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  • UNIVERSIDADE DE SO PAULO PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS E

    ENGENHARIAS DE MATERIAIS

    DIEGO RODRIGO DA SILVA

    ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ARAMES NA SOLDAGEM DE

    MANCAIS DE FERRO FUNDIDO DE COMPRESSORES

    HERMTICOS PARA REFRIGERAO

    SO CARLOS

    2014

  • DIEGO RODRIGO DA SILVA

    ESTUDO COMPARATIVO ENTRE ARAMES NA SOLDAGEM DE

    MANCAIS DE FERRO FUNDIDO DE COMPRESSORES

    HERMTICOS PARA REFRIGERAO

    Dissertao apresentada Escola de

    Engenharia de So Carlos da Universidade

    De So Paulo, para obteno do ttulo de Mestre

    Em Cincias e Engenharia de materiais

    rea de Concentrao: Desenvolvimento, Caracterizao E Aplicao de Materiais

    Orientador: Prof. Dr. Haroldo Cavalcanti Pinto

    Verso corrigida

    Original na Unidade

    So Carlos

    2014

  • Aos meus filhos,

    Enzo e Julia,

    E a minha esposa,

    Fabiana,

    Todo o meu amor.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Haroldo Cavalcanti Pinto, que durante esses anos de

    convvio, muito me ensinou, contribuindo para o meu crescimento

    cientifico e cultural.

    Ao Eng. Ivan C. Dias, Gerente da Engenharia Industrial da Tecumseh

    do Brasil, por acreditar e incentivar o trabalho desde o seu incio.

    Ao Eng. Alcides Zanon, Coordenador da Engenharia Industrial da

    Tecumseh do Brasil, e ao Eng. Silvio Pepato, Engenheiro de

    Processos, que compartilharam toda a sua experincia do processo

    de Montagem dos compressores e contriburam para o sucesso do

    trabalho.

    Aos amigos Wellington Cardoso, Fabio Lionel, Ricardo Buzolin e

    Bruno Spirandelli, pelo auxlio e discusses ao longo deste perodo

    que contriburam para a elaborao do trabalho.

    Ao Dr. Marcos Fortulan, Gerente da fabrica de Motores, pela energia

    desprendida ao presente trabalho, contribuindo para o seu

    enriquecimento.

    Ao Eng. Marcos Perez, Gerente da linha de Montagem de

    compressores rotativos, ao Eng. Orlando Carneiro, Supervisor da

    linha de Montagem, e ao Eng. Oscar Caceres, Coordenador da linha

    de Montagem, pelas horas e horas desprendidas nas discusses dos

    resultados obtidos.

    A Tecumseh do Brasil, minha grande escola profissional, pela

    concesso de amostras e laboratrio para a realizao dos ensaios.

    A bibliotecria Elena Gonalves pelo auxilio e tempo desprendido

    para a correo deste trabalho

  • A f na vitria tem que ser inabalvel.

    Dexter

  • RESUMO

    SILVA, D. R. Estudo comparativo entre arames na soldagem de mancais de ferro fundido em compressores hermticos para refrigerao. 2014. Dissertao (Mestrado em Cincias e Engenharia de Materiais) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2014.

    Nos dias atuais, com o mercado altamente seletivo, com vrios

    fabricantes e fornecedores de diversos tipos de produtos e servios, a qualidade

    se tornou uma necessidade premente, na qual uma empresa que fornea bens

    e/ou servios com baixa qualidade corre srios riscos de ser descartada pelos

    mercados consumidores. Assim, a importncia da qualidade que se converteu

    em um requisito bsico para uma empresa competir e se manter no mercado. As

    empresas veem a qualidade como uma ferramenta para a reduo de custos e

    para a melhoria de sua imagem junto ao mercado consumidor. Neste contexto,

    de melhora da imagem junto ao mercado consumidor e de reduo de custos, o

    presente trabalho foi realizado em uma importante e tradicional multinacional de

    grande porte que produz compressores hermticos para refrigerao, com o

    intuito de estudar a soldagem do mancal de ferro fundido carcaa de ao de

    baixo carbono em compressores rotativos (rolete excntrico), utilizados em

    aparelhos de ar condicionado. A solda realizada de maneira falha pode permitir a

    perda do entreferro do motor, resultando em um rudo caracterstico, chamado

    stall. Este trabalho avaliou diferentes tipos de arames, buscando garantir um

    processo com qualidade e baixo custo. Testes foram realizados utilizando como

    peas teste carcaas e mancais dos compressores. Verificou-se que o arame

    slido ANSI/AWS A5.18 ER70S-6, atualmente utilizado, no o mais indicado

    para a respectiva soldagem, em virtude da microestrutura e da resistncia da

    soldagem obtida. A soluo tcnica apropriada a utilizao do arame

    ERNiFeMn-CI que elimina a fragilizao das zonas parcialmente fundidas e

    diludas prximos ao metal de solda, enquanto o arame metal cored E70C-6M

    representa um compromisso entre as propriedades da junta soldada e custo do

    processo.

    Palavras chaves: Soldagem GMAW, Soldagem FCAW, Ferro fundido, ao

    carbono, ER70S-6, E70C-6M, ERNiFeMn-CI.

  • ABSTRACT

    SILVA, D. R. Comparative study between alloys applied in cast iron main bearings weld in hermetic compressors to refrigeration. 2014. Dissertation

    (Master in Science and Engineering of Materials) So Carlos School of Engineering, So Paulo University, So Carlos, 2014.

    Nowadays, with the highly selective market, with several manufacturers

    and suppliers of various types of products and services, quality has become a

    pressing need, in which a company that provides services with a low quality at

    serious risk of being discarded by the consumer markets. Thus, the importance of

    quality is that it has become a basic requirement for a company to compete and

    stay in the market. Companies see the Quality as a tool to reduce costs and to

    improve its image with the consumer market. In this context, the improvement of

    the image with the consumer market and costs reduction, this study was

    conducted in a major traditional large multinational that produces hermetic

    compressors to refrigeration, in order to study the welding of cast iron bearings

    with low carbon steel houses in rotary compressors (eccentric roller) used in air

    conditioners. The welding performed in a failure may allow loss of the air gap of

    the motor, resulting in a characteristic noise, called stall. This study evaluated

    different types of alloys, aiming to ensure process quality and low cost. Trials

    were done using low carbon steel houses and cast iron bearings of the

    compressors. After innumerous tests, it was found that the ANSI / AWS A5.18

    ER70S-6 solid wire, currently used, is not the most suitable for their welding, in

    view of microstructure and resistance of the weld obtained. The appropriate

    technical solution is to use the wire ERNiFeMn-CI eliminating the weakening of

    partially melted and diluted zones near the weld metal, while metal cored wire

    E70C-6M represents a compromise between the properties of welded joint and

    the cost of the process.

    Keywords: GMAW welding, FCAW welding, cast iron, carbon steel, ER70S-6,

    E70C-6M, ERNiFeMn-CI.

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1- CORRESPONDNCIA DE DECIBIS 28

    TABELA 2- ESPECIFICAO E COMPOSIO QUIMICA DA CHAPA DA

    CARCAA.......................................................................................

    62

    TABELA 3- COMPOSIO QUIMICA DO MANCAL DE FERRO FUNDIDO

    CINZENTO......................................................................................

    64

    TABELA 4- COMPOSIO QUIMICA DOS ARAMES CONSUMIVEIS............ 66

    TABELA 5- PARMETROS DE SOLDAGEM ARAME ERNIFEMN-CI............. 66

    TABELA 6- PARMETROS DE SOLDAGEM ARAME E70C-6M...................... 66

    TABELA 7- PARMETROS DE SOLDAGEM ARAME ER70S-6...................... 67

    TABELA 8- SINTESE DOS ENSAIOS.. 68

    TABELA 9- RESULTADO DA ANLISE DE ENTREFERRO............................ 97

    TABELA 10- RESULTADO DA ANALISE DE HERMETICIDADE DOS

    COMPRESSORES..........................................................................

    99

    TABELA 11- TAXA DE VAZAMENTO IDENTIFICADA NOS

    COMPRESSORES..........................................................................

    100

    TABELA 12- RESULTADO DO RUDO STALL. 102

    TABELA 13- RESULTADOS OBTIDOS NO TESTE COMPARATIVO ENTRE

    OS ARAMES E70C-6M E ER70S-6................................................

    105

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - ILUSTRAO DO CICLO BSICO DE

    REFRIGERAO...........................................................................

    28

    FIGURA 2 - COMPRESSOR HERMTICO PARA UTILIZAO EM

    APARELHOS DE AR CONDICIONADO........................................

    29

    FIGURA 3 - DESENHO ESQUEMATICO DO EQUIPAMENTO DE

    SOLDAGEM MIG/MAG..................................................................

    30

    FIGURA 4 - SOLDA DO MANCAL DE FERRO FUNDIDO CINZENTO

    REALIZADA COM O PROCESSO MIG/MAG UTILIZANDO O

    ARAME ANSI / AWS A5.18 ER70S-6 COM 1.6MM....................

    31

    FIGURA 5 - MICRO ESTRUTURA DE UM FERRO FUNDIDO CINZENTO..... 36

    FIGURA 6 - MICRO ESTRUTURA DE UM FERRO FUNDIDO MALEAVEL..... 36

    FIGURA 7 - MICRO ESTRUTURA DE UM FERRO FUNDIDO NODULAR...... 37

    FIGURA 8 - FASES E MICRO ESTRUTURAS NA SOLDAGEM DO FERRO

    FUNDIDO........................................................................................

    38

    FIGURA 9 - MICRO ESTRUTURA DA MARTENSITA NO FERRO FUNDIDO. 39

    FIGURA 10 - GEOMETRIA DO CORDO DE SOLDA. A) PROCESSO GMAW

    B) PROCESSO FCAW...................................................................

    43

    FIGURA 11 - ILUSTRAO DO PRINCIPIO DO PROCESSO GMAW............... 44

    FIGURA 12 - PROCESSO BSICO DE SOLDAGEM FCAW.............................. 46

    FIGURA 13 - MODOS DE TRANSFERNCIA METLICA.................................. 48

    FIGURA 14 - TERMINOLOGIAS.......................................................................... 50

    FIGURA 15 - STICK-OUT..................................................................................... 51

    FIGURA 16 - INFLUNCIA DO STICK OUT NA GEOMETRIA DO CORDO

    DE SOLDA......................................................................................

    52

    FIGURA 17 - EFEITO DA ORIENTAO DO ELETRODO NA MORFOLOGIA

    DO CORDO DE SOLDA...............................................................

    53

  • FIGURA 18 - CLULA DE SOLDAGEM DO MANCAL........................................ 61

    FIGURA 19 - DIMENSES TIPICAS DE UM COMPRESSOR PARA

    UTILIZAO EM APARELHOS DE AR CONDICIONADO. EM

    AMARELO OBSERVA-SE O MANCAL DE FERRO FUNDIDO

    CINZENTO......................................................................................

    63

    FIGURA 20 - DESIGN DO MANCAL DE FERRO FUNDIDO CINZENTO........... 64

    FIGURA 21 - CORPO DE PROVA EMBUTIDO A QUENTE PARA ANALISES

    METALOGRAFICAS....................................................................... 69

    FIGURA 22 - DESENHO ESQUEMATICO DAS LINHAS PERCORRIDAS

    PARA ELABORAO DOS PERFIS DE MICRO DUREZA...........

