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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGERIO CUNHA FERREIRA A EVOLUÇÃO DA VIGILÂNCIA AÉREA NO BRASIL E A CONTRIBUIÇÃO DO SISTEMA ADS-B E MULTILATERAÇÃO PARA A SEGURANÇA OPERACIONAL PALHOÇA 2020

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ROGERIO CUNHA FERREIRA

A EVOLUÇÃO DA VIGILÂNCIA AÉREA NO BRASIL E A CONTRIBUIÇÃO DO

SISTEMA ADS-B E MULTILATERAÇÃO PARA A SEGURANÇA OPERACIONAL

PALHOÇA

2020

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ROGERIO CUNHA FERREIRA

A EVOLUÇÃO DA VIGILÂNCIA AÉREA NO BRASIL E A CONTRIBUIÇÃO DO

SISTEMA ADS-B E A MULTILATERAÇÃO PARA A SEGURANÇA

OPERACIONAL

Monografia apresentada ao Curso de

graduação em Ciências Aeronáuticas, da

Universidade do Sul de Santa Catarina, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Bacharel.

Orientador: Prof. Esp. Orlando Flávio Silva

PALHOÇA

2020

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ROGERIO CUNHA FERREIRA

A EVOLUÇÃO DA VIGILÂNCIA AÉREA NO BRASIL E A CONTRIBUIÇÃO DO

SISTEMA ADS-B E A MULTILATERAÇÃO PARA A SEGURANÇA

OPERACIONAL

Esta monografia foi julgada adequada à

obtenção do título de Bacharel em Ciências

Aeronáuticas e aprovada em sua forma final

pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da

Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 23 de novembro de 2020.

Professor orientador: Orlando Flávio Silva

Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof. Dr. Anderson Da Silveira Universidade do Sul de Santa Catarina

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Dedico este trabalho à minha filha Ana que

nascerá junto com a conclusão do meu curso.

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGERIO CUNHA …

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer à Deus que me deu energia e capacidade para

conseguir concluir esse trabalho que representa o fechamento de mais um capítulo na minha

biografia.

À minha esposa, Carolina, por ter tido paciência para me acompanhar e sempre me

apoiar nessa jornada, inclusive por ter participado e opinando neste trabalho.

Aos meus pais, Joaquim e Rachel, e às minhas irmãs, Cinthia e Nathália, por sempre

me incentivarem à distância nesse meu sonho de ter a aviação como profissão.

Especialmente, não posso deixar de enaltecer a minha sogra, Carmen Silvia, que

me apoia incondicionalmente nas minhas escolhas e o meu sogro, Paulo Emílio, que me

incentivou a seguir a formação acadêmica e me estimulou a me graduar bacharel em ciências

aeronáuticas.

E por último, mas não menos importante, gostaria de ressaltar a participação do

meu orientador, Orlando, que sempre foi solícito, prestativo e pertinente em suas

recomendações. É muito gratificante contar com um professor tão qualificado e dedicado. Sem

dúvidas sua orientação foi fundamental.

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“A persistência é o caminho do êxito” (CHARLES CHAPLIN).

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RESUMO

O Sistema Automático de Transmissão e Vigilância ou Automatic Dependent Surveillance –

Broadcast (ADS-B) é uma tecnologia de monitoramento que pode mudar drasticamente a

maneira como as aeronaves são rastreadas no espaço aéreo. Com esse sistema, as aeronaves

transmitem informações completamente essenciais para o monitoramento da segurança do

espaço aéreo além de facilitar a fluidez do tráfego. Dispensando instalações gigantes e com

custos elevados, o sistema ADS-B transmite aos controladores informações como posição,

velocidade, altitude entre outras com extrema precisão. O ADS-B tem o potencial de

aumentar a capacidade do tráfego aéreo, melhorar a eficiência, reduzir custos e otimizar a

segurança operacional. O objetivo geral desta pesquisa foi conhecer a tecnologia ADS-B e

multilateração e suas vantagens para a segurança operacional, bem como, analisar os

benefícios que ocorrerão com a sua implementação em todo o território nacional atendendo

o crescimento da demanda da malha aérea. A presente pesquisa tem carácter exploratório,

com procedimento bibliográfico e documental e com abordagem qualitativa.

Palavras-chave: ADS-B. Radar. Tráfego Aéreo. Multilateração.

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ABSTRACT

The Automatic Dependent Surveillance - Broadcast (ADS-B) is a monitoring technology that

can drastically change the way aircraft are tracked in airspace. With this system, aircraft

transmit information that is completely essential for monitoring the safety of airspace and

besides contributing to the fluidity of air traffic. No longer needing giant installations with

high costs, with the ADS-B system, the controllers receive information such as position, speed,

altitude and others with high precision. ADS-B has the potential to increase traffic capacity,

improve efficiency, reduce costs and improve airspace safety. The general objective of this

research was to know the ADS-B and multilateration technology and its advantages for

operational security, as well as to analyze the benefits that will occur with its implementation

throughout the national territory, meeting the growing demand of the air network. The present

research has an exploratory character, with bibliographic and documentary procedure and with

a qualitative approach.

Keywords: ADS-B. Radar. Air Traffic. Multilateration.

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGERIO CUNHA …

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Ilustração do Uso de Balões de Ar Quente .......................................................... 13

Figura 2 – Exemplo do Funcionamento do TIS-B ................................................................. 32

Figura 3 – Exemplo do Funcionamento do ADS-R ............................................................... 33

Figura 4 - Garmin G 1000 Representando Aeronaves com Proas Convergentes .................. 33

Figura 5 - Exemplo do Funcionamento do FIS-B .................................................................. 34

Figura 6 – Indicador de Altitude com Tráfego ADS-B e Clima Instalado no Painel ............ 35

Figura 7 – Dados ADS-B do Piper Cherokee......................................................................... 36

Figura 8 – Dados do Percurso Voado Pela Aeronave Acidentada no Oceano Atlântico ....... 37

Figura 9 – Diagrama do Procedimento de Aproximação de Descida Contínua .................... 38

Imagem 1 – Robert Watson-Watt ........................................................................................... 14

Imagem 2 – Placa Localizada no Sítio onde Instalou-se o Primeiro RADAR ....................... 14

Imagem 3 – Escola de Aviação Militar Campo dos Afonsos Rio de Janeiro-RJ 1937 .......... 21

Imagem 4 – Radar Primário PSR ........................................................................................... 24

Imagem 5 – Radar Secundário SSR ....................................................................................... 25

Imagem 6 – Bendix-/King KT7.............................................................................................. 26

Imagem 7 – Garmin GTX 327 ............................................................................................... 27

Page 10: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGERIO CUNHA …

LISTA DE SIGLAS

ADS-B – (Automatic Dependent Surveillance - Broadcast) Vigilância Automática

Dependente– Radiodifusão

ADS-C – (Automatic Dependent Surveillance – Contract) Vigilância Automática Dependente–

por Contrato

ADS-R – (Automatic Dependent Surveillance – Rebroadcast) Vigilância Automática

Dependente de Retransmissão

AIRMET - (Airman Meteorological Information) Informações Meteorológicas aos Aero

navegantes

ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil

ASDE – (Airport Surface Detection Equipment) Equipamento De Detecção De Superfície De

Aeroporto

ATC – (Air Traffic Control) Controle de Tráfego Aéreo

ATCRBS – (Air Traffic Control Radar Beacon System) Sistema de Controle Radar

ATM – (Air Traffic Management) Gerenciamento de Tráfego Aéreo

ATS – (Air Traffic Service) Serviço de Tráfego Aéreo

CDA - (Continuous Descent Approach) Aproximação de Descida Contínua

CINDACTA I – Primeiro Centro Integrado de Defesa e Controle de Tráfego Aéreo

CNS – (Communication, Navigation, Surveillance) Comunicação, Navegação, Vigilância

DECEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo

FAA – (Federal Aviation Administration) Administração Federal de Aviação

FANS – (Future Air Navigation System) Sistema de Navegação Aérea do Futuro

FIS-B – (Flight Information Services Broadcast) Serviço de Informação de Voo Radiofusão

GNSS – (Global Navigation Satellite System) Sistema Global via Satélite

GPS – (Global Positioning System) Sistema Global de Posicionamento

IATA – (International Air Transport Association) Associação Internacional de Transporte

Aéreo

ICAO – (Internacional Civil Aviation Organization) Organização Internacional de Aviação

Civil

IFF – (Identification Friend or Foe) Identificação, Amigo ou Inimigo

METAR – (Meteorological Aerodrome Report) Informe Meteorológico de Aeródromo

MLAT – (Multilateration) Multilateração

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MODO-S – (transponders extended squitter.)

