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1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar pelo modelo agrohidrológico SWAP/WOFOST Fábio Vale Scarpare Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Física do Ambiente Agrícola Piracicaba 2011

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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Simulação do crescimento da cana-de-açúcar pelo modelo

agrohidrológico SWAP/WOFOST

Fábio Vale Scarpare

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Física do Ambiente Agrícola

Piracicaba 2011

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Fábio Vale Scarpare Engenheiro Agrônomo

Simulação do crescimento da cana-de-açúcar pelo modelo agrohidrológico SWAP/WOFOST

Orientador: Prof. Dr. QUIRIJN DE JONG VAN LIER

Tese apresentada para obtenção do título de Doutor em Ciências. Área de concentração: Física do Ambiente Agrícola

Piracicaba 2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

DIVISÃO DE BIBLIOTECA - ESALQ/USP

Scarpare, Fábio Vale Simulação do crescimento da cana-de-açúcar pelo modelo agrohidrológico

SWAP/WOFOST / Fábio Vale Scarpare. - - Piracicaba, 2011. 163 p. : il.

Tese (Doutorado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2011.

1. Cana-de-açúcar 2. Crescimento vegetal - Simulação 3. Modelagem de dados I. Título

CDD 633.61 S286s

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

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Aos meus pais João Alexio e Marisa,

À minha esposa Joanna e ao meu filho Oliver.

DEDICO

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AGRADECIMENTOS

À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” pelos inesquecíveis anos de vivência e aprendizado. À CAPES pela bolsa de estudo no Brasil e na Holanda durante o estágio doutoral. Ao Prof. Dr. Quirijn de Jong van Lier pela amizade, orientação e paciência. Ao Prof. Dr. Paulo Cesar Ocheuze Trivelin (CENA) e Marcos Guimarães de Andrade Landell (IAC), pela disponibilidade dos dados de campo indispensáveis na execução esse estudo. Ao Prof. Dr. Jos van Dam pela orientação e recepção durante o estágio doutoral na Universidade de Wageningen-Holanda. As pessoas que contribuíram com sugestões: Maurits van den Berg, Paulo César Sentelhas, Edgar Gomes Ferreira de Beauclair, Jarbas Honorio Miranda, Simone Toni Ruiz Corrêa, Durval Dourado Neto, Alexandre Hugo Cezar Barros e Maximiliano Salles Scarpari. As pessoas que gentilmente contribuíram disponibilizando dados meteorológicos, dados do conteúdo de água no solo no local dos experimentos e com material de leitura, ou mesmo ajudaram com a realização das curvas de retenção: Márcio Aurélio Pitta Bidóia, Alexsandro dos Santos Brito, Jost Wolf, Rafael Otto, Rafael Bortolotto, Henrique C. Junqueira Franco, Imídio C. A. de Oliveira, Pablo Javier Ghiberto, Klaus Reichardt, Osni Bacchi, Gilmar Batista Grigolon, Leonildo J. Secarecha, Vanessa Sayury N. C. de Souza, Leonardo Amaral Monteiro, Daniel Pinto Nassif, Paulo Leonel Libardi, Hélio do Prado. Aos colegas da cúpula pelo companheirismo e momentos de descontração na hora do cafezinho! Aos Professores da PPG Física do Ambiente Agrícola pelos valiosos ensinamentos. À Angela M. Derigi Silva, Luiz Fernando Novello e Francisco B. Dias pela ajuda quando precisei.

Muito Obrigado.

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SUMÁRIO

RESUMO...........................................................................................................................9

ABSTRACT.....................................................................................................................11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS..........................................................................13

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................17

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.........................................................................................19

2.1 Origem e história da cultura......................................................................................19

2.2 Ciclos da cana planta e socas...................................................................................19

2.3 Fatores edafoclimáticos determinantes para o desenvolvimento da cultura.............21

2.3.1 Radiação solar........................................................................................................22

2.3.2 Temperatura...........................................................................................................23

2.3.3 Disponibilidade hídrica...........................................................................................24

2.4 Efeitos do estresse hídrico na cana-de-açúcar.........................................................25

2.5 Modelagem de sistemas agrícolas............................................................................27

2.5.1 O modelo WOFOST...............................................................................................30

2.5.2 O modelo SWAP....................................................................................................32

2.5.3 Modelos específicos para a cultura da cana-de-açúcar.........................................34

2.6 Calibração de modelos..............................................................................................38

2.7 Modelagem dos princípios fisiológicos do crescimento da cultura............................40

2.7.1 Assimilação de CO2................................................................................................40

2.7.2 Respiração de manutenção....................................................................................44

2.7.3 Respiração de crescimento....................................................................................46

2.7.4 Partição de fotoassimilados....................................................................................48

3 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................................51

3.1 Locais de estudo.......................................................................................................51

3.2 Dados experimentais.................................................................................................54

3.3 Parametrização e estrutura geral dos modelos (WOFOST e SWAP).......................56

3.3.1 WOFOST................................................................................................................56

3.3.1.1 Emergência e estádio de desenvolvimento (DVS)..............................................56

3.3.1.2 Valores iniciais.....................................................................................................58

3.3.1.3 Assimilação de CO2.............................................................................................58

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3.3.1.4 Respiração de manutenção.................................................................................60

3.3.1.5 Assimilados disponíveis para crescimento..........................................................61

3.3.1.6 Partição de assimilados.......................................................................................61

3.3.1.7 Respiração de crescimento.................................................................................62

3.3.1.8 Incremento de matéria seca................................................................................62

3.3.1.9 Taxa de crescimento de órgãos vegetais............................................................62

3.3.1.10 Raízes...............................................................................................................62

3.3.1.11 Colmos..............................................................................................................64

3.3.1.12 Folhas................................................................................................................64

3.3.2 SWAP.....................................................................................................................67

3.4 Parametrização e otimização dos parâmetros hidráulicos do solo...........................69

3.5 Calibração e validação (ou teste) do modelo de cultura (WOFOST)........................70

3.6 Análise de sensibilidade............................................................................................72

3.7 Aplicações do modelo validado.................................................................................73

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................................79

4.1 Otimização dos parâmetros hidráulicos do solo........................................................79

4.2 Análise de sensibilidade............................................................................................87

4.3 Calibração do modelo..............................................................................................104

4.4 Validação do modelo...............................................................................................114

4.5 Utilização de conjunto de dados independente (IAC).............................................123

5 CONCLUSÕES..........................................................................................................133

REFERÊNCIAS.............................................................................................................135

APÊNDICES..................................................................................................................153

ANEXO..........................................................................................................................161

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RESUMO

Simulação do crescimento da cana-de-açúcar pelo modelo agrohidrológico SWAP/WOFOST

Modelos de simulação têm sido utilizados em estudos agronômicos e ecológicos como ferramenta de pesquisa, possibilitando organizar o entendimento das respostas das plantas a diferentes condições ambientais e, consequentemente predizer a produtividade das culturas. O sucesso na aplicação de modelos depende de sua calibração e das avaliações efetuadas por meio da estimação dos índices morfofisiológicos e dos parâmetros tecnológicos de rendimento da cultura. No presente estudo os objetivos foram: utilizar o conjunto composto por um modelo agrohidrológico (SWAP, Soil Water Atmosphere and Plant) com um modelo genérico de crescimento de cultura (WOFOST, WOrld FOod STudies) adaptando-o para a cultura da cana-de-açúcar; usar o programa PEST (Parameter ESTimation) para calibrar e realizar a análise de sensibilidade dos parâmetros desse modelo; avaliar a eficácia do modelo calibrado e validado para a estimação de massa fresca de colmos industrializáveis por hectare (TCH) e avaliar a eficácia do modelo estimando as propriedades hidráulicas do solo por funções de pedotransferência (PTFs). Dados experimentais da cultivar SP 81-3250 foram utilizadas para a calibração (4 ciclos de produção: cana planta e 3 socas conduzidas na usina Santa Adélia), na análise de sensibilidade (cana planta conduzida na usina Santa Adélia) e validação do modelo (8 ciclos de produção: cana planta e 3 socas conduzidas em 2 usinas). A produtividade média de 25 cultivares em 10 locais da região Centro-Sul foi utilizada para avaliar a eficiência do modelo validado na previsão de colheita. A avaliação desses procedimentos foi realizada por meio dos índices estatísticos: raiz quadrada dos quadrados dos desvios (RMSE), coeficiente de regressão linear (R2), índice de concordância (d) e índice de eficiência (E) em dados de matéria seca simuladas pelo modelo versus dados observados a campo. Bons resultados foram obtidos na calibração e validação do modelo, portanto conclui-se o SWAP/WOFOST apto na utilização da simulação da massa seca da parte aérea. De modo geral, o modelo mostrou alta sensibilidade relativa aos parâmetros do grupo de assimilação de CO2 para a massa seca final da parte aérea. Ainda, o programa PEST foi eficaz na otimização dos parâmetros hidráulicos confrontando o conteúdo de água no solo medido a campo pelo método gravimétrico versus simulado pelo modelo. A previsão de safra realizada pelo SWAP/WOFOST apresentou valores de RMSE semelhantes aos obtidos com o APSIM-Sugarcane. Contudo, por meio de outros índices estatísticos o desempenho do SWAP/WOFOST foi intermediário. A eficiência do modelo em simular a massa seca da parte aérea em ambos os ciclos estudados, cana planta e socas, não foi afetada quando os parâmetros hidráulicos do solo foram obtidos por meios de PTFs.

Palavras-chave: Crescimento de cultura; Modelagem; Parametrização; Calibração

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ABSTRACT

Sugarcane growth simulation by hydrological model SWAP/WOFOST

Simulation models have been used in agricultural and ecological studies as a research tool allowing to organize and comprehend crop response under different environmental conditions, and to predict crop yield. The successful application of models depends on its calibration and assessment performed through morphophysiological index estimation and technological parameters of crop yield. The aims of this study were: to use the combination of a hydrological model (SWAP, Soil Water Atmosphere and Plant) with a generic crop growth model (WOFOST, WOrld FOod STudies) adapted to the sugarcane crop; to use PEST software (Parameter ESTimation) to calibrate and perform the sensitivity analysis of the model parameters; to appraise the model efficiency in estimating fresh weight of cane stems per hectare (TCH) and also to evaluate the effectiveness of the model when estimating soil hydraulic properties generated by pedotransfer functions (PTFs). Experimental data from SP 81-3250 cultivar were used for calibration (4 production cycles: first year cane and 3 ratoons at Santa Adélia sugarcane mill planting area), sensitivity analysis (first year cane at Santa Adélia sugarcane mill planting area) and validation (8 production cycles: 2 first year cane and 6 ratoons at two other sugarcane mill planting areas). Average yield from 25 cultivars grown among 10 different sites in Brazilian South-Central region were used to evaluate the model efficiency on yield prediction. The root mean square error (RMSE), coefficient of determination (R2), index of agreement (d) and coefficient of efficiency (E) were used to evaluate these procedures comparing above ground dry weight simulated by the model versus dry weight measured on the field. Good results were obtained during calibration and validation procedure; hence we may conclude that the SWAP/WOFOST model was able to predict sugarcane above ground dry weight. Model sensitivity analysis showed the group of CO2 assimilation parameters to be the most relevant determining final biomass. PEST software was effective in optimizing the hydraulic parameters by comparing the soil water content simulated by the model against water content measured on the field by the gravimetric method. TCH forecasts made by SWAP/WOFOST showed a similar RMSE as those obtained with the APSIM-Sugarcane model. However, evaluated by other statistical indexes, the SWAP/WOFOST model performance was intermediate. The model efficiency to simulate the above ground dry weight in crop cycles, first year cane and ratoon, was not affected when the hydraulic input parameters were generated by PTFs.

Keywords: Crop growth; Modelling; Parameterization; Calibration

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

(continua) Símbolo Descrição Unidade ADCRH Nível de alta demanda atmosférica cm d-1 ADCRL Nível de baixa demanda atmosférica cm d-1 ADMI Taxa de incremento de massa seca da parte aérea kg ha-1 d-1 AMAX Taxa máxima de assimilação de CO2 kg ha-1 h-1 ASCR Taxa de assimilados disponíveis para o crescimento kg ha-1 d-1 CVF Eficiência do fator de conversão kg kg-1 CVL Eficiência de conversão de CO2 para folhas kg kg-1 CVR Eficiência de conversão de CO2 para as raízes kg kg-1 CVS Eficiência de conversão de CO2 para o caule kg kg-1

Cw Capacidade diferencial de água cm-1 DMI Taxa de massa seca disponível para o crescimento kg ha-1 d-1 DRR Taxa de mortalidade de raízes kg ha-1 d-1 DRST Taxa de mortalidade de colmos kg ha-1 d-1 DSLV Taxa de mortalidade total das folhas kg ha-1 d-1 DSLV1 Taxa de mortalidade das folhas devido ao estresse hídrico kg ha-1 d-1 DSLV2 Taxa de mortalidade das folhas devido ao sombreamento kg ha-1 d-1 DTGA Taxa bruta diária de assimilação de CO2 kg ha-1 d-1 DTEFF Temperatura efetiva diária °C DVS Estágio de desenvolvimento da cultura (-) FL Frações de partição de folhas kg kg-1 FR Frações de partição de raízes kg kg-1 FS Frações de partição de colmos kg kg-1 FYSDEL Fator de envelhecimento fisiológico (-) EFF Eficiência do uso da luz kg ha-1 h-1 (J m-2 s-1)-1 Ep Evaporação potencial cm ETp Evapotranspiração potencial cm GASS Redução da taxa bruta assimilação de CH2O d-1 p/ estresse hídrico kg ha-1 d-1 GLAIEXP Taxa de crescimento do IAF durante a fase exponencial kg ha-1 d-1 GLASOL Taxa de crescimento do IAF durante a fase não exponencial kg ha-1 d-1 GRLV Taxa de crescimento das folhas kg ha-1 d-1 GRRT Taxa de crescimento de raiz kg ha-1 d-1 GRST Taxa bruta de crescimento de colmos kg ha-1 d-1 GWST Taxa líquida de crescimento de colmos kg ha-1 d-1 h Potencial matricial de água no solo cm KDIF Coeficiente de extinção da luz difusa (-) KDIR Coeficiente de extinção da luz direta (-) Kc Coeficiente da cultura (-) Ksat Condutividade hidráulica do solo saturado cm d-1 LAICR Índice de área foliar crítico m2 m-2 LAIEM Índice de área foliar na emergência m2 m-2 LAIEXP Índice de área foliar durante a fase de crescimento exponencial m2 m-2 LVAGE Idade fisiológica da folhas d

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continuação Símbolo Descrição Unidade m Fator empírico da curva de retenção de água no solo (-) MRES Taxa de respiração kg ha-1 d-1

n Fator empírico da curva de retenção de água e de condutividade hidráulica no solo (-)

PERDL Taxa máxima de mortalidade relativa de folhas (-) PGASS Taxa bruta diária de assimilação de CH2O kg ha-1 d-1

Q10 Incremento relativo da taxa da respiração com aumento da temperatura de 10 °C (-)

RD Densidade radicular relativa (-) RDC Profundidade máxima de enraizamento determinada pelo solo cm RDI Profundidade radicular inicial cm RDM Profundidade máxima de enraizamento cm RDRRTB Fator de senescência radicular (-) RDRSTB Fator de senescência de colmos (-) RDS Profundidade máxima radicular determinada pelo solo cm RETRL Razão entre Ta e Tp cm cm-1 RFSETB Fator de senescência (-) RGRLAI Aumento relativo máximo do índice de área foliar diário m2 m-2 d-1 RML Taxa de respiração de manutenção relativa de folhas kgCH2O kg-1 d-

1 RMR Taxa de respiração de manutenção relativa de raízes kgCH2O kg-1 d-

1

RMRES Requisitos de manutenção diária kg ha-1 d-1 RMS Taxa de respiração de manutenção relativa de caule kgCH2O kg-1 d-

1 RR Taxa de extensão vertical radicular cm d-1 RRI Crescimento radicular máximo diário cm d-1 Se Saturação relativa, fração dos poros contendo água (-) SLA Área foliar específica ha kg-1 SPAN Expectativa de vida de folhas sob temperatura constante de 35°C d Ta Transpiração atual cm Tav Temperatura média °C TBASE Temperatura base inferior para o envelhecimento de folhas °C TDWI Massa seca total inicial kg ha-1 Teff Temperatura efetiva diária °C TMPF Temperatura média diária °C TMNF Temperatura mínima diária °C Tp Transpiração potencial cm Tr Temperatura referência °C Tsum Somatório térmico °C TSUMEA Soma térmica da emergência à antese °C d TSUMAM Soma térmica da antese à colheita °C d WLV Massa seca de folhas kg ha-1 WRT Massa seca de raízes kg ha-1 WST Massa seca de caules kg ha-1

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(conclusão)

Símbolo Descrição Unidade z Profundidade no perfil do solo cm α Coeficiente empírico da curva de retenção de água no solo cm θ Teor de água no solo m3 m-3

θres Teor residual de água no solo m3 m-3

θsat Teor saturante de água no solo m3 m-3 λ Coeficiente empírico da curva de condutividade hidráulica (-)

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1 INTRODUÇÃO

A produção mundial de cana-de-açúcar totaliza aproximadamente 1,5 bilhões de

toneladas por ano e está localizada predominantemente na faixa tropical do planeta, em

países da América Latina, África e do Sudeste Asiático. No Brasil, líder mundial de

produção, a lavoura de cana-de-açúcar continua em expansão com área colhida

destinada à atividade sucroalcooleira estimadas na ordem de oito milhões hectares,

distribuídas em todos Estados produtores. O Estado de São Paulo continua sendo o

maior produtor com mais da metade da área plantada (4,4 milhões de hectares),

seguido por Minas Gerais (0,7 milhões hectares), Paraná (0,6 milhões hectares), Goiás

(0,6 milhões hectares), Alagoas (0,4 milhões hectares), Mato Grosso do Sul (0,4

milhões hectares) e Pernambuco (0,3 milhões hectares). Nos demais Estados

produtores as áreas são menores, mas, com bons índices de produtividade. A área de

expansão está estimada em cerca de 500 mil hectares e a área de renovação em 650

mil hectares (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB, 2010).

A produtividade média brasileira para 2010/2011 está estimada em 79,8 t ha-1,

2% menor que a da safra 2009/2010 que foi de 81,6 t ha-1. A previsão do total de cana

que será moída na safra 2010/2011 é de 650 milhões toneladas, com incremento de

cerca de 8% em relação à safra 2009/2010, o que significa que haverá 47 milhões de

toneladas a mais para moagem nesta safra. Sendo assim a previsão é de que do total

da cana esmagada, 294 milhões de toneladas (45%) serão destinadas à produção de

açúcar, as quais devem produzir 38 milhões de toneladas do produto. O restante, 360

milhões de toneladas (55%), serão destinadas à produção de álcool, gerando um

volume total de 28,5 milhões de litros de álcool, deste total, 8,5 milhões de litros serão

de álcool anidro e o remanente de álcool hidratado (CONAB, 2010; FAO, 2010).

Diante da incontestável importância da cana-de-açúcar no cenário nacional, a

realização de estudos visando à melhoria do processo produtivo da cultura é essencial

à continuidade do desenvolvimento do setor canavieiro brasileiro. Inúmeras são as

pesquisas relevantes observando resultados de adubações, irrigação, controle de

pragas e doenças na produtividade, mas os estudos que inter-relacionam fatores como

solo, clima e variedades com a fenologia da cana-de-açúcar são poucos, quanto mais

utilizando modelos quantitativos (SUGUITANI, 2006). Deste modo o desenvolvimento e

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a adoção de ferramentas, como os modelos de previsão de produtividade, usados na

criação de cenários visando planejar e ou dimensionar a produção, são fundamentais

(ARGENTON, 2006). No entanto o uso de modelos para a tomada de decisões no setor

canavieiro brasileiro não é rotina. Dentre os entraves encontrados, a falta de dados de

qualidade constitui-se como o principal gargalo na utilização da modelagem.

Na região Centro-Sul brasileira a cana-de-açúcar é cultivada no sistema de

sequeiro, ou seja, onde a disponibilidade hídrica no local de cultivo exerce grande

influência na produtividade final. A hipótese a ser testada nesse trabalho é que um

modelo mecanístico agrohidrológico é capaz de simular com eficácia a massa seca da

parte aérea considerando o ambiente de produção do Centro-Sul canavieiro.

Para testar essa hipótese o presente estudo tem como objetivos:

1. Utilizar o conjunto composto por um modelo agrohidrológico SWAP (Soil Water

Atmosphere and Plant) com um modelo genérico de crescimento de cultura

WOFOST (WOrld FOod STudies) adaptando-o para a cultura da cana-de-açúcar;

2. Utilizar o programa PEST (Parameter ESTimation) para calibrar e realizar a

análise de sensibilidade dos parâmetros do modelo SWAP/WOFOST;

3. Avaliar a eficácia do modelo SWAP/WOFOST calibrado e validado para a

estimação de massa fresca de colmos por hectare (TCH);

4. Avaliar a eficácia do modelo SWAP/WOFOST utilizando dados de funções

hidráulicas do solo geradas por funções de pedotransferência (PTFs).

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Origem e história da cultura

A cana-de-açúcar é uma planta semi-perene, monocotiledônea, alógama da

família Poaceae, do gênero Saccharum, sendo que as atuais cultivares são híbridos

interespecífico cujas constituições genéticas têm participação de Saccharum

officinarum, Saccharum spontaneum, Saccharum sinense, Saccharum barberi e

Saccharum robustum (MATSUOKA, 1996; MATSUOKA et al., 1999).

A origem provável da cana-de-açúcar data de 6000 anos a.C., na região sudeste

asiático (Nova Guiné e Indonésia) sendo esta uma planta de clima tropical e subtropical

(ARANHA; YAHN, 1987). No Brasil, a cana-de-açúcar chegou logo após o

descobrimento, mas ganhou importância econômica a partir da segunda metade do

século XVI, quando os engenhos do Nordeste Brasileiro passaram a operar em

Pernambuco, Bahia, Alagoas, Sergipe e Paraíba. No século XVII, a produção da cana-

de-açúcar expandiu-se para o Pará e o Amazonas, onde os engenhos orientaram-se

para a produção de cachaça, chegando, em seguida, ao Ceará, Piauí e Rio Grande do

Norte. Nesse período, a cultura atendia perfeitamente à estratégia de Portugal,

associando a ocupação intensa da colônia à produção de um item altamente lucrativo

para a metrópole, na Europa (CANABRAVA, 1991).

O processo produtivo da cana-de-açúcar visa três objetivos: alta produção de

fitomassa por unidade de área, riqueza em açúcar dos colmos industrializáveis,

manutenção ao longo do tempo da produtividade e qualidade da matéria-prima obtida

no sistema produtivo (CÂMARA, 1993).

2.2 Ciclos da cana planta e socas

A cana-de-açúcar, devido ao seu ciclo semi-perene, sofre a influência das

variações climáticas durante todo o ano. Para atingir alta produção de matéria seca e

de sacarose, o manejo da época de plantio é importante. Assim, a planta se desenvolve

durante o período em que as condições de temperatura e umidade adequadas

permitem o máximo crescimento na fase vegetativa e inicia o acúmulo de sacarose nos

colmos favorecido pelo período em que há restrição hídrica ou térmica (TERAMOTO,

2003).

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No Brasil o plantio da cana-de-açúcar pode ser realizado em diferentes épocas.

A cana plantada no verão, entre janeiro e abril, é chamada de cana de 18 meses, ou

cana de ano e meio, sendo colhida no ano subsequente, no início, meio ou fim de safra,

em função da cultivar utilizada (precoce, média ou tardia). Cana plantada no inverno e

no fim do ano (entre setembro e novembro) recebe a denominação de cana de 12

meses, ou cana de ano, devido ao tempo em que seu ciclo ocorre (FIGURA 1).

Figura 1 – Ciclos da cana-de-açúcar e variações na temperatura e pluviosidade na região Centro-Sul do Brasil. Fonte: Castro, 1999

Após a colheita da cana planta dá-se início ao ciclo da cana soca que é de

aproximadamente 12 meses.

Na região canavieira paulista, o período relativamente seco e frio, de maio a

setembro, forma condições favoráveis para o amadurecimento e colheita da cana assim

como para a germinação e início de estabelecimento das socas (VAN DEN BERG et al.,

2000).

A partir do momento em que condições do ambiente ou de manejo induzem o

início da maturação, cada cultivar tende a alcançar o máximo teor de sólidos solúveis

em apenas 2 a 4 meses após a indução. Como regra geral, cada cultivar ao alcançar a

maturação máxima deve ser colhida, caso contrário seu teor de sacarose declinará

(RODRIGUES, 1995). Contudo, na indústria sucroalcooleira o atraso ou antecipação do

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momento ideal de colheita está ligado a outros fatores que não relacionado com a

fisiologia da planta. A umidade do solo e sua trafegabilidade, assim como a logística de

escoamento da safra, entre outros fatores atuam de forma incisiva na tomada de

decisão do momento em que a cana-de-açúcar será colhida.

O corte da cana-de-açúcar resulta na renovação da cultura, não só da parte

aérea, mas também do seu sistema radicular. O sistema radicular apresenta-se mais

superficial na soqueira do que na cana-planta e cerca de 60% das raízes se encontram

na camada de 0-30 cm (SEGATO et al., 2006). Ball-Coelho et al. (1992) relatam que a

mortalidade do sistema radicular após a colheita da cana-planta é menor do que se

especulava, atingindo em torno de 17% para a primeira soca.

2.3 Fatores edafoclimáticos determinantes para o desenvolvimento da cultura

São complexas as relações existentes entre o clima, solo e manejo na

produtividade agrícola da cana-de-açúcar, principalmente pelo fato desses fatores

afetarem o crescimento e o desenvolvimento das plantas nas mais diferentes fases de

seu ciclo (ARGENTON, 2006).

O conhecimento da capacidade produtiva dos solos é um dos principais fatores

de sucesso do empreendimento agrícola. A cana-de-açúcar apresenta grande

adaptabilidade podendo ser cultivada tanto em solos arenosos, que apresentam como

limitações a baixa capacidade de armazenamento de água e alta taxa de perda de

nutrientes por lixiviação, até em solos muito argilosos que podem apresentar alguns

problemas como drenagem deficiente e alta suscetibilidade à compactação (KOFLER;

DONZELI, 1987). Entretanto, cada solo apresentará vantagens e limitações inerentes a

sua classificação que devem ser considerados quando utilizados para a cana-de-açúcar

(TERAMOTO, 2003).

Canaviais paulistas são conduzidos, em geral, em solos fortemente

intemperizados como Latossolos vermelho e amarelo, Argissolos e Arenossolos B

latossólico sendo que os principais fatores que contribuem para a disponibilidade

hídrica são as características de retenção de água no perfil do solo e a limitação ao

enraizamento sub-superficial causada por altos teores de Alumínio (VAN DEN BERG et

al., 2000). Solos fortemente intemperizados são, de modo geral, profundos, bem

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22

drenados, friáveis, de coloração vermelha e ou amarela e pobre em nutrientes

(SANCHES, 1981, 1997). No entanto, altas produtividades podem ser obtidas se

corrigidas a acidez e a deficiência nutricional desses solos.

Sabendo dessa enorme variação entre os tipos de solo destinados a cana-de-

açúcar e objetivando um melhor manejo varietal, a classificação do ambiente de

produção canavieiro foi desenvolvida por Prado et al. (2008). Esses ambientes são

classificados de acordo com características de disponibilidade hídrica e química do solo

na camada arável. Dessa forma, 10 níveis de ambiente de produção (A1, A2, B1, B2,

C1, C2, D1, D2, E1 e E2) podem ser obtidos dependendo da produtividade média do

canavial onde valores de produtividade média maior que 100 t ha-1 de massa fresca de

colmos industrializáveis (ambiente A1) até menor que 68 t ha-1 (ambiente E2).

No Brasil, devido à grande extensão territorial encontram-se diversas condições

climáticas para a lavoura canavieira. No que se refere aos elementos meteorológicos

para a produção agrícola da cana-de-açúcar, a radiação solar, a temperatura e a

disponibilidade hídrica são os de maior importância.

2.3.1 Radiação solar

A radiação solar intervém no crescimento e desenvolvimento da planta e no

regime térmico, sendo fundamental à produção de biomassa. Tem grande importância

no condicionamento da evapotranspiração e, em regiões úmidas, a radiação solar pode

apresentar estreita relação com a evapotranspiração. Assim, a radiação líquida

disponível ao meio, resultante do balanço energético, é a variável mais utilizada para a

estimativa da demanda hídrica (MARCHIORI, 2004; ORTOLANI; CAMARGO, 1987).

Canaviais cultivados em regiões com alta disponibilidade de radiação solar

apresentam maior área foliar, folhas mais espessas e verdes, raízes mais

desenvolvidas, tendendo a acumular mais matéria seca (FAUCONIER; BASSERERAU,

1970). Durante os dias mais longos, início do verão, especialmente após as chuvas, as

plantas apresentam crescimento vigoroso devido à intensificação da radiação solar.

Nessas ocasiões, associam-se todas as condições requeridas para altas taxas de

crescimento, isto é, plena disponibilidade hídrica no solo, valores elevados de

temperatura e radiação solar (MARIN et al., 2009).

