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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS ANANDA MELO LOPES CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E METALOGENÉTICA DO DEPÓSITO IOCG PANTERA, DOMINÍO RIO MARIA, CARAJÁS-PA CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

ANANDA MELO LOPES

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E METALOGENÉTICA DO DEPÓSITO IOCG

PANTERA, DOMINÍO RIO MARIA, CARAJÁS-PA

CAMPINAS

2018

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ANANDA MELO LOPES

“CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E METALOGENÉTICA DO DEPÓSITO IOCG

PANTERA, DOMINÍO RIO MARIA, CARAJÁS-PA”.

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO INSTITUTO DE

GEOCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE

CAMPINAS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE

MESTRA EM GEOCIÊNCIAS NA ÁREA DE

GEOLOGIA E RECURSOS NATURAIS.

ORIENTADORA: PROFA. DRA. CAROLINA PENTEADO NATIVIDADE MORETO

COORIENTADOR: PROF. DR. ROBERTO PEREZ XAVIER

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA ANANDA MELO LOPES

E ORIENTADA PELA PROF. DR. CAROLINA PENTEADO

NATIVIDADE MORETO

CAMPINAS

2018

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CNPq, 132033/2016-0ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0806-8873

Ficha catalográficaUniversidade Estadual de CampinasBiblioteca do Instituto de Geociências

Marta dos Santos - CRB 8/5892

Lopes, Ananda Melo, 1990- L881c LopCaracterização geológica e metalogenética do depósito IOCG Pantera,

domínio Rio Maria, Carajás-Pará / Ananda Melo Lopes. – Campinas, SP : [s.n.],2018.

LopOrientador: Carolina Penteado Natividade Moreto. LopCoorientador: Roberto Perez Xavier. LopDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de

Geociências.

Lop1. Depósitos de oxido de Fe-Cu-Au. 2. Metalogenia. 3. Crátons - Amazônia.

I. Moreto, Carolina Penteado Natividade, 1985-. II. Xavier, Roberto Perez,1958-. III. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Geociências. IV.Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Geological and metallogenetic characterization of the PanteraIOCG, Rio Maria domain, Carajás-ParáPalavras-chave em inglês:Iron oxide-copper-gold depositsMetallogenyCraton - AmazonÁrea de concentração: Geologia e Recursos NaturaisTitulação: Mestra em GeociênciasBanca examinadora:Carolina Penteado Natividade Moreto [Orientador]Rafael Rodrigues de AssisTiciano José Saraiva dos SantosData de defesa: 05-07-2018Programa de Pós-Graduação: Geociências

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

AUTORA: Ananda Melo Lopes

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E METALOGENÉTICA DO DEPÓSITO IOCG

PANTERA, DOMINÍO RIO MARIA, CARAJÁS-PA

ORIENTADORA: Profa. Dra. Carolina Penteado Natividade Moreto

COORIENTADOR: Prof. Dr. Roberto Perez Xavier

Aprovado em: 05 / 07 / 2018

EXAMINADORES:

Profa. Dra. Carolina Penteado Natividade Moreto - Presidente

Prof. Dr. Rafael Rodrigues de Assis

Prof. Dr. Ticiano José Saraiva dos Santos

A Ata de Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora,

consta no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 05 de julho de 2018.

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Aos que me guiaram até aqui...

Ao meu pai, Gentil Lopes da Silva.

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AGRADECIMENTOS

A instituição de ensino UNICAMP, pela a oportunidade de estudar em uma das

melhores universidades do país.

Ao CNPq pela concessão da bolsa de mestrado.

A minha família, pais e irmãos Gentil, Patrícia, Agnus, Aline e Aarão pelo suporte

dado e por acreditarem em mim.

A sempre solícita e generosa orientadora Carolina Penteado Moreto, pela a orientação,

ensinamentos passados.

Ao co-orientador Roberto Xavier por todos os ensinamentos passados em trabalhos de

campo e fora de campo.

Aos amigos do grupo de pesquisa em evolução crustal e metalogênese, pelas ajudas

em etapas laboratoriais e as trocas de conhecimento: João Paulo Pitombeira, Gustavo

Melo, Poliana Toledo, José Henrique, Raphael Hunger e Marco Delinardo.

Aos amigos geógrafos pela companhia e parceria, Silas Melo, Cinthia Fagundes,

Liliane Góes, Pedro Spanghero e Kaique Brito.

A todos os funcionários do IG em especial aos técnicos Valdirene, Beatriz, Gorete,

Erica Tonetto e Valdir pela rapidez no trabalho.

A grande amiga e companheira que fiz nesta jornada um agradecimento especial pelo

o apoio dado e por todos os momentos alegres e divertidos que vivemos juntas, Caroline

Aquino.

Ao meu namorado Leandro Palma por ter feito meus dias mais leves e alegres no final

desta etapa acadêmica tão importante.

Aos amigos da republica Fenda por terem me recebido tão bem e por serem sempre

prestativos Leonardo, Thiago, Igor, Tatiana e Tuna.

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BIOGRAFIA

Possui graduação em Geologia pela Universidade Federal de Roraima – UFRR (2014).

Durante a graduação participou de projetos de iniciação científica na área de Paleontologia.

Trabalhou na Sociedade Geral de Mineração (SGM) entre os anos de 2014 e 2015, onde

adquiriu experiência em mapeamento geológico.

Em 2016 ingressou no programa de pós-graduação em Geociências, nível mestrado, na

Universidade Estadual de Campinas. No projeto de mestrado atuou na linda de pesquisa em

metalogênese de depósitos IOCG na Província Mineral de Carajás (PA). O mestrado lhe

rendeu até o momento uma publicação no 15º Simpósio de Geologia da Amazônia (2017).

Com título do resumo e endereço eletrônico:

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E METALOGENÉTICA DO DEPÓSITO IOCG

PANTERA, DOMÍNIO RIO MARIA - CARAJÁS

Endereço eletrônico: http://arquivos.sbg-no.org.br/BASES/SGA%2015.pdf

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RESUMO

A Província Carajás localizada na porção sudeste do Cráton Amazônico e do Estado do Pará,

representa hoje uma das províncias mais importantes do mundo e destaca-se por apresentar a maior

quantidade conhecida de depósitos de óxidos de ferro-cobre-ouro (IOCG) de alta tonelagem (e.g.,

Sossego, Salobo, Igarapé Bahia/Alemão, Cristalino, Alvo 118, Igarapé Cinzento/Alvo GT46). O

depósito Pantera é hospedado por rocha de composição granodiorítica (2909 ±15Ma; U-Pb LA-ICP-

MS em zircão) e por diferentes tipos de diques que compreendem quartzo diorito porfirítico (2900

±10Ma, U-Pb LA-ICP-MS em zircão), quartzo-feldspato pórfiro e diábasio, e representa a primeira

ocorrência de depósitos da classe IOCG no domínio Rio Maria. O granodiorito hospedeiro apresenta

evidências de deformação heterogênea referentes às distintas zonas milonitizadas que se apresentam

intimamente relacionadas ao melhor desenvolvimento das zonas de alteração hidrotermal. A partir da

descrição de testemunhos de sondagem e de estudos petrográficos detalhados, foi possível reconstituir

o zoneamento espacial das alterações hidrotermais que apresentam padrão vertical a sub-vertical, e

com distribuição fortemente controlada por zonas de cisalhamento. A sequência de alteração

hidrotermal em direção às zonas proximais ao minério incluem zonas de alteração sódico-cálcica com

actinolita e albita, seguida por alteração cálcica caracterizada por aumento substancial na abundância

de actinolita, que gradam para zonas de alteração férrico-cálcica com magnetita e actinolita. A partir

disto, o sistema hidrotermal evidência diminuição de temperatura de acordo com as últimas alterações

hidrotermais reconhecidas no depósito representadas por alteração potássica constituída por biotita,

hastingsita e feldspato potássico subordinados, acompanhada por silificicação, mineralização cuprífera

e zonas de alteração clorítica. A mineralização IOCG no depósito Pantera está essencialmente

associada ao estágio de alteração potássica e apresenta estilos de mineralização que variam entre veios,

vênulas, brechas hidrotermais e disseminações na foliação milonítica que hospedam uma associação

de minério constituída principalmente por magnetita, pirita e calcopirita, que é o principal mineral de

minério. Infere-se para o estágio de precipitação do minério condições moderadas de fO2 e pH

levemente ácido a neutro em temperaturas em torno de 300 ºC. A alteração tardia venular com

predominância de quartzo, feldspato potássico pode indicar a circulação de fluidos hidrotermais ainda

posteriores ao evento hidrotermal principal, sugerindo a existência de um segundo sistema hidrotermal

de menor intensidade sobreposto, formado em regime rúptil de deformação. Composições isotópicas

de enxofre obtidas em sulfetos (calcopirita e pirita) das zonas de minério (δ34

S = 4,22 a 5,07‰) e da

alteração tardia (δ34

S = 4,67 a 4,79‰) possibilitaram a correlação da origem do enxofre com fluidos

evaporativos residuais, com possível contribuição de enxofre magmático ou lixiviado de rochas ígneas

a partir de mecanismos de interação fluido-rocha.

Palavras chaves: Depósitos de oxido de Fe-Cu-Au, Metalogenia, Cratóns - Amazônia

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ABSTRACT

The Carajás Province is located in the southeastern portion of the Amazon Craton and the

State of Pará. Nowadays it represents one of the most important provinces in the world and stands out

for having the highest known amount high tonnage of iron-copper-gold oxide (IOCG) deposits (eg,

Sossego, Salobo, Igarapé Bahia / Alemão, Cristalino, Alvo 118, Igarapé Cinzento/ Alvo GT46). The

Pantera deposit is hosted by rocks of granodioritic composition (2909 ±15M; U-Pb LA-ICP-MS in

zircon) and by different types of dikes comprising porphyritic diorite quartz diorite (2900 ±10Ma, U-

Pb LA-ICP-MS in zircão), feldspar quartz porphyry and diabase, and represents the first occurrence of

IOCG deposits in the Rio Maria domain. The host granodiorite presents evidence of heterogeneous

deformation related to the different milonitized zones that are closely related to the better development

of the of hydrothermal alteration zones. Basead on detailed drill core description and petrographic

studies, it was possible to reconstitute the spatial zoning of the hydrothermal alterations that display

vertical to subvertical patterns with distribution strongly controlled by shear zones. The hydrothermal

alterations sequence towards ore zones includes sodic-calcic zones with actinolite and albite, followed

by calcic alteration characterized by a substantial increase in the abundance of actinolite, which pass to

iron-calcic alteration zones with magnetite and actinolite. From this point on, the hydrothermal system

evidences decrease in temperature according to the last hydrothermal alterations recognized in the

deposit represented by potassic alteration with biotite, hastingsite and subordinate potassic feldspar

and associated silificication, cooper ore, and zones of chlorite alteration. The IOCG mineralization in

the Pantera deposit is essencially related to the potassic alteration stage and presents mineralization

styles ranging from veins, veinlets, hydrotermal breccias and disseminations along mylonitc foliation,

which host ore assemblage mainly composed of magnetite, pyrite and chalcopyrite which as the main

ore mineral. It is infered for ore precipitation conditions of moderate fO2 and slightly acidic to neutral

pH with temperatures around 300 ºC. The late venular alteration with predominancy of quartz and

potassic feldspar may indicate the circulation of hydrotermal fluids after the stablishment of the main

hydrotermal event, suggesting the existence of a second hydrotermal system superimposed, formed in

a brittle conditions. Isotopic compositions of sulfur obtained in sulphides (chalcopyrite and pyrite)

from the ore zones (δ34

S = 4,22 a 5,07‰) and from late venular alteration (δ34

S = 4,67 a 4,79‰)

allowed the correlation of the sulfur sources with residual evaporative fluids, with possible

contribution of magmatic sulfur or leached from igneous rocks by fluid-rock interaction mechanism.

Palavras chaves: Iron Oxide Copper Gold Deposits, metalogeny, Cratons - Amazon

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Mapa Geológico da Província Carajás, mostrando o domínio Carajás ao norte e parte do

domínio Rio Maria a sul, com a localização do depósito IOCG Pantera e outros importantes depósitos

IOCG no domínio Carajás (Vasquez et al., 2008) ................................................................................. 44

Figura 2: Mapa geológico do domínio Rio Maria apresentando as diferentes associações tectônicas e

os principais litotipos (Vasquez et al.,2008). ........................................................................................ 47

Figura 3: Mapa geológico de Ourilândia do Norte mostrando as associações litológicas e

características estruturais (modificado de Silva et al., 2018). ............................................................... 50

Figura 4: Seção geológica esquemática do depósito Pantera, com a disposição dos litotipos e a

distribuição das diferentes zonas de alteração hidrotermal reconhecidas. Elaborado a partir das

descrições dos testemunhos pkc-pant-dh001 e pkc pant-dh007 (modificado de Vale) ......................... 53

Figura 5: Litotipos e zonas de alteração hidrotermal caracterizados no depósito Pantera, descritos a

partir do testemunho pkc-pant-dh001. A) Granodiorito com alteração sódico-cálcica (ab+act) de

intensidade moderada localizado nas regiões menos deformadas e mais distais do depósito. B) Dique

de diabásio com alteração cálcica (act±ab±cc) em contato brusco com o granodiorito. C) Quartzo

diorito porfirítico com alteração cálcica (act±ab) pervasiva. D) Fronts de alteração cálcica no

granodiorito previamente alterado por alteração sódico-cálcica. E) Granodiorito com foliação

milonítica penetrativa definida por biotita, quartzo (alteração potássica e silificificação) e com

calcopirita disseminada. F) Brecha hidrotermal com matriz preenchida por actinolita e magnetita

(alteração férrico-cálcica) e com fragmentos do granodiorito hospedeiro. G) Veio constituído por

quartzo, feldspato potássico, calcopirita e pirita (estágio de pós-mineralização). H) Vênula com

mineralização cuprífera sobreposta em zona de alteração sódico-cálcica pervasiva. I) Mineralização de

cobre na forma de brecha hidrotermal com predominância de actinolita e magnetita. J) Mineralização

de cobre como sulfetos disseminados longo da foliação associada à alteração potássica e silicificação

(bt+hast+qtz±kfs). L) Granodiorito com alteração sódico-cálcica (ab+act) sobreposta por alteração

potássica (bt) incipiente, proximal às zonas mineralizadas. M) Granodiorito com alteração cálcica

(act±ab) com forte controle estrutural definindo planos de foliação com incipiente alteração potássica e

silicificação (bt+hast+qtz±kfs) sobreposta. N) Granodiorito com alteração cálcica (act±ab) pervasiva.

O) Mineralização de cobre na forma de brechas com calcopirita+magnetita±biotita. P) Granodiorito

com alteração potássica e silicificação (bt+hast+qtz±kfs). Abreviações: ab = albita, act = actinolita,

cc = carbonato,cpy = calcopirita, bt = biotita, hast = hastingsita, kfs = feldspato potássico, mag =

magnetita, py = pirita, qtz = quartzo e scp = escapolita. ..................................................................... 55

Figura 6: Litotipos e zonas de alteração hidrotermal caracterizados no depósito Pantera, descritos a

partir do testemunho pkc-pant-dh003. A) Granodiorito com alteração potássica e calcopirita

disseminada definindo a foliação. B) Brecha hidrotermal com calcopirita e magnetita e halo de

actinolita. C) Veio do estágio de pós-mineralização contendo feldspato potássico, quartzo e pirita

disseminada. D) Dique de diabásio com alteração cálcica pervasiva. E) Veios com apatita+actinolita

de granulação grossa. F) Granodiodiorito com alteração potássica e silicificação (bt+qtz+hast ±kfs).

Abreviações: ab = albita, act = actinolita, cc = calcita, kfs = feldspato potássico, hast = hastingsita,

mag = magnetita e qtz = quartzo. .......................................................................................................... 56

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Figura 7: Principais feições macroscópicas das rochas hospedeiras do depósito Pantera. A)

Granodiorito foliado localizado nas regiões menos deformadas do depósito com alteração sódico-

cálcica (actinolita + albita) de intensidade moderada. B) dique de diabásio de textura afanítica com

alteração cálcica (actinolita ± albita ± carbonato) pervasiva. C) dique de quartzo diorito porfirítico com

foliação penetrativa e alteração sódico-cálcica (actinolita ± albita) pervasiva. Contato abrupto com o

granodiorito. Abreviação mineral: Ab = Albita, Act = Actinolita e Qtz = Quartzo. .............................. 57

Figura 8: Aspectos mineralógicos, texturais e microestruturas do granodiorito hospedeiro em regiões

menos deformadas (A, B, e G) e de maior deformação (D, E, F e H). A) Associação mineral do

granodiorito formada por quartzo, actinolita e albita. B) Actinolita definindo a foliação e manteado

cristais de albita. C) Estrutura núcleo-manto em quartzo com extinção ondulante evidenciando

recristalização dinâmica. D) Transição de zona milonítica (porção superior) para zona ultramilonítica

(porção inferior) de foliação disjuntiva definida por biotita hidrotermal. E) Plagioclásio com

geminação de deformação (twinning deformation). F) Migração de borda de grão (bulging) em albita.

