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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo
EDUARDO OLIVEIRA DE MELO
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE ESTACAS
PRÉ-MOLDADA E MISTA, INSTRUMENTADAS, EM
SOLO SEDIMENTAR DA REGIÃO DO RECIFE/PE
CAMPINAS
2015
EDUARDO OLIVEIRA DE MELO
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE ESTACAS
PRÉ-MOLDADA E MISTA, INSTRUMENTADAS, EM
SOLO SEDIMENTAR DA REGIÃO DO RECIFE/PE
Dissertação de Mestrado apresentada a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de Estruturas e Geotécnica.
Orientador: Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO EDUARDO OLIVEIRA DE MELO E ORIENTADO PELO PROF. DR. PAULO JOSÉ ROCHA DE ALBUQUERQUE ASSINATURA DO ORIENTADOR
CAMPINAS
2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E
URBANISMO
ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE ESTACAS PRÉ-
MOLDADA E MISTA, INSTRUMENTADAS, EM SOLO
SEDIMENTAR DA REGIÃO DO RECIFE/PE
EDUARDO OLIVEIRA DE MELO
Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída
por:
Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque
Presidente e Orientador/Universidade Estadual de Campinas
Prof. Dr. Armando Lopes Moreno Júnior
Universidade Estadual de Campinas
Prof. Dra. Cristina de Hollanda Cavalcanti Tshuha
Universidade de São Paulo
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no
processo de vida acadêmica do aluno.
Campinas, 4 de dezembro de 2015
A vida é bem mais simples do
que a gente pensa, basta
aceitar o impossível,
dispensar o indispensável e
suportar o intolerável.
(Kathen Norris)
AGRADECIMENTOS
A minha família pelo apoio, incentivo e amor incondicional no
desenvolvimento de meus sonhos.
Ao Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque, orientador dessa dissertação,
pela confiança apostada em mim, pela paciência, incentivo, orientações,
conhecimento transmitidos nas disciplinas cursadas. E pela compreensão e apoio
nos momentos difíceis. Fica a minha gratidão pela oportunidade.
Ao Prof. Dr. David de Carvalho, pelo tempo dedicado à análise dessa
dissertação, pela contribuição prestada no exame de qualificação e conhecimentos
transmitidos durante as disciplinas cursadas no programa de mestrado.
Ao Eng° André Campelo de Melo (SEFE), por ter me permitido fazer parte da
realização das provas de carga estática, pois sem ele seria impossível, tanto pelos
recursos financeiros e logísticos dos ensaios.
A todos os colaboradores da empresa SEFE Serviços Especiais de
Fundações e Estruturas, que forneceram todo suporte técnico e logístico para a
execução das provas de carga estática.
Ao Prof. Dr. Pérsio Lester de Almeida Barros pelos ensinamentos
transmitidos durante as disciplinas cursadas.
À Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pela oportunidade de
estudar na instituição.
À CNPq pelo financiamento e apoio a essa pesquisa.
Aos amigos da Gebase Engenharia de Solos e Fundações pelo apoio nos
momentos difíceis ao longo do mestrado.
Aos Funcionários do Laboratório do Departamento de Geotecnia e
Trasnportes Cipriano, Reinaldo e Anderson pelos conhecimentos transmitidos
durante a disciplina de Laboratório de Mecânica de Solos e pela amizade.
Aos funcionários da secretaria de pós-graduação, por toda atenção dedicada.
Aos amigos e colegas de mestrado Gentil Miranda Júnior, Tiago Garcia,
Fernando dos Santos, Afonso Merlo, Guilherme Orion, Jaqueline Mendonça, Paloma
Cortizo, Sônia Rosero, Pedro Bandini, Guilherme Soler e Roberto Camargo, pela
amizade, conhecimentos transmitidos, companhia e apoio nos momentos difíceis ao
longo do mestrado.
RESUMO
A construção de edifícios cada vez maiores em cidades litorâneas tem-se
tornado cada vez mais comum nas últimas décadas no Brasil. Se por um lado este
crescimento impulsiona e aquece o mercado da construção civil, por outro lado gera
grandes desafios para a engenharia geotécnica, visto que as cargas transmitidas ao
solo são elevadas e, geralmente, o solo da região litorânea apresenta camadas de
solo com baixa capacidade de suporte em determinadas profundidades. Logo,
muitas vezes é preciso atravessar extensas camadas de solo mole para se obter a
capacidade de carga de uma estaca condizente com a carga solicitante, o que
acarreta a inviabilidade econômica do empreendimento devido ao alto custo destas
fundações profundas.
Para contornar esta situação, tem-se usado com maior frequência fundações
em estacas mistas de concreto pré-moldado e perfil metálico, visto que o custo é
reduzido consideravelmente pelo fato de não ser preciso utilizar apenas um tipo de
elemento para compor as fundações.
Neste trabalho, estudou-se o comportamento de uma estaca mista pré-
moldada de concreto e perfil metálico e uma estaca pré-moldada de concreto,
ambas submetidas à prova de carga estática instrumentada, através de
extensômetros elétricos instalados ao longo do fuste. Estas estacas fazem parte das
fundações do empreendimento Evolution Shopping Park, situado na cidade do
Recife/PE.
Através dos valores obtidos a partir da instrumentação e dos dados de
controle de cravação, tais como nega e repique, foi possível observar uma grande
dispersão dos valores de carga de ruptura obtidos através dos métodos citados na
revisão bibliográfica, indicando que cada método deve ser cuidadosamente
estudado para cada tipo de configuração de solo e estaca.
Devido a não evidência da ruptura da estaca mista durante a execução da
prova de carga, não foi possível concluir quais valores, de perímetro e área da ponta
da estaca metálica, foram determinantes para o cálculo da carga de ruptura, através
dos diferentes métodos de previsão de capacidade de carga.
Palavras-chave: Estaca mista, Prova de carga estática instrumentada, Solo
sedimentar.
ABSTRACT
Construction of increasingly taller buildings in seaside cities has become
progressively more common over the last decades in Brazil. If, on the one hand, this
growth boosts the civil construction market, on the other hand it poses great
challenges to geotechnical engineering, considering that the loads transmitted to the
soil are high, and in general the layers of the seaside soil have very little supporting
capacity at certain depths. As a consequence, it is often necessary to penetrate
extensive layers of soft soil to get the load capacity of a pile compatible with the
required load, which may lead to economic unfeasibility of the undertaking due to the
high cost of these deep foundations.
To circumvent this issue, mixed piles of precast concrete and steel profile
have been often used since the cost is considerably reduced because there is no
requirement to use only one type of element to compose the foundations.
This work reviewed the behavior of a mixed precast pile made of concrete and
steel profile, and a precast concrete pile. Both piles were submitted to an
instrumented static load test, via electrical extensometers installed along the shaft.
These piles are part of the foundations of the Evolution Shopping Park undertaking
located in the city of Recife/PE.
By means of the values obtained from the instrumentation and the values of
the data of driving control such as refusal and rebound, it was possible to observe a
large dispersion of the values of ultimate load obtained with the methods stated in the
references, indicating that each method must be carefully reviewed for each type of
soil and pile configuration.
As breakage of the mixed pile did not become evident during the execution of
the load test, it was impossible to check which values for perimeter and area of the
steel pile tip were decisive for the calculation of the ultimate load through the different
methods to forecast the load capacity.
Key words: Mixed pile, instrumented static load test, sedimentary soil.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 3.1: Equilíbrio estático da superestrutura (AOKI et al, 2002). ............................. 32
Figura 3.2: Equilíbrio estático da fundação (AOKI et al, 2002). ...................................... 33
Figura 3.3: Classificação dos principais métodos executivos de estacas (VELLOSO E
LOPES, 2002). ............................................................................................................... 34
Figura 3.4: Tipos de estacas pré-moldadas de concreto (SOTEF, 2014). ..................... 37
Figura 3.5: Áreas para o cálculo de resistência de ponta e lateral para uma estaca
metálica perfil “H” (a) areia, (b) argila mole e (c) argila rija. Linhas sólidas indicam
área para o cálculo de atrito lateral. Área sombreada para o cálculo da resistência de
ponta (SALGADO, 2006). ............................................................................................... 44
Figura 3.6: Estacas com ponteira metálica (GONÇALVES et al, 2012). ........................ 45
Figura 3.7: Estacas com ponteira metálica para obras portuárias (GONÇALVES et al,
2012). ............................................................................................................................. 46
Figura 3.8: Exemplos de estacas mistas (ALONSO, 1998). ........................................... 46
Figura 3.9: Evolução do número de obras em estacas tipo hélice contínua na cidade
do Recife entre 2000 e 2010 (SANTOS et al, 2012). ..................................................... 48
Figura 3.10: Evolução do número de obras em estacas tipo Franki na cidade do
Recife entre 2000 e 2010 (SANTOS et al, 2012). .......................................................... 48
Figura 3.11: Evolução da frequência do tipo de fundação superficial na cidade do
Recife entre 2000 e 2010 (SANTOS et al, 2012). .......................................................... 49
Figura 3.12: Evolução do número de obras em radier na cidade do Recife entre 2000
e 2010 (SANTOS et al, 2012). ........................................................................................ 50
Figura 3.13: Ponte de Wheatstone. ................................................................................ 51
Figura 3.14: Ligação 1/4 de ponte – 2 fios (PAULINO, 2011). ....................................... 53
Figura 3.15: Ligação 1/4 de ponte – 3 fios (PAULINO, 2011). ....................................... 53
Figura 3.16: Ligação 1/2 de ponte – ativo / passivo (PAULINO, 2011). ......................... 54
Figura 3.17: Ligação 1/2 de ponte – ativo / ativo (PAULINO, 2011). .............................. 54
Figura 3.18: Ligação ponte completa (PAULINO, 2011). ............................................... 54
Figura 3.19: Desvio de linearidade na ligação de 1/4 de ponte (ALBUQUERQUE E
MELO, 2014). ................................................................................................................. 55
Figura 3.20: Fenômeno da histerese (ALBUQUERQUE E MELO, 2014). ..................... 56
Figura 3.21: Dados estatísticos de eficiência de martelos a diesel utilizados para
cravar estacas pré-moldadas de concreto e estacas de madeira (GRL ENGINNERS,
2009). ............................................................................................................................. 62
Figura 3.22: Dados estatísticos de eficiência de martelos a diesel utilizados para
cravar estacas metálicas (GRL ENGINNERS, 2009). .................................................... 63
Figura 3.23: Dados estatísticos de eficiência de martelos a ar comprimido para
cravar estacas pré-moldadas de concreto e estacas de madeira (GRL ENGINNERS,
2009). ............................................................................................................................. 63
Figura 3.24: Dados estatísticos de eficiência de martelos a ar comprimido para
cravar estacas metálicas (GRL ENGINNERS, 2009). .................................................... 64
Figura 3.25: Dados estatísticos de eficiência de martelos hidráulicos para cravar
estacas pré-moldadas de concreto e estacas de madeira (GRL ENGINNERS, 2009). . 64
Figura 3.26: Dados estatísticos de eficiência de martelos hidráulicos para cravar
estacas metálicas (GRL ENGINNERS, 2009). ............................................................... 65
Figura 3.27: Efeitos da cravação em solos arenosos (VELLOSO E LOPES, 2002). ...... 66
Figura 3.28: Efeitos da cravação em solos argilosos saturados (VELLOSO E LOPES,
2002). ............................................................................................................................. 67
Figura 3.29: (a) Medida simples de nega. (b) Medida de nega e repique (VELLOSO
E LOPES, 2002). ............................................................................................................ 69
Figura 3.30: Medida de nega e repique obtidos pelo processo mecânico e manual
(MAIA, 2008). ................................................................................................................. 70
Figura 3.31: Planilha preenchida em campo e representação gráfica do diagrama de
cravação (VIEIRA, 2006). ............................................................................................... 71
Figura 3.32: Sistema de reações utilizados para P.C.E à compressão (VELLOSO E
LOPES, 2010). ............................................................................................................... 75
Figura 3.33: Desenvolvimentos de cargas e recalque com o tempo (VELLOSO E
LOPES, 2010). ............................................................................................................... 78
Figura 3.34: Curvas obtidas para cada tipo de procedimento adotado em provas de
carga estáticas (FELLENIUS, 1975). ............................................................................. 86
Figura 3.35: Curva carga vs recalque (VARGAS, 1977). ............................................... 87
Figura 3.36: Curva carga vs recalque (VARGAS, 1977). ............................................... 88
Figura 3.37: Interpretação da carga vs recalque (VELLOSO E LOPES, 2010). ............. 91
Figura 3.38: Definição da carga de ajuste pelo Método de Van de Veen (ALONSO,
1991) . ............................................................................................................................ 92
Figura 3.39: Ruptura convencional e física numa estaca pré-moldada (DÉCOURT,
1996) . ............................................................................................................................ 94
Figura 3.40: Gráfico de rigidez para fundação em sapata (DÉCOURT, 1996) . ............. 94
Figura 3.41: Identificação dos domínios de ponta e atrito lateral no gráfico de rigidez
(DÉCOURT, 2008) . ....................................................................................................... 95
Figura 3.42: Carga de ruptura segundo o Método de Chin (ALONSO, 1991). ............... 96
Figura 3.43: Determinação da carga de ruptura convencional (NBR 6122, 2010). ........ 97
Figura 3.44: Transferência de carga de uma estaca em uma prova de carga estática
instrumentada (NIYAMA et al, 1998). ............................................................................. 99
Figura 3.45: Leis de Cambefort (MASSAD, 1995). ....................................................... 100
Figura 3.46: Leis de Cambefort (MASSAD, 1995). ....................................................... 100
Figura 3.47: Curva carga vs recalque teórica no topo (MASSAD, 1995). .................... 101
Figura 3.48: Estacas cravadas: cargas residuais (Ph) e relações de Cambefort
modificadas (MASSAD, 1992). ..................................................................................... 103
Figura 3.49: Comparação de curvas de transferência de carga na cabeça da estaca
para o caso da existência ou não de cargas residuais, para uma mesma estaca
(FERNADES, 2010). .................................................................................................... 105
Figura 3.50: Composição da capacidade de carga de uma estaca (MELO, 2009). ..... 106
Figura 3.51: Estaca assente em camada resistente sobrejacente a uma camada
fraca (ESTEVES, 2005). .............................................................................................. 115
Figura 3.52: Fórmulas dinâmicas de cravação (SANTOS, 2000). ................................ 120
Figura 3.53: Hipótese adotada na fórmula de Sanders (ARAÚJO, 1988). ................... 121
Figura 3.54: Hipótese adotada na fórmula do Engineering News Record (VELLOSO
E LOPES, 2002). .......................................................................................................... 122
Figura 4.1: Estacas utilizadas na obra. ........................................................................ 130
Figura 4.2: Descrição da estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular EC 500/90 mm (T&A PRÉ FABRICADOS, 2014). ................................. 131
Figura 4.3: Localização da obra onde foram executadas as provas de carga estáticas
na cidade do Recife/PE (GOOGLE MAPS, 2014). ....................................................... 132
Figura 4.4: Localização da obra (ampliada) onde foram executadas as provas de
carga estáticas na cidade do Recife/PE (GOOGLE MAPS, 2014). .............................. 132
Figura 4.5: Unidades geológicas da cidade do Recife/PE (ALHEIROS et al, 1990)..... 134
Figura 4.6: Locação dos furos de sondagens com ensaio SPT (ENSOLO, 2012). ...... 135
Figura 4.7: Resultado do ensaio SPT (SP.04) próximo à estaca mista E25 (ENSOLO,
2012). ........................................................................................................................... 136
Figura 4.8: Resultado do ensaio SPT (SP.04) próximo à estaca pré-moldada E624
(ENSOLO, 2012). ......................................................................................................... 137
Figura 4.9: Perfil geológico geotécnico entre as sondagens SP.01 e SP.04
(ENSOLO, 2012). ......................................................................................................... 138
Figura 4.10: Perfil geológico geotécnico entre as sondagens SP.04 e SP.05
(ENSOLO, 2012). ......................................................................................................... 139
Figura 4.11: Descrição da estaca mista E25 submetida ao ensaio de prova de carga
estática instrumentada (ENSOLO, 2012). .................................................................... 140
Figura 4.12: Detalhe do perfil metálico HP310x79 cravado com a chapa metálica
soldada na sua parte superior. ..................................................................................... 141
Figura 4.13: Detalhes das emendas utilizadas nas estacas mistas e entre os perfis
metálicos. ..................................................................................................................... 142
Figura 4.14: Detalhes da execução da união entre os segmentos que compõem a
estaca mista E25. ......................................................................................................... 142
Figura 4.15: Descrição da estaca pré-moldada de concreto centrifugado E624
submetida ao ensaio de prova de carga estática instrumentada (ENSOLO, 2012). .... 143
Figura 4.16: Detalhe da união entre os elementos pré-moldados de concreto armado
centrifugado. ................................................................................................................. 144
Figura 4.17: Posição dos sensores da instrumentação na estaca mista E25
submetida ao ensaio de prova de carga estática instrumentada. ................................. 145
Figura 4.18: Detalhes do preparo da superfície da barra de instrumentação. .............. 146
Figura 4.19: Detalhes das ligações dos strain gages. .................................................. 146
Figura 4.20: Detalhes da ligação dos cabos elétricos aos strain gages e proteção dos
mesmos. ....................................................................................................................... 147
Figura 4.21: Detalhe final da barra instrumentada. ...................................................... 147
Figura 4.22: Detalhes da locação (a) e proteção (b) do 7° nível de instrumentação da
estaca mista E25. ......................................................................................................... 148
Figura 4.23: Detalhes da preparação da superfície metálica para a fixação dos
sensores elétricos (a) e da ligação dos cabos elétricos aos sensores (b) da estaca
mista E25. .................................................................................................................... 149
Figura 4.24: Detalhes das proteções dos sensores na estaca mista E25 contra
umidade (a) e choques mecânicos (b). ........................................................................ 149
Figura 4.25: Detalhes das proteções dos níveis de instrumentação na estaca mista
E25 contra choques mecânicos através da aplicação da resina epóxica. .................... 150
Figura 4.26: Detalhe da fixação dos cabos elétricos conectados aos sensores
elétricos no segmento metálico da estaca mista E25 para posterior cravação do perfil
metálico. ....................................................................................................................... 150
Figura 4.27: Detalhe da ligação entre os cabos elétricos da instrumentação entre os
segmentos metálicos e pré-moldados da estaca mista E25. ....................................... 151
Figura 4.28: Detalhe da emenda entre as barras instrumentadas e não
instrumentadas da estaca mista E25. .......................................................................... 152
Figura 4.29: Detalhe da instrumentação na parte superior do elemento pré-moldado
de concreto armado centrifugado da estaca mista E25. .............................................. 152
Figura 4.30: Posição dos sensores da instrumentação na estaca pré-moldada E624
submetida ao ensaio de prova de carga estática instrumentada. ................................. 153
Figura 4.31: Detalhe da instrumentação da estaca pré-moldada E624 submetida ao
ensaio de prova de carga estática instrumentada. ....................................................... 154
Figura 4.32: Martelo hidráulico utilizado para a cravação das estacas mistas e pré-
moldadas de concreto armado utilizadas no ensaio de prova de carga estática
instrumentada. .............................................................................................................. 155
Figura 4.33: Localização das provas de carga estáticas instrumentadas em
profundidade. ............................................................................................................... 158
Figura 4.34: Localização da estaca mista E25 ensaiada (ENSOLO, 2012). ................ 159
Figura 4.35: Esquema do sistema de reação para o ensaio de prova de carga
estática instrumentada na estaca mista E25 (ENSOLO, 2012). ................................... 160
Figura 4.36: Vista do sistema de reação para a prova de carga estática
instrumentada na estaca mista E25 (ENSOLO, 2012). ................................................ 160
Figura 4.37: Sistema de reação para a de carga estática instrumentada na estaca
mista E25. .................................................................................................................... 161
Figura 4.38: Localização da estaca pré-moldada E624 submetida à prova de carga
estática instrumentada (ENSOLO, 2012). .................................................................... 162
Figura 4.39: Esquema do sistema de reação para a prova de carga estática
instrumentada na estaca pré-moldada E624 (ENSOLO, 2012).................................... 163
Figura 4.40: Vista do sistema de reação para a prova de carga estática
instrumentada na estaca pré-moldada E624 (ENSOLO, 2012).................................... 163
Figura 4.41: Sistema de reação para a prova de carga estática instrumentada na
estaca pré-moldada E624. ........................................................................................... 164
Figura 4.42: Equipamentos utilizados para o ensaio de prova de carga estática
instrumentada na estaca mista E25. ............................................................................ 166
Figura 4.43: Equipamentos utilizados para o ensaio de prova de carga estática
instrumentada na estaca pré-moldada E624. ............................................................... 167
Figura 5.1: Curva carga vs deslocamento da prova de carga da estaca mista E25. .... 169
Figura 5.2: Resultado da curva de rigidez (II) e curva carga de atrito vs deslocamento
(III) da prova de carga estática na estaca mista E25 pelo método da Rigidez (1996). . 170
Figura 5.3: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de
carga estática na estaca mista E25 pelo método de Van der Veen (1953). ................. 170
Figura 5.4: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de
carga estática na estaca mista E25 pelo método de Chin (1970, 1971). ..................... 171
Figura 5.5: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de
carga estática na estaca mista E25 pelo método da NBR 6122 (2010). ...................... 171
Figura 5.6: Curva carga vs deslocamento da prova de carga estática da estaca pré-
moldada de concreto E624........................................................................................... 173
Figura 5.7: Resultado da curva de rigidez (II) e curva carga de atrito vs deslocamento
(III) da prova de carga estática na estaca pré-moldada E624 pelo método da Rigidez
(1996). .......................................................................................................................... 174
Figura 5.8: Resultado da extrapolação da curva carga vs deslocamento da prova de
carga estática na estaca pré-moldada E624 pelo método de Van der Veen (1953). ... 174
Figura 5.9: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de
carga estática na estaca pré-moldada E624 pelo método de Chin (1970, 1971). ........ 175
Figura 5.10: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de
carga estática na estaca pré-moldada E624 pelo método da NBR 6122 (2010). ......... 175
Figura 5.11: Deformações dos sensores em ligação do tipo ponte completa durante a
execução da P.C.E: a) segmento pré-moldado, b) segmento metálico. ....................... 178
Figura 5.12: Deformações dos sensores em ligação do tipo ponte 1/4 do segmento
metálico durante a execução da P.C.E. ....................................................................... 180
Figura 5.13: Gráfico tensão vs deformação obtido através da seção de referência da
estaca mista (E25). ...................................................................................................... 181
Figura 5.14: Transferência de carga ao longo da profundidade da estaca mista
(E25). ........................................................................................................................... 183
Figura 5.15: Distribuição do atrito lateral ao longo do fuste da estaca mista (E25),
considerando-se o perímetro da seção do perfil metálico. ........................................... 186
Figura 5.16: Distribuição do atrito lateral ao longo do fuste da estaca mista (E25),
considerando-se o perímetro do retângulo envolvente ao perfil metálico. ................... 187
Figura 5.17: Atrito lateral unitário médio ao longo do fuste da estaca mista (E25). ...... 188
Figura 5.18: Deslocamento de ponta em função da reação de ponta da estaca mista
(E25). ........................................................................................................................... 189
Figura 5.19: Deformações dos sensores em ligação do tipo ponte completa durante a
execução da P.C.E. ...................................................................................................... 190
Figura 5.20: Gráfico tensão vs deformação obtido através da seção de referência da
estaca pré-moldada (E624). ......................................................................................... 191
Figura 5.21: Transferência de carga ao longo da profundidade da estaca pré-
moldada (E624). ........................................................................................................... 193
Figura 5.22: Distribuição do atrito lateral ao longo do fuste da estaca pré-moldada
(E624). ......................................................................................................................... 194
Figura 5.23: Atrito lateral unitário médio ao longo do fuste da estaca pré-moldada
(E624). ......................................................................................................................... 195
Figura 5.24: Deslocamento de ponta em função da reação de ponta da estaca pré-
moldada (E624). ........................................................................................................... 196
Figura 5.25: Relação entre a carga de ruptura da estaca mista E25, obtida por
diferentes métodos, e a carga de ruptura média extrapolada, considerando-se
diferentes valores de perímetro e área de ponta do perfil metálico. ............................. 200
Figura 5.26: Valores de máximos e mínimos carga de ruptura da estaca mista E25
obtida por diferentes métodos semiempíricos. ............................................................. 202
Figura 5.27: Valores das parcelas de resistências laterais últimas da estaca mista
E25 obtida por diferentes métodos semiempíricos. ...................................................... 203
Figura 5.28: Valores das parcelas de resistência ponta últimas da estaca mista E25
obtida por diferentes métodos semiempíricos. ............................................................. 204
Figura 5.29: Relação entre a carga de ruptura da estaca pré-moldada E624, obtida
por diferentes métodos, e a carga de ruptura média obtida por extrapolação. ............ 207
Figura 5.30: Valores das parcelas de resistência lateral e ponta últimas da estaca
pré-moldada E624 obtida por diferentes métodos semiempíricos. ............................... 208
Figura 5.31: Relação entre a resistência última mobilizada do solo durante a
cravação da estaca mista E25, obtida por diferentes métodos dinâmicos, e a carga
de ruptura média obtida por extrapolação. ................................................................... 211
Figura 5.32: Relação entre a resistência última mobilizada do solo durante a
cravação da estaca pré-moldada E624, obtida por diferentes métodos, e a carga de
ruptura média obtida por extrapolação. ........................................................................ 213
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1: Classificação das estacas (MELO, 2009). ................................................... 35
Tabela 3.2: Especificações exigidas para execução de provas de carga estáticas
(NBR6122, 2010). .......................................................................................................... 39
Tabela 3.3: Espessuras de sacrifício devido à corrosão de acordo com o tipo de solo
(NBR6122, 2010). .......................................................................................................... 41
Tabela 3.4: Quantitativo dos tipos de fundações na cidade do Recife entre 2000 e
2010 (SANTOS et al, 2012)............................................................................................ 47
Tabela 3.5: Análise comparativa entre martelos utilizados para a cravação de
estacas (PARAÍSO E COSTA, 2012). ............................................................................ 60
Tabela 3.6: Classificação dos solo de acordo com o NSPT e o tipo de solo (NBR 6484,
2001). ........................................................................................................................... 109
Tabela 3.7: Fatores de correção F1 e F2 (CINTRA E AOKI, 2010). ............................. 111
Tabela 3.8: Coeficientes K e razão αAV (CINTRA E AOKI, 2010). ................................ 111
Tabela 3.9: Valores de correção F1 e F2 (LAPROVITERA, 1998). .............................. 112
Tabela 3.10: Valores de correção αLB e KLB (LAPROVITERA E BENEGAS, 1993,
1998). ........................................................................................................................... 112
Tabela 3.11: Valores CDEC (kPa) em função do tipo de solo (DÉCOURT, 1978). ........ 113
Tabela 3.12: Valores αDEC e βDEC (kPa) em função do tipo de solo e estaca
(DÉCOURT, 1996). ...................................................................................................... 113
Tabela 3.13: Valores aproximados de a, a’, b e b’ (VELLOSO, 1981, apud CINTRA E
AOKI, 1996). ................................................................................................................. 116
Tabela 3.14: Valores de αTEX (kPa) em função do tipo de solo e estaca (TEIXEIRA,
1996). ........................................................................................................................... 117
Tabela 3.15: Valores de βTEX (kPa) em função do tipo da estaca (TEIXEIRA, 1996). .. 117
Tabela 3.16: Valores de αUFRGS e βUFRGS (kPa) em função do tipo da estaca
(LOBO, 2005). .............................................................................................................. 119
Tabela 3.17: Recomendações para a cravação de estacas (VELLOSO E LOPES,
2002). ........................................................................................................................... 125
Tabela 4.1: Quantidades totais de estacas utilizadas na obra (ENSOLO, 2012). ........ 130
Tabela 4.2: Características técnicas da estaca pré-moldada de concreto centrifugado
EC 500/90 mm (T&A PRÉ-FABRICADOS, 2014). ....................................................... 131
Tabela 4.3: Características técnicas do perfil metálico HP310x79,0 (GERDAU, 2006).131
Tabela 4.4: Resumo dos ensaios in situ realizados no local da obra (ENSOLO,
2012). ........................................................................................................................... 135
Tabela 4.5: Elementos técnicos do projeto (ENSOLO, 2012). ..................................... 140
Tabela 4.6: Elementos técnicos do projeto para as estacas pré-moldadas de
concreto armado centrifugado de seção circular (ENSOLO, 2012). ............................. 144
Tabela 4.7: Número de golpes por metro linear cravado da estaca mista E25
(ENSOLO, 2012). ......................................................................................................... 156
Tabela 4.8: Número de golpes por metro linear cravado da estaca pré-moldada E624
ensaiada (ENSOLO, 2012)........................................................................................... 157
Tabela 5.1: Valores de carga de ruptura, obtidos pelos métodos de extrapolação da
curva carga vs deslocamento, da prova de carga estática na estaca mista E25. ........ 172
Tabela 5.2: Valores de carga de ruptura, obtidos pelos métodos de extrapolação da
curva carga vs deslocamento, da prova de carga estática na estaca pré-moldada
E624. ............................................................................................................................ 176
Tabela 5.3: Valores de carga solicitante em cada nível de instrumentação da estaca
E25, de acordo com a carga aplicada, e porcentagem de carga solicitante na ponta
em relação à carga de topo. ......................................................................................... 182
Tabela 5.4: Dissipação de carga entre os trechos instrumentados da estaca mista
E25, de acordo com cada estágio de carga aplicada durante a prova de carga
estática. ........................................................................................................................ 184
Tabela 5.5: Valores da distribuição do atrito lateral unitário ao longo do fuste da
estaca mista E25, considerando-se o perímetro colado da seção do perfil metálico. .. 184
Tabela 5.6: Valores da distribuição do atrito lateral unitário ao longo do fuste da
estaca mista E25, considerando-se o perímetro do retângulo envolvente. .................. 185
Tabela 5.7: Valores de carga solicitante em cada nível de instrumentação da estaca
E624, de acordo com a carga aplicada, e porcentagem de carga solicitante na ponta
em relação à carga de topo. ......................................................................................... 192
Tabela 5.8: Dissipação de carga ao longo do fuste da estaca pré-moldada E624, de
acordo com cada estágio de carga aplicada durante a prova de carga estática. ......... 193
Tabela 5.9: Valores da distribuição do atrito lateral ao longo do fuste da estaca pré-
moldada E624. ............................................................................................................. 194
Tabela 5.10: Valores de carga de ruptura média obtidos pelos métodos de
extrapolação adotados para as estacas ensaiadas. ..................................................... 197
Tabela 5.11: Descrição das parcelas de resistência da estaca mista E25 obtidas
pelos métodos semiempíricos. ..................................................................................... 198
Tabela 5.12: Descrição seis análises da capacidade última da estaca mista E25 para
cada método semiempírico. ......................................................................................... 198
Tabela 5.13: Valores dos elementos geométricos da estaca pré-moldada e metálica
adotados para o cálculo da capacidade de carga última das estacas ensaiadas. ....... 199
Tabela 5.14: Valores de carga de ruptura obtida pelos diferentes métodos para a
estaca mista E25. ......................................................................................................... 199
Tabela 5.15: Valores de carga de ruptura máximos e mínimos obtida pelos diferentes
métodos semiempíricos para a estaca mista E25. ....................................................... 201
Tabela 5.16: Valores das parcelas de resistências laterais da estaca mista. ............... 202
Tabela 5.17: Valores das parcelas de resistências de ponta da estaca mista, de
acordo com as considerações de área de ponta da estaca metálica. .......................... 204
Tabela 5.18: Valores de carga de ruptura da ponta do segmento metálico máximos e
mínimos obtida pelos diferentes métodos semiempíricos para a estaca mista E25. .... 205
Tabela 5.19: Relação entre as resistências de ponta com a carga de ruptura obtidos
por diversos métodos semiempíricos para a estaca mista E25.................................... 205
Tabela 5.20: Relação entre a parcela de resistência de ponta “virtual” com a carga
de ruptura média extrapolada da estaca mista obtidos por diferentes métodos
semiempíricos. ............................................................................................................. 206
Tabela 5.21: Valores de resistência última da estaca pré-moldada E624 obtidos por
diferentes métodos. ...................................................................................................... 207
Tabela 5.22: Relação entre as resistência lateral e de ponta com a carga de ruptura,
obtidos por diversos métodos semiempíricos pré-moldada E624. ............................... 209
Tabela 5.23: Valores de resistência última mobilizada do solo durante a cravação da
estaca mista E25 obtidos por diferentes métodos dinâmicos. ...................................... 210
Tabela 5.24: Valores de resistência última mobilizada do solo durante a cravação da
estaca pré-moldada E624, obtidos por diferentes métodos. ........................................ 212
LISTA DE SÍMBOLOS
a = interseção;
a, a’, b, b’ = parâmetros de correlação entre o SPT e CPT
al = área lateral total do amostrador SPT
ap = área da ponta do amostrador SPT
ar = atrito lateral negativo
Al = atrito lateral positivo
AL = área lateral da estaca
Acon = área útil da seção de concreto da estaca pré-moldada
Ap = área da seção transversal da estaca
Ap = área da seção transversal na ponta da estaca
Aútil = área útil da seção do perfil metálico
b = coeficiente angular da reta obtida no gráfico (r/Q vs r)
B = diâmetro ou maior seção da estaca
c = encurtamento elástico para a estaca
CDEC = coeficiente que correlaciona a resistência à penetração com a resistência de
ponta em função do tipo de solo
C3 = valor da compressão elástica (quake) do solo abaixo da ponta da estaca
D = profundidade de embutimento da estaca na camada de apoio da ponta
Ek = energia cinética
Em = módulo de Young do material da estaca
Ep = energia potencial
Es = módulo de elasticidade da estaca
ETR = eficiência global do sistema de cravação
EMX = energia real transferida
Fd = variação da energia potencial
fsmédio = atrito unitário médio ou adesão média do solo ao longo da estaca
FS = fator de segurança adotado
fu = tensão limite de cisalhamento ao longo do fuste
fy = tensão de escoamento do aço
F1 e F2 = fatores de correção
g = aceleração da gravidade
h = altura de queda do martelo
H = distância entre a ponta da estaca e o topo da camada fraca
k = coeficiente de sensibilidade do material fornecido pelo fabricante
K = coeficiente de ponta que depende do tipo de solo
Kr = valor do repique elástico da estaca (C2 + C3)
L = comprimento da estaca
L0 = comprimento inicial do fio
Mh = massa da haste
Mm= massa do martelo
Nl = índice médio de resistência à penetração na camada de solo Δl
Np = índice médio de resistência à penetração na cota de apoio da estaca
N1 = valor médio de NSPT, calculado desde a cota da ponta da estaca até dois
diâmetros acima dela
N2 = valor médio de NSPT, calculado desde a cota da ponta da estaca até um
diâmetro abaixo da mesma
NPTEX = valor médio do índice de resistência à penetração medido no intervalo de 4
diâmetros acima da ponta da estaca e 1 diâmetro abaixo
Pest = peso da estaca
Ph = carga de ponta
Pm = peso do martelo
Pu = resistência última da estaca
Q = carga aplicada no topo da estaca
Qestrutural = capacidade de carga estrutural da estaca pré-moldada
QL = parcela de resistência lateral
Qp = parcela de resistência de ponta
Qp’ = acréscimo de carga residual na ponta
Qu = carga última correspondente à assíntota vertical da curva
q0 = resistência na camada limite fraca inferior
q1 = resistência na camada limite resistente
Qpu,calc = resistência de ponta da estaca mobilizada na cravação
Qu,calc = resistência total da estaca mobilizada na cravação
Qpv,u = resistência total última da ponta virtual da estaca mista
QT,u = resistência total última da estaca mista
Qlp,u = resistência lateral última da estaca pré-moldada
Qlm1,u = resistência lateral última da estaca metálica, considerando o perímetro do
perfil metálico
Qlm2,u = resistência lateral última da estaca metálica, considerando o perímetro do
retângulo envolvente à seção do perfil metálico
Qpm1,u = resistência de ponta última da estaca metálica, considerando a área do
retângulo envolvente à seção do perfil metálico
Qpm2,u = resistência de ponta última da estaca metálica, considerando metade da
área do retângulo envolvente à seção do perfil metálico
Qpm3,u = resistência de ponta última da estaca metálica, considerando a área da
seção do perfil metálico
QTmméd,u = resistência última média da estaca mista obtida através dos métodos de
extrapolação
QTpméd,u = resistência última média da estaca pré-moldada obtida através dos
métodos de extrapolação
qu = tensão limite normal no nível da ponta
= recalque correspondente à carga aplicada
R = resistência inicial do extensômetro medida na Ponte de Wheatstone
Rd = resistência à cravação
Restrutural = capacidade de carga estrutural do perfil metálico
Ri = resistência de cada ramo da ponte Wheatstone
Rl = resistência lateral
Rp = resistência de ponta
s = penetração ou nega
U = perímetro da estaca
VA = Tensão de saída ponte Wheatstone
VE = Tensão de entrada ponte Wheatstone
Vi = velocidade de impacto sem perdas
X = perdas de energia
z = comprimento da haste que penetrou no solo
LISTA DE SÍMBOLOS GREGAS
α = coeficiente que exprime a relação entre a parcela de carga da ponta e carga total
da estaca
= coeficiente que define a forma da curva
αAV = razão de atrito
αDEC = fator aplicado à parcela de ponta, de acordo com o tipo de solo e estaca
αL = coeficiente de dilatação do material ou coeficiente de resistividade
αPPV = fator de execução da estaca (1,0 para estaca escavada e 0,5 para estaca
cravada)
αTEX = parâmetro adotado em função do tipo de solo e estaca
αUFRGS = coeficiente de ajuste aplicado para resistência lateral
βDEC = fator aplicado à parcela de atrito lateral, de acordo com o tipo de solo e
estaca
βPPV = fator de carga de ponta em função da dimensão da ponta da estaca
βTEX = parâmetro adotado em função do tipo de solo e estaca
βUFRGS = coeficiente de ajuste aplicado para a resistência de ponta
Ɛ = deformação da peça analisada
Δl = espessura da camada de solo
ΔL = variação de comprimento do fio do extensômetro
Δt = variação de temperatura
ΔR = variação de resistência do extensômetro medida na Ponte de Wheatstone
Δρ = penetração do golpe
Ø = diâmetro da estaca
ƞ = eficiência do sistema de cravação
ƞ1= eficiência do golpe
ƞ2 = eficiência das hastes
ƞ3 = eficiência do sistema
λPPV = fator de carregamento da estaca
σ = tensão aplicada à seção de concreto da estaca pré-moldada
σp = capacidade de carga da camada de solo que serve de apoio à estaca
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 29
2. OBJETIVOS ............................................................................................................... 31
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 31
2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 31
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 32
3.1 Fundações ......................................................................................................... 32
3.2 Estacas .............................................................................................................. 34
3.2.1 Estacas pré-moldadas de concreto ............................................................... 36
3.2.1.1 Capacidade de carga estrutural para estacas pré-moldadas .......... 38
3.2.2 Estacas metálicas .......................................................................................... 39
3.2.2.1 Corrosão em estacas metálicas ...................................................... 41
3.2.2.2 Capacidade de carga estrutural para estacas metálicas ................. 42
3.2.2.3 Capacidade de carga geotécnica à compressão para estacas
metálicas ....................................................................................................... 42
3.2.3 Estacas mistas .............................................................................................. 44
3.3 Tipos de fundações na cidade do Recife/PE ..................................................... 46
3.4 Instrumentação em estacas ............................................................................... 50
3.4.1 Extensômetros elétricos (strain gages) ......................................................... 51
3.4.2 Instrumentação em estacas pré-moldadas de concreto ................................ 56
3.4.3 Instrumentação em estacas metálicas .......................................................... 57
3.5 Cravação de estacas de fundação .................................................................... 58
3.5.1 Cravação de estacas em solos arenosos ...................................................... 65
3.5.2 Cravação de estacas em solos argilosos saturados...................................... 66
3.5.3 Recomendações para o processo de cravação de estacas .......................... 67
3.6 Controles de cravação de estacas..................................................................... 68
3.6.1 Nega e repique .............................................................................................. 68
3.6.2 Diagrama de cravação .................................................................................. 70
3.7 Provas de carga em estacas ............................................................................. 72
3.7.1 Prova de carga estática à compressão em estacas ...................................... 73
3.7.2 Sistema de reação para as provas de carga estática à compressão ............ 75
3.7.3 Tipos de carregamentos em provas de carga estática à compressão em
estacas ................................................................................................................ 77
3.7.3.1 Ensaio Lento ................................................................................... 78
3.7.3.2 Ensaio rápido .................................................................................. 80
3.7.3.3 Ensaio cíclico .................................................................................. 81
3.7.3.4 Deformação controlada – CRP ....................................................... 84
3.7.3.5 Método do equilíbrio ........................................................................ 85
3.7.3.6 Análise dos tipos de ensaio ............................................................. 85
3.7.4 Curva carga vs recalque ................................................................................ 87
3.7.4.1 Critério de Van de Veen (1953) ....................................................... 91
3.7.4.2 Método da rigidez Décourt (1978,1996) .......................................... 93
3.7.4.3 Método de Chin (1970, 1971) .......................................................... 95
3.7.4.4 Método da NBR 6122 (2010) .......................................................... 96
3.7.5 Prova de carga estática instrumentada em estaca ........................................ 98
3.8 Leis de Cambefort (1964) .................................................................................. 99
3.9 Cargas residuais .............................................................................................. 102
3.10 Métodos de previsão de capacidade de carga geotécnica à compressão
para estacas ...................................................................................................... 105
3.10.1 Métodos semiempíricos ......................................................................... 108
3.10.2 Métodos semiempíricos baseados no ensaio SPT ................................ 108
3.10.2.1 Aoki e Velloso (1975) .................................................................. 110
3.10.2.2 Método Laprovitera (1998) e Benegas (1993) ............................. 111
3.10.2.3 Método Décourt e Quaresma (1978), modificado por Décourt
(1996) 112
3.10.2.4 Método Meyerhof (1976) ............................................................. 114
3.10.2.5 Método Pedro Paulo Velloso (1981) ............................................ 115
3.10.2.6 Método Teixeira (1996) ............................................................... 117
3.10.2.7 Método da UFRGS (LOBO, 2005) ............................................... 118
3.10.3 Métodos de previsão de capacidade de carga dinâmicos ..................... 119
3.10.3.1 Fórmula de Sanders .................................................................... 121
3.10.3.2 Fórmula de Wellingnton ou da Engineering News Record .......... 121
3.10.3.3 Fórmula dos Holandeses ............................................................ 122
3.10.3.4 Fórmula de Brix ........................................................................... 123
3.10.3.5 Fórmula de Hiley ......................................................................... 123
3.10.3.6 Fórmula de Janbu ....................................................................... 124
3.10.3.7 Fórmula dos Dinamarqueses ...................................................... 125
3.10.4 Métodos de previsão de capacidade de carga geotécnica à
compressão baseados no repique elástico ........................................................ 126
3.10.4.1 Método de Chellis (1951) – Velloso (1987) ................................. 127
3.10.4.2 Método de Uto et al (1985) .......................................................... 128
4. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 130
4.1 Local de realização dos ensaios ...................................................................... 131
4.2 Características geológicas ............................................................................... 133
4.3 Ensaios de campo ........................................................................................... 135
4.4 Estacas ............................................................................................................ 140
4.4.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção
circular e metálica .............................................................................................. 140
4.4.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção circular ... 143
4.5 Instrumentação ................................................................................................ 144
4.5.1 Instrumentação da estaca mista pré-moldada de concreto armado
centrifugado de seção circular e metálica .......................................................... 144
4.5.1.1 Segmento de concreto .................................................................. 146
4.5.1.2 Segmento metálico ........................................................................ 148
4.5.2 Instrumentação da estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado
de seção circular ................................................................................................ 153
4.6 Cravação das estacas ..................................................................................... 154
4.6.1 Cravação da estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado
de seção circular e metálica .............................................................................. 155
4.6.2 Cravação da estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular ..................................................................................................... 156
4.7 Prova de carga estática instrumentada ........................................................... 157
4.7.1 Sistema de reação ....................................................................................... 158
4.7.1.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular e metálica ............................................................................. 158
4.7.1.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção
circular 161
4.7.2 Execução das provas de carga estáticas .................................................... 164
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .............................................. 168
5.1 Comportamento das curvas carga vs deslocamento ....................................... 168
5.1.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção
circular e metálica .............................................................................................. 168
5.1.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção circular ... 172
5.2 Instrumentação ................................................................................................ 177
5.2.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção
circular e metálica .............................................................................................. 177
5.2.1.1 Análise do funcionamento da instrumentação ............................... 177
5.2.1.2 Transferência de carga ................................................................. 180
5.2.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção circular ... 190
5.2.2.1 Análise do funcionamento da instrumentação ............................... 190
5.2.2.2 Transferência de carga ................................................................. 191
5.3 Previsão da capacidade de carga ................................................................... 197
5.3.1 Métodos semi-empíricos ............................................................................. 197
5.3.1.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular e metálica ............................................................................. 199
5.3.1.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção
circular 207
5.3.2 Métodos dinâmicos ...................................................................................... 209
5.3.2.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular e metálica ............................................................................. 209
5.3.2.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção
circular 211
6. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 214
7. SUGESTÕES PARA TESES FUTURAS ................................................................. 218
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 219
29
1.INTRODUÇÃO
Nos últimos 25 anos, as capitais nordestinas têm apresentado um notável
crescimento do setor imobiliário. Aspectos tais como, pressão imobiliária e
valorização dos espaços urbanos, estes cada vez mais reduzidos, colaboram para a
verticalização destas cidades, onde geralmente seus edifícios estão assentados
sobre sedimentos recentes não consolidados, sendo que, algumas cidades possuem
subsolos extremamente complexos do ponto de vista geotécnico, como é o caso da
cidade do Recife/PE (GUSMÃO, 2008).
