universidade estadual da paraÍba campus iii-...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CAMPUS III- OSMAR DE AQUINO- GUARABIRA
CENTRO DE HUMANIDADES- CH
CURSO DE GRADUACcedilAtildeO EM HISTOacuteRIA
RENATA LUacuteCIO DE OLIVEIRA ARAUacuteJO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
GUARABIRA PB
2017
RENATA LUacuteCIO DE OLIVEIRA ARAUacuteJO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Orientador Prof Dr Francisco Fagundes Paiva Neto
GUARABIRA PB
2017
Trabalho de Conclusatildeo de Curso
apresentado agrave Coordenaccedilatildeo do Curso de
Histoacuteria UEPB ndash Campus- III como requisito
para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciatura
Plena em Histoacuteria
DEDICATOacuteRIA
Dedico esse trabalho a minha matildee Maria Firmino por todas as nossas
conquistas e a minha avoacute Maria da Solidade Firmino da Costa (IN MEMORIAM)
que mesmo no momento tatildeo difiacutecil de sua vida sorriu com minha alegria de ter
passado no vestibular para o curso de Histoacuteria Dedico a Deus por sempre
proporcionar sabedoria e forccedila para continuar minha caminhada ao longo da vida
AGRADECIMENTOS
Obrigada meu Deus pelo dom da vida entusiasmo e forccedila para concluir meu
curso Grandes foram agraves dificuldades mas essas foram necessaacuterias para meu
amadurecimento e reconhecimento dos que sempre estiveram comigo
A minha famiacutelia alicerce divino inspiraccedilatildeo do meu sucesso meu porto
seguro que sempre apoiou meus estudos e nas escolhas que fiz em minha vida Em
especial a minha irmatilde Rogeria Lucio e ao meu esposo Eliomar Fabriacutecio que
sempre estiveram ao meu lado vivenciando o meu cotidiano nessa graduaccedilatildeo me
incentivando para superaccedilatildeo dos momentos difiacuteceis
Aos meus colegas de classe pelo companheirismo em especial a Joseacute
Roberto Djanira Menezes e Marcelino Marcolino
Aos professores que contribuiacuteram com minha formaccedilatildeo ajudando-me a ser
essa pessoa na qual me orgulho em ecircnfase a Waldeci Ferreira Chagas Rivaldo
Amador de Sousa Marisa Tayra (IN MEMORIAM) Luciana Calissi e Susel Oliveira
da Rosa Agradeccedilo tambeacutem a vocecirc minha eterna professora Vanuza Neves de
Lima dos Santos por ter acreditado na minha capacidade obrigada por nunca ter
me abandonado quando mais precisei Aos funcionaacuterios e professores dos coleacutegios
Humberto Lucena e Clovis Bezerra que me acolheram durante meu estaacutegio
fazendo desta forma parte da minha formaccedilatildeo e sucesso
A vocecirc meu querido orientador Prof Dr Francisco Fagundes de Paiva Neto
sou eternamente grata por sempre acreditar no meu potencial Obrigada por sempre
estar ao meu lado me motivando a superar minhas expectativas
A Universidade Estadual da Paraiacuteba ao Campus III e a coordenaccedilatildeo do
curso de Histoacuteria
As pessoas que fazem parte da organizaccedilatildeo da Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo
Sebastiatildeo que na medida do possiacutevel disponibilizaram dados extremamente
relevantes para o sucesso desse trabalho
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
RESUMO
Sabemos que as festividades existentes satildeo importantes fatores de
projeccedilatildeo da memoacuteria e identidade da comunidade local representando desta forma
o Patrimocircnio Cultural Imaterial Em meios agraves questotildees inerentes ao patrimocircnio
imaterial procuramos responder a uma indagaccedilatildeo A de como a festa dos
padroeiros se relaciona com a identidade e a memoacuteria coletiva local A metodologia
do trabalho esta associada ao uso de fonte primaacuteria (o livro de tombo) anaacutelise
bibliograacutefica e acesso a oralidade por meio da histoacuteria oral O artigo tambeacutem busca
enfatizar a importacircncia da questatildeo do patrimocircnio imaterial relacionado agrave
religiosidade Eacute observaacutevel que as festas religiosas propagam a feacute atraveacutes de uma
promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Em nosso objeto de estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo
Sebastiatildeo liga seu festejo mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade
seguida de promessa e cura vivenciada por um morador do municiacutepio Verifica- se
que a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem uma forte representatividade na comunidade
local se caracterizando por traccedilos marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio
cultural imaterial da cultura da religiatildeo catoacutelica
PALAVRAS- CHAVES Patrimocircnio Imaterial Catolicismo popular Santo Padroeiro
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
20
FIGURA 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017
21
FIGURA 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017
22
FIGURA 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 24
FIGURA 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 25
FIGURA 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 25
SUMAacuteRIO
1 ARTIGO 09
11 INTRODUCcedilAtildeO 10
12 FESTAS RELIGIOSAS11
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO CULTURAL IMATERIAL17
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS20
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs20
142 Origem da festa21
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo24
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS27
ABSTRACT 28
REFEREcircNCIAS 29
ANEXO A (Modelo carta de cessatildeo)32
1 ARTIGO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo1
Francisco Fagundes Paiva Neto 2
1 Acadecircmica do Curso de Licenciatura Plena em Histoacuteria Universidade
Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB Brasil
2 Professor orientador Universidade Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB
Brasil
10
11 INTRODUCcedilAtildeO
O Patrimocircnio Cultural Imaterial que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo eacute
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funccedilatildeo de seu ambiente
tais satildeo as vivecircncias coletivas que envolvem diversas faces da vida social desde
antigamente ateacute hoje contribuindo assim para promover o respeito agrave diversidade
cultural e agrave criatividade humana Viver e usufruir desse patrimocircnio significa retomar
e reforccedilar a identidade ao passo que a transmissatildeo do patrimocircnio imaterial eleva a
autoestima das comunidades de acordo com a convenccedilatildeo para a sua salvaguarda
(CASTRO e FONSECA 2008 PELEGRINI e FUNARI 2008) Deste modo tal eacute
representado pelas manifestaccedilotildees culturais pelos usos costumes modos de criar
de fazer e de viver de um povo (SOUZA 2008)
O reconhecimento do patrimocircnio imaterial do nosso paiacutes aconteceu com a
publicaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 216 onde considera como
bem as formas de expressatildeo os modos de criar fazer e viver as obras objetos
edificaccedilotildees e demais espaccedilos destinados agraves manifestaccedilotildees artiacutestico- culturais assim
como as criaccedilotildees cientificas tecnoloacutegicas e artiacutesticas e os conjuntos urbanos e de
siacutetios de valos histoacuterico paisagiacutestico artiacutestico arqueoloacutegico paleontoloacutegico
ecoloacutegico e cientifico
Sabe- se que apesar de tentar manter um senso de identidade e
continuidade este patrimocircnio eacute vulneraacutevel uma vez que estaacute em constante mutaccedilatildeo
e multiplicaccedilatildeo de seus portadores Por esta razatildeo a comunidade internacional
adotou a Convenccedilatildeo para a Salvaguarda do Patrimocircnio Cultural Imaterial em 2003
Essa convenccedilatildeo regula o tema do patrimocircnio cultural imaterial e assim
complementa a Convenccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial de 1972 que cuida dos bens
tangiacuteveis de modo a contemplar toda a heranccedila cultural da humanidade Eacute
observaacutevel que haacute muito mais do que o fiacutesico contido nas tradiccedilotildees (o folclore nos
saberes nas liacutenguas nas festas e em diversos outros aspectos e manifestaccedilotildees)
sendo recriadas pela coletivamente modificadas ao longo do tempo e transmitidas
oralmente ou gestualmente Ciente da importacircncia dessa forma de patrimocircnio e da
complexidade envolvida na definiccedilatildeo dos seus limites e de sua proteccedilatildeo a
Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO)
vem nos uacuteltimos vinte anos se dedicando para criar e consolidar ferramentas e
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
RENATA LUacuteCIO DE OLIVEIRA ARAUacuteJO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Orientador Prof Dr Francisco Fagundes Paiva Neto
GUARABIRA PB
2017
Trabalho de Conclusatildeo de Curso
apresentado agrave Coordenaccedilatildeo do Curso de
Histoacuteria UEPB ndash Campus- III como requisito
para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciatura
Plena em Histoacuteria
DEDICATOacuteRIA
Dedico esse trabalho a minha matildee Maria Firmino por todas as nossas
conquistas e a minha avoacute Maria da Solidade Firmino da Costa (IN MEMORIAM)
que mesmo no momento tatildeo difiacutecil de sua vida sorriu com minha alegria de ter
passado no vestibular para o curso de Histoacuteria Dedico a Deus por sempre
proporcionar sabedoria e forccedila para continuar minha caminhada ao longo da vida
AGRADECIMENTOS
Obrigada meu Deus pelo dom da vida entusiasmo e forccedila para concluir meu
curso Grandes foram agraves dificuldades mas essas foram necessaacuterias para meu
amadurecimento e reconhecimento dos que sempre estiveram comigo
A minha famiacutelia alicerce divino inspiraccedilatildeo do meu sucesso meu porto
seguro que sempre apoiou meus estudos e nas escolhas que fiz em minha vida Em
especial a minha irmatilde Rogeria Lucio e ao meu esposo Eliomar Fabriacutecio que
sempre estiveram ao meu lado vivenciando o meu cotidiano nessa graduaccedilatildeo me
incentivando para superaccedilatildeo dos momentos difiacuteceis
Aos meus colegas de classe pelo companheirismo em especial a Joseacute
Roberto Djanira Menezes e Marcelino Marcolino
Aos professores que contribuiacuteram com minha formaccedilatildeo ajudando-me a ser
essa pessoa na qual me orgulho em ecircnfase a Waldeci Ferreira Chagas Rivaldo
Amador de Sousa Marisa Tayra (IN MEMORIAM) Luciana Calissi e Susel Oliveira
da Rosa Agradeccedilo tambeacutem a vocecirc minha eterna professora Vanuza Neves de
Lima dos Santos por ter acreditado na minha capacidade obrigada por nunca ter
me abandonado quando mais precisei Aos funcionaacuterios e professores dos coleacutegios
Humberto Lucena e Clovis Bezerra que me acolheram durante meu estaacutegio
fazendo desta forma parte da minha formaccedilatildeo e sucesso
A vocecirc meu querido orientador Prof Dr Francisco Fagundes de Paiva Neto
sou eternamente grata por sempre acreditar no meu potencial Obrigada por sempre
estar ao meu lado me motivando a superar minhas expectativas
A Universidade Estadual da Paraiacuteba ao Campus III e a coordenaccedilatildeo do
curso de Histoacuteria
As pessoas que fazem parte da organizaccedilatildeo da Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo
Sebastiatildeo que na medida do possiacutevel disponibilizaram dados extremamente
relevantes para o sucesso desse trabalho
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
RESUMO
Sabemos que as festividades existentes satildeo importantes fatores de
projeccedilatildeo da memoacuteria e identidade da comunidade local representando desta forma
o Patrimocircnio Cultural Imaterial Em meios agraves questotildees inerentes ao patrimocircnio
imaterial procuramos responder a uma indagaccedilatildeo A de como a festa dos
padroeiros se relaciona com a identidade e a memoacuteria coletiva local A metodologia
do trabalho esta associada ao uso de fonte primaacuteria (o livro de tombo) anaacutelise
bibliograacutefica e acesso a oralidade por meio da histoacuteria oral O artigo tambeacutem busca
enfatizar a importacircncia da questatildeo do patrimocircnio imaterial relacionado agrave
religiosidade Eacute observaacutevel que as festas religiosas propagam a feacute atraveacutes de uma
promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Em nosso objeto de estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo
Sebastiatildeo liga seu festejo mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade
seguida de promessa e cura vivenciada por um morador do municiacutepio Verifica- se
que a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem uma forte representatividade na comunidade
local se caracterizando por traccedilos marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio
cultural imaterial da cultura da religiatildeo catoacutelica
PALAVRAS- CHAVES Patrimocircnio Imaterial Catolicismo popular Santo Padroeiro
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
20
FIGURA 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017
21
FIGURA 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017
22
FIGURA 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 24
FIGURA 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 25
FIGURA 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 25
SUMAacuteRIO
1 ARTIGO 09
11 INTRODUCcedilAtildeO 10
12 FESTAS RELIGIOSAS11
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO CULTURAL IMATERIAL17
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS20
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs20
142 Origem da festa21
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo24
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS27
ABSTRACT 28
REFEREcircNCIAS 29
ANEXO A (Modelo carta de cessatildeo)32
1 ARTIGO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo1
Francisco Fagundes Paiva Neto 2
1 Acadecircmica do Curso de Licenciatura Plena em Histoacuteria Universidade
Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB Brasil
2 Professor orientador Universidade Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB
Brasil
10
11 INTRODUCcedilAtildeO
O Patrimocircnio Cultural Imaterial que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo eacute
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funccedilatildeo de seu ambiente
tais satildeo as vivecircncias coletivas que envolvem diversas faces da vida social desde
antigamente ateacute hoje contribuindo assim para promover o respeito agrave diversidade
cultural e agrave criatividade humana Viver e usufruir desse patrimocircnio significa retomar
e reforccedilar a identidade ao passo que a transmissatildeo do patrimocircnio imaterial eleva a
autoestima das comunidades de acordo com a convenccedilatildeo para a sua salvaguarda
(CASTRO e FONSECA 2008 PELEGRINI e FUNARI 2008) Deste modo tal eacute
representado pelas manifestaccedilotildees culturais pelos usos costumes modos de criar
de fazer e de viver de um povo (SOUZA 2008)
O reconhecimento do patrimocircnio imaterial do nosso paiacutes aconteceu com a
publicaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 216 onde considera como
bem as formas de expressatildeo os modos de criar fazer e viver as obras objetos
edificaccedilotildees e demais espaccedilos destinados agraves manifestaccedilotildees artiacutestico- culturais assim
como as criaccedilotildees cientificas tecnoloacutegicas e artiacutesticas e os conjuntos urbanos e de
siacutetios de valos histoacuterico paisagiacutestico artiacutestico arqueoloacutegico paleontoloacutegico
ecoloacutegico e cientifico
Sabe- se que apesar de tentar manter um senso de identidade e
continuidade este patrimocircnio eacute vulneraacutevel uma vez que estaacute em constante mutaccedilatildeo
e multiplicaccedilatildeo de seus portadores Por esta razatildeo a comunidade internacional
adotou a Convenccedilatildeo para a Salvaguarda do Patrimocircnio Cultural Imaterial em 2003
Essa convenccedilatildeo regula o tema do patrimocircnio cultural imaterial e assim
complementa a Convenccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial de 1972 que cuida dos bens
tangiacuteveis de modo a contemplar toda a heranccedila cultural da humanidade Eacute
observaacutevel que haacute muito mais do que o fiacutesico contido nas tradiccedilotildees (o folclore nos
saberes nas liacutenguas nas festas e em diversos outros aspectos e manifestaccedilotildees)
sendo recriadas pela coletivamente modificadas ao longo do tempo e transmitidas
oralmente ou gestualmente Ciente da importacircncia dessa forma de patrimocircnio e da
complexidade envolvida na definiccedilatildeo dos seus limites e de sua proteccedilatildeo a
Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO)
vem nos uacuteltimos vinte anos se dedicando para criar e consolidar ferramentas e
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
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de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
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Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
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participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
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A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
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da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
DEDICATOacuteRIA
Dedico esse trabalho a minha matildee Maria Firmino por todas as nossas
conquistas e a minha avoacute Maria da Solidade Firmino da Costa (IN MEMORIAM)
que mesmo no momento tatildeo difiacutecil de sua vida sorriu com minha alegria de ter
passado no vestibular para o curso de Histoacuteria Dedico a Deus por sempre
proporcionar sabedoria e forccedila para continuar minha caminhada ao longo da vida
AGRADECIMENTOS
Obrigada meu Deus pelo dom da vida entusiasmo e forccedila para concluir meu
curso Grandes foram agraves dificuldades mas essas foram necessaacuterias para meu
amadurecimento e reconhecimento dos que sempre estiveram comigo
A minha famiacutelia alicerce divino inspiraccedilatildeo do meu sucesso meu porto
seguro que sempre apoiou meus estudos e nas escolhas que fiz em minha vida Em
especial a minha irmatilde Rogeria Lucio e ao meu esposo Eliomar Fabriacutecio que
sempre estiveram ao meu lado vivenciando o meu cotidiano nessa graduaccedilatildeo me
incentivando para superaccedilatildeo dos momentos difiacuteceis
Aos meus colegas de classe pelo companheirismo em especial a Joseacute
Roberto Djanira Menezes e Marcelino Marcolino
Aos professores que contribuiacuteram com minha formaccedilatildeo ajudando-me a ser
essa pessoa na qual me orgulho em ecircnfase a Waldeci Ferreira Chagas Rivaldo
Amador de Sousa Marisa Tayra (IN MEMORIAM) Luciana Calissi e Susel Oliveira
da Rosa Agradeccedilo tambeacutem a vocecirc minha eterna professora Vanuza Neves de
Lima dos Santos por ter acreditado na minha capacidade obrigada por nunca ter
me abandonado quando mais precisei Aos funcionaacuterios e professores dos coleacutegios
Humberto Lucena e Clovis Bezerra que me acolheram durante meu estaacutegio
fazendo desta forma parte da minha formaccedilatildeo e sucesso
A vocecirc meu querido orientador Prof Dr Francisco Fagundes de Paiva Neto
sou eternamente grata por sempre acreditar no meu potencial Obrigada por sempre
estar ao meu lado me motivando a superar minhas expectativas
A Universidade Estadual da Paraiacuteba ao Campus III e a coordenaccedilatildeo do
curso de Histoacuteria
As pessoas que fazem parte da organizaccedilatildeo da Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo
Sebastiatildeo que na medida do possiacutevel disponibilizaram dados extremamente
relevantes para o sucesso desse trabalho
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
RESUMO
Sabemos que as festividades existentes satildeo importantes fatores de
projeccedilatildeo da memoacuteria e identidade da comunidade local representando desta forma
o Patrimocircnio Cultural Imaterial Em meios agraves questotildees inerentes ao patrimocircnio
imaterial procuramos responder a uma indagaccedilatildeo A de como a festa dos
padroeiros se relaciona com a identidade e a memoacuteria coletiva local A metodologia
do trabalho esta associada ao uso de fonte primaacuteria (o livro de tombo) anaacutelise
bibliograacutefica e acesso a oralidade por meio da histoacuteria oral O artigo tambeacutem busca
enfatizar a importacircncia da questatildeo do patrimocircnio imaterial relacionado agrave
religiosidade Eacute observaacutevel que as festas religiosas propagam a feacute atraveacutes de uma
promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Em nosso objeto de estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo
Sebastiatildeo liga seu festejo mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade
seguida de promessa e cura vivenciada por um morador do municiacutepio Verifica- se
que a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem uma forte representatividade na comunidade
local se caracterizando por traccedilos marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio
cultural imaterial da cultura da religiatildeo catoacutelica
PALAVRAS- CHAVES Patrimocircnio Imaterial Catolicismo popular Santo Padroeiro
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
20
FIGURA 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017
21
FIGURA 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017
22
FIGURA 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 24
FIGURA 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 25
FIGURA 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 25
SUMAacuteRIO
1 ARTIGO 09
11 INTRODUCcedilAtildeO 10
12 FESTAS RELIGIOSAS11
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO CULTURAL IMATERIAL17
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS20
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs20
142 Origem da festa21
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo24
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS27
ABSTRACT 28
REFEREcircNCIAS 29
ANEXO A (Modelo carta de cessatildeo)32
1 ARTIGO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo1
Francisco Fagundes Paiva Neto 2
1 Acadecircmica do Curso de Licenciatura Plena em Histoacuteria Universidade
Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB Brasil
2 Professor orientador Universidade Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB
Brasil
10
11 INTRODUCcedilAtildeO
O Patrimocircnio Cultural Imaterial que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo eacute
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funccedilatildeo de seu ambiente
tais satildeo as vivecircncias coletivas que envolvem diversas faces da vida social desde
antigamente ateacute hoje contribuindo assim para promover o respeito agrave diversidade
cultural e agrave criatividade humana Viver e usufruir desse patrimocircnio significa retomar
e reforccedilar a identidade ao passo que a transmissatildeo do patrimocircnio imaterial eleva a
autoestima das comunidades de acordo com a convenccedilatildeo para a sua salvaguarda
(CASTRO e FONSECA 2008 PELEGRINI e FUNARI 2008) Deste modo tal eacute
representado pelas manifestaccedilotildees culturais pelos usos costumes modos de criar
de fazer e de viver de um povo (SOUZA 2008)
O reconhecimento do patrimocircnio imaterial do nosso paiacutes aconteceu com a
publicaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 216 onde considera como
bem as formas de expressatildeo os modos de criar fazer e viver as obras objetos
edificaccedilotildees e demais espaccedilos destinados agraves manifestaccedilotildees artiacutestico- culturais assim
como as criaccedilotildees cientificas tecnoloacutegicas e artiacutesticas e os conjuntos urbanos e de
siacutetios de valos histoacuterico paisagiacutestico artiacutestico arqueoloacutegico paleontoloacutegico
ecoloacutegico e cientifico
Sabe- se que apesar de tentar manter um senso de identidade e
continuidade este patrimocircnio eacute vulneraacutevel uma vez que estaacute em constante mutaccedilatildeo
e multiplicaccedilatildeo de seus portadores Por esta razatildeo a comunidade internacional
adotou a Convenccedilatildeo para a Salvaguarda do Patrimocircnio Cultural Imaterial em 2003
Essa convenccedilatildeo regula o tema do patrimocircnio cultural imaterial e assim
complementa a Convenccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial de 1972 que cuida dos bens
tangiacuteveis de modo a contemplar toda a heranccedila cultural da humanidade Eacute
observaacutevel que haacute muito mais do que o fiacutesico contido nas tradiccedilotildees (o folclore nos
saberes nas liacutenguas nas festas e em diversos outros aspectos e manifestaccedilotildees)
