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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIËNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM GISELLE BORBA DA ROSA RAQUEL CÚRCIO MIGUEL AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO DE ENFERMAGEM DE PRÉ- NATAL EM UM MUNICÍPIO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS/SC Biguaçu 2009

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIËNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

GISELLE BORBA DA ROSA

RAQUEL CÚRCIO MIGUEL

AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO DE ENFERMAGEM DE PRÉ-

NATAL EM UM MUNICÍPIO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS/SC

Biguaçu

2009

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GISELLE BORBA DA ROSA

RAQUEL CÚRCIO MIGUEL

AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DO PROTOCOLO DE ENFERMAGEM DE PRÉ-

NATAL EM UM MUNICÍPIO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS/SC

Projeto apresentado à disciplina de Metodologia da Pesquisa como requisito para a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Biguaçu, sob a orientação da Prof.ª MSc. Ângela Maria Blatt Ortiga

Biguaçu

2009

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RESUMO

O protocolo assistencial para o pré-natal e puerpério na atenção básica visa organizar e

qualificar a assistência prestada, especialmente no diagnóstico precoce e no encaminhamento

apropriado dos casos de gestação de alto risco, com a finalidade de auxiliar na redução dos

índices de mortalidade. Esta pesquisa tem como objetivo Avaliar a implantação do protocolo

assistencial de enfermagem em pré-natal da baixo risco em um município da Grande

Florianópolis. Dentre os objetivos específicos, destacam-se: descrever a metodologia utilizada

na formulação e implantação do protocolo assistencial de pré-natal na atenção básica em um

município da Grande Florianópolis; identificar a freqüência de utilização deste protocolo na

assistencial de pré-natal; e identificar as dificuldades e facilidades na formulação e

implantação do protocolo. Trata-se de uma pesquisa descritiva por meio de um estudo de caso

com abordagem qualitativa à luz da teoria de Orem. A coleta dos dados ocorreu através da

aplicação de um questionário semi-estruturado. Foi sorteada uma Unidade Básica de Saúde

para avaliar a utilização do protocolo através de um check list. Os dados foram classificados,

categorizados e interpretados de acordo com as semelhanças e diversidades nas respostas,

identificando-se quatro categorias de análise: (I) implantação do protocolo de pré-natal; (II)

qualificação profissional dos enfermeiros referente ao pré-natal de Baixo Risco; (III)

obstáculos e facilidades para utilização do protocolo de pré-natal de baixo risco; (IV)

avaliação da assistência pré-natal prestada pelos enfermeiros. Realizou-se uma oficina cuja

metodologia foi participativa para validação dos dados. Conclui-se como aspecto facilitador a

credibilidade por parte dos enfermeiros no protocolo e a aceitação das gestantes em realizar

pré-natal com enfermeiros. A pesquisa também possibilitou indicar as causas que estejam

dificultando ou impedindo a utilização do protocolo de assistência ao pré-natal na Estratégia

Saúde da Família do município estudado e permitiu a reflexão sobre o processo de

trabalho dos enfermeiros e a proposição da revisão e implementação deste protocolo.

Palavras-chave: Protocolo clínico. Pré-natal. Enfermagem.

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ABSTRACT

The prenatal assistencial protocol for and the puerpério one in the basic attention aim at to

organize and to characterize the given assistance, especially in the precocious diagnosis and

the guiding to the level of appropriate accompaniment to the cases of gestation of high risk,

with the purpose of assisting in the reduction of the mortality indices. This research has as

objective To evaluate the paper of the nurse in the implantation of prenatal the assistencial

protocol of in the City of Biguaçu, being been the detailed specific objectives in the following

way: to describe the methodology used in the formularization and implantation of the

assistencial protocol of prenatal in the basic attention in the City of Biguaçu; to identify

thefrequency of use of the assistencial protocol of prenatal in a basic unit of health of the City

of Biguaçu: e to identify to the difficulties and easinesses in the formularization and

implantation of the protocol. The theory of Oren is about a descriptive Research through a

study of case with qualitative boarding on the basis of. Coleta of the data occurred through the

application of a half-structuralized questionnaire. Being drafted a Basic Unit of Health to

evaluate the use of the protocol through one chec list. The data had been classified,

categorized and interpreted in accordance with the similarities and diversities in the answers,

identifying themselves four categories of it analyzes: Implantation of the protocol of

prenatal; Professional qualification of nurses referring to the prenatal one of Low Risk;

Obstacles and easinesses for use of the protocol of native daily pay of low risk; Evaluation of

the prenatal Assistance given by the nurses. Workshop with participativa methodology was

become fullfilled for validation of the data. A facilitador aspect is concluded is the

credibility on the part of the nurses in the protocol and the acceptance of the gestante in

carrying through prenatal with nurses. The research, made possible to indicate the causes that

are making it difficult or hindering the use it protocol of assistance to the native daily pay in

the Strategy Health of the Family of Biguaçu and made possible the reflection on the process

of work of the nurse and the proposal of the revision and implementation of this protocol.

Keywords: Clinical protocol. Prenatal. Nursing.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Avaliação do protocolo ............................................................................................. 34 Figura 2: Avaliação do protocolo ............................................................................................. 34

Gráfico 1: Distribuição dos enfermeiros que atuam na assistência pré-natal segundo sexo, Biguaçu-SC, 2009. .................................................................................................................... 36 

Gráfico 2: Distribuição das enfermeiras que atuam na assistência pré-natal segundo idade, Biguaçu-SC, 2009. .................................................................................................................... 37 

Gráfico 3: Distribuição das enfermeiras segundo a instituição de ensino superior do curso de graduação em enfermagem, Biguaçu-SC, 2009. ...................................................................... 38 

Gráfico 4: Distribuição das enfermeiras das Unidades de Saúde Biguaçu-SC, segundo anos de formação. Biguaçu-SC, 2009. .............................................................................................. 38 

Gráfico 5: Distribuição das enfermeiras das Unidades de Saúde de Biguaçu, segundo o tempo de serviço no município.Biguaçu, 2009. ....................................................................... 39 

Gráfico 6: Distribuição das enfermeiras das Unidades de Saúde segundo especializações concluídas ou em curso, Biguaçu-SC, 2009. ............................................................................ 40 

Gráfico 7: Conhecimento sobre a forma de elaboração do Protocolo Saúde da Mulher Pré-Natal Baixo Risco, Biguaçu-SC, 2009. .................................................................................... 42 

Gráfico 8: Número de enfermeiras que recebeu capacitação na área de assistência pré-natal no município de Biguaçu-SC, 2009. ......................................................................................... 43 

Gráfico 9: Percentual de aceitação das gestantes sobre a realização de pre-natal pelas enfermeiraa no município de Biguaçu-SC, 2009...................................................................... 44 

Gráfico 10: Utilização do protocolo de assistência pré-natal de baixo risco nas consultas das enfermeiras das Estratégias de Saúde da Família de Biguaçu, 2009. ................................... 45 

Gráfico 11: Ações realizadas durante o pré-natal baixo nas Unidades ESF, no município de BIGUAÇU-SC, 2009. ............................................................................................................... 48 

Gráfico 12: Distribuição das gestantes de acordo com as Unidades de Saúde da Família cadastradas no SIAB município de Biguaçu-SC. ..................................................................... 53 

Quadro 1: Freqüência das informações colhidas na anamnese na primeira consulta feita pelos enfermeiros e médicos de uma Equipe da ESF no município de Biguaçu-SC, 2009. ........... 50

Quadro 2: Distribuição de freqüência dos procedimentos realizados no exame físico pelo enfermeiro da Unidade ESF do município de Biguaçu-SC, 2009. ........................................... 50

Quadro 3: Freqüência dos procedimentos realizados durante o exame obstétrico pela enfermeira dos 14 prontuários analisados da Unidade ESF sorteada, no município de Biguaçu-SC, 2009. .................................................................................................................................. 52

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LISTA DE SIGLAS

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

COFEN – Conselho Federal de Enfermagem

COREN – Conselho Regional de Enfermagem

ESF – Estratégia de Saúde da Família

FNQ – Fundação Nacional da Qualidade

ICM – International Confederation of Midwives

NAGEH – Núcleo de Apoio à Gestão Hospitalar

OMS – Organização Mundial de Saúde

PHPN – Programa Nacional de Humanização no Pré-Natal e Nascimento

SAE – Sistematização da Assistência de Enfermagem

SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica

SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Compromisso Livre e Esclarecido

UBS – Unidade Básica de Saúde

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AGRADECIMENTOS GISELLE

Agradecemos primeiramente a Deus por tanto quanto nos tem dado.

A Angela professora que exerceu com muito mérito a orientação deste trabalho com

dedicação, envolvimento, carinho, doação e tantas outras qualidades que permeiam esta

profissional e amiga tão especial. Muito obrigada!

A banca, Prof da Aymee e Enf Andréia que através de suas análises possibilitaram o

burilamento deste trabalho.

Agradeço ao meu pai Silésio pelo forte incentivo, e principalmente a minha mãe Rose

pelo companheirismo (me fazendo companhia, até tarde quando necessário), orientação

segura e amor que sempre me dedicou.

Agradeço muito a minha segunda mãe, minha vó Ivete, pelo tanto que tem se dedicado

a mim, não apenas agora mas durante toda a minha vida, te amo.

A minha irmã Mirella, minha terceira mãe, que sempre, em todos os momentos da

minha vida, alegres e tristes esteve ao meu lado, me cuidando, me ajudando, me empurrando

pra frente e me defendendo de tudo o que pudesse me machucar. Obrigada

Ao meu noivo Rafael pela compreensão incondicional, pela imensa boa vontade em

sempre me ajudar, pelos carinhos e amor que sempre me dispensou.

A minha amiga Zurita, pela amizade sincera e apoio.

Aos amigos da UTI do Hospital Universitário e da UPA sul pelo apoio e suporte qye

sempre me deram.

Agradeço a família CIDARE (em especial ao Sr Adilsom), por constituir parte

fundamental da minha vida.

Aos professores, em especial Luciane, Samara, Catarina, Valdete, Adriana, Lurdinha,

Janelice e tantas outras que com carinho e profissionalismo foram exemplos a serem seguidos.

As amigas que tive o prazer de fazer na faculdade Roberta, Wiviane, Lúcia, Cristina,

Cintia. Jaqueline, Tábata, além de todos os colegas com quem tive o prazer de dividir uma

sala de aula.

E agradeço principalmente a minha amiga Raquel, que me acolheu tão generosamente,

pessoa especial, dinâmica, decidida, e ao mesmo tempo tão frágil e sensível, linda por dentro

e por fora,que tanto me ajudou, e ensinou. Sei que serás uma profissional fantástica. Deus não

fecha uma porta sem abrir uma janela, sei que terás o que de melhor há no mundo porque tem

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inúmeras qualidades e principalmente porque você merece. Espero que estejamos sempre

juntas e muitíssimo obrigada amiga.

Agradeço ainda a todos que de alguma forma contribuíram para a realização e

conclusão desta etapa tão importante. Muito obrigada

AGREDECIMENTOS RAQUEL

Orientadora Ângela;

Obrigada por seu apoio, incentivo, respeito à nossas idéias, por ter confiado e nos

ajudado na construção e finalização deste trabalho e principalmente, pelo incansável empenho

e contribuição no nosso aprendizado, desde o início desta caminhada. Mestres são aqueles

que, como você, não apenas passaram conhecimentos, mas também confiança e amizade

capazes de se tornarem inesquecíveis.

Coordenadora e professora Ligia, pelo acolhimento no decorrer da minha

transferência, me fazendo acreditar que dias melhores virão.

Aos meus irmãos;Charles;Sueli;Vicente;Eder;Carmem;Denise, cada um de alguma forma

contribuiu para esse processo de formação e conclusão acadêmica.

Aos meus Pais, vocês que me deram a vida, e ensinaram a vivê-la com dignidade e respeito.

Que me apoiavam incondicionalmente, mesmo quando os meus ideais pareciam distantes,

vocês sempre tinham uma palavra de incentivo.

Durante essa caminhada, não foram apenas pais, mas amigos e companheiros que

compartilhavam meu cansaço, minhas decepções e alegrias, dias e noites chorando no período

em que fiquei longe fisicamente, mais em nenhum momento deixei de perceber que

espiritualmente estavam sempre ali ao meu lado.

Amo vocês!!!!!!

Ao meu filho “Lucas” Que me enche de orgulho, apesar de sua pouca idade, carrega uma

surpreendente maturidade. Tornou-se meu amigo, confidente, conselheiro, e quando me via

triste e chorando me falava com todo seu carinho, não chora mãe “eu te amo mais que tudo na

minha vida”

È pra ele que dedico essa vitória e todas as outras que ainda virão.

Aos Amigos;

Giselle,que viajou comigo nesse trem de alegria, tristezas que permearam a construção desse

tcc. Amiga disponível nos momentos de tristeza, raiva, insegurança, munida sempre de

palavras positivas e incentivadoras.

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Jaqueline, que me recebeu com um carinhoso abraço no primeiro dia de aula após 4 anos

distante, posteriormente com a convivência de estágio.

Reji,dupla de estágio, amiga, que terá para sempre cadeira cativa em meu coração.

