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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA TÉCNICAS DE PROJETO APLICADAS NO DESENVOLVIMENTO DE UM MICROPOSICIONADOR ANGULAR LUCIANA MONTANARI, Eng a . Mecânica Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica Orientador: Prof. Jaime Gilberto Duduch, Ph.D. São Carlos - 1999 -

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

TÉCNICAS DE PROJETO APLICADAS NO DESENVOLVIMENTO DE UM MICROPOSICIONADOR

ANGULAR

LUCIANA MONTANARI, Enga. Mecânica

Dissertação apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica

Orientador: Prof. Jaime Gilberto Duduch, Ph.D.

São Carlos - 1999 -

Aos meus pais Heitor e Zélia,

aos meus irmãos Nelci, Suzelei, Adevair e Geovana

e a minha sobrinha Anna.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por tudo.

Ao Prof. Dr. Jaime Gilberto Duduch pela orientação e amizade.

Ao meu grande amigo e Co-orientador Prof. Juan Carlos Campos

Rubio (UFMG) pela sugestões, discussões e empenho em ajudar-me em

toda a realização desse trabalho.

Ao Fernando Santoro pelas discussões sobre modelagem e

simulações, pela sua paciência e especialmente pela sua amizade.

À Kelen e Gi por serem grandes amigas e companheiras.

Ao Prof. Dr. Rosalvo Tiago Ruffino pelas dicas sobre teoria de projeto.

Aos meus amigos e companheiros de laboratório Helder, Renatão,

Pagotto e Rogério pela ajuda e discussões sobre o trabalho, além de

proporcionarem um ótimo ambiente de trabalho.

Ao Prof. Dr. Arthur José Vieira Porto pela ajuda sempre que

necessária.

Ao Godoy que ajudou-me, principalmente com problemas

relacionados a computador e especialmente pelo seu companheirismo.

Aos meus amigos da pós Fabiana, Rodrigo, Mariano, Volnei, Ana

Lúcia, Marcello (Barata), Marcelo (Barrão), Claudião, Zé Luiz, Geraldo,

Celso, Neilor, Teodora, Richard, Panamá, Alexandre (Chiquinho), Alexandre,

Klauss, Dinho, Schammas, Leonardo, Rogério, Paulo, Jalon, Fabrício Flores,

Fabrício Tadeu, Vagner, Rosenda, Denise, Toddy, Luciano.

Ao José pelas discussões relacionadas a problemas matemáticos.

Ao Deivid e ao Gustavo Cristiano Pereira pela ajuda nos desenhos.

À D. Nilza e Sr. Romualdo pelo carinho e atenção com que me

receberam e aos deliciosos almoços de domingo.

Às meninas da secretaria, Ana Paula e Beth, pela disposição em

ajudar-me sempre que necessário. Em especial à Beth pelas suas orações e

carinho.

Ao Fer pela sua amizade e ajuda desde a minha chegada a São

Carlos.

Aos meus amigos do vôlei: Marisa, Cecília, Tati, Sabrina, Cris,

Juliana, Flávia, Malu, Sissy, Teresinha, Virgínia, Vanessa, Eveline, Virgílio,

James, Batman, Júlio, Tanão, Fabiano, Daniel, Mô, Klein, Marquinhos,

Pochete, Bisteca e Joel.

Ao CNPq pelo apoio financeiro concedido durante o desenvolvimento

deste trabalho.

Agradecimento especial aos meus pais e irmãos pelo incentivo e

apoio em todos os momentos.

Sumário i

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................iv

LISTA DE TABELAS ......................................................................................vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................vii

LISTA DE SÍMBOLOS ..................................................................................viii

RESUMO ........................................................................................................x

ABSTRACT ....................................................................................................xi

1 – INTRODUÇÃO ..........................................................................................1

1.1 - Aspectos gerais .........................................................................1

1.2 - Justificativas ..............................................................................5

1.3 - Objetivos ....................................................................................6

2 - REVISÃO DA LITERATURA .....................................................................9

2.1 - Projeto .......................................................................................9

2.1.1 - A história do projeto em engenharia ...............................9

2.1.2 - Definições de projeto ....................................................11

2.1.3 - Métodos de projeto de engenharia ...............................12

2.1.4 - Métodos sistemáticos de projeto ..................................14

2.1.5 - Morfologia do processo de projeto ................................18

2.1.6 - Modelos prescritivos .....................................................19

2.1.7 - Uma avaliação crítica dos modelos prescritivos ...........30

2.1.8 - Um estudo mais profundo do modelo de Krick .............33

2.1.8.1 - Formulação do problema .....................................34

2.1.8.2 - Análise do problema .............................................35

Sumário ii

2.1.8.3 - Procura de soluções .............................................35

2.1.8.4 - Tomada de decisão ..............................................37

2.1.8.5 - Especificação da solução .....................................42

2.1.9 - Conclusão .....................................................................43

2.2 - Sistemas Posicionadores de Precisão ....................................43

2.2.1 - Considerações gerais ...................................................44

2.2.2 - Classificação dos sistemas de posicionamento ............45

2.2.3 - Estrutura funcional de um posicionador ........................46

2.2.4 - Componentes de um posicionador ...............................48

2.2.4.1 - Guias de movimento ............................................49

2.2.4.2 - Transmissões mecânicas conversoras ................55

2.2.4.3 - Acionamento .......................................................58

2.2.4.4 - Sensores ..............................................................63

2.2.5 - Conclusão .....................................................................70

3 - METODOLOGIA DE PROJETO ..............................................................71

3.1 - A escolha do modelo ...............................................................71

3.2 – Análise técnica ..........................................................................72

3.2.1 - Procura de soluções ....................................................72

3.2.2 - Princípio de funcionamento...........................................74

3.2..3 - Análise de valor ............................................................75

4 – MODELAGEM CINEMÁTICA .................................................................79

4.1 – Introdução ................................................................................79

4.2 – Definição de Matriz de Transformação Homogênea ...............79

4.2.1 - Movimento de translação ..............................................81

4.2.2 - Movimento de rotação ..................................................83

Sumário iii

4.3 - Descrição do mecanismo ........................................................86

4.4 - Sistema de coordenadas cartesianas .....................................87

4.5 - Análise cinemática ...................................................................89

4.6 - Descrição dos movimentos para os atuadores .......................89

4.6.1 - Atuador B ......................................................................90

4.6.2 - Atuador A ......................................................................94

4.6.3 - Atuador C ......................................................................98

5 – SIMULAÇÕES ......................................................................................105

6 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......114

BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................118

APÊNDICE – Desenhos do microposicionador angular

Lista de Figuras iv

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1 – O desenvolvimento da usinagem no século XX (TANIGUCHI,

1983) .........................................................................................2

FIGURA 1.2: Esquema da localização do posicionador. ................................7

FIGURA 2.1 – Representação de um sistema .............................................16

FIGURA 2.2 – Decomposição da caixa preta ...............................................16

FIGURA 2.3 – Modelo de Watts (EVBUOMWAN et al., 1996) .....................22

FIGURA 2.4 – Modelo de Marples (EVBUOMWAN et al., 1996) .................23

FIGURA 2.5 – Modelo de Archer (EVBUOMWAN et al., 1996) ....................24

FIGURA 2.6 - Modelo de Krick .....................................................................25

FIGURA 2.7 – Modelo de Nigel Cross ..........................................................26

FIGURA 2.8 – Modelo de French (EVBUOMWAN et al., 1996) ...................28

FIGURA 2.9 – Modelo VDI 2221 (MARIBONDO et al., 1998) ......................30

FIGURA 2.10 – Modelo de Krick ..................................................................34

FIGURA 2.11 – Passos da avaliação das variantes .....................................40

FIGURA 2.12 - Estrutura funcional de um posicionador ..............................47

FIGURA 2.13 – Curvas características de atrito em guias (LICHTBLAU,

1989) .......................................................................................50

FIGURA 2.14 – (a) Esquema construtivo de um PZT (PHYSIK

INSTRUMENTE, 1992); (b) Tipo de PZT comercial ................62

FIGURA 2.15 – Princípio operacional de um laser interferométrico

(TAVARES, 1995) ...................................................................67

FIGURA 2.16 – Interferômetro de Michelson ...............................................68

FIGURA 2.17 – Interferômetro de Fizeau .....................................................69

FIGURA 3.1 - Tipos construtivos de posicionadores angulares - (a) cunha de

encosto angular, (b) cunha de apoio semi-esférico, (c)

transmissão por came, (d) posicionador micrométrico

diferencial, (e) transmissões rotativas, (f) plataforma de Stewart

..................................................................................................73

FIGURA 4.1 – Sistema de coordenadas cartesianas ...................................80

Lista de Figuras v

FIGURA 4.2 – Rotação do sistema (XL, YL, ZL) em torno do eixo XR ........83

FIGURA 4.3 – Rotação do sistema (XL, YL, ZL) em torno do eixo YR ........84

FIGURA 4.4 – Rotação do sistema (XL, YL, ZL) em torno do eixo ZR .........85

FIGURA 4.5 – Esquema do posicionador angular ........................................86

FIGURA 4.6 – Sistema absoluto de coordenadas OXYZ, segundo a regra da

mão direita ...............................................................................87

FIGURA 4.7 - Posição do sistema absoluto de coordenadas OXYZ no

posicionador ............................................................................88

FIGURA 4.8 – Posicionador na posição inicial .............................................88

FIGURA 5.1 – Esquema do posicionador mostrando os ângulos de rotação

em torno de X e Y ...............................................................105

FIGURA 5.2 – Variação dos ângulos 1 e 2 ..............................................106

FIGURA 5.3 – Fixação do ângulo 2 e variação do ângulo 1 .....................108

FIGURA 5.4 – Fixação do ângulo 1 e variação do ângulo 2 .....................109

FIGURA 5.5 – Posição inicial do posicionador no referencial relativo ........110

FIGURA 5.6 – Variação dos ângulos 1 e 2 para l=60 mm ........................111

FIGURA 5.7 – Fixação do ângulo 2 e variação do ângulo 1 para l=60 mm

.............................................................................................112

FIGURA 5.8 – Fixação do ângulo 1 e variação do ângulo 2 para l=60 mm

.............................................................................................113

Lista de Tabelas vi

LISTA DE TABELAS

TABELA 2.1 – Determinação do valor global (HÖNHE, 1990b) ...................42

TABELA 2.2 – Comparação entre guias de precisão ...................................52

TABELA 2.3 – Característicos técnicos de mancais de precisão .................55

TABELA 2.4 – Propriedades das características de diferentes fusos (WECK

et al., 1998) ..............................................................................58

TABELA 2.5 – Dados comparativos de sistemas de medição (TAVARES,

1995) .......................................................................................66

TABELA 3.1 - Fatores de importância ..........................................................76

TABELA 3.2 – Determinação do valor global do posicionador .....................77

Lista de Abreviaturas e Siglas vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CNC – Comando numérico computadorizado

IC - Circuitos integrados

PZT - Atuadores piezoelétricos

VDI - Verein Deutscher Ingenieure

Lista de Símbolos viii

LISTA DE SÍMBOLOS

A - amplitude

d –translação do ponto central do posicionador na direção Z

dA – deslocamento do atuador A

dB - deslocamento do atuador B

dC – deslocamento do atuador C

Dm, Dn – decisões

E - ambiente particular

i = variante

i

- vetor unitário da direção X

j = critério

j

- vetor unitário da direção Y

k

- vetor unitário da direção Z

l – distância dos atuadores ao centro do mecanismo

n = número de critérios

N - fatores externos

Owvj = valor global

P - exigências do projeto

Ra – rugosidade média

v - velocidade de movimento

vij = sub-valor da variante i em relação ao critério j

vmax = valor máximo de todas as variantes

wi = peso i-ésimo do critério j

Xi = valor global segundo o valor máximo

XL, YL, ZL - coordenadas do sistema de referência

XR, YR, ZR - coordenadas do sistema absoluto

- comprimento de onda

A - coeficiente de atrito

1 – giro em torno do eixo X

2 – giro em torno do eixo Y

Lista de Símbolos ix

- produto final

- freqüência

Resumo x

RESUMO

MONTANARI, L. (1999). Técnicas de projeto aplicadas no desenvolvimento

de um microposicionador angular. 126p. Dissertação (Mestrado) –

Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

Para se obter alto desempenho em máquinas-ferramenta de

ultraprecisão, são necessários o desenvolvimento de sistemas de

posicionamento e o controle de movimento, os quais não raramente devem

operar com resolução e repetibilidade na faixa submicrométrica. A utilização

das modernas técnicas de metodologia de projeto auxiliam no

desenvolvimento deste tipo de sistema. Neste trabalho são discutidas e

analisadas as diversas alternativas disponíveis para os elementos

constituintes do sistema de posicionamento. Aspectos críticos como

cinemática, acionamento, guias e apoios são estudados e confrontados

usando o método de análise de valor. E baseados no resultado do estudo

prévio, obtém-se um sistema híbrido para microposicionamento angular de

alta rigidez e ampla largura de banda, capaz de posicionar uma superfície

com resolução angular inferior a 4.10-5 graus. Através das técnicas de

modelagem, pode-se verificar a funcionalidade desse sistema projetado,

quanto ao seu comportamento estático e dinâmico. Uma modelagem

cinemática é apresentada com o objetivo de auxiliar na veracidade do

projeto do posicionador angular, através da qual pretende-se observar a

influência de cada ponto de apoio no posicionamento final. São

apresentados os resultados obtidos em simulações numéricas, as quais

constatam não só o próprio desempenho do posicionador, como também, a

validade da técnica utilizada.

Palavras-chave: projeto; ultraprecisão; microposicionamento; atuadores;

cinemática.

Abstract xi

ABSTRACT

MONTANARI, L. (1999). Design techniques applied to development of an

angular micro-positioner. 126p. Dissertação (Mestrado) – Escola de

Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

In order to achieve high performance in ultra-precision machine tools,

appropriate capability is required of motion control and positioning systems

which have to operate at resolutions and repeatability in the sub-micrometre

range. Machining may reach high levels of precision through the use of

suitable sensors, actuators and controllers so that the development of micro-

positioner with low backlash, high bandwidth and accuracy is a crucial aspect

of high precision machining technology. Modern design techniques can

greatly assist in the development and design of such systems. In this work,

several design options for the elements of a positioning system are

discussed and analysed. Critical aspects such as kinematics, driving and

bearings are studied and compared using the value analysis method. A

hybrid system based upon the results of this study is proposed which

combines the best characteristics of each design option. The system

possesses the capability of positioning a workpiece and/or tool angularly

and/or linearly (micro-tilt stage) with a resolution better than 4 10-5 arc degree

and high stiffness and bandwidth. Through modelling techniques, it is

possible to verify the static and dynamic behaviour of the system. A

kinematics model of the micro-tilt stage is presented in order to establish a

relationship between the displacement of the actuators and the final position

of the stage. It is anticipated that such an approach will be required in respect

of interferometric feedback control. Simulations of the model are performed

showing that the technique applied is valid and the system fulfils the

requirements for ultra-precision design.

Keywords: design; ultra-precision; micro-positioning; actuators; kinematics

Capítulo 1 1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 – Aspectos gerais

Indústrias de alta tecnologia como as de informática, microeletrônica,

óptica e mecânica de precisão têm procurado desenvolver constantemente

pesquisas em diversas áreas como as dos materiais, de instrumentação, de

controle e fabricação, no intuito de produzir componentes e equipamentos

cada vez mais precisos e de melhor qualidade.

Um fator de grande importância para a produção de diversos

componentes, tem sido o significativo desenvolvimento que equipamentos de

fabricação e instrumentos de medição de precisão têm alcançado nas

últimas décadas. TANIGUCHI (1983) analisou historicamente este

desenvolvimento e extrapolou para o futuro sua provável tendência. Estas

informações foram sintetizadas em um diagrama reproduzido na FIGURA

1.1, onde são apresentados também diversos equipamentos de fabricação e

instrumentos de medição que atuam em diferentes graus de exatidão.

Particularmente, nestes últimos quinze anos, ocorreu nas mais diversas

áreas da ciência e da tecnologia, o surgimento da nanotecnologia, onde a

grandeza física na qual se trabalha é da ordem de 10-9 m (IKAWA et al.,

1987; TANIGUCHI, 1992 & PENTEADO, 1996). Essa busca incessante da

“perfeição” é uma característica inerente da engenharia de precisão, o que

Capítulo 1 2

torna inevitável que os equipamentos de precisão de hoje venham a se

tornar os equipamentos comuns do futuro (WATANABE, 1992).

FIGURA 1.1 – O desenvolvimento da usinagem no século XX (TANIGUCHI,

1983)

À medida que as características metrológicas e de acabamento

superficial tornam-se mais críticas, o desempenho da máquina-ferramenta

cresce em importância. Desta forma, quando ingressamos no campo da

mecânica de precisão, o desempenho desejado das máquinas-ferramenta

destinadas à fabricação de componentes de elevada precisão de forma e

rugosidade superficial (na faixa de 10 nm Ra; como por exemplo, moldes

para lentes, discos de memória de computador, lentes e espelhos para

sistemas ópticos), demandam a utilização de máquinas com melhor precisão

de posicionamento (DOWN et al.,1991; HARA et al., 1990 & IKAWA et al.,

1991). Uma exigência muito comum para a obtenção de espelhos para

Capítulo 1 3

sistemas ópticos é a necessidade de movimentos com resolução de 0,01 m

livres de folga, num curso aproximado de 1-2 mm para cargas entre 20 a

2000 N (LANGENBECK, 1992). Dentro das modernas técnicas de

manufatura, existe ainda, a produção de tecnologia de circuitos integrados

(IC), que exige geometria submicromética com resolução de posicionamento

na ordem de 0,1 m (TAYLOR & TU, 1996).

O crescente aumento nas exigências em relação à precisão de forma

e qualidade superficial de elementos ópticos e em geral, dentro da classe de

mecânica de precisão, exige-se um constante aperfeiçoamento no

desempenho das máquinas-ferramenta para a usinagem de ultraprecisão.

Estas máquinas, apesar de apresentarem um desempenho

excepcional com relação à precisão e também à produtividade, ainda são

desenvolvidas de acordo com os conceitos básicos de projeto mecânico,

onde a grande diferença se encontra na precisão com que cada componente

é fabricado individualmente (PURQUERIO et al., 1994).

Na fabricação de ultraprecisão, como no caso de componentes para

aplicações em equipamentos mecânicos, ópticos e eletrônicos são

necessárias máquinas que apresentam rigidez e precisão de posicionamento

que garantam a qualidade nanométrica. Seu elevado grau de

desenvolvimento tem sido alcançado através de grandes esforços científicos

e tecnológicos, tanto no setor acadêmico quanto no industrial

(SCHROETER, 1997).

Os elementos mecânicos básicos que compõem uma máquina de

ultraprecisão são os responsáveis diretos pela qualidade da usinagem.

Devem apresentar elevada precisão, rigidez estática adequada e

estabilidade dimensional, a fim de minimizar toda e qualquer fonte de erro.

Essas características podem ser obtidas através da concepção correta do

projeto e da definição dos materiais utilizados.

Capítulo 1 4

Movimentos relativos indesejáveis entre a peça e a ferramenta

provocados por erros na árvore ou nas guias, variações no avanço,

comportamento térmico da máquina, deformações da estrutura devido ao

peso próprio ou forças de usinagem, assim como comportamento dinâmico

relacionado à vibrações e outros fatores, poderão ter grande influência sobre

a rugosidade, qualidade dimensional ou de forma da peça produzida

(KANIZAR et al, 1996). Devido a isto, uma máquina-ferramenta de usinagem

para ser classificada como de ultraprecisão, deve possuir características

peculiares de extrema importância. Estas características são: elevada

rigidez, isolamento de vibrações, estabilidade térmica, precisão de

posicionamento (repetibilidade e resolução), alto grau de retilineidade das

guias, entre outras (SCHROETER, 1997).

