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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARABA

    CENTRO DE HUMANIDADES OSMAR DE AQUINO

    DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E HISTRIA

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM GEOGRAFIA E TERRITRIO:

    PLANEJAMENTO URBANO, RURAL E AMBIENTAL

    Linha De Pesquisa: PLANEJAMENTO DO MEIO FSICO/AMBIENTAL

    JOAB TALO DA SILVA FERREIRA

    ANLISE GEOMORFOLGICA COM ENFOQUES AO PLANEJAMENTO

    AMBIENTAL NA SERRA DO ESPINHO, PILES PB

    GUARABIRA/PB

    2012

  • JOAB TALO DA SILVA FERREIRA

    ANLISE GEOMORFOLGICA COM ENFOQUES AO PLANEJAMENTO

    AMBIENTAL NA SERRA DO ESPINHO, PILES PB

    Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Geografia e Territrio: Planejamento urbano, rural e ambiental da Universidade Estadual da Paraba, Centro de Humanidades, Guarabira-PB, em cumprimento s exigncias para o grau de especialista.

    Orientador: Prof. Dr Lanusse Salim Rocha Tuma

    GUARABIRA/PB 2012

  • FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA SETORIAL DE

    GUARABIRA/UEPB

    F383a Ferreira, Joab talo da Silva

    Anlise geomorfolgica com enfoques ao planejamento

    ambiental na Serra do Espinho, Piles-PB / Joab talo da Silva

    Ferreira. Guarabira: UEPB, 2012.

    38f.: il. Color.

    Monografia (Especializao em Geografia e Territrio:

    Planejamento Urbano, Rural e Ambiental) Universidade

    Estadual da Paraba.

    Orientao Prof. Dr. Lanusse Salim Rocha Tuma.

    1. Geomorfologia 2. Planejamento 3. Ambiente I. Ttulo.

    22.ed. CDD 551.4

  • DEDICATRIA

    Com sinceros sentimentos de gratido, dedico esse trabalho a meus pais: Joo Lucas e Dalva da Silva, aos amigos e professores da Universidade Estadual da Paraba- Campus III.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, ser supremo, dono da vida e detentor de infinita sabedoria.

    Aos meus pais e familiares pela compreenso e apoio inconteste nos momentos de

    dificuldades.

    A minha irm, por ensinar-me os valores supremos da vida e famlia.

    Aos colaboradores da Universidade Estadual da Paraba, em especial aos professores

    Lanusse Tuma e Luciene Vieira Arruda, pelo apoio inconteste durante o decurso de nossa

    Ps- Graduao.

    Aos companheiros do curso de Especializao em Geografia, em especial a

    Mariclia, Ivanildo, e Monique.

    Aos companheiros da Companhia de gua e Esgotos da Paraba pelo incentivo.

    Agradeo tambm a Rita de Cssia e Gilberto pelo companheirismo e escuta nas

    horas difceis.

    Ao Governo do Estado da Paraba que tem proporcionado incentivos a um ensino de

    qualidade durante a Ps-Graduao.

    Ao Programa de Ps-Graduao em Geografia, por acreditar em nossa proposta no

    decorrer do curso.

    A todos meus sinceros agradecimentos

  • O primeiro passo da anlise consiste em decompor a complexidade de tudo quanto existe na rea.

    Richard Rartshorne

  • FERREIRA, Joab I. S. F. ANLISE GEOMORFOLGICA COM ENFOQUES AO PLANEJAMENTO AMBIENTAL NA SERRA DO ESPINHO, PILES PB (Monografia, Especializao em Geografia e Territrio: Planejamento Urbano, Rural e Ambiental UEPB) 2012, 38 p. BANCA EXAMINADORA: Profo Dr. Lanusse Salim Rocha Tuma Prof MSc. Rafael Fernandes da Silva Prof MSc. Damio Carlos F. de Azevedo

