universidade estadual de campinas instituto de...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE QUÍMICA
FÁBIO NEVES DOS SANTOS
PERFIS MOLECULARES DE PATÓGENOS DO CACAU E METABOLÔMICA
DE SUAS INTERAÇÕES COM GENÓTIPOS RESISTENTES E SUSCETÍVEIS
POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS
CAMPINAS
2017
FÁBIO NEVES DOS SANTOS
PERFIS MOLECULARES DE PATÓGENOS DO CACAU E METABOLÔMICA
DE SUAS INTERAÇÕES COM GENÓTIPOS RESISTENTES E SUSCETÍVEIS
POR ESPECTROMETRIA DE MASSAS
Tese de Doutorado apresentada ao
Instituto de Química da Universidade
Estadual de Campinas como parte dos
requisitos exigidos para a obtenção
do título de Doutor em Ciências
Orientador: Prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin
Co-orientadora: Profa. Dra. Edna Dora Martins Newman Luz
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE
DEFENDIDA PELO ALUNO FÁBIO NEVES DOS SANTOS, E ORIENTADA
PELO PROF. DR. MARCOS NOGUEIRA EBERLIN
CAMPINAS
2017
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CNPq, 140743/2013-8 ORCID: http://orcid.org/0000-0001-7963-9306
Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca do Instituto de Química Danielle Dantas de Sousa - CRB 8/6490
Santos, Fábio Neves dos, 1986- Sa59p SanPerfis moleculares de patógenos do cacau e metabolômica de
suas interações com genótipos resistentes e suscetíveis por
espectrometria de massas / Fábio Neves dos Santos. – Campinas,
SP : [s.n.], 2017.
SanOrientador: Marcos Nogueira Eberlin.
SanCoorientadora: Edna Dora Martins Newman Luz. SanTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas,
Instituto de Química.
San1. Cacau. 2. Theobroma cacao L. 3. Patógenos. 4.
Moniliophthora perniciosa. 5. Ceratocystis cacaofunesta. 6.
Espectrometria de massas. 7. Metabolômica. I. Eberlin, Marcos
Nogueira. II. Luz, Edna Dora Martins Newman. III. Universidade
Estadual de Campinas. Instituto de Química. IV. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Molecular profiles of cacao pathogens and
metabolomics of their interactions with resistant and susceptible genotypes by
mass spectrometry Palavras-chave em inglês: Cacao Theobroma cacao L Pathogen Moniliophthora perniciosa Ceratocystis cacaofunesta Mass spectrometry Metabolomics Área de concentração: Química Analítica Titulação: Doutor em Ciências Banca examinadora: Marcos Nogueira Eberlin [Orientador] José Luiz Bezerra Rodinei Augusti Fabio Cesar Gozzo Ana Valéria Colnaghi Simionato Cantú Data de defesa: 05-07-2017 Programa de Pós-Graduação: Química
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin (Orientador)
Profa. Dra. Ana Valéria Colnaghi Simionato (IQ-UNICAMP)
Prof. Dr. Fabio Cesar Gozzo (IQ-UNICAMP)
José Luis Bezerra (UFRB)
Rodinei Augusti (UFMG)
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no
processo de vida acadêmica do aluno.
Este exemplar corresponde à redação final da
Tese de Doutorado defendida pelo aluno
FÁBIO NEVES DOS SANTOS, aprovada pela
Comissão Julgadora em 05 de julho de 2017.
AGRADECIMENTOS
Parafraseando o bom baiano Raul Seixas: "Sonho que se sonha só, é só
um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade".
Portanto, um desafio tão grande quanto escrever essa tese foi resumir em
apenas duas páginas os agradecimentos às pessoas que estiveram comigo
uma vida inteira e durante minha trajetória de 12 anos em atividades científicas.
Agradeço primeiramente à Deus, pela vida, saúde, os dons,
determinação, perseverança, a capacidade de sonhar, e a oportunidade de
realizar os sonhos.
Aos meus pais, Domingos Pereira dos Santos e Virginia Neves, pelo
exemplo, a educação, o amor, a dedicação, o incentivo e a confiança em todos
os momentos da minha vida.
Ao prof. Marcos Nogueira Eberlin pelas grandes oportunidades, os
ensinamentos, a confiança, a interdependência, a motivação e a orientação
estimuladora da criatividade e inovação científica.
À Dilze Argôlo por acreditar nesse projeto desde o início e por viabilizar
os experimentos na CEPLAC, mas também pelos ensinamentos e amizade.
À Edna Dora pela co-orientação de doutorado e por viabilizar os
experimentos na CEPLAC, mas também pelos ensinamentos e amizade.
À Guilherme Moura, da Cacau Costanegro, pelo incentivo à inovação no
projeto do cacau e pelas oportunidades de desenvolvimento profissional.
À Luciana Melo pelo amor e companheirismo, à tia Teresa, tio João
Carlos e Fábio Leandro pelo carinho, atenção, motivação e a confiança na
realização dos meus sonhos.
Aos professores Pedro Afonso (em especial pela orientação de iniciação
científica e mestrado), Jailson Andrade e Márcia Veloso por acreditarem no
meu potencial e me motivar para a carreira acadêmica e científica.
Ao grande amigo Paulo Mesquita pela parceria científica bastante
profícua desde a graduação na UFBA, mas principalmente pela amizade e
ajuda em todos os momentos.
Aos amigos Adalberto Menezes Filho (em especial pela orientação da
iniciação científica) e Frederico Medeiros pela amizade, a confiança, os
ensinamentos e a motivação para seguir na carreira acadêmica.
Aos professores Fabio Gozzo, Ana Valéria, Rodinei Augusti e José Luís
Bezerra por fazerem parte da banca examinadora, o incentivo e exemplo
inspirador de excelentes professores e pesquisadores.
Às professoras Claudia Rezende, Isabel Jardim e Solange Cadore por
fazerem parte da banca como suplentes, os exemplos de excelentes
professoras e pesquisadoras.
Aos professores do instituto de química da Unicamp pelos ensinamentos
e contribuição acadêmica e científica na minha formação.
Ao coordenador e aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em
Química da Unicamp pela atenção e apoio em toda a minha jornada como
estudante de doutorado, mas principalmente durante a minha gestão como
presidente da Associação de Pós-Graduação em Química - APGQ.
Aos amigos e colegas do laboratório ThoMSon pelas discussões
científicas, as parcerias e colaborações, a convivência e a amizade. Em
especial, ao Jandyson Santos, Sebastian Teunissen, Daniele Rocha, Almas
awan, Soraya El Khatib, Adriana Godoi, Nicolas Schwab, Roberta Belaz,
Marcos Pudenzi, Mirela, Ligia, Ildenize Cunha, Gustavo Duarte, Damila
Moraes, Fernanda Negrão, Ingrid, José, Pedro Vendramini, Ana Fernandes,
Núbia Miranda e Dona Cida;
À Alessandra Tata por acreditar nesse projeto desde o início e a
colaboração científica na realização do mesmo e Paula Galeano pela parceria
e colaboração nos projetos de empreendedorismo do cacau;
Às professora da UnB Kelly Magalhães e Aline Martins pelo apoio,
colaboração incentivo e motivação, sobretudo na fase final do doutorado.
Ao programa “sistema de cotas das universidades brasileiras”, e ao seu
maior defensor ex-ministro Joaquim Barbosa, que me possibilitou entrar na
UFBA e ter a oportunidade de formação acadêmica, científica e profissional de
excelência. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) pelo suporte científico e financeiro através da bolsa de
doutorado (processo CNPq, 140743/2013-8).
RESUMO
Esse trabalho mostra resultados inovadores e de grande aplicabilidade para
melhorar as ações de inspeção sanitária das lavouras cacaueiras através da
identificação rápida e correta das espécies de fitopatógenos. E revela os
principais metabólitos produzidos por clones resistentes e suscetíveis às
doenças do cacau, vassoura de bruxa e murcha de Ceratocystis, visando
contribuir para o manejo, controle químico e/ou biológico. Os fitopatógenos do
cacau, Moniliophthora perniciosa, Phytophthora palmivora, P. capsici, P.
citrophthora, P. heveae, Ceratocystis cacaofunesta, C. fimbriata e C. paradoxa
foram diferenciados pela técnica MALDI-TOF/MS. Os isolados dos
fitopatógenos coletados em diferentes microregiões produtoras de cacau da
Bahia, diferentes hospedeiros e tecidos vegetais como folhas, caules, frutos e
rizosferas também foram diferenciados. A técnica de espectrometria de massas
acoplada com a cromatografia líquida de alta eficiência foi também aplicada
para avaliar clones suscetíveis e resistentes à vassoura de bruxa e murcha de
Ceratocystis. A análise metabolômica dos clones Catongo e Scavina-6,
respectivamente suscetível e resistente ao Moniliophthora perniciosa,
possibilitou a identificação dos principais metabólitos da infecção fúngica.
Baseado nos metabólitos e análise multivariada foram diferenciadas as
principais fases da infecção pelo Moniliophthora perniciosa. As fases de
infecção foram também discriminadas pelos metabólitos e suas intensidades
relativas, no decorrer do tempo da infecção. A análise metabolômica dos
clones CCN-51, TSH-1188, JACA, SJ02 e CEPEC-2002 infectados pelo
Ceratocystis cacaofunesta possibilitou classificar corretamente os níveis de
resistência e suscetibilidade com maior exatidão do que os testes agronômicos
e fitopatológicos. Baseado na análise dos metabólitos e análise multivariada de
PLS-DA os clones TSH-1188 e JACA podem ser considerados resistentes, o
clone CCN-51 moderadamente resistente, e os clones SJ02 e CEPEC-2002
altamente suscetíveis. Os principais metabólitos que discriminam os clones
mais suscetíveis dos clones mais resistentes foram sesquiterpenos,
flavonoides, ácidos orgânicos, ésteres, compostos fenólicos, oxilipinas,
alcaloides, fenilpropanóides, triterpenos, lipídios e naftoquinonas.
ABSTRACT
This work shows innovative and highly applicable results to improve the sanitary
inspections of cacao plantations through the rapid and correct identification of
phytopathogen species. It also reveals the main metabolites produced by
resistant and susceptible cacao clones for Witches´ Broom and Ceratocystis wilt
diseases. The aforementioned process aims to contribute to the chemical
and/or biological management and control of the pathogen infestation. The
phytopathogens, Moniliophthora perniciosa, Phytophthora palmivora, P. capsici,
P. citrophthora, P. heveae, Ceratocystis cacaofunesta, C. fimbriata e C.
paradoxa were differentiated by the MALDI-TOF/MS analysis. The strains of the
phytopathogens were collected in different cacao farms from Bahia, from
different hosts and plant tissues such as leaves, stems, fruits and rhizospheres
which were differentiated as well. In addition, the mass spectrometry coupled to
high performance liquid chromatography was applied to evaluate susceptible
and resistant clones for Witches´ Broom and Ceratocystis wilt diseases. The
metabolomic analysis of Catongo and Scavina-6 clones, respectively resistant
and susceptible to Moniliophthora perniciosa, made it possible to identify the
main metabolites of the fungal infection. Based on metabolites and multivariate
analysis, the main infection phases of Moniliophthora perniciosa for cacao
plants were discriminated by the metabolites and their relative intensities during
the time of infection. The metabolomic analysis of the CCN-51, TSH-1188,
JACA, SJ02 and CEPEC-2002 clones infected by Ceratocystis cacaofunesta
allowed classifying accurately levels of resistance and susceptibility with better
precision than agronomic and phytopathological tests. Based on the analysis of
the metabolites and multivariate analysis of PLS-DA the TSH-1188 and JACA
clones can be considered resistant, the clone CCN-51 moderately resistant, and
the clones SJ02 and CEPEC-2002 highly susceptible. The major metabolites
that discriminate the most susceptible clones of the most resistant clones were
sesquiterpenes, flavonoids, organic acids, esters, phenolic compounds,
oxylipins, alkaloids, phenylpropanoids, triterpenoids, lipids and
naphthoquinones.
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 Principais doenças do cacaueiro, vassoura de bruxa nos galhos (A) e nos frutos (B), monilíase-do-cacaueiro em frutos de cacau (C), podridão-parda em fruto de cacau (D), murcha de Ceratocystis nas folhas (E) e no tronco do cacaueiro (F).
21
Figura 2 Esquema característico de um espectrômetro de massas contendo as principais partes, fonte de ionização, analisador de m/z e sistema de detecção.
25
Figura 3 Esquema característico de uma fonte de ionização por Electrospray (ESI).
26
Figura 4 Esquema característico de um espectrômetro de massas com fonte de MALDI e analisador TOF para analises de biomoléculas.
27
Figura 5 Esquema do fluxo de informação genética que ocorre na célula dos organismos.
30
Figura 6 Rotas metabólicas do ácido chiquímico e do ácido mevalônico de produção de metabólitos secundários das plantas.
32
Figura 7 Modificações moleculares e fisiológicas gerais que podem ocorrer durante uma interação planta-patógeno.
32
Figura 8 Comparação dos métodos de extração de peptídeos/proteínas de Ceratocystis cacaofunesta analisados com matriz CHCA.
47
Figura 9 Comparação de matrizes MALDI para análise de peptídeos/proteínas de Ceratocystis cacaofunesta extraído com o método B.
47
Figura 10 Perfis de peptídeos/proteínas característicos dos isolados de Moniliophthora perniciosa, Ceratocystis cacaofunesta e Phytophthora palmivora.
48
Figura 11 Perfis de peptídeos/proteínas característicos dos isolados do gênero Phytophthora, P. capsici, P. citrophthora, P. palmivora, P. heveae.
49
Figura 12 Perfis de MALDI-MS de peptídeos/proteínas de Phytophthora palmivora obtidos de Theobroma cacao (isolados 1629, 1662) e Carica papaya (isolados 250, 262).
50
Figura 13 Perfis de MALDI-MS de peptídeos/proteínas de Phytophthora capsici coletados de seringueira (isolados 1454; 1597) e cacau (isolado 1442).
50
Figura 14 Perfis de MALDI-MS de peptídeos/proteínas de Phytophthora heveae coletados de folhas (isolado 989) e rizosfera de Seringueira (isolados 1170; 1144).
51
Figura 15 Perfis de MALDI-MS de peptídeos/proteínas de Phytophthora citrophthora coletados de frutos de diferentes clones de cacau cultivados em diferentes localidades.
51
Figura 16
Comparação dos perfis de peptídeos/proteínas dos isolados de M. perniciosa obtidos de ramo e fruto.
52
Figura 17
Comparação de diferentes perfis de peptídeos/proteínas obtidos por MALDI-MS. C. paradoxa coletado de Cocos nucifera (A e B), C. fimbriata coletado de Eucalyptus spp. (C e D) and Hevea brasiliensis (E e F), C. cacaofunesta coletado de T. cacao (G e H).
53
Figura 18
Dendograma dos perfis de peptídeos/proteínas das espécies de fitopatógenos do cacau. MP = M. perniciosa, F = fruto, S = caule; CC = C. cacaofunesta, CP = C. paradoxa, CF = C. fimbriata; PCA = P. capsici, PC = P. citrophthora, PH = P. heveae, PP = P. palmivora.
54
Figura 19
Perfis de lipídios característicos dos isolados de Moniliophthora perniciosa, Ceratocystis cacaofunesta e Phytophthora palmivora.
55
Figura 20
Perfis de lipídios característicos dos isolados do gênero Phytophthora, P. capsici, P. citrophthora, P. palmivora, P. heveae.
56
Figura 21 Perfis de MALDI-MS de lipídios de Phytophthora palmivora obtidos de Theobroma cacao (isolados 1629, 1662) e Carica papaya (isolados 250, 261).
57
Figura 22
Comparação dos perfis de lipídios dos isolados de M. perniciosa obtidos de caule e fruto.
58
Figura 23
Comparação de diferentes perfis de lipídicos obtidos por MALDI-MS. C. paradoxa coletado de Cocos nucifera (isolado 97), C. fimbriata coletado de Eucalyptus spp. (isolados 145 e 195) e C. cacaofunesta coletado de T. cacao (isolados 20, 91 e 138).
59
Figura 24
Dendograma dos perfis de lipídios das espécies de fitopatógenos do cacau. MP = M. perniciosa, F = fruto, S = caule; CC = C. cacaofunesta, CP = C. paradoxa, CF = C. fimbriata; PCA = P. capsici, PC = P. citrophthora, PH = P. heveae, PP = P. palmivora.
60
Figura 25
Mudas de cacau (Catongo e Scavina-6) na casa de vegetação (A) e na camara fria 24 h antes da inoculação (B e C).
64
Figura 26 Inoculação de basidiósporos de M. perniciosa (A) e sintomas em cacau após 30 dias (B).
64
Figura 27
Delineamento do experimento biológico da inoculação de basidiósporos de M. perniciosa em clones de cacau Catongo e Scavina-6.
65
Figura 28
Fluxograma de preparo de amostra do caule de cacau infectados com M. perniciosa para análise metabolômica por LC-MS.
66
Figura 29
Cromatogramas LC-MS das amostras de caule dos clones Catongo e Scavina-6 controle e inoculado, alinhados no XCMS (A) e íons extraídos dos espectros com significância estatística pela ANOVA (p<0.01) (B).
68
Figura 30
Gráfico de escores PLS-DA dos clones de cacau Catongo e Scavina-6 controle e inoculados (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras de acordo com scores de VIP (B).
69
Figura 31
Gráfico de escores PLS-DA do clone de cacau Scavina-6 inoculado (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras da fase 1 no gráfico de pesos (loadings, B).
70
Figura 32
Gráfico de escores PLS-DA do clone de cacau Scavina-6 inoculado (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras da fase 2 no gráfico de pesos (loadings, B).
70
Figura 33
Gráfico de escores PLS-DA do clone de cacau Catongo inoculado (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras da fase 1 no gráfico de pesos (loadgins, B).
71
Figura 34
Gráfico de escores PLS-DA do clone de cacau Catongo inoculado (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras das fase 2 e 3 no gráfico de pesos (loadgins, B).
71
Figura 35 Delineamento do experimento biológico da inoculação de Ceratocystis cacaofunesta em clones de cacau JACA, SJ02, CCN-51, TSH-1188 e CEPEC2002.
76
Figura 36 Cromatogramas LC-MS das amostras de caule dos clones CCN-51, TSH-1188, JACA, SJ02 e CEPEC-2002 inoculados, alinhados no XCMS (A) e íons extraídos dos espectros com significância estatística pela ANOVA (p<0.01).
78
Figura 37
Gráfico de escores O-PLS-DA dos clones de cacau CCN-51, TSH-1188, JACA, CEPEC-2002 e SJ02 inoculados (A) e gráfico de loadings dos principais íons que discriminam os grupos resistente e suscetível.
79
Figura 38 Gráfico de escores PLS-DA dos clones de cacau CCN-51, TSH-1188 e JACA inoculados (A) e gráfico de loadings dos principais íons que discriminam o clone mais resistente TSH-1188 dos clones CCN-51 e JACA.
80
LISTA DE TABELAS
Página Tabela 1 Figuras de mérito, vantagens e desvantagens
associadas às técnicas analíticas empregadas em metabolômica.
36
Tabela 2 Origem dos isolados dos fitopatógenos por patógeno, hospedeiro, órgão vegetal e local de obtenção.
43
Tabela 3 Metabólitos anotados nas amostras dos clones Scavina-6 e Catongo infectados com M. perniciosa.
72
Tabela 4 Metabólitos anotados nos clones CCN-51, JACA e TSH1188 (resistentes) infectados por C. cacaofunesta.
81
Tabela 5 Metabólitos anotados nos clones Cepec2002 e SJ02 (suscetíveis) infectados por C. cacaofunesta.
