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U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o
E s c o l a d e C o m u n i c a ç õ e s e A r t e s
D e p a r t a m e n t o d e R e l a ç õ e s P ú b l i c a s , P r o p a g a n d a e T u r i s m o .
R e l a t ó r i o F i n a l d e A t i v i d a d e s
I n i c i a ç ã o C i e n t í f i c a s e m - b o l s a
T i t u l o d o P r o j e t o : A c o m u n i c a ç ã o n a c o n s t r u ç ã o d e P a t r i m ô n i o s
I n t a n g í v e i s
S ã o P a u l o , 2 0 1 4
U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o
E s c o l a d e C o m u n i c a ç õ e s e A r t e s
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I n t a n g í v e i s
N o m e d o B o l s i s t a :
D a n i e l T o r r e s G u i n e z i
N o . U S P : 7 9 9 9 2 9 0
N o m e d o o r i e n t a d o r :
P r o f . D r . M i t s u r u H i g u c h i Y a n a z e
S ã o P a u l o , 2 0 1 4
Introdução
Neste instante, milhões são investidos em iniciativas de comunicação e marketing com
o objetivo de ‘criar valor’ dentro das empresas. Profissionais ao redor do mundo
inteiro mobilizam esforços em iniciativas voltadas para gestão de marcas;
relacionamento com a mídia; eventos institucionais e tantas outras atividades
desempenhadas com o pretexto de aumentar o valor e a competitividade das
organizações no cenário mercadológico. Pensando neste contexto, é assustador que
tão poucos comunicadores consigam visualizar os resultados de seu trabalho, tanto
por uma carência nos métodos, quanto na consolidação de diversos conceitos.
Motivado por isto, o projeto irá pesquisar novas formas de mensuração dos resultados
de iniciativas de comunicação, buscando compreender como a comunicação
institucional contribui para a criação dos chamados Patrimônios Intangíveis. Para tal, a
pesquisa vai passar por um longo estudo exploratório, no qual irá delinear alguns dos
principais conceitos que dificultam a compreensão da contribuição que a comunicação
tem na criação de valor dentro das organizações. Alguns destes conceitos são Marca,
Goodwill, Patrimônio Intangível, Ativo de mercado e Capital Intelectual. Além disso, a
pesquisa terá especial enfoque nos efeitos diretos da comunicação no preço das ações
das empresas, uma vez que suas variações são consequências das expectativas dos
mercados acerca dos fluxos de caixa futuros das companhias, variável esta que, por
sua vez, é altamente influenciada pelos ativos de mercado que a comunicação e o
marketing constroem.
Objetivos
Trata-se de uma pesquisa exploratória em que o objetivo central é, a partir de análise
bibliográfica, estabelecer um modelo que concilie conceitos de marketing e finanças a
fim de mensurar os retornos de comunicação institucional para o valor das empresas.
Em suma:
(etapa exploratória)
Consolidar nova metodologia para a mensuração dos impactos da
comunicação institucional na construção do patrimônio intangível em
organizações de capital aberto.
Agrupar teorias advindas dos campos da Comunicação Organizacional e de
Finanças na busca por pontos de integração que possibilitem novas
perspectivas para a avaliação dos retornos em comunicação organizacional.
Identificar, através da avaliação bibliográfica, possíveis relações de causalidade
entre métricas tradicionais para a mensuração da comunicação, e métricas
financeiras, de modo a melhor compreender os fluxos de geração de valor.
.
Metodologia
Os procedimentos metodológicos associados à etapa Exploratória estarão
essencialmente centrados na análise bibliográfica de obras que tanjam os seguintes
temas:
- Mensuração da Comunicação Organizacional
- Avaliação financeira dos retornos em Comunicação e Marketing
- Avaliação e Mensuração de Patrimônios Intangíveis
- Comunicação Institucional e Criação de Valor
- Comunicação e Mercado Financeiro
Finalizada a pesquisa exploratória, passa-se à avaliação empírica de natureza descritiva
causal. Neste momento, a Metodologia de pesquisa desponta como parte dos
resultados, já que a pesquisa bibliográfica tem por fim a consolidação de um método
para a avaliação dos possíveis impactos da comunicação institucional no valor das
organizações. Desse modo, tal metodologia será detalhadamente descrita em seguida.