    RESUMO

    A ideia central desse estudo est voltada para o Planejamento Ambiental a partir de uma

    abordagem geomorfolgica na Serra do Espinho, localizada no municpio de Piles-PB, onde

    se procurou investigar a evoluo do relevo e locais onde a movimentao de massa impe

    risco populao. Como objetivo geral pretendeu-se analisar alm dos aspectos

    geomorfolgicos locais, as formas de uso e ocupao das reas rural e urbana como tambm

    os eventuais riscos que o movimento do regolito pode causar, procurando compreender o

    desenvolvimento dos fenmenos fsicos e humanos que contribuem para a formao do

    territrio, bem como as consequentes alteraes no ambiente decorrente dessas aes. A partir

    da diretriz metodolgica foi possvel observar estrutura, fisiologia e funcionalidade do relevo

    em questo. Constatou-se, ento, que o substrato rochoso que compe o arcabouo estrutural

    da Serra do Espinho apresenta uma estrutura homognea e compacta marcada em alguns

    afloramentos por significantes planos de fraturas, diclases e pequenas dobras. Nas encostas

    visitadas ocorrem uma srie de intervenes de risco de morte, onde anualmente so

    depositados uma grande quantidade de material rochoso decorrente de deslizamentos

    planares. H tambm um processo de uso e ocupao do espao da encosta para constrio de

    moradias. Esta regio por apresentar beleza cnica e diversas quedas dgua atrai pequenos

    grupos de pessoas que buscam praticar turismo ecolgico, porm de forma no planejada

    agredindo assim o ambiente natural da rea, se apresentando enfim como mais um ponto

    preocupante.

    Palavras-chave: Geomorfologia, planejamento, ambiente.

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 Localizao da rea de Pesquisa .................................................................... 20

    FIGURA 2 - Localizao do municpio de Piles em relao ao clima................................ 21

    FIGURA 3 - Perfil de solo nas margens da estrada PB 077 ............................................... 23

    FIGURA 4 - Localizao aproximada do municpio de Piles/PB em relao vegetao da Paraba ................................................................................................................................. 24

    FIGURA 5 - Viso geral da Serra do Espinho ..................................................................... 27

    FIGURA 6 - Aspecto morfoescultural da Serra do Espinho ................................................. 27

    FIGURA 7 - Formao de Ravinas em rea de pastagem (A) e rea de emprstimo (B)....... 29

    FIGURA 8 - Processo de eroso hdrica. ............................................................................. 29

    FIGURA 9 - Escorregamento planar em margem de estrada ................................................ 30

    FIGURA 10 Processo de urbanizao em rea de encosta....................................................31

  • LISTA DE GRFICOS

    GRFICO 1 - Porcentagem de captao de gua subterrnea em Piles- PB........................22

    GRFICO 2 - Porcentagem entre poos paralisados e em operao, Piles PB.................23

  • LISTA DE SIGLAS

    AESA Agncia Executiva das guas

    CPRM Companhia de Produo de Recursos Minerais

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    SUDEMA Superintendncia de Desenvolvimento do Meio Ambiente

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................... 12

    2 REFERENCIAL TERICO .......................................................................................... 14

    2.1 Aplicabilidades da Geomorfologia ................................................................................. 14

    2.2 Desenvolvimento do Arcabouo Estrutural, Regional e Local ........................................ 17

    3. CARACTERIZAO GEOAMBIENTAL .................................................................. 19

    3.1 Localizao Geogrfica .................................................................................................. 19

    3.2 Aspectos Climticos e Hidrogrficos .............................................................................. 21

    3.3. Aspectos Pedolgicos e Vegetao ................................................................................ 23

    4 METODOLOGIA UTILIZADA .................................................................................... 25

    5. RESULTADOS E DISCUSSES .................................................................................. 27

    6. CONCLUSES .............................................................................................................. 33

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................. 35

    ANEXO.................................................................................................................................. 36

  • 12

    1 INTRODUO

    A maneira pela qual o homem usa e apropria-se dos bens naturais necessita ser

    repensada e planejada uma vez que a ausncia de planejamentos ambientais tem ocasionado

    srias consequncias ao ambiente rural e urbano. No decorrer do tempo grande parte das

    intervenes causadas ao ambiente natural provm de atividades humanas, onde o homem

    extrai da natureza a matria prima para seus modos de produo e moradia.

    O relevo o lugar onde esto concentradas as mais variadas atividades humanas.