82
LISTA DE ABREVIATURAS
Abreviatura Descrição em Inglês Descrição em Português
ACN
Acetonitrile
Acetonitrila
AF
Formic acid
Ácido fórmico
APCI
Atmospheric Pressure Chemical Ionization
Ionização química à pressão atmosférica
APPI
Atmospheric Pressure Photoionization
Fotoionização à pressão atmosférica
CE-MS
Capillary electrophoresis coupled to Mass
Spectrometry
Eletroforese capilar acoplada à espectrometria de massa
CEPEC
----
Centro de Pesquisas do Cacau
CEPLAC
----
Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira
CN
----
Amostras controle
DNA
Deoxyribonucleic Acid
Ácido desoxirribonucleico
ESI
Electrospray ionization
----
ESI-MS
Electrospray ionization mass spectrometry
----
GC-MS
Gas Chromatography coupled to Mass
Spectrometry
Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas
GC×GC-MS
Two-dimensional Gas Chromatography coupled to
Mass Spectrometry
Cromatografia gasosa bidimensional acoplada à espectrometria de massas
HCA
Hierarchical cluster analysis
Análise de agrupamentos hierárquicos
HILIC
hydrophilic interaction liquid chromatography
Cromatografia por interações hidrofílicas
IEM
Ion Evaporation Model
----
INOC
----
Amostras inoculadas
IPA
Isopropyl alcohol
Isopropanol
LC-MS
Liquid Chromatography coupled to Mass
Spectrometry
Cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas
LIF
Laser induced fluorescence
Fluorescência induzida por laser
MALDI-TOF
Matrix Assisted Laser Desorption Ionization
Fonte de ionização e dessorção a laser assistida por matriz
MALDI-TOF/MS
Matrix Assisted Laser Desorption Ionization
coupled Mass Spectrometry
Ionização e dessorção a laser assistida por matriz com
analisador por tempo de vôo
MAPA
----
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do
Brasil
MeOH
Methanol
Metanol
m/z
Mass/charge ratio
Razão massa/carga
MS
Mass spectrometry
Espectrometria de massas
MSn
Tandem Mass Spectrometry
Espectrometria de Massa sequencial
OPLS-DA
Orthogonal partial least squares–discriminant
analysis
----
PCA
Principal component analysis
Análise de componentes principais
PCR
Polymerase chain reaction
Reação em cadeia da polimerase
PLS- DA
Partial squares–discriminant analysis
Mínimos quadrados parciais
Q-TOF
Quadrupole-time of flight
Analisador quadrupolo com tempo de vôo
RMN
Nuclear Magnetic Resonance
Ressonância Magnética Nuclear
RNA
Ribonucleic acid
Ácido ribonucleico
UPLC
Ultra Performance Liquid Chromatography
Cromatografia líquida de ultra alta-eficiência
TFA
Trifluoroacetic acid
Ácido trifluoroácetico
TOF Time of flight Analisador por tempo de vôo
SUMÁRIO
Página
1- Introdução 19
1.1- As doenças do cacau causadas por fitopatógenos 19
1.2- Estratégias de manejo e controle de fitopatógenos do
cacau
21
1.3- Métodos de detecção e identificação de fitopatógenos 22
1.4 - Os princípios da Espectrometria de massas 23
1.4.1- Fontes de Ionização 25
1.4.1.1- Ionização por ESI 25
1.4.1.2- Ionização por MALDI 26
1.5- Identificação de microrganismos por MALDI-TOF MS 27
1.6- Metabolômica: fundamentos e conceitos 29
1.7 – Metabolômica da interação planta-patógeno 30
1.8 – Metabôlomica da interação cacau-fitopatógenos 35
1.9 – Técnicas analíticas empregadas em metabolômica 36
CAPÍTULO I
Diferenciação das principais espécies de fitopatógenos do cacau por
MALDI-TOF/MS
I.1- Objetivos 42
I.1.1- Objetivo geral 42
I.1.2- Objetivos específicos 42
I.2- Parte Experimental 42
I.2.1- Amostras: os isolados de fitopatógenos 42
I.2.2- Extração de peptídeos/proteínas para análise por
MALDI-TOF/MS
44
I.2.3- Extração de lipídios para análise por MALDI-TOF/MS 45
I.3- Resultados e Discussão 46
I.3.1- Análise dos perfis de peptídeos/proteínas de
fitopatógenos por MALDI-TOF/MS
46
I.3.2- Análise dos perfis de lipídicos de fitopatógenos por
MALDI-TOF/MS
55
I.4- Conclusão do capitulo I 61
CAPÍTULO II
Metabolômica de clones resistentes e suscetíveis do cacaueiro
infectados por Moniliophthora perniciosa (vassoura de bruxa)
II.1- Objetivos
II.1.1- Objetivo geral 63
II.1.2- Objetivos específicos 63
II.2- Parte Experimental 63
II.2.1- Ensaio biológico da vassoura de bruxa para avaliação
da infecção ao longo do tempo
63
II.2.2- Análise dos metabólitos da interação M. perniciosa x
T. cacao por LC-MS
66
II.2.3- Análise estatística multivariada dos dados 67
II.3- Resultados e Discussão 67
II.4- Conclusões 73
CAPÍTULO III
Metabolômica de clones resistentes e suscetíveis do cacaueiro
infectados por Ceratocystis cacaofunesta (murcha de Ceratocystis)
III.1- Objetivos 75
III.1.1- Objetivo geral 75
III.1.2- Objetivos específicos 75
III.2- Parte Experimental 75
III.2.1- Ensaio biológico da murcha de Ceratocystis para
avaliação da resistência/suscetibilidade de clones de
cacau
75
III.2.2- Análise dos metabólitos da interação C. cacaofunesta
x T. cacao por LC-MS.
76
III.2.3- Análise estatística multivariada dos dados 77
III.3- Resultados e Discussão 77
III.4- Conclusões 84
Conclusões gerais 85
Perspectivas 88
Referências bibliográficas 90
19
1 - Introdução
1.1 – As doenças do cacau causadas por fitopatógenos
O cacaueiro (Theobroma cacao L.) é uma planta nativa da bacia amazônica
sendo originário das Américas (Teixeira et al., 2015; Motamayor et al., 2002). Na
América do Sul, principalmente no Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Equador e
Venezuela existem grandes áreas de cultivo do cacau que geram emprego e renda,
como também contribuem para preservação ambiental de biomas como a mata
atlântica e a floresta amazônica (Thomas et al., 2012). O Brasil e o Equador são o 5º
e 6º maiores produtores mundiais de cacau, respectivamente, e mesmo o Paraguai,
Uruguai, Argentina e Chile que não possuem cultivos de cacau, são grandes
consumidores de chocolate (Teixeira et al., 2015). Portanto, a cultura do cacau é de
grande relevância econômica, social e ambiental para a América do Sul e outros
continentes onde o cultivo ocorre em áreas de floresta.
As condições climáticas dos países da região tropical são as ideais para o
cultivo do cacau, no entanto, também muito favoráveis à incidência de pragas que
atacam o cacau e causam elevadas perdas econômicas (Ploetz, 2007). Os
fitopatógenos representam um grande risco fitossanitário para os cultivos de cacau
dos países da América do Sul, pois devido à proximidade das fronteiras e o intenso
trânsito de pessoas e material vegetal, os fitopatógenos podem ser introduzidos e
disseminar-se rapidamente através de grandes áreas, comprometendo a cultura do
cacau no continente (Ploetz, 2007; Evans et al., 2013). As pragas podem ser
introduzidas em áreas muito distantes da sua origem devido ao aumento continuado
do fluxo de pessoas e mercadorias circulando pelas fronteiras (Thomas et al., 2012).
Um exemplo é a praga da vassoura de bruxa, presente na região amazônica, mas
ausente na Bahia até 1989, que foi introduzida na região Sul da Bahia e devastou as
lavouras de cacau da região causando grandes perdas econômicas, sociais e
ambientais decorrentes do abandono de propriedades (Evans, 2007; Evans et al.,
2013). Atualmente, as lavouras de cacau do Brasil têm uma ameaça semelhante que
é a monilíase-do-cacaueiro (causada pelo Moniliophthora roreri), mais destrutiva que
a vassoura de bruxa, porque todos os genótipos de cacau do Brasil podem ser
suscetíveis (Alvarez et al., 2014; Moraes et al., 2012). A monilíase ainda não foi
detectada no Brasil, sendo uma praga quarentenária A1, porém encontra-se
20
presente na maioria dos países da América do Sul, como Peru, Bolívia e Colômbia
onde causa grandes prejuízos econômicos (Moraes et al., 2012). Considerando o
alto risco de disseminação da monilíase no Brasil, o Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA) iniciou o “Plano Nacional de
Contingência da Monilíase do Cacaueiro” visando, principalmente, o monitoramento
das lavouras de cacau nas regiões de fronteira, a fiscalização do trânsito de material
vegetal em portos e aeroportos, a formação de equipes de emergência fitossanitária,
a educação sanitária e o apoio à pesquisa científica. Os principais fitopatógenos que
causam grandes perdas econômicas nas lavouras cacaueiras dos países da
América do Sul são Moniliophthora perniciosa (vassoura de bruxa) (Evans et al.,
2013; Meinhardt et al., 2008), Moniliophthora roreri (monilíase-do-cacaueiro) (Ploetz,
2007; Ortíz-García et al., 2015; Bailey et al., 2014), complexo Phytophthora
(podridão-parda) (Guest, 2007; Acebo-Guerrero et al., 2012) e o Ceratocystis
cacaofunesta (murcha de Ceratocystis) (Engelbrecht et al., 2007; Beer et al., 2014).
A vassoura de bruxa é causada pelo fungo Moniliophthora perniciosa (Stahel
& Singer) que apresenta alta patogenicidade ao cacaueiro sendo responsável por
perdas de até 90% na produção de cacau (Meinhardt et al., 2008; Souza et al.,
2006). Essa praga foi responsável pela decadência das lavouras cacaueiras da
Bahia a partir de 1989, e como consequência a produção de cacau do Brasil que
correspondia por volta de 15% da mundial, foi reduzida drasticamente para apenas
cerca de 4%. O sintoma característico da vassoura de bruxa é o superbrotamento
dos ramos que se tornam semelhantes a uma vassoura (Figura 1A). Além dos
ramos, tecidos em desenvolvimento, almofadas florais e folíolos, os frutos também
são muito afetados (Figura 1B).
A monilíase é uma doença causada pelo fungo Moniliophthora roreri que
causa mais danos do que o Moniliophthora perniciosa, onde as duas doenças
ocorrem. O fungo infecta os frutos em qualquer estágio de seu desenvolvimento
produzindo grande quantidade de esporos na forma de pó cinzento ou creme
(Figura 1C) (Evans et al., 2013; Crozier et al., 2015).
A podridão-parda é uma doença causada por espécies do gênero
Phytophthora cuja ocorrência é verificada, praticamente, em todos os países
produtores de cacau da América do Sul. As espécies Phytophthora palmivora, P.
capsici, P. citrophthora e P. heveae são as mais agressivas e atualmente mais
21
prevalentes na América do Sul (Helliwell et al., 2015). Os sintomas aparecem no
fruto como uma mancha escura sobre a superfície inteira e com apodrecimento
interno (Figura 1D). São observados sintomas em almofadas florais, troncos e
raízes da planta hospedeira (Bahia et al., 2015).
A murcha de Ceratocystis é uma doença letal ao cacaueiro causada pelo
fungo Ceratocystis cacaofunesta que tem sido responsável por perdas de 20 a 30%
na produção de cacau nas lavouras cacaueiras da Bahia (Harrington et al., 2011). O
fungo penetra na planta através de ferimentos nos troncos, ramos e raízes,
obstruindo os vasos do xilema, causando o escurecimento das folhas (Figura 1E) e
o aparecimento de estrias de coloração marrom no tronco (Figuras 1F), bem como o
murchamento e até a morte da planta (Ambrosio et al., 2013).
Figura 1. Principais doenças do cacaueiro, vassoura de bruxa nos galhos (A) e nos frutos (B), monilíase-do-cacaueiro em frutos de cacau (C), podridão-parda em fruto de cacau (D), murcha de Ceratocystis nas folhas (E) e no tronco do cacaueiro (F).
1.2 – Estratégias de manejo e controle de fitopatógenos do cacau
A tentativa de controle de fitopatógenos tem sido realizada através de
diferentes estratégias de manejo, como a poda fitossanitária e também através do
controle químico utilizando agrotóxicos, do controle biológico, além do melhoramento
vegetal através da seleção de variedades mais resistentes (Bettiol & Morandi, 2009).
Entretanto, o controle de fitopatógenos é muito difícil, visto que os esporos dos
patógenos se espalham rapidamente através do vento, chuva, insetos e do homem,
22
por meio de ferramentas utilizadas no campo. Para o controle da vassoura-de-bruxa,
por exemplo, a alternativa mais adequada e eficiente atualmente têm sido a
aplicação do biofungicida TRICOVAB, desenvolvido pela Comissão Executiva do
Plano da Lavoura Cacaueira – CEPLAC, que já foi registrado pelo Ministério da
Agricultura do Brasil, e tem sido utilizado pelos produtores nas lavouras da região
cacaueira da Bahia. Esse biofungicida é baseado na ação do Trichoderma
stromaticum que é um fungo antagônico ao Moniliophthora perniciosa (Bastos, 2008;
Bailey et. al., 2008; Cordero et. al., 2010). É importante destacar que ainda não
existe um produto comercial tal como o TRICOVAB para controle da murcha de
Ceratocystis e podridão parda, portanto as atividades de pesquisas principalmente
nas áreas da biologia molecular, fitopatologia, agronomia e química são de grande
relevância para encontrar soluções para controle efetivo dos fitopatógenos do cacau.
1.3 – Métodos de detecção e identificação de fitopatógenos
A detecção e identificação rápida, correta e confiável de fitopatógenos é de
grande importância para a cacauicultura, no início e principalmente antes do
aparecimento dos sintomas nas plantações. Esta identificação tem sido realizada
através da observação das características morfológicas dos fitopatógenos ou do
sequenciamento genético do seu DNA (Mondego et al., 2008; Rincones et al., 2008;
Scarpari et al., 2005; Teixeira et al., 2012). A caracterização morfológica é realizada
pelo crescimento dos fungos em meio de cultura sofrendo a influência do ambiente e
da dificuldade de reprodução de idênticas condições em diferentes locais, e em
alguns patógenos, como os do gênero Phytophthora, é trabalhosa, demorada, difícil
e de baixa precisão, se o pesquisador não tiver experiência, devido à semelhança
morfológica entre as espécies. Entretanto, ainda é a técnica de mais baixo custo e
acessível na maioria dos laboratórios (Braga et al., 2013). Os métodos de
amplificação através da síntese de múltiplas cópias dos ácidos nucléicos DNA e
RNA são baseados na reação em cadeia da polimerase (em inglês, Polymerase
Chain Reaction - PCR) (Bowman et al., 2007; Engelbrecht et al., 2007). Como
vantagem são mais exatos do que a fenotipagem, porém demandam muito mais
tempo de trabalho de um profissional especializado e instrumentação especializada
resultando em diagnósticos demorados (Braga et al., 2013). A necessidade de um
diagnóstico rápido e seguro a fim de evitar que a praga contamine a lavoura
23
demanda novos métodos diagnósticos que não dependam do crescimento dos
patógenos em meios de cultura seletivos ou da amplificação do DNA o que
simplificaria consideravelmente a detecção e identificação, tornando-a mais rápida e
precisa (dos Santos et al., 2016). A técnica de espectrometria de massas para
identificação microbiológica baseada nos perfis de peptídeos/proteínas e/ou lipídios
característicos de cada espécie de microrganismo é uma ferramenta bastante útil na
detecção e identificação de fitopatógenos (dos Santos et al., 2016). Na área de
microbiologia clínica, um grande progresso foi alcançado através dos estudos de
proteômica por espectrometria de massas (MS) usando a técnica Matrix Assisted
Laser Desorption Ionization (MALDI-TOF) associada com uma biblioteca de
espectros para diagnóstico rápido, 5 a 15 min por amostra (Fenselau & Demirev,
2001; Marinach-Patrice et al., 2009). Isso é possível porque é conhecido que cada
espécie de microrganismo apresenta um perfil de proteínas ribossomais diferente
que pode ser detectado por espectrometria de massas (Chalupová et al., 2014;
Senga et al., 2009; Steveson et al., 2008; Van Veen et al., 2010). Desse modo, é
viável propor a utilização dos perfis de peptídeos/proteínas ribossomais, e talvez os
lipídios da membrana celular, para caracterização e discriminação dos fitopatógenos
do cacau.
1.4 – Os princípios da Espectrometria de massas
A espectrometria de massas (do inglês, Mass Spectrometry - MS) surgiu no
final do século XIX devido a duas descobertas revolucionárias. Primeiro, os
experimentos nos tubos de raios catódicos (primeiros espectrômetros de massas)
realizados por J. J. Thomson levaram à descoberta do elétron (Thomson, 1899).
Além disso, Aston descobriu os isótopos e mediu suas massas e abundâncias
relativas (Aston & Thomson, 1946). Essas duas descobertas possibilitaram a
identificação de vários elementos químicos que avançou para a identificação de
moléculas. Em meados da década de 1960 as aplicações de MS na química de
compostos voláteis se tornaram muito abundantes, principalmente na química
orgânica e de produtos naturais, através do acoplamento da cromatografia de gás
com a espectrometria de massas – GC-MS desenvolvido por Fred W. MacLafferty
(Gohlke & McLafferty, 1993). Medidas de massas exatas, padrões isotópicos
específicos e a associação com análises estruturais de íons pré-selecionados,
24
realizadas através de processos de dissociação ou reações íon/molécula, permitiram
obter informações físico-químicas bastante detalhadas de átomos e moléculas de
diferentes propriedades. Com a espectrometria de massas sequencial (Tandem
Mass Spectrometry - MSn) foi possível obter além da relação massa/carga (m/z) dos
íons, informações estruturais de cada íon, permitindo portanto a “reconstrução por
partes” da molécula precursora (Siuzdak, 1994). Análises diretas de misturas por
MSn tornaram-se viáveis, visto que os íons de cada molécula passaram a ser
individualmente separados e analisados. No início da década de 1990, grandes
avanços em instrumentação foram obtidos a partir do desenvolvimento da técnica de
MALDI-TOF (“Matrix-Assisted Laser Desorption Ionization - Time-of-Flight”)
(Christian et. al., 2004) e ESI-MS (“Electrospray”-MS) (Fenn, 2003) que estão
baseadas em conceitos simples, mas revolucionários, que possibilitaram as análises
de moléculas termolábeis, íons em solução, complexos organo-metálicos, polímeros
e biomoléculas que eram espécies até então inacessíveis pelas técnicas clássicas
de ionização.
A espectrometria de massas pode ser definida como uma técnica de estudo
da matéria em nível atômico e/ou molecular através da formação de íons que na
fase gasosa são caracterizados pela medida da massa, carga, estrutura ou
propriedades físico-químicas (Vessecchi et al., 2011). A espectrometria de massas
se baseia na produção de íons a partir de compostos orgânicos ou inorgânicos. Os
íons produzidos são separados de acordo com a razão massa/carga (m/z) e em
seguida suas respectivas abundâncias são medidas por um detector (Gross, 2004).
Portanto, um espectrômetro de massas consiste basicamente de uma fonte de
ionização, um analisador de m/z e um detector. Um esquema característico de um
espectrômetro de massas é apresentado na Figura 2. No espectrômetro de massas,
após a introdução da amostra por infusão direta com bomba de seringa,
cromatografia gasosa ou líquida, a fonte de ionização produz os íons em fase
gasosa que são direcionadas para o analisador para a separação das diferentes m/z,
seguida da medição em um detector.
25
Figura 2. Esquema característico de um espectrômetro de massas contendo as principais partes, fonte de ionização, analisador de m/z e sistema de detecção.
1.4.1 – Fontes de ionização
A abrangência da técnica de espectrometria de massas tem uma grande
contribuição da ampla variedade de técnicas de ionização que podem ser acoplados
a fim de render os melhores resultados em uma determinada análise. Devido a sua
grande importância uma grande variedade de fontes de ionização foram
desenvolvidas tais como Ionização por Elétrons (EI, do inglês Electron Ionization),
Ionização química (CI, do inglês Chemical Ionization), ionização química à pressão
atmosférica (APCI, do inglês Atmospheric Pressure Chemical Ionization),
fotoionização à pressão atmosférica (APPI, do inglês Atmospheric Pressure
Photoionization), ionização por electrospray (ESI), dessorção e ionização a laser
assistida por uma matriz (MALDI) (Vessecchi et. al., 2011). Considerando o contexto
desse trabalho envolvendo a análise de fitopatógenos e de metabólitos da interação
patógeno-planta, a ionização por Electrospray (ESI) e MALDI são as duas técnicas
de ionização mais utilizadas e serão abordadas a seguir.
1.4.1.1 - Ionização por ESI
A espectrometria de massas com ionização por eletrospray (do inglês
electrospray ionization mass spectrometry - ESI-MS) têm sido uma das técnicas
mais utilizadas na identificação estrutural e na obtenção de informação qualitativa
sobre os perfis de biomoléculas (Demarque et al., 2016). A técnica ESI consegue
gerar íons na fase gasosa a partir de moléculas em uma solução sendo aplicável a
compostos que podem variar de baixa a alta massa molecular, alta polaridade e de
complexidade estrutural variada. As moléculas são analisadas como moléculas
protonadas ou na forma de cátions (modo positivo), ou ainda como moléculas
desprotonadas ou na forma ânions (modo negativo) (Cole, 2000). A fonte ESI utiliza
um campo elétrico alto que pode variar de 1-4 kV (obtido pela diferença de potencial
26
entre o capilar e o eletrodo) o qual é aplicado à solução que passa por um capilar em
vazão baixa (1-10 µL min-1). O campo elétrico aplicado no capilar induz o acúmulo
de cargas no líquido, e como consequência, são formadas gotas altamente
carregadas na ponta do capilar. Um gás injetado coaxialmente com a solução
permite a dispersão das gotas na forma de um spray. O líquido evapora com auxílio
de aquecimento térmico e o volume das gotas é continuamente reduzido, até que a
repulsão entre os íons de mesma carga é maior do que a atração dos íons de carga
oposta. Podem-se formar então gotas contendo apenas um íon (modelo Charged
Residue Model - CRM) ou os íons são “ejetados” das gotas para fase gasosa
(modelo Ion Evaporation Model - IEM) (Hoffmann e Stroobant, 2007). A Figura 3
apresenta o esquema característico de uma fonte de ionização por ESI.
Capilar da fonte
DDP
Capilar da fonte
Cone
de Taylor
Tubo de
transferência
Evaporação
do solvente
Evaporação
do solvente
Explosão
Coulombica
Ejeção dos íons
Figura 3. Esquema característico de uma fonte de ionização por Electrospray (ESI).
