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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico
Faculdade de Enfermagem Coordenação de Ensino de Pós-Graduação
Programa de Pós-Graduação Curso de Mestrado em Enfermagem
QUALIDADE DE VIDA DE CLIENTES EM CONSULTA DE ENFERMAGEM:
ESTUDO COMPARATIVO EM UMA CLÍNICA DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.
LIANA AMORIM CORRÊA
RIO DE JANEIRO
2006
LIANA AMORIM CORRÊA
QUALIDADE DE VIDA DE CLIENTES EM CONSULTA DE ENFERMAGEM:
ESTUDO COMPARATIVO EM UMA CLÍNICA DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), como requisito da obtenção do Título de Mestre em Enfermagem.
Orientadora: Profª. Drª. Iraci dos Santos
Co-orientador: Profº. Drº. Denílson Campos de Albuquerque
Rio de Janeiro 2006
LIANA AMORIM CORRÊA
QUALIDADE DE VIDA DE CLIENTES EM CONSULTA DE ENFERMAGEM:
ESTUDO COMPARATIVO EM UMA CLÍNICA DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Professora Doutora Iraci dos Santos Presidente
________________________________________________ Professora Doutora Deyse Conceição Santoro Batista
1ª Examinadora
________________________________________________ Professor Doutor Denílson Campos de Albuquerque
2º Examinador
________________________________________________ Professora Doutora Denise Cristina de Oliveira
Suplente
________________________________________________ Professora Doutora Isaura Setenta Porto
Suplente
Rio de Janeiro 2006
CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/CBB
C824 Corrêa, Liana Amorim. Qualidade de vida de clientes com IC em consulta de
enfermagem : estudo comparativo em uma clínica de insuficiência cardíaca / Liana Amorim Corrêa. - 2006.
101 f. Orientador: Iraci dos Santos. Co-orientador: Denílson Campos de Albuquerque. Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, Faculdade de Enfermagem. 1. Insuficiência cardíaca - Enfermagem. 2. Qualidade de vida. 3.
Relações enfermeiro-paciente. I. Santos, Iraci dos. II. Albuquerque, Denílson Campos de. III. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Enfermagem. IV. Título.
CDU
614.253.5
Ao Edemar ,
amor, esposo, amigo e meu braço direito.
Aos meus pais,
exemplo de vida, sem eles eu não teria chegado até aqui.
AGRADECIMENTOS
À Prof. Drª Iraci dos Santos, mais que minha orientadora, mãe, amiga, paciente,
amorosa, virtuosa e que sempre acreditou no meu potencial. Obrigada pelo apoio,
carinho e ensinamentos. É um exemplo de vida a ser seguido. Você é simplesmente
espetacular e insubstituível.
Ao Prof. Drº Denílson Campos de Albuquerque que ao me dar seu voto de
confiança, me proporcionou pesquisar-cuidar com os clientes da Clinica de
Insuficiência Cardíaca. Meu sincero muito obrigada, pelo estímulo recebido, pela
convivência e pelo apoio incondicional. Outro exemplo de vida a ser seguido. Você é
muito especial.
Ao Drº Edemar E. Rocha Trotte, meu esposo, melhor médico que conheço, amigo,
amado, parte fundamental do meu viver. Suas críticas sempre serão construtivas!
Deus me tornou privilegiada ao colocá-lo ao meu lado. Amo você mais que tudo.
Aos meus pais e ao meu irmão querido Thalles, vocês são minha família, meu
sustentáculo, meus amores. Quero sempre poder estar ao lado de vocês e poder
dizer eu amo vocês demais da conta!!!
A enfermeira e amiga Thaís de Oliveira Sousa, sem você tudo teria sido mais difícil,
este estudo é fruto do meu trabalho e da sua dedicação. Desejo poder um dia, quem
sabe, poder retribuir toda atenção e carinho recebido.
A enfermeira e amiga de trabalho Valéria Soares Martins, sem seu apoio, este
trabalho não seria o mesmo. Obrigada por tornar o ambiente de trabalho em
convivência prazerosa e estimulante. O seu saber me encanta.
Ao Drº Bernado Rangel Tura, pelo maravilhoso apoio estatístico e pelo carinho.Todo
meu reconhecimento a sua sabedoria.
Ao Drº Ricardo Mourilhe, chefe da Clínica de Insuficiência Cardíaca, companheiro e
que muito contribuiu para realização deste trabalho. Meus sinceros agradecimentos.
A querida Marcela, educadora e revisora pelo excelente trabalho e disponibilidade
prestada. Sem palavras para agradecer.
Ao Programa de Apoio Técnico às Atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão
(PROATEC/ UERJ), que ao disponibilizar uma bolsa de pesquisa, contribuiu
diretamente para realização e conclusão deste estudo.
Aos funcionários do Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto
da UERJ pelo fundamental apoio nos afazeres diários e companheirismo. Toda
gratidão.
Aos funcionários do Serviço de Mestrado em Enfermagem da UERJ, principalmente
Srº Renan, pelo apoio, carinho, dedicação, atenção e competência nas tarefas
administrativas deste trabalho. Meu eterno reconhecimento e gratidão.
Aos colegas da turma do mestrado, pela diversão e pelo conhecimento produzido,
vocês foram ótimos sempre.
Aos clientes desta pesquisa, minha eterna gratidão, sem a colaboração de vocês
nada teria acontecido.
RESUMO
CORRÊA, Liana Amorim. Qualidade de vida de clientes em consulta de enfermagem: Estudo comparativo em clínica de insuficiência cardíaca. Orientadora: Profª. Drª Iraci dos Santos; Co-orientador: Denílson Campos de Albuquerque. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, 2006. A insuficiência cardíaca é uma doença crônica em crescimento no mundo. Assim como outros clientes com doenças, o cliente com IC (Insuficiência Cardíaca), geralmente, tem sua capacidade funcional diminuída, tendendo ao isolamento social devido ao estresse e outros fatores psicológicos, comprometendo, assim, sua qualidade de vida. Assim, foi delimitado o problema de pesquisa: qual é a contribuição da consulta de enfermagem, baseada na escuta sensível, para qualidade de vida de clientes com IC? Considerando a proposta de contribuir para a instituição da escuta sensível na consulta de enfermagem, preconizada por Barbier, foram formulados os seguintes objetivos específicos: caracterizar os clientes atendidos em consulta de enfermagem; verificar a contribuição da escuta sensível orientadora da intervenção de enfermagem com auxílio do questionário Minnesota living with heart failure® questionnaire e avaliar o efeito das intervenções de enfermagem para o atendimento das queixas e diagnósticos identificados nos clientes com IC. A pesquisa foi realizada em uma Clínica de IC de um Hospital Universitário Público da cidade do Rio de Janeiro. Utilizou-se o método quase-experimental, sendo a amostra composta, aleatoriamente, por 50 clientes com IC, em qualquer classe funcional da New York Heart Association. Ambos os grupos de pesquisa receberam consultas de enfermagem mensais baseadas na escuta sensível de Barbier durante o período de março a agosto de 2006. O grupo experimental (Intervenção), além das consultas, recebeu ligações telefônicas semanais, da pesquisadora, no mesmo período. Os resultados mostram o delineamento do perfil de clientes com IC, destacando-se que, no tratamento estatístico, utilizou-se, na análise univariada, os testes de hipóteses T de Student, qui-quadrado e exato de Fisher. Para análise multivariada, foi utilizada análise de correspondência. Assim, foram estatisticamente significantes na comparação dos grupos: sexo (p< 0,021), renda familiar (p< 0,037) e vacinação contra a gripe (p< 0,04), observando-se que estas não interferiram na avaliação final. Houve melhora nos escores do questionário de QV quando comparada a população no período anterior e final do período da pesquisa (32, 9 +- 20,1 vs 20,8 + - 18,1 com p<0,001), assim como nos grupos separadamente: Controle (36,4 +- 21,1 vs 24 +- 20.9 com p < 0,001) e Intervenção (29,4 +- 18,9 vs 17,7 +- 14,6 com p < 0,001). As queixas dos clientes foram classificadas nos domínios físico, emocional e social. Nos diagnósticos de enfermagem, ressaltaram-se: falta de conhecimento sobre a doença e presença de distúrbios emocionais diversos. Pela análise de correspondência, identificaram-se três perfis de intervenções de enfermagem: individual física, individual emocional e coletiva emocional. Os sujeitos do estudo possuíam déficits no conhecimento de hábitos saudáveis para o convívio com a IC; a consulta de enfermagem, baseada na escuta sensível, contribuiu significativamente para QV dessas pessoas. Além disso, a análise de correspondência, apresentou-se como um método eficaz na identificação e avaliação das intervenções de enfermagem propostas. Diante do exposto, sugere-se, no campo da pesquisa, a institucionalização da consulta de enfermagem, uma vez que ela se mostrou eficaz
no acompanhamento do cliente, sendo crucial a capacitação dos enfermeiros para aplicar a escuta sensível no atendimento ao cliente.
Palavras-chave: Qualidade de Vida, Consulta de Enfermagem, Insuficiência
Cardíaca.
ABSTRACT
CORRÊA, Liana Amorim. Quality of life of subjects in nursering visit : Comparative study at a heart failure clinic. Advisor: Profª. Drª Iraci dos Santos; Co-Advisor: Denílson Campos de Albuquerque. Dissertation (Master´s degree in Nursing) – University of the State of Rio de Janeiro. UERJ, 2006. Heart failure (HF) is a chronic disease which is increasing in the actual world. As other clients with heart diseases, the client with heart failure usually curse with functional capacity reduced, has a tendency to social isolation due to stress and others psychological factors, compromising their quality of life. Therefore, it was determine the research problem: which is the contribution of the nursering visit based on the sensible listening to the quality of life of patients with heart failure? Considering the proposal of contribution with the nersuring visit using the sensible listening as described by Barbier, at a heart failure clinic in a public university hospital in Rio de Janeiro, it was defined the specific objectives: to characterize the clients in a nursing visit, to verify the contribution of the sensible listening to orient the intervention of the nursering using the questionnaire Minnesota living with heart failure® questionnaire, and to analyze the effect of the interventions in the management of complains and diagnosis identified in the patients. It was used the semi-experimental method with a sample composed at random by 50 clients with HF of all New York Heart Association functional classes. Both groups received monthly nursering visits based on the Barbier sensible listening during the period of March to August 2006. The experimental group (interventional) received weekly phone calls from the investigator on the top of the nursering visits during the same period of time. The results show the heart failure client profile, and in the statistic analysis was used for the uni-variated analysis, Student T test, qui-square and Fisher, and for the multi-variated analysis, it was used the correspondence analysis. Therefore, three variables were statistically significant when the groups were compared: sex (p< 0.021), family income (p< 0.037) and vaccination against influenza (p< 0.04). However, it was observed that these variables did not interfere in the final evaluation of the groups. It was evidenced improvement on the quality of life questionnaires scores from the total population when compared the periods before and after the research (32. 9 + 20.1 vs 20.8 + 18.1, p<0.001), and when it was analyzed the groups isolated in the same period of time: control (36.4 + 21.1 vs 24 + 20.9, p < 0.001) and intervention (29.4 + 18.9 vs 17.7 + 14.6, p < 0.001). The clients complains were classified as physical, emotional and social. It was observed by the nurse diagnosis: lack of knowledge about the disease and the presence of diverse emotional disturbs. By the correspondence analysis it was identified three profiles of nursering visit: The physical individual, the emotional individual and the emotional collective. It was concluded that the study subjects had deficits on the knowledge of healthy habits to live with heart failure; that the nursering visit based on the sensible listening significantly contribute to the quality of life of the study population, and that the correspondence analysis is an efficacy method in the identification and evaluations of the nursering interventions proposed. Therefore, it is suggest the institutionalization of the nursering visit on the research field, being implemented after the training of nurses able to use the sensible listening on the client visit.
Keywords: Quality of life, nursering visit, heart failure
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação funcional NYHA....................................................................27
Tabela 2: Distribuição dos sujeitos segundo o sexo e grupos de
investigação................................................................................................................48
Tabela 3: Distribuição do grau de escolaridade de acordo com os grupos...............49
Tabela 4: Distribuição da renda familiar de acordo com os grupos...........................51
Tabela 5: Distribuição dos grupos segundo idade média..........................................52
Tabela 6: Distribuição do uso regular das medicações de acordo
com os grupos............................................................................................................53 Tabela 7: Distribuição da prática de atividade física de acordo
com os grupos............................................................................................................55
Tabela 8: Distribuição da freqüência da realização de exercício físico de acordo com
os grupos....................................................................................................................55
Tabela 9: Distribuição do uso regular de hábitos etílicos de acordo
com os grupos............................................................................................................56
Tabela 10: Distribuição da realização de dieta alimentar de acordo com os
grupos.........................................................................................................................57
Tabela 11: Distribuição da quantidade de sal utilizada na dieta diária
de acordo com os grupos...........................................................................................57
Tabela 12: Distribuição da quantidade de líquidos ingeridos por dia de acordo
com os grupos............................................................................................................58
Tabela 13: Distribuição das queixas dos sujeitos por domínio................................63
Tabela 14: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem encontrados por
domínios.....................................................................................................................64
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Distribuição dos sujeitos segundo a cor e os grupos...............................48
Gráfico 2: Distribuição por classe funcional (NYHA) segundo grupos......................50
Gráfico 3: Distribuição do estado de união de acordo com os grupos......................50
Gráfico 4: Distribuição dos grupos da pesquisa segundo o conhecimento as
medicações em uso....................................................................................................54
Gráfico 5: Distribuição da imunização contra gripe de acordo com os grupos.........58
Gráfico 6: Distribuição dos escores de Minnesota segundo o
momento do estudo....................................................................................................59
Gráfico 7: Distribuição dos escores de Minnesota segundo os grupos
Intervenção e Controle e o período do estudo..........................................................60
Gráfico 8: Histograma dos escores de Minnesota segundo os grupos Intervenção e
Controle e o período do estudo..................................................................................61
Gráfico 9: Visualização das queixas, diagnósticos e intervenções de enfermagem
dos clientes através do gráfico de análise de correspondência
entre X e Y..................................................................................................................65
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Seleção da amostra..................................................................................41
Figura 2: Distribuição dos clientes randomizados por grupos................................42
Figura 3: Dinâmica do andamento do estudo.........................................................43
Figura 4: Dinâmica das consultas de enfermagem.................................................44
LISTA DE ABREVIAÇÕES
BOXPLOT – Figura utilizada para representar dados estatísticos.
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CECAPE – Centro de Estudos Cardiovasculares Pedro Ernesto
CIC – Clínica de Insuficiência Cardíaca
CID – Código Internacional de Doenças
COFEN – Conselho Federal de Enfermagem
DATASUS - Banco de dados do Sistema Único de Saúde
HUPE – Hospital Universitário Pedro Ernesto
IC – Insuficiência Cardíaca
INCOR – Instituto do Coração
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
MeSH – Medical Subject Headings
M1 – Segunda Consulta de Enfermagem neste Estudo
M2 – Terceira Consulta de Enfermagem neste Estudo
M3 – Última Consulta de Enfermagem neste Estudo
NYHA – New York Heart Association
PREV-IC – Programa de Sistematização do Atendimento para Redução e Prevenção
de Morbidade e Mortalidade de Pacientes com Insuficiência Cardíaca
PROATEC – Programa de Apoio Técnico às Atividades de Ensino, Pesquisa e
Extensão
PUBMED - PubMed is a service of the U.S. National Library of Medicine that includes
over 16 million citations from MEDLINE and other life science journals for biomedical
articles back to the 1950s
QV – Qualidade de Vida
SUS – Sistema Único de Saúde
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro
USP – Universidade de São Paulo
WHOQOL GROUP – Grupo de Estudos sobre Qualidade de Vida da Organização
Mundial de Saúde
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................17
REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................23
Um breve comentário sobre Qualidade de vida...............................................23
Um breve histórico sobre Insuficiência Cardíaca (IC).....................................26
A consulta de enfermagem apoiada na escuta sensível de Barbier...............30
METODOLOGIA DO ESTUDO................................................................................37
Variáveis do estudo...........................................................................................38
Casuística...........................................................................................................39
Critérios de inclusão/exclusão dos clientes na amostra...............................39
Sujeitos do estudo.............................................................................................40
Estratégia das consultas de enfermagem........................................................44
Aspectos éticos..................................................................................................44
Análise estatística...............................................................................................45
RESULTADOS e DISCUSSÃO................................................................................47
Características da Amostra (Perfil sócio-demográfico).................................47
Características da Amostra a respeito do conhecimento sobre condutas
terapêuticas na IC..............................................................................................53
Avaliação da qualidade de vida através do Minnesota living with heart failure®
questionnaire......................................................................................................59
Relação entre queixas relatadas, diagnósticos e grupo de intervenções de
enfermagem.......................................................................................................63
CONCLUSÕES.......................................................................................................70
REFERÊNCIAS.......................................................................................................73
APÊNDICES..........................................................................................................86
ANEXOS................................................................................................................98
17
Introdução Implicações da pesquisadora e o problema
O interesse em estudar o cuidar de clientes com Insuficiência cardíaca (IC),
em tratamento e/ou acompanhamento ambulatorial é algo recente e foi estimulado
pela minha mais nova ocupação. Em abril de 2005, fui convidada a trabalhar com
pesquisa clínica junto à Clínica de Insuficiência Cardíaca do Centro de Estudos
Cardiovasculares Pedro Ernesto (CECAPE).
Este Centro pertence ao Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário
Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ), onde
desenvolvem-se vários estudos multicêntricos em cardiologia. Atualmente, estamos
desenvolvendo estudos financiados, principalmente por indústrias farmacêuticas,
que envolvem a testagem de novas drogas ou drogas já veiculadas, porém com
outras hipóteses de tratamento, e concomitantemente ao acompanhamento
(ambulatorial) de clientes com doenças cardíacas, em sua maioria clientes com IC.
A minha atuação neste local se deu pela inserção no trabalho burocrático de
pesquisas clínicas, bem como, pelo acompanhamento de clientes vinculados ao
CECAPE, por meio de consultas de enfermagem. Nesta nova ocupação, desenvolvo
o cuidar/pesquisar proposto por Santos (2005) que considera o cotidiano do fazer
profissional como o laboratório vivo que interliga o saber à prática.
Uma vez cursando o mestrado na Faculdade de Enfermagem da UERJ, na
linha de pesquisa “O cuidar em saúde e enfermagem”, fiquei tentada a realizar
minha dissertação através do cuidado a estes clientes. Ressalto que este estudo
18
está vinculado ao Programa de Apoio Técnico às Atividades de Ensino, Pesquisa e
Extensão (PROATEC) do qual tenho uma bolsa de técnico de nível superior, por
meio do projeto: Programa de sistematização do atendimento para redução e
prevenção de morbidade e mortalidade de pacientes com insuficiência cardíaca –
(PREV-IC). Com isso, pude aliar a pesquisa à prática, fato este estimulado pelos
órgãos de fomento à pesquisa em nosso país.
Entretanto, o meu envolvimento com as situações de saúde/doença em
cardiologia começou, mais especificamente, há dois anos, quando meu pai foi
submetido a uma cirurgia cardíaca. Desde então, comecei a indagar como seria a
qualidade de vida de clientes com doenças cardíacas, e como o enfermeiro poderia
agir na redução dos riscos que comprometem a capacidade funcional destes
clientes, os determinantes de estresse, fatores psico-sociais e o conseqüente
isolamento social.
A proposta desta pesquisa com clientes com IC refere-se à implementação da
consulta de enfermagem e, por meio desta, relatar e comparar os efeitos das
intervenções de enfermagem como contribuição para melhoria da competência do
cliente para desenvolver habilidades de autocuidado.
Então, a partir da convivência com os usuários da clínica de IC e após
observações contínuas, formulei o seguinte problema de pesquisa: Qual é a
contribuição da consulta de enfermagem baseada na escuta sensível para a
qualidade de vida de clientes com IC?
A partir da proposta da pesquisa e do problema formulado pude então traçar o
seguinte objetivo geral:
- Contribuir para a instituição da consulta de enfermagem através da escuta sensível
na clínica de Insuficiência Cardíaca.
19
Considerando o ambiente de pesquisa e os passos a serem seguidos para
efetivação da mesma foram definidos os seguintes objetivos específicos:
- Caracterizar os clientes em consulta de enfermagem através da escuta sensível na
Clínica de Insuficiência Cardíaca;
- Verificar a contribuição da escuta sensível orientadora da intervenção de
enfermagem através da aplicação de questionário de Minessota¹;
- Avaliar o efeito das intervenções de enfermagem para o atendimento das queixas e
diagnósticos identificados nos clientes.
Visando dar suporte metodológico ao meu estudo, procurei através de
consultas em bancos de dados tomar conhecimento sobre artigos, teses e
dissertações sobre o assunto a ser abordado. Isto, no sentido de angariar apoio e
direcionamento para a pesquisa a ser realizada.
Após consultar a base de dados Pubmed, utilizando como gerenciador o
MeSH® (Medical Subject Headings) foram encontrados um total de 571 artigos
relacionados aos descritores heart failure, Congestive and nursing; destes, 125 eram
de revisão de literatura. Adicionando o descritor quality of life foram encontrados um
total de 90 artigos, sendo 30 de revisão.
Buscando na base de dados Lilacs foram encontrados apenas dez trabalhos
utilizando os descritores insuficiência cardíaca congestiva e enfermagem, e
adicionando o descritor qualidade de vida encontrou-se apenas dois trabalhos. No
banco de teses da Capes, utilizando os descritores insuficiência cardíaca congestiva
e enfermagem nenhum trabalho foi encontrado, nem de mestrado nem de
doutorado. Atribuindo o descritor qualidade de vida também não houve diferença.
¹ Foi utilizado o Minnesota living with heart failure® questionnaire traduzido para o português.
20
Utilizando os descritores enfermagem e qualidade de vida, foram encontrados 107
dissertações de mestrado e 41 teses de doutorado.
Através desta pesquisa evidenciei que muitos trabalhos já foram realizados
sobre assistência de enfermagem a indivíduos com IC, dentre os brasileiros
podemos citar Rabelo et al (2004); Santos, Costa e Saraiva (2004); Buck, Artega e
Tirone (2003), sendo os dois primeiros trabalhos apresentados no Congresso da
Sociedade Brasileira de Cardiologia. No Brasil, ainda é escassa a literatura sobre o
assunto de autoria de enfermeiros.
Na literatura internacional, porém, existem vários trabalhos e entre os mais
recentes podemos citar Albert, (2006); Clark et al, (2006); Dewalt et al, (2006);
Martensson et al, (2005); Kodiath, Kelly, Shively, (2005); Van Der Wal et al, (2005);
Scott, Setter-Kline, Britton, (2004); Dewalt et al, (2004); Delgado et al, (2003);
Vavouranakis et al, (2003); Meyer, Laederach-Hofmann, (2003); Artinian et al,
(2003); Chinaglia et al, (2002); Fletcher e Thomas, (2001).
Conforme Neto (2004) a prevalência atual estimada para Insuficiência
cardíaca varia de 1% a 2% da população em alguns países desenvolvidos. Existe
aproximadamente 23 milhões de pessoas portadoras de IC no mundo e são
diagnosticados cerca de dois milhões de novos casos anualmente.
Esta síndrome é a que mais cresce nos Estados Unidos (NETO, 2004). Nos
países em desenvolvimento também é notado seu crescimento, devido,
provavelmente, ao aumento de pessoas idosas e elevação dos índices de sobrevida
de sujeitos com infarto agudo do miocárdio e hipertensão arterial (ARTALEJO,
BANEGAS E CASTILLÓN, 2004).
Não existem estudos brasileiros que demonstrem a incidência da IC no país, porém, de acordo com estudos de outros países, pode-se estimar que cerca de 6,4 milhões de brasileiros sofrem de IC. As informações mais abrangentes que existem em nosso país são as
provenientes do DATASUS.
21
Em países como a Espanha, 15 a 65% dos casos de re-internação de clientes
vítimas de insuficiência cardíaca acontecem por mau cumprimento das medidas
terapêuticas. Isto acontece, principalmente, devido a falta de conhecimento sobre a
doença, falta de motivação e apoio de familiares, número elevado de medicamentos
a ser administrados e o descontrole sobre os mesmos, assim como o déficit
cognitivo e a presença de depressão (MORCILLO et al, 2005).
Aproximando de nossa realidade, segundo artigo publicado por Albanesi Filho
(2004), doenças cardiovasculares alcançaram o 2º lugar no ranking das dez causas
mais freqüentes de hospitalizações identificadas pelo Código Internacional de
Doenças (CID-10) no ano de 2003. Entre elas a IC foi a primeira dentre as principais
causas. A porcentagem de óbitos entre os clientes hospitalizados acometidos pela
doença foi na proporção de 8,87% do total, conforme dados epidemiológicos
identificados pelo SUS, entre 1998 e 2003.
Em números, a ocorrência de internações por IC nos anos compreendidos
entre 1998 e 2003 totalizou 191.727 casos. Porém, as internações por IC neste
período, não apresentaram grandes variações. Sabe-se que nos dois últimos anos o
acometimento por sexo se deu de forma similar e 60% das internações por IC
aconteceram com as pessoas idosas, com um total de 31.690 internações. O Rio de
Janeiro ocupa a quarta colocação do país em número de pacientes hospitalizados
por IC, no ano de 2003, tendo a segunda maior taxa de mortalidade.
A enfermagem possui papel chave no acompanhamento desses clientes,
vítimas de IC, pois contribui de forma holística para a educação em saúde, visando
esclarecer o processo de saúde/doença e a importância da manutenção do
tratamento incidindo na qualidade de vida dessa população.
22
A educação para saúde poderá ajudar as pessoas portadoras de uma doença crônica para que conheçam a doença e aprendam a conviver com ela, assim, superar os seus efeitos através do
seguimento consciente ao regime terapêutico. (PADILHA, SILVA E
BORENSTEIN, 2005, p.163)
23
Referencial Teórico
Um breve comentário sobre qualidade de vida
Apesar de não haver um consenso sobre a expressão Qualidade de Vida
(QV), entre os pesquisadores que estudam este tema, admite-se que exista uma
concordância nas características abordadas: subjetividade, multidimensionalidade e
presença de posições positivas e negativas (THE WHOQOL GROUP, 1995).
O THE WHOQOL GROUP – grupo de estudos da Organização Mundial de
Saúde (OMS) – define QV como: “a percepção do individuo de sua posição na vida,
no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Após a leitura desta definição,
pude perceber que a QV deve ser ajustada de acordo com o contexto vivido e a
capacidade de adaptação de cada indivíduo frente às mudanças.
Segundo Fleck, Leal, Louzada et al. (1999) a expressão qualidade de vida foi
usada pela primeira vez por um presidente dos Estados Unidos (Lyndon Johnson),
em 1964. Segundo o presidente americano, os objetivos de um governo só poderiam
ser medidos por meio da qualidade de vida que proporcionam às pessoas.
Minayo, Hartz e Buss (2000) afirmam que, na tradição ocidental, a QV, além
de estar relacionada com a idéia de desenvolvimento, também transita pela crença
na democracia. Quanto mais aprimorada a democracia de uma nação, mais se torna
ampla a visão de QV, relacionada com o bem estar da sociedade e com a eqüidade
de acesso aos bens materiais e culturais.
24
Vários campos do saber, dentro da pesquisa científica, vêm estudando este
termo no decorrer dos anos. Sabe-se que para avaliá-la é necessário verificar vários
aspectos relacionados à vida humana: lazer, família, renda, aspectos sociais
(moradia, transporte, alimentação...) e também a saúde. Pesquisar como os
indivíduos se relacionam com os desvios de padrão no seu dia-a-dia, sejam sociais,
comportamentais ou físicos, proporciona uma compreensão dos fatores que
interferem, ou não, no processo de construção de uma vida digna.
Na área médica, vêm se desenvolvendo estudos no sentido de tentar
averiguar se as condutas para promoção da saúde ou o tratamento dos agravos,
surtem efeitos positivos na vida diária dos indivíduos. O aumento da expectativa de
vida no decorrer dos anos também tem colaborado para que estudiosos queiram
descobrir não só como viver mais, e sim como viver mais e com qualidade. Segundo
Lima (2002) a utilização deste conceito surgiu na área da saúde no intuito de
valorizar as percepções do cliente a respeito de vários aspectos de sua vida e não
somente como uma avaliação do seu estado de saúde.
Estudar qualidade de vida de clientes vítimas de doenças crônicas é algo que
já vem ocorrendo há alguns anos, pois pessoas vítimas dessas doenças adquirem
condições objetivas e subjetivas de vida e de relacionamento com sua família que
tendem a melhorar ou piorar o seu quadro de saúde. O interesse neste caso é
dimensionar se os avanços na área de tratamento/acompanhamento desses
indivíduos contribuem para a melhora do seu bem estar físico e também dos outros
que completam o ser como uma figura ativa na sociedade.
Os profissionais da área da saúde conseguem influenciar diretamente sobre
as condições de morbidade. Portanto, avaliar a percepção do cliente sobre como se
configura as intervenções de saúde, seja no tratamento dos agravos como na
25
prevenção dos mesmos, é algo que ajuda a nortear as condutas e verificar a eficácia
do trabalho.
Quanto aos instrumentos relacionados à saúde, criados no decorrer dos anos
para mensuração da QV, Seidl e Zannon (2004) afirmam que eles tendem a manter
o caráter multidimensional e tentam avaliar a percepção geral da QV, porém a sua
ênfase ainda continua recaindo sobre os sintomas, incapacidades e limitações
ocasionados pela doença.
Os instrumentos para mensurar QV são conhecidos como gerais ou genéricos
e existem diferentes tipos tanto para serem aplicados em populações sadias quanto
doentes. Já os questionários de qualidade de vida relativos à saúde são mais
direcionados a clientes com algum tipo de enfermidade específica. Existem os
genéricos que podem ser aplicados a qualquer tipo de cliente e os específicos que
são aplicados aos clientes com determinada condição ou doença.
Neste estudo, foi utilizado o Minnesota living with heart failure® questionnaire
de uso específico para clientes com IC e desenvolvido pelo pesquisador Thomas S.
Rector, em 1984, na Universidade de Minnesota nos Estados Unidos. O questionário
é composto de 21 questões com enfoque nas dimensões física, emocional e social,
com intuito de mensurar os efeitos da insuficiência cardíaca na qualidade de vida
dos clientes. O questionário utiliza a escala de Likert de seis pontos sendo de zero a
cinco totalizando 105 pontos. Quanto maior o número de pontos obtidos, maior
descompensação em relação à doença e o que ela pode repercutir na vida diária do
cliente.
26
Um breve histórico sobre Insuficiência Cardíaca
O coração é o órgão mais importante no funcionamento do organismo
humano, sem ele não há vida. Sua função é bombear o sangue para os tecidos,
suprindo-os com oxigênio e outros nutrientes e, ao mesmo tempo, remover o dióxido
de carbono e outros restos metabólicos prejudiciais.
Dentre muitos distúrbios que podem ocorrer ao coração destaca-se a
insuficiência cardíaca, que acomete milhares de pessoas no mundo e cresce,
aproximadamente, 2 milhões de novos casos por ano. Segundo Braunwald (2002,
p.1375):
A insuficiência cardíaca (IC) é o estado fisiopatológico em que uma anormalidade da função cardíaca é responsável pela capacidade de o coração bombear sangue numa taxa suficiente para atender as necessidades metabólicas dos tecidos e/ou no qual isto é possível apenas a partir de um volume diastólico anormalmente elevado.
A ocorrência da doença, de acordo com a literatura, pode ter sua origem em
causas primárias (distúrbio na contração muscular, devido uma anormalidade
primária do músculo cardíaco, como ocorre nas miocardiopatias e miocardites
viróticas) ou secundárias (por exemplo, a aterosclerose coronariana que causa
isquemia e infarto do miocárdio, assim como as patologias das válvulas cardíacas,
hipertensão arterial sistêmica, entre outras). As manifestações clínicas mais
freqüentes são: dispnéia, ortopnéias dispnéia paroxística (noturna); respiração de
Cheyne Stokes, fadiga, fraqueza e sintomas abdominais e, principalmente em
idosos, sintomas cerebrais (BRAUNWALD, 2002).
Atualmente são utilizadas, com freqüência, as recomendações e as
classificações da New York Heart Association (NYHA) para o acompanhamento dos
clientes com IC. Estas recomendações são baseadas na severidade clínica da
27
doença e na limitação funcional que é observada através da evolução dos clientes
nas suas capacidades para exercerem suas atividades diárias. Na Tabela 1
apresenta-se a definição das classes funcionais utilizadas para o auxílio de nosso
trabalho de acordo a NYHA.
Tabela 1. Classificação funcional NYHA. Rio de Janeiro, Hospital Universitário Pedro
Ernesto da UERJ – Clínica de Insuficiência Cardíaca, dezembro de 2006.
CLASSE
FUNCIONAL DEFINIÇÃO
I
Não possui limitação nas atividades físicas
Atividades físicas habituais não causam sintomas como:
fadiga, palpitação ou dispnéia
II
Leve limitação para atividade física. Sujeito confortável em
repouso.
Na presença de atividade um pouco mais intensa ocorre a
fadiga, palpitação e dispnéia (sintomas associados ou não).
III
Alta limitação para a realização de atividade física. Sujeito
confortável em repouso.
Intolerância aos mínimos esforços, atividade física menor
que a habitual gera ocorrência de fadiga, palpitação ou
dispnéia (sintomas associados ou não.)
IV
Surgimento dos sintomas de descompensação em repouso.
Paciente não tolera nenhum tipo de atividade física e se
esta for realizada há piora no desconforto.
28
O tratamento da IC envolve medidas não-farmacológicas, farmacológicas e
cirúrgicas, dependendo do estágio da síndrome, e necessita da contribuição de
vários tipos de profissionais da área da saúde e das ciências humanas e sociais para
dar suporte ao cliente com esta doença. Aqui, aborda-se apenas as medidas não
farmacológicas e farmacológicas, controláveis com o acompanhamento de
enfermagem, e as utilizadas durante o tratamento ambulatorial em clínicas de IC.
Revisão das II Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia para o diagnóstico e
tratamento da Insuficiência Cardíaca, (2002)
Dentre as não farmacológicas encontramos:
Dieta - todos os clientes com IC necessitam de aconselhamento dietético em relação
à manutenção do peso ideal, com correção da obesidade, da caquexia, e da
hiperlipidemia. É primordial, também, atentar para ingestão de sódio e líquidos que
deve ser rigorosa dependendo do estágio da doença.
Atividade física – atualmente, o repouso de longa duração no leito, como
recomendado há décadas, não é mais necessário para a maioria dos clientes, sendo
apenas indicado para aqueles com IC aguda ou com IC crônica descompensada.
Por outro lado, a atividade física deve ser prescrita de forma individualizada, de
acordo com o grau da IC e a idade do cliente. Vários estudos têm demonstrado o
benefício e a segurança dos programas de condicionamento físico orientados para
pacientes com IC. Um programa domiciliar de caminhadas pode ser a melhor opção
para ajudá-los a evitar as conseqüências negativas, tanto fisiológicas quanto
psicológicas, da inatividade.
Atividade sexual – a desinformação do cliente pode contribuir para o aparecimento
de temores em relação à atividade sexual. Algumas informações são importantes
principalmente quanto à associação de nitrato ao uso de sildenafil. Vale ressaltar
29
que a manutenção da atividade sexual pode contribuir para aumentar a auto-estima
e melhorar a qualidade de vida.
Atividades de labor – outro aspecto freqüentemente negligenciado diz respeito às
atividades de labor. Na orientação, devem ser levados em consideração não só os
aspectos relacionados ao grau funcional da IC, como também ao tipo de trabalho e
ao grau de estresse físico e mental envolvidos na execução do trabalho.
Aspectos psico-sociais – a motivação do cliente é fundamental na implementação
e adesão das mudanças de seu estilo de vida. Esta tarefa, sempre que possível,
deve ser executada por equipes de saúde multidisciplinares. Esse atendimento tem
como objetivo maior autonomia e o bem-estar do indivíduo com IC, com
conseqüente maior qualidade de vida.
Já dentre as medidas farmacológicas apresentam-se diversas classes de
fármacos que podem ser utilizados no tratamento da IC e que merecem
monitorização contínua e orientação na administração dos mesmos. São eles:
inibidores da enzima de conversão da angiotensina; Digitálicos; Diuréticos;
Antagonistas da aldosterona; Bloqueadores betaadrenérgicos;
Vasodilatadores diretos; Antagonistas dos receptores de angiotensina II;
Antagonistas dos canais de cálcio; Antiarrítmicos e Anticoagulantes.
Pensando na otimização do tratamento devido a complexidade desta
síndrome é indicado a criação de clínicas ambulatoriais específicas para o
acompanhamento regular destes clientes.
As Clínicas de Insuficiência Cardíaca (CIC) são unidades para atendimento
extra-hospitalar, que funcionam, preferencialmente, junto a um hospital de
referência. O grupo de trabalho deve ser multidisciplinar (médicos cardiologistas e
30
enfermeiras especializados em IC, nutricionistas, fisioterapeutas e psicólogos),
visando um atendimento integrado ao cliente.
Os objetivos da CIC, segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, são: diminuir morbimortalidade da IC por meio de emprego de práticas
baseadas na melhor evidência científica disponível; melhorar a qualidade de vida
dos pacientes com IC; reduzir custos com a doença diminuindo o número de re-
hospitalizações.
O primeiro contato do cliente com a equipe de IC deve ser, preferencialmente,
na fase de pré-alta hospitalar, viabilizando retorno rápido para primeira visita na
clínica de IC. Clientes externos ao hospital devem ter acesso à clínica de forma
desburocratizada. Quando na primeira consulta à clínica de IC, deve ser realizada
abordagem dupla (médica e de enfermagem), enfatizando cuidados não
farmacológicos, farmacológicos, identificação de fatores potenciais de
descompensação e iniciando programa de educação e autocuidado com relação à
IC.
A consulta de enfermagem apoiada na escuta sensível de Barbier
A consulta de enfermagem é uma atividade que proporciona ao enfermeiro,
condições para atuar de forma direta e independente com o cliente. Esta
operacionaliza a prática profissional ambulatorial, pois é o instrumento para
efetivação do processo de enfermagem.
Além disso, o enfoque central da consulta de enfermagem transpõe a questão da doença, configurando um espaço no qual a possibilidade de um cuidado mais global leve em conta a subjetividade, o lazer, a espiritualidade, o ambiente, o estilo de vida do cliente como fatores direcionadores para realização de um diagnóstico de enfermagem e elaboração de um plano de cuidados mais aderente a cada realidade específica. (PADILHA, SILVA E BORENSTEIN, 2005, p162)
31
Diante desta citação, vê-se que, além de ser caracterizada como instrumento
metodológico e tecnológico para o cuidar, a consulta de enfermagem confere ao
enfermeiro uma prática na qual o profissional pode delimitar seu fazer específico,
utilizando sua competência e habilidades na interação com o ser humano.
Releva-se que a autonomia da enfermeira para realizar esta atividade
encontra-se regulamentada na Lei n. 7.498/86 (COFEN, 1987) que formalizando
uma prática implementada desde 1925, a qual era reconhecida na comunidade da
área da saúde como entrevista pós-clínica.
Acredita-se que a realização da consulta de enfermagem, com enfoque na
escuta sensível, ajudou a identificar e compreender os fatores estressantes, que
afetam o cliente contribuindo para melhor definir as intervenções necessárias. Para
praticarmos a escuta sensível devemos reconhecer a pessoa em seu ser e aceitar
deixar-se surpreender pelo desconhecido.
Barbier (2002) define escuta sensível como sendo um escutar/ver que se
apóia na empatia, onde o pesquisador deve saber sentir o universo afetivo,
imaginário e cognitivo do outro e buscar no íntimo as atitudes, o sistema de idéias,
de valores, de símbolos e mitos. Portanto, é necessária uma relação estável de
confiança mútua, onde até mesmo o silêncio do cliente torna-se o momento de
desabafo de suas preocupações mais íntimas.
Apropriando-se deste conceito, o momento da consulta transformou-se, uma
vez que propiciou um cuidar libertador, estabelecendo uma relação dialógica onde o
respeito mútuo foi tido como essencial e os saberes populares foram considerados.
A escuta sensível reconhece a aceitação incondicional do outro. Ela não julga, não mede, não compara. Ela compreende sem, entretanto, aderir às opiniões ou se identificar com o outro, com o que é enunciado ou praticado. (BARBIER, 2002, p.94)
32
O cuidar/pesquisar na modalidade de consulta de enfermagem como
instrumento metodológico e tecnológico privilegia o “escutar/ver” apoiado na
empatia, haja vista sua fundamentação na escuta sensível preconizada por Barbier
(2002). Assim, a relação enfermeira/cliente é estável, caracterizada pela confiança
mútua. Neste caso, a apreciação do silêncio possibilita o desabafo do cliente,
conforme teoriza o autor citado.
Para desenvolver esta relação, à enfermeira é requerido abertura holística,
pois segundo Santos (2005) trata-se de uma relação de totalidade com o outro, da
utilização dos sentidos corporais como instrumento de trabalho. Durante a consulta,
a enfermeira deve saber sentir o universo afetivo, imaginário e cognitivo do cliente e
buscar no íntimo as atitudes, o sistema de idéias, de valores, de símbolos e mitos.
Recomenda-se ao ouvinte sensível um estado meditativo, de hipervigilância, o qual
nada mais é, conforme assevera Barbier (2002), do que simplesmente a plena
consciência de se estar com aquilo que é.
Desse modo, a abordagem metodológica e tecnológica aos clientes com
insuficiência cardíaca, na consulta de enfermagem, considerou os três tipos de
escuta sensível, teorizados Barbier: científico-clínica, poético-existencial e espiritual-
filosófica.
Justifica-se a escolha da escuta sensível como um diferencial para
implementar a consulta da enfermagem a partir da similitude do cuidar/pesquisar
com a pesquisa-ação preconizada por Barbier (2002). O autor afirma que utilizando
uma perspectiva de pesquisa-ação, simultaneamente, existencial e integral, é
preciso compreender algumas noções-chave, por ele denominadas “noções-
entrecruzadas”. Considera-se, portanto, que o cuidar/pesquisar, proposto neste
33
trabalho, é, eminentemente, existencial e integral pelo aporte da consulta de
enfermagem por meio da escuta sensível. Então, é preciso entender o modelo desta
atividade a partir da adaptação que aqui se fez proposta por Barbier (2002):
Passos do modelo da consulta de enfermagem baseado nas “noções-
entrecruzadas”:
1) COMPLEXIDADE – atentar para o entendimento da ecologia humana
visando compreender o cliente em sua integralidade;
2) MUDANÇA PELA NEGOCIAÇÃO – refere-se à negociação entre os
profissionais do campo da pesquisa e enfermeira pesquisadora, visando mudança
no ambiente para propiciar condições favoráveis à implementação da consulta;
3) ABORDAGEM DO CLIENTE POR MEIO DA ESCUTA SENSÍVEL –
viabilização da consulta enfocando a integralidade do cliente para evitar a
redução de etapas deste processo de trabalho, conforme se observava no campo
da pesquisa;
4) DESENVOLVIMENTO DOS TRÊS TIPOS DE ESCUTA SENSÍVEL –
capacitação para se tornar efetivamente presente junto ao cliente, de forma
meditativa, com pleno uso dos cinco sentidos na relação enfermeira/cliente, a fim
de viabilizar a identificação de problemas nas dimensões física, cognitiva e social;
5) CONSIDERAÇÃO DA COMPLEXIDADE DAS INTERVENÇÕES DE
ENFERMAGEM PARA ATENDER AOS DIAGNÓSTICOS IDENTIFICADOS – visa
evitar prescrições centradas na terapêutica medicamentosa, desconsiderando
intervenções para atender necessidades cognitivas e sociais;
34
6) AVALIAÇÃO – verificação através da evolução do cliente da contribuição
das intervenções de enfermagem para resolução dos problemas identificados
durante a consulta.
Para maior entendimento de como é aplicada a escuta sensível cita-se o
conceito de ser humano, proposto por Barbier (2002 p. 87): “é uma totalidade
dinâmica, biológica, psicológica, social, cultural, cósmica, indissociável”. Desse
modo, acredita-se que para entender a integralidade do cliente é preciso percebê-la
nas dimensões que a compõem, ou seja, escutá-la a partir dele próprio, ouvir a
expressão do seu silêncio quanto às coisas que lhe é difícil verbalizar.
Parafraseando Barbier, entender a noção de escuta sensível é indispensável
na investigação clínica, principalmente, quando se pretende avaliar intervenções
para atender necessidades de cuidado em saúde e enfermagem.
Para desenvolver a noção de escuta sensível na consulta de enfermagem é
indispensável saber que ela se apóia no referencial das ciências humanas, adotando
a atitude meditativa oriental. Assim, sem empatia é impossível escutar o outro
sensivelmente. Assevera Barbier (2002, p. 95) que a escuta sensível: “Reconhece a
aceitação incondicional do outro. Ela não julga, não mede, não compara. Ela
compreende sem, entretanto, aderir ás opiniões ou se identificar com o outro, com o
que é enunciado ou praticado”.
Portanto, a escolha da escuta sensível, para orientar a implementação da
consulta de enfermagem, pareceu apropriada, principalmente, relembrando a citação
de Santos (1997, p. 19) sobre a prática de enfermagem:
é um saber envolvendo questões morais, éticas, políticas e sociais pela sua destinação privilegiada - o ser humano. O entendimento e a aceitação incondicional da individualidade de um indivíduo por um outro que o atende em suas necessidades, sem também se despir de
35
sua própria individualidade, caracteriza-se numa relação humana altamente privilegiada.
Assim, neste trabalho foi proposta uma perspectiva de cuidar do cliente por
meio da consulta de enfermagem, considerando a reflexão da autora citada que
possibilita entender o que acontece na escuta sensível preconizada por Barbier
(2002). Descreve-se a conceituação das três escutas encontradas em Barbier (2002)
para um maior entendimento sobre a escuta sensível:
1) Científico – clínica
Esta modalidade de escuta, também denominada por Barbier (2002) como
escuta/fala, caracteriza a pesquisa-ação e, no caso desta pesquisa, o que se faz na
consulta de enfermagem, proposta nesta dissertação. Portanto, ela acontece
durante a avaliação inicial do cliente visando diagnosticar suas necessidades de
cuidado. A técnica de pesquisa, ou seja, a prática da consulta propriamente dita,
inicia-se a partir do exame clínico do cliente considerando não apenas sua dimensão
corporal física.
2) Mito – poética e existencial
Nesta escuta, busca-se entender, ao mesmo tempo, a ligação de uma pessoa
com sua história mítica. Na consulta de enfermagem, este tipo de escuta sensível
atenta para a inclusão de fenômenos imprevistos resultantes, também, do viver do
cliente com a gravidade de sua patologia.
3) Espiritual - filosófica
A escuta dos valores últimos que dão para o indivíduo, um sentido à vida e
esclarecem suas práticas. Neste trabalho, são escutados os valores últimos
orientadores da vida do cliente, que o ligam ao seu grupo familiar, social e ou de
36
trabalho. Quanto à escuta espiritual-filosófica, Barbier assevera que todos os
indivíduos possuem valores norteadores de sua conduta, mesmo sem saber
reconhecê-los.
Portanto, no cuidar/pesquisar considerou-se:
– a disponibilidade de conhecimento do sentido e significado da humanidade
das pessoas;
– a disponibilidade de tempo, e;
– a disponibilidade para utilizar os sentidos corporais, a sensibilidade,
emoções, intuição e solidariedade, disponibilidades estas que são características do
fazer da enfermeira, segundo assevera Santos (2005). Isto promoveu a diferença na
implementação da consulta de enfermagem, conforme vinha sendo aplicada no
ambulatório da clínica de insuficiência cardíaca do HUPE/UERJ, campo desta
pesquisa.
Relacionando esta escuta sensível com a Teoria dos Sistemas de Saúde,
procurou-se estabelecer um cuidar/pesquisar, que, por meio das intervenções de
enfermagem necessárias, promovesse, no cliente com insuficiência cardíaca,
subsídios para melhoria da sua capacidade funcional e, conseqüente, qualidade de
vida. Pois, a escuta sensível se apóia na totalidade da pessoa, ver o ser
holisticamente e tornar a existência entre nós dinâmica. “Uma pessoa só existe pela
existência de um corpo, de uma imaginação, de uma razão, de uma afetividade em
permanente interação”(BARBIER, 2002, p. 98).
37
Metodologia do Estudo
Para realizar esta investigação escolheu-se a abordagem quantitativa,
prospectiva, por meio do método quase-experimental com delineamento anterior-
posterior. Conforme descrevem Polit, Beck e Hungler (2004), este método tem sido
usado na enfermagem para avaliar uma intervenção específica desta área do
conhecimento, envolvendo, portanto, a testagem de um novo procedimento clínico
que, por hipótese, melhoraria os resultados biofisiológicos, psico-sociais e
psicoespirtuais dos clientes.
De acordo com Polit, Beck e Hungler (2004), obedecemos as três
propriedades que delineiam a pesquisa experimental: manipulação, controle e
randomização. A manipulação ocorreu por meio de propostas de intervenções de
enfermagem, que interferiam no cotidiano do cliente com IC, a fim de tentar melhorar
sua convivência com a doença e a sociedade. Foram selecionados dois grupos de
pesquisa: controle e intervenção. O grupo controle recebeu o acompanhamento de
enfermagem através de consultas de enfermagem mensais e para o grupo
intervenção, além destas, foi estabelecido contato telefônico semanal, a fim de firmar
o pacto realizado e obter informações sobre o estado de saúde do cliente e o
seguimento das orientações recebidas durante a consulta. A randomização foi
aleatória simples e ocorreu após a seleção dos sujeitos. O período da intervenção foi
compreendido entre os meses de março a agosto de 2006.
Para contemplar o delineamento anterior/posterior foi aplicado nas consultas
baseline e 4ª (última) o Minnesota living with heart failure® questionnaire que avaliou
os indicadores de qualidade de vida antes do início do follow-up e no final do
38
mesmo. A escolha deste questionário se deu por ser uma ferramenta específica de
medição de indicadores de qualidade de vida de clientes com insuficiência cardíaca.
Foi utilizada a versão adaptada e validada para o português pelo Instituto do
Coração (INCOR) – Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP e
publicada em artigo pelos autores Buck, Artega e Tirone, (2003).
Variáveis do estudo
Em se tratando de um estudo de abordagem quantitativa procuramos
identificar quais seriam as variáveis do mesmo. Corroboramos com Lakatos e
Marconi (2001) ao identificar variáveis não somente independentes e dependentes,
mas também uma variável interveniente.
(...) variável pode ser considerada como uma classificação ou medida; uma quantidade que varia; um conceito operacional, que contém ou apresenta valores; aspecto propriedade ou fator, discernível em um objeto de estudo e passível de mensuração. (LAKATOS e MARCONI, 2001, p. 137)
Desta maneira foram selecionadas as seguintes variáveis para o estudo:
A – Variável independente (Perfil da clientela)
Características sócio-demográficas dos clientes como: sexo, cor, idade média,
escolaridade, religião ou crença, renda familiar e estado conjugal.
Características relacionadas ao convívio com a doença: tempo de descoberta
da doença, terapêutica médica recomendada, realização de exercícios físicos, dieta
e vacinação.
B – Variável interveniente (Intervenção de enfermagem)
A partir dos diagnósticos de enfermagem identificados durante a realização da
consulta de enfermagem, foram estabelecidas as intervenções de enfermagem as
quais caracterizaram a ação interveniente da pesquisadora.
39
Esta consulta de enfermagem aos clientes ambulatoriais com IC teve o aporte
da escuta sensível preconizada por Barbier (2002). Nesta houve preocupação com
os aspectos sociopsico-espirituais, com os aspectos clínicos e com a integridade
psíquica.
C - Variável dependente (Aplicação do questionário)
O efeito das consultas de enfermagem aos clientes da clínica de IC foi
avaliado através da aplicação do Minnesota living with heart failure® questionnaire a
todos os clientes na primeira consulta (randomização) e na última consulta (M3) e
este avaliou os indicadores de qualidade de vida, no início e término do seguimento
das consultas.
Casuística
De uma amostra de 350 clientes cadastrados na clínica de Insuficiência
Cardíaca do Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, unidade
integrante da Faculdade de Ciência Médicas da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, foram analisados 264 prontuários de clientes que freqüentavam
regularmente este serviço. Foram selecionados e convidados a participar deste
estudo 52 clientes com insuficiência cardíaca crônica em classe funcional I à III da
New York Heart Association (NYHA).
Estes clientes foram admitidos no protocolo de pesquisa no período de
15/03/2006 à 16/05/2006, sendo a amostra composta por 50 clientes determinada
para análise em 14/08/2006.
Critérios de inclusão/exclusão dos clientes na amostra.
40
Inclusão
1 - Ter insuficiência cardíaca crônica de qualquer etiologia em classe
funcional da NYHA I; II ou III
2 - Ambos os sexos com idade > 18 anos;
3 - Possuir um contato telefônico disponível pra efetuar e receber chamadas;
4 - Estar em uso de pelo menos 85% da medicação prescrita.
5 - Ter condições de assinar o termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE) com capacidade de compreensão preservada.
Exclusão.
1 - Ter incapacidade ou falta de interesse para cooperar com o estudo e/ou
assinar o TCLE ou qualquer condição suficientemente grave que impedisse a
participação no estudo (déficit cognitivo, problemas relacionados com a fala e
audição e problemas locomotores);
2 - Não possuir contato telefônico disponível.
3 - Não comparecer a consulta médica há mais de 1 ano.
Sujeitos do estudo
A seleção dos sujeitos (ver Figura 1) aconteceu por meio de ligações
telefônicas, pelas quais eram agendadas as primeiras consultas de enfermagem de
acordo com a disponibilidade do cliente. Desse modo, a seleção dos sujeitos
aconteceu de forma aleatória simples através do sorteio dos registros que compõem
o banco de dados eletrônico. Foi verificado, anteriormente ao sorteio, se haviam
clientes que não compareciam a consulta médica há mais de um ano e também os
41
casos de óbitos. Encontrou-se 75 óbitos conhecidos e nenhum cliente com mais de
um ano sem consulta médica.
Entre 189 clientes no primeiro sorteio, foram retirados 65 nomes, destes, onze
clientes não possuíam telefones ou o número de registro era incorreto. Após contato
telefônico dos 54 pré-selecionados, 37 optaram em participar da pesquisa. Portanto,
um segundo sorteio foi realizado e mais trinta nomes foram retirados, destes apenas
quinze optaram em participar e então fechou-se a seleção com 52 clientes.
Figura 1 - Seleção da amostra. Rio de Janeiro, HUPE/UERJ – CIC, dezembro
de 2006.
264 clientes
189 clientes
regulares
75 óbitos
1º sorteio
65 clientes
54 clientes
11 clientes sem
contato
17 clientes
recusaram
37 clientes
2º sorteio
+ 30 clientes
52 clientes 15 clientes
recusaram
50 clientes
randomizados
2 clientes excluídos
por faltarem a 1ª
consulta
42
A randomização (ver Figura 2) também foi aleatória e a distribuição dos
sujeitos nos grupos de controle (Grupo I) e ou intervenção (Grupo II) foi realizada por
meio do sorteio dos números pré-recebidos pelos clientes, após o agendamento da
1ª consulta. Assim, a randomização contemplou 50 sujeitos, pois dois clientes não
compareceram à 1ª consulta.
Figura 2 - Distribuição dos clientes randomizados por grupos. Rio de Janeiro,
HUPE/UERJ – CIC, dezembro de 2006.
Durante o tempo da coleta dos dados, dois integrantes vieram a falecer,
sendo assim, apenas 48 clientes participaram da pesquisa até o término do estudo.
Foram planejadas 200 consultas de enfermagem, mas nas consultas M1
ocorreram duas faltas no grupo I e um óbito e no grupo 2 sete faltas. Nas consultas
M2 ocorreram sete faltas no grupo I e quatro faltas no grupo II. Nas consultas M3
23 Clientes
ao término
2 Óbitos
4
Consultas
+ 9
ligações
telefônicas
50 clientes
randomizados
4
Consultas
Grupo I
(Controle)
25 Clientes
25 Clientes
ao término
Grupo II
(Intervenção)
25 Clientes
43
ocorreu um óbito (ver Figura 3). Portanto, realizou-se um total de 177 consultas de
enfermagem. Para o grupo II, entre as consultas foram realizados os contatos
telefônicos. Então, entre a consulta de randomização e a M1 ocorreram 75 contatos
telefônicos em três semanas (um contato semanal por cliente), e entre M1 e M2,
assim como entre M2 e M3 ocorreu o mesmo quadro.
Figura 3 – Dinâmica do andamento do estudo. Rio de Janeiro, HUPE/UERJ –
CIC, dezembro de 2006.
Grupo I
Randomização:
25 presenças
M1: 2 faltas
1 óbito
M2: 7 faltas
0 óbito
M3: 0 faltas
0 óbito
M3: 0 faltas
1 óbito
75 ligações
telefônicas em 3 sem
Grupo II
M1: 7 faltas
0 óbito
M2: 4 faltas
0 óbito
75 ligações
telefônicas em 3 sem
75 ligações
telefônicas em 3 sem
TOTAL:
177 consultas:
Randomização:
25 presenças
CONSULTAS DE
ENFERMAGEM
200 Consultas de
Enfermagem(12 Semanas)
44
Estratégia das consultas de enfermagem
Através da figura 4 mostra-se a dinâmica das consultas de enfermagem e
atenta-se para o fato de as mesmas terem sido desenvolvidas em data e horário
diferente das consultas médicas, visando estimular uma maior interação da
enfermeira com os clientes, condição indispensável para desenvolver a teoria da
escuta sensível.
Figura 4 – Dinâmica das consultas de enfermagem. Rio de Janeiro,
HUPE/UERJ – CIC, dezembro de 2006.
Aspectos éticos
A pesquisa foi iniciada após aprovação do comitê de ética do Hospital
Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
1a CONSULTA
(Randomização)
CONVITE
ASSINATURA TCLE
Minesota living with heart
failure® questionnaire
FORMULÁRIO
ESCUTA SENSÍVEL
AGENDAMENTO
AVALIAÇÃO DAS
INTERVENÇÕES
FORMULAÇÃO DE NOVOS
DIAGNÓSTICOS
INTERVENÇÃO DE
ENFERMAGEM
AVALIAÇÃO DO
APRENDIZADO
2a e 3a CONSULTAS
(M1 e M2)
ESCUTA SENSÍVEL
4a CONSULTA
M3 / consuta final
Minesota living with heart
failure® questionnaire
CONSULTAS DE
ENFERMAGEM
45
(HUPE/UERJ)- Protocolo CEP n°1324. Considerando que a pesquisa foi
desenvolvida com seres humanos, salienta-se o cumprimento das exigências das
Normas de Pesquisa em Seres Humanos, Resolução 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde, que incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatros
referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficiência, beneficiência e
justiça, assegurando, assim, os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade
cientifica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. A carta de aceitação do comitê de
ética em pesquisa se encontra no anexo 3.
Foi aplicado o termo de consentimento livre-esclarecido (Apêndice B) aos
clientes, que receberam esclarecimentos verbais sobre os objetivos e os
procedimentos para a realização da pesquisa, bem como os riscos e benefícios da
mesma. Foi solicitada a assinatura do consentimento pelo cliente, em duas vias,
sendo uma para o próprio e outra para pesquisadora.
Destaca-se ainda que a Instituição campo da pesquisa aprovou sua
nomeação neste Relatório de Investigação.
Análise estatística
As variáveis contínuas foram apresentadas com média (mínimo-máximo) e
desvio padrão e representadas por gráficos de boxplot. As variáveis discretas foram
representadas por porcentagem. Para fins de análise foi considerado um valor de p
< 0,05 como estatisticamente significativo. Para análise univariada foram utilizados
os testes de hipóteses T de Student, qui-quadrado e exato de Fisher.
Para análise multivariada, foi utilizada análise de correspondência para
estabelecer o grau associação entre os diversos níveis de queixas, diagnósticos e
intervenções de enfermagem. Posteriormente foi criada uma representação gráfica
46
desta análise, considerando 2 dimensões principais geradas automaticamente pela
técnica, que através da interpretação da figura foram identificadas como eixo
individual-coletivo e eixo emocional-físico.
Em relação aos escores do questionário de Minnesota, esclarece-se que os
mesmos são constituídos dos números de 0 à 5. Estes numerais são atribuídos a
todas as perguntas realizadas. Durante a aplicação do questionário é dada ao
cliente a oportunidade de atribuir um número a cada pergunta como resposta. Isto
reflete o grau de comprometimento do cliente (sua qualidade de vida) em relação à
aquela questão. Ao final do questionário estes numerais dados como respostas são
somados e assim é gerado o escore final total do questionário. Assim foi avaliada a
diferença entre os escores totais dos questionários aplicados na 1ª e ultima consulta
de enfermagem realizadas aos clientes.
47
Resultados e Discussão
Este capítulo destina-se a descrever a produção do conhecimento por meio
da aplicação do método quantitativo experimental. Pretende-se responder às
questões sobre a influência da consulta de enfermagem na qualidade de vida de
pessoas com insuficiência cardíaca em tratamento ambulatorial, sob a perspectiva
da escuta sensível preconizada por Barbier (2002).
Inicia-se a descrição com os resultados referentes às variáveis sócio-
demográficas e as variáveis que dizem respeito ao conhecimento dos clientes sobre
condutas terapêuticas na IC por grupos. A finalidade é avaliar e ponderar os
escores encontrados e suas influências sobre a freqüência ao tratamento e/ou
acompanhamento ambulatorial dos clientes com insuficiência cardíaca.
Atentando para qualidade de vida, deve-se considerar que aspectos
socioculturais, econômicos e a experiência de vida de cada um, representam
aspectos mínimos para tentar obter qualquer tipo de avaliação. O atendimento das
necessidades básicas da vida do sujeito, constitui o parâmetro na construção desta
noção (MINAYO, HARTZ e BUSS, 2000).
Características da Amostra (Perfil sócio-demográfico)
A amostra da presente investigação compõe-se de 50 clientes. Os dados
apresentados estão dispostos de acordo com os grupos intervenção e controle nas
tabelas e nas figuras referem-se ao grupo total de clientes.
48
Tabela 2. Distribuição dos sujeitos segundo o sexo e grupos de investigação. Rio de
Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
GRUPO Feminino Masculino TOTAL p
n % n % n %
Intervençã
o
14 56 11 44 25 100
0,021
Controle 6 24 19 76 25 100
TOTAL 20 4 30 60 50 100
Em relação ao sexo, houve 56% de mulheres no grupo intervenção e 24% no grupo controle, conseqüentemente a presença do sexo masculino foi identificada com 44% no grupo intervenção e 76% no grupo controle, com (p=0,021).
Em estudo norte-americano (n=640) foi demonstrado que, após três meses de
acompanhamento regular por uma equipe multidisciplinar, houve melhora na
qualidade de vida de clientes com IC, sendo que a variável sexo não causou
diferença significativa na apresentação desta. (RIEGEL et al, 2003). Portanto
acredita-se que neste estudo os valores encontrados também não interferiram no
resultado final para qualidade de vida.
Gráfico 1: Distribuição dos sujeitos segundo a cor e os grupos. Rio de
Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
P= 0,102
40
45
50
55
COR
NÃO BRANCOS
BRANCOS
49
Inexiste diferença significantiva relacionada a variável cor entre os grupos
Intervenção e Controle (p=0,102). Porém nota-se que a população não branca
representa a maioria com 54% do total frente à branca com 46%.
De acordo com a Heart Failure Society of América (2006), com o avançar da
idade, a IC torna-se um problema igual para todas as raças e sexos. Isto corrobora
com os dados encontrados sobre a cor, já que a proporção diferencial entre não
brancos e brancos é inexpressiva.
Tabela 3. Distribuição do grau de escolaridade de acordo com os grupos. Rio de
Janeiro, HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
ESCOLARIDADE
GRUPO Analfab
eto
Fundamental
Completo
Fundamental
Incompleto
Médio
Completo
Médio Incompl
eto
Superior
Completo
Superior Incompl
eto
TOTAL
p
n %
n %
n %
n %
n %
n %
n %
n %
Intervenção
2 8
7 28 9 36 3 12
2 8 1 4
1 4 25 100 0,1
72 Controle
0 0
5 20 4 16 10 40
2 8 1 4
3 12
25 100
TOTAL 2 4
12 24 13 26 13 26
4 8 2 4
4 4 50 100
Apesar de não haver expressividade estatística-(p=0,172) relacionada a
variável escolaridade entre os grupos Intervenção e Controle, nota-se que no grupo
intervenção a porcentagem de clientes que possuem no máximo até o 1ºgrau
completo é superior ao grupo controle (72% vs 36%). Conseqüentemente visualiza-
se que no grupo controle existe 64% de clientes com escolaridade acima do 1º grau
e no grupo intervenção isto representa apenas 28%.
Assim, concorda-se com DeWalt et al (2006) que clientes com baixa
escolaridade, geralmente por não possuírem um conhecimento apurado a respeito
do seu processo de saúde/doença, são prejudicados. Eles não reconhecem muito
50
bem os sinais e sintomas que indicam uma leve ou até grave descompensação da
sua doença e o poder de solucioná-las torna-se limitado.
Gráfico 2. Distribuição por classe funcional (NYHA) segundo grupos. Rio de Janeiro,
HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
Não existe significância estatística devido a classe funcional de NYHA entre
os grupos controle e intervenção. Pode-se evidenciar com estes dados, que 90%
dos nossos clientes se encontravam em classe funcional 1 ou 2 da NYHA,
significando um alto controle dos mesmos sobre os sintomas da doença.
Gráfico 3. Distribuição do estado de união de acordo com os grupos. Rio de Janeiro,
HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
P= 0,103
P = 0,4622
CLASSE FUNCIONAL DA NYHA
0 50 100
CLASSE
FUNCIONAL 3 e 4
CLASSE
FUNCIONAL 1 e 2
ESTRUTURA FAMILIAR
66%
44%VIVEM COM
ALGUM FAMILIAR
VIVEM
SOZINHOS
51
Em relação ao estado de união, não houve diferença significativa entre os
elementos dos grupos (p=0,103). Contudo, ao visualizar os indivíduos que vivem
sozinhos, totalizamos 44% da amostra. Acredita-se que este dado pode prejudicar o
acompanhamento/gerenciamento do tratamento imposto pela doença, pois a família
além de ser um suporte, tem o papel fundamental na ajuda ao cliente para
compreender que a progressão, ou não, da doença é influenciada pela aderência ao
plano de tratamento. Além disso, a família está sempre ajudando ao cliente no
momento da piora ou descompensação de seu quadro clínico. “Socially supportive
relationships can mitigate depressive responses to illness, increase personal
efficacy, and personal resources for engaging in health-enhancing activities”.
(CLARK et al, 2006, p.77).
Tabela 4:. Distribuição da renda familiar de acordo co os grupos. Rio de
Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006
RENDA FAMILIAR
GRUPO menos de 2 salários mínimos
de 2 a 5 salários mínimos
de 5 a 8 salários mínimos
de 8 a 10 salários mínimos
mais de 10 salários mínimos
TOTAL
P
n % n % n % n % n % n %
Intervenção 7 28 14 56 1 4 2 8 1 4 25 100 0,037
Controle 2 8 12 48 7 28 4 16 25 100
TOTAL 9 18 26 52 8 16 6 12 1 2 50 100
Houve um maior número de sujeitos com menor renda familiar no grupo
intervenção comparado ao grupo controle (p=0,037). Isto pode ser um fator
prejudicial, pois foi evidenciado também no grupo intervenção a existência de um
maior percentual de sujeitos com baixa escolaridade e segundo, Clark, et al (2006),
52
DeWalt et al (2006), Martje et al (2006), Albert (2006), Kodiath, Kelly, Shively (2005),
a população, em geral de baixa renda, associada à baixa escolaridade, necessita de
suporte e ênfase na promoção da saúde e conseqüente entendimento sobre o que é
a mesma. Mas, acredita-se que estes fatores não fizeram diferença mediante ao
resultado final, já que o grupo intervenção foi beneficiado com os contatos
telefônicos semanais.
Tabela 5. Distribuição dos grupos segundo a idade média. Rio de
Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
IDADE Média Desvio Padrão p
Intervenção 61,52 12,437
0,76
Controle 60,46 11,695
A idade média encontrada no grupo Controle foi de 60,5 +_ 11,7 e no grupo
Intervenção a idade média foi 61,5 +_ 12,4 (p=0,76), tendo esta variável uma
diferença não significativa.
Como a insuficiência cardíaca (IC) é considerada uma doença crônica, sabe-
se que “o desenvolvimento dessas doenças ocupa papel central na meia idade. A
morbidade e mortalidade por doenças crônicas predominam em época mais tardia
(...)” (ROUQUAYROL, 2003, p.499). Portanto, confirmam-se os dados encontrados
nesta investigação.
53
Características da Amostra Populacional a respeito do conhecimento sobre
condutas terapêuticas na IC.
Nos últimos 25 anos, houve um progresso no conhecimento dos mecanismos
fisiopatológicos para desenvolvimento e progresso da síndrome da IC. Com base
nesses conhecimentos várias terapêuticas medicamentosas têm sido propostas e
testadas e com isso a sobrevida desses clientes aumentaram.
O conhecimento das medicações que fazem parte da terapêutica para os
sujeitos com IC, é de fundamental importância. Estas drogas, quando em excesso,
podem causar cardiotoxicidade, depleção de minerais importantes para o organismo,
hipotensão postural, hiperclicemia, hiperuricemia, erupções cutâneas, ginecomastia,
insuficiência renal, assim como náuseas, cefaléias, tonturas, taquicardia, anorexia e
distúrbios visuais (WOODS, FROELICHER e MOTZER, 2005). A falta delas, ou falha
na ingestão das mesmas, é a principal causa de descompensação dos indivíduos.
Entre os sujeitos deste estudo, apenas 36% responderam adequadamente sobre o
uso de medicações e seus efeitos no organismo, enquanto 50% desconheciam
nomes e efeitos, o que se considera grave. Estes dados encontram-se na tabela 5 e
gráfico 4.
Tabela 6. Distribuição do uso regular das medicações de acordo com os grupos. Rio
de Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
FAZ USO REGULAR DAS MEDICAÇÕES
GRUPO
Não Sim TOTAL p
n % n % n %
Intervenção 10 40 15 60 25 100 0,123
Controle 5 20 20 80 25 100
TOTAL 15 30 35 70 50 100
54
Gráfico 4. Distribuição dos grupos da pesquisa segundo o conhecimento as
medicações em uso. Rio de Janeiro, HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
P= 0,4898
Nos estudos de Bennet et al (1998), Evangelista, Berg e Darcup (2001) e NI
et al (1999), foi observada a baixa aderência à prática de exercícios físicos. A prática
de exercício físico deve ser sempre encorajada, salvo estágios graves da doença e
durante a descompensação quando o cliente se encontra em classe funcional III/IV
da NYHA.
After many years of restricting patients with heart failure from aerobic exercise, researchers demonstrated the safety of aerobic exercise training, which results in less fatigue, better conditioning, improved exercise duration, and improved general well-being. (CLARK et al, 2006, p.77)
Há aproximadamente 2 décadas, o exercício físico era considerado contra
indicação absoluta ao cliente com IC, porém já a partir do final dos anos 80 esta
atividade faz parte dos programas de reabilitação cardíaca, pois promove
adaptações hemodinâmicas e músculo-esqueléticas. Coforme se mostra na tabela 6,
60% dos nossos clientes praticam atividade física, considerando resultados já
mencionados, nos quais 90% desses clientes estavam em classe funcional 1ou 2.
CONHECIMENTO SOBRE AS
MEDICAÇÕES INGERIDAS
50%
36%
10%2%
2%
N ÃO SOUB E IN F OR M A R
SOUB E IN F OR M A R
SOUB E IN F OR M A R P OR ÉM D ESC ON H EC E OS EF EIT OS
SOUB E IN F OR M A R P A R C IA LM EN T E
SOUB E IN F OR M A R P OR ÉM C ON F UD E OS EF EIT OS
55
Portanto, deve-se encorajar uma parcela que ainda não possui o hábito da atividade
física.
Tabela 7. Distribuição da prática de atividade física de acordo com os grupos. Rio de
Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
Não houve diferença significativa entre os grupos.
Tabela 8. Distribuição da freqüência da realização de exercício físico de acordo com
os grupos. Rio de Janeiro, HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
FREQUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA
Grupo 3 vezes
por seman
a
não pratica
todos os dias
TOTAL
p
n %
n %
n %
n %
Controle 2 9,5
13 61,9
6 28,6
21 100
Intervenção
4 16,7
12 50 8 33,3
24 100
0,6717
TOTAL 6 13,3
25 55,6
14 31,1
45 100
PRATICA ATIVIDADE FÍSICA
Grupo Sim Não TOTAL P
n % n % n %
Controle
8 32
17 68
25 100
Intervenção
12 48 13 52 25 100 0,193423
TOTAL 20 40 30 60 50 100
56
Tabela 9. Distribuição do uso regular de hábitos etílicos de acordo com os grupos.
Rio de Janeiro, HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
ETILISTA
GRUPO Não Sim TOTAL p
N % n % n %
Intervenção 17 68 8 32 25 100 0,152
Controle 12 48 13 52 25 100
TOTAL 29 52 21 42 50 100
Não houve diferença significativa entre os grupos Intervenção e Controle,
porém observa-se ainda um alto consumo de álcool pelos clientes, 40% destes
dizem consumir mesmo que socialmente. O álcool por possuir propriedades
depressoras no miocárdio, além de aumentar a chance de ocorrência de arritmias
cardíacas, pode levar a grandes alterações nos balanço hídrico. Portanto o consumo
de álcool mesmo que socialmente é negado a estes clientes.
É representado nas tabelas 9, 10 e 11 que o perfil dietético dos clientes desta
pesquisa é inadequado, pois os sujeitos não controlam a sua ingestão de sódio e
líquidos. Em relação à dieta destes clientes, salientamos, principalmente, quanto à
restrição da ingestão de sódio: dois a três gramas por dia para os clientes com
disfunção leve a moderada, e menos de dois gramas para aqueles com disfunção
moderada à grave. (HEART FAILURE SOCIETY OF AMERICA, 2006). Nosso
estudo corrobora sobre a inadequação da ingestão de sódio pelos clientes com IC,
resultados similares foram encontrados nas pesquisas de Bennet et al (1998),
Evangelista, Berg e Darcup (2001) e Ni et al (1999).
Nos variados graus da síndrome, o nutricionista tem objetivo de recuperar o
estado nutricional e fornecer calorias e nutrientes necessários para boa evolução da
mesma. Os clientes com IC geralmente reclamam de muita sede, o que pode levá-
los a uma alta ingestão de líquidos, podendo diminuir assim a ação dos diuréticos
57
ingeridos. Este é mais um ponto de importância na orientação individual. Como
vivemos em um país com clima tropical, haverá épocas que estes clientes poderão
ingerir um pouco mais de líquído, porém sempre com supervisão e dependendo do
seu estado clínico.
Tabela 10. Distribuição da realização de dieta alimentar de acordo com os grupos.
Rio de Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
FAZ ALGUM TIPO DE DIETA?
Grupo
Não Sim, por conta
própria. Sim, segue orientação de
nutricionista. TOTAL p
n %
n % n % n %
Controle 11 44
12 48 2 8 25 100
Intervenção 4 16
19 76 2 8 25 100 0,088
TOTAL 15 30
31 62 4 8 50 100
Tabela 11. Distribuição da quantidade de sal utilizada na dieta diária de acordo com
os grupos. Rio de Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
QUANTAS COLHERES DE CAFÉ DE SAL UTILIZA EM SUA DIETA DIARIAMENTE?
Grupo
de 2 a 4.
de 4 a 6.
de 6 a 10.
Não contabiliza
o sal utilizado.
não faz restrição do uso de sal.
não soube
informar. TOTAL p
n %
n %
n %
n % n % n % n %
Controle 5
20 2 8
3 12
2 8 1 4 12 48 25
100
Intervenção 6
24 2 8
5 20
6 24 3 12 3 12 25
100 0,109
TOTAL 11 22
4 8
8 16
8 16 4 8 15 30 50
100
58
Tabela 12: Distribuição da quantidade de líquidos ingeridos por dia de acordo com
os grupos. Rio de Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
QUANTOS COPOS DE LÍQUIDO INGERE POR DIA?
Grupo
de 1 a 5
copos de
200ml
de 5 a 10
copos de
200ml
mais de 10 copos
de 200ml
não possui
controle sobre a ingesta hídrica
TOTAL p
n %
n %
n %
n %
n %
Controle 5 20
16 64
4 16
0 0 25
100
Intervenção 10 40
10 40
2 8
3 12 25
100 0,08
TOTAL 15 30
26 52
6 12
3 3 50
100
Como a IC em estágios avançados predispõe e pode ser exacerbada por
infecções do trato respiratório, é importante que todos os clientes vacinem-se contra
os vários tipos de vírus influenza todos os anos. Isto é um marcador de piora de
sintomas na IC e deve ser de fundamental importância na orientação desses
clientes. A vacina contra pneumococo também deve ser realizada de cinco em cinco
anos.
Gráfico 5. Distribuição da imunização contra gripe de acordo com os grupos. Rio de
Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
No grupo intervenção o número de sujeitos que não se vacinaram contra a
gripe foi superior ao grupo controle (p= 0,04)
VACINAÇÃO CONTRA GRIPE NO ANO
ANTERIOR
Não Vacinaram-se Vacinaram-se
42% 58%
59
Avaliação da qualidade de vida através do Minnesota living with heart failure®
questionnaire
Gráfico 6. Distribuição dos escores de Minnesota segundo o momento do estudo.
Rio de Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
Quando comparado ao score da consulta final, o score da primeira consulta
foi maior .(20,8 + - 18,1 vs 32, 9 +- 20,1 com p<0,001).
Quanto aos resultados obtidos pela aplicação do Minnesota living with heart
failure® questionnaire, foram mostradas as diferenças do escore mediante a
população (gráfico 6) aos grupos Controle e Intervenção (gráfico 7) Na população,
houve uma melhora dos escores variando de doze a dois pontos entre o início do
follow-up e o término. No grupo Controle, houve uma melhora variando de doze a
zero ponto e no grupo Intervenção de doze a quatro pontos. Observa-se que houve
melhora na qualidade de vida de todos os clientes não havendo diferença estatística
entre os grupos.
60
Nota-se, porém, que, ao visualizar o gráfico 6, variação dos escores do
questionário da segunda consulta (consulta final) do grupo Controle é muito próximo
a do grupo Intervenção na primeira consulta. Outro dado interessante, é que a
variação máxima do grupo Intervenção se distância muito mais entre as consultas,
que do grupo controle, assim como a variação máxima da segunda consulta no
grupo Intervenção é igual à média da primeira consulta, isto evidencia que, mesmo
sem diferença estatística significante, a probabilidade de ter havido melhora no
grupo intervenção é maior que no grupo controle. Pode-se, então, afirmar que os
contatos telefônicos semanais influenciam na melhora do cliente.
Gráfico 7.Distribuição dos escores de Minnesota segundo os grupos Intervenção e
Controle e o período do estudo. Rio de Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de
2006.
61
A consulta 2 representada no gráfico 7 refere-se a consulta final.
No grupo Intervenção, os percentuais melhoram com as consultas de enfermagem
baseadas na escuta sensível (29,4 +- 18,9 vs 17,7 +- 14,6 com p < 0,001), assim
como no grupo controle (36,4 +- 21,1 vs 24 +- 20.9 com p < 0,001)
Gráfico 8. Histograma dos escores de Minnesota segundo os grupos Intervenção e
Controle e o período do estudo
score
Percent of Total
0
10
20
30
0 20 40 60 80
Control Final
Interv Final
Control Inicial
0 20 40 60 80
0
10
20
30
Interv Inicial
62
Por meio do gráfico 8, pode-se observar que no grupo intervenção existe um maior
número de sujeitos que possuem escores menores na consulta final.
Foram achados diversos estudos (a maior parte, estudos norte-americanos)
que relatam melhora na qualidade de vida de clientes com IC, quando
acompanhados por enfermeiros ambulatorialmente. Tais estudos, em sua maioria,
utilizaram o Minnesota living with heart failure® questionnaire para medir se houve
melhora dos clientes após três meses, seis meses, ou doze meses comparando ao
início do acompanhamento de enfermagem.
DeWalt et al (2004) notou a melhora de nove pontos nos escores do
Minnesota living with heart failure® questionnaire em estudo a respeito do
desenvolvimento de um programa de autocuidado para clientes com IC de baixa
escolaridade, após três meses, assemelhando-se a este. Meyer e Laedarach-
Hofmann (2003) também afirmam ter havido melhora na qualidade de vida de
clientes com IC após doze semanas do início de um programa de reabilitação
realizado por enfermeiros. Em outro estudo realizado com 1132 clientes com IC
classe funcional III e IV da NYHA, foi mostrado que, depois de três e seis meses do
início de um tratamento intensivo realizado por enfermeiros, houve grande melhora
nos escores do Minnesota living with heart failure® questionnaire (RIEGEL et al,
2002).
Citamos outros autores que também descreveram melhora da qualidade de
vida em clientes com IC após intervenções/acompanhamentos de enfermagem:
DEWALT et al, 2006; KODIATH e SHIVELY, 2005; RABELO et al, 2005; SCOTT,
SETTER-KLINE e BRITTON, 2004; ARTINIAN et al, 2003; CHINAGLIA et al, 2003;
VAVOURANAKIS et al, 2003; CHINAGLIA et al, 2002; NI et al, 2000.
63
Relação entre queixas relatadas, diagnósticos de enfermagem e grupo de
intervenções de enfermagem encontradas.
Tabela 13: Distribuição das queixas dos sujeitos por domínio. Rio de
Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
QUEIXAS E DOMÍNIOS %
Domínio Físico
A)Desconfortos físicos em geral (falta de ar, fadiga, dor..) 23%
B) Desconfortos pela retenção hídrica 9%
C) Desconfortos neurológicos 13%
Total do domínio 45%
Domínio Psicológico
D)Presença de sentimentos emocionais diversos (medo,estresse, depressão,dependência)
22%
E)Dificuldade em seguir as orientações 12%
F)Dificuldade e/ ou medo de realizar atividades sexuais 2%
Total do domínio 26%
Domínio Social
G)Não saber muito bem a respeito de sua doença 9%
H)Dificuldade financeira 10%
Total do domínio 19%
Total
100%
As tabelas 13 e 14 ilustram as queixas dos clientes e os diagnósticos de
enfermagem encontrados durante as consultas realizadas. Observa-se que os
percentuais entre as categorias estabelecidas nas tabelas foram muito próximos,
evidenciando que a escuta sensível foi o método imprescindível para obtenção de
melhores resultados. Ainda é possível dizer que os sintomas de origem
fisiopatológicos predominam e não sabemos se estes poderão diminuir já que a
doença é progressiva e ainda não há perspectiva de cura. Podemos afirmar que o
trabalho de enfermagem pode ser promissor já que dentre os diagnósticos
64
identificados, os de domínio físico representam cerca de 50% do total e podem ser
totalmente modificáveis considerando que a nossa população em 90% encontrava-
se em classe funcional 1 ou 2 da NYHA.
Tabela 14 : Distribuição dos diagnósticos de enfermagem encontrados por domínios.
Rio de Janeiro,HUPE/UERJ-CIC, dezembro de 2006.
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM E DOMÍNIOS %
Físico
1) Pressão sanguínea elevada 7%
2) Edema de MMII/ Retenção hídrica 5%
3) Fadiga persistente 5%
4) Sintomas físicos prejudiciais diversos 27%
5)Dispnéia muito frequente 3%
6) Diabetes Mellitus descompensada 2%
Total do domínio 49%
Psicológico
7) Presença de distúrbios emocionais diversos 14%
8) Adesão ao tratamento prejudicada 4%
9) Atividades sexuais prejudicadas 3%
10) Medo da morte intermitente 2%
Total do domínio 23%
Social
11) Falta de conhecimento sobre a doença 13%
12) Atividade de lazer diminuída 7%
13) Condições econômicas precárias 5%
14) Atividade de lazer contínua 3%
Total do domínio 28%
Total
100%
Através da análise de correspondência realizada e exemplificada na figura 3
vê-se com mais clareza como as queixas, diagnósticos e intervenções se entrelaçam
e respondem como é possível evidenciar quais são os problemas de origem coletiva
e individual.
65
Relata-se a impossibilidade de visualizar neste capítulo a tabela com os
grupos de intervenções de enfermagem e respectivas intervenções realizadas, a
qual encontra-se no apêndice A.
Gráfico 9. Visualização das queixas, diagnósticos de enfermagem e grupo de
intervenções de enfermagem dos clientes com IC, por intermédio do gráfico gerado
pela análise de correspondência entre X e Y.
-0.03 -0.02 -0.01 0.00 0.01 0.02 0.03
-0.0
4-0
.03
-0.0
2-0
.01
0.0
00
.01
0.0
2
A
B
C
D
E
F
G
H
1
2
3
45
6
7
8
9
10
11
121314
18
Angina
Cidadania
Cogn
DM
Edema
EduHab Vida
PiscoE
Rel Sex
Sono
A coordenada X corresponde a linha horizontal inferior e é denominada eixo
66
individual – coletivo e a coordenada Y corresponde a linha vertical à direita e é
denominada eixo emocional – físico.
Coordenadas exatas da figura 3:
X Y
Queixa A Desconfortos físicos em geral -0.010405810 0.0091033152
Queixa B ,Desconfortos por retenção hídrica -0.008978151 0.0225742263
Queixa C Desconfortos neurológicos -0.010681920 0.0120768446
Queixa D Presença de sentimentos
emocionais diversos -0.016166576 -0.0159399668
Queixa E Dificuldade em seguir as
orientações -0.010966067 -0.0013102959
Queixa F Dificuldade e/ou medo de realizar
ativ.sexuais -0.023850871 -0.0391904848
Queixa G Não saber muito bem a respeito
de sua doença -0.006293422 0.0044963423
Queixa H Dificuldade financeira 0.019415006 -0.0035559672
Diagnóstico 1 Pressão sanguínea elevada -0.004327031 0.0023693832
Diagnóstico 2 Edema de MMII/retenção hídrica -0.007619769 0.0199296474
Diagnóstico 3 Fadiga persistente -0.009873365 0.0098610351
Diagnóstico 4 Sintomas físicos prejudiciais
diversos -0.007455585 0.0074220840
Diagnóstico 5 Dispnéia muito freqüente -0.008967945 0.0065551372
Diagnóstico 6 DM descompensada -0.008104326 0.0004742408
Diagnóstico 7 Presença de distúrbios
emocionais diversos -0.017878230 -0.0239741626
Diagnóstico 8 Adesão ao tto. Prejudicada -0.014168003 -0.0087779382
Diagnóstico 9 Atividades sexuais prejudicadas -0.005970735 0.0006992614
67
Diagnóstico 10 Medo da morte intermitente -0.013750451 -0.0133779751
Diagnóstico 11 Falta de conhecimento sobre a
doença 0.016558748 -0.0028355972
Diagnóstico 12 Atividade de lazer diminuída -0.006268692 0.0039670961
Diagnóstico 13 Condições econômicas precárias -0.004462912 0.0027457182
Diagnóstico 14 Atividade de lazer contínua -0.004112068 0.0024086815
Intervenções dor Angina -0.010566082 0.0110915908
Intervenções Cidadania 0.018295339 -0.0032475750
Intervenções Cognitivo -0.008790934 0.0105143519
Intervenções Diabetes Mellitus -0.008390041 -0.0001017860
Intervenções Edema -0.007842252 0.0222768907
Intervenções Educação -0.006688856 0.0033943016
Intervenções Hábitos de vida -0.005938492 0.0032932836
Intervenções Psico emocional -0.013201283 -0.0117934549
Intervenções Relação sexual -0.021923924 -0.0368572820
Intervenções Sono saudável -0.009800949 0.0102587246
Por meio da análise de correspondência realizada entre as queixas relatadas,
diagnósticos de enfermagem formulados e intervenções de enfermagem realizadas,
visualizamos através da figura 3 correlações muito interessantes ocorridas na
população do estudo.
Tracejando uma linha pontilhada pelos eixos que correspondem ao valor, zero
tanto na horizontal(X) quanto na vertical (Y) da figura, apresenta-se que:
68
- coordenadas positivas em X e negativas em Y correspondem ao
coletivo emocional, neste quadrante foi evidenciado que a população em sua
coletividade foi configurada pela queixa dificuldade financeira (H) e diagnóstico falta
de conhecimento sobre a doença (11), demonstrando que intervenções para
exercício da cidadania são especialmente eficazes neste aspecto.
- coordenadas negativas em X e negativas em Y correspondem ao
individual emocional.
As queixas e os diagnósticos deste quadrante foram as de domínio
psicológico, as intervenções dominantes são as psico-emocionais e associadas ao
relacionamento sexual.
- coordenadas positivas em Y e negativas em X correspondem ao
individual físico,
Neste aspecto, é importante frisar a posição das intervenções para controle
da diabetes mellitus e o diagnóstico de atividades sexuais prejudicadas (9). Em
ambos os casos, encontram-se na fronteira entre o emocional e o físico. Isto enfatiza
que a diabetes tem repercussões importantes nestas duas áreas e que os clientes
interpretam de forma diferente a atividade sexual do relacionamento sexual. Neste
contexto queremos dizer que o cliente sabe diferenciar o relacionamento sexual
(amoroso) do ato de fazer sexo com outro sujeito.
Chamamos de conglomerado cada conjunto de dados estatísticos
apresentados na figura 3. No conglomerado afastado ao alto do quadrante,
observamos a queixa desconfortos pela retenção hídrica (B), o diagnóstico edema
de membros inferiores (2) e intervenções sobre edema. Acredita-se que este se
encontre separado dos demais por representar algo visível de avaliação durante a
realização da consulta.
69
No conglomerado abaixo encontram-se os grupos de intervenções sobre dor
anginosa, sono saudável e cognitivo, junto a estes encontra-se as queixas
desconfortos neurológicos (C) e desconfortos físicos em geral (A) e também o
diagnóstico fadiga persistente (3). Isso demonstra que os desconfortos físicos, por
exemplo, a dor e a falta de ar tem relação direta como diagnóstico fadiga persistente
e este conjunto pode gerar a queixa de desconfortos neurológicos, necessitando de
intervenções tanto para o controle da dor como para o sono e para o cognitivo. O
diagnóstico sintomas físicos prejudiciais diversos (4) tem proximidade com este
núcleo e também determina estas intervenções e o diagnóstico dispnéia muito
freqüente (5) tem relação, porém, em menor intensidade.
O conglomerado mais inferior deste quadrante mostra os grupos de
intervenções para educação e para mudança de hábitos de vida no mesmo plano.
Relacionados a eles encontram-se os diagnósticos pressão sanguínea elevada (1),
atividade de lazer diminuída (12), condições econômicas precárias (13), atividade de
lazer contínua (14) e o diagnóstico atividade sexual prejudicada e a queixa não
saber muito a respeito da doença (G). Isto diz que a associação entre estes é forte e
que os grupos de intervenções podem solucioná-los. Porém chama atenção que o
diagnóstico atividade sexual prejudicada será contemplado pelos grupos educação e
hábitos de vida, pois aqui refere-se a contemplar melhora no ato de fazer.
- coordenadas positivas em Y e positivas em X correspondem ao
coletivo físico, no quadrante representado por estas coordenadas não apareceu
nenhum tipo de queixa, diagnóstico ou grupo de intervenção, caracterizando que
não houve problemas físicos representados na coletividade da população estudada.
70
Conclusões
Nos países desenvolvidos, os estudos sobre qualidade de vida com sujeitos
sadios, doentes ou em algum tipo de tratamento específico, já vêm ocorrendo há,
mais ou menos, vinte anos. No caso desta pesquisa, que engloba clientes com
Insuficiência Cardíaca (IC) em tratamento ambulatorial, observou-se que trabalhos a
respeito da Qualidade de Vida (QV), a maioria realizados pela enfermagem,
principalmente, a norte-americana, começaram a emergir há, aproximadamente, dez
anos.
Constatamos, durante a pesquisa, que este parece ser o primeiro estudo da
enfermagem brasileira a respeito da qualidade de vida de clientes com IC em
tratamento ambulatorial. Além disso, foi avaliada a QV antes e após o
acompanhamento de enfermagem através da consulta de enfermagem, orientada
pela escuta sensível teorizada por Barbier (2002), demonstrando-se, a influência
significativa estatísticamente deste trabalho junto aos clientes com IC.
Portanto, conclui-se a validade do cuidar em saúde e enfermagem
implementado metodológica e tecnologicamente segundo apropriação de uma teoria
que privilegia a integralidade do cliente para propor intervenções terapêuticas de
acordo com os diagnósticos identificados nos clientes, considerando sobretudo suas
necessidades de cuidados. A partir deste contexto, evidencia-se a importância desta
investigação frente a comunidade científica e a influência que este poderá ter em
outras pesquisas que surgirão na área de saúde e enfermagem.
Apesar de se admitir as limitações existentes, principalmente em relação ao
tamanho da amostra, salienta-se a importância dos dados epidemiológicos relativos
71
ao perfil sóciodemográfico e institucional de saúde dos sujeitos do estudo. Isto
porque foi encontrada, nesta pesquisa, uma amostra de clientes com IC na qual o
sexo masculino prevalecia com 60% dos clientes com idade média de 61 anos e
sem diferença significativa em relação a sua cor (46% de brancos e 54% de não
brancos).
Em relação à escolaridade, 54% tinham, no máximo, ensino fundamental
completo. O poder de compra destes clientes também era reduzido: 52% possuíam
renda mensal de dois a cinco salários mínimos e 18% possuíam renda menor que
dois salários mínimos. 56% dos clientes relataram ter companheiros, enquanto 44%
viviam sozinhos.
Foi encontrada uma grande deficiência em relação ao conhecimento sobre
hábitos que interferiam na doença dos sujeitos do estudo. Apenas 36% soube
informar os nomes das medicações utilizadas e para que servia cada uma delas.
60% dos sujeitos não praticavam atividade física, 92% não realizavam dieta ou a
faziam por conta própria, 70% não tinham controle sobre o sódio ingerido
diariamente e 58% não foram vacinarados contra a gripe no ano anterior.
Acredita-se que consulta de enfermagem baseada na escuta sensível de
Barbier foi um elemento diferencial para obtenção dos resultados sobre a qualidade
de vida. Evidenciou-se melhora de ambos os grupos estudados, sendo que no grupo
intervenção foi adicionado a instituição de ligações telefônicas semanais também
baseadas na escuta sensível e o que se percebeu foi que neste grupo houve um
maior número de sujeitos com queda nos escores do Minnesota living with heart
failure® questionnaire. Ressalte-se que as referências teóricas utilizadas nesta
dissertação utilizaram o contato telefônico e o descreveram como um marco na
72
qualidade de vida de clientes com IC. Porém, diante dos resultados obtidos, pode-se
afirmar que a escuta sensível se mostrou eficaz.
Foi possível verificar que o Minnesota living with heart failure® questionnaire,
um instrumento destinado a clientes com IC, atende às questões relacionadas a esta
doença de forma abrangente. Salientamos para a necessidade de uma tradução do
instrumento abrangendo modificações culturais, pois, notaram-se algumas
dificuldades de entendimento dos verbetes pelos clientes.
Por fim, a análise de correspondência contemplou a avaliação dos efeitos das
intervenções de enfermagem sobre as queixas e diagnósticos encontrados. Ela
também se mostrou adequada para identificação de três perfis de intervenções de
enfermagem: a individual física, a individual emocional e a coletiva emocional na
amostra do estudo. Portanto, evidenciou-se que as intervenções ocorreram de
acordo com os problemas levantados, o que contribuiu para qualidade de vida dos
clientes da Clínica de Insuficiência Cardíaca do Hospital Universitário Pedro Ernesto
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ).
Assim, acredita-se que este estudo pode contribuir para que outros sejam
desenvolvidos, especificamente, sobre a influência do trabalho de enfermagem na
QV dos clientes, algo ainda pouco estudado, mas de grande interesse para nossa
profissão. Sugere-se ainda, no campo da pesquisa, a institucionalização da consulta
de enfermagem, uma vez que ela se mostrou eficaz no acompanhamento do cliente,
sendo fundamental o treinamento dos enfermeiros para aplicar a escuta sensível no
atendimento ao cliente.
73
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79
APÊNDICE A GRUPOS DE INTERVENÇÕES REALIZADAS
Intervenções educacionais
1) Educar cliente sobre sua doença
2) Educar cliente sobre o efeito de cada medicação
3) Educar sobre a importância do uso contínuo de suas medicações
4) Educar sobre a importância da adesão ao tratamento para evitar descompensações
5) Educar sobre a importância da restrição hídrica no seu dia a dia
6) Discutir com cliente sobre ingesta nutricional hipossódica e hipocalórica
7) Informar sobre a quantidade de sódio permitida em sua dieta diária.
36) Reforçar a importância da realização de dieta hipossódica e hipocalórica
37) Reforçar a importância de excluir de sua dieta os produtos enlatados, embutidos e em conserva
38) Reforçar a quantidade de sódio permitida em sua dieta diária.
39) Recomendar adição de fibras e alimentos emolientes em sua dieta diáriamente.
40) Recomendar caminhadas para estimular peristalse.
41) Recomendar a redução de alimentos que favorecem a produção de fecalomas.
45) Ensinar ao cliente sobre os riscos que corre ao realizar a aouto medicação ou troca de dosagens
46) Reforçar a importãncia de seguir ingesta nutricional equivalente às necessidades do seu corpo.
47) Informar ao cliente que o ideal ao seu tratamento é a ausência total de consumo alcoólico
48) Recomendar que tome todos os seus medicamentos mesmo que queira ingerir bebida alcoólica.
49) Aconselhar que ao beber o faça com bastante moderação
50) Ensinar ao cliente sobre os riscos que corre ao realizar ingesta de bebidas alcoólicas.
51) Recomendar que faça acompanhamento clínico com endocrinologista regularmente.
55) Aconselhar que faça consulta anual com oftamologista para investigar retinopatias ou catarata.
80
59) Recomendar o uso de produtos hidratantes dermatológicos para hidratar a pele.
60) Ensinar a utilizar os produtos hidratantes aplicando-os em movimentos circulares sobre a pele.
62) Intensificar a importância de seguir a dieta hipossódica e hipocalórica corretamente
66) Informar sobre a importância de manter imunização contra gripe (e/ou contra pneumonia)em dia
67) Discutir sobre aceitação do cliente à terapia medicamentosa
75) Identificar fatores que desencadeiam a falta de adesão total ao tratamento
76) Reforçar sobre os riscos de agravos à saúde devido a não adesão ao tratamento.
98) Reforçar com cliente a necessidade de manter total adesão ao tratamento para evitar agravos.
99) Informar ao cliente que com os agravos ele deverá ficar internado ou impossibilitado de laborar.
115) Esclarecer todas as dúvidas que o paciente tenha sobre a sua doença.
Intervenções de mudança de hábitos de vida
8) Identificar os fatores facilitadores de aumento da PA na rotina do cliente.
9) Solicitar a verificação da PA ao menos uma vez por semana.
14) Limitar a ingesta hídrica do cliente a 1 litro por dia.
15) Instruir paciente sobre a importância de ingerir os alimentos permitidos em horários adequados
16) Reforçar a importância da atividade física em seu tratamento
17) Intensificar a importância d atividade física em seu tratamento.
18) Solicitar aumento gradual das atividades físicas
31) Limitar a realização de grandes esforços físicos
32) Informar ao cliente da real necessidade de redução do peso corporal
33) Recomendar ao cliente que procure realizar uma dieta hipocalórica
34) Informar ao cliente sobre os riscos de agravos à saúde devido ao peso corporal elevado
35) Solicitar ao cliente que continue realizando monitoramento da redução de peso corporal
81
36) Reforçar a importância da realização de dieta hipossódica e hipocalórica
42)Recomendar o uso de meias elásticas compressivas durante o dia
43)Recomendar elevação de MMII durante o dia para favorecer melhora da circulação sanguínea.
61) Recomendar a realização de caminhadas 3x/ semana dirante 50 minutos aproximadamente
71) Reforçar a importãncia de realizar atividades de lazer
72) Intensificar a importância de realizar atividades de lazer
73) Recomendar atividades de lazer de baixo custo financeiro, sozinho ou em família
74) Elogiar cliente por realizar suas atividades físicas participando do seu tratamento.
82) Elogiar paciente por ter conseguido redução do seu peso corporal.
83) Motivar cliente a manter a auto estima elevada.
84) Intensificar a sensação de auto estima do cliente elogiando suas atitudes positivas no tratamento
86) Elogiar paciente por modificar seus hábitos de vida para participar ativamente de seu tratamento.
101) Recomendar maior interação social.
116)Recomendar maior interação social.
113) Recomendar atividades de lazer de baixo custo financeiro, sozinho ou em família
117) Limitar ingesta nutricional de acordo com suas necessidades e possibilidades financeiras.
118) Recomendar cliente a participar de grupos de melhor idade para fazer novas amizades.
119) Reforçar a importância de termos convívio social.
Intervenções para sono saudável
10) Ventilar o ambiente reservado ao sono e repouso.
11) Recomendar ingesta de chás calmantes antes de dormir
12) Recomendar cliente a não realizar etapas de sono durante o dia
13)Recomendar que cliente realize as eliminações vesicais antes de deitar-se.
82
29) Recomendar etapas de repouso e descanso durante o dia, conforme necessário.
30) Recomendar a realização das atividades diárias com mais tranquilidade e lentidão.
68) Aconselhar cliente a manter ambiente calmo e silencioso
69) Aconselhar paciente a manter ambiente pouco iluminado.
Intervenções para melhorar o cognitivo
19)Motivar cliente sobre hábitos de leituras e / ou palavras cruzadas diariamente.
20) Motivar realização de jogos interativos que exijam memória, estratégia e raciocínio
21) Recomendar que utilize a mão oposta a das aividades habituais para forçar a concentração
22) Identificar o grau de redução da capacidade de memória e concentração
Intervenções para controle de edema
23) Conferir a presença de edemas em MMII (teste Cacifo)
24) Avaliar a extensão do edema / retenção hídrica
25) Pesar cliente para mensurar a quantidade de retenção h[ídrica
26)Recomendar a elevação de MMII sempre que necessário.
27)Ensinar como deve ser feita a elevação dos MMII
28) Solicitar pesagem diária e registro para auto-monitoramento da retenção hídrica
Intervenções para melhorar relações sexuais
44) Informar ao cliente sobre a quantidade de esforço cardíaco necessário para realizar atos sexuais.
93) Avaliar o significado da dificuldade de realizar atividades sexuais
95) Informar ao cliente sobre a quantidade de esforço cardíaco necessário para realizar atos sexuais.
96) Motivar paciente a manter relacionamentos afetivos satisfatórios (estimular namoro e afeto)
83
97) Reforçar importância de manter relacionamentos afetivos satisfatórios com seu(sua) companhia.
Intervenções para Diabetes Mellitus
51) Recomendar que verifique sua glicemia capilar todos os dias (insulinodependente)
52) Ensinar cliente a realizar o rodízio nos sítios de aplicação da insulina
53) Ensinar que a agulha deve alcançar o tecido adiposo, caso contrário perde sua eficácia.
54) Ensinar ao cliente sobre os rigorosos cuidados com os pés.
56) Recomendar que carregue sempre consigo algo que possa comer se houver crise hipoglicêmica
57) Ensinar sobre os tipos de alimentos ricos em açúcares.
58) Reforçar sobre os horários de aplicação da insulina.
Intervenções para controle da dor anginosa
63) Investigar quais são as características da dor
64) Investigar se a dor ocorre em repouso ou aos esforços físicos
65) Solicitar que relate a dor ao seu cardiologista
Intervenções para psico-emocional
77) Aconselhar que procure manter a calma e respirar com tranquilidade
78) Observar sinais de depressão nas falas e expressões corporais do paciente
79) Apoiar emocionalmente o paciente em suas angústias e aflições.
80) Criar vínculo de confiança junto ao paciente
81) Confortar cliente em suas angústias.
84) Intensificar a sensação de auto estima do cliente elogiando suas atitudes positivas no tratamento
87) Recomendar a ingesta de chás calmantes durante o dia para amenizar o seu nervosismo excesivo.
84
88) Aconselhar que respire profundamente e pausadamente nos momentos de estresse / /nervosismo
90) Solicitar ao cliente que relate a frequência destes episódios de estresse e seus sintomas.
91) Aconselhar paciente a buscar auxílio em técnicas de relaxamento corporal.
92) Recomendar a realização de musicoterapia ou,aromoterapia para buscar relaxamento mental
94) Apoiar emocionalmente o cliente na busca de minimizar falhas emocionais.
102) Discutir com cliente que o(a) mesmo(a) é peça chave para o bom resultado de seu tratamento.
104) Apoiar emocionalmente a paciente devido ao medo que tem de ter acuidade visual reduzida.
105) Discutir com cliente como ele percebe a "inversão de papéis" com os filhos.
106) Localizar os aspectos causadores do conflito do papel parental na fala da cliente.
107) Discutir com cliente a importância que há na participação dos familiares em seu tratamento.
108) Induzir a paciente a refletir sobre o amor e carinho que os filhos demosntram ao cuidarem da mãe
114) Discutir com equipe sobre o encaminhamento do cliente para o serviço de psicologia médica
Intervenções para cidadania
109) Aconselhar cliente a procurar pela defensoria pública pra silocitar o ganho de suas medicações
110) Aconselhar cliente a se cadastrar em uma UBS para receber algumas medicações.
111) Aconselhar cliente a comprar suas medicações em farmácias populares
112) Fornecer medicação disponível no momento ao cliente.
85
APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO PRÉVIO LIVRE E ESCLARECIDO
Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico
Faculdade de Enfermagem Coordenação de Ensino de Pós-graduação
Programa de Mestrado em Enfermagem
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
QUALIDADE DE VIDA DE CLIENTES COM INSUFICÊNCIA CARDÍACA – O CUIDAR ATRAVÉS DA
ESCUTA TERAPÊUTICA NA CONSULTA DE ENFERMAGEM.
I - DESCRIÇÃO GERAL – INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO
O (a) senhor (a) está sendo convidado (a) a participar de um projeto de pesquisa
sobre qualidade vida de pessoas com insuficiência cardíaca. Será estudado se o
fato de ser atendido por enfermeiros durante o seu tratamento, contribui para sua
qualidade de vida.
Os pacientes que não estão utilizando a consulta de enfermagem como parte do seu
tratamento, passarão a tê-la. Haverá um grupo de pacientes-controle, que tem
insuficiência cardíaca e realizarão a consulta de enfermagem mensalmente.
Antes de assinar o consentimento para a participação, por favor, leia (escute) com
atenção as seguintes informações e tire qualquer dúvida com a enfermeira ou a
equipe multidisciplinar que lhe apresentou o estudo.
O (a) senhor (a) tem insuficiência cardíaca, esta condição clínica é crônica, e
necessita de acompanhamento rigoroso por uma equipe multiprofissional. Vários
estudos demonstram que os pacientes com esta doença quando são acompanhados
de forma regular pelo serviço de enfermagem possuem qualidade de vida. Isto
acontece porque há melhor entendimento sobre o seu tratamento e o seu problema
de saúde.
Cerca de 100 pacientes irão participar do estudo. Serão realizados contatos
telefônicos, e consultas periódicas, conforme a rotina habitual do ambulatório de
insuficiência cardíaca.
Os pacientes, com insuficiência cardíaca, que participarão do estudo, continuarão a
seguir as recomendações do médico.
Todas as consultas de enfermagem realizadas serão registradas em um banco de
dados.
86
Na avaliação mensal, além da consulta de enfermagem assistencial, forneceremos
um questionário de qualidade de vida (MINNESOTA LIVING WITH HEART
FAILURE QUESTIONNAIRE) no momento da sua entrada no estudo e após o 1º e
o 3º mês.
II - RISCOS E DESCONFORTOS
Este estudo não oferece quaisquer riscos ao paciente ou dificuldades adicionais ao
seu tratamento.
III - BENEFÍCIOS DA PESQUISA
Não há benefício inicial para os pacientes deste estudo. Entretanto, aquele que
participar contribuirá para melhorar o conhecimento sobre o acompanhamento de
enfermagem dos pacientes portadores de insuficiência cardíaca e, eventualmente,
se beneficiar no futuro com estes conhecimentos.
IV - CONFIDENCIALIDADE
Qualquer informação relacionada a esse projeto com respeito ao (a) senhor (a), tais
como, identificação, exame físico, resultados das ações implementadas, serão
mantidos em sigilo e apenas as pessoas envolvidas neste estudo, a sua enfermeira
e o seu médico terão acesso a estes dados.
V - VOLUNTARIEDADE
Você tem o direito de não participar deste estudo ou de se retirar do estudo a
qualquer momento.Sua não participação não prejudicará o seu atendimento e o
tratamento de sua doença neste hospital, em qualquer momento.
87
VI - RESSARCIMENTO, INDENIZAÇÃO OU COMPENSAÇÔES POR EVENTUAIS
DANOS DECORRENTES DA PESQUISA.
Pelas características desta pesquisa, não há ressarcimento, indenização ou
compensações previstas por eventuais danos, já que não haverá nenhuma alteração
na conduta terapêutica médica já instituída pelo seu médico assistente. Por isto, não
haverá risco adicional além daquele naturalmente decorrente de sua doença.
VII - CONTATO COM O PESQUISADOR
A pesquisadora principal, Enfermeira Liana Amorim Corrêa, estará disponível para
esclarecer suas dúvidas sobre a pesquisa no telefone 2587-6852/2587-6539. .
Eu tirei todas as dúvidas que tinha a respeito deste projeto de pesquisa.
Eu li e entendi o que está escrito neste formulário.
Eu aceito participar deste projeto.
___________________________ ____________ Assinatura do paciente Data ___________________________ ____________ Assinatura do investigador Data Eu expliquei o objetivo do projeto________________________________________ e ele (a) assinou esse consentimento na minha presença. ____________________________ ____________ Assinatura Data
88
APÊNDICE C – INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS. (Formulário para consulta de enfermagem)
Código do cliente/ data de entrada no estudo: Iniciais: Nº de registro no HUPE:
Telefones para contato:
Parte I - Identificação 1) Sexo: 2) Etnia: Branca ( ) Negra ( ) Indígena ( ) Amarela ( ) Outros – especificar. ( ) Masculino ( ) Feminino 2) Faixa etária: ( ) menor que 30 anos ( ) de 31 a 40 anos ( ) de 41 a 50 anos ( ) de 51 a 60 anos ( ) de 61 a 70 anos ( ) de 71 a 80 anos ( ) maior que 80 anos 3) Escolaridade: ( ) analfabeto ( ) primeiro grau incompleto ( ) primeiro grau completo ( ) segundo grau incompleto ( ) segundo grau completo ( ) superior incompleto ( ) superior completo ( ) pós-graduação 4) Crença religiosa: Sim ( ) Não ( ) Qual? Praticante: Sim ( ) Não ( )
89
5) Profissão e/ou atividade ocupacional:_________________________________
6) Realiza alguma atividade de lazer? Sim ( ) Não ( ) Qual e com que freqüência?
7) Estado conjungal: solteiro ( ) unida (união consensual ou casado) ( ) não unida ( ) ignorado 8) Classificação Econômica:
SISTEMA DE PONTOS
Posse de itens
90
Grau de Instrução do chefe de família
CORTES DO CRITÉRIO BRASIL
9) Renda familiar:
( ) Menos de 2 salários mínimos; ( ) de 2 a 5 salários mínimos; ( ) de 5 a 8 salários mínimos; ( ) de 8 à 10 salários mínimos, ou ( ) Mais de 10 salários mínimos.
91
Vc é o provedor principal da família? Sim ( ) Não ( ) Contribui para renda famíliar? Sim ( ) Não ( ) A renda familiar se destina a quantas pessoas? Especifique
10) Diagnóstico médico: (Doenças prévias e atuais)
11) Tempo de descoberta da doença (IC):
12) Terapêutica médica prescrita:
13) Faz uso regular dessas medicações? Sim ( ) Não ( ) Caso não, diga quais e por que motivos? Como consegue suas medicações? Compro na farmácia ( ) Ganho no posto de saúde ( ) Compro alguns e ganho outros no posto ( ) Ganho amostra grátis do hospital, de amigos, de vizinhos... ( ) Farmácia de manipulação ( )
92
Vc sabe dizer os nomes da medicações que vc usa e para que servem? 14) Faz algum tipo de dieta por conta própia, ou segue orientação dietética prescrita por nutricionista? Se sim, qual? Quanto de sal usa diariamente na sua dieta (quantas colheres de café)? Quantos copos de água vc bebe por dia? 15) Vc se cuida sozinho ou precisa de ajuda? 16) Pratica algum exercício físico? Se sim, qual e com regularidade?
93
17) Vc tomou a vacina da gripe no ano que passou? Sim ( ) Não ( ) Porquê? 18) Apresentou algum desses sintomas: inchaço nas pernas; inchaço na barriga; veia do pescoço dilatada; falta de ar aos médios e pequenos esforços; necessidade de dormir com mais de um travesseiro? Sim ( ) Não ( ) 19) Vc sabe o que fazer ou a quem chamar caso vc piore? Sim ( ) Não ( ) Quem? 20) Alguém já te explicou alguma coisa sobre a sua doença? Se sim, quem? 21) Vc fuma? Sim ( ) Não ( ) Vc já fumou? Sim ( ) Não ( ) Quanto tempo? 22)Vc ingere bebida alcoólica? Sim ( ) Não ( ) Se sim, com que freqüência? 23) Classe funcional / estagio da IC:
94
Data Queixas do Cliente. Diagnósticos de Enfermagem Intervenções de Enfermagem Evolução/Resultado
95
APÊNDICE D Planilha das consultas de enfermagem da pesquisa de mestrado da Enfermeira Liana Amorim Corrêa
INICIAIS Randomização 1ª consulta 2ª Consulta 3ª Consulta 4ª Consulta
Teste Controle Nº de rand Data Hora Data Hora Data Hora
1. J - L 10/4/2006 5/6/2006 08:00 10/7/2006 08:00 X 17
2. JPF 8/5/2006 5/6/2006 08:00 11/8/2006 08:00 X 41
3. MSS 28/4/2005 2/6/2006 08:00 27/7/2006 08:00 X 34
4. MHL 5/4/2006 8/5/2006 08:00 14/6/2006 08:00 19/7/2006 08;00 X 33
5. MPP 6/4/2006 10/5/2006 08:00 28/6/2006 08:00 20/7/2006 08:00 X 9
6. M-S 26/4/2006 26/5/2005 08:00 5/7/2006 08:00 4/8/2006 08:00 X 30
7. MFC 6/4/2006 24/4/2006 09:00 12/6/2006 08:00 9/8/2006 08:00 X 13
8. MPN 3/4/2006 8/5/2006 08:00 28/6/2006 08:00 13/7/2006 08:00 X 14
9. MNR
10. CAD 3/4/2006 12/5/2006 08:00 9/6/2006 10:00 10/7/2006 08:00 X 7
11. CDC 3/4/2006 26/5/2006 08:00 26/6/2006 08:00 25/7/2006 08:00 X 8
12. VLS 9/5/2006 6/6/2006 08:00 26/6/2006 08:00 25/7/2006 08:00 X 39
13. SPB 17/4/2006 18/5/2006 13:00 27/6/2006 08:00 25/7/2006 08:00 X 24
14. SLM 31/3/2006 8/5/2006 10:00 9/6/2006 08:00 25/7/2006 08:00 X 6
15. RCR 10/4/2006 10/5/2006 08:00 6/7/2006 08:00 X 18
16. POC 20/4/2006 22/5/2006 08:00 11/7/2006 08:00 X 27
17. RBD 5/4/2006 18/7/2006 08:00 X 10
18. RCL 5/4/2006 5/5/2006 08:00 ÓBITO 25/mai X 11
19. FOM 20/3/2006 19/4/2006 08:00 22/5/2006 08:00 20/6/2006 08:00 X 4
20. N-R 5/4/2006 8/5/2006 08:00 8/6/2006 09:00 2/8/2006 08:00 X 12
21. ICS 2/5/2005 30/5/2006 13:00 26/6/2006 08:00 25/7/2006 13:00 X 40
22. IRP 7/4/2006 17/5/2006 08:00 13/6/2006 08:00 21/7/2006 08:00 X 16
23. LGT 7/4/2006 12/5/2006 13:00 21/6/2006 08:00 19/7/2006 08:00 X 15
24. FON 12/5/2006 17/7/2006 08:00 9/8/2006 08:00 X 45
25. L-O 17/4/2006 17/5/2006 08:30 21/6/2006 08:00 19/7/2006 08:00 X 25
26. LGM 4/5/2006 1/6/2006 07:30 2/8/2006 10:00 X 36
27. HMC 28/4/2006 26/5/2006 08:00 23/6/2006 08:00 4/8/2006 10:00 X 32
28. ANA 12/4/2006 8/5/2006 08:00 9/6/2006 08:00 10/7/2006 08:00 X 22
29. MGS 10/5/2006 22/6/2006 08:00 18/7/2006 08:00 8/8/2006 08:00 X 44
30. JSC 20/3/2006 19/4/2006 08:00 18/5/2006 08:00 ÓBITO 11/jun X 3
96
31. NRF 11/4/2006 10/5/2006 08:00 14/6/2006 08:00 11/7/2006 08:00 X 19
32. EMD 9/5/2006 14/6/2006 08:00 11/8/2006 08:00 X 43
33. MAC 11/4/2006 11/5/2006 08:00 14/6/2006 08:00 11/7/2006 08:00 X 20
34. LAG 12/4/2006 9/5/2006 08:00 28/7/2006 08:00 X 23
35. SFS 30/3/2006 11/5/2006 08:00 14/6/2006 08:00 3/7/2006 08:00 X 5
36. W-V 11/4/2006 10/5/2006 08:00 6/6/2006 08:00 14/8/2006 08:00 X 21
37. J-C 16/5/2006 14/6/2006 08:00 11/7/2006 08:00 7/8/2006 08:00 X 50
38. L-J 16/3/2006 18/4/2006 08:00 5/6/2006 08:00 3/7/2006 08:00 X 2
39. C-A 15/3/2006 17/4/2006 08:00 8/5/2006 08:00 7/6/2006 08:00 X 1
40. D-A 18/4/2006 13/7/2006 08:00 X 26
41. MRM 4/5/2006 4/7/2006 08:00 4/8/2006 08:00 X 37
42. ECA 5/5/2006 5/6/2006 13:00 5/7/2006 08:00 4/8/2006 08:00 X 38
43. DSS 15/5/2006 12/6/2006 08:00 10/7/2006 08:00 7/8/2006 09:00 X 49
44. CIM 25/4/2006 3/7/2006 09:00 X 28
45. TFN 15/5/2006 10/7/2006 08:00 7/8/2006 09:00 X 47
46. JQR 9/5/2006 28/6/2006 08:00 25/7/2006 08:00 X 42
47. JRA 27/4/2006 4/7/2006 08:00 4/8/2006 10:00 X 31
48. GPS 3/5/2006 9/6/2006 10:00 4/7/2006 08:00 7/8/2006 08:00 X 35
49. FCS 25/4/2006 25/5/2006 13:00 20/6/2006 13:00 18/7/2006 08:00 X 29
50. ERS 15/5/2006 12/6/2006 08:00 19/7/2006 08:00 14/8/2006 08:00 X 48
51. VSG 12/5/2006 9/6/2006 09:30 2/8/2006 08:00 X 46
52. SES
97
APÊNDICE E CRONOGRAMA DO ESTUDO
ATIVIDADES 03/05 04/05 05/05 06/05 07/05 08/05 09/05 10/05 11/05 12/05 01/06 02/06 03/06 04/06 05/06 06/06 07/06 08/06 09/06 10/06 11/06 12/06
Levantamento e estudo da bibliografia
X X X X X X X X X X X X X X X X X
X
X
X
X
Introdução no campo de pesquisa
X
Elaboração do projeto de dissertação
X X X X
Defesa do projeto
X
Implementação do projeto
X X X X X X X
X
Análise dos dados
X X X
X
X
X
X
Qualificação do projeto
X
Elaboração do relatório
X
Defesa da dissertação
X
98
Anexos
ANEXO 1
MINNESOTA LIVING WITH HEART FAILURE QUESTIONNAIRE (versão original em inglês) The following questions ask how much your heart failure (heart condition) affected your life during the past month (4 weeks). After each question, circle the 0, 1, 2, 3, 4 or 5 to show how much your life was affected. If a question does not apply to you, circle the 0 after that question. Did your heart failure prevent you from living as you wanted during Very Very the past month (4 weeks) by - No Little Much 1. causing swelling in your ankles or legs? 0 1 2 3 4 5 2. making you sit or lie down to rest during the day? 0 1 2 3 4 5 3. making your walking about or climbing stairs difficult? 0 1 2 3 4 5 4. making your working around the house or yard difficult? 0 1 2 3 4 5 5. making your going places away from home difficult? 0 1 2 3 4 5 6. making your sleeping well at night difficult? 0 1 2 3 4 5 7. making your relating to or doing things with your friends or family difficult? 0 1 2 3 4 5 8. making your working to earn a living difficult? 0 1 2 3 4 5 9. making your recreational pastimes, sports or hobbies difficult? 0 1 2 3 4 5 10. making your sexual activities difficult? 0 1 2 3 4 5 11. making you eat less of the foods you like? 0 1 2 3 4 5 12. making you short of breath? 0 1 2 3 4 5 13. making you tired, fatigued, or low on energy? 0 1 2 3 4 5 14. making you stay in a hospital? 0 1 2 3 4 5 15. costing you money for medical care? 0 1 2 3 4 5 16. giving you side effects from treatments 0 1 2 3 4 5 17. making you feel you are a burden to your family or friends? 0 1 2 3 4 5 18. making you feel a loss of self-control in your life? 0 1 2 3 4 5 19. making you worry? 0 1 2 3 4 5 20. making it difficult for you to concentrate or remember things? 0 1 2 3 4 5 21. making you feel depressed? 0 1 2 3 4 5 _________________________________________________________________________
99
©1986 Regents of the University of Minnesota, All rights reserved. Do not copy or reproduce
without permission. LIVING WITH HEART FAILURE® is a registered trademark of the
Regents of the University of Minnesota.
ANEXO 2
MINNESOTA LIVING WITH HEART FAILURE QUESTIONNAIRE (traduzido para o estudo I preserve)
Estas perguntas referem-se a como sua insuficiência cardíaca (problema no coração) tem
impedido que vc tenha vivido como você gostaria no último mês. Os itens listados abaixo
descrevem diferentes modos pelos quais algumas pessoas são afetadas. Se você tem
certeza que um ítem não se aplica a você ou não está relacionado à sua insuficiência
cardíaca então faça um círculo no 0 (Não) e passe para o próximo ítem. Se um ítem se
aplica a você, então faça um no número que represente o quanto este ítem impediu que
você vivesse como queria.
Sua doença o impediu de viver
como você gostaria no último mês Muito
em decorrencia de Não Pouco Muito
1. Causar Inchaço em seus tornozelos, pernas, etc? 0 1 2 3 4 5 2. Fazer você sentar-se ou deitar-se para repousar durante o dia? 0 1 2 3 4 5 3. Tornar os eu caminhar ou subir escadas difícil? 0 1 2 3 4 5 4. Dificulcultar o seu trabalho em casa ou no jardim? 0 1 2 3 4 5 5. Dificultar sua ida a lugares longe de sua casa? 0 1 2 3 4 5 6. Impedir que você durma à noite? 0 1 2 3 4 5
100
7. Ter dificuldades de relacionar-se ou fazer coisas com seus amigos ou famíliares? 0 1 2 3 4 5 8. Dificultar o trabalho e ganho de seu sustento?
0 1 2 3 4 5
9. Dificultar as atividades recreativas, esportes ou “hobbies” ? 0 1 2 3 4 5 10. Dificultar suas atividades sexuais? 0 1 2 3 4 5 11. Fazer com que você coma menos a comida de que você gosta ? 0 1 2 3 4 5 12. Fazer com que você tenha falta de ar? 0 1 2 3 4 5 13. Fazer com que você sinta-se cansado, fatigado, ou com pouca energia? 0 1 2 3 4 5 14. Ficar internado em um hospital? 0 1 2 3 4 5 15. Induzir gastos ou despesas adicionais relacionados a sua doença? 0 1 2 3 4 5 16. ter apresentado efeitos colaterais com da medicação? 0 1 2 3 4 5 17. Fazer vc sentir-se um peso, uma carga para sua familia e amigos? 0 1 2 3 4 5 18. Ter perdido o controle sobre sua vida? 0 1 2 3 4 5 19. Torná-lo preocupado? 0 1 2 3 4 5 20. Dificultar sua concentração ou lembrar coisas? 0 1 2 3 4 5 21. Fazer você se sentir deprimido? 0 1 2 3 4 5
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