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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE WOLNEI LUIZ AMADO CENTENARO OCORRÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS EM SALIVA E CAVIDADE NASAL EM AMBIENTES HOSPITALAR E ODONTOLÓGICO. Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Felipe Dal-Pizzol CRICIÚMA 2016

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  • UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE

    UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

    WOLNEI LUIZ AMADO CENTENARO

    OCORRÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS EM SALIVA E

    CAVIDADE NASAL EM AMBIENTES HOSPITALAR E

    ODONTOLÓGICO.

    Tese apresentada ao Programa de Pós-

    Graduação em Ciências da Saúde da

    Universidade do Extremo Sul

    Catarinense - UNESC, como requisito

    parcial para a obtenção do título de

    Doutor em Ciências da Saúde.

    Orientador: Prof. Dr. Felipe Dal-Pizzol

    CRICIÚMA

    2016

  • Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

    A ficha catalográfica é confeccionada pela Biblioteca

    Central da UNESC.

    Tamanho: 7cm x 10,5cm

    Fonte: Times New Roman 10,5

    Maiores informações em pelo e-mail [email protected] ou

    pelo telefone 3431 2592.

    mailto:[email protected]

  • WOLNEI LUIZ AMADO CENTENARO

    OCORRÊNCIA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS EM SALIVA E

    CAVIDADE NASAL EM AMBIENTES HOSPITALAR E

    ODONTOLÓGICO.

    Esta tese foi julgada e aprovada para obtenção do Grau de Doutor em

    Ciências da Saúde na área de Ciências da Saúde no Programa de Pós-

    Graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Extremo Sul

    Catarinense.

    Criciúma, 16 de dezembro de 2016.

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. Felipe Dal-Pizzol – Dr. – Universidade do Extremo Sul

    Catarinense - Orientador

    Prof. Eduardo Rico – Dr. Membro Relator - Universidade do Extremo

    Sul Catarinense

    Prof. Ricardo Andrez Machado de Avila – Dr. Membro Interno -

    Universidade do Extremo Sul Catarinense

    Professora Cristiane Damiani Tomazi – Dra. Membro Externo -

    Universidade do Extremo Sul Catarinense

    Prof. Francisco Montagner – Dr. Membro Externo -

    Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

    Wolnei Luiz Amado Centenaro

    Doutorando

  • FOLHA INFORMATIVA

    Esta tese foi elaborada seguindo o estilo Vancouver e será apresentada

    no formato tradicional. Este trabalho foi realizado nas instalações do

    Laboratório de Fisiopatologia Experimental do Programa de Pós-

    graduação em Ciências da Saúde da Universidade do Extremo Sul

    Catarinense

  • “Aos meus exemplos de caráter,

    ética, dedicação, valores e

    humildade; meus Pais José

    Centenaro e Elza Amado

    Centenaro”.

  • AGRADECIMENTOS

    “Quantas pessoas queridas o tempo (Deus) me emprestou ou me

    deu para guardar, mas depois as chamou para dançar, no seu ritmo”...

    Gabriel o Pensador

    In memoriam, Vô José e Vô Colin.

    Ao Prof. Dr. Felipe Dal-Pizzol meu orientador o apoio contínuo e

    a confiança que depositou em mim. Sem ele não teria sido possível a

    realização deste estudo.

    Aos Diretores da Uri Campus Elisabete Maria Zanin ,Paulo

    Roberto Giollo ,Paulo José Sponchiado pelo apoio financeiro e

    incondicional nos momentos mais difíceis deste longo período.

    A colega de Doutorado e Professora de Microbiologia da Unesc

    Cleonice Maria Michelon pelos ensinamentos e ajuda necessários na

    área

    Aos meus colegas e minhas colegas do laboratório de

    Fisiopatologia da Unesc, Priscila Ávila, Danusa Damásio que tornou

    possível o trabalho no Hospital São José e em especial à Monique

    Michels, sempre prestativa, amiga, participativa e conselheira. A ciência

    ainda vai ouvir falar muito este nome e lhe será muito grata.

    Ao Coordenador do Curso de Odontologia da UNESC-SC Renan

    Antônio Ceretta pelo apoio nas Clínicas da Unesc

    Aos meus colegas e professores do curso de Odontologia da Uri

    Fabiane Schreiner, Roberto Carlos Soccol, Valdomiro Simoneti, Claiton

    Giovani Tirello, Elize Tatiane Ribeiro Bonafe, Silvane Souza Roman e

    Gabriele Fahl pelas substituições de horários, conselhos e amizade

    nestes anos em que a ética e o coleguismo permeiam nosso

    relacionamento.

    Aos funcionários do Curso de Odontologia Tiago Ambrosio

    Lazareti e Carine Pereira que estão comigo nesta caminhada desde o

    início e que sempre foram imprescindíveis na nossa labuta

    Aos recepcionistas da Uricepp Roberto e Sergio por me

    acompanharem nas noitadas de estudos e trabalhos.

  • A Gabriela da Rosa Cunha PhD student, researcher Harvard

    Medical School at Massachusetts Eye & Ear Infirmary, Doutoranda

    UFCSPA, por saber sobrepor as barreiras e dedicar-se ao máximo na

    construção deste estudo.

    Aos meus irmãos Wolmir, Gustavo e Marizélia, pelas orações e

    preocupações com as incontáveis viagens e quilometragens percorridos.

    Aos meus filhos Carlos Eduardo e Ana Júlia, que souberam

    entender que minhas ausências eram fruto de um buscar conhecimentos

    que possam servir de exemplos à eles na vida e que a cada retorno o

    meu amor por eles havia aumentado.

    A minha esposa Analise que soube suportar minhas angústias e

    incertezas com paciência, dedicação, amor e discernimento, pelas noites

    em claro que passei na frente do computador estudando, pela ausência

    em momentos importantes e difíceis em nossas famílias sem poder lhe

    dar um ombro para chorar e ouvido para ouvir seus desabafos, pelo

    exemplo de dedicação ao trabalho e ao cumprimento de deveres, pela

    educação de meus filhos a ti minha eterna gratidão e amor, entendendo

    que:

    “Amar é acreditar no outro, dividir sonhos, receber, entregar,

    perdoar, compreender, aceitar. Amar é querer estar junto, e se separados,

    unidos pelo pensamento, pelos objetivos, pelos mesmos desejos”.

    E por fim e não menos importante agradeço, sobretudo a DEUS

    por ter me permitido chegar até aqui, porque se ele não tivesse sido

    corajoso e deixado que parassem o coração dele, o meu não estaria

    batendo hoje).

    Letícia Gilbert

  • RESUMO

    Staphylococcus aureus, são micro-organismos pertencentes a microbiota da cavidade nasal e podem habitar também a cavidade oral. Cepas

    resistentes a antibióticos, particularmente a meticilina (MRSA) podem

    trazer riscos a ambientes hospitalares, ambulatórios e para a

    comunidade. O objetivo desse estudo é avaliar a prevalência de

    colonização por Staphylococcus aureus, em profissionais, acadêmicos e superfícies odontológicas comparando as prevalências com as

    encontradas em funcionários de uma UTI Hospitalar. Para isso,

    coletamos secreção salivar e nasofaringea de profissionais de uma UTI

    hospitalar, cirurgiões-dentistas, auxiliares em saúde bucal, acadêmicos

    de duas Universidades distintas e também de superfícies no ambiente de

    trabalho odontológico. Após coletado, material foi semeado em sal ágar

    manitol. As colônias isoladas obtidas foram submetidas a coloração de

    Gram para avaliação da morfologia e arranjo celular. O screening para resistência a meticilina foi realizado utilizando meio cromogênico

    (MRSA), e as colônias características a resistência foram então

    submetidos ao teste antimicrobiano de disco difusão para oxacilina e

    cefoxitina. A confirmação genotípica foi avaliada por amplificação do

    gene mecA e LukS-lukF, por meio de PCR. Cento e noventa e seis amostras foram coletadas, provenientes de 156 indivíduos e 40

    superfícies. Obteve-se 93 cepas de Staphylococcus aureus em

    indivíduos e 05 em superfícies. Destas, 08 provenientes de colonização

    nasal e 03 de colonização salivar foram caracterizadas genotipicamente

    para MRSA. Somente 04 amostras apresentaram os genes LukS-lukF,

    caracterizando cepas de origem comunitária. Embora tenhamos obtido,

    como resultados, um pequeno número de isolados que apresentaram

    (MRSA), existe uma prevalência de associação em ambientes

    odontológicos com ambientes hospitalares. Mais estudos devem ser

    realizados para confirmar essa prevalência.

    Palavras-chave: Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina.

    Exposição à Agentes Biológicos. Resistência Microbiana a

    Medicamentos. Odontologia.

  • ABSTRACT

    Staphylococcus aureus, are bacterial belonging to the flora of the nasal cavity and may inhabit the oral cavity. Antibiotic-resistant strains,

    particularly methicillin (MRSA), can pose risks to hospital, outpatient,

    and community settings. The objective of this study is to evaluate the

    prevalence of colonization by Staphylococcus aureus in professionals,

    academics and dental surfaces comparing the prevalence with those

    found in employees of a Hospital ICU. For this, we collected salivary

    and nasopharyngeal secretions from professionals of a hospital ICU,

    dental surgeons, oral health aides, academics from two different

    universities and from surfaces in the dentistry work environment. After

    being collected, material was seeded in mannitol agar. The isolated

    colonies were submitted to Gram staining to evaluate the morphology

    and cellular arrangement. Screening for methicillin resistance was

    performed using chromogenic medium (MRSA), and the resistance-

    characteristic colonies were then submitted to the antimicrobial disk

    diffusion test for oxacillin and cefoxitin. Genotypic confirmation was

    assessed by amplification of the mecA and LukS-lukF gene by PCR. One hundred and ninety-six samples were collected from 156 individuals and

    40 surfaces. A total of 93 strains of Staphylococcus aureus were obtained in subjects and 05 on surfaces. Of these, 08 from nasal

    colonization and 03 from salivary colonization were characterized

    genotypically for MRSA. Only 04 samples showed the LukS-lukF genes, characterizing strains of community origin. Although we obtained, as

    results, a small number of isolates that presented (MRSA), there is a

    prevalence of association in dental environments with hospital

    environments. Further studies need to be performed to confirm this

    prevalence.

    Keywords: MRSA drug Resistance. Exposure to biological agents.

    Drug Resistance to microbial dentistry.

