucalipto 0,2048 0,4241

Fibra de Piaçava 0,4065 0,5024

Baseando-se nos gráficos da Figura 17 e nos valores de inclinação

presentes na Tabela 10, é possível observar tanto variações na inclinação das

curvas do padrão em relação às fibras, quanto alguns pontos de intersecção

entre ambas. Neste caso, apenas o gráfico H da Figura 17, curva da fibra de

piaçava para Ni, apresenta comportamento diferenciado em relação à ausência

de pontos de intersecção e de sua inclinação; o que naturalmente fica evidente

com este gráfico e com os valores de inclinação Tabelados é que ainda que a

inclinação de ambas as curvas sejam próximas, o efeito matriz é evidenciado

através do distanciamento dos pontos de ambas as curvas.

Em relação aos pontos de intersecção entre as curvas da matriz de

referência e as curvas das fibras, é possível notar que no gráfico A da Figura

17, para a curva da fibra de coco com Pb, a intersecção se faz presente em

concentrações baixas, o que significa que nestas concentrações o efeito matriz

é pouco pronunciado. Já no gráfico B, para a fibra de coco com Ni, o efeito

matriz é menos evidenciado numa faixa de concentração de 50 a 100 ppm.

Este mesmo comportamento é observado para a fibra de eucalipto com Pb,

que possui um ponto de intersecção entre 50 e 100 ppm.

No gráfico da Figura D, para a fibra de eucalipto com Ni, a

intersecção se encontra praticamente na origem, apresentando um

comportamento diferenciado, e à medida que a concentração aumenta, o efeito

matriz torna-se cada vez mais expressivo, ficando evidente pelo distanciamento

das curvas. O mesmo é observado no gráfico F, para a curva da fibra de

baronesa com Ni, onde a o efeito matriz tende a ser menos expressivo apenas

nas proximidades da origem das curvas.

No gráfico E da Figura 17, para a fibra de baronesa com Pb, a

intersecção das curvas se encontra de 0 à 50 mg kg-1, acima desta

concentração o efeito matriz continua sendo evidenciado. Apenas no gráfico G,

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

52

para a fibra de piaçava com Pb, um caráter diferenciado de intersecção é

observado, pois o efeito matriz tende a ser menos pronunciado dentro de uma

concentração mais elevada que as demais, pois a intersecção se encontra

próximo de 150 mg kg-1, antes e após esta concentração o efeito matriz volta a

ser marcante.

O efeito de matriz analisado em cada caso está diretamente

vinculado à presença de outros elementos além do Pb e Ni, que, como

mencionado anteriormente nesta sessão, causam efeitos de absorção e

intensificação do sinal destes metais, e consequentemente protagonizam estas

variações nas inclinações das curvas de análise direta das fibras em relação ao

comportamento ideal das curvas da matriz de referência (o padrão de folha de

pinheiro preparado em diferentes concentrações para este estudo). Este efeito

matriz é passível de redução e aumento em diferentes intervalos de

concentração, uma expressão muito comum do efeito matriz existente em

diversos materiais, segundo Melo e Souza (2015).

Possíveis elementos como Fe, Co, Cu e Zn podem interferir no sinal

do Ni, de acordo com a proximidade dos valores Tabelados de coeficiente de

atenuação mássica, comprimento de onda de emissão, além do máximo de

absorção e emissão de energia (crítico). O mesmo ocorre com o sinal do Pb

quando na presença de elementos como Hg e Bi na matriz estudada

(GREAKEN, 2002). A Tabela 11 traz os valores dos comprimentos de onda de

absorção e energias de absorção críticos utilizados para identificar os mais

prováveis interferentes de Pb e Ni mencionados anteriormente.

Tabela 11 - Valores críticos de comprimento de onda e de energia de absorção para possíveis interferentes de Pb e Ni

Elementos K L

λ (Å) keV λ (Å) keV

Fe 1,743 7,109 14,6 0,849

Co 1,608 7,707 13,3 0,929

Ni 1,488 8,329 12,22 1,015

Cu 1,380 8,978 11,27 1,100

Zn 1,283 9,657 10,33 1,200

Hg 0,149 83,046 0,835 14,837

Pb 0,141 88,037 0,782 15,858

Bi 0,137 90,420 0,757 16,376 Fonte: Adaptado de Greaken, 2002.

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

53

Vale ressaltar que na Tabela 11 constam apenas os valores de

comprimento de onda e de energia de absorção críticos para as principais

camadas. Greaken (2002) faz um melhor detalhamento destes aspectos para

os desdobramentos de cada uma das camadas dos elementos apresentados.

A hipótese construída a respeito dos diferentes comportamentos das

curvas das fibras vegetais em relação às curvas do padrão, é que estes

também podem ser interpretados como uma expressão das porcentagens dos

constituintes estruturais nestas matrizes. Sendo estes constituintes, a celulose,

hemicelulose e lignina, que através de sua composição molecular podem

possibilitar a assimilação de minerais (cátions) através de ligações

coordenadas de seus complexos com macronutrientes e micronutrientes

catiônicos dispostos na natureza e que fazem parte do próprio desenvolvimento

do vegetal. Tanto a existência destes constituintes celulósicos em

porcentagens variáveis nas fibras quanto o grau de ordenamento de seus

arranjos moleculares (índice de cristalinidade) podem influenciar diretamente

na presença dos mais diversos elementos interferentes em concentrações

variáveis que compõem estas matrizes e que protagonizam o efeito matriz

quando se deseja determinar Pb e Ni. As expressões do efeito matriz nestas

fibras foram identificadas qualitativamente através dos gráficos e

quantitativamente através dos valores de inclinação das curvas das fibras e das

curvas do padrão utilizado (TAIZ; ZEIGER, 2006).

4.6 Correção do efeito matriz nas fibras vegetais: aplicação do algoritmo linear do Método de Parâmetros Fundamentais (MPF)

O algoritmo linear é utilizado para realizar as correções do efeito

matriz expressos através dos valores de intensidades do sinal analítico. Esta

correção se baseia em fatores de calibração (K) extraídos das curvas de

análise direta das fibras vegetais e fatores de correção de efeito matriz (Mis)

calculados com base no comportamento da curva de calibração da matriz de

referência de folha de pinheiro. Sendo assim, geralmente é preferível trabalhar

com um procedimento de calibração especial, baseado no algoritmo linear,

porque é bem sabido que qualquer teoria, inclusive a dos MPF, não pode

explicar todas as variações em todos os parâmetros instrumentais. O

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

54

procedimento de calibração proposto tem o sucesso em combinar teoria com

os dados experimentais obtidos de cada equipamento onde as análises foram

realizadas, através do termo “mi”, que representa a inclinação da linha de

calibração. Neste caso, como todo o estudo foi feito apenas no espectrômetro

de EDXRF, o emprego do termo “mi” para a realização da calibração em outros

equipamentos não foi necessária (ROUSSEAU, 2006).

Na Tabela 12, constam os valores do fator de calibração (K) referentes

a cada uma das curvas de Pb e Ni correspondentes às fibras vegetais e à

matriz referência de folha de pinheiro.

Tabela 12 - Fatores de calibração (K) encontrados para as curvas de Pb e Ni das fibras vegetais e matriz de referência

Curvas K (cps

-1)

Pb Ni

Matriz de Referência de folha de pinheiro

0,00229 0,00226

Fibra de coco 0,00188 0,00173

Fibra de eucalipto 0,00293 0,00254

Fibra de baronesa 0,00250 0,00093

Fibra de piaçava 0,00313 0,00174

Estes fatores de calibração foram utilizados nos cálculos dos fatores

de correção do efeito matriz (Mis) das amostras de fibras vegetais, que também

dependem das intensidades liquidas medidas para cada ponto considerado nas

curvas de análise direta das fibras vegetais. Estas intensidades estão

representadas na Tabela 13 e nesta tabela, foram considerados os outiliers das

curvas representados pelos espaços vazios.