sendo recriadas pela coletivamente modificadas ao longo do tempo e transmitidas
oralmente ou gestualmente Ciente da importacircncia dessa forma de patrimocircnio e da
complexidade envolvida na definiccedilatildeo dos seus limites e de sua proteccedilatildeo a
Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO)
vem nos uacuteltimos vinte anos se dedicando para criar e consolidar ferramentas e
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
AGRADECIMENTOS
Obrigada meu Deus pelo dom da vida entusiasmo e forccedila para concluir meu
curso Grandes foram agraves dificuldades mas essas foram necessaacuterias para meu
amadurecimento e reconhecimento dos que sempre estiveram comigo
A minha famiacutelia alicerce divino inspiraccedilatildeo do meu sucesso meu porto
seguro que sempre apoiou meus estudos e nas escolhas que fiz em minha vida Em
especial a minha irmatilde Rogeria Lucio e ao meu esposo Eliomar Fabriacutecio que
sempre estiveram ao meu lado vivenciando o meu cotidiano nessa graduaccedilatildeo me
incentivando para superaccedilatildeo dos momentos difiacuteceis
Aos meus colegas de classe pelo companheirismo em especial a Joseacute
Roberto Djanira Menezes e Marcelino Marcolino
Aos professores que contribuiacuteram com minha formaccedilatildeo ajudando-me a ser
essa pessoa na qual me orgulho em ecircnfase a Waldeci Ferreira Chagas Rivaldo
Amador de Sousa Marisa Tayra (IN MEMORIAM) Luciana Calissi e Susel Oliveira
da Rosa Agradeccedilo tambeacutem a vocecirc minha eterna professora Vanuza Neves de
Lima dos Santos por ter acreditado na minha capacidade obrigada por nunca ter
me abandonado quando mais precisei Aos funcionaacuterios e professores dos coleacutegios
Humberto Lucena e Clovis Bezerra que me acolheram durante meu estaacutegio
fazendo desta forma parte da minha formaccedilatildeo e sucesso
A vocecirc meu querido orientador Prof Dr Francisco Fagundes de Paiva Neto
sou eternamente grata por sempre acreditar no meu potencial Obrigada por sempre
estar ao meu lado me motivando a superar minhas expectativas
A Universidade Estadual da Paraiacuteba ao Campus III e a coordenaccedilatildeo do
curso de Histoacuteria
As pessoas que fazem parte da organizaccedilatildeo da Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo
Sebastiatildeo que na medida do possiacutevel disponibilizaram dados extremamente
relevantes para o sucesso desse trabalho
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
RESUMO
Sabemos que as festividades existentes satildeo importantes fatores de
projeccedilatildeo da memoacuteria e identidade da comunidade local representando desta forma
o Patrimocircnio Cultural Imaterial Em meios agraves questotildees inerentes ao patrimocircnio
imaterial procuramos responder a uma indagaccedilatildeo A de como a festa dos
padroeiros se relaciona com a identidade e a memoacuteria coletiva local A metodologia
do trabalho esta associada ao uso de fonte primaacuteria (o livro de tombo) anaacutelise
bibliograacutefica e acesso a oralidade por meio da histoacuteria oral O artigo tambeacutem busca
enfatizar a importacircncia da questatildeo do patrimocircnio imaterial relacionado agrave
religiosidade Eacute observaacutevel que as festas religiosas propagam a feacute atraveacutes de uma
promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Em nosso objeto de estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo
Sebastiatildeo liga seu festejo mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade
seguida de promessa e cura vivenciada por um morador do municiacutepio Verifica- se
que a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem uma forte representatividade na comunidade
local se caracterizando por traccedilos marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio
cultural imaterial da cultura da religiatildeo catoacutelica
PALAVRAS- CHAVES Patrimocircnio Imaterial Catolicismo popular Santo Padroeiro
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
20
FIGURA 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017
21
FIGURA 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017
22
FIGURA 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 24
FIGURA 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 25
FIGURA 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 25
SUMAacuteRIO
1 ARTIGO 09
11 INTRODUCcedilAtildeO 10
12 FESTAS RELIGIOSAS11
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO CULTURAL IMATERIAL17
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS20
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs20
142 Origem da festa21
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo24
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS27
ABSTRACT 28
REFEREcircNCIAS 29
ANEXO A (Modelo carta de cessatildeo)32
1 ARTIGO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo1
Francisco Fagundes Paiva Neto 2
1 Acadecircmica do Curso de Licenciatura Plena em Histoacuteria Universidade
Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB Brasil
2 Professor orientador Universidade Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB
Brasil
10
11 INTRODUCcedilAtildeO
O Patrimocircnio Cultural Imaterial que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo eacute
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funccedilatildeo de seu ambiente
tais satildeo as vivecircncias coletivas que envolvem diversas faces da vida social desde
antigamente ateacute hoje contribuindo assim para promover o respeito agrave diversidade
cultural e agrave criatividade humana Viver e usufruir desse patrimocircnio significa retomar
e reforccedilar a identidade ao passo que a transmissatildeo do patrimocircnio imaterial eleva a
autoestima das comunidades de acordo com a convenccedilatildeo para a sua salvaguarda
(CASTRO e FONSECA 2008 PELEGRINI e FUNARI 2008) Deste modo tal eacute
representado pelas manifestaccedilotildees culturais pelos usos costumes modos de criar
de fazer e de viver de um povo (SOUZA 2008)
O reconhecimento do patrimocircnio imaterial do nosso paiacutes aconteceu com a
publicaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 216 onde considera como
bem as formas de expressatildeo os modos de criar fazer e viver as obras objetos
edificaccedilotildees e demais espaccedilos destinados agraves manifestaccedilotildees artiacutestico- culturais assim
como as criaccedilotildees cientificas tecnoloacutegicas e artiacutesticas e os conjuntos urbanos e de
siacutetios de valos histoacuterico paisagiacutestico artiacutestico arqueoloacutegico paleontoloacutegico
ecoloacutegico e cientifico
Sabe- se que apesar de tentar manter um senso de identidade e
continuidade este patrimocircnio eacute vulneraacutevel uma vez que estaacute em constante mutaccedilatildeo
e multiplicaccedilatildeo de seus portadores Por esta razatildeo a comunidade internacional
adotou a Convenccedilatildeo para a Salvaguarda do Patrimocircnio Cultural Imaterial em 2003
Essa convenccedilatildeo regula o tema do patrimocircnio cultural imaterial e assim
complementa a Convenccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial de 1972 que cuida dos bens
tangiacuteveis de modo a contemplar toda a heranccedila cultural da humanidade Eacute
observaacutevel que haacute muito mais do que o fiacutesico contido nas tradiccedilotildees (o folclore nos
saberes nas liacutenguas nas festas e em diversos outros aspectos e manifestaccedilotildees)
sendo recriadas pela coletivamente modificadas ao longo do tempo e transmitidas
oralmente ou gestualmente Ciente da importacircncia dessa forma de patrimocircnio e da
complexidade envolvida na definiccedilatildeo dos seus limites e de sua proteccedilatildeo a
Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO)
vem nos uacuteltimos vinte anos se dedicando para criar e consolidar ferramentas e
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
RESUMO
Sabemos que as festividades existentes satildeo importantes fatores de
projeccedilatildeo da memoacuteria e identidade da comunidade local representando desta forma
o Patrimocircnio Cultural Imaterial Em meios agraves questotildees inerentes ao patrimocircnio
imaterial procuramos responder a uma indagaccedilatildeo A de como a festa dos
padroeiros se relaciona com a identidade e a memoacuteria coletiva local A metodologia
do trabalho esta associada ao uso de fonte primaacuteria (o livro de tombo) anaacutelise
bibliograacutefica e acesso a oralidade por meio da histoacuteria oral O artigo tambeacutem busca
enfatizar a importacircncia da questatildeo do patrimocircnio imaterial relacionado agrave
religiosidade Eacute observaacutevel que as festas religiosas propagam a feacute atraveacutes de uma
promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Em nosso objeto de estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo
Sebastiatildeo liga seu festejo mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade
seguida de promessa e cura vivenciada por um morador do municiacutepio Verifica- se
que a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem uma forte representatividade na comunidade
local se caracterizando por traccedilos marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio
cultural imaterial da cultura da religiatildeo catoacutelica
PALAVRAS- CHAVES Patrimocircnio Imaterial Catolicismo popular Santo Padroeiro
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
20
FIGURA 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017
21
FIGURA 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017
22
FIGURA 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 24
FIGURA 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 25
FIGURA 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 25
SUMAacuteRIO
1 ARTIGO 09
11 INTRODUCcedilAtildeO 10
12 FESTAS RELIGIOSAS11
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO CULTURAL IMATERIAL17
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS20
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs20
142 Origem da festa21
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo24
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS27
ABSTRACT 28
REFEREcircNCIAS 29
ANEXO A (Modelo carta de cessatildeo)32
1 ARTIGO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo1
Francisco Fagundes Paiva Neto 2
1 Acadecircmica do Curso de Licenciatura Plena em Histoacuteria Universidade
Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB Brasil
2 Professor orientador Universidade Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB
Brasil
10
11 INTRODUCcedilAtildeO
O Patrimocircnio Cultural Imaterial que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo eacute
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funccedilatildeo de seu ambiente
tais satildeo as vivecircncias coletivas que envolvem diversas faces da vida social desde
antigamente ateacute hoje contribuindo assim para promover o respeito agrave diversidade
cultural e agrave criatividade humana Viver e usufruir desse patrimocircnio significa retomar
e reforccedilar a identidade ao passo que a transmissatildeo do patrimocircnio imaterial eleva a
autoestima das comunidades de acordo com a convenccedilatildeo para a sua salvaguarda
(CASTRO e FONSECA 2008 PELEGRINI e FUNARI 2008) Deste modo tal eacute
representado pelas manifestaccedilotildees culturais pelos usos costumes modos de criar
de fazer e de viver de um povo (SOUZA 2008)
O reconhecimento do patrimocircnio imaterial do nosso paiacutes aconteceu com a
publicaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 216 onde considera como
bem as formas de expressatildeo os modos de criar fazer e viver as obras objetos
edificaccedilotildees e demais espaccedilos destinados agraves manifestaccedilotildees artiacutestico- culturais assim
como as criaccedilotildees cientificas tecnoloacutegicas e artiacutesticas e os conjuntos urbanos e de
siacutetios de valos histoacuterico paisagiacutestico artiacutestico arqueoloacutegico paleontoloacutegico
ecoloacutegico e cientifico
Sabe- se que apesar de tentar manter um senso de identidade e
continuidade este patrimocircnio eacute vulneraacutevel uma vez que estaacute em constante mutaccedilatildeo
e multiplicaccedilatildeo de seus portadores Por esta razatildeo a comunidade internacional
adotou a Convenccedilatildeo para a Salvaguarda do Patrimocircnio Cultural Imaterial em 2003