  • LISTA DE ILUSTRAÇÕES

    Figura 1 – Fatores de virulência......................................................... 13

    Figura 2 – Gene mecA........................................................................ 25

    Figura 3 – Dinâmica de transmissão de MRSA entre pacientes e

    profissionais da saúde........................................................................ 30

    Figura 4 – Identificação de Staphylococcus aureus....................... 35

    Figura 5 – Crescimento de colônias de MRSA em CHROMagar

    MRSA............................................................................................... 36

    Figura 6 – Resistência/Sensibilidade Cefoxitina e Oxacilina.......... 37

    Figura 7A – Identificação de S.aureus.............................................. 41

    Figura 7B – Identificação da resistência por meio cromogênico..... 42

    Figura 7C – Comprovação da resistência por TSA........................... 43

    Figura 8A – Associação de colonização entre os grupos por MSSA

    nasal................................................................................................... 44

    Figura 8B – Associação de colonização entre os grupos por MSSA

    salivar................................................................................................. 44

    Figura 8C – Associação de colonização entre os grupos por MRSA

    nasal................................................................................................... 45

    Figura 8D – Associação de colonização entre os grupos por MRSA

    salivar................................................................................................. 45

    Figura 8E – Associação de colonização entre os grupos por MRSA

    – TSA nasal........................................................................................ 45

    Figura 8F – Associação de colonização entre os grupos por MRSA

    – TSA salivar..................................................................................... 45

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 – Determinantes de Virulência do S. aureus................. 17

    Tabela 2 – Mecanismo de Resistencia aos antibióticos de S.

    aureus e genes associados.......................................................... 22

    Tabela 3 – Caracterização da população em estudo..................... 39

    Tabela 4 – Identificação dos genes mecA e PVL.......................... 46

    Tabela 5 – Variáveis com Nível de Significância Estatística......... 47

    Tabela 6 – Frequência da utilização de Antimicrobianos por conta

    própria..................................................................................... 48

    Tabela 7 – Frequência da Troca de Máscara............................... 49

    Tabela 8 – Frequência da troca do Gorro....................................50

    Tabela 9 – Desinfecção do Óculos de Proteção........................... 51

    Tabela10 – Risco oferecido pela colonização em profissionais de

    saúde....................................................................................... 52

    Tabela 11 – Aspectos relativos da jornada de trabalho................. 53

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    Agr – Gene Regulador Acessório VIH - Vírus da Imunodeficiência Humana

    AP- PCR - Arbitary Primer Polimerase Chain Reaction

    attBscc - SCCmec attachment site

    BORSA - Bordline Staphylococcus aureus

    CAPF CA - MRSA. Adquiridas na comunidade

    ccr - cassete cromossoma recombinase

    ETA -Toxina Exfoliativa A

    ETB - Toxina Exfoliativa B

    FemA - fem, Factor Essential for Methicillin resistance.

    HA – MRSA Adquirida em Hospital

    HBR - Região Hipervariável

    HCV -Vírus da hepatite C

    Hla - Alfa-toxina

    Hla - Alfa-hemolisina

    H2O2 – Peróxido de Hidrogênio

    IRAS - Infecção Relacionada à Assistência à Saúde

    IPTM - Infecção de Pele e Tecidos Moles

    ISS - Integration Site Sequence

    JK - Região Junkiard

    LPS - Lipopolissacarídeo

    MCH - complexo principal de histocompatibilidade.

    MGE - mobile genetic elemets

    MLEE - Multilocus Enzyme Electrophoresis

    MLST - multilocus sequence typing

    MODSA - modified Staphylococcus aureus

    MRSA - Staphylococcus aureus resistentes a meticilina MSSA - Staphylococcus aureus sensível a meticilina

    MLEE - Multilocus enzimático eletroforético

    MLST - Multillocus Sequence Typing

    MSCRAM - - Microbial Surface Components Recognizing Adhesive

    Matrix Molecules NaCl NAM N-acetilmurâmico

    NAG N acetiglosoamina

    NCCLS - Clinical and Laboratory Standards NDA

    ORFs - Open reading frames

    O2 – Gás Oxigênio

    PBP Penicillin Binding Proteins

    PCR Polymerase Chain Reaction

  • PCR - Ribotipagem ou Ribo-PCR PCR -AP-PCR - Polimorfismo

    Amplificado pela Reação em Cadeia da Polimerase

    PCR - RFLP - Polimorfismo no Comprimento de Fragmentos de

    Restrição

    PFGE - Pulsed-field gel electrophoresis

    pH – Potencial de Hidrogênio

    QS - Quorum Sensing.

    rep-PCR- Palindrômicas Extragênicas Repetidas RFLP - Polimorfismos

    de fragmentos de restrição.

    SarA - Staphylococcal accessory regulator

    S.aureus - Staphylococus aureus SCCmec Staphylococcal Cassette Chromosome mec

    SCV - Small Colony Variants

    SE - Enterotoxins

    Taq. DNA Polimerase Termoestável

    TCRs - Two Component Regulatory Systems

    TSTT-1 Toxic Shock Syndrome Toxin-1

    TSS - Choque Tóxico Estafilocócico

    UTI – Unidade de Terapia Intensiva

    VISA - Vancomycin Intermediate Resistant S. aureus

    VRSA - Vancomycin Resistant S. aureus WTAs - Ácidos Teicóicos

    5 CP5 – Polissacarídeo Celular Sorotipo 5

    8 CP8 - Polissacarídeo Celular Sorotipo 8

  • SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO........................................................................ 11

    1.1. DESCRIÇÃO DA BACTÉRIA ............................................11

    1.2. EPIDEMIOLOGIA DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS..... 13

    1.3. FATORES DE VIRULÊNCIA............................................. 16

    1.4. RESISTENCIA STAPHYLOCOCCUS AUREUS A AGENTES ANTIMICROBIANOS.............................................20

    1.5. GENE MECA..................................................................... .. 24 1.6. STAPHYLOCOCCAL CASSETTE CHROMOSSOME –

    SCCMEC.................................................................................. ...27

    1.7. COLONIZAÇÃO/CONTAMINAÇÃO................................28

    1.7.1. Colonização/Contaminação em odontologia................. 30

    1.8. JUSTIFICATIVA................................................................. 32

    2 OBJETIVOS............................................................................. 33

    2.1. OBJETIVO GERAL............................................................. 33

    2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................ 33

    3 MATERIAS E MÉTODOS....................................................... 34

    3.1. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS.............................................. 34

    3.2. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO........................... 34

    3.3. OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS......................................... 34

    3.4. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS.......................... 34

    3.4.1. Identificação de Staphylococcus aureus......................... 34

    3.4.2. Identificação de MRSA................................................... 35

    3.4.2.1. Meio Cromogênico...................................................... ...35

    3.4.2.2. Teste de Susceptibilidade a antimicrobianos.................. 36

    3.4.3. Detecção dos Genes mecA e lukS-lukF........................... 37

    3.4.4. Eletroforese de campo pulsado (PFGE)......................... 37

    3.5. ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE ESTATÍSTICA................. 37

    4. RESULTADOS........................................................................ 38

    4.1. POPULAÇÃO...................................................................... 38

    4.2. IDENTIFICAÇÃO DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS

    ENTRE OS GRUPOS................................................................. 39

    4.3. IDENTIFICAÇÃO DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS

    RESISTENTE POR CHROMagar............................................... 39

    4.4. RESISTÊNCIA POR TSA E ASSOCIAÇÃO ENTRE

    COLONIZAÇÃO NASAL E SALIVAR..................................... 40

    4.5. SIMILARIDADE ENTRE GRUPOS COLONIZADOS...... 43

    4.5.1. Colonização nasal e salivar em grupos colonizados por

    S. aureus...................................................................................... 43

  • 4.5.2. Resistencia nasal e salivar por CHROMagar................ 44

    4.5.3. Resistência nasal e salivar por TSA................................45

    4.6. IDENTIFICAÇÃO DO GENE MECA É RESPONSÁVEL PELA CODIFICAÇÃO DE PVL................................................. 46

    4.7. INSTRUMENTO DE CARACTERIZAÇÃO

    PROFISSIONAL.......................................................................... 46

    4.7.1. Uso de antimicrobianos por conta própria.................... 47

    4.7.2. Frequência de troca de Máscaras................................... 48

    4.7.3. Frequência de troca de Gorros........................................ 49

    4.7.4. Desinfecção do óculos de proteção.................................. 50

    4.7.5. Profissional de saúde colonizado por germes

    resistentes aos antimicrobianos oferece algum risco?.......... 51

    4.7.6. Aspectos relativos a jornada de trabalho...................... 52

    5 DISCUSSÃO............................................................................. 54

    6 CONCLUSÃO........................................................................... 60

    REFERÊNCIAS...........................................................................61

    APENDICE.................................................................................. 81

    APENDICE I................................................................................ 82

    ANEXOS...................................................................................... 86

    ANEXO I...................................................................................... 87

    ANEXO II.................................................................................... 90

  • 11

    1 INTRODUÇÃO

    1.1. DESCRIÇÃO DA BACTÉRIA

    Taxonomicamente o micro-organismo Staphylococcus aureus,

    classifica-se como pertencente ao Domínio Bactéria, Filo Firmicutes;

    Classe Bacilos; Ordem Bacillales; Família Staphylococcaceae; Gênero

    Staphylococcus e espécie Staphylococcus aureus, Gram-positivas.

    Apresentam-se geralmente em forma de cocos (esféricas), com células

    de cerca de um micrômetro de diâmetro, que se juntam em colônias

    parecidas, quando vistas ao microscópio óptico com aglomerados

    semelhantes a cachos de uva. O nome é derivado da palavra grega

    “staphylé” que significa "cacho de uvas" e refere-se ao padrão de

    crescimento do micro-organismo (Murray et al., 2008). Rosenbach,

    (1884), descreveu dois tipos de colônias pigmentadas de Staphylococcus

    as quais foram denominadas de Staphylococcus aureus (amarelos) e

    Staphylococcus albus (brancos), esta última espécie atualmente denominada de Staphylococcus epidermidis.

    Apesar de existirem mais de 40 espécies de Staphylococcus

    descritos no Manual de Bergey (Garrity et al., 2001), apenas

    Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis, apresentam

    interações significativas com seres humanos. Os primeiros colonizam

    principalmente a nasofaringe e orofaringe, mas podem ser encontrados

    regularmente na maioria dos outros locais anatômicos, incluindo a pele,

    cavidade oral e trato gastrointestinal (Robert et al., 2005; Velázquez-

    Meza, 2005). São anaeróbios facultativos, que crescem por respiração

    aeróbica ou por fermentação, produzindo ácido lático, principalmente

    (Murray et al., 2008). Estes micro-organismos são catalase positivos, ou

    seja, a adição de H2O2 (água oxigenada) a uma cultura de

    Staphylococcus aureus produz O2 (oxigênio) livre, visível através do borbulhamento, além de serem oxidases negativa e piogênicos por

    excelência. Podem crescer numa gama de temperaturas de 15 a 45°C e

    em concentrações de pH tão elevadas como 15% de NaCl. (Euzéby,

    2004; Koneman et al., 2012; Todar, 2014). A maioria das espécies de

    estafilococos são coagulase-negativos, entre as exceções estão

    Staphylococcus aureus (Kloos et al., 1995; Bannerman et al., 2012).