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23

2.3.2 Temperatura

A temperatura é um dos elementos meteorológicos mais importantes na

produção da cana-de-açúcar, havendo grande número de publicações sugerindo limites

térmicos para a cultura (MARIN et al., 2009). De modo geral, admite-se que a cana

apresente queda expressiva na taxa de crescimento sempre que a temperatura do ar

cai abaixo de 20°C e, contrariamente, taxas máximas quando submetidas a

temperaturas entre 30 e 34°C, passando a ocorrer estresse térmico sob condições de

temperatura acima dos 35°C, com crescimento praticamente nulo, acima dos 38°C.

Considera-se também que o crescimento da cana-de-açúcar estaciona ou torna-se

praticamente nulo quando a temperatura do ar é inferior a valores entre 16 e 18°C,

(BARBIERI; VILLA NOVA, 1977; BARBIERI et al., 1979; DOORENBOS; KASSAM,

1979; MAGALHÃES, 1987).

Diversos autores (FAUCONIER; BASSEREAU, 1970; PENNING DE VRIES et al.,

1989) relacionam o efeito direto da temperatura com a atividade fotossintética e

respiratória. Segundo esses autores, a atividade fotossintética se mantém em

condições ótimas entre 23 a 32°C enquanto que a respiração é máxima entre 36 a

38°C. Para a taxa da respiração, o aumento de 10°C na temperatura do ar corresponde

a sua duplicação (McCREE, 1970) até temperaturas letais (45-60°C). Essa

dependência entre temperatura e a taxa de respiração de manutenção corresponde

com o conceito biológico de Q10. Para a cana-de-açúcar, Inman-Bamber (1991)

determinou o valor de Q10 igual a 1,68 enquanto que Waldron et al. (1967) verificaram

que a mesma apresenta Q10 de 1,1 na faixa de temperatura que vai de 8 a 34ºC.

Para a brotação de gemas, Nickell (1977) demonstrou que a faixa ideal de

temperatura do ar está entre 34 a 37°C, sendo os extremos, abaixo dos 21°C e acima

dos 44°C limitantes. Camargo et al. (1976) relacionou a temperatura crítica do solo para

a brotação em 19°C. Na fase de emergência, Singels et al. (2008) utilizou a temperatura

base de 10°C para a cultivar referência sul africana NCo 376, obtendo o somatório

térmico do plantio a emergência (cana planta) e da colheita a emergência (cana soca)

de 428 e 203°C d respectivamente.

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24

A diminuição da temperatura do ar tem papel fundamental na maturação da

cana-de-açúcar, responsável pela redução no ritmo do desenvolvimento vegetativo para

o acúmulo de sacarose nos colmos (SCARPARI; BEAUCLAIR, 2004).

2.3.3 Disponibilidade hídrica

A disponibilidade hídrica desempenha papel fundamental na produção da cana-

de-açúcar, pois existe ótima correlação entre o consumo hídrico e a produção de

colmos. No primeiro período do ciclo, ou seja, brotação, perfilhamento e

estabelecimento, a demanda hídrica é mais intensa. No período de crescimento

vegetativo o efeito da água no ciclo da cultura diminui, chegando a ser considerado

como quase insignificante no período de maturação (DELGADO-ROJAS; BARBIERI,

1999; SCARDUA, 1985).

O consumo hídrico varia em função da área foliar, do estádio fenológico, do ciclo

da cultura (cana planta ou soca), das condições climáticas, da densidade do sistema

radicular, da água disponível no solo entre outros fatores (MARIN et al., 2009;

SCARDUA; ROSENFELD, 1987;). Segundo Doorenbos e Kassam (1979), a demanda

hídrica da cana-de-açúcar está entre 1500 e 2500 mm ano-1.

Canavicultores paulistas apontam a disponibilidade hídrica como sendo a

principal causa da variação das taxas inter-anuais e diferenças de rendimento em

diferentes solos. Nessa região a irrigação não é aplicada, pois a precipitação média

anual de 1300 mm é suficiente para obtenção de produções satisfatórias. Dessa forma,

maiores reduções de produtividade são atribuídas aos assim chamados veranicos,

estiagem de mais de duas semanas durante a estação chuvosa e quente, de novembro

a março (VAN DEN BERG et al., 2000).

Diversos estudos apontam determinações de consumo hídrico obtidas em campo

para essa cultura, em função de distintos métodos de cálculo da evapotranspiração e

locais (TABELA 1).

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Tabela 1 - Consumo hídrico da cana-de-açúcar obtido em diversos estudos de campo Ciclo da cultura Local Consumo hídrico (mm d-1) Referências

Mínimo Médio Máximo Planta EUA (Havaí) 4,1 5,7 8,6 Campbell et al. (1959)

-- EUA (Havaí) 3,8 -- 8,0 Cox (1960) Planta África do Sul 2,3 -- 6,1 Thompson et al. (1963) Planta África do Sul 1,8 3,7 5,7 Thompson (1965)

-- Brasil 1,3 -- 3,4 Tosello (1966) Planta e soca Taiwan 2,2 4,8 7,7 Chang e Wang (1968)

Planta África do Sul 2,5 3,9 6,6 Thompson e Boyce (1971) -- Brasil 1,2 -- 2,8 Cruciani (1972)

Planta Brasil 2,3 3,6 4,5 Souza (1974) Planta Filipinas 1,5 3,1 4,6 Early e Gregório (1974)

Planta e soca Argentina 3,4 4,4 5,1 Fogliata (1974) Soca Brasil 2,2 3,6 5,0 Souza (1975)

1a Soca África do Sul 2,5 3,9 7,8 Thompson (1976) 2a Soca África do Sul 1,8 3,6 5,9 Thompson (1976) Planta Brasil 1,78 3,14 4,5 Souza e Scardura (1977) Soca Brasil 2,1 3,25 4,4 Souza e Scardura (1977) Planta Brasil 1,9 3,8 5,6 Leme (1978) Planta Brasil 1,3 3,2 4,8 Leme (1978) Planta Brasil 2,3 3,3 4,5 Scardura (1979) Soca Brasil 2,2 3,2 4,4 Scardura (1979)

Planta e soca EUA (Flórida) 1,3 3,4 6,8 Shih e Gascho (1980) Planta Brasil 0,5 2,5 6,0 Barbieri (1981) Planta Taiwan -- 2,3 -- Chang et al. (1983)

1a Soca Taiwan -- 3.1 -- Chang et al. (1983) 2a Soca Taiwan -- 3,1 -- Chang et al. (1983) Planta Colômbia 2,7 3,3 3,7 Yang et al. (1985)

1a Soca Colômbia 3,2 3,6 4,0 Yang et al. (1985) MÉDIA -- 2,2 3,6 5,4 --

Fonte: Marin et al. (2009); Teramoto (2003); Suguitani (2006)

2.4 Efeitos do estresse hídrico na cana-de-açúcar

As plantas estão sujeitas a grande variedade de estresses ambientais, incluindo

temperaturas inadequadas, estresse mecânico (vento), condições físico-químicas

desfavoráveis de solo e várias doenças e pragas. No entanto, o estresse causado pelo

déficit hídrico é o que reduz o crescimento e a produtividade vegetal mais que todos os

outros estresses combinados, ocorrendo em qualquer local, mesmo nas regiões

consideradas “úmidas” (KRAMER, 1983). À medida que aumenta o teor de água, a

cultura pode expressar melhor o seu potencial produtivo até determinado ponto, após o

qual a produtividade passa a decrescer devido ao excesso de água no solo, resultando

na baixa aeração na zona radicular (anoxia) e a lixiviação de nutrientes.

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26

O entendimento da resposta das culturas ao estresse hídrico é uma condição

prévia para a escolha das melhores cultivares e práticas de manejo para otimizar a

exploração dos recursos naturais (SMIT; SINGELS, 2006). Algumas cultivares mantêm

rigoroso controle sobre a resistência estomática durante o período de seca, para

assegurar praticamente a ausência de perda de água e a retenção de folhas verdes na

copa. Em outras, as folhas da copa murcham rapidamente e tornam-se senescentes no

início do período seco, mas não são capazes de se regenerarem rapidamente quando

irrigadas. Se o déficit hídrico for severo durante a estação de crescimento, a rapidez

com que a cultura retoma o crescimento adquire alta importância, e não está

necessariamente associada com a retenção de folhas verdes na copa (BULL;

GLASZIOU, 1975).

O déficit hídrico, principalmente o fechamento dos estômatos e a consequente

redução da taxa fotossintética, afeta inúmeros aspectos do crescimento vegetal, pois

está diretamente relacionado com a elongação e crescimento celular (HUMBERT,

1968). Sendo que os efeitos mais expressivos em cana-de-açúcar estão relacionados à

redução do tamanho das plantas, de sua área foliar e consequentemente sua

produtividade (KRAMER, 1983; TAIZ; ZEIGER, 2002). Redução de até 35% na

biomassa da cana-de-açúcar foi verificada em consequência da restrição hídrica, em

período de alta demanda evaporativa em plantas jovens (INMAN-BAMBER, 2004).

Inman-Bamber e Smith (2005); Pimentel (2004); Ramesh (2000) afirmam que o

déficit hídrico pode ter maior ou menor impacto na produtividade agrícola de acordo

com a fase de desenvolvimento da planta. O período mais crítico apontado por Pires et

al. (2008) é quando as plantas apresentam elevada área foliar necessitando de maior

volume de água para realizar trocas gasosas com a atmosfera. Robertson et al. (1999)

estudando as respostas fisiológicas da cana-de-açúcar ao déficit hídrico em ambiente

de sequeiro e irrigado durante fases distintas de desenvolvimento relataram que na fase

inicial de crescimento, o déficit hídrico, embora apresente grandes impactos na área

foliar, no perfilhamento e acúmulo de biomassa, teve pouco impacto no rendimento final

da planta. Por outro lado, o déficit hídrico imposto quando a dossel estava bem

estabelecido, índice de área foliar (IAF) maior que 2, teve impacto mais prejudicial sobre

o rendimento final da biomassa total, biomassa de colmos, e sacarose nos colmos.

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27

Inman-Bamber e Smith (2005) estudaram os efeitos do déficit hídrico no dossel

da cana-de-açúcar constatando haver significativa redução da área foliar devido ao

aumento da senescência das folhas e diminuição da taxa de emergência de folhas

novas. A redução da formação de folhas verdes tem sido atribuída à estratégia para

diminuir a superfície transpirante e o gasto metabólico para a manutenção dos tecidos

(INMAN-BAMBER, 2004; INMAN-BAMBER; SMITH, 2005; INMAN-BAMBER et al.,

2008; PIMENTEL, 2004; SMIT; SINGELS, 2006). Inman-Bamber (2004) ressalta que os

veranicos afetam negativamente o desenvolvimento do dossel da cana-de-açúcar

diminuindo a formação de novos perfilhos e folhas acelerando a senescência dos

mesmos.

Dependendo da severidade do estresse hídrico imposto, a biomassa particionada

entre os diferentes órgãos da planta pode ser alterada, com consequente efeito sobre o

conteúdo de sacarose nos colmos e rendimento de biomassa (SINGELS et al., 2000).

Este fato tem sido explorado em locais onde a cana-de-açúcar é cultivada com

suplementação hídrica. Robertson e Donaldson (1998) aumentaram o teor de sacarose

em 18% em experimentos com estresse controlados na África do Sul.

Importante ressaltar que os efeitos causados pelo déficit hídrico resultam da

combinação entre a disponibilidade de água no solo com a demanda

evapotranspiratória.

2.5 Modelagem de sistemas agrícolas

A palavra modelo deriva de "modus" (uma medida) e implica em mudanças de

escala em suas interpretações. Modelos podem ser traduzidos como objeto destinado a

ser reproduzido por imitação ou a representação em pequena escala de algo que se

pretende executar em grande. No ramo da ciência, modelo pode ser definido como o

conjunto de hipóteses sobre a estrutura ou o comportamento de um sistema físico pelo

qual se pretendem explicar ou prever, dentro de uma teoria científica, as propriedades

do sistema (FERREIRA, 1999). Portanto, podemos considerar que os modelos são

representações simplificadas da realidade.

Aris (1994) define modelos como sendo equações matemáticas representando

fenômenos, podendo ser de entidade física, química, biológica, social ou conceitual.

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28

Assim, essa ferramenta pode ser usada para a predição do desempenho do sistema

pela simulação de situações já ocorridas ou ainda não experimentadas.

O conceito do “modelo de simulação” surgiu da necessidade inerente do homem

em compreender como a natureza e seus componentes funcionam. Para isso, foi

necessário isolar o objeto de estudo, bem como parte do ambiente que nele interfere,

uma vez que na natureza os objetos são interdependentes e se influenciam

mutuamente (CHEEROO-NAYAMUTH, 1999; TERAMOTO, 2003).

Na agricultura, a modelagem baseada em processos teve início com o trabalho

de de Wit (1965) que introduziu a teoria de sistemas e as técnicas de simulação na

dinâmica dos sistemas agrícolas.

A modelagem em sistemas agrícolas é uma ferramenta de pesquisa

interdisciplinar que integra o conhecimento podendo sintetizar os dados de um ou mais

experimentos além de auxiliar na melhoria genética e aumento do rendimento potencial,

simulando as características genéticas das plantas; verificar o efeito da taxa

fotossintética nas folhas; prever rendimentos e eventuais quebras de safras; administrar

a irrigação e a adubação; prever as respostas da cultura a diferentes espaçamentos;

efeitos de mudanças climáticas na cultura; otimizar o planejamento de plantio e colheita;

auxiliar pesquisadores e produtores no manejo cultura, além de diminuir gastos com a

experimentação (BOOTE et al., 1996; SUGUITANI, 2006; VAN ITTERSUM et al., 2003).

O fato de se conseguir prever produções tem efeito sobre a política agrícola, nos

processos de comercialização, na forma de estoque, dentre outros aspectos

(SUGUITANI, 2006)

A rapidez em que o conhecimento no domínio da agricultura evolui associado à

maior acessibilidade à informação tecnológica tem contribuído para um amplo

desenvolvimento do número de modelos agrícolas ao longo nas últimas décadas.

Cheeroo-Nayamuth (1999) realizou extensa pesquisa entre os periódicos (Transaction

of ASAE, Agricultural Systems, Agricultural and Forest Meteorology, Agronomy Journal

e Field Crops Research) cujos trabalhos apresentassem no título os termos

“modelagem e simulação” obtendo como resultado significativa evolução ao logo dos

anos; de 82 estudos publicados na década de 70 para 270 estudos publicados até a

década de 90. Esses dados corroboram com a tendência de que os modelos aplicados

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29

em estudos em sistema agrícola estão sendo cada vez mais desenvolvidos e

investigados.

Devido à complexidade do sistema agrícola, modelos com níveis organizacionais

distintos são encontrados na literatura operando desde a escala de um país ou

continente, passando obviamente pela escala regional, de bacia hidrográfica, lavoura, a

escala de planta até a escala celular. A escala da planta, de modo geral, é o nível de

maior interesse para o modelador agrícola o qual associa as reações e inter-relações do

nível de tecidos e órgãos associando a escala de planta e extrapolando para escalas

maiores.

Dependendo da disponibilidade de dados e do conhecimento do processo a ser

modelado, diferentes níveis de complexidade são desenvolvidos, dentre os quais se

destacam: os modelos empíricos, modelos mecanísticos, modelos estocásticos e

modelos de regressão.

Os modelos empíricos constituem em analisar dados experimentais realizando

algumas análises dos mesmos e tentando idealizar equações matemáticas que possam

ser usadas como modelos matemáticos que se ajustam aos dados observados. Nesse

tipo de modelo utilizam-se dados empíricos, variáveis ou constantes consagradas que

fazem parte do conhecimento de determinado ramo da ciência. Quando o interesse é

descrever primariamente a resposta de um sistema de forma geral, o método empírico

pode ser utilizado satisfatoriamente. Neste caso, não há muito interesse em explicar

detalhadamente o porquê de o sistema responder de tal forma (TERAMOTO, 2003).

Os modelos mecanísticos, contrariamente aos empíricos, descrevem um sistema

em termos dos mecanismos físicos, químicos e biológicos. Assim, um modelo pode ser

constituído com base na estrutura do sistema, dividindo-o em componentes e

descrevendo o comportamento desse sistema como um todo em termos do

comportamento dos componentes individuais e suas inter-relações (VAN DAM, 2000).

Modelos estocásticos são modelos matemáticos cuja finalidade está em estimar

a distribuições da probabilidade de resultados potenciais permitindo a variação aleatória

que é baseada, geralmente, nas flutuações observadas em dados históricos usando

técnicas do padrão série-tempo (CHEEROO-NAYAMUTH, 1999).

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30

A regressão múltipla é o modelo mais simples utilizado na estimativa da

produtividade agrícola. Foi utilizado pela primeira vez por Ronald Fisher, em 1924, para

estudar a influência das chuvas na produtividade do trigo. Porém, quem mais se

notabilizou com esse tipo de modelo, foi Lois Thompson em 1969, estudando a

produtividade do milho (PEREIRA, 1985).

Qualquer que seja a escala ou objetivo da modelagem, os modelos utilizados

como suporte para a tomada de decisões geralmente contêm complexidade

correspondente ao seu nível de detalhamento. Modelos de longo prazo (anuais ou

maiores), e em grandes dimensões (planejamento nacional de safra), possivelmente

são baseados em dados empíricos, geralmente oriundos de regressão entre o

rendimento da cultura e outros fatores, como precipitação pluvial ou capacidade de

armazenamento de água no solo (ARGENTON, 2006). Por outro lado, existem modelos

baseados em dados provenientes de processos que ocorrem no dossel das culturas,

operando em base de dados diária, alimentados com rigor mecanicista. O modelo

WOFOST se enquadra nesse tipo de abordagem.

2.5.1 O modelo WOFOST

O modelo genérico WOFOST (WOrld FOod STudies) simula o crescimento de

uma cultura baseada em processos como a fotossíntese e a respiração e como esses

sofrem influência do ambiente (BOOGAARD et al., 1998; HIJMANS et al., 1994;

SPITTERS et al., 1989; SUPIT et al., 1994; VAN KEULEN; WOLF, 1986).

WOFOST é membro da família de modelos desenvolvidos pela Universidade de

Wageningen cujo pioneiro foi o pesquisador e professor C.T. de Wit. Sucessores de

WOFOST são SUCROS (Simple and Universal CROp growth Simulator), (SPITTERS et

al., 1989; VAN KEULEN, 1982; VAN LAAR et al., 1992), ARID CROP (VAN KEULEN,

1975; VAN KEULEN et al., 1981), SPRING WHEAT (STOL et al., 1993; VAN KEULEN;

SELIGMAN, 1987), MACROS (PENNING DE VRIES et al., 1989) e ORYZA1 (KROPFF

et al., 1993).

A simulação transcorre ao longo das fases de crescimento e de reprodução,

sendo a emergência o ponto inicial e a colheita o ponto final da simulação. O

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31

crescimento é simulado com base nos processo eco-fisiológicos onde o estádio de

desenvolvimento, a assimilação de CO2 e partição dos fotoassimilados são destacadas.

A emergência é tida como um ponto chave no desenvolvimento para a maioria

das culturas, pois representa a transição da fase em que a planta deixa a dependência

das reservas iniciais provenientes dos órgãos de propagação para ser auto-suficiente,

produzindo sua própria fonte de carboidrato pela assimilação de CO2 (VAN KEULEN;

WOLF, 1986).

No modelo WOFOST as fases de desenvolvimento são descritos ao longo de

uma escala que vai de 0 a 2. O valor 0 representa a emergência, 1 representa o

florescimento e 2 a maturação completa / colheita. A duração de cada fase é específica

para cada espécie e cultivar e está em função da temperatura do ambiente, conceito do

somatório térmico. Ainda, dependendo da espécie pode ser agregado o efeito do

fotoperíodo na contabilização da fase de emergência ao florescimento (VAN KEULEN;

VAN DIEPEN, 1990).

Na tentativa de modelar a diversidade ecológica presente na agricultura, três

níveis hierárquicos de simulação de crescimento são apresentados: a potencial, a

limitada e a reduzida ou atual (FIGURA 2).

Figura 2 - Níveis hierárquicos de crescimento de cultura do modelo WOFOST

Produção Potencial

Nesse nível de simulação, o crescimento da cultura é determinado por suas

características genéticas, pela disponibilidade de radiação solar, pela temperatura do ar

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32

e pela concentração atmosférica de CO2 que é tida como constante. Todos os outros

fatores são considerados como não limitantes ao crescimento.

Produção Limitada

Nesse nível, em complemento da produção potencial, consideram-se dois níveis

de produção, seja pelo efeito do período deficitário de nutrientes no solo ou pelo efeito

do período deficitário de umidade do solo durante o crescimento da cultura.

Enfatizando somente a produção limitada pelo efeito do período deficitário de

umidade do solo, esse nível representa o rendimento máximo que pode ser obtido em

determinadas condições de sequeiro. A disponibilidade de água do solo é determinada

pelo balanço hídrico, que por usa vez está em função da precipitação pluvial e

evapotranspiração, e suas distribuições ao longo do ciclo de desenvolvimento. Outros

fatores como tipo de solo, e a influência e profundidade do lençol freático podem ser

levadas em consideração pelo modelo. Portanto, nesse caso, a diferença entre a

produção potencial e a limitada indica o incremento que a irrigação poderia atingir se

aplicada.

Produção Reduzida

Nesse nível de modelagem considera-se que a redução do rendimento da

cultura, além dos fatores hídricos e ou nutricionais é reduzida por fatores bióticos como

doenças, parasitas e plantas daninhas.

No presente estudo, apenas a produção potencial e limitada por água foram

consideradas.

2.5.2 O modelo SWAP

Da mesma forma que o modelo WOFOST, o modelo agrohidrológico SWAP (Soil

Water Atmosphere and Plant) foi também desenvolvido por pesquisadores da

Universidade de Wageningen, Holanda. Seu foco principal está na concepção dos

mecanismos físicos associados aos processos de fluxo de água, fluxo de calor e

transporte de solutos no solo (VAN DAM et al., 2008). Os processos hidrológicos

incorporados no modelo são representados na FIGURA 3.

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33

Figura 3 – Resumos simplificados dos processos agrohidrológicos incorporados no SWAP Fonte: Barros (2010) adaptado de van Dam et al. (2008)

A base matemática do modelo é a equação de Richard, onde o transporte de

água no solo é modelado por conciliar a lei de fluxo de Darcy com a lei da continuidade.

Essa equação é solucionada numericamente, pela aproximação da solução das

equações diferenciais parciais que regem o fluxo de água (BELMANS et al., 1983).

A modelagem numérica é utilizada para a resolução das equações de fluxo, de

forma aproximada, uma vez que os sistemas aquíferos geralmente não são

homogêneos e não apresentam contornos bem definidos, ou seja, onde os métodos

analíticos não resolvem com precisão essas equações (KUNZLER, 2007).

Para o cálculo do balanço hídrico, duas condições de contorno são consideradas:

a superior, localizada acima do dossel da cultura e a inferior, localizada abaixo da última

camada de solo ou acima do lençol freático. Entre esses limites os processos de fluxo

de água são verticais, considerando a variação espacial dos potenciais de água no solo

no perfil, o que determina a estrutura unidirecional do modelo. A evapotranspiração é

estimada pela equação de Penman-Monteith (VAN DAM, 2000).

A coluna de solo é dividida em compartimentos para os quais o transporte e

equações de balanço de água, solutos e calor são resolvidos. Interações entre a

circulação de água, soluto e calor ocorrem para cada intervalo de tempo, que pode

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34

variar de segundos a horas, definido pelo usuário dependendo da velocidade do fluxo e

condições de transporte ao longo do tempo.

A grande vantagem na utilização de modelos com embasamento físico para a

simulação do balanço hídrico está no fato de que suas metodologias estão muito bem

orientadas na distinção entre os processos de transpiração, evaporação do solo e

evaporação de água livre. Contudo, esses modelos apresentam a desvantagem do

requerimento de dados de entrada detalhados sobre o perfil do solo, especialmente

quanto a suas propriedades hidráulicas (QURESHI, 1999).

Devido a sua robustez e eficiência em simular característica agrohidrológica de

interesses às diversas áreas de estudo, o SWAP tem sido amplamente utilizado em

estudos de balanço hídrico de culturas, programação de irrigação, lixiviação de

pesticidas, salinização e erosão de solos, flutuação do nível de lençol freático,

rendimento de culturas entre outros. A aplicação do SWAP em cana-de-açúcar não é

muito comum, tendo sido encontrados somente dois trabalhos na revisão de literatura.

Ruiz e Utset (2003) utilizaram o modelo SWAP (KROES et al., 1998) para

estimativa do uso da água e produtividade da cana-de-açúcar na região de Havana

(Cuba). Os autores realizaram análise de regressão linear com dados da produtividade

simulada versus efetiva relatando certa dificuldade em alimentar alguns pressupostos

do modelo devido à cana-de-açúcar ter ciclo semi-perene.

Qureshi et al. (2002) aplicaram o modelo SWAP93 (VAN DAM et al., 1994) para

simular o balanço hídrico em canaviais irrigados no Paquistão relacionando-os com a

produtividade. Valores da transpiração atual foram calculados e então usados para

estimar a produtividade da cultura usando o modelo de Doorenbos e Kassam (1979) e

Hanks (1983). Os autores relataram que o SWAP93 foi útil na detecção do melhor

manejo hídrico, indicando o intervalo e lâmina de irrigação para a região estudada.

2.5.3 Modelos específicos para a cultura da cana-de-açúcar

A modelagem na cultura da cana-de-açúcar data do início da década de 1970 e

nesses quarenta anos, modelos com variados enfoques vêm sendo publicados na

literatura científica. Restringindo a enorme gama de modelos existentes para aqueles

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35

em que o enfoque principal é o crescimento/desenvolvimento e o acúmulo de matéria

seca, podemos destacar muitos tanto em âmbito nacional como internacional.

No Brasil Ometto (1974) foi o pioneiro quando relacionou a estimativa da

evapotranspiração potencial com o rendimento da cana-de-açúcar. Anos mais tarde

Machado (1981) apresentou um modelo matemático-fisiológico para simulação do

acúmulo de matéria seca na cultura de cana-de-açúcar a partir de informações

meteorológicas. Ainda na década de 80, Pereira e Machado (1986) descreveram o

modelo SIMCANA (SIMulador matemático-fisiológico do crescimento diário de uma

cultura de CANA-de-açúcar) onde três processos, normalmente estudado em separado

(crescimento, fotossíntese e respiração), foram integrados. No SIMCANA, as taxas de

fotossíntese, respiração e crescimento da cultura são simuladas em função das

condições diárias de radiação solar global, temperatura máxima e mínima e umidade

relativa do ar.

Villa Nova e Barbieri (1991) adaptaram o modelo matemático-fisiológico proposto

por de Wit (1965) e o aplicaram para a cana-de-açúcar. Esse modelo relaciona a

produtividade mensal de fitomassa com alguns elementos meteorológicos

(temperaturas extremas do ar, fotoperíodo e insolação), aliados ao déficit hídrico ao

longo do ciclo. Araujo (1993) aplicou a metodologia de Wit (1965), modificada por Villa

Nova e Barbieri (1991), para estimar a produtividade potencial da cana-de-açúcar, com

a finalidade de elaborar o zoneamento da produtividade potencial da cultura da cana-

de-açúcar no Estado do Rio de Janeiro, tendo verificado que os valores estimados pelo

modelo foram bem próximos aos valores de produtividade de cana irrigada.

Barbieri (1993) desenvolveu um modelo matemático-fisiológico de estimativa de

produtividade da cana-de-açúcar. Esse modelo descreve o comportamento fisiológico

da planta em resposta às condições ambientais, no qual elementos meteorológicos se

relacionam com o desempenho da cultura, simulando o acúmulo potencial de matéria

seca durante o ciclo.

Rojas (1998) empregou o modelo de Jensen (1968) para estimar os efeitos da

deficiência hídrica na produtividade cana-de-açúcar no município de Araras, SP. Nesse

modelo, o autor fez uma adaptação considerando que o valor do coeficiente de

sensibilidade à deficiência hídrica na última fase de desenvolvimento da cultura tem

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36

pouca influência no resultado final. Desse modo, a produtividade real da cana-de-

açúcar (colmo e açúcar) pode ser estimada com 4 a 6 meses de antecedência.

Teramoto (2003) avaliou o modelo matemático para estimativa de produtividade

relativa de cana-de-açúcar baseado em parâmetros do solo (LEVY, 1995) e o modelo

da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), para estimativa do

potencial produtivo (DE WIT, 1965) para simular a produtividade da cana-de-açúcar

mês a mês durante um ano. A metodologia usada no modelo da FAO emprega

adaptações propostas por Barbieri e Tuon (1992).

Suguitani (2006) usou o modelo explanatório MOSICAS (MARTINÉ, 2003) para

simulação de crescimento de quatro variedades em condições edafoclimáticas do

Estado de São Paulo apresentando excelentes resultados com valores simulados para

massa seca da parte aérea e índice de área foliar aos observados em campo. O modelo

francês MOSICAS foi desenvolvido pelo Centre de Coopération Internationale en

Recherche Agronomique pour le Développement (CIRAD).

Embora a contribuição nacional nesse assunto tenha sido importante, as escolas

de modelagem de outros países tornaram-se mais famosas devido ao fato de

especificarem seus modelos a determinados fatores intrínsecos da cultura da cana-de-

açúcar, além de organizarem seus modelos em programas computacionais. Dessa

forma, além de facilitarem sua utilização, divulgaram os mesmos em âmbito mundial.