Essa convenccedilatildeo regula o tema do patrimocircnio cultural imaterial e assim
complementa a Convenccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial de 1972 que cuida dos bens
tangiacuteveis de modo a contemplar toda a heranccedila cultural da humanidade Eacute
observaacutevel que haacute muito mais do que o fiacutesico contido nas tradiccedilotildees (o folclore nos
saberes nas liacutenguas nas festas e em diversos outros aspectos e manifestaccedilotildees)
sendo recriadas pela coletivamente modificadas ao longo do tempo e transmitidas
oralmente ou gestualmente Ciente da importacircncia dessa forma de patrimocircnio e da
complexidade envolvida na definiccedilatildeo dos seus limites e de sua proteccedilatildeo a
Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO)
vem nos uacuteltimos vinte anos se dedicando para criar e consolidar ferramentas e
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
20
FIGURA 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017
21
FIGURA 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017
22
FIGURA 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 23
FIGURA 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 24
FIGURA 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 25
FIGURA 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 25
SUMAacuteRIO
1 ARTIGO 09
11 INTRODUCcedilAtildeO 10
12 FESTAS RELIGIOSAS11
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO CULTURAL IMATERIAL17
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS20
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs20
142 Origem da festa21
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo24
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS27
ABSTRACT 28
REFEREcircNCIAS 29
ANEXO A (Modelo carta de cessatildeo)32
1 ARTIGO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo1
Francisco Fagundes Paiva Neto 2
1 Acadecircmica do Curso de Licenciatura Plena em Histoacuteria Universidade
Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB Brasil
2 Professor orientador Universidade Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB
Brasil
10
11 INTRODUCcedilAtildeO
O Patrimocircnio Cultural Imaterial que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo eacute
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funccedilatildeo de seu ambiente
tais satildeo as vivecircncias coletivas que envolvem diversas faces da vida social desde
antigamente ateacute hoje contribuindo assim para promover o respeito agrave diversidade
cultural e agrave criatividade humana Viver e usufruir desse patrimocircnio significa retomar
e reforccedilar a identidade ao passo que a transmissatildeo do patrimocircnio imaterial eleva a
autoestima das comunidades de acordo com a convenccedilatildeo para a sua salvaguarda
(CASTRO e FONSECA 2008 PELEGRINI e FUNARI 2008) Deste modo tal eacute
representado pelas manifestaccedilotildees culturais pelos usos costumes modos de criar
de fazer e de viver de um povo (SOUZA 2008)
O reconhecimento do patrimocircnio imaterial do nosso paiacutes aconteceu com a
publicaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 216 onde considera como
bem as formas de expressatildeo os modos de criar fazer e viver as obras objetos
edificaccedilotildees e demais espaccedilos destinados agraves manifestaccedilotildees artiacutestico- culturais assim
como as criaccedilotildees cientificas tecnoloacutegicas e artiacutesticas e os conjuntos urbanos e de
siacutetios de valos histoacuterico paisagiacutestico artiacutestico arqueoloacutegico paleontoloacutegico
ecoloacutegico e cientifico
Sabe- se que apesar de tentar manter um senso de identidade e
continuidade este patrimocircnio eacute vulneraacutevel uma vez que estaacute em constante mutaccedilatildeo
e multiplicaccedilatildeo de seus portadores Por esta razatildeo a comunidade internacional
adotou a Convenccedilatildeo para a Salvaguarda do Patrimocircnio Cultural Imaterial em 2003
Essa convenccedilatildeo regula o tema do patrimocircnio cultural imaterial e assim
complementa a Convenccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial de 1972 que cuida dos bens
tangiacuteveis de modo a contemplar toda a heranccedila cultural da humanidade Eacute
observaacutevel que haacute muito mais do que o fiacutesico contido nas tradiccedilotildees (o folclore nos
saberes nas liacutenguas nas festas e em diversos outros aspectos e manifestaccedilotildees)
sendo recriadas pela coletivamente modificadas ao longo do tempo e transmitidas
oralmente ou gestualmente Ciente da importacircncia dessa forma de patrimocircnio e da
complexidade envolvida na definiccedilatildeo dos seus limites e de sua proteccedilatildeo a
Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO)
vem nos uacuteltimos vinte anos se dedicando para criar e consolidar ferramentas e
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
SUMAacuteRIO
1 ARTIGO 09
11 INTRODUCcedilAtildeO 10
12 FESTAS RELIGIOSAS11
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO CULTURAL IMATERIAL17
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS20
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs20
142 Origem da festa21
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo24
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS27
ABSTRACT 28
REFEREcircNCIAS 29
ANEXO A (Modelo carta de cessatildeo)32
1 ARTIGO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo1
Francisco Fagundes Paiva Neto 2
1 Acadecircmica do Curso de Licenciatura Plena em Histoacuteria Universidade
Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB Brasil
2 Professor orientador Universidade Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB
Brasil
10
11 INTRODUCcedilAtildeO
O Patrimocircnio Cultural Imaterial que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo eacute
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funccedilatildeo de seu ambiente
tais satildeo as vivecircncias coletivas que envolvem diversas faces da vida social desde
antigamente ateacute hoje contribuindo assim para promover o respeito agrave diversidade
cultural e agrave criatividade humana Viver e usufruir desse patrimocircnio significa retomar
e reforccedilar a identidade ao passo que a transmissatildeo do patrimocircnio imaterial eleva a
autoestima das comunidades de acordo com a convenccedilatildeo para a sua salvaguarda
(CASTRO e FONSECA 2008 PELEGRINI e FUNARI 2008) Deste modo tal eacute
representado pelas manifestaccedilotildees culturais pelos usos costumes modos de criar
de fazer e de viver de um povo (SOUZA 2008)
O reconhecimento do patrimocircnio imaterial do nosso paiacutes aconteceu com a
publicaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 216 onde considera como
bem as formas de expressatildeo os modos de criar fazer e viver as obras objetos
edificaccedilotildees e demais espaccedilos destinados agraves manifestaccedilotildees artiacutestico- culturais assim
como as criaccedilotildees cientificas tecnoloacutegicas e artiacutesticas e os conjuntos urbanos e de
siacutetios de valos histoacuterico paisagiacutestico artiacutestico arqueoloacutegico paleontoloacutegico
ecoloacutegico e cientifico
Sabe- se que apesar de tentar manter um senso de identidade e
continuidade este patrimocircnio eacute vulneraacutevel uma vez que estaacute em constante mutaccedilatildeo
e multiplicaccedilatildeo de seus portadores Por esta razatildeo a comunidade internacional
adotou a Convenccedilatildeo para a Salvaguarda do Patrimocircnio Cultural Imaterial em 2003
Essa convenccedilatildeo regula o tema do patrimocircnio cultural imaterial e assim
complementa a Convenccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial de 1972 que cuida dos bens
tangiacuteveis de modo a contemplar toda a heranccedila cultural da humanidade Eacute
observaacutevel que haacute muito mais do que o fiacutesico contido nas tradiccedilotildees (o folclore nos
saberes nas liacutenguas nas festas e em diversos outros aspectos e manifestaccedilotildees)
sendo recriadas pela coletivamente modificadas ao longo do tempo e transmitidas
oralmente ou gestualmente Ciente da importacircncia dessa forma de patrimocircnio e da
complexidade envolvida na definiccedilatildeo dos seus limites e de sua proteccedilatildeo a
Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO)
vem nos uacuteltimos vinte anos se dedicando para criar e consolidar ferramentas e
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
1 ARTIGO
PATRIMOcircNIO IMATERIAL FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM
DONA INEcircS-PB
Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo1
Francisco Fagundes Paiva Neto 2
1 Acadecircmica do Curso de Licenciatura Plena em Histoacuteria Universidade
Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB Brasil
2 Professor orientador Universidade Estadual da Paraiacuteba Guarabira PB
Brasil
10
11 INTRODUCcedilAtildeO
O Patrimocircnio Cultural Imaterial que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo eacute
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funccedilatildeo de seu ambiente
tais satildeo as vivecircncias coletivas que envolvem diversas faces da vida social desde
antigamente ateacute hoje contribuindo assim para promover o respeito agrave diversidade
cultural e agrave criatividade humana Viver e usufruir desse patrimocircnio significa retomar
e reforccedilar a identidade ao passo que a transmissatildeo do patrimocircnio imaterial eleva a
autoestima das comunidades de acordo com a convenccedilatildeo para a sua salvaguarda
(CASTRO e FONSECA 2008 PELEGRINI e FUNARI 2008) Deste modo tal eacute
representado pelas manifestaccedilotildees culturais pelos usos costumes modos de criar
de fazer e de viver de um povo (SOUZA 2008)
O reconhecimento do patrimocircnio imaterial do nosso paiacutes aconteceu com a
publicaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 216 onde considera como
bem as formas de expressatildeo os modos de criar fazer e viver as obras objetos
edificaccedilotildees e demais espaccedilos destinados agraves manifestaccedilotildees artiacutestico- culturais assim
como as criaccedilotildees cientificas tecnoloacutegicas e artiacutesticas e os conjuntos urbanos e de
siacutetios de valos histoacuterico paisagiacutestico artiacutestico arqueoloacutegico paleontoloacutegico
ecoloacutegico e cientifico
Sabe- se que apesar de tentar manter um senso de identidade e
continuidade este patrimocircnio eacute vulneraacutevel uma vez que estaacute em constante mutaccedilatildeo
e multiplicaccedilatildeo de seus portadores Por esta razatildeo a comunidade internacional
adotou a Convenccedilatildeo para a Salvaguarda do Patrimocircnio Cultural Imaterial em 2003
Essa convenccedilatildeo regula o tema do patrimocircnio cultural imaterial e assim
complementa a Convenccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial de 1972 que cuida dos bens
tangiacuteveis de modo a contemplar toda a heranccedila cultural da humanidade Eacute
observaacutevel que haacute muito mais do que o fiacutesico contido nas tradiccedilotildees (o folclore nos
saberes nas liacutenguas nas festas e em diversos outros aspectos e manifestaccedilotildees)
sendo recriadas pela coletivamente modificadas ao longo do tempo e transmitidas
oralmente ou gestualmente Ciente da importacircncia dessa forma de patrimocircnio e da
complexidade envolvida na definiccedilatildeo dos seus limites e de sua proteccedilatildeo a
Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO)
vem nos uacuteltimos vinte anos se dedicando para criar e consolidar ferramentas e
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
10
11 INTRODUCcedilAtildeO
O Patrimocircnio Cultural Imaterial que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo eacute
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em funccedilatildeo de seu ambiente
tais satildeo as vivecircncias coletivas que envolvem diversas faces da vida social desde
antigamente ateacute hoje contribuindo assim para promover o respeito agrave diversidade
cultural e agrave criatividade humana Viver e usufruir desse patrimocircnio significa retomar
e reforccedilar a identidade ao passo que a transmissatildeo do patrimocircnio imaterial eleva a
autoestima das comunidades de acordo com a convenccedilatildeo para a sua salvaguarda