MUSAL- Museu Aeroespacial

OACI - Organização de Aviação Civil Internacional

PRM – (Precision Runway Monitoring) Monitoramento de Pista de Precisão

PSR – (Primary Surveillance Radar) Radar de Vigilância Primário

RADAR – (Radio Detection and Ranging) Detecção e alcance de Rádio

RDF – (Radio Detection Finder) Busca via Rádio Detecção

RPK – (Revenue Passenger Kilometer) Passageiro por Quilómetro

RU - (Remote Unit) Unidade Remota

SIGMET – (Significant Meteorological Information) Informações Meteorológicas

Significantes

SISCEAB - Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro

SIRIUS – Programa Brasileiro de Gerenciamento de tráfego aéreo

SMR – (Surface Movement Radar) Radar de Movimento de Superfície

SSR – (Secondary Surveillance Radar) Radar de Vigilância Secundário

TAF – (Terminal Aerodrome Forecast) Previsão Meteorológica de Aerodromo

TCAS – (Traffic and Collision Avoidance System) Sistema Anti Colisão

TIS-B – (Traffic Information Service - Broadcast) Serviço de Informação de Tráfego

Radiofusão

UAT – (Universal Access Transceiver) Transmissor de Acesso Universal

WAM – (Wide Area Multilateration) Multilateração de Área Ampla

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 13

1.1 UMA BREVE HISTÓRIA DA VIGILÂNCIA AÉREA.........................................................13

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................................... 17

1.3 OBJETIVOS ................................................................................................................................ 17

1.3.1 Objetivo Geral .......................................................................................................................... 17

1.3.2 Objetivos Específicos .............................................................................................................. 17

1.4 JUSTIFICATIVA................................................................................................................... 17

1.5 METODOLOGIA ....................................................................................................................... 18

1.5.1 Natureza da Pesquisa e Tipo de Pesquisa ........................................................................... 18

1.5.2 Materiais e Métodos ............................................................................................................ 19

1.5.3 Procedimentos de Coleta de Dados .................................................................................... 19

1.5.4 Procedimentos de Análise de Dados ...................................................................................... 19

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................................................ 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................... 21

2.1 VIGILÂNCIA AÉREA .............................................................................................................. 21

2.2 CATEGORIAS DE VIGILÂNCIA ........................................................................................... 23

2.3 RADAR (PSR, SSR, MODO-S) .............................................................................................. 24

2.4 TRANSPONDER ............................................................................................................. 26

2.5 MULTILATERAÇÃO .......................................................................................................... 27

2.6 ADS-B .......................................................................................................................................... 28

2.7 APLICAÇÃO EM SUPERFÍCIE .......................................................................................... 29

2.8 APLICAÇÃO EM ÁREA TERMINAL ................................................................................ 30

2.9 MONITORAMENTO DE ÁREA AMPLA ....................................................................... 30

2.10 APROXIMAÇÃO DE PRECISÃO ..................................................................................... 31

2.11 CONSCIÊNCIA SITUACIONAL ....................................................................................... 32

2.12 INFORMAÇÃO METEOROLÓGICA EM VOO .............................................................. 34

2.13 AUXÍLIO EM BUSCA E SALVAMENTO ....................................................................... 35

2.14 GERENCIAMENTO DE RUÍDOS E CONTROLE DE EMISSÕES DE POLUENTES . 37

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................. 39

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3.1 BENEFÍCIOS EVIDENTES PARA O DECEA ................................................................. 39

3.2 DESVANTAGENS PARA O DECEA ............................................................................... 40

3.3 BENEFÍCIOS EVIDENTES PARA OS PILOTOS ........................................................... 40

3.4 DESVANTAGENS PARA OS OPERADORES ............................................................... 40

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................41

REFERÊNCIAS 43

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1 INTRODUÇÃO

1.1 UMA BREVE HISTÓRIA DA VIGILÂNCIA AÉREA

Segundo os registros do National Air and Space Museum, Smithsonian Institution,

o primeiro formato de vigilância aérea relatado na literatura aconteceu em 1794, quando os

franceses utilizaram balões de ar quente para reconhecimento aéreo das atividades de seus

inimigos durante conflito com a Áustria. Esse reconhecimento contribuiu sobremaneira para a

vitória francesa.

Figura 1 -Ilustração do Uso de Balões de Ar Quente para Reconhecimento Aéreo.

Fonte: Smithsonian National Air and Space Museum (Acesso em: 12 mai 2020).

Já o primeiro dispositivo primitivo utilizando ondas eletromagnéticas que se tem

conhecimento foi construído em 1904, por Christian Hülsmeyer na Alemanha. Porém, naquela

época não havia utilidade prática para o dispositivo de baixa precisão, sua construção era difícil,

e o sistema de detecção de eco era ineficiente. (BAUER, 2004).

Entretanto, em 1934, Pierre David, revisando a teoria eletromagnética, encontrou

o estudo realizado pelo alemão, e iniciou, então, experiências para o desenvolvimento de um

sistema de detecção por ondas de rádio de alta frequência, eficiente para a localização de aviões.

Simultaneamente, Henri Gutton e Maurice Ponte, conseguiram criar um dispositivo de detecção

que funcionou com grande precisão. (BARRETT, 2000).

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Um ano depois, o engenheiro inglês, Robert Watson-Watt, estava trabalhando em

um tipo de “Raio da Morte”, que poderia destruir aviões inimigos usando ondas de rádio.

Contudo, sua invenção evoluiu para o aparelho no qual realizou as primeiras demonstrações

com sistemas de Detecção e Telemetria por Rádio (“Radio Detection and Ranging“ - RADAR)

de solo e aéreos, sendo ele o primeiro a aplicar esta tecnologia com sucesso. (BBC NEWS

BRASIL, 2017).

Os radares foram uma vantagem estratégica dos ingleses na Segunda Guerra

Mundial na previsão de ataques inimigos, possibilitando o alarme da população e diminuindo

imensamente o número de mortes, apesar do bombardeio constante efetuado pelos alemães. Os

Radares também foram utilizados como estações móveis, denominadas Chain Home Low

(CHL), capazes de detectar aeronaves sobrevoando a baixas altitudes. Além disso, também

colocaram em operação um sistema denominado Identification Friend or Foe, identificando e

diferenciando aliados e inimigos. (BBC NEWS, 2014).

Imagem 1 - Robert Watson-Watt.

Fonte: BBC NEWS BRASIL (2017).

Imagem 2 – Placa no Sítio onde Instalou-se o Primeiro RADAR.

Fonte: BBC NEWS (2014).

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No início, os RADARES, eram denominados com o acrônimo RDF (Radio

Detection Finder - Busca por Rádio Detecção) e com o decorrer da guerra o nome foi

modificado para RADAR. (BRASIL, 2017).

O RADAR revelou-se uma ferramenta capaz de identificar dados relacionados às

quatro dimensões de um alvo: distância; tamanho; posição e altitude. Contudo, foi necessário

treinar operadores para manejar e realizar os cálculos necessários com rapidez. Além disso,

dificuldades para determinar a altitude das aeronaves persistiram durante toda a guerra, para

ambos os lados, pois este dado deveria ser conseguido com a conexão entre várias antenas,

sendo consequentemente, mais difícil de obtê-lo. (BRASIL, 2017).

Os primeiros radares de navegação aérea no Brasil foram instalados na década de

50 e eram tridimensionais e de aproximação de precisão, instalados na Base Aérea de Santa

Cruz-RJ, e em seguida na Base Aérea de Canoas-RS. Já o primeiro radar de controle de tráfego

aéreo civil no Brasil foi instalado em 1957, em Brasília. Nas duas décadas seguintes, foram

instalados os radares ASR-7 em Congonhas, Galeão, Manaus, Porto Alegre e na Base Aérea de

Pirassununga. (BRASIL, 2017).

Desde então, foi criada no país uma infraestrutura para a fabricação e suporte

logístico de radares primários e secundários. Essa implantação se deu através de uma

subsidiária brasileira da empresa francesa Thales, a Omnisys, que fabricou todos os radares

primários de rota em operação no Brasil, além de ter exportado dezenas desses radares para

países da Europa, Ásia e América do Sul. (BRASIL, 2017).

Embora esta tecnologia tenha suprido as necessidades no passado, tanto de

vigilância de voos civis quanto militares, mantendo a fluidez e a segurança na separação das

aeronaves, o aumento do número de voos e dos custos de manutenção tornaram esta ferramenta

obsoleta, exigindo algo mais moderno e eficiente. (ICAO, 2000).