    Cada uma de sua poro revela uma srie de fenmenos morfogenticos e evolutivos que,

    acrescidos pela interveno humana, podem ser modificados e ampliados. Tal interferncia

    resulta uma srie de benefcios e certo grau de risco ambiental e social.

    A relao sociedade-natureza tem ocupado lugar de destaque no discurso geogrfico,

    uma vez que tal disciplina apresenta subsdios tericos que prope ao entendimento das

    variadas formas de desenvolvimento da sociedade e sua relao com a natureza (ROSS,

    2008). Esta relao permite o dilogo com uma srie de cincias naturais, dentre elas a

    Geologia, Geomorfologia, Botnica, Ecologia, Pedologia, Climatologia, denotando subsdios

    para planejar o uso racional dos recursos naturais e prognosticar eventuais falhas a cerca da

    apropriao da superfcie terrestre.

    As pesquisas em Geomorfologia tiveram incio desde o fim do sculo XIX e comeo

    do sculo XX na Europa, vistos como disciplina autnoma no campo da Geografia Fsica.

    Nesta poca os pesquisadores buscavam o entendimento dos fenmenos internos e externos

    ligados na formao do relevo terrestre, bem como na morfodinmica atual das paisagens.

    Nos Estados Unidos o terico W. M. Davis criou o mtodo da anlise cclica das paisagens,

    baseando-se na evoluo do modelado terrestre, denominando de ciclo de eroso

    (PENTEADO, 1980).

    De acordo com Penteado (1980), a cincia geomorfolgica torna-se complexa na

    medida em que busca o entendimento dos fenmenos envolvidos na esculturao da

    superfcie da Terra, explicando a complexa relao entre os aspectos estticos e dinmicos

    formadores das paisagens.

    A partir da dcada de 1970 a comunidade cientfica props o termo Geomorfologia

    Ambiental reconhecendo o homem como um importante agente modificador das formas do

    relevo terrestre. Nessa poca a cincia geomorfolgica buscou o aprimoramento de tcnicas

  • 13

    adequadas para o uso racional dos recursos naturais sem a quebra do balano natural dos

    ecossistemas. Dessa forma passou a auxiliar no planejamento de obras de engenharia,

    mudanas em canais fluviomtricos, e demais intervenes de pequena e grande escala nas

    paisagens.

    Como destaca Guerra e Maral (2006), o entendimento da Geomorfologia Ambiental

    auxilia no prognstico e diagnstico dos danos ambientais causados pela explorao dos

    recursos naturais, bem como na ocorrncia de mudanas nos ecossistemas terrestres

    provocadas pela ao humana ou natural. Neste sentido a instabilidade dos ambientes fsicos

    torna-se consequncia da explorao dos recursos naturais de forma no planejada.

    A abordagem geomorfolgica nesta pesquisa est voltada ao planejamento ambiental

    com enfoques aos aspectos de ocupao territorial nas reas rurais e urbanas no municpio de

    Piles PB, onde a transformao do territrio no est vinculada somente aos elementos

    fsicos intrnsecos na paisagem. Decorre tambm das prticas de ocupao e apropriao do

    solo realizada pelo homem e suas aes, modificando dessa forma a dinmica processual dos

    aspectos fisiogrficos do relevo.

    O Objetivo geral consiste em analisar a Geomorfologia Ambiental dando nfase ao

    planejamento territorial em reas marcadas pelo contnuo uso e apropriao do relevo na Serra

    do Espinho, Piles PB.

    Entre os objetivos especficos analisar a compartimentao topogrfica da encosta

    bem como os aspectos edafoclimticos e hidro-climatolgicos responsveis por sua formao,

    e tambm analisar o desenvolvimento dos fenmenos fsicos e humanos que contribuem para

    a formao do territrio, bem como as consequentes alteraes no ambiente decorrente dessas

    aes.

    De forma que este trabalho torna-se importante por obervar a paisagem a partir de

    uma viso associada entre Geografia e Geomorfologia Ambiental, onde os aspectos fsicos e

    humanos so elementos indissociveis na configurao do modelado terrestre. Alm disso,

    contribui para o desenvolvimento e planejamento territorial rural na Serra do Espinho, onde

    existe grande necessidade para a preservao dos recursos provindos do ambiente.