Desta forma, para que determinada máquina possa operar na faixa

submicrométrica, são necessárias modificações que muitas vezes tornam

este processo altamente dispendioso, sendo ainda, economicamente

inviável.

O principal objetivo almejado para a melhoria do desempenho das

máquinas-ferramenta de precisão é a geração de deslocamentos relativos

entre ferramentas e peças o mais próximo possível do planejado. Neste

sentido, as máquinas-ferramenta para usinagem de ultraprecisão necessitam

de sistemas de posicionamento de alta resolução, assim como de sistemas

de correção de erros necessários para corrigir erros provindos dos seus

elementos constituintes. Esta é uma das maneiras mais direta de se

alcançar a precisão desejada, sem dispor de grandes recursos econômicos.

Os avanços em sistemas de microposicionamento surgem, na maioria

das vezes, apoiados em desenvolvimentos de sensores de posição e na

tecnologia de software de controle. O controle de posição é realizado através

do uso de atuadores piezoelétricos, os quais possuem resolução

extremamente fina, mas com alcance limitado. Sistemas projetados com

sensores de posição apropriados e avançadas estratégias de controle

Capítulo 1 5

podem reduzir erros típicos de movimento a um nível abaixo de 4,5 nm

(OTSUKA, 1992). Segundo ISHIHARA (1991), através do desenvolvimento

da tecnologia, os motores lineares são aplicados em sistemas de

posicionamento, aumentando também as aplicações em circuitos integrados.

Atuadores de movimento mais radicais como o piezoelétrico e atuadores

lineares ultrasônicos serão indubitavelmente desenvolvidos no futuro,

juntamente com a tecnologia dos microposicionadores (TOJO & SUGIHARA,

1989).

Em adição aos atuadores de movimento, o controle de

microposicionadores exigem sensores de posição de alto desempenho. Os

codificadores ópticos tradicionais são tipicamente substituídos por

interferômetros a laser (STEINMERTZ, 1990).

1.2 - Justificativas

Nos últimos anos, diversos posicionadores de alta precisão têm sido

desenvolvidos. A configuração mais tradicional consiste em dois sistemas de

posicionamento translativos montados ortogonalmente, onde cada eixo é

controlado independentemente.

Com o intuito de inovar os sistemas posicionadores existentes em

máquinas e equipamentos de ultraprecisão, proporcionando movimentos

angulares com resolução submicrométrica, este trabalho trata do projeto de

um microposicionador angular, através da utilização de modernas técnicas

de projeto, visando alcançar o desempenho otimizado num arranjo o mais

simplificado possível.

Foi feito um levantamento bibliográfico da teoria de Projeto,

observando suas metodologias e modelos a fim de encontrar algumas das

Capítulo 1 6

possíveis alternativas dos elementos constituintes de sistemas

posicionadores, com o intuito de obter êxito na resolução do problema, de

uma forma científica.

1.3 - Objetivos

Este trabalho tem como objetivo desenvolver um microposicionador

capaz de movimentar-se angularmente, seguindo passo a passo as técnicas

de projeto.

Propõe-se a utilização de sistemas de microposicionamento

modulares de alta resolução, capazes de posicionar elementos nas

máquinas com um alto grau de exatidão e rapidez, auxiliando tanto no

posicionamento relativo ferramenta/peça como na compensação de erros

sistemáticos presentes. Para tanto, são abordados aspectos do projeto e

construção de um sistema de microposicionamento angular de alta rigidez e

ampla largura de banda, capaz de posicionar uma superfície com uma

resolução angular inferior a 4.10-5 graus.

É prevista a utilização desse sistema de microposicionamento no

torno CNC (ASG 2500 Rank Pneumo do Laboratório de Ultraprecisão da

EESC – USP), como pode ser observado pelo esquema de localização da

FIGURA 1.2.

Capítulo 1 7

O desenvolvimento deste trabalho conta com o desenvolvimento de

capítulos da seguinte forma.

No Capítulo 2 são abordados alguns aspectos gerais sobre projeto.

São definidos conceitos, métodos, metodologia e modelos de projeto. Dentre

eles será escolhido o meio mais adequado para se desenvolver um

microposicionador. Dentro deste capítulo, ainda são abordados aspectos

gerais relativos aos sistemas posicionadores e seus elementos constituintes.

O Capítulo 3 define uma metodologia de projeto e os parâmetros a

serem utilizados neste desenvolvimento, e ainda, são caracterizados

diversos princípios de funcionamento para posicionadores angulares

presentes na literatura. Dentre os vários tipos construtivos abordados, um

levantamento das características intrínsecas de cada um permite uma

análise técnica detalhada da alternativa de maior viabilidade. Seguindo isso,

será feita a tomada de decisão, a fim de obter o microposicionador mais

adequado para a tarefa.

FIGURA 1.2 - Esquema da localização do posicionador

Capítulo 1 8

No Capítulo 4 é apresentada uma modelagem cinemática do

microposicionador selecionado, visando obter uma ferramenta matemática

que permita verificar e efetivar a sua funcionalidade.

No Capítulo 5 é apresentada uma simulação numérica.

No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões e propostas para

trabalhos futuros.

Capítulo 2 9

CAPÍTULO 2

PROJETO E

SISTEMAS POSICIONADORES DE PRECISÃO – REVISÃO DA

LITERATURA

2.1 Projeto

Neste item, através da revisão da literatura pertinente a todo o

contexto da teoria de projeto, foi feito um levantamento da história do projeto

em engenharia, bem como suas definições, métodos, modelos, entre outros;

os quais podem ser perfeitamente observados a seguir.

2.1.1 A história do projeto em engenharia

O homem, desde seus primórdios, revelou-se muito astuto nas lutas e

batalhas ferozes para sobreviver. Não somente dominou seus inimigos

naturais como também a certo ponto, dominou a própria natureza. Isto

porque começou a moldar e usar, de forma apropriada, os recursos que a

natureza colocava a sua disposição. Aprendeu a modificar seu meio

ambiente de forma a adequá-lo às suas necessidades e obter vantagens

Capítulo 2 10

sobre outras criaturas. Desta forma, o homem tem estado, em todas as

épocas, melhorando seus meios de sobrevivência (QUIRINO, 1996).

A engenharia, como hoje se apresenta, é basicamente a resultante de

dois processos históricos que por muito tempo evoluíram à parte, sem

qualquer relação entre si. De um lado, o aparecimento gradual, através dos

séculos, de um especialista na solução de problemas cuja ocupação era

criar dispositivos, estruturas e processos de utilidades para o homem,

melhorando seus meios de sobrevivência. De outro, a rápida e recente

expansão dos conhecimentos científicos.

Assim permaneceu a engenharia por muitos séculos, a acumular, pela

simples experiência, os conhecimentos necessários à solução de seus

problemas. Com a Renascença, o nível de aprimoramento aumentou.

Entretanto, durante o período de desenvolvimento da máquina a vapor, no

século XVIII, os criadores de máquinas e estruturas baseavam-se

principalmente de conhecimentos empíricos e da sua capacidade criativa,

mas muito pouco da ciência (KRICK, 1970).

No século XIX, os engenheiros reconheceram as potencialidades das

novas descobertas da ciência, na solução de inúmeros problemas da

humanidade, e começaram a tirar proveito delas.

Atualmente, para a solução dos inúmeros problemas da humanidade,

aplicam-se conhecimentos mediante uma metodologia que compreende

matemática, computação, processos gráficos e outros. Para chegar ao

sistema desejado, os engenheiros utilizam um processo denominado

projeto. A importância do projeto na engenharia foi claramente identificada e

publicada por FEILDEN (1963) apud WALLACE & BURGESS (1995) e,

desde então, vem sendo repetida por todos os pesquisadores relacionados à

área.

Capítulo 2 11

2.1.2 Definições de projeto

Muitos projetistas, engenheiros e pesquisadores, através da

observação e experiência, expressam seus pontos de vista na definição de

projeto ou o que eles consideram ser o projeto. Alguns destes pontos de

vista são apresentados a seguir.

FEILDEN apud EVBUOMWAN et al. (1996): “Projeto de engenharia faz uso

de princípios científicos, informações técnicas e define uma estrutura

mecânica, máquina ou sistema para representar funções específicas com a

máxima economia e eficiência”.

FINKELSTEIN & FINKELSTEIN apud EVBUOMWAN et al. (1996): “Projeto é

o processo criativo que começa com uma exigência e acaba com a definição

de um sistema, utilizando um método na realização dessa definição”.

LUCKMAN apud EVBUOMWAN et al. (1996): “Projeto é o principal passo

em direção ao controle do seu ambiente. O processo de projeto é a

translação de informações na forma de exigências em soluções potenciais,

para encontrar as características exigidas”.

ARCHER apud EVBUOMWAN et al. (1996): “Projeto envolve um modelo

com intenção de concretizar na presença de um passo criativo”.

ASIMOW (1968); BACK (1983) e SUH (1990): “Projeto de engenharia é uma

atividade orientada para o atendimento das necessidades humanas,

principalmente daquelas que podem ser satisfeitas por fatores tecnológicos

de nossa cultura”.

As definições de projeto, dadas acima, refletem os vários pontos de

vista dos autores. Em geral, certas frases e palavras-chave podem ser

comuns. Por exemplo, exigências, soluções, especificações, criatividade,

restrições, princípios científicos, informações técnicas, entre outras. Fazendo

uso dessas palavras-chave, projeto pode ser descrito como:

Capítulo 2 12

“O processo de estabelecimento de exigências baseadas nas

necessidades humanas, transformando as especificações e funções

(assunto ou restrições) que são mapeadas em soluções de projeto (usando

criatividade, princípios científicos e conhecimentos técnicos) e que podem

ser economicamente produzidas” (EVBUOMWAN et al. 1996).

O processo de projeto envolve a definição do problema; a aplicação

de conhecimentos e da capacidade criadora à concepção de soluções

alternativas; a previsão do desempenho dessas soluções; a tomada de

decisões; a especificação da solução escolhida e uma grande variedade de

outras atividades.

A engenharia está fortemente relacionada com projetos. O que

distingue um projeto de engenharia de outros tipos de projetos é a extensão

da contribuição dos fatores tecnológicos utilizados na sua elaboração.

2.1.3 Métodos de projeto de engenharia

A atividade de projeto de engenharia, embora representada por

muitos séculos, praticamente não teve qualquer estrutura ou organização.

Foi somente depois da metade deste século que houve uma tentativa para

dar mais formalismo ao caminho para se chegar ao projeto, através dos

métodos de projeto.

O surgimento dos métodos de projeto se deu por volta dos anos de

1950 e 1960, como um desejo de se obter projetos de um modo mais

científico. Os métodos científicos surgiram para resolver os tipos mais

urgentes de problemas, como os decorrentes da Segunda Guerra Mundial -

chegando ao controle da técnica de tomada de decisão e ao

desenvolvimento de técnicas criativas nos anos de 50 (CROSS, 1993 &

SUH, 1990).

Capítulo 2 13

“O surgimento de novos métodos de projeto desencadeou uma série

de conferências nos anos de 1960 a 1980 - Londres, 1962 (Jones e

Thornley, 1963); Birmingham, 1965 (Gregory, 1966); Portsmouth, 1967

(Broadbent e Ward, 1969); Cambridge, Mass., 1969 (Moore, 1970); Londres,

1973; New York 1974 (Spillers, 1974); Berkeley, Calif., 1975, Portsmouth

novamente em 1976 (Evans et al., 1982) e mais uma vez em 1980 (Jacques

e Powel, 1981)” CROSS (1993).

Os primeiros livros de métodos ou metodologias de projeto também

surgiram neste período - ASIMOW (1962), ARCHER (1965), JONES (1970)

e BROADBENT (1973), juntos com os primeiros livros de criatividade de

projeto - GORDON (1961) e OSBORN (1963).

As metodologias de projeto foram sendo desenvolvidas ao longo dos

anos, com a intenção de “...satisfazer as necessidades de ensino em projeto,

organização de projeto, provisão de auxílio ao trabalho dos projetistas e

automação das informações de projeto” (FINKELSTEIN & FINKELSTEIN,

1983). Todas elas sugerem um fluxo de atividades com base em etapas, que

devem ser seguidas pelo projetista para que se possa, a partir da definição

da lista de requisitos de projeto, encontrar uma solução adequada para o

problema em estudo. De uma forma geral, todas elas procuram levantar as

demandas, estabelecer os requisitos de projeto, desenvolver o projeto

conceitual, o projeto preliminar, o projeto detalhado e, assim, chegar à

solução do problema (MARIBONDO et al., 1998).

Metodologia de projeto é definida como o estudo dos princípios,

práticas e procedimentos de projeto. Segundo CROSS (1984), metodologia

de projeto, inclui ainda, o estudo do trabalho de projeto, a estabilidade das

estruturas apropriadas para o processo do projeto, o desenvolvimento e

aplicação de novos métodos de projeto, técnicas e procedimentos, reflexão

da natureza de aplicação e extensão do conhecimento dos problemas de

projeto.

Capítulo 2 14

Existem muitos caminhos para encontrar a solução do problema em

estudo, ou seja, uma aproximação sistemática do projeto definitivo. Cada

projetista tem um critério particular para esta fase, pois cada problema pode

ter seu método específico de solução (RUFFINO, 1991).

2.1.4 Métodos sistemáticos de projeto

Todas as técnicas desenvolvidas nesta área de metodologia de

projeto são métodos sistemáticos para resolução de problemas, não

somente para auxiliar na síntese de novos projetos, mas também para

melhorar os projetos existentes (McKEOWN, 1988). Pode-se destacar

algumas destas técnicas desenvolvidas:

1. Árvores de decisão - a partir de um problema surgem diversos

subproblemas, isto é, idéias para resolução desse problema. E assim

sucessivamente até chegar à solução ideal do problema inicial

(ASIMOW, 1968).

2. Método morfológico – O método se baseia em uma carta morfológica ou

matriz de projeto e somente produz efeito no estágio de apresentação de

idéias alternativas. Para usar esta matriz de projeto, com este objetivo, é

de fundamental importância que o projetista tenha estabelecido suas

especificações (RUFFINO, 1991).

3. Sinergia - o termo sinergia foi adotado para a tradução de Synectics. Este

método tem-se mostrado bastante eficiente em produzir boas invenções

e é aplicável em problemas complexos e abstratos. A sinergia foi

desenvolvida como uma deliberada imitação do modo como a mente de

um indivíduo trabalha quando está na sua melhor forma. O método

comprime este trabalho num período de tempo mais curto, forçando

Capítulo 2 15

idéias e associações em vez de esperar que surjam espontaneamente

(BACK, 1983).

4. PABLA (Problem Analysis by Logical Approach) – Este método baseia-se

no preenchimento de quatro cartas, obrigando com isto o projetista a

percorrer todas as fases do processo de projeto, o que deve conferir uma

correta atitude para a sua solução. Com isto, evita-se também a

tendência do projetista de, na primeira fase do projeto, tomar o lápis e

começar a desenhar (RUFFINO, 1991).

5. Técnica de Inteligência Artificial – é a aplicação da técnica de redes

neurais artificiais na resolução de problemas, principalmente em projetos

de automação (SMITH & BROWNE, 1993).

6. Análise de valor – é o método que aplica uma análise altamente técnica e

lógica com o objetivo de se chegar na melhor solução de um problema de

projeto.

7. Brainstorming - “esta técnica foi introduzida por Alex Osborn em 1939. A

técnica é baseada no princípio de associação e tem como objetivo básico

estimular um grupo de pessoas a detectar problemas ou produzir idéias e

soluções para questões existentes de maneira rápida e direta” (BACK,

1983).

8. Inversão - o método consiste em observar um problema complexo de

uma forma diferente da tradicional, ou seja, de modo invertido. Neste

método, as palavras usadas são: inverter de posição, inverter os

movimentos, de dentro para fora, de modo a obter outras idéias (BACK,

1983).

9. Analogia - soluções de problemas são sugeridas muitas vezes a partir de

situações análogas e encontradas na natureza e mesmo na literatura

(BACK, 1983).

Capítulo 2 16

10. Técnica da caixa preta - consiste na análise de um sistema que tenha

uma certa entrada e que se requer uma determinada saída, como pode

ser observado na FIGURA 2.1. Supõe-se que não se conheça o

mecanismo que efetua esta operação, mas podem-se desenvolver

subsistemas e componentes (BACK, 1983). Trabalhando a partir dos

extremos para o meio da caixa, o problema inicial pode ser redefinido,

como mostra a FIGURA 2.2.

CAIXAPRETAentrada saída desejada

(a) (b) saídaentrada

11. Fantasia – consiste em imaginar soluções que adotam coisas irreais ou

processos sobrenaturais (BACK, 1983).

12. Empatia – significa identificar-se pessoalmente ou sentir por outro. Esta

técnica é freqüentemente usada em relações humanas e significa

colocar-se no lugar de outra pessoa. O termo também pode ser adotado

no ato de identificar-se com coisas, partes ou processos que se pretende

desenvolver ou projetar (BACK, 1983).

Sem dúvida existem vantagens e desvantagens em cada uma destas

técnicas, mas pode-se dizer que, de uma forma geral, elas ajudam os

FIGURA 2.1 – Representação de um sistema

FIGURA 2.2 – Decomposição da caixa preta

Capítulo 2 17

projetistas a tomar as melhores decisões em todos os estágios do processo

de projeto, envolvendo assim, todas as causas. Esses métodos exigem que

muitos projetistas tomem parte simultânea no processo de projeto e

asseguram a responsabilidade tanto na recuperação quanto na produção de

projeto. Um possível perigo através do uso de metodologia de projeto é que,

se não tratado cuidadosamente, pode sufocar a intuição e a criatividade.

A técnica de análise de valor é, provavelmente, o desenvolvimento

mais importante nesta categoria, por ser uma análise extremamente técnica

e lógica. Qualquer projeto que não for submetido a uma análise de valor

apresenta baixo nível de qualidade (McKEOWN, 1988). A principal função da

aplicação da técnica de análise de valor é analisar um projeto

detalhadamente e fazer as mudanças convenientes que resultam em grande

eficiência. Essa análise pode ser realizada através da aplicação de conceitos

matemáticos.

Neste trabalho, propõe-se a definição de uma metodologia de projeto

para sistemas de microposicionamento de alta resolução. Viu-se a

necessidade de se aplicar uma análise técnica e lógica para obtenção do

microposicionador angular com a melhor funcionalidade e desempenho

dinâmico possível. Este posicionador deve ser capaz de posicionar

elementos nas máquinas com alto grau de exatidão e rapidez, auxiliando

tanto no posicionamento relativo ferramenta/peça como na compensação de

erros sistemáticos presentes no sistema dinâmico, atenuando distúrbios

presentes no processo de corte (MONTANARI et al., 1998). Trata-se,

portanto, de um sistema complexo que engloba vários parâmetros técnicos.

De acordo com a literatura, são caracterizados diversos princípios de

funcionamento para microposicionador angular. Dentre os vários tipos

construtivos em estudo, um levantamento das características intrínsecas de

cada um permite uma análise técnica detalhada da alternativa de maior

viabilidade.

Capítulo 2 18

Como forma de auxiliar na tomada de decisão, será utilizado o

método de análise de valor, já que esta técnica oferece os recursos

fundamentais para se obter com sucesso a resolução do problema. Aspectos

como cinemática, acionamento, guias e apoios são estudados e

confrontados.

