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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS COLEGIADO DE ADMINISTRAÇÃO FABRÍCIA MENEZES ROCHA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA EM EMPREENDIMENTO VOLTADO À LOGÍSTICA REVERSA E SUSTENTABILIDADE: o estudo de caso de uma empresa do ramo da construção civil. ILHÉUS - BA 2008

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS

COLEGIADO DE ADMINISTRAÇÃO

FABRÍCIA MENEZES ROCHA

VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA EM EMPREENDIMENTO VOLTADO À LOGÍSTICA REVERSA E SUSTENTABILIDADE: o estudo de

caso de uma empresa do ramo da construção civil.

ILHÉUS - BA 2008

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FABRÍCIA MENEZES ROCHA

VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA EM EMPREENDIMENTO VOLTADO À LOGÍSTICA REVERSA E SUSTENTABILIDADE: o estudo de

caso de uma empresa do ramo da construção civil.

Relatório de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado de Administração de Empresas da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, em cumprimento parcial dos requisitos para conclusão do Curso de Graduação em Administração.

Área de concentração: Empreendedorismo Orientador: Prof. Robson Braga

ILHÉUS - BA 2008

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R672 Rocha, Fabrícia Menezes. Viabilidade econômico-financeira em empreendimen- to voltado à logística reversa e sustentabilidade: o es- tudo de caso de uma empresa do ramo da construção civil / Fabrícia Menezes Rocha. – Ilhéus, BA: UESC, 2008. vi, 45f. : Il. ; anexo. Orientador: Robson Braga. Monografia (Graduação) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis. Colegiado de Administração. Bibliografia: f. 40-43.

Desenvolvimento sustentável. 2. Indústria de cons- trução civil. 3. Viabilidade econômica. 4. Empreendedo- rismo. 5. Resíduos como material de construção. 6. Re- ciclagem – Indústria. 7. Inovação. I. Título. CDD 333.7

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FABRÍCIA MENEZES ROCHA

VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA EM EMPREENDIMENTO

VOLTADO À LOGÍSTICA REVERSA E SUSTENTABILIDADE: o estudo de caso de uma empresa do ramo da construção civil.

Relatório de Trabalho de Conclusão de Curso, tendo o

Empreendedorismo como área de concentração, aprovado como requisito parcial

para conclusão do Curso de Graduação em Administração, Universidade

Estadual de Santa Cruz – UESC, pela seguinte banca examinadora:

Ilhéus-BA, 25 de novembro de 2008.

Profº Ms. Robson Braga

UESC

(Orientador)

Profº Ms. Rozilton Ribeiro

UESC

Profª Dra. Liliane Queiroz Antônio

UESC

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FOLHA DE IDENTIFICAÇÃO

a. Universidade Estadual de Santa Cruz – Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis.

b. Tipo de estágio: Estágio Curricular

c. Título do estágio: Viabilidade econômico-financeira em empreendimento voltado à logística reversa e sustentabilidade: o estudo de caso de uma empresa do ramo da construção civil.

d. Palavras-chave: Viabilidade; Empreendimento; Inovação; Logística

Reversa; Produção Mais Limpa; Sustentabilidade; Construção Civil.

e. Nome do estagiário: Fabrícia Menezes Rocha.

f. Nome do orientador: Robson Braga.

g. Nome do supervisor da empresa: Alfredo Melo.

h. Local do estágio: Alfredo Melo Engenharia LTDA/Alfa-Bloco, Rua Rio de Contas, 22, Bairro Góes Calmon, Itabuna, Bahia.

i. Duração prevista: Setembro/2008 a Novembro/2008.

j. Local e data: Ilhéus/BA, 25 de novembro de 2008.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela oportunidade

concedida, bem como pela possibilidade de concretização deste objetivo. Aos meus pais, Gleide e João, à minha irmã, Francielen, à minha avó

materna, Celeste, a uma pessoa que se tornou fundamental na minha vida, Rafael, e aos meus tios, primos e amigos pelo incentivo, esforço e compreensão diante desta caminhada rumo à consolidação deste feito.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela oportunidade preparada, pelas pessoas colocadas em meu

caminho e pela permissão de consolidação deste objetivo.

Aos meus pais, João e Gleide, e à minha avó materna, Celeste, que

acreditam em meus sonhos e estão sempre ao meu lado para a realização

destes.

À minha irmã, Francielen, pelo apoio, pela cooperação e pela

convivência no decorrer desta caminhada que é a vida.

A uma pessoa que tem sido parte essencial em minha vida, Rafael,

trazendo-me alegria e força à conclusão deste trabalho.

À Universidade Estadual de Santa Cruz, pela oportunidade e recursos

disponibilizados.

Ao engenheiro civil Alfredo Melo, por compartilhar suas informações e

idéias que serviram de base para a pesquisa deste trabalho.

À professora Katianny Estival, pela orientação na escolha do assunto

desta monografia, bem como pelas sugestões de abordagem.

À professora Josefina Vervloet, pelo auxílio na delimitação do tema.

Ao professor e orientador Robson Braga, pelas contribuições teóricas,

apoio e grande conhecimento compartilhado.

Aos professores Rozilton Ribeiro e Liliane Queiroz, pelo estímulo

acadêmico, pelo auxílio e pela disponibilidade diante da confecção deste

Trabalho de Conclusão de Curso.

Aos funcionários do Departamento e do Colegiado de Ciências

Administrativas e Contábeis, pelo convívio e pela colaboração no decorrer

deste período.

Aos meus colegas e amigos que, de alguma forma, participam de minha

vida, contribuindo à construção de quem sou hoje.

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VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA EM EMPREENDIMENTO VOLTADO À LOGÍSTICA REVERSA E SUSTENTABILIDADE: o estudo de

caso de uma empresa do ramo da construção civil.

RESUMO

O projeto de empreendimento sustentável desenvolvido pela empresa direcionada à construção civil, objeto de estudo deste trabalho, compreende aspectos de inovação e sustentabilidade associados à questão econômico-financeira, evidenciando-se como um estudo de caso. Com base nessa visão e na perspectiva de que a logística reversa tem sido uma grande vantagem competitiva das empresas, este trabalho tem por finalidade avaliar a viabilidade econômica de implantação do projeto em foco. Para tanto, foram utilizadas pesquisas bibliográficas a partir das obras de diversos autores das áreas mencionadas, bem como visita a instituições financeiras e realização de entrevista semi-estruturada com o gestor da empresa. Os resultados obtidos perpassam por ações e visão mercadológicas, assim como pela identificação de índices econômicos gerados pelo projeto, tais como Payback Descontado, Valor Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno. Tais resultados, dessa forma, subsidiaram a avaliação positiva do empreendimento, fazendo emergir também sugestão para a conquista, com efetividade, dos stakeholders.

Palavras-chave: Viabilidade; Empreendimento; Inovação; Logística Reversa; Produção Mais Limpa; Sustentabilidade; Construção Civil.

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SUMÁRIO

Resumo............................................................................................. vi

1 INTRODUÇÃO................................................................................... 1

1.1 Caracterização da empresa............................................................ 2

1.2 Definição do problema ou oportunidade....................................... 4

1.3 Objetivos........................................................................................... 5

1.3.1 Objetivo Geral.................................................................................... 5

1.3.2 Objetivos Específicos......................................................................... 5

1.4 Justificativa...................................................................................... 5

2 EMPREENDEDORISMO CONTEMPORÂNEO: um misto de inovação, desenvolvimento sustentável e viabilidade econômica........................................................................................

7

2.1 Inovação: o primeiro passo............................................................ 8

2.2 Desenvolvimento Sustentável: um enfoque na Produção Mais Limpa e nos princípios de Logística Reversa...............................

10

2.3 Viabilidade Econômica: fortalecimento das condições de sucesso e neutralização dos empecilhos.....................................

16

2.3.1 Custo e despesas.............................................................................. 18

2.3.2 Custo de capital................................................................................. 19

2.3.3 Projeções de caixa............................................................................. 21

2.3.4 Payback............................................................................................. 22

2.3.5 Valor Presente Líquido (VPL)............................................................ 23

2.3.6 Taxa Interna de Retorno (TIR)........................................................... 24

3 METODOLOGIA................................................................................ 26

3.1 Forma de abordagem...................................................................... 26

3.2 Delineamento................................................................................... 27

3.3 Instrumentos.................................................................................... 27

3.4 Tratamento e análise de dados...................................................... 28

4 ANÁLISE DOS DADOS E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS...........................................................................................

29

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES........................................... 38

REFERÊNCIAS................................................................................. 40

APÊNDICE A..................................................................................... 44

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1 INTRODUÇÃO

O ambiente empresarial contemporâneo está se modificando de forma

acelerada. A inovação tecnológica, as novas regulamentações governamentais e

tendências de mercado global estão compelindo o desenvolvimento de produtos

modernos e originais, bem como a diferenciação de ofertas de serviços.

Concomitantemente a esse fato, tem sido exigido o aumento da produtividade e a

redução de custos. Para tanto, faz-se necessária a aplicação de aspectos

intrínsecos ao empreendedorismo.

Considerando-se essa exigência de desempenho no mercado, é de grande

importância o desenvolvimento de negócios distintos dos já existentes. Isso pode ser

evidenciado por meio de uma atividade autônoma, de uma nova empresa, ou da

expansão de um empreendimento, por um indivíduo, grupos de indivíduos ou por

empresas já consolidadas no mercado.

Tendo por fundamento a perspectiva abordada, com ênfase na questão de se

transformar atividades, produtos e processos tradicionais em inovadores, vale

ressaltar que vem surgindo uma geração de empreendedores os quais têm como

base à criação de novos produtos e serviços o foco na preocupação com o meio

ambiente. Diante disso, é imprescindível relatar que tal preocupação associada à

melhoria das condições socioeconômicas da população são fatores que permeiam a

gênese da definição de ecodesenvolvimento, substituída, posteriormente, pela de

desenvolvimento sustentável.

Nos anos 90, surge o conceito de construção sustentável, o qual está atrelado

ao encontro Rio 92, evento internacional concernente à sustentabilidade ocorrido no

Brasil. A implementação desse conceito destaca a importância de uma produção

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mais limpa, havendo a prevenção de resíduos, e a reutilização de produtos

descartados do processo produtivo, fator este que agrega valores, tais como

ecológico, econômico e legal à imagem corporativa. Esse novo direcionamento do

mercado requer, portanto, a constituição de modelos de negócios distintos dos

tradicionais, que recompensem tanto produtores quanto consumidores por fazerem

mais e melhor, utilizando-se menos recursos.

Alicerçando-se no empreendedorismo sustentável voltado ao ramo de

construção civil, é válido salientar a observação criteriosa da viabilidade econômica

do projeto proposto. Dentro desse contexto, estimam-se e analisam-se as

perspectivas de desempenho financeiro do produto resultante do projeto.