1.4.1.2 - Ionização por MALDI
No início da década de 1990, grandes avanços em instrumentação foram
obtidos a partir do desenvolvimento da técnica de MALDI-TOF (“Matrix-Assisted
Laser Desorption Ionization - Time-of-Flight”, Figura 4) que possibilitou as análises
de biomoléculas que eram até então inacessíveis pelas técnicas clássicas de
ionização (Easterling et al., 1998; Fenselau, 2013; Fenselau and Demirev, 2001; Lay,
2001). A técnica MALDI-TOF/MS consiste em um sistema no qual uma mistura
amostra-matriz (substância de caráter ácido ou básico) é irradiada com um feixe de
laser, que vaporiza a mistura causando a ionização das moléculas da amostra por
27
transferência/abstração de prótons. Os íons produzidos pela fonte MALDI são
atraídos para o analisador de massas TOF onde são separados conforme a sua
razão massa/carga e, em seguida, os íons são detectados de acordo com tempo de
chegada ao detector (Singhal et al., 2015; Yates et al., 1998). As biomoléculas e
diversas outras macromoléculas intactas são detectadas com altíssima exatidão o
que tem possibilitado aplicações em diferentes áreas, tais como bioquímica,
medicina, farmácia, forense, materiais e veterinária para a caracterização de
compostos orgânicos e inorgânicos. Assim, a espectrometria de massas se
consolidou como uma ferramenta versátil e fundamental em ciência.
Figura 4. Esquema característico de um espectrômetro de massas com fonte de
MALDI e analisador TOF para analises de biomoléculas.
1.5 – Identificação de microrganismos por MALDI-TOF MS
Em 1975, Anhalt e Felselau aplicaram pela primeira vez espectrometria de
massas para caracterizar uma bactéria, porém foi a partir da década de 1990 que a
MS ganhou popularidade como ferramenta de caracterização de microrganismos
com o desenvolvimento da fonte de ionização MALDI acoplada ao analisador TOF
(Fenselau and Demirev, 2001). A técnica MALDI-TOF/MS apresenta vantagem de
ionizar biomoléculas intactas de alta massa molecular gerando espectros mais fáceis
de interpretar comparado com electrospray (Fenselau, 2013). Embora o número de
28
estudos ainda seja limitado comparado ao número de microrganismos conhecidos,
MALDI-TOF/MS têm demonstrado ser confiável para diferenciar uma enorme
variedade de microorganismos (Chalupová et al., 2014), tais como bactérias (Sauer
et al., 2008; Stevenson et al., 2008; Senga et al., 2009), cianobactérias (Erhard et al.,
1997; Sandonato et al., 2016), vírus (Calderaro et al., 2015; Cobo, 2013),
protozoários (Song et al., 2015), leveduras (Stevenson et al., 2010) e fungos
(Schulthess et al., 2014; Spanu et al., 2012; Kemptner et. Al., 2009) em diferentes
níveis taxonômicos. A partir de um extrato de peptídeos/proteínas de uma espécie
de bactéria, obtém-se um espectro de massas característico que permite a
identificação inequívoca de uma espécie.
O primeiro trabalho aplicando MALDI-TOF/MS para a análise de fungos foi
publicado em 2000, no qual foi analisado o conteúdo da parede celular de
Penicillium spp., Scytalidium dimidiatum e Trichophyton rubrum, mostrando boa
reprodutibilidade e discriminação entre as espécies (Welham et al., 2000). A primeira
biblioteca de espectros de fungos obtida por MALDI para a análise clínica de rotina
foi desenvolvida por Marinack-Patrice et al. (2009) e envolveu o estudo de 57 cepas
de Fusarium. Os resultados foram comparados com análises de sequenciamento
genético e características morfológicas, sendo o método validado por um teste em
cego com cepas conhecidas. De Carolis et. al (2012) analisaram os perfis de 55
espécies de fungos de interesse clínico dos gêneros Aspergillus, Fusarium e
Mucorales através da análise direta da superfície da colônia por MALDI-TOF,
mostrando diferenças qualitativas e quantitativas que permitem diferenciar espécies
e cepas. Os resultados foram incluídos no software Biotyper 2.0 (Bruker Daltonics),
permitindo a expansão de análises de rotina em microbiologia clínica para estes
fungos. Porém, apenas recentemente foi publicado o primeiro trabalho de
caracterização e identificação dos principais fitopatógenos do cacaueiro
(Moniliophthora spp., Phytophthora spp. e Ceratocystis) através de MALDI-TOF/MS
(dos Santos, et al., 2016). Portanto, uma biblioteca de espectros de fitopatógenos do
cacau por MALDI-TOF/MS será uma importante ferramenta de auxílio aos órgãos de
defesa sanitária das regiões produtoras de cacau, além de possibilitar a inspeção do
material vegetal infectado que transita através de portos e aeroportos. Além disso,
há uma perspectiva de aplicação da técnica MALDI-TOF/MS para identificação do
29
fungo Moniliophthora roreri ainda inexistente no Brasil, porém presente em vários
países que têm fronteiras em comum (dos Santos, et al., 2016).
Os microorganismos são isolados de hospedeiros, que no caso dos
fitopatógenos, são tecidos vegetais como folhas, galhos, frutos, raizes ou do solo. As
interações dos fitopatógenos com diferentes tecidos vegetais resulta na produção de
diferentes metabólitos, tanto por parte do microorganismo quanto da planta, quando
comparado ao nível basal do metabolismo dos mesmos. Os metabólitos produzidos
nas interações planta-patógeno estão sendo cada vez mais estudados com a
aplicação das técnicas e ferramentas da metabolômica para entender as mudanças
bioquimicas que ocorrem nas doenças causadas por fitopatógenos.
1.6 – Metabolômica: fundamentos e conceitos
Em 1990 o Departamento de Energia do Instituto Nacional de Saúde dos
Estados Unidos iniciou o projeto Genoma Humano que impulsionou o
desenvolvimento da genômica, e como consequência, transcriptômica e proteômica.
Na era genômica visava-se conhecer completamente os mecanismos de
funcionamento celular em nível molecular pelo sequenciamento do DNA (Goodacre,
2005). Apesar dos avanços, o conhecimento das sequências de todos os genes de
muitos organismos não foi suficiente para compreender suas funções, sendo
necessária a análise do nível de expressão dos genes (transcriptoma), tradução de
proteínas (proteoma) e produção de metabólitos, sendo a análise desse último
processo conhecida hoje como metabolômica (Goodacre, 2005).
A metabolômica desempenha papel fundamental na análise da expressão e
função dos genes e contribui com informações bastante abrangentes sobre os
sistemas biológicos, na medida em que ela é o resultado dos processos bioquímicos
intrínsecos do organismo que também são influenciados por fatores abióticos
(ambiente e estágio de desenvolvimento) e fatores bióticos (transcrição, degradação
de RNAm, modificação pós-tradução, dinâmica protéica, concentrações e fluxos de
metabólitos) (Goodacre, 2005; Fiehn, 2002).
Os processos até então citados, de fluxo de informação genética de um
organismo encontram-se ilustrados na Figura 5. Como o esquema sugere, o
genoma representa o conjunto completo de genes de um organismo ou de suas
organelas (mitocôndria e cloroplasto), que pode ser analisado pelo sequenciamento
30
sistemático de DNA. O transcriptoma é todo RNA mensageiro presente em uma
célula; o proteoma constitui todas as proteínas presentes em uma célula, tecido ou
órgão; e finalmente, o metaboloma é o conjunto completo dos metabólitos
produzidos (Fiehn, 2002; Ryan & Robards, 2006).
Genômica Transcriptômica Proteômica Metabolômica
Transcrição Tradução Metabolismo
DNA mRNA Proteínas Metaboloma
Hipoxantina Creatinina
Triptofano Ácido Quenodesoxicólico
GenômicaTranscriptômicaProteômicaMetabolômica
TranscriçãoTraduçãoMetabolismo
DNAmRNAProteínasMetaboloma
HipoxantinaCreatinina
TriptofanoÁcido Quenodesoxicólico
GenômicaTranscriptômicaProteômicaMetabolômica
TranscriçãoTraduçãoMetabolismo
DNAmRNAProteínasMetaboloma
HipoxantinaCreatinina
TriptofanoÁcido Quenodesoxicólico
GenômicaTranscriptômicaProteômicaMetabolômica
TranscriçãoTraduçãoMetabolismo
DNAmRNAProteínasMetaboloma
HipoxantinaCreatinina
TriptofanoÁcido Quenodesoxicólico
Figura 5. Esquema do fluxo de informação genética que ocorre na célula dos organismos.
A metabolômica é um campo da ciência emergente e em pleno
desenvolvimento, e uma evidência disso, é que os conceitos e definições para o
termo “metabolômica” na literatura científica ainda estão sendo discutidos e
revisados pela comunidade constantemente. A definição de metabolômica como a
“análise qualitativa e quantitativa (relativa ou absoluta) de todo o metaboloma
endógeno (metabólitos com massas inferiores a 1500 Da)” é uma das mais utilizadas
atualmente (Dieter, 2011).
Os conceitos da metabolômica têm sido utilizados, cada vez mais, em
diferentes áreas da ciência como ferramenta para diversas aplicações, tais como a
detecção do aparecimento de células tumorais que são utilizadas no diagnóstico de
câncer de pulmão (Carrola et. al., 2011), câncer de rim e colorretal (Kim et. al.,
2011); doença de Alzheimer (Xu et. al., 2012; Trushina, 2013); doenças respiratórias
em crianças (Carraro et. al., 2007; De Laurentiis 2008); fertilidade e infertilidade
masculina (Kovac et. al., 2013).
1.7 – Metabolômica da interação planta-patógeno
A metabolômica tem como objeto de estudo os produtos do metabolismo de
um organismo, o qual é o resultado de todas as reações químicas que
31
continuamente estão ocorrendo nas células. Nesse processo, enzimas específicas
direcionam as reações, estabelecendo o que se denominam rotas metabólicas (Filho
et. al., 2010). Os compostos químicos formados, degradados ou transformados
nessas rotas são chamados de metabólitos. Esses compostos bioquímicos podem
ser divididos em dois grandes grupos, denominados de metabólitos primários e
secundários (Filho et. al., 2010; Moco et. al., 2007).
O metabolismo primário das plantas envolve as reações vitais para o seu
crescimento, desenvolvimento e manutenção, incluindo os processos fotossintéticos,
a respiração celular e as biossínteses de aminoácidos, proteínas, ácidos nucléicos,
polissacarídeos e lipídeos. Os produtos do metabolismo primário, através de rotas
biossintéticas diversas, originam os metabólitos secundários que apresentam
diversas estruturas e importantes atividades biológicas (Filho et. al., 2010; Moco et.
al., 2007).
Os metabólitos secundários de plantas participam das interações intra e
intercelular do próprio organismo ou com células de outros organismos, atuando, por
exemplo, em processos de polinização pela produção de substâncias que atraem os
agentes polinizadores deste processo e contribuindo para a defesa da planta contra
patógenos. Assim, o metabolismo primário assume importância principal no
crescimento e desenvolvimento da planta e o metabolismo secundário contribui com
os aromas, as cores dos alimentos e com a resistência contra patógenos, mantendo
a sobrevivência nas condições ambientais favoráveis (Filho et. al., 2010). Como
exemplo de produção de metabólitos secundários dos vegetais, duas rotas
metabólicas, do ácido chiquímico e do ácido mevalônico, são mostradas na Figura
6. Uma planta submetida a condições de estresse, como variações de temperatura e
umidade do ambiente, alta salinidade, alta ou baixa umidade, alto ou baixo pH do
solo, poluentes industriais e lesões mecânicas, sofre modificações nos metabólitos,
que em muitas situações levam à alterações fisiológicas visíveis como sintomas
(Filho et. al., 2010; Palama et al., 2010). Além dos fatores físico-químicos citados, os
biológicos, tais como a ação predatória de insetos, parasitária de nematóides e
infecções por microrganismos patogênicos (fungos, bactérias, vírus) também
desencadeiam alterações fisiológicas nas células vegetais. As alterações que
constituem a resposta de defesa das plantas, frente ao estresse causado por
patógenos, têm sido intensamente estudadas visando o melhoramento vegetal (Filho
32
et. al., 2010; Palama et al., 2010). Nesse trabalho será dada ênfase à metabolômica
aplicada no estudo das interações do cacau com fitopatógenos. A Figura 7 mostra
algumas classes de metabólitos e os processos fisiológicos relacionados à defesa
das plantas em uma situação geral de infecção por patógeno.
Figura 6. Rotas metabólicas do ácido chiquímico e do ácido mevalônico de produção de metabólitos secundários das plantas.
Interação
Planta-patógeno
Detecção
MAMPs/PAMPs
fatores patogenicidas
Sinalização
óxido nítrico
etileno
oxigênio reativo
espécies
jasmonatos
salicilatos
lipídeos
Modificação para o metabolismo primário
• regulagem da energia
• homeostase celular
fotossíntese
transpiração
redox
metabolismo nitrogenado
aminas/aminoácidos
carboidratos
ácidos orgânicos
Modificação para a estrutura da planta
• composição da parede celular
• órgãos (folhas, raízes, caule)
ceras
ácido abscísico
giberelina
lípideos
fenólicos
sacarídeos
ácidos orgânicos
auxinas
Produção de metabólitos secundários
• toxicidade
• sinalização
fitoalexinas/fitoanticipinas
salicilatos de metila
jasmonatos de metila
alcalóides
polifenólicos
terpenos
glucosinolatos
Resistência
Resistência Parcial/
Tolerante
Susceptível
Figura 7. Modificações moleculares e fisiológicas gerais que podem ocorrer durante uma interação planta-patógeno.
33
A interação planta-patógeno pode ser dividida basicamente em dois tipos: a
interação compatível e a interação incompatível. Na interação compatível o patógeno
invade o tecido vegetal, se multiplica e provoca a doença na planta. Na interação
incompatível, o patógeno, ao penetrar no tecido vegetal, encontra a resistência da
planta, impedindo sua multiplicação. A diferença básica entre as interações
compatível e a incompatível está relacionada à presença ou ausência de um gene
de resistência na planta, e de um gene de avirulência no patógeno (Filho et. al.,
2010; Palama et al., 2010).
O mecanismo de indução e amplificação da resposta de defesa em plantas é
chamado de eliciação. As moléculas que induzem ou amplificam a resposta de
defesa são chamadas de eliciadoras e podem ser de origem peptídica, lipídica ou
polissacarídica (Palama et al., 2010). O estudo destas moléculas é utilizado,
atualmente, como uma das ferramentas para aumentar a resistência de plantas. A
análise dos perfis metabólicos em plantas tem demonstrado que estes estão
diretamente relacionados com os estágios de desenvolvimento dos organismos,
fornecendo dados importantes sobre as alterações metabólicas ao longo do tempo
(Palama et al., 2010; Park et al., 2007). A metabolômica aplicada ao estudo de
doenças causadas por patógenos em plantas tem possibilitado a compreensão
sobre o desenvolvimento de infecções, bem como sobre os mecanismos de
respostas frente às condições do ambiente. As variações nos teores dos metabólitos
de um organismo em relação aos teores basais, sob determinadas condições,
podem indicar padrões de comportamento em função dos fatores ambientais
(Palama et al., 2010; Park et al., 2007).
A interação patógeno-planta, em nível molecular, é mediada por várias
classes de metabólitos produzidos pelos patógenos para causar a infecção dos
tecidos da planta que responde à infecção com a produção de metabólitos gerais e
específicos de defesa. Os metabólitos produzidos pelos patógenos, tais como
proteínas, lipídios e carboidratos são responsáveis, por exemplo, pela capacidade de
adesão e penetração nos tecidos da planta e no fruto, bem como pelos diferentes
graus de patogenicidade apresentado por diferentes espécies de patógenos (Filho et
al., 2010; Palama et al., 2010; Park et al., 2007).
A resistência de uma planta infectada é desenvolvida através de mecanismos
de defesa à entrada do patógeno os quais podem ser estruturais ou bioquímicos. Os
34
mecanismos estruturais são barreiras físicas a invasão e colonização do patógeno
através de estruturas como parede celular, cutículas, estômatos, tricomas e vasos
condutores, enquanto que os mecanismos bioquímicos compreendem a produção de
metabólitos capazes de produzir condições adversas ao desenvolvimento e a
sobrevivência do patógeno (Palama et al., 2010). Os metabólitos primários proteínas
PR (pathogenesis related, proteínas relacionadas à defesa) tais como as quitinases,
glucanases, peroxidases e inibidores de proteases são algumas das classes de
metabólitos que as plantas podem produzir para se defender contra o ataque de
patógenos (Park et al., 2007). Os metabólitos secundários tais como alcalóides,
compostos fenólicos e flavonóides são compostos que sofrem alterações nos
germoplasmas infectados comparado ao nível basal dos germoplasmas não-
infectados. Os metabólitos secundários são substâncias lipofílicas, produzidas em
baixas concentrações pelas plantas sadias, principalmente para sua defesa, visto
que podem atravessar a membrana plasmática e atuar no interior das células dos
patógenos. Entretanto, a planta hospedeira precisa sintetizar uma quantidade
suficiente desses metabólitos para impedir o desenvolvimento do patógeno e o
estabelecimento do processo de infecção da planta (Filho et al., 2010; Palama et al.,
2010; Park et al., 2007).
O primeiro evento de sinalização molecular de uma infecção causada por
patógeno é o aumento na abundância de compostos específicos, não voláteis (por
exemplo, salicilato) e voláteis (por exemplo, etileno) emitidos pelas plantas (Torres et
al., 2006; Park et. al., 2007; Vicente et. al., 2013). Compostos voláteis tais como
oxido nítrico, etileno, metil jasmonato e metil salicilato são reconhecidos como
mediadores de resistência sistêmica adquirida, ou seja, as plantas infectadas
utilizam esses compostos para se comunicar com as plantas sadias indicando que
estão sendo atacadas por patógenos (Vicente et. al., 2013; Petrocelli et. al., 2012).
Espécies reativas de oxigênio tais como peróxidos e superóxidos de hidrogênio
podem atuar na sinalização da infecção do patógeno (Vicente et. al., 2013; Petrocelli
et. al., 2012). Muitos outros compostos de plantas podem atuar como metabólitos
sinalizadores de infecções, tais como os aminoácidos, homoserinas e asparaginas, e
os esfingolipídios (Vicente et. al., 2013).
35
1.8 – Metabôlomica da interação cacau-fitopatógenos
A análise metabolômica tem sido cada vez mais utilizada nos estudos de
plantas infectadas por patógenos a fim de investigar de forma bastante abrangente
as mudanças metabólicas frente aos patógenos com diferentes graus de virulência,
bem como ao longo do tempo de infecção. Através de uma comparação entre os
níveis basais de metabólitos e aqueles produzidos após uma infecção do patógeno,
as informações sobre a interação planta-patógeno podem ser obtidas, melhorando
significativamente a detecção da doença, mas também possibilita a identificação de
candidatos a biomarcadores da infecção e revela um painel de metabólitos que pode
levar a compreensão dos mecanismos bioquímicos mais relevantes em uma dada
interação planta-patógeno.
Embora muitos estudos tenham avançado na compreensão da vassoura de
bruxa (Teixeira et al., 2015; Gramacho et al., 2016) através do sequenciamento do
genoma do cacaueiro e do Moniliophthora perniciosa, esclarecendo o ciclo de
desenvolvimento do fungo (Mares et al., 2016), melhorando as práticas de manejo e
a prospecção de fungos antagônicos (Krauss and Soberanis, 2001) e de genótipos
mais tolerantes (Benjamin, et al., 2016), ainda não existe uma medida eficaz de
combate à vassoura de bruxa. Novas abordagens são necessárias para
compreender a interação patógeno/cacaueiro em nível molecular e a metabolômica
desponta como uma das áreas mais promissoras devido à capacidade de revelar a
expressão do genótipo assim como do fenótipo. Um estudo de apenas três
metabólitos revelou que os ácidos salicílico (AS), fenil-lático e mandélico são
produzidos pelo fungo Moniliophthora perniciosa e o AS é relatado como causador
da necrose das folhas do cacaueiro (Chaves and Gianfagna, 2006). As procianidinas
(Chaves and Gianfagna, 2007), os alcaloides (Aneja and Gianfagna, 2001), auxinas
(Kilaru et al., 2007), carboidratos e açucares ocorrem em maior concentração em
tecidos de cacaueiro infectado do que sadio (Scarpari et al., 2005).
As analises qualitativas e quantitativas são de grande relevância para revelar,
respectivamente, os perfis de metabólitos de uma interação planta-patógeno e para
medir as quantidades relativas dos metabólitos nas amostras. As técnicas analíticas
têm proporcionado, portanto, um grande avanço nos estudos das doenças de
plantas causadas por fitopatógenos.
36
1.9- Técnicas analíticas empregadas em metabolômica
Existem basicamente duas abordagens mais empregadas para a análise
metabolômica, denominadas por “targeted” e “untargeted”. A análise “targeted” é
direcionada para determinadas classes de compostos ou compostos específicos
relacionados a rotas metabólicas já conhecidas e pode também visar a quantificação
de metabólitos específicos. Por outro lado a análise “untargeted” busca revelar o
perfil (fingerprinting) dos metabólitos o mais abrangente possível, sendo portanto,
uma abordagem mais qualitativa (Almstetter et. al., 2012).
As principais técnicas analíticas empregadas em metabolômica recentemente
são Ressonância Magnética Nuclear (RMN) (Schripsema et. al., 2010),
Cromatografia gasosa unidimensional e bidimensional abrangente acoplada à
espectrometria de massas (GC-MS e GC×GC-MS, respectivamente) (Almstetter et.
al., 2012), e Cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (LC-MS)
(Forcisi et. al., 2013), embora outras técnicas como a eletroforese capilar acoplada à
espectrometria de massa (CE-MS) também tem sido cada vez mais empregada e
com aplicações muito relevantes (Cevallos-Cevallos et. al., 2009; Khakimov et. al.,
2014). Todas estas técnicas e métodos podem ser aplicados a uma grande
variedade de metabólitos, porém cada um deles apresenta diferentes vantagens e
desvantagens em relação aos limites de detecção e quantificação, a sensibilidade,
interferências, resolução, repetibilidade, reprodutibilidade e características físico-
químicas dos compostos, como pode ser sumarizado na Tabela 1 (Schripsema et.
al., 2010; Almstetter et. al., 2012; Forcisi et. al., 2013; (Cevallos-Cevallos et. al.,
2009; Khakimov et. al., 2014).