No início da década de 80, as limitações do sistema de transporte aéreo foram

reconhecidas pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Assim, em 1983, foi

criado o “Comitê sobre o Sistema de Navegação Aérea do Futuro” FANS, com a finalidade de

identificar, estudar e avaliar novos conceitos e tecnologias e fazer recomendações para o

desenvolvimento coordenado e evolutivo da navegação aérea, em um horizonte de 25 anos. O

Comitê FANS concluiu que a exploração da tecnologia de satélites era a única solução viável

para superar as limitações dos sistemas atuais. (ICAO, 2000).

Assim sendo, em 1991, foi aprovado pela 10ª Conferência de Navegação Aérea da

OACI (ANC/10) o Conceito Communication Navigation Surveillance Air Traffic Management

(CNS/ATM), que surgiu da necessidade de se reestruturar o transporte aéreo, frente às aparentes

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limitações dos atuais sistemas de controle e diante de um futuro promissor e crescente para o

mercado de aviação. (ICAO, 2000).

Já em 1998, após examinar as revisões sobre os aspectos técnicos, econômicos,

legais e institucionais propostos ao “Plano de Transição Global para os Sistemas CNS/ATM”,

documento elaborado em decorrência das decisões da ANC/10, foi promulgado, então, o “Plano

Global de Navegação Aérea para os Sistemas CNS/ATM”. (ICAO, 2000).

Em 2003, na 11ª Conferência de Navegação Aérea, considerando os progressos e

as dificuldades encontradas pelos estados e grupos regionais de planejamento e implementação,

foi aprovado o Conceito Operacional ATM Global, com o intuito de torná-lo referência. (ICAO,

2000).

O conceito de Vigilância Automática Dependente (ADS), no qual uma aeronave

transmite, automaticamente, para o Centro de Controle de Tráfego Aéreo, a sua posição e

outros dados de relevância, como por exemplo, a sua intenção de curso, a sua velocidade e

as condições de tempo local, foi desenvolvido com o intuito de otimizar a navegação aérea.

O posicionamento de cada aeronave é então apresentado para o controlador de uma maneira

similar à atual tela do radar. Entre 1999 e 2006, a Federal Aviation Administration (FAA)

conduziu o Programa Capstone no Alasca. Neste programa, os aviônicos ADS-B foram

fornecidos aos operadores no Alasca para conduzir uma primeira avaliação em grande escala

do sistema. (AOPA, 2017).

A implementação do primeiro sistema de multilateração de superfície do mundo foi

realizado em 1999, na República Tcheca. Também, foi lá, em 2002, que o primeiro sistema de

área ampla do mundo foi instalado. Já em 2006, o país passou a implementar o primeiro sistema

combinado de vigilância de superfície e área ampla do mundo. Essas realizações inovadoras

apresentaram as diversas possibilidades que a multilateração oferece como sendo uma

alternativa comprovada ao radar tradicional e uma transição perfeita para o ADS-B.

(CREATIVERGE, 2007)

Neste contexto histórico, pode-se observar que o ADS-B é uma poderosa

ferramenta, que visa sobretudo aumentar a segurança em voo e no solo, reduzir tempos de voo

e eventuais atrasos, contribuindo, portanto, para uma maior poupança de combustível e menores

emissões poluentes.

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1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

Seria o sistema ADS-B e a multilateração o futuro do gerenciamento do tráfego

aéreo brasileiro em expansão?

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Conhecer a tecnologia de vigilância e navegação aérea, ADS-B e multilateração e

suas vantagens para a segurança operacional, e analisar os benefícios que ocorrerão com a sua

implementação em todo o território nacional atendendo o crescimento da demanda da malha

aérea.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Caracterizar o funcionamento do ADS-B e Multilateração.

b) Explicar os benefícios do uso e implementação do ADS-B e Multilateração.

c) Identificar vantagens do uso do ADS-B para a segurança operacional no

Brasil.

d) Expor a contribuição da tecnologia para a prevenção de acidentes na aviação

brasileira.

1.4 JUSTIFICATIVA

É notório que o tráfego aéreo continua crescendo em grandes proporções em todo

o mundo, e esta grande demanda deve se enquadrar nos altos níveis de segurança que a aviação

mundial possui hoje. Em 2019, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA)

anunciou um crescimento global do tráfego aéreo de passageiros de 4,2% em relação ao ano

anterior, demanda esta medida em passageiros-quilômetros pagos transportados, ou RPKs. É

evidente que este crescimento gera sobrecarga nos sistemas de gerenciamento de tráfego aéreo.

Em contrapartida, atualmente no território nacional são utilizados sistemas que possuem

tecnologias de vigilância aérea bem antigos, criados na II Guerra Mundial, sistemas estes

baseados em contato RADAR.

O tráfego aéreo continuará a crescer no Brasil e no mundo, desafiando o setor a

melhorar continuamente a segurança e a eficiência. Os operadores de aeronaves esperam um

gerenciamento de tráfego aéreo aprimorado que ofereça benefícios proporcionais aos

investimentos em equipamentos, certificação e treinamento de aeronaves.

Page 20: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGERIO CUNHA …

18

O sistema ADS-B tem o potencial de revolucionar a vigilância de serviços de

tráfego aéreo (ATS) no setor de aviação. Permitirá a vigilância global do ATS, e oferecerá

oportunidades para melhorar a segurança, eficiência e interoperabilidade entre os prestadores

de serviços de navegação aérea nos níveis estadual, regional e global.

O uso do ADS-B também contribuirá com o consumo de combustível devido à

redução da separação entre aeronaves e a possibilidade de utilizar rotas ótimas. O aumento da

eficiência tende a proporcionar a redução da queima de combustível e menor emissão de gases

de efeito estufa. Como resultado, a melhoria da eficiência contribui para os compromissos

internacionais de redução do impacto ambiental da indústria da aviação.

Além disso, o mercado da aviação é impactado diretamente com a variação de

preços do barril de petróleo e inclusive a variação da moeda. A variação dos preços do petróleo

nos mercados internacionais influencia de forma decisiva os custos de transporte, os quais estão

diretamente ligados ao preço do barril de petróleo. Sendo assim, o uso do ADS-B pode impactar

positivamente também no preço final das passagens para os usuários.

Atualmente, o DECEA é responsável pela cobertura aérea de uma área de cerca de

22 milhões de quilômetros quadrados, compreendendo os 8,5 milhões de quilômetros

quadrados do território nacional e mais 13,5 milhões de quilômetros quadrados sobre a área

oceânica. Diante disso, fica claro que num país com as dimensões continentais e o importante

posicionamento geográfico do Brasil -compreendendo rotas para os continentes Europeu e

Africano- e diante da possibilidade iminente de crescimento do tráfego no território nacional, é

imprescindível que a vigilância aérea seja tecnologicamente renovada. O sistema ADS-B é sem

dúvida o futuro que almejamos.

Este trabalho de pesquisa, portanto, se propõe a fundamentar as bases necessárias

para o conhecimento desta tecnologia e as vantagens e desvantagens de sua implementação no

Brasil.

1.5 METODOLOGIA

1.5.1 Natureza da Pesquisa e Tipo de Pesquisa

A presente pesquisa caracteriza-se como exploratória, com procedimento

bibliográfico e documental e com abordagem qualitativa.

Deste modo, a pesquisa visa a uma investigação teórica profunda sobre a evolução

da vigilância aérea no Brasil, o Sistema ADS-B e a multilateração, através a coleta de dados

Page 21: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGERIO CUNHA …

19

em artigos, trabalhos acadêmicos, sites de órgãos públicos e de empresas privadas

relacionadas à área, revistas, entre outros. E após a abordagem qualitativa dos dados colhidos,

pretende-se identificar e discutir os benefícios para a segurança operacional no território

nacional.

1.5.2 Materiais e Métodos

Os materiais a serem analisados foram:

a) Bibliográficos: preferencialmente utilizando periódicos, trabalhos acadêmicos

e revistas especializadas que descrevem a evolução do controle de tráfego aéreo

mundial e nacional, a modernização dos sistemas de vigilância, a implementação

do ADS-B como possível substituto dos radares convencionais, bem como suas

vantagens e possíveis riscos verificados

b) Documentais: referenciando documentos relevantes à aviação civil mundial e

nacional, publicados por autarquias como a OACI, Organização da Aviação Civil

Internacional, ANAC, Agência Nacional de Aviação Civil e FAA, Federal

Aviation Administration.

1.5.3 Procedimentos de Coleta de Dados

Foi realizado um roteiro de coleta de dados através da pesquisa qualitativa dos

materiais colhidos, atendendo os critérios estipulados nos objetivos específicos desta pesquisa.

A coleta de dados visou reunir as informações para uso secundário após definida a

problematização, objetivos geral e específicos.

