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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEBIATRIA MESTRADO EM HEBIATRIA GEORGIA RODRIGUES REIS E SILVA DORES MUSCULOESQUELÉTICAS EM ADOLESCENTES E A ASSOCIAÇÃO COM O USO DE COMPUTADOR E JOGOS ELETRÔNICOS Camaragibe-PE 2014

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PERNAMBUCO - FOP

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HEBIATRIA

MESTRADO EM HEBIATRIA

GEORGIA RODRIGUES REIS E SILVA

DORES MUSCULOESQUELÉTICAS EM ADOLESCENTES E A ASSOCIAÇÃO

COM O USO DE COMPUTADOR E JOGOS ELETRÔNICOS

Camaragibe-PE

2014

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GEORGIA RODRIGUES REIS E SILVA

DORES MUSCULOESQUELÉTICAS EM ADOLESCENTES E A ASSOCIAÇÃO

COM O USO DE COMPUTADOR E JOGOS ELETRÔNICOS

Camaragibe-PE

2014

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Hebiatria da Faculdade deOdontologia de Pernambuco da Universidadede Pernambuco, como requisito final paraobtenção do título de Mestre em Hebiatria.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Cappato deAraújo

2

3

4

“Aos meus pais, meus grandes amores, meus maiores exemplos”.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e por todas graças recebidas na

minha vida e em todo percurso do mestrado.

Em especial aos meus pais, José Rodrigues e Geogina Reis, pelo amor, apoio

incondicional e incentivo constante a minha formação profissional durante toda vida, não

medindo esforços para que eu chegasse até essa etapa da minha vida.

Agradeço ao meu orientador, Professor Dr. Rodrigo Cappato de Araújo, pela imensa

paciência e, principalmente, pelos conselhos sempre úteis e precisos com que, sabiamente,

conduziu este trabalho.

Aos meus irmãos, Jost Paulo e Joelson Rodrigues, e cunhadas pelo carinho e apoio,

sendo sempre presentes na minha vida.

A Leonardo Félix, que me impulsionou desde o processo seletivo até a defesa da

dissertação, por todas as críticas construtivas e por todos os momentos agradáveis

proporcionados nesse período.

Aos meus sobrinhos e afilhados, Lucas e Marina, por todos os abraços e sorrisos

dados e por alegrar ainda mais os meus dias, portanto, simplesmente pelo fato de existirem.

Às minhas amigas, Monialy Marinho e Janaína Holanda, pelo carinho, apoio e

valiosas sugestões dadas durante este período e por me presentearem com uma sincera

amizade.

A Michelle Xavier pelo apoio dado e por ajudar no processo de tabulação dos dados.

A Daniella Wanderley pelo carinho e pela imensa disponibilidade, compartilhando

sempre que possível o seu conhecimento.

A todos os que fazem ou fizeram parte do Serviço de Assistência Domiciliar (SAD) do

IMIP, mas principalmente a coordenação deste, pelo apoio, pelas concessões e flexibilidade

6

proporcionadas nesses dois anos para que assim pudesse estudar, realizar a pesquisa e

concluir o mestrado.

Aos profissionais e, principalmente, a direção da Comunidade Rodolfo Aureliano

(CRAUR) pelo apoio e flexibilidade dos horários para que assim pudesse participar das

atividades do mestrado.

Aos colegas de pós-graduação pelos momentos de estudos, trocas de experiências e

conhecimentos.

Aos professores do mestrado pelas aulas ministradas, ensinamentos e aprendizados

proporcionados.

Ao professor Dr. Maurício Kosminsky e todos que fazem parte do Centro de Controle

da Dor da FOP por ter permitido realizar o estágio e por todo conhecimento fornecido neste

período.

Às Gerências Regionais de Educação do Recife Norte e Sul da Secretaria Estadual

de Educação de Pernambuco pela atenção e autorização dada para realização da presente

pesquisa.

À direção e o corpo docente das escolas estaduais do Recife selecionadas, pelo

acolhimento, atenção e colaboração durante a realização desta pesquisa.

Aos adolescentes que participaram deste trabalho e os seus responsáveis que

consentiram que esses participassem. Desta forma, permitindo ampliar o conhecimento nessa

área e alcançar os objetivos da pesquisa.

Enfim, agradeço a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para realização

desta pesquisa.

7

“Sem um fim social o saber será a maior das futilidades”

Gilberto Freyre

8

RESUMO

SILVA, G. R. R. Dores musculoesqueléticas em adolescentes e a associação com o uso decomputador e jogos eletrônicos. 2014. 80 f. Dissertação (Mestrado). Faculdade deOdontologia de Pernambuco, Universidade de Pernambuco, Recife, 2014.

Introdução: O uso da tecnologia da informação e comunicação tornou-se, nos últimos anos,uma parte importante na vida da maior parte da população, sendo cada vez mais comum entreos adolescentes, que utilizam regularmente computadores para navegar na internet, lazer epara realizar atividades acadêmicas. Outros recursos amplamente utilizados por essapopulação são os diversos tipos de jogos eletrônicos, que assim como os computadores, têmressaltado o interesse exagerado pela máquina, levando as crianças e adolescentes a passaremvárias horas entretidos em tais tecnologias. Contudo, o uso excessivo desses equipamentoseletrônicos por adolescentes, tem sido associado a vários problemas de saúde, dentre eles ador musculoesquelética. Objetivo: Verificar a presença de dores musculoesqueléticas emadolescentes de escolas estaduais do Ensino Médio regular do Recife e sua associação com ouso de computador e jogos eletrônicos. Métodos: Foi realizado um estudo descritivo ecorrelacional de corte transversal em 23 escolas estaduais do Ensino Médio da Cidade doRecife do Estado de Pernambuco. A amostra foi composta por 961 adolescentes de ambos ossexos, com idade entre 14 e 19 anos, que responderam a um questionário com dados sobre ouso de computadores e jogos eletrônicos, questões sobre sintomatologia dolorosa e atividadefísica. Os dados foram analisados no programa Statistical Package for the Social Sciences(SPSS), versão 20. A análise descritiva incluiu apresentação dos valores de frequênciaabsoluta e relativa para as variáveis categóricas e média e desvio-padrão para as variáveisnuméricas. Na análise inferencial, foram utilizados os testes de Qui-quadrado de Pearson eteste t para amostras independentes a fim de analisar as diferenças existentes entre asvariáveis analisadas nos sujeitos do sexo masculino e feminino. Para testar a associação entreas variáveis foi utilizada a regressão logística multivariada. Resultados: A presença desintomas de dores musculoesqueléticas foi relatada por 65,1% adolescentes, sendo maisprevalente na coluna toracolombar (46,9 %), seguida de dor nos membros superiores com 20% das queixas. O tempo médio utilizando os computadores e jogos eletrônicos foram de 1.720e 583,34 minutos por semana, respectivamente. O uso excessivo dos dispositivos eletrônicosmostrou-se como fator de risco para presença de dor cervical e lombar. Além disso, o sexofeminino apresentou associação com a presença de dor musculoesquelética nas diversas partesdo corpo. Por fim, a atividade profissional se mostrou associado à dor cervical. Conclusão:Evidenciou-se uma alta prevalência de dores musculoesqueléticas nos adolescentes e umelevado tempo de uso dos dispositivos eletrônicos, principalmente no sexo feminino. Noentanto, somente foi possível observar associação entre o elevado uso desses dispositivos e apresença de dor na coluna vertebral.

Palavras-chave: dor musculoesquelética, adolescente, computador, jogos de vídeo.

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ABSTRACT

SILVA, G. R. R. Musculoskeletal pain in adolescents and its association with computerand electronic games use. 2014. 80 f. Dissertation (Master). Faculty of Dentistry ofPernambuco, University of Pernambuco, Recife, 2014.

Background: Information and communication technology has become an important part inthe lives of most of the population in recent years, and more increasingly common amongadolescents who regularly use computers to surf the internet, for leisure, and to performacademic activities. Other resources widely used by this population are the several types ofelectronic games that, like computers, have highlighted the increased interest in these devices,leading children and adolescents to spend several hours using such technologies. However,the overuse of these devices has been associated with several health problems, includingmusculoskeletal pain. Objective: To investigate the presence of musculoskeletal pain in highschool adolescents from public schools in Recife and its association with computer and videogame use. Methods: A descriptive correlational cross-sectional study was conducted in 23state high schools in Recife, Pernambuco. The sample consisted of 961 boys and girls agedbetween 14 and 19 years who answered a questionnaire regarding the use of computers andelectronic games and questions about pain symptoms and physical activity. Data wereanalyzed using the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) version 20. Thedescriptive analysis included the presentation of the absolute and relative frequencies forcategorical variables, and mean and standard deviation for numerical variables. For inferentialanalysis, the chi-square test and t-test for independent samples were used to analyze thedifferences between the variables analyzed in male and female subjects. To test theassociation between variables, binary logistic regression was used. Results: The presence ofmusculoskeletal pain symptoms was reported by 65.1% of adolescents, being more prevalentin the thoracolumbar spine (46.9 %), followed by pain in the upper limbs, representing 20%of complaints. The average time using computers and electronic games were 1,720 and583.34 minutes per week, respectively. The excessive use of electronic devices showed to bea risk factor for cervical and lumbar pain. Moreover, there was an association with thepresence of musculoskeletal pain in different body parts in girls. Finally, professional activitywas associated with cervical pain. Conclusion: A high prevalence of musculoskeletal pain inadolescents and an increased amount of time using electronic devices were observed.However, it was only possible to observe an association between the increased use of thesedevices and the presence of back pain.

Keywords: musculoskeletal pain, adolescent, computer, video games.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo teórico para investigação da presença de dores musculoesqueléticas

em adolescentes 43

11

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Escolas selecionadas para o estudo 37

Quadro 2 - Categorização das variáveis utilizadas no presente estudo 42

12

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores de referência para classificação de sobrepeso e obesidade em

adolescentes 41

Tabela 2 - Características sociodemográficas, antropométricas, estado nutricional, nível

de atividade física e atividade profissional dos adolescentes de escolas públicas estaduais

do Recife, estratificadas por sexo. 45

Tabela 3 - Características relacionadas ao uso dos dispositivos eletrônicos entre

adolescentes de escolas públicas estaduais do Recife, estratificadas por sexo. 47

Tabela 4 - Descrição, em frequências absolutas, da presença dos sintomas dolorosos,

localização das queixas, sensação de cansaço ao acordar e ao longo dia, dificuldade para

dormir e intensidade da dor em adolescentes do sexo feminino e masculino de escolas

públicas estaduais de Recife, PE. 2013. 49

Tabela 5 - Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor

difusa nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. 2013. 50

Tabela 6 - Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor na

coluna cervical nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. 2013. 51

Tabela 7 - Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor na

cintura escapular nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. 2013.

52

Tabela 8 - Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor no

membro superior nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. 2013. 53

Tabela 9 - Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor na

coluna toracolombar nos adolescentes de escolas estaduais de Recife, PE. 2013. 54

Tabela 10 - Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor no

13

membro inferior dos adolescentes de escolas estaduais de Recife, PE. 2013. 55

Tabela 11 - Fatores associados à dor musculoesquelética difusa em adolescentes de

escolas públicas estaduais do Recife, PE. 2013. 56

Tabela 12 - Fatores associados à dor na região cervical em adolescentes de escolas

públicas estaduais do Recife, PE. 2013. 56

Tabela 13 - Fatores associados à dor na região na região da cintura escapular em

adolescentes de escolas públicas estaduais do Recife, PE. 2013. 56

Tabela 14 - Fatores associados à dor musculoesquelética nos membros superiores dos

adolescentes de escolas públicas estaduais do Recife, PE. 2013. 57

Tabela 15 - Fatores associados à dor na coluna toracolombar em adolescentes de escolas

públicas estaduais do Recife, PE. 2013. 57

Tabela 16 - Fatores associados à dor nos membros inferiores em adolescentes de escolas

públicas estaduais do Recife, PE. 2013. 58

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SAD - Serviço de Assistência Domiciliar

IMIP - Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira

CRAUR - Comunidade Rodolfo Aureliano

GRE - Gerências Regionais de Educação

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences

IASP - International Association for the Study of Pain

INPS - Instituto Nacional de Previdência Social

EVN - Escala Visual Numérica

EVA - Escala Visual Analógica

OMS - Organização Mundial de Saúde

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente

SUS - Sistema Único de Saúde

DMI - Dor Musculoesquelética Idiopática

IPAQ - Questionário Internacional de Atividade Física

ISAK- International Society for the Advancement of Kinanthropometry

IMC - Índice de Massa Corporal

OR - Odds Ratio

MET - Equivalente Metabólico

15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 162 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................... 192.1 Dor................................................................................................................................. 192.1.1 Conceito e repercussões.............................................................................................. 192.1.2 Dor musculoesquelética.............................................................................................. 202.1.3 Mensuração da dor...................................................................................................... 222.2 Adolescência ................................................................................................................ 242.2.1 Definição..................................................................................................................... 242.2.2 Dor na adolescência: musculoesquelética e de crescimento...................................... 252.3 Computador e jogos eletrônicos................................................................................. 272.3.1 Disponibilidade e uso de computador e jogos eletrônicos.......................................... 272.3.2 Dores musculoesqueléticas associadas ao uso de computador e jogoseletrônicos........................................................................................................................... 282.4 Atividade física e comportamento sedentário........................................................... 292.4.1 Atividade física e comportamento sedentário............................................................. 293 OBJETIVOS................................................................................................................... 333.1 Objetivo Geral.............................................................................................................. 333.2 Objetivos específicos.................................................................................................... 334 HIPÓTESES.................................................................................................................... 345 MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................................... 355.1 Caracterização do estudo............................................................................................ 355.2 Considerações éticas.................................................................................................... 355.3 População do estudo.................................................................................................... 355.4 Amostra........................................................................................................................ 355.5 Critérios de inclusão e exclusão.................................................................................. 375.6 Coleta de dados............................................................................................................ 385.7 Instrumentos de medida.............................................................................................. 385.7.1 Questionário................................................................................................................ 385.7.2 Avaliação antropométrica .......................................................................................... 405.8 Variáveis analisadas.................................................................................................... 415.9Análise de dados............................................................................................................ 426 RESULTADOS............................................................................................................... 446.1 Análise descritiva e comparação entre sexos............................................................. 446.1.1 Dados sociodemográficos........................................................................................... 446.1.2 Dados antropométricos, Estado Nutricional e Nível de Atividade Física.................. 446.1.3 Características do uso de dispositivos eletrônicos...................................................... 456.1.4 Queixas de dor e desconforto..................................................................................... 476.2 Análise de Regressão Univariada............................................................................... 496.2.1 Análise univariada de fatores associados à presença de dor difusa............................ 496.2.2 Análise univariada de fatores associados à presença de dor cervical......................... 50

16

6.2.3 Análise univariada de fatores associados à presença de dor na cinturaescapular.............................................................................................................................. 516.2.4 Análise univariada de fatores associados à presença de dor no membrosuperior................................................................................................................................. 526.2.5 Análise univariada de fatores associados à presença de dor na regiãotoracolombar........................................................................................................................ 536.2.6 Análise univariada de fatores associados à presença de dor no membroinferior................................................................................................................................. 546.3 Análise de Regressão Múltipla................................................................................... 556.3.1 Análise de Regressão Múltipla para Dor Difusa........................................................ 556.3.2 Análise de Regressão Múltipla para Dor Cervical..................................................... 566.3.3 Análise de Regressão Múltipla para Dor na Cintura Escapular................................. 566.3.4 Análise de Regressão Múltipla para Dor no Membro Superior................................. 576.3.5 Análise de Regressão Múltipla para Dor na Região Toracolombar........................... 576.3.6 Análise de Regressão Múltipla para Dor no Membro Inferior................................... 577 DISCUSSÃO................................................................................................................... 598 CONCLUSÃO................................................................................................................. 65REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 66APÊNDICE A..................................................................................................................... 73APÊNDICE B..................................................................................................................... 74ANEXO 1............................................................................................................................ 80

16

1 INTRODUÇÃO

O uso da tecnologia da informação e comunicação tornou-se, nos últimos anos, uma

parte importante na vida da população, sendo cada vez mais comum entre os adolescentes,

que utilizam regularmente computadores para navegar na internet, realizar atividades

acadêmicas e de lazer (MILDE-BUSCH et al., 2010; HAKALA et al., 2012). Outros recursos

amplamente utilizados por essa população são os diversos tipos de jogos eletrônicos, que

assim como os computadores fazem parte do cotidiano dos estudantes e têm ressaltado o

interesse exagerado por esses dispositivos, levando as crianças e adolescentes há passarem

várias horas entretidos em tais tecnologias, interferindo muitas vezes nos seus

relacionamentos sociais (SUZUKI et al., 2009).

Portanto, a mídia eletrônica está cada vez mais presente na realidade dos adolescentes

brasileiros, tendo em vista que algumas escolas, tanto da rede privada quanto da rede pública

têm disponibilizado o acesso de computadores para uso dos alunos (SILVA et al., 2006).

Concomitante à inserção da informática no ambiente escolar, é possível observar um aumento

significativo do acesso a essas tecnologias em espaços públicos pagos, as chamadas “LAN

(Local Area Network) Houses”, que são estabelecimentos especializados em jogos de

computador, utilizados individualmente ou em grupo (ZAPATA, 2004).