Tabela 13 - Intensidades líquidas das fibras vegetais e da matriz de referência de folha de pinheiro correspondentes às curvas de calibração e análise direta, realizadas no espectrômetro de EDXRF

Faixas de trabalho

das curvas (mg kg

-1)

Intensidades da Fibra de eucalipto

(cps)

Intensidades da Fibra de baronesa

(cps)

Intensidades da Fibra de

piaçava (cps)

Intensidades da Matriz de referência

(cps)

Intensidades da Fibra de coco (cps)

Pb Ni Pb Ni Pb Ni Pb Ni Pb Ni

0 0,69 3,38 0,88 3,43 0,13 11,76 1,24 3,74 1,01 6,53

20 17,51 8,75 - 8,29 - 17,73 10,15 11,60 - 16,23

40 - 11,70 - 11,43 34,38 25,54 22,91 20,86 33,39 21,60

60 29,03 16,26 28,37 15,11 - 34,34 30,30 36,90 46,35 -

80 - - 33,09 19,92 52,01 41,98 30,56 28,00 - -

100 48,81 21,06 37,28 24,28 - 55,21 50,37 43,66 88,15 41,97

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

55

120 62,09 27,15 42,16 27,21 66,02 57,02 59,11 44,73 112,34 46,77

140 - 29,47 48,60 31,90 71,93 67,05 77,77 60,74 139,47 54,11

160 77,43 39,16 - 37,78 82,95 74,15 91,76 66,72 156,29 59,43

180 77,80 39,15 61,88 41,25 98,61 - 94,78 79,44 181,22 62,30

200 87,24 45,92 70,02 45,59 111,06 92,71 116,89 83,23 - -

Considerando os fatores de calibração (K) e as intensidades líquidas

medidas para os pontos das curvas das fibras vegetais, calcularam-se então os

fatores de correção do efeito matriz (Mis) que estão apresentados nas Tabelas

14, 15, 16 e 17, utilizando a equação 16.

Tabela 14 - Fatores de correção do efeito matriz (Mis) calculados para a curva de análise direta de Pb e Ni da fibra de coco considerando os valores de K da matriz de referência (padrão) e de K das curvas da fibra de coco

Faixas de trabalho das curvas da fibra de coco

(mg kg-1

)

Mis (mg kg-1

) (K da matriz referência)

Mis (mg kg-1

) (K da fibra de coco)

Pb Ni Pb Ni

0 - - - -

20 - 545,2592 - 517,7672

40 523,1281 819,4035 637,21 778,0890

60 565,2831 - 688,56 -

80 - - - -

100 495,3843 1054,0207 603,42 1000,8768

120 466,4567 1135,2864 568,18 1078,0451

140 438,3407 1144,8328 533,94 1087,1101

160 447,0471 1191,2580 544,54 1131,1945

180 433,7414 1278,2221 528,33 1213,7739

200 - - - -

Tabela 15 - Fatores de correção do efeito matriz (Mis) calculados para a curva de análise direta de Pb e Ni da fibra de eucalipto considerando os valores de K da matriz de referência (padrão) e de K das curvas da fibra de eucalipto.

Faixas de trabalho das curvas da fibra de eucalipto (mg kg

-1)

Mis (mg kg-1

) (K da matriz referência)

Mis (mg kg-1

) (K da fibra de eucalipto)

Pb Ni Pb Ni

0 - - - -

20 498,77 1011,37 389,83 899,89

40 - 1512,74 - 1345,99

60 902,54 1632,76 705,40 -

80 736,08 - - -

100 894,65 2101,03 699,24 1869,42

120 843,96 1955,70 659,62 1740,11

140 - 2102,03 - 1870,31

160 902,35 1807,87 705,25 1608,58

180 1010,31 2034,38 789,63 1810,12

200 1001,10 1927,16 782,43 1714,72

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

56

Tabela 16 - Fatores de correção do efeito matriz (Mis) calculados para a curva de análise direta de Pb e Ni da fibra de baronesa considerando os valores de K da matriz de referência (padrão) e de K das curvas da fibra de baronesa.

Faixas de trabalho das curvas da fibra de baronesa (mg kg

-1)

Mis (mg kg-1

) (K da matriz referência)

Mis (mg kg-1

) (K da fibra de baronesa)

Pb Ni Pb Ni

0 - - - -

20 - 1067,498 - 2594,135

40 - 1548,479 - 3762,970

60 923,5415 - 845,96 -

80 - - - -

100 1171,3552 1822,397 1072,96 4428,620

120 1242,9257 1951,391 1138,52 4742,090

140 1257,9294 1941,909 1152,26 4719,048

160 - 1873,914 - 4553,812

180 1270,2427 1930,813 1163,54 4692,082

200 1247,3043 1941,118 1142,53 4717,126

Tabela 17 - Fatores de correção do efeito matriz (Mis) calculados para a curva de análise direta de Pb e Ni da fibra de piaçava considerando os valores de K da matriz de referência (padrão) e de K das curvas da fibra de piaçava

Faixas de trabalho das curvas da fibra de piaçava (mg kg

-1)

Mis (mg kg-1

) (K da matriz referência)

Mis (mg kg-1

) (K da fibra de piaçava)

Pb Ni Pb Ni

0 - - - -

20 - 499,129 - 648,294

40 508,064 692,996 371,715 900,098

60 - - - -

80 - - - -

100 - 801,445 - 1040,958

120 793,725 931,206 580,713 1209,497

140 849,929 923,891 621,833 1199,997

160 842,303 954,774 616,253 1240,108

180 797,106 - 583,186 -

200 786,416 954,542 575,365 1239,807

Partindo dos fatores de correção do efeito matriz (Mis) e das

intensidades líquidas de cada ponto das curvas das fibras vegetais e da matriz

de referência de folha de pinheiro já apresentados, foram calculados então os

valores de Y da Equação de 1º grau, considerado tanto o fator Mis calculado

para “K” (fator de calibração) da curva da matriz de referência quanto para “K”

da curva de análise direta da amostra; a fim de que, posteriormente, fosse

encontrada a inclinação “mi” da reta e por fim, a concentração corrigida dos

metais, Pb e Ni, nas matrizes de fibras vegetais em cada ponto da curva de

análise direta.

Os valores de Y calculados estão apresentados nas Tabelas 18, 19,

20 e 21.

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

57

Tabela 18 - Valores de Y calculados para Mis considerando o fator K da curva da matriz de referência de folha de pinheiro e o fator K da curva da fibra de coco.

Faixas de trabalho das curvas da fibra de coco

(mg kg-1

)

Y (mg kg-1

) (Mis com K da matriz referência)

Y (mg kg-1

) (Mis com K da fibra de coco)

Pb Ni Pb Ni

0 - - - -

20 - 762,89 - 724,43

40 762,43 848,47 928,70 805,69

60 864,72 - 1053,30 -

80 - - - -

100 866,95 1013,46 1056,02 962,36

120 886,51 1187,06 1079,85 1127,21

140 786,10 1019,87 957,54 968,45

160 761,43 1061,10 927,49 1007,60

180 829,32 1002,59 1010,18 952,04

200 - - - -

Tabela 19 - Valores de Y calculados para Mis considerando o fator K da curva da matriz de referência de folha de pinheiro e o fator K da curva da fibra de eucalipto.

Faixas de trabalho das curvas da fibra de eucalipto (mg kg

-1)

Y (mg kg-1

) (Mis com K da matriz referência)

Y (mg kg-1

) (Mis com K da fibra de eucalipto)

Pb Ni Pb Ni

0 - - - -

20 860,46 762,89 672,51 678,79

40 -- 848,47 - 754,94

60 864,72 - 675,84 -

80 - - - -

100 866,95 1013,46 677,58 901,74

120 886,51 1187,06 692,87 1056,21

140 - 1019,87 - 907,44

160 761,43 1061,10 595,11 944,13

180 829,32 1002,59 648,17 892,07

200 747,17 1063,27 583,96 946,05

Tabela 20 - Valores de Y calculados para Mis considerando o fator K da curva da matriz de referência de folha de pinheiro e o fator K da curva da fibra de baronesa.