Diante do fato já especificado, neste trabalho, será estudada a capacidade de

a empresa em foco potencializar a produção de tijolos à base de resíduos de

construção civil (Alfa-Bloco) por meio da criação de um equipamento. O presente

estudo pretende avaliar a viabilidade econômico-financeira desse empreendimento

voltado à logística reversa, mostrando se a relação de custo e retorno compensa o

uso de produtos de reciclagem industrial. Para tal, será utilizada a metodologia

baseada na avaliação dos fluxos de caixa projetados pelo projeto, seus custos

operacionais, o valor do investimento do equipamento e uso de técnicas de

avaliação de investimentos.

1.1 Caracterização da empresa

A empresa em estudo, localizada no bairro Góes Calmon, em Itabuna (Bahia),

encontra-se há vinte e três anos no mercado, atuando no ramo de construção civil,

mais especificamente, direcionada a órgãos públicos. Caracteriza-se como uma

organização de pequeno porte, sendo formalizada juridicamente.

O gestor da empresa possui formação superior em Engenharia Civil. Vindo do

Rio de Janeiro, estabeleceu, na cidade baiana em foco, um negócio o qual tem

como fator preponderante ao investimento no mesmo a questão da necessidade,

bem como da responsabilidade ecológica.

Nesse aspecto, o empreendedor visualizou que o ramo da construção civil

caracteriza-se como um dos que mais geram resíduos. Até porque, conforme a

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Caixa Econômica Federal – CEF (2001), apud Mattosinho (2005), estima-se que

esse ramo seja responsável, em média, por 40% dos resíduos gerados na

economia. Além disso, é necessário destacar a questão do despejo de entulho em

lixões, aterros e vias públicas, que não é permitido, porém ainda praticado. Frente a

essa situação, associando-a aos transtornos quanto à destinação dos resíduos,

evidencia-se a percepção da oportunidade pelo empreendedor tanto em termos de

tendência de mercado como de retorno: o desenvolvimento de produtos e

tecnologias voltados à logística reversa.

Observando-se o atual projeto desse empreendedor, a fabricação de uma

máquina para potencializar a produção de blocos à base de entulho, identificados

como Alfa-Bloco, identifica-se a constante consideração do meio ambiente no

processo produtivo. Tal preocupação originou-se desde a fase em que o gestor da

empresa era estagiário. Nessa etapa, o engenheiro já verificava que o fato de cortar

a parede para embutir tubulação e ainda gerar custo e muitos resíduos era um

aspecto dispendioso.

Essa visão do empreendedorismo sustentável ganhou força quando o gestor

cursou Ciência do Ambiente em Petrópolis, no ano de 1978. Fundamentado nessa

percepção, no decorrer dos seus vinte e três anos de vida profissional, desde

observações até cálculos e protótipos, passando até mesmo pela fabricação

artesanal, o engenheiro criou o Alfa-Bloco em três modelos (I, II e III), chegando a

um formato inovador (com arestas as quais se encaixam) e tendo também como

diferencial a questão de reduzir a utilização de argamassa de rejuntamento e de

reboco, de extinguir a necessidade de cortar paredes (tarefa importante à instalação

de tubulação elétrica e hidro-sanitária, rede de computador, TV a cabo, entre

outros), e de usar madeiras para fôrma de pilares e vigas (diminuindo a mão-de-obra

de carpintaria), além de não gerar resíduos.

Consorciando-se o Alfa-bloco com ferragem pronta (triangular, quadrada,

entre outras), consegue-se dispensar as armações de ferragens, as quais possuem

um valor elevado, e o uso de arames. O fator meio ambiente, aspecto relevante

nesse projeto, é ratificado pelo engenheiro ambiental Antônio Fontes, no programa

Via Brasil (2007), ao expor que a criação do produto enfatizado é ecologicamente

viável. Assim, o projeto relativo à confecção da máquina produtora do Alfa-Bloco

pode ser classificado dentro do conceito de desenvolvimento sustentável.

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Outro quesito a ser mencionado é que os recursos financeiros utilizados para

investimento nesse projeto foram oriundos de capital próprio somado ao capital de

terceiros. Vale ressaltar que, apresentando-se o Plano de Negócio, o Banco do

Brasil e o Banco do Nordeste foram procurados à solicitação de financiamento. No

entanto, apenas aquele atendeu a tal solicitação. Ainda dentro do capital de

terceiros, houve também a aquisição de recursos financeiros advindos de um prêmio

concedido pelo SENAI ao gestor da empresa pela criação desse produto inovador.

Deve-se destacar que, conforme o mesmo, o volume de recursos financeiros

conseguido é insuficiente. O engenheiro aponta também que a expectativa de

retorno do investimento ocorra em dois anos.

Destarte, por meio das informações evidenciadas, percebe-se, na empresa

em estudo, a forte presença de características correspondentes ao

empreendedorismo sustentável e, apesar de se ter um Plano de Negócio estruturado

para tal projeto, a complexidade quanto ao acesso ao crédito.

1.2 Definição do problema ou oportunidade

A concretização do projeto relativo à máquina para fabricação do Alfa-Bloco,

com a sua conseqüente colocação no mercado, é o principal objetivo da empresa

tratada, possibilitando não apenas benefícios aos consumidores e notoriedade à

organização considerada, mas também uma contribuição ao meio ambiente e à

sociedade em geral.

Dentro desse contexto, surge a seguinte indagação:

• A produção desse equipamento, que potencializará a fabricação de blocos à

base de resíduos da construção civil, pode ser economicamente viável?

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1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo geral

Avaliar o Projeto de Viabilidade Econômica do empreendimento, estimando-

se o desempenho financeiro na perspectiva de sustentabilidade e de retorno do

investimento.

1.3.2 Objetivos específicos

• Reconhecer as projeções de venda e de custos;

• Projetar os índices econômicos;

• Analisar os índices econômicos gerados pelo projeto, com base na avaliação

dos fluxos de caixa projetados e do uso de técnicas de avaliação de investimento.

1.4 Justificativa

A criação de produtos concernentes ao desenvolvimento sustentável tem sido

o grande nicho das empresas no mercado. Tal aspecto depende, então, de

inovação, considerando a dimensão econômica e sócio-ambiental.

Vale considerar que, em muitas dessas inovações, recorre-se a capital de

terceiros. Para tanto, faz-se necessário que, no decorrer do acesso ao crédito, o

projeto demonstre que gerará uma capacidade de pagamento compatível com os

termos do crédito solicitado. Por conta disso, é imprescindível o estudo de

viabilidade econômica como instrumento essencial à aquisição de elementos que

evidenciem e fortaleçam as condições requeridas para o projeto obter resultados de

excelência, bem como identifiquem e tentem neutralizar os fatores que possam

dificultar as possibilidades de êxito.

Quanto ao fomento dos empreendimentos sustentáveis, deve-se expor que,

no transcorrer do tempo, a relação das organizações com o meio ambiente tem

evidenciado os impactos ambientais resultantes das atividades produtivas no futuro

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do planeta. Percebendo-se a importância da priorização do desenvolvimento

sustentável, é relevante a realização dessa pesquisa tanto ao âmbito da

Administração, bem como acadêmico e de mercado. Isso porque permite uma

atenção maior à associação entre sustentabilidade, inovação e viabilidade

econômica, através de uma abordagem científica, orientada por problemas

cotidianos de administração. Propiciando, assim, a aplicação e a construção de

modelos de gestão que configurem em casos de sucesso tanto à empresa, como à

sociedade em geral.

Como exemplo de um empreendimento sustentável no ramo de construção

civil bem sucedido em decorrência da utilização de um estudo de viabilidade

econômica eficaz, pode-se citar os Ecolife1, edifícios com diferenciais ecológicos

para a classe média desenvolvidos pela empresa Ecoesfera. Conforme será

mencionado na revisão de literatura, esse negócio constitui-se uma inovação no

mercado, acarretando também na redução de custos e de desperdícios, por meio do

uso de diversos itens ecologicamente corretos. Diante desses aspectos, identifica-se

a importância da observação criteriosa quanto à viabilidade do negócio.

Enfim, o presente trabalho será desenvolvido com o propósito de avaliar os

possíveis impactos do estudo de viabilidade econômica à implementação do projeto

voltado à produção da máquina que fabrica o Alfa-Bloco, empreendimento

sustentável desenvolvido pela empresa de construção civil situada em Itabuna

(Bahia).

1 RIBEIRO, Aline. Vende-se o verde. Época Negócios, São Paulo, ano 2, n. 13, p. 134-138, mar. 2008.

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2 EMPREENDEDORISMO CONTEMPORÂNEO: um misto de inovação, desenvolvimento sustentável e viabilidade econômica.

Muito tem se discutido acerca de empreendedorismo. Dentro desse contexto,

levanta-se o seguinte questionamento: quais são os fatores que podem colaborar ao

sucesso de um empreendimento na atual conjuntura do mercado? Enxergar

oportunidades de negócio não convencional é um aspecto de relevância. Contudo,

outros pontos também devem ser considerados.

A abordagem desse tema pode ser melhor ilustrada, consoante com relato de

Ribeiro (2008), através do caso da empresa Ecoesfera, a qual constrói edifícios

prezando pelo menor impacto ambiental: os Ecolife. Tal empreendimento insere-se

em um novo nicho de mercado em pleno boom imobiliário, percebido pelo

engenheiro civil Luiz Fernando Lucho do Valle, o gestor do projeto. É válido salientar

que, para se por em prática essa inovação, houve a aquisição de recursos

financeiros por meio da venda do único apartamento de Valle e de um empréstimo,

no qual seus dois carros foram a garantia. Além disso, o empreendedor elaborou um

Plano de Negócios com noventa e oito páginas, buscou referências fora do país e

utilizou a técnica de visualização do futuro. Dessa forma, a Ecoesfera foi a primeira

incorporadora brasileira a receber pré-certificação para um prédio residencial da

Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), organização sem fins

lucrativos que discute a questão da sustentabilidade para construção civil, tendo, por

conseqüência, em seus clientes, a aprovação.

Assim, tratar de empreendedorismo na situação de mercado presente implica

recorrer aos conceitos de inovação, de desenvolvimento sustentável e de viabilidade

econômica, os quais, neste estudo, centralizam-se na indústria da construção civil.

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2.1 Inovação: o primeiro passo.

Inovação é um termo intrínseco ao espírito empreendedor. Esse fato é

confirmado por Drucker (1987) ao afirmar que os empreendedores inovam, e que a

inovação é o instrumento específico destes. Filion (1993) complementa relatando

que, no estabelecimento de negócios distintos dos tradicionais, é interessante a

utilização de uma visão projetada sobre o futuro do empreendimento proposto.