    70

    FIGURA 23 - MICRO DURMETRO LEICA VMHT MOT UTILIZADA PARA

    MEDIO DOS PERFIS DE MICRO DUREZA..............................

    71

    FIGURA 24 - PRENSA HIDRAULICA DE ENSAIO QUANTO RESISTNCIA

    DA SOLDAGEM. I) VISTA GERAL DO EQUIPAMENTO; II) E III)

    CONJUNTO CENTRALIZADO NO EQUIPAMENTO DE TAL

    FORMA QUE A FORA SEJA REALIZADA SOBRE OS

    PONTOS DE SOLDAGEM.............................................................

    72

    FIGURA 25 - MANCAL COM PENETRAO ACEITVEL................................. 73

    FIGURA 26 - MANCAL SEM PENETRAO...................................................... 73

    FIGURA 27 - CARGA DE 05 BAR DE HLIO APLICADA MANUALMENTE NO

    COMPRESSOR. COMPRESSOR NO INTERIOR DA CMARA

    DE ENSAIO SENDO TESTADO QUANTO A SUA

    HERMETICIDADE..........................................................................

    74

    FIGURA 28 - CANECA QUE INSERIDA ENTRE O SUBCONJUNTO

    ROTOR E ESTATOR PARA A REALIZAO DA SOLDAGEM

    DO MANCAL A CARCAA.............................................................

    75

    FIGURA 29 - CALIBRADOR DE LMINA UTILIZADO PARA VERIFICAR O

    ENTREFERRO ENTRE O ROTOR E O ESTATOR.......................

    75

    FIGURA 30 - COMPRESSOR SENDO TESTADO QUANTO AO RUDO

    STALL.............................................................................................

    76

    FIGURA 31 - PENETRAO TIPO DEDIFORME NO MANCAL NA AMOSTRA

    SOLDADA UTILIZANDO O ARAME ER70S-6...............................

    77

  • FIGURA 32 - PENETRAO PARCIAL E AS DIVERSAS REGIES NA

    CARCAA E MANCAL UTILIZANDO O ARAME E70C-6M...........

    78

    FIGURA 33 - PENETRAO PARCIAL E AS DIVERSAS ZONAS NA

    CARCAA E MANCAL UTILIZANDO O ARAME ERNIFEMN-CI..

    79

    FIGURA 34 - ARAME ERNIFEMN-CI MICROESTRUTURA DA INTERFACE

    MANCAL E SOLDA........................................................................

    81

    FIGURA 35 - METAL DE SOLDA PRODUZIDO COM O ARAME ERNIFEMN-

    CI.....................................................................................................

    82

    FIGURA 36 - ARAME ERNIFEMN-CI MICROESTRUTURA DA INTERFACE

    DA CARCAA E SOLDA................................................................

    83

    FIGURA 37 - ARAME E70C-6M MICROESTRUTURA DA INTERFACE DO

    MANCAL E SOLDA.........................................................................

    85

    FIGURA 38 - ARAME E70C-6M MICROESTRUTURA DA INTERFACE DA

    CARCAA E SOLDA......................................................................

    86

    FIGURA 39 - ARAME ER70S-6 MICROESTRUTURA DA INTERFACE DO

    MANCAL E SOLDA.........................................................................

    88

    FIGURA 40 - ARAME ER70S-6 MICROESTRUTURA DA INTERFACE

    CARCAA E SOLDA......................................................................

    89

    FIGURA 41 - PERFIS DE MICRO DUREZA DA AMOSTRA SOLDADA COM O

    ARAME ERNIFEMN-CI...................................................................

    90

    FIGURA 42 - PERFIS DE MICRO DUREZA DA AMOSTRA SOLDADA COM O

    ARAME E70C-6M...........................................................................

    91

    FIGURA 43 - PERFIS DE MICRO DUREZA DA AMOSTRA SOLDADA COM O

    ARAME ER70S-6............................................................................

    92

    FIGURA 44 - PRESSO DE ARRANCAMENTO DOS DIFERENTES ARAMES 93

    FIGURA 45 - RESISTNCIA DA SOLDAGEM ARAME ERNIFEMN-CI........... 94

    FIGURA 46 - RESISTNCIA DA SOLDAGEM ARAME E70C-6M.................... 95

    FIGURA 47 - RESISTNCIA DA SOLDAGEM ARAME ER70S-6.................... 96

    FIGURA 48 - MANCAL INDICANDO A POSIO E O NMERO DA

    SOLDAGEM REALIZADA...............................................................

    98

  • FIGURA 49 - VAZAMENTO IDENTIFICADO NO CENTRO DA SOLDA

    REALIZADA....................................................................................

    100

    FIGURA 50 - TRINCA AO LONGO DA INTERFACE DO MANCAL COM O

    PONTO DE SOLDA: I) REGIO DA INTERFACE; II) REGIO

    DA TRINCA PASSANTE.................................................................

    101

    FIGURA 51 - ACOMPANHAMENTO DO ENTREFERRO.................................... 105

    FIGURA 52 - ACOMPANHAMENTO DE VAZAMENTO NA SOLDAGEM DO

    MANCAL.........................................................................................

    111

    FIGURA 53 - ACOMPANHAMENTO DO DEFEITO STALL................................. 106

    FIGURA 54 - ACOMPANHAMENTO DO DEFEITO ROLLER PRESO POR

    RESDUO METLICO....................................................................

    107

    FIGURA 55 - ASPECTO VISUAL DA SOLDAGEM REALIZADA COM O

    ARAME E70C-6M...........................................................................

    107

  • LISTA DE SIGLAS

    dB DECIBIS

    HP HORSE POWER

    GMAW GAS METAL ARC WELDING

    FCAW FLUX CORED ARC WELDING

    MIG METAL INERT GAS

    MAG METAL ACTIVE GAS

    TIG TUNGSTEN INERT GAS

    ANSI AMERICAN NACIONAL STANDARDS INSTITUTE

    AWS AMERICAN WELDING SOCIETY

    AWS A5.15 CLASSIFICAO AWS PARA ARAMES SLIDOS

    AWS A5.18 CLASSIFICAO AWS PARA ARAMES TUBULARES

    ZAC ZONA AFETADA PELO CALOR

    ZTA ZONA TERMICAMENTE AFETADA

    ZPD ZONA PARCIALMENTE DILUIDA

    ZPF ZONA PARCIALMENTE FUNDIDA

    DCEP DIREO CORRENTE ELETRODO POSITIVO

    ECI ELECTRODE CAST IRON

    SAE SOCIETY OF AUTOMOTIVE ENGINEERS

    ECI ELECTRODE CAST IRON

    Est ELETRODO ALMA AO COM GRAFITE

    Exxxx ELETRODOS REVESTIDOS

    HSLA AOS DE ALTA RESISTNCIA E BAIXA LIGA

    Nital SOLUO CIDO NITRICO COM ALCOOL ETILICO

    PPM PARTES POR MILHO

  • LISTA DE SMBOLOS

    C GRAUS CELSIUS

    A AMPERES

    C8 MISTURA GASOSA CONTENDO 8%CO2 E 92% ARGNIO

    mm MILMETRO

    mm2 MILMETRO QUADRADO

    Ar ARGNIO

    CO2 DIXIDO DE CARBONO

    Si SILICIO

    C CARBONO

    O OXIGNIO

    cm2 CENTMETRO QUADRADO

    Kgf QUILOGRAMA FORA

    ms MILISEGUNDOS

    V VOLTS

    Hz HERTZ

    s SEGUNDOS

    L LITROS

    Cu COBRE

    P FOSFORO

    HB HARDNESS BRINELL

    HV HARDNESS VICKERS

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................... 27

    2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS .................................................................. 33

    3 ESTADO DA TCNICA ................................................................................. 35

    3.1 FERRO FUNDIDO ................................................................................... 35

    3.2 A SOLDAGEM DOS FERROS FUNDIDOS ............................................. 37

    3.2.1 ZONA AFETADA PELO CALOR (ZAC) OU ZONA TERMICAMENTE

    AFETADA (ZTA) ............................................................................................... 39

    3.2.2 ZONA PARCIALMENTE FUNDIDA (ZPF) OU ZONA PARCIALMENTE

    DILUIDA (ZPD) ................................................................................................. 40

    3.2.3 ZONA FUNDIDA ...................................................................................... 41

    3.2.4 POROSIDADES NA SOLDA .................................................................... 41

    3.3 PROCESSOS DE SOLDAGEM GMAW E FCAW ................................... 41

    3.3.1 PROCESSO GMAW ................................................................................ 44

    3.3.2 PROCESSO FCAW ................................................................................. 46

    3.3.3 TRANSFERNCIAS METLICAS ........................................................... 48

    3.3.4 PRINCIPAIS VARIAVEIS DE SOLDAGEM.............................................. 48

    4 EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E PROCEDIMENTOS ................................. 61

    4.1 EQUIPAMENTOS .................................................................................... 61

    4.2 MATERIAIS ............................................................................................. 62

    4.3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ....................................................... 68

    4.3.1 METALOGRAFIA E MICRO DUREZA ..................................................... 69

    4.3.2 MACROGRAFIA ...................................................................................... 69

    4.3.3 MICROGRAFIA ........................................................................................ 70

    4.3.4 PERFIL DE MICRO DUREZA .................................................................. 70

    4.3.5 ENSAIO DE RESISTNCIA DA SOLDA.................................................. 71

    4.3.6 ENSAIO DE HERMETICIDADE ............................................................... 73

  • 4.3.7 ENSAIO QUANTO AO ENTREFERRO DO MOTOR .............................. 75

    4.3.8 ENSAIO QUANTO AO RUDO STALL .................................................... 75

    5 RESULTADOS E DISCUSSES .................................................................. 77

    5.1 MACROGRAFIA ..................................................................................... 77

    5.2 MICROGRAFIA ....................................................................................... 79

    5.2.1 ARAME ERNiFeMn-Cl ............................................................................ 80

    5.2.2 ARAME E70C-6M ................................................................................... 84

    5.2.3 ARAME ER70S-6 .................................................................................... 86

    5.3 PERFIS DE MICRO DUREZA ................................................................ 90

    5.4 ENSAIO DE RESISTNCIA DA SOLDA................................................. 93

    5.5 ENSAIO QUANTO AO ENTREFERRO DO MOTOR .............................. 97

    5.6 ENSAIO QUANTO A HERMETICIDADE ................................................ 99

    5.7 ENSAIO QUANTO AO RUDO STALL.................................................. 102

    5.8 DISCUSSES ...................................................................................... 104

    6 CONCLUSES ........................................................................................... 109

    REFERNCIAS ............................................................................................ 1111

  • 27

    1 INTRODUO

    Com a abertura econmica e o processo de globalizao em curso, o

    mercado brasileiro se tornou ainda mais seletivo, exigindo redues de custos e

    melhores nveis de qualidade, entre outras necessidades.

    Para sobreviver em um mercado altamente seletivo, as empresas s

    conseguem determinar o preo se forem pioneiras ou apresentarem inovaes

    revolucionrias ou disruptivas. A sua qualidade e seu preo o tornar

    competitiva, buscando assim, o fator preferncia do consumidor.