2.1.5 Morfologia do processo de projeto

O projeto de um componente ou de um sistema apresenta, em cada

caso, características e peculiaridades próprias. À medida que um projeto é

iniciado e desenvolvido, desdobra-se uma seqüência de eventos em ordem

cronológica, formando um modelo que sempre será comum a todos os

projetos (ASIMOW, 1968). Estes eventos de projeto são, de forma geral,

distintos e devem ser seqüenciados e encaixados de modo a transformar

recursos em objetos úteis.

Os modelos de projeto são representações de filosofias ou

estratégias, propostas para mostrar como pode ser feito o projeto. De acordo

com os pontos de vista filosóficos, existem duas classes principais de

modelos de projeto, chamadas modelos descritivos e modelos prescritivos.

Os modelos prescritivos tendem a olhar o projeto através de uma

perspectiva global, adotando um procedimento e seguindo-o passo a passo.

Os modelos descritivos envolvem as ações e as atividades dos projetistas

durante a execução do projeto (EVBUOMWAN et al., 1996).

Mais recentemente, outros grupos de modelos conhecidos como

modelos computacionais têm começado a despontar. Esses modelos usam

técnicas computacionais numéricas e qualitativas e técnicas de inteligência

artificial.

Capítulo 2 19

Considerando o projeto de um microposicionador angular para

mecânica de precisão, será adotado o modelo prescritivo. Esta escolha é

justificada pelo fato desse modelo analisar o problema apresentado de uma

forma global e apresentar um algoritmo sistemático para a elaboração do

projeto, onde todo o procedimento a ser seguido é especificado passo a

passo antes de se iniciar a execução do processo de projeto. Enquanto no

modelo descritivo, como comentado, são tomadas atitudes durante a

execução do processo de projeto. Ainda não há a necessidade de utilizar

recursos dispendiosos, tais como nos modelos computacionais, onde neste

caso, são utilizados computadores mais avançados, software, programas de

cálculos, etc.

2.1.6 Modelos prescritivos

Esses modelos, em geral, tendem a prescrever o processo de projeto

de uma forma global, sugerindo o melhor caminho para a sua execução.

Eles usualmente oferecem um algoritmo sistemático para proceder na

execução do projeto, através de uma metodologia particular.

A seguir são apresentados alguns modelos prescritivos, com suas

principais características. Dentre estes, será escolhido o modelo que mais se

adequa à realização do projeto do microposicionador angular proposto.

Modelo de J. C. Jones

O modelo de Jones é constituído basicamente por três estágios:

análise, síntese e evolução do problema. O primeiro estágio engloba a

descrição de todos e quaisquer fatores relacionados ao problema. No

Capítulo 2 20

segundo estágio, são usadas técnicas de criatividade, como por exemplo

“brainstorming”, para gerar idéias e soluções das especificações. Fazendo

uma iteração entre as idéias surgidas no processo criativo e os fatores

relacionados ao problema do primeiro estágio, surge uma combinação

parcial das soluções compatíveis. No último estágio do modelo, são

envolvidas atividades de operação e manufatura do produto, além da

detecção de erros que possam ser corrigidos (JONES, 1970). Esse modelo

destaca a necessidade de estabelecer especificações como solução do

problema proposto, através de iterações entre os fatores de projeto.

Modelo de Asimow

ASIMOW (1968) exibe o processo de projeto em sete fases, sendo as

três primeiras fases primárias e as últimas fases relacionadas com o ciclo de

produto-consumo. Neste trabalho é dado enfoque apenas às três primeiras

fases, pois é a partir daí que inicia-se o processo de projeto. As três fases

representadas são: estudo da exeqüibilidade do projeto, projeto preliminar e

projeto detalhado.

1. Estudo da exeqüibilidade do projeto: tem como objetivo reunir um

conjunto de soluções úteis para os problemas do projeto. São geradas

soluções plausíveis e, essas soluções, são analisadas a fim de se obter a

realização física, econômica e financeira do produto.

2. Projeto preliminar: a meta do projeto preliminar é estabelecer qual das

alternativas propostas apresenta a melhor concepção para o projeto. Os

aspectos críticos do projeto devem ser verificados com a finalidade de se

validar sua concepção e de se fornecerem as informações essenciais

para a fase posterior.

Capítulo 2 21

3. Projeto detalhado: fornece as descrições de engenharia do projeto

verificado. Os sub-sistemas, componentes e partes do produto são

completamente projetados e, juntamente com isso, são preparados seus

respectivos desenhos.

O processo de projeto, assim como discutido por Asimow, é dividido

em vários passos dentro das três fase de projeto, tais como, análise, síntese,

evolução, decisão, otimização e revisão (ASIMOW, 1968). Este é um dos

seus aspectos mais importantes.

Modelo de Pahl e Beitz

Pahl e Beitz apresentam seu modelo de projeto em quatro fases: (a)

esclarecimento do assunto; (b) projeto conceitual; (c) protótipo e (d) projeto

detalhado. A primeira fase envolve a coleta de todas as informações sobre a

solução do problema. A segunda fase envolve a pesquisa dos princípios de

soluções e uma combinação dos conceitos variantes. Na fase de construção

do protótipo, o projetista determina o “layout” e desenvolve um método para

construção de um protótipo, de acordo com as considerações técnicas e

econômicas. Na última fase, são colocadas todas as dimensões,

propriedades superficiais e de forma para todas as partes individuais, os

materiais são especificados, os desenhos e outros documentos são

produzidos (PAHL & BEITZ, 1996).

Modelo de Watts

Watts representa o processo de projeto por um modelo icônico e

apresenta sua relação dinâmica com o meio ambiente. O processo de

Capítulo 2 22

projeto consiste de três estágios: análise, síntese e evolução, como também

é proposto por Jones. Pode-se observar através da FIGURA 2.3 que o

processo de projeto segundo Watts tem um desempenho cíclico, ou seja, sai

de um nível inferior (abstrato) para um nível superior (concreto),

representando as fases do projeto. No decorrer desse caminho (do abstrato

ao concreto), o projetista vai tomando decisões e reiterando o processo de

projeto, formando a estrutura vertical do cilindro (Dm, Dn, etc.). O processo

pode ser considerado completo quando o projetista consegue combinar as

exigências do projeto (P) com um ambiente particular (E), de forma a ter

como produto final um artefato , isto é, o projeto final sob a influência de

todos os fatores externos (N), necessários para o sucesso desse projeto.

Esses fatores externos podem ser dados pela reputação do projetista e por

outros efeitos do meio sócio-econômico.

Evolução Síntese

AnáliseDecisão

Concreto

Abstrato

(E)

N

DDm

Dn

( )

P

FIGURA 2.3 – Modelo de Watts (EVBUOMWAN et al., 1996).

Modelo de Marples

Este modelo representa uma forma para resumir o processo de

projeto como um resultado de estudo de caso. Este estudo de caso é

mostrado de forma ilustrativa, como uma seqüência de decisões. Assim,

inicia-se com o problema de uma forma geral e termina-o com uma proposta

Capítulo 2 23

de melhor solução, de acordo com as exigências e especificações

previamente estabelecidas. Isso é representado pela árvore de Marples,

mostrada na FIGURA 2.4.

O

2 111 2 11 2

2 1 2 1 1 2 2 2 11 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2

2 2 2 2 2 1

2 2 3 12 2 2 1 2 2 2 2

2 2 2

2 2 1

2 2 2 31 1 1 2

1 1 1 2 1 1

2 1 2

2 1 2 12 2 1 1

2 2 3

2 3 1

2 3 1 1

3 1 3 2 3 3

3 3 2 13 3 11

3 3 1 3 3 23 2 1

3 2 11

2 3 2

pp

p p 2 1p p p

ppp p

p

p

p

p p

p p

p

p

a a

a

a

a

aa a a

aa

aa

a

aa

a1

2

3

a = A lt e r n a t i v a

p = S u b - p r o b l e m a

S o l u ç ã o r e je i t a d a

S o l u ç ã o a c e i t a

FIGURA 2.4 – Modelo de Marples (EVBUOMWAN et al., 1996).

Para um determinado nó, são derivados sub-problemas como sendo

uma possível solução para o problema inicial. Dentre esses sub-problemas,

faz-se a melhor escolha até surgir a resposta final para a resolução do

problema, como pode ser observado na FIGURA 2.4.

O modelo de Marples envolve três fases principais: síntese, evolução

e decisão. Na fase de síntese, são envolvidas duas atividades, as quais são

a pesquisa para as possíveis soluções e o estudo detalhado dessas

soluções propostas. A segunda fase é a evolução das soluções viáveis

segundo certos critérios adotados. A fase da decisão é feita diante da

escolha de uma solução particular.

Modelo de Archer

Capítulo 2 24

Em seu modelo, Archer define a metodologia de projeto em seis

estágios:

1. Programação: estabelece o problema e a proposta de ação;

2. Coleta de dados: coleta e classifica os dados;

3. Análise: identifica os sub-problemas, prepara as especificações do

projeto, reconsidera e estima o programa proposto;

4. Síntese: prepara as propostas do projeto;

5. Desenvolvimento: desenvolve o protótipo de projeto, prepara e executa

os estudos de validação;

6. Comunicação: prepara os documentos para a manufatura.

Estes seis estágios podem ser agrupados e classificados em três

fases: analítica, criativa e executiva, como mostra a FIGURA 2.5. Na

descrição de seu modelo, Archer comenta que: ‘...as características

especiais do processo de projeto são dadas pela fase analítica, que requer a

observação dos objetivos e raciocínio indutivo, e pela fase criativa que

envolve o julgamento subjetivo e o raciocínio dedutivo. As decisões cruciais

já foram tomadas, então o processo de projeto continua com a execução de

desenhos, esquemas etc.’.

Programação

Coletade dados

Análise

Síntese

Desenvolvimento

ComunicaçãoSolução

ExperiênciaFase

analítica

Fasecriativa

Faseexcecutiva

Instruções

Treinamento

Programação

Coletade dados

Análise

Síntese

Desenvolvimento

Comunicação

ObservaçãoRaciocínio indutivo

EvoluçãoJulgamento

Raciocínio dedutivoDecisão

DescriçãoTransmissão

( a ) ( b )

FIGURA 2.5 – Modelo de Archer (EVBUOMWAN et al., 1996)

Capítulo 2 25

Modelo de Krick

Em seu modelo, Krick descreve o processo de projeto em cinco

estágios: formulação, análise, pesquisa, decisão e especificação do

problema. O primeiro passo envolve a definição clara do problema a ser

resolvido. O segundo passo envolve a análise do problema chegando a uma

definição detalhada das especificações, restrições e critérios. No terceiro

passo, é feita a pesquisa para gerar as soluções alternativas, usando

criatividade e pesquisa. O estágio de decisão envolve a evolução e

comparação das soluções alternativas até encontrar a melhor solução.

Finalmente, o quinto passo, envolve uma documentação detalhada da

escolha de projeto com desenhos técnicos, artigos e um possível modelo

icônico (KRICK, 1970). Um esquema do modelo de Krick pode ser

observado na FIGURA 2.6.

Análise do problema

Formulação do problema

Procura das soluções

Decisão

Especificação

FIGURA 2.6 - Modelo de Krick

Capítulo 2 26

Modelo de Nigel Cross

Cross expressa o processo de projeto em seis estágios, através de

um modelo problema/solução de uma forma simétrica. Os seis estágios são:

esclarecimento dos objetivos, estabelecimento das funções, especificação

do projeto, geração das alternativas, evolução das alternativas e detalhes de

projeto, como mostra a FIGURA 2.7. Para cada estágio é aplicado um

método de solução. No primeiro estágio, o método árvore é usado para

esclarecer os objetivos e sub-objetivos e a relação entre eles. O método de

análise de função é então usado para estabelecer a função requerida e os

limites de sistemas. O terceiro estágio envolve um conjunto de exigências,

onde são feitas certas especificações usando o método de especificações de

desempenho. O método morfológico é usado no quarto estágio para gerar

todas as soluções alternativas do projeto. No quinto estágio, há uma

evolução das alternativas de projeto usando o método de análise de valor

para comparar a utilidade de valores das propostas alternativas do projeto. O

sexto estágio envolve o estabelecimento dos detalhes de projeto usando o

método de engenharia de valor a fim de aumentar ou manter o valor final do

produto, reduzindo seu custo de produção (CROSS, 1994).

Problema Solução

Sub-problemas Sub-soluções

Esclarecimentodos objetivos

Estabelecimentodas funções

Especificaçõesdo projeto

Detalhesdo projeto

Evoluçãodas alternativas

Geraçãodas alternativas

FIGURA 2.7 – Modelo de Nigel Cross

Capítulo 2 27

Modelo de Hubka

O modelo de Hubka representa o processo de projeto em quatro fases

e seis passos (EVBUOMWAN et al., 1996). Essas fases e passos são:

Fase 1: Elaboração de um determinado problema

Passo 1: elaborar ou esclarecer determinadas especificações

Fase 2: Projeto conceitual

Passo 2: estabelecer a estrutura funcional

Passo 3: estabelecer o conceito

Fase 3: Esboço

Passo 4: estabelecer um “layout” preliminar

Passo 5: estabelecer um “layout” dimensional

Fase 4: Elaboração

Passo 6: elaboração e detalhamento do projeto

Modelo de French

Este modelo, como mostra a FIGURA 2.8, é baseado nas seguintes

atividades de projeto:

1. Fase da análise do problema - envolve a identificação das necessidades

a serem satisfeitas.

2. Fase de projeto conceitual - envolve a geração de várias soluções na

forma de esquemas.

3. Fase de construção de protótipos dos esquemas propostos - envolve o

desenvolvimento de protótipos.

4. Fase de detalhamento - o esquema escolhido é trabalhado em detalhes

finais.

Capítulo 2 28

Desenhos, etc

Seleçãode esquemas

Especificaçãodo problema

Necessidade

Análisedo Problema

Projetoconceitual

Incorporaçãodos esquemas

Detalhamento

Fee

dba

ck

FIGURA 2.8 – Modelo de French (EVBUOMWAN et al., 1996)

Modelo de Back

Segundo o modelo de Back, o processo de projeto passa diretamente

por oito fases: estudo da viabilidade, projeto preliminar, projeto detalhado,

revisão e testes, planejamento da produção, planejamento do mercado,

planejamento do consumo, planejamento da obsolescência, sendo que

somente as quatro primeiras fases são de interesse para esse estudo. A

primeira fase tem como objetivo a elaboração de um conjunto de soluções

úteis para o projeto, explorando os problemas gerados pelas necessidades e

Capítulo 2 29

identificando seus elementos, tais como parâmetros, limitações e critérios

importantes. Essas soluções são filtradas ou separadas através da

viabilidade física, econômica e financeira. O objetivo da segunda fase é

estabelecer qual das alternativas propostas apresenta a melhor concepção

para o projeto. A terceira fase fornece as descrições de engenharia de um

projeto verificado através do projeto detalhado ou das especificações dos

componentes. Na quarta fase, são feitas constantes verificações e testes

experimentais, principalmente de soluções ou componentes cujo

desempenho ainda é desconhecido. São construídos modelos experimentais

para verificar formulações ainda não testadas (BACK, 1970).

Modelo VDI 2221

Esse modelo foi proposto por um grupo de pesquisadores alemães,

Verein Deutscher Ingenieure (VDI), ‘Aproximação sistemática do projeto de

sistemas técnicos e produtos’. O modelo VDI descreve o processo de projeto

em sete estágios, como mostra a FIGURA 2.9. Esses estágios envolvem:

1. Esclarecimento e definição do problema de projeto;

2. Verificação das funções e de suas estruturas;

3. Pesquisa dos princípios de soluções para todas sub-funções e de suas

estruturas;

4. A divisão da solução em módulos realizáveis;

5. Configurações dos módulos principais;

6. Configuração do produto total;

7. Fixação das informações de execução e de uso.

Capítulo 2 30

Estágios ResultadosPassos

Lista de requisitos

Estrutura de funções

Solução inicial

Estrutura modular

Projeto preliminar

Projeto detalhado

Documentação do produto

Esclarecer formulação do projeto

Verificação das funções e desuas estruturas

Pesquisa dos princípios desoluções e de suas estruturas

Estruturação em módulos

Configuração dos módulos principais

Configuração do produto total

Fixação das informações deexecução e de uso

Tarefa

Produto

1

2

3

4

5

6

7

FIGURA 2.9 – Modelo VDI 2221 (MARIBONDO et al., 1998)

2.1.7 Uma avaliação crítica dos modelos prescritivos

Através de uma revisão mais profunda dos modelos prescritivos dos

processos de projeto, nota-se que a maioria deles baseia-se em passos que

podem ser considerados como atividades de projeto (análise, síntese,

Capítulo 2 31

evolução, decisões, modelagem, etc.), enquanto outros modelos tomam

como base fases/estágios de projeto (projeto conceitual, construção de

protótipos e projeto detalhado).

Os modelos baseados nas fases/estágios do processo de projeto,

incluem Asimow, Pahl e Beitz, Watts, Hubka, French, Back e VDI 2221. Com

a exceção de French e VDI 2221, os outros modelos contêm uma forma

mais detalhada para cada uma das fases/estágios. No modelo de Watts,

observam-se somente duas fases do projeto, isto é, a abstrata e a concreta,

com um intervalo entre elas representado por um processo cíclico (iterativo,

refinado e progressivo).

Os modelos de Pahl e Beitz e VDI 2221 abordam os temas de projeto

de produtos modulares e modularidade em produtos industriais. Entretanto,

seus conceitos ainda não estão totalmente uniformizados e suas

sistemáticas não estão bem documentadas. Desta forma, essas

metodologias não deixam claro quais os “possíveis caminhos” a serem

percorridos pelos projetistas, a fim de desenvolver uma família de produtos,

a partir da combinação de um grupo de componentes básicos

(MARIBONDO, 1998).

Os modelos baseados nas atividades de projeto, incluem Jones,

Marples, Archer, Krick e Cross. Pode ser observado em todos os modelos

três características predominantes, isto é, análise, síntese e evolução. Na

maioria dos casos, a análise é utilizada para analisar o problema de projeto,

suas exigências e especificações. A síntese refere-se às idéias geradas,

propondo soluções para os problemas de projeto e avaliando essas soluções

de acordo com as exigências e especificações do projeto, associados a

certos critérios definidos. No modelo de Krick, o estágio de síntese foi

substituída pela pesquisa e o estágio da evolução pela decisão.

As atividades de análise, síntese e evolução representam a parte

central do processo de projeto. Se o problema não for analisado

corretamente, de acordo com as suas exigências, poderá haver dificuldades

Capítulo 2 32

na procura de soluções ou surgir soluções impróprias como resolução do

problema. No entanto, criando soluções plausíveis para o problema, existe a

necessidade de evolução, como o teste que assegura a fidelidade das

exigências e especificações originais em conjunto aos critérios adotados.

Além destas três atividades, existem outras que podem também ser

necessárias durante o processo de projeto. São elas: otimização, revisão,

coleta de dados, documentação, comunicação, seleção, tomada de decisão,

modelagem, etc. Algumas dessas atividades foram incluídas em vários

modelos.

De acordo com as características predominantes dos modelos

especificados anteriormente e através de uma avaliação crítica para o

projeto de um microposicionador angular para mecânica de precisão, como

proposto neste trabalho, será utilizado o modelo de Krick. Esta escolha é

justificada pelo fato do projeto deste microposicionador angular exigir um

profundo estudo das características intrínsecas dos vários tipos construtivos,

provenientes de uma pesquisa bibliográfica ou através de observações de

mecanismos já existentes em máquinas ou equipamentos de precisão.

Justifica-se ainda, a escolha pelo modelo de Krick, quando a evolução é

substituída pela decisão pois, neste caso, pode-se usar o método de análise

de valor (discutido no item 2.1.4), onde os componentes de precisão exigem

um alto nível de qualidade. Para o projeto do microposicionador, tem-se o

objetivo de alcançar precisão nanométrica.

