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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA ANDRÉ NAVARRO DE MIRANDA Desenvolvimento de catalisadores à base de óxidos mistos para a decomposição do monopropelente peróxido de hidrogênio LORENA, SP 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

ANDRÉ NAVARRO DE MIRANDA

Desenvolvimento de catalisadores à base de óxidos mistos para a

decomposição do monopropelente peróxido de hidrogênio

LORENA, SP

2013

ANDRÉ NAVARRO DE MIRANDA

Desenvolvimento de catalisadores à base de óxidos mistos para a

decomposição do monopropelente peróxido de hidrogênio

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como requisito parcial para a

conclusão de Graduação do Curso de

Engenharia Química.

Orientador: Prof. Dr. Messias Borges Silva

LORENA, SP

2013

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS

DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

Chefia Técnica - Biblioteca

Escola de Engenharia de Lorena

Miranda, André Navarro de

Desenvolvimento de catalisadores à base de óxidos mistos para a

decomposição do monopropelente peróxido de hidrogênio / André

Navarro de Miranda; Orientador Messias Borges Silva. Lorena - SP, 2013

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial

para a conclusão de Graduação do Curso de Engenharia Química. Escola

de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo

1. Propulsão. 2. Peróxido de hidrogênio. 3. Óxidos mistos.

4. Catálise. I. Silva, Messias Borges, orientador.

Aos meus pais, Valdir e Valquíria, e meu irmão Filipe

Agradecimentos

Agradeço a Deus e a minha família, pelo apoio incondicional;

A meus amigos Gabriela, João e Kim, pela ajuda e incentivo;

Ao Luís Gustavo, Sayuri e a Fernanda Maia, por formarem esse espetacular grupo de

trabalho;

Ao Dr. Ricardo Vieira pelo incentivo desde o início da minha carreira, me orientando

como profissional, mas principalmente por ser um singular exemplo de ser humano;

Ao Dr. Messias, pela orientação deste TCC;

E a todos outros que de forma direta ou indireta colaboraram para realização deste

trabalho.

Ao seguir as profissões / são feitas / fatigantes concessões

Aos mestres / o sentido é mais do que a ciência

Portanto, busca a inteligência.

Panchatantra – séc. III a.C.

Resumo

Novos catalisadores mássicos à base de óxidos mistos, preparados por coprecipitação em

meio básico, foram empregados na decomposição catalítica do peróxido de hidrogênio

para uso em micropropulsores de satélites. Os catalisadores foram avaliados pela sua área

superficial específica, curva termogravimétrica, teste da gota e posteriormente testados

em um micropropulsor de 2N de empuxo. Os testes foram realizados nos modos contínuo

e pulsado com peróxido de hidrogênio a 90% em massa. O catalisador a base de CoMnAl

foi o que apresentou melhor desempenho, decompôs espontaneamente o peróxido de

hidrogênio e sustentou vários ciclos térmicos sem apresentar sinais de fraturas ou

desativação. Os resultados experimentais de empuxo foram próximos aos valores

teóricos, fazendo deste material um excelente catalisador de baixo custo para a

decomposição do H2O2.

Palavras-chave: propulsão, peróxido de hidrogênio, óxidos mistos, catálise

Lista de ilustrações

Figura 1 – Forças atuantes em um motor propulsor..................................................

Figura 2 – Classificação dos sistemas propulsivos segundo a fonte de energia........

Figura 3 – Esquema de funcionamento de um motor Iônico eletromagnético a

plasma.......................................................................................................

Figura 4 – Esquema de funcionamento de um propulsor nuclear por fissão.............

Figura 5 – Esquema do sistema de propulsão do satélite LANDSAT 3....................

Figura 6 – Partes de um propulsor a monopropelente................................................

Figura 7 – Fotografia do sistema de síntese dos óxidos mistos.................................

Figura 8 – Fotografia dos equipamentos (a) ASAP e (b) STA..................................

Figura 9 – Fotografias do teste de gota: (a) catalisador em repouso (b) início da

reação (c) primeira nuvem de vapor (delay) (d) continuação da

decomposição...........................................................................................

Figura 10 – Esquema de preparação dos catalisadores..............................................

Figura 11 – Pellets do catalisador CoMnAl...............................................................

Figura 12 – Possíveis curvas de adsorção de nitrogênio segundo o método B.E.T...

Figura 13 – Isoterma B.E.T. dos catalisadores sintetizados......................................

Figura 14 – Curva termogravimétrica (TG) e sua derivada (DTG) do catalisador

CoMn.......................................................................................................

Figura 15 – Curva TG e DTG do catalisador CoMnMg............................................

Figura 16 – Curva TG e DTG do catalisador CoMnAl..............................................

Figura 17 – Curva TG e DTG do catalisador CoMnAg.............................................