G) Albita com fratura preenchida por minerais da matriz (quartzo e actinolita). H) Recristalização

dinâmica de quartzo por migração de borda de grão (bulging) com contato ameboide. Abreviação

mineral: Ab = albita, Act = actinolita, Bt = Biotita, Kfs = feldspato potássico e Qtz = Quartzo.......... 59

Figura 9: Principais características mineralógicas, texturais e microdeformacionais do quartzo diorito

porfirítico. A) Foliação milonítica definida por actinolita que molda-se em torno dos cristais de albita.

B) Bordas de albita parcialmente recristalizadas com formação de subgrãos. C) Flame perthites em

feldspato potássico. D) Actinolita pisciforme. E) Migração de borda de grãos (bulging) em albita. F)

Plagioclásio com dobra suave (Kinking Bands). Act = actinolita, Ab = albita, Kfs = feldspato

potássico, Plg = Plagioclásio e Qtz =, Quartzo. ................................................................................... 60

Figura 10: Principais características textturais e microestruturais do quartzo-feldspato pórfiro (A, B, C

e D) e do diabásio (E). A) Quartzo-feldspato pórfiro com alteração potássica (Kfs). B) Assembleia

mineral primária composta por quartzo, feldspato potássico, albita e fenocristais de feldspato

compondo a textura porfirítica. C) Fenocristais idiomórficos de albita e feldspato potássico em meio a

matriz de granulação fina. D) Vênulas tardias preenchidas por actinolita com epidoto, cortada por

vênulas de calcita e vênulas de quartzo. E) Matriz com alteração cálcica (actinolita+calcita±albita)

pervasiva. . Abreviações: Ab = Albita, Act = Actinolita, Kfs = feldspato potássico e Qtz = Quartzo. 61

Figura 11: Zonas de alteração hidrotermal sódico-cálcica (A, B e C). Cálcica (D e E). Férrico-cálcica

(F). Potássica e silicificação (G, H, I e J) e clorítica (L e M). A) Assembleia de alteração sódico-

cálcica (act+ab) de intensidade moderada das regiões menos deformadas no granodiorito. B) Alteração

sódico-cálcica (act+ab) pervasiva no quartzo-diorito porfirítico. C) Zona restrita de alteração sódico-

cálcica (ab+act) pervasiva no granodiorito. D) Alteração cálcica (act±ab) pervasiva no granodiorito. E)

veio constituído por actinolita + apatita de granulação grossa. F) Fronte de alteração férrico-cálcica

(act+mag). G) Actinolita formada no estágio de alteração cálcica subsitituída por biotita, hastingsita e

magnetita (alteração potássica). H) Alteração potássica com biotita definindo a foliação milonítica. I)

Zona com alteração potássica e silicificação com quartzo recristalizado. J) Substituição parcial das

bordas de albita por microclínio hidrotermal formado no estágio de alteração potássica. L)

Substituição de actinolita formada no estágio de alteração cálcica por clorita (estágio de cloritização).

M) Substituição da biotita (alteração potássica) através dos planos de clivagem por clorita (estágio de

cloritização). Abraviações: act = actinolita, ab = albita, cpy = calcopirita, chl = clorita, bt = biotita,

hast = hastingsita, kfs = feldspato potássico, mcr = microclínio, mag = magnetita e qtz = quartzo. . 63

Figura 12: Minério cuprífero no estilo de brechas hidrotermais. A) Assembleia de minério composta

por calcopirita, magnetita, pirita intercrescida com clorita e pentlandita. B) Assembleia de minério

composta por calcopirita, magnetita, pirita com apatita associada. C) Assembleia de minério com

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calcopirita rica em Ni e Ag e millerita rica em Co e Ag com hessita inclusa. D) Pirita com fraturas

preenchidas por calcopirita e ouro, com apatita associada. E) Minerais de ganga associados ao

minério, com apatita, albita, clorita e biotita com kink bands. F) Minério de cobre disseminado ao

longo da foliação com albita, biotita, epidoto e hastingsita associados. Imagens de luz refletida A, B e

F. Imagens C e D foram obtidas em MEV. Abreviações: au = ouro, act = actinolita ab = albita, ag =

prata, ap = apatita, bt = biotita, co- cobalto, chl = clorita, cpy = calcopirita, hes = hessita, mag =

magnetita, mil = millerita, ni = níquel, pen = pentlandita, py = pirita e qtz = quartzo. ..................... 66

Figura 13: Minério cuprífero venular. A) Halo de escapolita delimitando a vênula mineralizada. B)

Associação de minério formada por calcopirita, pirita, fe-actinolita e quartzo. C) Assembleia de

minério formada por calcopirita, pirita e fases acessórias de millerita. D) Fases acessórias associadas

ao minério de cobre, millerita, siegenita e hessita. E) Minerais de ganga associada à mineralização

venular com quartzo, fe-actinolita, hastingsita, albita e escapolita. F) Minerais de ganga com epidoto,

actinolita e apatita intercrescidos com calcopirita em veio. Imagens B e C de luz refletida. Imagem D,

foi obtida em MEV. Abreviações: ab = albita, act = actinolita, ap = apatita, chl = clorita, cpy =

calcopirita, ep = epidoto, cpy = calcopirita, fe-act = ferro-actinolita, hes = hessita, hast =

hastingsita, mil = millerita, py = pirita, qtz = quartzo, scp = escapolita e sieg = siegenita. .............. 67

Figura 14 Veios mineralizados associados à alteração tardia que cortam o granodiorito. A) calcopirita

e pirita idiomórficos como principais sulfetos da alteração tardia. B) veio mineralizado com pirita,

digenita, calcopirita e quartzo. C) fases acessórias como millerita e digenita inclusas em calcopirita e

actinolita respectivamente associadas à mineralização cuprífera. D) galena associada à calcopirita,

quartzo e Fe-actinolita em veio tardio. Imagens de luz refletida A e B. Imagens C e D foram obtidas

em MEV. Abreviações: cpy = calcopirita, py = pirita, di = digenita, fe-act = ferro-actinolita, ga =

galena, mil = millerita e qtz = quartzo. ................................................................................................ 68

Figura 15: Distribuição dos valores de δ34

S dos sulfetos analisados do depósito Pantera. ................... 70

Figura 16: Imagens de catodoluminescência dos cristais de zircão analisados por U-Pb LA-SF-ICP-

MS. A) Cristais de zircão do granodiorito (amostra Pt07-147) com idades Pb206

/Pb207

indicadas. B)

Cristais de zircão do quartzo diorito porfirítico (amostra Pt01-106) com idades Pb206

/Pb207

indicadas.

............................................................................................................................................................... 71

Figura 17: Diagrama Pb206

/Pb238

vs. Pb207

/Pb235

.

A) diagrama da concórdia para a amostra do

granodiorito (Pt07-147m) definindo a idade U-Pb concordante a levemente discordante com base em

35 cristais de zircão analisados. B) diagrama da concórdia para a amostra do quartzo diorito (Pt01-

106m) definindo a idade U-Pb de intercepto superior com base em 18 cristais de zircão analisados. . 72

Figura 18: Diagrama de pH versus fO2,300ºC, 1.5 Kbar, aK+=0, mostrando as paragêneses de minério

formadas a partir das condições de evolução de pH e de fugacidade de oxigênio do fluido

mineralizante associado a alteração potássica (Skirrow, 2004). ........................................................... 79

Figura 19: Valores de δ34S dos principais depósitos IOCG da Província Carajás. Modificado de

Previato et al. (2016). Fontes: (*) Dados desta dissertação, (1) Monteiro et. al., (2008), (2) Pestilho

(2001), (3) Torresi et. al., (2011), (4) Lindermayer et a., (2001), (5) Réquia e Fontboté (2001), (6)

Dreher (2004), (7) Villas et. al., (2001), (8) Monteiro et. al., (2008), (9) Ribeiro (2008), (10) Silva

(2013) e (11) Previato et. a., (2016). ..................................................................................................... 82

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Dados de isótopos de enxofre δ34

S medidos em ‰ (per mil) em sulfetos das zonas

mineralizadas do depósito Pantera. ....................................................................................................... 70

Tabela 2: Evolução paragenética do depósito Pantera. ......................................................................... 78

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APÊNDICE

Tabela 1: Dados geocronológicos da datação U-Pb por LA-SF-ICP-MS dos grãos de zircões utilizados no

cálculo da idade de cristalização do granodiorito (Pt07-147m)............................................................92

Tabela 2: Dados geocronológicos da datação U-Pb por LA-SF-ICP-MS dos grãos de zircões utilizados no

cálculo da idade de cristalização do Quartzo-diorito porfirítico (Pt06-106m)......................................93

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 16

2. OBJETIVOS .................................................................................................................................... 18

3. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL ................................................................................... 19

4. DEPÓSITOS IOCG DO CINTURÃO SUL DO COBRE DA PROVÍCIA CARAJÁS ............ 22

5. MATERIAS E MÉTODOS ............................................................................................................ 25

5.1 Petrografia e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ................................................ 25

5.2 Geocronologia da rocha hospedeira e preparação mineral ................................................... 26

5.3 Isótopos de enxofre e Preparação Mineral.............................................................................. 27

6. SÍNTESE DOS RESULTADOS ..................................................................................................... 28

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 31

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 32

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1.INTRODUÇÃO

A Província Carajás localiza-se na porção sudeste do Cráton Amazônico e do Estado

do Pará, e hoje representa a principal província mineral do país e uma das mais importantes

do mundo (Santos, 2003). A província é dividida em dois blocos tectônicos crustais

considerados distintos e limitados por uma descontinuidade estrutural de direção E-W: o

domínio Rio Maria localizado ao sul e o domínio Carajás ao norte da província (Vasquez et

al. 2008).

Esta província destaca-se por apresentar depósitos gigantes de ferro de alto teor,

manganês, platinóides, ouro orogênico e a maior quantidade conhecida de depósitos IOCG

(Iron Oxide-Copper-Gold or IOCG; Hitzman et al., 1992) do mundo, sendo o única que reúne

depósitos IOCG de classe mundial de idades arqueanas (Tallarico et al., 2005, Groves, et al.,

2010, Xavier et al., 2010, Moreto et al., 2014). Dentre os depósitos de alta tonelagem

localizados no domínio Carajás, destaca-se os depósitos Salobo 1.112 Bt @ 0.69 wt.% Cu e

0.43 g/t Au; VALE, 2012) Igarapé Bahia/Alemão (219 Mt @ 1.4 wt.% Cu e 0.86 g/t Au;

Tallarico et al. 2005), Sossego (355 Mt @ 1.1 wt.% Cu e 0.28 g/t Au; Lancaster e Oliveira et

al. 2000), e Cristalino (500 Mt @ 1.0 wt.% Cu e 0.3 g/t Au; Huhn et al. 1999).

Até o presente momento, não há um modelo genético único que consiga explicar a

diversidade de atributos desta classe de depósitos, o que resultou numa divisão de tipos de

depósitos IOCGs em: magmático, magmático-hidrotermal (híbrido) e os hidrotermais (Hunt et

al., 2007, Groves et al., 2004). No entanto, existe um consenso comum entre os pesquisadores

(Williams et al., 2005; Barton e Johnson 2004; Hitzman et al., 1992; Hitzman et al., 2000;

Grainger et al., 2008) em relação as muitas características compartilhadas entre estes

depósitos, tais como: (a) extenso metassomatismo alcalino; (b) proeminente controle

estrutural; (c) estágios iniciais de alteração hidrotermal em níveis profundos que incluem

alteração sódica e sódico-cálcica que variavelmente podem desenvolver mineralização Cu-

Au; (d) intenso metassomatismo local rico em ferro; (e) alteração potássica e/ou clorítica

comumente associadas à mineralização Cu-Au em níveis intermediários a rasos; (f)

enriquecimento em ETRs, Co, Ni, Pd ± U e P e (g) envolvimento de diferentes fontes de

fluidos com componentes de enxofre e metais externamente derivados (Xavier et al., 2008,

Monteiro et al., 2014).

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Por muito tempo acreditou-se que os depósitos IOCG da Província Carajás eram

restritos ao Domínio Carajás, entretanto, com o avanço da exploração mineral novos

depósitos desta classe vem sendo descobertos na porção sul da Província Carajás, a exemplo

do depósito Pantera. O depósito IOCG Pantera localiza-se no Domínio Rio Maria, próximo ao

limite com o Domínio Carajás na região de Ourilândia do Norte, e representa a primeira

ocorrência de depósitos da classe IOCG em rochas do Domínio Rio Maria. Similar a outros

depósitos IOCG do Cinturão sul do cobre, porção sul do Domínio Carajás, o depósito Pantera

também se encontra condicionado a estruturas subsidiárias à zona de cisalhamento regional

WNW-ESE Canaã.

O depósito Pantera apresenta potêncial ecônomico com resultados de sondagem em 28

metros @ 2,58% de cobre a partir de 81 metros, incluindo 10,05 metros @ 3,75% de cobre,

com mineralização predominante em calcopirita em zonas tabulares de minério hospedados

por uma zona de cisalhamento íngreme. Inicialmente pertecente à mineradora Vale S.A, o

depósito Pantera foi vendido recentemente à empresa de mineração Avanco (Oz Minerals) e

se encontra em fase inicial de exploração (ADIMB, 2018).

Estudos de caracterização de zonas de alteração hidrotermal, mineralização e tipo de

deformação responsáveis pela formação do depósito Pantera, inéditos até então, deverão

ascrescentar informações importantes no entendimento e na consolidação de premissas que

caracterizam esta classe depósitos. Assim sendo, este trabalho rúne resultados de estudos

petrográficos, geocronológicos e de isótopos de enxofre que visam o entendimento e a

reconstituição da evolução paragenética e temporal do depósito Pantera, com implicações

para a ampliação de novas áreas de exploração para esta classe de depósitos no domínio Rio

Maria e a sua correlação com depósitos análogos do setor sul do domínio Carajás.

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2. OBJETIVOS

Este trabalho objetivou o estudo detalhado das rochas hospedeiras e zonas de alteração

hidrotermal e mineralização do depósito Pantera com o intuito de reconstituir o processo

metalogenético evolutivo de formação do mesmo. Como objetivos específicos, têm-se:

(i) Reconhecimento do modo de ocorrência dos litotipos hospedeiros, sua distribuição

espacial, relações de contato, idades geocronológicas e características

petrográficas;

(ii) Caracterização dos tipos, estilos e padrões de alteração hidrotermal e

mineralização e;

(iii) Determinação da(s) fonte(s) de enxofre;

(iv) Compreensão da evolução paragenética e temporal do sistema hidrotermal.

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3. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

A Província Carajás, situada na porção sudeste do Cráton Amazônico e do Estado do

Pará, constitui uma das maiores e mais bem preservadas áreas cratônicas arqueanas do

mundo, e representa hoje a principal província mineral do país (Vasquez et al., 2008).

Dividida em dois blocos tectônicos considerados distintos, e que apresentam significativas

diferenças: o domínio Rio Maria localizado ao sul, e o domínio Carajás ao norte da província

(Santos, 2003).

O domínio Rio Maria é caracterizado por crosta juvenil mesoarqueana com

predominância de faixas greenstone belts do Supergrupo Andorinhas (3,0 e 2,9 Ga),

granitoides do tipo TTG, granitoides cálcico-alcalinos de alto-K e associações sanukitoides,

colocados entre 2,98 e 2,86 Ga (Dall’Agnol et al. 2006; Oliveira et al. 2009, 2010; Almeida et

al., 2011; Santos e Oliveira 2016; Silva et al., 2018).

Diferentemente, o domínio Carajás possui crosta continental predominantemente

neoarqueana, caracterizada por sequências metavulcano-sedimentares do Grupo Rio Novo

(Hirata et al. 1991) e do Supergrupo Itacaiúnas com idades de 2,76-2,74 Ga (Wirth et al.,

1986; DOCEGEO, 1988; Machado et al., 1991) formadas sobre um embasamento

mesoarqueano.

O Grupo Rio Novo compreende sequencias metavulcano-sedimentares formadas por

matamafitos, metaultramafitos, quartzitos, formações ferríferas bandadas, xistos micáceos e

metapelitos manganesiferos, grafitosos e ferruginosos, aflorantes na região de Serra pelada

(Hirata et al., 1982; Araújo e Maia, 1991).

O Supergrupo Itacaiúnas compreende sequências metavulcano-sedimentares formada

pelos grupos Igarapé Bahia, Grão Pará, Igarapé Pojuca e Salobo (DOCEGEO 1988) cortados

por rochas máficas do Complexo máfico-ultramáfico Luanga (Jorge João et al., 1982; Suita,

1988; Ferreira Filho et al., 2007) e por granitos neoarqueanos e paleoproterozoicos, também

recobertos por rochas sedimentares da Formação Águas Claras (Nogueira et al., 1995).

O embasamento mesoarqueno que suporta as sequências metavulcano-sedimentares

compreende rochas gnáissicas de composição tonalíticas a trondhjemíticas, granulitos,

migmatitos e anfibolitos atribuídos ao complexo Xingu, e também por ortogranulitos máficos

a félsicos do complexo Pium. Dados geocronológicos apontam que ambos os eventos

deformacionais que afetaram as rochas do complexo Xingu e Pium foram contemporâneos em

2,85 Ga (Araújo e Maia, 1991; Machado et al., 1991; Pidgeon et al., 2000).

