universidade estadual de santa cruz -...

67
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR APLICAÇÃO DE FITOCISTATINAS DE Theobroma cacao NA DETECÇÃO DE CISTEÍNO PROTEASES DE Trypanosoma cruzi E ANÁLISE DE SUA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA EM LEVEDURAS DE Saccharomyces cerevisiae VIVIANIA JOANA BITENCOURT ILHÉUS BAHIA BRASIL Maio de 2014

Upload: dolien

Post on 13-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA E

BIOLOGIA MOLECULAR

APLICAÇÃO DE FITOCISTATINAS DE Theobroma cacao NA

DETECÇÃO DE CISTEÍNO PROTEASES DE Trypanosoma

cruzi E ANÁLISE DE SUA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA EM

LEVEDURAS DE Saccharomyces cerevisiae

VIVIANIA JOANA BITENCOURT

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL

Maio de 2014

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

2

VIVIANIA JOANA BITENCOURT

APLICAÇÃO DE FITOCISTATINAS DE Theobroma cacao NA

DETECÇÃO DE CISTEÍNO PROTEASES DE Trypanosoma

cruzi E ANÁLISE DE SUA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA EM

LEVEDURAS DE Saccharomyces cerevisiae

ILHÉUS – BAHIA – BRASIL

Maio de 2014

Dissertação apresentada à

Universidade Estadual de

Santa Cruz, como parte das

exigências para a obtenção

do título de Mestre em

Genética e Biologia

Molecular.

Área de concentração:

Genômica e Proteômica.

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

B624 Bitencourt, Viviania Joana. Aplicação de fitocistatinas de Theobroma cacao na detecção de cisteíno proteases de Trypanosoma cruzi e análise de sua atividade antifúngica em leve- duras de Sacharomyces cerevisiae / Viviania Joana Bitencourt. – Ilhéus, BA: UESC, 2014. xvi, 66f. : Il. Orientadora: Fátima Cerqueira Alvim. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz. Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular. Inclui bibliografia.

1. Leveduras (Fungos). 2. Enzimas proteolíticas. 3. Proteínas. 4. Cacaueiro. 5. Saccharomyces cere- visiae. 6. Tripanossoma cruzi. I. Título. CDD 579.5

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

3

VIVIANIA JOANA BITENCOURT

APLICAÇÃO DE FITOCISTATINAS DE Theobroma cacao NA

DETECÇÃO DE CISTEÍNO PROTEASES DE Trypanosoma

cruzi E ANÁLISE DE SUA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA EM

LEVEDURAS DE Saccharomyces cerevisiae

Aprovada: 22 de maio de 2014.

Prof. (a) Dra. Acássia Benjamin Leal Pires Prof. (a) Dra. Cristina Pungartnik

(UNEB) (UESC)

Prof. Dr. Abelmon da Silva Gesteira Prof. (a) Dra. Fátima Cerqueira Alvim

(UESC/EMBRAPA) Orientadora (UESC)

Dissertação apresentada à

Universidade Estadual de Santa

Cruz, como parte das exigências

para a obtenção do título de

Mestre em Genética e Biologia

Molecular.

Área de concentração:

Genômica e Proteômica.

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

4

À minha querida amiga, Kátia Andrade Gomes, pelo incentivo e apoio na

realização deste sonho.

DEDICO

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, força, determinação, coragem e persistência dada em todos os

momentos.

A UESC, pela estrutura e apoio financeiro.

Ao CNPq e CAPES, pelo apoio financeiro ao projeto e concessão da bolsa de

mestrado.

Ao Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular, pela

oportunidade de ampliar os meus conhecimentos.

À orientadora Dra. Fátima Cerqueira Alvim, pela orientação, amizade e paciência.

Ao meu co-orientador Dr. Carlos Priminho Pirovani, pelo apoio e sábios conselhos.

À Dra. Cristina Pungartnik, pelos conselhos, observações e direcionamento.

À Fabricia, Mara e Kátia, três anjos na secretaria do PPGGBM.

À Louise Barreto e Diêgo, pela ajuda nos experimentos realizados no Laboratório de

Biologia de Fungos.

Ao Professor Dr. Paulo Melo e Daniele por toda ajuda dispensada na realização

deste projeto.

À Ana Camila Freitas, pela grande ajuda na realização dos experimentos em

proteômica e conselhos.

Ao amigo Horlei, pela ajuda nos géis SDS-PAGE e reagentes.

À Lívia Andrade, Cristina Martins e Juliano Santana pelos momentos de

descontração e amizade.

A todos os integrantes do Centro de Biotecnologia e Genética (CBG).

À minha mãe, Rita, pela força, preces e palavras de carinho.

Ao meu pai, Clarindo, in memorian.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

6

―É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida

passar; é melhor tentar, ainda que em vão, que sentar-

se fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva

caminhar, que em dias tristes em casa me esconder.

Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade

viver...‖.

Martin Luther King

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

7

Índice

Extrato IX

Abstratc XI

Lista de Figuras XIII

Lista de Tabelas XVI

1- Introdução 17

2 - Revisão Bibliográfica

2.1 – Cistatinas 19

2.2 – Fitocistatinas 20

2.2.1 – Função das Fitocistatinas 23

2.2.2 – Fitocistatinas de Theobroma cacao 25

2.3 – Cisteíno proteases – Trypanosoma cruzi 25

3 – Objetivos 29

4 – Material e Métodos

4.1 – Expressão e purificação das cistatinas recombinantes de Theobroma

cacao 30

4.2 – Obtenção das proteases da cultura de Trypanosoma cruzi 31

4.3 – Dosagem proteica colorimétrica da atividade de cisteíno proteases em

extrato de T.cruzi 31

4.4 – Armadilha para capturar cisteíno proteases de T. cruzi 32

4.5 – Gel Semi-nativo de atividade de proteases com Anfólito 34

4.6 – Digestão em Solução – Amostra Complexa 34

4.7 – Análise da Citotoxicidade de TcCYS3 e TcCYS4 com leveduras

mutantes de Saccharomyces cerevisiae

4.7.1 – Ensaio semi-quantitativo n° 1 35

4.7.2 – Ensaio semi-quantitativo n° 2 37

4.7.3 – Curva de Sobrevivência 37

4.8 – Análise Estatística 40

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

8

5 – Resultados

5.1 - Análise das cistatinas de T. cacao purificadas 41

5.2 - Perfil proteico do extrato total de Trypanosoma cruzi 42

5.3 - Inibição da atividade de proteases de Trypanosoma. cruzi por cistatinas

de Theobroma cacao 43

5.4 - Captura de proteases de Trypanosoma cruzi utilizando armadilha

TcCYS4:Sepharose 44

5.5 - Análise no Espectrômetro de Massas 45

5.6 - Análise da Citotoxicidade das cistatinas de Theobroma cacao em

Saccharomyces cerevisiae 46

6- Discussão 52

7- Conclusão 56

8- Perspectivas 57

9- Referências Bibliográficas 58

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

9

EXTRATO

BITENCOURT, Viviania Joana, M.S., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus –

Bahia, maio de 2014. APLICAÇÃO DE FITOCISTATINAS DE Theobroma

cacao NA DETECÇÃO DE CISTEÍNO PROTEASES DE Trypanosoma

cruzi E ANÁLISE DE SUA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA EM

LEVEDURAS DE Saccharomyces cerevisiae. Orientador (a): Dra. Fátima

Cerqueira Alvim. Co-orientador: Dr. Carlos Priminho Pirovani.

Fitocistatinas são proteínas inibitórias de cisteíno proteases clã C1A, família

papaína-like, e possuem ação antiviral, antimicrobiana e antifúngica, além de

participação em processos como morte celular programada, estocagem de

proteínas, defesa da planta contra proteases excretadas por insetos e nematóides,

além de ter envolvimento na resistência da planta a estresse biótico e abiótico.

Recentemente, o grupo de pesquisa da UESC, isolou e expressou in vitro quatro

fitocistatinas de Theobroma cacao (TcCYS1, TcCYS2, TcCYS3 e TcCYS4). O

presente trabalho teve como objetivo primordial analisar a aplicação de duas dessas

fitocistatinas (TcCYS3 e TcCYS4) na detecção de cisteíno proteases de

Trypanosoma cruzi e sua atividade antifúngica em leveduras de Saccharomyces

cerevisiae. Essas fitocistatinas foram selecionadas por apresentarem características

contrastantes: TcCYS3 não possui a região carboxi-terminal estendida e TcCYS4

não apresenta peptídeo sinal. Em Trypanosoma cruzi as cisteíno proteases estão

relacionadas com a invasão na célula hospedeira, em mamíferos, e desenvolvimento

do patógeno durante o seu ciclo de vida, constituindo-se assim em um potencial alvo

no combate a Doença de Chagas, doença endêmica que mata milhares de pessoas

todos os anos. O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido, e

neste trabalho TcCYS3 e TcCYS4 foram testadas com diferentes linhagens

mutantes de Saccharomyces cerevisiae que foi o organismo modelo eleito para os

experimentos. Os resultados indicaram que as cistatinas de T. cacao são capazes

de inibir as cisteíno proteases de T. cruzi sendo que TcCYS4 inibiu (53,77%) e

TcCYS3 (20,20%). Com base nesse resultado foi feita uma armadilha para capturar

cisteíno proteases de T. cruzi. A armadilha foi composta por TcCYS4 ligada a uma

resina de sepharose-CNBr. A esta armadilha foi submetida o extrato proteico total de

T. cruzi. Em zimograma foi possível verificar a atividade de proteases nas eluições

coletadas após o uso da armadilha. Esse resultado indicou uma eficiência da

armadilha. As eluições sofreram digestão triptíca e analisadas via espectrometria de

massas. Vinte e um peptídeos foram identificados, contudo não apresentaram

IX

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

10

similaridade com proteases de T. cruzi. Neste trabalho foram, também, realizados

ensaios visando avaliar o potencial citotóxico das TcCYS3 e TcCYS4 em linhagens

mutantes de S. cerevisiae com deficiência em vias de reparo de DNA linhagens

(xrs2Δ, rad52Δ, rad53Δ, rev1Δ e rev3Δ), transporte de membrana (yor1Δ) e para

detoxificação de estresse oxidativo (sod1Δ, sod2Δ, ctt1Δ e cta1Δ). Observou-se uma

sensibilidade maior das linhagens mutantes com deficiência em reparo de DNA

quando expostas as fitocistatinas de T. cacao.

.Palavras – chave: fitocistatinas, cisteíno proteases, Chagas, citotoxicidade.

X

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

11

ABSTRATC

BITENCOURT, Viviania Joana, M.S., Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus –

Bahia, may of 2014. APPLICATION OF Theobroma cacao phytocystatins THE DETECTION OF Trypanosoma cruzi cysteine proteases AND ANALYSIS OF ITS ACTIVITY IN YEAST OF ANTIFUNGAL Saccharomyces cerevisiae. Advisor: Dra. Fátima Cerqueira

Alvim. Advisor Commitee Member: Dr. Carlos Priminho Pirovani.

Phytocystatins are inhibitory proteins clan C1A cysteine proteases, papain-like

family, and have antiviral, antimicrobial and antifungal action, and participation in

processes such as programmed cell death, storage proteins, plant defense against

proteases secreted by insects and nematodes, besides having involvement in plant

resistance to biotic and abiotic stress. Recently, the research group of UESC,

isolated and in vitro four phytocystatins of Theobroma cacao (TcCYS1, TcCYS2,

TcCYS3 and TcCYS4) expressed. This study had as its primary objective to analyze

the application of two of these phytocystatins (TcCYS3 and TcCYS4) in the detection

of cysteine proteases of Trypanosoma cruzi and their antifungal activity in yeast

Saccharomyces cerevisiae. These phytocystatins were selected because they have

contrasting characteristics: TcCYS3 lacks the carboxy-terminal region and extended

TcCYS4 shows no signal peptide. Trypanosoma cruzi in the cysteine proteases are

related to invasion of the host cell in mammals, and development of the pathogen

during its life cycle, thus constituting a potential target to combat Chagas disease,

endemic disease that kills thousands people every year. The antifungal

phytocystatins mechanism is still unknown, and this work TcCYS3 and TcCYS4 were

tested on different mutants strains of Saccharomyces cerevisiae organism was

chosen for the experiment model. The results indicate that the T. cacao cystatins are

able to inhibit cysteine proteases of T. cruzi, and TcCYS4 inhibited (53.77%) and

TcCYS3 (20.20%).The trap consisted of TcCYS4 linked to CNBr sepharose resin. To

this trap we subjected the total protein extract of Trypanosoma cruzi. Zymogram

analyses revealed that the trap elution presented proteases activity. This result

indicated that the trap was efficient in separe proteases from protein crude samples.

Simultaneously, the trap elution were submitted to a tryptic digestion and further

analyzed via mass spectrometry. Twenty-one peptides were identified. However

none of those showed similarity to Trypanosoma cruzi proteases. This work was also

carried out tests to evaluate the cytotoxic potential of TcCYS3 and TcCYS4 proteins

XI

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

12

in mutant strains of S. cerevisiae deficient in repair pathways of DNA lineages

(xrs2Δ, rad52Δ, rad53Δ, rev1Δ e rev3Δ), membrane transport (yor1Δ) and

detoxification of oxidative stress (sod1Δ, sod2Δ, ctt1Δ and cta1Δ). We observed an

increased sensitivity of mutant strains deficient in DNA repair when exposed to

phytocystatins of T. cacao.

Keywords: phytocystatins, cysteine proteases, Chagas, cytotoxicity

XII

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

13

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Modelo estrutural de orizacistatina I. Apresentação dos elementos

principais na atividade de inibição das cisteíno proteases. Modificado de

KIGGUNDU et al. (2006). 21

Figura 2: O ciclo de vida do Trypanosoma cruzi. Apresenta quatro estágios: A)

Amastigota (replicação intracelular); B) Tripomastigota fase não replicativa na

circulação sanguínea no homem; C) Epimastigota,apresenta um estágio

replicativo, no vetor (inseto); D) Tripomastigota metacíclica, estágio não replicativo,

mas infectivo . Modificado de Alvarez et al. (2012). 26

Figura 3: Representação Ensaio semi-quantitativo. A) Demonstra a diluição

seriada (1:10) das amostras sendo que no primeiro tubo está a levedura em

Tampão Bicarbonato, no segundo tubo a levedura é exposta a cistatina de

Theobroma cacao, em Tampão de Bicarbonato de Sódio 100 mmol L-1, e alíquotas

de 100µL são transferidos, sucessivamente, sendo que os tubos 3-6 contêm

Tampão Bicarbonato de Sódio 100 mmol L-1. B) Esquema de aplicação da

diluição seriada na placa de Petri com meio YPD sólido. 36

Figura 4: Representação esquemática da Curva de sobrevivência. Demonstra

a diluição seriada (1:10) das amostras sendo que no primeiro tubo está a levedura

não diluída, em meio YEL, e alíquotas de 100µL são transferidos, sucessivamente,

sendo que nos tubos 2-6 , a levedura é diluída e exposta a cistatina de

Theobroma cacao, em Tampão de Bicarbonato de Sódio 100 mmol.L-1 contêm

Tampão Bicarbonato de Sódio 100 mmol.L-1. Da última diluição (103) aplica-se 0,1

mL na placa de Petri com meio YPD sólido. 38

Figura 5: Análise em SDS-PAGE a 12,5% das cistatinas recombinantes

TcCYS3 e TcCYS4 - Onde M é o marcador de peso molecular LWM (GE Health

Care) aplicou-se 20µg de TcCYS3 e TcCYS4 nos géis, respectivamente. TcCYS3

e TcCYS4 foram purificadas da fração solúvel do extrato bacteriano. 41

Figura 6: Perfil proteico de proteínas totais deT. Cruzi – 25 microgramas de

proteínas totais de T. cruzi foram separadas em gel SDS-PAGE a 12,5%. As

proteínas foram visualizadas após coloração com Azul de Comassie Coloidal. M-

Marcador de Peso Molecular em KDa (GE Health Care). 42

XIII

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

14

Figura 7: Inibição da atividade de proteases de T. cruzi por cistatinas de T cacao – Perfil

inibitório de TcCYS3 e TcCYS4 em Trypanosoma cruzi. A proteína TcCYS4 apresentou

melhor poder de inibição do que a TcCYS3. As barras verticais pretas correspondem aos

desvios padrões das médias (n=3). 43

Figura 8: Atividade de proteases de T. cruzi capturadas com armadilha TcCYS4:

sepharose CNBr. As proteínas capturadas com a armadilha de CYS-Sepharose

foram separadas em gel de acrilamida semi nativo contendo anfólitos de 3-10. Foto do

gel de gelatina de sobreposição após coloração com Azul de Comassie Coloidal.