É de conhecimento, que em diversas obras da região do Brasil inteiro que o
projeto de fundações é desenvolvido pelo próprio calculista estrutural, embora cada
vez mais haja a colaboração de consultores de geotecnia, entretanto em Recife a
participação de consultores de solos tem se tornado uma prática comum em obras
de médio e grande porte, onde existem empresas especializadas em concepção e
controle de obras geotécnicas.
Isso é um aspecto muito positivo, visto que a falta de profissionais
especializados tende a produzir projetos de fundações muito conservadores, além
disso, projetos dimensionados inadequadamente.
Considerada por muitos engenheiros geotécnicos como uma das capitais
mais difíceis de trabalhar o subsolo, Recife possui uma área de formação sedimentar
composta por espessos depósitos de argila mole e grande parte de seus espaços
sobre aterro. Devido a esta formação geológica complexa, é necessário estudar
mais a fundo o comportamento de fundações assentadas sobre estes solos, por
meio de ensaios de campo (SPT, CPT etc..) e ensaios de laboratório (GUSMÃO et al
2012).
Segundo Gusmão (2008), o excesso da verticalização das edificações em
Recife e demais capitais nordestinas promoveu uma reversão do tipo de fundação
utilizada até o início da década de 1990, onde predominava o uso de fundações
superficiais, enquanto que, atualmente, 63% das fundações dos edifícios são
profundas. O autor ainda ressalta que até 1990 predominava a prática de
construções de prédios com 15 a 20 pavimentos, enquanto atualmente está em
torno de 30 a 40 pavimentos, gerando como consequência, o acentuado aumento do
carregamento da estrutura (peso próprio, sobrecarga, ação do vento, dentre outros),
dificultando a adoção de fundações superficiais.
30
Neste cenário, a busca de uma solução técnica e alternativa, que consiste na
adoção de estacas mistas, onde parte da estaca é constituída por segmentos de
estacas pré-moldadas de concreto armado ou protendido, e outra parte é constituída
por segmentos de perfil metálico, passa a ser uma opção interessante, visto que
esta solução é viável tanto economicamente, por reduzir os custos globais das
fundações, quanto tecnicamente, por ser possível atravessar camadas de solos com
baixas e elevadas resistências à penetração.
O uso de estacas mistas não se limita somente na região Nordeste do Brasil,
pois Dias e Pedreira (2006) descrevem o comportamento, com sucesso, de estacas
mistas de concreto armado (com diâmetro de 71,12 cm) com camisa metálica (chapa
de 9,53 mm) utilizadas no Porto Novo do Rio Grande, situado no estado do Rio
Grande do Sul.
Entretanto, o baixo uso da adoção de estacas mistas em obras correntes pelo
Brasil se deve ao fato de pouco se conhecer métodos de previsão de capacidade de
carga e de recalques, colaborando para adoção de outras soluções de fundações
em detrimento à solução com estacas mistas.
Contudo, a adoção de provas de carga estática e ensaios de carregamento
dinâmico em estacas mistas têm colaborado para aferição dos métodos de previsão
de capacidade de carga em estacas, visto que os resultados extraídos destes
ensaios mostram o comportamento da interação solo-estaca, contribuindo de
maneira relevante para que se utilize esta solução com maior confiabilidade, e
também, em projetos de fundações menos conservadores.
31
2.OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo desta pesquisa é avaliar o comportamento à compressão de uma
estaca mista, composta por segmentos de concreto armado circular vazado e por
segmentos de perfis metálicos e o comportamento de uma estaca pré-moldada
circular vazada, ambas instrumentadas em profundidade, empregando-se métodos
de capacidade de carga semiempíricos baseados no ensaio SPT, métodos de
previsão de capacidade de carga dinâmicos baseados em dados de controle de
cravação, como nega e repique e resultados de prova de carga instrumentada
realizada em solo sedimentar da região do Recife/PE.
2.2 Objetivos Específicos
Calcular a capacidade de carga à compressão pelos métodos
semiempíricos e dinâmicos citados na revisão bibliográfica;
Análises dos resultados de provas de carga estática;
Análise do mecanismo de transferência de carga das estacas;
Identificação das parcelas de resistência lateral e de ponta através de
instrumentação ao longo do fuste;
Análises do efeito das cargas residuais;
Análise da eficiência dos tipos de ligações em ponte completa e ¼ de
ponte, utilizadas na instrumentação da estaca metálica;
Avaliação dos perímetros e áreas de ponta da estaca metálica;
Avaliação do ganho de capacidade de carga da estaca mista em relação a
estaca pré-moldada com a inserção do elemento metálico abaixo do
segmento de concreto.
32
3.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo, apresentam-se três tipos de soluções de fundações
profundas, estacas pré-moldadas de concreto, estacas metálicas e estacas mistas
pré-moldadas de concreto e metálica, bem como os diferentes tipos de controles de
cravação. Também, abordam-se os meios para a execução de provas de carga
estática instrumentadas e os diversos métodos de previsão de capacidade de carga,
baseados em métodos semiempíricos e dinâmicos.
3.1 Fundações
Segundo Crowther (1988), é fundamental que os projetistas de fundações
possuam conhecimento geotécnico e experiência na construção, pois somente desta
maneira é possível projetar fundações seguras, que atendam tanto o estado limite
de serviço, quanto o estado limite de utilização da estrutura.
É recomendado que a estrutura da obra civil seja dividida em duas partes,
afim de se possa entender melhor o funcionamento das fundações:
a)Superestrutura – Situada acima da superfície do terreno é composta por
elementos estruturais, tais como vigas, pilares, lajes, paredes, etc. (Figura
3.1);
b)Subestrutura – Possui a finalidade de transmitir as cargas da estrutura
(superestrutura) ao maciço de solo. É representada pelos elementos
estruturais (Figura 3.2).
Figura 3.1: Equilíbrio estático da superestrutura (AOKI et al, 2002).
De acordo com Cintra e Aoki (2010), “uma fundação é um sistema composto
pelo elemento estrutural e pelo maciço de solo que a envolve”, cujo objetivo deste
sistema é absorver e transmitir ao maciço às cargas aplicadas, promovendo desta
forma a garantia das condições mínimas de segurança da estrutura.
33
Figura 3.2: Equilíbrio estático da fundação (AOKI et al, 2002).
Logo, a fundação pode ser definida como um conjunto de elementos isolados
de fundação, dividida em dois grandes grupos:
Fundações superficiais ou rasas;
Fundações profundas.
A NBR 6122 (2010) define fundação profunda como: “Elemento de fundação
que transmite a carga ao terreno pela base (resistência de solo), por sua superfície
lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, e que está assente
em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta, e no mínimo
3 m, salvo justificativa. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas, os tubulões e
os caixões”.
Vale lembrar que o projetista de fundações deve garantir três condições
básicas no dimensionamento do projeto: segurança, funcionalidade e durabilidade. A
primeira condição deve garantir que todos os coeficientes de segurança contra
ruptura, determinados por normas técnicas, sejam atendidos e respeitados. Na
segunda condição, deve-se garantir que as deformações e os deslocamentos sejam
compatíveis com o tipo e finalidade da estrutura, não interferindo desta forma na
funcionalidade do empreendimento, e a terceira condição tem por objetivo garantir,
que no mínimo, os materiais empregados nas fundações atendam a vida útil da obra
(ALONSO, 2004).
Gusmão (2008) cita que: “A escolha do tipo de fundação é um exercício de
engenharia muito complexo, que envolve um grande número de variáveis. Em geral
as pessoas pensam que apenas o terreno influencia nessa escolha, o que não é
verdade. De fato, o tipo de terreno, ou seja, os solos presentes e suas propriedades
geomecânicas são importantes na definição da fundação, mas o engenheiro
geotécnico deve levar em consideração outros vários aspectos, tais com os dados
da estrutura projetada, dados da vizinhança, dados da execução e dados
econômicos”.
34
3.2 Estacas
O uso de fundações por estacas ocorre desde a antiguidade, quando então
eram confeccionadas em madeira. Seu uso se tornou mais intenso a partir do século
XVIII, pois, a abundância deste material como o material e a mão de obra utilizada
tinha um baixo custo, ou seja, cravavam-se no terreno quantas estacas ele aceitasse
(ALBUQUERQUE, 1996).
Entretanto, somente a partir da revolução industrial no século XIX, devido à
necessidade de se baratear os custos das fundações de grandes prédios, iniciou-se
a sistematização do conhecimento adquirido. Pode-se dizer que pouco progresso na
arte das fundações ocorreu desde o tempo dos romanos e início do século XIX. Com
o advento de importantes descobertas em ramos da Engenharia, foi possível criar
condições para que a engenharia de fundações pudesse se fortalecer (FLEMING et
al, 1992).
Segundo Melo (2009), as estacas são consideradas como elementos
esbeltos, cuja relação entre o diâmetro e o seu comprimento (L/Ø) é muito grande.
Sua execução é realizada por meio de equipamentos ou ferramentas, sem a
necessidade de descida do operário em qualquer etapa. A função destes elementos
de fundação é promover, de forma segura, a transmissão das cargas da
superestrutura para as camadas mais resistentes do solo, quando as camadas
iniciais do terreno não possuem boa capacidade de suporte.
É possível executar estacas em diferentes tipos de solos e por diversos
métodos executivos. A Figura 3.3 mostra os principais tipos de estacas utilizados no
Brasil.
Figura 3.3: Classificação dos principais métodos executivos de estacas (VELLOSO E LOPES, 2002).
35
Dentre os tipos de fundações profundas, a NBR 6122 (2010) cita:
Estacas cravadas por percussão;
Estacas cravadas por prensagem;
Estacas escavadas, com injeção;
Estacas tipo broca;
Estacas apiloadas;
Estacas tipo Strauss;
Estacas tipo Franki;
Estacas escavadas;
Estacas “hélice contínua”;
Estacas mistas.
Logo, é possível separar os tipos de estacas em duas categorias: estacas
com deslocamento e estacas sem deslocamento (Tabela 3.1).
Tabela 3.1: Classificação das estacas (MELO, 2009).
Vargas (1977) orienta que a análise do comportamento das estacas deve
envolver a capacidade de carga e recalque das estacas isoladas, e estes mesmos
fenômenos em grupos de estacas.
Segundo Santos e Mota (2002), o bom desempenho de uma fundação em
estacas é diretamente proporcional a sua integridade. O mesmo cuidado deve ser
tomado com relação a sua a resistência estrutural e da resistência sistema solo-
estaca.
Velloso (1990) afirma que a qualidade de uma fundação compreende sua
adequação ao uso para o qual foi concebida, ou seja, tanto a partir de um rigoroso
controle de qualidade de uma obra de fundações, quanto como qualquer outra obra
de diferente natureza se pode avaliar, e dependendo dos resultados, deve-se tomar
a decisão de aprovar, aceitar ou recusar a mesma. Ainda segundo o autor, a
qualidade possui uma função pedagógica, devendo a mesma ser aplicada a toda
empresa, desde a sua direção até ao mais subalterno operário, ou seja, sem
distinção de cargos. Empresas que não adotam esta política de qualidade têm como
36
obstáculos a ignorância e a burocracia, que minimizam a qualidade e a garantia da
mesma, respectivamente.
Velloso (1990) cita, que a busca pela garantia da qualidade de uma fundação
requer a aplicação das seguintes condições:
Posicionar de forma clara e definida a política de qualidade a ser
adotada;
Definir de forma objetiva os procedimentos de garantia de controle de
qualidade e implementá-los no cronograma da obra;
A execução dos procedimentos de controle da qualidade deve ser
documentada, assim como seus resultados.
Caso o controle de qualidade não promova resultados significativos, o mesmo
deverá ser redirecionado no sentido de identificar os pontos de falhas e eliminá-los,
por meio de implementação de novas metodologias de trabalho, treinamento e até
mesmo substituição de profissionais inadequados às funções que exercem.
Contudo, o cumprimento dos formalismos da garantia da qualidade não
significa necessariamente que o bom desempenho esteja assegurado, pois um
ponto importante que diferencia um projeto de estrutura de um projeto de fundações
é que, no primeiro caso, as características dos materiais de construção são definidas
pelo projetista, enquanto no segundo se trabalha com o solo, que é um material não
fabricado pelo homem (VELLOSO, 1990).
3.2.1 Estacas pré-moldadas de concreto
A NBR 6122 (2010) define estaca pré-moldada de concreto como “estaca
constituída de segmentos de concreto pré-moldado ou pré-fabricado e introduzida no
terreno por golpes de martelo de gravidade, de explosão, hidráulico ou martelo
vibratório. Para fins exclusivamente geotécnicos não há distinção entre estacas pré-
moldadas e pré-fabricadas”.
Dentre todos os materiais da construção civil, o concreto é aquele mais
indicado à confecção de estacas, pois o mesmo possui alta resistência aos agentes
agressivos, e suporta muito bem as alternâncias de secagem e umedecimento.
Também, é possível executar tanto estacas de pequena quanto de grande
capacidade de carga.
As estacas pré-moldadas de concreto podem ser fabricadas em concreto
protendido e em concreto armado, sendo que as primeiras são fundidas com
concreto com fck superior a 35 MPa e estruturadas com aço CP RN 150 e R-175 com
37
bitolas de 5, 6 e 8 mm. A seção transversal da estaca pode ser circular, quadrada,
estrela ou sextavada, podendo apresentar seção de concreto cheia ou vazada
(Figura 3.4).
Figura 3.4: Tipos de estacas pré-moldadas de concreto (SOTEF, 2014).
Segundo França (2011), estacas pré-moldadas de concreto podem ser
constituídas de concreto armado ou protendido, apresentando como limitação seu
comprimento devido à dificuldade de transporte e manuseio das mesmas. Sua
armação apresenta como função principal resistir aos esforços decorrentes do
manuseio e içamento das estacas.
De acordo com Danziger et al, (2006), o uso de estacas pré-moldadas de
concreto é uma prática muito comum em fundações de edificações correntes no
Brasil, quando é imprescindível ultrapassar um estrato argiloso mole superficial e
transmitir as cargas ao horizonte resistente.
Uma grande vantagem no emprego de estacas pré-moldadas de concreto
está na boa qualidade do concreto que se consegue e na redução do ataque de
agentes agressivos, eventualmente encontrado no solo, que podem atrapalhar o
processo de pega e cura do concreto.
Outro ponto positivo é a segurança na passagem através de solos muito
moles que as estacas pré-moldadas oferecem, pois a concretagem in loco pode
apresentar problemas, como por exemplo, o estrangulamento do fuste durante o
processo de perfuração e concretagem e o aumento do sobreconsumo de concreto.
38
Entretanto, a principal desvantagem das estacas pré-moldadas de concreto é
a dificuldade de adaptação às variações do terreno. Caso a camada resistente
apresente variações na sua profundidade, e se a previsão de comprimento não for
feita cuidadosamente, é certo que ocorrerá problemas oriundos de corte ou quebra
de estacas, com prejuízos para a economia da obra.
As especificações de aceitação de estacas pré-moldadas em obras podem
ser vistas na NBR 16258, que entrou em vigor no começo de 2014, cujo objetivo não
é padronizar a fabricação de estacas no país, e sim apresentar requisitos mínimos
de projeto que garantam ao comprador um produto final com qualidade.
3.2.1.1 Capacidade de carga estrutural para estacas pré-moldadas
A carga estrutural que uma estaca pré-moldada pode suportar, é dada pela
Equação 3.1.
Qestrutural = σ . Acon (3.1)
Onde:
Qestrutural = capacidade de carga estrutural da estaca pré-moldada (kN);
σ = tensão aplicada à seção de concreto da estaca pré-moldada (kPa);
Acon = área útil da seção de concreto da estaca pré-moldada (m²);
A NBR 6122 (2010) limita a tensão máxima aplicada à seção de concreto da
estaca a 7 MPa quando não são executadas provas de carga estática (Tabela 3.2).
Logo, deve-se tomar cuidado com a capacidade de carga estrutural definida
em catálogos de empresas que produzem estacas pré-moldadas de concreto, pois
na maioria das vezes à tensão aplicada à estaca é superior à tensão limite definida
pela NBR 6122 (2010), e nem sempre são executadas provas de carga para conferir
se a estaca resiste a toda esta tensão aplicada.
39
Tabela 3.2: Especificações exigidas para execução de provas de carga estáticas (NBR6122, 2010).
3.2.2 Estacas metálicas
A NBR 6122 (2010) define estaca metálica como “estaca cravada, constituída
de elemento estrutural produzido industrialmente, podendo ser de perfis laminados
ou soldados, simples ou múltiplos, tubos de chapa dobrada ou calandrada, tubos
com ou sem costura”.
O uso de estacas metálicas no Brasil data de 1954. Tal solução foi utilizada,
pois as condições do terreno dificultavam a execução de quaisquer tipos de
fundação. Tratava-se de um estacionamento vertical, próximo ao largo São
Francisco/RJ, possuía um terreno irregular de aproximadamente 30 m de
profundidade, e em desnível mais de 18 m em direção a Avenida 23 de maio. Devido
ao fato de possuir uma escavação de 18 m para alcançar o nível de execução das
sapatas, a empresa Engenharia de Fundações S.A foi obrigada a desenvolver o
primeiro projeto de fundações em estacas metálicas no Brasil. Os Engenheiros
Lauro Rios e Professor Victor de Mello imaginaram a solução de dois perfis, sendo
um soldado pelas abas, formando um caixão. Atualmente, a solução é adotada de
forma normal na maioria dos casos de estaqueamento metálico. As obras do metrô
de São Paulo e do Rio de Janeiro adotaram a solução, a qual passou a ser
conhecida na época como “Solução Paulista” (VIEIRA, 2006).
Segundo Alonso (2008), o uso de perfis metálicos como elementos de
fundações profundas se tornou uma solução técnica e economicamente competitiva
com o advento de perfis laminados, utilizando-se aços de alta resistência (ASTM A
40
572 Grau 50) e a introdução das Estacas Metálicas de Seção Transversal
Decrescente com a Profundidade.
Falconi et al, (2008) afirmam que o surgimento de fundações em estacas
metálicas com “seção variável” ocorreu devido a necessidade de as mesmas serem
economicamente mais competitivas em relação a outras soluções de fundações
existentes no mercado. Neste tipo de solução, a estaca é formada por elementos de
seção transversal com dimensões geométricas semelhantes, porém com o peso
decrescente com a profundidade.
Gusmão et al, (2006) comentam que até o final da década de 1990, grande
parte das estacas metálicas utilizadas como elementos de fundação eram formadas
por trilhos usados (especialmente o TR-68). Entretanto, esta solução desapareceu
quase por completo do mercado de obras de grande porte (edifícios acima de 10
pavimentos), sendo substituídas por estacas formadas por perfis soldados e
laminados.
De acordo com Magalhães (2008), a maior capacidade de penetração no
solo, quando comparado com estacas pré-moldadas de concreto, tornou o uso de
estacas metálicas como fundações fundamentais em algumas situações especiais.
Vantagens tais como, fácil cravação provida de baixa vibração, elevada
resistência à flexão e flexibilidade quanto à manipulação, transporte, emendas e
cortes fazem com que o uso de estacas metálicas como elementos de fundações
seja viável tecnicamente, quanto economicamente (Alonso, 1998).
Além das características positivas citadas anteriormente por Alonso (1998),
ainda se destacam:
Ótima interação com a superestrutura;
Boa e eficiente penetração em solos de alta resistência;
Para cargas idênticas de serviço, possui menor peso em relação a
outros tipos de estacas;
Possibilidade de cravação sob elevadas tensões compressivas de
choque;
Permite um controle abrangente durante a sua execução.
Diversos estudos com estacas metálicas já foram realizados nos últimos anos
no Brasil. Paschoalim Filho (2008) apresentou em seu trabalho resultados provas de
carga estáticas lentas para diferentes tipos de estacas, dentre elas estacas
metálicas perfil I tipo W250x32,7 e estaca tipo trilho TR37. Ghilard (2005) apresenta
41
a comparação entre os resultados de estacas metálicas tubadas de ponta aberta e
fechada, cravadas na baixada santista.
3.2.2.1 Corrosão em estacas metálicas
De acordo com Cornfield (1974), estacas metálicas não totalmente enterradas
tendem a sofre mais intensamente o processo de corrosão, sendo assim é preciso
que seja previsto um tratamento especial para estes perfis metálicos expostos ao ar
livre.
De acordo com Pannoni et al (2008), o uso de estacas metálicas ocorre há
mais de 120 anos, e sua durabilidade excede as mais arrojadas estimativas teóricas
de durabilidade, especialmente em solos contaminados por produtos químicos ou
solos muito agressivos. Não se encontram, na literatura internacional, casos de
falhas estruturais causadas pela corrosão do aço.
Romanoff (1957) analisou estacas metálicas ainda em serviço na Holanda
(entre 7 e 40 anos de uso), enterradas em solos com grande variabilidade, desde
areias bem drenadas, até argilas impermeáveis, e constatou que a corrosão
observada nestes elementos de fundações era insignificante.
Os solos naturais são tão deficientes em oxigênio, que o aço não sofre
intensamente o ataque da corrosão. Logo, é imprescindível que haja a presença
simultânea de água e oxigênio para que ocorra o fenômeno da corrosão. Na
ausência de um destes elementos, o processo não irá ocorrer.
Embora o efeito da corrosão na estaca de aço totalmente enterrada seja
mínimo, a NBR 6122 (2010) determina que seja descontada uma espessura de
sacrifício para o cálculo da capacidade de carga da estaca metálica, tanto
geotecnicamente, quanto estruturalmente, conforme indicado na Tabela 3.3.
Tabela 3.3: Espessuras de sacrifício devido à corrosão de acordo com o tipo de solo (NBR6122, 2010).
42
3.2.2.2 Capacidade de carga estrutural para estacas metálicas
Nota-se que em estacas metálicas comprimidas e totalmente enterradas não
ocorre o fenômeno da flambagem. Logo, a NBR 6122 (2010) exige a verificação
quanto à flambagem quando as estacas tiverem sua cota de arrasamento acima do
nível do terreno, levada em conta a eventual erosão ou atravessar solos moles
(GERDAU, 2006).
De acordo com a NBR 6122 (2010), o cálculo da capacidade de carga
estrutural deve ser efetuado segundo a NBR 8800 (2008).
Logo, a carga estrutural pode ser computada como sendo:
Restrutural = (3.2)
Onde:
Restrutural = capacidade de carga estrutural do perfil metálico (kgf);
fy = tensão de escoamento do aço (kgf/cm²);
Aútil = área útil da seção do perfil metálico (cm²);
FS = fator de segurança adotado.
A NBR 6122 (2010) cita que as fundações profundas devem ser
dimensionadas com um fator de segurança maior ou igual a FS=2,0, porém é
possível trabalhar com o fator de segurança de FS=1,6, desde que seja executada
uma prova de carga estática prévia nas estacas que serão utilizadas no projeto de
fundações.
Pelo fato dos fatores de segurança exigidos pela NBR 6122 (2010) serem
maiores que os da NBR 8800 (2008), devem-se seguir as exigências determinadas
pela NBR 6122 (2010).
3.2.2.3 Capacidade de carga geotécnica à compressão para estacas
metálicas
No Brasil, a previsão da capacidade de carga geotécnica à compressão é
comumente realizada por meio de métodos semiempíricos, cuja origem se deu em
1975, quando então foi proposto o primeiro método brasileiro apresentado por Aoki e
Velloso. Desde então, vários autores apresentaram outros métodos, existindo hoje
uma experiência razoável dos profissionais que atuam na área de fundações
(GERDAU, 2006).
Atualmente no Brasil, a capacidade de carga geotécnica de estacas com
perfis metálicos tem sido objeto de estudo de diversos autores nos últimos anos, tais
43
como Rocha et al (2006), Gusmão (2006), Falconi et al (2008), Alonso (2008), Polido
et al (2008), Nogueira (2006), etc. Os resultados destas pesquisas têm mostrado
que, é fundamental considerar como ocorre a transferência de carga da estaca para
o terreno para a determinação da capacidade de carga geotécnica à compressão,
sendo possível ocorrer esta transferência por três modos diferentes:
Transferência de carga predominantemente por atrito lateral;
Transferência de carga por atrito lateral e ponta;
Transferência de carga predominantemente por ponta.
De acordo com Polido et al (2008), estacas metálicas longas que trabalham
predominantemente por atrito lateral, apresentam tensões de trabalho próximas ou
igual à capacidade de carga estrutural da estaca com resultados satisfatórios.
Entretanto, estacas longas que apresentam a transferência de carga
predominantemente por ponta, tendem a apresentar valores de tensões de trabalho
inferiores à capacidade de carga estrutural dos perfis metálicos, onerando os custos
das fundações.
Em geral, os métodos semiempíricos partem do pressuposto que a carga de
ruptura geotécnica à compressão é composta pela soma da parcela da resistência
lateral e resistência de ponta. No entanto, para estacas metálicas a área lateral e de
ponta a serem consideradas, dependem do tipo de solo onde as mesmas estão
cravadas, pois pode ocorrer o fenômeno do embuchamento nas mesmas.
De acordo com Langone (2012), as estacas metálicas por possuírem formas
geométricas como seção “H”, tubos metálicos vazados, ou ainda trilhos de trem
desgastados, ocasiona o questionamento quanto às áreas (ponta e lateral) a serem
utilizadas nos métodos de previsão de capacidade de carga.
Salgado (2006) chama a atenção de que o fenômeno do embuchamento não
ocorre em perfis “I” ou “H” cravados em areia, logo se tem para o atrito lateral, todo o
perímetro colado e para a base, apenas a área efetiva de aço. Contudo, o fenômeno
do embuchamento ocorre em argilas moles, onde se deve considerar a área formada
pelo contorno do retângulo envolvente à seção e para a resistência lateral a área
formada pelo perímetro do mesmo retângulo. Porém, para o caso de estacas
cravadas em argila rijas, o mesmo autor propõe utilizar a área do retângulo
envolvente para a resistência de ponta e a área lateral total do perfil para a
resistência de atrito (Figura 3.5).