    As bactérias regulam muitos processos em resposta à

    sinalização celular. Nestes processos estão incluídos os fatores de

    virulência, e a produção e formação de biofilmes (Cervantes et al.,

  • 12

    2014). Além disso, estes microrganismos utilizam esta sinalização para

    regular a densidade da população conhecida como percepção de

    quórum. Estes sistemas em Staphylococous são denominados de sistema

    “QS” (Quórum Sensing). Os mesmos possuem enorme impacto na

    bactéria durante a infecção, controlando a fisiologia e os fatores de

    virulência. São regulados pelo complexo gênico agr (gene acessório regulador) (Cervantes et al., 2014).

    Referente à composição e estrutura dos Staphylococcus aureus, os mesmos apresentam como componente citoplasmático em suas

    células, o nucleóide, onde se encontra o cromossoma do microrganismo;

    os ribossomos que são responsáveis pela síntese proteica; os plasmídios

    que são moléculas circulares de DNA e que são capazes de

    autoduplicação independente da replicação cromossômica e que estão

    envolvidos na resistência destes aos antimicrobianos (Santos et al.,

    2007). Além disso, podemos encontrar, raramente, flagelos, que são

    responsáveis pela movimentação das células bacterianas.

    Na sua grande maioria a resistência bacteriana deste micro-

    organismo pode estar presente na constituição de sua parede celular,

    sendo este um componente extremamente importante para a

    sobrevivência e patogenicidade do mesmo. Esta, por sua vez é

    constituída por uma cápsula formada por uma única camada frouxa de

    polissacarídeos que protege a bactéria ao inibir a quimiotaxia e a

    fagocitose, facilitando ainda a aderência em materiais sintéticos. A

    mesma é constituída ainda por um peptídeoglicano, que se trata de um

    componente estrutural composto de cadeias de glicano de ligação

    cruzada com peptídeos conferindo maior rigidez à parede celular (Figura

    1).

    Na sequência da cápsula encontra-se a proteína A que reveste a

    superfície destes micro-organismos e se liga a camada de

    peptídeoglicano, sendo responsável e eficaz na prevenção da eliminação

    da bactéria pelo sistema imune, impedindo a opsonização da mesma.

    Além disso, fazendo parte desta constituição, aparecem os ácidos

    teicóicos, que são polímeros que contêm fosfatos ligados à camada de

    peptídeoglicano ou à membrana plasmática e são responsáveis pela

    mediação da fixação destes micro-organismos às superfícies mucosas.

    Na cápsula ainda, encontramos o fator de aglutinação e por fim, a

    membrana citoplasmática, formada por um complexo de carboidratos,

    proteínas e lipídeos, que atuam como barreira osmótica e local para a

    fixação de enzimas (Todar, 2014; Oogai et al., 2011; Kavanaugh e

    Horswill, 2016).

  • 13

    Outra característica importante desta bactéria e que a torna

    diferenciada, é a capacidade de produzir biofilmes. O crescimento de

    micro-organismos em biofilmes fornece uma grande capacidade de

    adaptação das bactérias às diferentes condições ambientais.

    Figura 1: Fatores de virulência S.aureus.

    Fonte: adaptada de Vaudax et. al 1994.

    1.2. EPIDEMIOLOGIA DE Staphylococcus aureus

    No ser humano, Staphylococcus aureus pode sobreviver como

    colonizador persistente em (20%) destes (30%) como colonizador

    transitório (intermitente), e em torno de 50% correspondem a não

    colonizados. Seu local anatômico predileto de colonização estabelece-se

    na orofaringe de adultos (Kluytmans et al., 1997). A taxa de colonização

    nasal em seres humanos sadios varia de 10 a 40%, taxas mais altas

    ocorrem em pacientes que por motivos de doenças diversas apresentam

    graus de imunidade baixa, especialmente em pacientes submetidos a

    procedimentos cirúrgicos ou à hemodiálise em que estas taxas de

    colonização podem chegar acima dos 50% (Von Eiff et al., 2001;

    Laupland et al., 2003; Nu et al., 1986). A taxa de colonização a nível

    mundial decresce com o passar dos anos, em países com maior poderio

    financeiro e em especial nos países escandinavos, nas últimas décadas.

    Nos anos 30 a mesma correspondia a 35%, (Kluytmans et al., 1997), nos

    anos 2000, decresceu para 27%, (Nulens, 2005). Esta realidade, no

  • 14

    entanto, não é a mesma em países subdesenvolvidos ou em

    desenvolvimento.

    São multifatoriais os mecanismos que levam à colonização por

    esta bactéria. Existe um verdadeiro tropismo entre o microorganismo e o

    hospedeiro, isto quer dizer, que são as condições do hospedeiro que vão

    determinar esta colonização (Cole et al., 2001). Além do que as taxas

    variam entre gênero, raça e idade. Herwaldt et al., (2004) reforça a

    afirmativa feita anteriormente de que pacientes imunodeprimidos, tais

    como, dependentes de insulina, usuários de hemodiálise ou diálise

    peritoneal, doença hepática avançada, obesos, com histórico de

    acidentes vasculares e cerebrais, HIV positivos e com doenças de pele

    crônicas são os mais propensos a serem colonizados intermitentemente.

    A respeito da colonização por MRSA (Staphylococcus aureus

    resistentes a meticilina), na era pré-antibiótica, infecções por

    Staphylococcus aureus eram geralmente fatais. Em um estudo de

    revisão de casos no início dos anos 1940, a mortalidade entre os 122

    pacientes participantes foi de 82%, e de 98% naqueles com idade maior

    que 50 anos. Na era moderna, estima-se que 25-35% dos indivíduos

    humanos saudáveis são portadores deste micro-organismo na pele ou

    mucosas. Isto significa que até dois bilhões de pessoas atualmente

    podem transmitir Staphylococcus aureus resistentes a meticilina em todo o mundo, e estimativas conservadoras baseadas em dados de

    prevalência, holandeses e norte-americanos prevêem que entre 2-53

    milhões de pessoas portadoras de MRSA, sejam a causa de infecções

    associadas aos hospitais. A taxa de mortalidade associada a infecções

    invasivas por MRSA é de 20%, mas varia consideravelmente entre os

    estudos em diferentes contextos (Haidegge et al., 2015).

    Embora os dados epidemiológicos de estudos muitas vezes não

    possam ser comparáveis, devido às diferenças no desenho dos mesmos e

    populações amostradas, as maiores taxas (>50%) são relatados na

    América do Norte, América do Sul, Ásia e Malta. Taxas intermediárias

    (25-50%) são relatadas na China, Austrália, África e alguns países

    europeus como, por exemplo, Portugal (49%), Grécia (40%), Itália

    (37%) e na Romênia (34%). Outros países europeus têm taxas de

    prevalência geralmente baixas (Países Baixos e Escandinávia)

    (Haidegge et al., 2015).

    Este micro-organismo apresenta uma importância

    extraordinária do ponto de vista epidemiológico e clínico. Em hospitais,

    o mesmo pode apresentar-se de forma epidêmica e endêmica, levando-se

    em conta que é um dos patógenos que infecta a maior quantidade de

    pacientes submetidos a procedimentos invasivos (Layton et al., 1996).

  • 15

    Trata-se de um micro-organismo multirresistente (betalactâmicos e

    outros antimicrobianos) o que determina geralmente o fracasso do

    tratamento empírico e dificuldade no tratamento das infecções por ele

    causado (Schmitz et al., 1997).

    Nos últimos anos o problema ocorre além dos limites

    hospitalares, pois foram descritas, recentemente, cepas de MRSA,

    distintas e de aquisição comunitária. Tipicamente, colonização por

    MRSA é adquirido no hospital e esta ocorre através de uma infecção,

    que se manifesta após 48 horas à exposição nosocomial. Um paciente

    infectado ou colonizado é o suficiente para introduzir esta colonização

    nestes novos ambientes (Gorak et al., 1999). A forma de transmissão

    mais aceita e conhecida é aquela que ocorre através das mãos dos

    cuidadores ou através do acúmulo em superfícies, causando epidemias

    tanto em ambientes hospitalares como comunitários, além disso, a

    prescrição indiscriminada e empírica de antibióticos contribui para a

    aquisição do fator resistência e consequentemente facilita a colonização,

    por esta forma não sensível a antimicrobianos (Wilcox, 2005).

    Epidemiologicamente é importante não confundir MRSA

    adquiridos na comunidade, denominados (HA-MRSA), com as espécies

    resistentes, adquiridas em ambientes hospitalares (CA-MRSA),

    Staphylococcus aureus resistentes a meticilina de origem hospitalar, que apesar de parecer ter uma origem comunitária, são provenientes de

    pacientes que estiveram em contato com algum tipo de assistência à

    saúde, de onde adquiriram a bactéria (Fridkin et al., 2005). As

    diferenças básicas entre os dois tipos de MRSA, são as seguintes:

    ausência de fatores de risco clássicos para contrair MRSA, CA-MRSA,

    incide mais em crianças e jovens e são mais sensíveis a várias classes de

    antibióticos do que os de origem nosocomial. Além disso, CA-MRSA,

    possui fatores de virulência específicos. São tipicamente portadores de

    genes para a codificação da Leucocidina de Panton Valentine (PVL),

    que é uma toxina que pode causar necrose tecidual e destruição

    leucocitária, apresentam somente o cassete cromossômico SCCmec

    (Staphylococcal Cassette Chromosome mec) tipo IV, causam infecções

    de mucosas graves e raramente necrosantes (Lina et al., 1999; Said,

    2003; Naimi et al., 2003; Robinson et al., 2005).

    As causas desta proliferação e aparição de cepas comunitárias,

    ainda não estão devidamente esclarecidas e supõe-se atribuídas a fatores

    diversos. Assim como as demais formas de resistência aos

    antimicrobianos, uma das causas possíveis pode ser o uso

    indiscriminado dos mesmos. Uma particularidade em relação a estas

    cepas é que todas contém o SCCmec tipo IV, que é de um tamanho

  • 16

    reduzido em relação aos demais SCCmec(s), o que teria facilitado a

    transferência dos genes de resistência entre seus pares. A presença de

    fatores de virulência que facilitam a infecção por este tipo de

    microorganismo pode também contribuir para a proliferação do CA-

    MRSA (Charlebois et al., 2004; Weber et al., 2005).