Setas indicam isoformas de proteases de T. cruzi capturadas com a armadilha no gel

semi-nativo, pode-se visualizar o halo formado pela degradação das proteases de T.

cruzi na gelatina. 44

Figura 9: Ensaio semi-quantitativo. As linhas correspondem a diluição seriada após

o tratamento de Y10000 (5 µL de cada diluição (1:10) foi inoculado) com TcCYS3 e

TcCYS4 nas concentrações de 6 µg/µL e 12 µg/µL no intervalo de 0, 1, 3, 6,10, 24 e

48 horas. 46

Figura 10: Teste de sensibilidade com diferentes leveduras mutantes em contato

com TcCYS3 na concentração de 12 µg/µL por 3 horas. As colônias à esquerda

são o controle negativo, ou seja, não foram expostas à fitocistatina. Na foto é possível

observar a diminuição do crescimento nas leveduras mutantes em reparo de DNA

(xrs2Δ, rad1Δ, rev1Δ). 48

Figura 11: Teste de sensibilidade com diferentes leveduras mutantes em contato

com TcCYS4 na concentração de 12 µg/µL por 3 horas. As colônias à esquerda

são o controle negativo, ou seja, não foram expostas a cistatina. Na foto é possível

observar a diminuição do crescimento nas leveduras mutantes em reparo de DNA

(xrs2Δ, rad1Δ, rev1Δ). 49

Figura 12: Curva de sensibilidade das leveduras mutantes e Y10000 em

exposição à 6 µg/µL cistatina de Theobroma cacao (TcCYS3), no intervalo de

tempo de 0, 6, 12 e 24h. No gráfico observa-se a redução do crescimento celular em

xrs2 Δ e rad53Δ quando expostas a TcCYS3, em comparação com Y10000. 50

XIV

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

15

Figura 13: Curva de sensibilidade dos mutantes e Y10000 em exposição a 6

µg/µL cistatina de Theobroma cacao (TcCYS4), no intervalo de tempo de 0, 6,

12 e 24h. Nota-se, no gráfico, uma diminuição da viabilidade celular de rev1Δ e

rev3Δ quando comparados com a levedura isogênica da selvagem Y10000 (controle

negativo), em contato com TcCYS4. 51

XV

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

16

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: As estirpes de leveduras utilizadas. 39

Tabela 2: Peptídeos identificados por Espectrometria de Massas após digestão

tríptica. A análise da espectrometria de massas das amostras foi realizada pelo

programa Mascot. 45

XVI

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

17

1. INTRODUÇÃO

As cistatinas são consideradas proteínas ubíquas, ou seja, estão presentes

em mamíferos, pássaros, peixes, insetos, plantas, fungos e protozoários (WALLIN et

al., 2010), sendo a sua principal característica a inibição de cisteíno proteases

(BENCHABANE et al., 2010). Nas plantas, estão envolvidas em diversos processos

moleculares e fisiológicos como: senescência, estoque de nutrientes na semente,

morte celular programada e defesa da planta contra proteases exógenas secretas

por insetos (RIVARDI et al., 2007; TIAN et al., 2009). Fitocistatinas podem

apresentar atividade antifúngica (GUO et al., 2013; LIMA et al., 2014; PIROVANI et

al., 2010; POPOVIC et al., 2013), atividade antimicrobiana e antiviral (CARRILLO et

al., 2011; GHOLIZADEH et al., 2005). Recentemente, quatro cistatinas de

Theobroma cacao (TcCYS1, TcCYS2, TcCYS3 e TcCYS4) foram identificadas,

expressas e purificadas em laboratório por (PIROVANI et al., 2010), e demonstraram

que esses inibidores de cisteíno proteases são capazes de inibir o crescimento do

fungo Moniliophthora perniciosa, além de terem sido eficientes na captura de

cisteíno proteases em diferentes amostras proteicas complexas. O mecanismo de

atividade antifúngica das fitocistatinas ainda é desconhecido, porém alguns estudos

relatam que as fitocistatinas afetam o desenvolvimento da parede celular do fungo

(LIMA et al., 2014; POPOVIC et al., 2013), outros que o mecanismo de inibição

antifúngico não seria o mesmo da inibição de cisteíno proteases (VALDES-

RODRIGUES et al., 2010).

As cisteíno proteases, assim como as cistatinas, também são encontradas em

bactérias, protozoários, plantas e animais (STOKA et al., 1995). Oliveira et al. (2003)

relata a participação de cisteíno proteases como proteínas de sistemas de

degradação (lisossomais) e atuantes em desordem metabólica, em vertebrados; em

nematóides e patógenos atuam como enzimas digestivas. Em Trypanosoma cruzi,

as cisteíno proteases estão presentes em todas as fases do ciclo de vida do

parasita, são responsáveis pela imunoevasão, diferenciação (LEE al., 2012) e,

constituindo-se assim em um potente alvo para o desenvolvimento de fármacos e

terapias de combate ao patógeno que mata milhares de pessoas todos os anos

(ALVAREZ et al., 2012; ZAMBRANO et al. 2013).

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

18

Este projeto teve por objetivos a análise de fitocistatinas de Theobroma cacao

(TcCYS3 e TcCYS4) na detecção de cisteíno proteases em protozoários, tendo o

Trypanosoma cruzi como organismo modelo adotado, uma vez que a Doença de

Chagas é uma doença endêmica e ainda não possui uma terapia eficiente; e,

identificar a sua via metabólica de atuação antifúngica em leveduras mutantes de

Saccharomyces cerevisiae (organismo modelo).

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Cistatinas

O primeiro inibidor de cisteíno proteases foi isolado e caracterizado a partir da

clara de ovo (BOBEK et al., 1992). O termo cistatina foi empregado por (BARRETE,

1981) e foi comprovada a sua inibição contra papaína, catepsinas e caspases

(CAMBRA et al., 2012; CHU et al., 2011; GOLE et al., 2012). São proteínas

presentes em diversos organismos tanto em eucariotos quanto em procariotos

(BENCHABANE et al., 2010).

Mesmo presentes em diversos organismos houve uma conservação dos

domínios referentes à estrutura, função bioquímica e não ocorreram mudanças na

especificidade de inibição (WALLIN et al., 2010). No entanto, variações foram

observadas (alterações nos resíduos de aminoácidos e suas conformações). A

atividade das cistatinas é afetada pelos elementos reguladores (por exemplo, os

promotores) dos genes, o que pode determinar quando e onde serão expressas

(DUTT et al., 2012).

Desde a sua descoberta, a família cistatina aumentou e é agora uma

superfamília que pode ser classificada em quatro grandes famílias: Estefinas,

Cistatinas, Kininogênios e Fitocistatinas.

Estefinas A e B, também conhecidas como cistatinas A e B são proteínas

constituídas de uma única cadeia polipeptídica de baixo peso molecular (~ 11 kDa),

domínio único e não apresentam corpos dissulfídricos. Possuem peptídeo sinal e

são expressas intracelularmente (OCHIENG et al., 2010). Estão envolvidas na

resposta imune contra bactérias em crustáceos e anelídeos (PREMACHANDRA et

al., 2012)

Os inibidores da família das Cistatinas também são proteínas de baixo peso

molecular, porém apresentam pontes de enxofre em sua cadeia polipeptídica para

estabilizar a estrutura da proteína. Possuem peso molecular (~13-14 kDa), peptídeo

sinal e alguns dos membros dessa família são glicosilados (ARAI et al., 2002;

OCHIENG et al., 2010). Envolvimento na regulação de tumorigênese, câncer e

doenças neurodegenerativas (OCHIENG et al., 2010).

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

20

Os Kininogênios mostram uma organização estrutural mais complexa, pois

são compostos de três cadeias polipeptídicas, glicosilados e apresentam corpos

dissulfídricos, possuem domínios repetidos das estefinas provenientes de eventos

de duplicação gênica (BENCHABANE et al., 2010; DUTT et al., 2010). Os

Kininogênios foram principalmente estudados para se determinar suas propriedades

como precursores de hormônios vasoativos, as kininas e em seguida, a sua

capacidade para regular a atividade proteolítica das proteases de cisteína

(LALMANACH et al., 2010).

As Fitocistatinas estão presentes apenas em plantas, não apresentam pontes

dissulfeto e mostram uma estrutura diferenciada (BENCHABANE et al., 2010;

MARGIS-PINHEIRO et al., 2008). Possuem função na defesa e desenvolvimento da

planta (LINDE et al., 2012), antimicrobiana, antiviral (CARRILLO et al., 2010;

GHOLIZADEH et al., 2005) e antifúngica (GUO et al., 2013; LIMA et al., 2014;

PIROVANI et al., 2010; POPOVIC et al., 2013).

A ação inibitória das cistatinas contra as cisteíno proteases ocorre em três

pontos de interação: (i) Um ou dois resíduos de Gly perto da região amino-terminal;

(ii) Região central conservada, caracterizadora do sítio ativo Gly-X-Val-X-Gly

(QXVXG); (iii) Um resíduo de triptofano na segunda alça perto da região carboxi-

terminal (BENCHABANE et al., 2010; CHU et al., 2011; DUTT et al., 2010).

2.2 Fitocistatinas

Uma análise comparativa do genoma de cistatinas revelou que este grupo

apresenta particularidades estruturais, organização genômica e diversidade

intrínseca que levaram a criação de uma família dentro da superfamília de cistatina

para incluir todas as cistatinas de planta (fitocistatinas) (MARGIS-PINHEIRO et al.,

2008). Esta subdivisão está baseada na sequência homóloga e peso molecular,

assim como na presença e ausência de corpos dissulfídricos (DUTT et al., 2010).

Cistatinas de planta ou fitocistatinas têm sido objeto de estudo nas últimas

décadas, várias já foram isoladas de sementes, folhas, frutos e raiz de plantas

monocotiledôneas e dicotiledôneas. Estudos apontam como sua função-alvo a

inibição de cisteíno proteases, subfamília papaína, clã C1A (MARTINEZ; DIAZ,

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

21

2008; POPOVIC et al., 2012). Essa inibição ocorre de forma forte e reversível na

forma de pseudo-substratos que se conectam ao sítio ativo das enzimas alvo

bloqueando o acesso dos substratos proteicos (BENCHABANE et al., 2010;

KINGGUDU et al., 2006).

O seu mecanismo de inibição exige uma parcial flexibilidade da região N-

terminal, para que a mesma adote a conformação necessária para interagir com a

proteína alvo (BJORK et al., 1995). Essa particularidade da região N-terminal deve-

se a presença de um resíduo de glicina que apresenta a função de conferir uma forte

especificidade das cistatinas por cisteíno proteases e de manter a conformação do

sítio ativo da enzima (BJORK et al., 1995; CAVINI et al., 2012; MARTINEZ et al.,

2009). Além disso, a região apresenta, também, dois hairpin loops que carregam um

forte domínio conservado QxVxG e um resíduo de triptofano, assim como, uma

região conservada LARFAV, presente somente em fitocistatinas (BATEMAN et al.,

2011). A região Carboxi-terminal apresenta três funções: (i) dotar a região N-terminal

com mais especificidade para inibição de cisteíno proteases; (ii) evitar que o domínio

N-terminal seja atacado por peptidases endógenas e exógenas; e (iii) aumentar o

seu tamanho molecular, tornando-se uma proteína de armazenamento (WANG et

al., 2008). Além disso, foi identificado um novo motivo conservado na extremidade

C-terminal de fitocistatinas, cuja sequência de aminoácidos, YEAKxWxKxF,

demonstra influenciar tanto no processo de ligação quanto na estabilidade do

Figura 1: Modelo estrutural de orizacistatina I. Apresentação dos elementos principais na

atividade de inibição das cisteíno proteases. Modificado de KIGGUNDU et al. (2006).

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

22

complexo resultante da ligação entre inibidor –protease alvo (CHAUHAN et al.,

2014).

Irene et al. (2012) analisaram a estrutura e função da fitocistatina de abacaxi

(Ananas comosus) e identificaram que a estrutura globular compacta da proteína era

estabilizada por agrupamentos hidrofóbicos sobre a interface entre a α-hélice e a β-

folha; sendo que a estabilidade da fitocistatina se deve aos resíduos da α-hélice

presentes no motivo LARFAVxExN.

Zhao et al. 2014 propõem que a regulação da atividade das proteases alvo

das fitocistatinas pode ocorrer de três maneiras: (i) regulação da transcrição dos

genes da família cistatina em diferentes tecidos; (ii) compartimentalização

intracelular das cistatinas; (iii) e através dos motivos específicos responsáveis pela

sua forte e reversível inibição. As fitocistatinas, presentes exclusivamente em

plantas, apresentam o sítio conservado LARFAV como uma característica marcante

(BOBEK; LEVINE, 1992; MARGIS et al., 1998). Nissen et al. (2009) descreve três

tipos de fitocistatinas: (1) pequenas proteínas com peso entre 10 – 16 kDa,

apresentando corpos dissulfidrícos e sequência homóloga com a família 2 de

cistatina animal; (2) moléculas com aproximadamente 23 kDa contendo uma

extensão Carboxi-terminal (inibidor de legumaínas) e; (3) multi-cistatinas que

apresentam peso molecular entre 60 – 80 kDa. São reconhecidas como proteínas de

secreção, uma vez que contêm peptídeo sinal que as enviam para o Retículo

Endoplasmático e, finalmente, para diferentes destinos com o objetivo de se ligarem

as sequências alvo de proteases e inibição de suas atividades em um local

intracelular específico (ZHAO et al., 2014).

O seu segundo alvo de inibição seriam as legumaínas, segunda maior

família de cisteíno proteases (MARTINEZ et al., 2007). A inibição das legumaínas se

deve a região Carboxi-terminal das cistatinas com a presença do domínio SNSL

(MARTINEZ et al., 2007; MUNTZ; SHUTOV, 2002). A principal função das

legumaínas está relacionada com o processamento de outras proteínas na sua

forma madura para atividade, mobilidade ou estocagem de proteínas (CHRISTOFF

et al., 2014). Legumaínas estão associadas a eventos como senescência e morte

celular programada (PIERRE et al., 2014). Cisteíno proteases como papaína,

legumaína e seus inibidores (fitocistatinas) são importantes para o desenvolvimento

e homeostase da planta.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

23

2.2.1 – Função das Fitocistatinas

As fitocistatinas regulam cisteíno proteases em processos fisiológicos e

celulares importantes para a planta, tais como: organogênese, regulação endógena

da quantidade de proteínas durante o desenvolvimento da semente e germinação,

morte celular programada, tolerância a estresse abiótico e defesa contra enzimas

proteolíticas secretadas por insetos, nematóides e fungos (NEUTEBOOM et al.,

2009; KIGGUNDU et al., 2006; MARTINEZ et al., 2005).