Após a escolha dos componentes do microposicionador angular, será

feita uma modelagem cinemática de seus mecanismos, com o intuito de

verificar sua funcionalidade, de acordo com as exigências do projeto.

Capítulo 2 33

2.1.8 Um estudo mais profundo do modelo de Krick

Diante do exposto, será feita uma explanação sobre o modelo de

Krick, com o objetivo de explicar os estágios comentados em seu modelo,

disseminando seus fundamentos e desenvolvendo o processo de projeto.

O primeiro passo no sentido de resolver qualquer problema de projeto

de engenharia é a definição desse problema, sendo necessário identificar as

suas características mais relevantes. As soluções alternativas não serão

todas igualmente convenientes. Portanto, terão que ser comparadas entre si.

Por um processo de eliminação, baseando-se num critério dado, aparecerá

no fim uma solução adequada.

O processo geral recomendado para a solução dos problemas de

engenharia, segundo KRICK (1970), pode ser observado na FIGURA 2.10 e

compreende as seguintes fases:

Fase da formulação - o problema é definido em termos relativamente

amplos e genéricos.

Fase da análise - o problema passa a ser definido em termos

relativamente pormenorizados. Compreende a coleta, o exame, o

processamento e a seleção de informações, com intuito de determinar

as características específicas do problema.

Fase da procura das soluções alternativas – busca-se soluções por meio

de criatividade, consultas etc.

Fase da decisão - as soluções alternativas são avaliadas, comparadas e

eliminadas até, dentre elas, surgir a melhor.

Fase da especificação - resulta na descrição completa das características

físicas e no desempenho da solução escolhida.

Capítulo 2 34

Processosolucionador

Análise do problema

Formulação do problema

Procura das soluções

Decisão

Especificação

Identificaçãodo problema a

resolver

Soluçãocompletamente

especificada

FIGURA 2.10 – Modelo de Krick

2.1.8.1 Formulação do problema

Os objetivos da fase de formulação são: identificar o problema em

termos gerais e verificar se ele merece solução. A formulação é uma visão

ampla do problema, onde o problema é definido de uma maneira geral,

isento de minúcias. Ela pode ser dada através de algumas idéias ou

anotações rascunhadas. Um problema pode ser satisfatoriamente formulado

por palavras ou diagramas.

2.1.8.2 Análise do problema

Capítulo 2 35

Para resolver um problema satisfatoriamente é necessário melhor

conhecimento de suas entradas e saídas, isto é, o que se tem e o que se

deseja obter. Este é um dos principais objetivos da análise do problema.

Nesta fase, determinam-se todas as características relevantes, quantitativas

e qualitativas, dos estados de entrada e saída do problema.

São poucas as características, tanto das entradas como das saídas,

que se mantêm inalteráveis. Por isso, para resolver satisfatoriamente um

problema, há a necessidade de se obterem informações fidedignas sobre as

prováveis flutuações das entradas e saídas.

Um outro objetivo importante da análise é a determinação das

condicionantes impostas ao problema. Os critérios a serem aplicados na

escolha da melhor solução deverão ser estabelecidos durante a fase da

análise do problema.

Os tipos de soluções consideradas na fase da procura das

alternativas dependem da importância atribuída aos critérios. Portanto, estes

deverão ser fixados antes de passar à fase mencionada a seguir.

2.1.8.3 Procura de soluções

O objetivo desta fase é descobrir as soluções possíveis para o

problema. Neste caso, raramente tem-se como resultado um conjunto de

soluções completas e mutuamente exclusivas. Pelo contrário, é provável que

os resultados consistam essencialmente de soluções parciais relativas a

somente alguns dos estágios ou das variáveis que a solução completa

finalmente comportará.

Na busca de soluções para determinados problemas, dever-se-ão

experimentar alternativas em todas as áreas que ofereçam perspectivas de

conter a solução ótima. Porém, existem medidas cautelosas a serem

Capítulo 2 36

tomadas, evitando uma procura feita a esmo. Três dos meios de reduzir o

caráter aleatório dessa busca são: (1) tomar como base o volume de

produção, a utilização e os critérios; (2) sistematizar decisivamente a

procura; (3) utilizar certos processos matemáticos e gráficos que facilitem a

localização da solução ótima (KRICK, 1970).

A utilização, o volume da produção e os critérios relativos ao

problema servem, até certo ponto, para orientar na localização geral das

áreas que mais provavelmente possam conter a solução ótima.

Outro meio de tornar o processo menos aleatório é a adoção de

medidas que sistematizem diretamente a procura. Isto se torna possível

principalmente pela organização das idéias, indagações e pesquisas, de

modo a levar em consideração grande variedade de soluções

essencialmente diversas.

Um terceiro meio de orientar a procura no espaço de soluções

consiste em processos matemáticos e gráficos que auxiliam

quantitativamente a localização da solução ótima.

Das inúmeras soluções possíveis para qualquer problema, se

algumas são relativamente complexas, outras são admiravelmente simples,

mas nem por isso menos eficazes. Como regra geral, as idéias simples

tendem a ser as mais econômicas de produzir, de usar e, também, aquelas

cujo funcionamento inspira maior confiança.

Capítulo 2 37

2.1.8.4 Tomada de decisão

No processo do projeto, após o levantamento de todas alternativas

possíveis, procede-se a fase de tomada de decisão.

Nesta fase, tomar uma decisão significa assumir um compromisso

direto com o projeto. Nesta oportunidade todos os fatores deverão ser

ponderados. A decisão correta será aquela que melhor pondere as variáveis

otimizando o valor total (RUFFINO, 1991).

Existem teorias que apresentam a metodologia para se atingir o

compromisso otimizado (NUTT, 1998). Os métodos de otimização, o estudo

das probabilidades, os cálculos estatísticos e a análise de valores são

aplicáveis nesta oportunidade. Por estes caminhos ter-se-á a solução

objetiva (RUFFINO, 1991).

Por outro lado, muitas vezes, a solução provém de fatores humanos,

não quantitativos, e a complexidade aumenta. Isto considerando que a

solução final será composta pela solução objetiva e pela solução subjetiva

(NARUTAKI et al., 1996).

Em qualquer processo de decisão é necessário ter as metas bem

definidas – o objetivo deve ser claro. A função produto ou função resultado

pode ser um simples item ou uma combinação ponderada de vários itens

(PAHL &BEITZ, 1996).

Segundo KRICK (1970), os conhecimentos e métodos especializados

a empregar dependem da natureza do problema, da complexidade e da

variedade das alternativas, da importância relativa da decisão e de muitas

outras circunstâncias. Os processos de decisão variam desde os mais

elaborados e exaustivos, que requerem medidas, pesquisas, previsões e

comparações de custos, até o julgamento rápido, simples e informal. Embora

as características específicas possam variar de situação para situação,

Capítulo 2 38

quase sempre as quatro etapas abaixo deverão ser obedecidas para chegar-

se a uma decisão consciente: (1) escolher o critério; (2) prever a eficácia das

soluções alternativas; (3) comparar a eficácia prevista para as alternativas; e

(4) proceder à escolha da solução.

1. Escolha dos critérios - Os critérios estabelecidos, pelo menos em seus

termos gerais, como parte da análise do problema, constituem a base

para a escolha da solução mais conveniente.

2. Previsão do desempenho - É de grande importância a previsão

satisfatória da maneira pela qual as soluções alternativas, se adotadas,

comportar-se-iam com relação aos critérios estabelecidos.

3. Comparação das alternativas - Para permitir uma escolha consciente, o

desempenho das alternativas deverá ser comparado pelo critério

adotado.

4. Função de otimização - A otimização compreende a procura das

soluções e a tomada de decisão. A análise de valor é um importante

caminho para encontrar um bom projeto.

Dentre todas as alternativas possíveis para o processo de tomada de

decisão, será utilizada neste trabalho, a técnica de análise de valor, descrita

no item 2.1.4. De acordo com um conjunto de princípios técnicos,

estabelecidos durante a fase de formulação, análise do problema e procura

de soluções capazes de satisfazer a função global de posicionamento e suas

sub-funções, através de uma avaliação, será escolhida a melhor variante

(solução) para cada uma das funções exigidas na tarefa de posicionamento.

Para isso será empregado o método de combinação de variantes de

princípios técnicos.

Capítulo 2 39

Método de combinação de variantes

O método de combinação de variantes consiste na combinação de

princípios técnicos, capazes de realizar a função global e suas sub-funções,

de acordo com os parâmetros de projeto (TAVARES, 1995).

Função global é uma função que reúne todas as demais funções (sub-

funções) que um produto possa ter (PAHL & BEITZ, 1996).

A função global do microposicionador é posicionar a peça/ferramenta

com precisão e resolução, com deslocamentos nas direções x, y e z. Esta

função subdivide-se em diversas sub-funções necessárias à execução do

posicionamento.

O próximo passo é avaliar cada uma das combinações das variantes

técnicas agrupadas segundo uma sub-função em comum, submetendo estas

combinações a critérios de avaliação.

Os critérios de avaliação têm como objetivo determinar

seqüencialmente as variantes de princípios técnicos que satisfazem

determinadas sub-funções, arbitrando valores absolutos para as variantes e

para os critérios. Os valores são expressos por pontos. Como resultado,

obtém-se uma variante ótima ou uma ordem de preferências hierárquicas de

variantes (PAHL & BEITZ, 1996).

Segundo HÖNHE (1990b), a FIGURA 2.11 esquematiza a seqüência

de passos envolvidos no método de avaliação de variantes técnicas.

Capítulo 2 40

Número de variantes

Coletar as variantes

Determinar critérios

Determinar fatoresde influência

Determinar valores paravariantes e critérios

Calcular avaliação total

Decidir

Variante ótima

Tendo sido determinados os sub-valores para todas as variantes, o

valor global pode ser calculado. Assim, o valor global de uma variante j pode

ser determinada segundo a equação 2.1:

n

1i

n

1i ijwvijviwjOwv (2.1)

onde: Owvj = valor global

FIGURA 2.11 – Passos da avaliação das variantes

Capítulo 2 41

vij = sub-valor da variante i em relação ao critério j

wi = peso i-ésimo do critério j

i = variante

j = critério

n = número de critérios

A equação 2.1 mostra que o valor global de uma variante j pode ser

determinado através do somatório dos “n” pesos dos critérios de projeto,

especificados de acordo com as suas exigências (rigidez, precisão, etc. do

posicionador), multiplicado pelo sub-valor das variantes do projeto

(acionamento, transmissões, etc.) em relação ao peso específico dos

critérios.

Se uma comparação relativa das variantes for considerada

insuficiente, então o valor global refere-se a um valor ideal imaginário que

resulta segundo o valor máximo atribuído aos critérios, como mostra a

equação 2.2 (PAHL & BEITZ, 1996 & HÖHNE, 1990b). Isto é, determina-se

o valor global como na equação 2.1 e divide-se o produto pelo valor máximo

atribuído e somatório dos valores destes critérios.

Quando se determina o valor global deste modo, calcula-se o valor

mínimo que cada variante pode obter dentro das exigências de projeto.

Desta forma, tem-se que:

n

1i iwmaxv

n

1i ijviw

n

1i iwmaxv

jOwv

iX (2.2)

onde: Xi = valor global segundo o valor máximo

vmax = valor máximo de todas as variantes

Capítulo 2 42

Como forma de melhor entendimento, a TABELA 2.1 ilustra todo o

processo de atribuição e análise de valores, chegando-se ao valor global.

Variantes

variante

(v1)

variante

(v2)

variante

(vj)

no de

critérios

peso de

importância

sub-valor peso do

sub-valor

sub-valor peso do

sub-valor

sub-valor peso do

sub-valor

n1 w1 v11 w1v11 v12 w1v12 v1j w1v1j

n2 w2 v21 w2v21 v22 w2v22 v2j w2v2j

ni wi vi1 wivi1 vi2 wivi2 vij wivij

n wn vn1 wnvn1 vn2 wnvn2 vnj wnvnj

n

iiw

1

Ov1 Owv1 Ov2 Owv2 Ovj Owvj

2.1.8.5 Especificação da solução

Depois de ter escolhido uma solução, as suas características físicas e

de desempenho deverão ser especificadas com todos os pormenores

necessários para que outras pessoas possam entender satisfatoriamente. O

TABELA 2.1 – Determinação do valor global (HÖNHE, 1990b)

Capítulo 2 43

fato de que geralmente não é o projetista que constrói, opera ou mantém a

sua criação, torna imperativo que ele documente cuidadosamente e

comunique eficientemente a solução que propõe (KRICK, 1970).

Um dos meios utilizados para comunicar as especificações consiste

em um conjunto de desenhos do dispositivo, estrutura ou processo proposto.

Outro meio de transmitir especificações é através de um relatório técnico,

que entre outras coisas, descreve a necessidade da solução proposta, a

própria solução e sua justificativa. Um possível terceiro meio de

comunicação seria um modelo icônico tridimensional da proposta.

2.1.9 Conclusão

Ao iniciar-se um projeto, sabe-se relativamente pouco quanto à

provável solução final, de modo que nesse estágio há muitas incertezas e

corre-se assim certo risco em supor que a iniciativa seja viável. À medida

que o projeto progride, aparecem condicionantes, surgem soluções

alternativas, comparam-se possibilidades, concretizam-se outras

informações, a auxiliar numa resposta a essa perene questão. Portanto, o

risco de tomar uma solução errada é máximo ao início do processo e

decresce com a aparição de novos elementos.

2.2 Sistemas Posicionadores de Precisão

Desbravados os conceitos de metodologia, métodos e modelos de

projetos, com o intuito de chegar à resolução do problema, ou seja, um

microposicionador angular para mecânica de precisão, faz-se necessário

Capítulo 2 44

obter informações a respeito de sistemas posicionadores e seus elementos

constituintes.

2.2.1 Considerações gerais

O grande interesse dispensado ao desenvolvimento de sistemas

posicionadores de precisão encontra justificativa na sua crescente demanda,

como em equipamentos indispensáveis à fabricação de componentes de

precisão, empregados em diversas áreas como engenharia mecânica,

óptica, engenharia elétrica e computação.

Máquinas para usinagem de ultraprecisão necessitam de sistemas de

posicionamento e sistemas de correção dos erros provindos dos elementos

componentes da máquina. É a maneira mais direta de se alcançar a

precisão desejada porque em projetos de ultraprecisão não se deve tentar

aumentar a precisão da máquina aumentando ao máximo a precisão de

cada elemento, pois os custos certamente tornarão o projeto proibitivo

(PURQUERIO et al., 1994).

Basicamente, um sistema de posicionamento tem como objetivo

movimentar um objeto ao longo de uma trajetória pré-determinada até uma

posição desejada, em geral por meio de energia mecânica, ou seja, os

sistemas posicionadores são construídos com o propósito de estabelecer

posições relativas entre elementos de um mesmo sistema; por exemplo, o

posicionamento de uma ferramenta em relação a uma peça a ser usinada

em uma máquina-ferramenta. O controle do processo em máquinas-

ferramenta vem se desenvolvendo, principalmente em função da precisão da

máquina, pois as dificuldades e os custos aumentam de acordo com o nível

de precisão desejado (TÖNSHOFF et al., 1988 & THOMPSON et al., 1982).

Na usinagem de ultraprecisão se requer um rígido controle do perfil a ser

Capítulo 2 45

usinado, assim surge a necessidade de se obterem movimentos na faixa

micrométrica.

O projeto de um sistema posicionador é efetuado de tal modo que ele

se comporte, tanto quanto possível, como um corpo rígido. Existem sistemas

de posicionamento que possuem movimentos de translação e/ou rotação,

podendo apresentar um ou mais graus de liberdade, ou eixos de movimento

(ASANO & GOTO, 1991).

Foram desenvolvidos vários tipos de sistemas posicionadores de

precisão com diferentes princípios de funcionamento, mas em todos eles os

desvios entre os posicionamentos teóricos desejados e os reais obtidos

sempre ocorrem devido à presença de fatores perturbadores de origem

interna ou externa aos equipamentos. A busca por sistemas posicionadores

cada vez mais precisos tornou necessária a construção de equipamentos de

melhor qualidade e a elaboração de novos métodos para a identificação e

minimização dos erros de posicionamento. Esta minimização pode ser obtida

através da otimização dos elementos que compõem os sistemas

posicionadores ou através da compensação de erros, utilizando-se

atuadores de alta exatidão, resolução e velocidade de posicionamento, além

de alta rigidez quando comparadas aos equipamentos convencionais

(WATANABE, 1992).

2.2.2 Classificação dos sistemas de posicionamento

Existem sistemas de posicionamento manuais e automáticos, com

movimentos de translação e de rotação, podendo apresentar um ou mais

graus de liberdade, ou eixos de movimentos. Estes sistemas podem ser

acionados basicamente por motores elétricos (servomotores) ou motores

hidráulicos. Em posicionadores de alta precisão, atualmente já estão sendo

empregados acionamentos piezoelétricos para movimentos com cursos de

Capítulo 2 46

dezenas de micrômetros, com precisão de 3 nm e resolução de 5 nm

(ASANO & GOTO, 1991).

Sistemas de posicionamento manuais caracterizam-se por

apresentarem acionamento manual dos eixos de movimento por meio de

parafuso micrométrico, onde o controle e resolução são dependentes da

sensibilidade visual e habilidade do operador. O controle do posicionamento

é normalmente executado pelo operador do sistema por meio de escalas e

microscópios ópticos de medição. Em geral, caracterizam-se também por

terem uma estrutura e mecanismos relativamente simples, de baixo custo,

sendo indicado para tarefas de posicionamento de média precisão (HÖNHE,

1990a).

O sistema de posicionamento automático é acionado por

servomotores elétricos ou cilindros pneumáticos/hidráulicos. Contudo, tendo

em vista que atuadores pneumáticos são de difícil controle e precisão

limitada, é preferível usar servomotores elétricos ou atuadores hidráulicos,

que são mais facilmente controlados.

Os posicionadores automáticos caracterizam-se por possuírem

sensores para o monitoramento de posição e velocidade, além de

subsistemas eletrônicos para o comando e controle das variáveis funcionais.

Possui maior complexidade eletro-mecânica que os sistemas de

posicionamento manuais, porém conseguem-se obter precisão e resolução

de ordem submicrométrica (HÖNHE, 1990a).

2.2.3 Estrutura funcional de um posicionador

Num posicionador, o controlador executa sinais de comando de

posição e os compara com os valores das variáveis controladas, enviando o

sinal resultante para o acionamento. O acionamento tem como sub-função

Capítulo 2 47

transformar controladamente a energia elétrica em energia mecânica,

movimentando a mesa do posicionador através de mecanismos adequados

que convertem e reduzem os sinais provenientes do atuador (sinais de

entrada) em deslocamentos de translação e rotação. Estes deslocamentos

(sinais de saída) são medidos por sensores e realimentam a unidade

controladora, fechando a malha de controle (TAVARES, 1995). Através da

FIGURA 2.12 pode-se observar a estrutura funcional de um posicionador.

sistema demedição de sensores

atuador acoplamento redutor conversor demovimentos

mesaguias

Wel

controlador U

U - variáveis de comando Wel - energia elétrica

FIGURA 2.12 - Estrutura funcional de um posicionador

Sistemas posicionadores rotativos ou lineares convencionais

movimentam-se normalmente através do deslizamento ou do rolamento

sobre guias, ocasionando problemas de desgaste e de “stick-slip”.

Equipamentos de precisão como máquinas-ferramenta de precisão,

máquinas de medir a três coordenadas e equipamentos litográficos para a

fabricação de componentes eletrônicos empregam usualmente mancais

aerostáticos ou hidrostáticos em suas guias, eliminando assim, os problemas

mencionados (desgaste e “stick-slip”).