    Atualmente perceptvel que as novidades tecnolgicas surgem a cada

    dia em todos os ramos da atividade humana. O que hoje considerado

    moderno, rapidamente se torna ultrapassado devido s inovaes tecnolgicas,

    que vo desde o projeto, desenvolvimento at o lanamento de novos produtos

    com velocidade nunca antes vista. Esse fenmeno atinge todos os mercados e

    para os compressores de refrigerao no diferente.

    O mercado de compressores hermticos para refrigerao, por se tratar

    de um mercado extremamente seletivo, faz as empresas fabricantes buscarem a

    sua diferenciao atravs de constantes lanamentos de novos produtos com

    caractersticas que atualmente os clientes desejam ou possam vir a desejar.

    Dentre as principais caractersticas, pode-se citar o aumento da eficincia

    energtica e a minimizao do rudo dos aparelhos.

    Para compressores de aparelhos de ar condicionados, a caracterstica

    rudo extremamente importante, em virtude de sua utilizao em ambientes

    comerciais e residenciais que requerem um baixo nvel de rudo ambiente.

    As montadoras aceitam compressores com qualquer rudo at 40 decibis

    (dB), porm, os desenvolvimentos so baseados buscando nveis menores. A

    tabela 1 apresenta a correspondncia dos nveis de rudo em dB.

  • 28

    Tabela 1 Correspondncia de decibis

    Intensidade Decibis Tipo de rudo

    Muito baixo 0-20 Silencioso a rudo de folhas.

    Baixo 20-40 Conversao silenciosa.

    Moderado 40-60 Conversao normal.

    Alto 60-80 Rudo mdio em fbrica ou no trnsito.

    Muito alto 80-100 Apito e rudo de caminho.

    Ensurdecedor 100-120 Rudo de discoteca e avio decolando.

    Fonte: Pgina consultada em 05 de Janeiro de 2014 < http://www.multisplit.net/artigos/tabela-de-ruido-em-db-ar-condicionado>

    O ponto que ser abordado neste trabalho justamente a busca na

    reduo do defeito stall em compressores destinados a aparelhos de ar

    condicionados, que um rudo alto e rpido, ocasionado quando dado

    partida do compressor e o rotor toca no estator. Um dos possveis motivos para

    o defeito a presena de uma solda frgil na unio da bomba mecnica a

    carcaa, permitindo a perda do entreferro do motor.

    A figura 1 ilustra um sistema bsico de refrigerao de ar condicionado.

    Figura 1: Ilustrao do ciclo bsico de refrigerao.

    Fonte: Pgina consultada em 12 de Dezembro de 2013,

    .

    http://www.multisplit.net/artigos/tabela-de-ruido-em-db-ar-condicionadohttp://www.arcondicionado.com.br/faq-arcondicionado

  • 29

    O corao do sistema de refrigerao o compressor hermtico. Cada

    sistema de refrigerao de ar condicionado utiliza, no mnimo, 01 compressor

    hermtico que, na sua essncia um motor eltrico, com potncia em torno de

    0.5 - 3 HP, acoplado a um mecanismo de compresso por palheta, que gira de

    3.000 a 3.500 rotaes por minuto, responsvel pela compresso do fludo

    refrigerante.

    Basicamente, externamente o compressor hermtico de ar condicionado

    composto de carcaa calandrada soldada longitudinalmente e tampas superiores

    e inferiores fabricadas em processo de estampagem. Componentes como o tubo

    passador do gs de refrigerao, acumulador, parafuso de ligao e conector

    eltrico, so unidos carcaa pelo processo de soldagem, por resistncia ou

    brasagem. A figura 2 exemplifica um compressor rotativo.

    Figura 2: Compressor hermtico para utilizao em aparelhos de ar condicionados.

    Fonte: Tecumseh do Brasil LTDA.

  • 30

    Uma importante operao no processo de montagem do compressor

    rotativo a soldagem do mancal carcaa atravs do processo de soldagem

    GMAW ou GAS METAL ARC WELDING. A soldagem realizada em trs pontos

    e consiste em dois disparos distintos com um breve intervalo entre os mesmos.

    A solda deve ser livre de vazamentos e a penetrao deve ser tal que o

    compressor resista a todos os testes de transporte e de vida, sem falhas ou

    qualquer perda de entreferro do motor. A solda realizada de maneira falha pode

    permitir a perda do entreferro e at o toque do rotor no estator, gerando durante

    a partida do compressor um rudo, chamado internamente de stall.

    O processo de soldagem no simples, em virtude de o mancal ser

    constitudo de ferro fundido cinzento e a carcaa um ao de baixo carbono.

    Dentre as boas qualidades do ferro fundido cinzento pode-se destacar o

    baixo custo de obteno, a capacidade de absoro de vibrao e a fcil

    usinabilidade, porm a falta de ductilidade plstica contribui para a dificuldade da

    soldagem deste material.

    O processo de soldagem atualmente utilizado o GMAW e utiliza como

    material de adio o arame ANSI / AWS A5.18 ER70S-6 de dimetro 1.60mm.

    No processo de soldagem GMAW ou MIG (Metal inert gas) / MAG (Metal

    active gas), um arco de soldagem formado entre um arame-eletrodo macio

    continuamente alimentado e o material de base, formando uma poa que

    protegida por um gs de proteo. Se o arame for tubular, o gs de proteo

    pode ser, simplesmente, da fuso do fundente. A figura 3 exemplifica o sistema.

  • 31

    Figura 3: Desenho esquemtico do equipamento de soldagem MIG/MAG.

    Fonte: Modenesi e Marques (2009).

    O processo dispe de mecanismo motorizado que direciona o arame,

    continuamente at a pea, estabelecendo o circuito de soldagem. Usualmente, o

    arame-eletrodo o plo positivo e a pea o plo negativo, alcanando

    densidades de corrente de at 300 A/mm2, resultando em elevadas velocidades

    de fuso do eletrodo.

    Na soldagem do mancal carcaa, o processo MIG/MAG apresenta

    caractersticas aceitveis quanto ao aspecto visual e velocidade. Utiliza-se fontes

    de soldagem convencionais de corrente contnua ou pulsada (eletrodo positivo)

    de 200 a 400A e a composio do gs de proteo a mistura C8 (92%Ar + 8%

    CO2).

    Este processo tem apresentado bom desempenho, porm alguns pontos

    ainda podem ser melhorados, como a reduo do material de adio, que exige

    limpeza constante de bocais e tochas, o ambiente de trabalho que prejudicado

    pela sujidade do processo (respingos) que afetam os equipamentos eletrnicos,

    a presena de respingos que colam no produto final, a grande emisso de fumos

    e a questo microestrutural da soldagem, onde se observa a formao de

    defeitos e microestruturas indesejadas (martensita), que tornam frgil a regio da

    interface. A figura 4 mostra o aspecto visual da soldagem do mancal utilizando o

    arame ER70S-6.

  • 32

    Figura 4: Solda do mancal a carcaa realizada com o processo MIG/MAG utilizando o

    arame ANSI / AWS A5.18 ER70S-6 com 1. 6 mm.

    Fonte: Tecumseh do Brasil LTDA.

  • 33

    2 OBJETIVOS E JUSTIFICATIVAS

    Em face dos tpicos mencionados anteriormente e tendo-se em vista as

    condies de trabalho disponveis, a presente dissertao tem, como objetivo

    principal, a realizao de um estudo de viabilidade tcnica da soldagem de

    mancais de ferro fundido cinzento em carcaas de ao de baixo carbono,

    utilizando o arame ANSI/AWS A5.15 ERNiFeMn-Cl, alm dos arames ANSI/AWS

    A5.18 ER70S-6 (atualmente utilizado na unidade brasileira) e ANSI/AWS A5.18

    E70C-6M (atualmente utilizado na unidade francesa).

    O estudo de viabilidade tcnica foi realizado atravs da comparao das

    propriedades mecnicas e ndices qualitativos obtidos nas soldagens

    (microestrutura formada, dureza, resistncia, penetrao e ndices de

    vazamentos, entreferro e stall) em relao aos aspectos econmicos (custo

    beneficio).

    No h registros ou estudos, sobre a influncia do arame atualmente

    utilizado na soldagem com o defeito stall. A literatura existente sobre soldagem

    em ferro fundido cinzento no cita que o arame atualmente utilizado ANSI/AWS

    A5.18 ER70S-6 indicado para a sua soldagem. A aquisio de conhecimento

    cientfico em relao a esta aplicao torna-se um objetivo a ser perseguido.

    Aspectos relativos aos defeitos de soldagem como, vazamentos e trincas

    de solidificao, foram cuidadosamente avaliados para possibilitar uma soluo

    eficiente da nova aplicao.

  • 34

  • 35

    3 ESTADO DA TCNICA

    3.1 FERRO FUNDIDO

    Genericamente, os ferros fundidos so uma classe de ligas ferrosas com

    teores de carbono acima de 2,14%. Na prtica, no entanto, os ferros fundidos

    contm entre 3 a 4,5%, alm de outros elementos de liga, como silcio de 0,5 a

    3%, e at 1% de mangans (CALLISTER, 2003). As principais caractersticas

    que tornam os ferros fundidos bastante empregados industrialmente so o baixo

    ponto de fuso, alta fluidez e menor contrao com relao aos aos. Essas

    propriedades aliadas ao seu menor custo so fatores que levam a preferncia

    sobre os aos fundidos, apesar das qualidades inferiores.

    As categorias gerais dos ferros fundidos so ferro fundido cinzento, ferro

    fundido branco, ferro fundido malevel e ferro fundido nodular (dctil),

    (AMERICAN WELDING SOCIETY - AWS, 1998).

    O ferro fundido cinzento a liga mais utilizada em virtude de suas

    caractersticas como, fcil fuso e moldagem, boa resistncia mecnica e

    usinabilidade, boa resistncia ao desgaste e a boa capacidade de

    amortecimento (CHIAVERINI, 2008).

    As propriedades mecnicas dependem do tipo da microestrutura e da

    forma e distribuio dos microconstituintes, principalmente a grafite livre.

    O carbono est presente no ferro fundido de duas formas: (1) como

    carbono combinado (cementita, perlita, martensita, etc.) e (2) como carbono livre

    (grafita). No ferro fundido cinzento a grafita tem a aparncia de lamelas, figura 5,

    enquanto que no ferro fundido malevel, uma aparncia quase esferoidal, figura

    6.

    As fendas afiadas e descontinuidades produzidas pelas lamelas de grafita

    no ferro fundido cinzento so as responsveis por sua caracterstica frgil. O

    ferro fundido malevel e o nodular no apresentam essa fragilidade pois a grafita

    basicamente no formato esferoidal ou globular (AWS, 1998).

    Em resumo, o ferro fundido contm mais carbono do que um ao de alto

    carbono e aprecivel quantidade de silcio (Si), e ambos os materiais influenciam

  • 36

    a forma estrutural que o carbono exibe no ferro fundido, como pode ser visto nas

    figuras 5, 6 e 7.

    Figura 5: Micro estrutura de um ferro fundido cinzento.

    Fonte: AWS (1998).

    Figura 6: Micro estrutura de um ferro fundido malevel.

    Fonte: AWS (1998).

  • 37

    Figura 7: Micro estrutura de um ferro fundido nodular.

    Fonte: AWS (1998).