Possuem composições de sequência similar como das estefinas e cistatinas,

mas não contêm resíduos livres de cisteína (SUN et al., 2014). Zhao et al. (2014)

detectaram fitocistatinas em gametas masculinos e femininos, a regulação da

expressão dessas proteínas pode estar relacionada a eventos de desenvolvimento

durante a embriogênese e formação de sementes.

Dutt et al. (2010) observaram que quando superexpressa em plantas, as

fitocistatinas promovem um acúmulo maior de proteínas na semente, o que mostra a

sua importância na prevenção da degradação das proteínas endógenas durante o

seu desenvolvimento, além disso, confere uma maior resistência da planta contra

proteases secretadas por insetos, fungos e nematóides (LIMA et al., 2014; WANG et

al., 2008). Algumas fitocistatinas respondem a vários estresses abióticos como calor,

frio, salinidade e anaerobiose conferindo estabilidade da membrana celular e

mantendo funções nucleares, protegendo assim atividades vitais, tais como a

fotossíntese e a respiração. (VALDES-RODRIGUES et al., 2007; WANG et al., 2012)

participando da degradação de proteínas danificadas pelo estresse e na síntese de

novas enzimas adaptadas ao estresse (SUN et al., 2014).

Fitocistatinas recombinantes quando expressas induzem uma variedade de

alterações fenotípicas na planta, incluindo um retardo no desenvolvimento de órgãos

florais (PEREIRA et al., 2011), modificação no comportamento fisiológico sob baixas

temperaturas ou escassez de luz (HWANG et al., 2010; VALDÉS-RODRÍGUES et

al.,2007), alteração na concentração de proteínas em folhas (WANG et al., 2012).

Sua participação é relatada, também, em eventos como senescência (BREEZE et

al., 2011) e morte celular programada onde as fitocistatinas modulam a atividade de

cisteíno proteases e a regulação do dobramento de proteínas (IRENE et al., 2012;

SOLOMON et al., 1999). A superexpressão de fitocistatinas protege a planta, do

ataque de nematóides, secretando proteases nas raízes o que acaba interferindo na

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

24

quimiorecepção de acetilcolinesterase e receptores nicotínicos de acetilcolina do

nematóide afetando o seu ciclo de vida (ATKINSON et al., 2011; REYNOLDS et al.,

2011).

Wang et al. (2008) analisaram diferentes segmentos de peptídeos das regiões

N-terminal, Carboxi-terminal e comprimento total de fitocistatinas de inhame

(Colocasia esculenta) em ensaios de sensibilidade antifúngica e observaram que a

atividade antifúngica de fitocistatinas está relacionada com os peptídeos da região

N-terminal. Popovic et al. (2013) estudaram a atividade antifúngica de fitocistatina de

kiwi (Actinidia deliciosa) em fungos patogênicos (Alternaria radicina e Botrytis

cinérea), contudo não identificaram a rota metabólica de inibição da cistatina. Em

outro estudo, Pirovani et al. (2010) observaram uma forte inibição do crescimento

micelial de Moniliophthora perniciosa, assim como, um subsequente encurtamento

da hifa e um número reduzido de unidades de micélio (pseudo-colônias) quando em

contato com fitocistatinas recombinantes TcCYS3 e TcCYS4 de Theobroma cacao,

porém, o mecanismo de atividade antifúngica não foi elucidado.

Pesquisas são necessárias para compreender a resposta antifúngica das

fitocistatinas, ensaios de citotoxicidade em leveduras podem ajudar a elucidar o

problema. A levedura Saccharomyces cerevisae é um organismo modelo unicelular

eucariótico promissor em pesquisas por apresentar características celulares,

semelhança genética, bioquímica e funcional com as células de mamíferos, que ao

contrário da maioria dos microrganismos, pode ser haplóide, diplóide ou poliplóide.

Além de permitir a realização de experimentos bastante controlados com um grande

número amostral, outras propriedades tornam as leveduras excelentes candidatos

para estudos biológicos: rápido crescimento celular, facilidade no isolamento de

mutantes, além de possuir um sistema de transformação de DNA muito versátil

(GIAEVER; NISLOW, 2014; SHERMAN. 2002). S. cerevisae mutantes que

apresentam um gene nulo, em comparação com o tipo isogênico da selvagem

oferecem a oportunidade de avaliar uma determinada via metabólica específica em

falta de resposta ao tratamento com o produto químico estudado; caracterizar um

produto como antifúngico ou mutagênico e verificar se a inibição ou os danos ao

DNA são reversíveis ou não (SAITO et al., 2012; SUN et al., 2014).

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

25

2.2.2 – Fitocistatinas de Theobroma cacao

O Centro de Biotecnologia e Genética da Universidade Estadual de Santa

Cruz possui uma biblioteca de cDNA da interação Theobroma cacao –

Moniliophthora perniciosa onde estão depositadas quatro sequências de

fitocistatinas envolvidas no processo de inibição de cisteíno proteases.

Pirovani et al. (2010) identificaram que as proteínas TcCYS1 e TcCYS3

possuem peptídeo sinal e uma identidade de 96% entre elas. TcCYS1 apresenta

209 aminoácidos, enquanto que TcCYS3 contém 124 aminoácidos. A cistatina

TcCYS3 é resultado de um processamento alternativo do gene que codifica para a

proteínas TcCYS1, além disso, não apresenta a cauda C-terminal estendida. As

proteínas TcCYS2 e TcCYS4 possuem 88% de identidade e não apresentam

peptídeo sinal. TcCYS4 é caracterizada com uma região C-terminal estendida e uma

sequência primária com 205 aminoácidos. TcCYS2 possui 127 aminoácidos e é

truncada em relação à TcCYS4. Ainda nesse estudo, comprovaram a inibição do

crescimento do micélio do fungo Moniliophthora perniciosa, in vitro, pelas quatro

cistatinas de cacau.

DOS SANTOS (2012) observou que a superexpressão de TcCYS4 em

plantas de tabaco (Nicotiana tabacum) reduzia a atividade de MpNEP, que induz a

morte celular em folhas (GARCIA et al., 2007). FREITAS (2012) analisou a

oligomerização da atividade inibitória de cistatinas de cacau expressas durante a

interação com Moniliophthora perniciosa e observou que: (i) TcCYS1 é sensível a

tratamento térmico; (ii) TcCYS2 é termoestável, mas precipita com o aumento da

temperatura e ocorre diminuição do seu poder inibitório; (iii) TcCYS3 é termoestável

e sua estrutura sofre poucas alterações com o aumento de temperatura; e (iv)

TcCYS4 é termoestável, forma dímeros (quando tratada termicamente em

temperaturas de 60 - 70°C). Embora, quando na forma dimérica não seja capaz de

inibir a papaína (cisteíno-protease).

2.3 – Cisteíno proteases – Trypanosoma cruzi

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

26

O agente etiológico da Doença de Chagas é o protozoário Trypanosoma

cruzi, que afeta mais de 14 milhões de pessoas na America Latina (ANTUNES et al.,

2013; DUSCHAK; COUTO, 2007). O ciclo de vida do T. cruzi consiste de quatro

estágios: epimastigota, tripomastigota metacíclica, tripomastigota e amastigota

(Figura 2).

A forma natural de transmissão da Doença de Chagas se dá por insetos

hematófagos (sub-família Triatominae) (OLIVEIRA et al., 2003). No vetor

intermediário (inseto), o desenvolvimento do T. cruzi se inicia quando o inseto se

alimenta do sangue de um hospedeiro mamífero infectado. Quando a maior parte do

sangue ingerido com o parasita na forma tripomastigota atinge o seu estômago,

inicia-se a diferenciação de tripomastigota para epimastigota. Após a passagem para

o intestino delgado e reto, do vetor, o parasita na forma epimastigota divide-se,

repetidamente, por divisão binária e adere nas paredes do intestino delgado

posterior, que é uma região com elevada atividade digestiva e onde há uma maior

concentração de metabólitos, mas que não suporta uma elevada densidade

B)

C)

A)

D)

HOMEM

INSETO

Figura 2: O ciclo de vida do Trypanosoma cruzi. Apresenta quatro estágios: A)

Amastigota (replicação intracelular); B) Tripomastigota fase não replicativa na circulação

sanguínea no homem; C) Epimastigota,apresenta um estágio replicativo, no vetor

(inseto); D) Tripomastigota metacíclica, estágio não replicativo, mas infectivo . Modificado

de Alvarez et al. (2012).

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

27

populacional do parasita (GARCIA et al., 2010; GODOY et al., 2012). Então, quando

a população de parasitas migra para o reto, as formas epimastigotas se diferenciam

na forma não-replicativa, mas infecciosa tripomastigota metacíclica. O vetor pode,

eventualmente, eliminar nas fezes e urina as formas epimastigota e tripomastigota,

entretanto, apenas os tripomastigotas são capazes de infectar o hospedeiro

mamífero (ANTUNES et al., 2013; GARCIA et al., 2007).

Após alimentar-se, o inseto hematófago (sub-família Triatominae),

popularmente conhecido como barbeiro,(OLIVEIRA et al., 2003) deposita as suas

fezes contendo as formas epimastigota e tripomastigota metacíclica do protozoário

próximo do orifício usado para a sua alimentação. Contudo, o momento da dejeção

depende da quantidade de sangue ingerido, pois os barbeiros que tomam uma

quantidade maior de sangue tendem a defecar muito mais rapidamente do que

aqueles que efetuam um repasto sanguíneo menor (GUARNERI et al., 2000;

SOARES et al., 2014). Após a invasão celular, no hospedeiro mamífero, as formas

tripomastigotas são englobadas por um vacúolo parasitóforo onde se diferenciam à

forma amastigota que é a responsável pela proliferação intracelular do parasito e,

após alguns ciclos de replicação, estas se diferenciam novamente nas formas

tripomastigotas, que são liberadas, podendo atingir a corrente sanguínea após a

ruptura celular. O ciclo se encerra quando o inseto não-infectado triatomíneo fizer o

seu repasto sanguíneo (PITA; PASCUTTI, 2011).

No parasita, as cisteíno proteases são responsáveis por sua invasão,

imunoevasão, digestão de imunoglobulinas e desenvolvimento intracelular em

macrófagos, fibroblastos e células musculares estriadas e lisas no hospedeiro e

mecanismo de defesa contra o sistema imune do hospedeiro (LEE et al., 2012;

SILVA et al., 2007). As cisteíno proteases são divididas em dois grandes grupos: clã

CA ou papaína-like e clã CD ou legumaínas-like, e são designadas para clans e

famílias a depender de características, tais como: sequência de similaridade e

especificidade bioquímica para pequenos peptídeos substratos (DUSCHAK;

COUTO, 2007; SAJID; McKERROW, 2002). Garcia et al. (1997) identificaram que as

cisteíno proteases podem ser encontradas tanto no citoplasma quanto nos

lisossomos e que possuem resíduos de cisteína e histidina envolvidos na hidrólise

do substrato. Em T. cruzi, elas são importantes nos processos de diferenciação

morfológica e desenvolvimento do parasita e, consequentemente, por sua invasão e

desenvolvimento intracelular em macrófagos, fibroblastos e células musculares

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

28

estriadas e lisas no hospedeiro (mamífero) e mecanismo de defesa contra o sistema

imune (SILVA et al., 2007; SUNDARARAJ et al., 2014; YADAV et al., 2011).

A cruzipaína é um membro da superfamília de cisteíno proteases e é mais

sequencial e estruturalmente homóloga para a catepsina L (KIKUCHI et al., 2010;

LEE et al., 2012) e se constitui em um excelente alvo terapêutico no combate a

Doença de Chagas, devido ao fato de ser diferencialmente expressa nos quatros

estágios do ciclo de vida do parasita, está presente em organelas relacionadas com

o lisossoma; a concentração mais elevada dessa proteína no ciclo de vida do T.

cruzi é na fase epimastigota (triatomíneo) (UEHARA et al., 2012) e, é codificada por

um grande número de genes dispostos em tandem, localizado em 2-4 cromossomos

diferentes, em diferentes espécies de trypanosoma e clones (ALVAREZ et al., 2012;

DUSCHAK; COUTO, 2009; NDAO et al., 2014). A maioria dos genes

tripanosomatídeos não contêm introns, codificam um peptídeo sinal, um pró-

peptídeo e uma enzima madura; os resíduos de cisteína formam um bloco de

construção básico de todos os tióis antioxidantes, atuando como um anti-oxidante

direto e também como um precursor para a biossíntese da glutationa, tripanotiona, e

ovotiol . Além disso, a cisteína é também essencial para a síntese de biomoléculas,

incluindo coenzima A, hipotaurina, taurina e os grupos (Ferro-Enxofre), que estão

envolvidos na transferência de elétrons, a regulação redox, fixação de nitrogênio, e

regulação do processo sensorial do parasita (ROMERO et al., 2014). A cruzipaína é

responsável pela viabilidade, infectividade e virulência do patógeno (ALVAREZ et al.,

2012; ROMERO et al., 2014; SAJID et al., 2011). Choy et al. (2013) sugerem que a

diversificação estrutural-funcional transmitida por polimorfismo genético pelos genes

da cruzipaína pode ter contribuído para a adaptação do T. cruzi em hospedeiros

vertebrados. ATWOOD III et al. (2005) identificaram a presença de 30 cisteíno

proteases no proteoma de T.cruzi. Contudo, muitas delas são sintetizadas como

precursoras, ou seja, com um pro-domínio cujas funções incluem atuar como uma

chaperona molecular no dobramento da proteína ou como um inibidor endógeno na

regulação da atividade de proteases.

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

29

3. OBJETIVOS

Este trabalho teve como objetivos analisar a aplicação de fitocistatinas de

Theobroma cacao na detecção de cisteíno proteases em organismo modelo

(Trypanosoma cruzi) e compreender o seu mecanismo de atividade antifúngica em

leveduras de Saccharomyces cerevisiae.

Para atingir tais objetivos, foram instituídas as seguintes metas:

1- Analisar a interação das cistatinas TcCYS3 e TcCYS4 com cisteíno

proteases de Trypanosoma cruzi, na fase epimastigosta, por intermédio de ensaios

de dosagem proteica colorimétrica e zimograma;

2- Investigar a citotoxicidade das cistatinas em TcCYS3 e TcCYS4 em

leveduras de Saccharomyces cerevisiae.

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

30

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Expressão e purificação das cistatinas recombinantes de Theobroma

cacao

Escherichia coli Rosetta (DE3) contendo os plasmídeos recombinantes (pET

28A com as sequências codantes de cistatinas) foram inoculados em 10 mL de meio

de cultura ―Circle Grow‖ acrescido dos antibióticos cloranfenicol 34 µg mL -1 e

canamicina 50 µg mL -1. A cultura permaneceu sob incubação a 37°C/ 200rpm por

16 horas. Os pré-inóculos foram centrifugados a 5.000 rpm por 10 minutos em

centrifuga eppendorf 5804 R e os precipitados foram ressuspendidos em 2 mL de

meio ―Circle Grow‖ sem antibióticos e inoculados em 200mL de meio de cultura

―Circle Grow‖ com os respectivos antibióticos já citados e mantidos a 37°C sob

agitação de 200rpm. Quando as culturas atingiram a OD600 entre 0,5 – 0,7 a

produção das proteínas foi induzida por 0,8 mmol.L-1 de IPTG (isopropil-β-D-

tiogalactósido) (Fermentas). Após quatro horas de indução a 37° C, sob agitação de

200 rpm, as culturas bacterianas foram centrifugadas a 5000 rpm por 10 min, o

sobrenadante foi descartado, e os precipitados foram estocados a -20° C.