Servo-motores de corrente contínua ou de corrente alternada,

motores de passo e motores hidráulicos são os elementos acionadores

Capítulo 2 48

rotativos mais utilizados nos sistemas posicionadores. A associação destes

motores a conjuntos fuso-castanha apresenta-se como a solução mais usual

quando se deseja transformar o movimento de rotação em translação. Para

diversas aplicações, esta associação é bastante satisfatória, pois os

conjuntos fuso-castanha trabalham como redutores, permitindo a obtenção

de pequenos deslocamentos lineares com motores de baixos torques.

As limitações quanto à precisão dos sistemas posicionadores

convencionais e a necessidade de se produzirem componentes cada vez

mais precisos e de melhor qualidade, impulsionaram o desenvolvimento de

novos equipamentos posicionadores baseados em princípios de

funcionamento diferentes dos convencionais, utilizando motores elétricos

lineares, materiais piezoelétricos, transmissões por atrito e mancais

aerostáticos ou hidrostáticos.

A construção da maioria dos sistemas posicionadores tem como

preocupação básica a obtenção de precisão na direção de posicionamento.

Sistemas posicionadores mais complexos normalmente empregam

atuadores de precisão de pequeno curso e grande rigidez para a

compensação de erros geométricos.

A seguir são descritos os componentes básicos que constituem um

posicionador.

2.2.4 Componentes de um posicionador

Os componentes básicos que constituem um posicionador automático

são: guias de movimento, transmissões conversoras, motores e sistemas de

medição de sensores.

Capítulo 2 49

2.2.4.1 Guias de movimento

A função das guias de movimento é definir em quais graus de

liberdade do posicionador deseja-se que haja movimento. Por conseguinte,

ficam também determinados os graus de liberdade segundo os quais devem

ficar bloqueados os movimentos.

As guias para movimentos de translação podem também ser

chamadas de guias lineares, enquanto que as guias para movimentos de

rotação podem ser chamadas de mancais rotativos. Para aplicações

especiais existem também guias que permitem dois ou mais graus de

liberdade, podendo também haver a combinação de movimento rotativo e de

translação.

Segundo LICHTBLAU (1989), os principais requisitos para o projeto

de guias para posicionadores são de caráter estático, e podem ser

resumidos da seguinte forma:

elevada precisão dimensional e de forma macrogeométrica;

elevada rigidez (das guias e de seus suportes);

baixo coeficiente de atrito.

O atrito nas guias é um parâmetro que além de influenciar sobre o

comportamento estático do posicionador também tem grande influência

sobre o seu comportamento dinâmico. Entretanto, para que se possa

estabelecer a sua influência sobre o comportamento dinâmico não basta que

se conheça o seu valor estático, mas é necessário que se conheça o seu

valor e o seu comportamento ao longo de toda a faixa de velocidades de

movimento na guia. Tal comportamento expresso na forma de um gráfico de

coeficiente de atrito (A) versus velocidade de movimento (v) chama-se

curva característica de atrito. Diversas curvas características de atrito para

diferentes tipos construtivos de guias podem ser vistas na FIGURA 2.13.

Capítulo 2 50

2

1

3

4

1 – guia de deslizamento metal/metal2 – guia de deslizamento plástico/metal3 – guia de rolamento4 – guia de escoamento fluídico

A

v

FIGURA 2.13 – Curvas características de atrito em guias (LICHTBLAU, 1989).

Pode-se então, falar nos requisitos para guias, com base na curva

característica de atrito. Estes são:

atrito estático tão baixo quanto possível (3 e 4);

atrito dinâmico levemente crescente em função da velocidade, ou então

constante (3 e 4).

O atrito estático em conjunto com a elasticidade dos componentes

mecânicos vai dar origem à deformação elástica destes. Esta por sua vez é

uma não-linearidade que vai se manifestar como zona morta no início de

movimentos a partir da velocidade zero e como histerese nas reversões de

movimento.

Capítulo 2 51

Caso o atrito dinâmico for decrescente em função da velocidade,

surge o efeito denominado “stick-slip”. Em decorrência do surgimento desse

efeito o movimento em baixas velocidades é irregular, com oscilações,

praticamente inviabilizando posicionamentos de precisão.

Uma forma muito usada para classificação de tipos construtivos de

guias é quanto à forma pela qual se dá o contato entre o elemento fixo e o

elemento móvel da guia.

Nas guias de deslizamento há teoricamente um contato de superfícies

sólidas, que como o próprio nome sugere, deslizam uma em relação à outra.

Nas guias de rolamento há corpos de revolução (esferas, cilindros) entre o

elemento fixo e móvel. O contato é teoricamente pontual ou em forma de

uma linha, e o atrito é de rolamento e não de escorregamento. Nas guias

fluídicas um fluido a alta pressão é injetado em bolsões ou em uma fresta

entre as superfícies de guia do elemento fixo e do elemento móvel. Estes

deslizam sobre o filme fluídico que se estabelece, e portanto não há contato

metal-metal. O atrito é do tipo fluido-viscoso.

As guias de molas são constituídas por elementos elásticos, que

permitem a realização de movimentos de translação entre o carro e o

suporte com alta precisão. Estes elementos elásticos atuam de maneira

semelhante a uma mola, ou seja, através de sua deformação e flexibilidade,

permitem pequenos deslocamentos lineares do carro da guia. Em função

desta analogia, estas guias são conhecidas como guias de molas ou ainda

guias elásticas.

A TABELA 2.2 apresenta uma comparação técnica entre os diversos

tipos de guias empregadas em instrumento de mecânica de precisão

(SLOCUM, 1992 & HÖNHE, 1990a).

Capítulo 2 52

TABELA 2.2 – Comparação entre guias de precisão

Guias de

deslizamento

Guias de

rolamento

Guias de

molas

Guias

aerostáticas

Guias

hidrostáticas

Resolução (m) 2 a 10 0,1 a 1,0 0,01 0,01 d 0,01 d

Precisão (m) 1 a 10 1 a 5 0,01 0,01 0,01

Rigidez (N/m) 5000 1000 4 a 100 b 100 100 N/nm

Velocidade

(m/s)

0,25 1 a 2 Pequena c 10 10

Custo (U$) 1000 100 a 5000 500 650 a 2000 1000

Atrito () 0,5 a 2

(aço/aço)

0,02 a 0,2

(PTFE)

0,005 Sem Desprezível e Desprezível e

Stick-slip Ocorre Desprezível Não ocorre Não ocorre Não ocorre

Autoblocagem Ocorre Desprezível Não ocorre Não ocorre Não ocorre

Amortecimento Alto Médio Pequeno Pequeno Pequeno

Folgas Pequenas Pequenas a Sem Sem Sem

PTFE - guias revestidas com politetrafluoretileno, podendo desenvolver até 2,5 m/s

a – depende da ajustagem para redução da folga b – depende das dimensões da guia de molas c – limitada pela freqüência natural e pela resistência à fadiga do material da

mola d – a resolução é praticamente ilimitada, pois a força de atrito estático é nula e – coeficiente de atrito estático é nulo, com atrito dinâmico desprezível

Mancais

Capítulo 2 53

Genericamente, um mancal constitui-se de uma peça que se move

em torno de um eixo em relação a uma outra fixa, quando é justaposta direta

ou indiretamente através de elementos adicionais.

Uma comparação entre mancais empregados em máquinas pesadas

e mancais de instrumentos em mecânica de precisão leva ao seguinte

resultado (HÖHNE, 1990a & DAVIDSON, 1972 apud TAVARES, 1995):

i) os mancais de instrumentos de precisão são geralmente muito

menores que os de máquinas;

ii) em geral, o ângulo de giro em máquinas pesadas varia entre alguns

graus até valores maiores que 3600 e, por sua vez, o de instrumentos

de precisão pode assumir valores desde alguns segundos até giros

maiores que 3600;

iii) a precisão dos mancais de instrumentos situa-se na faixa

micrométrica ou até mesmo submicrométrica, enquanto que mancais

para máquinas assume valores de centésimos de milímetro.

Além destas diferenças de concepção de projeto, devem ser levadas

em consideração as seguintes características peculiares a cada tipo de

sistema técnico:

i) em projeto de máquinas considera-se principalmente a capacidade de

carga do mancal, sua rigidez e resistência mecânica, altas

velocidades de regime, além de problemas quanto a lubrificação e

refrigeração;

ii) em mecânica de precisão, um mancal deve possuir baixo atrito, com

movimentos sem stick-slip e com baixo nível de ruído, pequenas

deformações, com folga mínima, insensível a variações de

temperatura, com alta resistência ao desgaste e livre de manutenção,

além de possuir dimensões reduzidas.

Capítulo 2 54

Os mancais em mecânica de precisão podem ser classificados

conforme o esquema a seguir.

Quanto ao sentido da carga

Quanto à segurança contra a

desmontagem

Quanto ao tipo de atrito

- mancais radiais

- mancais axiais

- mancais abertos

- mancais fechados

- mancais de deslizamento (atrito de corpo rígido)- mancais de rolamentos (atrito de rolamento)- mancais de molas (atrito interno do material)- mancais aerostáticos e hidrostáticos (atrito fluídico)- mancais magnéticos (força eletromagnética)

A TABELA 2.3 apresenta uma comparação entre diversos tipos de

mancais de precisão (SLOCUM, 1992 & HÖNHE, 1990a ).

Capítulo 2 55

TABELA 2.3 – Característicos técnicos de mancais de precisão.

Mancais de deslizamento

Mancais de rolamentos

Mancais de molas

Mancais aerostáticas

Mancais hidrostáticas

Resolução (m) 2 a 10 0,1 a 1,0 0,01 0,01 d 0,01 d

Precisão (m) 1 a 10 0,25 a 1 0,01 0,01 0,01

Rigidez (N/m) 1000 a 10000 1000 4 a 100 b 200 a 300 100 N/nm

Velocidade (rpm)

15000 40000 Pequena c 80000 80000

Custo (U$) 500 10 a 1000 500 650 a 2000 1000

Atrito () 0,2 (aço/aço)

0,07 (PTFE)

0,005 Sem Desprezível e Desprezível e

Stick-slip Ocorre DesprezívelNão ocorre

Não ocorre Não ocorre

Autoblocagem Ocorre Desprezível Não ocorre Não ocorre Não ocorre

Amortecimento Alto Médio Pequeno Pequeno Pequeno

Folgas Pequenas Pequenas a Sem Sem Sem

PTFE - guias revestidas com politetrafluoretileno, podendo desenvolver até 2,5 m/s

a – depende da ajustagem para redução da folga b – depende das dimensões da guia de molas c – limitada pela freqüência natural e pela resistência à fadiga do material da

mola d – a resolução é praticamente ilimitada, pois a força de atrito estático é nula e – coeficiente de atrito estático é nulo, com atrito dinâmico desprezível

2.2.4.2 Transmissões mecânicas conversoras

Este grupo de componentes mecânicos foi denominado de

transmissões mecânicas conversoras porque sua função é a de realizar a

interface entre o sistema mecânico de translação e o sistema mecânico de

rotação, convertendo as grandezas físicas de um sistema, nas

correspondentes grandezas do outro sistema.

Capítulo 2 56

As transmissões mecânicas conversoras são necessariamente

usadas sempre que o motor não produza o tipo de movimento de que se

necessita no posicionador. Por exemplo, quando o motor gera movimento

rotativo e o posicionador é de translação.

Segundo LICHTBLAU (1989), os requisitos dinâmicos que devem

orientar o projeto e a seleção de transmissões conversoras são:

rigidez elevada, na medida da rigidez dos demais componentes

mecânicos;

inércia e massas tão reduzidas quanto possível;

folgas tão reduzidas quanto possível.

Os tipos de elementos de transmissão mais utilizados em projetos de

ultraprecisão são: fusos de esferas recirculantes, fusos de rolos planetários,

fusos aerostáticos e hidrostáticos, pinhão e cremalheira e parafusos

micrométricos (WECK & BISPINK, 1991).

Os fusos de esferas recirculantes compõem-se do fuso, da castanha,

das esferas que rolam nas pistas entre o fuso e a castanha e dos

dispositivos de recirculação. Um sistema de fusos de esferas recirculantes

pode ser considerado como se fosse uma guia de rolamento, deslocando-se

transversalmente sobre um eixo em rotação. De maneira semelhante a todos

os outros sistemas de fuso-castanha, ele converte movimentos de rotação

em movimentos de translação, ou vice-versa. Os fusos de esferas

recirculantes são os mais usados na grande maioria dos posicionadores.

Fusos de rolos planetários possuem rolos que realizam a transmissão

de energia e informações entre o fuso e a castanha. Existem dois tipos

construtivos, um no qual os rolos têm rosca e descrevem movimentos

planetários ao redor do fuso e outro no qual os rolos têm ranhuras; além de

realizarem movimento planetário ao redor do fuso, também deslocam-se

Capítulo 2 57

axialmente, sendo necessário portanto, que recirculem. Os fusos de rolos

planetários são aplicados em posicionadores de grande porte.

O sistema pinhão-cremalheira tem seu campo de aplicação como

transmissão conversora, em especial nos posicionadores com curso muito

longo, devido à sua inércia ser significativamente menor que a inércia dos

fusos de esferas recirculantes.

Fusos aerostáticos ou hidrostáticos são elementos que possuem um

sistema externo de alimentação de fluido pressurizado (ar ou óleo) que

mantém a castanha e o fuso separados por um filme lubrificante. Segundo

RUMBARGER & WERTWIJN (1968), além dos benefícios óbvios da

lubrificação, esses sistemas apresentam como vantagens a ausência de

stick-slip, desgastes e folgas, alta rigidez e repetibilidade de posicionamento.

Os parafusos micrométricos são basicamente compostos do parafuso

propriamente dito, também chamado de fuso e da porca, também chamada

de castanha e baseia-se no princípio de acionamento diferencial.

A TABELA 2.4 mostra as propriedades de diferentes sistemas de

fusos para aplicações de ultraprecisão.

Capítulo 2 58

TABELA 2.4 – Propriedades das características de diferentes fusos (WECK

et al., 1998)

Características de sistemas de fusos para aplicações de

ultraprecisão

Sistema de fuso aerostático

Sistema de fuso

hidrostático

Sistema de fuso de elementos

rolantes

Capacidade de carga 3 5 5

Desgaste 5 5 4

Rigidez axial estática 3 5 5

Rigidez radial estática 3 4 5

Comportamento dinâmico 4 5 3

Velocidade do fuso 4 2 4

Custo 3 2 5

Muito bom – 5 Bom – 4 Médio – 3

Regular – 2 Ruim - 1

2.2.4.3 Acionamento

Sistemas de posicionamento ou movimentação de componentes são

geralmente acionados através do uso de motores elétricos (servomotores)

ou motores hidráulicos. Nos posicionadores de alta precisão, características

de curso e resolução limitam o espectro de possíveis alternativas para a

solução deste projeto.

O sistema mais utilizado no acionamento de posicionadores nas

máquinas operatrizes CNC é aquele constituído por um servomotor rotativo

acoplado a um conjunto fuso/castanha de esferas recirculantes, através de

um elemento flexível para absorção de desalinhamentos.

Este tipo de arranjo apresenta algumas desvantagens próprias deste

tipo de configuração, como por exemplo:

Capítulo 2 59

presença de folgas

adição de massas inerciais

não linearidades (histerese, atrito)

menor velocidade crítica

Uma vez no campo da ultraprecisão estas dificuldades acentuam-se,

por isso são estudadas alternativas que possam reduzir significativamente

ditos inconvenientes.

Servomotores

Funcionalmente o motor é o elemento que realiza uma conversão de

sinais e sobretudo de energia entre o sistema elétrico e o mecânico, bem

como do elétrico em térmico e em ruído.

Rapidez de movimento, repetibilidade, velocidades máximas

elevadas, facilidade de controle, confiabilidade e economia são objetivos que

têm orientado o caminho do desenvolvimento das máquinas elétricas para

aplicação em máquinas-ferramenta e robótica. Este conjunto de objetivos

tem levado a diversas concepções não só dos motores elétricos como

também dos sistemas de energização e seus sistemas de controle.

O aparecimento e evolução dos servomotores coincidem com a

constante busca de alto desempenho e conseqüente eliminação de fatores

limitantes. O servomotor distingue-se dos “motores comuns” pelo fato de

estes últimos serem otimizados em função do mínimo custo, alta eficiência,

longa vida útil etc.; enquanto que os servomotores são otimizados em função

de seu desempenho estático e principalmente de sua dinâmica. Desta forma

pode-se dizer que “ servomotores são aqueles que podem ser comandados

a posição e/ou velocidade e que respondem aos comandos recebidos com

elevada rapidez e precisão” (CAMPOS RUBIO et al., 1996).

Capítulo 2 60

Vários tipos de servomotores utilizados em máquinas controladas

automaticamente podem ser enumerados, dentro deste contexto e,

considerando o tipo de movimento mecânico resultante, os

servoacionamentos podem ser classificados em servomotores rotativos e

lineares ou de translação, de acordo com o esquema a seguir.

rotativos

translativos

CC

CA

- com escovas- sem escovas (brushless)- sem núcleo (coreless, ironless)- de passo

- síncronos- assíncronos (de indução)

CC- sem escovas- bobina móvel (moving coil, voice coil)- de passo

CA - síncronos- assíncronos

Servomotores

Um grupo especial de acionamentos translativos é constituído pelos

atuadores, como por exemplo os piezoelétricos, cujo princípio de

funcionamento é baseado em fenômenos de estricção eletrostática. Estes

atuadores são analisados mais detalhadamente a seguir.

Atuadores translativos

Um dos tipos mais simples de atuadores lineares ou translativos são

os baseados na teoria eletromagnética, os quais são comumente

Capítulo 2 61

denominados de solenóides, estes atuadores se utilizam de um campo

magnético, gerado pela passagem de corrente elétrica através das espiras

de uma bobina, para atrair um elemento metálico na direção da espira. A

força gerada pelo solenóide é primeiramente uma função do número de

espiras da bobina, da intensidade de corrente, da área dos pólos, do altura

da fenda (tamanho do entre-ferro) e da permeabilidade magnética do ar.

Outros fatores que afetam o desempenho do solenóide são comprimento do

núcleo metálico, as propriedades magnéticas da estrutura, a área e o

formato dos dipolos.

Devido à não-linearidade da força de resposta, conseqüência da

relação de variáveis envolvidas e a sua baixa constante de tempo eletro-

mecânica, este tipo de atuador é utilizado com maior freqüência como

atuador passivo, para manter componentes mecanicamente fixos (SLOCUM,

1992).

A seguir são analisados atuadores baseados nos princípios

piezoelétricos.

Atuadores Piezoelétricos

Os atuadores piezoelétricos (PZT) são baseados na propriedade que

certos materiais cristalinos possuem de induzir uma carga elétrica

proporcional à mecânica aplicada. A FIGURA 2.14 mostra um esquema

construtivo de um PZT e um PZT comercial.

Capítulo 2 62

F

L

L

FIGURA 2.14 – (a) Esquema construtivo de um PZT (PHYSIK INSTRUMENTE, 1992); (b) Tipo de PZT comercial.

Neste estudo, os elementos cerâmicos são utilizados de maneira

inversa a este efeito, isto é, uma mudança geométrica do contorno externo

do material é provocada devido à aplicação de uma tensão elétrica. A

deformação do elemento (expansão piezoelétrica) é muito utilizada na

movimentação e posicionamento de sistemas mecânicos, esta deformação é

alcançada pela aplicação dos efeitos longitudinais ou transversais. Como

substâncias cristalinas de um piezoelétrico, são empregados materiais

cerâmicos sinterizados, à base de bário (Ba), chumbo (Pb), titânio (Ti) e

zircônio (Zr) (TAVARES, 1995).

