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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA Teste clínico-epidemiológico do instrumento Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em população adulta angolana: avaliação discriminante após adaptação semântica. MARTINHO LUEMBA Tese apresentada à Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências. Linha de Pesquisa: Saúde, Ciclos de Vida e Sociedade. Orientador: Prof. Dr. Alberto O. Advincula Reis São Paulo 2017 Revisada

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA

Teste clínico-epidemiológico do instrumento Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em

população adulta angolana: avaliação discriminante após adaptação semântica.

MARTINHO LUEMBA

Tese apresentada à Faculdade de Saúde Pública da

Universidade de São Paulo para obtenção do título de

Doutor em Ciências.

Linha de Pesquisa: Saúde, Ciclos de Vida e Sociedade.

Orientador: Prof. Dr. Alberto O. Advincula Reis

São Paulo

2017

Revisada

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA

Teste clínico-epidemiológico do instrumento Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em

população adulta angolana: avaliação discriminante após adaptação semântica.

MARTINHO LUEMBA

Tese apresentada à Faculdade de Saúde Pública da

Universidade de São Paulo para obtenção do título de

Doutor em Ciências.

Linha de Pesquisa: Saúde, Ciclos de Vida e Sociedade.

Orientador: Prof. Dr. Alberto O. Advincula Reis

São Paulo

2017

Revisada

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação da Publicação

Serviço de Documentação

Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo

Luemba, Martinho

Teste clínico-epidemiológico do instrumento Mini Exame do Estado Mental

(MEEM) em população adulta angolana: avaliação discriminante após adaptação

semântica./ Martinho Luemba

Tese (doutorado) – Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de Doutor em Ciências

Linha de Pesquisa: Saúde, Ciclos de Vida e Sociedade.

Universidade de São Paulo, 2017.

Orientador: Alberto O. Advincula Reis.

Descritores: AVC; Epilepsia; MEEM; Avaliação Discriminante; Testes clínicos.

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Nome: Martinho Luemba

Título: Teste clínico-epidemiológico do instrumento Mini Exame do Estado Mental (MEEM)

em população adulta angolana: avaliação discriminante após adaptação semântica

Dissertação apresentada à Faculdade de Saúde Pública da

Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em

Ciências.

Aprovado em: _____ / _____/ _____

Banca Examinadora

Prof. Dr. ________________________ Instituição: ______________________

Julgamento: __________________ Assinatura: ____________________

Prof. Dr. ________________________ Instituição: ______________________

Julgamento: __________________ Assinatura: ____________________

Prof. Dr. ________________________ Instituição: ______________________

Julgamento: __________________ Assinatura: ____________________

Prof. Dr. ________________________ Instituição: ______________________

Julgamento: __________________ Assinatura: ____________________

Prof. Dr. ________________________ Instituição: ______________________

Julgamento: __________________ Assinatura: ____________________

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A todos aqueles que acreditam que o sonho é parte integrante da vida, que a vida é uma

estrada a ser percorrida e, que o nosso percurso se inicia aqui.

Dedico esta tese em sua memória, mãe Rosa. Aquela que me deu o direito de estudar,

que me criou com amor e dedicação e a quem eu posso chamar de família.

Às minhas queridas, Rosa da Graça Luemba, Rosa Miami da Silva Luemba, Esperança

Neide da Silva Luemba e aos meus caros, Tolber Valdmir da Silva Luemba e Thayllor Martinho

da Silva Luemba.

Com amor e carinho às minhas queridas Graça, Rosa, Esperança, e meus caros Tolber e

Thayllor.

Para Paula Cristina da Silveira Domingos, uma pessoa muito especial.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, que se mostrou criador, que me deu coragem para

questionar realidades e propor sempre um novo mundo de possibilidades.

Ao Prof. Doutor Alberto Olavo Advíncula Reis, por seus ensinamentos, encorajamento,

paciência e confiança ao longo de sua orientação e supervisão. Agradeço pela oportunidade e

por ter aceitado este desafio.

Ao Doutor Daniel Fuentes, por seus ensinamentos, apoio, troca de experiências e,

principalmente, por toda a amizade.

Ao Prof. Doutor Claudio Leone, que me brindou incansavelmente com os seus

conhecimentos e conselhos. A você, o meu muito obrigado.

Ao Prof. Doutor Luís Gomes Sambo, Ministro da Saúde de Angola, por me proporcionar

o contato com mundo das ciências.

Agradeço eternamente a todos os professores do Departamento de Saúde Materno

Infantil, que de forma leal, sempre me brindaram com o encorajamento neste vai e vem.

Ao meu amigo Ulysses e a todos da equipe da seção de Pós-Graduação, por todo apoio

e lealdade em minha pesquisa.

A Carolina Fuentes agradeço imensamente pelo apoio e troca de experiências sobre a

pesquisa.

A direção da Faculdade de Saúde Pública, por me apoiar ao longo de toda a minha

formação.

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“Conhecimento não é aquilo que você

sabe, mas o que você faz com aquilo que

você sabe.” (Aldous Huxley).

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SUMÁRIO

RESUMO

SUMMARY

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LISTA DE SÍMBOLOS

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

1. Introdução ............................................................................................................................. 20

1.1 AVC ................................................................................................................................ 22

1.2 Epilepsia ......................................................................................................................... 24

1.3 Promoção de Saúde (Rastreio) ....................................................................................... 27

1.4 Mini Exame do Estado Mental (MEEM) ....................................................................... 28

2. Justificativa ........................................................................................................................... 29

3. Objetivos .............................................................................................................................. 31

4. Método ................................................................................................................................. 32

4.1 Adaptação Semântica ..................................................................................................... 32

4.1.1 Análise Discriminante .............................................................................................. 34

4.2. Área de referência e população do estudo ..................................................................... 35

4.2.1 Critérios de Inclusão ................................................................................................ 35

4.2.2 Critérios de Exclusão ............................................................................................... 36

4.3 Procedimentos ................................................................................................................ 37

4.4 Instrumentos ................................................................................................................... 38

4.5 Aspectos Éticos............................................................................................................... 39

4.6 Coleta de Dados .............................................................................................................. 39

4.7 Análise estatística ........................................................................................................... 40

5. Resultados ............................................................................................................................ 41

6. Discussão .............................................................................................................................. 52

6.1 Aspectos Metodológicos ................................................................................................. 52

6.2 Aspectos Neuropsicológicos........................................................................................... 53

6.3 Adaptação Semântica e Análise discriminante da versão em português do instrumento

Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) para a população angolana .................................. 54

6.4 Discussão do estudo de análise discriminante e adaptação semântica .......................... 56

6.5 Limitações do estudo ...................................................................................................... 57

7. Conclusão ............................................................................................................................. 58

8. Considerações finais ............................................................................................................. 59

9. Referências ........................................................................................................................... 60

Anexo I ..................................................................................................................................... 66

Anexo II .................................................................................................................................... 68

Anexo III .................................................................................................................................. 69

Anexo IV .................................................................................................................................. 70

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Luemba, M. Teste clínico-epidemiológico do instrumento Mini Exame do Estado Mental

(MEEM) em população adulta angolana: avaliação discriminante após adaptação

semântica. 2017. Tese (Doutorado) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2017.

Resumo

Doenças como AVC e Epilepsia estão constantemente associadas à manifestação de

comprometimentos cognitivos e demência, tendo como característica principal os déficits de

memória. Atualmente, o instrumento Mini Exame do Estado Mental (MEEM) é o teste de

rastreio de comprometimento cognitivo mais utilizado no mundo, individualmente ou como

parte integrante em baterias de avaliação neuropsicológica. Devido a falta de instrumentos

específicos para rastreio de comprometimento cognitivo de indivíduos com sintomas de

demência vítimas de AVC e/ou Epilepsia em Angola, África, fez se necessária a adaptação e

validação de instrumentos confiáveis. O presente estudo teve por objetivo a avaliação clínica

da versão brasileira do instrumento MEEM adaptado por Brucki, para uso na população adulta

de Angola.

Trata-se de um estudo clínico comparado, envolvendo três populações. Foram incluídos

neste estudo 85 indivíduos acometidos por AVC, 40 por Epilepsia e como grupo de

comparação, 87 indivíduos de 20 a 65 anos de idade, supostamente saudáveis. A escolaridade

mínima para inclusão do estudo foi definida em 4 anos de ensino formal. O presente estudo foi

desenvolvido em parceria com o Serviço de Neurologia do Hospital Américo Boavida e com a

Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN), ambos localizados ao

norte da cidade de Luanda, capital de Angola, África. Toda a amostra foi submetida à coleta de

dados sócio demográficos e avaliação neuropsicológica, através do instrumento MEEM. O

instrumento consistiu no rastreio de comprometimento cognitivo, contemplando funções como

orientação temporal e espacial, memória, cálculo, linguagem e capacidade construtiva visual.

No presente estudo, encontramos dados que apontam um desempenho

significativamente pior das funções cognitivas em pacientes acometidos por AVC quando

comparados a pacientes com Epilepsia e grupo dos saudáveis. Esses achados confirmam a

validade do instrumento MEEM, em função das características apresentadas pela doença, sendo

possível discriminar com clareza os grupos AVC, Epilepsia e Controles Saudáveis. Os dados

obtidos indicam uma boa qualidade da versão na língua portuguesa angolana, sendo a

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consistência interna da versão adaptada com α de Cronbach = 0,736, semelhante aos dados de

referência.

Este estudo pioneiro preenche uma importante lacuna na produção de conhecimento em

Angola, abrindo um leque de possibilidades para outros trabalhos científicos no país, facilitando

a aplicação dos resultados tanto na área acadêmica-científica, quanto na clínica. É necessário

aos profissionais de saúde que se apropriem de mais conhecimentos, para que possam propor

intervenções adequadas, que auxiliam nos direitos de saúde e bem-estar da população angolana.

Descritores: AVC; Epilepsia; MEEM; Avaliação Discriminante; Testes clínicos.

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Luemba, M. Clinical-epidemiological test of the instrument Mini Mental State

Examination (MMSE) in Angolan adult population: discriminant evaluation after

semantic adaptation. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

Summary

Diseases such as stroke and epilepsy are constantly associated with the manifestation of

cognitive impairment and dementia, having as main feature the memory deficits (Caramelli &

Castro, 2005). Currently, the instrument Mini Mental State Examination (MMSE) is the

screening test of cognitive impairment most used in the world, individually or as an integrated

part in neuropsychological assessment battery (Melo & Barbosa, 2015). Due to the lack of

specific instruments for screening cognitive impairment of individuals with dementia

symptoms victims of stroke and / or epilepsy in Angola, Africa, it was necessary to adapt and

validate reliable instruments. The presente study had as objective the clinical evaluation of the

brazilian version of the MMSE instrument adapted by Brucki et al. (2003), for use in the adult

population of Angola, Africa.

It is a comparative clinical study involving three populations. This study included 85

individuals affected by stroke, 40 by Epilepsy, and as a comparison group, 87 individuals, 20

to 65 years of age, who were supposed to be healthy. The minimum schooling for inclusion of

the study was defined in 4 years of formal education. The present study was developed in

partnership with the Neurology Service of the Américo Boavida Hospital and the Faculty of

Medicine of the Agostinho Neto University (FMUAN), both located north of the city of Luanda,

the capital of Angola, Africa. All the sample was submitted to the collection of socio-

demographic data and neuropsychological evaluation, through the MMSE instrument. The

instrument consisted in the screening of cognitive impairment, including functions such as

temporal and spatial orientation, memory, calculus, language and visual constructive capacity.

In the presente study, we found data that indicate a significantly worse performance of

cognitive functions in patients with stroke when compared to patients with epilepsy and healthy

group. These findings confirm the validity of the instrument MMSE in, due to the characteristics

of the disease, being possible to discriminate with clarity the groups Stroke, Epilepsy and

Healthy Controls. The data obtained indicate a good quality of the Angolan Portuguese

language version, being the internal consistency of the adapted version whit the Cronbach's

alpha = 0.736, similar to the reference data.

This pioneering study fills an important gap in knowledge production in Angola,

opening up a range of possibilities for other scientific papers in the country, facilitating the

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application of the results both in the academic and scientific area, as at the clinic. It is necessary

that health professional take ownership of more knowledge, so that they can propose

appropriate interventions that assist in health and welfare rights of the Angolan population.

