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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS TAMIRES ARAUJO ZANÃO ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE ALTERAÇÕES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA FUNCIONAL E ESTRUTURAL E DISTÚRBIOS DE MEMÓRIA E SINTOMAS DEPRESSIVOS EM PACIENTES COM EPILEPSIA DE LOBO TEMPORAL MESIAL CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

TAMIRES ARAUJO ZANÃO

ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE ALTERAÇÕES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

FUNCIONAL E ESTRUTURAL E DISTÚRBIOS DE MEMÓRIA E SINTOMAS

DEPRESSIVOS EM PACIENTES COM EPILEPSIA DE LOBO TEMPORAL MESIAL

CAMPINAS

2016

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TAMIRES ARAUJO ZANÃO

ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE ALTERAÇÕES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

FUNCIONAL E ESTRUTURAL E DISTÚRBIOS DE MEMÓRIA E SINTOMAS

DEPRESSIVOS EM PACIENTES COM EPILEPSIA DE LOBO TEMPORAL MESIAL

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da

Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos

exigidos para a obtenção do título de Mestra em Ciências.

ORIENTADOR: FERNANDO CENDES

COORIENTADOR: CLARISSA LIN YASUDA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA

ALUNA TAMIRES ARAUJO ZANÃO, E ORIENTADO PELO

PROF. DR. FERNANDO CENDES.

CAMPINAS

2016

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

TAMIRES ARAUJO ZANÃO

ORIENTADOR: FERNANDO CENDES

COORIENTADOR: CLARISSA LIN YASUDA

MEMBROS:

1. PROF. DR. FERNANDO CENDES

2. PROF. DR. LUIZ EDUARDO GOMES GARCIA BETTING

3. PROF. DRA. RACHEL PAES GUIMARÃES

Programa de Pós-Graduação em FISIOPATOLOGIA MÉDICA da Faculdade de Ciências

Médicas da Universidade Estadual de Campinas.

A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora

encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

Data: DATA DA DEFESA 22/07/2016

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Sergio e Ana, e avós, Eunice Giovanni e Antonio Araujo, Neuza e

Antonio Zanão, por todo o empenho e amor dedicados a mim. Pela sabedoria e

valores incutidos, pelo amor incondicional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu pai, Sergio e minha mãe, Ana, por todo amor e

dedicação a nossa família. Ao meu pai por ter sempre incentivado a minha

curiosidade pelo mundo e por sempre ter acreditado em mim e a minha mãe por ter

me mostrado a importância do estudo e me incentivado a buscar uma boa formação

acadêmica, o que, conjuntamente, me levou a ter mais perguntas e querer pesquisar

as minhas próprias respostas.

Agradeço aos meus avós (Antonio Araújo Netto, in memoriam, Eunice

Giovanni de Araújo, Antonio Zanão e Neuza Zanão) por terem me ensinado,

juntamente com os meus pais, sobre valores da vida com exemplos que não podem

ser aprendidos em livros.

Agradeço a minha irmã, Yara, por ter sido muitas vezes meu oposto e por

me ensinar que é possível amar e aprender com as diferenças. Ainda, por ser a

pessoa com a história de vida mais próxima a minha e provavelmente por me

compreender melhor do que ninguém nestes aspectos. À Laura por me ensinar que

não é preciso ser irmã de sangue pra ter um laço tão forte quanto.

As minhas grandes amigas da vida, Nathalie e Tayrine, pela amizade e

cumplicidade constante ao longo desses muitos anos apesar de todas as mudanças

da vida. Por termos conseguido nos manter próximas mesmo quando havia

distâncias físicas ou quando vivíamos momentos muito diferentes.

À Juliana e Raissa por terem me oferecido o primeiro lar longe de casa e

por juntas termos conseguido viver e gostar de São Paulo. Por estarem presentes

nas melhores lembranças da faculdade.

Agradeço as meninas que moram comigo hoje, Gabi, Guta, Nay, Sara,

Tabi e Tisci, que com criações tão distintas e de origens igualmente diversas, foram

capazes de formar um lar longe dos nossos verdadeiros lares e por terem

transformado Campinas no meu novo lar.

Agradeço ao meu namorado, Rubens, com quem venho construindo uma

história bonita, dividindo conquistas e medos da profissão e da vida.

Agradeço ao Dr. Fernando pela oportunidade de grande aprendizado,

orientação e confiança e pela grande contribuição para o meu crescimento e

amadurecimento profissional. À Clarissa pela co-orientação, dedicação e exemplo de

competência.

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Agradeço a todos os amigos e colegas do LNI e da Física Médica, em

especial a Tátila, sem a qual meu trabalho não seria possível, mas principalmente

por ter sido amiga mais do que colega de profissão e laboratório. À Mônica e Juliana

pelo apoio profissional e amizade construída além das manhãs e tardes de

ressonância. A Luciana, Nathalia, Thamires, Akari, Mateus e Renata pela amizade e

cumplicidade e a todos os demais colegas com os quais convivi ao longo desses 2

anos.

À Deus, por último, mas principalmente, por ter colocado todas essas

pessoas e oportunidades na minha vida.

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RESUMO

A epilepsia é caracterizada pela recorrência de crises epilépticas associadas

a diferentes substratos etiológicos, excluindo as crises sintomáticas provocadas por

lesões cerebrais agudas. O subtipo mais comum de epilepsia focal é a Epilepsia de

Lobo Temporal Mesial (ELTm), correspondendo a cerca de 60% dos casos de

Epilepsia de Lobo Temporal (ELT).

A epilepsia é uma doença cerebral que além da predisposição para gerar

crises epiléticas, também é caracterizada por suas consequências neurobiológicas,

psicológicas, cognitivas e sociais, com aspectos diários da vida dessas pessoas

sendo afetados por comorbidades que prejudicam a cognição e as relações sociais.

Diversos fatores como a idade da primeira crise epilética, a duração das

crises, a frequência das crises epilépticas e o uso de drogas anti-epiléticas

interferem no desempenho cognitivo. Déficits neuropsicológicos são prevalentes em

pacientes com ELT, principalmente quando há atrofia do hipocampo.

Embora a ELT seja caracterizada como uma epilepsia focal, hoje se sabe que

ela pode interferir em redes que estão conectadas funcionalmente, estando ligadas a

vários processos sensoriais e cognitivos (como consciência e atenção), sofrem

alterações em sujeitos que apresentam desordens neurológicas, e interagem entre

si, interferindo no funcionamento cerebral de forma mais ampla. Essas redes podem

ser mensuradas diante de uma tarefa ou em um estado de repouso sendo

denominadas “Resting State Networks” (RSN) e podem ser observadas durante o

repouso; na ausência da execução de uma tarefa direcionada.

A disfunção do estado basal cerebral das RSN pode ter um papel nas gênesis

de complicações cognitivas ou psiquiátricas. Esta hipótese, no entanto, continua

sendo especulativa e novos estudos clínicos são necessários para acessar a

possível correlação entre a gravidade das disfunções cognitivas e sintomas

depressivos em pacientes com ELTm e o prejuízo das RSN.

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Dentre as diversas RSN, a Rede de Modo Padrão (RMP) é uma rede que se

ativa durante tarefas cognitivas, recuperação de memórias e planejamento futuro; é

necessária para engajamento em teoria da mente e expressão de julgamentos

morais. Sua atividade também é aumentada na ausência de tarefas orientadas por

estímulos exteriores e está envolvida em funções mentais superiores.

Nosso objetivo foi investigar relação entre atrofia hipocampal e RMP,

aspectos cognitivos (memória episódica) e sintomas depressivos em pacientes com

ELTM e controles. Utilizamos ressonância magnética funcional e estrutural e

avaliação neuropsicológica para realizar tais análises.

Como resultados obtivemos que pacientes com atrofia hipocampal

apresentaram desempenho inferior nas avaliações neuropsicológicas em relação ao

grupo sem atrofia e controles. Não houve, no entanto diferença significativa entre os

grupos para os sintomas depressivos. Os grupos de pacientes também

apresentaram maior participação de áreas temporais em relação aos controles na

análise da RMP, sugerindo que o lobo temporal está envolvido no funcionamento

desta rede. Ainda, fizemos análises da RMP de acordo com o desempenho na

avaliação neuropsicológica (desempenho "normal" ou "alterado" para memória

verbal, visual e evocação tardia) e encontramos padrões diferentes de ativação para

cada um dos grupos, sugerindo que estes padrões de conectividade poderão ser

utilizados como marcadores biológicos para estimar e prever desempenho de

pacientes com ELT nas tarefas avaliadas.

Palavras-chave: neuroimagem, epilepsia, memória.

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ABSTRACT

Epilepsy is characterized by recurrent seizures associated with different

etiological substrates, excluding symptomatic crises caused by acute brain injuries.

The most common subtype of focal epilepsy is the mesial Temporal Lobe Epilepsy

(mTLE), corresponding to about 60% of cases of ELT.

Epilepsy is a brain disease that in addition to the predisposition to generate

epileptic seizures, is also characterized by its neurobiological, psychological,

cognitive and social consequences. Aspects of daily living of these patients are

affected by comorbidities that impair cognition and social relations, including

symptoms of depression.

Several factors such as onset of epileptic seizure, duration and frequency of

seizures, frequency of seizures and the use of anti-epileptic drugs interfere with

cognitive performance. Neuropsychological deficits are prevalent in patients with

TLE, especially when there is hippocampus’ atrophy.

TLE is considered focal epilepsy, but although the brain is spatially distributed

it is functionally connected with the areas that continually exchange information with

each other. These networks are functionally connected. They are linked to multiple

sensory and cognitive processes and might be disrupted by neurological and

neurophysiological disorders. These networks are called "Resting State Networks"

(RSN) and can be observed during rest; in the absence of a goal-oriented task.

The dysfunction of the RSN may play a role in the genesis of cognitive or

psychiatric complications. This hypothesis, however, remains speculative and further

clinical studies are needed to access the possible association between the severity of

cognitive dysfunction and depressive symptoms with the injury of RSN.

Among the various RSN, the Default Mode Network (DMN) is the one that is

active during cognitive tasks, recovery of memories and future planning; it is required

to engage in theory of mind and expression of moral judgments. Its activity is also

increased in the absence of external stimuli and it is involved in higher mental

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functions. The posterior cingulate cortex is one of the most metabolically active

regions in healthy subjects at rest with closed eyes and is commonly used to identify

the DMN (seed method).

Our objective was to investigate the relationship between absence and

presence of hippocampal atrophy and DMN, cognitive (episodic memory) and

depressive symptoms in patients with TLE and controls. We use functional and

structural MRI and neuropsychological assessment to undertake such analyzes.

As results, we obtained that patients with hippocampal atrophy had lower

performance on neuropsychological assessments in relation to the group without

atrophy and controls. However, there is not a significant difference between groups

for depressive symptoms. Patient groups also showed higher participation of

temporal areas in the controls for the analysis of DMN, suggesting that the temporal

lobe is involved in the functioning of this network. Still, we analyzed the DMN

according to the performance on neuropsychological evaluation (patients were

classified as "normal" or "altered" to verbal memory, visual and delayed recall) and

we found different patterns of activation for each of the groups, suggesting that these

connectivity standards can be used as biological markers to estimate and predict

performance of TLE patients in the assessed tasks.