Faixas de trabalho das curvas da fibra de baronesa (mg kg

-1)

Y (mg kg-1

) (Mis com K da matriz referência)

Y (mg kg-1

) (Mis com K da fibra de baronesa)

Pb Ni Pb Ni

0 - - - -

20 - 762,89 - 1853,91

40 - 848,47 - 2061,88

60 864,715 - 792,08 -

80 - - - -

100 866,947 1013,46 794,12 2462,82

120 886,512 1187,06 812,05 2884,69

140 786,105 1019,87 720,07 2478,39

160 - 1061,10 - 2578,58

180 829,317 1002,59 759,65 2436,41

200 747,166 1063,27 684,40 2583,85

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

58

Tabela 21 - Valores de Y calculados para Mis considerando o fator K da curva da matriz de referência de folha de pinheiro e o fator K da curva da fibra de piaçava.

Faixas de trabalho das curvas da fibra de piaçava (mg kg

-1)

Y (mg kg-1

) (Mis com K da matriz referência)

Y (mg kg-1

) (Mis com K da fibra de piaçava)

Pb Ni Pb Ni

0 - 0,00 - 0,00

20 - 762,89 - 990,88

40 762,4290 848,47 557,82 1102,04

60 - - - -

80 - - - -

100 - 1013,46 - 1316,34

120 886,5124 1187,06 648,60 1541,82

140 786,1048 1019,87 575,14 1324,66

160 761,4319 1061,10 557,09 1378,21

180 829,3165 - 606,75 -

200 747,1661 1063,27 546,65 1381,02

Baseando-se nos valores de Y encontrados, apresentados nas

Tabelas 18, 19, 20 e 21, foi possível calcular as inclinações das retas

representadas por “mi” considerando cada um dos pontos das curvas de

análise direta de Pb e Ni das fibras vegetais. Os valores para as inclinações

calculados são apresentados na Tabela 22.

Tabela 22 - Valores de “mi” (inclinação da reta) calculados para cada ponto das curvas de análise direta de Pb e Ni das fibras vegetais baseados nos valores de Y calculados considerando o fator de correção do efeito de matriz “Mis” quando usado o fator “K” da curva de calibração da matriz de referência de folha de pinheiro.

Faixas de trabalho

das curvas (mg kg

-1)

“mi” para a Fibra de eucalipto

“mi” para a Fibra de

baronesa

“mi” para a Fibra de piaçava

“mi” para a Fibra de coco

Pb Ni Pb Ni Pb Ni Pb Ni

0 - - - 0,00 - 0,00 - -

20 43,02 38,14 - 38,14 - 38,14 - 38,14

40 - 21,21 - 21,21 19,06 21,21 19,06 21,21

60 14,41 - 14,41 - - - 14,41 -

80 - - - - - - - -

100 8,67 10,13 8,67 10,13 - 10,13 8,67 10,13

120 7,39 9,89 7,39 9,89 7,39 9,89 7,39 9,89

140 - 7,28 5,62 7,28 5,62 7,28 5,62 7,28

160 4,76 6,63 - 6,63 4,76 6,63 4,76 6,63

180 4,61 5,57 4,61 5,57 4,61 - 4,61 5,57

200 3,74 5,32 3,74 5,32 3,74 5,32 - -

A Tabela 22 traz os valores de “mi” (variável adimensional)

calculados para cada ponto da curva de cada uma das fibras vegetais.

Comparando os valores encontrados de inclinação para as diferentes fibras

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

59

estudadas observa-se que para todas as correções de efeito matriz, os valores

de inclinação são os mesmos, diferindo apenas na ausência de determinados

pontos nas curvas da análise direta das fibras vegetais, devido à exclusão

prévia de alguns pontos, os “outliers”. A similaridade dos valores de “mi” entre

as fibras vegetais só reforça ainda mais a teoria a respeito deste ser um fator

de escala que facilmente adapta valores teóricos com dados experimentais

para cada equipamento onde as análises quantitativas forem realizadas. Vale

ressaltar ainda que, a inclinação da linha de calibração é um fator que

representa a intensidade do analito puro e que, após a calibração, quando “mi”

é conhecido, torna-se possível calcular os novos valores corrigidos de

concentração (mg kg-1), neste caso de Pb e Ni, em cada ponto da curva de

análise direta das fibras vegetais (ROUSSEAU, 2009, 2013).

Com a correção do efeito matriz através do algoritmo linear, foi

possível corrigir alguns dos valores das concentrações de Pb e Ni

correspondentes à alguns dos pontos considerados nas curvas de análise

direta das fibras vegetais. Estes novos valores de concentração foram

expressos graficamente, a fim de que as correções fossem mais bem

evidenciadas quando comparadas com as curvas de análise direta das fibras

vegetais sem correção; onde foi observado graficamente, na sessão 4.2, o

efeito matriz. Entretanto, na Tabela 23 estão presentes os valores de

concentração previstos pela correção realizada para os pontos da curvas de Ni

e Pb de cada uma das fibras

Tabela 23 - Valores de concentração (mg kg-1) dos metais Ni e Pb em cada ponto das curvas das fibras vegetais corrigidas pelo algoritmo linear.

Faixas de trabalho

das curvas (mg kg

-1)

Fibra de coco (mg kg

-1)

Fibra de eucalipto (mg kg

-1)

Fibra de baronesa (mg kg

-1)

Fibra de piaçava (mg kg

-1)

Pb Ni Pb Ni Pb Ni Pb Ni

20 - 18,99 15,63 17,80 - 48,60 - 25,98

40 48,72 37,98 - 35,59 - 97,20 29,27 51,95

60 73,09 - 46,89 - 54,96 - - -

80 - - - - - - - -

100 121,81 94,96 78,16 88,98 91,60 243,01 - 129,89

120 146,17 113,95 93,79 106,77 109,92 291,61 87,80 155,86

140 170,53 132,94 - 124,57 128,24 340,22 102,43 181,84

160 194,89 151,93 125,05 142,36 - 388,82 117,06 207,82

180 219,26 170,92 140,68 160,16 164,88 437,42 131,69 -

200 - - 156,31 177,95 183,20 486,02 146,33 259,77

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

60

A partir dos resultados alcançados com a aplicação do algoritmo

linear do MPF, apresentados nas Tabelas de 13 a 23, foram construídos

gráficos representativos correspondentes à correção do efeito matriz para Pb e

Ni nas curvas de análise direta das fibras vegetais. Nestes gráficos,

apresentados na Figura 19, os pontos das curvas de análise direta foram

corrigidos considerando os parâmetros já listados anteriormente.

Vale ressaltar que nas curvas de análise direta das fibras vegetais,

considerando os metais Pb e Ni, para uma eficiente correção do efeito matriz,

numa situação ideal, estas curvas devem estar completamente sobrepostas à

curva da matriz de referência do metal correspondente (Pb ou Ni). Na Figura

18, avalia-se graficamente a eficiência na correção do efeito matriz das fibras

vegetais com a aplicação do algoritmo fundamental linear do MPF.

Figura 18. Resultado da correção do efeito matriz nas curvas de análise direta do Pb e Ni para as fibras de coco de cor vermelha (A e J, B e L), eucalipto de cor laranja (C e N, D e P), baronesa de cor verde (E e R, F e T) e piaçava de cor marrom (G e V, H e Z).

y = 0,561x - 1,6933

y = 1,0199x - 7,2159

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm)

Efeito matriz

A

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,8373x - 7,2159

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm)

Correção do efeito matriz

J

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,3128x + 8,9017

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm)

Efeito matriz

B

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,3294x + 8,9017

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Ni (ppm)

Correção do efeito matriz

L

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

61

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,4241x + 5,5418

0,00

50,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm)

Efeito matriz

C

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,5427x + 5,5418

0,00

50,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm)

Correção do efeito matriz

N

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,2048x + 3,3106

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm)

Efeito matriz

D

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,231x + 3,1579

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm)

Correção do efeito matriz

P

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,3254x + 4,4897 0,00

50,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm)

Efeito matriz

E

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,3586x + 3,7708

0,00

50,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm)

Correção do efeito matriz

R

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,2103x + 3,1736 0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm)

Efeito matriz

F

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,0862x + 3,3436 0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

0 200 400

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm)

Correção do efeito matriz

T

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

62

Com base na Figura 18, observou-se que a correção do efeito matriz

fora efetuada de maneira abrangente, ou seja, tanto para a curva de Ni quanto

para a de Pb, apenas nas curvas correspondentes às fibra de coco e eucalipto.