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Uma quantidade volumosa de granitoides é exposta no domínio Carajás e foram

colocados em ambiente sin-tectônico e pós-tectônico. Os granitoides sin-tectônicos são

representados pelos granitos Estrela (2763 ±7Ma, Barros et. al., 2001), Planalto (2747 ±2Ma,

Huhn et al. 1999), Serra do Rabo (2743 ±2Ma, Sardinha et al., 2001) e Plaquê (2736 ±24Ma;

Avelar et al., 1999) em adição, ao granito Geladinho (2688 ±11Ma, Barbosa et al., 2001) que

representa uma segunda geração de granitos sin-tectônicos mais jovens. Os granitoides

possuem composição monzongranítica e cálcio-alcalina dominante, com formas alongadas e

concordantes com a estruturação regional de direção WNW–ESE. São intrusivos nas rochas

dos grupos Salobo, Pojuca e Grão-Pará das sequências metavulcano-sedimentares do

supergrupo Iatacaiúnas, podendo representar granitos de arco magmático com intenso

retrabalhamento crustal ou mesmo granitos tipo sin-colisionais (Barros et al., 2001). Os

granitoides pós-tectônicos são representados pelos granitos Salobo Velho (2573 ±2Ma,

Machado et al., 1991) e Salobo Novo (1880 Ma, Cordani, 1984) intrusivos no Grupo Igarapé

Salabo. O Granito Velho Salobo possui assinatura moderadamente alcalina e representa a

granitogênese mais jovem do arqueano em toda a província. O granito Salobo Novo também

possui assinatura alcalina intracontinental e é correlato ao granito Serra dos Carajás.

Uma importante granitogênese paleoproterozoica é reconhecida em ambos os

domínios Rio Maria e Carajás, que gerou diversos plútons de granitos anarogênicos do tipo

rapakivi, com composições que variam de sienogranítica, monzogranítica e ortoclásio-

granítica (Dall’Agnol et al., 1999). Os corpos granitoides mais conhecidos no Domínio Rio

Maria são os granitos Jamon (1885 ±32Ma; Avelar et al., 1999), Musa (1885 ±5Ma; Machado

et al.,1991), Antônio Vicente (1867 ±5Ma; Avelar et al., 1996), Seringa (1892 ±30Ma; Avelar

et al., 1996) e Velho Guilherme (1873 ±13Ma; Rodrigues et al., 1992). No domínio Carajás os

granitoides anarogênicos mais estudados deste evento correspondem Cigano (1883 ±2Ma;

Machado et al., 1991), Pojuca (1874 ±2Ma; Machado et al., 1991) e Serra dos Carajás (1880

±2Ma; Machado et al., 1991).

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Figura 1: Mapa da Província Carajás mostrando os principais litotipos, com importantes depósitos

IOCG do domínio Carajás e a localização do depósito IOCG Pantera no domínio Rio Maria (Vasquez

et al., 2008).

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4. DEPÓSITOS IOCG DO CINTURÃO SUL DO COBRE DA PROVÍCIA CARAJÁS

O termo IOCG (iron oxide coper-gold) foi introduzido pela primeira vez por Hitzman

et al. (1992) para definir uma classe de depósitos com diferentes características em relação a

outros depósitos do mundo ricos em ferro, a exemplos os depósitos de Olimpic Dam,

Werneck Moutain Breccias, Kiruna dentre outros. Este termo vem sendo aplicado em geral a

depósitos com grande diversidade em idades, assinatura geoquímica, paragênese hidrotermal,

rochas hospedeiras e ambientes geotectônicos (Williams et al., 2005).

Os principais atributos geológicos desta classe de depósitos apresentadas por diversos

autores (Hitzman et al.1,992; Hitzman et al.,2000; Huhn e Nascimento, 1997a; Williams et

al., 2005; Groves et al., 2010) reúnem: (i) presença de Cu com ou sem Au, como metais

econômicos; (ii) abundante concentração de magnetita e/ou hematita com baixo Ti; (iii)

enriquecimento em óxido de ferro, Cu, Au, ETRL, P, Ni, Co, e, em alguns casos, Ag, Mo, U,

Th, Y, Pd, Zn, Te e Sn; (iv) ausência de clara associação espacial com intrusões, ao contrário

dos depósitos pórfiros e skans que apresentam associação genética e espacial direta; (iv)

metassomatismo alcalino (sódico e sódico-cálcico) pervasivo e extensivo, que tende a se

desenvolver em níveis crustais profundos e distais a zonas mineralizadas, precedendo zonas

de alteração potássica; (v) alteração potássica com biotita e feldspato potássico associada com

as zonas mineralizadas; (vi) cloritização, alteração cálcica tardia ou hidrolítica em condições

rúpteis em níveis crustais rasos e coevas com a precipitação do minério.

O Cinturão Sul do Cobre corresponde a uma zona de deformação de orientação

aproximada WNW-ESE com cerca de 130 km de extensão, que compreende o contato entre as

sequências metavulcano-sedimentes da Bacia Carajás com as rochas do embasamento

mesoarqueano, na porção sul do domínio Carajás. O cinturão Sul do Cobre hospeda os

depósitos IOCG de classe mundial Sossego, Cristalino e Alvo 118 e depósitos menores, como

Bacaba, Castanha, Bacuri, Visconde, e Jatobá.

As rochas hospedeiras dos depósitos do Cinturão Sul do Cobre variam entre rochas

metavulcânicas félsicas, intermediárias a máficas, quartzo-feldspato pórfiros, granitos,

grabros, formações ferríferas bandadas, tonalitos, dioritos e diques de variadas composições.

As zonas de alteração hidrotermal caracterizadas nos depósitos do Cinturão Sul do

Cobre evidenciam uma evolução paragenética e metalogenética análogas, formadas em níveis

crustais que variam de profundos a rasos. Zonas de alteração sódica, sódico-cálcica, potássica,

clorítica e sericítica reconhecidas nos depósitos Sossego (Monteiro et al., 2008), Cristalino

(Huhn et al., 1999b), Castanha (Pestilho, 2011), Visconde (Craveiro et al., 2012) e Bacaba

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(Augusto et al., 2008) são semelhantes aos padrões de zoneamento hidrotermal reconhecidos

em outros sistemas IOCG do mundo, formado em níveis crustais profundos a intermediários

(Hitzman 2000; Williams et al., 2005). Zonas de alteração potássica, clorítica e hidrolítica são

importantes, e em geral apresentam-se associadas à mineralização cuprífera no corpo de

minério Sossego (Monteiro et al., 2008), depósito Bacuri (Melo et al., 2014) e no depósito

Alvo 118 (Torresi et al., 2012), o que pode indicar que a formação destes depósitos tenham

ocorrido em níveis crustais mais rasos.

Um dos estilos mais recorrentes de mineralização associada a estes depósitos

compreendem brechas hidrotermais com matriz dominada por calcopirita que em geral é o

principal mineral de minério, associada à magnetita, pirita, siegenita, millerita, vaesita,

bornita, calcocita, ouro, Pd-melonita entre outros. Associados aos sulfetos comumente

ocorrem apatita, allanita, epidoto, quartzo, carbonato, actinolita, clorita, albita, turmalina,

biotita e K-feldspato. Outros estilos de mineralização normalmente reconhecidos constituem

veios, vênulas, stockworcks e disseminações nas rochas hospedeiras, constituídos por

calcopirita, pirita, magnetita, pirrotita, pentlandita, molibdenita, marcassita, bravoita,

cobaltita, millerita, vaesita e ouro, com quantidades subordinadas de hematita, bornita,

covellita, calcocita, molibdenita e esfalerita descritos nos depósitos Cristalino, Alvo 118,

Castanha, Bacuri e Visconde.

Os depósitos IOCG do Cinturão Sul do Cobre mostram enriquecimento de minério em

Co-Ni-Pd-Cu-Fe-Ni-Te-Ag-U-Sn-Mo-Nb-Tb-Y-Zn-Se-Au, além de significativos conteúdos

de ETRs, P, Th, Fe e Cl, presentes em minerais de ganga associados à assembleia de minério

tais como allanita, apatita, monazita, actinolita e cheralita (Augusto et al., 2008; Monteiro et

al., 2008). O depósito Alvo 118 difere de outros depósitos, a exemplo do depósito Sossego,

pela ausência de fases minerais com Co-Ni-Pd e presença de F e ETRP (Bortholoto, 2007;

Xavier et al., 2008).

Valores de δ34

S foram obtidos para sulfetos, em especial para calcopirita, em muitos

depósitos do Cinturão sul do cobre, e variaram de δ34

S cpy = 4,9 ±2,4‰ para o depósito

Sossego e de δ34

S cpy= 5,1 a 6,3‰ para o depósito Alvo 118, conferindo valores maiores do

que o esperado para fontes magmáticas (δ34

S = 0 ±1‰, Eldridge et al. 1991). Nesse sentido

fontes de enxofre de origem em reservatórios superficiais com sulfato ou lixiviação de

enxofre das rochas hospedeiras foram sugeridas (Monteiro et al., 2008; Torresi et al., 2012).

Valores de δ34

S entre 1,8 a 3,0‰ obtidos por Pestilho (2011) para o depósito Castanha, e os

valores de δ34

S entre 0,6 a 1,5‰ para depósito Cristalino obtidos por Ribeiro (2008)

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resultaram em valores próximos aos esperados para enxofre magmático ou de origem

mantélica.

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5. MATERIAS E MÉTODOS

5.1 Petrografia e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Os estudos petrográficos foram realizados no IG-UNICAMP em microscópio de luz

transmitida e refletida em 23 lâminas delgadas-polidas (Tabela. 1) confeccionadas a partir da

coleta das amostras de três testemunhos descritos: PKC-Pant-DH001, PKC-PANT-DH003 e

PKC-PANT-DH007, com o testemunho PKC-PANT-DH001 mais representativo. Os estudos

petrográficos objetivaram a caracterização detalhada das rochas hospedeiras, os tipos e estilos

de alteração hidrotermal e das relações texturais entre os minerais de minério e de ganga das

diferentes zonas de alteração hidrotermal, a fim de reconstituir a evolução e o zoneamento

espacial e temporal do sistema hidrotermal IOCG Pantera. Os estudos petrográficos também

auxiliaram no reconhecimento das diferentes fases de deformação, relacionadas às diferentes

microestruturas de deformação e zonas de alteração hidrotermal.

Análises de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) acopladas a EDS (Energy

Dispersive X-Ray Spectrometer) também foram realizadas no Instituto de Geociências IG-

UNICAMP, e visaram à identificação de fases minerais não reconhecidas ao microscópio

óptico como fases minerais acessórias, inclusões minerais ou mesmo elementos traços em

minerais de minério ou eventuais texturas de substituição.

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Tabela 1: Relação de lâminas estudadas dos testemunhos PKC-PANT-DH001, PKC-PANT-DH003 e

PKC-PANT-DH007 do depósito Pantera e suas feições.

5.2 Geocronologia da rocha hospedeira e preparação mineral

Os processos de separação de zircão dos granitoides foi realizado nos laboratórios de

Preparação de Amostras e de Concentração de Minerais do Instituto de Geociências (IG) da

UNICAMP. As amostras passaram primeiramente por processos de britagem, moagem e

bateia manual para a concentração gravimétrica dos grãos pesados com posterior separação

magnética com imã, separação magnética através do separador isodinâmico Frantz e

separação manual dos grãos em lupa binocular. Em seguida foram montados em resina epóxi,

lixados e polidos para análise.

Foram realizadas datações com intuito de obter a idade de cristalização de dois

litotipos granitoides hospedeiros do depósito Pantera: granodiorito (amostra Pt07-147m) e

quartzo diorito porfirítico (amostra Pt01-106 m). As idades foram obtidas a partir de método

U-Pb em zircão por LA-SF-ICP-MS, no Laboratório de Geologia Isotópica d IGe/Unicamp

por espectrômetro de massa Thermo Element-XR com laser acoplado Excite 193 com spot 25

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µm de diâmetro, utilizando material de referência 91500 e Peixe como material de referência

secundário. Para a redução dos dados foi utilizado o software Iolite 2.5 para correção de Pb

comum e obtenção das idades a partir de concórdias. O cálculo das idades foi realizado

posteriormente no Isoplot 3.0 (Ludwig, 2003), e os erros para as razões isotópicas são

apresentados em 2σ.

5.3 Isótopos de enxofre e Preparação Mineral

Os sulfetos das diferentes zonas mineralizadas e da alteração tardia do depósito

Pantera, foram preparados nos laboratórios de Amostras e de Concentração de Minerais do

IG/UNICAMP, iniciando o processo de separação manual, com o auxílio do martelo e

microretífica para a concentração da calcopirita e pirita. Posteriormente a esta etapa, as

amostras separadas foram cominuídas no almofariz de ágata e em seguida passaram por

catação em lupa binocular, separando os sulfetos de cobre de outros minerais associados ou

inclusos para que otivessemos o maior grau de pureza possível, em seguida os sulfetos de

cobre foram pesados em balança de precisão com alíquota superior a 0,10 miligramas.

Valores de isótopos estáveis de enxofre δ34

S‰ obtidos a partir do minério de cobre do

depósito Pantera foram adquiridas a partir de 7 amostras de calcopirita e 1 de pirita,

totalizando em 8 amostras analisadas no Laboratório de Isótopos Estáveis (LAIS) do Instituto

de Geociênicas da Universidade de Brasília.

A análise isotópica de enxofre foi feita a partir da produção de SO2 através da combustão

dos sulfetos em cápsulas de estanho a 1080 ⁰C com excesso de oxigênio. A separação de SO2

foi feita em cromatógrafo de gás. Os valores de δ34

S tem erro associado de 0,2‰ e foram

referidos ao padrão CDT (Canion Diablo Troillite).

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6. SÍNTESE DOS RESULTADOS

Os resultados deste trabalho estão apresentados na forma de artigo (em Anexo) a ser

submetido a periódico indexado. Tais resultados incluem caracterização das rochas

hospedeiras, das zonas de alteração hidrotermal e mineralização, além de estudos

geocronológicos U-Pb em zircão e isótopos de enxofre (34

S). Os resultados são apresentados

de maneira sucinta nesta sessão.

O depósito IOCG Pantera é hospedado predominantemente por um corpo intrusivo de

composição granodiorítica que ocorre em meio às rochas da suíte sanukitoide Rio Maria, no

limite de transição entre domínio Rio Maria com o domínio Carajás, na região de Ourilândia

do Norte. O granodiorito é a principal rocha hospedeira do depósito e o único litotipo que

hospeda da mineralização IOCG. Outros litotipos reconhecidos no depósito compreendem

diques de quartzo diorito porfirítico, quartzo-feldspato pórfiro e diabásio, intrusivos no

granodiorito e que são afetados por variáveis intensidades de alteração hidrotermal. Similar a

outros depósitos IOCGs do setor sul do Domínio Carajás, o depósito Pantera também se

encontra condicionado à estruturas subsidiária (ENE-WSW) à zona de cisalhamento regional

dúctil Canaã (WNW-ESSE).

Os estudos dos testemunhos de sondagem e de petrografia, auxiliaram na

reconstituição do zoneamento espacial e temporal das alterações hidrotermais. As zonas de

mais alta deformação reconhecidas nas rochas hospedeiras apresentam-se intimamente

relacionadas às zonas de alteração hidrotermal mais intensas, sugerindo forte controle

estrutural no depósito. Para a caracterização e sequenciamento das zonas de alteração

hidrotermal no depósito Pantera, utilizou-se as relações de contato, de substituição, texturais e

estruturais entre associações hidrotermais das diferentes zonas de alteração hidrotermal de

regiões mais distais à mais proximais ao minério.

A sequência de alteração hidrotermal incluem zonas de alterações sódico-cálcica

constituídas por actinolita e albita, que afeta todas as rochas hospedeiras do depósito. Esta

alteração é melhor observada em regiões menos deformadas do depósito com intensidade

moderada, onde a textura e a associação mineral primária das rochas hospedeiras

permaneceram parcialmente preservadas. A alteração sódico-cálcica é seguida por alteração

cálcica, caracterizada por um aumento substancial na abundância de actinolita, e ocorre a

partir de fronts de substituição e também definindo planos de foliação, adicionalmente

ocorrem veios de apatita e actinolita. Zonas com alteração cálcica gradam para zonas com

alteração férrico-cálcica representada por um intenso metassomatismo férrico, que constituem

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corpos maciços de magnetita com actinolita de granulação grossa. O sistema hidrotermal

evidência diminuição de temperatura de acordo com as alterações hidrotermais mais tardias

reconhecidas no depósito, tais como alteração potássica e silicificação, mineralização IOCG e

alteração clorítica. A alteração potássica compõe uma assembleia hidrotermal formada por

biotita, hastingsita feldspato potássico subordinado e silicificação que corta as regiões

previamente alteradas do depósito, e com forte controle estrutural. Veios tardios com

predominância de quartzo e feldspato potássico cortam as zonas de alteração prévias.

A mineralização IOCG no depósito Pantera apresenta estilos de que variam entre veios

e vênulas fracamente mineralizados, disseminações controladas pela foliação e brechas

hidrotermais que hospedam a grande parte da mineralização do depósito. A mineralização é

comumente associada a zonas com alteração potássica e silicificação sendo representada pela

a associação de magnetita com pirita e calcopirita, e com concentrações subordinadas de

pirita, bornita, pentlandita, hessita, siegenita, millerita, digenita, prata e ouro. Também correm

juntos aos sulfetos minerais como apatita, albita, actinolita, biotita, K-feldspato, hastingsita,

allanita, epidoto, escapolita, clorita e quartzo. Infere-se a partir de similaridades entre o

depósito Pantera e o depósito Sossego (Monteiro et al., 2008) que o minério do depósito

Pantera tenha precipitado sob condições moderadas de fO2 e pH levemente ácido a neutro à

temperaturas em torno de 300 ºC. Zonas de alteração clorítica são inexpressivas e ocorre de

forma muito restrita, com actinolita e biotita substituídas por clorita em regiões distais ao

minério, tornando-se mais evidente em zonas mineralizadas substituindo biotita através de

seus planos de clivagem.