E todos os Amigos de Recife que durante os três primeiros anos de faculdade fizeram parte da

minha família; Mari,Cida,Rejane,Yolanda,Fabiana,Lurdes,Márcia,Catarina, Rosangela,Eunice

e Heraldo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10 2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 13 2.1 Geral ................................................................................................................................... 13 2.2 Específicos .......................................................................................................................... 13 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 14 3.1 A assistência pré-natal ........................................................................................................ 14 3.2 Assistência de Enfermagem ............................................................................................... 19 3.3 Protocolo clínico ................................................................................................................. 22 4 MARCO CONCEITUAL ...................................................................................................... 24 4.1 Falando sobre a teoria ......................................................................................................... 24 4.1.1 A teoria do autocuidado de Dorothea Orem .................................................................... 24 4.1.2 A teoria de déficit de autocuidado ................................................................................... 25 4.1.3 A teoria de sistemas de enfermagem ............................................................................... 25 4.1.4 O processo de Enfermagem de Orem ........................................................................... 26 5 METODOLOGIA .................................................................................................................. 30 5.1 Tipificação da pesquisa ...................................................................................................... 30 5.1.1 Estudo de caso ................................................................................................................. 30 5.1.2 Local do estudo ................................................................................................................ 30 5.1.3 Sujeitos de pesquisa ......................................................................................................... 31 5.1.4 Passos metodológicos ...................................................................................................... 31 5.1.5 Análise dos dados ............................................................................................................ 32 5.1.6 Questões éticas ................................................................................................................ 35 6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .............................................................. 36 6.1 Identificação dos sujeitos de pesquisa ................................................................................ 36 6.2 Formulação e implantação do protocolo de pré-natal ........................................................ 41 6.3 Qualificação profissional dos enfermeiros referente ao pré-natal de Baixo Risco .... 43 6.4 Dificuldades e facilidades para utilização do protocolo ao pré-natal de Baixo Risco ..... 44 6.5 Avaliação da Assistência pré-natal de baixo risco prestada pelos enfermeiros .............. 46 6.5.1 Primeira consulta ............................................................................................................. 49 6.5.2 Análise dos prontuários ................................................................................................... 49 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 54 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 56 ANEXO A - Aprovação do CEP .............................................................................................. 60 APÊNDICE A – Carta de intenção para realização da pesquisa .............................................. 63 APÊNDICE B – Check list para observação e análise dos prontuarios de pré-natal ............... 66 APÊNDICE C – Livre Esclarecimento TCLE ......................................................................... 69 APÊNDICE D – Termo de compromisso orientação ............................................................... 71

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1 INTRODUÇÃO

A mortalidade materna e a neonatal são consideradas como indicadores dos mais

sensíveis para avaliar não só a qualidade da assistência à saúde de uma população como

também a sua qualidade de vida. Há uma tendência mundial a considerar que a existência de

altas taxas de morte materna e neonatal configura grave violação aos direitos humanos.

Em toda a América Latina, morrem por ano aproximadamente 28 mil mulheres devido

a complicações na gestação, no parto e puerpério. O mais grave é que 98% de todas estas

mortes são classificadas como sendo evitáveis se houvesse condições adequadas de

assistência à saúde reprodutiva. A assistência pré-natal constitui uma forma de diminuir a

mortalidade infantil e materna. Estas condições não são necessariamente produto apenas de

situações econômicas favoráveis, mas refletem principalmente a capacidade de uma nação de

promover políticas públicas eficazes, como se verifica no Uruguai, Chile, Costa Rica, Cuba,

países periféricos, com razão de morte inferior a 40 por 100 mil nascidos vivos. Por outro

lado, outros países da América Latina atingem cifras catastróficas como Haiti com morte de

253 por 100 mil nascidos vivos (BRASIL, 2002).

Como resultado de diversas conferências internacionais – por exemplo, Nairobi, 1987,

Cairo, 1994, Beijing, 1995 –, passaram a existir pressões sobre os governos nacionais para

que fossem instituídas políticas que assegurassem acesso e promovessem a atenção integral à

saúde como um direito de todos e um dever do Estado.

Nesse sentido, têm sido formuladas políticas e diretrizes de qualificação e

humanização da assistência à mulher durante o ciclo gravídico puerperal, esforço esse que se

traduziu, no ano de 2000, na introdução do Programa Nacional de Humanização no Pré-Natal

e Nascimento (PHPN) e, em 2004, no Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e

Neonatal, os quais se constituem como compromisso assumido pelas três esferas de gestão do

Sistema Único de Saúde (SUS) (FRANCO, 2004).

O uso de protocolos clínicos na assistência à saúde da mulher visa, exatamente, a

organizar e qualificar a assistência prestada, especialmente no sentido de detectar

precocemente e encaminhar ao nível apropriado de acompanhamento os casos de gestação de

alto risco. Neste ponto de inflexão, pode-se atuar e reduzir os índices de mortalidade citados.

Conseguir uma assistência pré-natal efetiva significa ter como um dos principais

objetivos dessa assistência à verificação de fatores que possam colocar a saúde materna e fetal

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sob maior risco de resultados adversos e a identificação do momento certo para intervir,

evitando ou reduzindo as conseqüências prejudiciais desses riscos (ENKIN et al., 2005).

Uma assistência pré-natal de qualidade envolve a capacitação técnica continuada das

equipes de saúde na resolução de problemas mais prevalentes, além do seu comprometimento

com as necessidades das parcelas mais vulneráveis da população (TREVISAN et al., 2002, p.

293-9).

A Organização Mundial de Saúde (1981 apud TRONCHIN et al. 2006) estima que o

risco de uma mulher morrer, na América Latina, de causas ligadas à gravidez ou ao

nascimento durante o seu ciclo de vida é de 1/160 gestações. Na Europa, esse risco é de

1/2400, e, na América do Norte, o risco é de 1/5600 gestações.

Justifica-se, portanto, a relevância do presente estudo na obtenção de dados que

informem ao gestor e às equipes envolvidas no planejamento das ações do Programa de Pré-

Natal sobre como tem se dado à utilização do Protocolo assistencial ao pré-natal de baixo

risco nas unidades da rede de atenção básica de Biguaçu com a finalidade de avaliar a

pertinência de sua continuidade e/ou o planejamento de novas estratégias de implementação.

A valorização da Enfermagem como categoria profissional depende primeiramente do

reconhecimento emergido dos próprios profissionais que nela atuam, visto que é considerada

provedora da saúde através do cuidado. Torna-se necessário refletir sobre o processo de

trabalho em saúde, cujo planejamento é uma etapa pertinente às profissões que detêm o

conhecimento científico e o poder de determinar estratégias necessárias para alcançar os

objetivos traçados (LUNARDI FILHO; LUNARDI; PAULITSCH, 1997 apud PIVOTTO;

LUNARDI FILHO, LUNARDI, 2004, p. 68-69).

Sobre a importância do planejamento, a atuação profissional do enfermeiro e sua

equipe coloca em evidência a forma de organização do seu trabalho, aquele voltado para o

cumprimento das prescrições médicas e dos procedimentos de rotina (LUNARDI FILHO;

LUNARDI; PAULITSCH; 1997; LUNARDI FILHO; 2000).

Em suas pesquisas, Pivotto, Lunardi Filho e Pulitsch (1997 apud PIVOTTO;

LUNARDI FILHO; LUNARDI, 2004, p. 68-69) observaram que o enfermeiro é solicitado

pela equipe de enfermagem apenas quando esta não consegue implementar a prescrição

médica ou realizar algum procedimento técnico, ou na resolução de problemas dos mais

variados, que competem (ou não) à enfermagem.

Aquino e Lunardi (2004) argumentam que, com a prescrição de cuidados, torna-se

possível para o enfermeiro comprovar a qualidade, a quantidade dos serviços prestados e

garantir uma maneira de contestar seus direitos institucionais, buscando assim melhores

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condições de trabalho e uma assistência mais qualificada. Além disso, referem ainda, que o

protocolo assistencial pré-natal e puerpério na atenção básica auxilia de forma positiva o

trabalho do enfermeiro, criando padrões de atendimento aos pacientes e oferecendo-lhes

assim uma melhor qualidade na assistência.

A idéia de realizar este estudo para investigar o papel do enfermeiro na formulação e

implantação de protocolos assistenciais e a forma como o protocolo está sendo usado pelos

enfermeiros, bem como pela equipe da unidade de atenção básica de saúde do município

estudado, visa levantar fatores que estejam dificultando ou até mesmo impedindo sua

utilização, além das modificações que ocorrem na assistência após a introdução do protocolo

na rede.

Esta pesquisa pode contribuir na atuação dos enfermeiros, no momento em que estes

protocolos são criados e aplicados, fornecendo-lhes informações necessárias sobre o assunto,

auxiliando no caso de dúvidas, proporcionando assim qualidade e minimização das

dificuldades enfrentadas por esses profissionais.

Diante disso, a seguinte questão de pesquisa dirigirá o desenvolvimento deste trabalho:

- Os enfermeiros estão utilizando protocolo de enfermagem no atendimento de pré-

natal em um município da Grande Florianópolis/SC?

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar a implantação do protocolo assistencial de enfermagem em pré-natal da baixo

risco em um município da Grande Florianópolis.

2.2 Específicos

- Descrever a metodologia utilizada na formulação e implantação do protocolo

assistencial de pré-natal na atenção básica em um município da Grande Florianópolis/SC;

- Identificar a freqüência de utilização do protocolo assistencial de pré-natal em uma

Unidade Básica de Saúde (UBS) do município estudado;

- Identificar as dificuldades e facilidades na formulação e implantação do protocolo.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 A assistência pré-natal

A assistência pré-natal como se conhece hoje possui um desenvolvimento

relativamente recente na medicina. Estes procedimentos começaram em Boston na primeira

década do século XX. Antes disso, a paciente que acreditava estar grávida poderia ir a um

médico para confirmar a gravidez, mas não voltava senão quando o parto fosse iminente. As

enfermeiras da Instructive Nursing Association de Boston, acreditando que pudessem

contribuir para melhora da saúde das mães gestantes, começaram a fazer ligações telefônicas

convocando todas as mães inscritas para ter parto no Boston Lyg In Hospital. Tal iniciativa

foi tão bem sucedida que os médicos gradativamente começaram a aceitar os princípios que as

justificaram.

No Brasil, historicamente a atenção à saúde materno-infantil tem sido uma prioridade

dentre as políticas de saúde, com destaque aos cuidados durante a gestação. A partir da década

de 70, tal política teve um incremento substancial, devido às elevadas taxas de morbidade e

mortalidade materna e infantil, com ampliação da atenção ao pré-natal, face ao reconhecido

impacto e transcendência que esta produz no estado sanitário da mãe e do feto. O cuidado à

gestante e ao feto durante o pré-natal constitui um fenômeno da atenção à saúde ocidental. No

modelo de atendimento biomédico ocidental, as mulheres são encorajadas a procurá-lo o mais

cedo possível. Essas consultas são geralmente de rotina e obedecem a uma seqüência

sistemática; à consulta inicial seguem-se as mensais, as bimensais e as semanais. A

monitorização do peso e da pressão sangüínea, os testes de sangue e urina, as informações

específicas sobre dieta, repouso e atividade, e, ainda, a preparação para o parto compõe o

cuidado pré-natal (XIMENES NETO et al., 2008).

Na busca pela maternidade segura, organismos internacionais têm mobilizado

estratégias de ação na tentativa de se conseguir que as gestações e partos sejam mais seguros

para as mulheres e seus recém-nascidos. Uma das estratégias é a presença de profissional

qualificado no atendimento a todas as mulheres no ciclo gravídico puerperal (McDONALD;

STARRS, 2003 apud TRONCHIN et al. 2006).

Esse profissional é aquele que recebeu uma formação, treinou e atingiu proficiência

nas habilidades necessárias para manejar a gestação normal, e na identificação e referência de

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complicações, devendo exercê-las de forma competente (WORLD HEALTH

ORGANIZATION, 2004 apud TRONCHIN et al. 2006).

Laurenti (1998) há quase duas décadas já apresentava em seus trabalhos de pesquisa

que quase as totalidades dessas mortes poderiam ter sido evitadas caso os serviços de saúde

atendessem as gestantes de maneira eficiente, seguindo-se uma programação pré-estabelecida

e universalmente aceita como adequada á redução das patologias associadas á gravidez.

Melhorar a saúde materna e impedir mortes evitáveis é, portanto, um dos objetivos de

maior interesse nacional e internacional no campo da saúde e dos direitos reprodutivos, no

qual se discutem quais as medidas necessárias e eficazes para alcançar tal propósito (WHO,

2000; CAMPBELL, 2001). É necessário conjugar a segurança de obter bons resultados com o

bem estar para a mulher o recém-nascido, respeitando-se direitos já estabelecidos e

constituídos (WHO, 1999; PITTROF et. al. 2002).

A Declaração de Milênio da OMS, em acordo com 189 países das Nações Unidas

reunidos em setembro de 2000, tem como um de seus principais objetivos reduzirem em três -

quartos a mortalidade materna até 2015 (OMS, 2004).

O Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal consiste na

execução de um conjunto de ações articuladas, das diferentes esferas de governo, pela

qualificação da atenção obstétrica e neonatal e que não podem prescindir da atuação da

sociedade civil organizada. A proposição deste pacto baseia-se na reorganização dos serviços,

promovendo a qualificação da atenção obstétrica e ao recém-nascido e o planejamento

familiar, bem como não comprometeram efetivamente a sociedade. As altas taxas encontradas

se configuram como uma violação dos Direitos Humanos de mulheres e crianças e um grave

problema de saúde pública, atingindo desigualmente as regiões brasileiras. É, portanto, da

maior relevância a garantia do exercício de cidadania das mulheres e crianças brasileiras

(BRASIL, 2004 a).

Quando se fala em prevenção da morte materna, falamos da assistência pré-natal como

ferramenta para prevenção dessas mortes. Para assegurar a qualidade da assistência pré-natal,

a OMS recomenda importantes intervenções embasadas em uma assistência baseadas em

evidencias, incluindo o diagnóstico precoce, tratamento ou encaminhamento das

complicações detectadas que poderão alterar e favorecer o prognóstico materno.