Descriptors: Stroke; Epilepsy; MMSE; Discriminant Assessment; Clinical Tests.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVC

AVCh

AVCi

AVD

DNT

DP

DSM-4

DV

EEG

EME

FMUAN

HIV

HU

HAB

INE

MEEM

OMS

QV

SPSS

SNC

SNP

Acidente Vascular Cerebral

Acidente Vascular cerebral Hemorrágico

Acidente Vascular Cerebral Isquêmico

Atividade de Vida Diária

Doença Não Transmissível

Desvio Padrão

Diagnostic and Statistical Manual os Mental Disorder Fourth

Demência Vascular

Eletroencefalograma

Estado de Mal Epiléptico

Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto

Vírus da Imunodeficiência Humana

Hospital Universitário

Hospital Américo Boavida

Instituto Nacional de Estatística

Mini Exame do Estado Mental

Organização Mundial da Saúde

Qualidade de Vida

Software Package for Statistical Analysis

Sistema Nervoso Central

Sistema Nervoso Periférico

TCLE

USP

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade de São Paulo (Brasil)

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LISTA DE SÍMBOLOS

%

<

>

±

n

p

α

U

Porcentagem

Menor que

Menor ou igual a que

Maior que

Maior ou igual a que

Mais ou menos que

Probabilidade de se obter uma estatística de teste igual ou mais extrema que

aquela observada em uma amostra, sob a hipótese nula

Número de sujeitos de uma amostra

Nível de significância

Alfa

Mann-Whitney

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa da República de Angola.……………………………………..... Pg.1

Figura 2 Mapa de localização da província de Luanda........................................

Pg.2

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização clínico-epidemiológica de portadores de Epilepsia da

amostra (N=40)……………………………………………………………………..

Pg.26

Tabela 2. Tabela 2 - Caracterização clínico-epidemiológica dos portadores de

Acidente Vascular Cerebral (AVC) da amostra (N=85)………………………...

Pg.27

Tabela 3 - Caracterização clínico-epidemiológicas do Grupo Saudáveis da

amostra (N=87)……………………………………………………………………..

Pg.28

Tabela 4 – Distribuição da consistência interna, valores do alfa de Cronbach,

segundo grupo comparado………………………………………...

Pg.28

Tabela 5 – Comparação de mediana das variáveis do MEEM do Grupo

Saudáveis VS Doentes (Epilepsia+AVC)...............................................

Pg.30

Tabela 6 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do Grupo

Saudáveis VS Epilepsia……………………………………………………………

Pg.31

Tabela 7 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do Grupo

Saudáveis VS AVC………………………………………………………………...

Pg.32

Tabela 8 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do grupo Epilepsia

VS AVC………………………………………………………………….

Pg.33

Tabela 9 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do grupo Epilepsia

Generalizada VS Epilepsia Focal……………………………………...

Pg.34

Tabela 10 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do grupo AVC

Isquêmico VS AVC Hemorrágico………………………………………………...

Pg.35

Tabela 11 - Comparação de mediana e média das variáveis do MEEM das

amostras totais de Brucki et al (2003) e Luemba………………………………...

Pg.36

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20

INTRODUÇÃO

1. Introdução

Dados indicam que em todo o Continente Africano, existem poucos estudos que avaliam

o perfil dos adultos acometidos por Epilepsia ou Acidente Vascular Cerebral (AVC) (García et

al., 2014; Arokiasamy et al., 2015; Sarfo et al., 2015) associados aos sintomas de demência

(Kisoli et al., 2015; Ravindranath et al., 2015), de forma a contribuir para a melhoria na

qualidade de vida destes indivíduos.

Dados do Censo realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no ano de 2014

relatam que cerca de 24,3 milhões de habitantes residem em Angola, 48% do sexo masculino e

52% do feminino, sendo o quinto país mais extenso da África, com uma superfície de 1 246

700 Km², com densidade populacional de 19 habitantes por cada Km² (Instituto Nacional de

Estatística (AO), 2014). Administrativamente, compreende 18 províncias, 163 municípios e

376 comunas (Figura 1).

Figura 1 – Mapa da República de Angola.

A província de Luanda é a mais populosa, concentrando 27% da população do país.

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Figura 2 Mapa de localização da província de Luanda.

Observa-se que em Angola há uma diversidade étnica e linguística, tendo em vista a

existência de vários povos, etnias, culturas e idiomas, sendo a Língua Portuguesa o idioma

oficial do país.

Como consequência da guerra, cerca de 3.2 milhões de pessoas foram deslocadas de sua

região de moradia no ano de 2002, entre elas em sua maioria estavam crianças, mulheres e

idosos. (Minars, 2002, apud Correia & Castelo, 2003). A maior parte da população que foi

deslocada vive em locais carentes de saneamento básico, difícil acesso a serviços de saúde e

educação. Devido à elevada taxa de mortalidade, a estimativa de idade desde o nascimento é

de 42,4 anos para ambos os sexos (Instituto Nacional de Estatística (AO), Fundo das Nações

Unidas para a Infância, 1997 apud Correia & Castelo, 2003).

Má alimentação, tabagismo, vida sedentária e estresse acarretam em doenças crônicas,

relacionadas à urbanização e ao modo de vida moderno. As doenças crônicas afetam tanto

populações de países desenvolvidos, como também os países em desenvolvimento e, em maior

escala, em países mais pobres (Lessa, 2004; Casado et al, 2009).

É de extrema importância que valores socioculturais sejam levados em conta na

avaliação neuropsicológica, tendo a linguagem um aspecto relevante. Através da linguagem,

pacientes referem seus sintomas, como também pela comunicação não verbal e interpessoal.

Dado este contexto, observou-se a necessidade de adaptar instrumentos diagnósticos para a

realidade angolana, considerando importantes os traços culturais e sociodemográficos.

Devido à falta de instrumentos específicos para rastreio de comprometimento cognitivo

de indivíduos com sintomas de demência em Angola, África, faz se necessária a adaptação e

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validação discriminante de instrumentos confiáveis já disponíveis no idioma português, como

o instrumento Mini Exame do Estado Mental (MEEM) (Brucki et al., 2003).

O presente estudo foi desenvolvido em parceria com o Serviço de Neurologia do

Hospital Américo Boavida e com a Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto

(FMUAN), ambos localizados ao norte da cidade de Luanda, capital de Angola, África. Dados

indicam que entre os 55.846 atendimentos ambulatoriais realizados no Hospital Américo

Boavida, 810 atendimentos foram destinados a pacientes em regime de internamento com

diagnóstico clínico de AVC e/ou Epilepsia no Serviço de Neurologia.

Para o desenvolvimento da pesquisa, foi necessário investigar a adequação da versão

brasileira do instrumento MEEM à realidade angolana. O MEEM foi idealizado por Folstein e

colaboradores no ano de 1975 e validado no Brasil por Bertolucci e seus colaboradores no ano

de 1994 e adaptado por Brucki et al. (2003) O presente estudo descreve o processo de adaptação

da versão brasileira do MEEM adaptada por Brucki et al. (2003) ao português angolano,

enfatizando o estudo de validação deste instrumento.

1.1 AVC Na África do Sul, dados colhidos entre os anos 1997 e 2010, indicam que as taxas de

mortalidade por Acidente Vascular Cerebral (AVC) para ambos os sexos foram semelhantes e,

tiveram um declínio de 133 mortes a cada 100 000 habitantes para cerca de 114 por 100 000

habitantes em 2010. O estudo relata maior prevalência nas taxas de mortalidade por AVC para

indivíduos negros africanos, quando comparados a mestiços e asiáticos. Ao longo dos 14 anos

de estudo, doenças não transmissíveis (DNT) são as principais causas de mortalidade prematura

na África do Sul, responsáveis por cerca de 39% das mortes relatadas em 2010. Doenças

cardiovasculares foram as principais causas de morte entre as doenças não transmissíveis, tendo

o AVC se tornado a segunda principal causa de morte após as mortes por HIV (Vírus da

Imunodeficiência Humana). A partir de 2003, dados evidenciam diminuição da taxa de

mortalidade por AVC. Dentre aproximadamente 230 000 mortes de sul africanos por DNT no

ano de 2010, 36% estavam situados abaixo na média de expectativa de vida para 60 anos de

idade (Nojilana et al., 2016). Nos países em desenvolvimento, a morbidade e a mortalidade

estão associadas à modificação de hábitos de vida, envelhecimento populacional e maior

prevalência de fatores de risco cardiovasculares (O´Donnell et al., 2010).

O AVC é caracterizado pela interrupção súbita do fluxo sanguíneo do encéfalo,

originado pela obstrução de uma artéria, chamado de AVC isquêmico (AVCi), ou pela ruptura

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23

de uma artéria, o AVC hemorrágico (AVCh). Os sinais clínicos associam-se à localização e

extensão da lesão causada pelo AVC (Cumming et al., 2013). Hipertensão arterial, tabagismo,

obesidade, diabetes mellitus, dislipidemia, inatividade física, ingestão de álcool, estresse

emocional e depressão aumentam para 90% o risco de AVC (O´Donnell et al., 2010).

Estudos relatam que o AVC é uma das principais causas de mortalidade em adultos. Um

a cada seis indivíduos acometidos pelo AVC falace decorrente desta lesão (US Burden of

Disease Collaborators, 2013; Davydow et al.,2015). De acordo com Lazzarino e colaboradores

(2013), baixo nível socioeconômico e estresse psicológico são preditores ao risco de

mortalidade causado por AVC. Aqueles que sobrevivem ao AVC, em sua maioria, enfrentam a

incapacidade funcional e cognitiva e, cerca de um terço desta população desenvolvem

transtorno depressivo (Davydow et al., 2015).

Transtorno depressivo e demência atuam individualmente como fatores de risco em

potencial para a ocorrência de AVC (Davydow et al., 2015; Pan A, Sun Q, Okereke OI, Rexrode

KM, Hu FB, 2011; Dong et al., 2012). Estudos sugerem que a associação entre depressão e

risco para AVC é maior para indivíduos do sexo feminino (Pan et al., 2011; Jackson CA, et.

Al., 2013; Davydow et al.,2015). Entretanto, a incidência de AVC é maior no sexo masculino

e indivíduos de raça negra (Reeves et al., 2008)

Pacientes vítimas de AVC, decorrente de hemorragia ou infarto, são frequentemente

acometidos por algum tipo de deficiência, como prejuízos das funções sensitivas, motoras, de

equilíbrio e marcha, linguagem como a afasia, além dos déficits cognitivos, como memória,

velocidade de processamento reduzido, atenção prejudicada e disfunção executiva (Cumming

et al., 2013; Maaijwee et al, 2014). Comprometimento cognitivo vascular e demência vascular

podem ser encontrados em pacientes após o AVC (del Ser et al., 2005). Os prejuízos causados

pela lesão adquirida podem por sua vez, limitar os pacientes quanto à realização das atividades

de vida diária (AVD), contato social e por consequência, gerar piora na qualidade de vida (QV)

do indivíduo (Patel et al., 2006).

Estudos relatam que as deficiências cognitivas observadas nos pacientes com idade

inferior a 50 anos podem melhorar durante os primeiros dois anos e meio após o episódio de

AVC (Maaijwee et al, 2014). Pacientes vítimas de AVC apresentam comprometimento

cognitivo de grau leve a grave ao longo dos primeiros 10 anos após o acidente (Maaijwee et al,

2014).

Comprometimentos cognitivos são comuns após um trauma cerebral e, pacientes

vítimas destas sequelas frequentemente necessitam de um tratamento de reabilitação. Deste

modo, é de extrema importância a realização do diagnóstico clínico, seguido de avaliação e

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reabilitação no início da fase aguda após o AVC, para melhoria das deficiências cognitivas,

motoras, formação de estratégias compensatórias, educação do paciente e de sua família sobre

sua nova condição e sua reintegração ao círculo familiar e social (Cicerone et al., 2011). Cabe

ainda destacar que é preciso um investimento em formação permanente nas equipes clínicas e

nos cuidadores responsáveis por todos os pacientes, mas em especial naqueles que

provavelmente apresentem déficits cognitivos; uma vez que para eles, um novo “olhar e cuidar”

torna-se necessário.

Finalmente, é importante também realçar que o MEEM, objeto deste estudo, não tem o

objetivo de rotular os pacientes ou conferir a estes características clínico-cirúrgicas e

epidemiológicas que contribuam para sua estigmatização ou exclusão social.

1.2 EPILEPSIA

Dados estimados pela Organização Mundial de Saúde indicam que cerca de 0,8% da

população mundial é portadora de Epilepsia (Li G et al., 2011). A sua prevalência é variável,

com valores entre 4 a 10 casos a cada mil habitantes e maior incidência na primeira e sétimas

décadas de vida. Em países desenvolvidos, a incidência anual é de aproximadamente 500 casos

para cada 100 mil habitantes, enquanto em países subdesenvolvidos os valores são mais

elevados, devido ao elevado número de lesões cerebrais e infecções (Mc Hugh et al., 2008)

A Epilepsia ou síndrome epiléptica é classificada como uma doença neurológica

crônica, caracterizada pela presença de crises epilépticas recorrentes e, podem ou não apresentar

episódios convulsivos. As manifestações clínicas variam de intensidade e incluem sintomas

motores, autônomos, sensitivos e psíquicos (Rossiñol et al., 2013). As crises epilépticas também

recebem o nome de manifestações ictais e, usualmente estão associadas às patologias

neuroquímicas ou estruturais do cérebro, que desestabilizam a atividade elétrica cerebral

através de descargas neuronais. As descargas neuronais podem ocorrer de forma subida, intensa

e desequilibrada (Mello, 2000).