(CASTRO e FONSECA 2008 PELEGRINI e FUNARI 2008) Deste modo tal eacute
representado pelas manifestaccedilotildees culturais pelos usos costumes modos de criar
de fazer e de viver de um povo (SOUZA 2008)
O reconhecimento do patrimocircnio imaterial do nosso paiacutes aconteceu com a
publicaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 216 onde considera como
bem as formas de expressatildeo os modos de criar fazer e viver as obras objetos
edificaccedilotildees e demais espaccedilos destinados agraves manifestaccedilotildees artiacutestico- culturais assim
como as criaccedilotildees cientificas tecnoloacutegicas e artiacutesticas e os conjuntos urbanos e de
siacutetios de valos histoacuterico paisagiacutestico artiacutestico arqueoloacutegico paleontoloacutegico
ecoloacutegico e cientifico
Sabe- se que apesar de tentar manter um senso de identidade e
continuidade este patrimocircnio eacute vulneraacutevel uma vez que estaacute em constante mutaccedilatildeo
e multiplicaccedilatildeo de seus portadores Por esta razatildeo a comunidade internacional
adotou a Convenccedilatildeo para a Salvaguarda do Patrimocircnio Cultural Imaterial em 2003
Essa convenccedilatildeo regula o tema do patrimocircnio cultural imaterial e assim
complementa a Convenccedilatildeo do Patrimocircnio Mundial de 1972 que cuida dos bens
tangiacuteveis de modo a contemplar toda a heranccedila cultural da humanidade Eacute
observaacutevel que haacute muito mais do que o fiacutesico contido nas tradiccedilotildees (o folclore nos
saberes nas liacutenguas nas festas e em diversos outros aspectos e manifestaccedilotildees)
sendo recriadas pela coletivamente modificadas ao longo do tempo e transmitidas
oralmente ou gestualmente Ciente da importacircncia dessa forma de patrimocircnio e da
complexidade envolvida na definiccedilatildeo dos seus limites e de sua proteccedilatildeo a
Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo a Ciecircncia e a Cultura (UNESCO)
vem nos uacuteltimos vinte anos se dedicando para criar e consolidar ferramentas e
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
11
mecanismos que conduzam ao seu reconhecimento e defesa Em 1989 a
Organizaccedilatildeo estabeleceu a recomendaccedilatildeo sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e desde entatildeo vem excitando a sua aplicaccedilatildeo ao redor do
mundo Esse instrumento legal fornece elementos para a identificaccedilatildeo preservaccedilatildeo
continuidade e disseminaccedilatildeo dessa forma de patrimocircnio (UNESCO 2017) Para
atender agraves determinaccedilotildees legais e criar instrumentos adequados ao reconhecimento
e agrave preservaccedilatildeo desses bens imateriais o Instituto do Patrimocircnio Histoacuterico e
Artiacutestico Nacional (IPHAN) que eacute considerado uma autarquia Federal vinculada ao
ministeacuterio da cultura e que responde pela preservaccedilatildeo do patrimocircnio cultural
brasileiro conduziu estudos que resultaram na ediccedilatildeo do decreto nordm 35512000 que
instituiu o registro de bens culturais de natureza imaterial e criou o Programa
Nacional do Patrimocircnio Imaterial (PNPI) e consolidou o Inventaacuterio Nacional de
Referecircncias Culturais- INCR (IPHAN 2017) Pelo registro de bens culturais e
natureza imaterial as festas que marcam a vivecircncia coletiva da religiosidade esta
inserida no livro de registro de celebraccedilotildees (PELEGRINI 2008) Estas expotildee a
cultura satildeo acontecimentos relevantes que definem condutas e organizam a histoacuteria
local (CURADO e LOcircBO 2011)
12 FESTAS RELIGIOSAS
A caracterizaccedilatildeo das festas religiosas varia de um lugar para outro Saraiva e
Silva (2004) analisou dentre outras coisas as caracteriacutesticas das festas religiosas
(festividades de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo Aparecida Nossa Senhora da Sauacutede
Nossa Senhora de Nazareacute e Satildeo Sebastiatildeo) em comunidades ribeirinhas Segundo
os autores os eventos demonstram momentos de identidade e possui um proacuteprio
modo de ser realizado Os festejos dos ribeirinhos representam agradecimento
devoccedilatildeo (suas promessas e graccedilas recebidas satildeo cumpridas por meio de rituais
traduzidos na forma de festas religiosas almoccedilos comunitaacuterios missas procissotildees
novenas bailes) e tambeacutem sauacuteda um novo periacuteodo produtivo que se inicia nessas
comunidades (iniacutecio do periacuteodo de plantio) assim como uma soluccedilatildeo de um grave
problema e a sauacutede recuperada resultando em agradecimentos A festa religiosa
necessita de vaacuterios espaccedilos para sua realizaccedilatildeo modificando o espaccedilo onde
habitam possuindo caracteriacutesticas sagradas (procissatildeo e celebraccedilatildeo) e profanas
(comeacutercio leilotildees e baile) Vale destacar que o povo ribeirinho natildeo divide seu modo
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
12
de vida entre o sagrado e o profano sendo os acontecimentos que envolvem a feacute e
devoccedilatildeo que vatildeo determinar um ou outro ou ambos
Por sua vez a festa do divino Espirito Santo de Mogi das CruzesSatildeo Paulo
tem mais de 300 anos (noticias de revistas jornais e panfletos) poreacutem natildeo existe
nenhum documento que comprove isso aleacutem de uma provisatildeo encaminhada pela
respectiva paroquia (Santana de Mogi das Cruzes) agrave Arquidiocese de Satildeo Paulo
com data de 1822 Na metade do seacuteculo XIX a denominaccedilatildeo de ldquofesteirosrdquo comeccedila
a aparecer em substituiccedilatildeo agraves designaccedilotildees de imperador e imperatriz (nomeaccedilatildeo agrave
algueacutem para ser coroado como Imperador referecircncia adquirida por Portugal que foi
introduzida no Brasil com o inicio da colonizaccedilatildeo para presidir a festa)
Provavelmente a populaccedilatildeo do campo que vivia com base na produccedilatildeo de
subsistecircncia aproveitava a festa para comercializar ou trocar seus excedentes Os
palmitos (trazidos do meio rural alimento abundante na eacutepoca) entravam na cidade
representando a distribuiccedilatildeo da fartura condizente com o fundamento da festa a
caridade o fim da miseacuteria justiccedila etc Logo com a influecircncia da modernidade e
evoluccedilatildeo do homem o modo de festejar o espirito santo tambeacutem modifica- se A
festa era constituiacuteda por alvoradas folia do divino brincadeiras para crianccedilas
procissatildeo do espirito santo distribuiccedilatildeo de presentes para os presos e de coisas
para os pobres Tambeacutem se tinha um livro de ouro (1930) onde os organizadores
tinham que ser fluentes junto agraves elites para maiores somas para a festa pois uma
festa bem sucedida garantiria benccedilatildeo a todos Uma presenccedila marcante de grupos
folcloacutericos e desfile da entrada do palmito com o objetivo de atrair turistas e
programas de TVs apresenta uma nova forma de pensar e organizar a festa do
divino em nome da tradiccedilatildeo e cultura popular (MARIANO 2016)
Barros e Nascimento (2011) realizaram uma abordagem sobre a Festa de
Satildeo Sebastiatildeo que eacute o padroeiro de Encanto Rio Grande do norte- RN destacando
o espaccedilo sagrado e o profano territoacuterio e lugar Sabe- se que a festa em louvor a
Satildeo Sebastiatildeo iniciou em 1877 (relatos histoacutericos diaacutelogos com os moradores e
pesquisa nos arquivos da secretaria paroquial) isso devido a uma promessa feita
pela famiacutelia Lima para se livrarem da doenccedila que afetou parte da populaccedilatildeo
residente da eacutepoca Eles foram atendidos e entatildeo construiacuteram uma capela que com
o crescimento da cidade necessitou de uma igreja maior e com esse constante
crescimento a igreja de Satildeo Sebastiatildeo necessitou de reformas e transformaccedilotildees
Essa festa religiosa comeccedila a ser preparada no mecircs de dezembro onde
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
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produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
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da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
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Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
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143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
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vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
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A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
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15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
13
culturalmente a imagem de Satildeo Sebastiatildeo sai em peregrinaccedilatildeo pelas comunidades
que fazem parte da paroacutequia Um mastro do padroeiro (bandeira manifestaccedilatildeo
popular) eacute levantado marcando o inicio da festa agraves cinco horas da manhatilde do dia 10
de janeiro com fogos de artificio e musicas A festa consiste em 10 dias com vaacuterios
eventos religiosos e sociais como alvoradas novenas missas procissotildees e eventos
culturais e sociais Existem dois elementos que demarcam o espaccedilo sagrado da
igreja tem-se o fixo que eacute a igreja o qual tem os eventos religiosos e o entorno onde
acontece as atividades sacro- profanas (venda de objetos e produtos para arrecadar
recursos para a igreja) As novenas ocorrem nas comunidades durante nove noites e
as pessoas acompanham vendo a efetividade da festa Os festejos sejam eles
sacros ou profanos (festas danccedilantes clubes privados festas de ruas) atraem
visitantes tendo uma intensa movimentaccedilatildeo Os festejos ocupam vaacuterios espaccedilos
especifico para cada momento O trajeto da procissatildeo continua inalterado e as
pessoas pagam suas promessas de vermelho (indumentaacuteria icnograacutefica do
padroeiro) e descalccedilos
A folia do Zeacute Pereira (celebraccedilatildeo preacute-carnavalesca) acontece haacute pelo menos
cem anos na Freguesia do bairro Ribeiratildeo da Ilha- Florianoacutepolis e ao longo do
tempo vem se transformando Em 2007 tal foi apontado como um bem de referecircncia
na categoria ldquoFormas de Expressatildeordquo pelo levantamento preliminar feito no Ribeiratildeo
para o Inventaacuterio ldquoFreguesias Luso-Brasileiras na Grande Florianoacutepolisrdquo Durante um
periacuteodo (1895 e 1930) Zeacute Pereira era festejado regularmente e obedecia a uma
programaccedilatildeo considerada tradicional (banho agrave fantasia ou joga nrsquoaacutegua entrudo
desfile de carros de alegoria e mutaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de blocos e bailes em
clubes) Atualmente realiza- se os bailes em clubes sendo considerado como
tradiccedilatildeo segundo moradores A festividade eacute ainda um anuncio do carnaval
acontece todo o ano e mobiliza grande parte da comunidade A festa ocorria todos
os finais de semana durante os dois meses antecedentes ao carnaval Hoje ela
acontece sempre no uacuteltimo domingo antes do iniacutecio do carnaval e os moradores
costumam participar o que tomou grandes proporccedilotildees envolvendo ateacute mesmo
moradores de outras localidades e turistas refletindo diretamente na dinacircmica
Apesar das mudanccedilas ocorridas a celebraccedilatildeo continua a ser um dos principais
eventos realizados na localidade Tal eacute considerado um patrimocircnio cultural e
imaterial por reconhecimento dos seus valores e por pratica-los (SILVEIRA 2012)
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
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participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
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produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
14
Pires (2011) por sua vez reanalisa dados de campo observados na festa de
Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira (2000 elaborado para monografia e 2002 para
dissertaccedilatildeo) e analisou a festa em 2009 e 2010 A festa eacute considerada como um
momento especial na existecircncia daquela comunidade sendo marco que inaugura
um ritmo social diferente daquele do cotidiano A celebraccedilatildeo de Satildeo Sebastiatildeo