O Ministério da Saúde, considerando a saúde da mulher prioridade de seu governo

elaborou o documento “Política Nacional de Atenção Integral á saúde da Mulher –

princípios e Diretrizes” para o período de 2004 a 2007. Em parceria com diversos setores da

sociedade, movimentos de mulheres, negros e trabalhadores rurais, sociedade científica,

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pesquisadores e estudiosos da área, organizações não-governamentais, gestores do SUS e

agencias de cooperação internacional, refletindo o compromisso com a implementação de

ações de saúde que contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e reduzam

a mortalidade por causas preveníveis e evitáveis (BRASIL, 2004 b).

Promover a saúde materna contempla a garantia de acesso, melhoria da cobertura e

qualidade no acompanhamento pré-natal. Desta forma, a assistência prestada no pré-natal

compreende um conjunto de atividades para promoção da saúde da mulher grávida e do feto,

bem como a identificação de riscos, para ambos, visando a assistência adequada e oportuna.

Sua ausência e/ou deficiência, comprovadamente, associam-se a maiores taxas de

mortalidade neonatal, prematuridade, baixo peso ao nascer, retardo de crescimento intra-

uterino e mortalidade materna (BARBIERI et al., 2000, FONSECA; LAURENTI, 2000,

MONTEIRO; FRANÇA JUNIOR; CONDE, 2000).

Em junho de 2000, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de Humanização no

Pré-Natal e Nascimento (PHPN), através das Portarias GM n° 569, GM n° 570, GM n°571 e

GM n° 572 de 1/06/2000; que contempla os seguintes objetivos: reduzir altas taxas de

morbimortalidade materna e perinatal, ampliar o acesso ao pré-natal, estabelecer critérios para

qualificar as consultas e promover o vinculo entre assistência ambulatorial e o parto

(BRASIL, 2000). A principal estratégia do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento é assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania. O Programa fundamenta-se no direito á humanização da assistência obstétrica e neonatal como condição primeira para o adequado acompanhamento do parto e puerpério. A humanização compreende, entre outros, dois aspectos fundamentais. O primeiro, diz respeito à convicção de que é dever das unidades se saúde receber com dignidade a mulher, seus familiares e o recém-nascido. Isto requer atitude ética e solidária por parte dos profissionais de saúde, organização da instituição de modo a criar um ambiente acolhedor e adotar condutas hospitalares que rompam com o tradicional isolamento imposto à mulher. O segundo se refere à adoção de medidas e procedimentos sabidamente benéficos para o acompanhamento do parto e do nascimento, evitando praticas, intervencionistas desnecessárias que, embora tradicionalmente realizadas, não beneficiam a mulher nem o recém-nascido e que, com freqüência, acarretam maiores riscos para ambos (BRASIL, 2000a).

O PHPN está estruturado em três componentes: o primeiro trata da assistência pré-

natal; o segundo componente apresenta as questões relativas à Organização, Regulação e

Investimentos na Assistência Obstétrica e Neonatal na área hospitalar; e o terceiro

componente institui nova sistemática de pagamento da assistência ao parto. Esta estratégia

deveria ser compreendida dentro de um projeto de aprimoramento da assistência obstétrica,

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com o objetivo de contemplar integralmente as instâncias da gestão indispensáveis para

alcançar esse objetivo.

O referido programa estabelece como critérios para o cuidado à gestante e ao bebê o seguinte:

a) Primeira consulta até o 4° mês de gestação;

b) Garantia da realização dos seguintes procedimentos:

- No mínimo, seis consultas de pré-natal;

- Uma consulta no puerpério, até quarenta e dois dias após o nascimento;

- Exames laboratoriais;

- Oferta de teste de HIV, com um exame na primeira consulta, naqueles municípios

com população maior que cinqüenta mil habitantes;

- Aplicação de vacina antitetânica até a dose imunizante (segunda) do esquema

recomendado, ou dose de reforço em mulheres já imunizadas;

- Atividades educativas;

- Classificação de risco gestacional a ser realizada na primeira consulta e nas consultas

subseqüentes;

- Atendimento às gestantes classificadas como de risco, garantindo o vínculo e acesso

à unidade de referência para atendimento ambulatorial e/ou hospitalar à gestação de alto risco.

O PHPN tem como fortaleza a normalização técnica do processo de atenção às

gestantes e a puerpério, englobando os momentos de pré-natal, parto e puerpério e estabelece

com clareza os passos administrativos e técnicos para o desenvolvimento dos distintos níveis

do sistema local de saúde.

Apesar de a assistência pré-natal ter estado sempre presente no escopo das ações

praticadas pelos serviços de saúde, até o momento permanecem questões que, entre outras,

devem ser discutidas, como o acesso em algumas regiões e áreas do pais, a qualidade da

atenção prestada, o vinculo entre pré-natal e o parto, a humanização da atenção e inaceitáveis

taxas de mortalidade materna e perinatal (BRASIL, 2000a; BRASIL, 2000b).

Considera-se a necessidade de uma mulher grávida buscar assistência pré-natal no

sentido de verificar suas condições de saúde e do feto. Mas vale notar que, como em todo

ciclo gravídico-puerperal, não há que medicalizar o período pré-natal, lembrando que a

gravidez não é, essencialmente, uma doença.

A proposição da humanização é, acima de tudo, o reconhecimento da autonomia da

mulher, como ser humano, e da obvia necessidade de tratar este momento com práticas que

tragam evidencias e permitam aumentar a segurança e o bem-estar da mulher e do recém-

nascido, respeitando suas escolhas (WAGNER, 2001).

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Pesquisas qualitativas sobre assistência pré-natal indicam que a qualidade da

assistência é o nó critico principal e ainda é preciso discutir permanentemente esta questão

(TREVISAN et al., 2002).

A Lei do Exercício Profissional da Enfermagem no Brasil determina que o enfermeiro

pode acompanhar integralmente o pré-natal de uma gestante de baixo risco. Em muitas

instituições de saúde, na rede básica de saúde e nos Programas de Saúde da Família que estão

amplamente difundidos no país, é esperado que os profissionais da Enfermagem se

responsabilizem pela assistência pré-natal (COREN, 2002).

O pré-natal é o período anterior ao nascimento da criança, em que um conjunto de ações é aplicado à saúde individual e coletiva das mulheres grávidas. Nesse período, as mulheres devem ser acompanhadas a partir da gestação, de forma que lhes seja possível, quando necessário, realizar exames clínico-laboratoriais, receber orientação e tomar medicação profilática e/ou vacinas (BRASIL, 2006, p. 1).

Para o Ministério da Saúde, o principal objetivo da atenção ao pré-natal é acolher a

mulher desde o início de sua gravidez – período de mudanças físicas e emocionais - que cada

gestante vivencia de forma distinta. Essas transformações podem gerar medos, dúvidas,

angústias, fantasias ou simplesmente a curiosidade de saber o que acontece no interior de seu

corpo (BRASIL, 2000).

Para promover a segurança da saúde da mãe e do feto, é necessário identificar as

gestantes de risco e oferecer atendimento diferenciado nos variados graus de exigência,

possibilitando a prevenção das complicações que determinam maior morbidade e mortalidade

materna e perinatal. A gravidez é considerada de baixo risco quando não é necessário aplicar

intervenções de maior complexidade e cujas morbidades e mortalidade materna e perinatal

são menores do que as da população geral, ou seja, somente pode ser confirmada ao final do

processo gestacional, após o parto e o puerpério. Quando são identificados os fatores

associados com pior prognóstico materno e perinatal, a gravidez é definida como de alto risco,

passando a exigir avaliações mais freqüentes e com maior complexidade (GAIO, 2004).

As ações de saúde desenvolvidas durante a atenção ao pré-natal devem dar cobertura a

toda população de gestantes, assegurando o acompanhamento, a continuidade no atendimento

e avaliação. Seus objetivos são de prevenir, identificar e/ou corrigir as intercorrências

maternas fetais, bem como instruir a gestante no que diz respeito à gravidez, parto, puerpério

e cuidados com o recém-nascido. Destaca-se, ainda, a importância de oferecer apoio

emocional e psicológico ao companheiro e à família, para que estes também estejam

envolvidos com o processo de gestar, parir e nascer.

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3.2 A assistência de Enfermagem

A busca pela qualidade assistencial vem sendo cada vez mais discutida e

compartilhada entre os profissionais de saúde, sobretudo os que atuam na esfera gerencial,

uma vez que os usuários dos estabelecimentos de saúde tornaram-se, nas últimas décadas,

mais conscientes de seus direitos, requerendo, assim, um maior comprometimento dessas

instituições.

A cobertura do pré-natal consiste num dos principais indicadores do Pacto pela vida.

Como envolve toda a cadeia de procedimentos que os serviços devem realizar para outras

ações de atenção básica, o funcionamento do pré-natal reflete aspectos da atuação de outros

programas. A importância da atenção ao pré-natal como política governamental é evidente e

expressa no conjunto de normas que regem a operação do SUS. Seu impacto sobre a

prevenção da prematuridade e do baixo peso ao nascer tem sido amplamente documentado,

como recentemente para mães adolescentes brasileiras (RIBEIRO et al., 2004).

Nessa perspectiva, o alcance da qualidade pelos serviços de saúde passa a ser uma

atitude coletiva, tornando-se um diferencial técnico e social, necessário para atender à

demanda de uma sociedade cada vez mais exigente, que envolve não só o usuário do sistema,

como também os gestores. Isso requer a implementação de uma política de qualidade nas

organizações, tanto na rede privada como na pública (KLUCK et al., 2002).

No setor saúde, a qualidade é definida como um conjunto de atributos que inclui um

nível de excelência profissional, o uso eficiente de recursos, um mínimo de risco ao usuário,

um alto grau de satisfação por parte dos clientes, considerando-se essencialmente os valores

sociais existentes (OMS, 1981; DONABEDIAN, 1992 apud TRONCHIN et al., 2006).

A qualidade é a totalidade de características de uma entidade (atividade ou processo,

produto, organização ou uma combinação destes), que lhe confere a capacidade de satisfazer

as necessidades explícitas e implícitas dos clientes e demais partes interessadas (Fundação

Nacional da Qualidade - FNQ, 2006).

Segundo Garay (1997), a gestão da qualidade refere-se ao processo ativo de

determinar e orientar o caminho a ser percorrido para atingirmos os objetivos, empregando

todos os recursos contidos na produção de um bem ou de um serviço.

Para o alcance dessa meta, é fundamental a implementação de medidas, visando à

qualidade desses serviços. Atualmente, constata-se que a gestão da qualidade tem sido

abordada das mais diferentes formas e situações, destacando-se no âmbito empresarial, nos

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modelos gerenciais, na política de recursos humanos e na organização dos processos de

trabalho (TRONCHIN; MELLEIRO; TAKAHASHI, 2005).

Nogueira (1994) ressalta o fato de que o atendimento das necessidades e das

expectativas dos usuários dos serviços de saúde, de maneira eficiente e eficaz, é a questão

norteadora dos pressupostos filosóficos e das bases metodológicas que vêm orientando as

ações das organizações. Assim, verifica-se que o sistema de saúde brasileiro vem enfrentando,

nos últimos anos, um novo imperativo: a busca pela gestão da qualidade dos serviços.

Acompanhando essa lógica, os Serviços de Enfermagem, como parte integrante de

instituições complexas, enfrentam inúmeros desafios no sentido de atender as demandas dos

clientes internos e externos, a fim de alcançar a excelência da qualidade assistencial

(NAGEH, 2006).

Sob essa ótica, a melhoria contínua da qualidade assistencial é considerada um

processo dinâmico e exaustivo de identificação constante dos fatores intervenientes no

processo de trabalho da equipe de enfermagem e requer do profissional enfermeiro a

implementação de ações e a elaboração de instrumentos que possibilitem avaliar de maneira

sistemática os níveis de qualidade dos cuidados prestados (FONSECA et al., 2005).

Assim, observa-se a crescente preocupação desses profissionais quanto à construção e

validação de indicadores, objetivando auferir a qualidade da assistência, que sejam passíveis

de comparabilidade nos âmbitos intra e extra-institucional e que reflitam os diferentes

contextos de sua prática profissional.

Objetivando qualificar cada vez mais o nível de assistência prestada ao cliente, família

e comunidade, os profissionais de enfermagem estão aprimorando seus conhecimentos

técnico-científicos, visando a aplicação e o ensino da Sistematização da Assistência de

Enfermagem (SAE) (BARROS et al., 1997).

O sistema de assistência de enfermagem é definido como o conjunto de fases

(histórico, prescrição e evolução de enfermagem) coordenadas entre si que funcionam como

uma estrutura organizada (GAIDZINSKI; KIMURA; 2000).

A aplicação desse sistema ou sistematização se dá por meio de um método conhecido

por Processo de Enfermagem. Este, desde a sua introdução no Brasil, por Wanda A. Horta, até

nossos dias, é amplamente utilizado como instrumento de ensino da assistência de

enfermagem (PATINE; FURLAN, 2006; CRUZ, 1995).

As três características do processo de enfermagem são: organização, criatividade e

propósito. A organização é a seqüência de etapas para alcançar o objetivo, a criatividade é o

desenvolvimento contínuo do processo em si mesmo, e os propósitos são obter, verificar e

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comunicar os dados sobre o cliente de modo que uma base de dados seja estabelecida.

(PATINE; FURLAN, 2006).

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3.3 Protocolo clínico

O protocolo reflete a política assistencial assumida por uma Secretaria de Saúde ou

uma instituição de saúde, bem como suas opções éticas para organização do trabalho em

saúde e as escolhas tecnológicas necessárias ao trabalho em saúde apropriadas e disponíveis

para o processo de enfrentamento de problemas de saúde priorizados em cada época segundo

sua magnitude (BELO HORIZONTE, 2009).

