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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ CURSO DE ADMINISTRAÇÃO HABILITAÇÃO COMÉRCIO EXTERIOR Rafaela Felisbino Proposta para Organização da Função Financeira da Empresa Rodique Modas São José 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE EDUCAÇÃO DA UNIVALI EM SÃO JOSÉ

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO COMÉRCIO EXTERIOR

Rafaela Felisbino

Proposta para Organização da Função Financeira da Empresa Rodique Modas

São José 2006

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Rafaela Felisbino

Proposta para Organização da Função Financeira da Empresa Rodique Modas

Trabalho de Conclusão de Curso – projeto de aplicação –

apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Administração da Universidade do Vale do

Itajaí.

Professor Orientador: Osvaldo Faria de Oliveira

São José 2006

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Rafaela Felisbino

Proposta para Organização da Função Financeira da Empresa Rodique Modas

Prof (a) MSc. Luciana Merlim Univali – CE São José

Coordenadora do Curso

Prof MSc. Osvaldo Faria de Oliveira Univali – CE São José Professor Orientador

Prof. (a) Ana Paula Cunda Univali – CE São José

Membro

Prof. Sidnei Marinho Univali – CE São José

Membro

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração – Habilitação Comércio Exterior da

Universidade do Vale do Itajaí, em 01 de dezembro de 2006.

Banca Examinadora:

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Dedico este trabalho especialmente a minha mãe

que me deu forças para concluir mais uma

importante etapa na minha vida.

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“Quem conhece a sua ignorância revela a mais

profunda sapiência. Quem ignora a sua ignorância

vive na mais profunda ilusão”.

(Lao-Tsé)

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RESUMO

O presente trabalho acadêmico tem como principal objetivo propor a organização da função financeira da empresa Rodique Modas, para futuramente subsidiar planejamento e controle financeiro. Para alcançar tal objetivo, caracterizou-se o trabalho como sendo do tipo aplicação, com características de estudo de caso, no qual a pretensão é solucionar um problema específico da empresa, a partir do diagnóstico evidenciado através da observação participante da graduanda e de entrevistas semi-estruturadas com a proprietária do negócio e com a contadora responsável pela contabilidade da empresa. Apesar deste trabalho estar sendo realizado na área financeira, sua abordagem é qualitativa, dando ênfase a questões subjetivas e não a números. A fundamentação teórica concentrou-se na obtenção de materiais para pesquisa, relativos ao tema específico do trabalho na área financeira e também a assuntos que serviram como base para sustentar algumas afirmações, na área de administração de materiais, mercadológica e metodologia científica. A principal proposta do trabalho é a apresentação de instrumentos de administração financeira, através de planilhas de cálculo, para o gerenciamento profissional do capital de giro. Para isso, é apresentado um demonstrativo gerencial para controle do fluxo de caixa e demonstrações secundárias para alimentá-lo e também para viabilizar o gerenciamento do ciclo operacional da empresa. Com isso, a empresa conseguiria conhecer seus resultados financeiros, e mais a frente possibilitar planejamento e controle financeiro. Ao final conclui-se que o trabalho serviu para mostrar um caminho de estruturação para a função financeira da empresa.

Palavras-chave: Capital de Giro, Organização Financeira, Instrumentos de Administração Financeira.

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ABSTRACT

The following academic work has as main objective to propose the financial organization of Rodique Modas firm, in order to make available in the future planning and financial control tools. To achieve such objective, we characterized this work as being an application project, utilizing case instances, with the intention of solving a specific problem of the firm, from a diagnosis observed by this graduation student and from an interview with the firm owner and with the accountant. Even though this work is being done in the financial area, its approach is qualitative, emphasizing subjective questions and not numbers. The theoretical grounding concentrated on the obtainment of research materials, related to the specific theme of the work in the financial area and also to subjects that were used as basis to sustain a few statements in the equipment management area, in the marketing policy area and in the scientific methodology area. The main proposal of this work is the presentation of financial management tools, through calculus sheets that, will make possible the professional management of the cash flow. For that, it is shown a managerial demonstrative for the control of the cash flow and secondary demonstrations to feed it and also to make possible the management of the operational cycle of the firm. With that, the firm would know its financial results and then would make possible the financial planning and the financial control. In the end, we found out that this work was useful to show an organization way for the financial role of this small fashion firm.

Key-words: Cash Flow, Financial Organization, Financial Management Tolls.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Classificação de Porte por Faturamento Anual.............................................................17

Quadro 2- Classificação de Porte por Número de Empregados.....................................................17

Quadro 3- Principais Fatores Causais.............................................................................................18

Quadro 4- Taxa de Mortalidade por Região e Média Brasileira....................................................18

Quadro 5- Questões não Solvidas na Empresa Rodique Modas....................................................47

Quadro 6- Atribuições Afetas à Função Financeira.......................................................................49

Quadro 7- Resumo das Propostas...................................................................................................59

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estrutura Típica da Função Financeira de uma Empresa................................................21

Figura 2- Modelo Sintético de um Balanço Patrimonial................................................................24

Figura 3- Ciclo Operacional de uma Empresa Industrial...............................................................26

Figura 4- Ciclo Operacional de uma Empresa Comercial..............................................................27

Figura 5- Períodos do Ciclo Operacional.......................................................................................28

Figura 6- Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa................................................................................30

Figura 7- Planilha Eletrônica de Fluxo de Caixa............................................................................52

Figura 8- Planilha Eletrônica das Contas a Receber.......................................................................54

Figura 9- Planilha Eletrônica das Contas a Pagar...........................................................................56

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Formato Genérico de Orçamento de Caixa....................................................................34

Tabela 2- Orçamento de Caixa Detalhado......................................................................................35

Tabela 3- Demonstrativo de Fluxo de Caixa..................................................................................36

Tabela 4- Fluxo de Caixa................................................................................................................51

Tabela 5- Demonstrativo Gerencial para Controle das Contas a Receber de Vendas....................53

Tabela 6- Demonstrativo Gerencial para Controle das Contas a Pagar..........................................55

Tabela 7- Informações para Gerenciamento do Capital de Giro....................................................58

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LISTA DE SIGLAS

AC – Ativo Circulante

AP – Ativo Permanente

CC – Ciclo de Caixa

CMV – Custo da Mercadoria Vendida

CMO – Caixa Mínimo Operacional

CO – Ciclo Operacional

DRE – Demonstrativo do Resultado do Exercício

ELP – Passivo Exigível a Longo Prazo

GC – Giro de Caixa

GE – Giro de Estoque

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística

MP – Matéria Prima

PC – Passivo Circulante

PL – Patrimônio Líquido

PMC – Período Médio de Cobrança

PME – Período Médio de Estocagem

PMP – Período Médio de Pagamento

RLP – Ativo Realizável a Longo Prazo

Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................

13

1.1 Descrição da situação Problema...............................................................................

13

1.2 Objetivos................................................................................................................... 14

1.2.1 Objetivo Geral........................................................................................................ 14

1.2.2 Objetivos Específicos.............................................................................................

14

1.3 Justificativa................................................................................................................

15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................

16

2.1 Caracterização da Empresa de Pequeno Porte...........................................................

16

2.2 Mortalidade das Pequenas Empresas.........................................................................

17

2.3 Funções Essenciais da Empresa.................................................................................

19

2.4 A Função Financeira nas Empresas...........................................................................

20

2.5 Planejamento e Controle Financeiro..........................................................................

22

2.6 Administração do Capital de Giro.............................................................................

2.6.1 Dilemas do Gerenciamento Do Capital de Giro.....................................................

2.6.2 Administração do Disponível.................................................................................

2.6.3 Administração de Crédito.......................................................................................

2.6.4 Administração Financeira de Estoques.................................................................

3 DESCRICAO DO MÉTODO....................................................................................

24

30

32

37

39

42

4 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA..................................

44

4.1 Função Comercial......................................................................................................

44

4.2 Função Financeira......................................................................................................

45

4.3 Outros Aspectos Observados.....................................................................................

46

5 ORGANIZAÇÃO DA FUNÇÃO FINANCEIRA....................................................

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................

REFERÊNCIAS...............................................................................................................

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59

62

APÊNDICES ...................................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Na presente introdução, são apresentados os motivos que levaram a realização deste

trabalho de aplicação, com a descrição da situação problema e as justificativas que fundamentam

a importância da proposta para melhoria do processo de gestão da empresa Rodique Modas e

definidos os objetivos pretendidos com a finalização deste projeto de aplicação.

1.1 Descrição da situação problema

A empresa em que foi realizado o estágio é uma microempresa, que possui características

peculiares a uma empresa familiar. Sua administração é toda centralizada nas mãos de uma única

pessoa que não possui formação acadêmica e gerencia o empreendimento apenas com o

conhecimento adquirido ao longo dos anos em que atua no ramo.

Pesquisas realizadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

(SEBRAE) mostram que os maiores problemas das empresas de pequeno porte decorrem da falta

de conhecimento de instrumentos que possam auxiliar na gestão do negócio, e a insuficiência de

capital de giro para as transações básicas do dia-a-dia. Esses são também os principais motivos

das altas taxas de mortalidade de empresas registradas nas juntas comercias do país.

Contudo, após a aplicação da atividade de diagnóstico na empresa, verificou-se que as

oportunidades de estágio estavam relacionadas a três principais questões: (a) marketing, pois não

são desenvolvidas ações prospectivas referentes a esta função, (b) finanças, pois não são

utilizadas ferramentas formais no gerenciamento financeiro da empresa e (c) recursos

tecnológicos, pois não são empregadas ferramentas associadas à tecnologia da informação.

Com o desenrolar do estágio, percebeu-se que os mais significativos problemas da

empresa, passíveis de ações propositivas num projeto de aplicação, concentravam-se na área

financeira.

As evidências da falta de utilização de ferramentas formalizadas para gerir a área

financeira da empresa são: ausência de objetivos financeiros definidos e controle efetivo dos

resultados financeiros. Atualmente, o único instrumento empregado é registro das entradas e

saídas de dinheiro, para saber se há disponibilidade de caixa e demonstrar se houve aumento nas

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vendas. Porém, este não fornece informações suficientes para subsidiar tomadas de decisões

profissionais e viabilizar um controle financeiro mais eficaz.

O intuito inicial deste trabalho era propor um planejamento financeiro formalizado para a

empresa Rodique Modas, tendo em vista que a ausência de planejamento financeiro é tida como

um dos principais motivos da alta taxa de mortalidade das pequenas empresas no Brasil. Mas,

com o diagnóstico da situação atual da empresa, articulando a revisão bibliográfica realizada,

verificou-se que, para implementar um planejamento financeiro, seriam necessários alguns pré-

requisitos mínimos, hoje inexistentes na empresa em foco. Dentre os pré-requisitos necessários

está à organização da função financeira da empresa.

1.2 Objetivos

Considerando a problemática empresarial apresentada, optou-se pelo seguinte objetivo

geral :

1.2.1 Objetivo Geral

Propor a organização da função financeira da empresa Rodique Modas, para futuramente

subsidiar planejamento e controle financeiro.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Diagnosticar a real situação da empresa Rodique Modas, buscando evidências de

fragilidades na sua função financeira.

- Buscar subsídios teóricos que dispõem sobre as necessidades da função financeira da

empresa e as necessidades gerenciais para tomada de decisões financeiras.

- Propor instrumentos gerenciais voltados para o processo de tomada de decisão

financeira.

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1.3 Justificativa

A importância do presente trabalho pode ser sustentada em três diferentes aspectos:

importância para a empresa; importância para a academia; e importância para a graduanda.