Key words: neuroimaging, epilepsy, memory.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Presença e ausência de atrofia hipocampal em ELTm. Imagem a direita mostra

cérebro de paciente com ELTm com atrofia hipocampal e a esquerda paciente com ELTm

sem atrofia hipocampal........................................................................................................p.24

Figura 2 – Tipos de memória, suas subdivisões e as principais estruturas cerebrais

envolvidas nos mecanismos de memória relacionados a cada subtipo. Em destaque estão

os tipos de memória que receberam enfoque no presente

trabalho...............................................................................................................................p. 26

Figura 3 – Semente localizada no CCP utilizada para identificação da RMP (em azul) e

áreas funcionalmente conectadas......................................................................................p. 39

Figura 4 – Distribuição dos participantes incluídos na pesquisa por grupo........................p. 42

Figura 5 – Box-plots dos valores de QI estimado entre os grupos ELTD, ELTE. RM-Neg e

Controles. Os p-valores são: (*)=0,3; (**)<0,01 e (***)=0,04..............................................p. 44

Figura 6 – Box-plot dos valores da avaliação de memória verbal estimado entre os grupos

ELTD, ELTE. RM-Neg e Controles. Houve diferença significativa entre ELTD e controles e

ELTE e controles, com p-valores de (*)0,012 e (**)0,013...................................................p. 45

Figura 7 – Box-plot dos valores de memória visual entre os grupos ELTD, ELTE, RM-Neg e

controles. Houve diferença significativa entre ELTD e controles e RM-Neg e controles com

p-valores de (*)<0,001 e (**)=0,001....................................................................................p. 45

Figura 8 – Gráfico mostra a relação do desempenho dos grupos ELTD, ELTE e controles em

relação as Memória Verbal e Visual...................................................................................p. 46

Figura 9 – Box-plot dos valores da avaliação de evocação tardia dos grupos ELTD, ELTE,

RM-Neg e Controles. Houve diferença significativa entre cada um dos grupos de pacientes

com os controles, com os p-valores de: (*)<o,oo1; (**)=0,001 e (***)=0,019.....................p. 47

Figura 10 – Box-plots dos valores da avaliação RAVLT codificação dos grupos ELTD, ELTE,

RM-Neg e Controles. Houve diferença significativa entre cada um dos grupos de pacientes

com os controles, com os valores de p de: (*)=0,015; (**)<0,001 e (***)=0,014.................p. 47

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Figura 11 - Box-plots dos valores da avaliação RAVLT codificação dos grupos ELTD, ELTE,

RM-Neg e Controles. Houve diferença significativa entre cada um dos grupos de pacientes

com os controles, com o p-valor de: (*)<o,oo1...................................................................p. 48

Figura 12 - Box-plots dos valores do Inventário de Depresão de Beck (BDI) dos grupos

ELTD, ELTE, RM-Neg e Controles. Não houve diferença significativa entre nenhum dos

grupos (p-valor= 0,326)......................................................................................................p. 49

Figura 13- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com

ELTD estão em azul...........................................................................................................p. 51

Figura 14- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com ELTD do que em

controles estão em vermelho..............................................................................................p. 51

Figura 15- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com

ELTD estão em azul e as áreas mais conectadas em pacientes com ELTD do que em

controles estão em vermelho..............................................................................................p. 51

Figura 16- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com

ELTE estão em azul...........................................................................................................p. 52

Figura 17- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com ELTE do que em

controles estão em vermelho..............................................................................................p. 52

Figura 18- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com

ELTE estão em azul e as áreas mais conectadas em pacientes com ELTE do que em

controles estão em vermelho..............................................................................................p. 53

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Figura 19 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com

RM-Neg estão em azul.......................................................................................................p. 53

Figura 20 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com RM-Neg do que em

controles estão em vermelho..............................................................................................p. 54

Figura 21 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MVN

estão em azul claro............................................................................................................p. 56

Figura 22 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MVN do que em controles

estão em vermelho.............................................................................................................p. 56

Figura 23 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MVN do que em controles

estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MVN

estão em azul......................................................................................................................p. 52

Figura 24 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MVA

estão em violeta..................................................................................................................p. 53

Figura 25 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MVA do que em controles

estão em azul......................................................................................................................p. 59

Figura 26- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MVA do que em controles

estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MVA

estão em azul......................................................................................................................p. 59

Figura 27 – Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com MVN estão em verde e

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as áreas mais conectadas em pacientes com MVA em

amarelo...............................................................................................................................p. 60

Figura 28 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MViN

estão em azul claro.............................................................................................................p. 61

Figura 29- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MViN do que em controles

estão em vermelho.............................................................................................................p. 61

Figura 30 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MViN do que em controles

estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MViN

estão em azul......................................................................................................................p. 62

Figura 31 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MViA

estão em violeta..................................................................................................................p. 62

Figura 32 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MViA do que em controles

estão em azul......................................................................................................................p. 63

Figura 33- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MViA do que em controles

estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MViA

estão em azul......................................................................................................................p. 64

Figura 34 – Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com MViN estão em verde e

as áreas mais conectadas em pacientes com MViA em amarelo.....................................p. 64

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Figura 35 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes EvTN

estão em azul claro.............................................................................................................p. 66

Figura 36 – Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes EvTN do que em controles

estão em vermelho.............................................................................................................p. 67

Figura 37 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes EvTN do que em controles

estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes EvTN

estão em azul.....................................................................................................................p. 68

Figura 38 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes EvTA

estão em violeta..................................................................................................................p. 68

Figura 39- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes EvTA do que em controles

estão em azul......................................................................................................................p. 69

Figura 40 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes EvTA do que em controles

estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes EvTA

estão em azul......................................................................................................................p. 69

Figura 41 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes EvTN

estão em verde e as áreas mais conectadas em pacientes com EvTA em

amarelo...............................................................................................................................p. 63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Subtestes das escalas WMS-R e RAVLT utilizadas para acessar memória verbal,

memória visual, memória tardia e QI estimado..................................................................p. 38

Tabela 2 - Dados clínicos e demográficos em grupos divididos por análise estrutural de

RM.......................................................................................................................................p.43

Tabela 3 – Valores brutos das avaliações neuropsicológicas dos pacientes (ELTD, ELTE e

RM-Neg)..............................................................................................................................p.43

Tabela 4 – Valores comparativos das avaliações neuropsicológicas dos pacientes em

relação aos controles..........................................................................................................p. 44

Tabela 5 – Comparação da conectividade da RMP (com semente no CCP) dos grupos

ELTD, ELTE e IRM Neg com controles...............................................................................p.50

Tabela 6 – Comparação da conectividade da RMP (com semente no CCP) dos grupos MVN

e MVA com controles..........................................................................................................p. 59

Tabela 7 – Comparação da conectividade da RMP (com semente no CCP) dos grupos MViN

e MViA com controles.................................................................................................p. 60

Tabela 08 – Comparação da conectividade da RMP (com semente no CCP) dos grupos

EvTN e EvTA com controles...............................................................................................p. 65

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ELT – Epilepsia de Lobo Temporal

ELTm – Epilepsia de Lobo Temporal Mesial

EEG – Eletroencefalografia

RM – ressonância magnética

RMf – Ressonância Magnética Funcional

EMT – esclerose mesial temporal

ILAE – Liga Internacional contra Epilepsia/ “International League Against Epilepsy”

DAE – droga antiepilética

EH – esclerose hipocampal

WMS-R – “Wechsler Memory Scale-Revised Manual - Revised”

WAIS – R – “Wechsler Adult Inteligence Scale Manual – Revised”

RAVLT – “Rey Auditory Verbal Learning Test”

RSN - “Resting State Networks”

RSN – Rede do Estado de Repouso

RMP - Rede de Modo Padrão

BOLD – “Blood Oxigenation Level Dependent”

DMN - Default Mode Network”

CCP - córtex cingulado posterior

AH – atrofia hipocampal

ELTD – Epilepsia de Lobo Temporal Direita

ELTE – Epilepsia de Lobo Temporal Esquerda

RM-Neg – Imagem de Ressonância Magnética Negativa

NP - Neuropsicológico

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

DSM – IV - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders IV

BDI - Beck Depression Inventory

SC – substância cinzenta

GTm - giro temporal médio

MVN - Memória Verbal Normal

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MVA - Memória Verbal Alterada

MViN - Memória Visual Normal

MViA - Memória Visual Alterada

EvTN - Evocação Tardia Normal

EvTA - Evocação Tardia Alterada

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Sumário

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 22

1.1 - Epilepsia .................................................................................................................................... 22

1.2 - Epilepsia de Lobo Temporal ...................................................................................................... 24

1.3 - Prejuízos cognitivos na ELT ....................................................................................................... 25

1.3.1 - Memória ............................................................................................................................. 25

1.3.2 - Sintomas depressivos ......................................................................................................... 27

1.4 - Ressonância Magnética Funcional ............................................................................................ 28

1.5 – “Resting State Networks” ......................................................................................................... 28

1.6 - Rede de Modo Padrão .............................................................................................................. 29

1.7 - Justificativa ................................................................................................................................ 30

2 - OBJETIVOS ........................................................................................................................................ 32

2.1 - Geral: ......................................................................................................................................... 32

2.2 - Específico: ................................................................................................................................. 32

3 - METODOLOGIA ................................................................................................................................ 33

3.1 - Aspectos éticos.......................................................................................................................... 33

3.2- Participantes: ............................................................................................................................. 33

3.2.1 - Critérios de Inclusão ........................................................................................................... 33

3.2.2 - Critérios de exclusão .......................................................................................................... 33

3.3 - Procedimentos .......................................................................................................................... 34

3.3.1 - Avaliação clínica ................................................................................................................. 34

3.4 - Avaliação Neuropsicológica ...................................................................................................... 35

3.5 - Transtorno Depressivo Maior ................................................................................................... 38

3.6 - Avaliação por imagens de ressonância magnética ................................................................... 38

3.6.1 - Imagem de ressonância magnética funcional (fMRI)-resting state ................................... 39

3.6.2 - Imagem estrutural .............................................................................................................. 39

3.7 - Análises Estatísticas............................................................................................................. 41

3.7.1 – Imagens ............................................................................................................................. 41

3.7.2 – Avaliação Neuropsicológica ........................................................................................ 41

4 - RESULTADOS .................................................................................................................................... 42

4.1 - Dados clínicos ............................................................................................................................ 42

4.2 - Avaliação Neuropsicológica X Análise Estrutural ...................................................................... 43

4.3 – Análise de Sintomas Depressivos (BDI) .................................................................................... 49

4.4 – Análise Estrutural X Análise Funcional (RMP) .......................................................................... 49

4.4.1 – ELTD X Controles .............................................................................................................. 51

4.4.2 – ELTE X Controles ................................................................................................................ 52

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4.4.3 – RM-Neg X Controles .......................................................................................................... 53

4.5 – Avaliação Neuropsicológica X Análise Funcional (RMP) ........................................................... 54

4.5.1 - Memória Verbal ................................................................................................................. 55

4.5.2 – Memória Visual ................................................................................................................. 60

4.5.3- Evocação Tardia .................................................................................................................. 64

5 - DISCUSSÃO ....................................................................................................................................... 69

5.1 - Dados clínicos ............................................................................................................................ 69

5.2 - Avaliação Neuropsicológica X Análise Estrutural ...................................................................... 70

5.3 - Análise de Sintomas Depressivos (BDI) ..................................................................................... 72

5.4 - Análise Estrutural X Análise Funcional (DMN) .......................................................................... 72

5.5 - Avaliação Neuropsicológica X Análise Funcional (RMP) ........................................................... 73

5.5.1 - Memória Verbal em ELT ..................................................................................................... 73

5.5.2 - Memória Visual em ELT ...................................................................................................... 74

5.5.3 – Evocação Tardia ................................................................................................................. 74

6 – CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 75

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 76

ANEXOS ................................................................................................................................................. 79

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22

1 - INTRODUÇÃO

1.1 - Epilepsia

A Epilepsia é um distúrbio neurológico crônico grave não infeccioso

caracterizado pela ocorrência de pelo menos duas crises epiléticas não

provocadas por fatores clínicos precipitantes, como traumas cranianos ou

encefalites. Não há uma definição plenamente satisfatória para Epilepsia, mas

sabe-se que é resultante de alterações de funções cerebrais devido à atividade

neuronal síncrona ou excessiva no cérebro, que provocam sinais ou sintomas

transitórios, decorrentes de diversos processos patológicos (1-3).

Fisher e colaboradores (4, 5) definem a epilepsia como uma doença

cerebral que além da predisposição para gerar crises epiléticas, também é

caracterizada por suas consequências neurobiológicas, psicológicas, cognitivas

e sociais.

Dados da Organização Mundial da Saúde indicam que 1 a 2% da

população mundial é acometida pela Epilepsia (6), afetando cerca de 50

milhões de pessoas no mundo, (2, 7) sendo que 80% destas vivem em países

em desenvolvimento e ¾ das mesmas não possuem acesso a tratamento

adequado (6).

Estima-se que haja uma proporção de 50 casos para 100.000 pessoas

em países desenvolvidos e de 100 a 190 para 100.000 em países em

desenvolvimento (8). No Brasil são cerca de três milhões de pessoas afetadas

por crises epilépticas repetidas(9). A maior incidência em países em

desenvolvimento é atribuída a causas parasitárias, como a neurocisticercose, e

doenças infecciosas, agravados por precária higiene sanitária (10).

As crises epiléticas são decorrentes de uma desordem funcional do

cérebro, devido a um desequilíbrio repentino entre os processos excitatórios e

inibitórios das redes neuronais, gerando descargas excessivas de uma rede de

neurônios em parte do cérebro ou em ambos os hemisférios (3, 9). Essa crises

apresentam semiologia variável a depender da região cortical envolvida.

A Liga Internacional contra Epilepsia (ILAE) revisou as classificações em

2010 (11). A hipótese tradicional de que o foco epiléptico tem suas atividades

originadas em um foco específico, anatomicamente isolado, tem sido

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substituída por uma visão mais complexa e ampla, na qual epilepsias focais

são originadas em redes limitadas a um hemisfério (11), podendo ser

discretamente delimitadas ou mais amplamente difusas neste mesmo

hemisfério. As crises generalizadas são aquelas que se originam em um

determinado local e, rapidamente, envolvem redes neuronais distribuídas

bilateralmente, sem necessariamente incluir todo o córtex (11).

Outros termos e classificações em relação a etiologia das síndromes

epiléticas passaram por modificações na última revisão da ILAE e entre eles

estão a alteração dos termos idiopática, sintomática e criptogênica para

genético, estrutural/metabólico e etiologia desconhecida, respectivamente. A

etiologia “genética” se deve a atribuição da epilepsia a um defeito genético

presumido, o termo “estrutural/metabólico” a uma condição dessa natureza que

aumenta o risco do desenvolvimento de epilepsia e a “etiologia desconhecida”,

como o nome indica, quando a causa não pode ainda ser determinada.