No entanto, a utilização desses recursos têm seus pontos positivos e negativos, pois os

mesmos podem ser utilizados como ferramentas auxiliares no processo pedagógico,

estimulam o gosto pela pesquisa e ajudam no desenvolvimento sensório-motor, cognitivo e

afetivo (SILVA et al., 2006; SUZUKI et al., 2009).

Por sua vez, o uso excessivo desses equipamentos eletrônicos por crianças e

adolescentes tem sido associado a vários problemas de saúde como: obesidade, fadiga,

cefaleia, anorexia, ansiedade, comportamentos agressivos, aumento do tabagismo, consumo

de álcool, convulsões por fotoestimulação, iniciação sexual precoce, estresse, diminuição do

desempenho escolar, distúrbios do sono, dores musculoesqueléticas, bem como diminuição

dos níveis de atividade física e da prática de esportes (DUMITH et al., 2010; MILDE-BUSCH

et al., 2010; HAKALA et al., 2012).

Os distúrbios musculoesqueléticos, e, em especial, as dores musculoesqueléticas são de

particular interesse, pois tem relação com o aparecimento de doenças crônicas, incapacidade

física e afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Além disso, tem impacto importante na

qualidade de vida dos indivíduos, nos sistemas de saúde e assistência social. Assim, podendo

17

acarretar prejuízos financeiros e à saúde em longo prazo (ENES et al., 2009; MATA et al.,

2011; MOLINA et al., 2011).

As dores musculoesqueléticas constituem umas das principais causas de dores agudas,

crônicas e recorrentes em crianças e adolescentes, afetando significativamente o estado

psicossocial dos sujeitos acometidos e sendo considerado um problema de saúde pública

(SILVA et al., 2008; DE VITTA et al., 2011; MATA et al., 2011; DE VITTA et al., 2012). A

sua prevalência em estudos recentes com adolescentes tem variado entre 19,5% e 56%

(PERRY et al., 2010; DE VITTA, et al., 2011; JANNINI et al., 2011; HAKALA et al., 2012).

No Brasil, uma pesquisa realizada com escolares de São Paulo encontrou uma prevalência de

40% de sintomatologia dolorosa (ZAPATA, 2004).

Diante desta situação a Academia Americana de Pediatria lançou diretrizes para limitar

o tempo de tela para não mais de duas horas/dia para crianças começando aos dois anos de

idade. Mesmo assim, estima-se que os horários que as crianças e os adolescentes passam em

frente a TV, assim como em frente a outros aparelhos, excede o tempo que passam na escola

(DUMITH et al., 2010). Neste sentido, esta situação torna-se preocupante, visto que o

comportamento sedentário tende a aumentar durante adolescência, bem como o surgimento e

desenvolvimento de doenças relacionadas à inatividade física (PELEGRINI; PETROSKI,

2009; DUMITH et al., 2010).

Desta forma atividades sedentárias que favorecem o tempo prolongando em posições

estáticas, como o assistir televisão, utilizar computador e vídeo games podem resultar em

dores na coluna vertebral e cefaleia, aumentando o risco do desenvolvimento de queixas

álgicas em outros segmentos e/ou articulações (SMITH et al., 2009; KELLY, et al., 2009; DE

VITTA et al., 2011), além de sintomas musculoesqueléticos que podem causar dor de

intensidade moderada a grave (HAKALA et al., 2012).

A associação entre o uso de computador e a presença de dor musculoesquelética em

adolescentes não foi evidenciada em estudo realizado no Brasil em 2004 (ZAPATA et al.,

2006). Entretanto, estudos realizados em países desenvolvidos demonstraram existir

associação do tempo de uso de computadores com sintomas dolorosos nos membros inferiores

e coluna cervical dos adolescentes (BOSTROM et al., 2008; SMITH et al., 2009; JACOBS et

al., 2009). Deste modo, observa-se que o fator tempo, somado ao desenvolvimento

tecnológico e ao nível de desenvolvimento socioeconômico de um país ou região pode ter

influenciado esses resultados.

Considerando que nos últimos anos ocorreu um expressivo crescimento tecnológico e

econômico do Brasil e que concomitante a esse fato, observou-se um aumento cada vez maior

18

ao acesso a tecnologias de informação e comunicação pela população, acredita-se que os

adolescentes de hoje estejam mais expostos a esses recursos. Por sua vez, pesquisas que

estudam a presença de dores musculoesqueléticas em adolescentes e sua associação às

atividades sedentárias não são bem definidas no Brasil, principalmente na região nordeste.

Além disso, no ano de 2012, a Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco, em

uma estratégia considerada inovadora, distribuiu para todos os alunos do ensino médio um

Tablet ou Notebook, aumentando assim o acesso ao uso desses equipamentos. Contudo, ainda

não se conhece quais os verdadeiros impactos dessa medida sobre os diferentes aspectos que

compõem a vida desses adolescentes.

Neste sentido, inspira-se a necessidade e relevância do presente trabalho para que se

conheça a prevalência de dor musculoesquelética e os possíveis fatores associados, bem

como, avalie o impacto do tempo de uso dessas tecnologias no comportamento dos

adolescentes. Para que, posteriormente, sejam planejadas e realizadas futuras intervenções,

tendo em vista que muitos dos hábitos e comportamentos possivelmente serão transferidos e

trarão complicações para vida adulta dos mesmos.

19

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Dor

2.1.1 Conceito e repercussões

A dor é definida, segundo a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP),

como “uma experiência sensorial e emocional desagradável, relacionada a um dano real ou

potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões” (SÁ et al., 2009; NASCIMENTO;

KRELING, 2011; RIBEIRO et al., 2011; MELO, SÃO-PEDRO; 2012). Além disso, tem sido

descrita como uma experiência individual e única, com características próprias e que sofre

influência do nível de conhecimento prévio de um agravo, da história passada e o contexto no

qual essa dor é percebida (PEDROSO; CELICH, 2006; ANCP, Manual de Cuidados

Paliativos, 2009).

Trata-se de um mecanismo fisiológico que pode ser desencadeado por estímulos de

natureza térmica, mecânica ou química, no qual estão presentes reações que resultam na

liberação de diversas substâncias químicas responsáveis por desencadear e transmitir o

impulso doloroso (RIBEIRO et al., 2011).

Apontada como um fenômeno multidimensional, tendo em vista que apresenta

características em diferentes dimensões: neurofisiológica, uma vez que envolve mecanismos

de ativação dos receptores periféricos; psicossocial, devido à influência emocional sobre o

indivíduo; cognitivo cultural, considerando as crenças, cultura e comportamentos prévios a

dor; comportamental, já que situações estresse, de desenvolvimento profissional e pessoal,

podem exercer influência sobre o limiar da dor; e sensorial relativa às características

semiológicas da mesma (SÁ et al., 2009; BOTTEGA; FONTANA, 2010; MELO; SÃO-

PEDRO, 2012).

Nesse sentido, a dor não é decorrente exclusivamente de uma lesão tecidual, mas sim

uma manifestação que pode abranger mecanismos físicos, psíquicos e culturais, de tal modo

que a percepção seja uma experiência subjetiva e pessoal (PEDROSO; CELICH, 2006;

NASCIMENTO; KRELING, 2011).

20

É uma das principais causas do sofrimento humano, sendo relatada como o principal

motivo das internações hospitalares, tendo em vista os diversos problemas provocados e

associados a esse sintoma (NASCIMENTO; KRELING, 2011). Dentre as principais

repercussões ocasionadas pela dor encontram-se: os quadros depressivos, angústia, alteração

da memória e da capacidade de concentração, incapacidade ou afastamento do trabalho, perda

de funcionalidade, redução das atividades de lazer, problemas de relacionamento interpessoal,

alterações nos padrões de sono, apetite e libido, irritabilidade, problemas econômicos em

virtude da maior despesa por uso do sistema de saúde e, consequentemente diminuição da

qualidade de vida (SÁ et al., 2009; BOTTEGA; FONTANA, 2010; MELO; SÃO-PEDRO,

2012). Deste modo, os diferentes prejuízos decorrentes deste sintoma que são psicossociais,

econômicos e físicos, constituem um problema de saúde pública (RIBEIRO et al., 2011).

Dados nacionais e internacionais têm demonstrado que aproximadamente 80% das

pessoas que procuram os serviços de saúde são motivadas pela dor (BOTTEGA; FONTANA,

2010). Entretanto, as repercussões desse processo álgico são, geralmente, subestimadas ou até

mesmo ignoradas por profissionais de saúde (RIBEIRO et al., 2011). A maioria desses

profissionais desconhece o impacto da dor sobre o paciente e, muitas vezes, subestimam, não

prescrevem ou não administram os medicamentos para tratá-la (RIBEIRO et al., 2011).

Assim, torna-se de fundamental importância o conhecimento a respeito da dor, para que se

possa avaliá-la adequadamente e definir estratégias eficazes para seu controle

(NASCIMENTO; KRELING, 2011).

2.1.2 Dor musculoesquelética

As condições musculoesqueléticas têm sido responsáveis por um crescente e admirável

número de queixas, exercendo um grande impacto em todo o mundo, pois são a causa mais

comum de dor crônica e incapacidade física (FIALHO et al., 2011). Nos Estados Unidos,

essas alterações representam a principal causa de incapacidade crônica, enquanto que no

Brasil, segundo os dados do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) (1986), as

doenças do sistema musculoesquelético são a terceira causa de aposentadorias por invalidez e

a primeira causa de auxílio-doença (SILVA et al., 2007; FIALHO et al., 2011).

Além disso, os custos médicos e sociais advindos dessa problemática têm aumentado

consideravelmente nos últimos anos, representando significativo impacto na saúde e

qualidade de vida dos trabalhadores (CARDOSO et al., 2009). Considerando o impacto

financeiro e seus custos, as condições musculoesqueléticas encontram-se na categoria das

21

doenças mais dispendiosas, representando mais de 20% do custo total das doenças (FIALHO

et al., 2011).

Outro problema muito comum pertinente aos portadores de distúrbios

musculoesqueléticos é que são frequentemente subvalorizados pelo sistema de saúde,

provavelmente por serem raramente fatais e considerados irreversíveis (FIALHO et al., 2011).

Os distúrbios osteomusculares, as dores lombares e outras disfunções musculoesqueléticas

apesar de serem bastante frequentes na população brasileira e mundial também são

subnotificados pela atenção básica (MATA et al., 2011). Entretanto, essa subvalorização e

subnotificação podem trazer repercussões negativas para os indivíduos, tendo em vista que

esses distúrbios podem gerar diferentes graus de incapacidade funcional e são responsáveis

pela maior parte dos afastamentos do trabalho e pelos custos com pagamentos de

indenizações, tanto no Brasil como na maior parte dos países industrializados (MATA et al.,

2011).

Outras afecções musculoesqueléticas muito importantes são as lombalgias e dores dos

membros superiores, pois estão entre as principais doenças crônico-degenerativas no que diz

respeito ao perfil de morbidade em diversos países (SILVA et al., 2007). Contudo, essas

afecções não estão presentes apenas na vida adulta, como, por exemplo, a dor lombar que

possui alta incidência na população economicamente ativa, mas também em adolescentes e

crianças (DE VITTA et al., 2011).

Em estudo desenvolvido com adolescentes dinamarqueses em fase escolar com idade de

14 a 16 anos, foi constatado que a prevalência de dor lombar foi de 47% (WEDDERKOPP et

al., 2001). Em outro estudo com 254 meninas entre 8 e 16 anos, observou-se que 31,4%

apresentavam dores na coluna lombar (WEDDERKOPP et al., 2005). Ainda em pesquisa com

escolares entre 7 e 17 anos, realizada no Brasil, verificou a ocorrência de dor lombar em

31,6% da amostra de 770 alunos (LEMOS et al., 2013).

Sabe-se que o desenvolvimento da dor lombar é multifatorial e possui diversos fatores

de risco, tais como o gênero, diminuição da flexibilidade, hipermobilidade articular,

obesidade, fatores psicossociais, participação em esportes de competição, uso de mochila,

hábitos posturais, atividade ocupacional após o período escolar, atividades sedentárias (tempo

na frente da TV e no computador e/ou videogame), nível de atividade física e tabagismo (DE

VITTA et al., 2011).

As dores musculoesqueléticas de um modo geral afetam significativamente o estado

psicossocial dos indivíduos acometidos, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional

(MATA et al., 2011). Tendo em vista que vários fatores sociodemográficos, psicossociais,

22

físicos e organizacionais estão relacionados ao desencadeamento, desenvolvimento e

manutenção da dor musculoesquelética, observa-se a necessidade de análise adequada, bem

como a investigação de seus fatores associados, para que sejam tomadas as devidas medidas

que possam intervir sobre o problema (CARDOSO et al., 2009).

2.1.3 Mensuração da dor

A partir da inclusão da dor como quinto sinal vital, vem se difundido pelo mundo

especialmente nas instituições de saúde, a padronização da mensuração deste sinal e registro

nos diversos níveis de assistência à saúde (NASCIMENTO; KRELING 2011; RIBEIRO et

al., 2011). Apesar disso, a avaliação da dor clínica constitui-se um desafio aos pesquisadores e

profissionais da área considerando-se a subjetividade, complexidade e multidimensionalidade

da experiência dolorosa (BOTTEGA; FONTANA, 2010).

No processo de avaliação da dor é de fundamental importância que sejam investigados o

padrão, local do evento doloroso, o tipo, a duração, a intensidade e a natureza da mesma,

administração ou não de analgésicos, através da descrição do paciente, considerando que, por

ser subjetiva, somente o indivíduo pode descrevê-la da forma como é sentida (BOTTEGA;

FONTANA, 2010; NASCIMENTO; KRELING, 2011).

No entanto, além das características da dor também é importante observar suas reações

comportamentais e fisiológicas, tais como: expressão facial, inquietação, posicionamento

protetor, insônia, ansiedade, irritabilidade, sudorese, palidez, taquicardia, taquipneia,

hipertensão, entre outros (PEDROSO; CELICH, 2006), pois todas essas considerações

permitem entender que a queixa álgica deve ser valorizada, sendo assim avaliada e registrada

adequadamente, respeitando o relato do indivíduo, para que assim possa ser prestado um

cuidado mais expressivo e atento às necessidades do indivíduo, proporcionando conforto e

bem estar ao sujeito (PEDROSO; CELICH, 2006; BOTTEGA; FONTANA, 2010).

A avaliação deste sintoma pode ser feita por escalas que podem ajudar na eficácia das

intervenções e na identificação com segurança da queixa álgica, possibilitando a realização de

ajustes terapêuticos, além de respeitar subjetividade do paciente. Ainda, também são capazes

de descrever e avaliar com exatidão sua dor, levando em conta as informações do individuo

que a vivencia (BOTTEGA; FONTANA, 2010; RIBEIRO et al., 2011).

Levando em consideração essas questões, vários métodos têm sido utilizados para

mensurar a sensação/percepção dolorosa (NASCIMENTO; KRELING, 2011). Assim, os

instrumentos para mensurar a dor podem ser unidimensionais ou multidimensionais

23

(PEDROSO; CELICH, 2006). As escalas unidimensionais avaliam a dor de forma única,

somente uma das dimensões da experiência dolorosa, analisando a variação apenas em

intensidade e, dentre as mais usadas, destacam- se a Escala Visual Numérica (EVN), graduada

de zero a dez, na qual zero significa ausência de dor e dez, a pior dor imaginável, e a Escala

Visual Analógica (EVA), que é um instrumento simples, sensível e reprodutível, permitindo

análise contínua da dor, que consiste em uma linha horizontal de 10 cm, não numerada,

indicando-se em uma extremidade a marcação de “ausência de dor” e na outra, “pior dor

possível” (PEDROSO; CELICH, 2006; BOTTEGA; FONTANA, 2010; NASCIMENTO;

KRELING, 2011). Ambas as escalas são frequentemente utilizadas, devido à rápida e fácil

aplicação e têm a vantagem de facilitar o contato cuidador e cliente, ao relatar a intensidade e

severidade da dor (SOUSA, 2002; PEDROSO; CELICH, 2006).

Já os instrumentos multidimensionais consideram a experiência dolorosa um evento

muito mais amplo, não se resumindo apenas à intensidade, sendo empregados para sua

avaliação os instrumentos multidimensionais que visam mensurar as diferentes dimensões da

dor a partir de diferentes indicadores de respostas e suas interações (SOUSA, 2002;

PEDROSO; CELICH, 2006). As principais dimensões da dor avaliadas pelas escalas

multidimensionais são três: a sensorial-discriminativa, a motivacional-afetiva e a cognitiva

(SOUSA, 2002; PEDROSO; CELICH, 2006). Sendo exemplos desses instrumentos a escala

de descritores verbais diferenciais, a teoria da detecção do sinal e, os mais conhecidos,

Inventário para dor Mcgill, Wisconsin Brief Pain Questionnaire ou o Questionário McGill da

avaliação da dor (SOUSA, 2002; PEDROSO; CELICH, 2006). No entanto, apesar de

realizarem a avaliação em vários aspectos pouco se tem usado estes instrumentos em função

de sua elevada complexidade, difícil aplicabilidade e reprodutibilidade (PEDROSO; CELICH,

2006).

