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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ ALVENARIA ESTRUTURAL: DIMENSIONAMENTO DE UM EDIFÍCIO DE QUATRO PAVIMENTOS UTILIZANDO BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO Palhoça 2018

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Page 1: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ISMAEL STEINMETZ

ALVENARIA ESTRUTURAL:

DIMENSIONAMENTO DE UM EDIFÍCIO DE QUATRO PAVIMENTOS

UTILIZANDO BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO

Palhoça

2018

Page 2: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

ISMAEL STEINMETZ

ALVENARIA ESTRUTURAL:

DIMENSIONAMENTO DE UM EDIFÍCIO DE QUATRO PAVIMENTOS

UTILIZANDO BLOCOS VAZADOS DE CONCRETO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao Curso de Engenharia Civil da Universidade

do Sul de Santa Catarina como requisito

parcial à obtenção do título de Engenheiro

Civil.

Orientador: Prof. Paulo Henrique Wagner, Esp.

Palhoça

2018

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Page 4: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

A minha mãe, Zulma Weingärtner, exemplo de

mulher, mãe e educadora, batalhadora,

guerreira e defensora incondicional de seus

filhos, incentivadora maior de todos os nossos

sonhos e que nos carrega sempre em suas

orações.

Page 5: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, a Deus pelo dom da vida que me foi dado.

A minha esposa por ser meu porto seguro, pela compreensão, dedicação e

motivação em todas as horas.

Ao meu filho, que apesar da pouca idade soube entender os motivos da minha

ausência em alguns momentos.

A minha família, por todo apoio, amor e mensagens de incentivo e carinho.

Ao meu sogro, Nilton Rui Zluhan (in memoriam), por sempre acreditar nas

minhas ideias, loucuras e potencial.

Ao professor, orientador e amigo, Paulo Henrique Wagner pela disponibilidade da

orientação e o tempo dedicado durante o desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus professores, pelos conhecimentos transmitidos ao longo do curso.

Aos meus colegas de curso e disciplinas, que compartilharam comigo nesta longa

jornada a troca de conhecimentos e experiências.

Aos servidores, técnicos administrativos e professores da UNISUL, pelo trabalho

e dedicação.

Aos amigos que fiz ao longo do curso e aos que deixei de conviver durante o

passar dos anos, pelos bons momentos e conversas.

Aos membros da banca examinadora, pela disposição em atender meu convite.

E por fim, a todos que direta ou indiretamente me auxiliaram na realização deste

trabalho.

Muito Obrigado!!!

Page 6: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

“Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para

homens” (Colossenses 3:23).

Page 7: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

RESUMO

A alvenaria estrutural tem sido utilizada desde os primórdios mesmo que de forma empírica, e

nos últimos anos tem tido grandes avanços em função de novas pesquisas, elaboração de

normas técnicas e melhoria dos materiais e processos construtivos utilizados. A demanda por

habitações de baixo custo tem encontrado na alvenaria estrutural um sistema construtivo

capaz de fazer frente ao concreto armado convencional, em função da sua alta capacidade de

racionalização. Ao apropriar-se dos seus benefícios, levando-se em consideração as nuances

necessárias para um bom projeto, têm-se então uma boa solução de engenharia. Cabe ao

engenheiro calculista e demais profissionais envolvidos, dimensionar e desenvolver seus

projetos, de forma que a economia esperada por este sistema seja realmente materializada

durante a execução da edificação.

Palavras-chave: Alvenaria Estrutural. Projeto. Dimensionamento.

Page 8: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Coliseu Romano, Pirâmides do Egito e Catedral de Notre Dame. .......................... 16

Figura 2 - Central Park Lapa - 04 e 12 pavimentos. ................................................................. 17

Figura 3 - Edifício Jardim Prudência (a) e Edifício Muriti (b). ................................................ 18

Figura 4 - Áreas bruta, líquida e efetiva. .................................................................................. 24

Figura 5 - Amarração direta (esquerda) e indireta (direita). ..................................................... 25

Figura 6 - Bloco vazado de concreto. ....................................................................................... 26

Figura 7 - Exemplo de famílias de blocos vazados de concreto. .............................................. 28

Figura 8 - Ações atuantes em um sistema tipo caixa ................................................................ 42

Figura 9 - Dispersão de ações verticais .................................................................................... 45

Figura 10 - Espalhamento do carregamento em paredes planas e em "L" ............................... 46

Figura 11 - Interação de paredes em um canto ......................................................................... 46

Figura 12 - Distribuição de cargas verticais para paredes isoladas .......................................... 48

Figura 13 - Distribuição de cargas verticais para um grupo de paredes ................................... 49

Figura 14 - Distribuição da ação do vento para as paredes de contraventamento. ................... 51

Figura 15 - Deslocamento horizontal em paredes de contraventamento. ................................. 52

Figura 16 - Imperfeições geométricas globais .......................................................................... 54

Figura 17 - Ação horizontal equivalente para consideração do desaprumo ............................. 55

Figura 18 - Aplicação das excentricidades devidas ao vento ................................................... 58

Figura 19 - Consideração de abas em painéis de contraventamento. ....................................... 59

Figura 20 - Momento de segunda ordem. ................................................................................. 62

Figura 21 - Cargas concentradas. ............................................................................................. 70

Figura 22 - Diagrama de tensões para alvenaria não armada. .................................................. 73

Figura 23 - Diagrama de tensões e deformações para alvenaria armada. ................................. 75

Figura 24 - Planta do pavimento térreo. ................................................................................... 83

Figura 25 - Planta pavimento tipo (3x). .................................................................................... 84

Figura 26 - Planta de cobertura e barrilete. .............................................................................. 85

Figura 27 - Corte BB. ............................................................................................................... 86

Figura 28 - Modulação de 1ª e 2ª fiadas. .................................................................................. 87

Figura 29 - Paredes estruturais definidas nas direções X e Y.................................................... 89

Figura 30 - Paredes de contraventamento na direção "X". ....................................................... 90

Figura 31 - Paredes de contraventamento na direção "Y". ....................................................... 91

Figura 32 - Distância do centroide ao bordo mais afastado da PX-08. .................................... 92

Page 9: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

Figura 33 - Características geométricas da parede PX-08. ....................................................... 92

Figura 34 - Posicionamento e direção das lajes no pavimento tipo.......................................... 97

Figura 35 - Reações das lajes nas paredes PY-01, PY-02 e PY-05. .......................................... 98

Figura 36 - Grupos isolados de paredes (térreo, tipo e cobertura). ........................................ 102

Figura 37 - Características geométricas das paredes em X e Y sem as abas. .......................... 114

Figura 38 - Posicionamento das vigas de alvenaria. ............................................................... 134

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Economia entre as estruturas convencionais e alvenaria estrutural. ....................... 15

Tabela 2 - Dimensões nominais................................................................................................ 27

Tabela 3 - Classe, largura e espessura mínima das paredes dos blocos. .................................. 29

Tabela 4 - Resistência característica à compressão, absorção e retração. ................................ 30

Tabela 5 - Requisitos para argamassa de assentamento ........................................................... 32

Tabela 6 - Indicação de traços, resistência e usos de argamassas. ........................................... 33

Tabela 7 - Proporções recomendadas para traços de graute. .................................................... 34

Tabela 8 - Relações prisma/bloco estimadas. ........................................................................... 38

Tabela 9 - Classificação das ações. .......................................................................................... 43

Tabela 10 - Coeficientes para redução de ações variáveis ....................................................... 60

Tabela 11 - Coeficientes de ponderação para combinações normais de ações. ....................... 60

Tabela 12 - Valores de ɣm ......................................................................................................... 64

Tabela 13 - Valores máximos do índice de esbeltez. ............................................................... 67

Tabela 14 - Valores característicos ao cisalhamento – fvk. ....................................................... 71

Tabela 15 - Valores característicos da resistência à tração na flexão - ftk. ............................... 74

Tabela 16 - Características geométricas das paredes nas direções X e Y. ................................ 93

Tabela 17 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes do reservatório. ................................ 99

Tabela 18 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes da cobertura. .................................... 99

Tabela 19 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes do barrilete. ................................... 100

Tabela 20 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes do pavimento tipo. ......................... 100

Tabela 21 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes do térreo. ....................................... 101

Tabela 22 - Resultantes das cargas verticais nos grupos de paredes. ..................................... 103

Tabela 23 - Resultantes Nk (em kN) das cargas acumuladas em cada grupo. ........................ 104

Tabela 24 - Carregamento linear Nk/L (kN/m) acumulado em cada grupo............................ 104

Tabela 25 - Valores de S2 para cada pavimento. ................................................................... 106

Tabela 26 - Valores de Vk e q para cada pavimento. .............................................................. 106

Tabela 27 - Valores de Fa nas direções X e Y. ........................................................................ 108

Tabela 28 - Rigidez individual e relativa das paredes nas direções X e Y. ............................ 110

Tabela 29 - Esforços horizontais nas direções X e Y. ............................................................. 111

Tabela 30 - Esforço cortante e momento fletor por parede em X e Y. .................................... 112

Tabela 31 - Momentos torsores nas direções X e Y. ............................................................... 113

Tabela 32 - Características geométricas em X e Y - cálculo de esforços à torção. ................. 115

Page 11: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

Tabela 33 - Esforço cortante por parede devido à torção. ...................................................... 116

Tabela 34 - Momento por parede devido à torção. ................................................................. 117

Tabela 35 - Características geométricas, esforços e tensões nas paredes do térreo. .............. 118

Tabela 36 - Características geométricas, esforços e tensões nas paredes do tipo 1. .............. 119

Tabela 37 - Características geométricas, esforços e tensões nas paredes do tipo 2. .............. 120

Tabela 38 - Características geométricas, esforços e tensões nas paredes do tipo 3. .............. 121

Tabela 39 - Valores de fpk à compressão simples em MPa. .................................................... 123

Tabela 40 - Verificação do fpk mínimo em MPa. .................................................................... 126

Tabela 41 - Relação Prisma/Bloco em MPa. .......................................................................... 127

Tabela 42 - Resumo de fbk por pavimento em MPa. ............................................................... 128

Tabela 43 - Verificação da máxima na tração em MPa. ......................................................... 130

Tabela 44 - Verificação da resistência ao cisalhamento em MPa. ......................................... 133

Tabela 45 - Vigas e esforços atuantes. ................................................................................... 135

Tabela 46 - Armadura das vigas para resistir à flexão. .......................................................... 138

Tabela 47 - Resumo das armaduras das vigas. ....................................................................... 142

Tabela 48 - Especificações dos materiais para o edifício exemplo. ....................................... 144

Page 12: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12

1.1 OBJETIVOS .................................................................................................................... 12

1.1.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 12

1.1.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 13

1.2 LIMITAÇÕES ................................................................................................................. 13

1.3 PROBLEMA .................................................................................................................... 14

1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14

2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ............................................................................. 16

2.1 HISTÓRICO .................................................................................................................... 16

2.1.1 Alvenaria ...................................................................................................................... 16

2.1.2 Normas ......................................................................................................................... 18

2.1.3 Vantagens e desvantagens .......................................................................................... 20

2.2 TERMOS E DEFINIÇÕES .............................................................................................. 21

2.2.1 Componente de alvenaria ........................................................................................... 22

2.2.2 Elemento de alvenaria ................................................................................................. 22

2.2.3 Paredes ......................................................................................................................... 22

2.2.4 Pilar, Viga, Verga, Contraverga, Cinta, Coxim, Enrijecedor e Diafragma ........... 23

2.2.5 Prisma ........................................................................................................................... 24

2.2.6 Áreas bruta, líquida e efetiva ..................................................................................... 24

2.2.7 Tipos de amarração ..................................................................................................... 25

2.3 COMPONENTES DA ALVENARIA E SUAS PROPRIEDADES ............................... 26

2.3.1 Blocos ............................................................................................................................ 26

2.3.1.1 Requisitos físico-mecânicos ....................................................................................... 29

2.3.2 Argamassa de assentamento ....................................................................................... 30

2.3.3 Graute ........................................................................................................................... 33

2.3.4 Armaduras ................................................................................................................... 35

2.3.5 Alvenaria ...................................................................................................................... 35

2.3.5.1 Resistência à compressão ........................................................................................... 36

2.3.5.2 Prisma ......................................................................................................................... 36

2.3.5.3 Relações prisma/bloco ................................................................................................ 37

2.3.5.4 Propriedades elásticas ................................................................................................. 38

2.4 SEGURANÇA DAS ESTRUTURAS ............................................................................. 39

Page 13: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

2.4.1 Método das Tensões Admissíveis ............................................................................... 40

2.4.2 Método dos Estados Limites ....................................................................................... 41

2.5 CONCEPÇÃO E ANÁLISE ESTRUTURAL ................................................................. 42

2.5.1 Ações ............................................................................................................................. 43

2.5.1.1 Ações verticais ............................................................................................................ 43

2.5.1.1.1 Dispersão de ações verticais ................................................................................... 44

2.5.1.1.2 Interação de paredes para carregamento vertical .................................................. 45

2.5.1.1.3 Distribuição e uniformização das cargas ................................................................ 47

2.5.1.1.4 Métodos de distribuição das ações verticais ........................................................... 47

2.5.1.2 Ações horizontais ....................................................................................................... 51

2.5.1.2.1 Vento ........................................................................................................................ 52

2.5.1.2.2 Imperfeições geométricas globais (desaprumo) ...................................................... 54

2.5.1.2.3 Distribuição das ações horizontais ......................................................................... 55

2.5.1.2.4 Efeitos de torção ...................................................................................................... 57

2.5.1.2.5 Consideração de flanges em painéis de contraventamento ..................................... 59

2.5.1.3 Valores reduzidos de ações variáveis ......................................................................... 60

2.5.1.4 Valores de cálculo das ações ...................................................................................... 60

2.5.1.5 Combinação de ações ................................................................................................. 61

2.5.2 Estabilidade Global ..................................................................................................... 61

2.5.3 Dano acidental e colapso progressivo ........................................................................ 63

2.6 PRINCIPAIS CRITÉRIOS PARA O DIMENSIONAMENTO ...................................... 64

2.6.1 Resistência de cálculo .................................................................................................. 64

2.6.2 Critérios de dimensionamento ................................................................................... 65

2.6.2.1 Compressão simples ................................................................................................... 66

2.6.2.2 Forças concentradas .................................................................................................... 69

2.6.2.3 Cisalhamento .............................................................................................................. 70

2.6.2.4 Flexão simples ............................................................................................................ 73

2.6.2.4.1 Alvenaria não armada ............................................................................................. 73

2.6.2.4.2 Alvenaria armada .................................................................................................... 74

2.6.2.5 Flexão Composta ........................................................................................................ 77

2.6.2.5.1 Flexo-compressão .................................................................................................... 77

2.6.2.5.2 Alvenaria não armada ............................................................................................. 78

2.6.2.5.3 Flexo-tração ............................................................................................................ 79

2.6.2.5.4 Alvenaria armada .................................................................................................... 79

Page 14: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

2.6.2.5.5 Prescrições adicionais – BS 5628-1 (2005) ............................................................ 80

3 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO ....................................................................... 81

3.1 METODOLOGIA ............................................................................................................ 81

3.2 DADOS DO EDIFÍCIO ................................................................................................... 82

3.3 DEFINIÇÕES DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS .................................................... 88

3.3.1 Paredes Estruturais ..................................................................................................... 88

3.3.2 Paredes de contraventamento .................................................................................... 89

3.3.2.1 Direção “X” ................................................................................................................ 89

3.3.2.2 Direção “Y” ................................................................................................................. 90

3.3.3 Lajes.............................................................................................................................. 93

3.4 ANÁLISE ESTRUTURAL ............................................................................................. 94

3.4.1 Ações Verticais............................................................................................................. 94

3.4.1.1 Ações das lajes ........................................................................................................... 97

3.4.1.2 Ações devido ao peso próprio das paredes ................................................................. 98

3.4.1.3 Distribuição das cargas verticais .............................................................................. 101

3.4.2 Ações Horizontais ...................................................................................................... 104

3.4.2.1 Desaprumo ................................................................................................................ 104

3.4.2.2 Vento ........................................................................................................................ 105

3.4.2.3 Distribuição das ações horizontais ........................................................................... 108

3.4.2.4 Esforços em cada parede (sem torção) ..................................................................... 111

3.4.2.5 Esforços em cada parede (com torção) ..................................................................... 112

3.5 DIMENSIONAMENTO E VERIFICAÇÃO ................................................................. 118

3.5.1 Compressão Simples ................................................................................................. 122

3.5.2 Flexão Composta nas Paredes .................................................................................. 123

3.5.2.1 Verificação da flexo-compressão ............................................................................. 124

3.5.2.2 Verificação da flexo-tração ...................................................................................... 128

3.5.2.3 Hipóteses para evitar trações nas paredes ................................................................ 131

3.5.3 Cisalhamento nas paredes ........................................................................................ 131

3.5.4 Cargas Concentradas ................................................................................................ 133

3.5.5 Dimensionamento das vigas de alvenaria................................................................ 134

3.5.5.1 Flexão ....................................................................................................................... 135

3.5.5.2 Cisalhamento ............................................................................................................ 139

3.6 ESTABILIDADE GLOBAL ......................................................................................... 142

3.7 RESULTADOS .............................................................................................................. 143

Page 15: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

3.8 COMENTÁRIOS ADICIONAIS .................................................................................. 144

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ............................................... 145

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 147

Page 16: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

12

1 INTRODUÇÃO

A alvenaria estrutural adotada na execução de edifícios de vários pavimentos tem-

se mostrado como opção construtiva largamente difundida e utilizada em todo o mundo,

devido a algumas vantagens apresentadas, como economia, flexibilidade e velocidade de

construção (ROMAM, MUTTI, ARAÚJO, 1999).

Os últimos anos foram de grandes e visíveis avanços para a alvenaria estrutural,

em função de várias pesquisas, melhoria da qualidade dos materiais empregados, bem como a

reformulação da norma brasileira e o surgimento de várias literaturas abrangendo este assunto,

o que lhe torna, segundo Roman, Mutti, Araújo (1999), o mais moderno e econômico método

de construção.

Por definição, tem-se que a alvenaria estrutural é um processo construtivo, em que

as próprias paredes da edificação são responsáveis por resistir às cargas atuantes e transmiti-

las diretamente para as fundações ou estruturas de apoio, em substituição aos pilares e vigas

utilizados em sistemas de concreto armado, aço ou madeira, sendo que a base dos projetos

deve ser balizada pelos princípios de que a alvenaria é capaz de suportar grandes tensões de

compressão e pequenas tensões de tração, e que toda tração oriunda de momento fletor deve

ser evitada (ROMAM, MUTTI, ARAÚJO, 1999). Diante destas afirmações, fica claro que se

deve explorar a resistência à compressão do bloco estrutural, objeto de estudo deste trabalho,

para compensar a baixa resistência à tração do mesmo.

Por todas as vantagens deste sistema estrutural, bem como pelo avanço das

tecnologias e pela constante busca do mercado por maior qualidade e economia, iremos tratar

neste trabalho sobre as peculiaridades da alvenaria estrutural, especificamente com blocos

vazados de concreto, e dimensionar um edifício de quatro pavimentos, que tem por objetivo

auxiliar na solução habitacional do país, através de edificações de cunho popular com custos

mais baixos e levando-se em consideração os códigos de obras municipais, que em sua

maioria exigem o uso de elevadores em edifícios com mais pavimentos (COÊLHO, 1998).

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Desenvolver a análise estrutural e o dimensionamento de um edifício residencial

de quatro pavimentos em alvenaria estrutural com blocos vazados de concreto, de acordo com

Page 17: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

13

as prescrições da NBR 15961-1 – Alvenaria Estrutural – Blocos de Concreto – Parte 1:

Projeto.

1.1.2 Objetivos específicos

Os objetivos específicos que irão nortear este trabalho são:

Comentar e analisar de forma qualitativa algumas das principais

modificações entre a NBR 10387 (1989) e a NBR 15961 (2011).

Dimensionar um edifício de acordo com NBR 15961-1 (2011), norma em

vigor, demostrando todos os procedimentos e critérios utilizados, a fim de

servir como exemplo para calculistas e projetistas.

Demostrar todos os esforços atuantes nos elementos estruturais: paredes,

pilares e vigas de alvenaria, bem como seus dimensionamentos e

verificações.

1.2 LIMITAÇÕES

Este trabalho terá as seguintes limitações:

A estrutura será considerada como não aporticada, ou seja, a utilização de

lintéis será desconsiderada na análise estrutural.

Será descartada a possibilidade de concentração de tensões nas paredes do

pavimento térreo do edifício exemplo devido à interação entre a alvenaria

estrutural e estrutura de apoio, que será responsável por transmitir as

cargas para o solo. Tais estruturas serão consideradas extremamente

rígidas a fim de evitar o aparecimento do efeito arco.

Como a norma vigente trata este assunto apenas em caráter informativo e

não obrigatório, o colapso progressivo da estrutura devido a danos

acidentais não será dimensionado.

Como nosso foco é exclusivamente a alvenaria estrutural, não iremos

dimensionar as estruturas de apoio.

Os itens 10.2.2 e 10.2.3 da NBR 15961-1, que tratam sobre a inclusão de

juntas de dilatação e controle, não serão abordados.

O projeto da estrutura não será detalhado.

Page 18: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

14

1.3 PROBLEMA

A constante necessidade de novas habitações que atendam com segurança e

conforto e com o menor custo possível as populações de baixa renda, vem fazendo com que o

mercado busque novas soluções ou melhore as antigas através da adoção de novas tecnologias

e/ou a capacitação da mão-de-obra utilizada. Atualmente, pela facilidade de materiais e mão-

de-obra, o concreto armado é o principal sistema construtivo utilizado nas edificações. No

entanto, sendo a alvenaria estrutural uma alternativa mais racional e econômica e que vem de

encontro às necessidades do problema habitacional no Brasil, o dimensionamento adequado é

fundamental para garantir as vantagens deste sistema.

1.4 JUSTIFICATIVA

A população mundial tem crescido a cada ano e no Brasil não tem sido diferente,

principalmente no que se refere às famílias de baixa renda. Com isso, surge a necessidade de

se resolver o problema da falta de habitações dignas, com padrões mínimos de segurança e

conforto, e que tenham o menor custo possível. Até um tempo atrás, quando a falta de espaço

também não era um problema, a adoção de residências unifamiliares do tipo “COHAB”

resolviam de forma satisfatória esta demanda. No entanto, espaços que possibilitem este tipo

de edificação estão escassos, e a solução encontrada foi à verticalização destas edificações.

Em locais onde moravam uma ou duas famílias, atualmente moram pelo menos dez ou doze.

Programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal, estão

buscando resolver o problema da falta de moradias, através de subsídios para as famílias de

baixa renda, o que seria inviabilizado se o custo das edificações fosse muito alto. Diante deste

cenário e das constantes dificuldades em relação ao aumento da concorrência e dos níveis de

exigências construtivas, muitas construtoras estão adotando novas estratégias, a fim de

melhorar sua produção, adotando alternativas que tragam racionalização ao processo

(SÁNCHEZ, 2013).

A alvenaria estrutural surge então como um sistema construtivo que trás consigo

grandes vantagens, sendo a econômica a principal delas, onde através de técnicas executivas

simplificadas e facilidade de controle nas diversas etapas da construção, juntamente com a

Page 19: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

15

eliminação de interferências, consegue-se aperfeiçoar todo o sistema e reduzir o desperdício

de materiais ocasionado pelo excesso de retrabalho. Temos então um sistema competitivo se

comparado ao concreto armado, conforme podemos observar na tabela 1, onde os dados

apresentados se referem aos custos relativos aproximados entre os dois sistemas (WENDLER,

2005 apud SÁNCHEZ, 2013).

Tabela 1 - Economia entre as estruturas convencionais e alvenaria estrutural.

Fonte: Sánchez (2013)

Sendo a racionalização o resultado de uma ação conjunta onde ocorre a

participação efetiva de vários profissionais, tanto na fase de projeto quanto nas fases de

execução e controle de materiais, temos então uma demanda suprida pela alvenaria estrutural,

a qual ainda precisa de novas informações e conhecimentos a fim de diminuir a resistência

inicial de alguns profissionais quanto a este sistema (COÊLHO, 1998).

Vindo de encontro a esta necessidade, este trabalho se mostra como uma

importante ferramenta de referência no dimensionamento de edifícios de até quatro

pavimentos em alvenaria estrutural não armada com blocos vazados de concreto, sistema bem

difundido em várias regiões do país, levando-se em consideração as diretrizes na nova norma

e o conhecimento de alguns autores sobre o assunto.

Características da Obra Economia (%)

Quatro pavimentos 25-30

Sete pavimentos sem pilotis, com alvenaria não armada 20-25

Sete pavimentos sem pilotis, com alvenaria armada 15-20

Sete pavimentos com pilotis 12-20

Doze pavimentos sem pilotis 10-15

Doze pavimentos com pilotis, térreo e subsolo em concreto armado 8-12

Dezoito pavimentos com pilotis, térreo e subsolo em concreto armado 4-6

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16

2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

2.1 HISTÓRICO

2.1.1 Alvenaria

A utilização da alvenaria como processo construtivo, mesmo que de forma

empírica, é datada de milhares de anos. Várias construções que marcaram a história da

humanidade, como por exemplo, as Pirâmides do Egito, o Coliseu Romano e a Catedral de

Notre Dame (figura 1), foram construídas com blocos intertravados, utilizando ou não algum

tipo de material ligante entre as peças e estão intactas até os dias atuais (SÁNCHEZ, 2013).

Figura 1 – Coliseu Romano, Pirâmides do Egito e Catedral de Notre Dame.

Várias formas combinadas utilizadas na arquitetura daquela época possibilitavam

que as estruturas trabalhassem quase que exclusivamente à compressão, sendo que os esforços

horizontais eram absorvidos através da utilização de contrafortes e arcobotantes. A simples

ação da gravidade era o que garantia que a edificação ficasse estável, o que apesar de viável,

limitava a utilização da alvenaria em função do excessivo gasto de material. (PARSEKIAN,

HAMID, DRYSDALE, 2014). Segundo Sánchez (2013), o conhecimento sobre a capacidade

de resistência dos materiais utilizados era obtido em função da experiência dos construtores, o

qual era passado de pai para filho. A dificuldade de racionalização, o caracterizaram como um

sistema construtivo lento e de custo elevado, e como consequência a sua utilização ficou

praticamente esquecida até o período da Revolução Industrial.

Page 21: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

17

O ressurgimento da alvenaria estrutural se deu pela escassez de aço e concreto

ocorrida pela Segunda Guerra Mundial, através de pesquisas realizadas pelo professor Paul

Haller na Suíça, o qual ao longo de sua carreira testou mais de 1600 paredes de tijolos e cujos

dados experimentais serviram de base para o projeto de um edifício de 18 andares com

paredes variando entre 30 e 38 cm de espessura, causando uma revolução no processo

construtivo existente (SÁNCHEZ, 2013). Houve então a intensificação e disseminação do seu

uso como sistema construtivo, onde através de extensos resultados experimentais, puderam-se

criar teorias e critérios de projetos, aliando-se ainda o intenso progresso na fabricação de

materiais e componentes.

A partir daí, a alvenaria estrutural foi utilizada na construção de vários edifícios

na Europa e nos Estados Unidos, sendo empregada até mesmo em locais sujeitos a sismos,

adotando-se neste caso a alvenaria armada.

No Brasil, a alvenaria chegou junto com os portugueses no início do século XVI,

porém era considerada apenas uma “alvenaria resistente” em função do conhecimento e

técnicas de construção empíricas, fruto da falta de normas e estudos que regessem o

dimensionamento e a segurança dos elementos estruturais adotados (SÁNCHEZ, 2013).

Apenas no final da década de 1960, a alvenaria surgiu como uma técnica de construção

adotando-se a utilização de blocos de concreto em alvenarias armadas, mais precisamente em

1966, com a construção do Central Park Lapa, conjunto habitacional localizado em São Paulo

que possui 04 pavimentos e paredes com espessuras de 19 cm. Seis anos mais tarde, no

mesmo local foram construídos outros 04 edifícios com 12 pavimentos cada, utilizando-se o

mesmo sistema (figura 2).

Figura 2 - Central Park Lapa - 04 e 12 pavimentos.

Fonte: www.comunidadedaconstrucao.com.br

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18

Segundo Sánchez (2013), apenas em meados da década de 1970 surgiu o primeiro

edifício em alvenaria não armada, com nove pavimentos e espessuras das paredes com 24 cm,

construído em São Paulo e denominado Jardim Prudência (figura 3a).

Nas décadas seguintes várias obras foram erguidas utilizando-se da alvenaria

estrutural armada, propiciando gabaritos mais elevados e espessuras de paredes variando entre

14 e 20 cm, onde temos como exemplo o Edifício Muriti (figura 3b), com 16 pavimentos.

Figura 3 - Edifício Jardim Prudência (a) e Edifício Muriti (b).

Fonte: www.comunidadedaconstrucao.com.br

2.1.2 Normas

Segundo Prado (1995), a primeira norma consistente de cálculo para alvenaria

estrutural foi elaborada na Inglaterra em 1948 e ficou conhecida como Code of Practice 111

“Structural Recomendation for Loadbearing Walls”, a qual foi reformulada em 1970

baseando-se no critério das tensões admissíveis. A BS 5628: part 1 “The Structural Use of

Unreinforced Masonry” que era baseada no método dos estados limites, substituiu a CP 111

em 1978 e foi complementada em 1985 pela BS 5628: part 2 “Structural Use of Reinforced

and Prestressed Masonry” e pela BS 5628: part 3 “Materials and Components, Desing and

Workmanship”. Segundo Pereira (2012), os Eurocodes (normas vigentes) tiveram seu início

em 1987 através da Comissão das Comunidades Européias – CCE e mais tarde foram

atribuídos ao Comitê Europeu de Normalização – CEN, com o intuito de uniformizar o

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19

dimensionamento e as técnicas de construção dentro do espaço europeu. Ao todo são nove

Eurocodes e o Eurocode 6 é o que trata exclusivamente dos projetos de alvenaria estrutural.

Nos Estados Unidos, o código “Recomended Building Code Requeriments for

Engineering Brick Masonry” foi lançado em 1966 pelo “Structural Clay Products Institute –

SCPI”. Já em 1970 a “National Concrete Mansory Association - NCMA” publicou a norma

americana “Specification for the Desing and Construction of Loadbearing Concrete Masonry

Desing”, a qual teve influência marcante no desenvolvimento da alvenaria estrutural no Brasil

(PRADO, 1995). Atualmente encontra-se em vigor o “Building Code Requirements and

Specification for Masonry Structures”, mais conhecida como ACI 530 criado em 1983 e

tendo sua última revisão no ano de 2013, complementada pela ACI 531, que normatiza

especificamente a utilização dos blocos de concreto.

A alvenaria estrutural com blocos vazados de concreto teve uma forte aplicação

no Brasil no final da década de 1970 e a partir daí vários estudos foram realizados para a

aplicação desta técnica. Em 1977, dois eventos deram início para o desenvolvimento das

normas nacionais: o primeiro foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Concreto – IBRACON

e reuniu os principais projetistas, calculistas e construtores deste sistema com o intuito de

normatizar as técnicas referentes à alvenaria estrutural, e o segundo foi realizado pelo

Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, onde através do CB-2 (Comitê Brasileiro de

Construção Civil), foi montada uma comissão de estudos para abordar o tema (REBOREDO,

2013).

