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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA PRO-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FÍSICA WELLINGTON LUIS DE ALMEIDA Quantificação mineral das fases cristalinas de um Argissolo Amarelo pelo Método de Rietveld PONTA GROSSA 2015

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

    PRO-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS

    REA DE CONCENTRAO: FSICA

    WELLINGTON LUIS DE ALMEIDA

    Quantificao mineral das fases cristalinas de um Argissolo Amarelo pelo Mtodo de

    Rietveld

    PONTA GROSSA

    2015

  • WELLINGTON LUIS DE ALMEIDA

    Quantificao mineral das fases cristalinas de um Argissolo Amarelo pelo Mtodo de

    Rietveld

    Dissertao apresentada para obteno do

    ttulo de Mestre na Universidade Estadual de

    Ponta Grossa, no Programa de

    Ps-Graduao em Cincias, rea

    concentrao: Fsica

    Orientador: Prof. Dr. Andr Maurcio Brinatti

    PONTA GROSSA

    2015

  • Ficha CatalogrficaElaborada pelo Setor de Tratamento da Informao BICEN/UEPG

    A447Almeida, Wellington Luis de Quantificao mineral das fasescristalinas de um Argissolo Amarelo peloMtodo de Rietveld/ Wellington Luis deAlmeida. Ponta Grossa, 2015. 81f.

    Dissertao (Mestrado em Cincias -rea de Concentrao: Fsica),Universidade Estadual de Ponta Grossa. Orientador: Prof. Dr. Andr MaurcioBrinatti.

    1.Caulinita. 2.Quartzo. 3.Goethita.4.Argissolo. 5.Quantificao. I.Brinatti,Andr Maurcio. II. Universidade Estadualde Ponta Grossa. Mestrado em Cincias.III. T.

    CDD: 535.84

  • Dedico minha me, Margaret de Almeida

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo aos meus colegas de laboratrio, professores e amigos, Adriano

    Brylak, Debora Chagas Lima, Jaqueline Aparecida Ribaski Borges, Jocenei Antonio

    Teodoro de Oliveira, Luis Valrio Prandel, Lus Maurcio Kihara, Luiz Fernando Pires,

    Sergio da Costa Saab, Victor Schnepper Lacerda, Wellington Claiton Leite e tantos

    outros sempre dispostos a discutir ideias, conversar e tambm descontrair nos

    momentos oportunos.

    Agradeo a minha famlia pelo apoio ao longo da vida. Aos meus irmos,

    Diego Manosso, Luis Edson de Almeida Junior, Milena Manosso, e minha me,

    Margaret de Almeida, que quaisquer que fossem as dificuldades sempre se esforou

    para dar as melhores condies para os filhos.

    Agradeo ao meu orientador, Andr Maurcio Brinatti. O qual durante anos de

    trabalho, desde a graduao, ajudou na minha formao de pesquisador e tambm

    de professor, me deu conselhos e me ajudou sempre que precisei, at quando mal

    conseguia ligar para algum. Mais que um orientador, o considero como amigo e

    nunca poderei retribuir toda ajuda que me deu.

    Agradeo CAPES pelo financiamento do projeto.

    E por ltimo queria agradecer aos laboratoristas do CLABMU, sempre

    disponveis e atenciosos.

  • RESUMO

    O Mtodo de Rietveld utilizado em estudos de solos, no entanto, h discusses sobre a confiabilidade dos resultados com mtodos de quantificao mineralgica por meio da Difrao de Raios X em geral. Em relao as estruturas cristalinas e obteno da quantificao dos minerais pelo Mtodo de Rietveld de fundamental importncia que a estrutura de partida utilizada seja prxima daquela estudada. Trabalhos realizados em solos com horizontes coesos mostraram que estes possuem poucas fases cristalinas, e como no so to complexos em termos de sua mineralogia, tomou-se como hiptese que outros solos de horizonte coesos apresentassem poucas fases. Assim, foram analisadas amostras oriundas do horizonte coeso de um Argissolo Amarelo formado a partir de sedimentos no consolidados de natureza arenosa e areno-argilosa da Formao Barreiras, Clima Ami, pela classificao de Kppen. A regio de coleta deste solo est localizada na Fazenda Citropar II (coordenadas mdias: 01 48 38 Sul, 47 11 38 Oeste), municpio de Capito Poo, estado do Par, regio de grande importncia na produo agrcola de citros. Este estudo foi realizado com a inteno se obter as estruturas previamente refinadas dos minerais Caulinita, Quartzo e Goethita para a quantificao mineral das fraes granulomtricas e da Terra Fina Seca ao Ar, e tambm, corroborar com trabalhos de mineralogia em solos brasileiros utilizando a Fluorescncia de Raios X e o Mtodo de Rietveld associado a Difrao de Raios X. Para a efetivao do estudo, foram realizados os tratamentos qumicos para obter fraes com maiores concentraes dos minerais Caulinita, Quartzo e Goethita, anlise elementar pela Fluorescncia de Raios X nos modos semiquantitativo e quantitativo, coleta de dados de Difrao de Raios X com radiao de Cu K no modo de varredura passo a passo, com passo de 0,02 , com tempo de amostragem de 10 s, na extenso de 2i = 5,00 a 2f=80 e o uso do Mtodo de Rietveld. A partir das estruturas dos minerais previamente refinadas em amostras quimicamente tratadas foi possvel verificar que o refinamento pelo Mtodo de Rietveld com dados de Difrao de Raios X tornou-se mais eficaz, para o solo estudado, quando comparado com o refinamento utilizando diretamente as estruturas da literatura.

    Palavras-chave: Caulinita, Quartzo, Goethita, Argissolo, Quantificao, Difrao de Raios X, Fluorescncia de Raios X.

  • ABSTRACT

    The Rietveld Method has been used in soil studies, however, there are some disputes about the reliability of results in soils through mineralogical quantification using X-ray diffraction in general. Regarding the refinement of crystalline structures and mineral quantification through the Rietveld Method, it is of great importance that the initial structure used is close to that under study. Studies carried out in hardsetting horizon soils revealed that they present few crystalline phases and, as they are not so complex in terms of mineralogy, it was hypothesized that other hardsetting horizon soils presented few phases. Thus, some samples coming from the hardsetting of a Hapludalf soil formed from non-consolidated sediments of sand and sand-clay nature from the Barreiras formation, with an Ami climate according to the Kppen classification were analyzed. The region where the soil was collected is located on the Farm Citropar II (average coordinates: 01 48 38 South, 47 11 38 West) in the city of Capito Poo, State of Par, which is a very important region for the citrus production. This study was carried out aiming to obtain the previously refined structures of the minerals Kaolinite, Quartz and Goethite for mineral quantification of the granulometric fractions and the air dried fine earth and also to corroborate with studies on the mineralogy of Brazilian soils using X-ray fluorescence and the Rietveld Method associated to the X-ray diffraction. In order to develop the study, chemical treatments were carried out to obtain fractions with higher concentrations of the minerals Kaolinite, Quartz and Goethite, semi- quantitative and quantitative X-ray fluorescence elemental analysis, X-ray diffraction with Cu K radiation in the step by step scanning mode data collection, with 0,02 step and 10 s sampling time, in the extension 2i = 5,00 to 2f=80 and the Rietveld Method. From the previously refined mineral structures in chemically treated samples, it was possible to verify that the Rietveld Method refinement with X-ray diffraction data was more efficient, for the soil under study, when compared to the refinement that directly employs the structures presented in the literature.

    Key-words: Kaolinite, Quartz, Goethite, Hapludalf Soil, Quantification, X-ray Diffraction, X-ray fluorescence.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1. Modelo estrutural cristalino da Goethita. Estrutura gerada utilizando o programa

    VESTA a partir de (BELL et at, 2008). As esferas em vermelho representam os tomos de

    oxignio e as em marrom os tomos de ferro. Fonte: O autor. .................................................18

    Figura 2. Modelo estrutural cristalino da Caulinita e sua estrutura de camadas as esferas em

    vermelho representam os tomos de oxignio, as esferas sombreadas de marrom dentro

    dos tetraedros de oxignio representam os tomos de silcio e as sombreadas de cinza

    dentro dos octaedros de oxignio representam os tomos de alumnio. Estrutura gerada

    utilizando o programa VESTA a partir de Bish e Drelle (1989) Fonte: O autor. ......................19

    Figura 3. Modelo estrutural cristalino do Quartzo. As esferas marrons representam os

    tomos de silcio e as esferas vermelhas os tomos de oxignio, os tomos de silcio esto

    dentro dos tetraedros de oxignio. Estrutura gerada utilizando o programa VESTA a partir de

    Antao (2008). Fonte: O autor. .......................................................................................................19

    Figura 4. Modelos estruturais cristalinos dos xidos de titnio. Em (a) tem-se a estrutura do

    Rutilo, e em (b) a estrutura de seu polimorfo, Anatsio As esferas em cinza sombreadas de

    azul representam os tomos de titnio e as em vermelho os tomos de oxignio. Estrutura

    gerada utilizando o programa VESTA a partir de Meagher e Langer (1979); Scwedfeger e

    Meagher (1972). Fonte: O Autor ...................................................................................................20

    Figura 5. Ossos da mo direita da esposa de Rntgen (Bertha), com um anel no dedo

    mdio. Fonte: Rntger (1896). ......................................................................................................23

    Figura 6. Aparato experimental usado no experimento de interferncia em cristais realizado

    por Max von Laue, Walter Friedrich e Paul Knipping em abril de 1912. Fonte: Eckert (2012).