Contudo, sabe-se também que existem outros instrumentos que aferem tipos

específicos de dor para determinadas faixas etárias, como por exemplo, para a dor

musculoesquelética em indivíduos de idade escolar (ZAPATA, 2004). Nessa perspectiva, foi

elaborado um instrumento que avalia a presença de dor musculoesquelética nos últimos três

meses em adolescentes, denominado de: Síndromes e lesões músculo-esqueléticas em

crianças e adolescentes e sua relação com computadores e vídeo game, esse instrumento

avalia o local, tipo de dor, irradiação, duração, período e fatores desencadeantes (ZAPATA,

2004; JANINI, 2011).

24

2.2 Adolescência

2.2.1 Definição

A adolescência é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o período

compreendido de 10 a 19 anos de idade (CONTI et al., 2005; QUEIROZ et al., 2010). Já o

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Constituição Brasileira definem adolescentes

os indivíduos de 12 a 18 anos de idade e conferem a essa faixa etária direito de autonomia

(ESCOBAR et al., 2009). O adolescente habitualmente apresenta dificuldades de entender e

lidar com seu novo universo físico e mental, devido a grandes transformações e as

experiências, muitas vezes, negativas vivenciadas anteriormente, dificultando o seu

desenvolvimento (CONTI et al., 2005).

Assim, esta fase é considerada fundamental, pois é o período de transição entre a fase

infantil e a adulta, na qual estão presentes conflitos, questionamentos, curiosidades e

percepções, representando um dos períodos mais conturbados do desenvolvimento humano

(ARAÚJO et al., 2011). A adolescência é um momento crucial do processo de

desenvolvimento humano, repleto de intensas transformações hormonais, funcionais, afetivas,

sociais, físicas (corporais), que são influenciadas pelos hábitos familiares, amizades, valores,

regras sociais e culturais, condições socioeconômicas, entre outros (CONTI et al., 2005;

ESCOBAR et al., 2009; LEVY et al., 2010). Neste sentido, essas diversas transformações

biopsicossociais fazem com o que indivíduo esteja mais vulnerável a determinadas condições

e eventos que irão ocasionar fortes implicações a sua saúde (BRAZ et al., 2013).

Trata-se, portanto, de uma etapa extremamente relevante para a construção do sujeito

individual e social, desta forma, deve-se também ser considerado seus riscos e fragilidades

(SAITO, 2008). Ainda, vale salientar, que nessa época da vida crescem a autonomia e

independência em relação à família e a experimentação de novos comportamentos e vivências

(MALTA et al., 2010). Contudo, algumas dessas condutas e vivências representam

importantes fatores de risco para a saúde dos adolescentes, como o tabagismo, o consumo de

álcool, a alimentação inadequada, o sexo não protegido, inatividade física, comportamento

sedentário e outros (MALTA et al., 2011; RIVERA et al., 2010). Dessa maneira, torna-se de

fundamental importância à atenção global à saúde do adolescente com enfoque preventivo,

uma vez que atitudes e comportamentos assumidos nesse período persistem na vida adulta

(ESCOBAR et al., 2009; RIVERA et al., 2010).

25

Apesar disso, existe a concepção de que os adolescentes não ficam doentes ou que

problemas de saúde são normais para esta etapa da vida, tendo, frequentemente, dificultado a

atenção à saúde e avanços de pesquisas nessa área (BRAZ et al., 2013). Diante desta

problemática, torna-se pertinente a construção de estratégias efetivas na atenção básica em

saúde para redução desses agravos e a promoção da saúde dos adolescentes (OLIVEIRA et

al., 2013). Deste modo, a atenção a esses indivíduos precisa ocorrer nos âmbitos da

assistência e da formação acadêmica; em ambientes que buscam transformações específicas

nos aspectos da humanização e da formação do sujeito e de sua cidadania (QUEIROZ et al.,

2010).

Entretanto, para que a assistência à saúde dos adolescentes seja melhorada é necessária

uma nova maneira de organizar esses serviços, com uma atenção integral que possibilite a

criação de vínculos e a interação com os adolescentes, de acordo com a realidade em que

estão inseridos, de forma que o conteúdo de programas existentes seja adaptado às demandas

individuais e coletivas (OLIVEIRA et al., 2013). Além disso, é necessário o aumento da

oferta de serviços na atenção básica voltada para esse público-alvo, com uma abordagem

participativa dos adolescentes e capacitação profissional para o fortalecimento das estratégias

de prevenção, recuperação e promoção da saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)

(OLIVEIRA et al., 2013). Nesse sentido, as ações voltadas à saúde do adolescente devem ser

condizentes com as necessidades e demandas evidenciadas no campo de prática (QUEIROZ

et al., 2010).

2.2.2 Dor na adolescência: musculoesquelética e de crescimento

Normalmente na adolescência é comum o aparecimento de dores musculoesqueléticas,

que, muitas vezes, persistem na vida adulta, podendo ser parcialmente explicada por fatores

psicossociais e de estilo de vida (DE VITTA et al., 2011; CONDÉN et al., 2013).

Este sintoma entre os adolescentes tem sido identificado como um importante problema

de saúde pública, pois apresenta alta prevalência e é responsável por altos custos ao indivíduo

e a sociedade (SILVA et al., 2007; FIALHO et al., 2011; CONDÉN et al., 2013).

Diferentes valores de prevalência de dores musculoesqueléticas são relatados na

literatura. Em pesquisa realizada com adolescentes finlandeses com idade entre 12 e 16 anos

verificou uma prevalência entre 15% e 21%, enquanto em estudo realizado com escolares

brasileiros observou uma prevalência de 40% de dor musculoesquelética. (HAKALA et al.,

2012; ZAPATA, 2004). Dados semelhantes foram constatados em outro estudo brasileiro

26

realizado em Santa Catarina, verificou que adolescentes obesos e eutróficos apresentam uma

prevalência de dor musculoesquelética de 44 a 56%, respectivamente (JANNINI et al., 2011).

Contudo, quando ocorre a dor intermitente ou persistente em três ou mais regiões do

corpo, por um período superior a três meses que não pode ser explicado por uma etiologia

concreta, conceitua-se como Dor Musculoesquelética Idiopatica (DMI) (MOLINA et al.,

2011; MOLINA et al., 2012). Apesar de ter etiologia desconhecida, é provável que a causa da

DMI seja multifatorial, podendo estar correlacionado com fatores intrínsecos, como: baixo

limiar para a dor, resposta peculiar no sistema nervoso central, sexo feminino, presença de

hipermobilidade articular, estresse e funcionamento psíquico; e extrínsecos, tais como:

privação social, abuso físico e sexual, experiências dolorosas anteriores, distúrbios do sono e

baixo condicionamento físico (MOLINA et al., 2011; MOLINA et al., 2012).

A DMI apresenta-se de forma difusa, profunda e bilateral, com períodos e intensidade

variáveis. É mais frequente em membros inferiores e extra-articular, principalmente em região

anterior de pernas e coxas, região poplítea e panturrilhas; contudo pode acometer diferentes

regiões do corpo e, na maioria das vezes, é intensa, fugaz, vespertina ou noturna e costuma

ocorrer após exercício físico (MOLINA et al., 2011).

A sua prevalência nessa faixa etária varia entre 1 até 15%, com predomínio em

mulheres entre 5 e 15 anos, com média de idade de início dos sintomas entre 12 e 13 anos,

prevalecendo no sexo feminino (MOLINA et al., 2011).

Ainda, observa-se nesta faixa etária a presença da dor de crescimento que é definida

como uma dor musculoesquelética de caráter intermitente que compromete crianças e

adolescentes com idade entre 2 e 13 anos de idade (PUCCINI; BRESOLIN, 2003; FORNI;

JALIKHIAN, 2011; OIVEIRA et al., 2012). Caracteriza-se por ser intensa, não articular,

localizada em ambos os membros inferiores, especificamente na região anterior das coxas,

região poplítea e panturrilhas ou periarticular; com duração de 10 a 15 minutos, ocorrendo,

geralmente, no final da tarde ou no meio da noite (PUCCINI; BRESOLIN, 2003). A dor pode

também ocorrer nos membros superiores, no entanto apenas quando associada com a dor nos

membros inferiores (OLIVEIRA et al., 2012).

A etiologia da dor do crescimento ainda é desconhecida ou controversa, apresentando

história de longa duração, sem traumas anteriores ou queixas associadas, bem como exames

laboratoriais sem alterações (PUCCINI; BRESOLIN, 2003; FORNI; JALIKHIAN, 2011).

Possui um bom prognóstico, tendo em vista que normalmente desaparece após 24 meses após

seu início (OLIVEIRA et al., 2012).

27

Nesse sentido, é possível observar consideráveis índices de prevalência de dor nessa

população, e considerando o impacto desses sintomas nos vários aspectos que envolvem a

vida desses adolescentes, evidencia-se a necessidade de estudos que busquem elucidar os

fatores associados, e assim propor ações preventivas que busquem minimizar esse quadro.

2.3 Computador e jogos eletrônicos

2.3.1 Disponibilidade e o uso de computador e jogos eletrônicos

Com o crescimento da indústria de jogos eletrônicos, bem como com o avanço

tecnológico nas últimas décadas no que se refere à eletrônica e informática, o uso de

videogames e jogos para computador e internet, tornaram essas atividades cada vez mais

populares (ABREU et al., 2008; SUZUKI et al., 2009; MILDE-BUSCH et al., 2010).

Desta forma, os jogos eletrônicos passaram a ser uma das principais atividades de lazer

para crianças e adolescentes. Assim como o uso da internet através dos computadores, por

pessoas de todas as idades e de todos os níveis socioeconômicos (ABREU et al., 2008).

Em pesquisa realizada em São Paulo com 100 estudantes universitários observou-se que

os jogos eletrônicos, de videogames, computador e/ou internet foram praticados pela maioria

(83%) dos estudantes pesquisados, assim como é observado também em países desenvolvidos

(SUZUKI et al., 2009; MILDE-BUSCH et al., 2010).

Em estudo realizado com 791 escolares da cidade de São Paulo constatou que 99%

fazem uso do computador e 58% de videogame, enquanto que 97% possuía o computador em

seu domicilio e 77% o videogame (ZAPATA, 2004). Além disso, observa-se que as escolas,

inclusive da rede pública, de algumas cidades brasileiras, têm disponibilizado o uso de

computadores, favorecendo assim o aumento do acesso a esses recursos (SILVA et al., 2006).

Assim, constata-se que a exposição dos jovens aos aparelhos eletrônicos é um fenômeno

crescente no mundo, devido a maior disponibilidade desses aparelhos, entretanto devem ser

tomados os devidos cuidados quanto à frequência de uso dos mesmos, já que o uso excessivo

está relacionado a queixas de saúde (MILDE-BUSCH et al., 2010; JANINNI et al., 2011).

2.3.2 Dores musculoesqueléticas associadas ao uso de computador e jogos eletrônicos

Atualmente existe um debate acerca do uso frequente dos aparelhos eletrônicos, tendo

em vista os possíveis efeitos adversos que esses aparatos podem ocasionar sobre a saúde, já

28

que são frequentes as queixas em adolescentes (MILDE-BUSCH et al., 2010). O número

expressivo de queixas físicas relatadas pelos adolescentes está ocorrendo concomitante ao

aumento crescente da frequência e tempo de permanência em atividades baseadas em tela, tais

como TV, computador, jogos e outros tipos de entretenimento baseado em computador

(TORSHEIM et al., 2010).

Estudos demonstram que a grande prevalência da sintomatologia musculoesquelética

nos adolescentes está associada à diminuição da prática de atividade física e esportes e da

inclusão de atividades sedentárias, como o uso de computador e vídeo games (SILVA et al.,

2008, DE VITTA et al., 2011; DE VITTA et al., 2012).

De acordo com pesquisadores, as atividades sedentárias estão associadas à presença de

dores na coluna lombar, pois adolescentes com maior prevalência dessa queixa são os que

passam maior tempo na frente da TV. Além disso, crianças que assistem à televisão ou jogam

videogames por mais de duas horas ao dia apresentaram mais desse desconforto (DE VITTA

et al., 2011).

Tem sido sugerido que o aparecimento dessas queixas dolorosas pode estar relacionado

com os períodos consecutivos de tela, ou seja, o tempo despendido em atividades baseadas em

comportamento de tela, como por exemplo, o computador e jogos, levam a uma tensão

muscular sustentada e falta de recuperação fato que ocasionará a presença de dor

(TORSHEIM et al., 2010). No entanto, pouco se sabe sobre a gravidade dos sintomas ou o

quanto eles afetam o cotidiano dos adolescntes (HAKALA et al., 2012).

Em uma recente revisão sistemática, que avaliou os indicadores de saúde de

comportamentos sedentários baseados em tela em adolescentes do sexo feminino de 33

estudos, por Costigan et al. (2013), demonstrou existir uma forte evidência de que a maior

exposição a comportamento sedentário, especialmente ao tempo de mídia eletrônica pode ter

um efeito nocivo para a saúde do adolescente. Dentre os diversos efeitos que este

comportamento tem sido associado destacam-se: a presença de obesidade, violência,

comportamento agressivo, iniciação sexual precoce, o aumento da ingestão de alimentos com

baixo valor nutritivo e alta densidade calórica, o uso de álcool, cigarros e outras drogas,

diminuição do desempenho escolar, diminuição do tempo de sono, baixa aptidão física e dores

musculoesqueléticas (HANCOX et al., 2004; PELEGRINI; PETROSKI, 2007; DUMITH et

al., 2010; HAKALA et al., 2012).

Outras pesquisas realizadas em países desenvolvidos também demonstraram existir

associação do tempo de uso de equipamentos eletrônicos com agravos à saúde. Neste caso em

questão, observou-se associação do tempo utilizando computadores com sintomas dolorosos

29

nos membros inferiores e coluna cervical dos adolescentes (BOSTROM et al., 2008; SMITH

et al., 2009; JACOBS et al., 2009).

Em virtude dos diferentes problemas de saúde que envolve a exposição da mídia

eletrônica, em 1995, a Academia Americana de Pediatria Comitê das Comunicações lançou as

diretrizes para limitar o tempo de tela para não mais de duas horas por dia para crianças

começando aos dois anos de idade (DUMITH et al., 2010). Todavia, outras estratégias para

reduzir o tempo em atividades sedentárias em adolescentes devem ser pensadas, com vistas à

prevenção de doenças e distúrbios musculoesqueléticos. Além disso, dados referentes à

população brasileira são escassos, principalmente no que se refere à última década. Nesse

sentido, inspira-se a necessidade do levantamento dos dados referentes ao uso desses

dispositivos nos dias atuais, e a avaliação dos possíveis problemas associados ao seu uso.

2.4. Atividade física e comportamento sedentário

2.4.1 Atividade física e comportamento sedentário

A atividade física pode ser compreendida como qualquer movimentação corporal

voluntária, produzida pelos músculos esqueléticos, capaz de produzir um gasto energético

acima dos níveis de repouso (NAHAS; GARCIA, 2010). É uma característica inerente do

comportamento humano, necessária para o bom desenvolvimento orgânico e socioafetivo das

pessoas, mas que também tem sua relevância por questões de saúde, crescimento saudável e

envelhecimento com mais autonomia (NAHAS; GARCIA, 2010).

Entretanto, o exercício físico é uma subcategoria da atividade física que comumente é

compreendida como sinônimo da mesma (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000). Contudo, o exercício

físico é definido como uma atividade física planejada, estruturada e repetitiva que tem como

propósito a manutenção ou otimização do condicionamento físico (ARAÚJO; ARAÚJO,

2000).

Os indicadores de atividade física podem ser: lazer, trabalho, deslocamento diário e as

atividades domésticas (MONTEIRO et al., 2008). A partir desses contextos a pessoa pode ser

considerada ativa, pouco ativa ou inativa, podendo ter sua atividade física habitual global

classificada como insuficiente (quando é inativa ou pouco ativa) ou suficiente para promover

a saúde (NAHAS; GARCIA, 2010).

30

A atividade física é classificada pelo utilizado o MET (equivalente metabólico), que

equivale a energia suficiente para um individuo se manter em repouso, correspondendo a um

consumo de oxigênio de 3,5 ml/kg/min (COELHO-RAVAGNANI et al., 2013). Desta forma,

ela pode ser apresentada em níveis, que são: leve, menos que 3,0 MET; moderada de 3 a 5,9

MET; e vigorosa ou intensa, com 6,0 ou mais MET (NAHAS; GARCIA, 2010).

A realização de atividades moderadas, de forma contínua ou acumulada, por 30 minutos

ou mais por dia tem sido sugerida a partir de evidências cientificas como suficientes para

produzir benefícios à saúde das pessoas. Assim, baseadas em evidências atuais, a

recomendação é de se incluir as atividades moderadas em 5 ou mais dias da semana (NAHAS;

GARCIA, 2010). No entanto, ainda prevalece a recomendação quanto à prática de atividades

vigorosas de três a cinco dias por semana, por um período mínimo diário de 25 minutos

(NAHAS; GARCIA, 2010).