Idades de 2909 ±15Ma (U-Pb LA-ICP-MS em zircão; MSWD = 1.2) e de 2900

±10Ma (U-Pb LA-ICP-MS em zircão; MSWD = 1.6), foram obtidas para granodiorito e o

quartzo diorito respectivamente, e interpretadas como idades de cristalização dessas rochas.

Neste estudo o granodiorito hospedeiro é tentativamente correlacionado a um grupo de rochas

de afinidade sanukitoide (e.g., suíte sanukitoide Rio Maria) e o quartzo diorito como

cogenético ao granodiorito, representando um termo intermediário subordinado desta série

sanukitoide.

Com intuito de avaliar as possíveis fontes de enxofre do depósito Pantera, foram

realizadas análises de isótopos de enxofre para o minério e dos veios tardios, em calcopirita e

pirita (δ34

S = 4,22-5,07‰), o que resultou em valores de (δ34

S) mais pesados do que o

esperado para fontes mantélicas (δ34

S= 0±1‰; Eldridge et al., 1991). As opções interpretadas

para as possíveis fontes de enxofre foram: sulfato reduzido inorganicamente a partir da

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evaporação da água do mar no arqueano (salmouras evaporativas) e/ou enxofre proveniente da

lixiviação das rochas ígneas a partir da interação do fluido hidrotermal com rochas

encaixantes (e.g., granitoides hospedeiros), ou mesmo derivado de fontes magmáticas, mas

com contribuição variável de fluidos superficiais oxidados.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O depósito Pantera localiza-se no extremo norte do domínio Rio Maria é hospedado

predominantemente por um corpo intrusivo de composição granodiorítica que forneceu idade

de ca. 2,90 Ga (U-Pb LA-ICP-MS em zircão) que é cortado por diques de quartzo diorito

porfirítico de idade similar, quartzo-feldspato pórfiro e diabásio. O depósito compartilha

similaridades com outros depósitos IOCG do mundo (Hiztman et. al., 1992, 200; Barton et.

al., 2004; Willians et al., 2005) tais como: (a) estágios iniciais de alteração hidrotermal Na(Ca)

em níveis profundos controlados por estruturas dúcteis; (b) alteração potássica e/ou clorítica

comumente associadas a mineralização Cu-Au; (c) minério de cobre associado com

magnetita; (d) enriquecimento em ETRs, Co, Ni, Ag, Fe, As, Mo e U e (e) intenso

metassomatismo local rico em ferro.

Zonas de cisalhamentos regionais e suas subsidiárias possuíram papel fundamental na

formação do depósito Pantera que apresenta nítido controle estrutural. A zona de

cisalhamento direção ENE-WSW subsidiária à zona de cisalhamento regional Canaã

possibilitou a circulação de fluidos provavelmente hipersalinos e quentes responsáveis pela

formação do depósito Pantera, à exemplos de outros depósitos IOCG na província Carajás e

no mundo.

Com base em estudos petrográficos, geocronológicos e da localização da área de

ocorrência dos granitoides hospedeiros do depósito Pantera, sugere-se que essas rochas

possam representar um grupo de rochas de possível afinidade também sanukitoide, assim

como as rochas da suíte sanukitoide Rio Maria (2, 88 – 2, 87 Ga), porém mais antigas dos que

os já estudados no Domínio Rio Maria. A geração dos granitoides hospedeiros do depósito

Pantera pode ter sido contemporânea ao primeiro episódio de acresção crustal (3,05 – 2,90

Ga) registrado na província Carajás, que compreende a formação das faixas greenstone belts

mais antigas e ao magmatismo TTG sintectônico (Macambira e Lancelot 1991; Souza et al.,

2001; Rolando e Macambira).

Os valores de isótopos de enxofre obtidos para os sulfetos das zonas de minério (δ34

S

= 4,22 a 5,07‰) e para a alteração tardia (4,67 a 4,79‰) do depósito Pantera permitiu

correlacionar a origem do enxofre a fluidos evaporativos residuais, com possível contribuição

de enxofre magmático ou lixiviado de rochas ígneas a partir de mecanismos de interação

fluido-rocha.

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Anexo:

Artigo:

Caracterização Geológica e Metalogenética do depósito IOCG

Pantera, domínio Rio Maria, Carajás-PA.

Ananda Melo Lopes et al.

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ANEXO

Caracterização Geológica e Metalogenética do depósito IOCG

Pantera, domínio Rio Maria, Carajás-PA

ANANDA M. LOPES¹; CAROLINA. N. MORETO²; ROBERTO P. XAVIER3; GUSTAVO H. C.

DE MELO4

1Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), R. João Pandiá

Calógeras, 51, 13083-870 Campinas (SP), Brazil

Resumo

A Província Carajás localizada na porção sudeste do Cráton Amazônico e do Estado do Pará,

representa hoje uma das províncias mais importantes do mundo e destaca-se por apresentar a maior

quantidade conhecida de depósitos de óxidos de ferro-cobre-ouro (IOCG) de alta tonelagem (e.g.,

Sossego, Salobo, Igarapé Bahia/Alemão, Cristalino, Alvo 118, Igarapé Cinzento/Alvo GT46). O

depósito Pantera é hospedado por rocha de composição granodiorítica (2909 ±15M; U-Pb LA-ICP-MS

em zircão) e por diferentes tipos de diques que compreendem quartzo diorito porfirítico (2900 ±10Ma,

U-Pb LA-ICP-MS em zircão), quartzo-feldspato pórfiro e diábasio, e representa a primeira ocorrência

de depósitos da classe IOCG no domínio Rio Maria. O granodiorito hospedeiro apresenta evidências

de deformação heterogênea referentes às distintas zonas milonitizadas que se apresentam intimamente

relacionadas ao melhor desenvolvimento das zonas de alteração hidrotermal. A partir da descrição de

testemunhos de sondagem e de estudos petrográficos detalhados, foi possível reconstituir o

zoneamento espacial das alterações hidrotermais que apresentam padrão vertical a sub-vertical, e com

distribuição fortemente controlada por zonas de cisalhamento. A sequência de alteração hidrotermal

em direção às zonas proximais ao minério incluem zonas de alteração sódico-cálcica com actinolita e

albita, seguida por alteração cálcica caracterizada por aumento substancial na abundância de actinolita,

que gradam para zonas de alteração férrico-cálcica com magnetita e actinolita. A partir disto, o sistema

hidrotermal evidência diminuição de temperatura de acordo com as últimas alterações hidrotermais

reconhecidas no depósito representadas por alteração potássica constituída por biotita, hastingsita e

feldspato potássico subordinados, acompanhada por silificicação, mineralização cuprífera e zonas de

alteração clorítica. A mineralização IOCG no depósito Pantera está essencialmente associada ao

estágio de alteração potássica e apresenta estilos de mineralização que variam entre veios, vênulas,

brechas hidrotermais e disseminações na foliação milonítica que hospedam uma associação de minério

constituída principalmente por magnetita, pirita e calcopirita, que é o principal mineral de minério.

Infere-se para o estágio de precipitação do minério condições moderadas de fO2 e pH levemente ácido

a neutro em temperaturas em torno de 300 ºC. A alteração tardia venular com predominância de

quartzo, feldspato potássico pode indicar a circulação de fluidos hidrotermais ainda posteriores ao

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evento hidrotermal principal, sugerindo a existência de um segundo sistema hidrotermal de menor

intensidade sobreposto, formado em regime rúptil de deformação. Composições isotópicas de enxofre

obtidas em sulfetos (calcopirita e pirita) das zonas de minério (δ34

S = 4,22 a 5,07‰) e da alteração

tardia (δ34

S = 4,67 a 4,79‰) possibilitaram a correlação da origem do enxofre com fluidos

evaporativos residuais, com possível contribuição de enxofre magmático ou lixiviado de rochas ígneas

a partir de mecanismos de interação fluido-rocha.

Palavras chaves: Depósitos de oxido de Fe-Cu-Au, Metalogenia, Crátons Amazônia

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1. Introdução

A Província Carajás (Fig. 1), localizada na porção sudeste do Cráton Amazônico e do

Estado do Pará, corresponde a um núcleo crustal mesoarqueano estabilizado durante o

Neorqueano, sendo hoje considerada uma das províncias mais importantes do planeta

(Teixeira et al. 1989, Tassinari 1996, Tassinari & Macambira 1999, 2004). A província é

dividida em dois domínios tectônicos denominados de domínio Rio Maria localizado ao sul, e

o domínio Carajás ao norte (Santos, 2003; Vasquez et al., 2008).

O domínio Rio Maria corresponde a um terreno do tipo granito-greenstone e hospeda

depósitos de ouro orogênico (Groves et al. 1998; Goldfarb et al. 2001) além da principal

reserva de tungstênio da Amazônia (Cordeiro et al. 1988). O domínio Carajás compreende

sequências metavulcano-sedimentares depositadas sob um substrato predominantemente

mesoarqueano e detém uma grande diversidade de diferentes tipos de depósitos, que inclui

reservas gigantes de ferro de alto teor (Lobato et al. 2005; Dardenne e Schobbenhaus, 2001),

Cu-Au polimetálicos (Tallarico et al, 2004; Xavier et al., 2005) , ouro- EGP (Meireles &

Silva 1988; Tallarico et al. 2000), cromo-níquel-EGP (Suita, 1988; Diella et al., 1995),

manganês (Dardenne & Schobbenhaus, 2001), ouro laterítico (Zang e Fyfe 1993, Angélica

1996), níquel laterítico (Klein & Carvalho 2008) e bauxita (Kotschoubey e Lemos, 1985). O

Domínio Carajás contém a maior quantidade conhecida de depósitos de óxido de ferro-cobre-

ouro (iron oxide-copper-gold – IOCG) do mundo, sendo a única que reúne depósitos desta

classe de idades arqueanas de alta tonelagem, exemplo dos depósitos: Igarapé Bahia/Alemão

(219 Mt @ 1.4 wt.% Cu e 0.86 g/t Au; Tallarico et al. 2005), Sossego (355 Mt @ 1.1 wt.%

Cu e 0.28 g/t Au; Lancaster e Oliveira et al. 2000), Salobo 1.112 Bt @ 0.69 wt.% Cu e 0.43

g/t Au; VALE, 2012) e Cristalino (500 Mt @ 1.0 wt.% Cu e 0.3 g/t Au; Huhn et al. 1999).

Além dos depósitos IOCG de alta tonelagem, o domínio Carajás hospeda também

inúmeros depósitos IOCG de baixa tonelagem (< 100 Mt) localizados ao longo ou próximos

a dois grandes conjuntos de sistemas de falhas: o sistema transcorrente Cinzento de direção E-

W localizado ao norte do domínio, e a zona de cisalhamento sinistral Canaã de direção

WNW-ESSE ao sul (Pinheiro e Holdsworth, 2000; Pinheiro, 2013). A zona de cisalhamento

Canaã é definida como um importante corredor estrutural de aproximadamente 130 km de

extensão no denominado de Cinturão Sul do Cobre (Moreto et al., 2015a,b), situado no

contato sul entre a sequencia metavulcano-sedimentar (Supergrupo Itacaíunas) e o

embasamento. O Cinturão Sul do Cobre aloja depósitos IOCG de classe mundial como o

depósito Sossego (Monteiro et al., 2008; Moreto et al., 2015a), Alvo 118 (Torresi et al., 2012)

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e Cristalinos (Huhn et al., 1999) assim como, diversos outros depósitos satélites como Bacaba

(Augusto et al., 2008; Moreto et al., 2011), Castanha (Pestilho et al., 2011), Visconde (Silva

et al., 2014), Bacuri (Melo et al., 2014) e Jatobá (Craveiro et al., 2012).

Embora depósitos com características relacionadas à classe IOCG tenham ampla

distribuição no espaço e no tempo, e corra em todo os continentes (Williams et al., 2005) sua

gênese ainda permanece controversa e em debate por muitos pesquisadores, uma vez que,

esses depósitos podem ocorrer em mais de um tipo de ambiente tectônico. Adicionalmente,

estudos de isótopos estáveis e radiogênicos apontam diferentes fontes para fluidos e minério

em diferentes sistemas. Ainda hoje, não há um modelo genético único que consiga explicar a

diversidade de atributos desta classe de depósitos, o que resultou numa divisão de tipos de

depósitos IOCGs em magmático, magmático-hidrotermal (híbrido) e não-magmático (Hunt et

al., 2007).

O depósito IOCG Pantera localiza-se na região de Ourilândia do Norte no Domínio

Rio Maria, próximo ao limite com o Domínio Carajás. Similar a outros depósitos IOCG do

setor sul do Domínio Carajás, o depósito Pantera também se encontra condicionado às

estruturas da zona de cisalhamento regional WNW-ESE Canaã (Figura 1). No entanto,

diferentemente de seus análogos, representa a primeira ocorrência registrada desta classe de

depósitos em rochas do Domínio Rio Maria, o que pode vir a ampliar as opções de exploração

para esta classe de depósitos na província.

Este trabalho reúne estudos petrográficos, geocronológicos e dados de isótopos de

enxofre (34

S) para o deposito Pantera, visando contribuir no entendimento da evolução

metalogenética e de possíveis fontes para componentes formadores de minério na Província

Carajás. Este estudo também poderá fornecer subsídios para a prospecção de depósitos

cupríferos no domínio Rio Maria assim como, estabelecer correlações com sistemas análogos

do setor sul do domínio Carajás.

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2. Contexto Geológico Regional

2.1 Província Carajás

A Província Carajás, situada na porção sudeste do Estado do Pará, corresponde ao

núcleo crustal mais antigo e mais bem preservado do Cráton Amazônico (Vasquez et. al.,

2008). Hoje representa a principal província mineral do país e uma das mais importantes do

mundo, e tem como características principais idades dominantemente Arqueanas e

estruturação disposta segundo a direção WNW-ESE (Santos, 2003).

A província Carajás (Figura 1) é dividida em dois blocos tectônicos considerados

distintos e limitados por uma descontinuidade crustal regional de direção E-W: o domínio Rio

Maria localizado ao sul e o domínio Carajás ao norte da província (Vasquez et al. 2008). O

domínio Rio Maria é caracterizado por crosta juvenil mesoarqueana (3,0 a 2,86 Ga) com

predominância de faixas greenstone belts, granitos e granitoides do tipo TTG e associações

sanukitoides (Dall’Agnol et al. 2006, Oliveira et al. 2009, 2010, Almeida et al. 2011).

Diferentemente, o domínio Carajás (Fig. 1) possui crosta continental predominantemente

Neoarqueana (2,76-2,73 Ga), caracterizada por sequências metavulcano-sedimentares

(Supergrupo Itacaiúnas) formadas sobre um substrato mesoarqueano, e cortada por

granitoides gerados em 2,7 Ga, 2,5 Ga e 1,88 Ga Ga (Vasquez et al. 2008).

Por existir importantes diferenças entre o domínio Rio Maria e o domínio Carajás,

tanto em relação à evolução tectônica quanto ao magmatismo granítico, o limite entre esses

dois domínios permanece incerto (Dall’Agnol et al., 2006). Nesse sentido, a porção sul do

domínio Carajás foi denominada como Subdomínio de Transição e interpretada como uma

possível extensão do domínio Rio Maria, porém afetada pelos eventos neoarqueanos

responsáveis pela instalação da Bacia Carajás (Dall’Agnol et al. 2006; Vasquez et al, 2008,

Feio et al. 2013).

Novos dados geológicos, geocronológicos e isotópicos realizados em diversos estudos

recentes em distintas áreas do subdomínio de transição (Oliveira et al., 2010; Feio et al., 2013;

Moreto et al., 2011; Gabriel 2012; Silva 2012; Santos 2012; Santos 2013; Teixeira 2013),

evidenciam uma evolução distinta do domínio Rio Maria, enfraquecendo a hipótese de que o

subdomínio de transição pudesse ser uma simples extensão do domínio Rio Maria. Deste

modo, levando-se em consideração os novos dados, o subdomínio de transição foi subdivido

em dois novos distintos domínios: Sapucaia na porção sul, e Canãa dos Carajás na porção

norte (Fig. 1) (Dall’Agnol et al.2013).

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O domínio Sapucaia (Fig. 1) possui idades entre (3,0 e 2,7 Ga) sendo composto por

suítes TTGs, rochas sanukitoides, granitos subalcalinos e leucogranitos (Gabriel e Oliveira,

2014; Santos et al, 2013; Silva, 2013; Santos e Oliveira, 2016). O domínio Canãa dos Carajás

(Fig. 1), por sua vez, possui idades entre (3,0 e 2,72 Ga) sendo dominado por granitos strictu

sensu e associações charnokíticas com raras ocorrências de TTGs (Feio et al., 2012; Santos et

al., 2013).