Segundo Sánchez (1994 apud REBOREDO, 2013), como a fabricação de blocos

vazados de concreto no Brasil foi realizada através da importação de máquinas e

equipamentos norte americanos, projetistas e calculistas adotaram naturalmente os padrões de

blocos produzidos nos EUA e consequentemente suas normas, as quais balizaram os projetos

das normas brasileiras em alvenaria estrutural. A NBR 8798, editada em 1985, tratava da

execução e controle de obras em alvenaria de blocos de concreto. Já a NBR 10837 – Cálculo

de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto, editada pela primeira vez em 1989, foi

baseada no ACI 530 de 1983, e introduziu os princípios de segurança baseados no Método das

Tensões Admissíveis, e mesmo assim buscava complementação na norma britânica BS5628.

No ano de 2005, foi formada uma comissão com o intuito de rever a NBR 10837

(1989), atualizar seus conceitos e substituir o modelo de segurança estrutural, adotando-se o

Método dos Estados Limites, o que já havia sido feito para materiais como o aço, madeira e

concreto. Em 2011 foi publicada então a NBR 15961-1 Alvenaria Estrutural – Blocos de

Concreto - Parte 1: Projeto e a NBR 15961-2 Alvenaria Estrutural – Blocos de Concreto -

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20

Parte 2: Execução e controle de obras, adotando-se as premissas básicas de utilização de

valores característicos, área bruta do bloco, prisma e parede, e conceito de segurança baseado

no método dos estados limites.

2.1.3 Vantagens e desvantagens

Sempre que se deseja adotar um novo sistema construtivo, é de fundamental

importância que se discutam os aspectos técnicos e econômicos relacionados ao mesmo. Na

maioria dos casos usuais, o acréscimo inicial no custo para a adoção da alvenaria estrutural,

compensa em função da economia gerada pela eliminação de pilares e vigas. No entanto,

segundo Ramalho e Corrêa (2003), é necessário ficar atendo a certos detalhes importantes,

para que a alvenaria estrutural não se torne onerosamente inviável. Estes detalhes dizem

respeito a certas características da edificação que devem ser consideradas durante a escolha do

sistema construtivo a ser adotado, dentre as quais se destacam:

Altura da edificação: de acordo com os parâmetros atuais no Brasil, a

alvenaria estrutural é indicada para edifícios de no máximo 16

pavimentos, visto que a resistência à compressão dos blocos existentes no

mercado, não possibilita a execução acima deste limite sem um

grauteamento generalizado, prejudicando muito a economia.

Arranjo arquitetônico: se refere à disposição das paredes dentro de um

pavimento, e fora dos padrões usuais pode melhorar ou piorar a situação

de projeto, sendo importante que a quantidade de paredes estruturais por

m² de pavimento esteja dentro de certa faixa, que segundo o autor varia

entre 0,5 e 0,7 m/m².

Tipo de uso: para edificações comerciais e residenciais que necessitem de

vãos maiores e flexibilidade na disposição das paredes, a alvenaria

estrutural não é recomendada, em função das suas características. É

indicada para edifícios residenciais de padrão médio ou baixo, onde os

vãos e ambientes são relativamente pequenos.

Page 25: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

21

Segundo Ramalho e Corrêa (2003), os principais pontos positivos da alvenaria

estrutural em relação às estruturas convencionais de concreto armado são:

Economia de formas;

Redução significativa nos revestimentos;

Redução nos desperdícios de material e mão-de-obra;

Redução do número de especialidades;

Flexibilidade no ritmo de execução da obra.

Em resumo, de acordo com os pontos apresentados acima, percebe-se que a

principal vantagem da utilização da alvenaria estrutural é uma maior racionalidade do sistema

construtivo, reduzindo-se os desperdícios habituais que se verificam em obras de concreto

armado.

Apesar das vantagens apresentadas, não se pode esquecer que a alvenaria

estrutural também possui os seus pontos negativos em relação às estruturas de concreto

armado, dos quais podemos destacar:

Dificuldade de adaptação da arquitetura para um novo uso;

Interferência entre projetos de arquitetura, estrutura e instalações;

Necessidade de mão-de-obra bem mais qualificada.

Em relação às desvantagens é importante ressaltar a impossibilidade de

modificações arquitetônicas, que além de um inibidor de vendas tende a ser um fator que pode

comprometer a segurança da edificação.

2.2 TERMOS E DEFINIÇÕES

Na publicação da NBR 15961-1 (2011) ocorreu a reformulação e a inclusão de

algumas definições, as quais por sua relevância para o presente trabalho são descritas a seguir.

Page 26: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

22

2.2.1 Componente de alvenaria

Definido como a menor unidade que compõem um elemento de estrutura,

incluindo:

Bloco: É a unidade básica que forma a alvenaria.

Junta de Argamassa: Utilizada na ligação entre os blocos.

Reforço de Graute: Utilizado para preenchimento de espaços vazios nos

blocos, com a finalidade de solidarizar armaduras à alvenaria ou aumentar

sua capacidade resistente.

2.2.2 Elemento de alvenaria

Constitui-se como uma parte da estrutura suficientemente elaborada, composta

pela união de dois ou mais componentes e atualmente divide-se em:

Elemento não armado: Onde a armadura é desconsiderada para resistir aos

esforços solicitantes.

Elemento armado: Onde a utilização de armaduras passivas é considerada

na resistência dos esforços solicitantes.

Elemento protendido: Onde são utilizadas armaduras ativas para impor

uma pré-compressão antes do carregamento.

Segundo Parsekian (2012), estas definições de elementos eram válidas para

estruturas de alvenaria como um todo e não apenas para o elemento, pois segundo a NBR

10837 (1989), era necessário que todas as paredes fossem armadas (apresentando um taxa de

armadura mínima) com o intuito de absorver os esforços solicitantes, para que então o sistema

fosse considerado como alvenaria armada. Diante disto o termo “Alvenaria Parcialmente

Armada” foi retirado da nova norma, visto que é possível ter no mesmo edifício elementos

armados e não armados.

2.2.3 Paredes

Elemento laminar, resistente predominantemente à compressão, cuja maior

dimensão transversal exceda mais que cinco vezes a menor dimensão. São divididas em:

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23

Estrutural: toda a parede admitida como participante da estrutura, servindo

de apoio para as lajes e outros elementos da construção.

Não estrutural: toda a parede não admitida como participante da estrutura,

que fica apoiada e impõe carregamento às lajes ou a outros elementos da

estrutura.

2.2.4 Pilar, Viga, Verga, Contraverga, Cinta, Coxim, Enrijecedor e Diafragma

De acordo a NBR 15961-1 (2011):

Pilar: Elemento linear vertical, resistente predominantemente a cargas de

compressão, cuja maior dimensão da seção transversal não exceda em

cinco vezes a menor dimensão.

Viga: Elemento linear horizontal, resistente predominantemente à flexão,

cujo vão seja maior ou igual a três vezes a altura da seção transversal,

usualmente composta de uma ou mais canaletas grauteadas e armadas.

Verga: Elemento estrutural colocado sobre os vãos de portas e janelas e

que tenha a função exclusiva de transmitir as cargas verticais para as

paredes adjacentes, usualmente composta de uma canaleta grauteada e

armada.

Contraverga: Elemento estrutural colocado sob os vãos de aberturas, com a

finalidade de resistir às tensões concentradas e reduzir a fissuração nos

seus cantos, usualmente composta de uma canaleta grauteada e armada.

Cinta: Elemento estrutural apoiado continuamente na parede, ligado ou

não às lajes, vergas ou contravergas, que tem por finalidade distribuir

cargas continuamente apoiadas sobre a parede, ou aumentar sua resistência

para ações fora do plano da parede ou na direção horizontal ao plano da

mesma, geralmente composta de uma fiada de canaletas armada e

grauteada.

Coxim: Elemento estrutural não contínuo, apoiado na parede com o

objetivo de distribuir cargas concentradas, normalmente composto por

canaleta grauteada ou peça de concreto armado.

Enrijecedor: Elemento usualmente de alvenaria, vinculado a uma parede

estrutural, com a finalidade de produzir um enrijecimento na direção

Page 28: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

24

perpendicular ao seu plano. Geralmente utilizado quando a parede está

sujeita à ação lateral fora de seu plano ou em paredes altas.

Diafragma: Elemento estrutural laminar admitido como rígido em seu

próprio plano, sendo normalmente a laje de concreto armado que distribui

as cargas horizontais para as paredes.

2.2.5 Prisma

Corpo de prova obtido pela superposição de blocos unidos por junta de

argamassa, grauteados ou não, a ser ensaiado à compressão. Dos resultados se obtém as

informações básicas sobre a resistência à compressão da alvenaria e é o principal parâmetro

para projeto e controle da obra (PARSEKIAN, HAMID, DRYSDALE, 2014).

2.2.6 Áreas bruta, líquida e efetiva

Segundo a NBR 15961-1 (2011):

Bruta: área de um componente (bloco) ou elemento (parede) considerando-

se as suas dimensões externas, desprezando-se a existência dos vazios, ou

seja, admite-se que o elemento seja maciço.

Líquida: área de um componente (bloco) ou elemento (parede)

considerando-se as suas dimensões externas, descontada a área referente

aos vazios.

Efetiva: área de um elemento (parede) considerando apenas a região sobre

a qual a argamassa de assentamento é distribuída, desconsiderando-se os

vazios.

Figura 4 - Áreas bruta, líquida e efetiva.

Fonte: Adaptado de Parsekian, Hamid, Drysdale (2014)

Page 29: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

25

2.2.7 Tipos de amarração

Segundo Parsekian, Hamid, Drysdale (2014):

No plano da parede:

Direta: padrão de distribuição dos blocos no qual as juntas verticais se

defasam de, no mínimo, 1/3 do comprimento dos blocos.

Indireta (não amarrada): quando no padrão de distribuição dos blocos não

há defasagem entre as juntas verticais (junta a prumo). Salvo se existir

comprovação experimental de sua eficiência, toda parede com junta a

prumo deve ser considerada como sendo não estrutural.

Entre paredes:

Direta: o travamento entre os blocos é feito através da interpenetração

alternada de metade das fiadas de uma parede na outra.

Indireta: existindo a junta a prumo no encontro das paredes pela não

sobreposição dos blocos, deverá existir algum tipo de armação metálica

(grampos ou telas), sobre as juntas interligando as paredes após o

grauteamento dos furos adjacentes.

Figura 5 - Amarração direta (esquerda) e indireta (direita).

Fonte: Adaptado de Parsekian, Hamid, Drysdale (2014)

O recomendado é que se utilize o sistema de amarração direta, pois o mesmo

aumenta de forma considerável a integridade estrutural da parede e a sua resistência a flexão

quando submetidas a ações laterais. A utilização de amarração indireta chega a reduzir em

57% a inércia das paredes submetidas a ações laterais (PARSEKIAN, HAMID, DRYSDALE,

2014).

Page 30: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

26

2.3 COMPONENTES DA ALVENARIA E SUAS PROPRIEDADES

A composição das paredes em alvenaria se dá pela união de diferentes materiais,

como blocos, argamassas e graute, e o entendimento das propriedades básicas destas unidades

é o primeiro passo para se compreender a alvenaria (SÁNCHEZ, 2013). Diante desta

afirmação, é preciso que os componentes básicos da alvenaria apresentem características

mínimas de desempenho e que estejam em conformidade com as devidas especificações

técnicas. Por ser o objeto de estudo deste trabalho, iremos tratar apenas sobre os blocos

vazados de concreto, mas é preciso ter ciência de que os blocos utilizados no sistema podem

ser feitos de diferentes tipos de materiais, como cerâmica, solo-cimento, sílico-calcário, etc.

2.3.1 Blocos

A NBR 6136 (2014) define bloco vazado de concreto como componente para

execução de alvenaria, com ou sem função estrutural, vazado na parte superior e inferior, cuja

área líquida seja igual ou inferior a 75% da área bruta.

Figura 6 - Bloco vazado de concreto.

Fonte: http://construnormas.pini.com.br

Para Sánchez (2013), os blocos de concreto são unidades estruturais vazadas,

produzidas por vibro-compactação a seco, por indústrias de pré-fabricados de concreto,

encontradas em todo o território brasileiro com diferentes geometrias e resistências à

compressão, sendo que suas características mecânicas dependem dos materiais constituintes,

umidade e proporção dos agregados utilizados na moldagem, bem como o grau de

Page 31: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

27

compactação e método de cura. Recomenda-se que a dimensão máxima do agregado seja

inferior a metade da menor espessura de paredes dos blocos.

Camacho (2006) define os blocos como sendo os componentes mais importantes

na composição da alvenaria estrutural, visto que são eles que regem a resistência à

compressão e definem os procedimentos para a melhor modulação dos projetos.

Segundo Parsekian e Soares (2010), juntamente com a argamassa, os blocos

também são determinantes para a resistência aos esforços de tração e cisalhamento e para a

durabilidade da obra, porém suas propriedades mais importantes são a resistência à

compressão, boa vedação, baixa absorção de água, bom isolamento termo acústico,

estabilidade e precisão dimensional e consequentemente padrão modular.

Cada família dimensional possui o comprimento e altura padronizados, e

geralmente o módulo vertical é padronizado em 20 cm, com junta horizontal de 1 cm de

altura. As dimensões horizontais mais comuns são de 29 e 39 cm, com junta vertical de 1 cm,

para as espessuras de paredes de 14 e 19 cm, configurando o módulo horizontal de 15 ou 20

cm (PARSEKIAN, HAMID, DRYSDALE, 2014).

Dentro da linha de blocos vazados de concreto estruturais, as dimensões nominais

a serem utilizadas, segundo a NBR 6136 (2014), devem seguir a tabela 2 e podem sofrer uma

variação aproximada de 2 mm para a largura e de 3 mm para a altura e comprimento. Devem

possuir aspecto homogêneo, arestas vivas e serem livres de trincas ou imperfeições que

prejudiquem o assentamento, ou as características mecânicas e de durabilidade da edificação.

Tabela 2 - Dimensões nominais.

Fonte: Adaptado de NBR 6136 (2014)

20 x 40 15 x 40 15 x 30 12,5 x 40 12,5 x 25 12,5 x 37,5 10 x 40 10 x 30 7,5 x 40

190 65

190 190 190 190 190 190 190 190 190

Inteiro 390 390 290 390 240 365 390 290 390

Meio 190 190 140 190 115 - 190 140 190

2/3 - - - - - 240 - 190 -

1/3 - - - - - 115 - 90 -

Amarração "L" - 340 - - - - - - -

Amarração "T" - 540 440 - 365 - - 290 -

Compensador A 90 90 - 90 - - 90 - 90

Compensador B 40 40 - 40 - - 40 - 40

Canaleta Inteira 390 390 290 240 240 365 390 290 -

Meia Canaleta 190 190 140 115 115 - 190 140 -

115 90

Med

ida

Nom

inal

(m

m)

Com

pri

men

to

Largura

Altura

Família

140

Page 32: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

28

Figura 7 - Exemplo de famílias de blocos vazados de concreto.

Fonte: http://www.pavertech.com.br, acessado em 13/10/17/2017

De acordo com a NBR 6136 (2014), quanto ao uso, os blocos de concreto podem

ser assim classificados:

Classe A: com função estrutural, podendo ser utilizados em elementos

de alvenaria tanto acima como abaixo do nível do solo;

Classe B: com função estrutural, devem ser utilizados apenas em

elementos de alvenaria posicionados acima do nível do solo;

Classe C: com ou sem função estrutural, utilizados apenas em

elementos de alvenaria acima do nível do solo. Permite-se a utilização, como

estrutural, de blocos de 9 cm de largura em edificações térreas, de blocos de 11,5 cm

de largura em edificações de até 2 pavimentos e de blocos de 14 e 19 cm de largura

em edificações de até 5 pavimentos. Os blocos de 6,5 cm de largura devem ser

utilizados unicamente em elementos de vedação.

Cada classe de bloco deve apresentar uma espessura mínima de suas paredes,

conforme a NBR 6136 (2014), as quais estão especificadas na tabela 3.

Page 33: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

29

Tabela 3 - Classe, largura e espessura mínima das paredes dos blocos.

Fonte: Adaptado de NBR 6136 (2014)

2.3.1.1 Requisitos físico-mecânicos

Absorção de água: possui uma relação indireta com a densidade do

bloco. Quanto menor se apresentar a taxa de absorção, mais denso tende a

ser o bloco. Estes dois fatores, densidade e absorção de água, afetam a

construção, o isolamento termo acústico, a porosidade, a pintura, a

aparência e a qualidade da argamassa requerida (SÁNCHEZ, 2013).

Retração na secagem: a água excedente utilizada na produção do bloco

de concreto permanece livre em seu interior e evapora posteriormente,

gerando forças capilares equivalentes a uma compressão isotrópica da

massa, ocasionando uma redução de volume (SÁNCHEZ, 2013).

Resistência à compressão: é a principal característica da unidade para ser

utilizada em alvenaria estrutural e sua resistência fbk, deve atingir valores

mínimos especificados pela NBR 6136 (2014), bem como as exigências

do projeto estrutural.

Paredes a

(mm)

Espessura

equivalente b

(mm/m)

190 32 25 188

140 25 25 188

190 32 25 188

140 25 25 188

190 18 18 135

140 18 18 135

115 18 18 135

90 18 18 135

65 15 15 113

C

a Média das medidas das paredes tomadas no ponto mais estreito.

b Soma das espessuras de todas as paredes transversais aos blocos (em milímetros),

dividida pelo comprimento nominal do bloco (em metros).

A

Paredes transversaisParedes

longitudinais a

(mm)

Largura

nominal

(mm)

Classe

B

Page 34: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

30

Os ensaios das unidades devem seguir as especificações da NBR 12118, a qual

também determina a quantidade de blocos a ser ensaiada dentro de um determinado lote.

Os valores para os requisitos mínimos exigidos pela NBR 6136 (2014) estão

apresentados na tabela 4.

Tabela 4 - Resistência característica à compressão, absorção e retração.

Fonte: Adaptado de NBR 6136 (2014)

2.3.2 Argamassa de assentamento

Segundo a NBR 13281 (2005), argamassa para assentamento em alvenaria

estrutural é uma mistura homogênea de agregado miúdo, aglomerante inorgânico e água, que

possua propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em obra ou

industrializada, indicada para a ligação de componentes de vedação no assentamento em

alvenaria, com função estrutural.

Para Camacho (2006), a argamassa é o componente que faz a ligação dos blocos,

evitando pontos de concentração de tensões, composta de cimento, agregado miúdo, água e

cal, podendo receber alguns aditivos para melhorar determinadas propriedades.

Sánchez (2013) relata que a principal função da argamassa é a de transmitir todas

as ações verticais e horizontais atuantes de forma a solidarizar as unidades, criando uma

estrutura única e garantindo o monolitismo e a solidez necessária à parede, além de acomodar

as deformações concentradas de modo a não provocar fissuras.

Individual Média Individual Média

A f bk ≥ 8,0 ≤ 8,0 ≤ 6,0

B 4,0 ≤ f bk < 8,0 ≤ 10,0 ≤ 8,0

Com ou sem

função

estrutural

C f bk ≥ 3,0 ≤ 12,0 ≤ 10,0

b Blocos fabricados com agregado normal (ver definição na NBR 9935).

c Blocos fabricados com agregado leve (ver definição na NBR 9935).

d Ensaio facultativo

Com função

estrutural

≤ 16,0 ≤ 13,0 ≤ 0,065

Agregado leve c

a Resistência característica â compressão axial obtida aos 28 dias.

Agregado normal b

Absorção (%)

Retração d

(%)

Resistência

característica à

compressão axial a

(Mpa)

ClasseClassificação

Page 35: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

31

Em resumo, as principais funções da argamassa são:

Unir solidariamente os blocos e auxiliar na resistência aos esforços

laterais;

Distribuir de maneira uniforme as cargas atuantes na parede por toda a

área resistente dos blocos;

Absorver as deformações naturais e compensar as variações dimensionais

dos blocos;

Garantir a vedação das juntas contra a penetração de água da chuva.

Propiciar aderência com as armaduras nas juntas.

Geralmente os traços das argamassas são identificados pelo volume relativo de

materiais, como por exemplo, uma argamassa de cimento, cal e areia definida pelo traço 1:1:6

em volume de cada material (PARSEKIAN, HAMID, DRYSDALE, 2014). No entanto, ao

invés de indicar as proporções, seria mais conveniente especificar as classificações, que

segundo a NBR 13281 estão distribuídas em sete diferentes requisitos:

Resistência à compressão (classificação P1 a P6);

Densidade de massa aparente no estado endurecido (M1 a M6);

Resistência à tração na flexão da argamassa (R1 a R6);

Coeficiente de capilaridade (C1 a C6);

Densidade de massa no estado fresco (D1 a D6);

Retenção de água (U1 a U6);

Resistência potencial de aderência à tração (A1 a A6)

A classificação da argamassa é feita então com a combinação dos requisitos

desejados, como por exemplo: P3, M4, R5, C3, D4, U3, A4 ou P4, R3, U3. No entanto,

segundo Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), as normas de projeto e execução de alvenaria

estrutural fazem referência apenas à resistência à compressão de argamassas tradicionais de

cimento, cal e areia, utilizando a classificação P1 a P6 para especificar algumas propriedades

físicas da alvenaria.

Ainda segundo a Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), para a escolha da argamassa

é preciso levar em conta dois fatores geralmente opostos: resistência e capacidade de

acomodar deformações. Maior quantidade de cimento na mistura significará uma maior

resistência, mas uma pior trabalhabilidade e capacidade de acomodar deformações, e

Page 36: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

32

consequentemente um maior potencial para o aparecimento de fissuras. De maneira inversa, o

aumento na quantidade de cal na mistura irá proporcionar uma maior capacidade de

deformação e trabalhabilidade, porém uma menor resistência.

Os requisitos básicos para as argamassas de assentamento de blocos no estado

fresco e endurecido, segundo Sánchez (2013) estão apresentados na tabela 5.

Tabela 5 - Requisitos para argamassa de assentamento

Fonte: Adaptado de Sánchez (2013)

A resistência da argamassa deve ser determinada de acordo com a norma NBR

13279 (2005), e alternativamente pode utilizar as prescrições do anexo B da NBR 15961-2

(2011). Dos ensaios se obtém a resistência média a compressão da argamassa (fa), a qual

segundo a NBR 15961-1 (2011) deve ser limitada a 0,7 da resistência característica

especificada para o bloco, em referência a sua área líquida.

Para Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), recomenda-se normalmente uma faixa

de especificação de fa entre 70% de fbk (mínimo) e 70% da resistência do material do bloco, ou

seja, deve-se especificar fa dentro de uma faixa de 0,7 a 1,5 vezes o valor de fbk. Desta forma,

o valor correto é o “mínimo possível adequado”, ou seja, próximo ao limite inferior quando a

carga vertical é predominante (edifícios de vários pavimentos) ou do limite superior quando a

ação lateral é predominante ou o ambiente é mais agressivo (arrimos, reservatórios, paredes

de galpões, etc).

A tabela 6 traz a indicação de alguns traços, resistências e usos, no entanto, cabe

ao projetista da estrutura especificar a resistência à compressão da argamassa, e antes de cada

obra devem ser realizados ensaios que garantam tal resistência. Para Camacho (2006, p.12),

uma regra básica da seleção de uma argamassa para um determinado projeto é:

“Não se deve usar argamassa que tenha resistência à compressão superior à exigida

pelo projeto estrutural, e entre as quais sejam compatíveis com as exigências de

desempenho da obra, deve-se selecionar sempre a mais fraca”.

Estado Fresco Estado Endurecido

Consistência Resistência à Compressão

Retenção de água Aderência superficial

Coesão da mistura Durabilidade

ExsudaçãoCapacidade de acomodar

deformações (resiliência)

Page 37: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

33

Tabela 6 - Indicação de traços, resistência e usos de argamassas.

Fonte: Adaptado de Parsekian, Hamid, Drysdale (2014)

2.3.3 Graute

Para Sánchez (2013), o graute é um concreto com fluidez suficiente para

preencher completamente os vazios dos blocos, sem que haja a segregação de seus

componentes e tem por finalidade aumentar a resistência à compressão da parede, bem como

solidarizar as armaduras na alvenaria. É composto de uma mistura de cimento e agregados,

sendo que as diferenças para o concreto convencional estão relacionadas ao tamanho dos

agregados graúdos, que neste caso devem possuir tamanho máximo de 9,5mm, e na relação

água/ cimento.

Segundo Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), esta mistura fluida (slump entre 20 e

25) permite uma boa plasticidade e o completo preenchimento dos vazios, e se faz necessária

em virtude de que os espaços a serem grauteados são pequenos e podem sofrer com a

presença de saliências de argamassa na seção a ser grauteada, e ainda porque os blocos

normalmente absorvem a água muito rápido após o lançamento, o que reduz a relação

água/cimento do graute. Para garantir a fluidez e plasticidade e diminuir a retração, é

permitida a utilização de cal na composição do graute em até 10% do volume de cimento.

Traço

(cimento:cal:areia)

em volume

Resistência à

compressão

esperada aos 7

dias (Mpa)

Resistência à

compressão

esperada aos 28

dias (Mpa)

Uso recomendado

1:0,25:2,5 9 a 11 14 a 17,5

Argamassa de alta resistência e, consequentemente,

baixa deformabilidade, recomendada apenas para

alvenaria de resistência muito elevada (blocos acima

de 20 Mpa). Pode eventualmente ser necessária para

elementos enterrados e ambientes muito agressivos

com a presença de sulfatos.

1:0,5:3,5 a 4,5 5 a 7,5 8,5 a 12,5Uso geral em elementos em contato com o solo e os

que estão sujeitos a ações laterais predominantes.

1:1:4,5 a 6,0 2 a 3 3,5 a 5

Resistência à compressão moderada e boa

deformabilidade. Recomendada para alvenarias não

enterradas de resistência à compressão média e ação

lateral não predominante (blocos de até 6,0 Mpa).

1:2:9 1 a 1,5 2 a 2,5

Baixa resistência à compressão, adequada apenas

para alvenaria de vedação ou eventualmente para

reparo de edificações históricas.

1:3:12 0,2 a 0,3 0,4 a 0,5

Baixa resistência à compressão, eventualmente

adequada apenas para alvenaria de vedação ou,

ainda, para reparo de edificações históricas.

Page 38: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

34

As principais propriedades, na visão de Sánchez (2013), que o graute deve

apresentar nos estados fresco e endurecido são:

Consistência: a mistura deve apresentar coesão, e ao mesmo tempo,

fluidez suficiente para preencher todos os furos dos blocos;

Retração: deve ser controlada de modo que não ocorra a separação entre o

graute e as paredes internas dos blocos;

Resistência à compressão: juntamente com as propriedades mecânicas dos

blocos e da argamassa, irá definir as características à compressão da

alvenaria.

Sánchez (2013) e a NBR 15961-1 (2011) especificam que a influência do graute

na resistência da alvenaria deve ser verificada em laboratório, criando as mesmas condições

ao que o mesmo estará submetido em obra. Esta influência deverá ser avaliada através de

ensaios de compressão de prismas, pequenas paredes ou paredes.

A NBR 15961-1 (2011) preconiza que para elementos de alvenaria armada, a

resistência característica do graute deve ser especificada com o valor mínimo de: fgk=15 MPa.

Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), sugere que um bom indicativo, é adotar a resistência do

graute igual à resistência do bloco, em relação a sua área líquida, adotando-se o valor mínimo

especificado por norma. Sánchez (2013) complementa que o graute deve ser dosado de modo

que atinja as características físicas e mecânicas necessárias para o bom desempenho estrutural

da parede e que os ensaios de prisma sejam feitos para todas as obras. No entanto, em caso de

obras pouco carregadas, pode-se utilizar alguns dos traços clássicos que se encontram na

tabela 7.

Tabela 7 - Proporções recomendadas para traços de graute.

Fonte: Adaptado de Sánchez (2013)

Cimento Areia Pedrisco

Sem pedrisco (Graute Fino) 1 3 a 4 -

Com pedrisco (Graute grosso) 1 2 a 3 1 a 2

Materiais Constituintes em VolumeTipo

Page 39: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

35

2.3.4 Armaduras

Segundo Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), na alvenaria estrutural assim como

no concreto armado, a armadura (de cálculo) é utilizada para resistir aos esforços de tração e

cisalhamento, bem como para aumentar a resistência a cargas centradas e para permitir

ductilidade em situações de ações excepcionais, como por exemplo, abalos sísmicos. Em

todos os casos deve-se verificar a existência de resultante de tração e armar as paredes que

estiverem com esta resultante maior do que a admitida por norma. Em outras situações

podem-se adotar armaduras (construtivas) para conectar paredes e para controlar a fissuração

oriunda das deformações por retração, térmicas ou cargas concentradas.

Assim como no concreto armado, o tipo de aço mais utilizado é o CA50,

normatizado segundo a NBR 7480 (2007) e que possui tensão de escoamento de 500 MPa. No

entanto como não se tem conhecimento preciso sobre o conjunto armadura + graute + bloco,

as normas brasileiras limitam esta tensão a valores bem menores. O diâmetro máximo

permitido em alvenaria é de 25 mm em geral e 6,3 mm nas juntas de assentamento, devendo-

se ainda respeitar uma taxa de armadura máxima por furo, que não pode exceder a 8% da área

da seção a ser grauteada. O módulo de elasticidade pode ser admitido igual a 210 GPa

(PARSEKIAN, HAMID, DRYSDALE, 2014).

As armaduras construtivas verticais geralmente são colocadas em cada um dos

lados de qualquer abertura, nos cantos e cruzamentos de paredes, bem como em extremidades

livres. Já as armaduras construtivas horizontais são colocadas no topo e na base de qualquer

abertura (verga e contraverga), ao nível das lajes e no meio de paredes (cintas) e no topo dos

peitoris (REBOREDO, 2013). Todas as armaduras devem ser envolvidas por graute, com o

intuito de proteger as mesmas contra a corrosão e garantir a aderência necessária entre o bloco

e a armadura.

2.3.5 Alvenaria

Para Tauil e Nese (2010), chama-se de alvenaria o conjunto de peças justapostas

interligadas em sua interface por uma argamassa apropriada, gerando um elemento vertical

coeso, o qual serve para vedar espaços, resistir a impactos e cargas oriundas da gravidade e à

ação do fogo, promover segurança, isolar e proteger acusticamente os ambientes, contribuir

para a manutenção do conforto térmico, além de impedir a entrada de vento e chuva para o

interior dos ambientes. Na alvenaria estrutural, além das funções descritas acima, as paredes

Page 40: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

36

denominadas de portantes fazem parte da estrutura da edificação e possuem o papel de

absorver e transmitir as cargas uniformemente ao longo das fundações ou estruturas de apoio.

O conhecimento das características e das interações entre os materiais

constituintes, bem como os demais aspectos que afetam as propriedades físicas e mecânicas

de um elemento, se faz necessário para compreender o funcionamento básico da alvenaria

(PARSEKIAN, HAMID, DRYSDALE, 2014). Para isso é desejável que as propriedades

especificadas para a alvenaria sejam confirmadas através de ensaios simples e de baixo custo

nos materiais individuais.

2.3.5.1 Resistência à compressão

Para Parsekian, Hamid, Drysdale (2012 apud REBOREDO, 2013), a resistência à

compressão da alvenaria é dependente em ordem decrescente da resistência do bloco, da mão-

de-obra e da resistência da argamassa. A carga máxima de compressão que uma parede é

capaz de suportar depende de sua seção transversal (espessura e comprimento), da esbeltez

(relação entre altura e espessura) e de eventuais excentricidades de carregamentos.

Para se determinar a resistência à compressão da alvenaria, Romagna (2000)

afirma que vários métodos podem ser utilizados, tais como: ensaios de paredes, pequenas

paredes e prisma, e equações baseadas em dados experimentais e nas propriedades dos

materiais. No entanto, o método mais utilizado pelo meio técnico são os ensaios de prisma e

pequenas paredes, pois são realizados com os mesmos materiais utilizados em obra e podem

ser ensaiados à compressão em qualquer laboratório que possua uma prensa de porte médio.

