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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia de Alimentos FELIPE MARINELLI SARAIVA FERREIRA EFEITOS DA TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR NA QUALIDADE DA CARNE BOVINA MATURADA PELOS PROCESSOS SECO E ÚMIDO CAMPINAS SP 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia de Alimentos

FELIPE MARINELLI SARAIVA FERREIRA

EFEITOS DA TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR NA

QUALIDADE DA CARNE BOVINA MATURADA PELOS PROCESSOS SECO

E ÚMIDO

CAMPINAS – SP

2018

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FELIPE MARINELLI SARAIVA FERREIRA

EFEITOS DA TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR NA

QUALIDADE DA CARNE BOVINA MATURADA PELOS PROCESSOS SECO

E ÚMIDO

Orientador: Sérgio Bertelli Pflanzer Júnior

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA POR FELIPE MARINELLI

SARAIVA FERREIRA E ORIENTADA PELO

PROF. DR. SÉRGIO BERTELLI PFLANZER

JÚNIOR

CAMPINAS – SP

2018

Dissertação apresentada à Faculdade da

Universidade Estadual de Campinas como parte

dos requisitos exigidos para a obtenção do título

de Mestre em TECNOLOGIA DE ALIMENTOS.

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Folha de Aprovação

________________________________________

Prof. Dr. Sérgio Bertelli Pflanzer Júnior FEA/DTA – UNICAMP

Orientado

________________________________________ Prof. Dr. Roberto de Oliveira Roça

FMVZ – UNESP/Botucatu Titular

________________________________________ Profa. Dra. Márcia Mayumi Harada Haguiwara

Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) Suplente

A ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria do Programa da Unidade.

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Dedicatória

À minha família,

Fernando Saraiva Ferreira Sobrinho, cuja dedicação sempre me inspirou,

Marcia Marinelli Ferreira, que me fez quem eu sou

e minha esposa Tatiane Pessica Pereira dos Santos, que me apoiou durante

todo este processo

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Agradecimentos

À meus pais, Fernando Saraiva Ferreira Sobrinho e Marcia Marinelli

Ferreira, que me aconselharam e guiaram durante toda minha vida.

À minha esposa, Tatiane Pessica Pereira dos Santos, que me apoiou e

entendeu o investimento de se fazer um mestrado.

À minha irmã, Flávia Marinelli Saraiva Ferreira, pelo apoio e

companheirismo.

À minha afilhada, Eduarda Marinelli Raposo, pela alegria proveniente do

seu convívio.

Ao meu orientador, Professor Doutor Sérgio Bertelli Pflanzer Júnior, pela

orientação, paciência e dedicação ao seu trabalho.

Aos meus ex-colegas de mestrado, Gisela Benatti, Thaís Jordânia,

Rickyn Jacinto, Ana Hamerski e Carla Carrilho, que me acompanharam no

início dessa jornada, prestando auxílio e dividindo conhecimentos.

À Carol Lugnani, pela ajuda e orientação em análises sensoriais, que

sem ela não ocorreriam como foi observada neste trabalho.

À Ana Paula, que prestou auxílio em partes primordiais dos

experimentos.

À banca e todos os demais avaliadores que tive durante o período do

mestrado.

À FAPESP que financiou este estudo através do processo FAPESP,

2016/02853-9.

À CNPq que financiou este experimento através do processo CNPq,

132011/2016-6.

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O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de

Financiamento 001.

MUITO OBRIGADO!

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Resumo

Um método para promover melhorias sensoriais em carnes é a maturação.

Entre os processos de maturação, a utilização da maturação seca cresceu nos

últimos anos como uma alternativa para desenvolver sabor na carne bovina.

Este estudo teve como objetivo comparar a maturação seca e úmida na

qualidade da carne, além de estudar os parâmetros que podem afetar os

processos. Foram avaliados o efeito da temperatura (2ºC e 7ºC) nos processos

de maturação seca e úmida durante 21 e 42 dias em um primeiro experimento,

assim como o efeito da umidade relativa do ar (65% e 85%) na maturação seca

tradicional ou utilizando embalagem permeável ao vapor de água por 21 dias

em um segundo experimento. Para os experimentos foram utilizados filé de

costela e contrafilé (m. longissimus thoracis et lumborum), os quais foram

porcionados e balanceados entre os tratamentos. Foram analisadas as perdas

de processo, características físico-químicas e características de sabor. Foi

verificado que o maior tempo e temperatura de armazenamento aumentaram

as perdas do processo em carnes maturadas secas (P<0,05), porém não

afetaram as perdas em carnes maturadas úmidas (P>0,05). A temperatura de

armazenamento não afetou os valores de atividade de água (P>0,05).

Entretanto, as carnes maturadas secas apresentaram menores valores de

atividade de água quando comparadas as carnes maturadas úmidas (P<0,05).

A capacidade de retenção de água foi maior em carnes maturadas secas por

42 dias (P<0,05). Notas mais intensas de sabor de carne maturada e gosto

ácido foram percebidas em carnes maturadas úmidas a 2ºC por 42 dias

(P<0,05). No experimento que avaliou a umidade relativa, devido a

deterioração das amostras armazenadas na câmara a 85% de umidade,

percebida após 21 dias de maturação, as amostras destinadas a maturação por

42 dias foram eliminadas do experimento. A presença de embalagem

permeável reduziu as perdas totais de maturação, independente da umidade

(P<0,05). As amostras maturadas a 85% UR apresentaram menores perdas

por evaporação e total, independente da presença de embalagem (P<0,05).

Houve redução na quantidade de aparas quando se utilizou embalagem

permeável em câmara a 85% UR. A atividade de água, tanto interna quanto

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externa, foram maiores em carnes maturadas em embalagem permeável ou em

carnes maturadas a 85% (P<0,05). O sabor de carne assada foi mais intenso

em carnes maturadas sem embalagem por 21 dias (P<0,05). O sabor de

gordura foi mais intenso em carnes maturadas sem embalagem após 42 dias

(P<0,05). As carnes maturadas em embalagem permeável por 42 dias

apresentaram mais gosto ácido do que carnes sem maturação (P<0,05).

Conclui-se que as temperaturas avaliadas neste experimento não afetaram as

características físico-químicas, mas maiores temperaturas podem aumentar as

perdas no processo de maturação seca. Mesmo a maturação seca

apresentando perdas intensas de massa (evaporação), os atributos sensoriais

não diferiram das amostras maturadas a vácuo. A utilização de embalagens

permeáveis reduziu as perdas no processo durante a maturação seca, no

entanto propiciou aumento da intensidade do gosto ácido, podendo interferir

negativamente na aceitação do produto.

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Abstract

One method to improve sensory evaluations is aging. Among aging processes,

the dry aging is an alternative to develop desirable flavors in meat. This study

have as an objective, compare the effects of dry and wet aging on meat quality,

as also evaluate the parameters that would affect the processes. The effect of

temperature (2ºC and 7ºC) in dry and wet aging for 21 and 42 days were

analysed in a first experiment, and the effect of relative air humidity (65% and

85%) on traditional dry aging, without packaging, and using water vapor

permeable packaging, known as Special Bag, for 21 days was evaluated in a

second experiment. In both experiments were used Beef Rib from eight

animals, ported and balanced among all treatments. The weight losses,

physical-chemical characteristics and flavor characteristics in descriptive

sensory using a trained panel were evaluated. In the first experiment, time and

temperature increased the process losses in dry aged meats, but did not

increase losses in wet aging (P = 0.05). The water activity increased after 42

days in dry aged samples, however, it was reduced in wet aged meats (P =

0.05). The WHC (%) was higher after 42 days only in dry aged meats. The

panel perceived the overall aged beef as most intense in meat aged at 2ºC for

42 days, this sample also showed the most pronounced acidity, together with

meat without maturation (P = 0.05). In the second experiment, due to an

unpleasant odor in certain samples, all samples aged for 42 days in physical-

chemical analyzes and all samples at 85% RH of the sensorial were eliminated.

The presence of special bag reduced the total losses (P = 0.05). Samples aged

at 85% RH showed lower evaporation and total losses (P = 0.05). There was

only a lower trim loss when using special bag and used 85% RH. The water

activity, both internal and external, were higher in meat aged in special bag or

meat aged at 85% (P = 0.05). The flavor of roasted meat was more intense in

traditional dry aged meat after 21 days (P = 0.05). The fat taste was more

intense in meat aged without packaging after 42 days (P = 0.05). Meat aged in

special bag for 42 days had higher acidity than meat at day 0 (P = 0.05). The

temperature did not affect the physical-chemical characteristics of the meat, but

increased the losses in the process of dry aging. The dry aging had larger

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losses than the wet aging process, however the sensorial differences are not

perceptible for the panel. The use of special bag can reduce losses in the dry

aging process, however, the acid taste increases, which may be a problem for

consumers.

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Sumário

1. Introdução ........................................................................................................................ 14

2. Objetivo ............................................................................................................................. 16

2.1. Objetivo Geral .............................................................................................................. 16

2.2. Objetivos Específicos................................................................................................ 16

3. Revisão Bibliográfica .................................................................................................... 17

3.1. Produção de carne no Brasil ............................................................................... 17

3.2. Maturação ................................................................................................................. 19

3.2.1. Fatores que afetam a maturação ................................................................ 23

3.3. Comparativo entre Carnes Maturadas a Seco e a Vácuo ............................ 24

3.3.1. Utilização de Embalagens Permeáveis ..................................................... 27

4. Referências Bibliográficas ........................................................................................... 29

5. Artigo 1 .............................................................................................................................. 34

5.1. Resumo ..................................................................................................................... 35

5.2. Abstract ..................................................................................................................... 36

5.3. Introdução ................................................................................................................ 37

5.4. Materiais e Métodos ............................................................................................... 39

5.4.1. Amostras .......................................................................................................... 39

5.4.2. Preparo e Maturação ..................................................................................... 39

5.4.3. Cálculos das Perda de Peso ........................................................................ 42

5.4.4. Análises ............................................................................................................ 43

5.4.5. Análise Sensorial ............................................................................................ 46

5.4.6. Análise Estatística .......................................................................................... 50

5.5. Resultados e Discussões ..................................................................................... 51

5.5.1. Análise Sensorial ............................................................................................ 63

5.6. Conclusão ................................................................................................................ 66

5.7. Referências Bibliográficas ................................................................................... 67

6. Artigo 2 .............................................................................................................................. 70

6.1. Resumo ..................................................................................................................... 71

6.2. Abstract ..................................................................................................................... 72

6.3. Introdução ................................................................................................................ 73

6.4. Materiais e Métodos ............................................................................................... 75

6.4.1. Amostras .......................................................................................................... 75

6.4.2. Preparo e Maturação ..................................................................................... 75

6.4.3. Maturação a Seco em Embalagem Permeável ao Vapor de Água .... 78

6.4.4. Cálculos das Perda de Peso ........................................................................ 78

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6.4.5. Análises ............................................................................................................ 79

6.4.6. Análise Sensorial ............................................................................................ 80

6.4.7. Análise Estatística .......................................................................................... 84

6.5. Resultados e Discussão ....................................................................................... 86

6.5.1. Amostras não-maturadas ............................................................................. 86

6.5.2. Eliminação de Amostras .............................................................................. 87

6.5.3. Perdas por Evaporação, Perdas por Aparas e Perdas Totais ............ 88

6.5.4. Umidade, Atividade de Água e CRA .......................................................... 92

6.5.5. Força de Cisalhamento por Warner-Bratzler, Perda de Peso por

Cocção e pH ..................................................................................................................... 93

6.5.6. Cor Instrumental ............................................................................................. 94

6.5.7. TBArs ................................................................................................................. 95

6.5.8. Análise Sensorial ............................................................................................ 96

6.6. Conclusão ................................................................................................................ 98

7. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 100

8. Discussão ....................................................................................................................... 103

9. Conclusão Geral ........................................................................................................... 104

Anexos .................................................................................................................................... 111

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1. Introdução

O Brasil se encontra entre os maiores produtores e exportadores de

carnes no mercado mundial, sendo o segundo maior produtor e o maior

exportador de carne bovina (USDA, 2018). Foram abatidos no Brasil, em 2017,

30,8 milhões de bovinos (IBGE, 2018), sendo que neste ano o país exportou

US$ 5 milhões em carne bovina in natura, com um total de 1,2 milhões de

toneladas (ABIEC, 2018).

O consumo de carne bovina no Brasil é um dos maiores do mundo,

aproximadamente 7,8 milhões de toneladas equivalente carcaça em 2017,

sendo apenas menor do que os consumos dos Estados Unidos, China e União

Europeia (USDA, 2018). Ao considerar que a população brasileira está

estimada em 208,8 milhões de habitantes (IBGE, 2018), calcula-se um

consumo per capita em torno de 37 kg de carne bovina.

Muito da eficiência produtiva brasileira se deve as grandes áreas de

pastagem, nas quais são utilizados animais Zebuínos, com predominância para

raça Nelore (Ferraz & Felício, 2010). Segundo a Associação Brasileira dos

Criadores de Zebu (ABCZ, 2018), em 2012, 80% do rebanho nacional era

constituído de animais zebuínos, principalmente criados a pasto. A carne de

animais zebuínos é conhecida como menos macia que carne de taurinos,

principalmente devido a diferenças no processo de maturação (Carvalho et. al.,

2014). Com a maciez sendo o atributo sensorial considerado mais importante

para os consumidores (Miller et. al., 2001), há a necessidade de melhorar o

apelo da carne brasileira frente ao consumidor.

Um método conhecido para se aumentar a maciez de carnes é a

maturação. Lonergan et. al. (2010) definiram o processo de maturação como o

processo de proteólise devido a ação de enzimas endógenas do músculo, que

amaciam a carne devido a alterações na sua estrutura. O processo de

maturação é utilizado com a finalidade de melhorar, não só a maciez, como

também a suculência e o sabor (Sitz et. al., 2006; Campbell et. al., 2001).

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A maturação úmida, ou maturação a vácuo, é, na atualidade, a mais

utilizada. Neste processo a carne é desossada e acondicionada em

embalagens impermeáveis sem a presença de ar. Assim, evita-se

contaminação e isola a carne de efeitos externos, facilitando o transporte e

armazenamento, além dos menores custos para se manter as condições

ambientais adequadas para a maturação (Smith et. al., 2008; DeGeer et. al.,

2009; Laster et. al., 2008).

A maturação a seco é um processo mais antigo que a maturação úmida,

e que caiu em desuso devido às altas perdas de peso durante o processo

(Savell, 2008). Recentemente, no Brasil, começou a crescer a utilização do

processo de maturação a seco em açougues e restaurantes especializados em

carnes de alta qualidade, sendo que nos Estados Unidos este processo já

voltou a ser utilizado a mais tempo (Folha, 2016). Esse crescimento na

utilização da maturação seca ocorre como uma tentativa de melhorar a

qualidade sensorial, aumentando seu valor de mercado (Li et. al., 2014).

A técnica de maturação a seco consiste em armazenar a carcaça

completa ou cortes primários, sem embalagem, durante um determinado

período de tempo, sob refrigeração, umidade e velocidade de ar controlados

(Stenström et. al., 2014).

Trabalhos recentes têm investigado as características dos processos de

maturação a seco e a vácuo (Kim et. al., 2017; Li et. al., 2014; Smith et. al.,

2014; Stenström et. al., 2014; Dikeman et. al., 2013). Entretanto, esses

trabalhos utilizam principalmente carne de animais taurinos, pois são estudos

realizados na Europa ou América do Norte. Não foram encontrados na

literatura trabalhos que avaliaram os fatores ambientais, como umidade e

temperatura, na qualidade da carne de animais zebuínos maturadas a seco.

Alguns autores encontraram diferenças entre a maturação úmida e seca,

tanto em aspectos físico-químicos, quanto em atributos sensoriais (Kim et. al.,

2017; Stënstrom et. al., 2014; Lepper-Billie et. al., 2016). Entretanto, para

outros pesquisadores, não foram detectadas diferenças entre os dois

processos de maturação (Vilella, 2016; Smith et. al., 2008).

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A divergência entre os resultados citados anteriormente pode estar

ligada as diferentes condições ambientais utilizadas durante o processo de

maturação, tais como tempo, temperatura, umidade e fluxo de ar. Segundo

Dashdorj et. al. (2016) faltam experimentos que possam atuar como guias para

que estabelecimentos comerciais utilizem durante a implementação dos seus

próprios sistemas de maturação a seco.

2. Objetivo

2.1. Objetivo Geral

Objetiva-se avaliar os efeitos de diferentes processos de maturação sobre

características de rendimento, físico químicas e sensoriais da carne de animais

zebuínos.

2.2. Objetivos Específicos

Avaliar os efeitos de diferentes temperaturas da câmara de maturação

nas perdas no processo de maturação, nas características sensoriais e

características físico-químicas de carnes maturadas secas e úmidas;

Avaliar os efeitos da presença de embalagem permeável nas perdas no

processo de maturação, nas características sensoriais e características

físico-químicas de carnes maturadas secas;

Avaliar os efeitos da umidade relativa nas câmaras nas perdas no

processo de maturação, nas características sensoriais e características

físico-químicas de carnes durante a maturação seca tradicional e em

embalagem permeável.

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3. Revisão Bibliográfica

3.1. Produção de carne no Brasil

O custo de produção de carne bovina no Brasil é consideravelmente

abaixo do custo em outros importantes países, como Austrália e Estados

Unidos. Isso ocorre devido ao baixo preço das terras e mão-de-obra (Ferraz &

Felício, 2010).

