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Univer INFLUÊNCIA DO R ARG rsidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Tecnologia ALEX BORGES ROQUE RESÍDUO CERÂMICO NAS PROPRIED GAMASSAS NO ESTADO FRESCO Feira de Santana 2012 DADES DE

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Universidade Estadual de Feira de Santana

INFLUÊNCIA DO RESÍDUO CERÂMICO NAS PROPRIEDADES DE

ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO

Universidade Estadual de Feira de Santana

Departamento de Tecnologia

ALEX BORGES ROQUE

RESÍDUO CERÂMICO NAS PROPRIEDADES DE

ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO

Feira de Santana

2012

RESÍDUO CERÂMICO NAS PROPRIEDADES DE

ALEX BORGES ROQUE

INFLUÊNCIA DO RESÍDUO CERÂMICO NAS PROPRIEDADES DE

ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO

Projeto Final submetido ao curso de

Engenharia Civil da Universidade Estadual

de Feira de Santana como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do

título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientadora: Profª. Drª. Cintia Maria Ariani

Fontes

Co-Orientador: Prof. Dr. Paulo Roberto

Lopes Lima

Feira de Santana

2012

INFLUÊNCIA DO RESÍDUO CERÂMICO NAS PROPRIEDADES DE

ARGAMASSAS NO ESTADO FRESCO

ALEX BORGES ROQUE

PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM

ENGENHARIA CIVIL.

Feira de Santana, 20 de março de 2012.

Examinada por:

________________________________________________

Profª. Drª Cintia Maria Ariani Fontes (Orientadora)

(Universidade Estadual de Feira de Santana)

________________________________________________

Prof. Dr. Paulo Roberto Lopes Lima (Co-Orientador)

(Universidade Estadual de Feira de Santana)

________________________________________________

Prof. Washington Almeida Moura, DSc (Examinador)

(Universidade Estadual de Feira de Santana)

Feira de Santana

2012

AGRADECIMENTOS

A alegria e satisfação que sinto em concluir este trabalho são imensas. Foi uma jornada longa

e algumas vezes me senti perdido e fraco, nesses momentos o apoio, o carinho e a amizade

que recebi de inúmeras pessoas me deram grande suporte para que eu pudesse levantar, seguir

em frente e chegar até este momento.

Deste modo, embora seja bastante difícil expressar o quão importante é cada uma dessas

pessoas na minha vida, quero agradecer imensamente a todos que contribuíram para a

realização deste trabalho.

Agradeço a Deus, por me iluminar sempre e por me dar forças pra ir adiante nas diversas

vezes em que pensei estar esgotado. Muito obrigado Senhor!

Agradeço a minha mãe, Nilza, a quem também dedico este trabalho e toda a felicidade que

tenho e terei na minha vida. A saudade que sinto dela todos os dias me dilacera o coração.

Porém, sua alegria de viver, seu caráter e sua força me inspiram todos os dias a continuar

caminhando e trabalhando para tornar reais os planos que, juntos, tínhamos pro futuro. Eu te

amo mãe, muito obrigado.

Ao meu pai, Carlos José, pelo amor e dedicação, sem os quais eu não teria conseguido realizar

este trabalho, em especial pelas caronas de Santo Amaro para Feira de Santana, nossas

conversas durante o percurso me davam ânimo pra encarar a semana que viria de forma mais

leve. Agradeço de coração.

Agradeço imensamente às minhas irmãs, ou melhor, “hermanas”: Mone e Sandrinha que

sempre me apoiaram, torceram por mim e sempre me ajudam a levar a vida com mais alegria.

Quero agradecer por compreenderem minhas ausências, principalmente, nesta fase de

conclusão de curso. Nossas xícaras de café nos aguardam para colocarmos a conversa em dia!

Amo vocês.

Um agradecimento especial aos meus melhores amigos desde a infância: Lary’s, Dry e

Melqui. É muito bom saber e sentir que poderemos sempre contar uns com os outros, não

importando o tempo ou a distância geográfica. Obrigado pelo apoio, por torcerem por mim e

por fazerem parte de mais esta etapa da minha vida, dividir esta vitória com vocês é mais que

uma felicidade, é uma honra!

Muito obrigado a Marquinhos e Josy, pela paciência em dias de tensão, como os que

antecedem as provas. Também pelo grande apoio nos dias em que precisei de ânimo.

Quero fazer um agradecimento especial à minha orientadora, Profª Cintia Fontes, pelos

conhecimentos transmitidos, por confiar na minha capacidade e no meu trabalho, pelos

valiosíssimos conselhos e também pelos “puxões de orelha” que me proporcionaram um

grande amadurecimento, tanto científico quanto pessoal. A palavra “Orientadora” tem muito

mais significado depois deste trabalho.

Ao meu co-orientador, Prof. Paulo Roberto, que foi meu orientador de Iniciação Científica e o

qual tenho a felicidade de poder chamar também de amigo. Um muito obrigado pelas

contribuições valiosas neste trabalho, pelos conhecimentos compartilhados e pela confiança

depositada.

Aos grandes amigos que fiz na UEFS: Clélia, Michel, Josivan, Vivian, Rapha Lima, Ranniere,

Antonio (Juninho), Rafa Campos, Larissa (Lalah), Norma, Fran, Laís Falcão, Jackie, Géssica,

Rosane, entre outros grandes amigos que manterei no coração com imenso carinho por tantos

momentos que compartilhamos.

Aos funcionários do LaboTec da UEFS, Rosana, Suane, Nilson, Myrella, Uiliana, Nete, pela

valiosa ajuda que todos me deram, agradeço de coração a contribuição de cada um de vocês.

Por fim, agradeço a UEFS, pela oportunidade de crescimento e por ser a fonte onde busquei o

conhecimento que me possibilitou a realização do sonho de ser Engenheiro.

RESUMO

A argamassa de cimento Portland é um produto largamente utilizado na construção civil com

diversas finalidades. Ela é obtida através da mistura, em proporções adequadas, de

aglomerante, agregado miúdo e água. O principal aglomerante utilizado na produção de

argamassas é o cimento Portland. Este é obtido através da moagem do clínquer, que é o

resultado de uma mistura convenientemente dosada de calcário e argila, aquecida até

temperaturas de cerca de 1450°C. A produção de cimento consome quantidades significativas

dessas matérias-primas que são bens naturais não renováveis, além de lançar na atmosfera,

durante o processo de obtenção do clinquer, toneladas de gases intensificadores do efeito

estufa, tais como o CO2, CO, NO2, entre outros. Deste modo, tem-se buscado cada vez mais

alternativas para conciliar o desenvolvimento tecnológico e a preocupação com o meio

ambiente. Um modo eficiente para contribuir com a diminuição das emissões atmosféricas e o

consumo de energia, se tratando da produção de cimento Portland, é a incorporação de

resíduos sólidos para a produção de argamassas, o que contribui também com a redução do

impacto ambiental relacionado à destinação desses resíduos. No presente trabalho, foi

utilizado resíduo da indústria cerâmica como substituto parcial do cimento Portland em

argamassas nos teores de substituição de 10%, 20%, 30% e 40% em massa e avaliadas as

características das misturas no estado fresco. Foram realizados ensaios de densidade de

massa, teor de ar aprisionado, consistência e retenção de água para avaliar a influência do

resíduo cerâmico nessas propriedades. Os resultados obtidos indicaram que a utilização desses

resíduos proporcionou benefícios para o desempenho das argamassas.

Palavras Chaves: Resíduo cerâmico, propriedades no estado fresco, argamassa.

ABSTRACT

The mortar of Portland cement is a product widely used in civil construction with various

purposes. They are obtained through the mixture, in appropriate proportions of binders,

aggregate kid and water. The main binder used in the production of mortar and Portland

cement. This is obtained through the milling of the clinker, which is the result of a mixture

properly dosed of limestone and clay, heated to temperatures of approximately 1450 °C. The

cement production consumes significant quantities of these raw materials that are a non-

renewable natural resources, in addition to launch in the atmosphere during the process of

obtaining the clinker, tons of gases enhancers of the greenhouse effect, such as CO2, CO,

NO2, among others. In this way have been sought ever more alternatives to reconcile the

technological development and the concern with the environment. An efficient way to

contribute to the reduction of atmospheric emissions and the consumption of energy, about

production of Portland cement, it's the incorporation of solid waste for the production of

mortar, which also helps with reducing the environmental impact related to the disposition of

such waste. In this work, was used residue of the ceramics industry as a partial replacement of

Portland cement in mortars in the percentage of replacement of 10 %, 20 %, 30% and 40% by

mass, and evaluated the characteristics of the mixtures in the fresh state. Tests were carried

out mass density, content of trapped air, consistency and water retention to evaluate the

influence of the residue in these ceramic properties. The results indicated that the use of such

waste brought benefits to the performance of mortars.

