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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE EDUCAÇÃO BIGUAÇU CURSO DE PSICOLOGIA VANESSA APARECIDA RABELO CONCEPÇÃO DOS ATLETAS DE FUTEBOL DE CAMPO SOBRE O SERVIÇO DE PSICOLOGIA DO ESPORTE Biguaçu 2005

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE EDUCAÇÃO BIGUAÇU

CURSO DE PSICOLOGIA

VANESSA APARECIDA RABELO

CONCEPÇÃO DOS ATLETAS DE FUTEBOL DE CAMPO SOBRE O SERVIÇO DE

PSICOLOGIA DO ESPORTE

Biguaçu

2005

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VANESSA APARECIDA RABELO

CONCEPÇÃO DOS ATLETAS DE FUTEBOL DE CAMPO SOBRE O SERVIÇO DE

PSICOLOGIA DO ESPORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no curso de Psicologia.

Biguaçu

2005

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VANESSA APARECIDA RABELO

CONCEPÇÃO DOS ATLETAS DE FUTEBOL DE CAMPO SOBRE O SERVIÇO DE

PSICOLOGIA DO ESPORTE

Este trabalho de Conclusão de Curso foi considerado aprovado, atendendo os requisitos parciais para obter o grau de Bacharel em Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí.

Biguaçu, 24 de julho de 2005

Banca Examinadora

_______________________________________________________ Profº. Msc. Mauro José da Rosa - Orientador

_______________________________________________________ Profº. Msc. Andréa Duarte Pesca – Membro

_______________________________________________________

Prof. Msc. Paulo César Nascimento – Membro

_______________________________________________________ Prof. Msc. Almir Pedro Sais – Coordenador do Curso de Psicologia

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Dedico este trabalho aos meus pais Antônio e Maria Aparecida, ao meu irmão Júnior, e ao meu namorado Jonata por todo amor, carinho e compreensão que sempre me ofertaram.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que com sua infinita bondade permitiu que eu não me abalasse com episódios

mais que importantes e que poderiam me desencorajar durante minha trajetória acadêmica.

Aos meus pais Antonio e Cida, por todo carinho, atenção, conselhos e cobranças que

apenas me mostraram o que é realmente ser honesta, sincera, e persistente quanto aos meus

sonhos e ideal.

Ao meu irmão Júnior, por me ajudar com seus conhecimentos maduros por todos esses

últimos anos.

A uma pessoa mais que especial, que nos meus momentos de aflição, de medo, e

ansiedade esteve, mesmo que separado pela distância, me tranqüilizando e a todo tempo

torcendo pelo meu sucesso. Amo você Jonata!

Ao professor Mauro José da Rosa, pela dedicação proporcionada ao longo deste

trabalho e sábia orientação tanto nesta presente monografia, quanto no estagio vivenciado

durante o ano passado.

À psicóloga a quem tenho imensa admiração Andréa Duarte Pesca, pela supervisão de

meu estágio sem seu campo de trabalho, pelas orientações e sugestões quanto a esta pesquisa

e pelo incentivo constante durante esses anos de convívio.

Ao professor Paulo César Nascimento, pela paciência em ouvir meus temores quanto

à pesquisa, por me nortear quanto à análise dos dados e por sempre me animar para continuar

esta pesquisa.

A equipe de Vôlei Feminino UFSC VITA Florianópolis a qual estou estagiando, o

meu agradecimento pelo apoio e compreensão por não poder nessa fase final de pesquisa,

estar totalmente voltada a vocês. A equipe técnica que demonstraram ser mais que

profissionais, mas companheiros de lutas e batalhas.

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Por fim, a todos os professores que tive o imenso prazer de conviver durante esse

longo aprendizado, o meu sincero agradecimento, MUITO OBRIGADA!

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“De fato, o futebol brasileiro tem de tudo, menos seu psicanalista. Cuida-se da integridade das canelas, mas ninguém se lembra de preservar a saúde interior, o delicadíssimo equilíbrio emocional do jogador. E, no entanto, vamos e venhamos: já é tempo de atribuir-se ao craque uma alma, que talvez seja precária, talvez perecível, mas que é incontestável.”

(Nelson Rodrigues)

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RESUMO

RABELO, Vanessa Aparecida. Concepção dos atletas de futebol de campo sobre o serviço de psicologia do esporte. 2005. 75 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Psicologia) - Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2005. O objetivo principal deste estudo monográfico é comparar a concepção e a importância do Serviço de Psicologia para os atletas que tiveram experiência com esse Serviço e os que não tiveram nenhuma experiência com a Psicologia. O entendimento do tema foi respaldado na Psicologia do Esporte e suas atuações, que serviu como modelo teórico para a coleta e análise de dados, facilitando a compreensão existente entre a teoria e o tema pesquisado. Através do referencial teórico, buscou-se conhecer, a história da Psicologia do Esporte, a atuação do Profissional de Psicologia, conceito de motivação, a história do futebol mundial, nacional e regional, e também um breve levantamento quanto às pesquisas já realizadas na área. Para a consecução desta pesquisa, visando o alcance dos objetivos, o método utilizado foi o quantitativo, de caráter exploratório e estudo comparativo com a amostra. Aplicou-se um questionário fechado e com escala de avaliação numerada aos quarenta e seis jogadores de futebol independente de categoria em dois clubes futebolísticos. Quanto ao resultado, 32 jogadores tiveram experiência com o Serviço de Psicologia, e 14 não tiveram experiência com o referido Serviço, representando um percentual de 70% e 30% respectivamente. Conseguir controlar as emoções, sabendo lidar com a alternância no placar mesmo sob pressão, conseguindo também dar uma boa resposta nas diferentes situações pelas quais o atleta passa durante a partida foram questões avaliadas como importantes tanto para uma boa performance, quanto aspectos cognitivos e emocionais a serem trabalhados pelo Serviço Psicologia. Palavras-chave: psicologia do esporte; futebol.

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SUMÁRIO

RESUMO............................................................................................................................ 07

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10

1.1 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 11

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .................................................................................... 13

1.3 PRESSUPOSTO............................................................................................................ 14

1.3.1 Categoria de Assunto................................................................................................14

1.4 OBJETIVOS.................................................................................................................. 14

1.4.1 Objetivo Geral...........................................................................................................14

1.4.2 Objetivos Específicos................................................................................................15

2 REVISAO BIBLIOGRAFICA ...................................................................................... 16

2.1 HISTORIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE........................................................... 16

2.1.2 A Psicologia Social e do Esporte...............................................................................17

2.1.3 Atuação do Psicólogo do Esporte.............................................................................19

2.2 PESQUISAS NA ÁREA DE PSICOLOGIA DO ESPORTE.............................. 21

2.3 A MOTIVAÇÃO........................................................................................................... 23

2.4 DO FOOTBAL AO FUTEBOL : A EVOLUÇÃO DO ESPORTE NO BRASIL..........25

2.4.1 “O Homem e a Bola”.................................................................................................25

2.4.2 Esporte brasileiro por excelência............................................................................27

2.4.3 O futebol em Santa Catarina....................................................................................32

3 METODOLOGIA........................................................................................................... 33

3.1 TIPO DE PESQUISA.................................................................................................... 33

3.2 POPULAÇÃO ............................................................................................................... 33

3.3 INSTRUMENTO...........................................................................................................34

3.4 PROCEDIMENTOS...................................................................................................... 34

3.5 ANÁLISE DOS DADOS .............................................................................................. 34

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4 ANÁLISE E INTERPRETAÇAO DOS DADOS ........................................................ 36

4.1 DESCRICAO DOS DADOS..........................................................................................37

4.2 DISCUSSAO DOS DADOS..........................................................................................57

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................62

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 67

APÊNDICES.......................................................................................................................70

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1 INTRODUÇÃO

Esta Monografia teve por objetivo através do uso de questionários, a comparação e a

caracterização das diferentes concepções dos atletas de futebol de campo quanto ao Serviço

de Psicologia

O estudo da atitude e motivação dos atletas quanto ao Serviço de Psicologia, é um dos

grandes temas da área e, também, a psicologia do esporte tem investigado os aspectos mais

pertinentes quanto à procura do serviço por parte dos clubes e atletas, seja em nível de

competição x treinamento, e individual x coletivo, bem como para suprir questionamentos

acerca das possibilidades de se trabalhar os aspectos emocionais dos jogadores de futebol,

uma vez que a prática demonstra que tais aspectos permeiam esses profissionais de forma

intensiva.

Muitos dirigentes esportivos, treinadores e jogadores de futebol, atualmente,

apresentam grande resistência à entrada da Psicologia no contexto esportivo, em virtude da

desinformação e do preconceito, apesar de falarem com uma certa freqüência dos estados

psicológicos dos seus jogadores. Todavia, como enfatiza Barreto (2003), em parte, cabe aos

psicólogos uma culpa nessas atitudes, pois os trabalhos realizados em clubes futebolísticos e

com jogadores ainda são muito tímidos, posto que a preparação de psicólogos esportivos

também é escassa.

Nesse contexto, encontram-se dois clubes futebolísticos da Grande Florianópolis, um

que possui o Serviço há 6 anos, e outro que até o momento não possui o Serviço de

Psicologia, porem, alguns de seus jogadores, já defenderam outro time e tiveram contato com

a Psicologia.

Para o estudo deste tema, o trabalho foi estruturado em cinco capítulos, assim

distribuídos:

O capítulo 1 destina-se à parte introdutória e auxilia o leitor no contexto do trabalho.

Neste capítulo foram estabelecidos o tema e sua delimitação, bem como a justificativa

para a realização do estudo, o problema de pesquisa, os pressupostos e os objetivos, tanto o

geral quanto os específicos.

No capítulo 2, estabelece-se o contexto geral da Psicologia do Esporte, desde os

aspectos históricos, evoluindo para a atuação do psicólogo. Também são abordados os

assuntos: Psicologia Social e do Esporte, Pesquisas na área de Psicologia do Esporte,

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motivação, Futebol o histórico tanto no mundo, no Brasil e quanto em Santa Catarina, que

deram o embasamento necessário para a realização da pesquisa. Em tal capítulo buscou-se

conhecer o pensamento de autores renomados que abordam os temas acima mencionados.

O capítulo 3 é dedicado ao método da pesquisa. Os sujeitos da pesquisa foram 46

sujeitos divididos em duas categorias, os que já tiveram experiência com Psicologia e os que

não tiveram experiência com a Psicologia, praticantes de futebol em um Clube de expressão

nacional e outro em expressão Estadual da Grande Florianópolis. Como instrumento de

pesquisa, utiliza-se o questionário.

O capítulo 4 destina-se à descrição e à interpretação dos dados coletados, em que se

apresenta o resultado da pesquisa feita com os 46 jogadores de futebol.

Para melhor visualização e compreensão do resultado da pesquisa, optou-se por

demonstrá-lo por meio de tabelas, seguidas da devida interpretação.

Na seqüência, são apresentadas as considerações finais a que se chegou com a

referida pesquisa, na intenção de que possam servir de subsídios para uma nova compreensão

do tema.

Finaliza-se o trabalho com a relação de autores referenciados neste estudo, seguidos

do apêndice.

1.1 JUSTIFICATIVA

Diferentes temas são tratados a partir dos conhecimentos da psicologia do esporte

dentre eles motivação, personalidade, agressão, violência, liderança, dinâmica de grupo e

bem-estar psicológico. O mais importante, independentemente do tema ou área de atuação é

que o trabalho do psicólogo tenha o desejo do indivíduo como ponto de partida e de chegada

durante todo seu plano de intervenção.

Plano esse que deve ter por base o entendimento do indivíduo como um ser humano

dotado de habilidades cognitivas e emocionais que foram formadas por influências biológicas,

físicas, históricas e sociais passíveis de serem identificadas e trabalhadas. Em decorrência

deste fato, nota-se a necessidade de se realizar um estudo sobre as concepções dos indivíduos

para compreender os fatores que mobilizam tal procura.

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Este trabalho deve ter uma metodologia transparente, fundamentada teoricamente e

passível de ser replicada para que a área de conhecimento esteja protegida de profissionais

sem qualificação.

A cada dia surge uma nova técnica, um novo meio de treinamento, um novo material

utilizado para melhorar ainda mais a performance dos atletas. As competições estão acirradas

e pequenos detalhes fazem a diferença. Um atleta que busca ótimos resultados procura se

estruturar buscando tudo o que há de mais novo e todos que estão disponíveis a otimizar o seu

rendimento. Além de um bom técnico, de um nutricionista, fisioterapeuta, médico,

massagista, acupunturista, a busca pelo psicólogo e pelo preparo emocional vem aumentando

por ser tido como diferencial. Aí que entra a Psicologia do Esporte e então a proposta de

pesquisa realizada deste Trabalho de Conclusão de Curso.

O treinamento, como salientam os autores como Becker e Samulski (2002), era antes

encarado apenas sob o ponto de vista físico, e é visto hoje como um conjunto: a preparação

física e a preparação emocional. Diversos atletas, hoje, confirmam a importância do preparo

emocional pré e durante a competição, pois relatam por meios de entrevistas ficar ansiosos,

desconcentrados e acabam não rendendo o que podiam, ou mesmo não chegam perto daquilo

que alcançam nos treinos. A rotina de treinamento desgastante é outro fator importante a ser

considerado no preparo psicológico porque pode desmotivar o atleta a ponto de levá-lo a

abandonar a carreira esportiva.

A Psicologia do Esporte é a identificação e compreensão de teorias e técnicas

psicológicas que podem ser aplicadas ao esporte com o objetivo de maximizar o rendimento e

o desenvolvimento pessoal do atleta (WILLIAMS e STRAUB, 1991). Entre outras coisas,

ajuda técnicos e atletas a melhorar o desempenho através do controle da concentração, do

desenvolvimento da autoconfiança, do autocontrole e da capacidade de comunicação do

atleta. Ajuda ainda a estabelecer modos de enfrentar situações de estresse durante as rotinas

de treinamento e nos períodos pré, pós e durante a competição.

No entanto, a Psicologia do Esporte não está concebida para prescrever aos atletas e

técnicos receitas prontas. Cada modalidade esportiva e cada atleta é singular, o que quer dizer

que é necessário, por parte do psicólogo do esporte, o conhecimento da modalidade esportiva

em que estará inserido e as particularidades que possui, bem como o conhecimento de seu

atleta ou equipe, suas dificuldades, facilidades e pontos de conflito.