O sistema brasileiro de produção de carne utiliza animais de raças mais

resistentes como o Nelore em pastagens que possuem baixo custo, utilizando

basicamente gramíneas africanas como as braquiárias (Ferraz & Felício, 2010).

A raça Nelore é um gado zebuíno de origem indiana, e apresenta carne

menos macia que a carne de taurinos, devido principalmente às diferenças

durante o processo de maturação (Koohmaraie, 1994; Carvalho et. al., 2014).

Como a maciez é descrita pelos consumidores como a característica de maior

importância sensorial em carnes (Miller et. al., 2001) isso gera uma

desvalorização da carne bovina brasileira.

O outro fator que pode desvalorizar a carne bovina brasileira é a

utilização em grande parte da produção, de animais alimentados

exclusivamente a pasto. Neste tipo de criação, a produtividade é afetada pela

sazonalidade. Em certas épocas, como em períodos de seca, o animal não

ganha o peso esperado ou até chegam a perder peso. Com isto, o animal não

atinge o peso ideal para abate rapidamente, chegando a ser abatido

tardiamente (36 a 42 meses; Ferraz & Felício, 2010). A carne de animais mais

velhos apresenta alterações, principalmente na maciez, que podem ser

desfavoráveis (Tuma et. al., 1962; Shorthose & Harris, 1990).

As dietas de animais alimentados exclusivamente a pasto, e

principalmente sem suplementação em época de seca, possui uma quantidade

muito inferior de energia metabolizável quando comparada a dietas em

confinamento. A quantidade de energia na dieta está intimamente ligada a

quantidade de gordura depositada na carcaça, o que pode gerar um pior

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acabamento de carcaça nesses animais (Wood et. al., 2008). Carcaças com

cobertura de gordura insuficiente estão mais suscetíveis aos efeitos do

encurtamento pelo frio, conhecido em inglês como cold shortening, que

resultam em carnes mais duras, pois atingem o rigor mortis em temperaturas

abaixo das ideais para atuação das enzimas da maturação (Devine et. al.,

1999).

Segundo a MLA (Meat & Livestock Australia, 2018), o Brasil teve 4,61

milhões de bovinos confinados em 2016. Dividindo esse número pelo número

total de bovinos abatidos, constata-se que apenas 15% de bovinos foram

confinados no Brasil no respectivo ano. Em 2018, está previsto um total de 5,02

milhões de animais terminados em confinamento e que nos próximos anos

atinja-se uma porcentagem de 20% (MLA, 2018).

A Asbia (Associação Brasileira de Inseminação Artificial, 2018)

apresentou dados revelando que o aumento de vendas de sêmen de animais

de raças taurinas de corte foi de 6% entre 2013 e 2014, enquanto as vendas de

sêmen de animais zebuínos de corte diminuíram 24% no mesmo período.

Também houve um aumento entre 2014 e 2015, em torno de 15% na venda de

sêmen Angus, raça britânica conhecida pela precocidade, maciez e maior

marmoreio. Em 2014, foram produzidas 1 milhão de doses de sêmen de

animais da raça Angus (Asbia, 2018). Apesar desse número ser baixo

comparado com o número de cabeças abatidas, 30,6 milhões em 2015 (IBGE,

2018), demonstram um interesse crescente em melhorar a genética do rebanho

em relação a qualidade de carne. Ao dividirmos o número de doses vendidas

em 2014 pelo número total de abates em 2015, que segundo o IBGE (2018) foi

de 30,6 milhões, temos uma média de aproximadamente 1 animal da raça

Angus abatido a cada 30 cabeças abatidas.

A Scot Consultoria (2016) indica que nos últimos anos houve um

aumento dos programas de carnes especiais. Nestes programas são

selecionados animais que possam, até um certo nível de confiança, garantir

uma melhor qualidade sensorial. Em muitos desses programas são

descartados animais não castrados, alimentados a pasto e/ou de raças

zebuínas, entre outras características.

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Neste cenário pode-se observar um movimento do mercado brasileiro

para atender, não somente o mercado de commodities, como o mercado de

carnes especiais ou de carnes que atendam consumidores mais exigentes.

3.2. Maturação

Após a morte de um animal diversas alterações bioquímicas ocorrem,

principalmente, devido a ação de diversas enzimas presentes no músculo

(Toldrá, Flores & Aristoy, 1995). A maturação, segundo Lonergan et. al. (2010),

é o processo que amacia a carne por meio da ação dessas enzimas

endógenas, que possuíam uma função no músculo vivo e assumem outra

função após a morte do animal. A principal função dessas enzimas na carne é

a degradação de proteínas, principalmente as proteínas com função estrutural

(Koohmaraie, 1994).

As interações entre as proteínas da carne controlam a maturação (Lana

& Zolla, 2016), e diversos fatores externos podem alterar essas interações,

consequentemente alterando a maciez da carne ao final do processo de

maturação (Koohmaraie, 1994). Lonergan et. al. (2010) concluíram que as

características da carne são dependentes de um sistema complexo de

proteínas, não podendo ser atribuído a degradação ou atividade de uma

proteína individual como fator determinante para o processo.

Após o abate ocorre o processo de transformação do músculo em carne,

até que este atinja o estado de contração muscular conhecido com rigor mortis

(Devine et. al., 1999). Conforme ocorre o processo de transformação do

músculo em carne, várias alterações ocorrem neste tecido. Há um gradual

esgotamento do ATP disponível, o tecido começa então a obter energia por

meio de metabolismo anaeróbico ao invés do aeróbico. Essa via metabólica

produz ácido lático, resultando em uma redução do pH do ponto próximo a

neutralidade até a faixa entre 5,4 e 5,8 (Lonergan et. al., 2010). Todas essas

alterações na bioquímica do tecido muscular criam condições para que ocorra

o processo conhecido como maturação (Koohmaraie, 1994).

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No final do processo de transformação do músculo em carne e após o

estabelecimento do rigor mortis, a estrutura muscular se encontra contraída

devido à sua organização (Lana & Zolla, 2016), tornando o músculo rígido. As

proteínas responsáveis pela estrutura do músculo e que conferem essa rigidez

são as proteínas miofibrilares, principalmente a actina e a miosina (Frontera &

Ochala, 2015). Outras proteínas miofibrilares importantes são as chamadas

estruturais, como desmina, titina, nebulina, troponinas e tropomiosinas (Lana &

Zolla, 2016).

Essas proteínas ficam contidas dentro de uma estrutura denominada

sarcômero (Frontera & Ochala, 2015). O sarcômero pode ser descrito como o

espaço contido entre duas linhas Z, contendo uma banda I menos densa e uma

banda A mais densa (Lonergan et. al., 2010). A organização dos componentes

do sarcômero ocorre como uma linha Z, metade de uma banda I, a banda A, a

outra metade da banda I e terminando em outra linha Z (Lana & Zolla, 2016).

As duas principais proteínas componentes da estrutura do sarcômero e

as principais responsáveis pelo processo de contração do músculo são a

actina, filamento fino, e a miosina, filamento grosso. Durante o processo de

contração do músculo, como ocorre no rigor mortis, a miosina desliza sobre a

actina, se ligando a sítios específicos, formando o complexo actomiosina (Lana

& Zolla, 2016). Esse movimento aproxima as duas linhas Z, comprimindo todas

as proteínas contidas no sarcômero, enrijecendo o músculo (Frontera &

Ochala, 2015).

Como são estas proteínas miofibrilares que conferem a estrutura ao

músculo (Frontera & Ochala, 2015), a sua degradação promoverá um

amaciamento da carne durante sua maturação (Koohmaraie, 1994). Como a

maturação é um processo enzimático e depende da atividade de proteínas com

função proteolítica, a degradação e, consequentemente, o amaciamento é mais

intenso nos períodos iniciais (Dransfield, 1994).

As calpaínas são cisteínas proteolíticas dependentes de íons Ca2+ e são

divididas em μ-calpaínas e m-calpaínas, diferenciadas entre si pela quantidade

de cálcio necessário para sua ativação (Goll et. al., 2003). Segundo Dransfield

(1994), a μ-calpaína é ativada primeiro, aproximadamente 6 horas após o

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abate, quando a concentração de íons Ca2+ é suficiente para sua ativação, mas

ainda não é suficiente para a ativação das m-calpaínas. Conforme o pH reduz,

ocorre uma redução na atividade das μ-calpaínas, chegando a reduzir 60%

quando o pH atinge 5,7. As m-calpaínas são ativadas aproximadamente após

16 horas do abate, e se mantém em menores valores de pH, indicando uma

participação importante no processo de maturação.

O sistema calpaína-calpastatina é descrito como o principal mecanismo

do processo de maturação (Koohmaraie & Geesink, 2006). Além das calpaínas,

já descritas, a calpastatina é uma proteína que inibe a atividade das calpaínas

(Goll et. al., 2003). A queda do pH post mortem desestabiliza o sistema

calpaína-calpastatina, possibilitando a atividade das calpaínas (Devine, 2004).

Existem outras enzimas que atuam na degradação de proteínas durante

a maturação, como as catepsinas lisossomais e o complexo de proteinase

multicatalítico (MCP) (Koohmaraie & Geesink, 2006).

As catepsinas são exo- e endo-peptidases divididas em peptidases de

cisteínas, aspárticas e serinas, onde somente 8 entre as 15 existentes são

expressas no músculo (B, D, E, F, H, K, L e S) (Lana & Zolla, 2016). A

participação dessas enzimas no processo de maturação da carne é

contraditória. Evidências sugerem que as catepsinas não atuam de maneira

efetiva na proteólise na carne, pois sua atividade é retardada devido as

condições de pH ácido da carne, além dessas enzimas estarem localizadas no

interior dos lisossomos, necessitando que sejam liberadas para que possam

atuar (Koohmaraie, 1994). Contudo, alguns estudos demonstraram que o baixo

pH em músculos de glicólise rápida aumenta a liberação de catepsinas B e L

dos lisossomos e altera o padrão da proteólise do músculo durante a

maturação (Halloran et. al., 1997).

O complexo de proteinase multicatalítico (MCP) é conhecido por atuar

na regulação de inúmeros mecanismos celulares através da degradação de

proteínas específicas (Lana & Zolla, 2016). Segundo Koohmaraie (1994), o

MCP não pode ser descrito como o maior atuante no processo enzimático que

ocorre durante a maturação.

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Para que ocorra um amaciamento da carne é necessário que a atividade

das enzimas proteolíticas seja alta o suficiente para que a quebra das proteínas

miofibrilares reverta os efeitos da contração durante o estabelecimento do rigor

mortis.

Durante a maturação, há ação contínua de diversas enzimas endógenas

nas proteínas existentes na carne. Após a degradação das proteínas

miofibrilares e sarcoplasmáticas, os polipeptídeos resultantes serão novamente

degradados em peptídeos ainda menores devido a ação de peptidases. Esse

processo de proteólise continua até a formação de aminoácidos livres.

Aminopeptidases hidrolisam as ligações peptídicas próximas das regiões amino

terminais (Toldrá et. al., 1995). Esses aminoácidos gerados a partir dessas

reações de proteólise melhoram o perfil de sabor de carnes maturadas

(Nishimura et. al., 1988).

O gosto Umami, descrito como cárneo ou saboroso, é derivado do ácido

glutâmico, mas também pode ser relacionado a presença de outros peptídeos

específicos, como o glutamato (Miller, 2004). A maturação como geradora de

aminoácidos livres pode estar associada desta maneira a melhoria de sabor em

carnes. A enzima Glutamil Aminopeptidase pode ser uma das principais

responsáveis neste processo, já que hidrolisa resíduos de aspartato e

glutamato dos aminoácidos. Porém sua atividade é considerada muito baixa na

carne durante o processo de maturação (Toldrá et. al., 1995).

O processo de maturação é realizado, principalmente, devido aos seus

efeitos nos atributos sensoriais, melhorando aspectos como maciez e sabor

(Sitz et. al., 2006). Existem dois métodos que podem ser utilizados para

maturação de carnes: a maturação úmida e a maturação a seco (Smith et. al.,

2008).

A maturação úmida, ou maturação a vácuo, se tornou a mais popular

nos últimos anos, após 1980, devido aos seus baixos custos e praticidade de

armazenamento e transporte (Smith et. al., 2008; DeGeer et. al., 2009). Nesse

tipo de maturação, as peças de carne, normalmente desossadas, são

acondicionadas em embalagens impermeáveis e então seladas a vácuo e

armazenadas sob refrigeração (Laster et. al., 2008).

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A técnica de maturação a seco consiste em armazenar a carcaça

completa ou cortes primários sem embalagem durante um determinado período

de tempo sob refrigeração, com umidade e fluxo de ar controlados (Stenström

et. al., 2014). Apesar da utilização deste processo estar aumentando nos

últimos anos, esta é uma técnica conhecida a muito tempo (Savell, 2008). A

sua utilização caiu em desuso devido à praticidade do processo de maturação

úmida (Smith et. al., 2008) e às altas perdas geradas durante a maturação a

seco (Kim et. al., 2017). O processo de maturação a seco ainda necessita de

controle da umidade, ventilação e temperatura do ambiente (Smith et. al.,

2014), o que encarece ainda mais o processo.

3.2.1. Fatores que afetam a maturação

Devido à grande quantidade de proteínas envolvidas no processo de

maturação (Lonergan et. al., 2010), o processo se torna muito complexo,

sofrendo alterações devido a diversos fatores externos (Koohmaraie, 1994).

Segundo Koohmaraie (1992), devido à natureza enzimática do processo,

os fatores que mais afetam a maturação são o pH e temperatura da carne. E

todos os fatores que alteram essas características na carne irão,

consequentemente, alterar o processo de maturação de carnes.

Yu e Lee (1986) concluíram que temperaturas mais altas aumentam a

degradação de proteínas durante a maturação, aumentando a maciez da

carne. O pH também interferiu na maciez, sendo que carnes apresentando pH

mais elevado (6,8) foram mais macias, seguidas de carnes com menor pH (5,8)

e por último com pH intermediário (6,3). Carnes com pH elevado tiveram maior

degradação das proteínas da linha Z, enquanto carnes com pH reduzido

degradaram as proteínas da linha M e as miosinas de cadeia pesada. No

entanto, a utilização de carnes com pH elevado é inviável devido a possível

contaminação microbiana (Patterson e Gibbs, 1977).

O pH ainda pode ser afetado pelo estresse ante-mortem que pode gerar

carnes DFD (dark, firm and dry). No caso da carne bovina, as carnes DFD são

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um problema constante, sendo gerada pelo esgotamento das reservas de

glicogênio nas células musculares, o que impede uma redução correta do pH

post-mortem, produzindo carnes menos macias (Adzitey & Nurul, 2011).

Devine et. al. (1999) demonstraram a importância da velocidade do

resfriamento das carcaças na maturação de carne bovina. O resfriamento muito

rápido pode causar encurtamento pelo frio (Hwang et. al., 2004) e o

resfriamento muito lento pode gerar uma desnaturação das proteínas

miofibrilares, o que diminui a integridade estrutural da carne e gera perda de

líquidos, produzindo uma carne excessivamente flácida e sem retenção de

água (Devine et. al., 1999).

A genética influencia no processo de maturação de carne. Carnes de

animais taurinos maturam em velocidade diferente das carnes de zebuínos,

sendo que a carne de taurinos e reconhecida como mais macia quando

comparada a carne de animais zebuínos (Wheeler et. al., 1994; Ferraz &

Felício, 2010; Rodrigues et. al., 2017). Este efeito é devido a uma maior

atividade da calpastatina presente nos zebuínos, que inibindo a ação das

calpaínas, retarda o processo de amaciamento durante a maturação das

carnes (Rubensam et. al., 1998).

3.3. Comparativo entre Carnes Maturadas a Seco e a Vácuo

O aumento na utilização da maturação seca nos últimos anos ocorre

devido a possíveis diferenças sensoriais, principalmente no sabor. Alguns

estudos relatam haver diferenças na maciez de carnes maturadas a seco e a

vácuo, tanto em análise sensorial como instrumental. Porém, há divergências

entre os resultados encontrados. Stënstrom et. al. (2014) observaram que os

consumidores preferiram a maciez de carnes maturadas a seco quando

comparadas com carnes maturadas a vácuo. Já, Laster et. al. (2008)

observaram que o filé de costela maturado a vácuo apresentou menor valor de

força de cisalhamento que quando maturado a seco, o que indicaria que a

carne maturada úmida é mais macia. De fato, a maioria dos resultados na

literatura indicam que não há diferença quanto a maciez entre carne maturadas

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a seco e a vácuo (Dikeman et. al., 2013; Smith et. al., 2008; Lepper-Billie et. al.,

2016; Sitz et. al., 2014; Vilella, 2016).