Dentre os principais modelos referidos, destacam-se o APSIM–Sugarcane, CANEGRO,

CANESIM e o QCANE.

Na África do Sul, Thompson (1976) desenvolveu um modelo relacional simples,

precursor do atual modelo CANEGRO. Atualmente a versão mais recente do modelo

CANEGRO (SINGELS et al., 2008) foi incluída no programa DSSAT versão 4.5

(Decision Support System for Agrotechnology Transfer) (HOOGENBOOM et al., 2003;

JONES et al., 2003) substituindo a versão anterior do CANEGRO (INMAN-BAMBER;

KIKER, 1997) disponível na versão 3.5 do DSSAT. O modelo CANEGRO simula o

crescimento da cana-de-açúcar usando informações dos elementos meteorológicos

(radiação solar, precipitação pluvial, temperatura máxima e mínima do ar) e do balanço

hídrico (capacidade de campo, ponto de murcha permanente e profundidade do perfil

do solo). Com base em processo diário de crescimento da planta, CANEGRO inclui o

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37

desenvolvimento, a fenologia do dossel, o perfilhamento, o acúmulo de biomassa e sua

partição, bem com o crescimento das raízes e o estresse hídrico. O impacto do estresse

hídrico é simulado pelo ajuste dos diferentes processos da planta como a absorção de

água, assimilação de CO2 e crescimento estrutural de acordo com as aproximações

propostas por Singels e Bezuidenhout (2002). Esses fatores de estresse, que

representam a taxa de diferentes processos são determinados pela oferta e demanda

potencial de água utilizando a abordagem do modelo CERES (JONES; KINIRY, 1986).

O modelo CANESIM (SINGELS et al., 1999) desenvolvido na África do Sul,

evoluiu de um modelo proposto para o controle de irrigação da cana-de-açúcar, o

IRRICANE (SINGELS et al., 1998), com a inclusão de rotinas para simular a

produtividade e também de um modelo para simular a área foliar da cultura. Este

modelo foi desenvolvido com os mesmos conceitos básicos do modelo CANEGRO,

entretanto, é mais simples e requer menos parâmetros de entrada. Apesar de não ser

tão robusto quanto o CANEGRO, o CANESIM pode ser utilizado por usuários tanto na

indústria como no campo, gerando resultados confiáveis. O desenvolvimento do

CANESIM ocorreu principalmente em função da demanda por informações no setor

produtivo em suas atividades de planejamento. O modelo CANEGRO não atendia essa

demanda porque exige uma quantidade excessiva de parâmetros de entrada, tornando-

o inviável para usos aplicados e práticos que necessitam de respostas a curto prazo

(TERAMOTO, 2003). No CANESIM o balanço hídrico é descrito por Singels et al.

(1998); desenvolvimento do dossel descrito por Singels e Donaldson (2000);

crescimento e partição de fotoassimilados descrito por Singels e Bezuidenhout (2002)

usa uma aproximação mais simples para o cálculo do estresse hídrico no processo de

crescimento vegetal (SINGELS et al., 2010).

Na Austrália, Bull e Tovey (1974) iniciaram estudo com modelos para a cana-de-

açúcar gerando posteriormente o APSIM–Sugarcane (Agricultural Production Systems

sIMulator). Descrito por Keating et al. (1999), esse modelo opera em escala diária e

relaciona o crescimento da cultura em função da radiação interceptada, a qual produz

fotoassimilados que são particionados entre os diversos órgãos da planta. O processo

fisiológico representado nesse modelo é governado pela radiação, temperatura

ambiental e suprimento de água e nitrogênio (N). O APSIM–Sugarcane simula o

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crescimento, o uso de água, acúmulo de N, teor de açúcar e matéria seca e fresca de

colmos para o ciclo da cana-planta e socas. Sua validação foi realizada em amplo

conjunto de dados espalhados em diversas regiões produtora ao redor do mundo. Esse

modelo segue abordagem semelhante para a simulação do impacto do estresse hídrico,

descrito por (SINGELS et al., 2010).

Outro modelo australiano, o QCANE (LIU; BULL, 2001) foi desenvolvido para

simular o crescimento e o acúmulo de açúcar nos colmos. Seu dinamismo baseia-se

nos processos de desenvolvimento, incluindo o desenvolvimento do dossel, a

fotossíntese, a respiração e a partição de carboidratos em órgãos vegetais para o

crescimento. A respiração é ditada pelo desenvolvimento fenológico e ambientes em

mudança. O balanço hídrico e o módulo de nitrogênio desse modelo são adaptados a

partir do CERES-Maize (JONES; KINIRY, 1986).

2.6 Calibração de modelos

Modelos mecanísticos normalmente contêm grande número de parâmetros, onde

um único valor geralmente é atrelado para todas as localidades e anos podendo ser

uma importante fonte de erros. O acúmulo de erros nos diferentes parâmetros, além

dos erros nas equações do modelo, pode levar a resultados discrepantes em

comparação aos dados medidos em campo (NASSIF, 2010). Assim, a técnica da

calibração constitui em ajustar todos ou alguns parâmetros a fim de obter a melhor

resposta do modelo quando comparada com os dados experimentais.

O programa PEST (Parameter ESTimation) é um código de calibração

automático que tem a potencialidade de ajustar os parâmetros de determinado modelo

de forma que os resultados gerados por este se aproximem o melhor possível dos

valores reais do sistema, permitindo assim calibrar o modelo (COSTA, 2006;

DOHERTHY et al., 1995; VAN DAM, 2000). Basicamente, o procedimento desse

programa consiste em comparar os valores simulados pelo modelo com os valores

observados para os mesmos pontos, calculando a diferença entre ambos. O somatório

do quadrado dos resíduos (diferença entre valores observados e simulados) constitui a

função objetivo que o algoritmo visa minimizar. Assim, o algoritmo altera de forma

iterativa o valor dos parâmetros a serem calibrados, até que estes produzam os valores

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simulados mais aproximados dos valores observados, que corresponde ao valor mínimo

da função objetivo (COSTA, 2006).

PEST efetua esta operação assumindo o controle do modelo, fazendo-o produzir

simulações iterativamente, até que seja encontrado o valor mínimo da função objetiva

definida no algoritmo (FIGURA 4).

Figura 4 – Procedimento de comunicação do modelo SWAP/WOFOST com o PEST. Adaptado de Van

Dam (2000)

A técnica de estimação não linear de parâmetros utilizada pelo PEST é

conhecida como o método de Gauss-Marquardt-Levenberg, que foi testado num vasto

conjunto de problemas e é considerada bastante robusta (DOHERTY, 2002).

A vantagem na utilização do PEST é que esse programa apresenta a

potencialidade de executar tarefas, anteriormente descritas, para qualquer modelo que

use um ou mais arquivos de entrada (input) do tipo ASCII (ou seja, de texto) e que

devolva um ou mais arquivos do mesmo tipo de saída (output). Sendo esse o principal

motivo da grande abrangência de sua utilização, uma vez que o modelo não necessita

ser alterado ou adaptado antes de ser sujeito ao processo de estimativa de parâmetros.

Há diversos relatos da aplicação do programa PEST para calibração de modelos

hidrológicos na literatura (AL-ABED; WHITELEY, 2002; BAGINSKA et al., 2003;

DOHERTY; JOHNSTON, 2003; GOVENDER; EVERSON, 2005; ZYVOLOSKY et al.,

2003). Não sendo raro em alguns deles estudos técnicas de modelagem inversa com o

intuito de determinar as funções hidráulicas do solo (INES; DROOGERS, 2002;

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JHORAR et al., 2002; KOOL; PARKER, 1988; ROMANO; SANTINI, 1999; SINGH et al.,

2010).

SENSAN (SENSitivity ANalysis) é uma ferramenta incorporada ao programa

PEST que tem a finalidade de realizar análise de sensibilidade. Assim como o PEST, o

SENSAN efetua operações assumindo o controle do modelo, fazendo-o produzir

simulações iterativamente, tantas vezes como programado pelo usuário, gerando dados

referentes à própria análise de sensibilidade.

A análise de sensibilidade é uma técnica utilizada em estudos de modelagem

visando identificar quais são os parâmetros mais relevantes e, consequentemente, qual

deles são razoáveis à concentração de esforços durante o processo de parametrização

e calibração (CONFALONIERI, 2010). Assim, a análise de sensibilidade calcula o

quanto as saídas de um modelo dependem de seus dados de entrada e é uma etapa

importante da avaliação do modelo para tratar da incerteza de parâmetros, revelando

indiretamente a confiabilidade das estimativas do modelo (MARTORANA; BELLOCCHI,

1999). O conhecimento da incerteza sobre o modelo é essencial para a modelagem de

cultura, pois fornece informações cruciais para compreensão real de seu

comportamento para fins de parametrização (CONFALONIERI et al., 2006),

principalmente no caso da utilização do modelo SWAP/WOFOST onde há grande

número de parâmetros de entrada.

2.7 Modelagem dos princípios fisiológicos do crescimento da cultura

2.7.1 Assimilação de CO2

Em modelos de simulação de crescimento como o WOFOST, QCANE e o

SIMCANA, a assimilação diária de CO2 se baseia na diferença entre a fotossíntese, que

é função da interceptação da radiação solar pelo dossel, e da respiração de

manutenção, que é função do acúmulo de biomassa. Outros modelos de simulação de

crescimento, como o CANEGRO, APSIM e AUSCANE, utilizam uma outra abordagem

para quantificar a assimilação diária de CO2, a eficiência do uso da radiação (RUE –

Radiation Use Efficiency). Robertson et al. (1996) relataram haver variação no valor

RUE entre o ciclo da cana planta e cana soca em até 8%. Embora seja amplamente

utilizada para simulação de muitas culturas, McWilliam et al. (1990) relatam que em

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modelos de simulação de crescimento de cana-de-açúcar baseados em RUE para a

assimilação diária de CO2, apresenta problemas quanto a simulação de biomassa e

acúmulo de sacarose devido ao fraco componente biológico envolvido nessa

abordagem.

Quanto à fotossíntese, a cana-de-açúcar é uma planta de metabolismo

fotossintético C4, portanto considerada relativamente eficiente na conversão de energia

radiante em energia química (RODRIGUES, 1995). A relação entre fotossíntese e a luz

absorvida pela folha de uma cultura pode ser descrita na forma de uma função que

relaciona a taxa bruta de fotossíntese (Ap gross, kg ha-1 h-1) sob condições ótimas,

baseado na radiação incidente absorvida pelo dossel dessa cultura

(GOUDRIAAN,1982).

(1)

Esse tipo de curva é caracterizado por dois parâmetros: o ângulo de inclinação da

curva, também denominado como eficiência do uso da luz (EFF, kg ha-1 h-1 (J m-2 s-1)-1)

e a taxa máxima de assimilação de CO2 (AMAX, kg ha-1 h-1). PAR (Photossintetic Active

Radiation) é a taxa de intensidade de radiação fotossinteticamente absorvível

(J m-2 d-1).

De Wit et al. (1978) sugerem que para a eficiência do uso da luz (EFF) seja

utilizado 0,48 kg CO2 ha-1 h-1 (J m-2 s-1)-1 em plantas C4 enquanto que Penning de Vries

et al. (1989) relatam valores similares para espécies de plantas C3 e nível menor para

espécies de plantas C4. Além disso, Ehleringer e Bjorkmann (1976), Berry e Downton

(1982) relataram o efeito que a temperatura exerce na eficiência do uso da luz.

Segundo esses autores EFF se mantém constante até temperatura de 45°C caindo

rapidamente seu valor para zero acima dessa temperatura.

Boons-Prins et al. (1993) calibraram o parâmetro EFF para diversas espécies

utilizando o modelo WOFOST confrontando os valores obtidos com dados

experimentais conduzidos na Europa ao longo de vários anos. Dentre as espécies

estudadas, alguns valores obtidos foram de 0,45; 0,48 e 0,40 kg ha-1 h-1 (J m-2 s-1)-1 para

milho, feijão e soja respectivamente. Usando o mesmo modelo, Vazifedoust (2007)

calibrou EFF para a cultura do milho obtendo valor de 0,60.

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42

Quanto ao outro parâmetro de importância na quantificação da fotossíntese,

AMAX, em alta intensidade luminosa e concentração normal de CO2 seu valor

geralmente encontra-se entre 25-80 kg ha-1 h-1, e em espécies C4 pode exceder esse

intervalo (PENNING DE VRIES et al., 1989). Rodrigues (1995) confirmou essa hipótese

em cana-de-açúcar, observando valores de taxa máxima de assimilação de CO2

calculadas em até 100 kg ha-1 h-1. Esse parâmetro depende fortemente das

propriedades das plantas como a área foliar específica (SLA – Specific Leaf Area,

ha kg-1) e das condições ambientais, como a temperatura (PENNING DE VRIES et al.,

1989).

Para a área foliar específica (SLA) Machado (1981) determinou o valor de 0,0010

ha kg-1 para a cana-de-açúcar variedade NA 56-79 em Piracicaba-SP. Silva et al. (2005)

determinaram a área foliar específica ao longo do ciclo da cana-soca em 5 cultivares

(RB 845197, RB 845210, RB 855113, RB 855536 e RB 928064) na região noroeste do

Paraná. Observando que os comportamentos entre as cultivares estudadas foram

bastante semelhantes. Os maiores valores reportados foram no início do ciclo da

cultura, devido ao acúmulo de reservas nas folhas decrescendo com o desenvolvimento

do ciclo (0,0035; 0,0025; 0,0018; 0,0015; 0,0010 e 0,0005 ha kg-1 respectivamente em

100, 150, 200, 250, 300 e 350 dias após o corte). Isso mostra que a cana-de-açúcar

transloca suas reservas das folhas para outras partes da planta, principalmente para os

colmos.

Com relação à longevidade da folha no dossel da cultura, Machado et al. (1982,

1983) verificaram que a longevidade de uma folha fotossinteticamente ativa pode variar

de 30 a 150 dias, em função da idade da planta e condições climáticas. Irvine (1983)

observou que essa longevidade é maior no período de maior crescimento vegetativo e

que nessa fase chegava a ser de 150 dias. Cock (2001) encontrou valor similar, com

duração de 140 dias quando os perfilhos estavam com 4 meses de idade. Dillewijn

(1952) no Havaí verificou que a duração média de uma folha variava de 60 a 75 dias.

van Heemst (1986) determinou, para a cana-de-açúcar, valor do parâmetro SPAN

(quantidade máxima em dias pela qual a folha pode viver em temperatura constante de

35°C) de 60 dias.

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43

A maneira como a área foliar é distribuída verticalmente na copa também

influencia a proporção de luz incidente que penetra no dossel e, consequentemente, a

fotossíntese (SUGUITANI, 2006). Parte da radiação fotossinteticamente ativa (PAR) é

refletida pela copa. O coeficiente de reflexão (ρ) está em função da elevação solar,

distribuição angular das folhas e propriedades das folhas quanto à transmissão e

reflexão. A fração não refletida, (1-ρ) é potencialmente disponível para a absorção pelo

dossel. Contudo, o fluxo radiativo decresce de forma exponencial no sentido do interior

do dossel e é descrito por Spitters et al. (1989) baseado na lei de Beer.

(2)

onde IL é o fluxo de radiação líquida na camada L do dossel, I0 é o fluxo de radiação

incidente no topo do dossel (W m-2), IAF é o índice de área foliar (ha ha-1) e k o

coeficiente de extinção da radiação solar (direta ou difusa).

A extinção da fração da luz fotossinteticamente ativa (PAR) ocorre com

diferentes coeficientes: 0,50 para radiação direta e 0,72 para a radiação difusa quando

o ângulo de distribuição é esférico, ou seja, faces da folha distribuída como a superfície

de um globo. Sendo o coeficiente médio de extinção de aproximadamente 0,60 para

dossel com folhas eretas e 0,80 para dossel com folhas horizontais (GOUDRIAAN,

1977). Muchow et al. (1994) e Robertson et al. (1996) determinaram o valor de 0,38

para o coeficiente de extinção da radiação em cultivo de cana-de-açúcar na Austrália.

Barbieri (1993), ajustando os valores de Chang et al. (1965) para valores do índice de

área foliar maiores que 1,0, chegou ao valor de k igual a 0,58 enquanto que Bernardes

e Lima (2000) determinaram seu valor na faixa de 0,70. Zhou et al. (2003)

determinaram o coeficiente de extinção da radiação fotossinteticamente ativa ao longo

do ciclo da cana-planta no Zimbábue não observando diferenças significativas ao nível

de 5% de probabilidade entre os 4 cultivares estudados (TABELA 2).

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44

Tabela 2 – Coeficiente de extinção para os cultivares ZN6, ZN7, N14 e NCo 376 ao longo do ciclo da cana planta no Zimbábue

Dias após o plantio ZN6 ZN7 N14 NCo 376 87 0,447 0,478 0,471 0,482 95 0,430 0,424 0,409 0,426 102 0,493 0,497 0,488 0,502 109 0,559 0,571 0,582 0,584 116 0,675 0,640 0,597 0,662 124 0,539 0,699 0,537 0,562 131 0,588 0,607 0,571 0,609

Média 0,533 0,559 0,522 0,547

Fonte: Zhou et al. (2003)

Os dados desse estudo mostraram que houve aumento do coeficiente de

extinção para todas as cultivares ao longo de desenvolvimento do ciclo. Isto está de

acordo com as tendências encontradas por Inman-Bamber (1994). Na Austrália, Park et

al. (2005) determinaram valor médio de k em 0,40 estudando 5 cultivares no ciclo da

cana planta e soca. Os autores relatam que valores ligeiramente superiores de k foram

calculados no ciclo da soca, associando-os à produção precoce de folhas e ao rápido

fechamento do dossel da cultura.

Shimabuku e Higa (1977) correlacionaram o k com a arquitetura foliar da cana-

de-açúcar e observaram as diferenças que ocorrem na cultura. Encontrou-se correlação

positiva entre k e o índice de área foliar no início do crescimento e uma correlação

negativa na fase maior crescimento. A produtividade também teve correlação negativa

com k.

No modelo CANEGRO (SINGELS et al., 2008) o coeficiente de extinção varia

com o desenvolvimento da cultura e é calculado em função do número total de folhas

por perfilho, variando de 0,58 a 0,84.

2.7.2 Respiração de manutenção

Os organismos vivos necessitam de energia para manter suas atividades

metabólicas, sendo que parte dessa energia é provida pela atividade respiratória.

Embora o CO2 seja apenas um subproduto, a medição de sua taxa de produção é, no

entanto, a melhor maneira de quantificar a respiração de manutenção. Contudo

medidas diretas da energia necessária para a manutenção também são indisponíveis

porque esta taxa é baixa e, muitas vezes confunde com a evolução de CO2 a partir de

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45

outros processos (PENNING DE VRIES et al., 1989). Penning de Vries et al. (1979)

estimam que o consumo de carboidratos pela respiração de manutenção durante o ciclo

de crescimento de uma cultura pode atingir entre 15 a 30% da assimilação.

Penning de Vries et al. (1989) relatam que para as folhas, os valores da taxa da

respiração de manutenção medida em plantas cultivadas a campo são 0,03-0,08 g CO2

por grama de matéria seca por dia a 20°C (para as culturas de clima temperado) ou a

30°C (para culturas tropicais). Esses mesmos autores fizeram uma revisão da taxa da

respiração de manutenção de folhas de diversas espécies (TABELA 3).

Tabela 3 – Taxas da respiração de manutenção de folhas de diversas espécies a temperatura referência

Espécie Manutenção (g g-1 d-1) Temperatura (°C) Referências Cevada 0,030 23/18 Ryle et al. (1973) Algodão 0,038 30 Amthor (1984) Feijão 0,017* 25 Penning de Vries (1975) Feijão 0,018 25 Amthor (1984) Feijão 0,027* 25 Penning de Vries (1975) Milho 0,032 24/18 Amthor (1984) Milho 0,026* 25 Penning de Vries (1975)

Milheto 0,030 25 Jansen e Gosseye (1986) Arroz (cv IR58) 0,020 25 Yoshida (1981)

Sorgo 0,010* 30 McCree (1974) Girassol 0,029 0,073 30 Amthor (1984) Girassol 0,025 20 Amthor (1984) (caule) Girassol 0,060* 25 Penning de Vries (1975)

Trigo 0,016 20 van Keulen e Seligman (1987) *Plantas cultivadas em ambiente protegido Fonte: Penning de Vries et al. (1989)

Em outros órgãos das plantas, Penning de Vries et al. (1989) descrevem taxas

entre 0,005-0,090 (g g-1 d-1), sendo que para as raízes e caules de plantas anuais as

taxas são de 0,015 e 0,010 respectivamente.

Para a cana-de-açúcar, Liu e Bull (2001) utilizaram dados de Kong e Chu (1972),

Glover (1973); Tovey (1978) para desenvolver equações relacionando a respiração de

manutenção em diferentes órgãos da planta sob diferentes temperaturas. Como

resultados, os autores concluíram que a taxa da respiração de manutenção varia

significativamente entre folhas e colmos (0,0157 e 0,00498 g g-1 d-1 a 30°C,

respectivamente) e em diferentes temperaturas (0,00276 e 0,00498 g g-1 d-1 para

colmos a 20 e 30°C, respectivamente). A mudança nas frações de massa dos órgãos da

planta ao longo do tempo também afeta significativamente o total da taxa respiratória da

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46

planta, por exemplo, 0,00972 a 0,00843 g g-1 d-1 a 30°C para canaviais com 60 a 70%

de massa seca da parte aérea proveniente de colmos. O modelo CANEGRO

(SINGELS; BEZUIDENHOUT, 2002) usa um valor constante para a respiração de

manutenção para todos os órgãos de 0,004 g g-1 d-1 independente da temperatura. A

segunda versão desse modelo aborda a respiração de manutenção baseado em Liu e

Bull (2001). O modelo APSIM-Sugarcane não simula a respiração (SINGLES et al.,

2005).

2.7.3 Respiração de crescimento

Os modelos de simulação geralmente supõem que os carboidratos assimilados e

remanescentes do processo de manutenção serão utilizados para o crescimento.

Assim, a taxa de crescimento de uma cultura é o produto da taxa de assimilação e

produção de remanescentes no processo de manutenção e a eficiência do processo

(PENNING DE VRIES et al., 1989).

A respiração de crescimento é definida como a evolução do CO2 resultante do

processo de crescimento. A eficiência e a respiração de crescimento são dois aspectos

do mesmo processo. Assim a respiração de crescimento está relacionada com a

eficiência de conversão do carboidrato assimilado em matéria seca, além do dispêndio

de energia pelo seu transporte do órgão de origem para o órgão de crescimento, sendo

calculada com base nos fatores de conversão de cada órgão, que estão em função da

sua composição química (PENNING DE VRIES et al., 1989).

Penning de Vries (1975) demonstrou que, a partir do conhecimento da

composição química de biomassas e dos processos bioquímicos envolvidos em sua

síntese, foi possível estimar a eficiência de conversão dos assimilados em biomassa

(kg kg-1). Para essa finalidade esse autor calculou a eficiência de conversão da glicose

em cada um dos principais componentes da biomassa (proteínas, aminoácidos,

celulose, lignina, lipídeos e etc.), ou seja, a massa de cada composto formado a partir

de 1 g de glicose. Dessa forma, com o conhecimento de conversão de cada composto,

bem como da composição química das plantas em estudo, pode-se estimar o valor

médio da eficiência global de conversão do processo construtivo da respiração

(MACHADO, 1981).\

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47

Exemplos de fatores de conversão para diferentes constituintes químicos e

valores médios do fator de conversão para a parte aérea (folha e colmos) da cana-de-

açúcar constam nas TABELAS (4 e 5).

Tabela 4 - Algumas características da biossíntese de cinco grupos de compostos orgânicos: (A) gastos com biossíntese (g de carboidrato por g do produto), (B) gastos com transporte (g de carboidrato por g do produto), (C = A + B) gastos de conversão (g de carboidrato por g do produto) e (D = 1/C) (g produto por g de carboidrato)

Composto A B C D = CVF Gordura 3,030 0,159 3,189 0,31 Lignina 2,119 0,112 2,231 0,45 Proteínas 1,824 0,096 1,920 0,52 Carboidratos 1,211 0,064 1,275 0,78 Ácidos Orgânicos 0,906 0,048 0,954 1,05 Minerais (K, Ca, P) 0,000 0,120 0,120 8,33

CVF: Fator de conversão Fonte: Penning de Vries et al. (1989)

Tabela 5 - Composição química (valores médios para a parte aérea da cana-de-açúcar), em carboidrato (CH2O, kg kg-1), proteína (PRO, kg kg-1), gordura (GOR, kg kg-1), lignina (LIG, kg kg-1), ácidos orgânicos (AOR, kg kg-1) e minerais (MIN, kg kg-1), e fator de conversão (CVF, g g-1 - g do produto por g de carboidrato)

Órgão CH2O PRO GOR LIG AOR MIN CVF Parte aérea 0,57 0,07 0,02 0,22 0,06 0,06 0,70

Fonte: Penning de Vries et al. (1983)

Penning de Vries et al. (1989) relatam que a eficiência da conversão de

carboidrato nas culturas geralmente varia de 68 a 86%, sendo que as leguminosas

possuem, em média, taxa 10% menor devido às custas de redução do nitrogênio.

Machado (1981) estimou a composição química da cana-de-açúcar, cultivar

NA 56-79 combinando os valores da composição química com os valores de conversão

da glicose estimando valor de 1,27 g de glicose para 1 g de produção de matéria seca.

Consequentemente, a eficiência de conversão de biomassa foi de 0,79 kg kg-1.

A respiração de crescimento no modelo QCANE (LIU; BULL, 2001) é calculada

pela multiplicação da taxa de crescimento pelo fator 0,33 g g-1 determinado por Thornley

e Johnson (1990). O modelo CANEGRO (SINGELS et al., 2008) utiliza valor de

respiração de crescimento de 0,242 g g-1 (INMAN-BAMBER, 1991).

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48

2.7.4 Partição de fotoassimilados

A partição dos fotoassimilados em modelos de simulação de crescimento de

cana-de-açúcar é um processo de grande importância devido ao fato de poder

quantificar o volume de matéria seca destinada a usina além do teor de sacarose nela

contida. É conhecido que a temperatura e o estresse hídrico afetam as frações de

partição (LIU; BULL, 2001; SINGELS; INMAN-BAMBER, 2002), contudo, nem todos os

modelos específicos que simulam o crescimento da cana-de-açúcar levam esses

fatores em consideração.

O APSIM-Sugarcane (KEATING et al., 1999) calcula a massa seca das raízes

como sendo uma fração da massa seca da parte aérea, variando de 0,3 na emergência

a 0,2 para o florescimento. Para a parte aérea, esse modelo destina 70% dos

fotoassimilados para os colmos.

O CANEGRO (SINGELS et al., 2008) particiona os fotoassimilados utilizando

uma função não linear ao longo do desenvolvimento da cultura. No início do

desenvolvimento as raízes são os principais destinos dos assimilados correspondendo

com 0,95, enquanto que a fração destinada para a parte aérea no fim do

desenvolvimento corresponde a 0,88. O modelo utiliza as aproximações de (SINGELS

et al., 2005) para a inclusão do efeito da temperatura na fração de partição da parte

aérea.

O QCANE (LIU; BULL, 2001) incluiu equações que descrevem o efeito da

temperatura na partição. Seu maior efeito foi para plantas em estádio de maturação em

temperaturas abaixo de 16°C. A fração de partição de colmos aumentou de 0,41 a 16°C

para 0,61 a 10°C.

Singels et al. (2005) revisaram diversos trabalhos sobre esse assunto concluindo

que a grande variabilidade da fração de partição de colmos encontrada na literatura se

deve a resultados provenientes de diferentes métodos de medida e determinações de

biomassa (TABELA 6).

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Tabela 6 – Fração destinada aos colmos de cana-de-açúcar dentre a massa seca da parte aérea.

Referência Fração de colmos Observação Robertson et al. (1996) 0,80 Cultivar australiano Rostron (1972) 0,65 Gosnell (1967) 0,59 Evensen et al. (1997) 0,66 Cultivar havaiano Thompson (1988) 0,69 Thompson (1991) 0,64-0,73 Dependente do ciclo Inman-Bamber et al. (2002) 0,85 Inman-Bamber e Thompson (1989) 0,70 Cultivar sul-africano Singels et al. (2000) <0,65 Valor máximo obtido por cultura matura Singels e Inman-Bamber (2002) 0,66-0,91

Fonte: Singels et al. (2005)

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50

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51

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Locais de estudo

O conjunto de dados utilizado nesse estudo para a parametrização, calibração e

validação foi proveniente do projeto temático (FAPESP: N° 2002/10.534-8) “Rendimento

da cana-de-açúcar em ciclos consecutivos associado ao efeito residual e às

transformações de N e S no solo, em sistema conservacionista” sob coordenação do

Prof. Dr. Paulo Cesar Ocheuze Trivelin (CENA-USP).

Os experimentos de campo foram conduzidos em área comercial de cana-de-

açúcar de 3 usinas do Estado de São Paulo (FIGURA 5):

Figura 5 – Localização geográfica das três locais de estudo, Estado de São Paulo – Brasil

a) Usina Santa Adélia (SA) localizada no município de Jaboticabal-SP (latitude

21º19’98’’S, longitude 48º19’03’’O e altitude 600 m) em Latossolo Vermelho distrófico

típico, LVd (EMBRAPA, 1999), em clima do tipo Cwa segundo a classificação climática

de Köppen e em ambiente de produção B2 (PRADO et al., 2008). A análise química do

solo foi realizada em janeiro de 2005 e consta no APÊNDICE A e a caracterização física

do solo na TABELA 7.