Figura 18 – Imagem computacional da vista frontal da balança de empuxo.............

Figura 19 – Curvas de empuxo para teste contínuo de 30 segundos.........................

Figura 20 – Fotografia do micropropulsor em funcionamento..................................

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Lista de tabelas

Tabela 1 – Área específica dos óxidos sintetizados...................................................

Tabela 2 – Resultados empíricos do teste de gota......................................................

15

19

Lista de abreviaturas e siglas

LCP

INPE

fps

TG

DTG

Laboratório Associado de Combustão e Propulsão

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Frames por segundo

Curva termogravimétrica

Derivada da curva termogravimétrica

Sumário

Su

1. Introdução ..................................................................................................................... 9

1.1. Justificativa ................................................................................................................ 9

1.2. Objetivo geral ............................................................................................................ 9

1.3. Objetivos específicos ............................................................................................... 10

2. Revisão Bibliográfica ................................................................................................. 11

2.1. Propulsão de foguetes .............................................................................................. 11

2.2. Sistemas monopropelente em Propulsão Química .................................................. 16

2.3. Catalisadores em sistemas monopropelentes ........................................................... 18

3. Materiais e Métodos ................................................................................................... 19

3.1. Preparação dos óxidos mistos .................................................................................. 19

3.2. Análise de área superficial ....................................................................................... 20

3.3. Análise termogravimétrica ...................................................................................... 20

3.4. Teste de gota ............................................................................................................ 21

3.5. Teste em micropropulsor ......................................................................................... 21

4. Resultados e discussões .............................................................................................. 22

4.1. Preparação dos óxidos mistos. ................................................................................. 22

4.2. Análise da área superficial ....................................................................................... 24

4.3. Análise termogravimétrica ...................................................................................... 26

4.4. Teste de gota ............................................................................................................ 29

4.5. Teste em micropropulsor ......................................................................................... 30

5. Conclusão ................................................................................................................... 33

Referências ..................................................................................................................... 34

Anexo A – Declaração do LCP-INPE ............................................................................ 36

9

1. Introdução

1.1. Justificativa

A utilização de satélites artificiais é indispensável nos dias de hoje. Eles são

aplicados, por exemplo, à telecomunicação, transferência de informações, sistemas de

posicionamento global (GPS), coleta de imagens e aquisição de dados para previsões

meteorológicas.

Quando satélites se movem com a mesma velocidade angular da Terra estes são

denominados geoestacionários e orbitam a aproximadamente 36.000 km de altitude.

Constantemente estes estão sujeitos a interferência de forças externas, como radiação,

ventos solares, gradiente da gravidade terrestre e gravidade lunar (EPIPHANIO, 2002).

Desta forma, periodicamente são realizados correções no seu posicionamento, de modo a

mantê-los em sua trajetória ideal. Para realizar estes pequenos ajustes podem ser

empregadas diversas tecnologias, sendo uma delas a utilização de micropropulsores a

monopropelente.

Os micropropulsores mais utilizados atualmente funcionam a base de hidrazina

(N2H4), óxido nitroso (N2O) ou peróxido de hidrogênio (H2O2). Recentemente, este

último tem chamado a atenção da comunidade científica pois é ambientalmente amigável,

não cancerígeno, de fácil manuseio, possibilita a fabricação de equipamentos simples e

sua decomposição alcança empuxo específico satisfatório. Novos catalisadores para sua

decomposição também estão em estudo, destacando-se os catalisadores mássicos

formados por óxidos de cobalto e manganês (KOVANDA et al, 2006).

1.2. Objetivo geral

Deseja-se desenvolver um catalisador mássico a base de óxidos de cobalto e

manganês para uso em micropropulsores de foguete. Estes devem apresentar

característica químicas, morfológicas e propriedades mecânicas satisfatórias para

sustentar a reação de decomposição do monopropelente peróxido de hidrogênio. O

catalisador deve ainda se manter ativo após várias partidas a frio e atingir o empuxo

desejado.

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1.3. Objetivos específicos

- Preparar óxidos mistos a base de cobalto e manganês por coprecipitação em meio

básico.

- Caracterizar os materiais por análise de área superficial e termogravimetria.

- Realizar o teste da gota avaliando o melhor catalisador para decomposição do

monopropelente peróxido de hidrogênio.

- Testar o melhor catalisador em um micropropulsor de 2 N de empuxo.