Key Words: ceramic residue, properties in the fresh state, mortar

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1: Curva granulométrica do cimento .......................................................................... 28

Figura 3.2: Etapas de moagem do resíduo cerâmico ................................................................ 31

Figura 3.3 - Corpos moedores .................................................................................................. 32

Figura 3.4 - Granulômetro a laser ............................................................................................. 33

Figura 3.5 - Análise granulométrica do resíduo cerâmico moído ............................................ 34

Figura 3.6 - Índice de Atividade Pozolânica ............................................................................ 36

Figura 3.7- Recipiente cilíndrico para determinação da densidade de massa .......................... 38

Figura 3.8 – Medidor de ar ....................................................................................................... 39

Figura 3.9 – Mesa de consistência padrão ................................................................................ 40

Figura 3.10- Aparelhagem para ensaio de retenção de água .................................................... 40

Figura 4.1 - Densidade de massa .............................................................................................. 41

Figura 4.2 - Relação entre a densidade de massa das argamassas contendo RC e a de

referência .................................................................................................................................. 41

Figura 4.3 - Valores do teor de ar aprisionado, calculados pela NBR 13278 e os medidos pelo

ensaio pressométrico................................................................................................................. 42

Figura 4.4- Índice de Consistência (flow table) ....................................................................... 43

Figura 4.5 - Relação entre o IC das argamassas contendo RC e o de referência .................... 44

Figura 4.6- Retenção de Água .................................................................................................. 45

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Classificação das argamassas ............................................................................... 14

Tabela 3.1 - Caracterização do cimento. .................................................................................. 29

Tabela 3.2 - Caracterização da Areia........................................................................................ 30

Tabela 3.3: Traço e consumo de materiais em kg/m3 ............................................................... 37

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 11

1.1 Objetivos ....................................................................................................................... 12

1.1.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 12

1.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 12

1.3 Estrutura da monografia ............................................................................................... 13

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................. 14

2.1 Argamassa ..................................................................................................................... 14

2.1.1 Influência dos Materiais Constituintes nas Propriedades das Argamassas .................. 15

2.1.2 Comportamento do resíduo cerâmico em argamassas. ................................................. 23

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL ............................................................ 28

3.1 Materiais ....................................................................................................................... 28

3.1.1 Cimento Portland .......................................................................................................... 28

3.1.2 Agregado miúdo ........................................................................................................... 29

3.1.3 Resíduo Cerâmico (RC) ................................................................................................ 30

3.2 Produção das Argamassas ............................................................................................. 36

3.3 Propriedades no estado fresco ...................................................................................... 37

3.3.1 Densidade de Massa e Teor de Ar Aprisionado (teórico) ............................................. 37

3.3.2 Teor de Ar Aprisionado ................................................................................................ 39

3.3.3 Consistência .................................................................................................................. 39

3.3.4 Retenção de Água ......................................................................................................... 40

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................... 41

4.1 Densidade de Massa ..................................................................................................... 41

4.2 Teor de Ar Aprisionado ................................................................................................ 42

4.3 Índice de Consistência .................................................................................................. 43

4.4 Capacidade de Retenção de Água ................................................................................. 44

5 CONCLUSÕES......................................................................................... 47

6 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 48

11

1 INTRODUÇÃO

Na construção civil, a argamassa é um dos produtos mais utilizados, desempenhando diversas

funções como: contribuição para a estanqueidade à água, conforto térmico e acústico do

ambiente, para segurança ao fogo e contribuir com a estética das construções. Porém, um

desafio enfrentado atualmente por este setor, no que diz respeito à produção de argamassas e

concretos, é a relação entre o desenvolvimento tecnológico e a preservação ambiental,

principalmente, no que diz respeito ao cimento Portland seu principal constituinte. Dados

apresentados por Mehta & Monteiro (2008) mostram que a produção de uma tonelada de

cimento necessita de, aproximadamente, 1,7 toneladas de matéria-prima, que é composta,

basicamente, de argila e calcário. Em relação ao dióxido de carbono (CO2), segundo Cordeiro

(2006), o fator de emissão total para a indústria de cimento Portland brasileira, em 2004, foi

de 0,68 ( 680kg de CO2 por tonelada de cimento produzido ). Vale ressaltar que além do CO2,

a produção de cimento lança na atmosfera outros gases intensificadores do efeito estufa, tais

como: CO, CH4, NOx, NO2 e SO2 em proporções menores (MEHTA & MONTEIRO, 2008).

Dentro desse contexto, a incorporação de resíduos sólidos na produção de matrizes

cimentícias surge como uma opção, pois pode reduzir tanto a emissão de CO2, quanto o

consumo de energia, além de contribuir para a redução do impacto ambiental associado à

destinação dos mesmos (Gonçalves, Toledo Filho & Fairbairn, 2006). Sua utilização em

matrizes cimentícias pode ter uma aplicação prática para atender à demanda, por exemplo, por

revestimentos com menor custo para a população. Para Cordeiro (2006), o uso de resíduos

industriais na confecção de argamassas pode promover a redução de custos, ajudar a

solucionar o problema relacionado à sua destinação e contribuir para a melhoria das condições

das habitações.

De acordo com Gonçalves, Toledo Filho & Fairbairn (2006), no Brasil há uma

indisponibilidade de grandes volumes de materiais com propriedades pozolânicas como a

sílica ativa, cinza volante e a escória de alto forno. Sendo assim, essas adições minerais

apresentam limitações de uso e, portanto, não são suficientes para satisfazer à demanda. Com

isso novos insumos vêm sendo estudados. A argila calcinada é um exemplo, podendo ser

utilizada como um material alternativo com propriedades pozolânicas. Uma possibilidade de

12

obtenção desse material é a partir de resíduos de industriais que utilizam argila como matéria-

prima, como ocorre na indústria cerâmica (GONÇALVES, 2007).

A indústria de cerâmica vermelha brasileira produz cerca de 65 milhões de toneladas por ano,

gerando um volume de resíduo que varia de 10 a 19,5 milhões de toneladas (ABCERAM,

2003). Segundo Gonçalves, Toledo Filho & Fairbairn (2006), devido ao volume que é gerado

e aos benefícios técnicos e ambientais que a sua utilização pode promover, esse resíduo

representa uma atrativa alternativa para a utilização como substituto parcial do cimento

Portland na produção de argamassas e concretos.

Junior & Rondon (2009) avaliaram a reatividade do pó cerâmico com o cimento Portland e

com a cal. Gonçalves (2005) avaliou o comportamento de argamassas contendo resíduo

cerâmico em substituição parcial ao cimento Portland. O mesmo estudo foi realizado por

Costa, Martins & Baldo (2007) e Alcântara & Nóbrega (2011), porém em substituição ao

agregado miúdo. Mendes & Borja (2007), investigaram a influência do RC em substituição a

cal em argamassas de revestimento. Como pode ser observado, há várias pesquisas sendo

realizadas para investigar a viabilidade da incorporação de resíduo da indústria cerâmica para

a produção de argamassas, com ênfase nas propriedades no estado endurecido.

O presente trabalho pretende utilizar o resíduo da indústria cerâmica como substituto parcial

do cimento Portland na produção de argamassas com agregado miúdo natural visando avaliar

sua influência nas propriedades do estado fresco.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

Avaliar a influência do resíduo cerâmico (RC) como substituto parcial do cimento Portland

nas propriedades das argamassas.

1.2 Objetivos Específicos

� Moagem do resíduo cerâmico (RC);

13

� Caracterização do resíduo cerâmico;

� Investigar o comportamento das argamassas com RC no estado fresco (teor de ar

incorporado, densidade de massa, retenção de água e índice de consistência).

1.3 Estrutura da monografia

A presente monografia é composta por 6 capítulos organizados do seguinte modo:

CAPÍTULO 1 – Introdução: neste capítulo é feita uma abordagem geral sobre a importância

da reutilização de resíduos sólidos na construção civil e apresenta o resíduo da indústria

cerâmica como um material para reaproveitamento na produção de matrizes cimentícias. Em

seguida são expostos os objetivos do trabalho.

CAPÍTULO 2 – Revisão Bibliográfica: neste capítulo é feito um estudo técnico sobre as

argamassas, suas propriedades no estado fresco, influência dos materiais constituintes, bem

como do resíduo cerâmico nessas propriedades e são apresentados estudos feitos sobre o

assunto.

CAPÍTULO 3 – Materiais e Métodos: este capítulo mostra os materiais utilizados no trabalho,

a caracterização dos mesmos, bem como a descrição dos ensaios realizados para avaliação do

comportamento das argamassas.

CAPÍTULO 4 – Apresentação e Análise dos Resultados: neste capitulo os dados obtidos nos

ensaios realizados são apresentados e discutidos

CAPÍTULO 5 – Conclusões: neste capítulo são apresentadas as conclusões e considerações

finais do trabalho.