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Tabela 7 - Caracterização física do LVd do Experimento SA, Jaboticabal (determinações realizadas no Instituto Agronômico de Campinas)

Profundidade (cm) Teor de argila

(kg kg-1) Teor de silte

(kg kg-1) Teor de areia total (kg kg-1) Classificação textural

0 - 25 0,29 0,06 0,65 Franco argiloso arenosa 25 - 50 0,31 0,05 0,64 Franco argiloso arenosa 50 - 75 0,29 0,07 0,64 Franco argiloso arenosa 75 - 100 0,31 0,09 0,60 Franco argiloso arenosa

b) Usina São Luiz (SL) localizada no município de Pirassununga-SP (latitude

21º55’54”S, longitude 47º10’54”O e altitude 650 m), área com declividade pouco

acentuada (<10%) em Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico, LVAe (EMBRAPA, 1999)

com horizonte A profundo (Classe C), sem histórico de doenças de solo em clima do

tipo Aw segundo a classificação climática de Köppen e ambiente de produção B1

(PRADO et al., 2008). A análise química do solo foi realizada em janeiro de 2005 e

consta no APÊNDICE B e a caracterização física do solo na TABELA 8.

Tabela 8 - Caracterização física do LVAe do Experimento SL, Pirassununga (determinações realizadas no Instituto Agronômico de Campinas)

Profundidade (cm) Teor de argila

(kg kg-1) Teor de silte

(kg kg-1) Teor de areia total (kg kg-1) Classificação textural

0 - 25 0,34 0,01 0,65 Franco argiloso arenosa 25 - 50 0,41 0,00 0,59 Argilo arenosa 50 - 75 0,41 0,02 0,57 Argilo arenosa 75 - 100 0,39 0,04 0,57 Argilo arenosa

c) Usina São Martinho (SM) localizada no município de Pradópolis-SP (latitude

21°15’20’S, longitude 48°18’10’O e altitude 580m), área com declividade pouco

acentuada (5-10%) em Latossolo Vermelho Escuro, LE (EMBRAPA, 1999) transição

para Latossolo Roxo (Classe A/B), sem histórico de doenças de solo em clima do tipo

Aw segundo a classificação climática de Köppen e ambiente de produção A2 (PRADO

et al., 2008). A análise química do solo foi realizada em janeiro de 2005 e consta no

APÊNDICE C e a caracterização física desse solo na TABELA 9.

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Tabela 9 - Caracterização física do LE do Experimento SM, Pradópolis (determinações realizadas no Instituto Agronômico de Campinas)

Profundidade (cm) Teor de argila

(kg kg-1) Teor de silte

(kg kg-1) Teor de areia total (kg kg-1) Classificação textural

0 - 25 0,63 0,23 0,14 Muito argilosa 25 - 50 0,69 0,20 0,11 Muito argilosa 50 - 75 0,71 0,17 0,12 Muito argilosa 75 - 100 0,71 0,18 0,11 Muito argilosa

No plantio dos canaviais foram utilizados 2 colmos-semente por metro, cruzando-

se o pé com a ponta das mudas (colmos), proporcionando uma distribuição de 17 a 20

gemas por metro de sulco. As mudas de cana depositadas no fundo do sulco foram

cortadas em toletes com 2 a 3 gemas e feito o recobrimento com máquina (FRANCO,

2008). A adubação foi a mesma para os 3 locais e consistiu de 120 kg ha-1 de fósforo e

potássio (P2O5, K2O) e de distintas doses de nitrogênio (0, 40, 80 e 120 kg ha-1) na

forma de uréia no sulco de plantio conforme o tratamento. Logo após a colheita da cana

planta houve a segunda adubação nitrogenada (0, 50, 100, 150 kg ha-1) na forma de

sulfato de amônio. Foram estudados 12 ciclos sendo 3 da cana planta de 18 meses e 9

ciclos de cana soca de 12 meses (TABELA 10).

Tabela 10 – Data de plantio e de colheitas realizada nos experimentos nas usinas: Santa Adélia (SA) em Jaboticabal-SP, São Luiz (SL) Pirassununga-SP e São Martinho (SM) Pradópolis-SP

SA SL SM

Cana planta Plantio 08/abr/05 13/fev/05 04/mar/05 Colheita 26/jul/06 24/jun/06 10/ago/06

1ª. Soca Colheita 17/jul/07 27/jul/07 21/ago/07 2ª. Soca Colheita 18/jul/08 07/mai/08 25/jul/08 3ª. Soca Colheita 17/jul/09 24/jun/09 24/jul/09

Uma única cultivar, a SP 81-3250 em espaçamento 1,5 m foi utilizada em todos

os experimentos visando eliminar uma variável adicional além daqueles de solo e local.

Sua escolha foi motivada devido ao alto teor de sacarose, boa produção e bom

desenvolvimento em fertilidade do solo pobre ou média. Em adendo, a SP 81-3250 foi o

cultivar mais plantado no Estado de São Paulo, como indicado no censo varietal de

2004 (NUNEZ JÚNIOR, 2005). A colheita foi mecanizada em cana crua.

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54

3.2 Dados experimentais

Dados de massa seca da parte aérea foram obtidos ao longo dos ciclos da cana

planta e da primeira soca. Para o segundo e terceiro ciclos de cana soca, esses dados

foram somente obtidos na colheita (TABELA 11).

Tabela 11 – Datas das amostragens de material vegetal da parte aérea (caule, folhas secas e folhas verdes) das usinas: Santa Adélia (SA), São Luiz (SL) e São Martinho (SM)

Usinas SA SL SM 07/jul/05 145 DAP

Cana planta 21/out/05 197 DAP 25/out/05 255 DAP 11/out/05 232 DAP 19/dez/05 256 DAP 13/dez/05 304 DAP 09/dez/05 291 DAP 18/fev/06 227 DAP 20/fev/06 373 DAP 07/fev/06 351 DAP 15/abr/06 373 DAP 12/abr/06 424 DAP 04/abr/06 407 DAP 26/jul/06 475 DAP 24/jun/06 497 DAP 10/ago/06 535 DAP Colheita

1ª. Soca 23/dez/06 156 DAE 05/dez/06 165 DAE 24/nov/06 107 DAE 13/mar/07 236 DAE 01/mar/07 251 DAE 07/fev/07 182 DAE 15/mai/07 299 DAE 17/mai/07 328 DAE 16/mar/07 219 DAE 09/jul/07 354 DAE 27/jul/07 399 DAE 14/mai/07 278 DAE Colheita

2ª. Soca 18/jul/08 373 DAE 07/mai/08 286 DAE 25/jul/08 340 DAE Colheita 3ª. Soca 17/jul/09 370 DAE 24/jun/09 414 DAE 24/jul/09 365 DAE Colheita

DAP = dias após o plantio DAE = dias após a emergência

As avaliações biométricas da parte aérea da cana-de-açúcar foram realizadas

em todos os tratamentos colhendo-se toda a parte aérea das plantas em 2 m de linha. A

massa de todo o material vegetal de cada repetição (folhas secas, ponteiros e colmos)

foi obtida diretamente em campo, por meio de pesagem em balança eletrônica (carga

máxima de 100 kg). Após a pesagem, o material vegetal de cada amostra foi triturado

no campo, em picadora de forragem, e a seguir subamostrado. As subamostras foram

acondicionadas em sacos plásticos bem fechados e em laboratório pesadas em

balança analítica (precisão de 0,01 g) antes e após secagem em estufa ventilada a

65°C, para determinação da umidade do material. Conhecendo-se a umidade das

amostras, calculou-se o acúmulo de material seco (kg ha-1) em cada época de

amostragem (FRANCO, 2008).

Em SA e SL a área foliar (m2 perfilho-1) da cana planta, determinada segundo

Hermann e Câmara (1999), e a densidade de perfilho (perfilho m-2) foram medidas em

dois momentos, em outubro e dezembro de 2005. Todas as amostragens foram

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realizadas em locais previamente sorteados sendo utilizadas quatro repetições por

tratamento.

Convém ressaltar que para esse estudo os dados obtidos das avaliações

biométricas, das três usinas, foram provenientes de parcelas que receberam a maior

dosagem de adubação nitrogenada no plantio e na soca (120 e 150 kg ha-1)

respectivamente. Assim, as condições estão de acordo com o nível limitado de

produção (FIGURA 2) sem falta de N, estando a redução da produção potencial

somente relacionado com o estresse hídrico.

Os elementos meteorológicos temperatura máxima e mínima do ar (°C), radiação

solar global (kJ m-2), velocidade do vento a 2 m acima da superfície (m s-1) e umidade

relativa do ar (%) foram obtidos por meio das estações meteorológicas automáticas

instaladas cerca de 1, 8 e 5 km em linha reta dos experimentos das usinas SA, SL e SM

respectivamente. A precipitação pluvial (mm) foi medida no próprio campo experimental

por meio de pluviômetros instalados sob o dossel da cultura, posicionados a 30 cm de

altura no meio das entrelinhas.

A caracterização física do solo foi realizada em trincheira aberta na área de

bordadura dos experimentos. Primeiramente, fez-se a divisão dos horizontes

pedológicos e a descrição morfológica de cada horizonte (APÊNDICE D). A

caracterização hidráulica do solo foi feita por meio de curvas de retenção da água no

solo e pela condutividade hidráulica determinadas em cada horizonte pedológico. Para

tanto, três amostras indeformadas de cada horizonte foram retiradas com anéis

volumétricos de aproximadamente 0,05 m de altura e 0,05 m de diâmetro. A

condutividade hidráulica do solo foi determinada pelo método do perfil instantâneo,

conforme Libardi et al. (1980); Watson (1966).

No ciclo da cana planta foi medido o conteúdo de água no solo, pelo método

gravimétrico, nas camadas entre 0 – 0,15; 0,15 – 0,25; 0,25 – 0,35; 0,35 – 0,45; 0,45 –

0,55; 0,55 – 0,65; 0,65 – 0,75; 0,75 – 0,85 e 0,85 – 0,95 m; com interstícios que

variaram de 14 a 28 dias, totalizando 14 amostragens com 8 repetições para SA e 11

amostragens com 4 repetições para SL (BRITO, 2006).

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56

3.3 Parametrização e estrutura geral dos modelos (WOFOST e SWAP)

Na parametrização dos modelos o primeiro foco foi direcionado ao máximo na

obtenção de informações oriundas do experimento conduzido em SA, determinado

aleatoriamente para a calibração. Entretanto na falta desses, dados provenientes da

literatura foram usados como fonte principal, dando preferência a dados obtidos de van

Heemst (1988) que relata a parametrização da cana-de-açúcar em uma versão mais

antiga do WOFOST (versão 4.1). Convém ressaltar que diferentes fontes podem indicar

valores bem diferentes para alguns parâmetros, enquanto que para outros,

simplesmente não há relatos. A parametrização é relatada à medida que é descrita a

estrutura geral dos modelos.

3.3.1 WOFOST

O modelo WOFOST (versão 7.1) simula o acúmulo de matéria seca na escala

diária de tempo de uma cultura não específica em função da radiação, temperatura do

ar e as características da cultura. Seu organograma é representado na FIGURA 6

Figura 6 – Resumo simplificado dos processos de desenvolvimento e crescimento de culturas conforme

simulado pelo WOFOST. Fonte: Barros (2010) adaptado de Kroes e van Dam (2003)

3.3.1.1 Emergência e estádio de desenvolvimento (DVS)

A simulação de crescimento tem início na data de emergência da cultura a qual

deve ser informada no arquivo de entrada dos dados. Devido à falta de informação

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57

quanto à data de emergência da cana-de-açúcar nos experimentos e ciclos estudados,

adotou-se a aproximação utilizada do modelo CANEGRO (SINGELS et al., 2008). Para

a cultivar referência sul africana NCo 376, utilizando a temperatura base de 10°C, o

somatório térmico do plantio a emergência e da colheita a rebrota são 428 e 203°C d

respectivamente. O que se traduz para as condições experimentais desse estudo em

datas de emergência da cana planta de 30 dias e de 20 dias para as socas.

O estádio de desenvolvimento da cultura (DVS) é baseado no conceito do

somatório térmico, portanto em ambientes em que a temperatura média diária é

elevada, o desenvolvimento é favorecido encurtando os períodos delimitados pelos

estádios fenológicos. O estádio de desenvolvimento no dia j depende do estádio no dia

anterior j-1 e de sua temperatura média diária, de forma que:

(3)

onde Tsum é o somatório térmico e Teff é a temperatura efetiva diária a qual é usada para

o efeito da temperatura no desenvolvimento representada na FIGURA 7:

Temperatura efetiva (°C)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 16 35 45Temperatura média diária (°C)

Figura 7 – Temperatura efetiva (°C) em função da temperatura média diária (°C)

O somatório térmico no decorrer do desenvolvimento da cana-de-açúcar foi

obtido por meio dos registros diários da temperatura fornecidos pelas estações

meteorológicas automáticas próximas aos locais de estudo. A temperatura base inferior

e superior utilizada foi a de 16 e 35°C respectivamente (BARBIERI; VILLA NOVA, 1977;

BARBIERI et al., 1979; DOORENBOS; KASSAM, 1979; FAUCONIER; BASSEREAU,

1970; MAGALHÃES, 1987). Dessa forma o ciclo da cana planta correspondeu a

5700°C d e o das socas a 4500°C d.

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58

Devido ao fato da exploração comercial da cana-de-açúcar visar somente

material vegetal produzido durante o ciclo vegetativo, pouco significado fisiológico há

entre o período da emergência e da colheita. Dessa forma, adotou-se arbitrariamente

que 4500 °C d corresponderia a DVS de valor 1,0; logo para o ciclo da cana planta o

DVS final obtido foi maior no momento da colheita.

3.3.1.2 Valores iniciais

A simulação inicia-se com a massa seca total inicial (TDWI, kg ha-1) particionada

entre os órgãos das plantas iniciando, assim, a contabilização da matéria seca na

emergência. TDWI juntamente com o índice de área foliar na emergência (LAIEM,

m2 m-2) são os principais parâmetros na inicialização da simulação no modelo e devem

ser fornecidos pelo usuário. O parâmetro TDWI foi adquirido por medições realizadas

nos colmos-semente utilizados para o plantio em SA enquanto que LAIEM foi baseado

em valores obtidos para a cultura do milho (BOONS-PRINS et al., 1993) (ANEXO).

Considerando haver diferenças entre os ciclos da cana planta e socas, ressalta-se que

para esse estudo admitiu-se que esses valores iniciais para o ciclo da cana soca seriam

20% maiores aos da cana planta.

3.3.1.3 Assimilação de CO2

A base de cálculo da produção de matéria seca está em quantificar a taxa de

assimilação bruta de CO2 no dossel da cultura, que por sua vez é dependente da

radiação solar e da fração dessa energia que é absorvida pelo dossel. WOFOST calcula

primeiro a fotossíntese instantânea em três profundidades no dossel em três momentos

do dia. Posteriormente esses valores são integrados no tempo resultando em valores

da fotossíntese diária total no dossel (SPITTERS et al., 1989).

O parâmetro eficiência do uso da luz (EFF) foi obtido por meio de calibração com

auxílio do programa PEST, resultado em valores coerentes com outros trabalhos

publicados para a espécie C4 (BOONS-PRINS et al., 1993; VAZIFEDOUST, 2007)

sendo cerca de 9% maior para o ciclo da cana planta (ANEXO). Interessante ressaltar

que o parâmetro uso eficiente da radiação (RUE) similar ao EFF em modelos de

simulação de crescimento de plantas que utilizam outra abordagem para a

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59

quantificação da assimilação diária de CO2 (CANEGRO, APSIM e AUSCANE) podem

mostrar variação entre o ciclo de cana planta e socas de até 8% (ROBERTSON et al.,

1996).

Os valores da taxa máxima de assimilação de CO2 (AMAX) foram obtidos de

Penning de Vries et al. (1989). De acordo com esses autores AMAX varia de acordo

com o estádio de desenvolvimento da cultura conforme a FIGURA 8.

40

45

50

55

60

65

70

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

DVS

AM

AX

(kg

.ha

-1.h

r-1)

Figura 8 – Taxa máxima de assimilação de CO2 em função do DVS

O modelo ainda contempla o efeito que a temperatura do ambiente exerce na

atividade fotossintética. Deste modo, o fator de redução de AMAX em função da

temperatura média diária (TMPF, °C) e da temperatura mínima diária (TMNF, °C),

requerida pelo modelo, foram obtidas de diversas fontes (BARBIERI; VILLA NOVA,

1977; BARBIERI et al., 1979; DOORENBOS; KASSAM, 1979; FAUCONIER;

BASSEREAU, 1970; MAGALHÃES, 1987) e são representadas graficamente nas

FIGURAS 9a e 9b.

Fator de redução TMPF

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

0 8 24 35 45Temperatura média diária (°C)a

Fator de redução TMNF

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

5 12Temperatura mínima diária (°C)b

Figura 9 – a) Fator de redução de AMAX em função da temperatura média diária

b) Fator de redução de AMAX em função da temperatura mínima diária

Page 61: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

60

Em função das condições ambientais a temperatura no interior da folha pode

variar da temperatura do ar, porém, por simplificação, o WOFOST considera como

sendo a mesma.

A modelagem do processo fotossintético consiste em reduzir a taxa bruta diária

de assimilação de CO2 (DTGA, kg ha-1 d-1) na taxa bruta diária de assimilação do

composto orgânico CH2O (PGASS, kg ha-1 d-1). As moléculas de carboidratos

funcionam tanto como parte estrutural vegetal como fontes de energia para processos

metabólicos por meio da reação química de oxidação (PENNING DE VRIES et al.,

1989). Assim, para cada kg de CO2 assimilado, 30/44 kg de CH2O são formados:

(4)

Nesse estudo, a simulação de crescimento da cultura sofre efeitos do estresse

hídrico (RELTR, cm cm-1) a qual corresponde à razão entre a transpiração atual

(Ta, cm) e a transpiração potencial (Tp, cm):

(5)

(6)

onde GASS (kg ha-1 d-1) é a redução por estresse hídrico da taxa bruta diária de

assimilação do composto orgânico CH2O.

3.3.1.4 Respiração de manutenção

O modelo supõe que requisitos de manutenção (RMRES, kg ha-1 d-1) são

proporcionais à massa da matéria seca dos órgãos a serem mantidos. RMRES deve ser

corrigido pela senescência (RFSETB, -), obtida de van Heemst (1988), a qual é

específica para cada cultura e é definida em função do DVS.

(7)

onde RMR, RML e RMS são as respirações de manutenções relativas de raízes, folhas

e colmos (kg ha-1 d-1) enquanto que WRT, WLV e WST são as massas em matéria seca

de raízes, folhas e colmos (kg ha-1) respectivamente. Os parâmetros de respirações de

manutenção, RMR, RML e RMS, são dados exigidos pelo modelo e foram obtidos

baseados em estudos com cana-de-açúcar por Inman-Bamber (1991); Liu e Bull (2001)

e van Heemst (1988) (ANEXO).

Page 62: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

61

Temperaturas elevadas aceleram as taxas metabólicas da planta e

consequentemente os custos com a manutenção. O modelo simula esse efeito baseado

no conceito biológico do Q10 (aumento relativo da taxa de respiração por aumento da

temperatura em 10°C):

(8)

onde MRES é a taxa de respiração (kg ha-1 d-1) a temperatura média T (°C) e Tr

temperatura referência do modelo (25°C). Q10 é um parâmetro de entrado no modelo e

seu valor foi obtido de (INMAN-BAMBER, 1991) (ANEXO).

3.3.1.5 Assimilados disponíveis para crescimento

Os carboidratos que não foram oxidados no processo respiratório e que,

portanto, estão em excesso, são convertidos em material vegetal estrutural. Logo, os

assimilados disponíveis para o crescimento (ASCR, kg ha-1 d-1) são calculados da

seguinte forma:

(9)

3.3.1.6 Partição de assimilados

O modelo particiona ASCR entre os órgãos da planta (raiz, folhas e colmos) em

função do DVS. Apesar de pequenos ajustes terem sido feitos no início do ciclo,

principalmente na partição de folhas devido ao elevado valor da matéria seca total

inicial (TDWI, kg ha-1), as frações das partições foram baseados em Keating et al.

(1999); van Heemst (1988) (FIGURA 10).

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0

DVS

Fra

çã

o d

e p

art

içã

o

Frações de raízes Frações de folhasFrações de colmos

Figura 10 – Partição de assimilados em função do DVS utilizada nas simulações do crescimento da

cultura da cana-de-açúcar

Page 63: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

62

3.3.1.7 Respiração de crescimento

Logo após a partição dos assimilados disponíveis para o crescimento (ASCR),

estes são convertidos em material vegetal dependendo da eficiência do fator de

conversão (CVF, kg kg-1).

(10)

onde CVL, CVS e CVR são a conversão de eficiência de folhas, colmos e raízes

(kg kg-1) e FL, FS e FR são as frações de partição de folhas, colmos e raízes (kg kg-1)

respectivamente. Os parâmetros de eficiência de conversão, CVL, CVS e CVR, são

dados exigidos pelo modelo e foram obtidos baseados em Machado (1981); Penning de

Vries et al. (1983); van Heemst (1988) respectivamente (ANEXO).

3.3.1.8 Incremento de matéria seca

A taxa de matéria seca disponível para o crescimento (DMI, kg ha-1 d-1) é

calculada como:

(11)

ao passo que o incremento de matéria seca da parte aérea (ADMI, kg ha-1 d-1) é

definido como:

(12)

3.3.1.9 Taxa de crescimento de órgãos vegetais

O crescimento de órgãos vegetais é obtido multiplicando a taxa de crescimento

dos órgãos pela fração alocada no órgão.

3.3.1.10 Raízes

A taxa de crescimento de raízes (GRRT, kg ha-1 d-1) e a taxa de mortalidade de

raízes (DRR, kg ha-1 d-1) são corrigidas pela senescência (RDRRTB, -), função do DVS

baseada em van Heemst (1988):

(13)

(14)

A taxa de extensão vertical de raízes (RR, cm d-1) é igual ao máximo incremento

diário não podendo exceder o crescimento máximo diário (RRI, cm d-1):

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63

(15)

onde RDM é a máxima profundidade de enraizamento (cm) e RD a profundidade real de

enraizamento (cm). A RDM é estabelecida por meio da escolha entre o menor valor da

profundidade máxima de enraizamento determinada pela cultura (RDC, cm), e a

máxima profundidade de enraizamento determinada pelo solo (RDS, cm):

(16)

onde RDI é a profundidade radicular inicial (cm) a qual corresponde à profundidade do

sulco de plantio medido nos experimentos (ANEXO). A extensão radicular perpetua até

RDM ser alcançada.

As funções min (a, b) e max (a, b) nas equações 15, 16 e nas demais que se

seguem são definidas como:

(17)

(18)

Nesse estudo os valores de RRI e RDC foram obtidos de van den Berg et al.

(2000) (ANEXO). Em SA, RDC foi limitado a 56 cm devido à alta saturação por alumínio

a partir dessa profundidade (OTTO, 2007). Contudo para as outras localidades foi

empregado o valor de 70 cm.

A densidade radicular relativa em função profundidade também é requerida no

modelo WOFOST. Seus valores foram baseados em Otto (2007) e são apresentados na

sequencia (FIGURA 11).

Page 65: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

64

Profundidade (cm)

0 50 10005

101520253035404550556065707580859095

100

Densidade radicular relativa

Figura 11 – Densidade radicular relativa da cana planta (linha contínua) e da cana soca (linha tracejada) em função da profundidade do solo

3.3.1.11 Colmos

A taxa de mortalidade de colmos (RDRSTB, kg ha-1 d-1) em função do DVS foi

obtida de van Heemst (1988). A taxa bruta de crescimento de colmos

(GRST, kg ha-1 d-1) é calculada como:

(19)

consequentemente, a taxa líquida de crescimento de colmos (GWST, kg ha-1 d-1) é

apresentada como:

(20)

3.3.1.12 Folhas

A taxa de crescimento das folhas (GRLV, kg ha-1 d-1), a taxa de crescimento do

índice de área foliar durante a fase exponencial de desenvolvimento (GLAIEXP,

ha ha-1 d-1) e a taxa de crescimento do índice de área foliar durante a fase não

exponencial de desenvolvimento (GLASOL, ha ha-1 d-1) são calculadas como:

(21)

Page 66: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

65

(22)

(23)

(24)

(25)

(26)

onde LAIEXP é o índice de área foliar durante a fase de crescimento exponencial

(m2 m-2), RGRLAI é o aumento relativo máximo do índice de área foliar diário

(m2 m-2 d-1), DTEFF é a temperatura efetiva diária (°C), Tav é a temperatura média (°C),

TBASE é a temperatura base inferior para o envelhecimento de folhas (°C), SLA é a

área foliar específica (ha kg-1), LAI é o índice de área foliar no tempo (m2 m-2) e ∆t a

variação do tempo (1 dia).

No modelo WOFOST o RGRLAI, TBASE e SLA são parâmetros exigidos no

arquivo de entrada. RGRLAI foi obtido com base em valores obtidos para a cultura do

milho (BOONS-PRINS et al., 1993) enquanto que TBASE foi adquirido por calibração

utilizando o programa PEST (ANEXO).

A área foliar específica consiste de valores obtidos por meio de 2 medições

realizadas em outubro e dezembro de 2005 em SA e SL, correspondente a DVS de

0,44 e 0,59 respectivamente. Valores do início do ciclo (0,0 a 0,44) foram ajustados

para obtenção da curva característica do IAF enquanto os demais valores (0,59 a 2,0)

foram obtidos com base em Silva et al. (2005) (FIGURA 12).

SLA (ha kg-1)

0.0000

0.0002

0.0004

0.0006

0.0008

0.0010

0.0012

0.0014

0.00 0.50 1.00 1.50 2.00DVS

Figura 12 – Área foliar específica (ha kg-1) em função do DVS

Page 67: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

66

A área foliar acumulada não pode ser calculada diretamente, ela deve ser

corrigida pela senescência foliar que ocorre durante todo o processo. A senescência

refere-se à perda da capacidade de realizar processos fisiológicos essenciais e a perda

da biomassa viva. O modelo WOFOST simula a senescência foliar pelo envelhecimento

fisiológico, pelo estresse hídrico e/ou por sombreamento (índice de área foliar elevado).

No modelo simula-se a morte de folhas quando elas ultrapassam a expectativa

de vida (SPAN, d), que é definido como a quantidade máxima de tempo pela qual a

folha pode viver em temperatura constante de 35°C. O conceito de SPAN é análogo à

definição do somatório térmico e seu valor foi obtido por calibração por meio do PEST

(ANEXO). O fator de envelhecimento fisiológico (FYSDEL, -) e sua integral sobre o

tempo é calculada como:

(27)

(28)

onde LVAGE é a idade fisiológica (d).

A taxa de mortalidade das folhas devido ao estresse hídrico (DSLV1, kg ha-1 d-1),

ao sombreamento (DSLV2, kg ha-1 d-1) e sua taxa de mortalidade total

(DSLV, kg ha-1 d-1) são calculados pelo modelo da seguinte forma:

(29)

(30)

(31)

(32)

onde PERDL a máxima taxa de mortalidade relativa de folhas devido ao estresse

hídrico (-), obtido de van Heemst (1988), LAICR é o índice de área foliar crítico (m2 m-2)

e KDIF é o coeficiente de difusão da luz visível (-).

Nesse estudo foi feita distinção entre os coeficientes de extinção de luz difusa e

direta, KDIF e KDIR, entre os ciclos da cana-planta e socas (PARK et al., 2005) e seus

valores foram obtidos baseados em estudos de Park et al. (2005); Zhou et al.

(2003)(ANEXO).

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67

No WOFOST a simulação termina quando a cultura atinge o DSV especificado

como o da colheita ou quando uma data específica é determinada como sendo a da

colheita. Nesse estudo a colheita foi especificada de acordo com as datas em que

foram realizadas (TABELA 10).

3.3.2 SWAP

O modelo SWAP (versão 3.2.26) simula o movimento de água

unidirecionalmente baseado na equação de Richards com a extração radicular S

(cm3 cm-3 s-1) conforme:

(33)

onde Cw capacidade diferencial de água (cm-1), h é o potencial matricial de água no solo

(cm), K a condutividade hidráulica (cm d-1) e z a profundidade no perfil do solo (cm).

As funções que relacionam h, θ e K, propostas por van Genuchten (1980) são

usadas. Segundo esse autor, a curva de retenção de água no solo é definida por:

(34)

onde θres é o teor residual de água no solo (cm3 cm-3), θsat é o teor saturante de água no

solo (cm3 cm-3), e α (cm-1), n (-) e m (-) fatores empíricos da curva de retenção. De onde

m se relaciona com n da seguinte forma:

(35)

Ainda conforme van Genuchten (1980), a condutividade hidráulica é descrita

como:

(36)

onde Ksat é a condutividade hidráulica saturada (cm d-1), Se é a saturação relativa (-) =

(θ - θres) / (θsat - θres) e λ um coeficiente empírico (-).