11

2. Revisão Bibliográfica

2.1. Propulsão de foguetes

Propulsão, em sentido amplo, é o ato de mudar o movimento de um corpo. Os

mecanismos de propulsão providenciam força-empuxo que propiciam movimento a

corpos inicialmente inertes ou causam o retardamento de corpos em movimento. Sistemas

propulsivos podem ser classificados em duas categorias (BARRÈRE, et al. 1960):

a) Sistemas de empuxo direto e indireto, onde o movimento depende da variação de

momento do ar atmosférico. Nos sistemas diretos esta variação é ocasionada por um

processo termodinâmico, envolvendo uma reação química de combustão (motores

turbojato, turbofan, pulsojato). Nos sistemas indiretos existe a adição de um motor e

hélices (monomotores, bimotores, etc.). Sistemas híbridos também são encontrados

(motores turboélice).

b) Sistemas de empuxo puro, em que a força propulsiva é obtida pela variação do

momento do próprio sistema. Este princípio é aplicado a foguetes, uma vez que não

depende do ar atmosférico como oxidante ou elemento necessário na reação de empuxo,

sendo a única possibilidade no vácuo.

O funcionamento genérico de um propulsor é baseado na expansão termodinâmica

de um gás ou fluido, denominado propelente. A energia interna do gás é convertida em

energia cinética. Quando o gás é expelido pelo bocal, ou tubeira, é gerado empuxo (Figura

1).

Figura 1 – Forças atuantes em um motor propulsor.

12

Os sistemas propulsivos podem ser classificados de acordo com a fonte de energia

(Figura 2), função básica (lançamento, controle de altitude, manutenção da órbita, etc.),

tipo de veículo (aeronave, míssil, veículo espacial, etc.), tamanho, empuxo, tipo de

construção ou tipo de propelente.

Figura 2 – Classificação dos sistemas propulsivos segundo a fonte de energia

Propulsão Eletrotérmica

Os sistemas de propulsão eletrotérmica são os mais simples encontrados

atualmente. Neste tipo de propulsão existe uma fonte de energia elétrica (painéis solares

ou baterias) separada fisicamente do mecanismo de geração de empuxo. O propelente é

eletricamente aquecido por resistências elétricas e o gás quente é termodinamicamente

expandido e acelerado pela tubeira (BARRÈRE, et al. 1960).

Estes sistemas alcançam empuxo da ordem de 0,01 a 0,5 N, com velocidades de

1000 a 5000 m/s. Amônia, hidrogênio, nitrogênio e hidrazina são gases comumente

utilizados. Porém, o baixo impulso alcançado tornou estes sistemas impopulares

(SUTTON, 2001).

Sistema propulsivo

Elétrico

Eletrotérmico

Iônico

Eletrostático

Eletromagnético (plasma)

Nuclear

Decaimento

Fissão

Fusão

Químico

Propelente Sólido

Propelente Líquido

Bipropelente

Monopropelente

Híbrido

13

Propulsão Iônica

Em um átomo neutro, o número de elétrons (partículas negativas) rotacionando ao

redor do núcleo é igual ao número de prótons (partículas positivas) encontrados no seu

centro. Quando o átomo ganha ou perde elétrons é dito ionizado. O conjunto dessas

partículas ionizadas pode ser orientado por um campo magnético e acelerado por um

campo elétrico. A 1 MeV (um milhão de elétron volt) a velocidade alcançada por íons H+

é de cerca de 1,4.107 m/s e de íons Na+ é 2,9.106 m/s (BARRÈRE, et al. 1960).

O funcionamento padrão de um motor propulsor iônico eletrostático (Figura 3)

ocorre pela introdução de um gás em uma câmara de ionização onde simultaneamente é

injetado de um feixe de elétrons. Estes elétrons colidem com as partículas do gás,

ionizando-as. A carcaça da câmara capta os elétrons desprendidos pelos átomos

excitados, funcionando como ânodo. As partículas positivas do gás são impelidas à duas

grades onde é aplicado alta diferença de potencial (ddp), o que leva a aceleração das

mesmas e expulsão do foguete, resultando na geração de empuxo. Para manter o corpo

do foguete descarregado, um injetor de elétrons neutraliza o feixe de íons (BARRÈRE, et

al. 1960).

Figura 3 – Esquema de funcionamento de um motor Iônico eletromagnético a plasma.

(BARRÈRE, et al. 1960)

A propulsão iônica produz empuxo da ordem de dezenas e, pouco comumente,

centenas de newtons. Embora de baixo empuxo específico, esta categoria de propulsão

apresenta o maior benefício [massa de propelente]/[empuxo].

14

Propulsão Nuclear

A energia gerada por reatores nucleares quando associados à sistemas propulsores

é expressivamente superior à energia obtida por propelentes químicos. Por exemplo, para

uma mesma massa de reagente, a fissão do urânio 235 (235U) libera 107 vezes mais energia

que a propulsão química. Em termos de impulso específico, enquanto propelentes

químicos alcançam 100 a 400 s, sistemas associados a fissão galgam 800 s, e associados

a fusão, em teoria, 6.000 s (BARRÈRE, et al. 1960).