Para a purificação das proteínas recombinantes, os precipitados foram

degelados com 20 mL de tampão de ligação (500 mmol L -1 de NaCl, 20 mmol.L -1 de

Tris-HCl, pH 7,9 e 5 mmol.L -1 de imidazol) acrescido de 100 µL de lisozima 50 mg

mL-1 e incubadas por 30 min a 25° C. Em seguida, a amostra foi sonicada em gelo,

utilizando o processador ultrassônico GEX 130 com sonda de 6 mm de diâmetro, por

10 min em ciclos de 10 s e intervalos de 25 s, à amplitude de 70%. O lisado foi

centrifugado em centrifuga Eppendorf® 5804 R a 5000 rpm por 20 min a 4° C. As

proteínas foram purificadas do extrato bacteriano por cromatografia de afinidade por

metal imobilizado (IMAC) utilizando-se a coluna HisTrap FF crude (GE Healthcare)

ativada com íons Ni2+. Neste processo, as proteínas recombinantes ligaram-se a

resina- Ni2+. As proteínas recombinantes foram eluídas com gradiente de

concentração de imidazol usando-se tampão de eluição (500 mmol.L -1 de NaCl, 20

mmol.L -1 de Tris-HCl, pH 7,9 e 500 mmol.L -1 de imidazol). As cistatinas purificadas

foram então analisadas em SDS-PAGE a 12,5 % e visualizadas após coloração com

Azul de Comassie Coloidal G250 a 0,1% (NEUHOFF et al., 1988).

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

31

Na etapa seguinte, com a revelação do gel, as amostras proteicas mais

concentradas foram dessalinizadas por diálise, utilizando membrana MWCO 6-8000

(SpectrumLabs), substituindo o tampão de eluição empregado na cromatografia por

tampão Bicarbonato de Sódio 100 mmol.L -1 pH 8,3. As proteínas quantificadas pelo

método de Bradford (1976) e analisadas a 595 nm de absorbância em

espectrômetro de microplacas VersaMax (Molecular Devices), utilizando BSA 0,1

mg/mL (albumina soro bovina) como padrão.

4.2 - Obtenção das proteases da cultura de Trypanosoma cruzi

Formas epimastigotas da cepa Y de T. cruzi foram obtidas através do cultivo

em meio LIT (Liver Infusion Tryptose) (CAMARGO, 1964) a 28°C em estufa

bacteriológica. As cepas foram mantidas através de repiques semanais em meio

suplementado com 15% de soro bovino fetal (SBF). Alíquotas de 10 mL da cultura

de T. cruzi foram transferidas para tubos de polietileno e centrifugadas 5000 rpm por

3 min (centrifuga eppendorf 5804 R). O sobrenadante foi descartado e o precipitado

ressuspendido em 1mL de Tampão Fosfato 100 mmol.L-1, pH 6.0. As amostras

foram sonicadas em gelo, no processador ultrassônico GEX 130 com sonda de 6

mm de diâmetro, por 2 min em ciclos de 5 s e intervalos de 20 s, à amplitude de

50%. O lisado resultante foi centrifugado em minicentrifuga spin (eppendorf) a 14500

rpm por 90 segundos.O sobrenadante foi transferido para novo microtubo. As

proteínas foram quantificadas pelo método de Bradford (1976).

Vinte e cinco µg de proteínas totais de T. cruzi foram resolvidas em gel SDS-

PAGE a 12,5 % e visualizadas após coloração com Azul de Comassie Coloidal G250

a 0,1% (NEUHOFF et al., 1988).

4.3 – Dosagem proteica colorimétrica da atividade de cisteíno proteases em

extrato de T. cruzi

Alíquotas de 25 microgramas das proteínas totais de T cruzi foram

distribuídas em microtubos de 1,5 mL e então foram adicionadas volumes fixos de

TcCYS3, TcCYS4 com diferentes concentrações molares (5,6; 2,8 e 1,4 mM). A essa

reação adicionou-se o tampão de extração de proteases (Fosfato de Sódio 500

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

32

mmol.L-1, EDTA 10mmol.L-1 e 2-β-mercaptoetanol 50 mmol.L-1) e o tampão de

reação de cisteino-proteases (Fosfato de Sódio 500 mmol.L-1, EDTA 10mmol.L-1 e 2-

β-mercaptoetanol 50 mmol.L-1) acrescido de 1,2 mmol.L-1 do substrato cromogênico

BApNA (Nα-benzoil-DL-arginina-ρ-nitroanilida) (Fluka). O controle padrão consistiu

de 25 microgramas de proteínas totais de T. cruzi, na presença de tampão de

reação de cisteíno proteases e tampão de extração de proteases. O controle

negativo foi constituído por 25 microgramas de proteínas totais de T. cruzi, na

presença de tampão de extração de proteases. As reações, conduzidas em

quadruplicatas, foram incubadas no escuro, por 30 minutos a 37° C. Após este

período mediu-se o incremento de absorbância a 410 nm. A absorbância das

reações foi monitorada por 3 horas, em intervalos de 15 min, utilizando

espectrômetro de microplacas VersaMax (Molecular Devices), com

acompanhamento pelo software SoftMax Pro 6.3 (Molecular Devices).

O percentual de inibição foi calculado de acordo com a seguinte fórmula:

Pinibitório =

Onde Pinibitório corresponde ao percentual inibitório, Abs final corresponde os

valores de absorbância final. Abs inicial corresponde aos valores da absorbância

inicial e X Abs padrão é a média da absorbância do padrão.

4.4 – Armadilha para capturar cisteíno proteases de T. cruzi

A captura de cisteíno proteases de T. cruzi foi feita utilizando a resina

sefarose CNBr ativada (GE Health Care) conjugada a TcCYS4. A metodologia

constitui-se de cinco etapas, a saber:

A) Preparo da resina sefarose CNBr ativada (GE Health Care)

Pesou-se 0,03g da resina em um microtubo de 1,5 mL e adicionou-se 200 µL

de ácido clorídrico (HCl) 1 mmol.L-1. O material foi centrifugado (minicentrifuga spin a

14500 rpm / 1minuto e o sobrenadante descartado). Essa etapa foi repetida cinco

vezes. Adicionou-se 200 µL de tampão de acoplamento (Tampão Bicarbonato de

Abs final – Abs inicial X 100 _ X Abs padrão

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

33

Sódio 100 mmol.L-1, pH 8.3), o material foi centrifugado (minicentrifuga spin a 14500

rpm / 1minuto e o sobrenadante descartado).

B) Acoplamento da proteína recombinante (cistatina) na resina

Incubou-se 2 mg de cistatina com 0,03g da resina de sefarose CNBr

hidratada, por 16 horas sob suave agitação. Após esse período, lavou-se o excesso

de ligante com 500 µL de tampão de acoplamento, o material foi centrifugado

(minicentrifuga spin a 14500 rpm por 1minuto) e o sobrenadante descartado. Essa

etapa foi repetida 5 vezes.

Os grupos que não eram de cisteíno protease foram bloqueados com 1 mL

Tris-HCl 0,1 M, pH 8.0, por 2 horas, sob suave agitação. Após esse período foram

feitas lavagens alternadas com 300 µL de tampão acetato (acetato de sódio) 0,1 M

pH 4.0 e 300 µL de Tris-HCl 0,1 M, pH 8.0. Em cada lavagem, o material era

centrifugado (minicentrifuga spin a 14500 rpm por 1minuto) e o sobrenadante

descartado. As lavagens foram repetidas alternando-se os tampões por cinco vezes.

C) Preparo do Extrato Proteico Total (cultura de T. cruzi)

Já descrito no item 3.2.

D) Captura de Proteases

A resina foi equilibrada com tampão de atividade de proteases (Tampão

Fosfato 500 mmol.L-1 , pH 6.0, EDTA 10 mmol.L-1 e 2-β-mercaptoetanol 50 mmol.L-1)

e incubada por 1hora com o extrato proteico total (cultura de T. cruzi), sob suave

agitação, em temperatura ambiente. Após esse tempo, o material foi centrifugado

(minicentrifuga spin a 14500 rpm por 1minuto) e o sobrenadante descartado. Lavou-

se a resina, três vezes, com 200 µL de tampão de atividade de proteases, depois o

material foi centrifugado (minicentrifuga spin a 14500 rpm por 1minuto) e o

sobrenadante descartado.

E) Eluição

Procedeu-se três eluições de 50 µL com Tampão de Glicina 50 mmol.L-1 pH

2.9, em cada eluição o material era centrifugado (minicentrifuga spin a 14500 rpm

por 1minuto) e o sobrenadante transferido para novo microtubo de 1,5 mL.

Procedeu-se três eluições de 50 µL com Tris-HCl 10 mmol.L-1 , pH 10.7, em cada

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

34

eluição o material era centrifugado (minicentrifuga spin a 14500 rpm por 1minuto) e o

sobrenadante transferido para novo microtubo de 1,5 mL.

4.5 – Gel Semi-Nativo de Atividade de Proteases com Anfólito

Para este procedimento foi necessário o preparo prévio dos tampões para a

corrida. Tampão Cátodo, 0,009% de hidróxido de sódio (NaOH), desaerado em

banho ultrassônico por 30 minutos. O Tampão Ânodo, 0,7% de ácido fosfórico

(H3PO4). Ambos os tampões foram acondicionados a 4°C até o momento do uso.

O gel semi-nativo, (Água destilada (68,36%); Anfólito 3 – 10 (4,58%);

Acrilamida 30% (24,94%); Persulfato de Amônio 10% (1,17%) e Temed (0,95%).

Uma pré-corrida foi conduzida a 200 V por 15 minutos seguidos de 300 V por 15

min, para distribuir os anfólitos no gel semi-nativo. A amostra aplicada no gel foi a

solução de 25 µL da eluição obtida da captura de proteases, com 0,5 µL de anfólito 3

– 10 2%, mais 1,5 µL de Azul de Bromofenol 0,2% e 3 µL de glicerol 99%) a corrida

foi conduzida a 150 V por 120 minutos (SUTTNAR; DYR, 1989) .

Preparou-se gel de gelatina a 7,5%, contendo 20,12% de Tampão de

Atividade de Protease (Fosfato de Sódio 500 mmol.L-1, EDTA 10mmol.L-1 e 2-β-

mercaptoetanol 50 mmol.L-1); água destilada (q.s.p); Acrilamida 30% (25,15%);

Persulfato de Amônia 10% (0,62%) e Temed (0,094%). Depois de polimerizado, foi

sobreposto no gel semi-nativo e submergidos em Tampão de Atividade de Protease

(Fosfato de Sódio 500 mmol.L-1, EDTA 10mmol.L-1 e 2-β-mercaptoetanol 50 mmol.L-

1) à 37° C por 16 horas sob suave agitação. Após esse tempo, descartou-se o

tampão de atividade, separaram-se os géis e executou-se a coloração do gel de

gelatina com Azul de Comassie Coloidal G250 a 0,1% por 16 horas (NEUHOFF et

al., 1988). Depois desse tempo, foi efetuada a descoloração do gel com água

destilada autoclavada e visualização do halo (Figura 8).

4.6 – Digestão em Solução – Amostra Complexa

As eluições provenientes da Captura de Proteases foram unidas e liofilizadas

no Liofilizador LS3000 Terroni. Adicionou-se 200 µL de Bicarbonato de Amônio

(NH4)2CO3, 50 mmol.L-1 e 200 µL da solução de Uréia (NH2)2CO, a 8M. Procedeu-

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

35

se, então a redução adicionando-se uma solução de Ditiotreitol (DTT) a 5 mmol.L-1

seguida de incubação por 25 minutos à 56° C. A etapa seguinte foi a alquilação com

a adição da solução de Iodoacetamida (IAA) 14 mmol.L-1, seguida de incubação

durante 30 minutos, em temperatura ambiente e protegido da luz. Após esse tempo,

adicionou-se DTT a 5 mmol.L-1, seguida de incubação por 15 minutos, em

temperatura ambiente e protegido da luz. A amostra foi diluída (1:5) com 1600 µL de

solução de Bicarbonato de Amônio 50 mmol.L-1 e para reduzir a concentração da

Uréia para 1,6 molar. Na mesma amostra, adicionou-se uma solução de Cloreto de

Cálcio (CaCl2) 1mmol.L-1 e 20 µL de tripsina 2,5%, seguida de incubação por 16

horas à 37° C.

No dia seguinte, acrescentou-se Ácido Trifluoracético (CF3COOH) na

concentração final de 0,4% e aferiu-se o pH 6.0, sendo que o pH desejado para o

experimento seria 2.0. Então se adicionou a reação Ácido Fórmico (CH2O2) (0,4%)

para corrigir o pH. A reação foi centrifugada (centrifuga Eppendorf® 5804 R) a 2500

G por 10 minutos, o sobrenadante foi transferido para outro microtubo. Os peptídeos

foram concentrados no concentrador a vácuo (eppendor concentrator 5301), até que

o volume final fosse de 50 µL. Depois a amostra foi centrifugada no Minispin

eppendorf durante 10 minutos a 14500 rpm e 20 µL foram injetados no

Espectrômetro de Massas MS/MS Q-TOF.

4.7 – Análise da Citotoxicidade de TcCYS3 e TcCYS4 em ensaios com

leveduras mutantes de Saccharamyces cerevisiae

4.7.1 – Ensaio semi-quantitativo n° 1

Para este ensaio testou-se a linhagem isogênica da selvagem Y10000 S.

cerevisiae, em fase logarítmica (LOG).

A linhagem Y10000 foi inoculada em erlenmeyer de 250 mL contendo 15 mL

de meio YEL liquido (1% de Extrato de Levedura, 2% de D-Glucose, 2% de Peptona

de Carne e água destilada q.s.p) mantida na temperatura de 30° C, sob agitação de

100 rpm por 14 horas. Após esse período, a cultura foi transferida para tubo de

polietileno, centrifugada 5000 rpm por 2 minutos e o sobrenadante descartado.

Adicionou-se 4 mL de Solução Salina 0,9% (NaCl), seguida de vortéx e

centrifugação 5000 rpm por 2 minutos, esta etapa foi executada 2 vezes. Por fim,

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

36

foram adicionados 4 mL de Tampão Bicarbonato de Sódio (NaHCO3) 100 mmol.L-1,

pH 8.3, seguido de vortéx e centrifugação 5000 rpm por 2 minutos e o sobrenadante

descartado. O precipitado foi resuspendido com 4 mL de Tampão Bicarbonato de

Sódio 100 mmol.L-1, pH 8.3. Foi efetuada a leitura de densidade óptica OD660 nm no

espectrômetro V-1600 Spectrophotometer - Pró-Análise, para averiguar a densidade

de células haplóides da levedura, que deveria estar entre 1,0 – 2,0 x 107. Em

seguida, a cultura foi diluída (diluições seriadas 1:10), plaqueada em meio sólido

YPD (1% de Extrato de Levedura, 2% de D-Glucose, 2% de Peptona de Carne, 2%

de Agar Agar e água destilada q.s.p) e incubadas à 30° C por 72h (RUHLAND et al.,

1981) . Nesse primeiro teste em gota, as cistatinas foram testadas em diferentes

concentrações: 3 µg, 6 µg e 12 µg, nos pontos de 0, 1, 3, 6 e 10 horas de contato

com a levedura (Y10000), a cada tempo, novas diluições eram feitas a partir do

segundo tubo. Experimento foi executado em triplicata.

