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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
O EXTRATIVISMO COMO ALTERNATIVA DE UTILIZAÇÃO
SUSTENTÁVEL DO CERRADO
Elizabeth Tebar Turini
Martha Helena Gama de Macêdo
Monografia apresentada para obtenção do título de
Especialista em Gestão no Agronegócio.
Brasília
2013
Elizabeth Tebar Turini
Formada em Economia – Universidade Católica de Brasília
Martha Helena Gama de Macêdo
Formada em Contabilidade – Centro Universitário de Brasília
O EXTRATIVISMO COMO ALTERNATIVA DE UTILIZAÇÃO
SUSTENTÁVEL DO CERRADO
Monografia apresentada, para obtenção do
título de Especialista e Agronegócio
Brasília
2013
AGRADECIMENTOS
À sociobiodiversidade que despertou em nós além do interesse, o compromisso
social. Especialmente, há nós que foram abertas as portas e o coração para que déssemos
mais este passo. A turma do MBA, pela diversão, pelo aprendizado, pela convivência e pela
amizade. A todos os que contribuíram com suas reflexões para o desenvolvimento deste
trabalho, a uma revisora anônima pela revisão do texto sem a qual nossa monografia não
teria a mesma qualidade e a nós pelas nossas iniciativas e dedicações.
Aos colegas de turma do MBA, pela espontaneidade e alegria na troca de
informações e materiais, numa demonstração de amizade e solidariedade, à Companhia
Nacional de Abastecimento – CONAB, que nos inseriu na área temática do presente
trabalho. Às nossas famílias, pela paciência em tolerar a nossa ausência. E, finalmente, a
DEUS pela oportunidade e pelo privilégio que nos foram dados em compartilhar tamanha
experiência e, ao frequentar este curso, perceber e atentar para a relevância de temas que
não faziam parte, em profundidade, das nossas vidas.
RESUMO
O Cerrado se tornou palco de interesses econômicos a partir da década de 1970, quando se
teve início a produção de grãos, principalmente de monoculturas de soja e milho, e na
plantação de gramíneas para servir de pastagem para a pecuária. Essas atividades causaram
e ainda causam grandes impactos ao Cerrado brasileiro, que está reduzindo sua área,
comprometendo a biodiversidade deste bioma, que é uma das mais ricas do mundo. É
necessário diversificar as formas de utilizar os recursos naturais do Cerrado, para que essa
utilização seja sustentável e responsável, que gere renda aos Povos Tradicionais,
preservando-o e divulgando sua biodiversidade. Uma alternativa passível de interesse, tanto
do governo quanto dos pequenos agricultores, é o extrativismo. Uma das frutas oriundas do
Cerrado que mais é apreciada na região Centro-Oeste é o pequi, ela apresenta grande
potencial como fonte econômica para cultivadores da espécie. As políticas públicas
voltadas para o extrativismo no Cerrado ainda são poucas e as que existem são muito
limitadas, mas nota-se que a ideia do uso sustentável da biodiversidade tem ganhado
destaque, mas que ainda precisa de divulgação e de políticas mais abrangentes. Para atender
às demandas dos produtores extrativistas é necessário que as políticas proporcionem a
capacidade de intensificação da produção e do beneficiamento do produto, o avanço no uso
de tecnologias, melhorias na assistência técnica oferecida pelo governo e o fortalecimento
do mercado para que os produtores possam comercializar os produtos, através de
campanhas que divulguem a biodiversidade dos biomas.
Palavras-chave: Cerrado, extrativismo, políticas públicas, biodiversidade, uso sustentável.
ABSTRACT
The Cerrado became the scene of economic interests from the 1970s, when it began
production of grains, mainly corn and soy monocultures, and planting grass to serve as
pasture for livestock breeding. These activities have caused and still cause major impacts to
the Brazilian Cerrado, which is reducing its area, affecting the biodiversity of this biome,
which is one of the world's richest. It is necessary to diversify the ways to use the natural
resources of the Cerrado, that such use is sustainable and responsible, which generates
income to the Traditional Peoples preserving and disseminating its biodiversity, an
alternative subject of interest from both government and small farmers, is extractivism. One
of the fruits derived from the Cerrado that is more appreciated in the Midwest is the pequi,
this has great potential as a source for economic species and cultivators of public policies
aimed at extraction in the Cerrado are still few and those that exist are very limited but note
that the idea of sustainable use of biodiversity has gained prominence, but it still needs
publicity and make these policies more comprehensive. To meet the demands of extractive
producers need policies that provide the ability to intensify production and processing
product, advances in the use of technology, improvements in technical assistance offered by
the government and strengthening market for producers to market the products through
campaigns that disseminate the biodiversity of biomes.
Keywords: Cerrado, extraction, public policy, biodiversity, sustainable use.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................7
JUSTIFICATIVA....................................................................................................................................9
OBJETIVOS….....................................................................................................................................10
REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................................................11
1. CERRADO......................................................................................................................................11
2. BIODIVERSIDADE DO CERRADO..............................................................................................16
3. PEQUI – Extrativismo Sustentável...................................................................................................19
3.1. CUSTO DE PRODUÇÃO.....................................................................................................24
4. ALTERNATIVAS DE USO SUSTENTÁVEL PARA O CERRADO..............................................27
5. O EXTRATIVISMO NO CERRADO – Uma forma de gestão da Biodiversidade..........................30
6. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DO CERRADO............32
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................................36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................39
7
INTRODUÇÃO
Até 1950 o Brasil Central, onde se encontra grande parte do Cerrado, era uma
região ainda pouco povoada. Poucos se aventuravam a cultivar a terra onde as árvores
tortuosas imprimiam à paisagem um aspecto agreste. As fazendas que existiam eram
voltadas basicamente à criação de gado, que pastava nos campos abertos e se refugiava do
calor e da seca na sombra de árvores de caule lenhoso e copa frondosa. Muitos visitantes da
região, incluindo aqueles que por ela passavam em busca de minérios e de terras úmidas na
Amazônia, duvidavam da possibilidade de se produzir alimentos (CEBRAC, 1999).
Com o desenvolvimento de pesquisas e tecnologias, as regiões dos cerrados
passaram a ser vistas como importantes pólos de produção nacional de grãos,
principalmente a produção de soja e milho. Aliadas a essa produção vieram os
desmatamentos, as queimadas, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Assim, os
cerrados foram modificados com voçorocas, assoreamento e envenenamento dos
ecossistemas, restando apenas 21% de área em estado conservado (CONSERVAÇÃO
INTERNACIONAL BRASIL, 2008).
Outra forte vocação do cerrado, além da pecuária, é a produção de grãos e as
árvores frutíferas nativas. Seus frutos já são comercializados, e com grande aceitação na
forma de sucos, licores, sorvetes, geleias etc. Atualmente, existem mais de 58 espécies de
frutas nativas do Cerrado conhecidas e utilizadas pela população. O interesse por essas
frutas tem atingido diversos segmentos da sociedade, incluindo, o setor agropecuário e a
indústria (Silva et al., 2001). Agricultores, indústrias, comerciantes, cooperativas,
universidades, instituições de pesquisa e assistência técnica, entre outros segmentos da
sociedade, tem se interessado pelos frutos do cerrado cada vez mais.
Nas últimas décadas, o território ocupado pelo bioma Cerrado tem sofrido uma
intensa invasão por populações e atividades que antes não existiam. O processo de
urbanização, principalmente depois da construção de Brasília, e a produção agropecuária,
notadamente após o desenvolvimento de tecnologias de produção em larga escala, vêm
transformando rapidamente as paisagens do bioma Cerrado. Não somente as paisagens, mas
também os modos de vida de suas populações, os ecossistemas e o regime hídrico.
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Dentre as espécies nativas do Cerrado que possuem valor econômico e importância
social, temos o pequi como posição de destaque, sendo amplamente disseminado pela
região dos cerrados. Pertence à família Caryocaraceae, de nome científico Caryocar
brasilense Camb., sua ocorrência está associada aos seguintes tipos de vegetação: Campo,
Cerrado, Cerradão e em “murunduns” encontrados nos estados da Bahia, Distrito Federal,
Goiás, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul
e São Paulo.
Apesar da importância do pequi para a alimentação de várias famílias do Cerrado,
esta planta, assim como outros recursos naturais (flora e fauna), que são de interesse
socioeconômico para as populações desta região, são retirados para dar lugar ao
estabelecimento de extensas áreas agropecuárias, sem estudo mais intensivo do emprego de
suas potencialidades.