Como características vantajosas de um atuador piezoelétrico pode-se

afirmar que:

Permite resoluções nanométricas de posicionamento, através do

controle da tensão aplicada e a utilização de sensores de posição

adequados.

Não possui folgas nem partes móveis, sua expansão é conseguida

exclusivamente pela deformação sólida do material cristalino

(TAVARES, 1995).

Alta eficiência na conversão de energia (elétrica em movimento).

Capacidade de suportar altas cargas (até 30000 N)

Capítulo 2 63

Ampla largura de banda, sua velocidade de expansão é limitada

apenas pela velocidade do som no material cristalino (PHYSIK

INSTRUMENTE, 1992).

Faz-se necessário citar que os atuadores piezoelétricos não são

adequados para suportar cargas fora de centro e esforços de tração, e

muitos vêm equipados com molas internas de pré-carga. Por outro lado,

devem ser evitadas a aplicação de tensões muito altas, se uma tensão

reversa (provoca contração) superior a 20% do valor da nominal for aplicada

o piezoelétrico despolariza irreversivelmente, além disso, tensões muito altas

criam canais de condução elétrica na cerâmica, ocorrendo um curto-circuito,

diminuindo a sua resistência e prejudicando a sua expansão (CAMPOS

RUBIO et al., 1997).

2.2.4.4 Sensores

Num posicionador, os sensores são responsáveis pela determinação

da posição real de seus elementos móveis, como a posição de translação de

guias e a posição angular de fusos e mesas rotativas.

Sensores ou também transdutores, são os elementos de um sistema

qualquer de medição, que fornecem sinais de medição analógicos ou

digitais, de forma incremental ou absoluta.

Os sensores empregados em posicionadores de mecânica de

precisão devem permitir leituras das grandezas medidas, com precisão e

resolução submicrométricas ou mesmo nanométricas, permitindo avaliações

automáticas dos valores reais.

Existem vários tipos de sensores e, dentre eles, pode-se destacar os

seguintes:

Capítulo 2 64

Sensores indutivos – sensores indutivos utilizam os princípios de indução

eletromagnética para medir deslocamentos, usualmente pela variação da

permeabilidade do centro da bobina. Exemplo de sensor indutivo inclui:

- Escala indutiva (Linear Inductosyn)

Aplicação: as escalas indutivas são utilizadas em medições incrementais de

deslocamentos lineares e angulares.

Sensores capacitivos – este tipo de sensor é baseado na capacitância

entre duas placas. Um transdutor capacitivo pode ser utilizado para medir

deslocamentos entre placas e converter esses movimentos em voltagem.

Um exemplo de transdutor capacitivo é:

- Transdutor de deslocamentos capacitivos (Capacitive displacement

transducer)

Aplicação: medida de distância entre duas placas de um capacitor.

Alcance: ~ 0,13 mm

Acuracidade: 0,15 % alcance total

Repetibilidade: 2-5 vezes resolução

Resolução: 1 nm

Largura de banda: acima de 10 kHz

Transdutores resistivos – é um tipo de transdutor que mede posições

lineares ou angulares mecânicas por meio da variação do resistor

(SLOCUM, 1992). Um exemplo de transdutor resistivo é:

- Potenciômetro

Aplicação: medidas de distância.

Alcance: acima de 1 m

Acuracidade: 0,01-0,05 % do alcance total

Repetibilidade: 0,1-0,5 % do alcance total

Capítulo 2 65

Resolução: 0,1 m

Largura de banda: dependente da construção

Sensores ópticos – sensores ópticos são aqueles que convertem uma

quantidade física em um sinal de saída (analógico ou digital) por meios

ópticos. Por exemplo:

- Autocolimador

Aplicação: medidas de deslocamento angular

Acuracidade: 0,1 – 0,05 % do alcance total

Repetibilidade: 5 – 10 vezes acuracidade

Resolução: 0,1 arc-segundo

- Encoders ópticos

Aplicação: medida de rotação angular e movimentos lineares. São

dependentes da construção e manufatura. Pode ser do tipo

incremental ou absoluto.

- Interferômetros

Aplicação: medidas de distância, velocidade, erros de forma. São

dependentes dos arranjos ópticos.

Alcance: dependente da aplicação

Acuracidade: 0,5 no vácuo

Repetibilidade: depende do meio ambiente

Resolução: depende de características ópticas, tipicamente em torno de

500

.

A TABELA 2.5 faz uma comparação entre diversos tipos de sistemas

de medição.

Capítulo 2 66

TABELA 2.5 – Dados comparativos de sistemas de medição (TAVARES, 1995).

Encoder Escala indutiva

Laser interferométrico

Resolução (m) 5 rad 0,5 12

0

A Precisão (m) 5 rad 1 60

0

A Faixa de medição (m) ilimitadaa

10 voltasb até 30 m até 30 m

Velocidade máxima de leitura (m/s)

12000 rpm

1,5 1,8

Custo (U$) 100 a 10000

450 a 2000 10000

a – encoder incremental

b – encoder absoluto

Em máquinas de ultraprecisão o sistema de posicionamento mais

utilizado é o controlado por interferômetro laser. Com esse sistema é

possível, após a manipulação do sinal eletrônico de saída, atingir uma

resolução menor que 2,5 nm (PURQUERIO et al., 1994).

Interferômetro Óptico

O interferômetro óptico é um instrumento de medição que utiliza o

fenômeno da interferência, baseado na propriedade das ondas de luz.

Geralmente, um feixe de luz é dividido em dois feixes: um feixe de referência

e outro feixe de medida. O interferômetro óptico pode ser utilizado em

medições de distâncias, velocidades ou formas de texturas superficiais.

Quando duas frentes de ondas com a mesma freqüência (), amplitude (A) e

velocidade percorrem diferentes caminhos, recombinando-se, sobrepõe-se,

interferindo de forma positiva ou negativa, originando franjas

interferométricas (DUDUCH, 1993). A frente de onda resultante pode ser

expressa como mostra a equação 2.3:

Capítulo 2 67

2sen

2cos2

tkxAY (2.3)

Onde:

2

k

Uma importante característica do modelo de franjas interferométricas

é o fator de escala do interferograma, isto é, quando o espaçamento das

franjas corresponde a 2

, , ou múltiplos de . As franjas geralmente podem

ser foto-detectadas e eletronicamente contadas ou interpoladas (ROAD,

1984).

Na FIGURA 2.15 está esquematizado o princípio funcional de um

laser interferométrico.

Interferômetro

Espelho móvel

Foto

célu

la B

Espelho fixo

Foto

célu

la A

Sinal demedição

Sinal dereferência Contadores/

comparadores

Unidade deprocessamento

Uni

dade

de

cont

role

LaserDivisorde feixe

FIGURA 2.15 – Princípio operacional de um laser interferométrico (TAVARES, 1995).

A seguir são descritos os interferômetros de Michelson e Fizeau.

Capítulo 2 68

Interferômetro de Michelson

O americano Albert A. Michelson (1852 – 1931) foi o primeiro físico a

introduzir a interferometria como ferramenta de medida, sua idéia de dividir

um feixe de luz em um feixe de referência e outro de medição é usada nos

modernos interferômetros a laser (DUDUCH, 1993). A FIGURA 2.16 mostra

uma versão simples de interferômetro de Michelson.

Detector

Espelho móvel

Espelho fixo

Divisor de feixe

Laser

FIGURA 2.16 – Interferômetro de Michelson.

O interferômetro é composto de um divisor de feixe (espelho

parcialmente prateado) e um espelho plano móvel. O feixe de luz de uma

fonte laser é dividido em dois no divisor de feixes. Metade da amplitude do

feixe original é transmitida (feixe de medição) e a outra metade é refletida

em um ângulo reto (feixe de referência). O feixe de medição varia o seu

ângulo de fase de 1800 com relação ao feixe de referência, de modo que

ocorre uma interferência construtiva quando a diferença do comprimento do

caminho é um múltiplo ímpar de meio comprimento de onda.

Capítulo 2 69

O deslocamento do espelho móvel pode ser medido pela contagem

das franjas de interferência de /2. A distância entre duas franjas escuras é

de /2 e a resolução é de /4. O comprimento do caminho óptico varia de

duas vezes a distância deslocada pelo alvo, logo a movimentação do alvo

pode ter uma resolução de /8. Entretanto, com as modernas técnicas de

detecção óptica podem ser conseguidas resoluções da ordem de /28,

porém para esta resolução ser satisfatória o projeto mecânico deve ser

capaz de responder adequadamente e variar com o índice de refração, que

deve ser compensado para variações ambientais.

Interferômetro de Fizeau

O interferômetro óptico de Fizeau é tipicamente utilizado para estimar

planicidades de superfícies reflexivas ou semi reflexivas. Esta técnica não se

reduz somente na medição de deslocamentos através da contagem de

franjas de um interferograma, mas também, vale-se da inspeção visual ou

análise por computador (SANTOS, 1997). A FIGURA 2.17 mostra o

interferômetro de Fizeau.

Laser

Espelho de transmissão

Superfície de teste

FIGURA 2.17 – Interferômetro de Fizeau.

Capítulo 2 70

Quando a superfície em teste está perfeitamente plana e paralela com

o plano óptico, dois feixes de luz são perfeitamente superpostos, resultando

em padrão de interferência de intensidade uniforme, ou seja, não são

observadas franjas. Se a superfície está plana, porém ligeiramente inclinada

em relação ao plano óptico, são observadas uma família de franjas. O

espaçamento das franjas são proporcionais à inclinação da superfície em

relação ao plano óptico. O interferômetro de Fizeau pode ser utilizado no

set-up e calibração de máquinas de precisão, como também, no controle de

processos (DUDUCH, 1993).

2.2.5 Conclusão

O uso de posicionadores em equipamentos de precisão, em particular

no posicionamento de ferramenta/peça em usinagem de ultraprecisão, se

deve à necessidade de se obter um rígido controle do perfil a ser usinado. E

para chegar a esse nível desejado é preciso monitorar a posição da

ferramenta em relação a peça durante o processo de usinagem e fazer as

devidas compensações de erros, a fim de se obter sucesso no final do

processo.

Capítulo 3 71

CAPÍTULO 3

METODOLOGIA DE PROJETO

3.1 A escolha do modelo

No Capítulo 2 foram descritos vários modelos de projeto, segundo

vários autores. Dentre eles foi escolhido o modelo de Krick (item 2.1.7).

Neste capítulo, são anexadas as idéias gerais de projeto do

microposicionador angular para mecânica de precisão ao modelo de Krick, a

fim de se obter a melhor solução para o problema.

O processo geral recomendado por Krick pode ser observado na

FIGURA 2.10 e no item 2.1.8.

Fase da formulação: propõe-se a utilização de sistemas de

microposicionamento angular de alta resolução.

Fase da análise: o posicionador a ser desenvolvido segue passo a passo

as metodologias de técnicas de projeto, com capacidade de movimentar-

se angularmente, possuindo alta rigidez e ampla largura de banda, capaz

de posicionar uma superfície com resolução inferior a 4.10-5 graus.

Capítulo 3 72

Fase da procura das soluções alternativas: as soluções são buscadas

através da literatura que abrange mecanismos de posicionamento de

precisão.

Fase da decisão: como justificado no item 2.1.8.4 é utilizado o método de

análise de valor, tendo como objetivo obter a melhor solução.

Fase da especificação: será feita uma descrição das características

físicas e uma modelagem cinemática do sistema, com o objetivo de

verificar a funcionalidade da solução escolhida.

3.2 Análise Técnica

O problema de projeto já está formulado. Como comentado, baseia-se

na necessidade de posicionadores de alta resolução, capazes de posicionar

elementos nas máquinas com alto grau de exatidão e rapidez, auxiliando

tanto no posicionamento relativo ferramenta/peça quanto na compensação

de erros sistemáticos.

Então prossegue ao desenvolvimento do processo de projeto, ou seja,

buscam-se soluções para o problema através da literatura que abrange

mecanismos de posicionamento de precisão e ainda, parte-se para a fase de

decisão, utilizando o método de análise de valor.

3.2.1 Procura de soluções

De acordo com a literatura, são caracterizados diversos princípios de

funcionamento de posicionadores angulares. Dentre os vários tipos

construtivos em estudo, um levantamento das características intrínsecas de

cada um permite uma análise técnica detalhada da alternativa de maior

viabilidade.

Como forma de auxiliar na tomada de decisão, foi utilizado o método

de análise de valor, visando obter melhor funcionalidade e desempenho

Capítulo 3 73

dinâmico, como foi discutido no item 2.1.4. Aspectos como cinemática,

acionamento, guias e apoios foram estudados e confrontados.

A seguir são descritos diversos tipos construtivos de posicionadores

angulares, os quais permitem a obtenção do movimento desejado. Na

FIGURA 3.1 são exemplificados e descritos genericamente alguns dos

princípios de funcionamento para posicionadores angulares.

A

B

F

(a)

F

(b)

A

BF

(a)

F

(b)

FIGURA 3.1 - Tipos construtivos de posicionadores angulares - (a) cunha de

encosto angular, (b) cunha de apoio semi-esférico, (c) transmissão por

came, (d) posicionador micrométrico diferencial, (e) transmissões rotativas,

(f) plataforma de Stewart.

3.2.2 Princípio de funcionamento

Capítulo 3 74

Sistemas de cunha - os sistemas de cunha aqui representados se

utilizam da geometria dos corpos em contato para transformar um

movimento linear (de translação) num movimento rotativo (angular) pré-

determinado (FIGURA 3.1(a)). No caso dos sistemas de cunha de

encosto angular, uma força longitudinal aplicada no corpo, provocará um

movimento relativo entre as superfícies A e B, as quais possuem ângulos

diferentes, ocasionando um movimento angular no sentido horário do

corpo B. Por outro lado, sistemas de cunha com apoio esférico (FIGURA

3.1(b)) se utilizam de um princípio similar, com diferença apenas pela

geometria da superfície de contato.

Transmissão por came - a FIGURA 3.1(c) apresenta um sistema de

posicionamento angular, o qual se utiliza das características de

transferência de movimento gerados pelo deslizamento de uma

superfície plana sobre o perfil de um came (CHIOU & KOTA, 1998).

Neste tipo de sistema, a geometria do perfil determina diretamente a

amplitude do movimento angular.

Posicionador micrométrico diferencial - a FIGURA 3.1(d) apresenta um

esquema construtivo de um posicionador angular baseado no princípio

de acionamento diferencial. Na maioria das vezes, este tipo de sistema

apresenta acionamento manual dos eixos de movimento por meio de

parafuso micrométrico. Este tipo de posicionador angular é muito

utilizado, no entanto, seu controle e resolução dependem da

sensibilidade do operador.

Transmissões rotativas - neste caso são englobados os diversos tipos de

sistemas de transmissões rotativas capazes de posicionar angularmente

um de seus elementos, cada um com características próprias da sua

geometria (por exemplo, par de engrenagens, coroa e sem-fim (FIGURA

3.1(c)), entre outros).

Capítulo 3 75

Plataforma de Stewart - este tipo de sistema é constituído por uma

plataforma apoiada sobre três pares de atuadores translativos (YANG &

GENG, 1998). O sistema permite a correção ou o posicionamento

angular através da movimentação destes atuadores, permitindo a

obtenção de movimento com três graus de liberdade (um de translação e

duas rotações). O controle e resolução estão diretamente relacionados

ao tipo de acionamento (FIGURA 3.1(f)).

3.2.3 Análise de valor

Dentre os vários tipos construtivos em estudo, através das suas

características (variantes), será feita uma análise de valor, visando obter o

sistema com melhor funcionalidade e desempenho dinâmico.

O método de análise de valor dos tipos construtivos em estudo,

analisa as variantes técnicas (características) em relação à função

necessária para a realização da tarefa, neste caso, um sistema de

posicionamento. As variantes são comparadas a um conjunto de critérios

relacionados à função, atribuindo pesos a estes critérios. Neste caso, o valor

global da variante é determinada pela equação 2.2, como visto no item

2.1.8.4 (TAVARES 1995, PAHL & BEITHZ, 1996).

n

1i iwmaxv

n

1i ijviw

iX (2.2)

A TABELA 3.1 mostra o processo de atribuição de valores aos

critérios de avaliação.

As variantes de a a f da TABELA 3.1 e da TABELA 3.2 correspondem

aos tipos construtivos da FIGURA 3.1-a a 3.1-f.

Capítulo 3 76

TABELA 3.1 -Fatores de importância número Critérios de avaliação Fatores de importância wi

1 resolução 5

2 facilidade construtiva 4

3 eliminação de folgas 4

4 dinâmica 3

5 facilidade de controle( sensoreamento )

3

6 custos 2

7 capacidade de carga 2

8 curso/giro ( máximo ) 2

Somatório () 25

A TABELA 3.2 ilustra o processo de análise de valores, chegando-se

ao valor global.

Capítulo 3 77

TABELA 3.2 – Determinação do valor global do posicionador Variantes

a (v1) b (v2) c (v3) d (v4) e (v5) f (v6)

n v1j wj.v1j v2j wj.v2j v3j wj.v3j v4j wj.v4j v5j wj.v5j v6j wj.v6j

1 5 25 4 20 3 15 4 20 3 15 5 25

2 4 16 2 8 3 12 4 16 2 8 1 4

3 4 16 3 12 3 12 4 16 2 8 4 16

4 2 6 1 3 1 3 3 9 1 3 3 9

5 3 9 1 3 2 6 3 9 2 6 1 3

6 2 4 1 2 2 4 2 4 1 2 1 2

7 1 2 1 2 1 2 1 2 2 4 1 2

8 1 2 1 2 1 2 1 2 2 4 1 2

80 52 56 78 50 63

Valor

global

0,640 0,416 0,448 0,624 0,400 0,504

Verifica-se, através do valor global, observando a TABELA 3.2, que o

sistema que mais se adequa ao projeto é o sistema a. Porém, percebe-se

que os valores globais dos sistemas d e f aproximam-se deste sistema.

Uma opção híbrida, a qual se baseia no aproveitamento das

características vantajosas das opções a, d e f, certamente terá resultados de

melhor desempenho e características de maior flexibilidade.

Os desenhos de um possível sistema híbrido resultante encontram-se

no Apêndice.

Dentre as diversas alternativas disponíveis para os elementos

construtivos do sistema optou-se, através de uma avaliação de variantes,

por um sistema híbrido com características vantajosas de várias opções. O

possível projeto congrega os seguintes elementos:

Capítulo 3 78

mancal de flexão: sistemas flexíveis ajudam na eliminação de folgas

mecânicas.

apoio cinemático: o posicionador deve ser unido à parte móvel (mola)

através de apoio cinemático, ou seja, livre de tensões internas, uma vez

que recentes trabalhos têm mostrado que determinados projetos usando

apoios cinemáticos, proporcionam uma melhor capacidade de

posicionamento com repetibilidade de 0,25 m quando sujeito a cargas

cíclicas acima de 45 kN (TAYLOR & TU, 1996). Esse apoio pode ser

constituído de três canaletas em v (na mesa e no mancal de mola) e três

esferas.

como só são necessários dois graus de liberdade, pode-se simplificar a

plataforma de Stewart para dois atuadores e um ponto articulado.

atuadores piezoelétricos foram escolhidos devido às várias vantagens

descritas no item 2.2.4.3.

No capítulo seguinte é feita uma modelagem matemática relativa à

parte cinemática desse sistema escolhido.

Capítulo 4 79

CAPÍTULO 4

MODELAGEM CINEMÁTICA

4.1 Introdução

Este capítulo mostra o desenvolvido de um modelo matemático para o

posicionador angular.

As rotações e translações presentes na cinemática do mecanismo

podem ser expressas através de matrizes de transformação homogênea de

forma a descrever os deslocamentos angulares do posicionador em função

dos deslocamentos dos atuadores.