Fatores genéticos, anomalias congênitas, alterações metabólicas e nutricionais,

infecções do sistema nervoso central, intoxicação, tumores, distúrbios vasculares, doenças

degenerativas, traumas, lesões do sistema nervoso ou ainda causas idiopáticas são algumas das

causas para o surgimento da epilepsia (Porter, 1987).

As epilepsias são classificadas como idiopática (ou primária), devido ao fator genético

sem lesão cerebral estrutural ou sinal neurológico; sintomática quando é secundária a lesões

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cerebrais, e criptogênica, de base orgânica cuja etiologia não é identificada (Engel et al., 2001;

Berg et al., 2010).

A classificação da crise epiléptica é realizada de acordo com o local e área cerebral

envolvida, como áreas específicas, mais amplas e em alguns casos o cérebro como um todo.

Sinais e sintomas manifestados durante a crise, como alteração de consciência, dos movimentos

ou sensibilidade revelam a área cerebral acometida. (Fuentes et al., 2014).

É denominada como crise parcial (ou focal) a crise decorrente de um hemisfério cerebral

específico ou crise generalizada quando se origina de múltiplas áreas do córtex cerebral e

abrangem os dois hemisférios cerebrais simultaneamente. De acordo com o comprometimento

da consciência, as crises parciais são divididas em simples quando o indivíduo mantém resposta

a estímulos e, complexa quando não há comunicação com o meio externo (Engel et al., 2001).

As crises convulsivas podem ocorrer pela excitabilidade neuronal, falta de inibição ou

ambos. Como consequência das crises convulsivas, temos a morte neuronal por excitocidade e

reorganização celular do hipocampo, núcleos talâmicos e amigdala (Velasco-Ramírez et al.,

2013).

Observa-se em pacientes com epilepsia a prevalência de problemas de comportamento,

inadequação social, dificuldade de aprendizagem, consequências neurológicas, déficits

cognitivos e queda na qualidade de vida. Os déficits apresentados estão associados à causa e

idade de início dos sintomas, tipo, frequência e duração das crises, assim como a medicação

antiepiléptica utilizada (Souza-Oliveira et al., 2010). Crianças com início de epilepsia no

primeiro ano de vida apresentam predomínio em casos de déficits cognitivo (Cormack et al.,

2007; ILAE, 2003; Fisher et al., 2005).

De acordo com estudos epidemiológicos, a incidência e prevalência de portadores de

epilepsia aumentam com a idade, de forma que pacientes idosos apresentam epilepsia de duas

a três vezes mais do que jovens e crianças. Em idosos, a epilepsia está associada ao AVC, tumor

cerebral, demência e trauma. Em pacientes com demência, o impacto da epilepsia está

relacionado à frequência de crises, que aumenta o grau de comprometimento cognitivo e

funcional do indivíduo. Depressão, distúrbios de linguagem e perda de memória são

comorbidades observadas em pacientes com epilepsia. O uso de medicamento

anticonvulsivante tanto pode melhorar a capacidade cognitiva de pacientes com controle

adequado das crises, como pode prejudicar, devido ao efeito adverso dos medicamentos

(Caramelli et al., 2005).

Há alguns casos em que a epilepsia está associada à manifestação de

comprometimento cognitivo e demência, entretanto, o diagnóstico é de difícil execução.

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O comprometimento cognitivo em pacientes com epilepsia e demência pode ter

como causa anormalidades neurobiológicas, epilepsia de difícil controle e efeitos adversos dos

medicamentos utilizados para cessar as crises. A epilepsia associada à demência tem como

característica o aparecimento dos déficits cognitivos e déficits de memória (Caramelli et al.,

2005). As síndromes epilépticas são organizadas e nomeadas de acordo com a idade de início

das crises. As síndromes com aparecimento na infância e adolescência são divididas em

Epilepsia Rolândica, Epilepsia de Lobo Temporal na Infância e Epilepsia Mioclônica Juvenil.

As síndromes relacionadas à vida adulta são divididas em Epilepsia de Lobo Temporal,

Epilepsia de Lobo Frontal, Epilepsia de Lobo Parietal e Epilepsia de Lobo Occipital (Fuentes

et al., 2014).

O diagnóstico de epilepsia é fundamentalmente realizado através do histórico

clínico do paciente, histórico familiar, fatores precipitantes, gravidade e cronicidade das crises.

Exames clínico-neurológicos, como exames de neuroimagem e eletroencefalograma (EEG),

avaliação neuropsicológica e exames complementares auxiliam um diagnóstico completo e

seguro. Em alguns casos, resultados normais nos exames não excluem a possibilidade do

indivíduo de possuir epilepsia (Huck, 1984; Porter, 1987; Lv et al., 2014).

O estado de mal epiléptico (EME) é definido pela apresentação de crises epilépticas

repetidas de pouca duração de tempo, sem recuperação da consciência, ou prolongadas, com

duração maior ou igual a trinta minutos. O EME pode ser observado em indivíduos com ou sem

história prévia de epilepsia. Interrupção do uso de medicação antiepilépticas, intoxicação

medicamentosa, alterações metabólicas e lesões estruturais são tidas como causas de EME. É

fundamental ao diagnóstico a realização do exame EEG, assim como o início do tratamento, de

forma a evitar uma possível lesão neuronal e consequentemente sequelas (Garzon, 2008).

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1.3 PROMOÇÃO DE SAÚDE (RASTREIO)

Demência

Ao longo do processo de envelhecimento humano ocorrem alterações tanto no sistema

nervoso periférico (SNP) quanto no sistema nervoso central (SNC), capazes de modificar o

funcionamento dos sistemas sensoriais e motores, emocionais e cognitivos, como no caso da

demência. Algumas habilidades cognitivas e motoras sofrem mudanças importantes, ainda que

não afetem impreterivelmente a rotina dos pacientes e seus familiares (Silva et al., 2008;

Caramelli et al., 2002).

O diagnóstico de demência é caracterizado pela diminuição global das funções

cognitivas, principalmente no declínio da memória associado a outras funções corticais

superiores, como linguagem, praxia, capacidade de identificar e reconhecer objetos, abstração,

organização, capacidade de planejamento e sequenciamento (Caramelli et al., 2002). Esta

síndrome de declínio cognitivo comportamental se manifesta pelo comprometimento de pelo

menos duas funções mentais, de forma grave, comprometendo a autonomia e realização das

atividades de vida diária do paciente. A demência ocorre apenas em déficits adquiridos não

associados a problemas do desenvolvimento, como no caso do retardo mental. No caso de

alteração do nível de consciência, como no delirium, o estado confusional também é uma

condição para o diagnóstico de demência (McKhann et al., 2011).

As doenças neurodegenerativas são as principais causas de demência. Os tipos mais

frequentes de demência são doença de Alzheimer (DA), demência vascular (DV), demência

com corpos de Lewy (DCL) e demência frontotemporal (DFT) (Caramelli et al., 2002). A

demência também ocorre secundariamente como resultado de processos infecciosos,

metabólicos e estruturais (Kalaria et al., 2008).

É essencial a inclusão da avaliação neuropsicológica das funções cognitivas e

comportamentais em indivíduos com quadro demencial, tanto para o reconhecimento e

mensuração dos déficits cognitivos, quanto para o diagnóstico diferencial e elaboração de

tratamento e acompanhamento da evolução dos sintomas de demência, devido a intensidade

que os déficits interferem na vida social e profissional do paciente (Caramelli et al., 2002; Souza

et al., 2014). A análise conjunta dos dados de história clínica, avaliação neuropsicológica e

exames complementares resultarão no diagnóstico correto e preciso, assim como melhor

assistência terapêutica ao paciente e sua família (Souza et al., 2014).

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1.4 MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM)

O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) tornou-se um importante instrumento para o

rastreio (screening) de comprometimento cognitivo de indivíduos com sintomas de demência

(Folstein, 1975). O MEEM visa avaliar clinicamente de forma rápida e prática possíveis

declínios cognitivos nos campos de atenção; linguagem; evocação imediata e tardia de palavras;

orientação temporal e espacial, como também construção visual e espacial (Chaves &

Izquierdo,1992).

O instrumento MEEM é fidedigno quanto ao rastreio de comprometimento cognitivo,

acompanhamento e evolução de quadros demenciais, além de conduzir o processo de

reabilitação, entretanto, não pode ser utilizado como instrumento de diagnóstico clínico de

demência (Kochhann, Varela, Lisboa & Chaves, 2010). Como instrumento de pesquisa é

utilizado na investigação de patologias demenciais diversas ou em indivíduos saudáveis,

incorporado às baterias neuropsicológicas. (Brucki et al., 2003; Laks, Baptista, Contino, Paula

et al., 2007). Dentre os diversos estudos realizados com amostras neurológicas, o uso do MEEM

tem sido relatado em pesquisas com grupos de pacientes portadores de Alzheimer (Godefroy et

al., 2011), Parkinson (Mamikonyan et al., 2009), demência fronto temporal (Burke et al., 2011),

AVC (Schweizer, Al-Khindi et al., 2012; Godefroy et al., 2011) e TCE (Luukinen et al., 2005).

O MEEM avalia funções cognitivas específicas, composto por questões agrupadas em

onze categorias, como a orientação temporal (5 pontos), orientação espacial (5 pontos),

memória imediata (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), memória de evocação (3 pontos),

nomeação (2 pontos), repetição (1 ponto), comando (3 pontos), leitura (1 ponto), frase (1 ponto),

e cópia do desenho (1 ponto). O escore do MEEM pode variar de um mínimo de 0 pontos,

indicativo de maior grau de comprometimento cognitivo, até o máximo de 30 pontos, que

corresponde a uma melhor capacidade cognitiva. O instrumento pode ser administrado

rapidamente, por cerca de 10 a 15 minutos, inclusive para profissionais não médicos. O ponto

de corte é de aproximadamente 24 pontos (Folstein et al., 1975; Tombaugh et al., 1992;

Bertolucci et al., 1994). No Brasil, Brucki e colaboradores (2003) observaram que o escore total

no instrumento MEEM variava de acordo com o nível educacional do indivíduo. Segundo

Tombaugh e Mclntyre (1992), o instrumento possui boa consistência interna e confiabilidade

teste-reteste.

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JUSTIFICATIVA

2. Justificativa

Em Angola, África, é notória a escassez de instrumentos padronizados no campo da

Neuropsicologia, e, adequados à realidade da população angolana. É observada também em

Angola, a escassez de instrumentos específicos capazes de detectar declínio cognitivo e

rastreamento de quadros demenciais em pacientes adultos, com AVC e/ou Epilepsia. Desta

forma, dá-se como necessário o uso de um instrumento preciso, que apresente evidências de

validade e que fosse adequado a seu contexto de aplicação.

O presente estudo foi desenvolvido no Serviço de Neurologia do Hospital Américo

Boavida e na Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN), ambos

localizados em Luanda, Angola. Como finalidade, oferecer à comunidade acadêmica e aos

profissionais da área de saúde um instrumento com propriedades métricas adequadas, adaptado

avaliado de acordo com o contexto cultural em que será aplicado.

E ainda, consideramos que:

A adaptação do teste MEEM para o português de Angola é adequada à cultura angolana,

tendo validade de seu conteúdo para a utilização em indivíduos adultos e idosos;

O teste MEEM aplicado na população angolana apresenta propriedades psicométricas

semelhantes às da versão brasileira.

Adultos angolanos com diagnóstico clínico de AVC e/ou Epilepsia apresentam pior

desempenho cognitivo no teste MEEM quando comparados à controles saudáveis.

Finalmente, é importante mencionar alguns pressupostos que organizam este estudo clínico

– acadêmico e que por serem pressupostos estão presentes na justificativa do estudo.

1) A centralidade do MEEM está no potencial individual e não no diagnóstico clínico

derivada da especialidade avaliada. Ao avaliar várias dimensões do comprometimento

cognitivo dos pacientes, o MEEM aponta para uma abordagem multidisciplinar do

paciente e para uma interface com seus cuidadores, deslocando do especialista a

responsabilidade de uma única decisão sobre a terapêutica do paciente.

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2) Favorece a reorganização dos protocolos dos serviços. A perspectiva de um

rastreamento multidimensional dos pacientes permite aos serviços de saúde a opção

pela integração das expertises dos profissionais de saúde que integram suas equipes

ampliando o processo colaborativo entre estes.