Elaborados de forma sistemática para auxílio e orientação dos profissionais de saúde

sobre as decisões apropriadas na assistência ao paciente em condições clínicas específicas, os

protocolos de práticas clínicas são documentos que resultam da trinômia: pesquisa, assistência

e ensino. Os protocolos também servem de ferramenta estratégica para a gestão da atividade

clínica e da tecnologia em uma instituição hospitalar e têm como característica principal

contextualizar a aplicação das diretrizes clínicas, que são recomendações técnicas feitas por e

para uma categoria profissional, com o objetivo de orientar os profissionais sobre a forma

mais adequada de atenção a um determinado problema de saúde.

Padronizar as condutas médicas e de assistência com um embasamento científico

consistente e constantemente atualizado tem sido uma demanda cada vez mais freqüente por

parte dos profissionais de saúde, e vem ao encontro das necessidades, de há muito

identificadas pelos gestores, de otimizar, ou na pior das hipóteses, racionalizar a utilização

dos recursos disponíveis. A necessidade crescente de lidar com fatores que aumentam a

complexidade do processo assistencial (expectativas cada vez mais elevadas dos pacientes e

da sociedade, envelhecimento da população, escassez de recursos para a saúde, transição

epidemiológica, etc.) também obriga o gestor a pensar novas formas de melhorar a relação

custo-efetividade no tratamento ofertado aos pacientes, sem abrir mão da qualidade

assistencial (ZYLBERSZTEJN; HAGEMANN; FRITZEN, 2006).

Os protocolos clínicos são considerados recursos tecnológicos classificados como

lógicos ao lado dos recursos humanos, físicos ou materiais. O benefício esperado para a saúde

do ser humano em função do avanço da tecnologia nas últimas décadas encontra-se

comprometido pela limitação dos recursos e pela dificuldade para sistematizar de forma

racional a disponibilidade e a distribuição destes (SCHNEID et al., 2003).

Protocolos ou diretrizes clínicas são recomendações desenvolvidas sistematicamente a

respeito de uma circunstância clínica específica baseada nas melhores evidências científicas

disponíveis e devem servir como instrumento de auxílio no processo de tomada de decisão, no

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sentido de orientar o que deve ser feito para garantir uma boa qualidade de assistência e, ao

mesmo tempo, para facilitar a vigilância das situações de risco (RIBEIRO et al., 2004).

A experiência do Hospital Conceição do RS, constatou que os protocolos assistenciais

também fornecem suporte científico, ao servir como sistema de consultas acerca das condutas

que podem ser tomadas em determinadas situações clínicas. Podem também funcionar como

um banco de dados, nos quais existirão informações sobre os riscos e os prováveis cursos das

patologias.

A literatura nacional tem ressaltado o potencial reformador da atenção básica em favor

de melhores resultados sanitários e como princípio ordenador da hierarquização da oferta e

destaca tecnologias de ações por meio de programas de saúde coletiva como seus principais

instrumentos. As ações básicas enfatizam em suas rotinas o que tradicionalmente é tratado

como prevenção primária (LEAVELL; CLARK, 1976 apud RIBEIRO et al., 2004).

Atualmente tem se aprofundado os estudos para que os serviços de saúde estruturam-

se numa rede de pontos de atenção à saúde, composta por equipamentos de diferentes

densidades tecnológicas que devem ser distribuídos espacialmente de forma ótima. Essa

distribuição ótima vai resultar em eficiência, efetividade e qualidade dos serviços. Economia

de escala, grau de escassez de recursos e acesso aos diferentes pontos de atenção à saúde

determinam, dialeticamente, a lógica fundamental da organização racional das redes de

atenção à saúde. Nessa lógica a organização do sistema de saúde por níveis de complexidade,

onde os serviços de atenção básica devem ser dispersos e mais próximos possíveis da

população. Os de média mais concentrados e regionalizados, bem como os de alta

complexidade e custo. Claro que a isso se deve aliar o princípio da eqüidade no acesso, onde a

primazia do direito à saúde se sobrepõe à eficiência econômica. (MENDES,2008).

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4 MARCO CONCEITUAL

4.1 Falando sobre a teoria

4.1.1 A teoria do autocuidado de Dorothea Orem

Analisando o contexto deste estudo, optamos pela Teoria do autocuidado de Dorothea

Orem (1980) para norteá-lo, possibilitando não só compreender o quadro referencial dentro

do qual os enfermeiros das Unidades de Saúde de Biguaçu interpretam as suas percepções,

mas também as várias dimensões de suas práticas em termos da sistematização da assistência

no pré-natal.

A teoria do autocuidado de Orem engloba o autocuidado, a atividade de autocuidado e

a exigência terapêutica de autocuidado. O autocuidado é a prática de atividades iniciadas e

executadas pelos indivíduos em seu próprio benefício para a manutenção da vida e do bem-

estar. A atividade de autocuidado constitui uma habilidade para engajar-se em autocuidado. A

exigência terapêutica de autocuidado diz respeito à totalidade de ações de autocuidado,

através do uso de métodos válidos e conjuntos relacionados de operações e ações (FOSTER;

JANSSENS, 1993).

Orem define três requisitos de autocuidado ou exigências: os universais, de

desenvolvimento e de desvio de saúde. Os universais estão associados a processos de vida e à

manutenção da integridade da estrutura e funcionamento humanos. Eles são comuns a todos

os seres humanos durante todos os estágios do ciclo vital, como por exemplo, as atividades do

cotidiano. Os de desenvolvimento são as expressões especializadas de requisitos universais

que foram particularizadas por processos de desenvolvimento, associados a algum evento, por

exemplo, a adaptação a um novo trabalho ou adaptação a mudanças físicas. O de desvio de

saúde é exigido em condições de doença, ferimento ou moléstia, ou pode ser conseqüência de

medidas médicas exigidas para diagnosticar e corrigir uma condição.

Dessa forma, Polit e Hungler (1995) afirmam que a capacidade que o indivíduo tem

para cuidar de si mesmo é chamada de intervenção de autocuidado, e a capacidade de cuidar

dos outros é chamada de intervenção de cuidados dependentes. No modelo de Orem, a meta é

ajudar as pessoas a satisfazerem suas próprias exigências terapêuticas de autocuidado.

Portanto, a teoria do autocuidado de Orem, segundo Luce et al. (1990), tem como premissa

básica a crença de que o ser humano tem habilidades próprias para promover o cuidado de si

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mesmo e pode se beneficiar com o cuidado da equipe de enfermagem quando apresentar

incapacidade de autocuidado ocasionado pela falta de saúde.

4.1.2 A teoria de déficit de autocuidado

Segundo George (1993), a teoria de déficit de autocuidado constitui a essência da

teoria de Orem. Orem identificou cinco métodos de ajuda: 1) agir ou fazer para o outro; 2)

guiar o outro; 3) apoiar o outro (física ou psicologicamente); 4) proporcionar um ambiente

que promova o desenvolvimento pessoal, quanto tornar-se capaz de satisfazer demandas

futuras ou atuais de ação; e 5) ensinar o outro.

4.1.3 A teoria de sistemas de enfermagem

O sistema de enfermagem planejado pelo profissional, segundo George (1993), está

baseado nas necessidades de autocuidado e na capacidade do paciente para a execução de

atividades de autocuidado.

Para satisfazer os requisitos de autocuidado do indivíduo, Orem (1980 apud

GEORGE, 1993), identificou três classificações de sistemas de enfermagem que são os

seguintes: o sistema totalmente compensatório, o sistema parcialmente compensatório e o

sistema de apoio-educação. O sistema de enfermagem totalmente compensatório é

representado pelo indivíduo incapaz de empenhar-se nas ações de autocuidado. O enfermeiro,

através de suas ações, vai atuar na ação limitada do paciente conseguindo o autocuidado do

mesmo, compensando sua incapacidade para a atividade de autocuidado através do apoio e da

proteção ao paciente.

O sistema de enfermagem parcialmente compensatório está representado por uma

situação em que, tanto o enfermeiro, quanto o paciente, executa medidas ou outras ações de

cuidado que envolvem tarefas de manipulação ou de locomoção. Através de sua ação, o

enfermeiro efetiva algumas medidas de autocuidado pelo paciente, compensa suas limitações

de autocuidado atendendo o paciente conforme o exigido. O paciente age realizando algumas

medidas de autocuidado, regula suas atividades e aceita atendimento e auxílio do enfermeiro.

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O sistema de enfermagem de apoio-educação ocorre quando o indivíduo consegue

executar, ou pode e deve aprender a executar, medidas de autocuidado terapêutico, regula o

exercício e desenvolvimento de suas atividades de autocuidado, e o enfermeiro vai promover

esse indivíduo a um agente capaz de se autocuidar.

4.1.4 O processo de enfermagem de Orem

O processo de enfermagem de Orem, segundo George (1993, p.98), “é um método de

determinação das deficiências de autocuidado e a posterior definição dos papéis da pessoa ou

enfermeiro para satisfazer as exigências de autocuidado”. Esse processo compreende os

seguintes passos:

Passo 1 – fase de diagnóstico e prescrição, que determina as necessidades ou não de

cuidados de enfermagem. O enfermeiro realiza a coleta de dados do indivíduo. Os dados

específicos são reunidos nas áreas das necessidades de autocuidado, de desenvolvimento e de

desvio de saúde do indivíduo, bem como o seu inter-relacionamento. São também coletados

dados acerca dos conhecimentos, habilidades, motivação e orientação da pessoa.

Passo 2 – fase do planejamento dos sistemas de enfermagem, bem como do

planejamento da execução dos atos de enfermagem. O enfermeiro cria um sistema que seja

totalmente compensatório, parcialmente compensatório ou de apoio-educação. As duas ações

envolvidas no planejamento dos sistemas de enfermagem seriam:

a) a realização de uma boa organização dos componentes das exigências terapêuticas

de autocuidado dos pacientes;

b) a seleção da combinação de maneiras de auxílio que sejam, ao mesmo tempo,

efetivas e eficientes na tarefa de compensar ou sobrepujar os déficits de autocuidado dos

pacientes. Com a utilização do modelo de Orem, as metas são compatíveis com o diagnóstico

de enfermagem, capacitando o paciente a tornar-se um verdadeiro agente de autocuidado.

Passo 3 – fase de produção e execução do sistema de enfermagem, quando o

enfermeiro pode prestar auxílio ao indivíduo (ou família) no que se refere ao autocuidado, de

modo a alcançar resultados identificados e descritos de saúde. Este passo inclui a evolução,

quando, juntos, paciente e enfermeiro, realizam a avaliação. A evolução é um processo

contínuo e fundamental em que o enfermeiro e o paciente avaliam quaisquer modificações nos

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dados que afetariam o déficit de autocuidado, o agente de autocuidado e o sistema de

enfermagem.

No período gestacional, a mulher necessita receber atenção e principalmente

orientação acerca do seu novo estado. Deverá adaptar-se a sua nova realidade física e

emocional, compreendendo que estas modificações fazem parte de um processo necessário e

natural para a geração de uma nova vida. Sendo assim, a gestante toma para si a

responsabilidade do autocuidado A atenção pré-natal, em geral, envolve procedimentos

simples, devendo o profissional de saúde, que presta esse cuidado, dedicar-se a escutar a

gestante, oferecer-lhe apoio, estabelecer uma relação de confiança com a mesma e ajudá-la a

conduzir a experiência da maternidade com mais autonomia.

Serão adorados os seguintes conceitos nesta pesquisa:

O ser humano

Segundo Orem (1980 apud GEORGE, 1993), seres humanos diferem dos outros seres

vivos por sua capacidade de refletir acerca de si mesmos e de seu ambiente, de simbolizar

aquilo que vivenciam e de usar criações simbólicas no pensamento, na comunicação e no

direcionamento de esforços para realizar e fazer coisas que trazem benefícios a si mesmos ou

a outros. Assim sendo, entendemos que o ser humano é o foco do cuidado prestado pela

enfermagem, e no caso deste trabalho, pela proteção da vida e saúde da mulher gestante.

O autocuidado

Para Orem (1980 apud GEORGE, 1993), o autocuidado é a prática de atividades que o

indivíduo inicia e executa em seu próprio benefício, na manutenção da vida, da saúde e do

bem estar. Tem como propósito as ações, que, seguindo um modelo, contribuem de maneira

específica, na integridade, nas funções e no desenvolvimento humano. Esses propósitos são

expressos através de ações denominadas requisitos de autocuidado.

A assistência pré-natal

O propósito da assistência pré-natal é assegurar, na medida do possível, uma gestação

sem complicações e o nascimento do bebê vivo e saudável. Existem algumas evidências

indicando que mães e filhos que recebem assistência pré-natal correm menos risco de

complicações. Uma atenção pré-natal efetiva exerce um papel fundamental no desfecho do

processo do parto e nascimento e nos índices de morbimortalidade materna e perinatal

(ENKIN et al., 2005). Neste contexto, entendemos que a assistência pré-natal é o cuidado

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prestado à mulher, durante toda a gestação, que visa à prevenção, manutenção e promoção de

saúde da mãe e do bebê através da vigilância efetiva e auxílio à gestante e à sua condição

especial de saúde.

O processo de enfermagem

O processo de enfermagem de Orem, segundo Foster e Janssens (1993, p.98), “é um

método de determinação das deficiências de autocuidado e a posterior definição dos papéis da

pessoa ou enfermeiro para satisfazer as exigências de autocuidado”.

Trata-se de uma abordagem para a solução de problemas e habilita o enfermeiro a

organizar e a administrar os cuidados de enfermagem. É um elemento do raciocínio crítico

que propicia aos enfermeiros a individualização dos cuidados e respostas às necessidades do

cliente de forma racional e precisa para melhorar ou manter o nível de saúde do cliente

(POTTER; PERRY, 2006). Neste estudo, consideramos o processo de enfermagem como

método.

Protocolo clínico

Um protocolo é um instrumento que estabelece normas para as intervenções técnicas,

ou seja, uniformiza e atualiza conceitos e condutas referentes ao processo assistencial na rede

de serviços. Orienta os diferentes profissionais na realização, pautando-se em conhecimentos

científicos que balizam as práticas sanitárias para coletividade e para o modelo assistencial

adotado (SCHNEID et al., 2003).