Tabela 1. Figuras de mérito, vantagens e desvantagens associadas às técnicas analíticas empregadas em metabolômica.
Técnicas Vantagens Desvantagens
LC-MS Separações rápidas com alta
resolução (UHPLC);
Alta sensibilidade, resolução e
repetibilidade
Alto consumo de solvente e
baixa capacidade de
separação do HPLC
comparado ao UHPLC.
37
CE-MS Alta sensibilidade (picograma),
capacidade de pico, poder de
resolução dos analitos;
Detecção de moléculas termolábeis e
termoestáveis;
Baixo consumo de solvente e
amostra;
Analitos iônicos e moleculares
Tampões não voláteis que são
incompatíveis com MS;
Baixa repetibilidade e
reprodutibilidade;
GC-MS Alta sensibilidade, capacidade de
pico, poder de resolução dos analitos
e repetibilidade;
Compostos voláteis e semivoláteis;
Não voláteis;
Preparo de amostra (extração,
derivatização)
CG×GC-
MS
Alta sensibilidade e repetibilidade;
Altíssima capacidade de pico e poder
de resolução dos analitos;
Compostos voláteis e semivoláteis;
Não voláteis;
Preparo de amostra (extração,
derivatização)
MS Diferentes tipos de fontes de
ionização para compostos apolares e
polares (APPI, APCI, ESI e fontes
combinadas APPI/APCI, ESI/APCI)
Diferentes tipos de analisadores de
massas (íon trap, quadrupolo, triplo-
quadrupolo, trasformada de Fourier,
Orbitrap)
Efeito de supressão iônica da
matriz;
Separação de isobários;
Preparo de amostra
(extração);
Alto custo de instrumentação;
RMN Completa elucidação estrutural de
moléculas desconhecidas;
Não destrutiva;
Análise de sólidos e líquidos;
Quantificação absoluta
Baixa sensibilidade e
resolução;
Difícil acoplamento com
técnicas de separação;
Análises lentas; amostras
concentradas;
No que se refere às técnicas cromatográficas, a cromatografia em fase
gasosa bidimensional abrangente (GC×GC) comparado a unidimensional (GC) tem o
38
poder de resolução cromatográfica superior, que é particularmente adequado para a
separação de analitos de baixa massa molecular em amostras complexas (Mondello
et. al., 2008; Almstetter et. al., 2009). O efeito de focalização da segunda coluna
(segunda dimensão) possibilita o aumento de resolução, da altura do pico e da
sensibilidade de detecção. A técnica GC×GC é geralmente acoplada com sistemas
de detecção de ionização por elétrons (EI) e tempo de vôo (TOF) (Koek et. al.,
2008).
No que diz respeito ao emprego da cromatografia líquida, LC-MS é uma
técnica aplicada a uma grande variedade de metabólitos de alta massa molecular,
polares e apolares, mediante a utilização de colunas cromatográficas e fases móveis
adequadas. Para essas análises, a fonte de ionização por electrospray (ESI) é
geralmente utilizada para ionização dos compostos, no entanto, as fontes de
ionização química à pressão atmosférica (APCI, do inglês Atmospheric Pressure
Chemical Ionization) e fotoionização a pressão atmosférica (APPI, do inglês
Atmospheric Pressure Photoionization) também podem ser utilizadas para
compostos apolares (Izumi et. al., 2009). Vale ressaltar que a LC-MS era uma
técnica insatisfatória para a análise de metabólitos hidrofílicos (aminoácidos, ácidos
orgânicos, ácidos nucleicos, etc), mas a utilização de fases estacionárias baseadas
em pentafluorofenilpropil e HILIC (hydrophilic interaction liquid chromatography) em
cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) solucionou essa limitação, sem a
necessidade de derivatização. Outro avanço que pode ser citado foi a utilização da
cromatografia líquida de ultra alta-eficiência (UHPLC) que, a partir de 2004,
desempenhou um papel importante no avanço da metabolômica baseada em LC-
MS. Melhorias significativas fornecidas pelo sistema UHPLC incluem o uso de
coluna resistente a alta pressão, fases estacionárias Poroshell com partículas de 1,7
µm e uma bomba com uma pressão máxima de 100 MPa. Isso resultou em menor
tempo de análise, maior sensibilidade e capacidade de resolução do pico (Plumb et.
al., 2004). A caracterização desses metabólitos tem sido realizada por várias
técnicas cromatográficas acoplada com diferentes sistemas de detecção (Chaves
and Gianfagna, 2007; Scarpari et al., 2005), no entanto a espectrometria de massas
pode realizar a identificação de biomoléculas como os metabólitos primários e
secundários de forma mais confiável devido a medição da razão (m/z) exata dos
39
íons, detecção de padrões isotópicos característicos e fragmentação de íons que
possibilitam a identificação estrutural das moléculas.
Ainda no que se refere às técnicas de separação, a eletroforese capilar (CE)
vem ocupando um espaço crescente na química analítica, visto que apresenta alta
resolução e eficiência na separação de uma ampla gama de moléculas. Outra
vantagem é o baixo custo da instrumentação e operacional, pois, mesmo nas
condições em que se empregam solventes orgânicos, os volumes consumidos de
amostra e eletrólito são desprezíveis comparados à cromatografia líquida de alta
eficiência (HPLC). Porém a maior contribuição que a CE oferece é sua
complementaridade aos métodos já estabelecidos, devido à variedade de modos de
separação existentes os quais permitem a análise de várias classes de compostos.
Outro importante avanço foi o desenvolvimento da CE acoplada à espectrometria de
massas (CE-MS) que alia o alto poder de resolução e eficiência da CE com a
universalidade e sensibilidade que a MS oferece frente a outros sistemas de
detecção como, por exemplo, espectrofotometria na região do UV-visível, bem como
fluorescência induzida a laser (LIF - laser induced fluorescence), que são pouco
informativos em relação à estrutura do analito (Plumb et. al., 2004; Cevallos-Cevallos
et. al., 2013).
A técnica de RMN se destaca por ser versátil, não destrutiva e possibilitar a
caracterização estrutural de metabólitos, além da sua identificação e quantificação.
As amostras podem ser analisadas em solução ou no estado sólido, dependendo da
sua solubilidade. A RMN de 1H unidimensional é uma das metodologias que atende
estes pré-requisitos, embora as metodologias de análise dos núcleos de 13C e 15N
também podem ser utilizadas para obter informação estrutural (Schripsema et. al.,
2010; Kim et. al., 2011). A RMN é empregada também para análise de misturas, no
entanto a sobreposição de sinais dos compostos dificulta a identificação, sobretudo
quando a mistura possui grande quantidade de substâncias. Porém, essa dificuldade
pode ser superada pela utilização das técnicas bidimensionais (RMN 2D). Vale
ressaltar que RMN não é limitada pela polaridade e massa molecular dos
compostos, podendo ser aplicada a compostos apolares e polares (Schripsema et.
al., 2010; Kim et. al., 2011).
40
Tendo apresentado os conceitos sobre o metabolômica de plantas, os
envolvidos na interação planta-patógeno, bem como as técnicas analíticas que
podem ser utilizadas na análise metabolômica, a seguir, serão apresentados alguns
trabalhos que mostram a aplicação no estudo de interação Theobroma cacao-
Moniliphthora perniciosa e Theobroma cacao-Ceratocystis cacaofunesta para avaliar
resistência e suscetibilidade de diferentes clones de cacau cultivados no Brasil.
41
CAPÍTULO I
DIFERENCIAÇÃO DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES DE FITOPATÓGENOS DO
CACAU POR MALDI-TOF/MS
42
I.1 – Objetivos
I.1.1 – Objetivo geral da tese
Desenvolver metodologias analíticas por espectrometria de massas para
detectar e diferenciar as principais espécies de fitopatógenos do cacau, bem como
para diferenciar plantas infectadas em diferentes tempos de inoculação
compreendendo as fases assintomática e sintomática e diferenciar os genótipos
resistentes dos suscetíveis aos fitopatógenos.
I.1.2 – Objetivo específico do capítulo I
Diferenciar as espécies Phytophthora palmivora, Phytophthora capsici,
Phytophthora citrophthora, Phytophthora heveae, Ceratocystis cacaofunesta,
Ceratocystis fimbriata, Ceratocystis paradoxa e Moniliophthora perniciosa
através dos perfis de peptídeos/proteínas e/ou lipídios analisados por MALDI-
TOF/MS;
I.2 – Parte Experimental
I.2.1 – Amostras: os isolados de fitopatógenos
As culturas puras de Moniliophthora perniciosa, Phytophthora palmivora, P.
citrophthora, P. heveae, P. capsici, Ceratocystis cacaofunesta, C. paradoxa e C.
fimbriata que foram utilizadas neste estudo pertencem a Coleção de Phytophthora
Arnaldo Medeiros e a Coleção de Ceratocystis do Centro de Pesquisas do Cacau
(CEPEC), da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC),
Ilhéus-BA. Os isolados de Phytophthora foram coletados de cacau (Theobroma
cacao), mamão (Carica papaya), coco (Cocos nucifera), eucalipto (Eucalyptus spp.),
seringueira (Hevea brasiliensis) e solo (rizosfera). Os isolados de M. perniciosa
coletados de cacau foram cultivados em Agar de batata (PDA) acidificado, em placas
de Petri de 90 mm a 25°C durante 5 dias. Os isolados de Phytophthora foram
cultivados em Agar de cenoura acidificado, em placas de Petri de 90 mm a 25°C
durante 10 dias. Os isolados de Ceratocystis foram cultivados em meio PDA, em
placas de Petri de 90 mm a 22° C durante 10 dias (protocolos realizados pelos
colaboradores da CEPLAC). É importante destacar que alguns isolados da mesma
espécie, hospedeiro e localidade foram coletados em diferentes fazendas. As
43
informações detalhadas dos isolados são mostradas na Tabela 2 (dos Santos et al.,
2016).
Tabela 2. Origem dos isolados dos fitopatógenos por patógeno, hospedeiro, órgão
vegetal e local de obtenção.
Espécies Isolados Hospedeiros Órgão vegetal
Localidade (cidade/Bahia)
M. perniciosa VB-S Theobroma cacao Caule Ilhéus – Bahia
VB-F Theobroma cacao Fruto Ilhéus – Bahia
C.cacaofunesta 20 Theobroma cacao Caule Ilhéus – Bahia
68 Theobroma cacao Caule Mutuípe – Bahia
74 Theobroma cacao Caule Ipiaú – Bahia
91 Theobroma cacao Caule Uruçuca – Bahia
97 Theobroma cacao Caule Santo Amaro – Bahia
120 Theobroma cacao Caule Belmonte – Bahia*
122 Theobroma cacao Caule Belmonte – Bahia*
125 Theobroma cacao Pecíolo/folha Belmonte – Bahia
138 Theobroma cacao Pecíolo/folha Ipiaú – Bahia
145 Theobroma cacao Pecíolo/folha Una – Bahia
195 Theobroma cacao Caule Ituberá – Bahia
C. paradoxa 30 Cocos nucifera Pecíolo/folha Una – Bahia
155 Cocos nucifera Pecíolo/folha Itacaré – Bahia**
156 Cocos nucifera Pecíolo/folha Itacaré – Bahia **
C. fimbriata 118 Eucalyptus spp. Caule Belmonte – Bahia
119 Eucalyptus spp. Pecíolo/folha Belmonte – Bahia
178 Hevea brasiliensis Pecíolo/folha Belmonte – Bahia
198 Hevea brasiliensis Caule Una – Bahia
P. palmivora 250 Carica papaya Fruto Eunapolis - Bahia
262 Carica papaya Fruto Una – Bahia
1629 Theobroma cacao Fruto Gandú – Bahia
1661 Theobroma cacao Fruto Itabuna – Bahia
44
Espécies Isolados Hospedeiros Órgão vegetal
Localidade (cidade/Bahia)
1662 Theobroma cacao Fruto Itabuna – Bahia
1924 Theobroma cacao Fruto Mutuípe – Bahia
2423 Theobroma cacao Fruto Santo Amaro - Bahia
P. capsici 135 Theobroma cacao Fruto Gonguji – Bahia
161 Theobroma cacao Fruto Pau Brasil - Bahia
1442 Clone Fx25, Hevea brasiliensis
Pecíolo/folha Una – Bahia
1454 Clone Fx25, Hevea brasiliensis
Pecíolo/folha Una – Bahia
1597 Clone 3564, Hevea brasiliensis
Pecíolo/folha Ituberá - Bahia
2358 Theobroma cacao Fruto Camacan - Bahia
P. citrophthora 101 Theobroma cacao Fruto Juçari - Bahia
1577 Clone Fx3864, Hevea brasiliensis
Folha Ituberá - Bahia
1811 Theobroma cacao Fruto Belmonte - Bahia
2136 Theobroma cacao Fruto Santo Amaro - Bahia
2284 Theobroma cacao Fruto Gandú - Bahia
2301 Theobroma cacao Fruto Mutuípe - Bahia
P. heveae 989 Clone IAN873, Hevea brasiliensis
Folha Ituberá - Bahia
1009 Clone JS, Hevea brasiliensis
Folha Ituberá - Bahia
1144 Solo Rizosfera Una – Bahia
1152 Solo Rizosfera Uruçuca – Bahia
1169 Solo Rizosfera Una – Bahia
1170 Solo Rizosfera Una – Bahia
*os isolados Cc120 e Cc 122 de Ceratocystis cacaofunesta foram coletados na mesma
localidade em diferentes fazendas;
**os isolados Cp155 e Cp156 de Ceratocystis paradoxa foram coletados na mesma
localidade em diferentes fazendas;
I.2.2 - Extração de peptídeos/proteínas para análise por MALDI-TOF/MS
A primeira etapa buscou estabelecer um protocolo eficiente para a
diferenciação dos isolados de fitopatógenos testando quatro diferentes métodos de
extração de peptídeos/proteínas e quatro tipos de matrizes de MALDI, que foram o
45
ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico (CHCA), ácido sinapínico (SA), 6-aza-2-tiotimina
(ATT) e 2,6-dihidroxiacetofenona (DHAP). Os micélios foram raspados dos meios de
cultura com uma alça metálica estéril, transferidos para microtubos contendo 1 mL
de solução de etanol 75% em água e mantidos em freezer -20ºC até o momento das
análises (etapa feita pelo doutorando na CEPLAC e transportado até a Unicamp).
Imediatamente antes das extrações, a solução aquosa de etanol foi
descartada e o micélio seco. Foram testados os seguintes métodos:
Método A - Acetonitrila/ácido fórmico (ACN/AF): O micélio foi ressuspenso em
100 μL de acetonitrila/ácido fórmico 70% (1:1, v/v) seguido de agitação por vórtex a
1000 rpm durante 30 min. A mistura foi centrifugada a 13 000 × g durante 5 min e o
sobrenadante foi transferido para placa de MALDI.
Método B - Acetonitrila/ácido trifluoroácetico (ACN/TFA): O micélio foi
ressuspenso em 50 μL de TFA 80% e agitado por vórtex a 1000 rpm durante 30 min.
Em seguida, foram adicionados 100 μL de água Milli-Q e 150 μL de ACN. A mistura
foi centrifugada a 13 000 × g durante 5 min e o sobrenadante foi transferido para
placa de MALDI. Este método foi adaptado de uma aplicação para isolados de
Fusarium.
Método C - Isopropanol/ácido fórmico (IPA/AF): O micélio foi ressuspenso em 50
μL de ácido fórmico 70% e agitado por vórtex a 1000 rpm durante 30 min. Em
seguida, foram adicionados 100 μL de água Milli-Q e 50 μL de isopropanol. A
mistura foi centrifugada a 13 000 × g durante 5 min e o sobrenadante foi transferido
para placa de MALDI.
Método D - Metanol/ácido fórmico (MeOH/AF): O micélio foi ressuspenso em 50
μL de ácido fórmico 70% e agitado por vórtex a 1000 rpm durante 30 min. Em
seguida, foram adicionados 100 μL de água Milli-Q e 150 μL de MeOH. A mistura foi
centrifugada a 13 000 × g durante 5 min e o sobrenadante foi transferido para placa
de MALDI.
I.2.3 - Extração de lipídios para análise por MALDI-TOF/MS
O método relatado por Bligh/Dyer (Bligh and Dyer, 1959) foi utilizado na extração
dos lipídios. O micélio foi suspenso em 150 μL de água Milli-Q. Em seguida,
adicionou-se 190 μL de clorofórmio e 375 μL de metanol e a mistura foi agitada por
vórtex a 1000 rpm durante 5 min (uma fase). Em seguida, 190 μL de clorofórmio e
46
150 μL de água foram adicionados e a mistura foi agitada por vórtex a 1000 rpm
durante 1 min. A mistura foi centrifugada a 14 000 × g durante 5 min para induzir a
separação de fases. A fase orgânica rica em clorofórmio (inferior) foi recolhida,
concentrada utilizando um aparelho Speed-Vac, e reconstituído em 100 μL de
clorofórmio/metanol (1:1). A fase orgânica inferior foi então depositada na placa de
MALDI (1 μL da mistura) e depois seca ao ar. Em seguida, adicionou-se 1 μL de
matriz de ácido 2,5-di-hidroxibenzóico (DHB), 10 mg mL-1 em MeOH.
I.3 – Resultados e Discussão
I.3.1 – Análise dos perfis de peptídeos/proteínas de fitopatógenos por
MALDI-TOF/MS
A análise de microrganismos por MALDI-MS é precedida por uma etapa de
extração de peptídeos/proteínas e/ou lipídios. A otimização da extração de
peptídeos/proteínas e da matriz de MALDI é uma etapa fundamental para serem
obtidos espectros representativos dos microrganismos. Foram testados quatro
métodos de extração de peptídeos/proteínas e quatro matrizes de MALDI já
detalhados no tópico I.2.2. Os experimentos foram realizados combinando os quatro
solventes e as quatro matrizes para selecionar o melhor par, método de
extração/matriz de MALDI. Considerando o número de íons detectados e a
intensidade relativa o método de extração B (ACN/ácido trifluoroacético 80%) com a
matriz CHCA, resultaram nos melhores espectros como pode ser visto nas Figuras
8 e 9, respectivamente.
47
4375
390487067237
01000200030004000
45228581
717936151
2
3
x104
45217180
3607
0.51.01.52.0
71804521
3617
0
1
2
3
2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000
m/z
Método A
Método B
Método C
Método D
x104
x104
Inte
nsi
dad
eA
B
C
D
Figura 8. Comparação dos métodos de extração de peptídeos/proteínas de Ceratocystis cacaofunesta analisados com matriz CHCA.
6-aza-2-tiotimina (ATT)
0
200
400
ácido α-ciano-4-hidroxicinâmico (CHCA)
0
1
2
3
4x104
2,6-dihidroxiacetofenona (DHAP)
0
100
200
300
ácido sinapínico (SA)
0
200
400
600
4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000
m/z2000
Inte
nsi
dad
e
Figura 9. Comparação de matrizes MALDI para análise de peptídeos/proteínas de Ceratocystis cacaofunesta extraído com o método B.
A extração de peptídeos/proteínas com acetonitrila/ácido trifluoroacético 80%
e a matriz CHCA foram utilizadas para caracterização de todos os fungos. Os
resultados das análises MALDI-MS dos perfis de peptídeos/proteínas extraídos dos
48
isolados de Moniliophthora perniciosa, Ceratocystis cacaofunesta e Phytophthora
palmivora, que pertencem a gêneros distintos, são claramente diferentes (Figura 10)
indicando a viabilidade de caracterização e diferenciação confiável e correta dessas
espécies de fitopatógenos por espectrometria de massas.
4878
2032
2857
31523413 5173 6206 6618 7903
0
1
2
3
4
5
x104
7234
6093361530462376 6777
0.0
0.5
1.0
1.5
5328
2086
6380
7016
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
m/z
Moniliophthora perniciosa
Ceratocystis cacaofunesta
Phytophthora palmivora
x104
x104
Inte
nsid
ad
e
Figura 10. Perfis de peptídeos/proteínas característicos dos isolados de Moniliophthora perniciosa, Ceratocystis cacaofunesta e Phytophthora palmivora.
As espécies do gênero Phytophthora, P. capsici, P. citrophthora, P. palmivora,
P. heveae foram caracterizadas e discriminadas a partir dos perfis de
peptídeos/proteínas que foram muito distintos para cada espécie (Figura 11), os
quais são suficientes para identificação confiável e correta desses fitopatógenos. Os
resultados foram confirmados através da análise de 12 cepas dos fitopatógenos,
tendo sido feitas triplicatas de cada uma das cepas e registrados oito espectros de
cada réplica, totalizando 24 espectros de cada cepa. Esse resultado é muito
relevante, visto que as espécies do gênero Phytophthora spp. são muito difíceis de
identificar por observação das características morfológicas devido a grande
semelhança entre elas.