44
Figura 3.5: Áreas para o cálculo de resistência de ponta e lateral para uma estaca metálica perfil “H” (a) areia, (b) argila mole e (c) argila rija. Linhas sólidas indicam área para o cálculo de atrito lateral. Área sombreada para o cálculo da resistência de ponta (SALGADO, 2006).
Segundo Alonso (1998), o ganho de área usado para calcular a resistência de
ponta é tão significativo que autores consideram a área de ponta igual à área
retangular que circunda estacas metálicas em perfis “I” ou “H”. Contudo, tal
consideração deve ser cuidadosamente avaliada, visto que o fenômeno do
embuchamento não pode ser medido, confirmado, ou até mesmo não ocorrer, além
de não ser equivalente em estacas de pontas fechadas.
Langone (2012) estudou o comportamento de estacas metálicas cravadas na
cidade de Porto Alegre/RS, e verificou uma grande variação de capacidades de
cargas obtidas por diversos métodos semiempíricos, quando comparados com os
resultados de provas de carga estática. Segundo o autor, estas discrepâncias se
devem, provavelmente, ao critério total de embuchamento total das estacas.
3.2.3 Estacas mistas
A NBR 6122 (2010) define estaca mista como: “estaca constituída por dois
segmentos de materiais diferentes (madeira, aço, concreto pré-moldado, concreto
moldado in loco, etc.)”.
Sendo assim, estacas pré-fabricadas, seja de madeira, concreto armado ou
protendido ou metálica, podem ser utilizadas como um único elemento estrutural
para a fundação ou pela associação de no máximo dois desses elementos, quando
desta maneira pode ser definida como estaca mista.
De acordo com Gonçalves et al (2012), o uso de estacas mistas como
solução de fundações profundas não se trata de novidade, embora seu uso é muito
pouco utilizado devido a uma série de dogmas e, pincipalmente, à escassez de
informações de cunho técnico que possibilitem aos diversos profissionais da área de
45
execução e projetos de fundações envolvidos, analisarem-nas e tirarem suas
próprias conclusões, a fim de que possam confiar neste tipo de solução.
Neto et al (2012) afirmam que visando a melhor opção técnica, produtiva e
econômica, optou-se pelo o uso de estacas mistas de concreto pré-moldado e
metálica para a obra do Cais de Atracação e Retroárea portuária do Terminal de
Contêineres da Margem Direita do Porto de Santos/SP.
Outra vantagem da sua utilização, além da questão econômica citada por
Neto et al (2012), é a possibilidade de cravar estacas mistas em camadas de argilas
médias e duras, pois a adoção de estacas pré-moldadas de concreto ou madeira
para este tipo de terreno poderia ocasionar inúmeras quebras de estacas, gerando
necessidade de reforços e, por consequência, aumento dos custos das fundações.
Neste caso, adota-se uma ponta metálica, que possui maior ductilidade,
associado ao fuste da estaca de concreto no trecho de solo de menor resistência. O
objetivo desta ponteira metálica (Figura 3.6) solidarizada à ponta é possibilitar a
cravação da estaca através destas camadas de argila com maior resistência, de tal
forma que o comprimento definido no projeto seja atingido sem ocasionar
levantamento das estacas vizinhas durante o processo de cravação, e também
garantir o engaste desta ponta em rocha, desde que sua superfície não seja
inclinada.
Figura 3.6: Estacas com ponteira metálica (GONÇALVES et al, 2012).
A Figura 3.7 mostra um procedimento adotado em obras portuárias, onde as
dimensões das estacas são significamente superiores às estacas utilizadas em
obras residenciais, onde não raramente são inseridas ponteiras metálicas com
dimensões muito próximas das estacas utilizadas. Neste caso, a finalidade do uso
da ponteira metálica é proporcionar o embutimento e o engaste da ponta da estaca
em solos de elevada resistência, ou seja, de difícil penetração.
46
Figura 3.7: Estacas com ponteira metálica para obras portuárias (GONÇALVES et al, 2012).
A Figura 3.8 apresenta mais alguns tipos de estacas mistas com diversas
configurações.
Figura 3.8: Exemplos de estacas mistas (ALONSO, 1998).
3.3 Tipos de fundações na cidade do Recife/PE
Com o aquecimento da economia a partir dos anos 2000, equipamentos de
fundações de grande porte, que até então eram somente encontrados na região do
eixo Rio de Janeiro – São Paulo, chegaram à cidade do Recife. Logo, o custo da
mobilização de equipamentos necessários para a execução de obras de fundações
passou a ser colocado em segundo plano pelo empreendedor, visto que a
constituição do solo de muitas localidades da cidade do Recife de bastante
complexibilidade (argilas orgânicas muito moles, por exemplo) poderia inviabilizar
tecnicamente o empreendimento.
47
De acordo com Santos et al, (2012), as soluções de fundações executadas na
cidade do Recife são basicamente divididas em dois grupos:
Fundações profundas: estacas tipo hélice contínua, pré-moldadas em
concreto, metálicas, tipo Franki e raiz;
Fundações superficiais: sapatas assentes em terrenos melhorados e
radier.
Devido ao nível do lençol freático se encontrar muito próximo da superfície do
terreno, o uso de fundações em tubulões a céu aberto é pouco frequente. Até
mesmo as pontes construídas recentemente na cidade, essa solução tem sido
preterida pelas estacas.
A Tabela 3.4 retrata a evolução da adoção de fundações profundas na cidade
do Recife, entre os anos de 2000 e 2010.
Tabela 3.4: Quantitativo dos tipos de fundações na cidade do Recife entre 2000 e 2010 (SANTOS et al, 2012).
De acordo com Santos et al, (2012), houve um aumento expressivo na
utilização de estacas do tipo hélice contínua nos últimos anos em Recife, visto que
por apresentar um processo executivo rápido e “silencioso”, condiciona esta solução
a ser adotada em detrimento às existentes no mercado. Entretanto, apresenta como
limitação seu uso em espessas camadas de argila mole e profundidades com
capacidade de suporte do solo maior que 30 m, devido à limitação dos
equipamentos existentes na região. A Figura 3.9 ilustra a evolução do número de
obras que foram realizadas fundações em estacas do tipo hélice contínua entre 2000
e 2010.
48
Figura 3.9: Evolução do número de obras em estacas tipo hélice contínua na cidade do Recife entre 2000 e 2010 (SANTOS et al, 2012).
De acordo com a Tabela 3.4, o uso de estacas tipo Franki sofreu uma queda
acentuada entre 2000 e 2010 no mercado recifense (Figura 3.10), atribuído
principalmente ao seu processo executivo, que produz ruídos e vibrações relevantes
na vizinhança, além de um período de execução elevado para os dias de hoje.
Figura 3.10: Evolução do número de obras em estacas tipo Franki na cidade do Recife entre 2000 e 2010 (SANTOS et al, 2012).
As estacas pré-moldadas possuem grande domínio no mercado de fundações
profundas em Recife, pois seu uso se aplica em obras de pequeno e médio porte.
No entanto, a adoção deste tipo de solução fica limitada em solos de profundidade
elevada que apresenta picos de resistência (NSPT >30 golpes/30 cm), podendo levar
a mesma à quebra (GUSMÃO, 2005).
49
Embora ainda limitado pelo alto custo dos perfis laminados, as estacas
metálicas ganharam espaço no mercado de fundações do Recife. Seu uso é
corrente em edifícios de elevado porte que apresentam esforços horizontais de
grande magnitude (devido ao efeito do vento). Além disso, sua utilização é quase
certa em camadas resistentes a altas profundidades (acima de 30 metros) quando
comparada a outros tipos de soluções de fundações (Santos et al, 2012).
O uso de estaca raiz não é muito comum, sendo esta solução somente
necessária quando se precisa engastar a ponta da estaca em camadas de rochas
resistentes. Entretanto, este tipo de perfil geológico não é encontrado na cidade do
Recife.
Mesmo com a adoção de técnicas de melhoramento de terreno com estacas
de areia ou em brita, brita e cimento e sapatas assentadas no próprio terreno
natural, o mercado de fundações superficiais de sapata apresentou pouca variação
no número de obras entre 2000 e 2010. Diversas sondagens com ensaio SPT em
várias localidades do Recife, executadas nestes dez anos, mostraram espessas
camadas de solos moles, que acabam por inviabilizar a adoção do uso de sapatas
como solução de fundações, pois os elevados recalques diferenciais que podem
ocorrer não são compatíveis com o projeto estrutural.
Figura 3.11: Evolução da frequência do tipo de fundação superficial na cidade do Recife entre 2000 e 2010 (SANTOS et al, 2012).
Embora as condições geotécnicas do solo local não forneçam elementos
técnicos para a adoção de fundações superficiais, a partir do ano de 2009 houve um
aumento significativo no uso de fundação do tipo radier, devido em grande parte aos
programas de moradia habitacional patrocinado pelo governo federal, como por
exemplo, o programa Minha Casa Minha Vida.
50
A Figura 3.12 mostra a evolução do emprego de radier entre o ano de 2000 e
2010.
Figura 3.12: Evolução do número de obras em radier na cidade do Recife entre 2000 e 2010 (SANTOS et al, 2012).
3.4 Instrumentação em estacas
A adoção da técnica de instrumentação ao longo do fuste das estacas
proporciona a medição dos valores de resistência lateral e ponta, em cada estágio
do carregamento. Logo, é possível analisar com mais detalhes, como ocorre o
processo de dissipação da carga em profundidade na camada de solo. Contudo,
somente com a mão-de-obra técnica especializada, preparação e instalação da
instrumentação, e na aquisição dos dados obtidos é possível garantir a
confiabilidade dos dados coletados.
França (2011) justifica em seu trabalho que a adoção de provas de carga
estática instrumentadas em profundidade é a técnica mais recomendada para
compreender melhor o mecanismo de transferência de carga em fundações
profundas, bem como a distribuição do atrito lateral, sendo ainda possível obter a
curva carga vs recalque e a consequente carga de ruptura, por ser uma técnica
muito confiável.
De acordo com Albuquerque e Melo (2014), a análise de comportamento de
transferência de carga de fundações profundas tem se tornado cada vez mais
importante na engenharia de fundações, e para isso, pode-se utilizar dentre várias
técnicas, o emprego de extensômetros elétricos de resistência (strain-gages).
51
Outras técnicas de instrumentação podem ser utilizadas em provas de carga
estática, tais como instrumentação com o tell tales, células expansivas ou
micrômetros deslizantes, porém será dada uma maior abordagem à instrumentação
com o emprego de strain-gages, cuja técnica foi utilizada neste estudo.
3.4.1 Extensômetros elétricos (strain gages)
Segundo Hoffman (1989), os extensômetros elétricos não são dispositivos
recentes, pois se tem conhecimento de sua existência desde a década de 30. São
constituídos basicamente por uma resistência elétrica tênue, com dois terminais,
montado sobre um suporte, que serve como isolante, de papel ou resina plástica e
coberta por uma capa de feltro ou de mesmo material do suporte.
Por serem sensíveis, os extensômetros elétricos transformam pequenas
deformações em variações equivalentes de sua resistência elétrica. O objetivo de
seu uso é de se medir e registrar o fenômeno da deformação como sendo uma
grandeza elétrica (ALBUQUERQUE E MELO, 2014).
De acordo com França (2011), o princípio do funcionamento dos
extensômetros elétricos é baseado na variação da resistência elétrica de um circuito
quando submetido a uma deformação. O Físico Sir Charles Wheatstone elaborou
uma ponte para a medição de pequenas variações de resistência, fato que ocorre
nos extensômetros. A Figura 3.13 representa a ponte Wheatstone.
Figura 3.13: Ponte de Wheatstone.
Onde:
VE = Tensão de entrada (mV);
VA = Tensão de saída (mV);
Ri = Resistência de cada ramo da ponte (Ω);
52
A Ponte de Wheatstone possui basicamente quatro resistores, sendo ligados
em série dois a dois e posteriormente ligados em paralelo, que estão ligados a uma
fonte de corrente elétrica e um galvanômetro.
A deformação depende da tensão aplicada e das características do material
do corpo solicitado, tais como limite de resistência, limite de proporcionalidade e
limite de escoamento. Como a maioria dos processos de cálculos são baseados em
tensões, torna-se necessário transformar o efeito das deformações, que podem ser
medidas, em tensões. A deformação em qualquer direção é composta por três
parcelas: deformação pelo efeito de Poisson, deformação causada pelo efeito da
temperatura e a deformação primária relacionada com a tensão naquela direção.
Devido ao dispositivo ser colado na superfície, o valor da resistência elétrica
varia proporcionalmente conforme a peça sofre deformação, logo o principal
problema passa a ser a umidade. Entretanto, o uso de técnicas de colagem e
impermeabilização consegue proteger os extensômetros contra a umidade,
promovendo de certo modo a permanência do zero.
A variação da temperatura corresponde a um dos mais importantes fatores a
serem considerados no uso de strain-gages por dois motivos: a diferença de
alongamento existente entre a peça, o suporte da grade e a grade propriamente dita
e a variação de resistividade com a temperatura.
Os resultados da medição alteram a medida que ocorre a variação da
temperatura, logo esta variação influencia a expansão linear do material e do fio do
extensômetro e também a variação da resistência específica do fio. A Equação 3.3
calcula a expansão livre do extênsômetro e do material:
ΔL = L0 . αL . Δt (3.3)
Onde:
ΔL = variação de comprimento do fio do extensômetro (m);
L0 = comprimento inicial do fio (m);
αL = coeficiente de dilatação do material ou coeficiente de resistividade (°C-1);
Δt = variação de temperatura (°C).
Os efeitos da temperatura podem ser minimizados de acordo com dois tipos
distintos de montagem dos strain-gages nas pontes resistivas: montagem de dois
cabos (meia ponte), montagem de três cabos (1/4 de ponte) e ponte completa.
A deformação aplicada ao extensômetro deve ser a mais próxima possível da
deformação da peça analisada. O cálculo da deformação da peça pode ser
53
calculado pela Equação 3.4, de acordo com a resistência e o coeficiente de
sensibilidade da peça, ambos fornecidos pelo fabricante.
Ɛ = = (3.4)
Onde:
Ɛ = deformação da peça analisada;
ΔR = variação de resistência do extensômetro medida na Ponte de
Wheatstone (Ω);
R = resistência inicial do extensômetro medida na Ponte de Wheatstone (Ω);
K = coeficiente de sensibilidade do material fornecido pelo fabricante.
Logo, fazendo-se a conexão do extensômetro na Ponte de Wheatstone é
possível medir, com grande precisão, pequenas deformações.
As Figuras 3.14 a 3.18 mostram alguns tipos de ligação que podem ser
realizadas.
Figura 3.14: Ligação 1/4 de ponte – 2 fios (PAULINO, 2011).
Figura 3.15: Ligação 1/4 de ponte – 3 fios (PAULINO, 2011).
54
Figura 3.16: Ligação 1/2 de ponte – ativo / passivo (PAULINO, 2011).
Figura 3.17: Ligação 1/2 de ponte – ativo / ativo (PAULINO, 2011).
Figura 3.18: Ligação ponte completa (PAULINO, 2011).
O tipo de ligação a ser adotado depende do tipo de sinal que se deseja obter,
ou seja, esforços axiais, momento, torção e temperatura. Entretanto, se houver falha
no esquema de ligação, corre-se o risco de se obter uma somatória de sinais, tais
como axial e momento, axial e temperatura, ou qualquer momento e temperatura.
Desta forma, a leitura obtida não corresponderá às deformações reais que
acontecem na peça submetida ao ensaio.
De maneira geral, pode-se dizer que na ligação em 1/4 de ponte se obtém
uma somatória de esforços axiais, momento e temperatura, sendo este último
corrigido caso se adote a técnica de dos três fios. Na ligação de 1/2 ponte é possível
obter a soma de momento e axial, eliminando neste caso o efeito de temperatura. Na
ponte completa é possível eliminar o efeito da temperatura e o esforço que se deseja
excluir.
55
Um ponto importante a ser analisado na ligação de 1/4 de ponte é a questão
do desvio de linearidade (Figura 3.19).
Figura 3.19: Desvio de linearidade na ligação de 1/4 de ponte (ALBUQUERQUE E MELO, 2014).
De acordo com Hoffman (1989), neste tipo de ligação há um desvio de
linearidade no trecho inicial e final de um ciclo de carregamento. Este fator é
importante e seus efeitos devem ser levados em consideração no planejamento do
processo de instrumentação.
Outro fator a ser observado com cuidado é o fenômeno da histerese,
caracterizada pelo erro de um transdutor que surge quando se executa leituras de
carga e descarga. Geralmente, uma mesma carga lida no sentido descendente
(descarregamento) é maior que a sua equivalente no sentido do carregamento
(Figura 3.20).
56
Figura 3.20: Fenômeno da histerese (ALBUQUERQUE E MELO, 2014).
3.4.2 Instrumentação em estacas pré-moldadas de concreto
O processo executivo de instrumentação em estacas pré-moldadas é mais
simples quando comparada com a instrumentação em estacas metálicas, visto que
todo o conjunto da instrumentação é colocado no interior da estaca, ocasionando de
certa maneira a proteção dos sensores.
Na sua pesquisa de mestrado, Albuquerque (1996) instrumentou uma estaca
pré-moldada de concreto protendido, seção circular, com diâmetro de 0,18 m,
visando compreender o mecanismo de transferência de carga após a execução de
duas provas de carga na mesma estaca, dentro de um intervalo de 44 dias. A
instalação da instrumentação ocorreu durante a fase de fabricação da estaca pré-
moldada, visto que a instalação de uma bainha de aço corrugado, executada nesta
etapa, permitiu que as barras instrumentadas pudessem ser inseridas
centralizadamente à estaca, após o término da sua cravação. A união entre a
instrumentação e à estaca se deu por meio da injeção de calda de cimento através
da bainha.
Menezes (2004) apresenta resultados de provas de cargas instrumentadas à
compressão e carregamento horizontal em oito estacas pré-moldadas de concreto,
executadas em solos porosos na região central do Brasil. Para a realização das
provas de carga horizontais, instrumentou-se a estaca em oito níveis de
profundidade, as quais mediram sua inclinação. Para as provas de carga à
compressão, inseriram-se 5 barras instrumentadas ao longo do fuste da estaca,
sendo o primeiro nível instalado próximo à cabeça da estaca e livre das camadas
57
iniciais de solo, objetivando a determinação do Módulo de Young da estaca inserida
no solo.
Langone (2012) analisa em seu trabalho os dados da instrumentação de dez
estacas pré-moldadas de concreto, com diâmetros entre 0,28 m e 0,80 m, com
seções circulares vazadas e quadradas maciças, cujo objetivo fora comparar os
valores de resistência lateral e de ponta, estes gerados através da instrumentação,
com os valores obtidos a partir de métodos semiempíricos baseados em ensaios
SPT e CPT.
Soares (2006) instrumentou diversas estacas pré-moldadas cravadas em
depósitos de argila mole na região do Recife/PE, porém não obtendo resultados
confiáveis da instrumentação de algumas estacas, seja por falha ou danificação da
instrumentação durante o processo de cravação das estacas, o que mostra que este
processo deve ser realizado rigorosamente.
3.4.3 Instrumentação em estacas metálicas
A instrumentação em estacas metálicas tem sido adotada por diversos
pesquisadores em seus trabalhos, visto que é uma ferramenta que retrata a
interação solo-estaca o mais próximo do real.
A determinação das parcelas de resistência por atrito lateral e de ponta de
uma estaca metálica requer a execução de provas de carga estática, e
preferencialmente instrumentadas em profundidade. Polido et al (2008) apresentam
os resultados de duas provas de carga instrumentadas em profundidade, onde os
resultados da instrumentação revelaram que a transferência de carga ocorreu
predominantemente por atrito lateral.
Polido et al (2012) citam o caso de uma prova de carga em estaca metálica à
compressão cravada até o impenetrável, com nega muito próxima de zero, e
instrumentada com cinco níveis com strain-gages, onde, embora tenha sido tomado
o máximo de cuidado, os resultados obtidos da instrumentação em profundidade se
mostraram inconsistentes.
Face à grande dificuldade de se instrumentar estacas metálicas cravadas até
o impenetrável, tem sido empregada a técnica de instrumentar estacas pilotos em
provas de carga estática. Polido et al (2012) adotaram esta técnica em duas provas
de carga estática à compressão numa obra em Vitória/ES, em duas estacas pilotos
similares, de perfil metálico W200x41,7 da Gerdau Açominas, constituídas de aço
58
ASTM A572 grau 50, com tensão de escoamento fy = 345 MPa, cujos objetivos
foram determinar as parcelas de resistência de atrito lateral e resistência de ponta, e
analisar a questão da geometria da seção da estaca a ser utilizada para o cálculo da
capacidade de carga geotécnica à compressão através de métodos semiempíricos.
Proteger os sensores durante a cravação do elemento metálico é um grande
desafio que requer muitos cuidados, visto que sua fixação ao nível pré-determinado
é realizado na parte externa da estaca, ao contrário do que ocorre nas estacas
moldadas in loco. Logo, muitas instrumentações em perfis metálicos não fornecem
leituras condizentes com a realidade, devido ao dano no sensor e aos cabos durante
o processo de introdução da estaca no solo.
Outro cuidado a ser tomado na instrumentação de estacas metálicas é a
execução de soldas muito próximas aos sensores, visto que o calor gerado por este
processo pode danificá-los e comprometer a funcionalidade dos mesmos.
Recomenda-se executar as soldas anteriormente à instalação dos sensores.
Poucos trabalhos sobre esta técnica foram encontrados na literatura de
maneira geral.
3.5 Cravação de estacas de fundação
De acordo com Santos (2000), o processo de cravação de estacas como
elementos de fundação para determinadas estruturas é uma prática antiga, como por
exemplo, palafitas de madeira encontradas em regiões lacustres datadas da idade
pré-histórica. Ao longo do tempo, os materiais de construção utilizados bem como os
processos construtivos têm sido objeto de sucessivos melhoramentos, devido ao
aumento do porte das edificações e a minimização da relação custo benefício.
Paikowsky & Chermauskas (1992) citam que arqueólogos encontraram
estacas de madeira, totalmente íntegras, com idades estimadas de 2000 a 4000
anos, na região de Lake Constance, entre a Suíça e a Alemanha. Ainda segundo os
autores, existem estacas cravadas com idade entre 1000 e 1300 anos em Amsterdã
e Veneza.
Dentre as inúmeras criações de Leonardo da Vinci (1452-1519) consta uma
“máquina de cravar estacas”, cujo modelo se encontra exposto no museu Nacional
da Ciência e Tecnologia de Milão, na Itália.
A partir do século XIX, com o advento da revolução industrial, ocorreu um
intenso desenvolvimento de equipamentos movidos à combustão vegetal, que
59
geravam vapor, como por exemplo, locomotivas a vapor. Neste cenário, surgiram os
primeiros bate-estacas a guincho, com propulsão a vapor, eliminando a necessidade
de energia humana e animal para a execução deste trabalho.
Atualmente, o sistema de cravação que utiliza o vapor como fonte de energia
foi substituído por equipamentos movidos à energia a ar comprimido.
De acordo com Paraíso e Costa (2012), no início do século XIX se iniciou a
era dos martelos mecânicos, entretanto martelo movidos a vapor são utilizados
especificamente na cravação de estacas tubulares de aço de grande diâmetro
utilizadas como fundações para plataformas off shore, constituídos de peso de até
200 toneladas com altura de queda padrão de 1,2 m.
A Alemanha foi pioneira na fabricação de martelos a diesel no início da
década de 1920, sendo que após a segunda guerra mundial os Estados Unidos
começaram a produzir estes equipamentos.
No Brasil, os martelos a diesel, tradicionalmente utilizados, são fabricados
pela KOBE, DELMAG, PILECO, entre outros.
Com relação aos martelos hidráulicos, considerados martelos de última
geração, sabe-se que o primeiro equipamento fora fabricado nos países
escandinavos, na década de 1960, utilizado para cravar estacas pré-moldadas de
concreto. O grande peso do martelo associado à baixa altura de queda confere
baixa velocidade de impacto nas estacas.
Martelos Hidráulicos de elevado desempenho se apresentam no mercado de
fundações como opção extremamente atraente do ponto de vista da relação custo-
benefício, e capacitados a cravar estacas pré-moldadas de concreto e de aço de
qualquer natureza. Observa-se ainda que em vários modelos, os martelos
hidráulicos estão equipados com sistema computacional que permite medir a
velocidade de impacto e consequentemente a energia cinética (Ek) no momento do
golpe, permitindo avaliar a sua real eficiência quando da obtenção da energia
transferida através da instrumentação PDA (PARAÍSO E COSTA, 2012).
Dentre as principais empresas fabricantes de martelos hidráulicos, destacam-
se a IHC, BANUT, MENCK, BSP, ICE, JUTTAN, dentre outros, com opção de até
150 toneladas de peso e cravação subaquática.
Com relação aos martelos vibratórios, observou-se que os primeiros foram
fabricados na antiga União Soviética antes e durante a segunda guerra mundial.
Após o término do evento, os Estados Unidos da América entraram fortemente no
60
mercado de fabricação, oferecendo como opção martelos com força centrífuga de
até 4000 kN. Entretanto, no Brasil a utilização de martelos vibratórios vem crescendo
nos últimos anos. A Tabela 3.5 mostra algumas comparações de martelos utilizados
na cravação de estacas.
Tabela 3.5: Análise comparativa entre martelos utilizados para a cravação de estacas (PARAÍSO E COSTA, 2012).
Quanto ao tipo de energia utilizado para a cavação das estacas, destacam-se
dois tipos: energia potencial (Ep) ou energia cinética (Ek), mediada em um
infinitésimo de tempo de segundo.
Do ponto de vista matemático, energia é definida como produto de uma força
por uma distância percorrida na mesma direção da força. Logo, a energia potencial
(Ep) de um martelo é dada por:
Ep = Pm . h (3.5)
Onde: Pm = Peso do martelo (kN);
h = altura de queda do martelo (m).
O trabalho dado pelo martelo em queda livre percorrendo a distância h
corresponde a energia cinética (Ek), quando então a energia potencial (Ep) se
transforma em energia cinética (Ek), sendo a energia potencial igualada a zero no
final do processo:
Ek = . . vi²; (3.6)
Onde: g = aceleração da gravidade (m/s²);
Vi = (velocidade de impacto sem perdas) (m/s) (3.7)
61
No entanto, ocorrem perdas de atrito na queda livre, considera-se então:
Ep =( . h) . ƞ (3.8)
Onde: ƞ = fator de eficiência.
Assim sendo, tem-se como condição real:
V0 = (3.9)
Ek = . . v0² (3.10)
A aquisição de dados de deformação específica e aceleração medida próximo
ao topo das estacas podem ser obtidas através do ensaio de carregamento dinâmico
PDA (Pile Driving Analyzer), os quais são convertidos em força (F) e velocidade (v),
respectivamente. Desta maneira, é possível calcular a energia real transferida (EMX)
na estaca para cada golpe específico, dado por:
E(t) = (3.11)
O máximo valor de E(t) na curva é a informação mais importante que
determina o desempenho do sistema de cravação e acessórios operacionais de
amortecimento.
Também denominado de ENTHRU, o valor máximo de EMX na curva permite
classificar o sistema de cravação pela eficiência de energia transferida às estacas.
De acordo com Fellenius (2009), a relação entre o valor de EMX e Ep ou Ek
(caso medida no impacto), define a eficiência global do sistema de cravação ETR
(Energy Transfer Ratio):
ETR = = (3.12)
Vale ressaltar a importância da energia potencial disponível (Ep) especificada
pelos fabricantes de martelos diesel, hidráulicos, etc, disponibilizada nos catálogos,
pois esta informação é fundamental para se prever o comportamento operacional do
bate-estaca na obra.
Além disso, sabe-se que nos catálogos referentes aos fabricantes de martelos
hidráulicos de elevado desempenho, frequentemente, encontram-se informações de
eficiência, denominada por hamer efficiency (eh), definida na relação entre a energia
cinética (Ek) no momento do impacto e a energia cinética ideal, função da velocidade
de impacto (FELLENIUS, 2009).
62
Entretanto, a velocidade de queda ideal seria aquela que ocorresse sem
perdas, ou seja, queda livre no vácuo, o que é praticamente impossível.
As Figuras 3.21 a 3.26 apresentam os resultados estatísticos que configuram
o desempenho de martelos a diesel, a ar comprimido (a vapor) e hidráulico na
cravação de estacas pré-moldadas de concreto, madeira e aço nos EUA.
Nas figuras supracitadas os valores encontrados na abcissa corresponde a
eficiência para uma amostra de N estacas cravadas, sendo o eixo da ordenadas
correspondente a frequência de uma determinada eficiência:
Figura 3.21: Dados estatísticos de eficiência de martelos a diesel utilizados para cravar
estacas pré-moldadas de concreto e estacas de madeira (GRL ENGINNERS, 2009).
63
Figura 3.22: Dados estatísticos de eficiência de martelos a diesel utilizados para cravar
estacas metálicas (GRL ENGINNERS, 2009).
Figura 3.23: Dados estatísticos de eficiência de martelos a ar comprimido para cravar
estacas pré-moldadas de concreto e estacas de madeira (GRL ENGINNERS, 2009).
64
Figura 3.24: Dados estatísticos de eficiência de martelos a ar comprimido para cravar
estacas metálicas (GRL ENGINNERS, 2009).
Figura 3.25: Dados estatísticos de eficiência de martelos hidráulicos para cravar estacas
pré-moldadas de concreto e estacas de madeira (GRL ENGINNERS, 2009).
65
Figura 3.26: Dados estatísticos de eficiência de martelos hidráulicos para cravar estacas
metálicas (GRL ENGINNERS, 2009).
Em relação às figuras anteriores, observa-se que os martelos hidráulicos se
mostram mais eficientes, sendo os martelos a diesel menos eficientes, pois na pré-
compressão se perde de 20 a 30% da energia potencial disponível, quando ainda
nem se quer ocorreu o impacto na cabeça da estaca.
Fellenius (2009) cita que martelos de queda livre acionados a cabo com um
guincho mecânico apresentam eficiência de no máximo 50%, sendo este dado
confirmado na prática de estacas cravadas com este martelo no Brasil.
3.5.1 Cravação de estacas em solos arenosos
De acordo com Tomlison (1957, 1970, 1971), estacas cravadas em solos
arenosos (areias ou areias com pedregulhos) permitem que no instante da cravação
estes solos sejam empurrados para baixo até uma profundidade limitada, gerando
uma película de areia ou mistura de areia e argila compacta em torno do fuste. Esta
película possui alto valor de atrito lateral, de modo que estacas cravadas a
penetrações de menos de 20 diâmetros dentro de solos coesivos rijos, podem
apresentar uma resistência devido ao atrito que excede em 1,25 vezes a resistência
não drenada ao cisalhamento do solo. Porém, esta resistência diminui conforme a
profundidade de penetração aumenta, e o coeficiente de adesão tende a diminuir
66
com o aumento da resistência ao cisalhamento do solo (SIMONS & MENZIES,
1981).
Segundo Velloso e Lopes (2002), estacas cravadas em solos arenosos ou
granulares, com pouca a média compacidade, causam uma compactação destes
solos à medida que o volume da estaca, introduzida no terreno, acarreta uma
redução no índice de vazios (Figura 3.27).
Figura 3.27: Efeitos da cravação em solos arenosos (VELLOSO E LOPES, 2002).
3.5.2 Cravação de estacas em solos argilosos saturados
Segundo Simons & Menzies (1981), o processo de cravação de estacas em
solos argilosos (argilas ou siltes moles) promove a formação de uma película em
volta do fuste da estaca que é empurrada para baixo até uma profundidade limitada.
Devido ao adensamento, esta película tende a aumentar a resistência da estaca ao
cisalhamento.
Observa-se em estacas cravadas em solos argilosos o deslocamento do
mesmo volume de solo que a própria estaca. Durante o processo de cravação de
estacas nestes solos saturados, formam-se no subsolo poropressões ao longo do
67
fuste da estaca devido à baixa permeabilidade da argila, onde estes excessos de
poropressão ou amolgamento se dissipam logo após a execução da cravação
(VELLOSO E LOPPES, 2002).
Figura 3.28: Efeitos da cravação em solos argilosos saturados (VELLOSO E LOPES, 2002).
3.5.3 Recomendações para o processo de cravação de estacas
Embora a NBR6122 (2010) faça menção de que o processo de cravação de
estacas pré-moldadas de concreto possa der realizada por prensagem ou vibração,
na prática isso costuma ser feito por percussão.
De acordo com a NBR6122 (2010), a escolha do equipamento para a
cravação deve ser determinada de acordo com o tipo e dimensão da estaca,
características do solo, condições da vizinhança, características do projeto e
peculiaridades do local.
Ainda, a NBR6122 (2010) afirma que o sistema de cravação deve ser
dimensionado de modo a garantir que a estaca atinja a profundidade determinada no
projeto, sem danificá-la. Logo, o uso de martelo mais pesados, com menor altura de
queda, é mais eficiente do que o de martelos mais leves, com grande altura de
queda, mantendo o mesmo sistema de amortecimento.
No campo técnico, há um consenso entre diversos profissionais onde os
mesmos recomendam que para a cravação de estacas pré-fabricadas por
68
percussão, para a carga de trabalho de até 1,3 MN, quando empregado o martelo do
tipo queda livre, a relação entre o peso do martelo e o peso da estaca deve ser o
maior possível, não se utilizando martelos com peso inferior a 18 kN, nem relação
entre o peso do martelo e o peso da estaca inferior a 0,75.
Entretanto, a relação entre o peso do martelo e a carga admissível da estaca
a ser cravada é válida desde que sejam atendidas as seguintes condições:
Martelos com peso não inferior a 40 kN para estacas com carga
admissível maior ou igual a 0,7 MN;
Para estacas cuja carga de trabalho seja superior a 1,3 MN, a escolha
do sistema de cravação deverá ser analisada em cada caso. Ainda
persistindo dúvidas sobre a capacidade de carga da estaca, devem-se
ser executadas provas de carga estática ou ensaios de carregamentos
dinâmicos para a validação dos resultados.
Recomenda-se a execução de um estudo da cravabilidade das estacas pré-
moldadas de concreto no terreno, a fim de que se possa adotar o equipamento
adequado a esta tarefa, sem comprometer a integridade estrutural do elemento. O
uso de martelos leves, com elevadas alturas de queda, pode ocasionar quebras
frequentes dos elementos pré-moldados, decorrentes das excessivas tensões
geradas no processo de cravação.
3.6 Controles de cravação de estacas
3.6.1 Nega e repique
De acordo com Aoki (1986), o controle tradicional de cravação é realizado
através da medida de nega, ou seja, o deslocamento plástico do solo medido no
topo da estaca.
A NBR61122 (2010) define nega como: “medida de penetração permanente
de uma estaca, causada pela aplicação de um golpe de martelo ou pilão, sempre
relacionada com a energia de cravação”. Dada a sua pequena grandeza, em geral é
medida em série de dez golpes.
Segundo Velloso e Lopes (2002), a avaliação à cravação de uma estaca pode
ser realizada por diferentes maneiras, sendo que a forma mais simples consiste em
riscar uma linha horizontal na estaca com uma régua apoiada em dois pontos das
torres do bate estaca. Ocorrido dez golpes, risca-se novamente, mede-se a distância
entre os dois riscos e divide este resultado por dez, obtendo-se a penetração média
por golpe, resultando na nega (Figura 3.29a).
69
Além da maneira de medição de nega descrita no item anterior, pode-se
prender uma folha de papel ao fuste da estaca e no momento do golpe passar um
lápis na horizontal, com o auxílio de uma régua apoiada em pontos fora da estaca.
Neste caso, o lápis deixará marcado no papel o movimento da estaca a receber o
golpe do martelo (Figura 3.29b). Este registro indicará a nega e o repique da estaca
(VIEIRA, 2006).
De acordo com a NBR6122 (2010), define-se repique como: “parcela elástica
do deslocamento máximo de uma estaca decorrente da aplicação de um golpe de
martelo ou pilão”.
Figura 3.29: (a) Medida simples de nega. (b) Medida de nega e repique (VELLOSO E LOPES, 2002).