CAPÍTULO 6 – Referências: materiais teóricos utilizados para embasamento do trabalho.

14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Argamassa

A NBR 13281 (ABNT, 2001) define argamassa como “uma mistura homogênea de

agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos ou

adições, com propriedades de aderência e endurecimento”. Segundo Carasek (2007), as

argamassas podem ser classificadas com relação a vários critérios (ver tabela 3.1).

Tabela 2.1 - Classificação das argamassas Critério de Classificação Tipo

Quanto à natureza do aglomerante Argamassa aérea Argamassa hidraulica

Quanto ao tipo de aglomerante

Argamassa de cal Argamassa de cimento Argamassa de cimento e cal Argamassa de gesso Argamassa de cal e gesso

Quanto ao número de aglomerantes Argamassa simples Argamassa mista

Quanto à consistência da argamassa Argamassa seca Argamassa plástica Argamassa Fluida

Quanto à densidade de massa da argamassa Argamassa leve Argamassa normal Argamassa pesada

Fonte: (CARASEK, 2007)

Essas argamassas, denominadas de convencionais, são essencialmente compostas por

cimento, agregado miúdo e água. Utiliza-se também, em alguns traços, a adição de cal para

atuação como aglomerante, junto ao cimento. De forma geral, são largamente utilizadas na

construção civil para assentamento de alvenarias, assentamento e rejuntamento de

revestimentos de cerâmica e pedra, execução de contrapisos, execução de chapisco em

alvenarias, execução de revestimentos como emboço, reboco e massa única para uma

aplicação posterior de pintura, entre outras diversas funções.

As argamassas possuem diversas propriedades importantes, tanto no estado fresco quanto no

estado endurecido. De acordo com a função que irão desempenhar, algumas propriedades das

argamassas podem ser mais relevantes que outras. Tais propriedades estão intimamente

15

relacionadas às características dos materiais constituintes, à proporção entre eles e ao processo

de mistura empregado.

2.1.1 Influência dos Materiais Constituintes nas Propriedades das Argamassas

Cimento Portland

O cimento Portland é o principal responsável pela resistência mecânica das argamassas. De

acordo com Maciel, Barros & Sabbatini (1998), os cimentos de endurecimento mais lento, por

exemplo, os pozolânicos, podem contribuir para o aumento da capacidade de deformação das

argamassas. Segundo Neville (1997), o tipo e a composição do cimento podem influenciar na

retração. Cimentos de rápida hidratação (ou seja, cimentos com elevado teor de C3A ou alta

resistência inicial) causam menor retração plástica, já que criam um esqueleto de cimento

hidratado mais precoce, dificultando a exsudação.

Em relação ao consumo de cimento, o seu aumento provoca uma maior retração térmica e por

secagem, podendo ocorrer o surgimento de fissuras com a conseqüente redução da

durabilidade. Por outro lado, baixos consumos podem reduzir a resistência à abrasão dos

revestimentos, tornando-os desagregáveis.

A finura é uma das características do cimento que tem importância com relação às

argamassas. Segundo Sabbatini (1986), o aumento da finura do cimento contribui para o

aumento da trabalhabilidade, devido ao maior volume de pasta que envolve a superfície do

agregado, em que as partículas mais finas atuam com lubrificantes sólidos entre os grãos do

agregado. De acordo com Mehta & Monteiro (2008) a finura do cimento exerce influência

direta na sua reatividade com a água. Normalmente, quanto mais fino o cimento, maior será a

velocidade de reação. Isto acontece segundo Neville (1997), porque a hidratação se inicia na

superfície das partículas, sendo então a área total da superfície de contato do cimento que

representa o material disponível para hidratação. Assim, uma maior finura representa uma

maior superfície específica, culminando numa maior velocidade de hidratação. Entretanto,

Mehta & Monteiro (2008) ressaltam que são estabelecidos limites para a finura do cimento

devido ao custo mais elevado de uma moagem para obtenção de cimentos muito mais finos e

devido ao calor emitido na reação de hidratação.

16

Outra característica que deve ser considerada é o tempo de pega do cimento, pois ela limita o

tempo de transporte e aplicação da argamassa. Mehta & Monteiro (2008) define o termo

“pega” como a solidificação da pasta de cimento. O início desta solidificação é denominado

como início de pega e é o ponto no qual a pasta se torna não trabalhável. O tempo que leva

para ocorrer a solidificação completa é o tempo de fim de pega.

Os aglomerantes, a princípio, contribuem de forma significativa para a retenção de água,

devido à tensão superficial da pasta e maior superfície específica quando comparados à areia

(NÓBREGA, 2007).

Agregado

Os principais objetivos da incorporação de areia na argamassa são: promover estabilidade

dimensional (minimizando os efeitos da retração) e reduzir o custo, já que é um material mais

barato do que o cimento.

No Brasil, a NBR 7211 (ABNT, 1983) é a norma especificadora para areia, que mesmo tendo

sido elaborada em função das propriedades do concreto é aplicada também como parâmetro

para argamassas.

Segundo Mattos (2001), dentre as características físicas da areia que interferem nas

propriedades das argamassas, pode-se citar a distribuição granulométrica, a forma e a textura

dos grãos.

A distribuição granulométrica é uma característica muito importante para agregados. Com a

utilização de um agregado de granulometria contínua, ocorre um aumento da trabalhabilidade

devido ao maior grau de empacotamento da mistura, em que os grãos de diâmetro menor

preenchem os espaços entre os grãos de diâmetro superior, propiciando melhor deslizamento

entre os grãos (MATTOS, 2001).

O módulo de finura é uma propriedade dos agregados que exerce influência na resistência de

aderência de argamassas. Quanto menor o módulo de finura, maior é a superfície específica

do agregado e maiores as forças de contato, aumentando, dessa forma, a resistência de

aderência da argamassa (Cincotto, Silva & Carasek, 1995). Entretanto, o excesso de areia fina

17

pode diminuir a resistência à abrasão do revestimento, devido à insuficiência de pasta

aglomerante para envolver os agregados. O aumento no teor de finos da areia provoca um

aumento da absorção de água total das argamassas.

Com relação à forma e textura dos grãos, Carasek (1996) apud Mattos (2001), afirma que

areias com grãos mais angulosos, desde que mantida a relação água/aglomerante, aumenta a

resistência de aderência ao cisalhamento em conseqüência do aumento do coeficiente de atrito

da interface argamassa/substrato e reduz muito a trabalhabilidade da argamassa. Por outro

lado, os grãos arredondados favorecem seu rolamento ao serem envolvidos pela pasta,

aumentando a trabalhabilidade da argamassa (CINCOTTO, SILVA & CARASEK, 1995).

De acordo com Mehta & Monteiro (2008) a textura superficial de um agregado é definida

pelo grau com que a superfície do mesmo é lisa ou áspera. A textura depende de fatores como

o tamanho do grão, dureza e da porosidade da rocha matriz. Segundo Neville (1997), a textura

superficial do agregado tem influência sobre a aderência à pasta de cimento e também sobre a

demanda de água da mistura.

Água

As principais funções da água nas argamassas são: combinar quimicamente com o

aglomerante, promovendo o endurecimento e aumento da resistência mecânica e dar

trabalhabilidade para a mistura.

Para obtenção de plasticidade e consistência adequadas é necessária uma quantidade ótima de

água, que é definida em função da natureza e da proporção dos materiais, resultando em

argamassas homogêneas e coesas (Mattos, 2001). Apesar da utilização de uma quantidade

maior de água conferir uma maior plasticidade para a argamassa, seu excesso ocasiona uma

maior exsudação e segregação dos materiais, além de aumentar a porosidade devido aos

vazios deixados pela perda da água. Com o aumento da porosidade ocorre uma diminuição da

resistência mecânica e um aumento da permeabilidade devido ao aumento do volume de

vazios na argamassa comprometendo sua durabilidade.

A água é um material de grande importância nas argamassas, por este motivo deve-se ter

cuidado com relação a sua quantidade a ser adicionada à mistura. A água adicionada deve ser

18

suficiente para as reações de hidratação do aglomerante e para conferir trabalhabilidade à

argamassa. Porém deve-se evitar seu excesso, pois o mesmo provoca uma redução no

desempenho e na durabilidade da argamassa.

Aditivos Minerais

A NBR 13529 (ABNT, 1995) define adição mineral como um material de origem mineral

adicionado a argamassa com a finalidade de alterar suas características. Cordeiro (2006) adota

o termo “Aditivos Minerais” e o define como materiais utilizados em conjunto com o cimento

Portland visando proporcionar um desempenho tecnológico diferenciado a esses produtos

cimentícios. Segundo Fontes (2008), aditivos minerais são materiais que, depois de passar por

um processo físico e/ou térmico, apresentam características físicas e mineralógicas adequadas

para utilização na produção de novos materiais cimentícios. Os aditivos minerais mais

comumente utilizados são as pozolanas e os fíleres. Os materiais pozolânicos podem ser de

origem natural (vidros e tufos vulcânicos, argilas e terras diatomáceas) ou artificial (cinza

volante, sílica ativa e cinza da casca do arroz), dentre os fíleres tem-se o pó de pedra, fíler

calcário e material carbonático.