Diversos estudos demonstram que os consumidores preferem o sabor

de carnes maturadas secas do que o sabor de carnes maturadas úmidas

(Lepper-Billie et. al., 2016; Li et. al., 2013 ; Stënstrom et. al., 2014). Stënstrom

et. al. (2014) observaram, em teste com consumidores, uma preferência quanto

ao sabor de carnes maturadas secas e Lepper-Billie et. al. (2016) encontraram

maiores valores de sabor de carne maturada em amostras maturadas secas. Li

et. al. (2013) observaram uma maior aceitação global em carnes maturadas

secas, mas sem diferenças entre os processos para maciez e suculência. Já

Smith et. al. (2014), em teste com painel treinado, somente encontrou

diferenças entre os processos no sabor metálico, sendo este mais pronunciado

em carnes maturadas secas. No geral, a carne maturada a seco apresenta um

sabor mais intenso de assada, enquanto as carnes maturadas a vácuo são

descritas como contendo um sabor metálico mais pronunciado (Stenström et.

al., 2014; Li et. al., 2014; Lepper-Billie et. al., 2016).

Alguns experimentos não verificaram diferenças no sabor entre carnes

maturadas a seco e a vácuo (Kim et. al., 2017; Smith et. al., 2008; Vilella,

2016). Vilella (2016) concluiu em seu trabalho que a taxa de perda pode ter

sido insuficiente para criar diferenças nos atributos sensoriais entre os

processos. Já Kim et. al. (2017) pode não ter encontrado diferenças devido ao

baixo período utilizado para a maturação, somente 7 dias.

Kim et. al. (2017) avaliaram os efeitos de maturação a seco por 17 dias e

do tratamento com maturação a seco por 10 dias e posterior maturação à

vácuo por 7 dias. Não foi verificada diferença entre esses dois tratamentos na

força de cisalhamento, assim como não foi encontrada diferença nos atributos

sensoriais avaliados: aceitação global, sabor, maciez e suculência.

Laster et. al. (2008) compararam os efeitos das maturações seca e

úmida em 3 diferentes cortes em carnes (Filé de Costela, Contrafilé e Alcatra)

de dois grupos de classificação de qualidade americano (Choice e Select).

Nesse experimento foi observado que o filé de costela, quando maturado seco,

apresentou maiores valores de força de cisalhamento do que o mesmo corte

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maturado úmido. Já na alcatra, o efeito foi inverso, sendo que a peça maturada

úmida foi menos macia que a carne maturada seca. Porém essas diferenças

não foram percebidas pelo consumidor na maciez sensorial. Os outros atributos

sensoriais avaliados (Aceitação Global, Aceitação do Sabor, Sabor de Carne,

Aceitação da Maciez, Maciez, Aceitação da Suculência e Suculência) não

diferiram quanto ao tipo de maturação utilizado.

Em experimento avaliando o efeito do tempo de maturação, no processo

úmido e seco, Lepper-Billie et. al. (2016) encontraram que o sabor de carne

maturada e o gosto ácido foi mais pronunciado nas amostras maturadas secas.

Porém não observaram diferenças na maciez instrumental, maciez sensorial,

suculência, sabor de carne, sabor de carne assada e sabor de sangue.

Smith et. al. (2014) avaliaram os efeitos da maturação úmida e seca por

35 dias em dois cortes distintos (Filé de Costela e Alcatra). As perdas totais do

processo (evaporação e aparas) neste experimento foram maiores em carnes

maturadas secas. Na avaliação sensorial realizada com consumidores,

somente foram encontradas diferenças na aceitação da suculência, sendo esta

maior nas amostras maturadas úmidas. Esta diferença não pode ser observada

no grau de suculência entre os dois processos. Já na análise sensorial

utilizando painel treinado, foi observado um sabor metálico mais pronunciado

em carnes maturadas secas, mas com uma diferença muito pequena, que

provavelmente não é relevante para uma decisão de compra.

Ao comparar as características físico-químicas e a aceitação do

consumidor em carnes maturadas a seco e a vácuo por 30 dias, Stiz et. al.

(2014) não encontraram diferenças na aceitação do consumidor quando

utilizadas carnes Choice. No entanto, quando foram utilizadas carnes Prime, os

consumidores preferiram o sabor e a maciez de carnes maturadas a vácuo do

que de carnes maturadas secas. No mesmo experimento, verificou-se maior

porcentagem de proteínas e cinzas em carnes maturadas a seco, justificada

pela perda de umidade durante o processo. Não foi verificada diferenças na

força de cisalhamento e na avaliação visual da gordura intramuscular entre os

processos de maturação seca e úmida.

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3.3.1. Utilização de Embalagens Permeáveis

Nos últimos anos vêm sendo estudada a utilização de embalagens

permeáveis ao vapor de água na maturação a seco (DeGeer et. al., 2009;

Dikeman et. al., 2013; Stenström et. al., 2014; Li et. al., 2013; Li et. al., 2014).

Mesmo com a ventilação forçada que resseca a superfície e assim inibe a

proliferação microbiana, a ausência de proteção da embalagem implica em um

alto risco de contaminação a esta carne (Stenström et. al., 2014).

DeGeer et. al. (2009) encontraram que a carne maturada a seco em

embalagem permeável produz o mesmo sabor que carnes maturadas a seco

tradicionalmente após 28 dias de maturação, mas não encontraram diferenças

na perda de peso combinada de evaporação e aparas. Também não

encontraram diferença no crescimento de bactérias láticas e de E. coli.

Dikeman et. al. (2013) avaliaram o efeito de 3 métodos de maturação

(úmida, seca sem embalagem permeável a vapor de água e com embalagem

permeável a vapor de água), e dois tipos de carnes (Select e Choice) no

rendimento, composição química, maciez instrumental, cor instrumental e

propriedades sensoriais no músculo longissimus lumborum maturado por 21

dias. Carnes maturadas úmidas apresentaram menores perdas totais do que as

carnes submetidas aos dois processos de maturação seca. Uma maior perda

por evaporação foi verificada em amostras maturadas secas sem embalagem e

maiores perdas por aparas quando maturadas secas com embalagem

permeável. Quando as duas perdas foram somadas, as perdas combinadas

não diferiram entre carnes maturadas a seco com e sem embalagem

permeável. A umidade das amostras maturadas úmidas foram maiores,

seguida pelas amostras maturadas secas com embalagem permeável e com as

amostras maturadas seca pelo método tradicional apresentando os menores

valores. Não houve efeito dos processos na maciez instrumental.

Li et. al. (2014) avaliaram o efeito da maturação úmida e da maturação

seca com ou sem embalagem permeável, e do tempo de maturação (8 ou 19

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dias) no rendimento, nas características físico-químicas e nos atributos

sensoriais de carnes. Carnes maturadas secas, com ou sem embalagem,

apresentaram maiores valores de pH, porém ambas apresentaram valores

considerados normais para carne. As perdas por evaporação, por aparas e

totais foram menores em carnes maturadas a vácuo após 19 dias de

maturação. Já as perdas entre carnes maturadas a seco com e sem

embalagem permeável não diferiram entre si depois de 19 dias de maturação,

com exceção da perda por evaporação, que foi maior em carnes maturadas

sem a utilização da embalagem. Nas análises sensoriais utilizando painel

treinado, foi observado um aumento na intensidade do gosto umami e do sabor

de gordura em carnes maturadas secas, sem diferença entre a presença ou

não de embalagem permeável. Já o sabor metálico e o sabor residual metálico

foram maiores em carnes maturadas úmidas e secas com presença de

embalagem permeável. Não houve diferença entre os três processos em

nenhum atributo de textura. Para o odor, foi observado menor intensidade de

odor metálico e de fígado em carnes maturadas secas sem embalagem.

Carnes maturadas secas com ou sem embalagem permeável apresentaram

também um maior odor, sabor e sabor residual de carne frita na manteiga.

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5. Artigo 1

Artigo formatado para publicação: Ciência Rural

Efeitos da Temperatura de Armazenamento na

Qualidade da Carne Bovina Submetida aos Processos

de Maturação Úmida e Seca

Ferreira, F.M.S.; Pflanzer, S.B.

Faculdade de Engenharia de Alimentos

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil

2018

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5.1. Resumo

A maturação é um método utilizado para aumentar a maciez em carnes. O

processo de maturação seca é uma alternativa a maturação úmida

convencional para obter um diferente perfil de sabor na carne. O objetivo deste

experimento foi comparar a maturação seca e úmida na qualidade da carne,

além de estudar os efeitos da temperatura da câmara (2ºC e 7ºC) no processo

por 21 ou 42 dias de maturação. Foram utilizados filé de costela e contrafilé (m.

longissimus thoracis et lumborum), os quais foram porcionados e balanceados

entre os tratamentos. Análises de perdas de peso no processo, características

físico-químicas e características de sabor foram realizadas. O maior tempo e

temperatura aumentaram as perdas do processo em carnes maturadas secas

(P<0,05), porém não afetou as perdas em carnes maturadas úmidas (P>0,05).

A temperatura de armazenamento não afetou os valores de atividade de água

(P>0,05). Entretanto, as carnes maturadas secas apresentaram menores

valores de atividade de água quando comparadas as carnes maturadas úmidas

(P<0,05). A capacidade de retenção de água foi maior após 42 dias em carnes

maturadas secas (P<0,05). Os avaliadores perceberam o sabor de carne

maturada mais intenso em carnes maturadas úmidas a 2ºC por 42 dias, esta

amostra também apresentou a acidez mais pronunciada, junto com a carne

sem maturação (P<0,05). Conclui-se que as temperaturas avaliadas neste

experimento não afetaram as características físico-químicas, mas maiores

temperaturas podem aumentar as perdas no processo de maturação seca.

Mesmo a maturação seca apresentando perdas intensas de massa, os

atributos sensoriais não diferiram das amostras maturadas a vácuo até 21 dias

de maturação. Com 42 dias as carnes maturadas úmidas apresentaram uma

maior intensidade de gosto ácido, o que pode diminuir sua aceitação.

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5.2. Abstract

Aging is a method used to increase the tenderness in meats. The dry aging

process is an alternative to conventional wet aging to obtain a different flavor

profile in the meat. The objective of this experiment was to compare the dry and

wet aging in the meat quality, besides studying the parameters that can affect

the processes. The effect of temperature (2ºC and 7ºC) on dry and wet aging

processes for 21 or 42 days was evaluated. It was used Beef Rib and Ribeye

(m. longissimus thoracis et lumborum), which were portioned and balanced

between treatments. Weight losses, physical-chemical characteristics and flavor

characteristics were analysed. The higher time and temperature increased the

total process losses in dry aged meats (P <0.05), but did not affect losses in wet

aged meats (P> 0.05). The storage temperature did not affect water activity

values (P> 0.05). However, dry aged meats had lower values of water activity

when compared to wet aged meats (P <0.05). The water holding capacity was

higher after 42 days in dry aged meats (P <0.05). The evaluators perceived the

flavor of overall aged meat as higher in wet aged meats at 2ºC for 42 days, this

sample also showed the most pronounced sour taste, together with meat

without aging (P <0.05). The temperatures evaluated in this experiment did not

affect the physical-chemical characteristics, but higher temperatures may

increase the losses in the dry aging process. Even the dry aging presenting

intense mass losses, the sensorial attributes did not differ from the samples

aged under vacuum until 21 days of aging. At 42 days, wet aged meats

presented a higher intensity of acid taste, which may decrease their

acceptance.

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5.3. Introdução

O Brasil situa-se entre os principais produtores e exportadores de carne

bovina do mundo. Porém, esta produção é baseada em animais da raça Nelore

criados a pasto (Ferraz & Felício, 2010). Esse cenário pode propiciar a

produção de carnes menos apreciadas pelos consumidores, uma vez que

raças Zebuínas são conhecidas por apresentar menores taxas de maturação e

o sistema a pasto dificulta a deposição de gordura nas carcaças, o que pode

comprometer sua qualidade (Koohmaraie, 1994; Carvalho et. al., 2014; Miller

et. al., 2001; Shorthose & Harris, 1990). Um dos principais métodos para

melhorar atributos sensoriais, e assim consequentemente aumentar a

aceitação pelos consumidores, é a maturação (Sitz et. al., 2006; Campbell et.

al., 2001).

A maturação é o processo de amaciamento da carne, devido a ação

proteolítica de enzimas endógenas do músculo quando armazenados em

condições ideais (Lonergan et. al., 2010). Existem dois métodos de maturação:

a maturação úmida, onde a carne é acondicionada em embalagem

impermeável e fica isolada de efeitos externos, e a maturação a seco, que

consiste em manter a carne em contato com o ar do ambiente (Smith et. al.,

2008). Neste último método deve-se controlar as condições de umidade e fluxo

de ar de modo a evitar deterioração e contaminação (Smith et. al., 2014).

A utilização da maturação a seco vem aumentando devido a

possibilidade de melhorar os atributos sensoriais, como o sabor (Dashdorj et.

al., 2016). Há trabalhos que demonstram um aumento da qualidade do ponto

de vista sensorial do sabor (Stënstrom et. al., 2014; Lepper-Billie et. al., 2016;

Li et. al., 2013) e alguns que demonstram também uma melhoria da maciez

(Laster et. al., 2008; Stënstrom et. al., 2014).

Devido a não utilização de embalagem, deve-se haver um controle das

condições ambientais com o objetivo de se produzir carnes padronizadas, com

qualidade sensorial e microbiológica aceitáveis (DeGeer et. al., 2009). Os

principais fatores ambientais que devem ser observados no processo de

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maturação seca são: tempo de maturação, temperatura, umidade relativa e

corrente de ar. (Dashdorj et. al., 2016).

Nas carnes maturadas secas o controle da temperatura é fundamental,

já que este é um fator determinante na perda de água em alimentos (Krokida,

2003). Alguns autores apresentam que a temperatura de armazenamento deve

ficar entre 0º e 4ºC, não diferindo das temperaturas utilizadas no processo de

maturação úmida (Savell, 2008; Dasdorj et. al., 2016). Em temperaturas mais

altas o processo enzimático é acelerado, podendo causar melhorias no sabor e

maciez. Porém, nestas condições a qualidade microbiológica pode ser

comprometida (Savell, 2008). Quando a temperatura de armazenamento é

muito baixa, o processo enzimático se torna lento, o que reduz ou interrompe o

amaciamento da carne (Devine et. al., 1999). Dashdorj et. al. (2016) concluíram

que são necessárias pesquisas que sirvam de guia para o processo, a fim de

padronizar e entender os efeitos das variações no ambiente na maturação

seca.

Devido às condições empregadas para produção de carne no Brasil não

favorecerem a qualidade sensorial, a maturação seca pode se tornar uma

alternativa viável para aumentar o valor do produto. Como há poucos estudos

avaliando o efeito da maturação seca em carnes de zebuínos, torna-se

necessário uma avaliação dos seus efeitos sob condições de produção típicas

brasileiras.

Objetivou-se avaliar os efeitos de duas temperaturas de armazenamento

(2 e 7ºC) no rendimento de processo, nas características físico-químicas e nas

características sensoriais de carne bovina de animais zebuínos, maturadas a

vácuo e a seco por até 42 dias.

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5.4. Materiais e Métodos

A análise sensorial foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

UNICAMP por meio do parecer número 2.236.968 (Anexo 1).

5.4.1. Amostras

Para o experimento foram utilizadas 16 peças de filé de costela e

contrafilé de ~ 55cm (6ª vértebra torácica a 3ª vértebra lombar, m. longuissimus

thoracis et lumborum), pertencentes a 8 carcaças de bovinos não castrados, da

raça Nelore, e abatidos em frigorífico comercial, com peso de carcaça quente

entre 220 e 270 quilos e espessura de gordura de 3 a 10 mm, aferida com um

paquímetro, na 13ª vértebra torácica. As amostras foram obtidas 2 dias post

mortem, identificadas, embaladas a vácuo, acondicionadas em recipientes

térmicos com gelo e transportadas até o Laboratório de Carnes da Faculdade

de Engenharia de Alimentos – UNICAMP em Campinas. No momento da

coleta, o pH da carne foi aferido (Mettler Toledo MP125), garantindo que todas

as amostras utilizadas apresentassem pH menor que 5,9.

5.4.2. Preparo e Maturação

Cada par de contrafilé, direito e esquerdo de uma mesma carcaça, foi

utilizado para compor os 8 tratamentos de maturação. De cada peça de

contrafilé foi retirado 1 bife de 2,5cm de espessura da porção central (amostra

não maturada – NM), restando duas metades, que foram novamente cortadas

ao meio. Os tratamentos foram balanceados entre as porções cranial e caudal

para evitar efeito de posição. Os tratamentos foram:

Maturação úmida por 21 dias a 2ºC

Maturação úmida por 21 dias a 7ºC

Maturação úmida por 42 dias a 2ºC

Maturação úmida por 42 dias a 7ºC

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Maturação seca por 21 dias a 2ºC

Maturação seca por 21 dias a 7ºC

Maturação seca por 42 dias a 2ºC

Maturação seca por 42 dias a 7ºC

A distribuição dos tratamentos é apresentada na Figura 1 e Tabela 1.

Os bifes retirados da porção central de cada peça de contrafilé (1 bife do

lado esquerdo e 1 bife do lado direito) foram destinados para análise de pH,

atividade de água, capacidade de retenção de água, teores de umidade e

gordura intramuscular, cor instrumental, força de cisalhamento e análise

sensorial.

Figura 1: Esquema de porcionamento das amostras. CF1: Contrafilé esquerdo;

CF2: Contrafilé direito.