Na curva de Ni da fibra de coco, foi possível melhorar sua inclinação em

relação à curva da matriz de referência, aumentando assim a proximidade

entre ambas. Ainda assim é possível observar que a correção não fora tão

eficiente em todas as concentrações, especialmente nas extremidades da

curva, já que os valores de concentração tendem a se afastar da curva da

matriz de referência. Já para a curva de Pb correspondente ainda à fibra de

coco, houve também uma melhora na inclinação da curva de análise direta,

muito embora, não o suficiente para corrigir efetivamente os pontos de

concentração mais elevadas na faixa de 100 à 200 mg kg-1. Entretanto é

importante ressaltar que a melhora na inclinação destas curvas e a presença

de intersecção entre elas e a curva da matriz de referência após a correção,

resulta numa melhor previsão quantitativa dos metais Pb e Ni nestas curvas,

tornando-as muito úteis para a análise de amostras de fibra de coco dentro

desta faixa de concentração.

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,5024x + 6,986

0,00

50,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm)

Efeito matriz

G

y = 0,561x - 1,6933

y = 0,6947x + 5,5883

0,00

50,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração Pb (ppm)

Correção do efeito matriz

V

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,4065x + 10,354

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0 50 100 150 200

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm)

Efeito matriz

H

y = 0,4011x + 3,2923

y = 0,3123x + 10,6

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

0 100 200 300

Inte

nsi

dad

e (c

ps)

Concentração de Ni (ppm)

Correção do efeito matriz

Z

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

63

As correções do efeito matriz nas curvas de Pb e Ni da fibra de

eucalipto foram satisfatórias, já que também houve uma melhora na inclinação

de ambas curvas destes metais, entretanto, a ausência da intersecção na curva

de Pb corrigida nesta fibra chama bastante a atenção, já que a curva sem

correção deste metal possuía uma intersecção nas proximidades de 50 mg kg-

1. A correção trouxera para esta fibra uma melhora na inclinação da curva do

Pb, o que conferiu proximidade entre seus pontos e os pontos correspondentes

à curva da matriz de referência, possivelmente garantindo uma melhora na

previsão quantitativa do Pb após a correção, em contrapartida, por conta dos

ajustes realizados, a correção do efeito matriz nesta fibra também foi

responsável pela redução da concordância entre os valores próximos de 50 mg

kg-1 de Pb, concentração onde se encontrava anteriormente a intersecção entre

as curvas de análise direta e a matriz de referência.

O gráfico P da Figura 18, resultado da correção aplicada à curva de Ni da fibra

de eucalipto muito se assemelha ao aspecto do gráfico R, correspondente à

curva corrigida de Pb da fibra de baronesa. Em ambas as curvas corrigidas se

mantiveram após a correção, a intersecção nas proximidades da origem. Os

valores de inclinação ficaram um pouco mais próximos dos correspondentes à

matriz de referência, entretanto, não o suficiente para garantirem uma boa

previsão, principalmente se valores a serem investigados estiverem acima de

100 ppm.

As únicas curvas nas quais as correções do efeito matriz não foram

satisfatórias para a maioria das concentrações, tendo também sua expressão

na inclinação das curvas, foram as curvas de Pb e Ni da fibra de piaçava e a

curva de Ni da fibra de baronesa.

Na Figura 18, gráfico T relacionado à curva de Ni para a fibra de

baronesa, o comportamento anômalo das curvas, observado após correção do

efeito matriz, trouxe uma interpretação de que a correção do efeito matriz para

este metal nesta fibra resultou numa redução considerável da sua inclinação

em relação à curva da matriz de referência. Isso se deve à presença marcante

de interferentes existentes na fibra de baronesa que mitigaram

significativamente a possibilidade de ajuste desta curva para o Ni,

inviabilizando a capacidade de previsão desta curva.

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

64

A correção do efeito matriz também não foi satisfatória para a curva

de Pb na fibra de piaçava, como indicam os gráficos comparativos presentes

na Figura 18. Através destes gráficos, observa-se que, o valor de inclinação da

curva de Pb se distancia do valor da inclinação da curva da matriz de

referência após aplicação do algoritmo linear. Uma evidência é o

distanciamento progressivo entre os seus pontos e os pontos da curva da

matriz de referência, além disso, observa-se nitidamente que a tendência à

intersecção de ambas as curvas desaparece, reduzindo assim a capacidade de

previsão de concentração de Pb nesta curva.

Em contrapartida, embora a aplicação da correção na curva de Ni da

fibra de piaçava, gráfico Z, reduzisse o valor de inclinação acometendo a

eficiência de correção do efeito matriz, a correção trouxera uma maior

aproximação entre a curva de Ni e a curva da matriz de referência com o

aparecimento de uma intersecção na faixa de concentração entre 50 à 100 mg

kg-1. A correção do efeito matriz nesta curva evidenciou a importância em

considerar para a avaliação da correção do efeito matriz, não somente a

inclinação, mas também a intersecção existente entre as curvas de Pb e Ni das

amostras e da matriz de referência. Neste caso, especificamente, a intersecção

conferiu um caráter de proximidade entre as curvas em um dado intervalo de

concentração, ainda que os valores correspondentes à inclinação não fossem

próximos em relação à matriz de referência.

Para a avaliação dos resultados da correção, foi realizado o teste

estatístico de comparação das distribuições dos pontos das curvas do padrão e

dos pontos das curvas das fibras corrigidas, a fim de avaliar se havia diferença

significativa entre ambos os valores. O teste utilizado foi o de Kolmogorov-

Smirnov, com 95% de confiança, com o auxílio do pacote estatístico

STARTGRAPHICS plus. Este teste é realizado calculando a distância máxima

entre as distribuições acumuladas dos pontos das curvas das amostras em

relação ao padrão. Neste teste, se o valor de “p” encontrado for superior ao

valor de p estimado em 0,05, não há evidência de diferença estatisticamente

significativa entre as duas distribuições com 95% de confiança.

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

65

Os resultados obtidos com este teste mostraram que para todos os

pontos das curvas corrigidas das fibras vegetais, com exceção apenas da

curva de Ni para a fibra de baronesa, não havia diferença significativa entre os

pontos de suas curvas e das curvas do padrão, com 95% de confiança. Os

valores de “p” encontrados para cada distribuição entre os pontos das fibras e

do padrão nas suas respectivas curvas de Ni e Pb, além dos valores da

distância máxima entre as duas distribuições (fibras e padrão) constam na

Tabela 24.

Tabela 24 - Resultados do teste estatístico Kolmogorov-Smirnov realizado

com o pacote STARTGRAPHICS plus.

Fibras vegetais com aplicação de correção

do efeito matriz

Distância máxima entre as distribuições (comparada

com o padrão)

Valor de ”p” (sendo p = 0,05)

Pb Ni Pb Ni

Fibra de coco 0,2857 0,1428 0,9375 1,0000

Fibra de eucalipto 0,4285 0,2500 0,5587 0,9639

Fibra de baronesa 0,1667 0,7500 0,9999 0,0222

Fibra de piaçava 0,5000 0,2857 0,4487 0,9375

Ainda tem-se trabalhado na hipótese de que a eficiência na correção

do efeito matriz para o Ni em algumas fibras, tais como as de coco e eucalipto,

frente a outras como baronesa e piaçava, deve-se especialmente a

composição química estrutural da parede celular destas fibras, que varia de

espécie para espécie (TAIZ; ZEIGER, 2006). Acredita-se que os diferentes

graus de cristalinidade da celulose nas fibras e especialmente na matriz de

referência de folha de pinheiro, assim como também a variação nas

porcentagens da hemicelulose, lignina e celulose, juntamente com uma série

de fatores, como a existência de uma maior quantidade de grupos funcionais

que acarretam na melhor capacidade de biossorção natural de metais de

algumas fibras e as formas das ligações destes, justifiquem a dificuldade na

correção do efeito matriz de fibras como baronesa, especialmente para o Ni, e

também, a ineficácia na correção do efeito matriz em grandes intervalos de

concentração, como observado em algumas curvas das fibras estudadas

(SILVA; REZENDE; et. al., 2013).