Mesmo que hoje a legislação existente possibilite a gestão do meio ambiente como
bem de todos, na prática, as relações de poder continuam as mesmas. No caso da Região do
Cerrado, as políticas de ocupação territorial e de produção não focalizaram com a devida
atenção as potencialidades do ecossistema nativo e o conhecimento acumulado pela cultura
local. O bioma Cerrado ainda recebe pouca atenção de programas de Governo para seu
desenvolvimento sustentável.
No Brasil, existem muitas dificuldades para a implementação de políticas públicas
que busquem benefícios ao meio ambiente, à biodiversidade e às populações de pequenos
produtores rurais, sejam indígenas, populações tradicionais ou agricultores familiares. As
diversas políticas e programas para assuntos ambientais existentes no Brasil estão pouco
integradas entre si e isoladas das políticas de desenvolvimento, o que as tornam pouco
efetivas.
Para a conservação do bioma Cerrado é necessário que haja uma demonstração de
toda a biodiversidade existente e sua importância para se manterem ativos vários
ecossistemas que dependem do Cerrado, além disso, é preciso fortalecer as políticas
voltadas para conservação do Cerrado já existentes e a criação de novas políticas que
apóiam as populações locais que dependem do Cerrado para promover o desenvolvimento
dessas comunidades. Essa importância para a manutenção dos ecossistemas juntamente
9
com os problemas causados com o uso da terra devem ser a ênfase para de discutir o
desenvolvimento sustentável da região.
De acordo com Domingos (2007), todo esse processo de devastação foi altamente
favorecido devido aos poucos conhecimentos que a sociedade tinha sobre as consequências
de destruição do bioma. Contudo, com todo conhecimento adquirido no decorrer desse
processo a sociedade tem dado maior atenção para a produção sustentável, pois o Cerrado
tem uma biodiversidade tão rica, que várias alternativas sustentáveis podem ser tomadas a
fim de garantir renda, qualidade de vida e geração de alimentos suficientes para alimentar a
população local, geralmente formada por comunidades tradicionais e pequenos agricultores
e criadores de animais em pequenas quantidades. Entre as alternativas que podem ser
implantadas, podemos citar o ecoturismo, turismo rural, piscicultura silvestre, extrativismo
e o cultivo de frutos nativos.
JUSTIFICATIVA
O Cerrado se tornou palco de interesses econômicos a partir da década de 1970,
quando se teve início a produção de grãos, principalmente de monoculturas de soja e milho,
e na plantação de gramíneas para servir de pastagem para a pecuária. Essas atividades
causaram e ainda causam grandes impactos ao Cerrado brasileiro, que está reduzindo sua
área, comprometendo a biodiversidade deste bioma. Desde a inserção dessas atividades, o
Cerrado tem sido devastado, o que vem transformando a sua paisagem.
É necessário diversificar as formas de utilizar os recursos naturais do Cerrado, para
que essa utilização seja sustentável e responsável, que gere renda aos Povos Tradicionais
preservando-o e divulgando sua biodiversidade. Uma alternativa passível de interesse tanto
do governo quanto dos pequenos agricultores é o extrativismo. O extrativismo é visto como
uma forma de promoção de desenvolvimento para as comunidades locais, através da coleta
e extração de produtos naturais, seja de origem animal, vegetal ou mineral. A atividade
extrativista proposta neste trabalho é o extrativismo sustentável, que respeita o período em
que a coleta pode ser realizada e a quantidade necessária para a reprodução da espécie, para
que o ambiente permaneça em equilíbrio, diferente do extrativismo predatório. De acordo
com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) (Lei no. 9.985,
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de 18 de julho de 2000 e Decreto no. 4.340, de 22 de agosto de 2002) o uso sustentável é “a
exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais
renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos
ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável”. É nesse sentido que
propomos o extrativismo como uma forma de utilização consciente do bioma Cerrado.
Uma das frutas oriundas do Cerrado que é mais apreciada na região Centro-Oeste é
o pequi. Ela apresenta grande potencial como fonte econômica para cultivadores da espécie.
Entre as características que levam as pessoas a se interessarem por esta fruta estão a
utilidade do seu óleo, semente e sua casca para servir como corantes tintorial de alimentos,
além das folhas servirem como remédios populares.
Entender a importância da biodiversidade que este bioma apresenta pode ser uma
das maneiras de incentivar a preservação do nosso Cerrado, criando novas políticas de
preservação e fortalecendo as políticas já existentes. O Cerrado precisa da atenção do
governo, das populações locais que dependem desse bioma e de todos.
OBJETIVOS
• Apresentar a biodiversidade do Cerrado, suas formações típicas e destacar o
Pequizeiro como árvore representante desse bioma.
• Apresentar possíveis alternativas para o uso sustentável do Cerrado, com foco no
Extrativismo.
• Analisar as políticas públicas existentes que colaboram para a preservação do
Cerrado e incentivam o extrativismo como alternativa de fonte de renda para os
povos tradicionais.
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REVISÃO DE LITERATURA
1. O CERRADO
Quando o Cerrado atingiu uma formação semelhante à atual, ele ocupava no interior
do Brasil uma área de cerca de dois milhões de quilômetros quadrados no Planalto Central
brasileiro, que correspondia a cerca de 25% de todo o território nacional, estando presente
nos estados do Paraná, São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Piauí, Maranhão, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Tocantins, Distrito Federal e Rondônia, e em algumas áreas isoladas
dos estados do Pará, Roraima e Amapá. De acordo com informações do IBAMA, temos
atualmente “67% de áreas do Cerrado ‘altamente modificadas’, com voçorocas,
assoreamento e envenenamento dos ecossistemas. Apenas 20% de área encontra-se em
estado conservado.
A Tabela a seguir apresenta informações sobre a área de Cerrado desmatada durante
o período 2002-2008, por Unidade da Federação. A análise de distribuição das áreas
delimitadas identificou que, nesse período, os estados do Mato Grosso, seguido por
Maranhão, Tocantins e Goiás foram os que apresentaram mais desmatamentos, em valores
absolutos.
Tabela 1 - Desmatamento no Cerrado, por Estado, no Período de 2002-2008.
Fonte: Mapa dos Biomas Brasileiros do IBGE (2004) e CSR/Ibama (2009).
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A fronteira agrícola do Cerrado teve sua ocupação efetivada dentro dos padrões de
uma agricultura integrada à indústria – o complexo agroindustrial –, acarretando “custos
sociais incalculáveis, com poluição ambiental e degradação das áreas rurais” (FARIA,
1998). A redução da diversidade biológica, ocasionada pela perda de hábitat natural de
espécies vegetais e animais, arrisca a sobrevivência destas, ocasionando consequentemente
destruição da biodiversidade (CUNHA, 1994). A área total das unidades de conservação
situadas no Cerrado equivale a um percentual de apenas 1,5% da superfície desse bioma,
em comparação com a Floresta Amazônica, que é de 3,8%, e a Mata Atlântica, de 7%
(HENRIQUES, 2003). O Cerrado é um bioma que se encontra muito desprotegido.
Segundo o levantamento realizado por Sano et al. (2008), até 2002, do total
desmatado do Cerrado, 54 milhões de hectares (ou 26,5%) estavam ocupados por pastagens
cultivadas e 22 milhões de hectares (ou 10,5%) ocupados por culturas agrícolas.
Com o surgimento de Brasília e de uma política de expansão agrícola, por parte do
Governo Federal, uma intensa ocupação por populações e atividades, até então inexistentes,
transformaram as paisagens do bioma e os modos de vida das populações tradicionais,
causando impactos ambientais e sociais imensuráveis.
Neste período foi implementada a “Revolução Verde”, as atividades agropecuárias
na região foram intensificadas. Foram introduzidos 22 milhões de hectares de gramíneas
exóticas, e o Cerrado passou a ter o maior rebanho bovino do País. Situação similar
aconteceu com as culturas de milho, soja, café, seringueira, hortaliças, a fruticultura e a
produção de sementes (CUNHA, 1994).
A pecuária extensiva e a monocultura são as principais causas do desmatamento no
Cerrado.