A importância empresarial está calcada na carência de profissionalização das pequenas

empresas em geral e na Rodique Modas de modo específico, pois este projeto pretende auxiliar a

empresa em que foi realizado o estágio de conclusão de curso, especificamente no sentido de

organizar sua função financeira, com vistas a viabilizar instrumentos de planejamento e controle

financeiro, num futuro próximo, minimizando improvisos e profissionalizando a gestão.

É muito importante para as micro e pequenas empresas, que são maioria no país,

profissionalizarem sua administração, controlando e conduzindo, com a maior eficiência e

eficácia, o crescimento empresarial, para que possam se manter num mercado que é altamente

competitivo. Não só a empresa em que será realizado o projeto, mas também outras

microempresas poderão utilizar o trabalho para obter subsídios teóricos e práticos que auxiliem

na profissionalização empresarial.

De acordo com os dados do site da Prefeitura Municipal de Florianópolis, as micro e

pequenas empresas correspondem a maioria das empresas da grande Florianópolis e estas

carecem de gestão profissional para não fecharem suas portas nos primeiros anos de atividade.

Levando em consideração esse fato, e também que faz parte da missão da universidade contribuir

para a solução de problemas da comunidade a qual está inserida, entende-se que o alcance dos

objetivos fixados trariam interessantes dividendos à academia.

Para a acadêmica, este trabalho proporcionará uma oportunidade de aplicar

conhecimentos adquiridos nas disciplinas de administração de modo geral e de administração

financeira, de modo específico, que, aliados à realidade empírica, contribuirão para a ampliação

do conhecimento técnico e gerencial da graduanda.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No presente capítulo são apresentados os fundamentos teóricos que subsidiarão a proposta

de organização da função financeira da empresa Rodique Modas.

2.1 Caracterização da Empresa de Pequeno Porte

A leitura das referências bibliografias consultadas, que tratam das pequenas empresas,

sustenta que a economia brasileira tem se configurado, ao longo dos anos, como uma economia

formada primordialmente por empresas de pequeno porte. Estas atuam em todos os setores do

mercado, colaborando significativamente com a geração de empregos, de renda e contribuição

fiscal.

Para destacar a importância social e econômica das micro e pequenas empresas para o

país, pode ser levado em consideração um censo do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística

(IBGE) realizado em 2003, que constatou que 99,2% do total das empresas formais brasileiras

classificam-se como micro e pequenas empresas e geram 57,2% do total de empregos no país.

De acordo com Júnior e Matias (2002), as empresas de pequeno porte possuem algumas

características básicas, das quais destacam-se:

- O proprietário da empresa normalmente tem todas as decisões centralizadas em suas mãos. - O gestor (proprietário) normalmente não conhece princípios da administração e seus instrumentos básicos. - Há grande presença de membros familiares na organização, sendo que muitas vezes não estão qualificados a determinados cargos. - A estrutura organizacional é mais simplificada, o que reduz a burocracia, e faz com que o processo de tomada de decisão seja mais rápido. - Tem a flexibilidade de oferecer atendimento diferenciado de acordo com as necessidades dos clientes. - Há falta de direcionamento do negócio, sem visão, missão e objetivos definidos formalmente.

Outra forma de caracterizar as micro e pequenas empresas é a partir de uma perspectiva

mais legalista e burocrática como a classificação de porte por faturamento, estabelecida feita pela

Lei nº 9.841 de 05 de outubro de 1999, ou a classificação pelo número de empregados conforme

faz o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), 2006.

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A seguir são apresentados esses critérios de classificação, organizados em quadros:

Porte da empresa Faturamento anual Micro até R$ 244.000,000

Pequena de R$ 244.000,01 a R$ 1.200.000,00

Quadro 1 - Classificação de Porte por Faturamento Anual Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9841.htm. Adaptado pela autora

Porte da empresa Comércio e Serviços Indústria Micro até 9 até 19

Pequena 10 a 49 20 a 99 Média 50 a 99 100 a 499 Grande superior a 100 superior a 500

Quadro 2 - Classificação de Porte por nº. de Empregados Fonte: http://www.sebrae.com.br/br/mortalidadeempresas. Adaptado pela autora.

2.2 Mortalidade das Pequenas Empresas

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) realizou uma

pesquisa nacional, no primeiro trimestre de 2004, para analisar os fatores causais da mortalidade

das micro e pequenas empresas brasileiras, tomando como base empresas constituídas nos anos

de 2000, 2001 e 2002.

A pesquisa revelou as principais razões para o encerramento das atividades da empresa

extinta, segundo a opinião dos seus gestores e proprietários. Um ranking indica os dez fatores

condicionantes mais citados e seus percentuais, conforme o seguinte quadro:

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nº Fator % 1 Falta de capital de giro 24,1

2 Impostos e tributos altos 16

3 Falta de clientes 8

4 Concorrência 7,1

5 Baixo lucro 6,1

6 Dificuldade financeira 6,1

7 Desinteresse na continuação do negócio 6,1

8 Inadimplência 6,1

9 Problemas familiares 3,8

10 Má localização da empresa 3,8 Quadro 3 - Principais Fatores Causais Fonte: www.sebrae.com.br/br/mortalidadedeempresas. Adaptado pela autora.

A questão relacionada à falta de capital de giro, que aparece em primeiro lugar no ranking

dos principais fatores para o fechamento da empresas, indica um certo descontrole de fluxo de

caixa, o que ocasiona uma falha na condução dos negócios.

Os resultados da pesquisa mostram que grande parte dos gestores das empresas de

pequeno porte brasileiras desconhecem os princípios básicos de administração e não utilizam

instrumentos de gestão financeira para administrar formalmente o capital de giro, o que faz com

que muitas dessas empresas entrem em processo de falência.

O levantamento das taxas de mortalidade, segundo SEBRAE (2004), revelou que 49,9%

das empresas registradas na junta comercial, nos anos de 2000 a 2002, encerram suas atividades

em até 2 anos de existência, 56,4% com até 3 anos de existência e 59,9% com até 4 anos de

existência.

O quadro a seguir ilustra as taxas de mortalidade regional e brasileira:

Regiões Ano de constituição

Sudeste (%)

Sul (%)

Nordeste (%)

Norte (%)

Centro-Oeste (%)

Brasil (%)

2002 48,9 52,9 46,7 47,5 49,4 49,4 2001 56,7 60,1 53,4 51,6 54,6 56,4 2000 61,1 58,9 62,7 53,4 53,9 59,9

Quadro 4 - Taxa de Mortalidade por Região e Média Brasileira Fonte: http://www.sebrae.com.br/br/download/boletim_mortalidade.pdf.

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Para Degen (1989, p. 68) as razões para o fracasso da maioria dos pequenos

empreendimentos são a falta de habilidades administrativas, financeiras, mercadológicas ou

tecnológicas dos empreendedores. Essa falta de habilidade manifesta-se mais freqüentemente,

segundo as observações do autor, em ordem de importância, através dos seguintes problemas:

Falta de experiência gerencial do empreendedor;

Conhecimento inadequado do mercado;

Insuficiência de disponibilidade de capital para iniciar o empreendimento;

Problemas de qualidade com o produto;

Localização errada;

Erros gerenciais no desenvolvimento do negócio;

Capitalização excessiva em ativos permanentes;

Inadimplência de credores;

Ineficiência de marketing e vendas;

Excessiva centralização gerencial do empreendedor;

Crescimento mal planejado;

Atitude errada do empreendedor para com o negócio;

Erro na avaliação da reação dos concorrentes;

Rápida obsolescência do produto;

Posicionamento errado do produto ou serviço no mercado, imagem, propaganda, promoção, canais de distribuição e preço.

Abordagem incorreta de vendas;

Problemas de produção do produto;

Escolha do momento errado para iniciar o empreendimento;

Falta ou erros de planejamento do empreendimento, projeção de venda, de custos e de fluxo de caixa.

Tendo em vista que muitos dos fatores de fracasso das micro e pequenas empresas estão

ligados a falta de conhecimento administrativo e as funções essenciais de uma empresa,

percebeu-se a necessidade de enfatizar nos capítulos seguintes deste trabalho, como se dá a

estruturação de uma empresa de maneira formal, e mais especificamente relacionando esse

assunto a área financeira.

2.3 Funções Essenciais da Empresa

Henri Fayol apud Chiavenato (1987, p. 104), uma das referências clássicas da teoria da

administração, que se preocupou com a estrutura e funcionamento organizados, para garantir

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eficiência a todas as partes envolvidas, sustenta que a empresa possui seis grupos de funções

essenciais:

1. Funções técnicas, relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. 2. Funções comerciais, relacionadas com a compra, venda e permutação. 3. Funções financeiras, relacionadas com a procura e gerência de capitais. 4. Funções de segurança, relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas. 5. Funções contábeis, relacionadas com inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. 6. Funções administrativas, relacionadas com a integração de cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as demais funções da empresa, pairando sempre acima delas.

Alguns autores, entretanto, consideram que essas seis funções relacionadas acima podem

ser resumidas em apenas três funções básicas: produção, vendas e finanças. Chiavenato (1987, p.

403), ao abordar a questão da departamentalização por funções, sustenta que essas três funções

básicas podem variar de acordo com a atividade da organização. Em uma empresa atacadista, por

exemplo, os departamentos são organizados em: compras, vendas e finanças. Por analogia, então,

pode-se entender que numa empresa comercial varejista as funções básicas seriam as mesmas:

comprar, vender e gerenciar os recursos financeiros.

O conhecimento das funções essenciais da empresa proporcionará a compreensão da

importância da função financeira no contexto da administração empresarial.

2.4 A Função Financeira nas Empresas

Segundo Archer e D’Ambrósio (1969, p. 367) apud Sanvicente (1997, p. 21), “a função

financeira compreende esforços despendidos objetivando a formulação de um esquema que seja

adequado à maximização dos retornos dos proprietários da empresa, ao mesmo tempo em que

possa propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez”.

As diversas referências bibliográficas do campo da administração financeira sustentam

que a função financeira da empresa diz respeito, essencialmente a decisões de financiamento e de

investimentos, ou seja, é responsável pela busca de recursos e sua aplicação com a finalidade de

viabilizar o funcionamento da empresa, proporcionando retorno aos seus proprietários.

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Para Hoji (2004, p. 23), as funções básicas de um administrador financeiro que se alinham

à função financeira da empresa são:

- Análise, planejamento e controle financeiro, que consiste em coordenar, monitorar e avaliar todas as atividades da empresa, por meio de dados financeiros, bem como determinar o volume de capital necessário. - Tomadas de decisões de investimentos, que dizem respeito à destinação dos recursos financeiros para aplicação em ativos correntes (circulantes) e não correntes (realizáveis a longo prazo e permanentes), considerando-se a relação adequada de risco e de retorno dos capitais investidos. - Tomadas de decisões de financiamentos, que são tomadas para captação de recursos financeiros para financiamento dos ativos correntes e não correntes, considerando-se a combinação adequada dos financiamentos a curto e longo prazo e a estrutura de capital.

Para desenvolver todas as funções citadas acima, o administrador financeiro recebe apoio

técnico de profissionais especializados em Tesouraria e Controladoria.

Sanvicente (1997, p. 20), afirma que o tesoureiro desenvolve atividades voltadas para o

uso do dinheiro, para o gerenciamento do caixa e bancos, das contas a pagar e receber, realiza as

relações bancárias e prepara o orçamento de caixa. Já o controller, preocupa-se com os controles

e os fluxos de informação dentro da empresa, contabilidade geral, elaboração de orçamentos e

controle orçamentário, estabelecendo uma relação de auditoria interna, através da preparação de

relatórios financeiros.