49
6271
3698
5318
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0x10
4
5877
6371
61773693 5343
1
2
3
4
62973695
82424114
5642
0.0
0.5
1.0
1.5
6174
4853 58903802 5266 88956855 93297604 8085
0
2
4
2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
m/z
6374
x104
x104
x104
P. palmivora
P. heveae
P. citrophthora
P. capcisi
Inte
nsid
ad
e
Figura 11. Perfis de peptídeos/proteínas característicos dos isolados do gênero Phytophthora, P. capsici, P. citrophthora, P. palmivora, P. heveae.
Embora diferenciar cada uma das espécies seja importante, foram obtidos
resultados ainda mais relevantes os quais correspondem a diferenciação de isolados
de uma mesma espécie proveniente de diferentes hospedeiros ou tecidos vegetais,
tais como caule, folha e fruto. Para nossa surpresa, os isolados de Phytophthora
palmivora obtidos de Theobroma Cacao (isolados 1629; 1662) e Carica Papaya
(isolados 250; 262) foram discriminados através dos perfis de peptídeos/proteínas
por MALDI-MS (Figura 12). Além disso, os isolados de Phytophthora capsici
coletados de seringueira (isolados 1454; 1597) e cacau (isolado 1442) mostrado na
Figura 13; os isolados de Phytophthora heveae coletados de folhas (isolado 989) e
rizosfera (isolados 1170; 1144) de seringueira, mostrado na Figura 14; e os isolados
de Phytophthora citrophthora coletados de diferentes clones de cacau cultivados em
diferentes localidades da Bahia, mostrados na Figura 15, também são claramente
distintos.
Interessante notar que os perfis de peptídeos/proteínas de Moniliophthora
perniciosa coletados de caule e fruto são bem distintos, destacando-se a presença
do peptídeo/proteína de m/z 2783 apenas nos isolados dos ramos, e o
peptídeo/proteína de m/z 2032 apenas nos isolados de frutos (Figura 16).
50
6273
3695
61401
2
3x104
62663698
6143
0.5
1.0
1.5
2.0
53526277
2085
0.25
0.50
0.75
5326
20876379
0.00.51.01.52.0
2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
m/z
x104
x104
x104
0.0
0.0
6374
6376
6379
P. palmivora 1662
P. palmivora 1629
P. palmivora 262
P. palmivora 250
Inte
nsi
dad
e
Figura 12. Perfis de MALDI-MS de peptídeos/proteínas de Phytophthora palmivora obtidos de Theobroma cacao (isolados 1629, 1662) e Carica papaya (isolados 250, 262).
6173
37886998 101937576
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
x104
6174
4852 592852658900
808740413691 93297372
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
6172
3693 6999 81897408
0
1
2
3
4
5
2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
m/z
x104
x104
6998
P. capsici 1454
P. capsici 1442
P. capsici 1597
Inte
nsi
dad
e
Figura 13. Perfis de MALDI-MS de peptídeos/proteínas de Phytophthora capsici coletados de seringueira (isolados 1454; 1597) e cacau (isolado 1442).
51
58796372
6180534636941
2
3
5202
3827765061813701 58781
2
3
50944588 63745879
525036896183
4281
0.0
0.5
1.0
1.5
2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
m/z
x104
x104
x104
P. heveae 1170
P. heveae 989
P. heveae 1144
Inte
nsi
dad
e
Figura 14. Perfis de MALDI-MS de peptídeos/proteínas de Phytophthora heveae coletados de folhas (isolado 989) e rizosfera de Seringueira (isolados 1170; 1144).
6300
378675754108 6995 82002
4
x104
6175
3694
7575 819869980.5
1.0
1.5
5638
62933696
82430.5
1.0
1.5
6293
31525118
2000
4000
6000
6302
2396 2908 33435130
0.00
0.25
0.50
0.75
2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
m/z
x104
x104
x104
8000
6175P. citrophthora 1577
P. citrophthora 2136
P. citrophthora 2284
P. citrophthora 101
P. citrophthora 161
Figura 15. Perfis de MALDI-MS de peptídeos/proteínas de Phytophthora citrophthora coletados de frutos de diferentes clones de cacau cultivados em diferentes localidades.
52
2857
4877
23192646
62075171 6914
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
x105
4878
2032
2857
31523413 5173 6206 6618 6916 7903
0
1
2
3
4
5
x104
2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000
m/z
2783M. perniciosa (caule)
M. perniciosa (fruto)
Inte
nsid
ad
e
Figura 16. Comparação dos perfis de peptídeos/proteínas dos isolados de M. perniciosa obtidos de ramo e fruto.
As espécies, Ceratocystis cacaofunesta, C. fimbriata e C. paradoxa também
apresentam perfis de peptídeos/proteínas muito distintos entre si, mas também entre
isolados coletados de diferentes hospedeiros. Os isolados de Ceratocystis ssp.
obtidos de Theobroma cacao (isolados 68; 74; 120; 122; 125; 20;145; 91; 97; 138;
195), Cocos nucifera (isolados 30; 155; 156), Eucalyptus spp. (118;119) e Hevea
brasiliensis (isolados 178; 198) foram diferenciados através dos perfis de
peptídeos/proteínas analisados por MALDI-MS (Figura 17).
53
3697
4792 7105C. paradoxa (A)
1x104
71054792
3697
3697
7229
3697
3697
3697
36974531
5619
45313697 4271
02000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
m/z
C. paradoxa (B)
C. fimbriata (C)
C. fimbriata (D)
C. fimbriata (E)
C. fimbriata (F)
C. cacaofunesta (G)
C. cacaofunesta (H)
x104
x104
x104
x104
x104
x104
x104
1
2
2
2
2
1
1
Inte
nsi
tyIn
ten
sid
ade
Figura 17. Comparação de diferentes perfis de peptídeos/proteínas obtidos por MALDI-MS. C. paradoxa coletado de Cocos nucifera (A e B), C. fimbriata coletado de Eucalyptus spp. (C e D), Hevea brasiliensis (E e F), C. cacaofunesta coletado de T. cacao (G e H).
Os resultados obtidos dos perfis de peptídeos/proteínas analisados por
MALDI-MS foram confirmados através da análise de agrupamento hierárquico (HCA)
que mostra claramente oito agrupamentos distintos correspondentes às espécies
avaliadas, bem como a similaridade entre os isolados de cada uma das espécies.
Além disso, são observadas diferenças nos agrupamentos de cada espécie de
acordo com hospedeiro no qual o fungo foi isolado e/ou localidade (Figura 18).
54
P. palmivora
P. citrophthora
P . heveae
P. capsici
C. cacaofunesta
C. paradoxa
C. fimbriata
M . perniciosa
Figura 18. Dendograma dos perfis de peptídeos/proteínas das espécies de fitopatógenos do cacau. MP = M. perniciosa, F = fruto, S = caule; CC = C. cacaofunesta, CP = C. paradoxa, CF = C. fimbriata; PCA = P. capsici, PC = P. citrophthora, PH = P. heveae, PP = P. palmivora.
55
I.3.2 – Análise dos perfis de lipídios de fitopatógenos por MALDI-TOF/MS
Os resultados das análises MALDI-MS dos perfis de lipídios extraídos dos
isolados de Moniliophthora perniciosa, Ceratocystis cacaofunesta e Phytophthora
palmivora, que pertencem a gêneros distintos, também são claramente distintos
(Figura 19) indicando a viabilidade de caracterização e diferenciação confiável e
correta dessas espécies de fitopatógenos por espectrometria de massas. É
importante destacar que existem poucos trabalhos na literatura com estudos de
perfis lipídicos para fins de detecção e identificação de fitopatógenos. Para os
fungos, principalmente, esses resultados são muito relevantes, visto que esses
microrganismos possuem parede celular difícil de romper, seja por métodos
químicos ou físicos, o que dificulta muitas vezes a analise de peptídeos/proteínas.
Entretanto os lipídios são muito abundantes e revelam informações muito relevantes
da interação dos fungos com o hospedeiro do qual foi coletado, além de sua espécie
e gênero.
782.8
804.8685.6
818.8758.8 850.8 876.8
2
4
6
x104
782.8685.7
607.4
804.8758.8740.6639.71
2
3
4
780.8
758.8
796.8 826.8
730.7 842.8864.7
0
1
2
3
4
600 650 700 750 800 850 900 950 1000
m/z
x104
x104
Moniliophthora perniciosa
Ceratocystis cacaofunesta
Phytophthora palmivora
Inte
nsid
ad
e
Figura 19. Perfis de lipídios característicos dos isolados de Moniliophthora perniciosa, Ceratocystis cacaofunesta e Phytophthora palmivora.
As espécies do gênero Phytophthora, P. capsici, P. citrophthora, P. palmivora,
P. heveae também foram caracterizadas e discriminadas a partir dos perfis de
lipídios que foram distintos para cada espécie em suas abundâncias relativas
56
(Figura 20), que é suficiente para identificação confiável e correta desses
fitopatógenos. Os resultados foram confirmados através da análise de 12 cepas dos
fitopatógenos, tendo sido feitas triplicatas de cada uma das cepas e registrados oito
espectros de cada réplica, totalizando 24 espectros de cada cepa.
780.8758.8
685.7607.4
701.6 796.8854.0828.8715.2663.7647.7 878.0731.2 902.0 950.8
P. capcisi
0.0
0.5
1.0
x104
758.8685.7607.4
780.8
804.8826.8650.6 733.1
693.7
701.6672.6 771.7 855.7629.4 880.8
P. citrophthora
1
2
3
780.8
758.8
804.8 826.8
818.7730.7 842.8 864.7768.7685.7 748.1701.6 895.8
P. palmivora
12345
685.6
607.4
758.8 780.8701.6
693.7
804.8663.6 826.7647.6 730.7 855.7617.5 885.7 923.2
P. heveae
0
2
4
600 650 700 750 800 850 900 950 1000
m/z
x104
x104
x104
Inte
nsid
ad
e
Figura 20. Perfis de lipídios característicos dos isolados do gênero Phytophthora, P. capsici, P. citrophthora, P. palmivora, P. heveae.
Embora diferenciar cada uma das espécies seja importante, foram obtidos
resultados ainda mais relevantes os quais correspondem a diferenciação de isolados
de uma mesma espécie provenientes de diferentes hospedeiros ou tecidos vegetais,
tais como caule, folha e fruto. Para nossa surpresa novamente, os isolados de
Phytophthora palmivora obtidos de Theobroma Cacao (isolados 1629; 1662) e
Carica Papaya (isolados 250; 262) foram diferenciados através dos perfis de lipídios
que apresentam diferenças notáveis nas abundâncias relativas dos compostos
analisados por MALDI-MS (Figura 21).
57
780.8
758.8
804.8826.8818.7730.7 842.8864.7685.7701.6
P. palmivora 250
12345
x104
685.6
758.8 780.7
804.8
693.7
715.7 826.7607.4 663.6 737.7 858.80.5
1.0
1.52.0
637.2659.2
826.5621.2 804.5
677.2 850.5780.5.
0.5
1.0
1.5
826.6
637.3 804.7659.3
621.3780.6 850.6758.7677.4
645.5730.6
0
1
2
600 650 700 750 800 850 900 950 1000
m/z
P. palmivora 262
P. palmivora 1661
P. palmivora 1629
x104
x104
x104
Inte
nsid
ad
e
Figura 21. Perfis de MALDI-MS de lipídios de Phytophthora palmivora obtidos de Theobroma cacao (isolados 1629, 1661) e Carica papaya (isolados 250, 262).
Interessante notar que os perfis de lipídios de Moniliophthora perniciosa
coletados de caule e fruto são bem distintos, destacando-se a presença dos íons de
m/z 876 e 794 apenas nos isolados dos ramos, e os íons de m/z 750, 804, 832 e 850
com diferentes abundâncias relativas nos isolados de fruto e ramo (Figura 22).
58
782.6
685.5
750.6
804.6
607.2674.5 706.7
629.4 832.6650.5 814.6
0
500
1000
1500
2000
2500
782.8
685.7
804.8
607.4818.8750.8663.7
850.9 876.9706.9635.7 974.9617.6
792.8
733.8
0
1
2
3
4
x104
600 650 700 750 800 850 900 950
m/z1000
M. perniciosa (fruto)
M. perniciosa (caule )Inte
nsid
ad
e
Figura 22. Comparação dos perfis de lipídios dos isolados de M. perniciosa obtidos de caule e fruto.
As espécies, Ceratocystis cacaofunesta, C. fimbriata e C. paradoxa também
apresentam perfis de lipídios muito distintos entre si, mas também entre isolados
coletados de diferentes hospedeiros. Os isolados de Ceratocystis ssp., por exemplo,
obtidos de Theobroma cacao (isolados 20, 91 e 138), Cocos nucifera (isolado 97) e
Eucalyptus spp. (145 e 195) foram discriminados (Figura 23).
59
782.2751.3905.2879.3
723.2 804.2758.2740.0 978.1853.3788.5 887.1961.2 996.0933.2
C. Cacaofunesta 201
x104
768.4751.4736.3 978.3723.4 850.3 961.4905.4882.3809.4 996.2
795.4
933.4783.3 835.4 865.42
4
911.0751.3
723.3 978.1768.2 835.2740.0 850.2782.3
996.0795.2 905.3882.2809.3 961.2865.2 933.31
2
835.3
978.1751.3782.2723.3 850.2804.2 961.2905.3736.2 768.2 996.0882.2 933.3865.2
2
750.3734.3
850.3778.4723.4 766.3 804.3 978.3866.2 905.4 996.2
0.5
750.5
772.5734.5 804.5
756.5
850.5788.5 905.6 942.3 978.40246
700 750 800 850 900 950 1000
m/z
x104
x104
x104
x105
x105
C. Cacaofunesta 91
C. paradoxa 97
C. Cacaofunesta 138
C. fimbriata145
C. fimbriata 195
Inte
nsid
ad
e
Figura 23. Comparação de diferentes perfis de lipídicos obtidos por MALDI-MS. C. paradoxa coletado de Cocos nucifera (isolado 97), C. fimbriata coletado de Eucalyptus spp. (isolados 145 e 195) e C. cacaofunesta coletado de T. cacao (isolados 20, 91 e 138).
Os resultados obtidos dos perfis de lipídios analisados por MALDI-MS foram
confirmados através da análise de agrupamento hierárquico (HCA) que demonstra
claramente oito agrupamentos distintos correspondentes às espécies avaliadas.
Diferentemente do que foi observado, para os perfis de peptídeos/proteínas, as
similaridade entre os isolados de cada uma das espécies com os perfis lipídicos são
menores e, além disso, não são tão claras as diferenças nos agrupamentos de cada
espécie de acordo com hospedeiro do qual o fungo foi isolado e/ou localidade
(Figura 24).
60
P. palmivora
P. citrophthora
P . heveae
P. capsici
C. paradoxa
C. fimbriata
C. cacaofunesta
C. paradoxa
C. fimbriata
M. perniciosa
P . heveae
Figura 24. Dendograma dos perfis de lipídios das espécies de fitopatógenos do cacau. MP = M. perniciosa, F = fruto, S = caule; CC = C. cacaofunesta, CP = C. paradoxa, CF = C. fimbriata; PCA = P. capsici, PC = P. citrophthora, PH = P. heveae, PP = P. palmivora.
61
I.4 – Conclusão do capítulo I
Os resultados obtidos na caracterização de fitopatógenos do cacau mostram
importante avanço na contribuição científica para diferenciação das pragas usando a
técnica MALDI-TOF/MS, sobretudo a discriminação de isolados de uma mesma
espécie coletado de diferentes hospedeiros. Os perfis de lipídios e
peptídeos/proteínas foram capazes de discriminar as espécies dos fitopatógenos
associados com técnicas de análise multivariada de dados. O método tem grande
aplicabilidade para solucionar os problemas de identificação de pragas nas lavouras
cacaueiras. O Monliophthora roreri não foi possível incluir no estudo visto que é uma
praga ausente no Brasil, porém o método poderá futuramente ser aplicado para
identificação dessa praga com pequenas adaptações da metodologia. Os resultados
desse capítulo foram publicados recentemente no Analytical and Bioanalytical
Chemistry no qual foi selecionado pelos editores para a capa do volume 409,
número 07 do mês de março 2017.
Por fim, espera-se que esse trabalho gere impacto científico para a sociedade
brasileira, visto que a instrução normativa IN-47 do MAPA sobre inspeção
fitossanitária do cacau está sendo revisada atualmente, devido às recentes
suspeitas de contaminação de amêndoas de cacau vindo da África. A metodologia
de diferenciação dos patógenos do cacau desenvolvida nesse trabalho foi
apresentada na 39ª reunião Câmara Setorial do Cacau (CSC) do Ministério da
Agricultura, em Brasília, para uma plateia de secretários de agricultura dos estados,
secretários de governo, técnicos do MAPA, representantes das indústrias de
processamento de cacau e chocolate (Barry Callebaut, Nestlé, Cargill, Olam) e
representantes dos produtores de cacau. Como resultado das discussões foi
solicitada a elaboração de uma nota técnica pelo presidente da Câmara Setorial do
Cacau que será enviada para o departamento de Sanidade Vegetal do MAPA.
Portanto, existe grande possibilidade da metodologia fazer parte da nova instrução
normativa IN-47 referente à inspeção fitossanitária do cacau no Brasil.
62
CAPÍTULO II
METABOLÔMICA DE CLONES RESISTENTES E SUSCETÍVEIS DO CACAUEIRO
INFECTADOS POR Moniliophthora perniciosa (VASSOURA DE BRUXA)
63
II.1 – Objetivos
II.1.1 – Objetivo geral
Desenvolver metodologias analíticas por espectrometria de massas para
detectar plantas infectadas por Moniliophthora perniciosa em diferentes tempos de
infecção compreendendo as fases assintomática e sintomática e diferenciar os
genótipos resistentes dos suscetíveis aos fitopatógenos.
II.1.2 – Objetivos específicos
Identificar os principais metabólitos produzidos na interação cacau-
Moniliophthora perniciosa;
Identificar os principais metabólitos que discriminam clones de cacau
resistentes e suscetíveis;
Identificar os principais metabólitos em diferentes tempos de infecção que
possam ser marcadores das fases de infecção.
II.2 – Parte Experimental
II.2.1 – Ensaio biológico da vassoura de bruxa para avaliação da
infecção ao longo do tempo
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Centro de Pesquisa
do Cacau - CEPEC/CEPLAC em Ilhéus, Bahia. As plantas dos clones Catongo e
Scavina-6 foram cultivadas por aproximadamente 60 dias, e depois transferidas para
câmara fria com temperatura, umidade e luminosidade controladas para estabelecer
o ponto de orvalho (Figura 25). Após 24 h na câmara fria as plantas foram
inoculadas mecanicamente com uma suspensão de basidiósporos cuja
concentração foi 2 x 105 basidiósporos/mL de Moniliophthora perniciosa aplicado na
gema apical (Figura 26). As plantas foram mantidas por mais 48 h dentro da câmara
úmida para o estabelecimento da infecção. Em seguida, as plantas foram
transportadas novamente para a casa de vegetação e as amostras do primeiro
tratamento (2 dias) foram coletadas.
64
A
B
C
Figura 25. Mudas de cacau (Catongo e Scavina-6) na casa de vegetação (A) e na camara fria 24 h antes da inoculação (B e C).
A B C
Figura 26. Inoculação de basidiósporos de M. perniciosa (A) e sintomas em cacau após 30 dias (B e C).
65
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com dois clones
Catongo (suscetível) e Scavina-6 (resistente) e plantas não inoculadas, controle
(CN) e inoculadas (INOC) para cada clone (Figura 27). Em cada tratamento 5
plantas controle e 15 plantas inoculadas foram coletadas nos seguintes tempos de
infecção: 2, 4, 7, 10, 15, 30, 45 e 60 dias. As plantas foram imediatamente
armazenadas em freezers -20ºC do CEPEC/CEPLAC.
Metabólitos responsáveis pelos
sintomas
Metabólitos específicos de defesa
Metabólitos de defesa do cacaueiro
Germoplasmascontrastantes
Metabolômica da interação patógeno-
hospedeiro
Theobroma cacao vsMoniliophthora perniciosa
Genótipo resistente (Scavina-6)
controle inoculado
Fase assintomática
Fase sintomática
Genótipo suscetível (Catongo)
controle Inoculado
Fase assintomática
Fase sintomática
Figura 27. Delineamento do experimento biológico da inoculação de basidiósporos de M. perniciosa em clones de cacau Catongo e Scavina-6.
O preparo de amostra consistiu em macerar os caules em nitrogênio líquido e,
do pó triturado 100 mg foram pesados em microtubos. Os metabólitos foram
extraídos com 1 mL de metanol sob agitação por vórtex durante 15 min, e em
seguida, centrifugados durante 5 min a 13,000 g. O sobrenadante foi filtrado através
de um filtro de seringa (nylon 0,22 μm) e 50 µL do filtrado foi diluído pela adição de
950 µL de metanol (Figura 28).
66
Figura 28. Fluxograma de preparo de amostra dos ramos de cacau infectados com M. perniciosa para análise metabolômica por LC-MS.