100 µL 100 µL 100 µL 100 µL 100 µLA)

B)

2 3 4 5 6

1

Figura 3: Representação esquemática do Ensaio semi-quantitativo. A)

Demonstra a diluição seriada (1:10) das amostras sendo que no primeiro tubo está a

levedura não diluída, em meio YPD, e alíquotas de 100 µL são transferidos,

sucessivamente, sendo que nos tubos 2-6 , a levedura é diluída e exposta a

cistatina de Theobroma cacao, em Tampão de Bicarbonato de Sódio 100 mmol.L-1

contêm Tampão Bicarbonato de Sódio 100 mmol.L-1. B) Esquema de aplicação da

diluição seriada na placa de Petri com meio YPD sólido.

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

37

4.7.2 – Ensaio semi-quantitativo n° 2

A metodologia foi a mesma descrita no item 3.7.1. Entretanto, este teste foi

executado com as seguintes linhagens de S. cerevisiae Y10000 (linhagem selvagem

isogênica utilizada como controle), yor1Δ (linhagem mutante com deficiência em

transporte de membrana), xrs2Δ, rad1Δ, rev1Δ (linhagens mutantes com deficiência

nos mecanismos de reparo de DNA), WTS (Selvagem isogênica), sod1Δ, sod2Δ,

ctt1Δ e cta1Δ (linhagens deficientes em detoxificação de estresse oxidativo). Os

testes foram realizados com as cistatinas TcCYS3 e TcCYS4 na concentração de 12

µg/µL. O ponto de aplicação na placa foi o de três horas de contato entre levedura e

inibidor.

4.7.3 – Curva de Sobrevivência

As linhagens usadas neste trabalho foram leveduras isogênicas da selvagem

(Y10000) (como controle negativo) de S. cerevisiae BY10000 (EUROSCARF) e seus

respectivos mutantes em reparo de DNA: xrs2Δ, rad52Δ, rad53Δ, rev1Δ, rev3Δ.

As leveduras foram inoculadas em erlenmeyers de 250 mL contendo

15 mL de meio YEL liquido (1% de Extrato de Levedura, 2% de D-Glucose, 2% de

Peptona de Carne e água destilada q.s.p) mantidas na temperatura de 30° C, sob

agitação de 100 rpm por 14 horas. Após esse período, as culturas foram transferidas

para tubo de polietileno, centrifugadas 5000 rpm por 2 minutos e o sobrenadante

descartado. Adicionou-se 4 mL de Solução Salina 0,9% (NaCl), seguida de vortéx e

centrifugação 5000 rpm por 2 minutos, esta etapa foi executada duas vezes. Por fim,

foram adicionados 4 mL de Tampão Bicarbonato de Sódio 100 mmol.L-1, pH 8.3,

seguido de vortéx e centrifugação 5000 rpm por 2 minutos e o sobrenadante

descartado. O precipitado foi resuspendido com 4 mL de Tampão Bicarbonato de

Sódio 100 mmol.L-1, pH 8.3. Efetuou-se a leitura de densidade óptica OD660 nm no

espectrômetro V-1600 Spectrophotometer - Pró-Análise, para averiguar a densidade

de células haplóides das leveduras, que deveriam estar entre 1,0 – 2,0 x 107 cels/

mL. Em seguida, as culturas foram diluídas em microtubos, sendo que o primeiro

microtubo continha Tampão Bicarbonato de Sódio 100 mmol.L-1, pH 8.3 e cistatina

de T. cacao na concentração de 6µg /µL e os demais microtubos continham somente

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

38

Tampão Bicarbonato de Sódio 100 mmol.L-1, pH 8.3 (diluições seriadas 1:10) da

última diluição retirou-se uma alíquota de 100 µL e aplicou-se na placa de Petri com

meio YPD sólido (1% de Extrato de Levedura, 2% de D-Glucose, 2% de Peptona de

Carne, 2% de Agar Agar e água destilada q.s.p) e com a ajuda de esferas de vidro

fez-se o espalhamento das células. O experimento foi executado em triplicata (três

placas), as placas foram incubas à 30° C, por 72 horas. Depois desse tempo

procedeu-se a contagem das colônias (a partir das células viáveis), calculada a

fração de sobrevivência de cada linhagem em relação à dose zero e expressa sob a

forma de percentagem (N/ N0 x 100).

0,1 mL

0,1 mL 0,1 mL 0,1 mL 0,1 mL

0,1 mL

10⁷ 10⁶ 10⁵ 10⁴ 103

Figura 4: Representação esquemática da Curva de sobrevivência. Demonstra a

diluição seriada (1:10) das amostras sendo que no primeiro tubo está a levedura não

diluída, em meio YEL, e alíquotas de 100µL são transferidos, sucessivamente, sendo

que nos tubos 2-6 , a levedura é diluída e exposta a cistatina de Theobroma cacao,

em Tampão de Bicarbonato de Sódio 100 mmol.L-1 contêm Tampão Bicarbonato de

Sódio 100 mmol.L-1. Da última diluição (103) aplica-se 0,1 mL na placa de Petri com

meio YPD sólido.

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

39

Tabela 1: As estirpes de leveduras utilizadas.

Estirpe Genótipo Proteína ausente Fonte

BY4741 Matα; his3Δ 1; leu2Δ 0; met15Δ 0; ura3Δ0

Nenhuma. EUROSCARF

rad1Δ Como BY4741, exceto rad1Δ:: KanMx4 Endonuclease de DNA de cadeia simples (com Rad 10p).

EUROSCARF

xrs2Δ Como BY4741, exceto xrs2Δ:: KanMx4 Proteína envolvida em reparo de DNA; Componente do complexo Mre 11.

EUROSCARF

rad52Δ Como BY4741, exceto rad52Δ:: KanMx4

Proteína que estimula a permuta das fitas, facilitando a ligação de Rad51p ao DNA de fita simples.

EUROSCARF

rad53Δ Como BY4741, exceto rad53Δ:: KanMx4

Proteína quinase, requerida para deter o ciclo celular em resposta a algum dano no DNA.

EUROSCARF

rev1Δ Como BY4741, exceto rev1Δ:: KanMx4 Deoxicitidina transferase; envolvida no reparo de sítios abásicos e aduzidos por guaninas no DNA danificado pela síntese translesão.

EUROSCARF

rev3Δ Como BY4741, exceto rev3Δ:: KanMx4 Sub-unidade catalítica do DNA polimerase zeta, envolvida na síntese de translesão durante o reparo de pós-replicação; necessária para a mutagênese induzida por dano ao DNA.

EUROSCARF

yor1Δ Como BY4741, exceto yor1Δ:: KanMx4 Transportadora via proteína plasmática de ligação ao ATP; transportadora de múltiplas drogas; medeia a exportação de muitos ânions orgânicos diferentes.

EUROSCARF

sod1Δ Como SOD+, exceto sod1Δ: TRP1 S superoxido dismutase. E.B.Gralla, Los Angeles

sod2Δ Como SOD+, exceto sod2Δ: TRP1 Mn superoxido dismutase. E.B.Gralla, Los Angeles

ctt1Δ Como SOD+, exceto ctt1Δ: TRP1 Catalase T citosólica. E.B.Gralla, Los Angeles

cta1Δ Como SOD+, exceto cta1Δ: TRP1 Catalase A presente na matriz peroxissomal. E.B.Gralla, Los Angeles

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

40

4.8- Análise estatística

Realizou-se análise estatística de variância (ANOVA) e fez-se teste de médias

(Turkey, p< 0,1 e p< 0,05) para os ensaios de cinética inibitória das cistatinas

TcCYS3 e TcCYS4 com n=3.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

41

5. RESULTADOS

5.1 – Análise das cistatinas de T. cacao purificadas

As proteínas purificadas por cromatografia de afinidade foram analisadas por

SDS-PAGE a 12,5%. Comparadas ao padrão de massa molecular, as proteínas

purificadas TcCYS3 e TcCYS4 apresentaram com a cauda de histidina,

aproximadamente, 14 kDa e 24 kDa, respectivamente. A quantificação proteica de

TcCYS3 foi de 0,734 mg/ mL e TcCYS4 foi de 5,017 mg/ mL, pelo método de

Bradford (1976).

97

66

45

30

20.1

14.4

kDa M TcCYS3 TcCYS4

Figura 5: Análise em SDS-PAGE a 12,5% das cistatinas recombinantes

TcCYS3 e TcCYS4 - Onde M é o marcador de peso molecular LWM (GE Health

Care). TcCYS3 e TcCYS4 foram purificadas da fração solúvel do extrato bacteriano

de E. coli.

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

42

5.2 – Perfil proteico do extrato total de Trypanosoma cruzi

A análise do perfil proteico das proteínas totais de T. cruzi foi conduzida em

gel de poliacrilamida a 12,5% sendo que as proteínas foram visualizadas após

coloração com Azul de Comassie Coloidal. As amostras proteicas foram extraídas de

culturas de T. cruzi, linhagem Y, na fase epimastigota, pois nesta fase o parasita

está na sua forma não infectante. A análise do perfil proteico demonstrou que as

amostras de proteínas totais isoladas de T. cruzi, são compostas por proteínas

distribuídas entre 97 e 14 kDa. Foi observada uma maior concentração de proteínas

na faixa dos 66 kDa (Figura 6). A quantificação proteica do extrato total de T. cruzi,

pelo método de Bradford (1976), foi de 1mg/ mL.

Figura 6: Perfil proteico de proteínas totais deT. Cruzi – 25 microgramas de proteínas

totais de T. cruzi foram separadas em gel SDS-PAGE a 12,5%. As proteínas foram

visualizadas após coloração com Azul de Comassie Coloidal. M- Marcador de Peso

Molecular em KDa (GE Health Care).

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

43

5.3- Inibição da atividade de proteases de T. cruzi por cistatinas de T. cacao

A capacidade de cistatinas de cacau de inibir a atividade de cisteíno

proteases de T cruzi foi primeiramente avaliada via ensaios colorimétricos utilizando

o BapNa como substrato. Nestes experimentos, quantidades semelhantes de

proteínas de T cruzi foram homogeneizadas individualmente com duas cistatinas de

T. cacao. As amostras foram lidas em intervalos de 15 minutos por um período de 3

horas. O resultado demonstrou que ambas cistatinas conseguem inibir a atividade

de cisteíno proteases do parasita. A maior inibição foi de 53,77% da cistatina

TcCYS4 na concentração de 5,6 mM.

A proteína TcCYS3 apresentou comportamento diferenciado durante o ensaio

colorimétrico de cinética. Nota-se uma inibição de 20,20% até o tempo de 45

minutos nas concentrações de 5,6 e 1,4 mM.

0

10

20

30

40

50

60

70

30 45

Ati

vid

ad

e I

nib

itó

ria

(%

)

Tempo (minutos)

Padrão

TcCYS3 5,6mM

TcCYS4 5,6mM

TcCYS3 1,4mM

TcCYS4 1,4mM

Figura 7: Inibição da atividade de proteases de T. cruzi por cistatinas de T. cacao – Perfil

inibitório de TcCYS3 e TcCYS4 em Trypanosoma cruzi. A proteína TcCYS4 apresentou melhor

poder de inibição do que a TcCYS3. As barras verticais pretas correspondem aos desvios

padrões das médias (n=3).

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

44

5.4 – Captura de proteases de T cruzi utilizando armadilha TcCYS4:Sepharose

Figura 8: Atividade de proteases de T. cruzi capturadas com armadilha

TcCYS4:sepharose CNBr. As proteínas capturadas com a armadilha de CYS-Sepharose

foram separadas em gel de acrilamida semi-nativo contendo anfólitos de 3-10. Foto do gel

de gelatina de sobreposição após coloração com Azul de Comassie Coloidal. Setas indicam

isoformas de proteases de T. cruzi capturadas com a armadilha no gel semi-nativo, pode-se

visualizar o halo formado pela degradação das proteases de T. cruzi na gelatina.

Uma armadilha de sepharose CNBr ligada a TcCYS4 foi utilizada com o

objetivo de capturar cisteíno proteases de extrato total de T. cruzi. Duas eluições da

captura foram separadas em gel semi-nativo de acrilamida a 24,9% contendo

anfólitos de 3 a 10. Com essa metodologia foi possível visualizar o aparecimento de

2 halos de atividade no gel de gelatina utilizado na sobreposição, como produto da

pI 3

10

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

45

degradação da gelatina por proteases. Essas proteases apresentam ponto

isoelétrico entre 7 – 10.

5.5 – Análise no Espectrômetro de Massas

A amostra concentrada obtida da digestão triplica em solução (Amostra

Complexa) foi analisada no Espectrômetro de Massas MS/MS Q-TOF e o resultado

se prevaleceu na identificação de 21 peptídeos. Não foi possível encontrar

sequências homologas de cisteíno proteases aos peptídeos no programa Mascot

(Matrix Science).

TABELA 2: Peptídeos identificados por Espectrometria de Massas após

digestão triplica. A análise da espectrometria de massas das amostras foi realizada

pelo programa Mascot.

Sequência dos peptídeos Peso (kea) pI (ponto isoelétrico)

(R)DTHKSEIAHR(F) 69,248 5,7574

(R)FKDLGEEHFK(G)

(K)TCVADESHAGCEK(S)

(K)SLHTLFGDELCK(V)

(K)IETMREK(V)

(R)ALKAWSVAR(L)

(K)AEFVEVTKLVTDLTK(V)

(K)YICDNQDTISSK(L)

(K)LKECCDKPLLEK(S)

(K)DAFLGSFLYEYSR(R)

(R)RHPEYAVSVLLR(L)

(K)HLVDEPQNLIK(Q)

(K)LGEYGFQNALIVR(Y)

(R)KVPQVSTPTLVEVSR(S)

(R)MPCTEDYLSLILNR(L)

(K)TPVSEKVTK(C)

(K)CCTESLVNRRPCFSALTPDETYVPK(A)

(R)RPCFSALTPDETYVPK(A)

(K)AFDEKLFTFHADICTLPDTEK(Q)

(K)KQTALVELLK(H)

(K)QTALVELLK(H)

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

46

5.6 - Análise da Citotoxicidade das cistatinas de Theobroma cacao em

Saccharomyces cerevisiae

Foi avaliado o efeito das fitocistatinas TcCYS3 e TcCYS4 de T. cacao usando

leveduras mutantes S. cerevisiae com deficiência na síntese de antioxidantes

endógenos, enzimas de reparo de DNA e constituintes de membrana, como células

modelo para encontrar possíveis alvos que poderiam indicar o mecanismo de ação

antifúngica das fitocistatinas. Foi empregado um conjunto de 13 leveduras mutantes,

sendo que 06 estão relacionadas em mecanismo de reparo de DNA, 01 está

envolvida em mecanismo de transporte, 04 com estresse oxidativo e 02 são

isogênicas da selvagem.

5.6.1 – Ensaios de Sensibilidade de leveduras Saccharomyces cerevisiae com

TcCYS3 e TcCYS4

Figura 9: Ensaio semi-quantitativo. As linhas correspondem a diluição seriada após o

tratamento de Y10000 (5 µL de cada diluição (1:10) foi inoculado) com TcCYS3 e TcCYS4

nas concentrações de 6 µg/µL e 12 µg/µL no intervalo de 0, 1, 3, 6,10, 24 e 48 horas.

Y10000

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

47

Esse teste foi feito para identificar qual concentração de TcCYS3 e TcCYS4

demonstrariam maior toxicidade ou seriam letais para a linhagem selvagem. Os teste

de viabilidade foram realizados em condições controle e de estresse (diferentes

concentrações de TcCYS3 e TcCYS4 em contato com a levedura em diferentes

intervalos) usando a linhagem Y10000 e foi analisada pela capacidade de formação

de colônias nas diferentes diluições.