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Tabela 1: Esquema de porcionamento das amostras

ANIMAL 21 DIAS 42 DIAS 1 2 3 4

1 Direito Esquerdo Seca 2ºC Seca 7ºC Úmida 2ºC Úmida 7ºC

2 Esquerdo Direito Seca 7ºC Úmida 2ºC Úmida 7ºC Seca 2ºC

3 Direito Esquerdo Úmida 2ºC Úmida 7ºC Seca 2ºC Seca 7ºC

4 Esquerdo Direito Úmida 7ºC Seca 2ºC Seca 7ºC Úmida 2ºC

5 Esquerdo Direito Seca 2ºC Seca 7ºC Úmida 2ºC Úmida 7ºC

6 Direito Esquerdo Seca 7ºC Úmida 2ºC Úmida 7ºC Seca 2ºC

7 Esquerdo Direito Úmida 2ºC Úmida 7ºC Seca 2ºC Seca 7ºC

8 Direito Esquerdo Úmida 7ºC Seca 2ºC Seca 7ºC Úmida 2ºC

Seca 2ºC: maturação a seco a 2ºC Seca 7ºC: maturação a seco a 7ºC Úmida 2ºC: maturação úmida a 2ºC Úmida 7ºC: maturação úmida a 7ºC

As peças, tanto para maturação seca, quanto para maturação úmida,

foram colocadas em câmaras de maturação construídas a partir de cervejeiras

comerciais da Metalfrio (modelo VN50R) modificadas para controlar a

temperatura e a umidade. Uma das câmaras foi regulada para atuar a 2ºC,

enquanto a outra a 7ºC. A umidade das duas câmaras foi regulada para 75%.

As câmaras possuíam sistema de ventilação forçada, mas a velocidade do ar

não foi aferida.

No primeiro dia de maturação foram alocadas 32 amostras em cada

câmara de maturação. Após 21 dias de maturação, 16 amostras de cada

câmara foram processadas para análise, restando 16 amostras em cada

câmara, as quais permaneceram até o dia 42.

5.4.2.1. Maturação úmida

As porções designadas para o processo de maturação úmida foram

previamente pesadas, desossadas, pesadas novamente e embaladas a vácuo

(embalagens Cryovac® BB 2620, Cryovac Brasil Ltda., com 50µm de

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espessura, permeabilidade a O2 de 20 cm3/m2, 24 h, bar à 23°C e 0% de

umidade relativa e permeabilidade máxima a CO2 de 100 cm3/m2, 24 h, bar à

23°C, 0% umidade relativa). As amostras foram maturadas por 21 ou 42 dias.

Ao término de cada período de maturação as amostras foram retiradas da

embalagem, secas com papel absorvente e pesadas.

5.4.2.2. Maturação a seco

As porções designadas para o processo de maturação a seco foram

pesadas e acondicionadas na câmara de maturação em prateleiras com a

gordura subcutânea para cima, por 21 ou 42 dias. As amostras foram pesadas

e reposicionadas na câmara a cada 3 dias. Ao final da maturação as amostras

foram pesadas, desossadas e tiveram as superfícies ressecadas (aparas)

removidas.

5.4.3. Cálculos das Perda de Peso

As pesagens realizadas antes, durante e após o processo de maturação

foram utilizadas para calcular as perdas de peso por gotejamento ou

evaporação decorrentes dos processos de maturação, desossa e aparas.

Todos os resultados de perda de peso foram calculados, em porcentagem, a

partir da razão entre o peso perdido pelo peso inicial da porção.

Foram calculadas as seguintes perdas:

Desossa – relação entre o peso inicial da amostra e peso dos ossos;

Gotejamento – relação entre o peso inicial da amostra sem ossos e o

peso final no processo de maturação úmida;

Evaporação - relação entre o peso inicial da amostra com osso e o peso

final com osso no processo de maturação a seco;

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Aparas – relação entre o peso da amostra ao final do processo de

maturação a seco e o peso das aparas (superfícies ressecadas)

Processo – relação entre o peso inicial e o peso final no processo de

maturação

Ossos – relação entre o peso de ossos retirado da peça, após o

processo na maturação seca e no início do processo na maturação

úmida, e o peso inicial.

5.4.4. Análises

As amostras, devidamente maturadas, desossadas e livres de

superfícies ressecadas foram cortadas em bifes de 2,54 cm de espessura. Os

bifes foram destinados para análises de pH, CRA, teor de umidade, cor

instrumental, força de cisalhamento e análise sensorial.

A análise de atividade de água foi realizada nas aparas das amostras

que passaram pelo processo de maturação a seco. Já nas amostras maturadas

a vácuo, a análise foi realizada em um dos bifes previamente cortados.

5.4.4.1. Cor Instrumental

A avaliação da cor foi realizada logo após a preparação dos bifes, sem

congelamento/descongelamento, conforme especificações da AMSA (2012).

Os bifes foram colocados em bandejas de poliestireno expandido. As bandejas

com os bifes foram cobertas com filme de PVC e acondicionadas em uma

câmara frigorífica com temperatura de 2 ± 2ºC. As amostras foram alocadas

sem sobreposição e ficaram expostas ao ar refrigerado continuamente por um

período de uma hora. Após esse período, foram realizadas as avaliações de

cor instrumental utilizando um colorímetro portátil modelo CM 508-d HunterLab

(MiniScanTMXE) com acessório de proteção contra umidade. A leitura dos

parâmetros L* (luminosidade), a* (intensidade de vermelho/verde) e b*

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(intensidade de amarelo/azul) foram realizadas pelo Sistema CIELAB. Foram

utilizadas as condições: SCI – especular incluída, iluminante D65, ângulo de

visão de 8° e ângulo (ou abertura) padrão do observador de 10°. Considerou-

se como valor final a média de 3 leituras obtidas em posições diferentes.

5.4.4.2. Determinação de pH

A determinação do pH foi realizada após a avaliação de cor instrumental

utilizando um potenciômetro de penetração Mettler Toledo MP125. O pH foi

avaliado em 3 posições diferentes no mesmo bife.

5.4.4.3. Teor de Umidade

A determinação do teor de umidade foi realizada em triplicata por meio

da secagem em estufa, comparando o peso das amostras antes e após a

secagem, de acordo com a metodologia 1 da AOAC - Association of Official

Analytical Chemists (1990). As amostras estavam desprovidas de gordura

subcutânea e foram moídas grosseiramente em processador de alimentos

(Mega Master – Walita).

5.4.4.4. Atividade de Água

A atividade de água foi determinada com utilização do medidor de

atividade de água Aqualab-DECAGON (modelo 4TE). Para as amostras do dia

0 e para as amostras maturadas a vácuo foi utilizado uma porção de um dos

bifes, enquanto que para as amostras maturadas a seco foi utilizada uma

porção preparada das aparas (superfície ressecada).

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5.4.4.5. Capacidade de Retenção de Água

Foi utilizada nesta análise, a metodologia descrita por Hamm, citada por

Silva Sobrinho (1999).

As medidas foram realizadas em porções do interior das peças sem

maturação ou maturadas (úmida e seca). Foram coletados 0,5±0,05 gramas de

amostra em um fragmento único. Essas amostras foram colocadas no centro

de papeis filtro previamente condicionados em dessecador por mínimo de 12

horas e então submetidas a 500psi de pressão por 1 minuto entre placas de

acrílico.

Com uma caneta marcou-se as áreas internas e externas formadas e

essas foram mensuradas através do software de análise de imagens

AxioVision LE (Zeiss). Os resultados obtidos foram utilizados nas seguintes

equações, junto com o valor de umidade, para determinar a quantidade de

água livre e a CRA:

5.4.4.6. Maciez Instrumental

Os procedimentos para cocção dos bifes foram realizados utilizando-se

adaptações do protocolo experimental descrito pela AMSA (2012).

Os bifes foram previamente descongelados (24 horas a 5°C). A cocção

foi realizada em forno elétrico regulado em 165ºC. Os bifes foram processados

termicamente até atingirem a temperatura interna de 71ºC. O controle da

temperatura interna nos bifes foi realizado através de um termopar de

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penetração cobre/constantan de -16 a 100°C com haste flexível conectado a

um sensor de temperatura Omron modelo E5CWL (fabricante: CSW), inserido

na região central do bife. Os bifes foram pesados antes e depois da cocção e, a

partir desses pesos, foram calculadas as perdas de peso por cocção (PPC), em

porcentagem.

Após a cocção os bifes foram mantidos a temperatura ambiente até

esfriarem, embalados em sacos plásticos, devidamente identificados e levados

ao refrigerador à temperatura de 5ºC por um período de 12 horas.

Seis cilindros de 1,27 cm de diâmetro, por bife, foram retirados

paralelamente ao sentido longitudinal das fibras musculares utilizando um

amostrador (“coring cutter”). Os cilindros foram imediatamente cisalhados em

um texturômetro marca TA-XT 2i (Texture Technologies Corp./ Stable Micro

Systems, UK), equipado com lâmina de Warner-Bratzler, de 1 mm de

espessura (AMSA, 2012). A média dos resultados de maciez, em kg, dos 6

cilindros de cada bife foi considerada como o valor de maciez final da amostra

correspondente.

5.4.5. Análise Sensorial

Neste experimento, foi realizada uma análise sensorial descritiva

somente dos atributos de sabor.

5.4.5.1. Preparação das amostras

Foi realizado uma análise microbiológica prévia (dados não

apresentados no presente estudo) e, devido a uma alta contagem microbiana

nas carnes maturadas a vácuo a 7ºC por 42 dias, optou-se por eliminar essas

amostras da análise sensorial. Sendo assim, foram somente analisadas as

amostras dos seguintes tratamentos:

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Dia 0: Amostras sem maturação

DRY 2 / 21: Amostras maturadas secas a 2ºC por 21 dias

DRY 7 / 21: Amostras maturadas secas a 7ºC por 21 dias

WET 2 / 21: Amostras maturadas úmidas a 2ºC por 21 dias

WET 7 / 21: Amostras maturadas úmidas a 7ºC por 21 dias

DRY 2 / 42: Amostras maturadas secas a 2ºC por 42 dias

DRY 7 / 42: Amostras maturadas secas a 7ºC por 42 dias

WET 2 / 42: Amostras maturadas úmidas a 2ºC por 42 dias

Com a finalidade de somente analisar o sabor das carnes e evitar a

influência da textura e suculência, os bifes separados para análise sensorial

foram moídos e misturados por tratamento. Hambúrgueres foram moldados

(150g), utilizando somente a carne dos bifes separados para a análise, e

congelados para análise posterior.

Os hambúrgueres, ainda congelados, foram assados em forno elétrico

por 10 minutos, virando aos 5 minutos. As amostras foram cortadas e mantidas

aquecidas em estufa (W4B - Titã Eletrocomerciais). As amostras foram

oferecidas aos provadores, em ordem balanceada, codificados por 3 números

aleatórios e com água e bolacha para limpeza do palato entre amostras.

5.4.5.2. Provadores

Os avaliadores foram selecionados entre alunos e funcionários da

FEA/UNICAMP. Foram selecionados 13 provadores, dos quais 11

permaneceram até o final do experimento.

5.4.5.3. Seleção dos termos descritores

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Os atributos sensoriais foram determinados pelo método de rede de

Moskowitz (1983).

Amostras de carne não maturada, carne maturada úmida por 42 dias e

carne maturada seca por 42 dias foram oferecidas aos avaliadores. Foi

solicitado que os provadores descrevessem com termos simples, as

similaridades e diferenças entre as características de sabor das amostras. Os

termos mais citados foram discutidos e foi determinado, com consenso entre os

avaliadores, quais seriam utilizados no treinamento.

5.4.5.4. Treinamento dos Avaliadores

Após seleção dos termos, os provadores participaram de sessões para

definir os padrões de intensidade dos atributos levantados. Os avaliadores

foram treinados a avaliar as amostras em uma escala linear não estruturada de

15 cm ancorada à esquerda como “fraco” e à direita como “forte”.

Foram realizadas ao total, 4 sessões de treinamento. Os termos

selecionados e suas referências podem ser observados na Tabela 2.

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Tabela 2: Termos descritores e referências utilizadas na análise descritiva

Atributo Definição Referências

Sabor de Carne Assada Intensidade de sabor

de carne bovina assada

na amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (65ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (75ºC)

Sabor de Carne Maturada Intensidade de sabor

de carne bovina após

maturação na amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé maturado

seca por 42 dias (71ºC)

Sabor de Gordura Intensidade do sabor

de gordura de carne

bovina na amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de spinalis sem

maturação (71ºC)

Sabor Metálico Intensidade do sabor

metálico/sangue na

amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação acrescido de 0,5% de sulfato

ferroso

Sabor de Fígado Intensidade do sabor

de fígado bovino na

amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação acrescido de 5% de fígado

moído

Gosto Umami Intensidade do gosto

umami na amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação acrescido de 0,2% de

glutamato monossódico.

Gosto Ácido Intensidade de acidez

da amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação acrescido de 0,2% de ácido

cítrico.

5.4.5.5. Validação

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Os provadores foram validados em 3 sessões. Os resultados dos

avaliadores foram avaliados através de análise de variância (ANOVA de dois

fatores) para os resultados de cada provador e cada atributo. Foi utilizado o

programa Statistica 7.0 (Statsoft, 2005). Os avaliadores que não apresentaram

poder discriminativo ou diferiram entre os demais provadores foram eliminados,

restando 11 avaliadores ao final do processo.

5.4.5.6. Avaliação

Foram realizadas 3 sessões de avaliação das amostras. O preparo das

amostras seguiu a metodologia descrita no item 5.4.5.1. As amostras foram

apresentadas de forma monádica, uma amostra por vez e com ordem

balanceada entre os provadores a fim de evitar vícios.

5.4.6. Análise Estatística

Os dados coletados foram analisados estatisticamente com o programa

Statistica 7.0 (STATSOFT, 2005) por ANOVA de 3 fatores 2x2x2: processo

(seco e úmido, temperatura 2ºC e 7ºC e tempo 21 e 42 dias). As médias foram

comparadas por teste Tukey a 5% de significância.

Para a análise sensorial foi utilizado um delineamento inteiramente

casualizado com 3 repetições. Os dados foram analisados por ANOVA de 2

fatores com duas fontes de variação (amostra e avaliador). Após verificação da

ausência da interação entre amostra e avaliador, os atributos que

apresentaram efeito da amostra foram submetidos a teste de média de Tukey a

5% de significância.

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5.5. Resultados e Discussões

Na Tabela 3 são apresentados os dados obtidos das amostras no dia 0,

sem maturação. A espessura de gordura subcutânea, medida na altura da 12ª

vertebra torácica, variou entre 3 e 10mm, com média de 5,3±0,71mm.

Todas as amostras coletadas apresentaram valores de pH entre 5,4 e

5,5, indicando a ausência de carne DFD (dark, firm e dry). O valor de atividade

de água das amostras no dia 0 condiz com os valores na carne fresca,

segundo a literatura, entre 0,98 e 0,99 (Chirife & Fontan, 1982). A capacidade

de retenção de água foi de 70,25±1,37%.

Os teores de umidade variaram de 71,37 a 75,62%, com média de

74,15±0,41%. Os valores encontrados para gordura intramuscular variaram de

1,82 a 5,94%, com média de 3,11±0,48%.

As amostras sem maturação apresentaram valores de maciez

instrumental de 4,97±0,56kg. Os valores de PPC tiveram média de

18,52±0,66%.

Tabela 3: Médias, EPM e valores mínimos e máximos as variáveis avaliadas

nas amostras sem maturação (n = 8)

Média EPM Mínimo Máximo

EGS (mm) 5,33 0,71 3,00 10,00 pH 5,46 0,01 5,43 5,51 Atividade de Água 0,9870 0,004 0,9860 0,9900 CRA (%) 70,25 1,37 62,10 75,18 Umidade (%) 74,15 0,41 71,37 75,62 Gordura (%) 3,11 0,48 1,82 5,94

Cor L 29,11 0,90 24,47 31,78 a 22,74 0,68 19,49 26,81 b 19,08 0,74 15,74 22,54

PPC (%) 18,52 0,66 16,20 21,72 WBSF (kg) 4,97 0,56 3,45 9,00 EGS: Espessura de gordura subcutânea; CRA: Capacidade de retenção de água; PPC: Perda

de peso na cocção; WBSF: Força de cisalhamento por Warner Bratzler.

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Nas Figura 2 e Tabela 4 são apresentados os valores das perdas por

evaporação no processo de maturação a seco, quando realizado a 2ºC ou 7ºC.

Pode-se observar que a carne maturada a 7ºC perdeu mais peso em todos os

dias de pesagem. No início da maturação essa diferença foi de

aproximadamente um ponto percentual, já com 42 dias essa diferença chegou

a 1,7 pontos percentuais. Ao final dos 21 dias, a carne maturada a 2ºC perdeu

15,3%, enquanto a carne maturada a 7ºC perdeu 16,6% de peso em relação ao

peso inicial. Ao final de 42 dias de maturação a carne maturada a 2ºC perdeu

20,6% de peso, enquanto a carne a 7ºC perdeu 22,3%.

As perdas por evaporação foram significativamente maiores quando as

carnes foram maturadas a seco a 7ºC por até 18 dias. Com 21 dias foi

observada uma tendência (P = 0,07) de maiores perdas para carne a 7ºC. Após

24 dias, até 42 dias, não foram observadas diferenças, mesmo as médias

sendo numericamente maiores para as amostras a 7ºC. A ausência de

diferença pode estar associada ao menor número de amostras dentro das

câmaras após 21 dias (32 para 16 amostras em cada câmara), o que pode ter

elevado a circulação de ar e por consequência equalizado as perdas por

evaporação.