II.2.2 - Análise dos metabólitos da interação M. perniciosa x T. cacao por
LC-MS
Os metabólitos foram analisados usando um sistema LC-MS Agilent 1290
Infinit acoplado com um espectrômetro de massas Agilent 6550 Q-TOF/MS equipado
com uma fonte eletrospray (ESI). Uma alíquota de 1 µL dos extratos das amostras
foi injetado automaticamente usando um amostrador automático. Os metabólitos
foram separados através de uma coluna Poroshel UHPLC Kinetex XB-C18 150 x
2,1mm, de partículas 1,7 μm. A fase móvel foi constituída de água com 0,1% de
ácido fórmico (A) e acetonitrila com 0,1% de ácido fórmico (B), em modo gradiente,
no qual B variou de 5 a 95% com gradiente constante de 5% min-1 durante 25 min e
permaneceu em 95% de B por 10 min, com vazão de 0,40 mL min-1, totalizando 35
min de corrida cromatográfica. O espectrômetro de massas com analisadores Q-
TOF operou nas seguintes condições: faixa de aquisição m/z 100 – 1500 e 1
espectro/s; Fonte de ionização eletrospray Dual AJS ESI operando no modo positivo
de ionização com vazão do gás de secagem (N2) 12 L min-1, temperatura do gás de
secagem (N2) 350°C, gás de nebulização (N2) 45 psig, vazão do gás de nebulização
67
(N2) 12 L min-1 e temperatura da fonte 290°C; voltagem do capilar 3,5 kV, Nozzle
Voltage 320 V, fragmentor 100 V, Skimmer 65 V, Octapolo RF 750.
II.2.3 - Análise estatística multivariada dos dados
A aquisição dos dados foi realizada utilizando o MassHunter (Agilent Software
B6.0) no qual os cromatogramas brutos foram convertidos para o formato .mzdata.
No software XCMS (Smith et al., 2006) versão online os arquivos foram processados
para correção dos tempos de retenção, alinhamento dos picos, extração dos íons e
analise de significância estatística por ANOVA e o teste paramétrico não pareado t-
test (Welch t-test). Os dados corrigidos de razão m/z, tempo de retenção e
intensidade dos íons foram convertidos para o formato .csv e processados no
Metaboanalyst 3.0 versão online (Xia et al., 2015; Xia et al., 2016). No
Metaboanalyst os dados foram processados para filtrar os íons correspondentes a
maioria das amostras, normalizados, redimensionados, centralizados para colocar
todas as amostras e variáveis em uma escala comparável e foram construídos os
modelos multivariados de partial least squares–discriminant analysis (PLS-DA),
orthogonal partial least squares–discriminant analysis (OPLS-DA).
II.3 – Resultados e Discussão
O método LC-MS desenvolvido e otimizado para análise das amostras de
caule, foi empregado nas análises dos metabólitos dos clones Catongo (CAT,
suscetível) e Scavina-6 (SCA, resistente), nos tratamentos controle e inoculado nos
tempos 2, 4, 7, 10 e 15 dias após a inoculação. Na Figura 29A são mostrados os
cromatogramas representativos das amostras e não é possível verificar diferenças
aparentes entre os perfis de metabólitos dos dois clones contrastantes, embora
tenham sido identificados 1571 íons com significância estatística pela ANOVA
(p<0.01) (Figura 29B).
68
AB
Mass Hunter Agilent
Figura 29. Cromatogramas LC-MS das amostras de caule dos clones Catongo e Scavina-6 controle e inoculado, alinhados no XCMS (A) e íons extraídos dos espectros com significância estatística pela ANOVA (p<0.01) (B).
A análise multivariada de PLS-DA foi aplicada para revelar os agrupamentos
das amostras em classes por tratamento conforme esperado para os clones
contrastantes. Interessante, pelo PLS-DA pode-se observar claramente a separação
das amostras em quatro grupos (CAT-CN, CAT-INOC, SCA-CN e SCA-INOC), como
mostrado na Figura 30A. Independentemente do tipo de clone e tempo de infecção,
há uma clara separação entre os grupos controle e inoculado mostrando que
existem metabólitos gerais de uma infecção fúngica comuns a ambos os clones. E
por tipo de clone, os grupos controle foram discriminados mostrando que há
diferença no nível basal de metabólitos, assim como os clones inoculados foram
separados, evidenciado que há metabólitos específicos da infecção de cada clone,
devido à característica de resistência/suscetibilidade intrínseca de cada clone. Os
principais metabólitos associados com os clones inoculados em comparação com os
controles podem ser visualizados no VIP (Figura 30B) o qual destaca os íons de
maior significância para diferenciação dos dois agrupamentos observados.
69
Figura 30. Gráfico de escores PLS-DA dos clones de cacau Catongo e Scavina-6 controle e inoculados (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras de acordo com scores de VIP (B).
Para compreender melhor o efeito da inoculação do patógeno no decorrer do
tempo de infecção, os clones Catongo e Scavina-6 foram avaliados separadamente.
A análise multivariada por PLS-DA do clone Scavina-6 (resistente) revelou que
existem claramente duas fases distintas que podem ser denominadas: (i) a
penetração/sinalização da entrada do patógeno que corresponde ao início da
infecção (2 a 4 dias) e (ii) a colonização/incubação que pode corresponder também à
fase de resposta de defesa da planta (7, 10 e 15 dias) etapa na qual os metabólitos
aumentam de intensidade no decorrer do tempo de inoculação (Figuras 31A e 32A).
No clone Scavina-6 os principais metabólitos da Fase 1 (penetração/sinalização)
(Figura 31B) são distintos dos principais metabólitos da Fase 2
(colonização/incubação) (Figura 32B). No clone Catongo (suscetível), no entanto,
pode-se notar a ocorrência de três eventos distintos (Figuras 33A e 34A), sendo a
Fase 3 sintomática, que pode ser seguida da morte celular. Note que, no clone
suscetível ocorre baixa produção de metabólitos na Fase 1 (penetração/sinalização)
(Figura 33B) e na Fase 2 (colonização/incubação) (Figura 33B) as quais são etapas
cruciais para ativar os mecanismos de resistência. Entretanto, a Fase 3 sitomática,
caracterizada pelo tempo 15 dias, apresenta metabólitos com maiores abundâncias
relativas que se destacam na análise estatística de PLS-DA (Figuras 33B e 34B).
Os principais metabólitos que mais discriminam as amostras inoculadas dos clones
Catongo e Scavina-6 são diferentes entre si e são distintos daqueles metabólitos que
70
discriminam as amostras controle das inoculadas. Portanto, há metabólitos
específicos da resposta de defesa de um clone de acordo com a sua característica
resistente/suscetível, assim como existem metabólitos gerais da resposta de defesa
de qualquer clone a uma infecção fúngica.
Figura 31. Gráfico de escores PLS-DA do clone de cacau Scavina-6 inoculado (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras da Fase 1 no gráfico de pesos (loadings, B).
Figura 32. Gráfico de escores PLS-DA do clone de cacau Scavina-6 inoculado (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras da Fase 2 no gráfico de pesos (loadings, B).
71
Figura 33. Gráfico de escores PLS-DA do clone de cacau Catongo inoculado (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras da Fase 1 no gráfico de pesos (loadings, B).
Figura 34. Gráfico de escores PLS-DA do clone de cacau Catongo inoculado (A) e os principais íons que discriminam os grupos de amostras das Fases 2 e 3 no gráfico de pesos (loadings, B).
72
Os metabólitos candidatos a biomarcadores dos clones resistentes e
suscetíveis, e das fases (1) penetração/sinalização da entrada do patógeno e (2)
colonização/incubação que pode ocorrer em paralelo à resposta de defesa da planta,
foram “identificados” através de dados de massa exata dos íons e dos seus
fragmentos obtidos por MS/MS. Os metabólitos foram anotados através de busca
nos bancos de dados de espectros Metlin, HMDB, Keeg, LipidMaps e MINE
utilizando o sotware CEU Mass Mediator version 2.0
(http://ceumass.eps.uspceu.es/simple_search.xhtml), como mostrado na Tabela 3.
Tabela 3. Metabólitos anotados nas amostras dos clones Scavina-6 e Catongo infectados com M. perniciosa. Features* Metabólitos Fórmula Massa
(g/mol) Erro (ppm)
M338T20 13Z-Docosenamida C22H43NO 337.33447 1.4
M149T15 Ácido 4-metiltiol-2-oxobutanóico C5H8O3S 149.02415 2.6
M279T14 Metil-abscisato Ester C16H22O4 278.34351 0.5
M293T12 Ácido cis-(+)-12-oxo-fitodienóico C18H28O3 292.20385 1.3
M188T2 Ácido 3-indolacrilato C11H9NO2 187.06331 3.1
M610T22 Peonidina-3-rutinosideo C28H33O15 609.18194 5.9
M156T1 L-Histidina C6H9N3O2 155.06947 2.1
M381T1 O-acetilserina C13H21N2O7PS 380.08071 2.0
M311T10 Botridial C17H26O5 310.17802 1.1
M235T10 Pterosina C14H18O3 234.12559 8.9
M415T11 Clausarinol C24H30O6 414.20423 9.1
M235T12 Ácido valerênico C15H22O2 234.16210 1.3
M249T13 Ácido 2E,6Z,8Z,12E-hexadecatetraenóico C16H24O2 248.17763 5.2
M205T14 Ácido anofinico C12H12O3 204.07864 2.8
M307T15 Capsiato C18H26O4 306.18310 4.0
M593T17 Feoforbídeo a C35H36N4O5 592.26857 1.1
M211T8 Ácido (+)-epijasmônico C12H18O3 210.12559 5.1
M277T13 Ácido estearidônico C18H28O2 276.20893 2.3
M295T13 Ácido 2-hidroxilinolênico C18H30O3 294.21949 1.2
M610T22 Isopeonidina 3-rutinosideo C28H33O15 609.18194 7.8
*M = razão/massa carga do feature; T = tempo de retenção do feature.
73
Com relação aos metabólitos anotados na Tabela 3, pode-se destacar: o
botridial é um metabólito fúngico citotóxico isolado de tecidos vegetais infectados
pelo fitopatógeno Botrytis cinérea que é o agente causal do mofo cinzento
responsável pelo decaimento pós-colheita de frutas e hortaliças frescas, possuindo
uma ampla variedade de hospedeiros (Malmierca et. al. 2016).
O feoforbídeo a é um fotossenbilizador, intermediário chave do catabolismo
da clorofila. A acumulação de feoforbídeo a causa morte celular em plantas
transgênicas de Arabidopsis thaliana (Hirashima et al. 2009).
O ácido (+)-epijasmônico é um hormônio vegetal que ajuda a regular o
crescimento e o desenvolvimento das plantas e atua na defesa contra patógenos
(Stenzel et. al. 2003).
II. 4 – Conclusões
A análise metabolômica por espectrometria de massas possibilitou a
discriminação das fases de infecção do clone resistente (Scavina-6) e suscetível
(Catongo) infectados pelo Moniliophthora perniciosa. Os principais metabólitos
candidatos a biomarcadores das fases de infecção (i) penetração/sinalização da
entrada do patógeno, (ii) colonização/incubação que pode estar associada com a
resposta de defesa e (iii) sintomas que pode ser seguida de morte celular, foram
anotados. Os metabólitos pertencem a diversas classes, principalmente,
sesquiterpenos, flavonoides, ácidos orgânicos, ésteres, compostos fenólicos e
oxilipinas. Os resultados obtidos podem levar à melhor compreensão dos níveis de
resistência e suscetibilidade das variedades de cacaueiro Scavina-6 e Catongo
contra M. perniciosa e revelar os principais metabólitos de resistência do cacaueiro.
Por isso, pode orientar as estratégias de melhoramento vegetal, a prospecção de
micro-organismos antagônicos aos patógenos e até mesmo o melhoramento
genético do cacaueiro indicando quais os metabólitos que os novos genes
introduzidos precisariam expressar para a resistência do cacaueiro.
74
CAPÍTULO III
METABOLÔMICA DE CLONES RESISTENTES E SUSCETÍVEIS DO CACAUEIRO
INFECTADOS POR Ceratocystis cacaofunesta (MURCHA DE CERATOCYSTIS)
75
III.1 – Objetivos
III.1.1 – Objetivo geral
Desenvolver metodologias analíticas por espectrometria de massas para
diferenciar os níveis de resistência/suscetibilidade de clones do cacau ao
Ceratocystis cacaofunesta.
III.1.2 – Objetivos específicos
Identificar os principais metabólitos produzidos na interação cacau-
Ceratocystis cacaofunesta;
Identificar os principais metabólitos que discriminam clones de cacau
resistentes e suscetíveis;
III.2 – Parte Experimental
III.2.1- Ensaio biológico da murcha de Ceratocystis para avaliação da
resistência/suscetibilidade de clones de cacau
O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Centro de Pesquisa
do Cacau - CEPEC/CEPLAC em Ilhéus, Bahia, onde foram testadas mudas com
quatro meses de idade dos clones JACA (controle resistente), TSH-1188, CCN-51,
CEPEC-2002 e SJ02 (controle suscetível). Os testes de resistência/suscetibilidade
dos clones infectados por C. cacaofunesta foram realizados utilizando-se os isolados
Cc20, Cc91, Cc97, Cc138 e Cc141 da Coleção de Ceratocystis da Seção de
Fitopatologia do Centro de Pesquisas do Cacau (CEPEC) (Figura 35). Os isolados
foram cultivados em placas de Petri de 9 mm de diâmetro contendo BDA por 10 dias,
no escuro à 25ºC. Em seguida, adicionou-se 50 mL de água estéril às placas e a
suspensão foi transferida para tubo de ensaio, agitada por vórtex a 2000 rpm
durante 2 min. A suspensão foi filtrada em gaze dobrada quatro vezes e a
concentração foi ajustada para 3,0 x 104 UFC/mL, adicionado três gotas/mL de
Tween 20. Para inoculação das mudas dos clones foi realizada uma incisão no caule
com auxílio de bisturi, no sentido horizontal acima do primeiro entrenó e
depositando-se 30 µL do inóculo (Oliveira et al., 2009) e em seguida, abaixo da
incisão foi colocada uma mecha de algodão umedecido em água estéril preso por
uma fita vedante a base de PTFE, para formar uma câmara úmida e criar condições
para o fungo penetrar e colonizar os tecidos do hospedeiro. Após 48 h da
76
inoculação, a fita vedante e o algodão foram retirados para melhorar a aeração do
local inoculado. Aos 20 dias após a inoculação os caules foram cortados e
armazenados em nitrogênio líquido.
Infecção por C. cacaofunesta
Genótipo avaliado
Genótipo controle
Metabolômica da interação patógeno-
hospedeiroTheobroma cacao vs
Ceratocystis cacaofunesta
Genótipo resistente (JACA)
CCN-51
Cc20, Cc91, Cc97, Cc138, Cc141
TSH-1188
Cc20, Cc91, Cc97, Cc138, Cc141
Genótipo suscetível (SJ02)
CEPEC-2002
Cc20, Cc91, Cc97, Cc138, Cc141
Fase sintomática
Figura 35. Delineamento do experimento biológico da inoculação de Ceratocystis cacaofunesta em clones de cacau JACA, SJ02, CCN-51, TSH-1188 e CEPEC2002.
O preparo de amostra consistiu em macerar os caules em nitrogênio líquido e,
do pó triturado 100 mg foram pesados em microtubos. Os metabólitos foram
extraídos com 1 mL de metanol sob agitação por vórtex durante 15 min, e em
seguida, centrifugados durante 5 min a 13,000 g. O sobrenadante foi filtrado através
de um filtro de seringa (nylon 0,22 μm) e 50 µL do filtrado foi diluído em 950 µL de
metanol.
III.2.2 - Análise dos metabólitos da interação C. cacaofunesta x T. cacao
por LC-MS
Os metabólitos foram analisados usando um sistema LC-MS Agilent 1290 Infinit
acoplado com um espectrômetro de massas Agilent 6550 Q-TOF/MS equipado com
uma fonte eletrospray (ESI). Uma alíquota de 1 µL dos extratos das amostras foi
injetado automaticamente usando um amostrador automático. Os metabólitos foram
separados através de uma coluna Poroshell UHPLC Kinetex XB-C18 150 x 2,1mm,
de partículas 1,7 μm. A fase móvel foi constituída de água com 0,1% de ácido
fórmico (A) e acetonitrila com 0,1% de ácido fórmico (B), em modo gradiente, no qual
B variou de 5 a 95% com gradiente constante de 5% min-1 durante 25 min e
77
permaneceu em 95% de B por 10 min, com vazão de 0,40 mL min-1, totalizando 35
min de corrida cromatográfica. O espectrômetro de massas com analisador Q-TOF
operou nas seguintes condições: faixa de aquisição m/z 100 – 1500 e 1 espectro/s;
Fonte de ionização eletrospray Dual AJS ESI operando no modo positivo de
ionização com vazão do gás de secagem (N2) 12 L min-1, temperatura do gás de
secagem (N2) 350°C, gás de nebulização (N2) 45 psig, vazão do gás de nebulização
(N2) 12 L min-1 e temperatura da fonte 290°C; voltagem do capilar 3,5 kV, Nozzle
Voltage 320 V, fragmentor 100 V, Skimmer 65 V, Octapolo RF 750.
III.2.3 - Análise estatística multivariada dos dados
A aquisição dos dados foi realizada utilizando o MassHunter (Agilent Software
B6.0) no qual os cromatogramas brutos foram convertidos para o formato .mzdata.
No software XCMS (Smith et al., 2006) versão online os arquivos foram processados
para correção dos tempos de retenção, alinhamento dos picos, extração dos íons e
analise de significância estatística por ANOVA e o teste paramétrico não pareado t-
test (Welch t-test). Os dados corrigidos de razão m/z, tempo de retenção e
intensidade dos íons foram convertidos para o formato .csv e processados no
Metaboanalyst 3.0 versão online (Xia et al., 2015; Xia et al., 2016). No
Metaboanalyst os dados foram processados para filtrar os íons correspondentes a
maioria das amostras, normalizados, redimensionados, centralizados para colocar
todas as amostras e variáveis em uma escala comparável e foram construídos os
modelos multivariados de partial least squares–discriminant analysis (PLS-DA),
orthogonal partial least squares–discriminant analysis (OPLS-DA).
III.3 – Resultados e discussão
O método LC-MS desenvolvido e otimizado para análise das amostras de
caule, foi empregado nas análises dos metabólitos dos clones SJ02 (controle
suscetível), CEPEC-2002, CCN-51, TSH-1188 e JACA (controle resistente)
inoculados com isolados de Ceratocystis cacaofunesta (Cc) de diferentes
agressividades (Cc20, Cc91, Cc97, Cc138 e Cc141). Pode-se notar diferenças de
intensidade de alguns picos cromatográficos entre os clones avaliados (Na Figura
36A). O número de íons com significância estatística pela ANOVA foi relativamente
alto, 2985 com valor de p<0.01 (Figura 36B).
78
Para reduzir a dimensão dos dados e revelar os íons com maior poder de
discriminação dos clones resistentes e suscetíveis, a análise multivariada por PLS-
DA foi aplicada aos dados. Interessante notar que, pelo PLS-DA (Figura 37A) pode-
se observar claramente a discriminação dos clones em dois agrupamentos principais
que corresponde aos clones mais suscetíveis (SJ02 e CEPEC-2002) e mais
resistentes (CCN-51, TSH-1188 e JACA). Os íons com maior poder de discriminação
e maior influência nos clones suscetíveis são mostrados no gráfico de pesos
(loadings dos íons) na Figura 37B.
A B
Mass Hunter Agilent
Figura 36. Cromatogramas LC-MS das amostras de caule dos clones CCN-51, TSH-1188, JACA, SJ02 e CEPEC-2002 inoculados, alinhados no XCMS (A) e íons extraídos dos espectros com significância estatística pela ANOVA (p<0.01).
79
A B
Clones suscetíveis
Clones resistentes
Figura 37. Gráfico de escores O-PLS-DA dos clones de cacau CCN-51, TSH-1188, JACA, CEPEC-2002 e SJ02 inoculados (A) e gráfico de loadings dos principais íons que discriminam os grupos resistente e suscetível.
A classificação dos clones a partir dos resultados de análise de metabólitos e
do PLS-DA é condizente com a classificação proposta pelos estudos que avaliaram
as características fitopatológicas e agronômicas. O estudo de inoculação de discos
de folhas dos mesmos clones, que quantificou os peritécios (unidades fúngicas
infectivas) formados nas folhas, classificou os clones JACA e TSH-1188 como
resistentes e o clone SJ02 como o mais suscetível. No entanto, esse estudo não
definiu a classificação dos clones CCN-51 e CEPEC-2002 devido a quantidade de
peritécios formados nos discos de folhas ser muito semelhantes entre os dois clones
(Magalhães et al. 2016). O estudo em mudas propagadas por estaquia classificou o
clone TSH-1188 como resistente e os clones CCN-51 e SJ02 como suscetíveis
(Sanches et al. 2008, Silva et al. 2012), o que contradiz, em princípio, os resultados
observados neste trabalho com relação ao CCN-51, visto que a análise de
metabólitos com auxílio de PLS-DA indica um comportamento do CCN-51 muito
contrastante com o grupo suscetível, sugerindo uma característica intermediária
entre o grupo muito suscetível e o grupo muito resistente.
Para compreender melhor os níveis de resistência dos clones CCN-51, JACA
e TSH-1188 e sugerir uma classificação mais coerente com os dados agronômicos e
80
fitopatologia, foi realizada a análise multivariada por PLS-DA (Figura 38A) desses
clones, retirando da análise os clones muito suscetíveis, a fim de verificar quais
metabólitos são mais discriminantes do grupo mais resistente. Os resultados
evidenciam um gradiente no nível de resistência dos clones que vai do CCN-51
(menos resistente), passando pelo JACA (resistente) até o TSH-1188 (resistente).
Os metabólitos com maior poder de discriminação no gráfico dos pesos (loadings,
Figura 38B) são responsáveis pela discriminação dos clones em diferentes níveis de
resistência como consequência da resposta de defesa dos clones à inoculação.