Resultados
Os resultados podem ser divididos em:
(I) Análise teórica de perspectivas em Comunicação e Finanças
(II) Metodologia de avaliação da contribuição da Comunicação Institucional no
Patrimônio Intangível
(I) Análise teórica de perspectivas em Comunicação e Finanças
*Os arcabouços teóricos foram entregues em arquivo anexo, e constituem parte
dos resultados da pesquisa.
(II) Metodologia de avaliação da contribuição da Comunicação Institucional na
construção de Patrimônio Intangível
A partir das concepções trazidas por Tetlock (2007) no que tange a relação entre o
mercado acionário e a mídia; Winer (2009) e Yanaze (2013) acerca de procedimentos
para mensuração de Comunicação Institucional; Srivastava (1998), e Miloni (2004)
sobre Ativos Intangíveis; o seguinte modelo para avaliação do papel da comunicação
na geração de Valor despontou:
Fonte: Desenvolvido pelo autor
Antes de destrincharmos cada uma das instâncias da metodologia, é imprescindível
compreender o princípio fundamental que está por trás dela. O objetivo desta
pesquisa, desde o início, foi desenvolver uma nova abordagem pela qual pudéssemos
encontrar indícios quantitativos do impacto de esforços pontuais de comunicação
institucional no valor das organizações. Para tal, seria necessário lidar tanto com a
comunicação institucional quanto com o valor de mercado como variáveis
paramétricas passíveis de visualização ao longo do tempo.
No lado da Comunicação Institucional, a mídia despontou como corpus adequado para
metrificação (Winer, 2009; Yanaze, 2013) do desempenho. Já em relação ao valor das
empresas, a questão foi mais complexa, já que a própria definição do que é valor teve
de ser destrinchada para se compreender em que dimensão desse valor que a
comunicação de marca age. Nesse sentido, a pesquisa concluiu que a Comunicação
contribui para a valorização do patrimônio intangível da companhia. Restava, portanto,
identificar um método para mensuração desse patrimônio Intangível ao longo do
tempo, de modo a possibilitar análises comparativas em relação aos valores
identificados na avaliação da mídia. É aí que despontaram o valor nos preços das
ações.
Conforme posto por Srivastva (1998), e Lane (1995), as ações constituem um índice
que resulta da percepção do conjunto de agentes econômicos acerca do desempenho
econômico projetado daquela organização. Essa percepção esta atrelada a avaliação
conjunta de diversas variáveis, dentre as quais figuram os ativos de mercado
construídos pela empresa. Estes ‘Ativos De Mercado’ constituiriam, portanto, a
instância componente do Patrimônio Intangível dependente da estratégia de
comunicação e Marketing, e passível de visualização por meio das variações nos preços
das ações.
Em estudo alternativo, Tetlock (2008) demonstra os potenciais impactos que
informações trazidas na mídia acerca das empresas de capital aberto podem acarretar
nas variações dos preços e volume transacionado de ações. Tal pesquisa funciona
como respaldo teórico para a possibilidade de avaliação do trabalho de Comunicação
Institucional a partir das variações nos preços das ações, as quais, como dito, são
indícios das variações no Patrimônio Intangível daquela companhia.
Algo que deve ser mencionado é o escopo da avaliação proposta. Existe clareza do
pesquisador de que a variação nos preços de ações constitui um fenômeno
absolutamente idiossincrático, muitas vezes motivado por movimentações não-
bayesianas, e circunscritos a uma enormidade de fatores que podem explicar tais
variações. A questão aqui, portanto, jamais é tentar explicar por que tais ações variam.
Menos ainda apontar o trabalho de Comunicação Institucional como fator único e
absoluto capaz de explicar tais variações. Esta pesquisa tem por objetivo identificar
indícios de que diferentes níveis de presença midiática podem influenciar o valor das
empresas, e as ações serão utilizadas como parâmetro quantitativo para avaliação
desse valor ao longo do tempo. Esclarecido este ponto, passa-se a descrição da
metodologia:
Descrição do passo-a-passo da metodologia de avaliação da Comunicação
Institucional (aplicação genérica):
i. Entendimento da Comunicação: Objetivos daqueles esforços de
Comunicação; tipo de ferramentas utilizadas.