  • 14

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 APLICABILIDADES DA GEOMORFOLOGIA

    A Geomorfologia surgiu enquanto cincia ao final do sculo XIX e incio do sculo

    XX, onde nesta poca os pesquisadores estavam preocupados em conhecer a seqncia dos

    processos morfodinmicos que resultaram na elaborao do relevo terrestre e

    consequentemente na formao das paisagens (GUERRA e MARAL, 2006). De acordo com

    Penteado (1980), alguns estudos desenvolvidos no campo da Geologia no final do sculo

    XVIII, serviram de base aos conhecimentos geomorfolgicos na medida em que abordaram os

    aspectos da natureza de maneira sistemtica, coesa e racional.

    Nos dias atuais o campo de estudo da Geomorfologia volta-se ao entendimento dos

    aspectos morfolgicos do relevo atravs dos princpios da causalidade, extenso e localizao.

    Essa forma de abordagem permite ao pesquisador a compreenso da dinmica interna e

    externa do relevo, contribuindo desta forma para o planejamento e interveno a serem

    aplicados atravs de mtodos e tcnicas especficas. Desta forma o estudo e a anlise dos

    fenmenos geomorfolgicos devem ser elaborados numa perspectiva que considere os

    aspectos estticos e dinmicos do relevo.

    Parafraseando as ideias de Guerra e Maral (2006) o conhecimento geomorfolgico

    aplicado com grande relevncia na elaborao de relatrios e diagnsticos que podem

    diagnosticar o grau de alterao dos sistemas ambientais fsicos e humanos, eles ainda

    afirmam:

    A Geomorfologia est cada vez mais empenhada com a questo ambiental e desenvolve-se a partir de uma demanda crescente da sociedade, com relao necessidade de se buscarem conhecimentos que apontem na direo das inmeras possibilidades de solues ou amenizaes que os impactos ambientais exercem, tento em reas urbanas como rurais (GUERRA E MARAL, 2006, p. 15).

    Nesta tica os estudos relacionados ao relevo terrestre revestem-se de um carter

    geogrfico, uma vez que um elemento essencial na natureza atuando como fornecedor vital

    de recursos e palco das diversas manifestaes humanas e de seus modos de produo.

  • 15

    Na viso de Ross (2001 p. 18) (...) o entendimento da dinmica do relevo interessa

    diretamente ao homem como ser social, passa a ser tambm parte integrante da geografia.

    Onde a compreenso dos elementos que compem o estrato geogrfico torna-se

    imprescindvel ao entendimento da dinmica ambiental de uma rea.

    Outros autores como Casseti (2009) discutem o uso e apropriao do relevo

    afirmando que (...) assume importncia fundamental no processo de ocupao do espao,

    fator que inclui as propriedades de suporte ou recurso, cujas formas ou modalidades de

    apropriao respondem pelo comportamento da paisagem e suas consequncias.

    No decorrer do tempo as atividades humanas em determinado territrio tem alterado

    a dinmica processual dos aspectos fisiogrficos do relevo colocando em evidncia o homem

    como um importante agente geomorfolgico. Nesta tica o funcionamento e dinmica do

    sistema ambiental fsico esto intimamente ligados a este campo de interaes e depende da

    aplicao de planejamentos. Autores como Christofoletti (2001, p. 417) abordam essas

    questes reafirmando que (...) o planejamento sempre envolve a questo da espacialidade,

    pois incide na implementao de atividades em determinado territrio. Constitui um processo

    que repercute nas caractersticas, funcionamento e dinmica das organizaes espaciais.

    Parafraseando Santos (2004, p. 78), o planejamento ambiental de uma rea permite a

    interpretao de questes voltadas condio superficial do terreno, onde a acomodao dos

    ncleos ou aglomerados humanos depende tambm das limitaes do relevo local. A autora

    ainda afirma que (...) Sempre se espera que o planejamento apresente um conjunto de

    medidas que devam ser administradas num espao definido, por limites claramente

    determinados.

    A Geomorfologia oferece arcabouo terico-conceitual para os trabalhos voltados ao

    planejamento ambiental, uma vez que contribui para a diminuio dos impactos negativos

    causados pelo crescimento urbano e rural das cidades. Sua aplicabilidade est inserida

    sistematicamente no prognstico e diagnstico das condies naturais de uma rea, atuando

    como importante instrumento de planejamento territorial que visa um adequado assentamento

    e alocao das atividades humanas (CHRISTOFOLETTI, 2001, p. 416).