Maiores perdas por evaporação em câmaras com maior temperatura

eram esperadas, pois temperaturas mais elevadas propiciam maior taxa de

desidratação em vários alimentos (Krokida et. al., 2003).

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Figura 2: Efeito da temperatura de estocagem na perda por evaporação no

processo de maturação a seco de 3 a 42 dias.

Tabela 4: Efeito da temperatura de estocagem nas Perdas por Evaporação de

Carnes Maturadas a Seco

Dias de

Maturação N

Temperatura Valor de

P

Diferença em

% entre 7ºC e

2ºC 2ºC 7ºC

3 16 5,19±0,25 6,18±0,25 0,008 1,0

6 16 8,19±0,29 9,09±0,32 0,048 0,9

9 16 10,16±0,35 11,17±0,33 0,045 1,0

12 16 11,85±0,36 12,89±0,38 0,057 1,0

15 16 12,90±0,43 14,23±0,40 0,032 1,3

18 16 14,32±0,47 15,61±0,44 0,053 1,3

21 16 15,34±0,50 16,57±0,45 0,076 1,2

24 8 16,41±0,83 17,66±0,56 0,230 1,3

27 8 17,17±0,83 18,50±0,56 0,207 1,3

30 8 17,99±0,87 19,39±0,61 0,208 1,4

33 8 18,69±0,87 20,19±0,61 0,181 1,5

36 8 19,55±0,90 21,12±0,64 0,174 1,6

39 8 20,16±0,92 21,84±0,66 0,159 1,7

42 8 20,56±0,94 22,26±0,64 0,158 1,7

Verificou-se efeito da posição anatômica nas perdas de peso por

evaporação no processo a seco (Figura 3). A posição mais cranial foi a que

sofreu as maiores perdas de desidratação, possivelmente por não apresentar

cobertura de gordura subcutânea e apresentar a maior área de musculatura

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exposta (Figura 4). Ao final da maturação (42 dias), as amostras da posição 1

perderam 24,4% de peso, enquanto as amostras das demais posições

perderam aproximadamente 20%.

Figura 3: Efeito da posição anatômica do corte na perda por evaporação no

processo de maturação a seco até 42 dias (até 21 dias n=32; de 24 a 42 dias n

= 16). Números 1, 2, 3 e 4 indicam as posições: cranial 1, cranial 2, caudal 1 e

caudal 2, respectivamente.

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Figura 4: Característica das porções utilizadas para os processos de maturação. Da esquerda para direita, cranial para caudal.

Não foram verificados efeitos (P>0,05) da interação entre tipo,

temperatura e tempo de processos de maturação para as variáveis perdas de

gotejamento, evaporação, aparas, ossos e processo.

As amostras submetidas ao processo de maturação a vácuo (úmida)

apresentaram maior perda por gotejamento quando maturadas por 42 dias em

relação as amostras maturadas por 21 dias (P<0,05). Entretanto, a temperatura

de armazenamento não afetou a perda por gotejamento (P>0,05).

A quantidade de aparas ressecadas, presentes apenas nas amostras

sob maturação seca, não foi afetada pela temperatura de estocagem (P>0,05).

Entretanto, as amostras maturadas por 42 dias apresentaram maiores valores

que as maturadas por 21 dias (P<0,05; Tabela 5). Kim et. al. (2016) não

encontraram diferença entre o rendimento de carnes maturadas a seco a 1ºC e

a 3ºC. Já Ahnström et. al. (2006) observaram um aumento nas perdas de

aparas nas amostras maturadas a seco entre 14 e 21 dias.

Foi observada uma perda de processo (evaporação e aparas nas

amostras maturadas a seco e gotejamento nas amostras maturadas à vácuo)

de aproximadamente 24% para as amostras maturadas a seco, enquanto as

amostras sob maturação a vácuo perderam aproximadamente 2,6% de massa,

em relação ao peso inicial (Tabela 5).

Não houve efeito do tipo de maturação na porcentagem perdida na

desossa em relação ao peso da amostra fresca (Tabela 5). Este efeito também

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não foi observado por Vilella (2016), que não encontrou diferença na

porcentagem de osso entre amostras maturadas a seco e a vácuo por 28 dias,

assim como Kim et. al. (2016), que não observaram diferença na quantidade de

ossos em amostras maturadas a seco ou a vácuo em câmaras a 1 e 3ºC por 21

dias.

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Tabela 5: Médias ± EPM das perdas de peso por desossa, aparas, gotejamento, evaporação, e processo das amostras maturadas

Gotejamento (G) Evaporação (E) Aparas (A) Processo Ossos

Tipo de maturação Maturação úmida (n=32) 2,64 ± 0,21 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 2,64 ± 0,21 33,34 ± 1,17 Maturação seca (n=32) 0,00 ± 0,00 18,71 ± 0,62 5,69 ±0,23 24,41 ± 0,75 34,09 ± 0,91

Valor de P <0,0001 0,61

Temperatura da câmara 2ºC (n=32) 2,50 ± 0,26 17,95 ± 0,88 5,41 ± 0,32 12,93 ± 1,95 34,33 ± 1,11 7ºC (n=32) 2,78 ± 0,34 19,47 ± 0,86 5,98 ± 0,32 14,12 ± 2,10 33,09 ± 0,97 Valor de P 0,53 0,23 0,22 0,68 0,40

Tempo de maturação 21 dias (n=32) 1,78 ± 0,12 16,02 ± 0,52 5,01 ± 0,34 11,40 ± 1,76 34,32 ± 1,10 42 dias (n=32) 3,50 ± 0,27 21,40 ± 0,59 6,38 ± 0,19 15,64 ± 2,20 33,10 ± 0,98

Valor de P <0,0001 <0,0001 0,0014 0,14 0,41

Interação Tipo x Temperatura 0,0443 0,5111

Tipo x Tempo <0,0001 0,4002 Temperatura x Tempo 0,4160 0,8173 0,3534 0,9453 0,6311

Tipo x Temperatura x Tempo 0,6269 0,2962

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Foi observada interação entre tempo de armazenamento e tipo de

maturação nas perdas de processo (P>0,05). Um maior tempo de maturação

elevou mais as perdas de processo das amostras maturadas a seco do que as

amostras maturadas a vácuo. Como as perdas por gotejamento não aumentam

com o aumento do período de maturação, não há aumento das perdas totais na

maturação úmida.

Tabela 6: Efeito do tempo de maturação (21 e 42 dias) sobre as perdas totais

de processo nas carnes maturadas úmida ou seca

Processo (G+E+A) Úmida (n=32) Seca(n=32)

21 dias (n=32) 1,78 ± 0,12 b,B

21,03 ± 0,67 a,B

42 dias (n=32) 3,50 ± 0,27

b,A 27,79 ± 0,58

a,A

Processo (G+E+A) = Soma das perdas por gotejamento, evaporação e aparas. a,b

Na mesma linha, para um mesmo tempo de maturação, letras minúsculas diferem (P<0,05). A,B

Na mesma coluna, para um mesmo tipo de maturação, letras maiúsculas diferem (P<0,05).

Tabela 7: Efeito do temperatura de maturação (2ºC e 7ºC) sobre as perdas totais de processo nas carnes maturadas úmida ou seca

Processo (G+E+A) Úmida (n=32) Seca (n=32)

2ºC (n=32) 2,50 ± 0,26 b,A

23,36 ± 1,06 a,B

7ºC (n=32) 2,78 ± 0,34

b,A 25,45 ± 1,03

a,A

Processo (G+E+A) = Soma das perdas por gotejamento, evaporação e aparas. a,b

Na mesma linha, para uma mesma temperatura de maturação, letras minúsculas diferem (P<0,05). A,B

Na mesma coluna, para um mesmo tipo de maturação, letras maiúsculas diferem (P<0,05).

Os valores de pH não foram afetados pelo tipo, temperatura e tempo de

maturação. Kim et. al. (2016) também não encontraram diferenças no pH de

carnes maturadas a seco e a vácuo a 1 e 3ºC por 21 dias. Já Dikeman et. al.

(2013) observaram um aumento no pH de carnes maturadas a seco em relação

a carnes maturadas úmidas no mesmo período de maturação.

Houve interação (p<0,01) entre o tipo e o tempo de maturação na

atividade de água e capacidade de retenção de água.

A capacidade de retenção de água, o teor de umidade e a atividade de

água não foram afetadas pela temperatura e tempo de estocagem. Entretanto,

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as amostras maturadas a seco apresentaram menores valores de umidade e

menor valor de atividade de água, avaliadas na superfície das peças (Tabela

8). Esses resultados corroboram com os encontrados por Dikeman et. al.

(2013) ao comparar amostras maturadas a seco e a vácuo por 21 dias, onde

amostras maturadas secas apresentaram menores valores de umidade.

Tabela 8: Médias ± EPM (n=64) dos valores de pH, atividade de água,

capacidade de retenção de água e umidade das amostras maturadas

pH Atividade de

Água CRA (%) Umidade (%)

Tipo de maturação Maturação úmida (n=32) 5,45 ± 0,019 0,9917 ± 0,0007 69,40 ± 0,70 72,98 ± 0,18 Maturação seca (n=32) 5,46 ± 0,007 0,9285 ± 0,0022 72,20 ± 0,54 72,11 ± 0,38

Valor de P 0,49 0,00000 0,002 0,044

Temperatura de maturação

2ºC (n=32) 5,45 ± 0,01 0,9600 ± 0,006 70,59 ± 0,62 72,64 ± 0,31 7ºC (n=32) 5,46 ± 0,02 0,9602 ± 0,006 71,02 ± 0,72 72,46 ± 0,31 Valor de P 0,89 0,99 0,64 0,68

Tempo de maturação 21 dias (n=32) 5,45 ± 0,006 0,9615 ± 0,005 70,52 ± 0,54 72,80 ± 0,30 42 dias (n=32) 5,46 ± 0,020 0,9587 ± 0,007 71,09 ± 0,77 72,29 ± 0,31

Valor de P 0,56 0,73 0,54 0,23

Interação Tipo x Temperatura 0,7609 0,4365 0,0680 0,8646

Tipo x Tempo 0,1839 <0,0001 0,0024 0,2749 Temperatura x Tempo 0,4388 0,6856 0,9095 0,9178 Tipo x Temperatura x

Tempo 0,4661 0,5293 0,1810 0,5771

Na Tabela 8 pode-se observar que a temperatura de maturação não

afetou os valores de atividade de água, CRA e umidade das amostras

maturadas a seco a maturadas a vácuo.

Foi observado efeito para interação entre tempo de armazenamento e

tipo de maturação para as variáveis atividade de água e capacidade de

retenção de água (P<0,05). Um maior tempo de maturação elevou o valor de

atividade de água nas amostras maturadas a vácuo, enquanto diminuiu o valor

das amostras maturadas a seco. A capacidade de retenção de água aumentou

com o passar do tempo para as amostras maturadas a seco. Por outro lado, o

tempo de estocagem não afetou a CRA das amostras maturadas a vácuo

(Tabela 9).

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Tabela 9: Efeito do tempo de maturação (21 e 42 dias) sobre os valores de

atividade de água e capacidade de retenção de água dos processos de

maturação úmida ou seca (n= 64)

21 dias (n=32) 42 dias (n=32)

Úmida (n=16) Seca (n=16) Úmida (n=16) Seca (n=16) Atividade de

Água 0,989 ± 0,001ª

,B 0,934 ± 0,002b,A 0,995 ± 0,001ª

,A 0,923 ± 0,003b,B

CRA (%) 70,43 ±0,85ª,A 70,61 ± 0,71

a,B 68,39 ± 1,06b,A 73,80 ± 0,62ª

,A a,b Na mesma linha, para um mesmo tempo de maturação, letras minúsculas diferem (P<0,05). A,B Na mesma linha, para um mesmo processo de maturação, letras maiúsculas diferem (P<0,05).

A maciez instrumental, avaliada pela força de cisalhamento, não foi

afetada pelo processo, temperatura e tempo de maturação. Por outro lado, as

amostras maturadas a seco e as amostras maturadas por 21 dias

apresentaram menores valores de perdas de peso durante a cocção, mas as

perdas não foram afetadas pela temperatura de maturação (Tabela 10).

Diversos autores observaram a ausência de efeito do tipo de maturação na

maciez instrumental de carnes (Dikeman et. al., 2013; Smith et. al., 2008;

Lepper-Billie et. al., 2016; Sitz et. al., 2014; Vilella, 2016). Era esperado que o

maior tempo de maturação melhorasse a maciez da carne, conforme

demonstrado por Koohmaraie (1994). Este efeito pode não ter sido observado

neste experimento devido ao período que foi avaliado. A redução da força de

cisalhamento é maior nos períodos iniciais (Dransfield, 1994), sendo que após

21 dias a velocidade do “amaciamento” da carne tende a reduzir. Ao se

comparar as amostras entre 21 e 42 dias, a maturação já estava estabelecida

nos dois tempos avaliados.

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61

Tabela 10: Médias ± EPM (n=64) dos valores de perdas de peso por cocção

(PPC) e força de cisalhamento (WBSF) das amostras maturadas

PPC,% WBSF, kgf

Tipo de maturação Maturação úmida (n=32) 21,10 ± 0,42 3,11 ± 0,089 Maturação seca (n=32) 19,38 ± 0,47 3,12 ± 0,093

Valor de P 0,008 0,96

Temperatura de maturação 2ºC (n=32) 19,89 ± 0,46 3,13 ± 0,094 7ºC (n=32) 20,58 ± 0,47 3,10 ± 0,088 Valor de P 0,30 0,82

Tempo de maturação 21 dias (n=32) 19,51 ± 0,41 3,08 ± 0,09 42 dias (n=32) 20,96 ± 0,49 3,14 ± 0,08

Valor de P 0,026 0,64

Interação Tipo x Temperatura 0,9623 0,7218

Tipo x Tempo 0,2292 0,3471 Temperatura x Tempo 0,9861 0,8042

Tipo x Temperatura x Tempo 0,8685 0,4159

A temperatura de estocagem não afetou (P>0,05) as variáveis de cor

instrumental. As amostras submetidas ao processo de maturação a seco

apresentaram menores valores da coordenada L*. Entretanto, o tipo de

maturação não afetou os valores de a* e b*. A maturação por 42 dias diminuiu

os valores de L* e aumentou os valores de a* e b*, quando comparado com a

maturação por 21 dias (Tabela 11).

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Tabela 11: Médias ± EPM (n=64) dos valores das coordenadas da cor

instrumental das amostras maturadas

L a b

Tipo de maturação Maturação úmida (n=32) 30,47 ± 0,53 28,75 ± 0,51 25,29 ± 0,53 Maturação seca (n=32) 28,70 ± 0,67 28,39 ± 0,91 24,50 ± 0,81

Valor de P 0,044 0,73 0,42

Temperatura de maturação 2ºC (n=32) 29,96 ± 0,67 29,07 ± 0,79 25,35 ± 0,73 7ºC (n=32) 29,21 ± 0,57 28,06 ± 0,69 24,44 ± 0,65 Valor de P 0,40 0,34 0,35

Tempo de maturação 21 dias (n=32) 31,67 ± 0,32 24,97 ± 0,34 21,48 ± 0,36 42 dias (n=32) 27,50 ± 0,63 32,16 ± 0,39 28,30 ± 0,27

Valor de P 0,00000 0,00000 0,00000

Interação Tipo x Temperatura 0,9053 0,0454 0,0137

Tipo x Tempo 0,0252 <0,0001 <0,0001 Temperatura x Tempo 0,8985 0,1929 0,3016

Tipo x Temperatura x Tempo 0,9664 0,9449 0,9154

Foi observado efeito para interação entre temperatura de armazenamento e

tipo de maturação para as coordenadas a* e b*. As amostras maturadas a seco

apresentaram os mesmos valores de a* e b* quando estocadas a 2ºC e 7ºC.

Por outro lado, as amostras maturadas a vácuo a 2ºC apresentaram maiores

valores de a* e b*, do que as amostras maturadas a 7ºC.

Tabela 12: Efeito da temperatura de maturação (2ºC e 7ºC) sobre os valores

das coordenadas a* e b* da cor instrumental dos processos de maturação

úmida ou seca (n= 64)

2ºC (n=32) 7ºC (n=32)

Úmida (n=16) Seca (n=16) Úmida (n=16) Seca (n=16)

a 29,65 ± 0,76ª,A

28,48 ± 1,39ª,A

27,83 ± 0,64ª,B

28,29 ± 1,24ª,A

b 26,18 ± 0,78ª

,A 24,51 ± 1,22ª

,A 24,39 ± 0,68ª

,B 24,49 ± 1,13ª

,A

a,b Na mesma linha, para uma mesma temperatura de maturação, letras minúsculas diferem

(P<0,05). A,B

Na mesma linha, para um mesmo tipo de maturação, letras maiúsculas diferem (P<0,05).

Foi observado efeito para interação entre tempo de armazenamento e tipo

de maturação para as coordenadas L*, a* e b*. A maturação por mais tempo

afetou com mais intensidade as amostras maturadas a seco. O maior tempo de

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maturação diminuiu os valores de L* e aumentou os valores de a* e b* de

maneira mais significativa nas amostras maturadas a seco do que nas

amostras maturadas a vácuo (Tabela 13).