ocorre em dez dias de festa com nove noites de novena (para cada noite tem um
responsaacutevel por conduzir a festa seja com fogos de artifiacutecio liturgia ornamentada
igreja enfeitada banda de muacutesica etc) Os casamentos e batizados (Igreja catoacutelica)
satildeo preferencialmente agendados no periacuteodo da festa brigas e reconciliaccedilotildees
(pessoais ou poliacuteticas) assim como as afirmaccedilotildees de pertencimento religioso Vale
destacar que existem momentos dedicados aos diferentes aspectos da celebraccedilatildeo
a parte ldquoreligiosardquo e a ldquoprofanardquo A festa conta com um Leilatildeo das Penosas (galinhas
assadas) que eacute organizado pela igreja onde todo dinheiro eacute computado como parte
do resultado do festejo Existe outro espaccedilo da festa que eacute marcado pelas barracas
(com comidas bebidas jogos de azar diversos e brincadeiras) e parque de
diversotildees Existem os bailes que satildeo feitos na quadra de esportes (satildeo pagos) e os
shows (gratuitos) que satildeo organizados pela prefeitura em um palanque principal na
rua O autor acredita em uma estratificaccedilatildeo social onde prevecirc lugares adequados
para os diferentes grupos sociais Nos leilotildees havia uma clara demarcaccedilatildeo social os
da zona rural considerados pobres eram ausentes nos pavilhotildees assim como os
moradores do sitio que ficavam em peacute olhando o decorrer dos leilotildees existindo uma
presenccedila marcante dos filhos-ausentes poliacuteticos e pessoas consideradas ricas As
galinhas eram arrematadas por um preccedilo alto (chegaram em 2009 a 600 reais)
subindo o valor em ldquoano de politicardquo No ano de 2002 as galinhas assadas (frias
sem gosto e magras) passaram a ser feitas por um restaurante da regiatildeo (a igreja
contratou) tornando- se saborosas No ano de 2009 dois jovens criaram uma noite
atiacutepica no dia 20 (O dia 20 eacute dedicado ao santo comeccedila com a alvorada agraves 5 horas
prossegue com a missa e a realizaccedilatildeo de batizados e terminar com a procissatildeo agrave
noite natildeo tinha nada) uma festa fora dos padrotildees onde chamavam talentos locais
para se apresentarem ao publico Mas por pedido do novo paacuteroco da cidade no ano
de 2010 natildeo houve Neste ano com novo padre se teve uma presenccedila maciccedila dos
homens nos terccedilos para os homens conversatildeo casamento coletivo de
ldquoamancebadosrdquo proibiu bebidas alcooacutelicas no pavilhatildeo reduziu gastos (com fogos
de artifiacutecio banda de muacutesica etc) visando o fim da ostentaccedilatildeo e incentivo agrave
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
15
participaccedilatildeo dos setores menos privilegiados O padre criou a quermesse (comes e
bebes) apoacutes as novenas e realizaccedilatildeo de bingos (incluindo os considerados pobres)
e o leilatildeo deixou de ser o lugar soacute dos ricos Por fim contradizendo previsotildees
pessimistas (ateacute mesmo pelo fim da bebida alcooacutelica) a festa rendeu um lucro
superior ao dos uacuteltimos anos
O Arraial de Nazareacute em Beleacutem do Paraacute acontece no mecircs de outubro
apresentando interaccedilatildeo social a partir das diversas praacuteticas de lazer vivenciadas
durante a quinzena festiva do Ciacuterio de Nazareacute O Ciacuterio por sua vez eacute uma
manifestaccedilatildeo cultural abrangente que acontece mesmo antes da sua
institucionalizaccedilatildeo em 1793 (homenagem a Nossa Senhora de Nazareacute)
configurando- se como evento significativo do calendaacuterio turiacutestico em acircmbito
nacional e internacional Durante esse periacuteodo a cidade vive momentos de intensa
transformaccedilatildeo onde se tem vaacuterios eventos sendo a procissatildeo o principal evento do
Ciacuterio estando o sagrado e o profano unidos nas celebraccedilotildees Ateacute 1981 o arraial
funcionou em frente a atual Basiacutelica de Nazareacute no entatildeo chamado largo de Nazareacute
que nos uacuteltimos anos passou a ser chamada de praccedila santuaacuterio Tal praccedila tambeacutem
foi palco de muitas manifestaccedilotildees luacutedicas populares da regiatildeo O arraial passou por
inuacutemeras intervenccedilotildees por partes de seus organizadores (proibiccedilatildeo de varias coisas
profanas) isso devido a preocupaccedilatildeo em seguir visotildees religiosas e morais vigentes
Houve a construccedilatildeo do Centro Arquitetocircnico de Nazareacute (CAN) em 1982 e a
transferecircncia do arraial para uma aacuterea lateral de propriedade da igreja Uma das
principais justificativas para essa mudanccedila era que as praacuteticas populares assim
como a aparecircncia fiacutesica do lugar expressavam ldquouma aparecircncia provinciana e pouco
higiecircnicardquo Teve-se uma revitalizaccedilatildeo da praccedila puacuteblica (construccedilatildeo de novos
elementos arquitetocircnicos e paisagiacutesticos) que apontava uma nova tradiccedilatildeo dada
pelos organizadores do Ciacuterio onde ate certo ponto foi conquistada A partir da
deacutecada de 90 com o avanccedilo das muacutesicas catoacutelicas no Brasil a diretoria da festa deu
inicio agrave organizaccedilatildeo do Festival da Canccedilatildeo Mariana e recentemente (2005) ao Ciacuterio
Musical com apresentaccedilatildeo dos famosos padres cantores e grupos (bandas) de
muacutesicos catoacutelicos lanccedilamento de CDs de muacutesicas em homenagem ao Ciacuterio
organiza exposiccedilotildees e leilotildees de artes plaacutesticas de fotografias de mantos organiza
feiras de artesanato e de comidas regionais mostrando o viacutenculo do campo religioso
com outras esferas natildeo religiosas Em 2007 e 2008 teve- se a presenccedila de muitas
barracas (de bebidas alcoacuteolicas e de tabuleiros de jogos de comidas tiacutepicas e de
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
16
produtos religiosos e feira de artesanato- organizada pelo SEBRAE) armadas em
localidades mais afastadas da basiacutelica fora dos arcos que delimitam o arraial
afirmando que cada vez mais a diretoria da festa decide o que eacute mais pertinente
para o arraial Sendo observaacutevel nesse sentido certo esvaziamento pelo
deslocamento de diversas atividades culturais do Ciacuterio para o CAN e outros espaccedilos
modernizados eou nobres da cidade Isso ocorre tambeacutem em funccedilatildeo da existecircncia
de variadas programaccedilotildees ldquoprofanasrdquo por toda a cidade Por fim eacute destacaacutevel o
grande objetivo da diretoria em fazer um espaccedilo permanentemente de visita junto
aos oacutergatildeos governamentais e empresas interessadas no desenvolvimento do setor
turiacutestico da regiatildeo com parque e barracas de produtos variados (religiosos
artesanais comidas tiacutepicas da regiatildeo brindes) missas campais e visitaccedilatildeo da
imagem de Nossa Senhora de Nazareacute (na Praccedila Santuaacuterio) e shows de muacutesicas
pertencentes agrave feacute catoacutelica- na concha acuacutestica da praccedila (MATOS 2010)
Aragatildeo e Macedo (2011) tiveram como objetivo principal abordar os aspectos
da Festa do Senhor dos Passos na cidade de Satildeo Cristoacutevatildeo- Sergipe Os autores
afirmam que o patrimocircnio cultural inserido na festa ao Nosso Senhor dos Passos
estaacute intensamente ligado ao patrimocircnio humano uma vez que a festa processional
em Satildeo Cristoacutevatildeo eacute sempre acompanhada por pessoas devotas Os fieacuteis rezam o
Ofiacutecio da Paixatildeo de Jesus Cristo seguido de uma missa a partir da sexta agrave noite
iniciando o ritual catoacutelico A primeira procissatildeo (composta por sete paradas
estabelecidas e mantidas conforme tradiccedilatildeo recordando os setes passos da Paixatildeo)
eacute no saacutebado agrave noite com cacircnticos ligados aos passos da Paixatildeo Existe a Procissatildeo
do Encontro no domingo com manifestaccedilotildees de fervor religioso onde as pessoas
agradecem pelas graccedilas alcanccediladas ou pedem por intermeacutedio de Jesus ou Maria
para alcanccedilar algum benefiacutecio Atraveacutes da festa criou- se o Museu dos Ex-votos
Existe uma sala anexa a igreja do Senhor dos Passos que durante (dois dias) a
celebraccedilatildeo os devotos trazem objetos referentes agrave graccedilas alcanccediladas em
pagamento de promessas (peccedilas em madeira gesso e parafina representando
partes do corpo humano fotografias mechas de cabelo etc) criando o proacuteprio
acervo do museu Eacute grande o fluxo de pessoas que visitam este museu na festa de
Jesus rememorando a Via Crucis Nessa Festa eacute observaacutevel caracteriacutesticas de
piedade devoccedilatildeo e penitencia puacuteblica ligadas ao sentimento de solidariedade e
identidade religiosa Os visitantes- devotos pela feacute religiosa fixam uma viagem de
sacrifiacutecio onde a penitecircncia e o sofrimento satildeo o reflexo do exemplo de Cristo
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
17
A festa religiosa eacute disseminada sobretudo nos interiores nas pequenas
cidades brasileiras sem distinccedilatildeo Vemos que haacute santos (as) padroeiros (as) que
satildeo definidos para socorrer nas situaccedilotildees difiacuteceis do cotidiano Em nosso objeto de
estudo o municiacutepio de Dona Inecircs o Santo padroeiro Satildeo Sebastiatildeo liga seu festejo
mediante uma referecircncia de situaccedilatildeo de enfermidade seguida de promessa e cura
vivenciada por um morador do municiacutepio Contudo a festa de Satildeo Sebastiatildeo tem
uma forte representatividade na comunidade local se caracterizando por traccedilos
marcantes da memoacuteria social e do patrimocircnio cultural imaterial da cultura da religiatildeo
catoacutelica
13 CATOLICISMO POPULAR E SUA RELACcedilAtildeO COM O PATRIMOcircNIO
CULTURAL IMATERIAL
O catolicismo popular eacute apenas um modo da religiatildeo popular uma forma
especiacutefica de religiosidade e sua maior expressatildeo de devoccedilatildeo encontra- se no culto
aos santos (MESQUITA 2015) O modelo brasileiro exibe vaacuterias expressotildees dentre
tais podemos citar que eacute vivida pelos catoacutelicos ldquosem Igrejardquo tendo muito santo reza
devoccedilatildeo e capela e pouco sacramento missa e Igreja Esse tipo de catolicismo eacute
praticado por uma populaccedilatildeo com pouca ligaccedilatildeo com a oficialidade da Igreja
(HOORNAERT 1994 apud MESQUITA 2015 p 06)
Durante o catolicismo medieval a devoccedilatildeo aos santos se tornou mais intensa
pois o cristianismo passou a expandi-los como heroacuteis (durante a vida e apoacutes a
morte) pelo mundo Consecutivamente os santos foram ganhando devotos e suas
reliacutequias e lugares onde fizeram milagres se tornaram sagrados (COMBLIN 1968
apud MESQUITA 2015 p 11) O cristianismo foi trazido para o Brasil e apresentado
aos indiacutegenas aos africanos e a seus descendentes em situaccedilatildeo de escravidatildeo
criando- se um cristianismo milagreiro com a devoccedilatildeo aos santos estando presente
principalmente no povo pobre (MESQUITA 2015)
Souza (2013) considera a procissatildeo romaria milagre e a festa como
vertentes do catolicismo popular As procissotildees realizadas em algumas festas
religiosas simboliza o pertencimento dos fieis agrave igreja ocorre nas ruas
caracterizando- se por uma cerimonia eclesiaacutestica e profana O autor diz que a
procissatildeo afirma a autoridade da feacute sobre o espaccedilo profano inserindo agrave autonomia
18
da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
19
propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
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143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
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vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
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A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
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IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
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da igreja e fazendo com que a identidade cristatilde seja firmada em si proacuteprio e para
quem se mantem alheio a feacute As romarias por sua vez se ligam ao culto agraves
personalidades tidas como milagrosas sejam elas reconhecidas ou natildeo pela Igreja