3) Agrega um diagnóstico de rede social dos indivíduos. Particularmente em Angola, onde

coexistem várias etnias. É importante em situações de multiculturalidade, que os

diagnósticos neuropsicológicos respeitem as várias culturas e redes sociais que as

integram.

4) Dá elementos aos gestores, para a organização dos recursos financeiros e dos espaços

físicos e para a contratação de profissionais para os serviços de saúde.

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OBJETIVO

3. Objetivos

O presente estudo tem como objetivo principal:

1. Avaliar o instrumento MEEM em população adulta de Angola, África

Como objetivos secundários, pretende-se:

1. Avaliar o desempenho cognitivo de adultos angolanos com diagnóstico clínico de

AVC e/ou Epilepsia através do teste MEEM, mediante escore padronizado;

2. Comparar o desempenho cognitivo de adultos angolanos com um grupo de adultos,

supostamente saudáveis, através do teste MEEM.

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MÉTODO

4. Método

Desenho do estudo

Trata-se de estudo clínico- epidemiológico comparado, com análise discriminante de

acordo com o grupo populacional a que o paciente pertence.

Grupo 1 – caso: pacientes com AVC.

Grupo 2 – caso: pacientes com Epilepsia.

Grupo 3 – controle: estudantes supostamente saudáveis.

Adaptações do instrumento MEEM

O MEEM tornou-se um importante instrumento para o rastreio de comprometimento

cognitivo de indivíduos com sintomas de demência (Folstein, 1975).

Inicialmente, o MEEM foi proposto por Folstein (1975) na língua inglesa, tendo sua

versão em português elaborada por Bertolucci e seus colaboradores (1994) e melhor adaptada

para a realidade brasileira por Brucki e seus colaboradores no ano de 2003. Entretanto, não há

uma versão para a cultura e língua portuguesa utilizada em Angola, África. Desta forma, faz-se

necessária a adaptação transcultural e validade discriminante do MEEM para aplicação na

população angolana.

4.1 ADAPTAÇÃO SEMÂNTICA

O processo de adaptação transcultural envolve a tradução, adequação e/ou ajuste de

palavras, assim como expressões e formato da versão original do instrumento utilizado. Desta

maneira, assegura que o instrumento possa ser utilizado em outro contexto cultural, sem

comprometer os resultados obtidos, desde que haja equidade entre a versão original e a versão

adaptada.

O presente estudo partiu da versão adaptada por Brucki e colaboradores (2003), para

fazer as modificações de alguns itens a fim de adaptar a versão em português de uso no Brasil

para a cultura e língua portuguesa angolana. A aplicação do MEEM foi realizada de acordo

com as instruções originais, exceto pelas seguintes modificações: no subteste Orientação

Espacial as perguntas originais “estado”, “cidade” e “bairro” foram substituídas por

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“província”, “cidade” e “comunas”; no subteste Linguagem o objeto “caneta” foi substituído

por “lapiseira”.

Etapa 1 : Abordagem conceitual

A primeira etapa da adaptação semântica prendeu-se à uma análise conceitual qual seja:

No processo de tradução avaliou-se a um julgamento de participação dos conceitos adotados

no instrumento original. Neste item, 3 pesquisadores , com experiência no Brasil com o uso da

escala MEEM, foram mobilizados e definiram item a item, pergunta a pergunta em cada um

dos conceitos.

Entretanto, por se tratar de um instrumento já existente na língua portuguesa utilizada

por ambos os países, Brasil e Angola, não foi necessária a realização da etapa de tradução.

Etapa 2: Retrotradução

Ainda como parte do processo de adaptação semântica, os pesquisadores conferiram a

necessidade do instrumento MEEM ser submetido a um processo de retrotradução.

No processo de retrotradução, é avaliada a equivalência dos itens investigados quanto a

adequação de cada item do instrumento original, relacionando-os à capacidade de representar

as mesmas informações na população onde o instrumento será utilizado.

Entretanto, por se tratar de um instrumento já existente na língua portuguesa utilizada

por ambos os países, Brasil e Angola, não foi necessária a realização de um processo de

retrotradução.

Etapa 3: Equivalência Semântica

Fora realizada a análise da versão contendo o português de Angola, de forma a observar

se a versão final apresentava os mesmos significados de palavras e expressões existentes na

versão brasileira. Foram priorizados dois tópicos na análise linguística, sendo eles a análise

denotativa e conotativa (Ellis et al., 1989). A análise denotativa verificou o significado

referencial, específico de cada palavra, da versão referente ao português angolano em relação à

versão brasileira. Já na análise conotativa, verificou-se o significado geral das palavras da

versão original brasileira com a versão angolana.

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Etapa 4: Equivalência idiomática e equivalência cultural

Nesta etapa, foram avaliadas as palavras que sofreram poucas alterações ou as que foram

trocadas por palavras completamente diferentes, de modo a investigar se há o uso do mesmo

conceito de sentença em ambas as versões. Na sequência, avaliou-se a equivalência idiomática,

ou seja, as expressões coloquiais e próprias do idioma português angolano.

Quanto à equivalência cultural, fora averiguado se palavras e ou expressões utilizadas

na versão original brasileira do instrumento MEEM equivalem culturalmente à mesma

referência de cultura da versão angolana. Deste modo, fatores linguísticos e socioculturais

foram considerados na determinação da equivalência cultural.

Para que houvesse equivalência, avaliou-se na versão traduzida em relação à original

quanto à semântica (mesmo significado), conteúdo (itens relevantes), técnica (forma de coleta),

critério (mesma interpretação normativa) e conceitual (mesmo construto teórico) (Flaherty,

1987; Flaherty et al., 1988).

4.1.1 Análise Discriminante

O termo validade se refere à capacidade de um instrumento medir aquilo que se propõe

e seus conceitos, afirmando se o instrumento é válido de fato (Pasquali,1999). Na adaptação de

um instrumento, a análise estatística verificará as propriedades psicométricas, a fim de

averiguar se as características do instrumento original foram preservadas (Pasquali, 1996).

A análise discriminante trata da sensibilidade na capacidade de identificar o fenômeno

estudado na população em que ele de fato acontece e esta propriedade reflete na capacidade do

instrumento identificar aqueles indivíduos que não apresentam o fenômeno estudado (Campana

et al., 2009). Ao analisar estes fatores, é possível estabelecer a relação entre as características

da população estudada que as diferenciam entre presença ou não do fenômeno analisado

(Fletcher et al., 1996).

A análise discriminante examinou a capacidade do instrumento em discriminar as

populações diferentes, doentes e saudáveis, com o objetivo de verificar se as variáveis do teste

MEEM estabelecem um modelo discriminador de comprometimento cognitivo.

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4.2. ÁREA DE REFERÊNCIA E POPULAÇÃO DO ESTUDO

Foram incluídos neste estudo indivíduos acometidos por AVC (n=85) e/ou Epilepsia

(n=40) e controles saudáveis (n=87), com idade entre 20 e 65 anos de idade e com no mínimo

quatro anos de escolaridade formal. Seguiu-se a Metodologia de Brucki, entretanto, optou-se

por utilizar mínimo de 4 anos de escolaridade em toda a amostra.

Todos os pacientes avaliados estavam sob tratamento no Serviço de Neurologia do

Hospital Américo Boavida, em Luanda, capital de Angola, África.

Para a realização do presente estudo, fora realizada uma parceria institucional com o

Serviço de Neurologia do Hospital Américo Boavida, localizado ao norte da cidade de Luanda,

capital de Angola, África. O Serviço de Neurologia foi inaugurado no ano de 2010 e funciona

no 4º andar do Hospital Américo Boavida. O Hospital Américo Boavida é uma instituição da

rede pública, de nível nacional, voltado à prestação de cuidados médicos e de enfermagem em

nível terciário. No ano de 2015, entre os meses de janeiro a setembro, foram realizados cerca

de 55.846 atendimentos ambulatoriais e, 810 atendimentos a pacientes em regime de

internamento com diagnóstico clínico de AVC e/ou Epilepsia no Serviço de Neurologia.

Após o processo de adaptação do instrumento Mini Exame do Estado Mental, seguiu-

se a validação do mesmo, realizada em uma amostra de pacientes acometidos por AVC

isquêmico ou hemorrágico e/ou Epilepsia e controles saudáveis.

Os sujeitos convidados a participar do estudo foram escolhidos de forma aleatória. A

amostra do estudo incluiu pacientes do Hospital Américo Boavida, acometidos por AVC e/ou

Epilepsia e indivíduos controles saudáveis recrutados na Faculdade de Medicina da

Universidade Agostinho Neto (FMUAN), ambos localizados ao norte da cidade de Luanda,

capital de Angola, África. É importante salientar que todos os participantes convocados foram

recrutados no dia da avaliação e portanto, não houve desistência de participação. Os pacientes

foram recrutados no ambiente hospitalar, no mesmo dia de sua consulta na área de neurologia,

e os estudantes, em sua Universidade durante o período letivo.

4.2.1 Critérios de Inclusão

Pacientes

Neste estudo transversal, foram incluídos pacientes em atendimento regular no Serviço

de Neurologia do Hospital Américo Boavida, com diagnóstico clínico de AVC isquêmico ou

hemorrágico e/ou Epilepsia, idade entre 20 e 65 anos de idade e mínimo de quatro anos de

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escolaridade formal. Todos os pacientes autorizaram a participação no estudo através da

assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Anexo 1).

Os pacientes com diagnóstico clínico de AVC e/ou Epilepsia realizaram comprovação

de diagnóstico através de um exame clínico neurológico detalhada avaliação neuropsicológica,

por especialistas.

Grupo de comparação

Os sujeitos organizados como grupo de comparação, supostamente saudáveis, foram

recrutados na Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN), localizada

ao norte da cidade de Luanda, capital de Angola, África. Foram incluídos estudantes adultos

sem histórico de doenças neurológicas ou histórico psiquiátrico, voluntários, de ambos os sexos,

sem parentesco com os sujeitos do presente estudo, pareados com os pacientes do estudo por

idade e sexo.

Todos os controles saudáveis autorizaram a participação no estudo através da assinatura

do TCLE (Anexo 1).

4.2.2 Critérios de Exclusão

Pacientes

Foram excluídos do estudo os pacientes com deficiência motora grave, como

incapacidade de movimentação de membros superiores e/ou inferiores; pacientes acamados;

com perda auditiva significativa ou surdez; amaurose ou cegueira; indivíduos incapazes de

realizarem a testagem; portadores de AVC com sequela motora de membros superiores,

acamados ou disfásicos; em situação de delírio ou neoplasia maligna. Os pacientes que não

aceitaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foram descartados do estudo.

O critério de exclusão segundo a escolaridade teve como limite o mínimo de quatro anos

de educação formal.

Controles

Foram excluídos os estudantes com história de diagnóstico prévio de transtornos

neurológicos ou psiquiátricos. Controles saudáveis que não aceitaram assinar o Termo de

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Consentimento Livre e Esclarecido foram descartados do estudo. Cada um dos estudantes foi

submetido a uma avaliação pormemorizada por especialistas do HUAN.

4.3 PROCEDIMENTOS

Todos os pacientes do presente estudo foram encaminhados pelo médico neurologista

responsável do Serviço de Neurologia do Hospital Américo Boavida, no qual realizam

acompanhamento regular.

Os pacientes que participaram do estudo realizaram anteriormente um exame clínico

neurológico para obtenção de diagnóstico clínico com um profissional da área de neurologia,

no mesmo Serviço pelo qual foram encaminhados. Inicialmente, foi realizada a triagem dos

casos para o ingresso nos grupos de AVC e/ou Epilepsia. Dados de história clínica dos pacientes

foram verificados através da consulta dos prontuários médicos. Em sequência, um

neuropsicólogo pesquisador procedeu a coleta de dados sócio-demográficos (Anexo 2) e

avaliação neuropsicológica individualmente. Este procedimento foi autorizado pela parceria

estabelecida com o Serviço de Neurologia do Hospital Américo Boavida.

A avaliação neuropsicológica e coleta de dados foram realizadas de forma individual,

no decorrer de uma sessão com duração aproximada em duas horas. Durante a sessão foram

coletados os dados sócio-demográficos e aplicado o instrumento Mini Exame do Estado Mental

(MEEM).

Todos os participantes do grupo de controles saudáveis foram recrutados na Faculdade

de Medicina da Universidade Agostinho Neto (FMUAN) e, realizaram um encontro individual

com duração aproximada de duas horas. Durante o encontro, participaram de uma entrevista

estruturada (Anexo 2) para coleta de dados sócio-demográficos e aplicação do instrumento

MEEM.