A seguir será ilustrada a estrutura de atividades financeiras desenvolvidas por cada um

dos profissionais atuantes na área financeira:

Figura 1: Estrutura típica da função financeira de uma empresa

DIRETOR FINANCEIRO

TESOUREIRO

CONTROLADOR

Administração de Caixas e Bancos

Contas a Receber

Contas a Pagar

Preparação de Orçamento de

Preparação de Relatórios Financeiros Internos

Controle Orçamentário

Contabilidade Geral e de Custos

Auditoria Interna

Relações Bancárias

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Fonte: SANVICENTE (1997), adaptado pela autora.

2.5 Planejamento e Controle Financeiro

Para Gitman (2002, p. 586), “o planejamento financeiro é uma parte essencial da

estratégia financeira de qualquer empresa. Os instrumentos de planejamento representados pelos

demonstrativos projetados e pelos orçamentos de caixa propiciam um mapa para conduzir as

empresas na direção de seus objetivos”.

O mesmo autor sustenta também que “o planejamento financeiro é um aspecto importante

para o funcionamento e sustentação da empresa, pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e

controlar suas ações na consecução de seus objetivos”.

Os autores Santos e Sanvicente (2000, p. 359), destacam a necessidade de informação

para a implementação de um planejamento. Para eles, “planejar é estabelecer com antecedência

as ações a serem executadas, estimar os recursos a serem empregados e definir as

correspondentes atribuições de responsabilidades em relação a um período futuro determinado”.

Um processo integrado e eficaz de planejamento e controle financeiro seria ideal para a

profissionalização gerencial de qualquer empresa. Contudo, algumas premissas básicas seriam

necessárias.

Segundo Santos e Sanvicente (2000, p. 17), “a empresa deve contar com procedimento

sistemático regular, tanto quanto o permitam seus recursos, de coleta de informações sobre as

condições do ambiente externo que a circunda. Essas informações permitem uma elaboração de

planos mais realistas”.

Outra premissa importante é a existência de objetivos claramente definidos. De acordo

com Santos e Sanvicente (2000, p. 16):

A fixação de objetivos é um passo inicial indispensável a todo o processo, mas essa tarefa em si mesma só tem sentido diante de uma espécie de “exame prévio de viabilidade”, em que a empresa, através de sua administração verifica e procura a existência de oportunidades e restrições tanto no âmbito interno da organização quanto externamente.

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Para Zdanowicz (2001, p.26), a implantação do planejamento financeiro e orçamento na

empresa e sua posterior implementação exige algumas condições mínimas que, a seguir

encontram-se descritas:

a) Estrutura organizacional deverá ser compatível com os objetivos e as metas propostos no plano de operações; b) Contabilidade aberta, informatizada e descentralizada para a correta realização das etapas de planejamento e seu posterior controle orçamentário; c) Fixação de objetivos e das metas da empresa deverão ser estabelecidos pelo comitê orçamentário, a partir de informações internas e externas sobre o mercado de atuação; d) Disciplina e seriedade deverão ser observadas em todas as etapas de elaboração do orçamento e cumprimento fiel na sua execução.

Assim, se todos os passos forem realizados com ordem e determinação, a empresa estará

bem direcionada com boas perspectivas de alcançar seus objetivos e metas.

De acordo com Gitman (2001, p.434) os instrumentos para planejamento e controle

financeiro de uma empresa estão estreitamente ligados a duas ferramentas de gestão financeira. A

primeira delas é o orçamento de caixa, ou a previsão de caixa, que é um demonstrativo das

entradas e saídas de caixa planejadas pela empresa. E a outra ferramenta é o fluxo de caixa, que

relata os ingressos e desembolsos de recursos num determinado período. Esses dois instrumentos

serão abordados com maior profundidade no próximo tópico, onde serão estudadas as

ferramentas para gerenciamento do capital de giro, mais especificamente na administração do

disponível.

As informações sobre planejamento, controle financeiro e orçamentário não se aplicam

diretamente às empresas de pequeno porte. Essas empresas não possuem informações suficientes

para profissionalizar à tomada de decisões financeiras e para que um processo de planejamento

seja implementado. As informações existem, mas não são organizadas e a disposição da

administração. O ideal nesses casos seria organizar as informações necessárias, para viabilizar o

planejamento, controle e crescimento empresarial.

Daí o porque do objetivo deste trabalho ser o de propor a organização da função

financeira da empresa, como passo inicial e necessário à viabilização de um futuro processo de

planejamento e controle financeiros.

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2.6 Administração do Capital de Giro

A administração do capital de giro trata de assuntos do dia-a-dia das empresas. Assuntos

estes, que estão especificamente ligados ao gerenciamento das disponibilidades da empresa,

contas a receber e administração financeira de estoques. Estes elementos são de vital importância

para o bom desempenho financeiro de uma empresa, e até mesmo para sua conservação no

mercado. Para as micro e pequenas empresas, o capital de giro é considerado um dos fatores mais

relevantes para sua sobrevivência, e é por esse motivo que se faz importante o estudo desse tema.

“A administração do capital de giro encontra-se inserida no contexto decisorial das

finanças das empresas, permitindo melhor entendimento de como as organizações geram, aplicam

e gerenciam seus recursos financeiros” (ASSAF NETO e SILVA, 2002, p.14).

Ainda, segundo a visão desses autores, “o capital de giro tem participação relevante no

desempenho operacional das empresas, cobrindo geralmente mais da metade de seus ativos totais

investidos”.

Neste contexto, “a administração do capital de giro vem sendo cada vez mais reconhecida

como uma área importante para o equilíbrio financeiro das empresas, tendo participação decisiva

no sucesso dos negócios” (ASSAF NETO e SILVA, 2002, p.11).

Para Assaf Neto e Silva (2002, p.15) “a administração do capital de giro diz respeito à

administração das contas dos elementos de giro, ou seja, dos ativos e passivos correntes

(circulantes), e às inter-relações existentes entre eles”.

A seguir será ilustrado um balanço patrimonial e seus principais componentes, dando

ênfase às contas circulantes de uma empresa.

Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

Disponibilidades Fornecedores Contas a receber Salários e Encargos Sociais Estoques Empréstimos e Financiamentos

Ativo Realizável a Longo Prazo (RLP)

Passivo Exigível a Longo Prazo (ELP) Empréstimos e Financiamentos Debêntures

Ativo Permanente (AP) Investimento Patrimônio Líquido (PL) Imobilizado Diferido

Capital Reservas Lucros Acumulados

Figura 2: Modelo sintético de um balanço patrimonial.

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Fonte: Assaf Neto e Silva (2002), adaptado pela autora. A partir deste conceito, Assaf Neto e Silva (2002, p.15), colocam que, o capital de giro estuda

fundamentalmente o nível adequado de estoques que a empresa deve manter, seus investimentos

em créditos a clientes, critérios de gerenciamento do caixa e a estrutura dos passivos correntes, de

forma consistente com os objetivos enunciados pela empresa e tendo por base a manutenção de

determinado nível de rentabilidade e liquidez. Observa-se que existe um conflito entre liquidez e

rentabilidade, aspecto abordado mais à frente quando serão apresentados os dilemas da

administração do capital de giro.

Conforme Mazakazu Hoji (2004, p. 109) “o capital de giro é conhecido como capital

circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que se transformam

constantemente dentro do ciclo operacional”.

Para Assaf Neto e Silva (2002, p.15) “o capital de giro representa os recursos demandados

por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a aquisição de

matérias-primas (mercadorias) até o recebimento pela venda do produto acabado”.

Sanvicente (1997, p.120) é outro autor que apresenta o assunto articulando a definição de

capital de giro com o ciclo operacional. Vejamos:

Em geral esses ativos compreendem os saldos mantidos por uma empresa nas contas Disponibilidades, Investimentos Temporário (aplicações vinculadas ao mercado aberto), Contas a Receber (duplicatas a receber de clientes) e Estoques de matérias-primas, mercadoria para venda, produção em andamento e produtos acabados.

E ainda:

Os ativos correntes constituem o capital da empresa que circula até transformar-se em dinheiro dentro de um ciclo de operações. Em vista dessa formulação, o curto prazo como duração desse ciclo de operações realmente varia conforme a natureza das operações da empresa considerada. Ele é, na verdade, o tempo exigido para que uma aplicação de dinheiro em insumos variáveis gire inteiramente, desde a compra de matérias-primas e o pagamento de funcionários até o recebimento correspondente à venda do produto ou serviço proporcionado ao cliente, a partir do emprego de tais recursos.

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A seguir será ilustrada uma representação do ciclo citado acima, conhecido ciclo

operacional de uma empresa.

Figura3: Ciclo operacional de uma empresa industrial Fonte: SANVICENTE (1997, p. 12), adaptado pela autora.

A figura demonstrada anteriormente se aplica mais especificamente a empresas

industriais, abordando o período de tempo que vai desde a aquisição da matéria-prima até o ponto

de recebimento pela venda do produto acabado. Todavia, a estrutura do ciclo operacional de uma

empresa comercial difere-se em alguns pontos do ciclo anteriormente mencionado. Em empresas

comerciais não existe estoque de matéria-prima. O estoque é um só e diz respeito às mercadorias

para revenda. Também não existe produção, sendo a função comercial a essência desse tipo de

negócio.

Contas a receber

Caixa/Bancos

Produto acabado

Estoque de MP

Compra de MP

Produção

Vendas (a prazo)

Recebimentos

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Considerando essas observações, a demonstração gráfica do ciclo operacional de uma

empresa comercial seria a seguinte:

Figura 4: Ciclo operacional de uma empresa comercial

Fonte: A autora.

O ciclo operacional das empresas varia de acordo com o seu setor de atividade e

características de sua atuação. Observa-se, por exemplo, que uma empresa que produz navios

pode ter um ciclo operacional muito demorado, ao passo que num comércio de roupas esse ciclo

seria bem menor.

Cada uma das fases operacionais retratadas nas figuras do ciclo operacional apresenta

determinada duração. Nesse período de tempo, têm-se alguns prazos médios importantes no

processo de gerenciamento do capital de giro, especificamente porque eles estão associados ao

volume de recursos necessários em contas do capital de giro, como os estoques e as contas a

receber.

Contas a receber

Caixa/Bancos

Estoque de mercadoria

Compra de mercadoria

Vendas

Recebimentos

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Na figura a baixo apresenta-se o diagrama do ciclo operacional onde aparecem os prazos

médios de estocagem, cobrança e pagamento. Trata-se de uma representação gráfica diferente do

ciclo operacional, onde são visualizados os tempos médios em que os recursos ficam, alocados

em contas do capital de giro.

Erro!

Figura 5: Períodos do ciclo operacional. Fonte: FTP do Professor Osvaldo Faria de Oliveira, adaptado pela autora.

As notações referenciadas no gráfico significam o seguinte:

MP: matéria prima

PME: período médio de estocagem de matérias-primas;

PMC: período médio de cobrança (prazo médio de recebimento);

PMP: período médio de pagamentos.

Os prazos médios compõem o ciclo operacional de uma empresa e é por meio deles que a

empresa pode observar e otimizar os intervalos de tempo que denotam cada prazo.