O resultado indica que após 72 h à 30° C, o controle (sem estresse, 0% de

TcCYS3 e 0% de TcCYS4) apresentou crescimento em todas as diluições. Na

concentração de 6 µg/µL, a partir do tempo de 6 horas de exposição à TcCYS3,

nota-se uma diminuição na quantidade de colônias, com 10 horas a sensibilidade da

linhagem aumenta, e com 24 e 48 horas de exposição não se observa formação de

colônias nas diluições de 105, 104 e 103. Ao dobrar a concentração de TcCYS3 e

TcCYS4 (12 µg/µL) foi possível notar a diminuição da formação de colônias com 3

horas de contato entre o inibidor e a linhagem, no tempo de 24 e 48 horas de

contato não se detectou formação de colônias nas diluições de 106, 105, 104 e 103.

A partir desses resultados foi possível testar a sensibilidade de diferentes

leveduras mutantes em contato com TcCYS3 e TcCYS4 na concentração de 12 µg/

µL no tempo de 3h para avaliar uma possível interação das fitocistatinas com as

diferentes vias metabólicas nas leveduras de S. cerevisiae.

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

48

5.6.2- Teste de sensibilidade de leveduras com diferentes leveduras mutantes

com TcCYS3 e TcCYS4 na concentração de 12 µg/µL.

Tratamento com TcCYS3 12µg/ 3h

Selvagem

Isogênica

Transporte de

Membrana

Controle

106 105 104 103 106 105 104 103Linhagens

Y 10000

yor1Δ

xrs2 Δ

rad1Δ

rev1Δ

WTS

sod1Δ

sod2 Δ

ctt1 Δ

cta1 Δ

Reparo

de D

NA

Selvagem

Isogênica

A fitocistatina de T. cacao TcCYS3 na concentração de 12 µg/µL foi testada

com diferentes linhagens de leveduras mutantes para determinar por qual via

metabólica ocorreria a atividade biológica de inibição das ficistatinas quando em

contato com as leveduras por 3 horas. Uma vez que estudos anteriores apontaram

que as cistatinas atuariam via Reticulo Endoplasmático e Complexo de Golgi na

inibição fúngica (LIMA et al., 2014; NISSEN et al., 2009). Na figura, é possível

visualizar o controle negativo das mutantes (sem TcCYS3) e a direita observou-se

um aumento da sensibilidade nas linhagens mutantes com deficiência em reparo de

DNA (xrs2Δ, rad1Δ e rev1Δ), nas diluições de 104 e 103 quando comparadas ao

Figura 10: Teste de sensibilidade com diferentes leveduras mutantes em contato com

TcCYS3 na concentração de 12 µg/µL por 3 horas. As colônias à esquerda são o

controle negativo, ou seja, não foram expostas à fitocistatina. Na foto é possível observar a

diminuição do crescimento nas leveduras mutantes em reparo de DNA (xrs2Δ, rad1Δ,

rev1Δ).

Estresse Oxidativo

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

49

controle negativo. O mesmo teste foi aplicado com TcCYS4, na mesma dosagem de

concentração e tempo (Figura 11).

B)

Linhagens

Y 10000

yor1Δ

xrs 2 Δ

rad 1Δ

rev 1 Δ

WTS

sod 1Δ

sod 2 Δ

ctt 1 Δ

cta 1 Δ

Re

pa

ro

de

DN

A

Estr

esse

Oxid

ativo

Transporte de Membrana

Selvagem

Selvagem

106 105 104 103 106 105 104 103

Controle Tratamento com TcCYS4 12µg/ 3h

A fitocistatina de T. cacao TcCYS4 foi testada na concentração de 12 µg/µL

com diferentes linhagens de leveduras mutantes para determinar por qual via

metabólica ocorreria a atividade biológica de inibição. A esquerda da figura está o

controle negativo (sem TcCYS4), e a direita estão as mesmas leveduras que foram

exposta a proteína TcCYS4 por 3 horas e aplicadas na placa por diluição seriada.

Após 72h à 30° C, verificou-se que TcCYS4 demonstrou poder de inibição, também,

nas leveduras mutantes com deficiência em reparo de DNA, principalmente, em

rev1Δ.

Figura 11: Teste de sensibilidade com diferentes leveduras mutantes em contato com

TcCYS4 na concentração de 12 µg/µL por 3 horas. As colônias à esquerda são o controle

negativo, ou seja, não foram expostas a fitocistatina. Na foto é possível observar a

sensibilidade das leveduras mutantes em reparo de DNA (xrs2Δ, rad1Δ, rev1Δ) na presença

de TcCYS4.

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

50

Com os dados obtidos, o próximo experimento foi determinar a curva de

sensibilidade dos mutantes para exposição à 6µg/µL de TcCYS3 e, também, de

TcCYS4 na mesma concentração.

5.6.3- Curva de Sobrevivência

10

100

0 6 12 24

So

bre

viv

ên

cia

(%

)

TcCYS3 [6 µg/µL] (hora)

Y10000

xrs2Δ

rad52Δ

rad53Δ

Por intermédio dos testes de crescimento foi possível estabelecer e

determinar a taxa e o perfil de crescimentos em condições laboratoriais. Foram

efetuadas curvas de sensibilidade das leveduras mutantes Y10000, xrs2Δ, rad52Δ e

rad53Δ. Foi analisado e comparado o perfil de sobrevivência dos mutantes em

contato com TcCYS3. A linhagem mutante rad52Δ apresenta a mesma sensibilidade

quando comparada à linhagem selvagem, sendo rad52Δ um pouco mais sensível e

xrs2Δ a linhagem mais sensível.

Figura 12: Curva de sensibilidade das leveduras mutantes em exposição à 6 µg/µL

TcCYS3, no intervalo de tempo de 0, 6, 12 e 24 horas. No gráfico observa-se a

redução do crescimento celular em xrs2Δ e rad53Δ quando expostas a TcCYS3.

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

51

10

100

0 6 12 24

So

bre

viv

ên

cia

(%

)

TcCYS4 [6 µg/µL] (hora)

Y10000

rev1Δ

rev3Δ

Foram efetuadas curvas de sensibilidade das leveduras mutantes Y10000,

rev1Δ e rev3Δ. Foi analisado e comparado o perfil de sobrevivência dos mutantes

em contato com TcCYS4. Quando expostas à TcCYS4, as linhagens mutantes

rev1Δ e rev3Δ demonstraram sensibilidade semelhante à selvagem após 24 horas

de exposição, sendo a linhagem rev1Δ ligeiramente mais sensível em exposição

aguda (até 12 horas).

Figura 13: Curva de sensibilidade dos mutantes e Y10000 em exposição à 6 µg/µL

cistatina de Theobroma cacao (TcCYS4), no intervalo de tempo de 0, 6, 12 e 24

horas. Nota-se, no gráfico, uma diminuição da viabilidade celular de rev1Δ e rev3Δ

quando expostas à TcCYS4.

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

52

6. DISCUSSÃO

Nesse trabalho foi efetuada a análise do poder inibitório de duas cistatinas de

Theobroma cacao em cisteíno proteases de Trypanosoma cruzi, na fase

epimastigota, e investigação de possíveis vias metabólicas de atuação das proteínas

utilizando ensaios com linhagens mutantes de Saccharomyces cerevisiae.

Pirovani et al. (2010) produziram os clones de expressão das fitocistatinas

recombinantes de T. cacao (TcCYS1, TcCYS2,TcCYS3 e TcCYS4) em Escherichia

coli. As sequências codantes dessas proteínas foram isoladas, a partir de bibliotecas

de cDNA da interação Theobroma cacao – Moniliophthora perniciosa produzidas por

Gesteira et al.(2007). No corrente projeto foram testadas a atividade de inibição de

cisteíno proteases de T. cruzi de duas fitocistatinas de cacau TcCYS3 e TcCYS4, as

mesmas foram selecionadas por apresentarem diferenças estruturais. TcCYS3

apresenta elevada similaridade com TcCYS1 (96%) e TcCYS4 com TcCYS2 (88%).

Sendo assim, TcCYS3 e TcCYS4 são, dentre as quatro cistatinas de cacau isoladas,

as duas mais divergentes. Dentre as diferenças observadas cabe ressaltar a

ausência de peptídeo sinal em TcCYS4 e a falta da região carboxi-terminal

estendida em TcCYS3 (PIROVANI et al., 2010).

As fitocistatinas, como as de T. cacao, são proteínas inibidoras de cisteíno

proteases, e, em plantas, já foi demonstrada que a mesma tem atividade antifúngica

(Pirovani et al., 2010). Neste trabalho, testamos o poder de cistinas de cacau inibir a

atividade de proteases de outro patógeno que não o M. perniciosa, in vitro. O

organismo eleito para os experimentos foi o T. cruzi, agente etiológico da doença de

Chagas. Todo o trabalho foi feito com o protozoário na fase epimastigota, em que o

parasita está em sua forma não infectante (NDAO et al., 2014; PEREZ-MORALES et

al., 2012). Já foi demonstrado, que nesta fase do ciclo de vida do T. cruzi, existe um

perfil proteico complexo com a presença de grande quantidade de cisteino-proteases

(YAVAD et al., 2011; DUSCHAK; COUTO, 2007). Corroborando com esses estudos

a análise do perfil proteico do Trypanosoma cruzi revelou proteínas distribuídas na

faixa entre 97 – 14 kDa. PARODI – TALICE et al. (2004) analisaram o proteoma do

T. cruzi e observaram uma distribuição de proteínas do patógeno, em gel 2D, entre

97 – 14 kDa.

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

53

Importantes enzimas do T. cruzi têm sido identificadas, purificadas e

caracterizadas. Dentre elas cisteíno proteases, metalo proteases e serino proteases

(BOYSEN et al., 2013; LEE et al., 2012). Nesses protozoários, particularmente, as

proteases são responsáveis pela imunoevasão, ativação enzimática, invasão

tecidual e celular, incubação e desenvolvimento (CAFFREY; STEVERDING, 2009;

RODRIGUES et al., 2010). Sendo assim, estudá-las passa a ser importante não

apenas para a compreensão das bases moleculares do ciclo de vida do patógeno

como também para propor novos alvos terapêuticos para o seu controle. De fato, foi

observada uma elevada atividade de cisteíno proteases no extrato total de T. cruzi

(Figura 7). A observação que ambas cistatinas de cacau testadas conseguiram

diminuir em aproximadamente 29% a atividade dessas proteases, em ensaios

conduzidos in vitro, corroborou com ensaios realizados com outras fitocistatinas

(POPOVIC et al., 2013; HAQ et al.,2004).

O ensaio de dosagem proteica colorimétrica utilizando BapNa por substrato

revelou que a cistatina TcCYS4 (5,6 mM) inibiu a atividade das proteases

tripanosomíticas melhor do que TcCYS3 (5,6 mM). Essa observação pode decorrer

do fato de TcCYS4 não apresentar peptídeo sinal e TcCYS3 não apresentar a região

C-terminal estendida (PIROVANI et al., 2010). TcCYS3 é proveniente de um

processamento alternativo de TcCYS1 (PIROVANI et al., 2010). Em outras cistatinas

esse processamento foi relacionado a presença de uma mutação no resíduo de

glicina no motivo principal da fitocistatina, ocasionando uma fraca inibição das

cisteíno proteases (KOIWA et al., 2001; MARTINEZ et al., 2009; YADAV et al.,

2011).

Com base no resultado do ensaio colorimétrico, onde TcCYS4 apresentou um

potencial inibitório maior do que TcCYS3, selecionou-se TcCYS4 para ser ligada a

uma resina de Sepharose-CNBr visando capturar cisteíno proteases de T. cruzi.

Esta técnica já havia sido descrita por Pirovani et al. (2010) em estudos realizados

com M. perniciosa. Um zimograma feito com as eluições do ensaio comprovou que

a armadilha foi eficiente em capturar proteases de T. cruzi (Figura 8).

Os halos observados no gel indicam que as proteases de T. cruzi que

interagem com TcCYS4 se encontram na faixa de pI 7 – 10, ou seja, apresentam pH

básico. Parodi-Talice et al. (2004) realizaram uma análise proteômica de T. cruzi por

gel 2D e espectrômetro de massas, onde detectaram a presença de cisteíno

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

54

proteases precursoras de pI 7.6. YADAV et al. (2011) analisaram as cisteíno

proteases de Trypanosoma evansi usando zimograma, onde detectaram proteínas

que atuam em pH 3.0 - 5.5 e em pH tão alto quanto pH 8.0, assim como catepsinas

B e H que podem exibir considerável atividade até o pH 8.0.

As eluições obtidas com a armadilha para captura de proteases passaram por

digestão triplica e analisadas em espectrômetro de massas. O resultado foi a

detecção de 21 peptídeos. Contudo, nenhum desses apresentou homologia com

sequências de cisteíno protease depositada no Mascot 2.3 (Matéria Ciência). Uma

possível explicação para este fato é que a sequência do genoma do T. cruzi não

está disponível em bancos de dados públicos (ncbi, swissprot, entre outros). O halo

visto no gel pode ser referente a uma protease ainda não identificada no genoma do

Trypanosoma cruzi, esse resultado sugere, também, que a protease identificada no

gel de gelatina não se reporta a cruzipaína que é sabidamente a mais abundante

cisteíno protease do parasita (ALVAREZ et al., 2012; DOYLE et al., 2011; LEE et al.,

2012;). Além disso, (IRENE et al., 2012) observaram que embora as cistatinas

possam inibir fortemente as cisteíno proteases, os três circuitos inibitórios da

chagasin mostram baixa homologia de sequência com outras cistatinas.

Avaliou-se, também, a atividade antifúngica das fitocistatinas de T. cacao em

leveduras de S. cerevisiae. TcCYS3 e TcCYS4 foram testadas, inicialmente, em

diferentes concentrações (6 µg/µL e 12 µg/µL) com a linhagem isogênica da

selvagem Y10000, no intervalo de 0,1,3,6,10,24 e 48h de contato entre a levedura e

o inibidor para avaliar qual a concentração e tempo de contato entre fitocistatina e

levedura era necessário para induzir sensibilidade. O resultado revelou que na

concentração de 12 µg/µL por três horas ocorria uma inibição do crescimento da

levedura mutante. A partir desse resultado testaram-se os inibidores com diferentes

leveduras mutantes envolvidas em diversas funções celulares (Tabela 1), para

identificar uma possível via metabólica de atuação dos inibidores. O resultado

mostrou que as fitocistatinas apresentaram citotoxicidade diferenciada nas leveduras

mutantes em reparo de DNA (xrs2Δ, rad52Δ, rad53Δ, rev1Δ, rev3 Δ), sendo que

xrs2Δ demonstrou sensibilidade maior à TcCYS3, e rev1Δ para TcCYS4 . Devido a

esse grau de sensibilidade, esses resultados sugerem que TcCYS3 e TcCYS4

contêm uma ou mais substâncias que interagem com o DNA individualmente ou

simultaneamente por rotas distintas, considerando que a via de reparo não seja

específica (SAITO et al., 2012). É sabido que cistatinas apresentam

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

55

fitopatogenicidade contra fungos e bactérias e regulam o mecanismo de morte

celular programada (LIMA et al., 2014; MARGIS-PINHEIRO et al., 2008; POPOVIC

et al., 2013; SOLOMON et al., 1999).

Popovic et al. (2012) analisaram in vitro e in vivo as propriedades antifúngicas

de fitocistatinas em kiwi (Actinidia deliciosa). O grupo sugeriu algumas possibilidades

para a atividade antifúngica das cistatinas: presença de peptídeo sinal e região

carboxi; e o fato de prevenir o desenvolvimento da parede celular do fungo afetando

a síntese de quitina (polissacarídeo componente da parede celular de fungos e do

exoesqueleto de artrópodes). VALDES-RODRIGUES et al. (2010) observaram que a

atividade antifúngica das fitocistatinas não está relacionada com o mecanismo

inibitório entre cistatinas e cisteíno proteases. Contudo, o mecanismo de interação

das fitocistatinas em leveduras requer mais estudos, uma vez que foi observado um

envolvimento com diferentes vias de reparo de DNA decorrente de danos

específicos provocados no DNA pelas diferentes fitocistatinas.