Ainda segundo a NBR 6122 (2010) leituras de nega e repique devem ser
realizadas em todas as estacas, atendendo-se às condições de segurança.
O registro da nega e do repique pode ser efetuado através de procedimentos
manuais, mecânicos ou eletronicamente, sendo os procedimentos manuais mais
empregados na engenharia de fundações no Brasil. Embora o procedimento de
medida seja fácil de executar, aquelas obtidas pelo processo manual apresentam
grandes limitações, sendo a maior delas a forma do gráfico obtido durante o registro,
pois este sofre grande influência dos deslocamentos horizontais produzidos pelos
impactos do martelo de cavação, além da destreza do técnico neste momento. Outro
ponto desfavorável é o risco de acidentes devido à necessidade de o técnico
permanecer próximo da estaca durante a medição. Logo, tais limitações que
ocorrem na leitura manual de nega e repique fazem com que se obtenha uma
medição imprecisa e arriscada (MAIA, 2008).
O registro das medidas de nega e repique de forma eletrônica ou mecânica
difere do processo manual no princípio do registro dos dados. Em ambos os casos, o
70
deslocamento da estaca é transmitido ao sistema de aquisição de forma mecânica,
sendo no caso dos equipamentos mecânicos o registro efetuado diretamente no
papel. Entretanto, para os eletrônicos, o registro é executado por meio de
transdutores e sistemas de aquisição de dados. Exemplos destes sistemas são
apresentados por Machado e Dionízio (1991) e Aoki et al (1990). Como
desvantagem, em ambos os equipamentos os sistemas são de complexa instalação
e sofisticados, obrigando a necessidade de técnicos com experiência de operação.
A Figura 3.30 mostra os registros de nega e repique executados pelo
processo manual e mecânico.
Figura 3.30: Medida de nega e repique obtidos pelo processo mecânico e manual (MAIA, 2008).
3.6.2 Diagrama de cravação
De acordo com Vieira (2006), o diagrama de cravação é a representação do
registro do número de golpes do martelo necessário para cravar um dado
comprimento de estaca. Este número possui uma relação direta com a nega, pois
através da divisão do comprimento escolhido pelo número de golpes do martelo se
obtém a nega (média daquele comprimento). A Figura 3.31 mostra em exemplo do
registro e o diagrama de cravação de uma estaca metálica.
71
Figura 3.31: Planilha preenchida em campo e representação gráfica do diagrama de cravação (VIEIRA, 2006).
Segundo a NBR 6122 (2010), deve-se elaborar o diagrama de cravação para
100% das estacas cravadas.
De acordo o manual da ABEF (Associação Brasileira de Empresas de
Fundações) (1999), o diagrama de cravação é definido como um documento de
registro do número de golpes necessários para a penetração, em geral 0,5 m, ou 1,0
m. Geralmente, no Brasil é elaborado o diagrama de cravação em intervalor de
medição de 0,5 m, contudo há casos excepcionais que o registro é executado se
adotando intervalos de medição com 1,0 m.
Entretanto, a eficácia do diagrama de cravação como instrumento do controle
do estaqueamento somente será possível, se durante a fase de cravação da estaca
seja mantida a altura de queda do martelo, evitando desta maneira a variação da
energia aplicada à estaca. Alturas menores de queda são utilizadas quando se
devem atravessar camadas de argila mole, onde nestes casos é imprescindível
anotar a nova altura de queda utilizada. Sendo assim, é possível comparar o
diagrama de cravação de uma estaca com a sondagem SPT executada próxima à
estaca, desde que sejam tomados os devidos cuidados (VIEIRA, 2006).
72
3.7 Provas de carga em estacas
A natural dificuldade em conhecer as propriedades dos solos onde as
fundações serão construídas, as alterações das condições iniciais provocadas pela
execução das estacas e o comportamento complexo do conjunto solo-estaca, de
difícil modelagem numérica ou analítica, justificam a necessidade da utilização deste
ensaio em verdadeira grandeza (ALBUQUERQUE, 1996).
As provas de carga promovem a garantia da segurança do desempenho dos
elementos de fundações, visto que, esta confirmação, de acordo com Niyama et al
(1998), é mais complicada do que em qualquer outra etapa da obra, porque não é
possível visualizar os elementos de fundações após sua execução.
Camapum de Carvalho et al (2010) afirmam que o estudo e comportamento
de fundações profundas requerem maior controle, tecnologia e análise, sendo isto
possível somente a partir da execução de provas de carga convencional ou provas
de carga instrumentadas.
Aledi e Polido (2008), também afirmam que a prova de carga é o ensaio mais
confiável para avaliar a capacidade de carga, embora os métodos semiempíricos
desenvolvidos no Brasil tenham se desenvolvidos nas últimas décadas.
De acordo com Décourt (1996), poucas obras de engenharia geotécnica
utilizam provas de carga como elemento de projeto, principalmente por questões de
custos e prazos. Contudo, a dificuldade de se analisar as transferências de carga da
estaca, as alterações iniciais causadas pela execução do elemento de fundação e a
heterogeneidade dos solos justificam a adoção e execução de provas de carga.
Além disto, este ensaio é considerado a forma mais eficiente e correta de se avaliar
o comportamento da curva carga vs recalque e determinação da carga de ruptura.
Segundo Albuquerque (2001), os principais motivos que levam a execução de
provas de carga são:
Segurança contra a ruptura para determinada carga de trabalho;
Definição da carga de ruptura;
Análise da integridade estrutural do elemento de fundação;
Obtenção da curva carga vs recalque.
A NBR 6122 (2010) cita como objetivos das provas de carga a avaliação da
deformação e resistência do solo ao efeito de um carregamento.
No que diz respeito à interpretação da prova de carga, a NBR 6122 (2010)
recomenda as seguintes avaliações:
73
Velocidade do carregamento;
Estabilização dos recalques;
Natureza do terreno.
Ainda, as provas de carga podem ser divididas em três grupos:
Prova de carga direta sobre a superfície do terreno (NBR 6489, 1984);
Prova de carga estática (estaca e tubulões) (NBR 12131, 2006);
Ensaio de carregamento dinâmico (estacas) (NBR 13208, 1994).
3.7.1 Prova de carga estática à compressão em estacas
Atualmente, a prova de carga estática na estaca é considerada como o tipo
de ensaio mais importante para a engenharia de fundações, no quesito avaliação da
capacidade de carga. De acordo com Vargas (1990), o uso de provas de carga
estática como elemento de avaliação de fundações foi introduzido no Brasil pela
Companhia Internacional de Estacas Frankignoul, a qual solicitou ao IPT a
coordenação e execução do ensaio. Vargas (1990) cita que o primeiro ensaio foi
executado em estacas do tipo Franki das fundações da Estação da Estrada de Ferro
Noroeste, em Bauru, SP, executada pelo IPT em 1936, dois anos antes da
instalação da sua Seção de Solos e Fundações. Segundo Massad (1985), estas
provas de carga foram executadas adotando a norma alemã DIN 1054 (1934) e, a
partir de 1939, sofreram influencia do Código de Boston, elaborado em 1936 e
publicado em 1944.
Segundo Vargas (1990), a execução da primeira prova de carga estática no
Rio de Janeiro ocorreu em 1942, no Instituto de Resseguros do Brasil. Ainda
segundo o autor, é notável o trabalho de Costa Nunes, que propôs a “Norma para
Prova de Carga em Estacas”, apresentada e debatida na 6° reunião da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), realizada em 1945. Contudo, a primeira
norma brasileira sobre o ensaio foi publicada somente em 1951, a NB-20, que
prescreveu o ensaio em incrementos lentos de carga, possibilitando desta maneira a
escolha das cargas admissíveis através da observação dos recalques.
De acordo com Fellenius (2011), a prova de carga estática é o ensaio mais
indicado para confirmar ou prever a capacidade de carga em estacas, além de
verificar a magnitude dos recalques.
Entretanto, a execução deste ensaio em determinadas obras é afetada pelo
seu alto custo. Estima-se que o custo da execução deste ensaio seja de U$ 10,00
por kN de carga (VELLOSO E LOPES, 2010). Tendo em vista a redução de custos e
74
prazos, a NBR 6122 (2010) permitiu a troca de cada prova de carga estática por
cinco ensaios de carregamento dinâmico, entretanto, manteve a orientação de, pelo
menos, a execução de uma prova de carga estática (conforme os critérios mínimos
para isto).
Hoje no Brasil, a NBR 12131 (2006) é a norma regulamentadora da prova de
carga estática. Nos estados unidos, são utilizadas as normas ASTM D3689 (2007) e
ASTM D1143 (2013).
Segundo Milititisky (1991), a análise comparativa entre os resultados de uma
prova de carga estática somente pode ser feita, caso a execução do ensaio siga
rigorosamente as orientações da norma vigente.
Niyama et al (1998) caracterizam as provas de carga estática nas estacas
como um ensaio do tipo tensão vs deformação, onde seus resultados servem de
base para a avaliação do desempenho do elemento de fundação, em relação à
ruptura e aos recalques, com a grande vantagem de considerar a interação solo-
estaca, visto que alterações decorrentes da execução dos trabalhos na infraestrutura
da obra, execução de fundações e outros elementos podem influenciar esta
interação.
Segundo Santos e Pereira (2002), os principais pontos a serem observados
que estão associados a uma prova de carga estática é o número de ensaios a
realizar, o tipo de carregamento, a escolha do sistema de reação, entre outros.
Quanto à definição do número de ensaios de carga compatíveis para o
determinado projeto de fundações, Fonseca (2006) orienta avaliar: experiências
documentadas do comportamento do mesmo tipo de estacas em situações
semelhantes, variabilidade dos terrenos de fundação (em planta), o número total de
estacas e dos tipos de fundações a dimensionar.
A verdadeira importância da execução de provas de carga estática na
engenharia de fundações é bem definida por Milititisky (1991) quando cita que “as
provas de carga constituem técnica insubstituível para o estudo e comportamento de
fundações profundas sob carga, devendo reproduzir, da forma mais próxima, das
condições reais da fundação, não somente no que se refere à geometria ou técnica
construtiva, mas ao tipo de carregamento real da estrutura”.
75
3.7.2 Sistema de reação para as provas de carga estática à compressão
Atualmente no Brasil, há algumas opções de sistemas de reações que podem
ser utilizadas para a execução de provas de carga estática à compressão (Figura
3.32). Vale ressaltar que existem ensaios de tração e prova de carga horizontal, o
que gera a necessidade de sistemas de reações específicos (MUSARA, 2014).
Figura 3.32: Sistema de reações utilizados para P.C.E à compressão (VELLOSO E LOPES, 2010).
No mercado brasileiro, o carregamento geralmente é realizado através de
macaco hidráulico (VELLOSO E LOPES, 2010), destacando-se em:
Plataforma com peso denominada “cargueira” (ferro, aço, água, etc...);
Vigas de reação ligadas a outras estacas que serão submetidas à
tração;
Vigas ou carapaças metálicas ancorados no terreno por tirantes;
Célula expansiva hidrodinâmica.
Segundo Fleming et al (2009), é necessário estar atento à geometria do
sistema de reação quando são utilizados sistemas com cargueiras, tirantes ou
estacas, a fim de que a influência da interação com a estaca ensaiada seja mínimo,
e sobretudo, evitar deslocamentos nas vigas de referência nas quais os
deslocamentos serão medidos.
Devido ao seu alto risco de execução, o sistema de cargueira caiu em desuso
no Brasil, porém este sistema já foi muito utilizado no passado em várias localidades
76
do mundo. Com o passar do tempo, a tendência é de se extinguir tal sistema, pelo
seu alto custo de transportes de material, longo tempo de montagem e baixa
segurança (MUSARA, 2014).
Muito utilizado no Brasil e no mundo, o sistema de reação que utiliza estacas
tracionadas tem apresentado bons resultados, tanto para estacas verticais, quanto
para inclinadas. Tendo como objetivo a redução de custos, geralmente se aproveita
as estacas de reação como parte da estrutura (quando possível), porém a
proximidade das estacas de reação com a estaca ensaiada pode gerar instabilidade
lateral durante processo de carregamento e interferir nas tensões aplicadas,
comprometendo desta maneira o ensaio. Contudo, Fleming et al (2009) afirmam que
se adotado este ensaio com este tipo de sistema de reação, os deslocamentos das
estacas tracionadas devem ser medidas e limitadas a baixas magnitudes.
Geralmente, recomenda-se adotar espaçamentos das estacas de reação entre três e
quatro vezes o diâmetro da estaca ensaiada, porém quanto maior este valor menor
será a ocorrência desta influência.
A NBR 12131 (2006) recomenda, para estacas circulares, espaçamento de
três vezes o diâmetro da estaca ensaiada ou no mínimo 1,5 m, entre o eixo da
estaca de ensaio e o eixo das estacas de reação. Para demais seções geométricas
de estacas, a NBR 12131 (2006) recomenda os mesmo critérios já citados
anteriormente, porém considerando seção circular como área equivalente. Para
estacas com mais de 25 m de profundidade, a norma orienta que estas distâncias
devem ser majoradas em 20%.
Segundo Fleming et al (2009), o uso de tirantes como reações passou a
crescer a partir da década de 70, e dependendo das condições geológicas do local,
passa a ser uma solução muito interessante. Seu processo de instalação é realizado
por meio de uma perfuratriz com acessórios, seguindo a metodologia da NBR 5629
(2006). Apresentam-se como principal desvantagem deste sistema de reação os
alongamentos diferenciais que ocorrem em cada tirante e a falta de estabilidade
lateral. Caso seja necessária a utilização de múltiplos tirantes, a NBR 12131 (2006)
recomenda que os mesmo possuam fator de segurança de 1,2 vezes a carga
prevista para cada tirante, caso sejam ensaiados, ou 1,5 vezes, caso não sejam.
Devido ao invento de Osterberg, a célula de Osterberg (“O-Cell”), foi possível
modificar a forma de planejar e executar provas de cargas em estacas.
77
De acordo com Velloso e Lopes (2010), o sistema conhecido como “O-Cell”,
desenvolvido por Silva (1986) e mundialmente difundido por Osterberg (1989),
consiste em colocar uma célula expansiva no fuste da estaca, geralmente próxima à
ponta da mesma, onde sua expansão é provocada através de um comando
hidráulico, carregando, por consequência, a parte inferior da estaca (ponta) para
baixo, em compressão, e a parte superior (fuste) para cima, em tração. Embora este
método não precise de outro sistema de reação (pois a célula utiliza a própria estaca
para isso), o processo é limitado ao esgotamento de uma das capacidades da
estaca, ponta ou atrito. Tal fato pode ser verificado pelo recorde atual de 320 MN
realizado no I-70 Mississippi Bridge, St Louis, Missouri em 2010, numa estaca de
3,35 m de diâmetro e com 35 m de profundidade (LOADTEST, 2014).
Entretanto, este método apresenta como limitações a necessidade de
selecionar determinada estaca na obra, podendo gerar mais cuidados para esta
estaca ensaiada em detrimento as demais, e máxima carga de ensaio limitada pela
resistência de ponta ou do atrito lateral.
3.7.3 Tipos de carregamentos em provas de carga estática à
compressão em estacas
Estudos realizados por Massad & Winz (2000) mostraram que a velocidade
de carregamento influi pouco na capacidade de carga da estaca ensaiada, porém
alertam que a velocidade de carregamento deve ser analisada individualmente para
cada tipo de solo.
No entanto, Milititisky (1991) cita que a adoção de velocidades altas de
carregamentos ocasiona o aumento da capacidade de carga e de rigidez do sistema
solo-estaca.
De acordo com Velloso e Lopes (2010), os métodos de aplicação de carga
podem ser divididos em três principais categorias, conforme Figura 3.33:
Carga controlada: carga incremental lenta, carga incremental rápida,
carga cíclica;
Deformação controlada;
Método do equilíbrio.
78
Figura 3.33: Desenvolvimentos de cargas e recalque com o tempo (VELLOSO E LOPES, 2010).
Na figura anterior, o eixo da abcissa corresponde ao tempo de execução do
ensaio, o eixo da ordenada positiva corresponde ao incremento de carga e a
ordenada negativa corresponde aos recalques observados no ensaio.
Dentre os ensaios de carregamento controlado, destacam-se os ensaios
lentos e rápidos, citados por Fellenius (1980).
3.7.3.1 Ensaio Lento
Por muitos anos, este ensaio foi considerado como padrão nos Estados
Unidos para provas de carga estática. Atualmente, sua execução se tornou opcional
de acordo com a norma ASTM D1143 (2013), devido às criticas recebidas ao longo
do tempo. Fellenius (1980) argumenta contra este tipo de carregamento a
necessidade de um elevado consumo de tempo, sendo necessário cerca de 30 a 70
horas para finalizar o ensaio, dependendo dos deslocamentos. O autor ainda afirma
79
que o conceito de “deformação zero” não ocorre de fato, pois a taxa de
deslocamento de 0,25 mm/h corresponde à taxa de 2,1 m/ano, conforme a ASTM
D1143 (2013).
Neste tipo de ensaio a estaca é carregada em incrementos de 25% da carga
de projeto até o dobro desta carga (para estacas individuais). Atualmente, a norma
(ASTM D1143) limitou o máximo de carregamento de duas horas por estágio. Cada
incremento é mantido até que seja observada a estabilização, definida como a taxa
de 0,25 mm/hora. O carregamento final é mantido por 12 horas, sendo possível
iniciar o descarregamento caso o deslocamento seja inferior a 0,25 mm em uma
hora. Caso ocorra a ruptura, a ASTM D1143 (2013) orienta não descarregar até que
se alcance o deslocamento axial de no mínimo de 15% do diâmetro da estaca,
procedendo-se a partir daí, o descarregamento em estágios de no máximo 25% da
carga máxima de ensaio.
Velloso et al (1975, apud VELLOSO & LOPES, 2010) constataram tal
inconveniente deste método de carregamento ao executar um ensaio lento
buscando estabilização completamente, caracterizada por três leituras iguais (feitas
de hora em hora), na qual o ensaio teve duração de 25 dias.
A norma brasileira NBR 12131 (2006) orienta a execução da prova de carga
estática com carregamento lento de acordo com as seguintes diretrizes:
a)Em cada estágio o incremento de carga não pode ser superior a 20% da
carga de trabalho prevista na estaca;
b)A carga deve ser mantida até a estabilização ou no mínimo 30 minutos
em cada estágio;
c) Os deslocamentos em cada estágio devem ser lidos imediatamente a
aplicação da carga e seguidos de leituras nos tempos 2, 4, 8, 15, 30,
60 minutos, contados a partir do início do estágio e posteriormente a
cada 1 hora até sua estabilização;
d)A estabilização pode ser considerada quando a diferença de leituras
consecutivas corresponderem a no máximo 5% do deslocamento
ocorrido no mesmo estágio (leitura atual e anterior);
e)Caso não seja atingida a ruptura da estaca, a carga máxima deve ser
mantida por 12 horas para se iniciar o descarregamento;
f) O processo de descarregamento deve ser executado em no mínimo
quatro estágios, com tempo mínimo de 15 minutos e critérios de
estabilização conforme os itens (c) e (d);
g)Concluído o descarregamento total, os deslocamentos devem ser
medidos até a estabilização.
80
Observa-se que nos primeiros estágios de carregamento a estabilização é
logo alcançada, e a carga é mantida por 30 minutos para o cumprimento da norma.
À medida que o carregamento se aproxima da ruptura, os estágios necessitam de
mais de 30 minutos para que ocorra a estabilização (VELLOSO E LOPES, 2010).
As deformações que correm na estaca ao logo do tempo em cada estágio são
causadas principalmente pelo fenômeno de creep (deformações viscosas) e não ao
adensamento (LOPES, 1979 e LOPES, 1985 apud VELLOSO E LOPES, 2010). A
viscosidade do solo pode, dependendo de seu valor, permitir maior resistência com
menores deformações quando há cisalhamento rápido, logo menores velocidades de
carregamento ocasionam recalques maiores e capacidades de carga menores.
Contudo, Fellenius (2011) afirma que um prova de carga estática executada
em 16 incrementos iguais de carga de 300 kN a cada 30 minutos, os resultados
obtidos são melhores quando comparado a um ensaio executado com 8 incrementos
de 600 kN de carga a cada uma hora, pelo fato de se obter uma curva carga vs
deslocamento mais bem definida.
A duração de cada estágio é o menos importante, seja uma hora ou 15
minutos, de acordo com Fellenius (1980). Ainda segundo o autor, o ideal seria
utilizar intervalos de tempo menores, aumentando-se a taxa carga/hora, sem
prejudicar o ensaio. Sendo assim, o uso destes menores intervalos de tempo em
cada estágio, reduziria a influência do tempo, e o ensaio se tornaria próximo da
realidade de um ensaio não drenado. Ensaio que são medidos por longos períodos
de tempo (semanas, meses, anos, ou até em 48 ou 72 horas), são inadequados e
resultam em dados mais confusos.
3.7.3.2 Ensaio rápido
Introduzido nos Estados Unidos na década de 80, com boa aceitação, este
ensaio consiste na aplicação de incrementos de carga em estágios de 4 a 15
minutos. Fellenius (1980) considerou este ensaio superior ao ensaio lento do ponto
de vista técnico, econômico e prático. Na norma americana ASTM D1143 (2013),
este ensaio consta como método padrão de ensaio.
De acordo com a ASTM D1143 (2013), o ensaio rápido tem por objetivo a
aplicação de incrementos de 5% da carga estimada de ruptura, até que se atinja
esta ruptura, limitando-se este carregamento à carga máxima estrutural da estaca e
do sistema de reação. O tempo em cada estágio não deve ser inferior a 4 minutos,
81
nem superior a 15 minutos, utilizando-se o mesmo intervalo de tempo em todos os
estágios. Caso as estacas sejam instrumentadas, recomenda-se utilizar até 15
minutos de intervalo, sendo que um tempo superior a este é desnecessário, além de
não recomendado por norma (FELLENIUS, 1980). Normalmente, este ensaio dura
entre duas e três horas para ser completado.
A norma brasileira NBR 12131 (2006) orienta a execução da prova de carga
estática com carregamento rápido de acordo com as seguintes diretrizes:
a)Em cada estágio o incremento de carga não pode ser superior a 10% da
carga de trabalho prevista na estaca;
b)A carga deve ser mantida 10 minutos em cada estágio,
independentemente da estabilização dos recalques (para casos
especiais como torres de linha de transmissão o tempo pode ser
reduzido para cinco minutos);
c) Em cada estágio, os deslocamentos são lidos obrigatoriamente no início
e no final;
d)Atingida o carregamento máximo de ensaio, os deslocamentos devem
ser medidos em cinco leituras, nos tempos 10, 30, 60, 90 e 120
minutos. Procede-se a seguir o descarregamento em no mínimo cinco
estágios, com tempo de 10 minutos cada um e leitura dos respectivos
deslocamentos;
e)Efetuado o descarregamento total após 10 minutos, devem ser
executadas duas leituras adicionais aos 30 e 60 minutos.
3.7.3.3 Ensaio cíclico
A NBR 12131 (2006) divide este ensaio em dois tipos:
Ensaio cíclico lento;
Ensaio cíclico rápido.
A norma brasileira NBR 12131 (2006) orienta a execução da prova de carga
estática com carregamento cíclico lento de acordo com as seguintes diretrizes:
a)O carregamento deve ser realizado em ciclos de carga-descarga, com
incrementos iguais e sucessivos, atentando-se que o incremento de
carga aplicada, entre ciclos sucessivos de carga-descarga, não supere
20% da carga de trabalho prevista para a estaca ensaiada. Em cada
ciclo de carga-descarga, a máxima carga aplicada (um estágio) deve
ser mantida até a estabilização dos deslocamentos por um tempo
mínimo de 30 minutos;
b)Os deslocamentos em cada ciclo devem ser lidos imediatamente após a
aplicação da carga máxima correspondente, seguindo-se por leituras
nos tempos de 2, 4, 8, 15, 30, 60, 120, 180 minutos, etc., contados a
partir do início do estágio até se atingir a estabilização;
82
c) Será observada a estabilização dos deslocamentos quando a diferença
entre duas leituras consecutivas corresponder a no máximo, 5% do
deslocamento ocorrido no mesmo estágio (entre o deslocamento da
estabilização do estágio anterior e o atual);
d)Caso não seja observada a ruptura da estaca, a carga máxima do
ensaio deve ser mantida por um tempo mínimo de 12 horas entre a
estabilização dos recalques e o início do descarregamento do último
ciclo;
e)Em cada ciclo os descarregamentos devem ser executados de uma só
vez, em um único estágio por ciclo. A carga nula no topo, em cada
ciclo, é mantida até a estabilização dos deslocamentos com registros,
segundo os critérios determinados em (b) e (c).
A norma brasileira NBR 12131 (2006) orienta a execução da prova de carga
estática com carregamento cíclico rápido de acordo com as seguintes diretrizes:
a)O carregamento deve ser realizado em ciclos de carga-descarga, com
incrementos iguais e sucessivos, atentando-se que o incremento de
carga aplicada, entre ciclos sucessivos de carga-descarga, não supere
10% da carga de trabalho prevista para a estaca ensaiada. Em cada
ciclo de carga-descarga, a máxima carga aplicada (um estágio) deve
ser mantida até a estabilização dos deslocamentos por um tempo
mínimo de 10 minutos;
b)O recalque máximo do topo deve ser no mínimo de 10 a 20% do
diâmetro da estaca, a fim de que seja garantido para cargas máximas
dos ciclos finais, o esgotamento do atrito lateral e a mobilização da
resistência de ponta;
c) Os deslocamentos devem ser lidos obrigatoriamente no início e final de
cada estágio em cada ciclo;
d)Atingida a carga máxima de ensaio (último ciclo), devem ser realizadas
cinco leituras a 10, 30, 60, 90 e 120 minutos;
e)Em cada ciclo, os descarregamentos devem ser efetuados de uma única
vez, em um único estágio por ciclo. A carga nula no topo, em cada
ciclo, deve ser mantida por 10 minutos, com leitura dos respectivos
deslocamentos;
f) Após os 10 minutos do descarregamento total do último ciclo, devem ser
realizados mais duas leituras adicionais a 30 e 60 minutos.
De acordo com Fellenius (2011), dois dos principais erros em prova de carga
estática cíclica ocorrem devido ao fato de incluir ciclos de carregamento e
descarregamento e depois deixar a duração da carga aplicada em cada incremento
variar entre os estágios. Numa prova de carga instrumentada, estes dois fatores
contribuem com que a evolução dos dados obtidos pelos “strain gages” não sejam
83
confiáveis. Ainda segundo o autor, caso os ciclos de carga sejam necessários, estes
devem ser realizados após completar o ensaio padrão, para então, proceder ao
descarregamento de forma cíclica, com séries definidas entre dois valores de
carregamento.
Weele (1957, apud FELLENIUS, 1975) concluiu que o primeiro método cíclico
foi apresentado baseado no procedimento empregando o carregamento lento, que
combinava carregamentos e descarregamentos em cada estágio. O principal
objetivo deste ensaio era separar resistência de atrito lateral e resistência última.
Diversos métodos cíclicos foram utilizados com duração de 40 a 60 horas
para conclusão na Suécia. Broms (1972, apud FELLENIUS, 1975) citou que vários
resultados foram publicados na bibliografia pelo método sueco, onde a estaca era
carregada com aproximadamente um terço do permitido ou do máximo, sendo então
descarregada para metade deste valor. Este ciclo deveria ser repetido 20 vezes (10
vezes para a metade da carga aplicada), onde cada ciclo deveria possuir duração de
20 minutos. Os seguintes ciclos procederiam com acréscimo de carga
correspondente a 50% da carga inicial até que a ruptura fosse alcançada. Durante
os ciclos iniciais o deslocamento adicional de um ciclo é inferior ao do ciclo anterior.
Aumentando-se a carga, o deslocamento adicional fica maior e para grandes valores
de carga, finalmente, o deslocamento cresce em uma taxa acelerada. Entretanto, há
um ciclo onde o deslocamento adicional é aproximadamente igual ao deslocamento
anterior. Esta carga de carregamento, neste caso, é denominada “yield value”, ou
carga última.
A carga última pode ser determinada, por interpolação, plotando-se em um
gráfico os deslocamentos de cada ciclo vs o número de ciclos. Contudo, a Swedish
Pile Commission (1970) recomenda plotar os deslocamentos vs o número de ciclos
em escala logarítmica quando o real valor da carga última for de difícil determinação.
A vantagem deste procedimento é a facilidade em determinar a carga última, sendo
esta menos dependente do julgamento de quem a interpreta, em oposição à escala
linear (FELLENIUS, 1975). Este valor é geralmente inferior ao valor da carga última
determinado pela escala linear e normalmente menor que o valor da carga de
ruptura, devido à redução da resistência do fuste após a aplicação dos ciclos.
84
3.7.3.4 Deformação controlada – CRP
Este ensaio foi elaborado no Reino unido por Whitaker (1957), Whitaker &
Cooke (1961) e Whitaker (1963), sendo muito utilizado na região da Europa. Embora
não muito usado nos Estados Unidos, manuais para este ensaio foram publicados
na Swedish Pile Comission (1970) e no New York Departamento of Transportation
(1974). O ensaio CRP consiste em forçar o topo da estaca a se deslocar a um taxa
pré-determinada, normalmente 0,5 mm/minuto, sendo a carga necessária para
alcançar esse deslocamento medida. A cada dois minutos são realizados leituras
dos deslocamentos e o ensaio é levado até o deslocamento máximo (neste caso o
deslocamento medido no topo da estaca) entre 2 e 3 polegadas, ou 50 a 75 mm, ou
até mesmo, o limite máximo de carga do sistema de reação, sendo assim todo o
ensaio pode ser executado entre duas e três horas (FELLENIUS, 1980).
Ainda segundo Fellenius (1980), o ensaio CRP, quando e estaca é levada à
ruptura, fornece dados valiosos à interpretação da curva carga vs recalque, o
comportamento da estaca no momento da ruptura, o atrito lateral em areias com
maior ou menor carga limite e o atrito lateral em argilas.
Comparado com o ensaio rápido, Fellenius (1975) considera o ensaio CRP
mais útil que o primeiro por determinar melhor a curva carga vs recalque, pois esta
informação é de grande valia quando se analisa especificamente estacas de atrito,
onde a carga necessária para se atingir o deslocamento possui um valor
ligeiramente menor depois de alcançar um valor máximo.
Entretanto, pela dificuldade em se executar leituras simultâneas de carga e
deformação, o ensaio rápido é mais recomendado para estacas instrumentadas.
Atualmente, com o uso de leituras automatizadas, isto não seria mais um problema
(FELLENIUS, 1980).
De acordo com Velloso e Lopes (2010), a execução do ensaio CRP requer
uma bomba elétrica que consiga manter o fluxo constante de óleo, sem pulsos ou
variações de pressão. A aplicação do carregamento é realizada através do macaco
que recebe óleo a vazão constante, enviado pela bomba elétrica.
Garneau & Samson (1974) descrevem todo o sistema apropriado para a
execução do ensaio CRP. Este ensaio possui referências na norma americana
ASTM D1143 (2013). Contudo, este ensaio não possui referência na norma
brasileira NBR 12131 (2006).
85
3.7.3.5 Método do equilíbrio
Mohan et al (1967) propuseram este método como alternativa de suprir a falta
de confiabilidade da prova de carga rápida e a demora ou até mesmo, a inviabilidade
da execução de uma prova de carga lenta na estaca.
Neste ensaio, após atingir a carga de trabalho e mantê-la constante por um
tempo, a carga é deixada a relaxar (não se bombeando mais o macaco) até que não
se observem mais recalques ou variações de carga. Este equilíbrio é atingido com
um tempo relativamente curto, assim a carga de equilíbrio atingida no estágio
corresponde a um recalque estabilizado (VIEIRA, 2006).
Logo, este método possibilita, de maneira simplificada, eliminar efeitos do
tempo (creep). Este ensaio pode ser executado com incrementos de carga da ordem
de 20% da carga de trabalho e, em cada estágio, mantê-la por 30 minutos e
deixando a mesma relaxar por mais 30 minutos. A curva carga vs recalque
corresponderá à velocidade de carregamento nula, ou seja, uma prova de carga
realmente estática (FRANCISCO, 2004 apud VELLOSO & LOPES, 2010).
Importantes estudos sobre este ensaio foram realizados por diversos autores,
tais como Ferreira (1985), Francisco (2004), dentre outros.
De acordo com Francisco (2004), durante a execução da prova de carga de
equilíbrio em seu trabalho, foi constatada uma redução contínua da carga aplicada
ao topo da estaca com o passar do tempo, enquanto o deslocamento da mesma era
insignificante. Estes dois pontos observados simultaneamente configuram o
fenômeno da relaxação de tensões do sistema solo-estaca-estrutura da reação.
Este ensaio não possui referência tanto na norma brasileira NBR 12131
(2006), quanto na norma americana ASTM D1143 (2013).
3.7.3.6 Análise dos tipos de ensaio
Fellenius (1975) analisou os métodos de ensaios citados anteriormente, tanto
pelo ponto de vista de duração de cada ensaio, quanto à qualidade dos resultados
fornecidos pelos mesmos. Sabe-se que os ensaios lento e cíclico podem demandar
mais que o dobro de tempo de execução quando comparados com os ensaios
rápidos e CRP.
Entretanto, uma questão surge: o custo é justificado pelos resultados obtidos?
Fellenius (2011) afirma que não.
86
A Figura 3.34 mostra os resultados obtidos para cada um dos métodos
citados em provas de carga executados por Fellenius (1975), em estacas de atrito
em argilas, com diferenças típicas entre as curvas e o tempo de ensaio.
Figura 3.34: Curvas obtidas para cada tipo de procedimento adotado em provas de carga estáticas (FELLENIUS, 1975).
De acordo com Musara (2014), é de suma importância, em projeto e
execução de fundações, que investigações com provas de carga levem a estaca-
teste à ruptura. Logo, levar o ensaio a três vezes a carga de trabalho determinada
no projeto pode ser um bom começo para esta prática.
De acordo com Fellenius (1975), os resultados obtidos no ensaio CRP melhor
definem o comportamento da estaca. O ensaio rápido vem em seguida, pois fornece
uma curva de boa análise de comportamento, entretanto, devido à perda do valor de
pico da curva carga vs recalque, interpretar a carga de ruptura se torna uma tarefa
87
um tanto quanto difícil. Quanto à execução, o ensaio rápido é mais fácil de realizar
quando comparado com o ensaio CRP, o que facilita as medidas de leitura em uma
estaca instrumenta. Já para os ensaios cíclicos, Fellenius (1975) orienta a adoção
deste método somente para casos especiais, pois durante a execução do ensaio
ocorre a mudança de comportamento da estaca, logo, os resultados obtidos não
retratariam o seu comportamento o mais próximo do real. Devido ao elevado custo e
tempo de execução, o autor recomenda que o uso de ensaios cíclicos somente seja
adotado quando o sistema de reação é insuficiente para atingir a carga de ruptura,
ou quando a carga de ponta da estaca é um fator importante, aliado com o estudo
da resistência de ponta. Conforme já citado, o autor não entende a justificativa de
bons resultados obtidos para se adotar o ensaio lento, a menos que se queira
analisar detalhadamente a influência do creep. Cita também que os ensaios rápidos
simulam a condição não drenada.
3.7.4 Curva carga vs recalque
Convenciona-se mostrar os resultados de uma prova de carga na forma de
uma curva carga vs recalque, que mostra o valor da carga medido na cabeça da
estaca e os deslocamentos na mesma para cada incremento de carga,
determinando desta forma o comportamento de uma fundação.
A curva carga vs recalque obtida em uma prova de carga em estacas isoladas
pode ser dividida em três regiões, representadas na Figura 3.35 (NIYAMA et
al,1998).
Figura 3.35: Curva carga vs recalque (VARGAS, 1977).