1.5.4 Procedimentos de Análise de Dados

Os dados colhidos foram analisados tendo como norte os objetivos específicos

deste trabalho e foram apresentados por meio de texto estruturado em seções primárias e

secundárias e terciárias, além de imagens ilustrativas, e posteriormente foram avaliados e

criticados de acordo com a fundamentação teórica recolhida, finalmente, na última seção foi

alcançado o objetivo proposto neste ensaio.

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho foi desenvolvido para atingir os objetivos pretendidos, sendo

estruturado da seguinte maneira:

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20

No primeiro capítulo foi realizada a introdução histórica do tema. Posteriormente,

foram apresentados, a problemática que inspirou o ensaio, bem como, seus objetivos gerais e

específicos, além da justificativa para o estudo e metodologia utilizada neste.

No capítulo seguinte será exposto o referencial teórico, apresentando a evolução

do controle de tráfego aéreo, os conceitos de vigilância, bem como algumas de suas variações,

sobrepondo o sistema de vigilância ADS-B e multilateração, compreendendo seu princípio de

funcionamento, suas principais aplicações.

Já no capítulo terceiro pretende-se compreender e discutir os dados obtidos, em

concordância com a fundamentação teórica, e apresentar os benefícios e desvantagens da

implementação do ADS-B e multilateração no território nacional.

Finalmente, serão realizadas as considerações conclusivas deste trabalho e serão

expostas as referências bibliográficas norteadoras da pesquisa.

Page 23: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGERIO CUNHA …

21

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 VIGILÂNCIA AÉREA

A vigilância é indispensável para a manutenção da segurança da navegação aérea e

é uma tarefa sutil e contínua. Foi na década de 30 que as melhorias tecnológicas, como o uso

de equipamentos de rádio e o piloto automático, possibilitaram que equipes em solo enviassem

aos pilotos instruções de voo e também, que houvesse intercomunicação entre pilotos em voo.

(SITRAER, 2008)

No Brasil, o controle de tráfego aéreo é uma atividade relativamente recente, que

começou oficialmente em 1939. Os registros históricos descrevem que esta prática originou-se

na legendária Base Aérea do Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro, quando utilizaram-se meios

tecnológicos básicos: um rádio transmissor, um receptor de frequência variável e um altímetro

de avião. Nesta época, a direção e velocidade do vento eram determinados através de uma

biruta, como hoje ainda é praticado em muitos aeródromos menores. (SITRAER, 2008)

Imagem 3 - Escola de Aviação Militar Campo dos Afonsos Rio de Janeiro-RJ 1937.

Fonte: Acervo do site museu aeroespacial MUSAL (Acesso em: 12 mai 2020).

Ao final da Segunda Guerra Mundial, quando a quantidade de voos comerciais de

passageiros e de carga aumentou notavelmente, iniciou-se o ordenamento da navegação aérea.

Page 24: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGERIO CUNHA …

22

A uniformização de procedimentos e de unidades de medidas, a definição de parâmetros de

separação entre aeronaves, dentre outros problemas relativos ao gerenciamento das atividades

no espaço aéreo, se tornara urgentes, exigindo uma medida internacional imediata.

(FITIPPALDI, 2009.)

Deste modo, uma conferência com o objetivo de padronizar os procedimentos da

navegação aérea no mundo e que contou com a participação de representantes de cinquenta e

quatro nações foi realizada, em novembro de 1944, na cidade de Chicago. O documento que

resultou desta reunião foi denominado a “Convenção de Chicago”, e originou vários

documentos secundários denominados “Anexos”. Tais registros até hoje orientam as normas e

os procedimentos da navegação aérea mundial. (FITTIPALDI, 2009).

Três anos mais tarde, em 04 de abril, foi criada a Organização de Aviação Civil

Internacional (OACI), que é o órgão responsável pela padronização internacional de

procedimentos e práticas no campo da aviação, sediado em Montreal, Canadá. (ICAO, 2000).

Ao longo das décadas, juntamente com a evolução das aeronaves, o controle de

tráfego aéreo se transformou em uma atividade complexa, sofisticada e altamente dependente

de tecnologia. No passado, os sistemas de controle de tráfego eram munidos de poucos

dispositivos automatizados e apenas contavam com as imagens fornecidas por equipamentos

de vigilância radar. No entanto, os sistemas atuais, sejam de controle de área ou de

aproximação, incorporaram funcionalidades avançadas de tratamento de dados de voo e de

dados de vigilância, comunicações digitais e comutação automática de mensagens, rotinas de

identificação de riscos à segurança operacional e de apoio à decisão, entre muitas outras.

(SITRAER, 2008).

Dentre as evoluções técnicas que ocorreram no Brasil, podemos destacar a

implantação do 1º Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, o

CINDACTA I, que opera diuturnamente, de maneira pioneira, desde meados da década de 70

do século passado. (SITRAER, 2008).

Apesar das evoluções ocorridas, as limitações do sistema de transporte aéreo não

pararam de aparecer. Assim, com a finalidade de identificar, estudar e avaliar novos conceitos

e tecnologias e fazer recomendações para o desenvolvimento coordenado e evolutivo da

navegação aérea, em um horizonte de 25 anos, a OACI criou, em 1983, o “Comitê sobre o

Sistema de Navegação Aérea do Futuro” (FANS). O Comitê FANS concluiu, com base no

custo-benefício global, que a utilização da tecnologia de satélites era a única solução viável

para superar as limitações dos sistemas atuais e atender às necessidades futuras. (VISMARI,

2007).

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23

O Sistema Global Navigation Satellite System (GNSS) foi definido pela OACI, no

âmbito da aviação, como o sistema mundial para determinação da hora e do posicionamento,

que inclui uma ou mais constelações, receptores a bordo da aeronave e um monitoramento

integrado dos sistemas, para apoiar o desempenho da navegação. Portanto, que de forma

correspondente aos avanços tecnológicos a bordo dos aviões, também os sistemas de controle

de tráfego aéreo foram evoluindo, a partir dos trabalhos realizados pelo FANS. (OACI, 2005).

Como já foi comentado neste trabalho, o serviço de controle de tráfego aéreo foi

estabelecido abrangentemente logo após a segunda grande guerra. Embora, ao longo das

décadas seguintes, a tecnologia tenha permitido a evolução dos radares, das aeronaves, dos

meios auxiliares à navegação e dos meios de comunicação, o serviço de controle de tráfego

aéreo em si ainda carece de modernização. A obsolescência da vigilância aérea gera crescentes

restrições na capacidade do sistema e causa significativos prejuízos operacionais, o que

evidencia a necessidade de sua evolução, além disso, é notável que despreza os fantásticos

avanços tecnológicos das modernas aeronaves. (SITRAER, 2008)

2.2 CATEGORIA DE VIGILÂNCIA

Segundo RODRIGUES (2010), existem diversas categorias de vigilância no

panorama do controle de tráfego aéreo atual:

Vigilância Independente

Este tipo de vigilância não necessita de nenhum equipamento a bordo para

desempenhar a sua função, sendo, portanto, independente da aeronave. Exemplos são o Radar

Primário e Radar de Solo.

Vigilância Cooperativa

Neste tipo de vigilância, a aeronave necessita equipamento específico que permita

descodificar e responder às interrogações feitas pelo sistema de solo. São exemplos Radar

Secundário, Modo Squitter, Multilateração.

Vigilância Dependente

Os sistemas a bordo transmitem a posição da aeronave para os sistemas no solo,

sem que haja necessidade de intervenção da tripulação. Exemplos são o ADS-B (IN e OUT) e

ADS-C.

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24

2.3 RADAR (PSR, SSR, MODO S)

O documento ICA100-12 Regras do Ar (BRASIL, 2016) define que o Radar

Primário, Primary Surveillance Radar (PSR). Funciona emitindo impulsos de energia

eletromagnética que, ao atingir o "alvo", são refletidos por um avião ou qualquer objeto, e os

sinais são processados e podem ser visualizados em um monitor. Sabendo a velocidade de

propagação do impulso e da posição da antena no momento da emissão, é possível saber a

distância e a posição do alvo. O Radar Primário é a principal forma de vigilância independente,

não requerendo qualquer tipo de equipamento a bordo da aeronave. No entanto, em terra, é

necessário ter uma antena emissora de grande potência para que o impulso tenha energia

suficiente para ser captado depois de atingir o alvo e voltar. Estas antenas são giratórias e de

grande dimensão, por isso, necessitam de manutenção adicional na parte mecânica, além de

ocuparem uma área considerável e de ser necessária sua alocação estratégica dos mesmos para

conseguir um grande alcance.

Imagem 4 - RADAR PRIMÁRIO PSR.

Fonte: Aeromagazine (Acesso em: 14 ago 2020).