O solo do Cerrado é pobre em nutrientes, mas rico em ferro e possui alta
concentração de alumínio que causa toxidez às plantas, inibindo o seu crescimento e
levando-o a apresentar semelhanças com a caatinga. Ele é profundo, de cor vermelha
amarelada, arenoso, permeável e com baixa fertilidade natural. A superfície tem pouca
capacidade de absorver água. Entretanto, por baixo deste solo de antiga formação, está uma
grande reserva de água.
O clima dessa região é tropical sazonal, onde um período chuvoso, que dura de
outubro a março e de abril a setembro o Cerrado permanece seco. A precipitação média
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anual é de 1.500mm e as temperaturas são geralmente amenas ao longo do ano, entre 22ºC
e 27ºC em média. A região apresenta uma divisão bem definida em relação ao clima e ao
regime de chuvas.
No período seco, em alguns locais, a vegetação pega fogo espontaneamente. Esta
queimada natural das plantas é algo que acontece de forma regular e que passou a
condicionar a vida da flora. Existem algumas espécies de vegetais, por exemplo, que só
florescem após o período de queimadas, isso só acontece por conta das raízes profundas e
caules subterrâneos das árvores, que garantem sua sobrevivência mesmo com a superfície
do solo em cinzas.
Muitos rios nascidos em outras regiões cortam o Cerrado. Alguns rios nascem
mesmo na região. No bioma do cerrado concentra as nascentes das bacias hidrográficas do
São Francisco, Araguaia-Tocantins e do Paraná-Paraguai.
A Tabela a seguir apresenta a contribuição do Cerrado, em área e potencial hídrico,
nas principais bacias brasileiras.
Tabela 2 - Contribuição do Cerrado na Formação de Bacias Hidrográficas.Fonte: Adaptado de Lima&Silva (2005).
Estima-se que esse bioma seja responsável por 5% da biodiversidade mundial
(Pires, 1999). Estimativas do total de espécies do Cerrado apontam mais de 6 mil espécies
de árvores, sendo mais de 40% das espécies de plantas lenhosas endêmicas. Quanto à
Bacia Hidrográfica Características
Araguaia/Tocantins
São Francisco
Paraná/Paraguai Cerrado compreende em 48% de sua área e gera 71% da vazão média.
Amazonas Possui 5% de área e 4% de produção hídrica.
Atlântico Norte/Nordeste Possui 27% de área e 11% da vazão
Cerrado representa 78% da área e 71% de sua produção hídrica, mesmo sendo parte desta bacia influenciada pela floresta Amazônica.
Do ponto de vista de nossa hidrologia é completamente dependente do Cerrado que, com apenas 47% da área, gera 94% da água que flui superficialmente.
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fauna, estimam-se 800 espécies de aves, 180 espécies de répteis, 113 espécies de anfíbios,
além de grande variedade de peixes e insetos.
Figura 1 – Fauna do Cerrado
Com árvores de pequeno porte como o pequi, pau-santo, lixeira e outros. Os
arbustos possuem os troncos e galhos retorcidos, caule grosso, casca espessa e dura e raízes
profundas. O espaçamento entre arbustos e árvores é grande, o que favorece a prática da
pecuária extensiva e das monoculturas favorecidas pelo relevo plano.
As políticas de incentivo à ocupação do Cerrado trouxeram uma série de
consequências ambientais. Das leis existentes para proteção ambiental, poucas são efetivas
e voltadas para o Cerrado. A realidade é que esse bioma não recebe a atenção necessária
para que possa ser preservado.
Vivem no Cerrado inúmeras populações que sobrevivem de seus recursos naturais,
especialmente da biodiversidade. Estas populações, em geral, não prejudicam
significativamente os ecossistemas do bioma, e muitas vezes contribuem para sua
preservação.
A degradação ambiental e social, acelerada nas últimas décadas, associada ao
trabalho precário, precisamente nas áreas de agronegócio, resultou em diversas alterações
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nas áreas de Cerrado, com destaque para os processos erosivos em áreas de exploração
agropecuária, destruição das matas ciliares, afogamento das nascentes e Veredas,
assoreamento dos leitos dos cursos d'água, poluição e contaminação dos mananciais por uso
inadequado e indiscriminado de agrotóxicos.
As diversas fisionomias do Cerrado estão intimamente ligadas a sua biodiversidade,
como se pode perceber na variedade de espécies encontradas no cerradão, na vereda, no
campo limpo e nas demais formações florestais do bioma. As espécies vegetais têm grande
importância por seu potencial de uso como alimentos, remédios e matéria-prima para
artesanato, permitindo geração de renda de forma sustentável.
As Formações Típicas de Cerrado englobam três tipos fisionômicos, que podem
apresentar subdivisões segundo a densidade arbóreo-arbustiva ou em função do ambiente
em que se encontram.
A Figura 2 apresenta as três formações típicas do Cerrado e seus principais tipos de
vegetação. As formações Campestres do Cerrado englobam três principais tipos de
vegetação: o Campo Sujo, o Campo Limpo e o Campo Rupestre. As formações
Florestais do Cerrado englobam os tipos de vegetação com predominância de espécies de
árvores e formação de cobertura pela proximidade das copas das árvores. No Cerrado,
existem as seguintes formações florestais: Mata Seca, Mata de Galeria, Mata Ciliar e
Cerradão. As Formações Savânicas englobam quatro tipos de vegetação principais: o
Cerrado sentido restrito, o Parque de Cerrado, o Palmeiral e a Vereda.
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Figura 2 – Formações Típicas do Cerrado
2. A BIODIVERSIDADE DO CERRADO BRASILEIRO
O termo biodiversidade é recente, um neologismo derivado do termo diversidade
biológica. Refere-se à variedade de vida existente na Terra. Abrange a variedade de
espécies de flora, fauna e microorganismos, de funções ecológicas desempenhadas pelos
indivíduos e a variedade de comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos
organismos. Portanto, a biodiversidade refere-se tanto ao número de diferentes categorias
biológicas quanto à abundância relativa dessas categorias.
Dentre os biomas brasileiros, calcula-se que o Cerrado seja responsável em torno de
5% da biodiversidade mundial (PIRES, 1999), havendo uma variedade de ambientes
presentes nos quais: Campo Cerrado, Campo Sujo, Campo Campestre, Cerrado strito
sensu, Cerradão, Veredas, Mata Ciliar e Galeria contribuindo para a grande diversidade de
espécies animais e vegetais, ou seja, há uma heterogeneidade espacial (sentido horizontal).
O Cerrado é considerado a mais diversificada savana tropical do mundo. O número
de espécies vegetais supera 6.000. A riqueza de espécies de peixes, aves, mamíferos,
répteis, anfíbios e invertebrados é igualmente grande, ocorrendo a metade das espécies de
aves, 45% dos peixes, 40% dos mamíferos e 38% dos répteis com relação ao Brasil.
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Estima-se que nada menos do que 320 mil espécies ocorram no Cerrado. Esse valor
representa cerca de 30% de tudo o que existe no Brasil, pelo menos, segundo as estimativas
realizadas. Portanto, a biodiversidade do Cerrado é elevada, mas infelizmente ainda é
menosprezada.
O grau de endemismo da biota do Cerrado é significativo e por outro lado pouco se
conhece sobre a distribuição das espécies dentro deste bioma. Assim, sua destruição é ainda
mais grave visto que as limitações das áreas protegidas são pequenas e os números são
concentrados em poucas regiões (MMA, 2002). Com toda “esta excepcional riqueza
biológica, o Cerrado, ao lado da Mata Atlântica, é considerado um dos hotspots mundiais,
isto é, um dos biomas mais ricos e ameaçados do Planeta” (MMA, 2002, p. 177).
A gestão da biodiversidade consiste na valorização da cultura local, os saberes
tradicionais e suas formas regionais de relação com os diferentes ecossistemas. Muitos
estudiosos e ambientalistas salientam que, principalmente quando as populações
tradicionais apresentam algum tipo de comércio local, devem ser fortalecidos, visando o
uso racional dessas espécies e ao eco-desenvolvimento. A biodiversidade do cerrado a partir
dos aspectos culturais de seus povos tem papel importante no envolvimento das
comunidades na autogestão de seus recursos naturais. Neste sentido Guimarães (2000, p.13)
aponta que “o ilimitado universo cultural se relaciona umbilicamente com a inestimável
riqueza biológica”.