Elas exprimem o desejo de encarnar o sofrimento de cristo e de imitaacute-lo O Pelegrino
eacute valorizado por ter visitado um local sagrado por incorporar a sua sacralidade e
pela dificuldade do percurso introduzindo o sentido do sofrimento que o ato de
percorrecirc-lo lhe impocircs
Souza (2013) descreve que o milagre como um momento uacutenico de interaccedilatildeo
entre o ceacuteu (divino) e a terra (natural) onde uma intervenccedilatildeo sobrenatural muda agraves
leis da natureza transformando aquilo que natildeo poderia mudar Ele natildeo pode ser
repetido devido ao seu caraacuteter extraordinaacuterio podendo ser ritualizado estando os
seus efeitos inalterados sendo eles proacuteprios dotados de uma forccedila transcendente e
milagrosa A promessa a festa e um conjunto de ritos visam ganhar o favor do
santo fazendo com que ele interceda em benefiacutecio do seu cotidiano o protegendo e
o salvando As promessas podem visar os mais diferentes objetivos sendo feita de
diversas formas e os pedidos podem ser encaminhados de diferentes maneiras
As festas religiosas se caracterizam por acontecimentos fruto do sincretismo
religioso trazendo consigo propriedades que moldam o espaccedilo transformando-o
num lugar uacutenico Tais representam mudanccedila modificam o espaccedilo e muda o tempo
das comunidades essas caracteriacutesticas satildeo mais visiacuteveis em algumas festas onde
se tem a construccedilatildeo de novas igrejas e a criaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio para o santo
padroeiro (SARAIVA e SILVA 2004)
Eacute observaacutevel que as festas brasileiras em devoccedilatildeo aos santos continuam
atraindo pessoas que se deslocam de diversas partes do Brasil isso desde o seacuteculo
XVI (inicio do periacuteodo colonial) ateacute a atualidade sendo motivadas em render graccedilas
atraveacutes de pagamento de promessa pedido de graccedila e participaccedilatildeo em procissatildeo
Ser devoto a um Santo contribui para afirmar uma personalidade baseada em accedilotildees
discursos e experiecircncias que moldam o indiviacuteduo na direccedilatildeo do objeto sagrado O
turismo cultural-religioso natildeo eacute a uacutenica forma de impulsionar esses estiacutemulos mas
atraveacutes do deslocamento promove o fluxo de pessoas em busca de atividades
sensoriais e emocionais A movimentaccedilatildeo aos locais sagrados consolida a
religiosidade como fator de identidade em uma sociedade enquadrada numa crenccedila
(ARAGAtildeO e MACEDO 2011) Desta forma vemos que as festas religiosas
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propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
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14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
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Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
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Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
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15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
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IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
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propagam a feacute atraveacutes de uma promessa na qual o individuo alcanccedilou a sua
becircnccedilatildeo pelo santo que ele eacute devoto
Caponero e Leite (2010) citam a legislaccedilatildeo nacional que prevecirc o registro do
patrimocircnio imaterial como forma de salvaguarda e preservaccedilatildeo das praacuteticas culturais
que constituem a identidade e memoacuteria nacional das geraccedilotildees seguintes Dentre
esses bens registraacuteveis citamos agraves festas populares Tomando como ponto de
partida verifica- se que podemos inferir que as festas religiosas (festas do padroeiro)
tem total relaccedilatildeo com o patrimocircnio cultural imaterial sendo destacadas pela tradiccedilatildeo
recriada pelas comunidades representaccedilotildees (imagens do santo padroeiro) praacuteticas
(novenaacuterio missas procissotildees e leilotildees) lugares culturais (igrejas) que lhe satildeo
atribuiacutedos e por ser um evento festivo
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14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
20
14 FESTA DE SANTA INEcircS E SAtildeO SEBASTIAtildeO EM DONA INEcircS
A cidade de Dona Inecircs estaacute localizada na regiatildeo do curimatauacute (agreste
paraibano) a aproximadamente 160 km da capital Joatildeo Pessoa possuindo uma
populaccedilatildeo predominantemente catoacutelica (IBGE 2017)
141 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs
Satildeo Sebastiatildeo (Figura 2) de famiacutelia nobre vivia em um tempo em que os
cristatildeos jaacute natildeo eram mais perseguidos Tal tinha um cargo importante na hierarquia
militar sempre dissimulando a sua condiccedilatildeo cristatilde Quando o imperador descobriu
essa condiccedilatildeo se sentiu traiacutedo e decretou que ele fosse morto agrave flechadas Satildeo
Sebastiatildeo conseguiu se salvar devido agrave ajuda de uma viuacuteva chamada Irene que
retirou as flechas do seu peito e tratou as feridas Quando se recuperou foi ateacute o
imperador e pediu que ele deixasse de perseguir os cristatildeos mas o imperador natildeo
desistiu e mandou espancaacute-lo e tal natildeo resistiu Satildeo Sebastiatildeo eacute procurado quando
epidemias estatildeo presentes pois dizem que ele atendeu varias preces como a de
Roma em 6801
Figura 1 Localizaccedilatildeo da cidade Dona Inecircs 2017
Fonte IBGE
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
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igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
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143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
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vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
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A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
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15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
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IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
21
Santa Inecircs (Figura 2) pertencia agrave nobreza romana era destacada por uma
beleza e seu nome significa ldquopurezardquo em grego Mesmo recebendo proposta de
casamento aos 13 anos de idade pelo filho do prefeito de Roma Inecircs dizia que
consagrara inteiramente a Deus O seu pretendente a acusou ao Imperador
Diocleciano como adepta ao cristianismo sendo entatildeo torturada e condenada agrave
morte Inecircs morreu degolada e foi enterrada na Via Nomentana (proximidades de
Roma) onde mais tarde fez- se uma igreja em sua devoccedilatildeo1
142 Origem da festa
A festa de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo tem mais de 80 anos2 Existe um livro
de tombo da igreja onde se tem o registro da festa este foi feito em 19 de outubro
de 1991 tendo como colaboradora Antocircnia Gomes da Costa Ferreira1 Mas natildeo
existe uma Lei especiacutefica sobre a festa Sabe- se que o Conselho Municipal de
1 Informaccedilotildees do livro tombo (livro que registra lista e inscreve bens nos arquivos da igreja) da
novena de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo compartilhado pela secretaria (haacute 20 anos) da Paroacutequia Maria Nilma Pereira Borges 2 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Maria Nilma Pereira Borges secretaacuteria da paroacutequia
Figura 2 Satildeo Sebastiatildeo e Santa Inecircs Dona Inecircs 2017 Fonte
Cruz terra Santa
22
Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
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Cultura prepara um calendaacuterio de eventos anuais incluindo a Festa reconhecendo a
importacircncia desta tradiccedilatildeo para a cultura local3
A sua origem se deu por uma promessa a Satildeo Sebastiatildeo feita pelo senhor
Manoel Ferreira de Lima (conhecido como Manuel Praeiro) que sofria de uma
enfermidade que natildeo cicatrizava Manoel prometeu que se ficasse curado rezaria
todos os anos uma novena para o santo Tendo alcanccedilado a graccedila de ficar curado
da enfermidade Praeiro comeccedilou a rezar a novena ao santo em Janeiro de 1936
continuando nos anos seguintes Em 10 de julho de 1995 a igreja de Dona Inecircs
recebeu o tiacutetulo de Paroacutequia sob liberaccedilatildeo do Bispo Marcelo Pinto Carvalheira
passando a ter como padroeiros o jaacute conhecido e venerado Satildeo Sebastiatildeo e Santa
Inecircs em virtude do nome da cidade passando a se chamar a partir daquela data
Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo dai o nome da festa Sabe- se que por
volta de 1852 foi construiacuteda a primeira capela de Dona Inecircs conhecida hoje como
igreja matildee (Figura 3) onde pouco tempo depois os padres de Bananeiras
comeccedilaram a celebrar missas casamentos e batizados Desde o inicio a populaccedilatildeo
tinha devoccedilatildeo de rezar a novena de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo (celebrada em 8
de dezembro) tal era a padroeira da Capela Poreacutem apoacutes a graccedila alcanccedilada do
senhor Praeiro a noticia de cura intercedida por Satildeo Sebastiatildeo foi se espalhando
entre a populaccedilatildeo e com ela crescia a devoccedilatildeo pelo Santo e o numero de pessoas
que participavam da novena1
Em setembro de 1972 o Padre Joseacute Floren chegou agrave cidade e vendo a
necessidade de uma igreja maior no ano de 1975 iniciou a construccedilatildeo de uma nova
3 Informaccedilotildees adquiridas pela entrevista com Edson Felipe Pereira da Silva coordenador do grupo de
oraccedilatildeo Amanhecer
Figura 3 Capela atual igreja matildee Dona Inecircs 2017 Fonte Maria Nilma Pereira
Borges
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igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
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143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
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vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
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A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
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15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
30
MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
32
ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
23
igreja a igreja Matriz (Figura 4) de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo na qual foi
inaugurada mesmo inacabada no ano de 1976 Por esse tempo a festa de Satildeo
Sebastiatildeo jaacute era tida como a festa do padroeiro mesmo com o incentivo dos padres
ao novenaacuterio de Nossa Senhora da Conceiccedilatildeo essa devoccedilatildeo foi sempre tida como
secundaacuteria1
A Igreja Matriz eacute constituiacuteda de um altar onde se tem a estaacutetua de Santa Inecircs
e de Satildeo Sebastiatildeo Padroeiros da cidade (Figura 5)
Figura 4 Igreja Matriz Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM-
Pastoral da Comunicaccedilatildeo
Figura 5 Igreja Matriz altar Dona Inecircs 2017 Fonte arquivo
pessoal
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
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15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
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IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
24
143 Organizaccedilatildeo do Novenaacuterio de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo
No iniacutecio o novenaacuterio de Satildeo Sebastiatildeo terminava com a celebraccedilatildeo de uma
missa (Figura 6) e a procissatildeo com a imagem do santo pela cidade Com o passar
do tempo agraves comunidades da zona rural comeccedilaram a participar e depois ateacute
pessoas de outras cidades Nesse tempo os fieacuteis da zona rural passaram a fazer
doaccedilotildees (animais frutas e sementes) para serem leiloados na festa da igreja O
novenaacuterio se tornou um grande evento religioso e posteriormente passou a integrar
uma festa de rua (profano) em frente agrave igreja logo apoacutes a missa Nessa festa de rua
era armado um pavilhatildeo para diversatildeo popular sendo o lucro revertido agrave igreja para