Importantes zonas de cisalhamento transcorrentes denominadas Carajás, Cinzento e

Canaã, foram identificadas e estudadas na província Carajás. As zonas de cisalhamento

Carajás e Cinzento constituem dois feixes de falhas de direção E-W, localizadas nas porções

central e norte, respectivamente do domínio Carajás, e são derivadas de eventos de reativação

regional rúptil tardio que teriam afetado a trama dúctil do embasamento, com ativação em ca.

2,7 Ga e 2,5 Ga (Pinheiro e Holdsworth, 2000). A zona de cisalhamento sinistral transpressiva

Canaã de direção WNW-ESE, localiza-se a sul do sistema Carajás e do Supergrupo

Itacaiúnas, e deforma as rochas do domínio Rio Maria com um aumento de intensidade de

deformação de Sul para Norte (Pinheiro, 2013).

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Figura 1: Mapa Geológico da Província Carajás, mostrando o domínio Carajás ao norte e parte do

domínio Rio Maria a sul, com a localização do depósito IOCG Pantera e outros importantes depósitos

IOCG no domínio Carajás (Vasquez et al., 2008)

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2.2 Domínio Rio Maria

O domínio Rio Maria (Dall’Agnol et al., 2006, Oliveira, et al., 2009, Almeida et al.,

2013; Santos et. al., 2016; Silva et al., 2017) constitui um terreno granito-greenstone belts

arqueano (Fig. 2) que contém as rochas mais antigas do Cráton, correspondendo a dois

períodos reconhecidos de adição de crosta juvenil entre: 3,05-2,96 Ga e 2,87-2,85 Ga (Santos,

2003; Vasquez et al., 2008).

O evento mais antigo (3,05 – 2,90 Ga) compreende a formação das faixas greenstone

belts agrupadas no Supergrupo Andorinhas: Grupos Babaçu e Lagoa Seca (Macambira e

Lancelot 1991; Pimentel e Machado, 1994; Avelar 1996; Souza et al., 2001, Rolando e

Macambira, 2003; Lafon et al., 2000), e a um intenso magmatismo sin-tectônico (2,99 – 2,92

Ga) típico das séries TTG trondhjemíticas arqueanas representados pelo Tonalitos Arco Verde

e Caracol (Macambira e Lafon 1995; Rolando e Macambira 2003, Almeida et al., 2008,

2011). O segundo evento reúne os greenstones belts tipo Tucumã, São Félix, e Gradaús (2868

±8Ma, Avelar et al., 1999), granitoides TTG tipo Água Fria, Parazônia e Mogno em adição a

granitoides cálcio-alcalinos tipo Rio Maria e Xinguara, Mata-Surrão e Guarantã todos gerados

entre 2,88 a 2,85 Ga (Pimentel e Machado, 1994; Macambira et al., 2000). Essas unidades

Arqueanas são intrudidas por granitos tipo-A e diques associados à suíte Jamon (1885± 32

Ma; Avelar et al. 1999).

Interpreta-se que o magmatismo TTG foi sin a tardi-orogênico em relação à formação

das sequencias de greenstone belts, com idades entre 2,99-2,96 Ga para este último (e.g.,

Grupo Serra do Inajá) e em 2, 99-2, 95 Ga para o Tonalito Arco (Pimentel e Machado, 1994;

Macambira e Lafon, 1995; Althoff et al., 2000; Souza et al., 2001; Dall’Agnol et al., 2006)

Acredita-se que a fase inicial de geração de crosta Mesoarqueana que resultou na

formação dos greenstone belts e granitoides associados, possa ter evoluído em um ambiente

de bacias marginais e arcos de ilhas, envolvendo a adição de material mantélico com magmas

parentais, a partir da fusão parcial de komatiítos, toleiítos (Souza et al., 2001, Althoff et. al.,

2000, Leite et al., 2004).

O segundo evento de acresção crustal (ca. 2,87 – 2,86 Ga) é marcado pela geração de

um grande volume de rochas vulcânicas máficas a ultramáficas incluídas nos Supergrupos

Tucumã, São Félix e Gradáus (Araújo & Maia, 1991; 2868 ±8Ma; Avelar et al., 1999) e por

um magmatismo também de afinidade trondhjemítica que gerou o Tonalito Parazônia

(2858Ma, Pimentel e Machado, 1994), trondhjemitos Mogno (2871Ma, Pimentel e Machado,

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1994 e Água Fria (2864 ±21Ma; Leite et al., 2001). Esses também estariam associados

temporalmente a um volumoso magmatismo cálcio-alcalino dominantemente granodiorítico e

monzogranítico representado pelo Granito Xinguara e Granodiorito Rio Maria. Análises

geoquímicas dos granitoides deste segundo evento acrescionário corroboram com fontes

compatíveis com derivação de fusão parcial de crosta oceânica toleiítica transformada em

granada-anfibolito, com interação de crosta continental já existente (Souza et al., 2001, Leite,

2001).

Quanto à estruturação do terreno Rio Maria, é descrita foliação regional de direção E-

W com variações para WNW-ESE, WSW-ENE e NW-SE, e mergulhos moderados a fortes,

em geral para sul. A deformação é heterogênea, com rochas apresentando bandamento

magmático preservado e outras com bandamento gnáissico, foliação verticalizada, lineação

sub-horizontal, dobras e zonas de cisalhamento (Santos, 2003; Vasquez, 2008).

Estudos geocronológicos realizados para os granitoides do domínio Rio Maria em

adição aos dados geocronológicos disponíveis, demonstram que os eventos responsáveis pela

formação dos granitos no domínio Rio Maria se concentraram entre 2,87-2,86 Ga (Almeida et

tal., 2013). Como observado em outros terrenos arqueanos, o principal intervalo de tempo em

que ocorre a formação de granitoides sucede o magmatismo dominante TTG concentrado em

2,98 e 2,92 Ga a exemplo do Dominio Rio Maria.

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Figura 2: Mapa geológico do domínio Rio Maria apresentando as diferentes associações tectônicas e

os principais litotipos (Vasquez et al.,2008).

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2.2.1 Suíte sanikitoide Rio Maria

O termo sanukitoide foi introduzido pela primeira vez por Shirey e Hanson (1984)

para nomear um grupo de granitoides de geoquímica controversa que refletem enriquecimento

tanto em elementos compatíveis como Mg, Ni e Cr como também em elementos

incompatíveis como LILE (Ba, Sr e K) e ETRs em qualquer conteúdo de sílica. Os termos

desta suíte de rochas de alto-magnésio compreendem granodiorito, tonalito e diorito.

Estudos petrogenéticos apontam que a gênese destas rochas esta relacionada direta ou

indiretamente a fusão de crosta oceânica basáltica com alguma forma de subducção (Martin,

1999; Smithies e Champion, 2000; Smithies et al., 2003). A refusão de peridotito da cunha do

manto previamente metassomatizado em adição a componentes da fusão de placa em

ambiente de subducção, é considerado como modelo genético mais provável pra formação de

sanukitoides aqueanos (Shirey e Hanson, 1984; Stern, 1989; Rapp et al.,1999; Smithies e

Champion, 1999).

A suíte sanukitoide Rio Maria ocorre por extensas áreas do domínio Rio Maria, e é

constituída pelo Granodiorito Rio Maria e por rochas intermediárias (e.g., quartzo diorito) e

enclaves máficos (Oliveira et al., 2009, 2011). Ocorrências destas rochas foram registradas

em diferentes áreas do domínio Rio Maria, Redenção (Althof et al., 2000), Xinguara (Souza et

al., 2001; Leite et al., 2004), Bannach (Oliveira et al., 2005, 2006, 2009, 2011) e Ourilândia

do Norte (Santos e Oliveira, 2016; Silva et al., 2018).

A composição modal dominante das rochas da suíte sanukitoide Rio Maria, varia de

granodiorítica à monzogranítica na região de Bannach (Oliveira et al., 2009), granodiorítica a

quartzo diorítica na região de Xinguara (Leite et. al., 2004) e granodiorítica a tonalítica com

quartzo monzonito subordinado na área de Ourilândia do Norte (Santos e Oliveira, 2016).

Estas rochas incluem enclaves máficos centimétricas a decimétricas que sugerem processos de

magma mingling, entre o líquido predominantemente granodiorítico e líquido de composição

máfica a intermediária (Oliveira et al., 2009).

As rochas pertencentes à suíte sanikitoide Rio Maria apresentam aspectos

mineralógicos, petrográficos e geoquímicos compatíveis com às das rochas da série

sanukitoide (Oliveira et al., 2009, 2011). Possuem tendências cálcio-alcalinas, elevados

valores de Mg#, Cr, Ni além de altos conteúdos de elementos LILE (large ion lithofile

elements) e elementos terras raras leves (ETRL), e moderado a forte fracionamento de

elementos terras raras pesados (ETRP) (Medeiros e Dall’Agnol, 1988; Souza, 1994; Althoff

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et al., 1995, 2000; Leite, 2001; Leite et al., 2001, Oliveira et al., 2009; Santos e Oliveira,

2016)

2.2.2 Granitoides da região de Ourilândia do Norte

Estudos recentes realizados na região de Ourilândia do Norte (Santos et al., 2013;

Santos e Oliveira et al., 2016; Silva et al., 2018) têm resultado em importantes avanços no

conhecimento sobre as associações magmáticas e feições estruturais da região de transição

entre o Domínio Carajás e o Domínio Rio Maria.

Santos e Oliveira (2016) definiram dois grupos de granitoides na região de Ourilândia

do Norte, porção norte do domínio Rio Maria. Os grupos de granitoides foram definidos com

base em estudos de petrográficos e litogeoquímicos e compreendem quartzo monzondiorito,

tonalito e granodiorito (~2,88 e 2,87 Ga; Santos et al., 2013) de afinidade sanukitoide (strictu

sensu) correlacionados a suíte sanukitoide Rio Maria.

Esses granitoides são texturalmente homogêneos, cinza com tons esverdeados

decorrente da saussuritização do plagioclásio, inequigranulares e de granulação que varia de

fina à grossa. Estas rochas são caracterizadas por deformação heterogênea e variam de

fracamente deformada com texturas ígneas muito bem preservadas a fortemente deformadas

com trend de foliação NE-SW e textura milonítica a protomilonítica decorrente do aumento

da deformação próximo a zonas de cisalhamento e limites de corpos (Santos e Oliveira,

2016).

Segundo Santos e Oliveira (2016) a deformação dos granitoides da região de

Ourilândia do Norte, estaria relacionada ao encurtamento horizontal N-S, ligado à deformação

regional em regime tectônico transpressional. Esse evento teria afetado a Província Carajás

em decorrência de sucessivos eventos de acresção crustal (Althoff et al., 2000; Almeida et al.,

2011). Este evento regional contribuiu para a deformação destas rochas, incialmente em

estado magmático e subsequentemente em estado sólido.

No recente trabalho de Silva et al., (2018) foram individualizados três novos grupos de

granitoides arqueanos (Fig. 3) na porção leste da região de Ourilândia do Norte e

correspondem i) biotita monzogranito, com fácies equigranular e heterogranular com

granodiorito subordinado; ii) epidoto-biotita granodiorito e iii) granitoides (trondhjemito e

granodiorito) porfiríticos. Geoquimicamente os granitoides podem ser agrupados em i) suíte

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Fe-K formada pelo biotita monzogranito e ii) suíte de Mg-K composta pelos sanukitoides

epidoto-biotita granodiorito e granitoides porfiríticos.

Estruturalmente, a porção central destes plutons apresenta baixa deformação enquanto

as bordas são marcadas por zonas de cisalhamento com estruturas magmáticas e miloníticas

com direção principal ENE-WSW e mergulho subvertical. As feições estruturais,

microdeformacionais, lineações e indicadores cinemáticos sugerem um regime transpressional

sinistral que produziu sistemas semelhantes à strike-slips dúcteis e zonas de cisalhamento de

empurrão (Araújo e Maia, 1991; Pinheiro e Holdsworth, 1997).

Figura 3: Mapa geológico de Ourilândia do Norte mostrando as associações litológicas e

características estruturais (modificado de Silva et al., 2018).

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3. Métodos Analíticos

3.1 Trabalho de campo, Petrografia e MEV

O trabalho de campo baseou-se na descrição detalhada de três testemunhos de sondagem

(PKC-PANT-DH001, PKC-PANT-DH003 e PKC-PANT-DH007) do depósito Pantera, da

empresa Vale S.A localizada no município de Carajás, no estado do Pará. Os estudos

petrográficos em luz transmitida e refletida foram realizados com base em 24 lâminas

delgadas polidas, se concentraram no reconhecimento das principais rochas hospedeiras, nos

tipos, estilos e das zonas de alteração hidrotermal e da mineralização, assim como nas

relações entre as paragêneses hidrotermais e de minério e a identificação de feições estruturais

(dúcteis ou rúpteis), incluindo microestruturas de deformação. Tanto os estudos petrográficos

como as análises em Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) acopladas a EDS (Energy

Dispersive X-Ray Spectrometer) foram realizadas no Instituto de Geociências IGe da

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Os estudos em MEV foram priorizados em

fases minerais acessórias não reconhecidas no microscópio óptico como fases, inclusões

minerais ou mesmo elementos traços em minerais de minério.

3.2 Geocronologia U-Pb

Para a determinação das idades de cristalização dos principais litotipos hospedeiros do

depósito Pantera, foram selecionadas amostras granodiorito (Pt07-147m) e quartzo diorito

porfirítico (Pt01-106 m) das regiões menos deformadas e alteradas hidrotermalmente. O

processo de separação dos cristais de zircão iniciou com britagem, moagem e bateamento

manual para a concentração gravimétrica dos grãos pesados com posterior separação

magnética com imã, separação magnética através do separador isodinâmico Frantz e

separação manual dos grãos em lupa binocular. Em seguida foram montados em resina epóxi,

lixados e polidos para análise. As montagens foram metalizadas com carbono para obtenção

de imagens de catodoluminescência (CL) em MEV. As análises U-Pb por LA-SF-ICP-MS

foram feitas no laboratório de Geologia Isotópica da Unicamp por espectrômetro de massa

Thermo Element-XR com laser acoplado Excite 193 com spot 25 µm de diâmetro, utilizando

material de referência 91500 e Peixe como material de referência secundário (Navarro et al.,

2015). Os cálculos de idade foram realizados no Isoplot® 3.0 (Ludwig, 2003), e os erros para

as razões isotópicas são apresentados em 2σ.

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3.3 Isótopos de Enxofre

Valores de isótopos estáveis de enxofre (δ34

S‰) foram obtidos em concentrados de

calcopirita (7 amostras) e de pirita (1 amostra) do minério de cobre do depósito Pantera. As

amostras foram preparadas no laboratório de Preparação de Amostras do IGe/Unicamp. As

análises foram realizadas no Laboratório de Isótopos Estáveis (LAIS) do Instituto de

Geociência da Universidade de Brasília. As análises isotópicas de enxofre foram feitas a partir

da produção de SO2 através da combustão dos sulfetos em cápsulas de estanho a 1080 ⁰C com

excesso de oxigênio. A separação de SO2 foi feita em cromatógrafo de gás. Os valores de δ34

S

tem erro associado de 0, 2‰ e foram referidos em relação ao padrão CDT (Canion Diablo

Troillite).

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4. Resultados

4.1 Rochas hospedeiras

O depósito Pantera (Figs. 4, 5 e 6) é hospedado predominantemente por um corpo

intrusivo de composição granodiorítica, variavelmente deformado e hidrotermalizado (Fig

7A). Também são reconhecidos diques de diabásio (Fig. 7B), quartzo diorito porfirítico (Fig

7C) e quartzo feldspato pórfiro (Fig. 10A) que intrudem o granodiorito, e que também podem

apresentar zonas de alteração hidrotermal bem desenvolvidas. As zonas de mais alta

deformação reconhecidas nas rochas hospedeiras apresentam-se intimamente relacionadas às

zonas de alteração hidrotermal mais intensas, sugerindo forte controle estrutural no depósito.

Figura 4: Seção geológica esquemática do depósito Pantera, com a disposição dos litotipos e a

distribuição das diferentes zonas de alteração hidrotermal reconhecidas. Elaborado a partir das

descrições dos testemunhos pkc-pant-dh001 e pkc pant-dh007 (modificado de Vale)

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Figura 5: Litotipos e zonas de alteração hidrotermal caracterizados no depósito Pantera, descritos a

partir do testemunho pkc-pant-dh001. A) Granodiorito com alteração sódico-cálcica (ab+act) de

intensidade moderada localizado nas regiões menos deformadas e mais distais do depósito. B) Dique

de diabásio com alteração cálcica (act±ab±cc) em contato brusco com o granodiorito. C) Quartzo

diorito porfirítico com alteração cálcica (act±ab) pervasiva. D) Fronts de alteração cálcica no

granodiorito previamente alterado por alteração sódico-cálcica. E) Granodiorito com foliação

milonítica penetrativa definida por biotita, quartzo (alteração potássica e silificificação) e com

calcopirita disseminada. F) Brecha hidrotermal com matriz preenchida por actinolita e magnetita

(alteração férrico-cálcica) e com fragmentos do granodiorito hospedeiro. G) Veio constituído por

quartzo, feldspato potássico, calcopirita e pirita (estágio de pós-mineralização). H) Vênula com

mineralização cuprífera sobreposta em zona de alteração sódico-cálcica pervasiva. I) Mineralização de

cobre na forma de brecha hidrotermal com predominância de actinolita e magnetita. J) Mineralização

de cobre como sulfetos disseminados longo da foliação associada à alteração potássica e silicificação

(bt+hast+qtz±kfs). L) Granodiorito com alteração sódico-cálcica (ab+act) sobreposta por alteração

potássica (bt) incipiente, proximal às zonas mineralizadas. M) Granodiorito com alteração cálcica

(act±ab) com forte controle estrutural definindo planos de foliação com incipiente alteração potássica e

silicificação (bt+hast+qtz±kfs) sobreposta. N) Granodiorito com alteração cálcica (act±ab) pervasiva.