Isto tudo resume o que é a atuação do psicólogo no esporte de alto rendimento, porém,

ele também pode atuar na prática de atividades físicas de tempo livre, na iniciação esportiva

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não competitiva, na reabilitação de atletas, ex-enfermos ou portadores de necessidades

especiais e até mesmo em projetos sociais ligados ao esporte.

A Psicologia do Esporte, como área de produção acadêmica e de atuação profissional,

tem ainda muito a se desenvolver mesmo se considerarmos que já foram feitos progressos. A

complexidade do mundo esportivo abre um campo gigantesco de trabalho para os psicólogos,

porém somente uma atuação profissional e específica pode assegurar que ele se fortaleça e se

expanda. Além da contribuição científica para a área de Psicologia do Esporte, os resultados

do presente estudo possibilitarão a ampliação de temas para futuras pesquisas referentes ao

assunto.

Certamente nessas últimas décadas acumulou-se muito conhecimento sobre indivíduos

e grupos que atuam no contexto esportivo mas nada se faz definitivo, principalmente porque

muito conhecimento tem sido adquirido de estudos realizados por profissionais de outros

países, com outras realidades e que necessitam ser validados para o nosso contexto.

Falar de Psicologia do Esporte significa falar de uma área com muito conhecimento já

sistematizado, porém muito ainda a ser descoberto, dito e construído, por isso, sinto a

necessidade de expandir os conhecimentos sobre todas as áreas que atingem os praticantes de

atividades físicas, esportistas, instituições esportivas para poder pensar numa prática eficiente

englobando dessa forma o Serviço de Psicologia. O desconhecimento em relação à preparação

psicológica, indispensável tanto para o atleta quanto para a criança que está iniciando sua vida

esportiva, tem levado muitos clubes, escolas e técnicos a não alcançarem melhores resultados

e colocações, mesmo trabalhando com esportistas de ponta.

São poucos os profissionais do esporte que têm a noção de que quando mais de um

atleta ou equipe esportiva possuem a mesma capacidade física, vencerá aquele que estiver

melhor estruturado psicologicamente, mentalmente e emocionalmente.

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Partindo do entendimento de que uma parte da amostra já havia tido experiência com a

Psicologia e a outra amostra não, foi comparada a diferença de concepção por parte dos

atletas quanto ao Serviço de Psicologia

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1.3 PRESSUPOSTO

Os atletas que não possuem o Serviço de Psicologia no seu clube podem ter tido

contato com a Psicologia em outros clubes, e em alguns casos este pode não ter sido

favorável.

Atletas que possuem o Serviço de Psicologia em seu clube já passaram por

atividades enquanto lesionados, ou mesmo por técnicas de relaxamento, visualização,

dinâmicas de grupo etc como forma de motivação e superação para os jogos, e assim

continuam aderindo ao Serviço.

1.3.1 Categorias de Assunto

• Psicologia do Esporte – histórico, atuação e pesquisas na área

• Futebol no Brasil e em Santa Catarina

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Comparar a concepção e a importância do Serviço de Psicologia dos atletas que

tiveram experiência com esse Serviço com os que não tiveram o mesmo.

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1.4.2 Objetivos Específicos

Identificar o percentual de atletas que tiveram experiência e os que não tiveram

com o Serviço de Psicologia.

Questionar os atletas que não tiveram experiência com o Serviço de Psicologia

quanto ao interesse individual da intervenção Psicológica no time e quanto a possíveis

resultados de trabalhos realizados pelo Serviço.

Investigar a representação da Psicologia do Esporte no Grupo “Com experiência” e

no Grupo “Sem experiência” com o Serviço de Psicologia .

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2 REVISAO BIBLIOGRAFICA

Este capítulo visa fundamentar alguns esclarecimentos gerais, objetivando facilitar a

compreensão do trabalho, o qual se destina a comparar a concepção e a importância do

Serviço de Psicologia dos atletas que tiveram experiência com esse Serviço com os que não

tiveram o mesmo. Desse modo, primeiramente, num contexto geral, aborda-se a Psicologia do

Esporte, em que se verifica o seu antecedente histórico, sua atuação, pesquisas na área, e o

aspecto de motivação. Por fim, contextualiza-se o Futebol e sua evolução, tanto no Brasil

como em Santa Catarina.

Torna-se praticamente impossível expor uma análise detalhada de todos os temas que

compõe este capítulo, e por isso, pretende-se abordar, pelo menos, os elementos primordiais

para uma breve compreesão.

2.1 HISTORIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE

Para entendermos o que se espera do psicólogo do esporte é necessário que

conheçamos um pouco da história da Psicologia.

Assim como a Psicologia Moderna, a Psicologia do Esporte enquanto área de

conhecimento científico é recente, teve sua origem em 1897 segundo Weinberg & Gould

(1995), quando Norman Triplett, Psicólogo da Universidade de Indiana, publicou um trabalho

realizado com ciclistas que visava avaliar as performances deste tipo de atleta em diversas

situações.

Machado (1997) cita que entre as primeiras publicações na área destacam-se os

trabalhos publicados por Schulte em 1921 e Griffith em 1926, mas faz uma ressalva

afirmando que os soviéticos ao contrário dos ocidentais, se preocuparam mais com as

pesquisas nesta área.

Para retratar a história da Psicologia do esporte, Buriti (1997) utiliza-se da proposta de

Weinberg & Gould (1995) que divide didaticamente este campo do conhecimento científico

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em cinco períodos distintos. O primeiro período, denominado como os primórdios da

Psicologia do esporte, e que compreende os anos de 1895 a 1920, tem como principais autores

Triplett, Scripture, Patrick e Coleman Griffith. Já o segundo período (1921-1938) foi

denominado a "Era Griffith" em função da sua grande produtividade e contribuição para o

desenvolvimento da Psicologia do esporte, o que acabou lhe dando o título de "Pai da

Psicologia do Esporte".

A terceira fase foi denominada como período de "Construção de Bases" e teve como

expoentes Franklin Henry, Johnson e Lawter e ocorreu entre os anos de 1938 e 1965. Nesta

época houve um grande acontecimento, um marco importante para o desenvolvimento da

Psicologia do Esporte, foi a Fundação da Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte no

ano de 1965.

O último período chamado de período da Psicologia Contemporânea da Psicologia do

Esporte teve início em 1978 e se estende até os dias de hoje, estando vivenciando atualmente

uma fase de grande desenvolvimento, principalmente nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha

e Espanha.

Portanto, assim como a Psicologia moderna, a Psicologia do esporte é uma ciência

nova, com pouco mais de cem anos, e desta forma está em franco desenvolvimento.

No Brasil, temos como marco da Psicologia do esporte os trabalhos realizados por

João Carvalhais com a seleção brasileira de futebol e com o São Paulo Futebol Clube, e uma

retomada das pesquisas nesta área durante a década de setenta, assunto que posteriormente

será abordado, logo após apontarmos a Psicologia Social e do Esporte e a Atuação do

Profissional de Psicologia do esporte.

2.1.2 A Psicologia Social e do Esporte

O esporte, entendido aqui como instituição social, veio se caracterizando ao longo dos

últimos tempos como um dos grandes acontecimentos do século XX. A partir dos estudos

efetivados especialmente em função do futebol teve início a articulação entre o lazer, o

entretenimento e o lúdico com outros aspectos da cena social mais ampla: questões de gênero,

de classe, étnicas, políticas, culturais.

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Propriamente em Psicologia do Esporte as pesquisas que começaram em fins do século

XIX, estavam inseridas no modelo 'behaviorista', adequadas ao momento histórico vivido pela

Psicologia como um todo. Conforme Samulski (1992), surgiram os primeiros laboratórios em

Psicologia do Esporte na Rússia e Alemanha durante a década de 20. Em seguida, também

nos Estados Unidos, com a chegada de levas de pesquisadores do Leste Europeu fugitivos da

guerra, começou-se a realizar pesquisas em Psicologia Comportamental do Esporte.

Em 1965 foi fundada a International Society of Sport Psychology (ISSP). Já em 1979 é

instituída a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da

Recreação. Por esta rubrica, nota-se que a Psicologia do Esporte tende, ainda hoje, a

permanecer no campo da Educação Física e da Fisioterapia e, junto ao senso comum, é uma

novidade que apenas começou a existir na década de 90, com a participação de psicólogos(as)

nas delegações brasileiras durante as Copas do Mundo de Futebol.

Todavia, a questão é bem mais complexa, posto que, como apontou o sociólogo Claus

OFFE (1996), o trabalho tem tomado cada vez menos tempo na vida do sujeito ocidental e,

assim, o tempo que este pode dispensar às várias modalidades de diversão e de lazer é cada

vez maior. A par disto, com a mercantilização, o esporte foi se transformando num gigantesco

fenômeno social, político e financeiro.

É permitido afirmar que hoje em dia a sub-área constituída pela Psicologia do Esporte

congrega profissionais de diferentes campos, sendo que vem atraindo pesquisadores em

Sociologia, Antropologia, Psicanálise, Filosofia, Administração e até Economia. Segundo

Rubio (2000), é um campo que poderia ser clivado em dois ramos distintos de atuação: num

deles estaria a Psicologia do Esporte acadêmica, que tem seu interesse primordial voltado para

a ciência e o ensino; no segundo se encontraria a Psicologia do Esporte aplica ou prática

(psicodiagnóstico, intervenções, etc.). Apesar disso, só recentemente integrou as grades

curriculares de alguns poucos cursos de graduação em Psicologia, mesmo assim como

disciplina optativa, ao passo que já faz parte das grades curriculares dos cursos de Educação

Física como disciplina obrigatória há mais de duas décadas.

Assim sendo, a partir da década de 90, vem atraindo a atenção de cientistas de diversas

áreas como a Antropologia, Sociologia, Pedagogia, Comunicação Social, Economia,

Psicanálise e Ciência Política, fato este que incrementou os estudos existentes em Psicologia

do Esporte, até a década de 1980, eminentemente experimentais e individualizantes. Desta

forma, o intento deste texto foi mostrar uma nova perspectiva que se abre em Psicologia

Social que, congregando contribuições das áreas acima citadas, poderia ser chamada de

'Psicologia Sócio-Cultural do Esporte'.

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Esta visão não se ocuparia tanto com o desempenho fisiológico do atleta

individualmente, mesmo porque deve delinear sua especificidade em relação à Educação

Física, à Fisioterapia e à Psicomotricidade, mas se dedicaria especialmente à afetividade e aos

vínculos grupais e ao fato de como o esporte pode ser encarado como um painel para as

múltiplas relações sócio-culturais que caracterizam a sociedade, que no caso do Brasil, seriam

a exclusão social, a misoginia, o racismo, a manipulação das massas, etc. Tomando-se o

futebol como ilustração, temos os seguintes exemplos da interferência expressiva do esporte

na vida social do Brasil:

Micro-Política: a eleição de jogadores e dirigentes como vereadores e até deputados.

Macro-Política: a derrota do Brasil pelo Uruguai na Copa de 1950 no Rio de Janeiro,

dentro do Maracanã, mostrou como o imaginário social concebe o Brasil no contexto da

América Latina, a 'cidade maravilhosa' e o então recém-inaugurado maior estádio de futebol

do mundo.

Economia: grandes corporações como Nike, Parmalat, entre outras, praticamente

decidem campeonatos e, há quem diga, até mesmo competições internacionais.

Psicanálise: alguns teóricos, tais como Jurandir F. Costa (1995), entendem o futebol

como uma forma de sublimação de desejos homoeróticos masculinos, insuflados por

componentes falonarcísicos.

Antropologia: Simoni Guedes (1977) foi uma das primeiras teóricas a destacar que em

nossa cultura masculinidade e futebol se confundem a tal ponto que não dizemos 'amanhã

haverá jogo da seleção masculina de futebol'. Segundo ela, masculino e futebol no Brasil são

pleonasmos.

Em suma, seja enquanto instituição social ('o futebol brasileiro'), enquanto

organização (os times e os clubes) ou enquanto grupo (as torcidas organizadas), o futebol,

tomado como epítome do esporte brasileiro, mostra a riqueza deste campo denominado

Psicologia Social do Esporte.

2.1.3 Atuação do Psicólogo do Esporte

A Psicologia do Esporte está subdividida em duas áreas de atuação profissional: a

pesquisa e o ensino.

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Sobre o assunto, os autores Samulski (2002) e Weinberg e Gould (2001) afirmam que

o ensino e a pesquisa podem ser desempenhados tanto por profissionais da psicologia como

da educação física, e a intervenção clínica é prerrogativa do psicólogo. Todavia, segundo

estes autores, esta divisão tem causado "um certo mal-estar" entre os profissionais da área da

psicologia, uma vez que, por algum tempo, o critério que prevaleceu para delimitar os

campos de atuação não foi o do conhecimento, mas apenas o do corporativismo. No entanto,

as duas áreas educação física/esporte e psicologia - puderam contribuir, a seu tempo e com

os seus saberes para essa construção do conhecimento.

Conforme Rubio (2000), a área de aprendizagem e controle motor aproxima-se de

estudos da psicologia que se referem à cognição, percepção e psicologia experimental da

aprendizagem e do comportamento. Segundo Martens (1987 apud RUBlO, 2000), nesse

campo de atuação, o interesse está voltado à pesquisa, produção de conhecimento e ensino da

Psicologia do Esporte.

No campo da intervenção o profissional qualificado com formação em Psicologia,

nos Estados Unidos, de acordo com a American Psycho/ogical Assocíatíon - APA (apud

RUBlO, 2000, p.25), recebe o título de psicólogo do esporte, tendo o direito de fazer

psicodiagnóstico esportivo e praticar intervenções tanto para o atleta individualmente quanto

em contextos grupais.

No entendimento de De Rose Jr. (2000), contudo, com tantos aspectos que levam a

Psicologia do Esporte a enfrentar muitas dificuldades para se fixar como área de estudo e

aplicação científica, surge um grande problema conceitual, profissional e,

fundamentalmente, ético, pois, muitos profissionais da educação física, esporte e até mesmo

leigos atuam em equipes misturando seus conhecimentos técnicos e específicos do esporte

com conceitos da psicologia, com o intuito de melhorar a atuação de seus atletas. E isto

poderia ser entendido como uma invasão de área de atuação profissional.

Segundo o autor Machado, o psicólogo do esporte deve:

Trabalhar com realizações, decepções, minimizar efeitos negativos da torcida, ressaltar aspectos positivos de uma liderança, delimitar os papéis dos elementos dos grupos para seus dirigentes, simplificar a cobrança dos pais, fãs e familiares dos atletas. (MACHADO, 1997, p.11)

Para Riera (1985) cabe ao psicólogo do esporte o papel de informar, assessorar,

ensinar e ser também um agente de transformação.