Enquanto o limite inferior do perfil do solo, região abaixo das camadas de solo

descritas no modelo, é considerado apresentando drenagem livre, o limite superior é

determinado pelos fluxos de evaporação potencial (ETp, mm d-1) e da precipitação

pluvial (P, mm d-1). ETp é estimado pela equação de Penman-Monteith usando dados

diários de radiação solar, temperatura do ar, umidade e velocidade do vento assim

Page 69: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

68

como coeficiente de cultura sugeridos por Doorenbos e Kassam (1979) para a cultura

da cana-de-açúcar (FIGURA 13).

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

0.0 0.5 1.0 1.5 2.0DVS

Kc

Figura 13 – Coeficiente de cultura da cana-de-açúcar em função do DVS

Em condições de campo onde a cultura parcialmente cobre o solo, ETp é

particionado em evaporação potencial do solo Ep e transpiração potencial Tp usando a

cobertura do solo e o índice de área foliar respectivamente. O fluxo de transpiração

potencial Tp é computado como ETp - Ep. Sob condições adversas, solo muito seco ou

muito úmido, Tp é reduzida ao fluxo de transpiração atual T (VAZIFEDOUST, 2007).

A taxa máxima de extração de água da raiz, integrada na profundidade de

enraizamento é igual à Tp (cm), governada pelas condições atmosféricas e

características da planta. Levando em consideração a distribuição da densidade

radicular, a taxa potencial de extração de água da raiz, a certa profundidade Sp(z) (d-1)

é calculada como (BOUTEN, 1992).

(37)

onde Droot é a espessura da camada enraizada (cm).

O modelo SWAP define a redução da extração potencial de água pelas raízes

pela função proposta por Feddes et al. (1978) (FIGURA 14).

Page 70: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

69

Figura 14 – Coeficiente de redução de extração radicular αrw em função do potencial matricial de água no

solo h (cm) e taxa de transpiração potencial Tp (FEDDES et al., 1978)

Na faixa h3 < h < h2 a extração radicular corresponde à transpiração potencial,

havendo redução fora dela. Entre h2 - h1 a extração radicular decresce linearmente até

zero pela aeração deficiente em virtude do aumento da saturação de água no solo ao

passo que entre h3 – h4 o decréscimo se dá pela falta de umidade no solo até o ponto

de murcha permanente (h4). O ponto h3 é denominado como potencial matricial crítico

que pode aumentar ou diminuir de acordo com a taxa potencial de transpiração Tp. Os

valores dos coeficientes de redução de extração radicular foram obtidos de Qureshi

(1999) (ANEXO).

3.4 Parametrização e otimização dos parâmetros hidráulicos do solo

A otimização dos parâmetros hidráulicos do solo foi realizada pelo método de

modelagem inversa (KOOL; PARKER, 1988; VAN DAM et al., 1994). Para tanto foi

utilizado o programa PEST versão 12.0 (DOHERTY, 2002) com o intuito de minimizar a

soma dos quadrados dos resíduos entre o conteúdo de água no solo medidos em SA e

SL, pelo método gravimétrico, com o conteúdo de água no solo simulada pelo modelo.

Ambos os procedimentos são descritos no item 3.2. Arbitrariamente, a condição de

umidade inicial do solo foi determinada executando o modelo SWAP usando os

parâmetros hidráulicos obtidos em laboratório.

A otimização dos parâmetros hidráulicos em SM não foi realizada por não ter

sido feito o monitoramento do conteúdo de água no solo.

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70

Os parâmetros hidráulicos otimizados, das equações 34 e 36 foram θsat, θres, , α,

n e Ksat. O programa PEST minimiza a raiz quadrada média dos quadrados dos

resíduos (RMSE). Convém ressaltar que a otimização dos parâmetros hidráulicos foi

realizada antes da calibração dos parâmetros de cultura do modelo WOFOST.

Kool e Parker (1988) relatam que para a obtenção do sucesso da modelagem

inversa é imprescindível a reduzir ao máximo o número dos parâmetros de ajuste.

Sendo assim o número de camadas de solo descrita no modelo foi reduzido de 10 para

3, em ambos os locais (SA e SL), agrupando-se camadas de solo com descrição

morfológicas semelhantes. Singh et al. (2010) relatam procedimento parecido

agrupando camadas de solo com mesma característica morfologia não observando

diferenças entre valores de evapotranspiração simulada e medido para a cultura do

trigo na China.

Com o intuito de certificar se o PEST foi corretamente programado e era capaz

de realizar a otimização dos parâmetros hidráulicos com sucesso, um teste inicial foi

realizado. Esse teste consistiu em igualar os valores de umidade no perfil do solo

medidos em um campo fictício aos simulados pelo modelo; a seguir foram feitas

pequenas modificações nos parâmetros hidráulicos do solo a serem otimizados. Na

sequência esperava-se que o programa PEST fosse capaz de retornar ao valor inicial

dos parâmetros. Essa etapa foi realizada com sucesso para todos os parâmetros

envolvidos na otimização.

Por meio desse teste, observando a variação do somatório do quadrado dos

desvios, ainda foi possível obter informações a respeito da sensibilidade dos

parâmetros quanto à eficiência na otimização. Assim, para cada local, foi determinada a

ordem de otimização dos parâmetros. Em SA a ordem foi: Ksat, α, θres, n e θsat

enquanto que em SL a ordem foi: θres, α, Ksat, n e θsat.

3.5 Calibração e validação (ou teste) do modelo de cultura (WOFOST)

A calibração de um modelo envolve a operação de ajuste de alguns parâmetros

visando à otimização entre dados obtidos por meio de experimento com valores

simulados pelo modelo. A calibração foi feita por meio do programa PEST e a escolha

Page 72: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

71

dos parâmetros foi motivada principalmente pela sensibilidade relativa do modelo a

estimação da massa seca final da parte aérea.

O conjunto de dados em SA que foi escolhido aleatoriamente para a

parametrização e à calibração, total de quatro ciclos de produção (cana planta e três

socas).

A calibração foi realizada seguindo a ordem proposta por Wolf (2003) em que

primeiro realiza-se o ajuste do DVS, na sequencia o ajuste do índice de área foliar e por

fim o acúmulo de matéria seca. Esse autor ainda ressalta que a calibração deveria ser

realizada em primeiro lugar para a condição potencial de cultivo, ou seja, em plantas

não submetidas em condições de estresse hídrico e ou nutricional além de outros

efeitos como doenças ou plantas invasoras.

Considerando que modelos são simplificações da realidade, sempre há

diferenças entre o sistema real e os modelos. Tais diferenças podem ser verificadas por

meio do teste ou validação do modelo, que consiste na comparação dos resultados

obtidos com o modelo e os dados observados no sistema real em uma situação

semelhante.

A validação foi realizada em um conjunto independente de dados, SL e SM, as

quais correspondem a oito ciclos de produção, sendo dois ciclos de cana-planta e seis

ciclos de cana soca.

Para a avaliação do modelo, os índices estatísticos usados foram a raiz

quadrada média dos quadrados dos desvios (RMSE), o coeficiente de determinação R2

(0,0 a 1,0), o índice de concordância de Willmott d (0,0 a 1,0) (WILLMOTT, 1982) e o

índice de eficiência E (-∞ a 1,0) (NASH; SUTCLIFFE, 1970). Esses índices foram

calculados para dados de matéria seca em nível de produção limitante, confrontando

dados observados em campo com dados simulados pelo modelo WOFOST.

(38)

(39)

(40)

Page 73: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

72

(41)

onde yi é o valor simulado pelo modelo (kg ha-1), xi é o valor observado no experimento

(kg ha-1), Y é a média dos valores simulados (kg ha-1), X é a média dos valores

observado no experimento (kg ha-1) e n é o número de observações.

3.6 Análise de sensibilidade

A análise de sensibilidade do modelo SWAP/WOFOST foi realizada pela

ferramenta SENSAN (SENSitivity ANalysis) do programa PEST alterando o valor de

uma única variável enquanto que se mantinham as demais inalteradas. A ferramenta

SENSAN executa o modelo repetidamente trocando automaticamente o valor do

parâmetro escolhido a cada execução. Dessa forma foi possível expressar a variação

do parâmetro analisado em função de uma variável de saída, massa seca da parte

aérea no fim do ciclo (kg ha-1) assim como o índice de sensibilidade relativa em função

da variação do parâmetro em questão.

O índice de sensibilidade relativa é calculado a partir da sensibilidade absoluta

(SALTELLI, 2002).

(42)

em que: σ(y/k) é a sensibilidade absoluta, δy é a diferença entre dados da variável de

saída do modelo e δk é a diferença entre as variações do parâmetro de entrada. A partir

da sensibilidade absoluta calcula-se a sensibilidade relativa σr (y/k) como

(43)

em que k é o valor do parâmetro padrão e y é o valor de saída da variável padrão. Para

a análise, os parâmetros de entrada sofreram variações de -1% e +1%.

A condição padrão escolhida para a análise de sensibilidade foi a como sendo o

ciclo da cana planta em SA devido ao fato desse local ser também escolhido como o

local de parametrização e calibração do modelo. Foram escolhidos 31 parâmetros de 8

áreas diferentes, a maioria deles fixos, ou seja, que não sofrem alterações no decorrer

do desenvolvimento da cultura:

Page 74: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

73

1. Assimilação de CO2: EFF [kg ha-1 h-1 (J m-2 s-1)-1], AMAX (kg ha-1 h-1), KDIR (-),

KDIF (-) e TMPF (°C);

2. Desenvolvimento de área foliar: SPAN (d), TBASE (°C), SLA (ha kg-1),

LAIEM (m2 m-2) e RGRLAI (m2 m-2 d-1);

3. Eficiência em conversão de assimilados em biomassa: CVL (kg kg-1), CVS

(kg kg-1) e CVR (kg kg-1);

4. Respiração de manutenção: RMS (kg kg-1 d-1), RML (kg kg-1 d-1), RMS (kg kg-1 d-1)

e Q10 (°C);

5. Parâmetros hidráulicos do solo: Ksat (cm d-1), α (cm-1) e n (-);

6. Profundidade máxima de raiz: RDS (cm d-1);

7. Valores iniciais: TDWI (kg ha-1);

8. Interceptação de chuva: COFAB (cm);

9. Parâmetros de redução de extração de água pelas raízes: h1, h2, h3h, h3l e h4

(cm);

10. Partição: FR (%) e FS (%);

As exceções aos parâmetros fixos durante o ciclo são: AMAX, SLA, FR e FS,

pois variam em função do DVS. Em suas análises de sensibilidade, variações

individuais de 1% ou -1% também foi considerada para todos os valores ao longo do

DVS.

3.7 Aplicações do modelo validado

Um conjunto de dados usados para a aplicação do modelo validado foi obtido do

Centro de Cana de Ribeirão Preto-SP do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Foram selecionadas dez áreas comerciais de usinas localizadas no Estado de São

Paulo, Goiás e Minas Gerais (FIGURA 15).

Page 75: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

74

Figura 15 – Localização geográfica das usinas na região de estudo, Estados de São Paulo, Minas Gerais

e Goiás

O plantio desses canaviais, conduzido em espaçamento de 1,5 m foi realizado

em 2005 e as colheitas da cana planta, primeira e segunda socas foram realizadas

durante três épocas: 1ª. Início de safra (maio e junho), 2ª. Meio de safra (julho, agosto e

setembro) e 3ª. Fim de safra (outubro e novembro) de um total de 25 cultivares

(TABELA 12).

Tabela 12 – Lista em ordem alfabética das 25 cultivares utilizadas na aplicação do modelo SWAP/WOFOST validado para a cana-de-açúcar em dez áreas comerciais de usinas localizadas no Estado de São Paulo, Goiás e Minas Gerais IAC 91-1155 IACSP 95-2078 IACSP 96-3057 IACSP 97-6682 SP 81-3250

IACSP 93-1042 IACSP 95-5094 IACSP 96-3060 RB 72454 SP 83-2847 IACSP 94-1104 IACSP 96-2037 IACSP 96-3069 RB 855156 SP 86-42 IACSP 95-1218 IACSP 96-2041 IACSP 97-6645 RB 855453 SP 89-1115 IACSP 95-2048 IACSP 96-2042 IACSP 97-6671 RB 867515 SP 91-1049

Dados diários dos elementos meteorológicos: temperatura máxima e mínima do

ar (°C), radiação solar global (kJ m-2), velocidade do vento a 2 m acima da superfície

(m s-1) e umidade relativa do ar (%) usados na simulação foram obtidos por meio de

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75

estações meteorológicas localizadas na mesma região dos experimentos. Suas

localizações geográficas constam na TABELA 13.

Tabela 13 – Localização dos experimentos e das estações meteorológicas do conjunto de dados do IAC - Cana

Usinas Município Coord. Geográficas

(Lat; Long; Alt) Estação

meteorológica Coord. Geográficas

(Lat; Long; Alt) Abengoa S. João da Boa Vista-SP -21,97; -46,80; 767 m U. São Martinho -21,26; -48,30; 580 m

Alta Mogiana S. Joaquim da Barra-SP -20,58; -47,85; 625 m IAC-Franca-SP -20,55; -47,42; 978 m Catanduva Catanduva-SP -21,97; -47,38; 570 m INMET-Catanduva -21,97; -47,38; 570 m

Delta Delta-MG -19,98; -47,77; 500 m Embrapa-Uberaba -19,75; -47,91; 788 m Ferrari Porto Ferreira-SP -21,85; -47,48; 558 m U. São Martinho -21,26; -48,30; 580 m Goiasa Goiatuba-GO -18,01; -49,35; 774 m Embrapa-Itumbiara -18,41; -49,30; 588 m Guarani Severínea-SP -20,81; -48,80; 605 m INMET-Catanduva -21,97; -47,38; 570 m

Jalles Machado Goianésia-GO -15,32; -49,12; 640 m INMET-Pirenópolis -15,85; -48,96; 751 m Pedra Serrana-SP -21,21; -47,60; 427 m IAC-Ribeirão Preto -21,17; -47,80; 568 m

São Martinho Pradópolis-SP -21,26; -48,30; 580 m U. São Martinho -21,26; -48,30; 580 m

A classificação climática de Köppen, do solo (EMBRAPA, 1999) e dos ambientes

de produção (PRADO et al., 2008) nos locais de experimento constam na TABELA 14.

Tabela 14 – Classificação do tipo de solo, climática e do ambiente de produção (IAC-Cana)

Usinas Tipo de solo Ambiente de

produção Classificação

climática Abengoa Latossolo vermelho amarelo LVAd C2 Cwa

Alta Mogiana Latossolo vermelho mesatroférrico LVmf B1 Aw Catanduva Argissolo vermelho amarelo distrófico PVAe A2 Aw

Delta Latossolo vermelho acriférrico LVwf D1 Aw Ferrari Latossolo vermelho acriférrico LVwf E2 Aw Goiasa Latossolo vermelho eutroférrico Lvef A1 Aw Guarani Latossolo vermelho amarelo distrófico LVAm B1 Aw

Jalles Machado Latossolo vermelho amarelo LVm B1 Aw Pedra Latossolo vermelho amarelo distrófico LVAd C2 Aw

São Martinho Latossolo vermelho mesatroférrico LVmf B1 Aw

Outras informações disponíveis no banco de dados do IAC como a textura do

solo (%) no perfil, datas e épocas de colheita da massa fresca de colmos

industrializáveis (TCH, t ha-1) são apresentadas para cada usina (TABELAS 15 e 16).

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Tabela 15 - Caracterização granulométrica do solo das dez usinas (IAC-Cana) Local Solo

Profundidade (cm)

Teor de argila (kg kg-1)

Teor de silte (kg kg-1)

Teor de areia total (kg kg-1)

Classificação textural

Abengoa 0-20 0,25 0,07 0,68 Franco argiloso arenosa (LVAd) 20-40 0,28 0,05 0,67 Franco argiloso arenosa

40-100 0,30 0,06 0,64 Franco argiloso arenosa Alta 0 - 20 0,57 0,14 0,29 Muito argilosa

Mogiana 20 - 40 0,55 0,15 0,30 Muito argilosa (LVmf) 40 - 100 0,58 0,15 0,27 Muito argilosa

Catanduva 0-20 0,18 0,03 0,79 Franco argiloso arenosa (PVAe) 20-40 0,18 0,02 0,80 Franco argiloso arenosa

40-100 0,26 0,04 0,70 Franco argiloso arenosa Delta 0-20 0,15 0,56 0,29 Franco siltosa (LVwf) 20-40 0,56 0,16 0,28 Argilosa

40-100 0,59 0,16 0,25 Argilosa Ferrari 0-20 0,41 0,10 0,49 Argilo arenosa (LVwf) 20-40 0,47 0,10 0,43 Muito argilosa

40-100 0,49 0,10 0,41 Muito argilosa Goiasa 0-20 0,43 0,14 0,43 Muito argilosa (LVef) 20-40 0,42 0,16 0,42 Muito argilosa

40-100 0,45 0,15 0,40 Muito argilosa Guarani 0-20 0,22 0,06 0,72 Franco argiloso arenosa (LVAm) 20-40 0,23 0,03 0,74 Franco argiloso arenosa

40-100 0,27 0,11 0,62 Franco argiloso arenosa Jalles 0-20 0,43 0,14 0,43 Argilosa

Machado 20-40 0,43 0,15 0,42 Argilosa (LVm) 40-100 0,45 0,15 0,40 Argilosa Pedra 0-20 0,13 0,03 0,84 Areia franca (LVAd) 20-40 0,14 0,04 0,82 Areia franca

40-100 0,19 0,01 0,80 Areia franca São 0-20 0,60 0,13 0,27 Muito argilosa

Martinho 20-40 0,61 0,15 0,24 Muito argilosa (LVmf) 40-100 0,60 0,13 0,27 Muito argilosa

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77

Tabela 16 – Datas das operações plantio e colheita nas dez usinas (IAC-Cana)

Local Ciclo Operações 1ª. época 2ª. época 3ª. época Abengoa Cana planta Plantio 06/abr/05 06/abr/05

Colheita 23/mai/06 01/nov/06 1ª. Soca Colheita 25/mai/07 06/nov/07 2ª. Soca Colheita 05/jun/08 21/out/08

Alta Mogina Cana planta Plantio 20/fev/05 20/fev/05 Colheita 28/abr/06 31/ago/06 1ª. Soca Colheita 17/mai/07 17/ago/07 2ª. Soca Colheita 27/mai/08 12/ago/08

Catanduva Cana planta Plantio 03/mai/05 03/mai/05 Colheita 31/mai/06 06/set/06 1ª. Soca Colheita 04/jun/07 2ª. Soca Colheita 13/mai/08

Delta Cana planta Plantio 13/mar/05 13/mar/05 Colheita 28/mai/06 21/set/06 1ª. Soca Colheita 23/mai/07 21/set/07 2ª. Soca Colheita 06/jun/08 14/ago/08

Ferrari Cana planta Plantio 08/abr/05 08/abr/05 Colheita 12/mai/06 18/out/06 1ª. Soca Colheita 09/mai/07 10/out/07 2ª. Soca Colheita 11/jun/08 12/nov/08

Goiasa Cana planta Plantio 07/mar/05 07/mar/05 07/mar/05 Colheita 19/mai/06 20/jul/06 25/out/06 1ª. Soca Colheita 11/mai/07 16/ago/07 16/out/07 2ª. Soca Colheita 04/jul/08 03/set/08 20/nov/08

Guarani Cana planta Plantio 15/abr/05 15/abr/05 Colheita 16/mai/06 07/nov/06 1ª. Soca Colheita 11/mai/07 06/nov/07 2ª. Soca Colheita 11/jun/08 04/nov/08

Jalles Machado Cana planta Plantio 03/mar/05 03/mar/05 Colheita 15/mai/06 08/ago/06 1ª. Soca Colheita 21/mai/07 03/out/07 2ª. Soca Colheita 08/jun/08 06/out/08

Pedra Cana planta Plantio 01/abr/05 01/abr/05 Colheita 18/mai/06 11/out/06 1ª. Soca Colheita 15/mai/07 05/out/07 2ª. Soca Colheita 29/mai/08 21/out/08

São Martinho Cana planta Plantio 22/fev/05 22/fev/05 Colheita 04/mai/06 27/set/06 1ª. Soca Colheita 09/mai/07 26/set /07 2ª. Soca Colheita 08/mai/08 18/set /08

A composição da massa seca da parte aérea (colmos %, ponteiros % e folhas

secas %) obtida no campo no momento da colheita dos quatro ciclos e locais (SA, SL e

SM) foram usados para transformar o valor simulado da massa seca final da parte

aérea obtida pelo modelo em TCH. Deste modo, cerca de 75% da massa seca colhida

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78

era representada por colmos, 16% de folhas secas (trash) e 9% dos ponteiros. A

umidade dos colmos foi de 70%.

A determinação dos parâmetros hidráulicos do solo foi realizada por meio de

funções de pedotransferências (PTFs). A estimação dos parâmetros θsat, θres, α e n da

equação de van Genuchten (1980) foi realizada por meio de PTFs desenvolvida por

Barros (2010):

(44)

em que xi é o valor do parâmetro da equação de van Genuchten (i = 1, 2, 3 e 4

corresponde a log(α), n, θres e θsat, respectivamente). Areia, Silte, Argila são teores de

areia, silte e argila (kg kg-1). bi,n são os coeficientes da regressão múltipla linear: bi,0

representa o intercepto, e bi,1 , bi,2 , bi,3 os parâmetros relativos aos teores de areia,

silte e argila respectivamente (BARROS, 2010).

O Ksat foi estimada por meio de PTFs desenvolvida por Puckett et al. (1984):

(45)

A escolha dessas funções foi devido à baixa exigência de informações, em vista

que somente informações do teor de areia, silte e argila eram disponíveis.

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79

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Otimização dos parâmetros hidráulicos do solo

Os valores dos parâmetros hidráulicos do solo: θsat, θres, α, n e Ksat obtidos em

laboratório para SA, SL e SM e por meio da otimização realizada pelo programa PEST

para SA e SL são apresentados na TABELA 17.

Tabela 17 – Valores dos parâmetros hidráulicos do solo obtidos em laboratório (SA, SL e SM) e por meio

da otimização realizada pelo programa PEST para SA e SL Origem

dos dados Local Camada

(cm) θres

(cm3 cm-3) θsat

(cm3 cm-3) α (cm-1) n (-) Ksat

(cm d-1) Laboratório SA 0-15 0,16510 0,48500 0,05309 2,09040 100,0 PEST 0-15 0,12235 0,45682 0,05409 2,00443 72,2 Laboratório 16-38 0,17750 0,43640 0,04920 2,23310 40,0 PEST 16-38 0,14560 0,42193 0,04913 2,22579 2,3 Laboratório 39-96 0,18700 0,43290 0,03815 2,04320 130,0 PEST 39-96 0,14814 0,42960 0,03839 2,01203 30,2 Laboratório SL 0-20 0,15855 0,36135 0,25392 1,92730 9,6 PEST 0-20 0,08869 0,36135 0,04745 2,90312 5,8 Laboratório 21-43 0,17885 0,34970 0,24847 2,01255 12,6 PEST 21-43 0,07590 0,34970 0,04786 2,06516 12,8 Laboratório 44-100 0,13962 0,41855 0,34903 1,87760 32,8 PEST 44-100 0,00329 0,41855 0,03923 1,88257 44,6 Laboratório SM 0-37 0,28700 0,46360 0,01147 1,23620 20,7 Laboratório 38-60 0,30270 0,46860 0,01098 1,55970 82,7 Laboratório 61-98 0,29110 0,52210 0,03280 1,45980 132,1 Laboratório 99-120 0,26290 0,54510 0,03215 1,62570 212,6

Com base nos dados da TABELA 17 são apresentadas as curvas de retenção de

água no solo nos perfis em SA e SL (FIGURA 16) e em SM (FIGURA 17).

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0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SA 0-15 cmTeor de água (m3 m-3)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SL 0-20 cmTeor de água (m3 m-3)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SA 16-38 cmTeor de água (m3 m-3)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SL 21-43 cmTeor de água (m3 m-3)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SA 39-96 cmTeor de água (m3 m-3)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SL 44-100 cmTeor de água (m3 m-3)

Figura 16 – Curvas de retenção de água no solo em três profundidades do solo nos locais SA e SL

obtidos em laboratório (linha tracejada) e por meio da otimização utilizando o programa PEST (linha contínua)

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81

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SM 0-37 cmTeor de água (m3 m-3)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SM 38-60 cmTeor de água (m3 m-3)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SM 61-98 cmTeor de água (m3 m-3)

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

1 10 100 1000 10000 100000Potencial matricial (-cm)

SM 99-120 cmTeor de água (m3 m-3)

Figura 17 – Curvas de retenção de água no solo em quatro profundidades do solo em SM obtidos em

laboratório

Para quantificar o desempenho do modelo em simular o conteúdo de água no

solo a valores próximos aos observados a campo, os índices estatísticos RMSE, d e E

foram calculados para SA e SL. Deste modo, o conteúdo de água no solo simulado pelo

modelo SWAP utilizando valores dos parâmetros hidráulicos antes e depois da

otimização foi confrontado com o conteúdo de água no solo medido a campo pelo

método gravimétrico (TABELA 18).

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82

Tabela 18 – Desvio padrão, raiz quadrada do somatório do quadrado dos desvios (RMSE), índice de concordância (d) e índice de eficiência (E) do conteúdo de água no solo simulado pelo modelo SWAP antes e após a otimização dos parâmetros hidráulicos do solo realizados pelo programa PEST em SA e SL

-------Antes da otimização------ --------Depois da otimização------ Camadas

(cm) Desvio Padrão

(cm3 cm-3) RMSE

(cm3 cm-3) d (-) E (-) RMSE

(cm3 cm-3) d (-) E (-) SA

0-15 0,0101 0,0612 0,7036 -1,0501 0,0372 0,8519 0,2394 15-25 0,0096 0,0503 0,7423 -0,6935 0,0255 0,9092 0,5654 25-35 0,0120 0,0444 0,7423 -0,6948 0,0252 0,8847 0,4565 35-45 0,0122 0,0409 0,7668 -0,3020 0,0208 0,9114 0,6619 45-55 0,0081 0,0365 0,8001 -0,0187 0,0238 0,8849 0,5667 55-65 0,0067 0,0482 0,6196 -1,1382 0,0158 0,9337 0,7716 65-75 0,0063 0,0606 0,4270 -3,1099 0,0198 0,8758 0,5605 75-85 0,0064 0,0610 0,4207 -3,1300 0,0192 0,8648 0,5889 85-95 0,0069 0,0618 0,4137 -3,3535 0,0206 0,8342 0,5147

SL 0-15 0,0164 0,0615 0,5631 -0,2403 0,0411 0,7861 0,4464 15-25 0,0168 0,0521 0,4517 -0,4938 0,0261 0,8534 0,6269 25-35 0,0253 0,0512 0,4971 -1,1463 0,0197 0,8925 0,6839 35-45 0,0262 0,0622 0,3761 -3,2996 0,0210 0,8486 0,5085 45-55 0,0300 0,0556 0,4700 -2,6958 0,0250 0,8353 0,2514 55-65 0,0324 0,0671 0,3560 -4,6292 0,0274 0,7895 0,0611 65-75 0,0322 0,0737 0,2966 -5,8001 0,0272 0,7819 0,0706 75-85 0,0321 0,0774 0,2628 -6,1903 0,0253 0,8353 0,2322 85-95 0,0314 0,0761 0,2311 -5,5143 0,0257 0,8399 0,2538

A representação gráfica ao longo do tempo do conteúdo de água no solo

simulada pelo SWAP utilizando parâmetros hidráulicos antes e depois da otimização

bem como o valor medido pelo método gravimétrico nas profundidades avaliadas (0-15,

15-25, 25-35, 35-45, 45-55, 55-65, 65-75, 75-85 e 85-95 cm) são representados na

sequência (FIGURAS 18 e 19).

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83

Usina Santa Adélia (SA)

Figura 18 – Simulação do conteúdo de água no solo obtido pelo modelo SWAP com parâmetros hidráulicos obtidos em laboratório (linha tracejada) e após a otimização dos parâmetros realizada pelo programa PEST (linha contínua) e valores do conteúdo de água no solo medidos pelo método gravimétrico (pontos) em SA

θ (cm3 cm-3)

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Usina São Luis (SL)

Figura 19 – Simulação do conteúdo de água no solo obtido pelo modelo SWAP com parâmetros hidráulicos obtidos em laboratório (linha

tracejada) e após a otimização dos parâmetros realizada pelo programa PEST (linha contínua) e valores do conteúdo de água no solo medidos pelo método gravimétrico (pontos) em SL

θ (cm3 cm-3)

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O valor do desvio padrão do conteúdo de água medido no perfil do solo foi

sempre inferior em SA, local onde houve maior número de repetições, 8 contra 4 em SL

(TABELA 18). A heterogeneidade espacial dos solos e erros de medidas que são

inevitáveis em condições de campo podem ocasionar diferenças significativas na

quantificação conteúdo de água (COSTA, 2006; SINGH et al., 2006). O desvio padrão

médio de 0,0087 cm3 cm-3 obtido em SA foi cerca de três vezes menor que em SL

0,027 cm3 cm-3.