O) Mineralização de cobre na forma de brechas com calcopirita+magnetita±biotita. P) Granodiorito

com alteração potássica e silicificação (bt+hast+qtz±kfs). Abreviações: ab = albita, act = actinolita,

cc = carbonato,cpy = calcopirita, bt = biotita, hast = hastingsita, kfs = feldspato potássico, mag =

magnetita, py = pirita, qtz = quartzo e scp = escapolita.

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Figura 6: Litotipos e zonas de alteração hidrotermal caracterizados no depósito Pantera, descritos a

partir do testemunho pkc-pant-dh003. A) Granodiorito com alteração potássica e calcopirita

disseminada definindo a foliação. B) Brecha hidrotermal com calcopirita e magnetita e halo de

actinolita. C) Veio do estágio de pós-mineralização contendo feldspato potássico, quartzo e pirita

disseminada. D) Dique de diabásio com alteração cálcica pervasiva. E) Veios com apatita+actinolita

de granulação grossa. F) Granodiodiorito com alteração potássica e silicificação (bt+qtz+hast ±kfs).

Abreviações: ab = albita, act = actinolita, cc = calcita, kfs = feldspato potássico, hast = hastingsita,

mag = magnetita e qtz = quartzo.

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4.1.1 Granodiorito

Em porções mais preservadas da alteração hidrotermal e menos deformadas do

depósito, o granodiorito é rosa claro com granulação média, e textura equigranular (Figs. 5A,

L e 7A). A assembleia mineral primária é formada por quartzo, plagioclásio, k-feldspato e

epidoto (fig. 8A). Albita e actinolita ocorrem como minerais hidrotermais. Possui foliação

espaçada definida por actinolita que por vezes molda-se em torno de cristais de plagioclásio

(Fig 8B). O quartzo frequentemente apresenta estruturas núcleo-manto e extinção ondulante

(Fig. 8C).

Figura 7: Principais feições macroscópicas das rochas hospedeiras do depósito Pantera. A)

Granodiorito foliado localizado nas regiões menos deformadas do depósito com alteração sódico-

cálcica (actinolita + albita) de intensidade moderada. B) dique de diabásio de textura afanítica com

alteração cálcica (actinolita ± albita ± carbonato) pervasiva. C) dique de quartzo diorito porfirítico com

foliação penetrativa e alteração sódico-cálcica (actinolita ± albita) pervasiva. Contato abrupto com o

granodiorito. Abreviação mineral: Ab = Albita, Act = Actinolita e Qtz = Quartzo.

Nas regiões de mais alta deformação, o granodiorito apresenta-se intensamente

alterado hidrotermalmente e desenvolve foliação milonítica a muito localmente

ultramilonítica definida por minerais hidrotermais (e.g., biotita) (Fig. 8D). Nestas regiões é

possível reconhecer evidências de deformação, caracterizadas por geminação de deformação

(Fig. 8E), formação de subgrãos, migração de borda de grão com contato abaulado bulging

(Fig. 8F), dobras suaves e raras microfraturas em feldspatos (Fig. 8G). O quartzo exibe

migração de borda de grão com contato ameboide e bandas de deformação (Fig.8H).

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Figura 8: Aspectos mineralógicos, texturais e microestruturas do granodiorito hospedeiro em regiões

menos deformadas (A, B, e G) e de maior deformação (D, E, F e H). A) Associação mineral do

granodiorito formada por quartzo, actinolita e albita. B) Actinolita definindo a foliação e manteado

cristais de albita. C) Estrutura núcleo-manto em quartzo com extinção ondulante evidenciando

recristalização dinâmica. D) Transição de zona milonítica (porção superior) para zona ultramilonítica

(porção inferior) de foliação disjuntiva definida por biotita hidrotermal. E) Plagioclásio com

geminação de deformação (twinning deformation). F) Migração de borda de grão (bulging) em albita.

G) Albita com fratura preenchida por minerais da matriz (quartzo e actinolita). H) Recristalização

dinâmica de quartzo por migração de borda de grão (bulging) com contato ameboide. Abreviação

mineral: Ab = albita, Act = actinolita, Bt = Biotita, Kfs = feldspato potássico e Qtz = Quartzo.

4.1.2 Dique de Quartzo diorito porfirítico

O dique de quartzo diorito porfirítico é verde escuro a preto-chumbo e possui textura

fírica em matriz de granulação fina. Possui foliação penetrativa e apresenta-se

invariavelmente hidrotermalizado (Fig. 5C e 7C). A assembleia mineral primária é composta

por plagioclásio, quartzo, epidoto e feldspato potássico, e com albita e actinolita como

minerais hidrotermais.

A orientação dos cristais de actinolita hidrotermal define a foliação (Fig. 9A) em uma

matriz recristalizada de granulação fina (0,5 a 1,5 mm) composta essencialmente por

plagioclásio saussuritizado e com quantidades subordinadas de feldspato potássico, quartzo e

epidoto. Os fenocristais são formados predominantemente por plagioclásio tabular

idiomórfico com tamanhos que variam de (3 a 5 mm) com bordas fracamente recristalizadas,

evidenciadas pela formação de subgrãos (Fig. 9B). Feições microdeformacionais comuns

reconhecidas nestas rochas correspondem à formação de subgrãos e estuturas núcleo-manto

em quartzo, flame-perthitics em feldspato potássico (Fig. 9C), actinolita fish (Fig. 9D),

recristalização por migração de borda de grão bulging (Fig. 9E) e dobras suaves (Kinking

bands) em plagioclásio (fig. 9F).

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Figura 9: Principais características mineralógicas, texturais e microdeformacionais do quartzo diorito

porfirítico. A) Foliação milonítica definida por actinolita que molda-se em torno dos cristais de albita.

B) Bordas de albita parcialmente recristalizadas com formação de subgrãos. C) Flame perthites em

feldspato potássico. D) Actinolita pisciforme. E) Migração de borda de grãos (bulging) em albita. F)

Plagioclásio com dobra suave (Kinking Bands). Act = actinolita, Ab = albita, Kfs = feldspato

potássico, Plg = Plagioclásio e Qtz =, Quartzo.

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4.1.3 Dique de Quartzo-feldspato pórfiro

O quartzo feldspato-pórfiro é rosa escuro a vermelho, de granulação fina a muito fina

(0,04 a 0,1 mm), isotrópico, inequigranular com textura porfirítica (Fig. 10A) e pode

apresentar-se alterado hidrotermalmente. A assembleia mineral primária é composta por

quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio, com pequenas quantidades de actinolita e epidoto

hidrotermais (Fig 10B). Os fenocristais compreendem feldspato potássico e plagioclásio (Fig.

10C) com tamanhos que variam entre (2 a 2,5 mm). A composição modal varia entre

sienogranito a monzogranito. É cortado por vênulas preenchidas por quartzo e epidoto com

actinolita que são sobrepostas por vênulas de carbonato (Fig. 10D).

Figura 10: Principais características textturais e microestruturais do quartzo-feldspato pórfiro (A, B, C

e D) e do diabásio (E). A) Quartzo-feldspato pórfiro com alteração potássica (Kfs). B) Assembleia

mineral primária composta por quartzo, feldspato potássico, albita e fenocristais de feldspato

compondo a textura porfirítica. C) Fenocristais idiomórficos de albita e feldspato potássico em meio a

matriz de granulação fina. D) Vênulas tardias preenchidas por actinolita com epidoto, cortada por

vênulas de calcita e vênulas de quartzo. E) Matriz com alteração cálcica (actinolita+calcita±albita)

pervasiva. . Abreviações: Ab = Albita, Act = Actinolita, Kfs = feldspato potássico e Qtz = Quartzo.

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4.1.4 Dique de Diabásio

O diabásio é intrusivo no granodiorito perfazendo contato brusco (Fig 7B), apresenta

intensa alteração hidrotermal, é verde escuro e possui textura afanítica (Fig 5B e 6D). A

assembleia mineral primária é composta principalmente por plagioclásio e piroxênio que

foram intensamente substituídos por carbonato e actinolita hidrotermal, respectivamente. No

entanto, o diabásio preservou a textura subofítica ígnea original (Fig 10E).

4.2 Alterações hidrotermais e mineralização cuprífera

As zonas de alteração hidrotermal são verticalizadas e sua distribuição fortemente

controlada por zonas de cisalhamento. A sequência de alteração hidrotermal em direção às

zonas proximais à mineralização inclui zonas de alteração sódico-cálcica com predominância

de actinolita e albita, cálcica (act±ab), férrico-cálcica (mg+act), seguida por alteração

potássica (bt+hast±kfs) e silicificação, minério cuprífero e alteração clorítica. Os corpos de

minério possuem estruturação vertical a subvertical, ocorrem como brechas, veios, vênulas e

disseminações controladas pela foliação, formados essencialmente por calcopirita, pirita e

abundante magnetita, associados à alteraçã potássica. Veios tardios com predominância de

quartzo + feldspato potássico ± pirita ± calcopirita cortam as zonas de alterações prévias.

4.2.1 Alteração Sódico-Cálcica

A zona de alteração hidrotermal mais distal às zonas mineralizadas reconhecida no

depósito Pantera é representada por alteração sódico-cálcica composta essencialmente por

actinolita + albita, que afeta todas as rochas hospedeiras do depósito. A alteração sódico-

cálcica é melhor observada em regiões menos deformadas do granodiorito, apresentando

intensidade moderada (Fig. 5A), e no quartzo diorito porfirítico onde ocorre de forma

pervasiva (Fig 5C). No entanto, a textura e a associação mineral primária destas rochas

permaneceram parcialmente preservadas. A hornblenda ígnea é substituída por actinolita

hidrotermal e tanto o plagioclásio quanto o feldspato alcalino exibem aspecto túrbido e são

substituídos parcialmente nas bordas por albita hidrotermal (Fig. 11A, B).

Em porções restritas e proximais à mineralização, a alteração sódico-cálcica propicia

a formação de zonas de alteração pervasiva (Fig. 5H), não sendo mais possível reconhecer a

natureza do protólito. A albita torna-se o principal mineral hidrotermal apresentando-se

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recristalizada com granulação muito fina (0,5 mm), e limites de borda com contatos

interlobados a ameboides (Fig. 11C).

Figura 11: Zonas de alteração hidrotermal sódico-cálcica (A, B e C). Cálcica (D e E). Férrico-cálcica

(F). Potássica e silicificação (G, H, I e J) e clorítica (L e M). A) Assembleia de alteração sódico-

cálcica (act+ab) de intensidade moderada das regiões menos deformadas no granodiorito. B) Alteração

sódico-cálcica (act+ab) pervasiva no quartzo-diorito porfirítico. C) Zona restrita de alteração sódico-

cálcica (ab+act) pervasiva no granodiorito. D) Alteração cálcica (act±ab) pervasiva no granodiorito. E)

veio constituído por actinolita + apatita de granulação grossa. F) Fronte de alteração férrico-cálcica

(act+mag). G) Actinolita formada no estágio de alteração cálcica subsitituída por biotita, hastingsita e

magnetita (alteração potássica). H) Alteração potássica com biotita definindo a foliação milonítica. I)

Zona com alteração potássica e silicificação com quartzo recristalizado. J) Substituição parcial das

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bordas de albita por microclínio hidrotermal formado no estágio de alteração potássica. L)

Substituição de actinolita formada no estágio de alteração cálcica por clorita (estágio de cloritização).

M) Substituição da biotita (alteração potássica) através dos planos de clivagem por clorita (estágio de

cloritização). Abraviações: act = actinolita, ab = albita, cpy = calcopirita, chl = clorita, bt = biotita,

hast = hastingsita, kfs = feldspato potássico, mcr = microclínio, mag = magnetita e qtz = quartzo.

4.2.2 Alteração Cálcica

Comparada à alteração sódico-cálcica inicial e distal, a alteração cálcica é

caracterizada por aumento substancial na quantidade de actinolita com quantidades

subordinadas de albita e calcita, assim como pela formação de veios de apatita + actinolita de

granulação grossa localmente. As associações minerais da alteração cálcica cortam as zonas

de alteração sódico-cálcica, e desenvolvem-se a partir de estruturas canalizadas, frontes de

alteração e de forma pervasiva em porções localizadas descritas no granodiorito e também no

dique de diabásio (Fig. 5B).

Em domínios restritos, a alteração cálcica apresenta forte controle estrutural, onde

predomina ao longo de planos de foliação (Fig. 5M) e que evoluem para frontes (Fig. 5D) que

se distribuem de forma pervasiva (Fig. 5N e 11D). Em porções muito restritas do depósito

foram reconhecido veios constituídos por actinolita idiomórfica e apatita recristalizada

caracterizados nesta alteração (Fig. 6E), formando subgrãos e estruturas núcleo-manto (Fig.

11E).

4.2.3 Alteração férrico-cálcica

Este estágio de alteração é representado por um intenso metassomatismo férrico, que

propiciou a formação de zonas enriquecidas em magnetita e actinolita idiomórfica de

granulação grossa. É possível reconhecer esta alteração em regiões milonitizadas e de modo

mais expressivo como brechas hidrotermais (Fig. 5I) onde é possível reconhecer fragmentos

relictos de minerais de alterações prévias (e.g., actinolita e albita) englobados pelas

associações hidrotermais deste estágio (Fig. 5F e Fig. 11F).

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4.2.4 Alteração Potássica e Silicificação

A alteração potássica e silicificação compõe uma assembleia de alteração formada por

biotita + hastingsita ± feldspato potássico acompanhada pela formação de quartzo, e minerais

acessórios constituídos por magnetita, calcopirita e pirita.

A alteração potássica e silicificação corta as zonas de alterações hidrotermais pretéritas

e apresenta forte controle estrutural (Figs. 5E, J) sendo melhor reconhecida ao longo da

foliação milonítica com a predominância de biotita (Fig. 11H), e subordinadamente

hastingsita que substituem actinolita (Fig. 11G). Embora comumente associada a porções

intensamente deformadas, a silicificação com alteração potássica subordinada também é

observada em zonas de menor deformação (Fig. 5L, P, 6F e 11I). De forma menos expressiva

é observada a substituição das bordas de plagioclásio e feldspato potássico por ortoclásio e

microclínio hidrotermais (Fig. 11J).

4.2.5 Mineralização cuprífera

A mineralização de cobre no depósito Pantera é frequentemente reconhecida em zonas

de intensa alteração potássica e silicificação, e ocorre em três estilos principais: (1) o modo

mais expressivo em brechas hidrotermais as quais alojam a maior parte da mineralização, (2)

fracamente disseminada ao longo da foliação milonítica sugerindo controle estrutural e (3) o

menos expressivo na forma de vênulas e veios.

As brechas hidrotermais (Fig. 5I, O e 6B) constituem uma assembleia de minério

formada por calcopirita +magnetita+ pirita ± bornita ± pentlandita ± millerita ± hessita ± prata

± ouro + albita + actinolita + biotita + quartzo + cl-apatita + hastingsita + escapolita + epidoto

+ clorita. A matriz destas brechas é dominada por calcopirita e magnetita com quantidades

menores de pirita (Fig. 12 A, B) e fases acessórias com bornita, pentlandita, millerita, hessita

assim como prata e ouro em fraturas em cristais de calcopirita e de pirita (Figs. 12 C, D).

Minerais hidrotermais de ganga associados ao minério e que compõem matriz compreendem

albita, actinolita, apatita, hastingsita, biotita, escapolita, quartzo, epidoto e clorita (Fig. 12E).

Algumas diferenças sutis foram encontradas em amostras das brechas hidrotermais, que

incluem a presença ou ausência de: (i) biotita ou actinolita como minerais de ganga associadas

ao minério e o (ii) intercrescimento de clorita com pirita.

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A mineralização disseminada ao longo da foliação é constituída por calcopirita (Fig.

12F) com menores quantidades de pirita e magnetita e feldspato potássico (Figs. 5E, J e 6A)

com finos cristais de albita e epidoto que formam halos em torno da mineralização.

Figura 12: Minério cuprífero no estilo de brechas hidrotermais. A) Assembleia de minério composta

por calcopirita, magnetita, pirita intercrescida com clorita e pentlandita. B) Assembleia de minério

composta por calcopirita, magnetita, pirita com apatita associada. C) Assembleia de minério com

calcopirita rica em Ni e Ag e millerita rica em Co e Ag com hessita inclusa. D) Pirita com fraturas

preenchidas por calcopirita e ouro, com apatita associada. E) Minerais de ganga associados ao

minério, com apatita, albita, clorita e biotita com kink bands. F) Minério de cobre disseminado ao

longo da foliação com albita, biotita, epidoto e hastingsita associados. Imagens de luz refletida A, B e

F. Imagens C e D foram obtidas em MEV. Abreviações: au = ouro, act = actinolita ab = albita, ag =

prata, ap = apatita, bt = biotita, co- cobalto, chl = clorita, cpy = calcopirita, hes = hessita, mag =

magnetita, mil = millerita, ni = níquel, pen = pentlandita, py = pirita e qtz = quartzo.