Todos os participantes deste estudo foram avaliados com o mesmo instrumento, afim de

comparação entre os grupos.

Foi apresentado aos pacientes e controles saudáveis, interessados em participar do

presente estudo, um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A apresentação do

termo ocorreu antes do início da coleta de dados, sendo formalmente avaliado e assinado pelos

participantes do estudo. No documento TCLE estava apresentado resumidamente os objetivos

do estudo, procedimentos, sigilo quanto à identidade dos participantes, informação caso

houvesse desistência de participação do estudo, sem que o mesmo lhe trouxesse qualquer ônus.

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Este estudo teve a aprovação do Comitê de Ética (anexo V) e ocorreu durante o período

de 2013 a 2015. Cabe destacar que em Angola, não há a necessidade de aprovação de comitê

de ética para a realização de pesquisas. Para tanto, basta a aprovação do professor decano do

departamento. Nesse caso, do Prof. Dr. Santos Morais Nicolau (Anexo V).

4.4 INSTRUMENTOS

Os instrumentos estão divididos em duas partes: Entrevista estruturada para coleta de

dados sócio-demográficos e avaliação neuropsicológica.

Entrevista Estruturada

A entrevista estruturada contém informações sobre os dados sócio-demográgicos dos

pacientes e controles saudáveis, como identificação, sexo, idade, lateralidade, etnia,

escolaridade, estado civil e profissão. Como complemento, a entrevista estruturada aplicada nos

paciente contém informações adicionais, como diagnóstico clínico, deficiência física ou mental,

uso de medicação, abuso de substância, uso de álcool ou cigarro, ano e tempo de lesão (Anexo

II).

A entrevista estruturada foi aplicada pelo neuropsicólogo pesquisador no ambiente de

testagem.

Avaliação Neuropsicológica

Mini Exame do Estado Mental (MEEM) (Anexo III): Instrumento adaptado para o

Português Brasileiro por Brucki et al (2003), utilizado para rastreio e triagem de

comprometimento cognitivo, de modo a avaliar o funcionamento cognitivo global do indivíduo.

Entretanto, o MEEM não pode ser utilizado para diagnosticar demência. Composto por um

questionário e problemas simples, o MEEM avalia as funções: atenção, orientação temporo-

espacial, cálculo, memória a curto prazo, linguagem (capacidade de decodificação verbal) e

escrita. O escore do MEEM varia de um mínimo de zero pontos, que indica maior grau de

comprometimento cognitivo do indivíduo, até um total máximo de trinta pontos, que

corresponde a uma capacidade cognitiva melhor.

Para o presente estudo, realizou-se a adaptação da versão brasileira do instrumento

MEEM para uso na população adulta de Angola, África. (Brucki et al., 2003) (Anexo IV).

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39

4.5 ASPECTOS ÉTICOS

O presente estudo foi avaliado e aprovado pela direção pedagógica da Faculdade de

Medicina da Universidade Agostinho Neto. O comprovante referente à aprovação encontra-se

no Anexo 5.

Foi adotado um modelo único de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

(Anexo 1). Pacientes e controles saudáveis, após os esclarecimentos a cerca do estudo,

assinaram o TCLE consentindo sua participação na pesquisa.

Todos os procedimentos foram autorizados pela parceria estabelecida com o Serviço de

Neurologia do Hospital Américo Boavida e Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho

Neto. Todos os participantes do estudo foram assegurados a respeito dos aspectos éticos,

confidencialidade da identidade dos participantes, desistência de participação a qualquer

momento da pesquisa, procedimentos e ausência de ônus por participação.

4.6 COLETA DE DADOS Após a aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa, fez-se o contato com o

diretor do Serviço de Neurologia do Hospital Américo Boavida e da Faculdade de Medicina da

Universidade Agostinho Neto (FMUAN), afim de estabelecer o interesse e a possibilidade de

colaborar com a pesquisa. Após a aprovação das instituições, passou-se ao contato direto com

os pacientes e controles saudáveis. O pesquisador agendou as avaliações com os participantes,

de modo individual, os assegurando sobre o processo de avaliação e TCLE. As avaliações

ocorreram em local reservado, apropriado para a atividade. O processo de coleta de dados

ocorreu durante o ano de 2015, sendo concluído no mês de dezembro do referido ano.

O processo de coleta de dados foi realizado pelo pesquisador em parceria com

Geovana Marques Morais, estudante de pós graduação, qualificada como pesquisadora auxiliar

após treinamento e avaliação do docente responsável. Este colaborador ficou responsável pela

coleta de dados no hospital/faculdade, enquanto o doutorando ficou encarregado de cuidar dos

contatos dos participantes e coordenadores das instituições, coleta de dados, entre outras

funções de maior complexidade da pesquisa.

O instrumento de avaliação neuropsicológica MEEM foi aplicado e avaliado conforme

seus padrões técnicos, descrito em seu manual. Foram utilizados os referenciais normativos

descritos por Brucki e seus colaboradores (2003).

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40

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Desde outubro de 2015, foi elaborado um banco de dados computadorizado em uma

planilha do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS for Windows 20.0), que

permitiu o registro sistemático dos dados encontrados na entrevista e no teste MEEM. O banco

de dados foi elaborado através das variáveis sócio-demográficas e resultados obtidos no teste

MEEM.

Após finalizada a digitação dos dados de entrevista e teste MEEM, o banco de dados foi

submetido a uma análise de consistência por pesquisadores brasileiros com experiência neste

tipo de análise e só depois corrigidos os dados excepcionais, torou-se possível a análise

definitiva do banco de dados para este trabalho acadêmico, dando-se início às análises

estatísticas.

Dados descritivos, como média, frequência e desvio padrão foram calculados para os

dados demográficos de toda a amostra através de análise descritiva. As amostras independentes

para variáveis não paramétricas foram analisadas por Mann-Whitney para obtenção de

mediana. Dados de consistência interna do MEEM de toda a amostra foram analisados por α de

Cronbach (Cronbach, 1951). O nível de significância estatística adotado no estudo foi de

p<0,05, em um intervalo de confiança de 95%.

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41

RESULTADOS

5. Resultados

Todos os sujeitos convocados realizaram a aplicação do instrumento de rastreio

cognitive MEEM. Dados da amostra, entre portadores de Epilepsia / AVC e controles saudáveis

encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1 - Caracterização clínico-epidemiológica de portadores de Epilepsia da amostra

(N=40)

Média Desvio – padrão

Idade

Escolaridade

Tempo Lesão (em meses)

34.38

8.88

18.00

13.192

2.85

5.14

Frequência Porcentagem(%)

Cor da pele

Negro

Pardo

Sexo

Masculino

Feminino

Estado Civil

Solteiro

Casado

Divorciado

Tipo de Epilepsia

Generalizada

Criptogênica

Focal Parcial

Comorbidade

Diabetes Melitus

Ausente

Uso de álcool

Sim

Não

33

07

26

14

26

12

02

19

11

10

02

38

03

47

82.5

17.5

65.0

35.0

65.0

30.0

05.0

47.5

27.5

25.0

05.0

95.0

7.5

92.5

A amostra de portadores de Epilepsia foi composta por 26 homens (65%) e 14 mulheres

(35%), com idade media de 34,8 anos (DP 13.19), com 8,88 anos de escolaridade formal (DP

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42

2.85). Para a variável estado civil, constaram 65% solteiros, 30% casados e 5% divorciados.

Observou-se o total de 82,5% sujeitos negros e 17,5% pardos. Entre os tipos de Epilepsia, 19

(47,5%) apresentaram Epilepsia Generalizada, 11 (27,5%) Criptogênica e 10 (25%) Focal

Parcial, tendo 02 indivíduos (5%) com diabetes melitus e 3 indivíduos (7,5%) que realizavam

o uso de álcool.

Tabela 2 - Caracterização clínico-epidemiológica dos portadores de Acidente Vascular

Cerebral (AVC) da amostra (N=85)

Média Desvio – padrão

Idade

Escolaridade

Tempo Lesão (em meses)

44.42

7.52

4.96

14.09

3.038

2.265

Frequência Porcentagem(%)

Cor da pele

Negro

Pardo

Sexo

Masculino

Feminino

Estado Civil

Solteiro

Casado

Divorciado

Tipo de AVC

Hemorrágico

Isquêmico

Comorbidade

Diabetes Melitus

Hipertensão

Alcoolista

Ausente

Uso de álcool

Sim

Não

79

06

39

46

45

31

09

18

67

17

29

03

36

15

70

92.9

7.1

45.9

54.1

52.9

36.5

10.6

21.2

78.8

20.0

34.1

3.5

42.4

17.6

82.4

A amostra de portadores de AVC foi composta por 39 homens (45,9%) e 46 mulheres

(54,1%), com idade media de 44,42 anos (DP 14.09), com 7,52 anos de escolaridade formal

(DP 3.038). Para a variável estado civil, constaram 52,9% solteiros, 36,5% casados e 10,6%

divorciados. Observou-se o total de 92,9% sujeitos negros e 7,1% pardos.

25

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43

Entre os tipos de AVC, 18 (21,2%) apresentaram AVC Hemorrágico e 67 (78,8%) AVC

Isquêmico, tendo 17 indivíduos (20%) com diabetes melitus, 29 (34,1%) com Hipertensão, 3

(3,5%) Alcoolistas, 36 (42,4%) ausências de comorbidade e 15 indivíduos (17,6%) que

realizavam o uso de álcool.

Tabela 3 - Caracterização clínico-epidemiológica do Grupo Saudáveis da amostra (N=87)

Média Desvio – padrão

Idade

Escolaridade

Tempo Lesão (em meses)

26.84

15.05

0

5.801

.480

0

Frequência Porcentagem(%)

Cor da pele

Negro

Pardo

Sexo

Masculino

Feminino

Estado Civil

Solteiro

Casado

Divorciado

Uso de álcool

Sim

Não

78

09

42

45

77

10

0

24

63

89.7

10.3

48.3

51.7

88.5

11.5

0

27.6

72.4

A amostra dos controles saudáveis foi composta por 42 homens (48,3%) e 45 mulheres

(51,7%), com idade media de 26,84 anos (DP 5,81), com 15,05 anos de escolaridade formal

(DP .48). Para a variável estado civil, constaram 88,5% solteiros, 11,5% casados e 0%

divorciados. Observou-se o total de 89,7% sujeitos negros e 10,3% pardos. Não foram

encontradas comorbidades,, entretanto, 24 indivíduos (27,6%) que realizavam o uso de álcool.

27

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44

Tabela 4 – Distribuição de consistência interna, valores do alfa de Cronbach, segundo

grupo de comparação

Versão

original

brasileira

Lourenço e

colaborado

-res

Geral

(AVC/Epilepsia

/Controles

Saudáveis

AVC +

Epilepsia

AVC Epilepsia

Controles

Saudáveis

α de

Cronbach 0,71 ,736 ,684 ,688 ,655 ,526

A consistência interna do instrumento, avaliada pelo coeficiente α de Cronbach, foi

considerada moderada para a amostra geral (0,736), baixa para os demais grupos

AVC+Epilepsia (0,684), AVC (0,688) e Epilepsia (0,655), sendo considera muito baixa para o

grupo de controles saudáveis (0,526). Foi encontrado o valor 0,71 de α de Cronbach na versão

original brasileira de Lourenço e seus colaboradores.

Cabe descrever sobre os valores da confiabilidade dos diversos grupos (Tabela 4). A

começar pelo grupo de comparação, como esperado o MEEM mostrou pouca capacidade de

identificação de sequelas neuropsicológicas ante os participantes do grupo de estudantes,

supostamente saudáveis. Este estado está em acordo com os dados clínico-epidemiológicos que

norteiam a comparação do grupo: grande variabilidade de resultados e baixa/nenhuma

especificidade neuropsicológica.

Em relação aos demais grupos, os resultados dos alfa de Cronbach mostram-se no limite

de aceitabilidade como instrumento de rastreamento de déficits cognitivos. Cabendo nestes

dados, uma decisão específica caso a caso sobre a presença ou não do comprometimento

intelectual do paciente.