A energia nuclear pode ser utilizada de duas maneiras:

a) a energia liberada é usada para aquecer o fluido de um motor, que é expandido

em uma tubeira, de acordo com o método clássico;

b) A energia é convertida em eletricidade, que é usada para ionizar e acelerar

partículas (propulsão iônica).

A energia nuclear atualmente pode ser obtida de três maneiras: decaimento de

radioisótopos, fissão e fusão. Métodos seguros e eficientes para o controle da reação de

fissão dentro de um foguete ainda estão em fase de aprimoramento. Uma possível

variação do processo consiste na utilização da turbina para a alimentação de um gerador,

que por sua vez fornece energia elétrica à motores a propulsão iônica. Neste caso, a

temperatura de trabalho do reator nuclear é menor, facilitando a construção do sistema

(SUTTON, 2001). Um esquema pode ser encontrado na Figura 4.

Figura 4 – Esquema de funcionamento de um propulsor nuclear por fissão

(BARRÈRE, et al. 1960)

15

A fusão nuclear, fenômeno resultante da junção de dois núcleos atômicos para a

formação de um terceiro elemento, ainda encontra-se em fase de desenvolvimento para

uso em propulsores. Alguns problemas encontrados são: o controle de altas temperaturas

(na ordem de 106 °C), a elaboração de sistemas de resfriamento eficientes e o

desenvolvimento de estruturas metálicas que suportem tais condições. A contenção dessa

reação em campos magnéticos torroidais gerados por eletroímãs (reator Tokamak) vem

sido estudada, embora uma solução definitiva somente poderá ser encontrada nas

próximas décadas.

Propulsão Química a propelentes sólidos

Em um foguete a propelente sólido, o propelente é inteiramente armazenado dentro

da câmara de combustão. Este pode ser encontrado em diversos formatos, sendo o

conjunto sólido denominado grão. Este é suportado pelas paredes da câmara ou grades

especiais. A principal característica de um propelente sólido é a simplicidade, pois não

depende de um sistema de alimentação. Todavia, o tempo de queima é limitado a poucos

segundos, ou fração de segundos, embora tempos de dez ou vinte minutos tenham sido

alcançados em motores de baixa performance. A densidade de propelentes sólidos é de

20% a 80% maior que a densidade dos propelentes líquidos, esta vantagem parcialmente

compensa o baixo impulso específico (SUTTON, 2001).

Uma vez ignitado, a combustão deve geralmente proceder até que todo o propelente

seja queimado. Embora seja teoricamente possível interromper a combustão e re-ignitar

o propelente, seja por diminuição da pressão na câmera de combustão ou por extinção da

chama com algum líquido, isto não é comum.

Em vista a grande simplicidade, propelentes sólidos são adequados para

desenvolver alto empuxo em pequenos períodos de tempo (boosters). Com as recentes

melhorias nas propriedades química e de processamento, eles cada vez mais são utilizados

em longos tempos de queima (sustainers). Do ponto de vista operacional, estão sempre

prontos para uso e não necessitam de tanques de estocagem (BARRÈRE, et al. 1960).

O manuseio e armazenamento de propelentes sólidos não envolvem problemas de

corrosão, toxidade e volatilidade, frequentemente associado a propelentes líquidos. O

risco de explosão dos propelentes modernos também é desprezível, embora estes sejam

mais sensíveis a mudanças de temperatura.

16

Propulsão Química a bipropelentes líquidos

Teoricamente, qualquer sistema químico que resulta em uma reação exotérmica

pode ser utilizado como propelente. Embora vários sistemas sejam concebidos, certas

qualidades devem ser observadas para estes mostrarem-se eficientes.

Em sistemas bipropelentes é necessário a mistura de uma substância chamada

oxidante a outra denominada combustível. A maioria dos oxidantes são compostos ricos

em oxigênio, como o peróxido de hidrogênio, ácido nítrico e percloratos. Os principais

combustíveis são formados de átomos leves, como o hidrogênio, lítio, boro, carbono,

alumínio e magnésio. Inicialmente hidrocarbonetos eram os únicos combustíveis usados,

mas foram gradativamente substituídos por compostos do nitrogênio (amônia, hidrazina,

amidas). Atualmente aposta-se nos compostos de boro e lítio, embora sistemas

aprimorados apostam nos combustíveis anteriores (SUTTON, 2001).

Sistemas monopropelente por sua vez são geralmente compostos de um líquido que

seja facilmente decomposto em contato com catalisadores. Os mais conhecidos

atualmente são o peróxido de hidrogênio, hidrazina e óxido nitroso.

2.2. Sistemas monopropelente em Propulsão Química

Sistemas monopropelente são constituídos principalmente por: um tanque

pressurizado, injetor, leito catalítico, tubeira e um sistema de armazenamento e

alimentação conjugados (Figuras 5 e 6). Comparados a outros tipos de propulsores são

leves e bastante simples (MAKLED; BELAL, 2009).