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

66

4.7 Avalidação do modelo matemático de correção do efeito matriz

A validação do modelo do algoritmo linear do MPF foi realizada

comparando a avaliação da exatidão do modelo com o comportamento de uma

das curvas onde a correção do efeito matriz fosse significativa, neste caso, a

curva escolhida fora correspondente à fibra de coco. As concentrações das

amostras de fibra de coco obtidas com a análise direta, corrigidas pelo

algoritmo linear no EDXRF e analisadas no MIP OES estão apresentadas nas

Tabelas 25 e 26.

Tabela 25 - Concentrações de Ni correspondentes aos pontos 20, 100 e 180 mg kg-1 das amostras de fibra de coco obtidas pela análise direta com EDXRF, corrigida pelo algoritmo linear do MPF com EDXRF e MIP OES.

Fibra de coco contaminada com Ni

(mg kg-1

)

Análise direta EDXRF (mg kg

-1)

Algoritmo linear MPF (mg kg

-1)

MIP OES (mg kg-1

)

20

27,59

28,72 ± 1,53

18,99

18,80 ± 0,57

19,50

17,50 ± 2,29 30,46 19,24 15,00

28,10 18,15 18,00

Coeficiente Variação (%) 5,32 3,03 13,09

100

100,95

100,62 ± 2,22

94,96

93,98 ± 2,86

52,50

51,00 ± 1,5 98,25 96,22 51,00

102,65 90,76 49,50

Coeficiente Variação (%) 2,20 3,04 2,94

180

180,15

183,91 ± 3,59

170,92

169,16 ± 5,15

87,00

85,50 ± 1,5 187,32 173,19 84,00

184,28 163,36 85,50

Coeficiente Variação (%) 1,95 3,04 1,75

Tabela 26 - Concentrações de Pb correspondentes aos pontos 20, 100 e 180 mg kg-1 das amostras de fibra de coco obtidas pela análise direta com EDXRF, corrigida pelo algoritmo linear do MPF com EDXRF e MIP OES.

Fibra de coco contaminada com Pb

(mg kg-1

)

Análise direta EDXRF (mg kg

-1)

Algoritmo linear MPF (mg kg

-1)

MIP OES (mg kg-1

)

20

24,90

24,30 ± 1,45

22,9

23,33 ± 0,40

16,50

19,00 ± 2,30 22,64 23,4 19,50

25,36 23,7 21,00

Coeficiente Variação (%) 5,96 1,71 12,06

100

120,13

119,38 ± 2,64

114,51

116,67 ± 2,02

96,00

94,00 ± 2,29 121,57 117,00 91,50

116,45 118,50 94,00

Coeficiente Variação (%) 2,21 1,73 2,44

180

213,04

214,31 ± 3,96

206,10

210,00 ± 3,64

139,50

144,00 ± 4,50 218,76 210,60 144,00

211,14 213,30 148,50

Coeficiente Variação (%) 1,64 1,73 3,12

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

67

Para avaliar a exatidão do método de correção do efeito matriz foi

aplicado o teste T Student que verifica se há diferença significativa entre os

valores preditos pelo modelo matemático e os valores experimentais através da

comparação entre os valores de T calculados e T Tabelados, neste caso,

realizado num nível de confiança de 95% e apresentado na Tabela 27.

Tabela 27 - Resultados da validação do modelo matemático do algoritmo linear do MPF comparando com o valor experimental com 95% de confiabilidade.

Fibra de coco contaminada com Ni

(mg kg-1

)

Valor predito pelo modelo

(mg kg-1

)

Valor do experimento

(mg kg-1

) T calculado

T Tabelado 95% (n-1)

20 18,80 17,50 0,9500

4,310 100 93,98 51,00 15,27

180 169,2 85,50 16,80

Fibra de coco contaminada com

Pb (mg kg

-1)

Valor predito pelo modelo

(mg kg-1

)

Valor do experimento

(mg kg-1

) T calculado

T Tabelado 95% (n-1)

20 23,33 19,00 3,230

4,310 100 116,7 94,00 12,85

180 210,0 144,0 19,75

De acordo com a Tabela 27, os valores de T calculados para o

intervalo de concentração entre 100 mg kg-1 e 180 mg kg-1 para ambos metais

Ni e Pb na fibra de coco são maiores que o valor de T Tabelado com 95% de

confiança, sendo destacados na Tabela 27, o que significa que há diferença

significativa entre os valores preditos pelo modelo e os valores experimentais,

exceto em intervalos menores de concentração, neste caso, intervalos menores

ou iguais à 20 mg kg-1. Avaliando os resultados encontrados com o teste T,

observou-se que estes expressam o comportamento previsto e descrito pelas

curvas corrigidas correspondentes à fibra de coco para Ni e Pb, onde a

correção do efeito matriz não garante uma previsão aceitável nos intervalos

acima de 100 mg kg-1. Sendo assim, afirma-se que a comparação entre o

ensaio de exatidão e o comportamento desta curva corrigida possibilita a

validação do comportamento do modelo de correção do efeito matriz

qualitativamente e quantitativamente.

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

68

5.0 METODOLOGIA PARA DETERMINAÇÃO DE Pb e Ni EM FIBRAS

VEGETAIS POR EDXRF APLICANDO O ALGORITMO LINEAR DO MPF

Para a determinação de Ni e Pb em fibras vegetais por EDXRF

aplicando o algoritmo linear do MPF, as amostras devem ser conduzidas à

estufa à uma temperatura de (100 ± 2) ºC durante 3h, seguido da moagem

num moinho de facas e peneiramento numa malha de 325 mesh (0,04 mm de

abertura). Devem ser determinados o teor de umidade e a massa específica

das amostras selecionadas, à fim de considerar a massa seca das amostras e

a quantidade em massa a ser utilizada nas análises por EDXRF.

Posteriormente, faz-se necessária a caracterização das estruturas das

amostras de fibras vegetais utilizando a Espectroscopia de Infravermelho (IV)

e a Difratometria de raios X (DRX) e em seguida, com o intuito de investigar os

elementos que fazem parte da composição das amostras de fibras vegetais,

devem ser realizadas análises qualitativas no EDXRF utilizando filtros de <Ni-

Ag>, com energias 30 KV, 300 µA e ar atmosférico e filtros de <Cl-V> de

alumínio fino, com energias 12kV, 550 µA nas linhas principais para cada

elemento. Desta forma, as curvas de análise direta das amostras de fibras

vegetais podem ser confeccionadas e trabalhadas numa faixa de

concentração onde a detecção é possível e confiável no EDXRF, neste caso,

nas concentrações dos padrões de Ni e Pb de 0, 20, 40, 60, 80, 100, 120, 140,

160, 180 e 200 mg kg-1. O mesmo procedimento deve ser repetido para a

matriz de referência escolhida para o estudo, neste caso, a folha de pinheiro

(material de referência certificado NIST – Trace elements in Pine Needles

1575a). Por fim, considerando as intensidades líquidas correspondentes aos

pontos das curvas de análise direta das amostras de fibras vegetais

confeccionadas deve-se aplicar o algoritmo linear de correção do efeito matriz

com base na equação geral de Rousseau (2013):

Ci = Ki • Ii • Mis

Onde Ci representa a concentração do analito “i” na amostra (ppm), Ki

o fator de calibração da curva (cps-1), Ii a intensidade líquida medida do analito

(cps), e Mis o fator de correção do efeito matriz em dada intensidade do analito

na amostra (ppm).