    .........................................................................................................................................................23

    Figura 7. Representao esquemtica da cmera de Laue. Fonte: Cullity (1978). .................24

    Figura 8. Um exemplo de uma figura de Laue. Fonte: Hammond (1997) ................................24

    Figura 9. Representao do tubo para produo dos raios X. O filamento F aquecido e

    emitem eltrons que so acelerados colidindo com o alvo A. Fonte: Borges (1982). .............26

    Figura 10. Espectros contnuos de raios X, emitidos por um filamento para diversas

    diferenas de potenciais. O aumento da diferena de potencial gera um aumento da

    intensidade de radiao emitida. FONTE: Borges (1982). .........................................................26

    Figura 11. Espectro de raios X emitido por um alvo metlico para uma dada diferena de

    potencial entre o filamento e alvo com duas linhas caractersticas que se sobrepem ao

    espectro contnuo. Fonte: Borges (1982). ...................................................................................27

    Figura 12. Transio eletrnica de eltrons da camada M e L que ocupam o lugar do eltron

    emitido pelo alvo aps a coliso do eltron incidente. Fonte: Cullity (1978) (adaptado). .......28

    Figura 13. Representao de difrao de raios X por um cristal e indicao do ngulo de

    Bragg, , e respectivos planos. Fonte: o autor. ........................................................................29

    Figura 14. Efeitos produzidos pela passagem do raio X em uma substncia. Fonte: Cullity

    (1978) (adaptado). .........................................................................................................................30

    Figura 15. Emisso de raios X gerados pela excitao eletrnica. Aqui so mostrados os

    espectros da linha e , que surgem quando um eltron da camada principal ocupa o

    lugar do eltron arrancado da camada e quando um eltron da camada principal ocupa

    o lugar do eltron arrancado da camada . FONTE: Cullity (1978) (adaptado). .....................33

  • Figura 16. Janela de acesso para o refinamento dos parmetros da funo de ajuste da

    rugosidade no programa GSAS+EXPGUI. Como trata-se de um programa em lngua inglesa,

    essa janela foi capturada da forma em que aparece na tela. Fonte: O autor. ........................36

    Figura 17. Janela de acesso para refinamento das posies fracionrias dos tomos no

    programa GSAS+EXPGUI. Como trata-se de um programa em lngua inglesa, essa foi

    capturada da forma em que aparece na tela. Fonte: O autor. ...................................................37

    Figura 18. Janela de acesso para o refinamento dos parmetros da funo de ajuste de

    perfil, onde GU: termo gaussiano U, GV: termo gaussiano V, GW: termo gaussiano W, GP:

    contribuio gaussiana para tamanho de cristalito LX: contribuio lorenztiana isotrpica

    para tamanho de cristalito, ptec: contribuio anisotrpica para tamanho de cristalito, eta:

    parmetro de mistura, SXX,SYY, SZZ: alargamento anisotrpico de microdeformao

    Lorentzianos. Como trata-se de um programa em lngua inglesa, essa janela foi capturada

    da forma em que aparece na tela. Fonte: O autor. .....................................................................39

    Figura 19. Janela de acesso para o refinamento dos termos no GSAS+EXPGUI.

    Como trata-se de um programa em lngua inglesa, essa foi capturada da forma em que

    aparece na tela. FONTE: O autor. ................................................................................................41

    Figura 20. Janela de acesso para o refinamento da radiao de fundo no programa

    GSAS+EXPGUI. Como trata-se de um programa em lngua inglesa, essa foi capturada da

    forma em que aparece na tela. FONTE: O autor. .......................................................................42

    Figura 21. Esquema de preparao e separao das fraes do solo estudado. FONTE: O

    autor. ...............................................................................................................................................44

    Figura 22. Sequncia utilizada para o refinamento da TFSA. ...................................................52

    Figura 23. Comparao entre as repeties dos tratamentos qumicos para remoo do

    xido de ferro da FGA1. Diratogramas: FGA1, curva em preto, curva em vermelho o

    tratamento realizado duas vezes, em verde, o tratamento realizado quatro vezes e em azul o

    tratamento realizado oito vezes. As traos verticais representam a posio da reflexo de

    Bragg para a Goethita. Tambm mostrada uma ampliao do difratograma de 2=15

    2=50. FONTE: O autor...............................................................................................................55

    Figura 24. Comparao entre os tratamentos qumicos realizados para remoo do xido de

    ferro. Na figura, a curva em azul o difratograma do tratamento realizado oito vezes no

    bloco 1 e a curva em preto o tratamento realizado oito vezes no bloco 2. As traos verticais

    representam a posio da reflexo de Bragg para a Goethita. Tambm mostrada uma

    ampliao do difratograma de 2=15 2=50. Fonte: o autor. .............................................56

    Figura 25. Algumas das amostras obtidas aps os tratamentos para o bloco 1......................57

    Figura 26. Difratogramas das fraes finas das argilas. A curva em preto o difratograma

    para a FF1, em vermelho para a FFA2 e em azul para a FFA3. Fonte: o autor. .....................57

    Figura 27. Comparao dos difratogramas para o bloco 1 das amostras da frao grossa da

    argila (em preto) frao fina da argila (em azul) e o tratamento qumico para concentrao

    do xido de ferro (em vermelho). Tambm mostrada uma ampliao do difratograma de

    2=5 2=45. Fonte: o autor. ...................................................................................................58

    Figura 28. Comparao dos difratogramas para o bloco 3 das amostras da frao grossa da

    argila (em preto) frao fina da argila (em azul) e o tratamento qumico para concentrao

    do xido de ferro (em vermelho). Tambm mostrada uma ampliao do difratograma de

    2=10 2=45. Fonte: o autor. .................................................................................................59

    Figura 29. Refinamento da amostra FFA1 CFe. Os traos verticais representam as posies

    de reflexo de Bragg para os minerais Goethita (Gt), Sodalita (Sd) Muscovita (Um) e

    Analcime (Ac) Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

  • representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. Fonte: O autor. ...............................................................60

    Figura 30. Refinamento da amostra FFA3 CFe. Os traos verticais representam as posies

    de reflexo de Bragg para os minerais Goethita (Gt) e Caulinita (Ca) Os pontos com X

    representam a intensidade observada, as linhas contnuas representam a intensidade

    observada, radiao de fundo e curva diferena, respectivamente, de cima para baixo. A

    ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de {} da Goethita sobreposto com {}

    da Caulinita. Fonte: O autor. .........................................................................................................61

    Figura 31. Refinamento da amostra Areia 1. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para o mineral Quartzo (Qz) e Goethita (Gt). Os pontos com X

    representam a intensidade observada, as linhas contnuas representam a intensidade

    observada, radiao de fundo e curva diferena, respectivamente, de cima para baixo. A

    ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de {101} do Quartzo. Fonte: O autor. ............61

    Figura 32. Refinamento da amostra Areia 2. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para o mineral Quartzo (Qz). Os pontos com X representam a intensidade

    observada, as linhas contnuas representam a intensidade observada, radiao de fundo e

    curva diferena, respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico

    de difrao de {101} do Quartzo. Fonte: O autor. .......................................................................62

    Figura 33. Refinamento da amostra Areia 3. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para o mineral Quartzo (Qz) e Goethita (Gt). Os pontos com X

    representam a intensidade observada, as linhas contnuas representam a intensidade

    observada, radiao de fundo e curva diferena, respectivamente, de cima para baixo. A

    ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de {101} do Quartzo. Fonte: O autor. ............62

    Figura 34. Refinamento da amostra FGA1. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para os minerais Caulinita (Ca), Goethita (Gt), Quartzo (Qz) e Anastsio

    (An). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

    representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {001} da Caulinita. FONTE: o autor. .............................................................................................63

    Figura 35. Refinamento da amostra FGA2. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para os minerais Caulinita (Ca), Goethita (Gt), Quartzo (Qz) e Anastsio

    (An). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

    representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {001} da Caulinita. Fonte: O autor. ...............................................................................................64

    Figura 36. Refinamento da amostra FGA3. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para os minerais Caulinita (Ca), Goethita (Gt), Quartzo (Qz) e Anastsio

    (An). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

    representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {001} da Caulinita. Fonte: O autor. ...............................................................................................64

    Figura 37. Refinamento da amostra TFSA1. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Goethita (Gt), Anastsio

    (An) e Rutilo (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas

    contnuas representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {001} da Caulinita e de {101} do Quartzo. Fonte: O autor. .........................................................65

  • Figura 38. Refinamento da amostra TFSA2. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Goethita (Gt) Anastsio

    (An) e Rutilo (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas

    contnuas representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {001} da Caulinita e de {101} do Quartzo. Fonte: O autor. .........................................................66

    Figura 39. Refinamento da amostra TFSA3. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Goethita (Gt) e Anastsio

    (An) e Rutilo (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas

    contnuas representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {001} da Caulinita e de {101} do Quartzo. Fonte: O autor. .........................................................66

    Figura 40. Refinamento da amostra TFSA1 Lit. Os traos verticais representam as posies

    de reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Goethita (Gt) e

    Anastsio (An) e Rutilo (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as

    linhas contnuas representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {001} da Caulinita e de {101} do Quartzo. Fonte: O autor. .........................................................67

    Figura 41. Refinamento da amostra TFSA2 Lit. Os traos verticais representam as posies

    de reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Goethita (Gt) e

    Anastsio (An) e Rutilo (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as

    linhas contnuas representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {001} da Caulinita e de {101} do Quartzo. Fonte: O autor. .........................................................67

    Figura 42. Refinamento da amostra TFSA3 Lit. Os traos verticais representam as posies

    de reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Goethita (Gt) e

    Anastsio (An) e Rutilo (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as

    linhas contnuas representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {001} da Caulinita e de {101} do Quartzo. Fonte: O autor. .........................................................68

    Figura 43. Refinamento da amostra Silte1. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Anastsio (An) e Rutilo

    (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

    representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {101} do Quartzo. Fonte: O autor. ................................................................................................68

    Figura 44. Refinamento da amostra Silte2. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Anastsio (An) e Rutilo

    (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

    representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {101} do Quartzo. Fonte: O autor. ................................................................................................69

    Figura 45. Refinamento da amostra Silte3. Os traos verticais representam as posies de

    reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Anastsio (An) e Rutilo

    (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

    representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

  • respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {101} do Quartzo. Fonte: O autor. ................................................................................................69

    Figura 46. Refinamento da amostra AreiaF 1. Os traos verticais representam as posies

    de reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Anastsio (An) e Rutilo

    (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

    representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {101} do Quartzo. Fonte: O autor. ................................................................................................70

    Figura 47. Refinamento da amostra AreiaF 2. Os traos verticais representam as posies

    de reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Anastsio (An) e Rutilo

    (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

    representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {101} do Quartzo. Fonte: O autor. ................................................................................................70

    Figura 48. Refinamento da amostra AreiaF 3. Os traos verticais representam as posies

    de reflexo de Bragg para os minerais Quartzo (Qz), Caulinita (Ca), Anastsio (An) e Rutilo

    (Ru). Os pontos com X representam a intensidade observada, as linhas contnuas

    representam a intensidade observada, radiao de fundo e curva diferena,

    respectivamente, de cima para baixo. A ampliao mostra o ajuste do pico de difrao de

    {101} do Quartzo. Fonte: O autor. ................................................................................................71

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Nomenclatura adotada para as amostras obtidas......................................................45