Levando-se em conta que o ensaio de compressão de bloco para a definição da

resistência da parede não é seguro em função de fatores relativos à interação bloco-argamassa,

e a importância da resistência à compressão para a alvenaria estrutural, juntamente com a

limitação de maquinário para o ensaio de paredes, fez do ensaio de prisma o principal corpo

de prova para avalição de alvenarias (PARSEKIAN, HAMID, DRYSDALE, 2014).

2.3.5.2 Prisma

Prismas são elementos obtidos geralmente pela superposição de dois ou três

blocos, interligados por uma junta de argamassa, destinados a ensaios de compressão axial. A

estimativa de resistência da parede através do ensaio de prismas é um procedimento adotado

Page 41: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

37

pela NBR 15961-2 (2011), e convém que os prismas sejam executados nas mesmas condições

encontradas na construção (RAMALHO e CORRÊA, 2003).

Segundo Reboredo (2013), embora o ensaio à compressão do prisma não reflita

completamente o ensaio à compressão da parede, ele fornece uma avaliação muito mais

correta sobre esta resistência, em relação ao ensaio simples do bloco de concreto de forma

isolada. Pode-se dizer que o ensaio de prisma serve como um indicador de qualidade da

parede, visto que a resistência do prisma será sempre maior que a resistência da parede, em

função de que o aumento no número de juntas tende a reduzir a resistência do painel.

Diversos autores apresentam uma tabela de correlação entre a resistência

característica à compressão do prisma (fpk) e a do bloco (fbk), mas reforçam que se faz

necessário uma confirmação vinda do fabricante do bloco.

Para Parsekian (2012), é importante ressaltar que a antiga norma brasileira (NBR

10837/89) prescrevia os resultados dos ensaios de blocos em relação a sua área bruta e os

resultados dos prismas em relação a sua área líquida. Ao dividir a carga de ruptura do prisma

por uma área inferior à utilizada nos ensaios de blocos, distorciam-se os resultados. Adotando

como referência sempre a área bruta, a nova norma corrigiu esta particularidade.

2.3.5.3 Relações prisma/bloco

A normalização brasileira não especifica tabelas de relação prisma/bloco e deixa

claro que ensaios para a caracterização destes materiais devem ser realizados sempre antes do

início de cada obra ou pelo menos a cada seis meses pelo fabricante do bloco. A especificação

da resistência à compressão da argamassa e do graute em função da resistência à compressão

do bloco e do prisma, é uma premissa básica e deve ser definida através dos resultados

obtidos nos ensaios na fase de projeto (PARSEKIAN, HAMID, DRYSDALE, 2014).

Na tabela 8 estão indicadas algumas relações prisma/bloco estimadas em função

das resistências do bloco, argamassa e eventual graute. Cabe destacar, que esta tabela é apenas

indicativa, e que cada situação deve ser avaliada através de ensaios ou baseada no histórico de

determinado produto. Variações nestes valores foram observadas em blocos de qualidade

duvidosa.

Page 42: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

38

Tabela 8 - Relações prisma/bloco estimadas.

Fonte: Adaptado de Parsekian, Hamid, Drysdale (2014)

2.3.5.4 Propriedades elásticas

A relação entre tensão e deformação da alvenaria é um importante parâmetro de

projeto e tem influência significativa na configuração deformada da estrutura. Além disso,

este parâmetro será utilizado diretamente na relação modular entre a alvenaria e o aço durante

o equacionamento à flexão (RAMALHO e CORRÊA, 2003).

Como o módulo de deformação da alvenaria (Ea) está diretamente ligado às

características dos blocos e da argamassa, ainda restam muitas dúvidas sobre que valores se

devem utilizar. Dentro de um enfoque mais simplificado, tem-se estimado o módulo de

deformação em relação à resistência do prisma. Após a realização dos ensaios nos prismas e a

elaboração do diagrama tensão/deformação, calcula-se o módulo de deformação como a

secante ou corda de curva entre 5 e 30% da tensão de ruptura (PARSEKIAN, HAMID,

DRYSDALE, 2014).

fbk fa fgk fpk f*

pk fpk/fbk f*

pk/fbk

3,0 4,0 15,0 2,40 4,80 0,80 2,00

4,0 4,0 15,0 3,20 6,40 0,80 2,00

6,0 6,0 15,0 4,80 8,40 0,75 1,75

8,0 6,0 20,0 6,40 11,20 0,75 1,75

10,0 8,0 20,0 7,50 13,13 0,70 1,75

12,0 8,0 25,0 9,00 14,40 0,70 1,60

14,0 12,0 25,0 9,80 15,68 0,70 1,60

16,0 12,0 30,0 11,20 17,92 0,70 1,60

18,0 14,0 30,0 12,60 20,16 0,70 1,50

20,0 14,0 30,0 14,00 22,40 0,70 1,50

MPa

fa - resistência média à compressão da argamassa

fbk - resistência característica à compressão do bloco

fgk - resistência característica à compressão do graute

fpk - resistência característica à compressão do prisma oco

f*

pk - resistência característica à compressão do prisma cheio.

Page 43: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

39

A NBR 15961-1 (2011) preconiza que se utilize o módulo de deformação

longitudinal igual a 800*fpk, limitando-se ao valor máximo de 16 GPa. O coeficiente de

Poisson da alvenaria a ser utilizado será de 0,20.

Para as verificações de estados limites de serviço (ELS), recomenda-se a redução

dos módulos de deformação em 40%, considerando assim de forma aproximada o efeito de

fissuração da alvenaria.

2.4 SEGURANÇA DAS ESTRUTURAS

A segurança e o comportamento adequado em serviço são duas premissas básicas

no dimensionamento de estruturas. O primeiro aspecto corresponde à necessidade de reduzir

ao máximo os riscos de ruptura provenientes de qualquer atividade envolvendo pessoas, e o

segundo está relacionado a propiciar aos usuários um funcionamento adequado e com baixo

custo de manutenção (HENRIQUES, 1998).

Segundo Henriques (1998), não se pode garantir a segurança completa de uma

estrutura devido à incapacidade de prever os carregamentos futuros e de conhecer de forma

rigorosa as propriedades dos materiais utilizados. As inúmeras fontes de incerteza podem

gerar situações extremas, que não condizem com a realidade.

A segurança de uma estrutura pode ser entendida como a capacidade que a mesma

tem de suportar as ações impostas durante a sua vida útil, satisfazendo ainda os

condicionantes funcionais a que foi destinada por ocasião da sua construção (RAMALHO e

CORRÊA, 2003). Este conceito é qualitativo e para que possa ser quantificado, utilizam-se

processos analíticos, numéricos e experimentais, que determinam esforços, deformações e

deslocamentos da estrutura, permitindo um comparativo com os critérios de resistência dos

materiais estruturais utilizados.

Os métodos clássicos de dimensionamento, anteriores ao conceito de estados

limites, adotavam coeficientes de segurança globais de modo a limitar as tensões admissíveis

na estrutura. A distribuição dos esforços ao longo da estrutura era balizada pela teoria da

elasticidade linear e os cálculos das tensões eram realizados segundo os métodos clássicos da

resistência dos materiais (HENRIQUES, 1998). A verificação da segurança através dos

conceitos de estados limites introduziu novos métodos de cálculos permitindo considerar de

maneira simples o comportamento real dos materiais, bem como dar um tratamento mais

Page 44: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

40

adequado para o caráter incerto da resposta estrutural e das ações, através das definições de

valores característicos e de cálculo.

A seguir, serão apresentados os conceitos básicos relativos ao Método das

Tensões Admissíveis, utilizado na antiga norma de alvenaria estrutural, a NBR 10837 (1989),

e ao Método dos Estados Limites, utilizado atualmente pela NBR 15961-1 (2011).

2.4.1 Método das Tensões Admissíveis

A antiga norma de alvenaria estrutural, a NBR 10837 (1989) adotava a verificação

de segurança estrutural pelo método das tensões admissíveis, considerando o comportamento

estrutural de forma determinística. Isto significa que para um mesmo elemento, sujeito as

mesmas condições de vínculo, a repetição de um carregamento ao longo do tempo propiciaria

as mesmas respostas estruturais, ou seja, as mesmas deformações, tensões, esforços e

deslocamentos (RAMALHO e CORRÊA, 2003). Este método estabelece um coeficiente de

segurança interno (γi) e impõem a condição de que as maiores tensões na estrutura não

ultrapassem valores admissíveis, obtidos de forma empírica, pela razão entre as tensões de

ruptura e o coeficiente de segurança adotado.

Em resumo:

Onde:

S = tensão máxima atuante;

R = tensão de ruptura ou escoamento do material;

γi = coeficiente de segurança interno.

O método das tensões admissíveis estabelece uma distância entre as tensões de

serviço e ruptura, caracterizando este modelo de segurança como limitado quando a estrutura

deixa de apresentar um comportamento linear, o que acontece quando a mesma aproxima-se

da ruptura, fazendo com que o coeficiente de segurança interno não seja mais representativo.

Ramalho e Corrêa (2003) conclui que este método possui algumas deficiências que podem ser

consideradas sérias e estão apresentadas abaixo:

Impossibilidade de interpretação de γi como um coeficiente externo;

Preocupação exclusiva com a relação serviço-ruptura;

Adequação apenas ao comportamento linear.

Page 45: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

41

2.4.2 Método dos Estados Limites

A NBR 15961-1 (2011) passou a adotar como modelo de verificação da segurança

estrutural, o método dos estados limites. De um modo geral, quando uma determinada

estrutura deixa de apresentar qualquer uma das finalidades para a qual foi construída, diz-se

que ela atingiu um estado limite (REBOREDO, 2013).

Segundo Ramalho e Corrêa (2003) os estados limites podem ser definidos como:

Estado limite último (ELU) que corresponde à perda da capacidade

portante da estrutura, ocasionada pela desestabilização do equilíbrio,

ruptura, colapso, deterioração por fadiga ou excesso de deformação

plástica, inviabilizando a sua utilização como estrutura.

Estado limite de serviço (ELS) que está relacionado a exigências

funcionais e/ou de durabilidade da estrutura, podendo ser causado pelo

excesso de deslocamentos, deformações, danos ou vibrações.

A segurança é introduzida neste método mediante a verificação dos estados

limites de serviço e através da definição empírica de coeficientes de segurança externos (γe),

relativos ao estado limite último.

O dimensionamento baseado no método dos estados limites pode ser resumido da

seguinte maneira:

Sendo:

; e

( );

Onde:

Sd = solicitação de cálculo;

Rd = resistência de cálculo;

Rk e Fk = valores característicos de resistência e ação;

γm e γf = coeficientes de ponderação.

Geralmente os valores característicos são adotados de modo que 95% das

resistências verificadas na estrutura excedam Rk e que 95% das ações aplicadas sejam

menores que Fk.

Page 46: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

42

2.5 CONCEPÇÃO E ANÁLISE ESTRUTURAL

A concepção da estrutura consiste em determinar quais paredes serão

consideradas como sendo estruturais, diante de fatores que poderão condicionar esta escolha,

como o tipo de utilização da edificação ou a simetria da estrutura. Este conjunto de elementos

portantes é denominado de sistema estrutural (RAMALHO e CORRÊA, 2003).

Segundo Camacho (2006), na alvenaria estrutural, as paredes escolhidas como

resistentes trabalhando em conjunto com as lajes formam um sistema estrutural tipo caixa e

estarão sujeitas a ações verticais (cargas permanentes e acidentais) e horizontais (cargas de

vento).

Já a análise estrutural engloba o levantamento de todas as ações que estarão

atuando sobre a estrutura ao longo da sua vida útil, a avaliação comportamental da estrutura,

bem como o processo de cálculo, objetivando a quantificação dos esforços solicitantes e dos

deslocamentos que devem ocorrer na estrutura. Diante disso, Camacho (2006) afirma que é

importantíssimo:

Determinar corretamente as ações que irão atuar na estrutura;

Discretizar corretamente o sistema estrutural, de modo que o modelo

matemático se comporte de uma maneira mais próxima da realidade;

Considerar adequadamente as não-linearidades físicas e geométricas do

sistema estrutural.

Figura 8 - Ações atuantes em um sistema tipo caixa

Fonte: Camacho (2006)

Page 47: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

43

2.5.1 Ações

Para Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), a estrutura estará sujeita a diversas ações

de naturezas distintas, principalmente em edifícios de alvenaria estrutural. A tabela 9 indica

várias naturezas de ações que podem ocorrer nas estruturas, as quais estão classificadas

segundo a NBR 8681 (2003) – Ações e segurança nas estruturas. Tais ações são quantificadas

por seus valores representativos e os valores de cálculo são obtidos através da adoção de

coeficientes de ponderação, que variam em função do tipo de uso da edificação, bem como se

no processo de combinação de ações os efeitos provocados são favoráveis ou desfavoráveis.

Tabela 9 - Classificação das ações.

Fonte: Adaptado de Parsekian, Hamid, Drysdale (2014)

2.5.1.1 Ações verticais

Camacho (2006) relata que as ações verticais tendem a atuar de forma direta sobre

as paredes resistentes ou sobre as lajes, que trabalhando como placas, transmitem as cargas

para as paredes resistentes, que por sua vez às transitem para a fundação ou para as estruturas

de apoio.

Peso Próprio

Peso dos elementos de construção

Peso dos elementos fixos

Empuxo de terra e liquídos

Recalques

Retração

Fluência

Erros de execução geométricos

Protensão

Cargas acidentais

Ação do vento

Cargas de construção

Variação de temperatura

Ações dinâmicas

Furacão

Terremotos

Explosões

Excepcionais Indiretas

Diretas

Indiretas

Permanentes

Diretas

Indiretas

Variáveis

Page 48: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

44

As cargas que devem ser consideradas em uma estrutura dependem do tipo e da

utilização da referida edificação, sendo que para edifícios residenciais em alvenaria estrutural

as principais cargas que estarão atuando sobre as paredes são as ações provenientes das lajes e

o peso próprio das paredes (RAMALHO e CORRÊA, 2003).

Os valores mínimos para as ações verticais devem ser definidos segundo a NBR

6120 (1980) – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações.

As principais cargas que atuam nas lajes dos de edifícios residenciais estão

divididas em dois grandes grupos:

Cargas permanentes: composta pelo peso próprio da laje, contrapiso,

revestimento, piso e paredes não estruturais. O cálculo das ações

permanentes é definido segundo o volume e o peso específico de cada

material.

Cargas variáveis: são cobertas pela sobrecarga de utilização, que para

edifícios residenciais variam entre 1,5 e 2,0 kN/m².

Já o peso próprio das paredes pode ser obtido segundo a seguinte equação:

Onde:

p = peso próprio da alvenaria (por unidade de comprimento);

γ = peso específico da alvenaria;

t = espessura da parede;

h = altura da parede.

Quanto ao parâmetro mais importante da equação (o peso específico da alvenaria),

devem ser consideradas as condições específicas da alvenaria utilizada. Para o presente

trabalho é importante destacar estes valores para blocos vazados de concreto (γ = 14 kN/m³) e

para blocos vazados de concreto preenchidos com graute (γ = 24 kN/m³).

2.5.1.1.1 Dispersão de ações verticais

Segundo a NBR 15961-1 (2011), o caminho percorrido pelas ações deve estar

claramente definido desde o seu ponto de aplicação até a fundação ou onde se suponha que

seja o final da estrutura de alvenaria.

Page 49: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

45

A análise das estruturas de alvenaria pode ser realizada considerando-se um

comportamento elástico-linear e a dispersão de qualquer ação vertical concentrada ou

distribuída sobre uma parede de alvenaria com amarração direta em seu próprio plano, se dará

segundo uma inclinação de 45° em relação ao plano horizontal (figura 9). Se esta dispersão

pode ser observada no plano da parede, é de se supor que também ocorra entre paredes com

amarração direta (REBOREDO, 2013).

Figura 9 - Dispersão de ações verticais

Fonte: Adaptado da NBR 15961-1 (2011)

2.5.1.1.2 Interação de paredes para carregamento vertical

A NBR 15961-1 (2011) especifica que a interação de elementos adjacentes deve

ser considerada quando houver garantia de que as forças de interação podem se desenvolver

entre esses elementos e de que há resistência suficiente na interface para transmiti-las, sendo

que o modelo de cálculo adotado deve ser compatível com o processo construtivo.

Ainda segundo a NBR 15961-1 (2011), somente deve-se considerar que existirá a

interação quando se tratar de borda ou canto com amarração direta, definida como a

intersecção de paredes onde 50% dos blocos penetram alternadamente na parede interceptada.

Em outras situações de ligação, a interação só poderá ser considerada mediante

experimentação.

Segundo Côrrea (2012, apud REBOREDO, 2013), para diferentes tensões entre

paredes com amarração direta, uma parede mais carregada tende a carregar a outra, existindo

assim um alívio benéfico para a que esta mais carregada sem prejudicar a que esta menos

carregada (figura 10).

Page 50: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

46

Figura 10 - Espalhamento do carregamento em paredes planas e em "L"

Fonte: Ramalho e Corrêa (2013)

Essa interação que ocorre através da transferência de forças nessa interface

comum é provocada pela tendência de um deslocamento relativo, uma se apoiando na outra,

existindo a transmissão de esforço cortante (figura 11). Também ocorre para as ações

horizontais quando se considera a contribuição dos flanges, como será visto posteriormente.

Desta forma, conclui-se que a tensão na interface pode ser causada tanto por ação vertical

como por ação horizontal.

Figura 11 - Interação de paredes em um canto

Fonte: Ramalho e Corrêa (2013)

Para Côrrea (2012, apud REBOREDO, 2013), a sintetização deste fenômeno só

será verificada mediante comprovação experimental, determinação de regras de espalhamento

Page 51: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

47

para as tensões, estabelecimento de um modelo de cálculo simples que possa ser aplicado na

prática e a determinação da resistência da interface vertical.

2.5.1.1.3 Distribuição e uniformização das cargas

Geralmente, as cargas verticais atuantes sobre as paredes em um determinado

nível da edificação, apresentam valores bem diferenciados. No entanto, não é recomendado

que para o mesmo pavimento fossem utilizados blocos com resistências diferentes, visto que

os mesmos não apresentam nenhuma indicação explícita dessa resistência e poderiam ser

facilmente confundidos (RAMALHO e CORRÊA, 2003).

Desse modo, segundo Ramalho e Corrêa (2003), a parede mais carregada acaba

definindo a resistência dos blocos que serão utilizados em todas as paredes de um mesmo

pavimento. O grauteamento de alguns pontos poderia ser adotado, aumentando-se assim a

resistência da parede sem modificar a resistência do bloco, mas esta solução não deve ser

utilizada de modo extensivo, em função do custo e das dificuldades de execução.

Conclui-se então que quanto maior for a uniformização das cargas verticais ao

longo da altura da edificação, maiores serão as vantagens econômicas, visto que os blocos a

serem especificados necessitarão de resistências menores, sem que se comprometa a

segurança da estrutura. De forma inversa, se a suposta uniformização não ocorrer na prática,

haverá uma significativa redução na segurança da edificação.

2.5.1.1.4 Métodos de distribuição das ações verticais

Para auxiliar na definição de distribuição dos carregamentos verticais, apresenta-

se a seguir alguns dos procedimentos mais indicados, possuindo cada um suas vantagens,

desvantagens e aplicações apropriadas.

- PAREDES ISOLADAS

Ramalho e Corrêa (2003) relata que neste procedimento simples e rápido,

considera-se cada parede como um elemento independente, que não interage com os demais

elementos da estrutura. Para determinar a carga atuante em uma parede num certo nível, basta

somar todos os carregamentos atuantes nesta parede referentes aos pavimentos posicionados

acima do nível especificado. Este procedimento, além de simples é também muito seguro para

Page 52: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

48

as paredes, pois não havendo a uniformização das cargas, as resistências especificadas para os

blocos serão sempre mais elevadas do que se fosse considerada a uniformização.

Obviamente, o ponto negativo é que a economia sai penalizada, visto que blocos

mais resistentes consequentemente são mais caros. Junte-se a isso que considerar o isolamento

completo das paredes não é realisticamente verossímil para a maioria das edificações. Isto

poderia provocar uma estimativa de cargas equivocada atuando sobre estruturas

complementares, como fundações e estruturas de apoio em concreto armado.

A recomendação, segundo Parsekian (2012) é que este tipo de procedimento seja

utilizado para edificações relativamente baixas, onde efeitos negativos são menos

perceptíveis, e para casos onde não há amarração entre paredes.

Figura 12 - Distribuição de cargas verticais para paredes isoladas

Fonte: Parsekian (2012)

- GRUPO ISOLADO DE PAREDES

Pode-se definir que um grupo nada mais é do que um conjunto de paredes que

supostamente são totalmente solidárias entre si. E geralmente os limites dos grupos são

definidos por portas, janelas e outras aberturas.

Neste procedimento as cargas são consideradas totalmente uniformizadas em cada

grupo de paredes, ou seja, as forças de interação em cantos e bordas são consideradas

suficientes, de modo que o espalhamento e a uniformização total estejam garantidos. Como as

forças de interação são desconsideradas nos limites dos grupos, cada grupo tende a trabalhar

isolado do demais (RAMALHO e CORRÊA, 2003).

Page 53: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

49

Mesmo implicando em um trabalho um pouco maior do que para o caso de

paredes isoladas, este é um procedimento bem simples de ser implementado, bastando que

todas as cargas a serem aplicadas em qualquer parede de um determinado grupo sejam

unificadas e posteriormente distribuídas pelo comprimento total das paredes pertencentes ao

grupo. Encontrando a carga de um pavimento para um determinado grupo, basta multiplicar

pelo número de pavimentos dispostos acima do nível que se pretende verificar.

Segundo Ramalho e Corrêa (2003), é um procedimento seguro, mas que pode

apresentar distorções dependendo de quais paredes são consideradas em determinado grupo.

Considera-se que as reações produzidas são adequadas para eventuais estruturas de apoio, o

que é um detalhe bem importante a ser levado em consideração. Quanto à economia,

admitindo a escolha correta dos grupos, é um procedimento bem racional e que resulta em

especificações de blocos adequadas, visto que a redução das resistências necessárias para os

blocos é bastante significativa em relação aos resultados obtidos através das paredes isoladas.

Desta forma, é um procedimento considerado adequado para edificações de qualquer altura,

no entanto é fundamental que se comprove a existência das forças de interação em cantos e

bordas, princípio básico para aplicação do método.

Figura 13 - Distribuição de cargas verticais para um grupo de paredes

Fonte: Parsekian (2012)

Page 54: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

50

- GRUPO DE PAREDES COM INTERAÇÃO

Trata-se de uma extensão do procedimento anterior que possui uma sofisticação

adicional de modo que os próprios grupos de paredes interajam entre si. Enquanto no anterior

se considerava apenas a interação em cantos e bordas, neste procedimento se considera

também as forças de interação sobre as aberturas. Obviamente que essa interação não deve se

limitar a uniformizar totalmente o carregamento, o que seria equivalente a determinar a carga

vertical total do pavimento e distribui-la pelo comprimento total das paredes, obtendo uma

carga média igual em todos os elementos. Torna-se então conveniente a definição de uma taxa

de interação que represente o quanto da diferença de cargas entre os grupos que estão

interagindo deve ser uniformizada em cada nível, além de ser importante também especificar

quais grupos de paredes estão interagindo, garantindo ao projetista o controle sobre o

processo (RAMALHO e CORRÊA, 2003).

É bem mais trabalhoso que os métodos anteriores e como forma de reduzir a

ocorrência de possíveis erros recomenda-se que o processo seja automatizado através de

computadores. Quanto á segurança, é difícil adotar uma posição simplista e será exigida

bastante experiência do projetista, bem como resultados experimentais para a sua utilização,

mas se bem utilizado é seguro e produz inclusive ações adequadas para eventuais estruturas

de apoio. A economia é seu grande atrativo, visto que a resistência dos blocos resultante de

sua utilização tende a ser menor do que em outros métodos apresentados aqui.

Para a sua utilização é de fundamental importância de que se comprove a

existência de forças de interação tanto em cantos e bordas como nas regiões de aberturas.

- MODELAGEM TRIDIMENSIONAL EM ELEMENTOS FINITOS

Neste método a ideia é modelar a estrutura discretizada com elementos de

membrana ou chapa, aplicando-se os carregamentos ao nível de cada pavimento, para que

desta forma a uniformização aconteça através da compatibilização ao nível de cada nó.

Para Ramalho e Corrêa (2003) é um procedimento bem interessante, mas que

apresenta alguns inconvenientes como a dificuldade na montagem dos dados e na

interpretação dos resultados, bem como a definição de elementos que possam representar o

material “alvenaria”. Atualmente, este método não é viável para projetos usuais, em função da

necessidade de pesquisas adicionais e o desenvolvimento de elementos que possam simular de

forma satisfatória a alvenaria, garantindo eficiência e segurança para a estrutura.

Page 55: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

51

2.5.1.2 Ações horizontais

A análise da resistência às ações horizontais é de suma importância,

principalmente em edifícios altos, visto que as mesmas tendem a provocar esforços de flexão

e cisalhamento nas paredes, gerando tensões de tração na alvenaria, o que deve ser evitado.

Para Camacho (2006), as ações horizontais, atuando ao longo de uma parede de

fachada, são transmitidas para as lajes, que trabalhando como diafragmas rígidos, as

retransmitem para as paredes paralelas à direção das ações, conforme ilustrado na figura 14.

Estas paredes, denominadas de paredes de contraventamento, terão a função de transmitir as

ações horizontais para as fundações ou estruturas de apoio, e para tal, se faz necessário que a

ligação laje/parede seja capaz de resistir aos esforços de cisalhamento que surge nesta

interface.

Figura 14 - Distribuição da ação do vento para as paredes de contraventamento.

Fonte: Ramalho e Corrêa (2013)

No geral, a laje atuando como placa, possui uma rigidez muito grande no seu

plano, fazendo com que as ações horizontais possam ser distribuídas entre as paredes de

contraventamento de forma proporcional à rigidez de cada parede, uma vez que todas estarão

sujeitas a um mesmo deslocamento horizontal, conforme pode ser observado na figura 15

(CAMACHO, 2006).

Diante desta afirmação, devem ser adotadas as medidas necessárias para que esta

suposição seja validada durante a definição do processo construtivo. Lajes pré-moldadas

podem ser utilizadas com certas restrições, especialmente em edifícios acima de cinco ou seis

pavimentos, onde as ações horizontais tendem a ser mais significativas. No entanto, mesmo

Page 56: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

52

para edifícios mais baixos, é interessante a utilização de lajes pré-moldadas com capa de

concreto moldada in loco e com armaduras posicionadas em duas direções ortogonais.

Somente assim, pode-se admitir que ocorrerá um travamento razoável dos painéis que

compõem a estrutura de contraventamento. Em todo caso, para que se admita a existência de

um diafragma, as lajes moldadas in loco tendem a ser mais adequadas (RAMALHO e

CORRÊA, 2003).

Figura 15 - Deslocamento horizontal em paredes de contraventamento.

Fonte: Camacho (2006)

Camacho (2006) afirma que a suposição anterior só é válida para estruturas

simétricas, quando a resultante das ações horizontais coincidir com o eixo de torção da

estrutura. As estruturas assimétricas tendem a estar sujeitas a um esforço de torção, o qual

deve ser considerado na distribuição do carregamento horizontal.

Segundo Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), as ações horizontais comuns em

edifícios são devidas ao vento e eventuais empuxos (no caso de paredes enterradas ou

depósito de grãos ou líquidos). Considerando-se um aumento no esforço de flexão, pelo fato

do carregamento vertical ser deslocado do centro geométrico quando ocorre um desaprumo na

edificação, também deve ser imposta uma ação lateral que produza o mesmo efeito.

2.5.1.2.1 Vento

A ação do vento é determinada em uma estrutura segundo as prescrições na NBR

6123 (1988) – Forças devidas ao vento em edificações, e depende de vários fatores como a

localização, dimensões e utilização da edificação, bem como da tipologia e rugosidade do

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53

terreno. Calculam-se as pressões do vento que estão atuando em cada fachada da edificação e

que variam de acordo com a altura. A multiplicação das pressões encontradas pela área de

obstrução de cada pavimento resulta em forças estáticas aplicadas ao nível de cada pavimento

e posteriormente são transmitidas pela laje para as paredes de contraventamento.

De forma sucinta, descreve-se a seguir os cálculos realizados para a consideração

do efeito do vento nas estruturas, de acordo com a NBR 6123 (1988).

A componente da força global na direção do vento, denominada de força de

arrasto (Fa), é dada por:

Sendo:

Ca = coeficiente de arrasto;

q = pressão dinâmica do vento (N/m²);

Ae = área frontal efetiva (m²) – relativa à projeção da fachada.

O coeficiente de arrasto para edificações paralelepipédicas em vento de baixa

turbulência é obtido através da figura 4 da NBR 6123 (1988) localizada na página 20 da

referida norma.

A pressão dinâmica do vento é dada pela seguinte equação:

Onde:

Vk = velocidade característica do vento, dada por:

Sendo:

V0 = velocidade básica do vento, obtida do mapa das isopletas da NBR 6123

(1988), localizado na página 6 da referida norma;

S1 = fator topográfico que leva em consideração as variações do relevo onde o

terreno está inserido e é determinado segundo o item 5.2 da NBR 6123 (1988);

S2 = fator que considera o efeito combinado da rugosidade do terreno e das

dimensões da edificação, bem como da variação da velocidade do vento em relação à altura

acima do nível do terreno. Determinado segundo o item 5.3 da NBR 6123 (1988);

S3 = Fator estatístico, definido segundo o item 5.4 da NBR 6123 (1988), o qual

considera o grau de segurança e a vida útil da edificação.

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54

2.5.1.2.2 Imperfeições geométricas globais (desaprumo)

A NBR 15961-1 (2011) especifica que em edifícios de múltiplos andares, deve ser

considerado um desaprumo global, através do ângulo de desaprumo (θa), em radianos,

conforme ilustrado na figura 16.

Figura 16 - Imperfeições geométricas globais

Fonte: NBR 15961-1 (2011)

Onde:

Sendo H a altura total da edificação em metros.

Para Ramalho e Corrêa (2003), este procedimento é bem racional, visto que o

ângulo de desaprumo decresce em relação à altura da edificação e isto já é esperado, pois a

probabilidade de erros de prumo em cada pavimento acontecerem todos para o mesmo lado é

bem pequena.

É importante destacar um aspecto prático para a consideração do desaprumo, onde

através do ângulo θa, pode-se determinar uma ação horizontal equivalente, a ser aplicada ao

nível de cada pavimento, definida de acordo com a seguinte equação:

Em que:

Fd = força horizontal equivalente ao desaprumo;

∆P = peso total do pavimento considerado (kN).

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55

Estas forças que aparecem esquematizadas na figura 17, segundo Ramalho e

Corrêa (2003), podem ser simplesmente adicionadas às ações do vento, permitindo que a

consideração desse efeito seja feita de maneira simples e segura.

Figura 17 - Ação horizontal equivalente para consideração do desaprumo

Fonte: Adaptado de Ramalho e Corrêa (2003)

2.5.1.2.3 Distribuição das ações horizontais

Segundo Reboredo (2013), a distribuição das ações horizontais entre as paredes de

contraventamento é feita de forma proporcional às suas respectivas rigidezes, partindo-se da

validação da hipótese de rigidez infinita das lajes atuando como chapa, as quais acabam

impondo deslocamentos iguais para os painéis. Neste modelo é considerada uma associação

plana dos painéis, os quais são isolados e desconsiderados de lintéis, sendo que as paredes são

separadas pelas aberturas de portas e janelas.