Nesse sentido, deve-se frisar que a diferenciação de um produto pode ser

analisada como uma estratégia competitiva. Porter (1986) confirma essa estratégia

discorrendo sobre as formas as quais esta pode assumir, como projeto ou imagem

da marca, tecnologia, peculiaridades, serviços sob encomenda e rede de

fornecedores. Na mesma obra, é afirmado que, se alcançada a diferenciação, a

estratégia torna-se viável em relação à obtenção de retornos acima da média em

uma indústria, bem como se garante a menor sensibilidade do preço e a lealdade

dos consumidores referente à marca, sendo talvez a mais importante barreira de

entrada de concorrentes. A partir de então, a empresa, possivelmente, terá um maior

retorno sobre o investimento.

Vale destacar que a inovação pode ser atrelada a outros aspectos para que a

empresa obtenha maior garantia de bons resultados. Dentre esses aspectos, Porter

(1986) destaca a existência de uma tecnologia patenteada, a questão do acesso às

matérias-primas, além da experiência no ramo. Ainda nesses termos, é crucial que o

empreendendor, ao utilizar a estratégia de diferenciação, tenha grande habilidade de

marketing, conhecimento aprofundado da engenharia do produto, criatividade e

capacidade expressiva em pesquisa básica.

Segundo Drucker (1987), a atividade empreendedora, por se referir a

negócios distintos dos já existentes no mercado, teoricamente, deve ser menos

arriscada que as demais. No entanto, esse autor afirma ainda que é necessária uma

prática sistemática, sendo administrada e, acima de tudo, baseando-se na inovação

deliberada. Portanto, é crucial a fusão entre esta e ações metódicas, com

fundamento científico.

Para a realização dessa prática sistemática, Filion (1993) expõe que é

relevante o fator visão. Este, por sua vez, é definido como uma projeção, seja da

imagem da empresa, seja do lugar que o empreendedor deseja que seu produto

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venha ocupar no mercado. Dessa forma, a visão subsidia a condução, melhor

estruturada, do empreendimento.

O autor supracitado relata também que o empreendedor deve expressar uma

visão realista, com viabilidade, e acreditável quanto ao espaço onde se almeja a

ocupação de seus produtos no mercado. Tais aspectos favorecem a valorização da

idéia sugerida, permitindo a conquista de parceiros.

Utilizando-se da visão, é essencial a elaboração de um Plano de Negócio

alicerçado em pesquisa de mercado, dados financeiros, tendências nacionais e

internacionais e situação da empresa, assim como da concorrência. Considerando-

se essa perspectiva, tal elaboração serve como auxílio não apenas ao planejamento

e à execução do projeto, mas também à identificação da necessidade de

financiamento e à captação de recursos dos investidores. Calaes (2007) corrobora

essa abordagem explanando que todo e qualquer projeto ou empreendimento deve

dispor de um Plano de Negócio, no qual sejam estabelecidos, qualificados e

quantificados os objetivos, as formas para atingi-los, os resultados a serem

alcançados, além do meio de avaliá-los mediante a comparação de correspondentes

benefícios e custos.

É válido acrescentar que há alguns questionamentos que devem ser

respondidos durante a confecção de um Plano de Negócio.

[...] Onde posso encontrar auxílio para suprir minhas deficiências? [...] Qual será a aceitação dos meus produtos ou serviços no mercado? Quem são os meus clientes? Onde me estabelecer? Quem são meus concorrentes? Quem são e onde estão meus fornecedores? Qual será o meu investimento inicial? Como vender meu produto ou serviço? Em quanto tempo terei retorno do meu investimento? (SILVA, [s.d], p. 09-10).

Essa mesma autora informa também que, no Plano de Negócio, é necessário

evidenciar os custos totais, as receitas e despesas totais esperadas, direitos e

obrigações fiscais, demonstração de resultados e a questão do capital de giro. Tudo

isso fortalece ainda mais o fator viabilidade do negócio.

A partir da inovação sistemática, pautada em ferramentas de gestão, há,

verdadeiramente, a criação de um recurso. Diante desse ponto, há uma maior

probabilidade de surgimento de bens e/ou serviços com conceitos e atributos além

das expectativas do consumidor, propiciando, assim, a satisfação dos desejos deste

tanto em termos fisiológicos e estéticos, quanto psicológicos.

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Deve-se salientar que ramos considerados tradicionais podem ser grandes

oportunidades, uma vez que carecem de inovação. Soibelman (1993), apud

Mattosinho (2005), descreve que a construção civil é uma indústria com inércia a

alterações se comparada às demais. Nesse sentido, não se pode esquecer que

novas exigências mercadológicas estão compelindo uma transformação emergencial

no setor referido. Conforme John (2001), mencionado na obra supracitada, nenhuma

sociedade conseguirá atingir o desenvolvimento sustentável sem que o domínio da

construção civil passe por profundas transformações.

Kiperstok e Marinho (2001) afirmam que pensar e executar o novo de acordo

com as tendências de mercado é primordial a grandes quebras de paradigmas, as

quais são indispensáveis ao desenvolvimento de tecnologias voltadas à

sustentabilidade. Considerando-se esse âmbito, pode-se ratificar que, conforme a

Civil Engineering Research Foundation (CERF), entidade responsável pela

modernização da construção civil dos Estados Unidos, apud Mattosinho (2005), em

pesquisa de abrangência mundial, a questão do meio ambiente foi avaliada como a

segunda maior tendência no ramo. A inovação, então, mais uma vez, destaca-se

como princípio à prática de tendências, tendo, na atualidade, o foco no fator

ambiental, até porque a exigência do mercado conduzirá o mundo à

sustentabilidade.

Drucker (1987, p. 45) expõe que “A inovação sistemática, portanto, consiste

na busca deliberada e organizada de mudanças, e na análise sistemática das

oportunidades que tais mudanças podem oferecer para a inovação econômica ou

social”.

Perante essa abordagem, observa-se o quanto é crucial o papel da inovação,

de forma metódica, no processo de criar e de oferecer produtos não imaginados

anteriormente, mas, que possuem uma demanda potencial no mercado, além de

possibilitar contribuições à sociedade.

2.2 Desenvolvimento Sustentável: um enfoque na Produção Mais Limpa e nos princípios de Logística Reversa.

A busca por um mundo mais equilibrado tanto na esfera social como

ambiental fez surgir a idéia de que tais áreas deveriam ser incorporadas aos

preceitos de crescimento econômico, proporcionando, assim, a manutenção da

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qualidade de vida. Nesse sentido, Mattosinho (2005) descreve que o termo

ecodesenvolvimento foi introduzido por Maurice Strong durante a Conferência de

Estocolmo, em 1972, e amplamente difundido por Ignacy Sachs a partir de 1974,

sendo que, durante a década de 80, o termo desenvolvimento sustentável passou a

ser divulgado de forma global.

O World Wide Fund For Nature (WWF) Brasil (2008) expõe o significado do

termo desenvolvimento sustentável.

A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. [...] Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente. [...] O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem (WWF BRASIL, 2008).

Ao se mencionar a redução do uso de insumos e o crescimento da

reutilização e da reciclagem de materiais em consonância com o desenvolvimento

socioeconômico da população, é imprescindível destacar a Produção Mais Limpa

(P+L) associada à Logística Reversa como alternativa para amenizar ou, até

mesmo, solucionar problemas ambientais.

É interessante atentar ao conceito de resíduos sólidos, que, conforme a

Norma ABNT nº 10.004 de setembro de 1987, citada por Azevedo [s.d.], referem-se

a resíduos no estado sólido e semi-sólido os quais resultam de atividades da

comunidade de origem (industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de

serviços e de varrição). Nesse contexto, o mesmo autor expõe que, de acordo com a

NBR-10.004 da ABNT, os restos de construção e entulhos de demolição são

classificados como III − Inertes − tendo por característica o fato de não se degradar

ou não se decompor quando dispostos ao solo. Deve-se destacar que o entulho

apresenta, em predominância, materiais inertes e passíveis de reaproveitamento. A

partir dos entulhos, em concordância com Athayde Júnior et al [s.d.], é possível,

portanto, produzir agregados como uso em argamassas e concreto.

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Direcionando-se a questão do meio ambiente à construção civil, segundo a

Caixa Econômica Federal – CEF (2001), apud Mattosinho (2005, p. 10), “estima-se

que o setor seja responsável por cerca de 40% dos resíduos gerados na economia”.

Abiko (2005) ratifica tal ocorrência referindo-se a esse setor como o “setor dos 40%”

sob o ponto de vista ambiental, visto que, em valores aproximados, consome 40%

dos recursos naturais não-renováveis, 40% da energia produzida e gera 40% da

movimentação de transportes. Logo, é perceptível a emergência da implantação de

conceitos concernentes ao desenvolvimento sustentável no ramo da construção civil.

Analisando-se essa situação aplicada a algumas capitais do país, percebe-se

que é representativo o volume de resíduos gerados pela construção civil. Azevedo

[s.d.] frisa que, em São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte, foram produzidos,

respectivamente, 3.090 t/dia (2000), 906 t/dia (2000) e 2.129 t/dia (1999) desses

resíduos. É importante relatar que, conforme o mesmo autor, o Departamento de

Limpeza Urbana (LIMPURB) do Município de São Paulo aponta que mais de 4.000

toneladas de entulho foram dispostos em “bota-foras” particulares e/ou permanecem

nas vias e logradouros públicos.

De acordo com relatório da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio

Ambiente (SEDUMA), citado pela Prefeitura de Itabuna (2007), em 2006, da

quantidade de lixo gerado no município, 46,5% correspondeu a entulho, que onerou

mais o governo e os contribuintes com um custo de 60 mil reais. Isso reflete que a

indústria da construção civil está entre as que mais produzem resíduos. Contudo, é

perceptível que, em geral, as administrações públicas brasileiras não oferecem, de

forma regular, os serviços de coleta e destinação desses resíduos. Fato este que

acarreta em despejos em vias públicas, terrenos baldios, margens de córregos,

entre outros. Dentro dessa perspectiva, segundo Athayde Júnior et al [s.d.], observa-

se que, como o entulho é um resíduo de grande massa e volume, ocupa muito

espaço nos aterros e locais de descarte clandestinos e torna seu transporte

dispendioso.

Nesse cenário, a construção sustentável apresenta-se como uma forma de

minimizar os impactos ambientais através da criação de bens e/ou serviços que

sejam ambientalmente eficientes e satisfaçam às necessidades dos consumidores.

O referido tipo de construção, em consonância com Mattosinho (2005), foi definido,

pela Agenda 21, como produção e gestão responsável por um ambiente saudável,

construído com base em princípios ecológicos e com eficiência de recursos.