Já as diretrizes de atividade física para os estados americanos sugerem que as crianças e

adolescentes devem realizar pelo menos 60 minutos por dia (acúmulo de 150 a 300 minutos

por semana) de atividade moderada a vigorosa para obter ganhos a saúde (DUMITH et al.,

2010; NAHAS; GARCIA, 2010). A dedicação de pelo menos 60 minutos diário à atividade

física está relacionada a uma capacidade cardiovascular mais saudável em adolescentes

independentemente da maturação sexual e da adiposidade corporal (PELEGRINI;

PETROSKI, 2009).

Os benefícios da prática de atividade física à saúde e a qualidade de vida são

amplamente conhecidos, mas com o processo de industrialização, houve um aumento

expressivo do número de pessoas inativas fisicamente em todas as idades (TASSITANO et

al., 2007; PELEGRINI; PETROSKI, 2009; DUMITH et al., 2010). Há evidências de que a

manutenção de níveis adequados de atividade física na adolescência, favoreça à saúde

esquelética (conteúdo mineral e densidade óssea), cardiovascular e o controle da obesidade

(TASSITANO et al., 2007; VASQUES; LOPES, 2009), estando associada a manutenção

desse comportamento na vida adulta, sendo dificilmente modificada (TASSITANO et al.,

2007; VASQUES; LOPES, 2009).

Apesar do reconhecimento da importância da atividade física como fator de promoção

da saúde e de prevenção de doenças, a prevalência de exposição a baixos níveis de atividade

física é elevada (TASSITANO et al., 2007; PELEGRINI; PETROSKI, 2009). De acordo com

dados de estudos brasileiros a prevalência de adolescentes com baixos níveis de atividade

física tem variado de 39 a 93,5%. Já nas pesquisas internacionais, as estimativas variam de 50

a 70% (PELEGRINI; PETROSKI, 2009).

31

Níveis insuficientes de atividade física têm sido frequentemente associados a doenças

coronarianas, obesidade, diabetes melitos, osteoporose e algumas formas de câncer (NAHAS;

GARCIA, 2010). A inatividade física foi enquadrada, pelo Relatório Mundial da Saúde

(2002), como uma das principais causas de mortalidade e incapacidade nos países

desenvolvidos mundo (DUMITH et al., 2010). A OMS estima que cerca de 2 milhão de

mortes em todo o mundo pode ser atribuída a inatividade física (DUMITH et al., 2010).

Além disso, a redução progressiva da prática de atividade física está associada ao maior

tempo dedicado às atividades de baixo gasto energético, como assistir televisão, usar

computador e jogar videogame, consequentemente favorecendo no ganho de peso nos

adolescentes (ENES et al., 2009).

Observa-se, portanto, um declínio nos níveis de atividade física na adolescência, que

está relacionado com o desenvolvimento de doenças na idade adulta (NAHAS; GARCIA,

2010). Sendo assim, de grande importância a realização de políticas que favoreçam a

mudança deste comportamento e que ao mesmo tempo recomendem aos pais dos adolescentes

um estilo de vida ativo, uma vez que os pais influenciam positivamente os adolescentes com

relação a práticas saudáveis de atividade física (PELEGRINI; PETROSKI, 2009).

Já o comportamento sedentário é uma atividade que exije mínimo movimento do corpo,

resultando em níveis de gasto energético semelhante ao nível de repouso (1,0 a 1,5

equivalentes metabólicos) (COSTIGAN et al., 2013). Esse comportamento inclui atividades

de baixa intensidade, com gasto calórico reduzido, tais como: assistir televisão, jogar

vídeogames, utilizar o computador, ler, ouvir música, falar ao telefone, ficar conversando,

dentre outras atividades semelhantes (RUSSELL et al., 2008; DUMITH et al., 2010; OWEN

et al., 2010). Contudo essas três primeiras atividades citadas (TV, videogames e computador),

também conhecidas como tempo de tela ou exposição na mídia eletrônica são responsáveis

por mais da metade do tempo gasto em comportamentos sedentários (DUMITH et al., 2010).

No entanto, outro termo que é frequentemente utilizado erroneamente como sinônimo

do comportamento sedentário é a inatividade física, esta que é definida pela não realização de

qualquer atividade física no tempo livre ou menos de 300 minutos semanais de atividade

física moderada/vigorosa, de acordo com a diretriz de atividade física para adolescentes

(GUEDES et al., 2001; MORAES et al., 2009). Neste sentido, o indivíduo pode apresentar

comportamentos sedentários e realizar atividade física, portanto não sendo considerado

inativo (COSTIGAN et al., 2013). Entretanto, alguns estudos ainda fazem confusão entre a

definição de comportamento sedentário, sedentarismo e inatividade física, distorcendo os

conceitos e realizando análises inadequadas (COSTIGAN et al., 2013).

32

Estudos sobre o comportamento sedentário são escassos na literatura, especialmente nos

países em desenvolvimento. No entanto, existe uma forte evidência de que a maior exposição

a comportamento sedentário, especialmente ao tempo de mídia eletrônica possa ter um efeito

nocivo para a saúde do adolescente (DUMITH et al., 2010). Deste modo, estratégias para

reduzir o tempo em atividades sedentárias em adolescentes devem ser ponderadas, com vistas

à prevenção das doenças (RIVERA, et al., 2010).

33

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Verificar a presença de dores musculoesqueléticas em adolescentes de escolas

estaduais do Ensino Médio regular do Recife e sua associação com o uso de computador,

jogos eletrônicos e outros fatores associados.

3.2 Objetivos Específicos

Verificar a prevalência de dores musculoesqueléticas nos adolescentes;

Identificar a localização das dores musculoesqueléticas mais frequentes nos

estudantes;

Verificar o tempo despendido pelos adolescentes utilizando o computador e jogos

eletrônicos;

Avaliar se existe associação entre os fatores sociodemográficos e presença de dor

musculoesquelética;

Avaliar se existe associação entre o nível de atividade física, estado nutricional e

presença de dor musculoesquelética;

Avaliar se existe associação entre o tempo de uso dos dispositivos eletrônicos e

presença de dor musculoesquelética.

34

4 HIPÓTESES

H0 - Não existe associação entre a presença de dores musculoesqueléticas em

adolescentes e o uso excessivo de computador e jogos eletrônicos.

H1 - Existe associação entre a presença de dores musculoesqueléticas em adolescentes

e o uso excessivo de computador e jogos eletrônicos.

35

5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Caracterização do estudo

Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e correlacional de corte transversal e

de base escolar.

5.2 Considerações éticas

O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

de Pernambuco sob protocolo CAAE 13598313.5.0000.5207, de acordo com as normas da

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas envolvendo seres humanos

(Anexo I). Todos os voluntários que aceitaram participar do presente estudo assinaram

(maiores de 18 anos) ou trouxeram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido – TCLE

assinado pelos pais ou responsáveis (Apêndice A).

5.3 População do estudo

A população alvo desse estudo foi formada por adolescentes, com idade entre 14 e 19

anos, matriculados em escolas do ensino médio da rede pública estadual, circunscritas às

Gerências Regionais de Educação (GREs) do Recife, Recife Norte e Recife Sul da cidade do

Recife. Conforme dados fornecidos pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco,

em 2012, a estimativa de adolescentes matriculados era de 55.058 sujeitos distribuídos em

108 escolas estaduais.

5.4 Amostra

Para quantificação do tamanho da amostra no programa WinPepi (ABRAMSON,

2004) foram utilizados os seguintes critérios: população estimada em 55.058 alunos; intervalo

de confiança de 95%; erro amostral de cinco pontos percentuais; prevalência estimada em

50%; perda amostral de 20% e efeito de delineamento amostral estabelecido em duas vezes o

tamanho mínimo da amostra.

36

O procedimento de seleção da amostra obedeceu a uma sequência de etapas, na

tentativa de se obter uma amostragem representativa de escolares quanto à distribuição

conforme região geográfica e porte de escolas.

Na primeira etapa foi observado o número total de escolas que apresentavam turmas

de ensino médio. Posteriormente, essas escolas foram divididas em cada uma das Gerências

Regionais de Educação, sendo a cidade do Recife dividida em Recife Norte e Sul. Com o

objetivo de auxiliar o planejamento amostral, as escolas foram organizadas em três categorias:

pequeno porte (até 200 alunos), médio porte (201 a 499 alunos) e grande porte (superior a 500

alunos) (TENÓRIO et al., 2010; CARVALHO et al., 2011).

Na segunda etapa foi realizado o procedimento de amostragem por conglomerados em

dois estágios, considerando a escola e a turma como unidades amostrais no primeiro e

segundo estágio, respectivamente. No primeiro estágio foi aplicado o critério de estratificação

considerando a proporcionalidade de escolas por porte. No segundo estágio, foi aplicado o

critério de estratificação considerando a proporcionalidade das turmas (CARVALHO et al.,

2011).

Após todas as etapas, chegou-se ao número mínimo de 23 escolas e 96 turmas, o que

representa 20% das escolas estaduais da cidade do Recife e um total de 954 adolescentes,

conforme descrito no quadro 1.

37

Quadro 1. Escolas selecionadas para o estudoREGIÂO PORTE ESCOLAS

RECIFESUL

Pequeno Porte ESCOLA DO RECIFE - FCAP UPE

Médio Porte

ESCOLA DE REFERENCIA JOAQUIM NABUCOESCOLA DE REFERENCIA APOLONIO SALESESCOLA LANDELINO ROCHAESCOLA JOSÉ MARIANOESC MARTINS JUNIOR ENS FUND E MEDIOESCOLA DE REFERENCIA ANIBAL FALCAO

Grande PorteESCOLA DE REFERENCIA SENADOR PAULO PESSOA GUERRAESCOLA ALBERTO TORRESESCOLA VIDAL DE NEGREIROSESCOLA ASSIS CHATEAUBRIANDESCOLA MARIANO TEIXEIRA

RECIFENORTE

Pequeno Porte ESCOLA NOSSA SENHORA DE FATIMAESCOLA SÃO MIGUEL

Médio Porte

ESCOLA DE REFERENCIA SILVA JARDIMESCOLA MARIA AMALIAESCOLA ROTARY DE NOVA DESCOBERTAESC ALMIRANTE TAMANDAREESCOLA JARBAS PERNAMBUCANO

Grande Porte

ESCOLA DE REFERENCIA PROF MARDONIO DE A. LIMA COELHOESCOLA DE REFERENCIA SIZENANDO SILVEIRAESCOLA SYLVIO RABELOESCOLA PADRE MACHADO

5.5 Critérios de Inclusão e Exclusão

Os critérios de inclusão adotados foram: ser estudante das escolas selecionadas, ter

idade entre 14 e 19 anos e entregar Termo de Consentimento Livre e Esclarecido devidamente

datado e assinado. Os critérios de exclusão recaíram no preenchimento inadequado do

questionário, nos adolescentes com idades menores que 14 anos e maiores que 19 anos, na

ausência no dia da aplicação do instrumento ou na recusa em fazer as medidas

antropométricas. Além disso, gestantes e estudantes que possuíam dores ou lesões

musculoesqueléticas por doenças infecciosas, onco-hematológicas, genéticas e traumáticas

recentes foram excluídos do estudo.

5.6 Coleta de dados

38

O período de coleta dos dados ocorreu durante os meses Abril a Agosto de 2013 e com

o objetivo de padronização dos procedimentos foi realizado por uma única pesquisadora.

Inicialmente, após a autorização da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco e a

aprovação do projeto no Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Pernambuco, foi

realizado contato com direção e coordenação das escolas para autorização e programação da

coleta dos dados.

No primeiro contato, a pesquisadora do presente estudo apresentava-se aos alunos e

esclarecia os objetivos e a importância da realização da pesquisa. Além disso, era entregue

aos mesmos o TCLE, que explicava detalhadamente sobre a pesquisa e deveria ser entregue

aos pais ou responsável, para que os mesmos assinassem autorizando a participação dos

adolescentes na pesquisa.

Após 48 horas, a pesquisadora retornava à escola para recolher os TCLE’s, aplicar o

questionário e realizar as medidas antropométricas. Momento antes da aplicação do

questionário era realizado breve explicação do questionário aos estudantes, desde o seu

preenchimento adequado até o significado de alguns termos, visando à compreensão e

utilização adequada do instrumento.

O instrumento foi aplicado no horário da aula determinado pela coordenação, sendo

disponibilizados 50 minutos para seu preenchimento. A pesquisadora responsável pela

aplicação do questionário esteve sempre presente no momento da aplicação em todas as

escolas e turmas para esclarecer as possíveis dúvidas dos alunos. Em seguida foi realizada a

avaliação antropométrica dos adolescentes, de forma individual utilizando o estadiômetro e

balança.

5.7 Instrumentos de medida

5.7.1 Questionário

Os dados desse estudo foram coletados por meio de um questionário construído e

adaptado, com o objetivo de avaliar variáveis sociodemográficas (idade; sexo; série cursada

na escola; presença de atividade remunerada; renda familiar em salários mínimos); dados

sobre o uso de computador e jogos eletrônicos; presença de dor musculoesquelética; nível de

atividade física (Apêndice B).

39

Dados sobre uso do computador, jogos eletrônicos e sintomatologia dolorosa

Foi utilizado 46 questões do questionário autoaplicável: Síndromes e lesões

musculoesquelética em crianças e adolescentes e sua relação com computador e vídeo games

(JANNINI, 2011) e um figura representativa do corpo humano para localizar a respectiva dor,

conforme utilizado e publicado por Jannini et al. (2011). Este instrumento inclui aspectos

sobre sintomas dolorosos do sistema musculoesquelético presentes nos últimos três meses e

questões relacionadas ao uso do computador e jogos eletrônicos. No entanto, foram realizadas

adaptações em algumas questões para facilitar a compreensão e abrangência do estudo, como

a utilização de Notebook e Tablet, no lugar de Laptop e jogos eletrônicos no lugar de

vídeogames (Apêndice B).

Com relação à utilização do computador o questionário avaliou os seguintes aspectos:

uso de computadores (tipos), disponibilidade domiciliar, aparelho próprio, utilização de

teclado, mouse ou outro, idade de início do uso em anos, frequência de uso em dias de

semana, tempo de uso (durante a semana de segunda a sexta-feira, no sábado e no domingo),

tempo de uso no dia anterior a pesquisa, local de sua utilização e atividades realizadas neste

aparelho. Além disso, foi avaliado a utilização dos computadores do colégio e o tempo de uso

na sala de aula.

Já com relação aos jogos eletrônicos, foram avaliados os seguintes aspectos: uso dos

jogos eletrônicos, disponibilidade domiciliar, aparelho próprio, frequência de uso e tempo de

uso (durante a semana de segunda a sexta-feira, no sábado e domingo), utilização dos jogos

no dia anterior a pesquisa, tempo de uso e local de utilização. Todos os dados basearam-se no

relato dos adolescentes.

Com relação à sintomatologia dolorosa o questionário avaliou os seguintes aspectos:

época de início, periodicidade da dor, duração da dor, horário da dor, fatores moduladores e

desencadeantes da dor, características sensoriais da dor, interferência da dor nas atividades de

vida diária, uso de medicamentos analgésicos, localização da dor, avaliação da intensidade da

dor (através da escala visual numérica, que consiste em uma reta que pontua a dor entre zero a

dez. Sendo a dor leve definida com pontuação menor ou igual a três, dor moderada entre

quatro e seis e dor de forte intensidade maior ou igual a sete) e presença de sintomas

associados à dor.

40

Avaliação do nível de atividade física

O nível de atividade física foi avaliado a partir das respostas ao Questionário

Internacional de Atividade Física (IPAQ)-Versão Curta (MATSUDO et al., 2001), por meio

de quatro questões com duas perguntas cada. De forma a avaliar os seguintes aspectos:

frequência de caminhada na última semana por pelo menos 10 minutos, tempo médio gasto

por dia realizando a caminhada, frequência de atividade moderada na última semana por pelo

menos 10 minutos, tempo médio gasto realizando atividade moderada, frequência de atividade

vigorosa por pelo menos 10 minutos na última semana, tempo médio gasto por dia realizando

atividade vigorosa, tempo gasto sentado por um dia de semana e tempo gasto sentado em um

dia de final de semana.

5.7.2 Avaliação antropométrica

Para a coleta da massa corporal e da estatura, foi utilizada balança eletrônica portátil

com capacidade de 150 Kg (marca Camry) e estadiômetro portátil (marca Cardiomed)

respectivamente, de acordo com a padronização da International Society for the Advancement

of Kinanthropometry (ISAK) (MARFELL-JONES et al., 2006).

Os dados foram utilizados como subsídio para o cálculo do índice de massa corporal

(IMC), por meio da divisão da massa corporal pela estatura elevada ao quadrado (kg/m²)

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1995). Para a classificação do sobrepeso foram

utilizados os critérios sugeridos por Cole et al. (2000). Na tabela 1, estão apresentados os

valores de referência para classificação dos casos de sobrepeso e obesidade a partir do valor

do IMC.

41

Tabela 1. Valores de referência para classificação de sobrepeso e obesidade em adolescentes.

Idade (anos)

Sobrepeso Obesidade

Meninos Meninas Meninos Meninas

14 22,6 23,3 27,6 28,6

14.5 23,0 23,7 28,0 28,9

15 23,3 23,9 28,3 29,1

15.5 23,6 24,2 28,6 29,3

16 23,9 24,4 28,9 29,4

16.5 24,2 24,5 29,1 29,6

17 24,5 24,7 29,4 29,7

17.5 24,7 24,8 29,7 29,8

18 25 25 30 30

19 25 25 30 30

Adaptado de Cole et al. (2000).