Nas estruturas simétricas, as forças de vento e desaprumo são distribuídas

proporcionalmente às rigidezes dos elementos portantes, ou seja, cada painel irá receber uma

porção de carga proporcional a sua rigidez, em relação a todos os painéis da mesma direção.

A determinação da rigidez de cada parede pode ser obtida segundo dois modelos:

Paredes engastadas em ambas as extremidades: representam as paredes

situadas nos pavimentos mais baixos das edificações.

Paredes em balanço: representam as paredes situadas em níveis superiores

dos edifícios e /ou paredes de construções térreas e sobrados.

Page 60: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

56

Dentre os dois modelos apresentados, o mais utilizado é o de paredes em balanço

aplicado em todos os pavimentos, sendo que cada painel i é considerado engastado na base e

livre no topo, onde se aplicando uma força horizontal unitária, ter-se-á um deslocamento ∆i,

dado por:

Onde:

I = momento de inércia da parede;

H = altura da parede;

E = módulo de elasticidade longitudinal da alvenaria;

G = módulo de elasticidade transversal da alvenaria;

C = fator corretivo de cisalhamento (1,2 para seções retangulares);

A = área da seção transversal da parede;

∆f = parcela de deslocamento devido à flexão;

∆c = parcela do deslocamento devido ao cisalhamento.

Nas paredes altas têm-se a predominância da parcela de deslocamento relativo à

flexão, enquanto nas paredes baixas a predominância é função do esforço cortante. Sendo as

paredes altas e constituídas do mesmo material, a distribuição poderá ser feita de forma direta,

proporcionalmente às inércias das paredes, ou seja, a rigidez é simplesmente o momento de

inércia da parede (REBOREDO, 2013).

A rigidez Ri é inversamente proporcional ao deslocamento ∆i, e dada por:

Neste modelo, as forças horizontais em cada parede de contraventamento possuem

uma proporcionalidade segundo a rigidez de cada parede:

Nesses casos o deslocamento global da estrutura se dá somente na translação do

diafragma, não havendo a existência de torção. Havendo momento de torção em planta, cada

parede estará sujeita a uma parcela de força adicional igual a:

Page 61: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

57

∑(

)

∑(

)

Com xi e yi iguais à distância do centro de gravidade da parede ao centro de torção

do edifício.

Determinadas as ações ao nível de cada pavimento, pode-se então determinar os

esforços solicitantes, principalmente o momento fletor. A tensão normal relativa a este

momento pode ser calculada segundo a equação tradicional da resistência dos materiais:

Onde:

M = momento fletor atuante na parede;

W = módulo de resistência à flexão definido por:

.

Definidas as paredes de contraventamento e conhecida a resultante das ações

horizontais, se faz necessário estipular qual o quinhão de carga que corresponde a cada

parede, podendo-se então, obter os deslocamentos, tensões máximas, esforços de

cisalhamento e verificar a existência de tensões de tração.

2.5.1.2.4 Efeitos de torção

Os efeitos de torção nas edificações podem estar associados a várias causas,

dentre as quais podemos citar: distribuição desigual das pressões de vento, assimetria do

sistema estrutural, turbulência e incidência oblíqua do vento. Reboredo (2013) relata que

ensaios em túnel de vento mostraram que, mesmo em edifícios prismáticos de planta

retangular e com eixo de torção coincidindo com o eixo geométrico da estrutura, aparecem

efeitos de torção consideráveis, devidos às causas relatadas anteriormente.

Da mesma forma, as condições de vizinhança podem alterar de maneira

significativa os valores dos coeficientes aerodinâmicos incidentes sobre os edifícios e,

consequentemente, as ações oriundas do vento.

Page 62: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

58

Com o objetivo de se considerarem os efeitos que provocam torção na edificação,

a NBR 6123 (1988) sugere a adoção de excentricidades em relação ao eixo vertical

geométrico da estrutura, para as forças de vento que incidem perpendicularmente nas fachadas

da edificação, conforme ilustrado na figura 18.

Figura 18 - Aplicação das excentricidades devidas ao vento

Fonte: Adaptado de Reboredo (2013)

Segundo a NBR 6123 (1988), de acordo com as características da vizinhança, as

excentricidades a serem adotadas podem ser definidas da seguinte forma:

Edificações sem efeitos de vizinhança

Edificações com efeitos de vizinhança

Sendo ea medido na direção do lado maior (a) e eb medido na direção do lado

menor (b).

Page 63: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

59

2.5.1.2.5 Consideração de flanges em painéis de contraventamento

Como em determinadas estruturas de alvenaria o efeito das ações horizontais é

predominante, muitas vezes a simples escolha de paredes lineares para resistir a estes esforços

não é suficiente, induzindo o aparecimento de tensões exageradas, tanto de tração como de

compressão. Para uma correta consideração da rigidez dos painéis de contraventamento,

recomenda-se a contribuição das abas ou flanges, que nada mais são do que trechos de

paredes transversais ligados de forma solidária ao painel (figura 19), alterando

significativamente a sua rigidez, em especial o momento de inércia relativo à flexão

(RAMALHO E CORRÊA, 2003).

Figura 19 - Consideração de abas em painéis de contraventamento.

Fonte: Ramalho e Corrêa (2003)

Segundo Ramalho e Corrêa (2003) podem-se destacar duas vantagens. A primeira

diz respeito a uma maior sutileza na determinação da rigidez de cada painel, pois como a

quantidade de carga é distribuída proporcionalmente a essas rigidezes, a ausência das abas

pode influir de forma negativa nesta distribuição, provocando uma sub ou superestimação na

rigidez de alguns painéis, distribuindo erroneamente algumas ações. A segunda vantagem é

que as abas geralmente dobram a inércia dos painéis e desta forma, praticamente reduzem em

50% as tensões obtidas, evitando-se o aparecimento de tensões elevadas, inclusive trações, o

que poderia inviabilizar a estrutura.

De acordo com a NBR 15961-1 (2011), as abas devem ser adotadas tanto para a

determinação da rigidez de cada painel de contraventamento, como para o cálculo das tensões

normais devidas a flexão, oriundas das ações horizontais, não sendo permitida a sua

participação na absorção dos esforços de cisalhamento durante o dimensionamento.

Page 64: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

60

O comprimento efetivo de flanges em painéis de contraventamento deve respeitar

o limite: , onde t é a espessura da parede.

2.5.1.3 Valores reduzidos de ações variáveis

Segundo a NBR 15961-1 (2011), como a probabilidade de que duas ou mais ações

variáveis de naturezas distintas com seus valores característicos estejam ocorrendo

simultaneamente é muito baixa, podem ser adotados valores reduzidos para tais ações.

Nas verificações de estado limite último, estes valores serão obtidos

multiplicando-se os valores característicos Fk pelo parâmetro Ψ0, cujos valores mais comuns

estão representados na tabela 10.

Tabela 10 - Coeficientes para redução de ações variáveis

Fonte: NBR 15961-1 (2011)

2.5.1.4 Valores de cálculo das ações

Os valores de cálculo (Fd) são obtidos multiplicando-se os valores representativos

das ações por coeficientes de ponderação, que para os casos mais comuns estão definidos na

tabela 11 (NBR 15961-1, 2011).

Tabela 11 - Coeficientes de ponderação para combinações normais de ações.

Fonte: NBR 15961-1 (2011)

Ψ0

Edifícios residenciais 0,5

Edifícios comerciais 0,7

Biblioteca, arquivos, oficinas e garagens 0,8

Vento Pressão do vento para edificações e,geral 0,6

Ações

Cargas acidentais

em edifícios

Desfavorável Favorável

Edificações Tipo 1a e pontes em geral 1,35 0,9

Edificações Tipo 2b 1,40 0,9

Edificações Tipo 1a e pontes em geral 1,50 -

Edificações Tipo 2b 1,40 -

b Edificações Tipo 2 são aquelas em que as cargas acidentais não superam 5 kN/m².

EfeitoTipo de estrutura

Categoria

da ação

Permanentes

Variáveis

a Edificações Tipo 1 são aquelas em que as cargas acidentais superam 5 kN/m².

Page 65: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

61

2.5.1.5 Combinação de ações

Segundo a NBR 15961-1 (2011), para cada tipo de carregamento devem-se levar

em consideração todas as possíveis combinações de ações que possam provocar os efeitos

mais desfavoráveis para o dimensionamento da estrutura.

As ações permanentes sempre devem ser consideradas. As ações variáveis apenas

quando produzirem efeitos desfavoráveis à segurança. As ações variáveis móveis devem ser

consideradas nas posições mais desfavoráveis para a segurança. As excepcionais, com

exceção de impactos e explosões, não precisam ser consideradas.

Cada ação incluída em uma combinação será considerada com seu valor

representativo multiplicado pelo respectivo coeficiente de ponderação.

As combinações últimas para cargas permanentes e variáveis serão obtidas

segundo a seguinte equação:

( ∑ )

Onde:

Fd = valor de cálculo para combinação última;

ɣg = ponderador das ações permanentes (tabela 11);

FG,k = valor característico das ações permanentes;

ɣq = ponderador das ações variáveis (tabela 11);

FQ1,k = valor característico da ação variável principal;

Ψ0j*FQj,k = representa os valores característicos reduzidos das demais ações

variáveis, segundo os coeficientes da tabela 10.

Deve-se considerar todas as combinações possíveis para que se obtenha o maior

valor de Fd, alternando-se as ações variáveis que são consideradas como principal e

secundária.

2.5.2 Estabilidade Global

Recomenda-se a verificação da estabilidade global de uma estrutura de

contraventamento para qualquer edificação, no entanto é indispensável para edifícios em que,

em razão do número de pavimentos ou por algum outro motivo, suspeite-se sobre sua

condição de deslocabilidade (RAMALHO E CORRÊA, 2003).

Para entender melhor este conceito, é preciso imaginar uma estrutura submetida

de forma simultânea a um carregamento vertical e outro horizontal, onde se pode concluir que

Page 66: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

62

ocorrerá um acréscimo no momento fletor inicial, denominado de primeira ordem, conforme

ilustrado na figura 20.

Figura 20 - Momento de segunda ordem.

Fonte: Ramalho e Corrêa (2003)

Este acréscimo é chamado de momento de segunda ordem e apenas se a estrutura

fosse considerada indeslocável o mesmo não existiria, o que é impossível, face que qualquer

material possui certa flexibilidade. Como este é o caso dos edifícios em geral, especialmente

os executados em alvenaria estrutural, estas estruturas tendem a apresentar acréscimos de

esforços de segunda ordem, proporcionais a sua deslocabilidade.

Quando estes efeitos são pequenos, os mesmos podem ser desprezados e a

estrutura poderá ser dimensionada considerando-se apenas os esforços de primeira ordem,

descartando-se os efeitos secundários da combinação ação/deslocamento, e neste caso a

estrutura é tida como indeslocável.

De acordo com Reboredo (2013), por analogia às estruturas de concreto armado,

os efeitos de segunda ordem serão desprezíveis caso sejam inferiores a 10% dos valores de

primeira ordem. Para a avaliação deste limite, é possível a utilização dos chamados

parâmetros de estabilidade, que de forma simplificada estimam a rigidez da estrutura frente às

ações horizontais.

O primeiro parâmetro que pode ser adotado é conhecido por parâmetro α e foi

idealizado por Beck & Königem em 1966, onde em função da altura e peso da edificação,

bem como da rigidez à flexão do sistema de contraventamento, obtém-se um valor α para a

referida estrutura, o qual comparado a valores tabelados dará condições ao projetista de

descartar ou não os efeitos de segunda ordem.

Page 67: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

63

O outro e mais interessante é denominado de parâmetro ɣz, idealizado por Franco

& Vasconcelos em 1991, o qual foi incorporado a NBR 6118 (2014) e é um estimador do

acréscimo de esforços relativos à consideração de segunda ordem, sendo por este motivo mais

adequado que o parâmetro α. Na sua utilização consegue-se estimar o efeito de segunda

ordem apenas com o resultado do cálculo da estrutura submetida às ações verticais e

horizontais.

2.5.3 Dano acidental e colapso progressivo

Reboredo (2013) destaca que de forma básica, as normas atuais trabalham de

modo a reduzir a probabilidade de ocorrência de danos acidentais em elementos da estrutura,

bem como a evitar o colapso progressivo provocado por tais danos.

Recomendam-se três tipos de cuidados, os quais muitas vezes poderão ser

superpostos:

Proteção contra ações excepcionais, oriundas de explosões e impactos,

adotando-se estruturas auxiliares;

Adoção de armaduras construtivas como forma de reforço, aumentando

assim a ductilidade.

Consideração de uma possível ruptura de um elemento, computando-se os

efeitos dessa ocorrência nos elementos estruturais vizinhos.

Geralmente ocorre que as armaduras das lajes são interrompidas sobre os apoios.

No caso de paredes estruturais e na eventualidade de uma destas paredes ser destruída, as lajes

ali apoiadas perdem as condições mínimas para continuar suportando os carregamentos,

ocasionando a progressão de um colapso que poderia ser apenas localizado (RAMALHO e

CORRÊA, 2003).

Recomenda-se então, que para edifícios de alvenaria, as armaduras das lajes sejam

traspassadas sobre todas as paredes e que as cintas de respaldo sejam armadas de forma a

garantir uma efetiva ligação com as lajes, funcionando de certo modo como uma viga caso a

parede venha a ser retirada.

As paredes com maior probabilidade de sofrer danos acidentais são aquelas

próximas a botijões de gás e em áreas de acesso e estacionamento de veículos.

A norma antiga sobre alvenaria estrutural NBR 10837 (1989) é omissa quanto a

este assunto. Já a NBR 15961-1 (2011), trata do dano acidental e colapso progressivo em seu

Page 68: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

64

anexo A, no entanto de forma apenas informativa, deixando a critério do projetista a adoção e

verificação deste quesito em seus projetos.

2.6 PRINCIPAIS CRITÉRIOS PARA O DIMENSIONAMENTO

Neste tópico será feita a descrição e comentários a cerca das resistências, critérios

de dimensionamento e verificação dos elementos estruturais submetidos a esforços de

compressão simples, cisalhamento, flexão e flexão composta, conforme as prescrições da

NBR 15961-1 (2011).

2.6.1 Resistência de cálculo

Segundo Reboredo (2013) os critérios de resistência da antiga norma, a NBR

10837 (1989), baseavam-se no método das tensões admissíveis e o coeficiente de segurança

interno (γi) era considerado igual a 5 para se obter a tensão admissível à compressão da

alvenaria não armada, quando os cálculos eram realizados segundo a resistência média dos

prismas.

Na norma atual, a NBR 15961-1 (2011), a qual é baseada no método dos estados

limites, a resistência de cálculo é obtida dividindo-se a resistência característica pelo

coeficiente de ponderação, os quais, para verificação do estado limite último (ELU), seguem

os valores da tabela 12 e que são adequados para as obras executadas segundo as indicações

da NBR 15961-2 (2011).

Tabela 12 - Valores de ɣm

Fonte: Ramalho e Corrêa (2003)

No caso da aderência entre o aço e o graute ou argamassa que o envolve, deve-se

utilizar o valor de γm = 1,5. Já para as verificações do estado limite de serviço (ELS) o valor a

ser utilizado será γm = 1,0.

Combinações Alvenaria Graute Aço

Normais 2,0 2,0 1,15

Especiais ou de construção 1,5 1,5 1,15

Excepcionais 1,5 1,5 1,0

Page 69: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

65

Para Ramalho (2012, apud REBOREDO, 2013), como não havia relatos de

problemas em obras de alvenaria estrutural dimensionados segundo a NBR 10837 (1989), a

premissa da comissão de elaboração da nova norma foi de manter o nível de segurança que

vinha sendo usado, adotando um valor de γm que levasse a um resultado de dimensionamento

à compressão simples baseados em valores característicos de fpk equivalentes aos obtidos

anteriormente segundo os valores médios de fp.

Em uma primeira consulta pública durante a elaboração da nova norma, havia-se

adotado o valor de γm igual a 2,5, pois desta forma o resultado de fpk seria igual a fp, no entanto

estar-se-ia aumentando o nível de segurança, o que não seria adequado pelos motivos

relatados anteriormente.

Segundo Parsekian (2012), em ensaios realizados no Brasil e também em outros

países, a resistência característica de uma amostragem de prismas é igual a 80% do valor

médio desta amostra, ou seja, fpk é igual a 0,8 fp. Considerando-se o coeficiente de majoração

das ações igual a 1,4 e a antiga tensão admissível máxima de prisma igual a 20% da

resistência da parede (NBR 10837 / 1989), obtém-se um valor de ɣm equivalente igual a 2,0.

2.6.2 Critérios de dimensionamento

Tem-se que para um elemento de alvenaria em estado limite último, os esforços

solicitantes de cálculo (Sd), deverão ser menores ou iguais as resistências de cálculo (Rd).

De acordo com a NBR 15961-1 (2011) o dimensionamento deve ser realizado

considerando-se a seção homogênea e com área bruta, excetuando-se as ocasiões especificas

quando indicado.

Admitem-se as seguintes hipóteses em relação aos projetos de alvenaria não

armada sujeitos a tensões normais:

As seções transversais continuam planas após deformação;

As tensões máximas de tração deverão ser menores ou iguais à resistência

à tração da alvenaria;

As tensões máximas de compressão deverão ser menores ou iguais á

resistência à compressão simples da alvenaria e a esse valor multiplicado

por 1,5 para a compressão na flexão.

As seções transversais submetidas à flexão e flexo-compressão serão consideradas

no Estádio I.

Page 70: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

66

Para os projetos de elementos de alvenaria armada, sujeitos a tensões normais,

admitem-se as seguintes hipóteses:

As seções transversais continuam planas após a deformação;

As armaduras aderentes possuem a mesma deformação da alvenaria em

seu entorno;

A resistência à tração da alvenaria é nula;

As tensões máximas de compressão deverão ser menores ou iguais á

resistência à compressão da alvenaria;

A distribuição de tensões de compressão nos elementos de alvenaria

sujeitos à flexão pode ser representada por um diagrama retangular, com

altura igual a 0,8x;

Para flexão e flexo-compressão o encurtamento máximo da alvenaria fica

limitado a 0,35%;

O alongamento máximo do aço é limitado a 1%.

2.6.2.1 Compressão simples

A alvenaria é um sistema estrutural que possui boa resistência a esforços de

compressão, o que faz com que a resistência à compressão simples seja a mais importante e a

que aparece de forma mais comum em paredes e pilares.

Reboredo (2013) relata que as principais modificações nas verificações da

resistência à compressão na NBR 15961-1 (2011) em relação à NBR 10837 (1989) foram:

Adoção de valores característicos para resistência à compressão de paredes

(fk) e prismas (fpk);

Adoção do ensaio de pequenas paredes para a definição dos valores

característicos das mesmas (fppk) em relação à resistência à compressão;

Inclusão de critério para a diminuição da resistência quando a argamassa

for disposta apenas em cordões laterais;

Padronização do ensaio de prisma tendo como referência a sua área bruta;

Correção das prescrições para aumento da espessura efetiva quando

existirem enrijecedores na parede;

Alteração dos limites de esbeltez para alvenarias não armadas;

Page 71: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

67

Inclusão de critérios para determinar a resistência à compressão das

paredes na direção horizontal;

A contribuição de eventuais armaduras existentes deverá ser totalmente

desconsiderada, onde na norma antiga era possível considerar um aumento

de 10% na resistência nas paredes.

De acordo com a NBR 15961-1 (2011), a resistência característica à compressão

simples da alvenaria (fk) é determinada segundos ensaios de paredes (NBR 8949) ou pode ser

estimada em 70% da resistência característica de prismas (fpk), ou ainda em 85% de pequenas

paredes (fppk). As resistências características de prismas e pequenas paredes devem ser

determinadas segundo as recomendações da NBR 15961-2 (2011).

Ainda segundo a NBR 15961-1 (2011), caso as juntas horizontais possuam

argamassamento parcial e a resistência determinada seja baseada nos ensaios de prismas ou

pequenas paredes, a resistência característica à compressão simples deve ser minorada em

20%, ou seja, adotando-se o fator 0,80.

A espessura mínima para paredes estruturais em edificações com mais de dois

pavimentos foi mantida em 14 cm e o limite do índice de esbeltez, definido como a razão

entre a altura efetiva e a espessura efetiva ( ⁄ , foi aumentado para alvenaria não

armada, respeitando-se os valores máximos da tabela 13.

Tabela 13 - Valores máximos do índice de esbeltez.

Fonte: NBR 15961-1 (2011)

A espessura efetiva da parede pode ser aumentada, com a adoção de

enrijecedores, apenas para o cálculo da esbeltez, mantendo-se o cálculo da área da seção

resistente em função da espessura (t) da parede.

Segundo a NBR 15961-1 (2011), para paredes de alvenaria estrutural a resistência

de cálculo é obtida da seguinte equação:

Onde:

Nrd = força normal resistente de cálculo;

Não Armados 24

Armados 30

Page 72: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

68

fd = resistência à compressão de cálculo da alvenaria;

A = área bruta da seção resistente;

R = coeficiente redutor devido à esbeltez, dado por:

[ (

)

]

Reboredo (2013) relata que para alguns autores este coeficiente redutor está

equivocado se comparado a outras normas internacionais e que seu resultado esta melhor

correlacionado com resultados empíricos e por isso não foi modificado na norma atual.

Já para pilares de alvenaria estrutural, de acordo com a NBR 15961-1 (2011), a

resistência de cálculo é obtida da seguinte equação:

Ramalho (2012, apud REBOREDO, 2013) explica que o valor 0,9 existe em

função do pilar ser considerado um elemento linear, e não laminar como as paredes, fazendo

com que o mesmo esteja mais sujeito a problemas com instabilidade do que a parede.

Resumindo, a resistência à compressão é dada por:

{ ( }

[ (

)

]

Onde:

γf, γm = coeficientes de ponderação das ações e resistências;

Nk = força normal característica;

fpk = resistência característica à compressão do prisma;

he, te = altura e espessura efetivas.

Outro destaque a ser mencionado sobre o dimensionamento à compressão é a

adoção de um critério em relação à resistência horizontal do bloco, assumindo-se que se o

prisma ou a parede estiverem grauteados em sua totalidade esta resistência será igual à da

direção vertical. No entanto, se não houver grauteamento, deve-se admitir que a resistência á

compressão na direção horizontal será a metade da resistência na direção vertical.

Page 73: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

69

2.6.2.2 Forças concentradas

Segundo Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), quando uma parede de alvenaria

recebe uma carga concentrada, elevadas tensões pontuais de compressão vertical acontecem

abaixo do ponto de aplicação. Essas tensões ao serem gradualmente distribuídas para áreas

maiores em regiões abaixo deste ponto acabam criando tensões principais, incluindo de

tração, que podem causar fissuras verticais.

Logo abaixo do ponto de contato não ocorre o efeito de flambagem e a

consideração de um aumento da resistência à compressão pode ser admitido desde que exista

alvenaria suficiente em torno da área de contato para o confinamento desta. É recomendado

que o apoio seja executado com pelo menos meio bloco afastado da extremidade da parede e

que uma ou duas fiadas abaixo deste ponto sejam executadas com canaletas grauteadas para

permitir um espalhamento seguro das tensões concentradas (PARSEKIAN, HAMID,

DRYSDALE, 2014).

Ainda segundo os autores, a NBR 15961-1 (2011) especifica que se a espessura de

contato for no mínimo maior que 50 mm e/ou maior que um terço da espessura da parede,

pode-se admitir um aumento de 50% na resistência a compressão. De outra forma, não é

recomendável considerar este aumento.

Então, a verificação da resistência à compressão neste ponto é dada segundo a

seguinte expressão:

{

{ ⁄

{ ⁄

Onde:

Pk = cargas concentradas;

a, b = dimensões da área de contato (ver figura 21).

Page 74: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

70

Figura 21 - Cargas concentradas.

Fonte: Adaptado da NBR 15961-1 (2011)

2.6.2.3 Cisalhamento

Em edificações de alvenaria estrutural o cisalhamento aparece em vigas, vergas e

paredes de contraventamento, por atuar em conjunto com momento fletor. Em estruturas

aporticadas acontece nos lintéis. E quando a distribuição de carregamento vertical é feita por

grupos de paredes, as tensões de cisalhamento ocorrem na interface de paredes amarradas,

pois existe uma tendência de deslocamento relativo em função da diferença de carregamento

entre estas paredes (REBOREDO, 2013).

Ramalho (2012, apud REBOREDO, 2013) relata que para edifícios comuns, a

verificação ao cisalhamento em vigas e vergas geralmente é atendida. Em lintéis quando a

verificação não é atendida e não se quer adotar armaduras para resistir ao cisalhamento, é

possível plastificar os apoios reduzindo a rigidez do lintel, até que o mesmo não necessite de

armadura. Paredes de contraventamento de edifícios altos, onde a ação do vento é

predominante, se não tiverem as juntas verticais preenchidas podem necessitar de armaduras

para resistir ao cisalhamento.

Segundo Corrêa (2012, apud REBOREDO, 2013), para se obter as tensões de

cisalhamento na interface de paredes amarradas, deve-se determinar os carregamentos acima

das paredes e a uniformização dos mesmos na base, de modo que a razão entre a diferença

desses valores pela área da interface, dada pela espessura multiplicada pelo pé-direito, resulte

na tensão de cisalhamento atuante na interface. Resta então verificar se a tensão de cálculo é

inferior à resistência de cálculo.

A NBR 10837 (1989) trabalhava com o critério da tensão máxima de

cisalhamento, que considerava a coesão, mas desprezava o atrito, mesmo que este

comportamento não seja verificado na alvenaria, o que resultava em valores e faixas de

resistência à compressão muito elevadas. Estes pontos foram corrigidos na NBR 15961-1, que

Page 75: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

71

passou a adotar os parâmetros de resistência segundo Coulomb para as tensões de

cisalhamento ( ), onde existe uma parcela inicial da resistência resultante da

aderência que é amplificada devido ao nível de pré-compressão. Neste caso, a resistência ao

cisalhamento da alvenaria é dependente da argamassa utilizada, visto que a mesma irá definir

a aderência inicial (τ0) em função da coesão e o nível de pré-compressão (μσ), adotando-se o

coeficiente de atrito (REBOREDO, 2013).

As resistências características ao cisalhamento (fvk) não devem exceder os valores

apresentados na tabela 14, os quais são válidos para argamassas de cimento, cal e areia, sem

aditivos ou adições, e com juntas verticais preenchidas.

Tabela 14 - Valores característicos ao cisalhamento – fvk.

Fonte: Adaptado da NBR 15961-1 (2011)

Nos cálculos dos valores característicos, a tensão normal (σ), componente da

tensão de pré-compressão, deve ser determinada apenas com as ações permanentes, minoradas

em 10%, pois se trata de uma ação favorável para a estrutura.

Segundo Reboredo (2013) para a verificação do cisalhamento na interface de

paredes amarradas de forma direta, deve-se considerar um valor de fvk igual a 0,35 MPa. Já

para elementos de alvenaria sujeitos a flexão e/ou quando houver armaduras perpendiculares

ao plano de cisalhamento e devidamente envolvidas por graute, a resistência característica ao

cisalhamento será definida segundo a seguinte expressão:

Sendo ρ a taxa geométrica de armadura, definida por

.

A tensão de cisalhamento de cálculo (τvd) é determinada segundo as seguintes

equações:

1,5 a 3,4 3,5 a 7,0 Acima de 7,0

f vk 0,10 + 0,5σ ≤ 1,0 0,15 + 0,5σ ≤ 1,4 0,35 + 0,5σ ≤ 1,7

Resistência média de compressão da argamassa (MPa)

Page 76: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

72

Caso no dimensionamento esteja sendo considerada a adoção de flanges, para o

cálculo da tensão de cisalhamento deve-se adotar apenas a área da alma da referida seção.

De acordo com a NBR 15961-1 (2011), a verificação ao cisalhamento será

atendida quando a tensão de cisalhamento de cálculo (τvd) não exceder a resistência de cálculo

(fvd), ou seja:

Caso a verificação acima não seja atendida, é possível calcular uma armadura de

cisalhamento a ser posicionada paralelamente à direção do esforço cortante, através da

seguinte equação:

(

Sendo que a parcela do cisalhamento resistido pela alvenaria é dada por:

Onde:

Asw = área de aço para resistir ao cisalhamento;

Va = força cortante absorvida pela alvenaria;

Vd = força cortante de cálculo;

fyd = resistência de cálculo da armadura;

s = espaçamento das armaduras

d = altura útil

b = largura.

Segundo a NBR 15961-1 (2011), não se admite que em nenhum caso o

espaçamento (s) seja maior do que 50% da altura útil (d). Para vigas de alvenaria este limite

Page 77: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

73

não pode exceder 30 cm. Já para paredes armadas de forma a resistir aos esforços de

cisalhamento o espaçamento máximo será de 60 cm.

2.6.2.4 Flexão simples

Segundo Reboredo (2013) A NBR 15961-1 (2011) trouxe uma mudança muito

grande no dimensionamento a flexão em relação à norma antiga, visto que a verificação de

segurança outrora baseada em tensões admissíveis agora é definida através de estados limites.

A flexão simples geralmente acontece em vigas, vergas, muros (em função do vento), muros

de arrimo e paredes de reservatórios pouco comprimidas.

2.6.2.4.1 Alvenaria não armada

A alvenaria não armada é dimensionada dentro dos limites do estádio I, e é o

único caso em que a norma atual permite tensões de tração, sendo que seu valor máximo deve

ser inferior á resistência à tração na flexão (ftk). O cálculo do momento resistente na seção

transversal pode ser executado segundo o diagrama de tensões apresentado na figura 22, onde

a alvenaria resiste de forma linear aos esforços de compressão e tração.

Figura 22 - Diagrama de tensões para alvenaria não armada.

Fonte: Adaptado da NBR 15961-1 (2011)

Segundo a NBR 15961-1 (2011) a tensão máxima de tração de cálculo (σt) não

deve exceder à resistência à tração de cálculo da alvenaria (ftd), enquanto que a tensão máxima

Page 78: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

74

de compressão de cálculo na flexão não deve ultrapassar em 50% a resistência à compressão

de cálculo da alvenaria (fd), ou seja, 1,5 fd. Isto decorrer do fato de que nem todos os pontos da

região comprimida estão sujeitos à mesma tensão e como se pode observar no diagrama

triangular, a região com tensões mais elevadas fica confinada pela região onde a tensão é

menor.

Conforme Sánchez (2013), para o caso de ações variáveis, como por exemplo o

vento, é permitido a consideração da resistência à tração da alvenaria sob flexão, segundo os

valores característicos apresentados na tabela 15, os quais são válidos para argamassas de

cimento, cal e areia, sem aditivos ou adições, e com juntas verticais preenchidas.

Tabela 15 - Valores característicos da resistência à tração na flexão - ftk.

Fonte: Adaptado da NBR 15961-1 (2011)

2.6.2.4.2 Alvenaria armada

Reboredo (2013) relata que a alvenaria armada é dimensionada dentro dos limites

do estádio III, onde as tensões na região comprimida se apresentam de forma não linear. A

consideração da plastificação de tensões no estádio III, não resulta em aumento de resistência,

visto que toda a região comprimida estará sujeita à mesma tensão, neste caso por não haver

confinamento.

O estádio III apresenta um diagrama de tensões na região comprimida de forma

retangular com altura de 0,80x, ao contrário do que acontece nos estádios I e II, onde o

diagrama possui forma triangular. Isto acaba representando quase que o dobro das tensões de

compressão que serão transmitidas pela região comprimida. Na norma 10837 (1989) os

esforços de flexão eram analisados dentro do estádio II.

Para este caso, a resistência à tração da alvenaria é desprezada, sendo então a

armadura responsável por resistir a estes esforços.

O cálculo do momento resistente da seção transversal pode ser executado segundo

o diagrama de tensões apresentado na figura 23.