Após a otimização dos parâmetros hidráulicos observa-se, por meio dos índices

estatísticos, que houve significativa melhora na simulação em todo o perfil do solo

(TABELA 18). O RMSE médio em SL, 0,0265 cm3 cm-3 foi semelhante ao obtido no

experimento em SA, 0,0231 cm3 cm-3 e é praticamente o mesmo valor de seu desvio

padrão médio obtido pelo método gravimétrico.

Considerando o valor médio entre todas as camadas do perfil, a otimização

reduziu os valores de RMSE em mais que 60 e 50% em SL e SA respectivamente.

Entretanto por meio dos outros índices, em média a otimização foi melhor em SA

(d = 0,88 e E = 0,55) contra SL (d = 0,82 e E = 0,34). Pela regressão linear da variação

temporal do conteúdo de água no perfil do solo, antes e depois da otimização, o

coeficiente de determinação R2 ajustou melhor as simulações realizadas em SA

(FIGURA 20).

Page 87: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

86

Usina Santa Adélia – Jaboticabal/SP Usina São Luiz – Pirassununga/SP

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35θ medido (cm3 cm-3)

Antes da otimização

θ simulado condição inicial (cm3 cm-3)

R 2 = 0,487

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35θ medido (cm3 cm-3)

Antes da otimização

θ simulado condição inicial (cm3 cm-3)

R 2 = 0,395

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35θ medido (cm3 cm-3)

Depois da otimização

θ simulado condição otimizado (cm3 cm-3)

R 2 = 0,645

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35θ medido (cm3 cm-3)

Depois da otimização

θ simulado condição otimizado (cm3 cm-3)

R 2 = 0,601

Figura 20 – Representação gráfica da correlação do conteúdo de água no perfil solo (0 a 95 cm) na Usina

Santa Adélia SA e Usina São Luis SL entre dados medidos e simulados pelo modelo SWAP com a cultura da cana-de-açúcar. A linha pontilhada representa a relação 1:1

Estudos de otimização de parâmetros hidráulicos do solo com a utilização do

programa PEST confrontando dados do conteúdo de água no solo medido versus

simulados pelo modelo SWAP são encontrados na literatura. Vazifedoust (2007)

otimizou os parâmetros hidráulicos da equação de van Genuchten (1980) α e n em

experimentos de campos conduzidos com milho, feijão e soja no Iran obtendo como

resultado o RMSE do conteúdo de água no solo simulado pelo modelo SWAP variando

de 0,02 a 0,052 cm3 cm-3. Singh et al. (2010) utilizaram imagens de satélites para

estimar a evapotranspiração em experimentos conduzidos com trigo realizada na China

e o relacionaram com o conteúdo de água no solo. Esses autores relataram valor de

RMSE de 0,028 cm3 cm-3 para dados simulados pelo modelo SWAP confrontados com

valores estimados pela evapotranspiração.

A melhora na estimação do conteúdo de água no solo com a otimização dos

parâmetros hidráulicos pelo programa PEST era esperada para os dados disponíveis

Page 88: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

87

nesse estudo. A eficiência do algoritmo Gauss-Marquardt-Levenberg na estimação de

parâmetros não linear foram publicados em outros estudos (VAN DAM, 2000;

VAZIFEDOUST, 2007; SINGH et al., 2010). Uma questão que surge nesse contexto diz

respeito à confiabilidade dos dados determinados em laboratórios por meio de algumas

amostras que se julga serem representativas para o campo experimental ou os

resultados da modelagem inversa utilizando um modelo que pode ter suas próprias

imperfeições.

Nesse estudo as duas formas foram utilizadas e apresentaram resultados

semelhantes para a estimação de massa seca da parte aérea pelo modelo

SWAP/WOFOST.

4.2 Análise de sensibilidade

Os valores da sensibilidade relativa da estimativa de massa seca final da parte

aérea pelo modelo aos parâmetros calibrados (ANEXO) estão representados em

módulo (FIGURA 21). As barras horizontais representam os valores da sensibilidade em

valores 10% maior e menor.

Page 89: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

88

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1

h3lh4

h3hFS

RGRLAITDWI

COFABLAIEM

KsatSPANTMPF

CVRQ10SLA

RMRh2h1

CVLRMLRMS

FRALFA

nRDS

KDIRAMAX

CVSTBASE

KDIFEFF

σr

Figura 21 – Módulo da sensibilidade relativa da estimativa da massa seca final da parte aérea de cana-de-açúcar pelo modelo SWAP/WOFOST a parâmetros de entrada do modelo e seu desvio para valores 10% maior e menor. Sensibilidades negativas são representadas por barras na cor branca, positivas na cor cinza

De modo geral observou-se que dentre os parâmetros analisados, o modelo

SWAP/WOFOST apresentou maior sensibilidade relativa aos que compõem o grupo de

assimilação de CO2 (FIGURA 20). Confalonieri et al. (2006) afirmam que os parâmetros

que compõem modelos complexos de crescimento de plantas, como o WOFOST, estão

organizados de forma hierárquica, ou seja, existe certa dominância de um grupo de

parâmetros em relação a outros. Sendo assim constatado por esse estudo, o grupo de

parâmetros ligados diretamente a assimilação de CO2 atua no topo da hierarquia para a

produção da massa seca final da parte aérea. Consequentemente sua determinação,

por meio da calibração ou medidas a campo, deve ser muito bem realizada e

fundamentada.

Page 90: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

89

Bessembinder et al. (2003) realizaram análise de sensibilidade para o modelo

SWAP/WOFOST simulando a produtividade do trigo, algodão e arroz em experimentos

em condições de déficit hídrico severo, médio e sem déficit. Esses autores concluíram

que o modelo sob estresse hídrico severo foi bastante sensível ao SLA, aos

coeficientes de extinção (KDIR e KDIF) e aos de eficiência de conversão de assimilados

em biomassa (CVS, CVL, CVR e CVO). Sob estresse hídrico moderado o modelo

SWAP/WOFOST mostrou ser bastante sensível ao EFF e ao AMAX.

Pela parametrização realizada nesse estudo para a cana-de-açúcar o

SWAP/WOFOST apresentou maior sensibilidade relativa para o EFF (FIGURA 21).

Esse resultado era esperado pelo fato de que EFF corresponde à inclinação da curva

de assimilação máxima de CO2 (AMAX), portanto pequenas variações nesse parâmetro

resultam em variações diretas e significativas no valor da massa seca final da parte

aérea. Observou-se ainda que o modelo apresentou valores superiores da sensibilidade

relativa em função da variação desse parâmetro para a faixa entre 0,3 até

aproximadamente 0,5 kg ha-1 h-1 (J m-2 s-1)-1 (FIGURA 22 II).

Page 91: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

90

I

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8EFF (kg ha-1 h-1 J-1 m 2 s)

MS (kg ha-1)

II

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8EFF (kg ha-1 h-1 J-1 m 2 s)

σr

III0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

35 45 55 65 75 85AM AX (kg ha-1 h-1)

MS (kg ha-1)

IV0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

35 45 55 65 75 85AM AX (kg ha-1 h-1)

V0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8KDIF (-)

MS (kg ha-1)

VI-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

KDIF (-)

σr

VII0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8KDIR (-)

MS (kg ha-1)

VIII-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8

KDIR (-)

σr

IX0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

10 15 20 25 30 35TM PF (°C)

MS (kg ha-1)

X

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

10 15 20 25 30 35

TM PF (°C)

σr

Figura 22 – Variação da massa seca final da parte aérea (kg ha-1) da cana-de-açúcar em função do valor dos

parâmetros de assimilação de CO2 (figura à esquerda) e sensibilidade relativa do modelo SWAP/WOFOST em função do valor dos parâmetros de assimilação de CO2 (figura à direita). A seta indica o valor para o qual o modelo foi parametrizado

Page 92: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

91

A exceção a alta sensibilidade relativa do modelo entre os parâmetros de

assimilação foi para o TMPF (°C), fator de redução do AMAX pelo aumento ou

diminuição da temperatura média do ar. A sensibilidade relativa ao AMAX ao longo de

sua alteração (FIGURA 22 IV) variou de forma similar ao EFF, porém com menor efeito.

Confalonieri et al. (2006) e Confalonieri (2010) realizaram estudos da sensibilidade do

modelo WOFOST pelo método de Morris (MORRIS, 1991) apontando AMAX como o

parâmetro mais importante para o incremento de massa seca da parte aérea da cultura

do arroz.

O modelo SWAP/WOFOST também apresentou sensibilidade relativa alta para a

variação do teor de massa seca final da parte aérea para os coeficientes de extinção,

KDIF e KDIR, pois afetaram a quantidade de radiação solar que penetra no interior do

dossel da planta. Nesse estudo o modelo mostrou ser mais sensível a variação do

KDIF, o qual apresentou também maior variação do desvio para valores 10% maior e

menor em seu valor (FIGURA 21).

Dos parâmetros relacionados com o desenvolvimento da área foliar analisados, o

modelo foi mais sensível para TBASE, estando SLA e SPAN em um grupo intermediário

enquanto que LAIEM e RGRLAI foram praticamente inexpressivos aos valores o qual o

modelo foi parametrizado (FIGURA 21). A mesma sequência entre esses parâmetros de

área foliar na estimação do teor de massa seca total da parte aérea para a cultura do

arroz foram obtidos por Confalonieri et al. (2006).

TBASE parametrizado no valor de 20°C foi o que proporcionou maior incremento

de massa seca final da parte aérea. A variação desse parâmetro em +1% ou -1%, em

seu valor, proporcionaria alta sensibilidade relativa ao modelo para o teor de massa

seca final da parte aérea, 1,08954 e -1,53413 respectivamente, sendo nessas

condições superior ao EFF. Mesmo considerando uma variação maior (+10% ou -10%)

se observa que TBASE foi o que apresentou maior desvio entre todos os parâmetros

estudados (FIGURA 21). TBASE corresponde à temperatura limite responsável pelo

tempo térmico para a manutenção de folhas no dossel da planta.

A variação da sensibilidade relativa ao parâmetro SLA (ha kg-1) assim como a

variação do incremento do teor de massa seca final da parte aérea mostrou grande

alteração na faixa entre 0,0005 a 0,0008 (ha kg-1). Fora dessa faixa, a sensibilidade

Page 93: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

92

relativa do modelo ao teor final de massa seca da parte aérea não foi significativa

(FIGURAS 23 XIV e XIII).

Page 94: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

93

XI0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23TBASE (°C)

MS (kg ha-1)

XIII

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.0004 0.0006 0.0008 0.0010 0.0012 0.0014SLA (ha kg-1)

MS (kg ha-1)

XIV

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

0.0004 0.0006 0.0008 0.0010 0.0012 0.0014SLA (ha kg-1)

σr

XV

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 30 60 90 120 150SPAN (d)

MS (kg ha-1)

XVI

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

0 30 60 90 120 150

SPAN (d)

σr

XVII0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.01 0.02 0.03 0.04 0.05RGRLAI (m 2 m -2 d-1)

MS (kg ha-1)

XVIII

-0.5

0.0

0.5

1.0

0.01 0.02 0.03 0.04 0.05

RGRLAI (m2 m -2 d-1)

σr

XIX0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.004 0.006 0.008 0.01 0.012

LAIEM (m2 m -2)

MS (kg ha-1)

XX-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.004 0.006 0.008 0.01 0.012

LAIEM (m2 m -2)

σr

Figura 23 – Variação da massa seca final da parte aérea (kg ha-1) da cana-de-açúcar em função do valor dos

parâmetros de área foliar (figura à esquerda) e sensibilidade relativa do modelo SWAP/WOFOST em função do valor dos parâmetros de área foliar (figura à direita). A seta indica o valor para o qual o modelo foi parametrizado

Page 95: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

94

Durante calibração do SLA realizada entre DVS de 0,0 a 0,4, constatou-se que

esse parâmetro tem efeito expressivo no formato na curva de desenvolvimento do

índice de área foliar.

Com relação ao parâmetro SPAN (d) esperava-se obter aumento significativo no

teor de massa seca final com o aumento em seu valor, consequentemente aumento da

sensibilidade relativa do modelo, porém isso não ocorreu. Com o aumento do número

de dias em que as folhas permaneceriam ativas no dossel das plantas, haveria o

aumento da massa vegetal para a manutenção e pouco ganho de área disponível para

a fotossíntese devido à extinção da radiação solar no dossel.

Os três parâmetros relacionados com a eficiência de conversão de CO2 em

assimilados apresentaram variação direta com o teor de massa seca final da parte

aérea (FIGURA 24 XXI, XXIII e XXV).

XXI

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9CVS (kg kg-1)

MS (kg ha-1)

XXII0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9CVS (kg kg-1)

σr

XXIII

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9CVL (kg kg-1)

MS (kg ha-1)

XXIV

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

CVL (kg kg-1)

σr

XXV0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9CVR (kg kg-1)

M S (kg ha-1)

XXVI

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9

CVR (kg kg-1)

σr

Figura 24 – Variação da massa seca final da parte aérea (kg ha-1) da cana-de-açúcar em função do valor dos

parâmetros de eficiência de conversão de CO2 em biomassa (figura à esquerda) e sensibilidade relativa do modelo SWAP/WOFOST em função do valor dos parâmetros de eficiência de conversão de CO2 em biomassa (figura à direita). A seta indica o valor para o qual o modelo foi parametrizado

Page 96: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

95

O modelo apresentou alta sensibilidade relativa e maior desvio (+10% ou -10%)

para o CVS, intermediária para o CVL e baixa para o CVR (FIGURA 21). Esse ordem

ocorre devido a partição na composição final da massa seca da parte aérea ser

constituída majoritariamente de colmos, cerca de 85%. Resultados semelhante foram

obtidos por Confalonieri et al. (2006) para o modelo WOFOST parametrizado para a

cultura do arroz. Observou-se ainda que o aumento na eficiência ao acúmulo de massa

seca foi proporcionalmente direito e com valores cada vez menores resultando em

queda na sensibilidade relativa. Isso se dá pelo fato de que com o aumento da massa

seca há também maior gasto para sua manutenção.

Os parâmetros de respiração de manutenção analisados nesse estudo, RMS,

RML e RMR apresentaram decréscimo do teor de massa seca final da parte aérea em

função do aumento de seus valores (FIGURA 25 XXVII, XXIX e XXXI).

Page 97: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

96

XXVII

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007RM S (kg kg-1 d-1)

MS (kg ha-1)

XXVIII

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007

RM S (kg kg-1 d-1)

σr

XXIX

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018 0.02 0.022

RM L (kg kg-1 d-1)

MS (kg ha-1)

XXX-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018 0.02 0.022

RM L (kg kg-1 d-1)

σr

XXXI0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007 0.008RM R (kg kg-1 d-1)

MS (kg ha-1)

XXXII-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.002 0.003 0.004 0.005 0.006 0.007

RM R (kg kg-1 d-1)

σr

XXXIII

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4Q10 (°C)

MS (kg ha-1)

XXXIV

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4

Q10 (°C)

σr

Figura 25 – Variação da massa seca final da parte aérea (kg ha-1) da cana-de-açúcar em função do valor

dos parâmetros de respiração de manutenção (figura à esquerda) e sensibilidade relativa do modelo SWAP/WOFOST em função do valor dos parâmetros de respiração de manutenção (figura à direita). A seta indica o valor para o qual o modelo foi parametrizado

Esse padrão mostra ser coerente, pois essas taxas afetam de forma direta o

custo da manutenção dos respectivos órgãos nas plantas. A maior variação do teor de

massa seca final da parte aérea e consequentemente maior variação da sensibilidade

relativa do modelo em função de sua variação foi observada em RMS seguida de RML

Page 98: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

97

e RMR. A explicação para a ordem obtida, valor em módulo pode ser dada de forma

análoga aos parâmetros da eficiência de conversão de assimilados. Ou seja, pela

partição da massa seca da parte aérea ser majoritariamente constituída por colmos.

O parâmetro Q10 (°C), quase imperceptível, apresentou tendência oposta aos

outros três parâmetros de respiração de manutenção analisados. Houve ínfima

tendência de incremento de massa seca final da parte aérea em função de sua redução

(FIGURA 25 XXXIII).

Dos parâmetros hidráulicos do solo analisados nesse estudo o modelo

SWAP/WOFOST apresentou praticamente o mesmo valor de sensibilidade relativa bem

como valores proporcionais das variações do desvio padrão para n e α da equação de

van Genuchten (1980) para a qual o modelo foi parametrizado (FIGURA 20). Porém é

importante ressaltar que a variação da sensibilidade relativa do modelo em função da

variação dos valores desses parâmetros mostrou ser bem diferente (FIGURA 26 XXXVI

e XXXVIII).

Page 99: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

98

XXXV0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5n (-)

MS (kg ha-1)

XXXVI

-1.0

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5

n (-)

σr

XXXVII0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08alfa (cm -1)

MS (kg ha-1)

XXXVIII

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08

alfa (cm -1)

σr

XXXIX

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

15 20 25 30 35 40 45 50Ksat (cm d-1)

MS (kg ha-1)

XL

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

15 20 25 30 35 40 45 50Ksat (cm d-1)

σr

Figura 26 – Variação da massa seca final da parte aérea (kg ha-1) da cana-de-açúcar em função do valor

dos parâmetros hidráulicos do solo (figura à esquerda) e sensibilidade relativa do modelo SWAP/WOFOST em função do valor dos parâmetros hidráulicos do solo (figura à direita). A seta indica o valor para o qual o modelo foi parametrizado

O parâmetro n determina a inclinação no ponto de inflexão da curva de retenção

de água no solo, dessa forma, quanto mais baixo tende a ser o valor de n, menos

íngreme mostra ser a curva de retenção perdendo, esse solo, menos água com o

aumento do módulo do potencial matricial no ponto de inflexão. Isso explica o formato

da curva da variação do teor de massa seca da parte aérea em função da variação dos

valores de n (FIGURA 26 XXXV).

Para o parâmetro α, pela análise da variação do teor de massa seca da parte

aérea em função de sua variação, observou-se que a tendência foi constante e de

diminuição da biomassa (FIGURA 26 XXXVII). A variação da sensibilidade relativa do

modelo em função da variação de α foi totalmente diferente do anterior observado, pois

Page 100: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

99

α afeta diferentemente o formato da curva de retenção de água no solo; deslocando

horizontalmente à esquerda para valores maiores e à direita para valores menores, o

ponto de inflexão da curva de retenção de água no solo.

A sensibilidade relativa ao Ksat, para o qual o modelo foi parametrizado, mostrou

ser muito baixa (FIGURA 21). Praticamente não houve variação de massa seca da

parte aérea em função da variação dos valores desse parâmetro (FIGURA 26 XL).

Singh et al. (2010) realizaram análise de sensibilidade do modelo SWAP para todos os

parâmetros da função de van Genuchten (1980) usando a evapotranspiração da cultura

do trigo como variável de saída. Esses autores chegaram à conclusão que os

parâmetros n e Ksat foram os quais o modelo apresentou maior sensibilidade.

A sensibilidade relativa do modelo também foi muito baixa para a variação de

massa seca final da parte aérea para os parâmetros de valor inicial de massa seca

TDWI (kg ha-1) e de interceptação de chuva COFAB (cm) (FIGURA 21) bem como em

função de suas variações (FIGURA 27 XLIV e XLVI). Não houve acréscimo nem de

decréscimo no teor da massa seca final da parte aérea em função de suas variações

(FIGURA 27 XLIII e XLV).

Page 101: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

100

XLI0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

30 40 50 60 70 80 90RDS (cm)

MS (kg ha-1)

XLII0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

30 40 50 60 70 80 90

RDS (cm)

σr

XLIII0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

500 1500 2500 3500 4500TDWI (kg ha-1)

MS (kg ha-1)

XLIV

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

500 1500 2500 3500 4500

TDWI (kg ha-1)

σr

XLV

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.08 0.13 0.18 0.23 0.28 0.33COFAB (cm)

MS (kg ha-1)

XLVI

-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.08 0.13 0.18 0.23 0.28 0.33

COFAB (cm)

σr

Figura 27 – Variação da massa seca final da parte aérea (kg ha-1) da cana-de-açúcar em função do valor

dos parâmetros de profundidade radicular máxima, valor inicial e de interceptação da precipitação (figura à esquerda) e sensibilidade relativa do modelo SWAP/WOFOST em função do valor dos parâmetros de profundidade radicular máxima, valor inicial e de interceptação da precipitação (figura à direita). A seta indica o valor para o qual o modelo foi parametrizado

No entanto o modelo indicou sensibilidade relativa alta para o parâmetro RDS

(FIGURA 21) com aumento do teor de massa seca da parte aérea com o incremento de

seu valor (FIGURA 27 XLI). O que mostra ser coerente, pois com o aumento do volume

de solo a ser explorado pelas raízes da planta há a maior captação de água retida no

perfil podendo ser disponibilizado para a cultura.

De modo geral o SWAP/WOFOST mostrou ter sensibilidade relativa muito baixa

para os parâmetros de redução de extração radicular de água (FIGURA 21). As

variações do teor de massa seca final da parte aérea ao longo da variação das tensões

Page 102: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

101

mostraram ter algum efeito para a faixa onde o estresse hídrico é causado pelo excesso

de água no solo, ou seja, nos parâmetros h1 e h2 (cm) (FIGURA 28 XVLII e XLIX).

Page 103: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

102

XLVII

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

-20 -15 -10 -5 0

h1 (cm)

MS (kg ha-1)

XLVIII -0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

-20 -15 -10 -5 0

h1 (cm)

σr

XLIX

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

-50 -40 -30 -20 -10 0h2 (cm)

MS (kg ha-1)

L -0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

-50 -40 -30 -20 -10 0

h2 (cm)

σr

LI

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

-3000 -2500 -2000 -1500 -1000 -500 0h3h (cm)

MS (kg ha-1)

LII -0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

-3000 -2500 -2000 -1500 -1000 -500 0

h3h (cm)

σr

LIII

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

-5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0h3l (cm)

MS (kg ha-1)

LIV -0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

-5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0

h3l (cm)

σr

LV

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

-20000 -15000 -10000 -5000 0

h4 (cm)

MS (kg ha-1)

LVI -0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

-20000 -15000 -10000 -5000 0

h4 (cm)

σr

Figura 28 – Variação da massa seca final da parte aérea (kg ha-1) da cana-de-açúcar em função do valor dos

parâmetros de redução de extração de água pelas raízes (figura à esquerda) e sensibilidade relativa do modelo SWAP/WOFOST em função do valor dos parâmetros redução de extração de água pelas raízes (figura à direita). A seta indica o valor para o qual o modelo foi parametrizado

Page 104: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

103

Por ser um modelo mecanístico com enfoque agrohidrológico poderia se esperar

uma sensibilidade relativa maior aos parâmetros que definem o déficit hídrico (h3h, h3l

e h4). Analisando a variação do potencial matricial de água no solo ao longo do ciclo da

cana planta, em ambas as camadas estudadas observa-se que quando ocorre secagem

do solo, por drenagem, evapotranspiração e extração radicular, o potencial matricial

atinge rapidamente valores extremos, longe da faixa determinada para h4 e

principalmente para h3h e h3l (FIGURA 29).

Potencial matricial (-cm)

1

10

100

1000

10000

100000

1 41 81 121 161 201 241 281 321 361 401 441Dias

h1

h2

h3l

h4

h3h

Camada 7,5 cm Potencial matricial (-cm)

1

10

100

1000

10000

100000

1 41 81 121 161 201 241 281 321 361 401 441Dias

h1

h2

h3l

h4

h3h

Camada 30,5 cm

Figura 29 – Variação do potencial matricial de água no solo (-cm) estimada pelo modelo SWAP/WOFOST em duas profundidades (7,5 e 30,5 cm) ao longo do ciclo da cana planta em SA

A análise da sensibilidade relativa aos parâmetros de partição foi dividida entre

massa seca da parte aérea versus raízes (FR, %) e entre os órgãos que representam a

constituição da massa seca da parte aérea: folhas versus colmos (FS, %). Confalonieri

et al. (2006) observaram alta sensibilidade do modelo WOFOST para a partição

parametrizado para a cultura do arroz, o que não foi observado nesse estudo.

Entretanto, observou-se alta sensibilidade relativa do SWAP/WOFOST para valores

exagerados da partição destinada as raízes, FR > 0,45 (FIGURA 30 LVIII).

Page 105: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

104

LVII0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50fr (%)

MS (kg ha-1)

LVIII-12.0

-10.0

-8.0

-6.0

-4.0

-2.0

0.0

0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50

fr (%)

σr

LVIX

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0.25 0.35 0.45 0.55 0.65 0.75 0.85fs (%)

MS (kg ha-1)

LVX-0.5

-0.4

-0.3

-0.2

-0.1

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.25 0.35 0.45 0.55 0.65 0.75 0.85

fs (%)

σr

Figura 30 – Variação da massa seca final da parte aérea (kg ha-1) da cana-de-açúcar em função do valor

dos parâmetros de partição da biomassa (figura à esquerda) e sensibilidade relativa do modelo SWAP/WOFOST em função do valor dos parâmetros de partição da biomassa (figura à direita). A seta indica o valor para o qual o modelo foi parametrizado

Mas para o valor de FR o qual foi parametrizado, o modelo representou

sensibilidade relativa intermediária (FIGURA 21).

4.3 Calibração do modelo

O primeiro passo no processo de calibração destinou-se ao ajuste da duração do

desenvolvimento da cultura, DVS. Esse ajuste se faz necessário, pois a produção total

de biomassa é equivalente à média diária de produção de biomassa vezes a duração

do desenvolvimento da cultura. Dessa forma, por meio de informações da

disponibilidade térmica do local (FIGURA 31) ao fim do ciclo da cana planta o DVS

atingiu valor de 1,76 o qual corresponde a 5700 °C d enquanto que para as socas, o

primeiro, o segundo e o terceiro ciclos apresentaram valores de DVS de 1,0; 0,98 e 0,99

o qual corresponde a 4500 °C d.

Page 106: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

105

Cana planta

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 41 81 121 161 201 241 281 321 361 401 441Dias (ciclo)

°C

1a. Soca

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331Dias (ciclo)

°C

2a. Soca

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361Dias (ciclo)

° C

3a. Soca

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361Dias (ciclo)

°C

Figura 31 – Temperaturas máximas e mínimas do ar (°C) registradas pela estação meteorológica da

usina Santa Adélia (Jaboticabal-SP) ao longo do ciclo de desenvolvimento da cana planta e socas

O segundo passo foi reservado à obtenção da simulação do desenvolvimento

foliar característico, ou seja, a dinâmica do IAF ao longo dos ciclos. O sucesso dessa

etapa se traduzirá em bons resultados da estimação da produtividade de massa seca

da parte aérea uma vez que são processos altamente dependentes. Essa etapa foi a

mais complexa devido ao fato de que vários parâmetros interferem em sua dinâmica ao

longo do ciclo.

No início do ciclo houve a necessidade do ajuste da partição de assimilados que

seria destinado à produção de folhas FS. Isso se deu, principalmente, ao alto valor do

parâmetro da massa seca inicial, TDWI (kg ha-1), dado obtido a campo, cerca de seis

vezes maior ao valor calibrado por van Heemst (1988). Assim o parâmetro SLA, que

exerce influência na dinâmica do IAF, foi ajustado no início do ciclo (DVS entre 0,0 a

0,44). O SPAN foi outro parâmetro relevante a calibração da parte aérea principalmente

na obtenção do máximo do IAF e na estabilização ao fim do ciclo. Embora seu valor

tenha sido obtido por meio da calibração, (ANEXO) ele se encontra entre a faixa de

variação apresentada na literatura, de 30 a 150 dias (COCK, 2001; DILLEWIJN, 1952;

MACHADO et al., 1982, 1983).

Page 107: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

106

Dos resultados obtidos para IAF nessa simulação, para o ciclo da cana planta, o

máximo de IAF foi obtido por volta dos 250 dias após a emergência, fevereiro de 2006,

atingindo valor próximo de 5 m2 m-2 e estabilizando após 300 dias após a emergência

em torno de 2,5 m2 m-2. Ainda nesse ciclo os valores simulados mostraram estar

próximos aos medidos a campo, principalmente dos 150 dias após a emergência

(FIGURA 32).

Cana planta

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450Dias após a emergência

IAF (m 2 m -2)

1a. Soca

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350

Dias após a emergência

IAF (m 2 m -2)

2a. Soca

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

IAF (m2 m -2)

3a. Soca

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

IAF (m 2 m -2)

Figura 32 – Valores do índice de área foliar medido a campo com seus desvios padrão para o ciclo da

cana planta (pontos) e simulações do IAF obtida pelo modelo SWAP/WOFOST (linha) ao longo dos ciclos de desenvolvimento da cana planta e socas, cultivar SP 81-3250 na usina Santa Adélia (Jaboticabal-SP)

Suguitani (2006) observou por meio de dados medidos a campo e por

simulações do modelo MOSICAS valores semelhantes do máximo do IAF para as

variedades R 570, NCo 376, RB 72454 e SP 83-2847 em Piracicaba-SP, apresentando

diferenças apenas entre o tempo de ocorrência desse máximo valor. Além da

semelhança relatada por esse autor, os valores obtidos na simulação do

SWAP/WOFOST mostram estar de acordo com os encontrados em diferentes

condições por Irvine (1983) e abaixo dos encontrado por Robertson et al. (1996), que

relataram máximo entre 6 a 9 m2 m-2.