O período médio de estocagem (PME) exprime o tempo que a matéria-prima leva para se

transformar em produto acabado até sua venda. De acordo com Gitman (2001, p. 137) esse

indicador pode ser calculado da seguinte forma:

tempo

Chegada

da MP

Recebimento da fatura

Pagamento da fatura (MP)

Venda do produto acabado

Recebimento

Período de estocagem

Período p/ pagamento do (fornecedor)

Período de Cobrança

PME = 360 x Estoque Médio CMV

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O (CMV) é o custo da mercadoria vendida, se este indicador estiver sendo aplicado a

empresas comerciais.

O período médio de cobrança (PMC), também conhecido como prazo médio de

recebimento, exprime o tempo que vai desde a venda da mercadoria até o recebimento das vendas

realizadas a prazo. O mesmo autor define que o PMC pode ser calculado da seguinte forma:

O período médio de pagamento (PMP), exprime o tempo desde a chegada da mercadoria,

até o seu pagamento diante do fornecedor, ou seja é a média de tempo necessário para saldar as

duplicatas a pagar. Para Gitman (2001, p. 138) esse índice é calculado da seguinte forma:

Gitman (2001, p. 459) resume que, o ciclo operacional (CO) é uma transação recorrente

do capital de giro de uma empresa, vai do caixa para estoques, passa para duplicatas a receber e

volta ao caixa. O ciclo é formado pela soma de dois componentes: período médio de estocagem e

período médio de cobrança das vendas.

A partir da visualização do ciclo operacional, pode-se identificar também o ciclo

financeiro, mais conhecido como ciclo de caixa (CC). Este é importante e necessário no

gerenciamento eficiente das disponibilidades da empresa, e é designado como “o montante de

tempo que o caixa da empresa está imobilizado entre o pagamento por insumos de produção e a

CO = PME + PMC

PMC = 360 x Contas a Receber Vendas Anuais

PMP = 360 x Duplicatas a Pagar Compras Anuais

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cobrança do pagamento da venda do produto acabado resultante” (GITMAN 2001, p. 495). Sua

fórmula obedece a seguinte configuração:

A figura a seguir mostra o ciclo operacional e o ciclo de caixa no diagrama já

apresentado:

Ciclo Operacional (CO)

Ciclo de Caixa (CC)

Figura 6: Ciclo Operacional e Ciclo de Caixa. Fonte: Slides do Professor Osvaldo Faria de Oliveira, adaptado pela autora.

2.6.1. Dilemas do Gerenciamento do Capital de Giro

A administração do capital de giro envolve processos de tomada de decisões que se

referem a diferentes dimensões e são considerados os dilemas do gerenciamento do capital de

giro. Essas decisões afetam o bom desempenho da empresa e sua sobrevivência no mercado e,

por isso, devem ser observadas com cuidado para evitar problemas futuros.

Ciclo Operacional

CC = CO - PMP

Tempo

Chegada da matéria - prima

Recebimento da fatura Pagamento da

fatura (MP)

Venda do produto acabado

Recebimento

PME

PMP

PMC

Ciclo de Caixa

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De acordo com Sanvicente (1997, p. 126), o primeiro dilema abordado é o problema de

liquidez dos ativos correntes da empresa, perante a composição dos prazos de vencimento das

dívidas de curto prazo. Os ativos correntes da empresa possuem um prazo para tornarem-se

dinheiro, mas o processo de transformação no ciclo de caixa pode ultrapassar a expectativa de

prazo, fazendo com que haja maior risco para saldar as suas dívidas. Através dessa relação

originam-se problemas de liquidez na empresa, que podem fazer com que ela não consiga saldar

suas dívidas de curto prazo.

O segundo dilema destacado por Sanvicente (1997, p. 127), é o conflito entre liquidez e

rentabilidade. Os ativos correntes representam aplicações para assegurar um dado volume de

vendas. Ou seja, para manter um certo volume de operações, a empresa direciona seus esforços

para preservar a liquidez e, com isso, sobra pouco para investir em aplicações com retornos mais

atraentes.

O terceiro e último dilema está relacionado à conciliação de risco e retorno. Para Assaf

Neto e Silva (2002, p. 22), quanto maior a folga financeira em uma empresa, menor o risco de

insolvência. Porém, essa folga acarreta em custo de oportunidade elevado, pressionando

negativamente os resultados da empresa. Por isso, é preciso optar pela manutenção de saldos

excessivos (investimento e custos mais altos) ou saldos insuficientes (investimentos e custos

menores). Os saldos excessivos permitem uma maior segurança para empresa que terá maior

capital circulante líquido, mas a tendência é que a mesma tenha menor rentabilidade pelos seus

investimentos. De maneira inversa, um montante reduzido de capital circulante líquido, que trás

menos segurança para a empresa, elevando o risco de insolvência, contribui positivamente para a

rentabilidade do investimento.

Considerando o exposto, percebeu-se que o objetivo da administração do capital de giro

pode ser resumido em encontrar o nível ideal de recursos que devem ser mantidos em cada uma

das contas do Ativo Circulante, ou Ativo de Giro (caixas, bancos, contas a receber e estoques),

sem comprometer as atividades operacionais e de venda (recursos insuficientes) e sem prejudicar

a potencialidade de retorno da empresa.

A partir deste momento, serão aprofundadas a administração de cada conta ou grupo de

contas do capital de giro.

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2.6.2. Administração do Disponível

Administração do disponível também denominada como gestão do caixa, “representa os

ativos que têm a característica principal de possuir liquidez imediata, ou seja, a sua utilização

independe de ações de terceiros ou de outras ações que não a do seu uso” (CHEROBIM, JÚNIOR

E RIGO 2005, p. 333). Observa-se que o termo gestão do caixa diz respeito a todas as contas

consideradas como disponível, ou seja: caixa, bancos e aplicações financeiras.

Segundo Júnior e Matias (2002, p. 21), “um desequilíbrio de caixa pode ser sintoma de

um problema mais profundo. A administração do caixa é uma condição decisiva para a

sobrevivência e sucesso de uma pequena empresa”.

O principal motivo para manter um saldo de recursos de máxima liquidez é o que decorre do andamento normal das operações. Neste caso, os saldos de Caixa e Bancos funcionam como um amortecedor entre as saída e as entradas previstas sob as considerações operacionais normais e devido ao simples fato de que as entradas e saídas só coincidirão, em montante e momento de ocorrência, por acaso muito grande. (SANVICENTE 1997, p.140).

Ressalta-se, entretanto, que excesso de recursos em caixa, ou em disponível, normalmente

compromete a potencialidade de retorno da empresa, já que excesso de liquidez prejudica a

rentabilidade, como sustentou Sanvicente (1997), ao abordar os dilemas da administração do

capital de giro, apresentados no tópico antecedente.

Para Assaf Neto e Silva (2002, p. 86), existem três motivos para que uma empresa

mantenha um valor mínimo de caixa. Esses motivos são:

- Transação, para manter um certo nível de recursos disponível para cobrir suas

obrigações;

- Precaução, para manter uma quantidade de recursos para assumir pagamentos

imprevisíveis;

- Especulação, para manter recursos que possam ser necessários em oportunidades de

negócios.

Todavia, as empresas necessitam de um caixa mínimo que satisfaça suas necessidades

financeiras. Para determinar o quanto à empresa deve deixar em caixa, um dos modelos utilizados

é o Modelo do Caixa Mínimo Operacional, que apesar de pouco sofisticado, é muito útil no

estabelecimento de um padrão de investimento em caixa (ASSAF NETO e SILVA, 2002, p. 88).

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Para obter o Caixa Mínimo Operacional (CMO) é preciso calcular o Giro de Caixa (GC),

número de vezes por ano em que gira dinheiro na empresa. Este cálculo se aplica a seguinte

fórmula:

De acordo com Assaf Neto e Silva (2002, p.89) conhecendo o Giro de Caixa, pode-se

estabelecer o montante mínimo de caixa a ser mantido visando à satisfação da demanda por

recursos no período.

O Caixa Mínimo Operacional é calculado pela divisão dos desembolsos totais anuais

(DTA) e o giro de caixa.

Sendo:

Contudo, pode-se dizer que, quanto maior for o giro de caixa e, conseqüentemente, menor

o ciclo de caixa, mais reduzidas serão as necessidades de recursos exigidas para o caixa. Na

busca da administração de caixa mais eficiente a empresa deve procurar, dentro das condições de

seus negócios, maximizar o giro de seu caixa (ASSAF NETO e SILVA 2002, p. 89). Para tanto

de acordo com Gitman (2001, p. 497) pode-se adotar três estratégias básicas para gerenciar

eficientemente o caixa:

A primeira estratégia é a diminuição do tempo médio de estocagem através de uma

eficiente administração de estoques. Diminuindo o período de estocagem, o estoque vai girar o

mais rápido possível e reduzir o ciclo de caixa.

A segunda estratégia é a aceleração da cobrança de duplicatas a receber, ou seja, reduzir o

período de cobrança para imprimir maior velocidade ao ciclo de caixa.

E a terceira estratégia é a prorrogação das duplicatas a pagar. Efetuar o pagamento das

obrigações o mais tarde possível de acordo com prazos estabelecidos anteriormente, não

prejudicando o crédito no mercado.

Além do Modelo do Caixa Mínimo Operacional, descrito a pouco, uma ferramenta que

pode ser utilizada para auxiliar na estimativa das necessidades de caixa, é o orçamento de caixa,

GC = 360 CC

CMO = DTA GC

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conhecido também como previsão de caixa. Esta ferramenta é um demonstrativo das entradas e

saídas de caixa planejadas da empresa, em curto prazo, com especial atenção para o planejamento

de excedentes de caixa e deficiências de caixa (GITMAN, 2001, p. 436).

O formato geral do orçamento de caixa é apresentado a seguir:

Tabela 1 - Formato genérico do orçamento de caixa

Jan Fev ... Nov Dez

Recebimentos Menos: Pagamentos Igual: Fluxo de caixa líquido Mais: Saldo de caixa inicial Igual: Saldo de caixa final Menos: saldo de caixa mínimo Igual: Financiamento total necessário Excesso de saldo de caixa

Fonte: Princípios de Administração Financeira, GITMAN, 2001, p.437.

A previsão de caixa exposta na tabela antecedente dá ao gerente financeiro uma clara

visão do momento exato das entradas e saídas de caixa esperadas através de um período, que no

caso foi de um ano (GITMAN, 2001, p. 436).

O administrador financeiro também poderá se utilizar de um orçamento de caixa mais

detalhado, que lhe trará informações elaboradas sobre as efetivas transações de caixa. Um modelo

interessante e completo é apresentado por Santos e Sanvicente (1994, p. 156), o qual transcreve-

se a seguir:

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Tabela 2 - Orçamento de Caixa Detalhado

Jan Fev ... Nov Dez Total Saldo Inicial Recebimentos

Vendas a prazo

Vendas à vista Dividendos Recebidos

Subscrição de ações Vendas de ativos

Outros

Total de recebimentos Pagamentos

Matérias-primas Materiais indiretos

Instalações e equipamentos Salários e encargos sociais Impostos

Juros

Dividendos pagos

Total de pagamentos Saldo de caixa

Fonte: SANTOS E SANVICENTE, 1994, p. 157.

Tendo em vista a importância da disponibilidade de caixa e sua representatividade para a

administração financeira das empresas, também se utiliza o fluxo de caixa como instrumento de

controle. Então, não apenas no processo de planejamento financeiro, mas também como

ferramenta de controle gerencial, demonstrando num único informativo valores realizados e a

realizar.