88
Verifica-se que na região I uma relação de quase proporcionalidade entre as
cargas e os recalques, sendo denominada de região de deformação
elástica e é utilizada para determinar o coeficiente de recalque;
A região II é denominada de deformação viscoplástica. Nesta região, a
velocidade de carregamento influi muito sobre os recalques;
A região III corresponde à região de ruptura. É a parte da curva que define a
carga de ruptura. Quando o recalque aumenta indefinidamente com
pequenos ou nenhum acréscimo de carga.
Segundo Magalhães (2005), há três alternativas de curvas carga vs recalque
numa prova de carga que podem ser obtidas (Figura 3.36), onde a sua interpretação
pode ser, em certos casos, limitada para estimar a sua carga de ruptura.
Figura 3.36: Curva carga vs recalque (VARGAS, 1977).
Quando se interrompe a prova de carga no trecho elástico, o valor da
carga última fica difícil de determinar corretamente (Figura. 3.36.a);
A Figura (3.36.b) mostra a interrupção na prova de carga até esta atingir o
início da plastificação do sistema estaca-solo. O cálculo da estimativa da
carga última ainda é possível de ser realizada;
Na figura (3.36.c) mostra que para um pequeno acréscimo de carga
resultam grandes deformações. A carga última fica claramente
evidenciada. Neste caso, não há a necessidade de aplicar métodos de
extrapolação para se obter a valor estimado da carga última da estaca.
Segundo a NBR 6122 (2010), a ruptura nítida das estacas pode não ser
verificada em provas de carga nas seguintes situações:
Quando não se pretende levar as fundações profundas à ruptura;
89
Quando a estaca ensaiada apresenta capacidade de resistir uma carga maior
que aquela a ser aplicada na prova de carga;
Quando a fundação profunda é carregada até apresentar um recalque
considerável, mas a curva carga vs recalque não indica uma carga de ruptura,
e sim um crescimento contínuo de recalque com a carga.
Nestes casos, deve-se extrapolar a curva carga vs recalque para avaliar a
carga de ruptura através dos critérios consagrados na mecânica de solos. De acordo
com Velloso e Lopes (2010), quando a prova de carga não é levada até a ruptura ou
a um nível de recalque que caracterize a ruptura, pode-se tentar uma extrapolação
da curva carga vs recalque.
Ao analisar o comportamento da estaca ensaiada, pode-se distinguiu dois
tipos de ruptura: ruptura física e a ruptura convencional (DE BEER, 1988).
A ruptura física definida por:
(3.13)
A ruptura física é caracterizada pela diminuição da rigidez à medida que os
recalques aumentam e é definido como o ponto de rigidez nula, o que seria uma
deformação infinita para uma determinada carga aplicada, o que na prática da
engenharia é impossível de ocorrer (DÉCOURT, 1996).
A ruptura convencional é definida como a carga correspondente a uma
deformação da ponta da estaca de 10% do seu diâmetro.
Vesic (1977) afirma que a carga de ruptura raramente é bem definida na
curva carga vs recalque e, em geral não existe nenhuma carga de pico ou colapso
claramente definida.
Velloso e Lopes (2010) citam que se na mesma curva carga vs recalque de
uma prova de carga ocorrer mudança de escalas significativas, diferentes expressões
sobre o comportamento da estaca podem ser obtidas.
De acordo a Fellenius (1980), a carga de ruptura deve ser baseada em regras
matemáticas e, deve gerar um valor que não dependa da variação da escala do
gráfico e da interpretação individual. O autor ainda afirma que considerar a ruptura
através de recalques excessivos pode não ser adequado.
Há um grande número de critérios na literatura para a interpretação de provas
de carga e a definição da carga de ruptura. Hirany & Kulhawy (1989) agrupam esses
90
critérios em três tipos: limitação do recalque, construções gráficas e modelos
matemáticos.
Vesic (1975), Fellenius (1975), Godoy (1993) Velloso e Lopes (2010),
agrupam esses critérios em quatro grupos (Figura 3.37):
1)Critérios baseados num valor absoluto de recalque (pode ser plástico, total
ou residual obtido após o descarregamento) ou num valor relativo ao
diâmetro da estaca. Desta categoria fazem parte normas de algumas
cidades americanas como Nova Iorque e Boston;
2)Critérios baseados na aplicação de uma regra geométrica à curva.
Destacam-se os Métodos De Beer (1967) e De Beer & Wallys (1972),
Método de inclinação de tangentes e de interceptação de tangentes;
3)Critérios que procuram uma assíntota vertical. Neste grupo, destacam-se os
Métodos de Van der Veen (1953), Décourt (1996), Chin (1970,1971),
Mazurkiewichz (1953);
4)Critérios que caracterizam a ruptura por encurtamento elástico da estaca
somando a uma percentagem do diâmetro da base. Enquadram-se neste
grupo: Método de Davisson (1972) e o Método da NBR 6122 (2010).
Amann (2010), conclui em sua tese de doutorado que os critérios de recalque
limite e os de interseção de retas resultam em valores próximos de atrito lateral
ocorrido durante a prova de carga, e não propriamente à ruptura propriamente dita.
O mesmo autor ainda afirma que o valor da carga de ruptura obtido pelo
método de Van der Veen (1953) resulta em 70% da carga de ruptura pretensamente
real, quando há um bom ajuste da curva carga vs recalque, sendo que para estacas
cravadas a coerência é melhor, visto que a curva de ensaio tende a uma ruptura
mais brusca.
91
Figura 3.37: Interpretação da carga vs recalque (VELLOSO E LOPES, 2010).
Neste trabalho, foram utilizados três métodos do grupo três que procuram
uma assíntota vertical: Van der Veen (1953), Décourt (1996) e Chin (1970,1971),
sendo estes os mais empregados para a determinação da capacidade de carga
última da estaca ensaiada. A seguir, será apresentada uma breve descrição de seus
procedimentos.
3.7.4.1 Critério de Van de Veen (1953)
A partir de uma função exponencial (Equação. 3.14) é possível extrapolar a
curva carga vs recalque analisando a ruptura física, correspondendo a recalques
teoricamente infinitos.
(3.14)
Onde:
Q = carga aplicada no topo da estaca (kN);
Qu = carga última correspondente à assíntota vertical da curva (kN);
= coeficiente que define a forma da curva;
= recalque correspondente à carga aplicada (mm).
Com base na equação anterior e após algumas transformações, aplicando a
propriedade dos logaritmos, é obtida a equação:
92
(3.15)
Segundo Aoki (1976), na maioria dos casos o trecho inicial da curva poderia
ser desprezado na determinação da capacidade de carga, sugeriu uma modificação
da equação, sendo a mesma reescrita na seguinte forma:
(3.16)
Na equação anterior o coeficiente linear “b” representa o intercepto no eixo
dos recalques da reta obtida na escala semilogarítmica.
A partir da Equação 3.16 é possível deduzir uma relação linear entre o valor
Ln(1-Q/QR) e o recalque . Partindo-se de um valor de QR qualquer é possível
calcular os valores correspondentes de Ln(1-Q/QR). Estes valores são plotados em
função do recalque, e através de várias tentativas com outros valores de QR até que
o gráfico resulte linear quando os pontos aproximam-se a uma reta. A carga
arbitrada para QR representa a carga de ruptura da estaca (Figura 3.38). A curva que
apresente o melhor coeficiente de correlação R², proporcionará a carga de ruptura
do ensaio.
Figura 3.38: Definição da carga de ajuste pelo Método de Van de Veen (ALONSO, 1991) .
De acordo com Magalhães (2005), quando o ensaio é interrompido no trecho
pseudoplástico da curva carga vs recalque, a extrapolação por Van der Veen (1953)
leva a valores exagerados de carga última.
93
Segundo Carvalho et al (2002), o ajuste pode ser observado na faixa final da
curva carga vs recalque, induzindo a definição teórica a uma boa simulação da fase
de deformações plásticas.
As extrapolações pelo Método de Van der Veen (1953) são confiáveis apenas
para os casos onde o recalque máximo alcançado na prova de carga for, no mínimo,
1 % do diâmetro da estaca (VELLOSO E LOPES, 2002).
De acordo com Niyama e Décourt (1994), o método de Van der Veen (1953)
pode ser aplicado somente nos seguintes casos:
Ensaios que atingiram pelo menos 2/3 da carga de ruptura;
Estacas de deslocamento, pois os resultados da carga de ruptura em
estacas escavadas são subestimados;
Carregamento monotônico (carregamento crescente e aplicado única
vez).
Segundo Vianna e Cintra (2000), é difícil afirmar a carga última da estaca em
provas de carga que não foi possível atingir a ruptura.
3.7.4.2 Método da rigidez Décourt (1978,1996)
Este método correlaciona à carga aplicada no topo da estaca e o respectivo
recalque. Logo, é possível construir um gráfico, onde a abscissa e ordenada
representam a carga aplicada e rigidez, respectivamente. Do gráfico, podem-se
obter dois tipos de ruptura: ruptura física e ruptura convencional.
Analisando gráficos de rigidez de diferentes tipos de fundações, Décourt
(1996) verificou duas situações distintas:
Para fundações como as estacas pré-moldadas ou de deslocamento, a
rigidez decresce com o aumento da carga aplicada e é bastante usual
alcançar a ruptura física ou, pelo menos chegar muito próximo da mesma.
Isto pode ser observado na Figura 3.39;
94
Figura 3.39: Ruptura convencional e física numa estaca pré-moldada (DÉCOURT, 1996) .
Para fundações como: sapatas, bases de tubulões e estacas escavadas
em geral; não e possível notar ruptura física, pois, no gráfico tende a uma
assíntota horizontal e não assume rigidez nula. Isto pode ser observado
na Figura 3.40.
Figura 3.40: Gráfico de rigidez para fundação em sapata (DÉCOURT, 1996) .
Em grande parte dos ensaios de prova de carga estática não é possível
definir a ruptura física. Logo, recomenda-se utilizar extrapolações criteriosas da
curva Rigidez vs Carga para se obter o ponto de rigidez nula, e consequentemente,
a carga última da estaca ensaiada.
Décourt (2008) apresentou uma proposta para separar as parcelas da ponta e
do atrito lateral. De acordo com autor, em uma prova de carga, na qual os
95
carregamentos foram conduzidos até grandes deformações, os domínios de cada
parcela são facilmente identificados. O autor concluiu que: no trecho onde a
transferência por ponta é predominante, a relação entre a carga e a rigidez é uma
curva; e no trecho onde a transferência de atrito lateral é predominante o gráfico log
vs log tornando-se linear.
Para a identificação dos domínios são estabelecidas correlações lineares
entre log(Q) e log(s), começando pelos pontos de carga mais elevados e
determinados. A melhor correlação seria aquela com maior número de pontos e o
maior valor de R2. Dados de boa qualidade apresentam coeficientes de correlação
iguais ou superiores a 0,99. Na Figura 3.41 podemos observar o método aplicado.
Figura 3.41: Identificação dos domínios de ponta e atrito lateral no gráfico de rigidez (DÉCOURT, 2008) .
Melo (2009) em sua dissertação de mestrado realizou um estudo abrangente
sobre a utilização deste método, comparando com resultados de provas de carga
instrumentadas e não instrumentadas, onde foi possível observar que os valores de
carga de ruptura ficaram muito próximos dos valores fornecidos por este método.
3.7.4.3 Método de Chin (1970, 1971)
O método de Chin (1970 apud ALONSO, 1991) e Chin (1971 apud ALONSO,
1991), citado por Fellenius (1980, 2001, 2006), Niyama et al (1996), considera que a
região próxima da ruptura da curva carga vs recalque seja hiperbólica.
Logo, este trecho representa o trecho final da curva carga vs recalque dada
pela seguinte expressão:
96
Q = (3.17)
Onde:
Q = carga aplicada no topo da estaca (kN);
a = interseção;
b = coeficiente angular da reta obtida no gráfico (r/Q vs r) da Figura 3.42;
= recalque correspondente à carga aplicada (mm).
Os valores de carga são divididos pelos correspondentes recalques e
plotados em um gráfico versus recalque (Figura 3.42).
Figura 3.42: Carga de ruptura segundo o Método de Chin (ALONSO, 1991).
A carga de ruptura (Qr) é o limite desta expressão, quando r→ , ou seja, é o
inverso do coeficiente angular da reta.
Qr = (3.18)
Segundo Fellenius (1980), o método de Chin pode ser aplicado tanto em
ensaios lentos, quanto ensaios rápidos, desde que as cargas sejam aplicadas em
tempos constantes.
3.7.4.4 Método da NBR 6122 (2010)
Este método é baseado no recalque limite previsto para provas de carga
carregadas até apresentar um recalque considerável e contínuo, onde a curva carga
vs recalque não indica carga de ruptura.
A carga de ruptura convencional é determinada através do recalque
correspondente, este dada por:
97
r = + (3.19)
Onde,
r = recalque de ruptura convencional (mm);
Pr = carga de ruptura convencional (kN);
A = área da seção transversal da estaca (m²);
E = módulo de elasticidade do material da estaca (kN/m²);
E = diâmetro do círculo circunscrito à estaca (mm).
A partir de um valor arbitrário de carga, calcula-se o recalque correspondente,
obtendo-se um ponto (P; r). Através deste ponto, plota-se o a reta que intercepta o
eixo dos recalques em d/30.
O ponto de interseção entre essa reta e a curva carga vs recalque
corresponde à carga de ruptura convencional, conforme a Figura 3.43.
Figura 3.43: Determinação da carga de ruptura convencional (NBR 6122, 2010).
Segundo Campos (2005), o módulo de elasticidade (E) para estacas de
concreto pode ser calculado pela NBR 6118 (2014) “Projeto e execução de obras de
concreto armado – Procedimentos”, em função da resistência característica (fck), ou
na falta de informações, recomenda-se adotar valores conservadores de 20000 MPa
para estacas escavadas e 25000 MPa para estacas pré-moldadas d concreto.
O método da norma considera as características da edificação através de seu
recalque admissível, além de considerar as dimensões e deformação elástica da
fundação.
98
3.7.5 Prova de carga estática instrumentada em estaca
De acordo com Pérez (2014), melhores resultados sobre o comportamento de
fundações profundas são obtidos quando se instrumentam as provas de carga,
entretanto o alto custo do ensaio, a complexidade do aparelho e a necessidade de
técnicos especializados dificultam sua utilização em larga escala.
Segundo Milititisky (1991), seria ideal realizar provas de carga estática com
instrumentação interna, pois deste modo se obtém um maior controle sobre o
comportamento das estacas, promovendo se forma segura a definição de critérios
de ruptura para estacas não instrumentadas.
Os resultados de provas de carga instrumentadas promovem um maior
detalhamento das distribuições de tensões e deformações ao longo do fuste e ponta
da estaca ensaiada. Os tipos mais comuns de medidores de deslocamento em
profundidade utilizados para esta finalidade são os extensômetros elétricos,
medidores de deslocamento em profundidade ou extensômetros recuperáveis.
No Brasil, as técnicas mais utilizadas para instrumentação em provas de
carga são os medidores de deformação tell-tale e extensômetros elétricos (strain
gages), de acordo com Albuquerque (2001). Ainda segundo o autor, o uso de strain
gage é amplamente difundido no meio acadêmico, devido ao fato de fornecer
valores mais confiáveis.
A carga em qualquer ponto da estaca pode ser calculada com base na Lei de
Hook, através da seguinte equação:
F = Es . Ɛ . Ap (3.20)
Onde,
Es = módulo de elasticidade da estaca (kPa);
Ɛ = deformação da estaca;
Ap = área da seção transversal da estaca (m²).
Lorenzi (2012) cita que no Brasil as provas de carga estática instrumentadas
são executadas principalmente para a conferência do que já foi dimensionado no
projeto.
A Figura 3.43 mostra um exemplo de uma prova de carga estática
instrumentada e a transferência de carga de acordo com a profundidade para cada
nível de instrumentação.
99
Figura 3.44: Transferência de carga de uma estaca em uma prova de carga estática instrumentada (NIYAMA et al, 1998).
Entretanto, Vésic (1977) comenta que a transferência de carga para o solo é
um sistema complexo, onde muitos fatores interferem neste fenômeno, como
geometria e tipo de estaca. Logo, deve-se instrumentar a estaca ensaiada com o
máximo de cuidado possível, a fim de que fatores oriundos do processo de
instalação de uma fundação, tais como remoldamento das argilas, aumento da
compacidade das areias ou surgimento de cargas residuais não afetem os
resultados da instrumentação da estaca ensaiada.
3.8 Leis de Cambefort (1964)
Uma estaca isolada e solicitada por uma carga axial de compressão pode ser
analisada com as relações propostas por Cambefort (1964) e simplificadas por
Cassan (1978), como pode ser observado na Figura 3.45, para atrito lateral (f) e
resistência de ponta (q).
Camberfot (1964) considera que a estaca é compressível e o solo existente
ao longo do fuste é homogêneo, com resistência e rigidez constantes.
100
Figura 3.45: Leis de Cambefort (MASSAD, 1995).
De acordo com a figura anterior, seguem as seguintes relações:
f = B.y (para y<y1) (3.21)
f = fu = B.y1 (para y≥y1) (3.22)
q = R.y (para y<y2) (3.23)
q = Ru = B.y1 (para y≥y2) (3.24)
Percebe-se que para y1 da ordem de alguns milímetros, para quaisquer tipos
de estaca, solo e dimensões de estaca, y2 pode atingir dezenas de milímetros
dependendo das dimensões da ponta.
Figura 3.46: Leis de Cambefort (MASSAD, 1995).
Da figura anterior, pode-se considerar a equação de equilíbrio de um
comprimento dx da estaca, desprezando o peso próprio da mesma, como sendo:
P = P+dP+ π.D.fdx ou = - π.D.f (3.25)
Onde D é o diâmetro da estaca. Da Lei de Hooke, conclui-se:
101
Ɛ = = - (3.26)
Onde Ɛ é a deformação do elemento, E o módulo de elasticidade do material
da estaca e S a área da seção transversal da estaca.
Das equações 3.25 e 3.26, tem-se a seguinte equação que controla a
transferência de carga para o solo:
(3.27)
Para um ensaio de carregamento, pode-se observar quatro estágios no
fenômeno de transferência de carga, associados com cinco pontos diferentes na
curva carga vs recalque no topo (Figura 3.47).
Figura 3.47: Curva carga vs recalque teórica no topo (MASSAD, 1995).
Fase 1: Início do processo de transferência de carga, ocorrendo a mobilização
do atrito lateral sem que ocorra qualquer deslocamento, e, consequentemente
nenhuma reação na ponta da estaca.
Fase 2: Início do deslocamento da ponta, que reage com pressão nula. Ao
longo do fuste, ainda não ocorreu total esgotamento do atrito lateral, ou seja, f<fu.
102
Fase 3: Início do esgotamento do atrito lateral, junto ao topo da estaca. Na
ponta da estaca, a reação se processa pala “rampa” de inclinação R da Figura 3.45
b.
Fase 4: Mobilização de todo o atrito lateral da estaca (f=fu). O deslocamento
na ponta da estaca é igual a y1<<y2, ou seja, a ponta desenvolveu apenas uma
fração de Rp.
Acima da fase 4: O atrito lateral já está totalmente esgotado e acréscimos na
carga são suportadas pela ponta da estaca, até que o deslocamento da ponta atinja
y2, quando a estaca rompe.
3.9 Cargas residuais
Entende-se por carga residual (Ph) o valor de reação na ponta e da parte mais
baixa do fuste, resultado da cravação de estacas ou da aplicação de um segundo
carregamento em estacas escavadas que é basicamente uma carga que fica
aprisionada (Ph), durante o primeiro carregamento e é refletida durante uma segunda
prova de carga.
Segundo Fernandes (2010), durante muitas décadas a interpretação do
mecanismo de transmissão de carga foi realizada de forma equivocada. A
comparação entre os resultados experimentais com os teóricos apontavam uma
discrepância que durante muito tempo não havia explicação.
Esta interpretação errônea se deve ao fato que os deslocamentos, lidos
durante a execução de uma prova de carga estática, serem medidos na cabeça da
estaca, o que não permitia a aferição desta evolução. Mesmo com o advento da
instrumentação do fuste, os extensômetros eram zerados antes do início do ensaio,
ou seja, as medições iniciavam com um valor zero, mesmo sabendo que já existe
uma carga instalada na estaca associada à compressão da mesma, dispondo ao
longo do fuste de um equilíbrio de forças de levantamento (uma carga de
levantamento atuando na base da estaca e uma carga na zona mais baixa do fuste
com o terreno, a levantar a estaca) e de reação ao mesmo, na parte superior ao
fuste (FERNANDES, 2010).
Fisicamente, a existência desta carga residual mostra que a ponta da estaca
já está reagindo quando o atrito lateral começa a se desenvolver positivamente e
mais, este atrito, que logo após a cravação atua de cima para baixo, “prendendo” a
103
estaca no terreno e equilibrando a carga residual na ponta, precisa ser “revertido”
(reversão do atrito lateral).
Portanto, nada se altera quanto à carga de ruptura, porém a curva carga vs
recalque no topo se altera em função da carga residual, como havia enfatizado Vesic
(1977-b).
Figura 3.48: Estacas cravadas: cargas residuais (Ph) e relações de Cambefort modificadas (MASSAD, 1992).
Da figura anterior, é possível distinguir duas situações para estacas cravadas:
a)Situação 1: estacas de ponta:
Ph<Alr<Rp.S
(3.28)
b)Situação 2: estacas de atrito:
Ph< Rp.S < Alr
(3.29)
Onde Rp é a resistência ou reação máxima de ponta, Alr é a resistência de
atrito lateral na ruptura e S valor da área da seção transversal da estaca.
Introduzindo-se o fator µ como sendo a relação:
(3.30)
Deve-se ter necessariamente 1<µ<2.
Logo, analisando a Figura 3.48 é possível concluir que estacas cravadas de
ponta µ=2, e estacas cravadas de atrito 1<µ<2.
104
Na Figura 3.48 estão indicadas as Leis de Cambefort (1964), modificadas por
Massad (1992), para levar em conta a reversão do atrito lateral. Desde que µ>1, o
atrito lateral unitário (f) deve ser revertido de um valor negativo inicial (fmín), que
equilibra a força Ph, sendo o atrito lateral transformado em valores positivos à
medida que é aumentada a carga solicitante na cabeça da estaca, até atingir a
“plena mobilização”, quando f se iguala a fu.
Fernandes (2010) conclui que a não consideração do efeito da carga residual
em uma estaca, onde a mesma exista, implica em sobrestimar a resistência lateral e
que a carga de ponta seja subestimada. A ocorrência da carga residual torna o
comportamento da estaca aparentemente mais flexível, na medida em que a
resistência lateral se apresenta superior a real, contrariamente à resistência de
ponta.
De acordo com os objetivos do projetista as consequências de uma
interpretação errônea dos resultados da prova de carga estática, podem ser mais ou
menos danosos ao projeto de fundações.
Versic (1977) conclui que em estacas que apresentam cargas residuais, os
recalques são inferiores quando comparados em estacas que não apresentam estas
cargas residuais. Observa-se um encurtamento elástico tal como do deslocamento
da ponta da estaca, conduzindo a um menor recalque da cabeça da estaca. A Figura
3.49 apresenta as curvas de transferência de carga no caso de existir ou não a
carga residual para uma mesma estaca. Pode-se observar que para cada valor de
carga aplicada (P0), os recalques associados são maiores quando comparados no
caso de sua ausência. Entretanto, ainda é possível averiguar que a carga de ruptura,
esta tendo como limitante o recalque admissível, é superior no caso em que estão
presentes as cargas residuais.
105
Figura 3.49: Comparação de curvas de transferência de carga na cabeça da estaca para o caso da existência ou não de cargas residuais, para uma mesma estaca (FERNADES, 2010).
Portanto, a consideração de cargas residuais é benéfica em termos da
avaliação da resistência por critérios de limites e deformação, sendo necessários
tomar alguns cuidados na interpretação dos resultados de provas de carga estáticas
onde esteja presente este fenômeno, a fim de se possam estimar a resistência
lateral e de ponta corretamente.
3.10 Métodos de previsão de capacidade de carga geotécnica à
compressão para estacas
Segundo Cintra e Aoki (2010), a capacidade de carga do elemento isolado de
fundação é representada pela máxima resistência que o elemento pode oferecer ou
a carga que provoca a ruptura do sistema composto pelo elemento estrutural e o
maciço de solo que o envolve. Uma fundação profunda suporta carregamentos
verticais graças a sua capacidade de carga, esta composta por duas parcelas: a
parcela correspondente à resistência lateral (Rl) que atua ao longo do fuste da
estaca e resistência de ponta (Rp).
106
Na literatura, há vários métodos para prever a capacidade de carga e o
desenvolvimento dos recalques (movimento vertical descendente) dos elementos de
fundação, tanto individualmente, como em grupo (MELO, 2009).
Dentre os métodos de previsão existentes (estáticos, dinâmicos e provas de
carga), os estáticos semiempíricos são os mais utilizados pelos projetistas de
fundação no Brasil, porém a melhor forma de se analisar o comportamento de
fundações profundas carregadas é a prova de carga (FRANCISCO et al, 2004).
Determinar a capacidade de carga de um elemento isolado (Pu) é o principal
objetivo da prova de carga (Figura 3.50). Esta é composta por duas parcelas de
resistência: pela resistência de ponta (Rp) e pelo atrito lateral (Rl), conforme a
Equação 3.31:
Pu = fsmédio . AL + σp . Ap (3.31)
Onde:
fsmédio = atrito unitário médio ou adesão média do solo ao longo da estaca
(kPa);
AL = área lateral da estaca (m²);
σp = capacidade de carga da camada de solo que serve de apoio à estaca
(m²);
Ap = área da ponta da estaca (m²);
Ø = diâmetro da estaca (m);
L = comprimento da estaca (m).
Figura 3.50: Composição da capacidade de carga de uma estaca (MELO, 2009).
Bowles (1996) menciona que o atrito lateral no fuste se desenvolve para
valores de comprimentos de estacas da ordem de 5 a 10 m, independentemente do
107
tipo de estaca e diâmetro, e se mantem relativamente constante para recalques
maiores, podendo em até alguns casos apesentar uma pequena redução. Sabe-se,
que a resistência de ponta é completamente mobilizada quando o recalque atinge
valores da ordem de 10% do diâmetro da base para estacas cravadas e 30% do
diâmetro da base para estacas escavadas.
A capacidade de carga de um sistema solo-estaca depende do tipo de solo
onde a estaca será instalada, do tipo de sua execução, da sua seção transversal e
de seu comprimento.
A capacidade de carga não é uma grandeza própria do elemento estrutural
(estaca), pois, na análise da capacidade de carga da estaca, deve-se considerar o
maciço de solo e seus parâmetros de resistência (AOKI E CINTRA, 2000).
Aoki (2000) cita que o tempo de resposta e o comportamento de um elemento
isolado de fundação são únicos, devido ao fato do maciço de solo ser constituídos
por camadas contínuas de diferentes formas de solos, e que também depende das
características e comportamento futuro do elemento estrutural após sua instalação.
De acordo com a NBR 6122 (2010) e Stephan (2000), há três métodos para
se estimar a capacidade de carga:
Estáticos (teóricos e semiempíricos);
Dinâmicos;
Provas de carga.
Segundo Alcantara Junior et al (2004), os métodos teóricos apesentam certa
dificuldade de serem utilizados para a estimativa de capacidade de carga de um
elemento de fundação, pois estes métodos são baseados em fórmulas da Mecânica
dos Solos e parâmetros obtidos em ensaios de laboratório e/ou campo.
Utilizando-se ensaios in situ de penetração, tais como o SPT (Standard
Penetration Test), SPT-T (Standard Penetration Test with Torque Measurements),
CPT (Cone Penetration Test), DMT (Flat Dilatometer Test) e PMT (Pressiômetro
Menard), os métodos estáticos teóricos são os mais difundidos e utilizados no Brasil
para a estimativa da capacidade de carga. Contudo, Carvalho et al (2002)
mencionam que por ser estes ensaios de campo pontuais, a presença de
desdobramentos importantes no perfil do solo podem não serem identificados.
Camapum de Carvalho et al (2010) citam que a grande variabilidade de
resultados de capacidade de carga para as estacas submetidas à esforços axiais,
obtidas com a aplicação de diversos métodos de previsão de capacidade de carga,
108
inviabiliza a recomendação de escolhas de critérios para adoção de um determinado
método, haja vista que esta escolha é influenciada fortemente pela experiência do
engenheiro geotécnico com as propriedades do local da obra.
3.10.1 Métodos semiempíricos
Segundo Alonso (2004), não havia no Brasil, até meados da década de 70,
uma estimativa própria para o cálculo da capacidade de carga à compressão. As
fórmulas teóricas utilizadas para o cálculo destas estimativas conduziam, na maioria
das vezes, a valores muito discrepantes.
Devido às incertezas de muitos parâmetros, correlacionados com o solo,
serem utilizados nos métodos teóricos, Aoki (2010) diz que estes métodos utilizados
para a previsão da capacidade de carga de fundações profundas não são muito
confiáveis. Somente no ano de 1975 surgiu o primeiro método semiempírico nacional
para se estimar a capacidade de carga à compressão, desenvolvida pelos
engenheiros Nelson Aoki e Dirceu Alencar Velloso.
Os métodos semiempíricos se baseiam nos ajustes de equações aos mais
diversos tipos de solo que as estacas atravessam, além do processo executivo do
elemento de fundações (sua perfuração ou cravação no solo), visto que as
condições iniciais do terreno são alteradas, tais como ângulo de atrito da interface
solo-estaca, a adesão solo estaca e dimensão da área de contato, podem ser
alteradas de acordo com o processo executivo adotado (NIEVOV, 2006).
Estes métodos semiempíricos se utilizam dos resultados de ensaios de
campo, como por exemplo, SPT, CPT, SPT-T, dentre outros.
3.10.2 Métodos semiempíricos baseados no ensaio SPT
De acordo com Pérez (2014), o ensaio de investigação geotécnica SPT é
amplamente utilizado em todo o mundo, devido ao seu baixo custo além, da
facilidade em seu equipamento, procedimento e experiência empírica. O ensaio
fornece a identificação da consistência dos solos (coesivos e rochas brandas), bem
como indicadores da densidade dos solos granulares. A NBR 6484 (2001) normatiza
os equipamentos e procedimentos deste ensaio.
Segundo Schnaid e Odebrecht (2012), não é raro o uso de diferentes
procedimentos e equipamentos do padrão internacional. O equipamento do ensaio é
composto por seis partes: amostrador, hastes, martelo, torre ou tripé de sondagem,
cabeça de bater e conjunto de perfuração.
109
O procedimento para a execução do ensaio consiste na cravação do
amostrador no fundo usando a queda de peso de 65 kg, caindo de uma altura de
750 mm. São anotados o numero de golpes para cravar 15 cm, 30 cm e 45 cm, onde
o resultado do ensaio SPT é o numero de golpes necessários para cravar os 30 cm
finais. As amostras são retiradas com o amostrador a cada metro para ensaios de
laboratório. A perfuração é obtida através de um tradagem e circulação de água.
Como resultado, o ensaio SPT fornece características do solo, a profundidade
do nível freático e o número de golpes necessários para a penetração do amostrador
a cada profundidade. Este último resultado é utilizado na classificação de solos
segundo a NBR 6484 (2001), e pode até fornecer parâmetros representativos do
comportamento do solo e na previsão de capacidade de carga e recalques em
fundações através de correlações empíricas.
Tabela 3.6: Classificação dos solo de acordo com o NSPT e o tipo de solo (NBR 6484, 2001).
De acordo com Fellenius (2006), os resultados do ensaio SPT apresentam
certa subjetividade, embora ainda sejam utilizados para a previsão da capacidade de
carga do sistema solo-estaca. Deste modo, a análise quantitativa deve ser realizada
com muito cuidado, baseada sempre na experiência e resultados de ensaios
anteriores de solos analisados em regiões próximas ao novo ensaio. A seguir, são
apresentados os principais métodos semiempíricos baseados no ensaio SPT, cujos
métodos foram utilizados para a previsão da capacidade de carga da estaca neste
trabalho.
110
3.10.2.1 Aoki e Velloso (1975)
De acordo com Pérez (2014), este método surgiu a partir de um estudo
comparativo entre os resultados de provas de carga em estacas com o ensaio de
penetração de cone in situ (CPT).
Segundo Lobo (2005), com o intuito de utilizar os resultados do ensaio SPT,
foi criado uma correlação este com o ensaio CPT (Equação. 3.33). A capacidade de
carga última à compressão pode ser calculada pela através da Equação 3.32:
Pu = Qp + QL = qu . Ap + U . Σ fu . Δl (3.32)
Onde:
Qp = parcela de resistência de ponta (kN);
QL = parcela de resistência lateral (kN);
qu = tensão limite normal no nível da ponta (kPa);
Ap = área da seção transversal na ponta da estaca (m²);
U = perímetro da estaca (m);
fu = tensão limite de cisalhamento ao longo do fuste (kPa);
Δl = espessura da camada de solo (m).
Os valores de qu e fu são calculados a partir do número de golpes do ensaio
SPT da camada de solo analisada:
qu = . fu = (3.33)
Onde:
F1 e F2 = fatores de correção;
K = coeficiente de ponta que depende do tipo de solo (kPa);
αAV = razão de atrito (kPa);
Np = índice médio de resistência à penetração na cota de apoio da estaca;
Nl = índice médio de resistência à penetração na camada de solo Δl;
Logo, a capacidade de carga pode ser estimada através da seguinte fórmula:
Pu = . Ap + . αAV . K . Nl . Δl) (3.34)
Os coeficientes F1 e F2 são fatores de correção ajustados após análises de
63 provas de carga realizadas em vários estados do Brasil, determinados em função
do tipo de estaca, cujos valores são mostrados nas Tabelas 3.7 e 3.8. Os valores de
K e αAV foram propostos, com base na experiência e em valores da literatura, em
função do tipo de solo.
111
Tabela 3.7: Fatores de correção F1 e F2 (CINTRA E AOKI, 2010).
Tabela 3.8: Coeficientes K e razão αAV (CINTRA E AOKI, 2010).
Adota-se fator de segurança igual a 2,00 para o cálculo da capacidade de
carga admissível da estaca.
3.10.2.2 Método Laprovitera (1998) e Benegas (1993)
Analisando os resultados de provas de cargas realizadas pela COPPE-UFRJ,
os autores em suas dissertações de mestrado propuseram novos valores de αAV, K,
F1 e F2, utilizando a mesma formulação de Aoki-Velloso (1975).
Visando a melhoria da previsão da capacidade de carga última à compressão,
os autores não mantiveram a relação F2=2.F1. Laprovitera (1998) avaliou os
coeficientes αLB e KLB com base nos valores modificados por Danziger (1982). As
Tabelas 3.9 e 3.10 mostram os valores de αLB, KLB, F1 e F2, respectivamente.
112
Tabela 3.9: Valores de correção F1 e F2 (LAPROVITERA, 1998).
Tabela 3.10: Valores de correção αLB e KLB (LAPROVITERA E BENEGAS, 1993,
1998).
3.10.2.3 Método Décourt e Quaresma (1978), modificado por Décourt
(1996)
Baseada nos resultados obtidos pelo ensaio SPT, foi desenvolvido
inicialmente para estacas pré-moldadas de concreto cravadas. Décourt (1996)
introduz dois fatores de ajuste da capacidade de carga “αDEC” e “βDEC” para englobar
outros tipos de estacas. A carga de ruptura pode ser calculada por:
Pu = αDEC . QP + βDEC . QL = αDEC . qu . AP + βDEC . fu . Δl (3.35)
A Equação 3.35 pode ser reescrita como:
Pu = αDEC . CDEC . Np . AP + βDEC . 10 . ( + 1) . U . Δl (3.36)
Onde:
113
Np = índice médio de resistência à penetração na cota de apoio da estaca,
obtido a partir de três valores: o correspondente ao nível da ponta ou base, o
imediatamente anterior e o imediatamente posterior;
CDEC = coeficiente que correlaciona a resistência à penetração com a
resistência de ponta em função do tipo de solo (kPa);
αDEC = fator aplicado à parcela de ponta, de acordo com o tipo de solo e
estaca (kPa);
Nl = índice médio de resistência à penetração na camada de solo Δl;
βDEC = fator aplicado à parcela de atrito lateral, de acordo com o tipo de solo e
estaca (kPa);
U = perímetro da estaca (m);
Δl = espessura da camada de solo (m).