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

56

7. CONCLUSÃO

O presente projeto analisou o poder de inibição e atividade citotóxica de duas

fitocistatinas de T. cacao com características especiais, TcCYS3 (sem região C-

terminal estendida) e TcCYS4 (sem peptídeo sinal), ambas apresentaram potencial

de inibição contra as cisteíno proteases de T.cruzi, sendo que nas condições

testadas, TcCYS4 apresentou maior poder inibitório. Pode-se concluir, também, que

é possível capturar proteases de T. cruzi com a armadilha de resina de sepharose

CNBr ligada a TcCYS4.

Verificou-se, com os testes de citotoxicidade que as fitocistatinas de T. cacao

apresentaram uma inibição contra as leveduras mutantes de S. cerevisiae com

função em reparo de DNA. O que sugere ser esta uma possível rota de atuação das

cistatinas na inibição fúngica.

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

57

8. PERSPECTIVAS

Como perspectivas, análises da inibição das fitocistatinas no desenvolvimento

do parasita, na fase epimastigota, in vitro, bem como estudos a cerca da sua

atividade biológica em leveduras S. cerevisiae, para salientar as cistatinas de T.

cacao como uma promissora ferramenta biotecnológica.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

58

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVAREZ, V.E; NIEMIROWICZ, G.T; CAZZULO, J.J. The peptidases of Trypanosoma cruzi: Digestive enzymes, virulence factors, and mediators of autophagy and programmed cell death. Biochemical et Biophysica Acta 1824. (2012), p.195–206. ANTUNES, L.C.M.; HAN, J.; PAN, J.; MOREIRA, C.J.C.; AZAMBUJA, P.; BORCHERS, C.H.; CARELS, N. Metabolic Signatures of Triatomine Vectors of Trypanosoma cruzi Unveiled by Metabolomics. PLoS ONE.(2013), 8(10), p.1-12. ARAI, S; MATSUMOTO, I; EMORI, Y; ABE, A. Plant Seed Cystatins and Their Target Enzymes of Endogenous and Exogenous Origin. Journal Agriculture Food Chem. (2002),n.50, p. 6612-6617. ATKINSON, H.J.; LILLEY, C.J.; URWIN, P.E. Strategies for transgenic nematode control in developed and developing world crops. Plant biotechnology. (2012), 23, p 251-256. ATWOOD III, J.A; WEATHERLY, D.B; MINNING, T. A; BUNDY, B; CAVOLA, C; OPPERDOES, F.R; ORLANDO, R; TARLETON, R.L. The Trypanosoma cruzi Proteome. Science. (2005). BARRETT, A.J. Cystatin, the Egg White Inhibitor of Cysteine Proteinases. Meth. Enzymol. (1981), 80, p. 771-778. BATEMAN, K.S.; JAMES, M.N.G. Plant Protein Proteinase Inhibitors; Structure and Mechanism of Inhibition. Current Protein and Peptide Science. (2011), 12, p.341-347. BENCHABANE, M; SCHLUTER, U; VORSTER, J; GOULET, Marie-Claire; MICHAUD, D. Plant cystatins. Biochimie 92 (2010) 1657 – 1666. BJORK, I; BRIEDITIS, I; ABRAHAMSON, M. Probing the functional role of the N-terminal region of cystatins by equilibrium and kinetic studies of the binding of Gly-11 variants of recombinant human cystatin C to target proteinases. Biochem. J. (1995) 306, 513-518. BOBEK, L; LEVINE, M. Cystatins — Inhibitors of Cysteine Proteinases. Critical Reviews in Oral Biology and Medicine, (1992), 307-332. BOYSEN, K.E.; MATUSCHEWSKI, K. Inhibitor of Cysteine Proteases Is Critical for Mobility and Infectivity of Plasmodium Sporozoites. mBio. (2013),10p. BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry.(1976), v.72, n.1-2, p.248-254.

BREEZE, E.; HARRISON, E.; McHATTIE, S.; HUGHES, L.; HICKMAN, R.; HILL, C.; KIDDLE, S.; KIM, Y.; PENFOLD, C.A.; JENKINS, D.; ZHANG, C.; MORRIS, K.;

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

59

JENNER, C.; JACKSON, S.; THOMAS, B.; TABRETT, A.; LEGAIE, R.; MOORE, J.D.; WILD, D.L.; OTT, S.; RAND, D.; BEYNON, J.; DENBY, K.; MEAD, A.; BUCHANAN-WOLLASTON, V. High-Resolution Temporal Profiling of Transcripts during Arabidopsis Leaf Senescence Reveals a Distinct Chronology of Processes and Regulation. The Plant Cell. (2011), vol. 23, p.873-894.

CAFFREY, C.R.; STEVERDING, D. Kinetoplastid papain-like cysteine peptidases. Molelucar Biochemistry Parasitology. (2009),n.167, p.12–9. CAMARGO, P. A. Growth and differentiation in Trypanosoma cruzi. I. Origin of metacyclic trypanosomes in liquid media. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo.(1964), v. 6, p.93 – 100. CAMBRA, I.; MARTINEZ, M.; DÁDER, B.; GONZÁLEZ-MELENDI, P.; GANDULLO, J.; SANTAMARÍA, M.E.; DIAZ, I. A cathepsin F-like peptidase involved in barley grain protein mobilization, HvPap-1, is modulated by its own propeptide and by cystatins. Journal of Experimental Botany. (2012), vol 63, p.4615-4629. CARRILLO, L.; HERRERO, I.; CAMBRA, I.; SÁNCHEZ-MONGE, R.; DIAZ, I.; MARTINEZ, M. Differential in vitro and in vivo effect of barley cysteine and serine protease inhibitors of phytopathogenic microorganisms. Plant Physiology and Biochemistry. (2011),n. 49, p.1191-1200. CAVINI, I.A.; OLVEIRA-SILVA, R.; MARQUES, I.A.; KALBITZER, H.R.; MUNTE, C.E. Chemical shift assignments of the canecystatin-1 from Saccharum officinarum. Biomol NMR. 2012, DOI 10.1007/s12104-012-9401-2 CHAUHAN, R.; JASRAI, Y.; PANDYA, H. In Silico analysis for five major cereal crops phytocystatins. Interdiscip Sci. (2014), Online ISSN 1867-1462. CHOY, J.W; BRYANT, C.; CALVET, C.M.; DOYLE, P.S.; GUNATILLEKE, S.S.; ANG, K.K.; CHEN, S.; GUT, J.; OSES-PRIETO, J.A.; JOHNSTON, J.B.; ARKIN, M.R.; McKERROW, J.M.; PODUST, L.M.; RENSLO, A.R. Chemical-biological characterization of a cruzain inhibitor reveals a second target and a mammalian off-target. Beilstein J.Org.Chem. (2013), vol 9, p 15-25. CHRISTOFF, A.P.; MARGIS, R. The diversity of rice phytocystatins. Mol. Genet. Genomics. 2014; DOI 10.1007/s00438-014-0892-7. CHU, M.; LIU, K.; WU, H.; YEH, K.; CHENG, Y. Crystal structure of tarocystatin–papain complex: implications for the inhibition property of group-2 phytocystatins. Planta. 2011, p. 243-254. DOS SANTOS, L.S. Estudo funcional de cistatinas do cacau (Theobroma cacao) por meio de expressão em plantas de tabaco (Nicotiana tabacum). 2012. 89 f. Dissertação (Mestrado em Genética e Biologia Molecular) – Programa de Pós Graduação em Genética e Biologia Molecular, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2012. DOYLE, P.S; ZHOU, Y.M; HSIEH, I; GREENBAUM, D.C; McKERROW, J.H; ENGEL, J.C. The Trypanosoma cruzi Protease Cruzain Mediates Immune Evasion. PLoS Pathogens. (2011).

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

60

DUSCHAK, V.G.; COUTO, A.S. An insight on targets and patented drugs for chemotherapy of Chagas disease. Recent Pat. Antiinfect Drug Discov. 2007, 2, pg 19-51. DUTT, S; SINGH, V.K; MARLA, S.S; KUMAR, A. In silico Analysis of Sequential, Structural and Functional Diversity of Wheat Cystatins and Its Implication in Plant Defense. Genomics Proteomics Bioinformatics. 2010 Mar; 8(1): 42-56. DUTT, S.; GAUR, V.S.; TAJ, G.; KUMAR, A. Differential induction of two different cystatin genes during pathogenesis of Karnal bunt (Tilletia indica) in wheat under the influence of jasmonic acid. Gene 506. (2012), p. 253-260. FREITAS, A.C.O. Regulação por oligomerização da atividade inibitória de cistatinas de cacau (Theobroma cacao L.). 2012. 73 f. Dissertação (Mestrado em Genética e Biologia Molecular) – Programa de Pós Graduação em Genética e Biologia Molecular, Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2012. GARCIA, E.S.; RATCLIFFE, N.A.; WHITTEN, M.M.; GONZALEZ, M.S.; AZAMBUJA, P. Exploring the role of insect host factors in the dynamics of Trypanosoma cruzi–Rhodnius prolixus interactions. Journal of Insect Physiology. (2007), n.53, p.11–21. GARCIA, M.P; NOBREGA, O.T; TEIXEIRA, R.L; SOUSA, M.V; SANTANA, J.M. Characterisation of a Trypanosoma cruzi acidic 30 kDa cysteine protease. Molecular and Biochemical Parasitology. (1997), n.91, p. 263–272. GARCIA, O.; MACEDO, J. A. N.; TIBÚRCIO, R.; ZAPAROLI, G.; RINCONES, J.; BITTENCOURT, L. M.; CEITA, G. O.; MICHELI, F.; GESTEIRA, A.; MARIANO, A. C.; SCHIAVINATO, M. A.; MEDRANO, F. J.; MEINHARDT, L. W.; PEREIRA, G. A.; CASCARDO, J. C. M. Characterization of necrosis and ethylene-inducing proteins (NEP) in the basidiomycete Moniliophthora perniciosa, the causal agent of witches’ broom in Theobroma cacao. Mycological Research. (2007), n. 3, p. 443 - 455. GESTEIRA, A.S; MICHELI, F; CARELS, N; DA SILVA, A.C; GRAMACHO, K.P; SCHUSTER, I; MACÊDO, J.N; PEREIRA, G.A; CASCARDO, J.C. Comparative analyses of expressed genes from cacao meristems infected by Moniliophthora perniciosa. Annals of Botany (2007),100: 129-140. GHOLIZADEH, A; SANTHA, I.M; KOHNEHROUZ, B.B; LODHA, M.L; KAPOOR, H.C. Cystatins may confer viral resistance in plants by inhibition of a virus-induced cell death phenomenon in which cysteine proteinases are active: cloning and molecular characterization of a cDNA encoding cysteine-proteinase inhibitor (celostatin) from Celosia cristata (crested cock’s comb). Biotechnol. Appl. Biochem. (2005) 42, 197–204. GIAEVER, G.; NISLOW, C. The Yeast Deletion Collection: A Decade of Functional Genomics. (2014), vol. 197, 451-465. GODOY, L.M.F.; MARCHINI, F.K.; PAVONI, D.P.; RAMPAZZO, R.C.P.; PROBST, C.M.; GOLDENBERG, S.; KRIEGER, M.A. Quantitative proteomics of Trypanosoma cruzi during metacyclogenesis. Proteomics. (2012),vol 12,p. 2694–2703

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

61

GOLE, B.; HUSZTHY, P.C.; POPOVIC, M.; JERUC, J.; ARDEBILI, Y.S.; BJERKVIG, R.; LAH, T.T. The regulation of cysteine cathepsins and cystatins in human gliomas. International Journal of Cancer. (2012), vol 131, p.1779-1789. GUARNERI, A.A.; CARVALHO, M.G.; PEREIRA, M.H.; DIOTAIUTI, L. Biological potential of Triatoma brasiliensis. Cad. Saúde pública. (2000), vol 16, p.101-104. GUO, K; BU, Y; TAKANO, T; LIU, S; ZHANG, X. Arabidopsis cysteine proteinase inhibitor AtCYSb interacts with a Ca2+-dependent nuclease, AtCaN2.FEBS Letters. (2013), n.587, p.3417–3421. HAQ, S.K.; ATIF, S.M.; KHAN, R.H.Protein proteinase inhibitor genes in combat against insects, pests, and pathogens: natural and engineered phytoprotection. Arch. Biochem. Biophys. (2004).n 431,p. 145-159. HWANG, J.E.; HONG, J.K.; LIM, C.J.; CHEN, H.; JE, J.; YANG, K.A.; KIM, D.Y.; CHOI, Y.J.; LEE, S.Y.; LIM, C.O. Distinct expression patterns of two Arabidopsis phytocystatin genes, AtCYS1 and AtCYS2, during development and abiotic stresses. Plant Cell Rep.(2010), vol 29, p.905–915. IRENE, D.; CHUNG, T.;CHEN, B.; LIU, T.; LI, F.;TZEN, J.T.C.; WANG, C.; CHYAN, C. Solution Structure of a Phytocystatin from Ananas comosus and Its Molecular Interaction with Papain. PLoS ONE. (2012), doi:10.1371/journal.pone.0047865. KIGGUNDU, A; GOULET, Marie-Claire; GOULET,C; DUBUC, Jean-François; RIVARD, D; BENCHABANE, M; PEPIN, G; VYVER, C; KUNERT, K; MICHAUD, D.Modulating the proteinase inhibitory profile of a plant cystatin by single mutations at positively selected amino acid sites.The Plant Journal, (2006), n. 48, p. 403–413. KIKUCHI, S.A.; SODRÉ, C.L.; KALUME, D.E.; ELIAS, C.G.; SANTOS, A.L.; DE NAZARÉ, S.M.; MEUSER, M.; CHPEAUROUGE, A.; PERALES, J.; FERNANDES, O. Proteomic analysis of two Trypanosoma cruzi Zymodime 3 strains. Exp. Parasitol. (2012), vol 4, p.540 – 551. KOIWA,H.; D’URZO, M.P.; ASSFALG-MACHLEIDT, I.; ZHU-SALZMAN, K.; SHADE, R.E.; AN, H.; MURDOCK,L.L.; MACHLEIDT, W.; BRESSAN, R.A.; HASEGAWA,P.M. Phagedisplay selection of hairpin loop soyacystatin variants that mediate high affinity inhibition of a cysteine proteinase. Plant Journal. (2001), n. 27, p. 383-391. LALMANACH, G.; NAUDIN, C.; LECAILLE, F.; FRITZ, H. Kininogens: More than cysteine protease inhibitors and kinin precursors. Biochimie 92. (2010), p.1568-1579. LEE, G.M; BALOUCH, E; GOETZ, D.H; LAZIC, A; McKERROW, J.H; CRAIK, C.S. Mapping Inhibitor Binding Modes on an Active Cysteine Protease via Nuclear Magnetic Resonance Spectroscopy. Biochemistry.(2012), n. 51, p. 10087−10098.

LIMA, A.M.; REIS, S.P.; SOUZA, C.R. Phytocystatins and their Potential to Control Plant Diseases Caused by Fungi. Protein Pept Lett. (2014).