reformas e aquisiccedilatildeo de objetos religiosos Depois de um tempo essas festas de
ruas foram abandonadas ficando o novenaacuterio com missas e leilotildees1 Existiam
tambeacutem as ladainhas (Figura 6) cantadas por grupos da fita azul e vermelha2
Em 2008 Padre Roberivaldo Antocircnio da Silva assumiu a paroacutequia junto com
o advento das mudanccedilas ao longo do tempo O novenaacuterio atualmente dura 10
noites Para cada noite existe uma programaccedilatildeo sagrada (seja missa novena oficio
do divino batizados ou junccedilatildeo desses) onde cada dia tem um padre responsaacutevel
assim como um grupo O novenaacuterio se inicia com a novena e carreata (Figura 7)
Figura 6 Celebraccedilatildeo da missa e Ladainhas Dona Inecircs 2017 Fonte Maria
Nilma Pereira Borges
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vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
29
REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
31
INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
25
vindo da igreja de Nossa Senhora de Guardalupe da comunidade de Queimadas
ateacute a igreja matriz onde eacute celebrada a missa (Figura 7) e abenccediloado os veiacuteculos2
Houve a preservaccedilatildeo da finalizaccedilatildeo do novenaacuterio que ainda continua com a
procissatildeo das imagens dos santos (Figura 8) saindo da igreja matildee percorrendo
pela cidade ateacute retornar a referida igreja onde eacute celebrada a missa (Figura 8) de
encerramento hoje campal2
Figura 7 Carreata e missa Dona Inecircs 2017 Fonte PASCOM- Pastoral da
Comunicaccedilatildeo
Figura 8 Procissatildeo e missa de encerramento Dona Inecircs 2017 Fonte
PASCOM- Pastoral da Comunicaccedilatildeo
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
28
IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
26
A comissatildeo que faz parte da organizaccedilatildeo da parte sagrada da festa tambeacutem
fica responsaacutevel pela parte profana constituiacuteda por quermesse bingos (ocorrido
todas as noites) e atraccedilotildees culturais (os leilotildees deixaram de existir) Essa comissatildeo
eacute responsaacutevel por conseguir doaccedilotildees tanto para o bingo quanto para as despesas
da Festa como por exemplo as flores para o altar As doaccedilotildees natildeo soacute vem da zona
rural como antes mais da populaccedilatildeo e comerciantes da Cidade A comissatildeo sai em
campo fazendo essa arrecadaccedilatildeo sendo que por se tratar de uma tradiccedilatildeo muitas
doaccedilotildees chegam de forma espontacircnea Vale salientar que haacute algum tempo deixou
de se vender as cartelas do bingo hoje o bingo eacute para os dizimistas que recebem
gratuitamente 9 cartelas com as quais iratildeo concorrer toda noite apoacutes a Novena3
Todo dinheiro vindo dos lucros da Festa dos Padroeiros (quermesse
doaccedilotildees ofertoacuterios) eacute utilizado para fins de evangelizaccedilatildeo (reformas na estrutura
fiacutesica da Igreja doaccedilotildees agraves famiacutelias carentes viagens formaccedilotildees eventos) assim
como anteriormente A Paroacutequia como as demais dispotildee de uma conta bancaacuteria
onde o dinheiro eacute depositado e fica sendo utilizado de acordo com a necessidade A
cada ano eacute feita a prestaccedilatildeo de contas na qual se expressa agraves entradas e saiacutedas da
Festa sendo apresentada aos animadores de comunidades e coordenadores de
grupos em reuniatildeo e ainda eacute afixada no quadro de avisos da Secretaria Paroquial
bem como no da proacutepria Igreja estando assim disponiacutevel a todos os fieacuteis3
Esse nome ldquoFesta de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeordquo foi dado por causa da
associaccedilatildeo do novenaacuterio e shows (hoje puacuteblicos) feitos no mesmo periacuteodo Eacute
destacaacutevel a importacircncia dessa festa na vivecircncia local da comunidade eacute uma
praacutetica cultural relacionada com a identidade e memoacuteria coletiva local que passa de
geraccedilatildeo e geraccedilatildeo constituindo um matrimocircnio cultural e Imaterial
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15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
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IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
27
15 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Podemos destacar que a festa eacute considerada muito importante para a cidade
onde desde que foi concedido o milagre o numero de devotos soacute foi crescendo e
esta passou a ser identidade local da cidade A cada ano esse acontecimento eacute
reafirmado em meios agraves outras promessas alcanccediladas fazendo desta forma parte
da memoria coletiva local Eacute observaacutevel a vivencia e o cotidiano da comunidade
mantendo assim essa memoacuteria viva que se transmite de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo
Tambeacutem eacute destacaacutevel o aumento do nuacutemero de visitantes para prestigiar os
momentos sagrados e profanos dos padroeiros (Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo)
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IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
cessatildeo subscrevo a presente
___________________________________________________
Assinatura do depoente
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IMMATERIAL HERITAGE FEAST OF SANTA INEcircS AND SAtildeO SEBASTIAtildeO IN
DONA INEcircS-PB
ABSTRACT
We knows that existing festivities are important factors in projecting the memory and identity of the local community representing in this way the Immaterial Cultural Heritage In means to the questions inherent in the immaterial heritage we try to answer a question How the patron saints feast relates to identity and the local collective memory The methodology of the work is associated with the use of primary source (the book of tombo) bibliographic analysis and access to orality through oral history The article too seeks to emphasize the importance of the issue of immaterial heritage related to religiosity It is observable that religious festivals propagate the faith through a promise in which the individual has attained his blessing by the saint he is devout In our study object the municipality of Dona Inecircs the patron saint Satildeo Sebastiatildeo connects his celebration with a reference to the situation of illness followed by promise and cure experienced by a resident of the municipality It can be seen that the feast of Saint Sebastian has a strong representation in the local community characterized by remarkable features of the social memory and immaterial cultural heritage of the culture of the Catholic religion
KEYWORDS Immaterial Heritage Popular Catholicism Patron Saint
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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ANEXO A Modelo da carta de cessatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAIacuteBA
CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
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REFEREcircNCIAS
ARAGAtildeO I MACEDO J R Turismo religioso patrimocircnio e festa Nosso Senhor dos Passos na cidade sergipana de Satildeo Cristoacutevatildeo Caderno Virtual de Turismo v 11 n 3 2011 BARROS S C B NASCIMENTO NETO L E Um olhar geograacutefico na festa de Satildeo Sebastiatildeo no Encanto- RN Geo temas v 1 n 1 p 48- 58 2011 CAPONERO M C LEITE E Inter-relaccedilotildees entre festas populares poliacuteticas puacuteblicas Patrimocircnio Imaterial e turismo Patrimocircnio Lazer amp Turismo v7 n 10 2010 CASTRO M L V FONSECA M C L Patrimocircnio imaterial no Brasil legislaccedilatildeo e poliacuteticas estaduais Brasiacutelia UNESCO Educarte 2008 COMBLIN J Para uma tipologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA v 9 n 15 2015 CURADO J G T LOcircBO T C Festas do Catolicismo popular expressotildees identitaacuterias presentes em Pirenoacutepolis-Goiaacutes Ciberteologia - Revista de Teologia amp Cultura n 35 2011 FERREIRA A G C Livro de Tombo Arquivo Paroacutequia de Santa Inecircs e Satildeo Sebastiatildeo Dona Inecircs-PB 19101991 HOORNAERT E Thales de Azevedo e a sociologia do catolicismo no Brasil In MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 MARIANO Neusa de Faacutetima Religiosidade popular e espetaacuteculo a festa do Divino de Mogi das Cruzes - SP Cadernos CERU [Sl] v 19 n 2 2008 MATOS L S A Festividade do Ciacuterio de Nazareacute e as transformaccedilotildees do arraial Novas praacuteticas de lazer na afirmaccedilatildeo do turismo religioso Licere v 13 n 14 2010
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MESQUITA F A A Veneraccedilatildeo aos Santos no Catolicismo popular brasileiro ndash Uma aproximaccedilatildeo histoacuterico-teoloacutegica REVISTA DE TEOLOGIA (RevEleTeo) v 9 n 15 2015 PELEGRINI S C A A gestatildeo do patrimocircnio Imaterial Brasileiro na contemporaneidade HISTOacuteRIA v 27 n 2 2008 PELEGRINI S C A FUNARI P P O que eacute patrimocircnio cultural imaterial In FARINHA A B CARLE C B A diversidade religiosa e o patrimocircnio imaterial navegantes e iemanjaacute em pelotas ndash RS Expressa Extensatildeo v19 n1 2014 PIRES F A Festa de Satildeo Sebastiatildeo em Catingueira transformaccedilotildees e permanecircncias dez anos depois REVISTA DE ANTROPOLOGIA v 54 n 2 2011 SARAIVA A L SILVA J C Espacialidade das festas Religiosas em comunidades Ribeirinhas PRESENCcedilA REVISTA DE EDUCACcedilAtildeO CULTURA E MEIO AMBIENTE v VIII n 29 2004 SILVEIRA M F A festa como um bem de referecircncia do patrimocircnio cultural imaterial O caso da folia de Zeacute Pereira no Ribeiratildeo da Ilha Cadernos NAUI v 1 n1 2012 SOUZA C G G Patrimocircnio Cultural o processo de ampliaccedilatildeo de sua concepccedilatildeo e suas repercussotildees Revista dos Estudantes de Direito da Universidade de Brasiacutelia n 7 2008 SOUZA R L Festas procissotildees romarias milagres aspectos do catolicismo popular Ed IFRN Natal 2013 160p REFEREcircNCIA ELETROcircNICA CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DE 1988 Disponiacutevel em httpwwwtrtspjusbrlegislacaoconstituicao-federal-emendas Acesso em 07 08 2016 CRUZ TERRA SANTA- Disponiacutevel em httpwwwcruzterrasantacombrhistoria-de-santa-ines86102 Acesso em 28 03 2017
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
Estado civil_________________ Documento de Identidade
Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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de minha entrevista gravada no dia 14 de janeiro de 2017 (14012017) para o
entrevistador Renata Luacutecio de Oliveira Arauacutejo usaacute-las integralmente ou em partes
sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
Abdicando de direitos meus e de meus descendentes quanto ao objetivo dessa carta
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INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Disponiacutevel em httpcidadesibgegovbrxtrastemasphplang=ampcodmun=250570ampidtema=16ampsearch=||sEDntese-das-informaE7F5es Acesso em 28 03 2017 INSTITUTO DO PATRIMOcircNIO HISTOacuteRICO E ARTIacuteSTICO NACIONAL-IPHAN- Disponiacutevel em httpportaliphangovbrpaginadetalhes234 Acesso em 02 04 2017 ORGANIZACcedilAtildeO DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA EDUCACcedilAtildeO A CIEcircNCIA E A CULTURA- UNESCO- Disponiacutevel em httpwwwunescoorgnewptbrasiliacultureworld-heritageintangible-heritage Acesso em 02042017
PASCOL ndash PASTORAL DA COMUNICACcedilAtildeO- Disponiacutevel em httpwwwparoquiasantainesesaosebastiaocom201101nossas-capelashtml Acesso em 28 03 2017 DEPOIMENTO ORAL Maria Nilma Pereira Borges Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017 Edson Felipe Pereira da Silva Depoimento realizado no dia 14 de janeiro de 2017
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CARTA DE CESSAtildeO
Dona Inecircs ndash PB _________________
Eu_________________________________________________________________
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Nordm__________________ declaro para os devidos fins que cedo os direitos autorais
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sem restriccedilotildees de prazos ou citaccedilotildees desde a presente data
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