A mineralização de cobre em vênulas e veios possui diâmetro de 1 a 4 cm e, ocorrem

preferencialmente cortando as zonas de alteração sódico-cálcica pervasiva (Fig. 5H)

proximais a mineralização e zonas de alteração cálcica, com actinolita e apatita de granulação

grossa (Fig. 6E). As vênulas podem formar halos de alguns milímetros com escapolita (fig.

13A). Essas vênulas constituem uma assembleia de minério formada por calcopirita + pirita+

quartzo+ albita + escapolita + clorita + hastingsita + actinolita + apatita ± magnetita ±

millerita ± siegenita ± millerita ± hessita ± bornita. O principal mineral de minério é

calcopirita com concentrações subordinadas de magnetita, pirita, bornita (Fig. 13B, C) e fases

acessórias com siegenita, millerita e hessita (Fig. 13D). O minerais hidrotermais de ganga

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associados ao minério constituem albita, hastingsita, actinolita, escapolita, clorita, apatita,

epidoto e quartzo de granulação grossa bordejado por fe-actinolita (Fig. 13E, F).

Figura 13: Minério cuprífero venular. A) Halo de escapolita delimitando a vênula mineralizada. B)

Associação de minério formada por calcopirita, pirita, fe-actinolita e quartzo. C) Assembleia de

minério formada por calcopirita, pirita e fases acessórias de millerita. D) Fases acessórias associadas

ao minério de cobre, millerita, siegenita e hessita. E) Minerais de ganga associada à mineralização

venular com quartzo, fe-actinolita, hastingsita, albita e escapolita. F) Minerais de ganga com epidoto,

actinolita e apatita intercrescidos com calcopirita em veio. Imagens B e C de luz refletida. Imagem D,

foi obtida em MEV. Abreviações: ab = albita, act = actinolita, ap = apatita, chl = clorita, cpy =

calcopirita, ep = epidoto, cpy = calcopirita, fe-act = ferro-actinolita, hes = hessita, hast =

hastingsita, mil = millerita, py = pirita, qtz = quartzo, scp = escapolita e sieg = siegenita.

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4.2.6 Alteração Clorítica

A alteração clorítica é tardia em relação às demais zonas de alteração hidrotermal e

mineralização do depósito. Ocorre de maneira incipiente em zonas distais e proximais da

mineralização, substituindo minerais tais como actinolita e biotita através das bordas, fraturas

ou planos de clivagem (Fig. 11L), bem como minerais de ganga hidrotermais associados à

mineralização (Fig. 11M).

4.2.7 Veios tardios de quartzo + calcopirita +pirita

A alteração tardia é observada essencialmente na forma de veios que cortam todas as

zonas de alteração hidrotermal anteriores. Os veios compõem uma assembleia com quartzo,

calcopirita e pirita envoltos por feldspato potássico (Fig. 6C) e por Fe-actinolita (Fig 5G). Os

cristais de calcopirita e pirita são idiomórficos a subdiomórficos, variam de granulação média

à grossa e comumente apresentam fraturas e textura porosa (Fig.14A, B). Fases acessórias

associadas ao minério incluem quartzo, digenita, millerita e galena (Fig. 14C, D).

Figura 14 Veios mineralizados associados à alteração tardia que cortam o granodiorito. A) calcopirita

e pirita idiomórficos como principais sulfetos da alteração tardia. B) veio mineralizado com pirita,

digenita, calcopirita e quartzo. C) fases acessórias como millerita e digenita inclusas em calcopirita e

actinolita respectivamente associadas à mineralização cuprífera. D) galena associada à calcopirita,

quartzo e Fe-actinolita em veio tardio. Imagens de luz refletida A e B. Imagens C e D foram obtidas

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em MEV. Abreviações: cpy = calcopirita, py = pirita, di = digenita, fe-act = ferro-actinolita, ga =

galena, mil = millerita e qtz = quartzo.

4.3 Isótopos de Enxofre

Composições de isótopos de enxofre (δ34

S) foram obtidos para o depósito Pantera a

partir de 7 amostras de calcopirita e 1 de pirita para a mineralização e veios tardios de quartzo

+ calcopirita + pirita (tabela. 1).

Os valores de δ34

S variam de 4,79 a 4,77‰ para calcopirita de veios, 4,67‰ para

calcopirita dos veios tardios de quartzo + calcopirita + pirita + magnetita, 4,22‰ para

calcopirita venular, 5,07‰ para uma única pirita venular, e de 4,84 a 4,57‰ para calcopirita

de brechas hidrotermais. Os erros associados são de 0, 2‰ (Fig. 15).

Tabela 1 Dados de isótopos de enxofre δ34

S medidos em ‰ (per mil) em sulfetos das zonas

mineralizadas do depósito Pantera obtidos neste estudo.

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Figura 15: Distribuição dos valores de δ34

S dos sulfetos analisados do depósito Pantera.

4.4 Geocronologia U-Pb das rochas hospedeiras

Foram selecionadas amostras do granodiorito (Pt07-147m) e do quartzo diorito

porfirítico (Pt01-106m) das regiões menos deformadas e alteradas hidrotermalmente do

depósito, a fim de determinar a idade de cristalização desses litotipos. O granodiorito (Pt07-

147 m) representa o litotipo que ocorre em maiores proporções em extensão e o único

hospedeiro da mineralização Cu-Au do depósito. Enquanto o quartzo diorito porfirítico (Pt01-

106 m) possui extensão muito restrita e é intrusivo no granodiorito.

Os cristais de zircão do granodiorito (Pt07-147m) possuem cor castanho médio, hábito

bipiramidal a ovóide com terminações arredondadas, tamanhos que variam entre 90 a 850 µm

e razão (largura/comprimento) de 1:1 a 1:3. Em geral apresentam fraturas, por vezes inclusões

que podem sugerir metamitização. Nas imagens de catodoluminescência é possível observar

nítido zoneamento oscilatório concêntrico e, em geral, as bordas possuem mais alta

luminescência do que os núcleos (Fig. 16A). A análise foi realizada com base em 48 cristais

de zircão dos quais 35 foram utilizados para o cálculo da idade final com grau de

concordância acima de >94 % fornecendo um diagrama da concórdia, com linha da discórdia

com intercepto superior mostrando a idade de cristalização U-Pb de 2909 ±15Ma (MSWD =

1.2) (Fig. 17A).

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Os cristais de zircão do quartzo diorito porfirítico (Pt01-106 m) são muito similares

aos do granodiorito (Pt07-147 m) diferindo apenas no tamanho dos grãos. Os cristais de

zircão também possuem cor castanho médio, hábito bipiramidal à ovoide com terminações

arredondadas e tamanhos que variam de 100 a 450 µm e razão (largura/comprimento) de 1:1 a

1:3. Em geral também apresentam fraturas e inclusões. Em imagens de catodoluminescência é

possível observar nítido zoneamento oscilatório com as bordas dos cristais com mais alta

luminescência do que o núcleo (Fig.16B). A análise foi realizada com base em 41 cristais de

zircão dos quais 18 foram utilizados para o cálculo final da idade apresentando grau de

concordância acima de >77% fornecendo um diagrama da concórdia, com linha da discórdia

com intercepto superior mostrando a idade de cristalização U-Pb de 2900 ±10Ma (MSWD =

1.6) (Fig. 17B).

Figura 16: Imagens de catodoluminescência dos cristais de zircão analisados por U-Pb LA-SF-ICP-

MS. A) Cristais de zircão do granodiorito (amostra Pt07-147) com idades Pb206

/Pb207

indicadas. B)

Cristais de zircão do quartzo diorito porfirítico (amostra Pt01-106) com idades Pb206

/Pb207

indicadas.

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Figura 17: Diagrama Pb206

/Pb238

vs. Pb207

/Pb235

.

A) diagrama da concórdia para a amostra do

granodiorito (Pt07-147m) definindo a idade U-Pb concordante a levemente discordante com base em

35 cristais de zircão analisados. B) diagrama da concórdia para a amostra do quartzo diorito (Pt01-

106m) definindo a idade U-Pb de intercepto superior com base em 18 cristais de zircão analisados.

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5. Discussões

5.1 Rochas hospedeiras

5.1.1 Aspectos microdeformacionais

No metamorfismo regional, vários episódios de deformação são responsáveis pela

geração de diferentes tipos de microestruturas de deformação bem como blastese mineral, que

podem ser relacionados às diferentes fases, de acordo com o grau de intensidade da

deformação. Desta forma, elementos como foliação, microestruturas de deformação,

transformações texturais e mineralógicas podem ser critérios para identificação dos diferentes

estágios de deformação.

As microestruturas de deformação preservadas e identificadas nas rochas hospedeiras

do depósito Pantera permite-nos inferir as condições de deformação (e.g., taxa de deformação

e temperatura) as quais foram submetidas. O estudo das feições microdeformacionais das

rochas hospedeiras permitiu atribuir à geração das mesmas ao estado sólido, e a relacioná-las

com domínios de mais baixa a mais alta deformação.

Domínios menos deformados no granodiorito hospedeiro são caracterizados por

foliação milonítica espaçada, definida pela orientação preferencial de actinolita que envolve

os cristais de plagioclásio (Fig. 8B) e por recristalização dinâmica em quartzo, gerada a partir

de processos de deformação por rotação de subgrãos e recuperação (dislocation creep and

recovery; Vernon, 2004). Estes domínios formam estruturas núcleo-manto, com quartzo

reliquiar ao centro com extinção ondulante, rodeado por subgrãos e novos grãos

recristalizados (Fig. 8C). O feldspato apresenta leve recristalização nos limites de bordas com

a formação subgrãos com granulometria muito fina (Fig. 9B), e raras fraturas intragranulares

preenchidas por cristais da matriz, como quartzo e actinolita (Fig. 8G). Em domínios um

pouco mais deformados tanto no granodiorito quanto no quartzo diorito porfirítico, o

feldspato é submetido à recristalização por rápida migração de borda de grão (‘Fast’ Grain-

boundary migration recrystallization) que reflete uma forma mais pronunciada de

abaulamento (bulging) produzindo endentações planares e saliências ao longo dos limites de

grãos (Fig. 8F) e (Fig. 9E). Esse processo pode se promovido por presença de água nos

limites migratórios dos cristais (Vernon, 2004; Mancktelow & Pennacchioni 2004). Estas

feições microdeformacionais reconhecidas podem ter sido geradas em condições de

temperaturas de até 400º - 500º C (Passchier e Trow, 2005).

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Outras microestruturas de deformação reconhecidas nestes domínios correspondem à

geminação de deformação (deformation twinning) gerada por processos de deslocamento de

arrasto (dislocation creep) e recristalização (Fig. 8E), além de kink bands em plagioclásio

(Fig. 9C) e flame perthites (Fig. 9F) em feldspato potassico (Passchier e Trow, 2005). Alguns

indicadores cinemáticos encontrados compreendem actinolita fish (Fig. 9D), estruturas S-C e

porfiroclastos com franjas de pressão constituído por actinolita.

Nos domínios de mais alta deformação pode ser observada a transição de zonas com

foliação miloníticas para zonas com foliação milonítica penetrativa (Fig. 8D) que podem

sugerir condições de temperaturas de até 500º - 700 ºC (Passchier e Trow, 2005). Nestes

domínios, o surgimento de biotita hidrotermal é evidente, e o quartzo é submetido à

recristalização dinâmica por migração de borda de grão (grain boundary migration), onde

parte da borda do grão menos deformado adentra-se pelo cristal mais deformado através do

processo conhecido como abaulamento (bulging) produzindo novos cristais menores em

relação os grãos remanescentes que apresentam hábito ameboide (Passchier e Trouw, 1996)

(Fig. 8H). Nas zonas com foliação milonítica penetrativa, a foliação disjuntiva é definida por

biotita hidrotermal e a granulação da matriz composta por quartzo e feldspato é intensamente

diminuída através de processos de recristalização dinâmica.

5.1.2 Natureza das rochas hospedeiras

Com base em dados recentes disponíveis na literatura, que incluem mapas geológicos

do entorno do munícipio de Ourilândia do Norte (Santos e Oliveira, 2016; Silva et al., 2018),

as rochas hospedeiras do depósito Pantera corresponderiam às unidades da suíte sanukitoide

Rio Maria. Os intervalos de idades obtidas para a suíte sanukitoide Rio Maria em diferentes

regiões do domínio Rio Maria variam entre 2,87 e 2,88 Ga (Macambira, 1992; Pimentel e

Machado, 1994; Dall’Agnol et al., 1999; Rolando e Macambira, 2002, 2003, Oliveira et al.,

2009; Santos et al., 2013).

Contudo os dados geocronológicos obtidos nesse estudo indicam que o granodiorito e

o quartzo diorito porfirítico hospedeiros do depósito Pantera teriam cristalizado em 2909

±15Ma e 2900 ±10 Ma respectivamente, idades essas mais antigas para as descritas para a

suíte sanukitoide Rio Maria

Embora existam as diferenças de idades entre as rochas hospedeiras do depósito

Pantera e os granitoides da suíte sanukitoide Rio Maria, há similaridades entre ambas. Elas

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apresentam composição mineralógica e texturais semelhantes tais como cor, granulação,

foliação penetrativa a não-penetrativa, forte saussuritização do plagioclásio, feições de

microdeformação, presença de epidoto magmático, alto conteúdo de anfibólio (~20-30%) bem

como a associação com corpos menores provavelmente cogenéticos (Dall’Agnol et al., 1999,

Leite et al., 2004; Oliveira et al., 2009; Santos e Oliveira 2016) como o quartzo diorito

porfirítico descrito no depósito.

Os corpos granitoides hospedeiros do depósito Pantera estão inseridos nas

proximidades da área de estudo de Santos e Oliveira (2016), que com estudos petrográficos e

litogeoquímicos puderam definir a afinidade sanukitoide de granitoides na região Ourilândia

do Norte (Fig. 3). Em vista disto, e a partir dos estudos petrográficos, geocronológicos e da

localização da área de ocorrência dos granitoides hospedeiros do depósito Pantera, sugere-se

que essas rochas possam representar um grupo de rochas com possível afinidade também

sanukitoide, assim como as rochas da suíte sanukitoide Rio Maria, porém mais antigas dos

que os já estudados no Domínio Rio Maria.

Moreto et al. (2015) estudou diques de quartzo pórfiro isotrópicos no Cinturão Sul do

Cobre no domínio Carajás similares ao quartzo-feldspato pórfiro descrito no depósito Pantera.

Ambos apresentam granulação fina a muito fina (>0,1 mm), composição mineralógica

formada por quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio e são indeformados. Os diques de

quartzo pórfiro são descritos como associados à corpos subcirculares de rochas subvulcânicas

de pequena dimensão com composição que varia de riodacito a riolito e que forneceram idade

de 1,886±4.2 Ma (U–Pb SHRIMP; Moreto et a., 2015). Diques félsicos de composição

riolítica também foram descritos cortando rochas alteradas hidrotermalmente em vários

depósitos IOCGs na Província Carajás como Sossego, Alvo 118, Bacaba e Bacuri (Torresi et

al., 2011; Moreto et al., 2015b).

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5.2 Evolução do sistema hidrotermal no depósito Pantera

Os estudos dos testemunhos de sondagem e de petrografia, auxiliaram na

reconstituição do zoneamento espacial e temporal das alterações hidrotermais (tabela. 2),

assim como na caracterização do tipo de regime de deformação que ocorreu ao longo da zona

de cisalhamento que condiciona o depósito Pantera. Todas as zonas de alteração hidrotermal

são notoriamente reconhecidas no granodiorito, que é a principal rocha hospedeira do

depósito e o único litotipo hospedeiro da mineralização IOCG. Outros litotipos reconhecidos

no depósito compreendem diques de quartzo diorito porfirítico, quartzo-feldspato pórfiro e

diabásio, afetados por variáveis intensidades de alteração hidrotermal, em particular

alterações sódico-cálcica e cálcica.

As análises das microestruturas de deformação e o reconhecimento das

diferentes estruturas miloníticas no granodiorito hospedeiro, como consequência da instalação

da zona de cisalhamento de direção ENE-WSW subsidiária à zona de cisalhamento regional

Canaã, permitiu defini-la como uma zona de cisalhamento dúctil de deformação heterogênea.

Fraturas e zonas de cisalhamento com trends ENE-WSW, NE-SW e NNE-SSW vêm sendo

descritas na região de Ourilândia do Norte (Santos e Oliveira, 2016; Silva et al., 2018) e são

relacionadas à deformação heterogênea, com possível origem a partir de eventos regionais em

regime transpressional sinistral, como resultado de eventos de acresção crustal na província

Carajás (Althoff et al., 2000; Almeida et al., 2011; Pinheiro e Holdsworth, 1997).

O padrão de zoneamento temporal das alterações hidrotermais do depósito Pantera é

semelhante àquelas reconhecidas em outros sistemas IOCGs no mundo, formados em níveis

profundos a intermediários (Hitzman, 1992). A zona de alteração hidrotermal mais distal

reconhecida no depósito Pantera é representada por alteração sódico-cálcica pervasiva,

formada por albita + actinolita. Afeta todos os litotipos presentes no deposito, e resultou na

substituição de feldspato e hornblenda ígneos por albita e actinolita hidrotermais. Em zonas

distais às zonas mineralizadas, esta alteração apresenta intensidade moderada (Fig. 5A) e se

torna pervasiva em direção aos corpos de minério (Fig 5H). Esta alteração tem sido

caracterizada por alguns autores como de alta temperatura (> 500°C), nível profundo, de

extensão regional e comumente reconhecida em zonas distais dos depósitos IOCGs (Hiztman,

1992, Barton e Johnson, 2004).