    O sistema metaestvel carboneto ferro-ferro coexiste com o sistema

    estvel ferro-grafita em um ferro fundido. Esses constituintes de carbono

    produzem uma matriz metlica que possui a microestrutura e atributos do ao. O

    carbono graftico no combinado distribudo na matriz em uma variedade de

    formas geomtricas, incluindo partculas em miniatura, vrias formas de lamelas

    e esferoides. O tamanho, a forma, e a distribuio da grafita influenciam as

    propriedades mecnicas e fsicas do ferro fundido (AWS, 1998).

    J o ao carbono um ao sem adio proposital de outros elementos,

    contendo apenas carbono abaixo de 2,14% e os quatro elementos residuais

    sempre encontrados nos aos e que permanecem em sua composio durante o

    processo de fabricao, ou seja, mangans, silcio, fsforo e enxofre (SOUZA,

    1989).

    3.2 A SOLDAGEM DOS FERROS FUNDIDOS

    Os processos de soldagem envolvem aplicao de calor e/ou presso,

    com ou sem uso de metal de adio, para produzir uma unio localizada. O

    rpido aquecimento e resfriamento do metal de base nas proximidades da solda

    causam deformao plstica do material ao redor da junta e a formao de

  • 38

    tenses residuais, aps a operao de soldagem ser completada. A solda

    somente uma parte da junta. Tambm importante, e normalmente mais critico no

    caso de ferro fundido, o material que circunda a solda, a zona afetada pelo

    calor (ZAC), regio que no fundiu, mas que foi de alguma forma afetada pela

    energia trmica aportada pelo processo. A figura 8 apresenta o diagrama de fase

    da liga Fe-C e as reas correspondentes na soldagem de ferros fundidos.

    Figura 8: Fases e microestruturas na soldagem do ferro fundido.

    Fonte: AWS (1998).

    O ferro fundido pode ser pensado como um ao acrescido de grafita. A

    parte do ao forma a matriz e, como o ao, pode ser endurecido ou ter sua

    ductilidade aumentada atravs de tratamentos trmicos.

    Diferente do ao, contudo, o ferro fundido tem um excesso de carbono

    (proveniente da grafita) na sua matriz. Durante a soldagem, a matriz poder

    enrijecer localmente com o carbono e, sob-rpido resfriamento, a zona afetada

    pelo calor, poder tornar-se muito frgil, devido ao acmulo de tenses residuais

  • 39

    na formao da martensita, figura 9, e cementita. Esses fatores metalrgicos

    fazem o ferro fundido ser mais difcil de soldar do que o ao (AWS, 1998).

    Figura 9: Microestrutura da martensita no ferro fundido.

    Fonte: AWS (1998).

    A tenso de resistncia, dureza e microestrutura de um ferro fundido

    cinzento so influenciadas por muitos fatores, incluindo composio qumica,

    projeto, caractersticas do molde, e taxas de resfriamento durante e aps a

    solidificao. O contedo de nquel no ferro fundido cinzento aumenta a sua

    resistncia a tenso e corroso.

    O limite de elasticidade do ferro fundido cinzento no especificado. Para

    propsitos prticos, o limite de elasticidade e a mxima resistncia so

    considerados coincidentes. A resistncia compresso do ferro fundido cinzento

    de 2,5 a 4 vezes maior que sua resistncia trao. J a sua resistncia ao

    impacto geralmente baixa, geralmente quando o fsforo est em seu nvel

    mais alto. Fsforo tambm tem um efeito indesejado na soldabilidade. Com

    nveis altos de fsforo, trincas no metal de solda podem aparecer.

    3.2.1 ZONA AFETADA PELO CALOR (ZAC) OU ZONA TERMICAMENTE

    AFETADA (ZTA)

  • 40

    A maior dificuldade na soldagem de ferros fundidos a sua tendncia

    para formar microestruturas duras e frgeis na ZAC ou ZTA devido ao alto teor

    de carbono. A soldagem de ferro fundido caracterizada pelo rpido

    resfriamento da poa de fuso comparando com o mais lento resfriamento do

    ferro durante a fundio. O ciclo trmico da solda assim no produz uma

    microestrutura desejvel.

    A estrutura da ZAC complexa e normalmente consistem de uma mistura

    de martensita, austenita, carbonetos primrios e eutticos.

    O mecanismo pelo qual estas estruturas so formadas parece bem

    estabelecido. Sob a influncia do calor do arco e do metal fundido do cordo,

    uma zona estreita, adjacente ao metal da solda, aquecida at temperaturas

    logo abaixo da temperatura do euttico. Atingindo esta temperatura, a matriz

    primeiro austenitizada e, ento, comea rapidamente a dissolver a grafita. Isto

    resulta em uma austenita rica em carbono e pequenas poas de lquido ricas em

    carbono. Ento, medida que o metal da solda e a ZAC so rapidamente

    resfriados, sob a influncia da grande massa de metal frio logo ao lado da zona

    de pico de temperatura, a austenita rica em carbono transforma-se parcialmente

    ou totalmente em martensita, e o liquido resfria como uma mistura de euttico e

    carbonetos primrios. Este evento acontece em segundos, ou at mesmo

    fraes dele.

    3.2.2 ZONA PARCIALMENTE FUNDIDA (ZPF) OU ZONA PARCIALMENTE

    DILUIDA (ZPD)

    A zona parcialmente fundida (ZPF) ou diluda (ZPD) uma extenso da

    ZAC, ocorrendo quando um alto pico de temperatura causa uma fuso parcial

    das impurezas de baixo ponto de fuso contidas no metal base, prximo da linha

    de fuso do cordo. Esta regio extremamente frgil, o que afeta

    adversamente as propriedades mecnicas, um fator que deve ser levado em

    considerao para produzir juntas soldadas satisfatrias.

    A microestrutura da regio parcialmente fundida uma mistura complexa

    de martensita, austenita, carboneto primrio, e ledeburita diversificada com

    ndulos ou flocos de grafita parcialmente dissolvidas. Reduo dos picos de

  • 41

    temperatura e tempo a altas temperaturas so os mais eficientes mtodos de

    reduzir qualquer tendncia a trincas (AWS, 1998).

    3.2.3 ZONA FUNDIDA

    A microestrutura e as propriedades do metal de solda so influenciadas

    pela seleo dos metais de adio. A poa de fuso produzida por arco eltrico,

    homogeneizada durante a soldagem, para produzir um cordo de solda

    relativamente uniforme na composio (AWS, 1998).

    3.2.4 POROSIDADES NA SOLDA

    Com a alta temperatura da solda, a grafita, presente no ferro fundido,

    queima-se, ficando mais fluida, saindo da microestrutura, dissolvendo-se no

    metal e tornando-o menos fluido, de modo que o vazio deixado no

    preenchido, o que deixa a pea porosa. Quando a pea fundida apresenta a

    grafite em veios finos e de distribuio uniforme, o problema menos grave. Em

    todos os casos, sempre uma dificuldade a mais na soldagem dos ferros

    fundidos cinzentos. Isto principalmente importante em peas que exigem

    estanqueidade.

    Um mtodo para amenizar o inconveniente a utilizao de um pr-

    aquecimento que permita a massa fundida manter-se por mais tempo no estado

    liquido e fluida, obturando os espaos vazios (PARIS, 2003).

    3.3 PROCESSOS DE SOLDAGEM GMAW E FCAW

    Na soldagem de ferro fundido, o processo de soldagem GMAW e FCAW

    tem o seu uso limitado, pois suas principais vantagens so as altas taxas de

    deposio e a eficincia.

    Segundo Modenesi (2000), a soldagem a arco gs metal (MIG/MAG ou

    Gs Metal Arc Welding - GMAW) um processo de soldagem a arco que produz

    a unio dos metais pelo seu aquecimento com um arco eltrico estabelecido

    entre um eletrodo metlico contnuo (e consumvel) e a pea (metal de base)

    com proteo de gs.

  • 42

    A concepo bsica do GMAW foi introduzida no mercado em 1920,

    entretanto, somente a partir de 1948 tornou-se comercialmente vivel.

    Inicialmente, o GMAW foi considerado para ser, fundamentalmente, um

    processo de alta densidade de corrente, utilizando eletrodos de metal nu de

    pequenos dimetros e gs de proteo do tipo inerte. Sua primeira aplicao foi

    na soldagem de alumnio. Por causa dessa caracterstica, o termo MIG Metal

    Inert Gas foi usado e esta denominao ainda bastante utilizada.

    Evoluo subseqente do processo incluindo adies do gs oxignio ao

    gs argnio (1951) e a introduo de gs ativo puro dixido de carbono ou

    mistura deste com o gs argnio (1953), propiciou a soldagem com baixas

    densidades de energia e a soldagem utilizando corrente pulsada para uma vasta

    gama de materiais (ferrosos e no ferrosos), empregando gs inerte, ativo ou

    uma mistura de gases. Devido utilizao de diferentes tipos de gs de

    proteo, o termo GMAW Gas Metal Arc Welding foi aceito formalmente para

    denominao do processo.

    Na dcada de 50, a introduo da combinao do gs de proteo CO2

    com eletrodos contendo fluxo interno (arames tubulares) propiciou significantes

    melhorias nas condies de operao e na qualidade da solda. A primeira

    apresentao pblica deste processo (conhecido como FCAW ou Flux Cored Arc

    Welding) foi no ano de 1954 e, em 1957, os equipamentos utilizados j possuam

    uma configurao similar atual. Experincias deste perodo j demonstravam

    significantes melhorias nas propriedades das soldas quando o arco e o metal

    fundido esto protegidos da contaminao pela atmosfera.

    Na soldagem FCAW os gases de proteo empregados podem ter tanto

    uma caracterstica inerte, como no caso de misturas a base de Argnio ou Hlio,

    nas quais os elementos qumicos presentes no gs de proteo no migram

    para o interior do metal de solda, quanto uma caracterstica ativa, para o caso de

    misturas que utilizam propores de CO2 ou O2, aonde os elementos presentes

    no gs de proteo tendero a migrar para o interior do metal de solda,

    causando alteraes no teor de Carbono e na quantidade de xidos (WAINER,

    1992).

    A soldagem a arco com arame tubular (FCAW) e arame slido (GMAW)

    so processos que acumulam vantagens, como: alto fator de trabalho do

  • 43

    soldador, alta taxa de deposio, resultando em alta produtividade e qualidade

    da solda produzida. Estas vantagens fazem com que estes processos sejam

    adequados para alta produo e soldagem automatizada. Isto se tornou evidente

    com o advento da utilizao de robs na produo, onde o GMAW e FCAW tm

    sido os processos mais utilizados.

    Os arames tubulares e os arames slidos possuem muita similaridade

    quanto aos equipamentos usados na soldagem como nos tipos de aplicaes

    recomendadas. Algumas caractersticas como alta produtividade, boa

    flexibilidade e facilidade de operao tornam os processos GMAW e FCAW

    altamente competitivos e, em muitos casos, concorrentes diretos nas aplicaes

    de soldagem (RODRIGUES, 2005).

    Em relao geometria do cordo de solda, as diferenas so geradas,

    principalmente, devido ao comportamento do arco e da transferncia metlica.

    Soldas realizadas com arames slidos possuem alta penetrao, porm

    estreita, do tipo dediforme (figura 10 a).

    Soldas realizadas com arames tubulares possuem o arco mais largo, com

    aspecto liso e penetrao mais rasa (figura 10 b).