    Tabela 2. Tamanho de partcula das amostras obtidas..............................................................46

    Tabela 3. Anlise elementar da TFSA para os trs blocos do solo estudado. Os desvios

    esto indicados em parnteses. Fonte: O autor. ........................................................................53

    Tabela 4. Resultados da FRX semiquantitativas para as fraes. Fonte: O autor ..................54

    Tabela 5. ndices de ajustes. Fonte: O autor. ..............................................................................72

    Tabela 6. Parmetros de rede para as estruturas cristalinas. Fonte: o autor. Os desvios so

    indicados entre parnteses ...........................................................................................................73

    Tabela 7. Quantificao mineralgica dos minerais (fases cristalinas) nas fraes

    granulomtricas e na TFSA. Os desvios so indicados entre parnteses. Fonte: O autor.....74

  • LISTA DE SIGLAS

    Areia1 Areia Grossa do bloco 1 (partculas retidas na peneira de 53 m)

    Areia2 Areia Grossa do bloco 2 (partculas retidas na peneira de 53 m)

    Areia3 Areia Grossa do bloco 3 (partculas retidas na peneira de 53 m)

    AreiaF1 Frao Areia Fina do bloco 1 separada por sedimentao

    AreiaF2 Frao Areia Fina do bloco 2 separada por sedimentao

    AreiaF3 Frao Areia Fina do bloco 3 separada por sedimentao

    DRX Difrao de Raios X FFA1 Frao Fina da Argila do bloco 1 FFA1 CFe Frao Fina da Argila do bloco 1 com tratamento

    qumico para concentrao do xido de ferro FFA2 Frao Fina da Argila do bloco 2 FFA3 Frao Fina da Argila do bloco 3 FFA3 CFe Frao Fina da Argila do bloco 1 com tratamento

    qumico para concentrao do xido de ferro FGA1 Frao Grossa da Argila do bloco 1 FGA1 RFe Frao Grossa da Argila do bloco 1 com tratamento

    qumico para remoo do xido de ferro FGA2 Frao Grossa da Argila do bloco 2 FGA2 RFe Frao Grossa da Argila do bloco 2 com tratamento

    qumico para remoo do xido de ferro FGA3 Frao Grossa da Argila do bloco 3 FGA3 RFe Frao Grossa da Argila do bloco 3 com tratamento

    qumico para remoo do xido de ferro FRX Fluorescncia de Raios X MR Mtodo de Rietveld MR-DRX Mtodo de Rietveld com dados de Difrao de Raios

    X Silte1 Frao Silte do bloco 1 separada por sedimentao Silte2 Frao Silte do bloco 2 separada por sedimentao Silte3 Frao Silte do bloco 3 separada por sedimentao TFSA Terra Fina Seca ao Ar TFSA 2 Terra Fina Seca ao Ar do bloco 2 TFSA 3 Terra Fina Seca ao Ar do bloco 3 TFSA1 Terra Fina Seca ao Ar do bloco 1 TFSA1 Lit Terra Fina Seca ao Ar do bloco 1 refinada utilizando

    a estrutura da literatura TFSA2 Lit Terra Fina Seca ao Ar do bloco 2 refinada utilizando

    a estrutura da literatura TFSA3 Lit. Terra Fina Seca ao Ar do bloco 3 refinada utilizando

    a estrutura da literatura

  • SUMRIO

    1. INTRODUO .......................................................................................................................15

    2. TCNICAS DE RAIOS X UTILIZADAS ..................................................................................22

    2.1 Um breve histrico ...............................................................................................................22

    2.2 Produo de raios X: radiao branca e caracterstica ....................................................25

    2.3 Difrao de Raios X .............................................................................................................28

    2.4 Fluorescncia de Raios X ...................................................................................................32

    3. MTODO DE RIETVELD ..........................................................................................................34

    3.1 O Mtodo de Rietveld ..........................................................................................................34

    3.1.1 Funes de ajuste da utilizadas no GSAS+EXPGUI.......................................35

    4. MATERIAL E MTODOS ........................................................................................................43

    4.1 Amostras e preparao .......................................................................................................43

    4.1.1 Separao das fraes granulomtricas ........................................................................45

    4.1.2 Centrifugao da suspenso da frao argila ................................................................47

    4.1.3 Concentrao dos xidos de ferro ..................................................................................48

    4.1.4 Remoo dos xidos de ferro ..........................................................................................49

    4.2 Coleta, condies de anlise e processamento dos dados .............................................49

    4.2.1 Fluorescncia de Raios X ............................................................................................50

    4.2.2 Difrao de Raios X ......................................................................................................50

    4.3 Condies e protocolo para o refinamento pelo Mtodo de Rietveld ..........................50

    5. RESULTADOS E DISCUSSO ...............................................................................................53

    5.1 Anlise elementar preliminar ..............................................................................................53

    5.2. Anlises das FFA e FGA por DRX ....................................................................................55

    5.3 Resultados dos refinamentos pelo MR ..............................................................................59

    6. CONCLUSO E TRABALHOS FUTUROS ............................................................................75

    6.1 Concluso .............................................................................................................................75

    6.2 Trabalhos Futuros ................................................................................................................75

    REFERNCIAS ..............................................................................................................................77

  • 15

    1. INTRODUO

    As partculas slidas minerais constituintes do solo apresentam-se em

    quantidade e dimenso bastante variadas. Em geral, so divididas em cascalho, areia,

    silte e argila, sendo o cascalho constitudo de partculas de maior dimenso e a argila

    as de menor, e ainda, os limites entre uma e outra podem variar de acordo com as

    classificaes brasileira, americana e internacional (TROEH;THOMPSON, 2007;

    FERREIRA, 2010).

    As propriedades fsicas e qumicas do solo sofrem influncia direta

    principalmente dos seus constituintes argilominerais que compem a frao argila. As

    partculas que compem os solos podem ser classificadas segundo os seus tamanhos

    como: Frao Areia Grossa (2-0,2 mm), Frao Areia Fina (0,2 - 0,05 mm), Frao

    Silte (0,05 - 0,002 mm) e Frao Argila (< 0,002 mm), segundo a Sociedade Brasileira

    de Cincia do Solo (SBCS) e Frao Areia Grossa (2 - 0,2 mm), Frao Areia Fina

    (0,2 - 0,02 mm), Frao Silte (0,02 - 0,002 mm) e Frao Argila (< 0,002 mm), segundo

    a Sociedade Internacional de Cincia do Solo (sigla em ings:ISSS) (FERREIRA,

    2010). Das fraes citadas, a frao argila tem maior atividade, a qual est relacionada

    ao pequeno tamanho de suas partculas que lhe confere algumas propriedades

    coloidais: superfcie altamente reativa na qual se inclui uma grande capacidade de

    troca inica; atividade cataltica e plasticidade, quando umedecida; afinidade pela

    gua e por elementos qumicos que nela esto dissolvidos, consequncia do alto grau

    de subdiviso (elevada superfcie especfica); existncia de cargas eltricas na

    superfcie dessas partculas. Em solos tropicais, a frao argila constituda,

    dominantemente, pelas argilas silicatadas 1:1 e xidos de ferro e alumnio (NOVAIS;

    MELLO, 2007; ALLEONI et al., 2009).

    Com os processos de intemperismo que atuam sobre o solo e estudo de sua

    gnese possvel fazer previses dos processos mineralgicos acontecidos com a

    rocha me, e tambm as possveis transformaes que ainda podem ocorrer nos

    minerais (MOORE; REYNOLDS, 1989; RESENDE et al., 2005). Conhecimentos de

    pedologia, fertilidade do solo, nutrio de plantas e o estudo da mineralogia podem

    fornecer informaes sobre fontes potenciais de nutrientes para as plantas, e isso

    pode auxiliar na identificao de reas que necessitam de tratamentos para melhorar

    o plantio. Na agricultura, o conhecimento dos minerais se faz necessrio tambm para

  • 16

    entender a estrutura do solo como um todo. Assim, a mineralogia do solo de extrema

    importncia, sendo ento, necessrio conhecer alguns aspectos relacionados aos

    seus minerais constituintes.

    A utilizao da tcnica de caracterizao elementar por Fluorescncia de

    Raios X (FRX) e a tcnica de caracterizao mineralgica por Difrao de Raios X

    (DRX) so ferramentas importantes para o estudo dos minerais em solos, sendo a

    ltima de grande importncia principalmente para o estudo dos argilominerais por

    serem partculas muito pequenas (RESENDE et al., 2005).

    Kahle et al. (2002) apresentam uma discusso sobre a confiabilidade dos

    resultados obtidos em solos com mtodos de quantificao mineralgica por meio da

    DRX, dentre esses mtodos discutidos inclui-se o Mtodo de Rietveld (MR). Porm,

    no refinamento de estruturas cristalinas e obteno da quantificao dos minerais pelo

    MR de fundamental importncia que a estrutura de partida utilizada seja prxima

    daquela estudada.

    Na literatura, h trabalhos que relatam caracterizao e quantificao

    mineralgica por meio da quantificao dos minerais presentes em solos brasileiros

    pelo MR com dados de DRX (MR-DRX): Fritsch et al. (2005) estudaram o

    amarelecimento de solos de uma regio de Manaus devido ao contedo e

    caractersticas dos xidos de ferro; Viana et al. (2006) fizeram um estudo dos xidos

    de ferro da frao grosseira do solo; Alves et al. (2007) avaliaram a melhor forma de

    preparao de argilas desferrificadas de solos para a quantificao; Corra et al.

    (2008) investigaram as caractersticas qumicas e cristalogrficas de xidos de ferro

    de Latossolos Vermelho Amarelos em ambiente de tabuleiros costeiros, Corra et al.

    (2008) estudaram caractersticas de Caulinitas e da frao argila de solos de

    tabuleiros costeiros; Alves et al. (2008) compararam as quantificaes de Caulinita e

    Gibbisita da frao argila sem ferro obtidas com a tcnica de calorimetria de varredura

    diferencial; Nitzsche et al. (2008), estudaram Latossolos contendo variados teores de

    xido de ferro para auxiliar no sensoriamento remoto; Alves e Omotoso (2009)

    avaliaram a quantificao mineralgica pelo mtodo usando um software especfico;

    Brinatti et al. (2010) realizaram a quantificao mineralgica de um Latossolo

    Vermelho e tambm verificaram se o mtodo foi adequado; Martins (2010) utilizou o

    MR para o refinamento das fraes de vrios Cambissolos; Prandel et al. (2014)

    estudaram a mineralogia da frao argila de vrios solos coesos e Dias et al. (2013)

  • 17

    caracterizaram a frao argila de Latossolo quantitativamente e suas partculas

    constituintes morfologicamente.