Nl é calculado como a resistência média à penetração do SPT ao longo do
fuste da estaca, não considerando os valores que serão utilizados na resistência de
ponta. Vale ressaltar que para o cálculo de Nl se adotam os seguintes limites: para
estaca de deslocamento e estacas escavadas com fluído estabilizante 3
golpes<NSPT<50 golpes e para estacas Strauss e tubulões a céu aberto 3
golpes<NSPT<15 golpes. A Tabela 3.11 mostra os valores de CDEC e a Tabela 3.12
mostram os valores de αDEC e βDEC.
Tabela 3.11: Valores CDEC (kPa) em função do tipo de solo (DÉCOURT, 1978).
Tabela 3.12: Valores αDEC e βDEC (kPa) em função do tipo de solo e estaca (DÉCOURT, 1996).
O fator de segurança para esta fórmula dever ser de 1,3 para a carga lateral e
4,0 para a carga de ponta.
114
3.10.2.4 Método Meyerhof (1976)
De acordo com Esteves (2005), Meyerhof foi um dos pioneiros em investigar e
estabelecer um método de previsão de capacidade de carga com base em ensaio
SPT. Publicou seu trabalho em 1956 (Meyerhoh, 1956) e apresentou seu trabalho na
sua Terzaghi Lecture em 1976 (Meyerhof, 1976).
De acordo com Velloso e Lopes (2002), os principais resultados de sua
pesquisa foram:
a)Para estacas cravadas até uma profundidade D em solos arenosos, a
resistência unitária de ponta (em kgf/cm²) é dada por:
qp= < 4. Np (3.37)
Onde:
Np = índice médio de resistência à penetração na cota de apoio da estaca,
obtido a partir de três valores: o correspondente ao nível da ponta ou base, o
imediatamente anterior e o imediatamente posterior;
D = profundidade de embutimento da estaca na camada de apoio da ponta
(cm);
B = diâmetro ou maior seção da estaca (cm).
A resistência unitária por atrito lateral (em kgf/cm²) é dada por:
qs = (3.38)
Nl = índice médio de resistência à penetração ao longo do fuste.
b)Para siltes não plásticos é recomendado como limite superior da resistência
de ponta (em kgf/cm²) o valor obtido pela seguinte equação:
qs = 3 . Nl (3.39)
c) Para estacas executadas sem deslocamento do terreno em solos não
coesivos a resistência de ponta é da ordem de 1/3 da obtida pela
aplicação das expressões (3.37) e (3.39) e a resistência lateral é da ordem
da 1/2 obtida na expressão (3.38);
d)Se as propriedades da camada de suporte arenosa variam nas
proximidades da ponta da estaca, deve-se adotar para N um valor médio
calculado ao longo de 4 diâmetros para cima e um diâmetro abaixo da
ponta da estaca;
e)Quando a camada de suporte arenosa for sobrejacente a uma camada
fraca, e espessura H entre a ponta da estaca e o topo desta camada for
menor que a espessura crítica da ordem de 10.B, a resistência da ponta
da estaca será dada por:
115
qp = q0 + ( ) . H < q1 (3.40)
Onde:
q0 = resistência na camada limite fraca inferior (kgf/cm²);
q1 = resistência na camada limite resistente (kgf/cm²);
H = distância entre a ponta da estaca e o topo da camada fraca (cm).
As definições q0 e q1 estão ilustradas na Figura 3.51.
Figura 3.51: Estaca assente em camada resistente sobrejacente a uma camada fraca (ESTEVES, 2005).
f) Para estacas em argilas, não é apresentada nenhuma relação direta entre
capacidade de carga e o valor N obtido no ensaio SPT.
3.10.2.5 Método Pedro Paulo Velloso (1981)
Desenvolvido no ano de 1981, o autor utiliza os resultados do ensaio CPT
para estimar a capacidade de carga, entretanto este método pode ser aplicado com
base em resultados de ensaio SPT, através de correlações entre os ensaios CPT e
SPT. A capacidade de carga á ruptura da estaca à compressão pode ser calculada
por:
Pu = αPPV . βPPV . qu . Ap + αPPV . λPPV . U . ΣfU . Δl (3.41)
Onde:
αPPV = fator de execução da estaca (1,0 para estaca escavada e 0,5 para
estaca cravada);
βPPV = fator de carga de ponta em função da dimensão da ponta da estaca, o
qual relaciona o modelo do cone ao comportamento da estaca. Para estacas
116
comprimidas βPPV é dado por: βPPV = 1,016 – 0,016 . , sendo D o diâmetro do fuste
e d o diâmetro da ponta do cone CPT (3,6 cm no cone padrão);
qu = resistência média de ponta (kPa);
λPPV = fator de carregamento da estaca (1,0 para estaca de compressão 0,7
para tração);
U = perímetro da estaca (m);
fU = atrito lateral médio (kPa);
Δl = espessura da camada de solo (m).
Os valores de qu e fu são calculados através do número de golpes do ensaio
SPT.
qu = (3.42)
fU = a’ (3.43)
Onde:
a, a’, b, b’ = parâmetros de correlação entre o SPT e CPT (valores
encontrados na Tabela 3.13);
N1 = valor médio de NSPT, calculado desde a cota da ponta da estaca até dois
diâmetros acima dela;
N2 = valor médio de NSPT, calculado desde a cota da ponta da estaca até um
diâmetro abaixo da mesma;
Nl = índice médio de resistência à penetração na camada de solo Δl;
Tabela 3.13: Valores aproximados de a, a’, b e b’ (VELLOSO, 1981, apud CINTRA E AOKI, 1996).
117
3.10.2.6 Método Teixeira (1996)
Baseada em parâmetros αTEX e βTEX, a equação proposta pelo autor para
cálculo da capacidade de carga é descrita como:
PU = Qp + QL = αTEX . NPTEX . Ap + U . Σ βTEX . Nl . Δl (3.44)
Onde:
αTEX = parâmetro adotado em função do tipo de solo e estaca (kPa);
NPTEX = valor médio do índice de resistência à penetração medido no intervalo
de 4 diâmetros acima da ponta da estaca e 1 diâmetro abaixo;
Nl = índice médio de resistência à penetração na camada de solo Δl;
Ap = área da seção transversal na ponta da estaca (m²);
U = perímetro da estaca (m);
βTEX = parâmetro adotado em função do tipo de solo e estaca (kPa);
Δl = espessura da camada de solo (m).
Porém, este método não se aplica as estacas pré-moldadas de concreto
flutuantes em espessas camadas de argila mole, com NSPT inferior a três golpes
(CINTRA E AOKI, 2010). As Tabelas 3.14 e 3.15 mostram os valores de αTEX e βTEX,
respectivamente.
Tabela 3.14: Valores de αTEX (kPa) em função do tipo de solo e estaca (TEIXEIRA, 1996).
Tabela 3.15: Valores de βTEX (kPa) em função do tipo da estaca (TEIXEIRA, 1996).
118
Adota-se fator de segurança igual a 2,00 para e resistência lateral admissível
e fator de segurança igual a 4,00 para a carga admissível de ponta.
3.10.2.7 Método da UFRGS (LOBO, 2005)
Desenvolvida a partir de conceitos físicos e baseados em resultados do
ensaio SPT, Lobo (2005) propõe uma nova interpretação do ensaio, sugerida por
Odebrecht (2003), onde se calcula uma força de ração dinâmica do solo à cravação
do amostrador SPT.
A capacidade de carga é calculada por:
Pu = βUFRGS . 0,7. FD . + αUFRGS . . Σ FD . Δl (3.45)
Onde:
βUFRGS = coeficiente de ajuste aplicado para a resistência de ponta;
AP = área da ponta ou base da estaca (m²);
ap = área da ponta do amostrador SPT (20,4 cm²);
αUFRGS = coeficiente de ajuste aplicado para resistência lateral;
al = área lateral total do amostrador SPT (externa + interna = 810,5 cm²);
Δl = espessura da camada de solo (m).
Para o cálculo da variação de energia potencial (Fd), o autor sugere a
seguinte equação:
Fd = ƞ3 . [ƞ1 . (0,75 + Δρ) . Mm . g + ƞ2 . Δρ . Mh . g] . (3.46)
Onde:
ƞ1= eficiência do golpe = 0,764;
ƞ2 = eficiência das hastes = 1,0;
ƞ3 = eficiência do sistema = 0,0907 – 0,0066.z;
z = comprimento da haste que penetrou no solo (m);
Mm= massa do martelo (kg);
Mh = massa da haste = 3,23 kg/m;
g = aceleração da gravidade (m/s²);
Δρ = penetração do golpe = 30/NSPT (m/golpes).
Os coeficientes αUFRGS e βUFRGS são obtidos por meio de correlações
estatísticas entre os valores previstos pelos métodos propostos e valores medidos
em provas de carga estática. Esta análise foi realizada com base em resultados de
324 provas de carga à compressão e 43 provas de à tração feita em diferentes tipos
119
de estacas, tais como: cravadas metálicas, cravadas pré-moldadas de concreto,
hélice contínua e escavadas. A Tabela 3.16 contem os valores de αUFRGS e βUFRGS.
Tabela 3.16: Valores de αUFRGS e βUFRGS (kPa) em função do tipo da estaca (LOBO, 2005).
3.10.3 Métodos de previsão de capacidade de carga dinâmicos
Velloso e Lopes (2002) afirmam que as fórmulas dinâmicas buscam ao
máximo correlacionar a energia de queda do martelo com a resistência à cravação
da estaca, através das medidas de nega. Baseadas na conservação de energia,
estas fórmulas incorporam as leis de choque de Newton, sendo a maioria destas
deduzidas com base na lei de Newton referente ao impacto entre dois corpos
rígidos, igualando-se a energia de queda do martelo com a nega multiplicada pela
resistência à cravação, onde inicialmente não eram consideradas as perdas de
energia durante o choque. Posteriormente, diversos autores introduziram estas
perdas em suas fórmulas revisadas, sendo que tais perdas variam de acordo com
cada autor.
A cravação de uma estaca é um fenômeno dinâmico e, portanto, além da
resistência estática do solo, há a mobilização da resistência dinâmica. Desta forma,
a carga de trabalho obtida através das fórmulas dinâmicas, deve ser feita dividindo-
se a resistência à cravação por um coeficiente de correção que fará o devido
desconto da resistência dinâmica (VELLOSO E LOPES, 2002).
Diversas fórmulas dinâmicas podem ser vistas em Chellis (1961) e Whitaker
(1963). Estas fórmulas se baseiam na conservação da energia, onde a energia
potencial do martelo é igualada ao trabalho realizado na cravação das estacas,
acrescentando-se eventuais perdas de energia que podem ocorrer durante o
processo (Figura 3.52).
De acordo com Medrano (2014), as fórmulas dinâmicas são expressões
matemáticas cujo objetivo é correlacionar medidas de deslocamento da estaca, tais
como dados de nega e repique elástico registrados durante a cravação, com um
120
valor de resistência mobilizada, que a princípio não é o valor da carga de ruptura da
estaca.
Figura 3.52: Fórmulas dinâmicas de cravação (SANTOS, 2000).
De uma maneira geral, pode-se escrever:
W . h = Rd . s + X (3.47)
Onde: W = peso do martelo;
H = altura de queda;
Rd = resistência à cravação;
S = penetração ou nega;
X = perdas de energia (energia não utilizada em fazer a estaca
penetrar no solo).
De acordo com Velloso e Lopes (2002), as principais perdas de energia em
martelos de queda livre ocorrem por:
Atrito dos cabos na roldana;
Atrito do martelo nas guias.
Além disso, há uma perda de energia associada às deformações elásticas da
estaca, do solo e do sistema de amortecimento (cepo, coxim, dentre outros).
Entretanto, há uma terceira perda de energia, não computada nas fórmulas
dinâmicas, pois depende do operador do bate-estaca, que decorre da atuação
precoce do guincho ao final da queda do martelo (VIEIRA, 2006).
121
A seguir, serão apresentadas algumas fórmulas dinâmicas que se baseiam
nas considerações já citadas anteriormente.
Cabe observar que as fórmulas dinâmicas servem especialmente como um
elemento de controle de cravação, não fornecendo o valor real da capacidade de
suporte estática da estaca (ALBUQUERQUE, 1996).
3.10.3.1 Fórmula de Sanders
Proposta em 1851, esta fórmula iguala a energia de queda do martelo com o
deslocamento da estaca multiplicado pela resistência à penetração. Vale ressaltar
que esta fórmula despreza qualquer tipo de perda de energia (Figura 3.53).
Pm . h = Rd . s (3.48)
Onde: Pm = peso do martelo (kN);
h = altura de queda (cm);
s = nega (cm/golpe);
Rd = resistência à penetração (kN).
Para se obter a carga admissível de uma estaca através desta fórmula, a
resistência à cravação deve ser dividida por um fator de correção igual a 8, que fará
o devido desconto da resistência dinâmica (VELLOSO E LOPES, 2002).
Figura 3.53: Hipótese adotada na fórmula de Sanders (ARAÚJO, 1988).
Na figura anterior, o eixo w corresponde ao deslocamento da estaca.
3.10.3.2 Fórmula de Wellingnton ou da Engineering News Record
Proposta por A.M Wellingnton em 1888, a fórmula da Engineering News
Record se baseia na premissa de que, sob a ação do martelo, a estaca se encurta
elasticamente e posteriormente penetra no solo encontrando uma dada resistência
Rd, seguindo o diagrama mostrado na Figura 3.54.
122
Figura 3.54: Hipótese adotada na fórmula do Engineering News Record (VELLOSO E LOPES, 2002).
Rd = (3.49)
Onde: Pm = peso do martelo (kN);
h = altura de queda do martelo (cm);
s = nega (cm/golpe);
c = encurtamento elástico para a estaca (cm);
Rd = resistência à penetração (kN).
Foram sugeridos os seguintes valores de para o encurtamento elástico c da
estaca.
c = 2,54 cm para martelo de queda livre;
c = 0,254 cm para martelo de ação simples, duplas e diferenciais a vapor.
Deve-se adotar para esta fórmula um fator de correção das incertezas igual a
6.
3.10.3.3 Fórmula dos Holandeses
Esta fórmula, proposta em 1812, utiliza a relação entre a massa da estaca
(Pest) e a massa do martelo (Pm) de cravação, para considerar a perda de energia no
impacto entre dois corpos:
Rd = (3.50)
Onde: Pest = peso da estaca (kN);
h = altura de queda (cm);
Pm = peso do martelo (kN);
s = nega (cm/golpe);
Rd = resistência à penetração (kN).
123
Para martelos de gravidade se deve adotar um fator de correção igual a 10 e,
para martelos a vapor se adota um fator de correção das incertezas igual a 6.
3.10.3.4 Fórmula de Brix
Baseada na teoria do choque Newtoniano, a fórmula de Brix adota as
seguintes premissas, adotando-se fator de correção das incertezas igual a 5:
Desprezam-se as elasticidades que possam apresentar a estaca e o
martelo;
Admite-se, que logo após o choque, o martelo se separa da estaca para
efetuar o segundo golpe, não continuando seu peso a auxiliar a
penetração da estaca.
Logo, a resistência a penetração (Rd) é dada por:
Rd= (3.51)
Onde: Pm = peso do martelo (kN);
h = altura de queda (cm);
Pest = peso da estaca (kN);
s = nega (cm/golpe);
Rd = resistência à penetração (kN).
3.10.3.5 Fórmula de Hiley
Em 1925, Hiley propôs que em sua fórmula ocorrem as seguintes perdas de
energia:
A eficiência do martelo (ef);
Perdas no impacto (ef . Pm . h .[ ]), onde ef é o coeficiente de
restituição elástica;
Perdas por compressão elástica do capacete ( ;
Perdas por compressão elástica da estaca ( = );
Perdas por compressão elástica do solo ( );
Então, pode-se escrever:
Rd . s = ef . Pm . h - ef . Pm . h . (ef . Pm . h .[ ]) - ( )- ( ) –(
) (3.52)
Combinando-se os termos, obtém-se a fórmula de Hiley.
124
Rd = . (3.53)
Para esta fórmula, considera-se um fator de correção das incertezas entre 2 e
6.
Valores de C1, C2 e C3 e ef podem ser encontrados em Chellis (1961) a
Araújo (1988).
O fabricante de martelos a diesel Kobe propõe uma adaptação da fórmula de
Hiley, que toma a forma (VELLOSO E LOPES, 2002):
Rd = . (3.54)
Onde: Pm = peso do martelo (kN);
h = altura de queda do martelo (cm);
Pest = peso da estaca (kN);
s = nega (cm/golpe);
c = encurtamento elástico da estaca (cm);
Rd = resistência à penetração (kN).
O fabricante recomenda uma fator de correção das incertezas igual a 4 para
cargas permanentes e igual a 2 para temporárias.
3.10.3.6 Fórmula de Janbu
A fórmula de Janbu, proposta em 1953, adota constantes empíricas e a
relação entre as massas da estaca e do martelo, bem como as perdas de energia
por compressão elástica da estaca.
Pm . h = Rd . s . (0,75 + 0,15 . ) . ( 1 + ) (3.55)
Sendo λ:
λ =
Onde: Pm = peso do martelo (kN);
h = altura de queda do martelo (cm);
Pest = peso da estaca (kN);
s = nega (cm/golpe);
Em = módulo de Young do material da estaca (kN/m²);
A = área da seção transversal da estaca (cm²);
L = comprimento da estaca (cm);
125
Rd = resistência à penetração (kN).
Recomenda-se uma fator de correção das incertezas igual a 2.
3.10.3.7 Fórmula dos Dinamarqueses
Desenvolvida por Sorensen & Hansen (1957), esta fórmula considera a
eficiência do martelo (ƞ) e a perda de energia na compressão elástica da estaca.
Resultados dos estudos desenvolvidos por Danzinger e Ferreira (2005)
mostraram que esta fórmula é a mais indicada para a previsão de capacidade de
carga para estacas metálicas.
A fórmula é baseada em:
ƞ . Pm . h = Rd . s + X (3.56)
Sendo:
X = . (3.57)
Onde: Pm = peso do martelo (kN);
h = altura de queda do martelo (cm);
Pest = peso da estaca (kN);
s = nega (cm/golpe);
Em = módulo de Young do material da estaca (kN/m²);
A = área da seção transversal da estaca (cm²);
ƞ = eficiência do sistema de cravação;
L = comprimento da estaca (m);
Rd = resistência à penetração (kN).
Recomenda-se que a eficiência seja ƞ = 0,7 para martelos de queda livre e ƞ
= 0,9 para martelos a diesel. Como orientação para a cravação, sugere-se:
Tabela 3.17: Recomendações para a cravação de estacas (VELLOSO E LOPES, 2002).
É recomendado um fator de correção das incertezas igual a 2 para esta
fórmula.
126
3.10.4 Métodos de previsão de capacidade de carga geotécnica à
compressão baseados no repique elástico
Os estudos da avaliação da capacidade de carga de uma estaca, baseada no
repique elástico medido no fim da cravação, têm-se intensificado ao longo dos anos.
De acordo com Machado (1995), isto ocorre em nível nacional e internacional,
seguindo então propostas de novos métodos e fórmulas para se obter a capacidade
de carga das estacas, visto que diversos autores, principalmente do Japão,
desenvolveram pesquisas importantes sobre este assunto, juntamente com os dados
de nega.
No Brasil, estudos com dados de repiques têm sido alvo de aplicações
práticas com bons resultados (AOKI, 1986; GOMES E LOPES, 1986).
A utilização do repique, como controle alternativo à nega para cravação de
estacas, foi sugerida por Chellis (1951).
O repique elástico é obtido por meio da medição do deslocamento ao longo
do tempo, de uma seção da estaca próxima ao topo, devido ao golpe do martelo de
cravação.
Segundo Aoki (1991), o deslocamento do topo da estaca é provocado pela
aplicação do golpe do martelo, sendo que estes deslocamentos correspondem às
deformações elásticas e plásticas na estaca e no solo. Este deslocamento atinge um
valor máximo igual a K+S, onde K é uma parcela de deslocamento recuperado e S o
valor de um deslocamento final.
A deformação elástica recuperada, medida no topo da estaca, é
correspondente ao valor de K, que é a soma das parcelas de compressão elástica
do solo e do fuste abaixo da ponta da estaca. No cálculo da capacidade de carga
pelo método de Uto et al (1985), a parcela devida à compressão elástica do fuste é
definida por K0, por Chellis (1951) é definida por C2, enquanto que a parcela devida
à compressão do solo abaixo da ponta da estaca é Ks e C3, respectivamente
(ALBUQUERQUE, 1996).
Machado (1995) cita que a estimativa da capacidade de carga utilizando o
valor de repique seria uma alternativa conceitualmente mais precisa, quando
comparadas aos métodos de capacidade de carga dinâmicos. Porém, a falta de um
sistema de medição de deslocamento de estacas mais eficiente e preciso em campo
acaba por limitar o uso de repiques no computo de capacidades de cargas para as
estacas. Entretanto, diversas linhas de pesquisas têm sido desenvolvidas com o
127
intuito de se aprimorar cada vez mais este sistema de medição. O Instituto de
Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) desenvolveu na década de 1990 um
protótipo automatizado para a medição de repique elástico.
A seguir, apesentam-se algumas fórmulas que estimam a carga mobilizada
através do repique elástico.
3.10.4.1 Método de Chellis (1951) – Velloso (1987)
Neste método, o autor propõe que a resistência mobilizada (Rd) durante o
processo de cravação seja diretamente proporcional à compressão elástica do fuste
(C2). Logo, a própria estaca se comportaria como medidor de resistência mobilizada,
onde os valores de C2 durante a cravação e em seu final seriam utilizados como
parâmetros para aferição da resistência que o solo impõe à penetração da estaca
cravada.
C2 = (3.58)
Onde: Rd = resistência mobilizada na cravação (kN);
A = área da seção transversal da estaca (cm²);
L = profundidade do centro da resistência à cravação (m);
Em = módulo de elasticidade do material da estaca (kPa).
Logo, é possível escrever:
Rd = (3.59)
Velloso, 1987 (apud MACHADO, 1995) propõe uma expressão aproximada
que é:
Rd ≡ . A . Em (3.60)
Onde: Rd = resistência mobilizada na cravação (kN);
A = área da seção transversal da estaca (cm²);
L = profundidade do centro da resistência à cravação (m);
Em = módulo de elasticidade do material da estaca (MPa).
Kr = valor do repique elástico da estaca (C2 + C3) (m);
C3 = valor da compressão elástica (quake) do solo abaixo da ponta da
estaca;
α = coeficiente que exprime a relação entre a parcela de carga da
ponta e carga total da estaca.
128
O coeficiente α pode ser obtido pela seguinte expressão:
α = + 0,61 . ( L - ) (3.61)
Onde: Qpu,calc = resistência de ponta da estaca mobilizada na cravação (kN);
Qu,calc = resistência total da estaca mobilizada na cravação (kN);
Segundo Aoki (1986), o cálculo de C2 deve fazer parte do cálculo da
capacidade de carga pelo método estático, as duas parcelas da capacidade de
carga (fuste e ponta) são conhecidas, bem como a distribuição do atrito lateral que
determina o valor de α (para o caso de estacas relativamente curtas).
Os valores de C3 a serem somados se situam tipicamente numa faixa de 2,5
mm para areias e até 7,5 mm para argilas (VIEIRA 2006).
Este método fornece a resistência mobilizada de trabalho, sendo necessário
multiplicar o valor obtido pelo coeficiente de correção a ser adotado em projeto.
3.10.4.2 Método de Uto et al (1985)
UTO et al (1985) propuseram uma equação simplificada para a determinação
da capacidade de carga de uma estaca cravada. Obtida a partir da equação da onda
e, resolvendo-se a mesma, tendo como condições de contorno o valor constante da
resistência da ponta da estaca, o repique medido no topo da estaca ao ser cravada,
além de desconsiderar o atrito lateral dinâmico, apresenta-se a seguinte equação de
uso geral:
Rd = + (3.62)
Onde: Rd = resistência mobilizada na cravação (kN);
A = área da seção transversal da estaca (cm²);
L = profundidade do centro da resistência à cravação (m);
Em = módulo de elasticidade do material da estaca (MPa).
Kr = valor do repique elástico da estaca (C2 + C3) (m);
U = perímetro da estaca (m);
Nméd,spt = valor médio do SPT;
F1 = fator de correção do atrito lateral, igual a 2,5 para estacas de aço
ou concreto;
F2 = fator de correção devido ao comprimento da onda de impacto ser
diferente de 2L, dado por:
129
F2 = (3.63)
Onde: Pm = peso do martelo (kgf);
Pest = peso da estaca (kgf);
Caso seja adotada esta fórmula para o cálculo da capacidade de carga da
estaca, recomenda-se adotar um fator de correção igual a 4 para cargas
permanentes e 2 para cargas temporárias.
A execução de centenas de provas de carga tem levado a conclusão de que a
fórmula proposta por Chellis (1951) superestima os valores da carga última,
enquanto que a fórmula de Uto et al (1985), a subestimava.
Logo, de acordo com Souza Filho e Abreu (1989), o valor da carga última
deve ser considerado como a média entre estes dois métodos.
130
4.MATERIAIS E MÉTODOS
As estacas ensaiadas fazem parte das fundações de um edifício comercial
com 18 pavimentos e mais um subsolo, localizado na região sudeste da cidade do
Recife/PE.
O projeto de fundações proposto previu o uso de estacas pré-moldadas de
concreto armado centrifugado de seção circular EC-500/90 mm e EC-400/90 mm (de
fabricação da T&A Pré-Fabricados) e estacas mistas de concreto armado
centrifugado EC-500/90 mm e metálica HP310x79 (fabricada pela GERDAU). A
Tabela 4.1 mostra as quantidades totais de estacas utilizadas na obra.
Tabela 4.1: Quantidades totais de estacas utilizadas na obra (ENSOLO, 2012).
Figura 4.1: Estacas utilizadas na obra.
As Tabelas 4.2 e 4.3 mostram as características das estacas pré-moldadas de
concreto e metálicas fornecidas pelos fabricantes, respectivamente.
131
Tabela 4.2: Características técnicas da estaca pré-moldada de concreto centrifugado EC 500/90 mm (T&A PRÉ-FABRICADOS, 2014).
Figura 4.2: Descrição da estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção circular EC 500/90 mm (T&A PRÉ FABRICADOS, 2014).
Tabela 4.3: Características técnicas do perfil metálico HP310x79,0 (GERDAU, 2006).
4.1 Local de realização dos ensaios
As provas de carga ocorreram na obra do Edifício Empresarial Grand Tower
Shopping, localizado na Rua Padre Carapuceiro, n° 1246, Boa Viagem, Recife/PE,
cujas coordenadas de latitude e longitude são -8.1205233 e 34.90671829,
respectivamente, correspondendo a uma área de aproximadamente 10.000,00 m².
132
Figura 4.3: Localização da obra onde foram executadas as provas de carga estáticas na cidade do Recife/PE (GOOGLE MAPS, 2014).
Figura 4.4: Localização da obra (ampliada) onde foram executadas as provas de carga estáticas na cidade do Recife/PE (GOOGLE MAPS, 2014).
133
4.2 Características geológicas
Do ponto de vista morfológico, a cidade do Recife apresenta duas paisagens
muito distintas: os morros e as planícies. Edificações de grande porte ocupam a
cidade no espaço confinado entre os morros e a orla marítima, que se constitui em
uma grande planície.
Gusmão Filho (1982), Alheiros et al (1990) e Gusmão (2007) descrevem as
características geológicas do Recife da seguinte forma: “A planície do Recife é de
origem flúvio-marinha com dois níveis de terraços marinhos arenosos,
correspondentes à penúltima e última transgressão marinha. Há ainda depósitos de
mangues, sedimentos flúvio lacunares e aluviões recentes. Nesse contexto
geológico, o subsolo típico é muito variado. Encontra-se camadas de areia fina e
média, intercaladas ou seguidas por outras, seja de argila orgânica mole, seja de
areia concrecionada muito compacta ou arenitos bem consolidados. Os depósitos de
argila orgânica mole e média são encontrados em cerca de 50% da área da planície,
muitas vezes em subsuperfície e com espessuras superiores a 15 metros. Nos
morros, que se situam na periferia da cidade, são encontrados sedimentos da
Formação Barreiras (areias e argilas variegadas). Têm-se também com frequência a
presença de arenitos no nível superficial do perfil de subsolo da cidade, aparecendo
em ambos os terraços marinhos pleistocênico e halocênico, especialmente na
planície costeira. Há ainda, alguns locais da cidade onde aparecem camadas de
fragmentos de conchas e/ou corais, misturados ou não às areias”.
134
Figura 4.5: Unidades geológicas da cidade do Recife/PE (ALHEIROS et al, 1990).
Logo, a prática de fundações em Recife está intimamente ligada às
características geológico-geotécnicas do subsolo, mesmo que outros fatores possam
influenciar na escolha e sejam assim encontrados diversos tipos de fundações na
cidade (GUSMÃO, 2000; PACHECO et al, 2000).
135
4.3 Ensaios de campo
As investigações e ensaios in situ iniciaram em no dia 23 de abril de 2012 e
se constituíram em campanhas de sondagens SPT (Standard Penetration Test). A
Tabela 4.4 mostra o resumo dos ensaios realizados.
Tabela 4.4: Resumo dos ensaios in situ realizados no local da obra (ENSOLO, 2012).
A Figura 4.6 mostra a locação das sondagens executadas no terreno.
Figura 4.6: Locação dos furos de sondagens com ensaio SPT (ENSOLO, 2012).
As Figuras 4.7 e 4.8 mostram os resultados das sondagens do ensaio SPT do
furo SP.04, este mais próximo das estacas submetidas à prova de carga estática
instrumentada.
As Figuras 4.9 e 4.10 mostram os perfis geológicos geotécnicos entre as
sondagens SP.01 e SP04 e SP.04 e SP.05, respectivamente.
140
4.4 Estacas
4.4.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular e metálica
A Figura 4.11 mostra a composição da estaca mista E25 submetida à prova
de carga estática instrumentada em profundidade.
Figura 4.11: Descrição da estaca mista E25 submetida ao ensaio de prova de carga estática instrumentada (ENSOLO, 2012).
A Tabela 4.5 apresenta os elementos técnicos do projeto que serviram de
parâmetros para a execução das estacas mistas.
Tabela 4.5: Elementos técnicos do projeto (ENSOLO, 2012).
141
A união entre o elemento pré-moldado e a estaca metálica foi feita através de
uma chapa metálica circular com diâmetro de 500 mm e espessura de 20 mm,
soldada posteriormente à cravação do segmento metálico no solo na parte superior
do perfil metálico. A união desta chapa metálica ao elemento de concreto
centrifugado foi executada por meio de anéis de solda, a cerca de 1,50 m de altura
do solo, possibilitando desta maneira que o processo de soldagem entre os anéis
metálicos das estacas pré-fabricadas de concreto com as referidas chapas metálicas
de interligação fossem efetuados pela parte superior, permitindo desta forma uma
melhor qualidade da soldagem, e também facilitando o processo operacional deste
processo, pois não houve a necessidade do soldador se debruçar rente ao solo para
executar o procedimento de soldagem desses elementos.
Figura 4.12: Detalhe do perfil metálico HP310x79 cravado com a chapa metálica soldada na sua parte superior.
Após o término da cravação da estaca metálica, soldou-se o elemento pré-
moldado à chapa metálica por meio de um anel de solda, constituindo-se desta
forma a estaca mista. A união entre segmentos de perfis metálicos (quando
142
necessários) foi realizada por meio de talas metálicas, estas obtidas através dos
cortes das mesas e almas do próprio perfil metálico, soldadas aos perfis metálicos.
Figura 4.13: Detalhes das emendas utilizadas nas estacas mistas e entre os perfis metálicos.
A Figura 4.14 mostra a união entre o segmento metálico e o elemento pré-
moldado.
Figura 4.14: Detalhes da execução da união entre os segmentos que compõem a estaca mista E25.
143
4.4.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção
circular
A Figura 4.15 mostra a composição da estaca E624 pré-moldada de concreto
armado centrifugado de seção circular submetida ao ensaio de prova de carga
estática instrumentada.
Figura 4.15: Descrição da estaca pré-moldada de concreto centrifugado E624 submetida ao ensaio de prova de carga estática instrumentada (ENSOLO, 2012).
A Tabela 4.6 apresenta os elementos técnicos do projeto que serviram de
parâmetros para a execução das estacas pré-moldadas.
144
Tabela 4.6: Elementos técnicos do projeto para as estacas pré-moldadas de concreto armado centrifugado de seção circular (ENSOLO, 2012).
A união entre os segmentos de concreto centrifugado foi realizada através de
anéis de solda.
Figura 4.16: Detalhe da união entre os elementos pré-moldados de concreto armado centrifugado.
4.5 Instrumentação
Apresenta-se neste item o processo de instrumentação empregado nas
estacas desta pesquisa.
4.5.1 Instrumentação da estaca mista pré-moldada de concreto armado
centrifugado de seção circular e metálica
Para este tipo de estaca, foram utilizados processos distintos de
instrumentação, pois como são estacas de materiais diferentes, não seria possível
utilizar um único procedimento.
No segmento pré-moldado, utilizou-se do processo por meio de instalação de
barras de aço instrumentadas em laboratório, em configurações do tipo ponte
completa no segmento de concreto em quatro níveis (0,70 m; 7,10 m; 13,57 m e
15,97 m). No segmento metálico, o processo foi realizado in-loco por meio da
colagem dos strain-gages na seção da estaca. Neste material utilizou-se da ligação
145
ponte completa e 1/4 de ponte em quatro profundidades (19,15 m; 25,10 m; 30,75 m
e 32,25 m). Estes pontos foram distribuídos de maneira a fornecer informações
oriundas dos diferentes níveis do subsolo.
Uma das finalidades em instrumentar com dois tipos de ligação no elemento
metálico foi para que se pudesse comparar os sinais obtidos na prova de carga
estática e compará-los. A Figura 4.17 mostra a estaca mista com os níveis de
instrumentação instalados.
Figura 4.17: Posição dos sensores da instrumentação na estaca mista E25 submetida ao ensaio de prova de carga estática instrumentada.
146
4.5.1.1 Segmento de concreto
A instrumentação instalada consistiu de extensômetros elétricos de
resistência (strain gages) KFG-2-120-D16-11 da marca KYOWA INSTRUMENTS,
colados em barras de aço CA-50, com 12,5 mm de diâmetro e 0,4 m de
comprimento. Ligados em ponte completa e calibrados em laboratório.
Apresenta-se a seguir o processo executado em laboratório para
instrumentação da barra de aço.
A superfície da barra, na região onde os strain gages seriam colocado, retirou-
se as nervuras, de forma a deixar a superfície lisa, removendo-se todas as
impurezas sobre superfície lixada com acetona (Figura 4.18);
Figura 4.18: Detalhes do preparo da superfície da barra de instrumentação.
Em seguida, posicionaram-se e fixados os strain gages na superfície preparada
com adesivo (Cianocrilato), e montada as ligações em ponte completa (Figura
4.19);
Figura 4.19: Detalhes das ligações dos strain gages.
Aos sensores instalados na barra metálica foram conectados os cabos elétricos
que coletam os dados de deformação. Para proteção mecânica adicionou-se
sobre o nível de instrumentação uma resina de silicone (Figura 4.20).
147
Figura 4.20: Detalhes da ligação dos cabos elétricos aos strain gages e proteção dos mesmos.
As barras instrumentadas instaladas no interior dos elementos de concreto
centrifugado foram aferidas em laboratório da Unicamp, cujo principal objetivo avaliar
a qualidade da instrumentação. Na Figura 4.21 é possível verificar a barra
instrumentada concluída.
Figura 4.21: Detalhe final da barra instrumentada.