Em relação à frequência de crises, pacientes podem ser classificados

como farmacorresponsivos, quando respondem a drogas antiepilética (DAE) ou

refratários/farmacoresistentes, quando as crises persistem apesar da

medicação.

O diagnóstico de epilepsia deve ser realizado por um clínico-

neurologista. A identificação das crises pode ser feita por anamnese, relato ou

observação de sintomas clínicos, por registro eletroencefalográfico (EEG) ou

por ambos (9). A ressonância magnética funcional (RMf), juntamente com o

EEG, é um método seguro e não invasivo utilizado principalmente para

avaliação pré-operatória de pacientes com epilepsia. Avaliações

neuropsicológicas também contribuem para maior compreensão e definição

diagnóstica, já que auxilia na localização e lateralização do foco epileptogênico,

bem como fornece dados sobre a intensidade do prejuízo cognitivo causado

pelas crises (12). O tratamento pode ser medicamentoso, através de uma ou

mais DAEs ou cirúrgico, em casos de farmacorresistência ou altos riscos

relacionados a crises (13).

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24

1.2 - Epilepsia de Lobo Temporal

A Epilepsia de Lobo Temporal (ELT) é a síndrome epiléptica mais

comum em adultos, correspondendo de 40 a 50% das epilepsias focais (14) e

distingue-se em Epilepsia do Lobo Temporal Neocortical e Epilepsia do Lobo

Temporal Mesial (ELTm), sendo que a neocortical tem o foco epileptogênico na

região do cortex temporal e a mesial tem o início das crises na porção mesial

do lobo temporal, incluindo hipocampo, amígdala e giro parahipocampal. As

causas da ELT incluem tumores, malformações e esclerose mesial temporal

(EMT)(15).

A ELTm (fig.1) é o subtipo mais frequente das epilepsias de lobo

temporal, correspondendo a cerca de 60% dos casos de ELT (16), com alta

prevalência e refratariedade a tratamentos medicamentosos, mas não

configura uma doença única e sim um conjunto de patologias diversas com

apresentação clínica e eletroencefálica comum.

Entre as principais causas da ELTm está a esclerose mesial, que

corresponde de 50 a 70% de pacientes refratários dos adultos com este

substrato patológico (17). Outras causas da ELTm incluem tumores, displasias

corticais focais e malformações vasculares. Ainda, cerca de 20% dos pacientes

com ELTm apresentam ressonância normal (18).

Figura 1 – Presença e ausência de atrofia hipocampal em ELTm. Imagem a direita mostra cérebro de paciente com ELTm com atrofia hipocampal e a esquerda paciente com ELTm sem atrofia hipocampal.

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1.3 - Prejuízos cognitivos na ELT

É bastante comum que pacientes com epilepsia sofram com a falta de

suporte social e familiar, sendo alvos de estigma e preconceito, o que pode

comprometer severamente o nível educacional e as habilidades intelectuais, a

estabilidade psicológica, a capacidade de transporte e locomoção, refletindo

muitas vezes em piores empregos e piores condições de vida desses pacientes

(19). Ainda, aspectos diários da vida desses indivíduos com epilepsia são

afetados por comorbidades que prejudicam a cognição (7).

Diversos fatores já citados anteriormente, como a idade da primeira crise

epilética, a duração da crise, a frequência das crises epilépticas e o uso de

DAE (20) interferem no desempenho cognitivo. A frequência das crises, por

exemplo, afeta vários aspectos do funcionamento cognitivo, incluindo memória,

linguagem, funções executivas, julgamento social, resolução de problemas,

entre outros. Déficits neuropsicológicos são prevalentes em pacientes com

ELT, principalmente quando há atrofia hipocampal (AH) (21). O

comprometimento da memória, de especial interesse para o presente trabalho,

ocorre em diferentes graus em pacientes com ELTm.

1.3.1 - Memória

Terminologias e definições referentes à memória passaram por diversas

modificações ao longo da história. O conceito de memória engloba,

basicamente, a capacidade de aquisição e retenção ou armazenamento de

conhecimentos, bem como de sua recuperação (evocação). No entanto,

existem diferentes “tipos” de memória, que dependem de sistemas cerebrais

distintos. A forma e a duração de armazenamento dos aprendizados também

podem sofrer alterações ao longo do tempo. Uma das classificações possíveis

é dividir a memória em declarativa ou explícita e não declarativa ou implícita.

As declarativas englobam eventos autobiográficos (memória episódica)

e conhecimentos de fatos (memória semântica). São facilmente formadas, mas

também facilmente esquecidas e sua evocação é consciente (22).

A memória episódica (fig. 2) foi primeiramente definida como sendo

relacionada com experiências de eventos personalizados, mas continua

passando por alterações conceituais. As características principais da memória

episódica incluem a lembrança consciente de um evento passado (o que

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26

aconteceu), juntamente com as lembranças de onde e quando o mesmo se

deu. A ênfase é colocada não apenas na precisão da lembrança do evento,

mas também na experiência subjetiva do sujeito que a vivenciou.

Já as não declarativas se dão através da repetição e prática,

consolidam-se de maneira lenta, mas também dificilmente são esquecidas

após serem adquiridas. É a memória para habilidades, procedimentos e

hábitos, como andar de bicicleta ou dirigir um carro e não possuem evocação

espontânea, pois são automáticas e inconscientes (22).

Figura 2 – Tipos de memória, suas subdivisões e as principais estruturas cerebrais envolvidas nos mecanismos de memória relacionados a cada subtipo. Em destaque estão os tipos de memória que receberam enfoque no presente trabalho.

O hipocampo é uma estrutura importante para a consolidação da

memória, pois pode atuar como um “depósito temporário”, uma estação

intermediária para memória a longo prazo, sendo importante por facilitar que

informações aprendidas sejam levadas para outras áreas do córtex cerebral,

onde podem ficar armazenadas e consolidadas de modo permanente. O

sistema de memória no lobo temporal mesial é bastante extenso e inclui o

hipocampo, o córtex entorrinal, o subículo e córtices para-hipocampais (23).

O hipocampo está associado principalmente com a memória episódica

(24, 25). A lembrança de uma memória episódica implica em uma “viagem no

Memória

Declarativa

Episódica

Hipocampo

Giro parahipocampal

Córtex entorrinal e perihinal

Córtex pré-frontal

Cíngulo anterior

Semântica

Hipocampo

Córtex pré-frontal esquerdo

Cíngulo anterior

Não declarativa Procedimentos/

Habilidades

Corpo estriado

Área motora suplementar

Gânglios dabase

Amígdala

Cerebelo

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tempo”, associado à consciência autonoética, ou seja, o indivíduo precisa ser

consciente de sua identidade e existência, aprendizado que se dá

subjetivamente através do tempo e deve ocorrer tanto para lembrar do passado

como para imaginar o futuro (26).

Prejuízos de memória são comorbidades frequentes em pacientes com

ELTm, principalmente em relação à memória episódica. Quando há disfunção

do sistema de memória episódica ocorre um detrimento na capacidade de

aprender novas informações, com dificuldade de recuperação de informações

recentemente aprendidas (7).

Diversas avaliações neuropsicológicas estabeleceram associações entre

memória verbal com estruturas do lobo temporal mesial dominante para

linguagem (geralmente hemisfério esquerdo, principalmente em destros) e

entre memória não verbal ou viso-espacial com estruturas do lobo temporal

mesial não dominante (geralmente hemisfério direito). Tal associação entre

lobo e subtipo de memória parece bem estabelecida para memória verbal –

lobo temporal esquerdo e menos determinista para o outro hemisfério e

memória visual. Isto se deve, provavelmente, pela natureza mais “dispersa” da

memória visual, podendo envolver ambos os hemisférios(27, 28).

Existem vários testes neuropsicológicos que são capazes de acessar o

funcionamento da memória episódica. Entre eles estão subtestes da “Wechsler

Memory Scale-Revised manual”, como “Pares verbais associados (WMS-R)”,

“Pares visuais associados (WMS-R)” e “Rey Auditory Verbal Learning Test

(RAVLT)” (29-33).Memórias verbais, visuais e tardias também podem ser

acessadas através da combinação de diferentes sub-testes, como será

detalhado adiante.

1.3.2 - Sintomas depressivos

Pacientes com ELTm também configuram grupo de risco para

transtornos psiquiátricos, como o Transtorno Depressivo Maior (TDM) (34), que

é caracterizado por humor deprimido e anedonia e normalmente está

associado a alterações de sono, apetite, libido, além de prejuízo em algumas

funções cognitivas, como memória e atenção (34-36). Embora clínicos saibam

que os sintomas da ELT não são necessariamente focais, pouco ainda se sabe

sobre prejuízos psiquiátricos causados por esse tipo de epilepsia.

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Aproximadamente 6% dos pacientes que possuem epilepsia apresentam

alguma comorbidade psiquiátrica. Nos pacientes refratários esses valores

aumentam para de 10 a 20%. Os transtornos de humor são os mais frequentes

(24-74%), sendo os transtornos depressivos os de maior relevância.

1.4 - Ressonância Magnética Funcional

Em relação à RMf, os protocolos geralmente envolvem a utilização de

testes e tarefas para acessar a conectividade do cérebro em avaliação motora,

de memória e de linguagem visando obter informações de zonas de interesse

específicas. Para este tipo de avaliação é necessário que os pacientes

realizem tarefas complexas dentro do scanner ou que haja uma alta taxa de

descarga próxima ao couro cabeludo (37). Este método, embora eficaz, traz

algumas desvantagens importantes, como o desconforto para o paciente que

muitas vezes já se encontra em sofrimento e a necessidade que este realize

adequadamente uma tarefa que pode ser considerada difícil pelo mesmo.

Outra maneira de avaliar os dados obtidos pela RMf consiste em

observar a conectividade funcional, ou seja, analisam-se como os sinais de

diferentes regiões do cérebro estão conectados. Quando há conectividade os

cursos de tempo destas regiões estão altamente correlacionados, o que pode

ser observado inclusive na ausência da execução de uma tarefa direcionada

(37, 38), trazendo uma vantagem em relação ao método explicado

anteriormente.

1.5 – “Resting State Networks”

A ELTm é considerada uma epilepsia focal, mas o cérebro apesar de

espacialmente distribuído é funcionalmente conectado com as áreas que

continuamente trocam informações entre si (39). Essas redes estão conectadas

funcionalmente e são consistentes dentre e entre indivíduos, estando ligadas a

vários processos sensoriais e cognitivos, como consciência, atenção e

comportamento afetivo, que sofrem alterações em sujeitos que apresentam

desordens neurológicas e neurofisiológicas. São denominadas “Resting State

Networks” (RSN) ou Rede do Estado de Repouso (RER) (14, 37, 40-43) e,

como o nome indica, podem ser observadas durante o repouso; na ausência da

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execução de uma tarefa direcionada. Utilizaremos o termo em inglês, RSN, por

ser mais amplamente conhecido e utilizado na literatura.

As RSN foram primeiramente documentadas por Biswal e colaboradores

(40) quando investigavam ruídos de sinal de RMf durante atividade motora.

Usando um paradigma que alternava atividade de pressão de barra com

repouso eles identificaram, durante o repouso, flutuações de baixas

frequências no córtex motor, que foram interpretadas como indicação de

conectividade funcional de regiões cerebrais distantes, ativas mesmo durante o

repouso. Outras flutuações coerentes foram encontradas em conexões de

outras partes do cérebro, como nas áreas relacionadas com a linguagem e no

córtex visual (40). Essas flutuações são causadas por mudanças espontâneas

do sinal nível-dependente de oxigenação (“Blood Oxigenation Level

Dependent” - BOLD em inglês).

O sinal “BOLD” depende da mudança das propriedades da hemoglobina

oxigenada e representa um índice de oxigênio e atividade neuronal e glial

dependentes do fluxo sanguíneo. Resposta magnética distinta entre a oxi- e a

desoxi-hemoglobina sanguínea geram contrastes ponderados de sinal na

Ressonância Magnética (RM) através da concentração relativa entre elas.

Múltiplas regiões mostram flutuações “BOLD” coerentes e acredita-se que

essas estão funcionalmente conectadas e formam RSN (14, 44).

1.6 - Rede de Modo Padrão

Dentre as diversas RSN, a Rede de Modo Padrão (RMP) é uma rede

que se ativa durante tarefas cognitivas, recuperação de memórias e

planejamento futuro; é necessária para engajamento em teoria da mente

(interpretação de crenças ou julgamentos de outros) e expressão de

julgamentos morais. Sua atividade também é aumentada na ausência de

tarefas orientadas por estímulos exteriores e estão envolvidas em funções

mentais superiores (42, 45). Foi a primeira RSN a ser identificada e

compreende o córtex posterior cingulado/córtex precuneus, lóbulo parietal

bilateral inferior e córtex prefrontal mesial e córtex pré-frontal mesial, podendo

incluir outras regiões, como o lobo temporal mesial e lateral (37).