28

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45

Tabela 5 – Comparação de mediana das variáveis do MEEM do Grupo Saudáveis VS

Doentes (Epilepsia+AVC)

MEEM Saudáveis (n=87)

Mediana (p25 – p75)

Doentes (n=125)

Mediana (p25 – p75) U* P

O. Espacial 5,0 (5,0 - 5,0) 4,0 (3,0 – 4,0) 521,50 P<0,0001

O. Temporal 5,0 (5,0 – 5,0) 4,0 (4,0 – 4,5) 1348,50 P<0,0001

Memória

Imediata 3,0 (3,0 – 3,0) 3,0 (3,0 – 3,0) 4306,50 P<0,0001

Atenção e

cálculo 5,0 (4,0 – 5,0) 4,0 (3,0 –4,0) 1586,50 P<0,0001

Memória de

Evocação 3,0 (2,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 3261,50 P<0,0001

Nomeação 2,0 (2,0 – 2,0) 2,0 (2,0 – 2,0) 4219,50 P<0,0001

Repetição 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 5307,00 P=0,0147

Comando 3,0 (3,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 2131,50 P<0,0001

Leitura 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 5394,50 P=0,0628

Frase 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 4350,00 P<0,0001

Desenho 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 4654,50 P<0,0001

Score TOTAL 29,0 (29,0 – 30,0) 25,0 (22,0– 26,0) 90,50 P<0,0001

* Teste de Mann-Whitney

Nota: Em negrito estão os valores de p considerados significativos

Na comparação de medianas da performance entre o grupo de controles saudáveis e o

grupo total de doentes pode-se observar melhor performance dos controles saudáveis sobre os

doentes em todas as variáveis que compõem o MEEM.

É importante comentar os níveis de significância p<0,05, nos valores das tabelas 5,6 e

7. Em muitas situações para muitas variáveis, agem dos valores da mediana e do intervalo P25-

P75 seriam semelhantes e até mesmo iguais, o p de Mann-Whitney apresenta-se fortemente

significativo.

Na realidade o pesquisador interpreta que a distribuição U organiza e compara dados

não paramétricos e no caso deste trabalho, dados ordinais de baixa variabilidade escalar (0,05),

29

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em todas as amostras independentes (DoentesXDoentes, Tabela 5; SaudáveisXEpilepsia,

Tabela 6; e SaudáveisXAVC, tabela 7).

As condições identificadas pelos p≤0,05, apontam a distribuição dos valores verificados

pelo teste com diferenças significativas, apesar do pouco N de cada grupo avaliado.

Tabela 6 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do Grupo Saudáveis VS

Epilepsia.

MEEM Saudáveis (n=87)

Mediana (p25 – p75)

Epilepsia (n=40)

Mediana (p25 – p75) U* P

O. Espacial 5,0 (5,0 - 5,0) 4,0 (4,0 – 4,0) 191,00 P<0,0001

O. Temporal 5,0 (5,0 – 5,0) 4,0 (4,0 – 5,0) 783,00 P<0,0001

Memória

Imediata 3,0 (3,0 – 3,0) 3,0 (3,0 – 3,0) 1435,50 P<0,0001

Atenção e

cálculo 5,0 (4,0 – 5,0) 4,0 (3,0 –4,0) 597,50 P<0,0001

Memória de

Evocação 3,0 (2,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 2,75) 977,50 P<0,0001

Nomeação 2,0 (2,0 – 2,0) 2,0 (2,0 – 2,0) 1392,00 P<0,0001

Repetição 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 1653,00 P=0,036

Comando 3,0 (3,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 826,50 P<0,0001

Leitura 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 1696,50 P=0,0140

Frase 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 1522,50 P<0,0001

Desenho 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 1566,00 P=0,0003

Score TOTAL 29,0 (29,0 – 30,0) 26,0 (24,0– 26,0) 55,00 P<0,0001

* Teste de Mann-Whitney

Nota: Em negrito estão os valores de p considerados significativos

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47

Na comparação de medianas da performance entre o grupo de controles saudáveis e o

grupo de Epilepsia, pode-se observer melhor performance dos controles saudáveis sobre os

portadores de Epilepsia em todos os itens que compõem o MEEM.

Tabela 7 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do Grupo Saudáveis VS

AVC.

MEEM Saudáveis (n=87)

Mediana (p25 – p75)

AVC (n=85)

Mediana (p25 – p75) U* P

O. Espacial 5,0 (5,0 - 5,0) 4,0 (3,0 – 4,0) 330,50 P<0,0001

O. Temporal 5,0 (5,0 – 5,0) 4,0 (3,0 – 4,0) 565,50 P<0,0001

Memória

Imediata 3,0 (3,0 – 3,0) 3,0 (3,0 – 3,0) 2871,50 P<0,0001

Atenção e

cálculo 5,0 (4,0 – 5,0) 4,0 (3,0 –4,0) 989,00 P<0,0001

Memória de

Evocação 3,0 (2,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 2284,00 P<0,0001

Nomeação 2,0 (2,0 – 2,0) 2,0 (2,0 – 2,0) 2827,50 P<0,0001

Repetição 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 3654,00 P=0,0312

Comando 3,0 (3,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 1305,00 P<0,0001

Leitura 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 3697,50 P=1,0000

Frase 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 2827,50 P<0,0001

Desenho 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 3088,50 P<0,0001

Score TOTAL 29,0 (29,0 – 30,0) 24,0 (22,0– 25,0) 35,50 P<0,0001

* Teste de Mann-Whitney

Nota: Em negrito estão os valores de p considerados significativos

Na comparação de medianas da performance entre o grupo de controles saudáveis e o

grupo de AVC, pode-se observar melhor performance dos controles saudáveis sobre os

portadores de AVC em todas as variáveis que compõem o MEEM

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Tabela 8 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do grupo Epilepsia VS AVC.

MEEM EPI (n=87)

Mediana (p25 – p75)

AVC (n=85)

Mediana (p25 – p75) U* p

O. Espacial 4,0 (4,0 – 4,0) 4,0 (3,0 – 4,0) 1286,00 P=0,0012

O. Temporal 4,0 (4,0 – 5,0) 4,0 (3,0 – 4,0) 1021,00 P<0,0001

Memória

Imediata 3,0 (3,0 – 3,0) 3,0 (3,0 – 3,0) 1617,50 P=0,0535

Atenção e

cálculo 4,0 (3,0 –4,0) 4,0 (3,0 –4,0) 1464,00 P=0,0179

Memória de

Evocação 2,0 (2,0 – 2,75) 2,0 (2,0 – 3,0) 1567,50 P=0,0404

Nomeação 2,0 (2,0 – 2,0) 2,0 (2,0 – 2,0) 1640,00 P=0,0660

Repetição 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 1635,50 P=0,0194

Comando 2,0 (2,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 1520,00 P=0,0263

Leitura 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 1658,00 P=0,0402

Frase 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 1512,50 P=0,0152

Desenho 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 1590,00 P=0,0338

Score TOTAL 26,0 (24,0– 26,0) 24,0 (22,0– 25,0) 1160,50 P=0,0004

* Teste de Mann-Whitney

Nota: Em negrito estão os valores de p considerados significativos

Na comparação de medianas da performance intragrupo da amostra de doentes, ou seja,

comparação entre pacientes com Epilepsia e AVC cerebral, revelou que o grupo com AVC teve

pior desempenho sobre o grupo de Epilepsia em todos os itens que compõem o MEEM.

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Tabela 9 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do grupo Epilepsia

Generalizada VS Epilepsia Focal

MEEM EPI G (n=19)

Mediana (p25 – p75)

EPI F (n=21)

Mediana (p25 – p75) U* P

O. Espacial 4,0 (4,0 - 4,0) 4,0 (4,0 – 4,0) 198,50 P=0,0971

O. Temporal 4,0 (4,0 – 5,0) 5,0 (4,0 – 5,0) 169,50 P=0,0359

Memória

Imediata 3,0 (3,0 – 3,0) 3,0 (3,0 – 3,0) 186,00 P=0,0579

Atenção e

cálculo 4,0 (3,0 – 4,0) 4,0 (3,0 –4,0) 190,00 P=0,0776

Memória de

Evocação 2,0 (2,0 – 2,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 144,50 P=0,0083

Nomeação 2,0 (2,0 – 2,0) 2,0 (2,0 – 2,0) 195,50 P=0,0876

Repetição 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 198,50 P=0,0943

Comando 2,0 (2,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 193,50 P=0,0853

Leitura 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 189,00 P=0,0293

Frase 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 172,00 P=0,0194

Desenho 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 197,50 P=0,0917

Score TOTAL 25,0 (24,0 – 26,0) 26,0 (23,5– 26,0) 171,50 P=0,0436

* Teste de Mann-Whitney

Nota: Em negrito estão os valores de p considerados significativos

Na comparação de medianas da performance entre o grupo Epilepsia Generalizada e o

grupo Epilepsia Focal, pode-se observar que não houve diferença significativa entre os dois

subgrupos em nenhuma variável do MEEM.

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Tabela 10 - Comparação de mediana das variáveis do MEEM do grupo AVC Isquêmico

VS AVC Hemorrágico

MEEM AVC I (n=67)

Mediana (p25 – p75)

AVC H (n=18)

Mediana (p25 – p75) U* P

O. Espacial 4,0 (3,0 - 4,0) 4,0 (2,75 – 4,0) 552,00 P=0,0546

O. Temporal 4,0 (4,0 – 4,0) 3,0 (3,0 – 4,0) 500,50 P=0,0213

Memória

Imediata 3,0 (2,0 – 3,0) 3,0 (3,0 – 3,0) 517,00 P=0,0200

Atenção e

cálculo 4,0 (3,0 – 4,0) 4,0 (3,0 –4,0) 576,00 P=0,0756

Memória de

Evocação 2,0 (2,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 564,50 P=0,0618

Nomeação 2,0 (1,0 – 2,0) 2,0 (2,0 – 2,0) 508,00 P=0,0164

Repetição 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 569,50 P=0,0054

Comando 2,0 (2,0 – 3,0) 2,0 (2,0 – 3,0) 545,50 P=0,0455

Leitura 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 561,00 P=0,0085

Frase 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 570,50 P=0,0634

Desenho 1,0 (1,0 – 1,0) 1,0 (1,0 – 1,0) 559,00 P=0,0461

Score TOTAL 24,0 (22,0 – 25,0) 24,0 (21,75– 25,0) 565,00 P=0,0679

* Teste de Mann-Whitney

Nota: Em negrito estão os valores de p considerados significativos

Na comparação de medianas da performance entre o grupo AVC Hemorrágico e o grupo

AVC Isquêmico, pode-se observar que não houve diferença significativa entre os dois

subgrupos em nenhuma variável do MEEM.

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51

Tabela 11 - Comparação de mediana e média das variáveis do MEEM das amostras totais

de Brucki e Luemba

MEEM Brucki (n=185)

Mediana (p25 – p75)

Brucki

(n=185)

Média (SD)

Luemba

(n=212)

Mediana (p25 – p75)

Luemba

(n=212)

Media (SD)

O. Espacial 5,0 (2,0 - 5,0) 4,69 (0,60) 4,0 (4,0 – 5,0) 4,24 (0,83)

O. Temporal 5,0 (3,0 – 5,0) 4,77 (0,51) 5,0 (4,0 – 5,0) 4,42 (0,74)

Memória

Imediata 3,0 (2,0 – 3,0) 2,99 (0,07) 3,0 (3,0 – 3,0) 2,88 (0,32)

Atenção e

cálculo 3,0 (0,0 – 5,0) 2,65 (1,77) 4,0 (3,0 –5,0) 4,01 (0,93)

Memória de

Evocação 2,0 (0,0 – 3,0) 2,09 (0,88) 2,0 (2,0 – 3,0) 2,38 (0,57)

Nomeação 2,0 (1,0 – 2,0) 1,99 (0,10) 2,0 (2,0 – 2,0) 1,87 (0,33)

Repetição 1,0 (0,0 – 1,0) 0,94 (0,24) 1,0 (1,0 – 1,0) 0,99 (0,11)

Comando 3,0 (1,0 – 3,0) 2,85 (0,37) 3,0 (2,0 – 3,0) 2,64 (0,49)

Leitura 1,0 (0,0 – 1,0) 0,85 (0,36) 1,0 (1,0 – 1,0) 1,00 (0,11)

Frase 1,0 (0,0 – 1,0) 0,71 (0,45) 1,0 (1,0 – 1,0) 0,88 (0,32)

Desenho 1,0 (0,0 – 1,0) 0,65 (0,48) 1,0 (1,0 – 1,0) 0,92 (0,27)

Score TOTAL 25,00 (11,0 – 30,0) 24,63 (3,72) 26,00 (24,0-29,0) 26,23 (3,26)

Comparação de medias e medianas dos estudos realizados por Brucki e o presente

estudo, realizado por Martinho Luemba.

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DISCUSSÃO

6. Discussão

6.1 ASPECTOS METODOLÓGICOS Estudos brasileiros utilizaram em sua maioria amostras de ambos os sexos, idades

mistas, entre jovens de 15 anos a idosos de 60 anos ou mais, estado civil, escolaridade em torno

dos 5 anos de estudo (Melo et al., 2015)..