Figura 5 – Esquema do sistema de propulsão do satélite LANDSAT 3.

(SOARES NETO, 2011)

17

Figura 6 – Partes de um propulsor a monopropelente

No leito catalítico ocorre a reação química desejada. Primeiramente o propelente é

decomposto cataliticamente e após determinado tempo, ao atingir determinada

temperatura, a decomposição passa a ser térmica. (VIEIRA et al., 2003)

O peróxido de hidrogênio foi estudo já na década de 30 por Hellmuth Walter como

propelente em aviões (BARRÈRE, et al. 1960). Durante a segunda guerra mundial as

pesquisas se intensificaram principalmente nos Estados Unidos (aviões X-1 e X-15). Mas

com o desenvolvimento de catalisadores eficientes para a decomposição da hidrazina, o

uso do peróxido de hidrogênio foi abandonado na década de 60. Porém nas últimas

décadas, este propelente ganhou espaço na ciência, sendo considerado ambientalmente

amigável, devido a não toxidade, fácil armazenamento e facilidade de manuseio,

características dificilmente encontradas em outras substâncias.

A decomposição do peróxido de hidrogênio nas décadas de 50 e 60 se dava por

contato com telas de prata ou ligas com platina e paládio. Porém, este material não era

adequado para as condições de exposição pois a prata facilmente se oxidava a óxido de

prata e ainda corria o risco de fundir caso os sistemas atingissem altas temperaturas (962

°C) (LEE; LEE, 2009).

Uma das alternativas encontradas foi a substituição das telas por catalisadores

mássicos suportados. Tian et al. (2001) conseguiu resultados significativos com a

impregnação de irídio sobre alumina. Porém a oxidação do paládio e perda de massa ainda

eram um problema recorrente. Beutien et al. (2002) estudaram a cordierita como suporte

catalítico do permanganato de sódio porém a área superficial do material se mostrou

insatisfatória.

DO et al, (2009) tem proposto a utilização de óxido de manganês como catalisador,

devido aos diversos estados de oxidação do mesmo, que mantem-se ativo mesmo após

oxidação parcial. Finalmente, Hai Zhaoa (2008) e Kovanda (2006) tem sugerido a mistura

de diferentes óxidos (cobalto, manganês, prata, alumínio e magnésio) de modo a obter

um catalisador mássico eficiente, ativo em várias partidas e mecanicamente resistente.

18

2.3. Catalisadores em sistemas monopropelentes

Segundo Soares Neto (2011) catalisador é toda substância que, adicionada a um

meio reacional, acelera a reação pela mudança do seu mecanismo, sem ser consumida e

sem alterar a constante de equilíbrio da reação.

Quando catalisador e reagentes se encontram na mesma fase, a catálise se denomina

homogênea, e a velocidade de reação é proporcional a concentração do catalisador no

meio reacional. Quando utilizados catalisadores sólidos e reagentes líquidos a catálise é

chamada de heterogênea. Neste caso, a velocidade da reação é função da capacidade de

adsorção do líquido nas paredes do sólido, da área específica do material e da atividade

do catalizador (LEE; LEE, 2009).

Para o monopropelente peróxido de hidrogênio, a catálise da reação de

decomposição se dá pela formação de reativos radicais hidroxil (OH*) na superfície

sólida do catalisador. Quando o sistema atinge temperaturas superiores a 60 °C a

formação de radicais hidroxil também se dá pela decomposição térmica, fazendo que o

sistema atinja temperaturas da ordem de 600 a 800 °C. O mecanismo de catálise dá-se

por (SUTTON, 2001):

H2O2 ---> 2 HO*

HO* + H2O2 ---> HO2* + H2O

HO* + HO2* ---> H2O + O2

Catalisadores a base de óxidos mistos contendo cátions de metais de transição, são

frequentemente utilizados como catalisadores mássicos e podem ser facilmente obtidos

pela decomposição térmica controlada de hidróxidos duplos lamelares. A mobilidade

eletrônica de óxidos do tipo espinélio ou perovskita faz deles ótimos promotores de

reações de oxi-redução (HASAN et al, 1999). Alguns autores têm proposto o emprego

dos óxidos de manganês e cobalto na decomposição do peróxido de hidrogênio. Contudo

ainda não foram publicados resultados de testes em condições reais de uso destes

materiais em propulsores (DO et al, 2009).

19

3. Materiais e Métodos

3.1. Preparação dos óxidos mistos

Os catalisadores, formados de uma mistura sólida de óxidos de cobalto, manganês

e X (onde X = alumínio, prata ou manganês), foram preparados por coprecipitação em

meio básico.

Figura 7 – Fotografia do sistema de síntese dos óxidos mistos.