1,5 a 3,4 3,5 a 7,0 Acima de 7,0

Normal à fiada 0,10 0,20 0,25

Paralela á fiada 0,20 0,40 0,50

Resistência média à compressão da argamassa (MPa)Direção da tração

Page 79: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

75

Figura 23 - Diagrama de tensões e deformações para alvenaria armada.

Fonte: Adaptado da NBR 15961-1 (2011)

Onde:

d = altura útil da seção;

x = altura da linha neutra;

As e A’s = área da armadura tracionada;

εs = deformação na armadura tracionada;

εc = deformação máxima na alvenaria comprimida;

fd = tensão máxima de compressão;

fs = tensão de tração na armadura;

Fc = resultante de compressão na alvenaria;

Fs e F’s = resultantes de forças nas armaduras tracionadas.

Para os casos de seção retangular sujeita a esforços de flexão com armadura

simples, o momento fletor resistente de cálculo é dado por:

O braço de alavanca (z) é dado pela seguinte expressão:

(

)

Onde , ou seja, metade da resistência ao escoamento da armadura.

Page 80: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

76

Ramalho (2012, apud REBOREDO, 2013) explica que este limite para o

momento resistente foi imposto a fim de evitar que a linha neutra fique dentro do domínio 4,

onde a seção apresentaria problemas de ductilidade. Segundo o autor, a atual norma adotou o

mesmo limite da norma britânica BS 5628 (2005), que utiliza o mesmo diagrama retangular,

só que com a altura comprimida igual a x, enquanto no Brasil, adotou-se 80% deste valor,

apresentando então um limite equivocado. Como sugestão para corrigir tal limite, sugere-se a

expressão a seguir, de tal forma que iremos obter um valor de e, portanto dentro

do domínio 3.

Nas equações da atual norma, é necessário introduzir a área de aço e a resistência

da alvenaria para que se possa calcular o momento resistente. No entanto, seria muito mais

interessante executar o dimensionamento da armadura em função dos esforços, do que definir

os esforços baseados na armadura. Para isto, se faz necessário o desenvolvimento das

equações da NBR 15961-1 (2011), até se chegar às seguintes expressões para o

dimensionamento.

Armadura simples

(

Armadura dupla: Será considerada que a linha neutra esteja no limite dos

domínios 3 e 4, ou seja, e com isso:

(

(

Page 81: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

77

(

(

Reboredo (2013) relata que para alguns autores, as recomendações descritas acima

proporcionam taxas de armaduras maiores do que a necessária, ou seja, é possível entender

que esta limitação apresente momentos resistentes de cálculo bem inferiores aos realmente

existentes, funcionando de certa forma como uma camada extra de segurança no

dimensionamento a flexão.

Ramalho (2012, apud REBOREDO 2013) sugere que o principal motivo para esta

limitação seja a comparação dos valores dos momentos resistentes obtidos através da antiga

norma, a NBR 10837 (1989), e a norma atual, A NBR 15961-1 (2011), a qual apresenta

resultados quase três vezes maiores. Neste caso, adotando-se o limite imposto, os valores

ficam mais próximos, mesmo que segundo o autor não seja correto à comparação destes

valores entre as duas normas, visto que uma trabalhava com tensões admissíveis e a outra com

estados limites.

2.6.2.5 Flexão Composta

A flexão composta nada mais é do que a combinação da solicitação axial com o

momento fletor, e geralmente acontece em paredes de contraventamento e de reservatórios

com elevados esforços de compressão (REBOREDO, 2013).

Juntamente com o carregamento vertical, é comum as paredes estarem sujeitas a

ações laterais. E em edifícios sempre existirá um esforço vertical e um horizontal, geralmente

devido ao vento, resultando em esforços de flexão, compressão e cisalhamento. Conforme

Ramalho (2012, apud REBOREDO, 2013), em edifícios de até 08 pavimentos a flexão

composta não é importante, no entanto para edifícios mais altos é indispensável.

2.6.2.5.1 Flexo-compressão

Segundo a NBR 15961-1 (2011), todo o elemento de alvenaria sujeito à flexo-

compressão deve resistir aos esforços de compressão de cálculo atuantes:

Page 82: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

78

Paredes:

Pilares:

2.6.2.5.2 Alvenaria não armada

As tensões normais que estarão atuando na seção transversal devem ser

determinadas mediante a superposição das tensões normais lineares devidas ao momento

fletor com as tensões normais uniformizadas devidas à força de compressão.

As tensões normais de compressão devem atender a seguinte equação:

Sendo:

Nd = normal de cálculo dada por: ;

A = área da seção transversal;

R = redutor devido à esbeltez;

Md = momento fletor de cálculo dado por: ;

W = módulo de resistência à flexão;

fd = resistência de cálculo à compressão.

Se por um acaso, ocorrerem tensões de tração, seus valores máximos devem ser

no máximo iguais à resistência de tração da alvenaria ( ).

Ramalho (2012, apud REBOREDO, 2013) declara que a expressão apresentada

acima não é adequada, por não estar respaldada por nenhuma pesquisa nacional ou

internacional. Sugere que, da mesma forma que a norma não trabalha em estados limites para

alvenaria não armada, permitindo o dimensionamento no estádio I, deveria adotar a expressão

a seguir, a qual é semelhante à antiga norma e encontra respaldo em normas e trabalhos

internacionais.

Segundo o autor, ao adicionar a parcela devida a tensão de compressão na flexão,

se aumenta o limite para , no entanto na norma atual utiliza-se como limite apenas .

Neste caso, quando a solicitação de compressão axial estiver próxima de , ao se adicionar a

Page 83: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

79

parcela devida ao momento será necessário aumentar a resistência ou proceder ao

grauteamento do elemento estrutural.

2.6.2.5.3 Flexo-tração

As tensões normais de tração devem satisfazer a seguinte expressão:

Onde:

Md = momento fletor de cálculo dado por: ;

W = módulo de resistência à flexão;

Nd = normal de cálculo dada por: ;

A = área da seção transversal;

ftd = resistência de cálculo à tração.

2.6.2.5.4 Alvenaria armada

Se a inequação acima não passar na verificação, haverá a necessidade de se

colocar armadura para resistir aos esforços solicitantes, o que pode ser feito de forma

simplificada no estádio II, mas somente para tensões de tração pequenas. Neste caso,

determina-se a força de tração necessária multiplicando-se o diagrama de tensões de tração

pela área da parede onde as mesmas serão distribuídas. A partir do resultado encontrado,

calcula-se a área de aço necessária fazendo-se a razão desta força por 50% de .

Para tensões de tração maiores, como acontece em edifícios mais altos, a norma

atual permite que o cálculo seja refinado no estádio III.

Para o caso de elementos comprimidos com índice de esbeltez superior a 12, deve

ser considerado o momento de segunda ordem na direção de menor inércia, dado por:

(

Ramalho (2012, apud REBOREDO, 2013) sugere o uso de momento de segunda

ordem apenas em pilares, pois como as paredes são elementos de superfície, tendem a sofrer

menos problemas de instabilidade.

Page 84: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

80

2.6.2.5.5 Prescrições adicionais – BS 5628-1 (2005)

Segundo Ramalho (2012, apud REBOREDO, 2013) podem ser adotadas as

prescrições da norma inglesa BS 5628-1 (2005), a qual permite considerar apenas flexão

simples em elementos solicitados por pequena compressão, quando:

Onde:

Nd = força normal de cálculo;

fk = resistência característica de cálculo da alvenaria;

A = área da seção transversal do elemento.

Page 85: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

81

3 EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO

Neste trabalho serão indicados os parâmetros e procedimentos que estão presentes

no dimensionamento de um edifício em alvenaria estrutural com blocos vazados de concreto.

3.1 METODOLOGIA

O desenvolvimento do projeto de uma edificação em alvenaria estrutural acontece

de forma diferenciada, sê comparado aos projetos usuais em estruturas de concreto armado.

Tendo como característica que seus elementos funcionam como estrutura e vedação, as

paredes do edifício devem atender as exigências arquitetônicas e estruturais simultaneamente,

sem deixar de lado as soluções para as instalações elétricas e hidráulicas, visto que a NBR

15961-1 (2011) no item 10.2.1, não permite rasgos horizontais e passagem de tubulações

contendo fluídos no interior das paredes, por comprometer a segurança da edificação. Junte-se

a isso, que a quebra de blocos não é permitida e, portanto as dimensões arquitetônicas devem

seguir o padrão modular dos blocos, tem-se na alvenaria estrutural um sistema construtivo

com uma forte vocação para ser racionalizado.

Desta forma, para o dimensionamento do edifício exemplo, seguir-se-á os

seguintes passos:

Definição do projeto arquitetônico e sua devida modulação em função da

família e dimensões dos blocos adotados, posição e dimensão das

aberturas, definição das lajes, pisos e contrapisos, rebaixos, escadas.

Levantamento e definição dos parâmetros relativos aos materiais

utilizados, como a resistência dos blocos, relação prisma/bloco, módulos

de elasticidade, limites de resistência aos esforços solicitantes.

Levantamento de todas as ações verticais e horizontais, permanentes e

acidentais, que estarão atuando na estrutura, bem como as devidas

combinações que serão adotadas para as verificações no estado limite

último e de serviço.

Adoção do modelo de cálculo que possibilite a consideração e distribuição

dos carregamentos, bem como os esforços atuantes em cada elemento

estrutural, e a devida verificação da estabilidade global da estrutura.

Dimensionamento de cada elemento, o que na maioria dos casos trata-se

de uma verificação da resistência desses elementos.

Page 86: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

82

3.2 DADOS DO EDIFÍCIO

Visando garantir a economia que a alvenaria estrutural proporciona, vários

aspectos devem ser levados em consideração, sendo um deles um projeto arquitetônico que

possua dimensões adequadas, atendendo a modulação proposta pelos blocos utilizados, sem

que haja a necessidade de utilização dos chamados blocos especiais em demasia, ou seja, tais

blocos devem ser utilizados apenas nas posições para os quais foram concebidos, geralmente

nos cantos e encontros de paredes, de forma a garantir o intertravamento de paredes e fiadas.

Outro ponto a ser observado deve ser a simetria da edificação.

Optando-se pela utilização da família de blocos vazados de concreto mais usual na

região da grande Florianópolis (14x19x39), e por um modelo de planta mais propício para

este tipo de edificação, foi elaborado o projeto arquitetônico do edifício exemplo, o qual é

apresentado de forma parcial nas figuras 24, 25, 26 e 27.

Como podemos observar, o edifício possui quatro pavimentos, distribuídos em

pavimento térreo com área de 266,74 m² e três pavimentos tipo com área de 258,70 m² cada.

Cada pavimento possui quatro apartamentos com área privativa de 58,50 m² e as dimensões

de cada ambiente obedece aos preceitos da maioria dos códigos de obras da região.

O edifício conta ainda com uma torre de reservatórios, com área de 18,60 m² e

capacidade de armazenamento de 10.000 litros de água, distribuídos entre consumo e reserva

técnica de incêndio.

Levando-se em consideração o padrão modular vertical de 20 cm, bem como a

quantidade e geometria dos degraus da escada em função das Instruções Normativas do Corpo

de Bombeiros Militar de Santa Catarina, chegamos a um pé direito de 276 cm, adotando-se

para isso uma laje pré-moldada com espessura de 16 cm. Desta forma ficam definidas 12

fiadas de blocos e uma fiada de bloco do tipo canaleta “J”, com dimensões de 14x19x35/19,

conferindo o acabamento necessário nas paredes externas em função da espessura da laje. Nas

paredes internas, foi utilizada canaleta nas dimensões de 14x19x19.

A altura da torre do reservatório, também foi definida em função da modulação

vertical, levando-se em consideração neste caso, à altura necessária para garantir a pressão

manométrica exigida no hidrante menos favorável da referida edificação, também estipulada

segundo as Instruções Normativas do CBMSC.

A figura 28 apresenta as modulações de primeira e segunda fiadas, que auxiliaram

na definição das plantas do edifício.

Page 87: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

83

Figura 24 - Planta do pavimento térreo.

Fonte: Do autor (2018)

A: 11,16m²QUARTO I

A: 2,20m²SACADA

A: 3,64m²BANHO

A: 14,98m²LIVING ROOM

A: 9,88m²QUARTO II

A: 7,28m²AS/COZINHA

A: 7,28m²AS/COZINHA

A: 7,28m²AS/COZINHA

A: 9,88m²QUARTO II

A: 9,88m²QUARTO II

A: 14,98m²LIVING ROOM

A: 14,98m²LIVING ROOM

A: 3,64m²BANHO

A: 3,64m²BANHO

A: 11,16m²QUARTO I

A: 11,16m²QUARTO IA: 2,20m²

SACADAA: 2,20m²SACADA

A: 15,93m²CIRCULAÇÃO

00.0

sobe

01 02 03 04 05 06 07 08

0910

153801560152202022015601538015

1430

1528

015

140

15260

1516

015

24

015

160

15260

1514

015

28

015

20

70

1528

015

140

15260

1516

0

A: 11,16m²QUARTO I

A: 2,20m²SACADA

A: 14,98m²LIVING ROOM

A: 7,28m²AS/COZINHA

A: 9,88m²QUARTO II

A: 3,64m²BANHO

A: 8,04m²HALL

1524

015

160

15260

1514

015

28

015

20

70

153801560152202022015601538015

1430

BB

A

A

260 15 105 15

295

20

295

15

60

35

15

100

1550

015

175

24

0

28.5

28.5

28.5

28.5

28.5

28.5

28.5

120.5 15

105 15 260

95 15 300 155 15 270 15

135

175

1550

015

100

1535

60

155 300 15 95

135 15 335 270 15

Page 88: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

84

Figura 25 - Planta pavimento tipo (3x).

Fonte: Do autor (2018)

desce

1213141516

sobe

17 18 19 20 21 22 23 24

2526

153801560152202022015601538015

1430

1528

015

140

15260

1516

015

24

015

160

15260

1514

015

28

015

20

70

1528

015

140

15260

1516

015

24

015

160

15260

1514

015

28

015

20

70

153801560152202022015601538015

1430

BB

A

A

A: 11,16m²QUARTO I

A: 2,20m²SACADA

A: 14,98m²LIVING ROOM

A: 7,28m²AS/COZINHA

A: 9,88m²QUARTO II

A: 3,64m²BANHO

A: 15,93m²CIRCULAÇÃO

A: 11,16m²QUARTO I

A: 2,20m²SACADA

A: 3,64m²BANHO

A: 14,98m²LIVING ROOM

A: 9,88m²QUARTO II

A: 7,28m²AS/COZINHA

A: 7,28m²AS/COZINHA

A: 7,28m²AS/COZINHA

A: 9,88m²QUARTO II

A: 9,88m²QUARTO II

A: 14,98m²LIVING ROOM

A: 14,98m²LIVING ROOM

A: 3,64m²BANHO

A: 3,64m²BANHO

A: 11,16m²QUARTO I

A: 11,16m²QUARTO IA: 2,20m²

SACADAA: 2,20m²SACADA

260 15 105 15

295

20

295

15 105 15 260

95 15 300 155 15 270 15 155 300 15 95

60

35

15

100

1550

015

175

24

017

515

50

015

100

1535

60

276.0

Page 89: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

85

Figura 26 - Planta de cobertura e barrilete.

Fonte: Do autor (2018)

RESERVATÓRIOS

1480.0

i=10

%

CAPAC. 5000l

15 380 15 75 220 20 220 75 15 380 15

1430

15710

1516

015

24

015

160

15710

15

20

70

15 380 15 75 220 20 220 75 15 380 15

1430

15710

1516

015

24

015

160

15710

15

20

70

95

1511

550

015

590

1550

011

515

95

951513532015270153201351595

PLATIBANDA H=120cm

A: 15,93m²

PLATIBANDA H=120cm

PLA

TIB

AN

DA

H=

120

cm

PLATIBANDA H=120cm

CA

LH

A

PLATIBANDA H=120cm

CA

LH

AC

ALH

A

CA

LH

AC

ALH

A

CA

LH

A

PLA

TIB

AN

DA

H=

120

cm

CA

LH

A

PLA

TIB

AN

DA

H=

120

cm

CA

LH

A

PLA

TIB

AN

DA

H=

120

cm

CA

LH

A

CAPAC. 5000l

i=10

%

i=10

%

i=10

%

CU

MEEIR

AC

UM

EEIR

A

BB

A

A

Page 90: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

86

Figura 27 - Corte BB.

Fonte: Do autor (2018)

CHAMINÉ DAS CHURRASQUEIRAS

Ø DE 40mm COM EXAUSTOR

CHAMINÉ DAS CHURRASQUEIRAS

Ø DE 40mm COM EXAUSTOR

RESERVATÓRIO 5000 l

66

210

63

396

24

0

12

10

HALL

ESCADA

ESCADA

ESCADA

CIRC.

BARRILETE

RESERVATÓRIOS

00.0

276.0

552.0

828.0

1104.0

1500.0

CIRC.

CIRC.

CIRC.

276

7

1769

20

224

150

20

120

20

100

276

276

276

276

7

1769

TELHA DE FIBROCIMENTO 6mm

20

224

150

20

120

20

100

276

276

276

210

66

210

66

210

Page 91: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

87

Figura 28 - Modulação de 1ª e 2ª fiadas.

Fonte: Do autor (2018)

MODULAÇÃO 1ª FIADA

MODULAÇÃO 2ª FIADA

Page 92: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

88

3.3 DEFINIÇÕES DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS

3.3.1 Paredes Estruturais

Uma definição correta dos elementos estruturais é de suma importância na

garantia de que o sistema estrutural irá possuir o contraventamento necessário nas direções

“X” e “Y” do edifício, em relação à planta do mesmo. De forma geral as paredes hidráulicas

(shafts) não devem ser consideradas como estruturais de modo que possibilite a manutenção

nos tubos que por ali estão passando. Outras paredes podem ter somente a função de vedação

e apenas se apoiar sobre a laje.

Levando-se em consideração o exposto acima, foram definidas todas as paredes

que serão consideradas como sendo estruturais dentro do sistema, balizando-se pela planta

baixa do projeto arquitetônico.

Os limites de cada parede foram considerados segundo as extremidades das

aberturas de portas e janelas, ou considerando-se os eixos em encontros de paredes, obtendo-

se assim as dimensões de cada parede estrutural.

Cada parede foi nomeada, tanto na direção “X” quanto na direção “Y”, e a

numeração foi dada partindo-se da esquerda para a direita e de cima para baixo, seguindo-se

assim o padrão adotado na maioria dos projetos estruturais quanto à numeração de seus

elementos. Levando-se em consideração a simetria da edificação, optou-se por discretizar

apenas as paredes com geometria e condições de carregamento diferentes, considerando as

demais paredes simplesmente como suas repetições.

Todos os procedimentos descritos acima, bem como todos os desenhos aqui

apresentados, foram executados utilizando-se o software AutoCAD (2018). A figura 29

apresenta as paredes consideradas como sendo estruturais, bem como a nomenclatura adotada

para as mesmas nas direções “X” e “Y”.

Page 93: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

89

Figura 29 - Paredes estruturais definidas nas direções X e Y.

Fonte: Do autor (2018)

3.3.2 Paredes de contraventamento

No dimensionamento à flexão composta, ou seja, a interação entre a solicitação

axial e o momento fletor que acontece nas paredes de contraventamento de edifícios em

virtude da ação do vento e desaprumo, é consenso e usual analisar os esforços na estrutura em

alvenaria seguindo as duas direções principais em planta, as quais foram definidas como

sendo “X” e “Y”.

3.3.2.1 Direção “X”

Em “X”, fazem parte do sistema de contraventamento, todas as paredes definidas

como sendo estruturais nesta direção, bem como as abas das paredes interligadas a elas,

limitando-se o comprimento das abas a seis vezes a espessura da parede e não permitindo a

sobreposição do mesmo trecho de aba em duas paredes de contraventamento. Conforme já

comentado, existe uma grande diferença nos cálculos, ao se considerar as abas nos sistemas

PY-01

PX-01 PX-02 PX-03

PY-02

PY-03

PY-04

PY-05

PY-06

PY-07

PY-09

PY-08

PX-04 PX-05

PX-06

PX-09PX-08

PX-1 1

PX-07

PX-10

PY-01

PX-01PX-02PX-03

PY-02

PY-03

PY-04

PY-05

PY-06

PY-07

PY-09

PY-08

PX-04PX-05

PX-06

PX-09 PX-08

PX-07

PX-10

PX-1 1

PY-01

PX-01 PX-02 PX-03

PY-02

PY-03

PY-04

PY-05

PY-06

PY-07

PY-10

PY-08

PX-04 PX-05

PX-1 3

PX-09PX-08

PX-07

PX-1 2

PY-01

PX-01PX-02PX-03

PY-02

PY-03

PY-04

PY-05

PY-06

PY-07

PY-10

PY-08

PX-04PX-05

PX-1 3

PX-09 PX-08

PX-07

PX-1 2

Page 94: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

90

de contraventamento, formando seções do tipo “T” e “I”, ao invés de apenas seções

retangulares. A figura 30 apresenta as paredes de contraventamento da direção “X”.

Figura 30 - Paredes de contraventamento na direção "X".

Fonte: Do autor (2018)

3.3.2.2 Direção “Y”

Para a direção “Y”, foram adotados os mesmos critérios já adotados na direção

“X”, em relação à adoção e definição das abas para o sistema de contraventamento. É

importante salientar que em ambas as direções, o edifício em questão apresenta uma boa

distribuição de paredes, o que irá auxiliar na dissipação dos esforços horizontais. A figura 31

apresenta as paredes de contraventamento na direção “Y”.

PX-01 PX-02 PX-03

PX-04 PX-05

PX-06

PX-09PX-08

PX-11

PX-07

PX-10

PX-01PX-02PX-03

PX-04PX-05

PX-06

PX-09 PX-08

PX-07

PX-10

PX-11

PX-01 PX-02 PX-03

PX-04 PX-05

PX-13

PX-09PX-08

PX-07

PX-12

PX-01PX-02PX-03

PX-04PX-05

PX-13

PX-09 PX-08

PX-07

PX-12

Page 95: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

91

Figura 31 - Paredes de contraventamento na direção "Y".

Fonte: Do autor (2018)

Definidas as paredes estruturais e a incorporação de suas respectivas abas nas

duas direções principais, se faz necessário a determinação das características geométricas de

cada parede que compõem o sistema de contraventamento.

Utilizando o comando “massprop” do software AutoCAD (2018) e colocando

cada parede na coordenada global 0,0 (x,y), foi possível obter a área, momento de inércia e o

centroide de cada parede, além da distância do centroide ao bordo mais afastado, conforme

ilustrado na figura 32 que trás como exemplo a parede PX-08. A obtenção dos dados

geométricos da mesma parede PX-08 através do comando acima citado, é apresentada na

figura 33.

Para cada parede, tanto na direção “X” quanto na “Y”, foi utilizado o mesmo

procedimento e os dados obtidos podem ser verificados na tabela 16, onde também é indicado

o número de repetições de cada parede no pavimento, o que se faz importante na

determinação da rigidez individual de cada parede, bem como da rigidez relativa como será

mostrado posteriormente.

PY

-01

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-09

PY

-08

PY

-01

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-10

PY

-08

PY

-01

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-10

PY

-08

PY

-01

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-09

PY

-08

Page 96: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

92

Figura 32 - Distância do centroide ao bordo mais afastado da PX-08.

Fonte: Do autor (2018)

Figura 33 - Características geométricas da parede PX-08.

Fonte: Do autor (2018)

359

CG (0,0)

PX-08

151.01 207.99

Y

X

Page 97: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

93

Tabela 16 - Características geométricas das paredes nas direções X e Y.

Fonte: Do autor (2018)

3.3.3 Lajes

A principal função das lajes é a de suportar as ações verticais atuantes e fazer sua

transferência para as paredes onde estão apoiadas. Estas ligações entre as lajes e paredes

geralmente são executadas por cintas de respaldo posicionadas ao redor de cada pano de laje.

Parede Área (m²) Inércia (m⁴) RepetiçõesInércia x

Repetições

X máximo

(m)X total (m)

PX-01 0,7238 1,0144 4 4,0576 1,8100 3,49

PX-02 0,2772 0,0182 4 0,0728 0,6124 1,14

PX-03 0,1603 0,0081 4 0,0324 0,2639 0,74

PX-04 0,2219 0,0011 4 0,0044 0,2485 0,34

PX-05 0,1323 0,0009 4 0,0036 0,1060 0,34

PX-06 0,2499 0,0012 2 0,0024 0,2510 0,34

PX-07 0,2212 0,0099 4 0,0396 0,5295 0,74

PX-08 0,8428 0,9015 4 3,6060 2,0799 3,59

PX-09 0,5222 0,4541 4 1,8164 1,1353 2,89

PX-10 0,4172 0,1833 2 0,3666 0,7718 1,89

PX-11 1,2901 4,9566 2 9,9132 3,3950 6,79

PX-12 0,4172 0,1833 2 0,3666 0,7718 1,89

PX-13 0,2499 0,0012 2 0,0024 0,2510 0,34

Parede Área (m²) Inércia (m⁴) RepetiçõesInércia x

Repetições

Y máximo

(m)Y total (m)

PY-01 0,2772 0,0344 4 0,1376 0,3579 1,14

PY-02 0,2163 0,0278 4 0,1112 0,7011 1,14

PY-03 0,2520 0,0173 4 0,0692 0,2554 0,89

PY-04 0,3689 0,0558 4 0,2232 0,3515 1,29

PY-05 0,6622 0,7461 4 2,9844 1,2529 2,89

PY-06 0,5586 0,5251 4 2,1004 1,1379 2,99

PY-07 0,8022 1,6126 4 6,4504 2,0919 4,09

PY-08 0,1673 0,0015 4 0,0060 0,1108 0,39

PY-09 0,8463 2,0935 2 4,1870 2,6221 4,84

PY-10 0,8463 2,0935 2 4,1870 2,6221 4,84

Page 98: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

94

Para edifícios de poucos pavimentos e de menor altura, a laje trabalha quase que

exclusivamente para resistir às ações verticais. Já para edificações com elevado número de

pavimentos e maior altura, além de suportar as ações verticais, as lajes também são

consideradas como diafragma rígido, recebendo as ações horizontais oriundas dos esforços de

vento e desaprumo e transferindo-as para as paredes estruturais, de acordo com a rigidez

individual de cada uma delas.

Desta forma, a responsabilidade das lajes em edifícios de alturas elevadas, é

múltipla e se torna interessante à utilização de lajes maciças ou de lajes mistas, onde a capa da

mesma possua espessura suficiente para garantir a situação de diafragma rígido.

As lajes pré-moldadas são mais recomendadas para edifícios de até média altura,

ou seja, entre quatro e cinco pavimentos, onde a ação devida ao vento não é tão relevante. E

para que as mesmas possam ser consideradas como diafragma rígido, segundo a NBR 6118, é

necessário que não apresentem grandes aberturas e de que o lado maior de cada laje não seja

superior a três vezes o lado menor. Outro ponto importante é o traspasse da armadura de

distribuição da capa por sobre as paredes, de modo a garantir certa continuidade.

Como o edifício exemplo possui 04 pavimentos, optou-se pela utilização de lajes

pré-moldadas unidirecionais com altura total de 16 cm, sendo 12 cm de enchimento e 4 cm de

capa. Esta altura foi escolhida em função da altura dos degraus da escada e para garantir certo

tratamento acústico entre os pavimentos.

3.4 ANÁLISE ESTRUTURAL

3.4.1 Ações Verticais

As cargas que atuam nas lajes estão divididas quase que exclusivamente entre

permanentes e variáveis. As principais cargas permanentes são o peso próprio, contrapiso,

revestimentos e paredes de vedação. Já as cargas variáveis estão caracterizadas na sobrecarga

de utilização. Para as edificações residenciais em alvenaria estrutural, os principais

carregamentos atuantes a serem considerados nas paredes estruturais são as reações das lajes e

o peso próprio das paredes, que serão abordados em procedimentos distintos.

A definição dos carregamentos seguiu os preceitos de pesos específicos e cargas

indicados na NBR 6120 (1980) – Cargas para o cálculo de estruturas. O peso específico da

alvenaria foi adotado segundo a NBR 15961-1 (2011). As cargas atuantes acima do nível da

Page 99: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

95

cobertura serão consideradas como carregamento axial aplicados nas paredes do 4º

pavimento. Desta forma temos:

Peso específico dos materiais (γ)

Alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto = 14 kN/m³;

Alvenaria não estrutural de blocos vazados de concreto = 13 kN/m²;

Argamassa de cimento, cal e areia = 19 kN/m²;

Graute e concreto = 24 kN/m²;

Concreto armado = 25 kN/m².

Carregamentos verticais

Peso próprio das paredes estruturais externas

Parede (γ x espessura) = 14 kN/m³ x 0,14 m = 1,96 kN/m²;

Reboco externo 2,5 cm (γ x espessura) = 19 kN/m³ x 0,025 m = 0,475 kN/m²;

Reboco interno 1,5 cm (γ x espessura) = 19 kN/m³ x 0,015 m = 0,285 kN/m²;

Total = 1,96 kN/m² + 0,475 kN/m² + 0,285 kN/m² = 2,72 kN/m².

Carregamento por trecho

Sem abertura = 2,72 kN/m² x 2,60 m = 7,072 kN/m;

Com abertura de janela = 2,72 kN/m² x (2,60 m – 1,20 m) = 3,808 kN/m;

Platibanda = 2,72 kN/m² x 1,20 m = 3,264 kN/m;

Barrilete = 2,72 kN/m² x 3,80 m = 10,336 kN/m;

Reservatórios = 2,72 kN/m² x 2,40 m = 6,528 kN/m.

Peso próprio das paredes estruturais internas

Parede (γ x espessura) = 14 kN/m³ x 0,14 m = 1,96 kN/m²;

Reboco (2x) 1,5 cm (γ x espessura) = 19 kN/m³ x 2 x 0,015 m = 0,57 kN/m²;

Total = 1,96 kN/m² + 0,57 kN/m² = 2,53 kN/m².

Carregamento por trecho

Sem abertura = 2,53 kN/m² x 2,60 m = 6,578 kN/m;

Com abertura de porta = 2,53 kN/m² x (2,60 m – 2,10 m) = 1,265 kN/m.

Page 100: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

96

Peso próprio das paredes não estruturais internas

Parede (γ x espessura) = 13 kN/m³ x 0,09 m = 1,17 kN/m²;

Reboco (2x) 1,5 cm (γ x espessura) = 19 kN/m³ x 2 x 0,015 m = 0,57 kN/m²;

Total = 1,17 kN/m² + 0,57 kN/m² = 1,74 kN/m².

Carregamento por trecho

Sem abertura = 1,74 kN/m² x 2,60 m = 4,524 kN/m;

Lajes do pavimento tipo

Carga variável (sala e quartos) Q = 1,5 kN/m²;

Carga variável (área de serviço, cozinha e circulação) Q = 2,0 kN/m²;

Carga permanente (peso próprio) G = 2,5 kN/m²;

Carga permanente (contrapiso + revestimento) G = 1,0 kN/m²;

Carga permanente total G = 3,5 kN/m².

Lajes da cobertura

Carga variável (sem acesso de pessoas) Q = 0,5 kN/m²;

Carga permanente (peso próprio) G = 2,5 kN/m²;

Carga permanente (contrapiso + revestimento) G = 1,0 kN/m²;

Carga permanente total G = 3,5 kN/m².

Escadas

Carga variável Q = 3,0 kN/m²;

Carga permanente (peso próprio) G = 3,25 kN/m²;

Carga permanente (contrapiso + revestimento) G = 1,0 kN/m²;

Carga permanente total G = 4,25 kN/m².