Tabela 13: Efeito do tempo de maturação (21 e 42 dias) sobre os valores das

coordenadas da cor instrumental dos processos de maturação úmida ou seca

(n= 64)

21 dias (n=32) 42 dias (n=32)

Úmida (n=16) Seca (n=16) Úmida (n=16) Seca (n=16)

L 31,77 ± 0,58ª,A

31,56 ± 0,31ª,A

29,16 ± 0,79ª,B

25,85 ± 0,81b,B

a 26,39 ± 0,38ª

,B 23,55 ± 0,29

b,B 31,10 ± 0,46

b,A 33,22 ± 0,53ª

,A

b 22,90 ± 0,44ª,B

20,08 ± 0,32b,B

27,68 ± 0,44b,A

28,92 ± 0,25ª,A

a,b

Na mesma linha, para um mesmo tempo de maturação, letras minúsculas diferem (P<0,05). A,B

Na mesma linha, para um mesmo tipo de maturação, letras maiúsculas diferem (P<0,05).

5.5.1. Análise Sensorial

As médias (±EPM) para os atributos avaliados por painel treinado na

análise sensorial estão demonstrados na Tabela 14.

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Tabela 14: Médias ± EPM dos atributos sensoriais avaliados por painel treinado

21 DIAS 42 DIAS

Atributo Dia 0 DRY2 DRY7 WET2 WET7 DRY2 DRY7 WET2 Valor de P

Carne Assada 7,9±0,6 8,6±0,5 8,7±0,6 8,7±0,6 8,3±0,6 8,3±0,6 8,2±0,6 8,2±0,6 0,8799

Carne Maturada 5,6±0,7b 7,0±0,7ª,b 7,5±0,6ª,b 6,9±0,6ª,b 7,6±0,7ª,b 6,8±0,7ª,b 6,9±0,7ª,b 9,0±0,5a 0,0047

Gordura 1,5±0,2 1,6±0,3 2,0±0,3 2,1±0,4 2,2±0,4 1,8±0,3 1,6±0,3 2,3±0,4 0,2309

Metálico 3,4±0,6 2,3±0,4 2,6±0,4 2,9±0,5 2,7±0,5 3,4±0,5 3,1±0,5 3,0±0,5 0,1842

Fígado 1,6±0,5 2,2±0,4 2,3±0,3 2,0±0,3 2,4±0,4 2,0±0,3 2,2±0,3 3,1±0,5 0,1203

Umami 4,3±0,7 5,0±0,7 5,2±0,7 4,6±0,6 4,6±0,7 4,4±0,7 3,6±0,6 5,6±0,7 0,1017

Ácido 4,4±0,7a 2,4±0,5b 2,8±0,4ª,b 3,0±0,5ª,b 3,8±0,6ª,b 3,4±0,5ª,b 3,3±0,6ª,b 4,3±0,6a 0,0131

Dia 0: amostras sem maturação DRY 2: amostras maturadas secas a 2ºC DRY 7: amostras maturadas secas a 7ºC WET 2: amostras maturadas úmidas a 2ºC WET 7: amostras maturadas úmidas a 7ºC a,b

: médias com letras iguais na mesma linha não diferem entre si (p<0,05)

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Não foi verificado efeito dos tratamentos nos atributos de sabor de carne

assada, sabor de gordura, sabor metálico, sabor de fígado e gosto umami

(P>0,05). O sabor de carne maturada foi percebido como mais intenso pelos

avaliadores na carne maturada úmida a 2ºC por 42 dias, sendo que a carne

sem maturação foi descrita como a de sabor de carne maturada mais fraco

(P<0,05). Os avaliadores descreveram as carnes sem maturação e maturada

úmida a 2ºC por 42 dias como mais ácidas e a carne maturada seca a 2ºC por

21 dias como a que apresentou gosto ácido mais fraco (P<0,05). Em

experimento realizado por Warren e Kastner (1992), carnes maturadas úmidas

também apresentaram maior acidez quando comparadas a carnes maturadas

secas após 14 dias, no entanto a carne sem maturação não diferiu das carnes

maturadas secas.

Avaliações sensoriais anteriores variam quanto aos efeitos da maturação

seca nos atributos de sabor em carnes. Sitz et. al. (2014) encontraram

diferenças no escore de sabor e na aceitação geral somente quando

comparam a maturação seca a úmida em carnes Prime, não diferindo em

carnes Choice. No experimento realizado por Li et. al. (2014) carnes maturadas

secas foram descritas como mais salgadas, com gosto umami mais acentuado,

menos metálicas, com mais sabor de gordura e de carne frita na manteiga do

que carnes maturadas úmidas após um período de 19 dias. Warren e Kastner

(1992) encontraram diferenças no sabor de carne, sabor de sangue, sabor de

grelhado, sabor metálico e gosto ácido, mas não no sabor de gordura entre

carnes maturadas secas e úmidas por 14 dias.

Por outro lado, Dikeman et. al. (2013) não encontraram diferenças na

intensidade do sabor de carne e sabor estranho entre carnes maturadas secas

e úmidas após 21 dias de maturação. Vilella (2016) não encontrou diferenças

nos sabores de sangue, sabor de carne assada, gosto umami, acidez e sabor

estranho entre carnes maturadas secas e úmidas.

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5.6. Conclusão

A diferença entre 2ºC e 7ºC durante a maturação neste experimento não

foi suficiente para alterar as características físico-químicas das carnes,

independentemente do método utilizado. Entretanto, temperaturas mais

elevadas podem favorecer a quebra de peso nas carnes maturadas a seco.

A utilização da maturação úmida a 7ºC nas condições deste experimento

ocasionou em problemas sanitários na carne, impossibilitando sua

comercialização e consumo.

O processo de maturação seca aumenta o custo do produto, devido ao

aumento das perdas por evaporação e aparas. As diferenças sensoriais

somente foram perceptíveis ao painel treinado após 42 dias de maturação,

onde carnes maturadas a seco apresentaram menor intensidade de gosto

ácido.

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157.

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6. Artigo 2

Artigo formatado para publicação: Ciência Rural

Efeitos da Umidade Relativa do Ar e Utilização de

Embalagem Permeável na Maturação Seca de Carne

Bovina

Ferreira, F.M.S.; Pflanzer, S.B.

Faculdade de Engenharia de Alimentos

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil

2018

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6.1. Resumo

O aumento da utilização da maturação seca permitiu o surgimento de

embalagens permeáveis ao vapor de água com a finalidade de proteger a

carne da ação microbiana enquanto permite a desidratação da peça. O objetivo

deste experimento foi comparar o efeito da umidade relativa do ar (65% e 85%)

na maturação seca tradicional ou utilizando embalagem permeável ao vapor de

água. Filé de costela e contrafilé (m. longissimus thoracis et lumborum) de

bovinos Nelore foram porcionados e balanceados entre os tratamentos.

Análises de perdas no processo, características físico-químicas e

características de sabor foram realizadas. Foi verificada deterioração das

amostras armazenadas na câmara a 85% de umidade após 21 dias de

maturação, assim as amostras destinadas a maturação por 42 dias foram

eliminadas do experimento. A presença de embalagem permeável reduziu as

perdas totais de maturação (P<0,05). As amostras maturadas a 85% UR

apresentaram menores perdas por evaporação e total (P<0,05). Houve redução

na quantidade de aparas quando se utilizou embalagem permeável em câmara

a 85% de UR (P<0,05). A atividade de água, tanto interna quanto externa,

foram maiores em carnes maturadas em embalagem permeável ou em

câmaras a 85% (P<0,05). O sabor de carne assada foi mais intenso em carnes

maturadas sem embalagem por 21 dias (P<0,05). O sabor de gordura foi mais

intenso em carnes maturadas sem embalagem após 42 dias (P<0,05). As

carnes maturadas em embalagem permeável por 42 dias apresentaram mais

gosto ácido do que carnes sem maturação (P<0,05). A utilização de

embalagens permeáveis reduziu as perdas no processo durante a maturação

seca sem afetar características físico-químicas, no entanto um aumento da

intensidade do gosto ácido nessas amostras pode reduzir a aceitação do

produto. A utilização de altas umidades relativas reduz as perdas de peso mas

pode inviabilizar o processo.

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6.2. Abstract

As the use of dry aging increased, water vapor permeable packages (special

bag) appeared as an alternative to protect the meat from microbial spoilage

while allowing the dehydration. The objective of this experiment was to compare

the effect of relative air humidity (65% and 85%) on traditional dry aging or

using special bag. Beef Rib and Ribeye (m. longissimus thoracis and

lumborum) were portioned and balanced between treatments. Weight losses,

physical-chemical characteristics and flavor characteristics were analysed.

Deterioration of the samples stored in the chamber at 85% relative humidity was

observed after 21 days of aging, so samples destined for aging for 42 days

were eliminated from the experiment. The presence of special bag reduced the

total weight losses (P <0.05). Samples aged at 85% RH showed lower

evaporative and total losses (P <0.05). There was a reduction in trimms weight

when special bag was used in the chamber at 85% RH (P <0.05). The water

activity, both internal and external, was higher in meat aged in special bag or in

chambers at 85% (P <0.05). The roasted meat flavor was more intense in meat

aged without packaging for 21 days (P <0.05). The fat taste was more intense

in meat aged without packaging after 42 days (P <0.05). Meat aged in special

bag for 42 days has higher sour taste than meat without aging (P <0.05). The

use of special bag reduced process losses during dry aging without affecting

physico-chemical characteristics, however an increase in the acid taste intensity

in these samples may reduce product acceptance. The higher relative humidity

can decrease weight losses but can cause meat spoilage.

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6.3. Introdução

Apesar de se situar entre os principais países produtores, exportadores

e consumidores de carne bovina, o Brasil não produz uma carne de alto valor

agregado (Ferraz & Felício, 2010). Do rebanho brasileiro, 80% é composto de

gado de origem zebuína, principalmente Nelore (ABCZ, 2018), e cerca de 85%

é criado a pasto (MLA, 2018). A combinação desses fatores propicia a

produção de carne com qualidade inferior do ponto de vista sensorial

(Koohmaraie, 1994; Carvalho et. al., 2014; Miller et. al., 2001; Shorthose &

Harris, 1990). Para melhorar os atributos sensoriais da carne, mais

especificamente a maciez, a maturação é um processo que pode ser utilizado

(Sitz et. al., 2006; Campbell et. al., 2001).

Lonergan et. al. (2010) definiram como maturação o processo de

amaciamento enzimático que ocorre devido a ação proteolítica de enzimas

endógenas do músculo, que possuíam diferentes funções antes do abate. A

maturação é realizada através do armazenamento da carne em condições

adequadas a atividade enzimática e pode ser realizada de duas formas, a

primeira através do acondicionamento da carne em embalagens a vácuo e a

segunda a maturação a seco, onde a carne é armazenada de forma que haja

troca de umidade com o ambiente (Smith et. al., 2008).

A utilização da maturação a seco vem aumentando devido aos seus

possíveis efeitos nos atributos sensoriais (Dashdorj et. al., 2016), como o sabor

(Stënstrom et. al., 2014; Lepper-Billie et. al., 2016; Li et. al., 2013) e até mesmo

da maciez, como demonstrado em algumas pesquisas (Laster et. al., 2008;

Stënstrom et. al., 2014).

No processo de maturação a seco tradicional armazena-se a carne em

câmaras sem a utilização de embalagens. Deste modo, a carne está

susceptível a alterações devido a fatores extrínsecos (DeGeer et. al., 2009).

Alguns estudos vêm avaliando a utilização de embalagens permeáveis ao

vapor de água, a fim de controlar melhor o processo e os efeitos do ambiente

(DeGeer et. al., 2009; Dikeman et. al., 2013; Li et. al., 2014).

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Utilizando ou não embalagens permeáveis, o efeito do ambiente durante

a maturação seca é mais intenso do que quando a carne passa pela maturação

úmida, que utiliza embalagens impermeáveis que isolam a carne do meio

externo (Dikeman et. al., 2013). Com isso, se torna necessário haver um maior

controle das condições ambientais, onde está ocorrendo o processo de

maturação seca, para se produzir carnes padronizadas, com qualidade

sensorial e microbiológica aceitáveis (DeGeer et. al., 2009). Os principais

fatores ambientais que devem ser observados no processo de maturação seca

são: tempo de maturação, temperatura, umidade relativa e corrente de ar

(Dashdorj et. al., 2016).

A umidade relativa é um dos principais fatores ambientais que devem

ser controlados durante a maturação seca devido a sua atuação na perda de

água em alimentos em processo de desidratação (Krokida, 2003). Segundo

Dashdorj et. al. (2016) há a necessidade de mais estudos avaliando o efeito da

umidade relativa na maturação seca. Apesar dos poucos estudos, DeGeer et.

al. (2009) sugerem que a umidade relativa ideal para o processo de maturação

seca se encontra entre 61% e 85%. Se a umidade relativa se encontra acimas

desses níveis pode ocorrer degradação pela ação microbiana. Por outro lado,

se a umidade relativa for muito baixa, pode-se aumentar muito as perdas de

umidade da carne, o que torna o processo mais oneroso para a indústria, e

ainda diminuir a suculência desta (Dashdorj et. al., 2016).

Assim, neste experimento objetivou-se avaliar o efeito de diferentes

umidades relativas do ar nos rendimentos, características físico-químicas e

sensoriais da carne bovina submetida ao processo de maturação seca, com ou

sem embalagem permeável ao vapor de água.

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6.4. Materiais e Métodos

6.4.1. Amostras

Nesse experimento foram utilizadas 16 peças de contrafilé desossado de ~

70cm (6ª vértebra torácica a 3ª vértebra lombar, (m. longissimus thoracis et

lumborum), pertencentes a 8 carcaças de bovinos da raça Nelore, não

castrados e abatidos em frigorífico comercial. As carcaças apresentaram peso

de carcaça quente entre 220 e 270 quilos e espessura de gordura superior a 3

mm, aferida com paquímetro na 13ª vértebra torácica. As amostras foram

coletadas 2 dias post mortem, desossadas, identificadas e embaladas a vácuo.

As peças foram transportadas acondicionadas em recipientes térmicos com

gelo para o Laboratório de Carnes da Faculdade de Engenharia de Alimentos –

UNICAMP em Campinas. Durante a coleta, o pH do contrafilé foi aferido

(Mettler Toledo MP125) garantindo que todas as carcaças apresentassem um

pH abaixo de 5,9, evitando que as peças sofram as alterações específicas de

carnes DFD (dark, firm and dry).

6.4.2. Preparo e Maturação

Cada par de contrafilé, direito e esquerdo de uma mesma carcaça, foram

divididos para compor os 8 tratamentos de maturação, sendo utilizados 8

animais como repetição. De cada peça de contrafilé foi retirado 1 bife de 2,5cm

de espessura da porção central (amostra não maturada – NM), restando duas

metades, que foram novamente cortadas ao meio. Os tratamentos foram

balanceados entre as porções cranial e caudal para evitar efeito de posição. Os

tratamentos foram:

Maturação seca tradicional por 21 dias a 65% de umidade relativa

do ar

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Maturação seca tradicional por 21 dias a 85% de umidade relativa

do ar

Maturação seca tradicional por 42 dias a 65% de umidade relativa

do ar

Maturação seca tradicional por 42 dias a 85% de umidade relativa

do ar

Maturação seca em embalagem permeável por 21 dias a 65% de

umidade relativa do ar

Maturação seca em embalagem permeável por 21 dias a 85% de

umidade relativa do ar

Maturação seca em embalagem permeável por 42 dias a 65% de

umidade relativa do ar

Maturação seca em embalagem permeável por 42 dias a 85% de

umidade relativa do ar

A distribuição dos tratamentos é apresentada na Figura 1 e Tabela 1.

Os bifes retirados da porção central de cada peça de contrafilé (1 bife do

lado esquerdo e 1 bife do lado direito) foram destinados para análise de pH,

atividade de água, capacidade de retenção de água, teores de umidade e

gordura intramuscular, cor instrumental e força de cisalhamento.

Figura 1: Esquema de porcionamento das amostras.

CF1: Contrafilé esquerdo; CF2: Contrafilé direito.

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Tabela 1: Esquema de porcionamento das amostras

ANIMAL 21 DIAS 42 DIAS 1 2 3 4

1 Direito Esquerdo Seca 65% Seca 85% SB 65% SB 85%

2 Esquerdo Direito Seca 85% SB 65% SB 85% Seca 65%

3 Direito Esquerdo SB 65% SB 85% Seca 65% Seca 85%

4 Esquerdo Direito SB 85% Seca 65% Seca 85% SB 65%

5 Esquerdo Direito Seca 65% Seca 85% SB 65% SB 85%

6 Direito Esquerdo Seca 85% SB 65% SB 85% Seca 65%

7 Esquerdo Direito SB 65% SB 85% Seca 65% Seca 85%

8 Direito Esquerdo SB 85% Seca 65% Seca 85% SB 65%

Dry 65%: maturação a seco tradicional em câmara a 65% de umidade relativa do ar Dry 85%: maturação a seco tradicional em câmara a 85% de umidade relativa do ar SB 65%: maturação a seco em embalagem Special Bag em câmara a 65% de umidade relativa do ar SB 85%: maturação a seco em embalagem Special Bag em câmara a 85% de umidade relativa do ar

As peças, tanto para maturação seca tradicional, quanto para maturação

em embalagem permeável, foram acondicionadas em câmaras de maturação

construídas a partir de cervejeiras comerciais da Metalfrio (modelo VN50R)

modificadas para controlar a temperatura e a umidade. Uma das câmaras foi

regulada para trabalhar a 65% de umidade, enquanto a outra para 85%. A

temperatura em ambas as câmaras foi regulada em 2ºC. As câmaras possuíam

sistema de ventilação forçada, com a velocidade do ar de 2 m/s.