A matriz de transformação homogênea (HTM) pode ser definida para

representar a transformação de coordenadas de um sistema de

coordenadas de referência (XL, YL, ZL) para um outro sistema de

coordenadas absoluto (XR, YR, ZR) (SANTORO, 1999 & SLOCUM, 1992).

4.2 Definição de Matriz de Transformação Homogênea

A posição de um corpo rígido no espaço é dada através de um ponto

do corpo em relação a um eixo de referência (translação), enquanto sua

orientação é dada através das componentes dos vetores unitários do corpo

Capítulo 4 80

em relação a vários eixos de referência (rotação) (SCIAVICCO &

SICILIANO, 1996).

Considere um ponto “p” qualquer no espaço, representado pelo vetor

kcjbiav

, onde kji

,, são os vetores unitários de direção nos eixos X,

Y, Z, respectivamente, do sistema de coordenadas cartesianas, como

ilustrado na FIGURA 4.1.

Oi

j

k

Z

Y

X

v p

Tal ponto pode ser representado em coordenadas homogêneas pelo

vetor dado na equação 4.1:

Twzyxv ),,,(

(4.1)

Onde w

xa ,

w

yb e

w

zc e w sendo o fator de escala.

Observe que se w for igual a 1, os valores em coordenadas

homogêneas do vetor v

são iguais aos valores em coordenadas

cartesianas.

A matriz de transformação homogênea pode ser escrita na forma de

uma matriz (4x4).

FIGURA 4.1 – Sistema de coordenadas cartesianas

Capítulo 4 81

10

10

100

1 T

TRA

onde:

10R é uma matriz (3x3) que representa as transformações de rotação.

10T é uma matriz (3x1) que representa as transformações de

translação.

Observação: Onde for visto uma expressão desta forma 10R , lê-se: posição

do sistema 0 representado no sistema 1.

A seguir são definidas as matrizes de transformação homogênea que

representam as três coordenadas de translação e as três coordenadas de

rotação.

4.2.1 Movimento de translação

Considere dois sistemas de coordenadas SR e SL, onde SR é o

sistema absoluto e SL é o sistema referencial. Os movimentos de translação

do sistema SL podem ser descritos em relação ao sistema absoluto SR.

Translação em X

Translação das coordenadas locais XL, YL, ZL até um ponto P ao

longo do eixo XR no sistema de coordenadas absoluto XR, YR, ZR.

Capítulo 4 82

1000

0100

0010

001 x

PTx

Translação em Y

Translação das coordenadas locais XL, YL, ZL até um ponto P ao

longo do eixo YR no sistema de coordenadas absoluto XR, YR, ZR.

1000

0100

010

0001

yPTy

Translação em Z

Translação das coordenadas locais XL, YL, ZL até um ponto P ao

longo do eixo ZR no sistema de coordenadas absoluto XR, YR, ZR.

1000

100

0010

0001

zPTz

P

y

ZL

XL

YLOL

OR

ZR

YR

XR

P

x

OR

ZR

YR

XR

ZL

XL

YLOL

P

XL

ZL

YLOL

OR

ZR

YR

XR

z

Capítulo 4 83

4.2.2 Movimento de rotação

Do mesmo modo, considere os vetores unitários de direção kji

,, , no

sistema SL e KJI

,, no sistema SR. Os movimentos de rotação do sistema

SL podem ser descritos em relação ao sistema SR.

Rotação em X

Seja o ângulo de rotação em torno de XR. Pode-se admitir que a

origem OR do sistema SR seja coincidente com a origem OL do sistema SL,

como pode ser observado na FIGURA 4.2.

XR=XL

OR=OL

ZL ZR

YL

YR

Assim, podem-se escrever os elementos do sistema SL em termos do

sistema SR:

KJIk

KJIj

KJIi

.cos.sen.0

.sen.cos.0

.0.0.1

FIGURA 4.2 – Rotação do sistema (XL, YL, ZL) em torno do eixo XR

Capítulo 4 84

Portanto, pode-se determinar a matriz de transformação homogênea

de rotação em torno do eixo XR que é dada a seguir:

1000

0cossen0

0sencos0

0001

rxT

Rotação em Y

Analogamente, considere o ângulo de rotação em torno de YR.

Admite-se que a origem OR do sistema SR seja coincidente com a origem OL

do sistema SL, como pode ser observado na FIGURA 4.3.

ZL

ZR

XL

XR

OR=OL

YR=YL

Assim, podem-se escrever os elementos do sistema SL em termos do

sistema SR:

KJIk

KJIj

KJIi

.cos.0.sen

.0.1.0

.sen.0.cos

Portanto, a matriz de transformação homogênea de rotação em torno

do eixo YR é dada a seguir:

FIGURA 4.3 – Rotação do sistema (XL, YL, ZL) em torno do eixo YR

Capítulo 4 85

1000

0cos0sen

0010

0sen0cos

ryT

Rotação em Z

Novamente, considere o ângulo de rotação em torno de ZR. Admite-

se que a origem OR do sistema SR seja coincidente com a origem OL do

sistema SL, como pode ser observado na FIGURA 4.4.

YL

YR

XL

XROR=OLZR=ZL

Assim, podem-se escrever os elementos do sistema SL em termos do

sistema SR:

KJIk

KJIj

KJIi

.1.0.0

.0.cos.sen

.0.sen.cos

Portanto, a matriz de transformação homogênea de rotação em torno

do eixo ZR é dada a seguir:

FIGURA 4.4 – Rotação do sistema (XL, YL, ZL) em torno do eixo ZR

Capítulo 4 86

1000

0100

00cossen

00sencos

rzT

A seguir é feita uma análise cinemática do mecanismo escolhido.

4.3 Descrição do mecanismo

O modelamento do microposicionador angular deve ser realizado

utilizando-se matrizes de transformação homogênea a partir da descrição do

mecanismo, de acordo com a FIGURA 4.5.

base deformável

base rígida

atuador piezoelétrico

l

O posicionador angular consiste de uma base deformável sobre uma

base rígida, onde também são fixados três atuadores piezoelétricos a uma

distância l do centro e distantes 120 graus entre si.

A fim de seguir a análise cinemática do posicionador, são assumidas

algumas suposições básicas e restrições físicas:

FIGURA 4.5 – Esquema do posicionador angular

Capítulo 4 87

- assume-se um modelo ideal do mecanismo, ou seja, os componentes

são perfeitamente fabricados e montados;

- os componentes constituintes são infinitamente rígidos, salvo os que

possuem flexibilidade fixada;

- as bases são assumidas perfeitamente solidárias;

- os pontos de contato entre a base superior e os atuadores são mantidos

através de uma esfera que permanece solidária à mesa.

A seguir são descritas as variáveis utilizadas no modelo cinemático.

- os atuadores estão distantes (l) do centro do mecanismo. Quanto mais

próximos os atuadores estiverem do centro do posicionador, maior será o

seu coeficiente de amplificação.

- a distância angular de 120 graus entre os atuadores será mantida

constante.

4.4 Sistema de coordenadas cartesianas

O sistema absoluto de coordenadas OXYZ, é adotado

convenientemente segundo a regra da mão direita, como pode ser

observado na FIGURA 4.6.

Seja o mecanismo:

YZ

O

X

FIGURA 4.6 – Sistema absoluto de coordenadas OXYZ, segundo a

regra da mão direita.

Capítulo 4 88

De acordo com a FIGURA 4.7, o sistema absoluto de coordenadas

OXYZ encontra-se sob o posicionador e o ponto O (origem) encontra-se no

centróide do triângulo equilátero formado pelos pontos de contato dos três

atuadores. O ponto O será tomado como ponto de referência a ser

controlado.

1200

1200

1200

O

A

B

C

Y

Xll

l

Quando o posicionador está na posição inicial, isto é, paralelo ao

plano XY, coincide com o plano formado pelos atuadores na posição de

repouso, como mostra a FIGURA 4.8.

Y

CA B

Atuador piezoelétrico

O

Z

X

Base rígida

Base deformável

FIGURA 4.7 – Posição do sistema absoluto de coordenadas OXYZ

no posicionador

FIGURA 4.8 – Posicionador na posição inicial

Capítulo 4 89

4.5 Análise cinemática

Seja o posicionador colocado em uma posição qualquer a partir de um

deslocamento genérico provocado pelos atuadores A, B e C. Após um

movimento, os atuadores são deslocados dA, dB e dC, fazendo com que o

posicionador sofra uma translação em Z, um giro com relação ao eixo X e

um giro com relação ao eixo Y. Daí, a posição de qualquer ponto sobre o

posicionador em relação a sua posição inicial pode ser determinada

utilizando matrizes de transformação homogênea.

4.6 Descrição dos movimentos para os atuadores

Considere inicialmente o atuador B fixo ao longo do eixo Y, a uma

distância –l do centro do posicionador. A equação do movimento relativa a

este atuador pode ser obtida através dos movimentos do sistema relativo,

inicialmente coincidente com o sistema absoluto, de tal forma que o plano

relativo xy fique paralelo ao plano XY do sistema absoluto. Do mesmo modo,

aplica-se tal procedimento aos atuadores A e C, a fim de encontrar um

conjunto de equações, da seguinte forma:

d = f1 (dA, dB, dC)

1 = f2 (dA, dB, dC)

2 = f3 (dA, dB, dC)

Onde: d – translação do ponto central do posicionador na direção Z

1 – giro com relação ao eixo X

2 – giro com relação ao eixo Y

dA, dB, dC – deslocamento dos atuadores A, B, C, respectivamente

Capítulo 4 90

4.6.1 Atuador B

1o movimento: translação do sistema OXYZ de l na direção –Y até o sistema

o1x1y1z1.

1000

0100

010

0001

),(10

llYtransT

20 movimento: translação do sistema o1x1y1z1 de dB na direção –z1 até o

sistema o2x2y2z2.

1000

100

0010

0001

),(1

21 dB

dBztransT

30 movimento: rotação do sistema o2x2y2z2 em torno de y2 (ângulo 2) até o

sistema o2x3y3z3.

1000

0cos0sen

0010

0sen0cos

),(22

22

22

3

2

yrotT

x1

z1

o1

y1

l

O

Y Z

X

y1

x1

z1

o1

z2

x2o2

y2

dB

z3

x3

y3

z2

x2

y2

o2 2

2

Capítulo 4 91

4o movimento: rotação do sistema o2x3y3z3 em torno do eixo x3 (ângulo 1)

até o sistema o2x4y4z4.

1000

01cossen0

0sencos0

0001

),(1

1113

43

xrotT

50 movimento: translação do sistema o2x4y4z4 na direção de y4 de l até o

sistema o3x5y5z5.

1000

0100

010

0001

),( 45

4

llytransT

Onde o3 é o centro da mesa na posição deslocada.

Procedendo com os cinco movimentos anteriores, tem-se que a matriz

de transformação homogênea global é dada pelo produto das matrizes de

transformação parciais:

54

43

32

21

10

50 TTTTTT

Fazendo as operações matemáticas, tem-se que a matriz de

transformação global é:

o2

x4

y4

z4

1 1

z3

x3

y3

x5

z5

x4

y4

z4

o3

o2

y5

l

Capítulo 4 92

1000

220

2121212

1211

2121212

50

clsdBcccss

lssc

slsscssc

T

Observação: onde está escrito s lê-se sen e c lê-se cos.

Esta matriz leva um vetor posição escrito no sistema de referência

o3x5y5z5 ao sistema absoluto OXYZ.

A transformação que leva um vetor escrito no sistema absoluto para o

sistema relativo é dada por:

110

121

132

143

154

150

05

TTTTTTT

Então:

01

12

23

34

45

05 TTTTTT

Fazendo as operações matemáticas e substituindo nas matrizes

fundamentais, obtém-se a matriz inversa:

1000

1

0

12121121

21121121

222

05

lscdBcccssc

cdBsclcscss

dBssc

T

Assim, a posição de qualquer ponto sobre a superfície do

posicionador pode ser determinado utilizando-se as transformações 50T e

05T .

Capítulo 4 93

No final do movimento genérico, a origem do sistema o3x5y5z5 é

coincidente com o centróide do triângulo equilátero e possui o vetor posição

T1000 com relação a o3x5y5z5.

Portanto, a posição do ponto o3 (centro do posicionador) pode ser

definida como:

1

0

0

0

1

50

0

3

0

3

0

3

0

TZ

Y

X

oo

oo

o

Isto é, a aplicação da transformação homogênea 50T , que leva o

sistema o3x5y5z5 para o sistema absoluto OXYZ, na origem do sistema dado

por T1000 .

A partir daí, tem-se então, o seguinte conjunto de equações:

2100

212

0

210

cossen

cos2

sen2

sensen

3

0

3

0

3

0

ldBZ

lY

lX

o

o

Observação: o termo cos2 é um artifício matemático que foi

introduzido na segunda equação: 2

cos

2

sen2 123

0

lY O

O, para

efeitos de visualização no Capítulo 5, através das simulações

numéricas.

Este mesmo equacionamento pode ser feito para os atuadores A e C.

Capítulo 4 94

4.6.2 Atuador A

1o movimento: translação do sistema OXYZ de lcos600 em Y até o sistema

o1x1y1z1.

1000

0100

60cos010

0001

)60cos,(0

010

llYtransR

20 movimento: translação do sistema o1x1y1z1 de lsen600 na direção –x1 até o

sistema o2x2y2z2.

1000

0100

0010

60sen001

60sen,

0

01

21

l

lxtransR

30 movimento: translação do sistema o2x2y2z2 de dA na direção –z2 até o

sistema o3x3y3z3.

1000

100

0010

0001

,232 dA

dAztransR

l cos600

o1

o X

Z

Y

y1

z1

x1

o2o1

y2

x2

z2

y1z1

x1

lsen600

o3

o2dA

y2

x2

z2

y3

z3

x3

Capítulo 4 95

40 movimento: rotação do sistema o3x3y3z3 em torno do eixo y3 (ângulo 2)

até o sistema o3x4y4z4.

1000

0cos0sen

0010

0sen0cos

,22

22

2343

yrotR

50 movimento: rotação do sistema o3x4y4z4 em torno do eixo x4 (ângulo 1)

até o sistema o3x5y5z5.

1000

0cossen0

0sencos0

0001

,11

1114

54

xrotR

60 movimento: translação do sistema o3x5y5z5 de lsen600 na direção x5 até o

sistema o4x6y6z6.

1000

0100

0010

60sen001

60sen,

0

05

65

l

lxtransR

z4

y4

x4

y3

z3

x3

o3

2

2

o3

z4y4

x4

y5

z5

x5

1

1

o4o3

y6 z6

x6

y5

z5

x5

lsen600

Capítulo 4 96

70 movimento: translação do sistema o4x6y6z6 de lcos600 na direção –y6 até o

sistema o5x7y7z7.

1000

0100

60cos010

0001

60cos,0

06

76

llytransR

Onde o5 é o centro da mesa na posição deslocada.

A matriz de transformação homogênea global é dada pelo produto das

matrizes de transformação parciais:

76

65

54

43

32

21

10

70 RRRRRRRR

Ou seja,

1000

60602

6020

606060

20

210

21212

12011

2100

20

21212

70

slscslcdAcccss

slcsc

sslcslclsscssc

R

A transformação que leva um vetor escrito no sistema absoluto para o

sistema relativo é:

110

121

132

143

154

165

176

170

07

RRRRRRRRR

Então:

01

12

23

34

45

56

67

70 RRRRRRRR

o5

o4

-lcos600

y6z6

x6

y7

z7

x7

Capítulo 4 97

Fazendo as operações matemáticas e substituindo nas matrizes

fundamentais, obtém-se a matriz inversa:

1000

6060

606060

60600

210

10

2121121

10

21100

21121

200

22

07

sclsslccdAcccssc

slscdAsclclccscss

dAslclssc

R

No final do movimento genérico, a origem do sistema o5x7y7z7 é

coincidente com o centróide do triângulo equilátero e possui o vetor posição

T1000 .

Portanto, a posição relativa do ponto o5 pode ser definida como:

1

0

0

0

1

70

5

0

5

0

5

0

RZ

Y

X

oo

oo

oo

Ou seja, é a aplicação da transformação homogênea 70R , que leva o

sistema relativo ao sistema absoluto OXYZ, na origem do sistema final dada

por T1000 .

A partir daí, tem-se então, o seguinte conjunto de equações:

20

210

2120

2100

20

sen60sencossen60cos

cos2

sen60cos2

sensen60cos60sencos60sen

5

0

5

0

5

0

lldAZ

lY

lllX

oo

oo

oo

Observação: o termo cos2 é um artifício matemático que foi

introduzido na segunda equação: 2

cos

2

sen60cos2 2205

0

lY O

O, para

Capítulo 4 98

efeitos de visualização no Capítulo 5, através das simulações

numéricas.

Para o atuador C adota-se o mesmo procedimento.

4.6.3 Atuador C

10 movimento: translação do sistema OXYZ de 060cosl na direção Y até o

sistema o1x1y1z1.

1000

0100

60cos010

0001

60cos,0

010

llYtransP

20 movimento: translação do sistema o1x1y1z1 de lsen600 na direção x1 até o

sistema o2x2y2z2.

1000

0100

0010

60sen001

60sen,

0

01

21

l

lxtransP

30 movimento: translação do sistema o2x2y2z2 de dC na direção –z2 até o

sistema o3x3y3z3.

Y

Z

X

o1

Olcos600

y1z1

x1

o1

o2

lsen600

y1z1

x1

y2z2

x2

Capítulo 4 99

1000

100

0010

0001

,23

2 dCdCztransP

40 movimento: rotação do sistema o3x3y3z3 em torno de y3 (ângulo 2) até o

sistema o3x4y4z4.

1000

0cos0sen

0010

0sen0cos

,22

22

234

3

yrotP

50 movimento: rotação do sistema o3x4y4z4 em torno de x4 (ângulo 1) até o

sistema o3x5y5z5.

1000

0cos1sen0

0sencos0

0001

,1

1114

54

xrotP

60 movimento: translação do sistema o3x5y5z5 de lsen600 na direção –x5 até o

sistema o4x6y6z6.

o2

o3

y3z3

x3

y2z2

x2

dC

z4

y4

x4

y3

z3

x3

o3

2

2

o3

z4y4

x4

y5

z5

x5

1

1

Capítulo 4 100

1000

0100

0010

60sen001

60sen,

0

05

65

l

lxtransP

70 movimento: translação do sistema o4x6y6z6 de lcos600 na direção –y6 até o

sistema o5x7y7z7.

1000

0100

60cos010

0001

60cos,0

06

76

llytransP

Onde o5 é o centro da mesa na posição deslocada.

A matriz de transformação homogênea global é dada pelo produto das

matrizes de transformação parciais:

76

65

54

43

32

21

10

70 PPPPPPPP

Ou seja,

1000

60602

6020

606060

20

210

21212

12011

2100

20

21212

70

slscslcdCcccss

slcsc

sslcslclsscssc

P

A transformação que leva um vetor escrito do referencial absoluto

para o relativo é:

o4o3

lsen600

y5z5

x5

y6

z6

x6

o4

o5

y6

z6

x6y7

z7

x7lcos600

Capítulo 4 101

110

121

132

143

154

165

176

170

07

PPPPPPPPP

Então:

01

12

23

34

45

56

67

07 ...... PPPPPPPP

Fazendo as operações matemáticas e substituindo nas matrizes

fundamentais, obtém-se a matriz inversa, isto é:

1000

6060

60coscos6060

60600

210

10

2121121

210

21100

21121

20

20

22

07

sclsslccdCcccssc

sslsdCslclccscss

dCsslclssc

P

No final do movimento genérico, a origem do sistema o5x7y7z7 é

coincidente com o centróide do triângulo equilátero e possui o vetor posição

T1000 .