    Figura 10: Geometria do cordo de solda. a) processo GMAW e b) processo

    FCAW.

    Fonte: Araujo (2004).

    Na Soldagem GMAW, a tocha deve estar alinhada, pois um pequeno

    desalinhamento pode causar falta de fuso lateral.

  • 44

    No processo FCAW, devido ao arco mais largo, h uma tolerncia maior

    para o desalinhamento da tocha, reduzindo assim, os defeitos por falta de fuso

    (ARAUJO, 2004).

    3.3.1 PROCESSO GMAW

    um processo de soldagem a arco que utiliza um arco entre uma

    alimentao contnua de metal e a poa de fuso (OKUMURA, 1982). Esse

    processo utiliza como proteo para a poa de soldagem contra contaminao

    do ar externo uma fonte externa de gs de proteo.

    Como j citado, o processo GMAW, conhecido tambm como processos

    MIG (Metal Inert Gas) e MAG (Metal Active Gas), utiliza como fonte de calor um

    arco eltrico mantido entre o eletrodo nu consumvel, alimentando

    continuamente o metal base. A proteo da regio de soldagem feita por um

    fluxo de gs inerte (MIG) ou ativo (MAG). A soldagem pode ser automtica ou

    semiautomtica.

    A Figura 11 ilustra esquematicamente o processo.

    Figura 11: Ilustrao do princpio do processo GMAW.

    Fonte: Fortes (2005).

  • 45

    O processo de soldagem GMAW apresenta varias vantagens, como,

    possibilidade de ser executada em todas as posies, no h necessidade de

    remoo de escria, possui alta taxa de deposio do metal de solda, pode ser

    realizada com altas velocidades de soldagem, alimentao contnua de arame,

    penetrao de raiz mais uniforme, poucos problemas de distoro e tenso

    residual e soldagem de fcil execuo.

    As principais limitaes do processo so maior velocidade de

    resfriamento, aumentando assim a ocorrncia de trincas, a soldagem deve ser

    protegida de correntes de ar, no fcil de ser realizada em locais de difcil

    acesso, pois o bocal precisa ficar prximo do metal base a ser soldado, grande

    emisso de raios ultravioleta e equipamento de soldagem mais caro e complexo

    que o do processo com eletrodo revestido.

    Segundo Gimenez (2005) a tocha de soldagem consiste basicamente de

    um bico de contato, que faz a energizao do arame-eletrodo, de um bocal que

    orienta o fluxo de gs protetor e de um gatilho de acionamento do sistema. O

    bico de contato um pequeno tubo base de cobre, cujo dimetro interno

    ligeiramente superior ao dimetro do arame-eletrodo, e serve de contato eltrico

    deslizante. O bocal feito de Cobre ou material cermico e deve ter um dimetro

    compatvel com a corrente de soldagem e o fluxo de gs a ser utilizado numa

    dada aplicao. O gatilho de acionamento movimenta um contator que est

    ligado ao primrio do transformador da mquina de solda, energizando o circuito

    de soldagem, alm de acionar o alimentador de arame e uma vlvula solenide,

    que comanda o fluxo de gs protetor para a tocha. As tochas para soldagem

    MIG/MAG podem ser refrigeradas a gua ou pelo prprio gs de proteo,

    dependendo de sua capacidade, dos valores de corrente utilizados e do fator de

    trabalho. Quanto ao formato, as tochas podem ser retas ou curvas, sendo as

    mais utilizadas as do tipo "pescoo de cisne" que so as que oferecem maior

    maneabilidade.

    O condute suporta, protege e direciona o arame dos roletes

    alimentadores at o tubo de contato. Alimentao ininterrupta necessria para

    assegurar uma boa estabilidade do arco. Cuidados especiais devem ser

    tomados com a passagem do arame pelo condute. O arame no deve dobrar ou

    torcer quando introduzido na tocha. No contato do arame com os roletes de

  • 46

    contato do carro de alimentao, existe uma tendncia de esmagamento do

    arame, o que se deve evitar.

    As fontes de soldagem fornecem energia eltrica para o arame e para a

    pea de trabalho de forma a produzir o arco eltrico. Para a maioria das

    aplicaes com GMAW, utilizam-se fontes que fornecem corrente contnua direta

    com eletrodo positivo (DCEP direct corrent electrod positive), isto , o plo

    positivo da mquina conectado tocha e o negativo pea. A constituio

    interna destas fontes , geralmente, do tipo transformador-retificador, ou

    geradores (pouco usuais).

    3.3.2 PROCESSO FCAW

    O processo FCAW (Flux Cored Arc Welding) aquele onde a unio entre

    os metais obtida atravs do arco eltrico entre o eletrodo e a pea a ser

    soldada. A proteo do arco neste processo feita pelo fluxo interno do arame

    podendo ser, ou no, complementada por um gs de proteo. Alm da funo

    de proteger o arco eltrico da contaminao pela atmosfera, o fluxo interno do

    arame pode tambm atuar como desoxidante atravs da escria formada,

    acrescentar elementos de liga ao metal de solda e estabilizar o arco. A escria

    formada, alm de atuar metalurgicamente, protege a solda durante a

    solidificao (FORTES, 2004).

    A Figura 12 ilustra esquematicamente o processo.

    Figura 12 Processo bsico de soldagem FCAW.

    Fonte: Fortes (2004).

  • 47

    A soldagem com arame tubular possui inmeras semelhanas em relao

    ao processo GMAW no que diz respeito aos equipamentos e princpios de

    funcionamento. Este fato lhe permite compartilhar o alto fator de trabalho e a

    taxa de deposio, caractersticos da soldagem GMAW. Por outro lado, atravs

    da soldagem FCAW possvel obter a alta versatilidade da soldagem com

    eletrodos revestidos no ajuste de composio qumica e facilidade de trabalho

    em campo (GOMES, 2006).

    Os benefcios da soldagem com arames tubulares esto relacionados a

    algumas caractersticas, tais como produtividade relacionada utilizao de

    arames contnuos e benefcios metalrgicos provenientes do fluxo interno do

    arame.

    O processo de soldagem com arame tubular tem duas variaes:

    a) Eletrodo com proteo gasosa - o fluxo interno tem principalmente a

    funo de desoxidante e de introdutor de elementos de liga. As funes de

    proteo do arco e ionizao da atmosfera ficam mais a cargo do gs introduzido

    a parte. O gs de proteo usualmente o dixido de carbono ou uma mistura

    de argnio e dixido de carbono. O processo de proteo a gs apropriado

    para produo de peas pequenas e soldagem de elevada penetrao.

    b) No processo sem proteo a gs, h uma diferenciao no interior da

    tocha e o arame denominado auto protegido, ou seja, o prprio eletrodo possui

    um fluxo interno que se encarrega de auxiliar na proteo da poa de fuso.

    Como no processo GMAW, o FCAW tem propriedades que favorecem a

    sua escolha em comparao com outros processos a arco, tais como a

    qualidade da solda depositada, a alta taxa de deposio, alta produtividade,

    cordes com aparncias e contornos satisfatrios, a maioria dos aos podem ser

    soldados, apresenta bons resultados em materiais com espessuras maiores,

    menos susceptvel a trincas e o eletrodo auto protegido mais tolerante

    variao do ambiente, ou seja, soldagem ao ar livre.

    Em relao as suas limitaes, as principais so a questo do arame

    tubular ter um custo maior em relao ao slido e possuir escria, ou seja,

    necessita de uma limpeza adequada para realizao de novos cordes.

  • 48

    3.3.3 TRANSFERNCIAS METLICAS

    A transferncia do metal de solda fundido atravs do arco pode ocorrer

    em qualquer dos trs modos bsicos: globular, curto-circuito ou spray. Uma

    variao de spray pulsado conduz a caractersticas desejadas da transferncia

    por spray disponvel para juntas de chapas metlicas e soldagem de metais

    grossos em todas as posies. O calor adicionado junta, gs de proteo e as

    caractersticas da fonte de energia determinam o modo de transferncia.

    A escolha do tipo de transferncia ser determinada, pelo metal base a

    ser soldado, complexidade da soldagem, taxa de deposio requerida e

    posies de soldagem. Em geral, processos de menor calor adicionado so

    favorveis devido sua menor penetrao, fuso do metal base e severidade do

    processo. Minimizando a diluio do metal de solda pelo metal base haver

    reduo na tendncia ocorrncia de trincas durante a soldagem. Os menores

    dimetros de arame como modos de transferncia de baixo aporte de calor so

    usados para a maioria das soldagens em ferro fundido.

    Todos os modos de transferncia metlica podem ser usados na

    soldagem do ferro fundido (AWS, 1998).

    Figura 13: Modos de transferncia metlica.

    Fonte: AWS (1998).

    3.3.4 PRINCIPAIS VARIAVEIS DE SOLDAGEM

    Variveis do processo afetam a penetrao e a geometria da solda, e

    conseqentemente as qualidades globais. Diversas variveis influenciam nas

    caractersticas do cordo de solda, dentre elas destacam-se a corrente de

  • 49

    soldagem, a tenso, a velocidade de soldagem, o comprimento (stick-out) e a

    orientao do eletrodo, o metal de adio e a proteo gasosa.

    O conhecimento e o controle destas variveis so essenciais para a

    obteno de uma solda de qualidade e satisfatria. Estas variveis no so

    completamente independentes e mudana em uma, geralmente exige mudanas

    em uma ou mais das outras variveis para produzir os resultados desejados.

    As principais variveis dos processos de soldagem GMAW e FCAW so:

    3.3.4.1 CORRENTE DE SOLDAGEM

    Influencia diretamente a taxa de deposio, o modo de transferncia

    metlica e as caractersticas geomtricas do cordo. Portanto, sua escolha

    depender da espessura das peas a serem unidas, do dimetro do eletrodo e

    das caractersticas desejadas dos cordes de solda. Alm disso, uma corrente

    de baixa intensidade pode ocasionar pouca estabilidade ao arco eltrico. Se as

    variveis do processo forem mantidas constantes e o valor da corrente de

    soldagem for aumentado, ocorrer aumento na penetrao e na profundidade da

    solda, na taxa de deposio do metal de adio e no dimetro da gota de solda

    at o ponto de transio (ALVES, 2008).

    No processo GMAW a corrente de soldagem est diretamente relacionada

    velocidade de alimentao do arame (desde que a extenso do eletrodo seja

    constante). Quando a velocidade de alimentao do arame alterada, a corrente

    de soldagem varia no mesmo sentido (GIRALDO, 2008).

    A corrente de soldagem tem grandes efeitos no processo com arames

    tubulares, sendo que a taxa de deposio e a penetrao do processo so

    diretamente proporcionais ao aumento da corrente de soldagem (GOMES,

    2006).

    Segundo Mostafa (2006) o aumento da corrente, na soldagem FCAW,

    reduz o tamanho das gotas, mas aumenta o ritmo das mesmas que, ao golpear a

    poa de fuso, faz com que ocorra uma penetrao mais profunda.

  • 50

    3.3.4.2 TENSO DO ARCO

    Tenso e comprimento do arco eltrico so variveis freqentemente

    utilizadas e extremamente interligadas. Porm apesar desta interligao, estas

    variveis so diferentes. O comprimento do arco uma varivel independente.