No primeiro dia de maturação foram alocadas 32 amostras em cada

câmara de maturação.

6.4.2.1. Maturação a Seco Tradicional

As porções designadas para o processo de maturação a seco foram

pesadas e acondicionadas nas câmaras de maturação em prateleiras com a

gordura subcutânea para baixo, por 21 ou 42 dias. As amostras foram pesadas

e reposicionadas na câmara a cada dia, durante os primeiros 10 dias. Após

esse período elas foram pesadas e reposicionadas na câmara a cada 3 dias,

até atingir o final do experimento com 21 ou 42 dias. Ao final da maturação as

porções foram pesadas, tiveram as superfícies ressecadas (aparas) removidas

e pesadas novamente.

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6.4.3. Maturação a Seco em Embalagem Permeável ao Vapor

de Água

As amostras para o processo de maturação em embalagem permeável

foram pesadas e acondicionadas em embalagem (permeabilidade ao vapor de

água 2500g/50μ/m2/24h a 38ºC/50%UR; Tublin® 10, TUB-EX ApS, Denmark).

Foram então acondicionadas nas câmaras de maturação com a gordura

subcutânea para baixo. As peças foram pesadas e reposicionadas diariamente,

até atingir 10 dias de maturação. Após esse período, estas foram pesadas e

reposicionadas a cada 3 dias. Ao final da maturação, as peças foram retiradas

da embalagem, pesadas, tiveram as aparas retiradas e novamente pesadas

para cálculos de rendimentos.

6.4.4. Cálculos das Perda de Peso

Para os cálculos de perdas de peso, por evaporação e aparas, foram

utilizadas as pesagens realizadas antes e após o processo de maturação.

Todos os resultados de perda de peso foram calculados, em porcentagem, a

partir da relação entre o peso perdido durante o processo pelo peso inicial da

porção.

Foram calculadas as seguintes perdas:

Evaporação - relação entre o peso inicial e o peso ao final do processo

de maturação;

Aparas – relação entre o peso das aparas (superfícies ressecadas) e o

peso da peça inteira ao final do processo de maturação;

Perdas Totais – relação entre o peso inicial e o peso ao final do

processo de maturação e retirada das aparas

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6.4.5. Análises

As amostras, devidamente maturadas, desossadas e livres de

superfícies ressecadas foram cortadas em bifes de 2,54 cm de espessura. Os

bifes foram destinados para análises de pH, CRA, Atividade de água, teor de

umidade, cor instrumental, TBArs e força de cisalhamento.

A análise de atividade de água das amostras maturadas foi realizada no

interior (bifes) e na superfície ressecada das amostras (aparas).

As análises de cor Instrumental, determinação de pH, teor de umidade,

atividade de água interna e externa, capacidade de retenção de água, força de

cisalhamento por Warner-Bratzler e a análise sensorial foram realizadas

conforme metodologias descritas no Experimento 1.

6.4.5.1. Teste das substâncias reativas ao ácido

tiobarbitúrico (TBArs)

A análise de TBArs foi realizada de acordo com a metodologia adaptada

por Bruna et. al. (2001), do experimento de Vyncke (1970).

A curva padrão de 1,3,3-tetrametoxipropano (TEP) foi preparada a partir

de uma solução de 22,03mg de TEP por litro de água. Então foi adicionado 3

mL de TEP em 3 mL de soluções 5% de ácido tricloroacético (TCA), sendo

então pipetados 3 mL da solução resultante para um próximo tubo, até

completar 6 tubos com concentrações diferentes de TEP, 3 mL sobressalente

do último tubo foi descartado. As soluções de TEP foram completadas com 3

mL de solução de ácido tiobarbitúrico 0,02M em água (TBA). As soluções

foram então condicionadas em banho fervente por uma hora, observando o

desenvolvimento de uma coloração rósea. A absorbância de cada solução foi

media a 538 nm em espectrofotômetro UV-Vis modelo Orion AquaMate 8000

(Thermo Fisher Scientific, Whaltham, Massachusetts, EUA) e o branco foi

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medido pela solução de 3 mL de TCA 5% e 3 mL de TBA 0,02M. A hidrólise

ácida de 1 mol de TEP libera 1 mol de malondialdeído, ou seja 220,3g de TEP

liberam 72,03g de malondiadeído, assim calculamos a concentração de

malondialdeído de cada ponto da curva dividindo a concentração de TEP por

3,057. Com isso geramos um gráfico de curva padrão, e substituindo a

coordenada X pela absorbância obtida após a hidrólise de cada amostra, temos

o valor de malondialdeído de cada amostra.

Para preparação das amostras, homogeneizamos 2,5 g de amostra em 5

mL de TCA com adição de 5 mg de butilato de hidróxi-tolueno (BHT). Após

homogeneização, as amostras são centrifugadas e filtradas em papel Watman

nº54. Adicionamos 3 mL da solução obtida em 3 mL de solução de TBA e

colocamos em banho fervente a 100ºC por 1 hora. Após resfriamento dos

tubos, foi realizada a leitura das amostras em absorbância de 532 nm em

espectrofotômetro.

6.4.6. Análise Sensorial

Neste experimento, foi realizada uma análise sensorial descritiva somente

dos atributos de sabor das amostras.

6.4.6.1. Preparação das amostras

Devido a um odor desagradável observado nas amostras maturadas a 85%

de umidade relativa, decidiu-se retirar todas as amostras maturadas na câmara

regulada a esta umidade da análise sensorial. Sendo assim, serão somente

analisadas as amostras sem maturação e maturadas a 65% de umidade

relativa, em ambos métodos e tempos:

Dia 0: Amostras sem maturação

DRY 21: Amostras maturadas secas tradicionalmente a 65%UR por 21

dias;

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DRY 42: Amostras maturadas secas tradicionalmente a 65%UR por 42

dias;

SB 21: Amostras maturadas secas em embalagem permeável a 65%UR

por 21 dias;

SB 42: Amostras maturadas secas em embalagem permeável a 65%UR

por 42 dias.

Este estudo somente analisou o sabor das carnes. Para evitar influência

da textura e suculência, os bifes separados para análise sensorial foram

moídos e misturados por tratamento. Assim a carne moída foi moldada em

hambúrgueres (150g) e congelados para análise posterior.

Os hambúrgueres, ainda congelados, foram assados em forno elétrico

por 10 minutos, virando-os após 5 minutos. As amostras foram cortadas e

mantidas aquecidas em estufa (W4B - Titã Eletrocomerciais). As amostras

foram oferecidas aos provadores, em ordem balanceada, codificados por 3

números aleatórios e com água e bolacha para limpeza do palato entre

amostras.

6.4.6.2. Provadores

Os avaliadores foram selecionados entre alunos e funcionários da

FEA/UNICAMP. Foram selecionados 13 provadores, dos quais 11

permaneceram até o final do experimento.

6.4.6.3. Seleção dos termos descritores

Os atributos sensoriais foram determinados através do método de rede

de Moskowitz (1983).

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Amostras de carne não maturada, carne maturada úmida por 42 dias e

carne maturada seca por 42 dias foram oferecidas aos avaliadores. Foi

solicitado que os provadores descrevessem com termos simples, as

similaridades e diferenças entre as características de sabor das amostras. Os

termos mais citados foram discutidos e foi determinado, através do consenso

entre os avaliadores, quais seriam utilizados no treinamento.

6.4.6.4. Treinamento dos Avaliadores

Depois de selecionados os termos, os provadores participaram de

sessões para definir os padrões de intensidade dos atributos levantados. Os

avaliadores foram treinados a avaliar as amostras em uma escala linear não

estruturada de 15 cm ancorada à esquerda como “fraco” e à direita como

“forte”.

Foram realizadas ao total, 4 sessões de treinamento. Os termos

selecionados e suas referências podem ser observados na Tabela 2.

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Tabela 2: Termos descritores e referências utilizadas na análise descritiva

Atributo Definição Referências

Sabor de Carne Assada Intensidade de sabor

de carne bovina assada

na amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (65ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (75ºC)

Sabor de Carne Maturada Intensidade de sabor

de carne bovina após

maturação na amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé maturado

seca por 42 dias (71ºC)

Sabor de Gordura Intensidade do sabor

de gordura de carne

bovina na amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de spinalis sem

maturação (71ºC)

Sabor Metálico Intensidade do sabor

metálico/sangue na

amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação acrescido de 0,5% de sulfato

ferroso

Sabor de Fígado Intensidade do sabor

de fígado bovino na

amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação acrescido de 5% de fígado

moído

Gosto Umami Intensidade do gosto

umami na amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação acrescido de 0,2% de

glutamato monossódico.

Gosto Ácido Intensidade de acidez

da amostra

Fraco: hambúrguer de contrafilé sem

maturação (71ºC)

Forte: hambúrguer de contrafilé sem

maturação acrescido de 0,2% de ácido

cítrico.

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6.4.6.5. Validação

Os provadores foram validados em 3 sessões. Os resultados dos

avaliadores foram avaliados através de análise de variância (ANOVA de dois

fatores) para os resultados de cada provador e cada atributo. Foi utilizado o

programa Statistica 7.0 (Statsoft, 2005). Os avaliadores que não apresentaram

poder discriminativo ou diferiram entre os demais provadores foram eliminados,

restando 11 avaliadores ao final do processo.

6.4.6.6. Avaliação

Foram realizadas 3 sessões de avaliação das amostras. O preparo das

amostras seguiu a metodologia descrita no item 6.4.6.1. As amostras foram

apresentadas de forma monádica, uma amostra por vez e com ordem

balanceada entre os provadores a fim de evitar vícios.

6.4.7. Análise Estatística

Os dados coletados foram analisados estatisticamente com o programa

Statistica 7.0 (STATSOFT, 2005). Devido a eliminação de algumas amostras,

que será melhor explicado nos resultados, foi avaliado o efeito da umidade

relativa e do tipo de maturação em amostras maturadas por 21 dias, em um

fatorial 2x2 com 8 repetições:

2 Tipos de Maturação: Seca Tradicional (sem embalagem) e Seca

em Embalagem Permeável;

2 Umidades Relativas do ar na Câmaras: 65% e 85%.

As médias obtidas (±EPM) foram comparadas por teste Tukey a 5% de

significância.

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Para a avaliação sensorial, os resultados obtidos para cada atributo

foram analisados estatisticamente por meio de um delineamento inteiramente

casualizado com 3 repetições. Os dados foram analisados por ANOVA de 2

fatores com duas fontes de variação (amostra e avaliador). Após verificação da

ausência da interação entre amostra e avaliador, os atributos que

apresentaram efeito da amostra foram submetidos a teste de média de Tukey a

5% de significância.

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6.5. Resultados e Discussão

6.5.1. Amostras não-maturadas

Na Tabela 2 são apresentadas as médias, erro padrão da média e

valores mínimos e máximos das variáveis analisadas nas amostras sem

maturação, no dia 0.

O peso das peças ao início da maturação era em média de 2.06±0,06 Kg

e a espessura de gordura de 4,17±0,28mm.

A força de cisalhamento por Warner-Bratzler das amostras sem

maturação foi de 4,48±0,09kg e as perdas por cocção foram de 21,18±0,53%.

O pH médio das amostras foi de 5,38±0,01, e nenhuma amostra

apresentou pH acima de 5,41. A atividade de água média foi de 0,993±0,001 e

a média do CRA foi 62,28±1,19 nas amostras sem maturação.

O teor de umidade médio foi de 74,94±0,45% e o teor de gordura foi de

3,08±0,30%. O TBA foi de 0,039±0,006mg/Kg.

Tabela 2: Médias, EPM e valores mínimos e máximos das variáveis analisadas nas

amostras sem maturação (n=8)

Média EPM Mínimo Máximo

Peso Inteiro (g)

WBSF (Kgf)

PPC (%)

EGS (mm)

pH

Atividade de Água

CRA

2060,31 66,11 1765,10 2371,80

4,48 0,09 4,22 4,92

21,18 0,53 19,09 23,58

4,17 0,28 3,0 5,5

5,38 0,01 5,34 5,41

0,993 0,001 0,991 0,995

62,28 1,19 53,30 64,75

Cor

L 37,09 0,85 33,02 40,73

a 21,63 0,44 20,11 24,09

b 20,15 0,33 18,74 21,91

Umidade (%)

Gordura (%)

TBArs (mg MDA/Kg de amostra)

74,94 0,45 72,12 76,12

3,08 0,30 1,98 4,59

0,039 0,006 0,026 0,045 WBSF: Força de cisalhamento por Warner-Bratzler; PPC: Perda de peso por cocção; EGS:

Espessura de gordura subcutânea; CRA: Capacidade de Retenção de água; TBArs:

Substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico

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6.5.2. Eliminação de Amostras

Ao completar 21 dias de maturação foi observado que as amostras

acondicionadas na câmara a 85% de umidade apresentavam sinais de

deterioração. Os sinais presentes eram cheiro pútrido, coloração externa

esverdeada, aparência viscosa, presença de limo e sem formação de crostas.

Esses sinais eram mais visíveis nas amostras maturadas sem a presença de

embalagem permeável. Desta maneira decidiu-se não dar prosseguimento no

processo de maturação até 42 dias, sendo que as amostras destinadas para

esse período foram descartadas.

As amostras com 21 dias de maturação da câmara a 85% de umidade,

mesmo deterioradas, foram utilizadas para as análises físico químicas.

Devido a eliminação das amostras que seriam maturadas por 42 dias a

85% de umidade, optou-se por não trabalhar também com as amostras que

seriam maturadas por 42 dias a 65% de umidade. Assim, o experimento

passou a ter um delineamento fatorial 2x2, com 2 tipos de maturação (com e

sem embalagem permeável ao vapor de água) e duas umidades relativas do ar

(65% e 85%), ambos maturados por 21 dias.

Pode-se observar na Figura 2 os sinais de deterioração presentes em

amostras maturadas, por 21 dias, sem embalagem na câmara a 85% de

umidade relativa do ar.

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Figura 2: Deterioração das amostras maturadas a seco tradicionalmente a

85% de umidade relativa do ar por 21 dias.

6.5.3. Perdas por Evaporação, Perdas por Aparas e Perdas

Totais

Os dados obtidos para as Perdas por Evaporação, Perdas por Aparas e

Perdas Totais, nas amostras maturadas por 21 dias, estão dispostos na Tabela

3.

Não houve interação entre o tipo de maturação e a umidade relativa das

câmaras nas perdas por evaporação e nas perdas totais (P>0,05), mas houve

nas perdas por aparas (P<0,05; Tabela 4). As amostras maturadas em

embalagem permeável em câmara a 85% de umidade relativa apresentaram

menores perdas do que amostras em embalagem permeável a 65% e que

carnes maturadas sem embalagem a 85% (Tabela 4), o que indica que o efeito

da presença da embalagem foi potencializado em câmara com alta umidade

relativa.

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Tabela 3: Efeito do Tipo de Maturação e Umidade Relativa nas Perdas por Evaporação,

Perdas por Aparas e Perdas Totais

Evaporação (%) Aparas (%) Perdas Totais (%)

Tipo de Maturação Tradicional (n=16) 15,10 ± 1,22 18,31 ± 0,85 31,06 ± 1,24

Emb. Permeável (n=16) 14,28 ± 1,12 13,78 ± 0,69 26,03 ± 1,43 Valor de P 0,1999 0,0001 0,0004

Umidade Relativa 65% (n=16) 18,91 ± 0,45 16,89 ± 0,62 32,47 ± 0,86 85% (n=16) 10,47 ± 0,44 15,20 ± 1,18 24,62 ± 1,28 Valor de P <0,0001 0,1035 <0,0001

Interação Valor de P 0,3606 0,0363 0,2605

Evaporação: (Peso Perdido durante Maturação / Peso Inicial) x 100

Aparas: (Peso Perdido em Aparas / Peso após Maturação) x 100

Perdas Totais: (Peso Perdido Durante todo o Processo / Peso Inicial) x 100

Foi observado que carnes maturadas pelo sistema Tradicional não diferiram

quanto a perdas por evaporação quando comparadas a carnes em embalagem

permeável (P>0,05, Tabela 3). A perda total de peso também foi maior em

carnes maturadas secas sem embalagem (P<0,05). Dikeman et. al. (2013)

observaram menores perdas por evaporação e maiores perdas por aparas em

carnes maturadas em embalagem permeável do que em amostras maturadas

pelo método tradicional, quando maturadas por 21 dias sem osso. Os mesmos

autores não verificaram diferenças para as perdas totais entre os dois

processos.

DeGeer et. al. (2009) também encontraram diferenças nas perdas totais em

carnes maturadas secas tradicionalmente, quando comparadas com carnes em

embalagens permeáveis. Porém, os autores relataram maiores perdas nas

carnes maturadas sem embalagem devido a evaporação, enquanto as perdas

por aparas não diferiram entre si.