O objetivo do protocolo é orientar os profissionais da atenção básica no seu dia-a-dia,

na assistência qualificada e humanizada às gestantes e puérperas, possibilitando os

enfermeiros uma visão rápida das práticas a serem realizadas em cada consulta.

Além disso, o envolvimento dos profissionais com a elaboração de protocolos estimula

a atualização nas suas respectivas áreas de atuação e proporciona um espaço para reflexão e

discussão sobre as práticas de assistências empregadas.

Cabe ressaltar, também, que os protocolos se constituem em valiosa ferramenta de

educação permanente e, embora sirvam de guia para adoção da melhor conduta, ainda assim

preservam a automomia do enfermeiro.

Enfermagem

Sobre a Enfermagem, Orem (1980 apud GEORGE, 1993, p.38) declara:

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Na sociedade moderna, espera-se que os adultos sejam auto confiantes e responsáveis por si mesmos e pelo bem estar de seus dependentes. A maioria dos grupos sociais aceita que pessoas necessitadas, doentes, idosas, incapacitadas ou, de outra forma, privadas, devam ser ajudadas a obter e recuperar a responsabilidade, nos limites de suas capacidades existentes. Assim, tanto a auto ajuda quanto a ajuda a outros são valorizadas pela sociedade como atividades desejadas. A enfermagem, como um tipo específico de serviço humano, baseia-se em ambos os valores. Na maioria das comunidades, as pessoas encaram a enfermagem como um serviço desejado e necessário.

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5 METODOLOGIA

5.1 Tipificação da pesquisa

Esta pesquisa caracteriza-se como descritiva por meio de um estudo de caso.

5.1.1 Estudo de caso

O estudo se caracteriza de forma a permitir, um amplo e detalhado conhecimento do

caso, fato ou fenômeno estudado, através, do processo de análise e interpretação.

O caso estudado trata-se da implantação do protocolo da assistência prénatal em um

município da Grande Florianópolis.

5.1.2 Local do estudo

O local onde o estudo foi desenvolvido foi um município da Grande Florianópolis/SC.

A rede básica de saúde é composta por 15 equipes em 11 UBSs, distribuídas em diversos

bairros do município e que apresentem uma equipe na Estratégia de Saúde da Família (ESF).

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5.1.3 Sujeitos de pesquisa

Fizeram parte deste estudo enfermeiros que realizam assistência pré-natal em serviços

de atenção básica de saúde, em um município da Grande Florianópolis/SC. Participaram todos

os enfermeiros que aceitaram responder ao questionário, as Coordenadoras dos programas de

saúde da Secretaria de Saúde.

5.1.4 Passos metodológica

Em um primeiro momento houve a apresentação do documento de intenção de

pesquisa na instituição;

Apresentação do projeto de pesquisa à Secretária de Saúde do Município e entrega de

oficio de solicitação do campo para pesquisa (Apêndice C); e após o aceite, encaminhamento

do projeto para aprovação no Comitê de Ética na Pesquisa;

Foi aplicado um questionário dirigido às enfermeiras com perguntas abertas e fechadas

(Apêndice A).

• O questionário foi entregue junto com o Termo de Compromisso Livre e Esclarecido

(TCLE) em cada unidade de Saúde onde foram prestadas as orientações sobre o

preenchimento. Os mesmos foram devolvidos dentro de um envelope fechado às

pesquisadoras que recolheram nas respectivas unidades de saúde ou encaminhado para

a coordenação da ESF na Secretaria da Saúde.

• Foi realizada a tabulação do questionário e seus resultados foram apresentados em

uma geral dos enfermeiros do município. Utilizou-se esta reunião para fazer uma

oficina para validar algumas informações que ficaram incoerentes e que precisavam de

esclarecimento.

• Foi escolhida, através de sorteio, na presença das coordenadoras dos programas da

Secretaria Municipal de Saúde (SMS), uma UBS do município, para avaliação e

freqüência da utilização do protocolo já existente na rede através da aplicação do

check list (Apêndice B). Não participaram do sorteio as Unidades que não possuíam

ESF e outras unidades que, na resposta do questionário, assinalaram que não

realizavam consulta de enfermagem de pré-natal;

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• Foi realizada a coleta de dados nos prontuários da UBS selecionada;

5.1.5 Análise dos dados

A análise dos dados realizou-se em diferentes momentos da pesquisa:

Os dados coletados foram classificados, categorizados e interpretados de acordo com

as semelhanças e diversidades nas respostas através da técnica de analise de conteúdo (

TURATO,2001). Os dados coletados neste estudo foram analisados e seus resultados

apresentados em tabelas e gráficos;

A metodologia utilizada na Oficina de Avaliação do protocolo de pré-natal do

município estudado foi a Participatory Appraisal/PA, considerada como sendo uma família

sempre crescente de abordagens, em geral de tipo qualitativo, que permite às pessoas

valorizar, compartilhar e analisar conhecimentos. Um amplo conjunto de técnicas pode ser

utilizado para obter informações e sua escolha varia com os objetivos a serem atingidos, mas

todas têm em comum o uso de recursos visuais. Estimula-se que todas as opiniões sejam

escritas, tomando-se o cuidado de estabelecer um sistema de codificação, o qual permite

conhecer a influência de algumas variáveis sobre essas opiniões mantendo-se o anonimato. (

CANIL,2007). Nessa oficina, utilizamos o seguinte sistema de codificação:

Formação acadêmica: E – Enfermagem; Origem: C – SMS/Central; L – Unidade Básica de Saúde; Experiência na Estratégia de Saúde da Família referente ao tempo de trabalho no município: 1 – menos de um ano; 2 – de 1 a três anos; 3 – de 4 a 5 anos 4 – acima de 5 anos; Experiência referente ao tempo de Formado (a): 1 – menos de 1 ano; 2 – de 1 a 3 anos; 3 – de 4 a 5 anos; 4 – de 5 a 10 anos; 5 – acima de 10 anos.

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Exemplificando: o código EC34 se refere a um profissional enfermeiro do nível

central com experiência de 3 anos na ESF e com tempo de formado de 5 a 10 anos. Os

participantes deverão identificar seu código, anotando-o em suas falas.

A metodologia foi composta de três momentos organizados na seqüência:

Primeiro momento: Apresentação da metodologia e explicação e estabelecimento dos

códigos de cada participante. Entrega do material.

Segundo momento: Apresentação de slides com o resultado das perguntas sobre a

avaliação do protocolo de pré-natal no município estudado.

A definição da temática o que avaliar e por que decorreu das respostas do

questionário previamente respondido pelos enfermeiros da rede municipal. Utilizou-se

como material didático um painel (folha de papel kraft) produzido previamente pelos

oficineiros contendo a pergunta facilitadora (figura 1), com os seguintes temas para

avaliar: “Por que os enfermeiros não conhecem quem elaborou o protocolo?”, “Por que os

enfermeiros não receberam treinamentos?”, “Quais as razões da não utilização do protocolo?”

e “Quais as dificuldades na aplicação do protocolo?”

Cada participante escreveu os motivos na tarjeta e colou no cartaz.

Feito o primeiro procedimento e repetido nas demais perguntas.

Os participantes realizam a colagem de tarjetas individuais com as temáticas

identificadas.

Posteriormente estas resposta foram avaliada através da analise de conteúdos

agrupando-se as respostas semelhantes.

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Figura 1: Avaliação do protocolo

Listagem dos problemas com propostas de soluções, em grande grupo sob orientação

das oficineiras. Construção de um novo painel para registro (figura 3):

Figura 2: Avaliação do protocolo

Consenso colhido das informações construídas pelo grupo acerca do protocolo de pré-

natal e dos principais aspectos positivos e negativos.

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5.1.6 Questões éticas

Este estudo foi orientado pelos preceitos éticos da pesquisa, garantindo a autonomia,

beneficência, a não-maleficência e a justiça social. Foi garantida aos sujeitos da pesquisa, de

acordo com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a garantia de seu anonimato, o

sigilo das informações prestadas e a segurança de que essas informações somente serão

utilizadas para fins de pesquisa (BRASIL, 1996).

O sujeito de pesquisa assinou um TCLE, somente após este termo assinado, foi

iniciado o processo de coleta de dados.

Os dados coletados no prontuário e no check list ficarão guardados sob o sigilo dos

pesquisadores em local seguro.

Foi solicitado por oficio, o acesso aos prontuários de pré-natal para a coleta de dados.

Foram utilizados codinomes para preservar a identidade dos sujeitos de pesquisa.

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6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A pesquisa foi realizada com 17 enfermeiros, representando cada uma das equipes de

Estratégia de Saúde da Família, cadastradas na unidade de saúde do município de Biguaçu.

Iniciaremos este capítulo apresentando os dados de identificação dos sujeitos da

pesquisa, na seqüência será apresentado os dados analisados e categorizados através dos

instrumentos de coleta de dados quastionario, check list e oficina acerca da formulação e

implantação do protocolo de pré-natal, dificuldades e facilidades encontradas na utilização do

protocolo e a avaliação prática da utilização do protocolo na assistência pré-natal.

6.1 Identificação dos sujeitos de pesquisa

No município estudado, 94% dos enfermeiros que atuam na atenção pré-natal são do

sexo feminino. Spindola e Santos (2003) argumentam que o percentual de homens que

buscam essa opção profissional é reduzido.

No gráfico 1, apresentamos distribuição dos enfermeiros que atuam na assistência pré-

natal no município. Observamos que de 17 enfermeiros, somente 1 é do sexo masculino.

Gráfico 1: Distribuição dos enfermeiros que atuam na assistência pré-natal segundo sexo de um município da Grande Florianópolis -SC, 2009 Fonte: Questionário

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Esta realidade nos reporta aos primórdios das civilizações, onde o cuidado foi

delegado às mulheres, pretexto de suas habilidades, advindas de sua condição de mulher e

mãe (WALDOW, 1999 apud WILLIG, 2004). Em pleno século XXI, ainda permanece, e não

se pode negar, a predominância feminina na prestação de cuidados aos doentes quer seja em

instituições hospitalares ou clínicas.

Segundo Espindola, as mulheres trabalhadoras concentram-se em verdadeiros guetos

ocupacionais de pouco prestígio social. O magistério e a enfermagem continuam sendo as

maiores opções para aquelas que completam o curso superior (FONSECA, 1996 apud

ESPINDOLA; SANTOS, 2003).

Avaliando a idade dos enfermeiros pesquisados, encontramos o seguinte perfil

apresentado na apresentado no gráfico 2.

Gráfico 2: Distribuição das enfermeiras que atuam na assistência pré-natal segundo idade, de um município da Grande Florianópolis-SC, 2009 Fonte: Questionário

Observamos que o grupo de enfermeiros é um grupo jovem, pois 53% do grupo tem

idade inferior a 30 anos e 47% entre 30 e 38 anos, apenas um profissional possui idade

superior a 40 anos.

Além desta característica da equipe de enfermeiros temos ainda as instituições de

ensino superior envolvidas na formação dos enfermeiros que trabalham no município

estudado são descritas na figura 3 que apresenta, onde 38% são egressas do curso de

graduação da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) havendo predominância da absorção

dos profissionais formados na instituição localizado no município pesquisado, ou dos cursos

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de enfermagem localizados na grande Florianópolis, pois 19% cursaram enfermagem na

Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), campus Palhoça localizado na grande

Florianópolis, e 31% na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), localizada na capital

catarinense. Profissionais provenientes de outros municípios do estado de Santa Catarina

estão representados em 6 % pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

localizado em Palmitos oeste de Santa Catarina e pela Universidade de Jaraguá do Sul,

conforme no gráfico 3.

Gráfico 3: Distribuição das enfermeiras segundo a instituição de ensino superior do curso de graduação em enfermagem, de um município da Grande Florianópolis-SC, 2009. Fonte: Questionário

No gráfico 4, apresentamos os resultados relativos ao tempo de conclusão do curso de

Enfermagem dos que trabalham no município estudado.

Gráfico 4: Distribuição das enfermeiras das Unidades de Saúde de um município da Grande Florianópolis segundo anos de formação. 2009. Fonte: Questionário

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Analisando o tempo decorrido após o término da graduação, constatamos 27% das

entrevistadas são formadas recentemente, ou seja, possui até 3 anos de formação, 47%

graduaram-se de 3 a 6 anos, ou seja, 74% dos enfermeiros possuem menos de 6 anos de

formados. Apenas 13% estão atuando entre 9 e 12 anos e 13%, mais de 12 anos de

conclusão do curso superior em Enfermagem.

O tempo de serviço dos enfermeiros que trabalham no município estudado está

descrito no gráfico 5. Observamos que o tempo de serviços das enfermeiras atuando na

assistência pré-natal variou de 3 meses a 4 anos.

Gráfico 5: Distribuição das enfermeiras das Unidades de Saúde de um município da Grande Florianópolis segundo o tempo de serviço no município. 2009 Fonte: Questionário

Anselmi, Duarte e Angerami (2001) concluíram, em estudo realizado em Ribeirão

Preto, que o tempo de permanência no emprego constitui elemento relevante no processo dos

serviços. Uma força de trabalho estável e qualificada, além de sustentar o processo de cuidar,

cria também possibilidades efetivas de garantia da qualidade dos serviços ofertados. Pelo que

podemos observar, 50% das enfermeiras trabalham há menos de 6 meses no município,

dificultando assim a construção da qualidade citada.

Com relação à formação em nível de pós-graduação, das 17 enfermeiras entrevistadas

12 possuem curso de pós-graduação latu sensu, sendo que apenas 5 não possuem

especialização, conforme fica demonstrado no gráfico 6.