Neste momento, a metodologia deverá ser utilizada apenas se a
comunicação avaliada tiver por fim a geração de valor; além disso, a
Assessoria de Imprensa deve figurar como ferramenta do mix.
ii. Aplicação das métricas não financeiras para avaliação da Eficácia da
Comunicação Institucional
Aqui, a partir da proposta de Winer (2009) e seguindo os chamados
‘Princípios de Barcelona’, o procedimento deverá ser o seguinte: Seleção
das palavras chave que podem ser relevantes para a opinião dos
stakeholders acerca da organização; Seleção dos meios de comunicação
com potencial de influenciar a opinião dos stakeholders, e avaliação
ponderada da importância estratégica de cada um deles; clipagem nos
meios selecionados de todos os termos escolhidos; avaliação matéria por
matéria da tonalidade daquela menção. A tonalidade pode ir de 2
(altamente positiva) a -2 (altamente negativa). Em seguida, as reportagens
devem ser categorizadas conforme o tipo de menção. Tais categorias
dependem do mercado que está sendo avaliado, bem como da natureza do
próprio negócio. Por fim, as reportagens deverão ser classificadas quanto a
Prominência da Menção. Esta variável é metrificada em uma escala tríplice,
e indica o quanto aquela menção está propensa a ser visualizada. A partir
do valor obtido na Prominência, o número de impactos será obtido a partir
da conciliação deste valor ao valor da tiragem/audiência daquele meio de
comunicação (conforme tabela na página seguinte).
Por fim, a avaliação deve ser capaz de chegar a três índices para as menções
daquele período:
- Tonalidade média das menções: é a média da tonalidade, obtida a partir
de:
TM = ∑ Tonalidades individuais / no. De Artigos
- Número de Impactos: É o número de indivíduos potencialmente
impactados pelas menções, obtida a partir de:
NI = ∑ (Fator ponderado do Artigo*Tiragem do
respectivo veículo de Comunicação)
- Tonalidade Ponderada: Trata-se da Tonalidade média obtida no período
ponderada pelos Impactos individuais relativos a cada uma
TP = ∑ (Tonalidade do artigo*NI do artigo) / NI Total
Destes índices, a Tonalidade Ponderada desponta como métrica mais
completa para avaliação da eficácia da Comunicação Institucional. Todavia,
é importante avaliar também Impactos e Tonalidade separadamente, de
modo a compreender as dinâmicas pelas quais cada variável influencia os
preços das ações. Além disso, deve-se destacar o papel da categorização de
cada menção, que permite uma compreensão do espectro de temas
relevantes para a gestão da reputação da instituição. Os quadros da página
a seguir sintetizam a avaliação da Prominência.
Escala para determinação da Prominência de Impacto dos Artigos
Fator de Ponderação
Menção na capa
Presente no índice
Menção no título de reportagem longa
Menção no título de reportagem curta
Menção no corpo de reportagem longa
Menção no corpo de reportagem curta
1000 x x x 0 x 0
1000 0 x x 0 x 0
100 0 x 0 x 0 x
100 0 x 0 0 x 0
100 0 0 x 0 x 0
10 0 0 0 x 0 x
10 0 x 0 0 0 x
10 0 0 0 0 x 0
10 0 0 0 ? ? ?
Código para a Ponderação
1000 Tiragem*0,9
100 Tiragem*0,7
10 Tiragem*0,4
Tamanho da Reportagem: Considerada Longa se ocupar no mínimo uma página
inteira e constituir o único conteúdo desta página.
Fonte: Adaptado de: Petersen, Mcalister, Reibstein, Winer, Kumar, e Atkinson
(2009); Slee (2013); Yanaze (2013)
Escala para avaliação de Tonalidade dos Artigos de Mídia
Pontuação Avaliação Descrição
-2 Péssima
Valor deve estar associado a artigos de crise, críticas intensas, ou mesmo menções com conteúdo que ataque diretamente a imagem da companhia
-1 Negativa O valor -1 deve ser atribuido a artigos que mencionem negativamente a companhia, mas não constituam ataques diretos a sua imagem.
0 Neutro Menções neutras são aquelas que não fazem juízo de valor, nem tampouco tocam em temas delicados em relação a imagem corporativa.
1 Positiva
Para menções presentes em artigos que mencionem aspectos positivos da empresa, mas sem elogio direto e enfático por parte do colunista
2 Muito Positiva
Valor deve estar associado estritamente a artigos que contribuam positivamente para a imagem corporativa, enfatizando-se a opinião positiva do colunista em relação a algum atributo
iii. Avaliação dos Parâmetros de Valor Intangível da Organização
A aplicação das métricas Não Financeiras permitem uma avaliação
quantitativa da eficácia do trabalho de Comunicação Institucional, já que
provê aos gestores uma visão metrificada ao longo de certo período de
tempo acerca da presença midiática daquela organização. Ainda que muito
atrelado ao trabalho da Assessoria de Imprensa, a avaliação de mídia
permite uma visão acerca da gestão de RP como um todo por trazer um
indício da Reputação daquela organização entre os públicos impactados.