Portanto, a posição relativa do ponto o5 pode ser definida como:

1

0

0

0

1

70

5

0

5

0

5

0

PZ

Y

X

oo

oo

oo

Ou seja, é a aplicação da transformada homogênea 70P que leva o

sistema relativo o5x7y7z7 ao sistema absoluto OXYZ, na origem do sistema

final dada por T1000 .

A partir daí, tem-se então o seguinte conjunto de equações:

Capítulo 4 102

20

210

2120

2100

20

sen60sencossen60cos

cos2

sen60cos2

sensen60cos60sencos60sen

5

0

5

0

5

0

lldCZ

lY

lllX

oo

oo

oo

Observação: o termo cos2 é um artifício matemático que foi

introduzido na segunda equação: 2

cos

2

sen60cos2 2205

0

lY O

O, para

efeitos de visualização no Capítulo 5, através das simulações

numéricas.

Assim como nos problemas cinemáticos que consideram múltiplos

graus de liberdade, a análise cinemática do mecanismo proposto não está

representada numa forma que possibilita diretamente a obtenção das

coordenadas nnn oo

oo

oo ZYX

000,, a partir de 1, 2, dA, dB e dC. Ao contrário, é

necessário um processo iterativo para determinar as coordenadas de

posição do ponto de controle a partir das entradas dos atuadores.

Felizmente, o problema conhecido como cinemática inversa pode ser

aplicado. Neste caso, pode-se obter um conjunto de equações que

relacionam as entradas dos atuadores A, B, C com as variáveis

nnn o

o

o

o

o

oZYX

000

,,,,21

.

Então, dadas as equações para os três atuadores, podem-se obter as

equações de controle do mecanismo.

Como já foi visto, as equações para os três atuadores são:

Capítulo 4 103

Atuador A

20

210'

2120

2100

20

sen60sencossen60cos

cos2

sen60cos2

sensen60cos60sencos60sen

5

0

5

0

5

0

lldAZ

lY

lllX

oo

oo

oo

Atuador B

2100

212

0

210

cossen

cos2

sen2

sensen

3

0

3

0

3

0

ldBZ

lY

lX

o

o

Atuador C

20

210

2120

2100

20

sen60sencossen60cos

cos2

sen60cos2

sensen60cos60sencos60sen

5

0

5

0

5

0

lldCZ

lY

lllX

oo

oo

oo

A componente nooZ

0 representa a componente de deslocamento do

centro do posicionador na direção Z, e portanto, é igual à variável d.

A fim de obter as equações de controle do mecanismo, a componente

nooZ

0 pode ser escrita na forma:

2

0

21

021

2

0

21

0

sen60sencossen60coscossen

sen60sencossen60cos

lldCdldBd

lldAd

Capítulo 4 104

Reescrevendo as equações acima, lembrando que o objetivo inicial

era obter um conjunto de equações da seguinte forma:

dCdBdAf

dCdBdAf

dCdBdAfd

,,

,,

,,

32

21

1

Tem-se que:

20

210

21

20

21

sen60sencossen60cos

cossen

sen60sencossen60cos

llddC

lddB

llddA o

Lembrando que:

d –translação do ponto central do posicionador na direção Z

1 – giro com relação ao eixo X

2 – giro com relação ao eixo Y

Portanto, estas equações podem ser usadas para determinar as

entradas de controles necessárias dA, dB, dC para alcançar determinada

posição do posicionador.

Pode-se observar que para as equações anteriores existe uma

correspondência única das saídas com relação às entradas, por exemplo,

para qualquer dA, dB, dC existe somente uma posição do ponto de controle,

ou seja, d, 1, 2 e vice-versa.

Capítulo 5 105

 

CAPÍTULO 5

SIMULAÇÃO NUMÉRICA

Como forma de avaliar a funcionalidade do sistema mecânico, assim

como a validade das equações cinemáticas do sistema, obtidas no Capítulo

4, são apresentados a seguir alguns resultados obtidos a partir de

simulações numéricas.

As simulações correspondem às variações nos ângulos 1 e 2

(FIGURA 5.1) dentro do volume de trabalho, de forma a observar os

movimentos nos atuadores A, B e C permitindo, desta forma, a realização de

uma trajetória pré-determinada.

O

2

1

X

A B

C

Y

Z

FIGURA 5.1 – Esquema do posicionador mostrando os ângulos de rotação

em torno de X e Y

Capítulo 5 106

De acordo com as suposições e equações apresentadas no Capítulo

4, as simulações a seguir foram realizadas no referencial absoluto,

considerando d=constante=0 (lembrando que d é a translação do ponto

central do posicionador na direção Z). Outra consideração feita foi admitir

inicialmente l=40 mm (distância dos atuadores até o centro do posicionador).

A ferramenta computacional utilizada para auxiliar na realização deste

estudo foi o software MATLAB® (THE MATHWORKS, 1995) devido à

facilidade de implementação das rotinas de cálculo, assim como a

visualização gráfica dos resultados.

A FIGURA 5.2 mostra os resultados gráficos obtidos na simulação de

um movimento angular combinado.

FIGURA 5.2 – Variação dos ângulos 1 e 2

Capítulo 5 107

Pode-se observar através da análise da FIGURA 5.2(a) que os

ângulos 1 e 2 variam dentro da faixa de estudo ( 0.02 graus), onde para

cada variação de 1 (0.004 graus) o ângulo 2 varia na faixa estabelecida.

Observando as FIGURAS 5.2(b) e (d) percebe-se que os atuadores A

e C têm a mesma amplitude de movimento de acordo com às variações dos

ângulos 1 e 2. E ainda, as trajetórias aparecem de forma contrária. Isso se

deve ao fato de que suas localizações no plano XY, ou seja, os atuadores A

e C estarem dispostos simetricamente em relação a Y como pode ser

observado na FIGURA 4.7. Isto é, os atuadores A e C têm o sentido de

acionamento contrário.

Analisando a FIGURA 5.2(c), verifica-se que o atuador B movimenta-

se de acordo com a variação do ângulo 1. Isto também é explicado pela

localização do atuador B em relação aos eixos de referência.

Através da análise das FIGURAS 5.2(b), (c) e (d), pode-se observar

que os atuadores movimentam-se na faixa de 2.10-5 m para as respectivas

variações dos ângulos 1 e 2, respeitando, desta forma, os limites

estabelecidos para o curso máximo dos atuadores piezoelétricos.

Uma outra verificação extremamente esclarecedora, quanto a

funcionalidade do sistema e da utilidade das equações cinemáticas,

corresponde à variação do ângulo 1 mantendo fixo o ângulo 2. E os

resultados podem ser observados nos gráficos da FIGURA 5.3.

Capítulo 5 108

-20 0 20-2

-1

0

1

2movimento da mesa

var.

the

ta2

(10e

-2 g

raus

)

var. theta1 (10e-3 graus) (a)-20 0 20

-1

-0.5

0

0.5

1

mov

. at

uado

r A

(10

e-5

m)

var. theta1 (10e-3 graus) (b)

-20 0 20-2

-1

0

1

2

mov

. at

uado

r B

(10

e-5

m)

var. theta1 (10e-3 graus) (c)-20 0 20

-1

-0.5

0

0.5

1

mov

. at

uado

r C

(10

e-5

m)

var. theta1 (10e-3 graus) (d)

FIGURA 5.3 – Fixação do ângulo 2 e variação do ângulo 1

A FIGURA 5.3(a) mostra a variação do ângulo 1 dentro da faixa

estabelecida ( 0.02 graus).

Através da análise das FIGURAS 5.3(b) e (d), pode-se observar que o

ângulo 2 permanece constante, isso é resultante da relação direta que os

atuadores A e C têm com este ângulo. Então o movimento relativo entre os

atuadores permanece constante.

Da mesma forma, nota-se que o atuador B movimenta-se de acordo

com a variação do ângulo 1, isso pode ser observado analisando a FIGURA

5.3(c).

Um próximo passo neste estudo, corresponde à realização de

movimentos angulares, onde o ângulo 1 permanece fixo e somente o

ângulo 2 sofre variações dentro da faixa estabelecida ( 0.02 graus). Os

resultados podem ser observados nos gráficos da FIGURA 5.4.

Capítulo 5 109

-20 0 20-2

-1

0

1

2movimento da mesa

var.

the

ta2

(10e

-2 g

raus

)

var. theta1 (10e-3 graus) (a)-20 0 20

-2

-1

0

1

2

mov

. do

atu

ador

A (

10e-

5 m

)

var. theta2 (10e-3 graus) (b)

-20 0 20-1

-0.5

0

0.5

1

mov

. do

atu

ador

B (

10e-

5 m

)

var. theta2 (10e-3 graus) (c)-20 0 20

-2

-1

0

1

2

mov

. at

uado

r C

(10

e-5

m)

var. theta2 (10e-3 graus) (d)

FIGURA 5.4 – Fixação do ângulo 1 e variação do ângulo 2

Através de uma rápida análise da FIGURA 5.4, nota-se a variação do

ângulo 2 dentro da faixa 0.02 graus.

Através das FIGURAS 5.4(b) e(d), pode-se verificar que os atuadores

movimentam-se na faixa de 2.10-5 m de acordo com às variações do

ângulo 2. Pode-se destacar ainda, analisando essas mesmas figuras que

enquanto o atuador A desloca-se no sentido de 20 m, o atuador C

desloca-se em sentido contrário ao atuador A. Isto se deve ao fato de que

devido a sua localização no plano (como explicado anteriormente), os

atuadores A e C movimentam-se de forma a aumentar o volume de trabalho

para um curso máximo pré-definido, da ordem de 25 m.

A FIGURA 5.4(c) mostra que o atuador B está diretamente

relacionado ao ângulo 1. Como este permanece fixo, o atuador B

permanece fixo.

Capítulo 5 110

A próxima simulação tem como finalidade mostrar a posição inicial do

posicionador no referencial relativo.

-200

20-20

020

-0.5

0

0.5

posição inicial da mesa (ref. relativo)

-40 -20 0 20-40

-20

0

20

40

(a) (b)

FIGURA 5.5 – Posição inicial do posicionador no referencial relativo

A FIGURA 5.5(a) revela o posicionador no referencial relativo no

espaço tridimensional e a FIGURA 5.5(b) mostra o posicionador no

referencial relativo no plano xy.

As simulações anteriores foram feitas considerando l=40 mm. A

seguir são mostrados os resultados gráficos das simulações, considerando

l=60 mm.

Foi usado o mesmo procedimento anterior. No primeiro caso, os

ângulos 1 e 2 variam dentro de uma faixa de 0.02 graus onde para cada

variação de 1 (0.004 graus) o ângulo 2 varia dentro da faixa de estudo

estabelecida, como pode ser observado na FIGURA 5.6.

Capítulo 5 111

0 200 400 600-2

-1

0

1

2movimento da mesa

var.

the

ta2

(10e

-2 g

raus

)

var. theta1 (10e-4 graus) (a)0 200 400 600

-4

-2

0

2

4

mov

. at

uado

r A

(10

e-5

m)

var. theta1 (10e-4 graus) (b)

0 200 400 600-4

-2

0

2

4

mov

. at

uado

r B

(10

e-5

m)

var. theta1 (10e-4 graus) (c)0 200 400 600

-4

-2

0

2

4

mov

. at

uado

r C

(10

e-5

m)

var. theta1 (10e-4 graus) (d)

FIGURA 5.6 – Variação dos ângulos 1 e 2 para l=60 mm

A FIGURA 5.6(a) mostra a variação dos ângulos 1 e 2 dentro da

faixa de estudo ( 0.02 graus).

Pode-se observar através da FIGURA 5.6(b), (c) e (d) que os

atuadores A, B e C movimentam-se na faixa de 4.10-5 m para as

respectivas variações dos ângulos 1 e 2. Comparando com a FIGURA

5.2(b), (c) e (d) verifica-se que a amplitude de movimento dobrou. Isso pode

ser perfeitamente explicado pela influência da posição dos atuadores em

relação ao centro do posicionador. Portanto, esses resultados mostram que

quanto mais próximos os atuadores estiverem do centro, maior será o

coeficiente de amplificação. Ou seja, menor será a amplitude de movimento

dos atuadores para atingir um ângulo maior.

A seguir, o ângulo 1 sofre variações e o ângulo 2 é mantido fixo. Os

resultados são vistos nos gráficos da FIGURA 5.7.

Capítulo 5 112

-20 0 20-2

-1

0

1

2movimento da mesa

var.

the

ta2

(10e

-2 g

raus

)

var. theta1 (10e-3 graus) (a)-20 0 20

-2

-1

0

1

2

mov

. at

uado

r A

(10

e-5

m)

var. theta1 (10e-3 graus) (b)

-20 0 20-4

-2

0

2

4

mov

. at

uado

r B

(10

e-5

m)

var. theta1 (10e-3 graus) (c)-20 0 20

-2

-1

0

1

2

mov

. at

uado

r C

(10

e-5

m)

var. theta1 (10e-3 graus) (d)

FIGURA 5.7 – Fixação do ângulo 2 e variação do ângulo 1 para l=60 mm

Analisando a FIGURA 5.7(a) pode-se observar a variação do ângulo

1 dentro da faixa estabelecida ( 0.02 graus).

Comparando os gráficos da FIGURA 5.7(b), (c) e (d) e FIGURA

5.3(b), (c) e (d) comprova-se a influência do parâmetro l na necessidade de

movimentação dos atuadores para se atingir um ângulo desejado. Este

parâmetro pode então ser ajustado de forma a definir um coeficiente de

amplificação mais adequado para o sistema.

O próximo passo corresponde à realização de movimentos angulares,

onde o ângulo 1 permanece fixo e somente o ângulo 2 sofre variações

dentro da faixa estabelecida ( 0.02 graus). Os resultados podem ser

observados nos gráficos da FIGURA 5.8.

Capítulo 5 113

-20 0 20-2

-1

0

1

2movimento da mesa

var.

the

ta2

(10e

-2 g

raus

)

var. theta1 (10e-3 graus) (a)-20 0 20

-2

-1

0

1

2

mov

. do

atu

ador

A (

10e-

5 m

)

var. theta2 (10e-3 graus) (b)

-20 0 20-1

-0.5

0

0.5

1

mov

. do

atu

ador

B (

10e-

5 m

)

var. theta2 (10e-3 graus) (c)-20 0 20

-2

-1

0

1

2

mov

. at

uado

r C

(10

e-5

m)

var. theta2 (10e-3 graus) (d)

FIGURA 5.8 – Fixação do ângulo 1 e variação do ângulo 2 para l=60 mm

Observando a FIGURA 5.8(a), nota-se a variação do ângulo 2 dentro

da faixa 0.02 graus.

Da mesma forma, através de uma comparação da FIGURA 5.8(a), (b)

e (c) com a FIGURA 5.4(a), (b) e (c), reafirma-se a disposição dos atuadores

na definição do coeficiente de amplificação.

Capítulo 6 114

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

O uso de posicionadores em equipamentos de precisão, em particular

no posicionamento de ferramenta/peça em usinagem de ultraprecisão, se

deve à necessidade de se obter um rígido controle do perfil a ser usinado.

Para chegar a esse nível desejado é preciso monitorar a posição da

ferramenta em relação à peça durante o processo de usinagem e fazer as

devidas compensações de erros, a fim de se obter sucesso no final do

processo.

Este trabalho apresentou um estudo das técnicas de projeto aplicadas

no desenvolvimento de um microposicionador angular, visando sua

utilização no posicionamento de peças/ferramentas na usinagem de

ultraprecisão.

As principais características técnicas do arranjo obtido são as

seguintes:

Permitir o posicionamento dos mais diversos sistemas em

máquinas, instrumentos ou aparelhos de Mecânica de Precisão,

através dos seus três graus de liberdade (um de translação e dois

de rotação);

Capítulo 6 115

Resolução de posicionamento submicrométrica, inferior a 0,10 m

num curso aproximado de 40 m;

Possibilidade de adaptação a um sistema de alinhamento

interferométrico do tipo Fizeau, através da utilização de algoritmo

de correção, especialmente desenvolvido para este fim;

O projeto agrupa as características vantajosas da utilização de

acionamento direto, via atuadores piezoelétricos, com

guias/mancais de mola, numa arquitetura que oferece facilidade de

construção.

Dentre as conclusões gerais referentes ao desenvolvimento deste

trabalho, pode-se ressaltar a utilização das técnicas de projeto na concepção

do posicionador.

Ao iniciar-se um projeto, sabe-se relativamente pouco quanto à

provável solução final, de modo que nesse estágio há muitas incertezas e

corre-se assim certo risco em supor que a iniciativa seja viável. À medida

que o projeto progride, aparecem condicionantes, surgem soluções

alternativas, comparam-se possibilidades, concretizam-se outras

informações, a auxiliar numa resposta a essa perene questão. Portanto, o

risco de tomar uma solução errada é máximo ao início do processo e

decresce com a aparição de novos elementos.

Dentre as diversas alternativas disponíveis para elementos

construtivos do sistema optou-se, através de uma análise de valor, por um

sistema híbrido com características vantajosas de várias opções. O projeto

congrega os seguintes elementos:

Capítulo 6 116

Mancal de flexão: sistemas flexíveis ajudam a eliminação de folgas

mecânicas;

Apoio cinemático: o posicionador deve estar unido à parte móvel

(mola) através de apoio cinemático, ou seja, livre de tensões

internas. Esse apoio pode ser constituído de três canaletas em v

(no posicionador e no mancal de mola) e três esferas;

Pode-se simplificar a plataforma de Stewart para dois atuadores e

um ponto articulado, pois são necessários somente dois graus de

liberdade (giros em torno de X e de Y).

Como forma de avaliar a funcionalidade e desempenho geométrico do

protótipo, um estudo cinemático do arranjo foi realizado através da

modelagem das trajetórias a serem percorridas pelo sistema, permitindo a

extração de algumas conclusões:

Foram obtidas equações que representam os deslocamentos

necessários nos atuadores para correção angular do posicionador,

permitindo melhor funcionalidade e sua utilização em algoritmos

específicos;

A influência dos diversos parâmetros geométricos e trajetórias são

visualizados através de simulação numérica.

Tendo em vista que este trabalho trata do desenvolvimento de um

microposicionador angular, fica evidente que existe ampla gama de futuros

temas de pesquisa a ser explorada.

A seguir são apresentadas algumas sugestões para trabalhos que

poderão dar continuidade ao tema aqui apresentado:

Capítulo 6 117

Fabricação do sistema proposto;

Utilização desse sistema na máquina comercial ASG 2500 Rank

Pneumo do Laboratório de Ultraprecisão da EESC - USP;

Aplicação de técnicas modernas de controle para os

atuadores(PID feed forward, lógica difusa, etc.);

Anexar o protótipo ao algoritmo de correção anteriormente

desenvolvido no Laboratório de Ultraprecisão da EESC – USP

(SANTOS, 1997).;

Substituição do algoritmo anteriormente desenvolvido no

Laboratório de Ultraprecisão da EESC – USP (SANTOS, 1997),

baseado em inteligência artificial, capaz de interpretar as imagens

e gerar os sinais de comando (correção) para os atuadores.

Bibliografia 118

BIBLIOGRAFIA

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Apêndice

APÊNDICE

Neste apêndice encontram-se os desenhos do

microposicionador angular para Mecânica de Precisão, discutido

no decorrer deste trabalho.

ALUNO(A):Luciana Montanari

PROFESSOR:Jaime Duduch

VISTO:

DATA:08/07/99

DATA:08/07/99

DATA:

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA DE PRECISÃO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FOLHA: 1/1

FOLHA: 1/1

FOLHA:

DENOMINAÇÃO: CONJUNTO ARQUIVO: montagem3d.dwg