Entre os sujeitos da amostra que fizeram parte do estudo, os grupos AVC e Epilepsia

apresentaram características sociodemográficas relativamente homogêneas entre si, enquanto o

grupo de saudáveis apresentou características diferentes, como média de idade, escolaridade,

além da ausência de lesão cerebral adquirida. Os resultados sociodemográficos apresentados

pelo grupo AVC/Epilepsia, como idade e escolaridade refletem o perfil das amostras de outros

estudos sobre o tema rastreio cognitivo utilizando o instrumento MEEM. Na amostra angolana

encontramos a média de 34,38 anos de idade para portadores de Epilepsia, 44,42 anos para

AVC e 26,84 anos no grupo saudáveis. Já para nível de escolaridade, foram encontrados 8,88

anos para o grupo Epilepsia, 7,52 para AVC e 15,05 anos de escolaridano grupo de indivíduos

saudáveis.

Estudos indicam que a baixa escolaridade está relacionada com fatores de pobreza,

diminuição de condição socioeconômica, carência de serviços de saúde adequados e diminuição

das habilidades cognitivas (Brucki et al., 2010; Brucki et al., 2011), gerando um aumento do

fator de risco para demência (Aprahamian et al., 2011).

Quanto à distribuição do sexo da amostra, os dados obtidos revelaram que 65% dos

indivíduos do grupo Epilepsia são do sexo masculino, 54,1% do sexo feminino no grupo AVC

e 51,7% feminino no grupo saudáveis. Quando se trata de cor de pele, indivíduos negros são

majoritários em toda a amostra.

É importante salientar que doenças não transmissíveis (DNT) são as principais causas

de mortalidade prematura na África do Sul, com maior prevalência nas taxas de mortalidade

por AVC para indivíduos negros africanos, quando comparados a indivíduos pardos e asiáticos

(Reeves et al., 2008; Nojilana et al., 2016). A expectativa de vida para negros sul africanos

com DNT está abaixo da faixa de 60 anos de idade (Nojilana et al., 2016).

Dados como baixo nível econômico, estresse emocional, hipertensão arterial,

tabagismo, obesidade, alimentação inadequada ou deficitária, diabetes mellitus, dislipidemia,

inatividade física, ingestão de álcool e depressão são preditores ao risco de ocorrência e

mortalidade por AVC (O´Donnell et al., 2010; Lazzarino et al., 2013). Nos países em

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desenvolvimento, a morbidade e a mortalidade estão associadas à modificação de hábitos de

vida, envelhecimento populacional e maior prevalência de fatores de risco cardiovasculares

(O´Donnell et al., 2010). Sabe-se que em idosos a epilepsia está associada ao AVC, tumor

cerebral, traumas cerebrais e demência, com incidência e prevalência com o aumento da idade,

relacionado à frequência de crises, comprometimento cognitivo e funcional do indivíduo

(Caramelli et al., 2005).

Em vista disso, acreditamos que o instrumento MEEM promove subsídios para o

rastreio de comprometimentos cognitivos e melhor compreensão dos aspectos cognitivos

prejudicados decorrentes da lesão cerebral adquirida através do AVC e/ou Epilepsia. Por ser o

MEEM um instrumento de fácil aplicabilidade, em conjunto com outros tipos de medidas,

permite ao profissional da área de saúde investigar, acompanhar a evolução e monitorar doentes

com suspeita de demência, além de outras doenças específicas como o Alzheimer.

6.2 ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS

Pacientes portadores de AVC apresentaram pior desempenho em todos os subtestes do

instrumento MEEM (Score Total=24), quando comparados ao grupo Epilepsia (Score

Total=26) e Grupo Saudáveis (Score Total=29). O grupo Saudáveis obteve desempenho

superior aos grupos de doentes em todos os subtestes e pontuação total, de forma a caracterizar

o instrumento como válido para a diferenciação entre as características cognitivas de doenças

com comprometimento cognitivo e indivíduos saudáveis.

O AVC e a Epilepsia são consideradas doenças causadas por lesão cerebral adquirida e,

portanto, não transmissíveis, entretanto, se encaixam em doenças de quadros clínicos agudos.

Comprometimentos cognitivos são comuns após um trauma cerebral e, pacientes vítimas destas

sequelas frequentemente apresentam problemas de comportamento, inadequação social,

dificuldade de aprendizagem, consequências neurológicas, déficits cognitivos e queda na

qualidade de vida, necessitando de um plano de tratamento específico.

Dentre as DNT, as doenças cardiovasculares foram as principais causas de morte

encontradas na África, sendo o AVC a segunda doença que mais mata em todo o mundo

(O´Donnell et al., 2010). DNT simbolizam uma grande ameaça à população adulta africana,

como no caso da hipertensão. Na África Subsaariana casos de hipertensão são comuns devido

ao alto consumo de sal nos alimentos, sendo o risco à população referente ao aumento de

pressão arterial 13 vezes maior do que nos Estados Unidos da América. Dados indicam que

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cerca de 10 a 20 milhões de pessoas realizaram atendimento clínico devido à hipertensão na

África Subsaariana (Cappuccio et al., 2006). Hipertensão, doença aterial coronariana, obesidade

e diabetes mellitus aumentam o risco de demência e declínio cognitivo (Duron et al., 2008).

Doenças como AVC e Epilepsia estão constantemente associadas à manifestação de

comprometimentos cognitivos e demência, tendo como característica principal os déficits de

memória (Caramelli et al., 2005). Neste contexto, indivíduos acometidos por AVC manifestam

piores comprometimentos cognitivos do que aqueles com Epilepsia, independentemente da

manifestação da lesão por AVC hemorrágico ou isquêmico, devido à sua gravidade no contexto

clínico ser maior do que naqueles com Epilepsia.

Ao observarmos os dados referentes aos pacientes com Epilepsia, verificamos que

portadores de Epilepsia Generalizada apresentam pior desempenho no MEEM nos subtestes de

cópia da imagem e orientação temporal quando comparados aos pacientes com Epilepsia Focal.

Verificamos a diferença de desempenho entre Epilepsia Generalizada e Focal, devido à ampla

varredura cognitiva que o MEEM nos proporciona. Estes dados são resultado de déficits mais

amplos em portadores de Epilepsia Generalizada, quando comparados aos déficits focais,

proporcionais aos dados de lesão em pacientes portadores de Epilepsia Focal. Pacientes com

Epilepsia Generalizada apresentam piores resultados por possuírem mais déficits cognitivos.

6.3 ADAPTAÇÃO SEMÂNTICA E ANÁLISE DISCRIMINANTE DA VERSÃO EM

PORTUGUÊS DO INSTRUMENTO MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL

(MEEM) PARA A POPULAÇÃO ANGOLANA Atualmente, o instrumento MEEM é o teste de rastreio de comprometimento cognitivo

mais utilizado no mundo, individualmente ou como parte integrante em baterias de avaliação

neuropsicológica (Melo et al., 2015). Apesar do aumento de interesse nos estudos relacionados

ao perfil dos adultos acometidos por Epilepsia e/ou AVC associados aos sintomas de demência

na população angolana, não havia instrumentos específicos adaptados e validados para esta

população. Portanto, este estudo é o pioneiro no país, o primeiro a pesquisar os

comprometimentos cognitivos em pacientes adultos acometidos por Epilepsia e/ou AVC.

Devido à falta de instrumentos específicos para rastreio de comprometimento cognitivo

de indivíduos com sintomas de demência em Angola, África, fez se necessária a adaptação e

validação de instrumentos confiáveis já disponíveis no idioma português, como o MEEM. O

presente estudo trata-se de um estudo pioneiro em Angola, para obtenção da adaptação

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semântica e, o primeiro a realizar a avaliação discriminante acerca do MEEM. Para isto,

utilizou-se a versão brasileira adaptada de Brucki e seus colaboradores. Observando-se pelo

aspecto cultural, dificilmente se adota conceitos universais na validação do instrumento. Ainda

sim, são necessários estudos semelhantes ao realizado com o MEEM, visando a tradução,

adaptação e validação em outras culturas.

Neste estudo, não se fez necessária a realização da tradução e retrotradução do

instrumento MEEM para o português utilizado em Angola, por se tratar da mesma língua, o

português. Há muitos aspectos culturais e singulares dos indivíduos, sendo indicação de

desigualdade social. A escolaridade é um modo-indicador social e expressa em sua essência, os

direitos das pessoas de usufruírem os bens sociais, de uma determinada cultura. No Brasil, a

desigualdade mostra a insuficiência de oferta de qualidade e desarticulação dos subsiste,as de

educação técnica e de educação continuada. Fora realizada a adaptação do mesmo para a

cultura angolana e por final avaliada a validade discriminante da versão angolana. É importante

salientar que todo o processo de adaptação foi assistido rigorosamente quanto à sua

equivalência cultural (Flaherty, 1987; Flaherty et al., 1988; Ellis et al., 1989).

Fora realizada a análise da versão adaptada para o português de Angola, de forma a

observar se a versão final apresentava os mesmos significados de palavras e expressões

existentes na versão brasileira. Foram priorizados dois tópicos da análise linguística, a análise

denotativa e a conotativa (Ellis et al., 1989). Em seguida, foram avaliadas as palavras que

sofreram poucas alterações ou as que foram trocadas por palavras com significados diferentes,

de modo a investigar se há o uso do mesmo conceito de sentença em ambas as versões. Na

sequência, avaliou-se a equivalência idiomática, ou seja, as expressões coloquiais e próprias do

idioma português angolano. Deste modo, fatores linguísticos e socioculturais foram

considerados na determinação da equivalência cultural. Para que houvesse equivalência,

avaliou-se na versão traduzida em relação à original quanto à semântica, conteúdo, técnica,

critério e conceito (Flaherty, 1987; Flaherty et al., 1988).

O presente estudo considerou adequada a versão adaptada por Brucki e seus

colaboradores (2003), entretanto, fez-se necessária a modificação de alguns itens a fim de

adaptar a versão em português de uso no Brasil para a cultura e língua portuguesa angolana. A

aplicação do MEEM foi realizada de acordo com as instruções dos autores, exceto pelas

modificações: no subteste Orientação Espacial as perguntas originais “estado”, “cidade” e

“bairro” foram substituídas por “província”, “cidade” e “comuna”; no subteste Linguagem o

objeto “caneta” foi substituído por “lapiseira”. Foi necessário submeter algumas modificações,

pois, algumas palavras não pertencem à cultura angolana, como no caso das determinações

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territoriais chamadas de estado, cidade e bairro, equivalentes província, cidade e comuna, assim

como a palavra caneta que é pouco utilizada no vocabulário popular angolano. A palavra

“caneta” é pouco utilizada pela população angolana de menor renda, devido à cultura do país,

que desde a alfabetização utilizam apenas lápis, chamado de “lapiseira”, para escrever.

No presente estudo, encontramos dados que apontam desempenho significativamente

pior das funções cognitivas em pacientes acometidos por AVC quando comparados a pacientes

com Epilepsia e controles saudáveis, o que confirma a validade do instrumento MEEM, em

função das características apresentadas pela doença, sendo possível discriminar com clareza os

grupos AVC, Epilepsia e Controles Saudáveis.

6.4 DISCUSSÃO DO ESTUDO DE ANÁLISE DISCRIMINANTE E ADAPTAÇÃO

SEMÂNTICA Durante o processo de adaptação, observou-se que o nível cultural prévio dos sujeitos

constitui uma variável particular na realidade angolana, limitando a aplicação deste instrumento

na população geral. Para este estudo, exigiu-se o mínimo de 4 anos de escolaridade formal para

a obtenção de respostas confiáveis do MEEM. No entanto, é necessário um estudo específico

para estabelecer a escolaridade mínima que certifique a compreensão adequada dos subtestes,

o que pode acarretar na impossibilidade de aplicar o instrumento em uma parcela significativa

da população angolana.

Durante o processo de adaptação e avaliação do MEEM foi preservada a qualidade da

linguagem simples e direta da versão original. O vocabulário utilizado em todos os subtestes

são de domínio da grande maioria parte da população angolana. Entretanto, algumas palavras

necessitaram de troca por não terem a mesma equivalência semântica, como cidade, estado,

município e caneta.