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De uma maneira bem detalhada em seu trabalho, Gonzales (1992) fornece as

principais intervenções psicológicas aplicadas ao esporte, a saber:

Estratégias para aumentar a motivação;

Reforçamento positivo;

Extinção das condutas inapropriadas;

Retroalimentação do rendimento;

Feedback da atuação;

Relaxamento muscular;

Treinamento para o controle da atenção;

Aperfeiçoamento das atribuições;

Treinamento para o controle do esgotamento cognitivo e emocional;

Reestruturação cognitiva;

Treinamento da concentração;

Treinamento para a coesão da equipe;

Ordenação de objetivos;

Ensaio imaginário;

Dissociação mental;

Eliminação do pensamento negativo;

Energização;

Controle de estresse;

Dessensibilização sistemática;

Ensaio das condutas visiomotoras

Auto controle;

Auto instrução.

Partindo da historia da Psicologia do Esporte e já delimitando algumas atividades

quanto a área de trabalho, faz-se interessante uma projeção quanto as pesquisas na área de

Psicologia do Esporte e do trabalho psicológico que atualmente vem surgindo, como os que

serão descritos no item a seguir.

2.2 PESQUISAS NA AREA DE PSICOLOGIA DO ESPORTE

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É comum ouvir, daqueles que se interessam, mas ainda não atuam na área de

psicologia do esporte, comentários sobre a escassez de bibliografia e a dificuldade de

encontrar títulos com alguns anos de lançamento. Parte dessa reclamação é verdadeira.

As bibliotecas com os maiores acervos em psicologia do esporte estão nas faculdades

de Educação Física, e não nas de Psicologia, o que contribui muito com o mito da falta de

produção. Vale lembrar que só a biblioteca da Escola de Educação Física e Esporte da USP

conta com mais de 50 títulos de vários países, além de vários periódicos internacionais,

especificamente da área.

Consultando as livrarias virtuais, também é possível encontrar centenas, senão

milhares de títulos que vão de temas gerais com grandes apresentações da área até livros

específicos sobre personalidade, motivação, treinamento mental ou coesão em equipes

esportivas, nas mais diversas linhas de atuação, com grande destaque para a produção

behaviorista e cognitivista – em outros idiomas que não o português. Apesar da grande

quantidade de material internacional, fruto de um século de trabalhos na área, no Brasil

também temos publicações com quase 40 anos, demonstrando o longo caminho já percorrido.

Editado pela editora Civilização Brasileira, em 1964, temos “Futebol e Psicologia” de Emílio

Myra y Lopes e Athayde Ribeiro da Silva. Nessa obra podemos conhecer um pouco do

trabalho do psicólogo Athayde realizado junto à Seleção brasileira de futebol bicampeã

mundial em 1962.

É do psicólogo João Carvalhaes, pioneiro da psicologia do esporte no Brasil, o livro

“Um Psicólogo no Futebol: Relatos e Pesquisas” (Editora Esporte Educação, 1974). Tendo

atuado no São Paulo FC durante 19 anos e na Seleção brasileira de futebol campeã em 1958,

Carvalhaes descreve sua forma de intervenção nessas equipes e discute, com base nos

referenciais teóricos da época, temas como perfis psicológicos e dinâmica de grupo. Apesar

de históricos, esses dois títulos estão fora de catálogo já há algum tempo.

Na década de 80, foram traduzidos alguns livros que durante vários anos foram a

referência tanto para trabalhos práticos como acadêmicos. “Psicologia nos Esportes: Mitos e

Crenças”, de Robert Singer (Harper & How, 1982), “Psicologia no Esporte”, de Bryant Cratty

(Prentice Hall do Brasil, 1983) e “Esporte: Uma Introdução à Psicologia”, de Alexander

Thomas (Ao Livro Técnico, 1984) foram consideradas obras de referência, entre outros

fatores pela falta de produção brasileira. Nos anos 90, essa realidade se transforma com a

edição de várias obras, como a de Olavo Feijó, “Corpo e Movimento: Uma Psicologia Para o

Esporte” (Shape, 1992), em que, a partir do referencial da psicologia existencial, o autor

discute e propõe uma forma de intervenção sistêmica e holística no esporte. Nesse mesmo ano

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é lançado “Psicologia do Esporte: Teoria e Aplicação Prática”, de Dietmar Samulski

(Imprensa Universitária/UFMG), com uma apresentação abrangente de temas relevantes em

psicologia do esporte e os vários campos de atuação possíveis, constituindo-se num título

indispensável para quem atua ou deseja atuar na área.

Em 1997, fruto de um trabalho que envolveu alunos e professores de vários cursos de

Educação Física, surge “Psicologia do Esporte: Temas Emergentes” (Ápice), organizado por

Afonso Machado, com uma vasta discussão sobre a relação entre Psicologia e esporte.

Também nesse ano é lançado “Psicologia do Esporte” (Alínea), organizado por

Marcelo Buriti, em que são apresentados vários relatos de pesquisa e considerações sobre

temas como stress, motivação, assunto que será trabalhado a seguir, iniciação esportiva e

torcida. Em 1998, Benno Becker Jr. e Dietmar Samulski lançam o “Manual de Treinamento

Psicológico para o Esporte” (Feevale), obra que fornece subsídios para a comissão técnica e

equipe de apoio lidarem com atletas, desde o nível escolar até o alto rendimento. Nessa

mesma linha e um pouco mais ampliado, Benno Becker Jr. lança em 2000 o “Manual de

Psicologia do Esporte & Exercício (Novaprova).

Como disse no início, a produção em psicologia do esporte já é vasta e não pára de

crescer.

Falamos aqui apenas de algumas obras de autores nacionais que estão estudando e

atuando em psicologia do esporte há algum tempo, esforçando-se para concretizar aquilo que

parecia ser um sonho. Existem ainda vários títulos que aproximam o esporte da Psicologia por

intermédio de uma modalidade, como “Competência Emocional” (Ed. Gente, 1998), de Suzy

Fleury, e “Psicoenergética Aplicada ao Esporte” (Letras e Letras, 1996), de João Roberto de

Souza. Eles relatam experiências ou o uso de técnicas e linhas de intervenção específicas, mas

que não discutem a psicologia do esporte enquanto área de atuação e campo de intervenção. O

tema é amplo e está longe de se esgotar.

2.3 A MOTIVAÇÃO

No início do século XX, a motivação ganhou uma ênfase maior devido, em parte, aos

esforços de Willian Mc Dougall apud Davidoff (1983), fazendo com que ganhasse um espaço

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importante na psicologia. Mc Dougall chamava os motivos de instintos que, para ele, eram um

processo biológico inato que pré dispunha o organismo a verificar estímulos especiais que

respondiam a movimentos de aproximação ou evitação. Em 1908, Mc Dougall publicou uma

lista que apresentava a curiosidade, repulsa, agressão, auto-afirmação, fuga, criação de filho,

reprodução, fome, sociabilidade, aquisição e construtivismo. Esta lista fez com que muitos

cientistas ficassem satisfeitos, passando a citar literalmente vários instintos, inclusive o de ser

moral. Nos tempos atuais, os psicólogos passam pouco tempo tentando identificar tipos

determinados de motivos a maioria deles enfoca a descrição e sua explicação sobre as

influências do comportamento motivado.

Segundo Davidoff (1983), motivação é um conceito que se invoca com freqüência

para explicar as variações de determinados comportamentos e, sem dúvida, apresenta uma

grande importância para a compreensão do comportamento humano. É um estado interno

resultante de uma necessidade que desperta certo comportamento, com o objetivo de suprir

essa necessidade. Os usos que uma pessoa faz de suas capacidades humanas dependem da sua

motivação, seus desejos, carências, ambições, apetites, amores, ódios e medos.

As diferentes motivações e cognições de uma pessoa explicam a diferença do

desempenho de cada uma. Os fenômenos motivados apresentam comportamentos que

parecem guiados pelo funcionamento biológico do organismo da espécie: como o de beber,

comer, evitar a dor, respirar e reproduzir-se. Porém, temos os de natureza motivacional que

seriam os comportamentos resultantes de necessidades, desejos, propósitos, interesses,

afeições, medos, amores e uma série de funções correlatas. Alguns psicólogos afirmam que

motivação também é o desejo consciente de se obter algo, sendo assim, uma determinante da

forma como o indivíduo se comporta. A motivação está envolvida em várias espécies de

comportamento como: aprendizagem, desempenho, percepção, atenção, recordação,

esquecimento, pensamento, criatividade e sentimento. A motivação também possui elementos

complexos, inconscientes e, muitas vezes, antagônicos, gerando assim, constantes conflitos.

Mas, com certeza, é a motivação que move o Homem.

Assim, em termos gerais, motivação significa os fatores e processos que levam as

pessoas a agirem ou ficarem inertes frente a determinadas situações (CRATTY, 1983). Já

Davidoff (1983), diz que motivação refere-se a um estado interno que resulta de uma

necessidade e que ativa ou desperta comportamentos realmente dirigido ao cumprimento da

necessidade ativante. Para Murray (1978), motivação é um fator interno que dá início, dirige e

integra o comportamento de uma pessoa.

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Motivação não é algo que possa ser diretamente observado; inferimos a existência de

motivação observando o comportamento. Um comportamento motivado, segundo Braghrolli;

Bisi; Rizzon, et al. (2001) se caracteriza pela energia relativamente forte nele despendida e

por estar dirigido para um objetivo ou meta. Já o motivo pode ser definido como uma

condição interna relativamente duradoura que leva o indivíduo ou que o predispõe a persistir

num comportamento orientado para um objetivo, possibilitando, a transformação ou a

permanência da situação (SAWREY & TELFOLD, 1976).

Partindo do entendimento de motivação e o quanto interfere na carga de treinamentos

no esporte escolhido como público-alvo, faz-se importante também um estudo sobre o

futebol.

2.4 DO FOOTBAL AO FUTEBOL: A EVOLUÇÃO DO ESPORTE NO BRASIL:

Com mais de cem anos de história, o futebol incontestavelmente é o esporte que mais

movimenta as massas. Para os brasileiros, representa uma das maiores manifestações dos

nossos sentidos de brasilidade. É o nosso jeito, nossa cultura, nossa língua, nossa religião.

Com tamanha popularidade e com inúmeras significações, seria impossível que o

futebol não se tornasse objeto de estudo de historiadores, antropólogos, sociólogos, escritores,

jornalistas e até mesmo psicólogos. Por isso, existem versões e análises diversificadas sobre o

advento e a popularização do esporte no Brasil.

2.4.1 “O Homem e a Bola”

Já diziam os historiadores que o homem, desde a pré-história, teria se sentido atraído

por brincadeiras com objetos redondos. A diversão nas cavernas era chutar frutas, pedras e

crânios. Alguns jogos dessas épocas remotas seriam os precursores do nosso futebol (cf.

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TUDO, 1996, p.254). Embora na evolução histórica humana muitos jogos tenham como

centro principal a bola, foi o futebol que a transformou em “objeto sagrado”.

No texto Futebol e Política, o professor Vitor Andrade de Melo enumera outras

possíveis procedências do futebol:

Tais origens estariam situadas entre os maias, que praticavam o jogo com a cabeça dos adversários derrotados; ou entre os egípcios, que se divertiam com a brincadeira na qual tinham que chutar uma bola; e talvez, até mesmo na China, onde existiam indícios de um jogo muito parecido com o futebol moderno. Também levantam a possibilidade de ele ter sido praticado em Roma, quando assumiu uma forma muito violenta, da qual freqüentemente os praticantes saíam feridos (CARRANO, 2000, p.13).

Mas não se pode afirmar que futebol teve origem naquelas práticas antigas, mas sim,

que ele tenha herdado algum tipo de injunção simbólica delas.

O futebol moderno, tal como conhecemos, foi inventado pelos países do Império

Britânico. Alguns autores acreditam que, no início do século IX, houve uma tentativa de

desembarque de navios vikings invasores nas costas inglesas. Na luta pela posse da terra, os

habitantes derrotaram os inimigos, decapitaram o chefe e ficaram rolando com a cabeça como

se fosse uma bola. E “a partida só terminou quando a cabeça ficou totalmente desintegrada”

(TUDO, 1996, p.256).

Os ingleses gostaram da brincadeira, e o futebol passou a ser a principal atividade de

diversão da época. Neste mesmo século, as partidas eram realizadas com mais de 200 homens,

por meio de muita confusão. Os jogos eram praticamente batalhas, e os jogadores, guerreiros

em busca do objeto redondo. Como não haviam regulamentos, eram permitidos todos os tipos

de agressões.

Durante as festividades, eram organizadas partidas em que os jogadores perseguiam a

bola em meio a gritos e empurrões, que terminavam em confusões generalizadas e brigas

ferozes.

Apesar de violento, o esporte adquiriu bastante popularidade junto aos ingleses. A

regulamentação foi em 1863, com a fundação da The Football Association, na Inglaterra, na

qual foram estabelecidas as primeiras regras. Mesmo assim, o futebol ainda era mais

recreativo que profissional.

A trajetória do “desembarque” do esporte bretão no Brasil ainda gera controvérsias

entre os historiadores. Alguns acreditam que o futebol foi trazido por marinheiros ingleses,

que foram vistos jogando bola em um cais do porto no Rio de janeiro em 1872. Mas a maioria

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discorda desta versão. Muitos afirmam que o Brasil conheceu o que futuramente seria a

paixão nacional em 1894, através do estudante inglês Charles Müller.

Filho de um cônsul britânico que morava em São Paulo, Müller apresentou as regras e

o uniforme do time em que jogava na primeira divisão na cidade de Southampton.

Inicialmente, o futebol era só para ricos, praticado e apreciado em uma verdadeira

reunião da alta sociedade. Os filhos das elites, acostumados a sair do Brasil para estudar,

começavam a entrar em contato com o esporte nas escolas européias, onde geralmente eram

educados. As primeiras partidas foram realizadas em São Paulo, entre os sócios do São Paulo

Atlhetic Club que, em 1895, incorporou a modalidade nas atividades recreativas. Os primeiros

jogos no Rio de Janeiro foram em 1901, e os únicos times cariocas eram o Paysandu e o

Atlhetic Association, de Niterói. Em 1902, foi fundada a Liga Paulista de Futebol e, em 1914,

a Liga Carioca de Futebol, quando foram realizados os primeiros campeonatos.