    Um dos primeiros relatos de MRSA adquirido em uma

    comunidade na América Latina teve origem no Uruguai, em 2001, em

    quatro crianças sem fatores de risco tradicionais para infecção por HA-

    MRSA (Galiana et al., 2001). Um artigo que descreveu um grande surto

    de CA-MRSA em Montevidéu, Uruguai, sugere que CA-MRSA é um

    problema crescente na América Latina (Mejía et al, 2010). Desde então,

    MRSA vem sendo identificado como causa de infecções adquiridas na

    comunidade por toda a América Latina, embora os dados publicados se

    limitem a apenas alguns países, e a certos locais nesses países.

    A prevalência de HA-MRSA tem diminuído nos últimos anos

    em alguns países europeus, por exemplo, Áustria, França, Irlanda, Reino

    Unido e Grécia. Em outros países a prevalência permaneceu

    relativamente estável. No entanto, taxas muito altas de CA-MRSA são

    relatados na Ásia Oriental, especialmente no Sri Lanka (86,5%), Coréia

    do Sul (77,6%), Vietnã (74,1%), Taiwan (65,0%), Tailândia (57,0%) e

    Hong Kong (56,8%). Em contraste, existem taxas relativamente baixas

    na Índia (22,6%) e Filipinas (38,1%), (Szilagyi et al., 2013).

    1.3 FATORES DE VIRULÊNCIA

    A espécie resistente deste micro-organismo era um agente

    patogênico humano confinado aos hospitais durante mais de 30 anos. O

    CA-MRSA emergiu nas últimas duas décadas em todo o mundo como

    uma das principais causas de infecções graves em indivíduos saudáveis

    na comunidade. A espécie resistente e comunitária surgiu localmente,

    como dito anteriormente, pela aquisição do elemento genético móvel

    SCCmec que transporta o gene mecA, por Staphylococcus aureus susceptíveis à meticilina (MSSA), ou alternativamente, tiveram origem

    em cepas disseminadas de hospitais.

    Staphylococcus aureus é considerado o mais virulento, dentre

    seu gênero, graças a sua capacidade de adaptabilidade (Plata et al.,

    2009). Os principais fatores que induzem às patogenias, tanto em seres

    humanos como em animais são os componentes da superfície celular da

    bactéria, além disso, contribuem para esta patogenicidade toxinas e

    enzimas, nominadas como fatores de virulência extracelulares (Black,

    2013).

  • 17

    A expressão dos fatores de virulência, especialmente as

    exotoxinas, parece ocorrer principalmente durante a fase pós-

    exponencial de crescimento e são reguladas por pelo menos três

    sistemas regulatórios globais, são eles: o gene regulador acessório (agr),

    regulador acessório estafilocócico (sar) e o regulador de proteína

    extracelular (xpr). A formação de um biofilme maduro cuja estrutura

    pode ter forma de fungo ou plana e que contem canais de água que

    distribuem eficazmente nutrientes e moléculas de sinalização dentro do

    mesmo, constitui mais um fator de virulência deste patógeno (Bohach et

    al., 1997). Estes elementos e suas respectivas ações nos tecidos do

    hospedeiro estão descritos na Tabela 1.

    Tabela 1. Determinantes de Virulência do S. aureus.

    Determinantes Ação tecido hospedeiro

    Fatores da superfície

    1. Cápsula Antifagocítica.

    2. Componentes da Parede Celular:

    Peptídeoglicano

    Piogênico – Quimioatratrivo.

    Ácido Teicóico

    Liberado protege contra o

    complemento.

    3. Proteínas da Superfície Celular

    Proteína A

    Protege contra a IgG do

    complemento.

    Proteína de ligação ao fibrinogênio Liga-se ao fibrinogênio

    (precede à fibrina).

    Proteína de Ligação à Fibronectina Liga-se a Fibronectina

    (proteína adesiva).

    Proteina de ligação à laminina

    Liga-se a laminina (Apresenta

    vários sítios de ligação como

    para receptores celulares

    específicos).

    Proteina de Ligação ao Colágeno

    Liga-se ao colágeno

    (Sustentação da cartilagem)

    Proteina de Ligação a Vitronectina Liga-se a Vitronectina (Por

    isso, a vitronectiva serve para

    regular a proteólise pela

    ativação do plasminogênio).

  • 18

    Fatores extracelulares

    4. Toxinas Extracelulares

    Alfa, Beta, Gama e Delta Toxinas.

    Citotóxicas para os tecidos e

    leucócitos.

    Leucocidina P V Destrói leucócitos (leucocida).

    Toxina da Síndrome do Choque

    Tóxico

    Liga-se às moléculas do MHC

    (major histocompatibility

    complex) da classe II induz

    síntese de citocinas causando

    múltiplas disfunções

    orgânicas.

    Enterotoxinas Heméticas e diarreias

    Toxina Epidermolítica Lisa a ligação da célula com o

    estrato granuloso

    5. Enzimas:

    Coagulase

    Catalisa a conversão de

    fibrinogênio em fibrina

    Lipase Degrada os lipídeos

    Proteases

    Modifica ácidos graxos

    liberados na degradação

    lipídica e contribui com a

    formação de abscessos;

    Degrada as proteínas inclusive

    as de defesa do hospedeiro.

    Fosfolipases Degrada Fosfolipídios.

    Estafiloquinase Converte plasminogênio

    plasmina fibrinolítica

    Hialuronidase Degrada o acido hialurônico

    Nuclease Cliva DNA ou RNA.

    Fonte: Autor (2016).

  • 19

    Esta espécie de Estafilococos possui um grande poder de

    adesão ao hospedeiro, mediado por interações entre adesinas com

    tecidos do mesmo (pele, mucosas, células da superfície endotelial). Esta

    adesão ocorre através da matriz extracelular e proteínas do plasma do

    hospedeiro de forma altamente específica, permitindo uma eficiente

    colonização (Tamura et al., 2006). As adesinas destes micro-organismos

    são proteínas da parede celular que pertencem à mesma família

    denominada MSCRAMMs (componentes da superfície microbiana que

    reconhecem moléculas adesivas da matriz), e que interagem com

    proteínas do hospedeiro, tais como, fibrinogênio (C, D e E (SdrC, SdrD,

    e SdrE), colágeno (Coa), elastina S (EbpS), fibronectina A e B (FnBPA,

    FnBPB), e com os fatores de aglutinação A e B (ClfA, ClfB), (Clarke et

    al., 2006; McDevitt et al., 1994).

    MSCRAMMs, além de ser essencial para o metabolismo do

    micro-organismo, devido ao importante fator de ligação com a célula

    hospedeira, o mesmo tem sido implicado ainda na internacilização

    (proteínas de ligação à fibronectina (FnBPs) promovem a fixação de S.

    aureus na superfície da célula hospedeira, e subsequente internalização

    de fagócitos), evasão imune, agregação e principalmente na formação do

    biofilme bacteriano. A maioria dos MSCRAMMs é codificada no

    genoma do núcleo, por conseguinte, são caracteristicamente estáveis e

    possuem transferência hereditária vertical. Por esta razão, o sucesso de

    clones de (MRSA) não tem sido, em geral, ligado a um MSCRAMM

    específico. A única exceção é a adesina recentemente descrita, (SasX),

    associada com a colonização e infecção excepcional do clone de (MRSA

    ST239), embora (SasX) seja codificada sobre um MGE (mobile genetic

    elements) (Chavakis et al., 2005; Li et al., 2012; Sinha et al., 2010).

    Apenas recentemente, Staphylococcus aureus foi reconhecido

    como um agente patogênico intracelular facultativo. Esta capacidade

    permite à espécie mais um tipo de proteção contra o sistema imune de

    defesa do hospedeiro. A mesma pode persistir em um estado “semi-

    adormecido” conhecido como (SCV) do inglês (small colony variants), pequenas colônias variantes onde a expressão da virulência é

    “desligada”, o que torna o micro-organismo intrinsecamente resistente a

    sediar ataques do sistema imune e antibioticoterapia (Sendi et al, 2009;

    Sinha et al., 2010; Voyich et al., 2005).

    A expressão coordenada desses fatores de virulência é

    controlada por elementos reguladores globais, incluindo: dois sistemas

    de regulação de componentes (TCTs), onde o (Agr) gene acessório

    regulador e uma exoproteína (SaeRS) são os mais relevantes. O segundo

    sistema de regulação é representado pelo regulador global de

  • 20

    transcrição, tal como o regulador acessório estafilocócico (SarA), e o

    homólogo de (SarA), assim como (Rot) além de (SarT), (SarS), (SarR),

    (SarU), (SarV), (SarX), (SarZ), (MgrA) e (TeaR). A diferença do

    conteúdo genético de cepas diferentes é a base molecular de sua

    diferença na capacidade infectiva, tão variada e tão específica para cada

    tipo de patologia causada. A extensa gama de doenças provocadas pelo

    Staphylococcus aureus resulta da ativação de uma rede de regulação

    intrincada, criada pela ativação destes reguladores, a fim de responder a

    estímulos ambientais (Arvidson et al., 2001; Adcock, 1998; Cheung,

    2004; Cheung, 1998; Giraudo, 1999; Lowy, 1998; Luong et al., 2003;

    McNamara, 2000; Novick, 2003; Rogasch, 2006; Said et al., 2003).

    1.4 RESISTÊNCIA DOS S. aureus AOS AGENTES ANTIMICROBIANOS

    Staphylococcus aureus tem um genoma com tamanho aproximado de 2800 Kb, que está formado por um único cromossomo circular, onde

    se encontram elementos genéticos móveis, bacteriófagos, plasmideos,

    transposones e sequências de inserção (Pattee et al., 1990). O estudo

    destes elementos permitiu explicar os mecanismos de transferência

    genética entre cepas, que ocorreu mediante processos de conjugação,

    transdução, transformação e mobilização por meio de plasmídeos

    conjugativos. (Archer, 1991; Skurray, 1997). Os transposones são

    fragmentos móveis de DNA geralmente cercados por sequências

    repetidas, seu comprimento varia de poucos a milhares de pares de

    bases. A transposição tem lugar através de dois mecanismos: um

    consiste na excisão do elemento móvel para posteriormente inserir-se no

    DNA alvo, o outro consiste em um mecanismo de retrotransposição que

    mediante os transposons gera uma cópia de si mesmo e se insere no

    DNA alvo.