Piso do reservatório

Carga variável (água) Q = 6,28 kN/m²;

Carga permanente (peso próprio) G = 2,5 kN/m²;

Carga permanente (contrapiso + revestimento) G = 1,0 kN/m²;

Carga permanente total G = 3,5 kN/m².

Page 101: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

97

Cobertura do reservatório

Carga variável (possibilidade de empoçamento) Q = 1,0 kN/m²;

Carga permanente (peso próprio) G = 2,5 kN/m²;

Carga permanente (contrapiso + impermeabilização) G = 1,0 kN/m²;

Carga permanente total G = 3,5 kN/m².

3.4.1.1 Ações das lajes

Como se optou por utilizar lajes pré-moldadas unidirecionais, as reações das lajes

nas paredes foram obtidas, multiplicando-se todas as cargas atuantes (G+Q) por metade do

comprimento do vão paralelo à direção das vigotas, obtendo-se assim um carregamento linear

expresso em kN/m. O carregamento aplicado sobre as aberturas e vigas foi igualmente

distribuído entre as paredes adjacentes. O carregamento foi então transferido para cada parede

de apoio, o qual ao ser multiplicado pelo comprimento de cada parede nos apresenta a carga

atuante nesta mesma parede em kN. A figura 34 apresenta a planta do pavimento tipo, com a

definição do posicionamento e direção das lajes e a figura 35 mostra o procedimento adotado

para definição do carregamento devido à laje, aplicado nas paredes PY-01, PY-02 e PY-05.

Figura 34 - Posicionamento e direção das lajes no pavimento tipo.

Fonte: Do autor (2018)

Page 102: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

98

Figura 35 - Reações das lajes nas paredes PY-01, PY-02 e PY-05.

Fonte: Do autor (2018)

Quando uma parede recebe cargas de duas lajes distintas, os carregamentos são

acumulados, como podemos observar na figura acima, em relação à parede PY-05.

Com os comprimentos das paredes definidos e as reações devido às lajes, foi

possível elaborar uma planilha para cálculo dos carregamentos oriundos das lajes atuando em

cada parede. As reações de lajes adjacentes a cada parede foram inseridas em duas colunas

independentes, e acumuladas em uma terceira coluna, tendo-se então as cargas das lajes

atuando em cada parede. Tal procedimento foi executado para todos os pavimentos da

referida edificação. Os valores obtidos serão apresentados posteriormente, juntamente com os

carregamentos oriundos do peso próprio das paredes.

3.4.1.2 Ações devido ao peso próprio das paredes

Definidas as paredes estruturais, também foi possível definir os carregamentos

oriundos do peso próprio das mesmas, através do comprimento e altura das paredes, bem

como do seu peso específico, demonstrado anteriormente. Assim como nas lajes, o

carregamento das paredes acima e abaixo de cada abertura foi distribuído para as paredes

adjacentes de forma igualitária. Tal procedimento foi executado em cada pavimento e os

resultados obtidos estão apresentados nas tabelas 17, 18, 19, 20 e 21, juntamente com os

carregamentos oriundos das lajes. A carga da platibanda foi considerada junto com o peso

próprio das paredes do pavimento cobertura.

275

6,6

8 k

N

7,38 kN/m 7,38 kN/m 3,88 kN/m

7,9

0 k

N6

,68

kN

7,9

0 k

N

PY

-01

PY

-02

13,6

3 k

N/m

7,3

8+

3,8

8 =

11,

25 k

N/m

PY

-05

13,6

3 k

N/m

G+Q=5,0kN/m²

147.5 147.5

140.5

77.5 77.5

190.5

107

90

.59

0.5

107

197.5

197.5

G+Q=5,0kN/m²

Page 103: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

99

Tabela 17 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes do reservatório.

Fonte: Do autor (2018)

Tabela 18 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes da cobertura.

Fonte: Do autor (2018)

L1 L2

PX-10 6,05 6,41 0,00 6,41 6,53 78,29

PX-12 6,05 6,41 0,00 6,41 6,53 78,29

PY-08 2,85 0,00 0,00 0,00 6,53 18,60

Reações Lajes (kN/m)Parede

Comprimento

(m)

L1 + L2

(kN/m)

Peso Próprio

(kN/m)

Carga Total

(kN)

L1 L2

PX-01 3,42 0,00 0,00 0,00 11,11 38,00

PX-02 1,14 0,00 0,00 0,00 17,04 19,43

PX-03 0,67 0,00 0,00 0,00 17,78 11,91

PX-04 0,27 0,00 0,00 0,00 26,81 7,24

PX-05 0,27 0,00 0,00 0,00 26,81 7,24

PX-06 0,27 57,10 0,00 57,10 42,63 26,93

PX-07 0,67 7,07 1,88 8,95 8,55 11,73

PX-08 3,52 3,20 1,88 5,08 10,17 53,66

PX-09 2,82 0,45 7,26 7,71 7,04 41,61

PX-10 1,75 9,85 8,85 18,70 7,50 45,85

PX-11 6,79 5,45 5,45 10,90 9,37 137,63

PX-12 1,75 9,85 0,00 9,85 7,50 30,36

PX-13 0,27 0,00 0,00 0,00 42,63 11,51

PY-01 1,07 10,89 0,00 10,89 16,32 29,11

PY-02 1,07 10,89 0,00 10,89 16,32 29,11

PY-03 0,82 3,23 0,00 3,23 16,61 16,27

PY-04 1,22 2,59 0,00 2,59 14,91 21,35

PY-05 2,75 5,90 3,10 9,00 6,58 42,85

PY-06 2,92 3,56 6,31 9,87 7,01 49,29

PY-07 3,95 5,50 3,41 8,91 6,85 62,25

PY-08 0,32 0,00 0,00 0,00 12,11 3,88

PY-09 4,70 3,50 0,00 3,50 7,52 51,79

PY-10 4,70 3,50 0,00 3,50 7,52 51,79

ParedeComprimento

(m)

Reações Lajes (kN/m) L1 + L2

(kN/m)

Peso Próprio

(kN/m)

Carga Total

(kN)

Page 104: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

100

Tabela 19 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes do barrilete.

Fonte: Do autor (2018)

Tabela 20 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes do pavimento tipo.

Fonte: Do autor (2018)

L1 L2

PX-10 6,05 13,94 0,00 13,94 10,34 146,85

PX-12 6,05 13,94 0,00 13,94 10,34 146,85

PY-08 2,85 0,00 0,00 0,00 10,34 29,46

L1 + L2

(kN/m)

Peso Próprio

(kN/m)

Carga Total

(kN)Parede

Comprimento

(m)

Reações Lajes (kN/m)

L1 L2

PX-01 3,42 0,00 0,00 0,00 7,56 25,86

PX-02 1,14 0,00 0,00 0,00 10,88 12,40

PX-03 0,67 0,00 0,00 0,00 11,07 7,42

PX-04 0,27 0,00 0,00 0,00 16,22 4,38

PX-05 0,27 0,00 0,00 0,00 16,22 4,38

PX-06 0,27 57,10 0,00 57,10 27,22 22,77

PX-07 0,67 8,84 2,35 11,19 8,55 13,23

PX-08 3,52 4,00 2,35 6,35 7,69 49,42

PX-09 2,82 0,56 9,08 9,64 7,04 47,04

PX-10 1,75 13,55 8,85 22,40 7,50 52,33

PX-11 6,79 6,81 6,81 13,62 7,88 145,99

PX-12 1,75 13,54 0,00 13,54 7,50 36,82

PX-13 0,27 0,00 0,00 0,00 42,63 11,51

PY-01 1,07 13,61 0,00 13,61 10,30 25,58

PY-02 1,07 13,61 0,00 13,61 10,30 25,58

PY-03 0,82 4,04 0,00 4,04 13,65 14,51

PY-04 1,22 3,24 0,00 3,24 10,56 16,84

PY-05 2,75 7,38 3,88 11,26 6,58 49,06

PY-06 2,92 4,45 7,89 12,34 7,01 56,50

PY-07 3,95 5,50 3,41 8,91 6,05 59,09

PY-08 0,32 0,00 0,00 0,00 12,11 3,88

PY-09 4,70 4,81 0,00 4,81 6,58 53,53

PY-10 4,70 3,50 0,00 3,50 6,58 47,38

ParedeComprimento

(m)

Reações Lajes (kN/m) L1 + L2

(kN/m)

Peso Próprio

(kN/m)

Carga Total

(kN)

Page 105: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

101

Tabela 21 - Cargas das lajes e peso próprio das paredes do térreo.

Fonte: Do autor (2018)

3.4.1.3 Distribuição das cargas verticais

Para a distribuição das cargas verticais adotou-se o procedimento dos grupos

isolados de paredes, descrito anteriormente no item 2.5.1.1.4 Métodos de distribuição das

ações verticais. A limitação dos grupos foi considerada segundo a separação existente pelas

aberturas. A nomenclatura das paredes e grupos está apresentada na figura 36. Foram

considerados sete grupos nos pavimentos térreo, tipo e cobertura e apenas um grupo no

barrilete e reservatório. Possuindo geometria e carregamento idênticos, as demais paredes

foram consideradas simétricas e dimensionadas segundo cada grupo.

L1 L2

PX-01 3,42 0,00 0,00 0,00 7,56 25,86

PX-02 1,14 0,00 0,00 0,00 10,88 12,40

PX-03 0,67 0,00 0,00 0,00 11,07 7,42

PX-04 0,27 0,00 0,00 0,00 16,22 4,38

PX-05 0,27 0,00 0,00 0,00 16,22 4,38

PX-06 0,27 57,10 0,00 57,10 27,22 22,77

PX-07 0,67 8,84 2,35 11,19 8,55 13,23

PX-08 3,52 4,00 2,35 6,35 7,69 49,42

PX-09 2,82 0,56 9,08 9,64 7,04 47,04

PX-10 1,75 13,55 8,85 22,40 7,50 52,33

PX-11 6,79 6,81 6,81 13,62 7,88 145,99

PX-12 1,75 13,54 4,88 18,42 7,50 45,36

PX-13 0,27 31,64 0,00 31,64 42,63 20,05

PY-01 1,07 13,61 0,00 13,61 10,30 25,58

PY-02 1,07 13,61 0,00 13,61 10,30 25,58

PY-03 0,82 4,04 0,00 4,04 13,65 14,51

PY-04 1,22 3,24 0,00 3,24 10,56 16,84

PY-05 2,75 7,38 3,88 11,26 6,58 49,06

PY-06 2,92 4,45 7,89 12,34 7,01 56,50

PY-07 3,95 5,50 3,41 8,91 6,05 59,09

PY-08 0,32 0,00 0,00 0,00 12,11 3,88

PY-09 4,70 4,81 0,00 4,81 6,58 53,53

PY-10 4,70 3,50 0,00 3,50 6,58 47,38

ParedeComprimento

(m)

Reações Lajes (kN/m) L1 + L2

(kN/m)

Peso Próprio

(kN/m)

Carga Total

(kN)

Page 106: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

102

Figura 36 - Grupos isolados de paredes (térreo, tipo e cobertura).

Fonte: Do autor (2018)

Como já visto dentro do conceito de grupos isolados de paredes, é importante

determinar a resultante de cargas verticais presente em cada grupo, na base de cada nível da

edificação. A carga deverá ser distribuída de maneira uniforme pela área total em planta de

cada grupo de paredes e sua determinação se dá de forma cumulativa do topo para a base de

cada um dos grupos.

A tabela 22 apresenta a resultante de cargas verticais em cada pavimento.

Nota-se que o comprimento apresentado, refere-se ao somatório dos

comprimentos unitários das paredes pertencentes a cada grupo, assim como os carregamentos

oriundos das lajes e do peso próprio das paredes. Também se apresenta a quantidade de

repetições que cada grupo possui e o carregamento total de cada grupo dentro do pavimento.

Desta forma, se obteve o carregamento total em cada pavimento, que somados,

apresentam o carregamento total do edifício.

Com base nos resultados obtidos e acumulando-se as cargas verticais em cada

grupo junto à base das paredes de cada pavimento em análise, chegamos a distribuição de

ações verticais apresentada na tabela 23.

PY

-01

PX-01 PX-02 PX-03

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-09

PY

-08

PX-04 PX-05

PX-06

PX-09PX-08

PX-11

PX-07

PX-10

PY

-01

PX-01PX-02PX-03

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-09

PY

-08

PX-04PX-05

PX-06

PX-09 PX-08

PX-07

PX-10

PX-11

PY

-01

PX-01 PX-02 PX-03

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-10

PY

-08

PX-04 PX-05

PX-13

PX-09PX-08

PX-07

PX-12

PY

-01

PX-01PX-02PX-03

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-10

PY

-08

PX-04PX-05

PX-13

PX-09 PX-08

PX-07

PX-12

G-01 G-02

G-04 G-03

G-06

G-05

G-07

Page 107: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

103

Tabela 22 - Resultantes das cargas verticais nos grupos de paredes.

Fonte: Do autor (2018)

G-01 PX-10 / PX-12 / PY-08 / PY-XX / PY-XX 14,95 175,18 1,00 175,18

175,18

G-01 PX-10 / PX-12 / PY-08 / PY-XX / PY-XX 14,95 323,16 1,00 323,16

323,16

G-01 PX-01 / PX-07 / PY-01 / PY-05 7,91 121,68 4,00 486,72

G-02 PX-02 / PY-06 4,06 68,72 4,00 274,86

G-03 PX-03 / PX-04 / PX-09 / PY-07 7,71 123,01 4,00 492,04

G-04 PX-08 / PY-02 / PY-03 / PY-04 6,63 120,40 4,00 481,58

G-05 PX-05 / PX-06 / PX-10 / PY-08 / PY-09 7,31 135,69 2,00 271,37

G-06 PX-11 6,79 137,63 1,00 137,63

G-07 PX-05 / PX-12 / PX-13 / PY-08 / PY-10 7,31 104,78 2,00 209,56

2353,77

G-01 PX-01 / PX-07 / PY-01 / PY-05 7,91 113,72 4,00 454,90

G-02 PX-02 / PY-06 4,06 68,91 4,00 275,62

G-03 PX-03 / PX-04 / PX-09 / PY-07 7,71 117,93 4,00 471,70

G-04 PX-08 / PY-02 / PY-03 / PY-04 6,63 106,35 4,00 425,39

G-05 PX-05 / PX-06 / PX-10 / PY-08 / PY-09 7,31 136,88 2,00 273,76

G-06 PX-11 6,79 145,99 1,00 145,99

G-07 PX-05 / PX-12 / PX-13 / PY-08 / PY-10 7,31 103,96 2,00 207,92

2255,28

G-01 PX-01 / PX-07 / PY-01 / PY-05 7,91 113,72 4,00 454,90

G-02 PX-02 / PY-06 4,06 68,91 4,00 275,62

G-03 PX-03 / PX-04 / PX-09 / PY-07 7,71 117,93 4,00 471,70

G-04 PX-08 / PY-02 / PY-03 / PY-04 6,63 106,35 4,00 425,39

G-05 PX-05 / PX-06 / PX-10 / PY-08 / PY-09 7,31 136,88 2,00 273,76

G-06 PX-11 6,79 145,99 1,00 145,99

G-07 PX-05 / PX-12 / PX-13 / PY-08 / PY-10 7,31 121,04 2,00 242,09

2289,44

9652,11

Carga Total

(kN)

Carga do

Grupo (kN)

Comprimento

(m)

Carga Total

(kN)Repetições

Carga do

Grupo (kN)

Carga total do pavimento

Carga total do pavimento

Carga total do edifício

TÉRREO

ParedesGrupo

Comprimento

(m)

Carga total do pavimento

Carga total do pavimento

Carga total do pavimento

Grupo ParedesCarga do

Grupo (kN)Repetições

Comprimento

(m)

TIPO

Carga Total

(kN)

Comprimento

(m)

COBERTURA

BARRILETE

Grupo Paredes RepetiçõesCarga Total

(kN)

Comprimento

(m)

ParedesCarga Total

(kN)

Grupo ParedesCarga do

Grupo (kN)Repetições

GrupoCarga do

Grupo (kN)Repetições

RESERVATÓRIO

Page 108: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

104

Tabela 23 - Resultantes Nk (em kN) das cargas acumuladas em cada grupo.

Fonte: Do autor (2018)

Com os valores das resultantes em cada nível, pôde-se obter o carregamento linear

em cada grupo, dividindo-se as resultantes pelo comprimento de paredes do grupo, conforme

mostrado na tabela 24.

Tabela 24 - Carregamento linear Nk/L (kN/m) acumulado em cada grupo.

Fonte: Do autor (2018)

De posse dos resultados obtidos na tabela 24, já é possível executar o

dimensionamento à compressão, o qual será detalhado no item 3.5.1 e após a definição dos

esforços horizontais, também será possível realizar o dimensionamento à flexão composta,

mostrado do item 3.5.2 e ao cisalhamento, apresentado no item 3.5.3.

3.4.2 Ações Horizontais

As ações horizontais a serem consideradas são devidas a força do vento e ao

desaprumo.

3.4.2.1 Desaprumo

Considerando-se que a altura da edificação, sem a torre do reservatório, é de

12,15m, tem-se o ângulo de desaprumo igual a:

G-01 PX-01 / PX-07 / PY-01 / PY-05 7,91 0,00 0,00 121,68 235,41 349,13 462,86

G-02 PX-02 / PY-06 4,06 0,00 0,00 68,72 137,62 206,53 275,43

G-03 PX-03 / PX-04 / PX-09 / PY-07 7,71 0,00 0,00 123,01 240,94 358,86 476,79

G-04 PX-08 / PY-02 / PY-03 / PY-04 6,63 0,00 0,00 120,40 226,74 333,09 439,43

G-05 PX-05 / PX-06 / PX-10 / PY-08 / PY-09 7,31 85,67 243,71 379,40 516,27 653,15 790,03

G-06 PX-11 6,79 0,00 0,00 137,63 283,62 429,60 575,59

G-07 PX-05 / PX-12 / PX-13 / PY-08 / PY-10 7,31 85,67 243,71 348,49 452,45 556,41 677,46

BarrileteGrupo ParedesComp.

(m)Reserv. Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

G-01 PX-01 / PX-07 / PY-01 / PY-05 7,91 0,00 0,00 15,38 29,76 44,14 58,52

G-02 PX-02 / PY-06 4,06 0,00 0,00 16,92 33,90 50,87 67,84

G-03 PX-03 / PX-04 / PX-09 / PY-07 7,71 0,00 0,00 15,95 31,25 46,54 61,84

G-04 PX-08 / PY-02 / PY-03 / PY-04 6,63 0,00 0,00 18,16 34,20 50,24 66,28

G-05 PX-05 / PX-06 / PX-10 / PY-08 / PY-09 7,31 11,72 33,34 51,90 70,63 89,35 108,08

G-06 PX-11 6,79 0,00 0,00 20,27 41,77 63,27 84,77

G-07 PX-05 / PX-12 / PX-13 / PY-08 / PY-10 7,31 11,72 33,34 47,67 61,90 76,12 92,68

Grupo ParedesComp.

(m)Reserv. Barrilete Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

Page 109: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

105

Considerando-se um peso aproximado por pavimento de 1900 kN, a força

horizontal a ser considerada em cada pavimento será de:

3.4.2.2 Vento

De acordo com as informações apresentadas no item 2.5.1.2.1, as ações

horizontais devidas ao vento são determinadas segundo as especificações e dados da NBR

6123 (1988).

A determinação da força do vento se dá primeiramente através da obtenção da

velocidade básica do vento através do mapa de isopletas, buscando-se a região onde a

edificação estará inserida. Como o edifício estará localizado na região da Grande

Florianópolis, a velocidade básica do vento a ser considerada é V0=43,0 m/s. O fator

topográfico a ser considerado para terrenos planos ou fracamente ondulados é S1=1,0. Já o

fator estatístico para edificações residenciais é S3=1,0. O fator S2, leva em consideração a

rugosidade do terreno e dimensões da edificação, foi obtido através da seguinte equação:

(

)

Sendo:

b – fator meteorológico;

p – fator meteorológico;

Fr – fator de rajada, sempre correspondente à categoria II;

Z – cota (m).

Para o cálculo do fator S2, adotou-se a categoria IV (terreno coberto por

obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona urbanizada), e classe B (toda edificação

para a qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 e 50

metros). Assim, segundo os dados da tabela 1 da NBR 6123 (1988), tem-se:

Fr = 0,98 b=0,85 p=0,125

Page 110: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

106

Faz-se necessário calcular o fator S2 para cada pavimento do edifício, ou seja, para

cada cota Z. Assim, a tabela 25, nos apresenta os valores de S2, obtidos para cada pavimento.

Tabela 25 - Valores de S2 para cada pavimento.

Fonte: Do autor (2018)

Após a definição dos valores de V0, S1, S2 e S3, foi possível calcular a velocidade

característica do para cada pavimento através da seguinte equação:

Com os valores de Vk definidos, partimos para a definição da pressão dinâmica do

vento, utilizando a seguinte expressão:

Os valores de Vk, em m/s, e os valores de q, em N/m², obtidos para cada

pavimento são apresentados na tabela 26.

Tabela 26 - Valores de Vk e q para cada pavimento.

Fonte: Do autor (2018)

Para o cálculo do coeficiente de arrasto Ca, foi considerado que sobre o edifício

estão incidindo ventos de alta turbulência, conforme apresentado no item 6.5.3 da NBR 6123

Pavimento Z (m) S2

Térreo 2,76 0,709

Tipo 1 5,52 0,773

Tipo 2 8,28 0,814

Tipo 3 11,04 0,843

Pavimento V k (m/s) q (N/m²)

Térreo 30,49 570,05

Tipo 1 33,25 677,91

Tipo 2 34,98 750,23

Tipo 3 36,26 806,18

Page 111: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

107

(1988). A definição de Ca, para o vento incidindo perpendicularmente a cada uma das

fachadas, é obtida através do gráfico apresentado na figura 5 da referida norma, em função

das relações H/L1 e L1/L2, onde H é a altura do edifício, L1 é a dimensão em planta

perpendicular ao vento e L2 é a dimensão em planta paralela ao vento, nas direções X e Y.

Vale ressaltar que, segundo a norma, se o vento puder passar livremente pelos dois extremos

do corpo, o valor de H a ser considerado no cálculo, deve ser a metade do comprimento do

corpo. Desta forma, a altura adotada será:

Para o vento incidindo na direção X e com L1=20,70m, L2=14,30m, teremos:

Já para o vento incidindo na direção Y e com L1=14,30m, L2=20,70m, teremos:

Levando estes dados até o gráfico, obtivemos os seguintes valores para de Ca:

Ca (direção X) = 1,1

Ca (direção Y) = 0,9

Para a definição da força de arrasto Fa ainda é preciso definir a área frontal efetiva

(Ae) em cada direção e para cada pavimento. Esta área é obtida multiplicando-se a largura pela

altura do pavimento. É importante lembrar que para o último pavimento, deve ser considerada

também a área referente à platibanda e reservatório.

De posse de Ae, Ca e q, podemos calcular Fa para cada pavimento nas duas

direções através da seguinte expressão:

Page 112: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

108

Os valores obtidos são apresentados pela tabela 27.

Tabela 27 - Valores de Fa nas direções X e Y.

Fonte: Do autor (2018)

3.4.2.3 Distribuição das ações horizontais

Para a distribuição das ações horizontais entre as paredes de contraventamento,

utilizou-se o modelo de barras isoladas, discutido no item 2.5.1.2.3, e considerada a torção

devido à excentricidade do vento prevista em norma.

Neste modelo, a força horizontal em cada parede de contraventamento é

proporcional à rigidez individual destas. Havendo um momento de torção em planta, cada

parede estará sujeita ainda a uma parcela de força adicional para equilibrar esse momento.

Quando há torção, a tentativa de giro em planta do edifício mobiliza paredes de

contraventamento X e Y e, portanto, paredes das duas direções devem participar do modelo.

Por isso, determinou-se a inércia de cada parede no cálculo da torção, não se levando em

conta a contribuição das abas. Desta forma, considerando paredes nas duas direções, não

haverá sobreposição de paredes, visto que parte da parede na outra direção não foi contada

como aba.

Outra observação pertinente é quanto à necessidade de incluir os esforços de

torção do edifício. É certo que sobre o edifício incidirão esforços de torção, mesmo sendo a

planta duplamente simétrica, devido à distribuição disforme do vento sobre a fachada. Mas,

para os casos de edifícios baixos como o do nosso exemplo, com paredes bem distribuídas nas

duas direções, é bem provável que o modelo de paredes em balanço sem a consideração da

torção seja suficiente (PARSEKIAN E SOARES, 2011, apud REBOREDO, 2013).

A rigidez de cada painel depende da sua inércia, módulo de elasticidade e altura.

Segundo a NBR 15961-1 (2011), o valor do módulo de elasticidade da alvenaria pode ser

adotado igual a 800*fpk e o coeficiente de Poisson igual a 0,20.

Pavimento q (kN/m²) C aX C aY A eX (m²) A eY (m²) F aX (kN) F aY (kN)

Térreo 0,57 1,1 0,9 57,13 39,47 35,82 20,25

Tipo 1 0,68 1,1 0,9 57,13 39,47 42,60 24,08

Tipo 2 0,75 1,1 0,9 57,13 39,47 47,15 26,65

Tipo 3 0,81 1,1 0,9 115,08 72,65 102,05 52,71

Page 113: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

109

Para o edifício exemplo, adotou-se um fpk médio para todos os pavimentos igual a

3,0 Mpa, o que nos levou ao módulo de elasticidade longitudinal da alvenaria de:

O módulo de elasticidade transversal a ser considerado será:

(

(

A altura de todas as paredes é igual a 2,60m e a inércia de cada uma já foi

calculada anteriormente. Com isso, têm-se todos os dados necessários para o cálculo da

rigidez de cada parede, lembrando que a mesma é o inverso do deslocamento causado pela

força lateral (Δi). Como exemplo, utilizaremos os dados referentes à PX-08 na equação

apresentada no item 2.5.1.2.3:

Para o cálculo da rigidez relativa de cada parede, foi necessário encontrar a

rigidez total em cada direção, multiplicando-se a rigidez individual de cada parede pelo

número de repetições da mesma, e efetuando-se o somatório de todos os valores obtidos para

cada direção. De posse da rigidez total, apresentada na tabela 28 para cada direção, podemos

definir a rigidez relativa, dividindo-se a rigidez individual pela rigidez total.

Seguindo o exemplo com a parede PX-08, que possui uma rigidez individual de

156012m-1

, a sua rigidez relativa deverá resistir a um esforço equivalente a 6,21% da força

horizontal e do momento total em cada pavimento:

Page 114: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

110

A tabela 28 apresenta a rigidez individual, rigidez total, e o quanto (quinhão) cada

parede será responsável por resistir aos esforços horizontais.

Tabela 28 - Rigidez individual e relativa das paredes nas direções X e Y.

Fonte: Do autor (2018)

Parede Rigidez (m-1

) RepetiçõesRigidez (m

-1)

x Repetições

Rigidez Relativa

(Quinhão)

PX-01 148875 4 595500 5,93%

PX-02 6878 4 27514 0,27%

PX-03 3117 4 12467 0,12%

PX-04 448 4 1791 0,02%

PX-05 366 4 1462 0,01%

PX-06 489 2 977 0,02%

PX-07 3836 4 15344 0,15%

PX-08 156012 4 624047 6,21%

PX-09 88102 4 352409 3,51%

PX-10 48086 2 96172 1,91%

PX-11 343535 2 687069 13,68%

PX-12 48086 2 96172 1,91%

PX-13 489 2 977 0,02%

2511903 100%

Parede Rigidez (m-1

) RepetiçõesRigidez (m

-1)

x Repetições

Rigidez Relativa

(Quinhão)

PY-01 12163 4 48651 0,46%

PY-02 9781 4 39126 0,37%

PY-03 6515 4 26061 0,25%

PY-04 19155 4 76621 0,72%

PY-05 125260 4 501040 4,73%

PY-06 97711 4 390845 3,69%

PY-07 185080 4 740319 6,99%

PY-08 608 4 2430 0,02%

PY-09 206072 2 412143 7,78%

PY-10 206072 2 412143 7,78%

2649379 100%

Somatórios X

Somatórios Y

Page 115: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

111

Desta forma é possível calcular a porcentagem dos esforços horizontais que cada

parede irá absorver em cada pavimento. Na tabela 29 estão demonstrados os esforços de vento

e desaprumo em cada pavimento para as direções X e Y. O momento em cada pavimento é

calculado multiplicando-se cada Ftotal pela distância entre o andar em que se quer calcular o

momento e o andar em que a força é aplicada.

Tabela 29 - Esforços horizontais nas direções X e Y.

Fonte: Do autor (2018)

3.4.2.4 Esforços em cada parede (sem torção)

Na tabela 30 são apresentados os esforços cortantes e os momentos fletores

atuantes em cada parede. Lembrando, que conforme já comentado, cada parede irá resistir a

uma parcela de esforço proporcional à sua rigidez.

Pavimento F a (kN) F desaprumo (kN) F total (kN) F acumulado (kN) Altura (m) Momento (kN.m)

Tipo 3 102,05 5,51 107,56 107,56 2,76 296,87

Tipo 2 47,15 5,51 52,66 160,22 2,76 739,08

Tipo 1 42,60 5,51 48,11 208,33 2,76 1314,07

Térreo 35,82 5,51 41,33 249,66 2,76 2003,14

Pavimento F a (kN) F desaprumo (kN) F total (kN) F acumulado (kN) Altura (m) Momento (kN.m)

Tipo 3 52,71 5,51 58,22 58,22 2,76 160,69

Tipo 2 26,65 5,51 32,16 90,38 2,76 410,15

Tipo 1 24,08 5,51 29,59 119,97 2,76 741,27

Térreo 20,25 5,51 25,76 145,73 2,76 1143,50

Esforços Horizontais na direção X .

Esforços Horizontais na direção Y .

Page 116: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

112

Tabela 30 - Esforço cortante e momento fletor por parede em X e Y.

Fonte: Do autor (2018)

3.4.2.5 Esforços em cada parede (com torção)

No edifício exemplo foi considerada a excentricidade da força de arrasto, em

relação ao eixo vertical geométrico, igual a 7,5% do comprimento da fachada onde o vento

incide, conforme o item 6.6.2 da NBR 6123 (1988). No caso da direção X, a fachada possui

20,70 metros e na direção Y, a fachada possui 14,30 metros. Desta forma temos:

F acum (kN) M (kN.m) F acum (kN) M (kN.m) F acum (kN) M (kN.m) F acum (kN) M (kN.m)

107,56 296,87 160,22 739,08 208,33 1314,07 249,66 2003,14

PX-01 5,93% 6,38 17,60 9,50 43,80 12,35 77,88 14,80 118,72

PX-02 0,27% 0,29 0,81 0,44 2,02 0,57 3,60 0,68 5,49

PX-03 0,12% 0,13 0,37 0,20 0,92 0,26 1,63 0,31 2,49

PX-04 0,02% 0,02 0,05 0,03 0,13 0,04 0,23 0,04 0,36

PX-05 0,01% 0,02 0,04 0,02 0,11 0,03 0,19 0,04 0,29

PX-06 0,02% 0,02 0,06 0,03 0,14 0,04 0,25 0,05 0,38

PX-07 0,15% 0,16 0,45 0,24 1,13 0,32 2,01 0,38 3,06

PX-08 6,21% 6,68 18,44 9,95 45,90 12,94 81,62 15,51 124,41

PX-09 3,51% 3,77 10,41 5,62 25,92 7,31 46,09 8,76 70,26

PX-10 1,91% 2,06 5,68 3,07 14,15 3,99 25,16 4,78 38,35

PX-11 13,68% 14,71 40,60 21,91 101,08 28,49 179,72 34,15 273,96

PX-12 1,91% 2,06 5,68 3,07 14,15 3,99 25,16 4,78 38,35

PX-13 0,02% 0,02 0,06 0,03 0,14 0,04 0,26 0,05 0,39

F acum (kN) M (kN.m) F acum (kN) M (kN.m) F acum (kN) M (kN.m) F acum (kN) M (kN.m)

58,22 160,69 90,38 410,15 119,97 741,27 145,73 1143,50

PY-01 0,46% 0,27 0,74 0,41 1,88 0,55 3,40 0,67 5,25

PY-02 0,37% 0,21 0,59 0,33 1,51 0,44 2,74 0,54 4,22

PY-03 0,25% 0,14 0,40 0,22 1,01 0,30 1,82 0,36 2,81

PY-04 0,72% 0,42 1,16 0,65 2,97 0,87 5,36 1,05 8,27

PY-05 4,73% 2,75 7,60 4,27 19,39 5,67 35,05 6,89 54,06

PY-06 3,69% 2,15 5,93 3,33 15,13 4,42 27,34 5,37 42,17

PY-07 6,99% 4,07 11,23 6,31 28,65 8,38 51,78 10,18 79,88

PY-08 0,02% 0,01 0,04 0,02 0,09 0,03 0,17 0,03 0,26

PY-09 7,78% 4,53 12,50 7,03 31,90 9,33 57,66 11,34 88,94

PY-10 7,78% 4,53 12,50 7,03 31,90 9,33 57,66 11,34 88,94

Esforço Cortante e Momento Fletor por Parede (kN) - Direção X .