Em 1903, foi publicada a série “Guia de Football”, por Mário Cardim, que traduziu as

regras inglesas para português com o objetivo de atingir um público mais amplo.

No mesmo ano, foi criada a FIFA - Federação Internacional de Associação de Futebol,

que hoje reúne 193 nações e representa cerca de 20 milhões de praticantes de todo o mundo e

incontáveis torcedores espalhados pelo planeta.

2.4.2 Esporte brasileiro por excelência

O início do processo de popularização do futebol no Brasil se deu no princípio do

século XX. Já no final da década de 10, o esporte mais popular do mundo começa a ganhar

caráter essencialmente brasileiro.

O futebol brasileiro é o mais elogiado por sempre privilegiar o espetáculo nas

competições esportivas, ao contrário dos outros representantes que revezam com seus estilos

entre a arte e a força (MALULY, 2000, p.95).

Com o passar dos anos, a implementação no Brasil foi consolidada, e o futebol foi

deixando de ser puramente uma atividade de lazer para tornar-se profissional, ainda que não

perdesse totalmente a característica recreativa e prazerosa.

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Dois fatos marcantes na história do nosso futebol foram a construção do Maracanã, o

maior estádio de futebol já construído no mundo, e a realização do primeiro Campeonato de

seleções mundiais no Rio de Janeiro, ambos em 1950. Esses foram elementos que também

implicaram no reconhecimento do Brasil como “o país do futebol”.

A rápida difusão e o apelo popular cada vez maior despertaram o interesse de

sociólogos, antropólogos e historiadores, que se empenharam em estudar as razões e os

sentidos do futebol como manifestação cultural brasileira.

O esporte se comportou como elemento importante, talvez essencial, da experiência de

grupos sociais. Além disso, era reconhecido pelo domínio público dos brasileiros e de outros

povos como expressão cultural tipicamente brasileira, que revelava o caráter e os costumes

exclusivos deste povo.

Entre os vários sentidos da popularização do futebol no Brasil, o escritor Leonardo de

Miranda Pereira cita uma interessante análise do sociólogo Joel Rufino dos Santos. Para ele, o

futebol seria o “resultado da intervenção, dos patrões e do poder público” (PEREIRA, 2000,

p.203).

Nas principais metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo, o jogo da bola estaria

voltado exclusivamente para os adestramentos físico e moral do povo pelas elites. Segundo

ele, a classe dominante teria resistido até o último momento à entrada do povo no universo do

futebol. Tanto no Rio quanto em São Paulo, o futebol equivaleria a um instrumento de

alienação e disciplina.

O futebol aparece, portanto, como um elemento externo à experiência daqueles que o

praticavam: como imposição ou como dádiva, é pelas mãos de seus algozes que os

trabalhadores do período interessar-se-iam pelo jogo da bola (Ibidem, p.204).

Joel Rufino dos Santos ainda inclui a pesquisa da lógica da dimensão popular do jogo

no Brasil. Segundo ele, a cidade de São Paulo precisava de um “esporte de massas”, já que era

recém-industrializada e embargada na luta entre operários e patrões. De acordo com o

sociólogo, os trabalhadores seriam “obrigados” a jogar futebol, defendido pela elite como

elemento disciplinador utilizado pelo patrão. Já na capital carioca, ele afirma que motivo era

que o governo pretendia estimular o futebol e abafar os esportes de luta, como a capoeira. A

desculpa pela falta de incentivo a essas modalidades era que as lutas seriam culpadas pelas

rebeliões que estavam acontecendo no período, como a Revolta da Vacina, em 1904.

O que em São Paulo seria um esporte que, patrocinado pelos industriais, equivaleria a

um ensinamento de disciplina e de harmonia, assumia, assim, no Rio de Janeiro, a feição de

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um poderoso instrumento da alienação, capaz de distrair os trabalhadores de seus problemas e

dificuldades (Ibid., p.202).

O futebol protagonizou os processos de descoberta da nossa identificação construídos

pelos diversos agentes sociais em integração. Aqui, é bem definido por Luiz Henrique de

Toledo:

Mais do que mero espetáculo consumível, o futebol consiste num fato da sociedade,

linguagem franca de domínio público, dos fundamentos às representações coletivas, que

reencanta a dimensão da vida cotidiana através da sua estética singular (TOLEDO, 2000,

p.68).

O professor Vitor Andrade de Melo vai mais longe. No texto Futebol: Que história é

essa?, sintetiza o esporte como expressão brasileira, em uma relação de domínio cultural entre

as camadas sociais:

A cultura, que é produzida no seio das classes mais abastadas da sociedade, sofre

influência da cultura das camadas populares, e tais camadas apreendem as manifestações

geradas pelas classes ricas, conferindo novos sentidos e significados. Qualquer relação de

dominação pressupõe uma resistência por parte do dominado, que nunca é completamente

dominado, mas devolve ao dominador influências que acabam por reorientar os sentidos

originais (CARRANO, 2000, p.16).

Para Vitor de Melo, foi provavelmente a partir deste pressuposto que o futebol

conseguiu se propagar no Brasil e no mundo, não selecionando etnias, nacionalidades, classes

sociais e, principalmente, superando limites rígidos de certas religiões.

Alguns autores estabelecem que o caráter da herança biológica do brasileiro

(diversificidade étnica) seria responsável pela ginga e pela habilidade do corpo para realizar

um futebol bem feito. Outros acreditam que a facilidade de se montar um jogo de futebol era

causa fundamental da popularização. Afinal, pode-se “bater uma bola” em praticamente

qualquer lugar, seja na rua, no campo, na praia. E ainda, com bola de couro, bola de plástico,

de meia, de laranja, usando traves de madeira, de ferro, de tênis, de camisa...

Mas para o professor Jocimar Daolio, analisadas isoladamente, nem a explicação

genética nem a facilidade da prática explicariam a popularização do futebol.

Parece ter havido uma combinação entre o código de futebol e o contexto cultural

brasileiro(...)O novo esporte que chegava da Inglaterra não oferecia apenas momentos lúdicos

de lazer aos praticantes, mas permitia, principalmente, a vivência de situações e emoções do

homem brasileiro (CARRANO, 1998, p.33).

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Isso, na verdade, pode explicar o forte poder simbólico que o futebol foi conquistando

passo-a-passo, representando o modo de vida do homem brasileiro, da mesma forma como em

outros fenômenos nacionais, como o carnaval.

A maneira de viver comprova a presença do futebol em nossas vidas, em filmes,

novelas, músicas e até em nosso vocabulário, com expressões e gírias como “pisar na bola”,

“embolar o meio de campo”, “tirar o time de campo” e outras tantas que foram incorporadas

no cotidiano da sociedade, sem distinção econômica ou social.

Em No país do futebol, o antropólogo Luiz Henrique de Toledo traça momentos

fundamentais do esporte no Brasil. Ainda de caráter amador, o futebol, até a década de 30, era

regulado através de estatutos que vedavam remuneração aos jogadores. Os atletas

sobreviviam com ganhos extras, os popularmente chamados “bichos”.

Após a fase amadora, foi adotado, em 1933, o profissionalismo, mas ainda com grande

resistência dos que defendiam o “purismo” no esporte. Luiz Henrique de Toledo delimita três

fases distintas do futebol profissional. A primeira se deu a partir do fim do caráter amador, até

meados da década de 40. Esta empenhou-se em acabar com os resquícios do amadorismo às

escondidas, conhecido como “marrom”, regulamentando os ganhos financeiros dos jogadores,

sobretudo nos campeonatos mais organizados (cf.TOLEDO, 2000, p.9).

O segundo momento foi caracterizado pela ditadura do Estado Novo, que

regulamentou as diretrizes do futebol no Brasil, que ainda eram muito confusas. O presidente

Getúlio Vargas fundou, em 1943, o CND - Conselho Nacional de Desportos, que fiscalizava

confederações e clubes.

Por volta da primeira metade dos anos 90, começa nosso terceiro momento, o atual.

Hoje vivemos em processo de modernização de clubes e de jogadores como, por exemplo, a

implementação da Lei Pelé, que estabelece o fim da “lei do passe”. A nova lei reestrutura

parcerias econômicas entre clubes e empresas privadas e compreende a utilização do

marketing esportivo.

O futebol de hoje é mais organizado do que em épocas passadas, reúne mais pessoas

envolvidas, ou seja, além de jogadores e técnicos, incorpora profissionais como jornalistas,

empresários, fabricantes de artigos esportivos, “olheiros”, psicólogos e médicos

especializados, além de estabelecer um mercado lucrativo em torno da modalidade.

O antropólogo Roberto DaMatta, estudioso do futebol como fenômeno cultural do

Brasil, afirma que cada sociedade tem o futebol que merece. No artigo de Jocimar Daolio,

para o antropólogo,

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O futebol não é apenas uma modalidade esportiva com regras próprias, técnicas

determinadas e táticas específicas(...)o futebol é uma forma que a sociedade brasileira

encontrou para se expressar. É uma maneira do homem nacional extravasa características

emocionais mais profundas, como paixão, ódio, felicidade, tristeza, prazer, dor, fidelidade,

resignação, coragem, fraqueza e muitas outras (CARRANO, 1998, p.35).

Nosso jogo representa o jeitinho brasileiro. Ele deposita as características de uma

cultura essencialmente nativa do Brasil. Vários agentes mobilizadores giram em torno da

prática do futebol. Com ele, o Brasil descobriu sua melhor tradução, sua maior expressão.

Se hoje é impossível imaginar nosso país sem futebol, é igualmente difícil pensar e

estabelecer uma única razão para a enorme projeção nacional.

Mas descobrir e refletir sobre os sentidos da popularização do futebol no Brasil não foi

e não é atividade exclusiva de historiadores, antropólogos e sociólogos. Aos poucos, o assunto

foi tema de cinema, de literatura e de uma mídia crescente, também em processo de

popularização.

A mídia, na verdade, foi igualmente responsável pela popularização do futebol e foi

despertando interesse nos fãs e praticantes de outras modalidades de esporte, ampliando o

universo de público, que hoje atinge especialistas apreciadores, curiosos, além dos próprios

esportistas.

Por fim, observa-se a existência de vários fatores influenciando a performance dos

atletas, os quais tanto podem prejudicar ou contribuir para sua satisfação e seu desempenho

profissional, nos resultados de suas carreiras e até mesmo em sua saúde mental. Por essa

razão, torna-se de fundamental importância que as pessoas envolvidas no trabalho com o

jogador de futebol estejam atentas a essas questões, provendo as condições necessárias para

que o mesmo desempenhe adequadamente o seu exercício profissional. Além disso, é

fundamental construirmos conhecimentos relacionados à performance no esporte condizentes

com as especificidades culturais e regionais do contexto no qual os atletas estão inseridos

(Rubio, 2000).

Torna-se interessante após descrever a historia do futebol mundial e brasileiro,

também pontuar o futebol regional de Santa Catarina, já que será aplicada a pesquisa proposta

em Clubes do Estado.

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2.4.3 O Futebol em Santa Catarina

Segundo o autor pesquisado, Machado (2000), o futebol em Santa Catarina chegou

como revolucionária e uma nova opção de lazer e recreação. Em 14 de agosto de 1910,

transformou em forma organizada o futebol, na Praça General Osório, espaço onde se

encontra instalado o Instituto Estadual de Educação, IEE.

Para a Federação Catarinense de Futebol - FCF (2004), o futebol em Santa Catarina,

como campeonato, surgiu no ano de 1924, onde o número de títulos distribui-se quase que

igualmente entre os participantes. Grande parte desses clubes foram formados dentro de

fábricas e poucos se profissionalizaram, muito se deve a economia no Estado presente na

época.

Ainda segundo o autor Machado (2000), no dia 12 de junho de 1921, é fundado o

Figueirense Futebol Clube, em Florianópolis. Já o Avaí Futebol Clube foi fundado em 1923.

Conforme dados da FCF (2004), o Brasil Futebol Clube se tornou Palmeiras Esporte

Clube em 1942; o Palmeiras, em 1980, passou a se chamar Blumenau Esporte Clube.

O América Futebol Clube, em 1976, cinco vezes campeão, fundiu seu departamento

de futebol com o do Caxias Esporte Clube, que nunca chegou sequer numa final de

campeonato, para formar o Joinville.

O Ferroviário e o Hercílio Luz fundiram-se em 1992 e deram origem ao Tubarão. E

em 1978, o Comerciário passou a se chamar Criciúma.

O Clube Atlético Carlos Renaux e o Clube Esportivo Paysandu formaram o Brusque

Futebol Clube, em 1987.

De acordo com Machado (2000), pelo surgimento de várias equipes de futebol em

todo o Estado catarinense, e pela iniciativa do desportista Eugênio Bruck, nasceu a idéia da

criação de uma liga oficial para orientar e comandar as atividades dessas equipes, que já

vinham realizando jogos entre si. Essa idéia porém, só veio a se concretizar anos mais tarde,

dentro das exigências da Confederação Brasileira de Desportos - CBD.

Finalizando com estas considerações esta parte de fundamentação teórica, acredita-se

que foi exposto o conteúdo necessário para iniciar o próximo capítulo, que visa a

metodologia utilizada para a realização deste trabalho.

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33

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Para esta pesquisa, optamos por pesquisa quantitativa, de caráter exploratória e estudo

comparativo com uma amostra aleatória.

A metodologia quantitativa permitiu um mapeamento e dimensionamento das opiniões

e atitudes. Tal método, segundo Richardson (1999), possui a intenção de garantir a precisão

dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, o que possibilita uma margem

segura quanto aos resultados obtidos.

A realização de uma pesquisa exploratória é adequada “(...) quando não se tem

informação sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno”. (RICHARDSON,

1999, p.66). Segundo o mesmo autor, o caráter descritivo de uma pesquisa, justifica-se pelo

desejo de descrever características de um fenômeno.

“(...) esse tipo de estudo deve ser realizado quando o pesquisador deseja obter melhor

entendimento do comportamento de diversos fatores e elementos que influem sobre

determinado fenômeno” (RICHARDSON, 1999, p.71).

3.2 POPULAÇÃO (Sujeitos e delineamento)

Fizeram parte da população 46 sujeitos divididos em duas categorias, os que já tiveram

experiência com Psicologia e os que não tiveram experiência com a Psicologia, praticantes de

futebol em um Clube de expressão nacional e outro em expressão Estadual, sendo que

disputam o mesmo campeonato, todos do sexo masculino, na faixa etária de 16-35 anos

(categoria juvenil, junior e profissional). Os sujeitos das amostras serão selecionados

aleatoriamente.