    Ao mencionar a interface entre a geomorfologia e o planejamento Guerra e Maral

    (2006) afirmam:

    (...) bastante instigante, e o geomorflogo pode fornecer tcnicas de pesquisa e conhecimentos sobre a superfcie da Terra, relacionados s formas de relevo e aos processos associados, de tal maneira que essas informaes sejam vitais para o Planejamento, no sentido de prevenir contra a ocorrncia de catstrofes e danos ambientais generalizados (GUERRA E MARAL, 2006, p. 37).

  • 16

    Na concepo do professor Jurandyr Ross (2001, p. 16) o custo para a preveno de

    acidentes naturais torna-se bem menor em relao demanda de dinheiro investido em obras

    para conteno de danos ambientais generalizados, onde (...) recursos naturais uma vez mal

    utilizados ou deteriorados tornam-se irrecuperveis. Neste aspecto a realizao de

    prognsticos ambientais surge como uma importante ferramenta ao planejamento de forma

    que possvel estabelecer diretrizes de uso dos recursos naturais do modo mais racional

    possvel, minimizando a deteriorao da qualidade ambiental.

  • 17

    2.2 DESENVOLVIMENTO DO ARCABOUO ESTRUTURAL, REGIONAL E LOCAL

    O arcabouo estrutural brasileiro est inserido totalmente na Plataforma Sul-

    Americana, originada a cerca de 2.600 B.A., com estruturas do tipo gneas, sedimentares e

    metamrficas, originadas no Arqueozico, Proterozico e Fanerozoco para as coberturas

    sedimentares (GONZALES; ARAJO, 1997, p 23).

    A morfologia do relevo brasileiro reaperfeioada constantemente devido ao intenso

    retrabalhamento do processo erosivo que ocorreu ao longo do tempo e ainda acontece nos dias

    atuais.

    Neste aspecto:

    (...) as estruturas e as formaes litolgicas so antigas, mas as formas do relevo so recentes. Estas foram produzidas pelos desgastes erosivos que sempre ocorreram e continuam ocorrendo, e com isso esto permanentemente sendo reafeioadas (ROSS, 2008, p.45).

    O termo Provncia da Borborema foi introduzido inicialmente por Almeida (1997

    apud MONTEIRO, 2000) ao referir-se poro oriental da regio nordeste da Plataforma Sul-

    Americana. Representa uma rea onde ocorreram importantes movimentos orogenticos

    ocorridos no Ciclo Brasiliano durante o Pr-Cambriano. Possui uma rea superior a 450.000

    km, distribudo transversalmente entre os estados do Rio Grande do Norte, Paraba,

    Pernambuco, e Alagoas.

    Para Monteiro (2000, p 57) qualquer aproximao para descrever a histria da

    Provncia Borborema deve comear com os eventos arqueanos, cujas rochas afloram na

    maioria das exposies do embasamento desta provncia.

    Outros autores como AbSber (1969), ao referir-se a Provncia Borborema e seus

    depsitos correlativos afirma:

    A posio topogrfica dos testemunhos dessa superfcie aplainada, a despeito de predominantemente corresponder ao topo de pequenos macios ou cristas alinhadas (indistintamente denominadas serras na topomnia regional), varia de regio para regio, devido ao de fatos litolgicos e interferncia de fatores morfoclimticos (ABSABER, 1969, p. 41).

    Com relao aos processos morfoclimticos a frente escarpada da Borborema faz

    barlavento em relao s massas de ar mido provindas do litoral, esse fenmeno potencializa

    a ocorrncia de chuvas orogrficas bem como um clima mido diferencial das reas do

  • 18

    entorno desde os arredores de Campina Grande, Areia e adjacncias. Em decorrncia desses

    processos o sistema hidrolgico local mantm certa perenidade nos canais fluviais e nascentes

    que ali se originam.