“Elaborado em períodos, o fluxo de caixa deve compreender um resumo do cronograma das despesas e investimentos, das receitas previstas e épocas de realizações, dos pagamentos parciais ou totais de obrigações, bem como de novas obrigações a contratar, possibilitando prever: as projeções das entradas e saídas de recursos, os períodos deficitários e superavitários da projeção, e os resultados finais por períodos” (KÜSTER, KÜSTER E KÜSTER 2004 p. 61).

Assaf Neto e Silva (2002, p. 88) fundamentam que o fluxo de caixa é um exemplo de

modelo para manutenção do nível de caixa e enfatizam que “este é um instrumento que relaciona

os ingressos e saídas (desembolsos) de recursos monetários no âmbito de uma empresa em

determinado intervalo de tempo. A partir da elaboração do fluxo de caixa é possível prognosticar

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eventuais excedentes ou escassez de caixa, determinando-se medidas saneadoras a serem

tomadas”.

“O fluxo de caixa tem como objetivo prever em que nível ficará o saldo de caixa dentro de um determinado período. Essa é uma informação importante, pois por meio dela, o dirigente da pequena empresa estará preparado para determinar as melhores oportunidades de aplicação de recursos disponíveis, podendo antecipar decisões que visem evitar a falta de dinheiro no período e ainda determinar quais itens podem ser manipulados para evitar insuficiência de caixa” (JÚNIOR e MATIAS, 2002, p. 23).

Uma outra forma de demonstrar o fluxo de caixa (orçado e/ou realizado) é de maneira

indireta, partindo-se do lucro líquido e fazendo ajustes a ele para estimar o resultado do fluxo de

caixa. Santos e Sanvicente (1994, p. 159) destacam que esse método é mais utilizado para

projeções de pelo menos um ano, pois trará conteúdo mais detalhado, dando ênfase nos itens que

afetam o resultado líquido, mas ainda não se converteram em movimento de caixa, como as

vendas a prazo do último mês do período orçamentário.

A seguir será apresentado um modelo básico de fluxo de caixa:

Tabela 3 - Demonstrativo de Fluxo de Caixa Atividades Operacionais Ano 1 Ano 2 Lucro líquido Depreciação e amortização Impostos e ordenados diferidos Variação em: Contas a receber Estoque Atividades de Investimentos Dispêndio de capital Variação no capital de giro Compra de outros ativos Venda de ativos Atividades de Financiamentos Nova emissão de títulos Variação na dívida de curto prazo Pagamento do principal Recompra ou baixa de títulos em circulação Pagamento de dividendos Variação em contas a pagar Variação líquida em caixa e em títulos negociáveis

Fonte: GROPPELLI E NIKBAKHT, 1999, p. 404.

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2.6.3. Administração de Crédito

A administração de crédito, também conhecida como administração das contas a receber é

um fator muito importante para as empresas. É nessa conta de capital de giro que boa parte do

dinheiro da empresa fica imobilizado para financiar a atividade de crédito, e pode perder valor no

tempo comprometendo a sobrevivência da empresa.

A utilização de crédito é uma forma de facilitar as vendas da empresa, na medida em que

possibilita ao cliente comprar sem que precise pagar à vista, fazendo com que o poder de compra

aumente.

Para reforçar essa idéia, os autores Cherobim, Júnior e Rigo (2005, p. 354) destacam:

O crédito é fator facilitador das vendas, é por meio da concessão de crédito que as empresas podem vender muito mais do que venderiam se não utilizassem esse tipo de facilidade. Por outro lado, crédito também é considerado fator de risco para as empresas, pois pode haver perda com devedores relapsos.

(...)

A concessão de crédito exige também grandes volumes de investimentos em capital de giro, o que torna a sua administração complexa, exigindo de gestores e executivos atenção e uso de técnicas adequadas.

Para Júnior e Matias (2000, p. 25), ao vender crédito a empresa vendedora prorroga sua

entrada de caixa, permitindo que os clientes possam efetuar os pagamentos em datas posteriores à

venda.

De acordo com esses autores, “o total de saldos de crédito concedidos aos clientes é

levado ao balanço patrimonial na forma de contas a receber, que é um dos itens do ativo

circulante da empresa”.

Para Groppelli e Nikbakht (1999, p. 386) “as contas a receber são parecidas com

empréstimos sem juros para clientes, porque os vendedores devem pagar despesas de juros à

medida que seu capital fica empatado nas contas a receber”.

Para que uma empresa possa conceder crédito aos seus clientes com uma certa segurança,

são estabelecidos parâmetros em termos de venda a prazo. Cada empresa estabelecerá condições

a serem obedecidas para que uma venda seja realizada. Uma ferramenta utilizada para avaliar a

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capacidade de crédito de um requerente é a técnica conhecida como “Cinco C’s”. De acordo com

Gitman (2001, p. 518), os “Cinco C’s” do crédito são:

Caráter – Consiste na análise do histórico do requerente com relação à suas obrigações

passadas e características como honestidade, ética e moral para saldar suas dívidas com

pontualidade;

Capacidade – Consiste na análise da capacidade do requerente em saldar o crédito pedido.

A capacidade de saldar seus compromissos financeiros pode ser avaliada por meio de seu

contracheque, ou mesmo sua declaração de imposto de renda. Se o cliente for uma empresa a o

ideal será uma análise em suas demonstrações contábeis, via Balanço Patrimonial (BP) ou mesmo

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);

Capital – Consiste na análise da força financeira do requerente, ou seja, um estudo da

composição do patrimônio do mesmo, seus bens e direitos (ativos) e quanto está aplicado em

ativo permanente;

Colateral – Consiste na análise do que o requerente possui para oferecer como garantia ao

crédito, é utilizado como reforço aos demais itens; e

Condições – Consiste na análise do cenário econômico no qual está sendo realizada a

oferta de crédito e de acordo com as perspectivas para o futuro a concessão de crédito é

repensada.

A utilização dos “Cinco C’s” fundamenta a concessão de crédito de acordo com as

características financeiras do requerente. Assim, o analista de crédito pode tomar a decisão

pautada em atributos consistentes.

Como já foi falado anteriormente, a venda a crédito depende de quanto a empresa dispõe

para financiar essa atividade, e isso está relacionado diretamente à política de crédito e à política

de cobrança que a empresa irá adotar.

A política de concessão de crédito, para Gitman (2001, p. 518) “é a determinação da

seleção de crédito, padrões de crédito e termos de crédito” ou seja, o parâmetro fixado pela

empresa para a concessão das vendas a prazo.

De acordo com o mesmo autor, os fatores que fundamentam a política de crédito de uma

empresa são:

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- Tipo de atividade da empresa, cada negócio possui diferentes exigências de acordo com

o ramo de atividade. Uma panificadora, por exemplo, não possui tanta necessidade de

financiamento, quanto uma empresa revendedora de automóveis.

- Condições de pagamento compreendem as decisões relacionadas a período de crédito,

período de descontos e descontos.

- Seleção dos clientes são critérios designados à diminuição do risco de inadimplência.

- Limite de crédito consiste em quanto a empresa pode financiar na concessão de crédito,

levando em consideração o risco do não recebimento dos recursos financeiros alocados

nessa atividade.

Após conceder crédito a um cliente o próximo passo é estabelecer a estrutura da política

de cobrança que a empresa irá adotar. Para Gitman (2001, p. 530) a política de cobrança consiste

em procedimentos da empresa para cobrar as duplicatas a receber quando elas vencem.

Independente da forma de cobrança, a empresa deve manter uma estrutura para acompanhar os

seus valores a receber, e também deve manter formalizados controles relacionados aos volumes

recebidos e a receber, prazos médios, índices de inadimplência e relação dos devedores.

Considerando o exposto, percebe-se também a importância da administração de crédito

relacionada à projeção de fluxo de caixa. Uma efetiva política de crédito e de cobrança pode

resultar em um maior controle do fluxo de caixa, pois as informações necessárias estarão à

disposição para que se faça projeções mais acertadas.

2.6.4. Administração Financeira de Estoques

O gerenciamento financeiro de estoques assumi grande relevância perante a administração

do capital de giro, pois representa investimentos significativos na maioria das empresas

comercias e industriais. Estes investimentos imobilizam recursos que poderiam estar alocados em

outras contas, podendo gerar maiores oportunidades de rendimentos.

“O fator estoque é de fundamental relevância ao se analisar a gestão financeira de uma

empresa, tanto da participação deste ativo, no total de investimentos, quanto da importância de

gerir o ciclo operacional” (KÜSTER, KÜSTER e KÜSTER 2004, p. 49).

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“Os estoques são componentes importantes dos ativos circulantes, principalmente nas

empresas comerciais e industriais, por representarem grandes volumes de dinheiro aplicado em

relação aos demais ativos circulantes” (CHEROBIM, JÚNIOR E RIGO 2005, p. 374).

De acordo com Cherobim, Júnior e Rigo (2005, p. 374), uma das características do

estoque é que ele é o ativo circulante de menor liquidez. Os estoques são representados por

matérias-primas, componentes, insumos, produtos em processo e produtos acabados.

Para Groppelli e Nikbakht (1999, p. 387) “o principal propósito da administração de

estoques é determinar e manter o nível de estoque que satisfaça os pedidos dos clientes em

quantidades suficientes e a tempo. Entretanto, manter estoques é dispendioso porque imobiliza

um dinheiro que não rende juros nem gera renda”.

Os mesmos autores sustentam que o custo de estoque impede que outras oportunidades

lucrativas sejam aproveitadas e que por essa razão o estoque precisa de mecanismos de controle.

Uma forma de gerenciar estoques é utilizar-se do índice de giro de estoque para mensurar

a atividade ou liquidez deste ativo. De acordo com Gitman (2001, p. 137) para calcular o giro de

estoque (GE) basta dividir o custo das mercadorias vendidas (CMV) por estoques. Este cálculo

apresenta-se na seguinte fórmula:

GE = CMV Estoque

Outra forma de gerenciar estoques é monitorar o período médio de estoques (PME), que

pode ser calculado da seguinte forma:

PME = 360 x Estoque Médio CMV

É importante observar que quanto menor for o PME, menor será a necessidade de

recursos nesse ativo de giro, e também, menor serão o ciclo operacional e de caixa, conforme se

apresentou na análise desses ciclos em tópicos anteriores desta fundamentação teórica.

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Além da utilização do índice, Sanvicente (1997, p. 135), afirma que outra forma de

gerenciar e controlar efetivamente os estoques é obedecer aos pontos descritos a seguir:

- Emitir relatórios regulares, para verificar possíveis problemas, índice de obsolescência e

perdas;

- Movimentar os estoques apenas por emissão de requisição, para obter maior controle da

entrada e saída de materiais;

- Enfatizar controles nos itens mais significativos com relação ao investimento do

negócio; e

- Efetuar contagens físicas periódicas totais ou por amostragem de acordo com a

necessidade da empresa.

A contagem física, conhecida como inventário físico de estoques, é uma forma de

controle de estoque que utiliza a contagem periódica dos materiais existentes na empresa. De

acordo com Viana (2002, p. 381) o inventário visa confrontar a realidade física dos estoques, em

determinado momento, com registros contábeis correspondentes nesse mesmo momento.

Existem varias formas de realizar inventários, seja via sistemas de informática ou mesmo

manualmente. O fato é que são práticas que exigem contínuas verificações e que devem ser

realizadas em épocas estratégicas para a empresa. Os inventários com sistemas automatizados

permitem que os dados sejam atualizados quase que instantaneamente às mudanças que ocorrem

nos estoques. Já os manuais, realizados de tempo em tempos, não oferecem registros tão precisos

e ágeis, mas permitem uma boa visualização da situação do estoque da empresa, sem grandes

custos para isso.