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No âmbito supracitado, a busca pela redução de perdas de materiais é um

fator crucial. Ainda na mesma obra, é mencionado que a situação atual da

construção civil indica um alto nível de desperdícios e de geração de resíduos, os

quais se distribuem em aparente (entulho) e incorporados à construção (erros

construtivos). No tocante à exigência da reutilização/reciclagem, com ênfase nos

resíduos classificados em “A” (como bloco e concreto), e, até mesmo, de sua

prevenção, conforme Mattosinho (2005), em 2002, foi aprovada a resolução nº 307

do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) com a finalidade da gestão de

resíduos de construção e demolição do país. Essa lei, validada em junho de 2004,

vem contribuindo à qualidade ambiental das cidades e influenciando a Indústria da

Construção Civil na busca de práticas mais social e ambientalmente responsáveis.

A resolução CONAMA Nº 307 [...] estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, os entulhos. Dentre as várias diretrizes estabelecidas, destacam-se as seguintes: (1) os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final; (2) a partir de julho de 2004, os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de "bota fora", em encostas, corpos d’água, lotes vagos e áreas protegidas por lei; (3) deverá constar no Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil [...] o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo produtivo (ATHAYDE JÙNIOR, et al., [s.d.]).

Essa Resolução, então, promoverá a quebra de paradigmas relativos a esse

ramo do mercado. Isso tem cooperado à aplicação de definições, como a Produção

Mais Limpa (P+L), desenvolvida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (UNEP) com utilização do fundamento conceitual do Greenpeace. De

acordo com o UNEP e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Industrial - UNIDO (1995), apud Mattosinho (2005), P+L refere-se à implementação

contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos, aos

produtos e aos serviços, com a finalidade de aumentar a eficiência no uso de

matérias-primas, água e energia, além da redução de riscos para os homens e para

o meio ambiente. Araujo (2002) relata que as tecnologias de P+L contemplam

alterações nos produtos e processos produtivos com a finalidade de amenizar ou

eliminar todo tipo de rejeitos antes que eles sejam criados.

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[...] com a crescente degradação ambiental, o design passou a incorporar o componente meio ambiente na sua concepção e, desta forma, passou a contribuir para o desenvolvimento de produtos ambientalmente responsáveis, os quais se caracterizam pela otimização dos recursos naturais, redução de resíduos e possibilidade de reciclagem dos componentes. O ecodesign se ajusta ao conceito de P+L, pois considera que os resíduos e emissões não produzidos não precisam ser eliminados, ou seja, o mesmo também possui um enfoque preventivo (MATTOSINHO, 2005, p. 50).

Krause (1996), apud Araujo (2002), destaca que reduzir custos com

eliminação de desperdícios, desenvolver tecnologias limpas e acessíveis do ponto

de vista econômico e reciclar insumos são mais do que princípios de gestão

ambiental, significam condição de sobrevivência.

Somando-se a esse princípio, tem-se a Logística Reversa, uma forma inversa

da logística convencional. Aquela é determinada por Leite (2003) como uma área da

logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações

logísticas do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo produtivo,

através dos canais reversos. Diante disso, agregam-se valores, tais como

econômico, ecológico, legal, logístico e de imagem corporativa.

Miguez, Mendonça e Valle (2007) acrescentam que, conforme Carter e Ellram

(1998), esse processo logístico, através da reciclagem, do reuso, da recuperação e

do gerenciamento de resíduos, contribui para reduzir o uso de recursos não

renováveis, além de diminuir ou, até mesmo, eliminar resíduos que afetam

negativamente o meio ambiente. Esses mesmos autores destacam também que,

segundo Stock et al. (2002), a logística reversa tem deixado de ser vista apenas

como custos adicionais às empresas, impostos por exigências legais, tornando-se

uma vantagem competitiva, visto que permite desenvolver um melhor

relacionamento com os demais agentes da cadeia produtiva, com os clientes e com

o mercado.

Prahinski & Kocabasoglu (2006), apud Miguez, Mendonça e Valle (2007),

relatam que as atividades básicas que constituem a logística reversa compreendem

alguns aspectos. Nesses termos, salienta-se o reuso, para imediata revenda ou

reutilização do produto, e o upgrade do produto (reembalagem, reparação,

reformulação ou remanufaturação do produto).

Leite (2003) aponta ainda que o aumento do lixo urbano em diversas partes

do mundo tem exigido maior eficiência na implantação de sistemas na logística

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reversa. Dentro desse quadro, encontram-se como bens de pós-consumo os

produtos em fim de vida útil ou usados com possibilidade de reutilização e os

industriais em geral. Na mesma obra, o autor afirma que a sensibilidade ecológica

apresenta-se como uma nova vertente de preocupação, a qual tem se convertido em

mais um relevante fator de incentivo à estruturação e à organização dos canais de

distribuição reversos de pós-consumo. Dessa forma, os Resíduos Sólidos Urbanos

(RSU) constituem-se um aspecto de importância por ser objeto de estudo desse

novo direcionamento da logística.

Tendo em vista que a incineração, o aterro sanitário e os lixões a céu aberto

têm sido o destino dos bens de pós-consumo após o término de sua vida útil, Leite

(2003) destaca que a logística reversa apresenta-se para equacionar os processos e

caminhos percorridos pelos mesmos no retorno ao ciclo produtivo.

Cabe ressaltar que a própria legislação que regula a forma correta do descarte, tem favorecido estudos no sentido de buscar benefícios econômicos por meio do uso de produtos e resíduos do processo produtivo, uma vez que as empresas passam a ter que decidir entre usar tais produtos ou incorrer em altos custos do correto descarte de lixo (DAHER et. al, 2003, apud MIGUEZ; MENDONÇA; VALLE, 2007).

Não se pode esquecer que a logística reversa também tem a sua relevância

nas questões econômico-financeiras. Isso pode ser comprovado, em consonância

com Sarian (2003), apud Nhan, Souza e Aguiar (2003), por meio do fato de que os

Estados Unidos têm como custos logísticos 10,7% do PIB. Em contrapartida, a

logística reversa é responsável por 3% a 4%. Desse modo, identifica-se que esse

tipo de logística destaca-se como uma forma para sobrevivência das empresas.

Lacerda (2002), mencionado pelos autores supracitados, especifica que há

alguns fatores críticos que influenciam positivamente no desempenho do sistema de

logística reversa. Dentro destes, há bons controles de entrada, processos

padronizados e mapeados, tempo de ciclos reduzidos, sistemas de informação, rede

logística planejada, além de relações colaborativas entre clientes e fornecedores.

Considerando-se o canal reverso, há fatores os quais interferem no processo

de maneira acentuada, sendo identificados por Leite (2003) como necessários e

modificadores. Este compreende fatores legislativos, por conta da intervenção

governamental na regulamentação, na promoção, na educação e no incentivo à

ampliação do retorno dos produtos ao ciclo produtivo, e os ecológicos, que

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correspondem à sensibilidade ecológica de qualquer agente do canal reverso

(governo ou consumidor). Aquele, por sua vez, engloba os aspectos econômicos,

tecnológicos e o logístico.

Dentro dos aspectos econômicos, há as condições que permitem a realização

das economias necessárias à reintegração dos materiais recicláveis ao ciclo

produtivo e que financiam a remuneração de todos os agentes da cadeia produtiva

reversa. Ademais, existem os tecnológicos, os quais se referem às tecnologias

disponíveis para o tratamento econômico dos resíduos no pós-descarte, em sua

captação como pós-consumo, na desmontagem, separação dos materiais

constituintes, reciclagem ou processo de transformação dos resíduos em matérias-

primas recicladas que substituirão as novas na sua reintegração ao processo

produtivo. Por fim, aparece a questão logística como meio de organização,

localização e sistemas de transporte entre os diversos elos da cadeia de distribuição

reversa.

Leite (2003) explana também acerca de algumas condições fundamentais à

existência de um canal reverso de pós-consumo. Nesse sentido, é imprescindível a

remuneração em todas as etapas reversas, bem como a qualidade dos materiais

reciclados. Além disso, é preciso produzir em escala econômica, com quantidade

suficiente e constância, no tempo, de reciclados, garantindo, assim, atividades em

escala econômica e empresarial. Vale frisar ainda que deve existir mercado,

quantitativa e qualitativamente, para os produtos com conteúdo de reciclados, já que

isso acarretará nas demandas de reciclados.

Todos esses conceitos podem subsidiar a visão da empresa quanto às novas

exigências mercadológicas ante a filosofia do reconsumo, do redirecionamento e da

reorganização.

2.3 Viabilidade Econômica: o fortalecimento das condições de sucesso e a neutralização dos empecilhos. Ao surgir uma idéia, é primordial a avaliação da mesma por meio de diversos

aspectos. Hirschfeld (1987) corrobora essa afirmação expondo que é importante a

observação quanto ao fato de o negócio ser realmente interessante. Isso implica, de

acordo com o mesmo autor, a disponibilidade de capital, seja próprio, seja de

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terceiros, a ser restituído com receitas provindas do empreendimento, prazo, taxa e

valor de retorno satisfatórios.

É sabido que, para se averiguar o potencial de sucesso de uma inovação a

ser lançada no mercado, é necessário atentar também aos fatores financeiros

ligados ao ramo pretendido. Nesses termos, direcionando-se à construção civil,

verifica-se que, em consonância com Construbusiness (2004), apud Mattosinho

(2005), tal indústria ocupa posição de destaque na economia nacional, sendo

responsável por uma parcela representativa do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Desse modo, identifica-se a grande capacidade de retorno do investimento aplicado

nesse ramo.

Não se pode esquecer a questão da conjuntura econômica (crise financeira

no mercado) na qual a empresa em estudo está inserida. Nesse contexto, verifica-se

que há impacto sobre o setor da construção civil. No entanto, tal impacto pode não

ser tão expressivo, até porque, segundo Kauffman, presidente do Sindicato da

Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (SINDUSCON – RJ), citado por

Pequenas Empresas e Grandes Negócios (2008), a crise tem afetado 25 das cerca

de 115 mil empresas formalizadas no ramo − informação esta relatada por Brito

(2008). Vale destacar que essas organizações afetadas correspondem àquelas que

buscaram recursos na Bolsa de Valores. Apesar desse quadro, há perspectiva de

crescimento do setor em 2009, ainda que reduzido se comparado às expectativas

anteriores à crise afirma Chor, presidente da ADEMI (Associação de Dirigentes de

Empresas do Mercado Imobiliário), em entrevista ao Espaço Aberto (2008), até

porque continua o fornecimento de linhas de crédito para a produção. Conforme

Safady, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), apud

Brito (2008), espera-se que o setor da construção civil feche este ano com um

crescimento de 8,5%.

Diante da atual situação financeira do mercado, o governo brasileiro já

estruturou medidas para reter as possíveis conseqüências da crise. Isso pode ser

comprovado, de acordo com Kauffman, mencionado por Pequenas Empresas e

Grandes Negócios (2008), através adoção de linhas de crédito especiais com juros

razoáveis para suprir a falta de capital de giro. O presidente do SIDUSCON – RJ

ressalta ainda que, quanto à área de infra-estrutura, as principais obras públicas

devem continuar, uma vez que contribuem para o desenvolvimento econômico do

país.