Para ampliar o termo biodiversidade tem se empregado também o termo
sociobiodiversidade:
Também cada vez mais a diversidade cultural humana - incluindo a diversidade de
línguas, crenças e religiões, práticas de manejo de solo, expressões artísticas, tipos
de alimentação e diversos outros atributos humanos - é interpretada como sendo um
componente significativo da biodiversidade, considerando as recíprocas influências
entre o ambiente e as culturas humanas. Desse modo, o conceito de biodiversidade
vem sendo ampliando para o de sociobiodiversidade (ALBAGLI, 1998, p.63).
Os frutos das espécies nativas do Cerrado oferecem um alto valor nutricional, além
de atrativos sensoriais como cor, sabor, aromas peculiares e intensos, ainda pouco
explorados comercialmente (VIEIRA, 2007). Ainda segundo Vieira, a utilização destas
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frutas nativas pode ser uma ótima forma para melhorar a saúde da população e para agregar
valor aos recursos naturais disponíveis no cerrado, melhorando a renda das pequenas
comunidades rurais e favorecendo a preservação da biodiversidade.
A Sociobiodiversidade é um conceito ainda pouco conhecido da maior parte da
população, é um dos grandes diferenciais do Brasil e foi um tema relevante no cenário da
Rio+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. O que
distingue a “Biodiversidade”, tema internacional, da “Sociobiodiversidade” brasileira é a
inclusão da diversidade social e cultural na equação.
As comunidades do cerrado possuem um legado cultural rico e heterogêneo cuja
reprodução era essencialmente ligada à zona rural. Contudo, com o processo de
modernização agrícola que ocorreu nas áreas de Cerrado – inserção da pecuária e das
monoculturas, sobretudo na década de 70 houve um grande êxodo rural. Devido
principalmente a este fato, pode se dizer, que de forma geral as populações que
permaneceram nas áreas remanescentes deste bioma vêm transformando suas configurações
e funções de vida entre os significados tradicionais e valores modernos. Neste sentido
Chaveiro (2005, p. 53) aponta que “é necessário sintetizar que a modernização apesar de ser
avassaladora e hegemônica não erradicou a tradição; e que embora resistindo não se impõe.
Mesmo que não se imponha, ora converge, ora conflita, ora se adapta aos novos signos
modernizantes”.
A nossa sociedade desprezou os conhecimentos de vários grupos tradicionais, como
os índios e os povos cerradeiros “Se voltarmos a alguns de nossos trabalhos, veremos
claramente que os saberes locais, há muito tempo desqualificados pela modernização
agrícola, estão em regressão por estarem enfraquecidos por não serem transmitidos”.
( PINTON & AUBERTINI: 2007, p 20). Porém, diante deste regime econômico
“globalizado” temos uma recodificação da cultura e da natureza como valores de mercado.
Neste novo cenário estes aspectos passam a ser valorizados, sendo necessário neste sentido
dialogar com outras culturas.
A riqueza biológica do Cerrado tem sido extremamente reduzida, em decorrência da
expansão das atividades agrícolas, principalmente pelo cultivo de soja. O crescente avanço
do agronegócio nas áreas de cerrado culminando com a expansão das monoculturas tem
acentuado a degradação dos pequizeiros nas últimas décadas. Tal fato tem
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impulsionado uma constante preocupação quanto a preservação dos cerrados
brasileiros e o futuro daqueles que dependem do cerrado e do pequizeiro para a
sobrevivência, sobretudo através da atividade extrativista. Nesse sentido, a criação de leis
tem sido o principal instrumento de auxílio à preservação do pequizeiro, associadas às
pressões dos movimentos socioambientais.
3. PEQUI – Extrativismo Sustentável
O pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.), árvore do fruto Pequi, é uma espécie de
grande potencial econômico do cerrado. É uma espécie arbórea nativa dos Cerrados
brasileiros. Sua ocorrência abrange o Cerrado brasileiro, sendo encontrado principalmente
em regiões de cerradão, cerrado denso, cerrado e cerrado ralo, com distribuição nos Estados
da Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins (ALMEIDA et al., 1998).
A Figura 3 mostra a distribuição da produção do pequi entre os estados brasileiros
produtores. O Ceará e Pernambuco são responsáveis por 54% da produção de pequi; Bahia,
Minas Gerais, Goiás e Tocantins representam 38,9% da produção; O Pará representa 7,3% e
o Mato Grosso 1,5% da produção de pequi.
Figura 3 – Distribuição do Pequi (Caryocar brasiliense Camb.)
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Do pequi é extraído um óleo denominado “óleo de pequi”. Seus frutos são, também,
altamente apreciados e utilizados na culinária, cozidos, puros ou com arroz e frango. Seu
caroço é dotado de muitos espinhos, e há necessidade de muito cuidado ao roer o fruto,
evitando cravar nele os dentes, o que pode causar sérios ferimentos nas gengivas e no
palato. O sabor e o aroma dos frutos são muito marcantes e peculiares. Pode ser conservado
tanto em essência quanto em conserva.
Figura 4: Fruto Pequi e o Pequizeiro
O pequi é um caso especial, pois além do retorno financeiro, trata-se de espécie
carismática com fortes raízes na cultura dos povos do Cerrado. Na região do norte de Minas
Gerais, a colheita e a comercialização dos frutos destas espécies na safra em dezembro
mobilizam grande parte da população local que vive no campo e representam quase 55 %
da renda anual do trabalhador rural (POZO, 1997; ALENCAR, 2000). Assim a participação
dos povos locais representa fator chave em qualquer plano que vise manter áreas de
vegetação natural.
Para as comunidades locais a exploração de frutos do cerrado, tem grande
contribuição na renda familiar, onde a extração desses produtos pode representar até 57%
da renda anual do trabalhador, (GOMES, 2000).
Sant’Anna (2011), citando Nogueira et al., (2006), relata que os usos do fruto e de
sua árvore são diversos. O pequi é ingrediente de receitas culinárias, licores, castanhas,
polpa, óleo e remédios caseiros. Sua madeira é utilizada para a produção de móveis,
21
construção civil e naval, carvão vegetal e na xilografia, e sua casca fornece uma tinta
amarela usada por tecelões e no curtume (Figura 5). Já suas folhas servem como
adstringentes na medicina caseira.
Figura 5 – Os diversos usos do pequi por segmento em 2006.Fonte: Nogueira et al., 2006.
Segundo Sant’Anna (2011), o fruto do pequi é usado, principalmente, na
alimentação e entre seus demandantes estão restaurantes, sorveterias e o consumidor final,
apesar de ser também utilizado na fabricação de cosméticos.
O pequizeiro é uma árvore protegida por lei através da (Portaria nº 54 de 03.03.87)
do antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), hoje Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que impede o
seu corte e comercialização de sua madeira em todo o território nacional. (RIBEIRO, 2003;
WERNECK, 2001).
A tabela a seguir representa uma análise de SWOT (Strengths, Weaknesses,
Opportunities and Threats) do Pequi em relação ao extrativismo, mas que pode também se
aplicar a outros frutos do cerrado, como por exemplo o Baru. Fuscaldi e Marcelino (2008)
definem que o planejamento estratégico é um instrumento utilizado para que a organização
possa aproveitar as oportunidades e reduzir os riscos concernentes à sua atividade,
adequando-se às constantes transformações que ocorrem no contexto em que estão
inseridas. Ao contrário do que muitos pensam, o planejamento estratégico não se aplica
somente às grandes empresas, podendo ser muito importante para a sobrevivência e
desenvolvimento de qualquer organização.
22
Oportunidades Ameaças
Novo hábito de consumo em outras regiões do Brasil.
Aceitação negativa do produto pelo consumidor.
Oportunidades de negócios para a produção familiar.
Falta de inovação e padronização nas embalagens (vidros, plásticos).
Possibilidade de consolidação no mercado interno.
Exigências do mercado consumidor quanto às condições de higiene e confiabilidade do produto.
Divulgação de propriedades nutritivas.
Adequação e exigências inerentes a atividades comerciais.
Capacidade de desenvolvimento de variedades diferenciadas de produtos.
Atividades agropecuárias podem diminuir a quantidade de pequizeiros.
Força Fraquezas
Produto natural oriundo de extrativismo e pequena produção.
Exploração predatória pode causar insuficiência de recursos no futuro.
Produto diferenciado com sabor exótico.
Poucos Incentivos Governamentais.
Produto 100% Brasileiro. Produção pequena em relação à demanda.
Propriedades nutritivas. Ineficácia nos métodos de coleta e transporte.
