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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA- UEPB CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE- CCBS
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
JÉSSICA ANTONIANA LIRA E SILVA
CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DE UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
QUANTO A DOENÇA PERIODONTAL E SUA INTERRELAÇÃO COM ALTERAÇÕES
SISTÊMICAS
CAMPINA GRANDE-PB
2014
JÉSSICA ANTONIANA LIRA E SILVA
CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DE UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
QUANTO A DOENÇA PERIODONTAL E SUA INTERRELAÇÃO COM ALTERAÇÕES
SISTÊMICAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de graduação em Odontologia da
Universidade Estadual da Paraíba (Campus I)
em cumprimento às exigências para a obtenção
do grau de bacharel em Odontologia.
Orientadora: Prof.ª Dra. Renata de Souza
Coelho Soares
CAMPINA GRANDE-PB
2014
DEDICATÓRIA
Dedico esta, bem como todas as minhas demais
conquistas, aos meus amados pais Auricélia e
Gregório, e aos meus irmãos Bruno e Emanoel.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida, sabedoria, saúde, coragem e fé.
Aos meus pais, Auricélia e Gregório, pois deles recebi o dom mais precioso do universo: a
vida. Por isso já seria infinitamente grata, porém, eles não se contentaram em presentear-me
apenas com ela, revestiram-se de amor, carinho e dedicação que me transformaram na pessoa
que sou hoje e abriram as portas do meu futuro com o estudo. Muito obrigada por serem os
meus exemplos de dignidade, perseverança e respeito e por me ensinarem o que é família.
Vocês que sempre me fizeram entender que o futuro é feito a partir da constante dedicação no
presente. Se pudesse fazê-los eternos, eternos os faria. Minha imensa gratidão vai além de um
muito obrigado, amo-os imensuravelmente! Essa vitória é principalmente de vocês.
Ao meu esposo, Wallace, por compartilhar comigo as alegrias e os momentos difíceis, pelo
carinho, apoio, paciência e incentivo que me dispensou em todos os momentos.
À minha querida professora orientadora Renata pelo apoio, amizade, compreensão,
dedicação, por todo o conhecimento adquirido, pela oportunidade, paciência e confiança em
mim depositada. Obrigada pelos ensinamentos científicos e orientação que me fizeram crescer
pessoalmente e profissionalmente.
À Universidade Estadual da Paraíba, à coordenação e aos funcionários do departamento
de Odontologia pela generosidade, auxílio, confiança e dedicação. Em especial a professora
Denise e ao funcionário Alexandre, o muito obrigado é pouco por tamanha competência.
Guardarei com carinho essa “escola” que me ensinou mais do que a Odontologia.
A todos os professores que contribuíram e enriqueceram meus conhecimentos durante esses
anos, pela competência e por serem exemplos de profissionais e mestres.
Ao meu companheiro de pesquisa, Ernani, sem o qual este trabalho não teria sido
realizado.
Aos meus colegas de trabalho Iris, Luciana, Ricardo, Ivan, Auxiliadora, Ernandez,
Joseval e Adeilton por serem compreensivos, escutarem minhas angústias, medos, planos e
me incentivarem sempre.
EPÍGRAFE
“Tenho a impressão de ter sido uma
criança brincando à beira-mar,
divertindo-me em descobrir uma pedrinha
mais lisa ou uma concha mais bonita que
as outras, enquanto o imenso oceano da
verdade continua misterioso diante de
meus olhos”. (Isaac Newton)
RESUMO
Pesquisas científicas têm evidenciado a relação entre doença periodontal (DP) e alterações
sistêmicas, como doenças respiratórias. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o conhecimento
de profissionais de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) quanto à doença periodontal e sua
relação com alterações sistêmicas, principalmente infecções respiratórias. A pesquisa foi
realizada com 225 profissionais de quatro hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde
da cidade de Campina Grande-PB. Para a coleta dos dados utilizou-se um questionário
estruturado contendo dados biodemográficos e informações acerca da doença periodontal
(DP) e sua relação com alterações sistêmicas. O tamanho da amostra foi calculado utilizando-
se um erro de 5% e intervalo de confiança de 95%. Após obtenção do universo amostral (242
profissionais), uma amostra mínima de 216 indivíduos foi calculada, participando, ao final da
pesquisa, um total de 225 profissionais. Os dados foram registrados no SPSS 20.0 e
analisados por meio de estatística descritiva e inferencial, considerando-se um nível de
significância de 5%. Os resultados evidenciaram que, quanto aos fatores de risco da DP,
89,7% da amostra citou que a má higiene bucal está relacionada à ocorrência da DP; a
presença de bactérias e a cárie dentária foram citadas por 81,7% e 67,1%, respectivamente. O
único fator que apresentou diferença estatisticamente significante foi o fator bactérias (p=
0,001). O fator genético foi considerado fator de risco da DP por 34,2%. Ao serem
questionados se a placa bacteriana de pacientes internados em UTI poderia ser reservatório
para microrganismos associados à pneumonia hospitalar, 16,9% discordaram ou não sabiam
responder, o restante concordou sendo que 70,2% concordaram totalmente. 23,6%
concordaram que há associação entre DP e parto prematuro. Quanto à interrelação entre DP e
diabetes, houve diferença estatisticamente significante entre as categorias (p=0,000), dos que
concordaram a maior porcentagem foi de médicos (82,4%). O conhecimento da amostra foi
parcialmente satisfatório, sendo necessário que estes profissionais recebam orientações quanto
a DP, bem como sua relação com as alterações sistêmicas.
Palavras-chave: Periodontia; Unidades de Terapia Intensiva; Infecções Respiratórias.
ABSTRACT
Scientific studies have shown the relationship between periodontal disease (PD) and systemic
changes, such as respiratory diseases. The objective of this research was to evaluate the
knowledge of professionals Intensive Care Units (ICUs) and periodontal disease and its
relationship to systemic changes, especially respiratory infections. The survey was conducted
with 225 four professionals under the Unified Health System of Campina Grande-PB
hospitals. To collect the data we used a structured questionnaire containing Biodemographic
data and information about periodontal disease (PD) and its relationship to systemic changes.
The sample size was calculated with an error of 5% and a confidence interval of 95%. After
obtaining (242 professionals) sample universe, a minimum sample of 216 individuals was
calculated by taking part at the end of the survey, a total of 225 professionals. Data were
recorded in SPSS 20.0 and analyzed using descriptive and inferential statistics, considering a
significance level of 5%. The results showed that, with respect to risk factors for PD, 89.7%
of the sample cited that poor oral hygiene is related to the occurrence of PD; the presence of
bacteria and tooth decay were cited by 81.7% and 67.1%, respectively. The only factor that
showed a statistically significant difference was the bacterial factor (p = 0.001). The genetic
factor has been considered a risk factor for 34.2% of PD. When asked if the plaque in ICU
patients could be a reservoir for microorganisms associated with nosocomial pneumonia,
16.9% disagreed or did not know how to answer, the rest being agreed that 70.2% agreed
completely. 23.6% agreed that there is an association between periodontal disease and
preterm birth. Regarding the interrelation between PD and diabetes, a statistically significant
difference between categories (p = 0.000), of which the largest percentage was agreed to
physicians (82.4%). The knowledge of the sample was partially satisfactory, it is necessary
that they receive professional guidance PD and their relationship to systemic changes.
Keywords: Periodontics; Intensive Care Units; Respiratory Infections.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1- Distribuição absoluta e percentual segundo as características sócio demográficas
dos profissionais participantes do
estudo........................................................................................................................................21
TABELA 2- Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a questão:
Você sabe o que é Doença
Periodontal?..............................................................................................................................22
TABELA 3- Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a questão:
Gengivite e periodontite são estágios diferentes da doença periodontal. Que condição é mais
séria?.........................................................................................................................................23
TABELA 4- Distribuição absoluta e percentual dos fatores citados pelos profissionais que
estão relacionados à ocorrência da doença periodontal
(DP)...........................................................................................................................................24
TABELA 5- Avaliação do nível de conhecimento dos profissionais considerando o somatório
(valor mínimo e máximo) das 7 assertivas apresentadas no
questionário...............................................................................................................................28
TABELA 6- Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a
afirmativa: Sangramento gengival e mobilidade dental são sinais de doença
periodontal................................................................................................................................29
TABELA 7- Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a
afirmativa: Uma boa condição periodontal é importante para a saúde
geral...........................................................................................................................................30
TABELA 8- Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a
afirmativa: Escovar os dentes e usar fio dental diariamente é essencial para a manutenção da
saúde periodontal......................................................................................................................31
TABELA 9- Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a
afirmativa: A placa bacteriana de pacientes internados em UTI pode servir de reservatório
para microrganismos associados à pneumonia
bacteriana..................................................................................................................................32
TABELA 10- Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a
afirmativa: Pacientes hospitalizados portadores de doença periodontal apresentam risco
aumentado de desenvolverem pneumonia
hospitalar...................................................................................................................................33
TABELA 11- Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a
afirmativa: Existe associação entre doença periodontal e parto
prematuro..................................................................................................................................35
TABELA 12- Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a
afirmativa: O tratamento da doença periodontal contribui para o melhor controle glicêmico
nos pacientes diabéticos............................................................................................................37
LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS
DP: Doença Periodontal
UTI: Unidade de Terapia Intensiva
VM: Ventilação Mecânica
PN: Pneumonia Nosocomial
PAVM: Pneumonia Aspirativa por Ventilação Mecânica
HUAC: Hospital Universitário Alcides Carneiro
FAP: Fundação Assistencial da Paraíba
PPT: Parto Pré-Termo
DM: Diabetes Mellitus
%: Porcento
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 13
2 METODOLOGIA ........................................................................................................ 18
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................ 21
4 CONCLUSÃO .............................................................................................................. 39
REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 40
APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .. 45
APÊNDICE B- QUESTIONÁRIO ............................................................................. 47
ANEXO A- PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA ................. 49
ANEXO B- AUTORIZAÇÕES INSTITUCIONAIS DOS HOSPITAIS ................ 51
13
1 INTRODUÇÃO
A doença periodontal (DP) é uma afecção bucal de natureza infecciosa-inflamatória e
etiologia multifatorial, associada a um fator determinante, o biofilme dental, e a fatores
predisponentes e modificadores, sendo caracterizada como uma doença indivíduo e sítio-
específica, que evolui continuamente com períodos de exacerbação e remissão. Além disso, a
resposta do hospedeiro apresenta um papel fundamental na instalação e progressão da doença,
podendo ser influenciada por fatores de risco, biológicos e comportamentais (ALMEIDA et
al, 2006; BARILLI et al, 2006).