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34

3.3 INSTRUMENTO

Como instrumento de medida foi utilizado um questionário, adaptado do Inventário de

Motivação para a prática Desportiva de Gaya & Cardoso (1998), composto por 17 perguntas

objetivas, subdivididas em 4 categorias: competência desportiva, saúde, amizade/lazer e

acrescentando ainda, algumas perguntas quanto ao Serviço de Psicologia e suas atividades.

Para contribuir na investigação deste problema optamos por um trabalho comparativo

entre diferentes tipos de fontes, o material fruto de dados quantitativos.

3.4 PROCEDIMENTOS

Em um primeiro momento, foi apresentado junto aos clubes o projeto de pesquisa bem

como o TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (para os jogadores) e o

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DA INSTITUIÇÃO para cada

um visando sua aprovação.

Após este primeiro passo, foi marcada uma conversa informal com os atletas para que

as atividades da pesquisa fossem iniciadas deixando-os claros quanto aos objetivos da

pesquisa.

As coletas foram realizadas durante os meses de abril em um clube, e maio em outro

clube de 2005, em apenas 1 dia antes dos treinamentos e todas tiveram a autorização da

respectiva Comissão Técnica responsável pelos atletas e tendo a aplicação o tempo

aproximadamente de 15 minutos.

3.5 ANALISE DOS DADOS

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Embora os dados convidem a tomar certas cautelas quanto às suas diferentes origens,

nos instigam a levantar questões. Como uma primeira incursão nestes materiais a partir deste

enfoque, consideramos que apesar das limitações subjacentes nestes tipos de comparação, esta

pode ser uma iniciativa que contribua para aprofundar o debate em uma próxima pesquisa.

Assim, em um segundo momento, foi analisado o material qualitativamente buscando

traçar alguns paralelos com o que foi encontrado nos dados quantitativos.

Para a validação dos dados foi utilizado o Teste Qui-Quadrado que objetivou verificar

se a freqüência com que um determinado acontecimento observado em uma amostra se

desviou significativamente ou não da freqüência com que ele é esperado e comparar a

distribuição de diversos acontecimentos em diferentes amostras, a fim de avaliar se as

proporções observadas destes eventos mostraram ou não diferenças significativas ou se as

amostras diferem significativamente quanto às proporções desses acontecimentos.

No caso das perguntas fechadas, foi utilizada a análise estatística da amostra: a

descrição dos dados amostrais - estatística descritiva. A forma utilizada neste caso foi a de

sumariar variáveis nominais, contando o número de indivíduos em cada categoria. Esta

contagem é designada por freqüência de uma categoria. A variável será então descrita numa

tabela de freqüências, onde serão indicadas as categorias da variável e as respectivas

freqüências, sendo ainda acrescentada à tabela das freqüências expressas em forma de

percentagem. Ou podendo ainda ser utilizado um gráfico circular. O círculo representa os

100% dos indivíduos e cada 'fatia' é proporcional à freqüência de cada categoria.

Com estas duas comparações, o objetivo geral foi alcançando, como será apresentado

a seguir.

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36

4 ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

O objetivo deste capitulo é apresentar a descrição e a discussão dos dados coletados,

razão pela qual o capitulo esta organizado em duas partes distintas, sendo que a primeira parte

trata de apresentar unicamente os dados resultantes da pesquisa feita com os jogadores que

tiveram e os que não tiveram experiência com o Serviço de Psicologia, e a segunda parte

destina-se à discussão desses dados.

Ressalta-se, primeiramente, que não foi possível realizar a pesquisa com o numero

total de jogadores proposto no Projeto de Trabalho de Conclusão do Curso, pois houve

dificuldade na aplicação, levando-se em consideração que um time estava em plena

competição e assim dificultando o contato com os jogadores. Alem disso, na proposta piloto,

o objetivo principal era de “comparar a concepção e a importância do Serviço de Psicologia

para os atletas que possuem esse Serviço em seu clube e para os que não possuem o mesmo”.

Justificando a mudança de objetivo partindo do entendimento que um clube possui o

referido Serviço de Psicologia a 6 anos, porem o outro clube não possui, mas muitos de seus

jogadores tiveram experiência com a Psicologia em outros clubes já defendidos, e a partir

dessa constatação, houve a necessidade de modificar o objetivo para “comparar a concepção e

a importância do Serviço de Psicologia com os atletas que tiveram experiência e os que não

tiveram experiência com a Psicologia”.

Como mencionado anteriormente, foi aplicado um questionário, adaptado do

Inventário de Motivação para a prática Desportiva de Gaya & Cardoso (1998), composto por

17 perguntas objetivas, subdivididas em 4 categorias: competência desportiva, saúde,

amizade/lazer e acrescentando ainda, algumas perguntas quanto ao Serviço de Psicologia e

suas atividades aos 46 jogadores, divididos em duas categorias, Grupo “Com experiência” e

Grupo “Sem experiência”.

Torna-se necessário informar que, por uma questão ética, os mesmos não serão

identificados. Para isso, serão referidos como a categoria de TIVERAM EXPERIENCIA,

NÃO TIVERAM EXPERIENCIA.

Foi solicitado aos jogadores que atribuíssem o grau de freqüência com que atribuem a

importância ao proposto nas questões. Todavia, torna-se interessante relembrar antes da

descrição dos dados que o numero correspondente a escala de avaliação numerada é o

seguinte:

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37

1 – NÃO CONCORDO 2 – CONCORDO EM PARTE 3 – CONCORDO

4.1 DESCRIÇAO DOS DADOS

Neste capítulo serão descritos os dados tanto quanto ao grau percentual de respostas a

cada pergunta por categorias.

O Teste Qui-Quadrado foi utilizado para verificar se a freqüência com que um

determinado acontecimento observado em uma amostra se desviou significativamente ou não

da freqüência com que ele é esperado e comparar a distribuição de diversos acontecimentos

em diferentes amostras, a fim de avaliar se as proporções observadas destes eventos

mostraram ou não diferenças significativas ou se as amostras diferem significativamente

quanto às proporções desses acontecimentos.

A estatística do teste, foi designado por χ2, é uma espécie de medida de distância entre

as freqüências observadas, 0, e as freqüências que esperaríamos encontrar em cada casela, E,

na suposição das variáveis serem independentes.

O nível de significância utilizado foi de 5% (α= 0,05), aceitando H0 (pois, P > α) e o

grau de liberdade (gl) = 2.

Quando as variáveis são independentes (H0), as freqüências observadas tendem a ficar

perto das freqüências esperadas. Neste caso, o valor de χ2 indica que as variáveis podem ser

independentes. Por outro lado, um valor grande na estatística χ2, sinaliza que as diferenças

entre as freqüências observadas e freqüências esperadas não devem ser meramente casuais, ou

seja, deve haver associação entre as duas variáveis. Quando se prepara o resultado da prova

qui-quadrado, o valor representa a probabilidade de ser significativo e, como exemplo nesta

pesquisa, o p na questão 1 é = (igual) a 0,001187887. O qui-quadrado determina esse valor e

como já mensionado, lembrando que foi utilizado o grau de liberdade = 2.

Nos exemplos, já que a probabilidade é muito alta, pode-se concluir que as questões

avaliam o grau de conhecimento na área específica e houve significância na pesquisa.

Tudo indica que seria melhor tratar os problemas em separado, deixando que cada

grupo decida como quer a atuação do profissional do Serviço de Psicologia, pois como o valor

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de χ2 foi baixo, foi considerado que as variáveis podem ser independentes, ou seja, significa

que o conhecimento do resultado de uma das variáveis não fornece qualquer informação sobre

a outra. O limite entre aceitar e rejeitar H0, foi comparado pelo valor P com o nível de

significância α arbitrado, e com isso pode-se afirmar que a probabilidade de rejeitar H0 foi de

2%.

Com estas informações, segue a descrição das questões separadamente.

A leitura do Gráfico 1, a seguir, apresenta o panorama geral da avaliação quanto a

pergunta “Você já teve alguma experiência com a Psicologia? ( ) Sim ( ) Não”, onde

sugerimos identifica-los como Grupo “Com experiência” e Grupo “Sem experiência”.

Você já teve alguma experiência com a Psicologia?

70%

30%Com experiência Sem experiência

Como se pode constatar no Gráfico 1, dos 46 jogadores questionados, 32 enquadram-

se no resultado de 70% com experiência, o que pressupõe que esses jogadores possuem um

conhecimento e já participaram de algum tipo de intervenção Psicológica.

Já com relação aos 14 jogadores referentes ao percentual de 30%, verifica-se que não

tiveram nenhuma experiência com a Psicologia, e assim os conhecimentos quanto ao Serviço

por parte deste grupo serão analisados a partir das demais respostas do questionário.

Seguindo o mesmo procedimento de leitura feita anteriormente, o Gráfico 2 (Com

experiência) apresenta o resultado da avaliação feita com os 32 jogadores pertencentes do

Grupo “Com experiência” num panorama geral, conforme se pode constatar a seguir:

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1- Confio no trabalho e atividades realizadas pelo Serviço de Psicologia

0%

31%

69%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE

3 – CONCORDO

Em relação ao Gráfico 2 (Com experiência), pode-se constatar que, dos 32 jogadores

questionados, 10 jogadores responderam que CONCORDAM EM PARTE quanto a pergunta,

o que leva a um percentual de 31%, e 22 jogadores, representando um percentual de 69%

responderam que CONCORDAM quanto a pergunta. Segue Gráfico 2 (Sem experiência).

1- Confio no trabalho e atividades realizadas pelo Serviço de Psicologia

0%

43%

57%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Fazendo a leitura no Gráfico 2 (Sem experiência), pode-se constatar que dos 14

jogadores questionados, 6 responderam que CONCORDAM EM PARTE, levando a um

percentual de 43%, e 8 jogadores responderam que CONCORDAM quanto a pergunta, o que

representa o percentual de 57%. Para esta questão, o valor de p encontrado foi de

0,001187887, havendo diferença significativa entre as respostas dos Grupos. A seguir, o

Gráfico 3 (Com experiência) apresenta as respostas dos jogadores quanto a pergunta “Fico

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seguro fazendo trabalho psicológico”.

2- Fico seguro fazendo trabalho psicológico

0%

38%

62%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Neste gráfico, pode-se verificar que 20 jogadores responderam CONCORDO,

representando 62%, e 12 jogadores responderam CONCORDO EM PARTE, representando

38%. A seguir descrição dos dados do Gráfico 3 (Sem experiência).

2- Fico seguro fazendo trabalho psicológico

0%

50%50%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Neste Gráfico 3 (Sem experiência), constatou-se que houve um empate quanto as

respostas, 7 jogadores, o que representa 50% responderam que CONCORDAM, e 7

jogadores, o que representa 50% responderam que CONCORDAM EM PARTE. O valor do p

obtido desta questão foi de 0,001172406, havendo diferença significante estatisticamente

entre as respostas dos Grupos.

O Gráfico 4 (Com experiência) a seguir, apresenta o resultado das respostas dadas

pelos jogadores do grupo, quanto a pergunta “Sinto-me capaz de controlar minhas emoções

durante os jogos” .

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41

3- Sinto-me capaz de controlar minhas emoções durante os jogos

3%

59%

38%1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Com a leitura do Gráfico 4 (Com experiência), pode-se constatar que 12 jogadores

questionados representando os 38%, responderam que CONCORDAM com a pergunta, 1

jogador referente ao 1% respondeu que NÃO CONCORDA, e 19 jogadores referentes aos

59% responderam que CONCORDAM EM PARTE. Segue Gráfico 3 (Sem experiência) para

descrição.

3- Sinto-me capaz de controlar minhas emoções durante os jogos

0%

43%

57%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

No Gráfico 4 (Sem experiência), constata-se que 8 jogadores questionados, que

representa 57% responderam que CONCORDAM com a pergunta, e 6 jogadores o que

representa 43% responderam que CONCORDAM EM PARTE. O valor encontrado para o p

foi de 0,003646326, e pode-se constatar que houve diferenças estatisticamente significantes

quanto as respostas atribuídas na escala como NÃO CONCORDO por parte dos jogadores

representantes do Grupo “Com experiência”. Interessante o fato de que os “Sem experiência”

se consideram mais capazes de controlar as emoções.

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O Gráfico 5 (Com experiência), apresenta o resultado das respostas dos jogadores

quanto a pergunta “Serviço de Psicologia passa informações claras e objetivas acerca do

trabalho realizado com os atletas”.

4- Serviço de Psicologia passa informações claras e objetivas acerca do trabalho realizado com os atletas

3%

38%

59%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Fazendo a leitura deste gráfico, constata-se que 19 jogadores responderam

CONCORDO quanto a pergunta, o que representa 59%, 12 jogadores responderam

CONCORDO EM PARTE, levando a um percentual de 38% e 1 jogador NÃO CONCORDA

com a pergunta, o que leva a 3%. Segue Gráfico 5 (Sem experiência) para devida descrição.

4- Serviço de Psicologia passa informações claras e objetivas acerca do trabalho realizado com os atletas

7%

43%50%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Verifica-se na leitura do Gráfico 5 (Sem experiência) que 7 jogadores responderam

CONCORDO, levando a um percentual de 50%, 6 jogadores responderam que CONCORDO

EM PARTE, representando um percentual de 43%, e 1 jogador respondeu que NÃO

CONCORDA no que questiona a pergunta, representando um percentual de 7%. Nessa

questão, existe uma diferença estatisticamente significativa nos valores atribuídos pelos

jogadores do Grupo “Sem experiência” nas escalas NÃO CONCORDO, CONCORDO

EM PARTE e CONCORDO, conforme indica o valor de p= 0,005044415 e a leitura

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realizada do gráfico. O Gráfico 6 (Com experiência), apresenta as respostas dos jogadores

quanto a pergunta “A psicologia motiva a equipe para o trabalho”.

5- A psicologia motiva a equipe para o trabalho

0%

25%

75%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Na leitura realizada neste Gráfico 6 (Com experiência), pode-se constatar que 24

jogadores responderam CONCORDO, perfazendo o total de 75%, e 8 jogadores responderam

CONCORDO EM PARTE, representando 25%. A seguir Gráfico 5 (Sem experiência).

5- A psicologia motiva a equipe para o trabalho

7%

21%

72%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

No Gráfico 6 (Sem experiência), 10 jogadores responderam que CONCORDAM,

representando 72%, 3 jogadores responderam que CONCORDAM EM PARTE, o que leva a

um percentual de 21% e 1 jogador, o que representa 7%, respondeu NÃO CONCORDO.