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A RMP é de especial interesse para pacientes com epilepsia de lobo

temporal, pois há ricas conexões entre hipocampo e estruturas dessa rede

(46), como o córtex cingulado posterior (CCP). O CCP é uma das regiões mais

metabolicamente ativas em sujeitos saudáveis durante repouso com os olhos

fechados (38) e é comumente utilizada para auxiliar na identificação da RMP,

como será explicitado posteriormente.

Cataldi e colaboradores (14) sugerem que a ELT afeta as RSN,

principalmente a Rede de Modo Padrão (RMP), a Rede de Atenção (ou

“Attention Network”) e a Rede de Emoções/Recompensas (ou

“Reward/Emotion Network”). Este dado pode auxiliar na compreensão do

porquê pacientes com ELTM frequentemente apresentam prejuízos de funções

cerebrais superiores que dependem do funcionamento coordenado de

diferentes regiões cerebrais. É interessante observar que a RMP inclui áreas

que estão distantes do hipocampo e que não são tradicionalmente

consideradas como parte da rede da ELTm (14). Pacientes com ELTm

apresentam alterações estruturais e funcionais em regiões corticais e

subcorticais além da zona epileptogênica (47), refletindo em disfunção

cognitiva (48, 49).

Além do comprometimento cognitivo, observa-se a co-ocorrência de

transtornos psiquiátricos nesses pacientes, como ansiedade e depressão, que

estão relacionados à áreas cerebrais também atingidas pela epilepsia, com

alterações da RMP (50). A disfunção da RSN (e da RMP) pode ter um papel

nas gênesis de complicações cognitivas e/ou psiquiátricas. Esta hipótese, no

entanto, continua sendo especulativa e novos estudos clínicos são necessários

para acessar a possível correlação entre a intensidade de sintomas em

pacientes com ELTm e o prejuízo das RSN, em especial da RMP (14).

1.7 - Justificativa

A ELTm é a forma mais comum de epilepsia em humanos. Estudos

recentes demonstraram que a ELTm interfere na RMP, o que pode explicar

porque pacientes com ELTm possuem déficits cognitivos e complicações

psiquiátricas que não poderiam ser facilmente compreendidas pelo

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comprometimento focal da ELTm. No entanto, esta correlação é ainda

especulativa, sendo necessário novos estudos.

O presente projeto busca investigar as relações entre lesão estrutural

em RM, com presença e ausência de AH, e alterações de conectividade

funcional e as alterações cognitivas que ainda não estão bem esclarecidas.

Distúrbios de memória e depressão são duas comorbidades muito frequentes

em ELT, porém ainda não está claro se estão relacionadas ao dano estrutural e

a alterações de conectividade.

As imagens das ressonâncias magnéticas funcionais e estruturais dos

pacientes com ELTm e controles, juntamente com testes neuropsicológicos que

avaliem memória e investigação de ocorrência de TDM podem trazer maiores

esclarecimentos a cerca desta relação, o que poderá proporcionar, além da

melhor compreensão dos processos envolvidos na ELTm e na RMP, a adoção

de meios mais adequados para prevenção e cuidado com os pacientes,

buscando melhorar a qualidade de vida destes.

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2 - OBJETIVOS

2.1 - Geral:

Investigar relação entre ausência e presença de AH e RMP, aspectos

cognitivos e psiquiátricos (Transtorno Depressivo Maior – TDM) em pacientes

com ELTm e controles.

2.2 - Específico:

1) Avaliação Neuropsicológica X análise estrutural: classificação dos

grupos em ELTD, ELTE, RM-Neg e controles, baseada na análise

estrutural, realizar a comparação dos grupos em relação ao QI estimado,

memória verbal, memória visual, memória tardia, RAVLT codificação e

RAVLT tardio.

2) Análise estrutural X análise funcional: comparar a conectividade da RMP

(semente no CCP) de cada um dos grupos de pacientes, oriundos da

análise estrutural, com os controles

3) Avaliação Neuropsicológica X análise funcional: classificar os grupos por

desempenho na avaliação neuropsicológica em memória verbal, visual e

evocação tardia em normal e alterada e comparar a conectividade da

RMP (semente no CCP) para cada um desses grupos.

4) Verificar a ocorrência de TDM em pacientes com ou sem esclerose

hipocampal e controles.

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3 - METODOLOGIA

3.1 - Aspectos éticos

Os pacientes foram instruídos pelo pesquisador responsável pelo estudo

sobre os procedimentos a serem realizados e informados de que sua

participação era voluntária e que a recusa em participar de tal estudo não

acarretaria em prejuízo para seu tratamento. Os pacientes que concordaram

em participar do estudo assinaram um termo de consentimento livre e

esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de

Campinas - UNICAMP (Anexo 1).

3.2- Participantes:

Incluímos pacientes com Epilepsia de Lobo Temporal com e sem AH:

Epilepsia de Lobo Temporal Direita – ELTD, Epilepsia de Lobo Temporal

Esquerda – ELTE e Epilepsia de Lobo Temporal com imagem de RM negativa

para AH – RM-Neg. Também incluímos indivíduos saudáveis como controles.

3.2.1 - Critérios de Inclusão:

Participantes deste estudo foram submetidos à avaliação neurológica

clínica corrente no serviço do ambulatório de neurologia do Hospital de Clínicas

da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e diagnosticados com ELT

com ou sem esclerose hipocampal unilateral direita ou esquerda e sem

alteração extra- hipocampal ou extra-temporal inspecionadas visualmente por

meio de imagem de ressonância magnética de alta resolução.

Foram incluídos indivíduos saudáveis, sem queixa neurológica ou

psiquiátrica e com imagem de ressonância magnética de crânio normal,

pareados com o grupo de pacientes por idade e gênero.

3.2.2 - Critérios de exclusão

Foram excluídos deste estudo todos os participante que se recusaram a

assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), apresentaram

contra indicação para realização de exame de ressonância magnética (seja por

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fobia grave, presença de clipes cerebrais ou marca passo cardíaco) e

dificuldade para compreender as instruções referentes à avaliação cognitiva.

3.3 - Procedimentos

Os participantes foram esclarecidos sobre a pesquisa e assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes de sua participação. Os

métodos e procedimentos empregados não foram invasivos e não

representaram maiores riscos ou inconvenientes para os pacientes, estando

plenamente de acordo com os princípios éticos descritos pela Declaração de

Helsinki (1964). Os procedimentos consistiram em avaliação cognitiva,

incluindo avaliação de memória, investigação da ocorrência de TDM e

aquisição de imagem de ressonância magnética funcional em RSN e imagem

estrutural.

3.3.1 - Avaliação clínica

As crises e o diagnóstico de ELTm foram definidos de acordo com a

classificação proposta pela ILAE(2010). A Comissão de Classificação e

Terminologia da ILAE revisou os conceitos e terminologias para a classificação

de convulsões e epilepsias (11), como relatado na introdução. A presença de

EEG normal não excluiu o diagnóstico de ELTM.

Variáveis clínicas

Outros dados clínicos como história pregressa e fatores modificáveis,

como frequência de crises e medicações antiepilépticas em uso foram

investigados por meio de anotações em prontuário e acompanhamento do

paciente durante consultas.

3.3.2 - Estimativa da frequência de crises

A estimativa da frequência das crises foi baseada em calendários de

crises e informações obtidas diretamente com os pacientes e familiares, assim

como por meio da revisão de prontuários. Pacientes com ELT puderam ser

divididos em três grupos de acordo com a frequência de crises:

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1-Livres de crises/ Farmacorespondentes: menos de 3 crises parciais

complexas por ano.

2- Refratários/Farmacoresistentes: mais de 3 crises parciais complexas

por ano.

3.4 - Avaliação Neuropsicológica

Os subtestes utilizados para avaliação neuropsicológica foram (tabela 1):

- Pares verbais associados (WMS-R) (31): é um subteste da escala Wechsler

que avalia o aspecto da memória verbal. Lê-se uma lista com 8 grupos de

palavras, duas de cada vez e solicita-se somente a atenção do participante

neste momento, pois posteriormente será lido apenas a primeira coluna da lista

de palavras e o participante deve dizer qual foi a segunda palavra que a

acompanhou. Os pares de palavras são sempre os mesmos. É apresentado ao

participante no máximo seis sets das palavras associadas com suas

respectivas evocações e somente é interrompido se a partir do terceiro set o

examinando acerta todas as associações. Após 20 minutos é lida somente a

primeira coluna de palavras e solicita-se ao examinando que diga qual foi a

outra palavra que a acompanhou. O escore é dado para cada resposta correta

até o terceiro set totalizando um máximo de 24 pontos para as evocações

imediatas e oito pontos para a evocação tardia.

- Pares visuais associados (WMS-R) (31): é um subteste que avalia o

aspecto visual da memória. Há seis desenhos com linhas abstratas, cada um

pareado com uma cor diferente. Solicita-se ao participante que observe

atentamente o desenho e a cor associada a ele, pois depois será mostrado

somente o desenho e será ele quem deverá dizer qual cor veio junto da figura

apresentada. Os pares de figuras são sempre os mesmos. É apresentado ao

participante no máximo seis sets das figuras associadas às cores com suas

respectivas evocações e somente é interrompido se a partir do terceiro set o

examinando acerta todas as associações. Após 20 minutos são mostradas

somente as figuras e solicita-se ao examinando que diga qual cor veio junto

daquela figura. O escore é dado para cada resposta correta até o terceiro set

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totalizando um máximo de 18 pontos para as evocações imediatas e seis

pontos para a evocação tardia.

- Memória Lógica (WMS-R) (31): este teste consiste na leitura de duas

histórias curtas com várias informações detalhadas dos personagens, locais e

acontecimentos. Ao final da leitura de cada uma das histórias o participante é

solicitado a contar a história com suas próprias palavras, o mais parecido

possível com a história original. Após 20 minutos realizando outros testes o

sujeito é novamente requerido a contar as histórias. A pontuação se dá pela

similaridade das informações, sendo de 50 pontos no máximo para a memória

imediata e 50 pontos para a memória tardia (25 pontos para cada história).

- Memória de Figuras (31): é dito ao participante que será apresentado uma

figura geométrica a ele e que depois de um determinado tempo de observação

da imagem (5 segundos para a primeira figura e 10 segundos para as demais)

ele deverá identificar, a seguir, as figuras anteriormente apresentadas entre

outras figuras similares. Primeiramente é apresentado apenas uma imagem por

5 segundos para ser posteriormente identificada entre 3 imagens similares,

sendo que apenas uma é idêntica a figura inicial. Em seguida são

apresentadas figuras contendo 3 figuras geométricas por 10 segundos que

devem ser memorizadas para, em seguida, serem identificadas entre 9 figuras

parecidas (3 dessas são idênticas às originais). Este procedimento é realizado

por 3 vezes com figuras diferentes e a cada figura identificada corretamente

soma-se 1 ponto, totalizando 10 pontos.

- Reprodução de Figuras (31): neste teste o examinador apresenta um cartão

por vez com figuras abstratas e o participante observa a imagem por 10

segundos. Em seguida o examinador retira o cartão da frente do participante,

que possui lápis, borracha e papel para reproduzir de memória a figura recém

apresenta. Não há limite de tempo para a realização do desenho. Esse

processo é repetido para 4 figuras. Após 20 minutos realizando outros testes o

participante deve reproduzir as figuras novamente, de memória, sem que os

cartões sejam reapresentados. A pontuação se dá por reprodução correta de

elementos importantes dos desenhos, que são progressivamente mais

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complexos. A pontuação é dada para memória imediata e para memória tardia,

sendo o valor máximo de 46 pontos para cada uma.

- Rey Auditory Verbal Learning Test (RAVLT) (33): este teste se consiste de

15 palavras que são lidas pelo examinador, uma por segundo, enquanto o

examinando somente as ouve atentamente para que logo após a leitura possa

repetir quais palavras se lembra em qualquer ordem no período de um minuto.

Esta lista é repetida cinco vezes com suas respectivas evocações imediatas.

Uma outra lista de interferência também com 15 palavras diferentes da primeira

lista é lida para o examinando com as mesma instruções que foram dadas para

a primeira lista e sua respectiva evocação imediata no período de uma minuto.

Após a lista de interferência é indagado ao examinando quais palavras da

primeira lista ele consegue se lembrar em um minuto, sem que o examinador a

leia novamente. A evocação tardia da primeira lista é solicitada após 20

minutos e logo após é lido ao examinando uma lista contendo 50 palavras para

que ele reconheça quais palavras foram ditas na primeira lista. A pontuação é

obtida somando-se o número de acertos em cada uma das cinco evocações da

primeira lista. Soma-se a quantidade máxima evocada da segunda lista, a

quantidade máxima da primeira lista após interferência e da evocação tardia

após os 20 minutos. A lista de reconhecimento pontua-se as respostas corretas

subtraindo-se os falsos positivos.