    Dentre os trabalhos citados anteriormente, existem trabalhos em solos da

    formao Barreiras, formao essa da qual o solo estudado nesse trabalho oriundo,

    que realizaram o estudo pelo MR-DRX como Corra et al. (2008), Corra et al. (2008)

    e Prandel et al. (2014). Alm desses, h trabalhos que realizaram a anlise

    mineralgica por DRX nos solos dessa formao, como de Silva et. al (2012), Neto et

    al. (2009), Dematt et al. (1994).

    Levando em considerao que o ferro o quarto elemento mais abundante

    da crosta terrestre, os xidos de ferro, em geral, quando misturados com demais

    componentes do solo so dificilmente identificveis com DRX, mesmo em material

    derivado de rochas bsicas, cujos teores de xidos de ferro chegam a 10-40 %. Destes

    xidos, a Goethita o mineral mais comum em solos sendo formada a partir de rochas

    com baixa concentrao de ferro (MELO, 2009). Ao contrrio dos argilominerais,

    tcnicas que promovem a orientao preferencial no intensificam os mximos

    difratados, no auxiliando, portanto, na identificao dos xidos de ferro. Alm disso,

    o ferro ainda pode ser substitudo por outros elementos, mas a principal substituio

    realizada por alumnio. A dificuldade de identificao dos xidos de ferro resulta da

    sua baixa cristalinidade associada baixa concentrao nos solos e sedimentos

    (SCHWERTMANN, 1991).

    Assim, a remoo dos xidos de ferro, como Goethita, permite a concentrao

    de outros minerais de interesse como Caulinita, Vermiculita, Ilita e Gibbsita

    favorecendo a orientao preferencial dos mesmos quando submetidos DRX

    (SCHWERTMANN, 1991). Trabalhos como os de Alves et al. (2007), Corra et al.

    (2008), Corra et al. (2008), Alves et al. (2008) e Alves e Omotoso (2009) realizaram

    a desferricao do solo afim de obter uma frao livre de xidos de ferro o que

    melhorou a identificao dos outros minerais.

    De outra forma, como os xidos de ferro so difceis de ser identificados, como

    dito anteriormente, possvel superexpress-los removendo os filossilicatos como a

    Caulinita. Caso essa remoo seja bem sucedida, ento possvel estudar a estrutura

    dos xidos de ferro com maior confiabilidade, verificando de maneira mais fcil

    tambm a substituio de alumnio por ferro, por exemplo (JNIOR; KMPF, 2003).

    Diante do que foi exposto ante aqui, a principal dificuldade na utilizao do

    MR-DRX em solos est no fato deles serem muito complexos em termos de

  • 18

    variedades de minerais, sendo necessrio realizar tratamentos qumicos para

    obteno de amostras com menos fases em suas fraes granulomtricas (ALVES et

    al., 2007; CORRA et al., 2008; CORRA et al., 2008; ALVES et al., 2008; ALVES e

    OMOTOSO, 2009). Ento, para o presente trabalho, foi escolhido um solo que no

    to complexo em termos de sua mineralogia, com caractersticas semelhantes ao

    estudados por Corra et al. (2008), Corra et al. (2008), Silva et. al (2012), Neto et al.

    (2009), Dematt et al. (1994) e Prandel et al. (2014), ou seja, solos da formao

    Barreiras, e cuja composio mineral basicamente dada pelos minerais: Quartzo,

    Caulinita, Goethita, Rutilo e Anatsio.

    Assim sendo, na sequncia, descreve-se algumas caractersticas estruturais

    dos minerais que constituem o solo em estudo.

    Um dos xidos de ferro mais presentes nos solos a Goethita. A composio

    qumica elementar deste mineral basicamente Fe, O e H, e sua presena no solo

    tem grande influncia em sua cor (COSTA; BIGHAM, 2009). A Figura 1 mostra o

    modelo estrutural cristalino da Goethita.

    Figura 1. Modelo estrutural cristalino da Goethita. Estrutura gerada utilizando o programa VESTA a partir de (BELL et at, 2008). As esferas em vermelho representam os tomos de oxignio e as em marrom os tomos de ferro. Fonte: O autor.

    Das argilas silicatadas presentes em solos, um dos argilominerais principais

    a Caulinita. Os minerais do grupo Caulim incluem todos os silicatos dioctaedrais,

    sua estrutura cristalina triclnica, e foi identificada primeiramente por Brindley e

    Robinson (BRINDLEY e BROWN, 1980 apud BRINDLEY e ROBINSON, 1945, 1946).

    A Figura 2 mostra o modelo estrutural cristalino da Caulinita.

  • 19

    Figura 2. Modelo estrutural cristalino da Caulinita e sua estrutura de camadas as esferas em vermelho representam os tomos de oxignio, as esferas sombreadas de marrom dentro dos tetraedros de oxignio representam os tomos de silcio e as sombreadas de cinza dentro dos octaedros de oxignio representam os tomos de alumnio. Estrutura gerada utilizando o programa VESTA a partir de Bish e Drelle (1989) Fonte: O autor.

    O Quartzo um xido de silcio que se apresenta em grande quantidade em

    solos. Uma vez que os xidos de silcio constituem o segundo grupo mineral em

    abundncia na crosta terrestre, os quais so originados tanto em ambientes gneos

    em alta temperatura, quanto em ambientes hmidos de baixa temperatura (MELO,

    2009). Nos solos, o Quartzo normalmente se apresenta em gros de forma

    arredondados, no refletindo sua estrutura interna. Na Figura 3 apresentado o

    modelo estrutural cristalino do -quartzo (quartzo em baixa temperatura).

    Figura 3. Modelo estrutural cristalino do Quartzo. As esferas marrons representam os tomos de silcio e as esferas vermelhas os tomos de oxignio, os tomos de silcio esto dentro dos tetraedros de oxignio. Estrutura gerada utilizando o programa VESTA a partir de Antao (2008). Fonte: O autor.

  • 20

    Tem-se ainda os xidos de titnio, os quais se apresentam nos solos em

    baixas quantidades na maioria dos solos e tambm em solos com horizontes coesos,

    essa caracterstica tambm do solo em estudo nesse trabalho. Esses minerais so

    originados a partir de rochas gneas e metamrficas e praticamente no tem efeitos

    sobre a capacidade de adsoro nos solos (KAMPF; CURI; MARQUES, 2009). Os

    xidos de titnio mais comuns so o Rutilo e Anatsio, estes constitudos por grupos

    octaedrais de tomos de oxignio em torno de tomos de titnio. A Figura 4 mostra

    os modelos estruturais cristalinos do Rutilo (Figura 4a) e Anatsio (Figura 4b),

    respectivamente.

    Figura 4. Modelos estruturais cristalinos dos xidos de titnio. Em (a) tem-se a estrutura do Rutilo, e em (b) a estrutura de seu polimorfo, Anatsio As esferas em cinza sombreadas de azul representam os tomos de titnio e as em vermelho os tomos de oxignio. Estrutura gerada utilizando o programa VESTA a partir de Meagher e Langer (1979); Scwedfeger e Meagher (1972). Fonte: O Autor

    Por fim, lembrando que nos trabalhos de Alves et al. (2007), Corra et al.

    (2008), Corra et al. (2008), Alves et al. (2008) e Alves e Omotoso (2009) foram

    realizados os estudos pelo MR-DRX em amostras desferrificadas da frao argila para

    diminuir a complexidade da composio da mesma e sabendo que o solo em estudo

    nesse trabalho tem caractersticas semelhantes ao estudados por Corra et al. (2008),

    Corra et al. (2008) e Prandel et al. (2014). E sabendo que em todos os casos, a

    quantificao no foi realizada na Terra Fina Seca ao Ar (TFSA) e sim em suas fraes

    granulomtricas. O presente trabalho, tem como objetivo a obteno da estrutura

    cristalina dos minerais Caulinita, Quartzo e Goethita, e utilizao dessas como

    estruturas de partidas para o refinamento da Terra Fina Seca ao Ar (TFSA). E como

    objetivos especficos buscou-se separar as fraes argila, silte e areia, realizar a

    anlise elementar por meio da FRX, identificar os minerais por meio da DRX e refinar

    suas estruturas por meio do MR-DRX e, usando essas, quantificar os minerais

    presentes na TFSA MR-DRX comparando com os resultados da quantificao

  • 21

    utilizando diretamente as estruturas da literatura. E assim, verificar a hiptese de que

    os refinamentos e quantificao mineral da TFSA realizados por meio MR-DRX com

    estruturas cristalinas de partida dos minerais refinadas a partir das fraes

    granulomtricas desse solo sero facilitados e com melhores resultados.

  • 22

    2. TCNICAS DE RAIOS X UTILIZADAS

    Como mencionado no Captulo 1 desta dissertao, as tcnicas de FRX e DRX

    empregadas no estudo da mineralogia dos solos so importantes e, por isso, no

    presente Captulo, sero apresentados aspectos gerais relacionados aos raios X,

    fluorescncia e difrao.

    2.1 Um breve histrico

    Em 1895 Wilhelm Rntgen se deparou com uma radiao penetrante de

    natureza at ento desconhecida quando eltrons incidiam na matria (RNTGEN,

    1896). Primeiramente, Rntgen se interessou pelos raios catdicos, estudados por

    Lenard e Hertz, conforme aparece na narrativa a seguir:

    Eu estava trabalhando com um tubo de Crookes

    coberto por uma blindagem de papelo preto. Um

    pedao de papel com platino-cianeto de brio

    estava l na mesa. Eu tinha passado uma corrente

    pelo tubo, e notei uma linha preta peculiar no papel

    (MARTINS, 1998 apud DAM 1896, p. 410)

    E trabalhando com o tubo de Crookes, Rntgen acabou notando a existncia

    dos raios X, estes chamados assim por ele (RNTGEN, 1895). Sendo que o nome

    dado por ele foi mantido por simplicidade.

    Logo percebeu-se que raios X no eram afetados por campos eltricos ou

    magnticos, deixavam marcas em chapas fotogrficas e que causavam a

    fluorescncia de materiais. Esses raios, diferentemente da luz visvel, so

    extremamente penetrantes e podem atravessar o tecido humano, metais finos e outros

    objetos opacos luz visvel. A primeira utilizao dos raios X foram as radiografias,

    onde poderia se distinguir nelas materiais mais densos como ossos (menor

    penetrao dos raios X) de materiais menos densos como pele, por exemplo. Para

    ilustrar esse fato, tem-se na Figura 5 a clssica chapa fotogrfica obtida por Rntgen

    com exposio da mo de sua esposa aos raios X.