Page 108: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

107

Nas simulações do IAF aqui apresentadas, após o máximo seguida de curta

estabilização houve um período de acentuado declínio (FIGURA 32). O mesmo

comportamento foi descrito por Muchow et al. (1994) que verificaram aumento inicial de

IAF de folhas verdes de 2,5 m2 m-2 aos 167 dias após plantio para 6,8 m2 m-2 aos 297

dias, seguido por período de declínio a valores próximos de 3,9 m2 m-2 aos 445 dias.

Barbieri e Villa Nova (1991) relataram que a dinâmica do IAF está relacionada com a

disponibilidade hídrica do local, o que se faz presente nas simulações desse modelo.

Além da senescência causado pelo sombreamento, após o máximo de IAF, o estresse

hídrico causado principalmente por falta de precipitação tem grande efeito na dinâmica

do IAF nesse modelo.

Essa constatação pode ser verificada por meio da dinâmica do IAF para a

segunda soca que além de apresentar a menor quantidade precipitada entre os ciclos,

1037 mm, apresentou também maior período de déficit hídrico nos primeiros 70 dias de

ciclo (FIGURA 33).

0

300

600

900

1200

1500

1800

1 41 81 121 161 201 241 281 321 361 401 441Dias após o plantio/colheita

2a. Soca

3a. Soca

1a. Soca

Precipitação acumulada (mm)Cana planta

Figura 33 – Precipitação pluvial acumulada (mm) obtida por meio de pluviômetro instalada nas entre

linhas a 60 cm de altura na usina Santa Adélia (Jaboticabal-SP) ao longo do ciclo de desenvolvimento da cana planta e socas

Para a primeira e terceira socas a dinâmica do IAF foi similar ao ciclo da cana

planta. Além de apresentarem maior quantidade de chuva em seus ciclos: 1435, 1436 e

1193 mm para cana planta, primeira e terceira socas respectivamente não

apresentaram período tão severo de déficit hídrico no início do ciclo (FIGURA 33).

O terceiro e último passo no processo de calibração foi destinado à obtenção da

curva de acúmulo de massa seca da parte aérea ao longo dos ciclos. Devido à menor

Page 109: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

108

produtividade do ciclo da soca em comparação com a cana planta observada, cerca de

40%, e pela alta sensibilidade do parâmetro EFF, houve a necessidade da obtenção de

valores diferenciados entre a cana planta e socas. TBASE foi outro caso de

determinação por meio de calibração devido sua alta sensibilidade, contudo um único

valor foi obtido para ambos os ciclos de produção visando a não perturbação do formato

da dinâmica do IAF ao longo dos ciclos.

Bessembinder et al. (2003) relataram que para simular a produtividade das

culturas de trigo, algodão e arroz, 6 parâmetros foram obtidos por meio de calibração

(SPAN, KDIF, EFF, AMAX, FS e densidade radicular relativa). Ao passo que nesse

estudo 5 parâmetros foram obtidos por meio de calibração (EFF, TBASE, SPAN, SLA

para DVS = 0,0 a 0,4 e FS, no início do ciclo), 1 por meio de medidas a campo (TDWI)

e o restante por meio de dados de literatura.

A performance na simulação de massa seca da parte aérea do modelo foi

avaliada tomando como referência estudos conduzidos em mesmo local ao longo da

cana planta (FRANCO, 2008) e da primeira soca (FARONI, 2008).

Franco (2008) relatou que o acúmulo de massa seca da parte área, medido a

campo, apresentou forma sigmóide, característica de crescimento vegetal (SILVEIRA,

1985) representando as três fases de desenvolvimento definidas por Machado (1987). A

primeira fase de desenvolvimento ocorreu de 0 a 150 dias após o plantio (DAP) sendo

esta fase caracterizada por desenvolvimento lento da parte aérea. Em média houve

acúmulo de cerca de 6.000 kg ha-1 de massa seca, o que representou 10% do total

obtido na colheita final da cultura. A simulação do modelo para esse período foi de

3.705 kg ha-1, 7,6 % do total obtido na colheita final da cultura. A segunda fase de

crescimento ocorreu dos 150 aos 390 DAP, fim de agosto a começo de setembro de

2005, momento o qual a temperatura do ar e pluviosidade começou a se elevar

caracterizando redução no déficit hídrico pelo início das chuvas (FIGURA 33). Durante

esse segundo estádio houve maior acúmulo de fitomassa pela cana-de-açúcar o que

representou em média, 80% do total acumulado (produção de massa seca equivalente

a 48.000 kg ha-1). Para essa segunda fase o modelo simulou valor de massa seca da

parte aérea de 43.896 kg ha-1, 90 % do total acumulado. E finalmente a terceira fase de

crescimento, caracterizada como fase de maturação, ocorrendo dos 390 a 459 DAP

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109

sendo o acúmulo de fitomassa da ordem de 6.000 kg ha-1 de matéria seca, equivalente

a 10% do total acumulado pela parte aérea da cultura no ciclo de cana-planta. A

simulação do modelo SWAP/WOFOST foi de 4.556 kg ha-1 de matéria seca, 9,4 % do

total acumulado. Nesta fase, o crescimento da cultura foi pouco intenso pelas restrições

climáticas, sendo os fotossintetizados destinados, principalmente, ao armazenamento

da sacarose nos colmos (MACHADO, 1987).

Para o ciclo da primeira soca Faroni (2008) também relatou que o acúmulo de

massa seca da parte aérea apresentou forma sigmóide sendo que a primeira fase

ocorreu de 0 a 120 dias após a colheita (DAC) acumulando 4.394 kg ha-1, 10,7% do

total enquanto que pela simulação do modelo foram obtidos 7.143 kg ha-1, 19,5 %. A

segunda fase ocorreu dos 120 a 315 DAC acumulando 32.593 kg ha-1, 79,5% do total

ao passo que pela simulação do modelo 33.942 kg ha-1, 73,2 % foram obtidos. E a

terceira fase ocorreu dos 315 aos 356 DAC acumulando 4.013 kg ha-1, 9,8% observado

contra 2.662 kg ha-1, 7,3% simulado pelo modelo.

As simulações da massa seca da parte aérea potencial e limitada por déficit

hídrico, valores de massa seca da parte aérea obtida por meio de medições a campo

com seus desvios padrão e os índices estatísticos RMSE, d e E para os ciclos

estudados estão representadas na FIGURA 34.

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110

Cana-planta

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

1a. Soca

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

2a. Soca

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

3a. Soca

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

Ciclo cana planta RMSE = 5,35 t ha-1 d = 0,970 E = 0,904

Ciclo cana soca RMSE = 5,96 t ha-1 d = 0,913 E = 0,721

Figura 34 – Simulação de massa seca da parte aérea potencial (linha tracejada) e limitada (linha contínua) obtida pelo modelo SWAP/WOFOST e medidas de massa seca da parte aérea obtidas a campo (pontos) ao longo do ciclo de desenvolvimento da cana-planta e socas, cultivar SP 813250 na usina Santa Adélia (Jaboticabal-SP)

Por meio dos índices estatísticos (RMSE, d e E) observou-se que o melhor ajuste

foi obtido para o ciclo da cana planta. Pela regressão linear, é constatado visualmente

que os pontos obtidos do ciclo da cana planta se aproximam mais da linha 1:1 (FIGURA

35).

MS simulado (kg ha-1)

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000MS medido (kg ha-1)

R2 = 0,9582

Cana planta

MS simulado (kg ha-1)

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

45000

0 10000 20000 30000 40000MS medido (kg ha-1)

R2 = 0,8421

Cana soca

Figura 35 – Regressão linear entre a massa seca da parte aérea simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e

obtida por meio de medição a campo dos ciclos da cana planta e socas na usina Santa Adélia (Jaboticabal-SP)

Page 112: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

111

Suguitani (2006) simulou a massa seca da parte aérea com o modelo MOSICAS,

em Piracicaba em solo Latossolo Vermelho Amarelo distrófico para cana planta de ano

em condição de sequeiro, obtendo bons resultados para as cultivares R 570, RB 72454,

NCo 376 e SP 83-2847, com RMSE de 413, 214, 315 e 165 kg ha-1 e R2 de 0,986;

0,992; 0,988 e 0,996 respectivamente. Marin et al. (2009) avaliaram o modelo

CANEGRO utilizando dados de Suguitani (2006) obtendo também bons resultados para

massa seca da parte aérea (d de 0,983 e 0,99 e R2 de 0,979 e 0,99) para as cultivares

brasileiras RB 72454 e SP 83-2847 respectivamente. Esses autores ainda relatam que

houve fraco desempenho para a variável massa seca da parte aérea (-32%) para as

cultivares sul africanas NCo 376 e R 570 devido ao ajuste de um parâmetro relacionado

com a fotossíntese, sugerindo que as cultivares brasileiras têm maior capacidade de

produção bruta de matéria seca que as variedades normalmente utilizadas na África do

Sul (especialmente a NCo 376), para as quais o modelo CANEGRO já havia sido

testado.

Para as simulações obtidas nesse estudo ressalta-se, principalmente no ciclo da

cana planta dos 350 dias após a emergência até o fim do ciclo, que o modelo

SWAP/WOFOST não acumulou massa seca da parte aérea durante período de longa

estiagem. Sendo assim, se considerado o ciclo até o momento antes do período de

estiagem para a cana planta, o desempenho do SWAP/WOFOST seria

significativamente melhor e obteria RMSE de 788 kg ha-1, d de 0,999, E de 0,968 e R2

de 0,998. Bessembinder et al. (2003) relataram que a principal causa de subestimativas

na simulação da produtividade da cultura do algodão realizada pelo modelo

SWAP/WOFOST foi o efeito do forte estresse hídrico ocorrido em período de longa

estiagem.

Pelo fato da drenagem livre atuar no limite inferior do perfil de solo, houve grande

perda de água que associada a período de longa estiagem refletiu na simulação da

massa seca da parte aérea. Nas situações o potencial matricial de água no solo atinge

valores extremos, bem abaixo aos determinados para os parâmetros de redução

potencial de extração radicular de água. Dependendo do valor obtido nesse período, a

simulação do acúmulo de massa seca pelo modelo é reduzida ou mesmo paralisada.

Page 113: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

112

Observa-se esse padrão no fim do ciclo da cana planta, e nas duas primeiras socas na

camada mais superficial do solo (FIGURA 36).

1

10

100

1000

10000

100000 Potencial matricial (-cm)

h1

h2

h3l

h4

h3h

Cana planta 1a. Soca 2a. Soca 3a. Soca

Camada 7,5 cm

1

10

100

1000

10000

100000 Potencial matricial (-cm)

h1

h2

h3l

h4

h3h

Cana planta 1a. Soca 2a. Soca 3a. Soca

Camada 30,5 cm

Figura 36 – Variação do potencial matricial de água no solo (-cm) simulado pelo modelo SWAP/WOFOST

em duas profundidades (7,5 e 30,5 cm) ao longo dos 4 ciclos (cana planta e 3 socas) em SA

Pelo balanço hídrico realizado para o ciclo da cana planta se observa que ao fim

de todas as 3 fases de crescimento houve déficit hídrico (TABELA 19).

Tabela 19 – Balanço hídrico realizado pelo modelo SWAP/WOFOST nas três fases de crescimento da cana planta na usina Santa Adélia (Jaboticabal-SP); todos os valores em mm

Fases de crescimento da planta 1ª. 2ª. 3ª.

Dias após o plantio 0-150 150-390 390-459

Precipitação pluvial 171,7 1250,9 12,8

Interceptação da precipitação -0,7 -46,6 -0,5 Escoamento superficial 0,0 -57,6 0,0 Transpiração -4,4 -507,1 -31,9 Evaporação -69,2 -155,0 -3,8 Drenagem profunda -141,4 -515,2 -9,6

Total -44,0 -30,6 -33,0

Page 114: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

113

A drenagem profunda teve grande peso no balanço hídrico negativo,

principalmente na primeira e terceira fases, representando cerca de 80 e 75%

respectivamente da perda de água da camada de solo considerada. Na terceira fase,

em particular, esse fato associado ao período de estiagem afetou significativamente o

acúmulo de massa seca da parte aérea simulada pelo modelo na cana planta (FIGURA

36). Esse evento se repete em outros períodos no ciclo da cana soca, principalmente na

primeira e segunda soca (FIGURA 34). Na primeira fase de crescimento a transpiração

representou cerca de 6% da evapotranspiração devido ao baixo valor de IAF até aos

110 DAP (FIGURA 32).

Na tentativa de minimizar a perda de água pela drenagem profunda simulada

pelo modelo, tentativas de ajustes no parâmetro empírico λ, equação 36, foram

realizadas sem sucesso. A escolha desse parâmetro foi motivada por sua relação na

condutividade hidráulica do solo e pela falta de sua estimação realizada na otimização

dos parâmetros hidráulico do solo.

Pelo fato da massa seca da fração colmo representar maior proporção da massa

seca total da parte aérea, exceto nas primeiras semanas em que a massa de folhas é

mais expressiva, foi feita a comparação entre os índices estatísticos obtidos nesse

estudo para a massa seca total da parte aérea com índices estatísticos para a massa

seca de colmos de outros modelos publicados.

Com relação aos resultados obtidos pelo modelo CANEGRO, Singels e

Bezuidenhout (2002) propuseram o incremento do algoritmo relacionado com partição

de fotoassimilados entre as raízes e parte aérea obtendo melhores resultados para a

massa seca de colmos em simulação para a variedade NCo 376 em diversas

localidades na África do Sul com valor do índice RMSE de 8,56 para 5,48 t ha-1.

Cheeroo-Nayamuth et al. (2003) também avaliaram a massa seca de colmos durante o

ciclo da primeira soca nas Ilhas Maurício (África) obtendo valores de RMSE de 6,25;

7,34 e 7,84 t ha-1 e R2 de 0,613; 0,589 e 0,618 respectivamente para as cultivares:

R 570, M 13/56 e M 555/60.

Para as cultivares nacionais, Nassif (2010) avaliou a RB 86-7515 durante a

terceira a quinta soca em Porto Feliz-SP utilizando dados de Costa et al. (2007)

relatando haver superestimativa do modelo durante todo ciclo obtendo RMSE de

Page 115: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

114

9,51 t ha-1, d: 0,665 e R2: 0,534. Marin et al. (2011) obtiveram para massa seca da parte

aérea RMSE de 9,8 e 9,6 t ha-1, respectivamente para as variedades RB 72-454 e SP

83-2847.

Para o modelo APSIM-Sugarcane Cheeroo-Nayamuth et al. (2000) avaliaram a

massa seca de colmos das cultivares R 570, M 13/56 e M 555/60 durante o ciclo da

primeira soca nas Ilhas Maurício (África) obtendo R2 de 0,73 enquanto que Keating et

al. (1999) utilizando um leque de cultivares e condições de manejo na Austrália, África

do Sul e nas Ilhas Maurício relataram R2 de 0,72 e RMSE de 28,7 t ha-1 com base no

peso fresco de colmos, o que se considerado em média 70 % de umidade de colmos

obteríamos RMSE de 8,61 t ha-1.

Com base nos resultados apresentados em estudos com outros modelos de

simulação de crescimento específicos para a cana-de-açúcar, pode se considerar o

modelo SWAP/WOFOST como apto a simulação de massa seca da parte aérea ao

longo de seu desenvolvimento, mesmo apresentando certa limitação na estimação

deste em período extenso de estiagem.

4.4 Validação do modelo

De modo geral os valores de DVS obtidos no momento da colheita em SL foram

compatíveis com os determinados para os ciclos e o local de calibração, com exceção

ao ciclo da segunda soca. Nesse ciclo o DVS obtido foi de 0,81 devido principalmente à

menor duração do período em dias. Em SM o ciclo da cana planta apresentou valor do

desenvolvimento final abaixo do esperado por causa de temperaturas mínimas e

máximas muito baixas registradas durante esse ciclo (DVS = 1,0). O contrário

aconteceu para o ciclo da primeira soca, quando DVS foi 1,63, devido principalmente a

elevados registros de temperaturas mínimas e máximas registradas para esse ciclo.

Para a segunda e terceira socas, o baixo valor de DVS = 0,74 e 0,77 foi em função da

queda acentuada de temperatura, tanto máxima como mínima, que ocorreu no fim do

ciclo da segunda soca e começo do terceiro ciclo da cana soca facilmente visualizado

pela FIGURA 37.

Page 116: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

115

Cana planta SL

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 41 81 121 161 201 241 281 321 361 401 441Dias (ciclo)

°C

Cana planta SM

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 41 81 121 161 201 241 281 321 361 401 441 481Dias (ciclo)

°C

1a. Soca SL

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361 391Dias (ciclo)

°C

1a. Soca SM

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361Dias (ciclo)

°C

2a. Soca SL

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 31 61 91 121 151 181 211 241 271Dias (ciclo)

°C

2a. Soca SM

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331Dias (ciclo)

°C

3a. Soca SL

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361 391Dias (ciclo)

°C

3a. Soca SM

0

5

10

15

20

25

30

35

40

1 31 61 91 121 151 181 211 241 271 301 331 361Dias (ciclo)

°C

Figura 37 - Temperaturas máximas e mínimas do ar (°C) ao longo do ciclo de desenvolvimento da cana-

planta e socas na usinas São Luis (SL) em Pirassununga-SP e São Martinho (SM) em Pradópolis-SP

As simulações do desenvolvimento foliar em SL e SM são representadas na

FIGURA 38.

Page 117: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

116

Cana planta SL

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450Dias após a emergência

IAF (m 2 m -2)

Cana planta SM

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500Dias após a emergência

IAF (m 2 m -2)

1a. Soca SL

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

IAF (m 2 m -2)

1a. Soca SM

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

IAF (m 2 m -2)

2a. Soca SL

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250Dias após a emergência

IAF (m 2 m -2)

2a. Soca SM

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300Dias após emergência

IAF (m 2 m -2)

3a. Soca SL

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350 400Dias após a emergência

IAF (m 2 m -2)

3a. Soca SM

0

1

2

3

4

5

6

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

IAF (m2 m -2)

Figura 38 – Valores do índice de área foliar (IAF) medido em campo e seus desvios padrão para o ciclo

da cana planta na usina São Luis (SL) (pontos) e simulações do índice de área foliar (IAF) obtida pelo modelo SWAP/WOFOST (linha) ao longo dos ciclos de desenvolvimento da cana-planta e socas, cultivar SP 81-3250 nas usinas: São Luiz (SL) e São Martinho (SM)

Observa-se que na cana planta a simulação da dinâmica do IAF para SL

apresentou o mesmo padrão que no local da calibração. Na simulação realizada pelo

modelo, a fase de crescimento linear mostrou ser um pouco superestimada com relação

Page 118: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

117

aos dados medidos a campo, porém seguem a mesma tendência de crescimento

atingindo valor máximo da mesma ordem de grandeza do local da calibração de

5 m2 m-2. Apesar de esse máximo ter ocorrido mais tardiamente em SL em comparação

a SA, a partir dos 300 DAP, eles ocorrem na mesma época do ano, fevereiro de 2006,

época de grande disponibilidade hídrica. Além de apresentarem quantidades similares

de chuva precipitada para esse ciclo, 1435 e 1553 mm respectivamente para SA e SL,

as mesmas características de solo quanto à retenção hídrica (FIGURA 16), fazem com

que o padrão da dinâmica do IAF seja bem parecido ao longo do ciclo.

Ainda para a cana planta, a simulação da dinâmica do IAF em SM mostrou

padrão diferente. Além de apresentar valor superior na obtenção do máximo sua

estabilização no fim do ciclo ocorreu em patamares bem mais elevados que nos outros

dois locais. A variação do potencial matricial de água no solo ao longo desses ciclos foi

menos afetada por valores extremos refletindo na dinâmica do IAF (FIGURA 39).

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118

1

10

100

1000

10000

100000 Potencial matricial (-cm)

h1

h2

h3l

h4

h3h

Cana planta 1a. Soca 2a. Soca 3a. Soca

Camada 7,5 cm

SL

1

10

100

1000

10000

100000 Potencial matricial (-cm)

h1

h2

h3l

h4

h3h

Cana planta 1a. Soca 2a. Soca 3a. Soca

Camada 30,5 cm

SL

1

10

100

1000

10000

100000 Potencial matricial (-cm)

h1

h2

h3l

h4

h3h

Cana planta 1a. Soca 3a. Soca2a. Soca

Camada 7,5 cm

SM

1

10

100

1000

10000

100000

h1

h2

h3l

h4

h3h

Cana planta 1a. Soca 3a. Soca2a. Soca

Potencial matricial (-cm) Camada 30,5 cm

SM Figura 39 – Variação do potencial matricial de água no solo (-cm) simulado pelo modelo SWAP/WOFOST em

duas profundidades (7,5 e 30,5 cm) ao longo dos 4 ciclos (cana planta e 3 socas) em SL e SM

Page 120: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

119

A simulação do IAF ao longo do ciclo da primeira soca apresentou padrão

esperado para SL e SM embora para esse último local a obtenção do máximo e

estabilização final do IAF simulado foi obtida a patamares inferiores em relação à SL.

As precipitações registradas nesses dois locais são similares (1680 e 1718 mm para SL

e SM respectivamente), no entanto em SM se observa período mais extenso sem

precipitações o que pode explicar a dinâmica da simulação em SM (FIGURA 40).

0

300

600

900

1200

1500

1800

1 41 81 121 161 201 241 281 321 361 401 441Dias após o plantio/colheita

Precipitação acumulada (mm) SL

1a. Soca

3a. Soca

2a. Soca

0

300

600

900

1200

1500

1800

1 38 75 112 149 186 223 260 297 334 371 408 445 482Dias após plantio/colheita

Precipitação acumulada (mm) SM

3a. Soca

Cana planta

2a. Soca1a. Soca

Figura 40 – Precipitação pluvial acumulada (mm) ao longo do ciclo de desenvolvimento da cana-planta e

socas na usinas São Luis (SL) em Pirassununga-SP e São Martinho (SM) em Pradópolis-SP

Para o ciclo da segunda soca, assim como no local da calibração (SA), em SL

houve também baixa precipitação registrada (1019 mm) e simulação do IAF parecidas

entre esses locais. Ainda para esse ciclo, embora em SM a quantidade de chuva tenha

sido superior, 1372 mm, a simulação do IAF foi similar a SL e SA. Na terceira soca, SL

Page 121: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

120

apresentou formato padrão enquanto que em SM a simulação do IAF foi típica de ciclo

com baixo registro de disponibilidade hídrica, 1317 e 1169 em SL e SM

respectivamente (FIGURA 40).

Os acúmulos da massa seca da parte aérea potencial e limitada pelo déficit

hídrico para os ciclos estudados com os valores de massa seca da parte aérea obtida

por meio de medições a campo com seus desvios padrão e os índices estatísticos

RMSE, d e E para SL e SM estão representadas na FIGURA 41.

Page 122: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

121

Cana planta SL

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

Cana planta SM

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

Ciclo cana planta SL RMSE = 4,75 t ha-1 d = 0,984 E = 0,944

Ciclo cana planta SM RMSE = 12,06 t ha-1 d = 0,921 E = 0,777

1a. Soca SL

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

1a. Soca SM

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 50 100 150 200 250 300 350Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

2a. Soca SL

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 50 100 150 200 250Dias após a emergência

MS (kg.ha-1)

2a. Soca SM

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 50 100 150 200 250 300Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

3a. Soca SL

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 50 100 150 200 250 300 350 400Dias após a emergência

MS (kg.ha-1)

3a. Soca SM

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

0 50 100 150 200 250 300 350

Dias após a emergência

MS (kg ha-1)

Ciclo cana soca SL RMSE = 8,37 t ha-1 d = 0,869 E = 0,281 * 2ª. Soca: dados perdidos

Ciclo cana soca SM RMSE = 4,48 t ha-1 d = 0,938 E = 0,756

Figura 41 – Simulação de massa seca da parte aérea potencial (linha tracejada) e limitada (linha contínua) obtida pelo modelo SWAP/WOFOST e medidas de massa seca da parte aérea obtidas a campo (pontos) ao longo do ciclo de desenvolvimento da cana planta e socas, cultivar SP 81-3250 nas usinas São Luiz (SL) e São Martinho (SM)

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122

Observa-se que a simulação da cana planta que em SL apresentou melhor

desempenho (RMSE = 4,75 t ha-1, d = 0,984 e E = 0,944) em relação aos obtidos no

local de calibração (RMSE = 5,35 t ha-1, d = 0,970 e E = 0,904) enquanto que em SM

pior (RMSE = 12,06 t ha-1, d = 0,921 e E = 0,777) (FIGURA 41). Em SM as curvas de

acúmulo de massa seca da parte aérea simuladas pelo modelo (potencial e limitada)

seguiram a mesma taxa de acúmulo com os dados medidos a campo. Porém a alta

produtividade de massa seca da parte aérea obtida por meio de medida a campo, cerca

de 25% maior que SA e SL, fez com que o desempenho do modelo fosse pior para esse

local.

Houve efeito negativo no acúmulo da massa seca durante boa parte do ciclo em

SL por causa do déficit hídrico enquanto que em SM as simulações do acúmulo da

massa seca, potencial e limitada pelo déficit hídrico foram praticamente as mesmas até

o fim do ciclo. Interessante observar que em SM mesmo se houvesse a condição

potencial no fim do ciclo, o acúmulo de massa seca seria mínimo devido às taxas de

manutenção da biomassa (FIGURA 41).

Para o ciclo das socas observou-se o oposto, ou seja, as simulações em SL

apresentaram pior desempenho (RMSE = 8,37 t ha-1, d = 0,869 e E = 0,281) em relação

aos obtidos no local de calibração (RMSE = 5,96 t ha-1, d = 0,913 e E = 0,721) enquanto

que em SM apresentou melhor desempenho (RMSE = 4,48 t ha-1, d = 0,938 e E =

0,756) (FIGURA 41).

Com relação ao efeito do déficit hídrico nas simulações de acúmulo da massa

seca da parte aérea, observou-se maior efeito em SL. O que pode ser facilmente

constatado observando a maior distância entre as curvas (potencial e reduzida pelo

estresse hídrico) ao longo do desenvolvimento dos ciclos (FIGURA 41) bem como pela

variação do potencial matricial ao longo do tempo (FIGURA 39).

Analisando os dados nos dois locais em conjunto, observou-se que tanto para o

ciclo da cana planta como o da soca, as simulações obtiveram índices estatísticos

aceitáveis ressaltando o sucesso da validação. Pela regressão linear observou-se que

os valores simulados para o ciclo da cana soca foram superestimados pelo modelo

apresentando valores de R2 e d inferiores embora apresentassem valores de RMSE

melhores quando comparado com a cana planta (FIGURA 42).

Page 124: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

123

Cana planta

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000MS medido (kg ha-1)

MS simulado (kg ha-1)

R2 = 0,904

RMSE = 8,86 t ha-1

d = 0,951E = 0,842

Cana soca

0

10000

20000

30000

40000

50000

0 10000 20000 30000 40000 50000MS medido (kg ha-1)

MS simulado (kg ha-1)

R2 = 0,938

RMSE = 6,54 t ha-1

d = 0,907E = 0,552

Figura 42 – Regressão linear entre a massa seca da parte aérea simulada pelo modelo e obtida por meio

de medição a campo dos ciclos da cana planta e socas em SL e SM

4.5 Utilização de conjunto de dados independente (IAC)

De modo geral os resultados de previsão de safras, (TCH, t ha-1) das 25

cultivares de cana-de-açúcar, realizados pelo modelo SWAP/WOFOST para a região

Centro-Sul foram satisfatórios quando comparada a outro modelo de simulação

específico para a cana-de-açúcar. O RMSE médio obtido nesse estudo foi de 26,7 t ha-1

(± 11,8 t ha-1), abaixo das 28,7 t ha-1, RMSE médio obtidos por Keating et al. (1999)

utilizando o modelo APSIM-Sugarcane em um leque de cultivares e condições de

manejo na Austrália, África do Sul e nas Ilhas Maurício. No entanto o desempenho do

modelo por meio de outros índices estatísticos mostra ser intermediário para o índice de

concordância de Willmott (1982) e ruim para o índice de eficiência Nash e Sutcliffe

(1970) (FIGURA 43).

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

RMSE = 26,7 t ha-1

d = 0,685E = 0,06

Figura 43 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para

os ciclos da cana planta e socas nas dez usinas estudadas

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124

O desempenho do modelo SWAP/WOFOST na previsão de safra, média de 25

cultivares (TCH, t ha-1) para cada local são apresentadas na forma de regressão linear.

Na usina Abengoa o modelo apresentou melhor desempenho para a safra da

primeira soca colhida em maio (1S-1ª) seguindo da segunda soca colhida em novembro

(2S-3ª). Para as demais, o modelo subestimou a safra o que levou a obtenção superior

a média do RMSE entre os 10 locais estudados (FIGURA 44).

Usina Abengoa

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

P-1a.

P-3a.

2S-3a.

1S-1a.

1e2S - 1a.

e 3

a.

RMSE = 30,6 t ha-1

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

3ª. – 3ª. época de colheita

Figura 44 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina Abengoa. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

Na usina Alta Mogiana, a primeira soca colhida em abril (1S-1ª) apresentou a

melhor estimação de safra realizada pelo modelo. Com exceção da safra da primeira

soca colhida em agosto (1S-2ª) as demais foram superestimadas pelo modelo. O valor

de RMSE obtido foi próximo a média dentre as 10 localidades (FIGURA 45).

Usina Alta Mogiana

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

RMSE = 25,96 t ha-1

1S-1a.

1S-2a.

P-1a.

e 3

a.2S-1

a.