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Kraychete (1997) acrescenta que o estudo de viabilidade indica as

circunstâncias para que os objetivos traçados pelo empreendedor sejam alcançados

com dependência maior deste, não estando, totalmente, subordinado às

inconstâncias e às formas aleatórias dos cenários.

Na mesma obra, é exposta a importância da resposta a algumas perguntas

para iniciar a avaliação de viabilidade econômica de um projeto, tais como:

• que quantidade será produzida?

• como vai ser feita a aquisição de matéria-prima?

• que equipamentos, insumos e instalações precisarão às operações?

• haverá capacidade de venda para toda a produção planejada?

• onde será vendido o produto?

• quais são as questões referentes à logística?

• que preço será aplicado na venda?

• terá que se pagar algum imposto?

Tomando-se esse ponto de partida, levantam-se os custos e as despesas,

analisam-se o custo de capital e as projeções de caixa e define-se o payback, o

Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR).

2.3.1 Custos e despesas

A análise de custos e despesas é crucial à introdução de novos produtos no

mercado. Esse fator é ratificado por Santos (2001) ao destacar que a apuração,

análise e controle de custos fornecem informações necessárias à tomada de

decisões, como precificação, definição da carteira de produtos e serviços, além da

avaliação econômica de novos projetos de investimento.

Ainda na obra supracitada, consta que são considerados como custos os

dispêndios efetuados para proporcionar a produção ou operação, como matéria-

prima, embalagens, máquinas e pessoal da linha de produção.

É válido frisar que mesmo as empresas que não possuem um sistema de

Contabilidade de Custos tradicional podem levantar tais dispêndios por meio da

apuração extracontábil. Nesse sentido, é interessante atentar aos conceitos de custo

fixo, variável e de oportunidade.

Os custos podem se dividir em fixos ou variáveis, correspondendo aos gastos

que vão até o momento no qual o produto está pronto para venda. Kraychete (1997)

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aponta que estes aumentam ou diminuem conforme a quantidade produzida, sendo

mais facilmente calculados por unidade, e aqueles permanecem constantes.

[...] deve ser notado que todos os gastos operacionais incorridos na produção de bens ou serviços têm um custo-oportunidade (o dinheiro poderia ser aplicado no mercado financeiro). Como esses gastos são explícitos e geram desembolso direto, têm seu custo-oportunidade representado pelos respectivos valores. O custo-oportunidade é utilizado com as seguintes finalidades: avaliação de investimentos; decisões de preço; decisões de comprar versus alugar. (SANTOS, 2001, p. 169-170).

Segundo Santos (2001), é informado que, quando a organização aplica a

apuração de custos com a finalidade de tomar decisões, não há grande vinculação

dos mesmos com ocorrências passadas, mas sim com o esperado. Utilizam-se,

assim, valores projetados, havendo uma maior flexibilidade referente à implantação

do método mais apropriado.

No que tange às despesas, Cogan (1999) afirma que há a consideração dos

gastos envolvidos no pós-fábrica. Santos (2001) complementa que os dispêndios

correspondentes à administração e às vendas são também adicionados nesse

quesito.

Cogan (1999) menciona que a formação do preço, historicamente, adiciona os

lucros aos custos. Contudo, vale ressaltar que deve ocorrer a consideração do

mercado.

Santos (2001, p. 186) relata que “O trabalho de análise de custos abrange as

etapas de preparação dos dados de custos e sua interpretação. A fase de

preparação dos dados consiste na atualização monetária dos custos [...]”.

Dessa forma, o conhecimento dos custos e das despesas envolvidas num

empreendimento é relevante às decisões de aplicação de capital.

2.3.2 Custo de capital

Referindo-se ao custo de capital, Groppelli e Nikbakht (2001) discorrem

quanto à taxa de retorno a qual a empresa deve pagar aos investidores (credores e

acionistas) a fim de induzi-los a tal.

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A avaliação de propostas de investimento através dos métodos que consideram o valor do dinheiro no tempo [...] implica a definição de uma taxa de retorno compatível com o risco envolvido. [...] Um projeto que aumente o risco global do empreendimento implicará a expectativa de um retorno superior ao custo de capital e, se essa expectativa não for atendida, o valor de mercado da empresa será afetado. [...] O custo de capital corresponde à média ponderada das taxas de custo das diversas fontes de financiamento a longo prazo que integram a estrutura de capital da empresa (BRAGA, 1989, p. 302).

É válido destacar que, para se chegar ao custo de capital ponderado, deve-se

calcular, inicialmente, o custo de capital próprio, bem como o de terceiros. Este é

demonstrado por Assaf Neto (2005), com base em empréstimos e financiamentos,

“como a taxa de desconto que iguala, em determinado momento, os vários

desembolsos previstos de capital e de juros, com o principal liberado pela empresa”,

sendo possível reduzir seu custo final em caso de dedutibilidade fiscal permitida aos

encargos financeiros — eq. (1). Aquele, por sua vez, é relatado pela mesma obra

como o retorno desejado pelos acionistas da organização em suas decisões de

investimento com capital próprio. Vale destacar que, conforme Assaf Neto (2005), o

custo de capital próprio deve ser maior que o de terceiros, visto que o risco é maior.

Contudo, o ideal é que seja em média de 15% em países como o Brasil, indica

Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005).

Ki (após IR) = Ki (antes IR) x (1 – IR) (1)

Onde: Ki = custo de capital de terceiros

IR = Imposto de Renda

Braga (1989) explana que, definidas as taxas de custo das fontes de

financiamento, é feito o cálculo da média ponderada — eq. (2) — das mesmas que

corresponderão ao custo de capital. Isso pode ser aplicado considerando-se os

custos vigentes no mercado para o alcance desses recursos.

C = A x B (2) 100 Onde: C = custo ponderado B = custo anual

A = peso

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[...] o custo de capital constitui uma função do montante de financiamentos e da composição das fontes de recursos, os quais refletem determinado montante de financiamentos e da composição das fontes de recursos, os quais refletem determinado nível de risco financeiro (BRAGA, 1989, p. 310).

Diante disso, o estabelecimento do custo de capital apresenta-se como

elemento de fundamental importância às decisões de orçamento de capital,

evidenciando a taxa mínima de retorno exigida à aprovação de investimentos sem

comprometer o valor da empresa.

2.3.3 Projeções de caixa

Toda alternativa de investimento deve ser analisada, em sua viabilidade

econômico-financeira, por meio de um fluxo de caixa descontado, considerando-se

as futuras receitas e despesas. Nesse sentido, Zdanowicz (2000) argumenta que o

fluxo de caixa projetado será útil como instrumento de análise e tomada de decisão

entre projetos os quais se pretende realizar.

De acordo com Santos (2001), as entradas de caixa de um projeto dependem

de alguns elementos básicos, tais como quantidades vendidas, preços unitários de

venda e cronograma de entrada em operação. Já as saídas de caixa, descreve o

mesmo autor, concernem às estimativas de custos de operação convertidos à

competência para a base de caixa.

Em consonância com Ross, Westerfield e Jordan (2000), para construir os

fluxos de caixa de um projeto, é necessário fundamentar-se no fluxo de caixa

operacional. Vale acrescentar que, diante dessa abordagem, deve-se considerar a

depreciação somada ao Lucro Operacional Líquido.

Assaf Neto (2005) argumenta que, em se tratando da participação de capital

de terceiros, o resultado líquido sofre alterações se comparado à presença única de

capital próprio, visto que há economia de Imposto de Renda proveniente das

despesas financeiras. Todavia, por serem considerados somente os resultados

operacionais na avaliação de investimentos, a obra supracitada destaca que a

utilização de recursos de terceiros não exerce influência sobre os fluxos de caixa.

Ademais, para se evitar equívocos nessas previsões, devem-se fazer

algumas perguntas referentes às fontes potenciais de valor.

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“O que neste investimento leva a um VPL positivo?” Devemos ser capazes de apontar algo específico como fonte de valor. Por exemplo, se a proposta em consideração envolvesse um novo produto, deveríamos fazer perguntas tais como: “Temos certeza de que nosso produto é significativamente melhor do que nossos concorrentes? Podemos realmente produzir a um custo baixo, distribuir o produto mais eficientemente, identificar nichos de mercado inexplorados, ou assumir o controle de um mercado?” (ROSS; WESTERFIELD; JORDAN, 2000, p. 247).

As projeções de caixa, desse modo, são essenciais ao planejamento e à

estruturação de perspectivas de desempenho organizacional, sendo subsídio à

seleção de alternativas de investimento.

2.3.4 Payback

O payback é um método de análise de investimento que serve como apoio à

avaliação da viabilidade econômica de um empreendimento. Como tal, expõe o

período no qual as entradas líquidas de caixa recuperam o valor investido no projeto.

Este método determina o tempo necessário para recuperar os recursos investidos em um projeto. Quanto mais amplo for o horizonte de tempo considerado, maior será o grau de incerteza nas previsões. Deste modo, propostas de investimento com menor prazo de retorno apresentam maior liquidez e, consequentemente, menor risco. [...] O cálculo de retorno é simples: se as entradas líquidas de caixa forem uniformes, bastará dividir o investimento inicial pelas entradas anuais de caixa; quando as entradas anuais forem desiguais, estas deverão ser acumuladas até atingir o valor do investimento, apurando-se o prazo de retorno (BRAGA, 1989, p. 283).

Dentro do conceito de Payback, existe o Payback Descontado. Este, de

acordo com Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005), tem a mesma função de

representar o período de retorno da aplicação dos recursos, porém, agrega como

ponto positivo a consideração dos fluxos de caixa descontados. Nesses termos,

ainda que haja essa consideração, o método especificado apresenta a limitação de

ignorar os fluxos de caixa pós Payback Descontado.

Assim, o Payback, antes de ser caracterizado como critério de classificação

de propostas, corresponde a um parâmetro para rejeitar projetos.

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2.3.5 Valor Presente Líquido (VPL)

Conforme Santos (2001), o Valor Presente Líquido (VPL) de um investimento

retrata a diferença entre entradas e saídas de caixas trazidas ao valor presente.

Esse cálculo deve ser efetuado com fundamento no custo de capital, havendo,

então, o desconto do fluxo de caixa.

Se o valor presente de um fluxo de caixa futuro de um projeto é maior do que o custo inicial, o projeto é implantado. Por outro lado, se o valor presente é menor do que o custo inicial, o projeto deve ser rejeitado porque os investidores perderiam dinheiro se o projeto fosse aceito (GROPPELLI; NIKBAKHT, 2001, p. 138).

Nessa obra, os autores detalham o cálculo do VPL — eq. (3).

VPL = VP – I (3)

Onde: VP = valor presente

I = investimento inicial

Martins e Assaf Neto (1986) comparam o VPL à TIR.