  • 23

    Figura 5. Ossos da mo direita da esposa de Rntgen (Bertha), com um anel no dedo mdio. Fonte: Rntger (1896).

    Em 1912 Max von Laue realizou o primeiro experimento sobre interferncia

    de raios X passando por cristais (ECKERT, 2012). A Figura 6 mostra o aparato

    experimental usado na descoberta.

    Figura 6. Aparato experimental usado no experimento de interferncia em cristais realizado por Max von Laue, Walter Friedrich e Paul Knipping em abril de 1912. Fonte: Eckert (2012).

  • 24

    Para as primeiras experincias, Laue, Friedrich e Knipping utilizaram um

    cristal de sulfato de cobre, que no forneceu resultados muito bons, uma vez que este

    um cristal do sistema triclnico, com pouca simetria, o que dificultou a intepretao

    dos resultados. Em seguida, foram feitas experincias com blenda, halita e galena, os

    quais apresentaram melhores resultados e foi possvel determinar a simetria dos

    cristais a partir das chapas fotogrficas e verificar que pequenas variaes na posio

    do cristal tinham grande consequncia para as figuras que apareciam nas chapas

    (CULLITY, 1978; BORGES, 1982; MOORE; REYNOLDS, 1989). A Figura 7 mostra a

    representao esquemtica da cmara de Laue.

    Figura 7. Representao esquemtica da cmera de Laue. Fonte: Cullity (1978).

    Na chapa fotogrfica, Laue observou que se formava um padro de difrao,

    o que comprovava a natureza ondulatria dos raios X. Esse padro de difrao ficou

    conhecido como figuras de Laue. A Figura 8 mostra uma dessas figuras de Laue.

    Figura 8. Um exemplo de uma figura de Laue. Fonte: Hammond (1997)

  • 25

    Em novembro de 1912 W. L. Bragg publicou um trabalho que corroborou com

    o de Laue e apresentou o que hoje conhecida como a Lei de Bragg. Seu pai, W. H.

    Bragg, acreditava que os raios X tinham natureza corpuscular, e realizara um

    experimento onde os raios X ionizavam, propriedade caracterstica dos corpsculos,

    mas tambm eram refletidos pelos planos cristalinos, sendo essa uma propriedade de

    ondas (MOORE; REYNOLDS, 1989). A Lei de Bragg, est descrita em maiores

    detalhes na seo 2.3.

    sabido que antes de 1920 o estudo dos minerais era feito apenas do ponto

    de vista da anlise elementar. Em 1925, Thiebaut fez a primeira tentativa de relacionar

    a composio argilomineral com a rocha de origem e com Ross e Shannon iniciou-se

    uma srie de trabalhos sobre os argilominerais. Logo em seguida, iniciou-se o estudo

    das argilas e argilominerais utilizando a difrao de raios X (MOORE; REYNOLDS,

    1989).

    2.2 Produo de raios X: radiao branca e caracterstica

    Logo aps a descoberta dos raios X, a teoria eletromagntica previu que uma

    partcula carregada produz radiao quando rapidamente desacelerada. Os raios X

    so produzidos no ponto de impacto e so irradiados em todas as direes. A energia

    que o eltron atinge o alvo igual ao valor de sua energia cintica ( =1

    2), e a

    maior parte dessa energia transformada em calor, menos de um por cento

    transformada em raios X (CULLITY, 1978; BORGES, 1982; WHITTIG; ALLARDICE,

    1986; MOORE; REYNOLDS, 1989).

    Na produo dos raios X usado um tubo de vidro com filamento metlico

    (catodo) o qual quando submetido a uma diferena de potencial aquecido emitindo

    eltrons, os quais colidem com um alvo (anodo) tambm metlico produzindo assim

    os raios X. Porm, no h produo de raios X quando a diferena de potencial no

    atinge um valor mnimo (CULLITY, 1978; BORGES, 1982; MOORE; REYNOLDS,

    1989; RESENDE et al., 2005). A Figura 9 mostra um esquema de tubo onde os raios

    X so produzidos.

  • 26

    Figura 9. Representao do tubo para produo dos raios X. O filamento F aquecido e emitem eltrons que so acelerados colidindo com o alvo A. Fonte: Borges (1982).

    Para que o espectro caracterstico seja emitido preciso que o potencial de

    acelerao da radiao incidente seja maior que a energia de ligao dos eltrons nas

    camadas eletrnicas. A diferena de potencial (em kV) mnima pode ser dada

    em funo do comprimento de onda mnimo e expressa na relao dada pela

    Equao 1,

    =

    12400

    ,

    (1)

    caso a diferena de potencial no seja atingida ser emitido pelo alvo o chamado

    espectro contnuo, mostrado na Figura 10.

    Figura 10. Espectros contnuos de raios X, emitidos por um filamento para diversas diferenas de potenciais. O aumento da diferena de potencial gera um aumento da intensidade de radiao emitida. FONTE: Borges (1982).

  • 27

    A intensidade da energia emitida pelo alvo aps a coliso proporcional a

    rea abaixo da curva na Figura 10, e depende do nmero atmico do alvo, e da

    corrente que passa pelo tubo. Dessa forma, a intensidade total dos raios X dada

    pela Equao 2,

    = , (2)

    onde uma constante de proporcionalidade e uma constante cujo valor em

    torno de 2 (CULLITY, 1978; MOORE; REYNOLDS, 1989).

    Quando a diferena de potencial aplicada no tubo superior a ,

    caracterstico do material que constitui o alvo, conforme a Equao 1, intensidades

    mximas bem definidas surgem superpostos ao espectro contnuo devido a transio

    eletrnica entre eltrons de camadas superiores que ocupam o espao deixado por

    eltrons de camadas mais internas, uma vez que esses so arrancados do material

    pelo eltron proveniente do catodo (RESENDE et al., 2005). Assim, como o

    comprimento de onda dessas intensidades mximas so bem definidos e dependem

    do material do alvo, essas linhas so chamadas de linhas caractersticas e so

    mostradas na Figura 11.

    Figura 11. Espectro de raios X emitido por um alvo metlico para uma dada diferena de potencial entre o filamento e alvo com duas linhas caractersticas que se sobrepem ao espectro contnuo. Fonte: Borges (1982).

    Essas linhas so oriundas da transio eletrnica do eltron da camada de

    maior energia e ocupa o lugar do eltron que foi ejetado. Na Figura 12 representado

    esse fenmeno.

  • 28

    Figura 12. Transio eletrnica de eltrons da camada M e L que ocupam o lugar do eltron emitido pelo alvo aps a coliso do eltron incidente. Fonte: Cullity (1978) (adaptado).

    A intensidade da linha caracterstica depende da corrente aplicada no

    tubo e da diferena de potencial que ultrapassa , sendo que tal dependncia pode

    ser determinada de acordo com a Equao 3,

    = ( ) , (3)

    onde B uma constante de proporcionalidade, a tenso de excitao para linha

    e uma constante de valor aproximado 1,5.

    2.3 Difrao de Raios X

    A Figura 13 mostra uma representao de difrao de raios X por um cristal.

    As linhas com setas indicam a direo do feixe de raios X incidente e difratado, sendo

    a direo indicada pelo ngulo de Bragg , e respectivos planos de reflexo

    presentes em um cristal, esses representados pelas linhas horizontais cujos ndices

    de Miller so .

  • 29

    Figura 13. Representao de difrao de raios X por um cristal e indicao do ngulo de Bragg, , e respectivos planos. Fonte: o autor.

    Para que haja uma interferncia construtiva dos raios X, o caminho que a

    onda deve percorrer de + deve ser igual a um mltiplo inteiro do comprimento

    de onda para que a onda 1 esteja em fase com a onda 2, aps ocorrer a difrao,

    na representao (Figura 13), onda 1 e onda 2, ou seja,

    + = , = 1,2,3

    e sabendo que = , ento,

    2 =

    e como

    = ()

    logo, considerando as expresses anteriores, chega-se na Lei de Bragg expressa pela

    Equao 4,

    = 2() . (4)

    Os detectores captam as intensidades das ondas (), relativas s direes

    e respectivos planos que satisfazem a condio de Bragg. Aps a difrao, porm, a

    intensidade, dada pela Equao 3, no a mesma que a medida pelos detectores.

    Essa diferena de intensidade ocorre porque os raios X ao atravessarem um material

    vrios efeitos acontecem. A ttulo de exemplo, a Figura 14 traz alguns desses efeitos.

  • 30

    Figura 14. Efeitos produzidos pela passagem do raio X em uma substncia. Fonte: Cullity (1978) (adaptado).

    Alguns fatores influenciam na medida da intensidade do feixe de raios X

    transmitido aps a ocorrncia do fenmeno da difrao por um cristal, registrada em

    um detector, so: fator de absoro, fator de estrutura relacionado estrutura

    cristalina, fator multiplicidade, fator de polarizao, fator de Lorentz e de deslocamento

    trmico.

    Para a compreenso do fator de absoro, deve-se considerar raios X

    atravessando o cristal, sendo parte deles transmitidos e partes absorvidos. Sabe-se

    que a intensidade de radiao que passa por um material depende do seu coeficiente

    de absoro linear , e da sua espessura , que o feixe atravessa, ou seja, a absoro

    dada lei expressa na Equao 5,

    = 0 . (5)

    A expresso anterior pode ser escrita em termos do coeficiente de absoro

    mssico /, sendo dada pela Equao 6,

    = 0

    (

    )

    . (6)

  • 31

    A intensidade do feixe difratado tambm afetada pelo o fator de estrutura .

    Esse fator o espalhamento das ondas devido a todos os tomos do cristal, ou seja,

    a amplitude da onda espalhada pelo cristal em uma determinada direo onde

    satisfeita a Lei de Bragg (Equao 4).

    O fator de estrutura descreve o arranjo dos tomos, dependente das

    posies atmicas , , e fatores de espalhamento atmicos dos tomos, em

    uma determinada direo onde satisfeita a Lei de Bragg relacionada famlia de

    planos de reflexo , indicada por {}, sendo expresso pela Equao 7,

    =

    =1

    2(++) , (7)

    sendo um nmero complexo e o seu mdulo ao quadrado proporcional a

    intensidade do feixe espalhado.