    Esta frente escarpada da Borborema configura a paisagem ora como espores em

    contato direto com a depresso sub-litornea e em seguida definem-se na paisagem de uma

    maneira bastante articulada com as formas do planalto em direo as cotas altimtricas mais

    elevadas. Atualmente a sua gnese bastante discutida, na medida em que alguns

    pesquisadores como Matsumoto (1974) considera o aspecto linear dessas vertentes como

    consequncia de uma movimentao tectnica, afirmando:

    Todavia, a possibilidade de uma origem tectnica para as escarpas, no pode ser abandonada, porque, em algumas partes, h alguns escarpamentos lineares que no parecem ser explicados somente por processos de eroso (MATSUMOTO, 1974, p. 20).

    Nesta hiptese a interferncia indireta dos processos orogenticos explicaria a

    denominao dessas vertentes como escarpa de falha.

    Na concepo de Guerra e Guerra (2008, p. 242) para definir um relevo onde uma

    falha responsvel pelo fator topogrfico, necessrio observar o escarpamento abrupto

    onde (...) os escarpamentos de falhas, quando antigos j se acham mais trabalhados pela

    eroso, que ocasiona uma dissecao no espelho da antiga falha. Deve-se considerar tambm

    que numa determinada escala espao-temporal a intensidade dos processos erosivos pode

    variar em decorrncia do controle exercido pela erodibilidade e erosividade, resultando numa

    topografia com recuos e rebaixamentos da superfcie.

    A influncia mtua de uma gama de fatores biticos, abiticos e humanos

    influenciam diretamente no desencadeamento dos processos erosivo-deposicionais no relevo.

    Na opinio de Coelho Netto (2001, p. 95) alteraes nas composies desses fatores podem

    induzir a modificaes significativas na dinmica espao-temporal dos processos hidrolgicos

    atuantes nas encostas.

    Vale ressaltar que a cobertura vegetal e a manta orgnica exercem um importante

    papel de controle para dissipar a energia das gotas das chuvas, onde tal fora cintica inicia

    um processo erosivo. Porm o balano hidrolgico das reas brejadas sofre influencia positiva

    em virtude da cobertura florestal existente em pequenos ncleos nas pores mais elevadas do

    relevo, onde esta alcana bom ndice de conservao.

  • 19

    3 CARACTERIZAO GEOAMBIENTAL

    3.1 LOCALIZAO GEOGRFICA

    O municpio de Piles est localizado na mesorregio do Agreste e microrregio do

    Brejo paraibano, de acordo com o IBGE 2010 est sob as coordenadas 64339 Lat. Sul e

    353657Long. Oeste, possuindo uma rea de 64 Km e uma populao estimada em 7.068

    habitantes, a sede municipal est a 480 metros de altitude. O acesso a partir da capital Joo

    Pessoa se d pela BR 230 e as rodovias PB-073, 075 e 077, totalizando um percurso de

    aproximadamente 110 Km.

    A Serra do Espinho localiza-se no municpio de Piles numa rea de transio entre a

    Microrregio de Guarabira para o Brejo paraibano, ambas localizadas na Mesorregio do

    Agreste (fig.1). De acordo com o mapa geomorfolgico elaborado pela Agncia Executiva

    das guas (AESA), este compartimento da Borborema apresenta uma orientao NW-SE e

    cotas topogrficas que variam entre 480 e 500 metros, e formas aguadas e convexas.

  • 20

    Font

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    6).

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  • 21

    3.2 ASPECTOS CLIMTICOS E HIDROGRFICOS

    O estado da Paraba apresenta importantes variaes climticas decorrentes da

    particularidade de cada ambiente geogrfico, desta forma no cordo litorneo a maritimidade

    e os ventos alsios do sudeste propiciam um clima mais mido. Na medida em se afasta da

    zona costeira em direo ao interior do continente o clima torna-se menos mido.

    O clima do municpio de Piles classificado segundo Kppen ao considerar a

    distribuio mdia da precipitao e a temperatura, ele classificou como quente e mido do

    tipo As. O maior ndice pluviomtrico ocorre entre os meses de maro e agosto, e o perodo

    de estiagem entre setembro e fevereiro (fig. 2).