A possível associação entre doença periodontal e doenças sistêmicas foi postulada há
mais de 100 anos e muitos estudos foram realizados depois, porém, somente nas últimas
décadas tem sido evidenciada uma relação significativa entre ambas (SOUZA; ANDRADE;
OLIVEIRA, 2012).
As pesquisas em medicina periodontal têm alcançado alguns resultados que
confirmam a associação entre doença periodontal e alterações sistêmicas; o que evidencia a
importância do diagnóstico precoce e tratamento imediato das doenças periodontais evitando
progressão das mesmas com prejuízo à saúde geral dos pacientes (WESTPHAL, 2008).
Apesar das duas doenças bucais mais comuns – cárie dentária e DP – serem de
natureza infecciosa, a possibilidade de bacteremias nas periodontopatias é maior, devido à
proximidade dos agentes infecciosos e de seus subprodutos ao tecido conjuntivo e seus
componentes vasculares. Evidências das últimas décadas comprovam que a DP pode levar à
disseminação sistêmica das bactérias orais e de mediadores inflamatórios, sendo estes
mediadores capazes de iniciar ou manter os mecanismos associados ao desenvolvimento de
doenças sistêmicas crônicas (KARNOUTSOS et al., 2008).
As manifestações clínicas da doença periodontal são dependentes das propriedades
agressoras dos microrganismos e da capacidade do hospedeiro em resistir à agressão. Estudos
relacionados à patogênese da DP têm verificado que a agressão microbiana proveniente do
biofilme dental é capaz de produzir uma resposta imune imediata no hospedeiro, levando a
alterações inflamatórias iniciais e a liberação de citocinas inflamatórias, e de proteínas de fase
aguda. Portanto, aparentemente, o principal mecanismo pelos quais os periodontopatógenos
influenciam outras doenças no organismo é o próprio quadro inflamatório sistêmico
decorrente da infecção periodontal crônica (ALMEIDA et al, 2006; WESTPHAL, 2008).
14
A Odontologia tem direcionando seus estudos visando avaliar a influência da doença
periodontal sobre alterações como doenças respiratórias, doenças cardiovasculares, diabetes
mellitus e intercorrências gestacionais (parto pré-termo e nascimento de bebês de baixo peso),
entre outras (KAHN et al, 2010; LIMA et al, 2011). Com essa visão à luz da medicina
periodontal, os avanços científicos trazem subsídios para acreditar na contribuição
significativa do tratamento odontológico, especificamente a intervenção periodontal, na
prevenção e/ou melhoria da condição sistêmica principalmente no paciente crítico
(GADELHA, ARAÚJO, 2011).
Frequentemente os pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs),
encontram-se sob ventilação mecânica (VM) com intubação orotraqueal, modalidade esta, em
que o paciente permanece com a boca aberta, provocando a secura da mesma (xerostomia), e
favorecendo o aumento da saburra lingual e do biofilme sobre os dentes. Quando pacientes
são entubados pela boca, o tubo tem acesso direto às vias respiratórias inferiores,
proporcionando a entrada mecânica das bactérias da boca para os pulmões, podendo causar
pneumonia (SCHLESENER; ROSA; RAUPP, 2012).
Os fatores de risco para a pneumonia nosocomial (PN) incluem idade superior a 70
anos, intubação orotraqueal e/ou ventilação mecânica, depressão do nível de consciência,
broncoaspiração de microrganismos da orofaringe, macro e microaspiração de secreção
traqueobrônquica, uso de sondas ou de cânula nasogástrica, traqueostomia, permanência em
posição supina, manipulação e transporte do paciente pela equipe hospitalar. Salienta-se que
pacientes internados apresentam quadros clínicos como imunocomprometimento, diminuição
do fluxo salivar, decréscimo do reflexo da tosse e deficiência na capacidade de higiene bucal
e corporal (PINHEIRO et al, 2007; AMARAL, CORTÊS, PIRES, 2009).
Um dos fatores de risco mais importantes para a pneumonia aspirativa por ventilação
mecânica (PAVM) é a colonização microbiana da orofaringe. Os tubos endotraqueais
atravessam a cavidade oral durante a intubação, podendo proporcionar um percurso contínuo
de bactérias orais para dentro do pulmão (MUNRO; GRAP, 2004). Desta forma, o tubo
endotraqueal cria um ambiente único para a dispersão de bactérias patogênicas. O
posicionamento do dispositivo através da boca e na traquéia, não só compromete os
mecanismos de defesa, mas também inadvertidamente cria um canal direto para os
microrganismos da orofaringe a via aérea inferior (ISAKOW; KOLLEF, 2006).
Considerando que o biofilme dental é um reservatório permanente de microrganismos
patogênicos, a DP é capaz de agravar uma condição sistêmica pré-existente e influenciar o
15
curso de infecções respiratórias (como as pneumonias). A aspiração de microrganismos da
cavidade bucal e da orofaringe para o trato respiratório inferior é a via mais comum de
infecção respiratória, e quando associada à deficiência no sistema imune do hospedeiro para
eliminar as bactérias infectantes, resulta em elevadas taxas de morbidade e mortalidade
(AMARAL, CORTÊS, PIRES, 2009; GADELHA, ARAÚJO, 2011).
Muitos mecanismos de plausividade biológica têm sido descritos para estabelecer uma
relação entre os microrganismos bucais e a patogênese das pneumonias (WESTPHAL, 2008).
Os vírus, organismos atípicos, micobactérias, ou fungos patogênicos entram no trato
respiratório através da inalação, porém a infecção provocada por bactérias ocorrem
normalmente pela aspiração de microrganismos patogênicos com subsequente colonização no
trato respiratório inferior (GARCIA, 2005).
Considerando as doenças pulmonares crônicas e sua relação com a doença periodontal,
destaca-se que ambas possuem os microrganismos anaeróbios Gram-negativos como fator
etiológico determinante, levando a uma resposta imunológica e inflamatória com consequente
liberação de substâncias biológicas ativas pelo hospedeiro (MACEDO et al, 2010).
Para Sato (2009) alguns mecanismos propostos para correlacionar a condição bucal
associada à DP com a patogênese das infecções respiratórias são: a aspiração de patógenos
orais para o pulmão; a atuação de enzimas associadas à DP produzindo modificações na
superfície da mucosa, com consequente a adesão e colonização de patógenos respiratórios; a
destruição da película salivar protetora contra bactérias patogênicas frente à atividade das
enzimas associadas a DP; e por fim, propõe-se que citocinas originadas da DP podem
produzir alterações no epitélio respiratório, promovendo consequentemente a infecção pelos
patógenos respiratórios.
O início da pneumonia bacteriana é influenciado pela colonização da cavidade oral e
orofaringe por potenciais patógenos respiratórios. A aspiração de reduzidas quantidades de
saliva é um mecanismo fisiológico normal; no entanto, pacientes com alteração de
consciência realizam-no mais frequentemente e em maiores quantidades (ALMEIDA et al,
2006).
Os pacientes hospitalizados portadores de afecções sistêmicas muitas vezes se
encontram totalmente dependentes de cuidados, portanto, impossibilitados de manter uma
higienização bucal adequada, necessitando do suporte de profissionais da saúde para esta e
outros tipos de tarefas. A aquisição e manutenção da saúde bucal, além de uma maior
integração da odontologia e da medicina visando o tratamento global dos pacientes, se fazem
16
necessárias em virtude da interferência direta da recuperação total do paciente (GOMES;
ESTEVES, 2012).
Craven (2000) relata que em pacientes de UTI, a orofaringe torna-se mais suscetível à
colonização devido à exposição aos microrganismos resistentes, tratamento com antibióticos,
redução da secreção salivar, ressecamento da mucosa bucal, diminuição da IgA salivar,
mucosites e o acúmulo de secreções causadas pela existência do tubo endotraqueal e/ou
nasogástrica. Munro e Grap (2004) destacam que os mecanismos imunes que podem
desempenhar um papel no aumento da susceptibilidade à infecção da mucosa oral em pessoas
imunocomprometidas incluem diminuição dos níveis de IgA e lactoferrina.