O valor de p para esta questão encontrado foi de 0,000778558, havendo diferença

estatisticamente significativa entre os dois Grupos. A seguir, serão apresentadas através do

Gráfico 7 as respostas referentes a pergunta “Sinto que posso atuar bem sob pressão”.

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6- Sinto que posso atuar bem sob pressão

3%16%

81%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Constata-se neste Gráfico 7 (Com experiência) que, 26 jogadores responderam

CONCORDO, representando no gráfico 81%, 5 jogadores responderam que CONCORDAM

EM PARTE, representando 16% e 1 jogador referente ao 3%, respondeu NÃO

CONCORDO. A seguir a descrição do Gráfico 7 (Sem experiência).

6- Sinto que posso atuar bem sob pressão

7%

36%

57%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Neste Gráfico, verifica-se que 8 jogadores responderam que CONCORDO,

representando os 57% no gráfico, 5 jogadores responderam que CONCORDO EM PARTE, o

que representa 36%, e 1 jogador respondeu NÃO CONCORDO, referente ao 7%.

O valor de p referente a esta questão foi de 0,001967938, havendo diferença

estatisticamente significativa entre as respostas dos dois Grupos. Os “Com experiência”,

apesar de relatarem menor controle emocional, sentem que podem atuar bem sob pressão.

As respostas referentes a pergunta “Considero importante o trabalho realizado pelo

Serviço de Psicologia” estarão ilustradas no Gráfico 8 (Com experiência).

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7- Considero importante o trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia

0%16%

84%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Na leitura realizado do Gráfico 8 (Com experiência), observa-se que 27 jogadores, o

que equivale a 84%, responderam que CONCORDAM, e 5 jogadores, referentes aos 16%,

responderam que CONCORDAM EM PARTE com a pergunta. O gráfico a seguir apresenta

as respostas referentes a Gráfico 8 (Sem experiência).

7- Considero importante o trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia

0% 7%

93%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Neste Gráfico, verifica-se que 13 jogadores que representam no gráfico 93%,

responderam CONCORDO, e 1 jogador referente ao 7% respondeu CONCORDO EM

PARTE. Nesta questão foi constatada diferença estatisticamente significante nas respostas dos

dois Grupos, conforme indica o valor de p= 0,001220362. Os “Sem experiência” consideram

mais importante o trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia.

No Gráfico 9 (Com experiência), será apresentada as respostas referentes a pergunta

“Considero importante as palestras motivacionais antes dos jogos”.

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8- Considero importante as palestras motivacionais antes dos jogos

0%16%

84%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Fazendo a leitura deste Gráfico, pode-se constatar que 27 jogadores responderam

CONCORDO, representando 84% no gráfico e 5 jogadores responderam CONCORDO EM

PARTE, o que representa 16%. A seguir, será apresentada a leitura do Gráfico 9 (Sem

experiência).

8- Considero importante as palestras motivacionais antes dos jogos

0%0%

100%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Na leitura realizada do gráfico, constata-se a unanimidade dos 14 jogadores ao

responderem que CONCORDAM quanto às palestras motivacionais realizadas antes dos

jogos. Houve diferença estatisticamente significante nesta questão quanto as respostas entre

os dois Grupos devido a não atribuição da escala NÃO CONCORDO, sendo confirmado pelo

valor de p ser igual a 0,000792268.

O Gráfico 10 apresenta os resultados da pergunta “Sinto que possuo uma boa

concentração”.

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47

9- Sinto que possuo uma boa concentração

0%

34%

66%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Quanto a possuir uma boa concentração, 21 jogadores representando os 66% no

gráfico, responderam CONCORDO, e 11 jogadores responderam CONCORDO EM PARTE.

A seguir, descrição da tabela referente ao Gráfico 10 (Sem experiência).

9- Sinto que possuo uma boa concentração

0%

36%

64%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Na leitura feita para este gráfico, verifica-se que 9 jogadores, referentes aos 64%

ilustrados no gráfico, responderam CONCORDO, 5 jogadores, representando os 36%

responderam CONCORDO EM PARTE quando questionados se possuem uma boa

concentração. Nesta questão, foi constatada diferença estatisticamente significativa entre as

respostas dos dois Grupos e o valor encontrado de p foi 0,001458857.

O próximo gráfico está dividido em 11a e 11b, pois a pergunta “Considero importante

a presença de um (a) psicólogo (a) nos treinos ( ) jogos ( )” possui duas situações a serem

avaliadas pelos jogadores. Segue a leitura do Gráfico 11 (Com experiência), apresentando a

avaliação dos jogadores quanto à presença do Psicólogo nos treinos.

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10a- Considero importante a presença de um (a) psicólogo (a) nos treinos

13%

46%

41%1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Neste gráfico, pode-se constatar que 13 jogadores (41%) responderam que

CONCORDAM, 15 jogadores (46%) responderam que CONCORDAM EM PARTE, e 4

jogadores NÃO CONCORDAM como sendo importante a presença de um psicólogo no

treino. A seguir, leitura do Gráfico 11(Sem experiência).

10a- Considero importante a presença de um (a) psicólogo (a) nos treinos

29%

35%

36% 1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Na leitura deste gráfico, verifica-se que 5 jogadores, que representa no gráfico 36%

responderam que CONCORDAM, 5 jogadores responderam que CONCORDAM EM

PARTE, representando 36% e 4 jogadores responderam que NÃO CONCORDAM quanto a

importância da presença de um psicólogo nos treinos. Nesta questão, verifica-se uma pequena

diferença estatisticamente significativa entre os resultados das respostas dos jogadores,

conforme indica o valor de p = 0,003043121, onde atribui-se ao aumento dos valores

da escala NÃO CONCORDO pelo Grupo “Sem experiência”. Nos dois próximos

gráficos, serão apresentadas as respostas dos jogadores quanto a presença do Psicólogo nos

jogos.

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10b- Considero importante a presença de um (a) psicólogo (a) nos jogos

6%

13%

81%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Seguindo o mesmo procedimento de leitura dos gráficos anteriores, pode-se constatar

que 26 jogadores, representando no gráfico 81%, responderam CONCORDO, 4 jogadores,

13% responderam CONCORDO EM PARTE, e 2 jogadores, 6% responderam NÃO

CONCORDO. No próximo gráfico, serão apresentadas as respostas dos jogadores do Grupo

“Sem experiência”.

10b- Considero importante a presença de um (a) psicólogo (a) nos jogos

7%7%

86%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Neste gráfico, percebe-se que para 12 jogadores, que representam 86% a presença do

psicólogo nos jogos é importante pois responderam CONCORDO quanto a pergunta, 1

jogador, que representa 7% respondeu que CONCORDO EM PARTE, e outro jogador,

representando 7% respondeu que NÃO CONCORDA. Nesta questão, pelo valor de p =

0,00583296, verifica-se uma diferença estatisticamente significante quanto as respostas dos

jogadores na escala CONCORDO, principalmente quanto ao Grupo “Sem experiência”, sendo

que não possuem o Serviço.

O próximo gráfico apresenta as respostas quanto a pergunta “Sinto-me capaz de tomar

decisões em momentos críticos do time”.

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11- Sinto-me capaz de tomar decisões em momentos críticos do time

0%

25%

75%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Quanto à pergunta 11, 24 jogadores, que representam os 75%, responderam que

CONCORDAM e 8 jogadores, representando os 25% responderam que CONCORDAM EM

PARTE quanto sentir-se capaz de tomar decisões em momentos críticos do time. As respostas

do Grupo “Sem experiência” serão apresentadas no gráfico a seguir.

11- Sinto-me capaz de tomar decisões em momentos críticos do time

7%

21%

72%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Nas respostas do Grupo “Sem experiência”, pode-se verificar que 10 jogadores,

representando os 72% responderam CONCORDO, 3 jogadores, referente aos 21%

responderam CONCORDO EM PARTE, e 1 jogador, referente ao 7% no gráfico respondeu

que NÃO CONCORDA. Houve diferença estatisticamente significativa entre as respostas dos

dois Grupos, como confirma o valor encontrado de p para a questão que foi de 0,000778558.

O Gráfico 13 apresenta as respostas dos jogadores do Grupo “Com experiência”

quanto à pergunta “Acredito que o trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia venha a

acrescentar o trabalho realizado em campo”.

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12- Acredito que o trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia venha a acrescentar o trabalho realizado em

campo

0% 13%

87%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Na leitura deste gráfico, verifica-se que 28 jogadores, o que representa no gráfico 87%

responderam CONCORDO e 4 jogadores, representando 13% responderam CONCORDO

EM PARTE. Segue descrição quanto ao Gráfico 13 (Sem experiência).

12- Acredito que o trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia venha a acrescentar o trabalho realizado em

campo

14%

21%

65%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Quanto a respostas do Grupo “Sem experiência”, constata-se que 9 jogadores

representando os 65% responderam que CONCORDO, 3 jogadores o que representa 21%

responderam que CONCORDAM EM PARTE e 2 jogadores, representando os 14%

responderam Que NÃO CONCORDAM. Nesta questão, encontro-se diferença

estatisticamente significativa nas respostas dos dois Grupos, conforme indica o valor de p =

0,000288617. O Gráfico 14, apresentam as respostas quanto a pergunta “ Permaneço calmo e

relaxado mesmo sob pressão”.

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13- Permaneço calmo e relaxado mesmo sob pressão

13%

62%

25%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Verifica-se neste gráfico que 20 jogadores, os 62% representados no gráfico,

responderam CONCORDO, 8 jogadores representando os 25% responderam CONCORDO

EM PARTE e 4 jogadores, representando os 13% responderam NÃO CONCORDO. No

próximo gráfico, serão apresentadas as respostas do Grupo “Sem experiência”.

13- Permaneço calmo e relaxado mesmo sob pressão

7%

64%

29%1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Verifica-se, na devida leitura do gráfico que 9 jogadores responderam CONCORDO

EM PARTE, representando 64%, 4 jogadores responderam CONCORDO EM PARTE,

representando 29% e 1 jogador respondeu NÃO CONCORDO referente ao 7% no gráfico.

Encontrou-se diferença estatisticamente significativa nas respostas dos jogadores do

Grupo “Com experiência”, referente à escala NÃO CONCORDO em relação ao outro Grupo,

conforme indica o valor de p sendo 0,005799405 para a questão.

O Gráfico 15 apresenta as respostas quanto a pergunta “Acredito que a equipe fica

(ficará) satisfeita com o trabalho desenvolvido pelo Serviço de Psicologia” referentes ao

Grupo “Com experiência”.

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14- Acredito que a equipe fica (ficará) satisfeita com o trabalho desenvolvido pelo Serviço de Psicologia

6%

44%50%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Verifica-se na leitura do Gráfico 15 (Com experiência) que 16 jogadores responderam

CONCORDO, levando a um percentual de 50%, 14 jogadores responderam CONCORDO

EM PARTE, representando um percentual de 44%, e 2 jogadores responderam NÃO

CONCORDO no que questiona a pergunta, representando um percentual de 6%.

O Gráfico 15 (Sem experiência), apresenta as respostas dos jogadores quanto a mesma

pergunta.

14- Acredito que a equipe fica (ficará) satisfeita com o trabalho desenvolvido pelo Serviço de Psicologia

0%

43%

57%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Em relação ao Gráfico 15 (Sem experiência), pode-se constatar que, dos 14 jogadores

questionados, 8 jogadores responderam que CONCORDAM EM PARTE quanto a pergunta,

o que leva a um percentual de 57%, e 6 jogadores, representando um percentual de 43%

responderam que CONCORDAM EM PARTE quanto a pergunta. Nesta questão também

verifica-se diferença estatisticamente significativa pois, o valor de p encontrado foi de

0,005063414, atribuindo as respostas na escala NÃO CONCORDO pelos jogadores do Grupo

“Com experiência”. O Gráfico 16 (Com experiência), apresenta as respostas dos jogadores

quanto à pergunta “Acredito que preciso me preparar bastante ou fazer muito esforço para

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54

alcançar um bom resultado”.

15- Acredito que preciso me preparar bastante ou fazer muito esforço para alcançar um bom resultado

6%

16%

78%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Quanto à pergunta 15 “Acredito que preciso me preparar bastante ou fazer muito

esforço para alcançar um bom resultado”, 25 jogadores, que representam os 78%,

responderam que CONCORDAM, 5 jogadores, representando os 16% responderam que

CONCORDAM EM PARTE e 2 jogadores responderam que NÃO CONCORDAM. As

respostas do Grupo “Sem experiência” serão apresentadas no gráfico a seguir.

15- Acredito que preciso me preparar bastante ou fazer muito esforço para alcançar um bom resultado

0%21%

79%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Fazendo a leitura ainda quanto à pergunta 15 no Gráfico 16 (Sem experiência), pode-

se constatar que dos 14 jogadores questionados, 11 responderam que CONCORDAM,

levando a um percentual de 91%, e 3 jogadores responderam que CONCORDAM EM

PARTE quanto à pergunta, o que representa o percentual de 21%. Novamente, encontra-se

diferença estatisticamente significativa entre as respostas conforme indica o valor de p

encontrado que foi 0,004892754, atribuindo essa diferença a respostas na escala NÃO

CONCORDO por parte do Grupo “Com experiência”. A seguir, serão apresentadas através do

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Gráfico 17 as respostas referentes à pergunta 16 “Acho importante à procura do Serviço de

Psicologia, visto que o considero sério e motivacional”, do Grupo “Com experiência”.

16- Acho importante a procura do Serviço de Psicologia, visto que o considero sério e motivacional

0% 9%

91%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Na leitura realizada neste Gráfico17 (Com experiência), pode-se constatar que 29

jogadores responderam CONCORDO, perfazendo o total de 91%, e 3 jogadores responderam

CONCORDO EM PARTE, representando 9%. A seguir Gráfico 17 (Sem experiência).

16- Acho importante a procura do Serviço de Psicologia, visto que o considero sério e motivacional

0% 7%

93%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Na leitura feita para este gráfico, verifica-se que 13 jogadores, referentes aos 93%

ilustrados no gráfico, responderam CONCORDO, 1 jogador, representando o 7% respondeu

NÃO CONCORDO quando questionados se possuem uma boa concentração. Nesta questão,

houve diferença significativa nas respostas dos dois Grupos como indica o valor de p

encontrado que foi de 0,001434491. O Gráfico 18, apresenta as respostas dos jogadores do

Grupo “Com experiência” quanto a última pergunta, “A minha confiança é constante mesmo

quando estou na reserva”.