Comparativamente ao método da TIR, o valor presente líquido exige a definição prévia da taxa de desconto a ser utilizada nos vários fluxos de caixa. Na verdade, o VPL não prevê diretamente a mensuração da rentabilidade do projeto; ao descontar todos os fluxos de entradas e saídas de caixa de um investimento, por uma taxa de desconto mínima aceitável pela empresa [...], o VPL expressa, em última análise, o resultado econômico atualizado (MARTINS; ASSAF NETO, 1986, p. 447).

Martins e Assaf Neto (1986) expõem ainda que a taxa de desconto definida

pela empresa, base do cálculo do VPL, constitui-se, na prática, na versão fiel das

oportunidades futuras de reinvestimentos, exprimindo um valor aproximado do custo

de oportunidade da mesma.

Braga (1989, p. 286) afirma que o VPL “[...] constitui uma técnica sofisticada

porque considera o valor do dinheiro no tempo, o qual está representado pela taxa

de desconto aplicada”.

Diante dos elementos evidenciados, verifica-se que a técnica de VPL exprime

a capacidade de a empresa gerar caixa suficiente para cobrir juros e remunerar os

acionistas, sendo, portanto, um dos métodos mais utilizados pelas empresas.

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2.3.6 Taxa Interna de Retorno (TIR)

Consoante com Santos (2001), pode acontecer de um investimento ter um

VPL reduzido e, mesmo assim, ser altamente lucrativo. A Taxa Interna de Retorno,

então, é aplicada a fim de visualizar as gradações de atratividade, sendo também,

como o VPL, um dos métodos mais aplicados pelas organizações.

De acordo com Assaf Neto (2005), para análise de propostas de

investimentos, o cálculo da TIR representa a taxa de desconto que iguala, em

determinado momento, as entradas com as saídas de caixa. Martins e Assaf Neto

(1986) afirmam que, ao considerar que os valores ocorrem em diferentes ocasiões, a

TIR, a qual leva em conta o valor do dinheiro no tempo, expressa a rentabilidade do

projeto através de uma taxa de juros equivalente periódica.

O cálculo da taxa interna de retorno através de tabelas financeiras será realizado por tentativas e interpolação. Isto porque nem todas as propostas de investimento irão constituir-se de fluxos de caixa semelhantes aos empregados, normalmente, para o estabelecimento dos fatores de conversão financeiros. Nestes termos, o processo de tentativas consistirá em calcular-se o valor presente do fluxo de caixa da alternativa de investimento, a partir de uma taxa de juros inicial. O objetivo desse procedimento será obter uma taxa de juros que tornará o valor atual nulo. E, assim, o segue com outras taxas de juros, até que se tenham dois valores presentes diferentes e com sinais opostos. [...] Assim, poder-se-á determinar por interpolação a taxa interna de retorno aproximada (ZDANOWICZ, 2000, p. 304-305).

Ross, Westerfield e Jordan (2000) indicam que o investimento é aceito se a

TIR é maior do que o retorno exigido (custo de capital). No entanto, se ocorrer de

forma contrária, tal projeto deve ser rejeitado. Em acréscimo, Martins e Assaf Neto

(1986) defendem que, nessa última hipótese, não significa, necessariamente, que o

empreendimento não seja lucrativo; poderá sê-lo, porém produzindo uma taxa de

retorno inferior à almejada pela empresa.

É imprescindível atentar ao fato de que o projeto não deve apresentar uma

TIR muito expressiva. Isso porque pode tornar um tanto improvável o seu alcance.

Em consonância com Groppelli e Nikbakht (2001, p. 144), “O principal problema com

o método da TIR é que ele, muitas vezes, fornece taxas de retorno não-realistas”.

Nessa perspectiva, reside a importância de se ter cautela quanto ao cálculo de uma

TIR com alto valor.

É sabido que, frente a uma Taxa Interna de Retorno muito alta, é interessante

a adoção da TIR Modificada como método de avaliação de viabilidade de um

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projeto. Dentro desse contexto, Assaf Neto (2005) detalha que esta taxa considera a

probabilidade de não reinvestimento à TIR encontrada, sendo, então, calculada a

taxa possível de reaplicação dos fluxos intermediários. Como base para tal cálculo,

conforme Assaf Neto (2005), utiliza-se a equação de Valor Futuro − eq. (4).

FV = PV x (1 + i)n (4)

Onde: FV = Valor Futuro

PV = Valor Presente

i = taxa

n = período

Diante de todos aspectos abordados, é, então, interessante a análise da

viabilidade econômica de um projeto tomando-se diversas perspectivas como

alicerce, principalmente, aquelas em que o valor do dinheiro no tempo é levado em

consideração.

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3 METODOLOGIA

3.1 Forma de abordagem

A metodologia utilizada neste trabalho tem como critério a classificação de

pesquisa abordada por Vergara (2003). Nesse contexto, qualifica-se quanto aos fins

em descritiva e aplicada. Tal critério tem como função avaliar o Projeto de

Viabilidade Econômica do empreendimento, projetando-se o desempenho financeiro

na perspectiva de inovação, de sustentabilidade e de retorno do investimento.

No que tange ao estudo aplicado, frisa-se a finalidade prática e a proposta de

resolução dos problemas levantados. Tais propostas são identificadas a partir do

conhecimento de ações mercadológicas da empresa voltadas para o projeto em

estudo.

Em se tratando da classificação da pesquisa em descritiva, apresenta-se o

fato de se demonstrar características relativas ao caso em foco. Essas

características equivalem à análise do investimento em si, com levantamento dos

custos e das despesas operacionais, bem como da definição do Payback, do VPL e

da TIR a partir dos fluxos de caixa descontados à taxa de custo de capital.

Vale destacar que não é finalidade deste trabalho mensurar a demanda

potencial pelo produto Alfa-Bloco, estando a centralização da análise,

prioritariamente, nos fatores financeiros, nas tendências de mercado e no fator

inovação. Contudo, é avaliada a percepção e as ações do gestor no sentido de

conhecer seu público-alvo e agir estrategicamente diante disso.

Por fim, é interessante expor que o presente estudo apresenta como limitação

o fato de se restringir à visão do gestor como fonte de dados para avaliação

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econômico-financeira do empreendimento. Essa limitação tem sua justificativa na

incipiência do tempo para a realização de uma pesquisa mais aprofundada.

3.2 Delineamento

A pesquisa tem como objeto uma pequena empresa no ramo da construção

civil, localizada na cidade de Itabuna, Bahia. A amostra estudada é unitária de uma

organização que tem como atividade-fim o fornecimento de serviços em engenharia

civil. A pesquisa é caracterizada por estudo de caso conforme Vergara (2003), até

porque há limitação a uma proposta de investimento na empresa mencionada. O

tema estudado, então, tem a intenção de avaliar a viabilidade econômico-financeira

de um projeto desenvolvido pela empresa analisada.

3.3 Instrumentos

Em se tratando dos meios, este trabalho apresenta a pesquisa bibliográfica,

além da coleta de informações através de entrevista semi-estruturada. Tendo como

base teórica a pesquisa bibliográfica conceituada por Vergara (2003), tem-se o

levantamento de dados utilizando-se entrevista semi-estruturada (Apêndice A) com o

responsável pelo negócio tratado, visando à identificação de custos inerentes ao

projeto, da taxa de Imposto de Renda paga pela empresa, se de fato ocorrer, e das

percepções adotadas no Plano de Negócio quanto ao mercado e à expectativa de

retorno. Ademais, apresenta-se como questionamento aspectos concernentes à

visão do empreendedor em relação aos consumidores potenciais e ao acesso aos

insumos.

É imprescindível expor que a escolha da entrevista como forma de captação

de dados reside no fato de conferir, segundo Oliveira, et al. (2003), maior

flexibilidade ao pesquisador, permitindo-lhe repetir ou esclarecer perguntas, formulá-

las de modo diferente e detalhar algum significado sempre na busca de ser melhor

compreendido. Desse modo, a entrevista demonstra-se um método eficaz para

responder aos objetivos do trabalho.

Por fim, como base aos cálculos do Payback Descontado, do VPL e da TIR,

tem-se a captação, junto ao Banco do Nordeste, ao Banco do Brasil e à Caixa

Econômica Federal mediante contato com colaboradores dessas instituições, da

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taxa de juros aplicada no empréstimo do valor necessário ao investimento. Ademais,

apresenta-se a definição do custo de capital próprio por meio da ponderação entre o

retorno esperado pelo gestor do negócio e indicações apontadas por alguns autores.

Essa forma utilizada na identificação do custo de capital próprio deve-se à

incipiência de dados nesse sentido, visto que o projeto é uma inovação no mercado

e a empresa é individual. Sendo, então, as taxas referidas base para o cálculo do

custo de capital ponderado.

3.4 Tratamento e análise de dados

Para atingir os objetivos do estudo, os dados coletados têm seu tratamento

através de recursos da Administração Financeira. Isso implica a utilização de

equações. Vale expor que, como suporte para tal, usa-se a calculadora financeira.

Ademais, os aspectos concernentes às tendências de mercado e à inovação

apresentam sua abordagem em consonância com o cenário apresentado no

referencial teórico.

Após o tratamento dos dados, os mesmos servem como subsídio à avaliação

econômico-financeira do projeto desenvolvido pela empresa em foco.

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4 ANÁLISE DOS DADOS E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS

Os resultados apresentados a seguir foram obtidos através da análise de

dados organizados de uma entrevista semi-estruturada com o gestor da empresa em

estudo, o qual também é o idealizador do projeto de fabricação do Alfa-Bloco (Figura

1).

Figura 1 – Alfa-Bloco em modelo atual.

Conforme exposto pelo gestor, o Alfa-bloco leva ao consumidor uma inovação

no ramo da construção civil. Isso porque possibilita, por meio de seu formato, a

redução de argamassa de rejuntamento, bem como do reboco, além de evitar o

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corte de parede e a utilização de madeira, não gerando, assim, resíduos. Esses

fatores, incluindo a utilização de entulho como matéria-prima e a criação da máquina

que auxilia na produção do Alfa-Bloco, enquadram-se no conceito da estratégia de

diferenciação, relatada por Porter (1986), em projeto e em tecnologia.

Prova das expectativas promissoras do desenvolvimento da máquina

produtora do Alfa-Bloco é a conquista de um prêmio concedido pelo SENAI

vinculado à inovação. Desse modo, segundo obra supracitada, o projeto em questão

pode ser caracterizado como viável em relação à obtenção de retorno acima da

média da indústria de construção civil, até porque há possibilidade de menor

sensibilidade do preço e envolve também a perspectiva de lealdade dos

consumidores em relação à marca (vinculada à definição de desenvolvimento

sustentável).