    As enzimas que catalisam os cortes destes elementos são

    específicas e são codificadas nos próprios transposons, como no caso do

    (Tn551) portador do gene (ermb), que confere a resistência a

    eritromicina (Khan et al., 1980), (Tn 4001), portador de genes que

    codificam a resistência a kanamicina, tobramicina e gentamicina (Lyon,

    1984), (Tn, 4003), codificador da resistência a trimetropin (Rouch et al.,

    1989), (Tn552) contem o gene (ermA) que confere a resistência à penicilina, pela produção de penicilinase (Rowland et al., 1989);

    (Tn554) que contém os genes (ermA) para a resistência a eritromicina e

    o gene (spc) referente à espectinomicina (Murphy et al., 1985). Os elementos mais utilizados na transferência genética são (Tn551) e

  • 21

    (Tn554) que se encontra com grande frequência no cromossoma de

    (MRSA) e são utilizados para sequenciamento epidemiológico de clones

    epidêmicos (Kreiswirth et al., 1990; Figueiredo et al., 1991; Dominguez

    et al., 1994).

    Os antibióticos podem exercer sua ação de forma bacteriostática

    (inibindo crescimento) ou de forma bactericida (matando o

    microorganismo). Isto pode ocorrer mediante o processo de inibição da

    síntese da parede celular, como nos betalactâmicos e glicopeptídeos que

    atuam inibindo distintos processos envolvidos na síntese do

    peptídeoglicano. Podem ainda inibir a síntese proteica atuando em

    diferentes níveis das subunidades dos ribossomos 30S e 50S, como

    ocorre com os aminoglicosídeos, tetraciclinas, macrolídeos,

    lincosamidas, estreptograminas, cetolideos, cloranfenicol, acido fusídico

    e mupirocina. Além disso, podem bloquear a síntese dos ácidos

    nucleicos como no caso das sulfonamidas, trimetropin e quinilonas, que

    atuam inibindo o metabolismo do ácido fólico, e que interfere na síntese

    de replicação de DNA ou da rifampicina que afeta a transcrição inibindo

    a (RNA-polimerase) dependente do DNA (Konemann et al., 2012).

    Mudanças nos ecossistemas naturais, incluindo o uso de grandes

    quantidades de agentes antimicrobianos, alteraram a dinâmica das

    populações de micro-organismos, incluindo a seleção de resistência,

    com consequências para a saúde humana difíceis de serem previstas

    (Martinez, 2008).

    O surgimento da ocorrência da resistência a meticilina para esta

    espécie de Estafilococos limitou o tratamento que antes era bem

    sucedido com antimicrobianos da classe betalactâmicos. Esta se tornou

    possível graças a aquisição por parte do Staphylococous aureus do gene

    (mecA) (Muligan et al., 1993; Hiramatsu et al., 2001; Deuremberg et al.,

    2007; Rodriguez-Baño et al., 2006). Com o passar do tempo estes

    micro-organismos desenvolveram mecanismos de resistência a outras

    classes de antimicrobianos. Entre elas incluímos a estreptomicina e a

    eritromicina (Grundmann, 2006; Khan e Novick, 1980), gentamicina e

    quinilonas (Townsend et al., 1987). A vancomicina ou teicoplanina

    (glicopeptídeos) passaram a ser o tratamento de eleição para as

    infecções por (MRSA), porém também para este tipo de antimicrobiano

    aparecem mecanismos de resistência (Keiich et al., 2001).

    Basicamente, a resistência a meticilina em Staphylococcus aureus, esta relacionada à presença de dois genes: (mecA) e (mecC),

    especialmente o (mecA), codifica a síntese de uma nova proteína

    fixadora de penicilina (PBP2a), que produz uma diminuição da

    afinidade por antibióticos betalactâmicos. As PBP(s) são proteínas

  • 22

    localizadas na membrana bacteriana que catalisam as reações de

    transpeptidizações do peptídeoglicano durante a síntese da parede

    celular. Sem isto, esta parede é instável e débil, mecanicamente haverá a

    saída de líquido celular e morte bacteriana (Georgopapadakou et al.,

    1986; Giesbrecht et al., 1998; Berger Bächi et al., 1998). A PBP2

    confere resistência a todos betalactâmicos (incluindo cefalosporinas,

    penicilinas, carbapenens e monobactnas).

    Outros mecanismos de resistência são observados, tais como

    quando usamos usando-se a oxacilina, para teste. Isto ocorre devendo-se

    a hiperprodução das betalactamases estafilocócicas, ou ainda pela

    modificação das PBP1, 2, e 4. Embora os métodos fenotípicos sejam

    utilizados, especialmente em países de menor poder aquisitivo para

    identificação do gene (mecA), o padrão ouro para identificação do gene

    é a PCR (Polymerase Chain Reaction) (Batista et al., 2008).

    Tabela 2 – Mecanismos de Resistência aos Antibióticos de S.aureus e Genes Associados

    Antibiótico Ação

    Celular

    Genes

    de

    Resistên

    cia

    Mecanismo de

    Resistência

    Betalactâmicos Betalacta

    mases

    blaZ Hidrolise enzimática

    do núcleo

    betalactâmico

    P B P 2 a mecA Baixa afinidade para

    PBP(s)

    Aminoglicosídeos RNAr 30S aacA-

    aphD. aadA,

    aadD,

    aadD, aphA,

    aphC, spc,

    strA.

    Modificação por

    acetiltransferase,

    adeniltransferase ou

    alteração ribossomal

    das fosfotransferases

    Cloranfenicol RNAr 50S Cat Modificação por acetiltransferase

    Fluoroquinolonas DNA

    girase

    gyrA

    /gyrB norA

    Mutações nos genes

    de DNA girase,

    bombas de expulsão,

  • 23

    grlA (ou

    parC)

    mutações no gene da

    DNA topoisomerase

    IV.

    Fosfomicina

    Síntese do

    ácido N-

    cetil-

    Murâmico

    fosB Modificação por

    uma glutationa-

    transferase

    Ácido Fusídico Fator de

    alongação

    G

    fusA/fus

    B

    Alteração do fator

    de alongação G/

    diminuição da

    permeabilidade.

    Glicopeptídeos Complexo

    s D - A l a

    - D - A l a

    Desconh

    ecido Van A

    Sequestro pela

    parede celular

    Macrolídeos,

    Lincosaminas

    RNAr 50S ermA, ermB,

    ermC,

    msrA

    Metilação do RNA

    Bombas de expulsão

    Mupirocina Isoleucil-

    RNAtsinte

    tase

    mupA Produção de uma

    isoleucil-

    RNAtsintetase

    Modificada

    Rifampicina Subunidad

    e β da

    RNA

    polimeras

    e

    r i f Alterações na RNA polimerase

    Sulfonamidas Síntese de

    Ácido

    tetrahidrof

    ólico

    sulA Sobre produção de Ácido p-

    aminobenzoico

    Tetraciclinas RNAr 30S tetA(K)/,

    tetA(L) tetA(M)

    Bombas de expulsão

    Proteção

    Ribossomal

    Trimetoprim Síntese de

    Ácido

    Tetrahidro

    fólico

    DfrA

    Bypass, por uma

    dihidrofolato

    redutase

    Fonte: Carmen Borraz Ordas, 2016.

  • 24

    1.5 GENE mecA

    É o determinante genético de resistência a meticilina de

    localização cromossômica que codifica a síntese da (PBP2a), (Hartman

    et al., 1984; Ubukata et al.,1985; Chambers et al., 1985; Chambers et al.,

    1987). Conta com dois genes reguladores o gene (mecR1), e o gene (mecI), que codifica a proteína repressora de transdução do gene (mecA)

    e o gene (mecI), que codifica a proteína repressora da transcrição do gene (mecA), (De Lencastre et al., 1994). A transcrição do gene (mecA),

    se produz quando um betalactâmico chega a uma célula, se une ao

    receptor-domínio de união à penicilina da membrana citoplasmática

    codificado pelo gene (mecR1), desencadeando-se um sinal que induz a

    protease auto catalítica a unir-se a (mecI), o qual está bloqueando a

    região operadora de (mecA). Desta maneira fica livre o operon de (mecA) sendo possível a expressão de (PBP2a) (Zhang et al., 2001;

    Archer et al., 2001; Hiramatsu et al., 2001).

    Sobre o surgimento do gene (mecA), existem várias hipóteses,

    inicialmente pensava-se que o gene tinha sido adquirido de outra espécie

    que não Staphylococcus aureus. (Beck et al., 1986; Berger-Bachi et al., 1994). Posteriormente surgiram hipóteses de que os mesmos poderiam

    ter sido adquiridos de Staphylococcus coagulase negativos (Archer et al., 1994). Uma analogia entre o Staphylococcus aureus e o

    Staphylococcus sciuri de 88% no gene (mecA), entre estas duas espécies

    foi descoberta (Couto et al., 1996; Wu et al., 1996). Igualmente em

    relação ao Staphylococcus epidermidis foi comprovada a transferência

    do gene (mecA), de S.aureus para este (Wielders et al., 2001).

    Mais recentemente os métodos baseados em PCR utilizados

    foram estandardizados. Cepas sensíveis ocasionais que expressam um

    gene não funcional ou não expressam (mecA), são detectados, porem a presença de (mecA), se considera geralmente potencial de resistência e

    se utiliza para identificar Staphylococcus aureus resistentes a meticilina.

    A resistência que não é mediada por (mecA), não será detectada (Murakami et al., 1991; Tokue et al., 1992).

  • 25

    Figura 2: Representação do Gene mecA

    Legenda: Representação de um fragmento de DNA cromossômico de (MRSA)

    com os seguintes elementos: região reguladora do gene mecA composta pelos

    genes mecI e mecR1, plasmídeos (pUB11), sequências de inserção (IS 431),

    transposons (Tn554) e genes cromossômicos das recombinases A e B (ccrA e

    ccrB). Fonte: De Lencastre et al., 1999.