    Um outro fator que interfere na intensidade das linhas de difrao o fator

    multiplicidade. Em uma difrao possvel ter reflexo de {}, onde cada um desses

    planos da famlia contribui de forma igual com a respectiva intensidade de reflexo.

    Desta forma, o fator multiplicidade o nmero de planos que contribui para essa

    mesma reflexo para um certo ngulo de Bragg . Geralmente, o fator multiplicidade

    indicado pela por .

    Deve-se considerar tambm alguns fatores geomtricos que influenciam na

    intensidade do feixe refletido. O fator de Lorentz, pode ser representado pela Equao

    8 (CULLITY, 1978; BORGES, 1982; MOORE; REYNOLDS, 1989),

    =

    1

    42() cos() ,

    (8)

    que combinado com o fator de polarizao, dado pela Equao 9 (CULLITY, 1978;

    BORGES, 1982; MOORE; REYNOLDS, 1989),

    =

    1

    2(1 + 2(2))

    (9)

    fornece o fator Lorentz-polarizao , expresso pela Equao 10 (CULLITY, 1978;

    BORGES, 1982; MOORE; REYNOLDS, 1989).

    =1+cos2(2)

    2(2) cos() (10)

  • 32

    Por ltimo deve-se mencionar o efeito do aumento da temperatura na amostra,

    causando um deslocamento atmico nas posies atmicas. Esse deslocamento gera

    trs efeitos indesejveis: variao do espaamento interplanar, variando assim as

    posies das reflexes de Bragg; diminuio da intensidade das linhas e aumento da

    radiao de fundo (CULLITY, 1978). O deslocamento atmico dado por 2 onde

    a mdia do deslocamento do tomo em relao a sua posio. A contribuio na

    variao da estrutura pode ser representada por

    = 0

    (11)

    onde o fator de espalhamento atmico devido ao deslocamento atmico e 0

    representa o espalhamento para o tomo em repouso. Porm, a intensidade do

    espalhamento depende do quadrado do fator de espalhamento, dessa forma a

    exponencial de 2, onde uma quantidade que depende tanto da amplitude de

    vibrao trmica quando do ngulo de espalhamento, e representado por:

    (CULLITY, 1978):

    = 22 (

    2

    2)

    (12)

    2.4 Fluorescncia de Raios X

    A fluorescncia de raios X acontece quando um feixe de raios X incide sobre

    a matria e h excitao eletrnica (BEISER, 1995). Eltrons presentes nas camadas

    inferiores so arrancados com a mesma energia mnima dada pela Equao 3,

    fenmeno do efeito fotoeltrico, e eltrons presentes nas camadas de maior energia

    ocupam seus lugares o que acaba gerando uma energia de raios X caractersticos

    (JONES, 1982). A Figura 14 mostra o esquema de emisso de raios X.

  • 33

    Figura 15. Emisso de raios X gerados pela excitao eletrnica. Aqui so mostrados os espectros da linha e , que surgem quando um eltron da camada principal ocupa o lugar do eltron

    arrancado da camada e quando um eltron da camada principal ocupa o lugar do eltron arrancado da camada . FONTE: Cullity (1978) (adaptado).

    A energia do fton de raios X emitidos depende da diferena de energia entre

    a energia do eltron no orbital que foi arrancado e a energia do eltron no orbital da

    camada mais externa que ocupou seu lugar. Essa energia representada pela

    Equao 13,

    =

    ,

    (13)

    onde a constante de Plank, a velocidade de luz e o comprimento de onda.

    O comprimento de onda caracterstico ento inversamente proporcional a energia,

    e a intensidade da emisso dos ftons depende da quantidade do elemento presente

    na amostra (VINAD E VINAD, 2005).

    A tcnica FRX por energia dispersiva consiste em excitar todos os elementos

    na amostra simultaneamente, e o detector de energia dispersiva combinado com um

    analisador multicanal usado para coletar a radiao fluorescente emitida da amostra

    e separar as energias das diferentes radiaes caractersticas os diferentes elementos

    contidos na amostra.

  • 34

    3. MTODO DE RIETVELD

    Existem trabalhos na literatura que mencionam o uso do Mtodo de

    Rietveld em estudos de solos brasileiros conforme apresentado na introduo desta

    dissertao. Portanto, neste captulo sero apresentados o Mtodo de Rietveld e seu

    uso por meio do programa General Structure Analysis System (GSAS) (LARSON;

    VON DREELE, 2004) plataforma interface EXPGUI (TOBY, 2001).

    3.1 O Mtodo de Rietveld

    O Mtodo de Rietveld foi desenvolvido por Hugo Rietveld na dcada de 60,

    sendo o primeiro artigo publicado em 1967. O MR trata-se de um ajuste do padro de

    difrao calculado a partir de estruturas cristalogrficas de partida com o padro

    obtido experimentalmente. Esse ajuste feito por meio de uma funo minimizao

    da soma dos quadrados das diferenas entre as intensidades observadas e

    calculadas, conforme expresso dada pela Equao 14, (YOUNG, 2002; LARSON;

    VON DREELE, 2004),

    = ( )2

    ,

    (14)

    onde

    = 1/ , funo peso;

    , intensidade observada no i-nsimo passo;

    , intensidade calculada no i-nsimo passo.

    O clculo da intensidade calculada feito por meio da Equao 15

    (YOUNG, 2002; LARSON; VON DREELE, 2004),

    = |()|2(2 2) + ,

    (15)

    onde

    a funo de ajuste dos efeitos de rugosidade de superfcie da amostra;

    a funo de ajuste de escala pra cada fase p;

  • 35

    a funo de ajuste do fator de absoro;

    () o fator de estrutura;

    (2 2) a funo de ajuste do perfil;

    a funo de ajuste de assimetria de perfil;

    contm os fatores de Lorentz, polarizao e multiplicidade;

    a funo de ajuste de orientao preferencial;

    a contribuio da radiao de fundo.

    3.1.1 Funes de ajuste da utilizadas no GSAS+EXPGUI

    No programa GSAS+EXPGUI (LARSON; VON DREELE) so implementadas

    as funes para o ajuste da intensidade calculada, Equao 15, e que sero descritas

    na sequncia.

    A funo para ajuste da rugosidade utilizada foi proposta por Pitschke et al.

    (1993a, 1993b), e dada pela Equao 16 (LARSON; VON DREELE, 2004),

    =11(

    122)

    11+12 , (16)

    onde 1 e 2 so os termos refinveis. Na Figura 16 mostrada a janela do programa

    GSAS+EXPGUI para acesso ao refinamento desses parmetros.

  • 36

    Figura 16. Janela de acesso para o refinamento dos parmetros da funo de ajuste da rugosidade no programa GSAS+EXPGUI. Como trata-se de um programa em lngua inglesa, essa janela foi capturada da forma em que aparece na tela. Fonte: O autor.

    A funo de ajuste da absoro est implementada na funo de ajuste do

    deslocamento das posies dos picos de reflexo expressa a seguir pela Equao

    17 (YOUNG, 1995; LARSON; VON DREELE, 2004),

    (2) = 2 +

    (2)+ cos() + (2) , (17)

    onde o fator de absoro est contido no termo de transparncia , o qual est

    relacionado absoro efetiva da amostra , dado pela equao 18 (YOUNG, 1995;

    LARSON; VON DREELE, 2004) apresentada a seguir,

    = 9000

    , (18)

    onde o raio do difratmetro, um fator de correo da posio da amostra em

    relao fonte de raios X e o detector, o termo de assimetria que ser explorado

    na sequncia e depender da magnitude de .

    Lembrando que o fator de estrutura (), j foi descrito na seo 3.3, porm

    apresentado a seguir, Equao 19, para maior comodidade na leitura,

  • 37

    () =

    =1

    2(++) , (19)

    onde

    o fator de espalhamento atmico,

    , , so as posies atmicas fracionrias da cela unitria;

    , , so os ndices de Miller.

    No programa GSAS+EXPGUI, o ajuste das posies atmicas fracionrias,

    assim como o ajuste dos parmetros de rede so feitos na janela mostrada na Figura

    17.

    Figura 17. Janela de acesso para refinamento das posies fracionrias dos tomos no programa GSAS+EXPGUI. Como trata-se de um programa em lngua inglesa, essa foi capturada da forma em que aparece na tela. Fonte: O autor.

    Para o ajuste do perfil, termo (2 2) da Equao 15, existem cinco

    funes utilizadas no GSAS+EXPGUI. Porm, para o presente trabalho foi escolhida

    a funo Pseudo-Voigt modificada por apresentar um melhor ajuste para as

    amostras estudadas (YOUNG, 1995; LARSON; VON DREELE, 2004) dada pela

    Equao 20, apresentada a seguir,

    = () + (1 )() , (20)

  • 38

    onde a largura a meia altura total, FWHM total. O parmetro de mistura escrito

    em termos dos alargamentos Gaussianos e Lorentziano e do alargamento total

    da forma apresentada na Equao 21 (YOUNG, 1995; LARSON; VON DREELE,

    2004),

    = 1,36603 (

    ) 0,47719 (

    )

    2

    + 0,11116 (

    )

    3

    , (21)

    onde o alargamento total expresso pela Equao 22 a seguir,

    = (5 + 2,69269

    4 + 2,428433

    2 + 4,47162

    3 + 0,078424

    + 5)

    1

    5

    (22)

    e definido pela expresso dada na Equao 23,

    =

    cos()+ () , (23)

    onde, e so parmetros refinveis, e descrevem contribuies para o

    alargamento devido ao tamanho de cristalito e microdeformao. Porm, esse modelo

    descreve o modelo isotpico do perfil.

    Alm disso, nesse trabalho utilizou-se os parmetros anisotrpicos tambm,

    modificando assim a funo para a expresso dada a seguir pela Equao 24,

    2 = ( +

    24)2() + () + +

    2() , (24)

    onde, 2 representa o alargamento gaussiano por microdeformao e o

    espaamento interplanar. O parmetro de microdeformao da funo isotrpica

    modificado da seguinte maneira conforme Equao 25,

    () 2() , (25)

    onde, o alargamento Lorentziano devido microdeformao. Os parmetros e

    so ponderados por um parmetro de alargamento para que assuma valores

  • 39

    diferentes para cada sistema cristalino, e tambm por um parmetro para

    contribuio relativa dos termos. Sendo que os termos ponderados so expressos

    pelas Equaes 26 e 27 respectivamente,

    = , (26)

    = (1 ) (27)

    e o parmetro de alargamento dado pelo pela equao 28 a seguir,

    2 =

    , (28)

    onde so os termos de microdeformao anisotrpicos Lorentzianos.