Segundo exposto no SITRAER (2008) outra forma de vigilância é o Radar

Secundário ou Secondary Surveillance Radar (SSR). Tal como no caso do Radar Primário,

existem algumas limitações de cobertura e capacidade resultantes da linha de visada e

obstáculos de terreno como montanhas e edifícios. Este sistema requer que a aeronave possua

equipamento específico denominado transponder, constituído por um aparelho

simultaneamente receptor e emissor, que gera um sinal de resposta após a devida interrogação.

A interrogação é feita pela antena do radar no solo na frequência 1030 MHz e a resposta,

originada a bordo, em 1090 MHz. Esta contém um código de 4 dígitos, Modo A (fornecido pelo

controlador de tráfego aéreo e introduzido no equipamento pelo piloto), e a altitude, Modo C

(derivada do sistema altimétrico da aeronave).

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25

O SSR Radar Secundário calcula a posição e distância dos alvos com base na

posição da antena no momento da emissão do impulso, na velocidade de propagação desse

impulso e no tempo de atraso entre a recepção da interrogação e transmissão da resposta. Assim,

o controlador visualiza no seu monitor um alvo acompanhado por uma etiqueta de identificação

com os seus dados individuais. À medida que as antenas continuam a rodar (uma vez a cada 4-

12 segundos), cada aeronave será continuamente interrogada e irá responder a cada varrimento

consecutivo, resultando num movimento progressivo no monitor do controlador. Nestes

monitores aparecem também as áreas terminais, áreas perigosas, linhas geográficas, etc.,

permitindo, assim, ao controlador assegurar que todo o tráfego mantenha as rotas que lhe foram

atribuídas, altitudes e velocidades.

Imagem 5 - RADAR SECUNDÁRIO SSR.

Fonte: Aeromagazine (Acesso em: 14 ago 2020).

O Modo S é um novo tipo de sistema de vigilância por radar que oferece uma série

de vantagens sobre os sistemas SSR convencionais. Uma aeronave equipada com um

transponder Modo S emite um sinal, chamado Acquisition Squitter, aproximadamente uma vez

por segundo. Ele utiliza as mesmas frequências do SSR (1030 MHz uplink, 1090 MHz

downlink) e é compatível com sistemas SSR anteriores. Além disso, permite interrogatório

seletivo de um transponder, faz uso de um endereço de aeronave de 24 bits para identificação,

exclusivo para cada aeronave e permite resolução de altitude de 25 pés, comparados aos 100

pés em um sistema SSR. (EUROCONTROL, 2008)

Uma vez que a mesma tecnologia é usada para a recepção de sinais SSR e Modo S,

o uso do segundo é uma evolução óbvia do primeiro, permitindo a identificação de aeronaves

próximas no mesmo espaço aéreo. No entanto, algumas das restrições do SSR também se

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26

aplicam ao Modo S, tais quais: a visibilidade da linha de visão e problemas de interferência

devido à ocupação de radiofrequência.

O Modo S é padronizado internacionalmente e já está presente em muitas aeronaves

comerciais e, nos próximos anos, estima-se que todas as aeronaves que voem em espaços aéreos

controlados possuam um equipamento transponder Modo S instalados.

A Multilateração de área ampla (WAM - Wide Aerea Multilateration) é um sistema

ATM cooperativo independente baseado em terra, assim como SSR ou Modo S. Ele funciona

calculando com precisão a diferença de tempo de chegada de um sinal de transponder de 1090

MHz transmitido de uma aeronave em uma série de receptores terrestres distribuídos e usa estas

informações para calcular a posição de origem do sinal, ou seja, a posição da aeronave.

2.4 TRANSPONDER

O Transponder é um transmissor-receptor de radar secundário de bordo que,

automaticamente, recebe sinais de rádio dos interrogadores de solo e, seletivamente, responde,

com um pulso ou grupo de pulsos, somente àquelas interrogações realizadas no MODO e

CÓDIGO para os quais estiver ajustado (exceto o transponder modo S, que possui uma função

que também responde aos demais modos). Comumente, o sistema tem quatro modos de

operação (modos 1, 2, 3/A e C), sendo os dois últimos para uso civil e os dois primeiros

estritamente para o uso das forças armadas (o modo 3/A atende ambas operações, militar e

civil). O modo 3/A é a modalidade padrão para a função de vigilância no controle de tráfego

aéreo.

Melhor conhecido como radar secundário, desde o final da Segunda Guerra

Mundial é usado intensamente e sem modificações significativas, em conjunto com a

informação automática da altitude (modo C), em todas as regiões do mundo.

Imagem 6 – Bendix/King KT76A.

Fonte: Avionicsmall (Acesso em: 18 mai 2020).

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O modo 1/C contempla um total de 4096 códigos. Este número relativamente

pequeno de códigos disponíveis é bastante difícil de administrar e é considerado uma

deficiência séria do sistema, pois, pode ser que haja mais de uma aeronave com o mesmo código

e, embora não apenas por esta razão, em época mais recente se desenvolveu um novo modo

“S”, denominado seletivo (S - Selective). Este, além de aumentar os códigos disponíveis para

cerca de 16 milhões, também veio acrescentar outras melhorias ao radar secundário, tais como,

um canal para comunicações por enlace de dados. Apesar disto, o emprego do modo S ainda se

encontra pouco difundido.

Imagem 7 – Garmin GTX 327.

Fonte: Garmin GTX 327 Mode A/C Pilots Guide (2008)

2.5 MULTILATERAÇÃO

O DECEA no documento ICA 63-10 de 2018, define o sistema de multilateração

com sendo um sistema de vigilância que usa vários sensores para detectar, identificar,

apresentar e rastrear alvos. Utiliza uma constelação de estações terrestres, ou unidades remotas

(RU), para fornecer cobertura de vigilância dentro de uma região definida. Faz uso de sinais

transmitidos a partir de transponders de aeronaves, incluindo o Modo A, Modo C e Modo S,

para calcular a posição de uma aeronave. O sistema também processa sinais de ADS-B Modo

S transponders extended squitter.

Em 1999, na República Tcheca, foi implementado o primeiro sistema de

multilateração de superfície do mundo e em 2002, o primeiro sistema de área ampla. Já em

2006, a empresa tcheca CZECH ANS passou a implementar o primeiro sistema combinado de

vigilância de superfície e área ampla do mundo, e com essas inovações, a empresa apresentou

as diversas possibilidades que a multilateração oferece como sendo uma alternativa

comprovada ao radar tradicional e uma transição perfeita para o ADS-B. (CREATIVERGE,

2007)

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A multilateração emprega uma série de estações terrestres, que são colocadas em

locais estratégicos ao redor de um aeroporto, sua área terminal local ou uma área mais ampla

que cobre o maior espaço aéreo circundante. Estas unidades ouvem “respostas”, normalmente

sinais de interrogação transmitidos de um SSR local ou uma estação de multilateração. Como

as aeronaves individuais estarão em distâncias diferentes de cada uma das estações terrestres,

suas respostas serão recebidas por cada estação em momentos diferentes. Usando técnicas

avançadas de processamento de computador, estas diferenças de tempo individuais permitem

que a posição de uma aeronave seja calculada com precisão. (CREATIVERGE, 2007)

A multilateração não requer nenhum equipamento aviônico adicional, pois usa

respostas de transponders Modo A, C e S, bem como transponders militares IFF e ADS-B.

Além disso, enquanto o radar e os "alvos" de multilateração na tela de um controlador são

idênticos na aparência, a taxa de atualização muito alta dos alvos derivados de multilateração

os torna instantaneamente reconhecíveis por seu movimento suave na tela. Uma tela exibindo

informações de multilateração pode ser configurada para atualizar tão rápido quanto a cada

segundo, em comparação com os "saltos" de posição de 4 a 12 segundos dos alvos derivados

do radar. (CREATIVERGE, 2007)

2.6 ADS-B

O ADS-B funciona transmitindo frequentemente reportes de posição. Os reportes

são reenviados sem que haja qualquer pedido, recebidos por antenas receptoras no solo (ADS-

B OUT), e também por qualquer aeronave na sua área de alcance, desde que esteja equipada

com os sistemas necessários a bordo (ADS-B IN). (RODRIGUES, 2010)

Segundo KUNZI e HANSMAN entre 1999 e 2006, a FAA conduziu o Programa

Capstone no Alasca. De acordo com o Capstone, aviônicos ADS-B foram fornecidos aos

operadores no Alasca para conduzir uma primeira avaliação em grande escala do sistema. O

principal transceptor ADS-B usado no projeto foi o Transceptor Garmin GDL 90. O GDL 90

continha uma unidade GPS junto com um Universal Access Transceiver UAT ADS-B. O GDL

90 fez parte da primeira onda de transceptores ADS-B. Os aviônicos ADS-B de hoje devem

ser instalados de acordo com um dos dois padrões técnicos: DO-260B ou DO-282B.