5.8 Variáveis Analisadas

Para realização desse estudo foram consideradas nove variáveis independentes (sexo,

idade, nível socioeconômico, atividade profissional, nível de atividade física, estado

nutricional, tempo de uso de computadores, tempo de uso de jogos eletrônicos e tempo total

de tela) e uma variável dependente (presença de dor). No entanto, para diferenciação dos

locais de dor foram consideradas mais cinco variáveis dependentes, nas quais foi avaliada a

presença de dor nas regiões: cervical, toracolombar, cintura escapular, membros inferiores e

membros superiores. Todas as variáveis foram categorizadas conforme o quadro 2.

42

Quadro 2. Categorização das variáveis utilizadas no estudoFatores Variáveis Categorias de análise

DemográficosSexo Masculino

FemininoIdade 14 – 16 anos

17 – 19 anos

SocioeconômicosNível socioeconômico Até 2 Salários mínimos

Acima de 2 Salários mínimosTrabalho Possui atividade laboral

Não possui atividade laboralAtividade Física Nível de Atividade Física Ativo: Ser fisicamente ativo por um total de

pelo menos 60 minutos em 5 (cinco) oumais dias na semanaInsuficientemente ativo: Ser fisicamenteativo por um total de pelo menos 60minutos em menos de 5 (cinco) dias nasemana

Estado Nutricional Índice de Massa Corporal EutróficoSobrepeso e Obesidade

Uso dos dispositivoseletrônicos

Tempo de uso decomputadores

Alto – Acima de 3 horas diáriasBaixo – Abaixo de 3 horas diárias

Tempo de uso de jogoseletrônicos

Alto – Acima de 1 hora diáriaBaixo – Abaixo de 1 hora diária

Tempo total de uso Alto – Acima de 4 horas diáriasBaixo – Abaixo de 4 horas diárias

Dor

Presença da dorCervicalCintura EscapularMembro SuperiorToracolombarMembro Inferior

SimNão

5.9 Análise de Dados

O procedimento de tabulação dos dados foi efetuado no programa Microsoft Excel,

utilizando procedimento de dupla entrada dos dados. A análise de dados foi realizada no

pacote estatístico SPSS (versão 20). A análise descritiva incluiu para as variáveis categóricas

a distribuição de frequência (relativa e absoluta) e intervalos de confiança (IC95%) para

proporções. Para as variáveis numéricas foram calculados valores de média e desvio-padrão.

Na análise inferencial, foram utilizados os testes de Qui-quadrado de Pearson e teste t

para amostras independentes a fim de analisar as diferenças existentes entre as variáveis

analisadas nos sujeitos do sexo masculino e feminino.

Foram construídos modelos de regressão logística univariada para testar a associação

isolada entre as variáveis dependentes e cada variável independente, além de analisar as

variáveis que entraram no modelo, explorar os possíveis fatores de confusão e identificar a

necessidade de ajustamento estatístico das análises. Recorreu-se à regressão logística binária,

através da estimativa da razão de chances (odds ratio = OR) e intervalos de confiança de

43

95%, para expressar o grau de associação entre as variáveis independentes e dependentes,

recorrendo-se ao ajustamento para potenciais fatores de confusão. Após a obtenção das

variáveis preditivas do modelo final, testou-se a ocorrência de interação. Para o modelo final

múltiplo foram selecionadas as variáveis cuja significância do p foi menor que 0,20 na

regressão univariada.

No modelo final múltiplo (Figura 1) optou-se pela técnica de níveis hierárquicos para

modelagem da análise logística da regressão. Esta metodologia é recomendada para aplicação

de estudos com um grande número de covariáveis. Esse método permite a inclusão das

variáveis em diferentes níveis, com hierarquização da cadeia de causalidade que conduz ao

desfecho e as possíveis interrelações (LIMA et al., 2008).

No nível distal do modelo foram inseridas as características sociais e demográficas.

No nível intermediário entrou no modelo o nível de atividade física e estado nutricional dos

adolescentes e por último, no nível proximal foram inseridas as características de uso dos

dispositivos eletrônicos.

Por fim, foi aplicado o teste de Hosmer-Lemeshow para descrever o poder explicativo

do modelo final. Em todos os testes aplicados foi considerada significância estatística como

valor de p < 0,05.

Figura 1. Modelo teórico para investigação da presença de dores musculoesqueléticas em

adolescentes.

43

95%, para expressar o grau de associação entre as variáveis independentes e dependentes,

recorrendo-se ao ajustamento para potenciais fatores de confusão. Após a obtenção das

variáveis preditivas do modelo final, testou-se a ocorrência de interação. Para o modelo final

múltiplo foram selecionadas as variáveis cuja significância do p foi menor que 0,20 na

regressão univariada.

No modelo final múltiplo (Figura 1) optou-se pela técnica de níveis hierárquicos para

modelagem da análise logística da regressão. Esta metodologia é recomendada para aplicação

de estudos com um grande número de covariáveis. Esse método permite a inclusão das

variáveis em diferentes níveis, com hierarquização da cadeia de causalidade que conduz ao

desfecho e as possíveis interrelações (LIMA et al., 2008).

No nível distal do modelo foram inseridas as características sociais e demográficas.

No nível intermediário entrou no modelo o nível de atividade física e estado nutricional dos

adolescentes e por último, no nível proximal foram inseridas as características de uso dos

dispositivos eletrônicos.

Por fim, foi aplicado o teste de Hosmer-Lemeshow para descrever o poder explicativo

do modelo final. Em todos os testes aplicados foi considerada significância estatística como

valor de p < 0,05.

Figura 1. Modelo teórico para investigação da presença de dores musculoesqueléticas em

adolescentes.

43

95%, para expressar o grau de associação entre as variáveis independentes e dependentes,

recorrendo-se ao ajustamento para potenciais fatores de confusão. Após a obtenção das

variáveis preditivas do modelo final, testou-se a ocorrência de interação. Para o modelo final

múltiplo foram selecionadas as variáveis cuja significância do p foi menor que 0,20 na

regressão univariada.

No modelo final múltiplo (Figura 1) optou-se pela técnica de níveis hierárquicos para

modelagem da análise logística da regressão. Esta metodologia é recomendada para aplicação

de estudos com um grande número de covariáveis. Esse método permite a inclusão das

variáveis em diferentes níveis, com hierarquização da cadeia de causalidade que conduz ao

desfecho e as possíveis interrelações (LIMA et al., 2008).

No nível distal do modelo foram inseridas as características sociais e demográficas.

No nível intermediário entrou no modelo o nível de atividade física e estado nutricional dos

adolescentes e por último, no nível proximal foram inseridas as características de uso dos

dispositivos eletrônicos.

Por fim, foi aplicado o teste de Hosmer-Lemeshow para descrever o poder explicativo

do modelo final. Em todos os testes aplicados foi considerada significância estatística como

valor de p < 0,05.

Figura 1. Modelo teórico para investigação da presença de dores musculoesqueléticas em

adolescentes.

44

6 RESULTADOS

6.1 Análise Descritiva e Comparação entre Sexos

6.1.1 Dados Sociodemográficos

Inicialmente foram incluídos no presente estudo 1020 adolescentes. No entanto, 59

sujeitos foram excluídos por apresentarem questionários contendo erros de preenchimento

e/ou preenchimento incompleto. Sendo assim, a amostra final dessa pesquisa foi definida em

961 adolescentes com idade média geral de 16,5 ± 1,3 anos.

Em relação à distribuição por sexo, 592 (61,6 %) [IC95% 58,5 % - 64,7 %] eram do

sexo feminino e 369 (38,4 %) [IC95% 35,4 % - 41,6 %] eram do sexo masculino (razão F:M =

1,60). Quanto à escolaridade, 364 (37,9 %) [IC95% 34,8 % - 41,0 %] sujeitos estudavam no

primeiro ano, 273 (28,4 %) [IC95% 25,6 % - 31,4 %] no segundo ano e 324 (33,7 %) [IC95%

30,7 % - 36,8 %] no terceiro ano do ensino médio. Dos participantes, 171 (17,8 %) [IC95%

15,4% - 20,4 %] relataram desempenhar atividades profissionais remuneradas e/ou possuir

vínculo empregatício.

Com relação à renda familiar, 226 (23,5 %) [IC95% 20,8% - 26,3 %] sujeitos relataram

viver com um SM, 478 (49,7 %) [IC95% 46,5% - 53,0 %] entre um e dois SM, 149 (15,5 %)

[IC95% 13,3 % - 17,9 %] entre dois e cinco SM, 25 (2,6 %) [IC95% 1,7 % - 3,8 %] entre cinco e

10 SM, 11 (1,1 %) [IC95% 0,5 % - 1,9 %] com renda superior à 10 SM e 72 (7,5 %) [IC95% 5,9

% - 9,3 %] não souberam responder.

6.1.2 Dados Antropométricos, Estado Nutricional e Nível de Atividade Física

Os adolescentes avaliados apresentaram massa corporal média de 59,49 ± 12,77 Kg,

estatura média de 1,64 ± 0,08 m e índice de massa corporal (IMC) médio de 21,76 ± 4,15

Kg/m2. No entanto, para caracterização do estado nutricional foram utilizados os valores de

referência determinados por Cole et al (2000), com base na idade e sexo. Desse modo, foi

possível observar que 202 (21,0 %) [IC95% 18,5 % - 23,7 %] adolescentes apresentavam

sobrepeso ou obesidade e 759 (79,0 %) [IC95% 76,3 % - 81,5 %] eram eutróficos.

Em relação ao nível de atividade física (NAF), a amostra estudada foi composta por

233 (24,2 %) [IC95% 21,6 % - 27,1 %] sujeitos inativos ou insuficientemente ativos e 728

(75,8 %) [IC95% 72,9 % - 78,4 %] ativos ou muito ativos.

45

Na tabela 2 são apresentados os dados referentes à comparação das variáveis entre

sexos, na qual é possível observar que os adolescentes do sexo masculino apresentaram

maiores valores nas variáveis idade, massa corporal e estatura (p ≤ 0,013). Já a variável renda

familiar de 1 a 2 SM foi mais prevalente significativamente nas meninas. Nas demais

variáveis analisadas não foram observadas diferenças significativas.

Tabela 2. Características sociodemográficas, antropométricas, estado nutricional, nível de

atividade física e atividade profissional dos adolescentes de escolas públicas estaduais do

Recife, estratificadas por sexo.

Variáveis Masculino Feminino Valor de pIdade 16,62 ± 1,35 16,40 ± 1,23 0,013Massa Corporal 64,71 ± 13,59 56,24 ± 11,06 0,001Estatura 1,72 ± 0,07 1,60 ± 0,06 0,001Renda Familiar

1 a 2 Salários MínimosAcima de 2 Salários Mínimos

23794

46791 0,001

Estado NutricionalEutróficoSobrepeso e Obesidade

29673

463129 0,437

Nível de Atividade FísicaAtivoInativo

28386

445147 0,211

Atividade ProfissionalSimNão

65304

106486

0,491

6.1.3 Características do uso de dispositivos eletrônicos

Em relação ao uso de dispositivos eletrônicos, 853 (88,8 %) [IC95% 86,6 % - 90,6 %]

adolescentes afirmaram utilizar o computador, 715 (74,4 %) [IC95% 71,5 % - 77,1 %]

referiram possuir esse equipamento em casa e 563 (58,7 %) [IC95% 55,4 % - 61,7 %] relataram

possuir computador próprio. Além disso, 713 (74,8 %) [IC95% 71,3 % - 76,9 %] adolescentes

confirmaram possuir e utilizar notebook e/ou tablet. Quanto ao uso dos dispositivos, 416 (43,3

%) [IC95% 40,1 % - 46,5 %] sujeitos relataram utilizar mais o computador, 414 (43,1 %)

[IC95% 39,9 % - 46,3 %] utilizam com maior frequência o notebook/tablet e 103 (10,7 %)

[IC95% 8,8 % - 12,9 %] informaram que utilizam os dispositivos de maneira similar.

46

A idade de início do uso de computadores foi, em média, 11,3 ± 2,6 anos. Em média, os

adolescentes relataram utilizar esses dispositivos em 5,51 ± 2,11 dias por semana, totalizando

cerca de 1.720,87 ± 1.508,55 minutos de tempo de uso semanal.

Referente ao uso de jogos eletrônicos, 607 (63,2 %) [IC95% 60,0 % - 66,2 %]

adolescentes afirmaram utilizar jogos eletrônicos e 515 (53,6 %) [IC95% 50,4 % - 56,8 %]

relataram possuir algum tipo de jogo eletrônico. Em média, a frequência de uso foi de 2,37 ±

2,50 dias por semana, com um tempo total de 583,34 ± 930,62 minutos. Por fim, foi possível

observar que o tempo total de uso foi de 2.304,40 ± 2.040,40 minutos semanais.

Na tabela 3 estão apresentadas as comparações entre sexos, das variáveis relacionadas

ao uso dos dispositivos eletrônicos. Foi possível observar diferença significativa em relação

ao tipo de equipamento utilizado, sendo verificado que as meninas utilizam mais o notebook e

tablet, enquanto os meninos relataram preferência pelo uso do computador. Nas demais

variáveis relacionadas ao uso de computadores, notebooks e tablets não foram observados

diferenças estatisticamente significativas.

No entanto, para as variáveis relacionadas ao uso de jogos eletrônicos foi possível

observar um predomínio do uso desse equipamento nos sujeitos do sexo masculino, o que

acarretou também em um maior tempo total de uso desses indivíduos.

47

Tabela 3. Características relacionadas ao uso dos dispositivos eletrônicos entre adolescentes

de escolas públicas estaduais do Recife, estratificadas por sexo.

Variáveis Masculino Feminino Valor de pUso de ComputadorSimNão

33237

52171

0,401

Possui Computador em CasaSimNão

28188

434158

0,362

Possui Computador PróprioSimNão

222146

341250

0,458

Possui Notebook/TabletSimNão

264103

449137

0,108

Uso dos Dispositivos EletrônicosComputadorNotebook/TabletSimilar

17513650

24227853

0,002

Idade de início do uso (anos) 11,30±2,86 11,32±2,46 0,953Frequência de uso (dias/semana) 5,52±2,13 5,51±2,09 0,924Tempo semanal de uso (minutos) 1.703,44±1.357,47 1.731,73±1.596,52 0,769Uso de jogos eletrônicosSimNão

29772

310279

0,001

Possui Jogos EletrônicosSimNão

232137

283308

0,001

Frequência de uso (dias/semana) 3,25±2,55 1,82±2,30 0,001Tempo semanal de uso (minutos) 949,77±1.143,76 354,94±675,39 0,001Tempo total de uso 2653,21±2125,98 2086,67±1955,69 0,001

6.1.4 Queixas de dor e desconforto

A presença de sintomas de dores musculoesqueléticas foi relatada por 626 (65,1 %)

adolescentes, sendo essa queixa bastante prevalente na amostra avaliada. Por outro lado, as

queixas de sensação de cansaço ao acordar e ao longo dia foram relatadas por 213 (22,2 %)

[IC95% 19,6 % - 24,9 %] e 227 (23,6 %) [IC95% 21,0 % - 26,4 %] adolescentes,

respectivamente. Assim como, 119 (12,4 %) [IC95% 10,4 % - 14,6 %] dos adolescentes

informaram ter dificuldade para dormir.

Em relação à localização das queixas de dores musculoesqueléticas, os dados foram

agrupados em cinco diferentes regiões anatômicas: região cervical, cintura escapular,

48

membros superiores, região toracolombar e membros inferiores. A região que apresentou

maior prevalência de queixas dolorosas foi a toracolombar (n = 451 - 46,9 %) [IC95% 43,7 % -

50,1 %], seguida dos membros superiores (n = 192 - 20 %) [IC95% 17,5 % - 22,7 %], coluna

cervical (n = 178 - 18,5 %) [IC95% 16,1 % - 21,1 %], cintura escapular (n = 152 - 15,8 %)

[IC95% 13,5 % - 18,3 %] e membros inferiores (n = 149 - 15,5 %) [IC95% 13,2 % - 17,9 %].

Referente à intensidade dos sintomas dolorosos, 213 (22,2 %) [IC95% 19,6 % - 24,9 %]

adolescentes classificaram a dor em severa, 281 (29,2 %) [IC95% 26,4 % - 32,2 %] em

moderada e 131 (13,6 %) [IC95% 11,5 % - 15,9 %] em leve. Por outro lado, 335 (34,9 %)

[IC95% 31,8 % - 38,0 %] adolescentes relataram não possuir sintomas de dores

musculoesqueléticas. A intensidade média das dores relatadas foi de 3,53 ± 3,17 pontos na

escala numérica visual.

Em relação ao fator de desencadeamento dos sintomas dolorosos, 199 (31,8 %) [IC95%

28,2 % - 35,6 %] adolescentes referiram que o uso do computador como fator desencadeante

de pelo menos um sintoma. Outros fatores citados como desencadeantes foram: realização de

atividade física em 128 (20,5 %) [IC95% 17,6 % - 23,8 %] adolescentes e o uso de jogos

eletrônicos em 18 (2,9 %) [IC95% 1,7 % - 4,5 %] adolescentes.