A B
Moderado
Alta resistência
Baixa resistência
Figura 38. Gráfico de escores PLS-DA dos clones de cacau CCN-51, TSH-1188 e JACA inoculados (A) e gráfico de loadings dos principais íons que discriminam o clone mais resistente TSH-1188 dos clones CCN-51 e JACA.
Os metabólitos candidatos a biomarcadores dos clones resistentes e
suscetíveis foram “identificados” através de dados de massa exata dos íons e dos
seus fragmentos obtidos por MS/MS. Os metabólitos foram anotados através de
busca nos bancos de dados de espectros Metlin, HMDB, Keeg, LipidMaps e MINE
utilizando o sotware CEU Mass Mediator version 2.0
(http://ceumass.eps.uspceu.es/simple_search.xhtml), como mostrado nas Tabelas 4
e 5.
81
Tabela 4. Metabólitos anotados nos clones CCN-51, JACA e TSH1188 (resistentes) infectados por C. cacaofunesta. Features* Metabólitos Fórmula Massa
(g/mol) Erro (ppm)
M182T1 Metilselenopiruvato C4H6O3Se 181.94821 1.8
M198T1 L-histidina trimetilbetaína C9H15N3O2 197.11642 1.2
M104T1 Neurina C5H13NO 103.09971 1.9
M130T1 Ácido piroglutâmico C5H7NO3 129.04259 0.9
M159T1 5-hidroxiectoina C6H10N2O3 158.06914 1.3
M174T1 N-Acetil-L-glutamato 5-semialdeído C7H11NO4 173.06880 1.1
M143T1 Ectoína C6H10N2O2 142.07423 1.2
M118T1 L-valina C5H11NO2 117.07897 1.4
M116T1 Ácido 4-amino-2-metilenobutanóico C5H9NO2 115.06332 2.1
M144T1 Ácido L-2-amino-3-metilenohexanóico C7H13NO2 143.09462 1.1
M128T1 (S) -2,3,4,5-Tetrahidropiperidina-2-carboxilato C6H9NO2 127.06332 0.9
M219T7 Albaflavenona C15H22O 218.16711 3.2
M227T7 Dihidrojasmonato de metila C13H22O3 226.15689 2.2
M225T9 Metil (+)-7-isometiljasmonato C13H20O3 224.14124 3.5
M315T9 Ácido 7,8-di-hidropteroico C14H14N6O3 314.11273 9.7
M237T9 Capisidiol C15H24O2 236.17763 3.3
M343T9 Desoximiroestrol C20H22O5 342.14672 3.5
M387T9 Isogingerenona B C22H26O6 386.17293 1.3
M517T10 cucurbitacina D C30H44O7 516.30870 1.5
M191T10 Ácido 3,5,7,9,11-dodecapentaenóico C12H14O2 190.09938 2.1
M209T10 Ácido 12-oxo-5E, 8E, 10Z-dodecatrienóico C12H16O3 208.10994 2.2
M293T10 Trichodermina C17H24O4 292.16746 1.3
M295T10 Gingerol C17H26O4 294.18311 0.9
M359T10 (-) – Matairesinol C20H22O6 358.14163 1.1
M229T11 Resveratrol C14H12O3 228.07864 0.5
M337T11 Dulciol D C20H16O5 336.09977 8.7
M197T11 Acetato de linalilo C12H20O2 196.14633 1.5
M455T12 Ácido pantotênico C29H42O4 454.30830 1.2
M294T13 Nonivamida C17H27NO3 293.19909 1.5
M163T13 Cinamato de Metila C10H10O2 162.06815 2.3
M221T14 Solavetivol C15H24O 220.18272 2.1
M223T14 Germacradienol C15H26O 222.19846 1.9
M282T15 Oleamida C18H35NO 281.27186 2.8
*M = razão/massa carga do feature; T = tempo de retenção do feature.
82
Tabela 5. Metabólitos anotados nos clones Cepec2002 e SJ02 (suscetíveis) infectados por C. cacaofunesta.
Features* Metabólitos Fórmula Massa (g/mol)
Erro (ppm)
M156T1 Fosfato de (S) -1-aminopropan-2-ilo C3H10NO4P 155.03475 2.2
M143T1 Ectoína C6H10N2O2 142.07423 1.2
M146T1 Ácido 4-guanidinobutírico C5H11N3O2 145.08512 3.5
M193T5 Dehidrozingerona C11H12O3 192.07863 1.4
M235T8 Artemidiol C13H14O4 234.08920 2.3
M193T8 2,4-diisopropil-3-metilfenol C13H20O 192.15141 2.1
M225T9 Elimoclavina C16H18N2O 254.14191 5.3
M387T9 Isogingerenona B C22H26O6 386.17293 1.3
M541T10 Condurangogenina C C32H44O7 540.30875 7.9
M501T10 Ácido Ganolucídico D C30H44O6 500.31378 4.7
M309T10 Toxina ACRL II C17H24O5 308.16237 4.8
M191T10 N-butilftalida C12H14O2 190.09937 2.3
M329T10 2-Hidroxi-7,8-dehidrograndiflorona C19H20O5 328.13107 3.9
M235T10 N Piterosina C14H18O3 234.12448 4.7
M295T11 Gingerol C17H26O4 294.18159 5.1
M359T11 dihidrocubebina C20H22O6 358.14166 3.6
M167T11 Paenol C9H10O3 166.06299 2.3
M195T11 Metoxieugenol C11H14O3 194.09429 1.8
M220T11 Dodecanamida C12H25NO 199.19361 0.9
M229T11 Xantiletina C14H12O3 228.07864 3.1
M237T13 Curdiona C15H24O2 236.17765 3.8
M437T14 k-estrofantósideo C42H64O19 872.40418 7.1
M221T14 (5S) –Albaflavenol C15H24O 220.18273 3.5
M223T14 Cedrol C15H26O 222.19836 2.1
M282T15 Oleamida C18H35NO 281.27186 2.8
M600T15 N- (3E-hexadecenoil) -desoxisfing-4-eno-1-sulfonato C34H65NO5S 272.1764 4.5
M256T16 Palmitamida C16H33NO 255.25621 2.6
M311T16 2,3-desidrosalvipisona C20H22O3 310.15689 3.9
M310T16 N-hexadecanoilpirrolidina C20H39NO 309.30316 3.1
M251T17 8,11-Heptadecadienal C17H30O 250.22966 3.3
*M = razão/massa carga do feature; T = tempo de retenção do feature.
83
Com relação aos metabólitos anotados na Tabela 4, pode-se destacar: o metil
jasmonato é um importante regulador celular envolvido em diversos processos,
como germinação de sementes, crescimento de raízes, fertilidade, amadurecimento
de frutos e senescência. Além disso, os jasmonatos ativam os mecanismos de
resposta de defesa contra insetos, patógenos e estresses abióticos como seca,
baixa temperatura e salinidade (Cheong e Do Choi, 2003).
O capsidiol é a principal fitoalexina sesquiterpênica bicíclica do tabaco
(Nicotiana tabacum) e da pimenta malagueta (Capsicum annuum). A produção de
metabólitos antimicrobianos conhecidos como fitoalexinas é considerada como uma
das principais barreiras para inibir o desenvolvimento de patógenos em tecidos
vegetais infectados (Maldonado-Bonilla et. al. 2008).
O deoxymiroestrol é um fitoestrogênio altamente ativo derivado das raízes de
Pueraria candollei var. mirifica (Udomsuk et. al. 2012).
Com relação aos metabólitos anotados na Tabela 5, pode-se destacar: a
dehidrozingerona é um análogo estrutural da curcumina isolada de rizomas de
gengibre que apresenta propriedades antioxidantes, antibacterianas e antifúngicas
(Kubra et. al. 2014).
A xantiletina é uma cumarina isolada das espécies Citrus. Diversas atividades
biológicas, como atividade antitumoral e antibacteriana e inibição do fungo simbiótico
cultivado por formigas cortadeiras têm sido associadas a esse composto (Cazal et.
al. 2009).
O cedrol, um álcool sesquiterpénico, é o primeiro atrativo de oviposição
identificado para os vetores da malária africana. Estudos sugerem que o cedrol pode
ser um metabólito fúngico presente no óleo essencial de rizomas de gramíneas
(Eneh et. al. 2016).
84
III.4- Conclusões
A análise metabolômica por espectrometria de massas possibilitou a
discriminação dos clones resistentes (CCN-51, JACA e TSH-1188) e suscetíveis
(SJ02 e CEPEC2002) ao Ceratocystis cacaofunesta. Os principais metabólitos
candidatos a biomarcadores de resistência ou suscetibilidade foram anotados e
diferem principalmente entre os clones resistentes e suscetíveis. Os metabólitos
pertencem a diversas classes, principalmente, sesquiterpenos, flavonoides, ácidos
orgânicos, ésteres, compostos fenólicos, oxilipinas, alcaloides, fenilpropanóides,
triterpenos, lipídios e naftoquinonas. Os resultados obtidos podem levar à melhor
compreensão dos níveis de resistência e suscetibilidade das variedades de
cacaueiro contra Ceratocystis cacaofunesta e revelar os principais metabólitos de
resistência do cacaueiro. Por isso, pode orientar as estratégias de melhoramento
vegetal, a prospecção de micro-organismos antagônicos aos patógenos e até
mesmo o melhoramento genético do cacaueiro indicando quais os metabólitos que
os novos genes introduzidos precisariam expressar para a resistência do cacaueiro.
85
CONCLUSÕES GERAIS
86
Este trabalho mostra importantes avanços na caracterização de fitopatógenos
por perfis moleculares de peptídeos/proteínas e lipídios por MALDI-MS e na
diferenciação de oito espécies de gêneros distintos que são Moniliophthora
perniciosa, Phytophthora capsici, P. palmivora, P. citrophthora e P. heveae,
Ceratocystis cacaofunesta, C. fimbriata e C. paradoxa que são difíceis de discriminar
morfologicamente. Os resultados ainda mais relevantes são a diferenciação dos
isolados de M. perniciosa, obtidos de caule e fruto de Theobroma cacao, bem como
a diferenciação dos isolados de Phytophthora palmivora obtido de Theobroma cacao
e Carica papaya; Phytophthora capsici obtido de Theobroma cacao e Hevea
brasiliensis; Phytophthora citrophthora obtida de Theobroma cacao; Phytophthora
heveae de Theobroma cacao e solo; Ceratocystis cacaofunesta obtido de
Theobroma cacao; Ceratocystis fimbriata obtido de Eucalyptus spp. e Hevea
brasiliensis; Ceratocystis paradoxa proveniente de Cocos nucifera.
As análises metabolômicas em plantas de cacau resistentes e suscetíveis
infectadas por Moniliophthora perniciosa permitiram verificar diferentes metabólitos
produzidos em cada interação especifíca, sendo as principais classes,
sesquiterpenos, flavonoides, ácidos orgânicos, ésteres, compostos fenólicos e
oxilipinas. As três principais fases de infecção foram discriminadas, baseado nos
perfis de metabólitos produzidos: (i) penetração/sinalização da entrada do patógeno;
(ii) colonização/incubação que pode desencadear uma resposta de defesa da planta;
(iii) sintomática que pode resultar na morte celular. Os principais metabólitos em
cada uma dessas fases foram identificados.
As análises metabolômicas em plantas de cacau resistentes e suscetíveis
infectadas por Ceratocystis cacaofunesta possibilitaram discriminar corretamente os
níveis de resistência dos clones CCN-51, TSH-1188, JACA, SJ02 e CEPEC-2002.
Os metabólitos responsáveis pelos diferentes níveis de resistências dos clones
foram identificados, sendo as principais classes, sesquiterpenos, flavonoides, ácidos
orgânicos, ésteres, compostos fenólicos, oxilipinas, alcaloides, fenilpropanóides,
triterpenos, lipídios e naftoquinonas.
As metodologias analíticas desenvolvidas para detecção de plantas
infectadas na fase assintomática e avaliação dos níveis de resistência de clones
poderão ser usadas no monitoramento de plantas infectadas nas lavouras
cacaueiras contribuindo para orientar as estratégias de manejo. Finalmente, a
87
identificação dos principais candidatos à biomarcadores de resposta de defesa dos
clones poderá estimular trabalhos futuros para o biocontrole dos patógenos através
do teste da ação antifúngica desses metabólitos.
88
PERSPECTIVAS
89
Analisar diretamente frutos e amêndoas de cacau infectadas para tentar
detectar e identificar os fitopatógenos sem isolamento e discriminar misturas
de fitopatógenos;
Avaliar os metabólitos dos clones Catongo e Scavina-6 em 30, 45 e 60 dias
que corresponde à fase sintomática da doença vassoura de bruxa e identificar
os principais candidatos a biomarcadores das fases de infecção;
Avaliar os metabólitos dos clones CCN-51, TSH-1188, JACA e SJ02 em
diferentes tempos de infecção e comparar o comportamento com a tendência
observada para a doença vassoura de bruxa;
Identificar os principais candidatos a biomarcadores da infecção por
Ceratocystis cacaofunesta em diferentes tempos de infecção;
Avaliar os metabólitos em discos de folhas dos clones SIC-23, Scavina-6 e
JACA, infectados por Phytophthora palmivora, e comparar o comportamento
com a tendência observada para as doenças vassoura de bruxa e murcha de
Ceratocystis.
90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Acebo-Guerrero, Y.; Hernández-Rodríguez, A.; Heydrich-Pérez, M.; Jaziri, M. E.; Hernández-Lauzardo, A. N. Management of black pod rot in cacao ( Theobroma cacao L.): a review. Fruits, v. 67, n. 1, p. 41-48, 2012. Almstetter, M. F.; Appel, I. J.; Gruber, M. A.; Lottaz, C.; Timischl, B.; Spang, R.; Dettmer, K.; Oefner, P. J. Integrative normalization and comparative analysis for metabolic fingerprinting by comprehensive two-dimensional gas chromatography-time-of-flight mass spectrometry. Analytical Chemistry, v. 81, n. 14, p. 5731-5739, 2009. Almstetter, M. F.; Oefner, P. J.; Dettmer, K. Comprehensive two-dimensional gas chromatography in metabolomics. Analytical and Bioanalytical Chemistry, v. 402, p. 1993-2013, 2012. Alvarez, J. C.; Martínez, S. C.; Coy, J. Estado de la Moniliasis del cacao causada por Moniliophthora roreri en Colômbia. Acta Agronómica, v. 63, n. 4, p. 388-399, 2014. Ambrosio, A. B.; Nascimento, L. C.; Oliveira, B. V.; Teixeira, P.J.; Tiburcio, R. A.; Thomazella, D. P. Global analyses of Ceratocystis cacaofunesta mitochondria: from genome to proteome. BMC Genomics, v. 14, p. 91, 2013. Aneja, M. and Gianfagna, T. Induction and accumulation of cafeine in young, actively growing leaves of cocoa (Theobroma cacao L.) by wounding or infection with Crinipellis perniciosa. Physiological and Molecular Plant Pathology, v. 59, p. 13-16, 2001. Aston, F.W; G.P. Thomson, Nature, v. 157, p. 290-292, 1946. Bailey, B. A.; Bae, H.; Strem, M.D.; Crozier, J.; Thomas, S.E.; Samuels, G.J.; Vinyard, B.T.; Holmes, K.A. Antibiosis, mycoparasitism, and colonization success for endophytic Trichoderma isolates with biological control potential in Theobroma cacao. Biological Control, v. 46, n. 1, p 24-35, 2008. Bailey, B. A.; Melnick, R. L.; Strem, M. D.; Crozier, J.; Shao, J.; Sicher, R.; Phillips-Mora, W.; Ali, S. S.; Zhang, D.; Meinhardt, L. Differential gene expression by Moniliophthora roreri while overcoming cacao tolerance in the field. Molecular Plant Pathology, v. 15, n. 7, p. 711-729, 2014. Bahia, R. C.; Aguilar-Vildoso, C. I.; Luz, E. D. M. N., Lopes, U. V.; Machado, R. C.; Corrêa, R. X. Resistance to black pod disease in a segregating cacao tree population. Tropical Plant Pathology, v. 40, p. 13–18, 2015. Bastos, C. N. Método para preservação da viabilidade e atividade antagônica de Trichoderma stromaticum, agente de biocontrole da vassoura-de-bruxa do cacaueiro. Summa phytopathologica, vol. 34, n. 3, p. 265-266, 2008.
91
Beer, Z. W.; Duong, T. A.; Barnes, I.; Wingfield, B. D.; Wingfield, M. J. Redefining Ceratocystis and allied genera. Studies in Mycology, v. 79, p. 187–219, 2014. Bligh, E. G.; Dyer, W.J. Canadian Journal of Biochemical and Physiology, v. 37, p. 911–17, 1959. Benjamin, C. S.; Luz, E. D. M. N.; Santos, W. O.; Pires, J. L. Cacao families and parents selected as resistant to natural infection of Moniliophthora perniciosa. Crop Breeding and Applied Biotechnology, v. 16, p. 141-146, 2016. Bettiol, W., Morandi, M.A.B. Biocontrole da Doenças de Plantas. Ed. FundAg, Embrapa. Embrapa Meio Ambiente Jaguariúna, SP 2009. Bowman, K. D.; Albrecht, U.; Graham, J. H.; Brigh, D. B. Detection of Phytophthora nicotianae and P. palmivora in citrus roots using PCR-RFLP in comparison with other methods. European Journal of Plant Pathology, v. 119, p. 143–58, 2007. Braga, P. A. C.; Tata, A.; dos Santos, V. G.; Barreiro, J. R.; Schwab, N. V.; dos Santos, M. V.; Eberlin, M. N.; Ferreira, C. R. Bacterial identification: from the agar plate to the mass spectrometer. Rsc Advances, v. 3, n. 4, p. 994-1008, 2013. Calderaro, A.; Arcangeletti, M. C.; Rodighiero, I.; Buttrini, M.; Gorrini, C.; Motta, F. Matrix-assisted laser desorption/ionization time-of-flight (MALDI-TOF) mass spectrometry applied to vírus identification. Scientific Report, v. 4, p. 6803, 2015. Carrola, J.; Rocha, C. M.; Barros, A. S.; Gil, A. M.; Goodfellow, B. J.; Carreira, I. M.; Bernardo, J.; Gomes, A.; Sousa, V.; Carvalho, L.; Duarte, I. F. Metabolic signatures of lung cancer in biofluids: NMR-based metabonomics of urine. Journal of Proteome Research, v. 10, n. 1, p. 221-230, 2011. Carraro, S.; Rezzi, S.; Reniero, F.; Héberger, K.; Giordano, G.; Zanconato, S.; Guillou, C.; Baraldi, E. Metabolomics applied to exhaled breath condensate in childhood asthma. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, v. 175, p. 986-990, 2007. Cazal, C. M.; Domingues, V. C.; Batalhão, J. R.; Bueno, O. C.; Rodrigues Filho, E.; Silva, M. F. G. F.; Vieira, P. C.; Fernandes, J. B. Isolation of xanthyletin, an inhibitor of ants’ symbiotic fungus, by high-speed counter-current chromatography. Journal of Chromatography A, 1216 (2009) 4307–4312. Cevallos-Cevallos, J. M.; Rouseff, R.; Reyes-De-Corcuera, J. I. Untargeted metabolite analysis of healthy and Huanglongbing-infected orange leaves by CE-DAD. Electrophoresis, v. 30, p. 1-8, 2009. Chalupová, J.; Raus, M.; Sedlářová, M.; Sebela, M. Identification of fungal microorganisms by MALDI-TOF mass spectrometry. Biotechnology Advances, v. 32, n. 1, p. 230–41, 2014.
92
Chaves, F. C.; Gianfagna, T. J. Cacao leaf procyanidins increase locally and systemically in response to infection by Moniliophthora perniciosa basidiospores. Physiological and Molecular Plant Pathology, v. 70, p. 174–179, 2007. Chaves, F. C.; Gianfagna, T. J. Necrotrophic phase of Moniliophthora perniciosa causes salicylic acid accumulation in infected stems of cacao. Physiological and Molecular Plant Pathology, v. 69, p. 104–108, 2006. Cheong, J. J; Choi, Y. D. Methyl jasmonate as a vital substance in plants. TRENDS in Genetics Vol.19 No.7 July 2003. Cobo, F. Application of MALDI-TOF mass spectrometry in clinical virology: a review. Open Virology Journal, v. 7, p. 84–90, 2013. Cole, R. B. Electrospray and MALDI Mass Spectrometry, Wiley, 2010. De Carolis, E.; Posteraro, B.; Lass-Flörl, C.; Vella, A.; Florio, A.R.; Torelli, R.; Girmenia, C.; Colozza, C.; Tortorano, A.M.; Sanguinetti, M.; Fadda, G. Species identification of Aspergillus, Fusarium and Mucorales with direct surface analysis by matrix-assisted laser desorption ionization time-of-flight mass spectrometry. Clinical Microbiology Infection, v. 18, p. 475–484, 2012. De Laurentiis, G.; Paris, D.; Melck, D.; Maniscalco, M.; Marsico, S.; Corso, G.; Motta, A.; Sofia, M. Metabonomic analysis of exhaled breath condensate in adults by nuclear magnetic resonance spectroscopy. European Respiratory Journal, v. 32, n. 5, p. 1175-1183, 2008. Demarque, D. P.; Crotti, A. E. M.; Vessecchi, R.; Lopes, J. L. C.; Lopes, N. P. Fragmentation reactions using electrospray ionization mass spectrometry: an important tool for the structural elucidation and characterization of synthetic and natural products. Natural Product Reports, v. 33, p. 432, 2016. Dieter, M. D.; Reily, M. D.; Shipkova P. A. Shipkova. Advances in mass spectrometry applied to pharmaceutical metabolomics. Analytical Bioanalytical Chemistry, v. 399, n. 8, p. 2645-2653, 2011. Dos Santos, F. N.; Tata, A.; Belaz, K. R. A; Magalhães, D. M. A.; Luz, E. D. M. N.; Eberlin, M.N. Major phytopathogens and strains from cocoa (Theobroma cacao L.) are differentiated by MALDI-MS lipid and/or peptide/protein profiles. Analytical and Bioanalytical Chemistry, v. 407, p. 1-13, 2016. Easterling, M. L.; Colangelo, C.M.; Scott, R.A.; Amster, I.J. Monitoring protein expression in whole bacterial cells with MALDI time-of-flight mass spectrometry. Analytical Chemistry, v. 70, n. 13, p. 2704-9, 1998.