Preparou-se soluções 1 mol L-1 de íons metálicos a partir dos nitratos (Vetec®) de

Co+2, Mn+2 e X (onde X = Al+3, Ag+1, ou Mg+2) mantendo a proporção molar 4:1:1,

respectivamente. Cerca de 125 mL desta solução foi adicionada, por meio de bomba, gota

a gota a 50 mL de uma solução 0,5 mol/L de carbonato de sódio, a temperatura ambiente

e sob agitação. O pH da solução, controlado foi mantido em 10 pela da adição lenta e

constante de uma solução de hidróxido de sódio 3 mol/L (KOVANDA et al, 2006).

Após a reação, o meio foi mantido em agitação por 2 h. Em seguida o material foi

filtrado a vácuo e lavado várias vezes com água destilada até atingir-se pH neutro no

Solução de

Nitratos

Bomba

Agitador

pHmetro

Solução

de NaOH

20

filtrado. Posteriormente o sólido foi seco à temperatura de 60°C por 12 h. O material foi

então triturado e peneirado a uma granulometria de 100 μm, umedecido, extrudado em

formato de pellets, seco novamente a 60°C por 12 h e por fim calcinado a 900°C por 2 h.

3.2. Análise de área superficial

A análise de área superficial e porosidade dos materiais foi medida pela técnica de

Adsorção de Nitrogênio Líquido com o equipamento ASAP 2020 – Micromeritics (Figura

8a). Os ensaios são de responsabilidade do Laboratório Associado de Combustão e

Propulsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (LCP-INPE).

3.3. Análise termogravimétrica

A análise termogravimétrica dos materiais foi realizada pelo equipamento STA 449

- Netzsch (Figura 8b). Os ensaios são de responsabilidade do Laboratório Associado de

Combustão e Propulsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (LCP-INPE).

Figura 8 – Fotografia dos equipamentos (a) ASAP e (b) STA

(a)

(b)

21

3.4. Teste de gota

Preparou-se um leito catalítico de aproximadamente 0,1 g agrupando-se os pellets

de óxidos mistos. Com auxílio de uma Pipeta de Pasteur pipetou-se uma gota (0,05 mL)

de peróxido de hidrogênio 70% sobre a superfície catalítica. Com auxílio de uma câmera

de alta velocidade (240 fps) observou-se o retardo de decomposição, ou delay, e a

vigorosidade da reação (Figura 9).

Figura 9 – Fotografias do teste de gota: (a) catalisador em repouso (b) início da reação

(c) primeira nuvem de vapor (delay) (d) continuação da decomposição

3.5. Teste em micropropulsor

O teste em micropropulsor foi realizado no Laboratório Associado de Combustão e

Propulsão do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (LCP-INPE) sob responsabilidade

da mestranda Fernanda Francisca Maia.

(a) (b) (c) (d)

22

4. Resultados e discussões

4.1. Preparação dos óxidos mistos.

A preparação dos óxidos mistos se dá basicamente pelo esquema da Figura 10:

Figura 10 – Esquema de preparação dos catalisadores

A Etapa 1 basicamente tem por objetivo a precipitação dos íons metálicos na forma

de hidróxidos (M= íon metálico):

M(NO3)y(aq) + y OH-(aq) ---> M(OH)y(ppt) + y NO3

-(aq)

A utilização de 50,0 mL de carbonato de sódio 0,5 mol/L é indispensável na reação.

Os íons carbonatos são adsorvidos aos hidróxidos. Quando o sólido é calcinado a 900 °C

o carbonato é convertido em dióxido de carbono, ocasionando a formação de poros no

material. Tais poros aumentam a superfície específica do catalisador e consequentemente

elevam o número de sítios ativos. Todavia, a excessiva porosidade reduz

significativamente a resistência mecânica do material.

O pH do meio é o parâmetro mais sensível de todo processo. Hai Zhaoa (2008)

sugere pH 8 para a reação, porém testes de bancada no nosso laboratório mostraram que

íons como o Ag+ não precipitam quantitativamente neste pH. Por outro lado, íons como

o Al+3 em pH’s elevados formam complexos solúveis (como o [Al(OH)4]-). Desta forma,

23

o pH 10 sugerido por Kovanda et al. (2006) pareceu o ideal para precipitação quantitativa

dos hidróxidos.

A agitação por 2 h é responsável pelo “envelhecimento” do material. Nessa etapa o

íons começam a se organizar, e esta organização interfere significativamente nas

propriedades morfológicas do material final. Tempos de envelhecimento de até 24 h

foram testados, mas não mostram diferença significativa em relação a 2 h. Por outro lado,

quando não há envelhecimento, o material final se encontra arenoso e quebradiço,

possivelmente pela grande quantidade de íons sódio, nitrato e carbonato adsorvidos.