Outro aspecto avaliado foi a influência dos sintomas dolorosos na realização de

atividades de vida diária desses adolescentes, sendo relatado que pelo menos um dos sintomas

dolorosos interfere ou atrapalha a realização da tarefa de estudar (143 – 22,8 %) [IC95% 19,7 %

- 26,3 %], dormir (115 – 18,4 %) [IC95% 15,4 % - 21,6 %] e praticar esportes (110 – 17,6 %)

[IC95% 14,7 % - 20,8 %]. Além disso, 186 (29,7 %) [IC95% 26,2 % - 33,5 %] adolescentes

afirmaram que a presença dos sintomas dolorosos os deixam mais nervosos.

Por fim, 201 (32,1 %) [IC95% 28,5 % - 35,9 %] adolescentes afirmaram fazer uso

esporádico de analgésicos e outros 70 (11,1 %) [IC95% 8,8 % - 13,9 %] fazem uso muitas

vezes ou sempre que os sintomas estão presentes.

Na tabela 4 estão apresentadas as comparações entre os sexos, relacionadas à presença

de dor, intensidade da dor, localização dos sintomas dolorosos e sintomas como: acorda

cansado, dificuldade para dormir e cansaço ao longo do dia. Sendo possível observar uma

diferença significativa entre os sexos nas variáveis sintomas de dor, acordar cansado, sentir

cansaço ao longo do dia, intensidade da dor e dor localizada em todas as regiões do corpo.

Sendo mais comum entre as adolescentes.

49

Tabela 4. Descrição, em frequências absolutas, da presença dos sintomas dolorosos,

localização das queixas, sensação de cansaço ao acordar e ao longo dia, dificuldade para

dormir e intensidade da dor em adolescentes do sexo feminino e masculino de escolas

públicas estaduais de Recife, PE. 2013.

Variáveis Masculino Feminino Valor de pSintomas de DorSimNão

193176

433159

0,001

Acorda cansadoSimNão

51318

162425

0,001

Cansado ao longo do diaSimNão

49320

178413

0,001

Dificuldade para dormirSimNão

41328

78511

0,366

Intensidade da DorSem dorLeveModeradaForte

189499140

14682190173

0,001

Dor CervicalSimNão

52317

126466

0,006

Dor na Cintura EscapularSimNão

44325

108484

0,011

Dor no Membro SuperiorSimNão

58310

134458

0,010

Dor na Região ToracolombarSimNão

124245

327265

0,001

Dor no Membro InferiorSimNão

45324

104488

0,028

6.2. Análise de Regressão Univariada

6.2.1 Análise univariada de fatores associados à presença de dor difusa

50

Os resultados da análise de regressão univariada demonstraram que algumas variáveis

estão associadas com a presença de dor difusa. Nesse caso, os adolescentes do sexo feminino

e com idade entre 14 e 16 anos apresentaram maiores chances para apresentar sintomas de dor

difusa. Por outro lado, o tempo elevado de uso de jogos eletrônicos apresentou-se como um

fator que diminuiu as chances da presença de dor difusa (Tabela 5).

Tabela 5. Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor difusa

nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. 2013.

Variáveis Independentes Presençade dor

Ausênciade dor

OR [IC 95%] p

SexoFemininoMasculino

433193

159176

2,481

1,89 – 3,26 0,001

Idade14 a 16 anos17 a 19 anos

333293

151184

1,391

1,06 – 1,81 0,016

Nível socioeconômicoAté dois SMAcima de dois SM

476111

22874

1,391

0,99 – 1,94 0,052

Atividade ProfissionalTrabalhaNão trabalha

106520

65270

0,851

0,60 – 1,19 0,340

Estado NutricionalSobrepeso e ObesidadeEutrófico

134492

68267

1,071

0,77 – 1,48 0,688

Nível de Atividade FísicaInativoAtivo

149477

84251

0,931

0,68 – 1,27 0,661

Uso do ComputadorTempo alto (>3 horas/dia)Tempo baixo (< 3 horas/dia)

310316

156179

1,121

0,86 – 1,47 0,382

Uso de Jogos EletrônicosTempo alto (>1 hora/dia)Tempo baixo (<1 hora/dia)

294332

185150

0,721

0,55 – 0,94 0,015

Tempo Total de UsoTempo alto (>4 horas/dia)Tempo baixo (< 4 horas/dia)

312314

166169

1,011

0,77 – 1,32 0,932

6.2.2 Análise univariada de fatores associados à presença de dor cervical

Os resultados da análise de regressão univariada demonstraram que algumas variáveis

estão associadas com a presença de dor cervical. Os adolescentes do sexo feminino e o fato de

51

possuir atividade profissional remunerada demosntraram maiores chances para apresentar dor

cervical. Além disso, o uso elevado de computador e tempo total de uso mostraram-se como

fator de risco para presença de dor cervical (Tabela 6).

Tabela 6. Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor na

coluna cervical nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. 2013.

Variáveis Independentes Presençade dor

Ausênciade dor

OR [IC 95%] p

SexoFemininoMasculino

12652

466317

1,651

1,16 – 2,35 0,005

Idade14 a 16 anos17 a 19 anos

9880

386397

1,261

0,91 – 1,75 0,165

Nível socioeconômicoAté dois SMAcima de dois SM

12441

580144

0,751

0,50 – 1,12 0,157

Atividade ProfissionalTrabalhaNão trabalha

44134

127656

1,701

1,15 – 2,51 0,007

Estado NutricionalSobrepeso e ObesidadeEutrófico

34144

168615

0,861

0,57 – 1,30 0,486

Nível de Atividade FísicaInativoAtivo

42136

191592

0,961

0,66 – 1,40 0,823

Uso do ComputadorTempo alto (>3 horas/dia)Tempo baixo (< 3 horas/dia)

10080

366415

1,421

1,02 – 1,96 0,035

Uso de Jogos EletrônicosTempo alto (>1 hora/dia)Tempo baixo (<1 hora/dia)

9189

388393

1,041

0,75 – 1,43 0,832

Tempo Total de UsoTempo alto (>4 horas/dia)Tempo baixo (< 4 horas/dia)

10377

375406

1,451

1,04 – 2,01 0,026

6.2.3 Análise univariada de fatores associados à presença de dor na cintura escapular

Os resultados da análise de regressão univariada demonstraram que somente a variável

sexo apresentou associação com a presença de dor na região da cintura escapular, tendo o

sexo feminino maior chance para apresentar tal queixa dolorosa (Tabela 7).

52

Tabela 7. Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor na

cintura escapular nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. 2013.

Variáveis Independentes Presençade dor

Ausênciade dor

OR [IC 95%] p

SexoFemininoMasculino

10844

484325

1,651

1,13 – 2,40 0,009

Idade14 a 16 anos17 a 19 anos

8567

399410

1,301

0,92 – 1,85 0,135

Nível socioeconômicoAté dois SMAcima de dois SM

10935

595150

0,791

0,51 – 1,20 0,259

Atividade ProfissionalTrabalhaNão trabalha

26126

145664

0,951

0,60 – 1,50 0,809

Estado NutricionalSobrepeso e ObesidadeEutrófico

32120

170639

1,001

0,66 – 1,53 0,991

Nível de Atividade FísicaInativoAtivo

30122

203606

0,731

0,48 – 1,13 0,157

Uso do ComputadorTempo alto (>3 horas/dia)Tempo baixo (< 3 horas/dia)

7280

394415

0,951

0,67 – 1,34 0,763

Uso de Jogos EletrônicosTempo alto (>1 hora/dia)Tempo baixo (<1 hora/dia)

7874

401408

1,071

0,76 – 1,52 0,692

Tempo Total de UsoTempo alto (>4 horas/dia)Tempo baixo (< 4 horas/dia)

7280

406403

0,891

0,63 – 1,26 0,524

6.2.4 Análise univariada de fatores associados à presença de dor no membro superior

Os resultados da análise de regressão univariada demonstraram que somente as

variáveis sexo e estado nutricional apresentaram associação com a presença de dor no

membro superior. O sexo feminino e o excesso de peso apresentaram como fatores de risco à

presença dos sintomas dolorosos nessa região (Tabela 8).

53

Tabela 8. Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor no

membro superior nos adolescentes de escolas públicas estaduais de Recife, PE. 2013.

Variáveis Independentes Presençade dor

Ausênciade dor

OR [IC 95%] p

SexoFemininoMasculino

13458

458310

1,561

1,13 – 2,20 0,010

Idade14 a 16 anos17 a 19 anos

10389

380388

1,181

0,86 – 1,62 0,302

Nível socioeconômicoAté dois SMAcima de dois SM

14234

561151

1,121

0,74 – 1,70 0,580

Atividade ProfissionalTrabalhaNão trabalha

37155

133635

1,141

0,76 – 1,71 0,526

Estado NutricionalSobrepeso e ObesidadeEutrófico

53139

149619

1,581

1,10 – 2,28 0,013

Nível de Atividade FísicaInativoAtivo

41151

191577

0,821

0,56 – 1,20 0,309

Uso do ComputadorTempo alto (>3 horas/dia)Tempo baixo (< 3 horas/dia)

91101

375393

0,941

0,69 – 1,29 0,722

Uso de Jogos EletrônicosTempo alto (>1 hora/dia)Tempo baixo (<1 hora/dia)

9894

380388

1,071

0,77 – 1,46 0,699

Tempo Total de UsoTempo alto (>4 horas/dia)Tempo baixo (< 4 horas/dia)

9894

380388

1,071

0,77 – 1,46 0,699

6.2.5 Análise univariada de fatores associados à presença de dor na região toracolombar

Os resultados da análise de regressão univariada demonstraram que as variáveis sexo e

tempo total de uso dos dispositivos apresentaram associação com a presença de dor na região

toracolombar. O sexo feminino e o tempo elevado de uso apresentaram-se como fatores de

risco à presença dos sintomas dolorosos (Tabela 9).

54

Tabela 9. Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor na

coluna toracolombar nos adolescentes de escolas estaduais de Recife, PE. 2013.

Variáveis Independentes Presençade dor

Ausênciade dor

OR [IC 95%] p

SexoFemininoMasculino

327124

265245

2,441

1,86 – 3,19 0,001

Idade14 a 16 anos17 a 19 anos

224227

260250

0,951

0,74 – 1,22 0,685

Nível socioeconômicoAté dois SMAcima de dois SM

33887

36698

1,041

0,75 – 1,44 0,811

Atividade ProfissionalTrabalhaNão trabalha

83368

88422

1,081

0,78 – 1,51 0,642

Estado NutricionalSobrepeso e ObesidadeEutrófico

85366

117393

0,781

0,57 – 1,07 0,120

Nível de Atividade FísicaInativoAtivo

92300

141428

0,931

0,69 – 1,26 0,697

Uso do ComputadorTempo alto (>3 horas/dia)Tempo baixo (< 3 horas/dia)

228223

238272

1,171

0,91 – 1,51 0,229

Uso de Jogos EletrônicosTempo alto (>1 hora/dia)Tempo baixo (<1 hora/dia)

218233

261249

0,891

0,69 – 1,15 0,380

Tempo Total de UsoTempo alto (>4 horas/dia)Tempo baixo (< 4 horas/dia)

278221

200262

1,651

1,28 – 2,12 0,001

6.2.6 Análise univariada de fatores associados à presença de dor no membro inferior

Os resultados da análise de regressão univariada demonstraram que as variáveis sexo e

nível de atividade física apresentaram associação com a presença de dor nos membros

inferiores. O sexo feminino apresentou-se como fator de risco à presença dos sintomas

dolorosos, enquanto que os indivíduos inativos apresentam menor chance de desenvolver tal

sintoma (Tabela 10).

55

Tabela 10. Associação das variáveis independentes com a presença e ausência de dor no

membro inferior dos adolescentes de escolas estaduais de Recife, PE. 2013.

Variáveis Independentes Presençade dor

Ausênciade dor

OR [IC 95%] p

SexoFemininoMasculino

10445

488324

1,531

1,05 – 2,24 0,025

Idade14 a 16 anos17 a 19 anos

7079

414398

0,851

0,60 – 1,21 0,369

Nível socioeconômicoAté dois SMAcima de dois SM

11828

586157

1,131

0,72 – 1,77 0,595

Atividade ProfissionalTrabalhaNão trabalha

28121

143669

1,081

0,69 – 1,70 0,729

Estado NutricionalSobrepeso e ObesidadeEutrófico

30119

172640

0,941

0,60 – 1,45 0,773

Nível de Atividade FísicaInativoAtivo

27128

206606

0,621

0,40 – 0,97 0,043

Uso do ComputadorTempo alto (>3 horas/dia)Tempo baixo (< 3 horas/dia)

7871

388424

1,201

0,85 – 1,70 0,305

Uso de Jogos EletrônicosTempo alto (>1 hora/dia)Tempo baixo (<1 hora/dia)

7079

409403

0,871

0,61 – 1,24 0,447

Tempo Total de UsoTempo alto (>4 horas/dia)Tempo baixo (< 4 horas/dia)

1772

401411

1,101

0,77 – 1,56 0,607

6.3. Análise de Regressão Múltipla

6.3.1 Análise de Regressão Múltipla para Dor Difusa

A análise de regressão múltipla hierarquizada demonstrou que a variável sexo

manteve-se no modelo final associada ao desfecho. Foi possível observar que as adolescentes

do sexo feminino apresentaram maior chance de relatar os sintomas de dor

musculoesquelética difusa. O resultado do teste de Hosmer-Lemeshow, que define o poder

explicativo da modelagem, foi de 60,9 %.

56

Tabela 11. Fatores associados à dor musculoesquelética difusa em adolescentes de escolas

públicas estaduais do Recife, PE. 2013.

Variáveis OR [IC 95%] p

Sexo (Feminino) 2,57 1,93 – 3,42 0,001

6.3.2 Análise de Regressão Múltipla para Dor Cervical

A análise de regressão múltipla hierarquizada demonstrou que as variáveis sexo,

atividade profissional e tempo total de uso dos dispositivos mantiveram-se no modelo final.

Por outro lado, os sujeitos do sexo feminino, o fato de desempenhar atividade profissional

remunerada e de passar mais de quatro horas por dia utilizando dispositivos eletrônicos

apresentaram maior chance de desenvolver dor na região cervical (Tabela 12). O resultado do

teste de Hosmer-Lemeshow foi de 96,4 %.

Tabela 12. Fatores associados à dor na região cervical em adolescentes de escolas públicas

estaduais do Recife, PE. 2013.

Variáveis OR [IC 95%] p

Sexo (Feminino) 1,93 1,32 – 2,83 0,001

Atividade Profissional (Trabalha) 1,75 1,17 – 2,62 0,008

Tempo Total de Uso (>4 horas/dia) 1,61 1,13 – 2,28 0,007

6.3.3 Análise de Regressão Múltipla para Dor na Cintura Escapular

A análise de regressão múltipla hierarquizada demonstrou que a variável sexo

manteve-se no modelo final, sendo que os sujeitos do sexo feminino apresentaram maior

chance de apresentar dor na região de cintura escapular (Tabela 13). O resultado do teste de

Hosmer-Lemeshow foi de 87,1 %.

Tabela 13. Fatores associados à dor na região na região da cintura escapular em adolescentes

de escolas públicas estaduais do Recife, PE. 2013.

Variáveis OR [IC 95%] p

Sexo (Feminino) 1,67 1,13 – 2,49 0,011

57

6.3.4 Análise de Regressão Múltipla para Dor no Membro Superior

A análise de regressão múltipla hierarquizada demonstrou que as variáveis sexo e

estado nutricional mantiveram-se no modelo final associadas ao desfecho. Foi possível

observar que as adolescentes do sexo feminino apresentaram maior chance de relatar os

sintomas de dor musculoesquelética nos membros superiores. No entanto, a variável estado

nutricional não apresentou associação significativa. O resultado do teste de Hosmer-

Lemeshow foi de 97,5 %.

Tabela 14. Fatores associados à dor musculoesquelética nos membros superiores dos

adolescentes de escolas públicas estaduais do Recife, PE. 2013.

Variáveis OR [IC 95%] p

Sexo (Feminino) 1,52 1,06 – 2,17 0,022

Estado Nutricional (Sobrepeso e Obesidade) 1,47 0,99 – 2,14 0,059

6.3.5 Análise de Regressão Múltipla para Dor na Região Toracolombar

A análise de regressão múltipla hierarquizada demonstrou que as variáveis sexo e

tempo total de uso dos dispositivos eletrônicos mantiveram-se no modelo final. Foi possível

observar que as adolescentes do sexo feminino e com tempo total de uso de dispositivos

eletrônicos apresentaram maior chance de relatar os sintomas de dor musculoesquelética na

coluna toracolombar. O resultado do teste de Hosmer-Lemeshow foi de 20,0 %.

Tabela 15. Fatores associados à dor na coluna toracolombar em adolescentes de escolas

públicas estaduais do Recife, PE. 2013.

Variáveis OR [IC 95%] p

Sexo (Feminino) 2,72 2,03 – 3,65 0,001

Tempo Total de Uso (> 4 horas/dia) 1,33 1,00 – 1,75 0,047

6.3.6 Análise de Regressão Múltipla para Dor no Membro Inferior

A análise de regressão múltipla hierarquizada demonstrou que a variável sexo

manteve-se no modelo final, tendo o sexo feminino maior chance de relatar os sintomas de

58

dor musculoesquelética nos membros inferiores. O resultado do teste de Hosmer-Lemeshow

foi de 86,4 %.