    Porm, a tenso depende tanto do comprimento do arco, como de outras

    variveis tais como composio e dimetro do arame, tipo do gs de proteo e

    tcnica de soldagem. Alm disto, visto que a tenso medida na mquina de

    solda, o comprimento dos cabos tambm influencia o seu valor. A tenso do arco

    uma medida aproximadamente do comprimento fsico do arco em termos

    eltricos, Figura 14, apesar da tenso no arco incluir a queda de tenso devido

    extenso do eletrodo.

    Figura 14: Terminologias.

    A definio do valor da tenso do arco deve ser feita levando em

    considerao a composio qumica do tipo de material de base e do gs de

    proteo e o modo de transferncia metlica desejada.

    Testes de solda so necessrios para ajustar a tenso do arco para

    produzir caractersticas favorveis e boa aparncia do cordo de solda. Estes

    testes so essenciais, pois o valor timo para a tenso depende de uma grande

    variedade de fatores incluindo espessura do material, tipo de junta, posio de

    soldagem, dimetro do arame, composio do gs de proteo e tipo de solda.

    Partindo de um valor qualquer para tenso do arco, um aumento na tenso

  • 51

    tende a achatar o cordo de solda e aumentar a zona de fuso. Tenses

    excessivamente grandes podem causar porosidade, respingos e trincas.

    Reduo na tenso resulta em um cordo mais estreito com reforo concentrado

    na linha central do cordo e penetrao profunda. Tenses excessivamente

    baixas podem causar toque do arame na poa de fuso, desestabilizando o arco.

    3.3.4.3 STICK-OUT

    O stick-out corresponde distncia entre o bico de contato e a pea.

    Incorpora o comprimento do arco e a extenso do eletrodo. Em procedimentos

    de soldagem o valor do stick-out que especificado.

    Figura 15: Stick out.

    Quando a distncia do bico de contato pea muito grande, pode

    ocorrer uma deficincia na ao do gs de proteo. Para uma taxa de

    alimentao fixa do arame, qualquer aumento desta distncia reduz a corrente

    fornecida pela fonte. Sales (2001) menciona um estudo em que o aumento da

    distncia bico de contato pea pode provocar um aumento significativo do

    reforo do cordo de solda e diminuio da largura do cordo. Esta tendncia

    mais pronunciada para a soldagem com o CO2 puro.

  • 52

    Figura 16: Influncia do stick-out na geometria do cordo de solda.

    Fonte: Wainer (1992).

    3.3.4.4 VELOCIDADE DE SOLDAGEM

    Velocidade de soldagem a taxa linear na qual o arco se movimenta ao

    longo da junta. Mantendo todas as demais variveis do processo constante, a

    penetrao mxima a uma velocidade intermediria.

    A velocidade um parmetro que possui uma grande influncia na

    geometria do cordo de solda. Quando excessivamente grande, torna um cordo

    convexo com bordas irregulares e diminui a penetrao. Se a velocidade for

    muito pequena, h incluso de escoria e cordo irregular. Assim, a velocidade

    um importante fator na determinao da energia de soldagem, pois pode atuar

    num grande intervalo (Machado, 1996).

    Quando a velocidade de soldagem reduzida, a deposio de metal por

    unidade de comprimento aumenta. Com velocidades muito baixas, o arco

    eltrico incide com maior violncia sobre a poa de fuso mais que sobre o metal

    base, reduzindo assim a penetrao efetiva. Uma poa larga tambm

    esperada como resultado.

    Quando a velocidade aumentada, a energia trmica por unidade de

    comprimento transmitida para o metal de base atravs do arco , em princpio

    aumentada, devido ao arco agir diretamente no metal base. Com aumentos

    sucessivos na velocidade, menor energia por unidade de comprimento de solda

    cedida ao metal base. Ento, a fuso do metal de base primeiramente

    aumenta e depois diminui com o aumento da velocidade. Com aumentos

    sucessivos da velocidade, h uma tendncia mordedura nas bordas do cordo

    devido deposio insuficiente.

  • 53

    3.3.4.5 ORIENTAO DO ELETRODO

    A orientao do eletrodo em relao junta soldada afeta o formato e a

    penetrao do cordo de solda quando outras variveis so mantidas

    constantes. Esta influncia maior observada quando se altera a tenso e a

    corrente de soldagem (Felizardo, 2005). A orientao do eletrodo pode ser

    descrita de duas maneiras:

    a) ngulo da tocha: a medida de inclinao entre o eixo do eletrodo e a

    superfcie adjacente do metal de base.

    b) Sentido de soldagem: Tem-se nesta situao, a tcnica do arraste,

    onde a tocha puxa a poa de fuso e a tcnica do avano, onde a tocha empurra

    a poa de fuso.

    A Figura 17 ilustra o efeito da orientao do eletrodo na morfologia do

    cordo de solda. Observa-se que o cordo fica mais largo e achatado quando a

    tocha usada na tcnica de avano (empurrando) e a penetrao mxima

    quando a tcnica utilizada a de arraste (puxando), com ngulo de

    aproximadamente 25 com a perpendicular.

    Figura 17: Efeito da orientao do eletrodo na morfologia do cordo de solda.

    Fonte: Felizardo (2005).

  • 54

    3.3.4.6 MATERIAL DE ADIO

    A escolha do material de adio de essencial importncia para o

    sucesso da soldagem. A composio qumica do eletrodo (arame) deve ser

    selecionada para alcanar as propriedades desejadas do metal de solda, em

    virtude do arame determinar as propriedades fsicas e qumicas da soldagem.

    Uma grande variedade de metais de adio existe para a soldagem de

    ferro fundido. Eletrodos revestidos so os mais utilizados, mas barras de arame,

    arames tubulares e at slidos tm encontrado grande aceitabilidade.

    Embora no seja recomendado, em face da morfologia e das

    propriedades mecnicas obtidas na soldagem, arames no contendo Ni, Mn ou

    Cr tambm podem ser utilizados na soldagem de ferro fundido, em virtude de

    custos.

    3.3.4.6.1 ELETRODOS REVESTIDOS

    Os eletrodos revestidos para a soldagem de ferro fundido so

    classificados pela norma ANSI/AWS A5.15, Varetas e Eletrodos Revestidos

    para a soldagem de ferro fundido. Os Eletrodos revestidos iniciam sempre com

    a letra E que significa eletrodo, seguido pelo tipo de material que compe a alma

    metlica. Por exemplo, eletrodos contendo alma de ferro fundido recoberta so

    classificados como ECI (Electrode Cast Iron). Este tipo de eletrodo possui baixo

    custo. So relativamente fceis de soldar, mas as propriedades e resistncia do

    depsito so um tanto inconsistentes. Estes eletrodos geralmente no so

    adequados para a soldagem de ferro fundido dctil e malevel.

    Eletrodos classificados como ESt tm uma alma de ao e recobrimento de

    grafite. virtualmente impossvel prevenir a formao de regies endurecidas no

    metal de solda devido diluio do metal base. Estes eletrodos so largamente

    utilizados para reparos de pequenas falhas e trincas. Os eletrodos ESt podem

    ser usados para reparos de fundidos que necessitam de operaes de usinagem

    aps a soldagem. A dilatao do ao muito maior do que a dilatao do ferro

    fundido, resultando na formao de altas zonas tensionadas quando a solda

    resfria. Pr-aquecimento usado quando necessrio prevenir tenses

    excessivas nas outras partes do ferro fundido. Tenses residuais internas podem

    ser severas o suficiente para causar trincas.

  • 55

    Eletrodos de ao para baixo carbono tais como E7015, E7016, E7018 e

    E7028, so algumas vezes usados para a soldagem ornamental de ferro fundido.

    Eletrodos de ao inoxidvel so raramente usados devido formao de

    carbonetos de cromo e trincas na solda que surgem devido s diferentes dureza

    e coeficientes de expanso. Os eletrodos do tipo E308, E309, E310 e E312

    possuem aplicao limitada e muitos cuidados devero ser tomados ao utiliz-

    los. O eletrodo E310 produz um depsito de baixa permeabilidade e pode ser

    satisfatoriamente usado onde as propriedades magnticas so especificadas

    (AWS, 1998).

    Eletrodos base de nquel so amplamente usados para a soldagem de

    ferro fundido. Isto se deve ao fato deste tipo de eletrodo auxiliar na preveno de

    trincas nos ferros fundidos.

    Os do tipo AWS ENiFe-Cl tm uma composio qumica media de 55%Ni

    e 45%Fe e so empregados para a soldagem de ferros fundidos. Seu

    revestimento a base de grafite, permite que o teor de carbono do material

    depositado fique compreendido entre 1 e 2%, evitando trincas de solidificao a

    quente.

    Os produtos de nquel puro (ENi-Cl) raramente trincam devido diluio

    excessiva, porque eles contm um alto teor de nquel. Entretanto, os produtos

    nquel-ferro e nquel-ferro mangans (ENiFe-Cl, ENiFeT3-Cl e ERNiFeMn-Cl)

    podem apresentar trincas na zona soldada se a diluio for muito alta.

    Normalmente, estas trincas aparecem como trincas transversais ao cordo de

    solda ou como trincas na linha de centro do cordo somente sob condies de

    alta restrio e quando a diluio excede 30% (por exemplo, o depsito de solda

    obtido maior do que 30% do volume do ferro fundido).

    Como na ferrita, a solubilidade do carbono no nquel baixa (0,02%) no

    estado slido. Assim que a poa de fuso solidifica e resfria, o carbono slido

    rejeitado da soluo slida e precipita como grafita. Esta reao aumenta o

    volume do depsito.

    Eletrodos a base de nquel (ENi-Cl e ENiFe-Cl) assim como os arames

    para o processo TIG e arame tubular, possuem um contedo de carbono

    ligeiramente acima do limite de solubilidade no nquel. O resultante aumento no

    volume de solda ajuda a compensar as tenses de contrao geradas durante o

  • 56

    resfriamento e diminui a probabilidade de trincas na zona de fuso e na ZAC

    (AWS, 1998).

    Os eletrodos nquel-cobre classificados como ENiCu-A e ENiCu-B

    possuem limitado uso para a soldagem. Eles so usados para produzir uma

    baixa profundidade de fuso, devido alta diluio do metal base que pode

    resultar em trincas (AWS, 1998).

    3.3.4.6.2 ELETRODO TUBULAR

    Um eletrodo tubular ENiFeT3-Cl um eletrodo contnuo contendo fluxo no

    seu interior. Combinando as melhores caractersticas do eletrodo protegido

    superficialmente e os processos de arame slido, ele produz soldas resistentes e

    dcteis a altas taxas de deposio sem gs de proteo. A composio do

    ENiFeT3-Cl similar ao do ENiFe-Cl exceto pelo mais alto contedo de

    mangans. Contm em sua composio de 3 a 5% de mangans para resistir a

    trincas a quente e aumentar a resistncia e ductilidade do metal de solda. Este

    eletrodo usualmente utilizado para metais base de pouca espessura ou onde o

    processo possa ser automatizado, sendo til para a soldagem de conjuntos

    feitos de ferro fundido e ao.

    Junto com outras ligas apropriadamente adicionadas, o mangans no

    eletrodo ENiFeT3-Cl produz uma grande capacidade de resistir a trincas em

    soldas com altas taxas de deposio. O metal de solda desenvolve propriedades

    mecnicas e microestrutura similar a aquelas depositadas por eletrodos ENiFe-

    Cl, mais com um alto teor de mangans. O principio da rejeio da grafita e o

    aumento do volume do metal de solda associado com o resfriamento o mesmo

    para ambos os produtos. Este tipo de eletrodo projetado para ter autoproteo

    atravs do fluxo interno, mas aceitvel proteo gasosa de CO2.