Produto não tem concorrente no mercado.
Falta treinamento aos produtores
Hábitos gerais de prestigiar sabores tropicais.
Alta perecibilidade do fruto.
Tabela 3 – Análise das Forças, Fraquezas, Ameaças e Oportunidades do Pequi.
Fonte: Conab, 2008
Elaborado pelas autoras
Foi realizado um trabalho de campo pelos técnicos do Ministério do Meio Ambiente
(MMA) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) junto à cadeia produtiva do
pequi. Foram identificadas as forças que atuam no desempenho da cadeia produtiva do
23
pequi a partir de análise documental e da interpretação dos resultados obtidos na etapa de
coleta.
A cadeia produtiva do pequi, por ser bastante complexa, necessita de um enfoque
multidisciplinar para que análises mais robustas sejam realizadas. A análise interna e
externa do ambiente que envolve esse sistema mostra que existe um grande potencial para
seu desenvolvimento, mas que também existem grandes obstáculos a serem enfrentados.
O setor público, junto às organizações de extrativistas, entidades de apoio, dentre
outras estão se esforçando, no sentido de se organizar e conferir maios competitividade a
este sistema.
Fonte:
IBGE
Elaboração: CONAB (2012)
Como pode ser visto no Gráfico I produção nacional de frutos do pequi em 2011
totalizou 7.047 toneladas, representando um aumento de 21,8% em relação ao ano de 2010.
Contudo, o preço médio nominal do pequi oscilou ao longo do período analisado, sendo
observado um decréscimo de 14,6% do preço médio nominal de 2010 a 2011.
24
3.1.CUSTO DE PRODUÇÃO
O Custo de Produção do Pequi foi elaborado e cedido pela Companhia Nacional de
Abastecimento (CONAB). Participaram do trabalho de levantamento do Custo de
Produção, em centro de comercialização do Pequi, na Cidade de Iporá/GO, além dos
técnicos da Conab, representantes de Associações/Comunidades/Assentamentos,
funcionários do Banco do Brasil, técnicos da Emater e produtores extrativistas. Dentre os
representantes dos municípios sete são de Iporá/GO, cinco de Caiapônia/GO, três de
Arenópolis/GO, dois de Diorama/GO e quatro de Baliza/GO. Vale acrescentar que, destas
comunidades, a que tem menor número de associados, conta, no mínimo, com 62 adesões.CUSTO DE PRODUÇÃO ESTIMADO
PEQUI - FRUTOSAFRA - 2012
LOCAL: Iporá-GOProdutividade Média: 21.000 kg/safra
A PREÇOS DE: NOV-2012 PARTICI-DISCRIMINAÇÃO PAÇÃO
R$/safra R$/1 kg (%)I - DESPESAS DE CUSTEIO DA ATIVIDADE EXTRATIVISTA 1 - Mão-de-obra extrativista 7.875,00 0,38 74,98% 2 - Despesas administrativas 401,25 0,02 3,82% 3 - Outros itens (sacos, caixas, etc.) 150,00 0,01 1,43%TOTAL DAS DESPESAS DE CUSTEIO DA ATIVIDADE (A) 8.426,25 0,41 80,23%II - DESPESAS PÓS-COLETA 1 - Seguro agrícola 0,00 0,00 0,00% 2 - Assistência técnica 0,00 0,00 0,00% 3 - Transporte externo 528,00 0,03 5,03% 4 - Armazenagem 0,00 0,00 0,00% 5 - CESSR 0,00 0,00 0,00% 6 - Impostos 0,00 0,00 0,00% 7 - Taxas 0,00 0,00 0,00% 8 - Outros (arrendamento) 1.548,80 0,07 14,75%Total das Despesas Pós-Colheita (B) 2.076,80 0,10 19,77%III - DESPESAS FINANCEIRAS 1 - Juros 0,00 0,00 0,00%Total das Despesas Financeiras (C) 0,00 0,00 0,00%CUSTO VARIÁVEL (A+B+C = D) 10.503,05 0,51 100,00%IV - DEPRECIAÇÕES 1 - Depreciação de benfeitorias/instalações 0,00 0,00 0,00% 2 - Depreciação de implementos 0,00 0,00 0,00% 3 - Depreciação de máquinas 0,00 0,00 0,00%Total de Depreciações (E) 0,00 0,00 0,00%V - OUTROS CUSTOS FIXOS 1 - Manutenção periódica de máquinas/implementos 0,00 0,00 0,00% 2 - Encargos sociais 0,00 0,00 0,00% 3 - Seguro do capital fixo 0,00 0,00 0,00%Total de Outros Custos Fixos (F) 0,00 0,00 0,00%Custo Fixo (E+F = G) 0,00 0,00 0,00%CUSTO OPERACIONAL (D+G = H) 10.503,05 0,51 100,00%VI - RENDA DE FATORES 1 - Remuneração esperada sobre capital fixo 0,00 0,00 0,00% 2 - Terra 0,00 0,00 0,00%Total de Renda de Fatores (I) 0,00 0,00 0,00%CUSTO TOTAL (H+I = J) 10.503,05 0,51 100,00%Elaboração: CONAB/DIPAI/SUINF/GECUP
25
O Custo Variável da Atividade, calculado em R$ 0,51/kg, mostra retorno financeiro
na atividade, visto que o preço recebido pelo extrativista está em torno de R$ 0,61/kg.
Assim, cinco pessoas da família extrativa, conseguirão, durante a safra, cuja duração é de
quatro meses, coletar 40.800 kg, percebendo remuneração no valor de R$ 4.080,00 por
safra, já retirados os custos da atividade.
Variando ainda a relação custo e receita, ao dividir os R$ 4.080,00, calculados
acima, durante os quatro meses, encontramos um resultado de R$ 1.012,50 por mês, que
dividido entre os cinco membros da família, perfaz um total de R$ 202,80 por pessoa/mês.
Diante dos fatos apresentados, constatou-se que o extrativismo do pequi, na região
de abrangência deste estudo, é uma atividade que traz um importante complemento de
renda aos extrativistas.
De acordo com o custo de produção realizado no município de Iporá, o volume total
de pequi coletado por famílias no período de safra é de aproximadamente 1.350 caixas.
Em análise dos dados disponíveis pela Conab, constatou-se que o fruto do pequi é viável e
valorizou em até 16,79% em relação ao custo de produção em setembro de 2012 conforme
pode ser analisado.
Fonte: Conab Elaborado pelas autoras
Gráfico II - Comparação entre o Preço Médio e o Custo de Produção do Pequi no Estado de Goías
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12
R$/
Kg
15,4
15,6
15,8
16
16,2
16,4
16,6
16,8
17
Preço Médio custo de produção/ 2012 Relação entre Preço Médio e Custo de produção(%)
26
A coleta de dados utilizada foi realizada em pesquisa de campo com técnicos da
Conab, de forma previamente organizada. Em análise dos dados disponibilizados pela
Conab, constatou-se que o fruto do pequi é viável e valorizou-se em até 16,79% em relação
ao custo de produção em setembro de 2012 conforme pode ser analisado no gráfico acima.
A comercialização do pequi tem um grande potencialidade como atividade
geradora de renda, o arranjo extrativista do pequi gera emprego. quando é observado o
valor bruto da venda do produto. A atividade é tradicionalmente exercida no período da
safra. A maioria dos entrevistados, na realização do custo de produção, considerou o pequi
como sua principal atividade geradora de renda na época da safra..
Parte do pequi que vai ser comercializado pelos extrativistas passam por um
processamento mínimo, que consiste na retirada da casa do fruto, gerando mais renda e
utilizando a mão-de-obra familiar disponível. Este processamento, quando realizado, agrega
cerca de 80% ao valor da caixa.
Segundo Carvalho (2007) a partir do momento em que as frutas nativas passam a
ser comercializadas e a elas se agrega valor, essas espécies passam a ser mais protegidas.
Isso ressalta a importância da atividade extrativista para as espécies do Cerrado. O
aproveitamento dos frutos nativos do Cerrado aliado a técnicas, tecnologias e políticas,
agrega renda às famílias extrativistas.
Os defensores do extrativismo de Produtos Florestais não Madeireiros, afirmam que
as florestas em pé tem mais valor em termos de economia convencional quando
comparados com a exploração predatória. (PETERS et al., 1989).