Na Etapa 2 ocorre basicamente a retirada de humidade do material. Após secagem

o sólido é macerado até granulometria máxima de 100 μm, facilitando a extrusão. Para

extrusão utiliza-se uma seringa especial que produz pellets de 2 mm de diâmetro (Figura

11).

Finalmente, na Etapa 3 ocorre a calcinação do material a 900°C por duas horas.

Nessa etapa os hidróxidos passam por várias transformações até atingirem o estado de

óxidos e forma morfológica específica:

2 M(OH)y(s) ---> MOz(s) + H2O(v)

Figura 11 – Pellets do catalisador CoMnAl

24

4.2. Análise da área superficial

A área superficial específica dos óxidos sintetizados, mostrada na Tabela 1, foi

medida por adsorção de nitrogênio líquido empregando o método B.E.T. (BRUNAUER,

EMMET, TELLER, 1938):

Tabela 1 – Área específica dos óxidos sintetizados

Catalisador Área específica (m2/g)

CoMn 6

CoMnAl 6

CoMnAg 6

CoMnMg 23

Observa-se que os óxidos de cobalto e manganês em geral apresentam baixa área

específica (6 m2/g), com exceção do catalisador CoMnMg (23 m2/g). A alta área

específica deste último é consequência da elevada porosidade do material, que pode ser

explicada pela excepcional ocorrência de forte contração das redes cristalinas durante o

rearranjo da fase hidrotalcita em periclásio (MgO) e espinélio (MgAl2O4), acima de

400°C e 900°C, respectivamente (STARNIMIROVA, 1999).

O método B.E.T. classifica os tipos de poros de um material segundo o

comportamento da curva de adsorção de nitrogênio (Figura 12). Por comparação, todos

os óxidos sintetizados apresentaram curva isoterma tipo III (Figura 13). Isotermas do tipo

III são características de sólidos com presença de meso (2 – 50 nm) e macroporos (> 50

nm). O diâmetro médio de poros encontrados nos materiais sintetizados foi de 30 nm.

Esta distribuição de poros não é a ideal para catálise, uma vez que procura-se estruturas

com maior concentração de microporos e baixo teor de macroporos. Microporos são

importantes para a elevação de área específica e número de sítios ativos. Mesoporos e

macroporos são responsáveis pelo rápido escoamento de produto através do sólido.

25

Figura 12 – Possíveis curvas de adsorção de nitrogênio segundo o método B.E.T.

Figura 13 – Isoterma B.E.T. dos catalisadores sintetizados

26

4.3. Análise termogravimétrica

A análise termogravimétrica (TG-DTG) dos quatro catalisadores sintetizados

mostra transformações típicas da decomposição de estruturas hidrotalcita em espinélio,

com considerável perda de massa e acompanhada por efeito endotérmico. De modo geral,

conforme as Figuras 14 – 17, pode-se observar (i) liberação de água da camada

interlamelar a 150-200°C, acompanhado por um colapso do espaçamento basal da

hidrotalcita (ii) desprendimento de CO2, proveniente do carbonato, entre 250-300°C,

associado à remoção da água de formação das placas e (iii) a decomposição completa da

estrutura de lamelas a 350-600°C.

Pela análise das curvas TG-DTG, percebe-se que (iv) os materiais sofrem um

rearranjo final da estrutura cristalina por volta de 850°C. Sendo assim, a temperatura de

calcinação dos materiais foi fixada em 900°C, por 2h, para evitar uma possível re-

hidratação dos óxidos durante a decomposição do H2O2. Análises de raio X serão

executadas posteriormente para comprovação das fases presentes no término da

calcinação, porém a literatura nos mostra que hidrotalcitas de Al e Mg (STARMIROVA,

1999), hidrotalcitas de Co e Al (KANNAN; STAMY, 1999) e hidrotalcitas de Fe e Co

(BERNAL; CASERO; RIVES, 2004) tendem a gerar estrutura espinélio acima de 900°C.

M(OH)y.zH2O(s) ---> M(OH)y (s) + z H2O(v) (i)

M(OH)y.z(CO3-) (s) ---> M(OH)y (s) + z CO2 (g) + ½.z O2 (ii)

2 M(OH)y (s) ---> MOz(s) + H2O(v) (iii)

M1Oy (s) + 2 M2Oy (s) (lamelas) ---> M1(M2)2O4 (espinélio) (iv)

27

Figura 14 – Curva TG e DTG do catalisador CoMn

Figura 15 – Curva TG e DTG do catalisador CoMnMg

28

Figura 16 – Curva TG e DTG do catalisador CoMnAl

Figura 17 – Curva TG e DTG do catalisador CoMnAg

29

4.4. Teste de gota

Os testes de gota provou empiricamente o comportamento do peróxido de

hidrogênio quando em contato com os catalisadores. Levou-se em consideração o tempo

de indução (ou delay de decomposição), a velocidade da decomposição, a presença ou

ausência de re-hidratação e a resistência mecânica relativa, antes e após o teste. Os

resultados obtidos são apresentados na tabela 2:

Tabela 2 – Resultados empíricos do teste de gota

Catalisador Delay (ms) Velocidade

de reação

Re-

hidratação

Resistência

mecânica

CoMn 64 Alta Não Média

CoMnAl 40 Alta Não Alta

CoMnAg 76 Média Não Média

CoMnMg 32 Alta Não Baixa

A avaliação do tempo de indução mostra que os catalisadores CoMnMg e CoMnAl

são os mais eficientes apresentando delay inferior a 40 ms, valores aceitáveis para

propulsão a monopropelente. Porém novos estudos serão realizados com o intuito de

alcançar delay ainda menores, inferiores a 30 ms, valor ideal para a aplicação.

A velocidade de decomposição e vigorosidade da reação em geral foi alta para todos

os catalisadores, com exceção do catalisador com adição do óxido de prata, que

apresentou o maior delay e velocidade de reação inferior aos demais. Em adição, não se

percebeu sinal de re-hidratação após as reações.

A resistência mecânica dos materiais é um fator fundamental para escolha do

melhor catalisador. O catalisador CoMnMg por apresentar alta porosidade foi o de pior

desempenho. A sobrepressão gerada no interior dos macroporos, devido a rápida

decomposição do propelente, resulta na fratura do grão e podem ser observados resquícios

arenosos e pós no interior do tubo de ensaio. Os catalisadores CoMn e CoMnAg

apresentaram visualmente resistência mecânica aceitável, embora ainda foi verificado

alguma degradação do material após a reação. Já o catalisador CoMnAl não apresentou

nenhum sinal de fadiga e mostrou alta resistência mecânica. Isso possivelmente ocorre

pela formação de -alumina (800 °C) e vestígios de -alumina (início de formação a 1200

30

°C) uma vez que a temperatura de calcinação de 900 °C foi mantida por 2 h. Análises de

difração de raio X serão realizadas futuramente pra comprovar a presença dessas fases.

4.5. Teste em micropropulsor

Os catalisadores foram testados em um micropropulsor de empuxo teórico de 2 N

(Figuras 18). O motor foi calibrado com uma célula de carga e equipado com uma balança

de empuxo.

Figura 18 – Imagem computacional da vista frontal da balança de empuxo.

Cortesia do LCP-INPE

Para o teste, alguns parâmetros gerais foram adotados: pressão na câmara de 5 bar,

vazão mássica de propelente igual a 2 g/s, razão de expansão da tubeira igual a 1,45 e

pressão atmosférica correspondente a altitude de 600 m acima do nível do mar. As

dimensões do leito catalítico correspondem a diâmetro circular de 15 mm e comprimento

de 30 mm. Essas condições permitem tempo de residência suficiente do peróxido de

hidrogênio na câmara para que haja decomposição total (SU-LIM; CHOONG-WON,

2009).

Para avaliar a atividade do catalisador, foram realizados tiros contínuo de 10 s

(Figuras 19 e 20).

31

Figura 19 – Curva de empuxo para teste contínuo de 30 segundos.

Figura 20 – Fotografia do micropropulsor em funcionamento. Cortesia do LCP-INPE

32

A eficiência e reprodutibilidade do catalisador mássico CoMnAl foi a melhor

observada. Não foi observado sinais de desativação do catalisador em função do tempo e

foram atingidos os valores teóricos esperados: empuxo igual a 2,2 N, pressão na câmara

de 5 bar e temperatura de 554 °C, observando-se estabilidade nos patamar de empuxo da

curva característica.

33

5. Conclusão

Os catalisadores sintetizados a partir de óxidos mistos, com base nos óxidos de

cobalto e manganês, preparados por coprecipitação em meio básico, pH 10, podem ser

utilizados para fins catalíticos pois mostram-se eficientes para a decomposição do

peróxido de hidrogênio.

Para fins propulsivos, nossos estudos preliminares, mostram que o catalisador

CoMnAl foi o que apresentou melhor desempenho apesar de possuir baixa área específica

(6 m2/g) e distribuição bimodal de mesoporos e macroporos. Em trabalhos posteriores as

condições do meio (pH, temperatura) serão melhor estudados e os óxidos serão

caracterizados por difração de raio X, método do pó, para que se tenha certeza das fases

presentes no material final. No teste de micropropulsor foi atingido o impulso teórico

esperado de 2 N e o catalisador se mostrou estável e ativo durante os testes. Desta forma,

faz-se um catalisador de baixo custo e de excelente qualidade para emprego em

micropropulsores a monopropelente.

34

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Anexo A – Declaração do LCP-INPE