2S-2a.

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

2ª. – 2ª. época de colheita

Figura 45 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina Alta Mogiana. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

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125

A previsão de safra realizada pelo modelo na usina Catanduva foi razoável, o

RMSE obtido foi abaixo da média entre as 10 localidades estudadas. Observa-se que

as safras, primeira e segunda soca colhida em maio (1S-1ª e 2S-1ª) apresentou

superestimação pelo modelo (FIGURA 46).

Usina Catanduva

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) simulado

TCH (t ha-1) medido

RMSE = 15,19 t ha-1

P-1a.

P-3a.

2S-1a.

1S-1a.

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

3ª. – 3ª. época de colheita

Figura 46 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina Catanduva. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

Observa-se que houve boa estimação de safra para a cana planta colhida em

maio (P-1ª), primeira soca colhida em setembro (1S-2ª) e da primeira soca colhida em

maio (1S-1ª). As demais foram superestimadas (FIGURA 47).

Usina Delta

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

RMSE = 22,8 t ha-1

2S-1a.

1S-2a.

P-2a.

P-1a.

2S-2a.

1S-1a.

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

2ª. – 2ª. época de colheita

Figura 47 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina Delta. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

De modo geral observa-se que o modelo subestimou as safras, com exceção da

segunda soca colhida em maio (2S-1ª). Além da (2S-1ª) a estimação da cana planta

Page 127: Universidade de São Paulo Escola Superior de …...1 Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Simulação do crescimento da cana-de-açúcar

126

colhida em maio (P-1ª) e segunda soca colhida em novembro (2S-3ª) se aproximaram

da linha 1:1 (FIGURA 48).

Usina Ferrari

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

RMSE = 22,95 t ha-1

1S-3a.

1S-1a.

P-3a.

2S-3a.

2S-1a.

P-1a.

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

3ª. – 3ª. época de colheita

Figura 48 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina Ferrari. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

Observa-se que o modelo superestimou as safras da cana planta e segunda

soca, colhidas em todas as três épocas. Enquanto que para a primeira soca o modelo

subestimou. Entretanto a estimação para a primeira soca colhida em maio (1S-1ª) foi

muito próxima da linha 1:1. Devido a valores estimados distante da linha 1:1 o índice

RMSE apresentado foi superior a média para esse local (FIGURA 49).

Usina Goiasa

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

RMSE = 36,24 t ha-1

1S-3a.

1S-2a.

1S-1a.

P-3a.

P-1a.

P-2a.

2S-3a.

2S-2a.

2S-1a.

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

2ª. – 2ª. época de colheita

3ª. – 3ª. época de colheita

Figura 49 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina Goiasa. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

Dentre todos os locais testados, a usina Guarani foi a que obteve melhor

desempenho na estimação do modelo, ou seja, menor valor do índice RMSE. Observa-

se que mesmo apresentando superestimação para a cana planta colhida em novembro

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127

(P-3ª) e as duas safras da segunda soca (2S-1ª e 2S-3ª) esse valores não se

distanciaram muita da linha 1:1 (FIGURA 50).

Usina Guarani

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200

TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

RMSE = 14,97 t ha-1

1S-3a.

2S-3a.

1S-1a.

2S-1a. P-1

a. P-3

a.

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

3ª. – 3ª. época de colheita

Figura 50 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina Guarani. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

Na usina Jalles Machado as previsões de safras realizadas pelo modelo se

acumulam perto da linha 1:1, com exceção das safras da segunda soca colhidas em

junho e novembro (2S-1ª e 2S-3ª) (FIGURA 51).

Usina Jalles Machado

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

2S-3a.

1S-3a.

1S-1a.

2S-1a.

P-1a.

P-3a.

RMSE = 20,99 t ha-1

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

3ª. – 3ª. época de colheita

Figura 51 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina Jalles Machado. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

A previsão de safra realizadas na usina Pedra foi a que apresentou pior

desempenho dentre todos os locais analisados. Muito provavelmente devido a não

adequação dos parâmetros hidráulicos obtidos por meio das PTFs em solo de textura

grosseira (Areia franca). Para esse local o modelo superestimou o valor de todas as

safras lavando a determinação do valor do RMSE muito alto (FIGURA 52).

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128

Usina Pedra

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

RMSE = 54,82 t ha-1

1S-3a. 2S-3

a.

2S-1a. 1S-1

a.

P-1a.

P-3a.

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

3ª. – 3ª. época de colheita

Figura 52 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina Pedra. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

A estimação das primeiras socas colhidas em maio e setembro (1S-1ª e 1S-3ª)

foi boa na usina São Martinho, perto da linha 1:1. As demais foram superestimadas,

distantes da linha 1:1 fazendo com que o valor de RMSE fosse alto embora

apresentasse valor menor do que a média dentre todos os locais (FIGURA 53).

Usina São Martinho

0

50

100

150

200

0 50 100 150 200TCH (t ha-1) medido

TCH (t ha-1) simulado

RMSE = 22,33 t ha-1

2S-3a.

2S-1a.

1S-3a.

1S-1a.

P-1a.

P-3a.

Legenda: P – Cana planta

1S – 1ª. Soca

2S – 2ª. Soca

1ª. – 1ª. época de colheita

3ª. – 3ª. época de colheita

Figura 53 – Relação entre TCH (t ha-1) simulada pelo modelo SWAP/WOFOST e medido a campo para os ciclos da cana planta e socas na usina São Martinho. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão

Dentre os resultados da previsão de safra apresentados pelo modelo

SWAP/WOFOST, a grande maioria, com exceção das usinas Abengoa e Ferrari

apresentaram superestimação de valores de TCH (t ha-1) para a segunda soca,

independentemente da época de colheita (FIGURAS 44 e 48). Essa constatação pode

estar relacionada com as mudanças dos parâmetros hidráulicos ao longo de anos de

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129

cultivo que são afetados principalmente pelo trafego de máquinas durante práticas de

manejo, colheitas e transbordo das safras. A variação desses parâmetros ao longo do

tempo não foi incluída no presente estudo. Essas variações incluem alterações aos

parâmetros hidráulicos bem como a penetrabilidade radicular no perfil do solo.

Por outro lado, valores subestimados do modelo que ocorreram de forma mais

acentuadas nas usinas Abengoa e Ferrari deve-se a ineficiência das propriedades

físicas do solo geradas pelas PTFs que não foram originalmente desenvolvidas para

solos dessa região de estudo gerando período de grande deficiência hídrica quando

que de fato não houve grande penalização dessas safras por tais fatores.

Ainda, convém ressaltar que dentre as 25 cultivares analisadas existem

diferentes tipos de material genético e consequentemente padrões diferentes de

partição da massa seca entre folhas e colmos, por exemplo. Para ilustrar esse fato,

foram selecionadas duas safras, ambas, primeira soca colhida em maio (1S-1ª) nas

usinas: Alta Mogiana e Guarani, onde houve boa previsão do modelo SWAP/WOFOST

com os dados obtidas a campo, ou seja, valores de TCH bem próximos da linha 1:1

(FIGURAS 45 e 50).

Observa-se que mesmo o modelo prevendo valor coerente de TCH e bem

próximo das médias de algumas cultivares, existem outras em que há diferença,

resultando de modo geral valor do RMSE superior a 11 t ha-1. O que pode representar

grandes diferenças em estimação de safra quando extrapolados para grandes áreas

(FIGURA 54).

Usina Alta Mogiana (1S-1a)

RMSE = 11,3 t ha-1

0

50

100

150

200

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425Cultivares

TCH (t ha-1)

Usina Guarani (1S-1a.)

RMSE = 11,7 t ha-1

0

50

100

150

200

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10111213141516171819202122232425Cultivares

TCH (t ha-1)

Figura 54 – Previsão de modelo SWAP/WOFOST (linha contínua) e valores de TCH (t ha-1) das safras da

cana soca colhida em maio e seus desvios padrão obtido das usinas: Alta Mogiana e Guarani. As barras de erro representam o valor +/- do desvio padrão. Obs.: Ver TABELA 12 para identificar as cultivares

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130

Os valores dos parâmetros hidráulicos do solo obtidos por meio das PTFs nas

simulações realizados constam na TABELA 20.

Tabela 20 – Valores dos parâmetros hidráulicos no perfil do solo dos locais de estudo obtidos por meio de PTFs (BARROS, 2010; PUCKETT et al., 1984)

Local / Solo Profundidade (cm) α (cm-1) n θres (cm3 cm-3) θsat (cm3 cm-3) Ksat (cm d-1) Abengoa 0-20 0,0392 1,68169 0,11313 0,37783 358,70

LVAd 20-40 0,0384 1,67616 0,12544 0,38736 356,23 40-100 0,0360 1,65681 0,13605 0,39199 355,03

Alta Mogiana 0-20 0,0186 1,46361 0,27264 0,46523 336,67 LVmf 20-40 0,0192 1,47235 0,26525 0,46087 337,73

40-100 0,0179 1,45245 0,27940 0,46850 335,87 Catanduva 0-20 0,0480 1,74150 0,07560 0,35932 363,55

PVAe 20-40 0,0489 1,74703 0,07406 0,35932 363,55 40-100 0,0404 1,69076 0,11660 0,38314 357,32

Delta 0-20 0,0187 1,46499 0,14381 0,35169 365,57 LVwf 20-40 0,0182 1,45670 0,27325 0,46414 336,93

40-100 0,0173 1,44178 0,28479 0,47067 335,34 Ferrari 0-20 0,0272 1,57445 0,19311 0,42221 347,34 LVwf 20-40 0,0242 1,54073 0,22034 0,43800 343,38

40-100 0,0234 1,53078 0,23019 0,44426 341,82 Goiasa 0-20 0,0244 1,54349 0,20818 0,42793 345,90 LVef 20-40 0,0238 1,53575 0,20787 0,42575 346,45

40-100 0,0231 1,52691 0,21710 0,43174 344,94 Guarani 0-20 0,0421 1,70270 0,09929 0,37075 360,55 LVAm 20-40 0,0438 1,71431 0,09760 0,37211 360,19

40-100 0,0351 1,64963 0,12881 0,38382 357,14 Jalles Machado 0-20 0,0244 1,54349 0,20603 0,42602 346,38

LVm 20-40 0,0240 1,53796 0,20880 0,42711 346,10 80-100 0,0231 1,52635 0,21880 0,43310 344,60

Pedra 0-20 0,0139 1,37710 0,37942 0,53847 367,01 LVAd 20-40 0,0142 1,38429 0,37342 0,53493 366,07

40-100 0,0154 1,40750 0,35988 0,52867 363,05 São Martinho 0-20 0,0179 1,45283 0,28541 0,47394 334,54

LVmf 20-40 0,0171 1,43957 0,29156 0,47612 334,02 40-100 0,0179 1,45283 0,28602 0,47449 334,41

Ainda que diferenças sejam constatadas entre os parâmetros hidráulicos obtidos

de fontes distintas, os resultados da simulação do modelo para a massa seca da parte

aérea usando propriedades físicas do solo geradas pelas PTFs foram próximos ao

obtido quando usadas propriedades físicas do solo otimizadas pelo programa PEST

(TABELA 21).

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TABELA 21 – Valores dos índices estatísticos RMSE, índice de concordância d e índice de eficiência E obtidos por meio da simulação do modelo SWAP/WOFOST utilizando parâmetros hidráulicos do solo obtidos por meio da otimização realizada pelo programa PEST e geradas por meio de PTFs nas usinas SA, SL e SM

Otimização PEST PTFs SA RMSE (t ha-1) d E RMSE (t ha-1) d E

Cana planta 5,35 0,970 0,904 4,75 0,978 0,914 Cana soca 5,96 0,913 0,721 8,41 0,834 0,701

SL Cana planta 4,75 0,984 0,944 4,69 0,986 0,951 Cana soca 8,37 0,869 0,281 11,02 0,811 0,277

SM Cana planta 12,06 0,921 0,777 14,52 0,880 0,744 Cana soca 4,48 0,938 0,756 4,65 0,926 0,751

Observa-se que a performance do modelo para ambas as configurações são

semelhantes. O que reforça os resultados obtidos pela análise de sensibilidade relativa

realizada para os parâmetros hidráulicos do modelo com relação à simulação da massa

seca da parte aérea. Dessa forma conclui-se que a utilização de PTFs no modelo

SWAP/WOFOST visando simular a massa seca da parte aérea não contribui para

grandes erros na estimação de safra.

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5 CONCLUSÕES

Conclui-se que a adaptação do modelo SWAP/WOFOST para a simulação de

crescimento da cana-de-açúcar para os ciclos cana planta e socas foi bem sucedida.

Tanto na calibração como na validação do modelo os índices estatísticos avaliados

apresentaram valores compatíveis com resultados obtidos com modelos desenvolvidos

especificamente para a cana-de-açúcar em diversas regiões de cultivo.

Com relação a sua utilização para a previsão de safra de massa fresca de

colmos industrializáveis (TCH, t ha-1) na região Centro-Sul do Brasil, os resultados do

índice RMSE foram satisfatórios quando comparados com a previsão de safra do

modelo APSIM-Sugarcane em alguns países na África. Entretanto por meio de outros

índices estatísticos, concordância (WILLMOTT, 1982) e eficiência (NASH; SUTCLIFFE,

1970) o modelo teve uma classificação intermediária a ruim.

O método da modelagem inversa realizado pelo programa PEST mostrou ser

eficaz na otimização dos parâmetros hidráulicos do solo em SA e SL. Após a

otimização, a variação do RMSE no perfil do solo foi semelhante em ambos os locais

estudados e em média apresentou valor de 0,0231 e 0,0265 cm3 cm-3 para SA e SL

respectivamente; valores compatíveis com outros estudos conduzidos em diferentes

locais, e diferentes métodos de medição do conteúdo de água no solo.

A análise de sensibilidade relativa realizada nesse estudo apontou os parâmetros

pertencentes ao grupo de assimilação de CO2 como os que mais afetam as previsões

do acúmulo da massa seca da parte aérea. Portanto, a determinação desse grupo de

parâmetros deve ser priorizada para melhorar o desempenho do modelo.

A eficiência do modelo em simular a massa seca da parte aérea em ambos os

ciclos estudados, cana planta e socas, não foi afetada quando os parâmetros

hidráulicos do solo foram obtidos por meios de PTFs.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

Caracterização química do Latossolo Vermelho distrófico típico, realizadas pelo

Instituto Agronômico de Campinas.

Usina Santa Adélia – Jaboticabal/SP

Determinações 0-25 25-50 50-75 75-100

pH (CaCl2) 5.1 4.2 4.3 4.8 M.O (g dm-3) 16 11 10 8

P resina (mg dm-3) 15 5 2 2

K (mmolc dm-3) 3.9 1.8 2 3.3

Ca (mmolc dm-3) 11 4 4 6

Mg (mmolc dm-3) 5 1 1 2

H+Al (mmolcdm-3) 28 34 34 22

Al (mmolc dm-3) 1 8 6 1

SB (mmolc dm-3) 19.9 6.8 7 11.3

CTC (mmolcdm-3) 47.7 41.1 41.3 33.8 V (%) 42 17 17 33 m (%) 4.8 54 54 8

S-SO4 (mg dm-3) 4 38 71 68 Cu (mg dm-3) 0.7 0.4 0.3 0.2 Fe (mg dm-3) 16 11 6 4 Zn (mg dm-3) 0.5 0.4 0.1 0.2 Mn (mg dm-3) 20.4 9.4 13.9 11.7

B (mg dm-3) 0.24 0.21 0.16 0.14 pH - CaCl2 0,01 mol L-1 (RAIJ et al., 2001). M.O. – Matéria orgânica, método colorimétrico (RAIJ et al., 2001). P - Extração por resina trocadora de íons e determinação por colorimetria (RAIJ et al., 2001). S - NH4 OAc 0,5N em HOAc 0,25N (VITTI, 1988). K – Extração por resina trocadora de íons e determinação por fotometria de chama (RAIJ et al., 2001). Ca e Mg – Extração por resina trocadora de íons e determinação por espectrometria de absorção atômica (RAIJ et al., 2001). H+Al – Determinação por potenciometria em solução tampão SMP (RAIJ et al., 2001). Al – KCl 1N. B – BaCl2.2H2O 0,125% microondas (RAIJ et al., 2001); Cu, Fe, Mn, Zn – DTPA-TEA pH 7,3 (RAIJ et al., 2001).

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APÊNDICE B

Caracterização química do Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico, realizadas pelo

Instituto Agronômico de Campinas. Usina São Luiz – Pirassununga/SP

Determinações 0-25 25-50 50-75 75-100

pH (CaCl2) 5.5 4.7 4.6 4.6 M.O (g dm-3) 20 13 10 8

P resina (mg dm-3) 9 6 2 4

K (mmolc dm-3) 2.4 1 0.8 0.7

Ca (mmolc dm-3) 29 10 7 6

Mg (mmolc dm-3) 8 3 3 3

H+Al (mmolcdm-3) 20 31 28 25

Al (mmolc dm-3) 1 3 3 3

SB (mmolc dm-3) 39.4 14 10.9 9.7

CTC (mmolcdm-3) 59.6 44.8 38.6 34.7 V (%) 66 31 28 28 m (%) 2.5 18 22 24

S-SO4 (mg dm-3) 6 45 68 74 Cu (mg dm-3) 1.2 0.9 0.6 0.4 Fe (mg dm-3) 25 20 11 7 Zn (mg dm-3) 0.4 0.4 0.3 0.5 Mn (mg dm-3) 3.4 0.4 0.3 0.5

B (mg dm-3) 0.17 0.18 0.14 0.12 pH - CaCl2 0,01 mol L-1 (RAIJ et al., 2001). M.O. – Matéria orgânica, método colorimétrico (RAIJ et al., 2001). P - Extração por resina trocadora de íons e determinação por colorimetria (RAIJ et al., 2001). S - NH4 OAc 0,5N em HOAc 0,25N (VITTI, 1988). K – Extração por resina trocadora de íons e determinação por fotometria de chama (RAIJ et al., 2001). Ca e Mg – Extração por resina trocadora de íons e determinação por espectrometria de absorção atômica (RAIJ et al., 2001). H+Al – Determinação por potenciometria em solução tampão SMP (RAIJ et al., 2001). Al – KCl 1N. B – BaCl2.2H2O 0,125% microondas (RAIJ et al., 2001); Cu, Fe, Mn, Zn – DTPA-TEA pH 7,3 (RAIJ et al., 2001).

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APÊNDICE C

Caracterização química do Latossolo Vermelho Escuro, realizadas pelo Instituto

Agronômico de Campinas. Usina São Martinho – Pradópolis/SP

Determinações 0-25 25-50 50-75 75-100

pH (CaCl2) 5.2 5.6 5.8 6 M.O (g dm-3) 31 18 16 13

P resina (mg dm-3) 42 12 9 5

K (mmolc dm-3) 3.1 0.5 0.3 0.3

Ca (mmolc dm-3) 31 24 24 19

Mg (mmolc dm-3) 9 6 5 4

H+Al (mmolcdm-3) 34 22 20 18

Al (mmolc dm-3) 1 1 1 1

SB (mmolc dm-3) 43.1 30.5 29.3 23.3

CTC (mmolcdm-3) 77.4 53 49.5 41.5 V (%) 56 58 59 56 m (%) 2.3 3.2 3.3 4.1

S-SO4 (mg dm-3) 6 22 29 35 Cu (mg dm-3) 1.5 1.7 0.7 0.6 Fe (mg dm-3) 15 8 6 6 Zn (mg dm-3) 1 0.3 0.1 0.1 Mn (mg dm-3) 71.7 27.7 14.9 10.4

B (mg dm-3) 0.19 0.15 0.11 0.11 pH - CaCl2 0,01 mol L-1 (RAIJ et al., 2001). M.O. – Matéria orgânica, método colorimétrico (RAIJ et al., 2001). P - Extração por resina trocadora de íons e determinação por colorimetria (RAIJ et al., 2001). S - NH4 OAc 0,5N em HOAc 0,25N (VITTI, 1988). K – Extração por resina trocadora de íons e determinação por fotometria de chama (RAIJ et al., 2001). Ca e Mg – Extração por resina trocadora de íons e determinação por espectrometria de absorção atômica (RAIJ et al., 2001). H+Al – Determinação por potenciometria em solução tampão SMP (RAIJ et al., 2001). Al – KCl 1N. B – BaCl2.2H2O 0,125% microondas (RAIJ et al., 2001); Cu, Fe, Mn, Zn – DTPA-TEA pH 7,3 (RAIJ et al., 2001).

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APÊNDICE D

Descrição morfológica do Latossolo Vermelho distrófico típico, Usina Santa

Adélia – Jaboticabal/SP

Ap 0 – 15 cm – Bruno avermelhado escuro (2,5YR 3/4, úmido; 4/6, seco); média a

argilosa; estrutura modificada pelas práticas agrícolas, composto por grânulos médios e

moderado; plástico e pegajoso; friável; muito dura; transição clara e plana.

A2 15 – 37 cm – Vermelho escuro (2,5YR 3/6, úmido); argilosa; estrutura modificada

pelas práticas agrícolas, composto por blocos médios e moderado; plástico e pegajoso,

friável a firme; ligeiramente dura; transição clara e plana.

BA 37 – 56 cm – Vermelho escuro (2,5YR 3/6, úmido); argilosa; blocos médios; forte;

plástico e ligeiramente pegajoso, friável; ligeiramente dura; transição gradual e plana.

Bw1 56 – 94 cm – Vermelho escuro (2,5YR 3/6, úmido); argilosa; blocos médios; forte;

plástico e pegajoso, friável; ligeiramente dura; transição gradual e plana.

Bw2 94+ cm – Vermelho escuro (2,5YR 4/6, úmido); média a argilosa; blocos

pequenos; forte; ligeiramente plástico e pegajoso; friável; ligeiramente dura; transição

gradual e plana.

Observações: 1) Raízes: muitas, finas no Ap; muitas, finas e médias no A2; comuns e médias no BA; poucas e média no Bw1; raras e médias no Bw2. 2) Atração magnética: moderada no Bw1; baixa no Bw2. 3) Atividade biológica: pouca.

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Descrição morfológica do Latossolo Vermelho Amarelo Eutrófico, Usina São Luiz – Pirassununga/SP

Ap1 0 – 20 cm – Bruno escuro (7,5YR 3/4, úmida) e bruno (7,5YR 4/4, seca); textura

franco-argilo-arenosa; estrutura granular media grau moderado; consistência molhado

ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa; friável em úmido; dura em seco; transição

clara e plana. Raízes muitas e finas.

BA 20 – 44 cm – Vermelho-amarelado (5YR 4/6 úmida) e vermelho amarelado (5YR

5/8, seca); franco-argilo-arenosa; estrutura em blocos subangulares pequenos a

medios, grau fraco; consistência em molhado ligeiramente plástica e ligeiramente

pegajosa, friável a muito friável em úmido e ligeiramente dura em seco; transição

abrupta e plana. Raízes poucas e finas.

Bw1 44 – 81 cm – Bruno-avermelhado (5YR 4/4, úmida) e vermelho-amarelado (5YR

5/6, seca) franco-argilo-arenosa; estrutura em blocos subangulares pequenos a grandes

grau moderado a fraco; consistência em molhado ligeiramente plástica e ligeiramente

pegajosa, friável a muito friável em úmido e ligeiramente dura em seco; transição difusa

e plana. Raízes médias e comuns.

Bw2 81+ cm – Bruno-avermelhado (5YR 4/4, úmido) e vermelho-amarelado (5YR 4/6,

seca) textura franco-argilo-arenosa; estrutura em blocos subangulares médios grau

fraco; consistência em molhado ligeiramente plástica e ligeiramente pegajosa , muito

friável em úmido e dura em seco. Raízes médias e comuns.

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Descrição morfológica do Latossolo Vermelho Vermelho Escuro, Usina São Martinho – Pradópolis/SP

A 0 – 37 cm – Bruno avermelhado escuro (2,5YR 3/4, úmida) e vermelho (2,5YR 4/6,

seca); textura muito argilosa; estrutura, grumos pequenos a medios grau moderado;

consistência molhado muito plástica e muito pegajosa, friável em úmido; dura em seco;

transição abrupta e plana. Raízes comuns e finas.

B1 37 – 60 cm – Bruno avermelhado escuro (2,5YR 3/4, úmida) e vermelho (2,5YR 4/6,

seca); muito argilosa; estrutura em blocos subangulares medios a grandes, grau

moderado; consistência em molhado plástica e pegajosa, friável em úmido e

ligeiramente dura em seco; transição clara e plana; apresenta pouca cerosidade.

Raízes poucas e finas.

B2 60 – 98 cm – Bruno avermelhado escuro (2,5YR 3/4, úmida) e vermelho (2,5YR 4/6,

seca); muito argilosa; estrutura em blocos subangulares médios, gru moderado;

consistência em molhado plástica e pegajosa, friável em úmido e dura em seco;

transição gradual e plana. Raízes comuns e médias.

B3 98+ cm – Bruno avermelhado escuro (2,5YR 3/4, úmida) e vermelho-escuro (2,5YR

3/6, seca); textura muito argilosa; estrutura em blocos subangulares médios a

pequenos, grau fraco; consistência em molhado ligeiramente plástica e ligeiramente

pegajosa , muito friável em úmido e fraca em seco. Raízes comuns e médias.

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ANEXO

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Valores dos parâmetros de cultura usados para simulação da cana-de-açúcar no modelo SWAP/WOFOST e suas fonte

Descrição Sigla Valor Fonte/Observações Coeficiente de cultura em função do estádio de desenvolvimento Kc FIGURA 13 Doorenbos e Pruit (1975) Temperatura base inferior de superior para desenvolvimento (ºC) Tb e TB 16 e 35 Fauconier e Bassereau (1970); Barbieri e Villa Nova (1977) Graus-dia da emergência a colheita (ºC d) TSUMEA 5700 Estimado com base no experimento SA (Cana planta) Graus-dia da emergência a colheita (ºC d) TSUMAM 4500 Estimado com base no experimento SA (Socas) Matéria seca total inicial (hg ha-1) TDWI 3700/4440* Dados experimentais (Cana planta) estimado em 20% (Socas*) Índice de área foliar na emergência (m2 m-2) LAIEM 0,0074/0,0088* Boons-Prins et al. (2003)(Cana planta) estimado em 20% (Socas*) Aumento máximo do índice de área foliar diário (m2 m-2 d) RGRLAI 0,030 Boons-Prins et al. (2003) Expectativa de vida de folhas sob temperatura constate de 35°C (d) SPAN 40 Calibrado Temperatura base inferior para o envelhecimento de folhas (ºC) TBASE 20 Calibrado Taxa máxima relativa de mortalidade de folhas pelo estresse hídrico PERDL 0,03 van Heemst (1988) Área foliar específica (ha kg-1) SLA FIGURA 12 Parte obtida de SA e parte de Silva et al. (2005) Taxa máxima de assimilação de CO2 (kg ha-1 hr-1) AMAX FIGURA 8 Penning de Vries et al. (1989) Coeficiente de extinção da luz difusa (-) KDIF 0,50/0,60* Zhou et al. (2003); Park et al. (2005) (Cana planta e socas*) Coeficiente de extinção da luz direta (-) KDIR 0,60/0,65* Zhou et al. (2003); Park et al. (2005) (Cana planta e socas*) Eficiência do uso da luz (kg ha-1 hr-1 J-1 m2 s) EFF 0,49/0,44* Calibrado (Cana planta e socas*) Eficiência de conversão de CO2 em folhas (kg kg-1) CVL 0,70 Penning de Vries et al., (1983) Eficiência de conversão de CO2 em raízes (kg kg-1) CVR 0,72 van Heemst (1988) Eficiência de conversão de CO2 em colmos (kg kg-1) CVS 0,79 Machado (1981) Taxa de respiração de manutenção relativa de folhas (kg kg-1 d-1) RML 0,0157 Lui e Bull (2001) Taxa de respiração de manutenção relativa de raízes (kg kg-1 d-1) RMR 0,0050 van Heemst (1988) Taxa de respiração de manutenção relativa de colmos (kg kg-1 d-1) RMS 0,0040 Singels e Bezuidenhout (2002) Aumento na taxa da respiração em função da temperatura (-) Q10 1,68 Inman-Bamber (1991) Fração de partição de fotoassimilados (kg kg-1) FR, FS e FS FIGURA 10 Keating et al. (1999); van Heemst (1988) Densidade radicular relativa (-) RD FIGURA 11 Dados experimentais Profundidade radicular inicial (cm) RDI 10 Dados experimentais Máximo crescimento radicular diário (cm d-1) RRI 1,2 van den Berg et al. (2000) Profundidade máxima de enraizamento determinada (cm) RDC 200 van den Berg et al. (2000) Potenciais matriciais de água no solo: Excesso hídrico, deficiência de oxigênio no solo (cm) h1 -10 Qureshi (1999) Absorção ótima (cm) h2 -25 Qureshi (1999) Absorção ótima em baixa demanda evapotranspiratória (cm) h3h -1000 Qureshi (1999) Absorção ótima em alta demanda evapotranspiratória (cm) h3l -2000 Qureshi (1999) Deficiência hídrica (cm) h4 -10000 Qureshi (1999) Nível de alta demanda atmosférica (cm d-1) ADCRH 0,5 Qureshi (1999) Nível de baixa demanda atmosférica (cm d-1) ADCRL 0,1 Qureshi (1999)