Segundo Balzon (2004) há uma grande dificuldade em trabalhar com produtos ex-
trativistas devido à ausência de dados, principalmente dados estatísticos que apresentem as
quantidades produzidas, comercializadas e consumidas desses produtos e a viabilidade des-
se manejo.
As plantas do Cerrado são, quase totalmente, exploradas por extrativistas, sejam
para alimentação, comercialização, artesanatos ou para outros fins. Segundo Homma
(1993) o risco dessa exploração extrativa é o aumento da demanda pelo produto, pois os re-
cursos vão se esgotando, partindo para a hipótese de se produzir mudas da espécie de inte-
resse, domesticando-a. Segundo o autor, para transformar a biodiversidade em riquezas são
necessários investimentos e tecnologias.
27
Estima-se que entre 4.000 e 6.000 espécies de plantas não madeireiras tenham im-
portância comercial em todo o mundo, destas, algumas têm grandes mercados de exporta-
ção e as condições ecológicas e sociopolíticas adequadas para certificação. Na Índia, 95%
das 400 espécies de plantas usadas pela indústria indiana de ervas provêm de áreas nativas.
Na Alemanha, 93% a 98% das mais de 1.500 plantas medicinais comercializadas são extraí-
das de populações vegetais silvestres (IQBAL, 1993).
A renda dos extrativistas poderia crescer através da agregação de valor ao produto –
limpeza, lavagem, secagem e seleção. É preciso um controle de qualidade maior, aperfeiço-
amento dos produtos, criação de cooperativas, aumento da produção, maior capacidade de
estocagem e melhor estrutura de armazenamento. A utilização destes produtos pode trazer
grandes retornos sem destruir o meio ambiente (PRASAD et al., 1999).
4. ALTERNATIVAS DE USO SUSTENTÁVEL PARA O CERRADO
O futuro do Cerrado depende de ações que devem ser implementadas o mais rápido
possível. Existem dois caminhos que podem ser seguidos neste paradigma. O primeiro é
continuar com essa exploração desenfreada dos recursos naturais, expandindo a ocupação
do Cerrado, substituindo áreas naturais, através de queimadas e desmatamentos, por
plantação monoculturas e pastagem para criação de gado, esse caminho pode até ser mais
fácil, mas certamente, se a exploração dos recursos continuar nesse ritmo desenfreado, as
consequências podem ser catastróficas. O outro caminho se dará através da mudança de
mentalidade em relação à utilização dos recursos naturais, buscando conservar o bioma
Cerrado, através do reconhecimento da importância de sua biodiversidade, existindo
diversas possibilidades que visam a preservação do bioma.
Segundo Domingos (2007), o processo de devastação do Cerrado foi altamente
favorecido devido aos poucos conhecimentos que a sociedade tinha sobre as consequências
de destruição do bioma, mas hoje, muito se sabe sobre a importância de produzir
sustentavelmente. O Cerrado é um bioma tão rico em biodiversidade que pode ser
explorado de forma sustentável como alternativa viável para conservação de áreas
significativas e como meio de geração de renda, segurança alimentar, principalmente para
as populações locais, e aumentar a qualidade de vida de todos. Entre essas alternativas,
28
podemos citar o extrativismo não predatório, o ecoturismo, a psicultura silvestre, o cultivo
de frutos nativos, o turismo rural, a utilização de sementes e outros materiais para
confecção de artesanatos, manejos de animais silvestres, a utilização das plantas do Cerrado
para usos medicinais e a implementação de Sistemas Silvipastoris e Sistemas
Agroflorestais.
A mudança de hábitos dos brasileiros torna viável a exploração dessas alternativas.
A tendência da população em fugir das cidades e resgatar os valores naturais, tem feito ás
pessoas procurarem meios de entrar em contato com a natureza, essa procura pode ser vista
como uma oportunidade de desenvolvimento do turismo rural e do ecoturismo. Também
tem crescido a procura por medicamentos naturais para a cura de doenças, sendo um uso
vantajoso principalmente pelo fato de muitas vezes serem de baixo custo.
Ainda, a agropecuária pode ser praticada normalmente no Cerrado desde que haja
um manejo das pastagens de áreas próximas às várzeas e nascentes, isso pode ser feito
através da criação de animais silvestres, utilizando várias espécies para equilibrar o
ecossistema e através da integração da produção de frutos nativos com a criação pastoril.
De acordo com a Lei nº 4.771/65, as propriedades privadas devem manter 20% de
sua área como Reserva Legal quando localizadas na regiões Leste Meridional, Sul e
Centro-Oeste e, de 35%, no Cerrado na Amazônia Legal, podendo ser utilizada com fins
econômicos desde que sem prejuízo do ecossistema (BRASIL,1995)
Segundo o primeiro Código Florestal, instituído em 23/01/1934, Reserva Legal
pode ser definida como uma:
(…) área localizada no interior de uma propriedade ou posse
rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao
uso sustentável dos recurso naturais, à conservação e
reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da
biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas
(Art. 1 §2º MP Nº 2166-67 apud BRASIL, 2001).
A reserva legal pode ser usada para obtenção de benefícios econômicos e sociais,
desde que os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo seja respeitado.
Uma das formas de uso sustentável de uma Reserva Legal é o Extrativismo, também pode
ser usado para turismo rural, criação de espécies silvestres e apicultura.
29
Há muitos anos, as populações tradicionais utilizam os recursos naturais do Cerrado.
Todavia, com a rápida ocupação, as áreas naturais começaram a ser rapidamente ocupadas.
O uso sustentável de espécies nativas é uma alternativa importante para gerar rendas e
manter as áreas nativas, porém um dos maiores desafios é transformar conhecimento em
tecnologia, produtos e serviços. Para o aproveitamento destas espécies podem ser
utilizadas, por exemplo:
• Difundir proposta de manejo do Cerrado, incluindo o plantio de Sistemas Agroflorestais
(SAFs) com os grupos envolvidos na Unidade de Beneficiamento. Difundir propostas
de beneficiamento e comercialização de produtos do Cerrado junto às populações rurais
residentes neste agroecossistema. Contribuir com a auto-sustentação, praticando a estra-
tégia do uso do Cerrado em pé, ou seja, o manejo dos recursos vegetais já disponíveis
na vegetação, sem a necessidade de desmatamento.
• Organizar as comunidades locais para a constituição de cooperativa de produção (arte-
sanatos e produtos alimentares caseiros); gerando uma fonte de renda alternativa para a
população local.
• Difundir a prática da agrossilvicultura no ecossistema cerrado, na região em terras de-
gradadas.
• Capacitar a mão de obra familiar; estimular o cultivo/extrativismo de frutas e plantas
medicinais no sistema de agroflorestas.
• Realizar levantamento sócio-ambiental nas regiões; propor alternativas de melhorar a
captação, produção, transporte e comercialização de produtos extrativistas,
• Obter subsídios para elaboração de projeto piloto que vise sustentabilidade da comuni-
dade; produzir espécies nativas.
• Contribuir para a elevação da qualidade de vida dos extrativistas; capacitar os comerci-
antes e os prestadores de serviços a melhorar a qualidade de seus produtos/serviços;
30
• Promover intercâmbio da comunidade com localidades que tenham experiências bem
sucedidas do uso da terra sustentável
• Conter a expansão da agricultura de alta produtividade em áreas que ainda preservam a
cobertura florestal e controlar com rigor o uso de agrotóxicos.
• Crescer para dentro, não avançando sobre novas áreas e, sim, para áreas já desmatadas e
com baixa produtividade ou degradadas, é alternativa para a paralisação do avanço da
fronteira agrícola.
A maneira de utilização sustentável do Cerrado que, para nós, merece destaque
devido ao seu desenvolvimento e ao nosso interesse por essa alternativa, é o extrativismo
sustentável. Apesar de ainda ser pouco explorado, o extrativismo é uma opção de utilizar
de maneira consciente as espécies nativas, contribuindo para conservação da
sociobiodiversidade do Cerrado.
5. O EXTRATIVISMO NO CERRADO – Uma Forma de Gestão da
Biodiversidade
Drummond (1996) define o extrativismo como uma maneira de produzir bens na
qual os recursos naturais úteis são retirados diretamente da sua área de ocorrência natural,
em contraste com a agricultura, o pastoreio, o comércio, o artesanato, os serviços ou a
indústria.