De acordo com Neville (1997), fíleres são materiais inertes, finamente moídos que

proporcionam, por causa das suas características físicas, efeitos benéficos nas propriedades

das argamassas e concretos, tais como trabalhabilidade, permeabilidade, densidade e

porosidade. Segundo Fontes (2008), os fíleres exercem influência nas propriedades dos

concretos e argamassas, tanto no estado fresco como no estado endurecido. No estado fresco,

ocorre melhora na trabalhabilidade, diminuição da segregação e de exsudação da água e

beneficia a fluidez do material. No estado endurecido, sua influência se dá na durabilidade,

em que o fíler, devido à sua elevada finura, provoca uma redução no tamanho e volume de

poros maiores e a conectividade entre eles, o que se reflete numa maior dificuldade de entrada

de agentes agressivos no interior da matriz cimentícia.

Segundo a NBR 12653 (ABNT, 1992), pozolana é definida como sendo “um material silicoso

ou sílico-aluminoso que, por si só, possui pouca ou nenhuma atividade cimentícia, mas que

quando finamente dividido e na presença de água, reage quimicamente com o hidróxido de

cálcio, em temperaturas próximas a do ambiente, formando assim, compostos de poder

aglomerante”. Para Neville (1997), é fundamental que a pozolana esteja finamente

19

subdividida, pois somente assim a sílica pode reagir com o hidróxido de cálcio (CH) (liberado

pela hidratação do cimento Portland), na presença de água, para formar silicatos estáveis com

propriedades cimentícias. Esta sílica deve estar no estado amorfo, isto é, vítreo, pois quando

cristalina sua reatividade é muito baixa. Segundo Fontes (2008), a eliminação ou redução do

CH traz contribuições significativas ao material, principalmente no tocante à sua durabilidade.

As pozolanas e fíleres, quando utilizados em matrizes cimentícias como adição mineral ou

como substituto parcial do cimento Portland, apresentam mecanismos de ação física e/ou

química durante a hidratação do material (FONTES, 2008). Para Cordeiro (2006), mudanças

nas propriedades de produtos cimentícios podem ser atribuídas a efeitos físicos e/ou químicos

da utilização de aditivos minerais.

Os efeitos físicos podem ser definidos como: diluição (do cimento Portland), nucleação e

efeito fíler. A diluição é a substituição de parte do cimento Portland pelo aditivo mineral, o

que pode trazer efeitos negativos, pois segundo Cordeiro (2006), tal substituição gera um

efeito equivalente ao aumento da relação água-cimento, sendo que, quanto maior o teor de

substituição, menor a quantidade de cimento, o que implica em menos produtos hidratados.

Cordeiro (2006) explica, ainda, que a nucleação pode ser entendida como o aumento da

superfície efetiva de contato do cimento causado pelo alojamento do aditivo mineral muito

fino nos interstícios dos cristais do clinquer, acelerando as reações de hidratação dos

compostos.

O efeito químico dos aditivos minerais é a atividade pozolânica, a qual é definida pela reação

do aditivo mineral com o hidróxido de cálcio formado na hidratação dos silicatos (C2S e C3S)

do cimento Portland para produzir novos produtos hidratados. De acordo com Santos (1997),

a reação pozolânica se processa de forma lenta e, como conseqüência, tem-se que a taxa de

liberação de calor e o desenvolvimento da resistência mecânica serão igualmente lentos.

Resíduo Cerâmico (Argila Calcinada)

A argila é um produto natural, terroso, de granulação muito fina, que em meio úmido

desenvolve plasticidade e endurece depois de seco, ganhando elevada resistência quando

cozido. Constituída quimicamente por partículas cristalinas de argilominerais (caulinita,

holoisita, montmorilonita, ilita, dentre outros), podendo ser classificados em amorfos e

20

cristalinos, (SANTOS, 1975). Porém, pode conter outros minerais em sua composição, como

quartzo, feldspato e mica. Seus principais são os silicatos hidratados, alumina, ferro e

magnésio.

De acordo com a NBR 12653 (ABNT, 1992), argilas calcinadas são materiais provenientes de

calcinação de certas argilas submetidas a temperaturas, em geral, entre 500 e 900 ºC, de modo

a garantir a sua reatividade com hidróxido de cálcio. Para Mehta & Monteiro (2008), as

argilas não mostrarão reatividade apreciável, a menos que a estrutura cristalina dos

argilominerais presentes seja destruída por tratamento térmico.

Com isso pode-se dizer que a temperatura de calcinação das argilas afeta diretamente nas

características do produto resultante, ou seja, a argila se torna mais reativa quando conduz à

perda da hidroxila, resultando em colapso e desarranjo da estrutura da argila (GONÇALVES,

2005), o que ocorre, normalmente na faixa dos 500ºC, para argilas cauliníticas, segundo

Cordeiro (2001).

Na indústria cerâmica normalmente utiliza-se argilas ilíticas para a produção de telhas e

tijolos. Essa matéria-prima passa por processo de queima e sinterização podendo chegar a

uma temperatura de aproximadamente 950ºC (GONÇALVES, 2005). Tal fato torna o resíduo

cerâmico (RC) um material atrativo por dois motivos: (1) possibilidade de ser reativo, em

função da temperatura de queima; (2) são gerados grandes volumes de RC. A indústria de

cerâmica vermelha brasileira produz cerca de 65 milhões de toneladas por ano, gerando um

volume de resíduo que varia de 10 a 19,5 milhões de toneladas (ABCERAM, 2003).

Farias Filho, Rolim & Toledo Filho (2000) avaliaram o uso de resíduos da produção de tijolos

cerâmicos queimados finamente moídos para substituição parcial em massa, de cimento

Portland, com teores variando de 20% a 50%. Os estudos mostraram que o resíduo cerâmico

apresentou índice de atividade pozolânica satisfatório para uso como aditivo mineral.

Segundo os autores, a utilização do resíduo levou a uma redução do teor de hidróxido de

cálcio (CH) resultante da hidratação do cimento devido à reação pozolânica que consome o

CH livre para formação de mais produtos hidratados. Os resultados mostraram ainda, um

acréscimo na resistência a compressão axial para todos os teores de substituição.

21

Carneiro, Moura & Leite (2009) produziram argamassas contendo teores de 10% e 20% de

substituição de cimento Portland, em massa, por resíduo cerâmico moído. O estudo mostrou

que ocorreu uma redução no índice de consistência das argamassas com o aumento do teor de

substituição. Os autores atribuíram tal comportamento à finura do resíduo cerâmico (maior

superfície específica) e consequentemente, maior demanda de água para envolver a superfície

do material. Com relação à resistência à compressão axial, a mistura contendo 10% de RC

obteve um acréscimo de 19% e a mistura com 20% de RC obteve um decréscimo de 5% com

relação à mistura de referência. Segundo os autores, este comportamento pode ser explicado

pela ação pozolânica do RC em conjunto com o efeito físico (efeito filer), porém para teores

maiores que 10% o efeito fíler foi preponderante em relação ao efeito químico, não

conseguindo compensar a redução do cimento.

Processo de Moagem

Para que o resíduo da indústria cerâmica possa ser utilizado como aditivo mineral torna-se

necessário que o mesmo passe por um processo de redução do tamanho dos grãos, pois como

descrito anteriormente, o material pozolânico e/ou fíler deve estar finamente subdividido para

que possa agir fisicamente e/ou quimicamente nas matrizes cimentícias.

A cominuição consiste na fragmentação de uma estrutura sólida quando submetida a esforços

mecânicos, aplicados por elementos que provocam a deformação das partículas. Essa

fragmentação pode envolver uma série de operações distintas em função do tamanho do

material a ser cominuído. As operações consistem da lavra, no caso de minérios ou rochas,

britagem e/ou moagem (CORDEIRO, 2006).

O Processo de moagem resulta em uma diminuição do tamanho das partículas de um material

sólido. Com isso, pode-se aumentar a superfície específica do material, resultando em uma

maior velocidade de reação. Segundo Cordeiro (2006), a moagem representa o último estágio

dos processos de cominuição e é aplicada quando se objetiva produtos com tamanhos de

partículas muito reduzidos. A redução de tamanho na moagem ocorre pela combinação dos

efeitos de compressão, impacto e abrasão realizada em vasos cilíndricos (moinhos),

compostos com corpos moedores. Tanto a carcaça dos moinhos quanto os corpos moedores

são responsáveis pela ação de cominuição das partículas.