Para Cherobim, Júnior e Rigo (2005, p. 382) outras formas de controle utilizadas são:

Método da faixa vermelha, Método das duas caixas ou gavetas, Sistema ABC, Método do lote

econômico de compra, Método do ponto de reencomenda, Sistema MRP e Sistema Just-in-time.

Ressalta-se que, apesar de estoques ser um dos itens mais relevantes do capital de giro, e

sua má gerencia poder implicar na queda de rentabilidade e no aumento do risco financeiro, seu

estudo aprofundado conduziria o presente trabalho à área “circunscrita” à administração de

materiais, possibilidade inviável dada às limitações temporais e de foco definido por ocasião da

fixação dos objetivos deste trabalho. Portanto, resta a recomendação para a realização de estudo

específico que produza proposta para a profissionalização da gestão de materiais desta empresa.

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3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

Este trabalho caracteriza-se como uma aplicação, cujo objetivo é propor a organização da

função financeira da empresa Rodique Modas, para futuramente subsidiar planejamento e

controle financeiro, ou seja, pretende-se solucionar um problema específico de uma empresa, a

partir de um diagnóstico evidenciado.

Trata-se, pela própria característica, de um estudo de caso, em razão de estar circunscrito

a uma ou poucas unidades de estudo, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um

produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país. Tem caráter de

profundidade e detalhamento (VERGARA, 2003).

Para atingir o objetivo do diagnóstico situacional da empresa Rodique Modas, utilizou-se

de duas técnicas para a coleta de dados. Uma delas foi à observação participante, praticada

durante o período de estágio, que proporcionou a coleta intensiva de informações sobre a empresa

e suas principais dificuldades. A outra técnica empregada foi à realização de entrevista com a

proprietária da empresa e com a contadora responsável pela contabilidade da Rodique Modas. As

entrevistas não foram simples conversas, mas sim conversas orientadas por perguntas semi-

estruturadas. A finalidade das entrevistas foi de elaborar um diagnóstico das características e

estrutura geral da empresa e também questões relativas a impostos pagos pela loja de acordo com

seu enquadramento fiscal. As perguntas elaboradas previamente serviram para organizar as

entrevistas e estão descritas no apêndice, ao final deste trabalho (apêndice A e B).

Para Roesch (1999), entrevistas semi-estruturadas utilizam-se de questões abertas que

permitem ao entrevistador entender e captar a perspectiva dos participantes da pesquisa. No caso

em particular a entrevista semi-estruturada oportunizou a ampliação da compreensão da situação

problema, conforme descreve-se na seção de diagnóstico deste trabalho.

De acordo com Triviños (1987, p. 146) “entrevista semi-estruturada é aquelas que parte

de certos questionamentos básicos, que interessam a pesquisa, e que em seguida oferecem amplo

campo de interrogativas”.

O delineamento bibliográfico foi norteado por informações de cunho teórico das áreas de

teoria geral de administração, área financeira, administração de materiais, administração

mercadológica e metodologia científica. Dentre os principais autores pesquisados destacam-se:

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Júnior e Matias (2002), Santos e Sanvicente (1984 e 2000), Hoji (2004), Assaf Neto e Silva

(2002) e Gitman (2001 e 2002).

Além disso, foram realizadas pesquisas em alguns sites, que serviram como suporte para a

fundamentação teórica. Os sites pesquisados foram: Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio as

Micro e Pequenas Empresas), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) e Prefeitura

Municipal de Florianópolis.

As propostas de instrumentos gerenciais voltados para o processo de tomada de decisão

financeira, serão apresentadas em planilha eletrônica de dados, aberta, onde a responsável pela

empresa poderá inserir dados financeiros necessários, que devem possibilitar a profissionalização

da gestão e a construção das premissas para o crescimento da empresa.

Apesar do trabalho aqui apresentado tratar de assunto afeto à área financeira, a abordagem

é, sobretudo qualitativa, pois não admite visões isoladas e nem estanques, de modo que as

informações coletadas nas bibliografias e no diagnóstico da empresa dão foco a interpretação e

subjetividade, e as propostas que serão desenhadas levarão consigo o juízo da graduanda.

Segundo Richardson (1999, p. 90) “a pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a

tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais

apresentadas pelos entrevistados, em lugar da produção de medidas quantitativas de

características ou comportamentos”.

O preenchimento das planilhas propostas devem ficar sob a responsabilidade da empresa

em um outro momento. Com este trabalho nas mãos, a Rodique Modas, possuirá informações que

lhe orientarão para a organização da função financeira, e a partir destas propostas, poderá no

futuro aperfeiçoar sua gestão.

Ressalta-se, conforme objetivo fixado neste trabalho, que não é pretendida a

implementação das ferramentas gerenciais com a coleta de informação financeira de imediato,

mas a proposição de uma organização da função financeira, de modo que seja viável um futuro

processo de planejamento e controle financeiro.

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4 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA

Rodique Modas é uma microempresa criada no final do ano de 1985, na cidade de São

José. Atua no comércio de vestuário, oferecendo roupas e acessórios para o segmento masculino,

feminino e infantil. O seu principal objetivo é proporcionar comodidade ao cliente e, para isso,

oferece ampla variedade de produtos, para que ele encontre “tudo” o que deseja sem precisar ir a

outro estabelecimento comprar algo que não esteja disponível na loja. A proposta da empresa é

estabelecer um vínculo de fidelidade com a clientela, através do atendimento personalizado e

gerador de satisfação ao cliente.

A partir do reconhecimento da linha de atuação da empresa Rodique Modas, buscou-se

apresentar aspectos gerais relacionados às principais funções empresariais, como proposto por

Chiavenato no capítulo de Fundamentação Teórica, as quais são: produção, vendas e finanças.

Como se trata de uma empresa comercial varejista, a função comercial acaba substituindo a

função de produção.

Os dados abaixo apresentados são resultantes das entrevistas com a proprietária da loja e

com a contadora responsável pela contabilidade da empresa:

4.1 Função Comercial

A empresa trabalha com algumas marcas que são indispensáveis para o seu portifólio de

produtos: Malwee, Naguchi, Carinhoso, Rafree, SKS, Luaruana e Pura Mania. As outras podem

ser absorvidas ou não de acordo com a resposta da demanda do produto. O principal objetivo do

processo de compra é adquirir produtos que satisfaçam as necessidades dos clientes, que essas

mercadorias tenham qualidade e que estejam dentro de uma faixa de preço acessível à classe

média da região onde está localizada a empresa.

A empresa não realiza atividades especificamente voltadas à área de Marketing. Utiliza

pouco material promocional, não realiza pesquisa de mercado e não possui planos nessa área.

Para Cobra (1997), o marketing envolve todos os elementos do composto mercadológico,

os 4’s, para atender o mercado alvo, ou seja, o consumidor. Esses elementos são conhecidos

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como os 4P’s de marketing, porque envolvem o estudo do preço, praça, produto e promoção. A

compreensão da empresa Rodique Modas com relação aos 4 aspectos descreve-se a seguir:

Preço - É fixado a partir de uma porcentagem mínima, dependendo de algumas

características da mercadoria, como qualidade e marca. A margem de majoração varia

entre 60% e 80%.

Produto - O foco da empresa, com relação aos produtos, é vestuário feminino, mas

também trabalha com artigos masculino e infantil. Para que uma determinada marca seja

absorvida ao portifólio de produtos da empresa, é necessário que ela tenha três

características básicas: qualidade, durabilidade e conforto, aliados a modelagem moderna

de acordo com as tendências da moda, de acordo com a visão da proprietária e sócia

gerente.

Ponto de venda – A loja não possui filiais e atua no mesmo bairro desde de que foi

constituída, há 20 anos.

Promoção - Há pouco material promocional da loja, são usadas apenas sacolas e etiquetas

com a logo marca da empresa. Por se tratar de uma loja de bairro, o marketing direto de

relacionamento (“boca-a-boca”) é o tipo de propaganda de maior resultado.

4.2 Função Financeira

A responsável pela área financeira é a mesma por todas as outras áreas. Gerencia esta

função apenas com o conhecimento empírico e não aplica ferramentas financeiras até por não as

conhecer. O objetivo da função financeira nessa empresa é verificar se ela está obtendo saldo

favorável de fluxo de caixa ou não, por meio das vendas. O único instrumento financeiro

utilizado é o registro das entradas e saídas de dinheiro, cujo objetivo é saber se há disponibilidade

de caixa. Portanto, existem, de fato, atividades afetas a função de tesouraria, com controle de

pagamentos, recebimentos, saldo das disponibilidades, enfim, atividades mais essenciais e

corriqueiras de qualquer empresa.

No entanto, entende-se ineficaz qualquer iniciativa de controle financeiro, na medida em

que as informações disponíveis são muito insipientes, ou mesmo inexistentes. Também,

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verificou-se a inexistência de projeções financeiras formais apesar de existir objetivos de

ampliação do negócio e de aumento de vendas, contudo em parâmetros frágeis.

Trazendo essas observações ao confronto do embasamento teórico, percebe-se que as

atribuições afetas a controladoria não são exercidas. Por exemplo, a contabilidade geral é

desenvolvida apenas pela empresa terceirizada Eccellki Contabilidade, mas as outras atribuições

desta sub-função, como o controle orçamentário, a auditoria interna e a preparação de relatórios

financeiros, não são desempenhadas. Daí o porquê da escolha da função financeira como área

importante pra desenvolver um projeto aplicação.

4.3 Outros Aspectos Observados

Também, como parte do diagnóstico, considerou-se oportuno apresentar observações

acerca dos recursos tecnológicos utilizados e do perfil dos recursos humanos, inclusive quanto às

atitudes gerenciais.

Recursos Tecnológicos

Além da calculadora e do papel, não são utilizados maquinários para o desenvolvimento

das atividades comerciais e financeiras, mas já foi verificada a necessidade de instalar um

computador e máquina de cartão de crédito, para melhor disponibilizar os serviços aos clientes e

viabilizar a profissionalização da gestão.

Recursos Humanos

Não existe setor de pessoal na empresa, apenas duas pessoas participam do

desenvolvimento das atividades e não possuem nenhum tipo de treinamento específico para

realizar suas tarefas diárias. Há um alto grau de flexibilidade na divisão do trabalho, pois as duas

pessoas podem dividir e estruturar suas tarefas de acordo com suas necessidades e a demanda dos

serviços. As atribuições burocráticas e legais atinentes aos serviços de administração de pessoal

são terceirizadas à empresa Eccellki Contabilidade.

Atitude Gerencial

A responsável pelo gerenciamento da loja não possui formação acadêmica, mas atua no

mercado há 20 anos e, ao longo destes, tem buscado aprimorar suas competências e direcioná-las

para que o empreendimento dê certo. A empresa não possui um planejamento formalizado de

seus processos e atividades e não estabelece metas a serem alcançadas por nenhuma das funções,

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isso acaba gerando uma grande falta de foco e direção no negócio e, conseqüentemente, um risco

para a empresa que se adapta de acordo com as oscilações do mercado.

Com a visualização dos processos da empresa a partir da observação participante no

período de estágio e da entrevista semi-estruturada realizada com a proprietária do negócio, cujo

roteiro encontra-se no anexo final deste trabalho, conclui-se que uma das questões descritas no

quadro abaixo pode ser objeto de estudo e proposição para melhoria gerencial da empresa

Rodique Modas.