A higiene oral em UTI é considerada um procedimento básico e indispensável, cujo
objetivo é manter a cavidade bucal dos pacientes saudável. Cuidados orais são necessários
para obter e manter a limpeza, prevenir infecções e estomatites, manter a mucosa oral úmida e
promover conforto ao paciente. Deste modo, é de suma relevância a realização de higiene
bucal antes de iniciar as manobras de intubação e também a sua manutenção durante o
período em que o paciente estiver sob VM, devendo-se realizar treinamentos com os
profissionais que atuam nas UTIs para execução correta dos protocolos de higiene, que
devem, ao menos, atender a eficaz limpeza dos dentes, gengiva, bochecha e língua, com
material apropriado, zelando pela saúde dos pacientes e prevenindo deste modo o
desenvolvimento de infecções (SCHLESENER; ROSA; RAUPP, 2012).
A difusão dos conhecimentos de odontologia preventiva e o uso de recursos
específicos de higiene bucal são medidas sugeridas como tentativas de solucionar as
dificuldades na manutenção da saúde bucal e no tratamento das doenças bucais que afetam a
saúde geral dos pacientes hospitalizados, bem como são essenciais para reduzir o tempo de
permanência hospitalar do paciente (BRITO, VARGAS, LEAL, 2007; AMARAL, CORTÊS,
PIRES, 2009; ARAÚJO et al., 2009; GOMES, ESTEVES, 2012).
A literatura sobre a odontologia na prática interdisciplinar, especificamente em UTIs,
é recente no Brasil havendo restritas menções de dentistas atuando nesse setor, em
contradição com muitos outros países. Entretanto, em virtude do crescimento do número de
pesquisas científicas no ramo da odontologia relacionando alterações bucais com tantas outras
alterações orgânicas, ocorre um concomitante aumento de interesse pela chamada
“odontologia hospitalar” (ARAÚJO et al, 2009).
A odontologia cada vez mais se insere como um fator de importância fundamental,
principalmente quando se trata da melhora da saúde sistêmica do paciente, através de uma
17
atuação em conjunto com uma equipe multidisciplinar, devido ao entendimento de que uma
boa saúde começa e se mantém pela boca (SOUZA; ANDRADE; OLIVEIRA, 2012). Esta se
faz necessária na avaliação da presença de biofilme bucal, doença periodontal, presença de
cáries, lesões bucais precursoras de infecções virais e fúngicas sistêmicas, lesões traumáticas
e outras alterações bucais que representem risco ou desconforto aos pacientes hospitalizados
(RABELO; QUEIROZ; SANTOS, 2010). É de extrema importância a participação de um
profissional dentista na equipe multiprofissional de uma UTI, para avaliar e acompanhar o
acometimento da saúde bucal dos pacientes, em especial os pacientes em modalidade de VM
(SCHLESENER; ROSA; RAUPP, 2012).
O projeto de lei n.º 2.776-B, de 2008, estabelece a obrigatoriedade da presença de
profissionais de odontologia na equipe multiprofissional das UTIs para os cuidados da saúde
bucal do paciente e dá outras providências (BRASIL, 2008). Teve sua redação aperfeiçoada
pela Comissão de Seguridade Social e Família através do Projeto de Lei nº 363, de 2011, com
alterações mínimas e foi aprovado unanimemente por esta comissão. A Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania considerou o projeto constitucional, jurídico e de boa
técnica legislativa. Atualmente este se encontra aguardando retorno do Senado Federal.
Considerando a relevância do tema exposto, a presente pesquisa teve como objetivo
avaliar o conhecimento de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e auxiliares e técnicos de
enfermagem que atuam em UTIs de hospitais do município de Campina Grande-PB quanto à
doença periodontal e a sua interrelação com alterações sistêmicas, principalmente infecções
respiratórias.
18
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa caracterizou-se como um estudo do tipo transversal, desenvolvido
através da aplicação de questionários nas UTIs de quatro hospitais conveniados ao Sistema
Único de Saúde no município de Campina Grande-PB (Hospital de Emergência e Trauma
Dom Luiz Gonzaga Fernandes, Hospital Universitário Alcides Carneiro, Hospital Antônio
Targino e Hospital da Fundação Assistencial da Paraíba).
O universo compreendeu profissionais de saúde que atuavam em Unidades de Terapia
Intensiva (UTI), incluindo médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e auxiliares/ técnicos de
enfermagem dos hospitais mencionados.
Os critérios de inclusão utilizados foram: ser profissional de saúde enquadrado em
alguma das categorias citadas e que atuassem em UTIs adulto dos hospitais e que
concordassem em participar da pesquisa, lendo e assinando o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A). Foram adotados como critério de exclusão os
profissionais que não se enquadrassem nas categorias profissionais mencionadas e que não
atuassem em UTIs adulto dos hospitais participantes do estudo.
A amostra foi obtida através de um cálculo amostral após levantamento do universo
(n= 242) de profissionais atuantes nas UTIs desses hospitais.
Para o cálculo amostral utilizou-se a seguinte fórmula (ALVES, 2006):
Onde:
= tamanho da amostra; P = proporção de indivíduos a ser estimada; d = erro de
amostragem; z = valor na curva normal reduzida correspondente ao nível de confiança
utilizado na determinação de P; = efeito do delineamento.
Desta maneira, destacam-se os seguintes esclarecimentos:
A proporção (P) estimada nos subgrupos populacionais foi de 50% (P=0,50) por ser a
variabilidade máxima para a obtenção de tamanhos de amostras conservadoras; o erro de
amostragem (d) admitido foi de 5% (d=0,05); o nível de confiança aplicado foi de 95%,
aplicou-se o valor (z) de 1,96; o efeito do delineamento foi igual a 2,0.
Ao tamanho amostral ideal obtido ( ) foi acrescido 20% para compensar possíveis
perdas, obtendo-se um valor de 216 profissionais.
19
Em relação aos aspectos éticos, por envolver seres humanos, este estudo seguiu a norma
196/96 do CNS (Conselho Nacional de Saúde) que regulamenta a pesquisa em humanos. Para
que pudesse ser realizado, o projeto foi registrado na Plataforma Brasil e aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), sob CAAE
nº 22807813.7.0000.5187 (ANEXO A).
A coleta de dados ocorreu após obtenção das autorizações institucionais (ANEXO B),
onde os diretores dos hospitais firmavam ciência, concordância e autorização para a
realização da pesquisa no âmbito de cada uma das instituições participantes. Após esta etapa,
a equipe de pesquisadores dirigiu-se às unidades hospitalares devidamente identificados,
portando a documentação de identificação legal da pesquisa, a carta de autorização da direção
da instituição e os questionários para a realização da pesquisa.
Inicialmente foi realizado um estudo piloto (novembro de 2013) com 24 profissionais,
referentes a 10% da amostra com o intuito de verificar se a metodologia empregada para a
pesquisa tinha sido elaborada de forma satisfatória aos objetivos do estudo, e verificar se seria
necessária a realização da adequação das técnicas utilizadas, além de treinar os pesquisadores
para uma melhor obtenção dos resultados.
Após essa etapa, procedeu-se à coleta dos dados para a pesquisa, a qual foi realizada
entre os meses de dezembro de 2013 a abril de 2014, por meio da aplicação de um
questionário adaptado a partir dos instrumentos utilizados nas pesquisas realizadas por
FAIÇAL, MESAS (2008), AMARAL et al. (2009), BASTOS et al. (2011) e OWENS et al.
(2011). O questionário foi formulado procurando-se fazer menção aos assuntos mais
significativos para o desenvolvimento deste estudo, uma vez que os profissionais estariam em
seu horário de trabalho e não disponibilizariam muito tempo para responder ao documento em
questão (APÊNDICE B).
O instrumento de pesquisa apresentava perguntas dispostas em três partes distribuídas
de forma sequencial, sendo que a primeira relacionava-se a informações biodemográficas
como sexo, idade, profissão e local de trabalho. A segunda parte abordava informações
específicas, acerca do conhecimento dos profissionais quanto aos fatores etiológicos da DP e
quanto à existência de um protocolo de higiene bucal na instituição na qual trabalhavam.
A última parte consistia em sete assertivas sobre a condição periodontal e sua relação
com alterações sistêmicas, com alternativas de resposta dispostas em escala tipo Likert. Esta
escala apresentava cinco alternativas de respostas: concordo totalmente, concordo
parcialmente, estou indeciso ou não sei, discordo parcialmente e discordo totalmente.
20
Semelhante a pesquisa de Araújo (2009), aguardava-se que o profissional respondesse
às questões e as eventuais dúvidas eram solucionadas pelo entrevistador, assegurando
respostas conscientes e seguras dos entrevistados. As visitas aos hospitais ocorreram em todos
os turnos (manhã, tarde e noite), seguindo escalas de trabalho estabelecidas por cada
instituição hospitalar.
A análise dos dados ocorreu através do programa Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS Inc. Chicago, Illinois, USA) versão 20.0. Os resultados estão apresentados
por meio das estatísticas descritivas (frequências absolutas e percentuais) e inferenciais. As
análises inferenciais, por sua vez, foram realizadas por meio do teste Qui- Quadrado. Para a
interpretação das informações, foi adotado um intervalo de confiança de 95% e nível de
significância de 5% (p≤ 0,05).