Esforço Cortante e Momento Fletor por Parede (kN) - Direção Y .

Rigidez

Relativa

(Quinhão)

Parede

Parede

Rigidez

Relativa

(Quinhão)

Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

Page 117: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

113

Multiplicando-se a força de arrasto pela excentricidade, obtém-se o momento

torsor em cada pavimento, conforme apresentado na tabela 31.

Tabela 31 - Momentos torsores nas direções X e Y.

Fonte: Do autor (2018)

A força adicional em cada parede, devido à torção, foi equacionada no item

2.5.1.2.3. Como já mencionado, apenas os esforços desfavoráveis devem ser somados.

A figura 37 apresenta as paredes das direções X e Y (sem a consideração das

abas), seus comprimentos e distâncias dos eixos individuais ao centro geométrico do edifício

exemplo.

Estes dados foram compilados na tabela 32, que também apresenta os valores do

momento de inércia e rigidez à torção de cada parede, com:

∑[(

) (

]

Pavimento F a (kN) F acumulado (kN) e X (m) Momento Torsor (kN.m)

Tipo 3 102,05 102,05 1,55 158,18

Tipo 2 47,15 149,20 1,55 231,26

Tipo 1 42,60 191,80 1,55 297,29

Térreo 35,82 227,62 1,55 352,82

Pavimento F a (kN) F desaprumo (kN) e Y (m) Momento Torsor (kN.m)

Tipo 3 52,71 52,71 1,07 56,40

Tipo 2 26,65 79,36 1,07 84,92

Tipo 1 24,08 103,44 1,07 110,68

Térreo 20,25 123,69 1,07 132,35

Momento torsor na direção X .

Momento torsor na direção Y .

Page 118: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

114

Figura 37 - Características geométricas das paredes em X e Y sem as abas.

Fonte: Do autor (2018)

477.5

612

.570

7.5

312

.5

432.5

142.5

477.5

612

.5

70

7.5

PX-01 PX-02 PX-03

PX-04 PX-05

PX-06

PX-09PX-08

PX-11

PX-07

PX-10

PX-13

PX-12

PY

-01

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-09

PY

-08

PY

-10

PX-07

PX-09 PX-08

PX-04PX-05

PX-01PX-02PX-03

312

.5

432.5

142.5

PX-07

PX-09PX-08

PX-04 PX-05

PX-01 PX-02 PX-03

PX-01PX-02PX-03

PX-04PX-05

PX-06

PX-09 PX-08

PX-11

PX-07

PX-10

PX-13

PX-12

CG

74 114 349

34 34

34

74

289 359

189

679

189

289 359

74

34

PY

-01

PY

-02

PY

-03

PY

-04

PY

-05

PY

-06

PY

-07

PY

-09

PY

-08

PY

-10

PY

-01

PY

-02P

Y-0

3

PY

-04

PY

-05

PY

-06PY

-07

PY

-08

CG

120.5

302.5

34 34

74 114 349

PY

-01

PY

-02 P

Y-0

3

PY

-04

PY

-05

PY

-06 PY

-07

PY

-08

577.5

732.5

817.5

932.5

1027.5

120.5

302.5

577.5

732.5

817.5

932.5

1027.5

114

114

89

129

28

9

299

40

939

48

4

114

114

89

129

28

9

299

40

939

48

4

Page 119: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

115

Tabela 32 - Características geométricas em X e Y - cálculo de esforços à torção.

Fonte: Do autor (2018)

A partir dos dados apresentados na tabela acima, se tem então a força de cada

parede para resistir à torção do edifício, através da seguinte equação e dados da PX-08:

∑(

)

Parede t (m) L (m) Iy (m4) n y (m) Iy.y (m

5) n.Iy.y² (m

6)

PX-01 0,14 3,49 0,4959 4 7,075 3,509 99,297

PX-02 0,14 1,14 0,0173 4 7,075 0,122 3,461

PX-03 0,14 0,74 0,0047 4 7,075 0,033 0,947

PX-04 0,14 0,34 0,0005 4 6,125 0,003 0,069

PX-05 0,14 0,34 0,0005 4 6,125 0,003 0,069

PX-06 0,14 0,34 0,0005 2 4,775 0,002 0,021

PX-07 0,14 0,74 0,0047 4 4,325 0,020 0,354

PX-08 0,14 3,59 0,5398 4 3,125 1,687 21,086

PX-09 0,14 2,89 0,2816 4 3,125 0,880 11,000

PX-10 0,14 1,89 0,0788 2 1,425 0,112 0,320

PX-11 0,19 6,79 4,9566 2 0,000 0,000 0,000

PX-12 0,14 1,89 0,0788 2 1,425 0,112 0,320

PX-13 0,14 0,34 0,0005 2 4,775 0,002 0,021

136,963

Parede t (m) L (m) Ix (m4) n x (m) Ix.x (m

5) n.Ix.x (m

6)

PY-01 0,14 1,14 0,0173 4 10,275 0,178 7,299

PY-02 0,14 1,14 0,0173 4 10,275 0,178 7,299

PY-03 0,14 0,89 0,0082 4 9,325 0,077 2,861

PY-04 0,14 1,29 0,0250 4 8,175 0,205 6,695

PY-05 0,14 2,89 0,2816 4 7,325 2,063 60,439

PY-06 0,14 2,99 0,3119 4 5,775 1,801 41,603

PY-07 0,14 4,09 0,7982 4 3,025 2,415 29,216

PY-08 0,14 0,39 0,0007 4 3,025 0,002 0,025

PY-09 0,14 4,84 1,3228 2 1,205 1,594 3,841

PY-10 0,14 4,84 1,3228 2 1,205 1,594 3,841

163,121

∑ Iy.y²

∑ Ix.x²

Page 120: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

116

Então, por exemplo, para o pavimento Tipo 2, onde MT=231,26 kN.m, a força

adicional aplicada na PX-08 será de:

Os resultados obtidos para cada parede, nas direções X e Y, em cada pavimento,

são demonstrados na tabela 33.

Tabela 33 - Esforço cortante por parede devido à torção.

Fonte: Do autor (2018)

Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

PX-01 0,4959 7,075 1,850 2,704 3,476 4,125

PX-02 0,0173 7,075 0,064 0,094 0,121 0,144

PX-03 0,0047 7,075 0,018 0,026 0,033 0,039

PX-04 0,0005 6,125 0,001 0,002 0,003 0,003

PX-05 0,0005 6,125 0,001 0,002 0,003 0,003

PX-06 0,0005 4,775 0,001 0,002 0,002 0,003

PX-07 0,0047 4,325 0,011 0,016 0,020 0,024

PX-08 0,5398 3,125 0,889 1,300 1,671 1,983

PX-09 0,2816 3,125 0,464 0,678 0,872 1,035

PX-10 0,0788 1,425 0,059 0,086 0,111 0,132

PX-11 4,9566 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

PX-12 0,0788 1,425 0,059 0,086 0,111 0,132

PX-13 0,0005 4,775 0,001 0,002 0,002 0,003

Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

PY-01 0,0173 10,275 0,033 0,050 0,066 0,078

PY-02 0,0173 10,275 0,033 0,050 0,066 0,078

PY-03 0,0082 9,325 0,014 0,022 0,028 0,034

PY-04 0,0250 8,175 0,038 0,058 0,076 0,090

PY-05 0,2816 7,325 0,388 0,584 0,761 0,910

PY-06 0,3119 5,775 0,339 0,510 0,664 0,794

PY-07 0,7982 3,025 0,454 0,683 0,891 1,065

PY-08 0,0007 3,025 0,000 0,001 0,001 0,001

PY-09 1,3228 1,205 0,300 0,451 0,588 0,703

PY-10 1,3228 1,205 0,300 0,451 0,588 0,703

PAVIMENTOy (m)Iy (m

4)

F T (kN) por parede - Torção

Parede

Parede Ix (m4) x (m)

PAVIMENTO

Page 121: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

117

Para o cálculo do momento adicional em cada parede, deve-se multiplicar a força

adicional em cada pavimento pela distância entre o andar em que se quer calcular o momento

e o andar em que cada força esta aplicada. Por exemplo, para a PX-08, no Tipo 2, se tem que:

( (

Os resultados das demais paredes são apresentados na tabela 34.

Tabela 34 - Momento por parede devido à torção.

Fonte: Do autor (2018)

Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

PX-01 5,105 12,568 22,162 33,548

PX-02 0,178 0,438 0,772 1,169

PX-03 0,049 0,120 0,211 0,320

PX-04 0,004 0,010 0,018 0,027

PX-05 0,004 0,010 0,018 0,027

PX-06 0,003 0,008 0,014 0,021

PX-07 0,030 0,073 0,129 0,195

PX-08 2,454 6,042 10,654 16,128

PX-09 1,280 3,152 5,558 8,414

PX-10 0,163 0,402 0,709 1,073

PX-11 0,000 0,000 0,000 0,000

PX-12 0,163 0,402 0,709 1,073

PX-13 0,003 0,008 0,014 0,021

Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

PY-01 0,092 0,231 0,412 0,628

PY-02 0,092 0,231 0,412 0,628

PY-03 0,040 0,100 0,178 0,271

PY-04 0,106 0,266 0,475 0,724

PY-05 1,070 2,681 4,781 7,292

PY-06 0,934 2,341 4,174 6,367

PY-07 1,253 3,138 5,596 8,536

PY-08 0,001 0,003 0,005 0,007

PY-09 0,827 2,072 3,694 5,635

PY-10 0,827 2,072 3,694 5,635

ParedePAVIMENTO

M Adicional (kN.m) por parede - Torção

ParedePAVIMENTO

Page 122: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

118

3.5 DIMENSIONAMENTO E VERIFICAÇÃO

Nas tabelas 35, 36, 37 e 38, são apresentados os valores das características

geométricas referente ao modelo de distribuição das ações verticais e horizontais adotado,

para cada parede nas direções X e Y em cada pavimento, bem como os resultados das cargas

permanentes e acidentais acumuladas (G e Q), os esforços oriundos do vento e desaprumo (F

e M), as tensões devidas ao momento causado pelo vento e desaprumo (σVmáx e σVmin), as

tensões geradas pelas cargas permanentes e acidentais (σG e σQ), e as tensões de cisalhamento

(τ) originadas pelas forças cortantes devidas ao vento e desaprumo.

Tabela 35 - Características geométricas, esforços e tensões nas paredes do térreo.

Fonte: Do autor (2018)

Inércia

(m⁴)

Xmáx

(m)

Xmin

(m)G (kN/m) Q (kN/m) F (kN) M (kN.m)

σVmáx

(Mpa)

σVmin

(Mpa)

σG

(Mpa)

σQ

(Mpa)

τ

(Mpa)

PX-01 1,0144 1,8100 1,6800 49,74 8,78 18,92 152,27 0,27 0,25 0,36 0,06 0,0261

PX-02 0,0182 0,6124 0,5276 57,66 10,18 0,83 6,65 0,22 0,19 0,41 0,07 0,0030

PX-03 0,0081 0,4761 0,2639 52,56 9,28 0,35 2,81 0,16 0,09 0,38 0,07 0,0022

PX-04 0,0011 0,2485 0,0915 52,56 9,28 0,05 0,38 0,09 0,03 0,38 0,07 0,0002

PX-05 0,0009 0,2340 0,1060 91,87 16,21 0,04 0,32 0,08 0,04 0,66 0,12 0,0003

PX-06 0,0012 0,2510 0,0890 91,87 16,21 0,05 0,40 0,08 0,03 0,66 0,12 0,0002

PX-07 0,0099 0,5295 0,2105 49,74 8,78 0,41 3,25 0,17 0,07 0,36 0,06 0,0018

PX-08 0,9015 2,0799 1,5101 56,34 9,94 17,49 140,54 0,32 0,24 0,40 0,07 0,0208

PX-09 0,4541 1,7547 1,1353 52,56 9,28 9,79 78,67 0,30 0,20 0,38 0,07 0,0188

PX-10 0,1833 1,1182 0,7718 91,87 16,21 4,91 39,42 0,24 0,17 0,66 0,12 0,0118

PX-11 4,9566 3,3950 3,3950 72,05 12,72 34,15 273,96 0,19 0,19 0,38 0,07 0,0265

PX-12 0,1833 1,1182 0,7718 78,78 13,90 4,91 39,42 0,24 0,17 0,56 0,10 0,0118

PX-13 0,0012 0,2510 0,0890 78,78 13,90 0,05 0,41 0,09 0,03 0,56 0,10 0,0002

ParedeInércia

(m⁴)Ymáx (m) Ymin (m) G (kN/m) Q (kN/m) F (kN) M (kN.m)

σVmáx

(Mpa)

σVmin

(Mpa)

σG

(Mpa)

σQ

(Mpa)

τ

(Mpa)

PY-01 0,0344 0,7821 0,3579 49,74 8,78 0,75 5,88 0,13 0,06 0,36 0,06 0,0027

PY-02 0,0278 0,7011 0,4389 56,34 9,94 0,62 4,85 0,12 0,08 0,40 0,07 0,0028

PY-03 0,0173 0,6346 0,2554 56,34 9,94 0,39 3,08 0,11 0,05 0,40 0,07 0,0016

PY-04 0,0558 0,9385 0,3515 56,34 9,94 1,14 8,99 0,15 0,06 0,40 0,07 0,0031

PY-05 0,7461 1,6371 1,2529 49,74 8,78 7,80 61,36 0,13 0,10 0,36 0,06 0,0118

PY-06 0,5251 1,8521 1,1379 57,66 10,18 6,17 48,54 0,17 0,11 0,41 0,07 0,0110

PY-07 1,6126 2,0919 1,9981 52,56 9,28 11,25 88,42 0,11 0,11 0,38 0,07 0,0140

PY-08 0,0015 0,2792 0,1108 91,87 16,21 0,03 0,27 0,05 0,02 0,66 0,12 0,0002

PY-09 2,0935 2,6221 2,2179 91,87 16,21 12,04 94,58 0,12 0,10 0,66 0,12 0,0142

PY-10 2,0935 2,6221 2,2179 78,78 13,90 12,04 94,58 0,12 0,10 0,56 0,10 0,0142

Parede

Características Geométricas Ações / Esforços Tensões

TÉRREO

Page 123: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

119

Tabela 36 - Características geométricas, esforços e tensões nas paredes do tipo 1.

Fonte: Do autor (2018)

As tensões σVmáx e σVmin, são obtidas multiplicando-se o momento M (kN.m) pela

distância máxima e mínima respectivamente, e dividindo o resultado pela inércia de cada

parede. Para que o resultado seja obtido em MPa, é preciso corrigir as unidades, e para este

caso também dividimos o resultado por 1000.

Exemplificando através dos dados da PX-08 no pavimento tipo 1, temos os

seguintes resultados:

Inércia

(m⁴)

Xmáx

(m)

Xmin

(m)G (kN/m) Q (kN/m) F (kN) M (kN.m)

σVmáx

(Mpa)

σVmin

(Mpa)

σG

(Mpa)

σQ

(Mpa)

τ

(Mpa)

PX-01 1,0144 1,8100 1,6800 37,52 6,62 15,82 100,04 0,18 0,17 0,27 0,05 0,0219

PX-02 0,0182 0,6124 0,5276 43,24 7,63 0,69 4,37 0,15 0,13 0,31 0,05 0,0025

PX-03 0,0081 0,4761 0,2639 39,56 6,98 0,29 1,84 0,11 0,06 0,28 0,05 0,0018

PX-04 0,0011 0,2485 0,0915 39,56 6,98 0,04 0,25 0,06 0,02 0,28 0,05 0,0002

PX-05 0,0009 0,2340 0,1060 75,95 13,40 0,03 0,21 0,05 0,02 0,54 0,10 0,0003

PX-06 0,0012 0,2510 0,0890 75,95 13,40 0,04 0,26 0,06 0,02 0,54 0,10 0,0002

PX-07 0,0099 0,5295 0,2105 37,52 6,62 0,34 2,14 0,11 0,05 0,27 0,05 0,0015

PX-08 0,9015 2,0799 1,5101 42,70 7,54 14,61 92,27 0,21 0,15 0,31 0,05 0,0173

PX-09 0,4541 1,7547 1,1353 39,56 6,98 8,18 51,65 0,20 0,13 0,28 0,05 0,0157

PX-10 0,1833 1,1182 0,7718 75,95 13,40 4,10 25,86 0,16 0,11 0,54 0,10 0,0098

PX-11 4,9566 3,3950 3,3950 53,78 9,49 28,49 179,72 0,12 0,12 0,38 0,07 0,0221

PX-12 0,1833 1,1182 0,7718 64,70 11,42 4,10 25,86 0,16 0,11 0,46 0,08 0,0098

PX-13 0,0012 0,2510 0,0890 64,70 11,42 0,04 0,27 0,06 0,02 0,46 0,08 0,0002

ParedeInércia

(m⁴)Ymáx (m) Ymin (m) G (kN/m) Q (kN/m) F (kN) M (kN.m)

σVmáx

(Mpa)

σVmin

(Mpa)

σG

(Mpa)

σQ

(Mpa)

τ

(Mpa)

PY-01 0,0344 0,7821 0,3579 37,52 6,62 0,62 3,81 0,09 0,04 0,27 0,05 0,0022

PY-02 0,0278 0,7011 0,4389 42,70 7,54 0,51 3,15 0,08 0,05 0,31 0,05 0,0024

PY-03 0,0173 0,6346 0,2554 42,70 7,54 0,32 2,00 0,07 0,03 0,31 0,05 0,0013

PY-04 0,0558 0,9385 0,3515 42,70 7,54 0,94 5,83 0,10 0,04 0,31 0,05 0,0026

PY-05 0,7461 1,6371 1,2529 37,52 6,62 6,43 39,83 0,09 0,07 0,27 0,05 0,0097

PY-06 0,5251 1,8521 1,1379 43,24 7,63 5,09 31,51 0,11 0,07 0,31 0,05 0,0091

PY-07 1,6126 2,0919 1,9981 39,56 6,98 9,27 57,38 0,07 0,07 0,28 0,05 0,0116

PY-08 0,0015 0,2792 0,1108 75,95 13,40 0,03 0,17 0,03 0,01 0,54 0,10 0,0002

PY-09 2,0935 2,6221 2,2179 75,95 13,40 9,92 61,35 0,08 0,06 0,54 0,10 0,0117

PY-10 2,0935 2,6221 2,2179 64,70 11,42 9,92 61,35 0,08 0,06 0,46 0,08 0,0117

TIPO 1

Parede

Características Geométricas Ações / Esforços Tensões

Page 124: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

120

Tabela 37 - Características geométricas, esforços e tensões nas paredes do tipo 2.

Fonte: Do autor (2018)

As tensões σG e σQ foram obtidas através da razão entre as cargas permanentes e

acidentais, que já estão definidas por metro, pela espessura de cada parede. Neste caso

também precisamos corrigir as unidades para que o resultado obtido esteja em MPa e para

isso, utilizando a espessura em metros, dividimos o resultados por 100.

Desta forma, tomando como exemplo a PX-08 no pavimento tipo 2, se obteve

seguintes resultados:

Inércia

(m⁴)

Xmáx

(m)

Xmin

(m)G (kN/m) Q (kN/m) F (kN) M (kN.m)

σVmáx

(Mpa)

σVmin

(Mpa)

σG

(Mpa)

σQ

(Mpa)

τ

(Mpa)

PX-01 1,0144 1,8100 1,6800 25,30 4,46 12,20 56,37 0,10 0,09 0,18 0,03 0,0169

PX-02 0,0182 0,6124 0,5276 28,81 5,09 0,53 2,46 0,08 0,07 0,21 0,04 0,0019

PX-03 0,0081 0,4761 0,2639 25,56 4,69 0,22 1,04 0,06 0,03 0,18 0,03 0,0014

PX-04 0,0011 0,2485 0,0915 25,56 4,69 0,03 0,14 0,03 0,01 0,18 0,03 0,0001

PX-05 0,0009 0,2340 0,1060 60,04 10,59 0,03 0,12 0,03 0,01 0,43 0,08 0,0002

PX-06 0,0012 0,2510 0,0890 60,04 10,59 0,03 0,15 0,03 0,01 0,43 0,08 0,0001

PX-07 0,0099 0,5295 0,2105 25,30 4,46 0,26 1,20 0,06 0,03 0,18 0,03 0,0012

PX-08 0,9015 2,0799 1,5101 29,07 5,13 11,25 51,95 0,12 0,09 0,21 0,04 0,0133

PX-09 0,4541 1,7547 1,1353 25,56 4,69 6,30 29,07 0,11 0,07 0,18 0,03 0,0121

PX-10 0,1833 1,1182 0,7718 60,04 10,59 3,15 14,55 0,09 0,06 0,43 0,08 0,0076

PX-11 4,9566 3,3950 3,3950 35,50 6,27 21,91 101,08 0,07 0,07 0,25 0,04 0,0170

PX-12 0,1833 1,1182 0,7718 52,61 9,29 3,15 14,55 0,09 0,06 0,38 0,07 0,0076

PX-13 0,0012 0,2510 0,0890 52,61 9,29 0,03 0,15 0,03 0,01 0,38 0,07 0,0001

ParedeInércia

(m⁴)Ymáx (m) Ymin (m) G (kN/m) Q (kN/m) F (kN) M (kN.m)

σVmáx

(Mpa)

σVmin

(Mpa)

σG

(Mpa)

σQ

(Mpa)

τ

(Mpa)

PY-01 0,0344 0,7821 0,3579 25,30 4,46 0,47 2,11 0,05 0,02 0,18 0,03 0,0017

PY-02 0,0278 0,7011 0,4389 29,07 5,13 0,38 1,75 0,04 0,03 0,21 0,04 0,0018

PY-03 0,0173 0,6346 0,2554 29,07 5,13 0,24 1,11 0,04 0,02 0,21 0,04 0,0010

PY-04 0,0558 0,9385 0,3515 29,07 5,13 0,71 3,23 0,05 0,02 0,21 0,04 0,0019

PY-05 0,7461 1,6371 1,2529 25,30 4,46 4,86 22,07 0,05 0,04 0,18 0,03 0,0073

PY-06 0,5251 1,8521 1,1379 28,81 5,09 3,84 17,47 0,06 0,04 0,21 0,04 0,0069

PY-07 1,6126 2,0919 1,9981 25,56 4,69 7,00 31,79 0,04 0,04 0,18 0,03 0,0087

PY-08 0,0015 0,2792 0,1108 60,04 10,59 0,02 0,10 0,02 0,01 0,43 0,08 0,0001

PY-09 2,0935 2,6221 2,2179 60,04 10,59 7,48 33,97 0,04 0,04 0,43 0,08 0,0088

PY-10 2,0935 2,6221 2,2179 52,61 9,29 7,48 33,97 0,04 0,04 0,38 0,07 0,0088

TIPO 2

Parede

Características Geométricas Ações / Esforços Tensões

Page 125: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

121

Tabela 38 - Características geométricas, esforços e tensões nas paredes do tipo 3.

Fonte: Do autor (2018)

A definição da tensão de cisalhamento τ, foi obtida através da razão entre a força

horizontal F e a área transversal da parede, ou seja, a área definida entre a espessura e o

comprimento da parede.

Também neste caso é preciso ficar atento às unidades, e para que se obtenha o

resultado em MPa, deve-se multiplicar o mesmo por 10-3

.

Utilizando como exemplo a PX-08 no pavimento tipo 3, temos o seguinte

resultado:

Inércia

(m⁴)

Xmáx

(m)

Xmin

(m)G (kN/m) Q (kN/m) F (kN) M (kN.m)

σVmáx

(Mpa)

σVmin

(Mpa)

σG

(Mpa)

σQ

(Mpa)

τ

(Mpa)

PX-01 1,0144 1,8100 1,6800 13,01 2,37 8,22 22,70 0,04 0,04 0,09 0,02 0,0114

PX-02 0,0182 0,6124 0,5276 14,38 2,54 0,36 0,99 0,03 0,03 0,10 0,02 0,0013

PX-03 0,0081 0,4761 0,2639 13,56 2,39 0,15 0,42 0,02 0,01 0,10 0,02 0,0009

PX-04 0,0011 0,2485 0,0915 13,56 2,39 0,02 0,06 0,01 0,00 0,10 0,02 0,0001

PX-05 0,0009 0,2340 0,1060 44,11 7,79 0,02 0,05 0,01 0,01 0,32 0,06 0,0001

PX-06 0,0012 0,2510 0,0890 44,11 7,79 0,02 0,06 0,01 0,00 0,32 0,06 0,0001

PX-07 0,0099 0,5295 0,2105 13,01 2,37 0,18 0,48 0,03 0,01 0,09 0,02 0,0008

PX-08 0,9015 2,0799 1,5101 15,44 2,72 7,57 20,89 0,05 0,03 0,11 0,02 0,0090

PX-09 0,4541 1,7547 1,1353 13,56 2,39 4,24 11,69 0,05 0,03 0,10 0,02 0,0081

PX-10 0,1833 1,1182 0,7718 44,11 7,79 2,12 5,85 0,04 0,02 0,32 0,06 0,0051

PX-11 4,9566 3,3950 3,3950 17,22 3,05 14,71 40,60 0,03 0,03 0,12 0,02 0,0114

PX-12 0,1833 1,1182 0,7718 39,52 7,15 2,12 5,85 0,04 0,02 0,28 0,05 0,0051

PX-13 0,0012 0,2510 0,0890 39,52 7,15 0,02 0,06 0,01 0,00 0,28 0,05 0,0001

ParedeInércia

(m⁴)Ymáx (m) Ymin (m) G (kN/m) Q (kN/m) F (kN) M (kN.m)

σVmáx

(Mpa)

σVmin

(Mpa)

σG

(Mpa)

σQ

(Mpa)

τ

(Mpa)

PY-01 0,0344 0,7821 0,3579 13,01 2,37 0,30 0,83 0,02 0,01 0,09 0,02 0,0011

PY-02 0,0278 0,7011 0,4389 15,44 2,72 0,25 0,69 0,02 0,01 0,11 0,02 0,0011

PY-03 0,0173 0,6346 0,2554 15,44 2,72 0,16 0,43 0,02 0,01 0,11 0,02 0,0006

PY-04 0,0558 0,9385 0,3515 15,44 2,72 0,46 1,27 0,02 0,01 0,11 0,02 0,0012

PY-05 0,7461 1,6371 1,2529 13,01 2,37 3,14 8,67 0,02 0,01 0,09 0,02 0,0047

PY-06 0,5251 1,8521 1,1379 14,38 2,54 2,49 6,86 0,02 0,01 0,10 0,02 0,0044

PY-07 1,6126 2,0919 1,9981 13,56 2,39 4,52 12,48 0,02 0,02 0,10 0,02 0,0056

PY-08 0,0015 0,2792 0,1108 44,11 7,79 0,01 0,04 0,01 0,00 0,32 0,06 0,0001

PY-09 2,0935 2,6221 2,2179 44,11 7,79 4,83 13,33 0,02 0,01 0,32 0,06 0,0057

PY-10 2,0935 2,6221 2,2179 39,52 7,15 4,83 13,33 0,02 0,01 0,28 0,05 0,0057

TIPO 3

Parede

Características Geométricas Ações / Esforços Tensões

Page 126: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

122

3.5.1 Compressão Simples

No edifício exemplo adotou-se o modelo de grupos isolados de paredes para a

distribuição das ações verticais, conforme tratado no item 3.4.1.3 e o resultado do

carregamento linear acumulado em cada pavimento esta apresentado na tabela 24.

A resistência característica da parede (fk) é admitida igual a 70% da resistência

característica do prisma (fpk), e desta forma temos:

[ (

)

]

[ (

)

]

Onde:

γf = 1,4; γm = 2,0;

Nk/L= carregamento linear acumulado em cada grupo;

he = 2,60m; te = 0,14m.

[ (

)

]

Especificamente para a PX-11, este valor irá mudar em função da espessura que é

19 cm, então:

[ (

)

]

Exemplificando, será demonstrado a verificação à compressão simples no grupo

1, composto pelas paredes PX-01, PX-07, PY-01 e PY-05, no pavimento térreo, que possui

Page 127: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

123

um carregamento linear acumulado de 58,52 kN/m. Para obter o resultado em MPa, é preciso

dividir o resultado por 1000, então:

A tabela 39 apresenta o valor de fpk necessário para cada grupo de parede, em cada

pavimento analisado. A diferença dos valores encontrados em relação à antiga norma é que a

resistência à compressão do prisma antes era um valor médio e atualmente se trabalha com

um valor característico. Usualmente a diferença entre o valor médio e característico fica

próxima de 20%.

Tabela 39 - Valores de fpk à compressão simples em MPa.

Fonte: Do autor (2018)

A verificação à compressão neste caso serve apenas como uma referência, visto

que os esforços devidos às ações horizontais foram considerados e, portanto a verificação à

flexão composta será dimensionante.

3.5.2 Flexão Composta nas Paredes

No dimensionamento à flexão composta se faz necessário verificar as máximas

tensões atuantes de compressão e tração, comparando-se os valores característicos e

realizando as combinações de esforços críticos, através da separação das ações permanentes e

variáveis.

G-01 PX-01 / PX-07 / PY-01 / PY-05 - - 0,49 0,94 1,40 1,86

G-02 PX-02 / PY-06 - - 0,54 1,08 1,62 2,15

G-03 PX-03 / PX-04 / PX-09 / PY-07 - - 0,51 0,99 1,48 1,96

G-04 PX-08 / PY-02 / PY-03 / PY-04 - - 0,58 1,09 1,60 2,10

G-05 PX-05 / PX-06 / PX-10 / PY-08 / PY-09 0,37 1,06 1,65 2,24 2,84 3,43

G-06 PX-11 - - 0,64 1,33 2,01 2,69

G-07 PX-05 / PX-12 / PX-13 / PY-08 / PY-10 0,37 1,06 1,51 1,97 2,42 2,94

Grupo Paredes Reserv. Barrilete Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

Page 128: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

124

3.5.2.1 Verificação da flexo-compressão

Nos edifícios de alvenaria estrutural para a parcela devido à compressão simples

consideramos as tensões oriundas do carregamento permanente e acidental e para a parcela da

compressão devida à flexão, consideramos as tensões provenientes do momento causado pelas

ações horizontais.