QI estimado

- Vocabulário: neste teste o participante deve explicar o significado de uma

lista de palavras, como se estivesse dando a denotação de um dicionário. São

atribuídos pontos de 0 a 2 pra cada uma das palavras, de acordo com a

similaridade da definição dada pelo manual do WAIS-R. A pontuação máxima é

de 70 pontos.

- Cubos: são oferecidos cubos ao examinando, que deve utilizá-los para

reproduzir figuras. Todos os cubos possuem duas faces vermelhas, duas faces

brancas e duas faces vermelhas e brancas. Inicialmente o examinador faz uma

figura com os cubos e o participante deve reproduzi-la com os cubos que tem a

sua disposição. Depois, o examinador oferece um caderno com as imagens

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impressas que devem ser reproduzidas, em 2D, e o participante deve executá-

las com os cubos. A pontuação se dá através do tempo que o mesmo leva para

realizá-las de modo correto (quanto mais rápido maior a pontuação). A

pontuação máxima é de 51 pontos.

Tabela 1 – Subtestes das escalas WMS-R e RAVLT utilizadas para acessar memória verbal, memória visual, memória tardia e QI estimado.

3.5 - Transtorno Depressivo Maior

Para avaliação do Transtorno Depressivo Maior (TDM) foram utilizados

os critérios diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos

Mentais IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-IV),

confirmado pela escala auto-aplicável “Beck Depression Inventory” (BDI) –

Inventário de Depressão de Beck, um dos instrumentos mais utilizados para

mensurar a ocorrência e gravidade da depressão (51-53), validado para a

população brasileira.

3.6 - Avaliação por imagens de ressonância magnética

As imagens foram adquiridas no aparelho de RM 3T Achieva-Intera

PHILIPS®, release 2.6.1.0., de acordo com os seguintes parâmetros:

Memória Verbal Memória Visual Memória Tardia QI estimado

Memória Lógica I - WMS-R

Pares Verbais Associados I - WMS-R

RAVLT

Memória de Figuras - WMS-R

Pares Visuais Associados I - WMS-R

Reprodução de Figuras I - WMS-R

Memória Lógica II -

WMS-R

Pares Visuais

Associados II - WMS-R

Pares Verbais

Associados II - WMS-R

Reprodução de

Figuras II - WMS-R

Vocabulário – WAIS -R

Cubos – WAIS – R

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3.6.1 - Imagem de ressonância magnética funcional (fMRI)-

resting state

Foram adquiridas imagens com gradient echo planar ponderadas em T2*

enquanto o participante se mantinha em repouso com os olhos fechados

durante um período de 6 minutos. As imagens desta etapa foram processadas

e analisadas por meio do SPM12. RSN apresenta atividades cerebrais

persistentes que são tão vigorosas como as de indivíduos resolvendo

problemas matemáticos, por exemplo.

Para identificar a RMP utilizou-se o método de semente, que é um

método bem estabelecido para examinar conectividade funcional de uma

determinada região cerebral de interesse, correlacionando as frequências

série-tempo de uma região escolhida com as frequências série-tempo de todas

as demais áreas, gerando mapas de conectividade funcional. A semente

utilizada possui 1cm3, localizado no CCP (fig. 3) que, como dito anteriormente,

é uma das regiões mais comumente utilizada para auxiliar na identificação da

RMP (38).

Figura 3 – Semente localizada no CCP utilizada para identificação da RMP (em azul) e áreas funcionalmente conectadas.

3.6.2 - Imagem estrutural

- Imagens coronais, perpendicular ao eixo longo do hipocampo, definido

a partir da imagem sagital:

(a) imagem ponderada em T2 multi echo 3mm de espessura; TR, 3300;

TE, 30/60/90/120/150; matrix, 200X176; FOV, 1802X180;

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(b) Imagem do tipo “inversion recovery”ponderadas em T1: 3mm de

espessura; TR 3550; TE, 15; tempo de inversão, 400; fator TSE, 7;matriz,

240X229; e FOV 180X180;

- Imagens axiais paralelas ao eixo longo do hipocampo: FLAIR (fluid

attenuation inversion recovery) com supressão de gordura; 4 mm de

espessura;;TR, 12000; TE, 140; matriz, 224x160; e FOV, 220X186;

- Imagem volumétrica ponderadas em T1: imagem ponderada em T1 e

gradiente eco com voxels isotrópicos de 1mm, adquiridos no plano sagital

(1mm de espessura; flip angle, 8°; TR, 7.1; TE, 3,2; matriz, 240x240; e FOV,

240x240;

- Imagem volumétrica ponderadas em T2: imagem ponderada em T2

com voxels isotrópicos de 1,5mm, adquiridos no plano sagital (TR, 1800; TE,

342; matriz, 140X139; e FOV, 210x210;

Morfometria baseada em voxel (VBM)

As imagens em 3D adquiridas no formato DICOM foram convertidas

para Niftii usando o software dcm2niigui no programa MRIcron

(www.mricron.com).

Utilizamos o MATLAB para marcar a comissura anterior, a fim de

determinar o ponto inicial da segmentação das imagens. Os dados foram

processados e analisados com SMP12 (http://www.fil.ion.ucl.ac.uk/spm/) dentro

do MATLAB R2010a (Mathworks). As imagens foram pré-processadas

automaticamente, de acordo com as seguintes etapas:

(a) normalização espacial da imagem T1 de alta resolução de todos os

participantes dentro de um espaço estereotáxico comum;

(b) extração da substância cinzenta (SC) a partir das imagens normalizadas

de cada participante;

(c) suavização dos mapas de tecido extraídos e

(d) realização da análise estatística.

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3.7 - Análises Estatísticas

As análises estatísticas foram realizadas através do software SPSS 21®

(IBM, www.ibm.com/software/br/analytics/spss/). Utilizamos o teste de

Kolmogorov-Smirnov com correção de Lilliefors para verificar a distribuição dos

dados da amostra. Quando observamos uma distribuição normal (p >0,05),

optamos por testes paramétricos. Quando a distribuição dos dados não foi

normal (p< 0,05) optamos por testes não paramétricos.

Adotamos o p<0,05 como nível de significância estatística. Sempre que

necessário, foi aplicado correção de Bonferroni para múltiplas comparações.

3.7.1 – Imagens

Para as imagens primeiramente foram gerados mapas de conectividade

individuais extraídos no primeiro nível de análise através do programa do

UF2C. A análise de 2º nível foi realizada no SPM12, através de ANOVA (alfa =

0,001 não corrigido, cluster maior ou igual a 10 voxels).

3.7.2– Avaliação Neuropsicológica

Para toda a avaliação estatística dos testes neuropsicológicos utilizamos

o programa IBM SPSS Statistics, versão 20 (Armonk, New York, U.S.A). Para

testar a distribuição das variáveis utilizamos o teste de Komogorov-Smirnov.

Para as variáveis categóricas utilizamos teste qui-quadrado e para as

variáveis contínuas utilizamos MANCOVA e covariamos para a escolaridade, já

que esta variável possui distribuição significativamente diferente entre os

grupos e poderia interferir no desempenho das avaliações neuropsicológicas.

O nível de significância utilizado foi de p<0,05 com Bonferroni para múltiplas

comparações.

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4 - RESULTADOS

Foram analisados 163 participantes (fig. 4), sendo 41 controles e 122

pacientes com ELT (42 com Epilepsia de Lobo Temporal Direita - ELTD; 49

com Epilepsia de Lobo Temporal Esquerda - ELTE e 31 com Epilepsia de Lobo

Temporal com imagem de RM negativa para atrofia hipocampal – RM-Neg).

Todos os participantes adquiriram imagem de RM funcional e estrutural e todos

os pacientes foram submetidos a avaliação neuropsicológica.

Figura 4 – Distribuição dos participantes incluídos na pesquisa por grupo.

4.1 - Dados clínicos

Através da análise da RM estrutural, neurologistas experientes

realizaram a divisão dos grupos através da observação de RM estrutural,

classificando os pacientes ELTD, ELTE, RM-Neg pela lateralização, presença

ou ausência de atrofia hipocampal (AH). A seguir, segue tabela (tabela 2) com

os dados clínicos e demográficos seguindo a classificação estrutural.

163

participantes

41 controles 42 ELTD 49 ELTE 31 IRMNeg

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Grupos ELTD

N=42

ELTE

N=49

RM-Neg

N=31

P-valor

Média (DP) ou N (%)

Idade (anos) 47,07 (+-9,29) 45,63 (+-9,81) 46,87 (+-12,25) 0,42

Gênero

Feminino

29 (69%)

32 (65,31%)

17 (54,84%)

0,57

Escolaridade

Anos

7,65 (+-4,37)

7,34 (+-4,17)

9,32 (+-4,45)

<0,01*

Duração

Epilepsia

30,51 (+-12,91)

32,59 (+-12,22)

26,89 (+-13,47)

0,17

Início Epilepsia

Anos

17,17 (+-11,99)

12,97 (+-9,57)

19,42 (+-11,91)

0,03*

Frequência crises

Refratários

27 (64,28%)

28 (57,14%)

18 (58,06%)

0,03*

Livres de crises 15 (35,71%) 21 (42,86%) 13 (41,93%) 0,03*

Tabela 2: Dados clínicos e demográficos em grupos divididos por análise estrutural de RM

Quanto aos controles, a média de idade foi de 43,46 anos (+-11,94), 24

mulheres (58,54%) participaram do grupo e a média de escolaridade em anos

foi de 10,11 (+-4,03).

4.2 - Avaliação Neuropsicológica X Análise Estrutural

Utilizando a classificação dos grupos em ELTD, ELTE, RM-Neg e

controles, baseada na análise estrutural, realizamos a comparação dos grupos

em relação ao QI estimado, memória verbal, memória visual, memória tardia,

RAVLT codificação e RAVLT tardio. Para todas as avaliações comparamos

todos os grupos entre si (tabela 3 e 4).

QI Memória

Verbal

Memória

Visual

Evocação

Tardia

RAVLT

Codificação

RAVLT

Tardio

Média (DP) ou Mediana (Mín-Máx)

ELTD 81,5 (51-108) 46,12 (16,06) 36,31 (11,83) 42,10 (19,30) 41,93(7,97) 7,6 (2,62)

ELTE 80 (58 – 106) 45,63 (18,79) 40 (12,54) 46,35 (23,45) 38,94 (10,76) 6,41 (3,01)

RM-Neg 83 (54 – 103) 54,10 (19,82) 40,87 (12,66) 55,10 (23,99) 43,35 (11,38) 7,77 (3,57)

Tabela 3 – Valores brutos das avaliações neuropsicológicas dos pacientes (ELTD, ELTE e RM-

Neg).

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QI Memória

Verbal

Memória

Visual

Evocação

Tardia

RAVLT

Codificação

RAVLT

Tardio

ELTD -6,76 -9,64 -9,13 -18,77 -5,94 -2,48

ELTE -6,9 -9,26 ____ -13,49 -8,58 -3,58

RM-Neg -6,41 ____ -7,75 -11,31 -6,36 -2,78

Tabela 4 – Valores comparativos das avaliações neuropsicológicas dos pacientes em relação

aos controles.

A seguir, seguem os box-plots dos testes realizados para os quatro

grupos de participantes:

Figura 5 – Box-plots dos valores de QI estimado entre os grupos ELTD, ELTE. RM-Neg e

Controles. Os p-valores são: (*)=0,3; (**)<0,01 e (***)=0,04.

Para o QI (fig. 5) temos os controles com desempenho superior em

relação aos demais grupos. Não houve diferença significativa entre as demais

comparações entre grupos.

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Figura 6 – Box-plot dos valores da avaliação de memória verbal estimado entre os grupos

ELTD, ELTE. RM-Neg e Controles. Houve diferença significativa entre ELTD e controles e

ELTE e controles, com p-valores de (*)0,012 e (**)0,013.

Para a Memória Verbal (fig. 6) encontramos diferença significativa de

desempenho entre ELTD e controles e ELTE e controles, sendo que os

controles obtiveram desempenho superior. Não houve diferença significativa

entre RM-Neg e controles, assim como também não houve diferenças

significativas entre as demais comparações entre grupos.

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Figura 7 – Box-plot dos valores de memória visual entre os grupos ELTD, ELTE, RM-Neg e

controles. Houve diferença significativa entre ELTD e controles e RM-Neg e controles com p-

valores de (*)<0,001 e (**)=0,001.

ELTD e controles e RM-Neg e controles tiveram desempenho

significativamente diferentes, com os controles atingindo desempenho mais

elevado (fig. 7). O grupo ELTE não apresentou desempenho significativamente

inferior aos controles.

Realizamos a comparação do desempenho da Memória Verbal e Visual

através da média do z-score para esses dois domínios cognitivos e

encontramos que apesar dos pacientes ELTD terem um desempenho

significativamente pior do que os controles para Memória Verbal, o

desempenho deste grupo para a Memória Visual é ainda pior, estando de

acordo com a literatura (fig. 8).