A consistência interna da versão adaptada foi avaliada pelo coeficiente α de Cronbach

(Cronbach, 1951) de cada grupo estudado, assim como a amostra total e o grupo de doentes. A

consistência interna do instrumento foi considerada moderada para a amostra geral, baixa para

os grupos AVC+Epilepsia, AVC e Epilepsia, sendo considera muito baixa para o grupo de

controles saudáveis. Dessa forma, o instrumento MEEM apresenta boa consistência interna,

sendo considerado um instrumento confiável, visto que apresenta valores significativos e

adequados para a amostra geral e doentes, porém, mais baixa para o grupo saudável. O baixo

índice de α de Cronbach encontrado na população de controles saudáveis se dá pelo fato do

instrumento ser utilizado na avaliação clínica de distúrbios cognitivos, não sendo utilizado nos

estudos de população de indivíduos saudáveis. Esses índices foram comparados ao estudo da

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versão brasileira original de Brucki (2003) e outros autores, como Folstein, Bertolucci, Almeida

e Lourenço (Folstein et al., 1975; Bertolucci et al.,1994; Almeida, 1998). Embora os estudos

de Brucki não mostrem dados de consistência interna, outros estudos apresentam dados de α de

Cronbach. No estudo de Brucki observaram-se dados de sensibilidade e especificidade para

notas de corte do instrumento MEEM de acordo com a instrução escolar dos indivíduos

participantes dos estudos. No estudo de Lourenço e colaboradores, é indicado o valor de α de

Cronbach em 0,71. Os dados obtidos indicam uma boa qualidade da versão na língua

portuguesa angolana, sendo a consistência interna da versão adaptada semelhante aos dados de

referência.

Embora haja diversas versões brasileiras, o instrumento MEEM não possui aplicação

padronizada e uniformidade no processo de aplicação e avaliação do teste. Devido à existência

de versões diferentes entre si do instrumento MEEM, limitações de evidências de validade e

não padronização da aplicação restringe a comparação entre os resultados atingidos nos estudos

nacionais. Ainda que existam dificuldades enfrentadas para o uso do MEEM no Brasil, o

instrumento é muito utilizado tanto na clínica quanto em pesquisa científica, o tornando

significativo no rastreio de comprometimento cognitivo.

6.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Neste estudo, foi possível verificar algumas limitações ao decorrer do projeto. A maior

limitação encontrada deu-se pela falta de instrumentos específicos e estudos realizados com a

população de Angola, que pudesse ser utilizado como padrão ouro ou ao menos como um

parâmetro para os nossos achados.

Outra questão importante se deu pela dificuldade de comunicação e colaboração entre a

direção do Hospital e da Faculdade, por utilizarem os mesmos pacientes para a elaboração de

projetos e pesquisas, visando à obtenção de resultados a serem utilizados cientificamente.

A amostra utilizada sofreu limitações, por ser relativamente pequena e por apresentar

uma amostra de conveniência em controles saudáveis, devido à utilização de alunos do terceiro

ano da Faculdade de Medicina.

No entanto, lembramos que este é um estudo pioneiro, realizado frente a dificuldades

de implementação de estudos, além da distância entre os grandes centros e periferia de Angola.

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58

CONCLUSÃO

7. Conclusão

O presente estudo visou a análise discriminante após adaptação semântica do Mini-

Exame do Estado Mental (MEEM) adaptado por Brucki, um instrumento importante para o

rastreio de comprometimento cognitivo de indivíduos com sintomas de demência. O

instrumento original de uso no Brasil foi desenvolvido em uma cultura semelhante à angolana.

Os dados obtidos confirmaram a avaliação discriminante após adaptação semântica da versão

na língua portuguesa angolana, sendo a consistência interna da versão avaliada semelhante aos

dados de referência.

A partir da análise estatística acerca dos dados obtidos, podemos afirmar que o

instrumento MEEM recebeu a adaptação referente à cultura angolana e que de fato foi realizada

a análise discriminante da mesma.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

8. Considerações finais7

Em Angola, pesquisadores e clínicos que trabalham com avaliação neuropsicológica se

deparam com dificuldades, como a escassez de instrumentos precisos, validados e

normatizados, disponíveis tanto para pesquisa quanto para diagnóstico. Este estudo pioneiro

preenche uma importante lacuna na produção de conhecimento em Angola, abrindo um leque

de possibilidades para outros trabalhos científicos no país, facilitando a aplicação dos resultados

tanto na área acadêmica-científica, quanto na clínica. É necessário aos profissionais de saúde

que se apropriem de mais conhecimentos, para que possam propor intervenções adequadas, que

auxiliam nos direitos de saúde e bem-estar da população angolana.

Através deste estudo, outros profissionais terão acesso aos resultados obtidos, assim

como um novo instrumento qualificado. Este estudo indica o avanço no domínio de

metodologias psicométricas, uma vez que se torna condição necessária para o desenvolvimento

de novos instrumentos e realização de estudos na área. No contexto acadêmico, observa-se um

avanço na disponibilização de informações qualificadas, valiosas para a prática profissional.

Como estudo pioneiro em Angola, contribuiu significativamente para que as avaliações

neuropsicológicas sejam realizadas com maior qualidade e precisão, abrindo as portas para uma

revolução na área de neurociências do país.

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ANEXOS

Anexo I

TERMO DE CONSENTIMENTO LVRE E ESCLARECIDO

Titulo de pesquisa:

Teste clínico-epidemiológico do instrumento Mini Exame do Estado Mental (MEEM) em

população adulta angolana: avaliação discriminante após adaptação semântica.

Pesquisador

MartinhoLuemba- Doutorando do Programa de Pós-Graduação de Saúde Publica área de

concentração: Saúde Ciclos de Vida e Saciedade- Departamento de Saúde Materno Infantil, da

Faculdade de Saúde Publica – USP.

Orientador: Prof. Doutor Alberto Olavo Advincula Reis. Departamento de Saúde Materno

Infantil da USP.

Bom dia, Sr.(a)…………………………… (nome próprio) ou seu acompanhante.

Meu nome é Martinho Luemba, estou a fazer um curso de Doutorado na Faculdade de Saúde

Publica da Universidade de São Paulo, no Brasil. Estou, neste momento, em Luanda, a fazer

minha pesquisa de Doutorado para avaliar e adaptar o Instrumento de Avaliação

neuropsicológica, para população adulta angolana, cujo diagnostico é Acidente Vascular

Cerebral e Epilepsia para conhecer os possíveis comprometimentos cognitivos que estas

doenças provocam no homem. A pesquisa consiste em duas fazes:

1 – Entrevista clinica, feita de serie de perguntas destinadas para nos fornecer os dados

biográficos e clínico.

2 – Aplicação do teste chamado Mini exame do estado mental, que nos vai fornecer

informações em como esta a sua saúde mental apos a doença.

Ao participar desse estudo o(a) Senhor(a) permitira que o pesquisador utilize as informações

dadas identificando o seu nome e outros dados pessoais, que nos vão permitir classificar o

estado de saude não divulgando o nome. O senhor(a) tem a liberdade de se recusar a participar

da pesquisa. Caso decida aceitar o senhor(a) poderá também, se se assim desejar, interromper

a qualquer momento sua participação, sem qualquer prejuízo para o(a) ou para seu filho(a).

O senhor(a) não tera nenhum tipo de despesa bem como nada lhe será pago pela sua participação

na pesquisa. Todas as informações colectadas nesse estudo são estritamente confidenciais e

somente os pesquisadores terão conhecimento dos dados. Para se obter qualquer informação

adicional sobre a pesquisa, o(a) Sr(a) poderá fazê-lo aqui em Luanda, comigo durante minha

estadia no Hospital e na Faculdade de medicina da Universidade Agostinho Neto, cujo endereço

encontra-se no final deste documento.

A participação nesta pesquisa não traz complicações legais. Os procedimentos adotados

obedecem aos critérios da Ética em pesquisa em seres humanos conforme resolução 196/96 do

conselho nacional de saúde brasileiro.

Ao participar da pesquisa o Sr(a) não terá nenhum beneficio direto. Entretanto, espero que esse

estudo forneça informações importantes sobre os processos de trabalho dos serviços de saúde

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de Angola, sobre a maneira como os serviços de saúde podem vir a ajudar e levar informaçõe

aos familiares que têm irmãos, filhos, pais, etc com AVC e Epilepsia.

Apos estes esclarecimentos, venho a solicitar o seu consentimento de forma voluntaria para

participar desta pesquisa. Portanto preencha, por favor, os intens que se seguem:

Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens acima apresentados, eu de forma voluntario e esclarecido(a), manifesto

meu consentimento em participar da pesquisa.

____________________________________

Nome do(a) Participante da pesquisa

____________________________________

Assinatura do(a) participante da Pesquisa

______________________________________

Assinatura do Pesquisador

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Anexo II

ROTEIRO DE ENTREVISTA ESTRUTURADA

MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL – MEEM (Brucki, 2003)

ADAPTAÇÃO LUEMBA, M. - ANGOLA

Data da avaliação: ___/___/_____

Avaliador:____________________

( ) Paciente ( ) Controle Saudável

Nome: _____________________________________________________________

Data de Nascimento: ___/___/______

Sexo:_________________

Idade:________________

Etnia:________________

Escolaridade:_________________________________________________________________

Estado Civil:_______________________

Profissão:__________________________

Endereço:_______________________________________________________________

Telefone:_____________________________________________________________

Lateralidade manual:_________________

Medicamentos:________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Diagnóstico ( AVCh / AVCi / Epilepsia G / Epilepsia Focal):_____________________

Tempo de lesão (início crise Epilepsia / AVC) :______________________

Comirbidade (exemplo:hipertensão, diabetes mellitus, depressão):________________________

Uso de álcool ou outra substância:_______________________________________

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Anexo III

Mini-Exame do Estado Mental (MEEM) – Modelo de Brucki et al. (2003)

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Anexo IV

MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL

(Brucki, 2003)

ADAPTAÇÃO LUEMBA, M. - ANGOLA

Nome do paciente:_________________________________________________________

Data de avaliação: _____/_____/_______ Avaliado(a) por:_______________________

Orientação Espacial

Dê um ponto para cada resposta correta.

1) Onde estamos (Instituição) (1 ponto) ( )

2) Andar ou setor (Local específico) (1 ponto) ( )

3) Província (1 ponto) ( ) 4) Cidade (1 ponto) ( )

5) Comuna (1 ponto) ( )

Total de pontos

Orientação Temporal

Dê um ponto para cada resposta correta.

1) Dia da semana (1 ponto) ( )

2) Dia do mês (1 ponto) ( ) 3) Mês (1 ponto) ( ) 4) Ano (1 ponto) ( ) 5) Hora aproximada (1 ponto) ( )

Total de

pontos

Memória Imediata

Vou lhe dizer nome de três coisas, Quando terminar, irei pedir a você para repeti-las, em

qualquer ordem. Guarde-as na memória que mais tarde voltarei perguntar.

Palavras: “Carro; Vaso; Tijolo”

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1) Carro

( )

2) Vaso ( )

3) Tijolo ( )

Dê um ponto para cada resposta correta. Repita as palavras até o sujeito aprender. Conte as

tentativas e anote.

Atenção e Calculo

- Vou lhe dizer alguns números, desejo que faça os seguintes cálculos:

(100-7) 5 vezes sucessivamente (resposta correta: 93; 86; 79; 72; 65)

100-7; 93-7; 86 – 7; 79 – 7; 72 – 7;

_____; _____; _____; _____; _____;

Total de pontos

Memória de Evocação

Perguntar pelas três palavras mencionadas anteriormente. Dê 1 ponto para cada resposta correta.

1) Carro ( )

2) Vaso ( ) 3) Tijolo ( )

Nomeação

1) Mostrar um relógio e uma lapiseira. Pergunte como os objetos se chamam. Dê dois pontos

se o sujeito responder corretamente.

Relógio ( )

Lapiseira ( )

Total de pontos

Total de pontos

Total de pontos

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Repetição

1) Pedir para o sujeito repetir a frase “ nem aqui, nem alí, nem lá”.

Dê um ponto se o sujeito disser a frase corretamente.

Frase correta ( )

Comando

1) Peça para o sujeito seguir o comando: ” Peque esta folha A4 com a mão direita, dobre-a ao

meio e a coloque no chão”.

Dê um ponto para cada comando correto.

Pegar a folha A4 com a mão direita ( ) Dobrar a folha ao meio ( )

Colocar a folha no chão ( )

Leitura

1) Pedir para o sujeito ler o que está escrito na folha e executar a ordem: “ feche os olhos”.

Dê um ponto para execução de ordem realizada corretamente : ler sozinho e fechar os olhos.

Fechar os olhos após ler o comando ( )

Frase

1) Pedir para o sujeito escrever uma frase. Esta frase deve conter começo, meio e fim, sem levar

em consideração os erros de ortografia ou de sintaxe. Se o sujeito não fizer corretamente,

perguntar-lhe: “Isto é uma frase?” Corrigi-lo caso necessário. Se o indivíduo não compreender

o significado, o auxilie, perguntando como exemplo: “O que aconteceu hoje?”; “Alguma coisa

que queira me dizer?”.

Total de pontos

Total de pontos

Total de pontos

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Frase escrita corretamente ( )

Desenho

1) Pedir que o sujeito copie o seguinte desenho:

Cópia correta do desenho ( )

Escore Total: ( /30 )

Total de pontos

Total de pontos

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