    Duas teorias básicas tentam explicar a origem do gene (mecA),

    e a distinção entre as linhas filogenéticas distintas. A primeira teoria

    afirma que o gene (mecA), incorporou-se ao (MRSA), a partir de linhas evolutivas distintas (Kreiswirth et al., 1993). Teorias mais recentes

    evidenciam que o gene (mecA), foi sendo transferido de linhas genéticas

    distintas numa transferência horizontal do gene (mec), contribuindo para

    a evolução do (MRSA) (Enright et al., 2000; Enright et al., 2002;

    Wielders et al., 2002; Hiramatsu et al., 2004). Autores como Musser et

    al (1992) realizaram análises de MLEE (multilocus enzyme

    electrophoresis), MLST (multilocus sequence typing), Enright et al,

    (2002) e Hanssen et al, (2004) realizaram PFGE (eletroforese em campo pulsado), concordam que houve uma transferência horizontal do gene

    mecA entre cepas pertencentes a linhas genéticas distintas. Outros mecanismos de resistência a meticilina são descritos na

    literatura hoje em cepas que não possuem o gene mecA, que se associam

    a CIMs de meticilina entre 6 e 8 g/mL. Entre os mecanismos que

    determinam a resistência não mediada pelo gene mecA, em cepas que

    tem uma hiperprodução de penicilinase, estão as denominadas cepas

    BORSA (bordline Staphylococcus aureus), que sintetizam uma

    quantidade importante de lactamase e não tem nem o gene mecA.

    Nestas cepas (BORSA) a sensibilidade a oxacilina pode

    recuperar-se quando se associa com um inibidor de lactamase sendo este

    o melhor método para sua detecção fenotípica. Como é o caso de

    quando quer se detectar a resistência induzida a Clindamicina. Além

  • 26

    desta forma referenciada acima, algumas cepas são capazes de hidrolisar

    a meticilina na ausência do gene mecA. Pode ocorrer ainda em termos de

    resistência não mediada pelo gene mecA, modificações das PBPs, são as denominadas cepas MODSA (modified Staphylococcus aureus), são

    resistentes a baixos níveis de oxacilina e não produtoras de

    betalactamase (McDougal et al., 1986; Massidda et al., 1996; Sierra-

    Madero et al., 1988; Tomasz et al., 1989).

    Mesmo sendo um pré-requisito para a resistência a meticilina, o

    gene mecA não é o único responsável pelo nível ao qual a resistência é

    expressa. Sabe-se também que o nível de PBP2a, não está relacionado

    diretamente ao nível fenotípico de resistência. Outros fatores

    cromossomicamente determinados, tais como o operon (femAB - Fatores

    essenciais para a expressão da resistência a meticilina), que atuam como

    genes reguladores, são essenciais para a expressão da resistência a

    meticilina em Staphylococcus aureus. A cooperação entre esses

    determinantes, (femA e mecA), parece ser necessária, mas o mecanismo como isto ocorre, ainda não está devidamente elucidado. Os mesmos,

    aparecem tanto em cepas sensíveis como resistentes de MRSA, (Berger-

    Bachi et al.,1989; De Lencastre et al.,1994). Além disso existem genes

    cromossômicos cujas mutações mantêm femAB, são os genes chr

    (Zhang et al., 2001).

    O operon cromossômico (femAB), pertence aos genes críticos

    para o metabolismo celular (housekeeping genes) dos Staphylococcus

    aureus e é encontrado em todas as cepas dessa espécie e alelos (femAB) similares na organização e na sequência foram identificados nos

    Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus haemolyticus. O operon

    surgiu por duplicação do gene e codifica para duas proteínas

    citoplásmicas similares que são produzidas, principalmente, durante a

    fase exponencial de crescimento, (femA) e (femB) que estão envolvidos na formação da cadeia lateral da pentaglicina que é ligada a L-lisina da

    haste peptídica do peptidoglicano. Os peptídeos da pentaglicina são

    longos e flexíveis, e permitem uma elevada ligação cruzada entre o

    grupo funcional dos peptídeos da cadeia única de peptidoglicano,

    observada em paredes celulares de Staphylococcus aureus. Enquanto em células sem o gene (femB) as pontes cruzadas de triglicina podem ser

    formadas, a composição da parede celular de mutantes com (femAB)

    pouco transcrito é indicativa que (femA) é responsável pela adição dos segundos e terceiros resíduos de glicina.

    A perda do operon (femAB), causa resistência dos cocos ao

    efeito bactericida da proteína lisostafina, uma potente hidrolase de

    peptidoglicano secretada pelo Staphylococcus simulans, devido ao

  • 27

    encurtamento da ponte interpeptídica de glicina; adicionalmente, causa a

    hipersusceptibilidade a meticilina, apesar da presença da proteína

    (PBP2a), em Staphylococcus aureus (mecA), positivos. Portanto, a inativação do operon (femAB,) e os betalactâmicos parecem agir de

    maneira sinérgica (Moussallem et al., 2009).

    1.6 STAPHYLOCOCCAL CASSETTE CHROMOSOME - SCCMEC

    Uma estrutura móvel no cromossoma estafilocócico

    denominada de cassete juntamente com o gene mecA forma o SCCmec

    (Staphylococcal Cassette Chromosome mec). É um elemento genético inserido no cromossoma de MRSA, em uma localização específica no

    extremo 3’ do fragmento aberto de leitura (ORF), cuja função é

    desconhecida até agora. Sua mobilidade se deve a presença dos genes

    únicos e específicos (ccrA) e (ccrB), que codificam as recombinases do

    cassete cromossômico (A e B) (Ito, 1998; Ito, 1999; Katayama et al.,

    2000; Kuroda et al., 2001; Baba et al., 2002).

    Até o momento foram descritos vários tipos de SCCmec em

    função das características dos genes ccr, e sequências adjacentes, assim como a sequência da zona mec, e seus genes reguladores. Também se

    diferenciam segundo os determinantes genéticos adquiridos como

    resultado da integração de plasmídeos e transposons. Segundo a IWG-

    SCC (International Working Group on the Classification of

    Staphylococcal Cassette Chromosome Elements), já foram identificados 11 tipos de SCCmec e um determinado número de variantes e subtipos

    (IA, IIIA, IIIB, IVA, IVB, IVC), classificados com base na sequência da

    região J (junkyard), sendo sete as últimas variantes descritas (IIA, IIB,

    IIC, IID, IIE, IVE e IVF). As variações ocorrem na composição genética

    e no tamanho (20 a 60 Kb) (Ito et al., 2001; Ito et al., 2004; Oliveira et

    al., 2001; Ma et al., 2002; Okuma et al., 2002).

    O SCCmec é constituído de dois complexos: o complexo mec,

    que contém o gene (mec), e os genes que regulam sua expressão (mecI e mecR1), e o complexo ccc, (cassete chromosome recombinase), que

    contém o mecanismo de recombinação necessário para inserção no

    cromossomo. Esta localização é denominada de ISS (Sítio de Integração

    da Sequência ou Integration Site Sequence) (Hanssen e Sollid, 2006).

    As características genéticas dos complexos (mec) e (ccr), além das estruturas intermediárias delimitadas pelas sequencias de repetição são

    usadas para classificar o SCCmec com fins epidemiológicos e

    representam uma tendência na filogenia destes micro-organismos, a fim

    de que mundialmente as regras de definições de subespécies sejam as

  • 28

    mesmas (Hanssen e Sollid, 2006; Kondo et al., 2012; Zhang et al.,

    2005).

    Atualmente, sua classificação é coordenada por um grupo de

    trabalho internacional para classificação de SCCmec, já referido acima

    que é o International Working Group on the Classification of

    Staphylococcal Cassette Chromosome Elements (IWG-SCC). Os clones mundiais que faziam parte da coleção dos isolados analisados receberam

    a seguinte nomenclatura: clone USA100 (Nova Iorque/Japão), USA200

    (E-MRSA-16), USA500 (clone ibérico), USA800 (clone pediátrico). O

    clone brasileiro não foi encontrado nesta coleção, não sendo, portanto,

    reclassificado.

    Em relação aos diferentes genes mec, estes diferem por

    comparação com o gene (mecA), do Staphylococcus aureus N315,

    primeiro MRSA, sequenciado completamente (Ito et al., 2012). A

    captação de linha genéticas de Staphylococcus aureus sensíveis a

    meticilina foram dando lugar a linhas genéticas de MRSA (Hanssen e

    Sollid, 2006). Além disso, a constante presença deste gene neste micro-

    organismo poderia ter atuado como reservatório do mecanismo de

    resistência para o Staphylococcus aureus. A aquisição horizontal da resistência a meticilina em Staphylococcus aureus se produziu a partir

    de diversos eventos genéticos independentes entre si, tal como reflete a

    diversidades de estruturas do SCCmec que ocorrem nestes micro-

    organismos (Feil et al., 2003; Deurenberg et al., 2007). O número de

    linhas genéticas de Staphylococcus aureus que adquiriram este cassete é limitado, observando-se uma maior heterogeneidade nas populações de

    isolados sensíveis a meticilina (Grundmann et al., 2010; Sykes, 2010).

    1.7 COLONIZAÇÃO/CONTAMINAÇÃO

    Staphylococcus aureus é um micro-organismo que sobrevive de

    forma comensal com o ser humano e com animais. Percebe-se

    atualmente, especialmente em países com menos recursos, um aumento

    na prevalência de MRSA. Em humanos o mesmo coloniza

    especialmente a pele e mucosas especialmente as das narinas, apesar de

    vários locais do corpo poder ser colonizados, porém as narinas são os

    locais de transporte preferencial deste micro-organismo (White, 1963;

    Nouwen, 2005).

    A exposição repetida à Staphylococcus aureus nos ambientes

    em que se vive é considerado um determinante importante na

    colonização pelo mesmo, provavelmente mais que o fundo genético dos

    indivíduos. Em geral uma gênese multifatorial explicaria a colonização

  • 29

    por este micro-organismo em grande parte da população. Com a

    finalidade de controlar a propagação deste patógeno se faz necessário

    identificar quais são os fatores mais importantes na adesão dos mesmos

    aos hospedeiros. Estudos, tem sido feitos neste sentido, além de alterar o

    foco de estudos dos mecanismos de aderência para os epítopos mais

    prevalentes nas narinas. Até o momento não há evidências que a

    descolonização das narinas de pacientes colonizados seja efetiva em

    pacientes pré-cirúrgicos, da mesma forma a descolonização extra nasal

    se comporta igualmente, previamente a procedimentos cirúrgicos, as

    drogas utilizadas para esta finalidade (descolonização), são

    principalmente a clorexidine e mupirocina (Kalmeijer, 2002; Wertheim,

    2004).

    Até agora, existe a preocupação apenas com o aumento do risco

    de Staphylococcus aureus em portadores nasais que adquirirem infecções por este micro-organismo. No entanto, estudos da OMS

    (Organização Mundial da Saúde), têm mostrado que os não-portadores

    tem a possibilidade de adquirir de forma exógena infecções por S.

    aureus com um aumento de quatro vezes na taxa de mortalidade em

    comparação aos portadores nasais de MSSA (Wertheim, 2004). Assim,

    os mecanismos imunológicos de transporte nasal desta bactéria precisam

    ser elucidados em não-portadores também. Prevenir a aquisição de cepas

    é a forma de controlar a proliferação de doenças estafilocócicas.

    Campanhas de formas de prevenção precisam ser feitas à população em

    geral neste sentido (Wertheim, 2004).

    Em relação à colonização em profissionais de saúde, vários

    estudos transversais e longitudinais buscam evidenciar a prevalência de

    colonização tanto de Staphylococcus aureus bem como de sua forma

    resistente, buscando não somente a colonização nasal como salivar e em

    outras áreas anatômicas. A figura 3 ilustra como pode ocorrer o transporte de Staphylococcus aureus entre profissionais de saúde e

    pacientes em ambientes hospitalares. A prevalência de transporte de

    MRSA em profissionais de saúde é altamente variável, dependendo do

    local, tipo de serviço hospitalar, da prevalência de MRSA entre os

    pacientes e do tipo de contato (Biotech Week, 2016).

  • 30

    Figura 3 - Dinâmica da transmissão do MRSA entre pacientes,

    profissionais de saúde e meio ambiente.

    Figura 3 - Dinâmica da transmissão do MRSA entre pacientes, profissionais de saúde e meio ambiente. Setas sólidas representam movimento de indivíduos, e

    setas interrompidas indicam a transmissão entre PS e pacientes; caixas

    vermelhas e amarelas são fontes de contaminação ou de colonização. Pacientes

    colonizados podem ser liberados do isolamento após um resultado falso-

    negativo ou um resultado verdadeiro negativo de uma amostra para ensaio

    recolhida antes da colonização. Caixa PS transitoriamente contaminado" é um

    agrupamento conveniente de ambos os PS colonizados e não colonizados.PS=

    Profissional de Saúde – Adaptado de (Hall et al., 2016).

    Vários estudos demonstram que o cumprimento das regras

    básicas de higiene, tais como o uso de soluções hidro alcoólicas, nas

    mãos, durante o atendimento, pode reduzir o risco de colonização nasal

    por Staphylococcus aureus. Membros da equipe médica representam um risco de infecção e são uma fonte potencial de patógenos hospitalares,

    tais como MRSA (Omine, 2012; Nagahama, 2013).

    1.7.1 Colonização/Contaminação em odontologia

    Dentre os nove milhões de pessoas que trabalham em serviços

    de saúde nos Estados Unidos, 608 mil representam equipes de saúde

  • 31

    oral (Fariba, 2010). A razão para atualmente existir uma maior

    possibilidade de colonização em profissionais, pacientes e superfícies

    odontológicas, deve-se a introdução de novos equipamentos nos últimos

    anos na odontologia. Estes contribuem significativamente para que os

    consultórios e ambientes clínicos sejam impregnados por aerossóis

    biológicos (Cotone et al., 1991).

    Staphylococcus aureus pode permanecer no ambiente clínico e

    em superfícies por até cinco dias (Crawford et al., 1983). Isto ocorre

    também em ambientes hospitalares onde as superfícies em salas

    ocupadas por pacientes positivos com MRSA podem contaminar as

    mãos dos profissionais de saúde mesmo na ausência de contato direto

    com o paciente (Schmitz et al., 1998). Assim como os equipamentos

    utilizados no atendimento dos pacientes podem estar contaminados com

    MRSA, os quartos dos pacientes e os objetos neles localizados também

    podem atuar como reservatórios de transmissão de agentes resistentes

    (Oie et al., 1996). Em 73% dos quartos dos pacientes infectados por

    MRSA tem superfícies contaminadas (Boyce et al., 1997). Estes dados,

    sobre a colonização em ambientes e pacientes nosocomiais estão

    inseridos pois coincidem estudos que presumem que em procedimentos

    odontológicos a possibilidade de colonização é semelhante aos

    trabalhadores de atuação em Unidades de Terapia Intensiva Hospitalar

    (Martínez e Ruíz, 2014).

    O fator proteção facial através de máscaras e respiradores é

    importante, porem parece não ser suficiente nas rotinas e protocolos de

    biossegurança em consultórios odontológicos e clínicas pertencentes à

    academia. Chen et al., (1992), relatam que embora a máscara cirúrgica

    possa ser suficiente para eliminar as bactérias exaladas pelos

    profissionais de saúde, elas podem não ser suficientes para filtrar os

    aerossóis de tamanho submicrométricos contendo agentes patogênicos a

    que estes profissionais de saúde são potencialmente expostos.

    Embora a diversidade de micro-organismos presentes na

    cavidade oral, seja bem relatada na literatura, continua a haver uma

    considerável controvérsia sobre se Staphylococcus aureus

    desempenham um papel na ecologia da flora normal da mesma.

    Pesquisadores buscam estabelecer uma relação entre o papel

    desempenhado na ecologia da cavidade oral por Staphylococcus aureus

    tentando estabelecer uma relação entre as patologias agudas e crônicas

    da mesma e a presença deste micro-organismo, seja fazendo parte da

    flora normal, seja fazendo parte da flora transitória desta cavidade.

    O principal mecanismo de transmissão de MRSA, é o contato

    interpessoal direto, porém como vimos anteriormente a transferência

  • 32

    indireta através de superfícies ambientais contaminadas também pode

    ocorrer (Boyce et al., 1997; Boyce et al., 2002), bem como a

    transmissão através do ar (Shiomori et al., 2001; Shiomori et al., 2002).

    Um número crescente de aparentemente inócuas vias de transmissão têm

    sido descritas incluindo equipamentos e aparelhos de uso em

    odontologia (Brady et al., 2007). Além disso, múltiplos fatores próprios

    do hospedeiro, tais como a qualidade da cicatrização e taxas de infecção

    da ferida operatória pode contribuir para a aquisição de MRSA

    (Bumpous et al., 1995). Unidades de terapias intensivas e unidades

    cirúrgicas são ambientes de alto risco para a aquisição deste micro-

    organismo resistente. Os pacientes com maiores tempos hospitalizados

    possuem mais chances para adquirirem MRSA, exatamente pelo tempo

    em que lá permanecem (maior que os demais), e pelas condições

    sistêmicas e imunidades debilitadas (Plowman et al., 2000).

    1.8 JUSTIFICATIVA

    As possibilidades de colonização no ambiente odontológico

    muito se assemelham às condições de aquisição em ambiente hospitalar,

    com o agravante da geração de aerossóis de forma intermitente que

    ocorre em consultórios odontológicos e em especial em clínicas

    acadêmicas devido ao maior número de sprays gerados e superfícies

    existentes. Somado a estes fatores os EPI(s) de proteção facial não

    garantem a filtragem adequada de partículas submicrométricas

    contaminadas. Ressalta-se ainda fundamentalmente o avanço na

    Odontologia nas áreas cirúrgicas, onde os procedimentos se tornaram

    mais invasivos a partir da introdução em larga escala de implantes e

    enxertias ósseas. Considerando todos estes fatores, justifica-se o estudo

    sobre a colonização em profissionais e ambientes odontológicos que em

    tese possam ser tão prevalente quanto à profissionais de Unidades de

    Terapias Intensiva.

  • 33

    2. OBJETIVOS

    2.1. OBJETIVO GERAL

    Comparar a colonização nasal e salivar por (MSSA) e (MRSA),

    em profissionais e acadêmicos de odontologia com profissionais de uma

    Unidade de Terapia Intensiva.

    2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    Determinar a prevalência de colonização em superfícies odontológicas de Staphylococus aureus e Staphylococus aureus

    resistentes a meticilina

    Determinar a prevalência nasal e salivar de Staphylococus aureus e Staphylococus aureus resistentes a meticilina em

    profissionais, acadêmicos e superfícies da odontologia;

    Determinar a prevalência nasal e salivar de Staphylococus aureus e Staphylococus aureus resistentes a meticilina em

    funcionários de uma UTI Geral em um Hospital de grande

    porte;

    Detectar a presença dos genes (mecA) e (lukS-lukF) em Staphylococcus aureus resistentes a meticilina;

    Conhecer o perfil fenotípico dos Staphylococus aureus isolados;

  • 34

    3. MATERIAIS E MÉTODOS

    3.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

    Os participantes do estudo foram convidados e para os mesmos

    foi detalhado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

    obtendo-se assim a voluntariedade na participação do estudo. As

    assinaturas ocorreram no momento da coleta das amostras. O projeto de

    estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UNESC (Universidade do

    Extremo Sul Catarinense), Brasil, conforme parecer consubstanciado

    número 887.907, de 29 de Outubro de 2014.

    3.2 CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO:

    Foram coletadas amostras de saliva e de nasofaringe de

    diferentes grupos. O grupo comparação foi composto por funcionários

    de uma UTI Hospitalar Geral Adulta. As demais amostram foram

    obtidas de acadêmicos cursando os dois últimos anos de cursos de

    odontologia e de superfícies de ambientes odontológicos referentes a

    duas universidades distintas em localização geográfica e de cirurgiões-

    dentistas com dois ou mais anos de atuação efetiva em consultórios

    odontológicos juntamente com suas respectivas auxiliares em saúde

    bucal.

    Para a caracterização demográfica e profissional, além de outros

    dados qualitativos dos voluntários da pesquisa (Apêndice 1), foi

    utilizado um instrumento com questões abertas e fechadas. Este

    instrumento foi posteriormente após prazo definido, devolvido

    devidamente preenchido ao pesquisador.

    3.3 OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS

    As amostras da nasofaringe e da saliva, bem como das

    superfícies, foram coletadas com um swab denominado ESwab (Copan

    Italy), e transportados em meio de Amies modificado até o laboratório

    de microbiologia das Universidades I e II respectivamente e

    imediatamente processadas. (Vandendriessche et al., 2014; Silbert et al.,

    2014; Mukovnikova, 2014).

    3.4. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS

    3.4.1 Identificação de Staphylococcus aureus

    A identificação de Staphylococcus aureus, foi obtida através da

    cultura em meio ágar sal manitol a 36°C por 48 horas. A positividade

    para Staphylococcus aureus foi identificada quando o meio ao redor da semeadura se apresentou amarelo (Figura 4) (Konemann, 2011).

  • 35

    Figura 4: Crescimento de colônias de Staphylococcus aureus.

    Fonte: O Autor (2015).