Desde então, a FAA e a indústria aeronáutica identificaram sérias falhas nesta

primeira versão dos padrões, como, a integridade da posição e a precisão, que foram

caracterizadas em uma "categoria de incerteza". Os vários fabricantes de aviônicos

interpretaram este parâmetro de forma diferente, resultando em uma falta de consistência entre

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29

as mensagens de transmissão. Além disso, foram identificados problemas adicionais específicos

para as unidades de Global Positioning System (GPS) usadas para estas instalações iniciais.

Como resultado, esses padrões técnicos foram atualizados duas vezes para resolver estes

problemas, portanto, as correções geraram a versão B.

O ADS-B envolve a transmissão de informações da aeronave por meio de enlace

de comunicação de dados, incluindo sua posição (latitude e longitude), altitude, identificação

da aeronave, velocidade e outras informações que são obtidas a partir dos sistemas de bordo.

Cada mensagem de posição ADS-B inclui também a indicação da qualidade dos dados, que

permite aos usuários determinar se os dados são adequados para suportar a função pretendida.

(BRASIL, 2018)

O Sistema ADS-B é composto pela aviônica da aeronave e uma infraestrutura de

solo. Os aviônicos a bordo determinam a posição e velocidade da aeronave, normalmente

usando o Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS) e a altitude é obtida através do

sistema barométrico da aeronave e coincide com os dados transmitidos para o radar secundário

(SSR) por meio do transponder de bordo (Modo C). (BRASIL, 2018)

2.7 APLICAÇÃO EM SUPERFÍCIE

Embora o conceito de multilateração tenha sido originalmente desenvolvido para

fins de vigilância aérea militar, uma das primeiras aplicações da aviação civil foi no

monitoramento de movimentos de aeronaves na superfície do aeroporto. Hoje, a multilateração

é um elemento vital dos Sistemas Avançados de Orientação e Controle de Movimento de

Superfície, que estão sendo implantados em muitos dos principais aeroportos do mundo.

Antes da introdução da multilateração, a vigilância da superfície do aeroporto era

realizada por radar - chamado de Airport Surface Detection Equipment (ASDE) ou Surface

Movement Radar (SMR) - com sua antena girando rapidamente, normalmente montada acima

da torre de controle para uma visão ideal da superfície do aeroporto. No entanto, percebeu-se

rapidamente que a linha de visão do radar estava bloqueada pelos grandes edifícios do terminal

do aeroporto, hangares e outros obstáculos, impedindo sua visão de muitas áreas críticas de

movimento. Também foi considerado que chuvas fortes afetavam severamente o desempenho

do SMR.

A adição de estações de multilateração estrategicamente posicionadas, fornece aos

controladores de solo uma visão clara de todas as áreas “ocultas” da superfície do aeroporto,

Page 32: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ROGERIO CUNHA …

30

com precisão e discriminação de alvo aprimoradas, independentemente das condições

climáticas. Ao contrário do SMR, a multilateração também fornece identificação única de todas

as aeronaves, e não apenas um a "bolha", e impede que as etiquetas saltem de um alvo para

outro à medida que se aproximam. Outro benefício é que pequenos dispositivos squitter, com

códigos de identificação exclusivos, podem ser montados em veículos de superfície e

totalmente integrados aos Sistemas Avançados de Orientação e Controle de Movimento de

Superfície. As instalações com suporte de multilateração são amplamente utilizadas nos

principais aeroportos do mundo e têm contribuído significativamente para a redução dos

incidentes de incursão na pista.

2.8 APLICAÇÃO EM ÁREA TERMINAL

Em uma série de aeroportos em todo o mundo, as operações de baixa altitude na

área do terminal são restringidas pela presença de terreno elevado, que pode bloquear as

transmissões de sinais Radar/aeronave para os radares secundários próximos. Por sua vez, isto

evita que os controladores locais monitorem o tráfego da área terminal abaixo de uma certa

altitude. Como resultado, estes aeroportos sofrem muito com o desvio de aeronaves em

condições meteorológicas deterioradas.

Este problema foi enfrentado pelas autoridades em Innsbruck, Áustria e Ostrava, na

República Tcheca, por exemplo. Em Innsbruck, as montanhas circundantes forçaram a altitude

mínima de decisão a ser 3.100 pés acima do aeroporto. Em Ostrava, as aeronaves foram

impedidas de descer abaixo de 6.000 pés devido ao terreno elevado local.

Uma solução para estes aeroportos poderia ter sido a instalação de um ou mais

radares secundários no aeroporto ou próximo a ele. Mas as análises econômicas mostraram que

haveria vantagens operacionais, porém, custo substanciais na adoção de sistemas de vigilância

de multilateração. A multilateração, além de ser mais barata na aquisição, instalação e

manutenção, também forneceria uma cobertura ideal da área do terminal, e talvez igualmente

importante, um rastreamento mais rápido e preciso até a superfície do aeroporto.

2.9 MONITORAMENTO DE ÁREA AMPLA

À medida que a necessidade de vigilância de tráfego se expande sobre áreas não

cobertas atualmente pelo Radar secundário convencional, muitos provedores de serviços de

aeronavegação estão aproveitando os benefícios de custo da multilateração em comparação com

as novas instalações de radar. Pois, na multilateração de área ampla (WAM), as estações estão

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muito mais separadas, a distâncias de até 100 km entre si.

A multilateração fornece um alcance superior em relação ao radar secundário,

rastreamento mais preciso, custos significativamente mais baixos e prontidão operacional

significativamente mais rápida. As análises de custos e desempenho feitas pelos órgãos

responsáveis da Armênia mostraram as vantagens claras da multilateração sobre a substituição

do radar secundário anterior, e a solução de área ampla foi escolhida. Além disso, no Mar do

Norte, entre o Reino Unido e o Norte da Europa e Escandinávia, as unidades de multilateração

pequenas, leves e de baixa potência serão montadas em plataformas de perfuração offshore para

fornecer um desempenho "melhor do que o radar" até a superfície, em locais onde radar teria

sido impraticável.

2.10 APROXIMAÇÃO DE PRECISÃO

Uma aplicação importante da multilateração é sua capacidade comprovada de

fornecer maior segurança enquanto aumenta significativamente a capacidade de pouso. Para

aeroportos com pistas paralelas, as aeronaves voam em trajetórias adjacentes em direção às

pistas em uso separadamente. Mas em muitos aeroportos, as pistas são muito próximas para

que as aeronaves efetuem pousos simultâneos com segurança sob condições de instrumentos.

As aeronaves são separadas com distâncias significativas na aproximação para

pouso, reduzindo muito a capacidade do aeroporto, especialmente durante condições climáticas

adversas. Uma das primeiras soluções foi a introdução de um radar dedicado, muito preciso e

escaneado eletronicamente, chamado Precision Runway Monitoring (PRM), ou Monitoramento

de Pista de Precisão que permitia aproximações simultâneas com espaçamento de até 3.300 pés.

No entanto, a aceitação do sistema foi extremamente limitada devido aos seus

custos significativos de aquisição, instalação e manutenção. Embora os radares tenham um

custo mais elevado, a multilateração já demonstrou atender e exceder as especificações do radar

para monitoramento de pista de precisão, a um custo substancialmente mais baixo. Os ganhos

de capacidade da multilateração PRM foram relatados em 30 por cento ou mais, especialmente

durante os períodos de pico com condições climáticas adversas. Além disso, as pressões

ambientais e as legislações de zoneamento estão limitando a expansão dos aeroportos e podem

forçar a construção de novas pistas dentro dos limites do aeroporto existente, como paralelas

próximas às pistas existentes para acomodar as crescentes demandas futuras. Com tais

benefícios econômicos imediatos e claros, espera-se que os sistemas PRM de multilateração

aumentem no futuro.

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2.11 CONSCIÊNCIA SITUACIONAL

O ADS-B oferece, ainda, outras funcionalidades, além da vigilância ATS, que são

o Traffic Information System Broadcast (TIS-B), Automatic Dependent System Rebroadcast

(ADS-R) e Flight Information Services-Broadcast (FIS-B). Para que isso seja possível,

desenvolveu-se o ADS-B In, que permite que a aeronave receba informações de outras

aeronaves e do órgão ATS. (FAA, 2014)

No ADS-R, a letra “R” do nome do sistema quer dizer que ele possui o papel de

retransmitir informações TIS-B de uma aeronave para outra, tornando possível com que as

aeronaves “conversem” entre si, mesmo estando com frequências diferentes. O ADS-R é nada

mais do que uma antena instalada em solo que possui o papel de receber informações TIS-B

em uma determinada frequência, como por exemplo, na frequência 1090 MHz, converter estas

informações TIS-B recebidas para a frequência UAT e retransmiti-las para aeronaves que

trabalhem na frequência UAT. O mesmo ocorre no sentido inverso. (FAA, 2014)

Desta maneira, todas as aeronaves que possuírem capacidades ADS-B In

conseguem receber informações de tráfego de outras aeronaves, independentemente da

frequência utilizada, através do ADS-R. A figura abaixo mostra o TIS-B em um display de

múltiplas funções.