Problemas Identificados Descrição Resumida

Quadro 5 - Questões não solvidas na empresa Rodique Modas Fonte: A autora.

Ausência de ferramentas formalizadas para gerenciar a área

financeira da empresa.

- Insuficiência e inexistência de informações que auxiliem na tomada de decisão;

- Ausência de profissionalismo na gestão de tesouraria;

- Inexistência de atribuições de controladoria;

- Não realiza projeções financeiras;

- Não controla efetivamente os recursos financeiros da empresa.

Ausência de plano de marketing e objetivos na função comercial.

- Não há plano de marketing;

- Não realiza planejamento e execução de distribuição de material promocional e atividades promocionais.

Carência de recursos tecnológicos

- Existe a necessidade de instalação de um computador para viabilizar a melhoria dos controles financeiros, de estoque e de cadastro de clientes.

- Há necessidade de aquisição de equipamento de cartão de crédito, minimizando possíveis perdas de clientes.

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5 ORGANIZAÇÃO DA FUNÇÃO FINANCEIRA

No presente capítulo, serão apresentadas as propostas para organizar a função financeira

da empresa Rodique Modas, com a apresentação de instrumentos gerenciais voltados para o

processo de tomada de decisão financeira.

De acordo com o exposto na descrição da situação problema, a Rodique Modas é uma

microempresa que, como todas as outras, sofre com a falta de conhecimento no uso de

ferramentas gerenciais, e também, com insuficiências de capital de giro para financiar suas

necessidades operacionais.

Levando em consideração esta questão, o primeiro intuito do trabalho era propor um

planejamento financeiro para a empresa Rodique Modas, visto que este é um dos principais

aspectos que levam as micro e pequenas empresas à falência no Brasil. Mas, ao diagnosticar a

real situação da empresa, evidenciando a função financeira e suas fragilidades, e confrontando

com a teoria do assunto abordado, percebeu-se que, para implementar um planejamento

financeiro seriam necessárias algumas condições e informações básicas, que a empresa Rodique

Modas não dispunha. Por este motivo, optou-se então, por um trabalho que pudesse mais a frente

oferecer subsídios para que a empresa viabilizasse um sistema de planejamento e controle

financeiro.

Primeiramente, é importante destacar que a função financeira em uma empresa pode ser

dividida em duas principais atividades, tesouraria e controladoria. Para que a proposta de

organização desta função seja absorvida por parte dos funcionários, é necessário que se reafirme

as responsabilidades de cada uma das duas atividades da função financeira.

As atribuições da tesouraria estão relacionadas à proposta de ferramentas de

administração do capital de giro: fluxo de caixa, contas a pagar e receber. Já as atribuições da

controladoria estão relacionadas à função que será viabilizada apenas a partir da implementação

das ferramentas propostas.

As atribuições das atividades desenvolvidas pela tesouraria da empresa de acordo com o

que foi exposto na fundamentação teórica são: a administração de caixa e bancos, administração

de contas a pagar e receber, relações bancárias e preparação de orçamento de caixa. Já as

atribuições da atividade do controlador da empresa estão ligadas a contabilidade geral e de

custos, controle orçamentário, auditoria interna e preparação de relatórios financeiros internos.

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A seguir será apresentado um quadro, que mostrará as atribuições da tesouraria e

controladoria, e sob a responsabilidade de quem ficará cada função na empresa.

Funções Atribuições

Tesouraria

Administração de caixas e bancos Responsável Administração das contas a receber Proprietária Administração das contas a pagar

e Funcionária Relações bancárias

Preparação de relatórios

Controladoria

Contabilidade geral e de custos Responsável Controle orçamentário Proprietária Auditoria interna

Preparação de relatórios financeiros internos

Quadro 6 - Atribuições Afetas à Função Financeira Fonte: A autora.

Como já foi citado anteriormente, a administração de capital de giro é uma área da gestão

financeira na qual as empresas têm grandes problemas. A falta de capital de giro está em primeiro

lugar no ranking dos dez fatores causais que afetam a mortalidade das micro e pequenas empresas

brasileiras. Este fato contribui para ressaltar a importância da administração eficiente do capital

de giro e o contexto decisorial do dia-a-dia em que estas informações se encontram.

Segundo os autores Assaf Neto e Silva (2002, p. 15), o capital de giro existe para

financiar as necessidades operacionais da empresa e está diretamente relacionado com o ciclo

operacional (CO). Este ciclo é composto pela soma do período médio de estocagem (PME) e

período médio de cobrança (PMC), indo desde a aquisição da matéria-prima, até o recebimento

pela venda do produto. É no gerenciamento dos prazos médios que se consegue administrar o

volume de capital de giro necessário para que a empresa mantenha determinado nível de

operações, sem comprometer a rentabilidade da empresa.

Para que haja um efetivo gerenciamento das disponibilidades de caixa, é importante

conhecer o ciclo de caixa (CC) da empresa. Para Gitman (2001, p. 495) o ciclo de caixa é

resultado da diferença entre o ciclo operacional (CO) e o período médio de pagamentos (PMP).

Além disso, é necessário que se conheça o ciclo operacional para viabilizar o cálculo do caixa

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mínimo operacional (CMO), que exprime a quantidade de recursos que devem ser mantidos em

caixa visando a satisfação da demanda por montantes financeiros no período.

Após estimar os ciclos operacionais e de caixa, e conhecer com profundidade os períodos

médios associados a estoques, cobrança, e recebimento de qualquer empresa, o gerenciamento de

capital de giro fica mais fácil, preciso e profissional e também mais eficiente e eficaz. Para

agregar ainda maior valor a essas decisões, a proposta é a utilização do instrumento gerencial de

fluxo de caixa, que além de planejar as entradas e saídas de recursos da empresa num

determinado período, atua como instrumento de controle gerencial.

O fluxo de caixa é uma ferramenta financeira simples, e que desempenha um papel muito

importante na administração das disponibilidades da empresa (caixa, bancos e aplicações

financeiras de liquidez imediata). Os recursos disponíveis são os de maior liquidez da empresa,

deles depende a sobrevivência do negócio, por isso constitui-se na proposta mais relevante deste

trabalho.

A principal sugestão é a montagem de uma planilha eletrônica de dados compondo um

fluxo de caixa que registre as entradas e saídas de recursos da empresa e antecipe eventuais

excessos ou faltas de caixa, determinando assim medidas saneadoras a serem tomadas, caso

necessário.

Os itens que estarão na planilha de fluxo de caixa e o modelo utilizado devem estar de

acordo com a atividade que a empresa desempenha. No caso da Rodique Modas, o enfoque será

dado a um fluxo de caixa que coloca em uma mesma planilha, dados realizados e projetados, ou

seja, informações já existentes e informações que estão sendo orçadas para os próximos meses.

Na planilha eletrônica de dados serão inseridas todas as entradas (recebimentos) e saídas

(pagamentos) efetuadas pela empresa. As entradas da Rodique Modas compõem-se pela atividade

da venda, em decorrência da política de crédito e cobrança que adota. Essas entradas constituem-

se por vendas à vista, cheque pré-datado e crediário. Já as saídas são compostas pelos

desembolsos para efetuar pagamentos de salários, encargos e impostos ou para dividendos da

proprietária.

De acordo com a contadora responsável, os principais tributos pagos pela empresa são:

Simples Federal, no qual a empresa se enquadra na alíquota de 3% sobre o faturamento de vendas

em um determinado período, e o Simples Estadual, no qual a empresa paga 0,05% sobre o

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faturamento de vendas mensal. A coleta desses dados é importante para que as informações sejam

descritas no fluxo de caixa, visando a maior aproximação possível com a realidade.

O fluxo de caixa apresentado como proposta de instrumento gerencial para a empresa

Rodique Modas apresenta a seguinte configuração:

Tabela 4 - Fluxo de Caixa

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Total

Saldo Inicial

Recebimentos

Vendas à vista

Vendas a prazo

Cheques pré-datados

Outros

Total de recebimentos

Pagamentos

Mercadorias

Materiais de escritório

Salários

Água/ luz/ telefone

Encargos sociais

Impostos

Simples Federal

Simples Estadual

Outros impostos

Dividendos pagos

Outros

Total de pagamentos

Saldo Final

Dados Realizados

Dados Projetados Fonte: Santos e Sanvicente (1994, p.157), adaptado pela autora.

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A proposta apresentada à empresa contempla a ferramenta de fluxo de caixa já disponível

em arquivo eletrônico, conforme tela abaixo colocada:

Figura 7 – Planilha eletrônica de fluxo de caixa.

Fonte: A autora.

Cabe destacar, que as informações financeiras necessárias para alimentar a planilha

eletrônica de dados devem ser obtidas através de dados do livro caixa de fechamento diário e

pagamentos das contas, a partir do controle de contas a pagar e a receber que compõe uma das

propostas deste trabalho.

É importante que se avalie ao final, que a utilização da planilha de fluxo de caixa resulta

em uma efetiva forma de conhecimento dos resultados financeiros da empresa, podendo agir

como objeto de planejamento e controle de caixa, e também avaliar o desempenho da empresa

perante os resultados dispostos nessa ferramenta financeira tão relevante.

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Ainda relacionado à planilha eletrônica de dados uma sugestão é a utilização de

demonstrativos gerenciais para controle das contas a receber e contas a pagar. Essas informações

planilhadas todos os dias, mês a mês, servirão para sustentar o demonstrativo de fluxo de caixa

proposto. Uma vez inserido um dado nas planilhas de contas a receber ou contas a pagar,

automaticamente ele será repassado para a planilha de fluxo de caixa, o que imprime maior

rapidez e confiabilidade na obtenção dos saldos finais das disponibilidades.

O demonstrativo gerencial para controle das contas a receber de vendas apresenta em sua

estrutura a projeção dos valores relativos ao que a empresa espera receber dia-a-dia em todos os

meses, pelas vendas efetuadas a prazo em meses anteriores. Ele será alimentado conforme os

registros das vendas a prazo, por cheque pré-datado, crediário próprio e no futuro próximo, cartão

de crédito.

O demonstrativo de contas a receber pelas vendas apresenta a seguinte configuração:

Tabela 5 - Demonstrativo Gerencial para Controle das Contas a Receber de Vendas

Mês de Janeiro Dia Descrição das Vendas Valor 1 2 3 4 5 6 7 8 9

10 11 12 ... 20 21 22 ... 30 31

Fonte: A autora

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A proposta apresentada à empresa contempla a ferramenta de gerenciamento das contas a

receber, já disponível em arquivo eletrônico, conforme tela abaixo:

Figura 8 – Planilha eletrônica das contas a receber de vendas.

Fonte: A autora.

O emprego dessa ferramenta gerencial contribui para que a empresa tenha uma

programação de seus recebimentos e possa controlar seus prazos médios de cobranças, e assim

respectivamente obter maior controle do ciclo operacional.

Para melhor entender a aplicação da planilha de gerenciamento das contas a receber pelas

vendas, será dado um exemplo: um cliente compra quatrocentos reais no dia 10 de janeiro, e

parcela o pagamento dessa compra em quatro prestações de cem reais para os próximos quatro

meses, a entrada de dados na planilha será de cem reais no dia 10 dos meses: fevereiro, março,

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abril e maio, respeitando o prazo estabelecido anteriormente. Assim, a tabela serve para efetuar

projeções dos prováveis recebimentos que a empresa terá pela venda de seus produtos.

Considera-se apenas como provável os recebimentos, pois deve ser levado em conta que nem

todos os credores quitam suas dívidas.