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Gráfico 6: Distribuição das enfermeiras das Unidades de Saúde segundo especializações concluídas ou em curso, de um município da Grande Florianópolis-SC, 2009. Fonte: Questionário

Dentre as especializações mais cursadas pelas enfermeiras, temos 32% Gestão em

Saúde Pública, 25% na área de Unidade de Terapia Intensiva e Emergência, 6% em Educação

em Enfermagem e 6¨% em Obstetrícia.

Quanto à qualificação profissional das enfermeiras, observamos que apenas uma

enfermeira, que trabalha na assistência pré-natal, possui especialização em obstetrícia.

A enfermagem brasileira atravessa um período de mudanças desde a implantação do

Sistema Único de Saúde, que prevê um modelo de assistência integral à saúde. O princípio da

integralidade implica investir na qualificação da assistência, o que tem sido uma meta dos

gestores do SUS.

Tanto na atenção ao pré-natal quanto no atendimento ao parto, a presença e o papel da

enfermeira obstetra têm sido incentivados nos País, devido à sua contribuição para ampliação

da cobertura e qualidade dos serviços.

Contudo, estudos como o de Costas, Guilhem e Walter (2005), avaliando a atenção à

saúde das mulheres grávidas, realizados em diferentes municípios brasileiros, identificou que

as secretarias municipais de saúde não empregam enfermeiros obstetras na rede de atenção

básica de saúde.

• Para avaliar melhor a assistência prestada do pré-natal e a implantação do

protocolo, utilizamos a triangulação de dados obtidos no questionário. Foi realizada uma

reunião com os sujeitos de pesquisa onde se utilizou a técnica de oficina para validar

algumas informações do questionário e para devolutiva das respostas ao questionário auto-

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aplicável, além da avaliação dos prontuários das gestantes através da aplicação do check list

em uma unidade sorteada

Os dados foram classificados, categorizados e interpretados de acordo com as

semelhanças e diversidades nas respostas, sendo identificadas quatro categorias de análise:

1. Implantação do protocolo de pré-natal

2. Qualificação profissional dos enfermeiros referente ao pré-natal de Baixo

Risco

3. Obstáculos e facilidades para utilização do protocolo de pre natal de baixo

risco

4. Assistência pré-natal avaliada pelas enfermeiras

6.2 Formulação e implantação do protocolo de pré-natal

O município estudado possui um protocolo geral que orienta os profissionais de nível

superior a realizar as atividades assistenciais, o mesmo foi elaborado em 2007, através de uma

comissão de médicos e enfermeiros, e cada grupo ficou responsável por uma parte do

documento (Protocolo de Assistência aos Hipertensos e Diabéticos, Protocolo de Assistência

á Saúde da Mulher, Protocolo de Assistência á Saúde da Criança).

O grupo utilizou para pesquisa os protocolos disponíveis pelo Ministério da Saúde

segundo referências bibliográficas descritas no mesmo. Foi aprovado em reunião geral dos

enfermeiros e médicos da ESF. O protocolo foi desenvolvido de acordo com as normas do

Ministério da Saúde e o Código de Ética do Exercício Profissional de Enfermagem.

O protocolo de Atendimento das Equipes de Saúde da Família foi analisado pelo

Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina, pelo Conselho Municipal de Saúde e

pela Câmara dos Vereadores do município estudado.

Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a implantação deste protocolo na assistência

de enfermagem, referente ao pré-natal de baixo risco.

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Conforme o gráfico 7, podemos observar que 25% dos enfermeiros relataram

conhecem a forma de elaboração do protocolo do município enquanto 75% responderam que

não conhecem.

Gráfico 7: Conhecimento sobre a forma de elaboração do protocolo saúde da mulher pré-natal baixo risco, de um município da Grande Florinópolis -SC, 2009 Fonte: Questionário

Participaram deste processo médicos e enfermeiros, divididos em grupos de áreas comuns que se identificavam, várias vezes foi refeito, após, o parecer do COREN ele foi disponibilizado na rede (EC24). Comissão formada por enfermeiras, médicas e coordenação, há três anos e meio atrás se reuniram e fizeram o protocolo onde foi encaminhado ao COREN para ser provado. Com base no protocolo do MS (Ministério da Saúde) (EL2-3, EL-24 eEC1-5).

Este fato pode ser explicado porque a maioria dos enfermeiros não estava nestas

unidades durante a formulação do protocolo, conforme as falas identificadas durante a Oficina

de Avaliação do protocolo de pré-natal do município de Biguaçu, realizada no dia 26 de

outubro de 2009. Conheço o protocolo, mas não estava no município quando foi elaborado (EL11-1;EL11-2;EL12-2;EL12-4;EL2-3). Não estava no município quando foi elaborado (EL12-1;EL12-3;EL2-2;EL3-2;EL3-3).

Do quadro de enfermeiros lotados na ESF, apenas dois enfermeiros relatam ter

participado do processso de elaboração do protocolo, conforme as seguintes fala abaixo.

Sim. Porém quando entrei no município já estava em processo final. Aguardava o parecer do COREN(EL2-4). Colaborei na elaboração do protocolo (EL4-4).

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6.3 Qualificação profissional dos enfermeiros referente ao pré-natal de Baixo Risco

Quanto à realização de cursos, treinamento de atualizações/aprimoramento na área de

protocolo de assistência ao pré-natal realizados depois da formação profissional, 87% (14

enfermeiros) responderam que não receberam treinamento específico, como fica evidenciado

no gráfico 8 .

Gráfico 8: Número de enfermeiras que recebeu capacitação na área de assistência pré-natal no município de um município da Grande Florianópolis-SC, 2009. Fonte: Questionário

Onofre et al. (1990 apud SECAF; KURCGANT, 1999) afirmam que a qualificação

profissional das enfermeiras é importante e necessária para que possam acompanhar os

avanços e as transformações tecnológicas, visando melhoria da assistência prestada à

clientela, além de postura mais crítica e reflexiva dos aspectos profissionais e estruturais.

Os profissionais da enfermagem questionados também consideram importante a

capacitação no processo de assistência pré-natal como fica evidenciado nas suas falas: É necessário treinamento sobre a consulta de enfermagem em todas as áreas, direcionando as suas ações (EL12-1, EL11-2). É necessário, pois rever conceitos, técnicas e procedimentos para aperfeiçoar a assistência, são muito importantes (EL12-3).

Mesmo os enfermeiros com formação específica, destacam como importante a

continuidade da formação e atualização profissional:

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Sim, realizei especialização em obstetrícia, mas acho que ainda preciso de mais capacitação (EL22).

Urbano (2002) chama atenção das rápidas mudanças que ocorreram na era da

informação e a obsolecência do conhecimento, o que requer constante atualização através de

outros meios que não o ensino formal, tais como: congressos, fóruns e seminários.

Aprimorar o processo de capacitação dos profissionais para suas nova funções é

desafio a ser enfrentado, garantido que todos os profissionais realizem treinamentos que

superem a fragamentação programática dos conhecimentos, articulando na capacitação

permanente, aspectos técnicos-científicos mais gerais com a especificidade dos

conhecimentos dos condicionantes locais e com estratégias de humanização do atendimento

(ESCOREL et al., 2007 apud MOIMAZ, 2009).

6.4 Dificuldades e facilidades para utilização do protocolo no pré-natal de baixo risco

Identificou-se a boa aceitação pelas usuárias (gestantes) na adesão à consulta de

enfermagem, segundo Orem (1980 apud GEORGE, 1993), o autocuidado é a prática de

atividades que o indivíduo executa em seu próprio benefício. Para esta pesquisa, a realização

do pré-natal é uma forma de auto-cuidado.

Gráfico 9: Percentual de aceitação das gestantes sobre a realização de pré-natal pelas enfermeiras no município de um município da Grande Florianópolis-SC, 2009. Fonte: Questionário

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Observa-se que o pré-natal de baixo risco tem boa aceitação pelas gestantes,

usuárias do sistema. Isso demonstra a confiança que o profissional enfermeiro recebe sobre a

execução de sua assistência pré-natal. A maioria dos enfermeiros (71%) relata realizar nas

suas unidades de saúde o protocolo, porém ainda existem obstáculos que impedem a sua

utilização na totalidade das unidades do município, como fica evidenciado no gráfico 10.

Gráfico 10: Utilização do protocolo de assistência pré-natal de baixo risco nas consultas das enfermeiras das Estratégias de Saúde da Família de um município da Grande Florianópolis , 2009 Fonte: Questionário

Identificamos que 29% dos enfermeiros relatam alguma dificuldade na utilização do

protocolo para realizar o pré-natal de baixo risco, os principais obstáculos são descritos

nas seguintes falas: Pela falta de treinamento (EL11-2). O que dificulta a utilização é a falta de clareza sobre o papel de enfermeiro e autorização para alguns procedimentos (EL12-3). Não realizo. Baixa demanda, ficando para o médico (EL3-2, EL 4-4).

Observa-se que as dificuldades estão relacionadas ao processo de trabalho do

enfermeiro, como treinamento, priorização das ações para o profissional médico e, por

último, político, que é a institucionalização do protocolo no município com clareza dos

papéis de cada profissional, pois os enfermeiros relatam dificuldade para a autorização de

procedimentos como a solicitação de exames e prescrição medicamentosa. Evidencia-se a

necessidade da discussão sobre o papel do enfermeiro neste contexto e as ações privativas,

conforme as falas: Falta de treinamento. Por não separar as ações do médico e enfermeiro (EL11-1, EL11-2).

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A maior dificuldade é saber o que é privativo de enfermeiro, como por exemplo, solicitação de USG obstétrica, solicitação de exames, prescrição de medicamentos (EL12-4, EL22, EL23, EL33, EC35).

Como descrito na Lei n. 7.498, de 25 de julho de 1986, que dispõe sobre a

regulamentação do exercício de Enfermagem, cabe à enfermeira realizar consulta de

enfermagem e prescrição da assistência de enfermagem; como integrante da equipe de saúde:

prescrever medicamentos, desde que estabelecidos em Programas de Saúde Pública e em

rotina aprovada pela instituição de saúde; oferecer assistência de enfermagem à gestante,

parturiente e puérpera e realizar atividades de educação em saúde (COFEN, 1986).

É importante educar a equipe para uma visão integrada do cuidado da mulher numa

concepção de saúde que transcenda os determinantes biológicos. Esta postura de trabalho

também chama atenção de Zampieri e Bruggemann (2001) ao referirem que todos os

profissionais que integram a equipe de saúde devem desenvolver entre si um espírito de

reflexão, decisão e trabalho, que redundem em ações educativas, que promovam saúde para a

população.

Como facilitador para a implantação do protocolo e boa aceitação pelo usuário, é

unânime entre os enfermeiros de Biguaçu que a existência do protocolo melhora a assistência

prestada, conforme os relatos: Na verdade o protocolo sistematiza a assistência e auxilia na prática de condutas integrais a gestante. Com os protocolos a prática fica orientada e respaldada pelas rotinas básicas de assistência (ENF 16, ENF 5). Pois serve como guia para os profissionais, fornecendo orientações, definindo as funções dos médicos e enfermeiros e dando respaldo a assistência dos mesmos (ENF 14, 9 12). Facilita o atendimento e tratamento de intercorrências baixo risco em gestantes, até pela demora do atendimento médico (ENF 1).

6.5 Avaliação da assistência pré-natal de baixo risco prestada pelos enfermeiros

De acordo com o protocolo do município estudado, são definidos os seguintes passos

da consulta do pré-natal de baixo risco, realizados preferencialmente pela enfermeira: 1. Cadastrar no SISPRENATAL; 2. Preencher cartão de gestante; 3. Abrir prontuário de pré-natal realizando histórico completo, onde deve constar nome, idade, endereço, telefone e cartão do SUS da gestante, escolaridade, profissão, antecedentes familiares, antecedentes pessoais, antecedentes ginecológicos, sexualidade, antecedentes obstétricos, gestação atual (DUM, DPP,

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percepção de MF, sinais e sintomas da gestação em curso, medicamentos utilizados na gestação atual, gestação planejada ou não, hábitos como fumo, álcool, uso de drogas ilícitas, e queixas atuais; 4. Realizar exame físico; 5. Realizar análise dos dados obtidos; 6. Realizar plano de cuidados; 7. Solicitar exames laboratoriais de rotina – 1trimestre (hemograma, tipagem sanguínea e fator Rh, glicemia de jejum, parcial de urina, parasitológico de fezes (SN)); 8. Solicitar exames para detecção de doença infecto-contagiosa (VDRL, Anti HIV tipo 1 e tipo 2, toxoplasmose IgM e IgG, rubéola IgM e IgG e HBsAg); 9. Solicitar ultrassonografia transvaginal para avaliação fetal; 10. Solicitar bacterioscopia de secreção vaginal (SN); 11. Agendar exame citopatológico; 12. Agendar consulta odontológica (SN); 13. Agendar consulta subsequente (médica); 14. Encaminhar gestante com esquema vacinal incompleto para vacinação antitetânica.