Em geral, o extrativismo representa um caráter secundário em relação à atividade
produtiva principal, tanto na alimentação quanto na geração de renda. Porém, em alguns
casos, a atividade extrativa se torna a principal atividade desempenhada.
As atividades desenvolvidas por estas populações tradicionais, sendo talvez a
principal o extrativismo vegetal, se constituem em alternativas de ocupação e renda no
meio rural. Além disso, contribuem para a manutenção da sociobiodiversidade brasileira e
dos conhecimentos relacionados, porque os valorizam (Sawyer 2002).
31
Dentre os principais problemas socioambientais do bioma, vale destacar o
desmatamento indiscriminado, o modelo de agricultura de grandes monoculturas, a
pecuária extensiva, o desmatamento para produção de carvão (que alimenta principalmente
secadoras de grãos e siderúrgicas de ferro-gusa), as más práticas de utilização dos recursos
naturais, os problemas agrários, fundiários e territoriais e a inadequação da legislação e
instrumentos políticos quanto à sua conservação e uso sustentável (MMA 2004).
As populações tradicionais ocupam milhares de quilômetros quadrados da região do
Cerrado. Proteger o modo de vida destas populações é um modo de promover a
conservação em larga escala no Brasil, tendo em vista que as atividades que eles
desenvolvem provocam pouco impacto ao meio ambiente, principalmente quando
comparadas aos modos atuais de produção, e algumas áreas, mesmo próximas às áreas
ocupadas por essas comunidades, ainda permanecem intactas, mantendo-se preservada. É
necessário conhecer essa realidade para que o governo possa se basear nas experiências
desses povos para projetá-las na criação de políticas públicas.
Pozo (1997), em estudos realizados em comunidades do Norte de Minas Gerais,
observou que a vegetação do Cerrado nas proximidades dessas comunidades é explorada de
forma extrativista. O pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.) é um exemplo desta
realidade, sendo uma espécie bastante promissora que pode ser empregada em programas
de revegetação de áreas degradadas e em programas de renda familiar, por ser uma espécie
de fruto oleaginoso, muito apreciado pela população do Cerrado e com grande potencial.
Uma das principais vantagens ao se pensar no extrativismo como alternativa de
explorar o Cerrado se dá ao fato de que as espécies utilizadas são nativas do Cerrado, por
isso já estão adaptadas às condições de solo e clima que o Cerrado oferece as tornando
independente de insumos, que oneram custos e degradam o meio ambiente.
A utilização sustentável da biodiversidade do Cerrado, em especial o extrativismos
não predatório, é uma potente e importante forma para incrementar a renda dos pequenos
produtores que dependem do bioma, para dinamizar a economia local desses povos e
conservar os recursos naturais – água, solo e a biodiversidade, já que com a valorização da
biodiversidade desse bioma teremos mais um motivo para preservá-lo.
As políticas públicas voltadas para o extrativismo no Cerrado ainda são poucas e as
que existem são muito limitadas, mas nota-se que a ideia do uso sustentável da
32
biodiversidade tem ganhado destaque, mas que ainda precisa de divulgação e de tornar
essas políticas mais abrangentes.
6. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O EXTRATIVISMO SUSTENTÁVEL DO
CERRADO
A elaboração de uma política nacional de biodiversidade pode ter, como um de seus
principais objetivos, o uso sustentável desta biodiversidade (Leroy et al. 1997). As políticas
públicas para o extrativismo no Brasil ainda são muito limitadas, tem poucos recursos e são
excessivamente burocráticas, o que exclui a participação da maioria dos produtores,
especialmente os mais pobres (Gonçalo et al. 1998).
As políticas existentes voltadas para o extrativismo são, em sua maioria,
direcionadas à região amazônica. Para o bioma Cerrado, essas políticas ainda são pouco
eficientes, principalmente devido ao fato de que o potencial do extrativismo ainda não é
reconhecido pelo governo e pela sociedade. É necessário, então, um maior reconhecimento
sobre o potencial do uso sustentável da biodiversidade do Cerrado, em especial, o
Extrativismo.
No Brasil, a partir de 1930, iniciou-se um processo de regulamentação da
apropriação e do uso dos recursos naturais, e foram instituídos diversos instrumentos legais,
relativos ao uso dos recursos ambientais em áreas setoriais. Dessa legislação merecem
destaque: o Código de Águas, o Código Florestal, a Lei de Proteção à Fauna e o Código
Nacional de Saúde (Bursztyn & Bursztyn, 2000).
Atualmente, o Cerrado é a principal região de produção agrícola brasileira, que está
sofrendo um conjunto de interações, interesses e desafios. É essencial para a conservação
desse bioma a adoção de um meio de exploração sustentável aliado ao conhecimento
técnico, ao conhecimento tradicional adquirido dos povos tradicionais e às pesquisas. A
percepção dessa necessidade de uma alternativa sustentável para uso do Cerrado tem
incentivado algumas ações que podem favorecer o extrativismo sustentável no bioma.
33
Em julho de 2004, a Comissão Nacional de Biodiversidade – CONABIO instituiu a
Câmara Técnica Temporária do Cerrado e Pantanal – CTT, com os objetivos de consolidar
as informações técnicas apresentadas na 7ª Reunião Ordinária da CONABIO a respeito dos
biomas Cerrado e Pantanal, identificar as demandas não atendidas e as ações prioritárias à
conservação da biodiversidade nos biomas, propor à CONABIO políticas públicas ou
estratégias de atuação na área de biodiversidade do Cerrado e do Pantanal e acompanhar e,
sempre que possível, colaborar nas atividades do Grupo de Trabalho-GT do bioma Cerrado,
instituído pela Portaria do MMA nº 361/03 (MMA 2005).
A portaria do MMA de nº 361 instituiu o Grupo de Trabalho do Bioma Cerrado (GT
Cerrado) em 2003, tendo como papel definir uma proposta estratégica para as políticas
públicas para o Cerrado, com o apoio e a representação da sociedade e de instituições
atuantes no Bioma. O Programa visa incentivar a proteção do Bioma e das populações
locais que dele dependem, adequando as dinâmicas econômicas a critérios de
sustentabilidade social e ambiental, em estratégias de curto e de longo prazo. Dentro das
estratégias e Ações Programáticas, o uso sustentável da diversidade biológica do Cerrado é
destacado como prioridade, bem como o empoderamento e o fortalecimento das
comunidades tradicionais que habitam o bioma (MMA 2004).
O MMA também tem desenvolvido algumas ações em prol do extrativismo, como a
criação da Coordenadoria de Agroextrativismo – CEX, na Secretaria de Coordenação da
Amazônia (SCA), com o objetivo de promover o fortalecimento econômico e social dos
extrativistas e atuar para o reconhecimento dos serviços ambientais que eles prestam. O
Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil, o maior programa de
cooperação multilateral relacionado a uma temática ambiental de importância global,
engloba diversos subprogramas e projetos demonstrativos, muitos deles com ações
concretas para o desenvolvimento do extrativismo.
O PRODEX é um programa de apoio ao extrativismo do Banco da Amazônia,
consistindo em uma linha de crédito interessante aos pequenos produtores. Ele estimula a
formação de cooperativas, investe em custeio de extração e coleta de PFNM (Produtos
Florestais Não-Madeireiros), SAFs (Sistemas Agroflorestais), manejo florestal de baixo
impacto e beneficiamento primário. O excesso de exigências burocráticas e a falta de
assistência técnica são grandes barreiras para o êxito desses programas. É notório que a
34
grande maioria das políticas públicas voltadas ao fortalecimento do extrativismo se refere à
região amazônica.
Para atender as demandas dos produtores extrativistas é necessário que as políticas
proporcionem a capacidade de intensificação da produção e do beneficiamento do produto,
o avanço no uso de tecnologias, melhorias na assistência técnica oferecida pelo governo e o
fortalecimento do mercado para que os produtores possam comercializar os produtos,
através de campanhas que divulguem a biodiversidade dos biomas.
Outra forma de incentivar o extrativismo e outras formas de atividades que gerem
renda e contribuam para a gestão e uso sustentável a biodiversidade local é necessária a
criação e divulgação de políticas públicas.