Tabela 16. Fatores associados à dor nos membros inferiores em adolescentes de escolas

públicas estaduais do Recife, PE. 2013.

Variáveis OR [IC 95%] p

Sexo (Feminino) 1,53 1,04 – 2,25 0,030

59

7 DISCUSSÃO

Esse foi o primeiro estudo realizado no Nordeste do Brasil que buscou avaliar a

prevalência e a associação da dor musculoesquelética com o uso de computadores e jogos

eletrônicos em adolescentes. Pode-se observar neste estudo uma alta prevalência (65,1%) de

dor musculoesquelética entre os adolescentes, chegando a ser maior do que a demonstrada em

estudos anteriores realizados no Brasil (ZAPATA, 2004; JANNINI et al., 2011) e em outros

países (TORSHEIM et al., 2010; HAKALA et al., 2012). Essas evidências por si só reforçam

a importância de tal investigação sobre os fatores associados a esse problema, assim como se

torna imprescindível a avaliação e atenção integral à saúde desses indivíduos (SALES-PERES

et al., 2010).

Quanto à localização dos sintomas, a região que apresentou maior prevalência de

queixas dolorosas foi a toracolombar (46,9 %). Já em pesquisa recente realizada com 770

escolares, de 7 a 17 anos de idade, matriculados em uma escola privada da cidade de Porto

Alegre, observou-se prevalência de 31,6 % de dor na coluna lombar dos estudantes (LEMOS

et al., 2013). Corroborando resultados foi verificada prevalência semelhante (33,1%) de dor

na mesma localização em de uma população de 3016 estudantes do ensino médio, com idade

entre 15 e 19 anos, na China (SHAN et al., 2013), embora tenha sido um pouco menor, parece

concordar os nossos resultados, visto que no presente estudo foi incluído também os sintomas

referentes à coluna torácica, fato que pode explicar essa diferença. Portanto, é possível

constatar que, independentemente do desenvolvimento do país ou instituição de ensino, a

ocorrência na referida região é elevada, possivelmente sendo explicada pelo posicionamento

inadequado, tempo excessivo em posturas estáticas, atividade repetitivas e mobiliário

impróprio, aumentando a pressão interna no núcleo do disco intervertebral, consequentemente

gerando o desconforto na coluna lombar dos adolescentes (DE VITTA et al., 2012).

A segunda dor mais prevalente foi nos membros superiores (20%) seguida da coluna

cervical com 18,5 %. Esses achados corroboram os achados de Hakala et al. (2012), o qual

relatou uma prevalência de dor na região cervical e ombros em cerca de 21% dos

adolescentes. Além disso, Zapata (2004) também evidenciou uma prevalência de dor cervical

em 22 % entre adolescentes escolares, corroborando assim com nossos resultados.

Ocorrências que podem ser esclarecidas pelos mesmos fatores que afetam a coluna lombar,

que geram alterações nas estruturas musculoesqueléticas, reduzindo a circulação de retorno

dos membros e promovendo desconfortos na região cervical e membros superiores (DE

VITTA et al., 2012).

60

Em relação ao uso de dos dispositivos eletrônicos, vários estudos apresentaram um

elevado uso do computador, assim como o avaliado nesta pesquisa, com prevalência variando

entre 74% e 99% dos adolescentes (SILVA et al., 2006; SUZUKI et al., 2009; MILDE-

BUSCH et al., 2010; DE VITTA et al., 2011; JANNINI et al., 2011). Já com relação à

disponibilidade do equipamento no domicílio, mais de 74 % dos adolescentes referiram

possuir o computador ou notebook/tablet. Esse resultado é reflexo do programa implementado

pela Secretaria Estadual de Educação que distribuiu esses equipamentos a todos os alunos do

ensino médio da rede estadual e contribuiu para o aumento do acesso a tecnologia, antes

somente associada a famílias com um maior nível socioeconômico (SILVA et al., 2006;

DUMITH et al., 2010).

Por outro lado, no que diz respeito ao uso de jogos eletrônicos, Milde-Busch et al.

(2010) relataram uma frequência mais baixa (27%) entre os adolescentes, divergindo dos

resultados do presente estudo (63,2%). Além disso, os elementos obtidos no presente estudo

permitem inferir que a maioria dos adolescentes possui algum tipo de jogo eletrônico.

Provavelmente, esta maior frequência deve-se ao fato dos jogos eletrônicos tornaram-se cada

vez mais populares, sendo uma das mais importantes atividades de lazer para crianças e

adolescentes, independente da idade e estratos socioeconômicos (ABREU et al., 2008).

Segundo estudos prévios o tempo total despendido por adolescentes em uma semana

utilizando computadores varia em torno de 80 a 840 minutos (BURKE; PEPER, 2002; SILVA

et al., 2006; DUMITH et al., 2010; HAKALA et al., 2012). Contudo, o presente estudo

evidenciou um tempo de uso do computador próximo a 1.720 minutos por semana,

levantando questionamentos sobre esse tempo, já que diversos estudos têm ressaltado a

associação de várias queixas de saúde ao tempo excessivo neste comportamento

(PELEGRINI; PETROSKI, 2007; RIVERA et al., 2010; ALTENBURG et al., 2012;

HAKALA et al., 2012). Além do mais, isto pode ser explicado pela maior disponibilidade dos

equipamentos nos locais públicos pagos e nas escolas públicas, bem como a facilidade de

realizar diversas atividades com esse aparelho, tais como: acessar a internet, realizar trabalhos

escolares, assistir vídeos e jogar jogos do computador (ABREU et al., 2008; HAKALA, et al.,

2012).

O tempo gasto com jogos eletrônicos foi bem menor comparado ao uso do computador,

sendo relatado um tempo médio de 583,34 minutos por semana. Mesmo assim, tais resultados

apresentam valores superiores aos apresentados na literatura, nos quais os sujeitos relataram

utilizar esses jogos em uma frequência média de 210 e 390 minutos semanais (ZAPATA,

2004; DUMITH et al., 2010).

61

Referente à análise dos fatores associados à presença de queixas dolorosas, foi possível

observar que embora várias variáveis tenham apresentado, nas análises univariadas,

associação com os diferentes sintomas, apenas o sexo feminino, o tempo total de uso dos

equipamentos eletrônicos, o estado nutricional e a presença de atividade profissional

remunerada se mantiveram nos modelos estatísticos finais.

Entre essas variáveis, o sexo feminino apresentou associação com as queixas dolorosas

em todas as regiões anatômicas do corpo, sendo considerado um fator de risco para o

desenvolvimento desses sintomas. Da mesma forma, em estudo realizado na Finlândia, foi

verificado que as meninas relataram dor em todos os locais do corpo, além de também

apresentarem mais transtornos na vida cotidiana (HAKALA et al., 2012).

Assim, a questão de gênero pode ser explicada pelo fato das mulheres se queixarem

mais do que os homens, relatando com maior frequência as informações pertinentes à saúde

devido a questões sociais e educacionais, bem como pela presença das alterações hormonais

nas meninas durante puberdade, visto que os meninos apresentam um limiar de dor mais

elevada do que meninas (DE VITTA et al., 2007; SHAN et al., 2013). Essa associação entre

as queixas dolorosas e o sexo feminino também tem sido demonstrada por outros estudos na

literatura (GRAUP et al., 2010; DE VITTA et al., 2011; LEMOS et al., 2013). Além disso,

Costigan et al. (2013) relata que as meninas em geral apresentam níveis menores de atividade

física e um maior tempo despendido em comportamentos sedentários, que associados as

variações hormonais contribuem negativamente em diversos indicadores de saúde, inclusive

nas queixas de dores musculoesqueléticas.

Outro fator sociodemográfico associado à sintomatologia dolorosa, especificamente a

dor cervical, foi à atividade profissional remunerada. Embora os estudos realizados com

adolescentes sobre sintomatologia dolorosa apresentem características sociodemográficas

semelhantes aos do presente estudo, no que diz respeito a avaliação de escolares (ZAPATA,

2004; FERNANDES; FESTAS, 2010; TORSHEIM et al., 2010; DE VITTA et al., 2011;

HAKALA et al., 2012; LEMOS et al., 2013) e ao predomínio de adolescentes do sexo

feminino (FERNANDES; FESTAS, 2010; DE VITTA et al., 2011; MOLINA et al., 2011;

HAKALA et al., 2012), grande parte desses estudos (FERNANDES; FESTAS, 2010;

TORSHEIM et al., 2010; DE VITTA et al., 2011; HAKALA et al., 2012; LEMOS et al.,

2013) desconsiderou dados relacionados a existência de atividade profissional e vínculo

empregatício.

No presente estudo, cerca de 18% dos adolescentes relataram possuir atividade

profissional remunerada, divergindo do resultado encontrado no estudo de Zapata (2004) que

62

verificou, em menos de 1% dos adolescentes avaliados, atividade profissional remunerada.

Contudo, a população dessa pesquisa foi composta por estudantes de uma escola particular de

São Paulo. Esse achado pode ser explicado por diferenças no nível socioeconômico das

amostras estudadas, pois estudos prévios (ZAPATA, 2004; FERNANDES; FESTAS, 2010;

TORSHEIM et al., 2010; DE VITTA et al., 2011; HAKALA et al., 2012; LEMOS et al.,

2013) relatam ter avaliado adolescentes de classe média ou estudantes de escolas privadas,

enquanto que no presente estudo a maioria (70,2%) dos estudantes avaliados possuía renda

familiar de até dois salários mínimos (SM). Possivelmente, devido a esse quadro, os

adolescentes que compuseram nossa amostra possuíam a necessidade de trabalhar para ajudar

nas despesas da família, o que pode contribuir para um maior estresse físico e mental.

Nesse sentido, apesar de não possuir estudos relacionados a este fator em adolescentes,

são encontrados sintomas musculoesqueléticos na coluna cervical em adultos em atividades

ocupacionais sedentárias (DE VITTA et al., 2012). Essas atividades ocupacionais sedentárias

são caracterizadas por uma grande sobrecarga física, que ocorrem devido às posturas

inadequadas, tarefas repetitivas e monótonas, excesso de horas trabalhadas e ausência de

pausas, mobiliário e equipamentos inadequados, dificuldade de relacionamentos interpessoais,

pressão de chefia, entre outros, causando essa sintomatologia (MASSARO; DELIBERATO,

2005; DE VITTA et al., 2012). Portanto, acredita-se que a jornada dupla (atividade laboral e

escola) proporcionou aos adolescentes uma sobrecarga na região cervical, devido à possível

manutenção de posturas estáticas por tempo prolongado.

Com relação à atividade física não foi observada relação entre ausência da dor e

indivíduos ativos, apesar da atividade física ser relatada na literatura como um fator positivo

na prevenção de problemas musculoesqueléticos (SHAN et al., 2013). Contudo, os diferentes

conceitos empregados nesse âmbito dificultam uma comparação mais apurada entre os

resultados. Além disso, os dados devem ser interpretados com cuidado, visto que não foram

realizados acompanhamentos nem registros do tempo despendido nessas atividades, sendo os

dados baseados apenas no autorrelato dos adolescentes.

Neste estudo não foi possível constatar associação significativa entre sintomatologia

dolorosa e estado nutricional, assim como também foi relatado em trabalho recente realizado

com crianças e adolescentes no Brasil (PEREIRA et al., 2013). Contudo, tal fato pode estar

relacionado à classificação dos indivíduos em apenas dois grupos, os de sobrepeso/obesidade

e eutróficos, que pode ter deixado a amostra heterogênea em decorrência da baixa prevalência

de obesidade/sobrepeso.

63

O uso dos dispositivos eletrônicos apresentou associação somente com as queixas

dolorosas na coluna vertebral. Nesse aspecto foi possível observar que o uso isolado do

computador ou de jogos eletrônicos não demonstrou associação com as queixas de dor,

entretanto, quando analisado o uso combinado desses dispositivos, evidenciou-se que o

elevado tempo total de uso (superior a quatro horas diárias) caracteriza-se como um fator de

risco para presença de dor cervical e toracolombar. Estudos sugerem que quanto maior o

tempo dos indivíduos expostos em posturas estáticas, maior será o estresse muscular e pressão

óssea exercida na coluna lombar e cervical (SHAN et al., 2013). Além disso, acredita-se que

os adolescentes costumam ficar, muitas vezes, em posturas impróprias diante desses

equipamentos, aumentando assim o episódio de desconforto (SHAN et al., 2013).

Corroborando os resultados, Hakala e colaboradores (2012) também verificaram que o

uso do computador está associado com a presença de dor na região cervical, no entanto, com

um tempo médio de uso de duas horas diárias. Do mesmo modo, outro estudo apontou que

quanto maior for o tempo exposto ao comportamento de tela, maior as chances do

desenvolvimento de dores na coluna vertebral (TORSHEIM et al., 2010). Contudo, Zapata

(2004) não encontrou associação entre dor e o uso de jogos eletrônicos e computadores,

divergindo dos resultados encontrados no presente estudo. Possivelmente, essa divergência se

deu pelas características relacionadas à época do estudo, visto que o acesso e o tempo de uso

relatado por Zapata (2004), há dez anos, era inferior ao encontrado nos dias atuais, fato que

fez com que o presente estudo considera-se 4 horas de uso (TORSHEIM et al., 2010;

HAKALA et al., 2012).

Embora não tenha sido verificada associação do uso dos dispositivos eletrônicos com

outras queixas de dor, foi possível observar que 31,8 % dos adolescentes referiram o uso do

computador como fator desencadeante de pelo menos um sintoma álgico. Além disso, a

intensidade média das dores musculoesqueléticas avaliadas apresentaram valores

significativos, considerando que a dor moderada e severa foi relatada pela maior parte dos

adolescentes. Outro aspecto importante refere-se ao relato de que a presença dos sintomas de

dor tem interferido em grande parte das atividades do dia a dia, tais como a realização de

tarefas de vida diária, no sono e na pratica de esportes, bem como, foi responsável pela

automedicação em um número significativo de sujeitos, situação que deve ser vista com

preocupação, em decorrência desta pratica poder provocar danos à saúde ou mesmo mascarar

sintomas de doenças mais graves (FIALHO et al., 2002).

Por fim, esses resultados são relevantes, pois sugerem que o desenvolvimento

tecnológico pelo qual a sociedade vem enfrentando pode afetá-la significativamente, sendo

64

necessário o acompanhamento constante dos indicadores de saúde e seus fatores associados.

No entanto, este estudo apresenta algumas limitações que estão relacionadas ao fato de ter

sido realizado exclusivamente em escolas públicas estaduais da cidade do Recife, assim

devendo ser criteriosa a aplicabilidade destes resultados a outras populações de adolescentes

com diferentes características dos avaliados, tendo em vista a diferença do estabelecimento de

ensino e classe socioeconômica. Além disto, outras limitações estão relacionadas a não

avaliação psicológica dos estudantes, considerando que a dor pode ser causada por distúrbios

emocionais, a não avaliação do estágio maturacional, e ao fato de todos os dados fornecidos

terem sido coletados a partir de autorrelatos dos estudantes, podendo ocasionar viés de

memória.

Enfim, observa-se a necessidade de serem desenvolvidos estudos longitudinais com

acompanhamento dos adolescentes, para que sejam definidas as causas dos problemas

apresentados na presente pesquisa e assim desenvolvidos programas eficazes de prevenção

primária.

65

8 CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa evidenciaram uma alta prevalência de dores

musculoesqueléticas nos adolescentes, principalmente acometendo a coluna vertebral. Além

disso, foi observado que os computadores e jogos eletrônicos, de um modo geral, são uma

prática que faz parte do cotidiano dos estudantes que compuseram a amostra pesquisada,

verificando-se um gasto elevado de tempo utilizando esses equipamentos. No entanto, o uso

elevado de dispositivos eletrônicos apresentou somente associação com as dores nas regiões

cervical e toracolombar.

Outros fatores, tais como o sexo feminino e a presença de atividade profissional

remunerada também se mostraram associados à presença de dores musculoesqueléticas.

Contudo, o sexo foi associado a dores em várias partes do corpo diferentemente dos meninos,

logo existindo a necessidade de um enfoque especial nas meninas por se encontrarem em

situação de risco para desenvolver o sintoma.

Portanto, nota-se a necessidade de estratégias para mudanças dos hábitos de vida de

grande parte dos adolescentes, incluindo correção do estilo de vida sedentário e orientação

sobre o uso adequado de computadores e jogos eletrônicos, por meio de políticas e programas

de saúde pública, dentro e fora do ambiente escolar, para que esses hábitos não tragam

prejuízos à saúde dos mesmos. Entretanto, a realização de ações nas escolas é imprescindível,

pois estas favoreçam o adequado desenvolvimento físico e motor de crianças e adolescentes, o

envolvimento e participação da família, a melhor compreensão da relação entre dor

musculoesquelética e os fatores a ela relacionados permitindo uma atuação adequada dos

profissionais.

66

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VASQUES, D. G.; LOPES, A. S. Fatores associados à atividade física e aos comportamentossedentários em adolescentes. Revista Brasileira de Cineantropometria & DesempenhoHumano, v. 11, n. 1, p. 59-66, 2009.