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17- A minha confiança é constante mesmo quando estou na reserva

13%

43%

44%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Na leitura realizada neste Gráfico 18 (Com experiência), pode-se constatar que 14

jogadores responderam CONCORDO EM PARTE, perfazendo o total de 43%, 14 jogadores

responderam CONCORDO, representando 44% e 4 jogadores, referentes aos 13%

responderam NÃO CONCORDO. A seguir Gráfico 18 do Grupo “Sem experiência”.

17- A minha confiança é constante mesmo quando estou na reserva

14%

21%

65%

1 – NÃO CONCORDO

2 – CONCORDO EMPARTE3 – CONCORDO

Nas respostas do Grupo “Sem experiência”, pode-se verificar que 9 jogadores,

representando os 65% responderam CONCORDO, 3 jogadores, referente aos 21%

responderam CONCORDO EM PARTE, e 2 jogadores, referentes aos 14% no gráfico

responderam NÃO CONCORDO. Nesta questão, verifica-se uma pequena diferença

estatisticamente significativa entre os resultados das respostas dos jogadores, conforme

indica o valor de p = 0,003298506, onde atribui-se aos valores da escala CONCORDO

pelo Grupo “Sem experiência”.

Tendo feito a apresentação dos dados obtidos, cumpre, na seqüência, realizar a

discussão desses dados.

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57

4.2 DISCUSSAO DOS DADOS

Partindo da descrição dos dados, foi possível constatar que nos dados anteriormente

apresentados, há um percentual representativo diferenciando os dois Grupos quanto à

concepção e a importância do Serviço de Psicologia dos atletas que tiveram experiência com

esse Serviço com os que não tiveram o mesmo.

A psicologia do esporte é ferramenta importante para lidar com essas situações

abordadas no questionário e que serão discutidas nesta etapa.

A especialidade, que já conquistou um grande espaço em outros países, vem ganhando

cada vez mais adeptos no Brasil. Benno Becker Júnior, presidente honorário da Sociedade

Brasileira de Psicologia do Esporte, considera ampla a aplicabilidade dessa disciplina, que

visa "investigar as causas e os efeitos das ocorrências psíquicas que o ser humano apresenta

antes, durante e após a prática do ato físico, seja este de cunho educativo, seja recreativo,

competitivo ou reabilitador".

Ressalta-se novamente que, no Grupo “Com experiência”, faziam parte jogadores que

desenvolvem atividades com Serviço de Psicologia, e atletas que já tiveram experiência com o

referido serviço. Já no Grupo “Sem experiência”, faziam parte apenas jogadores que nunca

tiveram experiência e nunca participaram de atividades quanto a Psicologia. Na avaliação dos jogadores quanto à confiança no trabalho e atividades realizadas pelo

Serviço de Psicologia, do Grupo “Com experiência”, 69% responderam concordo e 31%

responderam concordo em parte, e já no Grupo “Sem experiência”, 57% responderam

concordo e 43% concordo em parte. Quanto a se sentir seguro fazendo trabalho psicológico,

no Grupo “Com experiência”, 62% responderam concordo, 38% responderam que concordam

em parte. No Grupo “Sem experiência”, houve um empate quanto a avaliação, onde 50%

responderam que concordam, e os outros 50% responderam que concordam em parte.

Para os jogadores do Grupo “Com experiência”, 38% concordam que o Serviço de

Psicologia passa informações claras e objetivas acerca do trabalho realizado com os atletas,

59% concordam em parte e 3% não concordam. E na avaliação dos jogadores do Grupo “Sem

experiência”, 50% concordam que o Serviço de Psicologia passa informações claras e

objetivas acerca do trabalho realizado com os atletas, 43% concordam em parte e 7% não

concordam.

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O sucesso ou o fracasso de um trabalho psicológico dentro de um time de futebol

depende muito da relação do profissional de psicologia com os demais membros da comissão

técnica e, em especial, com o treinador. O técnico é peça-chave no esquema do psicólogo. Se

ele mantém uma boa relação com os atletas, sabe se dirigir a eles e demonstra sensibilidade

para perceber quando um jogador está com algum tipo de problema, saberá transmitir ao

psicólogo as dificuldades detectadas informando-o do estado emocional do grupo.

Segundo o autor Machado, o psicólogo do esporte deve:

Trabalhar com realizações, decepções, minimizar efeitos negativos da torcida, ressaltar aspectos positivos de uma liderança, delimitar os papéis dos elementos dos grupos para seus dirigentes, simplificar a cobrança dos pais, fãs e familiares dos atletas. (MACHADO, 1997, p.11)

Os jogadores avaliaram também a capacidade de controle das emoções durante os

jogos, onde no Grupo “Com experiência”, 59% responderam que concordam, 38% concordam

em parte e 3% não concordam. Já quanto aos jogadores do Grupo “Sem expeirência”, 57%

responderam que concordam e 43% concordam em parte quanto a se sentir capaz de controlar

suas emoções durante os jogos.

A questão quanto a confiança ser constante mesmo permanecendo na reserva, foi

avaliada pelos jogadores do Grupo “Com experiência” como 44% concordando, 43%

concordando em parte e 13% não concordando, enquanto no Grupo “Sem experiência”, 65%

dos jogadores concordam, 21% concordam em parte e 14% não concordam quanto a

confiança permanecer constante mesmo estando na reserva.

Torna-se importante na medida da discussão do controle das emoções, uma discussão

quanto a atuação sob pressão, tomadas de decissões, boa concentração, bem como ouros

aspectos cognitivos e emocionais.

Quanto a que possuir uma boa concentração, os jogadores do Grupo “Com

experiência” avaliaram que 69% concordam em possuir e 34% concordam em parte. Já no

Grupo “Sem experiência”, 64% responderam que concordam e 36% responderam que

concordam em parte quanto a sentirem que possuem uma boa concentração.

Quando os jogadores avaliaram se sentem que podem atuar bem sob pressão, pode-se

constatar que no Grupo “Com experiência”, 81% responderam que concordam, 16%

concordam em parte e 3% não concordam. No Grupo “Sem experiência”, 57% dos jogadores

responderam que concordam, 36% concordam me parte, e 7% não concordam que podem

atuar bem sob pressão.

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Sobre permanecerem calmos e relaxados mesmo sob pressão, os jogadores do Grupo

“Com experiência”, 62% avaliaram que concordam, 25% concordam em parte e 13% não

concordam. No Grupo “Sem experiência”, 64% concordam em parte, 29% concordam e 7%

não concordam quanto a permanecerem calmos e relaxados mesmo sob pressão.

Quanto a situação de se sentirem capaz em tomarem decisões em momentos críticos

do time, no Grupo “Com experiência”, 75% responderam que concordam, e 25% concordam

em parte, enquanto na avaliação do Grupo “Sem experiência”, 72% jogadores responderam

que concordam, 21% concordam em parte e 7% não concordam.

Orlick e Partington (1998), em seus estudos, também salientam a importância de se

manter a concentração, a capacidade de se autocontrolar, o comprometimento para alcançar

excelência na performance e do treinamento adequado às necessidades individuais dos atletas.

Os achados desse estudo demonstram a importância desses fatores. Mostram também que,

quando os atletas falam em manter a concentração, eles estão ressaltando a importância de se

manter o foco de atenção na partida, eliminando distrações, preocupando-se unicamente com

o jogo e mantendo o equilíbrio.

Para reforçá-las, uma boa contribuição do Serviço de Psicologia é buscar modelos

positivos que possibilitem a identificação dos atletas. Outra conduta indicada é o ensino de

técnicas mentais que trarão, aos jogadores, maior auto-conhecimento e auto-domínio. Desta

forma, é possível localizar pensamentos destrutivos e abrir caminho para bons pensamentos

que são capazes de influenciar o grupo e seu rendimento pessoal. Estimular uma reflexão

acerca das situações anteriores de sucesso podem estimular boas imagens e a eliminação das

dúvidas e inseguranças internas de cada jogador.

Os times que obtêm sucesso mencionam o grande número de torcedores nos estádios

como uma influência positiva em sua performance. Os jogadores se motivam com a vibração

da torcida com suas jogadas e valorizam a oportunidade de mostrar aos torcedores suas

habilidades segundo os autores pesquisados, (Gould & cols,, 1999).

Como toda preparação para campeonatos, jogos, treinos e concentrações envolvem um

contato diário com as pressões de imprensa, diretores e torcida, faz-se vital privilegiar as

atividades relaxantes e de divertimento.

Os jogadores avaliaram também se a psicologia motiva a equipe para o trabalho, e para

o Grupo “Com experiência”, 75% concordam com a eficiência do trabalho de motivação, 25%

concordam em parte, sendo que para o Grupo “Sem experiência”, 72% concordam, 21%

concordam em parte e 7% não concordam que a psicologia motiva a equipe para o trabalho.

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Na avaliação dos jogadores quanto às palestras motivacionais, do Grupo “Com

experiência”, 84% concordam e consideram importante as palestras motivacionais antes dos

jogos, 16% concordam em parte, enquanto no Grupo “Sem experiência” foi unânime a

resposta, ou seja, 100% concordam e consideram importante as palestras antes dos jogos.

Quanto a este fator, podemos citar as palavras de Gould & cols, (1999)

“Times que têm maior capacidade de manter um alto nível de concentração, motivação e empenho tendem a ter uma boa performance. Os jogadores dessas equipes são autoconfiantes, direcionam sua energia à conquista de seu objetivo na competição e se esforçam ao máximo para conseguir o melhor desempenho possível”.

Quando questionados a acreditar que precisam se preparar bastante ou fazer muito

esforço para alcançar um bom resultado, dos jogadores do Grupo “Com experiência”, 78%

responderam que concordam, 16% responderam que concordam em parte e 6% não

concordam, já para o Grupo “Sem experiência”, 79% responderam que concordam e 21%

responderam que concordam em parte.

Para Riera (1985) cabe ao psicólogo do esporte o papel de informar, assessorar,

ensinar e ser também um agente de transformação.

Os jogadores avaliaram também a importância do trabalho realizado pelo Serviço de

Psicologia, sendo que para o Grupo “Com experiência”, 84% concordam e consideram

importante e 16% concorda em parte, já o Grupo “Sem experiência”, 93% concordam e

consideram importante o trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia.

Ainda segundo a avaliação quanto o Serviço de Psicologia, no Grupo “Com

experiência”, 87% consideram e acreditam que o trabalho realizado pelo Serviço de

Psicologia venha a acrescentar o trabalho realizado em campo, e 13% concordam em parte,

enquanto no Grupo “Sem experiência”, 65% concordam que venha a acrescentar o trabalho

realizado em campo, 21% concordam em parte e 14% não concordam.

A presença de um Psicólogo nos treinos e jogos também foi avaliada pelos jogadores

dos dois grupos. No Grupo “Com experiência”, 41% concordam e consideram importante,

46% concordam em parte e 13% não concordam, já no Grupo “Sem experiência”, 36%

consideram importante a presença, 35% concordam em parte e 29% não concordam. Quanto a

presença nos jogos, 81% dos jogadores do Grupo “Com experiência” concordam e

consideram importante, 13% concordam em parte, e 6% não concordam, sendo que 86% dos

jogadores do Grupo “Sem experiência” responderam que concordam, 7% concordam em parte

e outros 7 % não concordam.

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Quanto a procura do Serviço de Psicologia, visto e considerando como sério e

motivacional, ds jogadores do Grupo “Com experiência”, 91% concordam e consideram

importante a procura pelo Serviço, e 9 % concordam em parte, no Grupo “Sem experiência”,

93% concordam e consideram importante e 7% concordam em parte.

E por último, a avaliação dos jogadores quanto a satisfação de sua equipe com o

trabalho desenvolvido pelo Serviço de Psicologia onde, no Grupo “Com experiência”, 50%

concordam, 44% concordam em parte e 6% não concordam, e no Grupo “Sem experiência”,

57% concordam e 43% concordam em parte com a satisfação da equipe com o trabalho

desenvolvido pelo Serviço de Psicologia.

O bom desempenho do atleta, em todas as modalidades, depende, no fundo, do

equilíbrio emocional de quem se habilita à disputa. Contam também a persistência no treino, o

temperamento do atleta, a forma como é exercida a liderança de equipe e a influência positiva

ou negativa da torcida.

Vale ressaltar que além das derrotas, o potencial de vitória e a consagração também

demandam trabalho psicológico, como alerta a psicóloga Verena Freire. "Para trabalhar a

vitória é preciso saber, antes de mais nada, o que pode incomodar um atleta que vence." Ela

adverte que alguns devem ser alertados quanto ao estado de acomodação se estão convencidos

de que já alcançaram seu objetivo. Excesso de confiança também pode prejudicar a

performance. "Merecem atenção aqueles que se encantam com fama e fortuna, envolvendo-se

negativamente com drogas, mulheres, bebidas e dívidas", ressalta a psicóloga.

Por fim, observa-se a existência de vários fatores influenciando a performance dos

atletas, os quais tanto podem prejudicar ou contribuir para sua satisfação e seu desempenho

profissional, nos resultados de suas carreiras e até mesmo em sua saúde mental, atingindo

assim um dos objetivos desta pesquisa quanto a verificar a importância do Serviço de

Psicologia pelos atletas. Por essa razão, torna-se de fundamental importância que as pessoas

envolvidas no trabalho com o jogador de futebol estejam atentas a essas questões, provendo as

condições necessárias para que o mesmo desempenhe adequadamente o seu exercício

profissional. Além disso, é fundamental construirmos conhecimentos relacionados à

performance no esporte condizentes com as especificidades culturais e regionais do contexto

no qual os atletas estão inseridos (Rubio, 2000).

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5 CONSIDERAÇOES FINAIS

Os anos 90 decretaram uma nova postura nos grandes times de futebol através do

surgimento dos clubes-empresa. Em decorrência desse tipo de patrocínio, está sendo possível

viabilizar uma nova "filosofia" organizacional, onde um dos itens mais importantes deveria

ser o reconhecimento da necessidade de um psicólogo atuante e presente para garantir um

rendimento positivo e estável das equipes.

Dar aos jogadores respaldo psicológico é tão importante quanto lhes dar uma

alimentação balanceada, programada por nutricionistas. Afinal, o corpo físico e o mental são

as duas faces de uma mesma unidade e merecem a igual atenção. Cuidar do corpo significa

também percebê-lo como um todo unificado, do qual fazem parte às emoções e as estruturas

mentais.