21
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
No presente estudo, uma amostra mínima de 216 indivíduos foi calculada,
participando, o final da pesquisa, um total de 225 profissionais. A idade da amostra variou de
20 a 64 anos, com média de 35,85 e desvio padrão de 8,8. Houve um predomínio da faixa
etária dos 31-59 anos de idade (66,7%). Dos entrevistados, a maioria era do sexo feminino
(72,9%). Quanto ao local de trabalho, 50,2% dos indivíduos foram abordados no Hospital de
Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, 20,4% no Hospital Universitário
Alcides Carneiro (HUAC), 18,2% no Hospital Antônio Targino e 11,1% eram do Hospital da
Fundação Assistencial da Paraíba (FAP). Quanto à profissão, 113 (50,2%) eram técnicos ou
auxiliares de enfermagem, 41(18,2%) eram fisioterapeutas, 37 eram enfermeiros (16,4%) e 34
(15,2%) eram médicos (Tabela 1). As poucas perdas (n= 3) que ocorreram foram pelo fato de
alguns profissionais se recusarem em participar da pesquisa.
Não foram encontrados cirurgiões-dentistas efetivos na equipe multidisciplinar de
nenhuma das UTIs visitadas, este fato também foi observado na pesquisa de Araújo et al
(2009) em que quase a totalidade dos entrevistados respondeu que as equipes das quais faziam
parte não dispunham de cirurgião-dentista.
Tabela 1: Distribuição absoluta e percentual segundo as características sócio demográficas dos profissionais participantes do estudo. (Campina Grande-PB, 2014) Variáveis
n
%
Profissão Médico
34
15,2
Enfermeiro 37 16,4 Fisioterapeuta 41 18,2 Técnico ou auxiliar de Enfermagem 113 50,2 Sexo
Masculino 61 27,1 Feminino 164 72,9
Idade 18 a 30 anos 70 31,1 31 a 59 anos 150 60 anos ou mais 5
66,7 2,2
Local de trabalho Hospital de Trauma HUAC Hospital da FAP Hospital Antonio Targino
113 46 25 41
50,2 20,5 11,1 18,2
22
Do total da amostra, 79,5% dos profissionais responderam positivamente quando
questionados se sabiam o que era a doença periodontal. Quase a totalidade (97,0%) dos
médicos e mais de 90,0% dos enfermeiros afirmaram que sabiam o que era a doença
periodontal, todavia um elevado número de auxiliares e técnicos de enfermagem não sabiam
(30,0%) (p=0,001) (Tabela 2).
Tabela 2: Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a questão: “Você sabe o que é Doença Periodontal?” (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Você sabe o que
é Doença
Periodontal?
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%)
Sim 33 (97,0) 34 (91,9) 33 (80,5) 79 (70,0) 179 (79,5) Não 1 (3,0) 3 (8,1) 8 (19,5) 34 (30,0) 46 (20,5) Total de
profissionais 34(100,0) 37 (100,0) 41 (100,0) 113(100,0) 225(100,0)
Valor de p=0,001
Segundo Botero e Bedoya (2010) gengivite é a inflamação da gengiva em diferentes
níveis de intensidade, sem afetar os tecidos de suporte (ligamento, cemento, osso), não ocorre
formação de bolsa periodontal, nem perda de inserção e de suporte ósseo. Já na periodontite,
as estruturas de suporte (tecido conjuntivo, ligamento periodontal, cemento e osso) são
afetadas de forma significativa. São características patognomônicas da periodontite: formação
de bolsa periodontal, perda de inserção e perda óssea. Estes sinais devem ser observados para
diferenciar a gengivite e a periodontite. Podem haver também recessões, supuração,
mobilidade aumentada, migração dental patológica e dor.
Quando os profissionais foram questionados sobre qual condição era mais grave,
gengivite ou periodontite, 64,4% dos profissionais responderam periodontite, 8,5%
responderam gengivite e 27,1% não sabiam. Não houve diferença estatisticamente
significante entre as categorias profissionais (p= 0,076) (Tabela 3).
No estudo de Owens et al. (2011), que objetivou investigar conhecimentos,
comportamentos e atitudes de internos e endocrinologistas em relação a DP e DM, ao
descrever a gengivite, 92% dos profissionais referiram como uma vermelhidão reversível e/
23
ou inflamação das gengivas, 67% referiram uma infecção das gengivas e 65% referiram
sangramento das gengivas. Já no estudo de Matos et al (2013), cerca de 93% dos profissionais
do estudo de desconheciam a forma adequada de diagnosticar a doença periodontal.
Tabela 3: Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a questão: “Gengivite e periodontite são estágios diferentes da doença periodontal. Que condição é mais séria?” (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%)
Gengivite 2 (5,9) 4 (10,8) 3 (7,3) 10 (8,9) 19 (8,5) Periodontite 30 (88,2) 22 (59,5) 27 (65,9) 66 (58,4) 145 (64,4) Não sei 2 (5,9) 11 (29,7) 11 (26,8) 37 (32,7) 61 (27,1) Total de
profissionais 34(100,0) 37(100,0) 41(100,0) 113(100,0) 225(100,0)
Valor de p= 0,076
Souza, Andrade e Oliveira (2012) relatam que a etiologia primária da doença
periodontal deve-se à presença do biofilme que se acumula nos tecidos dentários. O
estabelecimento e o crescimento deste a partir do sulco gengival resultam em um
aprofundamento patológico deste sulco através da migração apical do epitélio juncional,
destruição das fibras conjuntivas do ligamento periodontal e do osso alveolar.
Dentre os fatores relacionados à ocorrência da doença periodontal, os mais citados
foram má higiene bucal (89,7%) e bactérias (81,7%), já o menos citado foi o fator genético
(34,2%) (Tabela 4). O único fator que apresentou diferença estatisticamente significante foi o
fator bactérias (p≤0,05). Considerando que o biofilme é um reservatório de bactérias
patogênicas, verificou-se que os médicos, enfermeiros e fisioterapeutas (100%, 91,1% e
87,8%, respectivamente) conseguiram relacionar as bactérias com a ocorrência da doença
periodontal, um menor percentual de auxiliares e técnicos de enfermagem (70,8%)
constataram essa relação.
24
Tabela 4: Distribuição absoluta e percentual dos fatores citados pelos profissionais que estão relacionados à ocorrência da doença periodontal (DP). (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Fatores
relacionados à
DP**
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%) Valor p
Bactérias 34 (100,0) 34 (91,1) 36 (87,8) 80 (70,8) 184 (81,7)
p=0,001*
Cárie Dentária 28 (82,3) 26 (70,3) 25 (60,9) 72 (63,7) 151 (67,1)
p=0,077
Má higiene bucal 33 (97,0) 35 (94,6) 39 (95,1) 95 (84,0) 202 (89,7)
p=0,141
Fatores genéticos 16 (47,0) 10 (27,0) 16 (39,0) 35 (30,9) 77 (34,2)
p=0,586
Dieta 20 (58,8) 20 (54,0) 25 (60,9) 61 (53,9) 126 (56,0)
p=0,498
Total de
profissionais 34 (100,0) 37 (100,0) 41 (100,0) 113 (100,0) 225 (100,0)
(*) – Diferença significante a 5,0%.
(**) – Considerando que o profissional poderia marcar mais de um fator relacionado à ocorrência da doença
Ainda no estudo de Owens et al (2011) verificou-se que 86% dos profissionais
participantes estavam cientes de que as bactérias são a causa da DP, entretanto 30% relataram
a cárie dentária como um sinal de periodontite. 77% mencionaram que na periodontite ocorre
perda óssea ao redor dos dentes, porém 66% afirmaram que o primeiro sinal de periodontite é
o sangramento gengival.
Westphal (2008) avaliou o conhecimento e as atitudes de médicos, enfermeiros e
técnicos e auxiliares de enfermagem, de quatro Unidades de Terapia Intensiva da cidade de
Manaus-AM sobre a relação entre a higiene bucal, doença periodontal e pneumonia. Quando
estes profissionais foram questionados sobre a importância da correta higiene bucal 98,2%
dos médicos, 100% dos enfermeiros e 98,5% dos técnicos e auxiliares de enfermagem
responderam positivamente. A correta higiene bucal é importante porque elimina e/ou
desorganiza o biofilme e as bactérias patogênicas que nele se encontram, contribuindo dessa
forma para a prevenção da doença periodontal. Corroborando com a presente pesquisa, em
estudo realizado por Araújo et al (2009), 99,2% da equipe de enfermagem acredita que a
higienização da boca é importante durante a estada no hospital.
Entre os entrevistados nos hospitais de Campina Grande-PB, 97,0% dos médicos,
94,6% dos enfermeiros, 95,1% dos fisioterapeutas e 84,0% dos auxiliares e técnicos de
25
enfermagem relacionaram a má higiene bucal com a ocorrência da doença periodontal. No
estudo de Westphal (2008), a relação entre o biofilme dental e a doença periodontal foi
mencionada por 96,4% dos médicos, 81,8% dos enfermeiros e 57,8% dos técnico/auxiliares
de enfermagem. Considerando a presente pesquisa e a de Westphal (2008), observa-se que a
categoria dos médicos demonstrou uma maior capacidade e a categoria dos auxiliares e
técnicos uma menor capacidade de relacionar o biofilme (bactérias) e a má higiene bucal com
a ocorrência da doença periodontal.