22

Ainda segundo o autor, a moabilidade ou resistência à moagem de um material está

relacionada com a dureza ou resistência ao impacto de sua estrutura cristalina e, também, do

número, tamanho e orientação das falhas microestruturais. Desse modo, pode-se perceber o

quão difícil é a moagem de materiais a tamanhos muitos reduzidos de forma rápida e

econômica. Geralmente, a dificuldade advém dos seguintes fatores:

� Maior resistência das partículas menores em função da baixa probabilidade de conterem

falhas;

� Menor probabilidade de choques entre as partículas extremamente finas e os corpos

moedores;

� Amortecimento dos impactos dos corpos moedores pelas partículas ultrafinas;

� Tendência das partículas reduzidas de deformarem-se plasticamente;

� Possibilidade de reintegração das partículas extremamente pequenas submetidas a um

elevado esforço, em função da alta energia livre das superfícies recém formadas pela

cominuição.

Há diversos tipos de moinhos dentre os quais podem ser citados: moinho rotativo, moinho de

bolas, barras, cilindros curtos (cylpels), troncos de cone e seixos de rocha. A escolha do

moinho vai depender da granulometria desejada (CORDEIRO, 2006)

Segundo Ribeiro & Abrantes (2001), de um modo geral, o rendimento da moagem é

influenciado pelas características da própria matéria-prima, nomeadamente:

� Dimensão e forma inicial das partículas;

� Dureza do material (resistência à compressão, ao choque e à abrasão);

� Estrutura homogênea ou heterogênea;

� Umidade ou higroscopicidade;

� Sensibilidade à variação de temperatura;

� Tendência à aglomeração.

23

De acordo com Mehta & Monteiro (2008), os mecanismos pelos quais os aditivos minerais

influenciam as propriedades de concretos, argamassas e pastas são mais dependentes do

tamanho, forma e textura das partículas do que de sua composição química.

2.1.2 Comportamento do resíduo cerâmico em argamassas.

De acordo com Fontes (2008), há um consenso geral entre autores, que a utilização de

aditivos minerais traz melhorias nas propriedades das matrizes cimentícias tanto no estado

fresco quanto no estado endurecido. Segundo Mehta & Monteiro (2008) dentre essas

melhorias, pode-se citar o aumento da coesão e melhora da trabalhabilidade, aumento da

resistência mecânica, menor fissurações de origem térmica devido ao fato da liberação de

calor ocorrer de forma mais lenta, entre outras vantagens.

Trabalhabilidade

Trabalhabilidade é a propriedade das argamassas no estado fresco que determina a facilidade

com que elas podem ser misturadas, transportadas, aplicadas, consolidadas e acabadas, em

uma condição homogênea (Carasek, 2007). A trabalhabilidade representa a facilidade de

manuseio.

De acordo com Sabbatini (1986), uma argamassa é considerada trabalhável, de um modo

geral, quando ela pode ser facilmente distribuída ao ser assentada, não fica aderida à

ferramenta quando está sendo aplicada, não segrega quando está sendo transportada, não

endurece em contato com superfícies absortivas e permanece plástica por tempo suficiente

para que seja concluída sua aplicação.

Por estar relacionada à influência de diversas variáveis, como relação água/aglomerante,

relação aglomerante/agregado miúdo, forma dos grãos, distribuição granulométrica do

agregado, teor de ar incorporado, natureza e qualidade dos aglomerantes, a trabalhabilidade é

difícil de quantificar. Assim sendo, geralmente a trabalhabilidade é caracterizada através da

consistência e da plasticidade, incorrendo muitas vezes no equívoco de adotar os termos

trabalhabilidade, plasticidade e consistência como sinônimos (Mattos, 2001). A consistência é

a capacidade da argamassa de resistir a deformações e pode ser determinada segundo o

método especificado na NBR 13276 (ABNT, 2005) através da mesa de consistência padrão. A

24

plasticidade é a capacidade que a argamassa tem, no estado fresco, de manter-se deformada

após a redução das tensões de deformação.

Segundo Fontes (2008) a utilização de aditivos minerais às matrizes cimentícias provoca uma

redução do tamanho e volume de vazios, resultando numa melhora da trabalhabilidade.

Contudo, de acordo com a autora, a maioria dos aditivos minerais empregados requer uma

maior quantidade de água para manter a mesma consistência da mistura de referência, com

exceção da cinza volante e escória, que possuem a capacidade de reduzir o teor de água na

mistura para uma determinada consistência (Mehta & Monteiro, 2008). De acordo com

Neville (1997) esta influência, para ambos os aditivos, está associada à forma das partículas,

bem como à sua finura.

Índice de Consistência

Segundo Gomes (2008), a consistência é resultante das ações de forças internas, como coesão

e ângulo de atrito interno e viscosidade, que condicionam a mudança de forma da mistura.

Cincotto, Silva e Carasek (1995) definem consistência como a capacidade da argamassa no

estado fresco de resistir à deformação.

De acordo com a consistência, as argamassas são classificadas, por diversos autores, como

secas, plásticas e fluidas e é diretamente determinada pelo ensaio de determinação do índice

de consistência, normatizado pela NBR 13276 (ABNT, 2005). Segundo Silva (2006), a

consistência é influenciada pelo teor de água, relação água/aglomerante, relação

aglomerante/areia, granulometria da areia, natureza e qualidade do aglomerante.

Mendes & Borja (2007) avaliaram o índice de consistência de argamassas mistas contendo

resíduo cerâmico em substituição a cal, em massa, nos teores de 5%, 10%, 15% e 20%. Os

resultados indicaram um aumento gradativo do índice de consistência com o aumento do teor

de resíduo cerâmico, sendo que a argamassa com 20% de substituição obteve um aumento

mais representativo que as demais, resultante da redução da cal na argamassa.

Alcântara & Nóbrega (2011), utilizando resíduo cerâmico como substituto parcial do

agregado miúdo, em massa, nos teores de 10%, 15%, 20% e 30%, observaram que houve um

aumento do índice de consistência para a argamassa com 10% de substituição em relação à

25

argamassa de referência. Para as demais misturas ocorreu redução desse índice, sendo que

para os teores de 20% e 30% o índice de consistência foi menor do que o da argamassa de

referência.

Densidade de massa e teor de ar incorporado

A densidade de massa diz respeito à relação entre a massa da argamassa e o seu volume,

podendo ser absoluta ou relativa. Na determinação da densidade de massa absoluta, não são

considerados os vazios existentes no volume de argamassa. Já na relativa, também chamada

massa unitária, consideram-se os vazios (MACIEL, BARROS & SABBATINI, 1998).

De acordo com Maciel, Barros & Sabbatini (1998), o teor de ar é a quantidade de ar existente

em um determinado volume de argamassa. Conforme o teor de ar incorporado cresce, a

densidade de massa da argamassa diminui em função do aumento do volume de vazios.

Entretanto, este comportamento pode não ocorrer em todos os casos. Por exemplo, quando

ocorre a substituição de um material por outro com massa específica menor, pode ocorrer uma

melhora da compacidade da mistura (a depender da granulometria do material substituto),

reduzindo o teor de ar incorporado e também ocorrer redução da densidade de massa da

mistura devido à menor massa específica do material substituto em relação ao material

substituído.

O teor de ar da argamassa pode ser aumentado com a utilização de aditivos incorporadores de

ar, porém o uso desses aditivos deve ser cauteloso e bem analisado, pois pode influenciar

negativamente nas demais propriedades da argamassa. Um aumento no teor de ar incorporado

pode causar uma diminuição da resistência mecânica devido ao aumento do número de vazios

e conseqüente concentração de tensões. (MACIEL, BARROS & SABBATINI, 1998)

Mendes & Borja (2007), utilizando resíduo cerâmico como substituto da cal em argamassas

de revestimento nos teores de 5%, 10%, 15% e 20% em massa, constataram a redução na

densidade de massa da argamassa com o aumento do teor de incorporação de resíduo

cerâmico, chegando a uma redução de 8,95% desse parâmetro para a argamassa com 20% de

resíduo em comparação à argamassa de referência.

26

Silva & Campiteli (2006) avaliaram a influência do teor de finos nas argamassas de cimento e

areia e também nas argamassas de cimento, cal e areia. Os teores de finos utilizados na

produção das misturas, em volume, foram de 0,20%, 10,18%, 20,16%, 30,14% e 40,12%, Os

resultados obtidos mostraram que o aumento do teor de finos provocou uma redução do teor

de ar aprisionado das argamassas de cimento e areia.

Retenção de água

Sabe-se que a quantidade necessária de água para produzir as reações de endurecimento é

menor do que a quantidade utilizada para conferir trabalhabilidade à argamassa de

revestimento. Sendo assim, parte do excesso da água pode ser perdida superficialmente, por

evaporação, ou na base de aplicação, devido ao gradiente hidráulico proveniente da diferença

de sucção, produzindo porosidade na massa (GOMES, 2008).