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

62

LINDE, K.; MUELLER, A.N.; HEMETSBERGER, C.; KASHANI, F.; HOORN, R.A.L.; DOEHLEMANN, G. The maize cystatin CC9 interacts with apoplastic cysteine proteases. Plant Signaling & Behavior. (2012), vol 7, p.1-5. MARGIS, R; REIS, E.M; VILLERET, V. Structural and Phylogenetic Relationships among Plant and Animal Cystatins. Archives of Biochemistry and Biophysics. (1998) Vol. 359, No. 1, November 1, p. 24–30. MARGIS-PINHEIRO, M; ZOLET, A.C.T; LOSS, G; PASQUALI, G; MARGIS, R. Molecular evolution and diversification of plant cysteine proteinase inhibitors: New insights after the poplar genome. Molecular Phylogenetics and Evolution. (2008) n 49, p.349–355. MARTINEZ, M; ABRAHAM, Z; GAMBARDELLA, M; ECHAIDE, M; CARBONERO, P; DIAZ, I. The strawberry gene Cyf1 encodes a phytocystatin with antifungal properties. Journal of Experimental Botany. (2005) Vol. 56, No. 417, 1821–1829. MARTINEZ, M; DIAZ-MENDOZA, M; CARRILLO, L; DIAZ, I. Carboxy terminal extended phytocystatins are bifunctional inhibitors of papain and legumain cysteine proteinases. FEBS Letters. (2007), n 581, p. 2914–2918. MARTINEZ, M; DIAZ, I. The origin and evolution of plant cystatins and their target cysteine proteinases indicate a complex functional relationship. BMC Evolutionary Biology. (2008),vol. 8, p.98. MARTINEZ, M.; CAMBRA, I.; CARRILLO, L.; DIAZ-MENDOZA, M.; DIAZ, I. Characterization of the Entire Cystatin Gene Family in Barley and Their Target Cathepsin L-Like Cysteine-Proteases, Partners in the Hordein Mobilization during Seed Germination. Plant Physiology. (2009), vol 151, p.1531-1545. MUNTZ, K; SHUTOV, A.D. Legumains and their functions in plants. Plant Science. (2002) 1360-1385/02. NDAO, M.; BEAULIEV, C.; BLACK, W.C.; ISABEL, E.; VASQUEZ-CAMARGO, F.; NATH-CHOWDHURY, M.; MASSÉ, F.; MELLOW, C.; METHOT, N.; NICOLL-GRIFFITH, D.A. Reversible Cysteine Protease Inhibitors Show Promise for a Chagas Disease Cure. Antimicrobial Agents Chemotherapy. (2014),vol. 58 (2), p.1167 – 1178. NEUHOFF, V; STAMM, R; EIBL, H. Clear background and highly sensitive protein staining with Coomassie Blue dyes in polyacrylamide gels: A systematic analysis. Electrophoresis. (1985), vol. 6, p. 427–448. NEUTBOOM, L.W; MATSUMOTO, K. O; CHRISTOPHER, D.A. An Extended AE-Rich N-Terminal Trunk in Secreted Pineapple Cystatin Enhances Inhibition of Fruit Bromelain and Is Posttranslationally Removed during Ripening. Plant Physiology. (2009), Vol. 151, p. 515–527. NISSEN, M.S.; KUMAR, M.G.N.; YOUN, B.; KNOWLES, B.D.; SUMLAM, K.; BALLINGER, J.W.; KNOWLES, R.N.; KANGA,C. Characterization of Solanum tuberosum Multicystatin and Its Structural comparison with Other Cystatins. The Plant Cell. 2009, Vol. 21, p. 861–875.

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

63

OCHIENG, J; CHAUDHURI, G. Cystatin Superfamily. J Health Care Poor Underserved. (2010), p.51-70. OLIVEIRA, A.S; XAVIER-FILHO; J; SALES, M.P. Cysteine Proteinases and Cystatins. Brazilian Archives of Biology and Technology. (2003), Vol 46, n.1, 91-104. PARODI – TALICE, A.; DURÁN, R.; ARRAMBIDE, N.; PRIETO, V.; PIÑEYRO, M.D.; PRITSCH, O.; CAYOTA, A.; CERVEÑANSKY, C.; ROBELLO,C. Proteome analysis of the causative agent of Chagas disease: Trypanosoma cruzi. International Journal for Parasitology. (2004), vol.34, p.881-886. PEREIRA, K.R.B.; BOTELHO-JÚNIOR, S.; DOMINGUES, D.P.; MACHADO, O.L.T.; OLIVEIRA, A.E.A.; FERNANDES, K.V.S.; MADUREIRA, H.C.; PEREIRA, T.N.S.; JACINTO, T. Passion fruit flowers: Kunitz trypsin inhibitors and cystatin differentially accumulate in developing buds and floral tissues. Phytochemistry. (2011), vol 72, p. 1955–1961. PEREZ-MORALES, D.; LANZ-MENDOZA, H.; HURTADO, G.; MARTÍNEZ- ESPINOSA, R.; ESPINOZA, B. Proteomic Analysis of Trypanosoma cruzi Epimastigotes Subjected to Heat Shock. Journal of Biomedicine and Biotechnology. (2012),9pg. PIERRE, O.; HOPKINS, J.; COMBIER, M.; BALDACCI, F.; ENGLER, G.; BROUGUISSE, R.; HEROUART, D.; BONCOMPAGNI, E. Involvement of papain and legumain proteinase in the senescence process of Medicago truncatula nodules. New Phytol. (2014), vol 202, p. 849–863 PIROVANI, C.P; SANTIAGO, A. S; SANTOS, L. S.; MICHELI, F.; MARGIS, R.; GESTEIRA, A. S.; ALVIM, F. C.; PEREIRA, G. A.G.; CASCARDO, J. C. M. Theobroma cacao cystatins impair Moniliophthora perniciosa mycelial growth and are involved in postponing cell death symptoms. Planta . (2010), vol 232, p.1485–1497. PITA, S.S. DA R.; PASCUTTI, P.G. Alvos Terapêuticos na Doença de Chagas: a Tripanotiona Redutase como Foco. Rev. Virtual Quim. (2011),vol 3 (4), p.307-324. POPOVIC, M.M; BULAJIC, A; RISTIC, D; KRSTIC, B; JANKOV, R. M; GAVROVIC-JANKULOVIC, M. In vitro and in vivo antifungal properties of cysteine proteinase inhibitor from green kiwifruit. Journal Science Food Agricultural. (2012), vol 92, p. 3072-3078. POPOVIC, M.; ANDJELKOVIC, U.; BURARER, L.; LINDNER, B.;PETERSEN, A.; GAVROVIC-JANKULOVIC, M. Biochemical and immunological characterization of a recombinantly-produced antifungal cysteine proteinase inhibitor from green kiwifruit (Actinidia deliciosa). Phytochemistry. (2013), vol. 94, p.53 – 59. PREMACHANDRA, H.K.A.; WAN, Q.; ELVITIGALA, D.A.S.; DE ZOYSA, M.; CHOI, C.Y.; WHANG, I.; LEE, J. Genomic characterization and expression profiles upon bacterial infection of a novel cystatin B homologue from disk abalone (Haliotis discus discus). Developmental and Comparative Immunology 38. (2012), p. 495–504.

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

64

REYNOLDS, A.M.; DUTTA, T.K.; CURTIS, R.H.C.; POWERS, S.J.; GAUR, H.S.; KERRY,B.R. Chemotaxis can take plant-parasitic nematodes to the source of a chemo-attractant via the shortest possible routes. J. R. Soc. Interface. (2011), vol 8, p.568-577. RODRIGUES, A.C.; GARCIA, H.A.; ORTIZ, P.A.; CORTEZ, A.P.; MARTINKOVIC, F.; PAIVA, F.; BATISTA, J.S.; MINERVINO, A.H.; CAMPANER, M.; PRAL, E.M.; ALFIERI, S.C.; TEIXEIRA, M.M.G. Cysteine proteases of Trypanosoma (Megatrypanum) theileri: Cathepsin L-like gene sequences as targets for phylogenetic analysis, genotyping diagnosis. Parasitology International. (2010), vol 59, p. 318–325. RIVARD, D.; GIRARD, C.; ANGUENOT,R.; VEZINA, L.P.; TRÉPANIER, S.; MICHAUD, D.MsCYS1, developmentally-regulated cystatin from alfalfa. Plant Physiol. Biochem. (2007), vol 45, p.508-514. ROMERO, I.; TÉLLEZ, J.; YAMANAKA, L.E.; STEINDEL, M.; ROMANHA, A.J.; GRISARD, E.C. Transsulfuration is an active pathway for cysteine biosynthesis in Trypanosoma rangeli. Parasites & Vectors.(2014), vol 7:197. RUHLAND, A. et al. Isolation of yeast mutants sensitive to the bifunctional alkylating agent nitrogen mustard. Molecular General Genetics, (1981), v. 181, p. 346-351. SAITO, S.; SILVA, G.; SANTOS, R. X.; GOSMANN, G.; PUNGARTINIK, C.; BRENDEL, M. Astragalin from Cassia alata Induces DNA Adducts in Vitro and Repairable DNA Damage in the Yeast Saccharomyces cerevisiae. Int. J. Mol. Sci. (2012),13, 2846-2862. SAJID, M.; McKERROW, J.H. Cysteine proteases of parasitic organisms. Molecular & Biochemical Parasitology. (2002),120, p.1–21. SAJID, M.; ROBERTSON, S. A.; BRINEN, L. S.; MCKERROW, J. H. Cruzain: the path from target validation to the clinic. Adv. Exp. Med. Biol. 2011, 712:100– 115 SHERMAN, F. Getting started with yeast. Methods Enzymol. 2002, v.350, p. 3-41. SILVA, A.A.F.; VIEIRA, L.C.; KRIEGER, M.A.; GOLDENBERG, S.; ZANCHIN, I.T.N.; GUIMARÃES, B.G. Crystal structure of chagasin, the endogenous cysteine-protease inhibitor from Trypanosoma cruzi. Journal of Structural Biology. (2007), 157, 416–423. SOARES, A.C.; ARAÚJO, R.N.; CARVALHO-TAVARES, J.; GONTIJO, N.F.; PEREIRA, M.H. Intravitral microscopy and image analysis of Rhodinius prolixus (Hemiptera: Reduviidae) hematophagy: the challenge of blood intake from mouse skin. Parasitol Int. (2014), vol 63, p.2299-236. SOLOMON, M.; BELENGHI, B.; DELLEDONNE, M.; MENACHEM, E.; LEVINE, A. The involvement of cysteine proteases and protease inhibitor genes in the regulation of programmed cell death in plants. Plant Cell. (1999), 11, 431-443. STOKA, V.; NYCANDER, M.; LENAR, B.; LABRIOLA, C.; CAZZULO, J.J.; BJORK, I.; TURK, V. Inhibition of cruzipain, the major cysteine proteinase of the protozoan

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

65

parasite, Trypanosoma cruzi, by proteinase inhibitors of the cystatin superfamily. FEBS Letters. (1995), 370,101 104. SUN, X.; YANG, S.; SUN, M.; WANG, S.; DING, X.; ZHU, D.; JI, W.; CAI, H.; ZHAO, C.; WANG, X.; ZHU,Y. A novel Glycine soja cysteine proteinase inhibitor GsCPI14,

interacting with the calcium/calmodulin‑binding receptor‑like kinase GsCBRLK,

regulated plant tolerance to alkali stress. Plant Mol Biol. (2014), vol 85, p.33–48. SUNDARARAJ,S.; SAXENA, A. K.; SHARMA, R.; VASHISHT, K.; SHARMAS.; ANVIKAR, A.; DIXIT, R.; ROSENTHAL, P.J.; PANDEY, K.C. Cross-Talk between Malarial Cysteine Proteases and Falstatin: The BC Loop as a Hot-Spot Target. Plos One. (2014), vol.9, pgs 9. SUTTNAR, J.; DYR, J.E. Distortion of the electrophoretic titration curves of some proteins. Electrophoresis. (1989), vol 10, p.704-708. TIAN,L.; ZHANG, L.; ZHANG, J.; SONG, Y.; GUO, Y. Differential proteomic analysis of soluble extracellular proteins reveals the cysteine protease and cystatin involved in suspension-cultured cell proliferation in rice. Biochim. Biophys. Acta. (2009), 1794, pg 459-467. UEHARA, L.A.; MOREIRA, O.C.; OLIVEIRA, A.C.; AZAMBUJA, P.; LIMA, A.P.C.A.; BRITTO, C.; DOS SANTOS, A.L.S.; BRANQUINHA, M.H.; D’AVILA-LEVY, C.M. Cruzipain Promotes Trypanosoma cruzi Adhesion to Rhodnius prolixus Midgut. PLoS Negl Trop Dis. (2012), vol 6(12). VALDES-RODRIGUEZ, S.E.; GUERRERO-RANGEL, A.; MELGOZA-VILLAGÓMEZ, C.; CHAGOLLA-LÓPEZ, A.; DELGADO-VARGAS, F.; MARTINEZ-GALLARDO, N. A.; SANCHEZ-HERNÁNDEZ, C.; DÉLANO-FRIER, J. Cloning of a cDNA encoding a cystatin from grain amaranth (Amaranthus hypochondriacus) showing a tissue-specific expression that is modified by germination and abiotic stress. Plant Physiol. Biochem. (2007), vol.45, p. 790-798. VALDES-RODRIGUEZ, S.; CEDRO-TANDA, A.; AGUILAR-HERNANDEZ, V.; COTES-ONOFRE, E.; BALNCO-LABRA, A.; GUERRERO-RANGEL, A. Recombinant amaranth cystatin (AhCPI) inhibits the growth of phytopathogenic fungi. Plant Physiology and Biochemistry. (2010), vol. 48, p. 469 -475. WALLIN, H., BJARNADOTTIR, M.; VOGEL, L. K.; WASSÉLIUS, J.; EKSTRÖM, U.; ABRAHAMSON, M. Cystatins e Extra- and intracellular cysteine protease inhibitors: High-level secretion and uptake of cystatin C in human neuroblastoma cells. Biochimie. (2010), vol. 92, p.1625-1634. WANG, K.; KUMAR, S.; CHENG, V.; VENKATAGIRI, S.; YANG, A.;YEH, K. Characterization of inhibitory mechanism and antifungal activity between group-1 and group-2 phytocystatins from taro (Colocasia esculenta). FEBS Journal. (2008), vol 275, p. 4980–4989. WANG, Y.; ZHAN, Y.; WU, C.; GONG, S.; ZHU, N.; CHEN, S.; LI, H. Cloning of a cystatin gene from sugar beet M14 that can enhance plant salt tolerance. Plant Science. (2012), vol.191– 192, p.93– 99.

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - nbcgib.uesc.brnbcgib.uesc.br/genetica/admin/images/files/Dissertação com ficha... · O mecanismo antifúngico das fitocistatinas ainda é desconhecido,

66

YAVAD, S.C.; KUMAR, R.; TATU, U.; SINGH, R.K.; GUPTA, A.K. Identification and characterization of cysteine proteinases of Trypanosoma evansi. Parasitol Res.(2011),vol.109, p.559-565. ZAMBRANO, E.A.; DE LA CRUZ, H.S.; COITA, B.E. Uma peptidasa ácida, insensible a inhibidores clásicos, em extractos proteicos de Trypanosoma cruzy, proveniente de uma zona rural de Venezuela, endêmica para La enfermedad de Chagas. Invest Clin. (2013), vol 54(3), p.270-283.

ZHAO, P.; ZHOU, X.; ZOU, J.; WANG, W.; WANG, L.; PENG, X.; SUN, M. Comprehensive analysis of cystatin family genes suggests their putative functions in sexual reproduction, embryogenesis, and seed formation. Journal of Experimental Botany.(2014), 15p.