Este tipo de avaliação está em conformidade com o quarto Princípio de
Barcelona para Mensuração de Relações Públicas, segundo o qual “Media
Measurement Requires Quantity and Quality” (Slee, 2013). Todavia, a
medição do desempenho das atividades de Comunicação Institucional já é
uma prática comum no mercado de Relações Públicas, exercida
globalmente por organizações como Ketchum Global e Prime Research. A
grande carência do mercado, por outro lado, reside justamente em
metodologias que compreendam os seguintes princípios:
“The Effect on Business Results Can and Should Be Measured Where
Possible”
“Measuring the Effect on Outcomes is Preferred to Measuring Outputs”
Tais princípios trazem a mesma ideia – deixar de mensurar a eficácia das
atividades de Relações Públicas em si, e passar a medir os potenciais
retornos para o negócio que tais atividades podem gerar. Para isso a
mensuração passa a prescindir de métricas financeiras capazes de captar as
relações causais entre o trabalho de Comunicação e o valor da organização.
Nesse sentido, torna-se imperativo identificar um parâmetro capaz de
expressar quantitativamente as variações no Valor Intangível das
companhias. A partir de longa exploração bibliográfica, toda presente no
“Referencial Teórico” anexo, pudemos observar que o valor das ações de
empresas de capital aberto desponta como possível parâmetro para que se
faça tal avaliação. Resumidamente, esta associação é teoricamente
respaldada a partir da seguinte lógica:
Conforme colocado por Srivastava (1998), a criação de ativos intangíveis
tende a acelerar os fluxos de caixa, ampliar seu volume e reduzir sua
volatilidade. Estes fatores melhoram o montante das expectativas acerca
do futuro econômico daquela organização. O valor das ações, por sua vez,
variam justamente em função das expectativas e percepções dos agentes
econômicos acerca da saúde financeira daquela companhia, de modo que
alterações nos Ativos Intangíveis focados no mercado tendem a modificar a
dinâmica de variações dos preços de ações. Focando agora no papel da
Comunicação Institucional para o valor, conforme os modelos de Kunsch
(2002), Yanaze (2013) e Tetlock (2007), tem-se a criação de uma marca
forte como resultado final deste tipo de atividade. Considerando que a
Marca é justamente um Ativo Intangível capaz de alterar a percepção geral
dos agentes econômicos acerca de uma instituição, tem-se que
investimentos em Comunicação Institucional podem ter seus potenciais
retornos mensurados a partir das variações nos preços das ações. Em suma:
Comunicação Institucional Fortalece a Imagem de Marca Crescimento
dos Ativos Intangíveis Elevação nos preços das ações
É a partir desta lógica que os preços das ações podem ser indícios
financeiros causalisticamente relacionados aos resultados gerados por
investimentos em Comunicação Institucional.
iv. Obtenção do Grau de Correlação:
A metodologia, até o momento, consistiu em entender a natureza do
processo comunicacional; mensurar a eficácia deste processo; e identificar
uma variável financeira que expresse o valor criado neste processo. Tendo
em vista este quadro, temos duas variáveis quantitativas e temporalmente
localizadas passívieis de correlação – a eficácia daquele conjunto de
esforços de comunicação, e as variações no valor intangível daquela
instituição. Assim, a obtenção de índices estatísticos que revelem o grau de
Correlação (teste de Pearson) e Covariância entre as duas séries de dados
pode constituir um método para o cálculo do ROI, ainda que diferente da
estrutura tradicional de cálculo. Enquanto que o Retorno sobre
Investimento é tradicionalmente descrito por “ROI (%) = Lucro Líquido ($) /
Investimento ($)”, o modelo aqui proposto é descrito por:
ROI(%)= (Elevação no Montante do Valor*Índice de
Correlação) / Investimento ($)
Em que a Elevação no Montante do Valor constitui o crescimento da soma
total do valor dos títulos emitidos pela instituição entre os períodos
analisados.