Estas barras foram unidas posteriormente, à medida que iam sendo
colocadas no interior da estaca pré-moldada, a barra do mesmo material, com
comprimentos de 6,00 m; 6,10 m; 2,00 m e 1,60 m, até formarem uma barra
148
contínua. Para possibilitar as emendas das barras, foi utilizado o sistema de rosca
nas pontas, com acoplamento de luvas de mesmo material.
4.5.1.2 Segmento metálico
Na parte inferior, constituída por perfis metálicos, os sensores foram fixados
por meio de colagem direta em sua alma, posteriormente ao tratamento da superfície
e fixado à superfície por meio de um adesivo (cianocrilato).
A proteção dos stain gages contra a umidade e choques mecânicos foi feita
com a utilização de resina de silicone, fita adesiva e resina de proteção elétrica, além
de resinas epóxicas e talas metálicas no trecho constituído por perfis metálicos.
O processo de instalação da instrumentação do perfil metálico se deu em
várias etapas, e foi realizada em campo, da seguinte maneira:
Soldagem das talas metálicas no encontro entre a mesa e a alma do
perfil metálico, cujo objetivo é proporcionar a proteção contra choques
mecânicos durante o processo de cravação do perfil metálico (Figura
4.22.b) e passagem dos cabos;
Locação dos pontos de instrumentação e perfuração da alma do perfil
metálico, para que se possam ligar os strain gages fixados em lados
opostos (Figura 4.22.a) (caso da ponte completa);
Figura 4.22: Detalhes da locação (a) e proteção (b) do 7° nível de instrumentação da estaca mista E25.
Limpeza e tratamento da superfície do perfil metálico para posterior
fixação dos extensômetros elétricos em seus respectivos tipo de
ligação: ponte completa e 1/4 de ponte completa (Figura 4.23.a);
Para a ligação em ponte completa utilizou-se strain gages PA-06-062TG-
350LEN, da marca Excel Sensores;
149
Para a ligação em 1/4 de ponte utilizou-se strain gages PA-06-125BA-
350LEN, da marca Excel Sensores;
Ligação dos cabos elétricos, através do interior das talas metálicas de
proteção, aos sensores elétricos já fixados nos níveis de
instrumentação (Figura 4.23.b);
Figura 4.23: Detalhes da preparação da superfície metálica para a fixação dos sensores elétricos (a) e da ligação dos cabos elétricos aos sensores (b) da estaca mista E25.
Aplicação da resina de silicone (Figura 4.24a), fita adesiva e resina de
proteção elétrica para proteção dos strain gages contra a umidade e
choques mecânicos (Figura 4.24.b);
Figura 4.24: Detalhes das proteções dos sensores na estaca mista E25 contra umidade (a) e choques mecânicos (b).
150
Fechamento dos níveis de instrumentação entre as talas metálicas com
resina epóxica, para proteção contra choques mecânicos durante o
processo de cravação (Figura 4.25);
Figura 4.25: Detalhes das proteções dos níveis de instrumentação na estaca mista E25 contra choques mecânicos através da aplicação da resina epóxica.
Fixação dos cabos elétricos, que estão conectados aos strain gages ao
longo dos níveis de instrumentação do segmento metálico, na parte
superior do perfil metálico, a fim de que possa prosseguir a
instrumentação do segmento de concreto centrifugado após a cravação
do perfil metálico no terreno (Figura 4.26);
Figura 4.26: Detalhe da fixação dos cabos elétricos conectados aos sensores elétricos no segmento metálico da estaca mista E25 para posterior cravação do perfil metálico.
151
Execução do furo na chapa metálica soldada ao perfil metálico, que irá
unir o segmento de concreto centrifugado, para a passagem dos cabos
elétricos do segmento metálico que serão unidos às extensões de
cabos elétricos (no interior do segmento de concreto centrifugado) que
irão ser conectados ao sistema de aquisição de dados da
instrumentação (Figura 4.27).
Figura 4.27: Detalhe da ligação entre os cabos elétricos da instrumentação entre os segmentos metálicos e pré-moldados da estaca mista E25.
Após a cravação da estaca pré-moldada de concreto, procedeu-se a
instalação da instrumentação da seguinte forma:
Ligação das barras instrumentadas a barras não instrumentadas, através
de luvas adequadas, formando uma barra contínua;
Após a execução das emendas, inseriu-se a barra contínua no eixo da
estaca pré-moldada previamente posicionada antes da sua
concretagem, a fim de se garantir o posicionamento centrado;
152
Figura 4.28: Detalhe da emenda entre as barras instrumentadas e não instrumentadas da estaca mista E25.
Executou-se um furo de 10 mm de diâmetro na parte superior lateral da
estaca de concreto centrifugado para que os cabos elétricos possam
ser conectados ao sistema de aquisição de dados;
Após o procedimento anterior, foi realizada a injeção de argamassa para
a consolidação da instrumentação no interior da estaca pré-moldada
(Figura 4.29).
Figura 4.29: Detalhe da instrumentação na parte superior do elemento pré-moldado de concreto armado centrifugado da estaca mista E25.
153
4.5.2 Instrumentação da estaca pré-moldada de concreto armado
centrifugado de seção circular
O processo de execução as instrumentação das barras utilizadas neste tipo
de estaca foi apresentado no item 4.5.1.1. Estas barras foram unidas
posteriormente, à medida que iam sendo colocadas no interior da estaca pré-
moldada, a barra do mesmo material, com comprimentos de 6,90 m; 7,90 m; 1,50 m
e 0,60 m, até formarem uma barra contínua. A Figura 4.30 mostra a estaca pré-
moldada de concreto com os níveis de instrumentação instalados.
Figura 4.30: Posição dos sensores da instrumentação na estaca pré-moldada E624 submetida ao ensaio de prova de carga estática instrumentada.
O processo de instalação da instrumentação foi idêntico ao executado para o
segmento de concreto para a estaca mista descrita no item anterior, cujo resultado
final pode ser visto na Figura 4.31.
154
Figura 4.31: Detalhe da instrumentação da estaca pré-moldada E624 submetida ao ensaio de prova de carga estática instrumentada.
4.6 Cravação das estacas
Para a cravação das estacas mistas e pré-moldadas de concreto armado do
ensaio foi utilizado um martelo hidráulico JUNTTAN PM25 – MARTELO 5/7A (Figura
4.32), com peso do martelo 9000 kgf e altura de queda de 50 cm, com eficiência de
80 %.
155
Figura 4.32: Martelo hidráulico utilizado para a cravação das estacas mistas e pré-moldadas de concreto armado utilizadas no ensaio de prova de carga estática instrumentada.
4.6.1 Cravação da estaca mista pré-moldada de concreto armado
centrifugado de seção circular e metálica
O processo de cravação e instalação da instrumentação da estaca mista E25
durou cerca de oito horas, registrando-se ao término da cravação nega sem
suplemento de 27 mm e repique de 17 mm.
A Tabela 4.7 mostra o número de golpes registrado por metro linear cravado
para a estaca mista E25 submetida à prova de carga, obtido através do
acompanhamento de cravação.
156
Tabela 4.7: Número de golpes por metro linear cravado da estaca mista E25 (ENSOLO, 2012).
4.6.2 Cravação da estaca pré-moldada de concreto armado
centrifugado de seção circular
O processo de cravação e instalação da instrumentação da estaca pré-
moldada E624 durou cerca de 50 minutos, registrando-se ao término da cravação
nega sem suplemento de 18 mm e repique de 18 mm.
A Tabela 4.8 mostra o número de golpes registrado por metro linear cravado
para a estaca pré-moldada E624 submetida ao ensaio de prova de carga, obtido
através do acompanhamento de cravação.
157
Tabela 4.8: Número de golpes por metro linear cravado da estaca pré-moldada E624 ensaiada (ENSOLO, 2012).
4.7 Prova de carga estática instrumentada
De acordo com o número total de estacas utilizadas na obra (629 unidades),
deveriam ser executadas 7 provas de carga estática em toda obra, seguindo as
prescrições da NBR 6122 (2010).
Por motivo de custos, optou-se por realizar apenas 2 provas de carga estática
e nenhum ensaio de carregamento dinâmico nas estacas ensaiadas (PDA).
As provas de carga estática realizadas foram de desempenho, ou seja, a
carga máxima na qual a estaca foi submetida foi de duas vezes a sua carga de
trabalho.
A Figura 4.33 mostra a localização das duas provas de carga estáticas
instrumentadas em profundidade em relação ao projeto executivo de fundações da
torre.
158
Figura 4.33: Localização das provas de carga estáticas instrumentadas em profundidade.
4.7.1 Sistema de reação
De acordo com Albuquerque (1996), um dos pontos que limita a execução de
provas de carga estática é a necessidade de se ter uma reação compatível com a
carga na fundação a ser ensaiada, devido ao elevado custo para a instalação de
estacas de reação e das vigas de reação.
4.7.1.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado
de seção circular e metálica
A Figura 4.34 mostra a localização da estaca mista E25 submetida à prova de
carga estática instrumentada em profundidade, bem como a locação das estacas de
reação utilizadas no ensaio.
159
Figura 4.34: Localização da estaca mista E25 ensaiada (ENSOLO, 2012).
Neste ensaio, o sistema de reação foi composto por vigas de reação, sistema
de atirantamento INCOTEP e estacas de reação, conforme se apresenta a seguir:
Foram utilizadas onze estacas mistas constituída na sua parte superior
por elementos pré-moldados de concreto armado centrifugado de
seção circular (diâmetro nominal de 500/90 mm), com 18 m de
comprimento e na sua parte inferior por perfis metálicos Gerdau
Açominas HP310x79 com 15m de comprimento, totalizando cerca de
33 m de estaca mista cravada no solo, todas executadas para a
fundação do mesmo pilar P03;
O sistema de atirantamento foi composto por barras Inco 50D, com 50
mm de diâmetro, porcas, placas e luvas de aço, todos fabricados com
o mesmo material empregado nos tirantes, os quais foram adquiridos
juntos à empresa INCOTEP. Os comprimentos das barras ancoradas
nas estacas de reação foram iguais ao do comprimento das estacas
pré-moldadas de concreto armado centrifugado, adicionando-se mais 3
m acima da cota de arrasamento, totalizando 21 m de comprimento.
Todas as estacas de reação, antes da execução da prova de carga,
foram testadas à tração com 404,40 kN (40,44 tf). As deformações
totais nas estacas de reação para as cargas máximas dos testes das
ancoragens variaram entre 1,39 e 5,92 mm;
Uma viga de reação principal, seção duplo “I", projetada para suportar
cargas aplicadas em seu centro, com 5 m de comprimento;
Três vigas de reação, com seção duplo “I”, projetada para suportar
cargas aplicadas em seu centro, com 3 m de comprimento;
Duas vigas de reação, com seção duplo “I”, projetada para suportar
cargas aplicadas em seu centro, com 2 m de comprimento.
160
Figura 4.35: Esquema do sistema de reação para o ensaio de prova de carga estática instrumentada na estaca mista E25 (ENSOLO, 2012).
Figura 4.36: Vista do sistema de reação para a prova de carga estática instrumentada na estaca mista E25 (ENSOLO, 2012).
161
A Figura 4.37 mostra a montagem final do sistema de reação da prova de
carga para a estaca E25 no local da obra.
Figura 4.37: Sistema de reação para a de carga estática instrumentada na estaca mista E25.
4.7.1.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular
A Figura 4.38 mostra a localização da estaca pré-moldada E624 submetida à
prova de carga estática instrumentada, bem como a locação das estacas de reação
utilizadas no ensaio.
162
Figura 4.38: Localização da estaca pré-moldada E624 submetida à prova de carga estática instrumentada (ENSOLO, 2012).
Neste ensaio, o sistema de reação foi composto por vigas de reação, sistema
de atirantamento INCOTEP e estacas de reação, conforme se apresenta a seguir:
Foram utilizadas quatro estacas pré-moldadas de concreto armado
centrifugado de seção circular (diâmetro nominal de 500/90 mm) com
18 m de comprimento, todas executadas para a fundação do mesmo
pilar P159;
O sistema de atirantamento foi composto por barras Incotep Inco 50D,
com 50 mm de diâmetro, porcas, placas e luvas de aço, todos
fabricados com o mesmo material empregado nos tirantes, os quais
foram adquiridos juntos à empresa INCOTEP. Os comprimentos das
barras ancoradas nas estacas de reação foram iguais ao do
comprimento das estacas pré-moldadas de concreto armado
centrifugado, adicionando-se mais 3 m acima da cota de arrasamento,
totalizando 21 m de comprimento. Todas as estacas de reação, antes
da execução da prova de carga, foram testadas à tração com 404,40
kN (40,44 tf). As deformações totais nas estacas de reação para as
cargas máximas dos testes das ancoragens variaram de 4,20 mm a
5,55 mm;
Uma viga de reação principal, seção duplo “I", projetada para suportar
cargas aplicadas em seu centro, com 3 m de comprimento;
163
Duas vigas de reação, com seção duplo “I”, projetada para suportar
cargas aplicadas em seu centro, com 3 m de comprimento.
Figura 4.39: Esquema do sistema de reação para a prova de carga estática instrumentada na estaca pré-moldada E624 (ENSOLO, 2012).
Figura 4.40: Vista do sistema de reação para a prova de carga estática instrumentada na estaca pré-moldada E624 (ENSOLO, 2012).
164
A Figura 4.41 mostra a montagem final do sistema de reação da prova de
carga para a estaca pré-moldada E624.
Figura 4.41: Sistema de reação para a prova de carga estática instrumentada na estaca pré-moldada E624.
4.7.2 Execução das provas de carga estáticas
Todos os procedimentos de montagem e operação obedeceram ao que
prescreve o Método de Ensaio - Estacas – Prova de Carga Estática ABNT NBR 1231
(2006) com carregamento lento.
Os seguintes aspectos do conjunto foram cuidadosamente observados
durante a execução das provas de carga: o nivelamento das vigas metálicas de
reação, os tirantes das estacas de reação, os relógios comparadores, a ligação dos
cabos elétricos das barras instrumentadas, dos cabos elétricos ligados aos níveis de
instrumentação no perfil metálico e da célula de carga ao quadro de conexão dos
fios do indicador de deformação.
Tanto para o ensaio na estaca mista E25, quanto para a estaca pré-moldada
E624, a carga aplicada em cada estágio não foi superior a 20% da carga de trabalho
prevista para a estaca. Não foi utilizado bloco de coroamento na estaca ensaiada,
sendo toda a carga aplicada pelo sistema de reação diretamente sobre a estaca,
tendo em vista que se trata de uma estaca pré-moldada.
165
Foram utilizados os seguintes equipamentos para as duas provas de carga
estática:
Relógios comparadores;
Utilizaram-se 4 extensômetros instalados em dois eixos ortogonais, com
cursor de 50 mm, sensíveis a 0,01 mm, fixadas nas vigas de
referências com garras magnéticas.
Vigas de referência
Utilizaram-se duas vigas de referência metálicas de seção circular, com
diâmetro de 500 mm.
Macaco hidráulico
Foi utilizado um macaco hidráulico, munido de manômetro e bomba,
alimentado manualmente, com capacidade de carga de 5000 kN.
Célula de carga
Foi utilizada uma célula de carga com capacidade de carga de 4000 kN,
devidamente calibrada para este ensaio, instalada entre a viga de
reação principal e a estaca ensaiada.
Indicador de deformações
Para a aquisição dos dados de deformação ao longo da profundidade foi
utilizado o equipamento HBMMX 840. Também foi utilizada uma caixa
de leitura de deformações da VISHAY P3, em que foram feitas leituras
após a cravação, antes e depois da prova de carga de todos os pontos
instrumentados.
A Figura 4.42 mostra alguns dos equipamentos utilizados na prova de carga
estática na estaca mista E25.
166
Figura 4.42: Equipamentos utilizados para o ensaio de prova de carga estática instrumentada na estaca mista E25.
Figura 4.43: Equipamentos utilizados na aquisição dos dados da instrumentação da estaca mista E25 e pré-moldada E624.
167
A Figura 4.43 mostra alguns dos equipamentos utilizados na prova de carga
estática instrumentada na estaca E624.
Figura 4.43: Equipamentos utilizados para o ensaio de prova de carga estática instrumentada na estaca pré-moldada E624.
168
5.APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados e analisados os resultados das provas de
carga instrumentadas realizadas para este trabalho. Com base nos ensaios, foram
obtidas as curvas carga vs deslocamento, descrição do seu comportamento, critérios
de interpretação dos resultados, transferência de carga, cálculo e comparação entre
os métodos para previsão de carga última citados no capitulo 3, com relação aos
valores da carga de ruptura média extrapolados através das curvas carga vs
deslocamento das provas de carga, e cargas residuais atuantes na estaca mista.
Também será abordada a eficiência das instrumentações durante a execução
dos ensaios de carregamento estático e o comportamento do tipo de ligação em
ponte completa e 1/4 de ponte, ambos adotados no segmento metálico da estaca
mista.
5.1 Comportamento das curvas carga vs deslocamento
Através das curvas carga vs deslocamento será definido um valor médio de
carga de ruptura para cada ensaio, por meio de extrapolação pelos métodos já
mencionados na revisão bibliográfica, visto que não foi possível levar à ruptura as
estaca ensaiadas neste estudo de caso, tendo em vista que as provas de carga
eram de desempenho.
5.1.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular e metálica
A Figura 5.1 apresenta a curva carga vs deslocamento da estaca mista E25.
Neste ensaio lento foram utilizados incrementos de carga de 340 kN, iniciando-se no
dia 23/05/2013 as 10:44 horas e, finalizando-se no dia 24/05/2013 as 9:53 horas. O
carregamento máximo aplicado foi de 3400 kN, observando-se um e recalque total
de 20,34 mm, sendo 8,78 mm de recalque permanente e 11,56 mm de recalque
elástico.
169
Figura 5.1: Curva carga vs deslocamento da prova de carga da estaca mista E25.
É possível visualizar na figura anterior que a até o carregamento de 1360 kN
(4° estágio de carregamento) a estaca apresentou o comportamento típico da região
I de deformação elástica, onde a partir deste estágio até o carregamento de 3060 kN
verificou-se o comportamento típico da região II de deformação viscoplástica, visto
que parte da resistência lateral do segmento metálico começou a se mobilizar. Além
deste carregamento é possível visualizar a mobilização de parte da resistência de
ponta da estaca mista, tendo em vista o ponto de inflexão da curva observado a
partir do penúltimo estágio de carregamento do ensaio.
Esta prova de carga estática foi de desempenho, logo não foi possível chegar
à ruptura da estaca mista E25, como pode ser observado na Figura 5.1.
Portanto, foram utilizados métodos de extrapolação da curva carga vs
deslocamento para se obter um valor médio de carga de ruptura extrapolada da
estaca.
As Figuras 5.2, 5.3, 5.4 e 5.5 mostram as curvas resultantes da extrapolação
através dos métodos da Rigidez (1996), Van der Veen (1953), Chin (1970, 1971) e
NBR 6122 (2010), respectivamente.
170
Figura 5.2: Resultado da curva de rigidez (II) e curva carga de atrito vs deslocamento (III) da prova de carga estática na estaca mista E25 pelo método da Rigidez (1996).
Figura 5.3: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de carga estática na estaca mista E25 pelo método de Van der Veen (1953).
171
Figura 5.4: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de carga estática na estaca mista E25 pelo método de Chin (1970, 1971).
Figura 5.5: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de carga estática na estaca mista E25 pelo método da NBR 6122 (2010).
O método da NBR 6122 (2010) só foi possível de ser utilizado após a
extrapolação da curva carga vs deslocamento pelo método de Van de Veen (1953).
A Tabela 5.1 mostra os valores de carga de ruptura, obtidos através dos
métodos de extrapolação da curva carga vs deslocamento, da prova de carga
estática na estaca mista E25.
172
Tabela 5.1: Valores de carga de ruptura, obtidos pelos métodos de extrapolação da curva carga vs deslocamento, da prova de carga estática na estaca mista E25.
Os valores obtidos pelos diferentes métodos de extrapolação apresentaram
valores muitos próximos de carga de ruptura.
Logo, será adotado como a carga de ruptura da estaca mista E25 a média
dos valores encontrados pelos métodos de extrapolação utilizados, ou seja, 4570
kN.
Considerando-se este valor de carga de ruptura extrapolado e fator de
segurança 1,6 (recomendado pela NBR 6122 (2010) para provas de carga de
projeto), o valor de carga de trabalho de 2856 kN poderia ser adotado, desde que os
recalques observados para esta carga de trabalho fossem compatíveis com os
recalques admissíveis da estrutura.
Este valor é aproximadamente 68% superior ao valor de carga de trabalho
(1700 kN) adotado em projeto, mostrando a importância da execução da prova de
carga estática de projeto antes do início do estaqueamento, cujos objetivos são
aferição da carga de trabalho adotada e possível redução de custos globais das
fundações.
Entretanto, a prova de carga foi realizada com o estaqueamento em
andamento, inviabilizando a adoção deste fator de segurança reduzido.
5.1.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção
circular
A Figura 5.6 apresenta a curva carga vs deslocamento da estaca pré-moldada
E624. Neste ensaio lento foram utilizados incrementos de carga de 200 kN,
iniciando-se no dia 24/05/2013 as 17:26 horas e, finalizando-se no dia 25/05/2013 as
12:13 horas. O carregamento máximo aplicado foi de 2000 kN, observando-se um e
recalque total de 9,30 mm, sendo 2,65 mm de recalque permanente e 6,65 mm de
recalque elástico.
173
Figura 5.6: Curva carga vs deslocamento da prova de carga estática da estaca pré-moldada de concreto E624.
De acordo com a figura anterior é possível visualizar apenas uma região
quanto ao comportamento da curva (região de deformação elástica), diferentemente
do comportamento da curva apresentada pela estaca mista.
O mesmo procedimento adotado para a execução da prova de carga estática
na estaca mista E25 foi adotada para a estaca pré-moldada E624, ou seja, o ensaio
foi de desempenho e não sendo possível atingir a carga de ruptura da estaca.
Portanto, foram utilizados métodos de extrapolação da curva carga vs
deslocamento para se obter um valor médio de carga de ruptura da estaca.
As Figuras 5.7, 5.8, 5.9 e 5.10 mostram os gráficos resultantes da
extrapolação através dos métodos da Rigidez (1996), Van der Veen (1953), Chin
(1970, 1971) e NBR 6122 (2010), respectivamente.
174
Figura 5.7: Resultado da curva de rigidez (II) e curva carga de atrito vs deslocamento (III) da prova de carga estática na estaca pré-moldada E624 pelo método da Rigidez (1996).
Figura 5.8: Resultado da extrapolação da curva carga vs deslocamento da prova de carga estática na estaca pré-moldada E624 pelo método de Van der Veen (1953).
175
Figura 5.9: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de carga estática na estaca pré-moldada E624 pelo método de Chin (1970, 1971).
Figura 5.10: Resultado da extrapolação curva carga vs deslocamento da prova de carga estática na estaca pré-moldada E624 pelo método da NBR 6122 (2010).
Novamente, método da norma só foi possível de ser utilizado após a
extrapolação da curva carga vs deslocamento pelo método de Van de Veen (1953).
A Tabela 5.2 mostra os valores de carga de ruptura, obtidos através dos
métodos de extrapolação da curva carga vs deslocamento, da prova de carga
estática na estaca pré-moldada E624.
176
Tabela 5.2: Valores de carga de ruptura, obtidos pelos métodos de extrapolação da curva carga vs deslocamento, da prova de carga estática na estaca pré-moldada E624.
Os valores obtidos pelos diferentes métodos de extrapolação apresentaram
valores muitos próximos de carga de ruptura.
Logo, será adotado como a carga de ruptura da estaca pré-moldada E624 a
carga média dos valores encontrados pelos métodos de extrapolação utilizados, ou
seja, 3070 kN.
Novamente, adotando-se este valor de carga de ruptura extrapolado e fator
de segurança 1,6, este determinado pela NBR 6122 (2010) após a execução do
ensaio, o valor de carga de trabalho de 1919 kN poderia ser adotado, desde que os
recalques observados para esta carga de trabalho fossem compatíveis com os
recalques admissíveis da estrutura.
Observa-se que este valor é aproximadamente 92% superior ao valor de
carga de trabalho (1000 kN) adotado em projeto, ou seja, quase o dobro da caga
máxima que a estaca poderia suportar.
Caso a prova de carga estática tivesse sido executada antes do
estaqueamento, e a mesma fosse levada a ruptura, provavelmente ocorreria uma
redução de quase pela metade do número total de estacas pré-moldadas, levando-
se sempre em consideração a possibilidade de compatibilização dos recalques
observados no ensaio, para esta carga de trabalho com fator de segurança reduzido,
com os recalques admissíveis suportados pela estrutura.
Vale ressaltar também a importância da execução de mais de uma prova de
carga estática para a adoção do fator de segurança FS=1,6, tendo em vista que
apenas um ensaio pode não representar o comportamento de todas as estacas da
obra.
Comparando-se o valor de carga de ruptura média extrapolada da estaca pré-
moldada E624 com o valor obtido da estaca mista E25, verifica-se que e inserção do
segmento metálico confere um ganho de aproximadamente 1500 kN na carga de
ruptura, ou seja, a estaca pré-moldada E624 apresenta cerca de 49% a menos de
carga de ruptura por estar inserida apenas nos 18 m iniciais de solo.
Entretanto, os valores de deslocamento para a carga máxima de ensaio foram
inferiores para estaca pré-moldada E624 em relação à estaca mista E25.
177
5.2 Instrumentação
5.2.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular e metálica
A estaca mista estudada foi instrumentada em oito níveis ao longo do seu
fuste, sendo quatro níveis no segmento de concreto e os quatro últimos níveis na
parte metálica.
Tanto no segmento de concreto, quanto no metálico, as ligações dos
sensores foram realizadas em ponte completa. Além disso, no trecho metálico foram
realizadas ligações em 1/4 de ponte nos mesmos níveis das ligações já citadas
neste trecho.
A seguir, são apresentados os resultados obtidos a partir das análises da
instrumentação da prova de carga estática.
5.2.1.1Análise do funcionamento da instrumentação
A Figura 5.11 mostra a evolução das deformações dos sensores durante a
execução da prova de carga estática, tanto para o segmento de concreto (Figura
5.11.a), quanto para o trecho metálico da estaca mista (Figura 5.11.b). Ambos os
gráficos representam as deformações dos sensores em ligação do tipo ponte
completa.
178
Figura 5.11: Deformações dos sensores em ligação do tipo ponte completa durante a execução da P.C.E: a) segmento pré-moldado, b) segmento metálico.
As deformações ocorridas nos sensores instalados no segmento pré-moldado
funcionaram dentro do previsto, pois as leituras de deformações tendem a diminuir a
partir da seção de referência (N1) até o último nível deste trecho pré-moldado (N4).
179
As leituras de deformações dos sensores no trecho metálico também
seguiram a mesma tendência observada no trecho pré-moldado, ou seja, as
deformações sofreram reduções com o aumento da profundidade.
Porém, observa-se que as deformações que ocorrem no segmento metálico
são superiores às ocorridas no trecho pré-moldado. A princípio, este fato conduziria
a um pensamento errôneo de que a instrumentação falhou durante a execução do
ensaio, visto que é esperada a dissipação de carga com o aumento da profundidade.
No entanto, a estaca mista é composta por dois materiais distintos, com
características geométricas e rigidez diferentes.
A estaca pré-moldada de concreto possui valor da área da seção 19 vezes
superior à seção da estaca metálica, porém com valor de módulo de elasticidade 5
vezes inferior ao valor do módulo de elasticidade do aço.
Supondo que uma estaca metálica e pré-moldada estejam instrumentadas no
mesmo nível e no mesmo solo, sob as mesmas condições de carregamento, pode-
se concluir que teoricamente que a força obtida pela instrumentação seria a mesma.
Utilizando-se a Equação 3.20 (F = Es . Ɛ . Ap) e as relações de área da seção
e módulo de elasticidade, entre o elemento pré-moldado e metálico da estaca mista,
observa-se que a deformação do aço é cerca de 4,3 vezes superior à deformação do
elemento pré-moldado, justificando a deformação superior ocorrida no primeiro nível
instrumentado (N5) do segmento metálico, quando comparado com o último nível
instrumentado do trecho de concreto (N4).
Logo, a instrumentação em ponte completa do trecho metálico funcionou
dentro do esperado, tendo em vista que as deformações entre os diferentes
materiais ocorreram dentro da previsão teórica.
Entretanto, a instrumentação dos níveis em ligação do tipo 1/4 de ponte no
segmento metálico não funcionou adequadamente, pois a mesma não forneceu os
valores de deformações até o final do ensaio, e apresentou grande variabilidade de
sinais durante o tempo que funcionou (cerca de 6 horas).
180
Figura 5.12: Deformações dos sensores em ligação do tipo ponte 1/4 do segmento metálico durante a execução da P.C.E.
5.2.1.2 Transferência de carga
A carga solicitante em uma determinada profundidade é calculada com o
auxílio da instrumentação com base na Lei de Hooke. Logo, é necessário calcular o
módulo de elasticidade da estaca, e isto pode ser realizado através do gráfico com a
curva carga vs deformação da seção de referência, onde o valor da inclinação da
reta que melhor se ajusta a esta curva é o produto E.A.
A partir do diâmetro nominal da estaca, é possível obter o módulo de
elasticidade da estaca.
Com o produto E.A é possível determinar a carga transmitida para cada nível
de instrumentação da estaca, em cada carregamento aplicado no topo da estaca
durante o ensaio.
Entretanto, numa prova de carga as únicas medidas “verdadeiras” são as
fornecidas pelas células de carga e relógios comparadores, sendo as demais
medidas obtidas indiretamente.
A fim de avaliar o valor do módulo de elasticidade da estaca obtido (E), foram
realizadas três análises da seção de referência, sendo a primeira considerando
todos os pontos de deformação e carga, a segunda análise considerando somente
os seis primeiros pontos, descartando o primeiro ponto que passa pelo zero e a
181
terceira análise considerando todos os pontos, forçando a linha de tendência passar
pelo zero.
A partir do sexto ponto as tensões aplicadas são elevadas, gerando fissuras
no concreto. É por este motivo que foi considerada a análise até o sexto ponto, visto
que a compatibilidade de deformações deixou de existir e o sensor pode fornecer um
valor que não é correto.
A Figura 5.13 mostra a curva carga vs deformação para a seção de referência
do segmento de concreto da estaca mista E25, considerando-se as análises já
citadas. Nesta figura podem ser observados os valores do produto E.A e do módulo
de elasticidade (E) da estaca.
Figura 5.13: Gráfico tensão vs deformação obtido através da seção de referência da estaca mista (E25).
Nos resultados de cálculos de engenharia é de extrema importância verificar
se os valores obtidos estão de acordo com a realidade na prática. No caso do
módulo de elasticidade da estaca (E), é preciso verificar se o valor obtido
corresponde à realidade.
De acordo com a NBR 6118 (2014), o módulo de elasticidade pode ser
calculado a partir do valor de fck do concreto:
E = αe . 5600 . (fck)1/2 (5.1)
Onde:
E = Módulo de elasticidade do concreto (MPa);
182
αe = coeficiente que depende do tipo de agregado utilizado no concreto,
sendo αe = 1,2 para diabásio/basalto, αe = 1,0 para granito, αe = 0,9 para calcário e
αe = 0,7 para arenito;
fck = resistência característica do concreto à compressão (20< fck<50) (MPa).
De acordo com o catálogo do fabricante da estaca pré-moldada utilizada
neste estudo de caso (T&A PRÉ FABRICADOS, 2014), o valor de fck do concreto
utilizado pode chegar até a 50 MPa.
Utilizando-se αe = 1,2 (foram utilizados estes agregados) e o valor de fck
fornecido pelo fabricante, obtem-se o valor de módulo de elasticidade de 45 GPa,
aproximadamente.
Como o concreto medido na prova de carga já é um concreto fissurado devido
aos golpes do martelo, o módulo de elasticidade obtido é possívelmente menor que
o valor dado pelo fabricante.
Diante destas considerações, o valor do módulo de elasticidade medido na
seção de referência adotado para este trabalho será de 43,5 GPa, tendo em vista
também que esta análise apresentou valor mais próximo de 1,00 para o R2.
Na Tabela 5.3 são apresentados os valores da transferência de carga obtidos
para cada nível de instrumentação da estaca mista E25, e na última coluna a
porcentagem da carga que chega à ponta da estaca com relação à carga aplicada
no topo. A carga de ponta foi calculada por extrapolação dos valores de carga
obtidos no nível mais profundo.
Tabela 5.3: Valores de carga solicitante em cada nível de instrumentação da estaca E25, de acordo com a carga aplicada, e porcentagem de carga solicitante na ponta em relação à carga de topo.
A Figura 5.14 mostra a transferência de carga ao longo da profundidade da
estaca mista E25.
183
Figura 5.14: Transferência de carga ao longo da profundidade da estaca mista (E25).
No primeiro estágio de carregamento (340 kN) houve possivelmente um erro
de leitura ou ajuste do sistema, pois observa-se que ocorreu uma inversão da
dissipação de carga com o aumento da profundidade, o que é fisicamente
inconsistente. Pode ser atribuída a esse ajuste a dissipação da carga residual
aprisionada na ponta da estaca mista.
Pode ser observado que até o carregamento de 680 kN a estaca pré-moldada
absorveu a maior parte da carga, tendo em vista que a parte metálica não teve
variação de carga.
Observa-se a partir do terceiro estágio de carregamento elevada transferência
de carga entre as profundidades de -17 m e -20 m, onde os valores NSPT não
indicam solo com maior resistência. Logo, é possível atribuir essa elevada
dissipação de carga nesta região a uma ponta “virtual”, que se formou na união entre
a chapa metálica ao perfil metálico para a composição da estaca mista juntamente
com o segmento de concreto.
Este mesmo fenômeno pode ser visto na Tabela 5.4, onde é possível
observar a elevada dissipação de carga entre os níveis EE-04 e EE-05,
correspondendo justamente à região de mudança de material da estaca, ou seja,
alterando-se do elemento pré-moldado para o perfil metálico.
184
Para a carga de trabalho (1700 kN) da estaca mista, verifica-se que a maior
dissipação de carga ocorre entre as profundidades de -16 m e -30 m, sendo a maior
parcela desta dissipação absorvida pelo atrito lateral no segmento metálico e pela
ponta “virtual”.
A Tabela 5.4 mostra os valores de dissipação da carga, aplicada em cada
estágio, entre os trechos instrumentados.
Tabela 5.4: Dissipação de carga entre os trechos instrumentados da estaca mista E25, de acordo com cada estágio de carga aplicada durante a prova de carga estática.
Para a carga de trabalho (1700 kN) apenas 9 % do carregamento aplicado
chega à ponta da estaca metálica, mostrando que a estaca trabalha tanto por atrito,
quanto por ponta, pois boa parcela do carregamento foi resistida pela ponta “virtual”.
A Tabela 5.5 mostra a distribução do atrito lateral unitário ao longo do fuste da
estaca mista E25, considerando-se o perímetro da seção do perfil metálico.
Tabela 5.5: Valores da distribuição do atrito lateral unitário ao longo do fuste da estaca mista E25, considerando-se o perímetro colado da seção do perfil metálico.
A Tabela 5.6 mostra a distribução do atrito lateral ao longo do fuste da estaca
mista E25, considerando-se o perímetro do retângulo envolvente à seção do perfil
metálico.
185
Tabela 5.6: Valores da distribuição do atrito lateral unitário ao longo do fuste da estaca mista E25, considerando-se o perímetro do retângulo envolvente.
Pelo fato do perímetro da seção do perfil metálico ser maior que o perímetro
do retângulo envolvente, os valores de distribuição do atrito lateral são maiores para
este último caso.
186
Figura 5.15: Distribuição do atrito lateral ao longo do fuste da estaca mista (E25), considerando-se o perímetro da seção do perfil metálico.
187
Figura 5.16: Distribuição do atrito lateral ao longo do fuste da estaca mista (E25), considerando-se o perímetro do retângulo envolvente ao perfil metálico.