Nas consultas subseqüentes, a anterior deve ser revisada, dando atenção às queixas,

orientações e consultas. Dando continuidade à consulta, as queixas atuais devem ser ouvidas,

os exames laboratoriais interpretados e o exame físico realizado. Seguindo, analisar dados

fornecidos pela cliente, exame físico e laboratorial e, por fim, programar um plano de cuidado

(solicitar exames SN). Na primeira consulta todos os dados devem ser claramente anotados no

prontuário, bem como o cartão da gestante e a ficha de registro diário do SISPRENATAL

devidamente preenchidos. IMPORTANTE: se ainda não solicitado USG obstétrica, o médico deve solicitá-la em sua primeira consulta – preferencialmente entre a 11a e 13a semana gestacional, para determinação da DPP; 15- Solicitação de exames – 2o trimestre: (Hemograma, TTG-teste de tolerância à glicose, Coombs indireto se a gestante for Rh negativo – é necessário repetir a cada 4 semanas, deixar próxima requisição, Parcial de urina, Urocultura (SN), Parasitológico de fezes (SN), VDRL (para investigação de sífilis), Anti-HIV 1 e Anti HIV 2, Toxoplasmose – IgM e IgG, USG obstétrica – entre 22a e 26a semana gestacional, para avaliação de crescimento e morfologia fetal. 16- Solicitação de exames – 3o trimestre: (Hemograma, Glicemia de jejum, Coombs indireto (SN), deixar próxima requisição, Parcial de urina, Urocultura (SN), Parasitológico de fezes (SN), VDRL (para investigação de sífilis), Anti-HIV 1 e Anti HIV 2, Toxoplasmose – IgM e IgG, HBsAg (para investigação de hepatite B), USG obstétrica – entre 34a e 37a semana gestacional, para avaliação de crescimento e morfologia fetal. Na possibilidade de realizar apenas uma USG obstétrica, fazer no segundo trimestre, entre 20 e 24 semanas gestacional, a fim de possibilitar a datação, transluscência nucal e avaliação do crescimento e da morfologia fetal.

A enfermeiras indicaram no questionário e durante a oficina de avaliação que

realizam as seguintes ações durante a assistência pré-natal de baixo risco, conforme o gráfico

11 e seus relatos:

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Consultas de enfermagem, solicitação de exames laboratoriais, vacinação, atividades em grupo, acolhimento, prescrição medicamentos (ac fólico; sulfato ferroso). Busca ativa de gestantes faltosa (EL2-4). Busca ativa das Gestantes faltosas, consulta de puerpério (EL3-3;EL4-4).

.

16

1413 13

8

1 10

2

4

6

8

10

12

14

16

1

solicitação de exameslaboratoriais

marcação de consultas

solicitação de exames deradiodiagnóstico

encaminhamentos paraoutros profissionais

fornecimento demedicação

preenchimento de SIS pré-natal

verificação das açõesrealizadas

Gráfico 11: Ações realizadas durante o pré-natal baixo nas Unidades ESF, no município de um município da Grande Florianópolis -SC, 2009 Fonte: Questionário

Para verificar as atividades relatadas pelas enfermeiras, conforme figura 11, foi

definida uma Unidade da ESF como amostra para aplicação do check list (Apêndice C),

visando comparar as atividades realizadas indicadas e descritas no protocolo com as

anotações contidas nos prontuários.

Por ser um trabalho acadêmico, devido a restrições de tempo de execução, foi

definida apenas uma unidade para avaliação de 14 prontuários localizados no período da

coleta de dados, que ocorreu em outubro de 2009, correspondendo a 51% das gestantes

cadastradas.

Avaliando os prontuários, observamos as seguintes informações quanto à primeira

consulta e a análise dos prontuários:

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6.5.1 Primeira consulta

A primeira consulta é realizada com mais freqüência pela enfermeira, correspondendo

a 65% do total, obedecendo assim o que preconiza o protocolo de pré-natal oferecido pelo

município de Biguaçu-SC. Dentre essas consultas, 72% iniciaram no primeiro trimestre, 21%

no segundo, 7% no terceiro, 100% estão cadastradas no SISPRENATAL.

O PHPN instituiu ainda uma estratégia para induzir e auxiliar a maioria dos

municípios a implementar essas ações, introduzindo novos recursos para o custeio dessa

assistência e transferindo-os mediante o cumprimento de critérios mínimos, necessários para

melhorar a qualidade da assistência. Os critérios recomendados foram: realizar a primeira

consulta de pré-natal até o quarto mês de gestação; garantir a realização dos seguintes

procedimentos: no mínimo, seis consultas de pré-natal, sendo, preferencialmente, uma no

primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre da gestação; uma

consulta no puerpério, até 42 dias após o nascimento; exames laboratoriais: (a) ABO-Rh, na

primeira consulta; (b) VDRL, um exame na primeira consulta e outro próximo à trigésima

semana da gestação; (c) Urina rotina, um exame na primeira consulta e outro próximo à

trigésima semana da gestação; (d) Glicemia de jejum, um exame na primeira consulta e outro

próximo à trigésima semana da gestação; (e) Hemoglobina/Hematócrito, na primeira consulta;

oferta de testagem anti-HIV, com um exame na primeira consulta, naqueles municípios com

população acima de cinqüenta mil habitantes; aplicação de vacina antitetânica até a dose

imunizante (segunda) do esquema recomendado ou dose de reforço em mulheres já

imunizadas. (BRASIL, 2000)

Na primeira consulta, dando continuidade de uma assistência qualificada, que em parte

garante uma segunda consulta já munida previamente dos resultados de exames laboratoriais

solicitados, possibilitando um atendimento individualizado e específico para cada gestante.

6.5.2 Análise dos prontuários

Identificamos, em nossa pesquisa, que a anamnese, na primeira consulta, foi realizada

parcialmente, pois observamos dados faltantes de suma importância em um pré-natal de

qualidade. Realizar a história inicial em cada consulta é uma das habilidades básicas

preconizada pelo Ministério da Saúde.

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O quadro 1 apresenta a freqüência de informações colhidas durante a anamnese, na

primeira consulta de pré-natal realizada por uma Equipe da ESF do município estudado.

Anamnese Realizado % em relação ao número de gestantes cadastradas

Dados Socioeconômicos 06 33%

Antecedentes Familiares 01 7% Antecedentes Pessoais 03 21%

Antecedentes Ginecológicos 04 29% Antecedentes Obstétricos 07 50%

Data da Ultima Menstruação 12 86% Data Provável do Parto 10 71%

Idade Gestacional 04 29% Expectativa Sobre Gravidez Atual 00 0%

Quadro 1: Freqüência das informações colhidas na anamnese na primeira consulta feita pelos enfermeiros e médicos de uma Equipe da ESF no município de um município da Grande Florianópolis 2009 Fonte: Check list

Já o exame físico nos fornece dados sobre de todo o estado de saúde da gestante. Os

procedimentos realizados no exame físico das gestantes pelos enfermeiros, durante o período

de observação, foram: avaliação do estado nutricional, no qual se constatou que 36% das

gestantes têm calculo de IMC, 28% têm registro de peso, 50% têm registro de altura, com

relação a sinais vitais 93% apresentavam registro, inspeção da pele e mucosa, palpação da

tireóide, exames de MMII e pesquisa de edema, conforme quadro 2.

Exame Físico Realizado % em relação ao número de gestantes cadastradas Estado Nutricional 03 21% Inspeção de Pele e Mucosa 09 64% Palpação da Tiróide 00 0% Exame de MMII 00 0% Pesquisa de Edema 00 0%

Quadro 2: Distribuição de freqüência dos procedimentos realizados no exame físico pelo enfermeiro da Unidade ESF do município de um município da Grande Florianópolis, 2009 Fonte: Check list

A avaliação nutricional individualizada no início do pré-natal é importante para

estabelecer as necessidades de nutrientes nesse período e deve ser realizada continuamente ao

longo da gravidez (AZEVEDO, SAMPAIO, 2003).

As medidas antropométricas são recomendadas e empregadas para o

acompanhamento nutricional de gestantes, devido à sua importância reconhecida na

prevenção da morbimortalidade perinatal, prognóstico do desenvolvimento fetal e na

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promoção de saúde da mulher (PADILHA et al., 2007). Segundo a Organização Mundial da

Saúde (1998), as medidas de peso e estatura são as mais utilizadas.

Essas medidas isoladas e suas combinações, como adequação percentual de peso por

estatura (P/E), e o Índice de Massa Corporal (IMC), compõem os indicadores antropométricos

indispensáveis para o diagnóstico nutricional da gestante (VITOLO, 2003 apud SILVA,

2005).

Avaliar a nutrição materna e sua relação com o crescimento fetal é um procedimento

recomendado pelo MS e também uma das habilidades básicas adotadas pelas competências

essenciais da IMC (2002 apud CUNHA et al., 2009). É um procedimento de grande

importância, pois permite a identificação das gestantes com déficit nutricional ou com sobrepeso.

O aumento insuficiente de peso materno está associado ao crescimento intrauterino retardado, à

hiperêmes e gravídica, às infecções, parasitoses, anemias e a outras doenças debilitantes, enquanto

o aumento excessivo de peso predispõe à macrossomia fetal, ao polidrâmnio, ao edema e à

gravidez múltipla. Na detecção desses casos, a gestante deverá ser encaminhada ao serviço de

alto risco (BRASIL, 2000 apud CUNHA et al., 2009).

Durante as consultas, observamos que a inspeção da pele e mucosas foi realizada em

apenas 3 consultas, número baixo quando se considera que esse tipo de informação muitas vezes

orienta a presença de anemia, situação deletéria tanto para a gestante quanto para o feto; daí a

importância da realização desse procedimento pelos enfermeiros (MOURA, 2002 apud

CUNHA et al., 2009).

Quanto ao procedimento de palpação da tireóide, no presente estudo, não foi

observado nenhum registro pelos profissionais nos 14 prontuários analisados. Este é um

procedimento que faz parte do exame físico geral da gestante, preconizado pelo MS; o

profissional deve estar atento para o aumento fisiológico da glândula da tireóide e, na dúvida,

deve solicitar exames ou encaminhar a gestante para um serviço especializado (KONDO,

1994 apud CUNHA et al., 2009).

A pesquisa de edema e o exame dos MMIIs podem estar associados ao quadro de

pré-eclâmpsia ou outras situações patológicas. Em nosso estudo, essa avaliação não

apresentou nenhum registro nos 14 prontuários analisados. O objetivo desse procedimento é

detectar precocemente a ocorrência de edema patológico. Contudo, algumas características

como localização, associação do edema com a postura, período do dia em que o mesmo

ocorre, aumento de temperatura, tipo de calçado e se o mesmo está limitado aos MMIIs,

devem ser averiguadas. Nessas situações, orientações sobre repouso e acompanhamento da

condição são de vital importância para a saúde materna e fetal. Em caso de edema

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generalizado (face, tronco e membros) ou que o edema se manifesta ao acordar, a gestante

deve ser encaminhada ao pré-natal de risco (CUNHA et al., 2009).

O quadro 3 descreve a freqüência dos procedimentos clínicos obstétricos que são

atividades fundamentais no acompanhamento pré-natal e são práticas recomendadas pelo MS

e pela International Confederation of Midwives (ICM). Constaram do exame das mamas, da

ausculta do batimento cardiofetal (BCF) e da medida da altura uterina em palpação, realizados

durante a consulta, por instituição estudada.

Exame Obstétrico Realizado % Exame das Mamas 09 64% Ausculta de BCF 05 36% Medida da Altura Uterina 00 0% Palpação: Posição Fetal 00 0% Palpação: Apresentação Fetal 00 0% Exame Especular 00 0% Inspeção dos Genitais Externos 00 0%

Quadro 3: Freqüência dos procedimentos realizados durante o exame obstétrico pela enfermeira dos 14 prontuários analisados da Unidade ESF sorteada, no município de um município da Grande Florianópolis, 2009 A baixa freqüência da realização do exame de mamas chama atenção em nossa

observação. Esse é um exame obstétrico recomendado pelo MS e que traz importantes

subsídios para orientações relativas ao aleitamento materno (CUNHA et al., 2009).

A enfermeira, durante a realização do exame de mama, deve aproveitar deste

momento para orientar sobre os aspectos relacionados ao cuidado com as mamas e mamilos e

à amamentação, e o conteúdo da conversa deve estar de acordo com o período gestacional em

que se encontra a gestante e com o tipo de mamilos identificado. Deve-se averiguar a

presença de nódulos ou anormalidades, assim como a presença de secreção sanguinolenta.

Nesses casos, a enfermeira deve encaminhar a gestante a serviços

De acordo com o manual de normas do MS, a ausculta de BCF se torna mais viável

entre a sétima e a décima semanas de gestação com auxílio do Sonar Doppler, e com o

estetoscópio de Pinard, após a 24ª semana. O procedimento de ausculta de BCF no pré-natal

tem como objetivo a constatação da presença, ritmo, freqüência e a normalidade dos

batimentos cardiofetais.

A verificação da apresentação fetal é realizada através da palpação obstétrica com

finalidade de identificar os pólos cefálico e pélvico. As apresentações mais freqüentes são a

cefálica e a pélvica. Em caso de situação transversa e pélvica no final da gestação, o MS

recomenda encaminhar a gestante para parto hospitalar, porque essas situações podem

significar risco no momento do parto.

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A medida da altura uterina é recomendada pelo MS como sendo de grande

importância para identificar o crescimento normal do feto e detectar seus desvios. É possível

fazer o diagnóstico das causas do desvio do crescimento fetal e suas respectivas intervenções.

Nesta pesquisa, observamos que a verificação da altura uterina e a verificação da

apresentação fetal não foi uma habilidade registrada pelo enfermeiro nos prontuários

analisados. Isso pode ser explicado porque a maioria das consultas realizadas foram de

primeira consulta, totalizando 72% no primeiro trimestre, às vezes, não possibilitando a

verificação de altura, pois as primeiras consultas muitas vezes são para investigação

diagnóstica, ou seja, para a solicitação do teste de gravidez.

Apresentaremos demonstrativo do número de gestantes cadastradas no Sistema

de informação da atenção básica por equipe da ESF referente ao mês de outubro de 2009,

no município estudado.

19 18

10

14

19

32

21

17

27

17

15

11

15

4

0

5

10

15

20

25

30

35Prado 1

Venadaval

CIABS 1

Saveiro 1

Prado 2

J Janaina

Bom Viver

CIABS 2

Saveiro 2

M Antonio1

M Antonio2

CIABS 3

Tijuquinhas

Tres Riachos

Gráfico 12: Distribuição das gestantes de acordo com as Unidades de Saúde da Família cadastradas no SIAB município de de um município da Grande Florianópolis -SC

A média de gestantes cadastradas no município estudado é de 17,07 por Unidade básica de

saúde.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise das práticas dos enfermeiros nas unidades de saúde da família permitiu a

compreensão de como é rica e complexa a realidade de um serviço de assistência pré-natal de

baixo risco.