    No necessrio pr-aquecimento para soldagem superficial de grandes

    sees de ferro fundido cinzento (AWS, 1998; LINCOLN, 1994).

    3.3.4.6.3 ARAME TUBULAR

    um dos processos com larga aceitao na soldagem de ferro fundido

    devido alta eficincia, alm da obteno de soldas de boa qualidade. Arames

    tubulares so contnuos e ocos, e possuem em seu interior fluxos, em forma de

  • 57

    p, que permitem a soldagem dos mais diversos tipos de materiais, como aos

    carbono, aos de alta resistncia e baixa liga (HSLA) e aos inoxidveis, alm de

    poderem ser utilizados para depositar revestimentos duros sobre superfcies

    sujeitas abraso e ao impacto (FORTES, 2004).

    A principal diferena entre o processo com arame tubular e macio o

    metal de adio que, no arame tubular, contem em seu interior um fluxo em

    forma de p. Este fluxo contm elementos desoxidantes que auxiliam na

    proteo e estabilidade do arco, alm de poder conter elementos de liga.

    Segundo Lucas (1999), o fluxo contido no interior dos arames tubulares podem

    ser rutlico bsico ou metlico, dependendo da composio qumica do mesmo.

    Os arames tubulares do tipo metal cored, possuem fluxo metlico em seu

    interior com a funo de unir o metal de solda juntamente com os elementos

    contidos no interior do eletrodo para aumentar a fora do material depositado e

    tambm para desoxid-lo (BAUN, 2000).

    Por apresentar elevadas taxas de deposio, mnima quantidade de

    escria e respingo, excelente aparncia e baixo nvel de fumos, o arame do tipo

    metal cored vem obtendo a preferncia de muitas empresas, principalmente dos

    segmentos automotivos e de transporte (BARHORST, 2000).

    Segundo Araujo (2004), possvel trabalhar com velocidades e correntes

    de soldagem maiores com o arame tubular metal cored que com o arame

    macio, sem prejudicar a qualidade da solda.

    Arames tubulares rutlicos contm em seu interior fluxos no metlicos,

    formadores de escria e estabilizadores do arco. Esses fluxos internos tambm

    tm a funo de proteger e purificar o metal de solda alm de reduzir o nmero

    de respingos e controlar as caractersticas de fuso do eletrodo.

    Os fluxos rutlicos possuem grande quantidade de xido de titnio (rutila)

    e alguns silicatos. Os fluxos bsicos possuem grande quantidade de carbonato

    de clcio (calcrio) e fluoreto de clcio (fluorita).

    A queima deste fluxo durante a abertura do arco resulta em benefcios

    para o cordo de solda, como, adio de elementos qumicos desoxidantes (Mn,

    Si e Al), adio de elementos de liga desejada em determinadas aplicaes,

    proteo gasosa adicional nos arredores da poa de fuso e proteo trmica e

    qumica pela formao de uma camada de escria.

  • 58

    3.3.4.6.4 ARAMES SLIDOS

    So arames contnuos e macios, podendo, em alguns casos, serem

    protegidos por uma fina camada de cobre com o objetivo de evitar a oxidao.

    Os dimetros de arames comumente utilizados no processo GMAW

    variam de 0,8 a 1,6 mm. Contudo, arames mais finos (0,5 mm) ou mais grossos

    (3,2 mm) podem ser utilizados.

    Qualquer composto utilizado na superfcie do arame ou do metal de base,

    lubrificante um exemplo, pode afetar a qualidade da solda. Portanto, a limpeza

    superficial do arame e do metal de base essencial para obter soldas de

    qualidade. Alm disto, os arames devem ser manufaturados com rigoroso

    controle de composio e pureza, visando obter total controle das propriedades

    mecnicas e da seo do arame e, conseqentemente, controle da resistncia

    trao, dureza e rigidez do mesmo. Estas caractersticas podem influenciar na

    operao de soldagem, visto que quando h variao destas propriedades de

    uma bobina para outra, provvel que ocorra alimentao errtica do arame.

    Materiais de deposio tipo ERNi-1 so usados na soldagem de ferro

    fundido, embora os benefcios favorveis da grafita introduzida na poa de fuso

    no possam ser obtidos com um arame slido. O alto contedo de titnio do

    ERNi-1 tambm promove a formao de carbetos de titnio duros.

    ERNi-Cl adequado para reparos cosmticos, contudo, ausncia de

    desoxidantes resulta na tendncia para porosidade em mltiplos passes de

    solda.

    O arame slido ERNiFeMn-Cl torna a soldagem do ferro fundido possvel

    e econmica atravs da eliminao ou reduo do pr-aquecimento e reteno

    de 100% das propriedades de resistncia do metal base.

    Uma das razes pelas quais o ferro fundido mais econmico para

    produzir do que o ao fundido que suas temperaturas de solidificao (solidus

    e liquidus) so mais baixas. Isto permite fuso a mais baixa temperatura.

    Contudo, temperaturas baixas de solidus e liquidus esto tambm entre as

    causas dos problemas de soldagem do ferro fundido. Isto se deve ao fato de que

    os arames slidos comuns utilizados para a soldagem de ferro fundido esto

    muito prximos de nquel puro (ENi-Cl e ENi-Ci-A) ou 55% de nquel, balanceado

  • 59

    com ferro (ENiFe-Cl e ENiFe-Cl-A), ambos com temperatura de solidificao

    mais alta do que o metal base ferro fundido. Quando o metal de solda solidifica

    antes da zona entre a poa de fuso e a ZAC, tenses de solidificao ocorrem

    enquanto algumas reas esto ainda lquidas. Desde que um lquido no

    consegue manter tenses de escoamento, trincas podem ocorrer.

    A composio do metal de adio ENiFeMn-Cl acrescenta a soldabilidade

    do ferro fundido com processos de altas taxas de deposio, primeiramente

    porque ele possui uma taxa de solidificao mais compatvel com a do metal

    base. A composio do ENiFeMn-Cl apresenta uma temperatura liquidus de

    82C menor do que a do sistema eletrodo revestido ENiFe-Cl, e a temperatura

    solidus correspondente menor. Como resultado do uso de ENiFeMn-Cl,

    menores tenses de contrao so formadas enquanto a fase lquida persiste na

    ZAC. Isto resulta em menos trincas. Tambm, ENiFeMn-Cl possui a vantagem

    de possuir um coeficiente de expanso trmica muito parecido com a do ferro

    fundido. A combinao destas caractersticas resulta em soldas que solidificam

    sobre uma faixa de temperatura muito mais prxima da temperatura do ferro

    fundido e que passam por similar ciclo trmico de contrao e expanso. Altas

    tenses de solidificao no so localizadas na ZAC parcialmente fundida do

    ferro fundido durante a solidificao, e subseqentemente tenses de

    solidificao so reduzidas.

    Quando a composio ENiFeMn-Cl usada, a necessidade de pr-

    aquecimento eliminada ou diminuda. Este um ponto controverso entre os

    metalrgicos. Por exemplo, ferro fundido dctil no ligado (Fe-C-Si), quando

    soldado, pr-aquecido a 427C para prevenir a formao de martensita. Este

    pr-aquecimento aumenta a quantidade de cementita (Fe3C) que se forma na

    ZAC. A fase cementita pode ser mais prejudicial do que a martensita para as

    propriedades mecnicas. Ferro fundido de matriz ferritica soldado sem pr-

    aquecimento previne o desenvolvimento de uma banda continua de carbonetos

    na ZAC do ferro fundido mais resulta na formao da martensita (AWS, 1998). 3.3.4.7 GS DE PROTEO

    freqentemente considerado que a funo primria do gs de proteo

    evitar a contaminao da poa de fuso pelo ar atmosfrico, mas ele uma

  • 60

    varivel importante na operao de soldagem a arco e desempenha diversas

    outras funes. O gs ou mistura de gases afetam, por exemplo, as

    caractersticas de ionizao e formao do arco eltrico, o modo de transferncia

    metlica do metal de adio, a estabilidade do arco, as propriedades do metal

    depositado, o volume de fumos e respingos, a geometria e o aspecto superficial

    do cordo, a penetrao e a velocidade de soldagem (HILTON; NORRISH, 1988;

    TUSEK; SUBAN, 2001).

    Os processos de soldagem a arco com proteo gasosa podem utilizar

    gases de proteo com diferentes composies qumicas, em funo do metal

    de base que ser soldado, do tipo de transferncia metlica desejado, do

    dimetro e do tipo de eletrodo e da posio de soldagem. Porm, para diminuir o

    valor agregado de uma solda, importante levar em considerao a escolha da

    mistura a ser utilizada, bem como a relao custo e benefcio. Existe atualmente,

    no mercado internacional e brasileiro, uma grande variedade de gases de

    proteo para a soldagem de aos. Estes podem ser aplicados puros, como nos

    casos do argnio e do dixido de carbono, ou mais comumente em forma de

    misturas. Segundo Hilton e Norrish (1988), em geral 1 a 2% de oxignio ou 2 a

    4% de CO2 so adicionados ao argnio para melhorar a estabilidade do arco e

    reduzir a formao de respingos na soldagem MIG. Estes gases promovem

    constantemente a reconstituio da camada de xido, facilitando assim a

    emisso de eltrons, diminuem a tenso superficial, facilitando a transferncia

    metlica.

  • 61

    4 EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E PROCEDIMENTOS

    4.1 EQUIPAMENTOS

    Os testes foram realizados na clula automtica de soldagem de mancais

    existente na empresa abordada, conforme figura 18.

    Figura 18: Clula de soldagem do mancal.

    Fonte: Tecumseh do Brasil LTDA.

    2

    I

    II III

  • 62

    A clula de soldagem automtica de mancais composta por:

    I) 01 Rob com seis eixos, marca ABB, com garra mecnica utilizando

    cilindro pneumtico marca SMC (cdigo comercial CP95SDB50-60)

    acoplado em seu punho.

    II) 03 fontes de soldagem, marca CLOOS, modelo Quinto 503 (uma fonte

    para cada tocha).

    III) 01 dispositivo de soldagem composto por 03 tochas de soldagem, marca

    Oximig, com 540 mm de comprimento sem refrigerao (tocha

    desenvolvida para a empresa) com sistemas independentes de trao

    do arame.

    Na clula, o rob realiza a manipulao dos compressores da linha de

    montagem para o dispositivo de soldagem, e aps a soldagem, retorna o

    compressor para a linha. O processo de soldagem consiste de dois disparos

    distintos e simultneos. O primeiro com durao de 1.5s e o segundo, com

    durao de 0.5s. Entre os disparos h um intervalo de 2s. Utilizam-se fontes de

    soldagem, marca CLOOS, modelo Quinto 503, com capacidade de 500 A / 39 V

    a 100% de ciclo de trabalho e velocidade de alimentao de arame de at

    30m/min.

    4.2 MATERIAIS

    A tabela 2 usada pelo fabricante de compressores descreve o material

    com o qual foram calandradas e soldadas longitudinalmente as carcaas usadas

    no estudo. O termo apresentado na coluna Especificao se refere ao cdigo do

    fornecedor da chapa.