WEDDERKOPP, N. et al. Back pain reporting pattern in a Danish population-based sampleof children and adolescents. Spine, v. 26, p. 1879-1883, 2001.

WEDDERKOPP, N. et al. Back pain reporting in young girls appears to be puberty-related.BMC Musculoskelet Disord, v. 6, p. 1-5, 2005.

72

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Expert Committee on Physical Status.Physical status, the use and interpretation of anthropometry. 854 ed. Geneva: World HealthOrganization, 1995.

ZAPATA, A.L.C. Dor, síndromes e lesões músculo-esqueléticas em adolescentes e suarelação com computador e videogame. 2004. 119f. Dissertação (Mestrado em Ciências).Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.

ZAPATA, A.L. et al. Pain and musculoskeletal pain syndromes related to computer and videogame use in adolescents. European Journal of Pediatrics, v. 165, n. 6, p.408-414, junho,2006.

73

APÊNDICE ATERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Convidamos V.Sa. a participar da pesquisa Dores musculoesqueléticas e Cefaleia em adolescentes esua correlação com o uso de computador e jogos eletrônicos sob responsabilidade dos pesquisadores RodrigoCappato de Araújo e Georgia Rodrigues Reis e Silva que tem por objetivo verificar a presença de doresmusculoesqueléticas e de cefaleia em adolescentes de escolas do Ensino Médio regular e sua correlação com ouso de computador e jogos eletrônicos de uma amostra de escolares com idades entre 14 e 19 anos.

Para a realização deste trabalho será utilizado o seguinte método: Após a assinatura do termo deconsentimento, você responderá a um Questionário, com questões relacionadas à prática de exercícios físicos epresença de queixas dolorosas. Sendo então submetido a exame para medição do peso e da altura. Todos osprocedimentos serão realizados por avaliadores devidamente treinados para a realização destas tarefas.Esclarecemos ainda que após a conclusão da pesquisa todo material a ela relacionado será destruído, nãorestando nada que venha a comprometer o anonimato de sua participação agora ou futuramente.

Quanto aos riscos e desconfortos, a presente pesquisa não oferece prejuízos à saúde do participante.Considera-se nesta pesquisa o risco mínimo de alguns participantes sentirem vergonha durante a coleta de dados,portanto pretendemos reduzir estes riscos realizando exames de forma individual, em salas destinadasunicamente a esta finalidade. Além de assegurar sobre a confidencialidade dos dados e das informaçõescoletadas, e garantidos de que os resultados serão obtidos apenas para alcançar os objetivos da pesquisa,incluindo a sua publicação na literatura científica especializada. Como possíveis benefícios, esta pesquisacontribui para verificar a prevalência de dores musculoesqueléticas e os possíveis prejuízos do uso excessivo decomputadores e de jogos eletrônicos à saúde e qualidade de vida dos adolescentes, além de implicações sociais eeconômicas para os mesmo e o Estado. Podendo assim, posteriormente levantar possibilidades para minimizaressas consequências.

O (A) senhor (a) terá os seguintes direitos: a garantia de esclarecimento e resposta a qualquer pergunta;a liberdade de abandonar a pesquisa a qualquer momento sem prejuízo para si ou para seu tratamento (se for ocaso); a garantia de privacidade à sua identidade e do sigilo de suas informações; a garantia de que caso hajaalgum dano a sua pessoa (ou o dependente), os prejuízos serão assumidos pelos pesquisadores ou pela instituiçãoresponsável inclusive acompanhamento médico e hospitalar. Caso haja gastos adicionais, os mesmos serãoabsorvidos pelo pesquisador.

Nos casos de dúvidas e esclarecimentos o (a) senhor (a) deve procurar os pesquisadores: RodrigoCappato de Araújo - Br 203 Km02 S/N, Cidade Universitária – Petrolina-PE ou pelo telefone (87) 9633-4858;Georgia Rodrigues Reis e Silva - Av. Gal. Newton Cavalcanti, nº 1650 - Camaragibe/PE ou pelo telefone (81)9142-4890. Caso suas dúvidas não sejam resolvidas pelos pesquisadores ou seus direitos sejam negados, favorrecorrer ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco, localizado à Av. AgamenonMagalhães, S/N, Santo Amaro, Recife-PE ou pelo telefone 81-3183.3775 ou através do e-mailcomitê[email protected]

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu _________________________________________, após ter recebido todos os esclarecimentos e ciente dosmeus direitos, concordo em participar desta pesquisa, bem como autorizo a divulgação e a publicação de todainformação por mim transmitida em publicações e eventos de caráter científico. Desta forma, assino este termo,juntamente com o pesquisador, em duas vias de igual teor, ficando uma via sob meu poder e outra em poder dospesquisadores.

Local: __________________________ Data: ____/____/____

Assinatura do aluno:___________________________________________________

Assinatura do Responsável:_____________________________________________

Assinatura do Pesquisador:______________________________________________

74

APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO

PROJETO: “Dores musculoesqueléticas e cefaleia emadolescentes e sua correlação com o uso de computador ejogos eletrônicos”.

Roteiro de questionário nº:_____________ Data de Avaliação: ___/___/___

Dados Demográficos

Idade:______anos Sexo: F ( ) M ( )

Dados Socioeconômicos

Nome da Escola que estuda:____________________________________________

Série que cursa atualmente: ____________

Renda familiar em R$ ___________ ou (em salários mínimos – SM)

[ ] Inferior a 1 salário mínimo (R$ 678,00)[ ] Entre 1 e 2 salários mínimos (R$ 678,00 e R$ 1.356,00)[ ] Entre 2 e 5 salários mínimos (R$ 1.356,00 e R$ 3.390,00)[ ] Entre 5 e 10 salários mínimos (R$ 3.390,00 e R$ 6.780,00)[ ] Mais de 10 salários mínimos (R$ 6.780,00)

Nº de pessoas que residem na sua casa:_________

Trabalha: [ ] Não [ ] Sim

[ ] de forma voluntária [ ] é pago (remunerada)[ ] apenas ajuda em casa

Dados sobre frequência e rendimento escolar

Nº de disciplinas reprovadas no ano anterior:___________

Nº de disciplinas com notas abaixo da média no semestre anterior:________

Nº de faltas no semestre anterior:_______________

Nº de faltas no último mês:_______________Avaliação do índice de massa corporal (IMC)

MASSA CORPORAL TOTAL (kg)

Medida:_________Kg

ESTATURA (cm)

Medida:_________cm

DOMÍNIO 1: INFORMAÇÕES PESSOAIS

75

COMPUTADOR

1)Você usa computador? [ ] Sim [ ] Não

2)Tem computador na sua casa? [ ] Sim [ ] Não

3) Você tem seu próprio computador? [ ] Sim [ ] Não

4) Desde que idade você usa computador? _______

5) Você usa Notebook ou Tablet? [ ] Sim [ ] Não

6) Qual você usa mais? [ ] Computador [ ] Notebook/Tablet [ ] Igual

7) O que você usa mais para entrar os dados do computador?[ ] Teclado [ ] Mouse Outros:__________

8) Quanto dias por semana você fica no computador ou Notebook/Tablet em qualquer lugar, mesmoque seja só um pouquinho?

0 1 2 3 4 5 6 Todos

9)Quanto tempo por dia, em média, você fica no computador ou Notebook/Tablet durante asemana?_______

10) E no sábado? ___________

11) E no domingo?___________

12) Você ficou no computador ou Notebook/Tablet ontem? [ ] Sim [ ] Não

13) Onde? [ ] Casa [ ] Colégio Outros:______________14) Quanto tempo você ficou?__________

15) Marque o que você ficou fazendo ontem no computador ou Notebook/Tablet:[ ] Tarefas escolares [ ] Usando a internet [ ] Jogos eletrônicos [ ] Redes Sociais[ ] Outros: __________

16) Você usou, na semana passada, os computadores da sala de informática do colégio?[ ] Sim [ ] Não 17) Se sim, quanto tempo foi?______________

*JOGOS ELETRÔNICOS

18) Você usa jogos eletrônicos? [ ]Sim [ ]Não

19) Tem jogo eletrônico na sua casa? [ ]Sim [ ]Não

20) Você tem seu próprio jogo eletrônico? [ ]Sim [ ]Não

21)Quantos dias por semana você joga jogos eletrônicos, em qualquer lugar, mesmo que seja só umpouquinho?

0 1 2 3 4 5 6 Todos

* Entende-se por jogos eletrônicos: jogos de computador, jogos do celular e videogames.

DOMÍNIO 2: DADOS SOBRE USO DE COMPUTADOR E JOGOS ELETRÔNICOS

76

22) Quanto tempo por dia, em média, você fica jogando jogos eletrônicos durante asemana?___________

23) E no sábado?______________

24) E no domingo?_____________

25)Você jogou algum tipo de jogo eletrônico ontem? [ ]Sim [ ]Não

26)Onde? [ ] Casa [ ] Colégio Outros:______________

26) Quanto tempo você jogou?_______________

PRESENÇA DE SINAIS OU SINTOMAS

Agora vamos lhe perguntar de algumas dores ou outras coisas que você sente ou sentiu. Vocêpode tentar lembrar? E por favor fale a verdade, combinado?

27)Você tem tido alguma dor, que não seja por algum machucado, nos últimos três meses?[ ]Sim [ ]Não

28)Foi por alguma doença? [ ]Sim [ ]Não Se sim, qual doença?___________________

29)Quando acorda você se sente cansado?[ ]Nunca [ ] Às vezes [ ] Muitas vezes [ ] Sempre

30) Você se sente cansado, sem ter feito esforço físico, durante o dia?[ ]Nunca [ ] Às vezes [ ] Muitas vezes [ ] Sempre

31)Você tem problemas ou dificuldades para dormir?[ ]Nunca [ ] Às vezes [ ] Muitas vezes [ ] Sempre

Se você tem dor escolha no máximo 3, que não sejam por machucado, e marque no boneco olugar onde elas doem com cores diferentes para cada uma. Não valem a dor de cabeça nem a dorde barriga!

Direita Direita

32) Algumas dessa dores andam? [ ] Sim [ ] Não

33) Quais? [ ] Vermelha [ ] Azul [ ] Verde

Esquerda

77

Se você tiver dores que andam, desenhe o caminho na figura acima com a mesma cor. Por favor,deixe claro onde começa e termina a dor.34)Lembra de mais alguma dor? [ ] Sim [ ] NãoSe você lembra, por favor, marque-a na figura anterior. Sem passar de três dores.

Nesta parte queremos saber de algumas características dessas dores que você sente, pode ser?a. Dor de cor:VERMELHA

b. Dor de cor: AZUL c. Dor de dor: VERDE

35.Quanto tempofaz que você temesta dor?

[ ]Um mês ou menos[ ]De um a três meses[ ]De três a seis meses[ ]De seis meses a um ano[ ]Mais de um ano[ ]Não sabe

[ ]Um mês ou menos[ ]De um a três meses[ ]De três a seis meses[ ]De seis meses a um ano[ ]Mais de um ano[ ]Não sabe

[ ]Um mês ou menos[ ]De um a três meses[ ]De três a seis meses[ ]De seis meses a um ano[ ]Mais de um ano[ ]Não sabe

36.Quando esta dorvem quanto tempodura?

[ ] Alguns minutos[ ]Uma a várias horas[ ]Um a vários dias[ ]Mais de uma semana[ ]Não sabe

[ ] Alguns minutos[ ]Uma a várias horas[ ]Um a vários dias[ ]Mais de uma semana[ ]Não sabe

[ ] Alguns minutos[ ]Uma a várias horas[ ]Um a vários dias[ ]Mais de uma semana[ ]Não sabe

37.De quanto emquanto vem estador?

[ ]Todos ou quase todosdias[ ]Uma ou duas vezes porsemana[ ]Uma vez por mês[ ]Mais de uma vez pormês[ ]Uma vez por ano[ ]Não sabe

[ ]Todos ou quase todosdias[ ]Uma ou duas vezes porsemana[ ]Uma vez por mês[ ]Mais de uma vez por mês[ ]Uma vez por ano[ ]Não sabe

[ ]Todos ou quase todosdias[ ]Uma ou duas vezes porsemana[ ]Uma vez por mês[ ]Mais de uma vez pormês[ ]Uma vez por ano[ ]Não sabe

a.Dor de cor: VERMELHA b.Dor de cor: AZUL c. Dor de dor: VERDE38.Geralmente estádor dá em quehorário?

[ ]De manhã [ ]À tarde[ ]À noite [ ]Não temhorário[ ]Não sabe

[ ]De manhã [ ]À tarde[ ]À noite [ ]Não temhorário[ ]Não sabe

[ ]De manhã [ ]À tarde[ ]À noite [ ]Não temhorário[ ]Não sabe

39.Que nota vocêdá para sua dor,segundo a escala aolado?

Hoje

Nota:

Geralmente

Nota:

Hoje

Nota:

Geralmente

Nota:

Hoje

Nota:

Geralmente

Nota:

40.Algumas dasseguintes coisasfazem aparecer suador?

[ ]Frio[ ]Preocupação[ ]Jogar jogos eletrônicos[ ]Atividade física[ ]Ficar no computador[ ]Não sabeOutros:____________

[ ]Frio[ ]Preocupação[ ]Jogar jogos eletrônicos[ ]Atividade física[ ]Ficar no computador[ ]Não sabeOutros:____________

[ ]Frio[ ]Preocupação[ ]Jogar jogos eletrônicos[ ]Atividade física[ ]Ficar no computador[ ]Não sabeOutros:____________

41.Algumas dasseguintes coisasfazem piorar suador?

[ ]Jogar jogos eletrônicos[ ]Frio[ ]Preocupação[ ]Atividade física[ ]Ficar no computador[ ]Repouso[ ]Não sabe

[ ]Jogar jogos eletrônicos[ ]Frio[ ]Preocupação[ ]Atividade física[ ]Ficar no computador[ ]Repouso[ ]Não sabe

[ ]Jogar jogos eletrônicos[ ]Frio[ ]Preocupação[ ]Atividade física[ ]Ficar no computador[ ]Repouso[ ]Não sabe

Sem dor 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Dor máxima

78

Outros:__________ Outros:__________ Outros:__________42.Algumas dasseguintes coisasfazem melhorar suador?

[ ]Calor[ ]Frio[ ]Atividade física[ ]Massagem[ ]Repouso[ ]Não sabeOutros:____________

[ ]Calor[ ]Frio[ ]Atividade física[ ]Massagem[ ]Repouso[ ]Não sabeOutros:____________

[ ]Calor[ ]Frio[ ]Atividade física[ ]Massagem[ ]Repouso[ ]Não sabeOutros:____________

43.Junto com a dorvocê sente algumadas seguintescoisas?

[ ]Formigando/dormente[ ]Inchado[ ]Não sinto

[ ]Formigando/dormente[ ]Inchado[ ]Não sinto

[ ]Formigando/dormente[ ]Inchado[ ]Não sinto

44.Pense emalgumas palavraspara descrever suador? Como é?Como que separece? Quesentimentos lhetraz?

45.Esta doratrapalha paraalguma dasseguintes coisas?

[ ]Estudar [ ]Dormir[ ]Brincar [ ]Passear/sair[ ]Fazer esporte[ ]Ir ao colégio[ ]Te deixa nervosoOutros:_____________

[ ]Estudar [ ]Dormir[ ]Brincar [ ]Passear/sair[ ]Fazer esporte[ ]Ir ao colégio[ ]Te deixa nervosoOutros:_____________

[ ]Estudar [ ]Dormir[ ]Brincar [ ]Passear/sair[ ]Fazer esporte[ ]Ir ao colégio[ ]Te deixa nervosoOutros:_____________

46.Você tomaalgum remédioquando está com ador?

[ ]Sempre [ ]Às vezes[ ]Muitas vezes[ ]Nunca

[ ]Sempre [ ]Às vezes[ ]Muitas vezes[ ]Nunca

[ ]Sempre [ ]Às vezes[ ]Muitas vezes[ ]Nunca

As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na última semana.

As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um lugar a outro, por lazer, por

esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no jardim.

Para responder as questões lembre que:

Atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço físico e que

fazem respirar MUITO mais forte que o normal

Atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem

respirar UM POUCO mais forte que o normal

Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos 10

minutos contínuos de cada vez.

47a Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10 minutos contínuos em

casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para outro, por lazer, por prazer ou

como forma de exercício?

DOMÍNIO 3: ATIVIDADE FÍSICA

ATIVIDADE FÍSICA

79

dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum

47b Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você

gastou caminhando por dia?

horas: ______ Minutos: _____

48a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por pelo menos 10

minutos contínuos, como por exemplo, pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica

aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no

quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar

moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR, NÃO INCLUA

CAMINHADA)

dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum

48b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos,

quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?

horas: ______ Minutos: _____

49a Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por pelo menos 10

minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na

bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no

jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou

batimentos do coração.

dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum

49b Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos quanto

tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?

horas: ______ Minutos: _____

Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo dia, no trabalho, na escola

ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui o tempo sentado estudando, sentado

enquanto descansa, fazendo lição de casa visitando um amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo

TV. Não inclua o tempo gasto sentando durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou carro.

50a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana?

______horas ____minutos

50b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de semana?

______horas ____minutos

80

ANEXO 1APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA