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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA O DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE EM TRÊS MUNICIPIOS DE FRONTEIRA DO ESTADO DO AMAZONAS MARIA FRANCISCA DE SOUZA RODRIGUES MANAUS 2017

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS

IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA O DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE EM TRÊS MUNICIPIOS DE

FRONTEIRA DO ESTADO DO AMAZONAS

MARIA FRANCISCA DE SOUZA RODRIGUES

MANAUS 2017

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MARIA FRANCISCA DE SOUZA RODRIGUES

IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA

O DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE EM TRÊS MUNICIPIOS DE FRONTEIRA DO ESTADO DO AMAZONAS

Dissertação apresentada ao programa de Pós Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, para obtenção grau de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas.

Orientador: Prof° Dr. Marcelo Cordeiro dos Santos

MANAUS

2017

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Ficha Catalográfica

R696i Rodrigues, Maria Francisca de Souza.

Impacto da implementação do teste rápido molecular para o

diagnóstico da tuberculose em três municípios de fronteira do

estado do Amazonas ./Maria Francisca de Souza Rodrigues. --

Manaus : Universidade do Estado do Amazonas, Fundação de

Medicina Tropical, 2017.

xvi, 72 f. : il.

Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do

Amazonas – UEA/FMT, 2017.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Cordeiro dos Santos

1.Epidemiologia - diagnóstico 2 Tuberculose . 3. Xpert

Mtb/Rif - Amazonas I.Título.

CDU: 616-002.5(811.3)(043)

Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Maria Eliana N Silva,lotada na

Escola Superior de Ciências da Saúde - UEA

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FOLHA DE JULGAMENTO

IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA O DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE EM TRÊS MUNICIPIOS DE

FRONTEIRA DO ESTADO DO AMAZONAS

MARIA FRANCISCA DE SOUZA RODRIGUES

“Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”. Banca Julgadora:

______________________________________ Presidente

______________________________________ Membro

______________________________________ Membro

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DEDICATÓRIA

A Deus em primeiro lugar, Pai misericordioso! Aos meus pais que sempre acreditaram na realização dos meus projetos, Francisco de Assis Rodrigues e Maria José Souza Rodrigues, ao meu amado esposo Daniel Testa Mota, pelo companheirismo e apoio durante esse percurso, aos meus filhos Julia Rodrigues Parga, Beatriz Rodrigues Parga e Henrique de Oliveira Mota, minha filha de coração Yasmim Laranjeira Assunção Vara, pela compreensão da minha ausência e apoio nos momentos necessários, Meu irmão Roland pela parceria de todas as horas, as minhas amadas amigas Luciana Barros de Lima e Liliane Sales Girão pelo apoio incondicional nos momentos que precisei.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por sua misericórdia, proteção e discernimento para alcançar este sonho.

À minha família, pelo apoio e confiança para que eu concretizasse este projeto,por acreditarem na minha capacidade, entendendo-me nos momentos de ausência que se fizeram necessário. Ao professor Dr. Marcelo Cordeiro dos Santos, meu orientador, por todos os ensinamentos e paciência ao longo dos últimos 2 anos, contribuindo no meu aprendizado durante esta jornada e por acreditar na minha capacidade. À professora Dra. Samira Burher-Sékula, pela colaboração no projeto que me possibilitou aprendizagens únicas, sempre me incentivando. Muito obrigada. À Enfermeira Msc. Alexandra Brito pela confiança, incentivo, aprendizado e paciência. O meu muito obrigado. A todos os professores Universidade do Estado do Amazonas/Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical, por todo aprendizado e atenção dispensado no repasse dos conhecimentos durante as aulas e extra sala de aula. À Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) pelo apoio ao programa de Pós-graduação em Medicina Tropical. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro por meio de bolsa de estudo. Aos membros da secretaria acadêmica da Pós-graduação em Medicina Tropical e a todos os funcionários da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, pelo apoio e incentivo.

A todos os funcionários do Núcleo de Sistema de Informação/Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas e também (LACEM) em especial a Dra Ana Ruth Lima Arcanjo a e toda sua equipe, pela atenção e tempo disponibilizados. A todos os funcionários da Secretaria Municipal e Estadual de Tabatinga no interior do Estado do Amazonas pelos ensinamentos, atenção e apoio na realização deste estudo. A todos do Núcleo de Pesquisa em TB, pelo apoio no desenvolvimento deste estudo. Aos colegas da turma de Mestrado ano 2015, por todo aprendizado, apoio e amizade, durante este período de estudo.

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Aos meus amigos, em especial Cynthia Pessoa das Neves e Ana Carolina de Oliveira pelo apoio incondicional no desenvolvimento desse projeto e nas de alegria e tristeza onde sempre estivemos juntas. Muito obrigada! DECLARAÇÃO DAS AGÊNCIAS FINANCIADORAS

Esse projeto foi financiado pela, Chamada Pública SVS/ Ministério da Saúde 2012/1. Convenio nº 779430/2012. Valor Total: R$ 149.065,16. Título do Projeto aprovado: Realizar estudo do impacto da técnica Xpert MTD/RIF para o diagnóstico da tuberculose pulmonar em pacientes residentes no interior do estado do Amazonas.

O projeto foi apoiado pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior por meio de bolsa de estudo, durante os 24 meses de execução do projeto.

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EPÍGRAFE

O senhor é meu pastor; e nada me faltará. Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera minha alma guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.

Salmo 23

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RESUMO

A tuberculose é um grave problema de saúde pública no mundo, responsável pelo adoecimento de milhões de pessoas a cada ano. Concomitante com o vírus da imunodeficiência humana, constituindo-se uma das principais causas de morte. No Brasil, a Tuberculose ocupa a 18ª posição, representando 0,9% dos casos no mundo. O Amazonas apresentou em 2016 um coeficiente de incidência de 67,2/100. 000 hab, e coeficiente de mortalidade de 3,2/100.000 hab. O diagnostico de TB se da pela identificação de bacilos álcool-ácido resistente através baciloscopia, ou padrão ouro da cultura para MTB ou com métodos moleculares. O Xpert MTB/Rif® é um teste molecular rápido para a detecção de Mycobacterium tuberculosis e resistência à rifampicina simultaneamente, utilizando tecnologia avançada que pode ser usada na rede primária de saúde. Diante da dimensão territorial do estado do Amazonas, da distribuição epidemiológica da TB em todos os municípios, a adoção de um método de diagnóstico de alta sensibilidade e especificidade e com resultado rápido como o Xpert MTB/RIF® pode ser uma opção viável para regiões do interior. O objetivo foi descrever aspectos epidemiológicos e laboratoriais e o impacto da implementação do Xpert MTB/RIF® para diagnostico da tuberculose na região de fronteira em três municípios do interior do Amazonas. Estudo descritivo, retrospectivo em doisperíodos, baseline 2013/2014 e pós implementação do Xpert MTB/RIF® 2015/2016. Foram utilizados dados do Sistema de Nacional de Agravo de Notificação (SINAN-TB) e do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL). No período de 2013/2014, foram notificados 164 casos de TB, sendo 23,8% (39/164) no município de Atalaia do Norte, 20,1% (33/164) no município de Benjamim Constant e 56,1% (92/164) em Tabatinga. Após implementação do Xpert MTB/RIF®, no período de 2015/2016, foram notificados 139 casos de TB, sendo 11,5% em Atalaia do Norte, 27,3% em Benjamim Constant e 61,1% em Tabatinga. Nos municípios estudados a incidência da TB variou de 21,5/100.000hab em Atalaia do Norte em 2016 a 130,3/100.000hab em Tabatinga no ano de 2013. Observamos que entre os 303 casos de TB diagnosticados nos três municípios, antes e depois da implementação do Xpert MTB/RIF®, a baciloscopia não foi realizada/registrada para todos os casos de TB em nenhum dos munícipios. Dos 139 casos de TB notificados após implementação, o Xpert MTB/RIF® foi realizado para 43 casos, 57% (24/42) dos casos de Tabatinga foram positivos para o Xpert MTB/RIF®. Dos 34 pacientes, que tinham resultados de baciloscopia e Xpert MTB/RIF®, apenas quatro apresentaram resultados discordantes. Três casos apresentaram baciloscopia positiva e Xpert MTB/RIF® negativo, a cultura confirmou tuberculose nos três casos. Para o caso Xpert MTB/RIF® positivo e baciloscopia negativa a cultura não foi realizada. Foi observada uma boa correlação entre os resultados da baciloscopia e Xpert MTB/RIF®, kappa 0,782.

Palavras-chave: Diagnóstico, Epidemiologia, Tuberculose, Xpert Mtb/Rif®,

Amazonas.

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ABSTRACT

Tuberculosis is a serious public health problem in the world, responsible for the sickness of millions of people each year. Concurrent with the human immunodeficiency virus, becoming a major cause of death. In Brazil, Tuberculosis occupies the 18th position, representing 0.9% of cases in the world. In 2016, the Amazon presented an incidence coefficient of 67.2 / 100. 000 inhabitants, and a mortality rate of 3.2 / 100,000 inhabitants. The diagnosis of TB occurs by the identification of alcohol-acid resistant bacilli through baciloscopy, or gold standard of culture for MTB or with molecular methods. The Xpert MTB / Rif® is a rapid molecular test for the detection of Mycobacterium tuberculosis and resistance to rifampicin simultaneously using advanced technology that can be used in the primary healthcare network. In view of the territorial dimension of the state of Amazonas, the epidemiological distribution of TB in all municipalities, the adoption of a high sensitivity and specificity diagnostic method with a rapid result, such as Xpert MTB / RIF®, may be a viable option for the countryside region. The aim was to describe epidemiological and laboratory aspects and the impact of the implementation of the Xpert MTB / RIF ® to diagnose tuberculosis in the border region in three cities of Amazonas’ countryside. Descriptive, retrospective study in two periods, baseline 2013/2014 and post implementation of Xpert MTB / RIF® 2015/2016. Data from the National System of Notification Aggravation (SINAN-TB) and the Laboratory Environment Manager (LAG) were used. In the period 2013/2014, 164 cases of TB were reported, with 23.8% (39/164) in the municipality of Atalaia do Norte, 20.1% (33/164) in the municipality of Benjamim Constant and 56.1% (92/164) in Tabatinga. After the implementation of Xpert MTB / RIF®, in the period 2015/2016, 139 cases of TB were reported, 11.5% in North Atalaia, 27.3% in Benjamim Constant and 61.1% in Tabatinga. In the studied cities, the incidence of TB varied from 21.5 / 100,000habitat in Atalaia do Norte in 2016 to 130.3 / 100,000habitat in Tabatinga in the year 2013. The male gender had the highest number of cases and the highest frequencies were observed in the age group of 15 to 39 years. We observed that among the 303 cases of TB diagnosed in the three municipalities, before and after the implementation of Xpert MTB / RIF®, bacilloscopy was not performed for all cases of TB in any municipality. Of the 139 TB cases reported after implementation, Xpert MTB / RIF® was performed for 43 cases, 57% (24/42) of the Tabatinga cases were positive for Xpert MTB / RIF®. Of the 34 patients who had smear results and Xpert MTB / RIF®, only four showed conflicting results. Three cases presented positive bacilloscopy and Xpert MTB / RIF ® negative, the culture confirmed tuberculosis in all three cases. For the Xpert MTB / RIF® positive and negative smear microscopy the culture was not performed. A good correlation was observed between the results of smear and Xpert MTB / RIF®, kappa 0.782.

Key words: Diagnosis, Epidemiology, Tuberculosis, Xpert Mtb / Rif®, Amazonas

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RESUMO LEIGO

A tuberculose é uma doença que atinge os pulmões, ela é transmitida quando uma pessoa doente espirra ou tosse próximo à outra pessoa sadia, podendo se infectar com a bactéria. O doente pode apresentar febre, emagrecimento e tosse seca. No Brasil tem muita gente com tuberculose. O Amazonas, no ano de 2016, apresentou a maior taxa do país. Este trabalho estuda a importância de um novo teste diagnóstico para acelerar o inicio do tratamento. Quanto antes a pessoa doente é diagnosticada e inicia o tratamento menos pessoas da família, amigos e colegas de trabalho ficarão doentes, diminuindo assim o número de pessoas que precisam tomar remédios e muitas vezes deixar e trabalhar. Entender a importância do teste para o diagnóstico também vai ajudar ao governo a utilizar os recursos da saúde de modo adequado.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. População dos três municípios pelo Censo 2010 .............................08 Figura 2. Proporção de sintomáticos respiratórios e casos novos de TB esperados por ano com base no Censo 2010 ..................................................09

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LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES DE MEDIDA

AIDS AM BAAR

Síndrome da imunodeficiência adquirida BCG Amazonas Bacilo álcool-ácido resistente

BCG BK CEME CDR

Bacilo de Calmette e Guérin Bacilo de Koch Central de Medicamentos

DN case Case detection rate DNA

Ácido Desoxirribonucleico

DNT ESF

Divisão Nacional de Tuberculose Estratégia de Saúde da Família

FMT-HVD Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado

FVS-AM GAL

Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Gerenciador de Ambiente Laboratorial

HIV IGRA LACEM

Vírus da imunodeficiência humana Interferon- gama Laboratório Central de Manaus

MDR-TB Tuberculose causada por bacilos multirresistentes M. Tb

Mycobacterium tuberculosis

MS

Ministério da Saúde

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OMS PECT PVHA PNCT

Organização Mundial da Saúde Programa Estadual de Controle de Tuberculose Pessoas que vivem com HIV/Aids. Programa Nacional de Controle da Tuberculose

SINAN

Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SIM

Sistema de Informação de Mortalidade

TARV Terapia Antirretroviral

TB TODO

Tuberculose Tratamento Diretamente Observado

TB/HIV Coinfecção por M. tbe HIV UEA

Universidade do Estado do Amazonas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................1

1.1 A tuberculose ........................................................... Erro! Indicador não definido.

1.2 Epidemiologia da Tuberculose no Mundo...........................................................4

1.3 Epidemiologia da Tuberculose no Brasil e Amazonas .................................... 4

1.4 Transmissão ...................................................................................................... 10

1.5 Formas e Manifestações Clínicas .................................................................... 10

1.6 Tuberculose convivendo HIV/AIDS...................................................................12

1.7 Métodos Diagnóstico ....................................................................................... 13

1.8 PCR Xpert MTB RIF.............................................................................................19

2.0 Tratamento............................................................................................................21

2.1 Geral ................................................................................................................... 23

2.2 Específicos ........................................................................................................ 23

3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 24

3.1 Modelo de Estudo ............................................................................................. 24

3.2 Universo de Estudo ........................................................................................... 24

3.2.1 Descrição dos municípios selecionados para o estudo ............................. 25

4 COLETA DE DADOS ............................................................................................. 26

4.1 Composição da base de dados para a análise ............................................... 26

4.2 Principais desfechos e plano de Análise dos dados ..................................... 26

4.3 Considerações Éticas ....................................................................................... 27

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 28

6. DISCUSSÃO............................................................................................................35

7.CONCLUSÃO...........................................................................................................38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................39

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APÊNDICE ................................................................................................................47

ANEXOS ................................................................................................................... 48

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1. INTRODUÇÃO

1.1 A tuberculose

A Tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pela bactéria

Mycobacterium tuberculosis, afeta geralmente os pulmões e pode levar a

morte. Possui cura e o tratamento é eficaz alcançando êxito, tendo como a

principal forma de prevenção á quebra do ciclo de transmissão da bactéria de

pessoa a pessoa. (1)

Baseando-se em evidências arqueológicas e históricas, admite-se que

os primeiros casos de tuberculose (TB) em seres humanos, conhecida como a

“peste branca”, teriam sido observadas e descritas em múmias egípcias, há

5000 anos a. C. ou mais, possuíam anormalidades típicas do comprometimento

vertebral pela tuberculose, assim como fragmentos de tecidos contendo o DNA

do Mycobacterium tuberculosis.(2) Na América do Sul, achados arqueológicos

apontam para a presença de TB pulmonar em uma múmia peruana que morreu

há 1.100 anos a.C. (2),(3)

É uma doença transmitida através do ar de um paciente com tuberculose

pulmonar ativa, ou seja, bacífero, quando ao espirrar, tossir ou falar eliminam

gotículas pelo ar contendo o Mycobacterium tuberculosos, essas gotículas com

até 5µ de diâmetro com 1 ou 2 bacilos podem atingir os alvéolos. Assim a

detecção das lesões primárias ocorrerá em média de 4 a 12 semanas após a

infecção. (4)

A infecção pelo Mycobacterium tuberculosis necessariamente não indica

processo da doença, pois a infecção indica a presença dos microrganismos os

quais podem ou não ocasionar a doença propriamente dita. O sistema

imunológico do individuo deve estar deprimido para que o mesmo possa

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adoecer na presença do M.tuberculosis, assim surge o processo infeccioso

causando a doença que pode levar o individuo a morte. (5)

1.2 Epidemiologia da Tuberculose no Mundo

A tuberculose (TB) continua sendo um grave problema de saúde pública

no mundo, responsável pelo adoecimento de milhões de pessoas a cada ano.

Paralelamente com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) sendo uma das

principais causa de morte mundialmente. (6)

Em 1993, a tuberculose passou a ser reconhecida, pela Organização

Mundial da Saúde (OMS), como uma emergência global. Foi inserida nas

políticas de saúde internacionais, no ano de 2000, quando foi definida a meta

de reduzir o coeficiente de incidência da doença a partir de 1990 até 2015. (7)

O contexto mundial da tuberculose melhorou com a implantação de

algumas estratégias. O diagnóstico rápido e o tratamento adequado salvaram

43 milhões de vidas mundialmente, compreendendo o período de 2000 a 2014,

a prevalência estimada de TB em 2015 foi 42% menor do que em 1990.

Acredita-se, que em 2014, 9,6 milhões de pessoas adoeceram com TB, destas

12% eram HIV-positivo. Morreram ainda 1,5 milhão de pessoa. (6)

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de um

terço da população do mundo esta infectada por M. Tuberculosis. A OMS em

1993 realizou um alerta mundial sobre a calamidade da TB como um grave

problema social e sanitário, devido á altos índices de incidência e mortalidade

nos países em desenvolvimento. (8)

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3

As regiões do sudeste Asiático e Pacífico Ocidental juntas são

responsáveis por 58% dos casos de tuberculose do mundo em 2014. O

Africano teve 28% dos casos do mundo, a carga mais grave em relação à

população (281 casos por 100. 000 hab, em média, mais do que o dobro da

média global de 133). Índia, Indonésia e China teve o maior número de casos

(23%, 10% e 10% do total mundial, respectivamente). (6)

No ano de 2014 a OMS apresentou o Plano Global End TB 2015 para

prevenção, tratamento e controle da TB com meta para reduzir em 95% as

taxas de incidência e mortalidade por TB até o ano de 2035. (9) A OMS definiu

que o alcance da meta de redução do coeficiente de incidência de tuberculose

para menos de 10 casos por 100 mil hab. representa o fim da tuberculose

como problema de saúde pública (10)

A estratégia prevê o estabelecimento de três pilares: 6 prevenção e

cuidado integrado e centrado no paciente; políticas arrojadas e sistemas de

apoio; e intensificação da pesquisa e inovação.(7)

Para operacionalizar a Estratégia, foram lançados um Plano Global pelo

Fim da Tuberculose 2016-2020 e planos regionais para as seis regiões

estratégicas da OMS.(10)

Em paralelo, o Plano Regional pelo Fim da Tuberculose, desenvolvido

pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), propõe linhas

estratégicas de ação, alinhadas aos pilares da Estratégia Global. (7)

A OMS já identificou, cada pesquisador que se envolve na geração de

dados relacionados a uma crise de saúde pública, como o número cada vez

maior de MDR / RR-TB casos, tem a obrigação moral fundamental de

compartilhar os resultados preliminares adequadamente controlados para

liberação. Nos casos em que muitas vidas dependem da divulgação dados,

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caberá ao pesquisador, e aos patrocinadores, essas informações através de

mecanismos de pré-publicação.(11)

Em 2017 a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, no

mundo, 10,4 milhões de pessoas tiveram tuberculose em 2015, e mais de 1

milhão morreram por conta da doença, a mesma infecciosa de maior

mortalidade no mundo, superando o HIV e a malária juntos. (12)

1.3 Epidemiologia da Tuberculose no Brasil e Amazonas

Supõe-se que a primeira confirmação diagnóstica acerca da existência

de TB foi na era pré-colombiana no continente americano. Acredita-se que a

TB tenha se tornado de epidemia na população indígena, inclusive a existente

no Brasil, somente a partir da colonização europeia (2), (13)

Do ponto de vista epidemiológico, no século XIX, a TB representou

importante causa de mortalidade no Brasil, descrevendo- se cerca de 700

óbitos a cada 100.000 habitantes. (14)

Ruffino-Netto e Pereira apresentam um estudo da evolução da

mortalidade por TB no Rio de Janeiro, no período de 1860 a 1960, onde

analisam os fatores econômicos, demográficos, sociais e as políticas de saúde

existentes, desde a chegada da Família Real no Brasil em 1808 até o final da

década de 80. Discutiram o fenômeno da ré europeização da cidade do Rio de

Janeiro. (15)

Sob supervisão da Liga Brasileira Contra a Tuberculose iniciou-se, em

1927, a vacinação com o Bacilo de Calmette e Guérin (BCG) em recém-

nascidos.(16) A TB no século XX caracterizou-se por altas taxas de

mortalidade, sobretudo até o final dos anos 40. (13)

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Em 1952, descobriu-se a ação da isoniazida (H) contra o bacilo da TB,

mostrando sua eficácia, com baixa toxicidade e custo mínimo. Isoniazida,

descoberta há 40 anos, não havia sido testada no Mycobacterium

tuberculosis.(13)

Somente na década de 60 registraram-se logros marcantes, como a

obrigatoriedade da vacinação BCG; a decisão de incluir a TB entre as doenças

de notificação compulsória; a garantia da gratuidade dos meios de prevenção,

diagnóstico e tratamento. (16)

Em 1970, instala-se a Divisão Nacional de Tuberculose (DNT)

substituindo o antigo SNT. Em 1971, foi criada Central de Medicamentos

(CEME) que tinha como principal função fornecer tuberculostáticos para todos

os doentes com TB no país. A tuberculose foi equivocadamente considerada

controlada nos anos 1980, especialmente nos países desenvolvidos. (13)

Em um primeiro estudo da evolução da mortalidade por tuberculose

ocorreu entre os anos de 1980 e 2004, utilizando-se dados do (SIM) Sistema

de Informação de Mortalidade. Este estudo identificou a mudança da tendência

de redução da mortalidade por tuberculose no ano de 1985, com a hipótese de

que o fato pode estar associado à infecção pelo HIV. (17)

O Brasil ocupa a 18ª posição em carga de TB, representando 0,9% dos

casos no mundo e 33% estimados para as Américas, os coeficientes de

mortalidade e de incidência reduziram em 38,9% (3,6 para 2,2/100 mil hab.) e

34,1% (51,8 para 34,1/100 mil hab.), no período de 1990 até 2014. (10)

Foram cumpridas metas internacionais. Registrou-se, entre 2005 e 2014,

uma média de 70 mil casos novos e 4.400 mortes por tuberculose, por ano, e

entre 2012 e 2015, 840 casos novos de tuberculose drogarresistente, resistente

aos fármacos anti TB(7)

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Em fevereiro de 2016, haviam sido diagnosticados e registrados,

em 2015, 63.189 casos novos de tuberculose no Brasil. O coeficiente de

incidência de tuberculose passou de 38,7/100 mil hab. em 2006 para 30,9/100

mil hab. em 2015, o que corresponde a uma redução de 20,2%.(18)

Estima-se que em 2035, caso as variáveis independentes testadas

(coeficiente de incidência de aids, TDO e ESF) não sofram alteração, o

coeficiente de incidência da tuberculose será de 25,7/100 mil hab.(7)

Em 2016, foram diagnosticados e registrados 66.796 casos novos e

12.809 casos de retratamento de tuberculose no Brasil. No período de 2007 a

2016, o coeficiente de incidência da doença apresentou uma variação média

anual de -1,7%, passando de 37,9/100 mil hab. em 2007 para 32,4/100 mil hab.

em 2016. (19)

Fig. 2 Coeficiente de Incidência de Tuberculose no Brasil de 2007 á 2016.ª

Fonte: Brasil 2017

Em 2017 o ministério da saúde divulgou que o Plano Nacional de

Combate a tuberculose está baseado em três pilares: Prevenção e Cuidado

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7

Integrado Centrados no Paciente, Políticas Arrojadas e Sistema de Apoio,

Intensificação da Pesquisa e Inovação. (20) No ano de 2015 foi a doença

que mais notificou óbitos no mundo.(21)

1.3 Tuberculose no Amazonas e seus Municípios de Fronteiras

No ano de 2017, o coeficiente de incidência dos casos de Tuberculose

foi de 67,2/100hab divulgado pelo Ministério da Saúde referente ao ano de

2016, o coeficiente de mortalidade de 3,2/100hab e 29,5/100hab eram co-

infectados com HIV fazendo uso do TARV.(Terapia Antiretroviral).(21)

O Amazonas em 2015 teve um coeficiente de incidência de 70,1/100.

000 hab. e um coeficiente de mortalidade de 3,3/100.000 hab. sendo que

destes 13,3 % eram co-infectados com HIV, com um percentual de cura de

77,3% e com uma taxa de abandono de 13,3%. (7)

Embora 70,3% (1979/2815) dos casos diagnosticados no Amazonas

sejam residentes de Manaus, todos os municípios do interior registraram pelo

menos um caso da doença. Dos 2.815 casos notificados, 78,6% (2.213/2815)

eram casos novos e 12,5% (352/2815) retratamentos (recidiva e reingresso

após abandono). (PECT-AM: dados não publicados)

O estado do Amazonas representa 18,40% do território brasileiro com

1.570.745,680 km², subdividido em 62 municípios que somam 3.483.985

habitantes. (22) Na região do Alto Solimões estão situados 8 municípios que

fazem fronteira com a Colômbia e Peru: Amaturá, Atalaia do Norte, Benjamin

Constant, Fonte Boa, Jutaí, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença,

Tabatinga e Tonantins. Esta região é considerada uma das áreas mais críticas

da Amazônia brasileira, por concentrar os principais determinantes dos

problemas de saúde que são comuns às zonas de fronteira. (22)

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8

Destaca-se, porém, que Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do

Norte são os municípios onde o fluxo de fronteira é mais intenso, pois estão em

localização geográfica mais próxima dos países vizinhos. (22)

Na região do Alto Rio Negro estão os municípios de São Gabriel da

Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos que fazem fronteira com a

Venezuela. Destes, São Gabriel da Cachoeira destaca-se por ser o município

cuja maioria da população (77,8%) é indígena. Nas fronteiras, convivem

cotidianamente sistemas políticos, monetários, de segurança e de proteção

social diferentes; e a intensificação de fluxos de produtos, serviços e pessoas,

decorrentes da integração gera tensões e novos desafios para os sistemas de

saúde das cidades fronteiriças, exigindo políticas específicas direcionadas à

garantia do direito universal à saúde nestas regiões.(23)

Ao longo dos últimos dez anos, o estado do Amazonas não têm atingido

as metas de 85% de cura e menos de 5% de abandono recomendados pelo

Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde. Em 2010 a taxa de cura

do estado do Amazonas foi de 77,2% e a taxa de abandono nos pulmonares

bacilíferos foi de 12,1%. Nas regiões de fronteira, as condições favorecem o

abandono de tratamento pelo livre trânsito e perda de seguimento dos casos.

(24)

Em 2012, o Sistema de Informações de Agravos e Notificação (SINAN)

mostrou que a taxa de incidência da tuberculose em Amazonas foi de 68,3 /

100.000 habitantes, o que é muito elevado quando comparado a taxa de

incidência do Brasil média nacional de 36,1 / 100.000 habitantes.(30)

Quanto o relativo quanto o número absoluto de mortes por tuberculose

no Brasil reduziram entre 2001 e 2010 (26). Num estudo que examinou a

subnotificação de tuberculose no SIM (Sistema de Informação de Mortalidade)

no Brasil, comparando-o com o SINAN, o percentual de mortes não declarada

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9

no país foi de 39,4%, e no Amazonas, de 36,9% (27), sugerindo um aumento

na carga de mortalidade do que tem sido relatado para o Estado. (30)

Em Manaus no ano de 2015 o coeficiente de incidência foi de

98.3/100.000 hab, tendo como coeficiente de mortalidade de 4,2/100 000 onde

15.7% era coinfectados com e taxa de cura de 75,1% e abandono de

tratamento de 17%.(7)

Ocorreu um aumento no número de casos de tuberculose

multirresistente (MDR-TB), i.e., resistentes a pelo menos Rifampicina e

Isoniazida , (28) a partir de 2008. Em 2011 foram notificados 30 casos de MDR-

TB no Estado; 16% (10/62) dos municípios já registraram pelo menos um caso

de MDR-TB, incluindo dois municípios de fronteira (Benjamin Constant e

Atalaia do Norte). Existe uma preocupação crescente com o aumento dos

casos de MDR-TB no país, sendo relevante a preocupação com a fronteira com

o Peru, onde as taxas de MDR-TB são bem mais elevadas do que no

Brasil.(29)

Um estudo realizado no período de 2001 á 2011 na cidade do Rio de

Janeiro e Amazonas, identificou 81 casos confirmados de multidrogaresitente

tuberculose (TB-MR) que eram resistentes à rifampicina e isoniazida durante o

período do estudo, com o maior número de casos em que aparece em 2008. A

tendência de aumento anual do número de casos de MDR-TB foi

estatisticamente significativa (P = 0,002) durante o período de estudo. (30).

1.4 Transmissão

A Tuberculose (TB) é uma doença infectocontagiosa causada pela

bactéria Mycobacterium tuberculosis, que foi descoberta por Robert Koch em

1882, transmitida pelo ar através de gotículas de aerossóis, tosse ou espirro

contendo os bacilos expelidos por pacientes portadores de tuberculose

pulmonar ativa. Estas gotículas inaladas por pessoas sadias provocam a

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10

infecção tuberculosa e o risco de desenvolver a doença. A TB pulmonar é a

forma mais frequente da doença, porém o bacilo pode infectar outros tecidos

como ossos, pele, articulações, intestinos, rins e até mesmo o Sistema Nervoso

Central (SNC) (31)

O Mycobacterium tuberculosis é uma forma de transição evolutiva entre as

eubactérias e os actinomicetos. É um bacilo com 1 a 4 μm de comprimento por

0,3 a 0,6 μm de largura, não formador de esporos ou produtor de toxina, sem

flagelos, espécie aeróbica estrita e intracelular facultativo, sendo capaz de

sobreviver e de se multiplicar no interior de células fagocitárias(32)

Os Bacilos de Koch são patógenos intracelulares, tem a capacidade de

multiplicar-se no interior dos fagócitos e tem requerimento de oxigênio. Dentro

de macrófagos, levam entre 25 a 32 horas para multiplicar-se. Sua virulência

pode estar associada à composição de seu genoma que possui em torno de

4.000 genes, dos quais cerca de 170 codificam diferentes tipos de proteínas

relacionadas à variação antigênica e 200 codificam enzimas envolvidas no

metabolismo de ácidos graxos, capacitando o Bacilo de Koch a crescer em

tecidos, cuja principal fonte de carbono são os ácidos graxos. (33)

1.5 Formas e Manifestações Clínicas

O complexo M. tuberculosis é constituído de oito espécies, entre elas as

mais importantes são: M. tuberculosis, M. bovis e M. africanum2. O

Mycobacterium tuberculosis (M. tuberculosis), também conhecido como bacilo

de Koch (BK), é o principal agente etiológico da tuberculose pulmonar. (34)

Não raramente, a tuberculose pode manifestar-se sob diferentes

apresentações clínicas, que podem estar relacionadas com o órgão acometido.

Desta forma, outros sinais e sintomas, além da tosse, podem ocorrer e devem

ser valorizados na investigação diagnostica individualizada.(35)

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11

Quando as bactérias causadoras da Tuberculose entram em contato

com o hospedeiro, ocorrem três situações: (1) a resposta imune do hospedeiro

elimina completamente o agente; (2) o sistema imune não consegue controlar a

replicação dos bacilos, causando a tuberculose primária; ou (3) o sistema

imune consegue conter as bactérias em granuloma, de forma latente, podendo

provocar a tuberculose pós-primaria ao escapar do sistema imune (36)

As formas extrapulmonares da TB, tem seus sinais e sintomas

dependentes dos órgãos e/ou sistemas acometidos. Sua ocorrência aumenta

entre pacientes com aids, especialmente entre aqueles com

imunocomprometimento grave. Tuberculose pleural – é a mais comum forma

de TB extrapulmonar em indivíduos HIV soronegativos. Ocorre mais em jovens.

Cursa com dor torácica do tipo pleurítica. Empiema pleural tuberculoso – é

consequência da ruptura de uma cavidade tuberculosa para o espaço pleural e,

por isso, além de líquido no espaço pleural, muitas vezes ocorre também

pneumotórax secundário a fistula broncopleural pela cavidade tuberculosa

aberta para o espaço pleural. (35)

Os sintomas da doença pulmonar ativa são tosse, às vezes, com muco ou

sangue, dor torácica, fraqueza ou cansaço, perda de peso, febre e sudorese

noturna. A tosse sanguinolenta esta associada a estágios finais ou tardios da

Tuberculose. Na forma latente, não ha manifestação de sintomas. (37)

Tuberculose ganglionar periférica – é a forma mais frequente de TB

extrapulmonar em pacientes HIV soropositivos e crianças, sendo mais comum

abaixo dos 40 anos. TB meningoencefálica – é responsável por 3% dos casos

de TB em pacientes HIV soronegativos e por ate 10% dos casos em pacientes

HIV soropositivos. Tuberculose pericárdica – Tem apresentação clinica

subaguda e geralmente não se associa a TB pulmonar, embora possa ocorrer

simultaneamente a TB pleural. Tuberculose óssea – é mais comum em

crianças (10% a 20% das lesões extrapulmonares na infância) ou em pessoas

entre as quarta e quinta décadas (35).

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12

1.6 Tuberculose em pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA)

As taxas elevadas de co-infecção pelo vírus da imunodeficiência humana

(HIV) e bacilo da tuberculose (TB) continuam como desafios que impedem à

redução da incidência de ambas as infecções, os mesmos tem sido relatados

ao longo dos últimos anos. A prevalência global cada vez maior do HIV teve

sérias implicações para os programas de controle da Tuberculose, em especial

os países com alta prevalência dessa doença. O HIV tem sido o principal

responsável pelo aumento da mortalidade dos pacientes co-infectados assim

como tem contribuído com o crescente numero de casos de tuberculose. (38)

A tuberculose se configura como uma emergência global: estima-se que,

em 2014, 9,6 milhões de pessoas adoeceram com tuberculose, das quais 12%

eram HIV-positivo. Houve ainda a morte de 1,5 milhão de pessoas, sendo que

1,1 milhão eram HIV-negativo. (6) A TB é sabidamente mais difícil de ser

diagnosticada nos indivíduos infectados pelo HIV. Um percentual elevado dos

casos apresenta baciloscópia direta de escarro negativa, tornando

absolutamente necessária a realização rotineira de cultura para microbactérias

no diagnóstico de TB em portadores do HIV. (39)

No Brasil, em 2015, apenas 68,9% dos casos novos de tuberculose foram

submetidos à testagem para HIV. Os resultados da testagem para HIV entre os

casos novos de tuberculose revelaram 9,7% de pessoas com a coinfecção TB-

HIV no Brasil. O percentual de co-infecção TB-HIV nos casos de retratamento

(18,1%) foi quase duas vezes o percentual dos casos novos (9,7%). (7)

A infecção por HIV também aumenta o risco de episódios de tuberculose

repetidamente por reinfecção exógena. O risco anual estimado de reativação

entre aqueles com coinfecção tuberculose/HIV é de 5-8%, com um risco

acumulado ao longo da vida de 30%, quando comparados com adultos HIV

negativos, cujo risco é de 5-10% (24)

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13

Estudos sugerem que o grau de imunossupressão é o principal

determinante da sobrevida em pacientes com a co-infecção TB/HIV.(40),(41)

Em pacientes HIV positivos e em crianças, tem sido inadequada a estratégia

proposta pela OMS de priorizar a avaliação de pacientes sintomáticos

respiratórios (tosse por mais de 2-3 semanas) para a busca de casos de

tuberculose pulmonar.(42)

Em relação ao tratamento dos indivíduos com tuberculose HIV/Aids na rede

de saúde pública, alguns aspectos merecem consideração, como a

estruturação localização geográfica do atendimento. Os indivíduos co-

infectados necessitam de atenção integral e o atendimento de TB e de

HIV/Aids em locais distintos dificulta e encarece o acesso à atenção,

contribuindo para uma menor adesão ao tratamento.(43)

1.7 Métodos de diagnóstico Clínico, Epidemiológico e Laboratorial.

1.7.1 Clinico

A TB doença infecciosa que afeta principalmente os pulmões e é

transmitida de uma pessoa para outra por meio de gotículas de pacientes

portadores da tuberculose pulmonar bacilífera. Os principais sintomas da

tuberculose pulmonar ativa são: tosse, escarro por vezes sanguinolento, dor

torácica, fraqueza, perda de peso, febre e sudorese noturna. Constantemente a

infecção é assintomática. (44)

Estudos de imagem do tórax Imagens torácicas visualizadas por

radiografia convencional, ultrassonografia, tomografia computadorizada,

imagem de ressonância magnética e tomografia computadorizada PET com

alterações podem levar a suspeita de TB.(45)

O exame radiológico é auxiliar no diagnóstico da TB, justificando sua

utilização nos indivíduos sintomáticos respiratórios, nos suspeitos de serem

portadores de TB extrapulmonar, nos portadores de infecção pelo HIV e nos

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14

contactantes (Intradomiciliar ou extradomiciliar) de pacientes com TB pulmonar.

(46)

Nos pacientes com suspeita clinica, o exame radiológico permite a

diferenciação de imagens sugestivas de tuberculose ou de outra doença, sendo

indispensável submete-los a exame bacteriológico. (35)

O exame microbiológico de escarro e a radiografia de tórax são

indicados quando o paciente é sintomático, para confirmar a presença de

tuberculose, ou descartar a doença em caráter ativo. Assim com identificação

de cepas isoladas, os teste de sensibilidade às drogas anti-tuberculose,

também são indicados e realizados para garantir a confiabilidade do

diagnóstico. (47)Um estudo realizado com alto percentual de indivíduos sem

confirmação etiológica do diagnóstico está provavelmente relacionado à

elevada frequência de pacientes com a forma extrapulmonar e disseminada da

doença. (48)

Um atraso no diagnóstico da tuberculose aumenta a gravidade da

doença. Em vários aspectos estão relacionados com o diagnóstico da

Tuberculose incluem os seguintes itens: a dificuldade de acesso aos cuidados

de saúde; recepção inadequada; baixa prioridade na busca dos sintomáticos

respiratórios e contatos Intradomiciliar e baixo nível de diagnostico em

pacientes com suspeita de TB, resultando em aumentou no período do estudo.

entre a visita ao primeiro serviço de saúde e o inicio do tratamento da

tuberculose (49)

1.7.2 Epidemiológico

A TB é uma doença mundialmente preocupante, sendo bem caracterizada e

tendo seu diagnóstico e tratamento orientados por órgãos nacionais, como o

Ministério da Saúde e a ANVISA. É altamente transmissível, quando na fase

ativa, contudo, pode ser tratada, levando à cura do paciente. (72)

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15

A subnotificação dos casos de tuberculose, existe uma disparidade

entre os dados estimados a partir da situação clínico-epidemiológica de um

país e os casos notificados. Existe um indicador utilizado na década de 1990

para mensurar esta situação e, como corolário, o controle sobre a doença, é a

taxa de detecção de casos, ou case detection rate (CDR), calculada dividindo-

se o número de casos notificados de tuberculose, em um ano, pelo número

estimado de casos novos. (50)

Em um estudo de 153 pacientes com diagnóstico clínico de tuberculose,

24 (16%) tiveram resultado positivo com o Xpert® MTB/ RIF, sendo que 20

deles foram tratados para tuberculose e apresentaram melhora do quadro

clínico (os outros quatro pacientes não foram tratados e não há relato de seu

desfecho clínico). Do restante (129 pacientes), 118 foram tratados e 67

apresentaram melhora. (34) Na prática, os clínicos desejam saber o quanto um

teste é capaz de afetar o julgamento clínico ao ser utilizado na tomada de

decisão sobre a conduta com o paciente. (51)

1.7.3 Laboratorial

O laboratório, através da bacteriologia, ocupa um papel fundamental na

identificação e no controle da Tuberculose (47). Os testes laboratoriais, como a

baciloscopia e a cultura (padrão-ouro para o diagnóstico da tuberculose

pulmonar), são atualmente preconizados pelo Ministério da Saúde para

confirmar os casos suspeitos de tuberculose pulmonar, caracterizados por

sintomatologia clínica ou pelo exame de imagem do tórax. (34)

No Brasil e exterior em estudos realizados relatam que os profissionais

de saúde tem risco de infecção maior que a população em geral e a incidência

de tuberculose nos profissionais do laboratório são de três a cinco vezes

maiores, que entre o restante dos profissionais numa instituição de saúde. A

principal via de infecção é a aérea, pois o indivíduo se infecta através de

aerossóis - gotículas dessecadas de material líquido contendo bacilos, com

dimensões de 0,3µm e que ficam em suspensão no ar. Estes aerossóis são

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16

produzidos em grau variado pela manipulação no laboratório, desde a abertura

de potes de escarro até a quebra de um tubo durante a centrifugação. O risco

depende de quanto material ele manipula, a concentração de bacilos nesse

local e as boas práticas de biossegurança adotadas no laboratório. (52)

1.7.3.1 Baciloscopia - é o exame básico para o diagnóstico bacteriológico da

tuberculose, especialmente na forma pulmonar. Por ser de execução rápida,

fácil e de baixo custo, favorece ampla cobertura diagnóstica, identificando a

principal fonte de infecção (doentes bacilíferos) permitindo a pronta atuação na

interrupção da cadeia de transmissão. (52)

A pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente – BAAR, pelo método de

Ziehl-Nielsen, e a técnica mais utilizada em nosso meio. A baciloscopia do

escarro, desde que executada corretamente em todas as suas fases, permite

detectar de 60% a 80% dos casos de tuberculose pulmonar, o que e importante

do ponto de vista epidemiológico, já que os casos bacilíferos são os

responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão.(35)

A baciloscopia é um exame microscópico que identifica o M. tuberculosis

em um esfregaço de amostra clínica (escarro), preparado e corado com

metodologia padronizada. Na leitura de todas as baciloscopias devem ser lidos,

no mínimo, 100 campos úteis de microscópico, ou seja, aqueles campos nos

quais se observam elementos celulares de origem pulmonar (leucócitos, fibras

mucosas e células ciliares).(53)

A mesma consiste em realizar um esfregaço em lâmina do material

biológico, com posterior coloração de Ziehl-Neelsen, Kinyoun modificada ou

auramina-O e rodamina. A mais utilizada para o diagnostico de Tuberculose e a

de Ziehl-Neelsen e a amostra mais utilizada para a pesquisa de BAAR é o

escarro. (54) Em caso de baciloscopia negativa em pacientes suspeitos de TB

pulmonar, podem ser empregados métodos complementares de diagnóstico,

como lavado gástrico, broncoscopia e escarro induzido. (24)

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A sensibilidade da baciloscopia varia de 40 a 80%, dependendo de

fatores como o tipo de lesão, o tipo e número de amostras, a atenção e a

persistência do microscopista e a presença de co-infecção com HIV.(24)

1.7.3.2 Cultura Sólida e Líquida

A cultura é o método diagnóstico considerado padrão-ouro para

confirmação da tuberculose. (55) É um método de alta especificidade e

sensibilidade no diagnostico da Tuberculose. Nos casos pulmonares com

baciloscopia negativa, a cultura do escarro aumentar ate 30% o diagnostico

bacteriológico de TB. Os métodos clássicos para cultura de microbactérias são

a semeadura da amostra em meios de cultura sólidos. As culturas mais

utilizadas são à base de ovo, Lowenstein-Jensen e Ogawa-Kudoh. A vantagem

é o menor custo e de apresentarem um índice de contaminação menor. A

desvantagem do meio sólido e o tempo de detecção do crescimento bacteriano

de 14 a 30 dias, podendo se estender por ate oito semanas (35)

O crescimento do bacilo em meio de cultura permite a identificação de

M. tuberculosis por meio de testes bioquímicos ou moleculares e, a partir da

cultura, pode-se também realizar o teste de susceptibilidade para diferenciação

de cepas sensíveis e resistentes aos medicamentos disponíveis para o

tratamento. (56) Os métodos realizados em meio de cultura sólida, embora

bastante reprodutíveis, são muito trabalhosos, necessitam de grande rigor de

biossegurança e fornecem resultados após longo período de tempo (15 a 30

dias) (57)

Um método não radiométrico que contém o meio líquido Middlebrook

7H9 modificado e que tem sido utilizado é o sistema MGIT (Tubo Indicador de

Crescimento Micobacteriano), que se baseia no mesmo princípio que o sistema

BACTEC 460TB, porém é um sistema totalmente automatizado com

capacidade para 960 testes simultâneos. Proporciona um resultado de

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18

diagnóstico de Tuberculose em 7 a 10 dias, e de TB resistente em 10 a 15 dias.

(58)

O meio de cultura líquido Middlebrook 7H9 é o meio líquido que

necessita do enriquecimento ADC (albumina, dextrose e catalase) é

comumente utilizado no subcultivo para estocagem de cepas. Há também o

meio líquido Middlebrook 7H9 modificado, acrescido de antibióticos e

enriquecimento OADC (ácido oleico, albumina, dextrose e catalase),

acondicionado em um tubo contendo um sensor fluorescente sensível ao

oxigênio, composto de rutênio pentahidratado em uma base de silicone.(59)

Apesar de ser considerada como método padrão-ouro para o diagnóstico

de tuberculose, a cultura é pouco utilizada na tomada de decisão clínica com

relação ao tratamento inicial, devido à demora para obtenção dos resul-

tados.(60)

De acordo com o Programa Nacional de Controle da Tuberculose

(PNCT/MS) recomenda-se que seja realizada cultura para pessoas com

sintomas relacionados à Tuberculose e baciloscopia repetidamente negativa,

contatos de TB resistente, casos de retratamento, pessoas com dificuldade de

coleta da amostra (crianças, idosos) e para grupos populacionais mais

vulneráveis (coinfectados TB/HIV, população prisional, população indígena,

moradores de rua e profissionais da saúde) A cultura é mais sensível que a

baciloscopia, promovendo um incremento no diagnóstico de cerca de 20%. (61)

1.7.3.3 Teste de Sensibilidade

O papel fundamental dos testes de sensibilidade nos dias de hoje, de

acordo com o autor que para a melhora dos resultados no tratamento da

tuberculose, é necessário à priorização de não realizar antibiogramas, mas

priorizar o diagnóstico e tratamento dos doentes, assegurando a administração

continua e ininterrupta de um esquema terapêutico padronizado, no mínimo a

todos os bacilíferos. (62)

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19

A classificação de maneira errônea de uma cepa sensível como

resistente poderá conduzir a uma desnecessária troca de esquema terapêutico,

com todas as consequências em custo e toxicidade, inclusive determinando,

até pouco tempo, internamento compulsório do paciente por um longo período.

(63)

A grande indicação dos testes, nos dias atuais, está restrita a

levantamentos em programas de saúde pública, com a análise da evolução da

resistência bacilar na comunidade, ao longo dos anos. É um guia na escolha

dos esquemas terapêuticos a serem adotados em programas de massa. Do

ponto de vista epidemiológico, interessa avaliar essas taxas de resistência

periodicamente, para que se estimem os riscos de transmissão dos bacilos

resistentes. (62)

1.8 PCR – Xpert MTB/RIF

O teste Xpert MTB/Rif realizado no sistema GeneXpert é um teste

molecular rápido para a detecção de MTB e resistência à rifampicina, com

tecnologia avançada e para uso na rede primária de saúde (point of care), nas

unidades que disponham de um laboratório que realize baciloscopias. O

sistema GeneXpert é formado por um instrumento GeneXpert, um computador

simples e cartuchos descartáveis. (61)

Não há relatos na literatura sobre ensaios clínicos pragmáticos e sobre a

relação custo-efetividade quanto ao uso desses testes na abordagem

diagnóstica de tuberculose escassa a literatura sobre ensaios clínicos

pragmáticos e sobre a relação custo-efetividade quanto ao uso desses testes

na abordagem diagnóstica de tuberculose ou de TBMR em países em

desenvolvimento, o teste Xpert™ MTB/RIF foi recomendado pela OMS no ano

2010. Esse é um teste molecular totalmente automatizado, com um modelo de

processamento integrado e concebido para purificar, concentrar, amplificar e

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20

identificar sequências alvo do gene rpoB para o diagnóstico de resistência à

rifampicina. (29)

O Xpert® MTB/RIF detecta simultaneamente M. tuberculosis e a

resistência à rifampicina pela amplificação, por meio de PCR, de cinco sondas

sobrepostas que são complementares à região determinante da resistência à

rifampicina, é composta por 81 pares de bases do gene rpoβ de M.

tuberculosis. O objetivo é identificar mutações associadas à resistência à

rifampicina. O processo de amplificação por PCR, neste teste, é heminested e

o alvo amplificado é detectado em tempo real por fluorescência. (68)

De acordo com a literatura, o Xpert® MTB/RIF pode ser processado por

técnicos sem qualificação específica, na ausência de uma infraestrutura de

biocontenção, isto é, em configurações semelhantes aos laboratórios de

diagnóstico de TB encontrados na maioria das regiões em desenvolvimento do

mundo. O uso de cartuchos que podem ser carregados e processados

individualmente, em combinação com a natureza modular do instrumento

(módulos de 1, 4, 16 ou 48) permite aos laboratórios processar as amostras em

tempo real. (68)

Está sendo realizado um estudo chamado “Estudo piloto de

implementação do GeneXpert para o diagnóstico da tuberculose pulmonar em

dois municípios no Brasil”, cujo objetivo geral é monitorar, documentar e avaliar

a implementação piloto de uma nova ferramenta diagnóstica da TB no Brasil,

com o objetivo de orientar a implementação da tecnologia no país. Além de

outros objetivos estimar o impacto da introdução do teste GeneXpert MTB-Rif

na detecção de casos de tuberculose resistente a drogas usadas no tratamento

(TBDR), na rotina dos serviços públicos de saúde em dois municípios de alta

carga de TB, o Rio de Janeiro e Manaus. (25)

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21

2.0 Tratamento

A tuberculose é uma doença grave, porém curável na maioria dos casos

novos, desde que os princípios da quimioterapia sejam seguidos e os pacientes

sejam portadores de cepas de M. tuberculosis sensíveis aos fármacos anti-TB.

Nos esquemas de tratamento padronizados, de primeira linha, são utilizados os

seguintes medicamentos: Isoniazida, Rifampicina, Pirazinamida e

Etambutol.(34)

Ainda são escassos na literatura estudos sobre o desfecho do

tratamento para TB que comparam pacientes que iniciaram tratamento com ou

sem confirmação do diagnóstico, principalmente aqueles co-infectados pelo

HIV, e os resultados obtidos são divergentes.(69)

Em ocasiões onde há forte suspeita de TB pulmonar ou extrapulmonar, e

o estado do paciente é grave, o isolamento do M. tuberculosis é difícil e a

pesquisa diagnóstica possa retardar em demasia o tratamento, recomenda-se

o início do tratamento antes dos resultados bacteriológicos serem conhecidos;

uma vez iniciado, ele não deve ser interrompido, salvo após rigorosa revisão

clínica e laboratorial que determine mudança de diagnóstico. (70)

As quatro drogas do tratamento da tuberculose são administrada na fase

de ataque (2 meses) do tratamento com isoniazida, rifampicina, pirazinamida e

etambutol. Na segunda fase de manutenção (quatro meses subsequentes)

utilizam-se rifampicina e isoniazida. O tratamento dura 6 meses e levando a

cura da doença, desde que haja boa adesão ao tratamento com uso diário da

medicação. O Tratamento deve ser Diretamente Observado (TDO). (71)

Fundamental para que o doente entenda a gravidade de sua doença e a

importância da oportunidade do seu tratamento. A maior parte dos pacientes

que são submetidos ao tratamento da TB, consegue concluí-lo sem sentir

qualquer efeito colateral, no entanto, alguns fatores podem estar relacionados

com essas reações como os que se referem à dose, horários de administração

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22

da medicação, idade do doente, seu estado nutricional, alcoolismo, condições

da função hepática e renal e co-infecção TB/HIV.(1)

No tratamento diretamente observado, (TDO) um profissional da equipe

da unidade de saúde observa a tomada da medicação do paciente desde o

início do tratamento até a sua cura. Esta estratégia, também, oferece maior

acolhimento ao doente, melhor adesão com aumento da cura e redução de

abandono ao tratamento. Todo paciente com Tuberculose deve receber este

tipo de tratamento. (71)

Diante da dimensão territorial do estado do Amazonas, da distribuição

epidemiológica da TB em todos os municípios, da dificuldade de acesso da

população (principalmente indígenas e ribeirinhos) ao diagnóstico de TB e,

consequentemente, ao diagnóstico de resistência medicamentosa, a adoção de

um método de diagnóstico de alta sensibilidade e especificidade e com

resultado rápido como o Xpert MTB/RIF® pode ser uma alternativa

interessante. O presente estudo permitirá a ampliação do conhecimento sobre

a epidemiologia da TB do estado do Amazonas e suas regiões de fronteira,

possibilitando o possível aumento na comprovação bacteriológica dos casos e,

favorecendo o diagnóstico e tratamento adequado dos casos e a melhoria na

qualidade da assistência prestada à população, além da identificação de

estratégias adequadas para as regiões de fronteira

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23

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar o impacto da implementação do Teste rápido molecular para o

diagnóstico de tuberculose em três municípios de fronteira no interior do

Amazonas

2.2 Específicos

Descrever a situação epidemiológica da TB dos municípios selecionados para o

estudo, incluindo os casos detectados em estrangeiros residentes na faixa de

fronteira.

Comparar os resultados da baciloscopia de escarro com os resultados do Xpert

MTB/RIF®, nos municípios do estudo.

Avaliar o possível impacto no rendimento de confirmação bacteriológica em casos

suspeitos de TB em através da utilização do Xpert MTB/RIF®, em relação ao uso

de baciloscópia direta.

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24

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Modelo de Estudo

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo para análise de

implementação do diagnóstico de TB por Xpert MTB/RIF® em amostras de

escarro de 3 municípios do interior com alta carga de TB, região de fronteira e

alta concentração de população indígena.

3.2 Universo de Estudo

Pacientes diagnosticados e notificados no Sistema Nacional de Agravo

de Notificação (SINAN-TB) e do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL)

de 3 municípios de fronteira.

3.2.1 Descrição dos municípios selecionados para o estudo

Foram selecionados três municípios, sendo os três da região do Alto

Solimões: Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do Norte, localização

estratégica em faixa de fronteira e/ou área indígena. As distâncias desses

municípios à capital são consideráveis, variando de 405 a 1.325 Km por via

aérea.

Figura 5 - População dos três municípios pelo Censo 2010 2, população do sexo masculino, população urbana, composição de população urbana, rural e indígena, proporção com escolaridade até 8 anos.

Municípios

População

Sexo

Masculino

Área

Urbana

Área Rural

Indígena até 8

anos de estudo

Distância aérea Manaus

(KM2)

Tabatinga 52279 26347 36371 15908 14855 (28,4)

29444 1105

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25

Fonte: População – IBGE * escolaridade em indivíduos com 10 anos e mais

Figura 6 – Proporção de sintomáticos respiratórios e casos novos de TB

esperados por ano com base no Censo 2010.

Fonte: População – IBGE, Proporção SR e casos esperados – OMS, Incidência –Sinan.- ano com base no Censo 2010.

*Taxas de Cura e Abandono de casos novos pulmonares bacilíferos-SINAN **Em 2011 a

incidência de Atalaia do Norte passou para 135 casos /100.000 habitantes-

(76,8)

Benjamin Constant

33391 17246 20132 13259 9833 (29,4)

19912

(83,0) 1116

Atalaia do Norte

15149 7851 6891 8258 6274

(41,4)

10067

(90,9) 1325

Município

Sintomáticos

respiratórios (1%

pop.)

Casos esperados TB (4%

SR)

Casos novos 2010

Casos novos 2011

Incidência

2010 (/105)

Incidência

2011 (/105)

Óbitos TB

2010

Taxa mortalidade (/105)

Tabatinga 522,79 20,91 49 34 93,728 65,04 7 13,39

Benjamin Constant

333,91 13,36 12 10 35,938 29,95 1 2,99

Atalaia do Norte

151,49 6,06 6 21 39,607 138,62 0 0

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26

4 COLETA DE DADOS

4.1 Composição da base de dados para a análise

Para as variáveis epidemiológicas e laboratoriais foram elaboradas

bases de dados referentes à fase antes da implementação (baseline) do Xpert

MTB/RIF®, período I – 2013 e 2014, e após a implementação do Xpert

MTB/RIF®, período II – 2015 e 2016. Os períodos I e II utilizaram a base de

dados do Sistema de Nacional de Agravo de Notificação (SINAN-TB). Os

dados pós-implementação do Xpert MTB/RIF® foram acrescidos de dados

oriundos do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), que armazena os

resultados dos exames laboratoriais. Para análise dos dados, todas as

informações foram filtradas e analisadas no programa Microsoft Excel, onde foi

realizada a identificação de duplicidades e posteriormente analisadas no

STATA 9.1.

4.2 Principais desfechos e plano de Análise dos dados

Desfecho principal: aumento do diagnóstico de TB pulmonar positiva em

um período de 24 meses com a utilização de amostra de escarro processada

em Xpert MTB/RIF®, comparado com o diagnóstico de TB pulmonar positivo no

período de 24 meses anteriores à entrada do Xpert MTB/RIF®, através de

casos notificados no SINAN (dados secundários - SUSAM/FVS-AM).

Diagnóstico de TB com resistência à rifampicina em pacientes em falência de

tratamento para TB.

Descrever a situação epidemiológica nos municípios de fronteira.Para

cálculo das taxas de incidência utilizamos no numerador os casos novos de TB

e no denominador a população estimada do mesmo período, multiplicado por

100.000.

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27

Para análise dos dados, todas as informações foram filtradas e

analisadas no programa Microsoft Excel, onde foi realizada a identificação de

duplicidades e posteriormente inserida no STATA 9,1.

Realizado análise de concordância por meio do Open Epi versão 3,

avaliando sensibilidade e especificidade, acurácia, valor preditivo positivo, valor

preditivo negativo, odds ratio e kappa.

4.3 Considerações Éticas

Este estudo foi iniciado aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

FMT-HVD, CAAE: 21382113.2.0000.0005 preservando-se os direitos dos

sujeitos da pesquisa conforme a resolução CNS nº 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde. Número do Parecer: 378.782 Data da Relatoria:

30/08/2013.

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5. RESULTADOS

Artigo a ser submetido ao International Journal of Tuberculosis and Lung

Disease (IJTLD)

IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DO TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA O DIAGNÓSTICO DA TUBERCULOSE EM TRÊS MUNICIPIOS DE

FRONTEIRA DO ESTADO DO AMAZONAS

Resumo

A tuberculose é um grave problema de saúde pública no mundo, responsável pelo adoecimento de milhões de pessoas a cada ano. O Amazonas apresentou em 2016 um coeficiente de incidência de 67,2/100. 000 hab, e coeficiente de mortalidade de 3,2/100.000 hab.. O Xpert MTB/Rif® é um teste molecular rápido para a detecção de Mycobacterium tuberculosis e resistência à rifampicina simultaneamente, utilizando tecnologia avançada que pode ser usada na rede primária de saúde. Diante da dimensão territorial do estado do Amazonas, da distribuição epidemiológica da TB em todos os municípios, como o Xpert MTB/RIF®. O objetivo foi descrever aspectos epidemiológicos e laboratoriais e o impacto da implementação do Xpert MTB/RIF® para diagnostico da tuberculose na região de fronteira em três municípios do interior do Amazonas. No período de 2013/2014, foram notificados 164 casos de TB, sendo 23,8% (39/164) no município de Atalaia do Norte, 20,1% (33/164) no município de Benjamim Constant e 56,1% (92/164) em Tabatinga. Após implementação do Xpert MTB/RIF®, no período de 2015/2016, foram notificados 139 casos de TB, sendo 11,5% em Atalaia do Norte, 27,3% em Benjamim Constant e 61,1% em Tabatinga. Nos municípios estudados a incidência da TB variou de 21,5/100.000hab em Atalaia do Norte em 2016 a 130,3/100.000hab em Tabatinga no ano de 2013. O sexo masculino apresentou o maior número de casos e as frequências mais elevadas foram observadas na faixa etária de 15 a 39 anos. Observamos que entre os 303 casos de TB diagnosticados nos três municípios, antes e depois da implementação do Xpert MTB/RIF®, a baciloscopia não foi realizada/registrada para todos os casos de TB em nenhum dos munícipios. Palavras-chave: Diagnóstico, Epidemiologia, Tuberculose, Xpert Mtb/Rif®,

Amazonas.

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Abstract

Tuberculosis is a serious public health problem in the world, responsible for the sickness of millions of people each year. Concurrent with the human immunodeficiency virus, becoming a major cause of death. In 2016, the Amazon presented an incidence coefficient of 67.2 / 100. 000 inhabitants, and a mortality rate of 3.2 / 100,000 inhabitants. The Xpert MTB / Rif® is a rapid molecular test for the detection of Mycobacterium tuberculosis and resistance to rifampicin simultaneously using advanced technology that can be used in the primary healthcare network. In view of the territorial dimension of the state of Amazonas, the epidemiological distribution of TB in all municipalities, such as Xpert MTB / RIF®, may be a viable option for the countryside region. The aim was to describe epidemiological and laboratory aspects and the impact of the implementation of the Xpert MTB / RIF ®. Descriptive, retrospective study in two periods, baseline 2013/2014 and post implementation of Xpert MTB / RIF® 2015/2016. After the implementation of Xpert MTB / RIF®, in the period 2015/2016, 139 cases of TB were reported, 11.5% in North Atalaia, 27.3% in Benjamim Constant and 61.1% in Tabatinga. We observed that among the 303 cases of TB diagnosed in the three municipalities, before and after the implementation of Xpert MTB / RIF®, bacilloscopy was not performed for all cases of TB in any municipality.

Key words: Diagnosis, Epidemiology, Tuberculosis, Xpert Mtb / Rif®, Amazonas

Introdução

A tuberculose (TB) é um grave problema de saúde pública no mundo,

responsável pelo adoecimento de milhões de pessoas a cada ano.

Concomitante com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), constituindo-se

uma das principais causa de morte. (1)

No Brasil, a Tuberculose ocupa a 18ª posição, representando 0,9% dos

casos no mundo. (2) Em 2016 foram notificados 66.796 casos novos e 12.809

casos de retratamento de TB. Apesar dessa redução, em 2015 o Brasil ainda

registrou 4.543 óbitos. No período de 2007 a 2016, o coeficiente de incidência

da doença apresentou uma variação média anual de -1,7%, passando de

37,9/100 mil hab. em 2007 para 32,4/100 mil hab. em 2016. (3)

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30

O Amazonas apresentou em 2016 um coeficiente de incidência de

67,2/100. 000 hab., e coeficiente de mortalidade de 3,2/100.000 hab. destes

66,8% haviam sido testados para HIV entre os casos novos, com um

percentual de cura de 77,2% e taxa de abandono de 12,5%.(3) Em 2015

Manaus coeficiente de incidência da tuberculose foi 98,3/100.000 hab., sendo

23.161 casos novos. As notificações do estado representaram 36,6% do total

de casos no Brasil. (2)

O diagnostico de TB se da pela identificação de bacilos álcool-ácido

resistente através baciloscopia, ou padrão ouro da cultura para MTB ou com

método moleculares e Teste Rápido Xpert MTB/Rif® (4) Apesar de ser

considerada como método padrão-ouro para o diagnóstico de tuberculose, a

cultura é pouco utilizada na tomada de decisão clínica para iniciar tratamento,

pois possui um crescimento lento após 16 a 60 dias dependendo do método

utilizado. (5)

O Xpert MTB/Rif® é um teste molecular rápido para a detecção de

Mycobacterium tuberculosis (MTB) e resistência à rifampicina

simultaneamente, utilizando tecnologia avançada que pode ser usada na rede

primária de saúde (point of care). (12) O teste possui cinco sondas sobrepostas

que são complementares à região determinante da resistência à rifampicina, é

composta por 81 pares de bases do gene rpoβ de M. tuberculosis. (6)

O estado do Amazonas representa 18,4% do território brasileiro com

1.570.745,680 km², subdividido em 62 municípios que somam 3.483.985

habitantes. Destaca-se, que Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do Norte

são municípios formam região de tríplice fronteira do Brasil com países vizinhos

Peru e Colômbia. (7)

Diante da dimensão territorial do estado do Amazonas, da distribuição

epidemiológica da TB em todos os municípios, a adoção de um método de

diagnóstico de alta sensibilidade e especificidade e com resultado rápido como

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31

o Xpert MTB/RIF® pode ser uma opção viável para essas regiões. Desta

forma, o objetivo deste trabalho foi descrever aspectos epidemiológicos e

laboratoriais e o impacto da implementação do Xpert MTB/RIF® para

diagnostico da tuberculose na região de fronteira em três municípios do interior

do Amazonas.

Material e Métodos.

Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo para análise da

epidemiologia da tuberculose e do impacto da implementação do diagnóstico

de TB por meio de Xpert MTB/RIF® (PCR) das amostras de escarro. Para

realização do diagnóstico da TB, foi implantado uma máquina do Xpert

MTB/RIF® no município de Tabatinga, Laboratório de Fronteira (LAFRON),

onde amostras de escarro dos três municípios, Atalaia do Norte, Benjamim

Constant e Tabatinga seriam examinadas.

Foi criado uma base de dados com variáveis epidemiológicas e

laboratoriais referentes à fase antes da implementação (baseline) do Xpert

MTB/RIF®, período I – 2013 e 2014, e após a implementação do Xpert

MTB/RIF®, período II – 2015 e 2016. Os períodos I e II utilizaram a base de

dados do Sistema de Nacional de Agravo de Notificação (SINAN-TB). Os

dados pós-implementação do Xpert MTB/RIF® foram acrescidos de dados

oriundos do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL), que armazena os

resultados dos exames laboratoriais. Para análise dos dados, todas as

informações foram filtradas e analisadas no programa Microsoft Excel, onde foi

realizada a identificação de duplicidades e posteriormente analisadas no

STATA 9.1. Realizado análise de concordância por meio do Open Epi versão 3,

avaliando sensibilidade e especificidade, acurácia, valor preditivo positivo, valor

preditivo negativo, odds ratio e kappa.

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Considerações Éticas

Este estudo foi iniciado aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

FMT-HVD, CAAE: 21382113.2.0000.0005 preservando-se os direitos dos

sujeitos da pesquisa conforme a resolução CNS nº 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde. Número do Parecer: 378.782. Data da Relatoria:

30/08/2013.

Resultados

No período de 2013 e 2014, foram notificados 164 casos de TB, sendo

23,8% (39/164) no município de Atalaia do Norte, 20,1% (33/164) no município

de Benjamim Constant e 56,1% (92/164) em Tabatinga.

Os casos de tuberculose predominaram no sexo masculino em Benjamin

Constant e Tabatinga e no feminino em Atalaia do Norte, nos três municípios

estudados, as freqüências mais elevadas foram observadas na faixa etária de

15 a 39 anos. Tabatinga concentrou o maior numero de casos entre a

população urbana. (Tabela 1).

Tabela 1. Características Epidemiológicas dos casos de TB nos municípios de Atalaia no Norte, Benjamim Constant e Tabatinga no período entre 2013-2014 (n=164).

Características

Municípios

Atalaia do Norte (n=39)

Benjamim Constant (n=33)

Tabatinga (n=92)

Sexo Masculino, n (%) 19(48.7%) 21(63.6%) 50(54.3%) Feminino, n (%) 20(51.3%) 12(36.4%) 42(45.7%) Faixa etária, n (%)

<15 anos 8(20.5%) - 6 (6.5%) 15-39 anos 14(35.9%) 12(36.4%) 42 (45.7%) 40-59 anos 8(20.5%) 10(30.3%) 24 (26%) ≥60 anos Zona (%)

9(23.1%) 11(33.3%) 20(21.8%)

Rural 18(46.1%) 15(45.5%) 11(12%) Urbana 21(53.9%) 18(54.5%) 71(77.1%) Periurbana - - 8(8.7%) HIV positivo - 1(3%) 5(5.4%) Tipo de entrada, n (%)

Novos casos 36(92.3%) 31(94%) 84(91.3%) Retratamento 3(3.2%) 1(3%) 4(4.3%) Transferência - 1(3%) 4(4.3%) Apresentação clínica

Pulmonar 36(92.3%) 31(94%) 86(93.5%) Extrapulmonar 3(7.7%) 2(6%) 6(6.5%)

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33

Após implementação do Xpert MTB/RIF®, no período de 2015 e 2016,

foram notificados 139 casos de TB, sendo 11,5%em Atalaia do Norte, 27,3%

em Benjamim Constant e 61,1% em Tabatinga. Nos três municípios os casos

de tuberculose predominaram no sexo masculino e na faixa etária de 15 a 39

anos. Tabatinga concentrou o maior número de casos entre a população

urbana. A TB pulmonar foi a apresentação clínica mais comum. (Tabela 2)

Tabela 2. Características epidemiológicas dos casos de TB nos municípios de

Atalaia no Norte, Benjamim Constant e Tabatinga no período entre 2015-2016

(n=139).

Nos municípios estudados a incidência variou de 21,5/100.000hab em Atalaia

do Norte em 2016 a 130,3/100.000hab em Tabatinga no ano de 2013 (Tabela

3).

Características Municípios Atalaia do Norte (n=16)

Benjamim Constant (n=38)

Tabatinga (n=85)

Sexo

Masculino, n (%) 10 (62.5%) 20(52.6%) 50(58.9%) Feminino, n (%) 6 (37.5%) 18 (47.4%) 35(41.1%) Faixa etária, n (%)

<15 anos 1 (6.3%) 1 (2.6%) 3 (3.5%) 15-39 anos 5 (31.25%) 13 (34.2%) 37 (43.5%) 40-59 anos 4 (25%) 10 (26.3%) 20(23.5%) ≥60 anos 6(37.5%) 14( 36.8%) 25(29.5%) Zona, n (%)

Rural 9(56.2%) 19(50%) 20(23.5%) Urbana 6(37.5%) 18(47.3%) 63(74.1%) Periurbana - - - HIV positivo 6(37.5%) 2(5.2%) 10(11.8%) Tipo de entrada, n (%)

Novos casos 13 (81.2%) 31(81.5%) 73 (85.9%) Retratamento 1 (6.3%) 3 (7.9%) 9 (10.6%) Transferência 2 (12.5%) 4 (10.6%) 3 (3.5%) Apresentação clínica

Pulmonar 13(81.2%) 36(94.7%) 72(84.8%) Extrapulmonar 3(18.8%) 2(5.3%) 3(3.5%)

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34

Tabela 3 – Taxa de incidência de casos de tuberculose no interior do

Estado do Amazonas nos anos em 4 anos. Amazonas/Brasil

Atalaia do

Norte

/100.000hb

Benjamim

Constant

/100.000hb

Tabatinga

/100.000hb

Amazonas

/100.000hb

Brasil

/100.000hb

2013 75,7 42,6 89,2 70,6 35,4

2014 130,3 38,9 53,6 68,4 33,5

2015 49,6 35,5 50,8 70,1 30,9

2016 21,5 47,0 64,2 67,2 32,4

A tabela 4 mostra a frequência da realização dos exames micobacteriológicos

para detecção do Mycobaterium tuberculosis. Observamos que entre os 303

casos de TB diagnosticados nos três municípios, antes e depois da

implementação do Xpert MTB/RIF®, a baciloscopia não foi realizada/registrada

para todos os casos de TB em nenhum dos munícipios. Observa-se uma

diferença na realização da baciloscopia entre os dois períodos mas ela não foi

significativa. Dos 139 casos de TB notificados após implementação, o Xpert

MTB/RIF® foi realizado para 43 casos, 57% (24/42) dos casos de Tabatinga

foram positivos para o Xpert MTB/RIF®.

Tabela 4– Frequência da positividade dos testes laboratoriais nos dois

períodos, em três municípios de fronteira do Amazonas.

Atalaia do Norte Benjamin Constant Tabatinga Períodos* I II I II I II

Casos TB 39 16 33 38 92 85 BAAR

realizados 35(89,7%) 11(68,8%) 29(87,9%) 31(81,6%) 80(87,0%) 66(77,6%)

BAAR positivos

17(48,6%) 10(90,9%) 9 (31,0%) 13(41,9%) 54(67,5%) 47(71,2%)

Xpert* realizados

- 1(6,3%) - - - 42(49,4%)

Xpert** positivos

- 1(100%) - - - 24(57,1%)

* Período I = 2013-2014 com 164 casos (39+33+92), Período II = 2015-2016 com 139 casos (16+38+85) ** Xpert = Xpert MTB/RIF®

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35

Tabela 5 – Comparação dos resultados da baciloscopia e do Xpert

MTB/RIF®

Xpert MTB/RIF® Baciloscopia Detectado Não detectado TOTAL

Positiva 22 3 25 Negativa 1 8 9 TOTAL 23 11 34

Dos 34, 23 apresentaram resultado positivo para o XpertMTB/RIF®

sendo que 22 também apresentaram baciloscopia positiva. Dos 11 casos

negativos para XpertMTB/RIF® 3 foram positivos para baciloscopia. A

concordância entre os dois testes de diagnóstico foi de 88%, kappa 0.7178

(0.3851-1.051). A cultura foi positiva para os 3 casos discordantes que

apresentaram baciloscopia positiva e Xpert MTB/RIF® negativo, mas não foi

realizada para o caso Xpert MTB/RIF® positivo que apresentou baciloscopia

negativa.

Discussão

O presente estudo permitiu identificar as características epidemiológicas

da tuberculose nos municípios de Benjamin Constant, Atalaia do Norte e

Tabatinga, região de fronteira onde a população é composta por maioria de

indígenas. As áreas de fronteira constituem zonas de uma elevada incidência

de tuberculose em comparação com as zonas mais afastadas. (8).

Neste estudo o sexo masculino predominou, com exceção de Atalaia do

Norte, mas as diferenças não foram significativas, fato também observado em

outros estudos. As formas clínicas pulmonares foram predominantes em nosso

estudo os resultados corroboram com o estudo que comparou a carga de

microbactéria em espécimes extrapulmonares e pulmonares. (9) A forma

pulmonar obteve maior incidência em Tabatinga de (93.5%) 2013 e 2014 e nos

anos de 2015 e 2016 com (84.8%). O percentual de casos com diagnóstico da

doença nas formas pulmonares indica que há diagnósticos tardios e que a

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36

cadeia de transmissão da TB continua a ocorrer. Um estudo apontou que

53,6% dos pacientes iniciaram o tratamento sem confirmação bacteriológica,

na rotina é comum prescrever medicamentos anti-tuberculose para co-

infectados HIV/AIDS. (10)

No Brasil houve redução nas taxas de incidência da TB, variando de

37,9 em 2004 para 32,4 em 2016, o mesmo não ocorreu no estado do

Amazonas. Nos quatro anos de estudo, a incidência foi mais elevada que a

média nacional nos três municípios, com exceção de Atalaia do Norte que

apresentou uma queda de incidência fora do padrão. Em 2014 Atalaia do Norte

registrou incidência quatro vezes superior à nacional e em 2016. Tabatinga

registrou incidência duas vezes maior que a nacional, porém ainda menor que

a do estado do Amazonas. O Amazonas contribuiu com uma taxa de incidência

do dobro da nacional e observa-se variações acentuadas entre os municípios,

inclusive variações em um mesmo município quando comparamos os períodos.

A sensibilidade da baciloscopia apresentou uma variação grande entre

os municípios o que pode indicar problemas na execução da técnica. Quincó

et.al apresentou sensibilidade para a baciloscopia de 45,2% e 57,5% em

população de pacientes HIV positivo e negativo respectivamente. Albuquerque

et. Al relata acurácia do teste de 78,7% em HIV positivos mas apenas 33,6%

dos casos foram confirmados pela cultura. (10)

Hermans et. al mostraram que aintrodução do Xpert MTB/RIF® não

aumentou o diagnostico da tuberculose, mas demonstrou estar associada a um

aumento de casos bacteriologicamente confirmados, diminuido assim o

tratamento empirico. (11) No nosso estudo não foi possível avaliar se houve

aumento do número de casos diagnosticados em Tabatinga, porém entre

aqueles com resultados de baciloscopia e Xpert MTB/RIF® observamos que

apenas um caso de baciloscopia negativa foi positivo para o teste porém não

foi realizada cultura para confirmação. Já o Xpert MTB/RIF® foi negativo em 3

casos de baciloscopia positiva confirmados pela cultura. Uma positividade

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37

maior na baciloscopia do que no Xpert MTB/RIF®, não está de acordo com

outros estudos publicados, onde a sensibilidade e especificidade do Xpert

MTB/RIF® foi superior.

A baciloscopia ainda é o método mais utilizado para o diagnostico da

tuberculose. Uma positividade maior na baciloscopia do que no Xpert

MTB/RIF®, não está de acordo com outros estudos publicados. Apesar da

normatização dos bancos não podemos descartar a possibilidade de que a

qualidade dos dados coletados possa ter limitado o estudo. Entre os dados

coletados no SINAN, não havia variável informando os casos que informavam

que o Xpert MTB/RIF® não havia sido realizado, porém tinham resultado do

exame no GAL. Aumento da possibilidade de inconsistência nas informações

disponibilizadas e processamento incorreto das amostras foi a alta rotatividade

dos profissionais que dificultou o acesso às informações. As dificuldades

observadas apontam para a necessidade do fortalecimento de comunicação do

sistema de saúde no interior do estado do Amazonas. O investimento em

infraestrutura dos serviços laboratoriais, capacitação dos profissionais, logística

adequada para alimentação dos bancos de dados e principalmente constante

monitoramento, são necessários para o bom desempenho dos serviços de

saúde.

Conflito de interesses

Os autores declaram não possuírem conflito de interesses no desenvolvimento

deste trabalho.

Agradecimentos Os autores agradecem a colaboração do Diretor- Presidente da Fundação de

Vigilância e Saúde (FVS-AM) Dr. Bernadino Cláudio de Albuquerque;

A Dra. Ana Ruth Lima Arcanjo Laboratório Central LACEM/Amazonas

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38

LAFRON- Laboratório de Fronteira.

Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira

Á SVS/ Ministério da Saúde 2012/1. Convenio nº 779430/2012. Pelo

financiamento do projeto.

Conclusão

Predominou a incidência, no sexo masculino sobre o feminino. Não

observou-se correlação entre os bancos de dados, SINAN e GAL, acredita-se

haver falta de alimentação dos mesmos para resultado encontrado. A incidência

no interior do estado do Amazonas supera a média nacional e por alguns

períodos a do Estado. A hipótese é que tenha ocorrido uma subnotificação do

sistema GAL (gerenciador de ambiente laboratorial) com relação ao número de

casos apresentados no SINAN, apenas 43 (31%) dos casos no total de 139 casos

em dois anos, com a implementação do Xpert MTB/RIF®. A rotatividade dos

profissionais dificultou o acesso às informações locais na região de fronteira. A

baciloscopia ainda é o método mais utilizado para o diagnostico da tuberculose.

Uma positividade equivalente na baciloscopia e no Xpert MTB/RIF®, está de

acordo com outros estudos publicados, onde a sensibilidade e especificidade do

Xpert MTB/RIF®, é sempre maior. Outra possibilidade é a falta de consistência

de dados sobre as informações disponibilizadas e análises das amostras,

identificando assim a necessidade do fortalecimento de comunicação do sistema

de saúde no interior do estado do Amazonas na região de fronteira, entre as

atividades desenvolvidas. Faz se necessários maiores estudos nessa região de

fronteira, com investimento em infraestrutura dos serviços laboratoriais e logística

de alimentação, dos bancos de dados e capacitação dos profissionais para o bom

desempenho dos serviços de saúde.

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39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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prioritários para o monitoramento do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose

como Problema de Saúde Pública no Brasil Boletim epidemiológico N 13

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contribuição ao diagnóstico nos serviços de saúde pública. Rev Bras Epidemiol

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from: http://www.who.int/tb/laboratory/xpert_faqs.pdf

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2017 Aug 18]. Available from: http://tuberculose-populacoes-

vulneraveis.blogspot.com.br/p/populacao-indigena.html.

9. Albuquerque yvana maria maia Ana Luiza Magalhães de Andrade Lima,(5)Ana Kelly Lins, Marcelo Magalhães, and. Vera Magalhães. Quantitative

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40

real-time pcr (q-pcr) for Sputum Smear Diagnosis of Pulmonary Tuberculosis among people with Hiv/aids. journal listrev inst med trop sao paulov.56(2); mar-apr 2014

10. Grant Theron, Jonny Peter,Greg Calligaro, Richard Meldau,Colleen

Hanrahan, Hoosain Khalfey,Brian Matinyenya, Tapuwa Muchinga, Liezel Smith,

Shaheen Pandie, Laura Lenders, Vinod Patel, Bongani M. Mayosi,and Keertan

Dheda Determinants of PCR performance (Xpert MTB/RIF), including bacterial

load and inhibition, for TB diagnosis using specimens from different body

compartments. Journal ListS cientific Reports. Sci Rep. 2014; 4:

5658.Published online 2014 Jul

11. Hermans,a Sabine, Judy Caldwell,b, Richard Kaplan,a, Frank Cobelensc, &

Robin Wooda. The impact of the roll-out of rapid molecular diagnostic testing for tuberculosis on empirical treatment in Cape Town, South Africa.pdf [Internet]. Bull Wborld Health Organ 2017;

12. Relatorio-XpertMTBRIF-CP5. pdf [Internet]. [cited 2016 Oct 29]. Available

from:http://www.Fundacaoataulphodepaiva.com.br/wp-content/ uploads/

2013/03/ Relatorio- XpertMTBRIF-CP5.pdf. 15.xpert_faqs.pdf [Internet]. [cited

2016 Oct 29].Available from:http://www.who.int/tb /laboratory/xpert_faqs.pdf

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41

6. Discussão

O presente estudo permitiu identificar as características epidemiológicas

da tuberculose nos municípios de Benjamin Constant, Atalaia do Norte e

Tabatinga, região de fronteira onde a população é composta por maioria de

indígenas. As áreas de fronteira constituem zonas de uma elevada incidência

de tuberculose em comparação com as zonas mais afastadas. (20).

Neste estudo o sexo masculino predominou, com exceção de Atalaia do

Norte, mas as diferenças não foram significativas, fato também observado em

outros estudos. As formas clínicas pulmonares foram predominantes em nosso

estudo os resultados corroboram com o estudo que comparou a carga de

microbactéria em espécimes extrapulmonares e pulmonares. (21) A forma

pulmonar obteve maior incidência em Tabatinga de (93.5%) 2013 e 2014 e nos

anos de 2015 e 2016 com (84.8%). O percentual de casos com diagnóstico da

doença nas formas pulmonares indica que há diagnósticos tardios e que a

cadeia de transmissão da TB continua a ocorrer. Um estudo apontou que

53,6% dos pacientes iniciaram o tratamento sem confirmação bacteriológica,

na rotina é comum prescrever medicamentos anti-tuberculose para co-

infectados HIV/AIDS. (22)

No Brasil houve redução nas taxas de incidência da TB, variando de

37,9 em 2004 para 32,4 em 2016, o mesmo não ocorreu no estado do

Amazonas. Nos quatro anos de estudo, a incidência foi mais elevada que a

média nacional nos três municípios, com exceção de Atalaia do Norte que

apresentou uma queda de incidência fora do padrão. Em 2014 Atalaia do Norte

registrou incidência quatro vezes superior à nacional e em 2016. Tabatinga

registrou incidência duas vezes maior que a nacional, porém ainda menor que

a do estado do Amazonas. O Amazonas contribuiu com uma taxa de incidência

do dobro da nacional e observam-se variações acentuadas entre os

Page 58: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE … · projetos, Francisco de Assis Rodrigues e Maria José Souza Rodrigues, ao meu amado esposo Daniel Testa Mota, pelo companheirismo

42

municípios, inclusive variações em um mesmo município quando comparamos

os períodos.

A sensibilidade da baciloscopia apresentou uma variação grande entre

os municípios o que pode indicar problemas na execução da técnica. Quincó

et.al apresentou sensibilidade para a baciloscopia de 45,2% e 57,5% em

população de pacientes HIV positivo e negativo respectivamente. Albuquerque

et. Al relata sensibilidade de 78,7% em HIV positivos mas apenas 33,6% dos

casos foram confirmados pela cultura. (22)

Hermans et. al. mostraram que aintrodução do Xpert MTB/RIF® não

aumentou o diagnostico da tuberculose, mas demonstrou estar associada a um

aumentode casos bacteriologicamente confirmados, diminuido assim o

tratamento empirico. (23) No nosso estudo não foi possível avaliar se houve

aumento do número de casos diagnosticados em Tabatinga, porém entre

aqueles com resultados de baciloscopia e Xpert MTB/RIF® observamos que

apenas um caso de baciloscopia negativa foi positivo para o teste, porém não

foi realizada cultura para confirmação. Já o Xpert MTB/RIF® foi negativo em 3

casos de baciloscopia positiva confirmados pela cultura. Uma positividade

maior na baciloscopia do que no Xpert MTB/RIF®, não está de acordo com

outros estudos publicados, onde a sensibilidade e especificidade do Xpert

MTB/RIF® foi superior.

A baciloscopia ainda é o método mais utilizado para o diagnostico da

tuberculose. A baciloscopia apresentou uma positividade equivalente ao Xpert

MTB/RIF®. Outra possibilidade é a falta de consistência de dados sobre as

informações disponibilizadas e análises das amostras, identificando assim a

necessidade do fortalecimento de comunicação do sistema de saúde no interior

do estado do Amazonas na região de fronteira, entre as atividades

desenvolvidas. Apesar da normatização dos bancos não podemos descartar a

possibilidade de que a qualidade dos dados coletados possa ter limitado o

estudo. Entre os dados coletados no SINAN, não havia variável informando os

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43

casos que informavam que o Xpert MTB/RIF® não havia sido realizado, porém

tinham resultado do exame no GAL. Aumento da possibilidade de

inconsistência nas informações disponibilizadas e processamento incorreto das

amostras foi a alta rotatividade dos profissionais que dificultou o acesso às

informações. As dificuldades observadas apontam para a necessidade do

fortalecimento de comunicação do sistema de saúde no interior do estado do

Amazonas. O investimento em infraestrutura dos serviços laboratoriais,

capacitação dos profissionais, logística adequada para alimentação dos bancos

de dados e principalmente constante monitoramento, são necessários para o

bom desempenho dos serviços de saúde.

7. Conclusão

Mediante resultados encontrados a incidência, no sexo masculino sobre o

feminino foi maior. A observação de correlação entre os bancos de dados, SINAN

e GAL, não foi evidenciada, acredita-se haver falta de alimentação dos mesmos

para este resultado. A incidência no interior do estado do Amazonas supera a

média nacional e por alguns períodos a do Estado. A hipótese é que tenha

ocorrido uma subnotificação do sistema GAL (gerenciador de ambiente

laboratorial) com relação ao número de casos apresentados no SINAN, apenas

43 (31%) dos casos no total de 139 casos em dois anos, com a implementação do

Xpert MTB/RIF®. A rotatividade dos profissionais dificultou o acesso às

informações locais na região de fronteira. A baciloscopia ainda é o método mais

utilizado para o diagnostico da tuberculose. Uma positividade equivalente na

baciloscopia do que no Xpert MTB/RIF®, está de acordo com outros estudos

publicados, onde a sensibilidade e especificidade do Xpert MTB/RIF®, é sempre

maior. Outra possibilidade havendo a possibilidade de consistência de dados

sobre as informações disponibilizadas e análises das amostras, identificando

assim a necessidade do fortalecimento de comunicação do sistema de saúde no

interior do estado do Amazonas na região de fronteira, entre as atividades

desenvolvidas. Faz se necessários maiores estudos nessa região de fronteira

com investimento em infraestrutura dos serviços laboratoriais e logística de

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44

alimentação, dos bancos de dados e capacitação dos profissionais, para o bom

desempenho dos serviços de saúde e assim possivelmente aumentar a

capacidade diagnostica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Mendes AM, Fensterseifer LM. Tuberculose: Porque os pacientes

abandonam o tratamento.Bol Pneumol Sanitária. 2004 Apr;12(1):27–38.

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in Bangkok -- innovate in engaging communities and private sector to achieve

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Saúde Pública no Brasil Boletim epidemiológico N 13. volume 47 2017.

7. Manual de recomendações para o controle da TB no Brasil.doc -

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27]. Available from

http://www.itarget.com.br/newclients/sppt.org.br/2010/extra/download/manual_d

e_recomendacoes_controle_tb_novo.pdf

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45

8. Sanchez Denise Arakaki-, Rossana Coimbra Brito, Denise Arakaki-Sanchez,

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9. IBGE : Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. [cited

2016 Sep 27]. Available from: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/

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perspectiva dos secretários municipais de saúde. Cad Saúde Pública.

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Gonzales RI. Aspectos epidemiológicos da co-infecção tuberculose e vírus da

imunodeficiência humana em Ribeirão Preto (SP), de 1998 a 2003. J Bras

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15. Pesut DP, Gledović ZB, Grgurević AD, Nagorni-Obradović LM, Adzić TN.

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.16. Ferreira AA A, Queiroz KC de S, Torres KP, Ferreira MÂF, Accioly H, Alves

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46

17.Relatorio- XpertMTBRIF-CP5. pdf [Internet]. [cited 2016 Oct 29]. Available

from: http:// www.Fundacao a taulpho de paiva. com. br/wp-content/uploads

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18. Frequently Asked Questions on Xpert MTB/RIF assay [cited 2016 Oct 29].

from: http://www.who.int/tb/laboratory/xpert_faqs.pdf

19. Durovni B, Saraceni V, Hof S van den, Trajman A, Cordeiro-Santos M, Cavalcante S, et al. Impact of Replacing Smear Microscopy with Xpert MTB/RIF for Diagnosing Tuberculosis in Brazil: A Stepped-Wedge Cluster-Randomized Trial. PLOS Med [Internet]. 2014 Dec 9 [cited 2016 Sep 17];11(12): e1001766. Available from: http: // journals.plos. org/ plosmedicine/ article? id=10.1371/ journal.pmed.1001766

20. Braga JU, Herrero MB , Cuellar CM . Transmissão na triplice fronteria.pdf

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2017 Aug 18]. Available from: http://tuberculose-populacoes-

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21. Albuquerque yvana maria maia Ana luiza Magalhães de andrade Lima,(5)ana Kelly lins,Marcelo Magalhães, and Vera Magalhães.Quantitative real-time pcr (q-pcr) for Sputum Smear Diagnosis of Pulmonary Tuberculosis among people with Hiv/aids. journal listrev inst med trop sao paulov.56(2); mar-apr 2014

22. Grant Theron, Jonny Peter,Greg Calligaro,Richard Meldau,Colleen

Hanrahan,Hoosain Khalfey,Brian Matinyenya, Tapuwa Muchinga, Liezel

Smith,Shaheen Pandie,Laura Lenders, Vinod Patel, Bongani M. Mayosi,and

Keertan DhedaDeterminants of PCR performance (Xpert MTB/RIF), including

bacterial load and inhibition, for TB diagnosis using specimens from different

body compartments. Journal ListScientific Reports. Sci Rep. 2014; 4:

5658.Published online 2014 Jul

23. Hermans,a Sabine, Judy Caldwell,b, Richard Kaplan,a, Frank Cobelensc, & Robin Wooda. The impact of the roll-out of rapid molecular diagnostic testing for tuberculosis on empirical treatment in Cape Town, South Africa.pdf [Internet]. Bull Wborld Health Organ 2017;

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47

APÊNDICE

Apêndice A- Equipe de Apoio

Nome Formação (Titulação)

Instituição de trabalho

Função

Marcelo Cordeiro Médico, Dr. FMT-HVD/UEA Orientador

Maria Francisca de Souza Rodrigues

Enfermeira FMT-HVD/UEA Mestranda

Alexandra Brito de Souza

Enfermeira FMT-HVD/UEA Colaboradora

Valeria Saraceni Médica, Dra. FMT-HVD Colaboradora

Paulo Tinoco Farmacêutico FMT-HVD Colaborador

Ana Caroline Biomédica FMT-HVD/UEA Mestranda/Colaboradora

Cynthia Pessoa das Neves

Fisioterapeuta FMT-HVD/UEA Mestranda/Colaboradora

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48

Apêndice B - Cronograma de Execução das Atividades

Inicio: 10/2015 Término 09/2017

Nome Formação (Titulação)

Instituição de trabalho

Função

Marcelo Cordeiro Médico, Dr. FMT-HVD/UEA Orientador

Maria Francisca de Souza Rodrigues

Enfermeira FMT-HVD/UEA Mestranda

Alexandra Brito de Souza

Enfermeira FMT-HVD/UEA Colaboradora

Valeria Saraceni Médica, Dra. FMT-HVD Colaboradora

Paulo Tinoco Farmacêutico FMT-HVD Colaborador

Ana Caroline Biomédica FMT-HVD/UEA Mestranda/Colaboradora

Cynthia Pessoa das Neves

Fisioterapeuta FMT-HVD/UEA Mestranda/Colaboradora

Legenda: Realizada: R Em andamento: EA

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49

ANEXOS

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50

Anexo A- Carta de anuência

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51

Anexo B- Carta de Anuência II

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52

Anexo C- Termo de Compromisso de Utilização de Dados

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53

Anexo D- Parecer consubstanciado do CEP

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54

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55

Anexo E – Modelo de Ficha de Notificação da Tuberculose

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56

Anexo F- Modelo de ficha do GAL – Agravo Tuberculose