    Em relao aos aspectos hidrolgicos, o municpio de Piles est inserido no alto

    curso da Bacia Hidrogrfica do Rio Mamanguape tendo como principais afluentes os rios

    Araagi e Araagi-Mirim. Este curso da bacia possui um padro dentrtico e semi-perene que

    registram importantes oscilaes entre os perodos seco e chuvoso. Atualmente os recursos

    Fonte: Adaptado de SUDEMA (2010).

    Figura 2 Localizao do municpio de Piles em relao ao clima.

  • 22

    hdricos disponveis em Piles esto destinados para diversos fins, tais como: consumo

    humano, agricultura, consumo animal e outros.

    Historicamente a questo hdrica um tema bastante discutido na regio nordestina

    desde a poca das oligarquias, onde o controle da gua simbolizava o poder sobre uma

    sociedade em estado de misria.

    Somente no ano de 1996 o estado da Paraba assinou a Lei n 6.308 instituindo a

    poltica de recursos hdricos, estabelecendo critrios tcnicos e princpios organizacionais

    baseados nas disposies das constituies e legislaes Federal e Estadual, bem como a

    Poltica Nacional do Meio Ambiente e de Recursos Hdricos.

    No ano seguinte foi assinado o decreto N 19.260 garantindo que a gua deve ser

    utilizada para os bens econmicos e sociais com o intuito de melhorar a qualidade de vida,

    bem como combater os contrastes regionais de pobreza. Assegura tambm que o uso da gua

    deve acontecer com padres de qualidade e quantidade suficientes para as geraes atuais e

    futuras, sendo compatvel com as polticas de desenvolvimento urbano e rural dos municpios.

    Durante diagnstico elaborado pelo CPRM (2005), foram verificadas algumas

    contradies em relao ao uso e distribuio da gua no municpio de Piles, onde se

    constatou que apenas 36% da gua captada no lenol fretico esto sob domnio pblico, ou

    seja, existe certa acessibilidade populao e este recurso. Enquanto que os 64% restantes

    esto restritos a propriedades particulares locais (grfico 1).

    Alm disso, a CPRM (2005) constatou uma demanda considervel de poos

    perfurados sem operao e paralisados em virtude da ausncia de infra-estrutura bsica para o

    ideal funcionamento. Essa porcentagem chega a 35% do total de poos existentes no

    municpio (grfico 2).

    Grfico 1: Porcentagem de captao de gua subterrnea

    Fonte: CPRM (2005).

  • 23

    Vale ressaltar que grande parte dos problemas relacionados a distribuio de gua no

    municpio de Piles esto localizados na rea rural, onde a populao carece com a infra-

    estrutura e logstica insuficiente para obter o acesso a esse importante recurso.

    3.3. ASPECTOS PEDOLGICOS E VEGETAO

    De acordo com a Companhia de Produo de Recursos Minerais (CPRM, 2005), em

    locais onde a topografia apresenta um perfil suave ondulada a ondulado, correm solos do tipo

    Planossolos fortemente drenados, cidos a moderadamente cidos e de fertilidade mdia.

    Nestes locais ocorrem tambm os do tipo Argissolos (antigos Podzlicos) com textura

    argilosa e fertilidade mdia a alta (fig.3).

    Fonte: Arquivo pessoal do autor, 2007

    Figura 3: Perfil de solo nas margens da estrada PB 077.

    Fonte: CPRM (2005).

    Grfico 2: Porcentagem entre poos paralisados e em

  • 24

    No vale dos rios h ocorrncia de Planossolos pouco drenados com textura

    mdia/argilosa, moderadamente cidos e altas taxas de fertilidade natural.

    Quanto aos aspectos vegetacionais dessas zonas brejadas condicionada fortemente

    pela influncia dos ventos midos que sopram pelos corredores formadores da bacia do

    Mamanguape, proporcionando a essas reas condies privilegiados quanto temperatura,

    umidade do solo e do ar. De acordo Tabarelli e Santos (2004):

    A hiptese mais aceita sobre a origem vegetacional dos brejos de altitude est associada s variaes climticas ocorridas no Pleistoceno (ltimos 2 milhes 10.000 anos), as quais permitiram que a floresta Atlntica penetrasse nos domnios da caatinga.

    Atualmente, de acordo com a Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente

    do Estado da Paraba (SUDEMA/PB, 2010), pode ser encontrada uma vegetao do tipo

    Latifoliada Pereniflia de Altitude (fig. 4).