A pesquisa possibilitou indicar as causas que estejam dificultando ou impedindo a

utilização do protocolo de assistência ao pré-natal e puerpério na rede básica de saúde de

Biguaçu.

Embora relatem que utilizam o protocolo, a maioria dos enfermeiros que prestam

assistência pré-natal, no município estudado, não usa esta ferramenta de trabalho em suas

consultas de enfermagem. Os motivos relatados foram os já descritos, mas observamos um

fator político forte, onde não reconhecem a existência do instrumento por ter sido ele criado

em uma gestão anterior, e ainda um certo desconhecimento acerca da existência, bem como,

desmotivação na utilização do protocolo.

Foi-nos referido, que após a oficina de validação dos dados que muitos profissionais

solicitaram a Secretaria de saúde uma cópia do instrumento, caracterizando assim os fatores

supra citados. Consideramos que muitos enfermeiros, talvez envolvidos pelo seu cotidiano, ou

por uma rotina de consultas onde era normal a não utilização do protocolo, tenham se inserido

neste contexto sem se conscientizarem da existência, validade e importância do protocolo

existente no município. Temos também os relatos sobre as fragilidades do instrumento, que

por sinal podem ser facilmente corrigidas, e divulgadas.

Na oficina com os enfermeiros foram identificadas inúmeras causas dos obstáculos e

fragilidades como: falta de capacitação, ausência da padronização, dinâmica nas consultas

médicas e de enfermagem, o que merece uma reflexão a respeito da assistência prestada pelos

profissionais que realizam o pré-natal.

A principal fragilidade é a falta de capacitação dos enfermeiros que não se sentem

preparados para desenvolver o cuidado pré-natal, sendo que a participação das mesmas tem

fundamental importância para o fortalecimento desta assistência. Tornam-se necessários

investimentos na formação de pessoal qualificado para o atendimento à mulher no ciclo

gravídico, o que poderá ser suprido com capacitações, treinamentos e atualizações na área de

pré-natal e revisão e atualização sobre o protocolo existente no município.

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Durante as análises dos registros nos prontuários ficou evidenciado que muitas ações e

procedimentos preconizados pelo protocolo não foram registrados. Entre elas o registro de

antecedentes familiares, antecedentes pessoais, exame físico com palpação de tireóide,

pesquisa de edema, apresentação fetal e altura uterina, expectativas sobre a atual gestação,

orientações sobre sexualidade, higiene, fumo, álcool e drogas e sinais de trabalho de parto.

A avaliação realizada nos prontuários poderá contribuir para a melhoria da qualidade

técnica do atendimento oferecido pelo serviço, possibilitando a visualização de algumas

falhas. Grande parte dos problemas levantados poderá ser discutida e revista, buscando o

aperfeiçoamento da assistência e do protocolo.

O protocolo é instrumento técnico e político. Técnico, pois possibilita a

uniformização do cuidado, além da padronização da assistência de qualidade e político,

porque traz o respaldo para a implantação efetiva. Apesar de ser a consulta de enfermagem

legalmente instituída, existem muitos questionamentos sobre os limites da atuação do

enfermeiro. Consideramos, pois, que a normatização poderia diminuir estas dificuldades.

Consideramos que o protocolo tem como importante atribuição a qualificação da

atenção básica na ordenação dos encaminhamentos de gestantes de alto risco, reduzindo o

índice de mortalidade.

Há relevância, portanto, na elaboração desta pesquisa e propomos a reformulação do

protocolo existente, elucidando as questões acerca das ações privativas do enfermeiro bem

como a apresentação do documento com treinamentos e atualizações a todos os profissionais

que realizam consultas de pré-natal nas Unidades de Estratégia de Saúde da Família do

município estudado.

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ANEXO A - Aprovação do CEP

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APÊNDICE A – Carta de intenção para realização da pesquisa

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CES IV BIGUAÇU

CURSO DE ENFERMAGEM

Questionário para os enfermeiros

Identificação

Idade: _______________________

Sexo: masculino ( ) feminino ( )

Tempo de formação: ____________________________________________

Local de formação (Instituição) ____________________________________

Possuiu pós-graduação ( ) sim ( ) não

Qual o tipo de pós-graduação? ________________________________

Tempo de serviço no município de Biguaçu_________________________

Experiências anteriores (quais os locais) e tempo de atuação em cada

um_________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Protocolo pré-natal

1- Você reconhece a existência de um protocolo de atenção ao pré-natal na rede básica de

saúde em Biguaçu.

( ) Sim

( ) Não

2- Você participou da criação e implantação deste protocolo?

( ) Sim

( ) Não

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Como?_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3- Você sabe como foi elaborado o protocolo de pré-natal do município?

( ) Sim

( ) Não

Explique.___________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4- Quais as facilidades encontradas para a formulação e aplicação do protocolo de assistência

pré-natal desta unidade de saúde?

( ) Solicitação de exames de radiodiagnóstico (ultrassonografia)

( ) Solicitação de exames laboratoriais

( ) Marcação de consultas

( ) Fornecimento de medicação

( ) Encaminhamentos para outros profissionais

( ) Outros. Especifique._______________________________________________________

5 Na sua opinião, o protocolo de atenção pré-natal melhora ou dificulta a assistência prestada?

( ) Melhora

( ) Dificulta

Por quê?____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

6 - Realizou curso(s) treinamento de atualizações/aprimoramento na área de protocolo de

assistência ao pré-natal depois de sua formação profissional (últimos anos)?

( ) Sim

( ) Não

7- Este protocolo é utilizado em seu local de trabalho?

( ) Sim

( ) Não

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8 - Você utiliza o protocolo na consulta de pré-natal?

( ) Sim

( ) Não

9 - Quais as atividades realizadas com maior freqüência na assistência do pré-natal pelas

enfermeiras desta unidade de saúde?

( ) Consultas de enfermagem

( ) Atividades em grupo

( ) Vacinação

( )Outras. Especifique. ______________________________________________________

10 - As gestantes da sua área aceitam com facilidade as consultas de enfermagem?

( ) Sim

( ) Não

Por quê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

11 - Existe agenda de enfermagem na Unidade em que você atua?

( ) Sim

( ) Não

12- Qual o número de gestantes residentes na sua área?

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APÊNDICE B – Check list para observação e análise dos prontuarios de pré-natal

Número: __________

Primeira Consulta de Pré-Natal

Data:__/__/____

( ) Médico

( ) Enfermeiro

Qual trimestre de gestação: ______________

Profissional que realizou:__________________

Possui Registro de Sinais Vitais

( ) Sim ( ) Não

1. Profissional que realizou: _____________________________

2.Peso: ( )Sim ( )Não

3. Altura: ( ) Sim ( ) Não

4. Sinais Vitais: ( ) Temperatura ( ) Pressão Arterial ( ) Pulso ( ) Freqüência

respiratória

Possui Registro de:

( ) 1. Dados socioeconômicos: ( ) Sim ( ) Não

( ) 2. Antecedentes familiares: ( ) Sim ( ) Não

( ) 3. Antecedentes pessoais: ( ) Sim ( ) Não

( ) 4. Antecedentes ginecológicos: ( ) Sim ( ) Não

( ) 5. Antecedentes obstétricos: ( ) Sim ( ) Não

( ) 6. Gestação atual: ( ) D.U.M ( ) D.P.P. ( ) Idade gestacional

( ) 7.Expectativas sobre a gravidez atual: ( ) desejada; ( ) não desejada; ( )

planejada

Profissional que realizou o registro:____________________

Possui dados referentes ao exame fisico geral:

( )1. Avaliação do estado nutricional da gestante e relação com o crescimento fetal:

( )Sim( )Não

( )2. Inspeção da pele e mucosas: ( ) Sim ( ) Não

( )3. Palpação da tireóide: ( ) Sim ( ) Não

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( )4. Examinou os MMII: ( ) Sim ( ) Não

( )5. Pesquisou edema: ( ) face ( ) tronco ( ) membros

Profissional que realizou o registro:____________________

ESPECÍFICO: GINECO-OBSTÉTRICO

( ) 1. Examinou as mamas: ( ) Sim ( ) Não

( ) 2. Orientou quanto à amamentação: ( ) Sim ( ) Não

( ) 3. Data Provável do Parto: ( ) Sim ( ) Não

( )4. Auscultou BCF: ( ) Sim ( ) Não ( ) Pinard ( ) Sonar

( )5. Palpação: Posição ( ) Apresentação fetal ( ) Altura Uterina ( )

( ) 6. Inspeção dos genitais externos: ( ) Sim ( ) Não

( ) 7. Exame especular

Profissional que realizou o registro:_____________________

Existe indicações no prontuario sobre orientações relacionado:

( ) sinais de perigo ( ) quando procurar o serviço de saúde ( ) medidas de

desconfortos

( ) alimentação ( ) exercícios ( ) sono/repouso ( ) sexualidade ( )

( ) trabalho ( ) higiene ( ) aleitamento materno ( ) fumo/álcool/drogas

( ) sinais de trabalho de parto

Profissional que realizou o registro:_______________________

ACÕES COMPLEMENTARES:

( ) 1. Solicitou exames laboratoriais: ( ) Sim ( ) Não

( )2. Quais? ______________________________________________

Trimestre que pediu________________

( ) 3. Prescrição medicamentosa: ( ) Sim ( ) Não

Motivo __________________________________________________

Trimestre que pediu:______________________

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Qual medicamento?_________________________________________

( ) 4. Encaminhamento para vacina antitetânica: ( ) Sim ( ) Não

( ) 5. Agendamento de consultas subseqüentes: ( ) Sim ( ) Não

( ) 6.Referência para o parto ( ) Sim ( ) Não

Profissional que realizou o registro:_________________________

ANOTAÇÕES/REGISTROS:

Quantas consultas registradas:__________

( ) prontuário ( )possui cartão da gestante

( )registro no sisprenatal ( ) sim ( ) não

( )registro no sisvan ( ) sim ( ) não

( ) é acompanhada pelo ACS ( ) sim ( ) não

( ) possui ficha B gestante ( ) sim ( ) não

Profissional que realizou o registro:__________________________

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APÊNDICE C – Livre Esclarecimento TCLE

Nós, Giselle Borba da Rosa e Raquel Cúrcio Miguel, acadêmicas da Universidade

do Vale do Itajaí, Campus Biguaçu, sob orientação da professora MSc enfermeira Ângela

Maria Blatt Ortiga temos a intenção de obter a sua autorização para participar desta pesquisa

que tem como objetivo A avaliação da implementação do protocolo de enfermagem de

pré-natal no município de Biguaçu-SC.

Este estudo utilizará como metodologia aplicação de questionário dirigido aos sujeitos

de pesquisa (enfermeiros que aceitarem responder o questionário, a Coordenadora dos

programas de saúde da Secretaria de Saúde e a Secretária de Saúde do município). Após a

compilação dos dados os sujeitos participarão de uma reunião (oficina) para discussão e

analise dos resultados. Será também utilizado um check list nos prontuários de gestante de

uma unidade de saúde básica sorteada para avaliação da freqüência da utilização do protocolo,

através do consentimento para uso de arquivos, registros e similares.

Diante disso, as declarações a seguir contem os seguintes termos:

Eu, ______________________________________________________________,

abaixo assinado, declaro que participarei desta pesquisa e terei garantido esclarecimentos,

antes e durante o curso deste estudo, bem como deverei estar resguardado de riscos,

associados a essa pesquisa, bem como não haverá qualquer pagamento de vantagem pela

participação neste estudo. Além disto, os pesquisadores deixam claros e garantidos que:

• Terei qualquer dúvida esclarecida quanto ao estudo do qual faço parte;

• Poderei desistir de minha participação a qualquer momento, sem que isto tenha

conseqüências negativas ou prejuízos que se volte para mim;

• Todas as informações fornecidas pelo sujeito da pesquisas obtidas serão mantidas pelos

pesquisadores sob sua guarda e será mantido o sigilo;

• Em situações de apresentação ou publicação cientifica posterior ao estudo, o anonimato

será mantido e respeitado.

Estou ciente, também, que os responsáveis pela pesquisa estarão à disposição para

esclarecer eventuais dúvidas antes, durante ou decorrentes da pesquisa ou outras dúvidas em

relação ao tema e que todas as informações serão usadas somente para este estudo. Caso eu

tenha alguma dúvida em relação à pesquisa, ou quiser desistir, poderá comunicar com os

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pesquisadores pelo telefone (48) 96171809 ou 96356343, no e-mail: [email protected] ,

[email protected] ou, ainda, pessoalmente.

Declaro, ainda, que minha participação foi aceita espontaneamente.

Por fim, concordo com a utilização das informações resultantes da pesquisa, bem como

com a divulgação dos resultados, desde que preservada minha identidade.

Este estudo será rigorosamente fundamentado nos direitos enquanto sujeitos que fizerem

parte do estudo nas Normas e Diretrizes da Pesquisa com Seres Humanos (Resolução 196/96

– CNS/MS), bem como pelo código de ética dos profissionais de enfermagem (COREN,

2001).

Estou permitindo se necessário: () gravar () fotografar () publicar.

Biguaçu, _____de______________de 200__.

____________________________________

Assinatura do participante

(sujeito da Pesquisa)

_____________________________________

Ângela Maria Blatt Ortiga

Professora Orientadora

_____________________________ ___________________________

Giselle Borba da Rosa Raquel Cúrcio Miguel.

Acadêmica de Enfermagem Acadêmica de Enfermagem

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APÊNDICE D – Termo de compromisso orientação