No âmbito governamental, o MMA, em conjunto com o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e o Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA), elaborou o Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da
Sociobiodiversidade (PNPSB). Por meio da Portaria Interministerial MMA/MDA/MDS nº
236, de 21 de julho de 2009, foram estabelecidas as orientações para a implementação do
PNPSB. O babaçu, baru e o pequi foram incluídos na pauta de produtos amparados pela
Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), política mantida pela parceria entre a
Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Com esse respaldo legal, alguns produtos
do extrativismo do Cerrado passaram a contar com subvenção econômica no momento da
venda, o que os torna atrativos para as comunidades. Essa política busca garantir a
sustentação de preços aos extrativistas, representa uma oportunidade de valorização do
Cerrado e de outros biomas de preservarem as árvores em pé, além de garantir renda,
fortalecer o desenvolvimento econômico e social das populações tradicionais. Foi criada em
2009, devido à necessidade de consolidar um novo modelo de desenvolvimento sustentável
para os produtos extrativistas no país, o governo federal criou a PGPM-Bio, iniciativa que
possibilita o desenvolvimento social e econômico de muitas regiões, permitindo a
sustentação de preços de produtos da biodiversidade no mercado, o que contribui para a
preservação dos recursos naturais. Para se ter uma ideia, mais de 35 mil extrativistas já
foram beneficiados com o pagamento da subvenção, que já alcançou mais de 8 milhões de
reais desde a criação da política, em 2009.
35
De acordo com as informações da CONAB, a primeira subvenção foi realizada em
Minas Gerais ocorreu em setembro de 2011 onde foram subvencionados 17.750 kg do fruto
do pequi, tendo sido pago R$ 0,15/kg totalizando o pagamento de R$ 2.662,50 para os
extrativistas do município da Chapada Gaúcha.
Outra experiência muito importante de políticas públicas que demonstra claramente
a intenção da sociedade civil organizada em trabalhar por políticas públicas para o
extrativismo do Cerrado é a Lei Pró-Pequi. O pequi (Caryocar brasiliensis) é considerado o
fruto símbolo do Cerrado e representa uma fonte de renda e de nutrientes para milhares de
famílias. A Lei Pró-Pequi foi aprovada no estado de Minas Gerais, pode ser visto como um
importante exemplo de política pública voltada para o extrativismo no Cerrado. Um
decreto, em 2001, criou o Programa Mineiro de Incentivo ao Cultivo, à Extração, ao
Consumo, à Comercialização e à Transformação do Pequi e Demais Frutos e Produtos
Nativos do Cerrado, que tem como objetivo integrar as populações que tradicionalmente
exploram o cerrado no uso e manejo racional desse bioma, numa perspectiva de
sustentabilidade ambiental. Um Decreto Estadual de 2002 regulamentou esta lei (SINFI
2005). O pequizeiro tornou-se árvore imune de corte, e, em alguns municípios, até a coleta
fora de época deste fruto está proibida por lei.
O Governo criou em 2005 o Programa Cerrado Sustentável, voltado para o
desenvolvimento com sustentabilidade da região. Cinco anos depois, em 2010, a iniciativa
incentivou a criação do PPCerrado, que tem em sua gênese um amplo debate com vários
segmentos da sociedade, governos municipais, estaduais e setor produtivo. Combate ao
fogo, educação ambiental rural e práticas alternativas de manejo e conservação do solo e da
água são as armas do programa, em fase inicial de implementação. Incorporando a
experiência do Programa de Prevenção e Controle do Desmatamento.
Em setembro de 2010, o governo criou uma estratégia similar para a conservação do
Cerrado, um dos biomas mais ameaçados do País. O Plano de Ação para Prevenção e
Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado) prevê 151 ações para
reduzir a perda da cobertura vegetal e criar alternativas de proteção e uso sustentável dos
recursos naturais do bioma. Entre as metas do plano está o aumento do consumo de carvão
de florestas plantadas pela indústria de ferro gusa e o aumento de recursos para recuperação
de áreas degradadas. O plano projeta para 2020 o aumento do número de áreas protegidas e
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a implementação do Macrozoneamento Ecológico Econômico do Cerrado. Nos próximos
dez anos, deverão ser criadas áreas protegidas equivalentes a 2,5 milhões de hectares e
demarcados 5,5 milhões de hectares em terras indígenas. O governo também espera
recuperar de 8 milhões de hectares em pastos degradados. Este plano vai ajudar Brasília
atingir a meta de reduzir em 40% o desmatamento no Cerrado, até 2020. A previsão é que o
ritmo de devastação caia em cerca de 8,7 mil km² por ano em dez anos.
A criação dessas leis, programas e projetos voltados para a utilização sustentável do
meio ambiente, principalmente o bioma Cerrado, são importantes para a criação e
implementação de outras medidas em políticas públicas que beneficiem as comunidades
extrativistas do Cerrado e da biodiversidade brasileira. A efetividade dessas leis, programas
e projetos precisam ser verificadas em estudos mais aprofundados para que as alternativas
de uso sustentável do Cerrado possam ser avaliadas, identificando se, de fato, tem efeitos
positivos na geração de renda para as comunidades extrativistas, na produção e
disseminação dos produtos e principalmente na preservação do Cerrado.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As consequências do desmatamento da cobertura vegetal original, principalmente,
perdas de biodiversidade, do ecossistema, degradação do solo, erosões, mudanças de clima
e da hidrografia é um processo que ocorre no mundo todo, resultado do crescimento das
atividades produtivas e econômicas e, principalmente, pelo aumento da densidade
demográfica em escala mundial, colocando em risco a biodiversidade das regiões.
O bioma do cerrado historicamente está marcado por conflitos que envolvem
interesses opostos dos diversos atores sociais, de um lado as ações que resultam em
desmatamento e concentração fundiária, e do outro lado, a defesa da biodiversidade do
cerrado e os direitos da comunidade.
A cadeia produtiva do pequi, por ser bastante complexa, necessita de um enfoque
multidisciplinar para que análises mais robustas sejam realizadas. Constatou-se que o
extrativismo do pequi, na região de abrangência deste estudo, é uma atividade que traz um
importante complemento de renda aos extrativistas. A renda dos extrativistas poderia
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crescer através da agregação de valor ao produto – limpeza, lavagem, secagem e seleção.
A conciliação entre o desenvolvimento econômico e a conservação dos recursos
naturais é uma preocupação crescente. Já se reconhece nos dias atuais a possibilidade e as
vantagens de se aliar a conservação ambiental e o uso sustentável da biodiversidade e a
importância dos povos e comunidades tradicionais neste sentido, particularmente das que
tem o extrativismo como base de sua subsistência e reprodução sócio-cultural. A utilização
do pequi pode trazer grandes retornos sem destruir o meio ambiente.
A expansão e a modernização da agropecuária no Cerrado geraram impactos
econômicos positivos, com o posicionamento do Brasil como um dos maiores produtores
internacionais de grãos e a consequente geração de divisas. Mas, essa ocupação do Cerrado
também aumentou as diferenças sociais e vêm provocando custos ambientais bastante
elevados.
Nesse cenário, não sendo implantadas alternativas sustentáveis de uso do cerrado e
políticas específicas voltadas à conservação do bioma, em pouco tempo esse bioma corre o
risco de romper-se por completo, de maneira irreversível, com repercussões diretas para o
meio ambiente. O Brasil perderá uma importante alternativa econômica.
A devastação do Cerrado se tornou lugar comum, a degradação da fauna, flora, do
solo e também dos recursos hídricos geram inúmeras preocupações dada à rapidez com que
acontecem. Sob risco de arruinar-se um dos mais ricos ecossistemas e um importante
atrativo econômico tem se buscado de maneiras de desenvolver atividades econômicas de
forma sustentável.
O Cerrado precisa se tornar patrimônio nacional, é necessário que haja uma lei
como as que existem para os outros biomas.
Apesar da existência de leis de proteção à fauna, à flora e ao uso do solo e água, elas
são ignoradas pela maioria dos agricultores, que utilizam esses recursos naturais
erroneamente, na expectativa de maximizarem seus lucros. A destruição de plantas e
animais e a poluição do solo, dos rios e da atmosfera vêm ocorrendo em processo
acelerado, o que certamente comprometerá de maneira significativa as futuras gerações.
O Cerrado possui um grande potencial de utilização sustentável, como já dito
anteriormente, existem diversas alternativas para que atividades econômicas sejam
desenvolvidas sustentavelmente. Entretanto, é necessário que haja incentivos à prática
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destas alternativas, pois as mesmas são capazes de gerar renda, melhorar as condições de
vida da população e também preservar o Cerrado, que é tão rico e fundamental não só para
o meio ambiente como também para toda a sociedade.
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