A alteração sódico-cálcica é seguida por alteração cálcica, caracterizada por um

aumento substancial na abundância de actinolita (Fig 5N), e ocorre a partir de fronts de

substituição (Fig 5D) e também definindo planos de foliação no granodiorito (Fig 5M).

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Adicionalmente ocorre como veios restritos de apatita e actinolita de granulação grossa (Fig.

E). Zonas com alteração cálcica gradam para zonas com alteração férrico-cálcica representada

por um intenso metassomatismo férrico, que constituem corpos maciços de magnetita com

actinolita de granulação grossa (Fig 5I) com 7,5 m de extensão. Estudos realizados por

Hemley et al. (1986) mostram que a lixiviação de Fe das rochas hospedeiras pode ocorrer em

um intervalo variável de P-T dos fluidos hidrotermais, inclusive durante os estágios de

alteração sódica e potássica, podendo resultar na precipitação de metal associado a esta

última.

O sistema hidrotermal evidência diminuição de temperatura de acordo com as

alterações hidrotermais mais tardias reconhecidas no depósito, tais como alteração potássica e

silicificação, mineralização IOCG e alteração clorítica. A alteração potássica (biotita +

hastingsita ± k-feldspato) e silicificação corta as regiões previamente alteradas do depósito e

mostra forte controle estrutural, tornando-se evidente em regiões deformadas e por vezes

apresentando-se sincrônica à milonitização do granodiorito (Figs. 5E, J), o que pode indicar,

que ambos os processos possam ter ocorrido de maneira simultânea. Hemley et al. (1971,

1980) e Giggenbach (1984) apontam que em rochas graníticas a alteração potássica pode ser

dominante em níveis crustais intermediários a rasos, em zonas de fluxo ascendente possuindo

caráter retrogrado, em contraposição a alteração sódica característica de níveis mais

profundos, que circulam por zonas descendentes ou de aquecimento. Os fluidos responsáveis

pela a alteração potássica desenvolvida em níveis crustais mais rasos podem resfriar, a partir

da interação com rochas hospedeiras mais frias ou mesmo a partir de misturas com fluidos

meteóricos. Assim sendo a interação entre fluidos mais quentes e mais frios, pode ocasionar

mudanças físico-químicas possibilitando a precipitação do minério, o que poderia explicar a

grande parte da mineralização destes depósitos estarem associadas a este tipo de alteração

hidrotermal.

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Tabela 2: Evolução paragenética do depósito Pantera.

A mineralização cuprífera no depósito Pantera também é comumente reconhecida

associada a zonas com alteração potássica e silicificação sendo representada pela a associação

de magnetita com pirita e calcopirita, com concentrações subordinadas de pirita, bornita,

pentlandita, hessita, siegenita, millerita, digenita, prata e ouro. Também se associam aos

sulfetos minerais como apatita, albita, actinolita, biotita, K-feldspato, hastingsita, allanita,

epidoto, escapolita, clorita e quartzo. Os estilos de mineralização variam entre veios e vênulas

fracamente mineralizados, brechas hidrotermais que hospedam a grande parte da

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mineralização, e sulfetos disseminados na foliação. O depósito Pantera apresenta não só um

padrão de zoneamento hidrotermal temporal (alteração sódico-cálcica com albita e actinolita,

veios de apatita com actinolita, corpos maciços de magnetita com actinolita, alteração

potássica e cloritização) como também uma assembleia de minério muito semelhante às dos

corpos de minério do depósito Sossego. Monteiro et. al (2008) estimou temperaturas próximas

a ~300º C para o estágio de mineralização dos corpos Sequeirinho e Sossego. Com base em

similaridades nos tipos e padrões de alteração hidrotermal e mineralização do depósito

Pantera com os corpos de minério Sequeirinho e Sossego (Monteiro et al., 2008), infere-se

que o minério no depósito Pantera teria precipitado sob condições condições moderadas de

fO2 e pH levemente ácido a neutro (Fig. 18), em temperaturas em torno de 300 ºC.

Figura 18: Diagrama de pH versus fO2,300ºC, 1.5 Kbar, aK+=0, mostrando as paragêneses de minério

formadas a partir das condições de evolução de pH e de fugacidade de oxigênio do fluido

mineralizante associado a alteração potássica (Skirrow, 2004).

Os estágios de mineralização em depósitos IOCG evidenciam brusco decréscimo de

temperatura em relação aos estágios iniciais de alteração hidrotermal (ex. alteração sódica

>500 ºC), em decorrência da evolução do sistema hidrotermal que demanda a diminuição de

salinidade e/ou temperatura do fluido, necessária para a diminuição da solubilidade de cobre e

consequente precipitação do minério nestes depósitos. A diminuição da temperatura e

salinidade do fluido pode ocorrer através de misturas entre fluidos que pode ocasionar a

diminuição do conteúdo de Cl- responsável pelo transporte de metais, incluindo o cobre, ou

mesmo pela perda de Cl, que pode ser incorporado por minerais associados aos estágios de

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mineralização tais como anfibólio, apatita, escapolita e biotita, como registrado no depósito

Sossego (Monteiro et al., 2008).

Análises de microscópio eletrônico de varredura (MEV) das zonas mineralizadas no

depósito Pantera mostraram enriquecimento em Ni, Co, Fe, Ag, e Te em sulfetos como pirita

e calcopirita associados a fases ricas ETRs relacionado à presença de monazita, e de Fe e Cl

em minerais de ganga como actinolita, escapolita e apatita. Este padrão tem sido reconhecido

como importante característica não só em depósitos IOCG da Província Carajás, mas também

em outros depósitos IOCG no mundo (Monteiro et. al, 2008, Guimarães, 1987; Zang and

Fyfe, 1995; Tavaza et al., 1999; Huhn et al., 1999; Lindenmayer et al., 2001; Dreher, 2004,

Baker, 1998; Wang e Williams, 2001). Este enriquecimento característico pode refletir a

composição química a de rochas hospedeiras graníticas e/ou máficas-ultramáficas lixiviadas

pelos fluidos hidrotermais ou mesmo fluidos derivados do manto (Johnson e McCulloch,

1995; Groves et al., 2010). Assim sendo, a proximidade do depósito Pantera com rochas

máficas-ultramáficas representadas pelos greenstones belts do Grupo Tucumã e Sapucaia,

poderiam sugerir uma intensa interação entre os fluidos mineralizantes com estas rochas,

podendo explicar assim a elevada concentração desses elementos no minério de depósito

Pantera.

Zonas de alteração clorítica são inexpressivas em regiões distais às zonas

mineralizadas, onde ocorre de maneira incipiente com a substituição de actinolita e biotita.

Torna-se evidente em zonas mineralizadas com a substituição de biotita através de seus planos

de clivagem, ou mais raramente, ocorrendo como cristais hidrotermais idiomórficos de

granulação grossa em vênulas mineralizadas.

Os veios tardios de quartzo + calcopirita + pirita reconhecidos no depósito Pantera

corta todas as zonas de alteração hidrotermal prévias, e pode indicar a circulação de fluidos

ainda posteriores ao sistema hidrotermal principal, sugerindo a possibilidade da sobreposição

de um segundo sistema hidrotermal de menor intensidade, formado em regime rúptil de

deformação. Comumente este estágio tardio é reconhecido na forma de vênula e veios com

quantidades variáveis de calcopirita, magnetita e/ou hematita, geralmente associado à

deformação rúptil e às alterações do tipo hidrolítica/seritização, reconhecidos nos depósitos

Alvo 118 e Bacaba (Torresi et. al., 2012; Augusto et. al., 2008) no Cinturão Sul do Cobre, ou

então associada à alteração potássica e propilítica no depósito Salobo (Melo et. al., 2014).

Este estágio tardio venular é descrito ainda nos depósitos GT-46 (Toledo et. al., 2017) e Grota

Funda (Hunger et. al., 2017) situados no Cinturão Norte do Cobre.

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5.3 Fontes de Enxofre

Com intuito de avaliar as possíveis fontes de enxofre do depósito Pantera em

decorrência da importância deste elemento para a formação do minério, foram realizadas

análises de isótopos de enxofre (δ34

S) em calcopirita (4,22 a 4,84‰, n=5) e, pirita (5,07‰,

n=1) do minério venular e em brecha, e para calcopirita dos veios tardios de quartzo +

calcopirita + pirita (4,67 a 4,79‰, n=2). Os valores de δ34

S para os sulfetos do depósito

Pantera se sobrepõem considerando o erro associado.

Há poucas variações nos valores de δ34

S, com um intervalo de 4,22 a 4,84‰ para

calcopirita do minério venular, brechas e veios tardios de quartzo + calcopirita + pirita e de 5,

07‰ para pirita venular, com erro associado de 0,2‰. Dadas às pequenas variações nos

valores de δ34

S e ao pequeno erro associado, adimite-se uma única fonte de enxofre para o

minério do depósito pantera, indicado pela homegeneidade isotópica.

O depósito Pantera exibe valores e isótopos de enxofre mais pesado do que o esperado

para fontes mantélicas (δ34

S = 0 ± 1‰; Eldridge et al. 1991). Os intervalos de valores obtidos

para os sulfetos do depósito Pantera (δ34

S = 4,22-5,07‰) são compatíveis com o esperado

para sulfato reduzido inorganicamente a partir da evaporação da água do mar no arqueano

(δ34

S ~ +3 a +6‰. Strauss, 1993). Sistemática Cl/Br – Na/Cl nos depósitos Igarapé Bahia e

Alvo 118 corrobora com a origem dos fluidos hidrotermais a partir de salmouras evaporativas

residuais, o que também é validado pelos isótopos de B e H em turmalina (Xavier et al., 2008,

2009, 2013).

Contudo, parte do enxofre do depósito Pantera, em particular o enxofre mais leve, pode ter

sido proveniente da lixiviação das rochas ígneas a partir da interação do fluido hidrotermal

com rochas encaixantes (e.g., granitoides hospedeiros), ou mesmo derivado de fontes

magmáticas, mas com contribuição variável de fluidos superficiais oxidados. De acordo com

Barton e Johnson (1996) a gênese de depósitos IOCG não-magmáticos podem ter origem a

partir de fluidos derivados de regiões próximas a superfície, onde os fluidos tenham circulado

por regiões que continham evaporitos ou salmouras residuais contemporâneos ou não,

adquirindo assim, a alta salinidade característica dos fluidos IOCG.

Os valores de δ34

S do depósito Pantera são ligeiramente mais elevados quando

comparados com diversos outros depósitos IOCG do Cinturão Sul do Cobre (Fig. 19) como os

do depósito Cristalino (0,6 a 1,5‰. Ribeiro et al., 2009), Jatobá (0,9 a 1,8‰. Monteiro et. al.,

2008), Castanha (1,7 a 2,5‰. Pestilho, 2011), Bacaba (2,7 a 3,5‰. Pestilho, 2011) e o corpo

de minério Pista (δ34

S = 2,5 ± 0,3‰. Monteiro et al., 2008b) que resultam em valores

próximos aos esperados para fontes mantélicas (δ34

S = 0±1‰) e interpretadas como

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relacionadas a fluidos derivados de magmas ou da lixiviação de rochas ígneas (Monteiro et

al., 2010).

Exemplos de depósitos IOCG com valores de δ34

S similares aos do depósito Pantera

são representados pelos corpos de minério Sequeirinho (δ34

S = 4,6 ±1,6‰), Baiano (δ34

S =

5,6 ±0,5‰), Sossego–Curral (δ34

S = 5,7±1,9‰) do depósito Sossego (Monteiro et al., 2008)

e o depósito Alvo 118 (δ34

S = 5,1 a 6,3‰. Torresi et al., 2011). As diferenças entre os valores

de δ34

S mais leves e pesados podem sugerir ainda diferenças nas fontes de enxofre, misturas

ou mesmo distintos mecanismos de fracionamento isotópico de enxofre para os depósitos

IOCG da província.

Figura 19: Valores de δ34S dos principais depósitos IOCG da Província Carajás. Modificado de

Previato et al. (2016). Fontes: (*) Dados desta dissertação, (1) Monteiro et. al., (2008), (2) Pestilho

(2001), (3) Torresi et. al., (2011), (4) Lindermayer et a., (2001), (5) Réquia e Fontboté (2001), (6)

Dreher (2004), (7) Villas et. al., (2001), (8) Monteiro et. al., (2008), (9) Ribeiro (2008), (10) Silva

(2013) e (11) Previato et. a., (2016).

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6. Conclusões

O estudo das rochas hospedeiras e do padrão de zoneamento espacial das alterações

hidrotermais forneceram subsídios para a compreensão da formação e evolução do sistema

hidrotermal responsável pela gênese do depósito Pantera.

O depósito Pantera é hospedado predominantemente por um corpo intrusivo de

composição granodiorítica cortado por diques de quartzo diorito porfirítico, quartzo-feldspato

pórfiro e diabásio. Com base em estudos disponíveis na literatura, acredita-se que o

granodiorito hospedeiro do depósito Pantera pertença à série sanukitoide, similar às rochas da

suíte sanukitoide Rio Maria e Subdomínio Sapucaia formadas em ~2,88 e 2,87 Ga. Contudo,

os dados geocronológicos U-Pb LA-ICP-MS em zircão inéditos obtidos neste estudo

forneceram idade de ca. 2,90 Ga para o granodiorito e o quartzo diorito porfirítico do depósito

Pantera. Esses dados sugerem que esses últimos são mais antigos que as rochas da suíte

sanukitoide Rio Maria, e que podem representar as rochas sanukitoides mais antigas da

província Carajás. A geração do granodiorito e do quartzo diorito porfirítico hospedeiros,

podem ter sido contemporânea ao primeiro episódio de acresção crustal (3,05 – 2,90 Ga)

registrado na província Carajás, que compreende a formação das faixas greenstone belts mais

antigas e ao magmatismo TTG sintectônico (Macambira e Lancelot 1991; Souza et al., 2001;

Rolando e Macambira 2003; Lafon et al., 2000; Macambira e Lafon 1995; Almeida et al.,

2008, 2011).

Sabe-se que falhas e zonas de cisalhamentos regionais e suas subsidiárias, possuem

papel fundamental na formação de depósitos IOCG, que são caracteristicamente controlados

por estruturas. A falha de direção ENE-WSW subsidiária à zona de cisalhamento regional

Canaã, possibilitou a circulação de fluidos provavelmente hipersalinos e quentes que

viabilizaram a formação das alterações sódico-cálcica, cálcica, metassomatismo férrico com

magnetita, alteração potássica e silicificação com forte controle estrutural e a mineralização

IOCG. A precipitação do minério teria iniciado com a alteração potássica e silicificação sendo

essencialmente composta por assembleia inicial com magnetita e pirita seguida pela formação

de calcopirita como principal mineral de minério do depósito. A biotita hidrotermal é um

mineral de ganga característico na assembleia de minério e comumente apresenta planos de

clivagem dobrados, o que corrobora com a concepção da contemporaneidade entre zona de

cisalhamento dúctil e do sistema hidrotermal durante a fase de deposição do minério no

depósito Pantera.

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O depósito Pantera compartilha similaridades não só com depósitos IOCG da

Província Carajás, em particular com os corpos de minério Sequeirinho e Sossego do Cinturão

Sul do Cobre, mas também com outros depósitos IOCG do mundo (Hiztman et. al., 1992,

200; Barton et. al., 2004; Willians et al., 2005) tais como: (a) estágios iniciais de alteração

hidrotermal em níveis profundos controlados por estruturas dúcteis que incluem alteração

sódico-cálcica; (b) alteração potássica e/ou clorítica comumente associadas a mineralização

Cu-Au; (c) minério de cobre associado com magnetita; (e) intenso metassomatismo local rico

em ferro; (d) enriquecimento em ETRs, Co, Ni, Ag, Fe em fases sulfetas e de Fe e Cl em

silicatos e (f) Veios, vênulas, fraturas e brechas tardios com quartzo, calcopirita e pirita

contendo mineralização e frontes de alteração hidrotermal, que podem refletir fluidos ainda

posteriores a sistemas hidrotermais prévios.

Os valores de isótopos de enxofre obtidos para os sulfetos das zonas de minério (δ34

S =

4,22 a 5,07‰) e para a alteração tardia (4,67 a 4,79‰) do depósito Pantera permitiu

correlacionar a origem do enxofre a fluidos evaporativos residuais, por meio da circulação de

salmouras que frequentemente formam tanto zonas de alteração Na(-Ca) em regiões distais

como proximais a zonas mineralizadas de maneira similar ao reconhecido no deposito

Pantera. Contudo, contribuição de enxofre de fluidos magmáticos ou das rochas encaixantes

ígneas por mecanismos de interação fluido-rocha não pode ser descartada.

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APÊNDICE

Tabela 1: Dados geocronológicos da datação U-Pb por LA-SF-ICP-MS dos grãos de zircões utilizados no cálculo da idade de cristalização do granodiorito

(Pt07-147m).

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Tabela 2: Dados geocronológicos da datação U-Pb por LA-SF-ICP-MS dos grãos de zircões utilizados no cálculo da idade de cristalização do Quartzo-diorito

porfirítico (Pt06-106m).