Figura 8 – Gráfico mostra a relação do desempenho dos grupos ELTD, ELTE e controles em relação as Memória Verbal e Visual.

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Figura 9 – Box-plot dos valores da avaliação de evocação tardia dos grupos ELTD, ELTE, RM-Neg e Controles. Houve diferença significativa entre cada um dos grupos de pacientes com os controles, com os p-valores de: (*)<o,oo1; (**)=0,001 e (***)=0,019.

Na avaliação de evocação tardia (fig. 9) temos os três grupos de

paciente com desempenho significativamente inferior ao grupo controle. Os

grupos com lesão tanto a direita quanto a esquerda apresentaram medianas

inferiores ao grupo RM-Neg.

Figura 10 – Box-plots dos valores da avaliação RAVLT codificação dos grupos ELTD, ELTE, RM-Neg e Controles. Houve diferença significativa entre cada um dos grupos de pacientes com os controles, com os valores de p de: (*)=0,015; (**)<0,001 e (***)=0,014.

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O subteste de codificação de RAVLT (fig. 10) consiste na somatória de

todas as palavras lembradas pelo examinando nas cinco vezes em que este

deve fazer as evocações imediatas. Neste, os pacientes dos três grupos

apresentaram desempenho significativamente inferior aos controles.

Figura 11 - Box-plots dos valores da avaliação RAVLT codificação dos grupos ELTD, ELTE, RM-Neg e Controles. Houve diferença significativa entre cada um dos grupos de pacientes com os controles, com o p-valor de: (*)<o,oo1.

O subteste RAVLT tardio (fig. 11) consiste na somatória de palavras

corretas lembradas após 20 minutos de atenção focada em outros testes.

Nesta avaliação os três grupos de pacientes também apresentaram

desempenho inferior em relação aos controles. Embora não tenha sido

estatisticamente significativa a diferença de desempenho do grupo RM-Neg

como um todo em relação aos controles, este apresentou resultados

heterogêneos, com alguns indivíduos apresentando bom desempenho.

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4.3 – Verificação de ocorrência de Sintomas Depressivos (BDI)

Figura 12 - Box-plots dos valores do Inventário de Depresão de Beck (BDI) dos grupos ELTD, ELTE, RM-Neg e Controles. Não houve diferença significativa entre nenhum dos grupos (p-valor= 0,326).

Não houve diferença significativa (p=0,33) entre os grupos em relação

ao BDI, que indica a ocorrência de sintomas depressivos (fig. 12). No entanto,

é possível observar uma grande dispersão dos valores, com indivíduos com

pontuações elevadas principalmente nos grupos com lesão hipocampal (ELTD

e ELTE). Controles que pontuaram 20 pontos ou mais na escala foram

excluídos, pois esta pontuação indica depressão de moderada à grave, não

podendo serem considerados indivíduos saudáveis.

4.4 – Análise Estrutural X Análise Funcional (RMP)

Comparamos a conectividade da RMP (semente no CCP) de cada um dos

grupos de pacientes, oriundos da análise estrutural, com os controles. A seguir,

segue tabela (5) com essas comparações.

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ELTD ELTE IRM Neg

Hemisfério

direito

Hemisfério

Esquerdo

Hemisfério

direito

Hemisfério

esquerdo

Hemisfério

direito

Hemisfério

esquerdo

Maior

conectividade

Lobo Frontal

GPC

Lobo Frontal,

Frontal

superior

GFs, GFm,

Lobo Parietal,

Lobo Temporal

Cerebelo

Lobo Parietal,

Globo pálido,

Sub-lobar

Lobo Frontal,

GFmal, Lobo

Límbico,

Lobo Parietal

Inferior

Lobo

Frontal,

GFm, GFs,

núcleo

lentiforme,

putamen,

caudado, ,

cerebelo

Lobo

Frontal,

GFm,

GFMal, ,

Lobo

Parietal,

Lobo

Occipital,

núcleo

lentiforme,

precuneus,

Lobo

Temporal,

GTi

Menor

conectividade

Lobo

Temporal

Cauda do

caudado

Hipocampo

Lobo Temporal

Lobo Frontal

Ínsula

Lobo

Temporal

(Medial)

GTm, GTs

Lobo Occipital

Lobo

Temporal,

GTm, GTs,

Caudado,

Hipocampo

Lobo

Temporal,

Hipocampo

, Caudado

_________

Tabela 5 – Comparação da conectividade da RMP (com semente no CCP) dos grupos ELTD, ELTE e IRM Neg com controles

Seguem imagens coronais da comparação de conectividade de RMP

(semente no CCP) entre os grupos. As imagens foram geradas pelo software

MRI CRO 64 GL e seguem a orientação postero-anterior. As figuras abaixo são

ilustrativas e nem todas as áreas com maior ativação foram representadas. A

letra “D” no canto inferior das imagens indica o lado direito da imagem (não

estão espelhadas; o lado direito da imagem corresponde ao hemisfério direito

da figura).

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4.4.1 – ELTD X Controles

Figura 13- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com ELTD estão em azul.

Em azul (fig. 13) estão as áreas mais conectadas em controles do que

em pacientes com ELTD, de acordo com a tabela 5.

Figura 14- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com ELTD do que em controles estão em vermelho.

Em vermelho estão as áreas mais conectadas em pacientes ELTD do

que em controles, como apresentado na tabela 5 (fig. 14).

Figura 15- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com ELTD

D

D

D

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52

estão em azul e as áreas mais conectadas em pacientes com ELTD do que em controles estão em vermelho.

Nesta ilustração (fig. 15) mostramos a sequência de áreas conectadas à

semente no CCP (RMP) seguindo a orientação de caudal à rostral. Em azul

estão as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com ELTD

e em vermelho estão as áreas mais conectadas em pacientes ELTD do que em

controles. Maiores ativações em cerebelo, frontal, parietal para ELTD e

hipocampo, caudado e lobo temporal para controles, como pode ser verificado

na tabela 5.

4.4.2 – ELTE X Controles

Figura 16- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com ELTE estão em azul.

Em azul estão as áreas mais conectadas em controles do que em

pacientes com ELTE em relação à semente no CCP, como listado na tabela 5

(fig. 16).

D

D

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Figura 17- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com ELTE do que em controles estão em vermelho.

Em vermelho estão as áreas mais conectadas em pacientes ELTE

do que em controles, como mostrado na tabela 5 (fig. 17).

Figura 18- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com ELTE estão em azul e as áreas mais conectadas em pacientes com ELTE do que em controles estão em vermelho.

Em azul estão as áreas mais conectadas em controles do que em

pacientes com ELTE e em vermelho estão as áreas mais conectadas em

pacientes ELTE do que em controles, como registrado na tabela 5 (fig. 18).

4.4.3 – RM-Neg X Controles

D

D

D

D

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54

Figura 19- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP).

Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes com RM-Neg

estão em azul.

Em azul (fig. 19) estão as áreas mais conectadas em controles do que

em pacientes com RM-Neg. Houve maior ativação dos controles em relação

aos pacientes com RM-Neg apenas no lobo temporal do hemisfério direito,

indicado na tabela 5 e apresentado na figura anterior.

Figura 20- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com RM-Neg do que em controles estão em vermelho.

Em vermelho estão as áreas mais conectadas em pacientes RM-Neg do

que em controles. As ativações maiores à RM-Neg do que controles foram

bastante amplas, englobando todos os lobos (frontal, parietal, temporal e

occipital), como registrado na tabela 5. Como houve apenas uma região mais

ativada em controles do que em RM-Neg considerou-se desnecessária a

imagem comparativa entre ambos (fig. 20).

4.5 – Avaliação Neuropsicológica X Análise Funcional (RMP)

A divisão dos grupos nesta análise se deu através da avaliação

neuropsicológica realizada por psicólogos do Laboratório de Neuroimagem. Os

resultados brutos de cada índice de memória (memória verbal, memória visual

D

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55

e evocação tardia) do WMS-R foram transformados em escore de z (z-score,

em inglês) considerando os dados normativos do teste (dividido em seis grupos

de idade entre 16 e 74 anos, com média aproximada de 100 e desvio padrão

de 15). Valores de escore de z igual ou abaixo de -1,65 foram considerados

como comprometimento de memória, com desempenho alterado e valores

superiores a -1,65 como normal, de acordo com a literatura (54, 55).

Desta forma, os grupos foram definidos em: Memória Verbal Normal

(MVN), Memória Verbal Alterada (MVA), Memória Visual Normal (MViN),

Memória Visual Alterada (MViA), Evocação Tardia Normal (EvTN) e Evocação

Tardia Alterada (EvTA). Ainda, utilizamos os controles que realizaram avaliação

neuropsicológica para possibilitar a comparação entre os grupos de pacientes.

Para a realização da análise entre desempenho neuropsicológico e

análise funcional (RMP) seguimos a divisão de grupos realizada através do

desempenho na avaliação neuropsicológica (z-score). Comparamos a

conectividade funcional com a semente no CCP de cada um dos tipos de

memória (verbal, visual e evocação tardia) com desempenho alterado e normal

com a conectividade funcional com semente também no CCP (RMP) de

controles.

4.5.1 - Memória Verbal

MVN MVA

Hemisfério direito Hemisfério

Esquerdo

Hemisfério

direito

Hemisfério

esquerdo

Maior

conectividade

Lobo frontal

GFi

Broadmann 47

Sub-lobar

Putamen

Pallidum

Lobo Parietal

Lobo Parietal Inferior

Supramarginal

GPósC

Broadmann 2

Lobo Parietal

Giro Angular

Broadmann 39

Precuneus

Lobo occipital

médio

Lobo Parietal

Lobo Parietal

Inferior

Broadmann 40

_____________

Lobo Parietal

Giro Angular

Broadmann

39

Precuneus

Menor

conectividade

Lobo Temporal

GTm

Sub-lobar

Extra-nuclear

Sub-lobar

Hipocampo

Lobo temporal

Ventrículo lateral

GFi

Lobo Frontal

Frontal inferior

B 19, B37, B39,

B45, B47

Lobo Frontal

GFi

Lobo

Temporal

GTm

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56

Hipocampo

Ventrículo lateral

Caudado

Cauda do caudado

Cíngulo posterior

Lobo límbico

Extra-nuclear

Caudado

Cauda do caudado

Lobo Temporal

Lobo Temporal

Médio

GTm

Lobo Occipital

GOm

GTi

Tabela 6 – Comparação da conectividade da RMP (com semente no CCP) dos grupos MVN e MVA com controles.

A seguir, seguem imagens coronais da comparação de conectividade de

RMP (semente no CCP) entre os grupos. As imagens foram geradas pelo

software MRI CRO 64 GL e seguem a orientação de caudal a rostral. A letra

“D” nas imagens indicam o lado direito, sendo o lado oposto, portanto, o lado

esquerdo

4.5.1.1 – Memória Verbal Normal

Controles X Memória Verbal normal em ELT

Figura 21- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MVN estão em azul claro.

Em azul claro estão as áreas mais conectadas em controles do que em

pacientes com ELT e MVN em relação à semente no CCP. As áreas estão

registradas na tabela 6 (fig. 21).

D

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57

Memória Verbal normal em ELT X Controles

Figura 22- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MVN do que em controles estão em vermelho.

Em vermelho estão as áreas mais conectadas (em relação à semente no

CCP) em pacientes com MVN do que em controle. As áreas estão registradas

na tabela 6 (fig. 22).

Controles e Memória Verbal normal em ELT

Figura 23- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MVN do que em controles estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MVN estão em azul

D

D

D

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58

Nesta imagem (fig. 23), comparamos a conectividade de áreas cerebrais

com a semente no CCP, estando as áreas mais conectadas em controles do

que em pacientes com ELT e MVN em azul e o oposto em vermelho. As áreas

apresentadas estão listadas na tabela 6.

4.5.1.2 – Memória Verbal Alterada

Controles X Memória Verbal alterada em ELT

Figura 24- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MVA estão em violeta.

As imagens acima (fig. 24) apresentam em violeta as áreas mais

conectadas com a semente no CCP em controles do que em pacientes com

MVA. As áreas estão listadas na tabela 6.

D

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Memória Verbal alterada em ELT X controles

Figura 25- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP).

Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MVA do que em controles estão em

azul.

Controles e memória verbal alterada em ELT

Figura 26- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MVA do que em controles estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MVA estão em azul.

Memória Verbal normal em ELT e Memória Verbal alterada em ELT

Figura 27 – Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com MVN estão em verde e as áreas mais conectadas em pacientes com MVA em amarelo.