Eneh, L. K; Saijo, H.; Borg‑Karlson, A. K.; Lindh, J. M.; Rajarao, G. K. Cedrol, a malaria mosquito oviposition attractant is produced by fungi isolated from rhizomes of the grass Cyperus rotundus. Malaria Journal (2016) 15:478.
93
Engelbrecht, C. J.; Harrington, T. C.; Alfenas, A. Ceratocystis wilt of cacao - A disease of increasing importance. Phytopathology, v. 97, p. 1648-1649, 2007. Engelbrecht, C. J.; Harrington, T. C.; Alfenas, A. C.; Suarez, C. Genetic variation in populations of the cacao wilt pathogen, Ceratocystis cacaofunesta. Plant Pathology, v. 56, p. 923–33, 2007. Erhard, M.; Döhren, H.V.; Jungblut, P. Rapid typing and elucidation of new secondary metabolites of intact cyanobacteria using MALDITOF mass spectrometry. Nature Biotechnology, v. 15, p. 906–9, 1997. Evans, H. C. Cacao Diseases - The Trilogy Revisited. Phytopathology, v. 97, n. 12, p. 1640-1643, 2007. Evans, H. C.; Bezerra, J. L.; Barreto, R. W. Of mushrooms and chocolate trees: aetiology and phylogeny of witches' broom and frosty pod diseases of cacao. Plant Pathology, v. 62, n. 4, p. 728-740, 2013. Fenn, J. B. Electrospray Wings for Molecular Elephants (Nobel Lecture). Angewandte Chemie, v. 42, n. 33, p. 3871-3894, 2003. Fenselau, C. C. Rapid Characterization of Microorganisms by Mass Spectrometry—What Can Be Learned and How?. Journal of the American Society for Mass Spectrometry, v. 24, p. 1161-1166, 2013. Fenselau, C.; Demirev, P. A. Characterization of intact microorganisms by MALDI-MS. Mass Spectrometry Review, v. 20, p. 157–71, 2001. Fiehn, O. Metabolomics- the link between genotypes and phenotypes. Plant Molecular Biology, v. 48, p. 155-171, 2002. Filho, R. B. Contribuição da fitoquímica para o desenvolvimento de um país emergente. Química Nova, v. 33, n. 1, p. 229-239, 2010. Forcisi, S.; Moritz, F.; Kanawati, B.; Tziotis, D.; Lehmann, R.; Schmitt-Kopplin, P. Liquid chromatography–mass spectrometry in metabolomics research: Mass analyzers in ultra high pressure liquid chromatography coupling. Journal of Chromatography A, v. 1292, p. 51-65, 2013. Gohlke, R.S.; McLafferty, F.W. Early gas chromatography/mass spectrometry. Journal of the American Society for Mass Spectrometry, v. 4, n. 5, p. 367-371, 1993. Goodacre, R. Metabolomics – the way forward. Metabolomics, v. 1, p. 1-2, 2005. Gramacho, K. P.; Luz, E. D. M. N.; Silva, F. S.; Lopes, U. V.; Pires, J. L.; Pereira, L. Pathogenic variability of Moniliophthora perniciosa in three agroecological zones of the cacao region of Bahia, Brazil. Crop Breeding and Applied Biotechnology, v. 16, p. 7-13, 2016.
94
Guest, D. Black Pod: Diverse Pathogens with a Global Impact on Cocoa Yield. Phytopathology, v. 97, n. 12, p. 1650-1653, 2007. Harrington, T. C.; Thorpe, D. J.; Alfenas, A. C. Genetic variation and variation in aggressiveness to native and exotic hosts among Brazilian populations of Ceratocystis fimbriata. Phytopathology, v.101, p. 555-566, 2011. Helliwell, E. E.; Vega-Arreguín, J.; Shi, Z.; Bailey, B.; Xiao, S.; Maximova, S. N.; Tyler, B. M.; Guiltinan, M. J. Enhanced resistance in Theobroma cacao against oomycete and fungal pathogens by secretion of phosphatidylinositol-3-phosphate-binding proteins. Plant Biotechnology Journal, p. 1–12, 2015. Hirashima, M.; Tanaka, R.; Tanaka, A. Light-Independent Cell Death Induced by Accumulation of Pheophorbide a in Arabidopsis thaliana. Plant & Cell Physiology 50(4): 719–729 (2009). Hoffmann, E. and V. Stroobant, Mass spectrometry - principles and applications, John Wiley & Sons, Chichester,UK, 3rd edn, 2007. Lay, J. O. MALDI-TOF mass spectrometry of bacteria. Mass Spectrometry Review, v. 20, n. 4, p. 172-94, 2001. Izumi, Y.; Okazawa, A.; Bamba, T.; Kobayashi, A.; Fukusaki, E. Development of a method for comprehensive and quantitative analysis of plant hormones by highly sensitive nano-flow liquid chromatography-electrospray ionization-ion trap mass spectrometry. Analytica Chimica Acta, v. 648, n. 2, p. 215-225, 2009. Jurinke, C.; Oeth, P.; van den Boom, D. MALDI-TOF mass spectrometry. Molecular Biotechnology, v. 26, n. 2, p 147-163, 2004. Maldonado-Bonilla, L. D.; Betancourt-Jiménez, M.; Lozoya-Gloria, E. Local and systemic gene expression of sesquiterpene phytoalexin biosynthetic enzymes in plant leaves. European Journal of Plant Pathology (2008) 121:439–449. Malmierca, M.; Izquierdo-Bueno, I.; Mccormick, S. P.; Cardoza, R. E.; Alexander, N. J.; Moraga, J.; Gomes, E. V.; Proctor, R. H.; Collado, I. G.; Monte, E.; Errez, S. G. Botrydial and botcinins produced by Botrytis cinerea regulate the expression of Trichoderma arundinaceum genes involved in trichothecene biosynthesis. Molecular Plant Pathology (2016) 17(7), 1017–1031. Marinach-Patrice, C.; Lethuillier, A.; Marly, A.; Brossas, J. Y.; Gene, J.; Symoens, F. Use of mass spectrometry to identify clinical Fusarium isolates. Clinical Microbiology Infection, v.15, p. 634–42, 2009. Meinhardt, L. W.; Rincones, J.; Bailey, B. A.; Aime, M. C.; Griffith, G. W.; Zhang, D.; Pereira, G. A. G. Moniliophthora perniciosa, the causal agent of witches' broom disease of cacao: what's new from this old foe?. Molecular Plant Pathology, n. 9, p. 577-588, 2008.
95
Moco, S.; Bino, R. J.; de Vos, R. C. H.; Vervoort, J. Metabolomics Technologies and metabolite identification. Trends in Analytical Chemistry, v. 26, n. 9, p. 855-866, 2007. Mondello, L.; Tranchida, P. Q.; Dugo, P.; Dugo, G. Comprehensive two-dimensional gas chromatography-mass spectrometry: a review. Mass Spectrometry Review, v. 27, n. 2, p. 101-124, 2008. Mondego, J. M.; Carazzolle, M. F.; Costa, G. G.; Formighieri, E. F.; Parizzi, L. P.; A genome survey of Moniliophthora perniciosa gives new insights into witches' broom disease of cacao. BMC Genomics, v. 9, p. 548, 2008. Mares, J. H.; Gramacho, K. P.; dos Santos, E. C.; Santiago, A. S.; Silva, E. M. A.; Alvim, F. C.; Pirovani, C. P. Protein profile and protein interaction network of Moniliophthora perniciosa basidiospores. BMC Microbiology, v. 16, p. 120, 2016. Moraes, W. B.; Jesus Júnior, W. C.; Peixoto, L. A.; Moraes, W. B.; Furtado, E. L.; Silva, L. G.; Cecílio, R. A.; Alves, F. R. An analysis of the risk of cocoa moniliasis occurrence in Brazil as the result of climate change. Summa phytopathologica, v. 38, n.1, p. 30-35, 2012. Motamayor, J. C.; Risterucci, A. M.; Lopez, P. A.; Ortiz, C. F.; Moreno, A.; Lanaud, C. Cacao domestication I: the origin of the cacao cultivated by the Mayas. Nature Heredity, n. 89, p. 380–386, 2002. Ortíz-García, C. F.; Torres-de-la-Cruz, M.; Hernández-Mateo, S. C.; Revista Fitotecnia Mexicana, v. 38, p. 191-196, 2015. Palama, T. L.; Menard, P.; Fock, I.; Choi, Y. H.; Bourdon, E.; Govinden-Soulange, J.; Bahut, M.; Payet, B.; Verpoorte, R.; Kodja, H. Shoot differentiation from protocorm callus cultures of Vanilla planifolia (Orchidaceae): proteomic and metabolic responses at early stage. BMC Plant Biology, v. 10, p. 1-18, 2010. Park, S. W.; Kaimoyo, E.; Kumar, D.; Mosher, S.; Klessig, D. F. Methyl salicylate is a critical mobile signal for plant systemic acquired resistance. Science, v. 318, n. 5847, p. 113-116, 2007. Petrocelli, S.; Tondo, M. L.; Daurelio, L. D.; Orellano, E. G. Modifications of Xanthomonas axonopodis pv. citri lipopolysaccharide affect the basal response and the virulence process during citrus canker. Plos One, v. 7, n. 7, p. 1-15, 2012. Ploetz, R. C. Cacao Diseases: Important Threats to Chocolate Production Worldwide. Phytopathology, v. 97, n. 12, p. 1634-1639, 2007. Plumb, R.; Castro-Perez, J.; Granger, J.; Beattie, I.; Joncour, K.; Wright, A. Ultra-performance liquid chromatography coupled to quadrupole-orthogonal time-of-flight mass spectrometry. Rapid communication in Mass Spectrometry, v. 18, n. 19, p. 2331-2337, 2004.
96
Rincones, J.; Scarpari, L. M.; Carazzolle, M.F.; Mondego, J. M.; Formighieri, E.F. Differential gene expression between the biotrophic-like and saprotrophic mycelia of the witches' broom pathogen Moniliophthora perniciosa. Molecular Plant Microbe Interaction, v. 21, p. 891–908, 2008. Rivas, San Vicente, M.; Larios-Zarate, G.; Plasencia, J. Disruption of sphingolipid biosynthesis in Nicotiana benthamiana activates salicylic acid-dependent responses and compromises resistance to Alternaria alternata f. sp lycopersici. Planta, v. 237, n. 1, p. 121-136, 2013. Rivas, M.; Pavone, D. Diversidad de Trichoderma spp. en plantaciones de Theobroma cacao L. del estado Carabobo, Venezuela, y su capacidad biocontroladora sobre Crinipellis pernicosa (Stahel) Singer. Interciencia, v. 35, n. 10, p. 777-783, 2010. Ryan, D.; Robards, K. Metabolomics: The Greatest omics of them all? Analytical Chemistry, v. 78, n. 23, p. 7954-7958, 2006. Sanches, C. L. G.; Pinto, L. R. M.; Pomella, A. W. V.; Silva, S. D. V. M.; Loguercio, L. L.; Assessment of resistance to Ceratocystis cacaofunesta in cacao genotypes. European Journal of Plant Pathology, v. 122, p. 517-528, 2008. Sauer, S.; Freiwald, A.; Maier, T.; Kube, M.; Reinhardt, R.; Kostrzewa, M. Classification and identification of bacteria by mass spectrometry and computational analysis. PLoS One, v.3, p. 28-43, 2008. Sandonato, B. B.; Santos, V. G.; Luizete, M. F.; Bronzel, J. L. Jr.; Eberlin, M. N.; Milagre, H. M. MALDI imaging mass spectrometry of fresh water cyanobacteria: spatial distribution of toxins and other metabolites. Journal of the Brazilian Chemical Society, p. 1–8, 2016. Scarpari, L. M.; Meinhardt, L. W.; Mazzafera, P; Pomella, A. W. V.; Schiavinato, M. A.; Cascardo, J. C. M.; Pereira, G. A. G. Biochemical changes during the development of witches' broom: the most important disease of cocoa in Brazil. Journal Experimental Botany, v. 56, n. 413, p. 865-877, 2005. Schulthess, B.; Ledermann, R.; Mouttet, F.; Zbinden, A.; Bloemberg, G. V.; Böttger, E. C. Use of the Bruker MALDI Biotyper for identification of molds in the clinical mycology laboratory. Journal of Clinical Microbiology, v. 52, p. 2797–803, 2014. Schripsema, J. Application of NMR in plant metabolomics: techniques, problems and prospects. Phytochemical Analysis, v. 21, n. 1, p. 14-21, 2010. Senga, P.; Drancourta, M.; Gouriet, F.; Scola, B. L.; Fournier, P. E.; Rolain, J. M. Ongoing revolution in bacteriology: routine identification of bacteria by matrix-assisted laser desorption ionization time-of flight mass spectrometry. Clinical Infection Diseases, v. 49, p. 543–51, 2009.
97
Silva, Stela Dalva Vieira Midlej et al. Resistência de progênies de cacaueiro à murcha de Ceratocystis. Tropical plant pathology, Brasília, v. 37, n. 3, p. 191-195, 2012. Singhal, N.; Kumar, M.; Kanaujia, P. K.; Virdi, J. S. MALDI-TOF mass spectrometry: an emerging technology for microbial identification and diagnosis. Frontiers in Microbiology, v. 6, p. 691, 2015. Siuzdak, G. The emergence of mass spectrometry in biochemical research. Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA, v. 91, p. 11290-11297, 1994. Smith, C. A.; Want, E. J.; O'Maille, G.; Abagyan, R.; Siuzdak G. XCMS: processing mass spectrometry data for metabolite profiling using nonlinear peak alignment, matching, and identification. Analytical Chemistry, v. 78, n. 3, p. 779-87, 2006. Song, C.; Mazzola, M.; Cheng, X.; Oetjen, J.; Alexandrov, T.; Dorrestein, P. Molecular and chemical dialogues in bacteria-protozoa interactions. Scientific Report, v. 5, p.12837, 2015. Souza, J. T.; Pomella, A. W. V.; Bowers, J. H.; Pirovani, C. P.; Loguercio, L. L.; Hebbar, K. P. Phytopathology, v. 96, p. 61-67, 2006. Spanu, T.; Posteraro, B.; Fiori, B.; D'Inzeo, T.; Campoli, S.; Ruggeri, A. Direct MALDI-TOF mass spectrometry assay of blood culture broths for rapid identification of Candida species causing bloodstream infections: an observational studying two large microbiology laboratories. Journal of Clinical Microbiology, v. 50, p. 176–9, 2012. Stenzel, I.; Hause, B.; Miersch, O.; Kurz, T.; Maucher, H.; Weichert, H.; Ziegler, J.; Feussner, I.; Wasternack, C. Jasmonate biosynthesis and the allene oxide cyclase family of Arabidopsis thaliana. Plant Molecular Biology 51: 895–911, 2003. Stevenson, L. G.; Drake, S. K.; Shea, Y. R.; Zelazny, A. M.; Murray, P. R. Evaluation of matrix-assisted laser desorption ionization-time of flight mass spectrometry for identification of clinically important yeast species. Journal of Clinical Microbiology, v. 48, p. 3482–6, 2010. Stevenson, L. G.; Drake, S. K.; Murray, P. R. Rapid identification of bacteria in positive blood culture broths by matrix-assisted laser desorption ionization-time of flight mass spectrometry. Journal Clinical Microbiology, v. 48, p. 444–7, 2008. Teixeira, P. J, Thomazella, D. P.; Vidal, R. O.; do Prado, P. F.; Reis, O.; Baroni, R. M. The fungal pathogen Moniliophthora perniciosa has genes similar to plant PR-1 that are highly expressed during its interaction with cacao. PLoS One, v. 7, n. 9, p.e45929, 2012.
98
Teixeira P. J. P. L.; Thomazella D. P. T.; Pereira, G. A. G. Time for Chocolate: Current Understanding and New Perspectives on Cacao Witches’ Broom Disease Research. PLoS Pathogen, v. 11, n. 10, p. 1-8, 2015. Torres, M. A.; Jones, J. D. G.; Dangl, J. L. Reactive oxygen species signaling in response to pathogens. Plant Physiology, v. 141, n. 2, p. 373-378, 2006. Trushina, E.; Dutta, T.; Persson, X. M.; Mielke, M. M.; Petersen, R. C. Identification of altered metabolic pathways in plasma and CSF in mild cognitive impairment and Alzheimer’s disease using metabolomics. Plos One, v. 8, n. 5, p. 1-13, 2013. Thomas E.; van Z. M.; Loo J.; Hodgkin T.; Galluzzi G.; van E. J. Present Spatial Diversity Patterns of Theobroma cacao L. in the Neotropics Reflect Genetic Differentiation in Pleistocene Refugia Followed by Human-Influenced Dispersal. PLoS ONE, v. 7, n. 10, 2012. Thomson, J.J. On the Masses of the Ions in Gases at Low Pressures. Philosophical Magazine December, v. 48, n. 295, p. 547-567, 1899. Udomsuk, L.; Juengwattanatrakul, T.; Jarukamjorn, K.; Putalun, W. Increased miroestrol, deoxymiroestrol and isoflavonoid accumulation in callus and cell suspension cultures of Pueraria candollei var. mirifica. Acta Physiology of Plant (2012) 34:1093–1100. VanVeen, S. Q.; Claas, E.C.; Kuijper, E.J. High-throughput identification of bacteria and yeast by matrix-assisted laser desorption ionization time of flight mass spectrometry in conventional medical microbiology laboratories. Journal of Clinical Microbiology, v. 48, p. 900–7, 2010. Welham, K.J.; Domin, M.A.; Johnson, K.; Jones, L.; Ashton, D.S. Characterization of fungal spores by laser desorption/ionization time-of-flight mass spectrometry. Rapid Communication Mass Spectrometry, v. 14, p. 307–310, 2000. Kemptner, J.; Marchetti-Deschmann, M.; Kubicekb, C. P.; Allmaier, G. Mixed volume sample preparation method for intact cell mass spectrometry of Fusarium spores. Journal of Mass Spectrometry, v. 44, p. 1622–4, 2009. Khakimov, B.; Bak, S.; Engelsen, S. B. High-throughput cereal metabolomics: Current analytical technologies, challenges and perspectives. Journal of Cereal Science, v. 59, n. 3, p. 393-418, 2014. Kilaru, A.; Bailey, B. A.; Hasenstein, K. H. Moniliophthora perniciosa produces hormones and alters endogenous auxinand salicylic acid in infected cocoa leaves. Microbiology Letters, v. 274, n. 2, p. 238–244, 2007. Kim, K.; Taylor, S. L.; Ganti, S.; Guo, L.; Osier, M. V.; Weiss, R. H. Urine metabolomic analysis identifies potential biomarkers and pathogenic pathways in kidney cancer. OMICS: A Journal of Integrative Biology, v. 15, n. 5, p. 293-303, 2011.
99
Koek, M. M.; Muilwijk, B.; Van Stee, L. L.; Hankemeier, T. Higher mass load ability in comprehensive two-dimensional gas chromatography-mass spectrometry for improved analytical performance in metabolomics analysis. Journal Chromatography A, v. 1186, n. 1-2, p. 420-429, 2008. Kovac, J. R.; Pastuszak, A. W.; Lamb, D. J. The use of genomics, proteomics, and metabolomics in identifying biomarkers of male infertility. Fertility and Sterility, v. 99, n. 4, p. 998-1007, 2013. Krauss, U.; Soberanis, W. Biocontrol of Cocoa Pod Diseases with Mycoparasite Mixtures. Biological Control, v. 22, p. 149–158, 2001. Kubra, I. R.; Bettadaiah, B. K.; Murthy, P. S.;Rao, L. J. M. Structure-function activity of dehydrozingerone and its derivatives as antioxidant and antimicrobial compounds. Journal of Food and Science and Technology (2014) 51(2):245–255. Yates, J. R. III. Mass spectrometry and the age of the proteome. Journal Mass Spectrometry, v. 33, p. 1–19, 1998. Xia, J. and Wishart, D.S. Using MetaboAnalyst 3.0 for Comprehensive Metabolomics Data Analysis. Current Protocols in Bioinformatics, v. 55, p. 14.10.1-14.10.91, 2016. Xia, J., Sinelnikov, I., Han, B., and Wishart, D.S. MetaboAnalyst 3.0 - making metabolomics more meaningful . Nucleic Acids Research, v. 43, p. 251-257, 2015. Xu-Hua, X.; Huang, Y.; Wang, G.; Sheng-Di, S. Metabolomics: a novel approach to identify potential diagnostic biomarkers and pathogenesis in Alzheimer’s disease. Neuroscience Bulletin, v. 28, n. 5, p. 641-648, 2012.