    3.4.2 Identificação MRSA

    3.4.2.1. Meio Cromogênico

    Após a identificação da espécie Staphylococcus aureus, os isolados foram semeados em meio seletivo cromogênico (CHROMagar

    MRSA PL 0297.Plastlabor – Brasil), e incubados a 36°C durante um

    período máximo de 48 horas e as colônias de coloração malva foram

    classificadas como MRSA. O ágar contém uma substância cromogênica

    dourada para selecionar o crescimento do Staphylococous aureus e um agente antimicrobiano que permite o crescimento somente das cepas

    resistente a oxacilina (Figura 5).

    Como controle de qualidade foram utilizadas as cepas controle

    Escherichia coli - ATCC 25922, Staphylococcus aureus - ATCC 25923

    e Staphylococcus aureus - ATCC 43300 (Ohkushi et al., 2013; Merlino et al., 2000; Pao et al., 2012; Cerlana et al., 2004; Gaillot et al., 2009;

    Rahman et al., 2009; Goodwin et al., 2009; Philippe et al., 2014).

  • 36

    Figura 5 Crescimento de colônias de MRSA em CHROMagar MRSA.

    Fonte: O Autor (2015).

    3.4.2.2. Teste de Susceptibilidade a antimicrobianos

    Após o screening com meio cromogênico, amostras positivas

    foram submetidas, para comprovação da resistência, ao teste de

    susceptibilidade a cefotixina e oxacilina através da técnica de disco-

    difusao em Agar Mueller Hinton. As amostras consideradas como

    MRSA pelo método de difusão em disco foram armazenadas a uma

    temperatura de -80 °C em caldo triptona de soja (TSB) acrescidas de

    10% de glicerol, (James, 1993; Moncayo et al., 2015; Raddi et al., 2009;

    Mimica et al., 2012; Méndez et al., 2013; Cavassin et al., 2015). Figura

    6 (A e B)

  • 37

    Figura 6 – Resistência/Sensibilidade Cefoxitina e Oxacilina.

    A B

    Fonte: Do autor (2015).

    3.4.3. Detecção dos Genes (mecA) e (lukS-lukF) Para confirmar a resistência a MRSA, as amostras positivas

    foram submetidas à ensaios de PCR para detecção do gene (mecA)

    baseado em ensaio descrito por Kondo et al., (2007). A detecção do

    gene (lukS-lukF), responsável pela codificação da Leucocidina de

    Panton-Valentine (PVL) foi realizada de acordo com protocolo descrito

    por Ribeiro (2005).

    3.4.4 Eletroforese de Campo Pulsado (Pulsed-Field Gel

    Electrophoresis – PFGE)

    A Eletroforese de Campo Pulsado (PFGE), foi realizada

    utilizando protocolo adaptado de Pinto, (2013), e com condições de

    corrida descritas por McDougal et al., (2003).

    Os fragmentos de vários tamanhos são separados utilizando eletroforese

    em gel baseado no peso molecular. O chamado polimorfismo de

    fragmentos de restrição (RFLP) apresenta chances bastante grandes de

    ser utilizada como forma de identificação da bactéria (Hookey et al.,

    1998; Rezaee et al., 2016; Chadi et al., 2016).

    3.5. ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

    Os dados referentes a prevalência, perfil fenotípico, detecção

    dos gene (MecA e LukS-LukF) após coletados foram protocolados com

    codificação previamente definida e inserida em bancos de dados em

    Excel e exportada para o pacote estatístico SPSS (Statistical Package for

  • 38

    Social Sciences), versão 21.0 e analisados por meio de estatística

    descritiva (frequências relativas e absolutas) e inferencial (teste qui-

    quadrado) utilizando os valores de p

  • 39

    Tabela 3: Caracterização da população em estudo.

    População N % Idade

    (média)

    Contato

    direto com

    paciente

    (anos)

    Uso

    de

    EPI’s

    (%)

    Funcionários

    UTI

    36 24 33,07 10,3 100

    Acad. Univ. I 47 30 26,55 3,2 100

    Acad. Univ. II 23 15 26,55 3,2 100

    Cirurgiões

    dentistas

    31 20 40,39 17,27 100

    ASB 17 11 31,23 8,76 100

    Total 154 100 - - 100 Legenda: Univ. (Universidade); UTI (Unidade de Terapia Intensiva); ASB

    (Auxiliar em saúde Bucal); Acad. (Acadêmicos).

    4.2. IDENTIFICAÇÃO Staphylococcus aureus (MSSA) A figura 7A mostra os resultados da colonização nasal e salivar

    por MSSA, nos diferentes grupos. Em acadêmicos da Universidade I,

    86%, nasal positivos e 35% - MSSA, salivar positivo (p=0.005); Na Universidade II, 52% - MSSA, nasal positivos e 48% - MSSA, salivar

    positivos (p=0.84); dos cirurgiões dentistas 47%- MSSA, nasal positivos

    e 23% - MSSA, salivar positivos (p=0.54); auxiliares em saúde bucal

    65% - MSSA, nasal positivos e 41.17% - MSSA, salivar positivos

    (p=0.34). Finalmente 39% - MSSA, funcionários da UTI nasal positivos

    e 22%- MSSA, salivar positivos (p=0.12). Além disso, as colonizações

    identificadas em superfícies nas universidades indicam que na

    Universidade I, 04 de 20, apresentaram colonização por Staphylococcus

    aureus e na Universidade II somente 01 amostra de 20 apresentou esta

    colonização.

    4.3. IDENTIFICAÇÃO DA RESISTÊNCIA POR MEIO

    CROMOGÊNICO

    Na figura 7B, mostra os resultados da colonização nasal e

    salivar por MRSA, detectados por meio cromogênico. Nos acadêmicos

    da Universidade I 57% - MRSA, nasal positivos e 26% - MRSA saliva

    positivos (p

  • 40

    MRSA, salivar positivos (p=0.31); Funcionários da UTI 79% - MRSA,

    nasal positivos e 62% - MRSA, salivar positivos (p=0.13).

    Em relação as superfícies da Universidade I, 02 áreas estavam

    colonizadas por MRSA –(50% do total), enquanto na Universidade II,

    01 superfície a qual estava colonizada por Staphylococcus aureus

    também mostrou resistência em meio cromogênico (MRSA - 100%).

    4.4. COMPROVAÇÃO DA RESISTÊNCIA POR TSA

    A Figura 7C mostra os resultados da colonização nasal e salivar

    por MRSA, obtidos por TSA (Testes de susceptibilidade a oxacilina e

    cefoxitina) e foram realizados em todos os grupos que foram positivos

    MRSA para o meio CHROMagar MRSA. Dos acadêmicos da

    Universidade I 35% - MRSA, nasal positivos e 10% - MRSA, salivar

    positivos (p=0.15). Já entre os acadêmicos da Universidade II, nenhum

    deles apresentou resistencia (0% - MRSA) nasal e salivar. Cirurgiões

    dentistas apresentaram 29% - MRSA, nasal positivo e 20% - MRSA,

    salivar positivos (p=0.56); Auxiliares em saúde bucal apresentaram 17%

    - MRSA nasal positivo e 33% - MRSA, salivar positivo (p=1.00). Dos

    funcionários da UTI 73% - MRSA, nasal positivo e 40% - MRSA

    salivar positivo (p=0.96). A proposta destes testes foi obter confirmação

    da resistência.

  • 41

    Figura 7A. Identificação de S.aureus (MSSA): mostra a porcentagem de

    Staphylococcus aureus nasal e salivar nos diferentes grupos. Existe diferença

    significativa entre colonização nasal e salivar no grupo de acadêmicos da

    Universidade I (p=0.005).

  • 42

    Figura 7B. Identificação da resistência por meio cromogênico: mostra a

    porcentagem de CHROMagar MRSA nasal e salivar nos diferentes grupos

    obtidos positivos para Staphylococcus aureus. Existe diferença entre

    colonização nasal e salivar em acadêmicos da Universidade I (p

  • 43

    Figura 7C. Comprovação da resistência por TSA A figura mostra a

    porcentagem de colonização confirmadas pelo teste TSA MRSA positiva para

    nasal e salivar nos diferentes grupos obtidos da resistência a CHROMagar

    MRSA. Não existe diferença significativa entre colonização nasal e salivar nos

    grupos.

    4.5. SIMILARIDADE ENTRE GRUPOS COLONIZADOS

    4.5.1. Frequência Colonização nasal e salivar Staphylococcus aureus,

    (MSSA).

    Referente à colonização nasal por Staphylococcus aureus,

    quando comparamos Universidade I, Universidade II, UTI e cirurgiões

    dentistas, a frequência de colonização na Universidade I é maior e

    estatisticamente significativa. Já nos demais grupos, não existe uma

    diferença estatisticamente significativa entre os mesmos. (Figura 8A).

    Na colonização salivar não apresenta diferença estatisticamente

    significativa de colonização entre os grupos (Figura 8B).

  • 44

    Figura 8A e 8B. Associação de colonização entre os grupos por Staphylococcus

    aureus, (MSSA) - Colonização de Staphylococcus aureus nasal (A) e salivar (B)

    Na figura A, Univ. I x Univ II (p=0,005); UTI x CD (p=0,54); UTI x Univ I

    (p=0,005); UTI x Univ II (p=0,84); UTI x ASB (p=0,54); CD x ASB (p=1,00);

    CD x Univ I (p=0,005); CD x Univ II (p=0,68). Na figura B Univ. I x Univ II

    (p=1,00); UTI x CD (p=0,12); UTI x Univ I (p=0,25); UTI x Univ II (p=0,25);

    UTI x ASB (p=1,00); CD x ASB (p=1,27); CD x Univ I (p=0,69); CD x Univ II

    (p=1,00).

    4.5.2 Frequência Colonização nasal e salivar (MRSA) em meio

    CHROMagar MRSA A figura 8C apresenta os resultados de resistência a

    Staphylococcus aureus (MRSA), em meio CHROMagar, a partir das

    amostras positivas obtidas anteriormente para (MSSA). Em relação à

    colonização nasal, comparando Universidade I, com o grupo de

    cirurgiões dentistas, temos uma maior frequência e estatisticamente

    significativa de acadêmicos colonizados em relação ao grupo de

    cirurgiões. Nos demais grupos não existem diferença estatisticamente

    significativa de frequência de colonização entre os mesmos.

    A figura 8D apresenta os resultados de frequência de

    colonização salivar resistente (MRSA), em meio CHROMagar. Nestes,

    a colonização na Universidade II é maior e apresenta uma diferença

    estatisticamente significativa em relação ao grupo funcionários da UTI

    (grupo controle) e cirurgiões dentistas. Nos demais grupos não existem

    diferença estatisticamente significativa de frequência de colonização

    entre os mesmos.

  • 45

    Figura 8C e 8D. Associação de colonização nasal e salivar (MRSA) em meio

    CH