O papel do psicólogo responsável pela saúde psíquica de um time se desenvolve a

partir de uma abordagem das emoções que os jogadores vivenciam em sua rotina de trabalho.

Por meio deste trabalho, foi desenvolvida uma pesquisa junto aos jogadores de futebol,

com a finalidade de “comparar a concepção e a importância do Serviço de Psicologia com os

atletas que tiveram experiência e os que não tiveram experiência com a Psicologia em seu

clube”, onde 32 jogadores tiveram (tem) experiência com a Psicologia, e apenas 14 não

tiveram experiência com o Serviço de Psicologia, que vem de encontro com o que foi dito no

parágrafo acima.

Depois da descrição dos dados, pode-se constatar que apareceram muitos fatores

relacionados à influência de diferentes situações dos jogos e na performance tanto individual

quanto coletiva. Conseguir controlar as emoções, sabendo lidar com a alternância no placar

mesmo sob pressão, conseguindo também dar uma boa resposta nas diferentes situações pelas

quais o atleta passa durante a partida foram questões citadas como importantes para uma boa

performance e importantes aspectos cognitivos e emocionais a serem trabalhados pelo Serviço

Psicologia.

Ficou evidente que a cada novo jogo, uma quantidade se sensações são mobilizadas e,

quando não existe assistência psicológica, essas sensações não elaboradas tendem a se

acumular levando, em muitos casos, os jogadores a realizar atos impensados, dentro e fora de

campo, que podem prejudicar a si próprio e ao grupo do qual faz parte.

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Os resultados desse estudo estão em consonância com uma série de trabalhos

pesquisados quanto ao tema da performance no esporte e atuação do Psicólogo do Esporte.

Como colocam Williams e Krane (1998), fatores tais como altos níveis de motivação,

estratégias para manter o foco de atenção na partida e eliminar distrações e o estabelecimento

de planos de trabalho claros e objetivos estão diretamente relacionados a uma boa

performance e ao sucesso nas competições. Atualmente, são inúmeras as discussões sobre a

violência presente nas praças de futebol. Sabe-se que ela não se restringe à torcida e que, entre

os jogadores, o descontrole é cada vez mais freqüente.

Jackson e colaboradores (1997), ressaltam a importância desse suporte subdividindo-o

em suporte formal e suporte informal. Os autores apontam o técnico, a família, os amigos, a

esposa, o time e os mentores ou ídolos no esporte como sendo o suporte informal. Por outro

lado, denominam de suporte formal a figura do psicólogo do esporte, do manager, da

instituição onde o atleta trabalha e do programa de trabalho.

Sobretudo, no que se refere à performance individual, os participantes apontaram

fatores relacionados ao momento psicológico do atleta no decorrer da partida (Perreault &

Vallerand, 1998). Nesse item, apareceram questões referentes à importância de saber lidar

com a alternância no placar, de manter a concentração durante o jogo e de superar seus

próprios limites. A motivação, a confiança e a preparação psicológica também estavam

presentes no discurso dos participantes. Eles ressaltaram que times que têm maior capacidade

de manter um alto nível de concentração, motivação e empenho tendem a ter uma boa

performance, em consonância com o que nos dizem Gould e colaboradores (1999). Aspectos

como a importância de dar o melhor de si, de sempre fazer o melhor, de lutar por seus

objetivos e de ter competência e persistência são freqüentes, sustentando os resultados das

pesquisas dos diversos autores citados.

Estatisticamente, os jogadores brasileiros, em sua maioria, pertencem à uma camada

socio-econômica menos favorecida. Mas curiosamente são eles que, quando atingem o

sucesso, recebem salários mais altos do que a maioria da população com curso superior.

A meu ver, a grande contribuição do psicólogo é auxiliar o jogador na percepção de

sua realidade e na tentativa de compreender a eventual problemática que esteja ocorrendo em

sua vida pessoal e profissional, alertando-o sobre uma série de outros entraves: problemas de

relacionamento dentro do grupo, desentendimentos, acusações e divergências de idéias, fatos

tão corriqueiros na rotina de um time de futebol. E não há dúvida que o efeito cumulativo

desses fatores afeta negativamente o rendimento do grupo.

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64

A realidade é que muitos times de futebol não sabem que atitude tomar frente a um

atleta que, eventualmente, demonstre dificuldades de atuação sem perceber que disso pode

advir um comprometimento da performance, que poderia ser evitado se o indivíduo em

questão tivesse uma assistência a nível psíquico.

Cada jogador, assim como cada ser humano independente da sua profissão, é um ser

humano único, universo particular sujeito a oscilações, dúvidas e conflitos que determinam

seu comportamento. Mas o jogador de futebol, especificamente, enfrenta problemas básicos

diante dos quais nem sempre sabe se posicionar :

a. o abandono da adolescência , período de experiências definitivas, em prol da

carreira;

b. o distanciamento do mundo devido à dedicação exigida pela grande carga de

treinamentos;

c. a necessidade de abrir mão de uma vida familiar tradicional;

d. as dificuldades decorrentes de mudanças de país, exigindo adapatção à novos

idiomas, clima e hábitos estrangeiros;

e. o desejo de sucesso e as dificuldades para atingir e conviver com a fama;

f. a curta duração da carreira.

Não quero aqui defender a idéia de que o psicólogo ocupe o lugar de curandeiro ou de

mágico. Evidencio apenas a extrema utilidade da atuação de um profissional da área psi para

dar aos atletas, através de um necessário suporte, as armas adequadas para que eles lidem

satisfatoriamente com as dificuldades acima citadas.

Além delas, outra questão importante é o comportamento do jogador frente às pressões

exercidas pela torcida e pela mídia em geral. A cobrança, muitas vezes indevida e inclemente,

pode significar um obstáculo a mais dentro do conjunto de dificuldades às quais ele é

submetido.

No caso dos times de futebol, o psicólogo somaria suas forças com as de outros

profissionais igualmente importantes para o bom desempenho da equipe. Caberia a ele,

especificamente, ser um facilitador das inter-relações do grupo.

Para isso, seriam necessárias sessões de dinâmica de grupo, acompanhamento

individual. Palestras e reuniões informativas sobre temas atuais complementariam o trabalho,

permitindo dar aos atletas uma visão mais abrangente do mundo e de sua responsabilidade

como cidadão.

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Um dos objetivos desta monografia foi de identificar o percentual de atletas que

tiveram experiência e os que não tiveram com o Serviço de Psicologia, onde 70% já tiveram

experiência e 30% ainda não tiveram experiência com o Serviço de Psicologia.

Manter um bom estado emocional dos jogadores, procurando fazer com que eles

percebam sua real função e momento de vida foi sempre uma tarefa atribuída aos treinadores.

A demanda cada vez maior do ambiente desportivo em alcançar metas e superar

performances torna a inserção do psicólogo desportivo nesta área indiscutível.

Ao analisar os dados da pesquisa, constatou-se a devida importância dada pelos atletas

ao Serviço de Psicologia, e com isso, pode-se considerar que os objetivos propostos para a

realização deste estudo, tanto no geral quanto os específicos, foram plenamente atingidos.

Percebe-se, atualmente, que a preparação psicológica do atleta adquire importância

tanto quanto a preparação física, técnica e/ou tática. Muitas vezes, o estado emocional torna-

se o diferencial na obtenção do desempenho esperado.

Entretanto, as ampliações do enfoque de estudos e atuação nesta área exigem

capacitação do profissional.

Por ser um campo considerado recente, já que de acordo com a maioria dos autores

teve seu início no final do século XIX, início do XX, a formação do profissional ainda carece

de aperfeiçoamento.

Na condição de acadêmica do Curso de Psicologia, após a realização destas atividades

no campo estudado, considero que a experiência proporcionou uma eficaz ponte entre a teoria

e a pratica, considerando também o conhecimento cientifico aprendido durante a trajetória

Universitária como uma vasta produção de conhecimentos que carregarei por toda vida

profissional.

Acredito que na luta pela superação de resultados surge a figura do psicólogo como o

responsável pela preparação psicológica do atleta, mas hoje como pesquisadora vejo o quanto

com esta pesquisa e com os pesquisados contribuímos para um aprendizado mutuo.

Pontuo, no entanto, que o psicólogo ainda se depara com uma busca de construção

teórica aplicável para auxiliá-lo na prática profissional.

Para se atuar na área é necessário integrar conhecimento científico com experiência

prática. Para se entender como este conhecimento científico funciona é preciso entender o

método científico.

No Brasil, a formação profissional inadequada e não-específica e a falta de

obrigatoriedade de inclusão da disciplina Psicologia do Esporte nos cursos de Psicologia das

Universidades, dificultam o estabelecimento de um referencial teórico e prático.

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E assim, termino meu trabalho, mas não a pesquisa, que se pretende prosseguir

aprofundando a análise, quem sabe, em uma futura especialização, ou então, por que não,

durante toda vida profissional.

Um longo caminho ainda deverá ser trilhado para garantir um espaço de atuação

psicológica nos esportes, principalmente no futebol, mais resistente a esta inovação do que o

tênis, o vôlei e a natação.

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APÊNDICE

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esclarecemos para os devidos fins que o Sr.(a) participará desta pesquisa na

condição de entrevistado(a). A mesma intitula-se “A concepção dos atletas quanto

aos que dispõem do serviço de psicologia e aqueles que não possuem o referido

atendimento”; a qual consiste num Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia

da UNIVALI – Centro de Educação Biguaçu, sendo realizada pela discente Vanessa

Aparecida Rabelo, sob a orientação do professor Mauro José da Rosa. A pesquisa

almeja alcançar os seguintes objetivos: verificar a concepção e a importância do

Serviço de Psicologia para os atletas que possuem esse Serviço em seu clube e

para os que não possuem o mesmo; atletas que possuem o Serviço de Psicologia

em seu clube já passaram por atividades enquanto lesionados, ou mesmo por

técnicas de relaxamento, visualização, dinâmicas de grupo etc como forma de

motivação e superação para os jogos, e assim continuam aderindo ao Serviço;

Identificar a freqüência que os atletas procuram o Serviço oferecido no clube.

Informamos ainda que a mesma está sendo realizada no prazo de cinco

meses, com previsão para término em junho de 2005. Será garantido (a)o senhor(a)

sigilo que assegure sua privacidade e anonimato; que os dados obtidos nesta não

serão utilizados para outros fins senão os previstos no protocolo e/ou neste

consentimento.O(a) senhor(a) tem plena liberdade de interromper sua participação

caso considere que a pesquisa não venha sendo do seu interesse ou não venha

cumprindo os termos propostos, sem nenhuma pena e/ou prejuízo ao seu cuidado.

Florianópolis, ___de_______________de 2005.

Nome do entrevistado:

Assinatura do entrevistado:

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DA INSTITUIÇÃO

Esclarecemos para os devidos fins à ______________________ do município

de _____________________que a referida instituição foi plenamente esclarecida

que participará desta pesquisa na condição de Colaboradora. A mesma intitula-se “A

concepção dos atletas quanto aos que dispõem do serviço de psicologia e aqueles

que não possuem o referido atendimento”; a qual consiste num Trabalho de

Conclusão do Curso de Psicologia da UNIVALI – Centro de Educação Biguaçu,

sendo realizada pela discente Vanessa Aparecida Rabelo, sob a orientação do

professor Mauro José da Rosa. A pesquisa almeja os seguintes objetivos: verificar a

concepção e a importância do Serviço de Psicologia para os atletas que possuem

esse Serviço em seu clube e para os que não possuem o mesmo; atletas que

possuem o Serviço de Psicologia em seu clube já passaram por atividades enquanto

lesionados, ou mesmo por técnicas de relaxamento, visualização, dinâmicas de

grupo etc como forma de motivação e superação para os jogos, e assim continuam

aderindo ao Serviço; Identificar a freqüência que os atletas procuram o Serviço

oferecido no clube.

Informamos ainda que a mesma está sendo realizada no prazo de cinco

meses, com previsão para término em junho de 2005. Será garantida a Instituição

sigilo que assegure a privacidade e anonimato dos atletas; que os dados obtidos não

serão utilizados para outros fins senão os previstos no protocolo e/ou neste

consentimento. O ________________________ tem plena liberdade de interromper

sua participação caso considere que a pesquisa não venha sendo do seu interesse

ou não venha cumprindo os termos propostos, sem nenhuma pena e/ou prejuízo ao

seu cuidado. Ao término e depois da defesa do Trabalho será dada devolução à

Instituição.

___________________, ____de__ de 2005.

Assinatura:

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CATEGORIA_________________________________

Este questionário tem por objetivo avaliar o grau de interesse e concepção quanto ao Serviço de Psicologia. Importante salientar que é sigiloso. Por favor, responda com sinceridade às questões abaixo, conforme legenda, para que possamos estar sempre melhorando e fazendo as mudanças necessárias buscando o bem-estar de todos: Você já teve alguma experiência com a Psicologia? ( ) Sim ( ) Não (ex: atendimento, participou de grupos..) 1 – NÃO CONCORDO 2 – CONCORDO EM PARTE 3 – CONCORDO

1- Confio no trabalho e atividades realizadas pelo Serviço de Psicologia ( )

2- Fico seguro fazendo trabalho psicológico ( )

3- Sinto-me capaz de controlar minhas emoções durante os jogos ( )

4- Serviço de Psicologia passa informações claras e objetivas acerca do trabalho

realizado com os atletas ( )

5- A psicologia motiva a equipe para o trabalho ( )

6- Sinto que posso atuar bem sob pressão ( )

7- Considero importante o trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia

8- Considero importante as palestras motivacionais antes dos jogos ( )

9- Sinto que possuo uma boa concentração ( )

10- Considero importante a presença de um (a) psicólogo (a) nos treinos ( ) jogos ( )

11- Sinto-me capaz de tomar decisões em momentos críticos do time ( )

12- Acredito que o trabalho realizado pelo Serviço de Psicologia venha a acrescentar o

trabalho realizado em campo ( )

13- Permaneço calmo e relaxado mesmo sob pressão ( )

14- Acredito que a equipe fica (ficará) satisfeita com o trabalho desenvolvido pelo Serviço

de Psicologia ( )

15- Acredito que preciso me preparar bastante ou fazer muito esforço para alcançar um

bom resultado ( )

16- Acho importante a procura do Serviço de Psicologia, visto que o considero sério e

motivacional ( )

17- A minha confiança é constante mesmo quando estou na reserva ( )