    Figura 18. Janela de acesso para o refinamento dos parmetros da funo de ajuste de perfil, onde GU: termo gaussiano U, GV: termo gaussiano V, GW: termo gaussiano W, GP: contribuio gaussiana para tamanho de cristalito LX: contribuio lorenztiana isotrpica para tamanho de cristalito, ptec: contribuio anisotrpica para tamanho de cristalito, eta: parmetro de mistura, SXX,SYY, SZZ: alargamento anisotrpico de microdeformao Lorentzianos. Como trata-se de um programa em lngua inglesa, essa janela foi capturada da forma em que aparece na tela. Fonte: O autor.

  • 40

    O ajuste do termo de assimetria de perfil feita por meio da funo de Finger,

    Cox e Jephcoat , apresentado na Equao 29 (YOUNG, 1995; LARSON; VON

    DREELE, 2004),

    () =

    2()

    4() cos(2 )()

    (29)

    onde corresponde ao raio do difratmetro, e so as alturas da amostra e

    detector respectivamente. No programa GSAS+EXPGUI esses termos correspondem

    a S/L e H/L e esto indicados na Figura 13.

    Os fatores Lorentz-polarizao , dado pela Equao 13 e multiplicidade ,

    so reunidos na expresso a seguir, Equao 30,

    = 1+2(2)

    2() cos() . (30)

    Para o ajuste da orientao preferencial, originada pela tendncia de alguns

    cristais orientarem-se em uma ou mais direes por conta de seus hbitos, foi utilizada

    a funo de orientao preferencial de Dreele, a qual utiliza harmnicos esfricos,

    expresso na Equao 31 (YOUNG, 1995; LARSON; VON DREELE, 2004). A

    utilizao dessa funo foi necessria pois no se sabia quais direes possuam

    orientao preferencial, alm de as amostras serem multifsicas.

    (, ) = 1 +

    4

    2 + 1

    ()

    ()

    =

    =

    =2

    (31)

    Nessa funo a dependncia da orientao da amostra, so os termos

    refinveis e () e

    () dependem da simetria do cristal e amostra,

    respectivamente. A Figura 19 mostra o acesso para o ajuste dos parmetros no

    programa GSAS+EXPGUI.

  • 41

    Figura 19. Janela de acesso para o refinamento dos termos no GSAS+EXPGUI. Como trata-se de

    um programa em lngua inglesa, essa foi capturada da forma em que aparece na tela. FONTE: O autor.

    O ltimo termo a contribuio da radiao de fundo e a opo do programa

    GSAS+EXPGUI utilizada, neste trabalho, foi a funo de ajuste que a parte

    cossenoidal de uma Srie de Fourrier de at 32 termos, a qual apresentou melhor

    ajuste para as amostras, dada pela Equao 35,

    = 0 + cos{[ + 1]}

    =1

    , (32)

    onde 0 e so os termos refinveis, e a posio do detector em cada passo.

    Na Figura 20 mostrada a janela de acesso para o refinamento da radiao de fundo

    no programa GSAS+EXPGUI.

  • 42

    Figura 20. Janela de acesso para o refinamento da radiao de fundo no programa GSAS+EXPGUI. Como trata-se de um programa em lngua inglesa, essa foi capturada da forma em que aparece na tela. FONTE: O autor.

  • 43

    4. MATERIAL E MTODOS

    Para a anlise do solo estudado e obteno dos refinamentos parciais pelo

    MR, com o uso das tcnicas descritas no Captulo 2 e 3, foram seguidos os

    procedimentos para separao das amostras de solos em fraes granulomtricas

    que sero descritos nas prximas sees, obteno da frao argila com

    concentrao de xidos de ferro e concentrao de caulinita para ento, realizar s

    anlises de identificao e quantificao dos minerais. Esse procedimento foi adotado

    para obter as estruturas refinadas dos minerais principais, que foram utilizados para a

    quantificao dos minerais da TFSA.

    4.1 Amostras e preparao

    As amostras que foram coletadas so oriundas do horizonte AB de um

    Argissolo Amarelo formado a partir de sedimentos no consolidados de natureza

    arenosa e areno-argilosa da Formao Barreiras Clima Ami, pela classificao de

    Kppen. A regio de coleta deste solo est localizado na Fazenda Citropar II

    (coordenadas mdias: 01 48 38 Sul, 47 11 38 Oeste), municpio de Capito Poo,

    estado do Par (OLIVEIRA et al., 2009) e as amostras so de trs pontos diferentes

    denominados: bloco 1, bloco 2 e bloco 3.

    A Figura 21 um esquema indicativo das etapas, apresentadas nas prximas

    sees, do procedimento adotado para obteno das amostras para as anlises e a

    Tabela 1 traz uma listagem das amostras obtidas e as respectivas siglas adotadas

    referente ao procedimento seguido. Todo o procedimento de preparao das

    amostras foi realizado no Laboratrio do FASCA/UEPG.

  • 44

    Figura 21. Esquema de preparao e separao das fraes do solo estudado. FONTE: O autor.

    A Tabela 1 mostra a nomenclatura adotada para as amostras nos processos

    de separao e tratamento apresentados na Figura 21.

  • 45

    Tabela 1. Nomenclatura adotada para as amostras obtidas

    Sigla Amostra

    TFSA (1,2,3) Terra Fina Seca ao Ar do bloco

    TFSA(1,2,3) Lit Terra Fina Seca ao Ar refinada utilizando a estrutura da literatura

    Silte(1,2,3) Frao Silte separada por sedimentao

    AreiaF(1,2,3) Frao Areia Fina separada por sedimentao

    FGA(1,2,3) Frao Grossa da Argila do bloco

    FFA(1,2,3) Frao Fina da Argila do bloco

    FGA RFe(1,2,3) Frao Grossa da Argila com tratamento qumico para remoo

    do xido de ferro

    FFA CFe(1,3) Frao Fina da Argila com tratamento qumico para

    concentrao do xido de ferro

    Areia(1,2,3) Areia Grossa (partculas retidas na peneira de 53 m) Nota: Os nmeros referentes aos os blocos 1,2 e 3.

    4.1.1 Separao das fraes granulomtricas

    Em cada bloco de amostra foram obtidas a TFSA em triplicata para garantir

    maior homogeneidade aps a obteno das fraes granulomtricas: Frao Argila (<

    2 m), Frao Silte (2 m a 20 m), Frao Areia Fina (20 m a 53 m), Frao Areia

    (53 m a 2 mm) e Frao Fina da Argila (< 0,4 m), essa ltima frao ser descrita

    no item 4.1.2. No presente trabalho ressalta-se que: a denominao dada como

    Frao Areia (53 m a 2 mm) abrange a Frao Areia Grossa e Frao Areia Fina de

    acordo com a SBCS e abrange a Frao Areia Grossa e parte da Frao Areia fina

    pela ISSS; a denominao dada como Frao Areia Fina (20 53 m) pertence a

    Frao Silte conforme SBCS e pertence a Frao Areia Fina de acordo com a ISSS;

    e tambm a denominao da Frao Fina da Argila (< 0,4 m) difere da conveno

    adotada para a Frao Argila Fina (< 0,2 m), uma vez que a separao das partculas

    foi realizada desta forma por questes operacionais. Para maior compreenso, na

    Tabela 2 so apresentadas as observaes citadas anteriormente e as siglas

    adotadas.

  • 46

    Tabela 2. Tamanho de partcula das amostras obtidas

    Tamanho de partcula (m)

    Obtido SBCS ISSS

    Sigla

    FFA < 0,4 < 2 Argila < 2 Argila

    FGA 0,4-2

    Silte 2-20 2-50 Silte 2-20 Silte

    AreiaF 20-53 20-200 Areia Fina

    Areia 53-2000 50-200 Areia Fina

    200-2000 Areia Grossa

    200-2000 Areia Grossa

    Para obteno das fraes areia, silte e argila foi utilizado 10 mL de soluo

    dispersante de NaOH (1 mol.L-1) para 20 g de amostra, misturado com 200 mL de

    gua destilada e deixado o dispersante agir durante 24 horas. Aps 24 horas utilizou-

    se o ultrassom para desagregar as partculas, com uma potncia de 14 W durante 1

    hora, em seguida, as amostras foram lavadas em peneiras de 53 m onde a frao

    areia do solo ficou retida, colocada ento em placa de petri e, em seguida, levada para

    estufa a 40 C para secagem. A suspeno restante da lavagem, a qual contm argila,

    silte, e areia fina, foi colocada em tubos de PVC para realizar a separao utilizando

    o mtodo da separao granulomtrica baseado na Lei de Stokes

    (CHRISTENSEN,1992; TANNER; JACKSON, 1947; EMBRAPA, 1997).

    Para separao da argila, foi colocado nos tubos de PVC 1 L a suspenso

    que passou pela peneira de 53 m, a qual contm argila, silte e areia fina. Ento,

    foram realizadas aproximadamente 30 retiradas de alquotas de suspenso de

    aproximadamente 200 mL cada, correspondente ao volume do tudo cuja altura foi

    previamente marcada, essas contendo frao argila. Para determinar o tempo

    necessrio para que a maior partcula de argila decantasse por uma altura de 5 cm

    marcada no tubo de PVC utilizou-se a Equao 33:

  • 47

    =18

    2()

    (33)

    onde,

    o tempo de queda;

    a altura;

    a acelerao gravitacional;

    a densidade de partcula;

    a densidade do lquido.

    Aps cada retirada de alquota da suspenso de argila, agitava-se novamente

    a suspenso e esperava-se o tempo de sedimentao para a prxima retirada. Esse

    processo foi feito at que a alquota da suspenso retirada estivesse bem clara. Em

    seguida, toda a suspenso de frao argila deveria ser reunida e com adio de CaCl2,

    promover a floculao das partculas (BRINATTI et al., 2010; MARTINS, 2010;

    PRANDEL, 2013). Porm, o procedimento utilizado na seo seguinte uma

    adaptao do mtodo a fim de evitar a utilizao do floculante. Toda a amostra

    coletada utilizando o procedimento descrito na seo 4.1.1 foi centrifugada, e

    concentrada para cada bloco. Ressalta-se que este procedimento foi semelhante ao

    realizado nos trabalhos de Corra et al. (2008), Corra et al. (2008) diferenciado

    apenas o tamanho de partcula obtido.