D

D

D

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60

4.5.2 – Memória Visual

MViN MViA

Hemisfério direito Hemisfério

Esquerdo

Hemisfério direito Hemisfério

esquerdo

Maior conectividade Lobo Parietal

Giro Angular

B39

Precuneus

Lobo Occipital médio

Cerebelo Lobo frontal

GFm

Sub-lobar

Corpo do

caudado

Caudado

Extra-nuclear

Lobo Parietal

Lobo Parietal

inferior

GA

B7, B19, B39

Precuneus

Lobo Occipital

médio

Menor conectividade Lobo Temporal

Lobo Temporal

Médio

GTm

Sub-lobar

Extra-nuclear

Hipocampo

Caudado

Cauda do caudado

Sub-lobar

Lobo Temporal

Extra-nuclear

Ventrículo lateral

Caudado

Cauda do caudado

Lobo Temporal

Lobo Temporal

médio

Temporal inferior

GTm, GTs

Lobo Frontal

Giro Frontal Inferior

Frontal superior

B19, B22, B37, B39,

B45

GOm

Lobo Frontal

GFi

B47

Tabela 7 – Comparação da conectividade da RMP (com semente no CCP) dos grupos MViN e MViA com controles.

4.5.2.1 – Memória Visual Normal

Controle X Memória Visual normal em ELT

D

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61

Figura 28- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MViN estão em azul claro.

Memória Visual normal em ELT X controles

Figura 29- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MViN do que em controles estão em vermelho.

Controles e Memória Visual normal em ELT

Figura 30 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MViN do que em controles estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MViN estão em azul.

4.5.2.2 – Memória Visual Alterada

D

D

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Controle X Memória Visual alterada em ELT

Figura 31 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MViA estão em violeta.

Memória Visual alterada em ELT X Controles

Figura 32 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MViA do que em controles estão em azul.

Controles e Memória Visual alterada em ELT

D

D

D

D

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Figura 33 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes MViA do que em controles estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes MViA estão em azul.

Memória Visual normal em ELT e Memória Visual alterada em ELT

Figura 34 – Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP

(RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com MViN estão em verde e as

áreas mais conectadas em pacientes com MViA em amarelo.

D

D

D

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64

4.5.3- Evocação Tardia

EvTN EvTA

Hemisfério direito Hemisfério

Esquerdo

Hemisfério direito Hemisfério

esquerdo

Maior

Conectividade

Lobo Frontal

Lobo Parietal

Lobo Parietal Inferior

Supra-marginal

GPósC

B2

Lobo Parietal

Lobo Parietal Inferior

Giro Angular

Precuneus

Occipital médio

B19, B39, B40

Lobo Parietal

Lobo Parietal

inferior

Giro angular

Occipital médio

Precuneus

B19, B39

Lobo Temporal

GTm

Menor

Conectividade

Lobo Temporal

Lobo Temporal Médio

Hipocampo

GTm

Sub-lobar

Extra nuclear

Ventrículo lateral

Lobo Límbico

Cingulum posterior

Caudado

Cauda do caudado

Lobo Temporal

Hipocampo

Sub-lobar

Ventrículo lateral

Extra-nuclear

Caudado

Cauda do caudado

B 23

Giro cingulado

Lobo Temporal

Lobo Temporal

Médio

GTm, GTi

Lobo Occipital

GOm

B18, B19, B37

Tabela 08 – Comparação da conectividade da RMP (com semente no CCP) dos grupos EvTN e EvTA com controles.

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65

Controles X Evocação tardia normal

Figura 35- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes EvTN estão em azul claro.

Evocação tardia Normal X Controles

D

D

D

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66

Figura 36 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes EvTN do que em controles estão em vermelho.

Controles e evocação tardia normal

Figura 37- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes EvTN do que em controles estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes EvTN estão em azul.

D

D

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Controles X Evocação tardia alterada

Figura 38- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes EvTA estão em violeta.

Evocação tardia alterada X controles

Figura 39- Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes EvTA do que em controles estão em azul.

Controles e evocação tardia alterada

D

D

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Figura 40 - Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP). Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes EvTA do que em controles estão em vermelho e as áreas mais conectadas em controles do que em pacientes EvTA estão em azul.

Evocação Tardia normal em ELT e Evocação Tardia alterada em ELT

Figura 41– Comparação da conectividade de áreas cerebrais com a semente no CCP (RMP).

Nesta imagem as áreas mais conectadas em pacientes com EvTN estão em verde e as áreas

mais conectadas em pacientes com EvTA em amarelo.

D

D

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69

5 - DISCUSSÃO No presente trabalho nós investigamos, majoritariamente, a relação

entre ausência e presença de atrofia hipocampal e RMP, aspectos cognitivos

(memória episódica) e psiquiátricos (sintomas depressivos) em pacientes com

ELT e controles.

Para contemplarmos todas as análises propostas (ressonância

magnética estrutural e funcional, avaliação neuropsicológica e avaliação de

sintomas depressivos) fizemos diversas sub-análises, que serão discutidas a

seguir.

5.1 - Dados clínicos

Analisamos dados clínicos e demográficos de pacientes, divididos em

grupos de acordo com a análise estrutural (ELTD, ELTE, RM-Neg e controles).

Para estes dados, a escolaridade (em anos), a idade de início da epilepsia e a

frequência de crises foram significativamente diferentes.

A escolaridade é de especial importância, pois várias habilidades

intelectuais que podem influenciar na avaliação neuropsicológica também

podem ser adquiridas durante a vida escolar. Portanto, utilizamos a

escolaridade como uma co-variável para as demais análises de avaliação

neuropsicológica.

A idade de início, como já discutido anteriormente, pode interferir no

desempenho cognitivo (20). Nesta análise, a idade da primeira crise foi menor

para o grupo ELTE (12,97 anos [+-9,57]), seguido do grupo ELTD (17,17 anos

[+-11,99]) e do grupo RM-Neg (19,42 (+-11,91).

A frequência de crises é outro fator importante. Como já foi dito

anteriormente, esta variável pode influenciar no desempenho neuropsicológico

(20, 21). O grupo ELTD possui uma maior porcentagem (64,28% contra

57,14% de ELTE e 58,06% RM-Neg) de pessoas refratárias à epilepsia em

relação aos demais grupos.

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5.2 - Avaliação Neuropsicológica X Análise Estrutural

Para esta análise, comparamos o resultado dos testes de QI estimado,

memória verbal, memória visual, memória tardia, RAVLT codificação e RAVLT

tardio entre todos os grupos (ELTD, ELTE, RM-Neg e controles).

Para o QI, as medianas dos três grupos de pacientes tiveram valores

próximos, sem diferença significativa entre si, mas houve diferença significativa

entre cada um dos grupos em relação aos controles, esse último com

desempenho superior. O quoeficiente de inteligência estimado é uma predição

das habilidades cognitivas que, sabe-se, costumam estar comprometidas em

pacientes com ELT(7, 20, 21, 25), sendo este um resultado esperado.

As estruturas comprometidas na ELT estão altamente envolvidas com a

memória, principalmente episódica (24, 56). Indivíduos com lesão no hemisfério

direito tendem a ter maior comprometimento de memória visual enquanto

pessoas com lesão à esquerda tipicamente têm maior prejuízo em memória

verbal (57-59).

Nos resultados da Memória Verbal temos os dois grupos com AH (ELTD

e ELTE) com resultados significativamente inferiores em relação aos controles

e sem diferença estatisticamente significativa entre si. O grupo RM-Neg não

diferiu significativamente dos controles. Uma hipótese explicativa para os

pacientes com lesão à direita terem tido desempenho igualmente inferior aos

ELTE pode ser dada por um pior comprometimento desses pacientes em

relação aos demais, o que levaria a um prejuízo cognitivo mais acentuado em

diferentes domínios cognitivos, de caráter bilateral. Entre os fatores que podem

contribuir para tanto é o fato da porcentagem de pacientes refratários a crises

epiléticas, que pode estar relacionada à piora cognitiva, ser maior neste grupo.

Para verificarmos esta hipótese, realizamos a comparação do

desempenho da Memória Verbal e Visual através da média do z-score para

esses dois domínios cognitivos e encontramos que apesar dos ELTD terem um

desempenho significativamente pior do que os controles para Memória Verbal,

o desempenho deste grupo para a Memória Visual é ainda pior, como ilustrado

no gráfico abaixo.

Nos testes de Memória Visual temos que os pacientes com ELTD foram

significativamente pior do que os controles, bem como os RM-Neg, que

também tiveram desempenho inferior em relação aos controles. A memória

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visual, como dito anteriormente, está classicamente relacionada ao hemisfério

direito, sendo, portanto, esperado que indivíduos com atrofia neste hemisfério

tenham pior desempenho neste tipo de avaliação.

Os pacientes pertencentes ao RM-Neg são um grupo heterogêneo, sem

lesão aparente no hipocampo, mas com provável lesão em alguma área

temporal não encontrada visualmente por observação de imagens de RM. Uma

possibilidade para este resultado seria esses pacientes terem lesões à direita

não observáveis e assim terem comportamento semelhante aos ELTD. Uma

alternativa para confirmação desta hipótese seria realizar EEG nos mesmos e

verificar o hemisfério em que as crises se dão. Uma segunda hipótese é

baseada no caráter mais disperso das funções de memória visual, que,

diferentemente da memória verbal, podem não estar apenas em um hemisfério.

Na avaliação de Evocação Tardia temos os três grupos de paciente com

desempenho significativamente inferior ao grupo controle, mas o grupo RM-

Neg apresenta valores mais dispersos no Box-plot, o que pode ser devido ao

seu caráter possivelmente menos homogêneo em relação aos pacientes com

lesão hipocampal. Os grupos com atrofia tanto a direita quanto a esquerda

apresentaram medianas, quartis primários e terciários inferiores ao grupo RM-

Neg.

O RAVLT é um teste que avalia principalmente aspectos verbais da

memória. No RAVLT codificação temos os três grupos de paciente com

desempenho significativamente inferior em relação aos controles, mas o Box-

plot (figura 9) indica ocorrência de escores mais baixos para o grupo ELTE e

mediana e quartil terciário mais alto para o grupo RM-Neg, indicando uma

tendência do grupo ELTE de ir pior em tarefas de memória verbal, como o

esperado e do grupo sem AH ir melhor no mesmo teste. Os ELTD tiveram

tendência intermediária entre os outros dois grupos de pacientes.

Para o teste RAVLT tardio houve desempenho significativamente inferior

dos grupos de pacientes em relação aos controles, mas sem diferença

significativa entre si. O grupo RM-Neg apresentou resultados mais dispersos,

novamente indicando uma possível heterogeneidade dos indivíduos do mesmo.

ELTE apresentou valores inferiores de quartil inferior e mediana, indicando

tendência a pior desempenho do que os demais.

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72

5.3 - Análise de Sintomas Depressivos (BDI)

Realizamos a investigação dos sintomas depressivos através do

“Inventário de Depressão de Beck” (Ou Beck Depression Inventory – BDI, em

inglês) – em anexo – e não encontramos diferença significativa entre os

grupos. Nesta escala verificamos a ocorrência e gravidade dos sintomas. Neste

contexto, todos os controles incluídos tiveram um valor abaixo de 20 na

pontuação total, visto que um valor superior a esse já configuraria depressão

de intensidade moderada à grave. É possível observar uma grande dispersão

de valores no Box-plot, principalmente para os grupos com AH. Assim, futuras

análises mais sensíveis poderão encontrar uma possível diferença entre os

grupos em relação à depressão. Embora o BDI seja bastante utilizado em

contexto de pesquisa, a inclusão de outras escalas e uma entrevista

estruturada para avaliação de sintomas depressivos poderiam auxiliar nesta

diferenciação entre os grupos.

5.4 - Análise Estrutural X Análise Funcional (DMN)

Nesta sub-análise comparamos a conectividade funcional das regiões

cerebrais em relação ao CCP para identificar a RMP nos grupos definidos pela

análise estrutural (ELTD, ELTE RM-Neg) e controles. A comparação foi

realizada entre cada um dos grupos de paciente e controles.

Como resultados temos os pacientes ELTD e ELTE com maior

conectividade de áreas frontais e parietais, núcleo lentiforme e estruturas do

núcleo da base. O grupo RM-Neg teve maior conectividade de mais áreas,

principalmente no hemisfério esquerdo, incluindo lobo occipital e áreas

temporais, provavelmente por não ter atrofia aparente nestas regiões,

diferentemente dos demais grupos de pacientes.

Alguns autores (14, 42, 60, 61) consideram que a participação do Lobo

Temporal é controversa na RMP. Em nosso estudo obtivemos que os controles

tiveram maior conectividade de áreas temporais em relação à todos os grupos

de pacientes, incluindo hipocampo em ELTD hemisfério direito, ELTE

hemisfério esquerdo e RM-Neg hemisfério direito. Como os pacientes incluídos

nesta pesquisa possuíam comprometimento de áreas temporais era esperado

que estas áreas estivessem menos conectadas, mas a maior conectividade das

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73

mesmas em controles, usando o CCP como semente, pode indicar que o lobo

temporal está envolvidas na RMP.