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

69

O comportamento da curva corrigida em relação à curva de análise

direta, de modo geral, possibilitará uma melhor previsão das concentrações

para os metais Pb e Ni, podendo ocorrer também apenas num dado intervalo

de concentração dependendo especificamente do tipo de fibra e de sua

constituição estrutural e organizacional.

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

70

6.0 CONCLUSÃO

A partir da investigação das propriedades físicas das fibras vegetais,

dos grupos funcionais existentes em sua estrutura e do conhecimento de sua

morfologia, configurando assim a caracterização destas amostras, foi possível

compreender as características estruturais destas matrizes, sua complexidade.

Os grupos funcionais presentes nas fibras evidenciam a sua complexidade e a

potencial capacidade de ligações com elemento metálicos, que poderiam

acontecer ao longo dos processos químicos de desenvolvimento e crescimento

na natureza. O que se pôde observar é que para as diferentes fibras

trabalhadas, o efeito matriz se expressou de diferentes formas, sendo que para

algumas fibras, tendo destaque a fibra de coco, este efeito pôde ser

eficientemente minimizado com a correção do efeito matriz pelo algoritmo

linear.

A aplicação da correção do efeito de matriz para a fibra de coco

utilizando o algoritmo linear do MPF obteve êxito para baixos intervalos de

concentração de Pb e o Ni ≤ 20 mg kg-1. Porém, a possibilidade de correção

do efeito de matriz em amostras tão complexas como as vegetais, utilizando

correções matemáticas sem recursos computacionais pode ser considerado

um resultado interessante para a química analítica. Além disso, a

Espectrometria de Fluorescência de Raios X por Dispersão de Energia estende

assim a sua aplicabilidade, com o desenvolvimento de uma metodologia

robusta de análise direta para posterior correção do efeito matriz utilizando

amostras sólidas, requerendo o mínimo de preparo de amostra, um curto

período de tempo de análise e possuindo baixo custo associado à reprodução

da metodologia.

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

71

7.0 RECOMENDAÇÕES FUTURAS

As sugestões para trabalhos futuros são:

O aperfeiçoamento da correção do efeito matriz em diferentes matrizes

vegetais utilizando o software do Método de Parâmetros Fundamentais;

Realização de um comparativo entre os resultados alcançados nesta

pesquisa para a fibra de coco aplicando o algoritmo linear do MPF, com a

aplicação da correção utilizando o software do Método de Parâmetros

Fundamentais;

Corrigir o efeito de matriz utilizando um padrão certificado com

características ainda mais similares à fibra de coco para fins de

comparação e investigação da influência da escolha do padrão nos

resultados da correção com o algoritmo fundamental;

Desenvolvimento de método analítico que possa abranger uma ampla

faixa de trabalho e que possam alcançar menores limites de detecção

(LD) e quantificação (LQ);

Ampliação do estudo para a investigação de outros metais tóxicos, além

do chumbo (Pb) e do níquel (Ni);

Page 89: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

72

8.0 REFERÊNCIAS

AGUIAR, M. R. M. P; NOVAES, A. C. Remoção de Metais Pesados de Efluentes Industriais por Aluminossilicatos. Química Nova, v. 25, n. 6, São Paulo, 2002. ALI, I.; ASIM, M.; KHAN, T. A. Low cost adsorbents for the removal of organic pollutants from wastewater. Journal of environmental management, v. 113, p. 170–83, 2012. AMUDA, O. S.; GIWA, A. A.; BELLO, I. A. Removal of heavy metal from industrial wastewater using modified activated coconut shell carbon. Biochemical Engineering Journal, v. 36, p. 174–181, 2007. AZEVEDO, B. S. M; RIZZO, A. C. L; REICHEALD, D; WALCHAN, G. M; SOBRAL, L. G. S; LEITE, S. G. F; Utilização de fibra da casca do coco verde como suporte parar a formação de biofilme visando o tratamento de efluente. Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. CETEM/ MCT. Rio de Janeiro - RJ, 2008. BAILEY, S. E. et al. A review of potentially low-cost sorbents for heavy metals. Water Research, v. 33, n. 11, p. 2469–2479, 1999. BLEDZKI, A. K.; GASSAN, J. Composites reinforced with cellulose based fibres. Progress in Polymer Science, v. 24, p. 221-274, 1998. BROUWER, P. Theory of XRF: Getting acquainted with the principles. PANalytical, 3 ed, p. 7-56, 2010. CARVALHO, R. F. Compósitos de fibras de sisal para uso em reforço de estruturas de madeira. Tese de Doutorado. USP/São Carlos. São Carlos, p.133, 2005. CRESPILHO, F. N; SANTANA, C. G; REZENDE, M. O.O. Tratamento De Efluente Da Indústria De Processamento De Coco Utilizando Eletroflotação. Quimica Nova, V. 27, n. 3, p. 387-392, 2004 CRISS, J. W.; BIRKS, L. S. Calculation Methods for Fluorescent X-ray Spectrometry: Empirical Coefficients vs. Fundamental Parameters. Analytical Chemistry, v.40, n.7, p. 1080-1086, 1968. CHRISTENSEN, L. H.; PIND, N. The Application of Energy-Dispersive X-Ray Fluorescence and the Fundamental Parameter Approach to the Analysis of Ni-Fe-Cr Alloys. X-Ray Spectrometry, v. 10, p. 156-162, 1981. CONTI, M.E.; CECCHETTI, G. Biological monitoring: lichens as

bioindicators of air pollution assessment – a review, Environmental

Pollution, v.114, p. 471-492, 2001.

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

73

D’ALMEIDA, J. R. M.; AQUINO, R. C. M. P.; MONTEIRO, S. N. Tensile mechanical properties, morphological aspects and chemical characterization of piassava (Attalea funifera) fibers. Composites Part A: Applied Science and Manufacturing, v. 37, n. 9, p. 1473–1479, 2006. DE BOER, D. K. G. Fundamental parameters for X-ray fluorescence analysis. Spectrochimica Acta, v. 44B, n. 11, p. 1171 – 1190, 1989. DOQ-CGCRE-008. Orientação sobre validação de Métodos analíticos: documento orientativo. INMETRO, Revisão: 04, 2011. FELLENBERG, G. Introdução aos Problemas da Poluição Ambiental. Educação Pedagógica e Universitária, São Paulo, 1980. FENGEL, D.; WEGENER, G. Wood: chemistry, ultrastruture and reactions. Berlin: Walter de Gruyter, 1989. GIANNETTI, A. A. M. Lignin as Additive in Polypropylene/Coir Composites: Thermal, Mechanical and Morphological Properties. Carbohydrate Polymers, v.87, p. 2563-2568, 2012. GREAKEN, R. E. V.; MARKOWICZ, A. A. Handbook of X-ray Spectrometry. New York, Ed.2, p. 51-53, 2002. GREAKEN, R. E. V.; MARKOWICZ, A. A. Handbook of X-ray Spectrometry. New York, Ed.2, p. 355-356, 2002. GROSS, E.; PIRES, M.; FERNANDES, V. Curso teórico prático de técnicas em microscopia eletrônica. Ilhéus-Bahia, Centro de Microscopia Eletrônica (CME) - UESC, 2014. GUO, X.; ZHANG, S.; SHAN, X. Adsorption of metal ions on lignina. Jornal of Hazardous Materials, v.151, p. 134-142, 2008. GUPTA, D.; CHATTERJEE, J. M.; GHOSE, R.; MITRA, A.K.; ROY, S.; SARKAR, M. Energy-dispersive X-ray fluorescence study of elemental uptake in cauliflower. PRAMANA journal of physics, v.76, n. 2, p. 345-349, 2011. HATFIELD, R.; VERMERRIS, W. Lignin formation in plants. The dilema of

linkage specificity. Plant Physiol, V. 136, p. 1351-1357, 2001.