Vale frisar que a existência de uma tecnologia patenteada, o acesso às

matérias-primas e a experiência no ramo de negócio são aspectos requeridos para o

alcance de bons resultados de acordo com Porter (1986). Esses aspectos são

evidenciados no empreendimento em análise, apresentando patente registrada no

Instituto Nacional da Propriedade Industrial sob número MU 8602165-6, projeto

compreendendo a Logística Reversa − que viabiliza o acesso às matérias-primas − e

uma experiência comprovada de vinte e três anos no mercado de construção civil,

com realização constante de pesquisas em diversos projetos inovadores

direcionados à sustentabilidade. Diante disso, agregam-se valores, tais como

econômico, ecológico, legal, logístico e de imagem corporativa.

O autor mencionado acima aponta ainda que é importante o empreendedor

ter habilidade em marketing. Nesses termos, verifica-se que o gestor não realizou,

formalmente, um estudo de mercado voltado à aceitação do produto. Segundo o

idealizador do projeto, ainda há alguma resistência dos consumidores quanto à

utilização do produto, assim como dificuldades para encontrar mão-de-obra

especializada. Contudo, foi observado por ele que o mercado direcionado à

construção de galpões, foco do empreendimento, encontra-se aquecido apesar da

crise financeira instaurada. Ademais, analisando-se a concorrência, existe uma

empresa na região, mais especificamente na rodovia Itabuna-Ilhéus, que fabrica um

produto similar, tendo como características diferenciadas o tamanho e a

constituição, uma vez que é menor e sua composição é de solo e cimento. Esses

similares detêm, aproximadamente, 5% do mercado.

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É importante mostrar que o engenheiro civil pretende franquear a patente do

produto desenvolvido. Diante disso, observa-se que, de fato, há mercado para

absorção desse novo negócio, visto que o volume de resíduos gerados pela

construção civil é expressivo. Como ratificação, Azevedo [s.d.] afirma que, em São

Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte, houve, respectivamente, a produção de 3.090

t/dia (2000), 906 t/dia (2000) e 2.129 t/dia (1999) desses resíduos. Acrescentando, a

Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (SEDUMA), citada pela

Prefeitura de Itabuna (2007), expõe que, em 2006, 46,5% do lixo gerado em Itabuna

correspondeu a entulho e onerou o governo e os contribuintes em 60 mil reais, além

de ter dificultado, por conta do volume, a sua destinação.

Com o quadro apresentado, a resolução nº 307 do Conselho Nacional do

Meio Ambiente (CONAMA) tem potencializado ainda mais a colocação deste produto

do mercado. Isso porque os geradores de resíduos devem evitá-los ou reduzi-los,

podendo adotar medidas tais como de reutilização e reciclagem, sempre com

atenção ao destino final. Essa resolução pode ser justificada pelo fato de os restos

de construção e de demolição ser classificados, conforme a NBR-10.004 da ABNT,

apud Azevedo [s.d.], em III (Inertes), pois não se degradam quando da disposição ao

solo. Todavia, o entulho é passível de reaproveitamento.

Nesse sentido, é válido destacar a importância de se buscar alternativas de

reaproveitamento de resíduos da construção civil através da criação de tecnologias

e melhorias no processo produtivo de forma inovadora, afim de minimizar a

problemática apresentada. Em consonância com Drucker (1987), o lançamento de

um produto inovador, teoricamente, pode ser menos arriscado que negócios

tradicionais. No entanto, isso não isenta o empreendedor de realizar uma prática

sistemática e, conforme Filion (1993), com visão, envolvendo a imagem da marca e

o posicionamento a ser adotado pela empresa. Face a essa abordagem, a

organização em foco tem expectativa de que suas vendas equivalham a 10% do

mercado. Além disso, identifica-se, no projeto em foco, que o gestor pretende

desenvolver exposições do produto, inicialmente, para os profissionais da área

(arquitetos, mestres-de-obras, pedreiros, entre outros) e, no Shopping, para levar ao

conhecimento da sociedade a importância e os benefícios de se utilizar o Alfa-Bloco.

A partir da visão, de acordo com Calaes (2007), é crucial que o empreendedor

elabore um Plano de Negócios com a finalidade de estabelecer, qualificar e

quantificar os objetivos, estruturar os meios para alcançá-los e os resultados

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esperados. Nesse sentido, a empresa em foco já disponibiliza de um Plano de

Negócios, com demonstração de algumas especificações do projeto. Dessa forma,

percebe-se uma ação importante do gestor no fortalecimento da viabilidade do

empreendimento.

Deve-se destacar que a construção civil é um ramo carente de inovação.

Perante esse fato, Kiperstok e Marinho (2001) afirmam que pensar e executar o

novo de acordo com as tendências de mercado é primordial às quebras de

paradigmas, que são imperativas ao desenvolvimento de tecnologias voltadas à

sustentabilidade, até porque, conforme John (2001), citado por Mattosinho (2005),

nenhuma sociedade conseguirá atingir o desenvolvimento sustentável sem que o

domínio da construção civil passe por profundas transformações. Essas

transformações são imprescindíveis, pois, segundo Abiko (2005), o setor da

construção civil, em valores aproximados, consome 40% dos recursos naturais não-

renováveis. Tendo como base a situação apresentada, o ramo no qual a empresa

desenvolve suas atividades pode ser considerado uma grande oportunidade.

É válido expor que as novas exigências mercadológicas estão compelindo o

desenvolvimento de negócios inovadores voltados à sustentabilidade na construção

civil. O projeto elaborado pelo gestor da empresa em estudo compreende uma forte

tendência de mercado. Isso pode ser comprovado pela pesquisa da Civil

Engineering Research Foundation (CERF), organização responsável pela

modernização da construção civil dos Estados Unidos, apud Mattosinho (2005), que,

em abrangência mundial, a questão do meio ambiente foi avaliada como a segunda

maior tendência no ramo.

A visão do empreendedorismo sustentável pode ser percebida no projeto em

análise através da preocupação do seu idealizador em associar as questões

econômicas e sociais ao meio ambiente, com a consideração das gerações futuras,

seguindo a definição do termo desenvolvimento sustentável relatado pelo WWF

Brasil (2008). Tal preocupação reside no reconhecimento do gestor da empresa de

que os recursos naturais são finitos. Esses princípios nortearam o engenheiro civil,

desde quando era estagiário, no entendimento de que cortar a parede para embutir

tubulação e ainda gerar custo e muitos resíduos era um tanto dispendioso.

A partir desse entendimento, ele desenvolveu o Alfa-Bloco, que, segundo

Antônio Fontes, engenheiro ambiental, apud programa Via Brasil (2007), é

ecologicamente viável, até porque utiliza como matéria-prima resíduo de construção

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− entulho. A matéria-prima aplicada evidencia o preceito de retorno de bens de pós-

consumo ao ciclo produtivo exposto por Leite (2003). Além disso, esse produto

reduz os custos da produção em até 40%, torna o levante mais fácil e ágil, possibilita

o isolamento térmico e acústico, respectivamente, em 50% e 80%. O projeto de

produção do Alfa-Bloco pode ser, então, classificado dentro do conceito de

desenvolvimento sustentável.

De acordo com Araujo (2002), as tecnologias de Produção mais Limpa (P+L),

que visam a aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, além

da redução de riscos para os homens e para o meio ambiente, proporcionam

alterações nos produtos e processos produtivos com o intento de amenizar ou

eliminar todo tipo de rejeitos antes que eles sejam criados. Nesse ponto, tem-se a

elaboração de produtos baseando-se no ecodesign, nos quais o Alfa-Bloco se

enquadra.

Tendo como foco a indústria da construção civil, segundo Construbusiness

(2004), apud Mattosinho (2005), esta se posiciona em destaque na economia

nacional, sendo responsável por uma parcela expressiva do Produto Interno Bruto

(PIB) do país. Esse fator revela a capacidade de retorno do investimento aplicado

nesse ramo.

A partir do potencial de retorno junto à certificação de que o Alfa-Bloco é um

produto inovador e que segue as tendências de mercado, é crucial também a

verificação de sua viabilidade em termos financeiros, compreendendo o

levantamento de custo do produto e despesas operacionais, projeções de caixa e a

identificação do Payback Descontado, do VPL e da TIR. Isso porque, em

consonância com Kraychete (1997), esse estudo indica as circunstâncias para que

os objetivos traçados pelo empreendedor sejam alcançados com dependência maior

deste, não estando, em sua totalidade, subordinado às inconstâncias e às formas

aleatórias dos cenários.

Quanto ao cenário, deve-se tratar que, dado à atual conjuntura econômica do

mercado, percebe-se certo impacto da crise na organização em estudo. Apesar

disso, tal impacto não é tão expressivo, visto que é uma empresa de pequeno porte

sem grande dependência da Bolsa de Valores. Ademais, identifica-se que, segundo

Safady, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), apud

Brito (2008), espera-se que o setor da construção civil feche este ano com um

crescimento de 8,5%. Há também perspectiva de crescimento do setor em 2009,

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ainda que reduzido se comparado às expectativas anteriores à crise afirma Chor,

presidente da ADEMI (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado

Imobiliário) em entrevista ao Espaço Aberto (2008). O presidente do Sindicato da

Indústria da Construção Civil do Rio de Janeiro (SIDUSCON-RJ) salienta ainda que,

quanto à área de infra-estrutura, as principais obras públicas devem continuar, uma

vez que contribuem para o desenvolvimento econômico do país. Este elemento

favorece à empresa analisada, uma vez que direciona suas atividades a órgãos

públicos.

Após a identificação do cenário, devem-se dimensionar os recursos a serem

aplicados no projeto, bem como custo do produto e despesas operacionais. O

investimento evidenciado fica em R$ 300.000,00, distribuídos em despesas pré-

operacionais, móveis e equipamentos. Nesse valor, há participação de capital

próprio e de terceiros, sendo que este equivale a 86,67% e aquele a 13,33% do

investimento total. O custo do produto (Quadro 1) totaliza R$ 1.010.000,00 por ano.

As despesas operacionais (Quadro 2), por sua vez, somam R$ 55.000,00 anuais.