No caso do edifício exemplo, se tem simultaneamente duas ações variáveis

atuando (vento e acidental) e usualmente na combinação destas ações podemos reduzir uma

delas através do coeficiente ψ0. Como não sabemos qual a situação será mais crítica, será

necessário fazer duas combinações distintas, tendo uma o vento como ação variável principal

e a outra com a carga acidental como ação principal. Então teremos as seguintes equações:

e

Onde:

fk = 0,7 fpk;

γfG = γfQ = 1,4;

γm = 2,0;

ψ0 para vento = 0,6;

ψ0 para cargas acidentais = 0,5;

R = [ (

) ] [ (

) ]

Substituindo nas equações acima temos:

e

Page 129: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

125

Simplificando:

e

Utilizando como exemplo PX-08 no pavimento térreo e os dados da tabela 35,

temos as seguintes combinações:

e

A tabela 40 apresenta o valor do fpk mínimo na verificação da flexo-compressão

nas paredes das direções X e Y para cada pavimento.

A definição do valor de fpk adotado para cada pavimento é feita analisando-se a

condição de todas as paredes, admitindo-se a possibilidade de grauteamento de algumas delas,

para evitar a penalização das demais em função da mais solicitada.

Em todos os pavimentos, pode-se observar que a parede PX-10 e a combinação

C2, que possui a carga acidental das lajes como ação variável principal, serão dimensionantes.

Pode-se concluir então, que a ação do vento será preponderante e, se sobressairá

sobre o carregamento acidental das lajes, em edifícios com maior altura, a partir de 5 ou 6

pavimentos.

Page 130: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

126

Tabela 40 - Verificação do fpk mínimo em MPa.

Fonte: Do autor (2018)

Apesar do mercado brasileiro oferecer os blocos com as resistências

características apresentadas na tabela 8, na região da Grande Florianópolis, encontra-se os

blocos com resistências de 3,0, 4,5, 6,0 e 10 MPa, os quais serão adotados para o edifício

exemplo. Resistência com valores diferentes necessitariam de solicitações especiais e um

volume muito grande que trouxessem vantagens para os fabricantes de blocos.

C1 C2 C1 C2 C1 C2 C1 C2

PX-01 0,56 0,55 1,14 1,10 1,77 1,69 2,44 2,29

PX-02 0,59 0,59 1,22 1,21 1,88 1,85 2,59 2,51

PX-03 0,53 0,55 1,05 1,06 1,65 1,65 2,25 2,23

PX-04 0,50 0,53 0,97 1,01 1,52 1,57 2,05 2,10

PX-05 1,56 1,67 2,15 2,29 2,77 2,92 3,39 3,56

PX-06 1,56 1,67 2,15 2,29 2,77 2,92 3,39 3,56

PX-07 0,52 0,53 1,04 1,05 1,60 1,58 2,18 2,13

PX-08 0,66 0,65 1,32 1,28 2,04 1,93 2,81 2,62

PX-09 0,59 0,58 1,18 1,14 1,90 1,80 2,63 2,45

PX-10 1,62 1,70 2,31 2,38 3,04 3,09 3,81 3,81

PX-11 0,63 0,65 1,34 1,35 2,07 2,08 2,22 2,16

PX-12 1,46 1,54 2,05 2,11 2,65 2,67 3,36 3,32

PX-13 1,40 1,50 1,90 2,01 2,38 2,50 2,95 3,08

PY-01 0,50 0,52 1,00 1,02 1,53 1,54 2,07 2,07

PY-02 0,58 0,60 1,12 1,16 1,69 1,72 2,27 2,30

PY-03 0,58 0,60 1,11 1,15 1,67 1,71 2,25 2,28

PY-04 0,59 0,61 1,15 1,17 1,74 1,75 2,35 2,34

PY-05 0,50 0,52 1,00 1,02 1,53 1,54 2,08 2,07

PY-06 0,56 0,58 1,16 1,17 1,79 1,79 2,45 2,43

PY-07 0,51 0,53 1,00 1,03 1,56 1,60 2,12 2,14

PY-08 1,54 1,66 2,12 2,27 2,71 2,89 3,30 3,51

PY-09 1,57 1,67 2,19 2,31 2,83 2,96 3,49 3,62

PY-10 1,41 1,51 1,93 2,03 2,44 2,54 3,04 3,13

Parede Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

PAVIMENTO

Page 131: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

127

Considerando uma eficiência de prisma/bloco de 80%, é possível especificar as

resistências de blocos necessárias para cada pavimento do edifício exemplo. Como exemplo,

para os blocos com fbk de 3,0 MPa, teremos um fpk aproximado de:

As definições de fpk para as demais resistências de blocos estão apresentadas na

tabela 41.

Tabela 41 - Relação Prisma/Bloco em MPa.

Fonte: Do autor (2018)

Confrontando as tabelas 40 e 41 e analisando o edifício de cima para baixo,

chegamos as seguintes conclusões:

Para os pavimentos Tipo 3 e Tipo 2, bem como para barrilete e reservatório,

pôde-se utilizar blocos com fbk de 3,0 MPa, sem a necessidade de grauteamento de nenhuma

parede.

Para o pavimento Tipo 1, a utilização de blocos com fbk de 4,5 MPa, atende todas

as paredes, sem a necessidade de grauteamento.

Já para o pavimento Térreo, se percebe que blocos com fbk de 4,5 MPa, atendem

a maioria das paredes, porém as paredes PX-10 e PY-09 necessitariam de um fbk de 6,0 MPa

para que não houvesse a necessidade de grauteamento. Analisando o pavimento como um

todo e pensando na economia e racionalização do sistema, chegamos à conclusão de que a

utilização de blocos com fbk de 4,5 MPa em todo pavimento e o consequente grauteamento

das paredes PX-10 e PY-09, que compõem a caixa da escada, se torna a solução mais

plausível e econômica. Desta forma, considerando a eficiência da relação entre o prisma cheio

(fpk*) e o prisma oco (fpk) igual a 1,75 conforme apresentado na tabela 8, e utilizando os

blocos com fbk de 4,5 MPa, temos:

f bk 3,0 4,5 6,0 10,0

f pk 2,4 3,6 4,8 8,0

Page 132: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

128

Considerando a área bruta do bloco igual ao dobro da área líquida, é possível

adotar o grauteamento a cada dois furos, e desta forma teremos:

Percebe-se então que o valor de fpk* encontrado (4,95MPa) através do

grauteamento atende perfeitamente as paredes PX-10 e PY-09, permitindo que os blocos com

fbk de 4,50 MPa sejam utilizados em todo o pavimento térreo. É preciso ressaltar que o

grauteamento também deve ser executado nos flanges que compõem tais paredes.

A tabela 42 apresenta um resumo das resistências de blocos utilizadas em cada

pavimento, com o grauteamento das paredes PX-10 e PY-09 no pavimento térreo.

Tabela 42 - Resumo de fbk por pavimento em MPa.

Fonte: Do autor (2018)

3.5.2.2 Verificação da flexo-tração

Nas paredes de contraventamento de edifícios em alvenaria estrutural, deve-se

garantir que a combinação de tensões normais de compressão devido à carga vertical

(considerando apenas 90% da carga permanente) subtraída a tensão normal de tração devida

ao momento oriundo da força horizontal de vento e desaprumo, não supere a resistência à

tração da alvenaria (ftd) e para isso devemos verificar:

Onde:

γm (coeficiente de minoração da alvenaria) = 2,0;

γfG (coeficiente de majoração da ação permanente com efeito favorável) = 0,9;

γfQ (coeficiente de majoração da ação do vento) = 1,4;

σVmáx = máxima tensão de tração devida ao vento e desaprumo;

σG = tensão de compressão simples devida às cargas permanentes;

ftk = resistência de tração na flexão normal à fiada.

Reserv. Barrilete Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

3,0 3,0 3,0 3,0 4,5 4,5

Page 133: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

129

Então a verificação que deve ser feita é:

Basicamente a alvenaria não armada é dimensionada no estádio I com a máxima

tensão de tração inferior à resistida pela alvenaria. Esta resistência depende da resistência

média à compressão da argamassa (fa) utilizada.

Conforme comentado anteriormente, a definição da resistência à compressão da

argamassa deve estar entre 0,7 e 1,5 do fbk adotado. Desta forma, para atender o edifício

exemplo de acordo com a resistência dos blocos adotados (3,0 e 4,5 MPa), especificou-se uma

argamassa com fa igual a 4,5 MPa. Então, de acordo com a tabela 15, a resistência

característica de tração (ftk) normal à fiada é igual a 0,20 MPa.

Logo, a resistência de cálculo à tração será de:

Como exemplo e utilizando os dados da tabela 35, será demonstrado a verificação

à flexo-tração na parede PX-08 no pavimento térreo:

A tabela 43 apresenta os resultados das máximas tensões solicitantes de tração nas

paredes de cada pavimento.

Page 134: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

130

Tabela 43 - Verificação da máxima na tração em MPa.

Fonte: Do autor (2018)

Analisando os resultados em todos os pavimentos, é possível perceber o

aparecimento de tensões de tração nas paredes PX-01, PX-08, e PX-09, nos pavimentos Tipo

1 e Térreo.

Como nenhum dos valores é superior a ftd (0,1 MPa), não existe a necessidade de

armadura para resistir aos esforços de tração em nenhuma parede.

Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

C1 C1 C1 C1

PX-01 -0,03 -0,02 0,01 0,06

PX-02 -0,05 -0,07 -0,07 -0,06

PX-03 -0,05 -0,08 -0,10 -0,11

PX-04 -0,07 -0,12 -0,17 -0,22

PX-05 -0,27 -0,34 -0,41 -0,47

PX-06 -0,27 -0,34 -0,41 -0,47

PX-07 -0,05 -0,07 -0,08 -0,08

PX-08 -0,03 -0,02 0,02 0,09

PX-09 -0,02 -0,01 0,03 0,09

PX-10 -0,23 -0,26 -0,27 -0,25

PX-11 -0,07 -0,13 -0,17 -0,08

PX-12 -0,20 -0,21 -0,20 -0,17

PX-13 -0,24 -0,29 -0,34 -0,39

PY-01 -0,06 -0,10 -0,12 -0,13

PY-02 -0,08 -0,13 -0,16 -0,19

PY-03 -0,08 -0,13 -0,17 -0,20

PY-04 -0,07 -0,11 -0,14 -0,15

PY-05 -0,06 -0,09 -0,12 -0,13

PY-06 -0,06 -0,10 -0,12 -0,13

PY-07 -0,06 -0,11 -0,15 -0,18

PY-08 -0,27 -0,36 -0,44 -0,52

PY-09 -0,26 -0,33 -0,38 -0,42

PY-10 -0,23 -0,28 -0,31 -0,34

Parede

PAVIMENTO

Page 135: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

131

Se por ventura, alguma parede estivesse submetida a esforços de tração com

valores acima de ftd, ainda é possível buscar uma solução de projeto antes de efetivamente

dimensionar tais paredes como alvenaria armada.

3.5.2.3 Hipóteses para evitar trações nas paredes

A primeira possibilidade para evitar o aparecimento de esforços de tração nas

paredes, é a obtenção de uma maior rigidez para o edifício, através do implemento de novas

paredes estruturais (SIGNOR, 2000, apud REBOREDO, 2013).

A segunda alternativa seria o grauteamento das paredes sujeitas aos esforços de

tração, com o objetivo de aumentar o seu peso próprio. Também se pode aumentar a carga nas

paredes através da utilização de outros artifícios, como exemplo, o aumento da espessura das

lajes ou o engastamento das mesmas, fortalecendo a hipótese do diafragma rígido.

Outra solução seria a criação de juntas construtivas nestas paredes, diminuindo

assim a sua inércia e consequentemente a sua rigidez, fazendo com que a parede absorva

menos esforços horizontais e por sua vez diminuindo os esforços de tração. Este

procedimento provoca uma redistribuição das rigidezes, e, portanto uma redistribuição dos

esforços horizontais, trazendo a possibilidade de que outras paredes venham a apresentar o

mesmo problema.

3.5.3 Cisalhamento nas paredes

O valor característico da resistência ao cisalhamento (fvk) depende da resistência

média à compressão da argamassa (fa), que influencia a aderência inicial (τ0) e o nível de pré-

compressão μσ, com coeficiente de atrito μ=0,5. Como adotamos fa igual a 4,5 MPa para

todos os pavimentos, de acordo com a tabela 14 temos que:

Assim como para a verificação a tração, utilizamos apenas 90% de σG.

A verificação ao cisalhamento é atendida quando:

Page 136: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

132

Onde:

τd (tensão de cisalhamento de cálculo) = 1,4*τk;

fvd (resistência de cálculo ao cisalhamento) = fvk/2,0.

Tomando como exemplo a parede PX-08 no pavimento térreo e os dados da tabela

35, temos:

Fazendo a verificação, temos que:

A tabela 44 apresenta a verificação ao cisalhamento para todas as paredes em cada

um dos pavimentos.

Analisando-se os resultados obtidos em cada um dos pavimentos, pode-se

concluir que todas as paredes passaram na verificação, não sendo necessária a colocação de

nenhuma armadura para absorver os esforços devido ao cisalhamento.

Page 137: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

133

Tabela 44 - Verificação da resistência ao cisalhamento em MPa.

Fonte: Do autor (2018)

3.5.4 Cargas Concentradas

Ao analisar o edifício exemplo e as paredes definidas como sendo estruturais, não

se constatou nenhum ponto que apresente cargas concentradas, como um pilar por exemplo.

Tipo 3 Tipo 2 Tipo 1 Térreo

τ d /f vd τ d /f vd τ d /f vd τ d /f vd

PX-01 0,166 0,204 0,226 0,236

PX-02 0,018 0,022 0,024 0,025

PX-03 0,014 0,017 0,018 0,019

PX-04 0,001 0,002 0,002 0,002

PX-05 0,001 0,002 0,002 0,002

PX-06 0,001 0,001 0,001 0,001

PX-07 0,012 0,014 0,016 0,017

PX-08 0,126 0,154 0,169 0,175

PX-09 0,117 0,145 0,158 0,165

PX-10 0,049 0,062 0,070 0,074

PX-11 0,155 0,180 0,192 0,231

PX-12 0,051 0,066 0,077 0,082

PX-13 0,001 0,001 0,001 0,001

PY-01 0,016 0,020 0,023 0,024

PY-02 0,016 0,020 0,023 0,024

PY-03 0,009 0,011 0,013 0,013

PY-04 0,017 0,022 0,025 0,026

PY-05 0,069 0,089 0,101 0,106

PY-06 0,063 0,079 0,088 0,092

PY-07 0,082 0,105 0,117 0,123

PY-08 0,001 0,001 0,001 0,001

PY-09 0,055 0,072 0,083 0,089

PY-10 0,058 0,078 0,092 0,099

Parede

PAVIMENTO

Page 138: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

134

Caso existisse algum ponto de concentração de cargas, a verificação deveria se

feita conforme o item 2.6.2.2, apresentado anteriormente.

3.5.5 Dimensionamento das vigas de alvenaria

No projeto do edifício exemplo, existem algumas vigas de alvenaria, as quais têm

o seu posicionamento apresentado na figura 38 logo abaixo.

Figura 38 - Posicionamento das vigas de alvenaria.

Fonte: Do autor (2018)

A tabela 45 apresenta o comprimento de cada viga, bem como a carga distribuída,

o esforço cortante e o momento fletor, tanto característico como de cálculo.

De acordo com a modulação adotada, bem como a altura de portas e janelas, as

vigas terão uma altura de 56 cm (dois blocos mais a altura da laje) e a largura de 14 cm

(espessura da parede).

V-0

5

V-01

V-02

V-0

4

V-0

3

V-0

5

V-01

V-02V-0

4

V-0

3

V-0

5

V-0

4

V-0

3

V-0

5

V-0

4

V-0

3

Page 139: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

135

Tabela 45 - Vigas e esforços atuantes.

Fonte: Do autor (2018)

3.5.5.1 Flexão

Segundo Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), embora seja possível haver

situações em que o aço não escoa quando a quantidade de armadura é maior do que a da seção

subarmada, tal condição não é desejável para o projeto e os requisitos exigidos devem atender

à condição de ductilidade da seção, garantindo o escoamento da armadura.

Desta forma, ainda de acordo com Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), a máxima

altura da linha neutra deve ser limitada a:

Assim têm-se a área de aço equivalente à máxima altura da linha neutra, também

conhecida como área balanceada Asb, e que corresponde a quantidade de armadura que leva

ao escoamento da armadura e ruptura da alvenaria simultaneamente. Este é o limite entre o

comportamento dúctil e frágil, e consequentemente o limite para a utilização de armadura

simples da seção fletida na alvenaria armada. Vale ressaltar que a NBR 15961-1 (2011) limita

a utilização de fyk em 50% e em consequência teremos o dobro de armadura.

Considerando

Nome L (m)G+Q

(kN/m)

V

(kN)

Vd

(kN)

M

(kN.m)

Md

(kN.m)

V1 2,15 21,81 23,45 32,82 12,60 17,64

V2 2,55 21,42 27,31 38,23 17,41 24,37

V3 2,35 4,71 5,53 7,75 3,25 4,55

V4 1,95 4,71 4,59 6,43 2,24 3,13

V5 1,70 6,36 5,41 7,57 2,30 3,22

Page 140: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

136

Têm-se que a armadura balanceada é definida por:

E o momento da seção balanceada igual a:

(

Atribuindo fyk=500 MPa= 50 kN/cm² e γs=1,15 temos que:

Se o momento aplicado for superior ao momento de cálculo indicado acima, será

necessária a adoção de armadura dupla, adotando a variação do momento de acordo com a

seguinte equação:

A partir de ΔM é possível calcular a armadura superior através da seguinte

equação:

(

No entanto é preciso verificar se a deformação na região comprimida na posição

d´ leva ao escoamento da armadura, através da seguinte equação:

Caso o resultado seja menor que εyd (0,00207), a armadura não irá escoar e a área

de aço deverá ser calculada de acordo com a seguinte equação:

(

Page 141: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

137

Lembrando que o valor encontrado de A’s também deve ser acrescido no valor de

As, garantindo assim que o binário de forças irá resistir a ΔM. Então:

Será demonstrado como exemplo o dimensionamento à flexão da viga V2, que

apresenta os maiores esforços. A mesma será dimensionada para os pavimentos que

apresentam as menores resistências dos blocos, ou seja, para os Tipo 2 e 3 que apresentam um

fbk=3,0 MPa, por ser a situação mais crítica. Como a viga de alvenaria é totalmente grauteada,

adotou-se um fpk* de 4,8 MPa.

Dados:

b = 14 cm; h = 56 cm; d = 51 cm; d’ = 3 cm;

fpk = 4,8 MPa = 0,48 kN/cm² (blocos grauteados);

fyd = 435 MPa = 43,5 kN/cm²;

Md = 24,37 kN.m = 2437 kN.cm.

A partir dos dados acima se têm a seguinte armadura para a seção balanceada:

Logo, o momento resistente da seção balanceada será de:

Como o valor de Mbd é menor do que Md será necessário à colocação de armadura

dupla. Então precisaremos acrescentar armadura para resistir a seguinte variação de momento:

Verificando o escoamento da armadura, tem-se:

Page 142: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

138

A situação que verifica se a armadura irá escoar não foi atendida e, portanto, A’s

será definido por:

(

Para que seja considerado o limite de 50% de fyd, reduziram-se em 50% as

capacidades resistentes.

Fazendo o acréscimo de As2 na armadura principal, teremos:

Assim, a armadura inferior será de 3,71 cm² o que equivale a 3Ø12,5mm e a

armadura superior será de 0,94 cm² o que equivale a 2Ø8,0mm.

Para as demais vigas, todas passam com armaduras simples, conforme nos mostra

o momento resistente da seção balanceada, e as áreas de aço necessárias, bem como as

quantidades e bitolas de aço adotadas estão apresentadas na tabela 46.

Lembrando que deverá se adotar uma armadura mínima, definida por:

Tabela 46 - Armadura das vigas para resistir à flexão.

Fonte: Do autor (2018)

Nome L (m)Md

(kN.m)

A sb

cm²

A' s =As2

cm²

A s

cm²

Armadura

Inferior

Armadura

Superior

A s (cm²)

Adotado

A' s (cm²)

adotado

V1 2,15 17,64 2,13 0,00 2,13 2Ø12,5 2Ø5,0 2,50 0,40

V2 2,55 24,37 2,77 0,94 3,71 3Ø12,5 2Ø8,0 3,75 1,00

V3 2,35 4,55 0,55 0,00 0,55 1Ø10,0 1Ø5,0 0,80 0,40

V4 1,95 3,13 0,38 0,00 0,38 1Ø10,0 1Ø5,0 0,80 0,40

V5 1,70 3,22 0,39 0,00 0,39 1Ø10,0 1Ø5,0 0,80 0,40

Page 143: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

139

3.5.5.2 Cisalhamento

Segundo Parsekian, Hamid, Drysdale (2014), ensaios realizados em vigas de

alvenaria armada indicam um comportamento semelhante às de concreto armado. Isto

significa que a resistência ao cisalhamento tende a aumentar conforme se diminui a relação

entre o vão e a altura útil. Vale ressaltar, que o aumento da taxa de armadura de flexão

também causa o aumento na resistência ao cisalhamento, por atuar como um tirante.

Então para vigas com blocos totalmente grauteados e com armadura de flexão

perpendicular ao plano de cisalhamento em furo grauteado, pode-se adotar a resistência ao

cisalhamento como:

Onde ρ é a taxa geométrica de armadura, definida por:

Considerando as especificações da norma brasileira, é possível definir a

resistência da alvenaria ao cisalhamento, isto é, sem a necessidade de estribos, multiplicando-

se a resistência característica por um fator que leva em consideração uma relação entre o

momento e o cortante máximo, desde que a resistência característica majorada não ultrapasse

1,75 MPa. Então a máxima força cortante será:

{(

) (

}

É preciso comentar que, em vigas sem estribos, a formação da fissura diagonal

muitas vezes ocorre de maneira frágil, sem aviso. Portanto, a adoção de uma armadura

mínima é importante para evitar uma ruptura brusca do elemento vigas em alvenaria. Tal

armadura é definida por:

Page 144: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

140

Onde “s” é o espaçamento entre os estribos, o qual deve ser inferior a d/2 para

garantir que a fissura diagonal seja cortada por pelo menos um estribo. Como geralmente o

espaçamento é igual ao módulo padrão da alvenaria, neste caso 20 cm, a condição d/2 está

respeitada.

Normalmente a força cortante máxima é limitada pela máxima resistência da

alvenaria ou concreto para evitar a ruína da biela comprimida. Como esta limitação não é

tratada na norma brasileira de alvenaria é conveniente fazer uma adaptação seguindo a

recomendação da NBR 6118 e limitar a força cortante a:

Adotando γm=2,0, teremos:

A força cortante máxima resistida pela seção será igual a parcela resistida pela

alvenaria somada à parcela resistida pelo estribo, limitando-se ao valor da equação

apresentada acima. Assim:

Sabendo que a força cortante resistida pelo no aço será de:

Podemos então calcular a área de aço necessária para os estribos:

(

Page 145: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

141

Assim, tomando como exemplo a viga V2 do edifício exemplo, para que a mesma

não tenha necessidade de armadura para resistir ao cisalhamento, e considerando a relação:

Com l = 255 cm, d = 51 cm, bw = 9 cm e As = 3,71 cm², chega-se a:

{(

) (

}

Como o valor de Va encontrado (21,16 kN) é menor que o Vd atuante (38,23 kN),

será necessário colocar armadura para resistir ao cisalhamento, que será calculada abaixo:

(

Fazendo a verificação da armadura mínima, tem-se que:

Como Asw,mín é maior que o Asw necessário irá se adotar armadura mínima em

todas as vigas, especificando a utilização de estribos de um ramo e Ø5,0mm. Onde a

armadura de flexão exigir mais de uma barra, será considerado estribo de dois ramos.

Assim armadura a ser adotada será de:

A tabela 47 apresenta um resumo das armaduras adotas para cada viga do edifício

exemplo:

Page 146: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

142

Tabela 47 - Resumo das armaduras das vigas.

Fonte: Do autor (2018)

3.6 ESTABILIDADE GLOBAL

Na verificação da estabilidade global das estruturas de contraventamento do

edifício exemplo, foi utilizado o parâmetro α, o qual pode ser avaliado segundo a seguinte

expressão:

√(

)

Onde:

α = parâmetro de instabilidade;

H = altura do edifício;

P = peso total do edifício;

E = módulo de deformação longitudinal da alvenaria;

I = momento de inércia dos elementos de contraventamento;

E*I = rigidez à flexão do sistema de contraventamento.

O módulo de elasticidade E segundo a NBR 15961-1 é igual a 800*fpk. No

entanto, é recomendada uma redução do módulo de deformação em 40%, para se considerar

de forma aproximada o efeito de fissuração da alvenaria.

Definindo-se um valor médio do módulo de elasticidade para todos os

pavimentos, considerando blocos de 3,0 MPa e tomando como base a tabela 8, onde tem-se

que a relação prisma/bloco é de 0,8, chega-se a um fpk=2,4 MPa.

Nome L (m)Armadura

Inferior

Armadura

SuperiorEstribos

V1 2,15 2Ø12,5 2Ø5,0 02 ramos 1Ø5,0 c/20cm

V2 2,55 3Ø12,5 2Ø8,0 02 ramos 1Ø5,0 c/20cm

V3 2,35 1Ø10,0 1Ø5,0 01 ramo 1Ø5,0 c/20cm

V4 1,95 1Ø10,0 1Ø5,0 01 ramo 1Ø5,0 c/20cm

V5 1,70 1Ø10,0 1Ø5,0 01 ramo 1Ø5,0 c/20cm

Page 147: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

143

Desta forma, o módulo reduzido será igual a:

A soma de todas as inércias na direção X é igual a 20,28 m4 e na direção Y igual a

20,46 m4.

O peso total do edifício, somando-se os 04 pavimentos, a cobertura e o

reservatório é igual a 9652,11 kN.

Se o parâmetro α exceder o valor de 0,6 será necessário analisar o edifício

considerando os esforços de segunda ordem ou reestudar, na direção em questão, a geometria

dos elementos portantes de forma a atingir a condição para a estabilidade da estrutura. Outra

opção seria a utilização do parâmetro γz para verificação da estabilidade global, o qual é

menos conservador que o parâmetro α.

Procedendo-se os cálculos, temos para a direção X:

√(

)

E para a direção Y:

√(

)

Como para as duas direções o parâmetro α é menor que 0,6, se pode considerar

que a estrutura esta convenientemente contraventada em ambas as direções, não sendo

necessária a consideração dos esforços de segunda ordem.

3.7 RESULTADOS

Neste item são apresentadas as especificações, para cada pavimento do edifício

exemplo, das resistências características à compressão dos prismas, blocos e grautes, bem

como as faixas de resistência média a compressão das argamassas. Todos os resultados são

mostrados na tabela 48.

Page 148: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

144

Seguindo o critério descrito no item 2.2.2, foi atendido o valor máximo de fa

limitado entre 0,7 e 1,5 da resistência característica especificada para o bloco levando-se em

consideração a sua área líquida. Como indicado na tabela 6, um traço usual de argamassa para

edifícios baixos e que forneça as resistências especificadas é 1:1:5 a 6 de cimento, cal e areia.

Tabela 48 - Especificações dos materiais para o edifício exemplo.

Fonte: Do autor (2018)

3.8 COMENTÁRIOS ADICIONAIS

Um ponto importante no detalhamento das paredes do último pavimento é a

adoção de algum tipo de sistema que evite que a dilatação térmica horizontal das lajes de

cobertura provoque fissuras e infiltrações na alvenaria devido aos esforços de cisalhamento.

A solução usualmente adotada é a de se prever uma junta horizontal entre as

paredes e a laje do último pavimento, liberando assim a movimentação horizontal da laje

sobre a parede. Outra solução seria diminuir os comprimentos das lajes através da criação de

juntas verticais.

Como resultado do dimensionamento, se obtém todas as informações necessárias

para a elaboração do projeto executivo, que deverá conter plantas de formas, modulações de

fiadas, elevação das paredes, quantitativos e especificações de material e controle tecnológico.

A coordenação de todos estes pontos é de fundamental importância para um bom e racional

processo de execução.

fbk fa fgk fpk/fbk fpk f*

pk/fbk f*

pk

Reservatório 3,00 4,50 15,00 0,80 2,40 2,00 4,80

Cobertura 3,00 4,50 15,00 0,80 2,40 2,00 4,80

Tipo 3 3,00 4,50 15,00 0,80 2,40 2,00 4,80

Tipo 2 3,00 4,50 15,00 0,80 2,40 2,00 4,80

Tipo 1 4,50 4,50 15,00 0,80 3,60 1,75 6,30

Térreo 4,50 4,50 15,00 0,80 3,60 1,75 6,30

fa - resistência média à compressão da argamassa

fbk - resistência característica à compressão do bloco

fgk - resistência característica à compressão do graute

fpk - resistência característica à compressão do prisma oco

f*

pk - resistência característica à compressão do prisma cheio.

MPa, em relação a área brutaPavimento

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145

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES

Neste trabalho foi apresentado o dimensionamento de um edifício exemplo,

segundo as prescrições da NBR 15961 (2011), buscando-se elaborar, pela grande mudança

conceitual e pratica em relação à antiga norma, NBR 10837 (1989), uma análise qualitativa

das principais alterações, visando à praticidade de aplicação e um melhor entendimento da

norma atual, com a sugestão de alguns pontos que merecem certa atenção em uma futura

revisão da norma. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica da teoria e dos trabalhos

originais que fundamentaram a NBR 15961 (2011).

Olhando para o dimensionamento à flexão simples, mesmo com a limitação na

resistência à tração do aço, a norma atual proporciona certa economia em relação à norma

antiga, em função da necessidade de áreas de aço menores.

Já para o cisalhamento, mesmo com a mudança no critério de ruptura, não houve

mudanças significativas, visto que o cisalhamento é a solicitação que possui menos

importância em edifícios de alvenaria.

Em relação à compressão, pelo fato do coeficiente de ponderação de resistência da

alvenaria ter sido “acertado” de modo a se obter os mesmos resultados da antiga norma, não

se veem diferenças quantitativas.

Agora, na flexo-compressão, houve um aumento dos esforços solicitantes,

oriundos da adoção do coeficiente de majoração de 1,4 para solicitações verticais e

horizontais de cálculo exigidos pela norma de ações e segurança, a NBR 8681 (2003), e

também pela alteração da equação de verificação. Este ponto se apresentou bem significativo,

principalmente para o dimensionamento de edifícios mais altos.

Para finalizar, recomenda-se que em uma futura revisão da NBR 15961 (2011),

sejam discutidos a inclusão de requisitos obrigatórios para a previsão de dano acidental e

colapso progressivo, bem como a elaboração de novas pesquisas e estudos sobre alguns

pontos do dimensionamento, como o coeficiente redutor devido à esbeltez, a limitação na

resistência do aço em apenas 50%, a expressão de verificação à flexo-compressão, a limitação

do momento resistente na verificação à flexão e o momento de segunda ordem para paredes

esbeltas no caso de alvenaria armada.

Como sugestão para trabalhos futuros recomenda-se:

O dimensionamento do edifício com a consideração dos lintéis e do efeito

arco;

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146

O dimensionamento e detalhamento do edifício prevendo o dano acidental

e o colapso progressivo, de acordo com as recomendações da BS 5628-1

(1992).

A comparação dos resultados de dimensionamento entre as normas NBR

15961-1 (2011), NBR 10837 (1989) e BS 5628-1 (1992), analisando a

segurança através da probabilidade de falha e do índice de confiabilidade

β.

Page 151: UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ISMAEL STEINMETZ

147

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