HERRERA-FRANCO, P. J., VALADAREZ-GONZÁLEA, A. A study of the mechanical properties of short natural-fiber reinforced composites. Composites: Part B, v.36, p.597–608, 2005.

JOSEPH, K.; et al. Natural fiber reinforced themoplastic composites. In:

Natural polymer and agrofibers based composites. São Carlos:

USP/Unesp/Embrapa, 2000.

Page 91: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

74

KATAOKA, Y. Standardless X-ray fluorescence spectrometry. The Rigaku Journal, v. 6, n. 1, p. 33-40, 1989. KITOV, B. I. Regularization procedure for the fundamental parameters method in X-ray fluorescence analysis. Journal of Analytical Chemistry, v. 56, n. 2, p. 131-136, 2001. KUMAR, R., OBRAI, S., SHARMA, A., Chemical modifications of natural fiber for composite material. Pelagia Research Library: Der Chemica Sinica, v. 2, n. 4, pp. 219-228, 2011. LEÃO, R. M., Tratamento superficial de fibra de coco e aplicação em materiais compósitos como reforço do polipropileno. Tese de D.Sc., Departamento de Engenharia Mecânica, Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil, 2012. LENGOWSKI, E.C.; MUNIZ, G.I.B.de; NISGOSKI, S., MAGALHÃES, W.L.E. Avaliação de métodos de obtenção de celulose com diferentes graus de cristalinidade. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 41, n. 98, p. 188-189, 2013. MANUAL ARL 9900 Intellipower Series, Nº AA83654-02, Thermo Fisher Scientific, 2007 MARGUÍ, E.; QUERALT, I.; HIDALGO, M. Application of X-ray fluorescence spectrometry to determination and quantitation of metals in vegetal material. TrAC - Trends in Analytical Chemistry, v. 28, n. 3, p. 362–372, 2009. MARHOL, M. Ion Exchangers in Analytical Chemistry. Academia, Praga, p. 88-108, 1982. MELQUIADESb, F. L. et al. Factorial design for Fe, Cu, Zn, Se and Pb preconcentration optimization with APDC and analysis with a portable X-ray fluorescence system. Talanta, v. 73, n. 1, p. 121–126, 2007. MELO, M. L. S.; SOUZA, J. R. de; Estudo do efeito matriz na determinação de metais em óleos básicos rerrefinados por Fluorescência de Raios X por Energia Dispersiva. Química Nova, v. 38, nº. 5, p. 614-621, 2015. MELLO, A. P. A. Sample preparation methods for subsequente determination of metals and non-metals in crude oil—A review, Analytica Chimica Acta, Brasil, v.746, p. 15– 36, 2012.

MERLINI, C. Análise experimental de compósitos de poliuretano derivado de óleo de mamona e fibras de bananeira, Dissertação, 104f. (Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011.

Page 92: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

75

MIRANDA, C. S. Effect of surface treatment on properties of bagasse piassava fiber Attalea funifera Martius. Química Nova, v. 38, n. 2, p. 161–165, 2014. MUSSIG, J. Industrial applications of natural fibers: Structure, Properties and Technical Applications. Department of Biomimetics, Hochschule Bremen – University of Applied Sciences, Bremen – Germany, p. 13-18, 2010. MWAIKAMBO, L.Y.; ANSELL, M. P. Mechanical properties of alkali treated plant fibres and their potential as reinforcement materials I. hemp fibres. Journal of materials science, 41, p. 2483-2496, 2006. MWAIKAMBO, L.Y.; ANSELL, M. P. Mechanical properties of alkali trated plant fibres and their potential as reinforced materials II. Sisal fibres. Journal of materials science, 41, p. 2497-2508, 2006. NAGATA, N.; BUENO, M. I. M. S. Métodos matemáticos para correção de interferências espectrais e efeitos interelementos na análise quantitativa por fluorescência de raios-X. Quimica Nova, 24, p. 531-539, 2001. NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger principles of Biochemistry. Worth Publishers, New York - NY, 3ª ed., 2000. OMOTE, J; KOHNO, H; TODA, K. X-Ray fluorescence’analysis utilizing the fundamental parameter method for the determination of the elemental composition in plant samples. Analytica Chimica Acta, 307, p. 117-126, 1995.

PASCALICCHIO, A. Contaminação por metais pesados: Saúde pública e

medicina ortomolecular, Annablume, São Paulo, 2002.

PINO, G. Biossorção de metais pesados utilizando pó da casca de coco verde (cocos nucifera). Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica –PUC, Rio de Janeiro. 2005. POTTS, P. J.; WEBB, P. C. X-ray fluorescence spectrometry. Jounal of Geochemical Exploration, 44, p. 251-296, 1992. PYTLAKOWSKA, K.; SITKO, R. Energy-dispersive X-ray fluorescence spectrometry combined with dispersive liquid–liquid microextraction for simultaneous determination of zinc and copper in water samples. Polônia, Anal. Methods 5, 6192–6199, 2013 QUERALT, I.; OVEJERO, M.; CARVALHO, M.L.; MARQUES, A. F.; LLABRÉS, J.M. Quantitative determination of essential and trace element content of medicinal plants and their infusions by XRF and ICP techniques. X-Ray Spectrometry, v. 34, p. 213-217, 2005.

Page 93: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

76

RAMBO, C. R. Materiais avançados inspirados na natureza: estruturas celulares, fibras e compósitos. Exacta, Universidade Nove de Julho, São Paulo-SP, vol.4, n.1, pp.95-103, 2006. RODRIGUES, R. F; TREVENZOLI, R. L; SANTOS, L. R. G; LEÃO, V. A; BOTARO, V. R. Adsorção de Metais Pesados em Serragem de Madeira Tratada com Ácido Cítrico. Engenharia Sanitária e Ambiental, v.11, n. 1, p. 21-26, 2006. ROUSSEAU, R.M. Corrections for matrix effects in X-ray fluorescence analysis – A tutorial. Spectrochimica Acta Part B 61, p. 774-775, 2006. ROUSSEAU, R. How to aply the fundamental parameters method to the quantitative X-ray fluorescence analysis of geological materials. Journal of Geosciences and Geomatics, v.1, n.1, p. 1-7, 2013. ROUSSEAU, R.M. The quest for a fundamental algorithm in X-ray fluorescence analysis and calibration. The Open Spectroscopy Journal, v.3, p. 31-42, 2009.

SEGAL, L.; CREELY, J. J.; MARTIN, A. E.; CONRAD, SEGAL, L.; CREELY, J. J.; MARTIN, A. E.; CONRAD, C. M. An empirical method for estimating the degree of crystallinity of native cellulose using the X-ray diffractometer. Textile Research Journal, v.29, n.10, p.786-794, 1959. SHERMAN, J. The theoretical derivation of fluorescent x-ray intensities from mixtures. Spectrochimica Acta, v. 7, p. 283-306, 1955. SHIRAIWA, T.; FUJINO, N. Theoretical Calculation of Fluorescent X-Ray Intensities in Fluorescent X-Ray Spectrochemical Analysis. Japanese Journal of Applied Physics, v. 5, p. 886-899, 1966. SILVA, K. M. D. da; REZENDE, L. C. S. H.; SILVA, C. A. da; BERGAMASCO, R.; GONÇALVES, D. S. Caracterização físico-química da fibra de coco verde para adsorção de metais pesados em efluente de indústria de tintas. Engevista, v. 15, n. 1, p. 43-50, 2013. SITKO, R. Quantitative X-ray fluorescence analysis of sample of less than ‘infinite thickness’: difficulties and possibilities. Spectrochimica Acta Part B 64, p. 1161-1172, 2009. SITKO, R. Study on the influence of X-ray tube spectral distribution on the analysis of bulk samples and thin films: Fundamental parameters method and theoretical coefficient algorithms. Spectrochimica Acta Part B 63, p. 1297-1302, 2008. SKOOG, D. A.; HOLLER, S. J. Princípios de Análise Instrumental, 5ª Edição,

Editora Bookman, São Paulo-SP, 2002.