    Figura 4 Localizao aproximada do municpio de Piles/PB em relao vegetao da Paraba (crculo vermelho).

    Fonte: SUDEMA (2010).

  • 25

    4 METODOLOGIA UTILIZADA

    A diretriz metodolgica adotada nesta pesquisa est pautada nos escritos

    pressupostos por AbSber (1969), onde considera o estudo geomorfolgico em trs nveis de

    abordagem a partir das macroestruturas at a descrio dos aspectos fisiogrficos atuais.

    Em primeiro plano possvel compartimentar e compreender as caractersticas de

    cada domnio morfolgico, onde se faz necessrio considerar o processo evolutivo de cada um

    e sua ligao aos processos morfogenticos que aconteceram ao longo do tempo.

    O segundo nvel considera a dinmica da estrutura superficial da paisagem, onde os

    demais processos morfodinmicos esto correlacionados s demais propriedades do relevo.

    Nesta fase se faz necessrio considerar tambm o processo evolutivo e estrutural, pois os

    mesmos esto interligados aos processos morfogenticos que aconteceram ao longo do tempo.

    O terceiro nvel refere-se aos elementos morfoclimticos e pedogenticos que

    ocorrem no dia a dia. Onde de acordo com Casseti (2009) o relevo compreendido como

    (...) fruto das relaes morfodinmicas resultantes da consonncia entre os fatores intrnsecos

    [...] e os fatores extrnsecos, dando nfase ao uso e ocupao do modelado enquanto interface

    das foras antagnicas.

    Ainda de acordo com o referido autor embora (...) toda superfcie tenha sido

    apropriada de alguma forma pelo homem, o referido nvel necessariamente incorpora as

    transformaes produzidas e consequentes intervenes nos mecanismos morfodinmicos.

    De forma que este nvel de abordagem tambm fundamental para abordar o discurso voltado

    ao planejamento territorial, onde a ao humana surge como um elemento substancial para

    explicar a atual morfodinmica de uma rea.

    Para uma maior fidedignidade metodologia proposta foi realizada uma srie de

    pesquisas de gabinete, campo e ps-campo.

    Na fase inicial foi realizada uma ampla pesquisa bibliogrfica em fontes que

    pudessem dar subsdios tericos a proposta de estudo, como tambm bases cartogrficas e

    auxlio de SIGs (Sistema de Informaes Geogrficas).

    No inicio dos trabalhos de campo fez-se necessrio o uso de materiais e tcnicas

    necessrias para uma maior fidedignidade da pesquisa geomorfolgica. Foi utilizado mapa

    geolgico e carta topogrfica onde foi possvel nortear e traar com mais fidelidade o roteiro a

    ser seguido, como tambm comparar in loco os elementos descritos na carta com a situao

    real do relevo. Utilizou-se tambm para complementar nossa base cartogrfica, imagens de

  • 26

    satlite, e software (Global Mapper version 9.03), no qual possibilitou uma viso em 3D das

    formas de relevo.

    Foram realizadas uma srie de visitas Serra do Espinho, onde no primeiro contato

    com a rea percorreu-se a margem do rio Araagi, porm baseado na interpretao da carta

    topogrfica da rea e com o uso de imagens de satlite, reconheceu-se a rea e confrontaram-

    se algumas informaes que estavam nos mapas com o que havia na paisagem local.

    Em seguida foi realizado o cadastramento de pontos visitados atravs da ficha de

    campo (em anexo) padronizada, com o auxlio do orientador. Conseguiu-se entender a

    dinmica geomorfolgica da Serra do Espinho, bem como ver in loco o material rochoso que

    sofreu movimentao ao longo do tempo. Nos afloramentos e reas de emprstimo foi

    necessrio coletar amostras do material rochoso para possvel anlise. Para coletar tais

    amostras utilizou-se de martelo geolgico e sacolas plsticas para armazenagem e transporte

    dos pequenos blocos de rocha at o laboratrio.

    Vale ressaltar que, no decorrer das trilhas foi possvel abordar com alguns moradores

    locais, como tambm registrar a forte ligao entre os recursos naturais e os meios de vida

    desses pequenos contingentes populacionais.