Figura 2: Exemplo do funcionamento do sistema TIS-B

Fonte: FAA (Acesso em: 15 jul 2020)

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Figura 3: Exemplo do funcionamento do sistema ADS-R

Fonte: FAA (Acesso em: 15 jul 2020)

Esta imagem do sistema multifuncional Garmin G1000 mostra um alvo não

equipado com ADS-B à frente vindo de nordeste e 2.100 pés acima. Suas informações de Modo

C são processadas e transmitidas FIS-B, habilitado por ADS-B In.

Figura 4: Garmin G1000 Representando Aeronaves com Proas Convergentes

Fonte: AOPA (acesso em: 07 out 2020)

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2.12 INFORMAÇÃO METEOROLÓGICA EM VOO

Através do FIS-B, as aeronaves conseguem obter informações meteorológicas

importantes para o voo. Ao contrário do TIS-B, o FIS-B trabalha somente com uma faixa de

frequência, a UAT. A frequência 1090 MHz não é empregada, pois não possui largura de banda

suficiente para suportar o FIS-B, tendo em vista que o transponder e o Traffic Collision Avoid

System (TCAS) já trabalham com esta frequência, portanto ela já está muito ocupada (FAA,

2014).

O FIS-B consegue proporcionar ao piloto, informações de Meteorological

Aerodrome Report (METAR), Terminal Aerodrome Forecast (TAF), Significant

Meteorological Information SIGMET, Meteorological Airmen Information (AIRMET),

informações sobre o espaço aéreo e imagens de radar meteorológico de solo. Estas são

informações meteorológicas dos aeródromos e informações para o voo em rota, necessárias

para o voo. Estas informações providas pelo FIS-B são transmitidas para as aeronaves através

das antenas ADS-B instaladas em solo, atualizadas a cada cinco minutos, na frequência UAT

(GARMIN, 2011).

Figura 5: Exemplo do funcionamento do sistema FIS-B

Fonte: FAA (Acesso em: 15 jul 2020)

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Figura 6: Indicador de Altitude com Tráfego ADS-B e Clima Instalado no Painel

Fonte: FAA (Acesso em: 15 jul 2020).

2.13 AUXÍLIO EM BUSCA E SALVAMENTO

Além de várias funcionalidades primárias do sistema, o meio aeronáutico também

se beneficia de informações úteis para o auxílio na busca e salvamento em caso de acidentes

aéreos. Existem dois exemplos em que o sistema ADS-B foi vital para o salvamento de pessoas

envolvidas em acidentes aéreos ocorridos nos Estados Unidos.

Segundo Mike Collins Editor do site AOPA.org, em 20 de dezembro de 2019

Bohlsen, um piloto habilitado a voar por instrumento estava voando visual em espaço aéreo

controlado na Flórida, quando sofreu uma pane. O ATC sugeriu um aeroporto a leste de seu

curso, depois ofereceu um a oeste que estava mais perto. Bohlsen olhou para fora e como havia

uma montanha entre ele e aquele aeroporto, decidiu fazer um pouso de emergência em uma

floresta estadual. Então, cerca de 19:40h a aeronave, Piper Cherokee, colidiu com o topo das

árvores se separando em 6 partes. Estavam a bordo 3 pessoas e um cachorro, ninguém sofreu

ferimentos graves, porém havia um problema, estava aproximadamente 14 graus negativos no

momento do local do acidente, e seu equipamento de emergência estava impossibilitado de uso,

inclusive encharcado de combustível.

Enquanto isso, a FAA havia entrado em contato com o Centro de Coordenação de

Resgate da Força Aérea, que ativou a Equipe de Análise de Radar Nacional da Patrulha Aérea

Civil. A equipe de voluntários realizou análises de radar de aeronaves desaparecidas. Em quatro

minutos, eles traçaram a última posição ADS-B da aeronave a 50 pés acima do solo. Bohlsen,

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o piloto, relatou que não se passaram 20 minutos aguardando que logo avistou pessoas com

lanternas a procura deles. A FAA elogiou muito a busca e o resgate, aprimorados com o

benefício do ADS-B, que pode fornecer as últimas posições relatadas precisas e oportunas.

Bohlsen não foi o primeiro a pilotar uma aeronave equipada com o ADS-B a ser salvo.

Figura 7: Dados ADS-B do Piper Cherokee até 500 pés de altura.

Fonte: AOPA (Acesso em: 07 out 2020).

Outro caso similar ao do ocorrido na Flórida, foi o acidente de um Cessna que fez

um pouso forçado no Oceano Atlântico, nas Bahamas, coincidentemente, após 3 dias do

acidente ocorrido anterior. Em 23 de dezembro de 2019, o piloto Don Hinkel estava voando

sobre as Bahamas quando o motor de seu Cessna P210N 1981 falhou. O Cessna era equipado

com ADS-B Out, e segundo relatos do piloto, o avião flutuou cerca de 15 minutos. A Força de

Defesa Real das Bahamas solicitou a assistência da Guarda Costeira, que pode rastrear a

aeronave até 1.300 pés acima do nível do mar utilizando dados do radar de controle de tráfego

aéreo, mas com as informações adicionais do ADS-B foi possível saber a posição onde registrou

a altitude zerada ao nível do mar a cerca de 2.5 milhas náuticas de distância da última

informação via Radar.

O Cessna caiu às 16:08, a Guarda Costeira recebeu notificação de alerta às 17h02

e, às 17h08, havia estimado um local baseado em informações Radar, já às 17h45, o Grupo de

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37

Salvamento tinha a informação ADS-B mostrando uma altitude zerada dizendo exatamente

onde foi o acidente. A imagem abaixo representa o percurso da aeronave nos últimos minutos

de voo até o local do impacto com a água, a primeira trilha de dados representados em voo

descendente, mostram informações obtidas pelo Radar, até o último momento em que antes de

sumir na tela do controlador, já o segundo ponto mostra os dados de posição obtidos pelo

sistema ADS-B representando o local real do contato da aeronave com a água, 2.5 milhas

náuticas de distância do último contato Radar.

Figura 8 - Dados do percurso voado pela aeronave acidentada no Oceano Atlântico.

Fonte: AOPA (Acesso em: 07 out 2020).

2.14 GERENCIAMENTO DE RUÍDOS E CONTROLE DE EMISSÕES DE POLUENTES

Sistemas que ampliam a segurança situacional tanto para pilotos quanto para

controladores permitem o aumento do fluxo de aeronaves nos grandes aeroportos. Com isto,

cresce uma preocupação com o meio ambiente no entorno dos aeroportos pelo mundo no que

diz respeito ao ruído causado pelos motores de aeronaves em procedimento de pousos e

decolagens. A indústria aeronáutica vem trabalhando há anos para solucionar ou ao menos

reduzir os danos causados pelo alto fluxo de aeronaves que cresce ano após ano.

Com isso, procedimentos como o CDA Continuous Descent Approach são

necessários para a contínua evolução e manutenção do transporte aeronáutico no mundo. A

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38

Aproximação de Descida Contínua é uma técnica operacional a qual permite que a aeronave

faça uma aproximação mais objetiva, uma vez que a aeronave inicia o seu voo descendente e

somente encerra a descida na posição ideal, utilizando o mínimo de empuxo e evitando voo

nivelado, sempre em conformidade com procedimentos publicados e instruções ATC.

(EUROCONTROL, 2008)

A extensão do benefício da CDA irá variar dependendo da situação local, mas

normalmente inclui uma redução de ruído significativa por não haver oscilações de empuxo

desnecessárias, mantendo uma configuração de flaps recolhidos pelo maior tempo possível,

reduzindo, ainda, a queima de combustível e as emissões de poluentes ao longo do perfil de

descida antes do ponto de decisão numa aproximação final. (EUROCONTROL, 2008)

Figura 9: Diagrama do Procedimento de Aproximação de Descida Contínua

Fonte: EUROCONTROL (2008).

Ensaios conduzidos pela EUROCONTROL, mostraram que a economia de

combustível pode ser de até 40% durante a fase de descida, isso equivale à uma economia de

50 a 150 kg de combustível, dependendo do nível em que a CDA é iniciada e o tipo de aeronave.