Quanto aos fatores genéticos, apenas 34,2% dos profissionais os relacionaram com a
ocorrência da DP. Vieira e Albandar (2014) relataram que os fatores genéticos e ambientais
têm um papel importante no desenvolvimento de doenças crônicas, algumas das doenças
crônicas mais comuns, tais como doença cardíaca, diabetes mellitus e doença de Alzheimer,
estão associados com mutações em vários genes, combinada com efeitos ambientais. Estes
autores sugerem que, da mesma forma que estas doenças crônicas comuns, periodontite
crônica e periodontite agressiva também são causados pelos efeitos combinados de fatores
ambientais e genéticos.
Ao serem questionados se profissionais de saúde deveriam receber orientações sobre a
doença periodontal, a maioria dos profissionais (99,1%) respondeu positivamente a essa
questão, enquanto que 0,9% achavam não ser necessário. No estudo de Owens et al. (2011), a
maioria dos profissionais entrevistados também concordaram que os profissionais de saúde
devem ser ensinados sobre DP (88%).
Estudos têm demonstrado a eficácia da implementação de protocolos de higiene bucal
na redução do número de episódios de PN, bem como são concordantes em destacar que a
adesão e a colaboração da equipe responsável pelos cuidados bucais nesses pacientes são
importantes para o sucesso das ações preventivas (FOURRIER et al, 2005; KOEMAN et al,
2006; AMARAL, CORTÊS, PIRES, 2009; HORTENSE et al, 2010). Os profissionais do
presente estudo foram questionados quanto à existência de um protocolo de higiene bucal,
utilizado na instituição na qual trabalham, para pacientes incapazes de fazer sua higiene bucal
(pacientes com deficiência na coordenação motora, pacientes internados e/ou entubados em
UTI). Do total da amostra, 26,2% afirmaram que existe um protocolo, 71,6% que não existe e
2,2% não souberam responder.
Kahn et al (2008) avaliaram a existência de um protocolo de controle de infecção oral
destinado dos pacientes internados nas UTI nos hospitais do estado do Rio de Janeiro,
verificando que 39% dos hospitais pesquisados apresentavam tal protocolo, 48% não
26
apresentavam e 13% não responderam. Comparando o presente estudo ao de Kahn et al
(2008) pode-se concluir que na maioria das instituições não há protocolo de higiene bucal
para pacientes criticamente enfermos, evidenciou-se que o percentual de profissionais que não
sabem se este protocolo existe foi consideravelmente menor neste trabalho (2,2%), quando
comparado com a pesquisa de Kahn et al (2008) (13%). Já Araújo et al (2009) relataram que
nenhuma das equipes observadas na sua pesquisa obedecia algum tipo de protocolo individual
referente à higienização bucal.
Quando os profissionais do estudo de Westphal (2008) foram questionados quanto à
existência de um protocolo para a higiene bucal de pacientes internados nas UTIs nas
instituições em que trabalhavam, 45,8% profissionais da rede pública e 39% da privada,
responderam positivamente ao questionamento. Já quanto à existência de um protocolo para
os pacientes intubados observou-se que este número é reduzido tanto para das instituições
públicas (34,7%), quanto para hospitais privados (36,6%). Para este autor, uma das formas de
interferir na prevenção da PN é o investimento na capacitação dos recursos humanos, sendo
importante a avaliação do conhecimento dos profissionais sobre a relação entre higiene bucal,
DP e a pneumonia, para posterior implementação de programas educacionais e protocolo de
higiene bucal na rotina das UTIs.
Ao avaliar o conhecimento de médicos de Cuiabá quanto a saúde bucal de pacientes
internados, Matos et al (2013) revelaram que 52% dos profissionais pesquisados afirmaram
não existir um controle de infecção bucal nos hospitais visitados, inclusive na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI).
Segundo Schlesener, Rosa e Raupp (2012), com toda a tecnologia utilizada nas UTIs,
procedimentos simples e de baixo custo são pouco valorizados, ou até subestimados pelos
profissionais, como a higiene bucal. Por esta razão, torna-se fundamental a implantação de
protocolos de higiene no ambiente hospitalar, principalmente em UTIs, com técnicas e
ferramentas adequadas, bem como a implantação de um método de avaliação das condições
da cavidade bucal no momento da internação, para que se tenham parâmetros de evolução da
mesma.
Orlandini e Lazzari (2012) avaliaram o conhecimento dos profissionais de
enfermagem que atuavam em UTIs de Porto Alegre, e que realizavam ou supervisionavam os
cuidados de higiene oral em pacientes críticos. Os referidos autores também afirmaram que
devem ser adotadas técnicas e produtos que exigem do profissional conhecimento teórico e
27
prático, o qual deve ser compartilhado com toda equipe, para que o cuidado com a cavidade
oral tenha a sua importância associada também à prevenção de infecção.
Schleder, Stott e Lloyd (2002) realizaram um estudo de revisão da literatura dos
protocolos de higiene bucal publicados, onde identificaram que as melhores condutas para
pacientes de UTI com PAVM são: a) avaliações diárias para determinar o nível de saúde
bucal; b) utilização de uma escova dentária a cada duas a quatro horas para remover o
biofilme; c) utilização do colutório (anti-séptico bucal) sem álcool, para diminuir a
colonização da orofaringe; d) aspiração da subglote; e) uso de hidratante a base de água para
manter a integridade do tecido.
No presente questionário, algumas assertivas foram apresentadas aos profissionais,
cujas respostas foram dispostas utilizando uma escala tipo Likert, a fim de avaliar o
conhecimento dos profissionais sobre as características clínicas da DP, a manutenção da saúde
periodontal e a interrelação entre DP e alterações sistêmicas, especialmente a pneumonia
nosocomial.
Como já citado, a escala de Likert apresentava as alternativas de respostas: concordo
totalmente, concordo parcialmente, estou indeciso ou não sei, discordo parcialmente e
discordo totalmente. Durante a análise dos dados, essas alternativas foram transformadas em
escores, que variaram de um a cinco pontos. Como todas as afirmativas eram verdadeiras,
marcava cinco pontos o participante que concordasse totalmente com a afirmativa, quatro
pontos aquele que concordasse parcialmente, três pontos o que ficasse indeciso ou não
soubesse responder, dois pontos aquele que discordasse parcialmente e um ponto aquele que
discordasse totalmente. Portanto, o valor máximo que poderia ser atingido caso o profissional
acertasse todas as respostas seria 35, e o mínimo, caso o profissional errasse todas as
respostas, seria 7.
Na tabela 5, observamos que pelo menos um profissional de cada categoria acertou
todas as questões e o menor número de acertos foi encontrado na categoria dos auxiliares/
técnicos de enfermagem correspondendo ao somatório 19. A categoria com a maior média de
acertos foi a dos médicos, seguida dos fisioterapeutas com as médias de 31,79 e 30,37,
respectivamente.
28
Tabela 5: Avaliação do nível de conhecimento dos profissionais considerando o somatório (valor mínimo e máximo) das 7 assertivas apresentadas no questionário. (Campina Grande-PB, 2014)
CATEGORIA PROFISSIONAL
SOMATÓRIO
Médico
Enfermeiro
Fisioterapeuta
Aux./Tec.
Enferm.
Valor mínimo 26 21 24 19
Valor máximo 35 35 35 35
Média 31,79(±2,37) 29,14(±3,13) 30,37(±2,61) 28,58(±3,46)
As tabelas de 6 a 12 descrevem o nível de concordância dos profissionais, por
categoria.
A primeira afirmação da escala Likert foi: “Sangramento gengival e mobilidade dental
são sinais de doença periodontal”. Do total de profissionais a maioria 166 (73,8%) concordou
(parcial ou totalmente). Nenhum dos médicos ou fisioterapeutas discordou e a maior
porcentagem dos que concordaram totalmente foi de médicos (70,6%) (Tabela 6).
No estudo de Araújo et al (2009), 29% dos profissionais de enfermagem afirmam não
reconhecerem as características mais comuns das doenças da cavidade bucal, como cárie
dental, gengivite, periodontite e candidíase. Comparando ao presente resultado, 27% dos
enfermeiros e 35,4% dos auxiliares/técnicos de enfermagem não souberam reconhecer os
sinais da doença periodontal.
Segundo Botero e Bedoya (2010), os sinais da gengivite incluem inflamação e
sangramento a sondagem, podendo ocorrer também edema que resulta em deslocamento
coronal da margem gengival em relação a junção cemento-esmalte. Quanto à mobilidade
dental, os autores relatam que quando os dentes não estão em contato direto com o osso
alveolar, estes apresentam movimento fisiológico, devido à presença de ligamento
periodontal. A mobilidade patológica pode ser resultado da doença periodontal, mas esta não
é a única causa, trauma oclusal e os movimentos ortodônticos também podem ocasionar
aumento da mobilidade dos dentes. Ao contrário da mobilidade causada por trauma oclusal ou
tratamento ortodôntico, a que é causada pela periodontite aumenta com o tempo e não é
reversível a uma mobilidade fisiológica.
29
Tabela 6: Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a afirmativa: “Sangramento gengival e mobilidade dental são sinais de doença periodontal”. (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%)
Discordo
totalmente 0 (0,0) 1 (2,7) 0 (0,0) 1 (0,9) 2 (0,9)
Discordo
parcialmente 0 (0,0) 2 (5,4) 0 (0,0) 5 (4,4) 7 (3,1)
Estou indeciso/
Não sei 1 (2,9) 7 (18,9) 8 (19,5) 34 (30,1) 50 (22,2)
Concordo
parcialmente 9 (26,5) 8 (21,6) 11 (26,8) 18 (15,9) 46 (20,5)
Concordo
totalmente 24 (70,6) 19 (51,4) 22 (53,7) 55 (48,7) 120 (53,3)
Total de
profissionais 34(100,0) 37 (100,0) 41 (100,0) 113(100,0) 225(100,0)
Valor de p= 0,072
A segunda proposição foi: “Uma boa condição periodontal é importante para a saúde
geral”. Nenhum dos profissionais discordou e 94,7% concordaram (parcial ou totalmente).