5.5 - Avaliação Neuropsicológica X Análise Funcional (RMP)

Para esta sub-análise utilizamos valores de escore de z para

classificarmos o desempenho em normal (valores superiores a -1,65) e alterado

(igual ou abaixo de -1,65) (54, 55). Os grupos foram definidos em: Memória

Verbal Normal (MVN), Memória Verbal Alterada (MVA), Memória Visual Normal

(MViN), Memória Visual Alterada (MViA), Evocação Tardia Normal (EvTN) e

Evocação Tardia Alterada (EvTA). Utilizamos também os controles que

realizaram avaliação neuropsicológica para possibilitar a comparação entre os

grupos de pacientes. A comparação foi realizada através da análise da rede de

conectividade durante RMf em repouso com semente no CCP, ou seja, a RMP.

5.5.1 - Memória Verbal em ELT

Os pacientes que tiveram desempenho normal nos testes de MV tiveram

maior conectividade de diversas áreas dispersas, como áreas frontais e

parietais, o que não ocorreu com áreas temporais, como já esperado devido ao

comprometimento das mesmas em ELT. Assim, há indícios de que para obter

um desempenho normal nesses testes esses pacientes recrutaram áreas que

não estão diretamente envolvidas nessas atividades em indivíduos saudáveis,

mas que nestes pacientes “assumiram” essas funções. Interessante notar que

os pacientes com desempenho alterado nos mesmos testes não só não

conseguem recrutar áreas temporais como também não ativam muitas áreas,

mesmo as não primariamente relacionadas às tarefas verbais o que

possivelmente resulta em um pior desempenho.

Este trabalho traz a possibilidade de um marcador biológico pra prever

desempenho em MV. Neste caso, seria possível realizar uma RMf, analisar a

RMP e prever o desempenho da memória verbal dos pacientes baseado no

mapa de conectividade gerado através deste estudo.

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74

5.5.2 - Memória Visual em ELT

Para este subtipo de memória obtivemos resultado distinto da MV. Os

pacientes com ELT que tiveram resultado normal na avaliação de MVi tiveram

poucas áreas mais ativadas no hemisfério esquerdo e nenhuma área mais

ativada no hemisfério direito, o que pode indicar que o hemisfério esquerdo,

com relativamente poucas áreas, conseguiu realizar adequadamente as tarefas

visuais. O caráter mais disperso das funções visuais, não totalmente delimitado

ao hemisfério direito, pode ter possibilitado isso.

Ao contrário, os pacientes com ELT que tiveram desempenho alterado

nas tarefas de MVi recrutaram amplamente regiões do hemisfério esquerdo,

incluindo a maioria das áreas recrutadas pelos pacientes que tiveram

desempenho normal (lobo parietal, área de Broadmann 39, precuneus, lobo

occipital médio) sem, no entanto, conseguirem atingir um desempenho normal

nas tarefas. Uma hipótese seria o maior comprometimento dessas áreas nos

pacientes com pior desempenho, levando-os a maior ativação de diversas

áreas sem sucesso.

O mapa de conectividade gerado para as tarefas visuais também pode

vir a ser utilizado como um biomarcador, possibilitando que uma RMf em RSN,

especificamente a RMP, auxilie na predição do desempenho de MVi.

5.5.3 – Evocação Tardia

Para a evocação tardia, os pacientes com ELT que tiveram desempenho

normal obtiveram maior ativação de áreas frontais, parietais (ambos os

hemisférios), occipitais, além de diversas áreas de Broadmann. Como não foi

possível ativar significativamente os lobos temporais, outras regiões

“realizaram” essas tarefas, possibilitando uma EvT normal. Em contrapartida,

tiveram menor ativação de áreas temporais e hipocampo, além de núcleos da

base e lobo límbico. Para os pacientes com desempenho alterado, houve maior

ativação apenas no hemisfério esquerdo, enquanto os controles tiveram maior

ativação apenas no hemisfério direito.

Mais uma vez o mapa de conectividade das regiões mais e menos

ativadas durante RMf em repouso com semente em CCP (RMP) pode auxiliar

na previsão do comportamento de pacientes com ELT em relação à tarefas de

evocação tardia.

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6 – CONCLUSÃO

Concluímos com o presente trabalho que os pacientes com AH tiveram

desempenho inferior nas avaliações neuropsicológicas em relação ao grupo

sem atrofia (RM-Neg) para Memória Verbal e que, apesar dos ELTD terem um

desempenho significativamente pior do que os controles para Memória Verbal,

o desempenho deste grupo para a Memória Visual é ainda pior, estando de

acordo com a literatura. Provavelmente isto se deu, pois estes pacientes

apresentam um quadro mais grave de ELT em relação aos demais grupos de

pacientes, sendo também o grupo com maior porcentagem de indivíduos

refratários ao tratamento medicamentoso. Pacientes com ELT apresentaram

desempenho inferior aos controles para Evocação Tardia e RAVLT.

Sobre os sintomas depressivos, não encontramos diferença significativa

entre os grupo, embora tenha ocorrido grande dispersão de valores no Box-

plot, principalmente para os grupos com AH, indicando que futuras análises

mais sensíveis poderão encontrar uma possível diferença entre os grupos em

relação à depressão.

Em nosso estudo obtivemos que os controles tiveram maior

conectividade de áreas temporais em relação à todos os grupos de pacientes

em RMP, sugerindo que o lobo temporal está envolvido no funcionamento

desta rede.

Ainda, pode-se utilizar os mapas de conectividade de RMP gerado para

os grupos com desempenho “alterado” e “normal” para cada um dos domínios

analisados (memória verbal, visual e evocação tardia) como marcadores

biológicos para estimar e prever o desempenho desses pacientes com ELT nas

tarefas pesquisadas.

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ANEXOS

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do projeto: "Avaliação de linguagem em epilepsia de lobo temporal mesial: correlações com neuroimagem estrutural e funcional" Investigadora principal: Tátila Martins Lopes / Prof. Dr. Fernando Cendes Eu __________________________________________________ entendo que fui convidado(a) a participar de um projeto de pesquisa envolvendo controles e pacientes com epilepsia. O objetivo geral do estudo é avaliar a linguagem e o volume de estruturas cerebrais através do exame de ressonância magnética, pois a identificação e quantificação da progressão da epilepsia pode levar a um melhor conhecimento sobre ela e pode, eventualmente levar a melhora no tratamento. As informações a meu respeito que forem obtidas para esse estudo, seja eu paciente ou controle, poderão ser compartilhadas com outros pesquisadores podendo assim ser utilizadas eventualmente para outros fins de pesquisa.

Eu entendo que não obterei nenhuma vantagem direta com a minha participação nesse estudo e que o meu diagnóstico e o meu tratamento provavelmente não serão modificados. Os resultados de meu exame de ressonância ficarão a disposição da equipe responsável pelo meu tratamento em caso de paciente, ou para melhor análise dos meus dados e poderão ser úteis no futuro. Eu entendo que a minha participação é voluntária e que eu posso me recusar a participar ou retirar meu consentimento e interromper a minha participação no estudo a qualquer momento sem comprometer os cuidados médicos que recebo atualmente ou receberei no futuro no HC- UNICAMP. Eu entendo que posso requisitar informações adicionais relativas ao estudo a qualquer momento aTátila Martins Lopes, tel (19) 98259-4357, que estará disponível para responder minhas questões e preocupações. Em caso de recurso, dúvidas ou reclamações entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências Médicas-UNICAMP, tel. (19) 3521-8936. Eu confirmo que Tátila Martins Lopes me explicou o objetivo do estudo, os procedimentos aos quais serei submetido os riscos, desconforto e possíveis vantagens advindas desse projeto de pesquisa. Eu li e compreendi esse formulário de consentimento e estou de pleno acordo em participar desse estudo. _____________________________________________________________ ______________ Nome e Assinatura do participante ou responsável data __________________________________________________________________________ Nome e Assinatura da testemunha data RESPONSABILIDADE DA PESQUISADORA OU ASSOCIADA: Eu expliquei a _____________________________________________________ o objetivo do estudo, os procedimentos requeridos e os possíveis riscos e vantagens que poderão advir do estudo, usando o melhor do meu conhecimento. Eu me comprometo a fornecer uma cópia desse formulário de consentimento ao participante ou responsável. _________________________________________________________________ Assinatura do pesquisador ou associado data

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BECK DEPRESSION INVENTORY

Nome do paciente: ___________________________________________________

Data: ________________________________

A) 0. Não me sinto triste.

1. Eu me sinto triste.

2. Estou sempre triste e não consigo sair disso.

3. Estou tão triste ou infeliz que não consigo suportar.

B) 0. Não estou especialmente desanimado quanto ao futuro.

1. Eu me sinto desanimado quanto ao futuro.

2. Acho que nada tenho a esperar.

3. Acho o futuro sem esperança e tenho a impressão de que as coisas não podem melhorar.

C) 0. Não me sinto um fracasso.

1. Acho que fracassei mais do que uma pessoa comum.

2. Quando olho para trás, na minha vida, tudo o que posso ver é um monte de fracassos.

3. Acho que, como pessoa, sou um completo fracasso.

D) 0. Tenho tanto prazer em tudo como antes.

1. Não sinto mais prazer nas coisas como antes.

2. Não encontro um prazer real em mais nada.

3. Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo.

E) 0. Não me sinto especialmente culpado.

1. Eu me sinto culpado às vezes.

2. Eu me sinto culpado na maior parte do tempo.

3. Eu me sinto sempre culpado.

F) 0. Não acho que esteja sendo punido.

1. Acho que posso ser punido.

2. Creio que vou ser punido.

3. Acho que estou sendo punido.

G) 0. Não me sinto decepcionado comigo mesmo.

1. Estou decepcionado comigo mesmo.

2. Estou enojado de mim.

3. Eu me odeio.

H) 0. Não me sinto de qualquer modo pior que os outros.

1. Sou crítico em relação a mim devido a minhas fraquezas ou meus erros.

2. Eu me culpo sempre por minhas falhas.

3. Eu me culpo por tudo de mal que acontece.

I) 0. Não tenho quaisquer idéias de me matar.

1. Tenho idéias de me matar, mas não as executaria.

2. Gostaria de me matar.

3. Eu me mataria se tivesse oportunidade.

J) 0. Não choro mais que o habitual.

1. Choro mais agora do que costumava.

2. Agora, choro o tempo todo.

3. Costumava ser capaz de chorar, mas agora não consigo mesmo que o queira.

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K) 0. Não sou mais irritado agora do que já fui.

1. Fico molestado ou irritado mais facilmente do que costumava.

2. Atualmente me sinto irritado o tempo todo.

3. Absolutamente não me irrito com as coisas que costumavam irritar-me.

L) 0. Não perdi o interesse nas outras pessoas.

1. Interesso-me menos do que costumava pelas outras pessoas.

2. Perdi a maior parte do meu interesse nas outras pessoas.

3. Perdi todo o meu interesse nas outras pessoas.

M) 0. Tomo decisões mais ou menos tão bem como em outra época.

1. Adio minhas decisões mais do que costumava.

2. Tenho maior dificuldade em tomar decisões do que antes.

3. Não consigo mais tomar decisões.

N) 0. Não sinto que minha aparência seja pior do que costumava ser.

1. Preocupo-me por estar parecendo velho ou sem atrativos.

2. Sinto que há mudanças permanentes em minha aparência que me fazem parecer sem atrativos.

3. Considero-me feio.

O) 0. Posso trabalhar mais ou menos tão bem quanto antes.

1. Preciso de um esforço extra para começar qualquer coisa.

2. Tenho de me esforçar muito até fazer qualquer coisa.

3. Não consigo fazer nenhum trabalho.

P) 0. Durmo tão bem quanto de hábito.

1. Não durmo tão bem quanto costumava.

2. Acordo uma ou duas horas mais cedo do que de hábito e tenho dificuldade para voltar a

dormir.

3. Acordo várias horas mais cedo do que costumava e tenho dificuldade para voltar a dormir.

Q) 0. Não fico mais cansado que de hábito.

1. Fico cansado com mais facilidade do que costumava.

2. Sinto-me cansado ao fazer quase qualquer coisa.

3. Estou cansado demais para fazer qualquer coisa.

R) 0. Meu apetite não está pior do que de hábito.

1. Meu apetite não é tão bom quanto costumava ser.

2. Meu apetite está muito pior agora.

3. Não tenho mais nenhum apetite.

S) 0. Não perdi muito peso, se é que perdi algum ultimamente.

1. Perdi mais de 2,5 Kg.

2. Perdi mais de 5,0 Kg.

3. Perdi mais de 7,5 Kg.

Estou deliberadamente tentando perder peso, comendo menos: SIM ( ) NÃO ( )

T) 0. Não me preocupo mais que o de hábito com minha saúde.

1. Preocupo-me com problemas físicos como dores de cabeça, problemas de estômago ou prisão de

ventre.

2. Estou muito preocupado com problemas físicos e é difícil pensar em outra coisa que não isso.

3. Estou tão preocupado com meus problemas físicos que não consigo pensar em outra coisa.

U) 0. Não tenho observado qualquer mudança recente em meu interesse sexual.

1. Estou menos interessado por sexo que costumava.

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2. Estou bem menos interessado em sexo atualmente.

3. Perdi completamente o interesse por sexo.