Page 94: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

77

SPINACÉ, M. A. S.; LAMBERT, C. S.; FERMOSELLI, K. K. G.; PAOLI, M. A. Characterization of lignocellulosic curaua fibres. Carbohydrate Polymer, n.77, p. 47-53, 2009. SOUSA NETO, V. D. O. Modificação química da casca do coco bruto (Cocos nucifera) para remoção de Cu(II) de efluente sintético e industrial: estudo de isoterma de adsorção, cinética e coluna de leito fixo. [s.l.] 2012. 170 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2012. SUDDELL, B.C.; EVANS, W.J. Natural fiber composites in automotive applications. Florida: Taylor & Francis, cap.7, 2005. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal, 3ª Edição, Editora Artmed, Porto Alegre – RS, p. 301-343 , 2006. THOMPSON, Michael; ELLISON, Stephen L. R.; WOOD, Roger. Harmonized guidelines for single-laboratory validation of methods of analysis (IUPAC Technical Report). Pure and Applied Chemistry, v. 74, n. 5, p. 835–855, 2002. TURQUETTI, C. A., Treinamento MINIPAL. Apresentação para treinamento do equipamento de EDXRF Minipal, Ilhéus, Bahia, 2011. WEGRZYNEK, D.; HOLYNSKA, B.; OSTACHOWICZ, B. A comparison of the performance of a fundamental parameter method for analysis of total reflection X-ray fluorescence spectra and determination of trace elements, versus an empirical quantification procedure. Spectrochimia Acta Part B 53, p. 44, 1998. WHO, World Helth Organization Guidelines for Drinking-water Quality, Nickel in Drinking-water, p. 22, 2005. WHO, World Helth Organization, Preventing disease through healthy environments exposure to lead: A major public health concern, Suiça, 2010. YAN, P. Fractionation of lignin from eucalyptus bark using amine-sulfonate functionalized ionic liquids. Green Chemistry, v. 17, p. 4913–4920, 2015.

Page 95: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

78

8.0 APÊNDICE

Figura 19 - Curva de calibração do Pb na fibra de coco .

Figura 20. Curva de calibração do Ni na fibra de coco.

Figura 21 - Curva de calibração do Ni na fibra de eucalipto

Page 96: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

79

Figura 22 - Curva de calibração do Pb na fibra de eucalipto

Figura 23 - Curva de calibração do Ni na fibra de baronesa

Figura 24 - Curva de calibração do Pb na fibra de baronesa

Page 97: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

80

Figura 25 - Curva de calibração do Pb na fibra de piaçava.

Figura 26 - Curva de calibração do Ni na fibra de piaçava

Figura 27 - Curva de calibração do Pb na matriz de referência de folha de

pinheiro

Page 98: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

81

Figura 28 - Curva de calibração do Ni na matriz de referência de folha de

pinheiro

O teor de umidade foi calculado para cada uma das matrizes através dos dados recolhidos experimentalmente presente nas Tabelas de 28 a 31.

Tabela 28 - Teor de umidade da fibra de coco Replicatas Peso do vidro

relógio (g) Peso ao ar (g) Peso após estufa +

vidro relógio(g) Peso após estufa (g)

UMIDADE (%)

1 39, 0581 0,5000 39, 5200 0,4619 7,6200

2 39, 0077 0,5000 39, 4738 0,4661 6,7800

3 39, 3052 0,5001 39, 7701 0,4649 7,0386

4 39, 1147 0,5000 39, 5804 0,4657 6,8600

5 39, 7495 0,5000 39, 2158 0,4663 6,7400

MÉDIA 7,0077

Desvio padrão amostral 0,3609

Tabela 29 - Teor de umidade da fibra de eucalipto Replicatas Béquer (g) Peso ao ar (g) Peso após estufa +

béquer (g) Peso após estufa (g)

UMIDADE (%)

1 20, 8132 0,5000 21, 2717 0,4585 8,3000

2 20, 4217 0,5000 20, 8825 0,4608 7,8400

3 20, 0440 0,5000 20, 4993 0,4553 8,9400

4 20, 9049 0,5000 21, 3671 0,4622 7,5600

5 20, 5953 0,5000 21, 0567 0,4614 7,7200

MÉDIA 8,0720

Desvio padrão amostral 0,5580

Tabela 30 - Teor de umidade da fibra de baronesa Replicatas Béquer (g) Peso ao ar (g) Peso após estufa +

béquer (g) Peso após estufa (g)

UMIDADE (%)

1 20, 9417 0,5001 21, 4058 0,4641 7,1986

2 20, 9493 0,5000 21, 4119 0,4626 7,4800

3 16, 7608 0,5001 17, 2219 0,4611 7,7984

Page 99: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

82

4 21, 0020 0,5001 21, 4658 0,4638 7,2585

5 20, 6540 0,5001 21, 1143 0,4603 7,9584

MÉDIA 7,5387

Desvio padrão amostral 0,3321

Tabela 31 - Teor de umidade da fibra de piaçava Replicatas Béquer (g) Peso ao ar (g) Peso após estufa +

béquer (g) Peso após estufa (g)

UMIDADE (%)

1 20, 8149 0,5001 21, 2629 0,4480 10,4179

2 20, 0446 0,5000 20, 4948 0,4502 9,9600

3 20, 6895 0,5001 21, 1378 0,4483 10,3579

4 18, 1315 0,5001 18, 5814 0,4499 10,0379

5 20, 9057 0,5001 21, 3554 0,4497 10,0779

MÉDIA 10,1703

Desvio padrão amostral 0,2042

A massa específica das matrizes vegetais foram calculadas para cada amostra de matriz individualmente através dos dados recolhidos experimentalmente das 5 replicatas, apresentadas nas Tabelas de 32 à 35.

Tabela 32 - Massa específica da fibra de coco Replicatas Massa (g) Vol. Inicial

(cm3)

Vol. Final (cm

3)

Variação de vol. (cm

3)

Massa específica (g cm-

3)

1 0,3000 5,0 5,2 0,2 1,5000

2 0,3001 5,0 5,2 0,2 1,5005

3 0,3000 5,0 5,2 0,2 1,5000

4 0,3001 5,0 5,2 0,2 1,5005

5 0,3000 5,0 5,2 0,2 1,5000

Tabela 33 - Massa específica da fibra de baronesa Replicatas Massa (g) Vol. Inicial

(cm3)

Vol. Final (cm

3)

Variação de vol. (cm

3)

Massa específica (g cm-

3)

1 0,2001 7,0 7,2 0,2 1,0005

2 0,2001 7,0 7,2 0,2 1,0005

3 0,2000 7,0 7,2 0,2 1,0000

4 0,2000 7,0 7,2 0,2 1,0000

5 0,2001 7,0 7,2 0,2 1,0005

Tabela 34 - Massa específica da fibra de eucalipto Replicatas Massa (g) Vol. Inicial

(cm3)

Vol. Final (cm

3)

Variação de vol. (cm

3)

Massa específica (g cm-

3)

1 0,4000 5,0 5,2 0,2 2,0000

2 0,4001 5,0 5,2 0,2 2,0005

3 0,4000 5,0 5,2 0,2 2,0000

4 0,4000 5,0 5,2 0,2 2,0000

5 0,4000 5,0 5,2 0,2 2,0000

Page 100: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE ...nbcgib.uesc.br/ppgquim/dissertacao/Dissertacao_Caroline.pdf · folha de pinheiro, utilizando a Espectroscopia de Infravermelho

83

Tabela 35 - Massa específica da fibra de piaçava Replicat. Massa (g) Vol. Inicial

(cm3)

Vol. Final (cm

3)

Variação de vol. (cm

3)

Massa específica (g cm-

3)

1 0,5001 5,0 5,4 0,4 1,2503

2 0,5000 5,0 5,4 0,4 1,2500

3 0,5000 5,0 5,4 0,4 1,2500

4 0,5000 5,0 5,4 0,4 1,2500

5 0,5000 5,0 5,4 0,4 1,2500