188
A Figura 5.15 mostra o gráfico obtido a partir dos cálculos da primeira lei de
Cambefort (1964). Esta relação expressa o atrito lateral unitário médio em função
dos deslocamentos médios ao logo do fuste.
Figura 5.17: Atrito lateral unitário médio ao longo do fuste da estaca mista (E25).
É possível observar na figura anterior que não ocorre o esgotamento do atrito
lateral do fuste da estaca, pois a curva continua ascendente após a aplicação da
carga máxima do ensaio.
Devido a este crescimento contínuo, observa-se que ainda há uma boa
reserva de atrito lateral para o nível de carregamento a qual a estaca foi submetida,
tendo em vista que não se percebe que a curva esteja próxima de um ponto de
inflexão.
Para a carga máxima de ensaio, observa-se atrito lateral médio de 42 kPa,
para um deslocamento de 11,2 mm.
A Figura 5.18 expressa a reação de ponta em função dos deslocamentos
observados na ponta da estaca (2° Lei de Cambefort (1964)).
189
Figura 5.18: Deslocamento de ponta em função da reação de ponta da estaca mista (E25).
Foi possível medir o valor da carga residual, através da instrumentação, antes
da execução da prova de carga, obtendo-se o valor de 150 kN.
Na figura anterior, é possível observar a o efeito da carga residual atuante na
ponta da estaca. Para deslocamentos nulos, já ocorre uma mobilização na ponta da
estaca, ou seja, existe uma carga “aprisionada” na ponta.
Dividindo-se o valor de carga residual obtido pela instrumentação, pelas
áreas da seção do perfil e do retângulo envolvente à seção do perfil metálico, chega-
se aos valores de resitência de ponta de 15000 kPa e 1500 kPa, respectimavente.
Estes valores de resistência de ponta são observados dentro do intervalo para
deslocamentos nulos, logo não é possível afirmar qual área de ponta deve ser
adotada para este cálculo, tendo em vista que não ocorreu ruptura da estaca
durante a realização do ensaio.
Sem a ocorrência da ruptura da estaca não é possível separar as parcelas de
atrito lateral e de ponta de ruptura com exatidão.
De acordo com a Figura 5.18, não ocorre total mobilização da ponta para
carga máxima de ensaio, e nem mesmo a presença de um ponto de inflexão da
curva, mostrando uma boa reserva de resistência de ponta para esta estaca.
190
O crescimento contínuo das curvas observado nas Leis de Cambefort (1964)
demonstra que a estaca mista, possui resistências lateral e de ponta além das
máximas obtidas para o máximo carregamento executado no ensaio.
5.2.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de seção
circular
A estaca pré-moldada E624 foi instrumentada em quatro níveis, com ligação
do tipo completa.
A seguir, são mostrados os resultados obtidos desta instrumentação.
5.2.2.1 Análise do funcionamento da instrumentação
A Figura 5.19 mostra a evolução das deformações dos sensores em ponte
completa durante a execução da prova de carga estática.
Figura 5.19: Deformações dos sensores em ligação do tipo ponte completa durante a execução da P.C.E.
Os sensores instalados em camadas mais profundas apresentaram menores
deformações quando comparados com os sensores superiores. Logo, isto é um
indício de que a instrumentação funcionou adequadamente durante a execução da
P.C.E.
191
5.2.2.2 Transferência de carga
O mesmo raciocínio aplicado à análise da seção de referência da estaca
mista E25 foi aplicado à estaca pré-moldada E624 para a obtenção do módulo de
elasticidade, sendo adotado o valor de E = 46 GPa.
A Figura 5.20 mostra a curva carga vs deformação para a seção de referência
da estaca de concreto armado centrifugado E624. Nesta figura, podem pode ser
observados os valores do produto E.A e do módulo de elasticidade da estaca para
as diferentes análises.
Figura 5.20: Gráfico tensão vs deformação obtido através da seção de referência da estaca pré-moldada (E624).
Na Tabela 5.7 estão os valores de transferência de carga para cada nível de
instrumentação da estaca pré-moldada E624, e na última coluna da tabela a
porcentagem da carga que chega à ponta da estaca com relação à carga aplicada
no topo. A carga de ponta foi calculada por extrapolação dos valores de carga
obtidos nos nível mais profundo.
192
Tabela 5.7: Valores de carga solicitante em cada nível de instrumentação da estaca E624, de acordo com a carga aplicada, e porcentagem de carga solicitante na ponta em relação à carga de topo.
De acordo com a tabela anterior, verifica-se que a grande parcela de carga é
transferida à ponta da estaca, tendo em vista que a ponta do elemento pré-moldado
estar assente numa camada solo muito resistente, pois os valores de NSPT indicam
um solo arenoso com maior resistência em relação ao solo acima desta camada.
Para a carga de trabalho (1000 kN), cerca de 64 % da carga está aplicada à
ponta. Logo, diferente da estaca mista E25, a estaca pré-moldda E624 trabalha tanto
por ponta, quanto por atrito lateral.
A Figura 5.21 mostra a transferência de carga ao longo da profundidade da
estaca pré-moldada de concreto E624.
193
Figura 5.21: Transferência de carga ao longo da profundidade da estaca pré-moldada (E624).
As Tabelas 5.8 e 5.9 mostram os valores de dissipação da carga aplicada em
cada estágio e a distribução do atrito lateral ao longo do fuste da estaca pré-
moldada E624, respectivamente.
Tabela 5.8: Dissipação de carga ao longo do fuste da estaca pré-moldada E624, de acordo com cada estágio de carga aplicada durante a prova de carga estática.
194
Tabela 5.9: Valores da distribuição do atrito lateral ao longo do fuste da estaca pré-moldada E624.
Figura 5.22: Distribuição do atrito lateral ao longo do fuste da estaca pré-moldada (E624).
195
A Figura 5.23 mostra o gráfico obtido a partir dos cálculos da primeira lei de
Cambefort (1964). Esta relação expressa o atrito lateral unitário em função dos
deslocamentos ao logo do fuste.
Figura 5.23: Atrito lateral unitário médio ao longo do fuste da estaca pré-moldada (E624).
Na figura anterior, observa-se que não ocorre o esgotamento de todo atrito
lateral do fuste da estaca após a aplicação da carga máxima do ensaio.
Porém, diferentemente do comportamento da curva da estaca mista E25, há
uma inflexão na curva continua que pressupõe que o atrito lateral de ruptura está
próximo.
Extrapolando-se esta curva é possível estimar que o atrito lateral máximo de
ruptura esteja em torno de 27 kPa.
Para a carga máxima de ensaio, observa-se atrito lateral médio de 24 kPa,
para um deslocamento de 5,6 mm.
A Figura 5.24 expressa a reação de ponta em função dos deslocamentos
observados na ponta da estaca (2° Lei de Cambefort (1964)).
196
Figura 5.24: Deslocamento de ponta em função da reação de ponta da estaca pré-moldada (E624).
Não foi possível medir através da instrumentação o valor da carga residual
atuante nesta estaca.
Porém, na figura anterior é possível observar a o efeito da carga residual
atuante na ponta da estaca. Para deslocamentos nulos, já ocorre uma mobilização
na ponta da estaca, ou seja, existe uma carga “aprisionada” na ponta.
A máxima carga de reação na ponta observada foi de 410 kPa,
aproximadamente, para o intervalo de deslocamentos nulos. Multiplicando-se este
valor pela área da seção da estaca, é possível estimar que a carga residual atuante
fosse de 81 kN.
Novamente, sem a ocorrência da ruptura da estaca não é possível separar as
parcelas de atrito lateral e de ponta de ruptura com exatidão. Logo, este valor de
carga residual é estimado.
De acordo com a Figura 5.24, não ocorre total mobilização da ponta para
carga máxima de ensaio, e nem mesmo a presença de um ponto de inflexão da
curva, mostrando uma boa reserva de resistência de ponta para esta estaca.
O crescimento contínuo da curva, observada na 2° Lei de Cambefort (1964),
mostra que a estaca pré-moldada possui resistência de ponta além das máximas
obtidas para o máximo carregamento executado no ensaio.
197
5.3 Previsão da capacidade de carga
Os resultados de previsão de capacidade de carga calculados com base em
métodos semiempíricos e dinâmicos serão comparados com os resultados das
cargas de ruptura médias, obtidas através dos métodos de extrapolação adotados
neste trabalho. Além disso, foi adotado para a análise dos resultados o limite de ± 20
% (faixa) da carga ruptura média extrapolada. A Tabela 5.10 mostra os valores
obtidos e adotados neste trabalho.
Tabela 5.10: Valores de carga de ruptura média obtidos pelos métodos de extrapolação adotados para as estacas ensaiadas.
5.3.1 Métodos semi-empíricos
A previsão de capacidade de carga para a estaca mista E25 através dos
métodos semiempíricos foi realizada com base nas seguintes condicionantes:
Cálculo da capacidade de carga lateral última da estaca metálica
considerando duas análises: adotando-se o perímetro colado da seção
do perfil metálico e perímetro do retângulo envolvente à seção do perfil
metálico;
Cálculo da capacidade de carga da ponta da estaca metálica
considerando três análises: área cheia do retângulo envolvente à
seção do perfil metálico, metade da área cheia do retângulo envolvente
à seção do perfil metálico e área da seção do perfil metálico.
Logo, para um mesmo método, haverá seis capacidades de carga, conforme
mostram as Tabelas 5.11 e 5.12.
198
Tabela 5.11: Descrição das parcelas de resistência da estaca mista E25 obtidas pelos métodos semiempíricos.
Tabela 5.12: Descrição seis análises da capacidade última da estaca mista E25 para cada método semiempírico.
Foi adotada a análise da capacidade de ponta última da estaca,
considerando-se a metade da área do retângulo envolvente, porque este foi o critério
adotado pelo projetista responsável pelo cálculo da capacidade de carga das
estacas mista deste empreendimento.
199
A Tabela 5.13 mostra os dados geométricos utilizados para o cálculo da
capacidade de carga das estacas mista E25 e pré-moldada E624 através dos
métodos semiempíricos.
Tabela 5.13: Valores dos elementos geométricos da estaca pré-moldada e metálica adotados para o cálculo da capacidade de carga última das estacas ensaiadas.
5.3.1.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado
de seção circular e metálica
A seguir, são mostrados os resultados das capacidades de carga de ruptura
da estaca mista E25 obtidos pelos diferentes métodos, bem como sua relação com a
carga de ruptura média extrapolada, de acordo com as considerações feitas na
Tabela 5.12 para perímetro e área de ponta da estaca metálica.
Tabela 5.14: Valores de carga de ruptura obtida pelos diferentes métodos para a estaca mista E25.
De acordo com a tabela anterior, os métodos analisados apresentaram
valores de carga de ruptura superiores e inferiores à carga de ruptura média
extrapolada.
200
Os valores de carga de ruptura obtidos através dos métodos semiempiricos
apresentaram entre 41 e 47 % de desvio em relação à média da carga de ruptura
dos métodos de previsão de capacidade de carga, mostrando elevada variabilidade
obtida.
Figura 5.25: Relação entre a carga de ruptura da estaca mista E25, obtida por diferentes métodos, e a carga de ruptura média extrapolada, considerando-se diferentes valores de perímetro e área de ponta do perfil metálico.
O método Aoki e Velloso (1975) apresentou valores de carga de ruptura
dentro dos limites de ± 20% em relação à carga de ruptura média extrapolada em
todos os casos, exceto para a combinação com carga lateral considerando-se o
perímetro colado e carga de ponta calculada com o valor da área do retângulo
envolvente à seção do perfil metálico.
Os valores de carga de ruptura dos métodos P. P Velloso (1981), Meyerhof
(1976) e UFRGS (2005) ficaram abaixo do limite de -20% em todas as combinações
de parcelas de resistências da estaca mista.
O Método da UFRGS (2005) apresentou valores muito baixos de carga de
ruptura em relação à carga média extrapolada, logo é recomendado que o mesmo
seja modificado caso seja utilizado para este tipo de estaca e solo sedimentar de
Recife/PE.
Os métodos de previsão de carga de ruptura P.P Velloso (1981) e Meyerhof
(1976) chegaram a valores muito próximos (cerca de 50 kN de diferença), quando se
considera valores de área de ponta com o retângulo envolvente. À medida que
201
diminui o valor da área de ponta, a diferença entre dos valores de carga de ruptura
passa para cerca de 430 kN, mostrando a importância do valor de área da ponta da
estaca metálica a ser adotada em projeto.
O Método Décourt e Quaresma (1978, 1996) superestimou o valor de carga
de ruptura média em todos os casos, tendo em vista a elevada parcela resistência
de ponta “virtual” fornecida por este método.
A análise que forneceu maior valor de carga de ruptura foi considerando área
de ponta como a do retângulo envolvente e perímetro colado à seção do perfil
metálico. Adotando-se as considerações opostas mencionadas anteriormente, ou
seja, perímetro do perfil metálico com sendo o do retângulo envolvente e área de
ponta da seção da estaca metálica, obteve-se a menor carga de ruptura.
O maior (QT1mis,u) e menor (QT6mis,u) valor de carga de ruptura obtidos foram
6165 kN e 1133 kN, através dos métodos Aoki e Velloso (1975) e da UFRGS (2005),
respectivamente.
A tabela 5.15 mostra os valores máximos e mínimos de carga de ruptura,
obtidos pelos diferentes métodos.
Tabela 5.15: Valores de carga de ruptura máximos e mínimos obtida pelos diferentes métodos semiempíricos para a estaca mista E25.
202
Figura 5.26: Valores de máximos e mínimos carga de ruptura da estaca mista E25 obtida por diferentes métodos semiempíricos.
Exceto os métodos Décourt & Quaresma (1978, 1996) e da UFRGS (2005),
os demais apresentaram uma diferença de carga de ruptura entre 29 e 43%,
aproximadamente, levando-se e consideração somente os valores de perímetro e
área de ponta da estaca metálica adotados nos cálculos.
A Tabela 5.16 apresenta as parcelas de resistências laterais da estaca mista
do segmento pré-moldado (Qlp,u) e do segmento metálico, tanto para o perímetro
colado (Qlm1,u), quanto para o perímetro do retângulo envolvente (Qlm2,u) à seção do
perfil metálico.
Tabela 5.16: Valores das parcelas de resistências laterais da estaca mista.
Como podem ser observadas na tabela anterior, as parcelas de resistências
laterais obtidas no segmento pré-moldado para os métodos Aoki e Velloso (1975),
UFRGS (2005) e Teixeira (1996) são muito próximos, sendo que o método Décourt e
Quaresma (1978, 1996) forneceu o maior valor de resistência lateral.
203
Exceto para o método UFRGS (2005), os demais métodos mostram que a
maior parcela de resistência lateral ocorre no segmento metálico, sendo a maior
resistência encontrada neste trecho pelo método Aoki e Velloso (1975), cerca de
35% da resistência total para o caso de (Qlm1,u) e 25% considerando (Qlm2,u).
Os valores de resistência lateral no trecho metálico para métodos Décourt e
Quaresma (1978, 1996) e Teixeira (1996) estão muito próximos, mesmo embora os
valores de resistência lateral para o segmento de concreto não estejam muito
próximos, haja vista os diferentes processos de análises de cada método para os
distintos materiais que compõem a estaca mista.
Na Figura 5.27 é possível observar a redução da resistência lateral (Qlm2,u)
quando se considera o perímetro do retângulo envolvente à seção do perfil metálico,
sendo a maior redução encontrada no método Aoki e Velloso (1975),
aproximadamente 30 %.
Logo, é muito importante saber com qual perímetro do perfil metálico se deve
trabalhar, pois como pôde ser observado é possível aumentar ou reduzir a
resistência lateral deste trecho metálico, contribuindo ora a favor, ora contra a
segurança do projeto de fundações.
Figura 5.27: Valores das parcelas de resistências laterais últimas da estaca mista E25 obtida por diferentes métodos semiempíricos.
A Tabela 5.17 apresenta os valores de resistência de ponta da estaca mista,
considerando-se a área da ponta da estaca com sendo a área do retângulo
204
envolvente (Qpm1,u), metade do retângulo envolvente (Qpm2,u), da seção do perfil
metálico (Qpm3,u) e também a resistência da ponta “virtual” (Qpv,u).
Tabela 5.17: Valores das parcelas de resistências de ponta da estaca mista, de acordo com as considerações de área de ponta da estaca metálica.
Figura 5.28: Valores das parcelas de resistência ponta últimas da estaca mista E25 obtida por diferentes métodos semiempíricos.
Na Figura anterior é possível observar que os métodos Aoki e Velloso (1975),
Meyerhof (1976) e Teixeira (1996) forneceram os maiores valores de resistência de
ponta da estaca metálica.
O método Décourt e Quaresma (1978, 1996) forneceu o maior valor de
resistência de ponta “virtual”, face à sensibilidade do método quando a ponta da
estaca está inserida numa região de solo resistente com valores de Nspt elevados.
205
Tabela 5.18: Valores de carga de ruptura da ponta do segmento metálico máximos e mínimos obtida pelos diferentes métodos semiempíricos para a estaca mista E25.
A análise da resistência de ponta, considerando-se o valor de área da seção
do perfil metálico (Qpm3,u), conduziu a uma redução de aproximadamente 92% da
resistência de ponta quando comparado com a análise realizada com a área do
retângulo envolvente (Qpm1,u) à seção do perfil, visto que a área da seção é cerca de
9 vezes menor do que a do retângulo envolvente.
Logo, deve-se tomar cuidado com as considerações de embuchamento da
ponta da estaca metálica, visto que a ocorrência ou não deste fenômeno pode levar
a valores totalmente discrepantes com a realidade.
A Tabela 5.19 fornece a relação da parcela de resistência de ponta da estaca
metálica com a carga de ruptura de para cada método, considerando-se as
diferentes áreas de ponta para o perfil metálico.
Tabela 5.19: Relação entre as resistências de ponta com a carga de ruptura obtidos por diversos métodos semiempíricos para a estaca mista E25.
Da tabela anterior, percebe-se que a consideração de área de ponta cheia do
retângulo envolvente à seção do perfil metálico contribui de sobremaneira para a
resistência total da estaca (entre 20 e 35 % da resistência total), ou seja, a estaca
trabalha tanto por atrito, quanto resistência de ponta, com exceção dos métodos
Décourt & Quaresma (1978, 1996) e UFRGS (2005), que apresentaram baixo valor
de resistência de ponta.
Com a consideração de área de ponta da seção do perfil metálico, observa-se
que a contribuição da parcela de resistência de ponta é mínima, entre 1 e 5 %
apenas, quando comparada com a resistência total. Caso não fosse considerado o
206
efeito da ponta “virtual”, poderia ser afirmado que a estaca mista trabalha
predominantemente por atrito lateral.
O método Aoki e Velloso (1975) foi o que apresentou carga de ruptura
(QT3,mis) mais próximo da carga média de ruptura extrapolada, utilizando-se valores
de área de ponta da seção do perfil metálico e perímetro colado à seção do perfil
metálico. Este fato pode sugerir que para este tipo de estaca e solo, são as
considerações de área de ponta e perímetro a serem adotadas em cálculos para o
segmento metálico.
Entretanto, isto é apenas uma sugestão com base na análise da carga média
extrapolada, pois a análise correta desta questão deve ser confirmada com
resultados de provas de carga em que foi verificada a ruptura da estaca na prova de
carga.
A Tabela 5.20 mostra a relação entre a cara de ponta virtual com a carga de
ruptura média extrapolada.
Tabela 5.20: Relação entre a parcela de resistência de ponta “virtual” com a carga de ruptura média extrapolada da estaca mista obtidos por diferentes métodos semiempíricos.
De acordo com a tabela anterior é possível visualizar a importância da
consideração da parcela de resistência da ponta “virtual”, visto que a mesma
corresponde entre 19 e 50 % da resistência total da estaca, exceto para o método da
UFRGS (2005).
A definição das parcelas de resistência lateral e de ponta últimas seria mais
bem definida através da ruptura da estaca durante o ensaio, e também de uma
melhor definição do procedimento de cálculo, por parte dos métodos semiempíricos,
do efeito da ponta “virtual”.
207
5.3.1.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular
A Tabela 5.21 mostra os valores de capacidade de carga última da estaca
pré-moldada E624, obtidos através dos diversos métodos de previsão de
capacidade de carga adotados neste projeto. A Figura 5.29 mostra a relação entra a
capacidade de carga última de cada método com a capacidade de carga à ruptura
média obtida através dos métodos de extrapolação.
Tabela 5.21: Valores de resistência última da estaca pré-moldada E624 obtidos por diferentes métodos.
Figura 5.29: Relação entre a carga de ruptura da estaca pré-moldada E624, obtida por diferentes métodos, e a carga de ruptura média obtida por extrapolação.
208
De acordo com a Tabela 5.21, há uma grande dispersão de valores de carga
de ruptura (cerca de 74%) em relação ao valor médio obtido pelos diferentes
métodos, face da elevada variabilidade dos resultados da ponta.
Exceto os métodos Teixeira (1996) e Laprovitera e Benegas (1993, 1995),
todos os demais métodos não estão contidos dentro dos limites de ± 20%.
O método Teixeira foi o que mais se aproximou da carga de ruptura média
extrapolada, sendo o método UFRGS apresentando menor valor de carga de
ruptura.
O método Décourt e Quaresma (1978, 1996) superestimou a carga de
ruptura, fornecendo um valor 2,5 vezes maior que a carga média extrapolada.
A Figura 5.30 demonstra as parcelas de resistência lateral e de ponta obtidas
para a estaca pré-moldada E 624, através dos diversos métodos semiempíricos.
Figura 5.30: Valores das parcelas de resistência lateral e ponta últimas da estaca pré-moldada E624 obtida por diferentes métodos semiempíricos.
O método Décourt e Quaresma (1978, 1996) forneceu valor elevado de
resistência última de ponta, tendo em vista que a camada de solo acima e abaixo da
ponta desta estaca está apoiada em camada de areia com Nspt superior a 35 golpes,
o que mostra a grande sensibilidade deste método para valores elevados de NSPT
próximo à ponta da estaca.
209
As parcelas de resistência lateral entre os métodos Teixeira (1996) e UFRGS
(2005) são semelhantes, porém para o último método a parcela de resistência de
ponta é cerca de 13 vezes menor que o primeiro.
A Tabela 5.22 mostra a relação entre as parcelas de resistência lateral e de
ponta com a carga de ruptura, obtida entre os diversos métodos para a estaca E624.
Tabela 5.22: Relação entre as resistência lateral e de ponta com a carga de ruptura, obtidos por diversos métodos semiempíricos pré-moldada E624.
De acordo com a tabela anterior, todos os métodos indicam que a estaca
trabalha predominantemente por resistência de ponta, exceto para o método UFRGS
(2005) que apresentou apenas 19% de resistência total relacionada à resistência da
ponta da estaca.
Para o cálculo da resistência de ponta foi considerada o embuchamento da
mesma, ou seja, adotou-se a área da seção plena da estaca pré-moldada.
5.3.2 Métodos dinâmicos
Neste item são apresentados os valores de resistência mobilizada pelo solo
durante a cravação das estacas (Rd), para a energia de cravação adotada neste
estudo de caso, obtidos através das fórmulas dinâmicas utilizadas neste trabalho,
que levam em consideração valores de nega e repique.
5.3.2.1 Estaca mista pré-moldada de concreto armado centrifugado
de seção circular e metálica
A Tabela 5.23 mostra os valores de resistência mobilizada última do solo da
estaca mista E25, obtidos através dos diversos métodos dinâmicos adotados nesta
dissertação.
210
Tabela 5.23: Valores de resistência última mobilizada do solo durante a cravação da estaca mista E25 obtidos por diferentes métodos dinâmicos.
De acordo com a Tabela 5.23, houve elevada variabilidade de valores da
resistência mobilizada entre os diferentes métodos utilizados. Os valores
encontrados estão com uma variação de 40% em relação ao valor médio da Rdp,u.
Esta diferença de valores pode ser constatada quando se compara os
métodos de Sandres e Brix, onde a diferença de resistência mobilizada chega a ser
da ordem de 2300 kN.
Os métodos de Brix e Chellis (1951) – Velloso (1987) forneceram valores de
Rdp,u dentro dos limites de ± 20% da carga média extrapolada, sendo que o primeiro
subestimou e o segundo método superestimou a carga média extrapolada.
Os métodos citados anteriormente utilizam valores de repique para o cálculo
de Rdp,u, mostrando que este dado pode ser mais confiável com dados de nega para
aferição da resistência mobilizada durante a cravação de uma estaca.
A fórmula de Sanders superestimou em cerca de 3 vezes a carga de ruptura
média extrapolada, sendo necessária certa cautela ao utilizar este método para a
aferição de capacidade de carga da estaca.
A Figura 5.31 mostra a relação entre a resistência mobilizada última do solo
(para a energia de cravação adotada) com a capacidade de carga à ruptura média
extrapolada.
211
Figura 5.31: Relação entre a resistência última mobilizada do solo durante a cravação da estaca mista E25, obtida por diferentes métodos dinâmicos, e a carga de ruptura média obtida por extrapolação.
5.3.2.2 Estaca pré-moldada de concreto armado centrifugado de
seção circular
A Tabela 5.24 mostra os valores de resistência mobilizada última do solo da
estaca pré-moldada E624, obtidos através dos diversos métodos dinâmicos
adotados neste projeto. A Figura 5.32 mostra a relação entra resistência mobilizada
última do solo com a capacidade de carga à ruptura média obtida através dos
métodos de extrapolação.
212
Tabela 5.24: Valores de resistência última mobilizada do solo durante a cravação da estaca pré-moldada E624, obtidos por diferentes métodos.
A tabela anterior mostra novamente a grande variabilidade de valores de
resistência mobilizada para a energia de cravação utilizada na estaca.
Ocorre uma dispersão de 57% dos valores de Rdp,u em torno da média dos
valores obtidos pelos diferentes métodos dinâmicos.
Todos os métodos apresentaram valores de resistência mobilizada acima
carga média de ruptura extrapolada.
Os valores Rdp,u que utilizam valores de repique foram que mais se
aproximaram da carga de ruptura média extrapolada.
213
Figura 5.32: Relação entre a resistência última mobilizada do solo durante a cravação da estaca pré-moldada E624, obtida por diferentes métodos, e a carga de ruptura média obtida por extrapolação.
Observa-se que o método de Sanders estima a resistência última mobilizada
8 vezes superior que a carga de ruptura média extrapolada.
Os métodos dos Holandeses, Dinamarqueses, Janbu e Hiley apresentaram
valores de Rdp,u entre 4 e 5 vezes a carga média extrapolada.
Dentre os métodos que utilizam valores de nega, o método de Brix foi o que
forneceu o valor mais próximo de resistência mobilizada em relação à carga média
extrapolada.
A grande variabilidade destas resistências mobilizadas se deve as diferentes
considerações de variáveis adotadas nos métodos de cálculo pelos autores.
Estes valores discrepantes reforçam a orientação de que os métodos
dinâmicos servem apenas para controle de cravação, sendo necessário executar
provas de carga para a aferição da real capacidade de carga da estaca.
214
6.CONCLUSÃO
A)Provas de carga
Não foi evidenciada a carga de ruptura geotécnica das estacas, tendo em
vista que os ensaios foram de desempenho.
Destacam-se os pequenos deslocamentos observados para a carga de
trabalho, sendo 5,3 mm para a estaca mista e 2,7 mm para a estaca pré-moldada.
A inserção de 15 m do elemento metálico posteriormente à estaca pré-
moldada conferiu um ganho de 1500 kN na carga de ruptura, em relação aos 18 m
iniciais da estaca pré-moldada E624, considerando-se as extrapolações das curvas
carga vs deslocamento.
Os resultados de carga de ruptura extrapolada mostraram a importância da
execução de provas de carga de projeto, pois o uso do fator de segurança FS=1,6,
recomendado pela NBR 6122 (2010) para este tipo de ensaio, proporcionaria para o
aumento da carga de trabalho em 68% e 92%, para a estaca mista e pré-moldada,
respectivamente.
Desde que os recalques para estas cargas de trabalho com fator de
segurança reduzido, fossem compatíveis com os recalques admissíveis da estrutura,
certamente ocorreria uma redução da ordem de 25 a 35% dos custos globais do
projeto de fundações deste empreendimento.
Porém, estas conclusões foram obtidas com base em apenas duas provas de
carga estática executadas na obra, onde o ideal seria analisar os resultados de mais
ensaios (determinados pela NBR 6122 (2010)) distribuídos em regiões diferentes do
terreno, a fim de validar os resultados obtidos pelos primeiros ensaios.
B)Instrumentação
A análise do funcionamento da instrumentação da estaca mista revelou o bom
desempenho da ligação dos sensores em ponte completa, tanto no segmento
metálico, quanto no segmento de concreto. A ligação em 1/4 de ponte efetuada no
trecho metálico não apresentou resultados consistentes, resultando no descarte dos
mesmos. Isto pode ter ocorrido devido ao ruído na aquisição advindo do próprio tipo
de ligação efetuado, que não necessariamente elimina os efeitos de flexão e
esforços axiais.
215
As deformações lidas nos sensores instalados no segmento metálico da
estaca mista foram superiores às do segmento de concreto, tendo em vista que
ambos os materiais possuem características geométricas e rigidez diferentes.
Os módulos de elasticidade obtidos se apresentaram dentro da expectativa,
visto que ambas as estacas apresentaram valores abaixo do módulo de elasticidade
do concreto utilizado pelo fabricante das estacas pré-moldadas.
Houve pouca mobilização da resistência de ponta do segmento metálico da
estaca mista, ao contrário da estaca pré-moldada, mostrando que a mesma que
trabalha tanto por atrito lateral, quanto por resistência de ponta.
A elevada resistência de ponta observada na estaca pré-moldada se deve ao
fato da ponta da estaca estar apoiada em solo arenoso com elevada resistência
(Nspt>35 golpes).
Houve elevada transferência de carga na região de transição entre os
elementos pré-moldado e metálico, fato que evidencia a formação de uma ponta
“virtual” neste trecho da estaca.
Verificou-se pelas Leis de Cambefort (1964) que a estaca mista possui
resistências lateral e de ponta, além das máximas registradas durante a execução
do ensaio, tendo em vista o crescimento contínuo da curva nos gráficos e sem a
presença de um ponto de inflexão.
Entretanto, a 1° Lei de Cambefort (1964) para a estaca pré-moldada revelou
que o atrito lateral unitário de ruptura estava próximo da carga máxima aplicada no
ensaio, visto que a curva do gráfico apresentou um ponto de inflexão tendendo a
ficar constante com o aumento da carga de ensaio.
Foi observado no gráfico da 2° Lei de Cambefort (1964) da estaca pré-
moldada certo valor de carga residual. Fazendo uma retroanálise, estimou-se o valor
de carga residual da ordem de 80 kN, valor este inferior ao encontrado na estaca
mista.
C)Capacidade de carga
Os valores de capacidade de carga à ruptura pelos métodos semiempíricos
apresentaram elevada dispersão em relação à média.
Para a consideração de área de ponta do segmento metálico como sendo a
área da seção do elemento e perímetro colado o método, Aoki e Velloso (1975)
forneceu o valor mais próximo da carga de ruptura média extrapolada da estaca
216
mista (valor cerca de 5% acima do valor extrapolado). Logo, a consideração de área
de ponta e perímetro do perfil metálico imerso em solo arenoso, recomendada por
Salgado (2006), vai ao encontro dos resultados obtidos pelos ensaios.
Portanto, pressupõe que a análise da carga de ruptura da estaca mista com o
segmento metálico em solo arenoso, considerando o perímetro colado e área da
seção do perfil metálico, seja a mais adequada para este estudo de caso, haja vista
que a adoção destas considerações forneceu o valor de carga de ruptura mais
próximo da carga de ruptura média extrapolada.
Vale ressaltar que a afirmação acima é uma suposição com base na
extrapolação da curva carga vs deslocamento, sendo somente esta questão mais
bem definida com a análise das parcelas de resistência lateral e ponta na ruptura, o
que não foi possível identificar neste trabalho.
Os menores valores de carga de ruptura para a estaca mista foram obtidos
com valores de perímetro do retângulo envolvente e área de ponta da seção do perfil
metálico.
É possível concluir que a consideração de área de ponta com o retângulo
envolvente leva a valores arrojados de resistência de ponta da estaca metálica, pois
a consideração de área de ponta como apenas da seção do perfil acarreta uma
redução de 92% da resistência inicial da ponta.
A adoção do perímetro do retângulo envolvente conduziu a uma redução de
30% da resistência lateral última entre os diversos métodos semiempíricos, quando
comparado com os valores obtidos com o perímetro da seção do perfil metálico.
Logo, ressalta-se a importância de como proceder aos cálculos de
capacidade de carga com os métodos semiempiricos, no que diz respeito ao
perímetro e área de seção da estaca metálica. Tais valores devem ser
cuidadosamente estudados antes de serem adotados, pois os mesmos podem levar
a valores de carga de ruptura abaixo, ou acima da carga real de ruptura.
Neste trabalho não foi possível identificar quais considerações, de perímetro e
área de ponta do segmento metálico da estaca mista, foram determinantes nas
resistências lateral e de ponta, respectivamente, visto que não houve ruptura da
estaca durante a realização da prova de carga estática.
O valor da parcela de resistência da ponta “virtual” é significativo para todos
os métodos, exceto para o método UFRGS (2005), onde estas parcelas
corresponderam entre 19 e 50 % da resistência total da estaca mista. Logo, é de
217
extrema importância a consideração deste efeito neste tipo de estaca, tendo em
vista que o mesmo pode levar a valores de capacidades de carga mais condizentes
com a realidade.
Pelo fato da ponta da estaca pré-moldada estar apoiada em solo arenoso,
cujas camadas superior e inferior possuem boa resistência (Nspt>35 golpes),
conduziu ao valor de carga de ruptura superestimado pelo método Décourt e
Quaresma (1978, 1996), diferentemente do que mostrou a instrumentação,
mostrando a sensibilidade deste método para estacas pré-moldadas que possuem
sua ponta em camadas resistentes de solo.
Os métodos dinâmicos que utilizam valores de repique elástico apresentaram
valores de resistência mobilizada próximos das cargas de ruptura média
extrapoladas. Logo, a adoção deste dado pode ser uma ferramenta muito importante
para o controle de cravação.
Conclui-se que o controle de cravação com o uso de valores de nega requer
uma atenção especial, visto que houve métodos que forneceram valores de
resistência mobilizada 8 vezes superior à carga de ruptura média extrapolada.
No geral, os métodos dinâmicos apresentaram grande discrepância de
valores de resistência mobilizada, tanto para a estaca mista, quanto para a estaca
pré-moldada.
Isto pode ser explicado pelas deficiências teóricas destas fórmulas, que não
retratam claramente a real energia aplicada à estaca, aumento ou diminuição da
resistência com o tempo e efeitos decorrentes do amolgamento, compactação e
adensamento do solo.
Contudo, vale ressaltar que o uso dos métodos dinâmicos é válido somente
para o controle do estaqueamento, sendo que a carga de ruptura deve ser adotada
com base nos resultados das provas de carga estáticas, preferencialmente com o
rompimento da estaca no ensaio.
218
7.SUGESTÕES PARA TESES FUTURAS
Criar um banco de dados, para verificar as correlações propostas nesta
dissertação ou estabelecer nova formulação, considerando tipo de solo, estaca,
etc...
Verificar o comportamento dos diversos métodos teóricos e semiempíricos a
partir de parâmetros geotécnicos, obtidos em ensaios laboratoriais, e de ensaios de
campo, como SPT-T,CPT, DMT, etc...
Mais pesquisas sobre o efeito da ponta “virtual” através de provas de carga
estática, com instrumentação na região de transição dos diferentes materiais que
formam a estaca mista, e sugestões de adaptação do efeito desta ponta “virtual” nos
diversos métodos semiempíricos existentes.
Um banco de dados mais amplo de provas de carga estática deve ser
encorajado para a aferição dos métodos dinâmicos, em particular para as fórmulas
que utilizam valores de repique elástico.
Realizar maiores quantidades de provas de carga estática em estacas
metálicas instrumentadas.
219
8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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