Análises
O principal output do projeto é sem dúvida o modelo acima proposto para
identificação dos potenciais retornos propiciados ao valor das empresas pelos
investimentos em Comunicação Institucional. Todavia, uma série de brechas
permanecem atreladas ao modelo, e algumas delas devem estar aqui explicitadas:
(1) Variações Negativas na soma do valor dos títulos trarão necessariamente
análises de Retorno Negativas. Este ponto constitui uma brecha metodológica
pelo simples fato de que muitos dos investimentos em Comunicação
Institucional podem não estar incrementando valor, mas sim contendo quedas
mais bruscas em momentos de crise. Além disso, por vezes o montante final do
valor dos títulos constitui uma redução, mas os momentos em que há
correlação tragam variações positivas no valor. Quando isso ocorre, a
metodologia falha, já que considera apenas a variação global do valor.
(2) Artigos que tratam de resultados no mercado financeiro podem gerar viés.
Neste ponto, a falha metodológica pode e deve ser facilmente corrigida a partir
de cuidados na categorização da Clipagem. Ocorre que muito do que sai na
mídia sobre uma instituição de capital aberto é a mera descrição das últimas
variações nos preços de suas ações, de modo que se a variação foi positiva
trará uma tonalidade Positiva (+1), e se a variação foi negativa uma tonalidade
Negativa (-1). Nada obstante, fica nítido que este tipo de variação pode gerar
viés na análise, já que estaríamos afirmando, por exemplo, que a alta nas ações
da empresa é alavancada por uma abordagem positiva da elevação de suas
ações. Para a minimização deste tipo de erro, basta retirar da análise os artigos
categorizados como Preditivos e sobre Resultados Financeiros. Caso opte-se
por manter estes artigos, uma análise que pode ser feita é: será que a
repercussão midiática de uma alta tende a fazer com que esta alta seja
alavancada, ou no mínimo se mantenha, quando comparada a altas pouco
divulgadas?
(3) O modelo é incapaz de captar o valor gerado pela construção de marca no
longo prazo. Pensando na equação que descreve a análise de ROI, o Índice de
Correlação é o elemento principal, já que ele será indicativo da influência da
comunicação no processo de criação de valor. Não obstante, este grau de
correlação capta apenas as variações do Patrimônio Intangível no curto prazo,
desprezando o valor gerado no longo prazo. Este valor do longo prazo,
alternativamente, pode ser obtido tanto através das auditorias de marca (que
avaliam periodicamente o valor das marcas), quanto através da visualização das
variações das ações no longo prazo, já que, como postulado por Sriastava
(1998), com a redução da vulnerabilidade dos fluxos de caixa propiciada pela
criação dos Ativos de Mercado, o valor das ações tende a crescer de maneira
consistente.
Ainda analisando criticamente a metodologia proposta, algumas extrapolações
metodológicas devem ser destacadas. A métrica para avaliação da Comunicação
Institucional utiliza a mídia como corpus central para análise. A presença midiática de
uma marca é considerada aqui, portanto, como o resultado final do conjunto de
esforços de Comunicação de marca voltados para a geração de valor. Contudo, não se
pode associar a integralidade das menções a uma marca na mídia ao trabalho dos
comunicadores, já que grande parte do que sai decorre de iniciativas espontâneas por
parte dos veículos divulgadores.
Sobre este ponto, consideraremos que, mesmo quando a divulgação midiática de uma
marca é motivada por fatores exógenos ao setor de Comunicação, cabe aos setores
responsáveis pela gestão da marca maximizar a reverberação de Fatos Comunicáveis
Positivos, e minimizar os efeitos destrutivos de fatos comunicáveis negativos.
Conclusão
Ainda que com as ressalvas acima destacadas, o modelo pode despontar como uma
nova forma de se entender quantitativamente o valor criado pela gestão da
Comunicação Institucional às organizações. A avaliação de sua funcionalidade
prescindirá da operacionalização do modelo.
Cada vez mais os métodos de mensuração de desempenho no setor de Comunicação
devem incorporar métricas que compreendam o valor criado para o negócio, em vez
de simplesmente avaliar a eficiência destas atividades. Nesse sentido, o modelo aqui
proposto, ainda que carregado de erros sistêmicos e inerentes ao processo, pode
minimizar a incerteza em relação aos potenciais retornos gerados por uma instância da
Comunicação Empresarial que ainda prescinde de abordagens quantitativas e
financeiras. Com isso, espera-se alcançar uma compreensão superior da própria função
que desempenham profissionais de Relações Públicas, Assessoria de Imprensa e
Branding dentro do cenário organizacional.
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