    Tabela 2 Especificao e composio qumica da chapa da carcaa

    Cdigo Especificao Espessura Tolerncia

    150-10016 SAE1020 3.10mm +/- 0.1

    Composio qumica (% mx. Peso)

    Especificao C Mn P S

    Usiminas SAE1020 0.23 0.60 0.030 0.050

    Fonte: Tecumseh do Brasil LTDA.

  • 63

    A figura 19 apresenta as dimenses tpicas de uma carcaa de

    compressor hermtico, aplicadas em sistemas de ar condicionado.

    Figura 19: Dimenses tpicas de um compressor para utilizao em aparelhos de ar

    condicionado (Em amarelo, na vista em 3D, observa-se o mancal de ferro fundido

    cinzento).

    A figura 20 apresenta o design do mancal de ferro fundido cinzento que

    soldado a carcaa de ao de baixo carbono.

  • 64

    Figura 20: Design do mancal de ferro fundido cinzento.

    O mancal de ferro fundido deve estar livre de carepas, coquilhamento,

    rechupe, juntas frias e outros defeitos que sejam prejudiciais usinagem ou s

    funes dos fundidos.

    A microestrutura deve ser constituda de:

    Um mnimo de 80% da matriz dever ser perlitica.

    Um mnimo de 80% dos veios de grafita dever ser do tipo A.

    Um mximo de 10% dos veios de grafita dever ser do tipo C.

    A dureza deve estar entre 170-241HB medida utilizando-se uma carga de

    3000 kg com um penetrador de esfera de 10 mm. A mesma deve ser verificada

    aps a remoo da camada ferrtica de modo a representar o material em si.

    A composio do mancal pode ser visualizada na tabela 3.

    Tabela 3 Composio qumica do mancal de ferro fundido cinzento

    %C %Mn %Si %P %S

    3.1 0.6 2.2 0.2 0.08

    Fonte: Tecumseh do Brasil LTDA

  • 65

    No trabalho comparativo foram utilizados os arames ANSI/AWS A5.15

    ERNiFeMn-Cl, ANSI/AWS A5.18 ER70S-6 e ANSI/AWS A5.18 E70C-6M, todos

    com dimetro de 1.6mm.

    O arame ER70S-6 o arame utilizado na unidade do Brasil e o arame

    E70C-6M o arame utilizado atualmente pela unidade da Frana. As literaturas

    sobre soldagem de ferro fundido no citam a utilizao dos arames ER70S-6 e

    E70C-6M para tal. Os mesmos so utilizados, em virtude do baixo custo.

    A composio qumica dos arames fornecida pelos fabricantes

    apresentada na tabela 4.

    Tabela 4 Composio qumica dos arames consumveis

    Tipo arame %C %Mn %Si %Ni %Fe %P %S %Cu

    ER70S-6 0.15 1.85 1,15 __ __ 0.025 0.035 0.50

    E70C-6M 0.12 1.75 0,90 __ __ 0.03 0.03 0.50

    ERNiFeMn-Cl 0.10 0.60 0.10 60 Bal. 0.010 0.010 __

    Fonte: ER70S-6 e E70C-6M fornecedor KISWELL ERNiFeMn-CI fornecedor

    Weld-inox

    Como gs protetivo, foi utilizado mistura C8 (92%Ar + 8%CO2) com

    vazo de 18 l / min. em cada tocha.

    Com relao aos parmetros de soldagem (tabelas 05, 06 e 07), os

    mesmos foram definidos por meio de testes considerando como critrio de

    aceitao o no aparecimento de defeitos como falhas ou excesso de respingos,

    alm da aprovao do teste de resistncia de solda. Abaixo temos os

    parmetros utilizados na soldagem utilizando os diferentes arames. Entre os

    disparos h um intervalo de 2s.

  • 66

    Tabela 5 Parmetros de soldagem arame ERNiFeMn-CI

    Parmetros 1 Disparo 2 Disparo

    Durao disparo 1.4s 0.5s

    Alimentao de arame 8.0 m/min. 8.0 m/min.

    Freqncia 220 Hz 220 Hz

    Voltagem 36 V 36 V

    Tempo pulso 2.20ms 2.20ms

    Corrente base 60A 60A

    Gs de proteo C8 C8

    Vazo gs de proteo 18 l/min. 18 l/min.

    Pr-gs 0.5s 0

    Ps-gs 0 0.5s

    Stick-out 16mm NA

    ngulo tocha 0 0

    Tabela 6 Parmetros de soldagem arame E70C-6M

    Parmetros 1 Disparo 2 Disparo

    Durao disparo 1.4s 0.5s

    Alimentao de arame 7.0 m/min. 7.0 m/min.

    Freqncia 200 Hz 200 Hz

    Voltagem 35V 35V

    Tempo pulso 2.20ms 2.20ms

    Corrente base 60A 60A

    Gs de proteo C8 C8

    Vazo gs de proteo 18 l/min. 18 l/min.

    Pr-gs 0.5s 0

    Ps-gs 0 0.5s

    Stick-out 16mm NA

    ngulo tocha 0 0

  • 67

    Tabela 7 Parmetros de soldagem arame ER70S-6

    Parmetros 1 Disparo 2 Disparo

    Durao disparo 1.4s 0.5s

    Alimentao de arame 7.0 m/min. 7.0 m/min.

    Freqncia 200 Hz 200 Hz

    Voltagem 35V 35V

    Tempo pulso 2.20ms 2.20ms

    Corrente base 60A 60A

    Gs de proteo C8 C8

    Vazo gs de proteo 18 l/min. 18 l/min.

    Pr-gs 0.5s 0

    Ps-gs 0 0.5s

    Stick-out 16mm NA

    ngulo tocha 0 0

  • 68

    4.3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

    A sntese dos ensaios mostrada na tabela 8.

    Tabela 8 Sntese dos ensaios

    ENSAIO TIPO OBJETIVO

    Soldagem do mancal

    utilizando os arames:

    ER70S-6

    E70C-6M

    ERNiFeMn-Cl

    Clula automtica. Avaliar a qualidade dos

    resultados obtidos.

    Anlise da rea fundida. Micrografia da solda. Avaliar penetrao, zona

    fundida e ZAC.

    Anlise de ndices

    qualitativos.

    Teste com Hlio e sniffer

    e testes funcionais.

    Avaliar hermeticidade,

    entreferro e rudo stall.

    Ensaio de resistncia

    mecnica. Norma interna.

    Avaliar resistncia da

    soldagem realizada.

    Conjuntos (carcaa e mancal) foram soldados utilizando os diferentes

    arames para anlise quanto resistncia da solda utilizando prensa hidrulica

    CARLSONS (rea do cilindro com 21,2cm2).

    Corpos de prova foram extrados de juntas para anlise metalogrfica com

    auxilio de disco de corte.

    Compressores completos foram soldados para avaliao quanto ao

    entreferro, hermeticidade e rudo stall. No teste inicial comparativo, foram

    soldados vinte (20) compressores com cada arame, sessenta (60) no total, em

    virtude da pouca quantidade disponvel do arame ERNiFeMn-CI.

  • 69

    4.3.1 METALOGRAFIA E MICRO DUREZA

    Trs corpos de prova referentes deposio com diferentes arames,

    foram cortados no sentido transversal do cordo de solda e embutidos a quente

    para anlise da macroestrutura e microestrutura. Posteriormente, utilizando as

    mesmas amostras, foi realizado anlise de micro dureza Vickers. Os ensaios

    foram realizados no departamento de Engenharia de Materiais da Universidade

    de So Paulo Campus So Carlos.

    Figura 21: Corpo de prova embutido a quente para anlise metalografica.

    4.3.2 MACROGRAFIA

    Para a macrografia os corpos de prova foram lixados obedecendo a

    seguinte ordem de granulometria das lixas: 120, 220, 320 e 400 mesh. Depois de

    terminada esta etapa, as amostras foram atacadas com Nital 1% durante 4

    segundos. Uma soluo de 50% acido ntrico e 50% cido actico foi utilizado

    para revelar a solda do arame ERNiFeMn-Cl. O objetivo desta anlise foi realizar

    uma inspeo visual a fim de verificar a penetrao e a zona termicamente

    afetada nas amostras.

  • 70

    4.3.3 MICROGRAFIA

    Terminada a macrografia continuou-se lixando as amostras com as lixas

    de 600 e 1200 mesh e na sequncia realizou-se o polimento em feltro com pasta

    de diamante de quatro (4) mcrons e um (1) mcron de granulometria. As

    superfcies ento foram atacadas com Nital 1% durante 02 segundos para

    anlise da rea do mancal de ferro fundido, durante 04 segundos para anlise da

    rea da solda e da carcaa. A regio da solda do arame ERNiFeMn-Cl foi

    atacada com uma soluo de 50% cido ntrico + 50% cido actico, durante 15

    segundos.

    Depois de atacadas, as amostras foram analisadas atravs de um

    microscpio ptico com intuito de identificar a microestrutura dos metais base,

    ZTA, ZPD e do metal de adio.

    4.3.4 PERFIL DE MICRO DUREZA

    A partir das amostras polidas usadas na macrografia e micrografia foram

    realizados os perfis de micro dureza Vickers. Foi realizada uma linha de perfil

    horizontal passando pela carcaa, ZAC e ZPD e carcaa novamente (buscou-se

    percorrer a regio de interface da solda com o mancal). Outras duas linhas foram

    feitas no sentido vertical passando pelo mancal, ZAC, ZPD e metal de adio. As

    linhas podem ser visualizadas na figura 22. O equipamento utilizado foi um micro

    durmetro LEIKA VMHT MOT (figura 23). Uma carga de 200g foi aplicada sobre

    a superfcie durante 15 segundos e com distncia entre pontos de 0.05 0.20

    mm.

    Figura 22: Desenho esquemtico das linhas percorridas para elaborao dos perfis de

    micro dureza.

    (a) (b)

    (a)

    (b)

    (b)

    Linha horizontal

    Linha vertical A

    ZAC

    Carcaa Solda

    Mancal

    Linha vertical B (a)

  • 71

    Figura 23: Micro durmetro Leica VMHT Mot utilizada para medio dos perfis de micro

    dureza.

    4.3.5 ENSAIO DE RESISTNCIA DA SOLDA

    O ensaio quanto resistncia da soldagem foi realizada no setor de

    montagem de compressores rotativos na empresa abordada no trabalho. Este

    ensaio visou verificar a resistncia de cada arame no processo de soldagem do

    mancal.

    Os ensaios foram conduzidos em um ambiente com temperatura de 22C.

    Foi utilizado para tal, prensa hidrulica CARLSONS, onde o conjunto soldado

    (carcaa e mancal), deve ser posicionado de tal forma que ele fique centralizado

    no cilindro hidrulico (figura 24).

    O mancal precisa suportar a fora de 90 kgf. / cm2 durante sessenta (60)

    segundos. Se a presso cair antes de alcanar os 90 kgf. / cm2 ou antes dos

    sessenta (60) segundos estourar, a solda falhou. Aps a solda resistir a 90 kgf. /

    cm2 por sessenta (60) segundos, aumenta-se a presso at o mancal quebrar

    as trs (3) soldas da carcaa.

  • 72

    Figura 24: Prensa hidrulica de ensaio quanto resistncia da soldagem: I) Vista geral

    do equipamento; II) e III) Conjun