De acordo com Cincotto, Silva e Carasek (1995), a retenção de água é a capacidade da

argamassa, no estado fresco, de manter sua trabalhabilidade quando sujeita a solicitações que

causem perda de água, seja por evaporação, sucção do substrato ou pela hidratação do

cimento e carbonatação da cal.

Segundo Sabbatini (1986), a capacidade de retenção de água está intimamente relacionada

com a tensão superficial da pasta aglomerante. Uma argamassa tende naturalmente a

conservar a água necessária para molhar a superfície dos grãos de areia e do aglomerante,

porém a água em excesso é facilmente cedida por efeito da sucção da base assentada e por

evaporação.

A argamassa que não possuir capacidade adequada de retenção de água, além de ter afetado o

seu manuseio, prejudicará a qualidade do revestimento, na medida em que as reações de

hidratação do cimento e carbonatação da cal ficarem comprometidas (GOMES, 2008).

Alcântara & Nóbrega (2011) utilizaram resíduo da indústria cerâmica de Caruaru-PE como

substituto parcial de agregado miúdo em argamassas nos teores, em massa, de 10%, 15%,

20% e 30%. Foi verificado um aumento na capacidade de retenção de água das argamassas

com o aumento do teor de substituição do agregado miúdo natural por agregado miúdo de

27

resíduo cerâmico. A argamassa com 30% de substituição apresentou capacidade de retenção

de água de 93%, enquanto que a argamassa de referência apresentou 88%.

28

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL

O programa experimental foi desenvolvido visando à avaliação das propriedades no estado

fresco de argamassas contendo teores de substituição de cimento Portland por resíduo

cerâmico de 10% a 40%, em massa. Para tal, foram realizados ensaios de retenção de água da

argamassa, densidade de massa, teor de ar aprisionado e índice de consistência.

Os materiais utilizados para a produção das argamassas foram: cimento, areia, resíduo

cerâmico (argila calcinada) e água.

3.1 Materiais

3.1.1 Cimento Portland

O cimento utilizado na pesquisa foi o CPV-ARI, por ser um cimento sem adições,

possibilitando uma melhor análise da influência do RC. O ensaio de composição

granulométrica do cimento foi realizado através do método da granulometria a laser com o

granulômetro MasterSizer 2000, no Laboratório de Estruturas (LabEst) da COPPE/UFRJ. O

resultado do ensaio de composição granulométrica do cimento CPV ARI está apresentado na

Figura 3.1.

Figura 3.1: Curva granulométrica do cimento

Fonte: Sousa (2011)

29

O cimento apresentou diâmetros de 2,88µm, 13,18µm e 36,53µm para d10, d50 e d90,

respectivamente.

Os resultados de caracterização física e mecânica do cimento estão apresentados na Tabela

3.1, sendo os mesmos realizados no Laboratório de Materiais de Construção da UEFS,

conforme NBR 5733 (ABNT, 1991) e NBR NM 23 (ABNT, 2001), respectivamente.

Tabela 3.1 - Caracterização do cimento.

Características e Propriedades Unidade Valores

experimentais

Resistência à Compressão

1 dia de idade MPa 19,10

3 dias de idade MPa 20,20

7 dias de idade MPa 34,10

28 dias de idade MPa 60,10

Massa Específica g/cm³ 3,04 (1) Precisão da balança de 0,01g. Fonte: Sousa (2011)

Os valores encontrados estão de acordo com os valores especificados pela NBR 5733 (ABNT,

1991).

3.1.2 Agregado miúdo

A areia utilizada é de granulação fina e proveniente do município de Alagoinhas, Bahia. Foi

caracterizada no Laboratório de Materiais de Construção da UEFS. Os ensaios de

caracterização realizados no agregado miúdo natural e os resultados obtidos estão

apresentados na Tabela 3.2

30

Tabela 3.2 - Caracterização da Areia

Características Norma Resultados

Dimensão Máxima Característica NBR NM 248

(ABNT, 2003) 2,4 mm

Módulo de Finura NBR NM 248

(ABNT, 2003) 1,93

Absorção de Água NBR NM 30

(ABNT, 2001) 0%

Massa específica

Aparente NBR NM 52

(ABNT, 2009)

2,67 kg/dm³

S.S.S 2,66 kg/dm³

Agregado Seco 2,66 kg/dm³

Teor de Material Pulverulento NBR NM 46

(ABNT, 2001) 1,65 %

Fonte: Oliveira (2012)

3.1.3 Resíduo Cerâmico (RC)

Processo de Moagem

Foi utilizado o mesmo RC do trabalho desenvolvido por Roque (2009). Os blocos cerâmicos

foram fornecidos pela Cerâmica Nordeste, situada no município de Feira de Santana-Ba. A

redução do tamanho do material cerâmico foi realizada em duas etapas: (1) cominuição

primária utilizando o britador de mandíbulas de 1 eixo - linha C, do fabricante Pricemaq,

conforme Figura 3.2 (a), onde o material foi britado. Em seguida, o mesmo foi peneirado na

peneira de malha 4,8mm. Na Figura 3.2 (b) encontra-se o resíduo passante na peneira de

malha 4,8 mm; (2) moagem secundária no moinho de bolas, modelo CT 242 (ver Figura 3.2

(c)). Por último, na Figura 3.2 (d), está apresentado o RC moído.

31

Figura 3.2: Etapas de moagem do resíduo cerâmico

(a) Britador de mandíbula

(b) Resíduo passante na peneira 4,8mm

(c) Moinho de bolas

(d) Resíduo cerâmico moído

Para o cálculo da quantidade de RC a ser utilizado na moagem utilizou-se os critérios

adotados por Ribeiro & Abrantes (2001) para moinho de bolas.

• Quantidade de corpos moedores

De acordo com Ribeiro & Abrantes (2001), para uma moagem em condições ótimas deve-se

utilizar entre 50 e 55% da capacidade líquida do moinho. Porém, essa ocupação de volume

não é efetiva já que há espaços vazios entre as bolas. Por esse motivo, utiliza-se 60%, ou seja,

0,6 de bolas em relação ao volume do moinho.

O cálculo da quantidade de bolas a usar num moinho foi obtida através da Equação 1.

� � � � �� � � � 0,60 Equação (1)

32

Sendo, P a massa de corpos moedores, em kg; db: peso específico das bolas, em kg/L; V:

volume útil do moinho, em L e p: taxa de ocupação das bolas (0,50 a 0,55). Para corpos

moedores esféricos e de alumina tem-se que o seu peso específico é de 3,6 kg/L.

Consequentemente, a massa de corpos moedores é igual a:

� � 1 � 3,6 � 0,50 � 0,60

� � �, �� ��

Para o cálculo da quantidade de corpos moedores foram considerados dois tamanhos de

esferas, sendo a esfera maior com massa unitária de 18,07 g e a esfera menor com massa

unitária de 3,56 g.

Quantidade de esferas grandes = 1080 g/ 18,07 g ≈ 60 esferas

Quantidade de esferas pequenas = 1080 g / 3,56 g ≈ 303 esferas

Para a moagem do RC foram utilizadas 60 esferas grandes. A Figura 3.3 mostra as esferas

utilizadas no presente estudo.

Figura 3.3 - Corpos moedores

Fonte: O Autor

• Quantidade de material a ser moído

De acordo com Ribeiro & Abrantes (2001) tem-se que 60% do volume total do recipiente é

ocupado por corpos moedores sendo que a taxa real de ocupação destas equivale a 50% desse

valor. Além disso, 15% são vazios, restando um percentual de 25% do volume útil para

preenchimento com RC. Portanto, a quantidade de RC foi de 655g, conforme calculado.

Vrc � 0,25 � V

33

Vrc � 0,25 x 1

��� � �, �� � ! ��� �"#

ρ � Prc / Vrc

Prc � 2,62 � 250

'�� � (�� )

A moagem foi realizada nos tempos de 15, 30, 60, 90 e 120 minutos. O objetivo da moagem

em diferentes tempos foi avaliar a eficiência do processo de moagem do RC através de análise

granulométrica, visando obter a granulometria mais fina com o menor gasto de energia.

Análise Granulométrica do RC

A análise granulométrica do RC moído foi obtida utilizando granulômetro a laser MasterSizer

2000 (ver Figura 3.4). Esse ensaio foi realizado no Laboratório de Estruturas (LABEST) da

COPEE/UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, em água destilada, com agitação de

1500 rpm. O ultra-som permaneceu ligado durante todo o ensaio para garantir a dispersão do

material.