Considerando as categorias, todos os médicos e fisioterapeutas concordaram e os 5,3% que
ficaram indecisos ou não souberam responder eram enfermeiros ou auxiliares/ técnicos de
enfermagem (p= 0,054) (Tabela 7).
Schlesener, Rosa e Raupp (2012) salientaram que a saúde bucal é essencial para a
qualidade de vida do individuo e que é preciso analisar as pessoas como um todo, sem separar
a boca do resto do corpo, visto que é comprovada a relação entre o estado de saúde bucal e a
saúde geral.
Araújo et al (2009) buscou estabelecer um perfil da percepção e realização dos
cuidados em saúde bucal prestados a pacientes internados em UTI por equipes de
enfermagem. No que diz respeito ao conhecimento da relação entre saúde bucal e saúde geral,
99% dos entrevistados concordaram com a afirmativa de que uma infecção na boca pode fazer
com que a saúde do resto do corpo seja prejudicada, número superior ao da presente pesquisa
em relação aos profissionais de enfermagem.
30
Brito, Vargas e Leal (2007) verificaram que os enfermeiros do seu estudo não
relacionavam o cuidado com a higiene bucal para além das possíveis complicações na própria
cavidade oral, ou seja, não associaram a não realização da higiene bucal com as complicações
sistêmicas.
De acordo com Bertolini et al (2007) a agressão causada por microrganismos gram-
negativos anaeróbios presentes no biofilme bacteriano, na região do sulco gengival, leva a
uma resposta inflamatória e imunológica nos tecidos periodontais, que pode influenciar e ser
influenciada por condições sistêmicas dos pacientes.
Tabela 7: Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a afirmativa: “Uma boa condição periodontal é importante para a saúde geral”. (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%)
Discordo
totalmente 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0(0,0)
Discordo
parcialmente 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
Estou indeciso/
Não sei 0 (0,0) 3 (8,1) 0 (0,0) 9 (7,9) 12 (5,3)
Concordo
parcialmente 1 (2,9) 0 (0,0) 4 (9,8) 12 (10,7) 17 (7,6)
Concordo
totalmente 33 (97,1) 34 (91,9) 37 (90,2) 92 (81,4) 196 (87,1)
Total de
profissionais 34(100,0) 37 (100,0) 41 (100,0) 113(100,0) 225(100,0)
Valor de p= 0,054
Em resposta à terceira afirmação: “Escovar os dentes e usar fio dental diariamente é
essencial para a manutenção da saúde periodontal”, apenas 1,3% dos profissionais deste
estudo discordaram (total ou parcialmente), 2,2% ficaram indecisos ou não souberam
responder e 96,5% concordaram (total ou parcialmente) (Tabela 8).
31
Tabela 8: Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a afirmativa: “Escovar os dentes e usar fio dental diariamente é essencial para a manutenção da saúde periodontal”. (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%)
Discordo
totalmente 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 1 (0,9) 1 (0,4)
Discordo
parcialmente 1 (2,9) 0 (0,0) 1 (2,4) 0 (0,0) 2 (0,9)
Estou indeciso/
Não sei 0 (0,0) 1 (2,7) 0 (0,0) 4 (3,5) 5 (2,2)
Concordo
parcialmente 2 (5,9) 2 (5,4) 2 (4,9) 7 (6,2) 13 (5,8)
Concordo
totalmente 31 (91,2) 34 (91,9) 38 (92,7) 101 (89,4) 204 (90,7)
Total de
profissionais 34(100,0) 37 (100,0) 41 (100,0) 113(100,0) 225(100,0)
Valor de p= 0,802
Considerando que a etiologia da DP é principalmente infecciosa, o tratamento deve ser
focado principalmente no controle da infecção e redução da inflamação (BOTERO;
BEDOYA, 2010). O controle mecânico (método mais eficiente e de baixo custo) do biofilme
dental é basicamente realizado pelo próprio paciente com escova de dente e uso do fio dental.
A remoção freqüente do biofilme pelo próprio indivíduo é o meio mais eficiente de evitar a
instalação e a progressão da cárie e da doença periodontal. Percebe-se, então, a importância
do controle do biofilme dental seja por meios mecânicos e/ou químicos, a fim de impedir a
instalação e desenvolvimento dessas patologias orais (OLIVEIRA, 2003).
A quarta afirmação foi: “A placa bacteriana de pacientes internados em UTI pode
servir de reservatório para microrganismos associados à pneumonia bacteriana”. Nenhum
profissional discordou totalmente, 1,8% discordaram parcialmente, 15,1% ficaram indecisos
ou não souberam responder e 83,1% concordaram (parcial ou totalmente) (p= 0,018) (Tabela
9).
32
Tabela 9: Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a afirmativa: “A placa bacteriana de pacientes internados em UTI pode servir de reservatório para microrganismos associados à pneumonia bacteriana”. (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%)
Discordo
totalmente 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0 (0,0) 0(0,0)
Discordo
parcialmente 0 (0,0) 1 (2,7) 1 (2,4) 2 (1,8) 4 (1,8)
Estou indeciso/
Não sei 0 (0,0) 8 (21,6) 1 (2,4) 25 (22,1) 34 (15,1)
Concordo
parcialmente 3 (8,8) 6 (16,2) 6 (14,7) 14 (12,4) 29 (12,9)
Concordo
totalmente 31 (91,2) 22 (59,5) 33 (80,5) 72 (63,7) 158 (70,2)
Total de
profissionais 34(100,0) 37 (100,0) 41 (100,0) 113(100,0) 225(100,0)
Valor de p= 0,018
Morais et al (2006) mencionaram que a higiene bucal deficiente é comum em
pacientes internados em UTI, o que propicia a colonização do biofilme bucal por
microrganismos patogênicos, especialmente por patógenos respiratórios. Afirmaram ainda
que pesquisas tem mostrado claramente que a quantidade de biofilme bucal em pacientes de
UTI aumenta com o tempo de internação, paralelamente também ocorre aumento de
patógenos respiratórios que colonizam o biofilme bucal, sendo esse um reservatório
importante de patógenos.
As bactérias envolvidas com a doença periodontal são espécies Gram-negativas
representadas por: Agregatibacter actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalise e
Tanerella forsythensis. Essas bactérias também têm sido identificadas em infecções extra
bucais como: endocardite infecciosa, bacteremia, sepse e infecções respiratórias. A instalação
da pneumonia nosocomial ocorre com a invasão bacteriana, especialmente bastonetes Gram-
negativos, no trato respiratório inferior por meio da aspiração de secreção presente na
orofaringe, por inalação de aerossóis contaminados ou, menos frequentemente, por
disseminação hematogênica originada de um foco à distância (MORAIS et al, 2006).
33
Oliveira et al (2007) investigaram a presença de patógenos respiratórios na cavidade
bucal em pacientes em UTI. Das 12 bactérias identificadas, 10 foram responsáveis pelo
desenvolvimento da PN nos pacientes. Barbosa et al. (2010) destacaram ainda que patógenos
potencialmente respiratórios – como Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e
alguns bacilos gram-negativos – podem colonizar o biofilme bucal, pode-se ressaltar que os
cuidados odontológicos em pacientes sob terapia intensiva são essenciais como parte
integrante da saúde geral, evitando agravos sistêmicos.
A quinta assertiva da escala de Likert foi: “Pacientes hospitalizados portadores de
doença periodontal apresentam risco aumentado de desenvolverem pneumonia hospitalar”.
Dos participantes, 70,6% dos profissionais concordaram (parcial ou totalmente) e um número
significante de 24,5% ficaram indecisos ou não souberam responder, 4,9% discordaram
(parcial ou totalmente). A maior porcentagem dos que concordaram foram médicos (91,2%) e
dos que discordam a maior porcentagem foram auxiliares/ técnicos de enfermagem (7,1%)
(p< 0,05) (Tabela 10).
Tabela 10: Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a afirmativa: “Pacientes hospitalizados portadores de doença periodontal apresentam risco aumentado de desenvolverem pneumonia hospitalar”. (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%)
Discordo
totalmente 0 (0,0) 1 (2,7) 0 (0,0) 2 (1,8) 3 (1,3)
Discordo
parcialmente 1 (2,9) 0 (0,0) 1 (2,4) 6 (5,3) 8 (3,6)
Estou indeciso/
Não sei 2 (5,9) 10 (27,0) 4 (9,8) 39 (34,5) 55 (24,5)
Concordo
parcialmente 5 (14,7) 2 (5,4) 5 (12,2) 16 (14,2) 28 (12,4)
Concordo
totalmente 26 (76,5) 24 (64,9) 31 (75,6) 50 (44,2) 131 (58,2)
Total de
profissionais 34(100,0) 37 (100,0) 41 (100,0) 113(100,0) 225(100,0)
Valor de p= 0,007
34
Morais et al (2006) afirmaram que entre as doenças sistêmicas, aquelas que acumulam
mais evidências científicas da sua relação com as periodontais, são as doenças respiratórias,
como as pneumonias. Em UTI a pneumonia nosocomial é responsável por altas taxas de
morbidade, mortalidade e aumento expressivo dos custos hospitalares, sendo que seu
estabelecimento se dá mais comumente pela aspiração do conteúdo presente na boca e
faringe.