    4.1.2 Centrifugao da suspenso da frao argila

    A suspenso da frao argila foi centrifugada utilizando a centrifuga com uma

    rotao de 12000 rpm (15200 g) durante 30 minutos. Esse procedimento foi repetido

    para a frao argila que foram separadas dos trs blocos. Considerando a Lei Stokes,

    para o tubo de centrifuga com altura da amostra de aproximadamente 0,09 m, foi

    possvel estimar o dimetro aproximado das partculas que sedimentaram como

    sendo maior que 0,4 m. Aps a centrifugao, notou-se que nem toda a argila havia

    decantado, dessa forma foram obtidas duas fraes: Frao Grossa da Argila por

  • 48

    centrifugao (FGA), com tamanho de partcula maior que 0,4 m e Frao Fina da

    Argila por Centrifugao (FFA), conforme tabela 2, com tamanho de partcula menor

    que 0,4 m, que correspondem a frao da argila decantada no processo de

    centrifugao e o que ficou suspenso, respectivamente. Toda a amostra coletada

    utilizando o procedimento descrito na seo 4.1.1 foi centrifugada, e concentrada para

    cada bloco.

    4.1.3 Concentrao dos xidos de ferro

    Esse procedimento tem por princpio a concentrao de xidos de ferro que

    realizada pela remoo seletiva de argilominerais da frao argila, favorecendo,

    portanto, o seu estudo. Dessa forma, possibilitando a identificao mineralgica com

    difrao de raios X.

    Para promover a concentrao de xidos de ferro em amostras de solo,

    Hashimoto e Jackson (1960) usaram soluo de NaOH 0,5 mol.L-1 a 100C, durante

    2,5 min para remover a Caulinita e material amorfo. Outro procedimento para o mesmo

    fim prescrito por Norrish e Taylor (1961) que utilizaram soluo bem mais

    concentrada, NaOH 5 mol.L-1 a 100C por uma hora, e solubilizaram efetivamente

    argilominerais e Caulinita, concentrando os xidos de ferro. Desta forma, neste

    trabalho, o procedimento foi seguido para concentrao dos xidos de ferro

    basicamente o de Norrish e (1961), modificado por Kmpf e Schwertmann (1982).

    Para a concentrao de xidos de ferro utilizou-se as solues de hidrxido de

    sdio (5 mol.L-1), cido clordrico (0,5 mol.L-1) e carbonato de amnio (1 mol.L-1). Foi

    colocado 0,5 g da FFA em um copo de teflon de 500 mL com 50 mL de soluo de

    NaOH 5 mol.L-1 e fervido durante trinta minutos. Depois de esfriar, foi transferido a

    suspenso para tubos de centrfuga e centrifugado por dez minutos a 1.400 rpm (170

    g) e, ento, foi descartado o sobrenadante claro. Em seguida, foi lavado uma vez com

    soluo de NaOH 5 mol.L-1, centrifugado e descartado o sobrenadante claro. Lavado

    com soluo de HCI 0,5 mol.L-1 para dissolver a sodalita. Lavado duas vezes com

    soluo de (NH4)2CO3.H2O para remover o NaCI formado e, finalmente, lavado duas

    vezes com gua destilada para remover excesso de NH4+ e CO32- (ALVES, 2013;

    CAMARGO et al. 2009).

  • 49

    4.1.4 Remoo dos xidos de ferro

    A soluo de ditionito-citrato-bicarbonato (DCB) usualmente empregada

    para a dissoluo de xidos de ferro de amostras de solos e argilas, sendo, via de

    regra, tal remoo efetuada sob aquecimento. Todavia, possvel a desferrificao

    da frao argila utilizando-se a soluo DCB em temperatura ambiente exemplo do

    efetuado por Inda Jnior e Kmpf (2003).

    A soluo foi preparada primeiramente com uma soluo de citrato de sdio

    0,3 mol.L-1 (soluo A) dissolvendo 88,23 g em 1 L de gua, seguido por uma soluo

    de bicarbonato de sdio 1 mol.L-1 (soluo B) foi preparada dissolvendo 84,01 g em 1

    L de gua e, por ltimo, a soluo de trabalho foi feita misturando 890 mL da soluo

    A com 110 mL da soluo B.

    Para obteno das amostras desferrificadas, transferiu-se 0,2 g da FGA para

    tubos de centrfuga de 50 mL, adicionou-se 20 mL de soluo de trabalho e em

    seguida 1 g de ditionito de sdio. As amostras foram agitadas por 24 h 300 rpm e

    ento centrifugadas 2000 rpm (350 g), em seguida, descartou-se os sobrenadantes.

    Esse procedimento foi repetido oito vezes e, ento, as o material foi seco em estufa

    40 C. Vale lembrar que este procedimento foi semelhante ao realizado nos trabalhos

    de Alves et al. (2007), Corra et al. (2008), Corra et al. (2008), Alves et al. (2008) e

    Alves e Omotoso (2009) diferenciando apenas que o tratamento no foi na mesma

    frao.

    4.2 Coleta, condies de anlise e processamento dos dados

    Para as anlises de FRX e MR-DRX todas as amostras foram maceradas com

    almofariz e pestilo de gata e passadas em peneira de abertura de 45 m. Com

    exceo da peneira utilizada, os procedimentos adotados foram de acordo com os

    trabalhos de Brinatti et al. (2010), Martins (2010), Dias et al. (2013) para o MR-DRX e

    Prandel et al. (2014) para o MR-DRX a FRX.

  • 50

    4.2.1 Fluorescncia de Raios X

    A coleta de dados para anlise elementar qualitativa por FRX foi realizada no

    Laboratrio do FASCA/UEPG, com o aparelho SHIMADZU EDX 720 Energy

    Dispersive X-ray Spectrometer, de tubo de Rdio em atmosfera de vcuo (30 Pa). A

    coleta de dados foi feita nos modos semiquantitativo e quantitativo. No modo

    semiquantitativo foram considerados apenas os elementos majoritrios. A coleta de

    dados para anlise quantitativa foi feita por meio de curva de calibrao com amostras

    padres que possuam os elementos alumnio, ferro e silcio. Para os demais

    elementos, como o elemento titnio, essa anlise no moto quantitativo no foi

    realizada porque no havia padres disponveis.

    4.2.2 Difrao de Raios X

    Os dados da anlise por DRX para as trs amostras foram obtidos utilizando

    um Difratmetro RIGAKU, modelo: Ultima IV, com radiao de Cu K; 40 kV; 30 mA;

    fenda de: divergncia = 1, divergncia horizontal: 10 mm, espalhamento = 1,

    recepo: 0,15 mm; no modo de varredura passo a passo, com passo de 0,02 , com

    tempo de amostragem de 10 s, na extenso de 2i = 5,00 a 2f=80.

    A identificao dos minerais foi feita pelos trs picos de difrao mais intensos

    de cada mineral, e foi utilizado o banco de dados da American Mineralogist Crystal

    Structure Database (DOWNS; HALL-WALLACE, 2014).

    4.3 Condies e protocolo para o refinamento pelo Mtodo de Rietveld

    Para realizar o refinamento pelo MR utilizou-se o programa GSAS

    (LARSON; VON DREELE, 2004) com a interface EXPGUI (TOBY, 2001) com as

    funes citadas na seo 2.5.

    As estruturas de partida utilizadas da literatura para cada mineral so

    indicadas a seguir com seus respectivos autores:

    Caulinita por Bish e Dreele (1989);

    Quartzo por Antao et al. (2008);

  • 51

    Goethita por Bell et al. (2008);

    Rutilo por Meagher e Langer (1979);

    Anatsio por Scwerdtfeger e Meagher (1972);

    Sodalita por Hassan, Antao e Parise (2004)

    Muscovita por Brigatti, Frigieri e Poppi (1998)

    Analcime por Likhachieva, Rashchenko e Seryotkin (2012)

    sendo que estes trs ltimos minerais foram usados apenas no refinamento de apenas

    uma das amostras e ser explicado posteriormente.

    A fim de se obter sucesso no refinamento da TFSA via estruturas cristalinas

    refinadas a partir das fraes granulomtricas, seguiu-se a sequncia apresentada na

    Figura 22. Aps a obteno da FFA CFe3 realizou-se o refinamento e a estrutura

    refinada da Goethita dessa amostra foi utilizada no refinamento da Areia, FGA e TFSA.

    Na FGA buscou-se refinar a estrutura da Caulinita, e na frao Areia buscou-se refinar

    a estrutura do Quartzo, e por fim, aps obtidas as estruturas da Goethita, Quartzo e

    Caulinita, foi refinada a TFSA. Afim de comparao, o refinamento tambm foi

    realizado para as amostras da TFSA com as estruturas de partida da literatura. Os

    refinamentos da TFSA com as estruturas de partida diretamente da literatura so

    indicadas na Tabela 2 como TFSA Lit.

    No refinamento usando o GSAS+EXPGUI, foram refinados os parmetros:

    fator de escala de cada fase, fator de escala geral, radiao de fundo, posio atmica,

    deslocamento trmico, rugosidade, absoro, parmetros do perfil e, por ltimo,

    orientao preferencial. Ainda vale ressaltar que para a amostra FFA CFe1 e FFA

    CFe3 foi refinado o fator de ocupao, pois foi includo a substituio de ferro por

    alumnio, que ser discutida posteriormente.

  • 52

    Figura 22. Sequncia utilizada para o refinamento da TFSA.

  • 53

    5. RESULTADOS E DISCUSSO

    Neste captulo so apresentados os resultados de FRX na forma

    semiquantitativa e quantitativa da TFSA dos solos, bem como de sua frao argila fina

    e grossa, os resultados dos tratamentos qumicos, os resultados dos refinamentos por

    meio do MR-DRX para cada frao granulomtrica, obteno das estruturas

    cristalinas refinadas das respectivas fraes e a quantificao da TFSA. Juntamente

    com esses resultados, apresenta-se tambm a discusso pertinente.

    5.1 Anlise elementar preliminar

    Primeiramente, so apresentados os resultados da anlise elementar

    semiquantitativa da TFSA a fim de determinar os elementos presentes nas amostras.

    Os resultados para os elementos majoritrios esto reunidos na Tabela 3 e pelo

    resultado, h quantidades considerveis de silcio, alumnio, ferro e titnio

    constituintes dos minerais provveis mencionado no Captulo 1. Tambm na Tabela

    3, apresenta-se a anlise elementar quantitativa e,