Também foi observado que o benefício é maior para aeronaves mais pesadas. Utilizando preços

de junho de 2007, equivale a 50 e 100 milhões de euros anuais. Já os resultados de diminuição

de ruídos revelaram uma possível redução de 5 decibéis a uma distância de 8 a 25 milhas

náuticas do ponto de toque da aeronave com solo. (EUROCONTROL, 2008)

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39

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1 BENEFÍCIOS EVIDENTES PARA O DECEA

O ADS-B proporciona maior vantagem sobre o convencional sistema de controle

por radar, pois, não depende de pulsos emitidos por ele, muitas vezes enfraquecidos devido a

distância da aeronave tornando as informações menos precisas. O sistema moderno oferece

informações precisas para o órgão ATS, pois estas informações são provenientes do GPS da

aeronave e de aviônicos com tecnologias atuais, ao contrário da vigilância aérea através do

radar, que muitas vezes é prejudicada em baixas altitudes, limitações de cobertura e também

pode ser afetada pelo relevo. Existem outras desvantagens que o sistema convencional

proporciona como, alto preço de aquisição, instalação e manutenção além da baixa combinação

de códigos disponíveis para a identificação de aeronaves, no modo 3/A. Sendo assim, a

implementação de novas tecnologias de vigilância, tais como a multilateração e vigilância

dependente automática resolveria as limitações descritas.

Outra vantagem significativa que o sistema ADS-B proporciona é a quantidade de

informações que ele consegue transmitir chegando em até 49, simultaneamente, com uma taxa

de atualização de uma vez por segundo. Existe uma grande vantagem também na manutenção

em relação ao radar, sendo ela simples e barata, tendo em vista que as antenas ADS-B instaladas

no solo são muito compactas e não possuem componentes rotativos, podendo ser instaladas em

regiões montanhosas e de difícil acesso, onde a aplicação do radar seria inviável.

Outro recurso interessante e de suma importância para a segurança operacional em

solo é a possibilidade do controlador ATS visualizar a aeronave por monitores e guiá-las em

condições de baixa visibilidade no aeródromo onde o controlador não conseguiria ver a olho

nu.

Além disso, os órgãos de vigilância também se beneficiam do sistema ADS-B em

outro aspecto, pois, as informações meteorológicas fornecidas pelo FIS-B proporcionam a

redução taxa de ocupação na comunicação por rádio frequência, piloto-controlador, diminuindo

também a carga de trabalho do controlador de tráfego aéreo.

Ainda, em caso de acidente, o serviço de busca e salvamento pode facilmente

encontrar uma aeronave que possui o sistema moderno ADS-B, já que ele informa a posição

exata da aeronave facilitando o resgate em um curto espaço de tempo.

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3.2 DESVANTAGENS PARA O DECEA

É evidente que a ocorrência de uma mudança estrutural de um sistema tão

importante para a segurança da atividade aérea num país de dimensões continentais como o

Brasil demandaria muito trabalho e esforços de todos os envolvidos na área, governo e

operadores. Para que seja prestado o serviço de vigilância ATS por meio do ADS-B seriam

necessárias algumas medidas. Além de aperfeiçoar a infraestrutura, seria necessário realizar

avaliações de performance do sistema para proporcionar informações necessárias para a

operação do mesmo. Outro aspecto limitante seria a necessidade de capacitação dos recursos

humanos para a operação ADS-B e as regulamentações e procedimentos operacionais que

deveriam ser alterados, o que demandaria altos custos.

E por fim, cabe ressaltar que não haveria possibilidade da desativação dos radares

primários por parte do DECEA, já que sua principal função é a vigilância do território nacional

contra possíveis aeronaves inimigas.

3.3 BENEFÍCIOS EVIDENTES PARA OS PILOTOS

Através das informações constantes advindas do TIS-B e FIS-B o piloto aprimora

sua tomada de decisão em situações na quais precise agir rapidamente, já que ele está

sintonizado à várias informações pertinentes ao voo, fazendo com que seu subconsciente esteja

melhor preparado, aumentando substancialmente sua consciência situacional. Informações

como, posição de outras aeronaves no mesmo espaço aéreo que possam causar risco de colisão

fornecidas pelo TIS-B, e também condições meteorológicas que o piloto poderá enfrentar em

rota, informadas pelo FIS-B são elementos que aumentam a segurança operacional.

3.4 DESVANTAGENS PARA OS OPERADORES

Para que o ADS-B funcione de forma independente é preciso que os proprietários

instalem o equipamento em suas aeronaves, e com isso, o custo da instalação seria uma barreira.

Porém, se a aeronave efetuar voos para os EUA ou Europa, onde a partir do ano de 2020 tornou-

se obrigatório o ADS-B instalado na aeronave, este fator limitante deixaria de existir.

Outro aspecto que dificulta a implementação do sistema no Brasil é o fato do custo

dos aparelhos serem monetizados em dólar americano, moeda bem mais valorizada do que o

real.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho de conclusão de curso, analisou-se a história da vigilância aérea e

incluindo os sistemas e procedimentos utilizados para a identificação e monitoramento de

aeronaves desde seus primórdios. Apresentou-se a evolução dos sistemas de vigilância desde

equipamentos pouquíssimos eficazes até os mais modernos utilizados nos dias de hoje capazes

de determinar diversos aspectos do voo, entregando o máximo de informações pertinentes para

contribuir com a segurança operacional.

A evolução da aviação mundial incentivou a ocorrência de melhorias em sistemas

de vigilância de tráfego aéreo em busca de maior fluidez e segurança. A atividade aérea

acompanha a evolução tecnológica no cenário mundial, utilizando hoje em dia sistemas como

o GPS para se definir sua posição com uma precisão jamais alcançada.

Muitas limitações em operações que utilizavam sistemas convencionais de

navegação e monitoramento por parte de órgãos de vigilância foram sanadas ou diminuídas

pelo uso de sistemas como o GPS e o ADS-B, diminuindo a distância entre dois pontos e

aumentando a segurança da operação. Sistemas modernos e de ótimo custo-benefício tornam a

prática da aviação mundial mais eficaz e acessível ao público, pois diminuem o valor das tarifas

e contribuem para a segurança, o que alimenta e incentiva a vontade de voar presente no ser

humano.

O futuro da vigilância aérea é o ADS-B, que transmite informações

automaticamente, captadas por qualquer aeronave ou qualquer órgão de controle de tráfego

aéreo que tenha o ADS-B equipado. Com sua taxa de atualização de uma vez por segundo o

ADS-B torna-se uma ferramenta completa para a consciência situacional do piloto, diminuindo

sua carga de trabalho e prevenindo que o mesmo se coloque em situação de potencial risco.

No cenário mundial o ADS-B está em expansiva implantação, órgãos regulatórios

dos EUA e da Europa, desde o início do ano de 2020, exigem que todas as aeronaves que voem

em seus espaços aéreos controlados possuam o sistema equipado. Porém no Brasil, atualmente,

o ADS-B está em uso apenas na área terminal Macaé, no Rio de Janeiro, desde 2017, atuando

para controlar as operações de helicópteros que voam offshore nas plataformas de petróleo na

costa brasileira.

Apesar de possuir um custo relativamente baixo de instalação do equipamento, o

valor ainda é um problema para a implementação do sistema no Brasil, tendo em vista que o

sistema realmente só terá efetividade quando todas as aeronaves estiverem equipadas, formando

uma rede de transmissão de informações. Foi visto que o sistema tem seus pontos positivos e

negativos, para o DECEA sua principal vantagem seria o fato de transmitir informações mais

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precisas da situação do voo além de praticamente não sofrer com a taxa de atualização, e

também de poder ser instalado em locais remotos.

Contudo, foram identificadas desvantagens para o DECEA implementar o sistema

no território nacional, pois embora seja mais vantajoso e mais barato do que o sistema de

radares, existe um custo. Necessita-se de um estudo para a sua implementação, pois haverá

necessidade de capacitação de recursos humanos, criação de novas regulamentações e

avaliações de novos procedimentos, tudo isto minuciosamente comprovado e testado, como

tudo na aviação.

Desta forma, há de se avaliar o equilíbrio entre custo e o benefício da

implementação do sistema no Brasil, utilizando-se de informações preciosas de países que já

passaram pela fase inicial, e hoje possuem o sistema ativo, podendo assim evitar cometer

possíveis erros iniciais e dar este passo importante para a evolução tecnológica na vigilância

aérea brasileira de forma mais efetiva possível, pois, quando não se tem tantos recursos, o

importante é evitar desperdícios.

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