Em relação ao efeito da umidade relativa das câmaras, observou-se que

carnes maturadas em câmara a 65% de umidade relativa tiveram maiores

perdas por evaporação e totais quando comparadas com carnes maturadas em

câmaras a 85% (P<0,05). Por outro lado, as perdas por aparas não foram

afetadas pela umidade relativa da câmara (P>0,05). A diferença de perdas por

evaporação pode ser entendida pela diferença de água contida no ar circulante.

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Câmaras com menor umidade relativa a mesma temperatura contém menor

quantidade de vapor de água no ar e maior capacidade para retê-lo ao entrar

em contato com a carne. Assim como um ar mais seco atua melhor na

desidratação de diversos outros alimentos (Krokida et. al., 2003).

Tabela 4: Efeito do Tipo de Maturação e Umidade Relativa nas Perdas por Aparas

65% (n=16) 85% (n=16)

Tradicional

(n=8) Emb. Permeável

(n=8) Tradicional

(n=8) Emb. Permeável

(n=8)

Aparas (%) 18,05 ± 0,83a,A

15,73 ± 0,75a,A

18,56 ± 1,55a,A

11,84 ± 0,61b,B

Aparas: (Peso Perdido em Aparas / Peso após Maturação) x 100 a,b

: Letras iguais, na mesma linha, indicam que as médias não diferem para mesma umidade relativa (P<0,05) A,B

: Letras iguais, na mesma linha, indicam que as médias não diferem para mesmo tipo de maturação (P<0,05)

Na Figura 3 e Tabela 5 são apresentados os dados de perdas de peso

devido por evaporação em cada um dos 4 tratamentos durante os 21 dias de

maturação. Pode-se observar maiores perdas em carnes maturadas em

câmaras a 65%UR, com ou sem embalagem permeável ao vapor de água,

quando comparadas com carnes maturadas a 85% (P<0,05). As carnes

maturadas sem embalagem perderam mais peso por evaporação quando

comparadas com carnes em embalagem permeável.

Houve interação entre o método utilizado e a umidade relativa na

câmara para perdas de peso por evaporação nos dias 2, 3, 4, 5 e 10, períodos

onde as perdas nas carnes maturadas sem embalagem a 85%UR não foram

tão intensas. As perdas sempre foram maiores em amostras maturadas secas

sem embalagem em câmara a 65%UR.

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Figura 3: Efeito da umidade relativa de estocagem na perda por evaporação nos processos de maturação a seco tradicional e em embalagem permeável.

DRY 65%: Maturação Seca Tradicional a 65%UR

DRY 85%: Maturação Seca Tradicional a 85%UR

SB 65%: Maturação Seca em Embalagem Permeável a 65%UR

SB 85%: Maturação Seca em Embalagem Permeável a 85%UR

Tabela 5: Efeito do Tipo de Maturação e Umidade Relativa nas Perdas por Evaporação

65% 85%

Dias n Tradicional Emb.

Permeável Tradicional

Emb.

Permeável

Valor de P da

interação

1 8 3,12±0,17 1,16±0,04 2,15±0,18 0,37±0,12 0,5131

2 8 5,08±0,17a,A

2,75±0,11b,A

2,07±0,29a,B

0,93±0,28b,B

0,0130

3 8 6,40±0,21a,A

4,16±0,15b,A

2,16±0,24a,B

1,91±0,30a,B

0,0002

4 8 7,61±0,22ª,A

5,40±0,20b,A

2,19±0,23a,B

2,19±0,24a,B

<0,0001

5 8 8,82±0,24ª,A

6,42±0,21b,A

2,68±0,21a,B

2,11±0,27a,B

0,0005

6 8 10,07±0,29 7,36±0,25 4,61±0,31 2,60±0,40 0,2819

7 8 11,00±0,32 8,30±0,29 4,48±0,47 3,21±0,48 0,0813

10 8 13,42±0,39a,A

10,82±0,38b,A

4,88±0,67a,B

4,53±0,54a,B

0,0352

13 8 15,76±0,48 13,15±0,45 8,60±0,92 5,85±0,70 0,8884

16 8 17,39±0,53 14,94±0,50 9,11±0,28 6,77±0,74 0,9214

19 8 18,76±0,60 16,44±0,53 10,86±0,39 8,15±0,76 0,7372

21 8 19,61±0,61 17,44±0,56 10,59±0,43 9,30±0,83 0,4863

a,b: na mesma linha, letras diferentes diferem entre si para a mesma umidade relativa (p<0,05).

A,B: na mesma linha, letras diferentes diferem entre si para o mesmo tipo de maturação

(P<0,05).

0%

5%

10%

15%

20%

25%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

Pe

rda

po

r Ev

apo

raçã

o (

%)

Dias de Maturação

DRY 65%

DRY 85%

SB 65%

SB 85%

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6.5.4. Umidade, Atividade de Água e CRA

Como vemos na Tabela 6, não houve efeito do tipo de maturação na

umidade das carnes (P>0,05), porém houve efeito da umidade relativa

(P<0,05). Carnes maturadas em câmaras a 65% de umidade relativa

apresentaram menores valores de umidade quando comparadas a carnes

maturadas a 85%. Ahnström et. al. (2006) não encontraram diferença na

umidade entre amostras maturadas a seco com ou sem embalagem

permeável.

Os valores de atividade de água interna foram maiores (P<0,05) em

amostras maturadas em embalagem permeável em comparação com amostras

maturadas secas tradicionalmente e em carnes maturadas em câmara a 85%

de umidade relativa em comparação com carnes maturadas a 65%.

Tabela 6: Efeito do Tipo de Maturação e Umidade Relativa na Umidade, Atividade de Água Interna e Externa e Capacidade de Retenção de Água

Umidade (%) Aw Interna Aw Externa CRA

Tipo de Maturação Tradicional (n=16) 73,82±0,33 0,9887±0,0006 0,9730±0,0060 59,41±1,07

Emb. Permeável (n=16) 73,94±0,28 0,9907±0,0004 0,9813±0,0050 60,80±0,87 Valor de P 0,7632 0,0056 0,0792 0,2887

Umidade Relativa 65% (n=16) 73,46±0,34 0,9889±0,0006 0,9599±0,0046 59,34±1,03 85% (n=16) 74,30±0,21 0,9905±0,0004 0,9944±0,0015 60,87±0,91 Valor de P 0,0488 0,0174 <0,0001 0,2440

Interação Valor de P 0,1821 0,7209 0,1089 0,0337

Aw Interna: Atividade de Água no interior da peça

Aw Externa: Atividade de Água na superfície da peça

CRA: Capacidade de Retenção de Água

A atividade de água avaliada na superfície externa foi maior em carnes

maturadas a 85% de umidade relativa. Entretanto não foi observado efeito

entre os tipos de maturação neste atributo.

Foi verificada interação entre o tipo de maturação e da umidade relativa da

câmara para CRA (Tabela 6). Houve uma tendência a um aumento da CRA

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com o aumento da umidade relativa quando a carne é maturada sem

embalagem enquanto o CRA diminui com o aumento da umidade relativa em

carne maturadas com embalagem permeável a vapor de água (Figura 4).

Umidade 65%

Umidade 85%Tradicional Emb. Permeável

53

54

55

56

57

58

59

60

61

62

63

64

65

66

CR

A (

%)

Figura 4: Efeito do tipo de maturação e umidade das câmaras na Capacidade

de Retenção de Água.

6.5.5. Força de Cisalhamento por Warner-Bratzler, Perda de

Peso por Cocção e pH

Não foi observada interação entre o tipo de maturação e a umidade relativa

utilizada na câmara no pH, na força de cisalhamento por Warner-Bratzler e nas

perdas por cocção (P>0,05).

O pH não foi alterado pelo tipo de maturação e pela umidade relativa da

câmara (P>0,05). Em outros experimentos também não foram encontradas

diferenças no pH devido ao método de maturação a seco (Stenström et. al.,

2014; Li et. al., 2014). Por outro lado, Dikeman et. al. (2013) encontraram um

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maior valor de pH em carnes maturadas a seco pelo método tradicional do que

em carnes maturadas em embalagens permeáveis.

Tabela 8: Efeito do Tipo de Maturação e Umidade Relativa no pH, Força de Cisalhamento por Warner-Bratzler e Perda de Peso por Cocção

pH WBSF PPC (%)

Tipo de Maturação Tradicional 5,51 ± 0,01 3,40 ± 0,10 19,98 ± 0,55

Emb. Permeável 5,51 ± 0,01 3,39 ± 0,15 20,09 ± 0,67 Valor de P 0,8971 0,2563 0,8993

Umidade Relativa 65% 5,53 ± 0,01 3,61 ± 0,12 19,62 ± 0,63 85% 5,49 ± 0,01 3,18 ± 0,11 20,45 ± 0,57

Valor de P 0,2311 0,1940 0,3511

Interação Valor de P 0,5770 0,5848 0,6887

WBSF: Força de Cisalhamento por Warner-Bratzler PPC: Perda de Peso durante o Processo de Cocção da Carne

Não foram verificadas diferenças nos valores de WBSF devido ao tipo de

maturação e a umidade relativa da câmara (P>0,05). Diversos autores também

não encontraram diferenças na força de cisalhamento entre carnes maturadas

secas com e sem embalagem (Dikeman et. al., 2013; DeGeer et. al., 2009;

Ahnström et. al., 2006).

Não houve diferenças nas perdas por cocção devido a efeito do tipo de

maturação e da umidade relativa (P>0,05). Resultados similares foram

descritos por Ahnström et. al. (2006). Por outro lado, Dikeman et. al. (2013) e

DeGeer et. al. (2009) encontraram maiores perdas por cocção nas carnes

maturadas em embalagem permeável quando comparadas com as carnes

maturadas secas sem embalagem.

6.5.6. Cor Instrumental

Não houve efeito do tipo de maturação e da umidade relativa da câmara na

cor instrumental de carnes maturadas secas (P>0,05).

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Dikeman et. al. (2013) somente encontraram diferenças na coordenada L*

da cor instrumental. Em carnes com menor quantidade de gordura

intramuscular (Select) o valor de L* foi maior em carnes maturadas em

embalagem permeável do que em carnes maturadas secas sem embalagem.

Já em carnes com maior teor de gordura intramuscular (Choice) esses dois

métodos de maturação seca não alteraram o valor de L*. Essa diferença foi

atribuída a um maior reflexo causado pela umidade.

Tabela 9: Efeito do Tipo de Maturação e Umidade Relativa e sua Interação na Coloração Instrumental

L a b

Tipo de Maturação Tradicional 42,69 ±0,68 23,30 ± 0,52 20,58 ± 0,28

Emb. Permeável 42,76 ± 0,68 23,51 ± 0,41 20,56 ± 0,36 Valor de P 0,9447 0,7538 0,9657

Umidade Relativa 65% 43,07 ± 0,66 23,89 ± 0,47 20,44 ± 0,33 85% 42,38 ± 0,69 22,92 ± 0,43 20,71 ± 0,31

Valor de P 0,4879 0,1539 0,5719

Interação Valor de P 0,5513 0,9953 0,8481

6.5.7. TBArs

Não houve efeito para interação entre a umidade relativa das câmaras e o

tipo de maturação nos valores de TBArs (P>0,05).

Não foi verificado efeito do tipo de maturação nos valores de TBArs

(P>0,05). No entanto, carnes maturadas a 65%UR apresentaram maiores

valores de TBArs do que carnes maturadas a 85%UR (P<0,05).

DeGeer et. al. (2009) encontraram maiores níveis de TBArs em carnes

maturadas a seco pelo método tradicional quando comparadas a carnes

maturadas em embalagem permeável maturadas por 28 dias. No entanto, as

diferenças encontradas nesse não foram suficientes para alterar as qualidades

sensoriais dessas carnes.

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Tabela 10: Efeito do Tipo de Maturação e Umidade Relativa nos valores de TBArs

TBArs

Tipo de Maturação Tradicional (n=6) 0,0876 ± 0,007

Emb. Permeável (n=6) 0,0858 ± 0,007 Valor de P 0,8448

Umidade Relativa 65% (n=6) 0,0955 ± 0,005 85% (n=6) 0,0779 ± 0,006 Valor de P 0,0814

Interação Valor de P 0,6916

6.5.8. Análise Sensorial

As médias (± EPM) obtidos neste experimento estão apresentados na

Tabela 11.

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Tabela 11: Médias ± EPM dos atributos sensoriais avaliados por painel treinado

Atributo Dia 0 DRY 21 DRY 42 SB 21 SB 42 Valor de P

Carne Assada 7,9±0,6b 9,1±0,5a 8,9±0,5a,b 8,7±0,5ª,b 8,5±0,5ª,b 0,0160 Carne Maturada 6,2±0,7b 8,1±0,6a 8,9±0,6a 8,3±0,6a 8,7±0,6a <0,0001 Gordura 1,4±0,3ª,b 1,8±0,3ª,b 2,0±0,3a 1,2±0,2b 1,9±0,3ª,b 0,0100 Metálico 2,5±0,4 2,5±0,3 3,1±0,4 2,4±0,4 3,1±0,4 0,2841 Fígado 0,9±0,2 0,9±0,2 1,2±0,2 0,9±0,2 1,3±0,2 0,1387 Umami 4,8±0,7 5,5±0,6 5,4±0,6 6,0±0,6 5,2±0,6 0,1682 Ácido 2,9±0,5b 4,0±0,6ª,b 4,3±0,5ª,b 3,8±0,6ª,b 4,8±0,6a 0,0415 Dia 0: amostras sem maturação DRY 21: amostras maturadas secas sem embalagem por 21 dias DRY 42: amostras maturadas secas sem embalagem por 42 dias SB 21: amostras maturadas secas em embalagem permeável por 21 dias SB 42: amostras maturadas secas em embalagem permeável por 42 dias a,b

: Médias com letras iguais na mesma linha não diferem entre si (p<0,05)

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Não houve efeito (P>0,05) dos tratamentos avaliados nos atributos de

sabor metálico, sabor de fígado e gosto umami.

O sabor de carne assada foi descrito como mais intenso em amostras

maturadas secas pelo método tradicional por 21 dias, enquanto as carnes sem

maturação foram descritas como menos intensas para esse atributo (P<0,05).

Os avaliadores perceberam uma intensidade maior no sabor de carne

maturada em todas as carnes maturadas secas, seja com ou sem embalagem

permeável ao vapor de água por 21 ou 42 dias, em comparação com a carne

sem maturação (P<0,05). DeGeer et. al. (2009) não encontraram diferenças no

sabor de carne assada e sabor de carne maturada entre amostras maturadas

secas com e sem embalagem após 28 dias de maturação. Assim como

Ahnström et. al. (2006), que não encontraram diferenças entre carnes

maturadas secas tradicionalmente e em embalagem permeável após 21 dias

para sabor de carne maturada, sabor de carne, sabor de carne assada, sabor

de sangue e sabor metálico.

O sabor de gordura foi mais intenso na carne maturada seca sem

embalagem por 42 dias, enquanto a amostra maturada em embalagem

permeável por 21 dias foi descrita como a menos intensa (P<0,05).

As carnes maturadas secas em embalagem permeável por 42 dias

apresentaram maior gosto ácido e as carnes sem maturação foram atribuídas a

uma menor intensidade do gosto ácido (P<0,05). Li et. al. (2014) não

encontraram diferenças no gosto ácido entre amostras maturadas secas com

ou sem embalagem após 19 dias de maturação.

6.6. Conclusão

A utilização de embalagem permeável foi considerada uma boa

alternativa para maturação seca, pois reduziu as perdas do processo sem

afetar a maciez e na cor da carne. No entanto, o aumento do gosto ácido em

carnes em embalagem permeável pode reduzir a aceitação do produto.

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Carnes maturadas a 85% de umidade relativa apresentaram maiores

perdas de peso totais que carnes maturadas a 65%. As maiores perdas de

peso nas carnes maturadas a 85% ocasionaram em carnes com menor

atividade de água, tanto interna quanto externa.

A utilização de 85% de umidade relativa nas condições das nossas

câmaras inviabilizou o processo de maturação seca, com ou sem utilização de

embalagem permeável ao vapor de água.

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8. Discussão

O processo de maturação a seco se mostrou uma tecnologia viável

quando realizado a 2ºC e a 7ºC, sem alterações nos atributos sensoriais. Nas

condições em que os experimentos foram realizados, a maturação seca a 7ºC

apresentou melhores rendimentos no processo.

A maturação úmida resultou em um produto com maior intensidade no

gosto ácido. O que poderia ocasionar em uma menor aceitação dos

consumidores. No entanto, essa diferença somente foi detectada após 42 dias

de maturação.

A umidade relativa de 85% inviabilizou o processo de maturação a seco,

com ou sem embalagem permeável ao vapor de água, sendo que as amostras

tiveram que ser descartadas após 21 dias de maturação. Os processos em

embalagem permeável propiciaram maiores rendimentos de processo já que

reduziram as perdas de peso.

A carne acondicionada em embalagem permeável apresentou maiores

escores de sabor de carne maturada e gordura do que a carne submetida à

maturação a seco sem embalagem.

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9. Conclusão Geral

Pode-se utilizar a maturação seca para melhorar os atributos sensoriais

de sabor, desde que os consumidores estejam dispostos a pagar a redução no

rendimento dos processos.

A utilização de embalagem permeável se demonstrou uma alternativa

útil para reduzir os problemas de rendimento do processo. Mas necessita-se de

experimentos posteriores comparando os atributos sensoriais de carnes

maturadas a seco com embalagem permeável com carnes maturadas úmidas.

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Anexos

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