Ao avaliar o conhecimento das equipes de enfermagem que atuavam na clínica geral
ou em setores pós-cirúrgicos no controle de infecções orais, durante os cuidados dos pacientes
internados, Loureiro (2006) verificou que 57% dos enfermeiros afirmaram que uma higiene
oral deficiente poderia se relacionar com a pneumonia nosocomial, entretanto 43% afirmaram
que não existe essa relação.
No estudo de Westphal (2008), a relação entre biofilme dental e pneumonia foi citada
por 34,5% dos médicos, 6,1% dos enfermeiros e 9,1% dos auxiliares/técnicos de enfermagem.
Orlandini e Lazzari (2012) apontaram que 50% dos enfermeiros e 28,2% da equipe de
técnicos de enfermagem afirmaram que a higiene oral é importante para a prevenção de
PAVM ou alguma outra infecção. Os presentes resultados mostraram que uma porcentagem
consideravelmente maior de profissionais reportaram a relação entre DP e pneumonia
hospitalar, sendo 91,2% dos médicos, 70,3% dos enfermeiros e 58,4% dos auxiliares/técnicos
de enfermagem.
Pombo, Almeida e Rodrigues (2010) avaliaram o conhecimento dos profissionais de
saúde sobre a prevenção da PAVM, em duas UTI de dois hospitais públicos de Fortaleza
(CE). Os resultados obtidos sugeriram que o conhecimento dos profissionais participantes a
respeito da prevenção da PAVM se mostrou insuficiente. Estes autores concluíram que, de
maneira geral, independentemente da categoria profissional, o conhecimento sobre a PAVM e
fatores de risco a ela associados foi apenas regular e que a preparação dos profissionais estava
abaixo do esperado, sendo em algumas situações bastante preocupante.
Diversamente, Almeida et al (2006) afirmaram que apesar de algumas publicações
sugerirem uma associação entre a DP e as infecções respiratórias, não é possível prová-la com
exatidão. Os mecanismos que podem estar na base desta possível associação são a aspiração
de patógenos orais para os pulmões e a ação de enzimas associadas à DP que promovem a
adesão e colonização por bactérias passíveis de causar doenças respiratórias. Sharma e
Shamsuddin (2011) defendem que o acúmulo de placa ou a doença periodontal não causa
diretamente a doença sistêmica respiratória ou outra. Entretanto, podem, de fato, agravar
35
estas doenças sistêmicas em indivíduos suscetíveis e de alto risco. Justificando dessa forma a
necessidade de controle de placa e tratamento de infecções orais, particularmente em
pacientes críticos.
De Marco et al (2013) avaliaram as condições orais de pacientes críticos e a correlação
da condição oral com a presença de PAVM. Conforme seus resultados não houve diferença
estatisticamente significante na incidência da doença periodontal em relação à PAVM, mas o
número de dentes e superfícies com perda de inserção acima de 4 mm sempre foi maior em
pacientes com PAVM. Portanto, eles concluíram que a extensão da doença periodontal pode
contribuir para o aparecimento de pneumonia associada à ventilação mecânica. No entanto,
sua amostra constitui-se de apenas 23 pacientes e eles sugerem outros estudos com uma
amostra maior para validar essa relação.
A sexta afirmação foi: “Existe associação entre doença periodontal e parto prematuro”.
A relação entre a DP e a incidência de partos prematuros, cujo nome obstétrico é parto pré-
termo (PPT), tem sido cada vez mais investigada e evidenciada nos últimos anos (SOUZA;
ANDRADE; OLIVEIRA, 2012). Conforme descrito na Tabela 11, apenas 23,6% dos
profissionais concordaram (total ou parcialmente) que há associação entre a DP e o PPT, a
maioria (68,9%) ficou indeciso ou não soube responder e 7,5% discordaram (total ou
parcialmente).
Tabela 11: Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a afirmativa: “Existe associação entre doença periodontal e parto prematuro”. (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%)
Discordo
totalmente 0 (0,0) 3 (8,1) 0 (0,0) 7 (6,2) 10 (4,4)
Discordo
parcialmente 0 (0,0) 0 (0,0) 2 (4,9) 5 (4,4) 7 (3,1)
Estou indeciso/
Não sei 25 (73,5) 24 (64,9) 29 (70,7) 77 (68,1) 155 (68,9)
Concordo
parcialmente 4 (11,8) 4 (10,8) 3 (7,3) 9 (8,0) 20 (8,9)
Concordo
totalmente 5 (14,7) 6 (16,2) 7 (17,1) 15 (13,3) 33 (14,7)
Total de
profissionais 34(100,0) 37 (100,0) 41 (100,0) 113(100,0) 225(100,0)
36
Segundo Bertolini et al. (2007), a doença periodontal é caracterizada por um processo
infeccioso e inflamatório crônico, e sua presença na paciente gestante é apontada como um
fator de risco para a ocorrência de parto prematuro e nascimento de bebês de baixo peso.
Al-Habashneh, Aljundi e Alwaeli (2008) avaliaram o conhecimento de médicos que
atuam em hospitais e centros de saúde no norte da Jordânia quanto à relação entre saúde bucal
e gravidez. Em seus resultados, 81% dos médicos afirmaram que a gravidez aumenta a
tendência a ter inflamação gengival e 54% afirmaram que a saúde bucal pode influenciar os
resultados da gravidez, no entanto, 88% dos médicos aconselharam postergar o tratamento
odontológico até após a gravidez e 68% não costumam aconselhar as gestantes a incluir uma
avaliação periodontal como parte do pré-natal. Estes autores sugerem que os profissionais de
saúde devem ser estimulados a orientar as gestantes sobre a necessidade de cuidados com a
saúde bucal antes e durante a gravidez.
Gomes Filho et al (2009) realizaram um estudo de coorte em uma amostra que
consistiu de 198 gestantes com o objetivo de avaliar se a doença periodontal em gestantes está
associada ao baixo peso ao nascer. A frequência do baixo peso ao nascer no grupo de
mulheres com periodontite foi de 24,53%, enquanto no grupo sem a referida doença foi de
13,10%. Assim, esses achados sugerem que a doença periodontal é um fator de risco para o
baixo peso ao nascer.
Mendes et al (2010) relatam que a doença periodontal pode ser incluída como possível
indicador de risco para o mecanismo de indução do nascimento prematuro de crianças de
baixo peso; portanto a terapia periodontal e a manutenção de boa higiene bucal são essenciais
para prevenir complicações futuras em mulheres grávidas, particularmente àquelas com
periodontite. Além dos indicadores de risco para o nascimento prematuro e de crianças com
baixo peso conhecidos como infecções bacterianas intrauterinas e urogenitais da mãe,
infecções por Gram-negativos anaeróbios, podem produzir infecção local e sistêmica,
sugerindo possível associação entre periodontite e resultados adversos na gravidez. A
presença de células inflamatórias durante a inflamação periodontal elevando as concentrações
de prostaglandina, enzimas proteolíticas e citocinas pró inflamatórias, podem funcionar como
importante indicador de risco para o nascimento prematuro de crianças com baixo peso.
A sétima assertiva apresentada foi: “O tratamento da doença periodontal contribui para
o melhor controle glicêmico nos pacientes diabéticos”. De acordo com Bascones Martinez et
al (2011), a principal evidência que tem sido encontrada na relação da DP com a diabetes
mellitus (DM) é que um adequado controle glicêmico pode contribuir para um tratamento
37
mais favorável da DP e, no sentido inverso, quando ocorre uma estabilização da DP, também
pode ser observado um melhor controle glicêmico nos pacientes com DM, principalmente
naqueles pacientes com DM do tipo 2.
A Tabela 12 mostra que a maioria dos profissionais (51,6%) encontrou-se indeciso ou
não sabia responder se o tratamento da doença periodontal contribui para o melhor controle
glicêmico nos pacientes diabéticos. Houve diferença estatisticamente significante entre as
categorias. Dos que concordaram a maior porcentagem foi de médicos (82,4%) e as outras
categorias ficaram em torno de 30%, sendo 32,4% dos enfermeiros, 31,7% dos fisioterapeutas
e 36,3% dos auxiliares/ técnicos de enfermagem. Apenas 14,7% dos médicos ficaram
indecisos ou não souberam responder em contraste com 56,8% dos enfermeiros, 65,9% dos
fisioterapeutas e 55,8% dos auxiliares/ técnicos de enfermagem.
Tabela 12: Distribuição absoluta e percentual da resposta dos profissionais para a afirmativa: “O tratamento da doença periodontal contribui para o melhor controle glicêmico nos pacientes diabéticos”. (Campina Grande-PB, 2014)
Categoria Profissional
Médico
N (%)
Enfermeiro
N (%)
Fisioterapeuta
N (%)
Aux./Tec.
Enferm.