Figura 3.4 - Granulômetro a laser

Fonte: Fontes (2008)

As curvas granulométricas estão apresentadas a seguir na Figura 3.5

34

Figura 3.5 - Análise granulométrica do resíduo cerâmico moído

Fonte: Roque (2009)

De acordo com a análise granulométrica, pode-se perceber que a moagem não foi tão eficiente

a partir de 60 minutos até 120 minutos quanto dos 15 minutos até 60 minutos. De acordo com

Cordeiro (2006), este fato pode ser atribuído à aglomeração das partículas, com formação de

grumos e aderência do material nas bolas e carcaça do moinho, após longos períodos de

moagem. Tal comportamento foi observado para o tempo de 120 minutos de moagem, em que

sua granulometria ficou muito próxima do RC com 90 minutos de moagem.

A partir da análise granulométrica do RC para os tempos de moagem executados, foi

escolhido o tempo de 60 minutos de moagem para a produção das argamassas, por ser o

tempo que resulta numa granulometria mais fina com o menor gasto energético.

O RC moído por 60 minutos apresentou diâmetros de aproximadamente 1,7µm, 12,0µm e

50,0µm para d10, d50 e d90, respectivamente.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0,1 1 10 100 1000

Pas

san

te (

%)

Diâmetro das partículas ( m)

RC15min

RC30min

RC60min

RC90min

RC120min

35

Massa Específica do RC

O ensaio de massa específica do resíduo cerâmico foi realizado de acordo com a NBR NM 23

(2001), que prescreve a determinação da massa específica do cimento Portland e outros

materiais em pó utilizando o frasco volumétrico de Le Chatelier. A massa específica é

definida como a razão entre a massa e o volume ocupado por determinado material. A massa

específica do RC obtida foi de 2,62g/cm³

Índice de Atividade Pozolânica com Cimento

O índice de atividade pozolânica com cimento Portland é um importante parâmetro para

a avaliação da reatividade de um material a ser empregado como aditivo mineral por simular

uma situação real de aplicação (CORDEIRO, 2006). A NBR 5752 (1992) estabelece o

emprego do índice de atividade pozolânica com cimento Portland, calculado através da

relação entre as resistências à compressão de argamassa com pozolana e argamassa composta

apenas por cimento, areia e água (referência), de acordo com a equação abaixo.

*+� � ,-./-.

0 � 100 1%3 Equação (2)

Onde:

IAP: índice de atividade pozolânica com cimento Portland;

fcp: resistência média à compressão, aos 28 dias, dos corpos-de-prova moldados com cimento

Portland e material pozolânico (substituição de 35% do volume de cimento);

fc: resistência média à compressão, aos 28 dias, dos corpos-de-prova moldados somente com

cimento Portland como material cimentíceo (referência).

O ensaio para determinação do índice de atividade pozolânica com cimento Portland foi

realizado para avaliar a pozolanicidade do RC moído para os tempos de 15, 60 e 120 minutos.

O resultado obtido pode ser verificado a seguir na Figura 3.6

36

Figura 3.6 - Índice de Atividade Pozolânica

Fonte: Roque (2009)

De acordo com a NBR 5752 (1992), admite-se que para que um material seja considerado

pozolânico ele deve possuir IAP ≥ 75%. O RC moído por 60 minutos obteve um índice de

95%, podendo ser, portanto, admitido como material pozolânico.

3.2 Produção das Argamassas

Foram produzidas argamassas contendo teores de RC moído por 60 minutos como substituto

parcial do cimento Portland para avaliação da densidade de massa, teor de ar incorporado,

consistência (Flow Table) e retenção de água. Para isso foram feitas substituições, em massa,

de 0% (referência), 10%, 20%, 30% e 40% de cimento Portland por RC nas argamassas com o

traço de 1:1,5:0,4 (cimento, areia e água, respectivamente). A nomenclatura adotada para as

misturas foi AREF (Argamassa de referência); ARC10% (Argamassa com 10% de RC como

substituto do cimento Portland); ARC20% (Argamassa com 20% de RC como substituto do

cimento Portland); ARC30% (- Argamassa com 30% de RC como substituto do cimento

Portland) e ARC40% (Argamassa com 40% de RC como substituto do cimento Portland). Na

Tabela 3.3 estão apresentados estão apresentados os traços e o consumo de materiais por m3

de argamassa.

91

95

87

60

65

70

75

80

85

90

95

100

15Minutos 60Minutos 120Minutos

IAP

(%

)

Tempo de Moagem

37

Tabela 3.3: Traço e consumo de materiais em kg/m3

Misturas Traço, em massa

Cimento:RC:areia:água Consumo de materiais (kg)

Cimento RC areia água

AREF 1:0:1,5:0,4 773,48 - 1.160,22 309,90

ARC10% 0,9:0,1:1,5:0,4 693,30 77,03 1.155,51 308,14

ARC20% 0,8:0,2:1,5:0,4 613,78 153,44 1.150,83 306,89

ARC30% 0,7:0,3:1,5:0,4 534,89 229,24 1.146,20 305,65

ARC40% 0,6:0,4:1,5:0,4 456,64 304,43 1.141,60 304,43 Fonte: O Autor

Os traços foram definidos de acordo com a fórmula para determinação do consumo de

cimento para 1m³. A qual leva em consideração as massas específicas de cada material

constituinte.

Para a produção das argamassas foi utilizada uma argamassadeira com capacidade útil de 5

litros. Inicialmente foi adicionada a água e então foi acionado o equipamento em velocidade

baixa adicionando o aglomerante num período de 30 segundos, depois foi adicionada a areia

ainda com o equipamento em velocidade baixa durante 30 segundos e então acionada a

velocidade alta por mais 30 segundos desligando então o aparelho para fazer a raspagem do

material aderido e deixar a argamassa em repouso coberta com pano úmido para evitar a troca

de umidade com o ambiente, este processo levou 90 segundos e por fim, ligou-se a

argamassadeira em velocidade alta por 60 segundos, totalizando 4 minutos de mistura. Após

este processo, foram realizados os ensaios de densidade de massa, teor de ar incorporado,

índice de consistência e retenção de água para a avaliação do comportamento no estado

fresco.

3.3 Propriedades no estado fresco

3.3.1 Densidade de Massa e Teor de Ar Aprisionado (teórico)

O ensaio de densidade de massa e teor de ar aprisionado foi realizado segundo as prescrições

da norma NBR 13278 (ABNT, 2005) e consiste na pesagem de uma amostra de argamassa

num recipiente cilíndrico com o volume de aproximadamente 400cm³. No presente foi

utilizado o recipiente ilustrado na Figura 3.7.

38

Figura 3.7- Recipiente cilíndrico para determinação da densidade de massa

Fonte: O Autor

O valor da densidade de massa é obtido, em kg/m³, a partir da Equação 3.

� � ,4.54678

0 � 1000 Equação (3)

Onde:

mc é a massa do recipiente cilíndrico contendo a argamassa de ensaio, em gramas;

mv é a massa do recipiente cilíndrico vazio, em gramas;

Vr é o volume do recipiente cilíndrico em centímetros cúbicos

O teor de ar aprisionado (A) é obtido através da Equação 3 e o resultado do ensaio é expresso em porcentagem.

+ � 100 ,1 9 ::;

0 Equação (4)

Onde:

d é o valor da densidade de massa da argamassa, em gramas por centímetro cúbico;

dt é o valor da densidade de massa teórica da argamassa, em gramas por centímetro cúbico, sem vazios, obtido através da Equação 5.

�< � = 4>=?>

@> Equação (5)

Onde:

mi é a massa seca de cada componente da mistura mais a massa da água

39

γi é a massa específica de cada componente da argamassa.

3.3.2 Teor de Ar Aprisionado

Foi realizado também o ensaio do teor de ar aprisionado através do método pressométrico, seguindo a

NBR NM 47 (ABNT, 2002). Tal método consiste na relação entre o volume de ar e a pressão aplicada

à temperatura constante. De acordo com Neville (1997), para a realização deste ensaio não é

necessário o conhecimento da proporção e das propriedades dos materiais constituintes da mistura,

pois é feita a leitura direta, em porcentagem de ar aprisionado, no aparelho do ensaio. O aparelho

utilizado no trabalho para a execução do ensaio através método pressométrico é mostrado a seguir na

Figura 3.8

.

Figura 3.8 – Medidor de ar

Fonte: O Autor

3.3.3 Consistência

O índice de consistência foi obtido através do ensaio normatizado na NBR 13276 (ABNT,

2005) que utiliza a mesa de consistência padrão (Flow Table). O ensaio consiste em moldar a

argamassa num tronco-cone de 12,5 cm de base inferior, 5cm de base superior e 6,5cm de

altura e girar a manivela do aparelho para aplicar 30 golpes no período de 30 segundos e em

seguida efetuar três medidas do diâmetro de espalhamento com um paquímetro (ver Figura

3.9)

40

Figura 3.9 – Mesa de consistência padrão

Fonte: O Autor

3.3.4 Retenção de Água

A Norma NBR 13277 (ABNT, 2005), descreve o procedimento para o ensaio de determinação

da capacidade de retenção de água. O método consiste em moldar um volume de argamassa

no funil de Buchner modificado e aplicar uma pressão de sucção com uma bomba a vácuo

equivalente a 51mmHg durante 15 minutos, verifica-se então a quantidade de água que foi

sugada da argamassa e assim, tem-se a capacidade de retenção da argamassa. A aparelhagem

necessária para execução do ensaio é mostrada na Figura 3.10.