A outra ferramenta gerencial que também possibilitará uma sustentação à planilha

eletrônica de fluxo de caixa é o demonstrativo gerencial de controle de contas a pagar. Este se

constitui pela projeção das contas a pagar da empresa, para com seus fornecedores e os seus

gastos em geral, descritos todos os dias, mês a mês.

O demonstrativo das contas a pagar apresenta a seguinte forma:

Tabela 5 - Demonstrativo Gerencial para Controle das Contas a Pagar

Mês de Janeiro Dia Descrição das Vendas Valor 1 2 3 4 5 6 7 8 9

10 11 12 ... 20 21 22 ... 30 31

Fonte: A autora.

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A proposta apresentada à empresa contempla a ferramenta de gerenciamento das contas a

pagar, já disponível em arquivo eletrônico, conforme tela abaixo:

Figura 9 – Planilha eletrônica das contas a pagar.

Fonte: A autora.

A utilização da ferramenta proposta acima possibilita um controle efetivo dos pagamentos

que a empresa irá realizar em todos os dias do mês, além de favorecer o domínio do seu período

médio de pagamento, promovendo o gerenciamento do ciclo de caixa.

Os valores que serão inseridos na planilha de contas a pagar correspondem a todas as

duplicatas a pagar da empresa e também seus outros gastos, ou seja, tudo que sai de recursos

financeiros da empresa para pagamento de fornecedores, salários, tributos etc.

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Além destas, uma proposta também necessária é a utilização de um modelo para o

controle do saldo financeiro de estoques na empresa. O controle de estoques será efetivado

através de inventários de estoque para verificar a quantidade de mercadoria a disposição para

venda.

Constitui-se na realização de inventários de estoques a contagem física das mercadorias

de tempos em tempos. Essa questão se faz importante porque os estoques alocam uma boa fatia

de investimentos em capital de giro nas empresas comerciais, e geram custos de estocagem,

fazendo com que a gestão financeira de estoques deva ser pensada de acordo com seu valor.

As decisões de aumento e diminuição do prazo de estocagem, o quanto comprar, o tempo

para efetuar a compra, por exemplo, devem ser analisadas e decididas para gerarem o melhor

desempenho possível no que diz respeito à relação custo/benefício. Estoques grandes geram altos

custos e imobilizam recursos que, dependendo do giro de estoque, ficam parados por algum

tempo, comprometendo a rentabilidade da empresa, pois esse capital poderia estar sendo

investido em outras oportunidades de retorno superior.

Considerando o exposto, deveriam ser realizadas contagens das mercadorias em

determinados períodos de tempo. Essa contagem poderia ser efetuada de acordo com a

sazonalidade anual (inverno/verão), pois nesses períodos há relevante mudança nas características

das mercadorias vendidas. Os inventários poderiam ser efetuados a cada semestre, pouco antes da

chegada das mercadorias da próxima estação, ou seja, no fim do mês de abril antes da chegada

das mercadorias de inverno e no fim do mês de outubro, antes da chegada das mercadorias de

verão.

Ressalta-se, porém, que esta proposta não será explorada por se tratar de assunto

específico da área de administração de materiais, e que exigiria uma fundamentação específica.

É indispensável destacar, que o inventário (saldo) das contas a pagar e receber, ao final de

cada mês é necessário para viabilizar a montagem dos ciclos operacional e de caixa, a partir do

cálculo estimado dos períodos médios de cobrança e pagamento.

Além disso, também é interessante registrar o volume de vendas anuais, pois elas

viabilizarão a estimativa de cada mês do volume de recursos alocados em estoque e contas a

receber.

Relacionando as propostas de instrumentos gerenciais que foram apresentadas neste

capítulo, a tabela 5, mostra o modelo da planilha de gerenciamento de capital de giro que a

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empresa poderá alimentar utilizando as informações obtidas nas planilhas anteriores. O

preenchimento da planilha a seguir, viabiliza o cálculo estimado dos períodos médios de

cobrança e de pagamento, além de possibilitar a compreensão do ciclo operacional e ciclo de

caixa da empresa.

Tabela 5 - Informações para Gerenciamento do Capital de Giro

Jan

Fev

Mar

Abr

Mai

Jun

Jul

Ago

Set

Out

Nov

Dez

Faturamento de vendas

Contas de patrimônio inventariado

Saldo em contas a pagar no fim do mês

Saldo em contas a receber no fim do mês

Saldo em estoques no fim do semestre

Meses em que não são realizados inventários de estoque

Fonte: A autora.

Por fim, é importante salientar, que a proposta para organizar a função financeira da

empresa Rodique Modas é constituída por instrumentos gerenciais já descritos neste capítulo. A

sugestão principal é a montagem de uma planilha de fluxo de caixa que esteja de acordo com as

especificidades da empresa em questão e que possibilite facilmente a inserção de dados. Além

disso, sugeri-se a implementação de demonstrativos gerenciais de contas a receber e a pagar, que

oportunizarão a alimentação da planilha de fluxo de caixa e o maior controle sobre os

recebimentos e pagamentos da empresa. Para finalizar, propõe-se o preenchimento da tabela de

gerenciamento de capital de giro, que reúne todos os dados descritos nas outras planilhas e

estabelece estimativas para que a empresa possa conhecer e gerenciar efetivamente suas contas.

Sintetizando, o quadro a seguir apresenta as sugestões para atender o objetivo de

proposição da organização da função financeira da empresa Rodique Modas, e descreve a

periodicidade em que cada planilha deve ser alimentada:

Propostas

Inserção de Dados

Planilha de Fluxo de Caixa Mensal Planilha das Contas a Receber de Vendas Diária

Planilha das Contas a Pagar Diária Planilha para Gerenciamento do Capital de Giro Mensal

Quadro 7 - Resumo das propostas Fonte: A autora.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente capítulo tem o propósito de analisar se os objetivos apresentados durante o

trabalho foram alcançados, considerando a problemática tocante ao assunto abordado, e realizar o

fechamento com as principais observações da autora dando ênfase na relevância do trabalho e

suas possíveis limitações.

O principal objetivo deste trabalho é a constituição de uma proposta para a organização da

função financeira da empresa Rodique Modas, para futuramente subsidiar planejamento e

controle financeiro.

Para garantir o alcance do objetivo geral, três etapas deveriam ser cumpridas, as quais

representam os objetivos específicos do trabalho.

O primeiro é o diagnóstico da real situação da empresa Rodique Modas, buscando

evidências de fragilidades na sua função financeira. Considera-se que este objetivo foi alcançado,

tendo em vista a realização de um estudo diagnóstico que se constituiu em um capítulo deste

trabalho. O estudo analisou as principais funções da empresa, bem como um breve perfil da

mesma, e apresentou ao final, problemas que foram identificados tanto na sua função financeira,

quanto em outras áreas. Para alcançar este objetivo foram utilizadas entrevistas e observação

durante o estágio.

O segundo objetivo específico é a busca por subsídios teóricos que dispusessem sobre a as

necessidades da função financeira da empresa e as necessidades gerenciais para tomada de

decisões financeiras. Atendeu-se a esse objetivo ao passo que foi realizada a fundamentação

teórica com autores que se destacavam nos assuntos de interesse deste trabalho. Dentre os

principais autores pesquisados mais especificamente na área financeira ressaltam-se: Assaf Neto

e Silva (2002), Gitman (2001 e 2002), Hoji (2004) e Santos e Sanvicente (1994 e 2000),

referenciados ao final deste documento.

O terceiro e último objetivo é a proposta de instrumentos gerenciais voltados para o

processo de tomada de decisão financeira. Levando em conta a proposta final apresentada no

capítulo anterior, percebe-se que este objetivo foi alcançado, na medida em que foram expostos

instrumentos gerenciais que devem proporcionar melhorias no processo de tomada de decisão

financeira e viabilizar futuros processos de planejamento e controle financeiro na empresa.

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Após diagnosticar a situação da empresa em questão, levando em consideração as

dificuldades na gestão financeira do negócio, obter subsídios teóricos sobre as necessidades da

função financeira da empresa e necessidades gerenciais para tomada de decisões, e finalmente,

propor instrumentos gerenciais que pudessem auxiliar o processo de tomada de decisão

financeira, considera-se que o objetivo principal deste trabalho foi alcançado.

Para atingir o principal objetivo deste trabalho foi montada uma planilha de fluxo de caixa

adaptada a realidade de uma pequena empresa, em especial a Rodique Modas. A tabela de fluxo

de caixa executada simultaneamente com outras duas tabelas base fomenta a organização dos

dados financeiros da empresa Rodique Modas e possibilita mais à frente passos mais específicos

para o planejamento e controle financeiro na empresa.

Acredita-se que o trabalho possui relevância prática, pois com o trabalho nas mãos a

empresa possuirá elementos que poderá utilizar para organizar sua função financeira, e mais

tarde, com as informações financeiras organizadas, poderá implementar instrumentos de

planejamento e controle financeiro que servirão para dar maior direção ao negócio e até mesmo

minimizar riscos de insolvência por conta de gerenciamento amador.

Além destes, é relevante ressaltar que o assunto deste trabalho possui grande importância

na gestão de um negócio, pois está relacionado à administração do dia-a-dia e atividades

rotineiras das empresas. Como já foi falado no capítulo da fundamentação teórica, no tópico

sobre a mortalidade das pequenas empresas, a questão relacionada a capital de giro e sua

administração é um dos fatores que mais levam a falência as empresas brasileiras de pequeno

porte. Daí a importância do uso da ferramenta do fluxo de caixa e o domínio dos ciclos

operacional e de caixa, como proposta.

Para a Rodique Modas, o trabalho vai servir como um início na estruturação de sua

função financeira, já que poucas são as informações relativas a esta área na empresa. Fica sob

responsabilidade dela, utilizar os instrumentos gerenciais propostos no capítulo anterior, e com o

tempo, galgar processos de planejamento e controle nessa função.

Para a aluna o trabalho constituiu um grande aprendizado, promovendo o senso crítico, o

discernimento e possibilitando a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso. Além

disso, apresentou possibilidades de realização de outros trabalhos na empresa. Uma das sugestões

para trabalhos futuros é a aplicação e avaliação dos instrumentos gerenciais propostos no capítulo

5 (Organização da Função Financeira). A outra sugestão é a realização de um projeto específico

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para melhoria na administração do estoque de mercadorias, conta de relevância significativa no

contexto do capital de giro de empresas comerciais, mas que exigiria estudo específico.

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APÊNDICES

APÊNDICE – A

Roteiro da entrevista semi-estruturada com a proprietária da empresa Rodique Modas.

APÊNDICE – B

Roteiro da entrevista semi-estruturada com a contadora responsável pela contabilidade da

empresa Rodique Modas.

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Nome do entrevistado: Odete Martins

Cargo/Função: Proprietária da empresa Rodique Modas

Data da entrevista: 15 de junho de 2006

Perguntas

1. Fale sobre a empresa, área de atuação, tempo de mercado, segmento, objetivos, propostas,

enfim.

2. Fale das funções da empresa e suas atribuições.

3. Quais os principais problemas da empresa?

4. Quais atitudes são tomadas para solucionar esses problemas?

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Nome do entrevistado: Adélia Matilde Santos

Cargo/Função: Contadora

Data da entrevista: 29 de setembro de 2006

Perguntas

1. Qual é o enquadramento da empresa com relação a impostos?

2. Quais os principais impostos pagos pela empresa?

3. Os impostos incidem sobre quais contas?

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