Quadro 1 – Custo do produto

DISCRIMINAÇÃO DO CUSTO DO PRODUTO VALOR / ANO (R$)

Custo de produção (material) 900.000,00

Salários e encargos com pessoal da produção 100.000,00

Manutenção das máquinas de produção 10.000,00

TOTAL 1.010.000,00

Quadro 2 – Despesas operacionais

DISCRIMINAÇÃO DAS DESPESAS OPERACIONAIS VALOR / ANO (R$)

Salários e encargos com pessoal administrativo 25.000,00

Prestação de serviços de contabilidade 2.000,00

Aluguel 6.000,00

Manutenção (máquinas de administração) 2.000,00

Comissões de vendedores e representantes 20.000,00

TOTAL 55.000,00

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Para cálculo do Payback Descontado, do VPL e da TIR, faz-se necessário o

cálculo do custo de capital ponderado, que é formado a partir do custo de capital de

terceiros e do custo de capital próprio. O primeiro fundamentou-se no Proger

Investimento, sendo a informação da melhor linha de crédito para o empreendimento

tomada junto ao Banco do Brasil, à Caixa Econômica Federal e ao Banco do

Nordeste. Essa forma de captação de recursos financeiros é interessante para a

empresa, visto que o valor dos juros não é tão alto, ficando a taxa total em cerca de

11% a.a com prazo de 48 meses para pagamento e período de carência. Como a

empresa enquadra-se no Simples Nacional, não se tem a dedutibilidade fiscal

permitida aos encargos financeiros. O custo de capital próprio, por sua vez,

estruturou-se na ponderação entre o esperado pelo gestor e a questão de que, por

se tratar de uma operação mais arriscada se comparada à captação de recursos de

terceiros, a taxa de retorno esperada deve ser maior que a estabelecida pelos

credores conforme Assaf Neto (2005). Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005)

complementam afirmando que o ideal, para as empresas brasileiras, é que o custo

de capital seja numa média de 15%, taxa esta adotada como custo do capital próprio

do empreendimento em análise. Portanto, através da equação exposta por Braga

(1989), tem-se o custo de capital ponderado do projeto em 11,56%.

Como fundamento às demais etapas de avaliação econômico-financeira do

projeto, há o estabelecimento dos fluxos de caixa projetados a partir da abordagem

feita por Ross, Westerfield e Jordan (2000). Nesse ponto, em consonância com

Santos (2001), estimam-se as entradas de caixa, atentando, para isso, às

quantidades vendidas, preços unitários de venda e cronograma de entrada em

operação. Ademais, é feita uma previsão das saídas de caixa. Diante disso, com o

preço unitário em R$ 1.400,00 por milheiro e uma expectativa de venda de

1.000.000 de blocos no primeiro ano atrelados a uma perspectiva de crescimento de

5% a.a., bem como a uma estimativa dos valores numa visão para os primeiros dez

anos de execução do projeto (vida útil da máquina), são definidos os fluxos de caixa

(Quadro 3).

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Quadro 3 – Fluxos de caixa

ANO FLUXO DE CAIXA SEM

DESCONTO (R$)

FLUXO DE CAIXA DESCONTADO

(R$)

1 188.700,00 169.146,65

2 196.812,00 158.137,39

3 195.953,00 141.132,29

4 205.751,00 132.833,60

5 214.416,00 124.083,68

6 223.601,00 115.990,58

7 375.511,00 174.607,59

8 229.408,00 95.618,19

9 239.103,00 89.332,29

10 248.986,00 83.385,37

Posteriormente, apresenta-se o Payback Descontado, que, de acordo com

Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2005), tem a função de representar o período de

retorno da aplicação dos recursos, com a consideração dos fluxos de caixa

descontados. Desse modo, a expectativa de retorno do empreendimento fica em

torno de 1 ano e 10 meses. Groppelli e Nikbakht (2001) destacam que o VPL deve

ser acima da quantia investida para, então, subsidiar a aceitação de um projeto. Isso

é comprovado na implantação deste novo negócio, visto que seu VPL é de R$

480.410,86, suplantando o volume de recursos financeiros aplicados.

A TIR (66,34% a.a), por sua vez, segundo Ross, Westerfield e Jordan (2000),

maior do que o retorno exigido (custo de capital – 11,56%), expressa, até certo

ponto, que o projeto pode ser aceito. Em contrapartida, é primordial se ter cautela

quanto a esse valor um tanto expressivo da TIR, em virtude de demonstrar ser,

conforme Groppelli e Nikbakht (2001), uma taxa de retorno não-realista. Com base

em tal situação, é válida a adoção da TIR Modificada, a qual admite que o

reinvestimento ocorra à taxa de retorno de 22,69% a.a., sendo apurado o montante

dos fluxos de caixa nessas circunstâncias. A TIR Modificada, destarte, ficou em

35,27% a.a., evidenciando a potencial viabilidade do negócio.

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Considerando-se os índices econômicos encontrados (Payback Descontado,

VPL e TIR Modificada), nota-se que o empreendimento destaca-se com capacidade

de retorno satisfatório. Até porque o Payback enquadra-se nas expectativas do

gestor, o VPL supera os recursos financeiros investidos e a TIR Modificada está

acima do custo de capital, expressando um valor aproximado do custo de

oportunidade. Desse modo, o negócio pode ser caracterizado como viável em

termos econômico-financeiros.

Vale relatar que as informações coletadas correspondem à perspectiva do

gestor através de estimativas, não sendo dados definitivos. Isso expõe a

complexidade para se avaliar a viabilidade do empreendimento. Nesse ponto, tem-

se também a questão do preço de mercado, visto que, se comparado à empresa

concorrente na região, fica com um valor a mais em R$ 900,00. Diante disso,

percebe-se que ainda há desafios a serem superados.

Ademais, por envolver o fator receptividade do produto no mercado, identifica-

se que este investimento envolve risco. Esse elemento é exposto por Leite (2003)

ao afirmar que deve existir mercado, quantitativa e qualitativamente, para os

produtos com conteúdo de reciclados, já que isso acarretará nas demandas desses

produtos. Tal mercado, portanto, ainda deve ser analisado quanto à real

aceitabilidade do Alfa-Bloco.

Finalizando, apesar dos desafios existentes, há o seguimento de uma

tendência forte no ramo da construção civil, que, no decorrer do tempo, pode

assumir uma maior proporção. A possibilidade de se alcançar essa proporção reside

nas exigências descritas nas leis. Somando-se a isso, é verificável que aspectos

intrínsecos à logística reversa, tais como retorno financeiro e ecológico, garantia da

competitividade e a consolidação da imagem corporativa, validam a proposta de

criação do equipamento para potencializar a produção do Alfa-Bloco.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Face à abordagem apresentada, é perceptível que o projeto relativo ao

equipamento com capacidade de produzir tijolo utilizando resíduos (Alfa-Bloco) é

viável de acordo com a perspectiva de desenvolvimento sustentável e financeira.

Observa-se, a princípio, na conjuntura descrita, a forte aplicação da inovação

na busca da elaboração e do oferecimento de um produto diferenciado da

concorrência não apenas em termos de formato, o qual pode ser caracterizado

dentro dos princípios do ecodesign, mas também de sua própria constituição −

entulho. Esses elementos fazem do Alfa-Bloco um produto que possui uma das

estratégias competitivas de grande relevância, senão a mais importante barreira de

entrada de concorrentes.

Nesse sentido, deve-se ressaltar que a empresa, como agente em soluções

que agregam valor ecológico, acompanha uma relevante tendência do mercado: a

consideração do fator ambiental. A tendência relatada reflete-se tanto na utilização

de entulho como matéria-prima quanto na atitude pró-ativa de prevenção de

resíduos (P+L), a qual alia a questão do meio ambiente à econômica. Essa prática,

realizada pela empresa em foco, também proporciona a redução de problemas

ligados à destinação dos resíduos inertes, mais especificamente, da classe A. Isso

implica a quebra de paradigmas existentes na indústria da construção civil atrelada a

uma reorientação da demanda pelos consumidores.

Vale destacar que o mercado já se encontra estimulado à mudança de

padrões de uso de materiais. Nesse aspecto, inserem-se os princípios de

reconsumo, redirecionamento e reorganização. Tal mudança vincula-se às novas

exigências legais. Todavia, conforme detectado, não há mensuração da real

aceitação do produto pelos consumidores potenciais. Diante disso, é crucial para

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organização tratada um conhecimento mais consistente acerca da demanda por seu

produto através do desenvolvimento de uma pesquisa de mercado, possibilitando,

assim, uma maior capacidade de convencimento frente aos stakeholders.

Deve-se expor que o gestor já tem estruturado um projeto para captação da

matéria-prima do produto em estudo. Esse ponto destaca os fundamentos de

Logística Reversa, que norteiam a viabilidade do empreendimento. Desse modo, as

quantidades de reciclados são caracterizadas como suficientes e apresentam

constância no tempo, garantindo a atividade em escala econômica e empresarial.

Frisando-se o aspecto financeiro através da definição do valor a ser investido,

do custo do produto, das despesas operacionais, do custo de capital e das projeções

de fluxo de caixa para análise dos índices econômicos gerados pelo projeto, é

verificável que há, de fato, viabilidade de implantá-lo. Ademais, ainda que num

momento de crise financeira de proporção mundial, identifica-se o potencial de

crescimento do setor.

É imprescindível dizer que este estudo faz emergir a importância da

realização de outras pesquisas na área. Dentro destas, tem-se, por exemplo, a

reestruturação de processos na construção civil para a amenização de geração de

resíduos, bem como a análise de criação de produtos que garantam a ecoeficiência.

Tudo isso de maneira a evidenciar os benefícios ecológicos, sociais e econômicos

da implementação dos mesmos.

Destarte, de acordo com o exposto no trabalho, ainda há desafios a serem

superados. Isso inclui a formação de preço consistente e a aparente resistência dos

consumidores potenciais quanto à utilização do produto desenvolvido pela empresa.

Contudo a relação custo-benefício do projeto Alfa-Bloco segue por uma boa

perspectiva em se tratando de inovação, sustentabilidade e fatores econômico-

financeiros, podendo a empresa em estudo fortalecer ainda mais essa relação a

partir do dimensionamento da demanda potencial pelo produto a ser ofertado no

mercado.

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2008 – TCC – Curso de Administração – UESC

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APÊNDICE A −−−− Roteiro de entrevista semi-estruturada

1- Houve algum estudo de mercado para implantação deste projeto?

2- Quem é o público-alvo deste empreendimento?

3- Qual o tamanho do mercado?

4- O consumidor está disponível a adquirir este produto?

5- Existem concorrentes? Quem são os principais? Que percentual de mercado

eles detêm?

6- De que forma o produto será levado ao cliente?

7- Como será a aquisição da matéria-prima?

8- Qual o percentual de vendas em relação ao mercado?

9- Dentro dos aspectos financeiros, qual o valor atribuído a:

a) Investimentos:

Móveis e equipamentos Veículos Reformas Despesas pré-operacionais Tecnologia Outros

b) Custos dos Produtos: Custo do produto (material) Salários e encargos com pessoal da produção Manutenção das máquinas de produção Depreciação das máquinas de produção

c) Despesas Operacionais: Salários e encargos com pessoal administrativo

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2008 – TCC – Curso de Administração – UESC

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Prestação de serviços de contabilidade Aluguel Manutenção (máquinas de administração) Comissões de vendedores e representantes Outras

d) Receitas: Preço de venda Quantidade vendida

10- Quais são as projeções de fluxo de caixa constatadas pela empresa? De

que forma foram construídas essas projeções? Qual a porcentagem prevista de

crescimento das vendas, dos custos e das despesas a cada ano?

11- Quais os desafios do projeto? De que modo têm sido trabalhados esses

desafios?