Figura 3.10- Aparelhagem para ensaio de retenção de água

Fonte: O Autor

41

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Densidade de Massa

Os resultados obtidos no ensaio de densidade de massa são apresentados na Figura 4.1

Figura 4.1 - Densidade de massa

Fonte: O Autor

Para o teor de substituição de 10% não houve alteração na densidade de massa, para os teores

de substituição maiores, houve uma redução gradativa neste parâmetro, sendo que a ARC40%

obteve uma densidade de massa que corresponde a 99,77% do valor do obtido pela AREF,

significando uma redução de 0,23%. O que é uma redução inexpressiva como pode ser

observado na Figura 4.2.

Figura 4.2 - Relação entre a densidade de massa das argamassas contendo RC e a de referência

Fonte: O Autor

2165 2165 2164 2162 2160

AREF ARC10% ARC20% ARC30% ARC40%

De

nsi

dad

e (

kg/m

³)

Amostra

100,00 99,95 99,86 99,77

ARC10% ARC20% ARC30% ARC40%

De

nsi

dad

e d

e M

assa

(%

)

Amostra

42

É de consenso entre diversos autores que a incorporação de aditivos minerais finamente

moídos provoca uma melhora na compacidade das argamassas devido ao preenchimento de

vazios pelas partículas muito finas. Como observado nos resultados dos ensaios, a redução da

densidade de massa das amostras contendo resíduo cerâmico não foi expressiva. Isto pode ser

explicado devido ao fato do RC apresentar elevada finura e possuir uma massa específica

13,82% menor que a do cimento Portland. Devido a sua finura e granulometria mais contínua,

o resíduo cerâmico promoveu uma melhor compacidade às misturas, ocupando os espaços

vazios da argamassa, reduzindo o índice de vazios, porém essa melhora na compacidade não

foi suficiente para provocar um aumento na densidade de massa por causa da menor massa

específica do resíduo em relação ao cimento.

4.2 Teor de Ar Aprisionado

Os resultados obtidos para o teor de ar aprisionado através da NBR 13278 (teor de ar

calculado) e NM 47 (ABNT, 2002) são apresentados a seguir na Figura 4.3

Figura 4.3 - Valores do teor de ar aprisionado, calculados pela NBR 13278 e os medidos pelo ensaio pressométrico

Fonte: O Autor

Os ensaios mostraram reduções de 5% e 15% nos valores do teor de ar aprisionado das

amostras ARC20% e ARC40%, respectivamente, com relação a argamassa de referência no

3 3 3 3 3

2,0 2,0 1,91,7 1,7

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

AREF ARC10% ARC20% ARC30% ARC40%

% d

e A

r A

pri

sio

nad

o

Amostra

NBR 13278 Ensaio Pressométrico

43

método do ensaio pressiométrico. Para os valores obtidos através da NBR 13278, não houve

alteração no teor de ar aprisionado das argamassas.

De acordo com Mehta & Monteiro (2008) e Neville (1997), o volume de ar incorporado

diminui com o excesso de partículas muito finas, pois estas preenchem os espaços vazios

entre os grãos, promovendo uma maior compacidade à mistura. O RC, devido a sua finura e

granulometria mais contínua, provocou um melhor empacotamento às misturas, levando a

uma redução do teor de ar incorporado.

4.3 Índice de Consistência

A seguir são apresentados os resultados dos ensaios de índice de consistência (IC), realizados

de acordo com a NBR 13276.

Figura 4.4- Índice de Consistência (flow table)

Fonte: O Autor

Pode-se observar que há uma redução gradativa do IC com o aumento do teor de RC. Sendo

que a ARC40% apresentou uma redução de 27,43% como pode ser observado a seguir na

Figura 4.5

319,0

293,0

268,0

250,5

231,5

AREF ARC10% ARC20% ARC30% ARC40%

Esp

alh

ame

nto

(m

m)

Amostra

44

Figura 4.5 - Relação entre o IC das argamassas contendo RC e o de referência

Fonte: O Autor

Segundo Gonçalves (2005), quando maior a área específica dos sólidos envolvidos, por

unidade de volume, maior será a quantidade de pasta necessária para envolver os grãos e

promover o deslizamento entre eles. O autor diz ainda que misturas contendo sólidos mais

finos requerem uma maior quantidade de água para alcançar determinada trabalhabilidade.

A redução do índice de consistência pode ser explicada devido à finura do RC que demanda

uma quantidade maior de água para molhar a superfície, a absorção de água do grão e

aglutinação dos grãos. Deste modo, a quantidade de água disponível para promover o

deslizamento das partículas diminuiu, bem como a aglutinação prejudicou o efeito de

rolamento dos grãos, reduzindo o índice de consistência.

Gonçalves (2005), em seu trabalho, utilizou metacaolinita e resíduo cerâmico para produção

de argamassas, o aumento do teor de RC nas argamassas levou a uma redução do índice de

consistência e o autor necessitou utilizar superplastificante nas misturas contendo 20% a 40%

de RC em substituição ao cimento.

4.4 Capacidade de Retenção de Água

Os resultados dos ensaios de retenção de água são apresentados a seguir.

91,85

84,01

78,53

72,57

ARC10% ARC20% ARC30% ARC40%

Índ

ice

de

Co

nsi

stê

nci

a (%

)

Amostra

45

Figura 4.6- Retenção de Água

Fonte: O Autor

Os resultados mostram que há um aumento na capacidade de retenção de água com o aumento

da quantidade de RC. Segundo Gomes (2008) a retenção de água pela argamassa depende

acentuadamente da capacidade de aprisionamento do líquido pelas partículas finas com

elevada superfície específica. O autor explica ainda que deslocamento de um líquido em um

meio granular é função da finura destas partículas e, conseqüentemente, de sua superfície

específica.

O RC possui uma grande superfície específica devido a sua finura. Deste modo há um

aumento da quantidade de água necessária para envolver a superfície de todos os grãos, em

conseqüência há uma maior dificuldade de se retirar esta água da argamassa, refletindo numa

maior capacidade de retenção de água.

O aumento da capacidade de retenção de água é um aspecto positivo, pois reduz a perda de

água que foi adicionada para promover a hidratação do cimento e conferir trabalhabilidade à

mistura, diminuindo a retração plástica. Além disso, a perda de água das argamassas gera um

problema relacionado aos vazios que a mesma deixa ao sair, deixando a argamassa mais

porosa e mais propensa à fissuração térmica. Podendo também ocorrer a formação de vazios

capilares, que são os vazios deixados no caminho que a água percorre para sair da argamassa

e que são altamente prejudiciais para as argamassas tanto a respeito do desempenho, quanto

da durabilidade.

81,0

89,0

93,0

95,096,0

AREF ARC10% ARC20% ARC30% ARC40%

Ra

(%)

Amostra

46

Alcântara & Nóbrega (2011), utilizando resíduo da indústria cerâmica de Caruaru-PE como

substituto parcial de agregado miúdo em argamassas nos teores, em massa, de 10%, 15%,

20% e 30%, verificaram que houve um aumento gradativo na capacidade de retenção de água

com o aumento do teor de resíduo. A mistura de referência apresentou capacidade de retenção

de água de 88% e a mistura com 30% de resíduo apresentou 93% de capacidade de retenção

de água.

47

5 CONCLUSÕES

A partir da avaliação dos resultados dos ensaios realizados, verificou-se que a utilização de

RC como substituto parcial do cimento Portland não provocou alterações expressivas na

densidade de massa das misturas. Pode-se perceber que ocorreram melhorias no

comportamento das argamassas com relação à retenção de água e ao teor de ar incorporado.

Por outro lado, houve uma redução do índice de consistência com o aumento do teor de

substituição. Deste modo, o uso de RC como substituto parcial do cimento Portland pode

proporcionar melhorias no desempenho das argamassas, podendo então ser visto como uma

alternativa para reaproveitamento de resíduos sólidos na construção civil.

A utilização de resíduos sólidos na construção civil pode ser visto como uma ferramenta

atrativa para contribuição com o desenvolvimento tecnológico na construção civil, bem como

para a preservação ambiental, pois evita a deposição destes resíduos, de forma inadequada, no

meio ambiente além de contribuir para a redução da emissão de CO2 na atmosfera.

48

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