N (%)
Total
N (%)
Discordo
totalmente 1 (2,9) 3 (8,1) 1 (2,4) 4 (3,5) 9 (4,0)
Discordo
parcialmente 0 (0,0) 1 (2,7) 0 (0,0) 5 (4,4) 6 (2,7)
Estou indeciso/
Não sei 5 (14,7) 21 (56,8) 27 (65,9) 63 (55,8) 116 (51,6)
Concordo
parcialmente 9 (26,5) 3 (8,1) 8 (19,5) 17 (15,1) 37 (16,4)
Concordo
totalmente 19 (55,9) 9 (24,3) 5 (12,2) 24 (21,2) 57 (25,3)
Total de
profissionais 34(100,0) 37 (100,0) 41 (100,0) 113(100,0) 225(100,0)
Valor de p= 0,000
Castro et al (2009) compararam a condição periodontal em indivíduos diabéticos
(casos) e não diabéticos (controles). Os resultados do seu estudo indicam que os indivíduos
com diabetes mellitus apresentaram pior condição periodontal do que os sujeitos sem
diabetes.
Em estudo realizado por Loureiro (2006), 36% das equipes de enfermagem avaliadas,
relacionaram a diabetes mellitus e o parto pré-termo com a higiene oral deficiente. Dos
38
participantes, 64% afirmaram não haver relação entre essas duas condições e a higiene oral
deficiente. Este autor constatou que, entre os profissionais responsáveis pela higienização dos
pacientes internados nas unidades hospitalares que ele visitou, há em geral uma falta
significativa de conhecimento relacionado à saúde oral.
No estudo já citado de Kahn et al (2010), 43,6% dos profissionais avaliados
mencionaram uma associação positiva entre doenças orais e DM. Já Owens et al (2011)
avaliaram o conhecimento de endocrinologistas sobre a inter-relação entre DP e diabetes. De
toda a amostra a maioria (78%) concordou que os pacientes diabéticos têm um risco
aumentado para a DP grave, 82% afirmaram que os pacientes com controle glicêmico
inadequado são mais propensos a DP e 49% concordaram que o tratamento de DP pode
melhorar o controle glicêmico.
Os resultados relativos ao conhecimento dos fisioterapeutas do presente estudo não
puderam ser comparados com a literatura devido à carência de estudos científicos envolvendo
esta categoria profissional nesta temática.
Este estudo trouxe contribuições significativas para estes profissionais, pois objetivou-
se despertá-los para o interesse pela busca de informações acerca da relação entre doença
periodontal e complicações sistêmicas; os profissionais participantes foram alertados sobre a
importância do controle de biofilme dental e da doença periodontal na melhoria e/ou
manutenção do estado de saúde geral; foram estimulados a incluírem a avaliação da saúde
bucal dos pacientes e foi recomendado o estabelecimento de protocolos de higiene bucal no
atendimento aos pacientes críticos.
39
4 CONCLUSÃO
O conhecimento dos profissionais atuantes nas UTIs dos hospitais conveniados ao
SUS do município de Campina Grande-PB em relação à etiologia e características clínicas da
DP, manutenção da saúde periodontal e a inter-relação entre DP e alterações sistêmicas, foi
parcialmente satisfatório. A categoria com a maior média de acertos foi a dos médicos e o
menor número de acertos ocorreu entre os técnicos/auxiliares de enfermagem.
Ressalta-se a necessidade destes profissionais participarem de programas de
aperfeiçoamento e capacitação, no intuito de se tornarem aptos a lidar adequadamente com o
controle do biofilme oral de pacientes críticos.
Neste estudo um pequeno número de profissionais afirmou ter conhecimento quanto à
existência de protocolos de higiene bucal para pacientes críticos utilizado nas UTIs da
instituição na qual trabalhavam. Recomenda-se que os cuidados em relação a saúde bucal dos
pacientes críticos sejam considerados, em benefício desses. É de extrema importância que
sejam formulados protocolos para padronizar as orientações e os cuidados com saúde bucal e
controle da doença periodontal nas UTIs dos hospitais avaliados no município de Campina
Grande-PB.
40
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45
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(OBSERVAÇÃO: Para o caso de pessoas maiores de 18 anos e não inclusas no grupo de
vulneráveis)
Pelo presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido eu,
____________________________________________________________, em pleno exercício
dos meus direitos me disponho a participar da Pesquisa “Avaliação do conhecimento e práticas
de profissionais de Unidades de Terapia Intensiva quanto a ocorrência da doença periodontal
e a interrelação com infecções respiratórias”.
Declaro ser esclarecido e estar de acordo com os seguintes pontos:
O trabalho “Avaliação do conhecimento e práticas de profissionais de Unidades de Terapia
Intensiva quanto a ocorrência da doença periodontal e a interrelação com infecções
respiratórias” terá como objetivo geral o conhecimento e as práticas de médicos, enfermeiros,
cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, auxiliares e técnicos de enfermagem que atuam em
Unidades de Terapia Intensiva de hospitais do município de Campina Grande-PB quanto a
doença periodontal e a interrelação com infecções respiratórias. Ao voluntário só caberá a
autorização para responder um questionário autoaplicável e não haverá nenhum risco ou
desconforto ao voluntário.
- Ao pesquisador caberá o desenvolvimento da pesquisa de forma confidencial; entretanto,
quando necessário for, poderá revelar os resultados ao médico, indivíduo e/ou familiares, cumprindo
as exigências da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde.
- O voluntário poderá se recusar a participar, ou retirar seu consentimento a qualquer momento
da realização do trabalho ora proposto, não havendo qualquer penalização ou prejuízo para o
mesmo.
- Será garantido o sigilo dos resultados obtidos neste trabalho, assegurando assim a privacidade
dos participantes em manter tais resultados em caráter confidencial.
- Não haverá qualquer despesa ou ônus financeiro aos participantes voluntários deste projeto
científico e não haverá qualquer procedimento que possa incorrer em danos físicos ou financeiros
ao voluntário e, portanto, não haveria necessidade de indenização por parte da equipe científica e/ou
da Instituição responsável.
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- Qualquer dúvida ou solicitação de esclarecimentos, o participante poderá contatar a equipe
científica no número (083) 3315-3326 falar com Profa. Dra. Renata de Souza Coelho Soares.
- Ao final da pesquisa, se for do meu interesse, terei livre acesso ao conteúdo da mesma, podendo
discutir os dados, com o pesquisador, vale salientar que este documento será impresso em duas vias e
uma delas ficará em minha posse.
- Desta forma, uma vez tendo lido e entendido tais esclarecimentos e, por estar de pleno acordo
com o teor do mesmo, dato e assino este termo de consentimento livre e esclarecido.
_______________________
Assinatura do pesquisador responsável
________________________
Assinatura do Participante
Assinatura Dactiloscópica
Participante da pesquisa
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APÊNDICE B
INSTRUMENTO DE PESQUISA
1. Você sabe o que é Doença Periodontal? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 2. As bactérias estão relacionadas à ocorrência da doença periodontal? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 3. A cárie dentária está relacionada à ocorrência da doença periodontal? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 4. A má higiene bucal está relacionada à ocorrência da doença periodontal? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 5. Dieta rica em açúcar está relacionada à ocorrência da doença periodontal? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 6. Fatores genéticos estão relacionados à ocorrência da doença periodontal? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei 7. Gengivite e periodontite são estágios diferentes da doença periodontal. Que condição é mais séria? ( ) Gengivite ( ) Periodontite ( ) Não sei 8. Profissionais de saúde deveriam ser ensinados sobre a doença periodontal? ( ) Sim ( ) Não 9. Profissionais de saúde deveriam receber orientação sobre como realizar a higiene bucal de pacientes hospitalizados? ( ) Sim ( ) Não
INFORMAÇÕES GERAIS - PARTE 1
Número de Identificação:_____________ Idade: __________ Sexo: 1( ) M 2 ( )F Ano em que se formou: ____________________ Profissão: 1( ) Médico 2( ) Enfermeiro 3( ) Fisioterapeuta 4( ) Técnico ou Auxiliar de Enfermagem Local de Trabalho: 1( ) Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes 2( ) Hospital Universitário Alcides Carneiro 3( ) Hospital da FAP (Fundação Assistencial da Paraíba) 4( ) Hospital Antônio Targino
INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS - PARTE 2
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10. Existe algum protocolo de higiene bucal utilizado na Instituição em que você trabalha para pacientes incapazes de fazer sua higiene bucal (por exemplo: pacientes com deficiência na coordenação motora, pacientes internados e/ou intubados em UTI, etc)? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
DAS ASSERTIVAS ABAIXO RELACIONADAS ASSINALE UM “X” NA CATEGORIA DE RESPOSTA QUE MELHOR
EXPRESSA SUA OPINIÃO/NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE CADA UMA DELAS
Concordo totalmente
Concordo parcialmente
Estou indeciso/não sei
Discordo parcialmente
Discordo totalmente
Sangramento gengival e mobilidade dental são sinais de doença periodontal
Uma boa condição periodontal é importante para a saúde geral
Escovar os dentes e usar fio dental diariamente é essencial para a manutenção da saúde periodontal
A placa bacteriana de pacientes internados em UTI pode servir de reservatório para microrganismos associados à pneumonia hospitalar
Pacientes hospitalizados portadores de doença periodontal apresentam risco aumentado de desenvolverem pneumonia hospitalar
Existe associação entre doença periodontal e parto prematuro
O tratamento da doença periodontal contribui para o melhor controle glicêmico nos pacientes diabéticos
INFORMAÇÕES ESPECÍFICAS - PARTE 3
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ANEXO A
PARECER DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA
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ANEXO B
TERMOS DE AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL
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